faculdade de direito -...

98
0 FACULDADE DE DIREITO CAMILA BONINSEGNA DE LIMA SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE EM DECORRÊNCIA DE DOENÇAS OCUPACIONAIS CANOAS 2014 CAMILA BONINSEGNA DE LIMA

Upload: dangdung

Post on 16-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

0

FACULDADE DE DIREITO

CAMILA BONINSEGNA DE LIMA

SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO:

AUXÍLIO-ACIDENTE EM DECORRÊNCIA DE DOENÇAS OCUPACIONAIS

CANOAS

2014

CAMILA BONINSEGNA DE LIMA

Page 2: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

1

SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO:

AUXÍLIO-ACIDENTE EM DECORRÊNCIA DE DOENÇAS OCUPACIONAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade de Direito do Centro Universitário Ritter dos Reis – UNIRITTER, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Ms.Fernando Rubin

CANOAS

2014

CAMILA BONINSEGNA DE LIMA

Page 3: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

2

SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO:

AUXÍLIO-ACIDENTE EM DECORRÊNCIA DE DOENÇAS OCUPACIONAIS

Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado como requisito parcial para

obtenção de título de bacharel em direito pela banca examinadora constituída por:

___________________________________

Nome do professor

___________________________________

Nome do professor

___________________________________

Nome do professor

CANOAS

2014

Page 4: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

3

Gostaria de agradecer a todos que me apoiaram,

porém, especialmente, algumas pessoas em

especial, aos meus pais e a minha irmão por me

propiciarem tranqüilidade e conforto.

Ao meu orientador, Fernando Rubin, pelo apoio

integral, principalmente para que este trabalho se

consolidasse.

E a todos, que de certa forma, me ajudaram.

Page 5: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

4

"O entusiasmo é a maior força da alma.

Conserva-o e nunca te faltará poder para

conseguires o que desejas."

Napoleão Bonaparte

Page 6: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

5

RESUMO

Atualmente conforme pesquisas, uma grande massa operária vem sendo acometida pela mais revolucionária doença adquirida no âmbito do trabalho, a LER (lesões por esforços repetitivos), e a DORT (Distúrbios Osteosmusculares Relacionados ao Trabalho), bem como a PAIR ocupacional (perda auditiva induzida por ruído), ambas contendo previsão na legislação previdenciária. Sendo assim, o presente estudo tem por finalidade mostrar como é realizada a concessão do benefício previdenciário auxílio-acidente, para o segurado que possui a redução da capacidade laborativa e a impossibilidade de desempenho da atividade que exercia antes, devido ao acidente do trabalho, buscando maior enfoque na NR 17 (ergonomia) e 15 (atividades e operações insalubres) da Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978. Esta monografia visa apresentar a saúde do trabalhador no âmbito previdenciário, com enfoque nos benefícios de incapacidade acidentário. Sendo assim, será abordado sobre os principais fatores de risco referentes as atuais chamadas doenças ocupacionais, visando esclarecer porque no âmbito de ação judicial acidentária há uma grande dificuldade de comprovação do nexo de causalidade entre o acidente e a doença ocupacional. Neste sentido, este trabalho visa estabelecer normas protetivas para a saúde do trabalhador e o seu meio ambiente, buscando uma melhor qualidade de vida no seu ambiente de trabalho, demonstrando os direitos que o segurado possui em caso de acidente laboral, o que muitas vezes é de difícil comprovação, principalmente administrativamente pelo INSS. Será analisado então, como o auxílio-acidente é concedido tanto no âmbito administrativo como no judicial, demonstrando com questões práticas como as jurisprudências hoje em dia estão sendo aplicadas, comparando-as com a previsão das doutrinas. O estudo será realizado por meio de doutrinas e jurisprudências, bem como observando as legislações atribuídas a esse assunto, principalmente a previdenciária. Sendo assim, será observada a dificuldade entre a caracterização da doença ocupacional juntamente com a atividade desempenhada no trabalhado, demonstrando a importância de um ambiente de trabalhado saudável para o trabalhador desempenhar suas atividades, pois no âmbito previdenciário ao ser analisado o nexo causal do acidente é de grande relevância a observação da saúde do trabalhador para a caracterização das doenças ocupacionais.

Palavras-chaves: Previdência Social. Auxílio-acidente. Doenças ocupacionais. Acidente de trabalho. LER/DORT. PAIR. Normas Regulamentadoras. Prevenção. Saúde do trabalhador. Segurados. Nexo causal. Saúde do trabalhador. CAT.

Page 7: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................

2 SEGURIDADE SOCIAL ................................................................................................................... 9

2.1 HISTÓRIA E A EVOLUCÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL .................................. 9

2.2 A ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL ................................................. 17

2.2.1 Princípios Constitucionais ......................................................................................................... 19

2.3 SEGURADOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ............................................................................... 23

2.4 O DIREITO A SAÚDE DO TRABALHADOR NO BRASIL ....................................................... 29

2.4.1 Principais convenções da OIT ................................................................................................... 30

2.4.2 Proteção ao meio ambiente do trabalho ................................................................................... 32

3 ACIDENTES DO TRABALHO NO PLANO PREVIDENCIÁRIO ........................................... 38

3.1 ACIDENTES DE TRABALHO ...................................................................................................... 37

3.1.1 Conceito ....................................................................................................................................... 37

3.1.2 Espécies de acidente do trabalho .............................................................................................. 38

3.1.3 Garantia de emprego do acidentado ......................................................................................... 44

3.1.4 Patologiais mais frequentes no direito acidentário ................................................................. 47

3.2 DOENÇAS OCUPACIONAIS – LER/DORT ................................................................................ 48

3.2.1 Conceito e fatores de risco ......................................................................................................... 50

3.2.2 Diagnósticos ................................................................................................................................ 54

3.2.3 Medidas preventivas .................................................................................................................. 58

3.2.4 Auxilio acidente .......................................................................................................................... 64

3.2.5 Conceito e requisitos da incapacidade ...................................................................................... 65

3.2.6 Comunicação e caracterização do acidente .............................................................................. 68

3.2.7 Beneficiários e o período de carência para o termo inicial e final ......................................... 71

3.2.8 Aposentadoria por invalidez acidentária ................................................................................. 73

4 QUESTÕES PROCESSUAIS DE CASOS PRÁTICOS .............................................................. 75

4.1 QUESTÕES PROCESSUAIS DE CASOS PRÁTICOS DE AUXÍLIO-ACIDENTE

PREVIDENCIÁRIO ............................................................................................................................. 75

4.1.1 Prescrição nas ações previdenciárias acidentárias .................................................................. 77

4.1.2 Cumulação de benefícios ........................................................................................................... 78

4.2 CASOS PRÁTICOS ENVOLVENDO PROFISSÕES ESPECÍFICAS ......................................... 80

4.2.1 Bancários ..................................................................................................................................... 80

4.2.2 Enfermeiros em área hospitalar ................................................................................................ 83

4.2.3 Obra viária .................................................................................................................................. 85

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 90

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 93

Page 8: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

7

1 INTRODUÇÃO

Esta monografia visa esclarecer sobre as chamadas doenças ocupacionais devido ao

acidente do trabalho, bem como a concessão do benefício previdenciário para o segurado

diante destas situações em que se encontra reduzida sua capacidade laborativa e a

impossibilidade de desempenho da atividade que exercia antes.

A análise da questão acidentária é de grande relevância, tendo em vista o crescente

número de ocorrências neste campo verificadas na atualidade. Ademais, tais ocorrências

levam a consequências, muitas vezes, irreversíveis, com reflexos marcantes para empregador

e empregado, bem como, para a sociedade em geral, que, através da previdência social,

suporta os valores decorrentes de tais acidentes, por isso a importância de um ambiente de

trabalho saudável, para que se possa evitar esse tipo de doença profissional.

Sendo assim, abordaremos no primeiro capítulo aspectos gerais da seguridade social,

na qual primeiramente, será analisando o contexto histórico do surgimento da seguridade

social no Brasil, apresentando os principais marcos da Previdência Social, após será

apresentado os princípios Constitucionais que norteiam a Previdência Social na atual

Constituição Federal de 1988. Em seguida, será observado os tipos de segurados existentes

dentro da seguridade social, que são os segurados obrigatórios e segurados facultativos.

Logo, abordaremos ainda neste capítulo sobre o direito à saúde do trabalhador no

Brasil, apontando as principais Convenções da OIT na qual estabeleceu no Brasil um grande

diferencial para a proteção do trabalhador. Ademais, será analisado quanto as normas

estabelecidas em legislação referentes a proteção do meio ambiente do trabalhado, no qual a

própria Constituição Federal estabelece critérios para a proteção ambiental e do trabalhador,

isso porque o trabalhador possui direito em adquirir em seu ambiente de trabalho condições

na qual lhe assegurem uma boa qualidade de trabalho bem como de vida. Nesse sentido,

analisaremos as Normas Regulamentadoras principais que são o grande enfoque para a

prevenção de acidentes do trabalho, juntamente com a Consolidação das Leis do Trabalho, na

qual muitas vezes não são observadas pelo empregador, gerando o alto índice que é hoje de

acidentes do trabalho.

No segundo capítulo, estudaremos sobre os acidentes do trabalho no plano da

seguridade social, analisando o que é acidente de trabalho e como ele é previsto na legislação,

bem como as definições características da doença profissional e doença do trabalho. Devido

ao alto nível de acidente de trabalho será realizado no último tópico um quadro das moléstias

mais comuns no ramo das doenças do trabalho hoje em dia.

Page 9: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

8

Nesse sentido, o enfoque do trabalho esta nesse capítulo, no qual paira a dúvida se o

nexo de causalidade entre o acidente de trabalho e a doença ocupacional são suficientes para a

obtenção do direito de benefício previdenciário acidentário, e como é visto esse tipo de

moléstia na esfera previdenciária?

Sendo assim, neste capítulo abordaremos sobre os principais fatores de risco referente

as doenças ocupacionais no enfoque das LER/DORT, bem como o seu diagnóstico é uma

questão bem mais restrita, pois o nexo de causalidade entre o acidente do trabalho e a doença

ocupacional estão interligados um ao outro, ou até mesmo que a doença já venha de outros

fatores vivenciados pelo empregado, sendo esta a questão principal de muitos doutrinadores e

jurisprudências.

Estudaremos também a importância das Normas Regulamentadoras nº 15 e 17 para a

prevenção desses males que hoje afetam grande parte dos trabalhadores. Com NR – 15

levantaremos os dados necessários para demonstrar como evitar a perda de audição em

trabalhadores que estão continuamente laborando em uma ambiente de trabalho insalubre,

bem como que, com NR-17 será demonstrado os principais meios de prevenção para as

doenças ocupacionais, a chamada LER/DORT, no qual está o enfoque desta monografia.

Diante da caracterização do acidente de trabalho e a doença ocupacional resta o direito

do trabalhador segurado receber o beneficio previdenciário de auxílio-acidente, no qual será

abordado neste capítulo os principais aspectos para a concessão desse beneficio, bem como se

há a possibilidade de transformação desse auxílio-acidente em aposentadoria por invalidez.

Por fim, o último capítulo envolve as questões práticas processuais no âmbito

previdenciário, colacionando jurisprudências sobre profissões específicas envolvendo a

concessão ou não de auxílio-acidente em virtude das doenças ocupacionais.

Sendo assim, a presente monografia possui a finalidade de demonstrar as questões

atuais sobre a saúde do trabalhador no âmbito previdenciário, visando as concessões de

benefícios acidentários previdenciários aos trabalhadores na qual adquiriram as doenças

ocupacionais em virtude do acidente de trabalho. Nesse sentido, após análises de doutrinas

previdenciárias, será analisado os casos práticos de jurisprudências a fim de mostrar a

dificuldade de estabelecer o nexo causal da doença com o acidente ocorrido, bem como

algumas questões pertinentes ao feito processual para concessão desses benefícios.

Page 10: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

9

2 SEGURIDADE SOCIAL

Iniciaremos este presente trabalho, tratando sobre a história da seguridade social no

Brasil, levando em conta os motivos ao qual ensejaram sua existência, assim como a sua

evolução e dimensões alcançadas com o decorrer do tempo.

A proteção social no Brasil, seguiu praticamente a mesma lógica da evolução do plano

internacional, ou seja, uma origem privada e voluntária, formando os primeiros planos

mutualistas e o Estado cada vez mais intervindo.1

2.1 HISTÓRIA E A EVOLUCÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

A primeira manifestação de uma preocupação com a proteção social em terras

brasileiras foram as instituições de seguro social em 1543, sendo como exemplos, as

chamadas Santas Casas, atuando no segmento assistencial, bem como os montepios para a

Guarda Pessoal de D. João VI (1808).2

Com a Constituição Imperial de 1824, foram assegurados os socorros públicos,

disposto no artigo 179, inciso XXI, sendo ela a única disposição pertinente à seguridade

social.3

A primeira entidade privada a funcionar o no Brasil foi em 1835, o chamado Montepio

Geral dos Servidores do Estado (MONGERAL), na qual era uma entidade de relevada

importância, adotando, assim, um sistema típico do mutualismo, ou seja, uma entidade de

previdência privada.4

Sendo assim, os Montepios foram de fato as manifestações mais antigas de assistência

no Brasil, demonstrado o início de uma grande evolução da seguridade social no país.

O código comercial de 1850 já previa no seu art. 79 que os “acidentes imprevistos e

inculpados que impedirem aos pressupostos o exercício de suas funções não interromperão o

vencimento de seu salário, contanto que a inabilitação não exceda três meses contínuos”. Ou

seja, os empregados deveriam manter o pagamento dos salários dos empregados por no

máximo 03 meses em caso de acidentes imprevistos e inculpados.5

���������������������������������������� �������������������1 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. p.44. 2 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. 3 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p.31. 4 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. p.44. 5 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. p.44.

Page 11: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

10

Com a primeira Carta Constitucional republicano promulgada, ano de 1891, ocorreu

um avanço quanto à proteção social, sendo ela a primeira a usar a palavra “aposentadoria”

pois em seu artigo 75 determinava que a aposentadoria só poderia ser dada aos funcionários

públicos em caso de invalidez no serviço da ação, já quanto aos demais trabalhadores, estes

não possuíam qualquer proteção.6

Cabe salientar, que o termo utilizado com a palavra “dada” a aposentadoria, se refere a

uma espécie de compensação, pois naquela época não existiam fontes de contribuições para o

financiamento das chamadas aposentadorias.

Antigamente, a criação do Decreto-Legislativo nº 3.724/1919, previa o pagamento de

indenização pelos empregadores em virtude de acidente do trabalho não era obrigatório por

seus empregados, mas após a vigência dessa lei, passou a ser obrigatória a indenização por

seus empregadores, estabelecendo assim, o seguro para acidentes do trabalho. Diferentemente

dos outros, esse seguro era pago a empresas privadas e não a previdência social como os

demais.7

No entanto, em 24 de janeiro de 1923, inicia-se a primeira norma a instituir a

Previdência Social no Brasil, e isso se deu a diante da Lei Eloy Chaves (Decreto 4.682/23)

criando Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAP) junto a cada empresa ferroviária para todos

os seus empregados, tornando-os segurados obrigatórios.8

Cabe destaque que no ano de 1930, foi criado o Ministério do Trabalho e a Indústria e

Comércio no qual tinham a tarefa de administrar a previdência social.9

Conforme Sérgio Pinto Martins,10 a constituição de 1934, previa no seu artigo 5º,

estabelecia a competência da União para fixar regras de assistência social e no artigo 10, os

Estados-membros passam a ter responsabilidade de “cuidar da saúde e assistência públicas e

fiscalizar à aplicação de leis sociais”.

Nesse sentido, cabe observar que o tal fato ocorreu em virtude das manifestações

gerais dos trabalhadores da época, bem como a necessidade de apaziguar um setor estratégico

e importante de mão de obra naquele tempo.

Sendo assim, a década de 30 restou caracterizada pelas chamadas Caixas de

Aposentadoria e Pensão unificadas aos Institutos Públicos de Aposentadoria e Pensão (IAP),

começando a ser estruturadas pelo Estado e não mais por empresas. A classe operária na qual

���������������������������������������� �������������������6 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. p.44. 7 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. p.44. 8 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p.31. 9 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. p.46. 10 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.9.

Page 12: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

11

era previsto estas aposentadorias e pensões eram os ferroviários, além desses benefícios, o

instituto prestava ainda mais os serviços de saúde.11

A partir de 1930, época da revolução, foi criado o Instituto de Aposentadorias e

Pensões dos Marítimos (IAPM), por meio do decreto nº 22.872. Deixando então, o sistema

previdenciário de ser estruturado por empresas, passando a abranger categorias

profissionais.12

O surgimento destes institutos de aposentadoria e pensões fixavam-se nos moldes

italianos, na qual cada categoria profissional passava a ter um fundo próprio, incidindo sobre

a folha de pagamento a contribuição dos empregados.

No ano de 1946, surgiu pela primeira vez na Constituição brasileira a expressão

“previdência social” abolindo então o “seguro social, na qual estava regulada pelo artigo 157,

XVI e XVII”.13

Ao decorrer da década de 60, além da criação do Ministério do Trabalho e da

Previdência, foi realizada a conversão do projeto de 1947 da Lei Orgânica da Previdência

Social – LOPS (Lei 3.807 de 26 de agosto de 1960), visando tentar unificar os organismos

existentes, ou seja, a cobertura previdenciária atingiu a quase totalidade da população urbana,

incluindo os empregados domésticos e autônomos como segurados obrigatório, por meio de

criação de normas uniformes para o amparo a esses segurados e dependentes. Sendo assim, a

LOPS padronizou o sistema assistencial dando unidade ao sistema de previdência social.14

Quanto aos trabalhadores rurais, foi criada a Lei nº 4.214/63, na qual regulava normas

sobre o Estatuto do Trabalhador Rural, dispondo então sobre o Fundo de Assistência e

Previdência do Trabalhador Rural (FUNRURAL), posteriormente substituído pela Lei

Complementar nº 11 na qual instituiu o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural

(PRORURAL).15

Observamos que, anteriormente à Constituição Federal de 1988, nenhum dos sistemas

previa um sistema previdenciário para o trabalhador rural, pois para a concessão dos

benefícios não existia como pressuposto na lei a contribuição direta do rurícola.

Mas somente em 1971, foi estendido aos trabalhadores rurais os benefícios pelo

Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (Pro-Rural), passando então a gozar de direitos

���������������������������������������� �������������������11 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. p.47. 12 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.27.13 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.12. 14 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.12. 15 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. p.49.

Page 13: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

12

previdenciários. Nesse momento, não havia contribuição por parte do trabalhador, tendo

direito à aposentadoria por velhice, invalidez, pensão por morte e auxílio-funeral.16

Com a chegada do ano de 1966, os Institutos de Aposentadorias e Pensões foram

unificados em apenas um só, o chamado Instituto Nacional da Previdência Social (INPS),

centralizando a organização previdenciária, conforme dispõe o Decreto-Lei nº 72 de

21/11/1996.17

Bem como que logo após, a Constituição de 1967 foi a primeira a prever o seguro-

desemprego, tendo a Lei nº 5.31618 integrou o SAT – Seguro de Acidentes do Trabalho - ao

sistema da previdência social.19

Anteriormente os empregados domésticos não estavam incluídos no sistema

previdenciário da época, sendo assim, no ano de 1972 em virtude da Lei. Nº 5.85920 de

11/12/1972, passando então a estarem inclusos no sistema protetivo previdenciário.21

Sendo assim, os anos 70 foram marcados pela inclusão previdenciária e pela criação

do Ministério Previdência e Assistência Social, passando a integrar esse sistema os maiores de

70 anos de idade e inválidos não contribuintes.

Ou seja, em 1974, criou-se o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS),

incluindo entre os demais benefícios o salário-maternidade e o amparo previdenciário aos

maiores de 70 anos de idade ou inválidos no valor de meio salário mínimo. Bem como que

nesse mesmo ano criou-se a chamada DATAPREV – Empresa de Processamento de Dados da

Previdência Social.

Este amparo anteriormente acima referido, era devido apenas a quem contribuísse por

algum tempo junto a Previdência Social, ou em que exercesse atividade vinculada à

Previdência, bem diferente de hoje em dia, pois esse tipo de benefício esta integrado a

assistência social, na qual não necessita de nenhum contribuição, muito menos ter contribuído

por certo período.

O SINPAS (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social), instituído pela Lei

nº 6.439/77, passou a alterar o sistema organizacional da Previdência Social, reorganizando-o.

assim, o SINPAS era responsável a integrar as áreas de atividades da previdência social, da

���������������������������������������� �������������������16 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZARRI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 12. ed. Florianópolis: Conceito: 2010. p.72. 17 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.27. ���BRASIL. Lei n. 5.316 de 14 de setembro de 1967. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L5316.htm> Acesso em: 24 de maio de 2014.�19 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. p.49. ���BRASIL. Lei n. 5.859 de 11 de dezembro de 1972. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5859.htm> Acesso em: 24 de maio de 2014.�21 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.53.

Page 14: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

13

assistência médica, da assistência social e da gestão administrativa, financeira e patrimonial,

junto as entidades vinculadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social.22

Nesse sentindo, o SINPAS continha a seguinte composição:

a) Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) cuidava da concessão e manutenção das prestações pecuniárias; b) O Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) tratava da assistência médica; c) A Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA) prestava assistência social à população carente; d) A Fundação do Bem-Estar do Menor (FUNABEM) promovia a execução da política do bem-estar social menor; e) A Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (DATAPREV) era responsável pelo processamento de dados da Previdência Social; f)O Instituto da Administração Financeira da Previdência Social (IAPAS) era responsável pela arrecadação, fiscalização,cobrança das contribuições e outros recursos e administração financeira; g) A Central de Medicamentos (CEME) era responsável pela distribuição dos medicamentos.23

Em 1984, foi reunido o Decreto nº 89.31224 de 23/01/1984 junto a última CLPS

(Consolidação das Leis de Previdência Social), bem como toda a matéria de custeio e

benefícios previdenciários, mais os decorrentes de acidente do trabalho.25

Com a chegada da Constituição Federal, em função do momento político ímpar que o

Brasil atravessava, a Constituição Federal de 1988 constituiu como marco importante na

conquista de direitos sociais ao instituir o chamado “sistema de Seguridade Social”.26

Ou seja, a Constituição de 1988 reuniu a saúde, previdência social e assistência social

como atividades da Seguridade Social, inovando totalmente o sistema que anteriormente era

utilizado.27

Com a junção do INPS e o IAPAS, institutos que anteriormente regulavam a

seguridade social da previdência, criou-se por meio da Lei nº 8.02928 de 12 de abril de 1990 o

atual Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), excluindo o SINPAS do sistema.29

Com a chegada da nova Constituição, houve a separação da Previdência Social, da

Assistência Social e da Saúde. Ou seja, há uma Lei que regulamenta sobre a organização da

���������������������������������������� �������������������22 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.27. 23 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. p.50. ���BRASIL. Decreto n. 89.312 de 23 de jan. 1984. Disponível em: <�http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/23/1984/89312.htm> Acesso em: 24 de maio de 2014�25 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.27. 26 HORVATH, Junior Miguel. Direito Previdenciário. São Paulo: Quartier Latin, 2005. p.39. 27 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. p.51. ���BRASIL. Lei 8.029 de 12 de abril de 1990. Disponível em: <�http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8029cons.htm> Acesso em: 24 de maio de 2014�29 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

Page 15: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

14

Assistência Social – LOAS (Lei 8.742/199330), chamado de Benefício de Prestação

Continuada, na qual atualmente é complementada pela lei que regula o Programa Bolsa

Família (Lei 10.836/04)31, e uma lei que regulamenta sobre o Sistema Único de Saúde – SUS

(Lei nº 8.080/1990)32, conforme Marina Vasques.33

Sendo assim, nas palavras de Miguel Horvath Júnior o Brasil “deixou de ser um

Estado previdenciário que garante apenas proteção aos trabalhadores para ser um Estado de

Seguridade Social que garante proteção universal à sua população.

No ano de 1991, é criado uma lei na qual dispõe sobre os custeios da Seguridade

Social, Lei nº 8.212/9134, e outra na qual regulamenta sobre os benefícios previdenciários, Lei

nº 8.213/9135. Sendo assim, foi criado o Regime Geral da Previdência Social no qual unificou

o sistema previdenciário de todos os trabalhadores da iniciativa privada, rural ou urbana.36

Sendo assim, conforme o artigo 194 da Constituição Federal de 1988, traz como

conceito de seguridade social o que segue abaixo: “A seguridade social compreende um

conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a

assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”.37 Ou seja,

atualmente fazem parte da seguridade social a saúde, a previdência e assistência social.

Pela definição constitucional, a seguridade social compreende o direito à saúde, à

assistência e à previdência social, cada qual com disciplina constitucional e

infraconstitucional específica. Trata-se de normas de proteção social, destinadas a prover o

necessário para a sobrevivência com dignidade, que se concretizam quando o indivíduo,

acometido de doença, invalidez, desemprego, ou outra causa, não tem condições de prover seu

sustento ou de sua família.38

���������������������������������������� �������������������30 BRASIL. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm>. Acesso em: 15 maio. 2014. 31 BRASIL. Lei no 10.836, de 9 de janeiro de 2004. Cria o Programa Bolsa Família e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.836.htm>. Acesso em: 15 maio. 2014. 32 BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso em: 15 maio. 2014. 33 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.28. ���BRASIL. Lei n. 8.212 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm> Acesso em: 20 de maio de 2014 ���BRASIL. Lei n. 8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <�http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em: 20 de maio de 2014�36 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de Direito Previdenciário. 3. ed. São Paulo, Atlas, 2010. p.14. 37 BRASIL. Constituição Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 15 mai. 2014. 38 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.35.

Page 16: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

15

Sendo assim, conclui-se que a solidariedade é o real fundamento da seguridade social,

e nas palavras de Sérgio Pinto Martins, a definição do direito da Seguridade Social é :

Um conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos individues contra contingências que os impeçam de prover suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos poderes Públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.39

Conforme Marisa Ferreira dos Santos40, a seguridade social garante os mínimos

necessários à sobrevivência, é o instrumento de bem-estar e de justiça social, e redutor das

desigualdades sociais, que se manifestam quando, por alguma razão, faltam ingressos

financeiros no orçamento do indivíduo e de sua família.

Diante dos conceitos acima referidos, a seguridade social é garantida como um direito

social pelo artigo 6° da Constituição Federal de 1988. Ou seja, ele enumera os direitos sociais

no qual destinam-se à redução das desigualdades sociais e regionais, estando dentre eles a

seguridade social, composta pelo direito à saúde, pela assistência social e pela previdência

social.41

Nesse sentido, Marisa Ferreira dos Santos acredita que a Constituição Federal de 1988

tem a finalidade para que todos estejam protegidos, de alguma forma, dentro da seguridade

social, na qual a proteção adequada se fixa em razão do custeio e da necessidade.

A Constituição Federal dispões em seu artigo 196 a respeito da saúde, no qual todos,

tantos os ricos ou pobres, segurados da previdência ou não, têm o mesmo direito à saúde, bem

como que será garantida mediante políticas sociais e econômicas sendo universal e igualitário

o seu acesso às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.42

Para Sérgio Pinto Martins43, a Saúde é um “direito Público subjetivo, que pode ser

exigido do Estado, que, por contrapartida, tem o dever de prestá-lo. Está, assim, entre os

direitos fundamentais do ser humano.”

Em situações onde a pessoa que necessita de ajuda, e não é segurado de nenhum dos

regimes previdenciários disponíveis, poderá adquirir o direito à assistência social desde que

preencha todos os requisitos legais para a concessão do benefício assistência.44

���������������������������������������� �������������������39 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p.44. 40 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.35. 41 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.34. 42 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.35. 43 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.381/382.

Page 17: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

16

Ou seja, a definição de Assistência Social equivale a um conjunto de ações na qual

envolvam toda a sociedade e o Poder Público, devendo ser prestada aos que dela necessitam

independentemente de contribuições, conforme dispõe as características elencadas no artigo

203, CF/88.45

Com a chegada da Lei nº 9.876/199946 trouxe certas modificações referente a forma de

cálculo dos benefícios em geral, introduzindo então, o chamado Fator Previdenciário no

cálculo das aposentadoria por tempo de contribuição, de maneira obrigatória, bem como a

aposentadoria por idade de maneira facultativa. Essa lei se deu em virtude das alterações

introduzidas pela EC nº20/98 na Constituição Federal brasileira.47

Conforme Marina Vasques Duarte, a chamada Reforma da Previdência, instituída pela

Emenda Constitucional n° 20, de 15/12/1998, introduziu profundas alterações no sistema

previdenciário, dentre elas destacando-se a modificação dos critérios de aposentadoria, tanto

do servidor público, como o trabalhador da iniciativa privada; a vinculação da receita das

contribuições previdenciárias ao pagamento dos benefícios, previdência complementar,

mudança da aposentadoria por tempo de serviço para aposentadoria por tempo de

contribuição; introduziu o Fator previdenciário no cálculo da aposentadoria por tempo de

contribuição, entre outras.

Além dessas mudanças, o salário-maternidade acabou tendo seu direito estendido à

todas as contribuintes individuais e facultativas, demonstrando assim, o quanto estava

crescendo o seguro social no Brasil após a Constituição Federal de 1988.

Como acima referido, o salário-maternidade foi um direito adquirido recentemente,

sendo assim, houve um grande período de discussão sobre a possibilidade conceder o salário-

maternidade às mães adotivas, sendo criada uma Lei regulando sobre essa matéria, Lei nº

10.421/2002.48

Marina Vasques Duarte, recentemente na previdência Social tivemos uma nova

reforma com a Emenda Constitucional n° 41, de 31/12/2003, alterando as regras do regime

próprio de previdência social dos servidores públicos, com a finalidade de paridade e

integralidade para os futuros servidores, juntamente com a contribuição dos inativos, redução

���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������44 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.35. 45 DIAS, Eduardo Rocha, MACÊDO, José Leandro Monteiro de. Curso de Direito Previdenciário. 2. ed. rev. atual. São Paulo: método, 2008. p.66. ��BRASIL. Lei n. 9.876 de 26 de novemb. de 1999. Disponível em: <�http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9876.htm> Acesso em: 20 de maio de 2014�47 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.28. 48 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.28.

Page 18: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

17

da pensão, a base de cálculo da aposentadoria com base na média contributiva, o abono de

permanência, a criação de tetos e sub-tetos, entre outros.49

Conforme Fabio Zambitte Ibrahim50, logo após essa Emenda Constitucional n°

41/2003 foi a criada a chamada PEC (Emenda Constitucional n° 47/2005, na qual era uma

parcela que procurava reduzir os prejuízos causados aos servidores públicos pela emenda

anterior.

Sendo assim, diante da nossa constituição federal de 1988, observa-se que há linhas

gerais estipuladas no sistema da seguridade social existentes no Brasil, definindo ser um

conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade destinadas

assim, a assegurar os direitos relativos à Saúde, Previdência e à assistência social.

Por fim, através da análise legislativa e doutrinária a respeito do tema abordado,

considerado sob a ótica de constitucionalidade se buscará avaliar a questão em vista do valor

acadêmica e social desta pesquisa.

2.2 A ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL

A seguridade social tem como objetivo a organização para proteger os cidadãos que

dela necessitem diante de alguma ocorrência de infortúnio ou risco social. Sendo assim, pode-

se dizer que é uma política pública que busca garantir a proteção social, ou seja, um meio de

amparo social.

Somente a partir da Constituição Federal de 1988 que a Seguridade Social foi

propriamente implementada, sendo organizada e estruturada pela atuação de três áreas

compreendidas, como a saúde, assistência social e a previdência social.

Segundo o disposto no artigo 196 da Constituição Federal de 1988, a saúde é um

direito de todos e dever do Estado, preocupando-se no que se refere a redução do risco de

doença por meio de prevenção e acesso igualitário às ações e serviços para a sua promoção,

proteção e recuperação.

Cabe salientar que diante desta prestação de saúde do Estado, o legislador criou o

sistema único de saúde (SUS), previsto no art. 198 da Constituição Federal de 1988, no qual é

um serviço financiado com recursos originários do orçamento da segurança social, da União

Federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, entre outras.

���������������������������������������� �������������������49 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.29. 50 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

Page 19: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

18

A assistência social é um plano de prestações sociais mínimas e gratuitas a cargo do

Estado para prover as pessoas necessitadas condições dignas de vida. Ou seja, visa atender as

necessidades básicas do indivíduo, em situações críticas da existência humano, assim como a

maternidade, infância, adolescência, velhice e pessoas portadoras de limitações físicas.

Esses tipos de prestações de ajuda da assistência social, previstos no art. 203 da

Constituição Federal de 1988, são destinados apenas aos indivíduos sem nenhuma condição

de prover o seu próprio sustento, tanto de forma permanente como provisória, não

necessitando obrigatoriamente ter contribuído para o sistema da seguridade social.

A previdência social, previsto no art. 201 da Constituição Federal de 1988, tem por

objetivo dar cobertura para todos os seus segurados em situações indesejadas, como de

ocorrência de riscos ou contingência sociais, proporcionando-lhe meios de sobrevivência para

essas determinadas situações, desde que contribua ao sistema previdenciário.

Odonel Urbano Gonçalves, conceitua previdência social como:

A previdência social tem como objetivo o acesso aos meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares, reclusão e morte. É vista como sistema de seguro social, público, por meio do qual são distribuídos direitos àqueles que contribuem.51

Ou seja, a previdência tem caráter securitário e como contraprestação a contribuição

de seus filiados oferece vários benefícios e serviços.

Outrossim, o direito previdenciário possui princípios próprios que embasam a

aplicação e a interpretação das regras constitucionais e legais relativas ao sistema protetivo.

Wladimir Novaes Martinez conceitua a previdência social quanto a sua finalidade,

dissertando:

Pode-se conceituar como técnica de proteção social que visa propiciar os meios indispensáveis à subsistência da pessoa humana – quando esta não puder obtê-los ou não é socialmente desejável que os aufira pessoalmente através do trabalho, por motivo de maternidade, nascimento, incapacidade invalidez, desemprego, prisão, idade avançada, tempo de serviço ou morte – mediante contribuição compulsória distinta, proveniente da sociedade cada um dos participantes.52

No parágrafo único do artigo 194 da Constituição Federal, esta prevista a forma de

organização da seguridade social, conforme observado os seguintes objetivos:

���������������������������������������� �������������������51 GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de Direito Previdenciário. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.27. 52 MARTINEZ, Wladimir Novaes. A seguridade Social na Constituição Federal. 2. ed. São Paulo, LTr, 1992. p. 34

Page 20: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

19

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I – universalidade da cobertura e do atendimento; II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV – irredutibilidade do valor dos benefícios; V – equidade na forma de participação no custeio; VI – diversidade da base de financiamento; e VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.

Sendo assim, observa-se no referido artigo que os objetivos elencados, na verdade

equivale a verdadeiros princípios próprios que norteiam a organização da seguridade social no

Brasil, os quais passa-se a analisar mais detalhadamente.

2.2.1 Princípios Constitucionais

Além dos princípios expostos no artigo 194 da Constituição Federal na qual refere-se à

seguridade social, também são aplicados no âmbito da previdência social, destacando-se

alguns princípios previdenciários específicos, tais como:

Princípios da Universalidade da Cobertura e Atendimento: entende-se por esse princípio, o objetivo de tornar a seguridade social o mais universalizável possível. A idéia é que a proteção social deve alcançar todos os eventos cuja reparação seja premente, a fim de manter a subsistência de quem dela necessite, ou seja, que todos os indivíduos possam participar do sistema de previdência, assistência e saúde, dentro de cada necessidade sua.53

Sendo assim este princípio é aquele que estabelece a filiação compulsória e automática

de todo e qualquer indivíduo trabalhador no território nacional a um regime de previdência

social, ou seja, possui o direito subjetivo a alguma das formas de proteção do sistema da

seguridade social (saúde, assistência social e previdência social). Admitindo-se restrição

apenas aos contribuintes do sistema no caso de benefícios previdenciários.

Para esse princípio, a falta de recolhimento das contribuições não caracteriza ausência

de filiação, mas inadimplência tributária, ou seja, diante do ideal de universalidade não

merece prevalecer a interpretação de que, ausente a contribuição, não há vinculação com a

���������������������������������������� �������������������53 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.30.

Page 21: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

20

previdência. Ou seja, a filiação decorre do exercício de atividade remunerada e não do

pagamento de contribuição.

Princípio da Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços à populações

urbanas e rurais: Antes da Constituição Federal de 1988, o Brasil possuía vários regimes de

previdência social voltados aos trabalhadores de setores privados, no qual um era destinado

aos trabalhadores rurais, possuindo menor proteção social, e outro destinado aos trabalhadores

urbanos, com maior ampliação de proteção social para essa categoria de trabalhadores.

Sendo assim, com a chegada da atual Constituição, e com a criação das Leis nº

8.212/9154 e 8.213/9155, foi determinado que deveria ser posto a disposição os mesmos tipos

de benefícios e serviços para ambas as categorias trabalhistas (urbano e rural). Ou seja, a

Constituição Federal de 1988 reafirmou o princípio da isonomia, consagrado no caput de seu

artigo. 5º, no inciso II, do parágrafo único, do artigo 194, garantindo então a uniformidade e

quivalência de tratamento, entre urbanos e rurais, em termos de seguridade social. 56

Conforme Marina Ferreira dos Santos, pela equivalência entende-se que o valor das

prestações pagas a urbanos e rurais deve ser proporcionalmente igual, ou seja, os benefícios

devem ser os mesmos para ambos, mas o valor da renda mensal é equivalente e não igual,

pois os urbanos e rurais possuem formas diferenciadas de contribuição para o custeio.

Princípio da seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços:

Trata-se de possibilidade de se selecionarem certos grupos de pessoas ou mesmo

contingências para a proteção social, na qual a escolha desses grupos, deve resultar de opção

apenas da própria Constituição Federal.57

Sendo assim, esse princípio constitucional na verdade ocorre na elaboração da lei, se

desdobrando em duas fases, a seleção de contingências e a distribuição de proteção social.

Nesse sentido, o princípio da seletividade pressupõe que os benefícios são concedidos

a quem deles efetivamente necessite, razão pela qual a seguridade social deve apontar os

requisitos para a concessão de benefícios e serviços.58 Ou seja, é legislador em princípio que

deverá eleger as prioridades a serem atendidas dentro do orçamento existente.

���������������������������������������� ����������������������BRASIL. Lei 8.212 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm> Acessado em: 20 de maio de 2014.����BRASIL. Lei 8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acessado em: 20 de maio de 2014�56 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Manual de Direito Previdenciário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p.39. 57 CORREIA, Marcos Orione Gonçalves. Curso de direito da seguridade social. 5. ed. São Paulo. Saraiva, 2010. p.115. 58 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZARRI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 12. ed. �� ���������������������2010. p.114/115.

Page 22: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

21

Para Marina vasques Duarte59, a distributividade traz implícita a noção de construção

de uma sociedade livre, justa e solidária (artigo 3º da Constituição Federal de 1988), pois

permite entender que cada uma deve contribuir de acordo com a sua capacidade contributiva e

receber o amparo proporcionalmente às suas necessidades.

Sendo assim, a escolha acaba recaindo sobre as prestações na qual possuem maior

potencial para reduzir a desigualdade, concretizando por fim a justiça social, pois a

distributividade propicia a escolha daqueles que mais necessitam de proteção.

Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios: Este Princípio vem relacionado

aos benefícios da previdência social na qual devem ter o seu valor real preservado, isso

porquê o legislador assegurou a irredutibilidade dos benefícios da seguridade social. Visando

assim, a impossibilidade de modificações quantitativas e qualitativas, referentes a momentos

distintos tanto da concessão de benefícios como do seu reajuste.

Nesse sentido, para os benefícios previdenciários, a seu turno, o artigo 201, parágrafo

4º da Constituição Federal, estabelece o reajustamento periódico dos benefícios, de modo a

preservar-lhes, em caráter permanente, o seu valor real, aumentando para estes o âmbito de

proteção.60 Logo, os benefícios não podem ter o valor inicial reduzido, devendo suprir os

mínimos necessários à sobrevivência com dignidade.

Princípio da equidade na forma de participação no custeio:Este princípio deve

considerar em primeiro lugar a atividade exercida pelo sujeito passivo e em segundo lugar,

sua capacidade econômico-financeira. Assim, quanto maior a probabilidade de a atividade

exercida gerar contingências com cobertura, maior deverá ser a contribuição.61

Sendo assim, no artigo 12, inciso I, letra a Lei nº 8.212/9162, foi aprovado o plano de

custeio da previdência social, na qual está instituída a obrigação do trabalhador rural em

contribuir com a manutenção do sistema de previdência social.

Esse princípio em concretizado no artigo 195 da Constituição Federal quando

determina que a seguridade social será financiada pelo Estado e por toda a sociedade, ou seja,

a responsabilidade pela manutenção financeira é compartilhada entre Estado e a sociedade

civil.

Nesse sentido, é estabelecido por esse princípio que toda a sociedade deve contribuir

de maneira direta ou indiretamente no financiamento do plano previdenciário elegendo uma ���������������������������������������� �������������������59 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.30. 60 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.30/31. 61 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.41. ��BRASIL. Lei 8.212 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm> Acessado em: 20 de maio de 2014.�

Page 23: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

22

forma justa e razoável a todos os participantes desse sistema, uma vez que estarão protegidos

no âmbito da previdência social aqueles que possuem a qualidade de segurado na qual

pressupõe a contribuição financeira ao sistema.

Segundo Wladimir Novaes Martins63, no momento da contribuição, é a sociedade

quem contribui. No instante da percepção da prestação, é o ser humano a usufruir. Embora no

ato da contribuição seja possível individualizar o contribuinte, não é possível vincular cada

uma das contribuições a cada um dos percipientes, pois há um fundo anônimo de recursos e

um número determinável de beneficiários.

Com a emenda constitucional nº 20/98, foi dado um impulso a esse princípio ao incluir

o parágrafo 9º no artigo 195 da Constituição Federal, na qual determina que as contribuições

sociais a cargo do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada poderá ter alíquotas

ou bases de cálculo diferenciadas.

Portanto, diante do princípio da equidade encontra-se a necessidade de se observar as

regras atuariais para que se mantenha o equilíbrio financeiro na qual garante a manutenção do

sistema previdenciário a longo prazo, uma vez que devem ser considerados também os

valores dos benefícios quanto a base do seu financiamento.

Princípio da diversidade da base de financiamento: Observa-se que esse princípio na

verdade mostra que é a sociedade como um todo que realmente financia as prestações, ou

seja, os benefícios ou serviços, entregues a população, conforme o artigo 195 da Constituição

Federal.

Para Marisa Ferreira dos Santos64, trata-se da aplicação do princípio da solidariedade,

na qual impõe a todos os segurados sociais – Poder Público, empresas e trabalhadores – a

contribuição na medida de suas possibilidades, pois a proteção é encargo de todos porque a

desigualdade social incomoda a sociedade como um todo.

Sendo assim, devem ser diversificadas as fontes de financiamento, com a finalidade de

garantir a manutenção do sistema da seguridade social. Cabe salientar que além das fontes

previstas no incisos I a IV do artigo 195 da Constituição Federal, não é impedido que outras

fontes de custeio se instituam, desde que realizadas por meio de lei complementar, não

possuindo o fato gerador ou a base de cálculo de imposto previsto na Constituição, não sendo

portanto, cumulativo.

���������������������������������������� �������������������63 MARTINS, Wladimir Novaes. Princípios de Direito Previdenciário. 4. ed. São Paulo: LTr, 2001. p.75. 64 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.41.

Page 24: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

23

Princípio do caráter democrático e descentralizado da administração: este princípio

visa dar segurança e moralidade na administração do sistema, junto a criação de órgão ou

órgãos colegiados como a previdência social.

Segundo Odonel Urbano Gonlçaves65, o legislador entendeu de dar à administração do

sistema ordem democrática e descentralizada, exigindo assim, a participação da comunidade

interessada.

Nesse sentido, a descentralização significa que a seguridade social possui um corpo

distinto da estrutura institucional do Estado, tendo em vista que no ramo do direito

previdenciário, essa característica sobressai com a existência do Instituto Nacional de Seguro

Social (INSS), na qual resta caracterizada como autarquia federal encarregada da execução da

legislação previdenciária.

2.3 SEGURADOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Os segurados são pessoas físicas filiadas ao Regime Geral de Previdência Social

(RGPS), na qual são classificados como segurados obrigatórios quando exercem atividade

vinculada ao Regime Geral, ou segurados facultativos que são aqueles quando não estão

vinculados obrigatoriamente a este ou qualquer outro tipo de sistema previdenciário e desejam

se filiar ao regime mediante recolhimento de contribuições.

Isso porque a Previdência Social é responsável pela prestação dos benefícios e

serviços a seus beneficiários, podendo ser segurados ou dependentes, devendo diferenciá-los.

Já quanto ao dependentes, Marina Vasques define sendo uma pessoa físical na qual

esta vinculado (protegido) ao Regime Geral da Previdência de forma reflexa, em razão de seu

liame com o segurado. Depende diretamente do direito do titular (segurado). A partir do

momento que este deixa de manter qualquer relação com o regime geral (por exemplo, perda

da qualidade de segurado), o dependente deixa de estar sob o manto da proteção

previdenciária.

O critério para diferenciação dos segurados em obrigatórios e facultativos encontra-se

na presunção de remuneração em razão do desenvolvimento de uma atividade profissional, no

qual o sistema é capaz de prever que determinados segurados sendo eles obrigatórios,

excerçam atividade profissional que garanta remuneração, mesmo que variável, bem como

outo, como os facultativos, no qual não estejam exercendo atividade remunerada, sendo sua

���������������������������������������� �������������������65 GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de Direito Previdenciário. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.13/14.

Page 25: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

24

vinculação ao sistema viável, desde que estes expressem manifestação pelo interesse em

filiação.66

Os segurados obrigatórios filiam-se automaticamente ao Regime Geral, bastando

apenas exercer a atividades descrita no artigo 11 da Lei nº 8.213/91, sendo divididos nas

seguintes espécies: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador

avulso e o segurado especial.

O empregado é definido como todos aqueles trabalhadores que têm carteira assinada e

que prestam serviço constante na empresa sob meio de subordinação, recebendo seu próprio

salário, ou seja, são aqueles que possuem relação de emprego definida pela legislação.

Devemos ressaltar, que nessa categoria estão inseridos os empregados rurais e urbanos, bem

como abrange aqueles que se equiparam a empregado, como por exemplo, o exercente de

mandato eletivo estadual, federal, distrital ou municipal.

Devemos destacar que não podemos confundir o empregado com servidor público,

pois Golçaves define bem o que é trabalhador servidor público, demonstrando a diferença

com o trabalhador empregado acima definido, vejamos:

O trabalhador servidor público, ou seja, aquele que,aprovado em concurso público, é nomeado e empossado, entrando no exercício das funções inerentes ao cargo,tem sua relação de trabalhado regida por uma lei específica. Como exemplo pode ser citada a Lei nº 8.112/90 (Regime Públicas Federais), que regulamenta direitos e obrigações do servidor públicoda União, das autarquias federaisi e das fundações federais.67

Sendo assim, é relevante observarmos que o trabalhador empregado definido no art. 11

da Lei nº 8.213/9168, inciso I, alínea “a” e art. 12, inciso I, alínea a a j da Lei nº 8.212/9169,

são aqueles regidos pela legislação trabalhista, basicamente a Consolidação das Leis do

Trabalho, devendo este ser caracterizado por aquele que presta serviços à empresa, podendo

ser de natureza não eventual, sendo subordinado e tendo pessoalidade e por fim possuindo

remuneração.

É importante ressaltarmos, que o empregado rural definido na Lei previdenciária, foi

uma conquista de igualdade de direitos muito recente, pois foi alcançado apenas em 1988,

���������������������������������������� ��������������������RUBIN, Fernando. Benefícios por Incapacidade no Regime da Previdência Social: Questões centrais de direito material e de direito processual. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014. p. 18.��67 GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de Direito Previdenciário. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.34. ��BRASIL. Lei 8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <�http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acessado em: 20 de maio de 2014.���BRASIL. Lei 8.212 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <�http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm> Acessado em: 20 de maio de 2014�

Page 26: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

25

com o advento da Constituição Federal promulgada naquele ano. Vejamos abaixo o que

Gonçalves refere:

A Consolidação das Leis da Previdência Social – CLPS não disciplinava o direito previdenciário dos trabalhadores rurais. Ao contrário do inciso II do art. Da referida Consolidação estava expresso que a previdência social urbana não os abrangia. A proteção previdenciária do trabalhadorr rural surgiu com a Lei nº 4.214, de 2-3-63 (Estatuto do Trabalhador Rural), cujo Título IX (“Dos serviços sociais”, abrangendo os capítulos do “Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural”, do “Instituto de Pensões e Seguro Social”, dos “Seguros” e dos “Dependentes”) foi revogado pela Lei Complementar nº 11, de 25-5-71 (art. 37).70

Para fins previdenciários, aqui também incluídos os fins acidentários, é empregado

rural aquele que se ativa em tarefas argobiológicas. Tarefas agrobiológicas são aquelas em

que:

a natureza participa de forma preponderante, transformando a semente em planta (caule, folha, frutas, casca, látex, resinas, raízes, seiva etc.), mediante suas propriedades orgânicas, ou fazendo as culturas permanentes produzierem nas épocas naturais, ou propiciando o alimento (e o crescimento consequente), aos animais até atingirem o ponto ótimo para o abate e venda.71

A inscrição do trabalhador empregado para se tornar segurado, é formalizada pelo

contrato de trabalho registrado na Carteira de Trabalho e Previdência Social, na qual o

recolhimento da contribuição é realizada diretamente pelo empregador, sendo este o

responsável.

Ou seja, possui a Carteira de Trabalho da Previdência Social (CTPS) e diante do seu

grau de baixa autonomia não é responsável direto pelas suas contribuições previdenciárias ao

sistema, cabendo então ao empregador o recolhimento.72

Já os empregados domésticos são os trabalhadores com carteira assinada e prestam seu

serviço na casa de uma pessoa ou família, que não desenvolvem atividade lucrativa, previsto

no art. 11, inciso II da Lei nº8.213/9173. Ou seja, são aqueles que prestão serviços contínuos,

mediante remuneração, junto a pessoa ou família no âmbito residencial desta, com atividades

sem fins lucrativos. Nessa categoria estão os domésticos, jardineiros, caseiros, babás,

motorista particular, cozinheira, entre outros que se enquadram nessa definição.

���������������������������������������� �������������������70 GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de Direito Previdenciário. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.38. 71 SODERO, Fernando Pereira apud GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de Direito Previdenciário. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.36. ���RUBIN, Fernando. Benefícios por Incapacidade no Regime da Previdência Social: Questões de direito material e de direito processual. Porto Alegre:Livraria do Advogado, 2014. p. 19.�������BRASIL. Lei 8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <�http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acessado em: 20 de maio de 2014�

Page 27: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

26

Conforme Marisa Ferreira dos Santos74 o correto enquadramento previdenciário nesta

categoria, impõe a presença de todos os elementos do conceito: a relação jurídica trabalhista

tem como como empregador uma pessoa física, que dá emprego ao segurado no âmbito de sua

residência, para prestar-lhe e à sua famíla serviços de natureza contínua.

A partir da vigência da Lei 5.879/7275, no seu art. 4º foi assegurado a proteção

previdenciária obrigatório aos empregados domésticos, pois antes dessa lei, o empregado

doméstico só poderia ter proteção previdenciária se houvesse a inscrição no sistema como

segurado facultativo, devendo o mesmo recolher as respectivas contribuições.

Cabe ressaltarmos que, mesmo que o empregador realizasse o registro do contrato de

trabalho na Carteira de Trabalho, os efeitos abrageriam apenas o ramo trabalhista, não

repercutindo nada no plano previdenciári, isso porque não havia a obrigação legal do

empregador em pagar a sua contribuição e arrecadar, repassando a do seu empregado

doméstico.76

Atualmente, a lei obriga que o empregador doméstico assine a carteira de trabalho de

seus empregados. Sendo assim, tanto o empregado doméstico como seu próprio empregador

pode promover a inscrição no INSS, mas o empregador doméstico é responsável pelo

recolhimento das contribuições do seu empregado.

Na categoria de contriuinte individual, previsto no art. 11, inciso V, da Lei nº8.213/91,

estão elencadas as pessoas que trabalham por conta própria, ou seja, os chamados autônomos,

e os trabalhadores que prestam serviços de natureza eventual a empresas, sem vínculo

empregatício, podendo ser o empresário, comerciante ambulante, feirante e etc.

Essa classe de segurados não possuem vínculo de natureza trabalhista, como

empregados, com outras pessoas físicas ou jurídicas, é o que se denomina de “trabalhador

autônomo” ou “por conta própria”. Os profissionais liberais é uma categoria de trabalhados

que estão previstos nesse art. 11, sendo eles os advogados, médicos, dentistas entre outros.

A Lei nº9.876/9977 revogou os incisos III e IV, extinguindo então a classe de

segurados empresários e a classe de trabalhadores autônomos e equiparados a autônomo.

���������������������������������������� �������������������74 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.146. ���BRASIL. Lei n. 5.859 de 11 de novemb. de 1972. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/l5859.html > Acesso em: 20 de maio de 2014�76 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.146. ���BRASIL. Lei n. 9.876 de 26 de novemb. de 1999. Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/legislacao/trabalhista/lei9876.htm > Acesso em: 20 de maio de 2014�

Page 28: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

27

Assim, surgiu então a classe dos contribuintes individuais, na qual abrange essas classes

revogadas.

Assim, o legislador resolveu estender o direito às prestações previdenciárias a

determinados tipos de empresários, colocando-os assim, como segurados obrigatórios na

condição de contribuinte individual, na qual de acordo com o disposto no Decreto nº

3.048/9978 que aprova o regulamento da previdência social,estão previstas como pessoas

físicas o titular de firma indivual, o direitor não empregado e o mebro do conselho de

administração na sociedade anônima, todos os sócios na sociedade em nome coletivo, todos

os sócios na sociedade de capital e indústria, entre outros elencados no Decreto acima.

Nesse sentido, observamos que no art. 11, inciso V da Lei 8.213/9179, também estão

previstos os trabalhadores na modalidade de eventuais, aqueles que não são empregados e

nem avulsos, ou seja, são pessoas que trabalham por conta própria como por exemplo,

eletrecistas, encanadores, entre outros. Sendo assim, é muito relevante observamos se o tipo

de prestação de trabalho é relizado a empresas, sendo uma ou mais, pois assim, não será

classificado como trabalhador eventual.

Os trabalhadores avulsos são aqueles previsto no art. 11, inciso VI, da Lei nº

8.213/9180 na qual prestam serviços a diversas empresas, sem possuir vínculo empregatício,

na qual são contratados por sindicatos e órgãos gestores de mão-de-obra, como por exemplo,

o escanador de cacau, estivador, empacotador de marcadorias em porto, entre outros.

Confome Odonel Urbano Gonçalves81 há uma certa distinção entre trabalhador avulso

e do eventual, ou seja, o avulso percebe todos os direitos previstos na legislação trabalhista,

enquanto o eventual percebe apenas o valor do contrato sem a intermediação do sindicato. Por

outro lado, observamos que o avulso ativa-se em serviços de natureza permanente, enquanto o

eventual realiza tarefa esporádicas, desvinculadas das atividades essenciais do tomador do

trabalho.

Por fim, a última categoria prevista de segurados obrigatórios é o segurado especial,

no art. 11, inciso VII da Lei nº 8.213/9182. São definidos como os trabalhadores da atividade

rural que podem ser proprietários, meeiros, percador, atersanal entre outros, ou seja, aqueles

���������������������������������������� ����������������������BRASIL. Lei n. 8.213 de 24 de julho. de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm> Acesso em: 20 de maio de 2014.����BRASIL. Lei n. 8.213 de 24 de julho. de 1991. Disponível em: <�http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm > Acesso em: 20 de maio de 2014����BRASIL. Lei n. 8.213 de 24 de julho. de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm> Acesso em: 20 de maio de 2014�81 GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de Direito Previdenciário. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.46. ���BRASIL. Lei n. 8.213 de 24 de julho. de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm> Acesso em: 20 de maio de 2014�

Page 29: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

28

que exploram tal atividade no regime de economia familiar ou individual, com ou sem o

auxílio de terceiros, como em mutirão de colheita por exemplo.

Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988, confirmou a igualdade entre os

trabalhadores rurais e urbanos dentro da Seguridade Social ao determinar a uniformidade e

equivalência de beneficios e serviços da previdência Social, sendo assim, vejamos:

Ao ser respeitado as peculiaridades de alguns trabalhadores, o art. 195, § 8º, prevê contribuição para a Seguridade Social em regime diferenciado para “o produtor, o perceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos coônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes”, que incidirá “mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização de sua produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei”.83

Com o advento da Lei nº 11.718/2008, restou caracterizado que a área rural onde o

segurado exerce suas ativisades não pode ser superior a 4 módulos fiscais, se for maior, o

enquadramento correto desse trabalhador rural será o de contribuinte individual na forma

disposta no art. 11, inciso V, alínea, a da Lei 8.213/9184.

Isso porque houve um debate judicial no qual formalizou a súmula 30 da TNU dos

Juizados Especiais Federais, que garantia que ao se tratar de demanda previdenciária caso

houvesse uma área superior ao módulo rural, não afastava a qualificação de seu proprietário

como segurado especial, exceto se não comprovada a exploração em regime de economia

familiar.85

Sendo assim, o segurado especial entende-se por todos os membros da família, o

cônjugeou companheiro, os filhos maiores de dezesseis anos ou a a eles equiparados que

trabalham na atividade rural, no próprio grupo familiar.

Havendo a caracterização de segurado especial, ou seja, onde todos os membros do

grupo familiar trabalhem em regime de economia familiar, esses terão direito à cobertura

previdenciária prevista no art. 39 da Lei nº 8.213/9186, com renda mensal no valor de um

salário mínimo aos benefícios de aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez,

auxílio-doença, auxílio-reclusão e pensão morte.

���������������������������������������� �������������������83 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.152. ���BRASIL. Lei n. 8.213 de 24 de julho. de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm> Acesso em: 20 de maio de 2014�85 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.153. ��BRASIL. Lei n. 8.213 de 24 de julho. de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm> Acesso em: 20 de maio de 2014�

Page 30: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

29

Cabe observamos que, o segurado especial não terá direito a aposentadoria por tempo

de contribuição, isso porque, a contribuição desse tipo de segurado é feita mediante a

aplicação de uma alíquota sobre o resultado da produção. Sendo assim, para possuir direito a

essa aposentadoria por tempo de contribuição, será necessário que o segurado especial

ingresse no sistema previdenciário como segurado contribuinte individual na forma prevista

no Plano de Custeio.87

Quanto a essa categoria de segurados facultativos, se refere aquele indivíduo maior de

16 anos de idade que se por sua própria vontade filia-se ao sistema da Previdência Social,

mediante contribuição, desde que não esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre

como segurado obrigatório da previdência Social.

O art. 11 do RPS, nos fornece o rol dos segurados facultativos, sendo a dona de casa, o

síndico de condomínio quando não remunerado, o estudante (a partir de 16 anos), aquele que

deixou de ser segurado obrigatório da previdência social, estudante e bolsista, entre outros

previsto no artigo.

Conforme a Lei nº 12.470/201188 que alterou o art. 21 da Lei nº 8.212/91, propiciando

a inclusão previdenciária na categoria de segurado facultativo das pessoas que sem renda

própria se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência,desde

que pertencente a família de baixa renda. Isso porque, a intenção era a de dar proteção

previdenciária às donas de casa, aquelas que cuidam exclusivamente da família, sem

possibilidade de poder exercer atividade remunerada fora do lar.89

Sendo assim, a filiação ao regime de previdência social como segurado facultativo, só

irá produzir efeitos a partir da inscrição e do primeiro recolhimento, não podendo ser

retroativa, ou seja, computando período anterior. Isso devido ao fato da lei proibir o

recolhimento de contribuições anteriores para fins de computação de tempo de contribuição.

2.4 O DIREITO A SAÚDE DO TRABALHADOR NO BRASIL

Podemos observar que o meio ambiente do trabalho é um local no qual o trabalhador

passa boa parte da sua vida e do seu dia, sendo assim, necessário que haja um meio ambiente

���������������������������������������� �������������������87 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.157. ���BRASIL. Lei n. 12.470 de 31 de agost. De 20111. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12470.htm> Acesso em: 20 de maio de 201489 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012.

Page 31: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

30

saudável para exercer sua profissão, uma vez que a sua qualidade de vida depende muito do

ambiente em que trabalha.

Sendo assim, atualmente busca-se, que o meio ambiente do trabalho atinja uma boa

qualidade de vida para o trabalhador, ou seja, lhe assegura o direito de ter estabelecido em seu

ambiente de trabalho condições na qual lhe proporcionem uma boa qualidade de trabalho.

2.4.1 Principais convenções da OIT

O principal marco para a proteção do trabalhador iniciou-se com a criação da OIT

(Organização Internacional do Trabalho) no ano de 1919, tornando-se um ponto de chegada

na busca da internacionalização da tutela dos direitos do trabalhador.

A preocupação direta com a proteção à saúde do trabalhador começou a passar apenas

alguns anos mais a frente, visto que anteriormente não mesmo com os princípios

fundamentais da OIT e do nascente Direito Internacional do Trabalho não constavam uma

proteção ao meio ambiente do trabalho.90

Sendo assim, somente a partir da década de 1970, com a Declaração de Estocolmo na

qual visava sobre o meio ambiente humano, surgiram as convenções n.148/77, 155/81 e

161/85.91

No ano de 1977, a Conferência Internacional do Trabalho, preocupada com as

conseqüências à saúde do trabalhador provocadas por meio da contaminação do ar, pelo ruído

e pelas vibrações, aprovou na reunião de 1977, a Convenção n.148.92

Sendo assim, essa Convenção foi aprovada pelo Brasil diante do Decreto n. 93.413/86,

no qual tinha o propósito de prevenir e limitar os riscos profissionais no local de trabalho,

provenientes da contaminação do ar, do ruído e vibrações. Protegendo assim os trabalhadores

contra tais riscos, devendo a legislação adotar as medidas técnicas adequadas para o mesmo.93

No ano de 1981, a 67ª Conferência Internacional do Trabalho adotou Convenção nº

155, na qual no Brasil foi aprovada tardiamente, apenas em 17/03/1992 pelo Decreto

Legislativo nº 2/92, ratificada em 18 de maio de 1993 e promulgada pelo Decreto nº 1.254/94.

É uma Convenção na qual assegura o empregado o direito de por motivos razoáveis, ���������������������������������������� �������������������90 SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.32. 91 SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.34. 92 SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.39. 93 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador. 3 ed. São Paulo: LTr, 2001. p.91.

Page 32: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

31

interromper o trabalho que acarretar perigo iminente ou representar gravidade para a sua

vida.94

Nesse sentido, segundo Sebastião Geraldo de Oliveira,

A Convenção determina que o país deve instituir uma política nacional em matéria de segurança, saúde dos trabalhadores e o meio ambiente de trabalho. há três exigências para essa política: primeiramente, há que ser coerente: e em segundo lugar, deve ser colocada em prática e finalmente deve ser examinada periodicamente.95

Sendo assim, por meio desta convenção é assegurado ao trabalhador que se julgar

necessário interromper uma situação de trabalho por considerar, por motivos razoáveis, que

ela envolve um perigo e grave para sua vida ou sua saúde, não sofrerá qualquer punição por

parte do empregador, pois se o empregador não tiver tomado as medidas corretivas

necessárias não poderá exigir dos trabalhadores a sua volta a uma situação de trabalho onde

exista, em caráter contínuo, um perigo grave ou iminente para sua vida ou sua saúde.96

Já no ano de 1985, a Conferência Internacional do Trabalhou aprovou a Convenção

n.161, na qual tornou obrigatória a criação de serviços de saúde no trabalho, sendo

complementada logo após pela Recomendação n. 171/85.

Essa Convenção foi aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo n. 86/89, ratificada

em 18/05/1990, promulgada pelo Decreto n.127/91, na qual entrou em vigor no dia

18/05/1991, tornando obrigatório todos os empregadores criarem serviços de saúde no

trabalho, com funções essencialmente preventivas e encarregadas de aconselhar tanto os

empregadores quanto os trabalhadores e seus representantes na empresa.97

Sendo assim, esses serviços de saúde no trabalho, tinha como objetivo essencial,

aconselhar os empregados e empregadores sobre os requisitos necessários para estabelecer a

manter um ambiente de trabalho seguro e salubre, de molde a favorecer uma saúde física e

mental ótima em relação com o trabalho, bem como sobre a adaptação do trabalho às

capacidades dos trabalhadores, levando em conta seu estado de sanidade física e mental.98

���������������������������������������� �������������������94 SÜSSEKIND, Arnaldo. Convenções da OIT. São Paulo: LTr, 1998. p.393. 95 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador. 3 ed. São Paulo: LTr, 2001. p.91. 96 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador. 3 ed. São Paulo: LTr, 2001. p.93. 97 SÜSSEKIND, Arnaldo. Convenções da OIT. São Paulo: LTr, 1998. p.407. 98 SÜSSEKIND, Arnaldo. Convenções da OIT. São Paulo: LTr, 1998. p.408.

Page 33: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

32

Segundo Sebastião Geraldo de oliveira, essas três convenções são as mais importantes

para a proteção à saúde laboral por se aplicarem à generalidade dos trabalhadores.99

2.4.2 Proteção ao meio ambiente do trabalho

O meio ambiente do trabalho é bem definido por Celso Antônio Pacheco Fiorillo, no

qual o define como:

[...] o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independentemente da condição que ostentem (homens ou mulheres, maiores ou menores de idade, celetistas, servidores públicos, autônomos, etc.)100

O avanço do desenvolvimento industrial atualmente cresceu no emprego de novas

técnicas, sendo ela a utilização de uso de máquinas, elementos químicos e a presença de

agentes nocivos à saúde. Devido a esse grande avanço as técnicas para aumentar a

produtividade acaba muitas vezes não observando a devida proteção ao meio ambiente,

causando certa agressão até mesmo à própria vida do trabalhador. Foram, então, editadas as

Leis nsº 8.212101 e 8.213102, de 1991. A proteção previdenciária por acidente do trabalho era

feita por benefícios específicos, calculados de forma diversa dos demais benefícios

previdenciários não acidentários.103

É nesse ponto que refletimos a situação em que o trabalhador é submetido. Pois o

ordenamento brasileiro estabelece regras para prevenção acidentária, visando tornar o

ambiente de trabalho saudável e o mais confortável possível, com o objetivo de diminuir o

número de acidentes no Brasil. Obtendo então um trabalho mais digno ao trabalhador, para

que este não se transforme em uma mera máquina humana de produção causando prejuízos á

sua própria integridade física, moral e psicológica.

Nesse sentido, o Brasil é um dos países que possui uma das mais avançadas extensas

legislações de prevenção/proteção à saúde do trabalhador, principalmente quando nos ���������������������������������������� �������������������99 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador. 3 ed. São Paulo: LTr, 2001. p.91. 100 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p.22/23. ����BRASIL. Lei n.8.212de 24 de julho de 1991 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm> Acesso em: 24 de maio de 2014 ����BRASIL. Lei n.8.213de 24 de julho de 1991 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em: 24 de maio de 2014 103 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.293.

Page 34: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

33

referimos ao meio ambiente do trabalho, ou seja, o Estado tem o dever de proteger o meio

ambiente do trabalho.

A Constituição Federal de 1988 recepcionou a Lei de Política Nacional do Meio

Ambiente (natural,artificial, cultural e do trabalho), na tutela ambiental preconizada pelo

artigo 225 no qual dispõe que:

todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.104

Sendo assim, a proteção que mais está expressa na nossa Constituição Federal, reside

no artigo 7º impondo limites quanto: a) direito à redução dos riscos inerentes ao trabalho (art.

7º, XXII); b) direito ao pagamento de adicionais de remuneração colados a esses riscos

presentes em seu labor (art. 7º.XXIII); c) direito a seguro para indenizar as perdas de

capacidade laborativa em razão de infortúnios ocorridos no trabalho (art. 7º, XVIII); d) direito

à indenização civil por acidente de trabalho, além da reparação prevista no seguro (art. 7º,

XVIII).105

Sendo assim, observamos que temos uma proteção mediata que coloca as regras de

sentido amplo, e depois preceitos de caráter pontual, que o constituinte considerou oportuno

alçar ao nível constitucional.106

Quando nos referimos à higiene e segurança do trabalho temos dois lados, no qual um

estabelece a garantia de normas técnicas que possibilitam um ambiente de trabalho saudável,

e de outro lado, o conhecimento de adicionais à remuneração que em casos de infrações mais

prejudiciais, incentivem o empregador a eliminar os agentes nocivos. Nesse aspecto, podemos

observar que este meio descreve de que modo a degradação do ambiente de labor produz

danos nos trabalhadores.

Segundo Raimundo Simão de Melo,

O meio ambiente de trabalho adequado e seguro é um dos mais importantes e fundamentais direitos do cidadão trabalhador, o qual, se desrespeitado, provoca agressão a toda a sociedade, que, no final das contas é quem custeia a previdência social, que, por inúmeras razões, corre o risco de não poder mais oferecer proteção até mesmo aos seus segurados no próximo século. Como é de conhecimento daqueles que acompanham os meios de omunicação, as estatísticas oficiais, cujos dados, como também se sabe, não são reais, mostram que os números de acidentes

���������������������������������������� �������������������104 BRASIL, cf 88. Art. 225 105 SADY, João José. Direito do meio ambiente de trabalho. São Paulo: LTr, 2000. p.40/41. 106 SADY, João José. Direito do meio ambiente de trabalho. São Paulo: LTr, 2000. p.40/41.

Page 35: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

34

do trabalho e doenças profissionais e do trabalho são assustadores, destacando-se entre estas últimas, a surdez profissional, LER (lesões por esforços repetitivos), doenças da coluna, silicose e intoxicação por chumbo e manuseio com agrotóxicos na lavoura. Em conseqüência disso, o Brasil continua a figurar nos anais mundiais como recordista em acidentes do trabalho, perdendo feio para países da América Latina, como por exemplo, a vizinha Argentina.107

Nesse sentido, quanto a redução dos riscos inerentes ao trabalho, irá operar junto a

normas técnicas que serão objeto do poder de polícia mediante verificação técnica, ou seja,

quando nos referirmos a proteção do meio ambiente de trabalho, o direito deve estar atrelado

sempre com as ciências físicas, químicas e biológicas.

Para que haja a proteção do meio ambiente do trabalho é preciso observar alguns

aspectos para que alcance esse objetivo. Foram criadas as Normas Regulamentadoras,

aprovadas pelo Ministério do Trabalho, pela Portaria n. 3.214 de 1978108, contendo

atualmente 33 NRs. Sendo assim, quanto a matéria de prevenção, podemos destacar oito das

NRs.

Inicialmente, abordaremos a NR -3109 a qual regulamenta o art. 161 da CLT, tratando

da possibilidade de embargo e interdição na medida em que o Delegado Regional do

Trabalho, diante de laudo técnico do serviço competente que demonstre grave e iminente

risco para o trabalhador, poderá então interditar o estabelecimento, setor de serviço, máquina

ou equipamento. Bem como poderão embargar a obra, ou seja, indicando na decisão tomada,

as providências que deverão ser adotadas para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças

profissionais.

Nesse sentido, o artigo 162 da CLT dispõe a respeito da obrigatoriedade tanto dos

empregadores privados como públicos, de manterem Serviços Especializados em Engenharia

de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT -, na qual essa disposição é detalhada na

NR-4.

Para isso, o pessoal do SESMT, irá em colaboração com a CIPA – Comissão Interna

de Prevenção de Acidentes – na qual visa a organização dos empregados de cada empresa,

buscando a finalidade de velar pela higiene e segurança dentro de cada estabelecimento,

prevista na NR-5.110

���������������������������������������� �������������������107 MELO, Raimundo Simão de. Direito ambiental do trabalho e a saúde do trabalhador: responsabilidades legais, dano material, dano moral, dano estético. São Paulo: LTr, 2004. p.28. ��� BRASIL. Portaria n. 3.214 de 08 de junho de 1978. Disponível em: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/63/mte/1978/3214.htm> Acessado em: 20 de maio de 2014. ����BRASIL. Norma Regulamentadora n. 3. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812DC56F8F012DCD20B10A1691/NR-03%20(atualizada%202011).pdf> Acesso em 20 de maio de 2014.�110 SADY, João José. Direito do meio ambiente de trabalho. São Paulo: LTr, 2000. p.98.

Page 36: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

35

Sendo assim, a CIPA tem como objetivo observar e relatar condições de risco nos

ambientes de trabalho e solicitar medidas para reduzir até eliminar os riscos existentes e/ou

neutralizar os mesmos, discutir os acidentes ocorridos, encaminhando aos Serviços

Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho e ao empregador o

resultado da discussão, solicitando medidas que previnam acidentes semelhantes, bem como

orientar os demais trabalhadores quanto à prevenção de acidentes.111

A NR-6 também é importante para a proteção do meio ambiente pois ser obrigatório o

fornecimento gratuito de equipamentos de proteção individual – EPI – adequado ao risco e em

perfeito estado de conservação e funcionamento.

Conforme Sebastião Geraldo de Oliveira,

Quando nenhuma das alternativas anteriores for possível, como último recurso é que se deve adotar a hipótese da neutralização do agente por intermédio dos EPI. Só haveria neutralização quando o agente agressivo tem sua intensidade diminuída a limites toleráveis, considerando-se como tal “a concentração ou intensidade máxima ou mínima relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante sua vida laboral.

A próxima norma é a NR-7112 na qual estabelece a obrigatoriedade de elaboração e

implementação por parte dos empregadores do Programa de Controle Médico de Saúde

Ocupacional – PCMSO – buscando a finalidade de promoção e preservação da saúde do

conjunto dos seus trabalhadores.

Segundo João José Sady,

Trata-se de intervenção extraordinariamente importante da administração Pública na questão da saúde do trabalhador, impondo aos empregadores a utilização do instrumental técnico da clínica epidemiológica para manter controle detalhado sobre o cenário sanitário dentro da empresa.113

Por fim, é necessário que haja um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, no

qual é estabelecido pela NR-9114, possuindo a finalidade de preservação da saúde e da

integridade dos trabalhadores, através da antecipação, do reconhecimento, e da avaliação e

conseqüente controle de ocorrência de riscos ambientais que existem, ou a que venham a

���������������������������������������� �������������������111 SADY, João José. Direito do meio ambiente de trabalho. São Paulo: LTr, 2000. p.102. ����BRASIL. Norma Regulamentadora n. 7. Disponível em: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/05/mtb/7.htm> Acesso em 20 de maio de 2014.�113 SADY, João José. Direito do meio ambiente de trabalho. São Paulo: LTr, 2000. p.112. ����BRASIL. Norma Regulamentadora n.9. Disponível em: <�http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE4CA7C012BE51FC24B4849/nr_09_at.pdf> Acesso em 20 de maio de 2014.�

Page 37: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

36

existir no ambiente do trabalho, levando em consideração a proteção do meio ambiente e dos

recursos naturais.

Sendo assim a respeito dessa NR-9115 , Sebastião Geraldo de Oliveira dispõe que:

Além da criação dos órgãos internos de prevenção (CIPA e SESMT), a legislação instituiu Programa preventivo obrigatório, indicando os parâmetros mínimos a serem observados, deixando, porém a possibilidade de ampliação da proteção mediante negociação coletiva de trabalho. O PPRA tem por finalidade antecipar, reconhecer, avaliar e, consequentemente, controlar a ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, quais sejam os agentes físicos, químicos e biológicos que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição são capazes de causar dano à saúde do trabalhador.116

Os riscos identificados, devem ser avaliados e controlados por meio de uma

hierarquia, na qual é estabelecida por: a) medidas que eliminem ou reduzam a utilização, ou

até mesmo a formação de agentes prejudiciais à saúde; b) medidas que previnam a liberação

ou a disseminação dos referidos agentes no ambiente de trabalho; e c) medidas que reduzam

os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente do trabalho.117

Portanto, com este capítulo abordamos sobre uma visão geral da nossa atual

Previdência Social, comentando sobre a história do surgimento da Seguridade Social no

Brasil, juntamente com os seus princípios e segurados previstos em nossa atual Constituição

Federal.Vimos também a importância da saúde do trabalhador no meio ambiente do

trabalhado, pois serve tanto para o físico como psíquico do trabalhador, na qual por meio

deste tópico iniciamos a abordagem da saúde do trabalhador, sendo que possui uma grande

relevância no âmbito previdenciário. Pois sem um ambiente saudável e propício a

desempenhar atividade laboral diária, com a devida proteção, possivelmente ocorrerão

infortúnios laborais, na qual a previdência social será responsável a indenizar o trabalhador,

conforme veremos nos próximos capítulos.

���������������������������������������� �����������������������BRASIL. Norma Regulamentadora n.9. Disponível em: < http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE4CA7C012BE51FC24B4849/nr_09_at.pdf> Acesso em 20 de maio de 2014. 116 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador. 3 ed. São Paulo: LTr, 2001. p.290. 117 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador. 3 ed. São Paulo: LTr, 2001. p.290.

Page 38: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

37

3 ACIDENTES DO TRABALHO NO PLANO PREVIDENCIÁRIO

Neste capítulo iremos abordar sobre os acidentes do trabalho, conceituando-os e

demonstrando as principais doenças, buscando o enfoque no estudo específico das doenças

ocupacionais, especificamente a LER/DORT e a PAIR ocupacional.

Abordaremos também, sobre como funciona a concessão de benefícios acidentários,

ou seja, o auxílio-acidente, mostrando as principais características necessárias para a obtenção

do mesmo.

3.1 ACIDENTES DE TRABALHO

Foi com a Revolução Industrial que iniciou-se um estudo e preocupação referente aos

acidentes de trabalho, isso porque com a substituição do trabalho manual para o uso de

máquinas começa a ter um elevado número de acidentes devido as máquinas a vapores.

Pois assim, verificou-se que os empregados acidentados no trabalho não conseguiam

mais novos empregos em outras empresas, ficando totalmente sem proteção alguma após o

acidente.

3.1.1 Conceito

Atualmente, o artigo 19, da Lei 8.213/91118, no qual dispõe dos Planos e Benefícios da

Previdência social, conceitua o que é acidente do trabalho, sendo assim, vejamos:

Art. 19 – Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Para Sérgio Pinto Martins, o conceito de acidente do trabalho é

[...] como a contingência que ocorre pelo exercício de trabalho a serviço do empregador pelo exercício de trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária,da capacidade para o trabalho. Nesse conceito há que se

���������������������������������������� �����������������������BRASIL. Lei n.8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em 20 de maio de 2014.

Page 39: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

38

destacar o gênero próximo, que é a contingência, e a diferença específica, que diz respeito ao restante da definição 119

Segundo Cláudio Brandão “o elemento caracterizador do conceito de acidente está

ligado à sua natureza súbita e imprevista, causando perda para a vítima”, ao passo que a

doença é de formação instantânea, distinguindo-se do acidente pela causa (critério etiológico)

e pelo tempo (critério cronológico). De tal modo que a doença “implica a existência de um

processo mais ou menos demorado e insidioso, de natureza patológica, havendo mediatismo

entre sua causa e seu efeito, surgindo de um processo que se desenvolve no tempo”.120

No acidente de trabalho, as condições ambientais e de execução da atividade podem

então funcionar como agentes ou causa próximas desencadeadoras de alguma doença, no qual

deverá ser analisada a história clínica do trabalhador bem como os arquivos do empregador à

época do desligamento e também anteriores a ela, isso porque representam dados muito

importantes para o estabelecimento do nexo causal.121

3.1.2 Espécies de acidente do trabalho

Cabe observamos que, o acidente do trabalho possui duas espécies, o acidente típico

ou seja, aquele que ocorre com o trabalhador no ambiente do trabalho de forma imprevisível

em um evento único com conseqüências imediatas, e por outro lado as chamadas doenças

profissionais e do trabalho, no qual tratam-se de eventos ocasionados a saúde do trabalhador

com o passar do tempo, sendo que esses sintomas muitas vezes são percebidos após muito

tempo depois de sua aquisição.

Conforme Sebastião Geral de Oliveira, “o legislador formulou um conceito para acidente

de trabalho em sentido estrito, o acidente típico, e relacionou outras hipóteses que também geram

incapacidade laborativa, os chamados acidentes do trabalho por equiparação legal”.122

Sendo assim, observamos que a lesão é caracterizada por dano físico ou até mesmo

psíquico, na qual a perturbação funcional acaba implicando no dano fisiológico ou o psíquico

da pessoa, mas nem sempre é aparente quando relacionada com órgãos ou funções

���������������������������������������� �������������������119 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.431. 120 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do Trabalho e responsabilidade civil do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2006. p.115. ����RUBIN, Fernando. Benefícios por incapacidade no Regime da Previdência Social: Questões centrais do diteito material e do direito processual. Porto Alegre, Livraria do Advogado. 2014. p. 39�122 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. 4. ed. São Paulo: LTr, 2008. p.39.

Page 40: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

39

específicas. Já a doença se caracteriza pelo estado mórbido de perturbação da saúde física ou

mental com sintomas específicos em cada situação.

Ao analisar os conceitos ora referidos, destaca-se que para que seja considerado o

acidente de trabalho, há a necessidade da demonstração do fato, ou seja, o dano e o nexo de

causalidade.

Portanto, ressaltamos que é necessário a comprovação do prejuízo havido com o

acidente, caso contrário não será previsto como acidente de trabalho.

Nesse sentido, podemos afirmar que acidente do trabalho é aquele que decorre do

exercício do trabalho, ou seja, é preciso que para a existência do acidente, exista um nexo

entre o trabalho e o efeito do acidente. Esse nexo de causa-efeito é tríplice, pois compreende o

trabalho, o acidente, com a conseqüente lesão, e a incapacidade, resultante da lesão, devendo

haver um nexo causal entre o acidente e o trabalho exercido.123

Sendo assim, quanto ao nexo causal,

[...] constitui relação de causa e efeito entre o evento e o resultado. Tecnicamente falando não se podem utilizar como sinônimos “nexo causal” e “nexo etiológico”, como muitos acreditam. O primeiro é mais abrangente, pois inclui a concausalidade e os casos de agravamento, já o segundo é o que origina ou desencadeia o dano laboral, sendo portanto mais restrito. Por outro lado, em direito infortunístico, para se estabelecer a relação de causalidade, não se exige a prova da certeza, bastando o juízo de admissibilidade. Também há que se frisar que em infortunística não se repara a lesão ou a doença, mas a incapacidade para o trabalho.124

Sendo assim, não devemos confundir o nexo causal com o nexo etiológico, pois o

primeiro observa-se a abrangência sobre a gravidade das lesões ou doenças decorrentes do

trabalho, e o segundo refere-se ao fato que desencadeia o acidente do trabalho.

Conforme visto anteriormente, o acidente do trabalho em nossa própria legislação

acaba não delimitando os infortúnios laborais de modo a esgotar todas as hipóteses em que

ocasionem a incapacidade do trabalhador em sua profissão, encontrando respaldo então ao

entendimento de diversos autores, juntamente com a legislação previdenciária, subdividindo,

basicamente tais acidentes em: acidente típico, doenças ocupacionais, acidente de trajeto,

concausas, entre outras hipóteses.

���������������������������������������� �������������������123 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.431. 124 MONTEIRO, Antonio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais: conceito, processos de conhecimento e execução e suas questões polêmicas. 3. ed. atual. de acordo com o Código Civil de 2002, as normas sobre precatórios e o novo FAP. São Paulo: Saraiva, 2005. p.14-15.

Page 41: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

40

Nesse sentido, Sebastião Geraldo de Oliveira relata que as estatísticas oficiais da

Previdência Social e Ministério do trabalho são divulgadas nas três espécies consideradas

principais, sejam elas: o acidente típico, as doenças ocupacionais e o acidente de trajeto.125

Segundo Sérgio Pinto Martins,

O acidente-tipo se verifica quando o empregado estiver no exercício do trabalho a serviço do empregador ou em relação ao segurado especial. Deve haver uma lesão corporal ou pertubação funcional que possa resultar em morte ou incapacidade laborativa temporária ou permanente, total ou parcialmente. O acidente-tipo ocorre apenas com um único evento, que é totalmente imprevisto e de conseqüências imediatas.126

Sendo assim, o acidente do trabalho típico, decorre de um fato súbito, ou seja, com

efeito e resultado imediato, bem como de forma violenta e fortuito, estando então previsto no

artigo 19 da Lei 8.213/91127 na qual regula sobre o conceito de acidente de trabalho.

Nesse aspecto, Para Fernando Rubin e Francisco Rossal,

De acordo com o Decreto nº 3.048/99, que regulamenta a Lei nº 8.213/91 refere que o acidente típico é aquele evento de qualquer natureza ou causa, de origem traumática e por exposição a agentes exógenos (físicos, químicos e biológicos), que acarrete lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou a redução permanente ou temporária da capacidade laborativa,ou seja, o acidente deve decorrer de um risco específico relacionado com o trabalho, e não o risco geral que qualquer indivíduo possui, no dia a dia, de sofrer um acidente comum.128

Devemos ressaltar que o fato gerador do acidente típico equipara-se a um evento de

maneira súbita, ou seja, totalmente inesperado, sendo externo ao trabalhador e fortuito no

sentido de que não foi provocado pela vítima, sendo assim, os eventos danosos normalmente

são imediatos e totalmente identificáveis, tanto em relação ao local da ocorrência como no

que tange ao momento do acidente, diferentemente do que acontece nas doenças

ocupacionais.129

Sendo assim, constatamos que há a existência de uma cadeia de causalidade: 1ª) entre

o trabalho executado e o acidente ocorrido; 2ª) entre o acidente do trabalho – por isso

preferível a expressão acidente do trabalho à largamente usada, acidente de trabalho – e a

���������������������������������������� �������������������125 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. 4. ed. São Paulo: LTr, 2008. p.39.126 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.431.����BRASIL. Lei n.8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em 20 de maio de 2014. 128 ARAÚJO, Francisco Rossal de, RUBIN, Fernando. Acidentes de Trabalho. São Paulo: LTr, 2013. p.29. 129 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. 4. ed. São Paulo: LTr, 2008. p.43.

Page 42: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

41

lesão corporal ou a perturbação de qualquer das funções do organismo humano, inclusive a

mental; e a 3ª) entre tal lesão ou perturbação funcional e a morte ou a incapacidade laborativa,

total ou parcial.130

Outrossim, quanto as doenças ocupacionais, estas estão subdivididas em doenças

profissionais, doença do trabalho e também as doenças provenientes de contaminação

acidental.

As doenças ocupacionais estão previstas como acidentes do trabalho no artigo 20, da

Lei 8.213/91131, conforme se verifica abaixo:

Art. 20 – Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior as seguintes entidades mórbidas: I – doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II – doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.

As doenças profissionais, conhecida como acidente típico, são aquelas desencadeadas

pelo exercício profissional peculiar a determinada atividade, ou seja, são doenças

exclusivamente relacionadas à profissão e não ao trabalho, apesar de que também possam ser

desenvolvidas no trabalho. “São doenças próprias de um determinado tipo de atividade e que

por sua incidência estatística passam a ser relacionadas em uma norma jurídica (Decreto

n.3.048/99132, Anexo II)”.133

Nesse sentido, para Sérgio Martins a doenças profissionais são:

as causadas por agentes físicos, químicos ou biológicos inerentes a certas funções ou atividades. Não se confundem com os acidentes-tipo, pois têm atuação lenta no organismo humano. São também denominadas de idiopatias, tecnopatias ou ergopatias.134

���������������������������������������� �������������������130 SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do Trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.107. �����BRASIL. Lei n.8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em 20 de maio de 2014�����BRASIL. Decreto n. 3.048 de 06 de maio de 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm> Acesso em:20 de maio de 2014.�133 ARAÚJO, Francisco Rossal de, RUBIN, Fernando. Acidentes de Trabalho. São Paulo: LTr, 2013. p.29. 134 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.432.

Page 43: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

42

Sendo assim, a doença profissional é provocada por “agentes físicos, químicos e

biológicos, que agem lentamente no organismo humano, em virtude de atividade peculiar,

sendo o nexo de causalidade entre a moléstia e a atividade laboral presumida”.135

Mozart Victor Russomano, observa que, para a caracterização das doenças, exige-se a

presença de algumas características patogênicas, tais como:

a) aparecimento dos sintomas de forma idêntica em vários trabalhadores que se dedica à mesma profissão, no mesmo estabelecimento ou em estabelecimentos distintos; b) ficar evidenciado que a doença tem como causa a atividade desenvolvida pelo trabalhador na empresa, seja pelas condições de serviço (subsolo, por exemplo), seja pelos métodos (levantamento de peso pela força muscular), seja pelos materiais utilizados (tóxicos).136

Considerando as observações acima elencadas, ressaltamos que as doenças

profissionais dispensam o trabalhador do ônus da prova, uma vez que essas “têm presunção de

nexo de causalidade e, somente em casos especiais, a empresa poderá questionar a exclusão

do nexo”.137

Quanto ao conceito de doença do trabalho podemos dizer que são aquelas

“desencadeadas em funções de condições especiais em que o trabalho é realizado e como se

relacionam diretamente. Da mesma forma que as doenças profissionais, decorrem de

microtraumas acumulados.”138

Para Sérgio Pinto Martins,

Doença do trabalho, que é adquirida ou desencadeada em razão de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relaciona diretamente, desde que constante da relação mencionada no Anexo II do Decreto nº 3.048/99. São as chamadas mesopatias. Exemplo é a afecção auditiva decorrente de trabalho na exploração de pedreiras.139

Ou seja, esse tipo de acidente é devidamente influenciado pelo meio ambiente do

trabalho em que o trabalhador exerce suas funções, colaborando para o evento danoso ou

nocivo à saúde do trabalhador, ao qual se prolonga por um certo tempo até o momento em que

causa o quadro de incapacidade laborativa.

���������������������������������������� �������������������135 BRANDÃO, Mônica de Amorim Torres. Responsabilidade civil do empregador no acidente do trabalho.

São Paulo: LTr, 2007. p.31. 136 RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários à lei de acidentes do trabalho. 3. ed. São Paulo: Revistados Tribunais, 1970. V.I. p.26/27. 137 ARAÚJO, Francisco Rossal de, RUBIN, Fernando. Acidentes de Trabalho. São Paulo: LTr, 2013. p.29/30. 138 SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.112. 139 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.432.

Page 44: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

43

Trata-se das condições insalubres no local de trabalho que também caracterizam o

desenvolvimento da doença do trabalho, na qual a realização da perícia no local de trabalho

irá ajudar a comprovar o nexo causal entre atividade e a doença na qual acomete o

trabalhador, para somente depois ser realizada a perícia médica na qual constatará o grau de

incapacidade deste trabalhador.

Um exemplo de casos atuais relacionados a esse tópico, é a redução ou perda da

audição, bem como a lesão por esforço repetitivo (LER) na qual são consideradas também

como acidentes do trabalho, desde que demonstrem estar relacionados com o serviço.

Nesse sentido, por serem doenças atípicas, exigem a comprovação do nexo de

causalidade entre elas e o trabalho, em regra, mediante vistoria no ambiente em que atua ou se

ativava o trabalhador, justamente porque dependendo das condições em que o trabalho é

prestado, o trabalhador pode adquirir uma doença, sendo a perícia então importante para o

nexo causal entre o trabalho e a lesão.

José Antônio Ribeiro de Oliveira Silva, aduz que:

Atendendo a uma determinação legal, o regulamento constante do Decreto n. 3.048/99 traz anexos para estabelecer a tipicidade das doenças profissionais, causadas pelos agentes patogênicos ali relacionados, bem como das doenças do trabalho. no entanto a jurisprudência é pacifica no sentido de que a relação das doenças ali contida é meramente exemplificativa.140

Sendo assim, caso nenhuma doença se encaixe e não esteja prevista no artigo 20 de

doenças profissionais ou do trabalho, pode ela a vir ser reconhecida como doença

ocupacional, desde que reconhecido, no caso concreto, o nexo de causalidade entre doença e

atividade desempenhada pelo trabalhador, ou seja, a listagem de doenças ocupacionais é uma

presunção relativa de nexo de causalidade, devendo inverter-se o ônus da prova, com previsão

do no art. 20, § 2º da Lei 8.213/91.141

O art. 21 da Lei nº 8.213/91142 equipara outras hipóteses em que o segurado venha a

sofrer lesões no qual também se equipara ao acidente do trabalho, como o acidente sofrido

pelo segurado no local e horário de trabalho, proveniente de ato de agressão, sabotagem ou

terrorismo praticado por terceiros ou companheiro de trabalho; ofensa física intencional por

���������������������������������������� �������������������140 SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.112. 141 ARAÚJO, Francisco Rossal de, RUBIN, Fernando. Acidentes de Trabalho. São Paulo: LTr, 2013. p.30. ����BRASIL. Lei n.8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em 20 de maio de 2014�

Page 45: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

44

causa ligada ao trabalho, atos de imprudência, negligência ou imperícia de terceiros, ato de

pessoa privada do uso da razão e casos fortuitos de força maior.

Por fim, pode ser classificada também como doença ocupacional a doença proveniente

de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade, preconizada no artigo

21, inciso III, da Lei n. 8.213/91143.

Cláudio Brandão esclarece:

É a situação de contágio, infecção ou de doença adquirida pelo empregado de forma imprevista, casual, fortuita durante a execução de suas tarefas, no local e em horário de trabalho ou outra circunstância amparada pelo legislador, que amplia o conceito de infortúnio (trajeto, durante as refeições, nos intervalos, dentre outros).144

Ou seja, o legislador, dispôs um direito aos trabalhadores que exercem uma função

com alto risco de contaminação acidental, como por exemplo, na área hospitalar na qual o

enfermeiro acaba contraindo para si o vírus de HIV quando acaba de machucando com a

seringa ao aplicar uma injeção em um paciente portador do vírus.

Por outro lado, não são consideradas então como doenças do trabalho, conforme

disposto no artigo 20, § 1º, da Lei n. 8.213/91145 as doenças degenerativas, as inerentes a

grupo etário (osteoporose, esclerose etc.), a doença que não produz incapacidade laborativa e

a doença endêmica adquirida por segurados habitantes de regiões em que ela se desenvolva,

exceto se comprovar que esta resultou de exposição ou contato direto determinado pela

natureza do trabalho (malária, dengue, febre amarela).

3.1.3 Garantia de emprego do acidentado

Quando falamos que o benefício de auxílio acidentário tem seu início a partir do

momento em que o trabalhador se afasta da empresa, nasce aí, também, o direito à garantia de

emprego, independentemente do afastamento não superar os quinze dias ou haver

recebimento de benefício do INSS.

A garantia de emprego do acidentado vinha sendo prevista em normas coletivas, como

ocorre com os metalúrgicos, em que se assegura estabilidade a pessoa com moléstia

���������������������������������������� �����������������������BRASIL. Lei n.8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em 20 de maio de 2014.�144 BRANDÃO, Mônica de Amorim Torres. Responsabilidade civil do empregador no acidente do trabalho. São Paulo: LTr, 2007. p.164/165. ����BRASIL. Lei n.8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em 20 de maio de 2014�

Page 46: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

45

profissional ou em virtude de acidente do trabalho, desde que atenda a determinadas

condições. Essa estabilidade, é muito mais ampla que o do artigo 118 da Lei nº 8.213/91, pois

não se fala em 12 meses de garantia de emprego, mandando então reintegrar o empregado

acidentado.146

O artigo 118 da Lei nº 8.213, prescreve o seguinte:

Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.147

Nesse sentido, podemos afirmar que o artigo 118 da Lei 8.213/91 mantém por 12

meses o contrato do empregado acidentado e não a função, devendo então o trabalhador

reassumir o seu posto no trabalho ou outra função compatível com a sua saúde após o

acidente ocorrido.

Segundo Sérgio Pinto Martins,

O artigo 118 da Lei 8.213/91 não estipula que a garantia de emprego ocorre a partir da alta médica, mas após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente da percepção do auxílio-acidente. O auxílio-acidente não é o fato gerador da garantia de emprego, mas a cessação do auxílio-doença acidentário. Independente da percepção de auxílio-acidente quer dizer que a garantia de emprego é assegurada, mesmo que o retorno do empregado ocorra sem nenhuma seqüela.148

Sendo assim, o acidente do trabalho é considerado como interrupção do contrato de

trabalho, na qual o período de afastamento é computado no tempo de serviço do empregado,

ou seja, nos 15 primeiros dias do acidente o trabalhador não pode ser despedido, uma vez que

o seu contrato de trabalho está apenas interrompido.

Nesse sentido, o artigo 59 da Lei 8.213/9149 que “o auxílio-doença será devido ao

acidentado que ficar incapacitado para o seu trabalho por mais de 15 dias consecutivos [...]”,

assim, resta claro que se o acidentado ficar menos de 15 dias incapacitado não lhe será devido

o direito ao auxílio-doença.

Somente após concedido o auxílio-doença acidentário é que o empregado começa a ter

direito à garantia de emprego estabelecida no artigo 118 da referida lei, iniciando-se com a

cessação do benefício, gerando a garantia de emprego de 12 meses.

���������������������������������������� �������������������146 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.453. ����BRASIL. Lei n.8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em 20 de maio de 2014�148 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.454. ����BRASIL. Lei n.8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em 20 de maio de 2014�

Page 47: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

46

Na prática percebemos que o trabalhador acidentado teria muitas dificuldades em

encontrar outro emprego nas devidas condições em que se encontra, sendo assim, o que mais

ocorre na prática é a dispensa do trabalhador, preferindo a empresa pagar a indenização do

período de estabilidade do que reintegrar o acidentado, ficando prejudicado o intuito do

legislador, que era o de garantir efetivamente o emprego ao trabalhador acidentado.

Observamos assim, que seria mais favorável ao trabalhador a reintegração no trabalho, como

ocorre em certas normas coletivas.150

Em casos em que o acidentado possua um contrato de experiência não terá direito a

estabilidade provisória, isso se da pelo fato de ser um contrato por prazo determinado, ou seja,

as partes têm o conhecimento da data do término do contrato. Sendo assim, conclui-se então

que se o período de afastamento do empregado resultar menor que o prazo estabelecido no

contrato de experiência, após a alta médica o empregado continuará o cumprimento deste,

caso resulte um afastamento superior ao prazo estabelecido no contrato será extinto na data

pré-determinada.151

Quanto a situações em que o acidente ocorreu no período de aviso prévio do

trabalhador, não existe uma posição exatamente definida, possuindo assim dois

posicionamentos, aqueles que acreditam que quando do seu retorno continua-se a contagem

dos dias faltantes para o cumprimento, e outros que defendem a desconsideração do aviso

prévio dado ao trabalhador acidentado.152

O posicionamento de Sérgio Martins pinto é de que:

O tempo de serviço correspondente ao aviso-prévio, ainda que indenizado, será computado como tempo de serviço para todos os efeitos legais (art. 487, § 1º, da CLT). Assim o acidente do trabalho ocorrido no curso do aviso-prévio, com o afastamento compulsório do obreiro, confere ao empregado a garantia de emprego. No caso de os 15 dias a cargo da empresa recaírem fora da projeção do aviso-prévio, não será devida a garantia de emprego, visto que o contrato estaria interrompido e não suspenso.153

Por fim, há uma outra forma de garantia de emprego prevista na Lei n.8.213/91154, e

está prevista no parágrafo primeiro em seu artigo 93, na qual “não se poderá dispensar o

���������������������������������������� �������������������150 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.454. 151 OSWALDO, Michel. Acidentes do Trabalho e doenças ocupacionais. 2. d. São Paulo: LTr,2001. p.36. 152 OSWALDO, Michel. Acidentes do Trabalho e doenças ocupacionais. 2. d. São Paulo: LTr,2001. 153 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.455. ����BRASIL. Lei n.8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em 20 de maio de 2014�

Page 48: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

47

trabalhador reabilitado ou deficiente habilitado ao final de contrato por prazo determinado de

mais de 90 dias e contrato por prazo indeterminado”. 155

3.1.4 Patologias mais frequentes no direito acidentário

Diante do grau elevado de demandas acidentárias no ramo previdenciário atualmente,

resta demonstrado que as doenças ocupacionais são a maior parte das ações acidentárias,

muitas vezes com grandes dificuldades de caracterização do nexo de causalidade entre elas.

Sendo assim, nesse tópico abordaremos sobre as principais patologias que mais

tramitam nas ações previdenciárias para concessão de auxílio-acidente em decorrência das

doenças ocupacionais.

Neste sentido, foi realizado um quadro exemplificativo entre a atividade

desempenhada pelo trabalhador e a doença na qual ocasionou a lesão, conforme abaixo:

Quadro 1 - Atividade desempenhada pelo trabalhador X doença na qual ocasionou a lesão

LESÕES CAUSAS OCUPACIONAIS EXEMPLOS

Tenossinovite digital estenosante ou dedos de gatilho

Compressão palmar associada a realização de força.

Apertar alicates e tesouras

Tenossinovite de Qervain Estabilização do polegar em pinça seguida de rotação ou desvio ulnar do carpo, principalmente se acompanhado de realização de força.

Torcer roupas, apertar botão com o polegar.

Síndrome do Canal Guyon Compressão da borda ulnar do punho.

Carimbar.

Tenossinovite dos extensores dos dedos

Movimentos repetitivos de flexão e extensão dos dedos.

Digitar, operar mouse.

Epicondilite do cotovelo Movimentos com esforços estáticos e preensão prolongada de objetos, principalmente com o punho estabilizado em flexão dorsal e nas pronossupinações com utilização de força.

Apertar parafusos, jogar tênis, desencapar fios, tricotar, operar motossera.

Bursite Compressçao do cotovelo contra superfícies duras.

Apoiar o cotovelo em mesas.

Cervicobranquialgia Produzida por fadiga muscular e/ou repetida função dos braços e mãos.

Exercer trabalho de pé (posturas defeituosas) e com os braços levantados.

Síndrome do Túnel do Carpo Movimentos repetitivos de flexão, Digitar, fazer montagens

���������������������������������������� �������������������155 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.455.

Page 49: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

48

mas também extensão com o punho, principalmente se acompanhados por realização de força.

industriais, empacotar.

Fonte: Oswaldo Michel.156

Sendo assim, não há dúvida de que a ocorrência cada vez maior de doenças derivadas

de esforços repetitivos se deve à transformação do trabalho e das empresas, ocorrida na

segunda metade do século passado, isso porque, a competitividade no mercado internacional e

também nos mercados internos, no avanço descomunal do capitalismo, sobretudo a partir da

microeletrônica, fez com que as empresas passassem a exigir cada vez mais dos trabalhadores

o cumprimento de metas e uma maior produtividade, levando-os a trabalhar além de seus

limites. Por isso, já se sustentou que a exigência de produtividade além dos limites das forças

físicas e mentais do trabalhador se trata de uma séria agressão à sua saúde mental.

3.2 DOENÇAS OCUPACIONAIS – LER/DORT

A doença ocupacional encontra respaldo em várias doenças que causam alterações na

saúde do trabalhador, provocadas por fatores relacionados ao ambiente de trabalho. Uma

doença profissional normalmente é adquirida quando um trabalhador é exposto acima do

limite permitido por lei a agentes químicos, físicos, biológicos ou radioativos, sem proteção

compatível com o risco envolvido.

Sendo assim, devido ao trabalho possuir um enfoque nos casos de LER/DORT, pode-

se dizer que é uma síndrome de dor nos membros superiores, com queixa de grande

incapacidade funcional, causada primariamente pelo próprio uso das extremidades superiores

em tarefas que envolvem movimentos repetitivos ou posturas inadequadas. Disfunções

posturais ou de movimentos podem surgir quando os postos de trabalho inadequados, mesmo

que as atitudes posturais sejam adequadas. Podendo dizer, que não é uma conseqüência

natural do processo de trabalho e sim uma anomalia gerada por diversos fatores, destacando-

se a política dos grandes grupos econômicos que fazem qualquer coisa para reduzir os custos

do trabalho para conseguir lucros cada vez maiores.

Nesse sentido, os casos de doenças ocupacionais vêm aumentando gradativamente na

mesma proporção do crescimento industrial, e considerando a extensão do rol dessas doenças

cabe destacar três delas que aparecem com maior incidência e por isso são tidas como doenças

���������������������������������������� �������������������156 OSWALDO, Michel. Acidentes do Trabalho e doenças ocupacionais. 2. d. São Paulo: LTr,2001.

Page 50: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

49

ocupacionais mais comuns de acordo com as estatísticas, sendo estas: a perda a lesão por

esforço repetitivo (LER); distúrbio oestomusculares relacionados ao trabalho (DORT), e

auditiva induzida por ruído (PAIR).

3.2.1 Conceito e fatores de risco

As doenças ocupacionais são aquelas previstas no artigo 20 da Lei 8.213/91157 na qual

se subdivide em doenças profissionais e doenças ocupacionais, conforme foi visto nos tópicos

anteriores.

Abordaremos neste tópico em especial as doenças do trabalho, na qual são aquelas

denominadas como mesopatias ou doenças profissionais atípicas, ou seja, são desencadeadas

em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacionam

diretamente, decorrem também dos microtraumas.158

Inicialmente, cabe que referir que o termo LER – Lesões por Esforços Repetitivos –

foi introduzido no Brasil apenas em 1986, pelo médico Mendes Ribeiro durante o I Encontro

Estadual de Saúde de Profissionais de Processamento de dados no Rio Grande do Sul.159

Segundo José Antônio Ribeiro de Oliveira Silva, as LER são doenças classificadas no

Código Internacional de Doenças, na qual atualmente estão inseridas no grupo XII do CID-10,

e de acordo com Norma Técnica do INSS de 1993 trata-se de afecções que podem acometer

tendões, sinóvias, músculos, nervos, fásceas, ligamentos, isolada ou associadamente, como ou

sem degeneração dos tecidos, atingindo na maior parte das vezes os membros superiores,

região escapular e do pescoço, pelo uso repetido ou forçado de grupos musculares e postura

inadequada.160

O reconhecimento da LER como doença do trabalho no Brasil, ocorreu em 1987, por

meio da Portaria n.4.062161, de 06/08/1987, do Ministério da Previdência Social, e ocupam o

primeiro lugar nas estatísticas das doenças ocupacionais notificadas à previdência social.162

���������������������������������������� �����������������������BRASIL. Lei n.8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em 20 de maio de 2014�158 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. 159 MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do Trabalho e doenças ocupacionais: conceito, processos de conhecimento e execução e suas questões polêmicas. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p.66. 160 SILVA, Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.134. ���BRASIL. Portaria n. 4.062 de 06 de agosto de 1987. Disponível em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/66/MPAS/1987/4062.htm>�Acessado em: 20 de maio de 2014�162 SILVA, Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013.

Page 51: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

50

Sendo assim, no Brasil as LER/DORT foram primeiramente descritas como

tenossinovite ocupacional, e que foram apresentados, no XII Congresso Nacional de

Prevenção de Acidentes do Trabalho, 1973, casos de tenossinovite ocupacional em

lavandeiras, limpadoras e engomadeiras, recomendando-se que fossem observadas pausas de

trabalho por aqueles que operavam intensamente com as mãos.163

Quanto ao reconhecimento da DORT, esta veio recentemente com a edição realizada

pelo INSS da Instrução Normativa INSS/DC n.98, de 05/12/2003164, na qual aprova uma nova

Norma Técnica sobre Lesões por Esforços Repetitivos – LER – ou Distúrbios

Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT. Nesse sentido, segue abaixo trecho da

Instrução Normativa:

Entende-se LER/DORT como síndrome relacionada ao trabalho, caracterizada pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, tais como: dor, parestesia, sensação de peso, fadiga de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores, mas podendo acometer membros inferiores. Entidades neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites, compressões de nervos periféricos, síndromes miofaciais, que podem ser identificadas ou não. Freqüentemente são causa de incapacidade laboral temporária ou permanente. São resultado da combinação da sobrecarga das estruturas anatômicas do sistema osteomuscular com a falta de tempo para sua recuperação. A sobrecarga pode ocorrer seja pela utilização excessiva de determinados grupos musculares em movimentos repetitivos com ou sem exigência de esforço localizado, seja pela permanência de segmentos do corpo em determinadas posições por tempo prolongado, particularmente quando essas posições exigem esforço ou resistência das estruturas musculoesqueléticas contra a gravidade. A necessidade de concentração do trabalhador para realizar suas atividades e a tensão imposta pela organização do trabalho são fatores que interferem deforma significativa para a ocorrência das LER/DORT.165

De acordo com a Instrução Normativa do INSS, houve uma verdadeira epidemia de

LER/DORT na Inglaterra, nos países escandinavos, no Japão, nos Estados Unidos, na

Austrália e no Brasil, no qual alguns países ainda continuam com grandes problemas

significativos. Sendo assim, o advento das LER/DORT em grande número de pessoas, em

diferentes países, provocou uma mudança no conceito tradicional de que o trabalho pesado,

���������������������������������������� �������������������163 BRASIL. Instrução normativa INSS/PRES nº 28, de 16 de maio de 2008 - DOU DE 19/05/2008. Disponível em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/imagens/paginas/38/inss-c/2003/anexos/IN-DC-98-ANEXO.htm>. Acesso em: 15 mai. 2014. ���BRASIL. Instrução Normativa INSS/DC n. 98 de 05 de dezem. de 2003. Disponível elm: <http://www.prt21.mpt.gov.br/fepmat/inst_normativa.htm> Acesso em 29 de maio de 2014. 165 BRASIL. Instrução normativa INSS/PRES nº 28, de 16 de maio de 2008 - DOU DE 19/05/2008. Disponível em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/imagens/paginas/38/inss-c/2003/anexos/IN-DC-98-ANEXO.htm>. Acesso em: 15 mai. 2014.

Page 52: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

51

envolvendo esforço mental, com sobrecarga dos membros superiores e relativo gasto de

energia.166

Sendo assim, o desenvolvimento das chamadas doenças de LER/DORT, ocasionou a

importância da análise quanto aos fatores de riscos envolvidos direta ou indiretamente no

ambiente de trabalhado de cada empregado.

Outrossim, para fins de reconhecimento de natureza acidentária da incapacidade basta

que o meio ambiente de trabalho tenha sido um fator importante para o desenvolvimento ou

agravamento do quadro clínico, não precisando portanto, de um fator exclusivo, ou mesmo

principal ou preponderante para o infortúnio.167

No entanto, quanto as doenças em que o trabalhador padecia antes de ingressar na

atividade para o empregador, caso venham a sofrer agravantes, gerando complicações

oriundas do processo patológico, se comprovado que o ambiente de trabalho motivou tais

agravos, devem ser consideradas acidente do trabalho, assim sendo definido como nexo de

agravamento.168

Nesse sentido, enquanto nas doenças profissionais o laborista está dispensado do ônus probatório, nas doenças do trabalho ou agravamento das mesmas esse ônus lhe é obrigatório. Isso porque embora exista a presunção de que ingressou em perfeitas condições de saúde, ou que apresentava determinada doença que não o impedia de trabalhar, deverá comprovar ter sido o ambiente laborativo que fez eclodir ou provocou o agravamento da doença ou perturbação funcional. É do obreiro o dever de comprovar a impossibilidade razoável de sobrevir a incapacitação total e permamente.169

Segundo Oswaldo Michel, a expressão “fator de risco” designa, de maneira geral, os

fatores do trabalho relacionados com as LER.os fatores foram estabelecidos, na maior parte

dos casos, por meio de observações empíricas e depois confirmados com estudos

epidemiológicos.170

Dentre os fatores de risco das LER/DORT, ganham relevância as posturas inadequadas

no trabalho e a carga osteomuscular. Entre os que influenciam a carga osteomuscular,

���������������������������������������� �������������������166 SILVA, Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.135 ���RUBIN, Fernando. Benefícios por incapacidade no Regime da Previdência Social: Questões centrais do direito material e do direito processual. Porto Alegre, Livraria do Advogado. 2014. p. 72�168 COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do Trabalho. 3. ed. rev. e atual. Curitiba: Juruá, 2009. p.82.169 COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do Trabalho. 3. ed. rev. e atual. Curitiba: Juruá, 2009. p.82.170 OSWALDO, Michel. Acidentes do Trabalho e doenças ocupacionais. 2. d. São Paulo: LTr,2001. p.282.

Page 53: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

52

encontram-se: a força, a repetitividade, a duração da carga, o tipo de preensão, a postura do

punho e o método de trabalho.171

Portanto na identificação dos fatores de risco, deve-se integrar as diversas

informações, pois os mecanismos de lesão dos casos de LER/DORT são considerados um

acúmulo de influências que ultrapassam a capacidade de adaptação de um tecido, mesmo se o

funcionamento fisiológico deste é mantido parcialmente.172

Sendo assim, para a identificação desses fatores de riscos é importante analisar: a) a

região anatômica exposta; b) a intensidade dos fatores de risco; c) a organização temporal da

atividade (por exemplo: a duração do ciclo de trabalho, a distribuição das pausas ou a

estrutura de horários); d) o tempo de exposição aos fatores de risco.173

Nesse sentido, segundo a Instrução Normativa do INSS, os grupos de fatores de risco

das LER podem ser elencados como174:

a) O grau de adequação do posto de trabalho à zona de atenção e à visão.

Ou seja, a dimensão do posto de trabalho pode forçar os indivíduos a adotarem

posturas ou métodos de trabalho que causam ou agravam as lesões osteomusculares.

b) O frio,as vibrações e as pressões locais sobre os tecidos.

No caso, a pressão mecânica localizada é provocada pelo contato físico de cantos retos

ou pontiagudos de um objeto ou ferramentas com tecidos moles do corpo e trajetos nervosos.

c) As posturas inadequadas.

Em relação à postura existem três mecanismos que podem causar as LER: os limites

de amplitude articular, a força da gravidade oferecendo uma carga suplementar sobre as

articulações e músculos e as lesões mecânicas sobre os diferentes tecidos.

d) A carga osteomuscular.

Já a carga osteomuscular pode ser entendida como a carga mecânica decorrente de: a)

uma tensão (por exemplo, a tensão do bíceps); b) uma pressão (por exemplo, a pressão sobre

o canal do carpo); c) de uma fricção (por exemplo, a fricção de um tendão sobre a sua

bainha); d) de uma irritação (por exemplo, a irritação de um nervo).

���������������������������������������� �������������������171 SILVA, Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.135. 172 OSWALDO, Michel. Acidentes do Trabalho e doenças ocupacionais. 2. d. São Paulo: LTr,2001. p.282. 173 BRASIL. Instrução normativa INSS/PRES nº 28, de 16 de maio de 2008 - DOU DE 19/05/2008. Disponível em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/imagens/paginas/38/inss-c/2003/anexos/IN-DC-98-ANEXO.htm>. Acesso em: 15 mai. 2014. 174 BRASIL. Instrução normativa INSS/PRES nº 28, de 16 de maio de 2008 - DOU DE 19/05/2008. Disponível em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/imagens/paginas/38/inss-c/2003/anexos/IN-DC-98-ANEXO.htm>. Acesso em: 15 mai. 2014.

Page 54: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

53

Mas entre esses fatores que influenciam a carga osteomuscular, encontramos a força, a

repetitividade, a duração de carga, o tipo de preensão, a postura do punho e o método de

trabalho.

e) A carga estática.

A carga estática está presente quando um membro é mentido numa posição que vai

contra a gravidade. Nestes casos, a atividade muscular não pode se reverter a zero (“esforço

estático”). Três aspectos servem para caracterizar a presença de posturas estáticas: afixação

postural observada, as tensões ligadas ao trabalho, sua organização e conteúdo.

f) A invariabilidade da tarefa.

Nesse aspecto observamos que, a invariabilidade da tarefa implica monotonia

fisiológica e/ou psicológica.

g) As exigências cognitivas.

Nesse fator, as exigências cognitivas podem ter um papel no surgimento das LER, seja

causando um aumento de tensão muscular, seja causando uma reação mais generalizada de

estresse.

h) Os fatores organizacionais e psicossociais ligados ao trabalho.

Os fatores psicossociais do trabalho são as percepções subjetivas que o trabalhador

tem dos fatores de organização do trabalho. Assim, como exemplo de fatores psicossociais

podemos citar: considerações relativas à carreira, à carga e ritmo de trabalho e ao ambiente

social e técnico do trabalho. A “percepção” psicológica que o indivíduo tem das exigências do

trabalho é o resultado das características físicas da carga, da personalidade do indivíduo, das

experiências anteriores e da situação social do trabalho.

Sendo assim, segundo José Antônio Ribeiro175, na atualidade os fatores de risco da

LER/DORT que mais ganham relevância é as posturas inadequadas no trabalho e a carga

osteomuscular.

Já quanto a PAIR – Perda Auditiva Induzida por Ruído – é uma diminuição

progressiva auditiva, decorrente da exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora.

O termo Perdas Auditivas Induzidas por Níveis Elevados de Pressão Sonora é o mais

adequado, porém o termo PAIR é mais utilizado e por isso mais conhecido.176

Sendo assim, “entende-se como Perda Auditiva por Ruído – PAIR – uma alteração dos

���������������������������������������� �������������������175 SILVA, Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.135 176 MONTEIRO, Antonio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do Trabalho e Doenças Ocupacionais: Conceito, processos de conhecimento e de execução e suas questões polêmicas. São Paulo: Saraiva, 1998. p.41.

Page 55: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

54

limiares auditivos, do tipo neurossensorial, decorrente da exposição sistemática a ruído, que

tem como características a irreversibilidade e a progressão com o tempo de exposição”177.

A PAIR é também conhecida por perda auditiva ocupacional, surdez ocupacional ou

disacusia ocupacional, “é uma diminuição gradual da cuidade auditiva, decorrente da

exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora”, segundo a Ordem de Serviço n.

608 do INSS, de 05/08/1998.178

Nesse sentido, há de ter-se em mente que, para que se caracterize doença ocupacional,

a perda ou redução da capacidade auditiva deve ser verificada em relação à atividade habitual

do trabalhador, ou seja, em relação ao seu ofício ou profissão, não podendo ultrapassar o

limite de tolerância para a exposição ao ruído contínuo no ambiente de trabalho, que é

previsto como de 85 decibéis, para uma jornada diária de oito horas.

3.2.2 Diagnósticos

O diagnóstico da lesão ou doença subjacente às Lesões por Esforços Repetitivos –

LER - deve ser individualizada a cada uma delas, ou seja, em geral é eminentemente clínico e

muitas vezes difícil, por isso deve-se ter o máximo de cautela para um diagnóstico correto.179

Segundo Oswaldo Michel, um dos elementos mais freqüentes para a caracterização da

lesão é a dor, e em geral ela é insidiosa, de início remoto, sem data precisa de instalação.

Assim, algumas vezes o paciente relata que teve início após certo período de sobrecarga, e a

duração da dor tende a ser mais breve no início, surgindo ao fim do expediente e aliviando

com o repouso noturno, e com o tempo essa passa a ser mais duradoura, até tornar-se contínua

nos casos graves.180

Devido ao grande número de afecções causadas por doenças ocupacionais, é muito

difícil identificar a ocupação no seu trabalho que ocasionou a doença sem conhecer o

ambiente de trabalhado do acidentado, sendo assim, só poderá ser confirmado a LER/DORT

apenas quando os sintomas puderem se conectados com as atividades habituais exercidas no

seu trabalho.

���������������������������������������� �������������������177 MONTEIRO, Antonio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do Trabalho e Doenças Ocupacionais: Conceito, processos de conhecimento e de execução e suas questões polêmicas. São Paulo: Saraiva, 1998. p.41. 178 SILVA, Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.144 179 MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São Paulo, LTr: 2001. p.287. 180 MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São Paulo, LTr: 2001. p.287.

Page 56: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

55

O nexo técnico epidemiológico (NTPE) foi instituído ao final do ano de 2006, no qual

criou uma figura da presunção legal a respeito da relação entre a moléstia e a o trabalho

desenvolvido, sendo forjada, pelos dados estatísticos e científicos já mencionados, a

presunção relativa, por exemplo, de que o bancário com problemas ortopédicos possui quadro

ocupacional de LER/DORT.181

Sendo assim, é importante ressaltarmos que é de suma importância para a

caracterização das LER/DORT um diagnóstico bem realizado, motivo pelo qual devem ser

observadas as orientações do Ministério da Saúde a esse respeito, de acordo com o fascículo

104, Série A, Normas e Manuais Técnicos, do Ministério da Saúde (2001). Portanto, de

acordo com essas Normas e Manuais Técnicos, a decisão diagnóstica deve considerar o

quadro clínico, sua evolução, fatores etiológicos possíveis, destacando anamnese e fatores

ocupacionais, segundo as quais um diagnóstico ocupacional não descarta LER/DORT.182

Nesse sentido, segundo Oswaldo Michel, para que a caracterização de um quadro

clínico como LER/DORT é necessário que o nexo seja definido por meio da anamnese

ocupacional, exames clínicos, relatórios do médico responsável pela assistência ao paciente,

do coordenador do PCMSO, e eventualmente uma vistoria no posto de trabalho. 183

Em relação a anamnese ocupacional, essa deve incluir informações sobre

a) Ambiente de trabalho: percepção do segurado quanto à temperatura, ruído, poeiras, iluminamento; b) Equipamentos: quantidade dos equipamentos e ferramentas, manutenção dos mesmos, necessidade de emprego de força decorrente de equipamento impróprio, desvios posturais impostos pelo equipamento, necessidade de repetição da tarefa por falha do equipamento; c) Mobiliário: qualidade e manutenção, freqüência de reposição, adaptação dos postos de trabalho à introdução de novos processos, desvios posturais impostos pelo mobiliário; d) Organização do trabalho: ritmo, pausas, hierarquia, horas-extras, estímulo à produção, rotatividade de mão-de-obra, composição de mão-de-obra quanto a sexo e idade e relacionamento interpessoal.

Sendo assim, a Instrução Normativa do INSS/DC n. 98 dispõe o detalhamento sobre o

procedimento para o diagnóstico previsto nas Normas e Manuais Técnicos do Ministério da

Saúde: “O diagnóstico de LER/DORT consiste, como em qualquer caso, nas etapas habituais

���������������������������������������� �����������������������RUBIN, Fernando. Benefícios por incapacidade no Regime da Previdência Social: Questões centrais do direito material e do direito processual. Porto Alegre, Livraria do Advogado. 2014. p. 39�182 SILVA, Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.136. 183 MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São Paulo, LTr: 2001. p.284.

Page 57: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

56

de investigação clínica, com os objetivos de se estabelecer a existência de uma ou mais

entidades nosológicas, os fatores etiológicos e de agravamento”.184

Nesse sentido, transcrevo os procedimento previsto na Instrução Normativa do

INSS/DC n. 98:

a) História da moléstia atual: É importante caracterizar as queixas, principalmente

referente a dor que é o mais comum, quanto ao tempo de duração, localização, intensidade,

tipo ou padrão, momentos e formas de instalação, fatores de melhora e piora, e variações no

tempo.

b) Investigação dos diversos aparelhos: É importante também analisar e investigar a

presença de outros possíveis sintomas e doenças.

c) Comportamentos e hábitos relevantes: É necessário avaliar os hábitos que possam

causar ou agravar sintomas do sistema músculo-esquelético, como por exemplo, o uso

excessivo de computador em casa, lavagem manual de grande quantidade de roupas, ato de

passar grande quantidade de roupas, limpeza manual de vidros e azulejos, ato de tricotar,

carregamento de sacolas cheias, polimento manual de carro, o ato de dirigir e entre outros.

d) Antecedentes pessoais: Deve ser analisado a história de traumas, fraturas e outros

quadros mórbidos que possam ter desencadeado e/ou agravado processos de dor crônica,

entrando como fator de confusão.

e) Antecedentes familiares – Analisa-se de forma especial a existência de familiares

co-sangüíneo com história de diabetes e outros distúrbios hormonais, “reumatismos”.

f) História ocupacional - Tão fundamental quanto elaborar uma boa história clínica é

perguntar detalhadamente como e onde o paciente trabalha, tentando ter um retrato dinâmico

de sua rotina laboral. Dentro deste aspecto está previsto a duração de jornada de trabalho,

existência de tempo de pausas, forças exercidas, execução e freqüência de movimentos

repetitivos, identificação de musculatura e segmentos do corpo mais utilizados, existência de

sobrecarga estática, formas de pressão de chefias, exigência de produtividade, existência de

prêmio por produção, falta de flexibilidade de tempo, mudanças no ritmo de trabalho ou na

organização do trabalho, existência de ambiente estressante, relações com chefes e colegas,

insatisfações, falta de reconhecimento profissional, sensação de perda de qualificação

profissional.

���������������������������������������� �������������������184 BRASIL. Instrução normativa INSS/PRES nº 28, de 16 de maio de 2008 - DOU DE 19/05/2008. Disponível em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/imagens/paginas/38/inss-c/2003/anexos/IN-DC-98-ANEXO.htm>. Acesso em: 15 mai. 2014.

Page 58: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

57

Observa-se que outros fatores como a iluminação inadequada, desconforto térmico,

móveis desconfortáveis e ruído excessivo também contribuem para a ocorrência de

LER/DORT.

g) Exame físico – exames realizados tanto na data da admissão do trabalhador como

após adquirir a doença.

h) Exames complementares – a realização de exames complementares devem ser

solicitados à luz de hipóteses diagnósticas e não de forma indiscriminada, na qual seus

resultados devem sempre levar em conta o quadro clínico e a evolução, que são soberanos na

análise e conclusão diagnóstica.

Quanto a PAIR – Perda auditiva induzida por ruído – possui como características ser

sempre neurossensorial por comprometer as células de órgão de Córti, ser quase sempre

bilateral por atingir ouvidos direito e esquerdo, com perdas semelhantes e uma vez instalada,

irreversível, e por fim por atingir a cóclea o trabalhador pode atingir intolerância a sons mais

intensos.185

Em relação ao diagnóstico da PAIR, possui como finalidade a identificação,

qualificação e quantificação da perda auditiva, razão pela qual deve ser feito por especialista

otorrinolaringologista ou o fonoaudiólogo, cujo o procedimento deve ser incluído o exame

físico e otológico, anamnese ocupacional e exames complementares, que seria a audiometria

por via aérea e se for o caso, também por via óssea, entre outros exames que poderá ser

necessário dependendo de cada caso.186

Segundo José Antônio Ribeiro de Oliveira Silva, o importante é que o médico perito

estabeleça um nexo de causalidade entre a perda auditiva e as condições do trabalho, mas para

isso é necessário que seja realizado primeiramente uma perícia no local de trabalho,

preferencialmente por engenheiro do trabalho, a fim de se transcrever com a maior precisão

possível as condições em que o serviço foi prestado na empresa.187

A perda auditiva pode ser até mais acentuada em um ouvido do que em outro,

apresentando assim uma bilateralidade no diagnóstico da perda auditiva e não uma

unilateralidade. Sendo assim

���������������������������������������� �������������������185 MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidente do trabalho e doenças ocupacionais: conceito, processos de conhecimento e execução e suas questões polêmicas. São Paulo Saraiva, 1998. p.41. 186 MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidente do trabalho e doenças ocupacionais: conceito, processos de conhecimento e execução e suas questões polêmicas. São Paulo Saraiva, 1998. 187 SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do Trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.145.

Page 59: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

58

A necessidade de um exame otológico adequado e não simples análise de um audiograma, ou, o que é pior, o uso de softwares para diagnosticar a PAIR. A simetria das lesões a ser considerada deve levar em conta apenas a origem do nexo causal, e em análise qualitativa, não se podendo pretender que as curvas audiométricas sejam perfeitamente congruentes ou que tenham o mesmo valor percentual. Basta que apresentem bilateralidade de acomentimento patológico de mesma etiologia.

Portanto, é necessário que as verificações tanto das LER/DORT como da PAIR,

devam ser feitas caso a caso, levando-se em conta cada particularidade do trabalhador e de

sua ocupação habitual, bem como o seu ambiente de trabalho.

3.2.3 Medidas preventivas

Para um programa de prevenção das Lesões por Esforços Repetitivos em uma empresa

inicia-se pela criteriosa identificação dos fatores de risco, na qual vimos acima, presentes na

situação de trabalho. Em cada situação específica corresponde um conjunto de medidas de

controle, evitando o surgimento e a progressão da doença.188

Sendo assim, quanto à prevenção das LER/DORT, merece destaque a Portaria n.

3.751, de 23/11/90, por meio da qual o Ministério do Trabalho procedeu a significativa

modificação da NR-17189.

A referida portaria, embora não trate exclusivamente da matéria, abordou certos

aspectos das condições laborais que propiciavam a ocorrência dessa doença, estabelecendo

que nas atividades que exigissem sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço,

ombros, dorso, e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do

trabalho, no qual o sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e

vantagens de qualquer espécie levando em consideração as repercussões sobre a saúde do

trabalhador.190

Segundo José Antônio Ribeiro de Oliveira, para evitar o surgimento das LER/DORT

nos trabalhadores o ideal seria que as empresas, especialmente as do setor de prestação de

serviços, desenvolvam programas de prevenção das LER/DORT, na qual devem ser iniciados

pela criteriosa identificação dos fatores de risco presentes no ambiente de trabalho, como

���������������������������������������� �������������������188 MICHEL, Oswaldo. Acidente do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São Paulo: LTr, 2001. p.297. ����MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Nr 17 – ergonomia. Disponibilizada em: <http://portal.mte. gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEFBAD7064803/nr_17.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2014.�190 SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do trabalhador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.136.

Page 60: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

59

previsto na NR-9191 que trata sobre o PPRA – Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais.192

Nesse sentido, segundo José Antônio Ribeiro de Oliveira,

Deve ser analisado o modo como as tarefas são realizadas, especialmente as que envolvem movimentos repetitivos, movimentos bruscos, uso de força, posições forçadas e por tempo prolongado. Aspectos organizacionais do trabalho e psicossociais também devem ser verificados. E a identificação de aspectos que propiciam a ocorrência de LER/DORT e as estratégias de defesa, individuais e coletivas, dos trabalhadores, deve ser fruto de análise integrada entre os técnicos responsáveis pelos programas de prevenção e os próprios trabalhadores.193

Sendo assim, para prevenir as LER/DORT, é necessário que seja aplicado as diretrizes

fixadas pela Norma Regulamentadora específica, a chamada NR-17194, na qual estabelece

certos parâmetros que podem auxiliar na adaptação das condições de trabalho às

características psicofisiológicas dos trabalhadores, ou seja, proporcionando maior conforto,

segurança e desempenho eficiente no seu ambiente de trabalho.195

Com a NR-17 é estabelecido as medidas de controle a serem adotadas, envolvendo

assim, o dimensionamento adequado do posto de trabalho, os equipamentos e as ferramentas,

bem como as condições ambientais e a organização do trabalho.196

Nesse sentido, a referida NR-17 trata sobre a ergonomia na qual é definida como um

conjunto de ciências e tecnologias que procura a adaptação confortável e produtiva entre o ser

humano e seu trabalho, procurando adaptar as condições de trabalho bem como às

características do ser humano.197

Quando nos referimos ao dimensionamento do posto de trabalho, tratamos sobre a

avaliação quanto as exigências a que se está submetido o trabalhador e as que estão

relacionadas com a tarefa material e à organização da empresa. Por exemplo, deve-se adequar

���������������������������������������� �������������������

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Nr 9 – Riscos ambientais. Disponibilizada em: < http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE4CA7C012BE51FC24B4849/nr_09_at.pdf> Acesso em 20 de maio de 2014>. Acesso em: 15 mai. 2014.�192 SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidentes do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.137. 193 SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidentes do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.137. ����BRASIL. Norma Regulamentadora n. 17. Disponível em: < http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEFBAD7064803/nr_17.pdf> Acesso em 20 de maio de 2014.�195 MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Nr 17 – ergonomia. Disponibilizada em: <http://portal.mte. gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEFBAD7064803/nr_17.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2014. 196 MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São Paulo: LTr, 2001. p.297. 197 MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São Paulo: LTr, 2001.

Page 61: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

60

o mobiliário e os equipamentos de modo a reduzir a intensidade dos esforços aplicados e

corrigir posturas desfavoráveis, valorizando a alternância postural.198

Já em relação as condições ambientais, leva-se em conta o conforto térmico, visual e

acústico, favorecendo a adoção de gestos de ação, bem como a observação e a comunicação,

garantindo o cumprimento da atividade com menor desgaste físico e mental, e maior

eficiência e segurança para os trabalhadores.199

17.5.1. As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto: a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira registrada no INMETRO; b) índice de temperatura efetiva entre 20oC (vinte) e 23oC (vinte e três graus centígrados); c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s; d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento. 17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade. 17.5.3.2. A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.

Por fim, quanto à referida organização do trabalho, deve ser permitido que o

trabalhador possa agir individual e coletivamente sobre o conteúdo do trabalho, bem como as

suas divisões das tarefas, a divisão dos homens e as relações que mantêm entre si. Com

relação a divisão das tarefas, isso vai do seu conteúdo ao modo operatório e ao que é prescrito

pela organização do trabalho.200

17.6.1. A organização do trabalho deve ser adequada às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em consideração, no mínimo: a) as normas de produção; b) o modo operatório; c) a exigência de tempo; d) a determinação do conteúdo de tempo; e) o ritmo de trabalho; f) o conteúdo das tarefas.

���������������������������������������� �������������������198 MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São Paulo: LTr, 2001. p.297. 199 MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São Paulo: LTr, 2001. 200 MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São Paulo: LTr, 2001.

Page 62: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

61

A solução ergonômica que esta NR-17201 traz para as empresas é que para prevenir os

possíveis danos nos trabalhadores, é necessário se fazer

a) Revezamentos – que visam fundamentalmente não causar sobrecarga a um grupamento muscular ou parte do corpo; b) Pausas – torna-se necessárias quando não é possível adotar o revezamento de forma eficaz; c) Melhorias na organização do sistema de trabalho – equivale a administrar melhor o sistema de produção,evitando horas rotineiras, adotando padrões de produção com base científica, tecnológicas, etc.; d) Melhorias no método de trabalho – trata-se de estudar e adotar formas mais racionais de se realizar o trabalho, evitando esforço desnecessário. e) Pequenas melhorias em postos de trabalho – por exemplo, abaixar uma plataforma, colocar um apoio para os braços, aproximar um instrumento de controle, ECT. f) Projetos de melhoria ergonômica; g) Orientações ao trabalhador sobre práticas corretas do trabalho.202

Sendo assim, abordaremos sobre alguns aspectos de prevenção das LER/DORT

referidos na Norma Regulamentar, que mais são utilizados nas empresas atualmente.

Começando pelos transtornos de coluna, na qual “constituem numa das maiores causas de

afastamento prolongado do trabalho e de sofrimento humano.” É freqüente associar-se as

lombalgias à existência do esforço em flexão, em que se paga uma carga com os membros

inferiores estendidos, na qual para prevenir, costuma-se utilizar três medidas: a) seleção

médica criteriosa; b) ensino de técnicas de manuseio de carregamento de cargas; c) medidas

de ergonomia.

Assim, segundo os itens abaixo da NR17,

17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança. 17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que não as leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá utilizar, com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes.203

Segundo Oswaldo Michel, quanto a posição do trabalhador que fica sentado e com

computadores, pode originar uma série de dores e complicações, além de contribuir para o

sedentarismo. Para que isso não aconteça, o ideal é sentar-se bem, numa cadeira

���������������������������������������� �����������������������MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Nr 17 – ergonomia. Disponibilizada em: <http://portal.mte. gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEFBAD7064803/nr_17.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2014.�202 MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São Paulo: LTr, 2001. p.193. 203 MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Nr 17 – ergonomia. Disponibilizada em: <http://portal.mte. gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEFBAD7064803/nr_17.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2014.

Page 63: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

62

ergonomicamente bem projetada, numa relação cadeira-mesa-acessórios também

adequadas.204

Nesse sentido, transcrevo abaixo os itens da NR-17 sobre o que foi referido acima:

17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição. 17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos: a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento; b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador; c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais. 17.3.3. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requisitos mínimos de conforto: a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida; b) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento; c) borda frontal arredondada; d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar. 17.3.4. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados sentados, a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés, que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador.205

Segundo Oswaldo Michel206 a Norma Regulamentadora 17 estabelece que nas

atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e

membros superiores e inferiores, a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser

observado o seguinte:

a) Todo o sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e

vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as repercussões sobre a saúde dos

trabalhadores;

b) Devem ser incluídas pausas de descanso.

Merece destaque o item 17.6.4 da NR-17207 no qual dispõe sobre as normas

ergonômicas para prevenção de moléstias aos trabalhadores que se utilizam da digitação, pois

constata-se na atualidade que há um grande número de acidentes do trabalho por doenças

ocupacionais ocorrido neste ramo, e um exemplo disso é os bancários.

���������������������������������������� �������������������204 MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São Paulo: LTr, 2001. p.193. ����MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Nr 17 – ergonomia. Disponibilizada em: <http://portal.mte. gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEFBAD7064803/nr_17.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2014.����MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São Paulo: LTr, 2001. p.193.�����MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Nr 17 – ergonomia. Disponibilizada em: <http://portal.mte. gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEFBAD7064803/nr_17.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2014.�

Page 64: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

63

Essa norma estabeleceu pausas de descanso nas atividades de processamento

eletrônico de dados, limitando a 8.000 (oito mil) o número máximo de toques por hora e a 5

(cinco) horas o tempo máximo efetivo de trabalho de entrada de dados na jornada de trabalho.

Assim, segue abaixo a observação para prevenção nesses casos:

17.6.4. Nas atividades de processamento eletrônico de dados, deve-se, salvo o disposto em convenções e acordos coletivos de trabalho, observar o seguinte: a) o empregador não deve promover qualquer sistema de avaliação dos trabalhadores envolvidos nas atividades de digitação, baseado no número individual de toques sobre o teclado, inclusive o automatizado, para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie; b) o número máximo de toques reais exigidos pelo empregador não deve ser superior a 8.000 por hora trabalhada, sendo considerado toque real, para efeito desta NR, cada movimento de pressão sobre o teclado; c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve exceder o limite máximo de 5 (cinco) horas, sendo que, no período de tempo restante da jornada, o trabalhador poderá exercer outras atividades, observado o disposto no art. 468 da Consolidação das Leis do Trabalho, desde que não exijam movimentos repetitivos, nem esforço visual; d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo, uma pausa de 10 minutos para cada 50 minutos trabalhados, não deduzidos da jornada normal de trabalho; e) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção em relação ao número de toques deverá ser iniciado em níveis inferiores do máximo estabelecido na alínea "b" e ser ampliada progressivamente.

Por fim, com essas recomendações sugeridas na Norma Regulamentadora, e

trabalhando de forma integrada, espera-se alcançar os objetivos propostos de promover o bem

estar do trabalhador, com conseqüentes ganhos diversos também para a empresa.

Isso porque, “o resultado de prevenção depende da participação e compromisso dos

diferentes profissionais da empresa: trabalhadores, supervisores, cipeiros, técnicos de serviço

de segurança do trabalho, gerentes e diretores”208.

Quanto a prevenção das doenças chamadas PAIR – Perda Auditiva Induzida por Ruído

– estas encontram-se de acordo com a Norma Regulamentadora NR-15209, Anexo I, da

Portaria 3.214/78 na qual estabelece que o limite de tolerância para a exposição ao ruído

contínuo no ambiente de trabalho é de 85 decibéis para uma jornada de oito horas.

Esta Norma Regulamentadora combina o nível de exposição com o tempo de

exposição ao ruído, de forma que se faz necessária uma medição no ambiente de trabalho.

���������������������������������������� �������������������208 MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São Paulo: LTr, 2001 P. 297 ����MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Nr 15 – atividades e operações insalubres. Disponibilizada em: <�http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812DF396CA012E0017BB3208E8/NR-15%20(atualizada_2011).pdf>. Acesso em: 15 mai. 2014.�

Page 65: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

64

Sendo assim, nota-se que esta NR-15 estabeleceu uma máxima exposição diária do

trabalhador ao agente físico ruído, ou seja, o trabalhador pode estar exposto sem proteção em

uma jornada de até oito horas diárias a 85 dB, ou em uma jornada de até quatro horas diárias

exposto a 90 dB, conforme a tabela prevista nesta Norma Regulamentadora.

Segundo José Antônio Ribeiro de Oliveira, há trabalhadores que tem um maior grau de

suscetibilidade e podem contrair a doença mesmo que não ultrapassado o limite previsto na

NR-15. Por isso a NR-9, que trata do PPRA – Programa de Prevenção de Riscos – estipula

que na prevenção de doenças ocupacionais relacionadas ao ruído, a ação preventiva deve ser

desencadeada sempre que os níveis de ruído atingirem 80 decibéis, numa jornada de 8 horas

(item 9.3.62, letra “b”)210

Por isso a NR-6211 também prevê que, não eliminados os efeitos danosos do excesso

de ruído, deve o empregador fornecer os equipamentos de proteção individual adequados

(Anexo I da NR-6, letra “c”), devidamente aprovados, para a proteção do aparelho auditivo.212

Portanto, a medida preventiva para acidentes tornou-se de fato, muito importante nas

empresas e para os trabalhadores, prevenindo o surgimento de doenças ocupacionais bem

como tornando o ambiente de trabalho saudável para um bom desempenho, tanto físico

quanto mental.

3.2.4 Auxilio-acidente

É um benefício pago pela Previdência Social ao trabalhador acidentado no trabalho até

que recupere sua capacidade laborativa. Está previsto no art. 86 da Lei 8.213/91213. Decorre

de incapacidade total e temporária, resultante de acidente do trabalho. Na Previdência Social

está codificado como B36.

O benefício acidentário tem outra origem: é aquele ligado diretamente ao trabalho. É

devido sem nenhuma correlação com o tempo de contribuição (carência). Desde o momento

���������������������������������������� �������������������210 SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. p.144. ����MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Nr 6 – equipamento de proteção individual. Disponibilizada em: < http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812DC56F8F012DCDAD35721F50/NR-06%20(atualizada)%202010.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2014 212 SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013. ����BRASIL. Lei n.8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em 20 de maio de 2014.�

Page 66: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

65

em que o trabalhador coloca-se na situação de segurado passa a ter direito às prestações

previstas na lei independentemente de período de carência, conforme art. 26, II, 8.213/91214.

3.2.5 Conceito e requisitos da incapacidade

O auxílio-acidente é aquele devido ao segurado que, após sofrido a lesão decorrente de

acidente de qualquer natureza, acabar ficando com seqüelas que impliquem redução da

capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.215

Sendo assim, o auxílio-acidente tem por objetivo recompor e indenizar o segurado

pela perda parcial da sua capacidade de trabalho, na qual tem uma conseqüente redução da

remuneração. Ou seja, neste caso não se configura a incapacidade total para o trabalho, mas

sim, que se consolida as lesões decorrentes do acidente, não tendo outra escolha, se não ao

segurado ter que se dedicar a outra atividade, tendo um rendimento menor do que o

anterior.216

Segundo Marina Vasques Duarte, o auxilio-acidente tem caráter de indenização e não

de substituição da remuneração, mas essa indenização tem caráter de natureza previdenciária

e não civil, conforme menciona o artigo 86 da Lei n. 8.213/92.

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

Anteriormente, a Lei n.9.032/95 disponibilizada que o auxílio-acidente era devido

somente nos casos em que houvesse seqüelas resultantes de acidente de trabalho, mas com o

advento da Lei n. 8.213/91 atualmente, o acidente pode ser de qualquer natureza.217

Nesse sentido, segundo Sérgio Pinto Martins,

Mostra o art. 86 da Lei nº 8.213 que o acidente é de qualquer natureza, o que é bastante amplo, não mais mencionado apenas acidente do trabalho ou doença do trabalho e doença profissional. Isso evidencia que tanto faz se o segurado se acidenta no trabalho ou fora dele, pois terá direito ao auxílio-acidente. Indica que o benefício não é exclusivamente acidentário. Acidente de qualquer natureza tem de ser interpretado de acordo com a condição mais favorável ao segurado. Dessa forma,

���������������������������������������� �����������������������BRASIL. Lei n.8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em 20 de maio de 2014.�215 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.304.216 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.285. 217 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.304.

Page 67: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

66

será pago o auxílio-acidente se decorrer de acidente comum (de qualquer natureza).218

Como requisito para a concessão desse benefício deve ser analisar o nexo de

causalidade entre o acidente e as lesões consolidadas redutoras da capacidade de trabalho,

nesse sentido, o Anexo III do Decreto 3.048/99 relaciona as situações concedem auxílio-

acidente, conforme abaixo:

O Anexo III do RPS relaciona as situações que dão direito ao auxílio-acidente, especificadas em 9 Quadros: Aparelho Visual (Quadro 1), Aparelho auditivo (Quadro2), Aparelho da Fonação (Quadro 3),Prejuízo Estético (Quadro 4), Perda de Segmentos e Membros (Quadro 5), Alterações Articulares (Quadro 6), Encurtamento de Membro Inferior (Quadro 7) Redução da Força e/ou da Capacidade Funcional dos Membros (Quadro 8) e Outros Aparelhos e Sistemas (Quadro 9).

Sendo assim, será devido a situações que implique redução da capacidade para o

trabalho que habitualmente exercia, e que acaba exigindo maior esforço para o desempenho

da mesma atividade que exercia à época do acidente, bem como a impossibilidade de

desempenho da atividade que exercia à época do acidente, sendo viável o desempenho de

outra, após processo de reabilitação.219

Observa-se que o auxílio-acidente é um benefício no qual não substitui a renda do

trabalhador, mas sim complementa a renda, podendo até mesmo ser cumulado com a

remuneração paga pelo empregador ao tempo de retorno do obreiro ao mercado de

trabalho.220

Portanto, a contingência nesses tipos de benefícios vai se configurar independente do

grau de limitação decorrente da consolidação das lesões, ou seja, apenas basta que ocorra a

redução da capacidade para a atividade habitualmente exercida, ainda que em grau mínimo.221

Apesar de haver diversas situações de incapacidade do trabalhador, o art. 86, § 4º da

Lei n.8.213/91, traz uma disposição específica referente a perda audição, conforme abaixo:

[...] § 4º A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão do auxílio-acidente, quando, além do reconhecimento de causalidade entre o trabalho e a doença, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

���������������������������������������� �������������������218 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.446. 219 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.304.����RUBIN, Fernando. Benefícios por incapacidade no Regime da Previdência Social: Questões centrais do diteito material e do direito processual. Porto Alegre, Livraria do Advogado. 2014. p. 39. 221 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.286.

Page 68: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

67

Portanto, “a perda de audição que dá direito ao auxílio-acidente deve decorrer do

exercício da atividade laborativa habitual do segurado e reduzir a capacidade de exercício

dessa mesma atividade”222.

O assunto foi tão abordado que posteriormente foi criada uma Súmula de nº 44 do STJ

a respeito desse assunto, na qual consta que “a definição, em ato regulamentar, de grau

mínimo de disacusia, não exclui, por si só, a concessão do benefício previdenciário”.

Nesse sentido, segue abaixo trecho da decisão do STJ em recurso repetitivo:

[...] 2. Conforme a jurisprudência deste Tribunal Superior,ora reafirmada, estando presentes os requisitos legais exigidos para a concessão do auxíli-acidente com base no art. 86,§ 4º, da Lei n. 8.213/91 – deficiência auditiva, nexo causal e a redução da capacidade laborativa -, não se pode recusar a concessão do benefício acidentário ao obreiro, ao argumento de que o grau de disacusia verificado está abaixo do mínimo previsto na Tabela de Fowler. 3. O tema,já exaustivamente debatido no âmbito desta Corte Superior, resultou na edição da Súmula n. 44/STJ, segundo a qual “A definição, em ato regulamentar, de grau mínimo de disacusia, não exclui, por si só, a concessão do benefício previdenciário”. 4. A expressão “por si só” contida na citada Súmula significa que o benefício acidentário não pode ser negado exclusivamente em razão do grau mínimo de disacusia apresentado pelo Segurado. 5. No caso em apreço, restando evidenciados os pressupostos elencados na norma previdenciária para a concessão do benefício acidentário postulado, tem aplicabilidade a Súmula n. 44STJ [...].223

Sendo assim, observamos que o requisito de incapacidade para a concessão desse

benefício é a incapacidade parcial, ou seja, aquela redução da capacidade laborativa, seja ela

quantitativa ou qualitativa em relação ao trabalho que exercia habitualmente, devendo ela ser

definitiva em virtude de acidente de qualquer natureza ou causa.

Segundo Marina Vasques, embora que a lei mencione “acidente” de qualquer

natureza, estando incluídos na expressão o acidente de trabalho e o decorrente de outras

causas, há hipótese decorrentes de “doença” em que se defere o benefício.224

Ou seja, estamos falando sobre o referido artigo 20 da Lei 8.213/91, na qual

estudamos acima, prevendo sobre a doença profissional, doença do trabalho e doença

proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade.

���������������������������������������� �������������������222 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p.286. 223 SÃO PAULO. Superior Tribunal de Justiça. Terceira Seção. REsp: 1095523 SP 2008/0227295-0. Relator: Ministra Laurita Vaz. Julgamento: 26/08/2009. Disponível em: <http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/5923 449/recurso-especial-resp-1095523-sp-2008-0227295-0-stj>. Acesso em: 15 mai. 2014. 224 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p. 305.

Page 69: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

68

Portanto, se da consolidação das lesões não resultar perda ou redução da capacidade

para a atividade na qual exercia habitualmente, o nexo causal não se configura, não tendo

então o segurado nenhum direito ao beneficio.

3.2.6 Comunicação e caracterização do acidente

Para que aja a caracterização do nexo causal do acidente de trabalho, é necessário um

único documento de grande importância, a CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho.

Sendo assim, conforme o art. 22 da Lei 8.213/91, o acidente deverá ser comunicado

pela empresa do trabalhador à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da

ocorrência, e em caso de morte, de imediato à autoridade competente, sob pena de multa

variável aplicada pela Previdência Social, entre o limite máximo e o teto máximo do salário

de contribuição sucessivamente aumentada nas reincidências.

A necessidade da CAT ser preenchida logo em que ocorre o diagnóstico de acidente de

trabalho, é para que não pairem dúvidas sobre veracidade, na qual deve conter a explicitação

do fato gerador, que são as circunstâncias na atividade exercida que ocasionaram o evento

acidentário, pelo agente emitente contendo a incidência da ocorrência, ou seja, se a CAT é

inicial ou de reabertura.225

No entanto, observa-se que o INSS, por meio da Ordem de Serviço INSS/DD n.

621/99, estabeleceu que em casos de doença profissional ou do trabalho, a CAT deveria ser

emitida apenas após a conclusão do diagnóstico, necessitando que todos os casos com

diagnóstico firmado de doença profissional ou de trabalho devem ser objeto de emissão de

CAT pelo empregador.

Ou seja, deve vir acompanhado de relatório médico preenchido por um médico do

trabalho da empresa, médico assistente (serviço de saúde público ou privado) ou médico

responsável pelo PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – previsto na

NR-7), contento a descrição da atividade e posto de trabalho para fundamentar o nexo causal

e o técnico.226

Nesse sentido, a obrigação de comunicar o acidente é exclusivamente da empresa e

não do acidentado, não podendo ser exigido deste como condição da ação judicial a

comunicação ao INSS.

���������������������������������������� �������������������225 ARAÚJO, Francisco Rossal de; RUBIN, Fernando. Acidentes do Trabalho. São Paulo: LTr, 2013. p.40. 226 ARAÚJO, Francisco Rossal de; RUBIN, Fernando. Acidentes do Trabalho. São Paulo: LTr, 2013.

Page 70: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

69

Segundo Fernando Rubin, por ser o documento que registra o acidente do trabalho, a

sua ocorrência ou agravamento de doença ocupacional, a emissão da CAT, repise-se é

obrigatória por parte do empregador, conforme estabelece o Decreto n. 3.048/99227, a Lei n.

8.213/91 e as NR-7 e NR-15 do TEM, sob pena de multa pelo Ministério do Trabalho, que

pode variar entre 630 e 6.304 UFIR, dependendo da gravidade apurada pelo órgão

fiscalizador.228

Mas na falta de comunicação do acidente por parte da empresa, pode ser emitida pelo

próprio acidentado, seus dependentes, o sindicato, o médico que assistiu o qualquer

autoridade pública, o que não exime a empresa de qualquer responsabilidade pelo eventual

descumprimento, conforme previsto no22,§ 2º e 3º da Lei 8.213/91, ou seja, a legislação

permitiu a que outras personalidades possam emitir a CAT ao INSS, tudo em prol do

segurado, para que esse possa vir a receber o benefício ao qual possui direito.

Segundo Gustavo Barbosa Garcia, mesmo em função de certa ignorância do

empregado-segurado em relação à prática para reconhecimento do problema de saúde como

acidentário, não é incomum que venha a ser preenchida certo tempo depois, até porque não há

uma imposição temporal para que o próprio trabalhador acidentado providencie na emissão da

CAT, se tal providência compete, por dever legal, ao empregador.229

Segundo Fernando Rubin:

A respeito do agente emitente, a legislação atual autoriza que não só a empresa tenha o direito de emitir a CAT, abrindo a possbilidade para que outras entidades tenham a importante prerrogativa: como o sindicato da categoria profissional, a Delegacia Regional do Trabalho e mesmo o médico do trabalho que bem acompanhando o obreiro (art. 336, § 3º, do Decreto nº 3.048/99 e art. 224, IV, da IN nº 02/07)230

Nesse sentido, para que seja formalizada a comunicação de acidente ou doença

profissional junto à Previdência Social, deverá conter um formulário próprio preenchido em

seis vias, ou seja, para o INSS, empresa, segurado ou dependente, sindicato de classe do

trabalhador, Sistema Único de Saúde e à Delegacia Regional do Trabalho.

Importante ressaltar que de acordo com a Portaria MPAS n. 5.817/99, a CAT deve ser

emitida para todos os acidentes ou doenças relacionadas com o trabalho, mesmo que não

tenha tido o afastamento ou a incapacidade, justamente pelo fato de que serve também para

���������������������������������������� �����������������������BRASIL. Decreto n. 3.048 de 06 de maio de 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm> Acesso em:20 de maio de 2014�228 ARAÚJO, Francisco Rossal de; RUBIN, Fernando. Acidentes do Trabalho. São Paulo: LTr, 2013. p.41. 229 BARBOSA GARCIA, Gustavo Filipe. Acidentes de trabalho: doenças ocupacionais e nexo técnico epidemiológico. 4. ed. São Paulo: Método, 2011. p.52. ����RUBIN, Fernando. Benefícios por incapacidade no Regime da Previdência Social: Questões centrais do diteito material e do direito processual. Porto Alegre, Livraria do Advogado. 2014. p. 67�

Page 71: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

70

fins de controle estatísticos e epidemiológicos junto aos órgãos Federais, na qual seu registro

é fundamental para a geração de análises estatísticas que determinam a morbidade e

mortalidade nas empresas e para a adoção das medidas preventivas e repressivas cabíveis,

sendo considerados também os casos de reconhecimento de nexo técnico epidemiológico

conforme previsto no art. 21- A da Lei 8.213/91231.

Art. 21-A. A perícia médica do INSS considerará caracterizada a natureza acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo técnico epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na Classificação Internacional de Doenças - CID, em conformidade com o que dispuser o regulamento.

Sendo assim, a perícia médica conforme acima verificado, representa uma hipótese de

presunção relativa, na qual permite que o INSS possa fazer prova em sentido contrário.232

Nesse sentido para que haja a caracterização do acidente é preciso que seja analisada:

a) causa: se o acidente é proveniente de uma causa e não provocado; b) nocividade: se o

acidente deve provocar lesão corporal ou perturbação funcional; c) incapacidade: se o

acidente deve impedir o segurado de trabalhar; d) nexo etiológico: deve ser analisado se há

relação direta ou indireta entre a lesão e o trabalho realizado pela vítima.233

Quanto a classificação da CAT, conforme visto acima, deve ser observado que o

documento deve apresentar se o problema de saúde incapacitante é originário ou se trata de

uma reabertura, ou seja, um problema recorrente, nesse sentido, segundo Fernando Rubin,

No primeiro caso, a CAT será inicial (código 01);no segundo,de reabertura(código 02). Em sendo reabertura, o documento traz forte indício da não provisoriedade (rectius: da significância) do quadro incapacitante,a autorizar a possibilidade concreta de percepção de um benefício acidentário definitivo pelo segurado – especialmente se confirmada, por outros elementos a hipótese de quadro cronificado, sujeito a recidivações.234

Nesse sentido, em relação as doenças ocupacionais, o registro de reabertura da CAT

está diretamente vinculado à história do problema ocupacional, ou seja, se este está sendo

verificado em momento originário ou se é recorrente, na qual não importa se a CAT de

reabertura é lavrada ou não pelo mesmo gente que emitiu a primeira.

���������������������������������������� �������������������231 ARAÚJO, Francisco Rossal de; RUBIN, Fernando. Acidentes do Trabalho. São Paulo: LTr, 2013. p.41. 232 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.439. 233 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. 234 ARAÚJO, Francisco Rossal de; RUBIN, Fernando. Acidentes do Trabalho. São Paulo: LTr, 2013. p.42.

Page 72: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

71

Por fim, após as observações acima, podemos dizer que o acidente do trabalho será

caracterizado em três aspectos, segundo Sérgio Pinto Martins235:

a) Administrativamente, por meio de setor de benefícios do INSS, que estabelecerá o

nexo entre o trabalho exercido e o acidente;

b) Por intermédio da Perícia Médica do INSS, que estabelecerá o nexo da causa e efeito

entre o acidente e a lesão, a doença e o trabalho, e por fim a causa mortis e o acidente;

c) Judicialmente por perícia determinada pelo juiz.

Sendo assim, resta demonstrado a importância da CAT – Comunicação de Acidente do

Trabalho, pois com ela esta inserido o direito do segurado em adquirir a concessão do seu

benefício quando caracterizado o acidente, tanto em doenças profissionais quanto as

ocupacionais. Podendo a CAT ser apresentada na agência da Previdência Social mais

conveniente ao segurado, jurisdicionante da sede da empresa em que trabalha, ou do local do

acidente.

3.2.7 Beneficiários e o período de carência para o termo inicial e final

Os beneficiários das prestações relativas a acidente do trabalho são os empregados

(urbano, rural e temporário), trabalhador avulso e o segurado especial.

Não são devidos aos empregados domésticos, trabalhadores autônomos e equiparados,

aos empresários, aos segurados facultativos e aos dependentes dos segurados mencionados,

aos servidores públicos estatuários.

Outrossim, quanto aos servidores regidos pela CLT, estes tem direito a receber o

benefício acidentário.

Conforme Sérgio Pinto Martins236, as prestações de acidente do trabalho não se

observam ao médico residente que é considerado autônomo pela Lei n. 6.932/81, ou seja, não

se podem estender ao médico residente as prestações de acidente do trabalho pois não há

custeio para tanto conforme previsto no art. 195,§ 5º da CF/88.

Quanto ao empregado menor de 16 anos, este terá direito à reparação pelo infortúnio,

pois se presta serviço ao empregador não poderá ficar desprotegido, portanto o inciso XXXIII

do art. 7º da Constituição, deve ser interpretado corretamente para não causar prejuízos ao

menor, reconhecendo então o acidente do trabalho e o pagamento ao respectivo benefício a

esse trabalhador.

���������������������������������������� �������������������235 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.438. 236 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.436.

Page 73: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

72

Quanto ao período de carência para que o segurado possa perceber o benefício

acidentário, conforme dispõe o artigo 26, inciso I da Lei 8.213/91 não é necessário, ou seja, a

partir do momento em que o trabalhador passa a ter a condição de segurado, acaba possuindo

o direito às prestações decorrentes de acidente do trabalho.237

Nesse sentido, segundo Sérgio Pinto Martins,

Pode ocorrer, assim, que o empregado venha a se acidentar no primeiro dia de trabalho na empresa, tendo direito às prestações por acidente do trabalho, observados os requisitos da lei. É uma necessidade premente ou urgente do trabalhador. 238

Portanto, o termo inicial terá inicio a partir do primeiro dia seguinte a cessação do

auxílio-doença, ou seja, quando consolidadas as lesões decorrentes do acidente, conforme

previsto no art.86,§ 2 da Lei 8.213/91 e art. 104 § 2º do RPS.

Art. 86. O disposto no art. 82 aplica-se a contar da data de entrada em vigor desta Lei, observada, com relação às contribuições anteriores, a legislação vigente à época de seu recolhimento. [...] § 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria.

Porém, segundo Marina Vasques Duarte, nada impede que o segurado quando não

tenha requerido o auxílio-doença no período correto, postule diretamente o auxílio-acidente,

se já está consolidada as lesões com base na interpretação que se retira do art. 102, LB.239

Já em relação ao termo final do benefício, este começa a partir da véspera do início de

qualquer aposentadoria ou da data do óbito do segurado, conforme art. 86,§ 1º,da Lei 8.213.

Importante ressaltarmos que o benefício deixou de ter caráter vitalício devido a

alteração efetuada no artigo 86,§§ 1º, 2º e 3º da Lei 8.213, pela Medida Provisória nº 1.596-

14, de 10/11/97, convertida na Lei 9.528 de 10/12/97, que expressamente determina a sua

cessação quando da concessão de qualquer espécie de aposentadoria. Pois anteriormente, o

auxílio-acidente era devido até a morte do segurado, sendo possível a cumulação com

qualquer remuneração ou benefício, exceto outro auxílio-acidente.240

���������������������������������������� �������������������237 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.439. 238 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. 239 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.306.240 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.306.

Page 74: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

73

Atualmente, “se o segurado tem concedida aposentadoria, o valor mensal percebido a

título de auxílio-acidente deve ser incluído para fins de cálculo do salário-de-contribuição (art.

31, Lei 8.213/91).241”

Por fim, destaca-se que em caso de reabertura de auxílio-doença por acidente de

qualquer natureza que tenha dado origem a auxílio-acidente, este deverá ser então suspenso,

até a cessação do auxílio-doença reaberto, quando será então reativo , conforme dispõe o art.

104,§ 6º da Lei RPS.242

3.2.8 Aposentadoria por invalidez acidentária

Este tipo de aposentadoria será devido ao acidentado, que estando em gozo ou não do

auxílio-doença, acabar sendo considerado totalmente incapaz para o trabalho e insusceptível

de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência.

Ou seja, o início do beneficio começa a partir do 16º dia após a constatação da

invalidez, assim os primeiros 15 dias do afastamento ficarão por conta do empregador.

Caso o segurado aposentado por invalidez voltar a exercer atividade remunerada, de

maneira voluntária, irá acabar acarretando, automaticamente o cancelamento da concessão do

benefício conforme art. 46 da Lei 8.213/91.

Segundo Fernando Rubin, quando um trabalhador se afasta do trabalhado em razão de

uma doença ocupacional gravíssima, normalmente deverá requerer na via administrativa

benefício provisório (auxílio-doença) e após a conclusão técnica a respeito da consolidação do

quadro pode ter reconhecida pelo INSS a redução total de sua capacidade de trabalho com a

transformação do benefício provisório auxílio-doença acidentário para o benefício definitivo

de aposentadoria por invalidez acidentária. 243

Quanto a transformação do benefício, Sérgio pinto Martins, aduz que:

O art. 122 da Lei 8.213/91 previa a possibilidade de transformação da aposentadoria comum em aposentadoria por invalidez acidentária, se esta fosse mais vantajosa. Na prática, a opção pela aposentadoria por invalidez acidentária era mais vantajosa, pois o segurado teria o coeficiente de 100%, podendo optar pelo salário do dia do acidente. Tal critério deixa de existir, em razão de que o referido artigo foi revogado pelo art. 8º da Lei n. 9.032 e atualmente tem outra redação.244

���������������������������������������� �������������������241 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.306.242 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. ����RUBIN, Fernando. Benefícios por incapacidade no Regime da Previdência Social: Questões centrais do diteito material e do direito processual. Porto Alegre, Livraria do Advogado. 2014�244 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.306.

Page 75: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

74

Portanto, o aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social que, tendo ou não

retornado à atividade, vier a apresentar uma doença ocupacional relacionada com a atividade

que antes exercia, não terá direito a transformação de sua aposentadoria em aposentadoria por

invalidez acidentária, uma vez que deve atender às condições exigidas para a concessão desse

benefício.

Sendo assim, observamos que para a concessão de benefícios acidentários em

decorrência das doenças ocupacionais, é necessário que seja estabelecido firmemente o nexo

técnico epidemiológico previdenciário, nos traz grandes conseqüências imediatas no qual se

refere ao meio ambiente do trabalho bem como na área do direito previdenciário, na qual o

segurado acidentado possui direitos a indenização pela Previdência Social ao ser estabelecido

o benefício de auxílio-acidente, em virtude de um ambiente do trabalho não muito saudável.

Nesse sentido, é nítido a importância do fator acidentário de prevenção em nosso

ordenamento jurídico, na qual é reconhecida as Normas Regulamentadoras, bem como a

documentação relativa ao meio ambiente do trabalho, a fim de ajudar a caracterizar o Nexo

Técnico Epidemiológico previdenciário, para a caracterização da doença ocupacional e o

acidente ocorrido, visando a concessão do benefício acidentário.

Page 76: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

75

4 QUESTÕES PROCESSUAIS DE CASOS PRÁTICOS

Neste capítulo abordaremos sobre questões processuais no ramo acidentário do direito

previdenciário, enfocando jurisprudência a respeito da concessão de auxílio-acidente em

profissões com maior número de ações.

4.1 QUESTÕES PROCESSUAIS DE CASOS PRÁTICOS DE AUXÍLIO-ACIDENTE

PREVIDENCIÁRIO

A ação acidentária atualmente é prevista no artigo 109, inciso I, da Constituição

Federal, na qual estabelece que aos juízes federais compete processar e julgar: “As causas em

que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição

de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidente do trabalho e as

sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho”.245

Sendo assim, podemos observar que ficam subordinadas à Justiça Comum dos Estados

todas as causas decorrentes de acidentes ou doenças do trabalho, como a concessão de

benefícios, discussões relativas ao salário adotado para fim do benefício, critérios impostos no

cálculo das prestações e formas de reajustes, revisão do beneficio com vistas à obtenção de

incapacidade maior e as revisões de percentuais de benefícios concedidos na legislação

pretérita.246

Porém a ação acidentária não pode ocorrer em Juizados Especiais Cíveis, uma vez que

a Lei 9.099/95 impôs uma vedação a esse rito sumaríssimo, na qual a demanda cível contra o

INSS possui previsão na Lei n. 8.213/91, no seu artigo 129, II, para ocorrer em rito sumário,

previsto no Código de Processo Civil a partir do artigo 275.247

Seguindo o rito sumário, deve concentrar todos os atos processuais, ou seja, ao receber

a inicial e feita à citação, é designada a audiência de conciliação, na qual o réu poderá

apresentar a sua defesa, argüir eventuais preliminares, e por fim o juiz podendo determinar os

pontos controvertidos da lide, requerendo a expedição de ofícios, bem como determinando

uma perícia judicial se necessário.248

���������������������������������������� �������������������245 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.457. 246 COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do Trabalho. 3. ed. rev. e atual. Curitiba: Juruá, 2009. p.207. 247 ARAÚJO, Francisco Rossal de; RUBIN, Fernando. Acidentes do Trabalho. São Paulo: LTr, 2013. 248 MONTEIRO, Antonio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do Trabalho e Doenças Ocupacionais: Conceito, processos de conhecimento e de execução e suas questões polêmicas. São Paulo: Saraiva, 1998. p.102.

Page 77: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

76

Quanto aos requisitos para a petição inicial é da ação acidentária, deve estar conforme

previsto no artigo 282 do CPC, como as outras petições, sendo que neste tipo de petição o

acidente tipo ou a doença ocupacional deve ser descrito, demonstrando as seqüelas contraídas

e o pedido de indenização, incluindo os meios de prova, bem como os demais requisitos.249

Quanto as provas utilizadas nas ações acidentárias, as mais freqüentes são a prova

pericial e a prova oral, devendo o rol de testemunhas ser apresentado logo na propositura da

ação, e em casos específicos é possível são aceitas provas documentais como prontuários

médicos, registro da empregadora, boletins de ocorrência entre outros.250

Nesse sentido, segundo Fernando Rubin,

Os processos acidentários, grosso modo, dependem da realização de uma prova pericial oficial. Ocorre que não obstante a relevância da prova documental, em geral, há versões antagônicas no processo fornecido pelo segurado e pelo INSS, fazendo-se assim necessário que um expert da confiança do juízo possa elucidar melhor os pontos controvertidos de ordem técnica. Para tanto é fundamental que as partes litigantes além de apresentarem quesitos, possam noemar peritos assistentes para que se estabeleça produtivo “contraditório técnico”.251

O procedimento judicial da ação acidentária é isento de pagamento de quaisquer custas

e de verbas relativas à sucumbência conforme o parágrafo único do art.129 da Lei n. 8.213, ou

seja, o segurado não tem de pagar as custas judiciais, nem está sujeito às verbas da

sucumbência, como os honorários periciais e de advogado. Isso porque, o trabalhador já

possui uma certa hipossuficiência, não tendo condições de ajuizar com uma ação acidentária,

bem como de já ter sido desfalcado em seu patrimônio com o acidente.252

Sendo assim, todo o segurado que litiga contra o INSS nas demandas acidentárias, terá

concedido pelo primeiro despacho do judicial a concessão do benefício da Assistência

Judiciária Gratuita (AJG).

Com relação a deferimento de tutelas antecipadas no âmbito judicial das ações

acidentárias, só poderá ser concedido se houver pedido expresso da parte autora na inicial,

bem como com um suficiente fundamento para o tanto. Entretanto, há casos específicos em

que se pode observar que existe a revogação de ofício da ordem liminar contra o segurado,

���������������������������������������� �������������������249 MONTEIRO, Antonio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do Trabalho e Doenças Ocupacionais: Conceito, processos de conhecimento e de execução e suas questões polêmicas. São Paulo: Saraiva, 1998. p.103. 250 MONTEIRO, Antonio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do Trabalho e Doenças Ocupacionais: Conceito, processos de conhecimento e de execução e suas questões polêmicas. São Paulo: Saraiva, 1998. p.103. 251 ARAÚJO, Francisco Rossal de; RUBIN, Fernando. Acidentes do Trabalho. São Paulo: LTr, 2013. p.107. 252 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.458.

Page 78: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

77

sendo um assunto polêmico, uma vez que o INSS não tenha juntado aos autos pedido formal

de revisão, a parte autora também deveria possuir esse direito.253

O papel no Ministério Público no processo acidentário é de atuação como custos legis

(fiscal da lei), sendo obrigatória a sua intervenção no processo, devendo se manifestar antes

de ser proferida a sentença sob pena de nulidade. Ainda nesse aspecto, o Ministério Público

não tem legitimidade para propor a ação acidentária, pois o único que pode ajuizar é o próprio

acidentado, mas tem legitimidade para recorrer nas coes de acidente do trabalho, ainda que o

acidentado esteja representado por advogado de sua livre escolha, sendo este o entendimento

da Súmula 226 do STJ.254

Por fim, “as sentenças de acidentes do trabalho são pautadas na cláusula rebus sic

stantibus, pois existe a possibilidade de serem revistas, por meio das ações revisionais”, ou

seja, a sentença determinará o direito às prestações contidas na lei, com base nos preceitos

legais em vigor e no que ficou comprovado diante da instrução processual.255

4.1.1 Prescrição nas ações previdenciárias acidentárias

A prescrição é um instituo decorrente do princípio da segurança jurídica, ou seja, o

ordenamento jurídico assegura a todo o cidadão o direito de postular em Juízo, mas limita o

exercício desse direito dentro de um lapso temporal, de acordo com a relevância que o direito

postulado tem para o sistema de normas. Sendo assim, algumas lesões devem ser postuladas

dentro de determinado tempo, podendo ser umas com períodos mais curtos e outras com

períodos mais longos.256

Sendo assim, segundo Fernando Rubin, no que toca aos benefícios acidentários, temos

que a prescrição, na sua modalidade mais agressiva, a “prescrição total” ou de fundo do

direito não é aplicável, devendo ser aplicada a “prescrição parcial” ou qüinqüenal, justamente

porque a aplicação do instituto no caso concreto não impede a percepção de benefício,

independentemente da demora no ajuizamento da ação acidentária, mas determinando que

sejam somente pagas as parcelas vencidas anteriores ao ajuizamento, em lapso não superior a

cinco ano.257

���������������������������������������� �������������������253 ARAÚJO, Francisco Rossal de; RUBIN, Fernando. Acidentes do Trabalho. São Paulo: LTr, 2013. p.105. 254 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.458. 255 COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do Trabalho. 3. ed. rev. e atual. Curitiba: Juruá, 2009. p.286. 256 ARAÚJO, Francisco Rossal de; RUBIN, Fernando. Acidentes do Trabalho. São Paulo: LTr, 2013. p.101. 257 ARAÚJO, Francisco Rossal de; RUBIN, Fernando. Acidentes do Trabalho. São Paulo: LTr, 2013. p.102.

Page 79: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

78

Cabe destacar que o prazo prescricional de cinco anos, esta previsto no artigo 103 da

Lei 8.213/91, sendo que a prescrição não corre quando se trata de absolutamente incapaz,

conforme prevê o artigo 198, inciso I, do Código Civil.

Portanto, a contagem de cinco anos é feita da data do acidente quando dele resultar a

morte ou a incapacidade temporária, comprovada em perícia médica a carga da Previdência

Social, bem como na data em que for reconhecida pela Previdência Social a incapacidade

permanente ou agravamento das seqüelas do acidente, isso porque, no art. 104, da Lei

8.213/91 possui essas alternativas, podendo entender ser aplicáveis ao caso.258

Segundo Fernando Rubin, com o advento da Lei n. 11.280/2006, na qual alterou o § 5º

do art. 219 CPC, o juiz pode reconhecer a prescrição, mesmo sem provocação da parte

interessada, em que qualquer situação – e para que não pairem dúvidas e eventuais conflitos

aparentes entre as normas do Código Civil e do Código de Processo Civil, a Lei n.

11.280/2006 revogou expressamente o art. 194 do código civilista, que tratava diretamente da

matéria de prescrição.259

Quanto ao procedimento de verificação da prescrição no direito previdenciário, antes

mesmo da aludida revogação do art. 194 do Código Civil pela Lei n. 11.280/206,a

jurisprudência majoritária já reconhecia a possibilidade de decretação oficiosa da prescrição

em favor da autarquia federal por envolver matéria pública e em defesa da pessoa jurídica de

direito público.260

Portanto, sempre que houver concessão judicial de um benefício de natureza

acidentaria o juiz na sentença proferida deverá sempre que necessário, reconhecer de ofício a

prescrição parcial ou qüinqüenal.

4.1.2 Cumulação de benefícios

A acumulação de benefícios previdenciários, de regra pode acontecer em caso de

direito adquirido, mas são excetuadas as hipóteses elencadas taxativamente pelo art. 124 da

Lei 8.213/91, na qual dizem respeito exclusivamente de benefícios do RGPS, sendo assim,

segue abaixo o artigo referido contendo as exceções.

���������������������������������������� �������������������258 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.455. 259 RUBIN, Fernando. A preclusão na dinâmica do processo civil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010. p.193. 260 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.207.

Page 80: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

79

Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes benefícios da Previdência Social: I - aposentadoria e auxílio-doença; II - duas ou mais aposentadorias; II - mais de uma aposentadoria; III - aposentadoria e abono de permanência em serviço; IV - salário-maternidade e auxílio-doença; V - mais de um auxílio-acidente; VI - mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direito de opção pela mais vantajosa. Parágrafo único. É vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por morte ou auxílio-acidente.

Nesse sentido, o artigo 18,§ 2 da Lei 8.213/91, proíbe o aposentado pelo RGPS que

permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, de receber qualquer

prestação da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto salário-

família e reabilitação profissional, acrescendo-se também o salário-maternidade. Sendo assim,

por força do artigo 86 da Lei 8.213/91, não é mais possível a acumulação de auxílio-acidente

com aposentadoria, na qual o valor daquele deve integral o cálculo do salário-de-benefício

desta (art. 31, Lei 8.213891).261

Quanto à aposentadoria por invalidez, há determinação legal expressa vedando a

percepção de mais de uma aposentadoria simultaneamente, por isso, mesmo que o segurado

cumpra os requisitos legais para a percepção tanto de uma aposentadoria por invalidez, como

de uma aposentadoria por tempo de contribuição, deve o segurado optar por uma delas, qual

seja a mais vantajosa, na qual nesse caso, a mais vantajosa seria a aposentadoria por invalidez,

uma vez que não há incidência do fator previdenciário.262

O empregado que se acidentar, não terá direito a cumulação de mais de um auxílio-

acidente, mesmo que este possua mais de um emprego. Mas não há impedimento para a

cumulação de auxílio-acidente com auxílio-doença, podendo cumular os benefícios somente

nos casos em que a natureza do problema de saúde for diverso, mesmo porque, de acordo com

o art. 86, § 2º da Lei n. 8.213/91, a ordem lógica diante de um quadro infortunístico é a

concessão do auxílio-acidente a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença.263

A única exceção, em que seria permitida a cumulação do benefício de auxílio-

acidente com a aposentadoria é em virtude da época em que restou caracterizada as seqüelas

���������������������������������������� �������������������261 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010. p.339/340. ���RUBIN, Fernando. Benefícios por incapacidade no Regime da Previdência Social: Questões centrais do direito material e do direito processual. Porto Alegre, Livraria do Advogado. 2014. p. 39����RUBIN, Fernando. Benefícios por incapacidade no Regime da Previdência Social: Questões centrais do direito material e do direito processual. Porto Alegre, Livraria do Advogado. 2014. p. 39�

Page 81: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

80

definitivas, ou seja, se a seqüela tiver ocorrido até 10 de novembro de 1997, será devido a

acumulação dos benefícios, conforme previsto na Súmula 44 da AGU, vejamos abaixo:

SÚMULA 44 É permitida a cumulação do benefício de auxílio-acidente com benefício de aposentadoria quando a consolidação das lesões decorrentes de acidentes de qualquer natureza, que resulte em seqüelas definitivas, nos termos do art. 86 da Lei nº 8.213/91, tiver ocorrido até 10 de novembro de 1997, inclusive, dia imediatamente anterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº 1.596-14, convertida na Lei nº 9.528/97, que passou a vedar tal acumulação.264

Ou seja, a jurisprudência anterior à edição da lei n. 9.528/97 entendia sobre a

possibilidade da cumulação do auxílio-acidente com a aposentadoria, especialmente por

tempo de serviço e a especial, desde que a causa da aposentadoria fosse diversa da

incapacidade.265

Nesse sentido, a concessão atual do auxílio-acidente vitalício, só se torna viável em

situações absolutamente excepcionais, em que por perícia judicial é reconhecido o início do

problema infortunístico na década de 90, bem como o trabalhador já vem aposentado por

tempo de contribuição, antes de 10 de novembro de 1997.266

Portanto, as proibições acima não tem aplicação no caso de direito adquirido antes da

previsão legal, tampouco se aplicam na hipótese de percebimento de benefícios de regimes

previdenciários distintos, ou seja, justamente porque o dispositivo do art. 124 da Lei 8.213/91

veda a cumulação de benefícios do Regime Geral da Previdência Social.

4.2 CASOS PRÁTICOS ENVOLVENDO PROFISSÕES ESPECÍFICAS

Neste capítulo abordaremos jurisprudências relacionadas ao estudo previsto durante

este trabalho, demonstrando como é abordado no âmbito judicial a doutrina estipulada a

respeito de concessões de benefícios de auxílio-acidente na atualidade, em especial aos

profissionais da área bancária, de enfermagem e os obreiros.

4.2.1 Bancários

���������������������������������������� �������������������264 BRASIL. Súmula nº 44, de 14 de setembro de 2009. Disponível em: <http://www.agu.gov.br/page/atos/ detalhe/idato/201622>. Acesso em: 15 mai. 2014. 265 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 34. ed. São Paulo: Altas, 2013. p.450. ��RUBIN, Fernando. Benefícios por incapacidade no Regime da Previdência Social: Questões centrais do direito material e do direito processual. Porto Alegre, Livraria do Advogado. 2014. p. 39�

Page 82: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

81

Conforme visto neste trabalho, observamos que a dificuldade para a concessão de

benefícios acidentários em razão das doenças ocupacionais é de grande tamanho. Sendo

assim, a classe mais afetada por doenças ocupacionais, as LER/DORT são os bancários.

Sendo assim, é bastante intenso em pessoas que possuem a atividade laboral de

digitação, como esta classe abordada nesse capítulo, pois repetem com grande freqüência os

mesmos movimentos funcionais, exigindo assim muito do trabalhador.

Nesse sentido, colaciono uma jurisprudência, no qual demonstra a dificuldade de

comprovação do nexo causal entre a lesão e a atividade exercida.

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSO CIVIL. AÇÃO ACIDENTÁRIA. INSS. DOENÇA OCUPACIONAL. PROVA PERICIAL INCONSISTENTE. NULIDADE. A perícia é realizada para esclarecer os pontos controvertidos das questões postas à apreciação judicial, sendo necessária para trazer informações técnicas às partes e ao julgador. Na hipótese dos autos, as conclusões do laudo oficial são inconclusivas acerca da temporalidade da patologia e acerca da repercussão da lesão na capacidade específica de lavor do periciado. Assim, sobreleva notar que a perícia oficial não se prestando para firmar o juízo de procedência ou de improcedência da pretensão. Tendo a sentença adotado o laudo que apresentou conclusão contraditória acerca da condição clínica de saúde do segurado e os reflexos da moléstia ocupacional no exercício de sua atividade habitual de trabalho, restou contaminada por vício de fundamentação. Precedentes do STJ e TJRS. Havendo questão técnica sobre a qual paira dúvida, que não foi devidamente esclarecida, impõe-se à complementação da prova pericial, por novo perito, com a finalidade precípua de avaliar as reais condições de saúde da segurada para o exercício da sua atividade profissional de bancária, devendo ser observada a normatização técnica do Instituto Nacional do Seguro Social e a legislação previdenciária. DESCONSTITUÍRAM A SENTENÇA. UNÂNIME.267

Resta evidenciado que a prova pericial é uma das partes mais difícil para a concessão

do benefício de auxílio-acidente.

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ACIDENTÁRIA. INSS. AUXÍLIO DOENÇA POR ACIDENTE DO TRABALHO. RESTABELECIMENTO. PRESSUPOSTOS CARACTERIZADOS. Hipótese dos autos em que a análise sistemática dos elementos de prova colacionados aos autos evidenciou que a segurada mantém o mesmo quadro álgico incapacitante que acarretou o seu afastamento do trabalho por doença ocupacional (LER/DORT). O único elemento de prova que destoa do conjunto probatório é a perícia realizada pelo DMJ, que sequer relacionou a enfermidade da segurada com as sua atividade de trabalho, fato reconhecido até mesmo pela própria Previdência Social, tendo em vista que a atividade de bancária, tem notória e evidente exigência dos membros superiores, especialmente o direito, em se tratando de pessoa destra. O juiz é livre para apreciar as provas, razão pela qual não está obrigado a acolher as conclusões desta ou daquela prova, in concreto as conclusões do laudo elaborado pelo DMJ, forte nos termos do artigo 131 do Código de Processo Civil. Caracterizados os pressupostos legais necessários ao restabelecimento do auxílio doença acidentário (art. 59 e 62 da

���������������������������������������� �������������������267 VIAMÃO. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação Cível Nº 70054988134. Relator: Tasso Caubi Soares Delabary. Julgado em: 18/12/2013. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/ download/exibe_documento_att.php?ano=2013&codigo=2253895>. Acesso em: 15 mai. 2014.

Page 83: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

82

Lei de Benefícios) POR MAIORIA, DERAM PROVIMENTO AO APELO, VENCIDA A VOGAL QUE PROVIA EM MAIOR EXTENSÃO.268

Cabe ressaltar, que para os bancários já um grande reconhecimento no âmbito

previdenciário referente a questões de doenças ocupacionais, restando apenas demonstrar o

nexo causal entre o acidente e a lesão, ou seja, deve ser provada a lesão corporal, a perda ou

redução permanente ou temporária da atividade que antes era exercida e por fim o nexo

causal, podendo então ser concedido o benefício de auxílio-acidente, uma vez caracterizado o

acidente.

Ementa: AÇÃO ACIDENTÁRIA. DOENÇA OCUPACIONAL. LER/DORT. LAUDO PERICIAL OFICIAL. RELATIVIZAÇÃO. CONJUNTO PROBATÓRIO. Hipótese em que a moléstia ocupacional da demandante, bem como o nexo causal com sua atividade de bancária, restou comprovada pela análise do conjunto probatório. Evidenciada, outrossim, a incapacidade laboral da segurada, inobstante as conclusões do laudo pericial oficial, que restaram isoladas das demais provas dos autos. AUXÍLIO-DOENÇA. CONCESSÃO. INCAPACIDADE LABORATIVA TEMPORÁRIA. POSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO. É devido auxílio-doença ao trabalhador que ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Inteligência do artigo 59 da Lei nº 8.213/91. JUROS MORATÓRIOS E CORREÇÃO MONETÁRIA. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA - LEI Nº 11.960/09. APLICAÇÃO IMEDIATA. POSSIBILIDADE. Os juros moratórios são devidos no percentual de 12% ao ano, a contar da citação, de acordo com o disposto nos artigos 406 do CC e 161, § 1º, do CTN, bem como na Súmula 204 do STJ. As parcelas devem ser corrigidas pelo IGP-M, a partir de cada desconto indevido. Contudo, a fim de evitar reformatio in pejus, deve ser mantida a sentença no particular. O Eg. Superior Tribunal de Justiça, realizando a exegese do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, alterado pela Lei nº 11.960/2009, revendo posicionamento anterior, entendeu que se trata de norma instrumental, devendo ser aplicada aos processos em tramitação. CUSTAS PROCESSUAIS. ISENÇÃO. Em face da alteração do art. 11 da Lei nº 8.121/85 pela Lei nº 13.471/10, o INSS está isento do pagamento de custas processuais. Mantida a sentença a fim de evitar reformatio in pejus. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Mostra-se adequada a fixação dos honorários advocatícios em 10% sobre o valor das parcelas vencidas até a sentença. Súmula 111 do STJ. SENTENÇA MODIFICADA EM PARTE EM REEXAME NECESSÁRIO.269

Em relação a possibilidade de conversão de auxílio-doença para auxílio-acidente,

conforme visto anteriormente, há posicionamentos jurisprudenciais que concedem a

conversão,conforme se verá logo abaixo:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. RECURSO ADESIVO. PREVIDENCIÁRIO. ACIDENTE DE TRABALHO. AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO DE BENEFÍCIO

���������������������������������������� �������������������268 PORTO ALEGRE. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação Cível Nº 70057178881. Relator: Tasso Caubi Soares Delabary. Julgado em: 18/12/2013. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site_ php/consulta/download/exibe_documento_att.php?ano=2013&codigo=2272752>. Acesso em: 15 mai. 2014. 269 PORTO ALEGRE. Tribunal de Justiça do RS. Décima Câmara Cível. Reexame Necessário Nº 70052727864. Relator: Túlio de Oliveira Martins. Julgado em: 28/02/2013. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site_php/ consulta/consulta_processo.php?nome_comarca=Tribunal+de+Justi%E7a&versao=&versao_fonetica=1&tipo=1&id_comarca=700&num_processo_mask=70052727864&num_processo=70052727864&codEmenta=5246596&temIntTeor=true>. Acesso em: 15 mai. 2014.

Page 84: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

83

PREVIDENCIÁRIO NO HOMÔNIMO ACIDENTÁRIO. LER/DORT BANCÁRIO. BURSITE. TENDINITE. INCAPACIDADE LABORAL TEMPORÁRIA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO PRETENDIDO. PRELIMINARMENTE. 1. Conforme o novo posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, em se tratando de sentença ilíquida proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as respectivas autarquias e fundações de direito público, obrigatório o reexame necessário disposto no art. 475, § 2º do CPC, não se prestando para o fim de aferir o montante de 60 salários mínimos o valor dado à causa. NO MÉRITO 1. Consoante se depreende da redação do art. 59, da Lei n.º 8.213/91, "o auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos". 2. Demonstrado que o agente ocupacional atuou ao menos como concausa no desenvolvimento da moléstia, procede o pedido da parte autora que objetiva a conversão de benefício previdenciário no homônimo acidentário. 3. Restando o segurado temporariamente incapacitado para o exercício de suas atividades habituais em função da atividade desempenhada, há de ser restabelecido o benefício de auxílio-doença acidentário desde o cancelamento do benefício concedido administrativamente. Diante da possibilidade de recuperação, descabe a condenação, desde logo, ao processo de reabilitação profissional. 4. Quanto à correção monetária das parcelas vencidas, deverá obedecer à variação do IGP-DI (Lei nº 9.711/98, art. 10) e, a partir de abril de 2006, do INPC (art. 41-A da Lei nº 8.213/91 c/c art. 4º da Lei 11.430/06). 5. Os juros de mora devem ser fixados à razão de 12% ao ano, desde a citação, conforme o entendimento do STJ. 6. Com o advento da Lei nº 11.960, de 2009, a partir de 29-06-2009, a correção monetária e os juros moratórios deverão corresponder aos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança (art. 5º). 7. Em relação às custas processuais, em face da nova redação do art. 11 do Regimento de Custas (Lei 8.121/85), dada pela Lei 13.471/10, está isento o INSS de seu pagamento. 8. Honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação, incidindo apenas sobre as parcelas vencidas até a prolação da sentença, de acordo com o teor da Súmula 111 do STJ. APELO DO INSS PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO ADESIVO DA AUTORA PROVIDO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA EM REEXAME NECESSÁRIO.270

Restando então demonstrado que a concessão de beneficio de auxílio-acidente para os

bancários é de forma muito dificultosa, uma vez que gira em torno do nexo causal entre o

acidente e a lesão ocasionada pela atividade exercida. Sendo essa, uma categoria profissional

com maior número de acidentados por doenças ocupacionais.

4.2.2 Enfermeiros em área hospitalar

Os profissionais de enfermagem são outros trabalhadores que possuem a possibilidade

de adquirir esse mal, uma vez que o esforço repetitivo dos membros superiores é habitual, e

sem cuidados ergonômicos acabam agravando mais ainda a situação.

���������������������������������������� �������������������270 SÃO SEBASTIÃO DO CAÍ. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação e Reexame Necessário Nº 70044030096. Relator: Marilene Bonzanini. Julgado em: 23/11/2011. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/download/exibe_documento_att.php?ano=2011&codigo=2184268>. Acesso em: 15 mai. 2014.

Page 85: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

84

Os casos mais freqüentes são em relação a posturas inadequadas presentes diariamente

na dinâmica hospitalar, na qual estes também tornam-se difíceis de comprovar, vejamos a

jurisprudência abaixo:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AUXÍLIO-ACIDENTE. AUSÊNCIA DE NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A LESÃO E A ATIVIDADE LABORAL. HÉRNIA DISCAL LOMBAR. DOENÇA DEGENERATIVA. - A se considerar os elementos de prova acostados aos autos, não deve ser concedido à autora o benefício do auxílio-acidente. É que, de fato, muito embora se verifique maior dificuldade de a requerente desempenhar suas atividades laborais, o substrato probatório aponta a existência de doença degenerativa não relacionada ao trabalho. - Seria possível perquirir-se a concausalidade das condições do trabalho com a lesão degenerativa, uma vez que efetivamente houve acidente de trabalho na data de 25.07.1995. Ocorre que nada há nos autos que autorize tal conclusão. O fato de a autora laborar, na função de enfermeira empregando algum esforço físico não traz a conclusão de que tal tenha desencadeado ou ajudado na progressão da lesão degenerativa. - Com efeito, foi no trabalho que os sintomas da lesão degenerativa se manifestaram, mas não se pode afirmar tratar-se de lesão decorrente do trabalho. - Ausente o nexo de causalidade legalmente exigido entre a lesão e o labor, vai indeferido o pedido de auxílio-acidente. APELO PROVIDO. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE.271

Ou seja, o trabalho da enfermagem no âmbito hospitalar, esta caracterizado em

atividades como transportes e manipulação de pacientes, arrumação de leitos, preenchimento

de prontuários, no qual todos acabam contribuindo para o comparecimento de uma doença

ocupacional.

Porém, há processos em que poderá ser restabelecido o auxílio-acidente, se restar

comprovado que o segurado ainda não esta apto a retornar a suas atividades laborais habituais,

conforme a jurisprudência colacionada:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. INSS. AÇÃO ACIDENTÁRIA. LESÃO OCUPACIONAL NO OMBRO. NECESSIDADE DE CONTINUIDADE DO TRATAMENTO MÉDICO. AUXÍLIO DOENÇA POR ACIDENTE DE TRABALHO. RESTABELECIMENTO. INCAPACIDADE LABORAL COMPROVADA. Hipótese dos autos em que as conclusões da prova pericial demonstraram que a cessação do pagamento do benefício de auxílio doença ocorreu de forma equivocada, haja vista que o segurado ainda não havia recuperado a sua plena condição de saúde à época da cessação do benefício, necessitando manter o tratamento conservador a fim de minimizar as consequências da lesão osteomuscular. Concebido que o exercício da atividade de auxiliar de enfermagem exige do profissional plena capacidade física, na medida em que há a necessidade da utilização de força física para a remoção dos pacientes. Sob esse viés, a determinação de retorno do segurado ao trabalho, sem que esteja apto para o lavor, atenta contra o princípio da dignidade da pessoa humana, porquanto coloca em risco não só a integridade física corporal do segurado, mas, sobretudo, daqueles pacientes que estiverem sob os seus cuidados, haja vista que o manuseio dos enfermos exige do auxiliar de enfermagem esforço físico. Considerando que restou demonstrou que o segurado se encontrava incapacitado para executar as suas atividades habituais de trabalho e as correlatas, em decorrência de lesão ortopédica, imperativo reconhecer o

���������������������������������������� �������������������271 PORTO ALEGRE. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação Cível Nº 70014572812. Relator: Iris Helena Medeiros Nogueira. Julgado em: 31/05/2006. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site_ php/consulta/download/exibe_documento_att.php?ano=2006&codigo=473614>. Acesso em: 15 mai. 2014.

Page 86: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

85

direito do obreiro ao restabelecimento do auxílio doença acidentário, desde o indevido cancelamento administrativo, porquanto restou comprovado que na época da cessação do benefício acidentário a doença ainda não estava estabilizada e/ou consolidada. APLICAÇÃO DA LEI Nº 11.960/2009. CONSECTÁRIOS LEGAIS. MODIFICAÇÃO DE POSICIONAMENTO. O Supremo Tribunal Federal via controle concentrado, declarou a inconstitucionalidade do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, que normatizava a incidência dos consectários legais aplicáveis sobre as condenações da Fazenda Pública (ADI 4425/DF). In concreto, não houve a modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade, sendo de rigor reconhecer que os efeitos da declaração da Corte Constitucional atingem a todos, bem como retroage à data em que a lei entrou em vigor, vinculando, ainda, os demais órgãos do Poder Judiciário. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO. Verba honorária reduzida para o percentual de 10%, incidente sobre o montante das parcelas vencidas até a data da decisão que reconheceu o direito do segurado a percepção do benefício acidentário de auxílio doença, forte nos termos da Súmula 111 do STJ. CUSTAS PROCESSUAIS. ALTERAÇÃO DE ENTENDIMENTO. ISENÇÃO. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO. DESCABIMENTO. No julgamento da Arguição de Inconstitucionalidade Nº 70041334053 foi declarada a inconstitucionalidade da nova redação do art. 11 da Lei Estadual nº 8.121/1985, introduzida pela Lei Estadual nº 13.471/2010, razão pela qual o ente público e suas Autarquias devem responder pelo pagamento das custas processuais pela metade, na forma da redação original da Lei Estadual nº 8.121.1985. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS. As parcelas vencidas deverão ser corrigidas monetariamente pelo IGP-DI até março de 2006 (Lei nº 9.711/1998) e pelo INPC a partir de abril/2006, nos termos do art. 41-A, da Lei 8.213/1991, desde quando deveriam ter sido pagas, e acrescidas de juros de mora de 1% ao mês, desde a citação. Precedentes desta Corte e STJ. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO APELO E, EM REEXAME NECESSÁRIO, MODIFICARAM PARCIALMENTE A SENTENÇA. UNÂNIME.272

Sendo assim, podemos observar o grau de dificuldade do nexo causal entre a atividade

exercida pelo enfermeiro com a lesão ocorrida por meio deste, demonstrando assim, a

importância de uma perícia oficial para caracterizar o acidente, uma vez que pode haver a

cessão do beneficio sem que o segurado tenha se recuperado. Isso porque, o INSS devido ao

grande número de requerimento de concessão de benefícios acidentários, não consegue

realizar por via administrativa uma perícia mais aprofundada para o caso de cada segurado

acidentado.

4.2.3 Obra viária

Quanto ao obreiro, este é o que mais sofre com as chamadas PAIRs, uma vez que estar

em constante atividade com ruído acima de 85 dB caracteriza uma irregularidade,

ocasionando assim uma doença ocupacional.

���������������������������������������� �������������������272 GRAVATAÍ. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação Cível Nº 70053475760. Relator: Tasso Caubi Soares Delabary. Julgado em: 29/05/2013. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site_php/ consulta/download/exibe_documento_att.php?ano=2013&codigo=868006>. Acesso em: 15 mai. 2014.

Page 87: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

86

Observa-se que esta categoria profissional, também possui o mesmo problema de

dificuldade comprovação da perda de audição em decorrência da atividade laborado em

condições insalubres. Sendo que o que dificulta, como nas outras categorias, é a perícia

médica, que muitas vezes não se dispõe a analisar os fatos com cuidado.

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. INSS. AÇÃO ACIDENTÁRIA. AUXÍLIO-ACIDENTE. LAUDO PERICIAL. PAIRO. EXISTÊNCIA DE PROVA DA REDUÇÃO DA CAPACIDADE ESPECÍFICA DE TRABALHO DO SEGURADO. Hipótese dos autos em prova técnica demonstrou que a perda auditiva diagnosticada decorre da exposição ao ruído ocupacional, bem como causou a redução da capacidade especifica de trabalho do obreiro, para o desempenho da sua atividade de trabalho habitual. Preenchido os requisitos do § 4º, do art. 86 da Lei de Benefícios, ou seja, efetiva ocorrência de redução da capacidade de trabalho específica do obreiro, com exigência de emprego de maior esforço para o desempenho da mesma atividade que exerciam à época da eclosão da moléstia ocupacional, nos termos do REsp Repetitivo nº 1.108.298/SC. TERMO INICIAL. O § 2º, do art. 86 da Lei de Benefício dispõe que o auxílio-acidente é devido a partir do dia seguinte a cessação do auxílio doença. Entretanto, quando não houve a concessão do auxílio doença ou quando o segurado não formulou requerimento administrativo junto a Previdência Social, o termo inicial de pagamento do auxílio-acidente deve corresponder a data da citação. (REsp nº 1.049.242-SP). CÁLCULO DO BENEFÍCIO. VALOR DO BENEFÍCIO. O cálculo do benefício deve ser realizado de acordo com as disposições da lei previdenciária vigente na data do diagnostico da perda auditiva, nos termos do art. 23, da Lei nº 8.213/1991. A lei vigente ao tempo da eclosão da moléstia laboral há de reger o ato de concessão do benefício (tempus regit actum). CUSTAS PROCESSUAIS. O INSS é isento do pagamento das despesas processuais, nos termos da Lei nº 13.471/2010, que alterou o Regimento de Custas do Estado. CONSECTÁRIOS LEGAIS. A partir da vigência da Lei nº 11.960/2009 incidem sobre as parcelas vencidas, tão somente, os consectários legais previsto nessa alteração legislativa. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Fixados no percentual de 10% sobre o montante das parcelas vencidas, até a data decisão que reconheceu o direito do segurado a percepção do benefício, forte na Súmula 111 do STJ. DERAM PROVIMENTO AO APELO DO SEGURADO, PROVERAM PARCIALMENTE O RECURSO DO INSS E CONFIRMARAM OS DEMAIS CAPÍTULOS DA SENTENÇA, EM REEXAME NECESSÁRIO. UNÂNIME.273

A jurisprudência colacionada acima demonstra os critérios utilizados para a concessão

de um benefício de auxílio-acidente em decorrência de doença ocupacional, na qual é

considerada pela lei como acidente do trabalho, exigindo então, à sua caracterização, além do

nexo causal, os demais requisitos próprios do acidente do trabalho, como visto no capítulo

anterior, a lesão corporal ou perturbação funcional e a perda ou a redução permanente ou

temporária, da capacidade para o trabalho.

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE PRESTAÇÃO ACIDENTÁRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. PERDA AUDITIVA INDUZIDA PELO RUÍDO. DISACUSIA NEUROSSENSORIAL DO OUVIDO DIREITO. ATIVIDADE PROFISSIONAL COMO CONCAUSA DA PATOLOGIA. AUXÍLIO-ACIDENTE.

���������������������������������������� �������������������273 CAXIAS DO SUL. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação Cível Nº 70041164443. Relator: Tasso Caubi Soares Delabary. Julgado em: 20/07/2011. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site _php/consulta/download/exibe_documento_att.php?ano=2011&codigo=1299725>. Acesso em: 15 mai. 2014.

Page 88: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

87

ABONO ANUAL. TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO. CORREÇÃO MONETÁRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CUSTAS PROCESSUAIS. Ainda que não se admita que a doença do obreiro tenha origem exclusiva em suas atividades laborais, o esforço profissional pode ser reconhecido como concausa para o surgimento e/ou agravamento da enfermidade. Exegese do art. 21, inciso I, da Lei nº 8.213/91. Precedentes jurisprudenciais. O juiz não está adstrito ao laudo pericial (art. 436 do CPC), podendo decidir com base nas demais provas constantes dos autos. Se as demais provas dos autos indicam que o trabalhador teve a audição do ouvido direito reduzida durante o período em que laborou em ambiente ruidoso, restou demonstrado o nexo concausal entre as atividades exercidas e a patologia apresentada pelo empregado. Tendo ocorrido a redução na audição, o trabalhador teve também reduzida sua capacidade para o trabalho que exercia. Logo, é devido o auxílio-acidente e o abono anual ao empregado nos termos dos artigos 40 e 86 da Lei nº 8.213/91, este último com a redação atribuída pela Lei nº 9.528/97. O benefício, no caso concreto, seria devido desde a data do exame demissional do trabalhador, uma vez que desde aquela ocasião o empregado já sofria da moléstia adquirida em função do trabalho. Contudo, como o demandante postulou na inicial a concessão do auxílio-acidente e do abono anual a contar da perícia, é a partir dessa data que devem ser alcançados os benefícios ao demandante. A correção monetária é pelo IGP-DI e incide da data do vencimento de cada parcela. Precedentes deste E. Tribunal de Justiça e Súmulas 43 e 148 do STJ. A fixação da verba honorária deve observar o disposto na Súmula nº 111 do STJ, bem como o disposto no artigo 20, § 4º, do CPC. O INSS não tem isenção de custas quando litiga perante a Justiça Estadual (STJ, Súmula 178). As custas são devidas pela metade em face da legislação estadual (Lei/RS 8.121/85, art. 11, `a; Súmula nº 2, do extinto TARGS). Precedentes da Corte. DERAM PROVIMENTO AO APELO.274

Ao referirmos que o auxílio-acidente concedido para o segurado no qual sofre de uma

lesão chamada PAIR ocupacional, a dificuldade de comprovação do nexo causal dessa doença

com a atividade desenvolvida é maior, uma vez que para o obreiro torna-se difícil demonstrar

que a sua profissão tenha causa exclusiva para o surgimento dessa lesão. Sendo assim, com o

acórdão acima referido, mostramos que apesar da grande dificuldade de caracterização do

acidente do obreiro em razão da PAIR ocupacional, a jurisprudência demonstra a Previdência

Social vem concedendo benefícios acidentários a esses trabalhadores lesionados, com caráter

indenizatório.

Quanto a cumulação de benefícios visto anteriormente, colaciono uma jurisprudência a

respeito do tema, sendo que nesta é utilizado a exceção, conforme dispõe a Súmula 44 da

AGU, prevendo a possibilidade de cumulação em casos que a lesão ocorreu antes da vigência

da Lei n. 9.258/1997,conforme segue abaixo:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. INSS. AÇÃO ACIDENTÁRIA. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS. Hipótese em que a doença laboral eclodiu antes da vigência da Lei n° 9.258/1997, sendo possível a cumulação do benefício de aposentadoria com o auxílio-acidente perquirido. No caso torna-se possível à concessão do benefício de auxílio-acidente,

���������������������������������������� �������������������274 CAXIAS DO SUL. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação Cível Nº 70006081517. Relator: Adão Sérgio do Nascimento Cassiano, Julgado em 12/05/2004. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/ site_php/consulta/download/exibe_documento_att.php?ano=2004&codigo=201982>. Acesso em: 15 mai. 2014.

Page 89: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

88

especialmente porque o exame audiométrico acostado aos autos, conjugado com as conclusões da prova técnica evidenciou que a patologia se manifestou antes da vigência da proibição legislativa introduzida pela Lei nº 9.528/1997. Precedentes do STJ. CARÊNCIA DE AÇÃO POR FALTA DE INTERESSE DE AGIR. Não prospera a preliminar de falta interesse de agir sob o argumento de ausência do esgotamento da via administrativa, pois iterativa a jurisprudência que entende prescindível de prévio pedido administrativo, como requisito do pedido do auxílio-acidente. Precedentes. AUXÍLIO-ACIDENTE. LAUDO PERICIAL. PAIRO. EXISTÊNCIA DE PROVA DA REDUÇÃO DA CAPACIDADE ESPECÍFICA DE TRABALHO DO SEGURADO. Hipótese dos autos em prova técnica demonstrou que a perda auditiva diagnosticada decorre, em parte, da exposição ao ruído ocupacional, bem como causou a redução da capacidade especifica de trabalho do obreiro, para o desempenho da sua atividade de trabalho habitual. Preenchido os requisitos do § 4º, do art. 86 da Lei de Benefícios, ou seja, efetiva ocorrência de redução da capacidade de trabalho específica do obreiro, nos termos do REsp Repetitivo nº 1.108.298/SC. CORREÇÃO MONETÁRIA. As parcelas vencidas deverão ser corrigidas monetariamente pelo IGP-DI até março de 2006 (Lei nº 9.711/1998) e pelo INPC a partir de abril/2006, nos termos do art. 41-A, da Lei 8.213/1991, desde quando deveriam ter sido pagas. Precedentes desta Corte e STJ. APLICAÇÃO DA LEI Nº 11.960/2009. ALTERAÇÃO DE ENTENDIMENTO. O Superior Tribunal de Justiça ao apreciar as alterações introduzidas pela Lei nº 11.960/2009, por ocasião do julgamento do REsp nº 1.086.944/SP, sob o rito do art. 543-C do CPC, definiu que as modificações introduzidas por esta normatização somente são aplicáveis aos processos ajuizados após a sua vigência, em razão da natureza instrumental material dessa norma. Considerando que a presente ação foi ajuizada em data anterior à entrada em vigor da Lei nº 11.960/2009, não incide à espécie os consectários legais previstos nessa alteração legislativa. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Verba honorária fixada na origem adequada aos parâmetros do § 3º, do art. 20 do CPC e da Súmula nº 111 do STJ. CUSTAS PROCESSUAIS. O INSS é isento do pagamento das despesas processuais, nos termos da Lei nº 13.471/2010, que alterou o Regimento de Custas do Estado. REMESSA OBRIGATÓRIA. SENTENÇA ILÍQUIDA. No julgamento do Recurso Especial Repetitivo nº 1.101.727/PR, representativo da controvérsia, a tese sobre a inaplicabilidade do art. 475, § 2º, do CPC às condenações ilíquidas restou vencida. Dessa forma, mesmo sendo ilíquida, a sentença deve ser submetida ao duplo grau de jurisdição obrigatório, por força do disposto no artigo 10, da Lei n° 9.469/1997, que manda aplicar às Autarquias o disposto no art. 475, inciso I e II, do CPC, porquanto se trata de condição de eficácia da sentença. CÁLCULO DO BENEFÍCIO. VALOR DO BENEFÍCIO. O cálculo do benefício deve ser realizado de acordo com as disposições legais vigentes na data do diagnostico da perda auditiva, nos termos do art. 23, da Lei nº 8.213/1991. A lei vigente ao tempo da eclosão da moléstia laboral há de reger o ato de concessão do benefício (tempus regit actum). Destarte, na espécie a perda auditiva foi diagnosticada no ano de 1994. Assim, aplica-se os dispositivos do art. 29 e 86, inciso I, § 1º da Lei nº 8.213/1991 (redação original), razão pela qual o auxílio-acidente é devido ao segurado no percentual de 30% do salário de contribuição, haja vista que mesmo com a redução da sua capacidade de trabalho o obreiro permaneceu exercendo a mesma atividade de trabalho. REJEITARAM AS PRELIMINARES, DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO APELO E, EM REEXAME NECESSÁRIO, MODIFICARAM PARCIALMENTE A SENTENÇA. UNÂNIME.275

Nesse sentido, observamos que para a concessão de auxílio-acidente em razão das

doenças ocupacionais com esses profissionais abrange um grande número, bem como uma

grande dificuldade em comprovação do nexo de causalidade pelas perícias judiciais do INSS. ���������������������������������������� �������������������275 CAXIAS DO SUL. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação Cível Nº 70042245126. Relator: Tasso Caubi Soares Delabary, Julgado em 28/09/2011. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site_ php/consulta/download/exibe_documento_att.php?ano=2011&codigo=1798465>. Acesso em: 15 mai. 2014.

Page 90: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

89

O direito previdenciário nos traz normas referentes à concessão de benefícios

acidentários isto é a indenização pelo acidente do trabalho ocorrido. Sendo assim, o direito

previdenciário além de se preocupar com os aspectos do nexo causal irá normatizar os

aspectos relativos ao seguro social que ira arcar com as prestações.

Portanto, o auxílio-acidente possui uma natureza indenizatória conforme vimos

durante esta pesquisa, isso porque há uma convicção de que a lesão é irreversível, causando

prejuízo definitivo ao trabalhador, ou seja, é uma compensação pela perda da capacidade

parcial laborativa de suas atividades habituais na qual exercia antes do evento infortunístico,

no qual é previsto pelo art. 86, da Lei 8.213/91.

Observamos que o auxílio-acidente previdenciário é o único benefício por

incapacidade na qual permite que o trabalhador retorne ao serviço sem cessar o respectivo

pagamento, isso se dá devido a natureza indenizatória do benefício, podendo até mesmo ser

cumulado com o auxílio-doença, conforme fora visto na jurisprudência colacionada acima.

Sendo assim, apenas terá a percepção do auxílio-acidente (B36), o segurado que

apresentar uma redução parcial e permanente da capacidade laborativa, ou seja, a diminuição

da atividade laboral exercida anteriormente ao acidente. Na qual será provada por meio de

perícia médica, iniciando-se o benefício de maneira geral, logo após ser cessado o auxílio-

doença acidentário como fora visto anteriormente nos capítulos anteriores.

Nesse sentido, verificamos a dificuldade de concessão de benefício acidentário em

razão da caracterização da PAIR ocupacional, na qual diante da alteração realizada pela Lei

9.528/97, tornou-se mais benéfico ao segurado ingressar por via judicial a sua indenização

diante o seu direito ao auxílio-acidente pela perda ou redução da capacidade para o trabalho

que habitualmente exercia.

Por fim, diante do estudo das jurisprudências expostas neste capítulo, demonstramos

que devido a resistência do órgão previdenciário na concessão administrativa do benefício

definitivo, não resta outra alternativa a não ser ingressar com uma ação no Poder Judiciário,

buscando pelo meio judicial uma perícia mais aprofundada e oficial para fins de

caracterização do acidente com a doença bem como a sua invalidez parcial permanente.

Page 91: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

90

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa teve como objetivo, verificar a concessão de benefício de auxílio-

acidente previdenciário em razão das doenças ocupacionais, na qual reduzem a capacidade

laborativa e a impossibilidade de desempenho de atividade que antes exercia. Para tanto,

também analisamos a importância da saúde do trabalhador no âmbito previdenciário, como

forma de prevenção a acidentes do trabalho, pois trata-se de um local na qual o trabalhador

passa boa parte do dia, devendo este ser um ambiente o mais saudável e seguro possível para

evitar ou amenizar os infortúnios laborais.

Após a apresentação dos argumentos propostos defende-se que o meio ambiente do

trabalho é de fato muito importante para o trabalhador e sua saúde psicofisiológica, pois o

ordenamento brasileiro estabelece regras para prevenção acidentária, visando tornar o

ambiente de trabalho saudável e o mais confortável possível, com o objetivo de diminuir o

número de acidentes no Brasil. Obtendo então um trabalho mais digno ao trabalhador, para

que este não se transforme em uma mera máquina humana de produção causando prejuízos á

sua própria integridade física, moral e psicológica.

Sendo assim, conclui-se que as Normas Regulamentadoras são de extrema importância

para a saúde do trabalhador e o meio ambiente do trabalho, pois com elas pode-se prevenir os

acidentes ou até mesmo as moléstias ocasionados pelo ambiente insalubre. Nesse sentido, a

própria Constituição Federal prevê normas que regulam o meio ambiente do trabalho, bem

como a saúde e a proteção do trabalhador, sendo esse, um direito fundamental.

O trabalho conclui que a organização do ambiente laboral, bem como o acesso aos

meios de proteção e prevenção de acidentes deverá ser observada por ambas as partes, neste

caso, empregados e empregadores, sendo deste a responsabilidade por danos oriundos de

infortúnios laborais, quando não observadas às determinações legais para a garantia de um

meio ambiente do trabalho seguro e sadio.

Sendo assim, analisamos mais profundamente a Normas Regulamentadora nº17 na

qual regula sobre a ergonomia, prevendo a prevenção de infortúnios laborais, tais como as

doenças ocupacionais, LER/DORT, buscando demonstrar que ao se utilizar os meios

previstos na norma, pode-se amenizar ou até mesmo prevenir as doenças ocasionadas pelo

trabalho repetitivo, proporcionando a diminuição do número de acidentes do trabalho a serem

ingressados no âmbito previdenciário. Foi observada também neste estudo a Norma

Regulamentadora nº15, na qual estabelece critérios para o trabalhador que esta habitualmente

numa atividade com ruído acima de 85 dB, ocasionando assim, a PAIR ocupacional.

Page 92: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

91

Quanto a PAIR ocupacional, vimos que a partir do art. 86, § 4º da Lei 8.213/91, é a

única lei na qual regulamenta sobre a concessão de benefício acidentário em virtude de

acidente do trabalho por perda de audição em qualquer grau, na qual só é concedido o auxílio-

acidente quando reconhecido a causalidade entre o trabalho e a doença, tendo proporcionado a

redução ou a perda da capacidade para o trabalho que habitualmente era exercido.

A escolha pelo tema abordado justificou-se pelos altos índices de ocorrência que os

acidentes de trabalho em virtude das doenças ocupacionais, e, sobretudo, pela grande

dificuldade de comprovação do nexo causal entre o acidente e a lesão ocorrida pela atividade

habitual exercida pelo trabalhador, o que foi confirmado que pela falta de estrutura do INSS

para análise pericial de todos os casos, principalmente devido ao grande número de segurados

acidentados, estes acabando não concedendo por via administrativa, vindo os segurados a

ingressarem pelo Poder Judicial, o que poderia ser evitado, tornando a concessão do

benefício, por bem dizer, muito mais ágil do que por meio judicial.

A análise da questão acidentária é de grande relevância, tendo em vista o crescente

número de ocorrências neste campo verificadas na atualidade. Ademais, tais ocorrências

levam a conseqüências, muitas vezes, irreversíveis, com reflexos marcantes para empregador

e empregado, bem como, para a sociedade em geral, que, através da previdência social,

suporta os valores decorrentes de tais acidentes, por isso a importância de um ambiente de

trabalho saudável, para que se possa evitar esse tipo de doença profissional.

Quanto ao acidente do trabalhado previsto no art. 21 da Lei 8.213/91, é enquadrada

como doença do trabalho as LER/DORT, na qual tivemos um capítulo mais aprofundado

analisando a caracterização da doença diante do nexo causal entre a lesão e a atividade

exercida. Observamos também que para o diagnóstico de LER/DORT, é fundamental que seja

analisado toda a história clínica, o exame físico, as atividades ocupacionais pregressas do

trabalhador, inclusive investigar atividades como lazer do segurado, uma vez que o nexo

causal conforme fora analisado neste trabalho, possui grande dificuldade no âmbito

previdenciário em caracterizá-lo.

Ademais não será considerada como doenças do trabalho a doença por vir a ser

degenerativa, as inerentes a grupo etário, aquelas que não produzem incapacidade laborativa e

a doença endêmica, não podendo ser concedido nesses casos o auxílio-acidente

previdenciário.

O estudou colaborou para esclarecer que a lei 8.213/91 é clara ao determinar que seja

concedido o auxílio-acidente quando resultar em diminuição da capacidade laborativa

decorrente de acidente de trabalho. O benefício é concedido aos segurados obrigatórios,

Page 93: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

92

avulsos e aos especiais, não têm direito ao auxílio-acidente os empregados domésticos, os

contribuintes individuais e os facultativos. Para o desenvolvimento desse estudo utilizou-se o

meio de doutrinas e jurisprudências.

Observou-se que o auxílio-acidente é um benefício no qual não substitui a renda do

trabalhador, mas que apenas complementa, possuindo assim um caráter indenizatório, a todos

os segurados que pelo acidente do trabalho a doença ocupacional lhe ocasionou a perda

parcial e permanente da sua capacidade laborativa.

Em relação a comunicação do acidente de trabalho (CAT), restou esclarecido que na

falta de comunicação por parte da empresa, poderá ser formalizado pelos seus dependentes, a

entidade sindical competente, o médico que assistiu, bem como qualquer outra autoridade

pública. Mas a obrigação de comunicar o acidente sempre vai ser da empresa e não do

acidentado, não se podendo exigir como condição da ação judicial a comunicação ao INSS.

Cabe salientar que não se exige tempo mínimo de contribuição, devendo apenas ser

comprovado a sua qualidade de segurado, nos termos da lei e o dano decorrente do acidente

sofrido, à partir desta queixa os peritos da Previdência Social providenciará o devido

benefício no ato da cessação do auxílio-doença. O fato relevante preconiza o art. 86, da Lei

8.213/91, que não menciona a obrigatoriedade, sequer necessidade, de comprovação de grau

ou extensão do dano para a concessão do benefício, contudo a lei é rígida apenas ao

mencionar a necessidade de atender os três pressupostos para a concessão do auxílio-acidente:

haver a lesão; a lesão reduzir a capacidade do trabalho habitualmente exercido; e o nexo de

causalidade entre o acidente e o trabalho exercido, sendo atestado através de perícia médica.

Nesse sentido, conclui-se que o auxílio-acidente é benefício definitivo concedido a

partir da ata do benefício provisório (auxílio-doença), ou seja, a partir do dia seguinte ao da

cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento

auferido pelo acidentado, conforme dispões o seu art. 86, § 2º da Lei 8.213/91, no qual poderá

ser cumulado com o auxílio-doença e seguro desemprego, exceto com aposentadorias.

Por fim, resta ser observado que pela pesquisa, concluiu-se que os profissionais da

categoria bancários, enfermeiros e obra viária, são de fato uns dos que mais sofrem acidentes

do trabalho, vindo a ter grandes dificuldades de comprovação do nexo causal em virtude das

perícias realizadas pelo INSS administrativamente.

Page 94: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

93

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Francisco Rossal de, RUBIN, Fernando. Acidentes de Trabalho. São Paulo: LTr, 2013.

BARBOSA GARCIA, Gustavo Filipe. Acidentes de trabalho: doenças ocupacionais e nexo técnico epidemiológico. 4. ed. São Paulo: Método, 2011.

BRANDÃO, Cláudio. Acidente do Trabalho e responsabilidade civil do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2006.

BRANDÃO, Mônica de Amorim Torres. Responsabilidade civil do empregador no acidente do trabalho. São Paulo: LTr, 2007.

BRASIL. Constituição Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_ 03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 15 mai. 2014.

BRASIL. Portaria n. 3.214 de 08 de junho de 1978. Disponível em: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/63/mte/1978/3214.htm> Acessado em: 20 de maio de 2014

BRASIL. Decreto n. 3.048 de 06 de maio de 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm> Acesso em:20 de maio de 2014.

______. Instrução normativa INSS/PRES nº 28, de 16 de maio de 2008 - DOU DE 19/05/2008. Disponível em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/imagens/paginas/38/inss-c/2003/anexos/IN-DC-98-ANEXO.htm>. Acesso em: 15 mai. 2014.

______. Lei no 10.836, de 9 de janeiro de 2004. Cria o Programa Bolsa Família e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/ lei/l10.836.htm>. Acesso em: 15 mai. 2014.

______. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil _03/leis/l8080.htm>. Acesso em: 15 mai. 2014.

______. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm>. Acesso em: 15 mai. 2014.

______. Súmula nº 44, de 14 de setembro de 2009. Disponível em: <http://www.agu.gov.br/page/atos/ detalhe/idato/201622>. Acesso em: 15 mai. 2014.

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZARRI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 12. ed. Florianópolis: Conceito: 2010.

Page 95: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

94

CAXIAS DO SUL. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação Cível Nº 70041164443. Relator: Tasso Caubi Soares Delabary. Julgado em: 20/07/2011. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/download/exibe_documento_att.php?ano=201 1&codigo=1299725>. Acesso em: 15 mai. 2014.

______. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação Cível Nº 70006081517. Relator: Adão Sérgio do Nascimento Cassiano, Julgado em 12/05/2004. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/download/exibe_documento_att.php?ano=2004&codigo=201982>. Acesso em: 15 mai. 2014.

______. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação Cível Nº 70042245126. Relator: Tasso Caubi Soares Delabary, Julgado em 28/09/2011. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/download/exibe_documento_att.php?ano=2011&codigo=1798465>. Acesso em: 15 mai. 2014.

CORREIA, Marcos Orione Gonçalves. Curso de direito da seguridade social. 5. ed. São Paulo. Saraiva, 2010.

COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do Trabalho. 3. ed. rev. e atual. Curitiba: Juruá, 2009.

DIAS, Eduardo Rocha, MACÊDO, José Leandro Monteiro de. Curso de Direito Previdenciário. 2. ed. rev. atual. São Paulo: método, 2008.

DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010.

FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de Direito Previdenciário. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

GRAVATAÍ. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação Cível Nº 70053475760. Relator: Tasso Caubi Soares Delabary. Julgado em: 29/05/2013. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/download/exibe_documento_att.php?ano=2013&codigo=868006>. Acesso em: 15 mai. 2014.

HORVATH, Junior Miguel. Direito Previdenciário. São Paulo: Quartier Latin, 2005.

IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

MARTINEZ, Wladimir Novaes. A seguridade Social na Constituição Federal. 2. ed. São Paulo, LTr, 1992.

Page 96: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

95

MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

MARTINS, Wladimir Novaes. Princípios de Direito Previdenciário. 4. ed. São Paulo: LTr, 2001.

MELO, Raimundo Simão de. Direito ambiental do trabalho e a saúde do trabalhador: responsabilidades legais, dano material, dano moral, dano estético. São Paulo: LTr, 2004.

MICHEL, Oswaldo. Acidente do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São Paulo: LTr, 2001.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Nr 3 – Embargo ou interdição. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812DC56F8F012DCD20B10A1691/NR-03%20(atualizada%202011).pdf> Acesso em 20 de maio de 2014.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Nr 6 – equipamento de proteção individual. Disponibilizada em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812DC56F8F012DCDAD35721F50/NR-06%20(atualizada)%202010.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2014

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO NR. 7 - Programa de controle médico de saúde ocupacional . Disponível em: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/05/mtb/7.htm> Acesso em 20 de maio de 2014

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Nr 9 – programa de prevenção de riscos ambientais. Disponibilizada em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE4CA7C012BE51FC24B4849/nr_09_at.pdf >. Acesso em: 15 mai. 2014.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Nr 15 – atividades e operações insalubres. Disponibilizada em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812DF396CA012E0017BB3208E8/NR-15%20(atualizada_2011).pdf>. Acesso em: 15 mai. 2014

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Nr 17 – ergonomia. Disponibilizada em: <http://portal.mte. gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEFBAD7064803/nr_17.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2014.

MONTEIRO, Antonio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do Trabalho e Doenças Ocupacionais: Conceito, processos de conhecimento e de execução e suas questões polêmicas. São Paulo: Saraiva, 2005.

OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. 4. ed. São Paulo: LTr, 2008.

Page 97: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

96

OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador. 3 ed. São Paulo: LTr, 2001.

PORTO ALEGRE. Tribunal de Justiça do RS. Décima Câmara Cível. Reexame Necessário Nº 70052727864. Relator: Túlio de Oliveira Martins. Julgado em: 28/02/2013. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_processo.php?nome_comarca=Tribunal+de+Justi%E7a&versao=&versao_fonetica=1&tipo=1&id_comarca=700&num_processo_mask=70052727864&num_processo=70052727864&codEmenta=5246596&temIntTeor=true>. Acesso em: 15 mai. 2014.

______. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação Cível Nº 70057178881. Relator: Tasso Caubi Soares Delabary. Julgado em: 18/12/2013. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/download/exibe_documento_att.php?ano=2013&codigo=2272752>. Acesso em: 15 mai. 2014.

______. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação Cível Nº 70014572812. Relator: Iris Helena Medeiros Nogueira. Julgado em: 31/05/2006. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/download/exibe_documento_att.php?ano=2006&codigo=473614>. Acesso em: 15 mai. 2014.

RUBIN, Fernando. A preclusão na dinâmica do processo civil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010.

RUBIN, Fernando. Benefícios por incapacidade no Regime da Previdência Social: Questões centrais do direito material e do direito processual. Porto Alegre, Livraria do Advogado. 2014

RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários à lei de acidentes do trabalho. 3. ed. São Paulo: Revistados Tribunais, 1970. V.I.

SADY, João José. Direito do meio ambiente de trabalho. São Paulo: LTr, 2000.

SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012.

______. Manual de Direito Previdenciário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

SÃO PAULO. Superior Tribunal de Justiça. Terceira Seção. REsp: 1095523 SP 2008/0227295-0. Relator: Ministra Laurita Vaz. Julgamento: 26/08/2009. Disponível em: <http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/5923449/recurso-especial-resp-1095523-sp-2008-0227295-0-stj>. Acesso em: 15 mai. 2014.

SÃO SEBASTIÃO DO CAÍ. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação e Reexame Necessário Nº 70044030096. Relator: Marilene Bonzanini. Julgado em: 23/11/2011. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/download/exibe_documento_att.php? ano=2011&codigo=2184268>. Acesso em: 15 mai. 2014.

Page 98: FACULDADE DE DIREITO - biblioteca.uniritter.edu.brbiblioteca.uniritter.edu.br/imagens/035UNR89/0000BA/0000BA9B.pdf · 2 SAÚDE DO TRABALHADOR NO ÂMBITO PREVIDENCIÁRIO: AUXÍLIO-ACIDENTE

97

SILVA, Antônio Ribeiro de Oliveira. Acidente do trabalho: Responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2013.

SÜSSEKIND, Arnaldo. Convenções da OIT. São Paulo: LTr, 1998.

VIAMÃO. Tribunal de Justiça do RS. Nona Câmara Cível. Apelação Cível Nº 70054988134. Relator: Tasso Caubi Soares Delabary. Julgado em: 18/12/2013. Disponível em: <http://www1 .tjrs.jus.br/site_php/consulta/download/exibe_documento_att.php?ano=2013&codigo=2253895>. Acesso em: 15 mai. 2014.

VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de Direito Previdenciário. 3. ed. São Paulo, Atlas, 2010.