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DESIGN, EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO Renata Pedron A TEORIA E A PRÁTICA NO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE MODA: estudo de caso em empresas de vestuário no Estado do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2015

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DESIGN, EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO

Renata Pedron

A TEORIA E A PRÁTICA NO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE MODA: estudo de caso em empresas de vestuário no Estado do Rio Grande do Sul

Porto Alegre

2015

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RENATA PEDRON

A TEORIA E A PRÁTICA NO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE MODA: estudo de caso em empresas de vestuário no Estado do Rio Grande do Sul

Dissertação submetida, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Design pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu – Mestrado Acadêmico em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis – Uniritter Laureate International Universities.

Mestranda: Renata Pedron

Orientadora: Profª. Dra. Carla Pantoja Giuliano

Porto Alegre

2015

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RENATA PEDRON

A TEORIA E A PRÁTICA NO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE MODA:

estudo de caso em empresas de vestuário no Estado do Rio Grande do Sul

Dissertação de Mestrado defendida e aprovada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Design, pela banca examinadora constituída por:

Profª. Dra. Carla Pantoja Giuliano (Orientadora)

Profª. Drª Anne Anicet Rüthschilling

Profª. Drª Claudia Schemes

Porto Alegre

2015

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Este trabalho é dedicado: a minha família, pelo apoio e dedicação; ao meu marido pelo carinho e paciência.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Centro Universitário Ritter dos Reis – UniRitter Laureate

International Universities – pelo auxílio à pesquisa através de bolsa de estudos.

A minha família pela força, pelo apoio, pelo carinho e pelo amor entregue ao

longo de toda a caminhada.

A minha orientadora, Carla Pantoja Giuliano, pela disposição em me aceitar

como orientanda, por indicar caminhos para a construção deste trabalho e pelo

tempo dispensado.

A amada amiga, Caroline Zagonel, por compreender minha ausência ao longo

deste período e, mesmo assim, sempre estar ao meu lado, me apoiando e me

parabenizando por todas as conquistas.

Aos dois presentes que a vida me ofertou ao longo do Mestrado em Design,

minhas amadas amigas Liana Haussen e Nicole Tomazi, presentes estes que,

certamente, se perpetuarão por toda a vida.

A querida amiga, Diva Semler, por todo o carinho, amor e conversas. Por todo

o suporte dispensado ao longo dessa caminhada.

Ao meu marido, Tiago Silveira, pela paciência, carinho e o amor não apenas

no período em que o curso foi desenvolvido, mas em todos momentos em que

estamos juntos.

A Deus, meus agradecimentos.

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Chega um momento, depois de algum caminho percorrido, em que a gente pode até considerar que avançou menos do que supunha, mas entende ter avançado o máximo que conseguiu até então. E a gente agradece, com gentileza e compaixão por todos os caminhantes, porque somente quem caminha sabe o valor, o tamanho, a conquista, de que é feita a história de cada único passo. Há quem pare no meio da estrada e se enrede no suposto cansaço que mente o medo de prosseguir. Há quem corra tão freneticamente de si mesmo que nem percebe a paisagem ao seu redor. Há quem parece recuar dois passos a cada um alcançado. No fim das contas, todos avançam de uma forma ou de outra, ainda que, aos próprios olhos e aos olhos alheios, o avanço seja imperceptível. E, nos trechos da jornada em que já é possível caminhar com mais atenção, respirando os sentimentos singulares de cada passo, a gente percebe que não há exatamente um lugar onde chegar. Nós somos o lugar. A gente percebe que pode aprender a relaxar e a usufruir também da viagem e que essa é a forma mais hábil e generosa de avanço. Não há movimento que se assemelhe àquele que nasce de um coração contente. (Ana Jácomo)

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RESUMO

O contexto atual da moda brasileira é reconhecido como importante negócio

no mercado nacional e inclusive internacional e visto pelo Ministério da Cultura como

expressão da diversidade cultural do país. O tema moda, e as atividades que o

circundam, movimenta-se freneticamente em todas as direções, enquanto que a

indústria assume o papel de eixo agregador desses movimentos. A pressuposição

da existência de desconexão entre teoria e prática, em relação ao ensino de

metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção e indústria do vestuário, a

partir de relatos de alunos, origina este estudo. Os conhecimentos dos teóricos da

área de Design de Moda foram aproveitados na investigação das contribuições que

as metodologias projetuais podem exercer no desenvolvimento de coleções nas

indústrias do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul. A escolha da metodologia

recaiu sobre o método de estudo de caso múltiplo, elegendo o trabalho de busca

bibliográfica, descritiva e exploratória de caráter qualitativo. Ao término do estudo

espera-se encontrar conexões propícias entre a proposta desenvolvida pelo ensino

universitário e a aplicação desses conhecimentos no contexto do mercado de moda,

objetivando contribuir com os conhecimentos na área, assim como estreitar relações

entre a academia e indústria da moda.

Palavras-chave: Design de Moda. Ensino de Moda. Metodologia projetual. Indústria

do Vestuário.

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ABSTRACT

The current context of Brazilian fashion is recognized as an important

business in the national and international market and seen by the Ministry of Culture

as an expression of the cultural diversity in Brazil. The topic -fashion- and the

activities that surround it move frantically in all directions, while the industry assumes

the role of axis aggregator of these movements. Assuming the existing disconnection

between theory and practice in relation to the teaching of projectual methodologies

for the development of clothing collection and industry, based on student reports, this

study was chosen. It was decided to take advantage of the knowledge from the

notorious theorists in the Fashion Design area in order to detect the contributions that

the projectual methodologies have on the development of collections in the clothing

industry in the state of Rio Grande do Sul in Brazil. The methodology employed in

this present research used the multiple case study method, applying the

bibliographic, descriptive and exploratory search of work in a qualitative character. At

the end of this study, it is expected to find suitable connections between the applied

proposal in university education and the application of such knowledge in the context

of the fashion market aiming to contribute to the knowledge in this area, as well as

narrow the relationship between the academy and the fashion industry.

Keywords: Fashion Design. Fashion Study. Projectual Methodology. Clothing Industry.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Salões do costureiro Jacques Worth (1907) ........................................ 46

Figura 2 - Ilustração das criações de Jeanne Lanvin e Doucet – da esquerda para direita (1916)............................................................ 48

Figura 3 - Perfume La Rose de Rosine e o costureiro Paul Poiret (1925)............ 49

Figura 4 - Madeleine Vionnet, criadora do viés e seu manequim de madeira...... 50

Figura 5 - Vestido Chanel, abril de 1926............................................................... 51

Figura 6 - Chapéu-Sapato de Schiaparelli, que criou para Salvador Dalí............. 52

Figura 7 - O tailleur “Bar”, de Christian Dior, apresentado na coleção de 1947 que ficou conhecido como New Look......................................... 53

Figura 8 - Cristobal Balenciaga (Revista Harper’s Bazaar, julho 1939)..................54

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Desenho de Pesquisa ........................................................................ 25

Quadro 2 - Desenho do Método da Coleta de Dados .......................................... 30

Quadro 3 - Pontos de vista sobre Design e Design de Moda................................ 40

Quadro 4 - Definição do termo Moda..................................................................... 45

Quadro 5 - Diferenças entre cursos de Bacharelado em Design e Tecnólogo em Design de Moda........................................................ 66

Quadro 6 - Metodologia projetual Jones (2005).....................................................73 Quadro 7 - Metodologia projetual Sorger e Udade (2009) .................................... 74

Quadro 8 - Metodologia projetual Treptow (2003) ................................................ 78

Quadro 9 - Metodologia projetual Montemezzo (2003) .........................................79

Quadro 10 - Processos de uma empresa de moda por Barcaro (2008) ............... 80

Quadro 11 - Metodologia projetual Renfrew (2010). ............................................. 83

Quadro 12 - Metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção.............. 85 Quadro 13 - Fontes de dados, instrumentos e amostra para o Estudo de Caso Múltiplo...................................................................................... 88

Quadro 14 - IES participantes................................................................................ 90

Quadro 15 - Disciplinas – U1................................................................................. 91

Quadro 16 - Disciplinas – U2................................................................................. 96

Quadro 17 - Disciplinas – U4................................................................................102

Quadro 18 - Disciplinas – U5................................................................................105

Quadro 19 - Disciplinas – U6................................................................................112

Quadro 20 - Características das empresas..........................................................115

Quadro 21 - Características pessoais do gerente de desenvolvimento...............117

Quadro 22 - Metodologia projetual de coleção de moda utilizada nas empresas......................................................................120

Quadro 23 - Quadro metodológico: organização, elaboração e execução...........126

Quadro 24 - Bibliografias (básica e complementar) das disciplinas de Projeto de Moda das IES.............................................................131

Quadro 25 - Adequação ao Padrão.......................................................................150

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 12

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA............................................................................ 14

1.2 JUSTIFICATIVA............................................................................................... 15

1.2.1 Organização do Trabalho........................................................................... 15

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA............................................................................16

1.3.1 Objetivo Geral .............................................................................................16

1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................ 17

2 METODOLOGIA DA PESQUISA....................................................................... 18

2.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA................................................................... 20

2.1.1 Desenho de Pesquisa................................................................................. 24

2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................................ 26

2.2.1 Pesquisa bibliográfica................................................................................ 26

2.2.2 Pesquisa Documental................................................................................. 26

2.2.3 Estudo de Caso Múltiplo ........................................................................... 27

2.3 MÉTODO DE COLETA DE DADOS................................................................ 28

2.3.1 Unidades de pesquisa................................................................................ 31

2.3.2 Seleção da amostra.................................................................................... 33

2.4 ANÁLISE DE DADOS...................................................................................... 34

2.5 ASPECTO ÉTICOS: Comitê de Ética em Pesquisa........................................ 35

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................... 36

3.1 DESIGN DE MODA............................................................................... .......... 36

3.1.1 Vestuário e Moda........................................................................................ 40

3.1.2 A evolução do profissional Designer de Moda........................................ 45

3.1.3 Contextualização do Mercado de Moda................................................... 56

3.1.4 A formação do ensino superior em Design de Moda nas escolas brasileiras.................................................................................................... 61

3.2 DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE MODA........................................... 70

3.2.1 Metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de moda.................................................................................................. ..........72

3.2.2 Quadro comparativo entre metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de moda..................................................... 84

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4 ESTUDO DE CASO MÚLTIPLO......................................................................... 87

4.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS COLETADOS.............................................. 90

4.1.1 Documentos acadêmicos quanto às ementas e bibliografias................ 90

4.1.2 Empresas de Moda Vestuário.....................................................................114

4.1.2.1 Quanto a características das empresas.....................................................114

4.1.2.2 Quanto à formação profissional e experiência........................................... 117

4.1.2.3 Quanto à metodologia projetual utilizada nas empresas............................119

5 DISCUSSÃO DA PESQUISA............................................................................. 124

5.1 QUANTO A METODOLOGIA PROJETUAL DE MODA SUGERIDAS PELOS TEÓRICOS ESTUDADOS: QUADRO COMPARATIVO.....................125

5.2 QUANTO AO ENFOQUE DAS DISCIPLINAS DE PROJETO DE COLEÇÃO NAS IES (UNIDADE DE PESQUISA 1) ....................................... 130

5.3 QUANTO À METODOLOGIA PROJETUAL PARA DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO ADOTADAS NAS EMPRESAS (UNIDADE DE PESQUISA 2).......................................................................... 139

5.4 CONTRIBUIÇÕES E RESULTADOS: ADEQUAÇÃO AO PADRÃO............... 149

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 154

REFERÊNCIAS .....................................................................................................158

APÊNDICE A - Modelo de autorização da empresa para uso de dados...............163

APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) .................164

APÊNDICE C - Roteiro de entrevista.................................................................... 165

APÊNDICE D - Parecer Consubstanciado do CEP............................................... 167

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1 INTRODUÇÃO

O mercado de moda tem evidenciado importância crescente quando se trata

do contexto dos negócios contemporâneos no Brasil e no mundo. O tema moda, e

as atividades que o circundam, movimenta-se freneticamente em todas as direções,

enquanto que a indústria assume o papel de eixo agregador desses movimentos.

Considera-se moda um “[...] fenômeno social ou cultural, de caráter mais ou

menos coercitivo, que consiste na mudança periódica de estilo, e cuja vitalidade

provém da necessidade de conquistar ou manter uma determinada posição social”.

(JOFFILY, 1999, p.27). Corroborando com Joffily (1999), Cobra (2007, p.9) refere-se

ao termo moda através de sua raiz etimológica: [...] introduzida na língua italiana em

torno de 1650, “[...] derivada do latim mos, que significa uso, costume, hábito,

tradição, boas maneiras, moralidade e, ainda, lei, tipo, regra” (COBRA, 2007, p.9).

Através das considerações de Cobra (2007) e Joffily (1999), deduz-se que o

fenômeno chamado moda denota um sistema de sociedade que ainda se mantém

sendo regido de acordo com as mudanças sazonais de tendência comportamentais.

A moda tem um valor incomparável no contexto das características de

comportamento e vestuário, implicando na construção das aparências físicas.

Objetiva atingir a comunicação, a expressão e a representação entre os seres

humanos de uma sociedade que transborda ideias, valores e formas de vida,

acentua Lipovetsky (2009, p. 21), complementando que a moda: “[...] consagra

explicitamente a iniciativa estética, a fantasia, a originalidade humana, e implica,

além disso, uma ordem de valor que exalta o presente novo em oposição ao

passado coletivo”.

A moda surge, reconhecidamente, no momento em que a individualização da

aparência começa a ter uma importância significativa para o homem, mais

exatamente no período da Revolução Comercial. Nesse momento, como alternativa

para se diferenciar dos demais, a burguesia distingue-se através dos detalhes das

vestimentas. O estilo foi influenciado pela política das nações, fazendo com que as

pessoas modificassem sua forma de vestir a partir das influências sociais.

(TREPTOW, 2003).

Teoricamente, a moda é entendida como um sistema social e temporário,

definido por meio da aceitação e propagação do estilo de quem a consome,

resultando em sua massificação e, por fim, como consequência, na “obsolescência

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como diferenciador social”. Para que uma ideia ou padrão sejam considerados moda

é necessário que existam apoiadores desse padrão. Caso não haja, não pode ser

considerado como tal. As fases pertencentes ao fenômeno moda passam pelo

lançamento, pela aceitação, pela cópia e, por fim, pelo desgaste. (TREPTOW, 2003,

p. 26-27).

Considerando tais elementos, os fatores norteadores desta pesquisa foram

motivados pela percepção que o crescimento do mercado de moda e do ensino

superior obtém na área. Igualmente pela vivência da autora nas disciplinas

relacionadas à projeto de desenvolvimento de coleção e mercado, tanto quanto os

relatos de alunos referentes à desconexão existente entre aprendizado e prática na

indústria de vestuário.

O desenvolvimento dos estudos nesta pesquisa pretende traçar um

levantamento teórico sobre ensino de Design de moda no Brasil e pontualmente no

Rio Grande do Sul, conteúdo que compõe o capítulo três desta dissertação. Para o

cumprimento desta etapa, a revisão da literatura esteve centrada em autores como

Pires (2002; 2008), Couto (2008), Marinho (2005), Souza; Neira; Bastian (2010),

Matharu (2011), Sorcinelli (2008), Feghali; Dwyer (2010) e Jones (2005).

Visando sustentar a exposição em metodologias projetuais para

desenvolvimento de coleção de moda, este estudo aproveita conhecimentos

divulgados pelos teóricos como Jones (2005), Sorger e Udale (2009), Treptow

(2003), Montemezzo (2003), Barcaro (2008), e Renfrew e Renfrew (2010) em suas

obras bibliográficas.

Na intenção de cumprir com os objetivos propostos, a escolha da metodologia

de pesquisa recaiu sobre o método científico estudo de caso múltiplo, aplicado a

cinco (05) empresas de moda vestuário situadas no Estado do Rio Grande do Sul, e

em comparação às teorias propostas nos cursos acadêmicos das universidades da

região metropolitana de Porto Alegre, que constituem as duas unidades a serem

investigadas.

A utilização do estudo de caso múltiplo, como estratégia de pesquisa para o

procedimento técnico do trabalho proposto, aproveita igualmente dos ensinamentos

de Yin (2001, p. 32), que afirma ser o estudo de caso a investigação de “fenômeno

contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especificamente quando os

limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. As técnicas

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utilizadas para levar a efeito o estudo de caso múltiplo partem de uma pesquisa

bibliográfica, descritiva e exploratória de caráter qualitativo.

A investigação de todos estes elementos cumpre o propósito de evidenciar as

etapas do desenvolvimento de uma coleção de moda no âmbito acadêmico,

especificamente nas metodologias utilizadas em disciplinas de projeto de coleção

nas quatro (04) Instituições de Ensino Superior selecionadas, localizadas na grande

Porto Alegre, através do método comparativo referente as cinco (05) empresas de

vestuário localizadas no Estado do Rio Grande do Sul, selecionadas pelo estudo

proposto.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Problema de pesquisa se constitui em um alvo, em um objeto de estudo a ser

investigado mediante o trabalho real. Gil (2008) define o conceito de problema da

seguinte forma:

[...] na acepção científica, problema é qualquer questão não resolvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento [...] pode-se dizer que um problema é testável cientificamente quando envolve variáveis que podem ser observadas ou manipuladas. (GIL, 2008, p. 33-34).

Refletindo sobre este cenário, surge a questão problema para nortear o

estudo que ficou configurada da seguinte forma: Como as metodologias projetuais

aplicadas nas academias da Grande Porto Alegre, nos cursos Superiores em Moda,

que compõem as disciplinas de projeto, contribuem para o desenvolvimento de

coleção nas indústrias do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul?

Este questionamento determinou a busca por identificar as contribuições que

as metodologias pertencentes às disciplinas de projeto de desenvolvimento de

coleção, dos cursos Superiores em Moda, podem agregar à indústria de vestuário do

Estado do Rio Grande do Sul, distinguindo suas formas de utilização.

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15

1.2 JUSTIFICATIVA

Os fatores que determinaram a escolha do tema para discussão neste estudo

orbitam no espaço de vivência da autora na área de ensino de moda. Durante três

anos e oito meses ministrando disciplinas relacionadas ao desenvolvimento de

coleção e mercado de moda, em cursos técnicos; um ano e seis meses,

coordenando cursos técnicos em uma escola de renome no Brasil; e em andamento,

há um ano e três, ministrando disciplina de projeto de moda em curso superior.

Neste tempo foi possível detectar, através dos relatos de alunos que estagiam ou

trabalham em empresas do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul, a distância

existente entre os caminhos percorridos pelas metodologias projetuais nas

disciplinas relacionadas ao desenvolvimento de coleção, nos cursos Superiores em

Moda da Grande Porto Alegre e as atividades exercidas no mercado.

O conhecimento empírico, decorrente de narrativas e discussões sobre essa

descontinuidade, não se situa apenas na percepção do momento atual, mas sim,

vem sendo discutida, desde a formação da autora, no curso de Bacharel em Moda,

no ano de 2008. A importância desse tipo de pesquisa na área da moda é

significativa, tanto acadêmica quanto mercadológica, uma vez que se busca a

excelência na formação de profissionais para que estejam preparados a atuar no

mercado de trabalho, executando com êxito as atividades propostas pela indústria.

Com o desenvolvimento deste estudo, em uma análise comparativa de

metodologia projetual para o desenvolvimento de coleção de moda e a sua

aplicação na indústria do vestuário, talvez seja possível despertar o interesse dos

envolvidos na questão da adequação do paralelismo entre a teoria e a prática do

desenvolvimento de produto de moda, tanto na área acadêmica quanto

mercadológica, contribuindo para o estreitamento das relações entre o ensino de

Design de Moda e sua aplicação no mercado.

1.2.1 Organização do trabalho

O presente trabalho está organizado da seguinte forma: no capítulo 2

intitulado de Metodologia, constam informações referentes à pesquisa e seus

procedimentos. Inclui a descrição dos tipos de pesquisa utilizados, como pesquisa

bibliográfica, pesquisa documental e o método de coleta de dados escolhido para o

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estudo, sendo este classificado como estudo de caso múltiplo. As duas unidades de

pesquisa encontram-se aqui apresentadas: Unidade de Pesquisa 1, que

compreende as Instituições de Ensino Superior selecionadas; e a Unidade de

Pesquisa 2, que se refere a empresas de vestuário selecionadas. Da mesma forma,

está descrita a técnica da Adequação ao Padrão de Yin (2001), utilizada para a

análise de dados.

No capítulo 3, intitulado de Fundamentação Teórica, encontra-se a

contextualização do Design de Moda, partindo da definição dos termos moda e

vestuário. Descreve-se a evolução do profissional Designer de Moda e as

metodologias que foram utilizadas. Menciona-se, na sequência, o início da formação

do ensino superior em Design de Moda nas escolas brasileiras. Na secção 3.2 -

Desenvolvimento de Coleção de Moda estão descritas as metodologias projetuais

para desenvolvimento de coleção, selecionadas por motivos de notoriedade dos

autores no ramo da moda, juntamente com um Quadro comparativo entre elas.

O capítulo 4 foi reservado para o desenvolvimento do estudo de caso,

propriamente dito, seguido pela discussão dos dados coletados para a pesquisa,

que forma o capítulo 5.

Como encerramento da exposição do estudo, o capítulo 6 comporta as

considerações finais.

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA

Tencionando encontrar respostas para o problema proposto nesta pesquisa,

foram traçados objetivos, tanto geral como específicos, a serem atingidos no

decorrer do trabalho.

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar e refletir sobre as contribuições, que as metodologias projetuais

desenvolvidas nas academias da Grande Porto Alegre, nos cursos Superiores em

Moda e que compõem as disciplinas de projeto, exercem no desenvolvimento de

coleções nas indústrias do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul.

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1.3.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho propõem:

(I) realizar o levantamento teórico sobre o ensino de Design de Moda;

(II) identificar e conceituar as metodologias projetuais no ensino superior de

Design de Moda no Estado do Rio Grande do Sul;

(III) conhecer os processos de desenvolvimento de coleção de moda de cada

empresa analisada;

(IV) comparar as metodologias projetuais aplicadas nas empresas de

vestuário com as teorias dos autores indicados na bibliografia básica, das

disciplinas de projeto nas IES selecionadas.

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18

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

Na tentativa de atingir o resultado esperado neste estudo, indispensável

traçar uma metodologia científica que garanta a construção e produção de

conhecimento como base de sustentação para a pesquisa, na intenção de encontrar

coeficientes finais que evidenciem rigor e confiabilidade. Gil (2008, p. 8) enfatiza o

seguinte raciocínio: “para que um conhecimento possa ser considerado científico,

torna-se necessário identificar as operações mentais e técnicas que possibilitam a

sua verificação”.

Concordando com os ensinamentos de Gil (2008), Cervo, Bervian e Silva

(2007) entende-se que o método constitui o caminho e a ordem necessária para se

chegar a um fim ou a um resultado desejado que não pode ser inventado, pois

depende do objeto de pesquisa a ser estudado.

O método científico quer descobrir a realidade dos fatos, e estes, ao serem descobertos, devem por sua vez, guiar o uso do método. [...] o método é apenas um meio de acesso; só a inteligência e a reflexão descobrem o que os fatos e os fenômenos realmente são (CERVO, BERVIAN E SILVA, 2007, p.28).

Fachin (2006) acentua que estudos embasados no método científico

permitem detectar erros e auxiliam nas decisões no decorrer da pesquisa. Através

de sua correta aplicação é possível obter conhecimentos eficazes e de qualidade.

Vários são os métodos científicos existentes. Gil (2008, p. 9) classifica os

diferentes métodos científicos, separando-os em dois grupos: “os que proporcionam

as bases lógicas da investigação científica e os que esclarecem acerca dos

procedimentos técnicos que poderão ser utilizados”. Esta pesquisa se enquadra no

segundo grupo da classificação de Gil (2008), onde os métodos utilizados para a

aplicação aos casos são: o experimento, o observacional, o comparativo, o

estatístico, o clínico e o monográfico. A abordagem do objeto de estudo será feita,

no decorrer da pesquisa, considerando o método específico comparativo, que

“procede pela investigação de indivíduos, classes, fenômenos ou fatos, com vistas a

ressaltar as diferenças e similaridades entre eles” (GIL, 2008, p. 16). Acrescentando

aos pensamentos de Gil (2008), Marconi e Lakatos (2006, p. 92) afirmam que o

método comparativo “[...] permite analisar o dado concreto, deduzindo do mesmo os

elementos constantes, abstratos e gerais”.

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19

Quanto a sua natureza, esta pesquisa se inclui na categoria aplicada, pois

objetiva gerar conhecimentos para a aplicação prática, dirigidos à solução de

problemas específicos. (GIL, 2002).

Quanto à forma de abordagem, a pesquisa está classificada como qualitativa,

que se caracteriza pela obtenção de dados descritivos mediante contato direto e

interativo do pesquisador com a situação objeto de estudo. Nas pesquisas

qualitativas é frequente que o pesquisador procure entender os fenômenos segundo

a perspectiva dos participantes da situação estudada e, a partir daí, situe sua

interpretação.

Creswell (2010, p. 206) argumenta que “a investigação qualitativa emprega

diferentes concepções filosóficas; estratégias de investigação; e métodos de coleta,

análise e interpretação de dados”. Ressalta que possui caráter descritivo e aponta

para a existência de estudo de caso exploratório.

O estudo de caso, de acordo com Yin (2001), pode ser classificado em (1)

exploratório, (2) descritivo, e (3) explanatório (ou explicativo). Cada uma dessas

classificações tende a resolver problemas diferentes. No primeiro caso, o objetivo é

conhecer com maior proporção questões pouco conhecidas. No segundo, está mais

preocupado com a descrição da situação, e para o terceiro caso, volta-se a

possibilidades de esclarecimento de causas.

Yin (2001) complementa que estudo de caso se trata de uma estratégia de

pesquisa que compreende um método abrangente de abordagens específicas para

coletas e análise de dados, cujas informações são colhidas através de observações,

entrevistas e inter-relações com o campo pesquisado e focalizado nas intenções e

interpretações dos fatos apresentados pelos entrevistados.

A forma da pesquisa qualitativa também aponta para a pesquisa documental,

tendo como característica principal a coleta de informações a partir de documentos,

podendo apresentar-se de forma escrita ou não. (MARCONI; LAKATOS, 2010).

A técnica da Adequação ao Padrão foi selecionada para realizar a análise de

dados coletados do presente estudo. Essa forma de análise objetiva efetuar

comparações a partir de padrões empíricos descobertos pelo estudo, com padrões

de base prognóstica, provenientes de teoria ou de outras evidências. “Se os padrões

coincidirem, os resultados podem ajudar o estudo de caso a reforçar sua validade

interna”. (YIN, 2001, p.136).

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20

2.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Para um melhor entendimento da metodologia utilizada, apresenta-se o

delineamento da pesquisa que compreende a parte inicial do trabalho científico.

Constitui o planejamento da pesquisa e envolve tanto a diagramação quanto a coleta

de dados (GIL, 2002). Segundo Marconi e Lakatos (1999), o delineamento se

relaciona à forma pela qual o trabalho será realizado. O alicerce para esta

construção foi encontrado em Cervo, Bervian e Silva (2007) que se manifestam

sobre o significado de pesquisa:

A pesquisa é uma atividade voltada para a investigação de problemas teóricos ou práticos por meio do emprego de processo científicos. Ela parte, pois, de uma dúvida ou problemas e, com o uso do método científico, busca uma resposta ou solução. Os três elementos – dúvida/problema, método científico e resposta/solução – são imprescindíveis, uma vez que uma solução poderá ocorrer somente quando algum problema levantado tenha sido trabalhado com instrumentos científicos e procedimentos adequados. (CERVO, BERVIAN E SILVA, 2007, p. 57).

Marconi e Lakatos (2010) definem pesquisa de forma simplificada, contudo

acrescentam a estrutura de pensamento de Cervo, Bervian e Silva (2007). Marconi e

Lakatos (2010, p.139) conceituam pesquisa como “[...] um procedimento formal, com

método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui

no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”.

De acordo com Gil (2008) os tipos de pesquisa existentes são classificados

em dois grupos: pesquisas puras e pesquisas aplicadas. As do primeiro grupo se

baseiam no progresso da ciência, tendo como principal objetivo a produção de

conhecimento sem a preocupação direta com suas aplicações na construção de

teorias e leis. As do segundo grupo, referentes à pesquisa aplicada, dependem da

pesquisa pura para seu desenvolvimento, tendo como principal objetivo o interesse

na aplicação, utilização e consequências práticas dos conhecimentos. Gil (2008)

ainda esclarece que os métodos específicos mais utilizados para aplicação aos

casos do segundo grupo da classificação são: o experimento, o observacional, o

comparativo, o estatístico, o clínico e o monográfico.

Tendo como base as variáveis apresentadas pelos teóricos, optou-se por

delinear a investigação incluindo, inicialmente, a pesquisa bibliográfica (e na variável

documental), sob o método exploratório comparativo aplicado, através da técnica

descritiva de abordagem qualitativa, no procedimento de estudo de caso múltiplo.

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Marconi e Lakatos (2010) definem pesquisa bibliográfica, como aquela que

[...] abrange toda a bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, dissertaçãos, teses, material cartográfico, etc., até meios de comunicação oral: rádio, gravações, em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 166).

Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007) a pesquisa bibliográfica pode ser

executada como parte das pesquisas de caráter descritivo ou experimental.

A pesquisa descritiva desenvolve-se, principalmente, nas ciências humanas e sociais, abordando aqueles dados e problemas que merecem ser estudados, mas cujo registro não consta nos documentos. Os dados, por ocorrerem em seu habitat natural, precisam ser coletados e registrados ordenadamente para o seu estudo propriamente dito. A pesquisa descritiva pode assumir diversas formas, entre as quais se destacam: Estudos descritivos, pesquisa de opinião, pesquisa de motivação, estudo e caso e pesquisa documental. (CERVO, BERVIAN E SILVA, 2007, p. 62).

A pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade

com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito, e o aprimoramento de ideias.

Na maioria das vezes a pesquisa exploratória envolve: pesquisa bibliográfica e

estudo de caso. (GIL, 2002).

Quando a pesquisa assume o formato de busca documental possui

semelhança com a busca de dados bibliográficos, porém sua diferença se encontra

na linha das fontes de informações. (GIL, 2002). Enquanto a fonte documental se

caracteriza pela sua diversidade, pelo formato de seus materiais, não possuem

tratamento analítico e podem ser reestabelecidos conforme o objeto de pesquisa, a

bibliográfica seu caráter único e preciso, tratado analiticamente.

Confirmando a definição de Gil (2002), Marconi e Lakatos (2010) afirmam:

A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primarias. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 157).

Portanto, em se tratando de pesquisa bibliográfica e documental, o estudo

inicia através de uma seleção bibliográfica prévia em autores que discorrem sobre o

assunto em foco, com a finalidade de obter fundamentação teórica que seja capaz

de encontrar respostas ao problema proposto. Em momento posterior, lança-se

esforços na direção da pesquisa documental no intuito de complementar ou

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confirmar os achados conseguidos. A característica principal da pesquisa

documental “[...] é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos,

escritos ou não, constituindo o que se denomina de fonte primária”. (MARCONI;

LAKATOS, 2010, p. 157).

Em relação ao método a ser utilizado por esta pesquisa faz parte do segundo

grupo (pesquisa aplicada) que integra a classificação de Gil (2008), e que tem por

objetivo garantir o interesse de sua aplicação, utilização e consequências práticas

dos conhecimentos. A abordagem do objeto de estudo considera o método

específico comparativo, que se desenvolve através da “investigação de indivíduos,

classes, fenômenos ou fatos, com vistas a ressaltar as diferenças e similaridades

entre eles” (GIL, 2008, p. 16). Acrescentando aos pensamentos de Gil (2008),

Marconi e Lakatos (2006, p. 92) afirmam que o método comparativo “[...] permite

analisar o dado concreto, deduzindo do mesmo os elementos constantes, abstratos

e gerais”.

Como é pretensão desta dissertação, sob um parâmetro paralelo, encontrar

características próprias de conjuntos de comportamentos nas populações a serem

investigadas, estabelecendo relações possíveis, considera-se apropriado classificar

este estudo também como descritivo. Os conceitos expressos por Gil (2002, p. 42)

autorizam essa evidência: “[...] tem como objetivo primordial a descrição das

características de determinada população ou fenômeno ou, então, o

estabelecimento de relações entre variáveis”.

Dessa forma, a pesquisa também corresponde ao tipo aplicada, na intenção

de identificar diferenças ou semelhanças existentes entre a teoria praticada nas

disciplinas de desenvolvimento de coleção nos cursos Superiores em Moda e as

aplicadas nas atividades projetuais da indústria do setor de vestuário do Estado do

Rio Grande do Sul.

Para o desenvolvimento do estudo de caso múltiplo a que se refere à

pesquisa em andamento, importa destacar o conceito que Gil (2002) apresenta:

caso seria uma Unidade de “família ou qualquer outro grupo social, um pequeno

grupo, uma organização, um conjunto de relações, um papel social, um processo

social, uma comunidade, uma nação ou mesmo toda uma cultura”. (GIL, 2002,

p.138).

Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 62) esclarecem que a pesquisa de formato

estudo de caso necessariamente engloba um “determinado indivíduo, família, grupo

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ou comunidade que seja representativo de seu universo, para examinar aspectos

variados de sua vida”.

Yin (2001, p.32), por sua vez, defende que o estudo de caso é a investigação

de “um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real,

especificamente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão

claramente definidos”. Argumenta que a utilização do método estudo de caso é

necessária quando o problema de pesquisa envolve questionamentos do tipo “como”

e “por quê” e quando o pesquisador não tem controle sobre o fenômeno que está se

investigando. (YIN, 2001).

Por esses parâmetros, optou-se por classificar a investigação no campo do

estudo de caso múltiplo, na categoria método comparativo entre dois objetos a

serem estudados: Instituições de Ensino Superior em Moda (Unidade de Pesquisa 1)

localizadas na Grande Porto Alegre e empresas de moda vestuário situadas no

Estado do Rio Grande do Sul (Unidade de Pesquisa 2).

Yin (2001) defende que um estudo de caso que seja conduzido com mais de

uma Unidade de Pesquisa, envolvendo vários indivíduos ou organizações seja

considerado estudo de caso múltiplo. Considerando os conceitos expressos até o

momento, percebe-se a importância dos estudos de metodologia científica e

delineamento da pesquisa.

O estudo de caso múltiplo é, assim, uma estratégia de pesquisa quando o

problema envolve questionamentos do tipo “como” e “por quê” e quando o

pesquisador não tem controle sobre o fenômeno que está se investigando. Aborda

comparativamente “indivíduos, classes, fenômenos ou fatos”, objetivando “ressaltar

as diferenças e similaridades entre eles”. (GIL, 2008, p. 16). Considerando as duas

unidades de pesquisa e considerando, ainda, seu encaminhamento, este do estudo

tem como propósito detectar a disparidade entre os conteúdos ministrados nos

cursos Superiores em Moda e a adequabilidade de sua aplicação na prática das

empresas de vestuário no Estado do Rio Grande do Sul, referentes ao

desenvolvimento de coleção. Pelo viés que delineou este Quadro é possível conferir

a classificação do estudo como caso múltiplo, visto a possibilidade de ocorrerem

variáveis simultâneas, envolvendo vários indivíduos em várias organizações.

Portanto, embasado nas considerações dos teóricos acima, a pesquisa ficou

classificada como estudo de caso múltiplo, uma vez que se movimentará entre duas

unidades de pesquisa (acadêmica e industrial), tencionando comparar dados

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colhidos em ambos os contextos, na intenção de comprovar a adequação dos

conteúdos repassados pela academia para aplicação industrial.

O delineamento desta pesquisa levou consideração os cinco principais

elementos indicados por Marconi e Lakatos (1999): tipo de pesquisa, amostragem,

instrumentos utilizados na coleta de dados, procedimentos utilizados na coleta dos

dados e procedimentos para análise e interpretação dos dados. Importa ainda que,

além dos elementos mencionados por Marconi e Lakatos (1999), seja realizada a

apresentação esquemática dos procedimentos metodológicos, de forma a facilitar o

entendimento da execução da pesquisa.

2.1.1 Desenho da pesquisa

O desenho de pesquisa se refere à descrição pontual e esquemática dos

elementos a serem considerados a cada etapa do trabalho.

O desenho de pesquisa é um plano para coletar e analisar as evidências que possibilitarão ao investigador responder a quaisquer perguntas que tenha feito. O desenho de uma investigação toca em quase todos os aspectos de uma pesquisa, desde os detalhes minuciosos da coleta de dados até a seleção de técnicas de análise de dados. (RAGIN, 1994, p. 191, apud, FLICK, 2009, p. 57).

O estudo apresenta o “Desenho de Pesquisa” (Quadro 1) na intenção de

construir um pilar de sustentação, com o objetivo de oferecer clareza e entendimento

da metodologia utilizada na pesquisa.

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Quadro 1 - Desenho da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora.

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O desenho de pesquisa apresenta a problemática do presente estudo como

foco central, partido deste para a descrição das etapas. Deste modo, possibilita

clareza em relação os procedimentos adotados pelo estudo, mencionando em cada

fase da pesquisa os autores utilizados, assim como demonstrando o embasamento

teórico, a fim de cumprir as fases propostas.

2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos traçam o caminho percorrido pelo presente

estudo que, na fase inicial assume o caráter de pesquisa bibliográfica, na forma

descritiva e qualitativa. No segundo momento, a pesquisa adquire formato

documental, capturando o status de estudo de caso, conforme está abordado nos

próximos itens.

2.2.1 Pesquisa bibliográfica

O início do estudo se efetiva através de pesquisa bibliográfica prévia, que

tenciona obter dados essenciais que fundamentem teoricamente o assunto em

pauta, expondo as variáveis do tema em questão.

A pesquisa bibliográfica efetuada tem a intenção de conhecer e analisar

contribuições já desenvolvidas na área de metodologia projetual para o

desenvolvimento de coleção de moda no segmento de vestuário no Estado do Rio

Grande do Sul, assim como o ensino superior em moda relativo a Grande Porto

Alegre. Como base para a pesquisa bibliográfica, alguns autores das áreas de

Design e Moda foram priorizados, como Krippendorf (2006), Niemeyer (2000),

Bürdek (2006), Lipovetsky (2009), Treptow (2003), Montemezzo (2003), Pires

(2008), entre outros.

2.2.2 Pesquisa Documental

Marconi e Lakatos (2010) não se referem à pesquisa documental como

pesquisa bibliográfica. Há certos momentos em que se distancia um significado do

outro. Para ele, a fonte documental se refere a documentos oficiais (leis, decretos,

relatos históricos oficializados). Assim, para efeitos deste estudo, a pesquisa

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documental está tratada conforme Marconi e Lakatos (2010), a partir da coleta de

documentos, como as ementas e as bibliografias utilizadas nas disciplinas de projeto

de cada uma das Instituições de Ensino Superior selecionadas. Pretende-se

conseguir dados nesses documentos que forneçam informações relacionadas à

metodologia projetual para produto de moda, no sentido de que possam comprovar

os descompassos existentes entre a teoria e a prática no desenvolvimento de

coleção de moda.

Contato com responsáveis pelo desenvolvimento de coleção nas cinco (05)

empresas selecionadas foi tentado na intenção de compreender a metodologia

projetual utilizada, a fim de realizar comparação entre as metodologias utilizadas nas

disciplinas de projeto das quatro (04) Instituições de Ensino Superior. As entrevistas

foram desenvolvidas no período de Setembro a Novembro do ano de 2015, com

duração de uma hora para cada entrevistado, nas próprias empresas, localizadas

em regiões situadas no Estado do Rio Grande do Sul.

Algumas das fontes consideradas documentais, por possuírem formato

impresso como jornais, boletins e folhetos, também foram utilizados por este estudo

e, por serem entendidos como de domínio público, não mereceram classificação.

(GIL, 2002).

2.2.3 Estudo de caso múltiplo

Vale repetir que a classificação deste estudo como caso múltiplo se deve ao

fato de investigar o contexto de duas unidades de pesquisa (academia e indústria),

na intenção de comparar os dados coletados nestes dois campos.

A escolha das unidades de pesquisa e a amostra dos casos selecionados

para fornecerem os dados para análise no presente estudo recaiu em cinco (05)

empresas, sendo quatro (04) localizadas na Grande Porto Alegre e uma (01) em

Santa Cruz do Sul/RS e quatro (04) Instituições de Ensino Superior (IES), todas

localizadas em Porto Alegre e região metropolitana. A intenção é comparar a

metodologia de desenvolvimento das coleções ministradas nas disciplinas de projeto

das academias e as semelhanças e diferenças em pontos de aplicação do segmento

de vestuário industrial.

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A proposta que compõe este estudo permitirá ao pesquisador um

conhecimento sobre o tema do problema enunciado e sobre pesquisa científica,

paralelamente com o estudo em cinco (05) empresas reais, localizadas no Rio

Grande do Sul e as disciplinas de projeto de coleção das quatro (04) universidades

selecionadas, localizadas na Grande Porto Alegre.

2.3 MÉTODO DA COLETA DE DADOS

As evidências para o recolhimento de dados na condução do estudo de caso

múltiplo podem emergir de seis fontes distintas: “documentos, registros em arquivos,

entrevistas, observação direta, observação participante e artefatos físicos”, como foi

referido por Yin (2001, p. 105). O desenvolvimento da coleta de informações conta

com a utilização das fontes de evidências, a partir de documentos e entrevistas.

Portanto, o estudo proposto movimenta-se entre duas fontes para obtenção dos

dados.

Os entrevistados assumem o papel de responsáveis pelo desenvolvimento de

coleção nas empresas estudadas, que detêm informações sobre as metodologias

utilizadas. As entrevistas foram desenvolvidas na forma de contato pessoal entre o

pesquisador e cada um dos entrevistados, com roteiro de entrevista em

questionamento aberto, onde o entrevistado responde espontaneamente às

perguntas do pesquisador, podendo incluir novas questões, dependendo do caminho

percorrido pelas respostas. Segundo Yin (2001) esse tipo de entrevista aceita que o

pesquisador indague o entrevistado sobre fatos ou peça sua opinião sobre algum

evento.

As técnicas a serem utilizadas para esta obtenção de dados, através das

entrevistas realizadas com os responsáveis pelo desenvolvimento de coleção nas

cinco (05) empresas, foram desenvolvidas por meio de áudio e na forma escrita.

Assim, as entrevistas foram gravadas e, após, transcritas para o formato digital.

O segundo procedimento para coleta de dados se refere à obtenção de

ementas das academias, especificamente sobre as disciplinas de projeto de coleção

e da informação da referência bibliográfica utilizada para sua condução. Esses

documentos foram coletados dos sites das quatro (04) Instituições de Ensino

Superior (IES) selecionadas. Importa ressaltar que se trata de documentos de

caráter público e sua divulgação é obrigatória, segundo §1o e §2o do Art 32

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da Portaria Normativa nº 40 do Ministério de Educação e Cultura (MEC), de 12 de

dezembro de 20071.

As informações obtidas através das entrevistas fizeram parte do rol de dados

que, juntamente com as ementas do programa e da bibliografia utilizada nas

disciplinas de projeto de coleção das academias possibilitarão entender a

metodologia utilizada por essas entidades acadêmicas, conforme apresenta a

Quadro 2.

1 Art. 32. Após a autorização do curso, a instituição compromete-se a observar, no mínimo, o padrão de qualidade e as condições em que se deu a autorização, as quais serão verificadas por ocasião do reconhecimento e das renovações de reconhecimento. § 1o A instituição deverá afixar em local visível junto à Secretaria de alunos, as condições de oferta do curso, informando especificamente o seguinte: I. ato autorizativo expedido pelo MEC, com a data de publicação no Diário Oficial da União; II. dirigentes da instituição e coordenador de curso efetivamente em exercício; III. relação dos professores que integram o corpo docente do curso, com a respectiva formação, titulação e regime de trabalho; IV. matriz curricular do curso; V. resultados obtidos nas últimas avaliações realizadas pelo Ministério da Educação, quando houver; VI. valor corrente dos encargos financeiros a serem assumidos pelos alunos, incluindo mensalidades, taxas de matrícula e respectivos reajustes e todos os ônus incidentes sobre a atividade educacional. § 2o A instituição manterá em página eletrônica própria, e também na biblioteca, para consulta dos alunos ou interessados, registro oficial devidamente atualizado das informações referidas no § 1o, além dos seguintes elementos: I. projeto pedagógico do curso e componentes curriculares, sua duração, requisitos e critérios de avaliação; II. conjunto de normas que regem a vida acadêmica, incluídos o Estatuto ou Regimento que instruíram os pedidos de ato autorizativo junto ao MEC; III. descrição da biblioteca quanto ao seu acervo de livros e periódicos, relacionada à área do curso, política de atualização e informatização, área física disponível e formas de acesso e utilização; IV. descrição da infraestrutura física destinada ao curso, incluindo laboratórios, equipamentos instalados, infraestrutura de informática e redes de informação.

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Quadro 2 - Desenho do Método da Coleta de Dados

Fonte: Elaborado pela autora.

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Após a realização das entrevistas e a coleta das informações nas Instituições

de Ensino Superior é possível prosseguir no caminho do estudo proposto. Nos

próximos itens, apresentam-se as unidades de pesquisa e a seleção das amostras.

2.3.1 Unidades de pesquisa

Para efeitos do presente estudo, considera-se como Unidade 1 de pesquisa

as quatro (04) Instituições de Ensino Superior (IES) selecionadas, todas localizadas

na região da Grande Porto Alegre. Escolheu-se estudar essas quatro (04)

Instituições por serem consideradas pioneiras em cursos Superiores em Moda no

Rio Grande do Sul. Para fins deste estudo, as Instituições serão categorizadas de

U1, U2, U3 e U4, sem identificação das suas localidades.

A Unidade de Pesquisa 2 refere-se as cinco (05) empresas de vestuário

selecionadas. Todas localizadas no Rio Grande do Sul: uma (01) em Santa Cruz do

Sul, uma (01) em São Leopoldo, uma (01) em Novo Hamburgo e duas (02) em Porto

Alegre. Optou-se por investigar essas empresas tendo como motivos sua

localização, possuírem responsáveis pelo desenvolvimento de coleção graduados

em Moda nas unidades acadêmicas selecionadas e por conveniência de acesso.

Compondo a Unidade de Pesquisa 1, a primeira Instituição de Ensino

Superior, iniciou suas atividades em 1969 oferecendo cursos de ensino superior. No

final da década de 1980 e início de 1990, instituiu a escola de 2º Grau e 1º Grau.

Nesse período, a escola de 2º Grau abrigava cerca de 125 alunos e os cursos

superiores chegavam a 1.944 alunos. No ano de 1999 ocorreu seu credenciamento

no Ministério da Educação (MEC) como centro Universitário, possibilitando mais

agilidade em suas atividades, propiciando novos cursos e aumentando o número de

vagas ofertadas. Em 2009, a U1 completou 40 anos de existência. Hoje, além das

escolas de ensino médio, oferece 53 cursos de graduação, 6 cursos de

especialização e MBAs, 6 cursos de mestrado e 3 cursos de doutorado. A U1 foi a

primeira universidade do Rio Grande do Sul a oferecer Bacharelado em Moda,

objetivando formar profissionais competentes a identificar e decodificar

necessidades e desejos de diferentes públicos, transformando-os em produtos ou

conceitos.

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32

A segunda Instituição de Ensino Superior (U2) iniciou suas atividades no ano

de 1971, a partir da oferta de curso superior em Direito. Em 1976 inaugurou a

faculdade de Arquitetura e Urbanismo na cidade de Porto Alegre. Em 1992,

inaugurou a faculdade de Educação, Ciências e Letras. No ano de 2002, ocorreu a

transformação para Centro Universitário, juntamente com a criação do curso superior

em Design. Foi no ano de 2007 que a U2 inaugurou o curso em Bacharelado em

Moda, com o objetivo de formar profissionais qualificados a atuar na área da moda.

Em 2009 começou a oferecer o mestrado em Design e, em 2010, a IES fez aliança

com uma rede internacional de universidades. Hoje na cidade de Porto Alegre, a

academia oferece 35 cursos de graduação, 39 cursos de especialização e MBAs, 4

mestrados e 1 doutorado.

A terceira Instituição de Ensino Superior (U3) começou suas atividades em

1969. Com mais de 30 mil alunos, oferta cursos de graduação, pós-graduação e

extensão. Em sua história, já formou cerca de 72 mil profissionais, tendo em seu

Quadro docente mais de 950 professores, entre mestres e doutores. Oferta o curso

de Bacharelado em Moda, objetivando o saber e fazer moda a partir de parcerias

com empresas de moda da região e disciplinas de projeto.

Por fim, a quarta Instituição de Ensino Superior (U4) iniciou suas atividades

em curso superior em 1972. Na década de 1980, a U4 passou a ser considerada

como multicampi, passando a ofertar cursos em cidades fora do Rio Grande do Sul.

Atualmente, atende em 85 cidades, em 21 Estados do Brasil. Já formou cerca de

160 mil profissionais, tendo em seu Quadro docente mais de 70% de professores

mestres e doutores. Oferece também educação de nível infantil, fundamental, médio

e educação especial para surdos. A U4 oferece o curso Superior de Tecnologia na

área da Moda, com duração de 5 semestres. Objetiva formar profissionais focados

nos três principais segmentos do mercado: a criação, o desenvolvimento e a

comercialização.

As empresas de vestuário do Estado do Rio Grande do Sul compõem a

Unidade de Pesquisa 2. Para fins deste estudo, as empresas foram categorizadas

por letras.

A empresa A com localização na cidade de Novo Hamburgo/RS, está

presente no mercado de vestuário em couro há quatorze anos. Desenvolve coleções

para o público feminino. O processo de criação se origina através das pesquisas de

comportamento de mercado e a partir de suas consumidoras, além das viagens de

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33

pesquisa de tendência para Europa. O seu mix de produto2 gira em torno de

jaquetas, vestidos, calças, saias e acessórios como bolsas e carteiras. Todos os

produtos da empresa A são desenvolvidos em couros processados de forma

ecologicamente correta.

A empresa B está localizada em São Leopoldo/RS. A marca trabalha no

segmento feminino buscando o melhor das tendências de moda e comportamento

traduzindo o estilo da marca a cada estação. O mix de produto engloba, blusas,

saias, calças, blazer, vestidos, entre outros.

A empresa C se localiza na cidade de Santa Cruz do Sul/RS. Presente no

mercado de vestuário do segmento jeans há 47 anos, seus produtos são vendidos

em todo o Brasil, a partir de lojas multimarcas e exportação para a América do Sul e

Europa. A prioridade da marca é o conforto, resultado presente nos prêmios

conquistados durante esses anos, como a primeira indústria de confecção no país a

ser certificada com ISO 9001; prêmio destaque em Confecção Moda Jovem da

ABIT3 como uma das cinco melhores indústrias do segmento no país, entre outros

prêmios.

A empresa D está localizada em Porto Alegre. Atua no mercado de vestuário

masculino e feminino há 63 anos. Considera o segmento jeans como peças-chaves

da marca. Entretanto, o mix de produto expande-se para alfaiataria, malharia, roupas

para o dia-a-dia e para o trabalho. Acredita em uma moda descomplicada,

confortável e descontraída.

Por fim a empresa E, com localização em Porto Alegre, atua no mercado

infantil desde 1980. Hoje possui mais de 70 lojas espalhadas por 11 Estados

brasileiros.

2.3.2 Seleção da amostra

Tendo em vista que as Instituições de Ensino Superior forneceram dados a

partir de informações retiradas dos próprios sites, a seleção da amostra se refere

unicamente às empresas.

2 “Mix de produtos é o nome que se dá à variedade de produtos oferecidos por uma empresa”. (TREPTOW, 2003, p. 100). 3 Associação Brasileira de Indústria Têxtil.

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34

As entrevistas foram realizadas com os responsáveis pelo desenvolvimento

de coleção de moda de cada empresa convidada a participar do presente estudo,

resultando na seleção de cinco (05) entrevistados. A formação superior foi utilizada

como critério de inclusão para seleção da amostra. Automaticamente, os possíveis

candidatos a serem entrevistados, que não possuíam curso superior, foram barrados

pelo critério de exclusão da amostra.

2.4 ANÁLISE DE DADOS

De acordo com Yin (2001, p.131), “a análise de dados consiste em examinar,

categorizar, classificar em tabelas ou, do contrário, recombinar as evidências tendo

em vista proposições iniciais do estudo”. Yin (2011) sugere duas estratégias

analíticas gerais e quatro modelos para a condução da análise do estudo de caso.

Para esta análise, optou-se pelo desenvolvimento de uma estratégia analítica

geral baseada em preposições teóricas. Esta estratégia consiste em adotar as

proposições que determinaram o estudo de caso, guiando o investigador na seleção

dos dados, na organização do estudo e na definição das explanações alternativas.

(YIN, 2011).

Como método para a condução da análise de dados foi utilizado o modelo de

adequação ao padrão. Esse tipo de técnica, trabalha com a comparação dos

fundamentos empíricos da pesquisa, com outro padrão de base prognóstica. “Se os

padrões coincidirem, os resultados podem ajudar o estudo de caso a reforçar sua

validade interna” (YIN, 2001, p. 136).

A comparação foi realizada entre as metodologias projetuais para o

desenvolvimento de coleção de moda, utilizadas nas cinco (05) empresas de

vestuário selecionadas, frente ao que está proposto nas teorias das metodologias

projetuais utilizadas pelas quatro (04) academias, a partir da categorização dos

dados coletados. Após, foram construídas explanações, buscando a relações ou as

influências que essas teorias possuem sobre a metodologia praticada na indústria,

objetivando detectar descompassos existentes entre elas.

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35

2.5 ASPECTO ÉTICOS: Comitê de Ética em Pesquisa

Considerando que para a realização desta pesquisa é fundamental o

envolvimento com pessoas, seu processo de elaboração e desenvolvimento foi

submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), do Centro Universitário Ritter dos

Reis – UNIRITTER Laureate International Universities. O conjunto de documentos

necessários para o andamento desta pesquisa está composto por:

A. Autorização das empresas para o uso de dados;

B. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido;

C. Roteiro de entrevistas;

D. Parecer Consubstanciado.

Encontram-se em anexo a este trabalho o modelo de autorização para o uso

de dados; o modelo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; o modelo do

roteiro de entrevista realizada com os responsáveis pelo desenvolvimento de

coleção de cada empresa estudada; e o Parecer Consubstanciado do Comitê de

Ética em Pesquisa.

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36

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O bloco terceiro desta estrutura monográfica apresenta os fundamentos

teóricos que servem de base para a realização da pesquisa proposta. A metodologia

utilizada na elaboração deste capítulo desenha o estudo e os seus conteúdos da

seguinte maneira: inicialmente apresenta-se o Design de Moda contextualizado na

área profissional do Design; a seguir, conceitos de Vestuário e Moda serão

expostos, procurando delinear um breve histórico da moda, com a inclusão do

surgimento do profissional Designer de Moda; em seguimento, são tecidos

comentários comprobatórios sobre o início da formação de profissionais brasileiros

capacitados a trabalhar na indústria do vestuário e o atual momento do Mercado de

Moda; por fim, expõem-se metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção

de moda de diferentes teóricos da área de Design de Moda e um Quadro

comparativo entre eles.

3.1 DESIGN DE MODA

Vários são os questionamentos, entre pesquisadores da área de Design, para

o significado do termo design. A palavra “Design” provém do termo latino designare,

significando em português “designar” e “desenhar”, mantendo os dois significados na

língua inglesa. O significado do termo design depende do contexto no qual é

empregado, podendo significar “plano, projeto, intenção, processo” ou “esboço,

modelo, motivo, decoração, composição visual, estilo”. (BORJA DE MOZOTA, 2011,

p.15). O International Council Design of Societies of Industrial Design (ICSID, 2015)

define design como:

[...] uma atividade criativa cujo objetivo é estabelecer as qualidades multifacetadas de objetos, processos, serviços e seus sistemas em o ciclo de vida. Portanto, design é o fator central da humanização inovadora de tecnologias e o fator crucial de intercâmbio cultural e econômico. (ICSID, 2015).

Bürdek (2010, p. 225) considera design “[...] atividade, que é agregada a

conceitos de criatividade, fantasia cerebral, senso de invenção e de inovação técnica

e que por isso gera uma expectativa de o processo de design ser uma espécie de

ato cerebral”. Por outro caminho, Neumeier (2010), citando Simon (1981), afirma que

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design é uma mudança, onde “todo aquele que se lança ao design está

transformando situações existentes em situações preferidas” (SIMON, 1981, apud

NEUMEIER, 2010, p.32).

Até os anos 1980, o designer tinha que levar em conta no seu projeto, as

exigências práticas sobre o “contexto”. Consequentemente, são os contextos o tema

principal do design. “Quando a forma representa a solução para um problema de

design e o contexto define a forma, então a discussão sobre o design não abrange

apenas a forma, mas a Unidade da forma e do contexto”. (BÜRDEK, 2010, p. 225).

Corroborando com os pensamentos de Bürdek (2010), Krippendorff (2006)

contribui com o seguinte raciocínio:

A sensibilidade extraordinária dos designers para o que os artefatos significam para os outros, utilizadores, espectadores, críticos, senão para todas as culturas, sempre foi uma importante competência, mas raramente explicitamente reconhecida. Colocar significados no centro das considerações de design dará aos designers um enfoque único e um conhecimento que outras disciplinas não abordam (KRIPPENDORFF, 2006, p.48).

No início das atividades, o Design no Rio Grande do Sul era visto como a

expressão final de todas as etapas de um processo criativo, consequente de uma

iniciativa inovadora (BOZZETTI, 2002). Conforme a linha de evolução da atividade,

no entendimento de Krippendorff (2006), o designer não pode ser aceito apenas

como um projetista de artefatos, mas sim um instigador de mudanças sociais e

econômicas.

O campo de estudo sobre Design de Moda considera-se recente no Brasil.

Treptow (2003) define como Design de Moda o estudo dedicado à criação ou

elaboração de produtos para vestuário, calçados e acessórios. Campo que abrange

desde a fabricação de fibras e fios para o desenvolvimento de tecidos até a

comercialização do produto final.

A atuação do designer de moda no desenvolvimento de uma coleção decorre desde a sua elaboração, passando pelo desenvolvimento e acompanhamento da sua aplicação, ou seja, a produção do protótipo. Outra responsabilidade importante dos designers de moda, nos dias atuais, são as questões de sustentabilidade. Em alguns casos ele ainda é responsável pela gestão da produção, o que está diretamente ligado ao tamanho da empresa. (ANICET, 2009, p. 10)

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Não apenas os profissionais formados em Design de Moda trabalham nesse

circuito, mas também profissionais da área do marketing, da administração e da

engenharia de produção, complementando este espaço considerado multidisciplinar

(TREPTOW, 2003). Sorger e Udale (2009, p. 8) evidenciam a ideia de que “somos

atraídos à moda não só porque nos expressamos individualmente pelo modo como

nos vestimos, mas também porque ela é um método de expressão criativa através

do design”.

Anicet (2009) traz importante contribuição quando menciona as diferenças

entre o designer de moda e o estilista.

Na realidade, o criador de moda pode trabalhar tanto como estilista, como designer de moda. Como designer de moda, por exemplo, no momento em que concebe um produto com o objetivo de industrialização. Esta mesma pessoa pode, em outra ocasião, trabalhar como estilista na medida em que desenvolve uma peça exclusiva para uma cliente ou ainda uma peça com cunho mais artístico ou conceptual para um desfile. O mesmo criador pode assumir diversos papéis em situações diferentes. (ANICET, 2009, p. 12-13).

Corroborando com os pensamentos de Anicet (2009), Jones (2005) refere-se

ao profissional conhecido como designer de moda aquele que está no setor de

criação da empresa de vestuário, calçadista ou acessório. Exige-se desse

profissional o entendimento do complexo processo de confecção da empresa, que

engloba, inclusive, conhecimento sobre tecidos, materiais, silhuetas4, proporções,

bem como a percepção atenta às novidades da moda. Espera-se como

imprescindível que o profissional designer de moda conheça por completo o público-

alvo da empresa para que consiga traduzir as tendências de moda das estações ao

gosto de seus clientes. Exige-se que o designer de moda, para conseguir atender a

necessidade do seu público-alvo, realize pesquisas, estudos, experimentações,

inspirações e tenha a competência de traduzir as tendências culturais.

A palavra tendência significa uma ação ou força de algo em direção à outra

coisa (AURÉLIO, 2009). No universo em que a palavra tendência está incluída, a

Moda, lhe confere o significado a partir de duas variáveis: a temporalidade e a

massificação. Por temporalidade entende-se que a tendência de moda possui um

período limitado. Esse período inicia no lançamento por grupos considerado na

4 “A forma geral de uma roupa ou coleção reduzida a uma descrição geométrica ou alfanumérica”. (JONES, 2005, p. 217).

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moda como pioneiros de estilos5 ou divulgadores de tendência, até a total absorção

pelo mercado e naturalmente na massificação de consumo. (TREPTOW, 2003;

JONES, 2005).

No novo século a moda tem menos a ver com imitar o que os ricos usavam ou copiar os modelos originais dos desfiles, como ocorria no século passado. É mais provável que mudanças culturais dinâmicas criem as necessidades e os desejos do consumidor. (JONES, 2005, p. 51).

A divulgação das tendências de moda se torna cada vez mais acelerada,

devido ao rápido acesso à informação nos diversos dispositivos disponíveis no

mercado. Para obter informações sobre tendências de moda, atualmente existem

diferentes fontes como: Bureaux6 de tendências, revistas focadas na área da moda,

profissionais capacitados para analisar e captar tendências (chamados de Cool

Hunter), feiras de fibras, fios, tecidos e cores, entre outras fontes de enfoque. Isso

tornou mais fácil ao designer de moda entender o cenário desse mercado, facilitando

a busca por novidades com o propósito de lançar produtos coerentes com as

tendências do momento em sua coleção7, atendendo, assim, os desejos de seus

consumidores. (MATHARU, 2011).

Os pontos de vista sobre o que é Design e o que é Design de Moda são

variadas, porém, conforme autores citados acima, percebe-se semelhanças em suas

opiniões (Quadro 3).

5 Segundo o Dicionário Aurélio (2009), estilo indica a maneira de uso ou costume, uma forma de conduta e modos. 6 Palavra utilizada na área da moda com o significado de “agência” (DICIONÁRIO OXFORD, 2013, p.383). 7 Produtos que possuam entre si uma combinação de conceito, estética e harmonia, com apelo comercial, onde seu desenvolvimento e confecção tem o objetivo de atender uma determinada época do ano. (RECH, 2002).

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Quadro 3 – Pontos de vista sobre Design e Design de Moda

Fonte: elaborado pela autora.

O emprego dos conhecimentos do Design de Moda no mercado é

considerado de ampla aplicação na área de Moda. Fundamentado nessa afirmação,

o item 3.1.4 deste capítulo apresenta os possíveis setores e pré-requisitos que os

profissionais formados em Design de Moda necessitam para atuar no mercado de

trabalho, assim como as primeiras escolas a oferecerem esta formação superior no

Brasil. Na próxima secção apresentam-se as diferenças relacionadas aos conceitos

de vestuário e moda, buscando compreender seus significados e compreender o

contexto nos quais estão inseridos.

3.1.1 Vestuário e Moda

Tanto os estudos relacionados à moda como a indústria da moda mostram-se

em constante expansão. A popularização da moda vem aumentando desde o século

XVIII. Hoje, informações sobre moda são encontradas em diversas mídias como, por

exemplo, em revistas especialmente focadas no tema, programas de rádio e

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televisão que levam ao telespectador dicas de “como vestir-se bem” ou melhorar o

look de participantes de programas televisivos; jornais com colunas dedicadas ao

estilo de vida e conselhos sobre moda recheiam as mentes dos consumidores de

informações sobre essa matéria, além da internet, que possui inúmeros blogs8 e

sites a respeito do assunto. (SVENDSEN, 2010). Para dar seguimento a este

capítulo terceiro, indispensável a compreensão do conceito de vestuário e do

conceito de moda.

Historiadores acreditam que o vestuário surgiu no início da história humana,

informa Treptow (2003). Na pré-história, os homens cobriam-se com peles de

animais, com a intenção de proteger o corpo em situações climáticas e nas caçadas.

Essa forma de proteção utilizada, também lhes dificultava nas fugas de predadores.

Porém, permaneciam com elas, pois acreditavam que a vestimenta, atribuía a força

do animal que anteriormente fora caçado por eles. As primeiras civilizações, como

os assírios, babilônicos e egípcios possuíam crenças semelhantes sobre a força do

animal. Com o passar dos tempos, essas civilizações deixaram de usar peles de

animais sob o corpo, desenvolvendo vestimentas a partir do entrelaçamento de

fibras naturais.

Logo, o conceito de “vestuário” pode ser entendido como algo que tenha o

objetivo de proteger e cobrir o corpo. A determinação de um vestuário depende das

variáveis como clima, do meio e dos valores socioculturais. Tome-se, como exemplo,

os uniformes utilizados nas diversificadas práticas profissionais que têm como

finalidade a proteção das roupas usuais, do usuário e zelar pela privacidade,

servindo para identificar funcionários de determinada área de atividade, ao mesmo

tempo em que padroniza os indivíduos de certo local de trabalho ou estudo. Com o

passar do tempo, podem ocorrer algumas mudanças nesses uniformes, como cores,

tecidos e estilos, porém sua funcionalidade sempre será a mesma. (MATHARU,

2011).

Depreende-se uma relação essencial entre os significados das palavras moda

e vestuário, embora prevaleça o significado de vestuário ao tentar significar a

palavra moda. De acordo com Cobra (2007, p.9) “a raiz etimológica da palavra

moda, introduzida na língua italiana em torno de 1650, é derivada do latim mos, que

8 Segundo Gomes (2005) blog é uma página na internet sujeita a frequentes atualizações a partir de informações, normalmente de pequenas dimensões, podendo possuir imagens e textos, apresentadas em formato cronológico.

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significa uso, costume, hábito, tradição, boas maneiras, moralidade e, ainda, lei, tipo,

regra”.

Segundo Svendsen (2010), a origem da moda no vestuário ocorreu no final do

período medieval, provavelmente no começo do Renascimento. Na Antiguidade

grega e romana, não podemos considerar que houve a moda, devido à forma de

como se dava a escolha das roupas, não havia uma independência nessa escolha,

por mais que houvesse variação no estilo do vestuário.

Divergindo com os pensamentos de Svendsen (2010), Feghali e Dwyer (2010)

acreditam que a moda caminha juntamente com a evolução da humanidade a partir

de mudanças de costumes praticados pelos indivíduos para atender as

necessidades físicas especificas. Citam que a indústria têxtil teve sua origem na pré-

histórica no período Neolítico, entre 10000 a 5000 a.C.

Souza (1987) acredita que a moda não é algo universal e sim um fenômeno

decorrente de sociedades ou grupos específicos e de certas épocas. Corroborando

com os pensamentos de Svendsen (2010), afirma que:

De maneira geral, podemos dizer que os povos primitivos a desconhecem (talvez a grande significação religiosa e social atribuída à roupa e aos enfeites represente um empecilho às manifestações de mudança), que entre os gregos e romanos ela se limita a alguns setores, como a variação dos estilos de penteado, e que na Idade Média praticamente não existe. (SOUZA, 1987, p. 20).

De acordo com Lipovetsky (1991), o fenômeno da moda pode ser entendido

como um sistema da sociedade regido de acordo com as mudanças sazonais de

tendência que seguem o vestuário desde a antiguidade. Tem como objetivo central a

comunicação, a expressão e a representação de uma humanidade cheia de ideias,

valores e formas de vida.

A moda não é universal. Não é um fenômeno que exista em toda a parte e em todos os tempos. Suas raízes não estão nem na natureza humana nem em mecanismos de grupo em geral. Mas desde que surgiu pela primeira vez em uma sociedade, levou um número cada vez maior de outras sociedades e áreas sociais a seguirem sua lógica. (SVENDSEN, 2010, p.22).

Svendsen (2010), utilizando-se dos conhecimentos do escritor e filósofo

francês Roland Barthes (1983), elabora o conceito de moda como algo que se

renova a cada estação e: “Cada nova Moda é uma recusa a herdar, uma subversão

contra a opressão da Moda anterior” (BARTES, 1983, p. 273 apud SVENDSEN, 210,

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p. 25). Acrescenta seus conhecimentos ao do filósofo francês, mencionando que

“vista dessa maneira, a nova moda encerra uma emancipação, pois nos libera da

antiga”. E complementa o raciocínio, afirmando que grande parte dos teóricos da

moda destaca o “novo” como um atributo básico da moda. (SVENDSEN, 2010,

p.26).

Kant foi talvez o primeiro teórico de alguma estatura a enfatizar o novo como uma característica da moda. “A novidade torna a moda sedutora”. Enquanto filósofos anteriores haviam associado a moda à beleza, Kant enfatiza que ela não tem absolutamente nada a ver com esta, mas que, ao contrário, “degenera-se em algo fantástico e até detestável”, pois é uma questão mais de competição que de gosto. (SVENDSEN, 2010, p. 27-28).

Svendsen (2010) compara o teórico Kant a Charles Baudelaire no aspecto de

modernidade. Observa, inclusive, a crença de Kant de que a moda e a beleza são

indissociáveis.

Baudelaire descreve cada moda isolada como um sintoma de “um novo esforço, mais ou menos feliz, na direção da Beleza, um tipo de aproximação a um ideal pelo qual a inquieta mente humana sente uma fome constante e titilante”. (SVENDSEN, 2010, p. 28).

Treptow (2003) considera moda um fenômeno social caracterizado por três

aspectos: a temporalidade, a massificação e obsolescência. A moda é lançada e

disseminada entre o público-alvo específico, passa pelo estágio de aceitação como

um padrão ou um estilo, logo ocorre a massificação e finaliza na obsolescência da

mesma.

De acordo com Svendsen (2010), um objeto para ser considerado moda ou

“estar na moda”, precisa ser novo. A intenção da moda, em relação à atividade

produtiva, é a de criar uma celeridade cada vez maior para que o objeto que esteja

na moda, no momento, se torne supérfluo amanhã, abrindo espaço para que um

novo objeto apareça. De um ângulo paralelo, Souza (1987) considera moda como

um todo harmonioso, que auxilia na composição social, destacando a divisão de

classes e contribuindo no aspecto social a partir das necessidades dos indivíduos de

afirmação como membro de um determinado grupo.

Lipovetsky (2010) percebe que a moda conhecida atualmente como um

sistema de transformações sociais e culturais, de incessantes buscas por

transformações e constante procura por inovações de estilo, só pode ser

considerada e reconhecida a partir do final da Idade Média.

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A moda tem intenção de, enquanto atividade produtiva, lançar coleções,

normalmente, duas vezes ao ano nas estações primavera/verão e outono/inverno.

Diferentemente do vestuário, onde sua característica principal é a funcionalidade,

concentra-se na mudança permanente de estilo, materiais, cores e detalhes.

(MATHARU, 2011).

Svendsen (2010) menciona, como exemplo, o estilista Christian Dior, na

medida em que o considera um dos responsáveis por acelerar o ritmo da moda.

Após a Segunda Guerra Mundial, Dior ficou conhecido por ter introduzido o “New

Look”9 na sociedade, o qual abordava uma estética mais burguesa, utilizando

materiais nobres para construção das roupas. Nessa época, a moda era diferente da

de hoje. Apresentava-se em ciclos mais lentos. Porém, Dior surpreendeu as

pessoas, com suas novas criações apresentadas a cada estação do ano.

Importa esclarecer que a moda, enquanto produto a ser consumido, pode ter

diferentes significados em contexto que não consideram moda como atividade

produtiva. A moda como consumo, tem importância relevante na organização social

e na estrutura econômica, assim como na caracterização de gêneros e meios de

expressão cultural. (ALMEIDA, 2005).10 A moda, considerada transitória na busca

constante por originalidade, “[...] só é moda na medida em que é capaz de avançar”.

(SVENDSEN, 2010, p. 34).

A moda atual não é mais utilizada para desenvolver o mundo da contemporaneidade artística e estética, mas sim, para expandir um sistema comercial e financeiro; ao produzir arte e cultura ela, ao mesmo tempo, produz mercado e riqueza. O que significa que a moda não se delineia apenas como domínio do estilista e do designer, mas também, e sobre tudo, de grandes financistas e agentes da bolsa. (CALANCA, 2008, p. 130).

Com a finalidade de se perceber a variação do ponto de vista para definir o

termo moda a Quadro 4 foi elaborada com o intuito obter uma visão geral dos

conceitos mencionados acima.

9 Vestimenta apresentada por Christian Dior em 12 de fevereiro de 1947 que compunha sua coleção. Ficou conhecido por “New Look”, pois a redatora chefe da revista Harper’s Bazaar, estava presente no momento do desfile, onde exclamou a ele no final de sua apresentação: “Meu querido Christian, seus vestidos têm um ar de new look”. A imprensa a ouviu e colocou nos meios de comunicação na época, ficando conhecido como tal. (DIOR.COM/COUTURE, 2015). 10 WAJNMAN, Solange; ALMEIDA, Adilson José de (Orgs.).

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Quadro 4 - Definição do termo Moda

AUTOR (A) DEFINIÇÃO DO TERMO MODA

TREPTOW (2003) Fenômeno social regido de acordo com a temporalidade, a massificação e a obsolescência.

COBRA (2007) Derivada do latim mos, que significa uso, costume, hábito, tradição, boas maneiras, moralidade e, ainda, lei, tipo,

regra.

SOUZA (1987)

Fenômeno decorrente de sociedades ou grupos específicos e de certas épocas. Um todo harmonioso, a qual auxilia na composição social, destacando a divisão de classes e

contribuindo no aspecto social a partir das necessidades dos indivíduos de afirmação como membro de um determinado

grupo.

LIPOVETSKY (1991) Sistema da sociedade regido de acordo com as mudanças

sazonais de tendência que seguem o vestuário desde a

antiguidade

MATHARU (2011) Concentra-se na mudança permanente de estilo, materiais, cores e detalhes.

SVENDSEN (2010) A moda é considerada transitória na busca constante por

originalidade. Apenas considera-se como moda aquilo que é capaz de avançar.

Fonte: elaborado pela autora.

Nota-se que a moda e o vestuário se complementam, dados os conceitos dos

teóricos acima em suas definições. Porém, o vestuário foi, até séculos XIX e XX,

essencial e considerado elemento-chave para o nascimento da moda. Dessa

maneira, o tópico a seguir apresenta um breve histórico sobre a evolução do

profissional Designer de Moda e como eram praticadas as metodologias projetuais.

3.1.2 A evolução do profissional Designer de Moda

A profissão conhecida hoje, como estilista, ou designer de moda, não existia

até a metade do século XIX. A produção de roupas era desenvolvida por artesões,

que trabalhavam sob encomenda para seus clientes, que criavam e instruíam suas

próprias criações. Os artesões não eram reconhecidos como criador ou estilista por

desenvolver essas roupas. Eram caracterizados apenas como costureiros.

(TREPTOW, 2003).

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De acordo com Matharu (2011), o surgimento do profissional conhecido como

Designer de Moda teve início em 1858, com o costureiro Charles Frederick Worth,

considerado até hoje, o “pai da alta-costura”11. Worth nasceu em 1825 na cidade de

Lincolnshire, na Inglaterra. Possuía um grande conhecimento em vendas e tecidos,

adquiridos por ter trabalhado por algum tempo em fábricas de tecidos em Londres e

Paris. Durante esse tempo, conseguiu conhecimento necessário para compreender

os comportamentos dos tecidos diante da construção de roupas, adequando-os aos

perfis de seus clientes. Por isso, decidiu abrir seu próprio ateliê12 (figura 1) em Paris

no ano de 1858, dando início à profissão de Designer de Moda, gerando mudança

no sistema de moda.

Figura 1 - Salões do costureiro Jacques Worth (1907)

Fonte: Grumbach (2009, p. 20).

Vincent-Ricard (2008) acredita que esse foi o momento inicial de o costureiro

passar a ser visto com artista, em decorrência de suas confecções. As roupas

produzidas começam a ser consideradas como obras, remetendo a estilo e status.

Os ateliês de costura começam a ser idealizados como templos de criação.

Grumbach (2009) infere que Worth foi o primeiro costureiro a criar e

desenvolver modelos pensando em clientes potenciais, tendo como objetivo

apresentar a roupa a determinadas pessoas, em específico, e assim vender. Para

tanto, realizava a prova do modelo da roupa em outra mulher com biotipo

11 “Em francês, “haute couture”, designado a confecção de roupas de luxo e altíssima qualidade. Na França, um estilista ou uma empresa, só podem se denominar “alta costura se aprovados pelos rigorosos critérios da Fédération Française de la Couture”. (JONES, 2005, p.216). 12 “Um estúdio de Moda. Os ateliês parisienses são designados como flou (para confecção de vestidos) ou como tailleur (para alfaiataria de ternos e casacos)”. (JONES, 2010, p. 216).

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semelhante para que, na apresentação do modelo, caso a cliente se agradasse dele,

fossem necessários pequenos ajustes.

Foi também através do costureiro Worth que surgiu a profissão modelo

manequim. As mulheres que trabalhavam para Worth, provando e apresentando as

roupas às clientes potenciais, desfilavam os modelos na loja, despertando o

interesse de quem a frequentasse. A Maison13 de Worth, entre as outras que foram

inaugurando no decorrer desse período, começaram a organizar eventos com o

objetivo de apresentar os lançamentos das coleções, através de desfiles realizados

com as modelos de prova, o que é considerada outra mudança no sistema de moda

(TREPTOW, 2003).

O atendimento no ateliê de Worth era feito com hora marcada. As clientes

escolhiam suas roupas e, se necessário, eram ajustadas às suas medidas. Esse tipo

de atendimento exclusivo, criado por Worth, foi conhecido em toda a Europa. Nesse

período, o costureiro já possuía cerca de 1200 pessoas em sua equipe, desde

modelista e costureira, pertencendo ao setor prático da empresa, à parte comercial,

como vendedoras e modelos. (MATHARU, 2011).

Essa forma original de apresentar a moda promoveu uma notável visão e estética, alçando Worth da posição e mero costureiro à de estilista. Seguindo esse exemplo, diversas casas de alta-costura foram fundadas e uma nova indústria nasceu. Em 1868, Worth fundou a Chambre Syndicale de la Couture Parisienne. Esse órgão foi criado para regulamentar os padrões, a qualidade e as práticas das casas de alta-costura, e existe até hoje. (MATHARU, 2011, p. 21).

Após a queda do Segundo Império, fase em que outros profissionais se

destacaram por suas criações, Grumbach (2009) destaca três nomes como

essenciais na história do profissional de moda: Jacques Doucet, Paul Poiret e

Madeleine Vionnet.

Jacques Doucet, mencionado por Baudot (2008), nasceu em 1853 em família

de classe alta, que possuía comércio de lingerie em Paris. Considerado homem

elegante e discreto, almejou durante a sua vida vestir as mulheres mais requintadas

da sociedade. Sucessor de Worth, no final do século XIX Doucet teria transformado

o comércio de botões de luxo, das lingeries, das cambraias finas e das camisas

confeccionadas no ateliê que herdara de Worth. Doucet admirava tecidos leves,

13 A palavra é de origem francesa e significa Casa. Refere-se ao estabelecimento onde se produz e comercializa roupas do segmento de alta-costura. (SITE USEFASHION, 2015).

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vaporosos e translúcidos. Empregava em suas criações bordados de flores, pérolas

sobreposição e justaposição de cores que era possível devido à escolha de tecidos

transparentes. Uma de suas criações pode ser apreciada na ilustração (Figura 2) de

Jean Van Brock.

Da estação parisiense à vida nos castelos, uma mulher elegante troca de roupa pelo menos cinco vezes num mesmo dia. Obedecendo a imperativos que deixavam pouca margem para a iniciativa do costureiro, essas elegâncias, essencialmente destinadas a perpetuar um ideal social, excluem qualquer surpresa. É, assim, para as atrizes – são elas que usufruem de seus favores tanto no dia-a-dia como no palco – que o costureiro reserva suas criações mais originais. (BAUDOT, 2008, p. 38).

Figura 2 - Ilustração das criações de Jeanne Lanvin e Doucet –

da esquerda para direita (1916)

Fonte: Grumbach (2009, p.24).

Paul Poiret, antes de abrir sua própria casa de costura em 1904, relata

Grumbach (2009), trabalhou com os costureiros Doucet e Worth. Poiret modificou

alguns hábitos já estabelecidos anteriormente na alta-costura. Para ele não bastava

o costureiro entender profundamente de vestuário. Acreditava que a moda orientava

a sociedade e que não existia nenhuma área que trabalhasse com a estética em que

um costureiro não pudesse opinar. Foi Poiret quem introduziu, no campo da moda,

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os cosméticos, perfumes, maquiagens entre outros artigos relacionados à beleza. A

ele também se deve a diversificação das profissões no campo da moda (Figura 3).

Figura 3 - Perfume La Rose de Rosine e o costureiro Paul Poiret (1925)

Fonte: Grumbach (2009, p. 28).

Madeleine Vionnet trabalhou por cinco anos na Maison Jacques Doucet,

afirma Baudot (2008). Depois inaugurou seu próprio ateliê no ano de 1912, sendo

pioneira na forma de confeccionar seus vestidos, a partir da construção do modelo

diretamente sobre o manequim em escala miniatura (Figura 4) que, após o término

da peça era transferido para o tamanho real. Madeleine Vionnet caracterizou-se pelo

drapeado em seus vestidos e pelo corte no viés, o que proporcionava à roupa um

caimento mais fluido. Para atender à necessidade dos cortes de suas roupas,

Vionnet comprava tecidos leves como gabardine, cetim, crepe marroquino e

musseline e os encomendava com uma largura maior que o habitual.

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Figura 4 - Madeleine Vionnet, criadora do viés e seu manequim de madeira

Fonte: Grumbach (2009, p. 36).

O destaque da década de 1920 foi a estilista Gabrielle Bonheur Chanel,

ressalta Laver (1989). Conhecida como Coco Chanel, nasceu em 1883 em Saumur,

França. Iniciou sua carreira em 1910, em Deauville, trabalhando em uma loja de

chapéus. Considerada revolucionária em sua época, por se preocupar com o

conforto e a simplicidade das roupas femininas, utilizava para a confecção de seus

vestidos e os amplos cardigãs o tecido de jérsei, que era usado apenas na

fabricação de roupas íntimas (Figura 5). Foi Chanel que introduziu roupas femininas

com recortes masculinos no guarda-roupa da mulher, como o suéter sobre saias

lisas e a calça masculina para mulheres; as pérolas e bijuterias e o corte de cabelo

simétrico deixando a nuca à mostra. Chanel morreu aos 88 anos, porém sua Maison

continua ativa e com o mesmo estilo deixado pela estilista, com outro diretor, mas

com o mesmo poder criativo.

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Figura 5 - Vestido Chanel, abril de 1926

Fonte: Laver (1989, p. 235).

A vida pessoal de Chanel chamava a atenção, aumentando sua influência sobre a moda durante os anos pós-Primeira Guerra. Ela própria usava as roupas que havia adaptado de peças tradicionais masculinas: capas de chuvas com cintos, camisa simples de gola aberta, blazers, cardigãs, calças e boinas macias. Suas cores preferidas eram o cinza e o azul marinho, mas criou também a voga do bege. (CALLAN, 2007, p. 80).

Coco Chanel encontrou sua primeira concorrente com o sucesso de Elsa

Schiaparelli, duas mulheres de destaque a todos os movimentos artísticos da época.

Schiaparelli nasceu em 1890 em Roma, Itália. Abriu sua primeira loja em 1927 e em

1928 apresentou ao público sua primeira coleção (LAVER, 1989). As características

das roupas de Schiaparelli evidenciavam sofisticação, extravagância e

excentricidade extrema, salienta Callan (2007), conforme demonstra a Figura 6 em

sua famosa criação, o chapéu-sapato. Contratava artistas famosos para desenhar

seus tecidos, acessórios e bijuterias.

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A estilista, em 1933, lançou um tipo de manga conhecida como manga

pagode, que tinha o formato mais amplo nos ombros, sendo a silhueta utilizada até o

New Look de Dior em 1947. A estilista obteve um sucesso excelente. Sua Maison

possuía 26 salas e empregava cerca de 2 mil funcionários.

Figura 6 - Chapéu-Sapato de Schiaparelli, criado para Salvador Dalí

Fonte: Callan (2007, p. 286).

Christian Dior foi o estilista que marcou a década de 1940. Nasceu em 1905

em Normandia, na França. Dirigiu uma galeria de arte em Paris até 1935 e, após,

vendia croquis de moda para jornais da cidade. Trabalhou com alguns costureiros

famosos na época até abrir seu próprio ateliê em 1947, onde sua primeira coleção

recebeu o nome de “Linha Corola”, apelidada de New Look. (CALLAN, 2007).

Segundo Matharu (2011), o ano de lançamento da coleção New Look,

aconteceu apenas dois anos depois da Segunda Guerra Mundial, onde o

racionamento por materiais e seu aproveitamento máximo não foi preocupação,

impactando a indústria do vestuário, de certa forma. A característica da coleção era

cintura justa e saias volumosas (Figura 7), uma tendência que se expandiu no

mercado como um todo.

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Figura 7 - O tailleur “Bar”, de Christian Dior (1947)

Fonte: Callan (2007, p. 110).

De acordo com Baudot (2008), Cristobal Balenciaga nasceu em 1895, outro

nome exponencial da época. Iniciou sua carreira em 1916 abrindo seu próprio ateliê

aos 21 anos, em San Sebastián, Espanha. Após um longo tempo, em 1936,

Balenciaga instalou-se em Paris, onde ficou conhecido na cidade. Foi a partir de

1939 que o sucesso por suas invenções começou a ser conhecido em outras partes

do mundo os quais os críticos associavam à arquitetura. Nesse mesmo ano,

Balenciaga inventou a manga com recorte quadrado; em 1942 casaco alongado e

saia evasê; em 1946 o paletó-saco; em 1949 tailleur basco arredondado e assim por

diante. Balenciaga ficou conhecido por empregar em seus vestidos o efeito de

“pufe”, resultado de um drapeado localizado na parte das costas de saias (Figura 8).

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Figura 8 - Cristobal Balenciaga (Revista Harper’s Bazaar, julho 1939)

Fonte: Site, The Red List (2015).

O estilista desenhava, cortava e costurava suas peças com estilo simples e

equilibrado, utilizando normalmente cores mais vivas, e poucas vezes tons sombrios,

assegura Callan (2007). O estilista encerrou sua carreira em 1968, porém, sua

marca continua ativa.

Os anos 60 e 70 foram marcados pelos movimentos rebeldes tendo, em sua

maioria, participantes jovens contestando a diferenciação de classes que, com o uso

da moda, demonstravam seus pensamentos a respeito da conscientização da

futilidade. O movimento propiciou que surgisse uma nova moda, a moda dos

Hippies. (SILVA; VALENCIA, 2012).

Os estilistas comentados acima foram os percussores da profissão de moda

como é conhecida hoje. Importa destacar que muitos outros surgiram nas décadas

seguintes. Matharu (2011) acredita que o destaque que os estilistas como Dior,

Chanel e outros criadores obtiveram em suas épocas ocorreu devido aos seguintes

fatores: possuírem sensibilidade às mudanças culturais, compreenderem questões

relacionadas a políticas, olharem além do presente e participarem de debates

relacionados a gêneros. Por isso, alcançaram o sucesso contribuindo positivamente

a partir de suas invenções revolucionárias.

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Os designers de moda contemporâneos são considerados pelos seus

seguidores, como celebridades. Presentes nas mídias, favorecidos por desfiles

conceituais, trouxeram criações notáveis, anúncios em revistas, jornais e blogs de

moda, cheios de glamour e parcerias importantes, proporcionando aos designers

uma importância ímpar; hoje se tornam marcas, podendo demonstrar suas criações

à cultura moderna. (MATHARU, 2011).

Conforme Renfrew e Renfrew (2010), as buscas por inspirações para o

desenvolvimento das coleções originam-se em temas como sexualidade e

identidade, a história da moda, com suas vestimentas e trajes de época, política,

economia, cultura de diferentes países, entre outros. Os renomados designers não

somente ditam moda de vestuário e calçado, mas também de acessórios, penteados

e maquiagem. O objetivo principal desses profissionais é garantir a proximidade de

seus consumidores, seduzindo-os com suas criações, fazendo com que se tornem

parte complementar do ideal da moda.

Pensando na evolução da moda e do profissional designer de moda,

considerando os conhecimentos dos teóricos acima e sua importância na economia,

pode-se reconhecer que a moda foi decisiva na história mundial, pois através dela

abre-se o caminho para a modernidade. “Há na moda um traço vital da

modernidade: a abolição de tradições” Svendsen (2010, p. 25). O autor preceitua

que a moda também é irracional. Justifica esse pensamento, pois considera que a

moda depende da mudança pela mudança. Já a modernidade, “se vê como

constituída por mudanças que conduzem a uma autodeterminação cada vez mais

racional”. (SVENDSEN, 2010, p. 24).

Após esses breves registros sobre a evolução do profissional designer de

moda verifica-se que a metodologia projetual empregada nos primórdios do

desenvolvimento de coleção de moda era diferente do que se tem hoje. Essa

constatação é explanada no capítulo 3.2 - Desenvolvimento de Coleção de Moda. A

seguir, apresenta-se o entendimento de como funciona o sistema de mercado de

moda brasileiro.

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3.1.3 Contextualização do Mercado de Moda

O entendimento de como funciona o sistema de mercado de moda brasileiro e

mundial exige, em um primeiro momento, a busca por significados dos termos moda

e mercado – duas de suas principais definições. Os conceitos referentes ao termo

moda foram referidos no item 3.1.1 Vestuário X Moda, desta dissertação. Cabe

nesta fase definir o que seja mercado.

Kotler (2006) introduz a discussão, lançando critérios para determinação de

mercado: conjunto de compradores reais e potenciais de uma determinada oferta.

Compradores esses que formam grupos de diferentes tamanhos: Marketplace

(espaço físico do mercado) e Marketspace (espaço virtual do mercado, quando

existir).

Existem cinco tipos de mercados, segundo Kotler (2006): o mercado

consumidor, o mercado empresarial, o mercado global, o mercado governamental e

o mercado-alvo. Os mercados que interessam para a presente pesquisa são o

mercado consumidor e o mercado-alvo, definidos como aqueles que direcionam

seus objetivos a empresas que vendem para consumidores finais e empresas que

têm como foco de atuação, grupos de consumidores.

Por isso mesmo, espera-se que o estilista tenha determinado qual segmento

de mercado que a marca pretende alcançar, objetivando o alcance do sucesso de

uma coleção de moda ou no mercado de moda. Em outras palavras, é necessário

especificar o estilo que o público-alvo representará em sua coleção. (FEGHALI;

DWYER, 2010).

Como mencionado no item 3.2 - Desenvolvimento de Coleção de Moda -

nesta dissertação, o ciclo da moda ocorre semestralmente a partir de tendências

lançadas no mercado, como cores, texturas, silhuetas, tecidos entre outros. Quanto

maior a sintonia do profissional responsável pela criação, juntamente com sua

equipe com essas tendências e possíveis mudanças no comportamento de estilo e

consumo do seu público-alvo, maior probabilidade de sucesso e estabilidade no

mercado da moda. (JONES, 2005).

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O segredo é perceber as tendências globais do comércio com sensibilidade suficiente para entender em que ponto elas podem exercer influência sobre a moda. Os futuros líderes do mercado serão os que reconhecerem a importância do consumidor em todos os níveis da tomada de decisões, da adoção de avanços tecnológicos nas áreas da comunicação e do processamento de dados e da emergência de um mercado global realmente verdadeiro. (FEGHALI; DWYER, 2010, p.139).

A cada dia, os consumidores se tornam mais exigentes uma vez que se

encontram munidos de informações. Hoje, diferentemente do passado, são os

consumidores que comandam as empresas. Importa, nessa nova forma de

consumo, gerar experiências de consumo, não apenas gerar compras por

necessidade, mas acender necessidades latentes. Observando o contexto, Morace

(2012, p. 9) acentua: “O mundo das mercadorias e dos produtos deverá cada vez

mais se confrontar com um novo protagonista do mercado: o consumidor autor”.

Corroborando com os pensamentos de Morace (2012), Feghali e Dwyer (2010,

p.139) acreditam que “os consumidores de hoje exigem individualismo, imediatismo

e valor, assim como o farão os do futuro. Essas três características são os tópicos a

serem explorados nas estratégias tomadas pelas empresas”.

Com essa mudança no comportamento dos consumidores, nos últimos anos,

os empresários do varejo direcionam seus esforços a desenvolver um

relacionamento mais próximo com seus clientes. Hoje o consumidor busca por

conveniência, lazer, experiência e comodidade, pelo fato de que cada vez mais as

pessoas assumem cumulativos papéis na sociedade, tornando seu tempo escasso.

(FEGHALI; DWYER, 2010, p.139).

Feghali e Dwyer (2010) informam que o Brasil ficou conhecido

internacionalmente devido a inúmeros fatores. Da relação destacam três itens: a

modelo brasileira Gisele Bündchen que em 1999 foi avaliada pela revista Vogue

como a melhor modelo do momento; estilistas como Tufi Duek, Carlos Miele e

Alexandre Herchcovitch ficaram conhecidos internacionalmente por apresentarem

coleções sofisticadas de prêt-à-porter14; e, por fim, o reconhecimento da mídia

internacional da cidade de São Paulo/SP como a capital da moda na América Latina.

14 Expressão criada na França na década de 1950 para indicar roupa comprada pronta ou pronto para vestir. (CALLAN, 2007).

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A respeito de alguns questionamentos sobre o mercado de moda no Brasil,

Feghali e Dwyer (2010) abordam a seguinte questão: o Brasil está na moda? De

acordo com os autores, alguns profissionais da área da moda acreditam que não só

o Brasil está na moda, como a moda brasileira também está. Porém, o país ainda

não alcançou o seu auge. Empresários acreditam que, quando o país chegar ao seu

ápice de reconhecimento mundial em relação à moda, o Brasil vivenciará uma

expansão na economia, de forma que os extensos limites do mercado de moda

poderão ser largamente ultrapassados.

Como consequência, os empresários brasileiros creem que, quando isso

acontecer, resultará em aumento do turismo internacional ao Brasil, as exportações

aumentarão e os preços dos produtos de moda poderão subir até 30%. Isso já é

visto no exemplo da sandália de praia fabricada no Brasil, vendida para diferentes

classes sociais, por ser considerada confortável, bela, possuir um preço justo e

acessível e acompanhar sempre as tendências de moda. O mesmo produto é

vendido em Nova York, e em outras cidades internacionais, como artigo de luxo,

com o preço variando em até dez vezes mais que o praticado no Brasil. (FEGHALI;

DWYER, 2010).

Dessa forma, ficam enfatizados dois aspectos: que o mercado de moda é

uma área que possui relevância econômica no país e no mundo e que o mercado é

o ambiente social ou virtual propício para a troca de bens e serviços. Uma vez

esclarecidos os conceitos de moda e mercado, mostra-se adequado, neste

momento, iniciar a abordagem do mercado de moda no Brasil com um apanhado de

sua atual situação.

De acordo com Chataignier (2009) mesmo a indústria do vestuário estando

presente no dia a dia de todas as pessoas, algumas não conhecem seus números,

estatísticas e importância. A maioria da produção têxtil é direcionada ao segmento

de vestuário e aviamentos. Porém, outras áreas também fazem o uso dessa matéria-

prima para o desenvolvimento de seus produtos, como velas de barcos, bandeiras,

guarda-chuvas, calçados entre outros segmentos.

Em uma publicação sobre a expectativa do cenário de competitividade da

indústria têxtil e de confecção brasileira entre os anos de 2015 a 2018, a Associação

Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT, 2015) avalia o mercado têxtil como um dos mais

dinâmicos entre os mercados mundiais. Hoje a Ásia responde por 73% da produção

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total de artigos de vestuário, e o Brasil ocupa a quarta posição no mesmo segmento

e quinta posição em produtor têxtil.

Conforme a ABIT (2015) o Brasil produz desde as fibras para produção de

tecidos até a confecção de vestuário, possuindo a maior cadeia produtiva do

ocidente. Em média, o setor Têxtil e de Confecção brasileiro possui 100 mil

empresas, calculadas desde as de grande porte até as microempresas, sendo que

mais de 80% estão categorizadas no segmento de confecção. O setor emprega

cerca de 1,6 milhão de brasileiros, onde em 2014 o setor têxtil e de confecção

faturou US$ 55,4 bilhões. Em 2014 o Brasil produziu cerca de 1,5 toneladas de

algodão em pluma, 300 mil toneladas de fibras químicas e 9,2 bilhões de peças de

vestuário.

Segundo a ABIT (2015), o Brasil ocupa o segundo lugar na produção de

denim e o terceiro na produção de malhas. O país é referência mundial nos

segmentos de beachwear15, jeanswear16 e homewear17. O segmento que mais

cresceu nos últimos dez anos foi o de vestuário, cama, mesa e banho e o Brasil está

entre os oito maiores mercados do mundo nesses segmentos. Os dados divulgados

pela ABIT englobam a cadeia têxtil como um todo, incluindo empresas produtoras de

fibras naturais, artificiais, sintéticas, fiações, beneficiadas, tecelagens e confecções.

Os Estados Unidos da América e a Argentina são os países que mais

compram do Brasil. Os negócios entre Brasil e Argentina obtiveram queda nos

últimos 4 anos de 42%, devido às barreiras ao comércio impostas pelos argentinos e

aos múltiplos embargos criados à exportação dos produtos brasileiros para aquele

país. Em relação aos EUA, os negócios têm registrado elevação na balança

comercial no mesmo período. (ABIT, 2015).

A importância que a cadeia têxtil possui no sistema de produção é relevante.

Como dito, o Brasil possui essa cadeia completa, o que facilita o trânsito pelo

processo como um todo. O processo de desenvolvimento de tecidos para confecção,

de acordo com Jones (2005, p. 126) “[...] é dirigido para o mercado e as tendências

de moda atuais são o resultado final de um intenso trabalho de pesquisa e

desenvolvimento das indústrias químicas, de corante e pigmentos e de tecidos”.

15 Termo que provém da língua inglesa, referentes a peças de vestuário utilizadas na praia. SITE USEFASHION, 2015). 16 Peças do vestuário confeccionadas em jeans. (SITE USEFASHION, 2015). 17 Considera-se roupas confortáveis para ficar em casa. (SITE USEFASHION, 2015).

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60

Essas indústrias estão adiantadas no tempo, chegando a antecipar tendências em

até cinco anos antes da indústria da moda.

Segundo o Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI, 2015) em uma

notícia postada em março de 2015, o varejo de moda entre os anos de 2007 a 2012

obteve um crescimento referente a 44,4%, especificamente 8,88% por ano. Em 2012

chegou a marca em valores de R$47 bilhões.

O IEMI prevê um aumento no volume de vendas da indústria brasileira de

vestuário de 2,5% no ano de 2015. Essa porcentagem representa cerca de 6,7

bilhões de peças de vestuário no varejo. Referente à receita, acredita-se em um

aumento de 8,6%, resultando em R$199,7 bilhões. Comparado ao ano de 2014,

observa-se números um pouco diferentes: houve crescimento de 1,5 em volume de

vendas, e 6,7% na receita. No mercado calçadista, que também pertence ao

mercado de moda, a aposta é em crescimento de 1,1% no ano corrente. Referente a

exportações, o crescimento chega a 4,4% cerca de R$135,2 milhões. (IEMI, 2015).

O mercado brasileiro infantil, conforme o IEMI (2015), cresce a cada ano,

chegando em 1,5 bilhão de peças confeccionadas. Pensando no mercado geral

como um todo, o mercado infantil representa 16% de participação. Anos atrás, em

2013, as vendas alcançaram o valor de cerca de R$29,3 bilhões.

Considerando os conceitos analisados, percebe-se que o mercado de moda

contribui positivamente a economia do país. Segundo a ABIT (2015), a indústria

têxtil e de confecção existe acerca de 200 anos no Brasil. Responsável por

incentivar muitas outras indústrias, foi um dos fatores que incrementou a revolução

industrial no país. O mercado de moda é o segundo maior empregador e gerador do

primeiro emprego.

O que se espera dos profissionais da área de moda é que estejam atentos às

mudanças do mercado, focados em seu público-alvo, entendendo e identificando as

tendências do comércio e familiarizando-se com os avanços tecnológicos e, desse

modo, contribuir para o resultado positivo e sucesso da empresa. No entanto as

instituições de ensino que ofertam cursos relacionados ao Design de Moda,

considera-se recente no Brasil e vem crescendo a cada ano. O próximo tópico

aborda questões sobre o início do ensino superior em design de Moda nas escolas

brasileiras, assim como sua grade curricular e possíveis áreas profissionais incluso

neste campo.

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61

3.1.4 A formação de ensino superior em Design de Moda nas escolas brasileiras

A formação superior em Design no Brasil ocorreu no ano de 1963 com a

abertura da primeira Escola Superior de Desenho Industrial, a ESDI, situada na

cidade de Rio de Janeiro. Entretanto em 1950, Lina Bo Bardi e Giancarlo Pallanti já

tinham ofertado um curso de Design, que obteve duração de dois anos no Instituto

de Arte Contemporânea – Museu de Arte de São Paulo (IAC-MASP), ficando

conhecido nas áreas de Design e arquitetura moderna, devido às exposições e

eventos com pessoas importantes e consideradas nas áreas (COUTO, 2008).

Segundo Couto (2008) foi a partir de treinamento, observação e participação

em atividades concretas que se iniciou o aprendizado da área de Design no Brasil.

As atividades eram apresentadas por um mestre da área e observadas por oficiais e

principiantes.

O mais importante problema da ESDI – apesar de sua inegável contribuição ao desenvolvimento do design no Brasil – é o fato, de que ela não foi pensada como uma resposta às necessidades da indústria brasileira. A ESDI surgiu de um grupo de pessoas que naquela época tinha o poder de criá-la. Nos primeiros anos a ESDI permaneceu fechada em si mesma, isolada dos problemas importantes da indústria brasileira. Foram ensinadas teorias e teses de origem europeia, mas ninguém se perguntou sobre sua função para a sociedade brasileira (VENTURA, 1977, apud COUTO, 2008, p. 22).

O modelo pedagógico e metodológico seguido pela ESDI possuía influência

do modelo alemão. Tanto que o modelo pedagógico dos professores alemães era

seguido pelos professores os quais ministravam as disciplinas da ESDI em outras

escolas, como Max Bill e Tomás Maldonado vindo da Hochschule für Gestaltung –

HfG. (COUTO, 2008). Um dos professores convidados pela ESDI foi o estilista Pierre

Cardin, oportunizando aos alunos desenvolver projetos relacionados a vestuário e

têxtil. Entretanto, desde a criação da ESDI em 1963 até 1988, não havia nenhum

curso superior focado na formação de profissionais capacitados a projetar produtos

para confecção nacional. (PIRES, 2002).

Em relação ao ensino de Design de Moda, a primeira escola a oferecer cursos

nessa área surgiu em 1841, em Paris, conhecida como ESMOD18. A escola possui

parcerias com escolas internacionais e nacionais, incluindo instituições na cidade de

18 École supérieure des arts et techniques de la mode. (Escola Superior de Artes e Técnicas de Moda).

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São Paulo. No Brasil, porém, quem desejasse estudar ou aperfeiçoar seus

conhecimentos na área da moda, era obrigado a viajar para o exterior. Os dois

primeiros brasileiros a adquirir formação em Moda pela escola de Paris foram os

estilistas Rui Spohr em 1952, que hoje possui ateliê em Porto Alegre (RS) e José

Gayegos da cidade de São Paulo/SP, em 1971. (PIRES, 2002).

Inovador no mercado de moda no Rio Grande do Sul, Spohr resolveu apresentar um desfile de chapéus, o primeiro desfile de moda do Estado. Apesar da grande repercussão, sendo notícia nos diários locais, ele demorou em garantir uma clientela fixa e estabelecer o nome “Rui” no mercado local. Somente na década de 1960, seu nome destaca-se no cenário da moda gaúcha e brasileira, quando já trabalhava com vestuário feminino. (SCHNEIDER; SCHEMES; ARAUJO, 2009, p. 13).

Os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, no início da década

de 1980, perceberam uma carência no mercado por profissionais capacitados em

atividades relacionadas à área de moda. Os profissionais que assumiam as vagas

em empresas de confecção e têxtil, ou áreas afins, eram pessoas leigas e

autodidatas que se capacitaram, ao longo do tempo, com o exercício da profissão.

Os setores industriais, com apoio de algumas instituições de ensino, lançaram a

oferta dos primeiros cursos de moda no Brasil, limitados ao nível profissionalizante,

para então atender à demanda constatada. (PIRES, 2002).

Na cidade do Rio de Janeiro, em 1984, foi criado pelo Senai-Cetiq19 o primeiro

curso focado ao ensino de moda em nível técnico. (PIRES, 2002). Já o início da

oferta de cursos superiores em Design de Moda aconteceu no final da década de

1980, mais especificamente 24 anos após a abertura da ESDI, em 1987, na

faculdade Santa Marcelina, situada na cidade de São Paulo/SP. No ano de 1990,

mais duas faculdades começaram a oferecer cursos superiores em Design de Moda:

a Faculdade Anhambi-Morumbi e a Universidade Paulista, ambas localizadas na

cidade de São Paulo. (MARINHO, 2005).

Três importantes fatores favoreceram a abertura dos três cursos superiores

na cidade de São Paulo, em um tempo relativamente curto. O crescimento da

indústria têxtil constitui-se um primeiro fator de relevância para abertura de novas

empresas no Brasil e ampliou o setor de fiação e confecção, favorecendo seu

amadurecimento nos últimos 50 anos. Assim, foi necessário mão-de-obra qualificada

19 Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil.

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para lidar com a demanda do mercado e atender aos aspectos tecnológicos e

mercadológicos das empresas. (MARINHO, 2005).

Como exemplo do aquecimento da economia no país, Pires (2002) destaca o

Estado de Minas Gerias. Cerca de 200 empresas de confecção se achavam

instaladas nesse Estado em 1976. Depois de 10 anos, em 1986, esse número já não

era mais o mesmo. Minas Gerais contava com cerca de 4.000 empresas. O

crescimento nesse setor resultou na abertura de um curso de extensão em Estilismo

e Modelagem de Vestuário na Universidade Federal de Minas Gerais. (PIRES,

2002).

O segundo fator considerado importante por Marinho (2005) e um dos

causadores da abertura dos cursos superiores em Design de Moda na cidade de

São Paulo, diz respeito à construção de um mercado voltado aos bens simbólicos.

Situação que foi resultado da ampliação rápida da indústria cultural20 no Brasil. A

indústria cultural no Brasil teve sua formação iniciada nas décadas de 1940 e 1950,

com processo acelerado nas décadas seguintes, tendo em São Paulo e Rio de

Janeiro cidades consideradas influentes. Referente a esse processo da

industrialização da cultura, Marinho (2005) destaca:

A compreensão desse processo é crucial no sentido de que o amadurecimento dessa “indústria da consciência”, em suas diferentes manifestações, promove e instala necessidades culturais de grande apelo econômico. A moda é uma destas manifestações que opera elementos simbólicos envolvendo aspectos como individualidade, desejo, sedução, ao mesmo tempo em que movimenta uma estrutura econômica poderosa e diversificada, em termos industriais e comerciais. (MARINHO, 2005, p. 21).

O terceiro fator, não menos importante, Marinho (2005) focalizou no aumento

do ensino superior privado na década de 1980, que ofereceu meios para a variação

de áreas ofertadas nas escolas superiores. Outra mudança significativa dessa época

foi a mudança que muitas instituições de ensino obtiveram, transformando-se em

universidades.

Portanto, esses três fatores citados por Marinho (2005) são os responsáveis

pelo surgimento dos cursos superiores em Design de Moda, incialmente na cidade

20 Marinho (2005, p. 20) define indústria cultural como um “Conjunto de subsistemas sociais e econômicos responsáveis pela intensa produção e difusão de informações e valores, pela constituição de novos padrões estéticos, a partir do que considera um processo de industrialização da cultura”.

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de São Paulo e que, com o passar dos anos, vem aumentando em escolas

superiores e profissionalizantes de todo Brasil.

Devido à demanda de mercado, desde a oferta do primeiro curso focado a

ensino de moda, até os dias de hoje, constata-se que muitas escolas se organizam

para adicionar em seus currículos cursos relacionados ao Design de Moda. A

Universidade Anhembi-Morumbi sempre esteve atenta às demandas do mercado,

tanto que, em 1997, ofertou o primeiro curso no formato on-line. Esse curso

primeiramente foi denominado de Universo da Moda e tinha duração de três meses.

O público-alvo eram estudantes interessados a conhecer, identificar e pesquisar

tendências via internet. (PIRES, 2002).

Com o sucesso desse primeiro curso, em 1999 a Universidade Anhembi-

Morumbi ofertou o primeiro curso de Pós-graduação em Moda e Comunicação pela

Internet. A formação do Quadro docente contava com doutores, mestres,

especialistas e profissionais da área da moda que possuíam uma vivência

significante em empresas brasileiras e internacionais. Em formato on-line e duração

de 364 horas, no final o aluno recebia o diploma de especialista em Moda e

Comunicação. (PIRES, 2002).

Em 1998, na cidade de Fortaleza/CE, ocorreu o primeiro Encontro Nacional

de Coordenadores e Dirigentes de Cursos Superiores e Representantes de Classe

de Estilismo de Moda do Brasil, objetivando definir uma sugestão de diretrizes

curriculares dos cursos de graduação, a pedido do Ministério da Educação e Cultura

(MEC). Além da discussão sobre as grades curriculares dos cursos, outro tema

levantado à discussão foi a regulamentação da profissão. O encontro resultou na

conclusão de que a Faculdade Santa Marcelina e a Universidade Anhembi-Morumbi

desenvolviam propostas curriculares semelhantes à prática da indústria brasileira.

Em vista disso, decidiu-se que elas serviriam de suporte para a Proposta de

Diretrizes Curriculares dos Cursos Superiores de Moda a ser enviada e analisada

pelo MEC. (PIRES, 2002).

Embora os cursos direcionados à área de Design de Moda terem surgido em

1987, na Universidade Santa Marcelina, apenas em 2002 foram considerados pelo

MEC como conteúdo curricular específico para ser desenvolvido em cursos de

design. A partir desse momento, as instituições que ofertavam cursos superiores

focados na área de Moda, orientavam-se pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do

Curso de Graduação em Design, firmadas na Resolução CNE/CES nº05, de 8 de

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março de 2004. Com isso, os projetos pedagógicos criados anteriormente sofreram

ajustes conforme estabelecido pelo documento, para então serem consideradas

aptas no seguimento da oferta dos cursos na área da moda. (SOUSA; NEIRA,

BASTIAN, 2010).

Em relação à Educação Profissional de Nível Tecnológico, essa foi

homologada como ensino superior, no dia 18 de dezembro de 2002, concedido pelo

Presidente do Conselho Nacional José Carlos Almeida da Silva, segundo Art. 2º e 4º

conforme a Resolução CNE/CP321. Segundo o documento Referenciais Curriculares

Nacionais dos Cursos de Bacharelados e Licenciatura (2010, p.5)22, disponibilizado

pelo Ministério da Educação, define os cursos de Bacharelado como “[...] cursos

superiores generalistas, de formação científica e humanística, que conferem, ao

diplomado, competências em determinado campo do saber para o exercício de

atividade acadêmica, profissional ou cultura”.

Os cursos Superiores de Tecnologia são caracterizados como “[...]

graduações de formação especializada em área científicas e tecnológicas, que

21 Art. 2º Os cursos de educação profissional de nível tecnológico serão designados como cursos superiores de tecnologia e deverão: I - incentivar o desenvolvimento da capacidade empreendedora e da compreensão do processo tecnológico, em suas causas e efeitos; II - incentivar a produção e a inovação científico-tecnológica, e suas respectivas aplicações no mundo do trabalho; III - desenvolver competências profissionais tecnológicas, gerais e específicas, para a gestão de processos e a produção de bens e serviços; IV - propiciar a compreensão e a avaliação dos impactos sociais, econômicos e ambientais resultantes da produção, gestão e incorporação de novas tecnologias; V - promover a capacidade de continuar aprendendo e de acompanhar as mudanças nas condições de trabalho, bem como propiciar o prosseguimento de estudos em cursos de pós-graduação; VI - adotar a flexibilidade, a interdisciplinaridade, a contextualização e a atualização permanente dos cursos e seus currículos; VII - garantir a identidade do perfil profissional de conclusão de curso e da respectiva organização curricular. Art. 4º Os cursos superiores de tecnologia são cursos de graduação, com características especiais, e obedecerão às diretrizes contidas no Parecer CNE/CES 436/2001 e conduzirão à obtenção de diploma de tecnólogo. § 1º O histórico escolar que acompanha o diploma de graduação deverá incluir as competências profissionais definidas no perfil profissional de conclusão do respectivo curso. § 2º A carga horária mínima dos cursos superiores de tecnologia será acrescida do tempo destinado a estágio profissional supervisionado, quando requerido pela natureza da atividade profissional, bem como de eventual tempo reservado para trabalho de conclusão de curso. § 3º A carga horária e os planos de realização de estágio profissional supervisionado e de trabalho de conclusão de curso deverão ser especificados nos respectivos projetos pedagógicos. 22 [...] compõe uma das ações de sintonia da educação superior às demandas sociais e econômicas, sistematizando denominações e descritivos, identificando as efetivas formações de nível superior no Brasil. A cada perfil de formação, associa-se uma única denominação e vice-versa, firmando uma identidade para cada curso (Referenciais Curriculares Nacionais dos Cursos de Bacharelado e Licenciatura, 2010, p. 3).

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conferem, ao diplomado, competências para atuar em áreas profissionais

específicas”.

Refletindo sobre as diferenças desses dois níveis profissionalizantes, que

referem exigência comum ao diplomado, a titulação de formação em curso superior,

desenvolveu-se um painel explicativo, conforme Quadro 4, para melhor compressão.

Utilizou-se como base os documentos Catálogo Nacional de Cursos Superiores de

Tecnologia (2010)23 e Referenciais Curriculares Nacionais dos Cursos de

Bacharelados e Licenciatura (2010), ambos disponibilizados pelo Ministério da

Educação.

Quadro 5 - Diferenças entre cursos de Bacharelado em Design e Tecnólogo em Design de Moda

Fonte: Elaborado pela autora.

23 Documento disponibilizado pelo Ministério da Educação em cumprimento ao Decreto nº5.773/06, como “guia para referenciar estudantes, educadores, instituições ofertantes, sistemas e redes de ensino, entidades representativas de classes, empregadores e público em geral”. (CATÁLOGO NACIONAL DE CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA, 2010, p. 8).

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As diferenças entre os cursos de Bacharéis e Tecnólogo, demonstrado em

comparação no Quadro acima, fica evidente nas áreas de atuação e na carga

horária desenvolvida pelos referidos cursos. O diplomado no curso de Bacharel pode

atuar como pesquisador em IES, empresas e laboratórios de pesquisa cientifica e

tecnológica após cursar 2.400 horas de curso. Dentre as áreas de atuação encontra-

se o Design de Moda nos segmentos de joalheria, calçados e vestuário. O discente

formado no curso Tecnólogo atua especificamente na indústria da moda, após

cursar as 1600 horas exigidas.

Ainda que diversos Designers de Moda, conhecidos mundialmente e pioneiros

na profissão, não possuam formação em Ensino Superior em Moda, estes são

considerados exceções à regra. Atualmente, a maioria dos profissionais da área de

Moda, respeitados e conhecidos por seus trabalhos, são graduados e/ou pós-

graduados na área. (MATHARU, 2011).

De acordo com Jones (2005), a escolha por formação superior em Design de

Moda tem se tornado comum entre jovens. O setor de moda, sendo ele de vestuário,

acessórios, calçados, entre outros, oferece um número de empregos variado, desde

a área técnica e criativa, passando às áreas comerciais e de administração no

mercado da moda. Essa variedade de opções é vista também nas ofertas de cursos

do mundo todo. Entre faculdades, universidades e cursos técnicos, têm como

objetivo atender a demanda do mercado, ofertando cursos voltados às áreas

técnicas e administrativas em moda.

A ênfase nos cursos direcionados ao Design de Moda, são variados, devido a

abrangência de setores pertencentes a esta área. Algumas enfatizam o mercado de

moda, já outra procura o focar no estilismo, ou em aspectos técnicos como

modelagem e produção. (PIRES, 2002).

De acordo com Matharu (2011), o mercado de moda apresenta-se a cada dia

mais competitivo. Os cursos oferecem, além do conhecimento sobre a indústria da

moda, habilidades práticas para atender e suprir as necessidades das empresas,

encaminhando os profissionais para o alcance do sucesso desejado. Importa

ressaltar que o sucesso no campo da moda não diz respeito à fama e ao estrelato,

mas sim, à formação de profissionais capacitados para enfrentar e participar do

mercado da moda. A formação, ou diploma, oferece aos profissionais, ou futuros

empregados, uma comprovação verdadeira de sua capacidade e responsabilidade.

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Normalmente, os cursos superiores em Design de Moda oferecem uma grade

curricular sequencial. Isso quer dizer que, cada etapa e projeto realizado tem como

objetivo alcançar uma nova aptidão e experiência. O objetivo central é que o aluno

adquira sua independência, galgando a preparação pretendida para o último ano do

curso onde, normalmente, desenvolve sua coleção de modo independente, sentindo-

se capaz de exercer sua profissão no mercado de trabalho. (MATHARU, 2011).

Na fase inicial do curso superior em Design de Moda é apresentado ao aluno,

uma introdução à moda, subdividida em pesquisa e prática, composta pelas

disciplinas de modelagem, desenho e construção de peças reais. Nessa fase, o

aluno é exposto aos elementos de design que compreendem os conhecimentos de

silhueta, tecido, cor e proporção, com o propósito de relacionar estes elementos ao

Design de Moda. (MATHARU, 2011).

Os cursos de Bacharelados em Design de Moda são amplos e completos,

auxiliando ao aluno a resolver a sua área de preferência a especialização. A maior

parte desses cursos abrangem disciplinas relacionadas a projetos, onde

desenvolvem coleções, sendo elas de moda feminina, masculina ou infantil.

Disciplinas envolvendo história da moda e arte, estudos da cor e tecidos, e como

esta área é inserida em um contexto cultural, exercem um papel importante na

formação desses profissionais. (JONES, 2005).

Da metade do curso de Design de Moda para o final, os alunos normalmente

podem se sentir seguros e independentes. A ênfase empregada nessa etapa fica por

conta das áreas práticas da moda. A configuração dos projetos apresenta-se, em

geral, de forma complexa, o que proporciona aos alunos a exploração da área do

Design e pesquisa, resultando em trabalhos com embasamento teórico e autonomia.

(MATHARU, 2011).

Outra característica dos cursos de Design de Moda é o estágio na área de

especialização escolhida, oportunizando ao aluno o contato direto com a realidade

estudada e aprimorando a prática adquirida ao longo do curso. Após o término dos

estudos, o aluno graduado incluirá em seu currículo um portfólio24 profissional, onde

constarão os projetos realizados durante todo o curso, através do qual poderá

apresentar à indústria suas habilidades, seus projetos criativos, sua coerência e sua

reponsabilidade profissional. (FEGHALI; DWYER, 2010).

24 Jones (2005) considera Portfólio um arquivo que contenha todos os trabalhos realizados pelo estilista juntamente com suas publicações na imprensa.

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Conforme Matharu (2011) a mídia divulga que o número de egressos em

faculdades de moda aumenta com o passar do tempo. Com isso, aumenta o número

de formandos todos os semestres, porém o número é limitado de vagas ofertadas

pela indústria. Muitos desses alunos ao término do curso, decidem seguir carreira

autônoma, podendo trabalhar como freelancers25 para inúmeras empresas ou

desenvolver sua própria marca.

O mercado de moda oferecer uma variedade de empregos. Segundo Feghali

e Dwyer (2010) algumas opções são: modelista, designer de moda, profissional de

desenvolvimento de produto; executivo de marketing, engenheiro químico-têxtil,

assistente de vedas ou vendedor, comprador, consultor de estilo, entre outros.

A formação em moda não se baseia apenas em critérios estilísticos nas

construções de vestuário, calçados e acessórios. A moda vai além de beleza dos

produtos. Estudos empresarias e estratégias mercadologias, a busca e análise das

tendências sociais e culturais do momento e a competência para transformar esses

importantes fatores em um produto aparentemente belo e funcional, que desperte

uma necessidade latente no consumidor são fatores cruciais para quem decide

estudar e trabalhar como moda. (SORCINELLI, 2008).

[...] ainda há descompasso entre a realidade e a competência dada aos alunos que se formam nos cursos da área de design. Além disso, ainda prolifera uma polêmica entre as pessoas que consideram imprescindível a existência de cursos superiores de moda e aqueles que apenas questionam a qualidade e a necessidade. A discussão gira entre a pratica e a teoria e entre o conhecimento e o talento. (PIRES, 2002, p. 6).

Dados os conhecimentos dos teóricos acima, constata-se que um dos fatores

determinantes para a oferta de cursos superiores em Design de Moda resultou-se da

demanda do mercado. Em decorrência desta demanda de mercado, a indústria

solicitou, aos cursos técnicos e as academias, programas que proporcionassem

capacitação de profissionais condizentes com a necessidade exigida pelo mercado.

Ou seja, um profissional diferente do que a indústria vinha contratando, uma vez que

a situação demonstrava uma carência por profissionais capacitados a exercer uma

metodologia projetual adequada ao processo criativo e ao design. Era o momento de

contratar profissionais com os pré-requisitos necessários a atender essa demanda.

(PIRES, 2002).

25 Segundo o Dicionário Oxford (2013), o profissional que cumprir suas atividades no formato freelancer é aquele considerado autônomo.

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70

O próximo capítulo abordará estudos a respeito do desenvolvimento de

coleção, assim como metodologias projetuais existentes na área do design de moda,

selecionadas por suas notoriedades na área da moda.

3.2 DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE MODA

Como já mencionado no item 3.1.2 – A evolução do profissional Designer de

Moda, do capítulo terceiro desta dissertação, a coleção de moda surgiu com os

trabalhos de Charles Frederick Worth, em 1958. Neste momento é que as coleções

de moda assumiram a forma cíclica de atender o mercado como acontece até hoje,

definindo-se pelas coleções primavera/verão e outono/inverno.

De acordo com Treptow (2003), a diferença dessa época para a atual está no

processo de desenvolvimento da coleção. Os modelos eram criados de acordo com

a moda atual da época com o estilo do seu criador, não havendo, necessariamente,

uma Unidade visual na coleção. Com o passar dos anos, estilistas começaram a

apresentar suas coleções com suporte em inspirações temáticas, como Paul Poiret e

Elsa Schiaparelli, dando origem à Unidade visual na coleção, o que é visto até hoje.

Compreender o desenvolvimento de uma coleção de moda é primordial para

qualquer empresa entrar no mercado de moda. Uma coleção de moda pode ser

entendida como produtos que possuam entre si uma combinação de conceito,

estética e harmonia, com apelo comercial, onde seu desenvolvimento e confecção

tem o objetivo de atender necessidades contidas (ou serem satisfeitas – portanto,

sazonal) em uma determinada época do ano (RECH, 2002). Corroborando com esta

definição, Renfrew e Renfrew (2010) acredita que a coleção deve estar

fundamentada em uma inspiração temática, onde necessite estar interligada ao

público-alvo da marca e sua imagem. Coleção se estabelece como um “grupo de

roupas de qualidade com características comuns ou destinadas para uma estação

específica”, evidencia Jones (2005, p. 216).

Para desenvolver uma coleção de moda é necessário organização e

agilidade, visto que a indústria da moda trabalha de forma cíclica, com no mínimo

duas coleções anuais, sendo uma coleção para estações primavera/verão e outra

para estações outono/inverno, tendo seis meses de diferença. Dependendo do

porte, a empresa pode trabalhar com pequenas coleções entre os períodos das

principais citadas. Normalmente, pequenas empresas trabalham duas coleções

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anuais, enquanto que as empresas de grande porte produzem mais coleções

durante o ano (RENFREW; RENFREW, 2010).

Os designers são como aves caçadoras à procura de alvos. A moda move-se rapidamente em comparação a outras indústrias criativas e isso se reflete na pressão constante para lançar tendências a cada estação. Os designers precisam buscar constantemente novas inspirações para manter seu trabalho atual, contemporâneo e, acima de tudo, para se manterem motivados. (SORGER; UDALE, 2009, p. 16.)

Chama-se de pré-coleção de moda as produzidas em menor escala. Os

designers demonstram aos compradores o que está por vir e quais tendências serão

lançadas, antes de apresentar a coleção principal. Desenvolvem também uma

coleção denominada de comercial. A partir dessa são realizados os pedidos a serem

comercializados nas lojas. Normalmente, os varejistas de moda subdividem essas

coleções principais para garantir o despertar de interesse dos consumidores finais,

com o propósito de manter a loja com novidades (SORGER; UDALE, 2009).

Algumas empresas, buscando atender o mercado, desenvolvem coleções

com mais de 300 peças, utilizando como inspiração todos os temas que estão em

alta na estação. Por utilizarem vários temas, as peças não possuem a mesma

linguagem. Com isso, as empresas acabam trabalhando simultaneamente com

pequenas coleções. Na década de 1980 os cadernos de tendências apresentavam

em média quatro temas de inspiração, oportunizando que as empresas escolhessem

desenvolver quatro coleções ou uma dentro de um tema escolhido (TREPTOW,

2003).

Atendendo a esse conceito, no próximo item metodologias para

desenvolvimento de coleção de moda, estão focalizadas, no intuito de melhorar a

compreensão do processo de projetação de produto de moda, as metodologias

projetuais para desenvolvimento de coleção dos seguintes autores: Jones (2005),

Sorger e Udale (2009), Treptow (2003), Montemezzo (2003), Barcaro (2008) e

Renfrew e Renfrew (2010). Os motivos que fizeram com que a escolha recaísse

nesses teóricos ressaltam a notoriedade e renome que possuem na área da moda

no contexto do assunto.

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3.2.1 Metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de moda

Para desenvolver e ter sucesso em uma coleção dentro do mercado de moda,

é necessário traçar uma metodologia para atingir o objetivo. Segundo Rech (2002,

p.57).

Produtos resultantes de projetos de design têm um melhor desempenho que aqueles desenvolvidos por métodos empíricos e são obtidos em um curto espaço de tempo, considerando conceito e cliente como polos terminais do ciclo de desenvolvimento (RECH, 2002, p. 57).

O primeiro método projetual apresentado, baseia-se nos conhecimentos de

Jones (2005) que inicia pela etapa do Briefing26. Essa etapa indica as tarefas e os

objetivos do projeto a serem discutidos. Algumas condições descritas no briefing

precisam ser seguidas, como estação e ocasião; cliente; mercado-alvo; escolha de

tecidos e materiais; custeio; e gerenciamento do tempo. A próxima etapa é a

inspiração. Nessa etapa, o estilista busca em diferentes fontes, como museus,

galerias de artes, livros, revistas, entre outros, encontrar o tema de inspiração para

sua coleção (JONES, 2005).

A moda expressa o “espírito do tempo”, e, portanto, espelha as mudanças na sociedade. Para buscar inspiração o estilista precisa manter olhos e ouvidos abertos: frequentar lojas, clubes, cafés galerias; assistir shows e filmes; ler revistas, jornais e livros; ir a festas e ouvir músicas; e acima de tudo observar as pessoas e absorver as sutis mudanças estéticas que acontecem na sociedade. (JONES, 2005, p. 170).

Por fim, a última a etapa do método projetual sugerido por Jones (2005), a

apresentação, contempla os seguintes itens: caderno de croquis, recortes, painel de

criação, croquis e Storyboard27. Nessa etapa são apresentadas as peças prontas da

coleção (JONES, 2005). Sintetizando, o processo de desenvolvimento de coleção

proposto por Jones (2005) abrange as etapas Briefing, inspiração e apresentação,

conforme Quadro 6.

26 Segundo o dicionário Oxford (2013, p. 379), conceitua-se briefing da seguinte forma: “instruções ou informações essenciais”. 27 Para Jones (2005, p. 179) entende-se como Storyboards “séries de folhas ou Quadros que representam todo o histórico de suas soluções para o projeto proposto”. (JONES, 2005, p. 179).

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Quadro 6 - Metodologia projetual Jones (2005)

Fonte: Jones (2005), elaborado pela autora.

O segundo método selecionado para essa discussão, consiste da sugestão

dos autores Sorger e Udale (2009), que apresentam as etapas de forma simplificada

(Quadro 6). O ponto de partida desse processo é a pesquisa, buscando as

tendências em feiras e viagens, podendo também, dependendo do tamanho da

empresa, contatar com os compradores para saber quais peças obtiveram maior

saída em coleções anteriores. A etapa seguinte consiste nos esboços dos modelos

que serão desenvolvidos, e assim definir a coleção. Para cada peça é feito um

desenho especificado, indicado o tecido e os aviamentos necessários para sua

construção. Em seguida, desenvolvem-se os moldes, cortam-se os tecidos, e

constrói-se a peça piloto. Essas são avaliadas individualmente em relação à coleção

geral. A peça piloto pode ser alterada, se necessário, e finalizada com a confecção

da coleção. A última etapa dessa metodologia é o lançamento da coleção, quando

as confecções das peças, em conjunto, são apresentadas aos compradores e

imprensa. (SORGER; UDALE, 2009).

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Quadro 7 - Metodologia projetual Sorger e Udale (2009)

Fonte: Sorger e Udale (2009), elaborado pela autora.

A terceira metodologia proposta, a de Treptow (2003), sugere um método

mais detalhado. O primeiro passo se constitui da reunião de planejamento, que tem

como objetivo organizar a coleção como um todo. Essa etapa justifica-se pela

comunicação entre a equipe, que aborda assuntos como quantidade de peças a

serem elaboradas, mix de produtos28, tempo de execução e questões financeiras.

Em seguida, elabora-se o cronograma da coleção, definindo uma tabela com as

atividades e as datas previstas para as execuções. Nessa etapa, pode-se também

acrescentar o profissional responsável por cada tarefa, objetivando atender o prazo

de finalização da coleção (TREPTOW, 2003).

O cronograma de coleção deve ser montado de trás para a frente, ou seja, da data final para as anteriores. Não existe regra fixa para a elaboração de cronogramas, sus divisão dá-se conforme a conveniência de quem o utiliza, portanto, a divisão dos prazos por ser mensal, quinzenal, semanal ou mesmo por dia. A divisão semanal é das mais populares, e a divisão por dias presta-se às atividades que exigem rapidez de execução. (TREPTOW, 2003, p. 99).

28 O mix de produto é conhecido como a variedade de produtos ofertados por cada empresa. (TREPTOW, 2003).

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Finalizado o cronograma, a terceira etapa compreende o parâmetro da

coleção. Esse é subdividido em três partes: a primeira parte compreende o mix de

produtos, que define os produtos que serão oferecidos na coleção, como exemplo,

vestidos, blusas, saias, calças e casacos. Considera-se, nessa etapa, qual o mix de

produtos que a empresa está trabalhando. Para o caso de ser necessária uma

alteração relativa à inclusão ou exclusão de itens, incluirá a argumentação justificada

pelo profissional responsável. A segunda parte dessa etapa é o mix de moda,

subdividido em produtos básicos, fashion29 e vanguardas. Considera-se produtos

básicos aqueles avaliados como venda garantida e que possuem um apelo

funcional. Os produtos classificados fashion atendem às tendências que estão em

voga no momento, a partir dos modelos, texturas e estamparias. Uma boa parte da

coleção pertence a essa categoria. Por fim, os produtos apresentados como

vanguarda são vistos como os produtos “diferentes” da coleção, com apelo

conceitual a comercial. Para finalizar a etapa de parâmetro da coleção, desenvolve-

se a tabela de parâmetro. “A coleção deve distribuir a quantidade de peças que

serão produzidas de cada modelo (Mix de Produtos) entre as três categorias (Mix de

Moda)”. (TREPTOW, 2003, p. 103).

A etapa seguinte envolve a dimensão da coleção. Nela se define o tamanho

da coleção e quantas peças irá conter. Segundo Treptow (2003, p. 104)

“normalmente o mínimo de uma coleção gira em torno de 20 a 30 peças, e o máximo

em torno de 80”. O número indicado por Treptow (2003) não se estabelece como

regra fixa, podendo haver exceções. A quinta etapa dessa metodologia abrange a

pesquisa de tendências, que trabalha na busca por informações necessárias, como

materiais, texturas, cores, entre outras, para atribuir valor ao desenvolvimento da

coleção. Após, realiza-se o briefing de coleção. Treptow (2003) apoiado nos autores

Rigueiral (2002) e Pires (2003) define briefing da seguinte forma:

[...] interpretação das tendências de moda e mercado gerando uma fonte de inspiração para a equipe de criação. A leitura estética do briefing tem por objetivo comunicar aos envolvidos no processo quais conceitos irão nortear a coleção. Na linguagem dos profissionais de moda, representa qual a atmosfera, qual o espírito da coleção (TREPTOW, 2003, p. 109).

29 Segundo o Dicionário Oxford (2013, p. 465), Fashion significa moda.

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A etapa de inspiração sucede a fase anterior, fundamentando a escolha do

tema para desenvolver a coleção. Esse item depende do tamanho da empresa. Para

grandes empresas, ou seja, formadoras de opinião, aquelas que possuem um

público mais predisposto a aceitar grandes novidades, possuem capital necessário

para arriscar-se no lançamento de uma coleção com temática própria, ainda não

conhecida pelo mercado. Grande parte do mercado, porém, que é construído por

marcas menores, “depende da aceitação comercial de seus produtos e lidam com

um público que não está disposto a grandes radicalismos sem o respaldo de uma

marca conhecida” (TREPTOW, 2003, p. 110).

O passo seguinte, de acordo com Treptow (2003), envolve a elaboração da

cartela de cores, tendo uma relação direta com a temática escolhida para o processo

de desenvolvimento da coleção. Dependendo do tamanho da empresa, e de sua

segmentação no mercado, uma cartela pode possuir de 6 a 12 cores. Cada uma das

cores recebe um código de identificação, baseado no sistema PANTONE.

O sistema PANTONE de codificação de cores é adotado mundialmente e corresponde a uma codificação alfanumérica para cores em tecido ou em papel. Trata-se de um código de seis dígitos que identifica a posição da cor quanto a sua gama (dois primeiros dígitos), sua luminosidade ou quantidade de branco e preto (terceiro e quarto digito), e sua intensidade (dois últimos dígitos). (TREPTOW, 2003, p. 113).

Seguindo da seleção das cores, parte-se para a escolha dos tecidos. Os

tecidos são considerados a matéria-prima dos designers de moda. As roupas são

desenvolvidas a partir dos tecidos escolhidos. Para tanto, considera-se fundamental

o entendimento sobre as características dos tecidos, assim como seu caimento, o

toque e como ele irá se comportar na modelagem da roupa. Depois da escolha da

matéria-prima principal, o tecido, encaminha-se com a escolha dos aviamentos, “[...]

quanto a sua função, os aviamentos podem ser componentes ou decorativos; quanto

à visibilidade podem ser aparentes ou não aparentes” (TREPTOW, 2003, p. 130).

A etapa que compõe o desenho da roupa percorre as fases descritas acima,

iniciando pelos esboços, sendo esses considerados como gerações de alternativas,

onde o estilista não possui preocupação estética com o desenho. Após finalizar os

esboços, o designer escolhe os modelos mais adequados à coleção propriamente

dita e desenvolve os desenhos estilizados, conhecidos na área da moda como

croqui. Partindo do croqui, o estilista constrói os desenhos técnicos, entendido como

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desenho planificado, detalhado e especificado de cada peça da coleção, para

demonstrar ao setor de modelagem e pilotagem. (TREPTOW, 2003).

Seguindo as etapas, o próximo passo da metodologia de Treptow (2003) é

realizar uma reunião de definição da coleção, momento em que o designer

apresenta as etapas descritas anteriormente para a equipe responsável, incluindo o

financeiro para, assim, poder definir a viabilidade de cada uma das peças da

coleção. Decidido, os modelos serão encaminhados para o setor de modelagem,

para que sejam desenvolvidos os protótipos, geralmente confeccionados nos

tamanhos 40 e 42 ou P e M.

Segundo Treptow (2003) a modelagem pode ser realizada de duas formas: a

primeira é a partir da moulage, considerada uma técnica de modelagem

tridimensional diretamente sobre o manequim, onde o tecido é colocado e ajustado

conforme o desenho de moda; a segunda, por meio da modelagem plana ou

bidimensional, mais utilizada na indústria de vestuário e realizada em papel,

utilizando como suporte uma tabela de medida e cálculos geométricos.

Finalizado os protótipos, abre-se espaço para a penúltima etapa, em que é

reunida novamente a equipe para a aprovação das peças. Aprovando-se as peças,

segue ao setor de graduação, que elabora os moldes nos tamanhos necessários à

empresa e desenvolve a ficha técnica para, assim, finalizar na produção

(TREPTOW, 2003). Considera-se essa metodologia a mais detalhada entre as

estudadas no presente estudo, compreendendo 14 etapas (Quadro 8).

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Quadro 8 - Metodologia projetual Treptow (2003)

Fonte: Treptow (2003), elaborado pela autora.

A quarta metodologia selecionada para discussão consiste na proposta de

trabalho sugerida por Montemezzo (2003). Buscando aperfeiçoar uma estrutura

adequada para metodologia projetual para desenvolvimento de coleção em

formação acadêmica, usa como suporte estudiosos consagrados na área do Design,

como Baxter (1998) e Löbach (2001). Realizou pesquisa qualitativa no âmbito

acadêmico e propôs uma metodologia própria.

A fase inicial da metodologia proposta por Montemezzo (2003) parte da

preparação. Nessa fase, o designer de moda identifica a problemática a ser

solucionada, levando em conta as demandas de produtos de moda do momento e

partindo das tendências de comportamento do consumidor. Define as necessidades

a serem supridas, pesquisa tendências de consumo de moda, materiais e

tecnologias para tal consumidor. Por fim, define as etapas para alcançar a solução, a

partir da delimitação dos princípios funcionais e de estilo do produto.

(MONTEMEZZO, 2003).

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A segunda fase abrange a geração, onde se realiza esboços ou geração de

alternativas, estudo dos modelos para a solução do problema. Nessa fase é que se

desenvolve o “estudo de configuração dos materiais e tecnologias”.

(MONTEMEZZO, 2003, p. 88).

Chega o momento da avaliação, onde se avaliam as propostas geradas e,

procurando captar quais atendem melhor aos objetivos do projeto. A penúltima fase

compreende o momento de concretização, em que é realizado o detalhamento do

produto ou o seu desenho técnico; desenvolve-se o protótipo para experimentação;

avaliam-se os aspectos ergonômicos dos mesmos, como “caimento, conforto,

usabilidade, impacto ambiental e custo”; e realizam-se modificações necessárias e

desejadas. Por fim, a última fase - documentação para produção – oportunidade em

que se desenvolve a ficha-técnica das peças selecionadas, especificando seu

detalhamento para produção. (MONTEMEZZO, 2003, p. 88). Apresenta-se o

processo metodológico da autora no Quadro 9.

Quadro 9 - Metodologia projetual Montemezzo (2003)

Fonte: baseado em Montemezzo (2003), elaborado pela autora.

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A quinta metodologia selecionada é a de Andrea Barcaro (2008), que sugere

uma melhor forma para entender o complexo processo de uma empresa de moda,

dividindo-o em subprocessos, sendo o processo 1, considerado o portfólio das

coleções; o processo 2, a sistematização das coleções; e o processo 3, o

cronograma operacional, como mostra o Quadro 10.

Quadro 10 - Processos de uma empresa de moda por Barcaro (2008)

Fonte: com base em Barcaro (2008), elaborado pela autora.

No processo ocorrido no tempo 1, denominado Portfólio das Coleções, refere-

se a marcas que a empresa oferta ao mercado, variando a linha de produtos e

coleções. Esse processo é característico de empresas de grande porte que

trabalham com mais de uma marca, oferecendo ao mercado opções de coleções

variadas. Em empresas de pequeno porte ocorre o mesmo, porém com relação ao

acréscimo ou diminuição de produto referente à coleção ofertada ao mercado.

Ambas empresas, nesse processo, necessitam realizar análises como:

Definição de macroobjetivos empresariais; planos econômicos financeiros; análises de marketing; análise de dados históricos empresariais; e análise de trend30. Este processo pode ser sintetizado pelas etapas: Portfólio das coleções; estrutura da oferta ou número de marcas/coleções; e análise de apoio (BARCARO, 2008, p. 146).

No tempo 2, na etapa de Sistematização das Coleções, ocorre a definição da

microestrutura da coleção com sua variedade. “Trata-se de projetar a composição

dos produtos de uma coleção entendida como quantidade total de modelos

presentes em mostruários”. Nessa etapa, os tecidos e suas combinações de cores,

são analisados e apresentados na coleção. (BARCARO, 2008, p. 147).

Ainda no tempo 2, na etapa da definição do Cronograma Operacional é

realizada a organização das atividades e definidos os responsáveis por cada função, 30 Segundo o Dicionário Oxford (2013), a palavra trend significa tendência.

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respeitando a variável do tempo. Considerando que em todas as empresas dos

campos produtivos, o tempo é um elemento importante e decisivo, nas empresas do

segmento de moda não é permitido o atraso em questões como desfiles, feiras do

setor e entregas de mercadoria aos clientes. (BARCARO, 2008, p. 148).

De acordo com Barcaro (2008) o processo A pertencente a primeira etapa do

tempo três, engloba o Desenvolvimento das Coleções. Os profissionais

responsáveis por esta fase são os estilistas das empresas. Nessa etapa

desenvolvem-se os esboços e os croquis das coleções, juntamente com o modelista

responsável da empresa, para que a interpretação do desenho da peça aconteça

corretamente. Finaliza-se com os protótipos das criações, para então passar pela

aprovação e definir a coleção.

A segunda fase do tempo 3 pertence ao processo B, denominado de

Campanha de Vendas. A equipe de vendas também participa do desenvolvimento

de coleção, contribuindo com informações diretas do mercado ou, especificamente,

do público-alvo da empresa. Nessa fase, trabalha-se com o marketing da empresa e

com o controle da distribuição da coleção nos canais de venda, nos quais a empresa

se faz presente. (BARCARO, 2008).

A terceira etapa do tempo 3 compete ao processo C, Compra e produção.

Essa etapa ocorre duas vezes em uma mesma estação, ou seja, quatro vezes ao

ano, caso a empresa trabalhe com duas coleções. Portanto, o processo ocorre a

cada desenvolvimento de coleção. A primeira vez, na demonstração do mostruário

para os clientes, e após, na produção para entrega das coleções adquiridas por eles.

A compra tem como atividade abastecer a empresa de todos os materiais

necessários para o desenvolvimento da coleção. A produção encarrega-se de

produzir todas as peças necessárias para entregar a seus clientes. Esse setor de

compra e produção precisa executar tarefas em sintonia, visto que um depende do

outro para obter sucesso. (BARCARO, 2008).

Por fim, a última etapa da metodologia proposta por Barcaro (2008) refere-se

também ao tempo 3 da fase D, que corresponde à Entrega aos Clientes. Nessa

etapa, trabalha-se diretamente com o cliente. Observa-se que esse processo está se

tornando cada vez mais fator determinante para o sucesso de uma empresa, visto

que produzir um produto de qualidade constitui pré-requisito para competir no

mercado. Com isso, a entrega ou o atendimento ao cliente precisa ser eficiente nos

quesitos de entrega, prazos, pontualidades e qualidade.

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A última metodologia analisada foi a de Renfrew e Renfrew (2010) que,

inicialmente, esclarece os três aspectos necessários para atingir o sucesso

financeiro em uma empresa de moda: pesquisa, investigação e planejamento.

Acredita que empresas bem-sucedidas possuem produtos viáveis e com preços

justos, um público-alvo definido, e eficiência na entrega do produto.

A metodologia proposta por Renfrew e Renfrew (2010) segue nove (09)

etapas (figura 18), desde a inspiração para a coleção à entrega do produto ao cliente

final. Incialmente, a busca pela inspiração parte de uma pesquisa sobre a temática a

servir como suporte para a coleção. Essa pesquisa é apresentada a equipe que

trabalha juntamente com o estilista, como modelista, pilotista e financeiro,

formalizado por painéis contendo imagens, desenhos, formas, e materiais, uma

espécie de Briefing da coleção. Após a apresentação desenvolvem-se os protótipos

e provas, a fim de refazer e ajustar o que for necessário.

Com as peças da coleção definida, a segunda etapa é a organização

financeira a respeito dos pedidos de produção, juntamente com o estilista. Listam-se

todos os materiais necessários para o desenvolvimento de todas as peças da

coleção e organiza-se o tempo de produção e confecção, elaborando um

cronograma. A terceira etapa proposta na metodologia baseia-se no stylist para

apresentação final na passarela. (RENFREW; RENFREW, 2010).

A quarta etapa proposta abrange a reunião do estilista com o gerente

comercial e compradores do varejo, com o intuito de fechar pedidos e enviar para a

produção na fábrica. A quinta etapa, volta-se a reunir o estilista com o profissional

responsável pelo desfile, a fim de definir qual o local adequado para o desfile, a trilha

sonora, as modelos, a maquiagem, cabelos coerentes com a temática da coleção e

outros aspectos importantes para o dia da realização do evento. Na sexta etapa o

estilista se reúne com a imprensa e com o gerente comercial, com o objetivo de

definir a divulgação da apresentação da coleção ao público convidado e mídias

impressas e virtuais. Na sétima etapa reúne-se novamente o grupo da empresa e

imprensa para realizar a avaliação pós-desfile, efetivando possíveis pedidos das

peças recém-apresentadas para divulgação do evento nos editoriais dos veículos de

moda. (RENFREW; RENFREW, 2010).

A penúltima etapa o estilista e o gerente comercial realizam a última reunião

para revisar todos os pedidos e confirmar a produção na fábrica, cumprindo com os

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prazos de entrega aos clientes finais. A última etapa da metodologia proposta por

Renfrew e Renfrew (2010) baseia-se na organização da próxima coleção.

Quadro 11 - Metodologia projetual Renfrew e Renfrew (2010)

Fonte: elaborado pela autora, com base em Renfrew e Renfrew (2010).

Dentre as seis (06) metodologias estudadas, percebe-se que a proposta por

Renfrew e Renfrew (2010) abrange a parte comercial de uma coleção de moda. O

autor não especifica diretamente as etapas do planejamento da coleção, como se

pode observar nas metodologias anteriores, mas engloba a coleção como um todo.

Para acentuar a questão, o tópico a seguir apresenta um Quadro comparativo das

metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de moda, a fim de reforçar

o que foi apresentado acima.

Importa esclarecer que existem outras metodologias projetuais para

desenvolvimento de coleção, tanto nacionais quanto internacionais. No entanto,

optou-se por não incluí-las no foco deste estudo, uma vez que surge a suposição de

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que não utilizam das metodologias expostas na bibliografia empregadas pelas IES

selecionadas (Unidade de Pesquisa 1). Cabe ressaltar que caso as metodologias

projetuais não consideradas no presente trabalho forem citadas, no decorrer das

entrevistas com os responsáveis pelo desenvolvimento de coleção nas empresas

selecionadas (Unidade de Pesquisa 2), as mesmas serão inseridas, pela importância

que transparecerem.

3.2.2 Quadro comparativo entre metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de moda

Com o propósito de sintetizar e comparar os processos das metodologias

projetuais para desenvolvimento de coleção, referidas no capítulo anterior, elaborou-

se um Quadro seguido das seis (06) propostas de metodologias e seus respectivos

processos, conforme Quadro 11. Importa esclarecer que não é o objetivo destacar

ou definir uma metodologia projetual entre as apresentadas, como a melhor ou a

mais completa, e sim analisar para contribuir com coleta de dados que serão obtidos

futuramente nas entrevistas com as empresas selecionadas para estudo.

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Quadro 12 - Metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção

Fonte: Elaborado pela autora.

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Optou-se por verificar aspectos como detalhamento do processo

metodológico, relação entre as etapas e nível de abrangência do processo, a

respeito de processo de produção e comercialização de produto entre as

metodologias apresentas.

Comparando os aspectos referentes ao detalhamento das etapas, nota-se

que os processos condizentes aos autores Jones (2005), Barcaro (2008) e Sorger e

Udale (2009) apresentam-se de forma simples e objetivas. Já os processos de

Treptow (2003), Montemezzo (2003) e Renfrew e Renfrew (2010) mostram mais

detalhes nas especificações de cada etapa.

No aspecto referente à relação entre as etapas, constata-se que todos os

autores iniciam com uma forma de pesquisa, sendo a elaboração do Briefing,

pesquisa de tendência, resposta a uma problemática ou análise do portfólio de

coleção. Subentende-se que nos processos são realizadas as gerações de

alternativas, as definições das peças da coleção, os moldes, os protótipos e

produção para a comercialização, mesmo que não estejam explícitos. No entanto,

Treptow (2003) esclarece detalhadamente cada etapa.

Em relação ao nível de abrangência do processo metodológico, percebe-se

que apenas Barcaro (2008) e Renfrew e Renfrew (2010) preocupam-se em destacar

os processos comerciais da coleção, mencionando a entrega aos clientes e desfile

de apresentação da coleção ao público-alvo da empresa. Enquanto que os outros

autores atentam para os processos de fabricação da coleção, destacando a

inspiração para temática, passando por modelagem e protótipo da organização para

escala industrial.

Independente da metodologia projetual apresentada, acredita-se que todas

contribuirão positivamente com o processo de análise entre a teoria e prática no

desenvolvimento de coleção, respondendo, juntamente com a coleta de dados nas

empresas selecionadas, à problemática da presente pesquisa, definida da seguinte

forma: Como as metodologias projetuais aplicadas nas academias da Grande Porto

Alegre, nos cursos Superiores em Moda, que compõem as disciplinas de projeto,

contribuem para o desenvolvimento de coleção nas indústrias do vestuário no

Estado do Rio Grande do Sul?

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4 ESTUDO DE CASO MÚLTIPLO

Como referido na seção 2.1 - Delineamento da Pesquisa, este estudo teve

início por meio da pesquisa bibliográfica (e na variável documental de cada uma das

universidades investigadas), sob o método exploratório comparativo aplicado, a

partir da técnica descritiva de abordagem qualitativa, no procedimento de estudo de

caso múltiplo.

Desta forma, a pesquisa está alicerçada no objetivo de comprovar as

contribuições que as metodologias projetuais desenvolvidas nas academias da

Grande Porto Alegre, nos cursos Superiores em Moda e que compõem as

disciplinas de projeto, exercem no desenvolvimento de coleções nas indústrias do

vestuário no Estado do Rio Grande do Sul.

Na intenção de alcançar o objetivo proposto, foi eleito o procedimento do tipo

Estudo de Caso Múltiplo, tendo como fontes para a obtenção de dados a

investigação de duas unidades de pesquisa. Compreende a Unidade 1 de Pesquisa,

as quatro (04) Instituições de Ensino Superior selecionadas, todas localizadas em

Porto Alegre e Região Metropolitana; a Unidade 2 de Pesquisa refere-se as cinco

(05) empresas de moda vestuário localizadas no Rio Grande do Sul.

A pesquisa foi categorizada como Estudo de Caso Múltiplo, pelo fato de

explorar mais de uma Unidade de investigação, comparando os dados coletados em

ambos os campos com a teoria descrita na seção 3.2.1 - Metodologias projetuais

para desenvolvimento de coleção de moda. Esta última tem como suporte os

teóricos que discorrem sobre o assunto: Treptow (2003), Montemezzo (2003),

Sorger e Udale (2009), Jones (2005), Barcaro (2008) e Renfrew e Renfrew (2010).

Inicialmente, a amostra de pesquisa da Unidade 1 foi constituída pelas quatro

(04) Instituições de Ensino Superior, selecionadas por serem pioneiras nas ofertas

de cursos Superiores em Moda. No decorrer das entrevistas com os responsáveis

pelo desenvolvimento da coleção de moda das cinco (05) empresas estudadas

(Unidade de Pesquisa 2), constatou-se que alguns dos profissionais possuíam

formação em Instituições de Ensino Superior não selecionadas para o presente

estudo. Decidiu-se então convidar e acrescentar todas IES que ofertam cursos

Superiores em Moda na cidade de Porto Alegre e Região Metropolitana.

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O critério de seleção das IES (Unidade 1 de Pesquisa) passou a ser “todas as

academias que ofertam cursos Superior em Moda, em Porto Alegre e Região

Metropolitana”, sendo que as sete (07) Instituições existentes foram selecionadas.

O instrumento de coleta de dados da Unidade 1 de Pesquisa utilizou a análise

documental. Os documentos foram retirados dos sites das próprias IES, abrangendo

as ementas das disciplinas de Projeto de Moda e as bibliografias por elas referidas.

Vale ressaltar, novamente, que segundo os parágrafos 1o e 2o do Art 32 da Portaria

Normativa nº 40 do Ministério de Educação e Cultura (MEC), de 12 de dezembro de

2007, esses documentos são de caráter público e sua divulgação é obrigatória. No

entanto, a IES U3 e U7 foram desabilitadas da pesquisa, devido a empecilhos

alegados para acesso aos documentos que deveriam estar disponibilizados no site,

conforme a legislação vigente. Na U3 foi exigido o preenchimento de um formulário e

solicitado o envio de uma cópia da presente pesquisa para a academia. A U7 não se

dispôs a fornecer os documentos solicitados para a pesquisa. Pelos motivos

expostos, o presente estudo conta com cinco (05) Instituições de Ensino Superior

(Unidade 1) e cinco (05) empresas (Unidade 2), conforme mostra o Quadro 13.

Quadro 13 - Fontes de dados, instrumentos e amostra para o Estudo de Caso Múltiplo

Fonte: Elaborado pela autora.

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A coleta de dados na Unidade 2 de Pesquisa efetivou-se através de

questionários semiestruturados e aplicados aos responsáveis das cinco (05)

empresas de moda de vestuário selecionadas, que se supõe detenham as

informações sobre as metodologias projetuais utilizadas nas empresas. As

entrevistas foram realizadas na forma de contato pessoal entre o pesquisador e

cada um dos entrevistados, na forma de questionamento aberto. O roteiro da

entrevista, composto por 18 perguntas, encontra-se no apêndice C desta

dissertação. Segundo Yin (2001), esse tipo de entrevista permite ao pesquisador

incluir novas perguntas, dependendo do caminho percorrido pelas respostas. As

entrevistas, com a autorização dos questionados responsáveis pelo

desenvolvimento de coleção nas empresas estudadas, foram gravadas em formato

de áudio. Após, as gravações foram transcritas no formato digital.

Os dados coletados na Unidade 1 fundamentam a análise com o apoio da

técnica da Adequação ao Padrão. Como já mencionado, essa forma de análise tem

como objetivo comparar padrões empíricos descobertos no estudo com padrões de

base prognóstica, provenientes de teoria ou de outras evidências. Segundo Yin

(2001, p.136), “se os padrões coincidirem, os resultados podem ajudar o estudo de

caso a reforçar sua validade interna”. Assim, foi elaborado um padrão de

metodologia projetual para desenvolvimento de coleção de moda com base nos

autores propostos nas bibliografias básicas das cinco (05) IES estudadas (Unidade 1

de Pesquisa): Treptow (2003), Montemezzo (2003), Sorger e Udale (2009), Jones

(2005), Barcaro (2008) e Renfrew e Renfrew (2010), efetivando-se a comparação

desse padrão com as metodologias projetuais utilizadas para o desenvolvimento de

coleção, nas cinco (5) empresas de moda entrevistadas.

Ressalta-se que a opção por este formato de estudo buscou detectar a

disparidade entre os conteúdos ministrados nos cursos Superiores em Moda e a

adequabilidade de sua aplicação na prática das empresas de vestuário no Estado do

Rio Grande do Sul, referentes ao desenvolvimento de coleção. Ações desenvolvidas

neste sentido encontram-se apresentadas nas próximas seções.

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4.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS COLETADOS

Nesta seção estão apresentados os dados coletados nas duas unidades de

pesquisa. A exposição das informações colhidas nas Instituições de Ensino Superior

(Unidade 1 de Pesquisa) forma a parte inicial, por meio de Quadros e explanações

que referem as bibliografias e ementas dos cursos. Na seção seguinte estão

expressos aspectos relevantes mencionados nas entrevistas com os responsáveis

pelo desenvolvimento de coleção de moda vestuário das cinco (05) empresas

estudadas (Unidade 2 de pesquisa).

4.1.1 Documentos acadêmicos quanto às ementas e bibliografias

Como referido, a Unidade 1 de Pesquisa compreende as Instituições de

Ensino Superior localizadas em Porto Alegre e Região Metropolitana. Foram

convidadas sete (07) IES. Porém, pelos motivos descritos anteriormente, cinco (05)

das academias se mostraram aptas a integrar a Unidade 1 pelos critérios definidos

por este estudo. As IES U3 e U7 foram desconsideradas.

Para demonstrar os dados coletados a partir dos sites das Instituições,

escolheu-se não identificar suas localizações geográficas, assim como os títulos de

suas disciplinas, na intenção de preservar o anonimato das academias que fizeram

parte deste estudo. A designação indicativa das IES participantes, assim como as

titulações que oferecem em seus cursos de moda, constam do Quadro 14.

Quadro 14 - IES participantes

Fonte: Elaborado pela autora.

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As diferenças e particularidades de cada titulação, Bacharel ou Tecnólogo,

foram mencionas no item 3.1.4 - A formação de ensino superior em Design de Moda

nas Escolas Brasileiras, desta dissertação. Sublinha-se, no entanto, que ambos os

títulos são considerados de nível superior. Portanto, a elaboração dos Quadros

incluiu informações sobre duração por semestre; titulação (bacharel ou tecnólogo);

disciplina (semestre, carga horária e ementa); bibliografia (básica e complementar),

para cada uma das IES, identificadas como U1, U2, U4, U5 e U6. A informação

referente ao turno em que ocorre o curso foi desconsiderada, por ser irrelevante

para o presente estudo.

O destaque na cor cinza sinaliza as bibliografias complementares que,

embora não estejam enquadradas no foco do presente estudo, mantêm a devida

importância, ressaltada pela inclusão de alguns teóricos que foram estudados para a

análise das metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de moda, e

que se encontram somente nas bibliografias complementares.

A primeira IES apresentada é a U1. O curso de moda nesta Instituição de

Ensino Superior tem duração de 8 semestres, desenvolvendo-se na modalidade

presencial nos turnos manhã e noite. Ao concluir o curso, o discente recebe o

diploma de Bacharel em Moda. Na matriz curricular, retirada do site da U1, cinco

(05) foram consideradas disciplinas referentes à Projeto de Moda, identificadas por

seu título e por sua ementa, demostrado no Quadro 15.

Quadro 15 - Disciplinas – U1

(continua) IES DURAÇÃO DO CURSO TITULAÇÃO

U1 8 semestres Bacharel

DISCIPLINA 1 50h/a SEMESTRE 3º

EMENTA Não consta

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. [27. ed.]. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. 186 p. 2. PINHEIRO, Igor Reszka. Modelo Geral da Criatividade. Santa Catarina: Universidade Federal de Santa Catarina, 2012. 3. PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo Hamburgo, RS: Feevale, 2009.

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(continuação)

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. DE MASI, Domenico. Criatividade e grupos criativos. Rio de Janeiro, RJ: Sextante, 2005. v.2.

2. MONTEMEZZO, Maria Celeste de Fátima Sanches. Diretrizes metodológicas para o projeto de produtos de moda no âmbito acadêmico. São Paulo: Universidade Estadual Paulista, 2012.

3. NAKAO, Jum. A costura do invisível. São Paulo, SP: SENAC São Paulo, 2005.

4. PIRES, Dorotéia Baudy Pires (org.). Design de Moda: olhares diversos. São Paulo: Estação das Letras, 2008.

5. SEIVEWRIGHT, Simon. Pesquisa e design. Porto Alegre, RS: Bookman, 2009. (Fundamentos de design de moda; 01).

DISCIPLINA 2 50h/a SEMESTRE 4º

EMENTA A disciplina aborda a metodologia projetual de coleção aplicada à criação e execução de vestuário de moda, através da investigação científica.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo Hamburgo, RS: Feevale, 2009. 2. SILVEIRA, Icléia. Usabilidade do vestuário: fatores técnicos/funcionais. Florianópolis: Universidade do estado de Santa Catarina, 2008. 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda. Treptow, 2013.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. CALDAS, Dario. Observatório de Sinais: teoria e prática da pesquisa de tendências. 2 ed.Rio de Janeiro,RJ, Senac,2006. 2. DE MASI, Domenico. Criatividade e grupos criativos. Rio de Janeiro, RJ: Sextante, 2005. v.1 3. FRINGS, Gini Stephens. Moda: do conceito ao consumidor. 9. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2012. xxiii, 472 p. 4. MONTEMEZZO, Maria Celeste de Fátima Sanches. Diretrizes metodológicas para o projeto de produtos de moda no âmbito acadêmico. 5. SEIVEWRIGHT, Simon. Pesquisa e design. Porto Alegre, RS: Bookman, 2009. (Fundamentos de design de moda; 01).

DISCIPLINA 3 50h/a SEMESTRE 6º

EMENTA A disciplina propõe o planejamento, desenvolvimento e execução de produto de moda segundo metodologia de design, através da investigação científica.

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(continuação)

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. BAXTER, Mike. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. São Paulo, SP: Edgard Blücher, 2000. 2. MELLO, R. S. Análise do processo decisório dos Métodos de Design: A Base do processo criativo. Domínio Público, (2009). 3. MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo, SP: Martins Fontes, 2008. (Coleção A).

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. GOMES, Luiz Antonio Vidal de Negreiros. Criatividade: projeto, desenho, produto. Santa Maria, RS: SCHDs, 2004. 2. MONT'ALVÃO, Cláudia; DAMAZIO, Vera (Org.). Design ergonomia emoção. Rio de Janeiro, RJ: Mauad, 2012. 3. NAVALON, Eloize. Design de moda: interconexão metodológica. 2008. 4. SEIVEWRIGHT, Simon. Pesquisa e design. Porto Alegre, RS: Bookman, 2009. (Fundamentos de design de moda; 01). 5. TREPTOW, Doris. Inventando moda: planejamento de coleção. Brusque: Ed. do Autor, 2007.

DISCIPLINA 4 75h/a SEMESTRE 7º

EMENTA A disciplina propõe o aprofundamento do estudo sobre moda, através da investigação científica, para criação de coleção no segmento vestuário.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. São Paulo, SP: Pearson Prentice Hall, 2006. 2. MONTEIRO, Plínio Rafael Reis, VEIGA, Ricardo Teixeira e GONÇALVES, Carlos Alberto. Previsão de comportamentos de consumo usando a personalidade. RAE electron, 2009. 3. PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo Hamburgo, RS: Feevale, 2009.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. MEADOWS, Toby. Como montar & gerenciar uma marca de moda. Porto Alegre, RS: Bookman, 2010. 2. NASCIMENTO, Augusto; LAUTERBORN, Robert F. Os 4 Es de marketing ebranding: evolução de conceitos e contextos até a era da marca como ativo intangível. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2007. 3. PERLINGEIRO, Camila. 46 Livros de moda que você não pode deixar de ler. São Paulo, Memória Visual, 2007. 4. RECH, Sandra Regina. Estrutura da cadeia produtiva da moda. Florianópolis: Universidade do Estado de Santa Catarina, 2008. 5. SORGER, Richard; UDALE, Jenny. Fundamentos de design de moda. Porto Alegre, RS: Bookman, 2009.

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(conclusão)

DISCIPLINA 5 170h/a SEMESTRE 8º

EMENTA A disciplina propõe a aplicação da metodologia projetual de criação, execução, estratégia e apresentação de coleção de moda no segmento vestuário, com embasamento científico.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. JONES, Sue Jenkyn. Fashion design. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2005. 2. RIGUEIRAL, Carlota. Design e moda: como agregar valor e diferenciar sua confecção. [São Paulo, SP]: IPT, 2002. 3. TREPTOW, Doris. Inventando moda: planejamento de coleção. Brusque: Ed. do Autor, 2007.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1.HATADANI, Paula da Silva; MENEZES, Marizilda dos Santos O Desenho como Ferramenta Projetual no Design de Moda. Universidade Estadual de Londrina: Londrina, 2011. 2. HEINRICH, Daiane Pletsch. Modelagem e técnicas de interpretação para confecção industrial. Novo Hamburgo, RS: Feevale, 2007. 3. PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo Hamburgo, RS: Feevale, 2009. 4. RENFREW, Elinor; RENFREW, Colin. Desenvolvendo uma coleção. Porto Alegre, RS: Bookman, 2010. (Série fundamentos de design de moda; 4). 5. SEIVEWRIGHT, Simon. Pesquisa e design. Porto Alegre, RS: Bookman, 2009. (Fundamentos de design de moda; 01).

Fonte: Elaborado pela autora.

A disciplina 1, não constava a ementa da U1. No entanto, seu título não

deixou dúvidas sobre o assunto. A primeira disciplina de Projeto de Moda, ofertada

na U1, acontece no 3º semestre do curso, totalizando 50h/a de carga horária.

A disciplina 2 está prevista para o 4º semestre do curso, somando igualmente

50h/a. Objetiva, conforme descreve a ementa disponibilizada, a criação e execução

de vestuário de moda, através da investigação científica e estudo da metodologia

projetual de coleção. A bibliografia básica para essa disciplina indica os teóricos

Prodanov (2009), Silveira (2009) e Treptow (2013).

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A disciplina 3 tem previsão de ocorrer no 6º semestre do curso, no decorrer

de 50h/a. Propõe em sua ementa o planejamento, desenvolvimento e execução de

produto de moda segundo metodologia de design, através da investigação científica.

A bibliografia básica sugere os autores Baxter (2000), Mello (2009) e Munari (2008)

A previsão de ocorrência da disciplina 4 é no 7º semestre do curso,

perfazendo 75h/a. O foco dessa disciplina é o aprofundamento do estudo sobre

moda, através da investigação científica, para criação de coleção no segmento

vestuário, tendo como suporte os conhecimentos dos autores Kotler e Keller (2006),

Monteiro, Veiga e Gonçalves (2009) e Prodanov (2009).

Por fim, a última disciplina de Projeto de Moda, a disciplina 5, consta no

currículo para ser desenvolvida no 8º semestre e soma carga horária de 170h/a.

Como objetivo, a disciplina propõe a aplicação da metodologia projetual de criação,

execução, estratégia e apresentação de coleção de moda no segmento vestuário,

com embasamento científico. Na bibliografia básica constam os autores Jones

(2005), Rigueiral (2002) e Treptow (2007).

A próxima IES apresentada é a U2. O curso de Moda na U2 tem duração de 8

semestres, cursados presencialmente nos turnos manhã, tarde e noite. O discente

concluinte recebe o título de Bacharel em Moda. Pelos mesmos critérios (título da

disciplina e ementa) foram identificadas cinco (05) disciplinas relacionadas à Projeto

de Moda nessa Instituição de Ensino Superior, demonstrado no Quadro 16.

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Quadro 16 - Disciplinas – U2

(continua) IES DURAÇÃO DO CURSO TITULAÇÃO

U2 8 semestres Bacharel

DISCIPLINA 1 152h/a SEMESTRE 3º

EMENTA

Metodologia de projeto de produto aplicada ao design de moda. Teorias do processo criativo, métodos e técnicas aplicadas na conceituação e desenvolvimento do produto industrial. Prática de projeto de baixa complexidade sob orientação.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. BAUDOT, François. Moda do século. São Paulo: Cosac e Naify, 2000. 399 p. 2. JONES, Sue Jenkyn. Fashion design: manual do estilista. 1. ed. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2005. 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda – Planejamento de Coleções. São Paulo: Empório do Livro, 2003.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. BAUDOT, François. Christian Lacroix. São Paulo: Cosac e Naify, 2000. 80 p. (Coleção Universo da Moda). 2. BAUDOT, François. Elsa Schiaparelli. New York: Universe/Vendome, 1997. 79 p. 3. BAUDOT, François. Mode du sièle. Paris: Assouline, 1999. 399 p. 4. BAUDOT, François. Thierry Mugler. São Paulo: Cosac e Naify, 2000. 80 p. 5. BAUDOT, François. Yohji Yamamoto. São Paulo: Cosac & Naify, 2000. 80 p. 6. BERNSEN, Jens. Design: defina primeiro o problema. Florianópolis: SENAI/LBDI, 1995. 7. CASTRO, E.M. Introdução ao Desenho Têxtil. Lisboa: Editorial Presença, 1981. 8. LIDWELL, William; HOLDEN, Kritina; BUTLER, Jill. Universal Principles of Design. Gloucester (MA): Rockport, 2003. 9. MUNARI, Bruno. Como nacen los objetos? Apuntes para una metodologia proyectual. Barcelona: Gustavo Gili, 1997 10. SOZZANI, Franca. Dolce & Gabbana. São Paulo: Cosac & Naify, 1999. 80 p. 11. SPENGLER, Airton. Decifrando a moda: glossário. Sao Paulo: STS, 1993.

DISCIPLINA 2 152h/a SEMESTRE 4º

EMENTA

Desenvolvimento de projeto de acessórios, sob orientação: conceituação, desenvolvimento, detalhamento e modelagem tridimensional. Formulação de alternativas de soluções de projeto com detalhamento e especificações de fabricação.

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(continuação)

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. JONES, Sue Jenkyn. Fashion design: manual do estilista. 1. ed. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2005 2. TREPTOW, Doris. Inventando Moda – Planejamento de Coleções. São Paulo: Empório do Livro, 2003. 3. MEDEIROS, Lígia. Desenhística: a ciência da arte de projetar desenhando. Santa Maria: sCHDs, 2004.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. ANAIS DO P&D DESIGN 2002. 5º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. Rio de Janeiro: Associação de Ensino de Design do Brasil, 2002. 2. ANAIS DO P&D DESIGN 2004. 6º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. Rio de Janeiro: Associação de Ensino de Design do Brasil, 2004 (CD-ROM). 3. BERNSEN, Jens. Design: defina primeiro o problema. Florianópolis: SENAI/LBDI, 1995. 4. BONSIEPE, Gui. Teoría y práctica del diseño industrial: elementos para una manualística crítica. Barcelona: Gustavo Gili, 1978. 5. DREYFUSS, Henry. Designing for People. New York: Allworth Press, 2003. 6. FEGHALI, Marta. DWYER, Daniela. As Engrenagens da Moda. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2001. 7. GOMES, Luiz Vidal Negreiros. Criatividade: projeto, desenho, produto. Santa Maria: SCHDs, 2001. 8. KELLEY, Tom. A Arte da Inovação. São Paulo: Futura, 2002. 9. LIDWELL, William; HOLDEN, Kritina; BUTLER, Jill. Universal Principles of Design. Gloucester (MA): Rockport, 2003. 10. MUNARI, Bruno. Como nacen los objetos? Apuntes para una metodologia proyectual. Barcelona: Gustavo Gili, 1997 11.VIEIRA, Silvia & DISITZER, Márcia. A moda como ela é. São Paulo: Senac Editora, 2006. 12. VINCENT-RICARD, Françoise. As Espirais da Moda. São Paulo: Paz e Terra, 1989.

DISCIPLINA 3 152h/a SEMESTRE 5º

EMENTA Desenvolvimento de projeto de vestuário, sob orientação: conceituação, desenvolvimento, detalhamento e modelagem tridimensional. Formulação de alternativas de soluções de projeto com detalhamento e especificações de fabricação.

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(continuação)

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. JONES, Sue Jenkyn. Fashion design: manual do estilista. 1. ed. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2005 2. TREPTOW, Doris. Inventando Moda – Planejamento de Coleções. São Paulo: Empório do Livro, 2003. 3. MEDEIROS, Lígia. Desenhística: a ciência da arte de projetar desenhando. Santa Maria: sCHDs, 2004.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. ANAIS DO P&D DESIGN 2002. 5º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. Rio de Janeiro: Associação de Ensino de Design do Brasil, 2002. 2. ANAIS DO P&D DESIGN 2004. 6º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. Rio de Janeiro: Associação de Ensino de Design do Brasil, 2004 (CD-ROM). 3. BAXTER, Mike. Projeto de Produto. Edgar Blücher, São Paulo, 1998. 4. BONSIEPE, Gui. Teoría y práctica del diseño industrial: elementos para una manualística crítica. Barcelona: Gustavo Gili, 1978. 5. DREYFUSS, Henry. Designing for People. New York: Allworth Press, 2003. 6. FEGHALI, Marta. DWYER, Daniela. As Engrenagens da Moda. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2001. 7. GOMES, Luiz Vidal Negreiros. Criatividade: projeto, desenho, produto. Santa Maria: SCHDs, 2001. 8. KELLEY, Tom. A Arte da Inovação. São Paulo: Futura, 2002. 9. LIDWELL, William; HOLDEN, Kritina; BUTLER, Jill. Universal Principles of Design. Gloucester (MA): Rockport, 2003. 10. MANZINI, Ezio, VELOZZI, Carlo. O Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. 11. VIEIRA, Silvia & DISITZER, Márcia. A moda como ela é. São Paulo: Senac Editora, 2006. 12. VINCENT-RICARD, Françoise. As Espirais da Moda. São Paulo: Paz e Terra, 1989.

DISCIPLINA 4 152h/a SEMESTRE 6º

EMENTA

Desenvolvimento de projeto coleção de vestuário, sob orientação: conceituação, desenvolvimento, detalhamento e modelagem tridimensional. Formulação de alternativas de soluções de projeto com detalhamento e especificações de fabricação.

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(continuação)

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. JONES, Sue Jenkyn. Fashion design: manual do estilista. 1. ed. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2005 2. TREPTOW, Doris. Inventando Moda – Planejamento de Coleções. São Paulo: Empório do Livro, 2003. 3. MEDEIROS, Lígia. Desenhística: a ciência da arte de projetar desenhando. Santa Maria: sCHDs, 2004.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. ANAIS DO P&D DESIGN 2004. 6º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. Rio de Janeiro: Associação de Ensino de Design do Brasil, 2004 (CD-ROM). 2. BAXTER, Mike. Projeto de Produto. Edgar Blücher, São Paulo, 1998. 3. BERNSEN, Jens. Design: defina primeiro o problema. Florianópolis: SENAI/LBDI, 1995. 4. BONSIEPE, Gui. Teoría y práctica del diseño industrial: elementos para una manualística crítica. Barcelona: Gustavo Gili, 1978. 5. DREYFUSS, Henry. Designing for People. New York: Allworth Press, 2003. 6. FEGHALI, Marta. DWYER, Daniela. As Engrenagens da Moda. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2001. 7. GOMES, Luiz Vidal Negreiros. Criatividade: projeto, desenho, produto. Santa Maria: SCHDs, 2001. 8. KELLEY, Tom. A Arte da Inovação. São Paulo: Futura, 2002. 9. LIDWELL, William; HOLDEN, Kritina; BUTLER, Jill. Universal Principles of Design. Gloucester (MA): Rockport, 2003. 10. MANZINI, Ezio, VELOZZI, Carlo. O Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. 11. VIEIRA, Silvia & DISITZER, Márcia. A moda como ela é. São Paulo: Senac Editora, 2006. 12. VINCENT-RICARD, Françoise. As Espirais da Moda. São Paulo: Paz e Terra, 1989.

DISCIPLINA 5 152h/a SEMESTRE 7º

EMENTA

Desenvolvimento de projeto coleção de calçados, sob orientação: conceituação, desenvolvimento, detalhamento e modelagem tridimensional. Formulação de alternativas de soluções de projeto com detalhamento e especificações de fabricação.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. O'KEEFFE, Linda. Zapatos: un tributo a las sandalias, botas, zapatillas. Koln: Könemann, 1997. 2. JONES, Sue Jenkyn. Fashion design: manual do estilista. 1. ed. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2005 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda – Planejamento de Coleções. São Paulo: Empório do Livro, 2003.

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(conclusão)

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. BARROS, Fernando de (org.). Sapatos: Crônica de um Tempo – 1900 – 1991. Franca: Feira Nacional de Sapatos e Artefatos, 1991. 2. BAXTER, Mike. Projeto de Produto. Edgar Blücher, São Paulo, 1998. 3. BONSIEPE, Gui. Teoría y práctica del diseño industrial: elementos para una manualística crítica. Barcelona: Gustavo Gili, 1978. 4. FEGHALI, Marta. DWYER, Daniela. As Engrenagens da Moda. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2001. 5. GOMES, Luiz Vidal Negreiros. Criatividade: projeto, desenho, produto. Santa Maria: SCHDs, 2001. 6. LIDWELL, William; HOLDEN, Kritina; BUTLER, Jill. Universal Principles of Design. Gloucester (MA): Rockport, 2003. 7. MANZINI, Ezio, VELOZZI, Carlo. O Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. 8. MEDEIROS, Lígia. Desenhística: a ciência da arte de projetar desenhando. Santa Maria: sCHDs, 2004. ROSSI, William A., The Complete Footwear Dictionary Krieger Publishing, 2000. 9.SERVIÇO Nacional de Aprendizagem Industrial.Tendências em calçados e artefatos: outono - inverno 2006. Novo Hamburgo: Senai, 2005. 84 p. (Coleção Tendências em Design). 10. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.Tendências: calçados e artefatos primavera-verão 2006/2007. Novo Hamburgo: Centro Tecnológico do Calçado SENAI, 2006. 94 p.(Coleção Tendências em Design). 11. SMITH, Desire. Fashion Footwear: 1800-1970. Schiffer Pub Ltd, 2000. 12. THÖN, Ida Helena. Guia de design do calçado brasileiro: agregando valor ao calçado. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, c2003. 178 p. VASS, László; MOLNÁR, Magda. Zapatos de caballero hechos a mano. Barcelona: Könemann, 1999. 13. VIEIRA, Silvia & DISITZER, Márcia. A moda como ela é. São Paulo: Senac Editora, 2006. 14.VINCENT-RICARD, Françoise. As Espirais da Moda. São Paulo: Paz e Terra, 1989. 15. VOGUE Chaussures. Milano: Pancaldi, 2000. 16. BARROS, Fernando de (org.). Sapatos: Crônica de um Tempo – 1900 – 1991. Franca: Feira Nacional de Sapatos e Artefatos, 1991.

Fonte: Elaborado pela autora.

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101

O Quadro 16 mostra que as disciplinas, na IES U2, são distribuídas nos

semestres com a seguinte estrutura, foco, objetivos e bibliografias indicadas: a

disciplina 1, acontece no 3º semestre e tem como carga horária 152 h/a. Seu foco

principal é a metodologia de projeto de produto aplicada ao design de moda. Teorias

do processo criativo, métodos e técnicas aplicadas na conceituação e

desenvolvimento do produto industrial, considerada prática de projeto de baixa

complexidade, é realizada sob orientação. A bibliografia básica indica autores como

Baudot (2000), Jones (2005) e Treptow (2003).

A disciplina 2 ocorre no 4º semestre do curso e totaliza 152h/a. Seu objetivo é

a elaboração de projeto de acessórios, através da conceituação, detalhamento,

desenvolvimento e modelagem tridimensional. Formulação de alternativas de

soluções de projeto com detalhamento e especificações de fabricação. A bibliografia

básica dessa disciplina sugere os autores Jones (2005), Treptow (2003) e Medeiros

(2004).

A previsão é que as disciplinas 3 e 4 aconteçam no 5º e 6º semestre do curso,

consecutivamente, tendo como carga horária 152h/a. As ementas das disciplinas 3 e

4 trazem o mesmo objetivo da disciplina 2, porém diferem no segmento. Enquanto a

disciplina 2 é direcionada ao segmento de acessórios, as disciplinas 3 e 4

direcionam-se ao segmento de vestuário. Como bibliografia básica para essas

disciplinas, a U2 propõe os mesmos teóricos referidos na disciplina 2.

A última disciplina referente à metodologia projetual de moda da academia U2

tem previsão para ser desenvolvida no 7º semestre, perfazendo 152h/a. Direciona-

se a realização de projeto de coleção de calçados, através da conceituação,

detalhamento, desenvolvimento e modelagem tridimensional, formulação de

alternativas de soluções de projeto com detalhamento e especificações de

fabricação. Como proposta de bibliografia básica, a disciplina sugere os teóricos

O’Keeffe (1997), Jones (2005) e Treptow (2003).

O Quadro 17 mostra a situação do curso de Tecnólogo de Moda da IES U4.

Com duração de cinco (05) semestres, as disciplinas são previstas para serem

cursadas na modalidade presencial e no turno da noite. O discente concluinte

recebe o diploma de Tecnólogo em Moda. A partir dos mesmos critérios de

identificação das disciplinas das academias constantes do Quadro 14, foram

encontradas, na U4, três (03) disciplinas referentes à Projeto de Moda, conforme

Quadro 17.

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102

Quadro 17 - Disciplinas – U4

(continua)

IES DURAÇÃO DO CURSO TITULAÇÃO

U4 5 semestres Tecnólogo

DISCIPLINA 1 68h/a SEMESTRE 3º

EMENTA Planejar a coleção, as linhas e o mix de produto de acordo com pesquisas de mercado e de tendências, perfil do público-alvo, imagem e conceito da marca.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. CALLAN, Georgina O' Hara. Enciclopédia da moda. São Paulo Cia. das Letras, 2007. 2. MEADOWS, Toby. Como montar e gerenciar uma marca de moda. Porto Alegre, Bookman, 2010. 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda: planejamento de coleção. Brusque. D. Treptow, 2003.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. FISCHER, Anette. Construção de vestuário. Porto Alegre, Bookman, 2010. 2. PALOMINO, Erika. A moda - São Paulo: Publifolha, 2003. 98 p., il. (Folha explica). 3. PIRES, Dorotéia Bauy. Design de moda: olhares diversos. Perdizes, Estação das Letras 2008. 4. SORGER, Richard; UDALE, Jenny. Fundamentos de design de moda. Porto Alegre, Bookman, 2010.

DISCIPLINA 2 68h/a SEMESTRE 4º

EMENTA

Possibilitar a visão sistêmica dos processos de Planejamento e Desenvolvimento de Coleção de moda. Levar à compreensão da necessidade de planejar e identificar os métodos utilizados na indústria da moda para gerir seus negócios. Planejar e desenvolver uma coleção de moda.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. CALLAN, Georgina O' Hara. Enciclopédia da moda. São Paulo Cia. das Letras, 2007. 2. MEADOWS, Toby. Como montar e gerenciar uma marca de moda. Porto Alegre, Bookman, 2010. 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda: planejamento de coleção. Brusque. D. Treptow, 2003.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. FISCHER, Anette. Construção de vestuário. Porto Alegre, Bookman, 2010. 2. PALOMINO, Erika. A moda - São Paulo: Publifolha, 2003. 98 p., il. (Folha explica). 3. PIRES, Dorotéia Bauy. Design de moda: olhares diversos. Perdizes, Estação das Letras 2008. 4. SORGER, Richard; UDALE, Jenny. Fundamentos de design de moda. Porto Alegre, Bookman, 2010.

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103

(conclusão)

DISCIPLINA 3 68h/a SEMESTRE 5º

EMENTA

Projeto tecnológico em design de moda. Aplicação e consolidação da metodologia projetual utilizada no projeto de coleção de moda. Desenvolvimento dos conhecimentos adquiridos no decorrer do curso como subsídio para a prática profissional. Produção de uma coleção de roupa que apresente a programação das atividades do designer. Apresentação perante banca examinadora composta por membros internos e externos à instituição. Fornecer ao aluno, conhecimentos técnicos e conceituais necessários para a elaboração de projetos.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. CALLAN, Georgina O' Hara. Enciclopédia da moda. São Paulo Cia. das Letras, 2007. 2. MEADOWS, Toby. Como montar e gerenciar uma marca de moda. Porto Alegre, Bookman, 2010. 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda: planejamento de coleção. Brusque. D. Treptow, 2003.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. FISCHER, Anette. Construção de vestuário. Porto Alegre, Bookman, 2010. 2. PALOMINO, Erika. A moda - São Paulo: Publifolha, 2003. 98 p., il. (Folha explica). 3. PIRES, Dorotéia Bauy. Design de moda: olhares diversos. Perdizes, Estação das Letras 2008. 4. SORGER, Richard; UDALE, Jenny. Fundamentos de design de moda. Porto Alegre, Bookman, 2010.

Fonte: elaborado pela autora.

Conforme o Quadro 17, a disciplina da U4 acontece no 3º semestre do

desenvolvimento do curso e tem duração de 68h/a. A ementa da disciplina 1

compreende o planejamento da coleção, as linhas e o mix de produto de acordo com

pesquisas de mercado e de tendências, perfil do público-alvo, imagem e conceito da

marca. A bibliografia sugerida, como suporte para o desenvolvimento dessa

disciplina, refere-se a obras dos autores Callan (2007), Meadows (2010) e Treptow

(2003).

A disciplina 2 tem previsão para ocorrer no 4º semestre do curso e tem

duração 68h/a. A ementa tenciona direcionar o foco no sentido de possibilitar ao

aluno a visão sistêmica dos processos de planejamento e desenvolvimento de

coleção de moda, à compreensão da necessidade de planejar, identificando os

métodos utilizados na indústria de moda para gerir seus negócios. A sugestão de

bibliografia básica é a mesma sugerida na disciplina 1.

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104

A IES U4 prevê a ocorrência da última disciplina no 5º semestre do curso,

com duração de 68h/a. O propósito, conforme o entendimento que a ementa

fornece, é que o aluno aplique os conhecimentos adquiridos até então, em um

projeto de coleção de moda como subsídio para prática profissional, que será

apresentado a uma banca examinadora. Como bibliografia básica, a disciplina utiliza

dos mesmos teóricos sugeridos nas disciplinas 1 e 2.

A quarta academia investigada por este estudo é a U5. A título de

esclarecimento, destaca-se que ela foi inserida após a realização das entrevistas

com os responsáveis pelo desenvolvimento de coleção nas empresas. Por este

motivo, cabe acrescentar, aqui e agora, um breve histórico referente a essa IES.

A U5 nasceu em 1951 com a oferta de cursos livres ministrados por

profissionais do mercado, que até hoje continua com a mesma filosofia, sempre

associando a prática com a teoria. Em 1974 expandiu para outro Estado brasileiro e

em 1978 iniciou a oferta de cursos de pós-graduação. Em 1981 começou a ofertar o

curso de Administração, com ênfase em marketing. Em 1985 já estava presente em

três Estados brasileiros, e em 2004 começou a ofertar o curso de graduação em

Design. Em 2010 introduziu cursos de mestrado e doutorado em sua grade

curricular.

O curso de Moda ofertado pela U5 tem duração de 8 a 10 semestres, com

modalidade presencial, podendo ser cursado nos turnos da manhã ou noite. O aluno

formado nessa Instituição de Ensino Superior recebe o título de Bacharel em Moda.

Foram identificadas, através da titulação e ementa previstos em seus documentos

oficiais, oito (08) disciplinas referentes à metodologia projetual de desenvolvimento

de coleção de moda, conforme Quadro 18.

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105

Quadro 18 - Disciplinas – U5

(continua)

IES DURAÇÃO DO CURSO TITULAÇÃO

U5 8 a 10 semestres Bacharel

DISCIPLINA 1 72h/a SEMESTRE 1º

EMENTA

Conceitos gerais e princípios da comunicação visual e moda, sua aplicação em diversas áreas e as relações multi, inter e transdisciplinares nos aspectos conceituais e de mercado. Referencial, fontes de pesquisa e exploração de outras áreas de conhecimento como forma de buscar soluções adequadas e com valores de sustentabilidade e responsabilidade social. Identificação de situação problemática, levantamento de dados, análise, conceituação, estruturação de briefing, processos criativos, desenvolvimento formal, técnico e funcional, experimentação, construção de modelos, verificação, elaboração de desenho técnico de projeto e apresentação.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. MUNARI, B. Das Coisas Nascem Coisas. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008. 2. SORGER, R; UDALE, J. Fundamentos do Design de Moda. Porto Alegre: Bookman, 2009. 3. LUPTON, E.; PHILLIPS, J. C. Fundamentos do Design. São Paulo: Cosac Naify, 2008.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. MUNARI, B. Design e Comunicação Visual. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 2. CATELLANI, R. M. Moda Ilustrada de A a Z. São Paulo: Manole, 2003. 3. AMBROSE, G.; HARRIS, P. Dicionário Visual de Design Gráfico. Porto Alegre: Bookman, 2009. 4. JONES, S. J. Fashion Design: manual do estilista. São Paulo: Cosac Naify, 2005. 5. AMBROSE, G.; HARRIS, P. Fundamentos de Design Criativo. Porto Alegre: Bookman, 2012.

DISCIPLINA 2 72h/a SEMESTRE 2º

EMENTA

Noções gerais de moda e identidade. Contextualização de identidade e estilo para moda em seus diversos setores do mercado. Conceituação dos estudos e proposições sobre identidade e estilo. Noções básicas de proposição de estilo. Ênfase em aspectos funcionais, estéticos, econômicos e mercadológicos de identidade e moda. Método para desenvolvimento de projetos de caracterização de identidade e estilo, através da moda. Formas e técnicas para registro e apresentação do processo de projeto. Ênfase na importância de percorrer consistentemente todas as etapas do processo de projeto configurado.

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106

(continuação)

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. BAUMAN, Z. Identidade. Rio de janeiro: Zahar, 2005. 2. CASTILHOS, K.; OLIVEIRA, A. C. de. Corpo e Moda. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2008. 3. SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor. Porto Alegre: Bookman, 2011.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. MORACE, F. Consumo autoral. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2009. 2. CASTILHOS, K. Moda e Linguagem. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2004. 3. SEIVEWRIGHT, S. Pesquisa e Design. Porto Alegre: Bookman, 2010. 4. MATHARU, G. O que é design de moda. Porto Alegre: Bookman, 2010. 5. FRINGS, G. S. Moda do conceito ao consumidor. Porto Alegre: Bookman, 2012.

DISCIPLINA 3 72h/a SEMESTRE 3º

EMENTA

Aspectos tecnológicos, técnicos, de produção e mercadológicos de projetos de design na área cultural e editorial. Conceitualização de projetos editoriais impressos para editoriais de moda em revistas e jornais, lookbooks e catálogos virtuais, envolvendo temas gerais e específicos da Moda. Diagramação da informação na página com integração de texto, imagens e elementos gráficos. Estudo e aplicação de métodos de planejamento e produção no trabalho integrado de equipes editoriais. Ênfase na importância de percorrer consistentemente todas as etapas do processo de projeto configurado.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. AMBROSE, G.; HARRIS, P. Layout. Porto Alegre: Bookman, 2012. 2. DOMER, P. Os significados do design moderno. Lisboa: Porto Editora, 1995. 3. LUPTON, E. Pensar com tipos. São Paulo: Cosac Naify, 2013.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. POYNOR, R. Abaixo as Regras. Porto Alegre: Bookman, 2010. 2. HESS, J.; PASZTOREK, S.; BETTONI, R. Design Gráfico para Moda. Rio de Janeiro: Rosari, 2010. 3. AMBROSE, G.; HARRIS, P. Tipografia. Porto Alegre: Bookman, 2011. 4. HARRIS, P.; AMBROSE, G. Impressão e Acabamento. Porto Alegre: Bookman, 2009. 5. AMBROSE, G.; HARRIS, P. Formato. Porto Alegre: Bookman, 2009.

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107

(continuação)

DISCIPLINA 4 144h/a SEMESTRE 4º

EMENTA

Construção e compreensão dos processos introdutórios de costura e modelagem, para execução de moldes básicos e toile. Construção de glossário de costura. Aspectos tecnológicos, técnicos, de produção e mercadológicos do projeto. Noções gerais de fechamento de peças. Noções gerais dos manuseios de máquinas para corte- costura e acabamento de peças. Métodos de customização de produtos. Identificação da situação de trabalho e objetivos. Desenvolvimento formal, técnico e funcional.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. DUARTE, S.; SAGGESE, S. Modelagem Industrial Brasileira. Rio de Janeiro: Cleo Rodrigues, 2010. 2. AMADEN-CRAWFORD, C. Costura de moda: técnicas básicas. Porto Alegre: Bookman, 2014. 3. ALDRICH, W. Modelagem plana para moda feminina. Porto Alegre: Bookman, 2014.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. READER´S. A Bíblia da Costura: o passo a passo de técnicas para fazer roupas. Rio de Janeiro: READER´S DIGEST LV, 2009. 2. BLAKENEY, F.; BLAKENEY, J.; SCHULTZ, E. 99 formas de Cortar, Costurar e Enfeitar seu Jeans. São Paulo: Senac, 2009. 3. BLAKENEY, F.; BLAKENEY, J.; SCHULTZ, E. 99 formas de Cortar, Costurar e Franzir e Amarrar: sua camiseta, transformando-a em algo especial. São Paulo: Senac, 2009. 4. FISCHER, A. Construção do vestuário. Porto Alegre: Bookman, 2010. 5. DUBURG, A.; TOL, R. V. DER T. Moulage: arte e técnica no design de moda. Porto Alegre: Bookman, 2012.

DISCIPLINA 5 144h/a SEMESTRE 6º

EMENTA

Construção e compreensão dos processos avançados de costura e modelagem, para interpretações de modelos de vestuário feminino, masculino e infantil. Aprofundamento dos aspectos tecnológicos, técnicos, de produção e mercadológicos do projeto. Aprofundamento de técnicas de construção de vestuário e acabamentos. Aprimoramento dos manuseios de máquinas para corte- costura e acabamento de peças. Desenvolvimento formal, técnico e funcional.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. AMADEN-CRAWFORD, C. Costura de moda – técnicas avançadas. Porto Alegre: Bookman, 2015. 2. PADMAVATI, B. Techniques of Drafiting and Pattern Making: garments for kids and adolescents. Reino Unido: Atlantic, 2008. 3. FULCO, P. T. Modelagem Plana Masculina. São Paulo: Senac, 2003.

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108

(continuação)

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. HOPKINS, J. Moda Masculina. Porto Alegre: Bookman,2013. 2. AMADEN-CRAWFORD, C. Costura de moda – técnicas básicas. Porto Alegre. Bookman, 2014. 3. ABLING, B.; MAGGIO, K. Moulage, Modelagem e Desenho. Porto Alegre: Bookman, 2014. 4. GRAVE, M. de F.; BATISTA, L. Tridimencional Ergonômica. São Paulo: Escrituras, 2010. 5. ROSA, S. Alfaiataria - modelagem plana masculina. São Paulo: Senac, 2008.

DISCIPLINA 6 72h/a SEMESTRE 7º

EMENTA

Estudo da abrangência do tema e do espaço de trabalho definido. Problematização. Definição do briefing. Adoção de metodologia de desenvolvimento de projeto em design. Geração e adoção de alternativas de solução. Levantamento de dados: pesquisa sobre técnicas, processos produtivos e materiais. Métodos de avaliação de projetos. Ênfase na elaboração da proposta e nos aspectos metodológicos de desenvolvimento de um projeto. Síntese de questões metodológicas contempladas ao longo do curso.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. LUPTON, E.; PHILLIPS, J. C. Novos Fundamentos do Design. São Paulo: Cosac Naify, 2008. 2. PEREIRA, J. M. Manual de Metodologia da Pesquisa Científica. São Paulo: Atlas, 2012. 3. RENFREW, C.; RENFREW, E. Desenvolvendo uma Coleção. Porto Alegre: Bookman, 2010.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

A bibliografia complementar será definida pelo professor tutor da disciplina, conforme o tema e a natureza dos projetos que estiverem em desenvolvimento.

DISCIPLINA 7 72h/a SEMESTRE 8º

EMENTA

Desenvolvimento e aprimoramento das capacidades produtivas dos acadêmicos para construção de produtos de moda. Incentivo à busca de alternativas e soluções, execução de protótipos praticando o detalhamento técnico. Síntese de questões práticas relacionadas à pilotagem de produtos de design de moda. Adequação de composições de vestuário para looks artísticos e passarela.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. FISCHER, A. Construção do Vestuário. Porto Alegre: Bookman, 2010. 2. ABLING, B.; MAGGIO, K. Moulage, Modelagem e Desenho. Porto Alegre: Bookman, 2014. 3. SMITH, A. O Grande Livro de Costura. São Paulo: Publifolha, 2013.

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109

(conclusão)

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. BRIGGS-GOODE, A. Design de Estamparia Têxtil. Porto Alegre: Bookman, 2014. 2. FEYERABEND, F. V. Acessórios de Moda: modelos. São Paulo: GG Brasil, 2012. 3. CHOKLAT, A. Design de Sapatos. São Paulo: Senac, 2012. 4. NAKAMICHI, T. Pattern Magic: a magia da modelagem. São Paulo: GG Brasil, 2012. 5. NAKAMICHI, T. Pattern Magic 2: a magia da modelagem. São Paulo: GG Brasil, 2013.

DISCIPLINA 8 72h/a SEMESTRE 8º

EMENTA

Desenvolvimento da alternativa de solução: aprofundamento da compreensão do projeto, frente à solução adotada. Execução de layouts/ protótipos, detalhamento técnico. Elaboração de dossiê com cronograma de produção e realização, orçamento. Ênfase na elaboração do registro do processo de projeto (fases a e b) e na defesa oral do trabalho, bem como apresentação à comUnidade (desfile de moda). Síntese de questões metodológicas relacionadas à apresentação e defesa de um projeto de design, contempladas ao longo do curso. Apresentação do projeto para banca de arguição.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. TREPTOW, D. Inventando Moda: planejamento de coleção. Brusque, 2013. 2. MUNARI, B. Das Coisas Nascem Coisas. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008. 3. RENFREW, E.; RENFREW, C. Desenvolvendo uma coleção de moda. Porto Alegre: Bookman, 2011.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. FRINGS, G. S. Moda do conceito ao consumidor. Porto Alegre: Bookman, 2012. 2. NOBLE, I.; BESTLEY, R. Pesquisa Visual. Porto Alegre: Bookman, 2013. 3. SEIVEWRIGHT, S. Pesquisa e Design. Porto Alegre: Bookman, 2010. 4. FEYERABEND, F. V. Acessórios de Moda: modelos. São Paulo: GG Brasil, 2012. 5. CHOKLAT, A. Design de Sapatos. São Paulo: Senac, 2012.

Fonte: elaborado pela autora.

O Quadro 18 evidencia que a disciplina 1, na U5, ocorre no primeiro semestre

de curso, tendo duração de 72h/a. Prevê o estudo dos conceitos gerais e princípios

da comunicação visual e moda e sua aplicação nas áreas correspondentes.

Pesquisa em outras áreas de conhecimento com o intuito de buscar soluções

adequadas e com valores de sustentabilidade e responsabilidade social. Identifica a

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110

problemática de projetos a partir de levantamentos de dados, análise, conceituação

e estruturação de briefing, bem como as etapas de metodologias projetuais até a

apresentação do projeto. Recomenda, em sua bibliografia básica, os teóricos Munari

(2008), Sorger e Udale (2009), e Lupton e Phillips (2008).

A segunda disciplina está prevista para o 2º semestre de curso com carga

horária de 72h/a. Indica contato com as noções gerais sobre os assuntos de moda,

identidade e estilo. A ênfase da disciplina fica por conta dos aspectos funcionais,

estéticos, econômicos e mercadológico de identidade e moda. Como base para

conhecimento, a sugestão é que sejam considerados autores como Bauman (2005),

Castilhos e Oliveira (2008) e Solomon (2011).

A disciplina 3 ocorre no terceiro semestre do curso de moda e tem uma carga

horária de 72h/a. Enfatiza a aprendizagem a respeito dos aspectos técnicos e

tecnológicos de produção e mercadológicos nas áreas cultural e editorial. Propõe o

estudo sobre os projetos editoriais de mídias de moda impressas e virtuais

abrangendo temas gerais e específicos de moda, assim como a diagramação

desses projetos. Para esta disciplina a U5 sugere, como bibliografia básica, os

autores Ambrose e Harris (2012), Domer (1995) e Lupton (2013).

A disciplina 4 acontece no quarto semestre do curso de moda e completa

carga horária de 144h/a. Implica no aprendizado prático de modelagem e costura,

como a construção de moldes básicos e o desenvolvimento do glossário de costura.

Pratica exercícios sobre fechamento de peças, acabamentos e maquinário

necessário para o desenvolvimento do vestuário. A disciplina propõe, como

bibliografia básica, os autores Duarte e Saggese (2010), Amaden-Crawford (2014) e

Aldrich (2014).

Como complemento da disciplina 4, a disciplina 5 tem como objetivo a

compreensão avançada de técnicas de costura, acabamentos e modelagem.

Totaliza a carga horária de 144h/a e abrange os conhecimentos de modelagem

feminina, masculina e infantil, com o suporte de conhecimento dos autores Amaden

(2015), Padmavati (2008) e Fulco (2003), como bibliografia básica.

A disciplina 6 está prevista para ocorrer no 7º semestre do curso de moda e

tem duração de 72h/a. Tem como foco a proposta de um projeto, contemplando os

aspectos metodológicos privilegiados ao longo do curso, através de pesquisas sobre

técnicas, processos produtivos e materiais. A bibliografia básica fundamenta-se nas

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111

teorias dos autores Lupton e Phillips (2008), Pereira (2012) e Renfrew e Renfrew

(2010).

A disciplina 7 tem previsão de ocorrer no 8º semestre do curso de moda e tem

duração de 72h/a. Por finalidade, o aprimoramento das capacidades produtivas dos

acadêmicos para o desenvolvimento de produtos de moda. Propõe o incentivo na

busca de alternativas e soluções para a execução dos projetos praticando o

detalhamento técnico. A bibliografia básica da disciplina ressalta obras dos teóricos

Fischer (2010), Abling e Maggio (2014) e Smith (2013).

Finalizando o grupo de disciplinas selecionadas sobre Projeto de Moda na

IES U5, a previsão é que a disciplina 8 ocorra também no 8º semestre e estenda-se

pelo período de 72h/a. O objetivo da disciplina contempla o aprofundamento da

compreensão do projeto até sua execução, partindo de protótipos e detalhamentos

técnicos como elaboração de cronogramas e suas fases para a execução da

coleção, apresentadas a banca examinadora. Os autores Treptow (2013), Munari

(2008) e Renfrew e Renfrew (2011) são referenciados como bibliografia básica por

essa disciplina.

A última academia investigada por esta pesquisa é a U6, constante do

Quadro 19. Essa foi acrescida ao estudo após as entrevistas com os responsáveis

das cinco (05) empresas de moda vestuário analisadas, motivo pelo qual se

descreve, aqui e agora, um breve histórico dessa entidade educacional, para validar

sua inclusão na Unidade 2 de pesquisa.

A U6 iniciou suas atividades em 1971. Hoje oferta 34 cursos de graduação, 14

cursos de pós-graduação e dois mestrados. Em 2004 a U6 obteve a transição de

faculdade para Centro Universitário e, em 2006, iniciou a oferta dos cursos de

Design de Moda, em nível de bacharelado pela Instituição.

O curso de Moda da IES U6 tem duração de 7 semestres, no formato de

curso presencial, podendo o aluno matricular-se nos turnos da manhã ou noite. O

discente concluinte no curso de Moda da U6 recebe o título de Bacharel em Moda.

Decorrente da matriz curricular do curso de Design de Moda da Instituição de Ensino

Superior U6, é possível identificar duas (02) disciplinas relacionadas a Projeto de

Moda, através de sua titulação e ementa, situação que pode ser observada no

Quadro 19.

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112

Quadro 19 - Disciplinas – U6

(continua)

IES DURAÇÃO DO CURSO TITULAÇÃO

U6 7 semestres Bacharel

DISCIPLINA 1 72h/a SEMESTRE 6º

EMENTA Estuda o processo de criação em moda, buscando conciliar a expressão individual com as necessidades do mercado para o desenvolvimento de coleções de roupa.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. JONES, Sue Jenkyn. Fashion Design: manual do estilista. São Paulo: Cosac & Naify,2008. 2. RENFREW, Elinor; RENFREW, Colin. Desenvolvendo uma coleção. São Paulo: Bookman, 2009. 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda: planejamento de coleção. 2. ed. Brusque: do Autor, 2007.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. CARR, Harold; POMEROY, John. Fashion Design and Product Development. 5. ed. Oxford: Wiley-Blackwell, 2010. 2. CATELLANI, Regina Maria. Moda Ilustrada de A a Z. Barueri: Manole, 2003. 3. FRINGS, Gini Stephens. Fashion: from concept to consumer. 8. ed. New Jersey: Prentice Hall, 2008. 4. McKELVEY, Kathryn; MUNSLOW, Janine. Fashion Design: process, innovation and practice. New York: John Wiley Professional, 2003. 5. TATE, Sharon L.; EDWARDS, Mona S. Inside Fashion Design. 5. ed. New Jersey: Prentice Hall, 2004.

DISCIPLINA 2 72h/a SEMESTRE 7º

EMENTA Propõe o desenvolvimento de coleção com acompanhamento técnico e mercadológico para a aplicação prática, conciliando a expressão individual e as necessidades do mercado.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. MEADOWS, Toby; FISCHER, Cristina Rodriguez (Coord.). Crear y gestionar una marca de moda. Barcelona: Blume, 2009. 2. MUNARI, Bruno. Das coisas nascem as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 2008. 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda: planejamento de coleção. 2. ed. Brusque: do Autor, 2007.

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113

(conclusão)

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. CARR, Harold; POMEROY, John. Fashion Design and Product Development. 5. ed. Oxford: Wiley-Blackwell, 2010. 2. KEISER, Sandra J.; GARNER, Myrna B. H. Beyond Design: the synergy of apparel product development. 2. ed. New York: Fairchild, 2003. 3. McKELVEY, Kathryn; MUNSLOW, Janine. Fashion Design: process, innovation and practice. New York: John Wiley Professional, 2003. 4. SORGER, Richard; UDALE, Jenny. Fundamentos de design de moda. São Paulo: Bookman, 2006. 5. TATE, Sharon L.; EDWARDS, Mona S. Inside Fashion Design. 5. ed. New Jersey: Prentice Hall, 2004.

Fonte: elaborado pela autora.

A primeira disciplina da U6, que está relacionada a projeto de moda, tem

previsão de ocorrer no 6º semestre do curso, com duração de 72h/a. A finalidade,

conforme a descrição da ementa, é possibilitar o estudo do processo de criação em

moda, buscando conciliar a expressão individual com as necessidades do mercado

para o desenvolvimento de coleção de moda. A bibliografia básica indicada aponta

para os autores Jones (2008), Renfrew e Renfrew (2009) e Treptow (2007).

A academia U6 previu a ocorrência da segunda e última disciplina

selecionada para o 7º semestre, seguindo sequencialmente por 72h/a. Seu foco

prioriza o desenvolvimento de uma coleção de moda com acompanhamento técnico

a partir das necessidades mercadológicas. Nessa disciplina, a preferência da

bibliografia básica recai nos teóricos Meadows e Fischer (2009), Munari (2008) e

Treptow (2007).

Até aqui, foram demonstrados os dados colhidos nas Instituições de Ensino

Superior, pertencentes à Unidade 1 de Pesquisa do presente estudo. A próxima

seção inclui as informações recortadas das entrevistas semiestruturadas, com os

responsáveis das cinco (05) empresas de moda vestuário, que formam a Unidade 2

de pesquisa.

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114

4.1.2 Empresas de Moda de Vestuário

A Unidade 2 de Pesquisa está formada pelas empresas de moda vestuário,

mais especificamente pelos elementos que são responsáveis pelo desenvolvimento

de coleção de moda. As empresas foram selecionadas por conveniência e pelo

critério de formação superior. Logo, os candidatos que não possuíam formação em

curso superior em moda foram desconsiderados. Das cinco (05) empresas de moda

vestuário, quatro (04) estão localizadas na cidade de Porto Alegre e Região

Metropolitana, e uma (01) está localizada na cidade de Santa Cruz do Sul/RS.

As dezoito (18) perguntas do questionário de entrevistas foram divididas em 3

seções. A primeira seção apresenta as características das empresas; a segunda

seção demonstra as caracterizações pessoais dos entrevistados quanto a sua

formação, experiência e equipe de desenvolvimento de coleção de moda; e a

terceira seção explana sobre a metodologia projetual para desenvolvimento de

coleção que as empresas adotam.

4.1.2.1 Quanto às características das empresas

Retiradas das entrevistas com os responsáveis pelo desenvolvimento da

coleção de moda das cinco (05) empresas selecionadas para investigação desta

pesquisa, as informações que os questionados emitiram permitiram a elaboração de

uma amostra síntese, apresentada no Quadro 20.

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Quadro 20 - Características das empresas

Fonte: Elaborado pela autora.

115

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116

Como mencionado, cinco (05) empresas de moda vestuário fizeram parte do

estudo. Duas (02) delas estão localizadas na cidade de Porto Alegre/RS, uma (01)

no município de São Leopoldo/RS, uma (01) na cidade de Novo Hamburgo/RS e a

última (01) se encontra em Santa Cruz do Sul/RS.

Referente ao tempo de atuação no mercado de moda vestuário, ao público-

alvo que a empresa atende e ao estilo de moda, a empresa D, atua há 59 anos no

segmento Jeans e atende ao público feminino, masculino e Plus Size31 com estilo

Casual32 e Workwear. A empresa C, também atua no segmento Jeans, atendendo

ao público feminino, masculino e juvenil e está presente no mercado de moda há 48

anos, confeccionando roupas com o estilo Casual. A empresa E atua no mercado de

vestuário Infantil no estilo Casual, fabricando também a parte de enxoval desde

1980, há 35 anos. A empresa A está presente no mercado de moda há 14 anos,

confeccionando roupas em couro nobre para mulheres adultas, com o estilo Casual

Chic e Esportivo. A empresa B está no mercado de moda há 6 anos, atendendo ao

público feminino de 16 à 40 anos, trabalhando com os estilos Casual, Alfaiataria e

Festa.

Considerando o canal e pontos de vendas das empresas, todas trabalham

com atacado e varejo. A empresa A e a empresa C exportam seus produtos. A

empresa A possui 130 pontos de vendas no Brasil, 7 pontos no exterior e 2 lojas

próprias. A empresa C possui 2 lojas próprias. Distribui para 3.000 multimarcas no

Brasil e exporta para a América do Sul e Europa. As empresas D e E distribuem

somente para o Brasil. A empresa E possui 70 lojas em 11 Estados brasileiros. Por

fim, a empresa B, a que está mais recente no mercado de moda vestuário, possui

uma loja própria e distribui para 3 multimarcas no Rio Grande do Sul.

Aprimorando as informações apresentadas, na próxima seção estão expostos

os dados coletados nas entrevistas, referentes à formação profissional, experiência

e equipe de desenvolvimento de coleção do gerente de desenvolvimento das

empresas estudas.

31 Na língua inglesa, Puls Size, significa tamanho grande, termo definido pelos norte-americanos para se referir a todos os tamanhos acima de 44. (USEFASHION, 2015). 32 Surgido nos anos 60, na Califórnia, esse estilo é sinônimo de roupas confortáveis para o cotidiano urbano, desde o final da década de 1980. (SABINO, 2007).

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117

4.1.2.2 Quanto à formação profissional e experiências

Com o propósito de agregar informações que permitissem a este estudo o

acréscimo e a validação de dados relevantes, foram realizadas entrevistas que

admitiram, como critério de seleção, a formação acadêmica dos responsáveis pelo

desenvolvimento de coleção da empresa. Para tanto, o gerente de coleção, que não

possuía em seu currículo formação superior relacionado à moda, cursado em uma

das IES de Porto Alegre ou Região Metropolitana, foram excluídos da amostra.

Para a demonstração das informações obtidas nos questionamentos,

desenvolveu-se o Quadro 21, síntese das respostas emitidas nas questões 5, 6, 7,

8, 9 e 10 (Apêndice C) do roteiro de entrevista. Este Quadro está subdividido com as

seguintes informações: Profissional/Empresa; formação acadêmica do entrevistado;

tempo que o profissional exerce funções na empresa; se possui ou não equipe para

desenvolvimento de coleção; número de integrantes da equipe; e se estes

profissionais possuem ou não formação em moda.

Quadro 21 - Características pessoais do gerente de desenvolvimento

Fonte: Elaborado pela autora.

O Quadro 21 possibilita verificar que, entre os cinco (05) profissionais

entrevistados por esta pesquisa, três (03) possuem, além da formação superior,

especialização em alguma área relacionada à moda. Os profissionais das empresas

A e E possuem pós-graduação em Marketing de Moda e o profissional da empresa

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118

C, especialização em Moda, Criatividade e Inovação, ambos cursados em

Instituições de Ensino Superior localizadas no Estado do Rio Grande do Sul.

Com relação ao período de trabalho na empresa, observa-se que os

profissionais das empresas B, C e E possuem em média o mesmo tempo de

atuação no setor de desenvolvimento de coleção de moda (entre 5 e 6 anos),

enquanto que o profissional da empresa A possui 11 anos na mesma empresa. O

profissional D é o que está por menor tempo em atividade na empresa em que atua -

2 anos e 8 meses.

Quanto ao desenvolvimento de coleção das empresas estudadas, para

cumprir o calendário anual de lançamento de coleção, os profissionais responsáveis

por esta atividade, que exercem o cargo de gerente de desenvolvimento, possuem

uma equipe. O Quadro acima contabiliza os integrantes dessas equipes, juntamente

com o gerente de desenvolvimento de coleção.

A equipe da empresa A possui, conforme mostra o Quadro 21, três (03)

integrantes que estão cursando a faculdade de moda em uma das Instituições de

Ensino Superior. A empresa B tem como proprietárias da marca duas profissionais

que possuem formação superior em moda e uma, além da graduação, possui cursos

de capacitação em modelagem, constituindo então, a equipe da empresa. A

empresa C, possui uma equipe com quatro (04) funcionários: o gerente de

desenvolvimento de coleção, um (01) funcionário com formação superior em Moda

na faculdade de Joinville/SC e duas (02) pessoas com capacitações relacionadas a

área da moda. A empresa D possui uma equipe de três (03) integrantes, sendo uma

(01) formada em Bacharel em Moda por uma das Instituições de Ensino Superior

selecionadas por esta dissertação e um (01) com curso de capacitação em

modelagem. A empresa E possui equipe constituída por dois (02) profissionais: a

gerente de desenvolvimento de coleção e um assistente que frequenta curso

superior em moda.

Apresentados os dados referentes às características pessoais e experiências

dos entrevistados, a terceira e última seção comenta sobre a metodologia projetual

para desenvolvimento de coleção que as empresas praticam.

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119

4.1.2.3 Quanto à metodologia projetual utilizada nas empresas

Nesta seção apresentam-se as metodologias projetuais para desenvolvimento

de coleção de moda adotadas pelas cinco (05) empresas participantes (Unidade 2

de Pesquisa). As informações contidas no Quadro 22 foram retiradas da pergunta 11

do roteiro de entrevista (Apêndice C). Mesmo que algumas das informações

referentes às etapas projetuais ficassem subentendidas durante as entrevistas, não

sendo comentadas diretamente, optou-se em colocar as fases da metodologia

projetual exatamente da forma como foi emitida pela fala do entrevistado.

Essas informações serão comentadas no capítulo 5 - Discussão da Pesquisa,

juntamente com as questões 12 a 18 do roteiro de entrevista, por evidenciar

informações relevantes para avaliar as opiniões dos entrevistados sobre o assunto

teoria e prática no desenvolvimento de coleção de moda, pertinentes ao estudo

sobre metodologia projetual.

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Quadro 22 - Metodologia projetual de coleção de moda utilizada nas empresas

Fonte: Elaborado pela autora. 12

0

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121

Na entrevista, o responsável pelo desenvolvimento de moda da empresa A

afirmou desempenhar, em sua atividade projetual, 9 etapas apresentadas no Quadro

22. Inicia pela pesquisa de tendência e comportamento, a partir das fontes como

Bureaux de estilo, sites especializados em moda e comportamento, juntamente com

duas viagens internacionais ao ano para confirmação dessas tendências, visitando

feiras, vitrines e participando de eventos a respeito do assunto. A segunda fase é a

definição da temática de acordo com a tendência pesquisada, partindo da pesquisa

de produto através de 10 a 12 estilistas que a marca elege como modelo e leitura

das peças destaques da estação, sendo esta a terceira fase. A fase quatro

compreende a definição dos materiais utilizados e a busca por fornecedores. Na

fase 5 é elaborado o parâmetro da coleção.

Sobre a empresa A, ainda, a entrevista forneceu informações da quantidade

de modelos por estação (80, normalmente), diferenciados por materiais

empregados. Definido os modelos, o próximo passo estabelece o desenho técnico

de moda sendo, em seguida, enviado para a equipe de modelagem. Nessa etapa é

desenvolvida a peça piloto, primeiramente em tecido com a composição algodão cru

e, por segundo, em couro liso, para verificar o comportamento do modelo na

matéria-prima principal da empresa, o couro. Aprovada a coleção, inicia-se a

produção das peças, que finaliza o processo de metodologia projetual de moda

dessa empresa.

A empresa B também prevê, em sua metodologia projetual para o

desenvolvimento de coleção, 10 etapas. Igualmente inicia pela pesquisa de

tendência em blogs, sites e palestras especializados no assunto. Na segunda fase,

decide a inspiração de coleção espelhando-se nas fontes de tendências

pesquisadas para definir modelos e silhuetas a ser desenvolvidas. A definição

fundamenta-se em painel confeccionado pelas proprietárias da marca, contendo as

informações retiradas da primeira e segunda fase, rumo ao esboço da coleção em

caderno de desenho padrão da empresa.

Com a definição dos modelos no caderno de esboço, a empresa B modela

das peças, seguindo para a confecção da peça piloto. Nesse momento é calculado o

custo individual de cada peça, assim como sua precificação. Na etapa 7 é

desenvolvido o mostruário da coleção que fará parte do editorial de moda (etapa 8)

para as campanhas de marketing da empresa. A etapa 9 é composta da venda da

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122

coleção por meio do mostruário, para os lojistas, e venda na loja própria da empresa

B. Com os pedidos realizado através da venda por mostruário, na etapa 10 acontece

a produção em grande escala, executada interna e externamente, que encerra o

processo na empresa B.

A metodologia projetual para desenvolvimento de coleção de moda possui 6

etapas, conforme foi referido pelo profissional responsável pela coleção da moda da

empresa C. A etapa 1 é composta pela pesquisa de tendência efetuada basicamente

através das assinaturas dos sites de moda WGSN e UseFashion, uma viagem

internacional ao ano e visitas em feiras referentes aos assuntos, que ocorrem

anualmente no Brasil, mais especificamente em São Paulo/SP. A segunda fase é

composta pelo desenvolvimento de coleção de moda utilizando o desenho técnico

para sua apresentação. Inicia-se pela modelagem, seguida das peças pilotos da

coleção. A empresa trabalha com produção interna e externa. Internamente são

desenvolvidas peças pilotos, corte de tecidos através da modelagem desenvolvida e

acabamentos. Para o fechamento das peças, lavanderias e beneficiamentos, as

peças, cortadas anteriormente, são enviadas para Blumenau/SC. Assim que a

empresa terceirizada finaliza a produção envia novamente para a empresa C,

visando a distribuição da coleção nos canais de vendas praticados, finalizando o

processo de desenvolvimento da coleção.

A empresa D trabalha com 7 fases no seu processo, conforme palavras do

responsável pelo desenvolvimento de coleção, iniciando pela pesquisa de tendência.

Com as informações referentes às tendências da próxima estação, constroem

Quadro de Inspiração para a apresentação temática. Em seguida, desenvolvem os

modelos através da representação de desenho técnico de moda, enviando para a

equipe de modelagem. A quinta etapa refere-se à confecção da peça piloto, seguida

de sua aprovação. Aprovada a coleção, elaboram-se as fichas técnicas para envio à

produção, que se efetiva interna e externamente.

Os procedimentos que envolvem o processo de elaboração de uma coleção

de moda, conforme as afirmações do responsável da área na empresa E contém,

igualmente, 7 etapas. A primeira fase é a pesquisa de tendência que colhe

informações para elaborar o briefing de coleção. O briefing de coleção da empresa E

contém a cartela de cores, cartela de tecidos, temática da coleção e previsão da

quantidade de peças a produzir, ou mix de produto. A empresa E trabalha com mais

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123

ou menos uns 10 fornecedores de produtos. Portanto, realiza o briefing e o envia

aos fornecedores que executarão a coleção solicitada. Na terceira fase, os

fornecedores enviam a coleção para a empresa, com propostas de peças, pilotos e,

algumas vezes, ficha técnica. A etapa 4 compreende avaliação das peças enviadas

pelos fornecedores, assim como a realização de alterações e desenvolvimento de

desenho técnico de moda de possíveis peças faltantes. A etapa 5 compreende ao

recebimento da coleção de moda, no formato mostruário, para apresentação aos

vendedores internos e externos no showroom. Realizados os pedidos, na etapa 6

acontece o envio para a produção em escala industrial. Finalizando o processo, a

empresa E recebe a coleção e distribui para os pontos de vendas.

Esta seção apresentou os dados referentes à Unidade de Pesquisa 1,

ementas e bibliografias das disciplinas de Projeto de Coleção das cinco (05) IES

selecionadas por este estudo. Na sequência, foram apresentadas as informações da

Unidade 2 de Pesquisa, envolvendo as características das empresas, da formação

profissional e experiência dos entrevistados que integraram a amostra da

investigação, que resulta na metodologia projetual para desenvolvimento de coleção

adotada pelas empresas escolhidas a participar desta averiguação.

O próximo capítulo retrata a discussão da pesquisa quanto à metodologia

projetual sugerida pelos teóricos selecionados, quanto ao enfoque das disciplinas de

projeto de coleção nas IES e quanto à metodologia projetual para desenvolvimento

de coleção adotadas nas empresas. Tenciona relacionar as contribuições que as

academias disponibilizam, em termos de formação, aos profissionais egressos de

suas unidades acadêmicas, resultados a serem comprovados através do processo

da adequação ao padrão elaborado para este estudo.

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124

5 DISCUSSÃO DA PESQUISA

Este capítulo tem como propósito discutir os resultados encontrados entre os

elementos que compõe a pesquisa incluindo as interpretações, as análises críticas e

as comparações referentes à metodologia projetual descrita pelos teóricos, ao

enfoque das disciplinas de projeto de coleção nas IES e à metodologia projetual

para desenvolvimento de coleção adotadas nas empresas, a ser comparado a um

modelo padrão elaborado para esse fim. A interpretação dos dados dispensa sua

recapitulação evidenciando a importância alcançada pelos resultados obtidos. A

intenção neste momento é encontrar amparo à questão formulada no início desta

tarefa e às surgidas no decorrer do estudo, que possam corroborar com as

respostas que a teoria dos autores propõe sobre metodologia projetual para coleção

de moda.

A seção que ora inicia tenciona encontrar respostas à questão problema que

motivou o presente estudo, no sentido de descobrir se o desenvolvimento de

coleções nas indústrias do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul é favorecida

pelas metodologias projetuais aplicadas nas academias da Grande Porto Alegre

durante cursos Superiores em Moda e que compõem as disciplinas de projeto. A

primeira parte desta Discussão engloba, tendo em vista o delineamento do objetivo

decorrente do que foi traçado no questionamento inicial, os autores Treptow, 2003;

Montemezzo, 2003; Sorger e Udale, 2009; Jones, 2005; Barcaro, 2008; Renfrew e

Renfrew, 2010 selecionados para compor a plataforma de reflexão que inicia esta

seção.

Esta seleção de autores atende à exigência que vai ao encontro das teorias

por eles tratadas e que discorrem sobre o assunto metodologias projetuais para

desenvolvimento de coleção de moda. Em um segundo momento, as disciplinas de

Projeto de Coleção das IES (Unidade de Pesquisa 1) são analisadas quanto ao seu

enfoque, partindo da descrição das ementas e das referências indicadas nas

bibliografias (básica e complementar). A terceira parte desta seção engloba as

análises referentes às metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de

moda, adotadas nas empresas (Unidade de Pesquisa 2).

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125

A discussão da técnica de análise de dados - Adequação ao Padrão -

sugerida por Yin (2001) para Estudo de Caso Múltiplo, finaliza este capítulo. A

montagem de um modelo padrão de metodologia projetual foi desenvolvido,

recortando elementos sugeridos pelos autores indicados nas disciplinas das IES

(Unidade de Pesquisa 1) e que, ao mesmo tempo, pertencem à seleção de autores

que compõem a plataforma do presente estudo. Este modelo padrão serviu para

realizar a comparação entre as metodologias projetuais estudadas nas IES e as

adotadas nas empresas de moda vestuário (Unidade de Pesquisa 2), atendendo ao

esquema inicial deste estudo, traçado para esta etapa da pesquisa desenvolvida.

5.1 QUANTO À METODOLOGIA PROJETUAL DE MODA SUGERIDAS PELOS TEÓRICOS ESTUDADOS: QUADRO COMPARATIVO

Após a identificação e conceituação das metodologias projetuais para o

desenvolvimento de coleção de moda, efetuadas na seção anterior, cabe reflexão

entre os seis (06) autores selecionados.

Como mencionado na seção 3.2.2 - Quadro comparativo entre metodologias

projetuais para o desenvolvimento de coleção de moda, o objetivo não é destacar

uma das metodologias de moda como a melhor ou mais completa entre as

apresentadas, e sim analisar suas etapas para contribuir com o processo de análise

dos dados do presente estudo.

Para a construção do Quadro 23 três (03) etapas foram concebidas como

imprescindíveis para o desenvolvimento de coleção de moda: organização,

elaboração e execução.

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Quadro 23 - Quadro metodológico: organização, elaboração e execução

Fonte: Elaborado pela autora.

126

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127

A etapa intitulada “Organização” indica os procedimentos iniciais a serem

seguidos para o desenvolvimento de uma coleção de moda. Estes procedimentos,

definidos pela presente pesquisa, consistem em planejar a coleção através de

reuniões, cronogramas operacionais, definição de parâmetros, dimensão da coleção

e análises de coleções anteriores. Na etapa definida como “Elaboração” ocorrem as

fases de pesquisa de tendências, construção do briefing, definição da temática,

escolha das cartelas de cores, tecidos e aviamentos, geração e avaliação de

alternativas e definição dos looks para o desenvolvimento da coleção. A última etapa

refere-se o momento da “Execução” da coleção, onde ocorre a confecção da

coleção a partir da elaboração das modelagens, o desenvolvimento da peça piloto, a

avaliação e alterações necessárias, aprovação, graduação e produção em escala

industrial.

Refletindo sobre a primeira etapa definida como Organização, percebe-se que

a metodologia projetual de Treptow (2003) atende aos critérios selecionados. A

autora sugere que se façam reuniões de Planejamento da coleção em um primeiro

momento e, na sequência, para a realização do cronograma, a fim de definir o

parâmetro da coleção e a sua dimensão.

Montemezzo (2003) inicia a sua metodologia projetual com a fase de

Preparação, destacada em duas das etapas do Quadro 22, “Organização” e

“Elaboração”. Isso se dá pelo fato de que a autora indica ser realizado na fase inicial,

da Preparação, critérios definidos pelo presente estudo para ambas as etapas.

Assim, para a Organização e Elaboração inclui a definição da problemática a partir

das demandas do mercado consumidor e de tendências de moda, critérios estes

selecionados para a etapa de Organização; e cartelas de materiais, esta

pertencendo a etapa de “Elaboração”. Finaliza a etapa inicial com a definição das

fases para alcançar uma solução, partindo da delimitação dos princípios funcionais e

de estilo do produto. Percebe-se que a metodologia projetual de Montemezzo (2003)

utiliza ações do Design de Produto ao propor uma problemática a ser respondida.

A metodologia projetual de Barcaro (2008) inicia com o Portfólio das coleções,

onde ocorrem as análises de marcas com as quais a empresa trabalha, delimitada

na etapa de “Organização” do presente estudo. O processo dois, Sistematização da

Coleção e Cronograma Operacional, está destacado nas etapas de “Organização” e

“Elaboração”, pelo fato de que na sistematização da coleção ocorrem as definições

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128

de cartelas de tecidos, aviamentos e suas combinações de cores, fazendo parte dos

critérios selecionados para a etapa de “Elaboração”.

As metodologias projetuais para o desenvolvimento de coleção de moda

sugerido por Sorger e Udale (2009), Jones (2005) e Renfrew e Renfrew (2010) não

apresentam etapas projetuais que possam ser incluídos dentro dos critérios

selecionados pelo presente estudo para a etapa de Organização.

Avançando na verificação dos processos que os autores indicam e que

possam ser adequadas à etapa de “Elaboração”, constata-se que todos os autores

apresentaram um processo. A metodologia projetual de Treptow (2003) sugere

desenvolver pesquisa de tendências, desenvolver o Briefing da coleção, estabelecer

a Inspiração, cartelas de cores, tecidos e aviamento, realizar esboços e fazer a

reunião de definição dos looks da coleção.

Observa-se, consoante o Quadro 23, que Montemezzo (2003) propõe três

processos: preparação, geração e avaliação. Na etapa Preparação, define a cartela

de cores e tecidos, na Geração, desenvolve os esboços da coleção, preocupando-se

com o estudo de configuração das matérias e tecnologia - outra ação do design de

produto. A fase de Avaliação apresenta-se em dois passos, quando se aplica a

teoria de Montemezzo (2003) às etapas do Quadro 23 - “Elaboração” e “Execução”.

Montemezzo (2003) sugere a seleção das peças a ser desenvolvida e a confecção

da peça piloto, sendo que esta última atividade ocorre na etapa definida como

“Execução”.

A metodologia projetual de Sorger e Udale (2009), considerando esta

simplificada se comparada com os processos elaborados por outros teóricos, é

composta por dois processos selecionados na etapa de “Elaboração” - a pesquisa e

os esboços. Na fase da pesquisa, a indicação é que seja realizada a pesquisa de

tendências, seguindo para a geração de esboços emergidos de um desenho

específico para cada peça da coleção, acrescentando ao lado os tecidos e os

aviamentos necessários para sua construção.

Verifica-se que Jones (2005) esboçou duas etapas, em sua metodologia

projetual, que podem corresponder à fase de “Elaboração” do Quadro 23 - Briefing e

Inspiração. O Briefing contém todas as informações necessárias para o

desenvolvimento da coleção e a Inspiração, a definição da temática para compor a

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129

coleção. Essa metodologia projetual apresenta forma mais resumida e acadêmica,

como mencionando no capítulo 3.2.2 desta dissertação.

A fase selecionada da metodologia projetual de Barcaro (2008) dispensa

comentário aqui, visto que consta repetida na etapa “Organização” e mereceu

destaque anterior.

As fases de 2 a 9, da metodologia projetual de moda de Renfrew e Renfrew

(2010), que no Quadro 23 estão representadas em destaque na cor cinza, estão

assim ressaltadas por esta pesquisa considerar que elas possuem caráter comercial

e não projetual para o desenvolvimento de coleção de moda. E mais, por ser um

processo direcionado ao aspecto comercial de uma coleção, representa apenas uma

fase de seu processo nas etapas nomeadas no presente estudo, constituindo a fase

1, onde o estilista se reúne com sua equipe para a apresentação da Inspiração e

Briefing da coleção.

Na última etapa selecionada para análise neste estudo, a “Execução”, a

metodologia que não apresentou fase que se adequa aos critérios selecionados é a

de Renfrew e Renfrew (2010). Os outros autores apresentam processos que podem

ser associados à fase de elaboração, processos de pilotagem, modelagem e

produção da coleção. A metodologia projetual de Jones (2005), por ser considerada,

no presente estudo, uma metodologia projetual direcionada à academia, a etapa de

Execução se identificou como a fase de Apresentação, onde o projeto de coleção é

apresentado aos professores que avaliam a coleção como um todo.

Demonstradas as metodologias projetuais de moda selecionadas por esta

pesquisa, fundamentadas nas teorias bibliográficas dos autores aqui analisados, a

próxima seção apresenta as análises realizadas quanto ao enfoque das disciplinas

(Unidade 1 de Pesquisa), sustentado pelas suas ementas e bibliografias (básica e

complementar).

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130

5.2 QUANTO AO ENFOQUE DAS DISCIPLINAS DE PROJETO DE COLEÇÃO NAS IES (UNIDADE DE PESQUISA 1)

Esta seção tem como finalidade analisar as bibliografias (básica e

complementares) sugeridas nas disciplinas de Projeto de Moda nas cinco (05) IES

selecionadas. Para apresentação desta análise foi elaborado um Quadro síntese

contendo as seguintes informações: IES, bibliografia (básica e complementar) e

bibliografia sugerida em cada disciplina, conforme Quadro 24.

A construção do Quadro 24 pretendeu demonstrar a utilização das referências

empregadas nas disciplinas de Projeto de Moda nas IES selecionadas (U1, U2, U4,

U5 e U6), em relação aos autores priorizados para formação da plataforma teórica

deste estudo (Treptow, 2003; Montemezzo, 2003; Sorger e Udale, 2006; Jones,

2005; Barcaro, 2008; Renfrew e Renfrew, 2010).

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131

Quadro 24 - Bibliografias (básica e complementar) das disciplinas de Projeto de Moda das IES

Fonte: Elaborado pela autora.

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132

Conferindo a documentação da IES U1, é possível perceber que dentre as

metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de moda estudadas na

presente dissertação, apenas uma é indicada na disciplina 1, a de Montemezzo

(2012), utilizada como constante da bibliografia complementar, apenas difere no ano

da obra publicada. Não se teve acesso à ementa da disciplina 1. A disciplina 2

prevê, em sua bibliografia básica, a metodologia projetual para desenvolvimento de

coleção de Treptow (2013). Também como bibliografia complementar a metodologia

projetual de Montemezzo (2012).

A disciplina 2 sugere como foco “abordar a metodologia projetual de coleção

aplicada à criação e execução de vestuário de moda, através da “investigação

cientifica”. Constata-se que a diferença de foco entre a disciplina 2 e a disciplina 3

está no aprofundamento do estudo de coleção de moda, pois a disciplina 3

recomenda “o planejamento, desenvolvimento e execução de produto de moda

segundo metodologia de design, através da investigação cientifica”. As ementas

descritas acima podem ser associadas à teoria de Treptow (2013) e de Montemezzo

(2012), pois inferem que através das bibliografias é possível que o aluno obtenha as

primeiras informações a respeito do projeto de coleção de moda, e reforçando, na

disciplina 3, o planejamento, desenvolvimento e execução de uma coleção de moda

com base nos conhecimentos adquiridos. Ressalta-se o detalhamento da

metodologia projetual de Trepetow (2013) como indicação ideal para alunos dos

primeiros semestres do curso de moda.

Interessante destacar que na disciplina 3 da academia U1, a proposta de

bibliografia básica utilizada abrange autores de metodologia projetual do produto e

não específico da moda, como Baxter (2000), Mello (2009) e Munari (2008). A

bibliografia de metodologia projetual de moda encontra-se apenas nas bibliografias

complementares, como a indicação de Treptow (2007).

A disciplina 4 tem como bibliografia básica os autores de administração e

comportamento do consumidor, embasado em Kotler e Keller (2006) e Monteiro

(2009). A metodologia projetual para desenvolvimento de coleção está assegurada

pela bibliografia complementar, sustentada pelos teóricos Sorger e Udale (2009) que

fazem parte da seleção de autores de metodologia projetual de moda do presente

estudo. Como enfoque, a disciplina 4 sugere “o aprofundamento do estudo sobre

moda, através da investigação cientifica, para criação de coleção no segmento

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vestuário”. Visto que o foco direciona o aluno ao aprofundamento do estudo sobre

moda, as indicações dos teóricos a respeito do assunto deveriam constar na

bibliografia básica, porém é indicado os teóricos Sorger e Udale (2009) como

bibliografia complementar. A bibliografia básica contribui para o estudo de

comportamento de consumo, que deixa de ser analisada por não este o foco do

presente estudo.

A disciplina 5 recomenda três autores que constam no presente estudo,

sendo Jones (2005) e Treptow (2007) na bibliografia básica e Renfrew e Renfrew

(2010), na bibliografia complementar, conforme mostra o Quadro 24. O foco da

disciplina é “a aplicação da metodologia projetual de criação, execução, estratégia e

apresentação de coleção de moda no segmento vestuário, com embasamento

cientifico”. Esta disciplina aborda aspectos estratégicos de apresentação de marca

para um mercado-alvo. Tendo questões estratégicas de apresentação de coleção de

moda e estudo aprofundado sobre o desenvolvimento como enfoque nessa

disciplina, a indicação da bibliografia dos autores Renfrew e Renfrew (2010), que

abordam uma metodologia de desenvolvimento de moda direcionada ao aspecto

comercial, mostra-se de acordo com o que objetiva a disciplina, colaborando com os

conhecimentos pretendidos. Jones (2005) contribui com metodologia projetual mais

simplificada, em comparação com as estudadas na presente pesquisa, porém o

aluno tem como suporte de aprendizagem Treptow (2007) por apresentar uma

metodologia mais detalhada.

Confirma-se, pela explanação do Quadro 24, que dos seis (06) teóricos

selecionados para a presente dissertação, apenas um - Barcaro (2008) - não foi

mencionado entre as bibliografias básicas e bibliografias complementares na IES

U1.

A academia U2 utiliza nas disciplinas 1, 2, 3, 4 e 5, dois autores de

metodologia projetual de moda utilizados no presente estudo, como bibliografia

básica: Jones (2005) e Treptow (2003). Na bibliografia complementar, porém, não se

encontra nenhum dos autores mencionados por este estudo.

Interessante ressaltar que a disciplina 1 da IES U2 recomenda, como

bibliografia complementar, a metodologia de projeto de produto, constante da teoria

de Munari (1997) e aplicada também por outras instituições. Na disciplina 2 a

bibliografia complementar é composta, além de Munari (1997), por mais dois autores

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134

de metodologia projetual de produto - Bonsiepe (1978) e Gomes (2001). As

disciplinas 3 e 4 indicam os mesmos autores já mencionados nas disciplinas 1 e 2.

A U2 estabelece como bibliografias básicas da disciplina 2, os autores Jones

(2005) e Treptow (2003), já mencionados, e teóricos da metodologia projetual de

produto e específico para calçados, tanto na bibliografia básica como na

complementar.

Referente ao enfoque das disciplinas na IES U2, quanto à proposta das

disciplinas, nota-se um aumento na complexidade e na variação de segmento no

processo de coleção de moda. A disciplina 1 indica como foco “metodologia de

projeto de produto aplicada ao design de moda. Teorias do processo criativo,

métodos e técnicas aplicadas na conceituação e desenvolvimento do produto

industrial. Prática de projeto de baixa complexidade sob orientação”. Fica

evidenciado que Treptow (2003) e Jones (2005) reconhecem, em suas teorias, que a

designação de disciplina com esse teor pode ajudar o aluno a adquirir

conhecimentos iniciais e introdutórios ao desenvolvimento de coleção, com base em

ensinamentos sobre processo criativo, a partir de métodos e técnicas aplicadas ao

desenvolvimento de produto.

A disciplina 2 especifica seu direcionamento para o segmento de acessórios

de moda, com foco no “desenvolvimento de projeto de acessórios, sob orientação:

conceituação, desenvolvimento, detalhamento e modelagem tridimensional.

Formulação de alternativas de soluções de projeto com detalhamento e

especificações de fabricação”. Entende-se que a indicação de obras bibliográficas

de Treptow (2003) e Jones (2005), que direcionam suas metodologias projetuais

para o desenvolvimento de coleção de vestuário, não favorecem o enfoque da

disciplina de maneira ampla.

As disciplinas 3 e 4, diferentemente da 2, direcionam o desenvolvimento de

coleção ao segmento de vestuário, propondo como foco o “desenvolvimento de

projeto de vestuário, sob orientação: conceituação, desenvolvimento, detalhamento

e modelagem tridimensional. Formulação de alternativas de soluções de projeto com

detalhamento e especificações de fabricação”. As indicações de Treptow (2003) e

Jones (2005) comprovam os conhecimentos recomendados como enfoque da

disciplina, visto que ambos os teóricos direcionam suas metodologias ao ensino de

coleção de vestuário.

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135

Finalizando as disciplinas da academia U2, o foco da disciplina 5 indica o

“desenvolvimento de projeto coleção de calçados, sob orientação: conceituação,

desenvolvimento, detalhamento e modelagem tridimensional. Formulação de

alternativas de soluções de projeto com detalhamento e especificações de

fabricação”. Na disciplina 5 ocorre o mesmo que na disciplina 2. A indicação de

obras dos teóricos Treptow (2003) e Jones (2005) não contribuem na totalidade para

o enfoque mencionado na ementa na disciplina 5, visto que nessa o ensino é

direcionado para o desenvolvimento de calçados. Como sugestão de bibliografia

recai na obra de O’Keeffe (2003), que aborda mais diretamente sobre o assunto.

A partir da explanação dos Quadros acima, referente à academia U2,

observa-se em suas bibliografias, tanto na básica como na complementar, que são

indicados apenas dois autores que compõe o grupo dos teóricos selecionados para

formarem a plataforma de teóricos da presente pesquisa - Treptow (2003) e Jones

(2005). Constata-se, assim, que a proposição da U2 é indicar bibliografias

direcionadas à metodologia projetual de produto, como Baxter (1998), Bonsiepe

(1978), Gomes (2001) e Munari (1997).

Revendo o perfil da IES U4, as disciplinas 1, 2 e 3 diferem apenas nas

ementas, pois propõem, em suas bibliografias básicas e complementares os

mesmos teóricos e possuem a mesma carga horária. Os teóricos propostos nas três

(03) disciplinas projetuais de moda da U4, que compreende o grupo de autores

selecionados para o presente estudo, são apenas dois. Utilizam a metodologia

projetual de moda sugerida por Treptow (2003), como bibliografia básica e a de

Sorger e Udale (2010), como bibliografia complementar.

As ementas as disciplinas 1 e 2 propõem, consecutivamente, “planejar a

coleção, as linhas e o mix de produto de acordo com pesquisas de mercado e de

tendências, perfil do público-alvo, imagem e conceito da marca” e “possibilitar a

visão sistêmica dos processos de Planejamento e Desenvolvimento de Coleção de

moda. Levar à compreensão da necessidade de planejar e identificar os métodos

utilizados na indústria da moda para gerir seus negócios. Planejar e desenvolver

uma coleção de moda”. Percebe-se que o estudo de marca está no foco dessas

disciplinas, tanto que sugere, como bibliografia básica, o teórico Meadows (2010),

que discorre sobre o assunto de gerenciamento de marca. Os conhecimentos de

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Treptow (2003) e Sorger e Udale (2010) podem ser acrescidos pelas considerações

teóricas de Meadows (2010) de maneira que o enfoque da disciplina seja alcançado.

A ementa da disciplina 3 - Projeto tecnológico em design de moda – menciona

a “Aplicação e consolidação da metodologia projetual utilizada no projeto de coleção

de moda. Desenvolvimento dos conhecimentos adquiridos no decorrer do curso

como subsídio para a prática profissional. Produção de uma coleção de roupa que

apresente a programação das atividades do designer. Apresentação perante banca

examinadora composta por membros internos e externos à Instituição. Fornecer ao

aluno, conhecimentos técnicos e conceituais necessários para a elaboração de

projetos”. Percebe-se que pela evidência que demonstra, compreende a finalização

do curso, pois comenta sobre os conhecimentos adquiridos ao longo do curso, assim

como a apresentação a uma banca que avalia o processo de desenvolvimento do

projeto realizado pelo aluno. É possível que se considere que a indicação das

bibliografias (básica e complementar) sirva para consolidar os conhecimentos

adquiridos pelo aluno para que cumpra o enfoque da disciplina, por exemplo, a

teoria de Treptow (2003).

Concluindo a apresentação das disciplinas projetuais da U4, constata-se que

a academia utiliza apenas dois teóricos dentre os selecionados para o presente

estudo - a metodologia projetual de moda de Treptow (2003), nas bibliografias

básicas, e a de Sorger e Udale (2010), nas bibliografias complementares.

A IES U5, na disciplina 1, propõe dois teóricos utilizados no presente estudo,

Sorger e Udale (2009), como bibliografia básica, e Jones (2005), como bibliografia

complementar, confirmando os conhecimentos necessários para alcançar o enfoque

das disciplinas que em parte explana: “conceitos gerais e princípios da comunicação

visual e moda, sua aplicação em diversas áreas e as relações multi, inter e

transdisciplinares nos aspectos conceituais e de mercado”.

A respeito das bibliografias utilizadas nas disciplinas 2 e 3, tanto a básica

quanto a complementar não utilizam dos teóricos selecionados no presente estudo.

As sugestões de bibliografias nestas disciplinas giram em torno dos assuntos de

identidade, de moda, de público-alvo como comportamento de consumidor e

editorial, com base em autores que discorrem sobre o assunto presente nas

ementas.

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137

O mesmo que em outras disciplinas comentadas acima, as disciplinas 4 e 5

fazem uso de bibliografias básicas e complementares específicas sobre o assunto

de modelagem, costura e customização, dando suporte ao aprofundamento da

compreensão dessa parte prática da moda. A disciplina 5 aborda o mesmo assunto,

porém através de técnicas mais avançadas, sugerindo bibliografias para cumprir

com esse objetivo. Nessas disciplinas não é utilizada nenhuma das bibliografias

referentes à metodologia projetual para desenvolvimento de coleção, selecionadas

para o presente estudo.

O foco da disciplina 6 mostra o olhar voltado para o final do curso, visto que

do aluno será exigida a sintetização de questões metodológicas contempladas ao

longo dos estudos acadêmicos, para a criação de um projeto a ser submetido à

aprovação. Na bibliografia básica, a proposta de leitura abrange obras sobre

metodologia de pesquisa científica e metodologia projetual para desenvolvimento de

coleção - Renfrew e Renfrew (2010) - que faz parte do grupo de autores

selecionados para o presente estudo, levando a entender que contribui para o

alcance do objetivo da disciplina. A bibliografia complementar fica sob

responsabilidade do professor durante a ocorrência da disciplina, em virtude de o

aluno poder optar pelo tema a ser desenvolvido no projeto, quando o docente

indicará bibliografia específicas, por temática.

A disciplina 7 não sugere nenhum dos teóricos selecionados para o presente

estudo sobre o assunto metodologia projetual para desenvolvimento de coleção. As

bibliografias básicas e complementares sugerem obras de teóricos específicos sobre

assuntos como modelagem costura, estamparia e acessórios. O foco dessa

disciplina gira em torno do “Aprimoramento das capacidades produtivas dos

acadêmicos para construção de produtos de moda. Incentivo à busca de alternativas

e soluções, execução de protótipos praticando o detalhamento técnico”.

Como bibliografia básica, a disciplina 8 sugere duas das metodologias

projetuais para desenvolvimento de coleção selecionadas para a presente pesquisa,

a metodologia projetual de Treptow (2013) e a de Renfrew e Renfrew (2011). A

ementa da disciplina 8 tem como foco “Desenvolvimento da alternativa de solução:

aprofundamento da compreensão do projeto, frente à solução adotada. Execução de

layouts/ protótipos, detalhamento técnico. Elaboração de dossiê com cronograma de

produção e realização, orçamento. Ênfase na elaboração do registro do processo de

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projeto (fases a e b) e na defesa oral do trabalho, bem como apresentação à

comUnidade (desfile de moda). Síntese de questões metodológicas relacionadas à

apresentação e defesa de um projeto de design, contempladas ao longo do curso.

Apresentação do projeto para banca de arguição”. Esta disciplina engloba os

conhecimentos adquiridos ao longo do curso, visto a preocupação no detalhamento

do processo, assim como a apresentação oral do trabalho à banca examinadora e

apresentação da coleção à comunidade, a partir de desfile de moda. Como Treptow

(2013) sugere uma metodologia projetual de moda mais abrangente, comparada as

indicações dos outros teóricos selecionados, e Renfrew e Renfrew (2011) uma

metodologia projetual direcionada a aspectos comerciais, estas indicações de

bibliografias menciona-se como consistentes e relevantes ao alcance do propósito

da disciplina.

Ratificando o que pode ser observado no Quadro 24, afirma-se que a U5

utiliza quatro (4) das seis (06) metodologias projetuais de moda selecionadas no

presente estudo. A de Treptow (2013), Sorger e Udale (2009), Jones (2005) e

Renfrew e Renfrew (2011).

Examinando a última entidade acadêmica, a U6, é consistente observar a

indicação, em sua bibliografia básica da disciplina 1, três autores selecionados para

a presente pesquisa, Jones (2005), Renfrew e Renfrew (2009) e Treptow (2007).

Como enfoque, essa disciplina aborda “o processo de criação em moda, buscando

conciliar a expressão individual com as necessidades do mercado para o

desenvolvimento de coleções de roupa”. Com o suporte desses três teóricos, onde

cada um expressa uma metodologia projetual de forma diferente, difundem-se

conhecimentos e variadas direções. Jones (2008) é adepto de uma metodologia

projetual mais sintetizada e acadêmica, Renfrew e Renfrew (2009) são favoráveis a

um processo metodológico direcionado a aspectos comerciais e Treptow (2007)

propaga uma metodologia projetual mais detalhada. Isso autoriza o reconhecimento

de que a U5, nessa disciplina, tenciona favorecer seus alunos com a possibilidade

da ampliação de conhecimentos em diferentes sentidos. Nas bibliografias

complementares nenhum dos teóricos selecionados é mencionado.

O que a U6 apresenta em comum com as outras IES mencionadas acima, é

que a disciplina 2 também sugere, inserido na bibliografia básica, um autor de

metodologia projetual do produto - Munari (2008). Nas referências complementares,

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a U6 propõe mais um autor que faz parte do grupo de seleção dos teóricos do

presente estudo, a metodologia projetual para desenvolvimento de coleção de

Sorger e Udale (2006). A Ementa da disciplina indica “o desenvolvimento de coleção

com acompanhamento técnico e mercadológico para a aplicação prática, conciliando

a expressão individual e as necessidades do mercado”. Analisando o foco das duas

disciplinas apresentadas, essas diferem no acompanhamento técnico do processo

de desenvolvimento de coleção de moda, o que não foi comentado na disciplina 1. É

possível verificar que as indicações bibliográficas da disciplina 2, estão coerentes

com o objetivo da disciplina sendo passíveis de desenvolver os conhecimentos

pretendidos.

O Quadro 24 possibilita verificar que a academia U6 utiliza quatro (04) dos

seis (06) autores selecionados no presente estudo para análise de metodologia

projetual de desenvolvimento de coleção, sendo eles Treptow (2007), Sorger e

Udale (2006), Jones (2008) e Renfrew e Renfrew (2009).

Ao final da análise, os dados evidenciados comprovam que os teóricos

indicados nas bibliografias básicas das disciplinas de Projeto de Moda das IES

selecionadas, e que estão presentes na seleção da atual pesquisa são Treptow

(2003), Sorger e Udale (2006), Jones (2005) e Renfrew e Renfrew (2010). Nas

bibliografias complementares as Instituições de Ensino Superior recomendam os

mesmos teóricos mencionados nas bibliografias básicas, porém a U1 acrescenta

Montemezzo (2012). De outro ângulo, por não ter sido mencionado em nenhuma

das bibliografias (básica e complementar) das disciplinas de Projeto de Moda das

IES selecionadas, o teórico Barcaro (2008) entrou no critério de exclusão da

presente pesquisa.

A próxima seção contempla análises efetuadas nas metodologias projetuais

para desenvolvimento de coleção de moda e que são adotadas pelas cinco (05)

empresas participantes da atual pesquisa.

5.3 QUANTO A METODOLOGIA PROJETUAL PARA DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO ADOTADAS NAS EMPRESAS (UNIDADE 2 DE PESQUISA)

Relativo ao processo de desenvolvimento de coleção de moda adotado nas

empresas selecionadas no presente estudo (Unidade 2 de Pesquisa), esta seção

tem como finalidade discutir e analisar as etapas da metodologia projetual de moda

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140

de cada empresa apresentada. Não é objetivo desta análise destacar a empresa que

adote a melhor ou mais completa metodologia, e sim compará-las, para contribuir

com a técnica de análise da adequação ao padrão.

Como mencionado no capítulo 4.1.2.3 - Quanto à metodologia projetual

utilizada nas empresas, desta dissertação, esta seção comenta sobre as etapas que

ficaram subentendidas, no momento das entrevistas, a respeito de metodologia

projetual de moda no processo adotado pelas empresas.

No encerramento deste capítulo estão apresentados comentários dos

entrevistados referentes ao assunto teoria e a prática no desenvolvimento de

coleção de moda, retirados das questões 12 a 18 do roteiro de entrevista (Apêndice

C). Essas opiniões foram acrescentadas por reconhecer que carregam informações

relevantes ao estudo sobre metodologia projetual na área da moda, de forma a

contribuir e enriquecer o estudo efetuado.

Todas as empresas estudadas, de acordo com as falas dos entrevistados,

desenvolvem duas coleções ao ano, primavera/verão, outono/inverno, porém essas

coleções possuem quantidades significativas de modelos para distribuição em

determinados momentos das estações. Todos participantes da pesquisa

comentaram que distribuem um número de modelos em maior quantidade no início

das estações e ao decorrer das mesmas realizam pequenas coleções.

Iniciando a análise sobre as metodologias projetuais para desenvolvimento de

coleção de moda, com base no Quadro 22 apresentado no item 4.1.2.3 da presente

dissertação, considera-se primeiramente o detalhamento das metodologias

projetuais. Verifica-se que, segundo os entrevistados, as empresas A e B possuem

em seu processo de coleção um detalhamento mais abrangente em relação às

empresas C, D e E. A empresa A possui em seu processo nove (09) etapas para o

desenvolvimento de coleção, enquanto que a empresa B detém dez (10) etapas, a

empresa C apresenta seis (06) etapas e as empresas D e E possuem igualmente

sete (07) etapas na metodologia de projeto de coleção. Ressalta-se, a título de

esclarecimento, que as considerações sobre adequação das metodologias projetuais

de moda empregadas pelas academias estão discutidas no item 5.4 - Contribuições

e resultados: análise adequação ao padrão.

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De acordo com os entrevistados, as cinco (05) empresas analisadas iniciam

igualmente pela fase da pesquisa de tendência, sendo que o responsável pelo

desenvolvimento de coleção da empresa A mencionou a pesquisa de

macrotendência e comportamento, enquanto que os responsáveis das empresas B,

C, D e E apenas mencionaram a realização de pesquisa de tendência. Relativo à

fonte de pesquisa para a coleta de informações, os entrevistados das empresas A e

C comentaram o acesso a partir de bureaux de moda como WGSN, UseFashion e o

Nelly Rodi e viagens internacionais durante o ano. A equipe de desenvolvimento da

empresa B busca as informações sobre tendências de moda com base em blogs,

sites e palestras referente ao assunto. Os respondentes das empresas D e E apenas

informaram que realizam a pesquisa, sem mencionar a fonte.

Com referência à segunda etapa do processo de desenvolvimento da coleção

de moda das empresas A, B e D igualmente utilizam do painel temático, segundo os

entrevistados. Os responsáveis pela empresa C não mencionaram o emprego do

painel temático, porém, mesmo assim, acredita-se que cumpra com essa atividade.

A empresa C estabelece como segunda etapa o próprio desenvolvimento de coleção

de moda, executado através do desenho técnico com especificações. A empresa E,

por produzir suas coleções de forma terceirizada, desenvolve na sua segunda etapa

um briefing de coleção. O painel temático se constitui em uma das informações que

o briefing contém.

Analisando as etapas seguintes, constata-se que as empresas percorrem

caminhos semelhantes. Destaca-se a ausência da utilização do processo de

desenho de moda ou croqui, mencionado por Treptow (2003) em sua metodologia

projetual de moda. Nenhuma das empresas entrevistadas utiliza essa etapa no

desenvolvimento de coleção, e sim o desenho especificado de moda ou desenho

técnico.

Relativo à produção da coleção, os respondentes das empresas B, C e D

citaram que desenvolvem suas peças tanto em empresas terceirizadas quanto na

própria empresa. Reforçando este como procedimento da maioria das empresas

investigadas, o entrevistado da empresa A mencionou que a produção é

desenvolvida internamente e a empresa E produz tudo externamente. As peças

piloto das coleções de todas as empresas são produzidas internamente.

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O número de modelos desenvolvidos por coleção ficou explícito nas respostas

dos entrevistados das empresas A, B e E. O respondente da empresa A relatou que

trabalha em média com 80 modelos, porém tem alguns modelos que já são

considerados “campões de vendas” e estão presentes em todas as coleções,

apenas sendo adaptados em materiais e cores conforme a estação. A empresa B

trabalha em média com 100 modelos por coleção, de acordo com o entrevistado,

onde cada peça possui sua ramificação como exemplo “vestido que é decote

profundo e saia reta; daí vai ter o vestido que tem o decote profundo e saia rodada;

e o vestido com decote profundo e saia com fenda e tecido diferente”.

(RESPONDENTE DA EMPRESA B). A empresa E trabalha em média com 200

modelos por coleção, informa o responsável pelo desenvolvimento de coleção da

empresa.

Interessante ressaltar que a única empresa que terceiriza a produção em

outro Estado é a empresa C. O respondente relatou que envia suas peças cortadas

para produção em Blumenau/SC, para efetivação dos processos de fechamento e

lavanderia.

O processo de desenvolvimento de coleção da empresa E se destacou por

sua diferenciação entre as cinco (05) empresas analisadas. Infere-se que esta

distinção possa ser atribuída à forma de produção externa das coleções,

sustentadas por um briefing criado internamente. A empresa E possui dez (10)

fornecedores de produção e o entrevistado reconhece que com essa terceirização

de serviço a Unidade de estilo da coleção fica comprometida, conforme transcrição:

Até porque assim... a Unidade tu consegues ter em cima do tema e da cartela de cores, mas não consegue uma Unidade de estilo, porque não é a mesma pessoa que desenvolve, ou a mesmo grupo de pessoas que desenvolvem. Então cada empresa tem sua característica que coloca no produto, a gente consegue porque a gente não tem empresas concorrentes. Então como cada uma tem o seu tipo de produto, a gente consegue dar uma identidade pelo menos para aquele produto. (RESPONDENTE DA EMPRESA E).

Na empresa D, a ficha técnica é desenvolvida apenas após a confecção da

peça piloto e aprovação, antes da produção interna e externa. O entrevistado

demonstrou descontentamento quanto ao processo de utilização da ficha técnica.

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[...] tipo, as pessoas não têm o habito de ler, é bem isso, não querem ler, não sei fazer, não precisa. E aí, às vezes, na ficha técnica tem indicações que facilitariam para elas o trabalho, minimizariam erros, que como as pessoas não querem ler, isso tu não consegue. (RESPONDENTE DA EMPRESA E).

O gerente de desenvolvimento de coleção da empresa E acredita que se as

pessoas que integram as equipes de produção ou confecção das empresas lessem

as fichas técnicas, minimizariam os erros e os custos dentro da empresa. Essa etapa

mencionada pelo entrevistado da empresa D está presente nas metodologias

projetuais indicadas nos teóricos Treptow (2003) e Montemezzo (2003).

A segunda parte deste capítulo refere-se às questões 12 a 18 do roteiro de

entrevista, iniciando pela pergunta 12, que indagou sobre a importância da

metodologia projetual de moda. A resposta dos entrevistados foi unânime. Todos

acreditam na importância da metodologia projetual de moda, porém devido à rapidez

do mercado, sua aplicabilidade dentro da empresa não é minuciosa, igualmente ao

que se aprende nos cursos de moda. Algumas das respostas dos entrevistados

confirmando a afirmação.

· Empresa C: “Acredito que sim, porque assim, o mercado é diferente. Tem

gente que vai conseguir aplicar, tem gente que não vai conseguir aplicar

tanto. Depende muito, mas eu acredito que é importante sim, para pelo

menos ter um embasamento para saber por onde começar”.

· Empresa D: “Acredito que sim, acredito que isso melhora a qualidade do

produto final”.

· Empresa E: “acho que a gente não consegue tão minucioso como é na

faculdade, porque o tempo de mercado é diferente”.

A questão de número 13 do roteiro de entrevistas questionou a respeito da

teoria e a prática no desenvolvimento de coleção de moda e se existe desconexão

entre a academia e a indústria. Mais uma vez as respostas foram semelhantes e

relacionadas à distância de realidade do ensino a indústria do vestuário. Abaixo

trechos das transcrições que confirma essa informação.

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· Empresa A: “Acho que existe bastante. Eu sinto muita falta, tipo de algumas

coisas específicas, por exemplo: o processo produtivo. Eu ao menos não

estudei quando aprendi, não tive algo efetivo sobre processo produtivo. Todo

mundo imagina como funciona, mas acho que algum trabalho sobre isso é

muito importante, sabe?”.

· Empresa B: “Acho que sim, é intuitivo, mas nem tanto né? Porque se tu

pensar a gente aprendeu isso. Eu acho que assim, na academia tudo é mais

perfeito, assim, né? Tu vai fazer de acordo... e na vida real, as coisas, como

eu te falei, não funcionam bem assim. Então, às vezes, na academia a gente

não tá preparado para os imprevistos, para essa coisas que acontecem, né?”.

· Empresa C: “Ah existe, existe, existe desconexão, mas eu também não acho

que seja, ‘ah que estejam ensinando errado ou alguma coisa assim’, é porque

realmente né o mercado que a gente tem e o que é apresentado na

faculdade, muda bastante até pra onde tu vai, chão de fábrica ou

desenvolvimento de produto, outro tipo de produto, e eu acho que o mercado

está mudando muito também”.

· Empresa D: “Sim. Bem grande na verdade. Por exemplo, uma coisa que eu

lembro muito do projeto, que era a inspiração. Tipo, as professoras insistiam

que a nossa inspiração, tinha que ser a mais criativa, a mais maluca, que as

peças que a gente desenvolvia tinham que ser totalmente originais, com

modelagens totalmente diferenciadas, não me lembro de nenhuma vez um

professor me questionar em custo, do tipo, precisamos ter um custo

acessível. Gastava-se horrores em uma peça, R$200,00 em um vestido, ou

mais. E tipo, isso eu senti bastante diferença, não é a realidade”.

· Empresa E: “Eu acho que é muito minucioso, muito certinho e no mercado tu

não tem tempo para isso, sabe? Tu não tens lá 6 meses para pesquisar, para

ti desenhar...sabe? Ai montar super temas e cada peça tem um

detalhezinho...não! É muito mais rápido, mais dinâmico e se tu demora muito,

tu não consegue fazer tudo o que tu precisa fazer e tu não entrega o que

precisa entregar”.

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A pergunta de número 14 aventou sobre um possível estreitamento entre a

teoria e a prática na indústria do vestuário com relação do desenvolvimento de

coleção de moda. Todos os entrevistados acreditam nesta possibilidade, porém

creem que será necessário um esforço significativo de ambas as partes, academia e

indústria, para que esse estreitamento se torne realidade. Comentam que as IES

deveriam introduzir o aluno no mercado de trabalho, assim como ajudar o discente

nos contatos para estágios e também a realizar parcerias com as empresas. Abaixo

trechos das respostas que confirmam essa informação.

· Empresa A: “Acredito, com certeza. Só acho que falta um ajuste. E cada

empresa é um caso, e cada caso é um caso. Tudo tem que ser bem flexível”.

· Empresa B: “Acho que sim, mas cada empresa leva de um jeito, sabe? Aí

fica difícil também pra faculdade, que método usar, sabe? Porque que nem eu

posso fazer de um jeito, a empresa tal faz de outro e a outra empresa faz de

outro. Ai também fica uma loucura né? Acho que pode, mas é um pouco

complicado. Acho que o que falta na faculdade é uma noção da realidade”.

· Empresa C: “Acho que sim, acredito que sim até por meio de... eu só acho

que a parte fraca, essa parte dos estágios curriculares. Talvez ter um pouco

mais de foco nisso, para preparar melhor o profissional para o mercado”.

· Empresa D: “Acho que é possível, mas tem que mudar muito. Uma coisa que

acho que a academia poderia fazer é realmente buscar esse network,

introduzir o aluno um pouco mais, tipo já na faculdade”.

· Empresa E: “Acho que pode ser.... mas acho que tem que.... Acho que a

faculdade tem que entrar mais no mercado, em como o mercado funciona

realmente. Acho que é muito em cima do ideal e o ideal não é o que

acontece”.

A pergunta 15 gira em torno do ensinamento transmitido aos alunos nas

academias, mas que as indústrias não aplicam no dia-a-dia do desenvolvimento de

coleção de moda. O respondente da empresa A emitiu resposta de forma

equivocada ou ocorreu desvio de interpretação não contribuindo para a consecução

dos resultados da pesquisa. Os entrevistados das empresas B e E responderam as

questões a respeito do assunto de metodologia projetual mencionando a

adequabilidade dessa na empresa. O responsável pelo desenvolvimento da

empresa C não lembrou de nenhum ensinamento adquirido na academia que a

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indústria não utiliza, e o entrevistado a empresa D mencionou a respeito da ficha

técnica, que acredita em sua relevância, porém algumas indústrias não utilizam

corretamente. Abaixo trechos das entrevistas confirmando as informações que,

conforme Marconi e Lakatos (2010) indicam, é recomendável a transcrição.

· Empresa B: “Assim o que eu acho que acaba que, às vezes, a gente tem que

fazer as coisas mais rápidas e tal. A gente não segue muito um método e as

vezes nisso tu se perde, né”?

· Empresa C: “Hm, não..., acho que não... acho que não tem nada..., não me

lembro de nada agora”.

· Empresa D: “Acho que uma coisa, eu entrei aqui na empresa para aplicar, e

a indústria parece que tem uma rejeição é a ficha técnica. Tipo, as pessoas

não têm o habito de ler, é bem isso, não querem ler, não sei fazer, não

precisa”.

· Empresa E: “A metodologia. Só que adequar a metodologia porquê... hoje

aqui eu consigo porque eu determino. Mas tem empresas que elas não

querem que tenha uma metodologia. Então até questão de criação sabe...

uma coisa assim... a gente sabe que não é tudo criado, mas tu precisas do

processo de criação”.

A questão de número 16 perguntava sobre atividades importantes que a

indústria desenvolve e que a academia não ensina. Os respondentes das empresas

B, C e E comentaram a respeito da realidade do mercado, de como funciona o

desenvolvimento de coleção, mencionaram questões relativas a estágios e contato

da academia com a indústria. O representante da empresa A mencionou a respeito

do processo produtivo e o da D a referente ao custo de produção. Abaixo trechos

das transcrições que confirmam essas informações.

· Empresa A: “A questão do processo produtivo, bem importante... Eu sinto

bastante falta dessa área de controle, de negócio mesmo, da empresa como

busines, sabe? ”.

· Empresa B: “Noção da realidade... (risos) ”.

· Empresa C: “Eu acho que a faculdade traz muito glamour, como as coisas

são, acho que não é a realidade, não fica realístico como as coisas

funcionam, como o mercado é exigente”.

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· Empresa D: “Por exemplo, custos. Pra mim, no meu curso, foi nulo. Tipo, eu

tive uma cadeira de custos, com um professor de engenharia, um senhor bem

simpático, mas tipo, quando chegava na hora, na cadeira de planejamento de

coleção, por exemplo, isso não existia”.

· Empresa E: “Tu não tens uma noção real de como está funcionando. Eu

ainda tive porque comecei a fazer estágio a partir do 3º semestre que era

quando eles liberavam para estagiar e fiz até o último semestre. Então eu

acabei pagando uma ideia do mercado”.

A questão de número 17 perguntou: Quais as contribuições que você

identifica no Desenvolvimento de Coleção de Moda, geradas pelos profissionais com

formação superior nos cursos de Bacharelados em Design de Moda? Visto que a

presente pesquisa selecionou todos os cursos superiores em Moda localizados na

região da Grande Porto Alegre, não somente bacharelados, no momento da

entrevista foi mencionado na questão 17 os cursos de Bacharelados e Tecnólogos

em Design de Moda.

As respostas dos entrevistados referentes à questão 17 foram diferentes.

Para a empresa A o profissional formado em moda não é o fator determinante na

contratação. A empresa B não soube responder questão. A empresa C não

visualizou contribuições e acredita que dependa da vontade das pessoas em serem

bons profissionais. A empresa D mencionou que o profissional com formação em

ensino superior é aberto a mudanças, experimentos e a trazer inovações para

empresa. A empresa E acredita na contribuição a partir da metodologia projetual de

moda. Abaixo trechos emitidos nas entrevistas que reforçam as informações.

· Empresa A: “Na hora de contratar eu sempre vejo a experiência, indicação e

faço uma análise profunda do perfil da pessoa para ver se encaixa com a

minha equipe, e se tem os valores da empresa, porque pra mim isso é bem

importante, pra não distorcer o grupo que a gente já tem”.

· Empresa C: “Não cheguei a visualizar uma contribuição nas duas estagiárias

que contratei, infelizmente, fiquei bem triste. Acho que depende muito das

pessoas, da vontade, do interesse, do porquê que foi fazer moda. Algumas se

tornam profissionais medíocres, querendo ou não está na moda fazer moda”.

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· Empresa D: “Eu acho que a gente traz esse conhecimento de pesquisa, de

conceito e de público-alvo um pouco mais aprimorado, que eu acho que é

bem interessante. Mas eu acho que tem um potencial pra ter muito mais

coisas. Mas eu percebo que quando a pessoa tem faculdade, bacharelado,

ela é muito mais aberta a experimentar e a testar coisas novas e a trazer

alguma novidade, buscar inovações que permitam a evolução”.

· Empresa E: “A questão da metodologia, a gente precisa, então eu acho que

a metodologia é o que acaba trazendo de melhor do bacharelado”.

A pergunta 18 questionou se o entrevistado gostaria de sugerir, acrescentar

ou modificar algo sobre metodologia projetual de moda que considerasse importante

e que não tinha sido comentando nas entrevistas. O representante da empresa A

falou que já tinha comentado tudo que gostaria. Os representantes das empresas B

e C comentaram a respeito da noção de realidade e o da empresa B da falta de

ajuda da IES em direcionar o aluno para o estágio. O representante da empresa D

citou o enfoque da modelagem no decorrer do curso, e o da empresa E apenas

acredita na importância da presente pesquisa para o início de uma reflexão,

conforme pode ser visto nos trechos retiradas das falas dos entrevistados.

· Empresa A: “Não, a maioria das coisas que eu acho que falta já foi

comentado”.

· Empresa B: “Eu acho que assim... que nem eu falei, muito da noção da

realidade. Eu acho que quando a gente ia fazer estágio, era tão difícil de

conseguir em uma empresa, e a faculdade não ajudava a gente... e eu acho

que isso é muito importante”.

· Empresa C: “Não, acho que a gente falou tudo e mais um pouco do que a

gente acha que deviria ter na metodologia de moda. Mais a realidade, é o que

a gente precisa, não precisamos glamour. A gente quer produção, tem que

produzir. Não adianta ser bonita, tem que dar dinheiro”.

· Empresa D: “Eu acho que, por exemplo, no projeto de coleção seria muito

interessante focar na modelagem. Tipo, as vezes eu tive a impressão, durante

a faculdade, que a modelagem era meio renegada, ou não era importante,

sabe? Tu não precisa fazer, fez as cadeiras e tu pode pular. Eu acho que é

importante, mesmo que tu não vai ser modelista, tu saber modelagem e tu

saber indicar o que tu quer”.

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· Empresa E: “Não. Acho super importante esse teu trabalho, muito mesmo,

porque acho que ainda falta esse link da academia com a empresa, assim, e

não sei como, acho que não é só com a metodologia, mas acho que tem que

juntar, muito mais assim... obvio que o profissional não vai sair pronto para o

mercado, não é isso, mas sair preparado para o que vai encarar e saber o

que vai encarar”.

O teor desta seção foi constituído pela explanação das análises, reflexões e

comparações a respeito das metodologias projetuais para desenvolvimento de

coleção adotado nas empresas e exposto os relatos relativos às opiniões dos

entrevistados sobre o ensino de desenvolvimento de coleção nas academias e sua

aplicação na prática. O próximo capítulo apresenta o resultado da discussão da

pesquisa, tendo a técnica de Adequação ao Padrão, sugerido por Yin (2001) para o

Estudo de Caso Múltiplo, como suporte para alcançar o objetivo previsto neste

estudo.

5.4 CONTRIBUIÇÕES E RESULTADOS: ANÁLISE ADEQUAÇÃO AO PADRÃO

De acordo com Yin (2001), a técnica para análise de dados que se coaduna

com o Estudo de Caso Múltiplo corresponde à análise de Adequação ao Padrão.

Para cumprir esta tarefa se faz necessária a construção de um padrão, com base na

teoria apresentada, sustentada pela teoria dos autores que discorrem sobre o

assunto metodologia projetual de moda para desenvolvimento de coleção. Os

autores utilizados no desenvolvimento da fundamentação teórica da dissertação em

pauta são: Treptow, 2003; Montemezzo, 2003; Sorger e Udale, 2009; Jones, 2005;

Barcaro, 2008; Renfrew e Renfrew, 2010.

Com o propósito de comparar as metodologias projetuais para o

desenvolvimento de coleção de moda ensinada nas academias (Unidade 1 de

Pesquisa) com as utilizadas nas empresas de vestuário (Unidade 2 de Pesquisa)

selecionadas, após análises das disciplinas de Projeto de Moda das IES, verificou-se

que um dos autores pertencente ao grupo de teóricos selecionados não foi

mencionado, sendo este Barcaro (2008). Em atendimento à proposta desta pesquisa

e na intenção de reforçar sua validade, a metodologia projetual para

desenvolvimento de coleção de Barcaro (2008) foi desconsiderada.

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Portanto, e na sequência, o Quadro 25 integra o padrão desenvolvido para a

análise dos dados com base nos autores Treptow, 2003; Montemezzo, 2003; Sorger

e Udale, 2009; Jones, 2005; Renfrew e Renfrew, 2010. Este modelo foi construído

pontuando semelhanças e igualdades entre as etapas das metodologias projetuais

de moda, sugeridas pelos cinco (05) teóricos descritos acima. Segundo Yin (2001,

p.136) “se os padrões coincidirem, os resultados podem ajudar o estudo de caso a

reforçar sua validade interna”. (YIN, 2001, p. 136).

Quadro 25: Adequação ao Padrão

Fonte: Elaborado pela autora.

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151

Relacionando o padrão desenvolvido com as metodologias projetuais para

desenvolvimento de coleção de moda adotado nas empresas, a primeira etapa que

se destaca é a do Briefing. Como apresentado no Quadro 25, esta fase tem como

finalidade reunir a equipe de desenvolvimento de coleção para a elaboração do

cronograma e discussões a respeito do público-alvo e da estação. Acredita-se que

esta fase seja efetivada nas empresas e considerada uma atividade frequente,

embora não tenha sido comentada nas entrevistas. Essa dedução está

fundamentada nas citações de Treptow (2003), Jones (2005) e Renfrew e Renfrew

(2010) que, em suas metodologias projetuais de moda, sugerem que o Briefing seja

desenvolvido.

Comparando o modelo da Adequação ao Padrão com a metodologia projetual

da empresa A é possível comprovar que são semelhantes. A fase da Pesquisa de

Tendência no modelo padrão apresentado engloba tendências de mercado e moda,

inspiração e painel temático. Na metodologia projetual da empresa A essas etapas

são cumpridas, segundo o entrevistado, porém dividem-se em fases separadas: na

fase 1, pesquisa de macrotendência e comportamento e na fase 2, definição da

temática.

A terceira etapa de desenvolvimento de coleção de moda na empresa A

refere-se à Pesquisa de Produto e leitura das peças que se destacaram nos desfiles.

Esse momento pode ser associado à etapa de pesquisa do modelo padrão. As fases

4 e 5, Pesquisa de Materiais e Parâmetro da Coleção, consecutivamente, são vistos

no padrão, porém em ordem contrária. Na empresa, primeiro se efetiva a pesquisa

de materiais e após o parâmetro de coleção. No modelo padrão, primeiro

desenvolve-se o Parâmetro e a Dimensão da Coleção e depois se efetiva a pesquisa

da matéria-prima. As fases 6 - Desenho Técnico, 7 - Modelagem, 8 - Peça Piloto e 9

- Produção podem ser incluídas nas três últimas etapas do padrão desenvolvido e

considerada nesta pesquisa.

Segundo palavras do responsável pela coleção de moda da empresa B,

proferidas no momento da entrevista, o processo inicia, igualmente, pela fase da

pesquisa, como apresentada na etapa 1 do modelo padrão, cumprindo com a

atividade de inspiração em segundo momento. De acordo com o modelo padrão, a

próxima etapa seria a construção do Mix de Moda e Produto. Porém, na empresa B,

conforme relato do entrevistado, definem-se os modelos e silhuetas já

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desenvolvendo o desenho técnico, etapa prevista no quinto momento do modelo

padrão. No entanto, outras fases são previstas pela empresa B que não têm

correspondência com o modelo padrão elaborado pela pesquisa: a Definição do

custo, o Preço da peça e o Editorial de Moda.

Durante a entrevista, o respondente da empresa C apresentou o processo

para desenvolvimento de coleção de moda de forma simplificada. Essa empresa

inicia conforme o modelo padrão desenvolvido pela pesquisa de tendências. No

segundo momento da metodologia projetual utilizada pela empresa ocorre o

desenvolvimento de coleção decorrente do desenho técnico de moda. Entende-se

que nesta etapa outras fases sejam desenvolvidas, porém não foram comentadas na

entrevista, como painel temático, mix de moda e produto, pesquisa de materiais,

possibilitando assim o desenvolvimento da coleção como um todo. A falta de

comentário autoriza a considerar que a empresa C não cumpre com a metodologia

projetual de moda conforme modelo padrão estabelecido para a análise.

A empresa D inicia seu processo de desenvolvimento de coleção igualmente

como o modelo estabelecido para esta análise prevê, conforme afirmou o

responsável pelo desenvolvimento de coleção. Porém, percebe-se a ausência das

etapas Mix de Moda e Produto, onde ocorre a definição do parâmetro de coleção e

sua dimensão, pesquisa de materiais, cartela de tecidos, cores e aviamentos. As

outras etapas apresentadas pela empresa D são semelhantes ao modelo padrão

desenvolvido, porém não se considera que a metodologia empregada na empresa

cumpra com etapas previstas no modelo padrão estabelecido pelo presente estudo.

Por ocasião da entrevista, o responsável pela confecção de moda da empresa

E reconheceu que essa desenvolve toda a coleção a partir de fornecedores de

produção. Por ter um sistema de desenvolvimento diferente do que as outras

empresas analisadas constata-se a dessemelhança do seu processo com o modelo

padrão estabelecido por esta pesquisa.

Após as análises verifica-se que as metodologias projetuais para o

desenvolvimento de coleção de moda adotadas nas empresas possuem semelhança

com o modelo padrão desenvolvido, com base nos teóricos selecionados para o

presente estudo. No entanto, considerando a análise dos dados levantados é

possível afirmar que os processos metodológicos estabelecidos pelas empresas não

equivalem totalmente às etapas sugeridas pelos teóricos indicados nas disciplinas

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de Projeto de Moda das IES selecionadas e que constam do modelo padrão

elaborado por esta pesquisa. Infere-se que a rapidez com que ocorrem mudanças

nas necessidades e desejos do consumidor no mercado de moda, como

mencionando em entrevistas de responsáveis pela coleção de moda das empresas

que participaram da amostra, seja um dos motivos que poderia justificar essa

diferença. As considerações de Solomon (2011), sobre a rapidez no mercado da

moda, fundamentam a afirmação referida.

Na sequência e a título de fechamento deste estudo, a próxima seção está

destinada a apresentar as conclusões obtidas por esta pesquisa, as contribuições

que conseguiu reunir, tanto acadêmicas quanto sociais e pessoais expondo,

inclusive, as dificuldades encontradas para elaborar esta dissertação. Sugere-se,

também, possíveis vieses a serem abordados em novos estudos por futuros

acadêmicos.

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154

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A abordagem do tema “A Teoria e a Prática no Desenvolvimento de Coleção

de Moda” constituiu a proposta desta pesquisa, motivada pela percepção do

crescimento que o mercado de moda e o ensino superior obtiveram na área. Outro

fato motivador para a construção deste estudo surge da experiência da autora,

proveniente dos relatos de alunos sobre a desconexão existente entre o aprendizado

e a prática na indústria de vestuário.

Ao chegar nesta fase do desenvolvimento do estudo, cumpre pontuar

algumas evidências a título de fechamento, e não talvez, de encerramento da

pesquisa efetuada. O reconhecimento empírico, com escassos estudos científicos

do contexto, de que possivelmente haja um hiato entre a teoria e a prática para o

desenvolvimento de coleção de moda, motivou a elaboração da hipótese e do

problema de pesquisa.

Metodologicamente, o caminho percorrido seguiu o que foi planejado na

Introdução deste trabalho, fundamentado pelo levantamento dos conhecimentos

teóricos de Jones (2005), Sorger e Udale (2009), Treptow (2003), Montemezzo

(2003), Barcaro (2008), Renfrew e Renfrew (2010). Serviu, a seu tempo, para avaliar

a validade da coleta de dados nos cursos Superiores em Moda e suas metodologias

projetuais das academias da Grande Porto Alegre, no intuito de comprovar a

influência que, por ventura, exerçam sobre o processo de ideação das coleções de

moda, nas indústrias do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul. Do mesmo

modo, sustentou a busca de informações através das entrevistas realizadas com os

responsáveis pela coleção de moda nas empresas participantes deste estudo e deu

origem à formulação do Quadro Modelo Padrão para averiguação das contribuições

acadêmicas, no nível de metodologias projetuais, para a prática de confecção de

moda nas indústrias.

No entanto, os resultados obtidos na análise de dados sobre a técnica de

Adequação ao Padrão demonstraram que, embora as empresas desenvolvam

etapas das metodologias projetuais semelhantes ao modelo elaborado por este

estudo, nenhuma delas se adequa integralmente ao padrão. Portanto, pelo

parâmetro medido por esta pesquisa admite-se a contribuição teórica das academias

selecionadas à prática, nos processos de confecção de moda das empresas.

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Mesmo constatando um certo descompasso entre os processos sugeridos

pelos teóricos e aproveitados nas empresas, foi confirmado como resultado, por um

dos critérios adotados nesta pesquisa, ou seja, a indicação bibliográfica das

academias que embasou a elaboração do Quadro Adequação ao Padrão, que os

procedimentos de confecção de moda se mostram adequados e de possível

utilização, para cumprir rapidamente às exigências do mercado.

Por meio da comparação entre as etapas dos processos de desenvolvimento

de moda nas indústrias de confecção e o Quadro de Adequação ao Padrão, aplicado

nesta análise, ficou evidente a inadequabilidade entre um e outro, apesar de todas

as empresas utilizarem etapas pertencentes à teoria das metodologias projetuais de

moda ali expressas. A desigualdade se apresenta, acredita-se, pelo motivo de que o

mercado se desenvolve mais rapidamente ao que é ensinado nas academias, como

mencionado em algumas das entrevistas realizadas com os responsáveis pela

coleção de moda das empresas.

A confirmação deste resultado pode ser contemplada no exemplo da

delimitação do tempo. Para desenvolver uma coleção de moda, as IES determinam

que seja confeccionada em um semestre do curso. Ministrada nas disciplinas de

projeto de moda, o alunado recebe a tarefa de confeccionar de dois a três looks de

uma coleção de 15 a 20 modelos. Na indústria do vestuário, uma coleção possui

cerca de 80 a 300 modelos, ou mais, e trabalha com duas coleções por semestre,

pois ao momento em que está nas fases iniciais do processo de desenvolvimento de

coleção, está entregando, juntamente, a coleção da próxima estação.

A rapidez que o mercado exige, faz com que os responsáveis pelo

desenvolvimento de coleção de moda nas empresas sintetize algumas das etapas

aprendidas nos cursos superiores em moda, ou até mesmo as elimine. Caso

contrário, o tempo seria insuficiente e atrasaria a entrega de coleções aos

compradores, causando prejuízo à empresa, como ficou demonstrado pelos

comentários emitidos pelos responsáveis pela coleção de moda nas empresas,

durante as entrevistas.

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No decorrer da elaboração desta dissertação, alguns impedimentos

obstruíram, mas não impediram o seu andamento normal. Os obstáculos

encontrados referem-se, basicamente, às dificuldades decorrentes da coleta de

dados em duas das Unidades de Pesquisas selecionadas. Na Unidade 1 de

Pesquisa deparou-se com barreira ao acesso às ementas e bibliografias utilizadas

nas disciplinas de Projeto de Moda nos sites das IES. Reafirma-se que esses

documentos, por lei, são considerados de caráter público e sua divulgação é

obrigatória. Porém, em algumas das academias selecionadas não se encontram

disponibilizadas nos sites. As IES selecionadas solicitaram que a coordenadora do

Mestrado em Design da Instituição da pesquisadora entrasse em contato por

telefone e e-mail, com as coordenações dos cursos de moda, solicitando os devidos

documentos, a fim de que o processo de coleta de dados seguisse seu curso. Como

descrito no item 4 “Estudo de Caso Múltiplo”, duas IES entraram no critério de

exclusão por não concederem tais documentos.

Outro entrave encontrado percebeu-se em face da Unidade 2 de Pesquisa,

quanto às respostas dos entrevistados. Houve equívoco no entendimento do

processo metodológico para desenvolvimento de coleção de moda em alguns dos

questionamentos que constam no Roteiro de Entrevistas (Apêndice C) desta

dissertação. Alguns dos entrevistados responderam aos questionamentos de forma

contraditória. Acredita-se que isso possa ter ocorrido por falta de entendimento dos

processos metodológicos (parte integrante da pergunta) ou pelo motivo de o

entrevistado possuir o título superior em Moda há mais de 5 anos e não lembrar de

todas as etapas do processo, como comentado por um dos entrevistados,

responsável pelo desenvolvimento da coleção de moda de uma das empresas

participantes da pesquisa.

Quanto à relação de teóricos que integraram a montagem do Quadro Modelo

Padrão para este estudo, que serviu para comparar as metodologias projetuais das

academias com as desenvolvidas pelas empresas, na prática, o teórico Barcaro

(2008) foi submetido ao critério de exclusão. Constatou-se que este autor não é

sugerido, como bibliografia básica ou complementar, em nenhuma das IES que

fizeram parte da pesquisa. Motivo pelo qual se aplicou a ele o critério excludente.

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Importa, ainda, considerar a existência de que este estudo contenha lacunas,

uma vez que é impossível preencher todas as vertentes do conhecimento em um

trabalho acadêmico. Uma das possibilidades de continuidade para a presente

pesquisa é perceptível após da realização da análise de dados efetuada. Para

aplicação mercadológica, consideram-se extensas as metodologias projetuais para

desenvolvimento de coleção, devido à rapidez e às exigências do mercado de moda.

Fundamentada nesta constatação, sugere-se estudo da adequação de metodologia

projetual de moda, com processos sintetizados ou reduzidos, direcionada ao

mercado, que possa ser aplicada em produções em grande escala, contribuindo com

os processos da empresa.

Em estudos como os acima sugeridos, acredita-se que seria necessário

segmentar a coleta de dados em empresas de pequeno, médio e grande porte.

Sendo assim, poderiam surgir outros resultados, diferentemente dos encontrados

nesta pesquisa, abordando empresas que utilizem ou não metodologias projetuais

para desenvolvimento de coleção, a partir de seu enquadramento no Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS).

Com os resultados que foram possíveis constatar nesta pesquisa, julga-se

que foram atingidos os objetivos traçados no início desta caminhada e respondido o

problema que deu origem a este estudo. Considera-se que as questões aqui

tratadas sirvam para despertar o interesse, a reflexão e promover discussões a

respeito do tema paralelismo entre a teoria e a prática no desenvolvimento de

coleção de moda, tanto nas academias que oferecem cursos superiores em moda,

quanto na indústria do vestuário. Almeja-se que esta pesquisa se configure como

início de uma profunda discussão, visando uma adequação respeitosa do assunto e

que possa contribuir para o estreitamento das relações entre o ensino de Moda e

sua aplicação no mercado.

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APÊNDICE A – MODELO DE AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA PARA

USO DE DADOS.

TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

Eu, _________________, RG nº ______________, CPF nº ______________, Sócio/proprietário da empresa ________________________, localizada na Av. ________________________ no município de Porto Alegre/RS, declaro para os devidos fins e a quem possa interessar, que autorizo a realização de entrevistas em nossa empresa com a participação de nossa funcionária na pesquisa que faz parte da dissertação sob o título “A TEORIA E A PRÁTICA NO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE MODA: estudo de caso em empresas de vestuário na Grande Porto Alegre”, do Programa de Mestrado em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), tendo como orientadora e Pesquisadora Responsável a Professora Dra. Carla Pantoja Giuliano e a Pesquisadora Assistente a aluna Renata Pedron, RG nº 5088112619, CPF nº 00513588086. O Comitê de Ética em Pesquisa da UniRitter (CEP/UniRitter), responsável pela apreciação do referido Projeto de Pesquisa, pode ser consultado a qualquer momento, para fins de esclarecimento, por meio do número de telefone: (51) 3092.5699 - Ramal 9024 ou do endereço eletrônico (e-mail): [email protected]. Porto Alegre, ___ de abril de 2015. ____________________________________ Nome do sócio/proprietário (diretor) Cargo: Rg: Cpf:

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APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

A TEORIA E PRÁTICA NO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE MODA: estudo de caso em empresas de vestuário no Estado do Rio Grande do Sul.

VOCÊ está sendo CONVIDADO a participar de uma pesquisa desenvolvida por Renata Pedron, aluna do Programa de Mestrado em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter. O Pesquisador Responsável pela pesquisa é a Prof. Dra. Carla Pantoja Giuliano.

I. Tendo em vista que a moda tem evidenciado importância crescente quando se trata do contexto dos negócios contemporâneos no Brasil e no mundo, o presente projeto de pesquisa para dissertação de Mestrado em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis, objetiva: identificar as contribuições que as metodologias projetuais desenvolvidas nas academias da Grande Porto Alegre, nos cursos Superiores em Moda e que compõem as disciplinas de projeto, exercem no desenvolvimento de coleções nas indústrias do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul.

II. Para tanto serão realizadas entrevistas semiestruturadas, com os responsáveis pelo desenvolvimento de coleção das empresas presentes neste estudo, compondo cinco (05) empresas do segmento de vestuário, localizadas no Rio Grande do Sul.

III. Esta pesquisa não oferece risco físico aos participantes. Será possível o participante se sentir constrangido para responder alguma pergunta durante a entrevista, mas será respeitado caso não queira respondê-la. Suas identidades e informações coletadas serão protegidos com a responsabilidade dos pesquisadores.

IV. Com este estudo, talvez seja possível despertar o interesse dos envolvidos na questão da adequação do paralelismo entre a teoria e a prática do desenvolvimento de produto de moda, tanto na área acadêmica quanto mercadológica, contribuindo para o estreitamento das relações entre o ensino de Design de Moda e sua aplicação no mercado.

V. As informações coletadas serão utilizadas apenas para a contribuição desta pesquisa, não havendo qualquer outro fim.

VI. Esta pesquisa é financiada com recursos do pesquisador e com apoio através da concessão de bolsa de estudo Taxa, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Centro Universitário Ritter dos Reis.

Pelo presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, declaro que autorizo a minha participação neste projeto de pesquisa, pois fui informado, de forma clara e detalhada e livre de qualquer forma de constrangimento ou coerção, dos objetivos, da justificativa, dos procedimentos que serei submetido, dos riscos, desconfortos e benefícios, assim como das alternativas às quais poderia ser submetido, todos acima listados.

Manifesto, igualmente, que fui adequadamente informado: 1. Da garantia de receber resposta à pergunta ou esclarecimento de dúvida acerca dos procedimentos, riscos,

benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa; 2. Da liberdade de retirar meu consentimento, a qualquer momento, e deixar de participar do estudo; 3. Da garantia de que não serei identificado quando da divulgação dos resultados e que as informações obtidas

serão utilizadas apenas para fins científicos vinculados ao presente projeto de pesquisa; 4. De que os dados que estão sendo coletados serão acessados apenas pelos pesquisadores Renata Pedron e

Carla Pantoja Giuliano e utilizadas por este grupo de pesquisa; e 5. Do compromisso de proporcionar informação atualizada obtida durante o estudo, ainda que esta possa afetar

a minha vontade em continuar participando;

O Pesquisador Responsável por este Projeto de Pesquisa é a professora Drª Carla Pantoja Giuliano. Você pode entrar em contato, caso tenha eventuais dúvidas, pelo telefone (051) 8106.6958 ou pelo e-mail [email protected].

O presente documento deve ser assinado em duas vias de igual teor, ficando uma com o Participante da Pesquisa ou seu representante legal e outra com o Pesquisador Responsável.

O Comitê de Ética em Pesquisa da UniRitter (CEP/UniRitter), responsável pela apreciação do referido Projeto de Pesquisa, pode ser consultado a qualquer momento, para fins de esclarecimento, por meio do número de telefone: (51) 3092.5699 - Ramal 9024 ou do endereço eletrônico (e-mail): [email protected].

Data __ / __ / ____ __________________________________ Pesquisador Responsável CARLA PANTOJA GIULIANO __________________________________ Pesquisador Assistente REANATA PEDRON __________________________________ Assinatura do Participante

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APÊNDICE C - ROTEIRO DE ENTREVISTA

Título da Pesquisa: A TEORIA E A PRÁTICA NO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE

MODA: estudo de caso em empresas de vestuário no Estado do Rio Grande do Sul.

Pesquisadora Responsável: Drª Carla Pantoja Giuliano Pesquisadora Assistente: Renata Pedron

COLETA DE DADOS ROTEIRO SEMIESTRUTURADO DE ENTREVISTA33

Prezada (o),

A entrevista proposta é um dos instrumentos de coleta de dados

da pesquisa intitulada A teoria e a prática no desenvolvimento de coleção de moda: estudo de caso em empresas de vestuário no Estado do Rio Grande do Sul.

A realização da pesquisa é parte do projeto de Mestrado em

Design do Centro Universitário Ritter dos Reis (UNIRITTER). Seu aporte será significativo para o alcance do objetivo desta pesquisa, que é identificar as contribuições que as metodologias projetuais desenvolvidas nas academias da Grande Porto Alegre, nos cursos Superiores em Moda e que compõem as disciplinas de projeto, exercem no desenvolvimento de coleções nas indústrias do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul.

Sua participação é voluntária, e a qualquer momento você poderá

se desvincular da mesma. Seu nome será preservado em sigilo, sendo identificado por um código no trabalho final.

33Este documento é de uso exclusivo dos pesquisadores referente a pesquisa de Mestrado em Design do UniRitter – 2014/2015.

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IDENTIFICAÇÃO (Este instrumento será acessado apenas pela pesquisadora responsável e pesquisadora assistente. Será mantida a discrição das informações e os entrevistados serão identificados por letras). Entrevistado: Responsáveis pelo desenvolvimento de coleção da empresa de vestuário A.

1. Qual o nicho de mercado que a empresa atua? ( ) Feminino ( ) Masculino ( ) Infantil

2. Qual a faixa etária do público-alvo que a empresa atende?

3. Qual o estilo de moda que a empresa trabalha?

4. Há quanto tempo a empresa está em atividade no mercado de vestuário?

5. Qual a sua formação? Qual Instituição de Ensino?

6. Há quanto tempo você trabalha nesta empresa?

7. Você possui uma equipe para o desenvolvimento de coleção de moda?

8. Quantos profissionais integram sua equipe?

9. Todos possuem formação relacionadas a Design de Moda?

10. Em quais Instituições de Ensino?

11. Qual a Metodologia Projetual utilizada para o desenvolvimento de coleção que a empresa adota?

12. Acredita ser importante uma Metodologia Projetual de Moda?

13. Qual a sua opinião entre a metodologia de ensino para projeto de moda nas Instituições de Ensino Superior e a praticada na indústria de vestuário? Existe uma desconexão?

14. Você acredita na possibilidade de estreitamento de teoria e prática entre academia e indústria para o desenvolvimento de coleção?

15. O que você considera importante que as Instituições de Ensino Superior ensinam relativo a Metodologia Projetual de Moda que a indústria não utiliza?

16. O que você considera importante que a indústria desenvolve relativo a Metodologia Projetual de Moda que a academia não ensina?

17. Quais as contribuições que você identifica no Desenvolvimento de Coleção de Moda,

geradas pelos profissionais com formação superior nos cursos de Bacharelados em Design de Moda?

18. Você gostaria de sugerir, acrescentar ou modificar algo sobre Metodologia Projetual

de Moda que você considera importante e que não foi comentado nesta entrevista?

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APÊNDICE D – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

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