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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM DESIGN
MESTRADO EM DESIGN
ARDALLA ZIEMBOVICZ VIEIRA
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL MOVELEIRA:
Um estudo de caso da relação entre as competências dos egressos e as
expectativas do mercado
Porto Alegre
2015
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ARDALLA ZIEMBOVICZ VIEIRA
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL MOVELEIRA:
Um estudo de caso da relação entre as competências dos egressos e as
expectativas do mercado
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Design.
Orientador: Prof. Dr. André Luis Marques da Silveira
Porto Alegre
2015
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ARDALLA ZIEMBOVICZ VIEIRA
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL MOVELEIRA:
Um estudo de caso da relação entre as competências dos egressos e as
expectativas do mercado
Dissertação defendida e aprovada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Design pela banca examinadora constituída por:
________________________________________________
Prof.ª Dra. Carla Pantoja Giuliano - UniRitter
Centro Universitário Ritter dos Reis
________________________________________________
Prof. Dr. Guilherme Meyer - UNISINOS
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
________________________________________________
Orientador: Prof. Dr. André Luis Marques da Silveira - UniRitter
Centro Universitário Ritter dos Reis
Porto Alegre
2015
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Agradecimentos
A construção deste trabalho foi um caminho longo e árduo, por isso deixo registrado aqui meu agradecimento a todos que de alguma forma contribuíram para que esta pesquisa chegasse a um bom termo. Em especial:
Ao corpo docente do curso de Mestrado em Design, pelos conhecimentos transmitidos e por sua disponibilidade, atenção e compreensão, no momento mais especial da minha vida, em que me ausentei.
Ao meu orientador Professor Dr. André Luís Marques da Silveira, pela gentileza e auxílio no decorrer da elaboração deste trabalho.
Agradeço também, aos professores Dra. Carla Pantoja Giuliano e Dr. Guilherme Meyer pelas valiosas contribuições e interesse na banca de qualificação.
A todos os colegas de mestrado, pela convivência e parceria, em especial, Camila Barth, pela amizade, troca de experiências e companheirismo.
Agradeço à coordenadora do Curso Técnico em Móveis, colega e acima de tudo, amiga, Fernanda Conrad Rigo, por estar sempre pronta a colocar à disposição seus conhecimentos, sábias dicas e ideias, além de todo o incentivo.
Aos empresários e ex-alunos pela disposição em colaborar, emprestando seu tempo para que eu pudesse realizar a pesquisa.
Aos meus amados pais, por todo amor, ensinamentos de vida e valores; à minha irmã, Dezirrê, pelo apoio, amizade e presença, mesmo longe.
À minha querida sogra, Helga, que sempre quando foi preciso percorreu quilômetros para cuidar da pequena Marina, para que eu pudesse escrever.
À minha segunda mãe, minha tia Ivone, pelo carinho, atenção e por me receber tão bem me dando pouso em sua casa.
Ao meu amor, Tarcizio, pelo incentivo, por acreditar, pela gigantesca paciência nos momentos de inquitações pelos quais passei durante a realização deste trabalho, por cuidar da nossa pequena, bebe ainda, em minhas viagens à Porto Alegre, pelo amor. Te agradeço de tal forma e imensidão que mesmo que eu utilizasse todas as palavras existentes e espaços aqui disponíveis não seriam suficientes para agradecer o que fizeste. Tudo ainda seria pouco.
À minha princesa Marina, que chegou para iluminar ainda mais a vida, te amo filha!
Enfim, a todos aqueles que de alguma maneira colaboraram para a execução deste trabalho, e que por ventura não citei, obrigada!
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“Toda sociedade vive porque consome; e para consumir depende da produção. Isto é, do trabalho. Toda a sociedade vive porque cada geração nela cuida da
formação da geração seguinte e lhe transmite algo da sua experiência, educa-a. Não há sociedade sem trabalho e educação”. (Leandro Konder, 2000,p.112)
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RESUMO
Atualmente, a cadeia produtiva de mobiliário tem-se destacado como um dos setores
mais diversificados e dinâmicos da economia do país, fazendo parte de um
segmento de mercado de grande influência, não apenas na economia, mas também
contribuindo para o desenvolvimento social e cultural das regiões que se constituem
como pólos moveleiros. Esta expansão da cadeia produtiva, por sua vez, demanda
mão-de-obra qualificada e competências específicas para atuar no setor, como na
região noroeste, onde está situado o Curso Técnico em Móveis, do Instituto Federal
Farroupilha (IFFarroupilha ) – Câmpus Santa Rosa. Assim, esta pesquisa verificou
as convergências e divergências a partir do perfil do egresso do curso e as
demandas do mercado para o exercício da profissão. Para tanto, foi feito um estudo
de caso, de abordagem qualitativa, ordem exploratória, valendo-se de
levantamentos bibliográfico e documental, para fins de embasar teoricamente o
estudo. Em um segundo momento, como forma de coleta de informações, foram
realizadas entrevistas com os empresários do setor, sondagem com os ex-alunos -
para verificar os Técnicos em Móveis ativos no setor; e por fim a aplicação de
questionário apenas aos egressos atuantes no ramo. A análise das informações
coletadas, por meio de análise de conteúdo, proporcionou uma melhor compreensão
do cenário estudado, apontando que há um distanciamento entre o curso e o
mercado moveleiro. Os resultados apontam que o curso dá ênfase formativa na área
projetual, e que o setor demanda principalmente mão-de-obra para o trabalho
laboral. A partir destas percepções são indicadas ações que podem contribuir para o
processo de ensino do curso, e de áreas com interface no design.
Palavras-chave: Ensino do Design. Técnico em Móveis. Competências. Egressos. Mercado Moveleiro.
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ABSTRACT
Currently, the productive chain of furniture has stood out as one of the most diverse
and dynamic sectors of the economy, part of an industry of great influence, not only
in the economy but also contributing to the social and cultural development of regions
to act as a furniture centers. This expansion of the production chain, in turn, hand-
skilled labor demand and specific skills to operate in the sector, as in the northwest,
where is situated the Technical Course in Mobile, the Federal Institute Farringdon
(IFFarroupilha) - Campus Santa Rosa . Thus, this research found the convergences
and divergences from the course graduate's profile and market demands for the
profession. To that end, we made a case study of qualitative approach, exploratory
order, making use of bibliographic and documentary surveys, for purposes of
theoretical basis the study. In a second step, in order to collect information,
interviews were conducted with entrepreneurs in the industry, probing with former
students - to check Technicians active in the furniture industry; and finally a
questionnaire only to graduates working in the industry. The analysis of information
collected through content analysis, provided a better understanding of the studied
scenario, pointing out that there is a gap between the course and the furniture
market. The results show that the training course gives emphasis on projetual area,
and that the industry demand mainly hand labor for technical work. From these
perceptions are indicated actions that can contribute to the ongoing process of
teaching, and in areas of interface design.
Keywords: School of Design. Technician furniture. Skills. Graduates. Furniture Market.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Síntese da coleta de informações ............................................................28
Figura 2 – Desenho da pesquisa................................................................................29
Figura 3 – Grupo Focal – Facebook ..........................................................................84
Figura 4 – Detalhe – Espelho Empresários ...............................................................91
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Síntese do percurso da Educação Profissional Brasileira.......................32
Quadro 2 – Estágios do desenvolvimento cognitivo de Piaget..................................46
Quadro 3 – O que é competência?............................................................................48
Quadro 4 – Matriz curricular Técnico em Móveis Integrado ao Ensino Médio .........69
Quadro 5 - Matriz curricular Técnico em Móveis Subsequente ao Ensino Médio....71
Quadro 6 – Correlação competências: Cursos de Design e Curso Técnico
Em Móveis..................................................................................................................76
Quadro 7 – Espelho Egressos ...................................................................................85
Quadro 8 – Quadro Síntese Egressos ......................................................................87
Quadro 9 – Quadro Síntese Empresários .................................................................92
Quadro 10 – Convergências x Divergências .............................................................95
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LISTA DE REDUÇÕES
CNCT Catálogo Nacional de Cursos Técnicos
CNE Conselho Nacional de Educação
IFs Institutos Federais
IFFarroupilha Instituto Federal Farroupilha
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação
MEC Ministério da Educação
PDI Plano de Desenvolvimento Institucional
PNE Plano Nacional de Educação
PPC Projeto Pedagógico de Curso
SETEC Secretaria da Educação Técnica e Tecnológica
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LISTA DE APÊNDICES
Apêndice A – Roteiro de Entrevistas - Empresários .....................................113
Apêndice B - Questionário – Alunos Egressos .............................................114
Apêndice C – Termo de Consentimento e Autorização Institucional para
pesquisa........................................................................................................116
Apêndice D – Espelho Egressos ...................................................................121
Apêndice E – Espelho Empresários ..............................................................124
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA .......................................................................
1.2 PRESSUPOSTO DA PESQUISA ................................................................
18
18
1.3 OBJETIVOS ................................................................................................ 19
1.3.1 Objetivo Geral ......................................................................................... 19
1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................................
1.4 Justificativa...................................................................................................
19
19
2 METODOLOGIA ............................................................................................
2.1 INSTRUMENTOS E TÉCNICAS PARA COLETA DE INFORMAÇÕES......
21
25
3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................ 30
3.1 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL: BREVE PERCURSO............. 30
3.1.1 Rede Federal Educação Profissional : O Instituto Federal Farroupilha ... 38
3.1.2 Metas PNE 2011- 2020 e a Educação Profissional.................................. 43
3.2 SOBRE A IDEIA DE COMPETÊNCIAS ..................................................... 46
3.2.1 O Design e suas competências ............................................................... 55
4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA ....................................................... 58
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO CENÁRIO E ATORES ENVOLVIDOS NA
PESQUISA ........................................................................................................ 58
4.2 O CENÁRIO: O CURSO TÉCNICO EM MÓVEIS........................................ 59
4.2.1 Projeto Pedagógico do Curso e a Organização Curricular ...................... 62
4.2.1.1 Matrizes Curriculares Curso Técnico em Móveis: Integrado e
Subsequente ao Ensino Médio ......................................................................... 68
4.2.2 Aproximações entre as competências em Cursos de Design e o Curso
Técnico em Móveis do IFFarroupilha ................................................................ 73
4.3 OS ATORES ENVOLVIDOS ....................................................................... 79
4.3.1 O estudantado .......................................................................................... 79
4.3.2 O Mercado Moveleiro Regional ................................................................ 80
5 RESULTADOS................................................................................................ 83
5.1 O ESTUDANTADO EGRESSO ................................................................... 83
13
5.2 O EMPRESARIADO MOVELEIRO ............................................................. 89
5.3 CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO 94
5.4 REFLEXÕES, APONTAMENTOS E SUGESTÕES .................................... 99
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 103
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 107
APÊNDICES .....................................................................................................
113
14
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento econômico do país em consonância com a introdução de
equipamentos automatizados na atualidade tem movimentado a cadeia produtiva em
diversos setores, dentre eles o de produção de mobiliário. O bom desempenho da
construção civil, por exemplo, combinado com o aumento do crédito facilitado, tem
gerado um impacto positivo na venda de móveis, ou seja, os consumidores ao
mudarem-se para novas residências ou trocarem o mobiliário, estimulam
diretamente o setor de produção de móveis, o que possibilita um avanço ainda
maior.
Contudo, esse crescimento da área faz com que o mercado torne-se muito
mais competitivo, fazendo com que as empresas busquem um diferencial em seus
produtos: o design, a inovação, tanto tecnológica quanto às questões funcionais e
estéticas. Consequentemente, para que esta demanda seja atendida, se faz
necessário a formação de mão-de-obra qualificada para o setor.
O meio profissional moveleiro, por estar inserido em um contexto de
constante desenvolvimento de novos parâmetros e tecnologias, exige cada vez mais
novas competências, as quais englobam um conjunto de conhecimentos e
habilidades específicos.
Nesta perspectiva, as diversas modificações ocorridas no contexto social,
desde as mudanças nas formas de produção e organização do trabalho, associada à
competitividade do mercado, desencadeiam um processo de reestruturação
produtiva e, por conseguinte, à educação profissional, por isso a oferta do ensino
técnico para profissionais atuarem na área se faz uma necessidade premente.
Atualmente, a educação profissional tem tornado-se uma tônica importante
para a formação de trabalhadores, pois está fortemente ligada ao Ministério da
Educação, sendo cada vez mais influenciada pelas instâncias relacionadas ao
trabalho, e, ainda, recebendo aportes e normalizações que visam melhor qualificar o
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ensino técnico profissional.
Assim, Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, mais
precisamente, o Instituto Federal Farroupilha, regido atualmente pela Resolução
CNE nº06/20121, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional Técnica de Nível Médio, de acordo com o artigo 5º, orienta seus cursos
de Educação Profissional Técnica de Nível Médio, terem “por finalidade proporcionar
ao estudante conhecimentos, saberes e competências profissionais necessários ao
exercício profissional e da cidadania, com base nos fundamentos científico-
tecnológicos, socio-históricos e culturais.”
Sob esta ótica, com objetivo de formação orientada para o exercício
profissional e da cidadania, tendo o trabalho como princípio educativo e, ainda, em
consonância com as demandas conduzidas pelo mercado moveleiro regional,
oriundas de audiências públicas, o Instituto Federal Farroupilha, câmpus Santa
Rosa-RS, oferta o curso Técnico em Móveis.
O curso Técnico em Móveis visa capacitar profissionais, com fins de suprir a
necessidades do setor moveleiro, de forma interdisciplinar, onde o egresso seja
qualificado para desenhar, planejar e executar móveis, levando em consideração
aspectos de ordem funcional, estética e formal, ajustando-se às exigências do
mercado.
O curso adota em sua construção curricular disciplinas provenientes do
Design, principalmente e especificamente componentes que abordam a natureza
projetiva do desenvolvimento de mobiliário, bem como a de conhecimento de
materiais e execução.
Salienta-se que o desenvolvimento de artefatos moveleiros faz parte de uma
das diversas áreas de atuação do Design, abrangendo a concepção de projetos de
produtos, seu desenvolvimento e inserção mercadológica, de acordo com as
necessidades dos usuários, levando-se em consideração os aspectos ligados à
1 Resolução Nº 6, de 20 de setembro de 2012, revoga as resoluções CNE/CEB Nº 4/99 e a CNE/CEB Nº 1/2005.
16
funcionalidade, estética, tecnologia, sustentabilidade, dentre outros.
Assim, integrar os mais diversos conhecimentos e experiências, teorias e
práticas, como meio de desenvolver e estimular as competências necessárias e o
processo de ensino-aprendizagem, tanto em disciplinas de caráter teórico, quanto
prático, torna-se imprescindível, visto que o ensino técnico vislumbra a prática
profissional no sentido lato da palavra, onde o aluno egresso, em sua formação final
esteja apto para atuar de forma imediata no mercado de trabalho.
No entanto, para que o egresso do curso seja um profissional qualificado, que
obtenha as devidas competências para atuar na área, faz-se necessário um estudo
reflexivo de como se ocorre o processo de ensino-aprendizagem, como os
componentes curriculares e as competências articulam-se, e, ainda como as
dimensões de ordem prática e teórica se integram. Além disso, o contato e a
aproximação com o setor moveleiro, também se faz de suma importância, para que
sejam identificadas as divergências e convergências sobre as competências reais do
Técnico em Móveis, a fim de apontar melhorias no processo educativo.
No âmbito da educação escolar, a competência tem papel importante, pois de
acordo com Zabala e Arnau (2010), “deve identificar o que qualquer pessoa
necessita para responder aos problemas aos quais será exposta ao longo da vida”.
Desta forma, a organização curricular baseada em competências, desempenha a
formação cuja característica principal é a capacidade de aplicação dos
conhecimentos em contextos reais (ZABALA; ARNAU, 2010), por isso a necessidade
de verificação se as competências estão em consonância com as finalidades
definidas pelo curso em questão e pelo mercado.
Para compreender o cenário da educação tecnológica, mais precisamente do
curso Técnico em Móveis, é indispensável conhecer a realidade e os desafios a qual
estão inseridos, visto que os cenários apresentam-se cada vez mais imprevisíveis,
exigindo que o desenvolvimento das competências possibilite aos alunos a
capacidade de absorver o novo e elaborar respostas adaptativas às mudanças, de
uma sociedade que cada vez mais torna obsoleto os conhecimentos anteriormente
adquiridos.
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Sob esta perspectiva, a temática do estudo aborda a construção das
competências do curso Técnico em Móveis, e suas relações com o mundo do
trabalho, contemplando a importância do desenvolvimento e aprimoramento das
mesmas, tendo em vista as resoluções, diretrizes e legislações relativas à educação
profissional vigentes, e embasamentos teóricos quanto as competências num âmbito
geral e especifico da área do Design.
Logo, a partir de observações e percepções como docente do curso Técnico
em Móveis (Integrado e Subsequente), do IFFarroupilha – Câmpus Santa Rosa, em
situações vivenciadas no cotidiano do curso, nas disciplinas ministradas como
Projeto de Móveis e Esquadrias, Laboratório de Criatividade, Projeto de Móveis e
Ambientes e Processos de Fabricação, além de conversas informais com demais
professores e alunos, propôs-se uma investigação sobre as convergências e
divergências entre as competências profissionais construídas pelos alunos durante
seu processo formativo e as expectativas do mercado moveleiro da região, com o
intuito de apontar melhorias no curso e aproximá-lo ao mercado.
Para tanto, o presente estudo desenha-se da seguinte maneira:
No capítulo 2 apresenta-se a Metodologia utilizada para o desenvolvimento
desse trabalho, bem como os instrumentos e técnicas utilizadas para coletar as
informações necessárias.
O tópico a seguir, capítulo 3, consta o Referencial Teórico, que aborda e
contextualiza a Educação Profissional no Brasil, o Instituto Federal Farroupilha, as
metas do PNE 2011- 2020 relativas ao ensino técnico, algumas definições sobre
competências e o Design e suas competências.
O capítulo 4 aborda o caso do Curso Técnico em Móveis do IFFarroupilha:
caracteriza o cenário, o Curso, os atores envolvidos - alunos egressos e o mercado
moveleiro regional - e ainda, identifica aproximações entre as competências em
Cursos de Design e o Curso Técnico em Móveis do IFFarroupilha.
E para finalizar, o capítulo 5 apresenta os resultados da investigação
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referentes às competências e as relações com o mercado de trabalho na visão dos
atores envolvidos (estudantado egresso e o empresariado moveleiro), e ainda
apontamentos e reflexões a fim de identificar ajustes que poderiam colaborar para
que a formação do Técnico em Móveis esteja efetivamente de acordo com as
demandas do setor.
É oportuno salientar que a pesquisa colabora, não apenas para o curso em
questão, mas também para a reflexão sobre o distanciamento entre a prática de
ensino e o mercado de trabalho, comumente visto em cursos relacionados à área do
Design, transpondo o plano da teoria e aproximando-se da realidade prática.
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
Após 4 anos da implantação do Curso Técnico em Móveis e com o intuito de
verificar se o mesmo está cumprindo sua missão pedagógica, esta pesquisa busca
identificar as convergências e/ou divergências entre o perfil profissional do egresso
do curso e as demandas do mercado. Sendo assim, a questão que norteia esta
investigação compreende: As competências desenvolvidas pelo egresso do Curso
Técnico em Móveis, durante o período de formação, estão em consonância com as
expectativas profissionais do setor moveleiro?
1.2 PRESSUPOSTO DA PESQUISA
Parte-se do pressuposto que a partir da identificação das convergências e/ou
divergências entre a formação do estudantado e as expectativas do mercado, estes
dados irão colaborar para apontar melhorias no curso em questão e, por
consequência, na formação do egresso e sua atuação no setor moveleiro.
19
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Investigar as convergências e/ou divergências entre as competências
profissionais construídas pelos alunos durante a formação no Curso Técnico em
Móveis, do Instituto Federal Farroupilha – Câmpus Santa Rosa, com as expectativas
do mercado moveleiro da região.
1.3.2 Objetivos Específicos
1. Descrever o cenário da Educação Profissional Brasileira, o IFFarroupilha, suas
metas de acordo com o PNE 2011-2020 e compreender conceitos que envolvem
as competências no âmbito educacional.
2. Relacionar as competências previstas no Projeto Pedagógico do curso Técnico
em Móveis, com as disciplinas ofertadas na grade curricular e relacioná-las com
as prognosticadas pelos cursos de Design.
3. Confrontar, com o intuito de identificar, as convergências, divergências e
ausências ao que tange às competências previstas e desenvolvidas pelo curso, e
as requeridas mercado.
1.4 JUSTIFICATIVA
A proposição para o desenvolvimento do presente trabalho é fruto de
reflexões geradas pela prática profissional, docência e pesquisa na área, por parte
da pesquisadora, onde as observações informais e os constantes diálogos sobre o
20
percurso do curso, instigaram a investigação para verificar se realmente as
competências desenvolvidas pelos alunos, em seu processo formativo, estão de
acordo com as demandas do setor moveleiro regional.
Assim, passados quatro (4) anos da implementação do curso Técnico em
Móveis, do IFFarroupilha – Câmpus Santa Rosa, nas modalidades integrado e
subsequente ao ensino médio, emergem questionamentos que fazem-se essenciais
para o conhecimento efetivo do desdobramento do curso nesta trajetória, como:
Será que o foco e as competências adotadas pelo curso são as mesmas requeridas
pelo mercado? Ou seja, são as mesmas competências necessárias ao desempenho
da função de Técnico em Móveis na prática?
O questionamento se realmente o curso está atendendo as demandas do
mercado demonstra a necessidade de atentar-se tanto aos saberes teóricos e
práticos, quanto à construção de competências específicas do setor, identificáveis
somente com aproximação do curso com o mercado moveleiro.
É com base no conhecimento de como se dá a prática profissional, do
desenvolvimento de artefatos moveleiros – Design – ou atividades tangentes, como
do Técnico em Móveis, que as principais demandas sobre o perfil profissional podem
ser levantadas. Acredita-se que isso permite uma adequação dos componentes
curriculares e seus conteúdos, possibilitando um processo de ensino mais ajustado
que consiga avizinhar-se de forma mais efetiva com o mercado de trabalho.
A partir desta percepção, julgou-se que existia a necessidade de averiguar e
discutir as competências do Técnico em Móveis e sua relação com o mercado de
trabalho moveleiro regional, com o intuito de promover reflexões sobre o processo
de ensino-aprendizagem-mercado, em cursos de Design e derivados de, para então
apontar melhoramentos no curso, e consequentemente na formação de um egresso
apto a trabalhar, com competências teóricas e práticas consolidadas, na área do
desenvolvimento de produtos moveleiros.
2 METODOLOGIA
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De acordo com Lakatos e Marconi (2003) a pesquisa é um procedimento
formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e
se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades
parciais, obtendo-se assim respostas aos problemas que são apresentados na
pesquisa.
Dessa forma, por ser o trabalho científico de natureza dissertativa, a qual
busca solução-resposta para um problema, que objetiva a apresentação do
desenvolvimento de um raciocínio congruente, sistematizado, onde os dados
coletados são interpretados, analisados e avaliados, sob fundamentação
substancial, ou seja, conforme Gil (2008), um “conjunto de procedimentos
intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento”, faz-se de suma
importância a adoção de um procedimento metodológico, a qual norteará a
pesquisa, garantindo que o estudo demonstre de forma clara e concisa resultados
e/ou soluções. Assim, apresenta-se neste capítulo, o procedimento metodológico
norteador do estudo em questão, delineando todas as etapas a serem executadas.
Logo, trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, cujo método
adotado é o estudo de caso, a qual o cenário constitui-se em torno do Curso Técnico
em Móveis do IFFarroupilha, e os sujeitos envolvidos são os discentes egressos e o
mercado moveleiro regional.
À pesquisa qualitativa é possível encontrar diferentes enfoques, no entanto,
podem-se identificar algumas características em comum, conforme descreve Flick
(2009), este tipo de abordagem analisa as experiências de indivíduos ou grupos,
podendo estar estas experiências relacionadas a histórias pessoais ou ainda a suas
práticas cotidianas e profissionais, analisando-se conhecimento, relatos e histórias
do dia a dia, e ainda examinando-se suas interações e comunicações.
A partir deste contexto, o enfoque qualitativo da pesquisa visa investigar as
convergências e/ou divergências entre as competências profissionais construídas
pelos alunos durante a formação no Curso Técnico em Móveis, do Instituto Federal
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Farroupilha – Câmpus Santa Rosa, com as expectativas do mercado moveleiro da
região, através de levantamento bibliográfico, coleta de dados, compilação e
interpretação de dados.
Uma parte importante da pesquisa qualitativa está baseada em texto e na escrita, desde notas de campo e transcrições até descrições e interpretações, e, finalmente, à interpretação dos resultados e da pesquisa como um todo. Sendo assim, as questões relativas à transformação de situações sociais complexas (ou outros materiais, como imagens) em textos, ou seja, de transcrever e escrever em geral, preocupações centrais da pesquisa qualitativa. (FLICK, 2009, p.09)
No entanto, para que esta investigação considere todas as informações
necessárias para a construção, fundamentação e obtenção de dados deste estudo
de caso, fez-se necessário um estudo exploratório, contemplando uma pesquisa
bibliográfica, pois conforme aponta Gil (2008), nem sempre adota-se um único
método, comumente utiliza-se a combinação de dois ou mais como forma de orientar
o estudo, ou ainda, de acordo com Yin (2001, p.35) pode-se considerar todas as
estratégias de uma maneira pluralística - como parte de um repertório para se
realizar pesquisa em ciências sociais a partir da qual o pesquisador pode
estabelecer seu procedimento de acordo com uma determinada situação.
Desta forma, o primeiro momento da investigação do estudo envolveu uma
pesquisa exploratória, que “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com
o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. [...] é,
bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados
aspectos relativos ao fato estudado.” (GIL, 2002, p.41).
Este estudo exploratório deu-se de forma descritiva, conforme descreve
Lakatos e Marconi ( 2003, p. 187):
Tem por objetivo descrever completamente determinado fenômeno, como, por exemplo, o estudo de um caso para o qual são realizadas análises empíricas e teóricas. Podem ser encontradas tanto descrições qualitativas e/ou qualitativas quanto acumulações de informações detalhadas como as obtidas por intermédio da observação participante. Dá-se precedência ao caráter representativo sistemático e, em consequência, os procedimentos de amostragem são flexíveis.
Embora a pesquisa exploratória permita a flexibilização de planejamento, ela
comumente assume o caráter de pesquisa bibliográfica, documental ou de estudo de
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caso, envolvendo segundo Gil (2002) o levantamento de informações – por meio de
entrevistas, questionários ou grupo focal - com pessoas que tiveram experiências
com o problema investigado e que fornecem dados que auxiliam a sua
compreensão, como na dissertação em questão.
Assim, o primeiro momento de investigação foi de ordem exploratória,
valendo-se de um levantamento bibliográfico como também documental, com
objetivo de embasar e justificar teoricamente o estudo.
Lakatos e Marconi apud Manzo (2003, p.183), afirmam que uma bibliografia
pertinente ao tema estudado “oferece meios para definir, resolver, não somente
problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas
não se cristalizam suficientemente”, permitindo ao pesquisador um reforço à sua
pesquisa e manipulação de informações, além de propiciar um novo enfoque ou
abordagem sobre o mesmo tema, chegando-se a diferentes considerações.
O contexto de investigação de natureza bibliográfica, portanto, tem o intuito de
aprofundar o estudo, em consonância com a questão de pesquisa, abordando
conceitos sobre a ideia de competências no âmbito escolar e suas relações com o
currículo e o desenvolvimento de competências em cursos relacionados ao Design
de artefatos, valendo-se de autores, como por exemplo, Perrenoud (2000/2002),
Zabala e Arnau (2010), Sacristán (2000/2011) e Couto (2008).
Já o levantamento documental foi usado com o propósito de caracterizar o
atual cenário da educação profissional, suas legislações e diretrizes, a partir da Lei
nº 9.394/962, e, especificamente, o IFFarroupilha e o Curso Técnico em Móveis, seu
Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), o projeto político-pedagógico e a
organização curricular do curso, com base em documentos encontrados no portal do
Ministério da Educação (MEC), bem como em documentos institucionais, fornecidos
pela instituição e encontrados em seu sítio eletrônico, tornando-se subsídios para a
compreensão da formação recebida pelos egressos do curso Técnico em Móveis,
além de documentos que descrevem também o cenário do ensino do Design.
2 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que define e regulariza o sistema de educação brasileiro com base nos princípios presentes na Constituição.
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O segundo momento do trabalho, desenhado a partir do referencial teórico
desenvolvido no estudo exploratório, é o estudo de caso.
O estudo de caso de acordo com Yin (2001, p.32) “é uma investigação
empírica que: investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu
contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o
contexto não são claramente definidos”, ou seja, permite estudar situações do dia a
dia, não somente descrevendo o fenômeno, mas também com o objetivo de
compreendê-lo em sua complexidade.
Neste sentido, Gil menciona ainda que o estudo de caso pode servir para
outros diferentes propósitos, tais como:
a) Descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação; e
b) Explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos. (2008, p.58)
Além disso, ressalta-se, em nota escrita por Yin (2001, p.37), que Robert
Stake estabeleceu que o estudo de caso vai além de ser uma escolha metodológica,
mas sim uma escolha do objeto a ser estudado, devendo ser “algo “específico
funcional” (como uma pessoa ou uma sala de aula) mas não uma generalidade
(como uma política). [...] .Logo, cada estudo de entidades que se qualificam como
objetos seria um estudo de caso”.
Então, para que este tipo de pesquisa realize-se, torna-se necessário utilizar
diferentes meios de investigação, desde o uso de conceitos abordados na pesquisa
bibliográfica e de conteúdos relevantes da análise documental, a qual favorecem o
entendimento acerca do currículo e o processo de ensino, e, ainda, entrevistas,
sondagem e questionário.
A descrição minuciosa do contexto estudado (o Curso Técnico em Móveis do
IFFarroupilha) e o contato com os sujeitos envolvidos (diga-se como sujeitos: alunos
e o mercado moveleiro), as quais suas experiências estão relacionados com o
problema de pesquisa, proporcionaram uma maior compreensão sobre o tema
25
estudado, promovendo um diagnóstico realístico, fundamentando a proposta de
implementação da pesquisa.
Portanto, as etapas do estudo de caso compreenderam: a contextualização
do lócus de pesquisa, a caracterização dos atores envolvidos, a aplicação de grupo
focal, questionário e entrevistas, além de análises a respeito de como ocorre a
articulação curricular e as competências do curso Técnico em Móveis do
IFFarroupilha e suas correlações com o mundo do trabalho.
2.1 Instrumentos e técnicas para coleta de informações
As entrevistas, a sondagem e o questionário foram feitos com os seguintes
sujeitos da pesquisa, assim distribuídos: seis (06) empresários do ramo moveleiro da
região de Santa Rosa/RS, quarenta e seis (46) alunos formados – sondagem – e
após, oito (08) egressos atuantes no setor.
A entrevista, uma das mais importantes fontes de informações do estudo de
caso, tem por objetivo colher informações dos entrevistados sobre determinado
assunto ou problema, onde “o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe
formula perguntas. [...]. é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes
busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação.(GIL, 2008,
p.109). A opção por escolher este meio de obtenção de dados, vem ao encontro às
razões descritas por Gil, entre as quais cabe considerar:
a) a entrevista possibilita a obtenção de dados referentes aos mais diversos aspectos da vida social;
b) a entrevista é uma técnica muito eficiente para obtenção de dados em profundidade acerca do comportamento humano;
c) os dados obtidos são suscetíveis de classificação e quantificação.
Quanto ao seu conteúdo, de acordo com Lakatos e Marconi apud Selltiz,
apresenta 6 (seis) tipos de objetivos, a saber:
26
a) Averiguação dos “fatos”. [...]
b) Determinação das opiniões sobre os “fatos”. [...]
c) Determinação de sentimentos. [...]
d) Descoberta de planos de ação. Descobrir, por meio das definições individuais dadas, qual a conduta adequada em determinada situações, a fim de prever qual seria a sua. [...]
e) Conduta atual ou do passado. [...]
f) Motivos conscientes para opiniões, sentimentos, sistemas ou condutas. [...] (2003, p.196)
Desta forma, as entrevistas previstas para a coleta de informações, foram
feitas aos empresários do setor moveleiro, de forma semiestruturadas, seguindo um
roteiro previamente estabelecido (Apêndice A), gravadas por meio de áudio, de
modo padronizado, com fins de obter de todos entrevistados respostas às mesmas
perguntas, permitindo a comparação, análise e reflexão sobre o conteúdo colhido.
Salienta-se que este tipo de coleta de informações geralmente ocorre
espontaneamente, podendo-se combinar perguntas previamente estabelecidas pelo
entrevistador, com outras que surgirem no momento e circunstância da entrevista, a
qual o entrevistado pode emitir suas opiniões.
A seleção das empresas entrevistadas (06 estabelecimentos), distribuídas em
diferentes cidades da região, deu-se a partir da listagem de convênio de estágio,
disponibilizada pelo setor de Extensão do Câmpus, como também pelo grau de
relevância e atuação que tem no meio moveleiro regional, conforme aponta a
Associação das Indústrias Moveleiras do Noroeste do RS – Assinmóveis.
As entrevistas direcionadas ao setor moveleiro, visaram verificar a expectativa
do setor frente à qualificação da mão-de-obra, as efetivas competências para o
Técnico em Móveis, suas relações com o Design, assim como averiguar como o
mercado avalia o egresso oriundo do Curso Técnico em Móveis do IFFarroupilha.
A sondagem foi realizada com os alunos egressos do curso, via Facebook,
com o intuito de saber em que área estão atuando profissionalmente, se seguiram o
segmento do mobiliário – Design - ou não, tomando-se a iteratividade entre os
participantes como fonte de coleta de informações, a fim de identificar quem está
27
trabalhando como Técnico em Móveis efetivamente.
Após a identificação, por meio da sondagem, de quem está exercendo a
atividade de Técnico em Móveis, apenas para estes sujeitos identificados como
atuantes no setor, foi aplicado um questionário (Apêndice B).
O questionário é uma técnica composta por um repertório de questões que
são expostas aos participantes do estudo, com o propósito de obter esclarecimentos
sobre interesses, expectativas, aspirações, comportamentos, dentre outros
aspectos, sob o ponto de vista dos sujeitos envolvidos.
Para Gil (2008, p. 121), “construir um questionário consiste basicamente em
traduzir objetivos da pesquisa em questões específicas. As respostas para essas
questões é que irão proporcionar dados requeridos para descrever as características
da população pesquisada”, além de ser de fácil alcance e atingir maior número
possível de participantes, não expõe os pesquisados à influência das opiniões e do
entrevistador, por isso a escolha deste tipo de investigação.
Desta forma, as perguntas constantes no questionário são abertas e de
múltipla escolha. As questões abertas oportunizaram uma investigação mais
profunda e precisa, permitindo que os respondentes oferecessem suas próprias
respostas usufruindo de ampla liberdade para feedback.
Já as questões de caráter de múltiplas escolhas, as quais “são perguntas
fechadas, mas que apresentam uma série de possíveis respostas, abrangendo
várias facetas do mesmo assunto” (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 206),
combinadas com respostas abertas, possibilitaram maiores informações sobre o
assunto, ajudando a esclarecer alguns pontos que não ficaram tão claros,
complementando-se.
O questionário foi encaminhado, individualmente, para os e-mails dos
egressos atuantes no setor, permitindo melhor compreensão acerca o perfil dos
alunos, bem como sua qualificação, expectativas em relação à formação e o seu
ingresso no mercado de trabalho.
28
De acordo com o descrito, segue abaixo a síntese da coleta de informações:
Figura 1: Síntese Coleta de Informações
Fonte: elaborado pela autora.
E por fim, para compor o relatório referente ao estudo de caso, foi feita a
compilação dos resultados, suas análises e reflexões em articulação com os
conceitos abordados no referencial teórico. Este relatório, descritivo, visa uma
exposição geral da pesquisa, incluindo desde o planejamento até as considerações
finais, detalhando as informações obtidas para alcançar relevância, abordando 4
(quatro) aspectos:
a) Apresentação do problema ao qual se destina o estudo.
b) Processos de pesquisa.
c) Os resultados.
d) Consequências deduzidas do trabalho. (LAKATOS; MARCONI apud SELLTIZ, 2003, p.172)
29
Logo, o desenho da pesquisa se completa, como se pode observar:
Figura 2: Desenho geral da pesquisa
Fonte: elaborado pela autora
Importante destacar que toda a pesquisa foi realizada seguindo as
recomendações do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UniRitter, com assinatura
dos devidos Termos de Consentimento pelos egressos e empresários, bem como a
Autorização para realização da pesquisa pelo IFFarroupilha, prezando a ética e o
bom andamento do trabalho.
Após o apontamento dos dados coletados e sua devida análise, por meio de
Análise de Conteúdo, são apresentadas anotações sobre resultados obtidos, para
fins de explicitar e apontar possíveis meios que colaborem para o desenvolvimento
articulado entre as competências construídas no processo de formação e as
requeridas pelo mercado.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo, apresenta-se o referencial teórico relacionado ao tema do
30
presente trabalho, utilizado como base para a fundamentação da pesquisa.
3.1 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL: BREVE PERCURSO
A Educação Profissional acompanha o homem desde os tempos mais
remotos, quando, a partir da execução de suas atividades práticas, transferiam seus
saberes profissionais, conhecimentos e técnicas, de elaboração dos mais variados
tipos de objetos que facilitavam o cotidiano, por meio de observações, prática e
repetições (MANFREDI, 2002).
Desta forma, em consonância com o desenvolvimento da humanidade, as
profissões surgiram com o anseio de atender as demandas da sociedade,
decorrente das constantes transformações das mais diferentes esferas, mas
principalmente, dos processos manufatureiros.
As mudanças ocorridas no âmbito da organização do trabalho artesanal e o
surgimento indústria deram origem ao processo de consolidação da Educação
Profissional, ou seja, com o advento do capitalismo, conforme aponta Frigotto
(1999), alterou-se o vínculo entre trabalho produtivo e a educação, pois o
capitalismo rege os princípios sobre valores, ideais, teorias e instituições, entre as
quais destacam-se o meio educacional como espaço de produção e reprodução de
conhecimento, atitudes, ideologias e teorias que fundamentam o novo modelo de
produção.
Complementando e convergindo com esta perspectiva, Canali (2009, p. 2)
afirma que:
A relação trabalho-educação reconfigura-se com o surgimento do modo de produção capitalista, e a escola é erigida à condição de instrumento por excelência para viabilizar o saber necessário à burguesia em célebre ascensão, em sociedade não mais pautada nas relações naturais, mas sim em relações produzidas pelo próprio homem.
31
A partir deste contexto, a Educação Profissional no Brasil tem como marco a
década de 30, período em que se configurou o início da industrialização no país,
possibilitando “a institucionalização de escolas superiores para a formação de
recursos humanos necessários ao processo produtivo.”(WITTACZIK, 2008, p.80).
Foi uma época de vasta ampliação do ensino industrial, fomentada por uma política
de constituição de novas escolas industriais e introdução de novas especialidades
nas escolas existentes.
Ainda, de acordo com publicação do MEC (BRASIL, 2008):
A Constituição Brasileira, de 1937, foi a primeira a abordar pontualmente o ensino técnico, profissional e industrial, estabelecendo, no artigo 129:
“O ensino pré-vocacional e profissional destinado às classes menos favorecidas é, em matéria de educação, o primeiro dever do Estado. Cumpre-lhe dar execução a esse dever, fundado instintos de ensino profissional e subsidiando os de iniciativa dos estados, dos municípios e dos indivíduos ou associações particulares e profissionais.
É dever das indústrias e dos sindicatos econômicos criar, na esfera de sua especialidade, escolas de aprendizes, destinadas aos filhos de operários ou de seus associados. A lei regulará o cumprimento desse dever e os poderes que caberão ao Estado sobre essas escolas, bem como os auxílios, facilidades e subsídios a lhes serem concedidos pelo poder público.”
Assim, em 13 de janeiro de 1937, foi assinada a lei 378, que transformava as Escolas de Aprendizes e Artífices em Liceus Profissionais, destinados ao ensino profissional, de todos os ramos e graus.
A começar deste período, que consolidou efetivamente a Educação
Profissional no Brasil, ocorreram diversas ações que modificaram o processo de
ensino profissionalizante, como se apresenta sinteticamente no quadro abaixo:
32
Quadro 1 – Síntese do percurso da Educação Profissional Brasileira
Fonte: elaborado pela autora
No entanto, cabe salientar a importância da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Brasileira, LDB 9.394, instituída em de 20 de dezembro de 1996, pois
elas, juntamente com a Constituição de 1988, reassumem o compromisso com a
educação profissional, bem como com a formação para o mundo do trabalho,
superando o aspecto assistencialista e de preconceito social, presentes nas
primeiras legislações da educação profissional do país, estabelecendo as diretrizes e
ANO EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL
1930 Criação do Ministério da Educação e Saúde Pública e estruturação da Inspetoria do Ensino Profissional Técnico, que passa a supervisionar as Escolas de Aprendizes Artífices.
1937 Assinada a Lei 378 que transforma as Escolas de Aprendizes e Artífices em Liceus Profissionais, destinados ao ensino profissional, de todos os ramos e graus.
1940 Criação de instituições responsáveis pela formação de mão-de-obra para a indústria e comércio, advento do chamado Sistema S.
1941-42
“Reforma Capanema”- remodelou o ensino no país, tendo como um de seus principais pontos o ensino profissional, que passa a ser considerado de nível médio; Decreto nº 4.127 - transforma as Escolas de Aprendizes e Artífices em Escolas Industriais e Técnicas, passando a oferecer a formação profissional em nível equivalente ao do secundário.
1959 Escolas Industriais e Técnicas são transformadas em autarquias com o nome de Escolas Técnicas Federais, passando a ter autonomia didática e de gestão.
1971 LDB nº. 5.692, torna, de maneira compulsória, técnico-profissional, todo currículo do segundo grau.
1978 Lei nº 6.545, três Escolas Técnicas Federais (Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro) são transformadas em Centros Federais de Educação Tecnológica - CEFETs.
1994
Lei nº 8.948 - dispõe sobre a instituição do Sistema Nacional de Educação Tecnológica, transformando gradativamente as Escolas Técnicas Federais e as Escolas Agrotécnicas Federais em Centros Federais de Educação Tecnológica – CEFETs.
1996
LDB nº. 9.394 - estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, dispondo um capítulo exclusivo sobre a Educação Profissional. Destaca-se o artigo 39, parágrafo único, onde está expresso que “o aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, bem como o trabalhador em geral, contará com a possibilidade de acesso à educação profissional”.
33
bases da educação nacional, dividindo as responsabilidades da orientação do
sistema educacional entre os municípios, estados e o Distrito Federal.
A LDB de 1996 trata a Educação Profissional de maneira global, destinando
um capítulo exclusivo (Capítulo III), a qual trata de forma sintética, porém clara, dos
níveis e modalidades de ensino, verticalização e relevância para o contexto social.
Contudo, a instituição da Lei nº. 11.741, de julho de 2008, altera a redação da
Lei nº 9.394, referente ao Capítulo III, Da Educação Profissional, redirecionando os
principais aspectos concernentes a educação profissional técnica de nível médio, da
educação de jovens e adultos e da educação profissional e tecnológica, a saber:
Art. 39 - A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia.
§ 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino.
§ 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos: I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; II – de educação profissional técnica de nível médio; III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação.
§ 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne a objetivos, características e duração, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação.” (BRASIL,2008)
Assim, entende-se que o atual modelo de educação profissional e tecnológica
diferencia-se plenamente do 2º Grau Profissionalizante, a qual se entendia “como
um adestramento a uma determinada habilidade sem o conhecimento dos
fundamentos dessa habilidade e, menos ainda, da articulação dessa habilidade com
o conjunto do processo produtivo” (SAVIANI, 1997, p. 40), e ainda, constitui-se em
uma possibilidade de formação ampla e integral, de um ensino que integra trabalho,
ciência e tecnologia.
Como se pode perceber, o cenário da Educação Profissional e Tecnológica
vigente perpassa um longo caminho, a qual, a partir da Lei n º 9.394, sofre diversas
34
alterações por meio de decretos, resoluções e pareceres, elegendo
regulamentações específicas a fim de melhor conduzir seus viézes.
Assim, em 17 de abril de 1997, foi publicado o Decreto Federal 2.208, que ao
regulamentar os artigos 39 a 42 (Capítulo III do Título V) e o § 2.º do artigo 36 da Lei
Federal n.º 9.394/96, estabeleceu as bases da reforma da Educação Profissional,
definindo três níveis para a educação profissional: básico, técnico e tecnológico, cujo
foco era promover a transição entre a escola e o mundo do trabalho, qualificando,
reprofissionalizando, especializando e aperfeiçoando jovens e adultos, de qualquer
nível de escolaridade, para seu melhor desempenho no exercício do trabalho.
Este decreto aborda também a desvinculação entre a educação profissional e
o ensino médio, ou seja, a organização curricular do ensino técnico passa a ser
independente do ensino médio, sendo ofertados cursos de forma concomitante ou
sequencial.
Outra questão relevante, estabelecida no Decreto 2.208/97, é em relação a
estruturação curricular, que a partir do Conselho Nacional de Educação – CNE,
serão definidas as diretrizes curriculares nacionais, desde a carga horária,
conteúdos, habilidades e competências, de acordo com cada área profissional.
Desta forma, em 1999, o Conselho Nacional de Educação, lança a Resolução
CNE/CEB nº 04/99, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional de Nível Técnico, apontando em seu Art. 2º, como diretirz:
O conjunto articulado de princípios, critérios, definição de competências profissionais gerais do técnico por área profissional e procedimentos a serem observados pelos sistemas de ensino e pelas escolas na organização e no planejamento dos cursos de nível técnico. (CNE/CEB nº 04/99)
Além disso, a resolução, em parágrafo único, objetiva um Ensino Técnico que
garanta o desenvolvimento permanente de aptidões para a vida produtiva e social,
através de uma educação profissional integrada às diferentes formas de educação,
trabalho, ciência e tecnologia, introduzindo efetivamente no ensino profissional a
ideia de competências profissionais específicas de acordo com a qualificação e
habilitação.
35
Entretanto, houve um período em que vigoraram reflexões e discussões
acerca o Decreto 2.208/97, principalmente ao que tange à separação entre o ensino
médio e a educação profissional, retomando-se a discussão sobre a educação
politécnica, a qual deveria ser compreendida como unitária e universal, destinada a
superar a dicotomia entre cultura geral e técnica orientada para “o domínio dos
conhecimentos científicos das diferentes técnicas que caracterizam o processo de
trabalho produtivo moderno” (PACHECO apud SAVIANI, 2012, p.26).
Tais discussões edificaram-se e deram origem, em 23 de julho de 2004, ao
Decreto 5.154, que em seu Art. 9º revoga o Decreto 2.208/97 e regulamenta o
parágrafo 2º do artigo 36 e os artigos 39 a 41 da LDB, cujo conteúdo foi incorporado
à LDB pela Lei 11.741/08.
Este decreto manteve as ofertas de cursos técnicos concomitantes e
subsequentes trazidas pelo Decreto 2.208/97, mas também trouxe de volta a
possiblidade de integração do ensino médio com a educação profissional técnica de
nível médio, “numa perspectiva que não se confunde totalmente com a educação
tencologica ou politécnica, mas que aponta em sua direção porque contém os
princípios em sua construção” (PACHECO, 2012, p.28), conforme expressa o Art. 4º:
A educação profissional técnica de nível médio, nos termos dispostos no § 2o do art. 36, art. 40 e parágrafo único do art. 41 da Lei no 9.394, de 1996, será desenvolvida de forma articulada com o ensino médio, observados:
I - os objetivos contidos nas diretrizes curriculares nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação;
II - as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino; e
III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico.
§ 1o A articulação entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino médio dar-se-á de forma:
I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, contando com matrícula única para cada aluno;
II - concomitante, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental ou esteja cursando o ensino médio, na qual a complementaridade entre a educação profissional técnica de nível médio e
36
o ensino médio pressupõe a existência de matrículas distintas para cada curso, podendo ocorrer:
a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis;
b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; ou
c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de intercomplementaridade, visando o planejamento e o desenvolvimento de projetos pedagógicos unificados;
III - subsequente, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino médio. (BRASIL, 2004)
Sob esta ótica, Frigotto, Ciavatta e Ramos, afirmam ainda que “o ensino
médio integrado ao ensino técnico, sob uma base unitária de formação geral, é uma
condição necessária para se fazer a ‘travessia’ para uma nova realidade “(2005,
p.43).
Além desta nova possibilidade de oferta de ensino, este Decreto oportunizou
uma liberdade maior de organização do ensino médio, por parte dos estados e
escolas, tomando-se como ditrizes os aportes citados pelo Conselho Nacional de
Educação, conforme descritos no CNE/CEB nº 39/04: “as Diretrizes Curriculares
Nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação não deverão ser
substituídas”, sendo que “não perderam a sua validade e eficácia, uma vez que
regulamentam dispositivos da LDB em plena vigência” (BRASIL, 2004).
Assim, este Decreto constitui-se em outro grande referencial quando fala-se
sobre educação profissional, pois a partir da abertura da possibilidade de oferta do
ensino médio integrado ao técnico, conforme descrito anteriormente, a LDB 9.394,
alterou seu texto, com fins de adequar-se a nova realidade educacional, por meio da
Lei 11.741/08.
Portanto, a educação profissional é regida por um apanhado de princípios,
ditadas pelas diretrizes curriculares nacionais para a educação profissional de nível
técnico, e outros que se referem às competências, interdisciplinaridade, organização
curricular, perfis dos futuros profissionais, atualização permanente dos cursos e seus
currículos e à autonomia da escola em seu projeto pedagógico.
37
Essas sucessivas reformas educacionais, geram um processo reflexivo
acerca do sistema educacional brasileiro, promovendo subsídios argumentativos que
embasam tais reformulações. Atualmente, este processo ocorreu através da
revogação da Resolução 04/99, a qual defenia as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, passando a vigorar a
Resolução CNE/CEB nº6/2012, que além de definir novas diretrizes, dá outras
providências.
Assim, o sistema de educação profissional, na atualidade, é guiado pela
Resolução CNE/CEB nº 6/2012, que em seu art. 6º apresenta seus princípios
norteadores, destacando-se alguns, a saber:
I - relação e articulação entre a formação desenvolvida no Ensino Médio e a preparação para o exercício das profissões técnicas, visando à formação integral do estudante;
III - trabalho assumido como princípio educativo, tendo sua integração com a ciência, a tecnologia e a cultura como base da proposta político-pedagógica e do desenvolvimento curricular;
IV - articulação da Educação Básica com a Educação Profissional e Tecnológica, na perspectiva da integração entre saberes específicos para a produção do conhecimento e a intervenção social, assumindo a pesquisa como princípio pedagógico;
V - indissociabilidade entre educação e prática social, considerando-se a historicidade dos conhecimentos e dos sujeitos da aprendizagem;
VI - indissociabilidade entre teoria e prática no processo de ensino-aprendizagem;
IX - articulação com o desenvolvimento socioeconômico-ambiental dos territórios onde os cursos ocorrem, devendo observar os arranjos socioprodutivos e suas demandas locais, tanto no meio urbano quanto no campo;
Considerando o exposto e os documentos – leis, decretos, pareceres e
resoluções, visando a atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Profissional Técnica de nível médio, percebe-se o quanto o ensino
profissional tem percorrido um longo caminho para adotar um modelo de
organização orientado para o desenvolvimento das competências profissionais e
para a formação de um indivíduo autônomo e pensante.
38
A adoção de medidas consistentes para democratizar o acesso a educação
profissional, para todas as classes sociais, faz-se imprescindível, visto que vislumbra
um meio, em um prazo menor de formação, de inserir-se no mercado de trabalho.
Frente a este cenário, e com o intento de corresponder às demandas
crescentes de mão-de-obra qualificada, o Governo Federal através da Lei nº
11.892/08, instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica e criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs),
descrevendo em seu Art. 2o :
Os Institutos Federais são instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos termos desta Lei. (BRASIL,2008)
Essas instituições, de acordo com Pacheco (2011), têm condições de
protagonizar um projeto político-pedagógico inovador, através de sua organização
pedagógica verticalizada do ensino, desenvolvendo uma formação teórica, técnica e
operacional, que habilita o aluno ao exercício profissional, conforme pode-se verificar
mais detalhadamente no tópico a seguir.
Por fim, a educação profissional é, antes de tudo, educação, e deve estar em
constante devir. Portanto, seguir os princípios explicitados na Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, nos Descretos e Resoluções, é contemplar na
formulação e no desenvolvimento dos projetos pedagógicos, das instituições de
educação profissional, ações que permitem a igualdade nas condições de acesso e
permanência na escola e demais princípios consagrados em seus conteúdos.
3.1.1 Rede Federal de Educação Profissional: O Instituto Federal Farroupilha
As instituições que hoje formam a Rede Federal de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica, são originárias da Lei nº 11.892/08, de 29 de dezembro de
2008, vinculadas ao Ministério da Educação - MEC, conforme descritos em citação
39
no tópico anterior, e constituem-se pelas seguintes instituições:
I - Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia - Institutos Federais;
II - Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR;
III - Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca - CEFET-RJ e de Minas Gerais - CEFET-MG;
IV - Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais; e (Redação dada pela Lei nº 12.677, de 2012)
V - Colégio Pedro II. (Incluído pela Lei nº 12.677, de 2012)
Parágrafo único. As instituições mencionadas nos incisos I, II, III e V do caput possuem natureza jurídica de autarquia, detentoras de autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar. (Redação dada pela Lei nº 12.677, de 2012)
Devido sua estruturação ser multicampi, sua abrangência no território
nacional se faz de forma expressiva, confirmando seu compromisso com o
desenvolvimento socioeconômico local e regional. Por conseguinte, o foco destas
instituições é promover a justiça social, a equidade e o desenvolvimento sustentável,
com vistas à inclusão social, respondendo de forma ágil e eficaz às demandas
crescentes por formação profissional (PACHECO, 2011, p.50).
Quanto à organização pedagógica, os Institutos Federais primam pela
integração, transversalidade e verticalização do ensino, da educação básica à
educação profissional e educação superior, conforme descrito em seu Art. 6o :
A verticalização, por seu turno, extrapola a simples oferta simultânea de cursos em diferentes níveis sem a preocupação de organizar os conteúdos curriculares de forma a permitir um diálogo rico e diverso entre as formações. [...]. A transversalidade auxilia a verticalização curricular ao tomar dimensões do trabalho, da cultura, da ciência e da tecnologia como vetores na escolha e na organização dos conteúdos, dos métodos, enfim, da ação pedagógica. (PACHECO, 2011, p.24-25)
Desta forma, o desenho curricular dos IFs (Institutos Federais), toma como
princípio a oferta de educação básica, principalmente em cursos de ensino integrado
à educação profissional técnica de nível médio, graduações tecnológicas,
licenciaturas e bacharelados em áreas da ciência e tecnologia, além de programas
40
de pós-graduação, assegurando, portanto, a formação inicial e continuada dos
alunos.
Vale destacar também, que esta lei que institui os IFs, toma o trabalho como
princípio educativo, pois sua “proposta pedagógica tem sua organização fundada na
compreensão do trabalho como atividade fundamental da vida humana e em sua
forma histórica, como forma de produção.” (PACHECO, 2011,p. 65).
Considerar o trabalho como princípio educativo equivale a dizer que o ser humano é produtor de sua realidade e, por isso, apropria-se dela e pode transformá-la. Equivale dizer, ainda, que somos sujeitos de nossa história e de nossa realidade. Em síntese, o trabalho é a primeira mediação entre o homem e a realidade material e social. (PACHECO, 2012, p.67).
A formação para o exercício profissional, tanto em nível superior, quanto no
médio técnico, é o objetivo, sendo que até as atividades de pesquisa e extensão
devem estar relacionadas ao mundo do trabalho, orientadas ao estudo e à busca de
soluções para as questões teóricas e práticas do cotidiano, contribuindo para a
construção da autonomia intelectual.
Na concepção deste cenário, adotando todas as diretrizes e concepções,
sendo de natureza jurídica de autarquia, detentor de autonomia administrativa,
patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar, encontra-se o Instituto
Federal Farroupilha, situado no estado do Rio Grande do Sul.
O Instituto Federal Farroupilha surgiu através da fusão e transformação do
Centro Federal Tecnológico de São Vicente do Sul, Escola Agrotécnica Federal de
Alegrete, Unidade Descentralizada de Júlio de Castilhos e Unidade Descentralizada
de Santo Augusto em uma nova instituição federal de ensino.
Atualmente o Instituto Federal Farroupilha – IFF, conta com 10 domicílios de
abrangência no estado, mais a reitoria, a saber: Câmpus Alegrete, Câmpus Júlio de
Castilhos, Câmpus Panambi, Câmpus Santa Rosa, Câmpus Santo Augusto, Câmpus
São Borja, Campus São Vicente do Sul, Câmpus Santo Ângelo, Núcleo Avançado
Jaguari, Câmpus Avançado Uruguaiana e a reitoria situada na cidade de Santa
Maria, e ainda os pólos de Educação a Distância existentes nas cidades de Alegrete,
Bagé, Canguçu, Santo Antônio da Patrulha, São Lourenço do Sul, Santa Maria,
41
Santa Rosa, Quaraí e São Borja, abrangendo um total de 38 cidades.
Com essa abrangência, o IFFarroupilha visa à interiorização da oferta de
educação pública e de qualidade, atuando no desenvolvimento local a partir da
oferta de cursos voltados para os arranjos produtivos, culturais, sociais e
educacionais da região.
Como forma de orientar o trabalho desenvolvido pelo IFFarroupilha (Instituto
Federal Farroupilha), a instituição segue os preceitos descritos em seu PDI – Plano
de Desenvolvimento Institucional, a qual foi contruído de forma coletiva e
domocrática, levando em consideração a realidade situacional de todas as unidades
que compõem o IFFarroupilha.
Portanto, o PDI tem “objetivo de reunir informações precisas e atualizadas de
cada unidade pertencente ao IFFarroupilha e, principalmente, a partir disso, definir
sua atuação e apresentar seu planejamento para o período compreendido entre
2009-2013.”(PDI, 2009-2013, p.1) Cabe notificar, que o PDI atual (2014-2018),
encontra-se em plena fase de construção.
O Plano de Desenvolvimento Institucional do IFFarroupilha, auxilia no
desenvolvimento e funcionamento da instituição, visto que traça um “plano para
atendimento das diretrizes pedagógicas, com critérios gerais para definição dos
projetos de cursos, aspectos relativos aos egressos, à integralização curricular, à
avaliação pedagógica, aos avanços tecnológicos e à educação a distância”. (PDI,
2009-2013, p.59)
Desta forma, os cursos ofertados seguem a autonomia ditada pela Lei nº
11.892/08, que institui os IFs, sendo ofertados cursos de acordo com as demandas
socioeconômicas de cada localidade, conforme também descritas no PDI.
Contudo, os cursos disponibilizados devem constar no Catálogo Nacional de
Cursos Técnicos (CNCT), publicação que sistematiza e organiza a oferta dos cursos
técnicos no país, iniciado em 2008, mas alterado em 2012. Esta nova versão conta
com a incorporação de 35 novos cursos e ainda com alterações, de alguns cursos já
42
existentes, para melhor adequar às normas vigentes, para melhor apresentar seu
perfil de formação ou ainda para figurar em outro eixo, mais adequado às
tecnologias utilizadas. (BRASIL, CNCT, 2012, p.4)
O CNCT apresenta a adoção da nomenclatura, a carga horária e o perfil
descritivo dos cursos, o que possibilita à instituição de ensino qualificar a oferta de
seus cursos e ao estudante uma maior aceitação no mercado de trabalho.
Além disso, a publicação contempla 220 cursos, distribuídos em 13 eixos
tecnológicos, e constitui-se em referência e fonte de orientação para a oferta dos
cursos técnicos no país. Quanto aos eixos tecnológicos, Pacheco destaca que:
Cada eixo tecnológico acolhe vários tipos de técnicas, mas não se restringe a suas aplicações, relacionando-se também a outras dimensões socioeconômicas. O caminho a ser percorrido na construção de currículos centrados na dimensão tecnológica passa pelos aspectos: material das tecnologias envolvidas na formação profissional pretendida; prático ou a arte do como fazer; e o sistêmico ou as relações técnicas e sociais subjacentes às tecnologias baseando-se na integração de conhecimentos e na união entre a concepção e a execução. (2010, p. 20)
Desta forma a instituição oferta os cursos de acordo com os eixos
tecnológicos constantes no CNCT, sendo de formação inicial e continuada, cursos
técnicos de nível médio (integrado e subsequente), superiores e cursos de pós-
graduação, além de outros Programas Educacionais fomentados pela Secretaria de
Educação Profissional e Tecnológica no Ministério da Educação (SETEC-MEC).
A construção curricular dos cursos ofertados pelo IFFarroupilha, de forma
integrada, tem origem na orientação legal e na necessidade de se definir um perfil
de currículo que supere a divisão entre o ensino profissionalizante e o básico.
Assim, a instituição propõe um currículo integrado que objetiva articular
trabalho/ensino, prática/teoria, ensino/pesquisa, ensino/extensão e comunidade,
fortalecendo as relações entre trabalho e ensino, desenvolvendo as aptidões do
educando para a vida produtiva, tendo como pano de fundo as características
socioculturais do meio em que este processo se desenvolve.
Com sua recente história institucional, o Instituto Federal Farroupilha, visa
43
constituir-se em referência na oferta de educação profisssional e tecnológica,
comprometida com as realidades locais, e ainda, por meio de um currículo
integrador, desenvolver as competências necessárias para o exercício da cidadania.
Todavia, além desta intenção, o Plano Nacional de Educação – PNE, traça
metas para a educação nacional, para o período vigente de 2011 a 2020, lançando
também desafios para a Educação Profissional, como se pode visualizar no item a
seguir.
3.1.2 Metas PNE 2011- 2020 e a Educação Profissional
O Plano Nacional da Educação - PNE surge através de um projeto de lei que,
após sua aprovação pelo governo federal, torna-se um instrumento que guiará o
processo de construção da educação, pela vigência de dez anos, renovando-se ao
término de cada período.
O PDE apresenta mecanismos para aprofundar o diagnóstico das condições da educação, para a melhoria da qualidade do ensino em todos os aspectos e para a democratização do acesso. Os pilares de sustentação do PDE são: financiamento adequado, avaliação e responsabilização dos agentes públicos que comandam o sistema educacional, formação de professores e valorização do magistério e gestão e mobilização das comunidades. (PDE 2011- 2020)
Com base em um amplo diagnóstico da educação nacional, suas
transformações e as principais demandas da sociedade, frente ao sistema
educacional, o PNE define diretrizes e metas a serem e cumpridas, seguidas das
estratégias específicas de concretização. Tanto as metas quanto as estratégias
contemplam iniciativas para todos os níveis, modalidades e etapas educacionais,
dentre eles a educação profissional.
Ao final da vigência do PNE 2002 – 2010, novas metas a serem alcançadas
pelo país até 2020 foram definidas e enviadas ao Congresso Nacional através do
Projeto de Lei 8530/10. No entanto, vale salientar que este projeto de lei foi
44
aprovado e sancionado pelo governo federal apenas no dia 25 de junho de 2014, e
publicado no Diário Oficial da União – Dou, no dia 26 de junho de 2014, pela Lei nº
13.005, a qual aprova o PNE 2011- 2020 e dá outras providências.
Dentre as diretrizes do PNE vigente, descritas em seu Art. 2º, consta a
melhoria da qualidade da educação, formação para o trabalho e cidadania,
promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do país, e ainda, expansão
do ensino público de qualidade, diretrizes que vão de encontro ao sistema
educacional do ensino profissional, dos Institutos Federais.
Para tanto, este documento dispõe em seu texto metas, constantes nos itens
de 10 a 14, afeitas mais especificamente aos IFs, a saber:
Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional.
Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público.
Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento público.
Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta ecinco por cento) doutores.
Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco mil) doutores. (PNE,2011 - 2020)
Seguindo a matriz conceitual da visão sistêmica da educação, cada meta
possui suas respectivas estratégias, a qual cabe apontar algumas, julgadas
essenciais, para o desenvolvimento do ensino profissional, como por exemplo:
Meta 10 - item 10.6) estimular a diversificação curricular da educação de jovens e adultos, articulando a formação básica e a preparação para o mundo do trabalho e estabelecendo inter-relações entre teoria e prática, nos eixos da ciência, do trabalho, da tecnologia e da cultura e cidadania, de forma a organizar o tempo e o espaço pedagógicos adequados às características desses alunos e alunas;
45
Meta 11 – item 11.1) expandir as matrículas de educação profissional técnica de nível médio na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, levando em consideração a responsabilidade dos Institutos na ordenação territorial, sua vinculação com arranjos produtivos, sociais e culturais locais e regionais, bem como a interiorização da educação profissional;
Meta 12 – item 12.2) ampliar a oferta de vagas, por meio da expansão e interiorização da rede federal de educação superior, da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e do sistema Universidade Aberta do Brasil, considerando a densidade populacional, a oferta de vagas públicas em relação à população na idade de referência e observadas as características regionais das micro e mesorregiões definidas pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, uniformizando a expansão no território nacional;
Meta 13 – item 13.7) fomentar a formação de consórcios entre instituições públicas de educação superior, com vistas a potencializar a atuação regional, inclusive por meio de plano de desenvolvimento institucional integrado, assegurando maior visibilidade nacional e internacional às atividades de ensino, pesquisa e extensão;
Meta 14 – item 14.6) ampliar a oferta de programas de pós-graduação stricto sensu, especialmente os de doutorado, nos campi novos abertos em decorrência dos programas de expansão e interiorização das instituições superiores públicas. (PNE 2011-2020) [grifos da autora]
Por meio das metas e estratégias traçadas pelo PNE, percebe-se que o
principal desafio posto a rede federal de educação profissional, é a sua expansão,
visando a verticalização do ensino, aliada a qualidade, promovendo a partir da
diversificação de conteúdos curriculares, uma formação integral para o mundo do
trabalho.
Fica claro, portanto, nos textos transcritos do documento, o quanto a
educação profissional, técnica e tecnológica é importante no sistema educacional
brasileiro, bem como para o processo de desenvolvimento socioeconômico e cultural
do país.
Entretanto, com o intuito de melhor compreender o processo de construção e
desenvolvimento do ensino, conforme descritas nas Leis, Decretos, Resoluções e,
ainda, no PNE, faz-se necessário compreender os conceitos que envolvem a ideia
de competências na educação. Deste modo, o item a seguir discorre sobre o
assunto.
46
3.2 SOBRE A IDEIA DE COMPETÊNCIAS
Diversos são os conceitos que envolvem a palavra competência, mas o
presente estudo toma como ideia do termo competência com origem na Teoria da
Epistemologia Genética, do biólogo suíço Jean Piaget.
A Teoria da Epistemologia Genética estuda a construção das estruturas
cognitivas do ser humano, através do entendimento de como suge o conhecimento,
sendo explicado por meio do desenvolvimento de processos biológicos e cognitivos,
que ocorrem a partir de fatores como: experiência, transmissão social, equilibração,
desequilibração, assimilação, acomodação, maturação ou amadurecimento.
Em suas pesquisas, Piaget observou o comportamento e interação do sujeito
(crianças e adolescentes) com o objeto, percebendo que ambos são construídos por
constantes estruturas mentais, as quais estão divididas em estágios, conforme o
desenvolvimento cognitivo individual, tendo como centro no centro do seu processo
de adaptação esquemas.
Os estágios de desenvolvimento destas estruturas, segundo o estudioso,
ocorrem de diferentes formas, dependendo das experiências vividas e das
experimentações individuais com os objetos do conhecimento. Assim, Piaget, os
divide em quatro períodos principais:
Quadro 2: Estágios de Desenvolvimento Cognitivo de Piaget
Fonte: FERRACIOLI, 1999.
47
No estágio, sinônimo de estádio (conforme escrito na figura 1), sensório
motor, ou pré-verbal, a criança procura coordenar e integrar as informações que
recebe pelos sentidos e elabora o conjunto de subestruturas cognitivas ou
esquemas de assimilação, que servirão de base para a construção das futuras
estruturas decorrentes do desenvolvimento (FERRACIOLI, 1999).
Já o segundo, pré-operatório ou simbólico, ocorre o aparecimento da função
semiótica da linguagem, consistindo na representação de objetos ou
acontecimentos, “tornando possível, por exemplo, a aquisição da linguagem ou de
símbolos coletivos.” (FERRACIOLI, 1999, p.8).
No estágio operatório-concreto, caracterizado por uma série de estruturas em
vias de acabamento, como as classificações, seriações, as operações
multiplicativas, entre outras (PIAGET, 1975), o conhecimento forma-se por meio de
ações efetuadas sobre os objetos.
E no quarto, operatório-formal, no período na adolescência, tem-se o
pensamento abstrato, o raciocínio não baseado apenas em objetos ou realidades
observáveis, mas também situações hipotéticas, permitindo a construção de
reflexões e teorias.
As descrições suscintas de todos os estágios, oriundos dos estudos da
epistemologia genética, de Jean Piaget, servem apenas para contextualizar o
aparecimento da ideia, conceito de competências no âmbito educacional, visto que
estes auxiliaram a construção da proposta político-pedagógica do Construtivismo.
A abordagem construtivista, baseada nos trabalhos de Piaget, indica que o
conhecimento é construído na relação do sujeito com os objetos do mundo externo,
buscando a construção do conhecimento e, por consequência, a aprendizagem, com
autonomia, ou seja, o estudande deve ser um participante ativo na formação de sua
própria aprendizagem, coordenando e diversificando continuamente seu
conhecimento.
A partir desta ideia, usando como alicerce a obra de Jean Piaget, Perrenoud,
48
aborda a questão da construção das competências no âmbito escolar, onde o aluno
e a aprendizagem passam a ser o centro, no currículo formado por competências.
Desta maneira, o conceito de competência difundido por Perrenoud, relaciona
a noção de competência à “capacidade de um sujeito de mobilizar o todo ou parte de
seus recursos cognitivos e afetivos para enfrentar uma família de situações
complexas.” (PERRENOUD, 2001, p.21)
Assim, o conceito de competência, de acordo com o Perrenoud (2001, p. 20),
é “o conjunto dos recursos que mobilizamos para agir. Os saberes, eruditos ou
comuns, compartilhados ou privados, fazem parte desses recursos, porém não os
esgotam.”
Ainda, a título de melhor embasar e conceituar o termo, dentre outros autores
contemporâneos, destacam-se Zabala e Arnau, as quais conceituam como:
A competência identificará aquilo que qualquer pessoa necessita para responder aos problemas aos quais de deparará ao longo da vida. Portanto, competência consistirá na intervenção eficaz nos diferentes âmbitos da vida mediante ações nas quais se mobilizam, ao mesmo tempo e de maneira inter-relacionada, componentes atitudinais, procedimentais e conceituais. (ZABALA; ARNAU, 2010, p. 37)
Tal entendimento tem origem a partir da análise de diversas definições, e
listagem das ideias principais, formando a síntese representada no quadro a seguir:
Quadro 3: O que é Competência?
49
Fonte: Zabala; Arnau, 2010, p.37
Por conseguinte, pode-se dizer que, o ensino baseado pela construção de
competências, que afasta clássicos paradigmas e dicotomias educacionais, como
por exemplo, compreender e memorizar, teoria e prática, dentre outras, fomentando
o aluno a resolver problemas cotidianos, inter-relacionando os conhecimentos às
habilidades e atitudes.
Quanto aos conhecimentos, habilidades e atitudes, cabe aqui fazer alguns
apontamentos, a título de melhor compreensão.
De acordo com Roberto Gagné (1916–2002), existem 5 (cinco) classes
principais de capacidades humanas que podem ser aprendidas: informações
verbais, estratégias cognitivas, habilidades intelectuais, habilidades motoras e
atitudes. Entretanto, o autor subdivide-as em três grandes grupos de hierarquias de
aprendizem (capacidades humanas = competências) : Conhecimentos, Habilidades
e Atitudes.
Desta forma, Gagné, apresenta que os conhecimentos formam-se a partir de
informações verbais, a qual é a capacidade de verbalizar informações armazenadas
na memória, e também por meio de estratégias cognitivas, cuja capacidade é
escolher um processo mental que conduza ao desempenho de uma tarefa ou à
resolução de um problema. Já as habilidades, constituem-se por intelectuais e
50
motoras, intelectuais pela capacidade de discriminar, classificar e aplicar algo e
motoras pela capacidade de desempenhar alguma atividade física. E por fim, a
atitudes, ligadas a capacidade de adotar determinado comportamento, posicionar-se
em concordância com valores e crenças adquiridos.
Zabala e Arnau (2010) descrevem que para alcançar as competências nas
dimensões social, interpessoal, pessoal e profissional, em um contexto real, como no
espaço escolar, por exemplo, os conteúdos de aprendizagem devem responder às
questões:
O que é necessário saber? (os conhecimentos, os conetúdos conceituais). O que se deve saber fazer? (as habilidades, os conteúdos procedimentais). De que forma se deve ser? (as atitudes, os conteúdos atitudinais) (ZABALA; ARNAU, 2010, p.85)
Assim, é oportuno refletir e enfrentar o desafio posto, de como proceder para
construir e desenvolver estas capacidades (conhecimentos, habilidades e atitudes),
para que se possa decidir quais competências são objeto da educação, e suas
finalidades, contribuindo para o pleno progresso da personalidade do aluno em
todos âmbitos da vida. (ZABALA, ARNAU, 2010)
Um ensino baseado no desenvolvimento das competências provém, em boa medida, da necessidade de uma alternativa a modelos formativos os quais priorizam o saber teórico sobre o prático, o saber pelo saber e, por outro lado, que a maioria das declarações atuais sobre o papel do ensino se direcionam a considerar que ele deve se orientar para o desenvolvimento de todas as capacidades do ser humano, ou seja, para a formação integral da pessoa. (ZABALA; ARNAU, 2010, p. 55)
Logo, a formação integral é o cerne da pedagogia das competências. Integral
pelo fato de objetivar prover aos estudantes atitudes flexíveis, ajustando-os as
constantes e significativas mudanças do mundo do trabalho, à globalização e à
crescente inovação tecnológica, e por reconhecer a importância das competências
dos seus trabalhadores em detrimento da técnica e não apenas para uma função
específica.
Para tal, a ideia da formação integral, hoje já é prevista na Educação
Profissional, constante em um seus princípios norteadores, no Art.6º: “relação e
51
articulação entre a formação desenvolvida no Ensino Médio e a preparação para o
exercício das profissões técnicas, visando à formação integral do estudante”.
A atual política pública, referente à educação profissional, desenvolvida pelos
Institutos Federais, tem como centro do seu processo de formação, o currículo
organizado em torno da construção das competências. Portanto, o currículo deve
estar direcionado à nova exigência do contexto educacional vinculado ao social,
para que o aluno seja devidamente orientado para enfrentar situações complexas e
solucionar problemas existentes nas organizações na área de sua formação.
Dessa forma, a qualificação profissional deixa de ser vista apenas como um conjunto de saberes e habilidades adquiridas em processos formais de educação como a escola e treinamentos nas empresas - mas engloba também outros conhecimentos técnicos e relacionais- como o saber tácito, outras habilidades comportamentais e mesmo a resistência dos trabalhadores no processo produtivo. (DALBEN, 2010, p.402)
O currículo centrado no desenvolvimento das competências, pressupõe uma
certa proatividade do educando, a qual deve ser estimulado a desenvolver
determinadas competências comportamentais, valorizando seus saberes prévios,
mobilizando diferentes dimensões do sujeito para além do conhecimento (DALBEN,
2010).
No entanto, para que isto ocorra, faz-se necessário uma mudança radical na
concepção curricular, pois o currículo deve estimular o aluno a entender a
complexidade do mundo real, contemplando todas as dimensões do
desenvolvimento pessoal, deixando de restringir-se a uma lista interminável de
conteúdos mínimos, e servindo como guia de orientação para o processo educional.
O currículo deve ser concebido de maneira tão flexível e dinâmica que permita o surgimento do “currículo emergente”, que facilite que cada aluno e que cada grupo em qualquer momento e apoiado em seus interesses e propósitos apresente novas propostas de conteúdos, problemas, informações e focos de interesse. (SACRISTÁN, 2011, p.96)
Diante deste novo enfoque, cabe esclarecer que esta mudança não deve
ocorrer apenas no plano documental e teórico, e sim em todo sistema educacional
que se propõe trabalhar o ensino por meio das competências. “Exige uma mudança
52
de olhar, de crenças e de práticas, na administração, nos professores e na
sociedade em geral.” (SACRISTÁN, 2011, p.93)
Ao professor, compete desenvolver competências básicas para que o aluno
adquira conhecimentos, informações e habilidades, com o intuito de melhor
desempenhar suas atividades profissionais e sociais, resolvendo problemas e
situações que surgem no seu dia-a-dia. Logo, para garantir uma formação
profissional significativa, as competências necessárias do corpo docente, segundo
Perrenoud (2000, p. 13) são:
1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem. 2. Administrar a progressão das aprendizagens. 3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação. 4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho. 5. Trabalhar em equipe. 6. Participar da administração da escola. 7. Informar e envolver os pais. 8. Utilizar novas tecnologias 9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão. 10. Administrar sua própria formação contínua.
Assim sendo, Cordão (2002, p. 15), diz que o conceito de competência no âmbito da educação profissional:
Amplia a responsabilidade das instituições de ensino na organização dos currículos de Educação Profissional, na medida em que exige a inclusão, entre outros, de novos conteúdos, de novas formas de organização do trabalho, de incorporação dos conhecimentos que são adquiridos na prática, de metodologias que propiciem o desenvolvimento de capacidades para resolver problemas novos, comunicar idéias, tomar decisões, ter iniciativa, ser criativo e ter crescente autonomia intelectual, num contexto de respeito às regras de convivência democrática e em condições de monitoramento do próprio desenvolvimento pessoal e profissional. (CORDÃO, 2002, p.15)
Com base na afirmação citada acima, por Cordão (2002), percebe-se que é
importante o diálogo entre os diversos tipos de conhecimento, para que as
distâncias entre os conteúdos sejam diminutas, e a conjunção entre os múltiplos
saberes sirvam de ligação entre as disciplinas, estando em constante renovação.
Outra questão relevante acerca do desenvolvimento das competências, e que
faz parte deste processo, é a avaliação. A avaliação de competências é ato
complexo, pois conhecer o nível de domínio que os alunos adquiriram, implica
53
entender situações-problema, que simulam cenários reais, e dispor de meios
avalitativos para cada componente da competência. (ZABALA; ARANAU, 2010)
O objetivo da avaliação consiste em averiguar o grau de aprendizagem adquirido em cada um dos diferentes conetúdos de aprendizagem os quais configuram uma competência, mas em relação a uma situação que dê sentido e funcionalidade aos conteúdos e às atividades de avaliação. Pretende-se com isso que os alunos não apenas sejam capazes de realizar ações pontuais ou responder a questões reais, mas também que sejam competentes para agir diante de realidades, integrar este conhecimento, habilidade ou atitude e, portanto, que possibilite sua utilização em outros contextos. (ZABALA; ARNAU, 2010, p.175-176)
Para Perrenoud (2000), o processo avaliativo das competências, deve ter
caráter formativo, presente na relação diária entre aluno e professor, onde o docente
interessa-se “em tomar a amplitude do trabalho de observação e interpretação
proporcional à situação singular do aluno, em uma lógica de resolução de
problemas”. (2000, p.49)
O importante é integrar avaliação contínua e didática, aprender a avaliar para ensinar melhor, em suma, não mais separar avaliação e ensino, considerar cada situação de aprendizagemcomo fonte de informações ou hipóteses preciosas para delimitar melhor os conhecimentos e a atualçao do aluno. (PERRENOUD, 2000, p.50)
Em conformidade com este pensamento, Sacristán e cols.(2011), registram
que a avaliação é parte integrante do processo educacional, ou seja, constitui-se no
mesmo processo de ensino-aprendizagem, não podendo ser um apêndice do
ensino. Detacam ainda que:
À medida que um sujeito aprende, simultaneamente avalia discrimina, valoriza, opina, raciocina, fundamenta, decide, delibera, argumenta, opta... entre o que considera que tem valor em si e aquilo que carece de valor. Essa atividade avaliativa, que se aprende, é parte do processo educacional, que como tal é continuamente formativo. (SACRISTÁN e cols., 2011, p.256)
Desta forma, para o aluno ser competente, em todas atividades da vida, deve
ser capaz de dominar inúmeros procedimentos e dispor da reflexão e dos meios
teóricos que os fundamentem. “A melhoria da competência implica a capacidade de
refletir sobre sua aplicação, e para alcançá-la, é necessário o apoio do
conhecimento teórico.” (ZABALA; ARNAU, 2010, p. 49)
Logo, torna-se imprescindível conduzir um processo de ensino onde os
54
alunos possam realizar e expor informações constantemente, e que o professor, por
meio do processamento e conhecimento destas ações, consiga auxiliá-los
individualmente para aprimorar seu nível de competência.
Com tudo isso, o reconhecimento e a noção sobre a construção das
competências no contexto educacional, reordenou a concepção de formação e
trabalho, baseando-se na individualização, e consolidando um modelo de educação
que objetiva a adaptação do indivíduo, em um cenário mercadológico de constantes
mudanças, com implicações e possiblidades, do mundo do trabalho, através de suas
competências.
A vinculação entre trabalho e educação, está intimamente ligada ao conceito
de competência, pelo fato de situações inerentes e concretas de trabalho, como
saber, saber fazer, saber ser e conviver, serem capacidades pessoais que devem
ser articuladas e desenvolvidas. Assim, “o desempenho no trabalho pode ser
utilizado para aferir e avaliar competências, entendidas como um saber operativo,
dinâmico e flexível, capaz de guiar desempenhos num mundo do trabalho em
constante mutação e permanente desenvolvimento.” (CNE/CEB nº 16/99, p.25)
Esta ideia de formação baseada nas competências amplia a responsabilidade
das instituições de ensino, como nos Institutos Federais, a qual devem reorganizar
seus currículos de educação profissional, de forma a melhor adequarem seu
processo de ensino, incorporando conhecimentos adquiridos na prática, novas
formas de organização do trabalho, metodologias que propiciem o desenvolvimento
de capacidades para resolver problemas, dentre outros aspectos, em um contexto
social cada vez mais complexo e dinâmico em suas descobertas e transformações.
Após estes concisos registros sobre a ideia do que é competência, o tópico a
seguir discorre brevemente sobre a relação das competências e o Design.
55
3.2.1 O Design e suas competências
Ao partimos da conceituação teórica sobre o que é Design, percebemos uma
vasta bibiliografia que tecem diversos conceitos, porém todos com um denominador
comum: que a atividade começou a ser reconhecida, historicamente, a partir da
industrialização e que o cerne do entendimento sobre o que é design, é que ele se
constitui em uma atividade multidisciplinar e interdisciplinar, na qual se apropria de
conhecimentos teóricos e práticos para a criação e concretização de ideias
inovadoras, que possuam funções prática, simbólica e estética e que permitem uma
melhor interação usuário – produto, além meramente da estética.
Desta forma, percebe-se quanto o Design aproxima-se muito com da ideia do
ensino baseado em competências, pois, se tomarmos como espinha dorsal do
ensino do Design o ato projetual, por exemplo, o desenvolvimento de todo e
qualquer tipo de artefato deve alinhar conhecimentos, habilidades e atitudes
específicas e gerais para que a elaboração do projeto seja efetiva. Afinal, ao atuar
na área do design o profissional “necessita de um olhar para o todo, e isso só é
possível no diálogo entre os diferentes saberes e entre as pessoas”. (BIAVA,
SALAZAR, BUGLIANI, 2014, p.159)
Isso implica um acervo de conhecimentos oriundos de diversas áreas, entre elas: da antropologia, da psicologia, da sociologia, da arte, da ergonomia, da semiótica, da tecnologia, da ciência dos materiais, das técnicas de representação, da economia, da administração, do marketing, da proxêmica, da informática, aplicados simultaneamente na criação e no desenvolvimento de projetos, sejam eles na área gráfica, na digital, na moda, na moveleira, na de jóias, na automobilística, na calçadista, na de interiores. (FONTOURA, 2011, p.92)
Como se percebe, para que o profissional do segmento do design esteja apto
para atuar, ele deve saber articular relações transversais, isso quer dizer que as
competências exigidas para tal dependem de uma boa formação.
Neste sentido, de acordo com Krucken (2008), é oportuno indagar: Quais as
competências que o design precisa desenvolver na sociedade contemporânea? E
ainda, como fazer isso durante o processo formativo do futuro profissional?
56
Para Biava, Salazar e Bugliani (2014, p.159), a formação disciplinar é
paradoxal ao propósito da área, visto que inviabiliza o desenvolvimento das
competências necessárias que o profissional precisa para realizar uma complexa
rede de associações, além de prejudicar também o entendimento de como essas
associações ocorrem diante das particularidades de cada projeto.
Por isso pensar o ensino do design associado ao desenvolvimento das
competências – conhecimentos, habilidades e atitudes- que vão além do âmbito
profissional específico, se faz de suma importância na atual fluida e complexa
sociedade contemporânea. Ressalta-se ainda, segundo Kruken (2008, p.23) “a
importância do desenvolvimento das competências relacionadas à visão sistêmica, a
análise simbólica e ao estabelecimento de relações transversais com outras
disciplinas e atores.”
No entanto, no plano prático, correlacionar e integrar as informações durante
o processo de ensino-aprendizagem é um desafio posto, visto que na grande
maioria das vezes há certo distancianciamento entre as instituições de ensino - com
o que o aluno recém-formado aprendeu em seu percurso acadêmico - e o que o
mercado empregador efetivamente quer. Em suma, devem estar em sintonia para
que se consiga ofertar um ensino que garanta empregabilidade aos seus alunos.
Assim, as instituições de ensino, que ofertam cursos na área do design,
possuem como incumbência preparar profissionais para o mercado de trabalho, que
atuem permeando os múltiplos caminhos que contituem o design.
Com a intenção de garantir a criatividade, flexibilidade e responsabilidade, da
criação das propostas curriculares de cursos da área do Design e afins, as Diretrizes
Curriculares Nacionais (2004) ditam o norte que as mesmas devem seguir.
As Diretrizes Curriculares Nacionais descrevem também que o designer deve
ter formação generalista, sólida e abrangente em conteúdos dos diversos campos de
atuação, preparação adequada à aplicação do conhecimento e de áreas
profissionais afins, claramente observados na concepção do ensino baseado nas
competências.
57
Tais competências constantes neste documento, as quais tratam da formação
geral do designer, encontram-se especificamente descritas na íntegra no tópico:
“4.2.2 Aproximações entre as competências em Cursos de Design e o Curso Técnico
em Móveis do IFFarroupilha”, a qual faz uma breve relação das competências
previstas para o egresso de cursos de Design e o Técnico em Móveis.
Para que o desenvolvimento das competências prognosticadas para os
cursos de Design e afins, o ensino deve ser tão dinâmico quanto os cenários
cotidianos, estando em constante devir, de modo que transpassem um modelo de
ensino repetitivo e ultrapassado, estabelecendo por consequência uma melhor
relação com o mercado empregatício.
O modelo de competências para design não pode restringir-se à dimensão técnico-instumental, tornando-se uma simples estratégia de adaptação às necessidades do processo produtivo. É importante que os projetos educacionais articulem educação geral e educação profissional, transcendendo a dimensão da formação profissional, buscando desenvolver uma percepção humanística e eticamente responsável pelo conhecimento acadêmico-científico. (MARTINS, SANTOS, 2008, p.6)
“Pensar no papel do designer em formação, como fruto de uma relação
global que inclui o meio, a subjetividade e a visão coletiva decorrente da cultura é o
novo caminho a ser trilhado.” (COUTO, 2008, p. 70). Simplesmente pelo fato de que
os conhecimentos que devem ser contruídos pelos estudantes deste meio são
inúmeros.
Diante deste cenário, averiguar e refletir sobre o papel da instituição de
ensino, do mercado de trabalho e suas relações na área do design, se faz relevante,
pois as partes envolvidas muitas vezes têm percepções diferentes sobre o design,
suas competências e ramificações no campo de atuação.
Desta maneira, a secção a seguir trata da contextualização do estudo,
descrevendo o lócus, atores e demais informações julgadas pertinentes para o
estudo.
58
4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA
Este capítulo contextualiza o universo de pesquisa, descrevendo o local e os
sujeitos envolvidos no estudo.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL E SUJEITOS ENVOLVIDOS NA PESQUISA
Para fins de melhor compreensão sobre o estudo proposto, faz-se necessário
entender o contexto onde a pesquisa se aplica, bem como a descrição dos sujeitos
envolvidos.
Assim, o local do estudo é o Instituto Federal Farroupilha, Câmpus Santa
Rosa, oficialmente instituído no dia 19 de dezembro de 2009, e seu funcionamento
autorizado em 01 de fevereiro de 2010, pela Portaria n° 99 de 29 de janeiro de 2010,
iniciando suas atividades letivas no mês seguinte.
O Câmpus Santa Rosa está localizado na Mesorregião do Noroeste do Rio
Grande do Sul, formada por treze (13) microrregiões, sendo a microrregião de Santa
Rosa formada treze (13) municípios: Alecrim, Cândido Godói, Independência, Novo
Machado, Porto Lucena, Porto Mauá, Porto Vera Cruz, Santa Rosa, Santo Cristo,
São José do Inhacorá, Três de Maio, Tucunduva e Tuparendi.
A economia desta região está baseada na agricultura familiar, indústrias de
máquinas e implementos, ou seja, no setor agroindustrial em geral, contudo, o
crescente setor produtivo moveleiro também tem colaborado para o desenvolvimento
econômico regional.
A partir desta perspectiva, com fins de atender a sucessiva demanda por
profissionais preparados para atuarem nestes segmentos, o IFFarroupilha – Câmpus
Santa Rosa, oferta os seguintes cursos: Curso Técnico em Meio Ambiente
Subsequente ao Ensino Médio, oferecido nas modalidades presencial e a distância;
Curso Técnico em Edificações Integrado e Subsequente ao Ensino Médio; Curso
59
Técnico em Alimentos Subsequente ao Ensino Médio; Curso Técnico em Móveis
Integrado e Subsequente ao Ensino Médio; Curso Técnico em Eletromecânica
Subsequente ao Ensino Médio; Curso Técnico em Vendas Subsequente ao Ensino
Médio nas modalidades presencial e a distância e Curso Técnico em Vendas
Integrado ao Ensino Médio - Programa de Integração da Educação Profissional com
o Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA, e
também dois cursos superiores: Licenciatura em Matemática e Ciências Biológicas,
e Bacharelado em Administração e Arquitetura e Urbanismo.
Logo, através da disponibilização de cursos que visam qualificar a mão-de-
obra regional, a instituição busca ser promotora do desenvolvimento regional,
cumprindo sua missão de promover a educação profissional, científica e tecnológica
de qualidade, formando “cidadãos críticos, autônomos e empreendedores,
comprometidos com o desenvolvimento sustentável”. (IFFARROUPILHA, 2010, p.09)
Assim, o local do estudo é o Instituto Federal Farroupilha, Câmpus Santa
Rosa, mais precisamente, o Curso Técnico em Móveis, nas modalidades integrada e
subsequente ao ensino médio, sendo os atores envolvidos: alunos egressos do
curso e o empresariado do setor moveleiro regional.
Para tal, a seguir contextualiza-se detalhadamente o cenário de estudo e seus
atores.
4.2 O CENÁRIO: O CURSO TÉCNICO EM MÓVEIS
A escolha do Curso Técnico em Móveis teve como procedimentos iniciais a
realização de audiências públicas, promovidas pela coordenação regional de
educação e a comunidade em geral, representados por membros da indústria,
comércio e o poder público, com fins de solicitar cursos técnicos que colaborassem
para o desenvolvimento regional. Assim, após a indicação de sete cursos técnicos,
por meio de ato público, foram homologados e definidos os cursos a serem
implantados, dentre eles o Técnico em Móveis.
Desta forma, a criação e aprovação do Projeto Pedagógico de Curso, do
60
curso Técnico em Móveis, deu-se pela Resolução 005/2010 AD REFERENDUM de
22 de fevereiro de 2010, sendo reformulado pela Resolução CONSUP nº 59, de 07
de novembro de 2011, iniciando suas atividades em março de 2010. Assim o curso
passou a vigorar nas formas integrada e subsequente ao ensino médio.
Os requisitos e formas de acesso para ingresso, para o curso integrado ao
ensino médio, é a comprovação de conclusão do ensino fundamental, mediante
apresentação do histórico escolar e processo seletivo conforme previsão institucional
em regulamento e edital específico, ou ainda, por transferência de acordo com
regulamento institucional vigente ou determinação legal; e para o subsequente ao
ensino médio, é necessário ter o ensino médio concluído e comprovado mediante
certificação legal.
Quanto ao seu funcionamento, o Curso Técnico em Móveis, integrado ao
ensino médio, possui regime letivo anual, na modalidade presencial, funcionando
nos turnos matutino e vespertino, com tempo de duração de 3 anos. A carga horária
total do curso é de 3659 horas relógio, com estágio curricular supervisionado
obrigatório.
Já na modalidade subsequente ao ensino médio, o regime letivo se faz
semestral, de forma presencial, sendo o turno de oferta o noturno, com tempo de
duração de 3 semestres. A carga horária perfaz um total de 1280 horas de formação
teórico-prática. Incluso nesta carga horária estão previstas 180 horas reservadas
para as Práticas Profissionais, 80 horas de Estágio e 200 horas de Atividades
Complementares.
Cabe apontar que, as descrições referente as cargas horárias e prazo de
duração do curso, bem como as organizações curriculares descritas mais adiante,
fazem parte do Projeto Pedagógico de Curso– PPC, vigente até o ano de 2013.
No que se refere às instalações do curso, além do uso das salas de aula
convencionais, há oferta de sala de desenho, laboratório de informática, criatividade
e de produção, onde é disponibilizado todo maquinário necessário para a produção
de mobiliário.
61
O Curso Técnico em Móveis, integrado e subsequente ao ensino médio,
justifica-se pelo atendimento de formação em nível de intrução técnica de métodos e
processos, demandados pelo mercado moveleiro regional, conforme solicitação feita
em audiências públicas, no ato de criação do curso, que através do investimento e
constituição de um pólo moveleiro regional e da instalação de fábricas de
beneficiamento da madeira, geram exigências específicas de perfil profissional,
tonando a qualificação da mão-de-obra uma necessidade.
Neste contexto, o curso visa qualificar sujeitos capazes de atender à
demanda do setor e contribuir para o desenvolvimento da região de forma
comprometida com a qualidade dos serviços, segurança sua e dos seus colegas,
respeitando o meio ambiente e preservando os recursos naturais, cumprindo seu
papel social de cidadão.
O Técnico em Móveis poderá atuar em Instituições públicas e privadas,
indústria de móveis, escritórios de design e arquitetura e lojas de móveis planejados
e decoração, além do terceiro setor.3
Em consonância com o desenvolvimento do setor moveleiro da região, de
acordo com o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, o Curso Técnico em Móveis
enquadra-se no eixo de Produção Industrial, a saber:
Compreende tecnologias relacionadas aos processos de transformação de matéria-prima, substâncias puras ou compostas, integrantes de linhas de produção específicas. Abrange planejamento, instalação, operação, controle e gerenciamento dessas tecnologias no ambiente industrial. Contempla programação e controle da produção, operação do processo, gestão da qualidade, controle de insumos, métodos e rotinas. É característica deste eixo a associação de competências da produção industrial relacionadas ao objeto da produção, na perspectiva de qualidade, produtividade, ética, meio ambiente e viabilidade técnico-econômica, além do permanente aprimoramento tecnológico. Ética, normas técnicas e de segurança, redação de documentos técnicos, raciocínio lógico, empreendedorismo, além da capacidade de compor equipes, com iniciativa, criatividade e sociabilidade, caracterizam a organização curricular destes cursos.(CATÁLOGO NACIONAL DOS CURSOS TÉCNICOS, p. 119)
3 A sociedade civil é dividida em três setores, primeiro, segundo e terceiro. O primeiro setor é formado pelo Governo, o segundo setor é formado pelas empresas privadas, e o terceiro setor são as associações sem fins lucrativos.
62
Neste âmbito, cabe ressaltar que, atualmente a cadeia produtiva de mobiliário
tem-se destacado como um dos setores mais diversificados e dinâmicos da
economia do país, fazendo parte de um segmento de mercado de grande influência
na economia e também no processo de desenvolvimento.
Logo, o Curso Técnico em Móveis, objetiva, num âmbito geral, capacitar
profissionais em nível médio, de forma interdisciplinar, habilitando-os a desenhar,
planejar e executar móveis de maneira criativa e inovadora, otimizando os aspectos
estético, formal e funcional, ajustando-os aos apelos mercadológicos e às
necessidades do usuário. (IFFARROUPILHA, 2010, p. 16)
Porém, para que a ordenação sistemática do pensamento, conceitos e
conhecimentos aconteçam, faz-se necessário, de forma pontual, o emprego de
ações, as quais fomentam e direcionam a capacidade projetual do profissional
habilitado para atuar no setor, e é sob esta ótica que o Curso Técnico em Móveis
visa capacitar seus futuros profissionais.
Desta maneira, o tópico a seguir, apresenta a organização didático-
pedagógica do Curso Técnico em Móveis, integrado e subsequente ao ensino
médio, sua estruturação curricular, como também aponta as competências
construídas e desejadas ao término da formação discente.
4.2.1 Projeto Pedagógico do Curso e a Organização Curricular
Na atualidade, questões referentes ao currículo tem se constituído alvo
frequente no contexto educacional, pois a partir dele é que se desenvolvem as
ações que nortearão o processo de ensino-aprendizagem.
De acordo com Moreira e Candau (2007) à palavra currículo associam-se
diversos entendimentos, as quais originam-se de variados modos de como a
educação é concebida, além de influências teóricas e diferentes fatores sócio-
econômicos, políticos e culturais. Desta forma, o currículo passa a ser compreendido
63
como:
(a) os conteúdos a serem ensinados e aprendidos;
(b) as experiências de aprendizagem escolares a serem vividas pelos alunos;
(c) os planos pedagógicos elaborados por professores, escolas e sistemas educacionais;
(d) os objetivos a serem alcançados por meio do processo de ensino;
(e) os processos de avaliação que terminam por influir nos conteúdos e nos procedimentos selecionados nos diferentes graus da escolarização. (MOREIRA, CANDAU, 2007,p.18)
Ainda, de maneira geral, entende-se currículo como as experiências escolares
que se desdobram em torno do conhecimento, em meio a relações sociais, e que
contribuem para a construção das identidades dos estudantes. Currículo associa-se,
assim, ao conjunto de esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções
educativas. (MOREIRA, CANDAU, 2007,p.18)
A partir desta ideia, a concepção do currículo do Curso Técnico em Móveis
Integrado e Subsequente ao Ensino Médio, tem por base a Resolução CEB nº
4/1999, a qual Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional de Nível Técnico, cujo fundamento dá-se no Parecer CNE/CEB 16/99,
que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de
Nível Técnico.
Salienta-se que, atualmente, o novo Projeto Pedagógico de Curso – PPC,
vigente a partir no início do período letivo de 2014, toma como alicerce as diretrizes
da Resolução CNE nº06/2012, a qual define as diretrizes institucionais da
organização administrativo didático-pedagógica para a Educação Profissional
Técnica de Nível Médio no Instituto Federal Farroupilha e dá outras providências.
No entanto, cabe aqui retomar às resoluções citadas anteriormente, já que o
estudo foi feito com base em alunos egressos até o final de 2013. Assim, de acordo
com a Resolução CEB nº 4/1999, tem-se por diretriz o conjunto articulado de
princípios, critérios, definição de competências profissionais gerais do técnico por
64
área profissional e procedimentos a serem observados pelos sistemas de ensino e
pelas escolas na organização e no planejamento dos cursos de nível técnico,
conforme citado em seu Art. 2º (CEB nº 04/99).
A organização curricular tem como princípio a flexibilidade, diretamente ligada
ao grau de autonomia das instituições de educação profissional, o que permite a
construção do currículo em diferentes perspectivas, como na oferta do curso, na
organização de conteúdos por disciplinas, etapas, projetos e metodologias, ou seja,
a estruturação curricular está em constante devir, sendo esta construção feita de
maneira colaborativa, envolvendo todos os membros de contexto escolar.
Na vigência da legislação anterior e do Parecer CFE n.º 45/72, a organização dos cursos esteve sujeita a currículos mínimos padronizados, com matérias obrigatórias, desdobradas e tratadas como disciplinas. A flexibilidade agora prevista abre um horizonte de liberdade, no qual a escola construirá o currículo do curso a ser oferecido, estruturando um plano de curso contextualizado com a realidade do mundo do trabalho. A concepção curricular é prerrogativa e responsabilidade de cada escola e constitui meio pedagógico essencial para o alcance do perfil profissional de conclusão. (CNE/CEB 16/99, p.26).
Assim, torna-se “fundamental perceber as relações existentes entre o saber
sistematizado e a prática social vivenciada nas diferentes esferas da vida coletiva”
(PPC – TÉCNICO EM MÓVEIS, p. 16), para então efetivar estratégias de integração,
de diversos aspectos, não apenas entre componentes curriculares, mas também
entre a formação geral e a formação para o mundo do trabalho.
Neste âmbito, faz-se necessária a integração epistemológica de conteúdos,
metodologias e práticas educativas, ou seja, a integração entre teoria e prática e
entre o saber e o saber-fazer, mantendo-se a indissociabilidade entre: ensino,
pesquisa, extensão e prática profissional.
A concepção de currículo integrado adotada pelo Instituto considera o objetivo de articular dinamicamente trabalho/ensino, prática/teoria, ensino/pesquisa, ensino/extensão e comunidade, fortalecendo as relações entre trabalho e ensino, entre os problemas e suas hipóteses de solução e tendo como pano de fundo as características socioculturais do meio em que este processo se desenvolve. (PPC – TÉCNICO EM MÓVEIS, p. 18).
65
A integração ocorre por meio da integralização de conteúdos entre as
disciplinas desenvolvidas em cada período letivo, sendo “a interpretação e
desenvolvimento dos componentes curriculares de acordo com as características da
própria proposta de formação e integração com o mundo do trabalho.” (PPC –
TÉCNICO EM MÓVEIS, p. 16).
Outro ponto relevante acerca da integração, constante no PPC do curso, é em
relação a formação complementar dos estudantes frente aos conhecimentos
construídos em sala de aula. O PPC prevê a necessidade de Atividades
Complementares,ou seja, atividades que complementem a formação construída no
amiente escolar, tais como: participação em seminários, semanas acadêmicas,
oficinas, palestras, visitas técnicas, dentre outras atividade formativas, que
contemplem assuntos pertinentes ao curso de formação.
Consta ainda, no PPC, sobre as Práticas Profissionais Integradas – PPI, cujo
objetivo é articular os conhecimentos construídos, em sala de aula, nas diferentes
disciplinas, pensadas e planejadas a partir do perfil do egresso, onde os professores
planejam juntos a integração entre os diferentes conhecimentos, possibilitando ao
aluno ampliar seus conhecimentos teóricos e práticos necessários para a sua
formação profissional.
As práticas profissionais integradas “serão articuladas entre os componentes
curriculares dos períodos letivos correspondentes” (IFFARROUPILHA,2010, p. 20),
possibilitando efetivar uma ação interdisciplinar e o planejamento integrado entre os
elementos do currículo.
Outro instrumento de prática profissional é o estágio curricular
supervisionado, de cunho obrigatório, a qual os alunos deverão atuar em empresas
do ramo moveleiro ou em escritórios de arquitetura ou design. Ao final do estágio o
aluno deverá apresentar um relatório de estágio por escrito e também perante uma
banca de professores, para fins de avaliação.
O curso Técnico em Móveis contempla também em seu PPC, a oferta de
componentes curriculares eletivos, disponibilizados num total de 40 horas, no 3°
66
período letivo, da modalidade integrado e num total de 100 horas, no decorrer do 2°
e 3° período letivo, do curso subsequente. Os componentes curriculares eletivos,
são publicados em edital, levando em conta as condições de infraestrutura e de
pessoal da instituição, e votados pelo estudantado.
Dentre as disciplinas eletivas, que propiciarão discussões e reflexões frente à
realidade regional na qual estão inseridos, estão: Marketing e atendimento ao
cliente, Embalagens e montagem para móveis, Design de interiores, Paisagismo,
Ecodesign, Design Universal, Língua inglesa ou espanhola, Metodologia da
pesquisa, Comunicação Escrita e Pesquisa e Desenvolvimento de gabaritos e
protótipos.
Todas estas disposições descritas acima, constantes no PPC, visam a
organização curricular focada nas competências profissionais gerais do técnico,
acrescidas das competências profissionais específicas por habilitação, em função
das “demandas individuais, sociais, do mercado, das peculiaridades locais e
regionais, da vocação e da capacidade institucional da escola.” (CNE/CEB 16/99,
p.26).
Para tal, se o curso for gerido efetivamente em consonância com as ações
descritas no documento, a qual direciona o processo formativo do aluno, o futuro
Técnico em Móveis deverá apresentar, dentre outras, as seguintes competências
gerais da área:
Elaborar projetos de design com ênfase na inovação e na criação de novos processos.
Adequar os projetos de design às necessidades do usuário e às demandas do mercado.
Definir características estéticas, funcionais e estruturais do projeto de design.
Situar o projeto no contexto histórico-cultural de evolução do design.
Interpretar e aplicar legislação, orientações, normas e referências específicas.
Identificar a viabilidade técnica e econômica do projeto.
Selecionar materiais para execução e acabamento, de acordo com as especificações do projeto.
67
Avaliar a qualidade dos produtos e serviços, levantando dados de satisfação dos clientes.
Aplicar métodos e técnicas de preservação do meio ambiente no desenvolvimento de projetos. (IFFARROUPILHA, 2010, p.10).
Ao que tange às competências específicas, em meio a outras descritas no
documento, o Técnico em Móveis, deve ser competente a:
Desenvolver visão espacial para planejamento e organização do espaço e identificar elementos básicos para concepção do projeto de móveis.
Interpretar símbolos e convenções técnicas, específicas do design de móveis.
Elaborar desenho técnico dos diversos elementos do design de móveis, respeitando a relação das dimensões e representando esses elementos sobre um plano, de projeção ortogonal.
Analisar e avaliar a variedade de tipos de materiais e acabamentos adequados ao projeto de design de móveis.
Concretizar, em nível bi e tri dimensional, o esboço do projeto de design de móveis concebido e estabelecer procedimentos de adequação do projeto.
Desenvolver a capacidade criativa em todo o projeto de desenvolvimento de móveis.
Distinguir aspectos relacionados à tecnologia de produção de móveis.
Ter domínio sobre formas, dimensões, espaços e fluxos do móvel, tornando – o funcional e estruturado.
Identificar projeto de produtos e verificar as condições, viabilidades e adequações dos mesmos a estrutura corporal do homem, identificando as variáveis sociológicas, culturais, políticas e econômicas que interferem nas estratégias de execução do projeto.
Desenvolver projetos gráficos de móveis, iniciando em 2D e concluindo o trabalho em 3D.
Contextualizar a prática do design de móveis, dentro do processo histórico, em seus aspectos econômicos, sociais, culturais e políticos.
Realizar projetos de móveis considerando: ergonomia, material, espaço e funcionalidade.
Realizar projetos com identidade, observando características e necessidades do cliente. (IFFARROUPILHA, 2010, p.11).
Construídas e desenvolvidas tais competências, através da organização
curricular e das práticas docentes, o Projeto Pedagógico de Curso diz que o Técnico
68
em Móveis deverá ser um profissional com perfil capaz de:
Elaborar as características e os sistemas de objetos produzidos industrialmente ou manualmente, determinando a sua funcionalidade, quanto à forma e à estrutura, de maneira a obter um resultado coerente tanto do ponto de vista do produtor como do consumidor. Deverá compreender, desenvolver e gerenciar todo o processo construtivo (criação, planejamento e execução) do produto, de maneira criativa e inovadora. Ser empreendedor, com formação humanística, tecnológica e científica, visando trabalhar esses valores com suas competências técnicas para desenvolver produtos que tragam melhoria na qualidade devida das pessoas envolvidas. (IFFARROUPILHA, 2010, p.09).
Desta maneira, a concepção do curso Técnico em Móveis Integrado e
subsequente ao ensino médio, de acordo com o PPC, tem como preceito a
articulação entre o mundo do trabalho e a formação escolar, visando proporcionar a
integração dos saberes construídos no âmbito escolar com a prática efetiva da
execução laboral, favorecendo a interação entre as diferentes áreas do
conhecimento e construção das competências requeridas, através da possível
maleabilidade curricular.
Assim, no item a seguir, serão descritas as organizações curriculares do
Curso Técnico em Móveis Integrado e Subsequente ao Ensino Médio, sendo que
suas organizações curriculares diferenciam-se um pouco devido a distinção de carga
horária total do curso, com vista a melhor perceber a articulação das competências,
descritas no PPC, com os componentes curriculares que formam o curso.
Frisa-se ainda, que as informações descritas neste capítulo, da
Contextualização da Pesquisa, são informes constantes no PPC do Curso, a qual
segue as diretrizes pautadas pelas leis, decretos, regulamentos e pareces
enunciados no corpo do texto, para fins de melhor elucidação acerca o lócus de
pesquisa do presente estudo de caso.
4.2.1.1 Matrizes Curriculares Curso Técnico em Móveis: Integrado e Subsequente ao
Ensino Médio
69
A organização curricular do Curso Técnico em Móveis é representada por
meio da matriz curricular, a qual provém do resultado do debate com o corpo
docente, levando-se em consideração os princípios da integração,
interdisciplinaridade e contextualização, com o intuito de melhor atender ao perfil do
egresso, proporcionando a construção de competências gerais e específicas da
área, incluindo os fundamentos científicos e humanísticos necessários ao
desempenho profissional.
Desta forma, a matriz curricular contém descrita em seu corpo a
semestralidade e a sequência dos componentes curriculares, considerando a
organicidade, integração, contextualização dos conhecimentos, a correlação entre
os assuntos e a viabilização para implantar ações, projetos e pesquisas integrados
em um mesmo semestre.
Logo, o Curso Técnico em Móveis, modalidade Integrado ao Ensino Médio,
está estruturado com periodicidade anual, sendo 03 (três) anos de formação, com
uma carga horária total de 3659 horas. Esta carga horária está distribuída entre
componentes curriculares da área básica e técnica específica, além das atividades
complementares e estágio obrigatório, como se pode visualizar no quadro a seguir:
Quadro 4 – Matriz Curricular Curso Técnico em Móveis Integrado ao Ensino Médio
Período Componente CurricularCarga
Horária
Prática
Profissional
Integrada - PPI
Carga
Horária Total
Desenho Básico e Técnico 80 80
Informática Básica e Aplicada 80 40 120
História do Mobiliário e Ergonomia 40 40 80
Teoria da Cor e Expressão Gráfica 80 80
1320
Disciplinas Básicas 1000 1000
Projeto Auxiliado por Computador I 80 80Máquinas, Ferragens e Tecnologia da
Madeira40 40 80
Processo de Fabricação I e II 80 40 120
Gestão da Produção e Logística 160 160
Projeto de Móveis e Esquadrias 80 40 120
1440
Disciplinas Básicas 1000 1000
Gestão Ambiental e Responsabilidade
Materiais, acessórios, acabamentos e
1360
4200
3399
3659TOTAL ........................................................................................................
SUB TOTAL 2º ANO ....................................................................
SUB TOTAL 1º ANO ......................................................................
1º ano
Disciplinas Básicas1040 1040
2º ano
70
1440
Disciplinas Básicas 1000 1000
Projeto Auxiliado por Computador II 80 80
Projeto de Móveis e Ambientes 80 80
Gestão Ambiental e Responsabilidade
Social40
4080
Higiene e Segurança do Trabalho 40 40 80
Materiais, acessórios, acabamentos e
manutenção industrial40
4080
Disciplina Eletiva 80 80
SUB TOTAL 3º ANO ..................................................................... 1360
4200
3399
180
80
3659
Componentes Curriculares + PPI's - Carga Horária Hora Aula total
Componentes Curriculares + PPI's - Carga Horária Hora Relógio
Estágio Curricular Supervisionado
Atividades Complementares - Carga Horária Relógio
TOTAL ........................................................................................................
3º ano
SUB TOTAL 2º ANO ....................................................................
QUADRO SÍNTESE
Fonte: elaborado pela autora - adaptado do PPC
Cabe explanar que, o item disciplinas básicas, constante no quadro acima,
referem-se às disciplinas: português, história, geografia, física, química, matemática,
biologia, sociologia, filosofia, arte e música, educação física, língua inglesa e língua
espanhola.
Na modalidade integrada, o aluno deverá cursar todas as disciplinas básicas
do ensino médio, denominadas obrigatórias, também com as cargas horárias
mínimas exigidas, conforme determinado pelo Ministério de Educação, além de
cursar disciplinas técnicas profissionalizantes relacionadas com a área de moveleira.
A distribuição das disciplinas técnicas, em destaque na matriz acima,
conforme consta no PPC, dão-se de forma anual ou semestral, conforme sua carga
horária, de forma integrada com as disciplinas do currículo básico.
A ordem de distribuição das disciplinas dá-se conforme a evolução e
importância do assunto para a formação do Técnico em Móveis, como por exemplo,
História do Mobiliário e Ergonomia, a qual introduz as dimensões sobre a
historicidade do mobiliário, a evolução estética, fabril e de materiais, assim como
Desenho Básico e Técnico, que apresenta o processo inicial de como se faz a
elaboração do desenho de um móvel, a partir das noções básicas de desenho.
71
Com relação à modalidade subsequente, ao que tange às disciplinas
específicas da área, pouco diferenciam-se as matrizes curriculares, havendo
algumas poucas distinções de nomenclatura e carga horária, e a inserção da
disciplina de Laboratório de criatividade e Orientação e Planejamento em Estágio de
Móveis e Esquadrias.
A principal diferença se faz pelo fato de não haver disciplinas de cunho
básico na matriz da modalidade subsequente, pois como o próprio nome já diz, esta
modalidade apenas pode ser cursada mediante a formação no ensino médio.
Desta maneira, o Curso Técnico em Móveis Subsequente ao Ensino Médio,
estrutura-se com periodicidade semestral, período de duração de 3 semestres,
contabilizando um total de 1280 horas relógio de carga horária, sendo de
funcionamento noturno.
Assim, a matriz curricular que compreende a modalidade subsequente é
composta da seguinte maneira:
Quadro 5 – Matriz Curricular Curso Técnico em Móveis Subsequente ao Ensino Médio
72
Fonte: PPC Curso Técnico em Móveis Subsquente ao Ensino Médio
Evidencia-se que, conforme se pode visualizar nas matrizes curriculares
acima, todas as unidades curriculares de ordem técnica tem interface com Design,
visto que o curso trabalha com o desenho de artefatos, o que converge com o
design compreendido como:
Equacionamento simultâneo de fatores ergonômicos, perceptivos, antropológicos, tecnológicos, econômicos, ecológicos, no projeto de elementos e estruturas físicas necessárias à vida, ao bem estar e/ou à cultura do homem. (REDIG, 2005, p.36)
Esta ligação também pode ser claramente percebida na descrição do
ementário e listagem de bilbiografia básica e complementar, das disciplinas
constituintes das matrizes.
73
Desta maneira, o item abaixo explicita e associa ainda mais esta relação.
4.2.2 Aproximações entre as competências em Cursos de Design e o Curso Técnico
em Móveis do IFFarroupilha
Quando se fala do processo de construção e desenvolvimento do ensino do
Design no Brasil, logo se toma como um dos marcos principais a instituição da
Escola Superior de Desenho Industrial – ESDI, no Rio de Janeiro, que por meio da
configuração de seu corpo docente, oriundo da Hochschule fur Gestaltung – HFG,
influenciou todo o percurso de ensino do Design no país até os dias atuais.
Contudo, o currículo, que primeiramente era proveniente do modelo
acadêmico alemão, em 1968 toma outro direcionamento: o Conselho Federal de
Educação – CFE, institui o primeiro currículo mínimo para cursos de bacharelado em
desenho industrial no país.
A partir desta primeira tentativa de melhor adequar a formação na áera,
surgiram diversas reflexões e discussões, tendo por consequência adequações
curriculares, com vistas a assegurar a flexibilidade e qualidade de formação do
estudantado.
Então, assim como o Ensino Profissional, a partir da Constituição de 1988 e
da LDB 9.304/96, o ensino do Design também assumiu novas Diretrizes Curriculares
Nacionais, como forma de constituir “respostas às efetivas demandas sociais e aos
avanços tecnológicos e científicos do País.”(COUTO, 2008, p.19)
Ao transpor a minúcia de todo processo histórico de desenvolvimento do
ensino do Design, chega-se ao ano de 2003, onde a Câmara de Educação Superior
do Conselho Nacional de Educação, estabelece novas diretrizes curriculares
nacionais, publicadas com base nos pareceres CES/CNE 0146/2002, 67/2003 E
0195/2003, as quais, de acordo com Couto, buscam:
74
Estabelecer um perfil do educando, na qual a formação de nível superior se constitua em um processo contínuo, autônomo e permanente, com uma sólida formação básica e uma formação profissional fundamentada na competência teórico-prático, observada a flexibilização curricular, autonomia e a liberdade das instituições de inovar seus projetos pedagógicos de graduação, para o atendimento da constínuas e emergentes mudanças para cujo desafio o futuro formando deverá estar apto. (COUTO, 2008, p.45-46)
Além desta autonomia universitária descritas pelas DCN’s, o Parecer
CES/CNE 0195/2003, publicado no Diário Oficial da União em 12 de fevereiro de
2004, e a resolução complementar CNE/CES 5/2004, de 8 de março de 2004,
também fixam Diretrizes Curriculares Nacionais Específicas para os cursos de
graduação em Design, tornando-se portanto, um novo desafio e marco para o
Ensino de Design no país.
As Diretrizes Curriculares vieram para ficar. O abandono de antigos modelos no campo de ensino de Design constitui-se num exercício necessário. Pensar no papel do designer em formação, como fruto de uma relação global que inclui o meio, a subjetividade e a visão coletiva decorrente da cultura é o novo caminho a ser trilhado. (COUTO, 2008, p.70)
Desta maneira, conforme o Art. 4º, da Resolução CNE/CES n.° 5, de 8 de
março de 2004, o curso de graduação em Design deve possibilitar a formação
profissional cujas competências e habilidades revele:
I - capacidade criativa para propor soluções inovadoras, utilizando domínio de técnicas e de processo de criação;
II - capacidade para o domínio de linguagem própria expressando conceitos e soluções, em seus projetos, de acordo com as diversas técnicas de expressão e reprodução visual;
III - capacidade de interagir com especialistas de outras áreas de modo a utilizar conhecimentos diversos e atuar em equipes interdisciplinares na elaboração e execução de pesquisas e projetos;
IV - visão sistêmica de projeto, manifestando capacidade de conceituá-lo a partir da combinação adequada de diversos componentes materiais e imateriais, processos de fabricação, aspectos econômicos, psicológicos e sociológicos do produto;
V - domínio das diferentes etapas do desenvolvimento de um projeto, a saber: definição de objetivos, técnicas de coleta e de tratamento de dados, geração e avaliação de alternativas, configuração de solução e comunicação de resultados;
VI - conhecimento do setor produtivo de sua especialização, revelando sólida visão setorial, relacionado ao mercado, materiais, processos produtivos e tecnologias abrangendo mobiliário, confecção, calçados, joias,
75
cerâmicas, embalagens, artefatos de qualquer natureza, traços culturais da sociedade, softwares e outras manifestações regionais;
VII - domínio de gerência de produção, incluindo qualidade, produtividade, arranjo físico de fábrica, estoques, custos e investimentos, além da administração de recursos humanos para a produção;
VIII - visão histórica e prospectiva, centrada nos aspectos socioeconômicos e culturais, revelando consciência das implicações econômicas, sociais, antropológicas, ambientais, estéticas e éticas de sua atividade. (BRASIL, 2004)
Cabe aqui ainda, retormar a ideia do ensino baseado em competências,
conforme Zabala e Arnau (2010, p. 55):
Um ensino baseado no desenvolvimento das competências provém, em boa medida, da necessidade de uma alternativa a modelos formativos os quais priorizam o saber teórico sobre o prático, o saber pelo saber e, por outro lado, que a maioria das declarações atuais sobre o papel do ensino se direcionam a considerar que ele deve se orientar para o desenvolvimento de todas as capacidades do ser humano, ou seja, para a formação integral da pessoa. (2010, p. 55)
A partir desta ideia, valendo-se das competências e habilidades que o futuro
profissional do Design deve possuir, descritas acima pela Resolução vigente, e das
competências gerais da área do Curso Técnico em Móveis, previstas em seu PPC, o
quadro a seguir expõe suas competências num âmbito geral, correlacionando-as, a
partir do entendimento que as mesmas constroem-se por meio dos conhecimentos,
habilidades e atitudes. Para tal, toma-se para melhor entendimento:
· Conhecimento: relacionado a aplicação ou lembrança de matérias,
conceitos, teorias, princípios, nomes, fatos, que foram aprendidos;
· Habilidade: compreendendo ações física ou mental indicando a
capacidade do indivíduo de saber fazer algo;
· Atitudes: ligadas ao posicionamento dos sujeitos frente a objetos,
pessoas e acontecimentos.
76
Quadro 6: Correlação competências: Cursos de Design e Curso Técnico em Móveis
COMPETÊNCIA CURSOS DESIGN CURSO TÉCNICO EM MÓVEIS
VI - conhecimento do setor produtivo de suaespecialização, revelando sólida visão setorial, relacionado ao mercado, materiais, processos produtivos etecnologias abrangendo mobiliário, confecção, calçados,joias, cerâmicas, embalagens, artefatos de qualquernatureza, traços culturais da sociedade, softwares eoutras manifestações regionais;
· Situar o projeto no contexto histórico-cultural de evolução do design.
IV - visão sistêmica de projeto, manifestando capacidadede conceituá-lo a partir da combinação adequada dediversos componentes materiais e imateriais, processosde fabricação, aspectos econômicos, psicológicos esociológicos do produto;
·Selecionar e sistematizar dados e elementos concernentes ao projeto de design;
VIII - visão histórica e prospectiva, centrada nos aspectossocioeconômicos e culturais, revelando consciência dasimplicações econômicas, sociais, antropológicas,ambientais, estéticas e éticas de sua atividade.
·Aplicar métodos e técnicas de preservação do meio ambiente no desenvolvimento de projetos.
II - capacidade para o domínio de linguagem própriaexpressando conceitos e soluções, em seus projetos, deacordo com as diversas técnicas de expressão ereprodução visual;
· Elaborar projetos de design com ênfase na inovação e na criação de novos processos; · Definir características estéticas, funcionais e estruturais do projeto de design.
V - domínio das diferentes etapas do desenvolvimento deum projeto, a saber: definição de objetivos, técnicas decoleta e de tratamento de dados, geração e avaliação dealternativas, configuração de solução e comunicação deresultados;
·Interpretar e aplicar legislação, orientações,normas e referências específicas.·Identificar a viabilidade técnica e econômica doprojeto.
VII - domínio de gerência de produção, incluindoqualidade, produtividade, arranjo físico de fábrica,estoques, custos e investimentos, além da administraçãode recursos humanos para a produção;
· Implementar técnicas e normas de produção e relacionamento no trabalho; · Identificar as tecnologias envolvidas no projeto.
I - capacidade criativa para propor soluções inovadoras,utilizando domínio de técnicas e de processo de criação;
· Adequar os projetos de design às necessidadesdo usuário e às demandas do mercado;
III - capacidade de interagir com especialistas de outrasáreas de modo a utilizar conhecimentos diversos e atuarem equipes interdisciplinares na elaboração e execuçãode pesquisas e projetos;
·Selecionar materiais para execução eacabamento, de acordo com as especificaçõesdo projeto;· Avaliar a qualidade dos produtos e serviços,levantando dados de satisfaçãodos clientes.
HABILIDADES
ATITUDES
CONHECIMENTOS
Fonte: elaborado pela autora
A partir da concepção do quadro acima, percebe-se que as competências
previstas para o egresso do Curso Técnico em Móveis aproximam-se com as
competências dos Cursos de Design, pois ambas tomam como parâmetro central a
concepção de projetos, levando-se em consideração aspectos referentes à
produção, materiais, economia, cultura, sociedade, dentre outros pontos também
relevantes.
No entanto, em cursos de Design, os componentes curriculares que envolvem
77
projeto constituem-se na espinha dorsal, pois relaciona conhecimentos teóricos
provenientes de outras disciplinas, integrando-os como forma de concepção
projetual. Já no curso em questão, Técnico em Móveis, as disciplinas relativas aos
processos produtivos tem igual destaque às que tratam de projeto, sendo de certa
forma um descompasso presente do PPC do curso, posto que no elenco das
competências a serem desenvolvidas, tanto gerais, quanto específicas, o foco
principal é a área projetual.
O Curso Técnico em Móveis aproxima-se do Curso de Design, não apenas
pela similaridade das competências requeridas ao final da formação, mas também, e
principalmente, pelos meios as quais estas competências são construídas, ou seja,
se o Técnico em Móveis é habilitado para desenvolver novos produtos na área
moveleira, ele deve obter e desenvolver competências relativas ao ato de projetar, a
partir de disciplinas que envolvem o ensino projetual, cerne da grande maioria dos
cursos de design.
Para Dias (2004, p.15) as unidades curriculares que envolvem projeto são:
[...] disciplinas naturais de integração de conhecimentos, devido à necessidade que o aluno e o professor têm, de articular e relacionar diferentes saberes – assuntos, objetos, fatos e conceitos – do programa de diversas disciplinas e de técnicas científicas de ação, necessárias ao planejamento de produtos. [...] Espaço de convergência do congnitivo, do social, da tecnologia e da expressão visual correspondentes a algumas competências e habilidades que se espera que os alunos desenvolvam ao longo do curso.
Entretanto, conforme apontado anteriormente, a igual relevância das
disciplinas de englobam o processo fabril, contribui para a redução de carga horária
de componentes curriculares relacionados à concepção projetual, interferindo por
consequência, na construção das competências ensejadas pelo PPC.
Cabe salientar, que o desenvolvimento das disciplinas projetuais, do curso em
questão – Técnico em Móveis, toma como base incial, a unidade curricular de
Desenho Básico e Técnico, a qual visa embasar, por meio do conhecimento de
técnicas de desenho, as disciplinas de ordem projetual, previstas a partir do segundo
semestre, no curso subsequente, e segundo ano, no curso integrado ao ensino
78
médio.
Ao desenvolver as competências projetuais, o Técnico em Móveis deverá ser
capaz de solucionar problemas, encontrando meios para gerar soluções projetuais
de acordo com a necessidade demandada, ou seja, estará apto para desenvolver
novos produtos para o setor moveleiro, tomando, como no design, o conceito de
produto como o “resultado de um projeto, no caso, em design, é a forma final que
assume a proposta; seja de um produto material, de um projeto gráfico em
comunicação visual; seja de uma ação em design”. (COELHO, 2011, p. 138)
Desta maneira, as múltiplas dimensões da competência profissional na
formação do designer, como: Conhecimento do setor produtivo, visão socio-
econômica e ambiental, domínio da linguagem própria da área, capacidade criativa,
interação com as pessoas, gestão de projeto, domínio das etapas projetuais e
gerência de produção, aproximam-se muito com o perfil profissional desenhado no
PPC do Curso Técnico em Móveis do IFFarroupilha, por isso a relação direta com o
processo de ensino do Design.
No plano teórico este é o cenário, mas e na prática? Estas competências
estão efetivamente sendo desenvolvidas? E, elas estão de acordo com o que
realmente deseja o mercado moveleiro?
Neste contexto, a prática reflexiva sobre como construir e desenvolver as
competências almejadas no âmbito escolar é fundamental. Cabe à toda comunidade
escolar, diga-se por comunidade escolar, docentes e direções, a percepção de como
este processo está ocorrendo, para então inovar e regular o currículo e prática
pedagógica, favorecendo a construção de novos saberes e competências,
contribuindo então, para a qualificação concreta do aluno egresso.
Assim, para fins de identificar as convergências e divergências existentes
entre as competências desenvolvidas pelos egressos, em seu processo formativo, e
o mercado moveleiro regional, fez-se necessário o contato com os atores envolvidos
no estudo, as quais estão descritos nos tópicos a seguir.
79
4.3 OS ATORES ENVOLVIDOS
Como forma de contextualizar detalhadamente a pesquisa, tomou-se como
foco o Cenário, que trata da instituição de ensino onde o estudo é realizado, o curso
de suas especificações, e ainda os atores, as quais descrevem os sujeitos
envolvidos na pesquisa, constando como: os alunos egressos e o mercado
moveleiro, conforme se verifica a seguir.
4.3.1 O Estudantado
O perfil do estudantado que ingressa no curso Técnico em Móveis diferencia-
se de acordo com a modalidade de ensino. No modo integrado ao ensino médio, os
alunos ingressantes são jovens com idade média de 15 anos, provenientes de
escolas particulares e públicas, sendo, na sua grande maioria, residentes na cidade,
e ainda, discentes vindos de cidades pequenas próximas, como São Paulo das
Missões, Giruá, Santo Cristo, dentre outras.
Diferentemente da modalidade integrado ao ensino médio, os discentes que
ingressam no curso, na modalidade subsequente, são em sua grande maioria
originários das cidades da região. Estes alunos geralmente são adultos, com idades
bem variadas, que trabalham o dia inteiro, sendo alguns já profissionais do setor, e à
noite buscam qualificação e profissionalização. Via de regra tem objetivos claros
sobre o que querem do curso, porém, muitas vezes, sem saber efetivamente qual o
objetivo do curso em si, ocasionando desistência.
Hoje o curso conta com o total de 129 alunos, onde 82 são estudantes do
integrado ao ensino médio, e 47 subsequente. Para fins deste estudo, serão
contactados os alunos já egressos do curso, não constantes nestes números
descritos anteriormente.
O contato com os discentes egressos se faz de suma importância para este
80
estudo, já que são eles quem atenderão as demandas e atuarão no mercado
mercado moveleiro regional, além de contribuírem para o desenvolvimento e
adequação, se necessária, do curso Técnico em Móveis.
4.3.2 O mercado moveleiro regional
A crescente inovação tecnológica tem contribuído para o aprimoramento da
indústria moveleira, tornando-a a cada dia mais diversificada e competitiva. Assim, o
setor torna-se responsável por 17,5 mil estabelecimentos, a qual gera 322,8 mil
empregos diretos e indiretos, impulsionada pelo mercado externo e pela abertura de
créditos da construção civil.
Vale destacar, que o Rio Grande do Sul representa 14,1% das empresas em
atividade no país, 18,6% da produção nacional, 13,5% em volume de pessoal
ocupado, 16,3% do faturamento e 29% das exportações brasileiras, ocupando a
primeira posição dentre os maiores estados exportadores de móveis, segundo dados
divulgados pela MOVERGS4 (2014).
Este arranjo faz com que a diversidade geográfica, econômica e cultural do
país, reflita diretamente na produção dos polos moveleiros, as quais caracterizam-se
por suas peculiaridades regionais, permitindo que a indústria nacional obtenha uma
estrutura matizada.
Atualmente, a atividade moveleira cresceu consideravelmente na região
noroeste, contando com empresas distribuídas entre municípios como Três de Maio,
Horizontina, Crissiumal, Santa Rosa, Nova Candelária, Santo Cristo e Boa Vista do
Buricá, dentre outros, que juntamente com as demais empresas da região,
alimentam a economia local e regional por meio da geração de renda e empregos,
4 MOVERGS - Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em <http://www.movergs.com.br/views/imagem_pdf.php?pasta=panorama_setor_moveleiro> Acesso em 17 jun. 2014.
81
tornando-se o segundo pólo moveleiro do Rio Grande do Sul.
Esta expansão da cadeia produtiva moveleira, na região, de acordo com a
Indumóveis5 tem “apoio do SEBRAE/RS e do Governo do Estado, através do
Programa Redes de Cooperação”.
Em busca de melhores condições para seu desenvolvimento, as empresas buscaram maior representatividade através da criação da Associação das Indústrias Moveleiras do Noroeste do Rio Grande do Sul (Assinmóveis), que por sua vez deu origem a Rede InduMóveis, que deu novo impulso à organização e ao desenvolvimento das indústrias, por meio de estudos da cadeia produtiva da madeira e do mobiliário na região Noroeste do Estado.(INDUMÓVEIS, 2013)
Ainda, de acordo com dados divulgados pela Indumóveis, somente as
empresas que integram a rede, em torno de 20 entidades, têm um faturamento
médio de R$ 120 milhões anuais, gerando cerca de 3000 postos de trabalho na
região.
O desenvolvimento tecnológico, juntamente com dinâmica produtiva,
determinados por meio dos equipamentos e máquinários utilizados na produção,
bem como a utilização de diferentes materiais e o uso do design, na elaboração dos
produtos moveleiros, são o que diferenciam e determinam qual o nicho que as
empresas estão trabalhando.
Desta forma, obtém-se um mix diversificado de produtos moveleiros,
subdividindo-se basicamente em móveis de produção em série e móveis sob
medida, além de empresas que produzem artefatos de madeira e acessórios para
móveis. Quanto a produção seriada de móveis, a indústria apresenta uma gama
variada de produtos, as quais atendem todos ambientes residenciais (armários,
balcões, estofados, cadeiras, camas, etc.) e ainda englobam a produção de móveis
corporativos (cadeiras e mesas de trabalho).
Em relação a produção de mobiliário planejado, executado para um ambiente
específico, tem-se visto um crescente número de pequenas empresas, 5 Evento de exposição e realização de projetos de design, palestras, comércio e rodadas de negócios, como fomento aos segmentos das cadeias madeira-móveis, construção civil e imobiliária,promovido pela Associação das Indústrias Moveleiras do Noroeste do RS - Assinmóveis - e Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário do Noroeste do RS - Sinduscom Noroeste RS.
82
impulsionadas pelo intenso crescimento da construção civil e abertura de créditos,
tomando-se como destaque a cidade de Santa Rosa.
Evidencia-se ainda, que algumas indústrias moveleiras da região, por meio do
investimento em tecnologia, mão-de-obra e design de seus artefatos, exportam seus
produtos para diversos países da América e Europa, ocasionando uma nova
percepção da área frente aos concorrentes e uma grande visibilidade para o pólo
moveleiro.
O Distrito Industrial Moveleiro, criado pelo Projeto de Lei nº 42, de 12 de maio
de 2011, situado na cidade de Santa Rosa, contou com ajuda da Agência Gaúcha
de Desenvolvimento Industrial – AGDI e investimentos municipais e estaduais,
disponibilizando “33 lotes, com potencial para gerar centenas de postos de trabalho
e consolidar a região ainda mais no segmento de móveis”. (INDUMÓVEIS, 2013)
Sob esta perspectiva, de pleno desenvolvimento setorial, ao investir na
implantação e desenvolvimento do polo moveleiro regional, cria-se uma demanda
local para a formação de um profissional habilitado para atuar neste setor, que seja
capaz de efetuar os projetos de mobiliário e tenha consciência e conhecimento, em
nível de instrução técnica, de métodos e processos acerca todo o processo produtivo
moveleiro.
Para tal, frisa-se que:
A cadeia produtiva da madeira e móveis é caracterizada como um conjunto de atividades que transformam a madeira em seu estágio inicial, desde a madeira em pé, até o móvel que vai para o cliente final, passando pelas etapas de extração, beneficiamento, montagem dos móveis e venda, incluindo atividades como pintura e acabamento, acessórios e outros serviços diretamente relacionados com a produção. Uma das principais características de uma cadeia é a inter-relação entre os agentes econômicos nela inseridos. Assim, qualquer melhoria em uma das etapas gera benefícios para a maioria dos envolvidos no processo. (IFFARROUPILHA, 2010, p.14).
Assim, por intermédio deste panorama geral, do cenário moveleiro da região
noroeste, percebe-se que o setor de produção de mobiliário tem contribuído muito
para o desenvolvimento sócio-econômico e cultural local e regional, consolidando-se
mercadologicamente. Logo, tem-se uma perspectiva da situação atual, para fins de
83
contextualizar e justificar o estudo em questão.
No entanto, cabe verificar se as demandas do setor, relativas à mão-de-obra,
estão sendo atendidas, se as competências dos profissionais Técnicos em Móveis
que estão atuando no mercado, estão de acordo com as efetivas necessidades da
produção moveleira, com vistas à relacioná-las com a realidade de formação do
estudantado.
5 RESULTADOS
Para fins de melhor explanação sobre os resultados encontrados, o capítulo
fragmenta-se da seguinte maneira: “O estudantado Egresso”, “O empresariado
Moveleiro”, “Convergências x Divergências: análise e interpretação” e “Reflexões,
apontamentos e sugestões”.
5.1 O estudantado Egresso
Para procedimento de contato com os alunos egressos do curso foram
enfrentados alguns desafios, como por exemplo, a falta de dados atualizados sobre
os egressos na instituição, impossibilitando assim, o contato com um número maior
de ex-alunos.
Desta forma, na impossibilidade de contatar 100% dos alunos egressos,
considerando-se as tentativas realizadas por meio de e-mail e telefone, buscou-se
por intermédio das redes sociais, mais precisamente pelo uso do Facebook, o
contato com o maior número possível de ex-alunos, criando-se um grupo que contou
com a participação de 46 (quarenta e seis) alunos egressos, cujo intuito foi fazer
uma sondagem dos egressos atuantes no setor. Salienta-se que a escolha deste
84
meio de contato se deu pelo uso corriqueiro entre os jovens na atualidade.
Figura 3: Sondagem - Facebook
Fonte: elaborado pela autora - Facebook
Observou-se que todos os integrantes do grupo de sondagem, criado no
Facebook, participaram respondendo sobre suas atuais atividades, mesmo não
estando na área de atuação de desenvolvimento de produtos – Design,
demonstrando grande receptividade à pesquisa.
Assim, a partir da sondagem, constituiu-se então um grupo de informantes, ou
seja, de ex-alunos participantes da pesquisa, englobando apenas 08 egressos, as
quais afirmaram estar trabalhando na área, sendo, portanto, os alunos contatados
via e-mail para responder o questionário.
O questionário enviado abordou aspectos relativos às atuais atividades dos
egressos na área, se tiveram ou não dificuldades ao ingressar no mercado de
trabalho, quais competências usadas em seu cotidiano identificam como
desenvolvidas pelo curso e quais apenas adquiriram com a prática profissional, suas
capacidade como Técnico em Móveis, como é visto o Design na empresa onde
trabalha e ainda a avaliação do curso, como pode ser visto na íntegra no Apêndice
85
B.
O questionário objetivou refletir, identificar e apontar as relações entre
assuntos relacionados à formação oferecida pelo curso, e a atuação do egresso no
mercado de trabalho moveleiro.
Quanto à análise das questões constantes no questionário, adotou-se a
abordagem de análise de conteúdo, cuja finalidade é “explicar e sistematizar o
conteúdo da mensagem e o significado desse conteúdo, por meio de deduções
lógicas e justificadas, tendo como referência sua origem (quem emitiu) e o contexto
da mensagem ou os efeitos dessa mensagem”. (OLIVEIRA; ENS; ANDRADE;
MUSSIS, 2003, p.13).
Desta forma, tendo por base os resultados, tabularam-se os dados de acordo
com a identificação de afinidade e frequência entre as respostas dadas. Este
processo foi desenvolvido em dois momentos: o primeiro em que foi criada uma
“Tabela Espelho”, a qual se estrutura a partir das questões, colocadas em forma de
itens correspondentes aos egressos questionados, a fim de possibilitar uma
visualização geral das opinões manifestadas. Enfatiza-se que as respostas descritas
no “Espelho Egressos” são rigorosamente as mesmas constantes nos questionários,
e serviram para extrair o conteúdo essencial para a elaboração do “Quadro Síntese
Egressos” e posterior análise. Abaixo o “Espelho Egressos”, a qual pode ser vista
na íntegra no Apêndice D:
Quadro 7: Espelho Egressos
86
Fonte: Elaborado pela autora
Cabe evidenciar que o “Espelho Esgressos” foi construído correlacionando-se
as colunas de perguntas com as linhas de respostas. Ele também identifica os
alunos egressos como A1, A2, A3, ..., a fim de preservar a identidade dos mesmos.
Desta forma, lê-se o quadro da seguinte maneira, por exemplo: o aluno A1
respondeu ao questionamento sobre o foco produtivo ou projetual de suas atividades
na empresa como: “ projetista e vendedora. Não tenho contato com o processo
produtivo...”; sobre suas dificuldades para a relização das tarefas no começo de sua
atividade profissional: “ Tive um pouco de dificuldade na parte de orçamentos...”; ao
que tange as competências desenvolvidas pelo curso destaca o uso de softwares
como Promob e AutoCad, e assim sucessivamente, sendo assim feita a leitura dos
demais alunos também.
O segundo momento, compreendeu a elaboração do “Quadro Síntese
Egressos”, que foi estruturado a partir da relação de categorias x ideias afins. As
categorias foram definidas considerando-se as perguntas feitas no questionário,
envolvendo aspectos relacionados à formação discente e sua atuação no mercado
moveleiro. As ideias afins, da análise das respostas apresentadas no “Espelho
Egressos”, originando-se principalmente pelas palavras destacadas em negrito,
organizadas numericamente em ordem decrescente, conforme suas afinidades e
frequência.
Nesse processo, faz-se necessário considerar a totalidade de um “texto”, passando-o pelo crivo da classificação ou do recenseamento, procurando identificar as freqüências ou ausências de itens, ou seja, categorizar para introduzir uma ordem, segundo certos critérios, na desordem aparente. (OLIVEIRA; ENS; ANDRADE; MUSSIS, 2003, p.13).
87
Desta forma, o “Quadro Síntese” proveniente do questionário aplicado aos
egressos compõe-se da seguinte maneira:
Quadro 8: Quadro Síntese Egressos
Fonte: elaborado pela autora
Após a categorização e sistematização dos atributos qualitativos apontados
no quadro acima, efetuou-se sua descrição, que “é, sem dúvida, de extrema
importância na análise de conteúdo. É o momento de expressar os significados
ALUNOS EGRESSOS DO CURSO TÉCNICO EM MÓVEIS
88
captados e intuídos nas mensagens analisadas” (MORAES, 1999, p.7-32).
A primeira categoria denominada “Foco Atividade”, mostra que a atuação dos
egressos do curso Técnico em Móveis, tem suas atividades centradas, num âmbito
geral, na elaboração de projetos, seguidos pelo detalhamento técnico e vendas.
A segunda, que trata sobre “Dificuldade realização de tarefas”, quando do
início de sua atuação profissional, revela que, em sua maioria, os ex-alunos não
tiveram empecilhos, e outros, em menor número, obtiveram um pouco de dificuldade
sobre complementos e ferragens para móveis e dimensionamento.
Ao que tange à categoria “Competências”, destaca-se o uso de softwares –
AutoCad e Promob, como principais, e secundariamente o conhecimento e
competências desenvolvidos nas disciplinas práticas, e ainda, algumas citações que
descrevem todas competências relativas ao conhecimento básico de móveis.
Em “Conhecimentos – Prática Profissional”, o quadro expõe que somente com
a prática profissional os egressos desenvolveram competências relativas ao contato
e atendimento ao cliente, seguidos pelo aperfeiçoamento do uso do AutoCad e
Promob, e ainda conhecimentos que dizem respeito ao mercado e vendas.
Na categoria “Técnico em Móveis”, acreditam que possuem competências
como: Capacidade Projetual (como principal atributo), conhecimento técnico
materiais e processos moveleiros, capacidade criativa e de trabalho em equipe,
compromisso social, segurança profissional, domínio do processo produtivo – laboral
e responsabilidade sustentável.
Com relação ao Design na empresa, “Empresa – DESIGN”, a maioria afirma
que é muito importante, e os demais que a relevância é um pouco menor,
considerando importante.
E por fim, na “Avaliação do curso”, feita a partir de escala de avaliação que
compreendia “ótimo”, “bom”, “regular”, “ruim” e “péssimo”, os ex-alunos julgaram que
as disciplinas ofertadas pelo curso Técnico em Móveis foram boas; os professores
que lecionaram as disciplinas técnicas ótimos; a infraestrutura e os laboratórios,
89
incluindo principalmente, o de execução de móveis (marcenaria), com conceito
“bom”; a biblioteca como sendo ótima, e , as competências desenvolvidas no
processo de formação avaliadas como boas.
A partir da sistematização dos atributos qualitativos descritos acima, pode-se
então cruzar e interpretar os dados coletados, com as informações apanhadas com
a amostra dos empresários do setor moveleiro regional, com fins de melhor
entendimento de como se dá esta relação. Para tal, no item a seguir, descreve-se o
processo de coleta de informações e resultados do empresariado moveleiro.
5.2 O Empresariado Moveleiro
Conforme descrito no capítulo dedicado à metodologia do estudo, a coleta de
informações do empresariado moveleiro deu-se por meio de entrevistas
semiestruturadas, de forma presencial, pré-agendadas via contato telefônico e
presencialmente, e com aúdios gravados por meio de um dispositivo eletrônico.
No primeiro contato com o empresariado moveleiro, tanto o feito de maneira
presencial, quanto com o contato telefônico, foi realizado diretamente com os
proprietários das empresas, as quais demonstraram pronta disponibilidade, atenção
e curiosidade. No entanto, frisa-se que as datas e horários combinados para o
encontro para a realização da entrevista demandou alguns dias, não sendo feitas
imediatamente, sendo algumas vezes reagendadas pelos empresários.
As entrevistas seguiram um roteiro pré-estabelecido (Apêndice A), sendo
usado o mesmo para todos. No entanto, conforme o andamento das estrevistas
houve algumas colocações extras. O tempo de entrevista durou em média 35
minutos.
O roteiro da entrevista foi composto por 09 (nove) perguntas, com abordagens
relacionadas ao conhecimento dos empresários frente à formação oferecida pelo
90
curso Técnico em Móveis, englobando questões sobre o contato com os egressos,
características principais de um técnico moveleiro, as competências do egresso e o
mercado; foco, satisfação e expectativas com relação ao curso, sugestões de
aproximação do âmbito escolar com o empresariado e ainda as potencialidades do
design no ramo moveleiro atual.
Este processo teve como objetivo buscar informações sobre as atuais
demandas do setor e, principalmente, a visão do empresariado em relação ao curso,
para fins de compreender e responder, juntamente com as demais informações
coletadas, a questão de pesquisa.
As informações apanhadas, através das entrevistas, foram compiladas como
as descritas no item anterior – “O estudantado Egresso” – valendo-se da análise de
conteúdo.
Desta forma, elaborou-se também um espelho, organizado a partir das
perguntas feitas durante a entrevista, relacionando-as com as respostas dadas pelos
empresários, estes colocados como E1, E2, E3, ..., para fins de salvaguardar a
identidade dos mesmos.
O processo de transcrição do áudio das respostas dos empresários para o
“Espelho Empresários” foi um processo exaustivo, repetitivo e de muita atenção,
para que efetivemente fossem reproduzidas fielmente. No entanto, com a intenção
de focar exatamente na resposta dada à pergunta, a transcrição feita nesta tabela
apresenta trechos da entrevista. A seguir, para demonstração de sua composição,
segue um fragmento do “Espelho Empresários”, podendo-se visualizar integralmente
no Apêndice E:
Figura 4: Detalhe - Espelho Empresários
91
Fonte: elaborado pela autora
Igualmente ao espelho desenvolvido para apontar os dados dos alunos
egressos, o espelho acima lê-se da seguinte forma: O empresário E1 (primeira linha)
respondeu a pergunta relativa ao conhecimento sobre o trabalho desenvolvido pelo
curso (primeira coluna) como: “ Conheço, pois tem ex-alunos trabalhando comigo e
92
outros estagiando...”; sobre o contato com os alunos do Curso Técnico em Móveis
(segunda coluna), refutou que tem contato com estagiários e ex-alunos que atuam
como funcionários, e assim por diante.
Em seguida, assim como no tópico anterior, formulou-se a partir do espelho,
um quadro síntese, estruturado por meio da relação das categorias, provenientes
das perguntas, e ideias afins, da afinidade e frenquência das respostas dadas,
também organizadas numericamente e em ordem decrescente, como se pode
visualizar a seguir:
Quadro 9 : Quadro Síntese Empresários
EMPRESÁRIOS DO SETOR MOVELEIRO
93
Fonte: elaborado pela autora
O quadro acima, formado pela relação das categorias x ideias afins, mostra
que, na categoria denominada “Trabalho/formação Curso Técnico em Móveis”, os
empresários, em sua maioria, dizem não conhecer efetivamente o curso, salvo por
intermédio de terceiros, ou ainda, conhecem em partes, ou seja, conhece ocurrículo
e não a estrutura, e vice-versa.
Já na categoria “Contato”, 100% (cem) dos empresários entrevistados
afirmam que o único contato com alunos provenientes do curso foi por meio do
estágio, seguido por ex-alunos hoje funcionários.
Em “Características - Técnico em Móveis”, o quadro mostra que de acordo
com as declarações dadas, o Técnico em Móveis deve ter como característica
principal, o entendimento sobre o processo de construção de um móvel, além de
saber interpretar projetos. Também enfatizam que o profissional do ramo deve
gostar e querer realmente trabalhar na área. E, ainda, que o técnico moveleiro deve
ter conhecimentos técnicos espefíficos de determinada atividade e acima de tudo ter
comprometimento.
Com relação às “Competências Egressos x Demandas Setor”, os
entrevistados reconhecem que, num âmbito geral, os egressos do curso Técnico em
Móveis tem uma boa formação, contudo destacam a falta de comprometimento dos
jovens como um empecilho para a formação e atuação no mercado. Relatam
também que possuem demandas na área de produção, mas que os egressos não
querem trabalhar no chão de fábrica. Por isso declaram que devem ser
desenvolvidas competências específicas na área de produção e integrá-las ao
projeto.
No item “Foco curso”, se destaca a indicação de focar o curso para a
produção do mobiliário, seguidamente de projeto aliado à produção e ainda a
separação: projeto ou fabricação.
Ao que tange à “Satisfação”, alguns entrevistados atribuem o percentual de
70% com relação à formação dada, outros não conhecem efetivamente o trabalho
94
desenvolvido pelo curso para opinar; e ainda um empresário afirma que há egressos
com bom conhecimento técnico.
Os empresários indicam ainda, na categoria “Expectativas – formação”, que
esperam uma maior aproximação das empresas com o curso, que haja uma
melhoria no aprendizado no que diz respeito ao processo fabril do mobiliário, que os
alunos consigam aperfeiçoar os conhecimentos desenvolvidos em seu processo
formativo no período de estágio, e que tenham uma instrução em termos
administrativos.
Quanto às sugestões de “Aproximações: Contexto escolar – Setor Moveleiro”,
foi comum a recomendação de palestras com empresários do setor e designers
atuantes na área, como forma de instigar a aproximação. Sugeriu-se ainda, a
elaboração de concursos projetuais para os alunos, ampliação do número de
empresas que ofertam estágios, e visitas técnicas nas empresas moveleiras da
região, que como se sabe possibilitam ao aluno vivenciar o ambiente empresarial,
favorecendo a observação prática dos conhecimentos adquiridos e discutidos em
sala de aula.
E, finalmente, em “Potencialidades do Design”, afirmaram com veemência que
o Design é um diferencial essencial no setor moveleiro, que um desenho
diferenciado aliado ao conhecimento construtivo e da realidade do mercado,
contribuem para um bom design, e assim, para o desenvolvimento do setor.
Os registros dos empresários pesquisados, bem como dos egressos, embora
de um grupo restrito, constituem um importante instrumento para refletir e entender
como se dá a sintonia entre a escola e o mercado de trabalho. Assim, o tópico a
seguir faz uso destas informações, de modo a analisá-las e interpretá-las.
5.3 Convergências x Divergências: análise e interpretação
95
Como forma de orientar a análise e interpretação dos resultados obtidos,
sistematizados e descritos acima, toma-se como ponto de partida o objetivo geral do
estudo: Investigar as convergências e/ou divergências entre as competências
profissionais construídas pelos alunos durante a formação no Curso Técnico em
Móveis, do Instituto Federal Farroupilha – Câmpus Santa Rosa, com as expectativas
do mercado moveleiro da região.
Sob estes aspectos, de convergências e divergências, construiu-se um
quadro, proveniente dos conteúdos constantes tanto nas tabelas espelhos, quanto
nos quadros sínteses, que demonstra sinteticamente quais são as convergências e
divergências mais aparentes, conforme se pode visualizar abaixo:
Quadro 10: Convergências x Divergências
Fonte: elaborado pela autora
Os aspectos convergentes, considerados pontos positivos, dizem respeito aos
dados coletados que são afins, em que ambos sujeitos pesquisados expuseram
opiniões e ideias com algum ponto em comum em relação ao curso.
96
Já os divergentes, são informações e percepções que diferem entre os
pesquisados, ou seja, são pontos a serem considerados essenciais para o processo
reflexivo de como se pode alinhar a formação do Técnico em Móveis com as
expectativas do setor moveleiro.
Desta forma, destacam-se primeiramente os pontos convergentes, as quais
indicam que o curso Técnico em Móveis tem desenvolvido bem as habilidades
relacionadas às questões projetuais, tais como: detalhamento técnico de mobiliário,
compreensão e interpretação de desenhos e uso de softwares (AutoCad e Promob),
estando em consonância com alguns itens previstos em seu PPC, a qual aborda
sobre as competências gerais da área do Curso Técnico em Móveis.
Salienta-se aqui que, as competências consistem na capacidade do “saber
fazer”, oriundas do desenvolvimento das habilidades, da construção mental que
integra diferentes saberes, permitindo uma melhor fluidez no exercício profissional,
no caso, no ato projetual.
Outro quesito que converge entre as informações coletadas, é a importância
do estágio no processo formativo do aluno, pois é considerado um local onde o
aluno pode visualizar e relacionar teoria-prática, aprimorando seus conhecimentos,
habilidade e atidudes.
O entendimento sobre a relevância do Design para o setor é outro ponto em
comum, mas que merece maior atenção e entendimento, por parte dos sujeitos
pesquisados, visto que o conceito é amplo e complexo.
Conforme já descrito no tópico anterior, todos os empresários entrevistados
enfatizam que o Design é um diferencial no setor moveleiro, pois um bom projeto,
que alia criatividade, desenho, conhecimentos mercadológicos e de construção, é
essencial para ser competitivo no mercado. Nesta ideia, destaque para a colocação
de um dos empresários que investe fortemente em Design: “Vai chegar o tempo que
trabalhar com design não vai ser diferencial nenhum, vai ser exigência”.
97
Outro aspecto convergente, e de muita relevância e surpresa, é a satisfação
com a formação técnica recebida, tanto pelos relatos dos egressos, quanto pelos
dos empresários, que mesmo sem terem suas demandas plenamente atendidas
vêem os ex-alunos do curso Técnico em Móveis com uma boa formação.
No que se refere às divergências, frisa-se o distanciamento entre empresa e
escola, que apesar do contato via estágio, não se integram de forma efetiva, seja por
troca de informações sobre os estagiários, ou pelo conhecimento por parte dos
empresários sobre o PPC, as práticas pedagógicas adotadas, a formação dos
docentes atuantes, os componentes curriculares que constituem o curso e sua
infraestrutura.
Acredita-se que se houvesse um contato maior por parte dos docentes e
coordenação com o empresariado, o curso apresentaria um processo formativo mais
eficiente, e as empresas saberiam direcionar melhor os alunos - estagiários
conforme os conhecimentos até então adquiridos, fomentando esta relação.
Outro ponto que diverge, diz respeito ao direcionamento projetual dado ao
curso, visto que a demanda de mão-de-obra de trabalho, de acordo com o
empresariado, é laboral, de produção fabril. Em virtude disso, os egressos optam por
não trabalhar no setor produtivo, deixando cada vez maior as demandas desta área.
Em suma, a partir de todo processo de coleta de informações, compilação dos
dados e análises feitas, percebe-se que o curso Técnico em Móveis está formando
egressos com perfil para atuar no meio projetual, sendo suas competências
desenvolvidas principalmente para a elaboração de projetos, deixando uma grande
lacuna no desenvolvimento de competências relativas ao processo construtivo, de
produção laboral, mesmo tendo disciplinas de processos produtivos de igual
relevância em sua estrutura curricular.
Desta maneira, percebe-se que a construção dos conhecimentos, habilidades
e atitudes, com o foco projetual que está sendo dado, de certa forma está acordo
com as competências descritas em seu PPC.
98
No entanto, embora haja egressos trabalhando no setor projetual, as
demandas do mercado moveleiro tangenciam para outro lado. Conforme apontam as
informações coletadas, o setor de mobiliário regional necessita de um profissional
comprometido, que tenha aptidão e gosto por trabalhar na área, que saiba conjugar
os conhecimentos relativos à projetos e processos de produção, que tenha noções
administrativas e ainda que tenha domínio da fabricação, para atuar no chão-de-
fábrica, além de conhecimentos específicos de algumas atividades específicas,
como por exemplo corte ou plano de corte.
À vista disso, percebe-se que o perfil do profissional que o curso está
formando não está totalmente de acordo com as expectativas do setor, já que os
dados apontam que as necessidades emergem do processo de fabricação
moveleiro, embora 100% (cem) dos egressos entrevistados estejam trabalhando na
área projetual.
Logo, o que se observa é que mesmo que a demanda principal seja de mão-
de-obra para a fabricação do móvel, o mercado também tem acolhido profissionais
atuantes no meio projetual, como citado acima.
Com isso, confirma-se que se faz necessário formar um profissional que
habilitado para exercer determinada função, tanto projetual quanto fabril, aliando
conjuntamente conhecimentos, habilidades e atitudes específicas, e que ao mesmo
tempo tenha flexibilidade e capacidade de ação em situações de imprevisibilidade,
dentro da realidade a que estará sujeito.
As competências e habilidades, quando trabalhadas do ponto de vista da formação específica para as atividades produtivas, apontam para a necessidade da apropriação de bases tecnológicas ou o conjunto sistematizado de conceitos, métodos, técnicas, normas, padrões, princípios e processos tecnológicos, resultantes, em geral, da aplicação de conhecimentos científicos a essa área produtiva e que dão suporte às competências. (ALVARES, 2004, p.92)
Estes registros e constatações, de distanciamento entre escola e mercado de
trabalho, não são exclusividades do curso do estudo em questão, pelo contrário,
acredita–se que seja um ponto em comum entre os mais variados cursos de
habilitação profissional, principalmente em cursos com interface no Design.
99
Assim, a relação de proximidade entre escola e empresa deve estar em
constante devir, ou seja, transformando-se e/ou ajustando-se conforme o processo
dinâmico e evolutivo em que a sociedade se encontra, permitindo assim que o
procedimento de formação do técnico seja mais próximo da realidade profissional.
Desta forma, o capítulo a seguir, faz alguns apontamentos sugestivos de
aproximações entre o curso Técnico em Móveis e o mercado moveleiro regional e
melhorias no PPC, com o intuito de colaborar com a instrução do futuro profissional
e por consequência, com o setor do mobiliário na região.
5.4 Reflexões, apontamentos e sugestões
Este tópico surge com o intuito de instigar a reflexão sobre a temática
envolvida nesta dissertação: o processo formativo e o mercado de trabalho, fazendo-
se apontamentos e sugestões que possam ser úteis de alguma forma ao campo da
Educação, do ensino do Design e, particularmente, ao curso Técnico em Móveis do
Instituto Federal Farroupilha.
Superar a dicotomia existente entre o processo de formação e as expectativas
mercadológicas, especialmente na educação profissional, é um desafio posto. A
escola deve mediar situações que possibilitem o preparo de profissionais que
consigam acompanhar as mudanças e transformações do setor produtivo.
Por isso, a ligação entre o curso e o mercado de trabalho a qual ele atende,
deve ser pontual, regular e de trocas mútuas, colaborando para o avanço de ambos,
tanto com o processo de desenvolvimento de competências, quanto para o
crescimento do setor.
Desta forma, simples ações podem ser tomadas para que o andamento de
aproximação curso – empresa comece a acontecer, como por exemplo:
Palestras e workshops com pessoas de influência na área (designers,
100
empresários e funcionários de setores específicos); reuniões periódicas entre o setor
e o curso, com fins de discutir as expectativas mercadológicas, bem como avaliação
de estagiários atuantes nas empresas; visitas técnicas nas fábricas de móveis, dos
diversos segmentos, para que se possa visualizar como a empresa trabalha, as
tencologias empregadas em seus processos produtivos, os materiais usados, dentre
outros aspectos.
Além disso, acredita-se que é possível fomentar esta aproximação por meio
de parcerias para a proposição de concursos de desenho e projetos construtivos,
que instiguem a criatividade, a capacidade de resolver problemas, as habilidades
manuais e intelectuais.
A oferta de uma formação continuada aos alunos egressos, atuantes no
setor, se faz relevante, pois cria condições de ampliação de conhecimentos,
aperfeiçoamento de habilidades, e por consequência uma melhor realização
profissional. Tais cursos poderiam ser de temáticas específicas, sugeridas pelo
mercado, como por exemplo: AutoCad 3D, Promob, Usinagem da madeira e Design
de Interiores.
Formação continuada e específica do corpo docente, frente às necessidades
do mercado, para fins de aperfeiçoamento e aprofundamento do conhecimento
específico demandado, com a intenção de melhor adequar suas práticas
pedagógicas à realidade local, tendo como consequência um processo de ensino-
aprendizagem mais eficaz.
Também sugere-se uma “reunião inaugural”, no começo do ano letivo, com o
número máximo possível de empresários do setor moveleiro, para uma
apresentação detalhada do PPC do curso, de sua configuração curricular, do seu
corpo docente e suas práticas pedagógicas, além da infraestrutura física disponível
para o processo educacional, com o intuito de ampliar a lista de empresas
conveniadas para estágio, como também para aumentar as possibilidades de troca
de informações com o segmento.
Em um nível um pouco mais complexo, melhorias podem ser feitas através do
101
planejamento educacional, principalmente de ordem curricular.
O currículo orienta, estrutura e direciona a formação profissional,
organizando o processo de ensino-aprendizagem, tornando-se um item crucial no
processo formativo do aluno. Por isso, dever ser flexível, de modo que disponibilize
condições de reajustes, corrigindo erros e insuficiências, e ainda adaptando-se à
novas realidades.
Sob esta concepção, seria de extrema relevância, uma análise reflexiva
acerca a matriz curricular do curso Técnico em Móveis, levando-se em consideração
informações, demandas e expectativas no mercado moveleiro, pois como se
verificou, o ensino deve estar permanentemente sintonizado com o mercado.
Assim, a educação profissional moveleira constrói-se a partir da identificação
das funções e subfunções, presentes em cursos provenientes do Design, que
caracterizam o mercado do mobiliário e da percepção das competências e
habilidades demandadas, complementando assim seu currículo de forma a atender
as peculiaridades do mercado regional. Esta análise permitiria reavaliar desde a
carga horária dos componentes curriculares até os componentes curriculares em si.
Trabalhar efetivamente o currículo centrado no desenvolvimento de
competências possibilitaria uma nova reorganização das competências ensejadas
pelo curso, implicando concretamente o desenvolvimento das dimensões cognitivas -
saberes (conhecimentos), atitudinais – saber ser (atitudes) e motoras – saber agir
(práticas no trabalho).
Outro ponto conveniente para se ponderar é a possibilidade de implementar
ações interdisciplinares concretas, que levem à formação integral, como previsto no
PPC do curso.
Como sabe-se, na prática, este movimento de articulação entre a área
pedagógica, coordenação e docentes, para efetivar a interação dos mecanismos que
envolvem a interdisciplinaridade, pouco é explorada, pois envolve tempo e muito
estudo. No entanto, podem-se provocar, como um ato inicial de efetivar esta prática,
102
reflexões de como poderiam se realizar estas articulações, instigando também o
pensamento reflexivo sobre suas práticas docentes.
Ao adotar a interdisciplinaridade no desenvolvimento do currículo, faz-se
necessário a um trabalho de equipe, para que os olhares plurais na observação da
situação de aprendizagem sejam capazes de estabeler um diálogo produtivo entre
as diferentes áreas, permitindo uma contínua atualização e aperfeiçoamento.
Num âmbito mais audacioso, proporia-se ainda, repensar e reavaliar o curso,
com a intenção de melhor direcioná-lo ao mercado, repaginando-o e mudando seu
enfoque, para que a absorção de egressos pelo mercado de trabalho seja
permanente e eficaz, de forma que o curso desempenhe as funções por ele
propostas e atenda as suas obrigações institucionais frente à sociedade. Ressalta-
se que, embora seja um processo longo e árduo, seria de imensa importância para o
setor moveleiro regional. Mas o aprofundamento desta proposição tomaria todo um
estudo específico, a qual pode ser feito em outro momento.
Por fim, cumpre observar que, mesmo que aqui se apresente um recorte de
estudo, um estudo de caso, as conclusões, observações, apontamentos, sugestões
e reflexões não são definitivas, tampouco de possiblidades interpretativas estanque,
de modo que podem ser feitos estudos complementares a este trabalho como meio
de contribuir ainda mais com o processo de ensino-aprendizagem.
103
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como marco inical a definição de objetivos a serem
cumpridos, com o intuito de verificar se o curso está atingindo sua missão
pedagógica. Desta maneira, a proposição de investigar as convergências e/ou
divergências entre as competências profissionais construídas pelos alunos durante a
formação no Curso Técnico em Móveis, do Instituto Federal Farroupilha – Câmpus
Santa Rosa, com as expectativas do mercado moveleiro da região, foi
desempenhada.
A pesquisa descrita neste trabalho proporcionou o mapeamento das
competências adquiridas pelos egressos em seu período formativo, o perfil deste
esutdantado, considerando as visões dos alunos egressos e do mercado moveleiro,
bem como as expectativas do setor frente à formação, o que possibilitou detectar as
convergências e divergências existentes.
A partir disto, dos resultados encontrados desta confrontação, pode-se traçar
o perfil do aluno egresso e atuante no setor moveleiro, e ainda identificar qual o foco
de formação faz parte das expectativas do mercado de mobiliário da região.
A articulação do conjunto destas informações, respondem então a questão de
estudo: As competências desenvolvidas pelo egresso do Curso Técnico em Móveis,
durante o período de formação, estão em consonância com as expectativas
profissionais do setor moveleiro?
Antes de responder diretamente a pergunta, vale relembrar que a construção
da resposta e sua consequente reflexão, percorreu-se um longo caminho, em que foi
preciso descrever a realidade da educação profissional brasileira, contanto com suas
legislações e adendos, suas metas e papeis na educação nacional. Ainda, foi
preciso compreender os conceitos que envolvem as competências no âmbito
educacional, especialmente na área do design, de desenvolvimento de artefatos,
com o intuito de relacioná-las com o curso estudado.
104
Este percurso passou também pela descrição minuciosa e detalhada do local
onde foi realizado o estudo de caso, com a intenção de localizar o leitor sobre a
realidade em que o curso de desenvolve, discorrendo sobre os discentes, a estrutura
curricular e a realidade moveleira regional.
Além disso, de todo embasamento teórico sobre o caso, obteve-se o contato
dos participantes, cernes da questão (egressos e empresariado moveleiro), para
mensurar aspectos relativos a este questionamento.
O que se pode verificar, e teve-se como uma grata surpresa, foi a satisfação
dos egressos frente à formação recebida, ainda que em pequeno número de ex-
alunos atuantes no mercado. A partir das informações coletadas no grupo focal,
descobriu-se que a grande maioria dos egressos do curso Técnico em Móveis, da
modalidade integrado ao ensino médio, seguem outras áreas de formação, tanto
pela escolha precoce do curso, quanto por questões de aptidão.
Da mesma forma, os empresários, que embora apontem a necessidade de
mão-de-obra para o trabalho laboral, surpreenderam positivamente, por sua
receptividade, disponibilidade e por acreditarem na importância do curso para o
desenvolvimento do setor moveleiro regional.
Em contrapartida, verificou-se que atualmente há uma grande lacuna entre o
processo formativo e o as demandas moveleiras, que há um grande número de
alunos formados estudando em outras áreas, e que talvez falte incentivo, integração
curricular efetiva, que estimule o aluno a permanecer no segmento de
desenvolvimento de produtos, seja na parte laboral ou projetual.
No entanto, acredita-se que existem ações que podem proporcionar um
melhor rendimento na relação do processo de ensino-aprendizagem-mercado, que
vão desde adequações curriculares em seu PPC, até ações conjuntas entre o curso
e o empresariado moveleiro, que servem como forma de contribuição tanto para o
processo de ensino moveleiro, quanto para o processo de ensino de cursos que
possuem em sua espinha dorsal o desenvolvimento de produtos/artefatos, como o
Design, conforme exposto no capítulo anterior.
105
Retornando à pergunta do estudo, considerando-se as informações descritas
acima, pode-se dizer que em um primeiro momento a resposta é não. Conforme
apontado anteriormente, o aluno egresso do curso Técnico em Móveis está
apresentando perfil profissional para atuar em áreas projetuais, e as demandas
demonstradas pelo setor apontam a necessidade de mão-de-obra para atuação no
meio de execução laboral, de fabricação do mobiliário.
Mas, em contrapartida, observa-se que todos os egressos pesquisados,
atuantes no setor, desempenham funções de ordem projetual, sendo, portanto,
absorvidos pelo mercado. Isso quer dizer que este foco formativo de certa forma
atende algumas demandas.
Através da identificação das lacunas existentes desta relação, foi possível
apontar sugestões a serem tomadas para a melhoria da ligação entre a instituição
de ensino – Curso Técnico em Móveis e mercado de trabalho moveleiro, bem como
forma de contribuição para enriquecer o transcurso de ensino-aprendizagem, além
de fomentar o processo reflexivo de como aproximar a realidade do cotidiano de
trabalho com o andamento do processo ensino, a fim de demonstrar como e onde
conhecimentos adquiridos podem ser aplicados.
Importante observar que também foram apontadas sugestões de ordem mais
profundas quanto à reorganização curricular e até mesmo com relação ao
redirecionamento do foco do curso. No entanto, para fins de consolidação destas
questões, se faz necessário o aprofundamento do assunto, podendo-se utilizar o
presente estudo como fonte inicial.
Considera-se que o cumprimento de todas as etapas propostas pelo método
de pesquisa, contribuiu para verificação da realidade do setor moveleiro hoje e,
principalmente, para a reflexão sobre o direcionamento que o curso está dando aos
seus alunos, chegando-se a conclusões significativas.
A pesquisa teve como limitação o fato de ser um estudo de caso e, como tal,
não é passível de generalização. Entretanto, infere-se que as informações contidas
neste trabalho podem ser úteis para incentivar e estimular novos estudos sobre a
106
relação do processo formativo do aluno e o mercado de trabalho, em especial, em
cursos de educação profissional, e cursos de interface com o Design, com fins de
reduzir o distanciamento existe entre o ambiente escolar e o mundo profissional,
comumente visto em cursos da área.
107
REFERÊNCIAS
ALVARES, Maria Regina. Ensino do Design: A Interdisciplinaridade na Disciplina de Projeto em Design. Florianópolis: UFSC - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, 2004.
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Parecer CNE/CEB nº 16, de 5 de outubro de 1999. Trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf_legislacao/tecnico/legisla_tecnico_parecer1699.pdf > Acesso em: 10/07/2014.
_______. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Parecer CNE/CEB nº 39, de 8 de dezembro de 2004. Aplicação do Decreto nº 5.154/2004 na Educação Profissional Técnica de nível médio e no Ensino Médio.. Disponível em < http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf_legislacao/tecnico/legisla_tecnico_parecer392004.pdf> Acesso em: 19/07/2014.
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________. Presidência da República. Decreto no 5.154 de 23 de julho de 2004. Regulamenta o § 2o do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5154.htm >. Acesso em 28/07/2014.
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113
APÊNDICE A
Roteiro de entrevistas – Empresários
Nome da empresa:
Segmento:
( ) Móveis Planejados ( ) Móveis Planejados e Seriados ( ) Móveis Seriados
1. Você conhece o trabalho desenvolvido pelo Curso Técnico em Móveis do IFFarroupilha?
2. Qual o contato que você já teve com os alunos do Curso Técnico em Móveis?
3. Em sua opinião, qual (is) a (s) característica (s) mais importante (s) que um Técnico em Móveis deve possuir?
4. Como você relaciona as competências dos alunos egressos, com as demandas do setor?
5. Em sua opinião, o curso deve ter qual foco?
6. Qual o seu grau de satisfação com a formação oferecida pelo Curso Técnico em Móveis do IFFarroupilha?
7. Quais suas expectativas com relação a formação do futuro profissional da área moveleira?
8. Como você acha que poderia ocorrer a aproximação do contexto escolar com as indústrias?
9. As potencialidades do Design, no desenvolvimento de mobiliário são:
114
APÊNDICE B
QUESTIONÁRIO ALUNOS
Caro(a) aluno(a),
O objetivo deste questionário é coletar informações para uma pesquisa de mestrado.
Aborda assuntos relacionados à formação oferecida pelo curso, com a intenção de verificar a adequação da competências profissionais construídas na formação dos alunos do Curso Técnico em Móveis, do Instituto Federal Farroupilha – Câmpus Santa Rosa, com o mercado de trabalho moveleiro da cidade de Santa Rosa-RS.
As respostas dadas no questionário são sigilosas e os dados coletados serão tratados em conjunto.
Sua participação é de suma importância para o objetivo do estudo. Muito Obrigada!
1. Quais são suas atividades na empresa? Possuem foco no processo produtivo ou na realização de projetos?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2. Ao ingressar na empresa, você teve alguma dificuldade para realizar as tarefas solicitadas? Se sim, quais?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3. Quais competências presentes no seu cotidiano, que você identifica como desenvolvidas pelo Curso Técnico em Móveis?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4. Quais conhecimentos específicos você só adquiriu com a prática profissional?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5. Como Técnico em Móveis, você acredita que possui:
( ) Domínio do processo produtivo
( ) Capacidade Projetual
( ) Conhecimento técnico específico de materiais e processos produtivos moveleiros
( ) Responsabilidade sustentável
115
( ) Capacidade criativa
( ) Compromisso social (inclui ética profissional)
( ) Capacidade de trabalho em equipe
( ) Segurança profissional
( ) Outra.
Qual?__________________________________________________________
6. Na empresa onde trabalha, o Design é:
( ) Muito importante
( ) Importante.
( ) Indiferente
( ) Dispensável
( ) Pouco usado
7. Avalie o curso nos seguintes itens:
ÓTIMO BOM REGULAR RUIM PÉSSIMO Currículo (disciplinas – teoria e prática) Professores (conhecimento e atualização) Professores (relacionamento com os alunos)
Equipamentos (laboratórios) Biblioteca Infraestrutura (salas de aula, etc) Competências desenvolvidas pelo curso
116
APÊNDICE C
TERMO DE CONSENTIMENTO E AUTORIZAÇÃO PARA PESQUISA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TÍTULO DA PESQUISA
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL MOVELEIRA: Um estudo de caso da relação entre as competências
dos egressos e as expectativas do mercado.
CONVITE
VOCÊ está sendo CONVIDADO(A) a participar de uma pesquisa desenvolvida por Ardalla Ziembovicz
Vieira, aluna do Programa de Mestrado em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter.
O Pesquisador Responsável pela pesquisa é o Prof. Dr. André Luís Marques da Silveira.
APRESENTAÇÃO
A temática desta dissertação envolve a avaliação do Projeto Pedagógico de Curso (PPC) do
curso técnico de nível médio em Móveis, considerando-se a legislação relativa à educação
profissional vigente, os parâmetros para a ação educativa expressa no PPC (os objetivos do curso, as
competências a serem desenvolvidas, dentre outros), as práticas em sala de aula, o perfil do
profissional concluinte e a realidade da região quanto à demanda de trabalhadores do setor
moveleiro. Sendo assim, esta pesquisa pretende verificar a adequação das competências
profissionais construídas na formação dos alunos do Curso Técnico em Móveis, do Instituto Federal
Farroupilha – Câmpus Santa Rosa, com o mercado de trabalho moveleiro da região.
A investigação proposta está vinculada à linha de pesquisa “Design, Tecnologia e Educação”
do PPGD e articula conhecimentos de Design, Educação e Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de bases teóricas,
metodológicas e tecnológicas para o ensino do Design.
A estratégia metodológica eleita é o Estudo de Caso e os procedimentos adotados serão:
(1) análise documental do PPC do Curso; (2) entrevistas semiestruturadas aplicadas individualmente
aos empresários do setor de mobiliário; (3) grupo focal online com os alunos egressos do curso até o
final do ano de 2013; (4) entrevistas semiestruturadas aplicadas individualmente aos alunos egressos
atuantes no mercado moveleiro. Os dados serão coletados entre os meses de outubro e dezembro de
117
2014.
Acredita-se que esta investigação não apresenta nenhum tipo de risco intrínseco aos
envolvidos. Ressalta-se a necessidade de conduta ética tanto do pesquisador, quanto dos
participantes da pesquisa, enquanto fontes de evidências, comprometidos com a veracidade dos
fatos relatados. Os dados coletados serão acessados apenas pelos pesquisadores Ardalla
Ziembovicz Vieira e Prof. Dr. André Luís Marques da Silveira para os fins científicos e acadêmicos da
investigação e será garantido o anonimato dos participantes.
Por tratar-se de uma pesquisa qualitativa, não é possível mensurar os resultados e
benefícios do presente trabalho, mas estima-se que ele possa contribuir para futuras pesquisas
acadêmicas de outros estudantes, bem como com a reflexão sobre os rumos do ensino do design na
contemporaneidade.
Esta pesquisa é financiada com recursos da pesquisadora, com o apoio da concessão de
bolsa de estudos parcial, do Centro Universitário Ritter dos Reis. As informações coletadas serão
utilizadas apenas com o intuito de contribuir com o objetivo desta pesquisa, não havendo qualquer
outro fim.
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO
Pelo presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, declaro que autorizo a minha
participação neste projeto de pesquisa, pois fui informado, de forma clara e detalhada e livre de
qualquer forma de constrangimento ou coerção, dos objetivos, da justificativa, dos procedimentos que
serei submetido, dos riscos, desconfortos e benefícios, assim como das alternativas às quais poderia
ser submetido, todos acima listados.
Manifesto, igualmente, que fui adequadamente informado:
1. Da garantia de receber resposta à pergunta ou esclarecimento de dúvida acerca dos
procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa;
2. Da liberdade de retirar meu consentimento, a qualquer momento, e deixar de participar do
estudo;
3. Da garantia de que não serei identificado quando da divulgação dos resultados e que as
informações obtidas serão utilizadas apenas para fins científicos vinculados ao presente
projeto de pesquisa;
4. De que os dados que estão sendo coletados serão acessados apenas pelos pesquisadores
Ardalla Ziembovicz Vieira e Prof. Dr. André Luís Marques da Silveira e utilizados por este
grupo de pesquisa; e
5. Do compromisso de proporcionar informação atualizada obtida durante o estudo, ainda que
esta possa afetar a minha vontade em continuar participando.
118
Caso tenha eventuais dúvidas, você pode entrar em contato com os Pesquisadores
Responsáveis por este Projeto de Pesquisa, pelos telefones (51)3230.3391 (André) ou
(55)812535-52 (Ardalla), ou ainda pelos e-mails: [email protected] ;
O presente documento será assinado em duas vias de igual teor, ficando uma com o
Participante da Pesquisa e outra com o Pesquisador Responsável.
O Comitê de Ética em Pesquisa da UniRitter (CEP/UniRitter), responsável pela apreciação
do referido Projeto de Pesquisa, pode ser consultado a qualquer momento, para fins de
esclarecimento , por meio do número de telefone: (51) 3092.5699 - Ramal 9024 ou do endereço
eletrônico (e-mail): [email protected].
Data: / / 2014.
_______________________ ___________________________________
Assinatura do Pesquisador Assinatura do Participante
Ardalla Ziembovicz Vieira
0
ATIVIDADES FOCO PRODUTIVO
OU PROJETUAL
DIFICULDADES PARA REALIZAR TAREFAS
COMPETÊNCIAS DESENVOLVIDAS
PELO CURSO
CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS COM A PRÁTICA
PROFISSIONAL
COMO TÉCNICO EM MÓVEIS – VOCÊ POSSUI
NA EMPRESA O DESIGN É
AVALIAÇÃO DO CURSO
A1 Projetista e vendedora. Não tenho contato no processo produtivo, pois a fábrica fica em Bento Gonçalves, então nós somente fizemos a parte da execução dos projetos.
Tive um pouco de dificuldade na parte dos orçamentos. Conhecimento dos complementos- ferragens, algum tipo de prateleira, suportes, e montagem dos móveis.
Uso do Promob e AutoCad.
Diversos conhecimentos, que fogem um pouco do que seria a princípio o meu trabalho. Sou responsável parcialmente pela parte contábil da loja. Conhecimento de materiais e ferragens. Contato com o cliente.
Capacidade Projetual;
Conhecimento técnico materiais e
processos moveleiros; Capacidade criativa;
Compromisso social; Capacidade de
trabalho em equipe; Segurança
profissional;
Muito importante DISCIPLINAS - B PROFESSORES - B LABORATÓRIOS - O BIBLIOTECA - O INFRAESTRUTURA - O COMPETÊNCIAS - O
A2 Atuo mais na área da venda, quando é necessário um projeto sob medida realizo os mesmos utilizando o Promob. Possui mais foco na realização dos projetos.
Não tive nenhuma dificuldade.
O conhecimento básico sobre qualquer móvel, a espessura da chapa, tanto as dimensões de medida. Com as aulas práticas agora posso dizer para os clientes quais são as melhores opções que ele pode adquirir, desde a corrediça ao acabamento.
A parte da venda, o atendimento direto ao cliente.
Capacidade Projetual; Conhecimento técnico específico de materiais e processos produtivos moveleiros; Capacidade criativa; Compromisso social; Capacidade de trabalho em equipe; Segurança profissional.
Importante DISCIPLINAS - B PROFESSORES - O LABORATÓRIOS - O BIBLIOTECA - O INFRAESTRUTURA - O COMPETÊNCIAS - O
A3 Tenho como atividade na empresa a função de criar os projetos e funções administrativas também, tendo assim o foco na realização de projetos.
Não. Identifico como competências presentes no cotidiano as aulas de desenho, aulas no autocad e promob, também identifico o trabalho em equipe.
Funcionamento do mercado e melhor entendimento sobre as demandas dos clientes.
Domínio do processo produtivo; Capacidade Projetual; Conhecimento técnico específico de materiais e processos produtivos moveleiros; Responsabilidade sustentável; Capacidade criativa; Compromisso social; Capacidade de trabalho em equipe.
Importante DISCIPLINAS – R PROFESSORES - B LABORATÓRIOS - B BIBLIOTECA - B INFRAESTRUTURA - B COMPETÊNCIAS - B
A4 Projetista, com foco na área projetual.
Sim algumas duvidas no promob, tive dificuldades em questões como profundidade usada em balcões entre outras questões dimensionais.
Todas na verdade desde o acompanhamento com o cliente ate a entrega final do móvel.
A descoberta na prática do promob. Capacidade Projetual; Conhecimento técnico materiais e processos moveleiros; Capacidade criativa; Compromisso social; Capacidade de trabalho em equipe; Segurança profissional;
Muito Importante DISCIPLINAS - O PROFESSORES - O LABORATÓRIOS - B BIBLIOTECA - B INFRAESTRUTURA - O COMPETÊNCIAS – O
A5 Detalhamento técnico de móveis, auxilio também na parte das encomendas, vistoria dos produtos e
Não tive qualquer dificuldade ao ingressar na empresa, pois estagiei primeiramente aqui.
Medição de ambientes, AutoCAD (tanto o 2D como o 3D), Promob Plus, aplicação da teoria das
Comandos no teclado do software AutoCAD, orçamentos feitos a partir do PROMOB, criações através de geometrias, construções
Domínio do processo produtivo; Capacidade Projetual; Conhecimento técnico específico de materiais e processos produtivos moveleiros; Responsabilidade
Muito Importante DISCIPLINAS - O PROFESSORES - O LABORATÓRIOS - B BIBLIOTECA - O
1
encadernando as faltas, para desta forma realizar a encomenda. Foco tanto no produtivo como no projetual da empresa.
cores no momento projetual, técnicas de produção e montagem aprendidas em várias disciplinas teóricas e práticas, técnicas de pintura com pistola.
diferenciadas utilizando mecanismos técnicos da empresa. Trabalho em equipe com pessoas mais velhas e com maior carga trabalhista do que eu.
sustentável; Capacidade criativa; Compromisso social; Capacidade de trabalho em equipe; Segurança profissional.
INFRAESTRUTURA - B COMPETÊNCIAS - B
A6 Detalhamento de móveis, listagem de materiais e peças para a fabricação dos móveis. Foco em projeto e produção.
Não. Uso do AutoCAD e Promob
Através da prática diária desenvolvi um grande conhecimento no uso do AutoCAD e suas ferramentas. Além do conhecimento em Corel Draw e AutoCAD 3D.
Domínio do processo produtivo; Capacidade Projetual; Conhecimento técnico específico de materiais e processos produtivos moveleiros; Capacidade criativa; Compromisso social; Capacidade de trabalho em equipe; Segurança profissional.
Muito Importante DISCIPLINAS - B PROFESSORES - O LABORATÓRIOS - R BIBLIOTECA - O INFRAESTRUTURA - B COMPETÊNCIAS - B
A7 Trabalho como desenhista, realizo os projetos necessários para a instalação de piscinas e projetos paisagísticos.
Sim, quando comecei a trabalhar na empresa não fazia o curso, então aprendi tudo na prática.
Auto Cad, que adquiri
conhecimento em um
curso na área da
construção civil, mas pude
aperfeiçoar e adquirir
novos conhecimentos no
Curso de Móveis.
Quase todos. Capacidade projetual. Pouco usado. DISCIPLINAS - B PROFESSORES - B LABORATÓRIOS - R BIBLIOTECA - B INFRAESTRUTURA - B COMPETÊNCIAS - R
A8 Projeto de Móveis e Ambientes, foco em projetos.
Não, apenas dificuldade para me inserir no mercado de trabalho da área.
Todas, tanto de projetos quanto de produção.
Atendimento ao cliente, construção do briefing.
Domínio do processo produtivo; Capacidade Projetual; Conhecimento técnico específico de materiais e processos produtivos moveleiros; Responsabilidade sustentável; Capacidade criativa; Compromisso social; Capacidade de trabalho em equipe. Me considero uma excelente profissional.
Importante. DISCIPLINAS - B PROFESSORES - O LABORATÓRIOS - B BIBLIOTECA - O INFRAESTRUTURA - O COMPETÊNCIAS - B
0
TRABALHO
DESENVOLVIDO PELO CURSO
CONTATO COM ALUNOS DO
CURSO TÉCNICO EM MÓVEIS
CARACTERÍSTICAS QUE UM TÉCNICO EM
MÓVEIS DE POSSUIR
RELAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS DOS EGRESSOS COM AS DEMANDAS DO SETOR
FOCO DO CURSO
GRAU DE SATISFAÇÃO -
FORMAÇÃO OFERECIDA PELO
CURSO
EXPECTATIVAS COM RELAÇÃO A FORMAÇÃO
APROXIMAÇÃO DO CONTEXTO ESCOLAR
COM O SETOR MOVELEIRO
POTENCIALIDADES DO DESIGN
E1 Conheço, pois tem ex- alunos trabalhando comigo e outros estagiando, então conheço bem. Não conheço a infraestrutura do curso, mas tenho muita vontade de conhecer, até para colocar alguns pontos que vejo como importantes.
Estagiários e ex-alunos como atuais funcionários.
O aluno deve querer ser Técnico em Móveis, não deve fazer o curso apenas para preencher uma lacuna, pois se realmente o aluno quer ser ele será um ótimo profissional.
Bem difícil de responder. Agente conversa muito sobre os alunos, pois nosso trabalho hoje exige técnico, mas se vê muitos alunos e pouco comprometimento. Não vejo problema na formação que vocês dão, mas sim no querer do aluno. Com formação que o IFET dá agente aprende muita coisa com eles também, ocorre uma troca. Ainda acho que é querer ser técnico e não preencher uma lacuna. Vejo várias virtudes dos alunos que vem do IFET, mas a maioria não tem comprometimento.
Projetual 70% Um ponto bem importante. Eu não conheço a infraestrutura do IFET, mas segundo o pessoal comenta, o maquinário que o curso tem é muito desatualizado, então isso também prejudica um pouco a formação do aluno, pois eles saem de um sistema totalmente artesanal para entrar em uma empresa que usa o maquinário moderno, e eles não sabem nem para que servem. Então eu acho que a estrutura deveria melhorar.
Poderia ter mais parceiros dando estágios. Vocês deveriam divulgar mais o curso, pois penso que por meio do curso a classe poderia se unir mais, o que seria muito bom para todos. Oferta de curso de AutoCad 2 e 3D.
Isto é interessante, pois sou defensor do design. Fui um dos primeiros empresários da região a contratar um arquiteto para desenhar os móveis, já pensando no design, pois eu via isso como uma necessidade, de investir no design, isso é um caminho. Hoje o diferencial do móvel é o design. Um projeto bem feito é o principal.
E2 Não conheço. Conheço apenas algumas salas de aula, a estrutura externa e aquilo que é dito pelos alunos.
Apenas como estagiários.
Deve ter uma percepção de como é a construção de um móvel, o que ele pode mudar e melhorar em um móvel. Projeto e processo de fabricação devem andar juntos.
Falta um pouco da integração dos conhecimentos de projeto com processo de fabricação. E ainda a competência relacionada com o cliente. Os alunos não querem trabalhar no chão de fábrica, apenas com projetos, que exige bastante concentração e conhecimento.
Projetual e de chão de fabrica (fabricação). Protótipo artesanal (marcenaria), saber analisa-lo.
Eu não conheço muito, então não posso dar nota. Mas posso dar parabéns pela escola por ter este curso.
Que os alunos aproveitem o contato com as empresas, durante o estágio, que consigam agregar conhecimentos na sua formação, não apenas para cumprir currículo. Quem tem oportunidade de aprender, tem que aprender. Isso é mais uma ferramenta para se tornarem bons profissionais.
Ofertar cursos extras, de treinamento de projeto + vendas, design de interiores, Promob, AutoCad, assim as empresas enviariam seus empregados para fazerem também.
Um desenho diferente é muito importante. O projeto anda junto com o design, é o que encanta o cliente.
E3 Não. Conheço muito pouco, tanto da estrutura quanto do que é
Sim. Apenas um estagiário, na área projetual. Aluno não quis ir
Técnico em Móveis: significa que ele vai ter uma noção básica de montagem do produto,
Como já havia te falado, conheço muito pouco o curso, então não posso responder de as competências desenvolvidas
Penso que deveria ser separado: marcenaria e desenho. Acho que
Não tenho como dizer, na verdade por um erro meu como empresa,
Conseguir integrar mais as empresas do setor com o curso e formar técnicos que realmente saibam
Palestras com pessoas importantes do setor. Reuniões do setor moveleiro, quais as
Tenho certeza que várias fábricas estão procurando desenho. É importante saber a
1
ensinado. para a produção. interpretação de desenho, conhecer as peças que compõem o móvel, que ele tenha pelo menos estes conhecimentos básicos. Que saiba resolver algum problema técnico, como uma gaveta que não fecha, enfim. Saber ler o projeto, saber montar o móvel, fabricar o móvel vem com a experiência profissional. “deveria se
ensinar o “amor” a
marcenaria”.
estão de acordo. poderia ser um “basicão” e depois o
aluno optar por um ou outro. Apesar de serem complementares são bem diferentes. Cada aluno tem perfil para determinada atividade. Assim os interessados por cada segmento já tomaria posição. Quem sabe vocês formariam bons designers?!
por não ter mais conhecimento disto.
como se estrutura um móvel e como se dá seu funcionamento, assim os demais conhecimentos, por exemplo, fabricação, se aprimoram com o cotidiano na empresa.
expectativas do mercado para o próximo ano, tanto para planejados quanto para os demais ramos. Penso que isso aproximaria o curso com as empresas. Concursos de projetos de alunos para fabricação por empresas locais.
realidade do mercado, ser criativo. Design é um diferencial essencial do setor.
E4 Em partes. Sei como funciona por meio de funcionários que já lecionaram lá. Já estive uma vez na instituição, bem na abertura. Se não me engano uma das aulas inaugurais foi comigo. Mas foi bem no começo do curso, as máquinas estavam ainda embaladas, apenas conheci o espaço físico destinado
Com estagiário e com egressos que hoje são funcionários.
Entender o processo da construção e saber interpretar projetos, hoje é muito importante. O saber fazer o aluno aprende fácil, entender como, saber como, é questão de compreensão de como ele vai fazer.
Percebo que gradativamente está se melhorando a percepção técnica, mas por outro lado, nós vemos cada vez mais descomprometimento, isso é cultural, mas é geral, não especifico do curso. Em termos de compreensão e interpretação de desenho estão bem. Mas não testei se realmente eles sabem construir um móvel desde o ponto zero, por exemplo: quais soluções me dariam para fazer um encaixe.
Em projeto percebo que o pessoal sai bem preparado, acho que falta um pouco mais da elaboração laboral do móvel e o “casamento” de
materiais e acessórios, penso que enriqueceria mais a formação.
Os alunos que conheci saíram do curso com um nível técnico bom. Eles saem preparados para buscar soluções.
Penso que pode melhorar a formação com relação ao estudo dos materiais, o cruzamento destes materiais. Técnicas de pintura e pintura em madeira maciça, estofados.
Uma coisa boa que está acontecendo são as visitas técnicas do curso aqui na empresa, poderiam ocorrer em outras também. Visitar as fábricas quando estão fazendo processos de fabricação específicos. Outra coisa seria instigar a premiação construtiva, não de desenho, e sim da construção de um móvel, descobrindo por conta própria o uso de uma nova técnica,
Designers que tem conhecimento construtivo, não apenas de desenho, contribuem muito mais no processo de fabricação do mobiliário com bom design. “Vai chegar o tempo
que trabalhar com design não vai ser diferencial nenhum, vai ser exigência!”
2
para elas. explorar a criatividade.
E5 Conheço. Não sei se mudou algo, mas conheço a infraestrutura toda.
Estagiários.
Os alunos devem ter mais interesse e comprometimento pelo o que ele está fazendo.
Em parte. O curso tinha que definir uma área específica. A necessidade maior é na produção. Mas os alunos querem a parte de projetos.
Produção. Há muita necessidade da produção artesanal do mobiliário, principalmente do móvel feito sob medida.
70% de satisfação e 5% de aproveitamento do pessoal.
Despertar o interesse do aluno pela área moveleira para que sigam a profissão. Gostaria muito de ter contratado alguém, mas tive a infelicidade de não conseguir. O setor precisa demais de vocês, o curso é muito importante pelo potencial do setor na região. A parceria da pequena indústria com o IFF é importante para o nosso crescimento.
Ponto muito importante. Incentivar a motivação do aluno com palestras, dentro da sala de aula, com empresários bem sucedidos do setor. Mostrar o quanto é fascinante a profissão.
O design é uma das partes mais importantes para a execução de um móvel. É a iniciação de uma transformação, de um pensamento para o papel, e do papel para a execução do móvel.
E6 Em partes. No momento em que foi firmado o convênio de estágio o curso foi apresentado, mas não fomos visitar o curso pessoalmente por falta de tempo, então falta um conhecimento maior por nossa parte.
Estagiários. Estagiários nota 100 e nota 0, mas não quer dizer que ele seja nota zero, apenas para tal atividade, a qual não se identificou.
Profissional que tenha conhecimentos específicos de determinada atividade na produção moveleira, que acompanhe a mudança do manual para o tecnológico. Hoje forma-se um aluno com conhecimento muito amplo, que não tem domínio de da usinagem, nem do corte, nem do projeto... Ser um profissional capaz de ter uma mente aberta para o aprendizado de como a empresa produz.
Falta desenvolver competências específicas, como por exemplo: corte, plano de corte... Atualmente não tem-se formado um profissional capaz de atuar especificamente em cada atividade.
Laboral, de produção. A empresa hoje tem demanda de mão de obra para a execução do mobiliário.
50%, mas não por falta de qualidade do curso, mas sim por um melhor direcionamento das vagas do curso, com aqueles que realmente querem atuar no setor moveleiro.
Espero que além do aprendizado de profissionais em marcenaria, o curso possa direcioná-los também para o profissionalismo em termos administrativos, sobre o que é ter uma empresa de móveis. Trabalhar a consciência que ter uma empresa de móveis não é só saber fazer o móvel.
Palestras dos empresários para os alunos, sobre como funciona uma empresa de móveis. Reuniões de avaliação anual dos estagiários. Gerar um novo PCC do curso, que oriente ações específicas sobre qual profissional quer formar.
Se tu quer atingir mercados externos é essencial, já no sob medida, nem tanto. É necessário alguém que saiba olhar para o mercado, ver o que ele está pedindo e consiga desenvolver um produto que dê certo no mercado. Este profissional está fazendo falta aqui.