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0 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM DESIGN MESTRADO EM DESIGN ARDALLA ZIEMBOVICZ VIEIRA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL MOVELEIRA: Um estudo de caso da relação entre as competências dos egressos e as expectativas do mercado Porto Alegre 2015

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM DESIGN

MESTRADO EM DESIGN

ARDALLA ZIEMBOVICZ VIEIRA

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL MOVELEIRA:

Um estudo de caso da relação entre as competências dos egressos e as

expectativas do mercado

Porto Alegre

2015

1

ARDALLA ZIEMBOVICZ VIEIRA

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL MOVELEIRA:

Um estudo de caso da relação entre as competências dos egressos e as

expectativas do mercado

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Design.

Orientador: Prof. Dr. André Luis Marques da Silveira

Porto Alegre

2015

2

ARDALLA ZIEMBOVICZ VIEIRA

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL MOVELEIRA:

Um estudo de caso da relação entre as competências dos egressos e as

expectativas do mercado

Dissertação defendida e aprovada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Design pela banca examinadora constituída por:

________________________________________________

Prof.ª Dra. Carla Pantoja Giuliano - UniRitter

Centro Universitário Ritter dos Reis

________________________________________________

Prof. Dr. Guilherme Meyer - UNISINOS

Universidade do Vale do Rio dos Sinos

________________________________________________

Orientador: Prof. Dr. André Luis Marques da Silveira - UniRitter

Centro Universitário Ritter dos Reis

Porto Alegre

2015

3

Aos meus amores, Marina e Tarcizio.

4

Agradecimentos

A construção deste trabalho foi um caminho longo e árduo, por isso deixo registrado aqui meu agradecimento a todos que de alguma forma contribuíram para que esta pesquisa chegasse a um bom termo. Em especial:

Ao corpo docente do curso de Mestrado em Design, pelos conhecimentos transmitidos e por sua disponibilidade, atenção e compreensão, no momento mais especial da minha vida, em que me ausentei.

Ao meu orientador Professor Dr. André Luís Marques da Silveira, pela gentileza e auxílio no decorrer da elaboração deste trabalho.

Agradeço também, aos professores Dra. Carla Pantoja Giuliano e Dr. Guilherme Meyer pelas valiosas contribuições e interesse na banca de qualificação.

A todos os colegas de mestrado, pela convivência e parceria, em especial, Camila Barth, pela amizade, troca de experiências e companheirismo.

Agradeço à coordenadora do Curso Técnico em Móveis, colega e acima de tudo, amiga, Fernanda Conrad Rigo, por estar sempre pronta a colocar à disposição seus conhecimentos, sábias dicas e ideias, além de todo o incentivo.

Aos empresários e ex-alunos pela disposição em colaborar, emprestando seu tempo para que eu pudesse realizar a pesquisa.

Aos meus amados pais, por todo amor, ensinamentos de vida e valores; à minha irmã, Dezirrê, pelo apoio, amizade e presença, mesmo longe.

À minha querida sogra, Helga, que sempre quando foi preciso percorreu quilômetros para cuidar da pequena Marina, para que eu pudesse escrever.

À minha segunda mãe, minha tia Ivone, pelo carinho, atenção e por me receber tão bem me dando pouso em sua casa.

Ao meu amor, Tarcizio, pelo incentivo, por acreditar, pela gigantesca paciência nos momentos de inquitações pelos quais passei durante a realização deste trabalho, por cuidar da nossa pequena, bebe ainda, em minhas viagens à Porto Alegre, pelo amor. Te agradeço de tal forma e imensidão que mesmo que eu utilizasse todas as palavras existentes e espaços aqui disponíveis não seriam suficientes para agradecer o que fizeste. Tudo ainda seria pouco.

À minha princesa Marina, que chegou para iluminar ainda mais a vida, te amo filha!

Enfim, a todos aqueles que de alguma maneira colaboraram para a execução deste trabalho, e que por ventura não citei, obrigada!

5

“Toda sociedade vive porque consome; e para consumir depende da produção. Isto é, do trabalho. Toda a sociedade vive porque cada geração nela cuida da

formação da geração seguinte e lhe transmite algo da sua experiência, educa-a. Não há sociedade sem trabalho e educação”. (Leandro Konder, 2000,p.112)

6

RESUMO

Atualmente, a cadeia produtiva de mobiliário tem-se destacado como um dos setores

mais diversificados e dinâmicos da economia do país, fazendo parte de um

segmento de mercado de grande influência, não apenas na economia, mas também

contribuindo para o desenvolvimento social e cultural das regiões que se constituem

como pólos moveleiros. Esta expansão da cadeia produtiva, por sua vez, demanda

mão-de-obra qualificada e competências específicas para atuar no setor, como na

região noroeste, onde está situado o Curso Técnico em Móveis, do Instituto Federal

Farroupilha (IFFarroupilha ) – Câmpus Santa Rosa. Assim, esta pesquisa verificou

as convergências e divergências a partir do perfil do egresso do curso e as

demandas do mercado para o exercício da profissão. Para tanto, foi feito um estudo

de caso, de abordagem qualitativa, ordem exploratória, valendo-se de

levantamentos bibliográfico e documental, para fins de embasar teoricamente o

estudo. Em um segundo momento, como forma de coleta de informações, foram

realizadas entrevistas com os empresários do setor, sondagem com os ex-alunos -

para verificar os Técnicos em Móveis ativos no setor; e por fim a aplicação de

questionário apenas aos egressos atuantes no ramo. A análise das informações

coletadas, por meio de análise de conteúdo, proporcionou uma melhor compreensão

do cenário estudado, apontando que há um distanciamento entre o curso e o

mercado moveleiro. Os resultados apontam que o curso dá ênfase formativa na área

projetual, e que o setor demanda principalmente mão-de-obra para o trabalho

laboral. A partir destas percepções são indicadas ações que podem contribuir para o

processo de ensino do curso, e de áreas com interface no design.

Palavras-chave: Ensino do Design. Técnico em Móveis. Competências. Egressos. Mercado Moveleiro.

7

ABSTRACT

Currently, the productive chain of furniture has stood out as one of the most diverse

and dynamic sectors of the economy, part of an industry of great influence, not only

in the economy but also contributing to the social and cultural development of regions

to act as a furniture centers. This expansion of the production chain, in turn, hand-

skilled labor demand and specific skills to operate in the sector, as in the northwest,

where is situated the Technical Course in Mobile, the Federal Institute Farringdon

(IFFarroupilha) - Campus Santa Rosa . Thus, this research found the convergences

and divergences from the course graduate's profile and market demands for the

profession. To that end, we made a case study of qualitative approach, exploratory

order, making use of bibliographic and documentary surveys, for purposes of

theoretical basis the study. In a second step, in order to collect information,

interviews were conducted with entrepreneurs in the industry, probing with former

students - to check Technicians active in the furniture industry; and finally a

questionnaire only to graduates working in the industry. The analysis of information

collected through content analysis, provided a better understanding of the studied

scenario, pointing out that there is a gap between the course and the furniture

market. The results show that the training course gives emphasis on projetual area,

and that the industry demand mainly hand labor for technical work. From these

perceptions are indicated actions that can contribute to the ongoing process of

teaching, and in areas of interface design.

Keywords: School of Design. Technician furniture. Skills. Graduates. Furniture Market.

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Síntese da coleta de informações ............................................................28

Figura 2 – Desenho da pesquisa................................................................................29

Figura 3 – Grupo Focal – Facebook ..........................................................................84

Figura 4 – Detalhe – Espelho Empresários ...............................................................91

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Síntese do percurso da Educação Profissional Brasileira.......................32

Quadro 2 – Estágios do desenvolvimento cognitivo de Piaget..................................46

Quadro 3 – O que é competência?............................................................................48

Quadro 4 – Matriz curricular Técnico em Móveis Integrado ao Ensino Médio .........69

Quadro 5 - Matriz curricular Técnico em Móveis Subsequente ao Ensino Médio....71

Quadro 6 – Correlação competências: Cursos de Design e Curso Técnico

Em Móveis..................................................................................................................76

Quadro 7 – Espelho Egressos ...................................................................................85

Quadro 8 – Quadro Síntese Egressos ......................................................................87

Quadro 9 – Quadro Síntese Empresários .................................................................92

Quadro 10 – Convergências x Divergências .............................................................95

10

LISTA DE REDUÇÕES

CNCT Catálogo Nacional de Cursos Técnicos

CNE Conselho Nacional de Educação

IFs Institutos Federais

IFFarroupilha Instituto Federal Farroupilha

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação

MEC Ministério da Educação

PDI Plano de Desenvolvimento Institucional

PNE Plano Nacional de Educação

PPC Projeto Pedagógico de Curso

SETEC Secretaria da Educação Técnica e Tecnológica

11

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A – Roteiro de Entrevistas - Empresários .....................................113

Apêndice B - Questionário – Alunos Egressos .............................................114

Apêndice C – Termo de Consentimento e Autorização Institucional para

pesquisa........................................................................................................116

Apêndice D – Espelho Egressos ...................................................................121

Apêndice E – Espelho Empresários ..............................................................124

12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA .......................................................................

1.2 PRESSUPOSTO DA PESQUISA ................................................................

18

18

1.3 OBJETIVOS ................................................................................................ 19

1.3.1 Objetivo Geral ......................................................................................... 19

1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................................

1.4 Justificativa...................................................................................................

19

19

2 METODOLOGIA ............................................................................................

2.1 INSTRUMENTOS E TÉCNICAS PARA COLETA DE INFORMAÇÕES......

21

25

3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................ 30

3.1 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL: BREVE PERCURSO............. 30

3.1.1 Rede Federal Educação Profissional : O Instituto Federal Farroupilha ... 38

3.1.2 Metas PNE 2011- 2020 e a Educação Profissional.................................. 43

3.2 SOBRE A IDEIA DE COMPETÊNCIAS ..................................................... 46

3.2.1 O Design e suas competências ............................................................... 55

4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA ....................................................... 58

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO CENÁRIO E ATORES ENVOLVIDOS NA

PESQUISA ........................................................................................................ 58

4.2 O CENÁRIO: O CURSO TÉCNICO EM MÓVEIS........................................ 59

4.2.1 Projeto Pedagógico do Curso e a Organização Curricular ...................... 62

4.2.1.1 Matrizes Curriculares Curso Técnico em Móveis: Integrado e

Subsequente ao Ensino Médio ......................................................................... 68

4.2.2 Aproximações entre as competências em Cursos de Design e o Curso

Técnico em Móveis do IFFarroupilha ................................................................ 73

4.3 OS ATORES ENVOLVIDOS ....................................................................... 79

4.3.1 O estudantado .......................................................................................... 79

4.3.2 O Mercado Moveleiro Regional ................................................................ 80

5 RESULTADOS................................................................................................ 83

5.1 O ESTUDANTADO EGRESSO ................................................................... 83

13

5.2 O EMPRESARIADO MOVELEIRO ............................................................. 89

5.3 CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO 94

5.4 REFLEXÕES, APONTAMENTOS E SUGESTÕES .................................... 99

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 103

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 107

APÊNDICES .....................................................................................................

113

14

1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento econômico do país em consonância com a introdução de

equipamentos automatizados na atualidade tem movimentado a cadeia produtiva em

diversos setores, dentre eles o de produção de mobiliário. O bom desempenho da

construção civil, por exemplo, combinado com o aumento do crédito facilitado, tem

gerado um impacto positivo na venda de móveis, ou seja, os consumidores ao

mudarem-se para novas residências ou trocarem o mobiliário, estimulam

diretamente o setor de produção de móveis, o que possibilita um avanço ainda

maior.

Contudo, esse crescimento da área faz com que o mercado torne-se muito

mais competitivo, fazendo com que as empresas busquem um diferencial em seus

produtos: o design, a inovação, tanto tecnológica quanto às questões funcionais e

estéticas. Consequentemente, para que esta demanda seja atendida, se faz

necessário a formação de mão-de-obra qualificada para o setor.

O meio profissional moveleiro, por estar inserido em um contexto de

constante desenvolvimento de novos parâmetros e tecnologias, exige cada vez mais

novas competências, as quais englobam um conjunto de conhecimentos e

habilidades específicos.

Nesta perspectiva, as diversas modificações ocorridas no contexto social,

desde as mudanças nas formas de produção e organização do trabalho, associada à

competitividade do mercado, desencadeiam um processo de reestruturação

produtiva e, por conseguinte, à educação profissional, por isso a oferta do ensino

técnico para profissionais atuarem na área se faz uma necessidade premente.

Atualmente, a educação profissional tem tornado-se uma tônica importante

para a formação de trabalhadores, pois está fortemente ligada ao Ministério da

Educação, sendo cada vez mais influenciada pelas instâncias relacionadas ao

trabalho, e, ainda, recebendo aportes e normalizações que visam melhor qualificar o

15

ensino técnico profissional.

Assim, Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, mais

precisamente, o Instituto Federal Farroupilha, regido atualmente pela Resolução

CNE nº06/20121, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Profissional Técnica de Nível Médio, de acordo com o artigo 5º, orienta seus cursos

de Educação Profissional Técnica de Nível Médio, terem “por finalidade proporcionar

ao estudante conhecimentos, saberes e competências profissionais necessários ao

exercício profissional e da cidadania, com base nos fundamentos científico-

tecnológicos, socio-históricos e culturais.”

Sob esta ótica, com objetivo de formação orientada para o exercício

profissional e da cidadania, tendo o trabalho como princípio educativo e, ainda, em

consonância com as demandas conduzidas pelo mercado moveleiro regional,

oriundas de audiências públicas, o Instituto Federal Farroupilha, câmpus Santa

Rosa-RS, oferta o curso Técnico em Móveis.

O curso Técnico em Móveis visa capacitar profissionais, com fins de suprir a

necessidades do setor moveleiro, de forma interdisciplinar, onde o egresso seja

qualificado para desenhar, planejar e executar móveis, levando em consideração

aspectos de ordem funcional, estética e formal, ajustando-se às exigências do

mercado.

O curso adota em sua construção curricular disciplinas provenientes do

Design, principalmente e especificamente componentes que abordam a natureza

projetiva do desenvolvimento de mobiliário, bem como a de conhecimento de

materiais e execução.

Salienta-se que o desenvolvimento de artefatos moveleiros faz parte de uma

das diversas áreas de atuação do Design, abrangendo a concepção de projetos de

produtos, seu desenvolvimento e inserção mercadológica, de acordo com as

necessidades dos usuários, levando-se em consideração os aspectos ligados à

1 Resolução Nº 6, de 20 de setembro de 2012, revoga as resoluções CNE/CEB Nº 4/99 e a CNE/CEB Nº 1/2005.

16

funcionalidade, estética, tecnologia, sustentabilidade, dentre outros.

Assim, integrar os mais diversos conhecimentos e experiências, teorias e

práticas, como meio de desenvolver e estimular as competências necessárias e o

processo de ensino-aprendizagem, tanto em disciplinas de caráter teórico, quanto

prático, torna-se imprescindível, visto que o ensino técnico vislumbra a prática

profissional no sentido lato da palavra, onde o aluno egresso, em sua formação final

esteja apto para atuar de forma imediata no mercado de trabalho.

No entanto, para que o egresso do curso seja um profissional qualificado, que

obtenha as devidas competências para atuar na área, faz-se necessário um estudo

reflexivo de como se ocorre o processo de ensino-aprendizagem, como os

componentes curriculares e as competências articulam-se, e, ainda como as

dimensões de ordem prática e teórica se integram. Além disso, o contato e a

aproximação com o setor moveleiro, também se faz de suma importância, para que

sejam identificadas as divergências e convergências sobre as competências reais do

Técnico em Móveis, a fim de apontar melhorias no processo educativo.

No âmbito da educação escolar, a competência tem papel importante, pois de

acordo com Zabala e Arnau (2010), “deve identificar o que qualquer pessoa

necessita para responder aos problemas aos quais será exposta ao longo da vida”.

Desta forma, a organização curricular baseada em competências, desempenha a

formação cuja característica principal é a capacidade de aplicação dos

conhecimentos em contextos reais (ZABALA; ARNAU, 2010), por isso a necessidade

de verificação se as competências estão em consonância com as finalidades

definidas pelo curso em questão e pelo mercado.

Para compreender o cenário da educação tecnológica, mais precisamente do

curso Técnico em Móveis, é indispensável conhecer a realidade e os desafios a qual

estão inseridos, visto que os cenários apresentam-se cada vez mais imprevisíveis,

exigindo que o desenvolvimento das competências possibilite aos alunos a

capacidade de absorver o novo e elaborar respostas adaptativas às mudanças, de

uma sociedade que cada vez mais torna obsoleto os conhecimentos anteriormente

adquiridos.

17

Sob esta perspectiva, a temática do estudo aborda a construção das

competências do curso Técnico em Móveis, e suas relações com o mundo do

trabalho, contemplando a importância do desenvolvimento e aprimoramento das

mesmas, tendo em vista as resoluções, diretrizes e legislações relativas à educação

profissional vigentes, e embasamentos teóricos quanto as competências num âmbito

geral e especifico da área do Design.

Logo, a partir de observações e percepções como docente do curso Técnico

em Móveis (Integrado e Subsequente), do IFFarroupilha – Câmpus Santa Rosa, em

situações vivenciadas no cotidiano do curso, nas disciplinas ministradas como

Projeto de Móveis e Esquadrias, Laboratório de Criatividade, Projeto de Móveis e

Ambientes e Processos de Fabricação, além de conversas informais com demais

professores e alunos, propôs-se uma investigação sobre as convergências e

divergências entre as competências profissionais construídas pelos alunos durante

seu processo formativo e as expectativas do mercado moveleiro da região, com o

intuito de apontar melhorias no curso e aproximá-lo ao mercado.

Para tanto, o presente estudo desenha-se da seguinte maneira:

No capítulo 2 apresenta-se a Metodologia utilizada para o desenvolvimento

desse trabalho, bem como os instrumentos e técnicas utilizadas para coletar as

informações necessárias.

O tópico a seguir, capítulo 3, consta o Referencial Teórico, que aborda e

contextualiza a Educação Profissional no Brasil, o Instituto Federal Farroupilha, as

metas do PNE 2011- 2020 relativas ao ensino técnico, algumas definições sobre

competências e o Design e suas competências.

O capítulo 4 aborda o caso do Curso Técnico em Móveis do IFFarroupilha:

caracteriza o cenário, o Curso, os atores envolvidos - alunos egressos e o mercado

moveleiro regional - e ainda, identifica aproximações entre as competências em

Cursos de Design e o Curso Técnico em Móveis do IFFarroupilha.

E para finalizar, o capítulo 5 apresenta os resultados da investigação

18

referentes às competências e as relações com o mercado de trabalho na visão dos

atores envolvidos (estudantado egresso e o empresariado moveleiro), e ainda

apontamentos e reflexões a fim de identificar ajustes que poderiam colaborar para

que a formação do Técnico em Móveis esteja efetivamente de acordo com as

demandas do setor.

É oportuno salientar que a pesquisa colabora, não apenas para o curso em

questão, mas também para a reflexão sobre o distanciamento entre a prática de

ensino e o mercado de trabalho, comumente visto em cursos relacionados à área do

Design, transpondo o plano da teoria e aproximando-se da realidade prática.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Após 4 anos da implantação do Curso Técnico em Móveis e com o intuito de

verificar se o mesmo está cumprindo sua missão pedagógica, esta pesquisa busca

identificar as convergências e/ou divergências entre o perfil profissional do egresso

do curso e as demandas do mercado. Sendo assim, a questão que norteia esta

investigação compreende: As competências desenvolvidas pelo egresso do Curso

Técnico em Móveis, durante o período de formação, estão em consonância com as

expectativas profissionais do setor moveleiro?

1.2 PRESSUPOSTO DA PESQUISA

Parte-se do pressuposto que a partir da identificação das convergências e/ou

divergências entre a formação do estudantado e as expectativas do mercado, estes

dados irão colaborar para apontar melhorias no curso em questão e, por

consequência, na formação do egresso e sua atuação no setor moveleiro.

19

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Investigar as convergências e/ou divergências entre as competências

profissionais construídas pelos alunos durante a formação no Curso Técnico em

Móveis, do Instituto Federal Farroupilha – Câmpus Santa Rosa, com as expectativas

do mercado moveleiro da região.

1.3.2 Objetivos Específicos

1. Descrever o cenário da Educação Profissional Brasileira, o IFFarroupilha, suas

metas de acordo com o PNE 2011-2020 e compreender conceitos que envolvem

as competências no âmbito educacional.

2. Relacionar as competências previstas no Projeto Pedagógico do curso Técnico

em Móveis, com as disciplinas ofertadas na grade curricular e relacioná-las com

as prognosticadas pelos cursos de Design.

3. Confrontar, com o intuito de identificar, as convergências, divergências e

ausências ao que tange às competências previstas e desenvolvidas pelo curso, e

as requeridas mercado.

1.4 JUSTIFICATIVA

A proposição para o desenvolvimento do presente trabalho é fruto de

reflexões geradas pela prática profissional, docência e pesquisa na área, por parte

da pesquisadora, onde as observações informais e os constantes diálogos sobre o

20

percurso do curso, instigaram a investigação para verificar se realmente as

competências desenvolvidas pelos alunos, em seu processo formativo, estão de

acordo com as demandas do setor moveleiro regional.

Assim, passados quatro (4) anos da implementação do curso Técnico em

Móveis, do IFFarroupilha – Câmpus Santa Rosa, nas modalidades integrado e

subsequente ao ensino médio, emergem questionamentos que fazem-se essenciais

para o conhecimento efetivo do desdobramento do curso nesta trajetória, como:

Será que o foco e as competências adotadas pelo curso são as mesmas requeridas

pelo mercado? Ou seja, são as mesmas competências necessárias ao desempenho

da função de Técnico em Móveis na prática?

O questionamento se realmente o curso está atendendo as demandas do

mercado demonstra a necessidade de atentar-se tanto aos saberes teóricos e

práticos, quanto à construção de competências específicas do setor, identificáveis

somente com aproximação do curso com o mercado moveleiro.

É com base no conhecimento de como se dá a prática profissional, do

desenvolvimento de artefatos moveleiros – Design – ou atividades tangentes, como

do Técnico em Móveis, que as principais demandas sobre o perfil profissional podem

ser levantadas. Acredita-se que isso permite uma adequação dos componentes

curriculares e seus conteúdos, possibilitando um processo de ensino mais ajustado

que consiga avizinhar-se de forma mais efetiva com o mercado de trabalho.

A partir desta percepção, julgou-se que existia a necessidade de averiguar e

discutir as competências do Técnico em Móveis e sua relação com o mercado de

trabalho moveleiro regional, com o intuito de promover reflexões sobre o processo

de ensino-aprendizagem-mercado, em cursos de Design e derivados de, para então

apontar melhoramentos no curso, e consequentemente na formação de um egresso

apto a trabalhar, com competências teóricas e práticas consolidadas, na área do

desenvolvimento de produtos moveleiros.

2 METODOLOGIA

21

De acordo com Lakatos e Marconi (2003) a pesquisa é um procedimento

formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e

se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades

parciais, obtendo-se assim respostas aos problemas que são apresentados na

pesquisa.

Dessa forma, por ser o trabalho científico de natureza dissertativa, a qual

busca solução-resposta para um problema, que objetiva a apresentação do

desenvolvimento de um raciocínio congruente, sistematizado, onde os dados

coletados são interpretados, analisados e avaliados, sob fundamentação

substancial, ou seja, conforme Gil (2008), um “conjunto de procedimentos

intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento”, faz-se de suma

importância a adoção de um procedimento metodológico, a qual norteará a

pesquisa, garantindo que o estudo demonstre de forma clara e concisa resultados

e/ou soluções. Assim, apresenta-se neste capítulo, o procedimento metodológico

norteador do estudo em questão, delineando todas as etapas a serem executadas.

Logo, trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, cujo método

adotado é o estudo de caso, a qual o cenário constitui-se em torno do Curso Técnico

em Móveis do IFFarroupilha, e os sujeitos envolvidos são os discentes egressos e o

mercado moveleiro regional.

À pesquisa qualitativa é possível encontrar diferentes enfoques, no entanto,

podem-se identificar algumas características em comum, conforme descreve Flick

(2009), este tipo de abordagem analisa as experiências de indivíduos ou grupos,

podendo estar estas experiências relacionadas a histórias pessoais ou ainda a suas

práticas cotidianas e profissionais, analisando-se conhecimento, relatos e histórias

do dia a dia, e ainda examinando-se suas interações e comunicações.

A partir deste contexto, o enfoque qualitativo da pesquisa visa investigar as

convergências e/ou divergências entre as competências profissionais construídas

pelos alunos durante a formação no Curso Técnico em Móveis, do Instituto Federal

22

Farroupilha – Câmpus Santa Rosa, com as expectativas do mercado moveleiro da

região, através de levantamento bibliográfico, coleta de dados, compilação e

interpretação de dados.

Uma parte importante da pesquisa qualitativa está baseada em texto e na escrita, desde notas de campo e transcrições até descrições e interpretações, e, finalmente, à interpretação dos resultados e da pesquisa como um todo. Sendo assim, as questões relativas à transformação de situações sociais complexas (ou outros materiais, como imagens) em textos, ou seja, de transcrever e escrever em geral, preocupações centrais da pesquisa qualitativa. (FLICK, 2009, p.09)

No entanto, para que esta investigação considere todas as informações

necessárias para a construção, fundamentação e obtenção de dados deste estudo

de caso, fez-se necessário um estudo exploratório, contemplando uma pesquisa

bibliográfica, pois conforme aponta Gil (2008), nem sempre adota-se um único

método, comumente utiliza-se a combinação de dois ou mais como forma de orientar

o estudo, ou ainda, de acordo com Yin (2001, p.35) pode-se considerar todas as

estratégias de uma maneira pluralística - como parte de um repertório para se

realizar pesquisa em ciências sociais a partir da qual o pesquisador pode

estabelecer seu procedimento de acordo com uma determinada situação.

Desta forma, o primeiro momento da investigação do estudo envolveu uma

pesquisa exploratória, que “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com

o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. [...] é,

bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados

aspectos relativos ao fato estudado.” (GIL, 2002, p.41).

Este estudo exploratório deu-se de forma descritiva, conforme descreve

Lakatos e Marconi ( 2003, p. 187):

Tem por objetivo descrever completamente determinado fenômeno, como, por exemplo, o estudo de um caso para o qual são realizadas análises empíricas e teóricas. Podem ser encontradas tanto descrições qualitativas e/ou qualitativas quanto acumulações de informações detalhadas como as obtidas por intermédio da observação participante. Dá-se precedência ao caráter representativo sistemático e, em consequência, os procedimentos de amostragem são flexíveis.

Embora a pesquisa exploratória permita a flexibilização de planejamento, ela

comumente assume o caráter de pesquisa bibliográfica, documental ou de estudo de

23

caso, envolvendo segundo Gil (2002) o levantamento de informações – por meio de

entrevistas, questionários ou grupo focal - com pessoas que tiveram experiências

com o problema investigado e que fornecem dados que auxiliam a sua

compreensão, como na dissertação em questão.

Assim, o primeiro momento de investigação foi de ordem exploratória,

valendo-se de um levantamento bibliográfico como também documental, com

objetivo de embasar e justificar teoricamente o estudo.

Lakatos e Marconi apud Manzo (2003, p.183), afirmam que uma bibliografia

pertinente ao tema estudado “oferece meios para definir, resolver, não somente

problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas

não se cristalizam suficientemente”, permitindo ao pesquisador um reforço à sua

pesquisa e manipulação de informações, além de propiciar um novo enfoque ou

abordagem sobre o mesmo tema, chegando-se a diferentes considerações.

O contexto de investigação de natureza bibliográfica, portanto, tem o intuito de

aprofundar o estudo, em consonância com a questão de pesquisa, abordando

conceitos sobre a ideia de competências no âmbito escolar e suas relações com o

currículo e o desenvolvimento de competências em cursos relacionados ao Design

de artefatos, valendo-se de autores, como por exemplo, Perrenoud (2000/2002),

Zabala e Arnau (2010), Sacristán (2000/2011) e Couto (2008).

Já o levantamento documental foi usado com o propósito de caracterizar o

atual cenário da educação profissional, suas legislações e diretrizes, a partir da Lei

nº 9.394/962, e, especificamente, o IFFarroupilha e o Curso Técnico em Móveis, seu

Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), o projeto político-pedagógico e a

organização curricular do curso, com base em documentos encontrados no portal do

Ministério da Educação (MEC), bem como em documentos institucionais, fornecidos

pela instituição e encontrados em seu sítio eletrônico, tornando-se subsídios para a

compreensão da formação recebida pelos egressos do curso Técnico em Móveis,

além de documentos que descrevem também o cenário do ensino do Design.

2 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que define e regulariza o sistema de educação brasileiro com base nos princípios presentes na Constituição.

24

O segundo momento do trabalho, desenhado a partir do referencial teórico

desenvolvido no estudo exploratório, é o estudo de caso.

O estudo de caso de acordo com Yin (2001, p.32) “é uma investigação

empírica que: investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu

contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o

contexto não são claramente definidos”, ou seja, permite estudar situações do dia a

dia, não somente descrevendo o fenômeno, mas também com o objetivo de

compreendê-lo em sua complexidade.

Neste sentido, Gil menciona ainda que o estudo de caso pode servir para

outros diferentes propósitos, tais como:

a) Descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação; e

b) Explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos. (2008, p.58)

Além disso, ressalta-se, em nota escrita por Yin (2001, p.37), que Robert

Stake estabeleceu que o estudo de caso vai além de ser uma escolha metodológica,

mas sim uma escolha do objeto a ser estudado, devendo ser “algo “específico

funcional” (como uma pessoa ou uma sala de aula) mas não uma generalidade

(como uma política). [...] .Logo, cada estudo de entidades que se qualificam como

objetos seria um estudo de caso”.

Então, para que este tipo de pesquisa realize-se, torna-se necessário utilizar

diferentes meios de investigação, desde o uso de conceitos abordados na pesquisa

bibliográfica e de conteúdos relevantes da análise documental, a qual favorecem o

entendimento acerca do currículo e o processo de ensino, e, ainda, entrevistas,

sondagem e questionário.

A descrição minuciosa do contexto estudado (o Curso Técnico em Móveis do

IFFarroupilha) e o contato com os sujeitos envolvidos (diga-se como sujeitos: alunos

e o mercado moveleiro), as quais suas experiências estão relacionados com o

problema de pesquisa, proporcionaram uma maior compreensão sobre o tema

25

estudado, promovendo um diagnóstico realístico, fundamentando a proposta de

implementação da pesquisa.

Portanto, as etapas do estudo de caso compreenderam: a contextualização

do lócus de pesquisa, a caracterização dos atores envolvidos, a aplicação de grupo

focal, questionário e entrevistas, além de análises a respeito de como ocorre a

articulação curricular e as competências do curso Técnico em Móveis do

IFFarroupilha e suas correlações com o mundo do trabalho.

2.1 Instrumentos e técnicas para coleta de informações

As entrevistas, a sondagem e o questionário foram feitos com os seguintes

sujeitos da pesquisa, assim distribuídos: seis (06) empresários do ramo moveleiro da

região de Santa Rosa/RS, quarenta e seis (46) alunos formados – sondagem – e

após, oito (08) egressos atuantes no setor.

A entrevista, uma das mais importantes fontes de informações do estudo de

caso, tem por objetivo colher informações dos entrevistados sobre determinado

assunto ou problema, onde “o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe

formula perguntas. [...]. é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes

busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação.(GIL, 2008,

p.109). A opção por escolher este meio de obtenção de dados, vem ao encontro às

razões descritas por Gil, entre as quais cabe considerar:

a) a entrevista possibilita a obtenção de dados referentes aos mais diversos aspectos da vida social;

b) a entrevista é uma técnica muito eficiente para obtenção de dados em profundidade acerca do comportamento humano;

c) os dados obtidos são suscetíveis de classificação e quantificação.

Quanto ao seu conteúdo, de acordo com Lakatos e Marconi apud Selltiz,

apresenta 6 (seis) tipos de objetivos, a saber:

26

a) Averiguação dos “fatos”. [...]

b) Determinação das opiniões sobre os “fatos”. [...]

c) Determinação de sentimentos. [...]

d) Descoberta de planos de ação. Descobrir, por meio das definições individuais dadas, qual a conduta adequada em determinada situações, a fim de prever qual seria a sua. [...]

e) Conduta atual ou do passado. [...]

f) Motivos conscientes para opiniões, sentimentos, sistemas ou condutas. [...] (2003, p.196)

Desta forma, as entrevistas previstas para a coleta de informações, foram

feitas aos empresários do setor moveleiro, de forma semiestruturadas, seguindo um

roteiro previamente estabelecido (Apêndice A), gravadas por meio de áudio, de

modo padronizado, com fins de obter de todos entrevistados respostas às mesmas

perguntas, permitindo a comparação, análise e reflexão sobre o conteúdo colhido.

Salienta-se que este tipo de coleta de informações geralmente ocorre

espontaneamente, podendo-se combinar perguntas previamente estabelecidas pelo

entrevistador, com outras que surgirem no momento e circunstância da entrevista, a

qual o entrevistado pode emitir suas opiniões.

A seleção das empresas entrevistadas (06 estabelecimentos), distribuídas em

diferentes cidades da região, deu-se a partir da listagem de convênio de estágio,

disponibilizada pelo setor de Extensão do Câmpus, como também pelo grau de

relevância e atuação que tem no meio moveleiro regional, conforme aponta a

Associação das Indústrias Moveleiras do Noroeste do RS – Assinmóveis.

As entrevistas direcionadas ao setor moveleiro, visaram verificar a expectativa

do setor frente à qualificação da mão-de-obra, as efetivas competências para o

Técnico em Móveis, suas relações com o Design, assim como averiguar como o

mercado avalia o egresso oriundo do Curso Técnico em Móveis do IFFarroupilha.

A sondagem foi realizada com os alunos egressos do curso, via Facebook,

com o intuito de saber em que área estão atuando profissionalmente, se seguiram o

segmento do mobiliário – Design - ou não, tomando-se a iteratividade entre os

participantes como fonte de coleta de informações, a fim de identificar quem está

27

trabalhando como Técnico em Móveis efetivamente.

Após a identificação, por meio da sondagem, de quem está exercendo a

atividade de Técnico em Móveis, apenas para estes sujeitos identificados como

atuantes no setor, foi aplicado um questionário (Apêndice B).

O questionário é uma técnica composta por um repertório de questões que

são expostas aos participantes do estudo, com o propósito de obter esclarecimentos

sobre interesses, expectativas, aspirações, comportamentos, dentre outros

aspectos, sob o ponto de vista dos sujeitos envolvidos.

Para Gil (2008, p. 121), “construir um questionário consiste basicamente em

traduzir objetivos da pesquisa em questões específicas. As respostas para essas

questões é que irão proporcionar dados requeridos para descrever as características

da população pesquisada”, além de ser de fácil alcance e atingir maior número

possível de participantes, não expõe os pesquisados à influência das opiniões e do

entrevistador, por isso a escolha deste tipo de investigação.

Desta forma, as perguntas constantes no questionário são abertas e de

múltipla escolha. As questões abertas oportunizaram uma investigação mais

profunda e precisa, permitindo que os respondentes oferecessem suas próprias

respostas usufruindo de ampla liberdade para feedback.

Já as questões de caráter de múltiplas escolhas, as quais “são perguntas

fechadas, mas que apresentam uma série de possíveis respostas, abrangendo

várias facetas do mesmo assunto” (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 206),

combinadas com respostas abertas, possibilitaram maiores informações sobre o

assunto, ajudando a esclarecer alguns pontos que não ficaram tão claros,

complementando-se.

O questionário foi encaminhado, individualmente, para os e-mails dos

egressos atuantes no setor, permitindo melhor compreensão acerca o perfil dos

alunos, bem como sua qualificação, expectativas em relação à formação e o seu

ingresso no mercado de trabalho.

28

De acordo com o descrito, segue abaixo a síntese da coleta de informações:

Figura 1: Síntese Coleta de Informações

Fonte: elaborado pela autora.

E por fim, para compor o relatório referente ao estudo de caso, foi feita a

compilação dos resultados, suas análises e reflexões em articulação com os

conceitos abordados no referencial teórico. Este relatório, descritivo, visa uma

exposição geral da pesquisa, incluindo desde o planejamento até as considerações

finais, detalhando as informações obtidas para alcançar relevância, abordando 4

(quatro) aspectos:

a) Apresentação do problema ao qual se destina o estudo.

b) Processos de pesquisa.

c) Os resultados.

d) Consequências deduzidas do trabalho. (LAKATOS; MARCONI apud SELLTIZ, 2003, p.172)

29

Logo, o desenho da pesquisa se completa, como se pode observar:

Figura 2: Desenho geral da pesquisa

Fonte: elaborado pela autora

Importante destacar que toda a pesquisa foi realizada seguindo as

recomendações do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UniRitter, com assinatura

dos devidos Termos de Consentimento pelos egressos e empresários, bem como a

Autorização para realização da pesquisa pelo IFFarroupilha, prezando a ética e o

bom andamento do trabalho.

Após o apontamento dos dados coletados e sua devida análise, por meio de

Análise de Conteúdo, são apresentadas anotações sobre resultados obtidos, para

fins de explicitar e apontar possíveis meios que colaborem para o desenvolvimento

articulado entre as competências construídas no processo de formação e as

requeridas pelo mercado.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo, apresenta-se o referencial teórico relacionado ao tema do

30

presente trabalho, utilizado como base para a fundamentação da pesquisa.

3.1 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL: BREVE PERCURSO

A Educação Profissional acompanha o homem desde os tempos mais

remotos, quando, a partir da execução de suas atividades práticas, transferiam seus

saberes profissionais, conhecimentos e técnicas, de elaboração dos mais variados

tipos de objetos que facilitavam o cotidiano, por meio de observações, prática e

repetições (MANFREDI, 2002).

Desta forma, em consonância com o desenvolvimento da humanidade, as

profissões surgiram com o anseio de atender as demandas da sociedade,

decorrente das constantes transformações das mais diferentes esferas, mas

principalmente, dos processos manufatureiros.

As mudanças ocorridas no âmbito da organização do trabalho artesanal e o

surgimento indústria deram origem ao processo de consolidação da Educação

Profissional, ou seja, com o advento do capitalismo, conforme aponta Frigotto

(1999), alterou-se o vínculo entre trabalho produtivo e a educação, pois o

capitalismo rege os princípios sobre valores, ideais, teorias e instituições, entre as

quais destacam-se o meio educacional como espaço de produção e reprodução de

conhecimento, atitudes, ideologias e teorias que fundamentam o novo modelo de

produção.

Complementando e convergindo com esta perspectiva, Canali (2009, p. 2)

afirma que:

A relação trabalho-educação reconfigura-se com o surgimento do modo de produção capitalista, e a escola é erigida à condição de instrumento por excelência para viabilizar o saber necessário à burguesia em célebre ascensão, em sociedade não mais pautada nas relações naturais, mas sim em relações produzidas pelo próprio homem.

31

A partir deste contexto, a Educação Profissional no Brasil tem como marco a

década de 30, período em que se configurou o início da industrialização no país,

possibilitando “a institucionalização de escolas superiores para a formação de

recursos humanos necessários ao processo produtivo.”(WITTACZIK, 2008, p.80).

Foi uma época de vasta ampliação do ensino industrial, fomentada por uma política

de constituição de novas escolas industriais e introdução de novas especialidades

nas escolas existentes.

Ainda, de acordo com publicação do MEC (BRASIL, 2008):

A Constituição Brasileira, de 1937, foi a primeira a abordar pontualmente o ensino técnico, profissional e industrial, estabelecendo, no artigo 129:

“O ensino pré-vocacional e profissional destinado às classes menos favorecidas é, em matéria de educação, o primeiro dever do Estado. Cumpre-lhe dar execução a esse dever, fundado instintos de ensino profissional e subsidiando os de iniciativa dos estados, dos municípios e dos indivíduos ou associações particulares e profissionais.

É dever das indústrias e dos sindicatos econômicos criar, na esfera de sua especialidade, escolas de aprendizes, destinadas aos filhos de operários ou de seus associados. A lei regulará o cumprimento desse dever e os poderes que caberão ao Estado sobre essas escolas, bem como os auxílios, facilidades e subsídios a lhes serem concedidos pelo poder público.”

Assim, em 13 de janeiro de 1937, foi assinada a lei 378, que transformava as Escolas de Aprendizes e Artífices em Liceus Profissionais, destinados ao ensino profissional, de todos os ramos e graus.

A começar deste período, que consolidou efetivamente a Educação

Profissional no Brasil, ocorreram diversas ações que modificaram o processo de

ensino profissionalizante, como se apresenta sinteticamente no quadro abaixo:

32

Quadro 1 – Síntese do percurso da Educação Profissional Brasileira

Fonte: elaborado pela autora

No entanto, cabe salientar a importância da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Brasileira, LDB 9.394, instituída em de 20 de dezembro de 1996, pois

elas, juntamente com a Constituição de 1988, reassumem o compromisso com a

educação profissional, bem como com a formação para o mundo do trabalho,

superando o aspecto assistencialista e de preconceito social, presentes nas

primeiras legislações da educação profissional do país, estabelecendo as diretrizes e

ANO EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL

1930 Criação do Ministério da Educação e Saúde Pública e estruturação da Inspetoria do Ensino Profissional Técnico, que passa a supervisionar as Escolas de Aprendizes Artífices.

1937 Assinada a Lei 378 que transforma as Escolas de Aprendizes e Artífices em Liceus Profissionais, destinados ao ensino profissional, de todos os ramos e graus.

1940 Criação de instituições responsáveis pela formação de mão-de-obra para a indústria e comércio, advento do chamado Sistema S.

1941-42

“Reforma Capanema”- remodelou o ensino no país, tendo como um de seus principais pontos o ensino profissional, que passa a ser considerado de nível médio; Decreto nº 4.127 - transforma as Escolas de Aprendizes e Artífices em Escolas Industriais e Técnicas, passando a oferecer a formação profissional em nível equivalente ao do secundário.

1959 Escolas Industriais e Técnicas são transformadas em autarquias com o nome de Escolas Técnicas Federais, passando a ter autonomia didática e de gestão.

1971 LDB nº. 5.692, torna, de maneira compulsória, técnico-profissional, todo currículo do segundo grau.

1978 Lei nº 6.545, três Escolas Técnicas Federais (Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro) são transformadas em Centros Federais de Educação Tecnológica - CEFETs.

1994

Lei nº 8.948 - dispõe sobre a instituição do Sistema Nacional de Educação Tecnológica, transformando gradativamente as Escolas Técnicas Federais e as Escolas Agrotécnicas Federais em Centros Federais de Educação Tecnológica – CEFETs.

1996

LDB nº. 9.394 - estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, dispondo um capítulo exclusivo sobre a Educação Profissional. Destaca-se o artigo 39, parágrafo único, onde está expresso que “o aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, bem como o trabalhador em geral, contará com a possibilidade de acesso à educação profissional”.

33

bases da educação nacional, dividindo as responsabilidades da orientação do

sistema educacional entre os municípios, estados e o Distrito Federal.

A LDB de 1996 trata a Educação Profissional de maneira global, destinando

um capítulo exclusivo (Capítulo III), a qual trata de forma sintética, porém clara, dos

níveis e modalidades de ensino, verticalização e relevância para o contexto social.

Contudo, a instituição da Lei nº. 11.741, de julho de 2008, altera a redação da

Lei nº 9.394, referente ao Capítulo III, Da Educação Profissional, redirecionando os

principais aspectos concernentes a educação profissional técnica de nível médio, da

educação de jovens e adultos e da educação profissional e tecnológica, a saber:

Art. 39 - A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia.

§ 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino.

§ 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos: I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; II – de educação profissional técnica de nível médio; III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação.

§ 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne a objetivos, características e duração, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação.” (BRASIL,2008)

Assim, entende-se que o atual modelo de educação profissional e tecnológica

diferencia-se plenamente do 2º Grau Profissionalizante, a qual se entendia “como

um adestramento a uma determinada habilidade sem o conhecimento dos

fundamentos dessa habilidade e, menos ainda, da articulação dessa habilidade com

o conjunto do processo produtivo” (SAVIANI, 1997, p. 40), e ainda, constitui-se em

uma possibilidade de formação ampla e integral, de um ensino que integra trabalho,

ciência e tecnologia.

Como se pode perceber, o cenário da Educação Profissional e Tecnológica

vigente perpassa um longo caminho, a qual, a partir da Lei n º 9.394, sofre diversas

34

alterações por meio de decretos, resoluções e pareceres, elegendo

regulamentações específicas a fim de melhor conduzir seus viézes.

Assim, em 17 de abril de 1997, foi publicado o Decreto Federal 2.208, que ao

regulamentar os artigos 39 a 42 (Capítulo III do Título V) e o § 2.º do artigo 36 da Lei

Federal n.º 9.394/96, estabeleceu as bases da reforma da Educação Profissional,

definindo três níveis para a educação profissional: básico, técnico e tecnológico, cujo

foco era promover a transição entre a escola e o mundo do trabalho, qualificando,

reprofissionalizando, especializando e aperfeiçoando jovens e adultos, de qualquer

nível de escolaridade, para seu melhor desempenho no exercício do trabalho.

Este decreto aborda também a desvinculação entre a educação profissional e

o ensino médio, ou seja, a organização curricular do ensino técnico passa a ser

independente do ensino médio, sendo ofertados cursos de forma concomitante ou

sequencial.

Outra questão relevante, estabelecida no Decreto 2.208/97, é em relação a

estruturação curricular, que a partir do Conselho Nacional de Educação – CNE,

serão definidas as diretrizes curriculares nacionais, desde a carga horária,

conteúdos, habilidades e competências, de acordo com cada área profissional.

Desta forma, em 1999, o Conselho Nacional de Educação, lança a Resolução

CNE/CEB nº 04/99, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Profissional de Nível Técnico, apontando em seu Art. 2º, como diretirz:

O conjunto articulado de princípios, critérios, definição de competências profissionais gerais do técnico por área profissional e procedimentos a serem observados pelos sistemas de ensino e pelas escolas na organização e no planejamento dos cursos de nível técnico. (CNE/CEB nº 04/99)

Além disso, a resolução, em parágrafo único, objetiva um Ensino Técnico que

garanta o desenvolvimento permanente de aptidões para a vida produtiva e social,

através de uma educação profissional integrada às diferentes formas de educação,

trabalho, ciência e tecnologia, introduzindo efetivamente no ensino profissional a

ideia de competências profissionais específicas de acordo com a qualificação e

habilitação.

35

Entretanto, houve um período em que vigoraram reflexões e discussões

acerca o Decreto 2.208/97, principalmente ao que tange à separação entre o ensino

médio e a educação profissional, retomando-se a discussão sobre a educação

politécnica, a qual deveria ser compreendida como unitária e universal, destinada a

superar a dicotomia entre cultura geral e técnica orientada para “o domínio dos

conhecimentos científicos das diferentes técnicas que caracterizam o processo de

trabalho produtivo moderno” (PACHECO apud SAVIANI, 2012, p.26).

Tais discussões edificaram-se e deram origem, em 23 de julho de 2004, ao

Decreto 5.154, que em seu Art. 9º revoga o Decreto 2.208/97 e regulamenta o

parágrafo 2º do artigo 36 e os artigos 39 a 41 da LDB, cujo conteúdo foi incorporado

à LDB pela Lei 11.741/08.

Este decreto manteve as ofertas de cursos técnicos concomitantes e

subsequentes trazidas pelo Decreto 2.208/97, mas também trouxe de volta a

possiblidade de integração do ensino médio com a educação profissional técnica de

nível médio, “numa perspectiva que não se confunde totalmente com a educação

tencologica ou politécnica, mas que aponta em sua direção porque contém os

princípios em sua construção” (PACHECO, 2012, p.28), conforme expressa o Art. 4º:

A educação profissional técnica de nível médio, nos termos dispostos no § 2o do art. 36, art. 40 e parágrafo único do art. 41 da Lei no 9.394, de 1996, será desenvolvida de forma articulada com o ensino médio, observados:

I - os objetivos contidos nas diretrizes curriculares nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação;

II - as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino; e

III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico.

§ 1o A articulação entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino médio dar-se-á de forma:

I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, contando com matrícula única para cada aluno;

II - concomitante, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental ou esteja cursando o ensino médio, na qual a complementaridade entre a educação profissional técnica de nível médio e

36

o ensino médio pressupõe a existência de matrículas distintas para cada curso, podendo ocorrer:

a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis;

b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; ou

c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de intercomplementaridade, visando o planejamento e o desenvolvimento de projetos pedagógicos unificados;

III - subsequente, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino médio. (BRASIL, 2004)

Sob esta ótica, Frigotto, Ciavatta e Ramos, afirmam ainda que “o ensino

médio integrado ao ensino técnico, sob uma base unitária de formação geral, é uma

condição necessária para se fazer a ‘travessia’ para uma nova realidade “(2005,

p.43).

Além desta nova possibilidade de oferta de ensino, este Decreto oportunizou

uma liberdade maior de organização do ensino médio, por parte dos estados e

escolas, tomando-se como ditrizes os aportes citados pelo Conselho Nacional de

Educação, conforme descritos no CNE/CEB nº 39/04: “as Diretrizes Curriculares

Nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação não deverão ser

substituídas”, sendo que “não perderam a sua validade e eficácia, uma vez que

regulamentam dispositivos da LDB em plena vigência” (BRASIL, 2004).

Assim, este Decreto constitui-se em outro grande referencial quando fala-se

sobre educação profissional, pois a partir da abertura da possibilidade de oferta do

ensino médio integrado ao técnico, conforme descrito anteriormente, a LDB 9.394,

alterou seu texto, com fins de adequar-se a nova realidade educacional, por meio da

Lei 11.741/08.

Portanto, a educação profissional é regida por um apanhado de princípios,

ditadas pelas diretrizes curriculares nacionais para a educação profissional de nível

técnico, e outros que se referem às competências, interdisciplinaridade, organização

curricular, perfis dos futuros profissionais, atualização permanente dos cursos e seus

currículos e à autonomia da escola em seu projeto pedagógico.

37

Essas sucessivas reformas educacionais, geram um processo reflexivo

acerca do sistema educacional brasileiro, promovendo subsídios argumentativos que

embasam tais reformulações. Atualmente, este processo ocorreu através da

revogação da Resolução 04/99, a qual defenia as Diretrizes Curriculares Nacionais

para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, passando a vigorar a

Resolução CNE/CEB nº6/2012, que além de definir novas diretrizes, dá outras

providências.

Assim, o sistema de educação profissional, na atualidade, é guiado pela

Resolução CNE/CEB nº 6/2012, que em seu art. 6º apresenta seus princípios

norteadores, destacando-se alguns, a saber:

I - relação e articulação entre a formação desenvolvida no Ensino Médio e a preparação para o exercício das profissões técnicas, visando à formação integral do estudante;

III - trabalho assumido como princípio educativo, tendo sua integração com a ciência, a tecnologia e a cultura como base da proposta político-pedagógica e do desenvolvimento curricular;

IV - articulação da Educação Básica com a Educação Profissional e Tecnológica, na perspectiva da integração entre saberes específicos para a produção do conhecimento e a intervenção social, assumindo a pesquisa como princípio pedagógico;

V - indissociabilidade entre educação e prática social, considerando-se a historicidade dos conhecimentos e dos sujeitos da aprendizagem;

VI - indissociabilidade entre teoria e prática no processo de ensino-aprendizagem;

IX - articulação com o desenvolvimento socioeconômico-ambiental dos territórios onde os cursos ocorrem, devendo observar os arranjos socioprodutivos e suas demandas locais, tanto no meio urbano quanto no campo;

Considerando o exposto e os documentos – leis, decretos, pareceres e

resoluções, visando a atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação Profissional Técnica de nível médio, percebe-se o quanto o ensino

profissional tem percorrido um longo caminho para adotar um modelo de

organização orientado para o desenvolvimento das competências profissionais e

para a formação de um indivíduo autônomo e pensante.

38

A adoção de medidas consistentes para democratizar o acesso a educação

profissional, para todas as classes sociais, faz-se imprescindível, visto que vislumbra

um meio, em um prazo menor de formação, de inserir-se no mercado de trabalho.

Frente a este cenário, e com o intento de corresponder às demandas

crescentes de mão-de-obra qualificada, o Governo Federal através da Lei nº

11.892/08, instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e

Tecnológica e criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs),

descrevendo em seu Art. 2o :

Os Institutos Federais são instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos termos desta Lei. (BRASIL,2008)

Essas instituições, de acordo com Pacheco (2011), têm condições de

protagonizar um projeto político-pedagógico inovador, através de sua organização

pedagógica verticalizada do ensino, desenvolvendo uma formação teórica, técnica e

operacional, que habilita o aluno ao exercício profissional, conforme pode-se verificar

mais detalhadamente no tópico a seguir.

Por fim, a educação profissional é, antes de tudo, educação, e deve estar em

constante devir. Portanto, seguir os princípios explicitados na Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional, nos Descretos e Resoluções, é contemplar na

formulação e no desenvolvimento dos projetos pedagógicos, das instituições de

educação profissional, ações que permitem a igualdade nas condições de acesso e

permanência na escola e demais princípios consagrados em seus conteúdos.

3.1.1 Rede Federal de Educação Profissional: O Instituto Federal Farroupilha

As instituições que hoje formam a Rede Federal de Educação Profissional,

Científica e Tecnológica, são originárias da Lei nº 11.892/08, de 29 de dezembro de

2008, vinculadas ao Ministério da Educação - MEC, conforme descritos em citação

39

no tópico anterior, e constituem-se pelas seguintes instituições:

I - Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia - Institutos Federais;

II - Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR;

III - Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca - CEFET-RJ e de Minas Gerais - CEFET-MG;

IV - Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais; e (Redação dada pela Lei nº 12.677, de 2012)

V - Colégio Pedro II. (Incluído pela Lei nº 12.677, de 2012)

Parágrafo único. As instituições mencionadas nos incisos I, II, III e V do caput possuem natureza jurídica de autarquia, detentoras de autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar. (Redação dada pela Lei nº 12.677, de 2012)

Devido sua estruturação ser multicampi, sua abrangência no território

nacional se faz de forma expressiva, confirmando seu compromisso com o

desenvolvimento socioeconômico local e regional. Por conseguinte, o foco destas

instituições é promover a justiça social, a equidade e o desenvolvimento sustentável,

com vistas à inclusão social, respondendo de forma ágil e eficaz às demandas

crescentes por formação profissional (PACHECO, 2011, p.50).

Quanto à organização pedagógica, os Institutos Federais primam pela

integração, transversalidade e verticalização do ensino, da educação básica à

educação profissional e educação superior, conforme descrito em seu Art. 6o :

A verticalização, por seu turno, extrapola a simples oferta simultânea de cursos em diferentes níveis sem a preocupação de organizar os conteúdos curriculares de forma a permitir um diálogo rico e diverso entre as formações. [...]. A transversalidade auxilia a verticalização curricular ao tomar dimensões do trabalho, da cultura, da ciência e da tecnologia como vetores na escolha e na organização dos conteúdos, dos métodos, enfim, da ação pedagógica. (PACHECO, 2011, p.24-25)

Desta forma, o desenho curricular dos IFs (Institutos Federais), toma como

princípio a oferta de educação básica, principalmente em cursos de ensino integrado

à educação profissional técnica de nível médio, graduações tecnológicas,

licenciaturas e bacharelados em áreas da ciência e tecnologia, além de programas

40

de pós-graduação, assegurando, portanto, a formação inicial e continuada dos

alunos.

Vale destacar também, que esta lei que institui os IFs, toma o trabalho como

princípio educativo, pois sua “proposta pedagógica tem sua organização fundada na

compreensão do trabalho como atividade fundamental da vida humana e em sua

forma histórica, como forma de produção.” (PACHECO, 2011,p. 65).

Considerar o trabalho como princípio educativo equivale a dizer que o ser humano é produtor de sua realidade e, por isso, apropria-se dela e pode transformá-la. Equivale dizer, ainda, que somos sujeitos de nossa história e de nossa realidade. Em síntese, o trabalho é a primeira mediação entre o homem e a realidade material e social. (PACHECO, 2012, p.67).

A formação para o exercício profissional, tanto em nível superior, quanto no

médio técnico, é o objetivo, sendo que até as atividades de pesquisa e extensão

devem estar relacionadas ao mundo do trabalho, orientadas ao estudo e à busca de

soluções para as questões teóricas e práticas do cotidiano, contribuindo para a

construção da autonomia intelectual.

Na concepção deste cenário, adotando todas as diretrizes e concepções,

sendo de natureza jurídica de autarquia, detentor de autonomia administrativa,

patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar, encontra-se o Instituto

Federal Farroupilha, situado no estado do Rio Grande do Sul.

O Instituto Federal Farroupilha surgiu através da fusão e transformação do

Centro Federal Tecnológico de São Vicente do Sul, Escola Agrotécnica Federal de

Alegrete, Unidade Descentralizada de Júlio de Castilhos e Unidade Descentralizada

de Santo Augusto em uma nova instituição federal de ensino.

Atualmente o Instituto Federal Farroupilha – IFF, conta com 10 domicílios de

abrangência no estado, mais a reitoria, a saber: Câmpus Alegrete, Câmpus Júlio de

Castilhos, Câmpus Panambi, Câmpus Santa Rosa, Câmpus Santo Augusto, Câmpus

São Borja, Campus São Vicente do Sul, Câmpus Santo Ângelo, Núcleo Avançado

Jaguari, Câmpus Avançado Uruguaiana e a reitoria situada na cidade de Santa

Maria, e ainda os pólos de Educação a Distância existentes nas cidades de Alegrete,

Bagé, Canguçu, Santo Antônio da Patrulha, São Lourenço do Sul, Santa Maria,

41

Santa Rosa, Quaraí e São Borja, abrangendo um total de 38 cidades.

Com essa abrangência, o IFFarroupilha visa à interiorização da oferta de

educação pública e de qualidade, atuando no desenvolvimento local a partir da

oferta de cursos voltados para os arranjos produtivos, culturais, sociais e

educacionais da região.

Como forma de orientar o trabalho desenvolvido pelo IFFarroupilha (Instituto

Federal Farroupilha), a instituição segue os preceitos descritos em seu PDI – Plano

de Desenvolvimento Institucional, a qual foi contruído de forma coletiva e

domocrática, levando em consideração a realidade situacional de todas as unidades

que compõem o IFFarroupilha.

Portanto, o PDI tem “objetivo de reunir informações precisas e atualizadas de

cada unidade pertencente ao IFFarroupilha e, principalmente, a partir disso, definir

sua atuação e apresentar seu planejamento para o período compreendido entre

2009-2013.”(PDI, 2009-2013, p.1) Cabe notificar, que o PDI atual (2014-2018),

encontra-se em plena fase de construção.

O Plano de Desenvolvimento Institucional do IFFarroupilha, auxilia no

desenvolvimento e funcionamento da instituição, visto que traça um “plano para

atendimento das diretrizes pedagógicas, com critérios gerais para definição dos

projetos de cursos, aspectos relativos aos egressos, à integralização curricular, à

avaliação pedagógica, aos avanços tecnológicos e à educação a distância”. (PDI,

2009-2013, p.59)

Desta forma, os cursos ofertados seguem a autonomia ditada pela Lei nº

11.892/08, que institui os IFs, sendo ofertados cursos de acordo com as demandas

socioeconômicas de cada localidade, conforme também descritas no PDI.

Contudo, os cursos disponibilizados devem constar no Catálogo Nacional de

Cursos Técnicos (CNCT), publicação que sistematiza e organiza a oferta dos cursos

técnicos no país, iniciado em 2008, mas alterado em 2012. Esta nova versão conta

com a incorporação de 35 novos cursos e ainda com alterações, de alguns cursos já

42

existentes, para melhor adequar às normas vigentes, para melhor apresentar seu

perfil de formação ou ainda para figurar em outro eixo, mais adequado às

tecnologias utilizadas. (BRASIL, CNCT, 2012, p.4)

O CNCT apresenta a adoção da nomenclatura, a carga horária e o perfil

descritivo dos cursos, o que possibilita à instituição de ensino qualificar a oferta de

seus cursos e ao estudante uma maior aceitação no mercado de trabalho.

Além disso, a publicação contempla 220 cursos, distribuídos em 13 eixos

tecnológicos, e constitui-se em referência e fonte de orientação para a oferta dos

cursos técnicos no país. Quanto aos eixos tecnológicos, Pacheco destaca que:

Cada eixo tecnológico acolhe vários tipos de técnicas, mas não se restringe a suas aplicações, relacionando-se também a outras dimensões socioeconômicas. O caminho a ser percorrido na construção de currículos centrados na dimensão tecnológica passa pelos aspectos: material das tecnologias envolvidas na formação profissional pretendida; prático ou a arte do como fazer; e o sistêmico ou as relações técnicas e sociais subjacentes às tecnologias baseando-se na integração de conhecimentos e na união entre a concepção e a execução. (2010, p. 20)

Desta forma a instituição oferta os cursos de acordo com os eixos

tecnológicos constantes no CNCT, sendo de formação inicial e continuada, cursos

técnicos de nível médio (integrado e subsequente), superiores e cursos de pós-

graduação, além de outros Programas Educacionais fomentados pela Secretaria de

Educação Profissional e Tecnológica no Ministério da Educação (SETEC-MEC).

A construção curricular dos cursos ofertados pelo IFFarroupilha, de forma

integrada, tem origem na orientação legal e na necessidade de se definir um perfil

de currículo que supere a divisão entre o ensino profissionalizante e o básico.

Assim, a instituição propõe um currículo integrado que objetiva articular

trabalho/ensino, prática/teoria, ensino/pesquisa, ensino/extensão e comunidade,

fortalecendo as relações entre trabalho e ensino, desenvolvendo as aptidões do

educando para a vida produtiva, tendo como pano de fundo as características

socioculturais do meio em que este processo se desenvolve.

Com sua recente história institucional, o Instituto Federal Farroupilha, visa

43

constituir-se em referência na oferta de educação profisssional e tecnológica,

comprometida com as realidades locais, e ainda, por meio de um currículo

integrador, desenvolver as competências necessárias para o exercício da cidadania.

Todavia, além desta intenção, o Plano Nacional de Educação – PNE, traça

metas para a educação nacional, para o período vigente de 2011 a 2020, lançando

também desafios para a Educação Profissional, como se pode visualizar no item a

seguir.

3.1.2 Metas PNE 2011- 2020 e a Educação Profissional

O Plano Nacional da Educação - PNE surge através de um projeto de lei que,

após sua aprovação pelo governo federal, torna-se um instrumento que guiará o

processo de construção da educação, pela vigência de dez anos, renovando-se ao

término de cada período.

O PDE apresenta mecanismos para aprofundar o diagnóstico das condições da educação, para a melhoria da qualidade do ensino em todos os aspectos e para a democratização do acesso. Os pilares de sustentação do PDE são: financiamento adequado, avaliação e responsabilização dos agentes públicos que comandam o sistema educacional, formação de professores e valorização do magistério e gestão e mobilização das comunidades. (PDE 2011- 2020)

Com base em um amplo diagnóstico da educação nacional, suas

transformações e as principais demandas da sociedade, frente ao sistema

educacional, o PNE define diretrizes e metas a serem e cumpridas, seguidas das

estratégias específicas de concretização. Tanto as metas quanto as estratégias

contemplam iniciativas para todos os níveis, modalidades e etapas educacionais,

dentre eles a educação profissional.

Ao final da vigência do PNE 2002 – 2010, novas metas a serem alcançadas

pelo país até 2020 foram definidas e enviadas ao Congresso Nacional através do

Projeto de Lei 8530/10. No entanto, vale salientar que este projeto de lei foi

44

aprovado e sancionado pelo governo federal apenas no dia 25 de junho de 2014, e

publicado no Diário Oficial da União – Dou, no dia 26 de junho de 2014, pela Lei nº

13.005, a qual aprova o PNE 2011- 2020 e dá outras providências.

Dentre as diretrizes do PNE vigente, descritas em seu Art. 2º, consta a

melhoria da qualidade da educação, formação para o trabalho e cidadania,

promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do país, e ainda, expansão

do ensino público de qualidade, diretrizes que vão de encontro ao sistema

educacional do ensino profissional, dos Institutos Federais.

Para tanto, este documento dispõe em seu texto metas, constantes nos itens

de 10 a 14, afeitas mais especificamente aos IFs, a saber:

Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional.

Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público.

Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento público.

Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta ecinco por cento) doutores.

Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco mil) doutores. (PNE,2011 - 2020)

Seguindo a matriz conceitual da visão sistêmica da educação, cada meta

possui suas respectivas estratégias, a qual cabe apontar algumas, julgadas

essenciais, para o desenvolvimento do ensino profissional, como por exemplo:

Meta 10 - item 10.6) estimular a diversificação curricular da educação de jovens e adultos, articulando a formação básica e a preparação para o mundo do trabalho e estabelecendo inter-relações entre teoria e prática, nos eixos da ciência, do trabalho, da tecnologia e da cultura e cidadania, de forma a organizar o tempo e o espaço pedagógicos adequados às características desses alunos e alunas;

45

Meta 11 – item 11.1) expandir as matrículas de educação profissional técnica de nível médio na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, levando em consideração a responsabilidade dos Institutos na ordenação territorial, sua vinculação com arranjos produtivos, sociais e culturais locais e regionais, bem como a interiorização da educação profissional;

Meta 12 – item 12.2) ampliar a oferta de vagas, por meio da expansão e interiorização da rede federal de educação superior, da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e do sistema Universidade Aberta do Brasil, considerando a densidade populacional, a oferta de vagas públicas em relação à população na idade de referência e observadas as características regionais das micro e mesorregiões definidas pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, uniformizando a expansão no território nacional;

Meta 13 – item 13.7) fomentar a formação de consórcios entre instituições públicas de educação superior, com vistas a potencializar a atuação regional, inclusive por meio de plano de desenvolvimento institucional integrado, assegurando maior visibilidade nacional e internacional às atividades de ensino, pesquisa e extensão;

Meta 14 – item 14.6) ampliar a oferta de programas de pós-graduação stricto sensu, especialmente os de doutorado, nos campi novos abertos em decorrência dos programas de expansão e interiorização das instituições superiores públicas. (PNE 2011-2020) [grifos da autora]

Por meio das metas e estratégias traçadas pelo PNE, percebe-se que o

principal desafio posto a rede federal de educação profissional, é a sua expansão,

visando a verticalização do ensino, aliada a qualidade, promovendo a partir da

diversificação de conteúdos curriculares, uma formação integral para o mundo do

trabalho.

Fica claro, portanto, nos textos transcritos do documento, o quanto a

educação profissional, técnica e tecnológica é importante no sistema educacional

brasileiro, bem como para o processo de desenvolvimento socioeconômico e cultural

do país.

Entretanto, com o intuito de melhor compreender o processo de construção e

desenvolvimento do ensino, conforme descritas nas Leis, Decretos, Resoluções e,

ainda, no PNE, faz-se necessário compreender os conceitos que envolvem a ideia

de competências na educação. Deste modo, o item a seguir discorre sobre o

assunto.

46

3.2 SOBRE A IDEIA DE COMPETÊNCIAS

Diversos são os conceitos que envolvem a palavra competência, mas o

presente estudo toma como ideia do termo competência com origem na Teoria da

Epistemologia Genética, do biólogo suíço Jean Piaget.

A Teoria da Epistemologia Genética estuda a construção das estruturas

cognitivas do ser humano, através do entendimento de como suge o conhecimento,

sendo explicado por meio do desenvolvimento de processos biológicos e cognitivos,

que ocorrem a partir de fatores como: experiência, transmissão social, equilibração,

desequilibração, assimilação, acomodação, maturação ou amadurecimento.

Em suas pesquisas, Piaget observou o comportamento e interação do sujeito

(crianças e adolescentes) com o objeto, percebendo que ambos são construídos por

constantes estruturas mentais, as quais estão divididas em estágios, conforme o

desenvolvimento cognitivo individual, tendo como centro no centro do seu processo

de adaptação esquemas.

Os estágios de desenvolvimento destas estruturas, segundo o estudioso,

ocorrem de diferentes formas, dependendo das experiências vividas e das

experimentações individuais com os objetos do conhecimento. Assim, Piaget, os

divide em quatro períodos principais:

Quadro 2: Estágios de Desenvolvimento Cognitivo de Piaget

Fonte: FERRACIOLI, 1999.

47

No estágio, sinônimo de estádio (conforme escrito na figura 1), sensório

motor, ou pré-verbal, a criança procura coordenar e integrar as informações que

recebe pelos sentidos e elabora o conjunto de subestruturas cognitivas ou

esquemas de assimilação, que servirão de base para a construção das futuras

estruturas decorrentes do desenvolvimento (FERRACIOLI, 1999).

Já o segundo, pré-operatório ou simbólico, ocorre o aparecimento da função

semiótica da linguagem, consistindo na representação de objetos ou

acontecimentos, “tornando possível, por exemplo, a aquisição da linguagem ou de

símbolos coletivos.” (FERRACIOLI, 1999, p.8).

No estágio operatório-concreto, caracterizado por uma série de estruturas em

vias de acabamento, como as classificações, seriações, as operações

multiplicativas, entre outras (PIAGET, 1975), o conhecimento forma-se por meio de

ações efetuadas sobre os objetos.

E no quarto, operatório-formal, no período na adolescência, tem-se o

pensamento abstrato, o raciocínio não baseado apenas em objetos ou realidades

observáveis, mas também situações hipotéticas, permitindo a construção de

reflexões e teorias.

As descrições suscintas de todos os estágios, oriundos dos estudos da

epistemologia genética, de Jean Piaget, servem apenas para contextualizar o

aparecimento da ideia, conceito de competências no âmbito educacional, visto que

estes auxiliaram a construção da proposta político-pedagógica do Construtivismo.

A abordagem construtivista, baseada nos trabalhos de Piaget, indica que o

conhecimento é construído na relação do sujeito com os objetos do mundo externo,

buscando a construção do conhecimento e, por consequência, a aprendizagem, com

autonomia, ou seja, o estudande deve ser um participante ativo na formação de sua

própria aprendizagem, coordenando e diversificando continuamente seu

conhecimento.

A partir desta ideia, usando como alicerce a obra de Jean Piaget, Perrenoud,

48

aborda a questão da construção das competências no âmbito escolar, onde o aluno

e a aprendizagem passam a ser o centro, no currículo formado por competências.

Desta maneira, o conceito de competência difundido por Perrenoud, relaciona

a noção de competência à “capacidade de um sujeito de mobilizar o todo ou parte de

seus recursos cognitivos e afetivos para enfrentar uma família de situações

complexas.” (PERRENOUD, 2001, p.21)

Assim, o conceito de competência, de acordo com o Perrenoud (2001, p. 20),

é “o conjunto dos recursos que mobilizamos para agir. Os saberes, eruditos ou

comuns, compartilhados ou privados, fazem parte desses recursos, porém não os

esgotam.”

Ainda, a título de melhor embasar e conceituar o termo, dentre outros autores

contemporâneos, destacam-se Zabala e Arnau, as quais conceituam como:

A competência identificará aquilo que qualquer pessoa necessita para responder aos problemas aos quais de deparará ao longo da vida. Portanto, competência consistirá na intervenção eficaz nos diferentes âmbitos da vida mediante ações nas quais se mobilizam, ao mesmo tempo e de maneira inter-relacionada, componentes atitudinais, procedimentais e conceituais. (ZABALA; ARNAU, 2010, p. 37)

Tal entendimento tem origem a partir da análise de diversas definições, e

listagem das ideias principais, formando a síntese representada no quadro a seguir:

Quadro 3: O que é Competência?

49

Fonte: Zabala; Arnau, 2010, p.37

Por conseguinte, pode-se dizer que, o ensino baseado pela construção de

competências, que afasta clássicos paradigmas e dicotomias educacionais, como

por exemplo, compreender e memorizar, teoria e prática, dentre outras, fomentando

o aluno a resolver problemas cotidianos, inter-relacionando os conhecimentos às

habilidades e atitudes.

Quanto aos conhecimentos, habilidades e atitudes, cabe aqui fazer alguns

apontamentos, a título de melhor compreensão.

De acordo com Roberto Gagné (1916–2002), existem 5 (cinco) classes

principais de capacidades humanas que podem ser aprendidas: informações

verbais, estratégias cognitivas, habilidades intelectuais, habilidades motoras e

atitudes. Entretanto, o autor subdivide-as em três grandes grupos de hierarquias de

aprendizem (capacidades humanas = competências) : Conhecimentos, Habilidades

e Atitudes.

Desta forma, Gagné, apresenta que os conhecimentos formam-se a partir de

informações verbais, a qual é a capacidade de verbalizar informações armazenadas

na memória, e também por meio de estratégias cognitivas, cuja capacidade é

escolher um processo mental que conduza ao desempenho de uma tarefa ou à

resolução de um problema. Já as habilidades, constituem-se por intelectuais e

50

motoras, intelectuais pela capacidade de discriminar, classificar e aplicar algo e

motoras pela capacidade de desempenhar alguma atividade física. E por fim, a

atitudes, ligadas a capacidade de adotar determinado comportamento, posicionar-se

em concordância com valores e crenças adquiridos.

Zabala e Arnau (2010) descrevem que para alcançar as competências nas

dimensões social, interpessoal, pessoal e profissional, em um contexto real, como no

espaço escolar, por exemplo, os conteúdos de aprendizagem devem responder às

questões:

O que é necessário saber? (os conhecimentos, os conetúdos conceituais). O que se deve saber fazer? (as habilidades, os conteúdos procedimentais). De que forma se deve ser? (as atitudes, os conteúdos atitudinais) (ZABALA; ARNAU, 2010, p.85)

Assim, é oportuno refletir e enfrentar o desafio posto, de como proceder para

construir e desenvolver estas capacidades (conhecimentos, habilidades e atitudes),

para que se possa decidir quais competências são objeto da educação, e suas

finalidades, contribuindo para o pleno progresso da personalidade do aluno em

todos âmbitos da vida. (ZABALA, ARNAU, 2010)

Um ensino baseado no desenvolvimento das competências provém, em boa medida, da necessidade de uma alternativa a modelos formativos os quais priorizam o saber teórico sobre o prático, o saber pelo saber e, por outro lado, que a maioria das declarações atuais sobre o papel do ensino se direcionam a considerar que ele deve se orientar para o desenvolvimento de todas as capacidades do ser humano, ou seja, para a formação integral da pessoa. (ZABALA; ARNAU, 2010, p. 55)

Logo, a formação integral é o cerne da pedagogia das competências. Integral

pelo fato de objetivar prover aos estudantes atitudes flexíveis, ajustando-os as

constantes e significativas mudanças do mundo do trabalho, à globalização e à

crescente inovação tecnológica, e por reconhecer a importância das competências

dos seus trabalhadores em detrimento da técnica e não apenas para uma função

específica.

Para tal, a ideia da formação integral, hoje já é prevista na Educação

Profissional, constante em um seus princípios norteadores, no Art.6º: “relação e

51

articulação entre a formação desenvolvida no Ensino Médio e a preparação para o

exercício das profissões técnicas, visando à formação integral do estudante”.

A atual política pública, referente à educação profissional, desenvolvida pelos

Institutos Federais, tem como centro do seu processo de formação, o currículo

organizado em torno da construção das competências. Portanto, o currículo deve

estar direcionado à nova exigência do contexto educacional vinculado ao social,

para que o aluno seja devidamente orientado para enfrentar situações complexas e

solucionar problemas existentes nas organizações na área de sua formação.

Dessa forma, a qualificação profissional deixa de ser vista apenas como um conjunto de saberes e habilidades adquiridas em processos formais de educação como a escola e treinamentos nas empresas - mas engloba também outros conhecimentos técnicos e relacionais- como o saber tácito, outras habilidades comportamentais e mesmo a resistência dos trabalhadores no processo produtivo. (DALBEN, 2010, p.402)

O currículo centrado no desenvolvimento das competências, pressupõe uma

certa proatividade do educando, a qual deve ser estimulado a desenvolver

determinadas competências comportamentais, valorizando seus saberes prévios,

mobilizando diferentes dimensões do sujeito para além do conhecimento (DALBEN,

2010).

No entanto, para que isto ocorra, faz-se necessário uma mudança radical na

concepção curricular, pois o currículo deve estimular o aluno a entender a

complexidade do mundo real, contemplando todas as dimensões do

desenvolvimento pessoal, deixando de restringir-se a uma lista interminável de

conteúdos mínimos, e servindo como guia de orientação para o processo educional.

O currículo deve ser concebido de maneira tão flexível e dinâmica que permita o surgimento do “currículo emergente”, que facilite que cada aluno e que cada grupo em qualquer momento e apoiado em seus interesses e propósitos apresente novas propostas de conteúdos, problemas, informações e focos de interesse. (SACRISTÁN, 2011, p.96)

Diante deste novo enfoque, cabe esclarecer que esta mudança não deve

ocorrer apenas no plano documental e teórico, e sim em todo sistema educacional

que se propõe trabalhar o ensino por meio das competências. “Exige uma mudança

52

de olhar, de crenças e de práticas, na administração, nos professores e na

sociedade em geral.” (SACRISTÁN, 2011, p.93)

Ao professor, compete desenvolver competências básicas para que o aluno

adquira conhecimentos, informações e habilidades, com o intuito de melhor

desempenhar suas atividades profissionais e sociais, resolvendo problemas e

situações que surgem no seu dia-a-dia. Logo, para garantir uma formação

profissional significativa, as competências necessárias do corpo docente, segundo

Perrenoud (2000, p. 13) são:

1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem. 2. Administrar a progressão das aprendizagens. 3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação. 4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho. 5. Trabalhar em equipe. 6. Participar da administração da escola. 7. Informar e envolver os pais. 8. Utilizar novas tecnologias 9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão. 10. Administrar sua própria formação contínua.

Assim sendo, Cordão (2002, p. 15), diz que o conceito de competência no âmbito da educação profissional:

Amplia a responsabilidade das instituições de ensino na organização dos currículos de Educação Profissional, na medida em que exige a inclusão, entre outros, de novos conteúdos, de novas formas de organização do trabalho, de incorporação dos conhecimentos que são adquiridos na prática, de metodologias que propiciem o desenvolvimento de capacidades para resolver problemas novos, comunicar idéias, tomar decisões, ter iniciativa, ser criativo e ter crescente autonomia intelectual, num contexto de respeito às regras de convivência democrática e em condições de monitoramento do próprio desenvolvimento pessoal e profissional. (CORDÃO, 2002, p.15)

Com base na afirmação citada acima, por Cordão (2002), percebe-se que é

importante o diálogo entre os diversos tipos de conhecimento, para que as

distâncias entre os conteúdos sejam diminutas, e a conjunção entre os múltiplos

saberes sirvam de ligação entre as disciplinas, estando em constante renovação.

Outra questão relevante acerca do desenvolvimento das competências, e que

faz parte deste processo, é a avaliação. A avaliação de competências é ato

complexo, pois conhecer o nível de domínio que os alunos adquiriram, implica

53

entender situações-problema, que simulam cenários reais, e dispor de meios

avalitativos para cada componente da competência. (ZABALA; ARANAU, 2010)

O objetivo da avaliação consiste em averiguar o grau de aprendizagem adquirido em cada um dos diferentes conetúdos de aprendizagem os quais configuram uma competência, mas em relação a uma situação que dê sentido e funcionalidade aos conteúdos e às atividades de avaliação. Pretende-se com isso que os alunos não apenas sejam capazes de realizar ações pontuais ou responder a questões reais, mas também que sejam competentes para agir diante de realidades, integrar este conhecimento, habilidade ou atitude e, portanto, que possibilite sua utilização em outros contextos. (ZABALA; ARNAU, 2010, p.175-176)

Para Perrenoud (2000), o processo avaliativo das competências, deve ter

caráter formativo, presente na relação diária entre aluno e professor, onde o docente

interessa-se “em tomar a amplitude do trabalho de observação e interpretação

proporcional à situação singular do aluno, em uma lógica de resolução de

problemas”. (2000, p.49)

O importante é integrar avaliação contínua e didática, aprender a avaliar para ensinar melhor, em suma, não mais separar avaliação e ensino, considerar cada situação de aprendizagemcomo fonte de informações ou hipóteses preciosas para delimitar melhor os conhecimentos e a atualçao do aluno. (PERRENOUD, 2000, p.50)

Em conformidade com este pensamento, Sacristán e cols.(2011), registram

que a avaliação é parte integrante do processo educacional, ou seja, constitui-se no

mesmo processo de ensino-aprendizagem, não podendo ser um apêndice do

ensino. Detacam ainda que:

À medida que um sujeito aprende, simultaneamente avalia discrimina, valoriza, opina, raciocina, fundamenta, decide, delibera, argumenta, opta... entre o que considera que tem valor em si e aquilo que carece de valor. Essa atividade avaliativa, que se aprende, é parte do processo educacional, que como tal é continuamente formativo. (SACRISTÁN e cols., 2011, p.256)

Desta forma, para o aluno ser competente, em todas atividades da vida, deve

ser capaz de dominar inúmeros procedimentos e dispor da reflexão e dos meios

teóricos que os fundamentem. “A melhoria da competência implica a capacidade de

refletir sobre sua aplicação, e para alcançá-la, é necessário o apoio do

conhecimento teórico.” (ZABALA; ARNAU, 2010, p. 49)

Logo, torna-se imprescindível conduzir um processo de ensino onde os

54

alunos possam realizar e expor informações constantemente, e que o professor, por

meio do processamento e conhecimento destas ações, consiga auxiliá-los

individualmente para aprimorar seu nível de competência.

Com tudo isso, o reconhecimento e a noção sobre a construção das

competências no contexto educacional, reordenou a concepção de formação e

trabalho, baseando-se na individualização, e consolidando um modelo de educação

que objetiva a adaptação do indivíduo, em um cenário mercadológico de constantes

mudanças, com implicações e possiblidades, do mundo do trabalho, através de suas

competências.

A vinculação entre trabalho e educação, está intimamente ligada ao conceito

de competência, pelo fato de situações inerentes e concretas de trabalho, como

saber, saber fazer, saber ser e conviver, serem capacidades pessoais que devem

ser articuladas e desenvolvidas. Assim, “o desempenho no trabalho pode ser

utilizado para aferir e avaliar competências, entendidas como um saber operativo,

dinâmico e flexível, capaz de guiar desempenhos num mundo do trabalho em

constante mutação e permanente desenvolvimento.” (CNE/CEB nº 16/99, p.25)

Esta ideia de formação baseada nas competências amplia a responsabilidade

das instituições de ensino, como nos Institutos Federais, a qual devem reorganizar

seus currículos de educação profissional, de forma a melhor adequarem seu

processo de ensino, incorporando conhecimentos adquiridos na prática, novas

formas de organização do trabalho, metodologias que propiciem o desenvolvimento

de capacidades para resolver problemas, dentre outros aspectos, em um contexto

social cada vez mais complexo e dinâmico em suas descobertas e transformações.

Após estes concisos registros sobre a ideia do que é competência, o tópico a

seguir discorre brevemente sobre a relação das competências e o Design.

55

3.2.1 O Design e suas competências

Ao partimos da conceituação teórica sobre o que é Design, percebemos uma

vasta bibiliografia que tecem diversos conceitos, porém todos com um denominador

comum: que a atividade começou a ser reconhecida, historicamente, a partir da

industrialização e que o cerne do entendimento sobre o que é design, é que ele se

constitui em uma atividade multidisciplinar e interdisciplinar, na qual se apropria de

conhecimentos teóricos e práticos para a criação e concretização de ideias

inovadoras, que possuam funções prática, simbólica e estética e que permitem uma

melhor interação usuário – produto, além meramente da estética.

Desta forma, percebe-se quanto o Design aproxima-se muito com da ideia do

ensino baseado em competências, pois, se tomarmos como espinha dorsal do

ensino do Design o ato projetual, por exemplo, o desenvolvimento de todo e

qualquer tipo de artefato deve alinhar conhecimentos, habilidades e atitudes

específicas e gerais para que a elaboração do projeto seja efetiva. Afinal, ao atuar

na área do design o profissional “necessita de um olhar para o todo, e isso só é

possível no diálogo entre os diferentes saberes e entre as pessoas”. (BIAVA,

SALAZAR, BUGLIANI, 2014, p.159)

Isso implica um acervo de conhecimentos oriundos de diversas áreas, entre elas: da antropologia, da psicologia, da sociologia, da arte, da ergonomia, da semiótica, da tecnologia, da ciência dos materiais, das técnicas de representação, da economia, da administração, do marketing, da proxêmica, da informática, aplicados simultaneamente na criação e no desenvolvimento de projetos, sejam eles na área gráfica, na digital, na moda, na moveleira, na de jóias, na automobilística, na calçadista, na de interiores. (FONTOURA, 2011, p.92)

Como se percebe, para que o profissional do segmento do design esteja apto

para atuar, ele deve saber articular relações transversais, isso quer dizer que as

competências exigidas para tal dependem de uma boa formação.

Neste sentido, de acordo com Krucken (2008), é oportuno indagar: Quais as

competências que o design precisa desenvolver na sociedade contemporânea? E

ainda, como fazer isso durante o processo formativo do futuro profissional?

56

Para Biava, Salazar e Bugliani (2014, p.159), a formação disciplinar é

paradoxal ao propósito da área, visto que inviabiliza o desenvolvimento das

competências necessárias que o profissional precisa para realizar uma complexa

rede de associações, além de prejudicar também o entendimento de como essas

associações ocorrem diante das particularidades de cada projeto.

Por isso pensar o ensino do design associado ao desenvolvimento das

competências – conhecimentos, habilidades e atitudes- que vão além do âmbito

profissional específico, se faz de suma importância na atual fluida e complexa

sociedade contemporânea. Ressalta-se ainda, segundo Kruken (2008, p.23) “a

importância do desenvolvimento das competências relacionadas à visão sistêmica, a

análise simbólica e ao estabelecimento de relações transversais com outras

disciplinas e atores.”

No entanto, no plano prático, correlacionar e integrar as informações durante

o processo de ensino-aprendizagem é um desafio posto, visto que na grande

maioria das vezes há certo distancianciamento entre as instituições de ensino - com

o que o aluno recém-formado aprendeu em seu percurso acadêmico - e o que o

mercado empregador efetivamente quer. Em suma, devem estar em sintonia para

que se consiga ofertar um ensino que garanta empregabilidade aos seus alunos.

Assim, as instituições de ensino, que ofertam cursos na área do design,

possuem como incumbência preparar profissionais para o mercado de trabalho, que

atuem permeando os múltiplos caminhos que contituem o design.

Com a intenção de garantir a criatividade, flexibilidade e responsabilidade, da

criação das propostas curriculares de cursos da área do Design e afins, as Diretrizes

Curriculares Nacionais (2004) ditam o norte que as mesmas devem seguir.

As Diretrizes Curriculares Nacionais descrevem também que o designer deve

ter formação generalista, sólida e abrangente em conteúdos dos diversos campos de

atuação, preparação adequada à aplicação do conhecimento e de áreas

profissionais afins, claramente observados na concepção do ensino baseado nas

competências.

57

Tais competências constantes neste documento, as quais tratam da formação

geral do designer, encontram-se especificamente descritas na íntegra no tópico:

“4.2.2 Aproximações entre as competências em Cursos de Design e o Curso Técnico

em Móveis do IFFarroupilha”, a qual faz uma breve relação das competências

previstas para o egresso de cursos de Design e o Técnico em Móveis.

Para que o desenvolvimento das competências prognosticadas para os

cursos de Design e afins, o ensino deve ser tão dinâmico quanto os cenários

cotidianos, estando em constante devir, de modo que transpassem um modelo de

ensino repetitivo e ultrapassado, estabelecendo por consequência uma melhor

relação com o mercado empregatício.

O modelo de competências para design não pode restringir-se à dimensão técnico-instumental, tornando-se uma simples estratégia de adaptação às necessidades do processo produtivo. É importante que os projetos educacionais articulem educação geral e educação profissional, transcendendo a dimensão da formação profissional, buscando desenvolver uma percepção humanística e eticamente responsável pelo conhecimento acadêmico-científico. (MARTINS, SANTOS, 2008, p.6)

“Pensar no papel do designer em formação, como fruto de uma relação

global que inclui o meio, a subjetividade e a visão coletiva decorrente da cultura é o

novo caminho a ser trilhado.” (COUTO, 2008, p. 70). Simplesmente pelo fato de que

os conhecimentos que devem ser contruídos pelos estudantes deste meio são

inúmeros.

Diante deste cenário, averiguar e refletir sobre o papel da instituição de

ensino, do mercado de trabalho e suas relações na área do design, se faz relevante,

pois as partes envolvidas muitas vezes têm percepções diferentes sobre o design,

suas competências e ramificações no campo de atuação.

Desta maneira, a secção a seguir trata da contextualização do estudo,

descrevendo o lócus, atores e demais informações julgadas pertinentes para o

estudo.

58

4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA

Este capítulo contextualiza o universo de pesquisa, descrevendo o local e os

sujeitos envolvidos no estudo.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL E SUJEITOS ENVOLVIDOS NA PESQUISA

Para fins de melhor compreensão sobre o estudo proposto, faz-se necessário

entender o contexto onde a pesquisa se aplica, bem como a descrição dos sujeitos

envolvidos.

Assim, o local do estudo é o Instituto Federal Farroupilha, Câmpus Santa

Rosa, oficialmente instituído no dia 19 de dezembro de 2009, e seu funcionamento

autorizado em 01 de fevereiro de 2010, pela Portaria n° 99 de 29 de janeiro de 2010,

iniciando suas atividades letivas no mês seguinte.

O Câmpus Santa Rosa está localizado na Mesorregião do Noroeste do Rio

Grande do Sul, formada por treze (13) microrregiões, sendo a microrregião de Santa

Rosa formada treze (13) municípios: Alecrim, Cândido Godói, Independência, Novo

Machado, Porto Lucena, Porto Mauá, Porto Vera Cruz, Santa Rosa, Santo Cristo,

São José do Inhacorá, Três de Maio, Tucunduva e Tuparendi.

A economia desta região está baseada na agricultura familiar, indústrias de

máquinas e implementos, ou seja, no setor agroindustrial em geral, contudo, o

crescente setor produtivo moveleiro também tem colaborado para o desenvolvimento

econômico regional.

A partir desta perspectiva, com fins de atender a sucessiva demanda por

profissionais preparados para atuarem nestes segmentos, o IFFarroupilha – Câmpus

Santa Rosa, oferta os seguintes cursos: Curso Técnico em Meio Ambiente

Subsequente ao Ensino Médio, oferecido nas modalidades presencial e a distância;

Curso Técnico em Edificações Integrado e Subsequente ao Ensino Médio; Curso

59

Técnico em Alimentos Subsequente ao Ensino Médio; Curso Técnico em Móveis

Integrado e Subsequente ao Ensino Médio; Curso Técnico em Eletromecânica

Subsequente ao Ensino Médio; Curso Técnico em Vendas Subsequente ao Ensino

Médio nas modalidades presencial e a distância e Curso Técnico em Vendas

Integrado ao Ensino Médio - Programa de Integração da Educação Profissional com

o Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA, e

também dois cursos superiores: Licenciatura em Matemática e Ciências Biológicas,

e Bacharelado em Administração e Arquitetura e Urbanismo.

Logo, através da disponibilização de cursos que visam qualificar a mão-de-

obra regional, a instituição busca ser promotora do desenvolvimento regional,

cumprindo sua missão de promover a educação profissional, científica e tecnológica

de qualidade, formando “cidadãos críticos, autônomos e empreendedores,

comprometidos com o desenvolvimento sustentável”. (IFFARROUPILHA, 2010, p.09)

Assim, o local do estudo é o Instituto Federal Farroupilha, Câmpus Santa

Rosa, mais precisamente, o Curso Técnico em Móveis, nas modalidades integrada e

subsequente ao ensino médio, sendo os atores envolvidos: alunos egressos do

curso e o empresariado do setor moveleiro regional.

Para tal, a seguir contextualiza-se detalhadamente o cenário de estudo e seus

atores.

4.2 O CENÁRIO: O CURSO TÉCNICO EM MÓVEIS

A escolha do Curso Técnico em Móveis teve como procedimentos iniciais a

realização de audiências públicas, promovidas pela coordenação regional de

educação e a comunidade em geral, representados por membros da indústria,

comércio e o poder público, com fins de solicitar cursos técnicos que colaborassem

para o desenvolvimento regional. Assim, após a indicação de sete cursos técnicos,

por meio de ato público, foram homologados e definidos os cursos a serem

implantados, dentre eles o Técnico em Móveis.

Desta forma, a criação e aprovação do Projeto Pedagógico de Curso, do

60

curso Técnico em Móveis, deu-se pela Resolução 005/2010 AD REFERENDUM de

22 de fevereiro de 2010, sendo reformulado pela Resolução CONSUP nº 59, de 07

de novembro de 2011, iniciando suas atividades em março de 2010. Assim o curso

passou a vigorar nas formas integrada e subsequente ao ensino médio.

Os requisitos e formas de acesso para ingresso, para o curso integrado ao

ensino médio, é a comprovação de conclusão do ensino fundamental, mediante

apresentação do histórico escolar e processo seletivo conforme previsão institucional

em regulamento e edital específico, ou ainda, por transferência de acordo com

regulamento institucional vigente ou determinação legal; e para o subsequente ao

ensino médio, é necessário ter o ensino médio concluído e comprovado mediante

certificação legal.

Quanto ao seu funcionamento, o Curso Técnico em Móveis, integrado ao

ensino médio, possui regime letivo anual, na modalidade presencial, funcionando

nos turnos matutino e vespertino, com tempo de duração de 3 anos. A carga horária

total do curso é de 3659 horas relógio, com estágio curricular supervisionado

obrigatório.

Já na modalidade subsequente ao ensino médio, o regime letivo se faz

semestral, de forma presencial, sendo o turno de oferta o noturno, com tempo de

duração de 3 semestres. A carga horária perfaz um total de 1280 horas de formação

teórico-prática. Incluso nesta carga horária estão previstas 180 horas reservadas

para as Práticas Profissionais, 80 horas de Estágio e 200 horas de Atividades

Complementares.

Cabe apontar que, as descrições referente as cargas horárias e prazo de

duração do curso, bem como as organizações curriculares descritas mais adiante,

fazem parte do Projeto Pedagógico de Curso– PPC, vigente até o ano de 2013.

No que se refere às instalações do curso, além do uso das salas de aula

convencionais, há oferta de sala de desenho, laboratório de informática, criatividade

e de produção, onde é disponibilizado todo maquinário necessário para a produção

de mobiliário.

61

O Curso Técnico em Móveis, integrado e subsequente ao ensino médio,

justifica-se pelo atendimento de formação em nível de intrução técnica de métodos e

processos, demandados pelo mercado moveleiro regional, conforme solicitação feita

em audiências públicas, no ato de criação do curso, que através do investimento e

constituição de um pólo moveleiro regional e da instalação de fábricas de

beneficiamento da madeira, geram exigências específicas de perfil profissional,

tonando a qualificação da mão-de-obra uma necessidade.

Neste contexto, o curso visa qualificar sujeitos capazes de atender à

demanda do setor e contribuir para o desenvolvimento da região de forma

comprometida com a qualidade dos serviços, segurança sua e dos seus colegas,

respeitando o meio ambiente e preservando os recursos naturais, cumprindo seu

papel social de cidadão.

O Técnico em Móveis poderá atuar em Instituições públicas e privadas,

indústria de móveis, escritórios de design e arquitetura e lojas de móveis planejados

e decoração, além do terceiro setor.3

Em consonância com o desenvolvimento do setor moveleiro da região, de

acordo com o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, o Curso Técnico em Móveis

enquadra-se no eixo de Produção Industrial, a saber:

Compreende tecnologias relacionadas aos processos de transformação de matéria-prima, substâncias puras ou compostas, integrantes de linhas de produção específicas. Abrange planejamento, instalação, operação, controle e gerenciamento dessas tecnologias no ambiente industrial. Contempla programação e controle da produção, operação do processo, gestão da qualidade, controle de insumos, métodos e rotinas. É característica deste eixo a associação de competências da produção industrial relacionadas ao objeto da produção, na perspectiva de qualidade, produtividade, ética, meio ambiente e viabilidade técnico-econômica, além do permanente aprimoramento tecnológico. Ética, normas técnicas e de segurança, redação de documentos técnicos, raciocínio lógico, empreendedorismo, além da capacidade de compor equipes, com iniciativa, criatividade e sociabilidade, caracterizam a organização curricular destes cursos.(CATÁLOGO NACIONAL DOS CURSOS TÉCNICOS, p. 119)

3 A sociedade civil é dividida em três setores, primeiro, segundo e terceiro. O primeiro setor é formado pelo Governo, o segundo setor é formado pelas empresas privadas, e o terceiro setor são as associações sem fins lucrativos.

62

Neste âmbito, cabe ressaltar que, atualmente a cadeia produtiva de mobiliário

tem-se destacado como um dos setores mais diversificados e dinâmicos da

economia do país, fazendo parte de um segmento de mercado de grande influência

na economia e também no processo de desenvolvimento.

Logo, o Curso Técnico em Móveis, objetiva, num âmbito geral, capacitar

profissionais em nível médio, de forma interdisciplinar, habilitando-os a desenhar,

planejar e executar móveis de maneira criativa e inovadora, otimizando os aspectos

estético, formal e funcional, ajustando-os aos apelos mercadológicos e às

necessidades do usuário. (IFFARROUPILHA, 2010, p. 16)

Porém, para que a ordenação sistemática do pensamento, conceitos e

conhecimentos aconteçam, faz-se necessário, de forma pontual, o emprego de

ações, as quais fomentam e direcionam a capacidade projetual do profissional

habilitado para atuar no setor, e é sob esta ótica que o Curso Técnico em Móveis

visa capacitar seus futuros profissionais.

Desta maneira, o tópico a seguir, apresenta a organização didático-

pedagógica do Curso Técnico em Móveis, integrado e subsequente ao ensino

médio, sua estruturação curricular, como também aponta as competências

construídas e desejadas ao término da formação discente.

4.2.1 Projeto Pedagógico do Curso e a Organização Curricular

Na atualidade, questões referentes ao currículo tem se constituído alvo

frequente no contexto educacional, pois a partir dele é que se desenvolvem as

ações que nortearão o processo de ensino-aprendizagem.

De acordo com Moreira e Candau (2007) à palavra currículo associam-se

diversos entendimentos, as quais originam-se de variados modos de como a

educação é concebida, além de influências teóricas e diferentes fatores sócio-

econômicos, políticos e culturais. Desta forma, o currículo passa a ser compreendido

63

como:

(a) os conteúdos a serem ensinados e aprendidos;

(b) as experiências de aprendizagem escolares a serem vividas pelos alunos;

(c) os planos pedagógicos elaborados por professores, escolas e sistemas educacionais;

(d) os objetivos a serem alcançados por meio do processo de ensino;

(e) os processos de avaliação que terminam por influir nos conteúdos e nos procedimentos selecionados nos diferentes graus da escolarização. (MOREIRA, CANDAU, 2007,p.18)

Ainda, de maneira geral, entende-se currículo como as experiências escolares

que se desdobram em torno do conhecimento, em meio a relações sociais, e que

contribuem para a construção das identidades dos estudantes. Currículo associa-se,

assim, ao conjunto de esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções

educativas. (MOREIRA, CANDAU, 2007,p.18)

A partir desta ideia, a concepção do currículo do Curso Técnico em Móveis

Integrado e Subsequente ao Ensino Médio, tem por base a Resolução CEB nº

4/1999, a qual Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Profissional de Nível Técnico, cujo fundamento dá-se no Parecer CNE/CEB 16/99,

que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de

Nível Técnico.

Salienta-se que, atualmente, o novo Projeto Pedagógico de Curso – PPC,

vigente a partir no início do período letivo de 2014, toma como alicerce as diretrizes

da Resolução CNE nº06/2012, a qual define as diretrizes institucionais da

organização administrativo didático-pedagógica para a Educação Profissional

Técnica de Nível Médio no Instituto Federal Farroupilha e dá outras providências.

No entanto, cabe aqui retomar às resoluções citadas anteriormente, já que o

estudo foi feito com base em alunos egressos até o final de 2013. Assim, de acordo

com a Resolução CEB nº 4/1999, tem-se por diretriz o conjunto articulado de

princípios, critérios, definição de competências profissionais gerais do técnico por

64

área profissional e procedimentos a serem observados pelos sistemas de ensino e

pelas escolas na organização e no planejamento dos cursos de nível técnico,

conforme citado em seu Art. 2º (CEB nº 04/99).

A organização curricular tem como princípio a flexibilidade, diretamente ligada

ao grau de autonomia das instituições de educação profissional, o que permite a

construção do currículo em diferentes perspectivas, como na oferta do curso, na

organização de conteúdos por disciplinas, etapas, projetos e metodologias, ou seja,

a estruturação curricular está em constante devir, sendo esta construção feita de

maneira colaborativa, envolvendo todos os membros de contexto escolar.

Na vigência da legislação anterior e do Parecer CFE n.º 45/72, a organização dos cursos esteve sujeita a currículos mínimos padronizados, com matérias obrigatórias, desdobradas e tratadas como disciplinas. A flexibilidade agora prevista abre um horizonte de liberdade, no qual a escola construirá o currículo do curso a ser oferecido, estruturando um plano de curso contextualizado com a realidade do mundo do trabalho. A concepção curricular é prerrogativa e responsabilidade de cada escola e constitui meio pedagógico essencial para o alcance do perfil profissional de conclusão. (CNE/CEB 16/99, p.26).

Assim, torna-se “fundamental perceber as relações existentes entre o saber

sistematizado e a prática social vivenciada nas diferentes esferas da vida coletiva”

(PPC – TÉCNICO EM MÓVEIS, p. 16), para então efetivar estratégias de integração,

de diversos aspectos, não apenas entre componentes curriculares, mas também

entre a formação geral e a formação para o mundo do trabalho.

Neste âmbito, faz-se necessária a integração epistemológica de conteúdos,

metodologias e práticas educativas, ou seja, a integração entre teoria e prática e

entre o saber e o saber-fazer, mantendo-se a indissociabilidade entre: ensino,

pesquisa, extensão e prática profissional.

A concepção de currículo integrado adotada pelo Instituto considera o objetivo de articular dinamicamente trabalho/ensino, prática/teoria, ensino/pesquisa, ensino/extensão e comunidade, fortalecendo as relações entre trabalho e ensino, entre os problemas e suas hipóteses de solução e tendo como pano de fundo as características socioculturais do meio em que este processo se desenvolve. (PPC – TÉCNICO EM MÓVEIS, p. 18).

65

A integração ocorre por meio da integralização de conteúdos entre as

disciplinas desenvolvidas em cada período letivo, sendo “a interpretação e

desenvolvimento dos componentes curriculares de acordo com as características da

própria proposta de formação e integração com o mundo do trabalho.” (PPC –

TÉCNICO EM MÓVEIS, p. 16).

Outro ponto relevante acerca da integração, constante no PPC do curso, é em

relação a formação complementar dos estudantes frente aos conhecimentos

construídos em sala de aula. O PPC prevê a necessidade de Atividades

Complementares,ou seja, atividades que complementem a formação construída no

amiente escolar, tais como: participação em seminários, semanas acadêmicas,

oficinas, palestras, visitas técnicas, dentre outras atividade formativas, que

contemplem assuntos pertinentes ao curso de formação.

Consta ainda, no PPC, sobre as Práticas Profissionais Integradas – PPI, cujo

objetivo é articular os conhecimentos construídos, em sala de aula, nas diferentes

disciplinas, pensadas e planejadas a partir do perfil do egresso, onde os professores

planejam juntos a integração entre os diferentes conhecimentos, possibilitando ao

aluno ampliar seus conhecimentos teóricos e práticos necessários para a sua

formação profissional.

As práticas profissionais integradas “serão articuladas entre os componentes

curriculares dos períodos letivos correspondentes” (IFFARROUPILHA,2010, p. 20),

possibilitando efetivar uma ação interdisciplinar e o planejamento integrado entre os

elementos do currículo.

Outro instrumento de prática profissional é o estágio curricular

supervisionado, de cunho obrigatório, a qual os alunos deverão atuar em empresas

do ramo moveleiro ou em escritórios de arquitetura ou design. Ao final do estágio o

aluno deverá apresentar um relatório de estágio por escrito e também perante uma

banca de professores, para fins de avaliação.

O curso Técnico em Móveis contempla também em seu PPC, a oferta de

componentes curriculares eletivos, disponibilizados num total de 40 horas, no 3°

66

período letivo, da modalidade integrado e num total de 100 horas, no decorrer do 2°

e 3° período letivo, do curso subsequente. Os componentes curriculares eletivos,

são publicados em edital, levando em conta as condições de infraestrutura e de

pessoal da instituição, e votados pelo estudantado.

Dentre as disciplinas eletivas, que propiciarão discussões e reflexões frente à

realidade regional na qual estão inseridos, estão: Marketing e atendimento ao

cliente, Embalagens e montagem para móveis, Design de interiores, Paisagismo,

Ecodesign, Design Universal, Língua inglesa ou espanhola, Metodologia da

pesquisa, Comunicação Escrita e Pesquisa e Desenvolvimento de gabaritos e

protótipos.

Todas estas disposições descritas acima, constantes no PPC, visam a

organização curricular focada nas competências profissionais gerais do técnico,

acrescidas das competências profissionais específicas por habilitação, em função

das “demandas individuais, sociais, do mercado, das peculiaridades locais e

regionais, da vocação e da capacidade institucional da escola.” (CNE/CEB 16/99,

p.26).

Para tal, se o curso for gerido efetivamente em consonância com as ações

descritas no documento, a qual direciona o processo formativo do aluno, o futuro

Técnico em Móveis deverá apresentar, dentre outras, as seguintes competências

gerais da área:

Elaborar projetos de design com ênfase na inovação e na criação de novos processos.

Adequar os projetos de design às necessidades do usuário e às demandas do mercado.

Definir características estéticas, funcionais e estruturais do projeto de design.

Situar o projeto no contexto histórico-cultural de evolução do design.

Interpretar e aplicar legislação, orientações, normas e referências específicas.

Identificar a viabilidade técnica e econômica do projeto.

Selecionar materiais para execução e acabamento, de acordo com as especificações do projeto.

67

Avaliar a qualidade dos produtos e serviços, levantando dados de satisfação dos clientes.

Aplicar métodos e técnicas de preservação do meio ambiente no desenvolvimento de projetos. (IFFARROUPILHA, 2010, p.10).

Ao que tange às competências específicas, em meio a outras descritas no

documento, o Técnico em Móveis, deve ser competente a:

Desenvolver visão espacial para planejamento e organização do espaço e identificar elementos básicos para concepção do projeto de móveis.

Interpretar símbolos e convenções técnicas, específicas do design de móveis.

Elaborar desenho técnico dos diversos elementos do design de móveis, respeitando a relação das dimensões e representando esses elementos sobre um plano, de projeção ortogonal.

Analisar e avaliar a variedade de tipos de materiais e acabamentos adequados ao projeto de design de móveis.

Concretizar, em nível bi e tri dimensional, o esboço do projeto de design de móveis concebido e estabelecer procedimentos de adequação do projeto.

Desenvolver a capacidade criativa em todo o projeto de desenvolvimento de móveis.

Distinguir aspectos relacionados à tecnologia de produção de móveis.

Ter domínio sobre formas, dimensões, espaços e fluxos do móvel, tornando – o funcional e estruturado.

Identificar projeto de produtos e verificar as condições, viabilidades e adequações dos mesmos a estrutura corporal do homem, identificando as variáveis sociológicas, culturais, políticas e econômicas que interferem nas estratégias de execução do projeto.

Desenvolver projetos gráficos de móveis, iniciando em 2D e concluindo o trabalho em 3D.

Contextualizar a prática do design de móveis, dentro do processo histórico, em seus aspectos econômicos, sociais, culturais e políticos.

Realizar projetos de móveis considerando: ergonomia, material, espaço e funcionalidade.

Realizar projetos com identidade, observando características e necessidades do cliente. (IFFARROUPILHA, 2010, p.11).

Construídas e desenvolvidas tais competências, através da organização

curricular e das práticas docentes, o Projeto Pedagógico de Curso diz que o Técnico

68

em Móveis deverá ser um profissional com perfil capaz de:

Elaborar as características e os sistemas de objetos produzidos industrialmente ou manualmente, determinando a sua funcionalidade, quanto à forma e à estrutura, de maneira a obter um resultado coerente tanto do ponto de vista do produtor como do consumidor. Deverá compreender, desenvolver e gerenciar todo o processo construtivo (criação, planejamento e execução) do produto, de maneira criativa e inovadora. Ser empreendedor, com formação humanística, tecnológica e científica, visando trabalhar esses valores com suas competências técnicas para desenvolver produtos que tragam melhoria na qualidade devida das pessoas envolvidas. (IFFARROUPILHA, 2010, p.09).

Desta maneira, a concepção do curso Técnico em Móveis Integrado e

subsequente ao ensino médio, de acordo com o PPC, tem como preceito a

articulação entre o mundo do trabalho e a formação escolar, visando proporcionar a

integração dos saberes construídos no âmbito escolar com a prática efetiva da

execução laboral, favorecendo a interação entre as diferentes áreas do

conhecimento e construção das competências requeridas, através da possível

maleabilidade curricular.

Assim, no item a seguir, serão descritas as organizações curriculares do

Curso Técnico em Móveis Integrado e Subsequente ao Ensino Médio, sendo que

suas organizações curriculares diferenciam-se um pouco devido a distinção de carga

horária total do curso, com vista a melhor perceber a articulação das competências,

descritas no PPC, com os componentes curriculares que formam o curso.

Frisa-se ainda, que as informações descritas neste capítulo, da

Contextualização da Pesquisa, são informes constantes no PPC do Curso, a qual

segue as diretrizes pautadas pelas leis, decretos, regulamentos e pareces

enunciados no corpo do texto, para fins de melhor elucidação acerca o lócus de

pesquisa do presente estudo de caso.

4.2.1.1 Matrizes Curriculares Curso Técnico em Móveis: Integrado e Subsequente ao

Ensino Médio

69

A organização curricular do Curso Técnico em Móveis é representada por

meio da matriz curricular, a qual provém do resultado do debate com o corpo

docente, levando-se em consideração os princípios da integração,

interdisciplinaridade e contextualização, com o intuito de melhor atender ao perfil do

egresso, proporcionando a construção de competências gerais e específicas da

área, incluindo os fundamentos científicos e humanísticos necessários ao

desempenho profissional.

Desta forma, a matriz curricular contém descrita em seu corpo a

semestralidade e a sequência dos componentes curriculares, considerando a

organicidade, integração, contextualização dos conhecimentos, a correlação entre

os assuntos e a viabilização para implantar ações, projetos e pesquisas integrados

em um mesmo semestre.

Logo, o Curso Técnico em Móveis, modalidade Integrado ao Ensino Médio,

está estruturado com periodicidade anual, sendo 03 (três) anos de formação, com

uma carga horária total de 3659 horas. Esta carga horária está distribuída entre

componentes curriculares da área básica e técnica específica, além das atividades

complementares e estágio obrigatório, como se pode visualizar no quadro a seguir:

Quadro 4 – Matriz Curricular Curso Técnico em Móveis Integrado ao Ensino Médio

Período Componente CurricularCarga

Horária

Prática

Profissional

Integrada - PPI

Carga

Horária Total

Desenho Básico e Técnico 80 80

Informática Básica e Aplicada 80 40 120

História do Mobiliário e Ergonomia 40 40 80

Teoria da Cor e Expressão Gráfica 80 80

1320

Disciplinas Básicas 1000 1000

Projeto Auxiliado por Computador I 80 80Máquinas, Ferragens e Tecnologia da

Madeira40 40 80

Processo de Fabricação I e II 80 40 120

Gestão da Produção e Logística 160 160

Projeto de Móveis e Esquadrias 80 40 120

1440

Disciplinas Básicas 1000 1000

Gestão Ambiental e Responsabilidade

Materiais, acessórios, acabamentos e

1360

4200

3399

3659TOTAL ........................................................................................................

SUB TOTAL 2º ANO ....................................................................

SUB TOTAL 1º ANO ......................................................................

1º ano

Disciplinas Básicas1040 1040

2º ano

70

1440

Disciplinas Básicas 1000 1000

Projeto Auxiliado por Computador II 80 80

Projeto de Móveis e Ambientes 80 80

Gestão Ambiental e Responsabilidade

Social40

4080

Higiene e Segurança do Trabalho 40 40 80

Materiais, acessórios, acabamentos e

manutenção industrial40

4080

Disciplina Eletiva 80 80

SUB TOTAL 3º ANO ..................................................................... 1360

4200

3399

180

80

3659

Componentes Curriculares + PPI's - Carga Horária Hora Aula total

Componentes Curriculares + PPI's - Carga Horária Hora Relógio

Estágio Curricular Supervisionado

Atividades Complementares - Carga Horária Relógio

TOTAL ........................................................................................................

3º ano

SUB TOTAL 2º ANO ....................................................................

QUADRO SÍNTESE

Fonte: elaborado pela autora - adaptado do PPC

Cabe explanar que, o item disciplinas básicas, constante no quadro acima,

referem-se às disciplinas: português, história, geografia, física, química, matemática,

biologia, sociologia, filosofia, arte e música, educação física, língua inglesa e língua

espanhola.

Na modalidade integrada, o aluno deverá cursar todas as disciplinas básicas

do ensino médio, denominadas obrigatórias, também com as cargas horárias

mínimas exigidas, conforme determinado pelo Ministério de Educação, além de

cursar disciplinas técnicas profissionalizantes relacionadas com a área de moveleira.

A distribuição das disciplinas técnicas, em destaque na matriz acima,

conforme consta no PPC, dão-se de forma anual ou semestral, conforme sua carga

horária, de forma integrada com as disciplinas do currículo básico.

A ordem de distribuição das disciplinas dá-se conforme a evolução e

importância do assunto para a formação do Técnico em Móveis, como por exemplo,

História do Mobiliário e Ergonomia, a qual introduz as dimensões sobre a

historicidade do mobiliário, a evolução estética, fabril e de materiais, assim como

Desenho Básico e Técnico, que apresenta o processo inicial de como se faz a

elaboração do desenho de um móvel, a partir das noções básicas de desenho.

71

Com relação à modalidade subsequente, ao que tange às disciplinas

específicas da área, pouco diferenciam-se as matrizes curriculares, havendo

algumas poucas distinções de nomenclatura e carga horária, e a inserção da

disciplina de Laboratório de criatividade e Orientação e Planejamento em Estágio de

Móveis e Esquadrias.

A principal diferença se faz pelo fato de não haver disciplinas de cunho

básico na matriz da modalidade subsequente, pois como o próprio nome já diz, esta

modalidade apenas pode ser cursada mediante a formação no ensino médio.

Desta maneira, o Curso Técnico em Móveis Subsequente ao Ensino Médio,

estrutura-se com periodicidade semestral, período de duração de 3 semestres,

contabilizando um total de 1280 horas relógio de carga horária, sendo de

funcionamento noturno.

Assim, a matriz curricular que compreende a modalidade subsequente é

composta da seguinte maneira:

Quadro 5 – Matriz Curricular Curso Técnico em Móveis Subsequente ao Ensino Médio

72

Fonte: PPC Curso Técnico em Móveis Subsquente ao Ensino Médio

Evidencia-se que, conforme se pode visualizar nas matrizes curriculares

acima, todas as unidades curriculares de ordem técnica tem interface com Design,

visto que o curso trabalha com o desenho de artefatos, o que converge com o

design compreendido como:

Equacionamento simultâneo de fatores ergonômicos, perceptivos, antropológicos, tecnológicos, econômicos, ecológicos, no projeto de elementos e estruturas físicas necessárias à vida, ao bem estar e/ou à cultura do homem. (REDIG, 2005, p.36)

Esta ligação também pode ser claramente percebida na descrição do

ementário e listagem de bilbiografia básica e complementar, das disciplinas

constituintes das matrizes.

73

Desta maneira, o item abaixo explicita e associa ainda mais esta relação.

4.2.2 Aproximações entre as competências em Cursos de Design e o Curso Técnico

em Móveis do IFFarroupilha

Quando se fala do processo de construção e desenvolvimento do ensino do

Design no Brasil, logo se toma como um dos marcos principais a instituição da

Escola Superior de Desenho Industrial – ESDI, no Rio de Janeiro, que por meio da

configuração de seu corpo docente, oriundo da Hochschule fur Gestaltung – HFG,

influenciou todo o percurso de ensino do Design no país até os dias atuais.

Contudo, o currículo, que primeiramente era proveniente do modelo

acadêmico alemão, em 1968 toma outro direcionamento: o Conselho Federal de

Educação – CFE, institui o primeiro currículo mínimo para cursos de bacharelado em

desenho industrial no país.

A partir desta primeira tentativa de melhor adequar a formação na áera,

surgiram diversas reflexões e discussões, tendo por consequência adequações

curriculares, com vistas a assegurar a flexibilidade e qualidade de formação do

estudantado.

Então, assim como o Ensino Profissional, a partir da Constituição de 1988 e

da LDB 9.304/96, o ensino do Design também assumiu novas Diretrizes Curriculares

Nacionais, como forma de constituir “respostas às efetivas demandas sociais e aos

avanços tecnológicos e científicos do País.”(COUTO, 2008, p.19)

Ao transpor a minúcia de todo processo histórico de desenvolvimento do

ensino do Design, chega-se ao ano de 2003, onde a Câmara de Educação Superior

do Conselho Nacional de Educação, estabelece novas diretrizes curriculares

nacionais, publicadas com base nos pareceres CES/CNE 0146/2002, 67/2003 E

0195/2003, as quais, de acordo com Couto, buscam:

74

Estabelecer um perfil do educando, na qual a formação de nível superior se constitua em um processo contínuo, autônomo e permanente, com uma sólida formação básica e uma formação profissional fundamentada na competência teórico-prático, observada a flexibilização curricular, autonomia e a liberdade das instituições de inovar seus projetos pedagógicos de graduação, para o atendimento da constínuas e emergentes mudanças para cujo desafio o futuro formando deverá estar apto. (COUTO, 2008, p.45-46)

Além desta autonomia universitária descritas pelas DCN’s, o Parecer

CES/CNE 0195/2003, publicado no Diário Oficial da União em 12 de fevereiro de

2004, e a resolução complementar CNE/CES 5/2004, de 8 de março de 2004,

também fixam Diretrizes Curriculares Nacionais Específicas para os cursos de

graduação em Design, tornando-se portanto, um novo desafio e marco para o

Ensino de Design no país.

As Diretrizes Curriculares vieram para ficar. O abandono de antigos modelos no campo de ensino de Design constitui-se num exercício necessário. Pensar no papel do designer em formação, como fruto de uma relação global que inclui o meio, a subjetividade e a visão coletiva decorrente da cultura é o novo caminho a ser trilhado. (COUTO, 2008, p.70)

Desta maneira, conforme o Art. 4º, da Resolução CNE/CES n.° 5, de 8 de

março de 2004, o curso de graduação em Design deve possibilitar a formação

profissional cujas competências e habilidades revele:

I - capacidade criativa para propor soluções inovadoras, utilizando domínio de técnicas e de processo de criação;

II - capacidade para o domínio de linguagem própria expressando conceitos e soluções, em seus projetos, de acordo com as diversas técnicas de expressão e reprodução visual;

III - capacidade de interagir com especialistas de outras áreas de modo a utilizar conhecimentos diversos e atuar em equipes interdisciplinares na elaboração e execução de pesquisas e projetos;

IV - visão sistêmica de projeto, manifestando capacidade de conceituá-lo a partir da combinação adequada de diversos componentes materiais e imateriais, processos de fabricação, aspectos econômicos, psicológicos e sociológicos do produto;

V - domínio das diferentes etapas do desenvolvimento de um projeto, a saber: definição de objetivos, técnicas de coleta e de tratamento de dados, geração e avaliação de alternativas, configuração de solução e comunicação de resultados;

VI - conhecimento do setor produtivo de sua especialização, revelando sólida visão setorial, relacionado ao mercado, materiais, processos produtivos e tecnologias abrangendo mobiliário, confecção, calçados, joias,

75

cerâmicas, embalagens, artefatos de qualquer natureza, traços culturais da sociedade, softwares e outras manifestações regionais;

VII - domínio de gerência de produção, incluindo qualidade, produtividade, arranjo físico de fábrica, estoques, custos e investimentos, além da administração de recursos humanos para a produção;

VIII - visão histórica e prospectiva, centrada nos aspectos socioeconômicos e culturais, revelando consciência das implicações econômicas, sociais, antropológicas, ambientais, estéticas e éticas de sua atividade. (BRASIL, 2004)

Cabe aqui ainda, retormar a ideia do ensino baseado em competências,

conforme Zabala e Arnau (2010, p. 55):

Um ensino baseado no desenvolvimento das competências provém, em boa medida, da necessidade de uma alternativa a modelos formativos os quais priorizam o saber teórico sobre o prático, o saber pelo saber e, por outro lado, que a maioria das declarações atuais sobre o papel do ensino se direcionam a considerar que ele deve se orientar para o desenvolvimento de todas as capacidades do ser humano, ou seja, para a formação integral da pessoa. (2010, p. 55)

A partir desta ideia, valendo-se das competências e habilidades que o futuro

profissional do Design deve possuir, descritas acima pela Resolução vigente, e das

competências gerais da área do Curso Técnico em Móveis, previstas em seu PPC, o

quadro a seguir expõe suas competências num âmbito geral, correlacionando-as, a

partir do entendimento que as mesmas constroem-se por meio dos conhecimentos,

habilidades e atitudes. Para tal, toma-se para melhor entendimento:

· Conhecimento: relacionado a aplicação ou lembrança de matérias,

conceitos, teorias, princípios, nomes, fatos, que foram aprendidos;

· Habilidade: compreendendo ações física ou mental indicando a

capacidade do indivíduo de saber fazer algo;

· Atitudes: ligadas ao posicionamento dos sujeitos frente a objetos,

pessoas e acontecimentos.

76

Quadro 6: Correlação competências: Cursos de Design e Curso Técnico em Móveis

COMPETÊNCIA CURSOS DESIGN CURSO TÉCNICO EM MÓVEIS

VI - conhecimento do setor produtivo de suaespecialização, revelando sólida visão setorial, relacionado ao mercado, materiais, processos produtivos etecnologias abrangendo mobiliário, confecção, calçados,joias, cerâmicas, embalagens, artefatos de qualquernatureza, traços culturais da sociedade, softwares eoutras manifestações regionais;

· Situar o projeto no contexto histórico-cultural de evolução do design.

IV - visão sistêmica de projeto, manifestando capacidadede conceituá-lo a partir da combinação adequada dediversos componentes materiais e imateriais, processosde fabricação, aspectos econômicos, psicológicos esociológicos do produto;

·Selecionar e sistematizar dados e elementos concernentes ao projeto de design;

VIII - visão histórica e prospectiva, centrada nos aspectossocioeconômicos e culturais, revelando consciência dasimplicações econômicas, sociais, antropológicas,ambientais, estéticas e éticas de sua atividade.

·Aplicar métodos e técnicas de preservação do meio ambiente no desenvolvimento de projetos.

II - capacidade para o domínio de linguagem própriaexpressando conceitos e soluções, em seus projetos, deacordo com as diversas técnicas de expressão ereprodução visual;

· Elaborar projetos de design com ênfase na inovação e na criação de novos processos; · Definir características estéticas, funcionais e estruturais do projeto de design.

V - domínio das diferentes etapas do desenvolvimento deum projeto, a saber: definição de objetivos, técnicas decoleta e de tratamento de dados, geração e avaliação dealternativas, configuração de solução e comunicação deresultados;

·Interpretar e aplicar legislação, orientações,normas e referências específicas.·Identificar a viabilidade técnica e econômica doprojeto.

VII - domínio de gerência de produção, incluindoqualidade, produtividade, arranjo físico de fábrica,estoques, custos e investimentos, além da administraçãode recursos humanos para a produção;

· Implementar técnicas e normas de produção e relacionamento no trabalho; · Identificar as tecnologias envolvidas no projeto.

I - capacidade criativa para propor soluções inovadoras,utilizando domínio de técnicas e de processo de criação;

· Adequar os projetos de design às necessidadesdo usuário e às demandas do mercado;

III - capacidade de interagir com especialistas de outrasáreas de modo a utilizar conhecimentos diversos e atuarem equipes interdisciplinares na elaboração e execuçãode pesquisas e projetos;

·Selecionar materiais para execução eacabamento, de acordo com as especificaçõesdo projeto;· Avaliar a qualidade dos produtos e serviços,levantando dados de satisfaçãodos clientes.

HABILIDADES

ATITUDES

CONHECIMENTOS

Fonte: elaborado pela autora

A partir da concepção do quadro acima, percebe-se que as competências

previstas para o egresso do Curso Técnico em Móveis aproximam-se com as

competências dos Cursos de Design, pois ambas tomam como parâmetro central a

concepção de projetos, levando-se em consideração aspectos referentes à

produção, materiais, economia, cultura, sociedade, dentre outros pontos também

relevantes.

No entanto, em cursos de Design, os componentes curriculares que envolvem

77

projeto constituem-se na espinha dorsal, pois relaciona conhecimentos teóricos

provenientes de outras disciplinas, integrando-os como forma de concepção

projetual. Já no curso em questão, Técnico em Móveis, as disciplinas relativas aos

processos produtivos tem igual destaque às que tratam de projeto, sendo de certa

forma um descompasso presente do PPC do curso, posto que no elenco das

competências a serem desenvolvidas, tanto gerais, quanto específicas, o foco

principal é a área projetual.

O Curso Técnico em Móveis aproxima-se do Curso de Design, não apenas

pela similaridade das competências requeridas ao final da formação, mas também, e

principalmente, pelos meios as quais estas competências são construídas, ou seja,

se o Técnico em Móveis é habilitado para desenvolver novos produtos na área

moveleira, ele deve obter e desenvolver competências relativas ao ato de projetar, a

partir de disciplinas que envolvem o ensino projetual, cerne da grande maioria dos

cursos de design.

Para Dias (2004, p.15) as unidades curriculares que envolvem projeto são:

[...] disciplinas naturais de integração de conhecimentos, devido à necessidade que o aluno e o professor têm, de articular e relacionar diferentes saberes – assuntos, objetos, fatos e conceitos – do programa de diversas disciplinas e de técnicas científicas de ação, necessárias ao planejamento de produtos. [...] Espaço de convergência do congnitivo, do social, da tecnologia e da expressão visual correspondentes a algumas competências e habilidades que se espera que os alunos desenvolvam ao longo do curso.

Entretanto, conforme apontado anteriormente, a igual relevância das

disciplinas de englobam o processo fabril, contribui para a redução de carga horária

de componentes curriculares relacionados à concepção projetual, interferindo por

consequência, na construção das competências ensejadas pelo PPC.

Cabe salientar, que o desenvolvimento das disciplinas projetuais, do curso em

questão – Técnico em Móveis, toma como base incial, a unidade curricular de

Desenho Básico e Técnico, a qual visa embasar, por meio do conhecimento de

técnicas de desenho, as disciplinas de ordem projetual, previstas a partir do segundo

semestre, no curso subsequente, e segundo ano, no curso integrado ao ensino

78

médio.

Ao desenvolver as competências projetuais, o Técnico em Móveis deverá ser

capaz de solucionar problemas, encontrando meios para gerar soluções projetuais

de acordo com a necessidade demandada, ou seja, estará apto para desenvolver

novos produtos para o setor moveleiro, tomando, como no design, o conceito de

produto como o “resultado de um projeto, no caso, em design, é a forma final que

assume a proposta; seja de um produto material, de um projeto gráfico em

comunicação visual; seja de uma ação em design”. (COELHO, 2011, p. 138)

Desta maneira, as múltiplas dimensões da competência profissional na

formação do designer, como: Conhecimento do setor produtivo, visão socio-

econômica e ambiental, domínio da linguagem própria da área, capacidade criativa,

interação com as pessoas, gestão de projeto, domínio das etapas projetuais e

gerência de produção, aproximam-se muito com o perfil profissional desenhado no

PPC do Curso Técnico em Móveis do IFFarroupilha, por isso a relação direta com o

processo de ensino do Design.

No plano teórico este é o cenário, mas e na prática? Estas competências

estão efetivamente sendo desenvolvidas? E, elas estão de acordo com o que

realmente deseja o mercado moveleiro?

Neste contexto, a prática reflexiva sobre como construir e desenvolver as

competências almejadas no âmbito escolar é fundamental. Cabe à toda comunidade

escolar, diga-se por comunidade escolar, docentes e direções, a percepção de como

este processo está ocorrendo, para então inovar e regular o currículo e prática

pedagógica, favorecendo a construção de novos saberes e competências,

contribuindo então, para a qualificação concreta do aluno egresso.

Assim, para fins de identificar as convergências e divergências existentes

entre as competências desenvolvidas pelos egressos, em seu processo formativo, e

o mercado moveleiro regional, fez-se necessário o contato com os atores envolvidos

no estudo, as quais estão descritos nos tópicos a seguir.

79

4.3 OS ATORES ENVOLVIDOS

Como forma de contextualizar detalhadamente a pesquisa, tomou-se como

foco o Cenário, que trata da instituição de ensino onde o estudo é realizado, o curso

de suas especificações, e ainda os atores, as quais descrevem os sujeitos

envolvidos na pesquisa, constando como: os alunos egressos e o mercado

moveleiro, conforme se verifica a seguir.

4.3.1 O Estudantado

O perfil do estudantado que ingressa no curso Técnico em Móveis diferencia-

se de acordo com a modalidade de ensino. No modo integrado ao ensino médio, os

alunos ingressantes são jovens com idade média de 15 anos, provenientes de

escolas particulares e públicas, sendo, na sua grande maioria, residentes na cidade,

e ainda, discentes vindos de cidades pequenas próximas, como São Paulo das

Missões, Giruá, Santo Cristo, dentre outras.

Diferentemente da modalidade integrado ao ensino médio, os discentes que

ingressam no curso, na modalidade subsequente, são em sua grande maioria

originários das cidades da região. Estes alunos geralmente são adultos, com idades

bem variadas, que trabalham o dia inteiro, sendo alguns já profissionais do setor, e à

noite buscam qualificação e profissionalização. Via de regra tem objetivos claros

sobre o que querem do curso, porém, muitas vezes, sem saber efetivamente qual o

objetivo do curso em si, ocasionando desistência.

Hoje o curso conta com o total de 129 alunos, onde 82 são estudantes do

integrado ao ensino médio, e 47 subsequente. Para fins deste estudo, serão

contactados os alunos já egressos do curso, não constantes nestes números

descritos anteriormente.

O contato com os discentes egressos se faz de suma importância para este

80

estudo, já que são eles quem atenderão as demandas e atuarão no mercado

mercado moveleiro regional, além de contribuírem para o desenvolvimento e

adequação, se necessária, do curso Técnico em Móveis.

4.3.2 O mercado moveleiro regional

A crescente inovação tecnológica tem contribuído para o aprimoramento da

indústria moveleira, tornando-a a cada dia mais diversificada e competitiva. Assim, o

setor torna-se responsável por 17,5 mil estabelecimentos, a qual gera 322,8 mil

empregos diretos e indiretos, impulsionada pelo mercado externo e pela abertura de

créditos da construção civil.

Vale destacar, que o Rio Grande do Sul representa 14,1% das empresas em

atividade no país, 18,6% da produção nacional, 13,5% em volume de pessoal

ocupado, 16,3% do faturamento e 29% das exportações brasileiras, ocupando a

primeira posição dentre os maiores estados exportadores de móveis, segundo dados

divulgados pela MOVERGS4 (2014).

Este arranjo faz com que a diversidade geográfica, econômica e cultural do

país, reflita diretamente na produção dos polos moveleiros, as quais caracterizam-se

por suas peculiaridades regionais, permitindo que a indústria nacional obtenha uma

estrutura matizada.

Atualmente, a atividade moveleira cresceu consideravelmente na região

noroeste, contando com empresas distribuídas entre municípios como Três de Maio,

Horizontina, Crissiumal, Santa Rosa, Nova Candelária, Santo Cristo e Boa Vista do

Buricá, dentre outros, que juntamente com as demais empresas da região,

alimentam a economia local e regional por meio da geração de renda e empregos,

4 MOVERGS - Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em <http://www.movergs.com.br/views/imagem_pdf.php?pasta=panorama_setor_moveleiro> Acesso em 17 jun. 2014.

81

tornando-se o segundo pólo moveleiro do Rio Grande do Sul.

Esta expansão da cadeia produtiva moveleira, na região, de acordo com a

Indumóveis5 tem “apoio do SEBRAE/RS e do Governo do Estado, através do

Programa Redes de Cooperação”.

Em busca de melhores condições para seu desenvolvimento, as empresas buscaram maior representatividade através da criação da Associação das Indústrias Moveleiras do Noroeste do Rio Grande do Sul (Assinmóveis), que por sua vez deu origem a Rede InduMóveis, que deu novo impulso à organização e ao desenvolvimento das indústrias, por meio de estudos da cadeia produtiva da madeira e do mobiliário na região Noroeste do Estado.(INDUMÓVEIS, 2013)

Ainda, de acordo com dados divulgados pela Indumóveis, somente as

empresas que integram a rede, em torno de 20 entidades, têm um faturamento

médio de R$ 120 milhões anuais, gerando cerca de 3000 postos de trabalho na

região.

O desenvolvimento tecnológico, juntamente com dinâmica produtiva,

determinados por meio dos equipamentos e máquinários utilizados na produção,

bem como a utilização de diferentes materiais e o uso do design, na elaboração dos

produtos moveleiros, são o que diferenciam e determinam qual o nicho que as

empresas estão trabalhando.

Desta forma, obtém-se um mix diversificado de produtos moveleiros,

subdividindo-se basicamente em móveis de produção em série e móveis sob

medida, além de empresas que produzem artefatos de madeira e acessórios para

móveis. Quanto a produção seriada de móveis, a indústria apresenta uma gama

variada de produtos, as quais atendem todos ambientes residenciais (armários,

balcões, estofados, cadeiras, camas, etc.) e ainda englobam a produção de móveis

corporativos (cadeiras e mesas de trabalho).

Em relação a produção de mobiliário planejado, executado para um ambiente

específico, tem-se visto um crescente número de pequenas empresas, 5 Evento de exposição e realização de projetos de design, palestras, comércio e rodadas de negócios, como fomento aos segmentos das cadeias madeira-móveis, construção civil e imobiliária,promovido pela Associação das Indústrias Moveleiras do Noroeste do RS - Assinmóveis - e Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário do Noroeste do RS - Sinduscom Noroeste RS.

82

impulsionadas pelo intenso crescimento da construção civil e abertura de créditos,

tomando-se como destaque a cidade de Santa Rosa.

Evidencia-se ainda, que algumas indústrias moveleiras da região, por meio do

investimento em tecnologia, mão-de-obra e design de seus artefatos, exportam seus

produtos para diversos países da América e Europa, ocasionando uma nova

percepção da área frente aos concorrentes e uma grande visibilidade para o pólo

moveleiro.

O Distrito Industrial Moveleiro, criado pelo Projeto de Lei nº 42, de 12 de maio

de 2011, situado na cidade de Santa Rosa, contou com ajuda da Agência Gaúcha

de Desenvolvimento Industrial – AGDI e investimentos municipais e estaduais,

disponibilizando “33 lotes, com potencial para gerar centenas de postos de trabalho

e consolidar a região ainda mais no segmento de móveis”. (INDUMÓVEIS, 2013)

Sob esta perspectiva, de pleno desenvolvimento setorial, ao investir na

implantação e desenvolvimento do polo moveleiro regional, cria-se uma demanda

local para a formação de um profissional habilitado para atuar neste setor, que seja

capaz de efetuar os projetos de mobiliário e tenha consciência e conhecimento, em

nível de instrução técnica, de métodos e processos acerca todo o processo produtivo

moveleiro.

Para tal, frisa-se que:

A cadeia produtiva da madeira e móveis é caracterizada como um conjunto de atividades que transformam a madeira em seu estágio inicial, desde a madeira em pé, até o móvel que vai para o cliente final, passando pelas etapas de extração, beneficiamento, montagem dos móveis e venda, incluindo atividades como pintura e acabamento, acessórios e outros serviços diretamente relacionados com a produção. Uma das principais características de uma cadeia é a inter-relação entre os agentes econômicos nela inseridos. Assim, qualquer melhoria em uma das etapas gera benefícios para a maioria dos envolvidos no processo. (IFFARROUPILHA, 2010, p.14).

Assim, por intermédio deste panorama geral, do cenário moveleiro da região

noroeste, percebe-se que o setor de produção de mobiliário tem contribuído muito

para o desenvolvimento sócio-econômico e cultural local e regional, consolidando-se

mercadologicamente. Logo, tem-se uma perspectiva da situação atual, para fins de

83

contextualizar e justificar o estudo em questão.

No entanto, cabe verificar se as demandas do setor, relativas à mão-de-obra,

estão sendo atendidas, se as competências dos profissionais Técnicos em Móveis

que estão atuando no mercado, estão de acordo com as efetivas necessidades da

produção moveleira, com vistas à relacioná-las com a realidade de formação do

estudantado.

5 RESULTADOS

Para fins de melhor explanação sobre os resultados encontrados, o capítulo

fragmenta-se da seguinte maneira: “O estudantado Egresso”, “O empresariado

Moveleiro”, “Convergências x Divergências: análise e interpretação” e “Reflexões,

apontamentos e sugestões”.

5.1 O estudantado Egresso

Para procedimento de contato com os alunos egressos do curso foram

enfrentados alguns desafios, como por exemplo, a falta de dados atualizados sobre

os egressos na instituição, impossibilitando assim, o contato com um número maior

de ex-alunos.

Desta forma, na impossibilidade de contatar 100% dos alunos egressos,

considerando-se as tentativas realizadas por meio de e-mail e telefone, buscou-se

por intermédio das redes sociais, mais precisamente pelo uso do Facebook, o

contato com o maior número possível de ex-alunos, criando-se um grupo que contou

com a participação de 46 (quarenta e seis) alunos egressos, cujo intuito foi fazer

uma sondagem dos egressos atuantes no setor. Salienta-se que a escolha deste

84

meio de contato se deu pelo uso corriqueiro entre os jovens na atualidade.

Figura 3: Sondagem - Facebook

Fonte: elaborado pela autora - Facebook

Observou-se que todos os integrantes do grupo de sondagem, criado no

Facebook, participaram respondendo sobre suas atuais atividades, mesmo não

estando na área de atuação de desenvolvimento de produtos – Design,

demonstrando grande receptividade à pesquisa.

Assim, a partir da sondagem, constituiu-se então um grupo de informantes, ou

seja, de ex-alunos participantes da pesquisa, englobando apenas 08 egressos, as

quais afirmaram estar trabalhando na área, sendo, portanto, os alunos contatados

via e-mail para responder o questionário.

O questionário enviado abordou aspectos relativos às atuais atividades dos

egressos na área, se tiveram ou não dificuldades ao ingressar no mercado de

trabalho, quais competências usadas em seu cotidiano identificam como

desenvolvidas pelo curso e quais apenas adquiriram com a prática profissional, suas

capacidade como Técnico em Móveis, como é visto o Design na empresa onde

trabalha e ainda a avaliação do curso, como pode ser visto na íntegra no Apêndice

85

B.

O questionário objetivou refletir, identificar e apontar as relações entre

assuntos relacionados à formação oferecida pelo curso, e a atuação do egresso no

mercado de trabalho moveleiro.

Quanto à análise das questões constantes no questionário, adotou-se a

abordagem de análise de conteúdo, cuja finalidade é “explicar e sistematizar o

conteúdo da mensagem e o significado desse conteúdo, por meio de deduções

lógicas e justificadas, tendo como referência sua origem (quem emitiu) e o contexto

da mensagem ou os efeitos dessa mensagem”. (OLIVEIRA; ENS; ANDRADE;

MUSSIS, 2003, p.13).

Desta forma, tendo por base os resultados, tabularam-se os dados de acordo

com a identificação de afinidade e frequência entre as respostas dadas. Este

processo foi desenvolvido em dois momentos: o primeiro em que foi criada uma

“Tabela Espelho”, a qual se estrutura a partir das questões, colocadas em forma de

itens correspondentes aos egressos questionados, a fim de possibilitar uma

visualização geral das opinões manifestadas. Enfatiza-se que as respostas descritas

no “Espelho Egressos” são rigorosamente as mesmas constantes nos questionários,

e serviram para extrair o conteúdo essencial para a elaboração do “Quadro Síntese

Egressos” e posterior análise. Abaixo o “Espelho Egressos”, a qual pode ser vista

na íntegra no Apêndice D:

Quadro 7: Espelho Egressos

86

Fonte: Elaborado pela autora

Cabe evidenciar que o “Espelho Esgressos” foi construído correlacionando-se

as colunas de perguntas com as linhas de respostas. Ele também identifica os

alunos egressos como A1, A2, A3, ..., a fim de preservar a identidade dos mesmos.

Desta forma, lê-se o quadro da seguinte maneira, por exemplo: o aluno A1

respondeu ao questionamento sobre o foco produtivo ou projetual de suas atividades

na empresa como: “ projetista e vendedora. Não tenho contato com o processo

produtivo...”; sobre suas dificuldades para a relização das tarefas no começo de sua

atividade profissional: “ Tive um pouco de dificuldade na parte de orçamentos...”; ao

que tange as competências desenvolvidas pelo curso destaca o uso de softwares

como Promob e AutoCad, e assim sucessivamente, sendo assim feita a leitura dos

demais alunos também.

O segundo momento, compreendeu a elaboração do “Quadro Síntese

Egressos”, que foi estruturado a partir da relação de categorias x ideias afins. As

categorias foram definidas considerando-se as perguntas feitas no questionário,

envolvendo aspectos relacionados à formação discente e sua atuação no mercado

moveleiro. As ideias afins, da análise das respostas apresentadas no “Espelho

Egressos”, originando-se principalmente pelas palavras destacadas em negrito,

organizadas numericamente em ordem decrescente, conforme suas afinidades e

frequência.

Nesse processo, faz-se necessário considerar a totalidade de um “texto”, passando-o pelo crivo da classificação ou do recenseamento, procurando identificar as freqüências ou ausências de itens, ou seja, categorizar para introduzir uma ordem, segundo certos critérios, na desordem aparente. (OLIVEIRA; ENS; ANDRADE; MUSSIS, 2003, p.13).

87

Desta forma, o “Quadro Síntese” proveniente do questionário aplicado aos

egressos compõe-se da seguinte maneira:

Quadro 8: Quadro Síntese Egressos

Fonte: elaborado pela autora

Após a categorização e sistematização dos atributos qualitativos apontados

no quadro acima, efetuou-se sua descrição, que “é, sem dúvida, de extrema

importância na análise de conteúdo. É o momento de expressar os significados

ALUNOS EGRESSOS DO CURSO TÉCNICO EM MÓVEIS

88

captados e intuídos nas mensagens analisadas” (MORAES, 1999, p.7-32).

A primeira categoria denominada “Foco Atividade”, mostra que a atuação dos

egressos do curso Técnico em Móveis, tem suas atividades centradas, num âmbito

geral, na elaboração de projetos, seguidos pelo detalhamento técnico e vendas.

A segunda, que trata sobre “Dificuldade realização de tarefas”, quando do

início de sua atuação profissional, revela que, em sua maioria, os ex-alunos não

tiveram empecilhos, e outros, em menor número, obtiveram um pouco de dificuldade

sobre complementos e ferragens para móveis e dimensionamento.

Ao que tange à categoria “Competências”, destaca-se o uso de softwares –

AutoCad e Promob, como principais, e secundariamente o conhecimento e

competências desenvolvidos nas disciplinas práticas, e ainda, algumas citações que

descrevem todas competências relativas ao conhecimento básico de móveis.

Em “Conhecimentos – Prática Profissional”, o quadro expõe que somente com

a prática profissional os egressos desenvolveram competências relativas ao contato

e atendimento ao cliente, seguidos pelo aperfeiçoamento do uso do AutoCad e

Promob, e ainda conhecimentos que dizem respeito ao mercado e vendas.

Na categoria “Técnico em Móveis”, acreditam que possuem competências

como: Capacidade Projetual (como principal atributo), conhecimento técnico

materiais e processos moveleiros, capacidade criativa e de trabalho em equipe,

compromisso social, segurança profissional, domínio do processo produtivo – laboral

e responsabilidade sustentável.

Com relação ao Design na empresa, “Empresa – DESIGN”, a maioria afirma

que é muito importante, e os demais que a relevância é um pouco menor,

considerando importante.

E por fim, na “Avaliação do curso”, feita a partir de escala de avaliação que

compreendia “ótimo”, “bom”, “regular”, “ruim” e “péssimo”, os ex-alunos julgaram que

as disciplinas ofertadas pelo curso Técnico em Móveis foram boas; os professores

que lecionaram as disciplinas técnicas ótimos; a infraestrutura e os laboratórios,

89

incluindo principalmente, o de execução de móveis (marcenaria), com conceito

“bom”; a biblioteca como sendo ótima, e , as competências desenvolvidas no

processo de formação avaliadas como boas.

A partir da sistematização dos atributos qualitativos descritos acima, pode-se

então cruzar e interpretar os dados coletados, com as informações apanhadas com

a amostra dos empresários do setor moveleiro regional, com fins de melhor

entendimento de como se dá esta relação. Para tal, no item a seguir, descreve-se o

processo de coleta de informações e resultados do empresariado moveleiro.

5.2 O Empresariado Moveleiro

Conforme descrito no capítulo dedicado à metodologia do estudo, a coleta de

informações do empresariado moveleiro deu-se por meio de entrevistas

semiestruturadas, de forma presencial, pré-agendadas via contato telefônico e

presencialmente, e com aúdios gravados por meio de um dispositivo eletrônico.

No primeiro contato com o empresariado moveleiro, tanto o feito de maneira

presencial, quanto com o contato telefônico, foi realizado diretamente com os

proprietários das empresas, as quais demonstraram pronta disponibilidade, atenção

e curiosidade. No entanto, frisa-se que as datas e horários combinados para o

encontro para a realização da entrevista demandou alguns dias, não sendo feitas

imediatamente, sendo algumas vezes reagendadas pelos empresários.

As entrevistas seguiram um roteiro pré-estabelecido (Apêndice A), sendo

usado o mesmo para todos. No entanto, conforme o andamento das estrevistas

houve algumas colocações extras. O tempo de entrevista durou em média 35

minutos.

O roteiro da entrevista foi composto por 09 (nove) perguntas, com abordagens

relacionadas ao conhecimento dos empresários frente à formação oferecida pelo

90

curso Técnico em Móveis, englobando questões sobre o contato com os egressos,

características principais de um técnico moveleiro, as competências do egresso e o

mercado; foco, satisfação e expectativas com relação ao curso, sugestões de

aproximação do âmbito escolar com o empresariado e ainda as potencialidades do

design no ramo moveleiro atual.

Este processo teve como objetivo buscar informações sobre as atuais

demandas do setor e, principalmente, a visão do empresariado em relação ao curso,

para fins de compreender e responder, juntamente com as demais informações

coletadas, a questão de pesquisa.

As informações apanhadas, através das entrevistas, foram compiladas como

as descritas no item anterior – “O estudantado Egresso” – valendo-se da análise de

conteúdo.

Desta forma, elaborou-se também um espelho, organizado a partir das

perguntas feitas durante a entrevista, relacionando-as com as respostas dadas pelos

empresários, estes colocados como E1, E2, E3, ..., para fins de salvaguardar a

identidade dos mesmos.

O processo de transcrição do áudio das respostas dos empresários para o

“Espelho Empresários” foi um processo exaustivo, repetitivo e de muita atenção,

para que efetivemente fossem reproduzidas fielmente. No entanto, com a intenção

de focar exatamente na resposta dada à pergunta, a transcrição feita nesta tabela

apresenta trechos da entrevista. A seguir, para demonstração de sua composição,

segue um fragmento do “Espelho Empresários”, podendo-se visualizar integralmente

no Apêndice E:

Figura 4: Detalhe - Espelho Empresários

91

Fonte: elaborado pela autora

Igualmente ao espelho desenvolvido para apontar os dados dos alunos

egressos, o espelho acima lê-se da seguinte forma: O empresário E1 (primeira linha)

respondeu a pergunta relativa ao conhecimento sobre o trabalho desenvolvido pelo

curso (primeira coluna) como: “ Conheço, pois tem ex-alunos trabalhando comigo e

92

outros estagiando...”; sobre o contato com os alunos do Curso Técnico em Móveis

(segunda coluna), refutou que tem contato com estagiários e ex-alunos que atuam

como funcionários, e assim por diante.

Em seguida, assim como no tópico anterior, formulou-se a partir do espelho,

um quadro síntese, estruturado por meio da relação das categorias, provenientes

das perguntas, e ideias afins, da afinidade e frenquência das respostas dadas,

também organizadas numericamente e em ordem decrescente, como se pode

visualizar a seguir:

Quadro 9 : Quadro Síntese Empresários

EMPRESÁRIOS DO SETOR MOVELEIRO

93

Fonte: elaborado pela autora

O quadro acima, formado pela relação das categorias x ideias afins, mostra

que, na categoria denominada “Trabalho/formação Curso Técnico em Móveis”, os

empresários, em sua maioria, dizem não conhecer efetivamente o curso, salvo por

intermédio de terceiros, ou ainda, conhecem em partes, ou seja, conhece ocurrículo

e não a estrutura, e vice-versa.

Já na categoria “Contato”, 100% (cem) dos empresários entrevistados

afirmam que o único contato com alunos provenientes do curso foi por meio do

estágio, seguido por ex-alunos hoje funcionários.

Em “Características - Técnico em Móveis”, o quadro mostra que de acordo

com as declarações dadas, o Técnico em Móveis deve ter como característica

principal, o entendimento sobre o processo de construção de um móvel, além de

saber interpretar projetos. Também enfatizam que o profissional do ramo deve

gostar e querer realmente trabalhar na área. E, ainda, que o técnico moveleiro deve

ter conhecimentos técnicos espefíficos de determinada atividade e acima de tudo ter

comprometimento.

Com relação às “Competências Egressos x Demandas Setor”, os

entrevistados reconhecem que, num âmbito geral, os egressos do curso Técnico em

Móveis tem uma boa formação, contudo destacam a falta de comprometimento dos

jovens como um empecilho para a formação e atuação no mercado. Relatam

também que possuem demandas na área de produção, mas que os egressos não

querem trabalhar no chão de fábrica. Por isso declaram que devem ser

desenvolvidas competências específicas na área de produção e integrá-las ao

projeto.

No item “Foco curso”, se destaca a indicação de focar o curso para a

produção do mobiliário, seguidamente de projeto aliado à produção e ainda a

separação: projeto ou fabricação.

Ao que tange à “Satisfação”, alguns entrevistados atribuem o percentual de

70% com relação à formação dada, outros não conhecem efetivamente o trabalho

94

desenvolvido pelo curso para opinar; e ainda um empresário afirma que há egressos

com bom conhecimento técnico.

Os empresários indicam ainda, na categoria “Expectativas – formação”, que

esperam uma maior aproximação das empresas com o curso, que haja uma

melhoria no aprendizado no que diz respeito ao processo fabril do mobiliário, que os

alunos consigam aperfeiçoar os conhecimentos desenvolvidos em seu processo

formativo no período de estágio, e que tenham uma instrução em termos

administrativos.

Quanto às sugestões de “Aproximações: Contexto escolar – Setor Moveleiro”,

foi comum a recomendação de palestras com empresários do setor e designers

atuantes na área, como forma de instigar a aproximação. Sugeriu-se ainda, a

elaboração de concursos projetuais para os alunos, ampliação do número de

empresas que ofertam estágios, e visitas técnicas nas empresas moveleiras da

região, que como se sabe possibilitam ao aluno vivenciar o ambiente empresarial,

favorecendo a observação prática dos conhecimentos adquiridos e discutidos em

sala de aula.

E, finalmente, em “Potencialidades do Design”, afirmaram com veemência que

o Design é um diferencial essencial no setor moveleiro, que um desenho

diferenciado aliado ao conhecimento construtivo e da realidade do mercado,

contribuem para um bom design, e assim, para o desenvolvimento do setor.

Os registros dos empresários pesquisados, bem como dos egressos, embora

de um grupo restrito, constituem um importante instrumento para refletir e entender

como se dá a sintonia entre a escola e o mercado de trabalho. Assim, o tópico a

seguir faz uso destas informações, de modo a analisá-las e interpretá-las.

5.3 Convergências x Divergências: análise e interpretação

95

Como forma de orientar a análise e interpretação dos resultados obtidos,

sistematizados e descritos acima, toma-se como ponto de partida o objetivo geral do

estudo: Investigar as convergências e/ou divergências entre as competências

profissionais construídas pelos alunos durante a formação no Curso Técnico em

Móveis, do Instituto Federal Farroupilha – Câmpus Santa Rosa, com as expectativas

do mercado moveleiro da região.

Sob estes aspectos, de convergências e divergências, construiu-se um

quadro, proveniente dos conteúdos constantes tanto nas tabelas espelhos, quanto

nos quadros sínteses, que demonstra sinteticamente quais são as convergências e

divergências mais aparentes, conforme se pode visualizar abaixo:

Quadro 10: Convergências x Divergências

Fonte: elaborado pela autora

Os aspectos convergentes, considerados pontos positivos, dizem respeito aos

dados coletados que são afins, em que ambos sujeitos pesquisados expuseram

opiniões e ideias com algum ponto em comum em relação ao curso.

96

Já os divergentes, são informações e percepções que diferem entre os

pesquisados, ou seja, são pontos a serem considerados essenciais para o processo

reflexivo de como se pode alinhar a formação do Técnico em Móveis com as

expectativas do setor moveleiro.

Desta forma, destacam-se primeiramente os pontos convergentes, as quais

indicam que o curso Técnico em Móveis tem desenvolvido bem as habilidades

relacionadas às questões projetuais, tais como: detalhamento técnico de mobiliário,

compreensão e interpretação de desenhos e uso de softwares (AutoCad e Promob),

estando em consonância com alguns itens previstos em seu PPC, a qual aborda

sobre as competências gerais da área do Curso Técnico em Móveis.

Salienta-se aqui que, as competências consistem na capacidade do “saber

fazer”, oriundas do desenvolvimento das habilidades, da construção mental que

integra diferentes saberes, permitindo uma melhor fluidez no exercício profissional,

no caso, no ato projetual.

Outro quesito que converge entre as informações coletadas, é a importância

do estágio no processo formativo do aluno, pois é considerado um local onde o

aluno pode visualizar e relacionar teoria-prática, aprimorando seus conhecimentos,

habilidade e atidudes.

O entendimento sobre a relevância do Design para o setor é outro ponto em

comum, mas que merece maior atenção e entendimento, por parte dos sujeitos

pesquisados, visto que o conceito é amplo e complexo.

Conforme já descrito no tópico anterior, todos os empresários entrevistados

enfatizam que o Design é um diferencial no setor moveleiro, pois um bom projeto,

que alia criatividade, desenho, conhecimentos mercadológicos e de construção, é

essencial para ser competitivo no mercado. Nesta ideia, destaque para a colocação

de um dos empresários que investe fortemente em Design: “Vai chegar o tempo que

trabalhar com design não vai ser diferencial nenhum, vai ser exigência”.

97

Outro aspecto convergente, e de muita relevância e surpresa, é a satisfação

com a formação técnica recebida, tanto pelos relatos dos egressos, quanto pelos

dos empresários, que mesmo sem terem suas demandas plenamente atendidas

vêem os ex-alunos do curso Técnico em Móveis com uma boa formação.

No que se refere às divergências, frisa-se o distanciamento entre empresa e

escola, que apesar do contato via estágio, não se integram de forma efetiva, seja por

troca de informações sobre os estagiários, ou pelo conhecimento por parte dos

empresários sobre o PPC, as práticas pedagógicas adotadas, a formação dos

docentes atuantes, os componentes curriculares que constituem o curso e sua

infraestrutura.

Acredita-se que se houvesse um contato maior por parte dos docentes e

coordenação com o empresariado, o curso apresentaria um processo formativo mais

eficiente, e as empresas saberiam direcionar melhor os alunos - estagiários

conforme os conhecimentos até então adquiridos, fomentando esta relação.

Outro ponto que diverge, diz respeito ao direcionamento projetual dado ao

curso, visto que a demanda de mão-de-obra de trabalho, de acordo com o

empresariado, é laboral, de produção fabril. Em virtude disso, os egressos optam por

não trabalhar no setor produtivo, deixando cada vez maior as demandas desta área.

Em suma, a partir de todo processo de coleta de informações, compilação dos

dados e análises feitas, percebe-se que o curso Técnico em Móveis está formando

egressos com perfil para atuar no meio projetual, sendo suas competências

desenvolvidas principalmente para a elaboração de projetos, deixando uma grande

lacuna no desenvolvimento de competências relativas ao processo construtivo, de

produção laboral, mesmo tendo disciplinas de processos produtivos de igual

relevância em sua estrutura curricular.

Desta maneira, percebe-se que a construção dos conhecimentos, habilidades

e atitudes, com o foco projetual que está sendo dado, de certa forma está acordo

com as competências descritas em seu PPC.

98

No entanto, embora haja egressos trabalhando no setor projetual, as

demandas do mercado moveleiro tangenciam para outro lado. Conforme apontam as

informações coletadas, o setor de mobiliário regional necessita de um profissional

comprometido, que tenha aptidão e gosto por trabalhar na área, que saiba conjugar

os conhecimentos relativos à projetos e processos de produção, que tenha noções

administrativas e ainda que tenha domínio da fabricação, para atuar no chão-de-

fábrica, além de conhecimentos específicos de algumas atividades específicas,

como por exemplo corte ou plano de corte.

À vista disso, percebe-se que o perfil do profissional que o curso está

formando não está totalmente de acordo com as expectativas do setor, já que os

dados apontam que as necessidades emergem do processo de fabricação

moveleiro, embora 100% (cem) dos egressos entrevistados estejam trabalhando na

área projetual.

Logo, o que se observa é que mesmo que a demanda principal seja de mão-

de-obra para a fabricação do móvel, o mercado também tem acolhido profissionais

atuantes no meio projetual, como citado acima.

Com isso, confirma-se que se faz necessário formar um profissional que

habilitado para exercer determinada função, tanto projetual quanto fabril, aliando

conjuntamente conhecimentos, habilidades e atitudes específicas, e que ao mesmo

tempo tenha flexibilidade e capacidade de ação em situações de imprevisibilidade,

dentro da realidade a que estará sujeito.

As competências e habilidades, quando trabalhadas do ponto de vista da formação específica para as atividades produtivas, apontam para a necessidade da apropriação de bases tecnológicas ou o conjunto sistematizado de conceitos, métodos, técnicas, normas, padrões, princípios e processos tecnológicos, resultantes, em geral, da aplicação de conhecimentos científicos a essa área produtiva e que dão suporte às competências. (ALVARES, 2004, p.92)

Estes registros e constatações, de distanciamento entre escola e mercado de

trabalho, não são exclusividades do curso do estudo em questão, pelo contrário,

acredita–se que seja um ponto em comum entre os mais variados cursos de

habilitação profissional, principalmente em cursos com interface no Design.

99

Assim, a relação de proximidade entre escola e empresa deve estar em

constante devir, ou seja, transformando-se e/ou ajustando-se conforme o processo

dinâmico e evolutivo em que a sociedade se encontra, permitindo assim que o

procedimento de formação do técnico seja mais próximo da realidade profissional.

Desta forma, o capítulo a seguir, faz alguns apontamentos sugestivos de

aproximações entre o curso Técnico em Móveis e o mercado moveleiro regional e

melhorias no PPC, com o intuito de colaborar com a instrução do futuro profissional

e por consequência, com o setor do mobiliário na região.

5.4 Reflexões, apontamentos e sugestões

Este tópico surge com o intuito de instigar a reflexão sobre a temática

envolvida nesta dissertação: o processo formativo e o mercado de trabalho, fazendo-

se apontamentos e sugestões que possam ser úteis de alguma forma ao campo da

Educação, do ensino do Design e, particularmente, ao curso Técnico em Móveis do

Instituto Federal Farroupilha.

Superar a dicotomia existente entre o processo de formação e as expectativas

mercadológicas, especialmente na educação profissional, é um desafio posto. A

escola deve mediar situações que possibilitem o preparo de profissionais que

consigam acompanhar as mudanças e transformações do setor produtivo.

Por isso, a ligação entre o curso e o mercado de trabalho a qual ele atende,

deve ser pontual, regular e de trocas mútuas, colaborando para o avanço de ambos,

tanto com o processo de desenvolvimento de competências, quanto para o

crescimento do setor.

Desta forma, simples ações podem ser tomadas para que o andamento de

aproximação curso – empresa comece a acontecer, como por exemplo:

Palestras e workshops com pessoas de influência na área (designers,

100

empresários e funcionários de setores específicos); reuniões periódicas entre o setor

e o curso, com fins de discutir as expectativas mercadológicas, bem como avaliação

de estagiários atuantes nas empresas; visitas técnicas nas fábricas de móveis, dos

diversos segmentos, para que se possa visualizar como a empresa trabalha, as

tencologias empregadas em seus processos produtivos, os materiais usados, dentre

outros aspectos.

Além disso, acredita-se que é possível fomentar esta aproximação por meio

de parcerias para a proposição de concursos de desenho e projetos construtivos,

que instiguem a criatividade, a capacidade de resolver problemas, as habilidades

manuais e intelectuais.

A oferta de uma formação continuada aos alunos egressos, atuantes no

setor, se faz relevante, pois cria condições de ampliação de conhecimentos,

aperfeiçoamento de habilidades, e por consequência uma melhor realização

profissional. Tais cursos poderiam ser de temáticas específicas, sugeridas pelo

mercado, como por exemplo: AutoCad 3D, Promob, Usinagem da madeira e Design

de Interiores.

Formação continuada e específica do corpo docente, frente às necessidades

do mercado, para fins de aperfeiçoamento e aprofundamento do conhecimento

específico demandado, com a intenção de melhor adequar suas práticas

pedagógicas à realidade local, tendo como consequência um processo de ensino-

aprendizagem mais eficaz.

Também sugere-se uma “reunião inaugural”, no começo do ano letivo, com o

número máximo possível de empresários do setor moveleiro, para uma

apresentação detalhada do PPC do curso, de sua configuração curricular, do seu

corpo docente e suas práticas pedagógicas, além da infraestrutura física disponível

para o processo educacional, com o intuito de ampliar a lista de empresas

conveniadas para estágio, como também para aumentar as possibilidades de troca

de informações com o segmento.

Em um nível um pouco mais complexo, melhorias podem ser feitas através do

101

planejamento educacional, principalmente de ordem curricular.

O currículo orienta, estrutura e direciona a formação profissional,

organizando o processo de ensino-aprendizagem, tornando-se um item crucial no

processo formativo do aluno. Por isso, dever ser flexível, de modo que disponibilize

condições de reajustes, corrigindo erros e insuficiências, e ainda adaptando-se à

novas realidades.

Sob esta concepção, seria de extrema relevância, uma análise reflexiva

acerca a matriz curricular do curso Técnico em Móveis, levando-se em consideração

informações, demandas e expectativas no mercado moveleiro, pois como se

verificou, o ensino deve estar permanentemente sintonizado com o mercado.

Assim, a educação profissional moveleira constrói-se a partir da identificação

das funções e subfunções, presentes em cursos provenientes do Design, que

caracterizam o mercado do mobiliário e da percepção das competências e

habilidades demandadas, complementando assim seu currículo de forma a atender

as peculiaridades do mercado regional. Esta análise permitiria reavaliar desde a

carga horária dos componentes curriculares até os componentes curriculares em si.

Trabalhar efetivamente o currículo centrado no desenvolvimento de

competências possibilitaria uma nova reorganização das competências ensejadas

pelo curso, implicando concretamente o desenvolvimento das dimensões cognitivas -

saberes (conhecimentos), atitudinais – saber ser (atitudes) e motoras – saber agir

(práticas no trabalho).

Outro ponto conveniente para se ponderar é a possibilidade de implementar

ações interdisciplinares concretas, que levem à formação integral, como previsto no

PPC do curso.

Como sabe-se, na prática, este movimento de articulação entre a área

pedagógica, coordenação e docentes, para efetivar a interação dos mecanismos que

envolvem a interdisciplinaridade, pouco é explorada, pois envolve tempo e muito

estudo. No entanto, podem-se provocar, como um ato inicial de efetivar esta prática,

102

reflexões de como poderiam se realizar estas articulações, instigando também o

pensamento reflexivo sobre suas práticas docentes.

Ao adotar a interdisciplinaridade no desenvolvimento do currículo, faz-se

necessário a um trabalho de equipe, para que os olhares plurais na observação da

situação de aprendizagem sejam capazes de estabeler um diálogo produtivo entre

as diferentes áreas, permitindo uma contínua atualização e aperfeiçoamento.

Num âmbito mais audacioso, proporia-se ainda, repensar e reavaliar o curso,

com a intenção de melhor direcioná-lo ao mercado, repaginando-o e mudando seu

enfoque, para que a absorção de egressos pelo mercado de trabalho seja

permanente e eficaz, de forma que o curso desempenhe as funções por ele

propostas e atenda as suas obrigações institucionais frente à sociedade. Ressalta-

se que, embora seja um processo longo e árduo, seria de imensa importância para o

setor moveleiro regional. Mas o aprofundamento desta proposição tomaria todo um

estudo específico, a qual pode ser feito em outro momento.

Por fim, cumpre observar que, mesmo que aqui se apresente um recorte de

estudo, um estudo de caso, as conclusões, observações, apontamentos, sugestões

e reflexões não são definitivas, tampouco de possiblidades interpretativas estanque,

de modo que podem ser feitos estudos complementares a este trabalho como meio

de contribuir ainda mais com o processo de ensino-aprendizagem.

103

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como marco inical a definição de objetivos a serem

cumpridos, com o intuito de verificar se o curso está atingindo sua missão

pedagógica. Desta maneira, a proposição de investigar as convergências e/ou

divergências entre as competências profissionais construídas pelos alunos durante a

formação no Curso Técnico em Móveis, do Instituto Federal Farroupilha – Câmpus

Santa Rosa, com as expectativas do mercado moveleiro da região, foi

desempenhada.

A pesquisa descrita neste trabalho proporcionou o mapeamento das

competências adquiridas pelos egressos em seu período formativo, o perfil deste

esutdantado, considerando as visões dos alunos egressos e do mercado moveleiro,

bem como as expectativas do setor frente à formação, o que possibilitou detectar as

convergências e divergências existentes.

A partir disto, dos resultados encontrados desta confrontação, pode-se traçar

o perfil do aluno egresso e atuante no setor moveleiro, e ainda identificar qual o foco

de formação faz parte das expectativas do mercado de mobiliário da região.

A articulação do conjunto destas informações, respondem então a questão de

estudo: As competências desenvolvidas pelo egresso do Curso Técnico em Móveis,

durante o período de formação, estão em consonância com as expectativas

profissionais do setor moveleiro?

Antes de responder diretamente a pergunta, vale relembrar que a construção

da resposta e sua consequente reflexão, percorreu-se um longo caminho, em que foi

preciso descrever a realidade da educação profissional brasileira, contanto com suas

legislações e adendos, suas metas e papeis na educação nacional. Ainda, foi

preciso compreender os conceitos que envolvem as competências no âmbito

educacional, especialmente na área do design, de desenvolvimento de artefatos,

com o intuito de relacioná-las com o curso estudado.

104

Este percurso passou também pela descrição minuciosa e detalhada do local

onde foi realizado o estudo de caso, com a intenção de localizar o leitor sobre a

realidade em que o curso de desenvolve, discorrendo sobre os discentes, a estrutura

curricular e a realidade moveleira regional.

Além disso, de todo embasamento teórico sobre o caso, obteve-se o contato

dos participantes, cernes da questão (egressos e empresariado moveleiro), para

mensurar aspectos relativos a este questionamento.

O que se pode verificar, e teve-se como uma grata surpresa, foi a satisfação

dos egressos frente à formação recebida, ainda que em pequeno número de ex-

alunos atuantes no mercado. A partir das informações coletadas no grupo focal,

descobriu-se que a grande maioria dos egressos do curso Técnico em Móveis, da

modalidade integrado ao ensino médio, seguem outras áreas de formação, tanto

pela escolha precoce do curso, quanto por questões de aptidão.

Da mesma forma, os empresários, que embora apontem a necessidade de

mão-de-obra para o trabalho laboral, surpreenderam positivamente, por sua

receptividade, disponibilidade e por acreditarem na importância do curso para o

desenvolvimento do setor moveleiro regional.

Em contrapartida, verificou-se que atualmente há uma grande lacuna entre o

processo formativo e o as demandas moveleiras, que há um grande número de

alunos formados estudando em outras áreas, e que talvez falte incentivo, integração

curricular efetiva, que estimule o aluno a permanecer no segmento de

desenvolvimento de produtos, seja na parte laboral ou projetual.

No entanto, acredita-se que existem ações que podem proporcionar um

melhor rendimento na relação do processo de ensino-aprendizagem-mercado, que

vão desde adequações curriculares em seu PPC, até ações conjuntas entre o curso

e o empresariado moveleiro, que servem como forma de contribuição tanto para o

processo de ensino moveleiro, quanto para o processo de ensino de cursos que

possuem em sua espinha dorsal o desenvolvimento de produtos/artefatos, como o

Design, conforme exposto no capítulo anterior.

105

Retornando à pergunta do estudo, considerando-se as informações descritas

acima, pode-se dizer que em um primeiro momento a resposta é não. Conforme

apontado anteriormente, o aluno egresso do curso Técnico em Móveis está

apresentando perfil profissional para atuar em áreas projetuais, e as demandas

demonstradas pelo setor apontam a necessidade de mão-de-obra para atuação no

meio de execução laboral, de fabricação do mobiliário.

Mas, em contrapartida, observa-se que todos os egressos pesquisados,

atuantes no setor, desempenham funções de ordem projetual, sendo, portanto,

absorvidos pelo mercado. Isso quer dizer que este foco formativo de certa forma

atende algumas demandas.

Através da identificação das lacunas existentes desta relação, foi possível

apontar sugestões a serem tomadas para a melhoria da ligação entre a instituição

de ensino – Curso Técnico em Móveis e mercado de trabalho moveleiro, bem como

forma de contribuição para enriquecer o transcurso de ensino-aprendizagem, além

de fomentar o processo reflexivo de como aproximar a realidade do cotidiano de

trabalho com o andamento do processo ensino, a fim de demonstrar como e onde

conhecimentos adquiridos podem ser aplicados.

Importante observar que também foram apontadas sugestões de ordem mais

profundas quanto à reorganização curricular e até mesmo com relação ao

redirecionamento do foco do curso. No entanto, para fins de consolidação destas

questões, se faz necessário o aprofundamento do assunto, podendo-se utilizar o

presente estudo como fonte inicial.

Considera-se que o cumprimento de todas as etapas propostas pelo método

de pesquisa, contribuiu para verificação da realidade do setor moveleiro hoje e,

principalmente, para a reflexão sobre o direcionamento que o curso está dando aos

seus alunos, chegando-se a conclusões significativas.

A pesquisa teve como limitação o fato de ser um estudo de caso e, como tal,

não é passível de generalização. Entretanto, infere-se que as informações contidas

neste trabalho podem ser úteis para incentivar e estimular novos estudos sobre a

106

relação do processo formativo do aluno e o mercado de trabalho, em especial, em

cursos de educação profissional, e cursos de interface com o Design, com fins de

reduzir o distanciamento existe entre o ambiente escolar e o mundo profissional,

comumente visto em cursos da área.

107

REFERÊNCIAS

ALVARES, Maria Regina. Ensino do Design: A Interdisciplinaridade na Disciplina de Projeto em Design. Florianópolis: UFSC - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, 2004.

BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Parecer CNE/CEB nº 16, de 5 de outubro de 1999. Trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf_legislacao/tecnico/legisla_tecnico_parecer1699.pdf > Acesso em: 10/07/2014.

_______. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Parecer CNE/CEB nº 39, de 8 de dezembro de 2004. Aplicação do Decreto nº 5.154/2004 na Educação Profissional Técnica de nível médio e no Ensino Médio.. Disponível em < http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf_legislacao/tecnico/legisla_tecnico_parecer392004.pdf> Acesso em: 19/07/2014.

_______. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Resolução n. 04, de 8 de dezembro de 1999. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_99.pdf> Acesso em: 10/07/2014.

________. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Resolução n. 6, de 20 de setembro de 2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio. Disponível em: < http://curitiba.ifpr.edu.br/wp-content/uploads/2011/06/resolução-DIRETRIZES-EDUCACAO-PROFISSIONAL-6_12-ATUAL.pdf> Acesso em: 03/07/2014.

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108

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2208.htm>. Acesso em 18/07/2014.

________. Presidência da República. Decreto no 5.154 de 23 de julho de 2004. Regulamenta o § 2o do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5154.htm >. Acesso em 28/07/2014.

________. Presidência da República. Lei 11.741, de 16 de julho de 2008. Altera dispositivos da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 [...]. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11741.htm>. Acesso em18/07/2014.

________. Presidência da República. Lei nº 11.892/08. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Publicada no Diário Oficial da União de 30 dez. 2008, p.1. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2008/lei/l11892.htm>. Acesso em: 03/08/2014.

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113

APÊNDICE A

Roteiro de entrevistas – Empresários

Nome da empresa:

Segmento:

( ) Móveis Planejados ( ) Móveis Planejados e Seriados ( ) Móveis Seriados

1. Você conhece o trabalho desenvolvido pelo Curso Técnico em Móveis do IFFarroupilha?

2. Qual o contato que você já teve com os alunos do Curso Técnico em Móveis?

3. Em sua opinião, qual (is) a (s) característica (s) mais importante (s) que um Técnico em Móveis deve possuir?

4. Como você relaciona as competências dos alunos egressos, com as demandas do setor?

5. Em sua opinião, o curso deve ter qual foco?

6. Qual o seu grau de satisfação com a formação oferecida pelo Curso Técnico em Móveis do IFFarroupilha?

7. Quais suas expectativas com relação a formação do futuro profissional da área moveleira?

8. Como você acha que poderia ocorrer a aproximação do contexto escolar com as indústrias?

9. As potencialidades do Design, no desenvolvimento de mobiliário são:

114

APÊNDICE B

QUESTIONÁRIO ALUNOS

Caro(a) aluno(a),

O objetivo deste questionário é coletar informações para uma pesquisa de mestrado.

Aborda assuntos relacionados à formação oferecida pelo curso, com a intenção de verificar a adequação da competências profissionais construídas na formação dos alunos do Curso Técnico em Móveis, do Instituto Federal Farroupilha – Câmpus Santa Rosa, com o mercado de trabalho moveleiro da cidade de Santa Rosa-RS.

As respostas dadas no questionário são sigilosas e os dados coletados serão tratados em conjunto.

Sua participação é de suma importância para o objetivo do estudo. Muito Obrigada!

1. Quais são suas atividades na empresa? Possuem foco no processo produtivo ou na realização de projetos?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Ao ingressar na empresa, você teve alguma dificuldade para realizar as tarefas solicitadas? Se sim, quais?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Quais competências presentes no seu cotidiano, que você identifica como desenvolvidas pelo Curso Técnico em Móveis?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Quais conhecimentos específicos você só adquiriu com a prática profissional?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Como Técnico em Móveis, você acredita que possui:

( ) Domínio do processo produtivo

( ) Capacidade Projetual

( ) Conhecimento técnico específico de materiais e processos produtivos moveleiros

( ) Responsabilidade sustentável

115

( ) Capacidade criativa

( ) Compromisso social (inclui ética profissional)

( ) Capacidade de trabalho em equipe

( ) Segurança profissional

( ) Outra.

Qual?__________________________________________________________

6. Na empresa onde trabalha, o Design é:

( ) Muito importante

( ) Importante.

( ) Indiferente

( ) Dispensável

( ) Pouco usado

7. Avalie o curso nos seguintes itens:

ÓTIMO BOM REGULAR RUIM PÉSSIMO Currículo (disciplinas – teoria e prática) Professores (conhecimento e atualização) Professores (relacionamento com os alunos)

Equipamentos (laboratórios) Biblioteca Infraestrutura (salas de aula, etc) Competências desenvolvidas pelo curso

116

APÊNDICE C

TERMO DE CONSENTIMENTO E AUTORIZAÇÃO PARA PESQUISA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TÍTULO DA PESQUISA

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL MOVELEIRA: Um estudo de caso da relação entre as competências

dos egressos e as expectativas do mercado.

CONVITE

VOCÊ está sendo CONVIDADO(A) a participar de uma pesquisa desenvolvida por Ardalla Ziembovicz

Vieira, aluna do Programa de Mestrado em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter.

O Pesquisador Responsável pela pesquisa é o Prof. Dr. André Luís Marques da Silveira.

APRESENTAÇÃO

A temática desta dissertação envolve a avaliação do Projeto Pedagógico de Curso (PPC) do

curso técnico de nível médio em Móveis, considerando-se a legislação relativa à educação

profissional vigente, os parâmetros para a ação educativa expressa no PPC (os objetivos do curso, as

competências a serem desenvolvidas, dentre outros), as práticas em sala de aula, o perfil do

profissional concluinte e a realidade da região quanto à demanda de trabalhadores do setor

moveleiro. Sendo assim, esta pesquisa pretende verificar a adequação das competências

profissionais construídas na formação dos alunos do Curso Técnico em Móveis, do Instituto Federal

Farroupilha – Câmpus Santa Rosa, com o mercado de trabalho moveleiro da região.

A investigação proposta está vinculada à linha de pesquisa “Design, Tecnologia e Educação”

do PPGD e articula conhecimentos de Design, Educação e Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC) com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de bases teóricas,

metodológicas e tecnológicas para o ensino do Design.

A estratégia metodológica eleita é o Estudo de Caso e os procedimentos adotados serão:

(1) análise documental do PPC do Curso; (2) entrevistas semiestruturadas aplicadas individualmente

aos empresários do setor de mobiliário; (3) grupo focal online com os alunos egressos do curso até o

final do ano de 2013; (4) entrevistas semiestruturadas aplicadas individualmente aos alunos egressos

atuantes no mercado moveleiro. Os dados serão coletados entre os meses de outubro e dezembro de

117

2014.

Acredita-se que esta investigação não apresenta nenhum tipo de risco intrínseco aos

envolvidos. Ressalta-se a necessidade de conduta ética tanto do pesquisador, quanto dos

participantes da pesquisa, enquanto fontes de evidências, comprometidos com a veracidade dos

fatos relatados. Os dados coletados serão acessados apenas pelos pesquisadores Ardalla

Ziembovicz Vieira e Prof. Dr. André Luís Marques da Silveira para os fins científicos e acadêmicos da

investigação e será garantido o anonimato dos participantes.

Por tratar-se de uma pesquisa qualitativa, não é possível mensurar os resultados e

benefícios do presente trabalho, mas estima-se que ele possa contribuir para futuras pesquisas

acadêmicas de outros estudantes, bem como com a reflexão sobre os rumos do ensino do design na

contemporaneidade.

Esta pesquisa é financiada com recursos da pesquisadora, com o apoio da concessão de

bolsa de estudos parcial, do Centro Universitário Ritter dos Reis. As informações coletadas serão

utilizadas apenas com o intuito de contribuir com o objetivo desta pesquisa, não havendo qualquer

outro fim.

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO

Pelo presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, declaro que autorizo a minha

participação neste projeto de pesquisa, pois fui informado, de forma clara e detalhada e livre de

qualquer forma de constrangimento ou coerção, dos objetivos, da justificativa, dos procedimentos que

serei submetido, dos riscos, desconfortos e benefícios, assim como das alternativas às quais poderia

ser submetido, todos acima listados.

Manifesto, igualmente, que fui adequadamente informado:

1. Da garantia de receber resposta à pergunta ou esclarecimento de dúvida acerca dos

procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa;

2. Da liberdade de retirar meu consentimento, a qualquer momento, e deixar de participar do

estudo;

3. Da garantia de que não serei identificado quando da divulgação dos resultados e que as

informações obtidas serão utilizadas apenas para fins científicos vinculados ao presente

projeto de pesquisa;

4. De que os dados que estão sendo coletados serão acessados apenas pelos pesquisadores

Ardalla Ziembovicz Vieira e Prof. Dr. André Luís Marques da Silveira e utilizados por este

grupo de pesquisa; e

5. Do compromisso de proporcionar informação atualizada obtida durante o estudo, ainda que

esta possa afetar a minha vontade em continuar participando.

118

Caso tenha eventuais dúvidas, você pode entrar em contato com os Pesquisadores

Responsáveis por este Projeto de Pesquisa, pelos telefones (51)3230.3391 (André) ou

(55)812535-52 (Ardalla), ou ainda pelos e-mails: [email protected] ;

[email protected].

O presente documento será assinado em duas vias de igual teor, ficando uma com o

Participante da Pesquisa e outra com o Pesquisador Responsável.

O Comitê de Ética em Pesquisa da UniRitter (CEP/UniRitter), responsável pela apreciação

do referido Projeto de Pesquisa, pode ser consultado a qualquer momento, para fins de

esclarecimento , por meio do número de telefone: (51) 3092.5699 - Ramal 9024 ou do endereço

eletrônico (e-mail): [email protected].

Data: / / 2014.

_______________________ ___________________________________

Assinatura do Pesquisador Assinatura do Participante

Ardalla Ziembovicz Vieira

119

AUTORIZAÇÃO PARA PESQUISA – INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA

120

121

APÊNDICE D

ESPELHO ALUNO EGRESSOS

0

ATIVIDADES FOCO PRODUTIVO

OU PROJETUAL

DIFICULDADES PARA REALIZAR TAREFAS

COMPETÊNCIAS DESENVOLVIDAS

PELO CURSO

CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS COM A PRÁTICA

PROFISSIONAL

COMO TÉCNICO EM MÓVEIS – VOCÊ POSSUI

NA EMPRESA O DESIGN É

AVALIAÇÃO DO CURSO

A1 Projetista e vendedora. Não tenho contato no processo produtivo, pois a fábrica fica em Bento Gonçalves, então nós somente fizemos a parte da execução dos projetos.

Tive um pouco de dificuldade na parte dos orçamentos. Conhecimento dos complementos- ferragens, algum tipo de prateleira, suportes, e montagem dos móveis.

Uso do Promob e AutoCad.

Diversos conhecimentos, que fogem um pouco do que seria a princípio o meu trabalho. Sou responsável parcialmente pela parte contábil da loja. Conhecimento de materiais e ferragens. Contato com o cliente.

Capacidade Projetual;

Conhecimento técnico materiais e

processos moveleiros; Capacidade criativa;

Compromisso social; Capacidade de

trabalho em equipe; Segurança

profissional;

Muito importante DISCIPLINAS - B PROFESSORES - B LABORATÓRIOS - O BIBLIOTECA - O INFRAESTRUTURA - O COMPETÊNCIAS - O

A2 Atuo mais na área da venda, quando é necessário um projeto sob medida realizo os mesmos utilizando o Promob. Possui mais foco na realização dos projetos.

Não tive nenhuma dificuldade.

O conhecimento básico sobre qualquer móvel, a espessura da chapa, tanto as dimensões de medida. Com as aulas práticas agora posso dizer para os clientes quais são as melhores opções que ele pode adquirir, desde a corrediça ao acabamento.

A parte da venda, o atendimento direto ao cliente.

Capacidade Projetual; Conhecimento técnico específico de materiais e processos produtivos moveleiros; Capacidade criativa; Compromisso social; Capacidade de trabalho em equipe; Segurança profissional.

Importante DISCIPLINAS - B PROFESSORES - O LABORATÓRIOS - O BIBLIOTECA - O INFRAESTRUTURA - O COMPETÊNCIAS - O

A3 Tenho como atividade na empresa a função de criar os projetos e funções administrativas também, tendo assim o foco na realização de projetos.

Não. Identifico como competências presentes no cotidiano as aulas de desenho, aulas no autocad e promob, também identifico o trabalho em equipe.

Funcionamento do mercado e melhor entendimento sobre as demandas dos clientes.

Domínio do processo produtivo; Capacidade Projetual; Conhecimento técnico específico de materiais e processos produtivos moveleiros; Responsabilidade sustentável; Capacidade criativa; Compromisso social; Capacidade de trabalho em equipe.

Importante DISCIPLINAS – R PROFESSORES - B LABORATÓRIOS - B BIBLIOTECA - B INFRAESTRUTURA - B COMPETÊNCIAS - B

A4 Projetista, com foco na área projetual.

Sim algumas duvidas no promob, tive dificuldades em questões como profundidade usada em balcões entre outras questões dimensionais.

Todas na verdade desde o acompanhamento com o cliente ate a entrega final do móvel.

A descoberta na prática do promob. Capacidade Projetual; Conhecimento técnico materiais e processos moveleiros; Capacidade criativa; Compromisso social; Capacidade de trabalho em equipe; Segurança profissional;

Muito Importante DISCIPLINAS - O PROFESSORES - O LABORATÓRIOS - B BIBLIOTECA - B INFRAESTRUTURA - O COMPETÊNCIAS – O

A5 Detalhamento técnico de móveis, auxilio também na parte das encomendas, vistoria dos produtos e

Não tive qualquer dificuldade ao ingressar na empresa, pois estagiei primeiramente aqui.

Medição de ambientes, AutoCAD (tanto o 2D como o 3D), Promob Plus, aplicação da teoria das

Comandos no teclado do software AutoCAD, orçamentos feitos a partir do PROMOB, criações através de geometrias, construções

Domínio do processo produtivo; Capacidade Projetual; Conhecimento técnico específico de materiais e processos produtivos moveleiros; Responsabilidade

Muito Importante DISCIPLINAS - O PROFESSORES - O LABORATÓRIOS - B BIBLIOTECA - O

1

encadernando as faltas, para desta forma realizar a encomenda. Foco tanto no produtivo como no projetual da empresa.

cores no momento projetual, técnicas de produção e montagem aprendidas em várias disciplinas teóricas e práticas, técnicas de pintura com pistola.

diferenciadas utilizando mecanismos técnicos da empresa. Trabalho em equipe com pessoas mais velhas e com maior carga trabalhista do que eu.

sustentável; Capacidade criativa; Compromisso social; Capacidade de trabalho em equipe; Segurança profissional.

INFRAESTRUTURA - B COMPETÊNCIAS - B

A6 Detalhamento de móveis, listagem de materiais e peças para a fabricação dos móveis. Foco em projeto e produção.

Não. Uso do AutoCAD e Promob

Através da prática diária desenvolvi um grande conhecimento no uso do AutoCAD e suas ferramentas. Além do conhecimento em Corel Draw e AutoCAD 3D.

Domínio do processo produtivo; Capacidade Projetual; Conhecimento técnico específico de materiais e processos produtivos moveleiros; Capacidade criativa; Compromisso social; Capacidade de trabalho em equipe; Segurança profissional.

Muito Importante DISCIPLINAS - B PROFESSORES - O LABORATÓRIOS - R BIBLIOTECA - O INFRAESTRUTURA - B COMPETÊNCIAS - B

A7 Trabalho como desenhista, realizo os projetos necessários para a instalação de piscinas e projetos paisagísticos.

Sim, quando comecei a trabalhar na empresa não fazia o curso, então aprendi tudo na prática.

Auto Cad, que adquiri

conhecimento em um

curso na área da

construção civil, mas pude

aperfeiçoar e adquirir

novos conhecimentos no

Curso de Móveis.

Quase todos. Capacidade projetual. Pouco usado. DISCIPLINAS - B PROFESSORES - B LABORATÓRIOS - R BIBLIOTECA - B INFRAESTRUTURA - B COMPETÊNCIAS - R

A8 Projeto de Móveis e Ambientes, foco em projetos.

Não, apenas dificuldade para me inserir no mercado de trabalho da área.

Todas, tanto de projetos quanto de produção.

Atendimento ao cliente, construção do briefing.

Domínio do processo produtivo; Capacidade Projetual; Conhecimento técnico específico de materiais e processos produtivos moveleiros; Responsabilidade sustentável; Capacidade criativa; Compromisso social; Capacidade de trabalho em equipe. Me considero uma excelente profissional.

Importante. DISCIPLINAS - B PROFESSORES - O LABORATÓRIOS - B BIBLIOTECA - O INFRAESTRUTURA - O COMPETÊNCIAS - B

0

APÊNDICE E

ESPELHO EMPRESÁRIOS

0

TRABALHO

DESENVOLVIDO PELO CURSO

CONTATO COM ALUNOS DO

CURSO TÉCNICO EM MÓVEIS

CARACTERÍSTICAS QUE UM TÉCNICO EM

MÓVEIS DE POSSUIR

RELAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS DOS EGRESSOS COM AS DEMANDAS DO SETOR

FOCO DO CURSO

GRAU DE SATISFAÇÃO -

FORMAÇÃO OFERECIDA PELO

CURSO

EXPECTATIVAS COM RELAÇÃO A FORMAÇÃO

APROXIMAÇÃO DO CONTEXTO ESCOLAR

COM O SETOR MOVELEIRO

POTENCIALIDADES DO DESIGN

E1 Conheço, pois tem ex- alunos trabalhando comigo e outros estagiando, então conheço bem. Não conheço a infraestrutura do curso, mas tenho muita vontade de conhecer, até para colocar alguns pontos que vejo como importantes.

Estagiários e ex-alunos como atuais funcionários.

O aluno deve querer ser Técnico em Móveis, não deve fazer o curso apenas para preencher uma lacuna, pois se realmente o aluno quer ser ele será um ótimo profissional.

Bem difícil de responder. Agente conversa muito sobre os alunos, pois nosso trabalho hoje exige técnico, mas se vê muitos alunos e pouco comprometimento. Não vejo problema na formação que vocês dão, mas sim no querer do aluno. Com formação que o IFET dá agente aprende muita coisa com eles também, ocorre uma troca. Ainda acho que é querer ser técnico e não preencher uma lacuna. Vejo várias virtudes dos alunos que vem do IFET, mas a maioria não tem comprometimento.

Projetual 70% Um ponto bem importante. Eu não conheço a infraestrutura do IFET, mas segundo o pessoal comenta, o maquinário que o curso tem é muito desatualizado, então isso também prejudica um pouco a formação do aluno, pois eles saem de um sistema totalmente artesanal para entrar em uma empresa que usa o maquinário moderno, e eles não sabem nem para que servem. Então eu acho que a estrutura deveria melhorar.

Poderia ter mais parceiros dando estágios. Vocês deveriam divulgar mais o curso, pois penso que por meio do curso a classe poderia se unir mais, o que seria muito bom para todos. Oferta de curso de AutoCad 2 e 3D.

Isto é interessante, pois sou defensor do design. Fui um dos primeiros empresários da região a contratar um arquiteto para desenhar os móveis, já pensando no design, pois eu via isso como uma necessidade, de investir no design, isso é um caminho. Hoje o diferencial do móvel é o design. Um projeto bem feito é o principal.

E2 Não conheço. Conheço apenas algumas salas de aula, a estrutura externa e aquilo que é dito pelos alunos.

Apenas como estagiários.

Deve ter uma percepção de como é a construção de um móvel, o que ele pode mudar e melhorar em um móvel. Projeto e processo de fabricação devem andar juntos.

Falta um pouco da integração dos conhecimentos de projeto com processo de fabricação. E ainda a competência relacionada com o cliente. Os alunos não querem trabalhar no chão de fábrica, apenas com projetos, que exige bastante concentração e conhecimento.

Projetual e de chão de fabrica (fabricação). Protótipo artesanal (marcenaria), saber analisa-lo.

Eu não conheço muito, então não posso dar nota. Mas posso dar parabéns pela escola por ter este curso.

Que os alunos aproveitem o contato com as empresas, durante o estágio, que consigam agregar conhecimentos na sua formação, não apenas para cumprir currículo. Quem tem oportunidade de aprender, tem que aprender. Isso é mais uma ferramenta para se tornarem bons profissionais.

Ofertar cursos extras, de treinamento de projeto + vendas, design de interiores, Promob, AutoCad, assim as empresas enviariam seus empregados para fazerem também.

Um desenho diferente é muito importante. O projeto anda junto com o design, é o que encanta o cliente.

E3 Não. Conheço muito pouco, tanto da estrutura quanto do que é

Sim. Apenas um estagiário, na área projetual. Aluno não quis ir

Técnico em Móveis: significa que ele vai ter uma noção básica de montagem do produto,

Como já havia te falado, conheço muito pouco o curso, então não posso responder de as competências desenvolvidas

Penso que deveria ser separado: marcenaria e desenho. Acho que

Não tenho como dizer, na verdade por um erro meu como empresa,

Conseguir integrar mais as empresas do setor com o curso e formar técnicos que realmente saibam

Palestras com pessoas importantes do setor. Reuniões do setor moveleiro, quais as

Tenho certeza que várias fábricas estão procurando desenho. É importante saber a

1

ensinado. para a produção. interpretação de desenho, conhecer as peças que compõem o móvel, que ele tenha pelo menos estes conhecimentos básicos. Que saiba resolver algum problema técnico, como uma gaveta que não fecha, enfim. Saber ler o projeto, saber montar o móvel, fabricar o móvel vem com a experiência profissional. “deveria se

ensinar o “amor” a

marcenaria”.

estão de acordo. poderia ser um “basicão” e depois o

aluno optar por um ou outro. Apesar de serem complementares são bem diferentes. Cada aluno tem perfil para determinada atividade. Assim os interessados por cada segmento já tomaria posição. Quem sabe vocês formariam bons designers?!

por não ter mais conhecimento disto.

como se estrutura um móvel e como se dá seu funcionamento, assim os demais conhecimentos, por exemplo, fabricação, se aprimoram com o cotidiano na empresa.

expectativas do mercado para o próximo ano, tanto para planejados quanto para os demais ramos. Penso que isso aproximaria o curso com as empresas. Concursos de projetos de alunos para fabricação por empresas locais.

realidade do mercado, ser criativo. Design é um diferencial essencial do setor.

E4 Em partes. Sei como funciona por meio de funcionários que já lecionaram lá. Já estive uma vez na instituição, bem na abertura. Se não me engano uma das aulas inaugurais foi comigo. Mas foi bem no começo do curso, as máquinas estavam ainda embaladas, apenas conheci o espaço físico destinado

Com estagiário e com egressos que hoje são funcionários.

Entender o processo da construção e saber interpretar projetos, hoje é muito importante. O saber fazer o aluno aprende fácil, entender como, saber como, é questão de compreensão de como ele vai fazer.

Percebo que gradativamente está se melhorando a percepção técnica, mas por outro lado, nós vemos cada vez mais descomprometimento, isso é cultural, mas é geral, não especifico do curso. Em termos de compreensão e interpretação de desenho estão bem. Mas não testei se realmente eles sabem construir um móvel desde o ponto zero, por exemplo: quais soluções me dariam para fazer um encaixe.

Em projeto percebo que o pessoal sai bem preparado, acho que falta um pouco mais da elaboração laboral do móvel e o “casamento” de

materiais e acessórios, penso que enriqueceria mais a formação.

Os alunos que conheci saíram do curso com um nível técnico bom. Eles saem preparados para buscar soluções.

Penso que pode melhorar a formação com relação ao estudo dos materiais, o cruzamento destes materiais. Técnicas de pintura e pintura em madeira maciça, estofados.

Uma coisa boa que está acontecendo são as visitas técnicas do curso aqui na empresa, poderiam ocorrer em outras também. Visitar as fábricas quando estão fazendo processos de fabricação específicos. Outra coisa seria instigar a premiação construtiva, não de desenho, e sim da construção de um móvel, descobrindo por conta própria o uso de uma nova técnica,

Designers que tem conhecimento construtivo, não apenas de desenho, contribuem muito mais no processo de fabricação do mobiliário com bom design. “Vai chegar o tempo

que trabalhar com design não vai ser diferencial nenhum, vai ser exigência!”

2

para elas. explorar a criatividade.

E5 Conheço. Não sei se mudou algo, mas conheço a infraestrutura toda.

Estagiários.

Os alunos devem ter mais interesse e comprometimento pelo o que ele está fazendo.

Em parte. O curso tinha que definir uma área específica. A necessidade maior é na produção. Mas os alunos querem a parte de projetos.

Produção. Há muita necessidade da produção artesanal do mobiliário, principalmente do móvel feito sob medida.

70% de satisfação e 5% de aproveitamento do pessoal.

Despertar o interesse do aluno pela área moveleira para que sigam a profissão. Gostaria muito de ter contratado alguém, mas tive a infelicidade de não conseguir. O setor precisa demais de vocês, o curso é muito importante pelo potencial do setor na região. A parceria da pequena indústria com o IFF é importante para o nosso crescimento.

Ponto muito importante. Incentivar a motivação do aluno com palestras, dentro da sala de aula, com empresários bem sucedidos do setor. Mostrar o quanto é fascinante a profissão.

O design é uma das partes mais importantes para a execução de um móvel. É a iniciação de uma transformação, de um pensamento para o papel, e do papel para a execução do móvel.

E6 Em partes. No momento em que foi firmado o convênio de estágio o curso foi apresentado, mas não fomos visitar o curso pessoalmente por falta de tempo, então falta um conhecimento maior por nossa parte.

Estagiários. Estagiários nota 100 e nota 0, mas não quer dizer que ele seja nota zero, apenas para tal atividade, a qual não se identificou.

Profissional que tenha conhecimentos específicos de determinada atividade na produção moveleira, que acompanhe a mudança do manual para o tecnológico. Hoje forma-se um aluno com conhecimento muito amplo, que não tem domínio de da usinagem, nem do corte, nem do projeto... Ser um profissional capaz de ter uma mente aberta para o aprendizado de como a empresa produz.

Falta desenvolver competências específicas, como por exemplo: corte, plano de corte... Atualmente não tem-se formado um profissional capaz de atuar especificamente em cada atividade.

Laboral, de produção. A empresa hoje tem demanda de mão de obra para a execução do mobiliário.

50%, mas não por falta de qualidade do curso, mas sim por um melhor direcionamento das vagas do curso, com aqueles que realmente querem atuar no setor moveleiro.

Espero que além do aprendizado de profissionais em marcenaria, o curso possa direcioná-los também para o profissionalismo em termos administrativos, sobre o que é ter uma empresa de móveis. Trabalhar a consciência que ter uma empresa de móveis não é só saber fazer o móvel.

Palestras dos empresários para os alunos, sobre como funciona uma empresa de móveis. Reuniões de avaliação anual dos estagiários. Gerar um novo PCC do curso, que oriente ações específicas sobre qual profissional quer formar.

Se tu quer atingir mercados externos é essencial, já no sob medida, nem tanto. É necessário alguém que saiba olhar para o mercado, ver o que ele está pedindo e consiga desenvolver um produto que dê certo no mercado. Este profissional está fazendo falta aqui.

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