design, educaÇÃo e inovaÇÃo renata...
TRANSCRIPT
DESIGN, EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO
Renata Pedron
A TEORIA E A PRÁTICA NO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE MODA: estudo de caso em empresas de vestuário no Estado do Rio Grande do Sul
Porto Alegre
2015
RENATA PEDRON
A TEORIA E A PRÁTICA NO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE MODA: estudo de caso em empresas de vestuário no Estado do Rio Grande do Sul
Dissertação submetida, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Design pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu – Mestrado Acadêmico em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis – Uniritter Laureate International Universities.
Mestranda: Renata Pedron
Orientadora: Profª. Dra. Carla Pantoja Giuliano
Porto Alegre
2015
RENATA PEDRON
A TEORIA E A PRÁTICA NO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE MODA:
estudo de caso em empresas de vestuário no Estado do Rio Grande do Sul
Dissertação de Mestrado defendida e aprovada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Design, pela banca examinadora constituída por:
Profª. Dra. Carla Pantoja Giuliano (Orientadora)
Profª. Drª Anne Anicet Rüthschilling
Profª. Drª Claudia Schemes
Porto Alegre
2015
Este trabalho é dedicado: a minha família, pelo apoio e dedicação; ao meu marido pelo carinho e paciência.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Centro Universitário Ritter dos Reis – UniRitter Laureate
International Universities – pelo auxílio à pesquisa através de bolsa de estudos.
A minha família pela força, pelo apoio, pelo carinho e pelo amor entregue ao
longo de toda a caminhada.
A minha orientadora, Carla Pantoja Giuliano, pela disposição em me aceitar
como orientanda, por indicar caminhos para a construção deste trabalho e pelo
tempo dispensado.
A amada amiga, Caroline Zagonel, por compreender minha ausência ao longo
deste período e, mesmo assim, sempre estar ao meu lado, me apoiando e me
parabenizando por todas as conquistas.
Aos dois presentes que a vida me ofertou ao longo do Mestrado em Design,
minhas amadas amigas Liana Haussen e Nicole Tomazi, presentes estes que,
certamente, se perpetuarão por toda a vida.
A querida amiga, Diva Semler, por todo o carinho, amor e conversas. Por todo
o suporte dispensado ao longo dessa caminhada.
Ao meu marido, Tiago Silveira, pela paciência, carinho e o amor não apenas
no período em que o curso foi desenvolvido, mas em todos momentos em que
estamos juntos.
A Deus, meus agradecimentos.
Chega um momento, depois de algum caminho percorrido, em que a gente pode até considerar que avançou menos do que supunha, mas entende ter avançado o máximo que conseguiu até então. E a gente agradece, com gentileza e compaixão por todos os caminhantes, porque somente quem caminha sabe o valor, o tamanho, a conquista, de que é feita a história de cada único passo. Há quem pare no meio da estrada e se enrede no suposto cansaço que mente o medo de prosseguir. Há quem corra tão freneticamente de si mesmo que nem percebe a paisagem ao seu redor. Há quem parece recuar dois passos a cada um alcançado. No fim das contas, todos avançam de uma forma ou de outra, ainda que, aos próprios olhos e aos olhos alheios, o avanço seja imperceptível. E, nos trechos da jornada em que já é possível caminhar com mais atenção, respirando os sentimentos singulares de cada passo, a gente percebe que não há exatamente um lugar onde chegar. Nós somos o lugar. A gente percebe que pode aprender a relaxar e a usufruir também da viagem e que essa é a forma mais hábil e generosa de avanço. Não há movimento que se assemelhe àquele que nasce de um coração contente. (Ana Jácomo)
RESUMO
O contexto atual da moda brasileira é reconhecido como importante negócio
no mercado nacional e inclusive internacional e visto pelo Ministério da Cultura como
expressão da diversidade cultural do país. O tema moda, e as atividades que o
circundam, movimenta-se freneticamente em todas as direções, enquanto que a
indústria assume o papel de eixo agregador desses movimentos. A pressuposição
da existência de desconexão entre teoria e prática, em relação ao ensino de
metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção e indústria do vestuário, a
partir de relatos de alunos, origina este estudo. Os conhecimentos dos teóricos da
área de Design de Moda foram aproveitados na investigação das contribuições que
as metodologias projetuais podem exercer no desenvolvimento de coleções nas
indústrias do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul. A escolha da metodologia
recaiu sobre o método de estudo de caso múltiplo, elegendo o trabalho de busca
bibliográfica, descritiva e exploratória de caráter qualitativo. Ao término do estudo
espera-se encontrar conexões propícias entre a proposta desenvolvida pelo ensino
universitário e a aplicação desses conhecimentos no contexto do mercado de moda,
objetivando contribuir com os conhecimentos na área, assim como estreitar relações
entre a academia e indústria da moda.
Palavras-chave: Design de Moda. Ensino de Moda. Metodologia projetual. Indústria
do Vestuário.
ABSTRACT
The current context of Brazilian fashion is recognized as an important
business in the national and international market and seen by the Ministry of Culture
as an expression of the cultural diversity in Brazil. The topic -fashion- and the
activities that surround it move frantically in all directions, while the industry assumes
the role of axis aggregator of these movements. Assuming the existing disconnection
between theory and practice in relation to the teaching of projectual methodologies
for the development of clothing collection and industry, based on student reports, this
study was chosen. It was decided to take advantage of the knowledge from the
notorious theorists in the Fashion Design area in order to detect the contributions that
the projectual methodologies have on the development of collections in the clothing
industry in the state of Rio Grande do Sul in Brazil. The methodology employed in
this present research used the multiple case study method, applying the
bibliographic, descriptive and exploratory search of work in a qualitative character. At
the end of this study, it is expected to find suitable connections between the applied
proposal in university education and the application of such knowledge in the context
of the fashion market aiming to contribute to the knowledge in this area, as well as
narrow the relationship between the academy and the fashion industry.
Keywords: Fashion Design. Fashion Study. Projectual Methodology. Clothing Industry.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Salões do costureiro Jacques Worth (1907) ........................................ 46
Figura 2 - Ilustração das criações de Jeanne Lanvin e Doucet – da esquerda para direita (1916)............................................................ 48
Figura 3 - Perfume La Rose de Rosine e o costureiro Paul Poiret (1925)............ 49
Figura 4 - Madeleine Vionnet, criadora do viés e seu manequim de madeira...... 50
Figura 5 - Vestido Chanel, abril de 1926............................................................... 51
Figura 6 - Chapéu-Sapato de Schiaparelli, que criou para Salvador Dalí............. 52
Figura 7 - O tailleur “Bar”, de Christian Dior, apresentado na coleção de 1947 que ficou conhecido como New Look......................................... 53
Figura 8 - Cristobal Balenciaga (Revista Harper’s Bazaar, julho 1939)..................54
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Desenho de Pesquisa ........................................................................ 25
Quadro 2 - Desenho do Método da Coleta de Dados .......................................... 30
Quadro 3 - Pontos de vista sobre Design e Design de Moda................................ 40
Quadro 4 - Definição do termo Moda..................................................................... 45
Quadro 5 - Diferenças entre cursos de Bacharelado em Design e Tecnólogo em Design de Moda........................................................ 66
Quadro 6 - Metodologia projetual Jones (2005).....................................................73 Quadro 7 - Metodologia projetual Sorger e Udade (2009) .................................... 74
Quadro 8 - Metodologia projetual Treptow (2003) ................................................ 78
Quadro 9 - Metodologia projetual Montemezzo (2003) .........................................79
Quadro 10 - Processos de uma empresa de moda por Barcaro (2008) ............... 80
Quadro 11 - Metodologia projetual Renfrew (2010). ............................................. 83
Quadro 12 - Metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção.............. 85 Quadro 13 - Fontes de dados, instrumentos e amostra para o Estudo de Caso Múltiplo...................................................................................... 88
Quadro 14 - IES participantes................................................................................ 90
Quadro 15 - Disciplinas – U1................................................................................. 91
Quadro 16 - Disciplinas – U2................................................................................. 96
Quadro 17 - Disciplinas – U4................................................................................102
Quadro 18 - Disciplinas – U5................................................................................105
Quadro 19 - Disciplinas – U6................................................................................112
Quadro 20 - Características das empresas..........................................................115
Quadro 21 - Características pessoais do gerente de desenvolvimento...............117
Quadro 22 - Metodologia projetual de coleção de moda utilizada nas empresas......................................................................120
Quadro 23 - Quadro metodológico: organização, elaboração e execução...........126
Quadro 24 - Bibliografias (básica e complementar) das disciplinas de Projeto de Moda das IES.............................................................131
Quadro 25 - Adequação ao Padrão.......................................................................150
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 12
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA............................................................................ 14
1.2 JUSTIFICATIVA............................................................................................... 15
1.2.1 Organização do Trabalho........................................................................... 15
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA............................................................................16
1.3.1 Objetivo Geral .............................................................................................16
1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................ 17
2 METODOLOGIA DA PESQUISA....................................................................... 18
2.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA................................................................... 20
2.1.1 Desenho de Pesquisa................................................................................. 24
2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................................ 26
2.2.1 Pesquisa bibliográfica................................................................................ 26
2.2.2 Pesquisa Documental................................................................................. 26
2.2.3 Estudo de Caso Múltiplo ........................................................................... 27
2.3 MÉTODO DE COLETA DE DADOS................................................................ 28
2.3.1 Unidades de pesquisa................................................................................ 31
2.3.2 Seleção da amostra.................................................................................... 33
2.4 ANÁLISE DE DADOS...................................................................................... 34
2.5 ASPECTO ÉTICOS: Comitê de Ética em Pesquisa........................................ 35
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................... 36
3.1 DESIGN DE MODA............................................................................... .......... 36
3.1.1 Vestuário e Moda........................................................................................ 40
3.1.2 A evolução do profissional Designer de Moda........................................ 45
3.1.3 Contextualização do Mercado de Moda................................................... 56
3.1.4 A formação do ensino superior em Design de Moda nas escolas brasileiras.................................................................................................... 61
3.2 DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE MODA........................................... 70
3.2.1 Metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de moda.................................................................................................. ..........72
3.2.2 Quadro comparativo entre metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de moda..................................................... 84
4 ESTUDO DE CASO MÚLTIPLO......................................................................... 87
4.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS COLETADOS.............................................. 90
4.1.1 Documentos acadêmicos quanto às ementas e bibliografias................ 90
4.1.2 Empresas de Moda Vestuário.....................................................................114
4.1.2.1 Quanto a características das empresas.....................................................114
4.1.2.2 Quanto à formação profissional e experiência........................................... 117
4.1.2.3 Quanto à metodologia projetual utilizada nas empresas............................119
5 DISCUSSÃO DA PESQUISA............................................................................. 124
5.1 QUANTO A METODOLOGIA PROJETUAL DE MODA SUGERIDAS PELOS TEÓRICOS ESTUDADOS: QUADRO COMPARATIVO.....................125
5.2 QUANTO AO ENFOQUE DAS DISCIPLINAS DE PROJETO DE COLEÇÃO NAS IES (UNIDADE DE PESQUISA 1) ....................................... 130
5.3 QUANTO À METODOLOGIA PROJETUAL PARA DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO ADOTADAS NAS EMPRESAS (UNIDADE DE PESQUISA 2).......................................................................... 139
5.4 CONTRIBUIÇÕES E RESULTADOS: ADEQUAÇÃO AO PADRÃO............... 149
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 154
REFERÊNCIAS .....................................................................................................158
APÊNDICE A - Modelo de autorização da empresa para uso de dados...............163
APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) .................164
APÊNDICE C - Roteiro de entrevista.................................................................... 165
APÊNDICE D - Parecer Consubstanciado do CEP............................................... 167
12
1 INTRODUÇÃO
O mercado de moda tem evidenciado importância crescente quando se trata
do contexto dos negócios contemporâneos no Brasil e no mundo. O tema moda, e
as atividades que o circundam, movimenta-se freneticamente em todas as direções,
enquanto que a indústria assume o papel de eixo agregador desses movimentos.
Considera-se moda um “[...] fenômeno social ou cultural, de caráter mais ou
menos coercitivo, que consiste na mudança periódica de estilo, e cuja vitalidade
provém da necessidade de conquistar ou manter uma determinada posição social”.
(JOFFILY, 1999, p.27). Corroborando com Joffily (1999), Cobra (2007, p.9) refere-se
ao termo moda através de sua raiz etimológica: [...] introduzida na língua italiana em
torno de 1650, “[...] derivada do latim mos, que significa uso, costume, hábito,
tradição, boas maneiras, moralidade e, ainda, lei, tipo, regra” (COBRA, 2007, p.9).
Através das considerações de Cobra (2007) e Joffily (1999), deduz-se que o
fenômeno chamado moda denota um sistema de sociedade que ainda se mantém
sendo regido de acordo com as mudanças sazonais de tendência comportamentais.
A moda tem um valor incomparável no contexto das características de
comportamento e vestuário, implicando na construção das aparências físicas.
Objetiva atingir a comunicação, a expressão e a representação entre os seres
humanos de uma sociedade que transborda ideias, valores e formas de vida,
acentua Lipovetsky (2009, p. 21), complementando que a moda: “[...] consagra
explicitamente a iniciativa estética, a fantasia, a originalidade humana, e implica,
além disso, uma ordem de valor que exalta o presente novo em oposição ao
passado coletivo”.
A moda surge, reconhecidamente, no momento em que a individualização da
aparência começa a ter uma importância significativa para o homem, mais
exatamente no período da Revolução Comercial. Nesse momento, como alternativa
para se diferenciar dos demais, a burguesia distingue-se através dos detalhes das
vestimentas. O estilo foi influenciado pela política das nações, fazendo com que as
pessoas modificassem sua forma de vestir a partir das influências sociais.
(TREPTOW, 2003).
Teoricamente, a moda é entendida como um sistema social e temporário,
definido por meio da aceitação e propagação do estilo de quem a consome,
resultando em sua massificação e, por fim, como consequência, na “obsolescência
13
como diferenciador social”. Para que uma ideia ou padrão sejam considerados moda
é necessário que existam apoiadores desse padrão. Caso não haja, não pode ser
considerado como tal. As fases pertencentes ao fenômeno moda passam pelo
lançamento, pela aceitação, pela cópia e, por fim, pelo desgaste. (TREPTOW, 2003,
p. 26-27).
Considerando tais elementos, os fatores norteadores desta pesquisa foram
motivados pela percepção que o crescimento do mercado de moda e do ensino
superior obtém na área. Igualmente pela vivência da autora nas disciplinas
relacionadas à projeto de desenvolvimento de coleção e mercado, tanto quanto os
relatos de alunos referentes à desconexão existente entre aprendizado e prática na
indústria de vestuário.
O desenvolvimento dos estudos nesta pesquisa pretende traçar um
levantamento teórico sobre ensino de Design de moda no Brasil e pontualmente no
Rio Grande do Sul, conteúdo que compõe o capítulo três desta dissertação. Para o
cumprimento desta etapa, a revisão da literatura esteve centrada em autores como
Pires (2002; 2008), Couto (2008), Marinho (2005), Souza; Neira; Bastian (2010),
Matharu (2011), Sorcinelli (2008), Feghali; Dwyer (2010) e Jones (2005).
Visando sustentar a exposição em metodologias projetuais para
desenvolvimento de coleção de moda, este estudo aproveita conhecimentos
divulgados pelos teóricos como Jones (2005), Sorger e Udale (2009), Treptow
(2003), Montemezzo (2003), Barcaro (2008), e Renfrew e Renfrew (2010) em suas
obras bibliográficas.
Na intenção de cumprir com os objetivos propostos, a escolha da metodologia
de pesquisa recaiu sobre o método científico estudo de caso múltiplo, aplicado a
cinco (05) empresas de moda vestuário situadas no Estado do Rio Grande do Sul, e
em comparação às teorias propostas nos cursos acadêmicos das universidades da
região metropolitana de Porto Alegre, que constituem as duas unidades a serem
investigadas.
A utilização do estudo de caso múltiplo, como estratégia de pesquisa para o
procedimento técnico do trabalho proposto, aproveita igualmente dos ensinamentos
de Yin (2001, p. 32), que afirma ser o estudo de caso a investigação de “fenômeno
contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especificamente quando os
limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. As técnicas
14
utilizadas para levar a efeito o estudo de caso múltiplo partem de uma pesquisa
bibliográfica, descritiva e exploratória de caráter qualitativo.
A investigação de todos estes elementos cumpre o propósito de evidenciar as
etapas do desenvolvimento de uma coleção de moda no âmbito acadêmico,
especificamente nas metodologias utilizadas em disciplinas de projeto de coleção
nas quatro (04) Instituições de Ensino Superior selecionadas, localizadas na grande
Porto Alegre, através do método comparativo referente as cinco (05) empresas de
vestuário localizadas no Estado do Rio Grande do Sul, selecionadas pelo estudo
proposto.
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
Problema de pesquisa se constitui em um alvo, em um objeto de estudo a ser
investigado mediante o trabalho real. Gil (2008) define o conceito de problema da
seguinte forma:
[...] na acepção científica, problema é qualquer questão não resolvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento [...] pode-se dizer que um problema é testável cientificamente quando envolve variáveis que podem ser observadas ou manipuladas. (GIL, 2008, p. 33-34).
Refletindo sobre este cenário, surge a questão problema para nortear o
estudo que ficou configurada da seguinte forma: Como as metodologias projetuais
aplicadas nas academias da Grande Porto Alegre, nos cursos Superiores em Moda,
que compõem as disciplinas de projeto, contribuem para o desenvolvimento de
coleção nas indústrias do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul?
Este questionamento determinou a busca por identificar as contribuições que
as metodologias pertencentes às disciplinas de projeto de desenvolvimento de
coleção, dos cursos Superiores em Moda, podem agregar à indústria de vestuário do
Estado do Rio Grande do Sul, distinguindo suas formas de utilização.
15
1.2 JUSTIFICATIVA
Os fatores que determinaram a escolha do tema para discussão neste estudo
orbitam no espaço de vivência da autora na área de ensino de moda. Durante três
anos e oito meses ministrando disciplinas relacionadas ao desenvolvimento de
coleção e mercado de moda, em cursos técnicos; um ano e seis meses,
coordenando cursos técnicos em uma escola de renome no Brasil; e em andamento,
há um ano e três, ministrando disciplina de projeto de moda em curso superior.
Neste tempo foi possível detectar, através dos relatos de alunos que estagiam ou
trabalham em empresas do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul, a distância
existente entre os caminhos percorridos pelas metodologias projetuais nas
disciplinas relacionadas ao desenvolvimento de coleção, nos cursos Superiores em
Moda da Grande Porto Alegre e as atividades exercidas no mercado.
O conhecimento empírico, decorrente de narrativas e discussões sobre essa
descontinuidade, não se situa apenas na percepção do momento atual, mas sim,
vem sendo discutida, desde a formação da autora, no curso de Bacharel em Moda,
no ano de 2008. A importância desse tipo de pesquisa na área da moda é
significativa, tanto acadêmica quanto mercadológica, uma vez que se busca a
excelência na formação de profissionais para que estejam preparados a atuar no
mercado de trabalho, executando com êxito as atividades propostas pela indústria.
Com o desenvolvimento deste estudo, em uma análise comparativa de
metodologia projetual para o desenvolvimento de coleção de moda e a sua
aplicação na indústria do vestuário, talvez seja possível despertar o interesse dos
envolvidos na questão da adequação do paralelismo entre a teoria e a prática do
desenvolvimento de produto de moda, tanto na área acadêmica quanto
mercadológica, contribuindo para o estreitamento das relações entre o ensino de
Design de Moda e sua aplicação no mercado.
1.2.1 Organização do trabalho
O presente trabalho está organizado da seguinte forma: no capítulo 2
intitulado de Metodologia, constam informações referentes à pesquisa e seus
procedimentos. Inclui a descrição dos tipos de pesquisa utilizados, como pesquisa
bibliográfica, pesquisa documental e o método de coleta de dados escolhido para o
16
estudo, sendo este classificado como estudo de caso múltiplo. As duas unidades de
pesquisa encontram-se aqui apresentadas: Unidade de Pesquisa 1, que
compreende as Instituições de Ensino Superior selecionadas; e a Unidade de
Pesquisa 2, que se refere a empresas de vestuário selecionadas. Da mesma forma,
está descrita a técnica da Adequação ao Padrão de Yin (2001), utilizada para a
análise de dados.
No capítulo 3, intitulado de Fundamentação Teórica, encontra-se a
contextualização do Design de Moda, partindo da definição dos termos moda e
vestuário. Descreve-se a evolução do profissional Designer de Moda e as
metodologias que foram utilizadas. Menciona-se, na sequência, o início da formação
do ensino superior em Design de Moda nas escolas brasileiras. Na secção 3.2 -
Desenvolvimento de Coleção de Moda estão descritas as metodologias projetuais
para desenvolvimento de coleção, selecionadas por motivos de notoriedade dos
autores no ramo da moda, juntamente com um Quadro comparativo entre elas.
O capítulo 4 foi reservado para o desenvolvimento do estudo de caso,
propriamente dito, seguido pela discussão dos dados coletados para a pesquisa,
que forma o capítulo 5.
Como encerramento da exposição do estudo, o capítulo 6 comporta as
considerações finais.
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA
Tencionando encontrar respostas para o problema proposto nesta pesquisa,
foram traçados objetivos, tanto geral como específicos, a serem atingidos no
decorrer do trabalho.
1.3.1 Objetivo Geral
Analisar e refletir sobre as contribuições, que as metodologias projetuais
desenvolvidas nas academias da Grande Porto Alegre, nos cursos Superiores em
Moda e que compõem as disciplinas de projeto, exercem no desenvolvimento de
coleções nas indústrias do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul.
17
1.3.2 Objetivos Específicos
Os objetivos específicos deste trabalho propõem:
(I) realizar o levantamento teórico sobre o ensino de Design de Moda;
(II) identificar e conceituar as metodologias projetuais no ensino superior de
Design de Moda no Estado do Rio Grande do Sul;
(III) conhecer os processos de desenvolvimento de coleção de moda de cada
empresa analisada;
(IV) comparar as metodologias projetuais aplicadas nas empresas de
vestuário com as teorias dos autores indicados na bibliografia básica, das
disciplinas de projeto nas IES selecionadas.
18
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
Na tentativa de atingir o resultado esperado neste estudo, indispensável
traçar uma metodologia científica que garanta a construção e produção de
conhecimento como base de sustentação para a pesquisa, na intenção de encontrar
coeficientes finais que evidenciem rigor e confiabilidade. Gil (2008, p. 8) enfatiza o
seguinte raciocínio: “para que um conhecimento possa ser considerado científico,
torna-se necessário identificar as operações mentais e técnicas que possibilitam a
sua verificação”.
Concordando com os ensinamentos de Gil (2008), Cervo, Bervian e Silva
(2007) entende-se que o método constitui o caminho e a ordem necessária para se
chegar a um fim ou a um resultado desejado que não pode ser inventado, pois
depende do objeto de pesquisa a ser estudado.
O método científico quer descobrir a realidade dos fatos, e estes, ao serem descobertos, devem por sua vez, guiar o uso do método. [...] o método é apenas um meio de acesso; só a inteligência e a reflexão descobrem o que os fatos e os fenômenos realmente são (CERVO, BERVIAN E SILVA, 2007, p.28).
Fachin (2006) acentua que estudos embasados no método científico
permitem detectar erros e auxiliam nas decisões no decorrer da pesquisa. Através
de sua correta aplicação é possível obter conhecimentos eficazes e de qualidade.
Vários são os métodos científicos existentes. Gil (2008, p. 9) classifica os
diferentes métodos científicos, separando-os em dois grupos: “os que proporcionam
as bases lógicas da investigação científica e os que esclarecem acerca dos
procedimentos técnicos que poderão ser utilizados”. Esta pesquisa se enquadra no
segundo grupo da classificação de Gil (2008), onde os métodos utilizados para a
aplicação aos casos são: o experimento, o observacional, o comparativo, o
estatístico, o clínico e o monográfico. A abordagem do objeto de estudo será feita,
no decorrer da pesquisa, considerando o método específico comparativo, que
“procede pela investigação de indivíduos, classes, fenômenos ou fatos, com vistas a
ressaltar as diferenças e similaridades entre eles” (GIL, 2008, p. 16). Acrescentando
aos pensamentos de Gil (2008), Marconi e Lakatos (2006, p. 92) afirmam que o
método comparativo “[...] permite analisar o dado concreto, deduzindo do mesmo os
elementos constantes, abstratos e gerais”.
19
Quanto a sua natureza, esta pesquisa se inclui na categoria aplicada, pois
objetiva gerar conhecimentos para a aplicação prática, dirigidos à solução de
problemas específicos. (GIL, 2002).
Quanto à forma de abordagem, a pesquisa está classificada como qualitativa,
que se caracteriza pela obtenção de dados descritivos mediante contato direto e
interativo do pesquisador com a situação objeto de estudo. Nas pesquisas
qualitativas é frequente que o pesquisador procure entender os fenômenos segundo
a perspectiva dos participantes da situação estudada e, a partir daí, situe sua
interpretação.
Creswell (2010, p. 206) argumenta que “a investigação qualitativa emprega
diferentes concepções filosóficas; estratégias de investigação; e métodos de coleta,
análise e interpretação de dados”. Ressalta que possui caráter descritivo e aponta
para a existência de estudo de caso exploratório.
O estudo de caso, de acordo com Yin (2001), pode ser classificado em (1)
exploratório, (2) descritivo, e (3) explanatório (ou explicativo). Cada uma dessas
classificações tende a resolver problemas diferentes. No primeiro caso, o objetivo é
conhecer com maior proporção questões pouco conhecidas. No segundo, está mais
preocupado com a descrição da situação, e para o terceiro caso, volta-se a
possibilidades de esclarecimento de causas.
Yin (2001) complementa que estudo de caso se trata de uma estratégia de
pesquisa que compreende um método abrangente de abordagens específicas para
coletas e análise de dados, cujas informações são colhidas através de observações,
entrevistas e inter-relações com o campo pesquisado e focalizado nas intenções e
interpretações dos fatos apresentados pelos entrevistados.
A forma da pesquisa qualitativa também aponta para a pesquisa documental,
tendo como característica principal a coleta de informações a partir de documentos,
podendo apresentar-se de forma escrita ou não. (MARCONI; LAKATOS, 2010).
A técnica da Adequação ao Padrão foi selecionada para realizar a análise de
dados coletados do presente estudo. Essa forma de análise objetiva efetuar
comparações a partir de padrões empíricos descobertos pelo estudo, com padrões
de base prognóstica, provenientes de teoria ou de outras evidências. “Se os padrões
coincidirem, os resultados podem ajudar o estudo de caso a reforçar sua validade
interna”. (YIN, 2001, p.136).
20
2.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Para um melhor entendimento da metodologia utilizada, apresenta-se o
delineamento da pesquisa que compreende a parte inicial do trabalho científico.
Constitui o planejamento da pesquisa e envolve tanto a diagramação quanto a coleta
de dados (GIL, 2002). Segundo Marconi e Lakatos (1999), o delineamento se
relaciona à forma pela qual o trabalho será realizado. O alicerce para esta
construção foi encontrado em Cervo, Bervian e Silva (2007) que se manifestam
sobre o significado de pesquisa:
A pesquisa é uma atividade voltada para a investigação de problemas teóricos ou práticos por meio do emprego de processo científicos. Ela parte, pois, de uma dúvida ou problemas e, com o uso do método científico, busca uma resposta ou solução. Os três elementos – dúvida/problema, método científico e resposta/solução – são imprescindíveis, uma vez que uma solução poderá ocorrer somente quando algum problema levantado tenha sido trabalhado com instrumentos científicos e procedimentos adequados. (CERVO, BERVIAN E SILVA, 2007, p. 57).
Marconi e Lakatos (2010) definem pesquisa de forma simplificada, contudo
acrescentam a estrutura de pensamento de Cervo, Bervian e Silva (2007). Marconi e
Lakatos (2010, p.139) conceituam pesquisa como “[...] um procedimento formal, com
método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui
no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”.
De acordo com Gil (2008) os tipos de pesquisa existentes são classificados
em dois grupos: pesquisas puras e pesquisas aplicadas. As do primeiro grupo se
baseiam no progresso da ciência, tendo como principal objetivo a produção de
conhecimento sem a preocupação direta com suas aplicações na construção de
teorias e leis. As do segundo grupo, referentes à pesquisa aplicada, dependem da
pesquisa pura para seu desenvolvimento, tendo como principal objetivo o interesse
na aplicação, utilização e consequências práticas dos conhecimentos. Gil (2008)
ainda esclarece que os métodos específicos mais utilizados para aplicação aos
casos do segundo grupo da classificação são: o experimento, o observacional, o
comparativo, o estatístico, o clínico e o monográfico.
Tendo como base as variáveis apresentadas pelos teóricos, optou-se por
delinear a investigação incluindo, inicialmente, a pesquisa bibliográfica (e na variável
documental), sob o método exploratório comparativo aplicado, através da técnica
descritiva de abordagem qualitativa, no procedimento de estudo de caso múltiplo.
21
Marconi e Lakatos (2010) definem pesquisa bibliográfica, como aquela que
[...] abrange toda a bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, dissertaçãos, teses, material cartográfico, etc., até meios de comunicação oral: rádio, gravações, em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 166).
Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007) a pesquisa bibliográfica pode ser
executada como parte das pesquisas de caráter descritivo ou experimental.
A pesquisa descritiva desenvolve-se, principalmente, nas ciências humanas e sociais, abordando aqueles dados e problemas que merecem ser estudados, mas cujo registro não consta nos documentos. Os dados, por ocorrerem em seu habitat natural, precisam ser coletados e registrados ordenadamente para o seu estudo propriamente dito. A pesquisa descritiva pode assumir diversas formas, entre as quais se destacam: Estudos descritivos, pesquisa de opinião, pesquisa de motivação, estudo e caso e pesquisa documental. (CERVO, BERVIAN E SILVA, 2007, p. 62).
A pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade
com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito, e o aprimoramento de ideias.
Na maioria das vezes a pesquisa exploratória envolve: pesquisa bibliográfica e
estudo de caso. (GIL, 2002).
Quando a pesquisa assume o formato de busca documental possui
semelhança com a busca de dados bibliográficos, porém sua diferença se encontra
na linha das fontes de informações. (GIL, 2002). Enquanto a fonte documental se
caracteriza pela sua diversidade, pelo formato de seus materiais, não possuem
tratamento analítico e podem ser reestabelecidos conforme o objeto de pesquisa, a
bibliográfica seu caráter único e preciso, tratado analiticamente.
Confirmando a definição de Gil (2002), Marconi e Lakatos (2010) afirmam:
A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primarias. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 157).
Portanto, em se tratando de pesquisa bibliográfica e documental, o estudo
inicia através de uma seleção bibliográfica prévia em autores que discorrem sobre o
assunto em foco, com a finalidade de obter fundamentação teórica que seja capaz
de encontrar respostas ao problema proposto. Em momento posterior, lança-se
esforços na direção da pesquisa documental no intuito de complementar ou
22
confirmar os achados conseguidos. A característica principal da pesquisa
documental “[...] é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos,
escritos ou não, constituindo o que se denomina de fonte primária”. (MARCONI;
LAKATOS, 2010, p. 157).
Em relação ao método a ser utilizado por esta pesquisa faz parte do segundo
grupo (pesquisa aplicada) que integra a classificação de Gil (2008), e que tem por
objetivo garantir o interesse de sua aplicação, utilização e consequências práticas
dos conhecimentos. A abordagem do objeto de estudo considera o método
específico comparativo, que se desenvolve através da “investigação de indivíduos,
classes, fenômenos ou fatos, com vistas a ressaltar as diferenças e similaridades
entre eles” (GIL, 2008, p. 16). Acrescentando aos pensamentos de Gil (2008),
Marconi e Lakatos (2006, p. 92) afirmam que o método comparativo “[...] permite
analisar o dado concreto, deduzindo do mesmo os elementos constantes, abstratos
e gerais”.
Como é pretensão desta dissertação, sob um parâmetro paralelo, encontrar
características próprias de conjuntos de comportamentos nas populações a serem
investigadas, estabelecendo relações possíveis, considera-se apropriado classificar
este estudo também como descritivo. Os conceitos expressos por Gil (2002, p. 42)
autorizam essa evidência: “[...] tem como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis”.
Dessa forma, a pesquisa também corresponde ao tipo aplicada, na intenção
de identificar diferenças ou semelhanças existentes entre a teoria praticada nas
disciplinas de desenvolvimento de coleção nos cursos Superiores em Moda e as
aplicadas nas atividades projetuais da indústria do setor de vestuário do Estado do
Rio Grande do Sul.
Para o desenvolvimento do estudo de caso múltiplo a que se refere à
pesquisa em andamento, importa destacar o conceito que Gil (2002) apresenta:
caso seria uma Unidade de “família ou qualquer outro grupo social, um pequeno
grupo, uma organização, um conjunto de relações, um papel social, um processo
social, uma comunidade, uma nação ou mesmo toda uma cultura”. (GIL, 2002,
p.138).
Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 62) esclarecem que a pesquisa de formato
estudo de caso necessariamente engloba um “determinado indivíduo, família, grupo
23
ou comunidade que seja representativo de seu universo, para examinar aspectos
variados de sua vida”.
Yin (2001, p.32), por sua vez, defende que o estudo de caso é a investigação
de “um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real,
especificamente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão
claramente definidos”. Argumenta que a utilização do método estudo de caso é
necessária quando o problema de pesquisa envolve questionamentos do tipo “como”
e “por quê” e quando o pesquisador não tem controle sobre o fenômeno que está se
investigando. (YIN, 2001).
Por esses parâmetros, optou-se por classificar a investigação no campo do
estudo de caso múltiplo, na categoria método comparativo entre dois objetos a
serem estudados: Instituições de Ensino Superior em Moda (Unidade de Pesquisa 1)
localizadas na Grande Porto Alegre e empresas de moda vestuário situadas no
Estado do Rio Grande do Sul (Unidade de Pesquisa 2).
Yin (2001) defende que um estudo de caso que seja conduzido com mais de
uma Unidade de Pesquisa, envolvendo vários indivíduos ou organizações seja
considerado estudo de caso múltiplo. Considerando os conceitos expressos até o
momento, percebe-se a importância dos estudos de metodologia científica e
delineamento da pesquisa.
O estudo de caso múltiplo é, assim, uma estratégia de pesquisa quando o
problema envolve questionamentos do tipo “como” e “por quê” e quando o
pesquisador não tem controle sobre o fenômeno que está se investigando. Aborda
comparativamente “indivíduos, classes, fenômenos ou fatos”, objetivando “ressaltar
as diferenças e similaridades entre eles”. (GIL, 2008, p. 16). Considerando as duas
unidades de pesquisa e considerando, ainda, seu encaminhamento, este do estudo
tem como propósito detectar a disparidade entre os conteúdos ministrados nos
cursos Superiores em Moda e a adequabilidade de sua aplicação na prática das
empresas de vestuário no Estado do Rio Grande do Sul, referentes ao
desenvolvimento de coleção. Pelo viés que delineou este Quadro é possível conferir
a classificação do estudo como caso múltiplo, visto a possibilidade de ocorrerem
variáveis simultâneas, envolvendo vários indivíduos em várias organizações.
Portanto, embasado nas considerações dos teóricos acima, a pesquisa ficou
classificada como estudo de caso múltiplo, uma vez que se movimentará entre duas
unidades de pesquisa (acadêmica e industrial), tencionando comparar dados
24
colhidos em ambos os contextos, na intenção de comprovar a adequação dos
conteúdos repassados pela academia para aplicação industrial.
O delineamento desta pesquisa levou consideração os cinco principais
elementos indicados por Marconi e Lakatos (1999): tipo de pesquisa, amostragem,
instrumentos utilizados na coleta de dados, procedimentos utilizados na coleta dos
dados e procedimentos para análise e interpretação dos dados. Importa ainda que,
além dos elementos mencionados por Marconi e Lakatos (1999), seja realizada a
apresentação esquemática dos procedimentos metodológicos, de forma a facilitar o
entendimento da execução da pesquisa.
2.1.1 Desenho da pesquisa
O desenho de pesquisa se refere à descrição pontual e esquemática dos
elementos a serem considerados a cada etapa do trabalho.
O desenho de pesquisa é um plano para coletar e analisar as evidências que possibilitarão ao investigador responder a quaisquer perguntas que tenha feito. O desenho de uma investigação toca em quase todos os aspectos de uma pesquisa, desde os detalhes minuciosos da coleta de dados até a seleção de técnicas de análise de dados. (RAGIN, 1994, p. 191, apud, FLICK, 2009, p. 57).
O estudo apresenta o “Desenho de Pesquisa” (Quadro 1) na intenção de
construir um pilar de sustentação, com o objetivo de oferecer clareza e entendimento
da metodologia utilizada na pesquisa.
25
Quadro 1 - Desenho da pesquisa
Fonte: Elaborado pela autora.
26
O desenho de pesquisa apresenta a problemática do presente estudo como
foco central, partido deste para a descrição das etapas. Deste modo, possibilita
clareza em relação os procedimentos adotados pelo estudo, mencionando em cada
fase da pesquisa os autores utilizados, assim como demonstrando o embasamento
teórico, a fim de cumprir as fases propostas.
2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os procedimentos metodológicos traçam o caminho percorrido pelo presente
estudo que, na fase inicial assume o caráter de pesquisa bibliográfica, na forma
descritiva e qualitativa. No segundo momento, a pesquisa adquire formato
documental, capturando o status de estudo de caso, conforme está abordado nos
próximos itens.
2.2.1 Pesquisa bibliográfica
O início do estudo se efetiva através de pesquisa bibliográfica prévia, que
tenciona obter dados essenciais que fundamentem teoricamente o assunto em
pauta, expondo as variáveis do tema em questão.
A pesquisa bibliográfica efetuada tem a intenção de conhecer e analisar
contribuições já desenvolvidas na área de metodologia projetual para o
desenvolvimento de coleção de moda no segmento de vestuário no Estado do Rio
Grande do Sul, assim como o ensino superior em moda relativo a Grande Porto
Alegre. Como base para a pesquisa bibliográfica, alguns autores das áreas de
Design e Moda foram priorizados, como Krippendorf (2006), Niemeyer (2000),
Bürdek (2006), Lipovetsky (2009), Treptow (2003), Montemezzo (2003), Pires
(2008), entre outros.
2.2.2 Pesquisa Documental
Marconi e Lakatos (2010) não se referem à pesquisa documental como
pesquisa bibliográfica. Há certos momentos em que se distancia um significado do
outro. Para ele, a fonte documental se refere a documentos oficiais (leis, decretos,
relatos históricos oficializados). Assim, para efeitos deste estudo, a pesquisa
27
documental está tratada conforme Marconi e Lakatos (2010), a partir da coleta de
documentos, como as ementas e as bibliografias utilizadas nas disciplinas de projeto
de cada uma das Instituições de Ensino Superior selecionadas. Pretende-se
conseguir dados nesses documentos que forneçam informações relacionadas à
metodologia projetual para produto de moda, no sentido de que possam comprovar
os descompassos existentes entre a teoria e a prática no desenvolvimento de
coleção de moda.
Contato com responsáveis pelo desenvolvimento de coleção nas cinco (05)
empresas selecionadas foi tentado na intenção de compreender a metodologia
projetual utilizada, a fim de realizar comparação entre as metodologias utilizadas nas
disciplinas de projeto das quatro (04) Instituições de Ensino Superior. As entrevistas
foram desenvolvidas no período de Setembro a Novembro do ano de 2015, com
duração de uma hora para cada entrevistado, nas próprias empresas, localizadas
em regiões situadas no Estado do Rio Grande do Sul.
Algumas das fontes consideradas documentais, por possuírem formato
impresso como jornais, boletins e folhetos, também foram utilizados por este estudo
e, por serem entendidos como de domínio público, não mereceram classificação.
(GIL, 2002).
2.2.3 Estudo de caso múltiplo
Vale repetir que a classificação deste estudo como caso múltiplo se deve ao
fato de investigar o contexto de duas unidades de pesquisa (academia e indústria),
na intenção de comparar os dados coletados nestes dois campos.
A escolha das unidades de pesquisa e a amostra dos casos selecionados
para fornecerem os dados para análise no presente estudo recaiu em cinco (05)
empresas, sendo quatro (04) localizadas na Grande Porto Alegre e uma (01) em
Santa Cruz do Sul/RS e quatro (04) Instituições de Ensino Superior (IES), todas
localizadas em Porto Alegre e região metropolitana. A intenção é comparar a
metodologia de desenvolvimento das coleções ministradas nas disciplinas de projeto
das academias e as semelhanças e diferenças em pontos de aplicação do segmento
de vestuário industrial.
28
A proposta que compõe este estudo permitirá ao pesquisador um
conhecimento sobre o tema do problema enunciado e sobre pesquisa científica,
paralelamente com o estudo em cinco (05) empresas reais, localizadas no Rio
Grande do Sul e as disciplinas de projeto de coleção das quatro (04) universidades
selecionadas, localizadas na Grande Porto Alegre.
2.3 MÉTODO DA COLETA DE DADOS
As evidências para o recolhimento de dados na condução do estudo de caso
múltiplo podem emergir de seis fontes distintas: “documentos, registros em arquivos,
entrevistas, observação direta, observação participante e artefatos físicos”, como foi
referido por Yin (2001, p. 105). O desenvolvimento da coleta de informações conta
com a utilização das fontes de evidências, a partir de documentos e entrevistas.
Portanto, o estudo proposto movimenta-se entre duas fontes para obtenção dos
dados.
Os entrevistados assumem o papel de responsáveis pelo desenvolvimento de
coleção nas empresas estudadas, que detêm informações sobre as metodologias
utilizadas. As entrevistas foram desenvolvidas na forma de contato pessoal entre o
pesquisador e cada um dos entrevistados, com roteiro de entrevista em
questionamento aberto, onde o entrevistado responde espontaneamente às
perguntas do pesquisador, podendo incluir novas questões, dependendo do caminho
percorrido pelas respostas. Segundo Yin (2001) esse tipo de entrevista aceita que o
pesquisador indague o entrevistado sobre fatos ou peça sua opinião sobre algum
evento.
As técnicas a serem utilizadas para esta obtenção de dados, através das
entrevistas realizadas com os responsáveis pelo desenvolvimento de coleção nas
cinco (05) empresas, foram desenvolvidas por meio de áudio e na forma escrita.
Assim, as entrevistas foram gravadas e, após, transcritas para o formato digital.
O segundo procedimento para coleta de dados se refere à obtenção de
ementas das academias, especificamente sobre as disciplinas de projeto de coleção
e da informação da referência bibliográfica utilizada para sua condução. Esses
documentos foram coletados dos sites das quatro (04) Instituições de Ensino
Superior (IES) selecionadas. Importa ressaltar que se trata de documentos de
caráter público e sua divulgação é obrigatória, segundo §1o e §2o do Art 32
29
da Portaria Normativa nº 40 do Ministério de Educação e Cultura (MEC), de 12 de
dezembro de 20071.
As informações obtidas através das entrevistas fizeram parte do rol de dados
que, juntamente com as ementas do programa e da bibliografia utilizada nas
disciplinas de projeto de coleção das academias possibilitarão entender a
metodologia utilizada por essas entidades acadêmicas, conforme apresenta a
Quadro 2.
1 Art. 32. Após a autorização do curso, a instituição compromete-se a observar, no mínimo, o padrão de qualidade e as condições em que se deu a autorização, as quais serão verificadas por ocasião do reconhecimento e das renovações de reconhecimento. § 1o A instituição deverá afixar em local visível junto à Secretaria de alunos, as condições de oferta do curso, informando especificamente o seguinte: I. ato autorizativo expedido pelo MEC, com a data de publicação no Diário Oficial da União; II. dirigentes da instituição e coordenador de curso efetivamente em exercício; III. relação dos professores que integram o corpo docente do curso, com a respectiva formação, titulação e regime de trabalho; IV. matriz curricular do curso; V. resultados obtidos nas últimas avaliações realizadas pelo Ministério da Educação, quando houver; VI. valor corrente dos encargos financeiros a serem assumidos pelos alunos, incluindo mensalidades, taxas de matrícula e respectivos reajustes e todos os ônus incidentes sobre a atividade educacional. § 2o A instituição manterá em página eletrônica própria, e também na biblioteca, para consulta dos alunos ou interessados, registro oficial devidamente atualizado das informações referidas no § 1o, além dos seguintes elementos: I. projeto pedagógico do curso e componentes curriculares, sua duração, requisitos e critérios de avaliação; II. conjunto de normas que regem a vida acadêmica, incluídos o Estatuto ou Regimento que instruíram os pedidos de ato autorizativo junto ao MEC; III. descrição da biblioteca quanto ao seu acervo de livros e periódicos, relacionada à área do curso, política de atualização e informatização, área física disponível e formas de acesso e utilização; IV. descrição da infraestrutura física destinada ao curso, incluindo laboratórios, equipamentos instalados, infraestrutura de informática e redes de informação.
30
Quadro 2 - Desenho do Método da Coleta de Dados
Fonte: Elaborado pela autora.
31
Após a realização das entrevistas e a coleta das informações nas Instituições
de Ensino Superior é possível prosseguir no caminho do estudo proposto. Nos
próximos itens, apresentam-se as unidades de pesquisa e a seleção das amostras.
2.3.1 Unidades de pesquisa
Para efeitos do presente estudo, considera-se como Unidade 1 de pesquisa
as quatro (04) Instituições de Ensino Superior (IES) selecionadas, todas localizadas
na região da Grande Porto Alegre. Escolheu-se estudar essas quatro (04)
Instituições por serem consideradas pioneiras em cursos Superiores em Moda no
Rio Grande do Sul. Para fins deste estudo, as Instituições serão categorizadas de
U1, U2, U3 e U4, sem identificação das suas localidades.
A Unidade de Pesquisa 2 refere-se as cinco (05) empresas de vestuário
selecionadas. Todas localizadas no Rio Grande do Sul: uma (01) em Santa Cruz do
Sul, uma (01) em São Leopoldo, uma (01) em Novo Hamburgo e duas (02) em Porto
Alegre. Optou-se por investigar essas empresas tendo como motivos sua
localização, possuírem responsáveis pelo desenvolvimento de coleção graduados
em Moda nas unidades acadêmicas selecionadas e por conveniência de acesso.
Compondo a Unidade de Pesquisa 1, a primeira Instituição de Ensino
Superior, iniciou suas atividades em 1969 oferecendo cursos de ensino superior. No
final da década de 1980 e início de 1990, instituiu a escola de 2º Grau e 1º Grau.
Nesse período, a escola de 2º Grau abrigava cerca de 125 alunos e os cursos
superiores chegavam a 1.944 alunos. No ano de 1999 ocorreu seu credenciamento
no Ministério da Educação (MEC) como centro Universitário, possibilitando mais
agilidade em suas atividades, propiciando novos cursos e aumentando o número de
vagas ofertadas. Em 2009, a U1 completou 40 anos de existência. Hoje, além das
escolas de ensino médio, oferece 53 cursos de graduação, 6 cursos de
especialização e MBAs, 6 cursos de mestrado e 3 cursos de doutorado. A U1 foi a
primeira universidade do Rio Grande do Sul a oferecer Bacharelado em Moda,
objetivando formar profissionais competentes a identificar e decodificar
necessidades e desejos de diferentes públicos, transformando-os em produtos ou
conceitos.
32
A segunda Instituição de Ensino Superior (U2) iniciou suas atividades no ano
de 1971, a partir da oferta de curso superior em Direito. Em 1976 inaugurou a
faculdade de Arquitetura e Urbanismo na cidade de Porto Alegre. Em 1992,
inaugurou a faculdade de Educação, Ciências e Letras. No ano de 2002, ocorreu a
transformação para Centro Universitário, juntamente com a criação do curso superior
em Design. Foi no ano de 2007 que a U2 inaugurou o curso em Bacharelado em
Moda, com o objetivo de formar profissionais qualificados a atuar na área da moda.
Em 2009 começou a oferecer o mestrado em Design e, em 2010, a IES fez aliança
com uma rede internacional de universidades. Hoje na cidade de Porto Alegre, a
academia oferece 35 cursos de graduação, 39 cursos de especialização e MBAs, 4
mestrados e 1 doutorado.
A terceira Instituição de Ensino Superior (U3) começou suas atividades em
1969. Com mais de 30 mil alunos, oferta cursos de graduação, pós-graduação e
extensão. Em sua história, já formou cerca de 72 mil profissionais, tendo em seu
Quadro docente mais de 950 professores, entre mestres e doutores. Oferta o curso
de Bacharelado em Moda, objetivando o saber e fazer moda a partir de parcerias
com empresas de moda da região e disciplinas de projeto.
Por fim, a quarta Instituição de Ensino Superior (U4) iniciou suas atividades
em curso superior em 1972. Na década de 1980, a U4 passou a ser considerada
como multicampi, passando a ofertar cursos em cidades fora do Rio Grande do Sul.
Atualmente, atende em 85 cidades, em 21 Estados do Brasil. Já formou cerca de
160 mil profissionais, tendo em seu Quadro docente mais de 70% de professores
mestres e doutores. Oferece também educação de nível infantil, fundamental, médio
e educação especial para surdos. A U4 oferece o curso Superior de Tecnologia na
área da Moda, com duração de 5 semestres. Objetiva formar profissionais focados
nos três principais segmentos do mercado: a criação, o desenvolvimento e a
comercialização.
As empresas de vestuário do Estado do Rio Grande do Sul compõem a
Unidade de Pesquisa 2. Para fins deste estudo, as empresas foram categorizadas
por letras.
A empresa A com localização na cidade de Novo Hamburgo/RS, está
presente no mercado de vestuário em couro há quatorze anos. Desenvolve coleções
para o público feminino. O processo de criação se origina através das pesquisas de
comportamento de mercado e a partir de suas consumidoras, além das viagens de
33
pesquisa de tendência para Europa. O seu mix de produto2 gira em torno de
jaquetas, vestidos, calças, saias e acessórios como bolsas e carteiras. Todos os
produtos da empresa A são desenvolvidos em couros processados de forma
ecologicamente correta.
A empresa B está localizada em São Leopoldo/RS. A marca trabalha no
segmento feminino buscando o melhor das tendências de moda e comportamento
traduzindo o estilo da marca a cada estação. O mix de produto engloba, blusas,
saias, calças, blazer, vestidos, entre outros.
A empresa C se localiza na cidade de Santa Cruz do Sul/RS. Presente no
mercado de vestuário do segmento jeans há 47 anos, seus produtos são vendidos
em todo o Brasil, a partir de lojas multimarcas e exportação para a América do Sul e
Europa. A prioridade da marca é o conforto, resultado presente nos prêmios
conquistados durante esses anos, como a primeira indústria de confecção no país a
ser certificada com ISO 9001; prêmio destaque em Confecção Moda Jovem da
ABIT3 como uma das cinco melhores indústrias do segmento no país, entre outros
prêmios.
A empresa D está localizada em Porto Alegre. Atua no mercado de vestuário
masculino e feminino há 63 anos. Considera o segmento jeans como peças-chaves
da marca. Entretanto, o mix de produto expande-se para alfaiataria, malharia, roupas
para o dia-a-dia e para o trabalho. Acredita em uma moda descomplicada,
confortável e descontraída.
Por fim a empresa E, com localização em Porto Alegre, atua no mercado
infantil desde 1980. Hoje possui mais de 70 lojas espalhadas por 11 Estados
brasileiros.
2.3.2 Seleção da amostra
Tendo em vista que as Instituições de Ensino Superior forneceram dados a
partir de informações retiradas dos próprios sites, a seleção da amostra se refere
unicamente às empresas.
2 “Mix de produtos é o nome que se dá à variedade de produtos oferecidos por uma empresa”. (TREPTOW, 2003, p. 100). 3 Associação Brasileira de Indústria Têxtil.
34
As entrevistas foram realizadas com os responsáveis pelo desenvolvimento
de coleção de moda de cada empresa convidada a participar do presente estudo,
resultando na seleção de cinco (05) entrevistados. A formação superior foi utilizada
como critério de inclusão para seleção da amostra. Automaticamente, os possíveis
candidatos a serem entrevistados, que não possuíam curso superior, foram barrados
pelo critério de exclusão da amostra.
2.4 ANÁLISE DE DADOS
De acordo com Yin (2001, p.131), “a análise de dados consiste em examinar,
categorizar, classificar em tabelas ou, do contrário, recombinar as evidências tendo
em vista proposições iniciais do estudo”. Yin (2011) sugere duas estratégias
analíticas gerais e quatro modelos para a condução da análise do estudo de caso.
Para esta análise, optou-se pelo desenvolvimento de uma estratégia analítica
geral baseada em preposições teóricas. Esta estratégia consiste em adotar as
proposições que determinaram o estudo de caso, guiando o investigador na seleção
dos dados, na organização do estudo e na definição das explanações alternativas.
(YIN, 2011).
Como método para a condução da análise de dados foi utilizado o modelo de
adequação ao padrão. Esse tipo de técnica, trabalha com a comparação dos
fundamentos empíricos da pesquisa, com outro padrão de base prognóstica. “Se os
padrões coincidirem, os resultados podem ajudar o estudo de caso a reforçar sua
validade interna” (YIN, 2001, p. 136).
A comparação foi realizada entre as metodologias projetuais para o
desenvolvimento de coleção de moda, utilizadas nas cinco (05) empresas de
vestuário selecionadas, frente ao que está proposto nas teorias das metodologias
projetuais utilizadas pelas quatro (04) academias, a partir da categorização dos
dados coletados. Após, foram construídas explanações, buscando a relações ou as
influências que essas teorias possuem sobre a metodologia praticada na indústria,
objetivando detectar descompassos existentes entre elas.
35
2.5 ASPECTO ÉTICOS: Comitê de Ética em Pesquisa
Considerando que para a realização desta pesquisa é fundamental o
envolvimento com pessoas, seu processo de elaboração e desenvolvimento foi
submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), do Centro Universitário Ritter dos
Reis – UNIRITTER Laureate International Universities. O conjunto de documentos
necessários para o andamento desta pesquisa está composto por:
A. Autorização das empresas para o uso de dados;
B. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido;
C. Roteiro de entrevistas;
D. Parecer Consubstanciado.
Encontram-se em anexo a este trabalho o modelo de autorização para o uso
de dados; o modelo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; o modelo do
roteiro de entrevista realizada com os responsáveis pelo desenvolvimento de
coleção de cada empresa estudada; e o Parecer Consubstanciado do Comitê de
Ética em Pesquisa.
36
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O bloco terceiro desta estrutura monográfica apresenta os fundamentos
teóricos que servem de base para a realização da pesquisa proposta. A metodologia
utilizada na elaboração deste capítulo desenha o estudo e os seus conteúdos da
seguinte maneira: inicialmente apresenta-se o Design de Moda contextualizado na
área profissional do Design; a seguir, conceitos de Vestuário e Moda serão
expostos, procurando delinear um breve histórico da moda, com a inclusão do
surgimento do profissional Designer de Moda; em seguimento, são tecidos
comentários comprobatórios sobre o início da formação de profissionais brasileiros
capacitados a trabalhar na indústria do vestuário e o atual momento do Mercado de
Moda; por fim, expõem-se metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção
de moda de diferentes teóricos da área de Design de Moda e um Quadro
comparativo entre eles.
3.1 DESIGN DE MODA
Vários são os questionamentos, entre pesquisadores da área de Design, para
o significado do termo design. A palavra “Design” provém do termo latino designare,
significando em português “designar” e “desenhar”, mantendo os dois significados na
língua inglesa. O significado do termo design depende do contexto no qual é
empregado, podendo significar “plano, projeto, intenção, processo” ou “esboço,
modelo, motivo, decoração, composição visual, estilo”. (BORJA DE MOZOTA, 2011,
p.15). O International Council Design of Societies of Industrial Design (ICSID, 2015)
define design como:
[...] uma atividade criativa cujo objetivo é estabelecer as qualidades multifacetadas de objetos, processos, serviços e seus sistemas em o ciclo de vida. Portanto, design é o fator central da humanização inovadora de tecnologias e o fator crucial de intercâmbio cultural e econômico. (ICSID, 2015).
Bürdek (2010, p. 225) considera design “[...] atividade, que é agregada a
conceitos de criatividade, fantasia cerebral, senso de invenção e de inovação técnica
e que por isso gera uma expectativa de o processo de design ser uma espécie de
ato cerebral”. Por outro caminho, Neumeier (2010), citando Simon (1981), afirma que
37
design é uma mudança, onde “todo aquele que se lança ao design está
transformando situações existentes em situações preferidas” (SIMON, 1981, apud
NEUMEIER, 2010, p.32).
Até os anos 1980, o designer tinha que levar em conta no seu projeto, as
exigências práticas sobre o “contexto”. Consequentemente, são os contextos o tema
principal do design. “Quando a forma representa a solução para um problema de
design e o contexto define a forma, então a discussão sobre o design não abrange
apenas a forma, mas a Unidade da forma e do contexto”. (BÜRDEK, 2010, p. 225).
Corroborando com os pensamentos de Bürdek (2010), Krippendorff (2006)
contribui com o seguinte raciocínio:
A sensibilidade extraordinária dos designers para o que os artefatos significam para os outros, utilizadores, espectadores, críticos, senão para todas as culturas, sempre foi uma importante competência, mas raramente explicitamente reconhecida. Colocar significados no centro das considerações de design dará aos designers um enfoque único e um conhecimento que outras disciplinas não abordam (KRIPPENDORFF, 2006, p.48).
No início das atividades, o Design no Rio Grande do Sul era visto como a
expressão final de todas as etapas de um processo criativo, consequente de uma
iniciativa inovadora (BOZZETTI, 2002). Conforme a linha de evolução da atividade,
no entendimento de Krippendorff (2006), o designer não pode ser aceito apenas
como um projetista de artefatos, mas sim um instigador de mudanças sociais e
econômicas.
O campo de estudo sobre Design de Moda considera-se recente no Brasil.
Treptow (2003) define como Design de Moda o estudo dedicado à criação ou
elaboração de produtos para vestuário, calçados e acessórios. Campo que abrange
desde a fabricação de fibras e fios para o desenvolvimento de tecidos até a
comercialização do produto final.
A atuação do designer de moda no desenvolvimento de uma coleção decorre desde a sua elaboração, passando pelo desenvolvimento e acompanhamento da sua aplicação, ou seja, a produção do protótipo. Outra responsabilidade importante dos designers de moda, nos dias atuais, são as questões de sustentabilidade. Em alguns casos ele ainda é responsável pela gestão da produção, o que está diretamente ligado ao tamanho da empresa. (ANICET, 2009, p. 10)
38
Não apenas os profissionais formados em Design de Moda trabalham nesse
circuito, mas também profissionais da área do marketing, da administração e da
engenharia de produção, complementando este espaço considerado multidisciplinar
(TREPTOW, 2003). Sorger e Udale (2009, p. 8) evidenciam a ideia de que “somos
atraídos à moda não só porque nos expressamos individualmente pelo modo como
nos vestimos, mas também porque ela é um método de expressão criativa através
do design”.
Anicet (2009) traz importante contribuição quando menciona as diferenças
entre o designer de moda e o estilista.
Na realidade, o criador de moda pode trabalhar tanto como estilista, como designer de moda. Como designer de moda, por exemplo, no momento em que concebe um produto com o objetivo de industrialização. Esta mesma pessoa pode, em outra ocasião, trabalhar como estilista na medida em que desenvolve uma peça exclusiva para uma cliente ou ainda uma peça com cunho mais artístico ou conceptual para um desfile. O mesmo criador pode assumir diversos papéis em situações diferentes. (ANICET, 2009, p. 12-13).
Corroborando com os pensamentos de Anicet (2009), Jones (2005) refere-se
ao profissional conhecido como designer de moda aquele que está no setor de
criação da empresa de vestuário, calçadista ou acessório. Exige-se desse
profissional o entendimento do complexo processo de confecção da empresa, que
engloba, inclusive, conhecimento sobre tecidos, materiais, silhuetas4, proporções,
bem como a percepção atenta às novidades da moda. Espera-se como
imprescindível que o profissional designer de moda conheça por completo o público-
alvo da empresa para que consiga traduzir as tendências de moda das estações ao
gosto de seus clientes. Exige-se que o designer de moda, para conseguir atender a
necessidade do seu público-alvo, realize pesquisas, estudos, experimentações,
inspirações e tenha a competência de traduzir as tendências culturais.
A palavra tendência significa uma ação ou força de algo em direção à outra
coisa (AURÉLIO, 2009). No universo em que a palavra tendência está incluída, a
Moda, lhe confere o significado a partir de duas variáveis: a temporalidade e a
massificação. Por temporalidade entende-se que a tendência de moda possui um
período limitado. Esse período inicia no lançamento por grupos considerado na
4 “A forma geral de uma roupa ou coleção reduzida a uma descrição geométrica ou alfanumérica”. (JONES, 2005, p. 217).
39
moda como pioneiros de estilos5 ou divulgadores de tendência, até a total absorção
pelo mercado e naturalmente na massificação de consumo. (TREPTOW, 2003;
JONES, 2005).
No novo século a moda tem menos a ver com imitar o que os ricos usavam ou copiar os modelos originais dos desfiles, como ocorria no século passado. É mais provável que mudanças culturais dinâmicas criem as necessidades e os desejos do consumidor. (JONES, 2005, p. 51).
A divulgação das tendências de moda se torna cada vez mais acelerada,
devido ao rápido acesso à informação nos diversos dispositivos disponíveis no
mercado. Para obter informações sobre tendências de moda, atualmente existem
diferentes fontes como: Bureaux6 de tendências, revistas focadas na área da moda,
profissionais capacitados para analisar e captar tendências (chamados de Cool
Hunter), feiras de fibras, fios, tecidos e cores, entre outras fontes de enfoque. Isso
tornou mais fácil ao designer de moda entender o cenário desse mercado, facilitando
a busca por novidades com o propósito de lançar produtos coerentes com as
tendências do momento em sua coleção7, atendendo, assim, os desejos de seus
consumidores. (MATHARU, 2011).
Os pontos de vista sobre o que é Design e o que é Design de Moda são
variadas, porém, conforme autores citados acima, percebe-se semelhanças em suas
opiniões (Quadro 3).
5 Segundo o Dicionário Aurélio (2009), estilo indica a maneira de uso ou costume, uma forma de conduta e modos. 6 Palavra utilizada na área da moda com o significado de “agência” (DICIONÁRIO OXFORD, 2013, p.383). 7 Produtos que possuam entre si uma combinação de conceito, estética e harmonia, com apelo comercial, onde seu desenvolvimento e confecção tem o objetivo de atender uma determinada época do ano. (RECH, 2002).
40
Quadro 3 – Pontos de vista sobre Design e Design de Moda
Fonte: elaborado pela autora.
O emprego dos conhecimentos do Design de Moda no mercado é
considerado de ampla aplicação na área de Moda. Fundamentado nessa afirmação,
o item 3.1.4 deste capítulo apresenta os possíveis setores e pré-requisitos que os
profissionais formados em Design de Moda necessitam para atuar no mercado de
trabalho, assim como as primeiras escolas a oferecerem esta formação superior no
Brasil. Na próxima secção apresentam-se as diferenças relacionadas aos conceitos
de vestuário e moda, buscando compreender seus significados e compreender o
contexto nos quais estão inseridos.
3.1.1 Vestuário e Moda
Tanto os estudos relacionados à moda como a indústria da moda mostram-se
em constante expansão. A popularização da moda vem aumentando desde o século
XVIII. Hoje, informações sobre moda são encontradas em diversas mídias como, por
exemplo, em revistas especialmente focadas no tema, programas de rádio e
41
televisão que levam ao telespectador dicas de “como vestir-se bem” ou melhorar o
look de participantes de programas televisivos; jornais com colunas dedicadas ao
estilo de vida e conselhos sobre moda recheiam as mentes dos consumidores de
informações sobre essa matéria, além da internet, que possui inúmeros blogs8 e
sites a respeito do assunto. (SVENDSEN, 2010). Para dar seguimento a este
capítulo terceiro, indispensável a compreensão do conceito de vestuário e do
conceito de moda.
Historiadores acreditam que o vestuário surgiu no início da história humana,
informa Treptow (2003). Na pré-história, os homens cobriam-se com peles de
animais, com a intenção de proteger o corpo em situações climáticas e nas caçadas.
Essa forma de proteção utilizada, também lhes dificultava nas fugas de predadores.
Porém, permaneciam com elas, pois acreditavam que a vestimenta, atribuía a força
do animal que anteriormente fora caçado por eles. As primeiras civilizações, como
os assírios, babilônicos e egípcios possuíam crenças semelhantes sobre a força do
animal. Com o passar dos tempos, essas civilizações deixaram de usar peles de
animais sob o corpo, desenvolvendo vestimentas a partir do entrelaçamento de
fibras naturais.
Logo, o conceito de “vestuário” pode ser entendido como algo que tenha o
objetivo de proteger e cobrir o corpo. A determinação de um vestuário depende das
variáveis como clima, do meio e dos valores socioculturais. Tome-se, como exemplo,
os uniformes utilizados nas diversificadas práticas profissionais que têm como
finalidade a proteção das roupas usuais, do usuário e zelar pela privacidade,
servindo para identificar funcionários de determinada área de atividade, ao mesmo
tempo em que padroniza os indivíduos de certo local de trabalho ou estudo. Com o
passar do tempo, podem ocorrer algumas mudanças nesses uniformes, como cores,
tecidos e estilos, porém sua funcionalidade sempre será a mesma. (MATHARU,
2011).
Depreende-se uma relação essencial entre os significados das palavras moda
e vestuário, embora prevaleça o significado de vestuário ao tentar significar a
palavra moda. De acordo com Cobra (2007, p.9) “a raiz etimológica da palavra
moda, introduzida na língua italiana em torno de 1650, é derivada do latim mos, que
8 Segundo Gomes (2005) blog é uma página na internet sujeita a frequentes atualizações a partir de informações, normalmente de pequenas dimensões, podendo possuir imagens e textos, apresentadas em formato cronológico.
42
significa uso, costume, hábito, tradição, boas maneiras, moralidade e, ainda, lei, tipo,
regra”.
Segundo Svendsen (2010), a origem da moda no vestuário ocorreu no final do
período medieval, provavelmente no começo do Renascimento. Na Antiguidade
grega e romana, não podemos considerar que houve a moda, devido à forma de
como se dava a escolha das roupas, não havia uma independência nessa escolha,
por mais que houvesse variação no estilo do vestuário.
Divergindo com os pensamentos de Svendsen (2010), Feghali e Dwyer (2010)
acreditam que a moda caminha juntamente com a evolução da humanidade a partir
de mudanças de costumes praticados pelos indivíduos para atender as
necessidades físicas especificas. Citam que a indústria têxtil teve sua origem na pré-
histórica no período Neolítico, entre 10000 a 5000 a.C.
Souza (1987) acredita que a moda não é algo universal e sim um fenômeno
decorrente de sociedades ou grupos específicos e de certas épocas. Corroborando
com os pensamentos de Svendsen (2010), afirma que:
De maneira geral, podemos dizer que os povos primitivos a desconhecem (talvez a grande significação religiosa e social atribuída à roupa e aos enfeites represente um empecilho às manifestações de mudança), que entre os gregos e romanos ela se limita a alguns setores, como a variação dos estilos de penteado, e que na Idade Média praticamente não existe. (SOUZA, 1987, p. 20).
De acordo com Lipovetsky (1991), o fenômeno da moda pode ser entendido
como um sistema da sociedade regido de acordo com as mudanças sazonais de
tendência que seguem o vestuário desde a antiguidade. Tem como objetivo central a
comunicação, a expressão e a representação de uma humanidade cheia de ideias,
valores e formas de vida.
A moda não é universal. Não é um fenômeno que exista em toda a parte e em todos os tempos. Suas raízes não estão nem na natureza humana nem em mecanismos de grupo em geral. Mas desde que surgiu pela primeira vez em uma sociedade, levou um número cada vez maior de outras sociedades e áreas sociais a seguirem sua lógica. (SVENDSEN, 2010, p.22).
Svendsen (2010), utilizando-se dos conhecimentos do escritor e filósofo
francês Roland Barthes (1983), elabora o conceito de moda como algo que se
renova a cada estação e: “Cada nova Moda é uma recusa a herdar, uma subversão
contra a opressão da Moda anterior” (BARTES, 1983, p. 273 apud SVENDSEN, 210,
43
p. 25). Acrescenta seus conhecimentos ao do filósofo francês, mencionando que
“vista dessa maneira, a nova moda encerra uma emancipação, pois nos libera da
antiga”. E complementa o raciocínio, afirmando que grande parte dos teóricos da
moda destaca o “novo” como um atributo básico da moda. (SVENDSEN, 2010,
p.26).
Kant foi talvez o primeiro teórico de alguma estatura a enfatizar o novo como uma característica da moda. “A novidade torna a moda sedutora”. Enquanto filósofos anteriores haviam associado a moda à beleza, Kant enfatiza que ela não tem absolutamente nada a ver com esta, mas que, ao contrário, “degenera-se em algo fantástico e até detestável”, pois é uma questão mais de competição que de gosto. (SVENDSEN, 2010, p. 27-28).
Svendsen (2010) compara o teórico Kant a Charles Baudelaire no aspecto de
modernidade. Observa, inclusive, a crença de Kant de que a moda e a beleza são
indissociáveis.
Baudelaire descreve cada moda isolada como um sintoma de “um novo esforço, mais ou menos feliz, na direção da Beleza, um tipo de aproximação a um ideal pelo qual a inquieta mente humana sente uma fome constante e titilante”. (SVENDSEN, 2010, p. 28).
Treptow (2003) considera moda um fenômeno social caracterizado por três
aspectos: a temporalidade, a massificação e obsolescência. A moda é lançada e
disseminada entre o público-alvo específico, passa pelo estágio de aceitação como
um padrão ou um estilo, logo ocorre a massificação e finaliza na obsolescência da
mesma.
De acordo com Svendsen (2010), um objeto para ser considerado moda ou
“estar na moda”, precisa ser novo. A intenção da moda, em relação à atividade
produtiva, é a de criar uma celeridade cada vez maior para que o objeto que esteja
na moda, no momento, se torne supérfluo amanhã, abrindo espaço para que um
novo objeto apareça. De um ângulo paralelo, Souza (1987) considera moda como
um todo harmonioso, que auxilia na composição social, destacando a divisão de
classes e contribuindo no aspecto social a partir das necessidades dos indivíduos de
afirmação como membro de um determinado grupo.
Lipovetsky (2010) percebe que a moda conhecida atualmente como um
sistema de transformações sociais e culturais, de incessantes buscas por
transformações e constante procura por inovações de estilo, só pode ser
considerada e reconhecida a partir do final da Idade Média.
44
A moda tem intenção de, enquanto atividade produtiva, lançar coleções,
normalmente, duas vezes ao ano nas estações primavera/verão e outono/inverno.
Diferentemente do vestuário, onde sua característica principal é a funcionalidade,
concentra-se na mudança permanente de estilo, materiais, cores e detalhes.
(MATHARU, 2011).
Svendsen (2010) menciona, como exemplo, o estilista Christian Dior, na
medida em que o considera um dos responsáveis por acelerar o ritmo da moda.
Após a Segunda Guerra Mundial, Dior ficou conhecido por ter introduzido o “New
Look”9 na sociedade, o qual abordava uma estética mais burguesa, utilizando
materiais nobres para construção das roupas. Nessa época, a moda era diferente da
de hoje. Apresentava-se em ciclos mais lentos. Porém, Dior surpreendeu as
pessoas, com suas novas criações apresentadas a cada estação do ano.
Importa esclarecer que a moda, enquanto produto a ser consumido, pode ter
diferentes significados em contexto que não consideram moda como atividade
produtiva. A moda como consumo, tem importância relevante na organização social
e na estrutura econômica, assim como na caracterização de gêneros e meios de
expressão cultural. (ALMEIDA, 2005).10 A moda, considerada transitória na busca
constante por originalidade, “[...] só é moda na medida em que é capaz de avançar”.
(SVENDSEN, 2010, p. 34).
A moda atual não é mais utilizada para desenvolver o mundo da contemporaneidade artística e estética, mas sim, para expandir um sistema comercial e financeiro; ao produzir arte e cultura ela, ao mesmo tempo, produz mercado e riqueza. O que significa que a moda não se delineia apenas como domínio do estilista e do designer, mas também, e sobre tudo, de grandes financistas e agentes da bolsa. (CALANCA, 2008, p. 130).
Com a finalidade de se perceber a variação do ponto de vista para definir o
termo moda a Quadro 4 foi elaborada com o intuito obter uma visão geral dos
conceitos mencionados acima.
9 Vestimenta apresentada por Christian Dior em 12 de fevereiro de 1947 que compunha sua coleção. Ficou conhecido por “New Look”, pois a redatora chefe da revista Harper’s Bazaar, estava presente no momento do desfile, onde exclamou a ele no final de sua apresentação: “Meu querido Christian, seus vestidos têm um ar de new look”. A imprensa a ouviu e colocou nos meios de comunicação na época, ficando conhecido como tal. (DIOR.COM/COUTURE, 2015). 10 WAJNMAN, Solange; ALMEIDA, Adilson José de (Orgs.).
45
Quadro 4 - Definição do termo Moda
AUTOR (A) DEFINIÇÃO DO TERMO MODA
TREPTOW (2003) Fenômeno social regido de acordo com a temporalidade, a massificação e a obsolescência.
COBRA (2007) Derivada do latim mos, que significa uso, costume, hábito, tradição, boas maneiras, moralidade e, ainda, lei, tipo,
regra.
SOUZA (1987)
Fenômeno decorrente de sociedades ou grupos específicos e de certas épocas. Um todo harmonioso, a qual auxilia na composição social, destacando a divisão de classes e
contribuindo no aspecto social a partir das necessidades dos indivíduos de afirmação como membro de um determinado
grupo.
LIPOVETSKY (1991) Sistema da sociedade regido de acordo com as mudanças
sazonais de tendência que seguem o vestuário desde a
antiguidade
MATHARU (2011) Concentra-se na mudança permanente de estilo, materiais, cores e detalhes.
SVENDSEN (2010) A moda é considerada transitória na busca constante por
originalidade. Apenas considera-se como moda aquilo que é capaz de avançar.
Fonte: elaborado pela autora.
Nota-se que a moda e o vestuário se complementam, dados os conceitos dos
teóricos acima em suas definições. Porém, o vestuário foi, até séculos XIX e XX,
essencial e considerado elemento-chave para o nascimento da moda. Dessa
maneira, o tópico a seguir apresenta um breve histórico sobre a evolução do
profissional Designer de Moda e como eram praticadas as metodologias projetuais.
3.1.2 A evolução do profissional Designer de Moda
A profissão conhecida hoje, como estilista, ou designer de moda, não existia
até a metade do século XIX. A produção de roupas era desenvolvida por artesões,
que trabalhavam sob encomenda para seus clientes, que criavam e instruíam suas
próprias criações. Os artesões não eram reconhecidos como criador ou estilista por
desenvolver essas roupas. Eram caracterizados apenas como costureiros.
(TREPTOW, 2003).
46
De acordo com Matharu (2011), o surgimento do profissional conhecido como
Designer de Moda teve início em 1858, com o costureiro Charles Frederick Worth,
considerado até hoje, o “pai da alta-costura”11. Worth nasceu em 1825 na cidade de
Lincolnshire, na Inglaterra. Possuía um grande conhecimento em vendas e tecidos,
adquiridos por ter trabalhado por algum tempo em fábricas de tecidos em Londres e
Paris. Durante esse tempo, conseguiu conhecimento necessário para compreender
os comportamentos dos tecidos diante da construção de roupas, adequando-os aos
perfis de seus clientes. Por isso, decidiu abrir seu próprio ateliê12 (figura 1) em Paris
no ano de 1858, dando início à profissão de Designer de Moda, gerando mudança
no sistema de moda.
Figura 1 - Salões do costureiro Jacques Worth (1907)
Fonte: Grumbach (2009, p. 20).
Vincent-Ricard (2008) acredita que esse foi o momento inicial de o costureiro
passar a ser visto com artista, em decorrência de suas confecções. As roupas
produzidas começam a ser consideradas como obras, remetendo a estilo e status.
Os ateliês de costura começam a ser idealizados como templos de criação.
Grumbach (2009) infere que Worth foi o primeiro costureiro a criar e
desenvolver modelos pensando em clientes potenciais, tendo como objetivo
apresentar a roupa a determinadas pessoas, em específico, e assim vender. Para
tanto, realizava a prova do modelo da roupa em outra mulher com biotipo
11 “Em francês, “haute couture”, designado a confecção de roupas de luxo e altíssima qualidade. Na França, um estilista ou uma empresa, só podem se denominar “alta costura se aprovados pelos rigorosos critérios da Fédération Française de la Couture”. (JONES, 2005, p.216). 12 “Um estúdio de Moda. Os ateliês parisienses são designados como flou (para confecção de vestidos) ou como tailleur (para alfaiataria de ternos e casacos)”. (JONES, 2010, p. 216).
47
semelhante para que, na apresentação do modelo, caso a cliente se agradasse dele,
fossem necessários pequenos ajustes.
Foi também através do costureiro Worth que surgiu a profissão modelo
manequim. As mulheres que trabalhavam para Worth, provando e apresentando as
roupas às clientes potenciais, desfilavam os modelos na loja, despertando o
interesse de quem a frequentasse. A Maison13 de Worth, entre as outras que foram
inaugurando no decorrer desse período, começaram a organizar eventos com o
objetivo de apresentar os lançamentos das coleções, através de desfiles realizados
com as modelos de prova, o que é considerada outra mudança no sistema de moda
(TREPTOW, 2003).
O atendimento no ateliê de Worth era feito com hora marcada. As clientes
escolhiam suas roupas e, se necessário, eram ajustadas às suas medidas. Esse tipo
de atendimento exclusivo, criado por Worth, foi conhecido em toda a Europa. Nesse
período, o costureiro já possuía cerca de 1200 pessoas em sua equipe, desde
modelista e costureira, pertencendo ao setor prático da empresa, à parte comercial,
como vendedoras e modelos. (MATHARU, 2011).
Essa forma original de apresentar a moda promoveu uma notável visão e estética, alçando Worth da posição e mero costureiro à de estilista. Seguindo esse exemplo, diversas casas de alta-costura foram fundadas e uma nova indústria nasceu. Em 1868, Worth fundou a Chambre Syndicale de la Couture Parisienne. Esse órgão foi criado para regulamentar os padrões, a qualidade e as práticas das casas de alta-costura, e existe até hoje. (MATHARU, 2011, p. 21).
Após a queda do Segundo Império, fase em que outros profissionais se
destacaram por suas criações, Grumbach (2009) destaca três nomes como
essenciais na história do profissional de moda: Jacques Doucet, Paul Poiret e
Madeleine Vionnet.
Jacques Doucet, mencionado por Baudot (2008), nasceu em 1853 em família
de classe alta, que possuía comércio de lingerie em Paris. Considerado homem
elegante e discreto, almejou durante a sua vida vestir as mulheres mais requintadas
da sociedade. Sucessor de Worth, no final do século XIX Doucet teria transformado
o comércio de botões de luxo, das lingeries, das cambraias finas e das camisas
confeccionadas no ateliê que herdara de Worth. Doucet admirava tecidos leves,
13 A palavra é de origem francesa e significa Casa. Refere-se ao estabelecimento onde se produz e comercializa roupas do segmento de alta-costura. (SITE USEFASHION, 2015).
48
vaporosos e translúcidos. Empregava em suas criações bordados de flores, pérolas
sobreposição e justaposição de cores que era possível devido à escolha de tecidos
transparentes. Uma de suas criações pode ser apreciada na ilustração (Figura 2) de
Jean Van Brock.
Da estação parisiense à vida nos castelos, uma mulher elegante troca de roupa pelo menos cinco vezes num mesmo dia. Obedecendo a imperativos que deixavam pouca margem para a iniciativa do costureiro, essas elegâncias, essencialmente destinadas a perpetuar um ideal social, excluem qualquer surpresa. É, assim, para as atrizes – são elas que usufruem de seus favores tanto no dia-a-dia como no palco – que o costureiro reserva suas criações mais originais. (BAUDOT, 2008, p. 38).
Figura 2 - Ilustração das criações de Jeanne Lanvin e Doucet –
da esquerda para direita (1916)
Fonte: Grumbach (2009, p.24).
Paul Poiret, antes de abrir sua própria casa de costura em 1904, relata
Grumbach (2009), trabalhou com os costureiros Doucet e Worth. Poiret modificou
alguns hábitos já estabelecidos anteriormente na alta-costura. Para ele não bastava
o costureiro entender profundamente de vestuário. Acreditava que a moda orientava
a sociedade e que não existia nenhuma área que trabalhasse com a estética em que
um costureiro não pudesse opinar. Foi Poiret quem introduziu, no campo da moda,
49
os cosméticos, perfumes, maquiagens entre outros artigos relacionados à beleza. A
ele também se deve a diversificação das profissões no campo da moda (Figura 3).
Figura 3 - Perfume La Rose de Rosine e o costureiro Paul Poiret (1925)
Fonte: Grumbach (2009, p. 28).
Madeleine Vionnet trabalhou por cinco anos na Maison Jacques Doucet,
afirma Baudot (2008). Depois inaugurou seu próprio ateliê no ano de 1912, sendo
pioneira na forma de confeccionar seus vestidos, a partir da construção do modelo
diretamente sobre o manequim em escala miniatura (Figura 4) que, após o término
da peça era transferido para o tamanho real. Madeleine Vionnet caracterizou-se pelo
drapeado em seus vestidos e pelo corte no viés, o que proporcionava à roupa um
caimento mais fluido. Para atender à necessidade dos cortes de suas roupas,
Vionnet comprava tecidos leves como gabardine, cetim, crepe marroquino e
musseline e os encomendava com uma largura maior que o habitual.
50
Figura 4 - Madeleine Vionnet, criadora do viés e seu manequim de madeira
Fonte: Grumbach (2009, p. 36).
O destaque da década de 1920 foi a estilista Gabrielle Bonheur Chanel,
ressalta Laver (1989). Conhecida como Coco Chanel, nasceu em 1883 em Saumur,
França. Iniciou sua carreira em 1910, em Deauville, trabalhando em uma loja de
chapéus. Considerada revolucionária em sua época, por se preocupar com o
conforto e a simplicidade das roupas femininas, utilizava para a confecção de seus
vestidos e os amplos cardigãs o tecido de jérsei, que era usado apenas na
fabricação de roupas íntimas (Figura 5). Foi Chanel que introduziu roupas femininas
com recortes masculinos no guarda-roupa da mulher, como o suéter sobre saias
lisas e a calça masculina para mulheres; as pérolas e bijuterias e o corte de cabelo
simétrico deixando a nuca à mostra. Chanel morreu aos 88 anos, porém sua Maison
continua ativa e com o mesmo estilo deixado pela estilista, com outro diretor, mas
com o mesmo poder criativo.
51
Figura 5 - Vestido Chanel, abril de 1926
Fonte: Laver (1989, p. 235).
A vida pessoal de Chanel chamava a atenção, aumentando sua influência sobre a moda durante os anos pós-Primeira Guerra. Ela própria usava as roupas que havia adaptado de peças tradicionais masculinas: capas de chuvas com cintos, camisa simples de gola aberta, blazers, cardigãs, calças e boinas macias. Suas cores preferidas eram o cinza e o azul marinho, mas criou também a voga do bege. (CALLAN, 2007, p. 80).
Coco Chanel encontrou sua primeira concorrente com o sucesso de Elsa
Schiaparelli, duas mulheres de destaque a todos os movimentos artísticos da época.
Schiaparelli nasceu em 1890 em Roma, Itália. Abriu sua primeira loja em 1927 e em
1928 apresentou ao público sua primeira coleção (LAVER, 1989). As características
das roupas de Schiaparelli evidenciavam sofisticação, extravagância e
excentricidade extrema, salienta Callan (2007), conforme demonstra a Figura 6 em
sua famosa criação, o chapéu-sapato. Contratava artistas famosos para desenhar
seus tecidos, acessórios e bijuterias.
52
A estilista, em 1933, lançou um tipo de manga conhecida como manga
pagode, que tinha o formato mais amplo nos ombros, sendo a silhueta utilizada até o
New Look de Dior em 1947. A estilista obteve um sucesso excelente. Sua Maison
possuía 26 salas e empregava cerca de 2 mil funcionários.
Figura 6 - Chapéu-Sapato de Schiaparelli, criado para Salvador Dalí
Fonte: Callan (2007, p. 286).
Christian Dior foi o estilista que marcou a década de 1940. Nasceu em 1905
em Normandia, na França. Dirigiu uma galeria de arte em Paris até 1935 e, após,
vendia croquis de moda para jornais da cidade. Trabalhou com alguns costureiros
famosos na época até abrir seu próprio ateliê em 1947, onde sua primeira coleção
recebeu o nome de “Linha Corola”, apelidada de New Look. (CALLAN, 2007).
Segundo Matharu (2011), o ano de lançamento da coleção New Look,
aconteceu apenas dois anos depois da Segunda Guerra Mundial, onde o
racionamento por materiais e seu aproveitamento máximo não foi preocupação,
impactando a indústria do vestuário, de certa forma. A característica da coleção era
cintura justa e saias volumosas (Figura 7), uma tendência que se expandiu no
mercado como um todo.
53
Figura 7 - O tailleur “Bar”, de Christian Dior (1947)
Fonte: Callan (2007, p. 110).
De acordo com Baudot (2008), Cristobal Balenciaga nasceu em 1895, outro
nome exponencial da época. Iniciou sua carreira em 1916 abrindo seu próprio ateliê
aos 21 anos, em San Sebastián, Espanha. Após um longo tempo, em 1936,
Balenciaga instalou-se em Paris, onde ficou conhecido na cidade. Foi a partir de
1939 que o sucesso por suas invenções começou a ser conhecido em outras partes
do mundo os quais os críticos associavam à arquitetura. Nesse mesmo ano,
Balenciaga inventou a manga com recorte quadrado; em 1942 casaco alongado e
saia evasê; em 1946 o paletó-saco; em 1949 tailleur basco arredondado e assim por
diante. Balenciaga ficou conhecido por empregar em seus vestidos o efeito de
“pufe”, resultado de um drapeado localizado na parte das costas de saias (Figura 8).
54
Figura 8 - Cristobal Balenciaga (Revista Harper’s Bazaar, julho 1939)
Fonte: Site, The Red List (2015).
O estilista desenhava, cortava e costurava suas peças com estilo simples e
equilibrado, utilizando normalmente cores mais vivas, e poucas vezes tons sombrios,
assegura Callan (2007). O estilista encerrou sua carreira em 1968, porém, sua
marca continua ativa.
Os anos 60 e 70 foram marcados pelos movimentos rebeldes tendo, em sua
maioria, participantes jovens contestando a diferenciação de classes que, com o uso
da moda, demonstravam seus pensamentos a respeito da conscientização da
futilidade. O movimento propiciou que surgisse uma nova moda, a moda dos
Hippies. (SILVA; VALENCIA, 2012).
Os estilistas comentados acima foram os percussores da profissão de moda
como é conhecida hoje. Importa destacar que muitos outros surgiram nas décadas
seguintes. Matharu (2011) acredita que o destaque que os estilistas como Dior,
Chanel e outros criadores obtiveram em suas épocas ocorreu devido aos seguintes
fatores: possuírem sensibilidade às mudanças culturais, compreenderem questões
relacionadas a políticas, olharem além do presente e participarem de debates
relacionados a gêneros. Por isso, alcançaram o sucesso contribuindo positivamente
a partir de suas invenções revolucionárias.
55
Os designers de moda contemporâneos são considerados pelos seus
seguidores, como celebridades. Presentes nas mídias, favorecidos por desfiles
conceituais, trouxeram criações notáveis, anúncios em revistas, jornais e blogs de
moda, cheios de glamour e parcerias importantes, proporcionando aos designers
uma importância ímpar; hoje se tornam marcas, podendo demonstrar suas criações
à cultura moderna. (MATHARU, 2011).
Conforme Renfrew e Renfrew (2010), as buscas por inspirações para o
desenvolvimento das coleções originam-se em temas como sexualidade e
identidade, a história da moda, com suas vestimentas e trajes de época, política,
economia, cultura de diferentes países, entre outros. Os renomados designers não
somente ditam moda de vestuário e calçado, mas também de acessórios, penteados
e maquiagem. O objetivo principal desses profissionais é garantir a proximidade de
seus consumidores, seduzindo-os com suas criações, fazendo com que se tornem
parte complementar do ideal da moda.
Pensando na evolução da moda e do profissional designer de moda,
considerando os conhecimentos dos teóricos acima e sua importância na economia,
pode-se reconhecer que a moda foi decisiva na história mundial, pois através dela
abre-se o caminho para a modernidade. “Há na moda um traço vital da
modernidade: a abolição de tradições” Svendsen (2010, p. 25). O autor preceitua
que a moda também é irracional. Justifica esse pensamento, pois considera que a
moda depende da mudança pela mudança. Já a modernidade, “se vê como
constituída por mudanças que conduzem a uma autodeterminação cada vez mais
racional”. (SVENDSEN, 2010, p. 24).
Após esses breves registros sobre a evolução do profissional designer de
moda verifica-se que a metodologia projetual empregada nos primórdios do
desenvolvimento de coleção de moda era diferente do que se tem hoje. Essa
constatação é explanada no capítulo 3.2 - Desenvolvimento de Coleção de Moda. A
seguir, apresenta-se o entendimento de como funciona o sistema de mercado de
moda brasileiro.
56
3.1.3 Contextualização do Mercado de Moda
O entendimento de como funciona o sistema de mercado de moda brasileiro e
mundial exige, em um primeiro momento, a busca por significados dos termos moda
e mercado – duas de suas principais definições. Os conceitos referentes ao termo
moda foram referidos no item 3.1.1 Vestuário X Moda, desta dissertação. Cabe
nesta fase definir o que seja mercado.
Kotler (2006) introduz a discussão, lançando critérios para determinação de
mercado: conjunto de compradores reais e potenciais de uma determinada oferta.
Compradores esses que formam grupos de diferentes tamanhos: Marketplace
(espaço físico do mercado) e Marketspace (espaço virtual do mercado, quando
existir).
Existem cinco tipos de mercados, segundo Kotler (2006): o mercado
consumidor, o mercado empresarial, o mercado global, o mercado governamental e
o mercado-alvo. Os mercados que interessam para a presente pesquisa são o
mercado consumidor e o mercado-alvo, definidos como aqueles que direcionam
seus objetivos a empresas que vendem para consumidores finais e empresas que
têm como foco de atuação, grupos de consumidores.
Por isso mesmo, espera-se que o estilista tenha determinado qual segmento
de mercado que a marca pretende alcançar, objetivando o alcance do sucesso de
uma coleção de moda ou no mercado de moda. Em outras palavras, é necessário
especificar o estilo que o público-alvo representará em sua coleção. (FEGHALI;
DWYER, 2010).
Como mencionado no item 3.2 - Desenvolvimento de Coleção de Moda -
nesta dissertação, o ciclo da moda ocorre semestralmente a partir de tendências
lançadas no mercado, como cores, texturas, silhuetas, tecidos entre outros. Quanto
maior a sintonia do profissional responsável pela criação, juntamente com sua
equipe com essas tendências e possíveis mudanças no comportamento de estilo e
consumo do seu público-alvo, maior probabilidade de sucesso e estabilidade no
mercado da moda. (JONES, 2005).
57
O segredo é perceber as tendências globais do comércio com sensibilidade suficiente para entender em que ponto elas podem exercer influência sobre a moda. Os futuros líderes do mercado serão os que reconhecerem a importância do consumidor em todos os níveis da tomada de decisões, da adoção de avanços tecnológicos nas áreas da comunicação e do processamento de dados e da emergência de um mercado global realmente verdadeiro. (FEGHALI; DWYER, 2010, p.139).
A cada dia, os consumidores se tornam mais exigentes uma vez que se
encontram munidos de informações. Hoje, diferentemente do passado, são os
consumidores que comandam as empresas. Importa, nessa nova forma de
consumo, gerar experiências de consumo, não apenas gerar compras por
necessidade, mas acender necessidades latentes. Observando o contexto, Morace
(2012, p. 9) acentua: “O mundo das mercadorias e dos produtos deverá cada vez
mais se confrontar com um novo protagonista do mercado: o consumidor autor”.
Corroborando com os pensamentos de Morace (2012), Feghali e Dwyer (2010,
p.139) acreditam que “os consumidores de hoje exigem individualismo, imediatismo
e valor, assim como o farão os do futuro. Essas três características são os tópicos a
serem explorados nas estratégias tomadas pelas empresas”.
Com essa mudança no comportamento dos consumidores, nos últimos anos,
os empresários do varejo direcionam seus esforços a desenvolver um
relacionamento mais próximo com seus clientes. Hoje o consumidor busca por
conveniência, lazer, experiência e comodidade, pelo fato de que cada vez mais as
pessoas assumem cumulativos papéis na sociedade, tornando seu tempo escasso.
(FEGHALI; DWYER, 2010, p.139).
Feghali e Dwyer (2010) informam que o Brasil ficou conhecido
internacionalmente devido a inúmeros fatores. Da relação destacam três itens: a
modelo brasileira Gisele Bündchen que em 1999 foi avaliada pela revista Vogue
como a melhor modelo do momento; estilistas como Tufi Duek, Carlos Miele e
Alexandre Herchcovitch ficaram conhecidos internacionalmente por apresentarem
coleções sofisticadas de prêt-à-porter14; e, por fim, o reconhecimento da mídia
internacional da cidade de São Paulo/SP como a capital da moda na América Latina.
14 Expressão criada na França na década de 1950 para indicar roupa comprada pronta ou pronto para vestir. (CALLAN, 2007).
58
A respeito de alguns questionamentos sobre o mercado de moda no Brasil,
Feghali e Dwyer (2010) abordam a seguinte questão: o Brasil está na moda? De
acordo com os autores, alguns profissionais da área da moda acreditam que não só
o Brasil está na moda, como a moda brasileira também está. Porém, o país ainda
não alcançou o seu auge. Empresários acreditam que, quando o país chegar ao seu
ápice de reconhecimento mundial em relação à moda, o Brasil vivenciará uma
expansão na economia, de forma que os extensos limites do mercado de moda
poderão ser largamente ultrapassados.
Como consequência, os empresários brasileiros creem que, quando isso
acontecer, resultará em aumento do turismo internacional ao Brasil, as exportações
aumentarão e os preços dos produtos de moda poderão subir até 30%. Isso já é
visto no exemplo da sandália de praia fabricada no Brasil, vendida para diferentes
classes sociais, por ser considerada confortável, bela, possuir um preço justo e
acessível e acompanhar sempre as tendências de moda. O mesmo produto é
vendido em Nova York, e em outras cidades internacionais, como artigo de luxo,
com o preço variando em até dez vezes mais que o praticado no Brasil. (FEGHALI;
DWYER, 2010).
Dessa forma, ficam enfatizados dois aspectos: que o mercado de moda é
uma área que possui relevância econômica no país e no mundo e que o mercado é
o ambiente social ou virtual propício para a troca de bens e serviços. Uma vez
esclarecidos os conceitos de moda e mercado, mostra-se adequado, neste
momento, iniciar a abordagem do mercado de moda no Brasil com um apanhado de
sua atual situação.
De acordo com Chataignier (2009) mesmo a indústria do vestuário estando
presente no dia a dia de todas as pessoas, algumas não conhecem seus números,
estatísticas e importância. A maioria da produção têxtil é direcionada ao segmento
de vestuário e aviamentos. Porém, outras áreas também fazem o uso dessa matéria-
prima para o desenvolvimento de seus produtos, como velas de barcos, bandeiras,
guarda-chuvas, calçados entre outros segmentos.
Em uma publicação sobre a expectativa do cenário de competitividade da
indústria têxtil e de confecção brasileira entre os anos de 2015 a 2018, a Associação
Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT, 2015) avalia o mercado têxtil como um dos mais
dinâmicos entre os mercados mundiais. Hoje a Ásia responde por 73% da produção
59
total de artigos de vestuário, e o Brasil ocupa a quarta posição no mesmo segmento
e quinta posição em produtor têxtil.
Conforme a ABIT (2015) o Brasil produz desde as fibras para produção de
tecidos até a confecção de vestuário, possuindo a maior cadeia produtiva do
ocidente. Em média, o setor Têxtil e de Confecção brasileiro possui 100 mil
empresas, calculadas desde as de grande porte até as microempresas, sendo que
mais de 80% estão categorizadas no segmento de confecção. O setor emprega
cerca de 1,6 milhão de brasileiros, onde em 2014 o setor têxtil e de confecção
faturou US$ 55,4 bilhões. Em 2014 o Brasil produziu cerca de 1,5 toneladas de
algodão em pluma, 300 mil toneladas de fibras químicas e 9,2 bilhões de peças de
vestuário.
Segundo a ABIT (2015), o Brasil ocupa o segundo lugar na produção de
denim e o terceiro na produção de malhas. O país é referência mundial nos
segmentos de beachwear15, jeanswear16 e homewear17. O segmento que mais
cresceu nos últimos dez anos foi o de vestuário, cama, mesa e banho e o Brasil está
entre os oito maiores mercados do mundo nesses segmentos. Os dados divulgados
pela ABIT englobam a cadeia têxtil como um todo, incluindo empresas produtoras de
fibras naturais, artificiais, sintéticas, fiações, beneficiadas, tecelagens e confecções.
Os Estados Unidos da América e a Argentina são os países que mais
compram do Brasil. Os negócios entre Brasil e Argentina obtiveram queda nos
últimos 4 anos de 42%, devido às barreiras ao comércio impostas pelos argentinos e
aos múltiplos embargos criados à exportação dos produtos brasileiros para aquele
país. Em relação aos EUA, os negócios têm registrado elevação na balança
comercial no mesmo período. (ABIT, 2015).
A importância que a cadeia têxtil possui no sistema de produção é relevante.
Como dito, o Brasil possui essa cadeia completa, o que facilita o trânsito pelo
processo como um todo. O processo de desenvolvimento de tecidos para confecção,
de acordo com Jones (2005, p. 126) “[...] é dirigido para o mercado e as tendências
de moda atuais são o resultado final de um intenso trabalho de pesquisa e
desenvolvimento das indústrias químicas, de corante e pigmentos e de tecidos”.
15 Termo que provém da língua inglesa, referentes a peças de vestuário utilizadas na praia. SITE USEFASHION, 2015). 16 Peças do vestuário confeccionadas em jeans. (SITE USEFASHION, 2015). 17 Considera-se roupas confortáveis para ficar em casa. (SITE USEFASHION, 2015).
60
Essas indústrias estão adiantadas no tempo, chegando a antecipar tendências em
até cinco anos antes da indústria da moda.
Segundo o Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI, 2015) em uma
notícia postada em março de 2015, o varejo de moda entre os anos de 2007 a 2012
obteve um crescimento referente a 44,4%, especificamente 8,88% por ano. Em 2012
chegou a marca em valores de R$47 bilhões.
O IEMI prevê um aumento no volume de vendas da indústria brasileira de
vestuário de 2,5% no ano de 2015. Essa porcentagem representa cerca de 6,7
bilhões de peças de vestuário no varejo. Referente à receita, acredita-se em um
aumento de 8,6%, resultando em R$199,7 bilhões. Comparado ao ano de 2014,
observa-se números um pouco diferentes: houve crescimento de 1,5 em volume de
vendas, e 6,7% na receita. No mercado calçadista, que também pertence ao
mercado de moda, a aposta é em crescimento de 1,1% no ano corrente. Referente a
exportações, o crescimento chega a 4,4% cerca de R$135,2 milhões. (IEMI, 2015).
O mercado brasileiro infantil, conforme o IEMI (2015), cresce a cada ano,
chegando em 1,5 bilhão de peças confeccionadas. Pensando no mercado geral
como um todo, o mercado infantil representa 16% de participação. Anos atrás, em
2013, as vendas alcançaram o valor de cerca de R$29,3 bilhões.
Considerando os conceitos analisados, percebe-se que o mercado de moda
contribui positivamente a economia do país. Segundo a ABIT (2015), a indústria
têxtil e de confecção existe acerca de 200 anos no Brasil. Responsável por
incentivar muitas outras indústrias, foi um dos fatores que incrementou a revolução
industrial no país. O mercado de moda é o segundo maior empregador e gerador do
primeiro emprego.
O que se espera dos profissionais da área de moda é que estejam atentos às
mudanças do mercado, focados em seu público-alvo, entendendo e identificando as
tendências do comércio e familiarizando-se com os avanços tecnológicos e, desse
modo, contribuir para o resultado positivo e sucesso da empresa. No entanto as
instituições de ensino que ofertam cursos relacionados ao Design de Moda,
considera-se recente no Brasil e vem crescendo a cada ano. O próximo tópico
aborda questões sobre o início do ensino superior em design de Moda nas escolas
brasileiras, assim como sua grade curricular e possíveis áreas profissionais incluso
neste campo.
61
3.1.4 A formação de ensino superior em Design de Moda nas escolas brasileiras
A formação superior em Design no Brasil ocorreu no ano de 1963 com a
abertura da primeira Escola Superior de Desenho Industrial, a ESDI, situada na
cidade de Rio de Janeiro. Entretanto em 1950, Lina Bo Bardi e Giancarlo Pallanti já
tinham ofertado um curso de Design, que obteve duração de dois anos no Instituto
de Arte Contemporânea – Museu de Arte de São Paulo (IAC-MASP), ficando
conhecido nas áreas de Design e arquitetura moderna, devido às exposições e
eventos com pessoas importantes e consideradas nas áreas (COUTO, 2008).
Segundo Couto (2008) foi a partir de treinamento, observação e participação
em atividades concretas que se iniciou o aprendizado da área de Design no Brasil.
As atividades eram apresentadas por um mestre da área e observadas por oficiais e
principiantes.
O mais importante problema da ESDI – apesar de sua inegável contribuição ao desenvolvimento do design no Brasil – é o fato, de que ela não foi pensada como uma resposta às necessidades da indústria brasileira. A ESDI surgiu de um grupo de pessoas que naquela época tinha o poder de criá-la. Nos primeiros anos a ESDI permaneceu fechada em si mesma, isolada dos problemas importantes da indústria brasileira. Foram ensinadas teorias e teses de origem europeia, mas ninguém se perguntou sobre sua função para a sociedade brasileira (VENTURA, 1977, apud COUTO, 2008, p. 22).
O modelo pedagógico e metodológico seguido pela ESDI possuía influência
do modelo alemão. Tanto que o modelo pedagógico dos professores alemães era
seguido pelos professores os quais ministravam as disciplinas da ESDI em outras
escolas, como Max Bill e Tomás Maldonado vindo da Hochschule für Gestaltung –
HfG. (COUTO, 2008). Um dos professores convidados pela ESDI foi o estilista Pierre
Cardin, oportunizando aos alunos desenvolver projetos relacionados a vestuário e
têxtil. Entretanto, desde a criação da ESDI em 1963 até 1988, não havia nenhum
curso superior focado na formação de profissionais capacitados a projetar produtos
para confecção nacional. (PIRES, 2002).
Em relação ao ensino de Design de Moda, a primeira escola a oferecer cursos
nessa área surgiu em 1841, em Paris, conhecida como ESMOD18. A escola possui
parcerias com escolas internacionais e nacionais, incluindo instituições na cidade de
18 École supérieure des arts et techniques de la mode. (Escola Superior de Artes e Técnicas de Moda).
62
São Paulo. No Brasil, porém, quem desejasse estudar ou aperfeiçoar seus
conhecimentos na área da moda, era obrigado a viajar para o exterior. Os dois
primeiros brasileiros a adquirir formação em Moda pela escola de Paris foram os
estilistas Rui Spohr em 1952, que hoje possui ateliê em Porto Alegre (RS) e José
Gayegos da cidade de São Paulo/SP, em 1971. (PIRES, 2002).
Inovador no mercado de moda no Rio Grande do Sul, Spohr resolveu apresentar um desfile de chapéus, o primeiro desfile de moda do Estado. Apesar da grande repercussão, sendo notícia nos diários locais, ele demorou em garantir uma clientela fixa e estabelecer o nome “Rui” no mercado local. Somente na década de 1960, seu nome destaca-se no cenário da moda gaúcha e brasileira, quando já trabalhava com vestuário feminino. (SCHNEIDER; SCHEMES; ARAUJO, 2009, p. 13).
Os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, no início da década
de 1980, perceberam uma carência no mercado por profissionais capacitados em
atividades relacionadas à área de moda. Os profissionais que assumiam as vagas
em empresas de confecção e têxtil, ou áreas afins, eram pessoas leigas e
autodidatas que se capacitaram, ao longo do tempo, com o exercício da profissão.
Os setores industriais, com apoio de algumas instituições de ensino, lançaram a
oferta dos primeiros cursos de moda no Brasil, limitados ao nível profissionalizante,
para então atender à demanda constatada. (PIRES, 2002).
Na cidade do Rio de Janeiro, em 1984, foi criado pelo Senai-Cetiq19 o primeiro
curso focado ao ensino de moda em nível técnico. (PIRES, 2002). Já o início da
oferta de cursos superiores em Design de Moda aconteceu no final da década de
1980, mais especificamente 24 anos após a abertura da ESDI, em 1987, na
faculdade Santa Marcelina, situada na cidade de São Paulo/SP. No ano de 1990,
mais duas faculdades começaram a oferecer cursos superiores em Design de Moda:
a Faculdade Anhambi-Morumbi e a Universidade Paulista, ambas localizadas na
cidade de São Paulo. (MARINHO, 2005).
Três importantes fatores favoreceram a abertura dos três cursos superiores
na cidade de São Paulo, em um tempo relativamente curto. O crescimento da
indústria têxtil constitui-se um primeiro fator de relevância para abertura de novas
empresas no Brasil e ampliou o setor de fiação e confecção, favorecendo seu
amadurecimento nos últimos 50 anos. Assim, foi necessário mão-de-obra qualificada
19 Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil.
63
para lidar com a demanda do mercado e atender aos aspectos tecnológicos e
mercadológicos das empresas. (MARINHO, 2005).
Como exemplo do aquecimento da economia no país, Pires (2002) destaca o
Estado de Minas Gerias. Cerca de 200 empresas de confecção se achavam
instaladas nesse Estado em 1976. Depois de 10 anos, em 1986, esse número já não
era mais o mesmo. Minas Gerais contava com cerca de 4.000 empresas. O
crescimento nesse setor resultou na abertura de um curso de extensão em Estilismo
e Modelagem de Vestuário na Universidade Federal de Minas Gerais. (PIRES,
2002).
O segundo fator considerado importante por Marinho (2005) e um dos
causadores da abertura dos cursos superiores em Design de Moda na cidade de
São Paulo, diz respeito à construção de um mercado voltado aos bens simbólicos.
Situação que foi resultado da ampliação rápida da indústria cultural20 no Brasil. A
indústria cultural no Brasil teve sua formação iniciada nas décadas de 1940 e 1950,
com processo acelerado nas décadas seguintes, tendo em São Paulo e Rio de
Janeiro cidades consideradas influentes. Referente a esse processo da
industrialização da cultura, Marinho (2005) destaca:
A compreensão desse processo é crucial no sentido de que o amadurecimento dessa “indústria da consciência”, em suas diferentes manifestações, promove e instala necessidades culturais de grande apelo econômico. A moda é uma destas manifestações que opera elementos simbólicos envolvendo aspectos como individualidade, desejo, sedução, ao mesmo tempo em que movimenta uma estrutura econômica poderosa e diversificada, em termos industriais e comerciais. (MARINHO, 2005, p. 21).
O terceiro fator, não menos importante, Marinho (2005) focalizou no aumento
do ensino superior privado na década de 1980, que ofereceu meios para a variação
de áreas ofertadas nas escolas superiores. Outra mudança significativa dessa época
foi a mudança que muitas instituições de ensino obtiveram, transformando-se em
universidades.
Portanto, esses três fatores citados por Marinho (2005) são os responsáveis
pelo surgimento dos cursos superiores em Design de Moda, incialmente na cidade
20 Marinho (2005, p. 20) define indústria cultural como um “Conjunto de subsistemas sociais e econômicos responsáveis pela intensa produção e difusão de informações e valores, pela constituição de novos padrões estéticos, a partir do que considera um processo de industrialização da cultura”.
64
de São Paulo e que, com o passar dos anos, vem aumentando em escolas
superiores e profissionalizantes de todo Brasil.
Devido à demanda de mercado, desde a oferta do primeiro curso focado a
ensino de moda, até os dias de hoje, constata-se que muitas escolas se organizam
para adicionar em seus currículos cursos relacionados ao Design de Moda. A
Universidade Anhembi-Morumbi sempre esteve atenta às demandas do mercado,
tanto que, em 1997, ofertou o primeiro curso no formato on-line. Esse curso
primeiramente foi denominado de Universo da Moda e tinha duração de três meses.
O público-alvo eram estudantes interessados a conhecer, identificar e pesquisar
tendências via internet. (PIRES, 2002).
Com o sucesso desse primeiro curso, em 1999 a Universidade Anhembi-
Morumbi ofertou o primeiro curso de Pós-graduação em Moda e Comunicação pela
Internet. A formação do Quadro docente contava com doutores, mestres,
especialistas e profissionais da área da moda que possuíam uma vivência
significante em empresas brasileiras e internacionais. Em formato on-line e duração
de 364 horas, no final o aluno recebia o diploma de especialista em Moda e
Comunicação. (PIRES, 2002).
Em 1998, na cidade de Fortaleza/CE, ocorreu o primeiro Encontro Nacional
de Coordenadores e Dirigentes de Cursos Superiores e Representantes de Classe
de Estilismo de Moda do Brasil, objetivando definir uma sugestão de diretrizes
curriculares dos cursos de graduação, a pedido do Ministério da Educação e Cultura
(MEC). Além da discussão sobre as grades curriculares dos cursos, outro tema
levantado à discussão foi a regulamentação da profissão. O encontro resultou na
conclusão de que a Faculdade Santa Marcelina e a Universidade Anhembi-Morumbi
desenvolviam propostas curriculares semelhantes à prática da indústria brasileira.
Em vista disso, decidiu-se que elas serviriam de suporte para a Proposta de
Diretrizes Curriculares dos Cursos Superiores de Moda a ser enviada e analisada
pelo MEC. (PIRES, 2002).
Embora os cursos direcionados à área de Design de Moda terem surgido em
1987, na Universidade Santa Marcelina, apenas em 2002 foram considerados pelo
MEC como conteúdo curricular específico para ser desenvolvido em cursos de
design. A partir desse momento, as instituições que ofertavam cursos superiores
focados na área de Moda, orientavam-se pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de Graduação em Design, firmadas na Resolução CNE/CES nº05, de 8 de
65
março de 2004. Com isso, os projetos pedagógicos criados anteriormente sofreram
ajustes conforme estabelecido pelo documento, para então serem consideradas
aptas no seguimento da oferta dos cursos na área da moda. (SOUSA; NEIRA,
BASTIAN, 2010).
Em relação à Educação Profissional de Nível Tecnológico, essa foi
homologada como ensino superior, no dia 18 de dezembro de 2002, concedido pelo
Presidente do Conselho Nacional José Carlos Almeida da Silva, segundo Art. 2º e 4º
conforme a Resolução CNE/CP321. Segundo o documento Referenciais Curriculares
Nacionais dos Cursos de Bacharelados e Licenciatura (2010, p.5)22, disponibilizado
pelo Ministério da Educação, define os cursos de Bacharelado como “[...] cursos
superiores generalistas, de formação científica e humanística, que conferem, ao
diplomado, competências em determinado campo do saber para o exercício de
atividade acadêmica, profissional ou cultura”.
Os cursos Superiores de Tecnologia são caracterizados como “[...]
graduações de formação especializada em área científicas e tecnológicas, que
21 Art. 2º Os cursos de educação profissional de nível tecnológico serão designados como cursos superiores de tecnologia e deverão: I - incentivar o desenvolvimento da capacidade empreendedora e da compreensão do processo tecnológico, em suas causas e efeitos; II - incentivar a produção e a inovação científico-tecnológica, e suas respectivas aplicações no mundo do trabalho; III - desenvolver competências profissionais tecnológicas, gerais e específicas, para a gestão de processos e a produção de bens e serviços; IV - propiciar a compreensão e a avaliação dos impactos sociais, econômicos e ambientais resultantes da produção, gestão e incorporação de novas tecnologias; V - promover a capacidade de continuar aprendendo e de acompanhar as mudanças nas condições de trabalho, bem como propiciar o prosseguimento de estudos em cursos de pós-graduação; VI - adotar a flexibilidade, a interdisciplinaridade, a contextualização e a atualização permanente dos cursos e seus currículos; VII - garantir a identidade do perfil profissional de conclusão de curso e da respectiva organização curricular. Art. 4º Os cursos superiores de tecnologia são cursos de graduação, com características especiais, e obedecerão às diretrizes contidas no Parecer CNE/CES 436/2001 e conduzirão à obtenção de diploma de tecnólogo. § 1º O histórico escolar que acompanha o diploma de graduação deverá incluir as competências profissionais definidas no perfil profissional de conclusão do respectivo curso. § 2º A carga horária mínima dos cursos superiores de tecnologia será acrescida do tempo destinado a estágio profissional supervisionado, quando requerido pela natureza da atividade profissional, bem como de eventual tempo reservado para trabalho de conclusão de curso. § 3º A carga horária e os planos de realização de estágio profissional supervisionado e de trabalho de conclusão de curso deverão ser especificados nos respectivos projetos pedagógicos. 22 [...] compõe uma das ações de sintonia da educação superior às demandas sociais e econômicas, sistematizando denominações e descritivos, identificando as efetivas formações de nível superior no Brasil. A cada perfil de formação, associa-se uma única denominação e vice-versa, firmando uma identidade para cada curso (Referenciais Curriculares Nacionais dos Cursos de Bacharelado e Licenciatura, 2010, p. 3).
66
conferem, ao diplomado, competências para atuar em áreas profissionais
específicas”.
Refletindo sobre as diferenças desses dois níveis profissionalizantes, que
referem exigência comum ao diplomado, a titulação de formação em curso superior,
desenvolveu-se um painel explicativo, conforme Quadro 4, para melhor compressão.
Utilizou-se como base os documentos Catálogo Nacional de Cursos Superiores de
Tecnologia (2010)23 e Referenciais Curriculares Nacionais dos Cursos de
Bacharelados e Licenciatura (2010), ambos disponibilizados pelo Ministério da
Educação.
Quadro 5 - Diferenças entre cursos de Bacharelado em Design e Tecnólogo em Design de Moda
Fonte: Elaborado pela autora.
23 Documento disponibilizado pelo Ministério da Educação em cumprimento ao Decreto nº5.773/06, como “guia para referenciar estudantes, educadores, instituições ofertantes, sistemas e redes de ensino, entidades representativas de classes, empregadores e público em geral”. (CATÁLOGO NACIONAL DE CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA, 2010, p. 8).
67
As diferenças entre os cursos de Bacharéis e Tecnólogo, demonstrado em
comparação no Quadro acima, fica evidente nas áreas de atuação e na carga
horária desenvolvida pelos referidos cursos. O diplomado no curso de Bacharel pode
atuar como pesquisador em IES, empresas e laboratórios de pesquisa cientifica e
tecnológica após cursar 2.400 horas de curso. Dentre as áreas de atuação encontra-
se o Design de Moda nos segmentos de joalheria, calçados e vestuário. O discente
formado no curso Tecnólogo atua especificamente na indústria da moda, após
cursar as 1600 horas exigidas.
Ainda que diversos Designers de Moda, conhecidos mundialmente e pioneiros
na profissão, não possuam formação em Ensino Superior em Moda, estes são
considerados exceções à regra. Atualmente, a maioria dos profissionais da área de
Moda, respeitados e conhecidos por seus trabalhos, são graduados e/ou pós-
graduados na área. (MATHARU, 2011).
De acordo com Jones (2005), a escolha por formação superior em Design de
Moda tem se tornado comum entre jovens. O setor de moda, sendo ele de vestuário,
acessórios, calçados, entre outros, oferece um número de empregos variado, desde
a área técnica e criativa, passando às áreas comerciais e de administração no
mercado da moda. Essa variedade de opções é vista também nas ofertas de cursos
do mundo todo. Entre faculdades, universidades e cursos técnicos, têm como
objetivo atender a demanda do mercado, ofertando cursos voltados às áreas
técnicas e administrativas em moda.
A ênfase nos cursos direcionados ao Design de Moda, são variados, devido a
abrangência de setores pertencentes a esta área. Algumas enfatizam o mercado de
moda, já outra procura o focar no estilismo, ou em aspectos técnicos como
modelagem e produção. (PIRES, 2002).
De acordo com Matharu (2011), o mercado de moda apresenta-se a cada dia
mais competitivo. Os cursos oferecem, além do conhecimento sobre a indústria da
moda, habilidades práticas para atender e suprir as necessidades das empresas,
encaminhando os profissionais para o alcance do sucesso desejado. Importa
ressaltar que o sucesso no campo da moda não diz respeito à fama e ao estrelato,
mas sim, à formação de profissionais capacitados para enfrentar e participar do
mercado da moda. A formação, ou diploma, oferece aos profissionais, ou futuros
empregados, uma comprovação verdadeira de sua capacidade e responsabilidade.
68
Normalmente, os cursos superiores em Design de Moda oferecem uma grade
curricular sequencial. Isso quer dizer que, cada etapa e projeto realizado tem como
objetivo alcançar uma nova aptidão e experiência. O objetivo central é que o aluno
adquira sua independência, galgando a preparação pretendida para o último ano do
curso onde, normalmente, desenvolve sua coleção de modo independente, sentindo-
se capaz de exercer sua profissão no mercado de trabalho. (MATHARU, 2011).
Na fase inicial do curso superior em Design de Moda é apresentado ao aluno,
uma introdução à moda, subdividida em pesquisa e prática, composta pelas
disciplinas de modelagem, desenho e construção de peças reais. Nessa fase, o
aluno é exposto aos elementos de design que compreendem os conhecimentos de
silhueta, tecido, cor e proporção, com o propósito de relacionar estes elementos ao
Design de Moda. (MATHARU, 2011).
Os cursos de Bacharelados em Design de Moda são amplos e completos,
auxiliando ao aluno a resolver a sua área de preferência a especialização. A maior
parte desses cursos abrangem disciplinas relacionadas a projetos, onde
desenvolvem coleções, sendo elas de moda feminina, masculina ou infantil.
Disciplinas envolvendo história da moda e arte, estudos da cor e tecidos, e como
esta área é inserida em um contexto cultural, exercem um papel importante na
formação desses profissionais. (JONES, 2005).
Da metade do curso de Design de Moda para o final, os alunos normalmente
podem se sentir seguros e independentes. A ênfase empregada nessa etapa fica por
conta das áreas práticas da moda. A configuração dos projetos apresenta-se, em
geral, de forma complexa, o que proporciona aos alunos a exploração da área do
Design e pesquisa, resultando em trabalhos com embasamento teórico e autonomia.
(MATHARU, 2011).
Outra característica dos cursos de Design de Moda é o estágio na área de
especialização escolhida, oportunizando ao aluno o contato direto com a realidade
estudada e aprimorando a prática adquirida ao longo do curso. Após o término dos
estudos, o aluno graduado incluirá em seu currículo um portfólio24 profissional, onde
constarão os projetos realizados durante todo o curso, através do qual poderá
apresentar à indústria suas habilidades, seus projetos criativos, sua coerência e sua
reponsabilidade profissional. (FEGHALI; DWYER, 2010).
24 Jones (2005) considera Portfólio um arquivo que contenha todos os trabalhos realizados pelo estilista juntamente com suas publicações na imprensa.
69
Conforme Matharu (2011) a mídia divulga que o número de egressos em
faculdades de moda aumenta com o passar do tempo. Com isso, aumenta o número
de formandos todos os semestres, porém o número é limitado de vagas ofertadas
pela indústria. Muitos desses alunos ao término do curso, decidem seguir carreira
autônoma, podendo trabalhar como freelancers25 para inúmeras empresas ou
desenvolver sua própria marca.
O mercado de moda oferecer uma variedade de empregos. Segundo Feghali
e Dwyer (2010) algumas opções são: modelista, designer de moda, profissional de
desenvolvimento de produto; executivo de marketing, engenheiro químico-têxtil,
assistente de vedas ou vendedor, comprador, consultor de estilo, entre outros.
A formação em moda não se baseia apenas em critérios estilísticos nas
construções de vestuário, calçados e acessórios. A moda vai além de beleza dos
produtos. Estudos empresarias e estratégias mercadologias, a busca e análise das
tendências sociais e culturais do momento e a competência para transformar esses
importantes fatores em um produto aparentemente belo e funcional, que desperte
uma necessidade latente no consumidor são fatores cruciais para quem decide
estudar e trabalhar como moda. (SORCINELLI, 2008).
[...] ainda há descompasso entre a realidade e a competência dada aos alunos que se formam nos cursos da área de design. Além disso, ainda prolifera uma polêmica entre as pessoas que consideram imprescindível a existência de cursos superiores de moda e aqueles que apenas questionam a qualidade e a necessidade. A discussão gira entre a pratica e a teoria e entre o conhecimento e o talento. (PIRES, 2002, p. 6).
Dados os conhecimentos dos teóricos acima, constata-se que um dos fatores
determinantes para a oferta de cursos superiores em Design de Moda resultou-se da
demanda do mercado. Em decorrência desta demanda de mercado, a indústria
solicitou, aos cursos técnicos e as academias, programas que proporcionassem
capacitação de profissionais condizentes com a necessidade exigida pelo mercado.
Ou seja, um profissional diferente do que a indústria vinha contratando, uma vez que
a situação demonstrava uma carência por profissionais capacitados a exercer uma
metodologia projetual adequada ao processo criativo e ao design. Era o momento de
contratar profissionais com os pré-requisitos necessários a atender essa demanda.
(PIRES, 2002).
25 Segundo o Dicionário Oxford (2013), o profissional que cumprir suas atividades no formato freelancer é aquele considerado autônomo.
70
O próximo capítulo abordará estudos a respeito do desenvolvimento de
coleção, assim como metodologias projetuais existentes na área do design de moda,
selecionadas por suas notoriedades na área da moda.
3.2 DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE MODA
Como já mencionado no item 3.1.2 – A evolução do profissional Designer de
Moda, do capítulo terceiro desta dissertação, a coleção de moda surgiu com os
trabalhos de Charles Frederick Worth, em 1958. Neste momento é que as coleções
de moda assumiram a forma cíclica de atender o mercado como acontece até hoje,
definindo-se pelas coleções primavera/verão e outono/inverno.
De acordo com Treptow (2003), a diferença dessa época para a atual está no
processo de desenvolvimento da coleção. Os modelos eram criados de acordo com
a moda atual da época com o estilo do seu criador, não havendo, necessariamente,
uma Unidade visual na coleção. Com o passar dos anos, estilistas começaram a
apresentar suas coleções com suporte em inspirações temáticas, como Paul Poiret e
Elsa Schiaparelli, dando origem à Unidade visual na coleção, o que é visto até hoje.
Compreender o desenvolvimento de uma coleção de moda é primordial para
qualquer empresa entrar no mercado de moda. Uma coleção de moda pode ser
entendida como produtos que possuam entre si uma combinação de conceito,
estética e harmonia, com apelo comercial, onde seu desenvolvimento e confecção
tem o objetivo de atender necessidades contidas (ou serem satisfeitas – portanto,
sazonal) em uma determinada época do ano (RECH, 2002). Corroborando com esta
definição, Renfrew e Renfrew (2010) acredita que a coleção deve estar
fundamentada em uma inspiração temática, onde necessite estar interligada ao
público-alvo da marca e sua imagem. Coleção se estabelece como um “grupo de
roupas de qualidade com características comuns ou destinadas para uma estação
específica”, evidencia Jones (2005, p. 216).
Para desenvolver uma coleção de moda é necessário organização e
agilidade, visto que a indústria da moda trabalha de forma cíclica, com no mínimo
duas coleções anuais, sendo uma coleção para estações primavera/verão e outra
para estações outono/inverno, tendo seis meses de diferença. Dependendo do
porte, a empresa pode trabalhar com pequenas coleções entre os períodos das
principais citadas. Normalmente, pequenas empresas trabalham duas coleções
71
anuais, enquanto que as empresas de grande porte produzem mais coleções
durante o ano (RENFREW; RENFREW, 2010).
Os designers são como aves caçadoras à procura de alvos. A moda move-se rapidamente em comparação a outras indústrias criativas e isso se reflete na pressão constante para lançar tendências a cada estação. Os designers precisam buscar constantemente novas inspirações para manter seu trabalho atual, contemporâneo e, acima de tudo, para se manterem motivados. (SORGER; UDALE, 2009, p. 16.)
Chama-se de pré-coleção de moda as produzidas em menor escala. Os
designers demonstram aos compradores o que está por vir e quais tendências serão
lançadas, antes de apresentar a coleção principal. Desenvolvem também uma
coleção denominada de comercial. A partir dessa são realizados os pedidos a serem
comercializados nas lojas. Normalmente, os varejistas de moda subdividem essas
coleções principais para garantir o despertar de interesse dos consumidores finais,
com o propósito de manter a loja com novidades (SORGER; UDALE, 2009).
Algumas empresas, buscando atender o mercado, desenvolvem coleções
com mais de 300 peças, utilizando como inspiração todos os temas que estão em
alta na estação. Por utilizarem vários temas, as peças não possuem a mesma
linguagem. Com isso, as empresas acabam trabalhando simultaneamente com
pequenas coleções. Na década de 1980 os cadernos de tendências apresentavam
em média quatro temas de inspiração, oportunizando que as empresas escolhessem
desenvolver quatro coleções ou uma dentro de um tema escolhido (TREPTOW,
2003).
Atendendo a esse conceito, no próximo item metodologias para
desenvolvimento de coleção de moda, estão focalizadas, no intuito de melhorar a
compreensão do processo de projetação de produto de moda, as metodologias
projetuais para desenvolvimento de coleção dos seguintes autores: Jones (2005),
Sorger e Udale (2009), Treptow (2003), Montemezzo (2003), Barcaro (2008) e
Renfrew e Renfrew (2010). Os motivos que fizeram com que a escolha recaísse
nesses teóricos ressaltam a notoriedade e renome que possuem na área da moda
no contexto do assunto.
72
3.2.1 Metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de moda
Para desenvolver e ter sucesso em uma coleção dentro do mercado de moda,
é necessário traçar uma metodologia para atingir o objetivo. Segundo Rech (2002,
p.57).
Produtos resultantes de projetos de design têm um melhor desempenho que aqueles desenvolvidos por métodos empíricos e são obtidos em um curto espaço de tempo, considerando conceito e cliente como polos terminais do ciclo de desenvolvimento (RECH, 2002, p. 57).
O primeiro método projetual apresentado, baseia-se nos conhecimentos de
Jones (2005) que inicia pela etapa do Briefing26. Essa etapa indica as tarefas e os
objetivos do projeto a serem discutidos. Algumas condições descritas no briefing
precisam ser seguidas, como estação e ocasião; cliente; mercado-alvo; escolha de
tecidos e materiais; custeio; e gerenciamento do tempo. A próxima etapa é a
inspiração. Nessa etapa, o estilista busca em diferentes fontes, como museus,
galerias de artes, livros, revistas, entre outros, encontrar o tema de inspiração para
sua coleção (JONES, 2005).
A moda expressa o “espírito do tempo”, e, portanto, espelha as mudanças na sociedade. Para buscar inspiração o estilista precisa manter olhos e ouvidos abertos: frequentar lojas, clubes, cafés galerias; assistir shows e filmes; ler revistas, jornais e livros; ir a festas e ouvir músicas; e acima de tudo observar as pessoas e absorver as sutis mudanças estéticas que acontecem na sociedade. (JONES, 2005, p. 170).
Por fim, a última a etapa do método projetual sugerido por Jones (2005), a
apresentação, contempla os seguintes itens: caderno de croquis, recortes, painel de
criação, croquis e Storyboard27. Nessa etapa são apresentadas as peças prontas da
coleção (JONES, 2005). Sintetizando, o processo de desenvolvimento de coleção
proposto por Jones (2005) abrange as etapas Briefing, inspiração e apresentação,
conforme Quadro 6.
26 Segundo o dicionário Oxford (2013, p. 379), conceitua-se briefing da seguinte forma: “instruções ou informações essenciais”. 27 Para Jones (2005, p. 179) entende-se como Storyboards “séries de folhas ou Quadros que representam todo o histórico de suas soluções para o projeto proposto”. (JONES, 2005, p. 179).
73
Quadro 6 - Metodologia projetual Jones (2005)
Fonte: Jones (2005), elaborado pela autora.
O segundo método selecionado para essa discussão, consiste da sugestão
dos autores Sorger e Udale (2009), que apresentam as etapas de forma simplificada
(Quadro 6). O ponto de partida desse processo é a pesquisa, buscando as
tendências em feiras e viagens, podendo também, dependendo do tamanho da
empresa, contatar com os compradores para saber quais peças obtiveram maior
saída em coleções anteriores. A etapa seguinte consiste nos esboços dos modelos
que serão desenvolvidos, e assim definir a coleção. Para cada peça é feito um
desenho especificado, indicado o tecido e os aviamentos necessários para sua
construção. Em seguida, desenvolvem-se os moldes, cortam-se os tecidos, e
constrói-se a peça piloto. Essas são avaliadas individualmente em relação à coleção
geral. A peça piloto pode ser alterada, se necessário, e finalizada com a confecção
da coleção. A última etapa dessa metodologia é o lançamento da coleção, quando
as confecções das peças, em conjunto, são apresentadas aos compradores e
imprensa. (SORGER; UDALE, 2009).
74
Quadro 7 - Metodologia projetual Sorger e Udale (2009)
Fonte: Sorger e Udale (2009), elaborado pela autora.
A terceira metodologia proposta, a de Treptow (2003), sugere um método
mais detalhado. O primeiro passo se constitui da reunião de planejamento, que tem
como objetivo organizar a coleção como um todo. Essa etapa justifica-se pela
comunicação entre a equipe, que aborda assuntos como quantidade de peças a
serem elaboradas, mix de produtos28, tempo de execução e questões financeiras.
Em seguida, elabora-se o cronograma da coleção, definindo uma tabela com as
atividades e as datas previstas para as execuções. Nessa etapa, pode-se também
acrescentar o profissional responsável por cada tarefa, objetivando atender o prazo
de finalização da coleção (TREPTOW, 2003).
O cronograma de coleção deve ser montado de trás para a frente, ou seja, da data final para as anteriores. Não existe regra fixa para a elaboração de cronogramas, sus divisão dá-se conforme a conveniência de quem o utiliza, portanto, a divisão dos prazos por ser mensal, quinzenal, semanal ou mesmo por dia. A divisão semanal é das mais populares, e a divisão por dias presta-se às atividades que exigem rapidez de execução. (TREPTOW, 2003, p. 99).
28 O mix de produto é conhecido como a variedade de produtos ofertados por cada empresa. (TREPTOW, 2003).
75
Finalizado o cronograma, a terceira etapa compreende o parâmetro da
coleção. Esse é subdividido em três partes: a primeira parte compreende o mix de
produtos, que define os produtos que serão oferecidos na coleção, como exemplo,
vestidos, blusas, saias, calças e casacos. Considera-se, nessa etapa, qual o mix de
produtos que a empresa está trabalhando. Para o caso de ser necessária uma
alteração relativa à inclusão ou exclusão de itens, incluirá a argumentação justificada
pelo profissional responsável. A segunda parte dessa etapa é o mix de moda,
subdividido em produtos básicos, fashion29 e vanguardas. Considera-se produtos
básicos aqueles avaliados como venda garantida e que possuem um apelo
funcional. Os produtos classificados fashion atendem às tendências que estão em
voga no momento, a partir dos modelos, texturas e estamparias. Uma boa parte da
coleção pertence a essa categoria. Por fim, os produtos apresentados como
vanguarda são vistos como os produtos “diferentes” da coleção, com apelo
conceitual a comercial. Para finalizar a etapa de parâmetro da coleção, desenvolve-
se a tabela de parâmetro. “A coleção deve distribuir a quantidade de peças que
serão produzidas de cada modelo (Mix de Produtos) entre as três categorias (Mix de
Moda)”. (TREPTOW, 2003, p. 103).
A etapa seguinte envolve a dimensão da coleção. Nela se define o tamanho
da coleção e quantas peças irá conter. Segundo Treptow (2003, p. 104)
“normalmente o mínimo de uma coleção gira em torno de 20 a 30 peças, e o máximo
em torno de 80”. O número indicado por Treptow (2003) não se estabelece como
regra fixa, podendo haver exceções. A quinta etapa dessa metodologia abrange a
pesquisa de tendências, que trabalha na busca por informações necessárias, como
materiais, texturas, cores, entre outras, para atribuir valor ao desenvolvimento da
coleção. Após, realiza-se o briefing de coleção. Treptow (2003) apoiado nos autores
Rigueiral (2002) e Pires (2003) define briefing da seguinte forma:
[...] interpretação das tendências de moda e mercado gerando uma fonte de inspiração para a equipe de criação. A leitura estética do briefing tem por objetivo comunicar aos envolvidos no processo quais conceitos irão nortear a coleção. Na linguagem dos profissionais de moda, representa qual a atmosfera, qual o espírito da coleção (TREPTOW, 2003, p. 109).
29 Segundo o Dicionário Oxford (2013, p. 465), Fashion significa moda.
76
A etapa de inspiração sucede a fase anterior, fundamentando a escolha do
tema para desenvolver a coleção. Esse item depende do tamanho da empresa. Para
grandes empresas, ou seja, formadoras de opinião, aquelas que possuem um
público mais predisposto a aceitar grandes novidades, possuem capital necessário
para arriscar-se no lançamento de uma coleção com temática própria, ainda não
conhecida pelo mercado. Grande parte do mercado, porém, que é construído por
marcas menores, “depende da aceitação comercial de seus produtos e lidam com
um público que não está disposto a grandes radicalismos sem o respaldo de uma
marca conhecida” (TREPTOW, 2003, p. 110).
O passo seguinte, de acordo com Treptow (2003), envolve a elaboração da
cartela de cores, tendo uma relação direta com a temática escolhida para o processo
de desenvolvimento da coleção. Dependendo do tamanho da empresa, e de sua
segmentação no mercado, uma cartela pode possuir de 6 a 12 cores. Cada uma das
cores recebe um código de identificação, baseado no sistema PANTONE.
O sistema PANTONE de codificação de cores é adotado mundialmente e corresponde a uma codificação alfanumérica para cores em tecido ou em papel. Trata-se de um código de seis dígitos que identifica a posição da cor quanto a sua gama (dois primeiros dígitos), sua luminosidade ou quantidade de branco e preto (terceiro e quarto digito), e sua intensidade (dois últimos dígitos). (TREPTOW, 2003, p. 113).
Seguindo da seleção das cores, parte-se para a escolha dos tecidos. Os
tecidos são considerados a matéria-prima dos designers de moda. As roupas são
desenvolvidas a partir dos tecidos escolhidos. Para tanto, considera-se fundamental
o entendimento sobre as características dos tecidos, assim como seu caimento, o
toque e como ele irá se comportar na modelagem da roupa. Depois da escolha da
matéria-prima principal, o tecido, encaminha-se com a escolha dos aviamentos, “[...]
quanto a sua função, os aviamentos podem ser componentes ou decorativos; quanto
à visibilidade podem ser aparentes ou não aparentes” (TREPTOW, 2003, p. 130).
A etapa que compõe o desenho da roupa percorre as fases descritas acima,
iniciando pelos esboços, sendo esses considerados como gerações de alternativas,
onde o estilista não possui preocupação estética com o desenho. Após finalizar os
esboços, o designer escolhe os modelos mais adequados à coleção propriamente
dita e desenvolve os desenhos estilizados, conhecidos na área da moda como
croqui. Partindo do croqui, o estilista constrói os desenhos técnicos, entendido como
77
desenho planificado, detalhado e especificado de cada peça da coleção, para
demonstrar ao setor de modelagem e pilotagem. (TREPTOW, 2003).
Seguindo as etapas, o próximo passo da metodologia de Treptow (2003) é
realizar uma reunião de definição da coleção, momento em que o designer
apresenta as etapas descritas anteriormente para a equipe responsável, incluindo o
financeiro para, assim, poder definir a viabilidade de cada uma das peças da
coleção. Decidido, os modelos serão encaminhados para o setor de modelagem,
para que sejam desenvolvidos os protótipos, geralmente confeccionados nos
tamanhos 40 e 42 ou P e M.
Segundo Treptow (2003) a modelagem pode ser realizada de duas formas: a
primeira é a partir da moulage, considerada uma técnica de modelagem
tridimensional diretamente sobre o manequim, onde o tecido é colocado e ajustado
conforme o desenho de moda; a segunda, por meio da modelagem plana ou
bidimensional, mais utilizada na indústria de vestuário e realizada em papel,
utilizando como suporte uma tabela de medida e cálculos geométricos.
Finalizado os protótipos, abre-se espaço para a penúltima etapa, em que é
reunida novamente a equipe para a aprovação das peças. Aprovando-se as peças,
segue ao setor de graduação, que elabora os moldes nos tamanhos necessários à
empresa e desenvolve a ficha técnica para, assim, finalizar na produção
(TREPTOW, 2003). Considera-se essa metodologia a mais detalhada entre as
estudadas no presente estudo, compreendendo 14 etapas (Quadro 8).
78
Quadro 8 - Metodologia projetual Treptow (2003)
Fonte: Treptow (2003), elaborado pela autora.
A quarta metodologia selecionada para discussão consiste na proposta de
trabalho sugerida por Montemezzo (2003). Buscando aperfeiçoar uma estrutura
adequada para metodologia projetual para desenvolvimento de coleção em
formação acadêmica, usa como suporte estudiosos consagrados na área do Design,
como Baxter (1998) e Löbach (2001). Realizou pesquisa qualitativa no âmbito
acadêmico e propôs uma metodologia própria.
A fase inicial da metodologia proposta por Montemezzo (2003) parte da
preparação. Nessa fase, o designer de moda identifica a problemática a ser
solucionada, levando em conta as demandas de produtos de moda do momento e
partindo das tendências de comportamento do consumidor. Define as necessidades
a serem supridas, pesquisa tendências de consumo de moda, materiais e
tecnologias para tal consumidor. Por fim, define as etapas para alcançar a solução, a
partir da delimitação dos princípios funcionais e de estilo do produto.
(MONTEMEZZO, 2003).
79
A segunda fase abrange a geração, onde se realiza esboços ou geração de
alternativas, estudo dos modelos para a solução do problema. Nessa fase é que se
desenvolve o “estudo de configuração dos materiais e tecnologias”.
(MONTEMEZZO, 2003, p. 88).
Chega o momento da avaliação, onde se avaliam as propostas geradas e,
procurando captar quais atendem melhor aos objetivos do projeto. A penúltima fase
compreende o momento de concretização, em que é realizado o detalhamento do
produto ou o seu desenho técnico; desenvolve-se o protótipo para experimentação;
avaliam-se os aspectos ergonômicos dos mesmos, como “caimento, conforto,
usabilidade, impacto ambiental e custo”; e realizam-se modificações necessárias e
desejadas. Por fim, a última fase - documentação para produção – oportunidade em
que se desenvolve a ficha-técnica das peças selecionadas, especificando seu
detalhamento para produção. (MONTEMEZZO, 2003, p. 88). Apresenta-se o
processo metodológico da autora no Quadro 9.
Quadro 9 - Metodologia projetual Montemezzo (2003)
Fonte: baseado em Montemezzo (2003), elaborado pela autora.
80
A quinta metodologia selecionada é a de Andrea Barcaro (2008), que sugere
uma melhor forma para entender o complexo processo de uma empresa de moda,
dividindo-o em subprocessos, sendo o processo 1, considerado o portfólio das
coleções; o processo 2, a sistematização das coleções; e o processo 3, o
cronograma operacional, como mostra o Quadro 10.
Quadro 10 - Processos de uma empresa de moda por Barcaro (2008)
Fonte: com base em Barcaro (2008), elaborado pela autora.
No processo ocorrido no tempo 1, denominado Portfólio das Coleções, refere-
se a marcas que a empresa oferta ao mercado, variando a linha de produtos e
coleções. Esse processo é característico de empresas de grande porte que
trabalham com mais de uma marca, oferecendo ao mercado opções de coleções
variadas. Em empresas de pequeno porte ocorre o mesmo, porém com relação ao
acréscimo ou diminuição de produto referente à coleção ofertada ao mercado.
Ambas empresas, nesse processo, necessitam realizar análises como:
Definição de macroobjetivos empresariais; planos econômicos financeiros; análises de marketing; análise de dados históricos empresariais; e análise de trend30. Este processo pode ser sintetizado pelas etapas: Portfólio das coleções; estrutura da oferta ou número de marcas/coleções; e análise de apoio (BARCARO, 2008, p. 146).
No tempo 2, na etapa de Sistematização das Coleções, ocorre a definição da
microestrutura da coleção com sua variedade. “Trata-se de projetar a composição
dos produtos de uma coleção entendida como quantidade total de modelos
presentes em mostruários”. Nessa etapa, os tecidos e suas combinações de cores,
são analisados e apresentados na coleção. (BARCARO, 2008, p. 147).
Ainda no tempo 2, na etapa da definição do Cronograma Operacional é
realizada a organização das atividades e definidos os responsáveis por cada função, 30 Segundo o Dicionário Oxford (2013), a palavra trend significa tendência.
81
respeitando a variável do tempo. Considerando que em todas as empresas dos
campos produtivos, o tempo é um elemento importante e decisivo, nas empresas do
segmento de moda não é permitido o atraso em questões como desfiles, feiras do
setor e entregas de mercadoria aos clientes. (BARCARO, 2008, p. 148).
De acordo com Barcaro (2008) o processo A pertencente a primeira etapa do
tempo três, engloba o Desenvolvimento das Coleções. Os profissionais
responsáveis por esta fase são os estilistas das empresas. Nessa etapa
desenvolvem-se os esboços e os croquis das coleções, juntamente com o modelista
responsável da empresa, para que a interpretação do desenho da peça aconteça
corretamente. Finaliza-se com os protótipos das criações, para então passar pela
aprovação e definir a coleção.
A segunda fase do tempo 3 pertence ao processo B, denominado de
Campanha de Vendas. A equipe de vendas também participa do desenvolvimento
de coleção, contribuindo com informações diretas do mercado ou, especificamente,
do público-alvo da empresa. Nessa fase, trabalha-se com o marketing da empresa e
com o controle da distribuição da coleção nos canais de venda, nos quais a empresa
se faz presente. (BARCARO, 2008).
A terceira etapa do tempo 3 compete ao processo C, Compra e produção.
Essa etapa ocorre duas vezes em uma mesma estação, ou seja, quatro vezes ao
ano, caso a empresa trabalhe com duas coleções. Portanto, o processo ocorre a
cada desenvolvimento de coleção. A primeira vez, na demonstração do mostruário
para os clientes, e após, na produção para entrega das coleções adquiridas por eles.
A compra tem como atividade abastecer a empresa de todos os materiais
necessários para o desenvolvimento da coleção. A produção encarrega-se de
produzir todas as peças necessárias para entregar a seus clientes. Esse setor de
compra e produção precisa executar tarefas em sintonia, visto que um depende do
outro para obter sucesso. (BARCARO, 2008).
Por fim, a última etapa da metodologia proposta por Barcaro (2008) refere-se
também ao tempo 3 da fase D, que corresponde à Entrega aos Clientes. Nessa
etapa, trabalha-se diretamente com o cliente. Observa-se que esse processo está se
tornando cada vez mais fator determinante para o sucesso de uma empresa, visto
que produzir um produto de qualidade constitui pré-requisito para competir no
mercado. Com isso, a entrega ou o atendimento ao cliente precisa ser eficiente nos
quesitos de entrega, prazos, pontualidades e qualidade.
82
A última metodologia analisada foi a de Renfrew e Renfrew (2010) que,
inicialmente, esclarece os três aspectos necessários para atingir o sucesso
financeiro em uma empresa de moda: pesquisa, investigação e planejamento.
Acredita que empresas bem-sucedidas possuem produtos viáveis e com preços
justos, um público-alvo definido, e eficiência na entrega do produto.
A metodologia proposta por Renfrew e Renfrew (2010) segue nove (09)
etapas (figura 18), desde a inspiração para a coleção à entrega do produto ao cliente
final. Incialmente, a busca pela inspiração parte de uma pesquisa sobre a temática a
servir como suporte para a coleção. Essa pesquisa é apresentada a equipe que
trabalha juntamente com o estilista, como modelista, pilotista e financeiro,
formalizado por painéis contendo imagens, desenhos, formas, e materiais, uma
espécie de Briefing da coleção. Após a apresentação desenvolvem-se os protótipos
e provas, a fim de refazer e ajustar o que for necessário.
Com as peças da coleção definida, a segunda etapa é a organização
financeira a respeito dos pedidos de produção, juntamente com o estilista. Listam-se
todos os materiais necessários para o desenvolvimento de todas as peças da
coleção e organiza-se o tempo de produção e confecção, elaborando um
cronograma. A terceira etapa proposta na metodologia baseia-se no stylist para
apresentação final na passarela. (RENFREW; RENFREW, 2010).
A quarta etapa proposta abrange a reunião do estilista com o gerente
comercial e compradores do varejo, com o intuito de fechar pedidos e enviar para a
produção na fábrica. A quinta etapa, volta-se a reunir o estilista com o profissional
responsável pelo desfile, a fim de definir qual o local adequado para o desfile, a trilha
sonora, as modelos, a maquiagem, cabelos coerentes com a temática da coleção e
outros aspectos importantes para o dia da realização do evento. Na sexta etapa o
estilista se reúne com a imprensa e com o gerente comercial, com o objetivo de
definir a divulgação da apresentação da coleção ao público convidado e mídias
impressas e virtuais. Na sétima etapa reúne-se novamente o grupo da empresa e
imprensa para realizar a avaliação pós-desfile, efetivando possíveis pedidos das
peças recém-apresentadas para divulgação do evento nos editoriais dos veículos de
moda. (RENFREW; RENFREW, 2010).
A penúltima etapa o estilista e o gerente comercial realizam a última reunião
para revisar todos os pedidos e confirmar a produção na fábrica, cumprindo com os
83
prazos de entrega aos clientes finais. A última etapa da metodologia proposta por
Renfrew e Renfrew (2010) baseia-se na organização da próxima coleção.
Quadro 11 - Metodologia projetual Renfrew e Renfrew (2010)
Fonte: elaborado pela autora, com base em Renfrew e Renfrew (2010).
Dentre as seis (06) metodologias estudadas, percebe-se que a proposta por
Renfrew e Renfrew (2010) abrange a parte comercial de uma coleção de moda. O
autor não especifica diretamente as etapas do planejamento da coleção, como se
pode observar nas metodologias anteriores, mas engloba a coleção como um todo.
Para acentuar a questão, o tópico a seguir apresenta um Quadro comparativo das
metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de moda, a fim de reforçar
o que foi apresentado acima.
Importa esclarecer que existem outras metodologias projetuais para
desenvolvimento de coleção, tanto nacionais quanto internacionais. No entanto,
optou-se por não incluí-las no foco deste estudo, uma vez que surge a suposição de
84
que não utilizam das metodologias expostas na bibliografia empregadas pelas IES
selecionadas (Unidade de Pesquisa 1). Cabe ressaltar que caso as metodologias
projetuais não consideradas no presente trabalho forem citadas, no decorrer das
entrevistas com os responsáveis pelo desenvolvimento de coleção nas empresas
selecionadas (Unidade de Pesquisa 2), as mesmas serão inseridas, pela importância
que transparecerem.
3.2.2 Quadro comparativo entre metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de moda
Com o propósito de sintetizar e comparar os processos das metodologias
projetuais para desenvolvimento de coleção, referidas no capítulo anterior, elaborou-
se um Quadro seguido das seis (06) propostas de metodologias e seus respectivos
processos, conforme Quadro 11. Importa esclarecer que não é o objetivo destacar
ou definir uma metodologia projetual entre as apresentadas, como a melhor ou a
mais completa, e sim analisar para contribuir com coleta de dados que serão obtidos
futuramente nas entrevistas com as empresas selecionadas para estudo.
Quadro 12 - Metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção
Fonte: Elaborado pela autora.
85 6
86
Optou-se por verificar aspectos como detalhamento do processo
metodológico, relação entre as etapas e nível de abrangência do processo, a
respeito de processo de produção e comercialização de produto entre as
metodologias apresentas.
Comparando os aspectos referentes ao detalhamento das etapas, nota-se
que os processos condizentes aos autores Jones (2005), Barcaro (2008) e Sorger e
Udale (2009) apresentam-se de forma simples e objetivas. Já os processos de
Treptow (2003), Montemezzo (2003) e Renfrew e Renfrew (2010) mostram mais
detalhes nas especificações de cada etapa.
No aspecto referente à relação entre as etapas, constata-se que todos os
autores iniciam com uma forma de pesquisa, sendo a elaboração do Briefing,
pesquisa de tendência, resposta a uma problemática ou análise do portfólio de
coleção. Subentende-se que nos processos são realizadas as gerações de
alternativas, as definições das peças da coleção, os moldes, os protótipos e
produção para a comercialização, mesmo que não estejam explícitos. No entanto,
Treptow (2003) esclarece detalhadamente cada etapa.
Em relação ao nível de abrangência do processo metodológico, percebe-se
que apenas Barcaro (2008) e Renfrew e Renfrew (2010) preocupam-se em destacar
os processos comerciais da coleção, mencionando a entrega aos clientes e desfile
de apresentação da coleção ao público-alvo da empresa. Enquanto que os outros
autores atentam para os processos de fabricação da coleção, destacando a
inspiração para temática, passando por modelagem e protótipo da organização para
escala industrial.
Independente da metodologia projetual apresentada, acredita-se que todas
contribuirão positivamente com o processo de análise entre a teoria e prática no
desenvolvimento de coleção, respondendo, juntamente com a coleta de dados nas
empresas selecionadas, à problemática da presente pesquisa, definida da seguinte
forma: Como as metodologias projetuais aplicadas nas academias da Grande Porto
Alegre, nos cursos Superiores em Moda, que compõem as disciplinas de projeto,
contribuem para o desenvolvimento de coleção nas indústrias do vestuário no
Estado do Rio Grande do Sul?
87
4 ESTUDO DE CASO MÚLTIPLO
Como referido na seção 2.1 - Delineamento da Pesquisa, este estudo teve
início por meio da pesquisa bibliográfica (e na variável documental de cada uma das
universidades investigadas), sob o método exploratório comparativo aplicado, a
partir da técnica descritiva de abordagem qualitativa, no procedimento de estudo de
caso múltiplo.
Desta forma, a pesquisa está alicerçada no objetivo de comprovar as
contribuições que as metodologias projetuais desenvolvidas nas academias da
Grande Porto Alegre, nos cursos Superiores em Moda e que compõem as
disciplinas de projeto, exercem no desenvolvimento de coleções nas indústrias do
vestuário no Estado do Rio Grande do Sul.
Na intenção de alcançar o objetivo proposto, foi eleito o procedimento do tipo
Estudo de Caso Múltiplo, tendo como fontes para a obtenção de dados a
investigação de duas unidades de pesquisa. Compreende a Unidade 1 de Pesquisa,
as quatro (04) Instituições de Ensino Superior selecionadas, todas localizadas em
Porto Alegre e Região Metropolitana; a Unidade 2 de Pesquisa refere-se as cinco
(05) empresas de moda vestuário localizadas no Rio Grande do Sul.
A pesquisa foi categorizada como Estudo de Caso Múltiplo, pelo fato de
explorar mais de uma Unidade de investigação, comparando os dados coletados em
ambos os campos com a teoria descrita na seção 3.2.1 - Metodologias projetuais
para desenvolvimento de coleção de moda. Esta última tem como suporte os
teóricos que discorrem sobre o assunto: Treptow (2003), Montemezzo (2003),
Sorger e Udale (2009), Jones (2005), Barcaro (2008) e Renfrew e Renfrew (2010).
Inicialmente, a amostra de pesquisa da Unidade 1 foi constituída pelas quatro
(04) Instituições de Ensino Superior, selecionadas por serem pioneiras nas ofertas
de cursos Superiores em Moda. No decorrer das entrevistas com os responsáveis
pelo desenvolvimento da coleção de moda das cinco (05) empresas estudadas
(Unidade de Pesquisa 2), constatou-se que alguns dos profissionais possuíam
formação em Instituições de Ensino Superior não selecionadas para o presente
estudo. Decidiu-se então convidar e acrescentar todas IES que ofertam cursos
Superiores em Moda na cidade de Porto Alegre e Região Metropolitana.
88
O critério de seleção das IES (Unidade 1 de Pesquisa) passou a ser “todas as
academias que ofertam cursos Superior em Moda, em Porto Alegre e Região
Metropolitana”, sendo que as sete (07) Instituições existentes foram selecionadas.
O instrumento de coleta de dados da Unidade 1 de Pesquisa utilizou a análise
documental. Os documentos foram retirados dos sites das próprias IES, abrangendo
as ementas das disciplinas de Projeto de Moda e as bibliografias por elas referidas.
Vale ressaltar, novamente, que segundo os parágrafos 1o e 2o do Art 32 da Portaria
Normativa nº 40 do Ministério de Educação e Cultura (MEC), de 12 de dezembro de
2007, esses documentos são de caráter público e sua divulgação é obrigatória. No
entanto, a IES U3 e U7 foram desabilitadas da pesquisa, devido a empecilhos
alegados para acesso aos documentos que deveriam estar disponibilizados no site,
conforme a legislação vigente. Na U3 foi exigido o preenchimento de um formulário e
solicitado o envio de uma cópia da presente pesquisa para a academia. A U7 não se
dispôs a fornecer os documentos solicitados para a pesquisa. Pelos motivos
expostos, o presente estudo conta com cinco (05) Instituições de Ensino Superior
(Unidade 1) e cinco (05) empresas (Unidade 2), conforme mostra o Quadro 13.
Quadro 13 - Fontes de dados, instrumentos e amostra para o Estudo de Caso Múltiplo
Fonte: Elaborado pela autora.
89
A coleta de dados na Unidade 2 de Pesquisa efetivou-se através de
questionários semiestruturados e aplicados aos responsáveis das cinco (05)
empresas de moda de vestuário selecionadas, que se supõe detenham as
informações sobre as metodologias projetuais utilizadas nas empresas. As
entrevistas foram realizadas na forma de contato pessoal entre o pesquisador e
cada um dos entrevistados, na forma de questionamento aberto. O roteiro da
entrevista, composto por 18 perguntas, encontra-se no apêndice C desta
dissertação. Segundo Yin (2001), esse tipo de entrevista permite ao pesquisador
incluir novas perguntas, dependendo do caminho percorrido pelas respostas. As
entrevistas, com a autorização dos questionados responsáveis pelo
desenvolvimento de coleção nas empresas estudadas, foram gravadas em formato
de áudio. Após, as gravações foram transcritas no formato digital.
Os dados coletados na Unidade 1 fundamentam a análise com o apoio da
técnica da Adequação ao Padrão. Como já mencionado, essa forma de análise tem
como objetivo comparar padrões empíricos descobertos no estudo com padrões de
base prognóstica, provenientes de teoria ou de outras evidências. Segundo Yin
(2001, p.136), “se os padrões coincidirem, os resultados podem ajudar o estudo de
caso a reforçar sua validade interna”. Assim, foi elaborado um padrão de
metodologia projetual para desenvolvimento de coleção de moda com base nos
autores propostos nas bibliografias básicas das cinco (05) IES estudadas (Unidade 1
de Pesquisa): Treptow (2003), Montemezzo (2003), Sorger e Udale (2009), Jones
(2005), Barcaro (2008) e Renfrew e Renfrew (2010), efetivando-se a comparação
desse padrão com as metodologias projetuais utilizadas para o desenvolvimento de
coleção, nas cinco (5) empresas de moda entrevistadas.
Ressalta-se que a opção por este formato de estudo buscou detectar a
disparidade entre os conteúdos ministrados nos cursos Superiores em Moda e a
adequabilidade de sua aplicação na prática das empresas de vestuário no Estado do
Rio Grande do Sul, referentes ao desenvolvimento de coleção. Ações desenvolvidas
neste sentido encontram-se apresentadas nas próximas seções.
90
4.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS COLETADOS
Nesta seção estão apresentados os dados coletados nas duas unidades de
pesquisa. A exposição das informações colhidas nas Instituições de Ensino Superior
(Unidade 1 de Pesquisa) forma a parte inicial, por meio de Quadros e explanações
que referem as bibliografias e ementas dos cursos. Na seção seguinte estão
expressos aspectos relevantes mencionados nas entrevistas com os responsáveis
pelo desenvolvimento de coleção de moda vestuário das cinco (05) empresas
estudadas (Unidade 2 de pesquisa).
4.1.1 Documentos acadêmicos quanto às ementas e bibliografias
Como referido, a Unidade 1 de Pesquisa compreende as Instituições de
Ensino Superior localizadas em Porto Alegre e Região Metropolitana. Foram
convidadas sete (07) IES. Porém, pelos motivos descritos anteriormente, cinco (05)
das academias se mostraram aptas a integrar a Unidade 1 pelos critérios definidos
por este estudo. As IES U3 e U7 foram desconsideradas.
Para demonstrar os dados coletados a partir dos sites das Instituições,
escolheu-se não identificar suas localizações geográficas, assim como os títulos de
suas disciplinas, na intenção de preservar o anonimato das academias que fizeram
parte deste estudo. A designação indicativa das IES participantes, assim como as
titulações que oferecem em seus cursos de moda, constam do Quadro 14.
Quadro 14 - IES participantes
Fonte: Elaborado pela autora.
91
As diferenças e particularidades de cada titulação, Bacharel ou Tecnólogo,
foram mencionas no item 3.1.4 - A formação de ensino superior em Design de Moda
nas Escolas Brasileiras, desta dissertação. Sublinha-se, no entanto, que ambos os
títulos são considerados de nível superior. Portanto, a elaboração dos Quadros
incluiu informações sobre duração por semestre; titulação (bacharel ou tecnólogo);
disciplina (semestre, carga horária e ementa); bibliografia (básica e complementar),
para cada uma das IES, identificadas como U1, U2, U4, U5 e U6. A informação
referente ao turno em que ocorre o curso foi desconsiderada, por ser irrelevante
para o presente estudo.
O destaque na cor cinza sinaliza as bibliografias complementares que,
embora não estejam enquadradas no foco do presente estudo, mantêm a devida
importância, ressaltada pela inclusão de alguns teóricos que foram estudados para a
análise das metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de moda, e
que se encontram somente nas bibliografias complementares.
A primeira IES apresentada é a U1. O curso de moda nesta Instituição de
Ensino Superior tem duração de 8 semestres, desenvolvendo-se na modalidade
presencial nos turnos manhã e noite. Ao concluir o curso, o discente recebe o
diploma de Bacharel em Moda. Na matriz curricular, retirada do site da U1, cinco
(05) foram consideradas disciplinas referentes à Projeto de Moda, identificadas por
seu título e por sua ementa, demostrado no Quadro 15.
Quadro 15 - Disciplinas – U1
(continua) IES DURAÇÃO DO CURSO TITULAÇÃO
U1 8 semestres Bacharel
DISCIPLINA 1 50h/a SEMESTRE 3º
EMENTA Não consta
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. [27. ed.]. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. 186 p. 2. PINHEIRO, Igor Reszka. Modelo Geral da Criatividade. Santa Catarina: Universidade Federal de Santa Catarina, 2012. 3. PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo Hamburgo, RS: Feevale, 2009.
92
(continuação)
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. DE MASI, Domenico. Criatividade e grupos criativos. Rio de Janeiro, RJ: Sextante, 2005. v.2.
2. MONTEMEZZO, Maria Celeste de Fátima Sanches. Diretrizes metodológicas para o projeto de produtos de moda no âmbito acadêmico. São Paulo: Universidade Estadual Paulista, 2012.
3. NAKAO, Jum. A costura do invisível. São Paulo, SP: SENAC São Paulo, 2005.
4. PIRES, Dorotéia Baudy Pires (org.). Design de Moda: olhares diversos. São Paulo: Estação das Letras, 2008.
5. SEIVEWRIGHT, Simon. Pesquisa e design. Porto Alegre, RS: Bookman, 2009. (Fundamentos de design de moda; 01).
DISCIPLINA 2 50h/a SEMESTRE 4º
EMENTA A disciplina aborda a metodologia projetual de coleção aplicada à criação e execução de vestuário de moda, através da investigação científica.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo Hamburgo, RS: Feevale, 2009. 2. SILVEIRA, Icléia. Usabilidade do vestuário: fatores técnicos/funcionais. Florianópolis: Universidade do estado de Santa Catarina, 2008. 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda. Treptow, 2013.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. CALDAS, Dario. Observatório de Sinais: teoria e prática da pesquisa de tendências. 2 ed.Rio de Janeiro,RJ, Senac,2006. 2. DE MASI, Domenico. Criatividade e grupos criativos. Rio de Janeiro, RJ: Sextante, 2005. v.1 3. FRINGS, Gini Stephens. Moda: do conceito ao consumidor. 9. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2012. xxiii, 472 p. 4. MONTEMEZZO, Maria Celeste de Fátima Sanches. Diretrizes metodológicas para o projeto de produtos de moda no âmbito acadêmico. 5. SEIVEWRIGHT, Simon. Pesquisa e design. Porto Alegre, RS: Bookman, 2009. (Fundamentos de design de moda; 01).
DISCIPLINA 3 50h/a SEMESTRE 6º
EMENTA A disciplina propõe o planejamento, desenvolvimento e execução de produto de moda segundo metodologia de design, através da investigação científica.
93
(continuação)
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. BAXTER, Mike. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. São Paulo, SP: Edgard Blücher, 2000. 2. MELLO, R. S. Análise do processo decisório dos Métodos de Design: A Base do processo criativo. Domínio Público, (2009). 3. MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo, SP: Martins Fontes, 2008. (Coleção A).
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. GOMES, Luiz Antonio Vidal de Negreiros. Criatividade: projeto, desenho, produto. Santa Maria, RS: SCHDs, 2004. 2. MONT'ALVÃO, Cláudia; DAMAZIO, Vera (Org.). Design ergonomia emoção. Rio de Janeiro, RJ: Mauad, 2012. 3. NAVALON, Eloize. Design de moda: interconexão metodológica. 2008. 4. SEIVEWRIGHT, Simon. Pesquisa e design. Porto Alegre, RS: Bookman, 2009. (Fundamentos de design de moda; 01). 5. TREPTOW, Doris. Inventando moda: planejamento de coleção. Brusque: Ed. do Autor, 2007.
DISCIPLINA 4 75h/a SEMESTRE 7º
EMENTA A disciplina propõe o aprofundamento do estudo sobre moda, através da investigação científica, para criação de coleção no segmento vestuário.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. São Paulo, SP: Pearson Prentice Hall, 2006. 2. MONTEIRO, Plínio Rafael Reis, VEIGA, Ricardo Teixeira e GONÇALVES, Carlos Alberto. Previsão de comportamentos de consumo usando a personalidade. RAE electron, 2009. 3. PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo Hamburgo, RS: Feevale, 2009.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. MEADOWS, Toby. Como montar & gerenciar uma marca de moda. Porto Alegre, RS: Bookman, 2010. 2. NASCIMENTO, Augusto; LAUTERBORN, Robert F. Os 4 Es de marketing ebranding: evolução de conceitos e contextos até a era da marca como ativo intangível. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2007. 3. PERLINGEIRO, Camila. 46 Livros de moda que você não pode deixar de ler. São Paulo, Memória Visual, 2007. 4. RECH, Sandra Regina. Estrutura da cadeia produtiva da moda. Florianópolis: Universidade do Estado de Santa Catarina, 2008. 5. SORGER, Richard; UDALE, Jenny. Fundamentos de design de moda. Porto Alegre, RS: Bookman, 2009.
94
(conclusão)
DISCIPLINA 5 170h/a SEMESTRE 8º
EMENTA A disciplina propõe a aplicação da metodologia projetual de criação, execução, estratégia e apresentação de coleção de moda no segmento vestuário, com embasamento científico.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. JONES, Sue Jenkyn. Fashion design. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2005. 2. RIGUEIRAL, Carlota. Design e moda: como agregar valor e diferenciar sua confecção. [São Paulo, SP]: IPT, 2002. 3. TREPTOW, Doris. Inventando moda: planejamento de coleção. Brusque: Ed. do Autor, 2007.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1.HATADANI, Paula da Silva; MENEZES, Marizilda dos Santos O Desenho como Ferramenta Projetual no Design de Moda. Universidade Estadual de Londrina: Londrina, 2011. 2. HEINRICH, Daiane Pletsch. Modelagem e técnicas de interpretação para confecção industrial. Novo Hamburgo, RS: Feevale, 2007. 3. PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo Hamburgo, RS: Feevale, 2009. 4. RENFREW, Elinor; RENFREW, Colin. Desenvolvendo uma coleção. Porto Alegre, RS: Bookman, 2010. (Série fundamentos de design de moda; 4). 5. SEIVEWRIGHT, Simon. Pesquisa e design. Porto Alegre, RS: Bookman, 2009. (Fundamentos de design de moda; 01).
Fonte: Elaborado pela autora.
A disciplina 1, não constava a ementa da U1. No entanto, seu título não
deixou dúvidas sobre o assunto. A primeira disciplina de Projeto de Moda, ofertada
na U1, acontece no 3º semestre do curso, totalizando 50h/a de carga horária.
A disciplina 2 está prevista para o 4º semestre do curso, somando igualmente
50h/a. Objetiva, conforme descreve a ementa disponibilizada, a criação e execução
de vestuário de moda, através da investigação científica e estudo da metodologia
projetual de coleção. A bibliografia básica para essa disciplina indica os teóricos
Prodanov (2009), Silveira (2009) e Treptow (2013).
95
A disciplina 3 tem previsão de ocorrer no 6º semestre do curso, no decorrer
de 50h/a. Propõe em sua ementa o planejamento, desenvolvimento e execução de
produto de moda segundo metodologia de design, através da investigação científica.
A bibliografia básica sugere os autores Baxter (2000), Mello (2009) e Munari (2008)
A previsão de ocorrência da disciplina 4 é no 7º semestre do curso,
perfazendo 75h/a. O foco dessa disciplina é o aprofundamento do estudo sobre
moda, através da investigação científica, para criação de coleção no segmento
vestuário, tendo como suporte os conhecimentos dos autores Kotler e Keller (2006),
Monteiro, Veiga e Gonçalves (2009) e Prodanov (2009).
Por fim, a última disciplina de Projeto de Moda, a disciplina 5, consta no
currículo para ser desenvolvida no 8º semestre e soma carga horária de 170h/a.
Como objetivo, a disciplina propõe a aplicação da metodologia projetual de criação,
execução, estratégia e apresentação de coleção de moda no segmento vestuário,
com embasamento científico. Na bibliografia básica constam os autores Jones
(2005), Rigueiral (2002) e Treptow (2007).
A próxima IES apresentada é a U2. O curso de Moda na U2 tem duração de 8
semestres, cursados presencialmente nos turnos manhã, tarde e noite. O discente
concluinte recebe o título de Bacharel em Moda. Pelos mesmos critérios (título da
disciplina e ementa) foram identificadas cinco (05) disciplinas relacionadas à Projeto
de Moda nessa Instituição de Ensino Superior, demonstrado no Quadro 16.
96
Quadro 16 - Disciplinas – U2
(continua) IES DURAÇÃO DO CURSO TITULAÇÃO
U2 8 semestres Bacharel
DISCIPLINA 1 152h/a SEMESTRE 3º
EMENTA
Metodologia de projeto de produto aplicada ao design de moda. Teorias do processo criativo, métodos e técnicas aplicadas na conceituação e desenvolvimento do produto industrial. Prática de projeto de baixa complexidade sob orientação.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. BAUDOT, François. Moda do século. São Paulo: Cosac e Naify, 2000. 399 p. 2. JONES, Sue Jenkyn. Fashion design: manual do estilista. 1. ed. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2005. 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda – Planejamento de Coleções. São Paulo: Empório do Livro, 2003.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. BAUDOT, François. Christian Lacroix. São Paulo: Cosac e Naify, 2000. 80 p. (Coleção Universo da Moda). 2. BAUDOT, François. Elsa Schiaparelli. New York: Universe/Vendome, 1997. 79 p. 3. BAUDOT, François. Mode du sièle. Paris: Assouline, 1999. 399 p. 4. BAUDOT, François. Thierry Mugler. São Paulo: Cosac e Naify, 2000. 80 p. 5. BAUDOT, François. Yohji Yamamoto. São Paulo: Cosac & Naify, 2000. 80 p. 6. BERNSEN, Jens. Design: defina primeiro o problema. Florianópolis: SENAI/LBDI, 1995. 7. CASTRO, E.M. Introdução ao Desenho Têxtil. Lisboa: Editorial Presença, 1981. 8. LIDWELL, William; HOLDEN, Kritina; BUTLER, Jill. Universal Principles of Design. Gloucester (MA): Rockport, 2003. 9. MUNARI, Bruno. Como nacen los objetos? Apuntes para una metodologia proyectual. Barcelona: Gustavo Gili, 1997 10. SOZZANI, Franca. Dolce & Gabbana. São Paulo: Cosac & Naify, 1999. 80 p. 11. SPENGLER, Airton. Decifrando a moda: glossário. Sao Paulo: STS, 1993.
DISCIPLINA 2 152h/a SEMESTRE 4º
EMENTA
Desenvolvimento de projeto de acessórios, sob orientação: conceituação, desenvolvimento, detalhamento e modelagem tridimensional. Formulação de alternativas de soluções de projeto com detalhamento e especificações de fabricação.
97
(continuação)
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. JONES, Sue Jenkyn. Fashion design: manual do estilista. 1. ed. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2005 2. TREPTOW, Doris. Inventando Moda – Planejamento de Coleções. São Paulo: Empório do Livro, 2003. 3. MEDEIROS, Lígia. Desenhística: a ciência da arte de projetar desenhando. Santa Maria: sCHDs, 2004.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. ANAIS DO P&D DESIGN 2002. 5º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. Rio de Janeiro: Associação de Ensino de Design do Brasil, 2002. 2. ANAIS DO P&D DESIGN 2004. 6º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. Rio de Janeiro: Associação de Ensino de Design do Brasil, 2004 (CD-ROM). 3. BERNSEN, Jens. Design: defina primeiro o problema. Florianópolis: SENAI/LBDI, 1995. 4. BONSIEPE, Gui. Teoría y práctica del diseño industrial: elementos para una manualística crítica. Barcelona: Gustavo Gili, 1978. 5. DREYFUSS, Henry. Designing for People. New York: Allworth Press, 2003. 6. FEGHALI, Marta. DWYER, Daniela. As Engrenagens da Moda. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2001. 7. GOMES, Luiz Vidal Negreiros. Criatividade: projeto, desenho, produto. Santa Maria: SCHDs, 2001. 8. KELLEY, Tom. A Arte da Inovação. São Paulo: Futura, 2002. 9. LIDWELL, William; HOLDEN, Kritina; BUTLER, Jill. Universal Principles of Design. Gloucester (MA): Rockport, 2003. 10. MUNARI, Bruno. Como nacen los objetos? Apuntes para una metodologia proyectual. Barcelona: Gustavo Gili, 1997 11.VIEIRA, Silvia & DISITZER, Márcia. A moda como ela é. São Paulo: Senac Editora, 2006. 12. VINCENT-RICARD, Françoise. As Espirais da Moda. São Paulo: Paz e Terra, 1989.
DISCIPLINA 3 152h/a SEMESTRE 5º
EMENTA Desenvolvimento de projeto de vestuário, sob orientação: conceituação, desenvolvimento, detalhamento e modelagem tridimensional. Formulação de alternativas de soluções de projeto com detalhamento e especificações de fabricação.
98
(continuação)
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. JONES, Sue Jenkyn. Fashion design: manual do estilista. 1. ed. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2005 2. TREPTOW, Doris. Inventando Moda – Planejamento de Coleções. São Paulo: Empório do Livro, 2003. 3. MEDEIROS, Lígia. Desenhística: a ciência da arte de projetar desenhando. Santa Maria: sCHDs, 2004.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. ANAIS DO P&D DESIGN 2002. 5º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. Rio de Janeiro: Associação de Ensino de Design do Brasil, 2002. 2. ANAIS DO P&D DESIGN 2004. 6º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. Rio de Janeiro: Associação de Ensino de Design do Brasil, 2004 (CD-ROM). 3. BAXTER, Mike. Projeto de Produto. Edgar Blücher, São Paulo, 1998. 4. BONSIEPE, Gui. Teoría y práctica del diseño industrial: elementos para una manualística crítica. Barcelona: Gustavo Gili, 1978. 5. DREYFUSS, Henry. Designing for People. New York: Allworth Press, 2003. 6. FEGHALI, Marta. DWYER, Daniela. As Engrenagens da Moda. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2001. 7. GOMES, Luiz Vidal Negreiros. Criatividade: projeto, desenho, produto. Santa Maria: SCHDs, 2001. 8. KELLEY, Tom. A Arte da Inovação. São Paulo: Futura, 2002. 9. LIDWELL, William; HOLDEN, Kritina; BUTLER, Jill. Universal Principles of Design. Gloucester (MA): Rockport, 2003. 10. MANZINI, Ezio, VELOZZI, Carlo. O Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. 11. VIEIRA, Silvia & DISITZER, Márcia. A moda como ela é. São Paulo: Senac Editora, 2006. 12. VINCENT-RICARD, Françoise. As Espirais da Moda. São Paulo: Paz e Terra, 1989.
DISCIPLINA 4 152h/a SEMESTRE 6º
EMENTA
Desenvolvimento de projeto coleção de vestuário, sob orientação: conceituação, desenvolvimento, detalhamento e modelagem tridimensional. Formulação de alternativas de soluções de projeto com detalhamento e especificações de fabricação.
99
(continuação)
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. JONES, Sue Jenkyn. Fashion design: manual do estilista. 1. ed. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2005 2. TREPTOW, Doris. Inventando Moda – Planejamento de Coleções. São Paulo: Empório do Livro, 2003. 3. MEDEIROS, Lígia. Desenhística: a ciência da arte de projetar desenhando. Santa Maria: sCHDs, 2004.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. ANAIS DO P&D DESIGN 2004. 6º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. Rio de Janeiro: Associação de Ensino de Design do Brasil, 2004 (CD-ROM). 2. BAXTER, Mike. Projeto de Produto. Edgar Blücher, São Paulo, 1998. 3. BERNSEN, Jens. Design: defina primeiro o problema. Florianópolis: SENAI/LBDI, 1995. 4. BONSIEPE, Gui. Teoría y práctica del diseño industrial: elementos para una manualística crítica. Barcelona: Gustavo Gili, 1978. 5. DREYFUSS, Henry. Designing for People. New York: Allworth Press, 2003. 6. FEGHALI, Marta. DWYER, Daniela. As Engrenagens da Moda. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2001. 7. GOMES, Luiz Vidal Negreiros. Criatividade: projeto, desenho, produto. Santa Maria: SCHDs, 2001. 8. KELLEY, Tom. A Arte da Inovação. São Paulo: Futura, 2002. 9. LIDWELL, William; HOLDEN, Kritina; BUTLER, Jill. Universal Principles of Design. Gloucester (MA): Rockport, 2003. 10. MANZINI, Ezio, VELOZZI, Carlo. O Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. 11. VIEIRA, Silvia & DISITZER, Márcia. A moda como ela é. São Paulo: Senac Editora, 2006. 12. VINCENT-RICARD, Françoise. As Espirais da Moda. São Paulo: Paz e Terra, 1989.
DISCIPLINA 5 152h/a SEMESTRE 7º
EMENTA
Desenvolvimento de projeto coleção de calçados, sob orientação: conceituação, desenvolvimento, detalhamento e modelagem tridimensional. Formulação de alternativas de soluções de projeto com detalhamento e especificações de fabricação.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. O'KEEFFE, Linda. Zapatos: un tributo a las sandalias, botas, zapatillas. Koln: Könemann, 1997. 2. JONES, Sue Jenkyn. Fashion design: manual do estilista. 1. ed. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2005 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda – Planejamento de Coleções. São Paulo: Empório do Livro, 2003.
100
(conclusão)
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. BARROS, Fernando de (org.). Sapatos: Crônica de um Tempo – 1900 – 1991. Franca: Feira Nacional de Sapatos e Artefatos, 1991. 2. BAXTER, Mike. Projeto de Produto. Edgar Blücher, São Paulo, 1998. 3. BONSIEPE, Gui. Teoría y práctica del diseño industrial: elementos para una manualística crítica. Barcelona: Gustavo Gili, 1978. 4. FEGHALI, Marta. DWYER, Daniela. As Engrenagens da Moda. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2001. 5. GOMES, Luiz Vidal Negreiros. Criatividade: projeto, desenho, produto. Santa Maria: SCHDs, 2001. 6. LIDWELL, William; HOLDEN, Kritina; BUTLER, Jill. Universal Principles of Design. Gloucester (MA): Rockport, 2003. 7. MANZINI, Ezio, VELOZZI, Carlo. O Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. 8. MEDEIROS, Lígia. Desenhística: a ciência da arte de projetar desenhando. Santa Maria: sCHDs, 2004. ROSSI, William A., The Complete Footwear Dictionary Krieger Publishing, 2000. 9.SERVIÇO Nacional de Aprendizagem Industrial.Tendências em calçados e artefatos: outono - inverno 2006. Novo Hamburgo: Senai, 2005. 84 p. (Coleção Tendências em Design). 10. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.Tendências: calçados e artefatos primavera-verão 2006/2007. Novo Hamburgo: Centro Tecnológico do Calçado SENAI, 2006. 94 p.(Coleção Tendências em Design). 11. SMITH, Desire. Fashion Footwear: 1800-1970. Schiffer Pub Ltd, 2000. 12. THÖN, Ida Helena. Guia de design do calçado brasileiro: agregando valor ao calçado. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, c2003. 178 p. VASS, László; MOLNÁR, Magda. Zapatos de caballero hechos a mano. Barcelona: Könemann, 1999. 13. VIEIRA, Silvia & DISITZER, Márcia. A moda como ela é. São Paulo: Senac Editora, 2006. 14.VINCENT-RICARD, Françoise. As Espirais da Moda. São Paulo: Paz e Terra, 1989. 15. VOGUE Chaussures. Milano: Pancaldi, 2000. 16. BARROS, Fernando de (org.). Sapatos: Crônica de um Tempo – 1900 – 1991. Franca: Feira Nacional de Sapatos e Artefatos, 1991.
Fonte: Elaborado pela autora.
101
O Quadro 16 mostra que as disciplinas, na IES U2, são distribuídas nos
semestres com a seguinte estrutura, foco, objetivos e bibliografias indicadas: a
disciplina 1, acontece no 3º semestre e tem como carga horária 152 h/a. Seu foco
principal é a metodologia de projeto de produto aplicada ao design de moda. Teorias
do processo criativo, métodos e técnicas aplicadas na conceituação e
desenvolvimento do produto industrial, considerada prática de projeto de baixa
complexidade, é realizada sob orientação. A bibliografia básica indica autores como
Baudot (2000), Jones (2005) e Treptow (2003).
A disciplina 2 ocorre no 4º semestre do curso e totaliza 152h/a. Seu objetivo é
a elaboração de projeto de acessórios, através da conceituação, detalhamento,
desenvolvimento e modelagem tridimensional. Formulação de alternativas de
soluções de projeto com detalhamento e especificações de fabricação. A bibliografia
básica dessa disciplina sugere os autores Jones (2005), Treptow (2003) e Medeiros
(2004).
A previsão é que as disciplinas 3 e 4 aconteçam no 5º e 6º semestre do curso,
consecutivamente, tendo como carga horária 152h/a. As ementas das disciplinas 3 e
4 trazem o mesmo objetivo da disciplina 2, porém diferem no segmento. Enquanto a
disciplina 2 é direcionada ao segmento de acessórios, as disciplinas 3 e 4
direcionam-se ao segmento de vestuário. Como bibliografia básica para essas
disciplinas, a U2 propõe os mesmos teóricos referidos na disciplina 2.
A última disciplina referente à metodologia projetual de moda da academia U2
tem previsão para ser desenvolvida no 7º semestre, perfazendo 152h/a. Direciona-
se a realização de projeto de coleção de calçados, através da conceituação,
detalhamento, desenvolvimento e modelagem tridimensional, formulação de
alternativas de soluções de projeto com detalhamento e especificações de
fabricação. Como proposta de bibliografia básica, a disciplina sugere os teóricos
O’Keeffe (1997), Jones (2005) e Treptow (2003).
O Quadro 17 mostra a situação do curso de Tecnólogo de Moda da IES U4.
Com duração de cinco (05) semestres, as disciplinas são previstas para serem
cursadas na modalidade presencial e no turno da noite. O discente concluinte
recebe o diploma de Tecnólogo em Moda. A partir dos mesmos critérios de
identificação das disciplinas das academias constantes do Quadro 14, foram
encontradas, na U4, três (03) disciplinas referentes à Projeto de Moda, conforme
Quadro 17.
102
Quadro 17 - Disciplinas – U4
(continua)
IES DURAÇÃO DO CURSO TITULAÇÃO
U4 5 semestres Tecnólogo
DISCIPLINA 1 68h/a SEMESTRE 3º
EMENTA Planejar a coleção, as linhas e o mix de produto de acordo com pesquisas de mercado e de tendências, perfil do público-alvo, imagem e conceito da marca.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. CALLAN, Georgina O' Hara. Enciclopédia da moda. São Paulo Cia. das Letras, 2007. 2. MEADOWS, Toby. Como montar e gerenciar uma marca de moda. Porto Alegre, Bookman, 2010. 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda: planejamento de coleção. Brusque. D. Treptow, 2003.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. FISCHER, Anette. Construção de vestuário. Porto Alegre, Bookman, 2010. 2. PALOMINO, Erika. A moda - São Paulo: Publifolha, 2003. 98 p., il. (Folha explica). 3. PIRES, Dorotéia Bauy. Design de moda: olhares diversos. Perdizes, Estação das Letras 2008. 4. SORGER, Richard; UDALE, Jenny. Fundamentos de design de moda. Porto Alegre, Bookman, 2010.
DISCIPLINA 2 68h/a SEMESTRE 4º
EMENTA
Possibilitar a visão sistêmica dos processos de Planejamento e Desenvolvimento de Coleção de moda. Levar à compreensão da necessidade de planejar e identificar os métodos utilizados na indústria da moda para gerir seus negócios. Planejar e desenvolver uma coleção de moda.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. CALLAN, Georgina O' Hara. Enciclopédia da moda. São Paulo Cia. das Letras, 2007. 2. MEADOWS, Toby. Como montar e gerenciar uma marca de moda. Porto Alegre, Bookman, 2010. 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda: planejamento de coleção. Brusque. D. Treptow, 2003.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. FISCHER, Anette. Construção de vestuário. Porto Alegre, Bookman, 2010. 2. PALOMINO, Erika. A moda - São Paulo: Publifolha, 2003. 98 p., il. (Folha explica). 3. PIRES, Dorotéia Bauy. Design de moda: olhares diversos. Perdizes, Estação das Letras 2008. 4. SORGER, Richard; UDALE, Jenny. Fundamentos de design de moda. Porto Alegre, Bookman, 2010.
103
(conclusão)
DISCIPLINA 3 68h/a SEMESTRE 5º
EMENTA
Projeto tecnológico em design de moda. Aplicação e consolidação da metodologia projetual utilizada no projeto de coleção de moda. Desenvolvimento dos conhecimentos adquiridos no decorrer do curso como subsídio para a prática profissional. Produção de uma coleção de roupa que apresente a programação das atividades do designer. Apresentação perante banca examinadora composta por membros internos e externos à instituição. Fornecer ao aluno, conhecimentos técnicos e conceituais necessários para a elaboração de projetos.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. CALLAN, Georgina O' Hara. Enciclopédia da moda. São Paulo Cia. das Letras, 2007. 2. MEADOWS, Toby. Como montar e gerenciar uma marca de moda. Porto Alegre, Bookman, 2010. 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda: planejamento de coleção. Brusque. D. Treptow, 2003.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. FISCHER, Anette. Construção de vestuário. Porto Alegre, Bookman, 2010. 2. PALOMINO, Erika. A moda - São Paulo: Publifolha, 2003. 98 p., il. (Folha explica). 3. PIRES, Dorotéia Bauy. Design de moda: olhares diversos. Perdizes, Estação das Letras 2008. 4. SORGER, Richard; UDALE, Jenny. Fundamentos de design de moda. Porto Alegre, Bookman, 2010.
Fonte: elaborado pela autora.
Conforme o Quadro 17, a disciplina da U4 acontece no 3º semestre do
desenvolvimento do curso e tem duração de 68h/a. A ementa da disciplina 1
compreende o planejamento da coleção, as linhas e o mix de produto de acordo com
pesquisas de mercado e de tendências, perfil do público-alvo, imagem e conceito da
marca. A bibliografia sugerida, como suporte para o desenvolvimento dessa
disciplina, refere-se a obras dos autores Callan (2007), Meadows (2010) e Treptow
(2003).
A disciplina 2 tem previsão para ocorrer no 4º semestre do curso e tem
duração 68h/a. A ementa tenciona direcionar o foco no sentido de possibilitar ao
aluno a visão sistêmica dos processos de planejamento e desenvolvimento de
coleção de moda, à compreensão da necessidade de planejar, identificando os
métodos utilizados na indústria de moda para gerir seus negócios. A sugestão de
bibliografia básica é a mesma sugerida na disciplina 1.
104
A IES U4 prevê a ocorrência da última disciplina no 5º semestre do curso,
com duração de 68h/a. O propósito, conforme o entendimento que a ementa
fornece, é que o aluno aplique os conhecimentos adquiridos até então, em um
projeto de coleção de moda como subsídio para prática profissional, que será
apresentado a uma banca examinadora. Como bibliografia básica, a disciplina utiliza
dos mesmos teóricos sugeridos nas disciplinas 1 e 2.
A quarta academia investigada por este estudo é a U5. A título de
esclarecimento, destaca-se que ela foi inserida após a realização das entrevistas
com os responsáveis pelo desenvolvimento de coleção nas empresas. Por este
motivo, cabe acrescentar, aqui e agora, um breve histórico referente a essa IES.
A U5 nasceu em 1951 com a oferta de cursos livres ministrados por
profissionais do mercado, que até hoje continua com a mesma filosofia, sempre
associando a prática com a teoria. Em 1974 expandiu para outro Estado brasileiro e
em 1978 iniciou a oferta de cursos de pós-graduação. Em 1981 começou a ofertar o
curso de Administração, com ênfase em marketing. Em 1985 já estava presente em
três Estados brasileiros, e em 2004 começou a ofertar o curso de graduação em
Design. Em 2010 introduziu cursos de mestrado e doutorado em sua grade
curricular.
O curso de Moda ofertado pela U5 tem duração de 8 a 10 semestres, com
modalidade presencial, podendo ser cursado nos turnos da manhã ou noite. O aluno
formado nessa Instituição de Ensino Superior recebe o título de Bacharel em Moda.
Foram identificadas, através da titulação e ementa previstos em seus documentos
oficiais, oito (08) disciplinas referentes à metodologia projetual de desenvolvimento
de coleção de moda, conforme Quadro 18.
105
Quadro 18 - Disciplinas – U5
(continua)
IES DURAÇÃO DO CURSO TITULAÇÃO
U5 8 a 10 semestres Bacharel
DISCIPLINA 1 72h/a SEMESTRE 1º
EMENTA
Conceitos gerais e princípios da comunicação visual e moda, sua aplicação em diversas áreas e as relações multi, inter e transdisciplinares nos aspectos conceituais e de mercado. Referencial, fontes de pesquisa e exploração de outras áreas de conhecimento como forma de buscar soluções adequadas e com valores de sustentabilidade e responsabilidade social. Identificação de situação problemática, levantamento de dados, análise, conceituação, estruturação de briefing, processos criativos, desenvolvimento formal, técnico e funcional, experimentação, construção de modelos, verificação, elaboração de desenho técnico de projeto e apresentação.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. MUNARI, B. Das Coisas Nascem Coisas. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008. 2. SORGER, R; UDALE, J. Fundamentos do Design de Moda. Porto Alegre: Bookman, 2009. 3. LUPTON, E.; PHILLIPS, J. C. Fundamentos do Design. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. MUNARI, B. Design e Comunicação Visual. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 2. CATELLANI, R. M. Moda Ilustrada de A a Z. São Paulo: Manole, 2003. 3. AMBROSE, G.; HARRIS, P. Dicionário Visual de Design Gráfico. Porto Alegre: Bookman, 2009. 4. JONES, S. J. Fashion Design: manual do estilista. São Paulo: Cosac Naify, 2005. 5. AMBROSE, G.; HARRIS, P. Fundamentos de Design Criativo. Porto Alegre: Bookman, 2012.
DISCIPLINA 2 72h/a SEMESTRE 2º
EMENTA
Noções gerais de moda e identidade. Contextualização de identidade e estilo para moda em seus diversos setores do mercado. Conceituação dos estudos e proposições sobre identidade e estilo. Noções básicas de proposição de estilo. Ênfase em aspectos funcionais, estéticos, econômicos e mercadológicos de identidade e moda. Método para desenvolvimento de projetos de caracterização de identidade e estilo, através da moda. Formas e técnicas para registro e apresentação do processo de projeto. Ênfase na importância de percorrer consistentemente todas as etapas do processo de projeto configurado.
106
(continuação)
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. BAUMAN, Z. Identidade. Rio de janeiro: Zahar, 2005. 2. CASTILHOS, K.; OLIVEIRA, A. C. de. Corpo e Moda. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2008. 3. SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor. Porto Alegre: Bookman, 2011.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. MORACE, F. Consumo autoral. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2009. 2. CASTILHOS, K. Moda e Linguagem. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2004. 3. SEIVEWRIGHT, S. Pesquisa e Design. Porto Alegre: Bookman, 2010. 4. MATHARU, G. O que é design de moda. Porto Alegre: Bookman, 2010. 5. FRINGS, G. S. Moda do conceito ao consumidor. Porto Alegre: Bookman, 2012.
DISCIPLINA 3 72h/a SEMESTRE 3º
EMENTA
Aspectos tecnológicos, técnicos, de produção e mercadológicos de projetos de design na área cultural e editorial. Conceitualização de projetos editoriais impressos para editoriais de moda em revistas e jornais, lookbooks e catálogos virtuais, envolvendo temas gerais e específicos da Moda. Diagramação da informação na página com integração de texto, imagens e elementos gráficos. Estudo e aplicação de métodos de planejamento e produção no trabalho integrado de equipes editoriais. Ênfase na importância de percorrer consistentemente todas as etapas do processo de projeto configurado.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. AMBROSE, G.; HARRIS, P. Layout. Porto Alegre: Bookman, 2012. 2. DOMER, P. Os significados do design moderno. Lisboa: Porto Editora, 1995. 3. LUPTON, E. Pensar com tipos. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. POYNOR, R. Abaixo as Regras. Porto Alegre: Bookman, 2010. 2. HESS, J.; PASZTOREK, S.; BETTONI, R. Design Gráfico para Moda. Rio de Janeiro: Rosari, 2010. 3. AMBROSE, G.; HARRIS, P. Tipografia. Porto Alegre: Bookman, 2011. 4. HARRIS, P.; AMBROSE, G. Impressão e Acabamento. Porto Alegre: Bookman, 2009. 5. AMBROSE, G.; HARRIS, P. Formato. Porto Alegre: Bookman, 2009.
107
(continuação)
DISCIPLINA 4 144h/a SEMESTRE 4º
EMENTA
Construção e compreensão dos processos introdutórios de costura e modelagem, para execução de moldes básicos e toile. Construção de glossário de costura. Aspectos tecnológicos, técnicos, de produção e mercadológicos do projeto. Noções gerais de fechamento de peças. Noções gerais dos manuseios de máquinas para corte- costura e acabamento de peças. Métodos de customização de produtos. Identificação da situação de trabalho e objetivos. Desenvolvimento formal, técnico e funcional.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. DUARTE, S.; SAGGESE, S. Modelagem Industrial Brasileira. Rio de Janeiro: Cleo Rodrigues, 2010. 2. AMADEN-CRAWFORD, C. Costura de moda: técnicas básicas. Porto Alegre: Bookman, 2014. 3. ALDRICH, W. Modelagem plana para moda feminina. Porto Alegre: Bookman, 2014.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. READER´S. A Bíblia da Costura: o passo a passo de técnicas para fazer roupas. Rio de Janeiro: READER´S DIGEST LV, 2009. 2. BLAKENEY, F.; BLAKENEY, J.; SCHULTZ, E. 99 formas de Cortar, Costurar e Enfeitar seu Jeans. São Paulo: Senac, 2009. 3. BLAKENEY, F.; BLAKENEY, J.; SCHULTZ, E. 99 formas de Cortar, Costurar e Franzir e Amarrar: sua camiseta, transformando-a em algo especial. São Paulo: Senac, 2009. 4. FISCHER, A. Construção do vestuário. Porto Alegre: Bookman, 2010. 5. DUBURG, A.; TOL, R. V. DER T. Moulage: arte e técnica no design de moda. Porto Alegre: Bookman, 2012.
DISCIPLINA 5 144h/a SEMESTRE 6º
EMENTA
Construção e compreensão dos processos avançados de costura e modelagem, para interpretações de modelos de vestuário feminino, masculino e infantil. Aprofundamento dos aspectos tecnológicos, técnicos, de produção e mercadológicos do projeto. Aprofundamento de técnicas de construção de vestuário e acabamentos. Aprimoramento dos manuseios de máquinas para corte- costura e acabamento de peças. Desenvolvimento formal, técnico e funcional.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. AMADEN-CRAWFORD, C. Costura de moda – técnicas avançadas. Porto Alegre: Bookman, 2015. 2. PADMAVATI, B. Techniques of Drafiting and Pattern Making: garments for kids and adolescents. Reino Unido: Atlantic, 2008. 3. FULCO, P. T. Modelagem Plana Masculina. São Paulo: Senac, 2003.
108
(continuação)
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. HOPKINS, J. Moda Masculina. Porto Alegre: Bookman,2013. 2. AMADEN-CRAWFORD, C. Costura de moda – técnicas básicas. Porto Alegre. Bookman, 2014. 3. ABLING, B.; MAGGIO, K. Moulage, Modelagem e Desenho. Porto Alegre: Bookman, 2014. 4. GRAVE, M. de F.; BATISTA, L. Tridimencional Ergonômica. São Paulo: Escrituras, 2010. 5. ROSA, S. Alfaiataria - modelagem plana masculina. São Paulo: Senac, 2008.
DISCIPLINA 6 72h/a SEMESTRE 7º
EMENTA
Estudo da abrangência do tema e do espaço de trabalho definido. Problematização. Definição do briefing. Adoção de metodologia de desenvolvimento de projeto em design. Geração e adoção de alternativas de solução. Levantamento de dados: pesquisa sobre técnicas, processos produtivos e materiais. Métodos de avaliação de projetos. Ênfase na elaboração da proposta e nos aspectos metodológicos de desenvolvimento de um projeto. Síntese de questões metodológicas contempladas ao longo do curso.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. LUPTON, E.; PHILLIPS, J. C. Novos Fundamentos do Design. São Paulo: Cosac Naify, 2008. 2. PEREIRA, J. M. Manual de Metodologia da Pesquisa Científica. São Paulo: Atlas, 2012. 3. RENFREW, C.; RENFREW, E. Desenvolvendo uma Coleção. Porto Alegre: Bookman, 2010.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
A bibliografia complementar será definida pelo professor tutor da disciplina, conforme o tema e a natureza dos projetos que estiverem em desenvolvimento.
DISCIPLINA 7 72h/a SEMESTRE 8º
EMENTA
Desenvolvimento e aprimoramento das capacidades produtivas dos acadêmicos para construção de produtos de moda. Incentivo à busca de alternativas e soluções, execução de protótipos praticando o detalhamento técnico. Síntese de questões práticas relacionadas à pilotagem de produtos de design de moda. Adequação de composições de vestuário para looks artísticos e passarela.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. FISCHER, A. Construção do Vestuário. Porto Alegre: Bookman, 2010. 2. ABLING, B.; MAGGIO, K. Moulage, Modelagem e Desenho. Porto Alegre: Bookman, 2014. 3. SMITH, A. O Grande Livro de Costura. São Paulo: Publifolha, 2013.
109
(conclusão)
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. BRIGGS-GOODE, A. Design de Estamparia Têxtil. Porto Alegre: Bookman, 2014. 2. FEYERABEND, F. V. Acessórios de Moda: modelos. São Paulo: GG Brasil, 2012. 3. CHOKLAT, A. Design de Sapatos. São Paulo: Senac, 2012. 4. NAKAMICHI, T. Pattern Magic: a magia da modelagem. São Paulo: GG Brasil, 2012. 5. NAKAMICHI, T. Pattern Magic 2: a magia da modelagem. São Paulo: GG Brasil, 2013.
DISCIPLINA 8 72h/a SEMESTRE 8º
EMENTA
Desenvolvimento da alternativa de solução: aprofundamento da compreensão do projeto, frente à solução adotada. Execução de layouts/ protótipos, detalhamento técnico. Elaboração de dossiê com cronograma de produção e realização, orçamento. Ênfase na elaboração do registro do processo de projeto (fases a e b) e na defesa oral do trabalho, bem como apresentação à comUnidade (desfile de moda). Síntese de questões metodológicas relacionadas à apresentação e defesa de um projeto de design, contempladas ao longo do curso. Apresentação do projeto para banca de arguição.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. TREPTOW, D. Inventando Moda: planejamento de coleção. Brusque, 2013. 2. MUNARI, B. Das Coisas Nascem Coisas. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008. 3. RENFREW, E.; RENFREW, C. Desenvolvendo uma coleção de moda. Porto Alegre: Bookman, 2011.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. FRINGS, G. S. Moda do conceito ao consumidor. Porto Alegre: Bookman, 2012. 2. NOBLE, I.; BESTLEY, R. Pesquisa Visual. Porto Alegre: Bookman, 2013. 3. SEIVEWRIGHT, S. Pesquisa e Design. Porto Alegre: Bookman, 2010. 4. FEYERABEND, F. V. Acessórios de Moda: modelos. São Paulo: GG Brasil, 2012. 5. CHOKLAT, A. Design de Sapatos. São Paulo: Senac, 2012.
Fonte: elaborado pela autora.
O Quadro 18 evidencia que a disciplina 1, na U5, ocorre no primeiro semestre
de curso, tendo duração de 72h/a. Prevê o estudo dos conceitos gerais e princípios
da comunicação visual e moda e sua aplicação nas áreas correspondentes.
Pesquisa em outras áreas de conhecimento com o intuito de buscar soluções
adequadas e com valores de sustentabilidade e responsabilidade social. Identifica a
110
problemática de projetos a partir de levantamentos de dados, análise, conceituação
e estruturação de briefing, bem como as etapas de metodologias projetuais até a
apresentação do projeto. Recomenda, em sua bibliografia básica, os teóricos Munari
(2008), Sorger e Udale (2009), e Lupton e Phillips (2008).
A segunda disciplina está prevista para o 2º semestre de curso com carga
horária de 72h/a. Indica contato com as noções gerais sobre os assuntos de moda,
identidade e estilo. A ênfase da disciplina fica por conta dos aspectos funcionais,
estéticos, econômicos e mercadológico de identidade e moda. Como base para
conhecimento, a sugestão é que sejam considerados autores como Bauman (2005),
Castilhos e Oliveira (2008) e Solomon (2011).
A disciplina 3 ocorre no terceiro semestre do curso de moda e tem uma carga
horária de 72h/a. Enfatiza a aprendizagem a respeito dos aspectos técnicos e
tecnológicos de produção e mercadológicos nas áreas cultural e editorial. Propõe o
estudo sobre os projetos editoriais de mídias de moda impressas e virtuais
abrangendo temas gerais e específicos de moda, assim como a diagramação
desses projetos. Para esta disciplina a U5 sugere, como bibliografia básica, os
autores Ambrose e Harris (2012), Domer (1995) e Lupton (2013).
A disciplina 4 acontece no quarto semestre do curso de moda e completa
carga horária de 144h/a. Implica no aprendizado prático de modelagem e costura,
como a construção de moldes básicos e o desenvolvimento do glossário de costura.
Pratica exercícios sobre fechamento de peças, acabamentos e maquinário
necessário para o desenvolvimento do vestuário. A disciplina propõe, como
bibliografia básica, os autores Duarte e Saggese (2010), Amaden-Crawford (2014) e
Aldrich (2014).
Como complemento da disciplina 4, a disciplina 5 tem como objetivo a
compreensão avançada de técnicas de costura, acabamentos e modelagem.
Totaliza a carga horária de 144h/a e abrange os conhecimentos de modelagem
feminina, masculina e infantil, com o suporte de conhecimento dos autores Amaden
(2015), Padmavati (2008) e Fulco (2003), como bibliografia básica.
A disciplina 6 está prevista para ocorrer no 7º semestre do curso de moda e
tem duração de 72h/a. Tem como foco a proposta de um projeto, contemplando os
aspectos metodológicos privilegiados ao longo do curso, através de pesquisas sobre
técnicas, processos produtivos e materiais. A bibliografia básica fundamenta-se nas
111
teorias dos autores Lupton e Phillips (2008), Pereira (2012) e Renfrew e Renfrew
(2010).
A disciplina 7 tem previsão de ocorrer no 8º semestre do curso de moda e tem
duração de 72h/a. Por finalidade, o aprimoramento das capacidades produtivas dos
acadêmicos para o desenvolvimento de produtos de moda. Propõe o incentivo na
busca de alternativas e soluções para a execução dos projetos praticando o
detalhamento técnico. A bibliografia básica da disciplina ressalta obras dos teóricos
Fischer (2010), Abling e Maggio (2014) e Smith (2013).
Finalizando o grupo de disciplinas selecionadas sobre Projeto de Moda na
IES U5, a previsão é que a disciplina 8 ocorra também no 8º semestre e estenda-se
pelo período de 72h/a. O objetivo da disciplina contempla o aprofundamento da
compreensão do projeto até sua execução, partindo de protótipos e detalhamentos
técnicos como elaboração de cronogramas e suas fases para a execução da
coleção, apresentadas a banca examinadora. Os autores Treptow (2013), Munari
(2008) e Renfrew e Renfrew (2011) são referenciados como bibliografia básica por
essa disciplina.
A última academia investigada por esta pesquisa é a U6, constante do
Quadro 19. Essa foi acrescida ao estudo após as entrevistas com os responsáveis
das cinco (05) empresas de moda vestuário analisadas, motivo pelo qual se
descreve, aqui e agora, um breve histórico dessa entidade educacional, para validar
sua inclusão na Unidade 2 de pesquisa.
A U6 iniciou suas atividades em 1971. Hoje oferta 34 cursos de graduação, 14
cursos de pós-graduação e dois mestrados. Em 2004 a U6 obteve a transição de
faculdade para Centro Universitário e, em 2006, iniciou a oferta dos cursos de
Design de Moda, em nível de bacharelado pela Instituição.
O curso de Moda da IES U6 tem duração de 7 semestres, no formato de
curso presencial, podendo o aluno matricular-se nos turnos da manhã ou noite. O
discente concluinte no curso de Moda da U6 recebe o título de Bacharel em Moda.
Decorrente da matriz curricular do curso de Design de Moda da Instituição de Ensino
Superior U6, é possível identificar duas (02) disciplinas relacionadas a Projeto de
Moda, através de sua titulação e ementa, situação que pode ser observada no
Quadro 19.
112
Quadro 19 - Disciplinas – U6
(continua)
IES DURAÇÃO DO CURSO TITULAÇÃO
U6 7 semestres Bacharel
DISCIPLINA 1 72h/a SEMESTRE 6º
EMENTA Estuda o processo de criação em moda, buscando conciliar a expressão individual com as necessidades do mercado para o desenvolvimento de coleções de roupa.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. JONES, Sue Jenkyn. Fashion Design: manual do estilista. São Paulo: Cosac & Naify,2008. 2. RENFREW, Elinor; RENFREW, Colin. Desenvolvendo uma coleção. São Paulo: Bookman, 2009. 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda: planejamento de coleção. 2. ed. Brusque: do Autor, 2007.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. CARR, Harold; POMEROY, John. Fashion Design and Product Development. 5. ed. Oxford: Wiley-Blackwell, 2010. 2. CATELLANI, Regina Maria. Moda Ilustrada de A a Z. Barueri: Manole, 2003. 3. FRINGS, Gini Stephens. Fashion: from concept to consumer. 8. ed. New Jersey: Prentice Hall, 2008. 4. McKELVEY, Kathryn; MUNSLOW, Janine. Fashion Design: process, innovation and practice. New York: John Wiley Professional, 2003. 5. TATE, Sharon L.; EDWARDS, Mona S. Inside Fashion Design. 5. ed. New Jersey: Prentice Hall, 2004.
DISCIPLINA 2 72h/a SEMESTRE 7º
EMENTA Propõe o desenvolvimento de coleção com acompanhamento técnico e mercadológico para a aplicação prática, conciliando a expressão individual e as necessidades do mercado.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. MEADOWS, Toby; FISCHER, Cristina Rodriguez (Coord.). Crear y gestionar una marca de moda. Barcelona: Blume, 2009. 2. MUNARI, Bruno. Das coisas nascem as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 2008. 3. TREPTOW, Doris. Inventando Moda: planejamento de coleção. 2. ed. Brusque: do Autor, 2007.
113
(conclusão)
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. CARR, Harold; POMEROY, John. Fashion Design and Product Development. 5. ed. Oxford: Wiley-Blackwell, 2010. 2. KEISER, Sandra J.; GARNER, Myrna B. H. Beyond Design: the synergy of apparel product development. 2. ed. New York: Fairchild, 2003. 3. McKELVEY, Kathryn; MUNSLOW, Janine. Fashion Design: process, innovation and practice. New York: John Wiley Professional, 2003. 4. SORGER, Richard; UDALE, Jenny. Fundamentos de design de moda. São Paulo: Bookman, 2006. 5. TATE, Sharon L.; EDWARDS, Mona S. Inside Fashion Design. 5. ed. New Jersey: Prentice Hall, 2004.
Fonte: elaborado pela autora.
A primeira disciplina da U6, que está relacionada a projeto de moda, tem
previsão de ocorrer no 6º semestre do curso, com duração de 72h/a. A finalidade,
conforme a descrição da ementa, é possibilitar o estudo do processo de criação em
moda, buscando conciliar a expressão individual com as necessidades do mercado
para o desenvolvimento de coleção de moda. A bibliografia básica indicada aponta
para os autores Jones (2008), Renfrew e Renfrew (2009) e Treptow (2007).
A academia U6 previu a ocorrência da segunda e última disciplina
selecionada para o 7º semestre, seguindo sequencialmente por 72h/a. Seu foco
prioriza o desenvolvimento de uma coleção de moda com acompanhamento técnico
a partir das necessidades mercadológicas. Nessa disciplina, a preferência da
bibliografia básica recai nos teóricos Meadows e Fischer (2009), Munari (2008) e
Treptow (2007).
Até aqui, foram demonstrados os dados colhidos nas Instituições de Ensino
Superior, pertencentes à Unidade 1 de Pesquisa do presente estudo. A próxima
seção inclui as informações recortadas das entrevistas semiestruturadas, com os
responsáveis das cinco (05) empresas de moda vestuário, que formam a Unidade 2
de pesquisa.
114
4.1.2 Empresas de Moda de Vestuário
A Unidade 2 de Pesquisa está formada pelas empresas de moda vestuário,
mais especificamente pelos elementos que são responsáveis pelo desenvolvimento
de coleção de moda. As empresas foram selecionadas por conveniência e pelo
critério de formação superior. Logo, os candidatos que não possuíam formação em
curso superior em moda foram desconsiderados. Das cinco (05) empresas de moda
vestuário, quatro (04) estão localizadas na cidade de Porto Alegre e Região
Metropolitana, e uma (01) está localizada na cidade de Santa Cruz do Sul/RS.
As dezoito (18) perguntas do questionário de entrevistas foram divididas em 3
seções. A primeira seção apresenta as características das empresas; a segunda
seção demonstra as caracterizações pessoais dos entrevistados quanto a sua
formação, experiência e equipe de desenvolvimento de coleção de moda; e a
terceira seção explana sobre a metodologia projetual para desenvolvimento de
coleção que as empresas adotam.
4.1.2.1 Quanto às características das empresas
Retiradas das entrevistas com os responsáveis pelo desenvolvimento da
coleção de moda das cinco (05) empresas selecionadas para investigação desta
pesquisa, as informações que os questionados emitiram permitiram a elaboração de
uma amostra síntese, apresentada no Quadro 20.
Quadro 20 - Características das empresas
Fonte: Elaborado pela autora.
115
116
Como mencionado, cinco (05) empresas de moda vestuário fizeram parte do
estudo. Duas (02) delas estão localizadas na cidade de Porto Alegre/RS, uma (01)
no município de São Leopoldo/RS, uma (01) na cidade de Novo Hamburgo/RS e a
última (01) se encontra em Santa Cruz do Sul/RS.
Referente ao tempo de atuação no mercado de moda vestuário, ao público-
alvo que a empresa atende e ao estilo de moda, a empresa D, atua há 59 anos no
segmento Jeans e atende ao público feminino, masculino e Plus Size31 com estilo
Casual32 e Workwear. A empresa C, também atua no segmento Jeans, atendendo
ao público feminino, masculino e juvenil e está presente no mercado de moda há 48
anos, confeccionando roupas com o estilo Casual. A empresa E atua no mercado de
vestuário Infantil no estilo Casual, fabricando também a parte de enxoval desde
1980, há 35 anos. A empresa A está presente no mercado de moda há 14 anos,
confeccionando roupas em couro nobre para mulheres adultas, com o estilo Casual
Chic e Esportivo. A empresa B está no mercado de moda há 6 anos, atendendo ao
público feminino de 16 à 40 anos, trabalhando com os estilos Casual, Alfaiataria e
Festa.
Considerando o canal e pontos de vendas das empresas, todas trabalham
com atacado e varejo. A empresa A e a empresa C exportam seus produtos. A
empresa A possui 130 pontos de vendas no Brasil, 7 pontos no exterior e 2 lojas
próprias. A empresa C possui 2 lojas próprias. Distribui para 3.000 multimarcas no
Brasil e exporta para a América do Sul e Europa. As empresas D e E distribuem
somente para o Brasil. A empresa E possui 70 lojas em 11 Estados brasileiros. Por
fim, a empresa B, a que está mais recente no mercado de moda vestuário, possui
uma loja própria e distribui para 3 multimarcas no Rio Grande do Sul.
Aprimorando as informações apresentadas, na próxima seção estão expostos
os dados coletados nas entrevistas, referentes à formação profissional, experiência
e equipe de desenvolvimento de coleção do gerente de desenvolvimento das
empresas estudas.
31 Na língua inglesa, Puls Size, significa tamanho grande, termo definido pelos norte-americanos para se referir a todos os tamanhos acima de 44. (USEFASHION, 2015). 32 Surgido nos anos 60, na Califórnia, esse estilo é sinônimo de roupas confortáveis para o cotidiano urbano, desde o final da década de 1980. (SABINO, 2007).
117
4.1.2.2 Quanto à formação profissional e experiências
Com o propósito de agregar informações que permitissem a este estudo o
acréscimo e a validação de dados relevantes, foram realizadas entrevistas que
admitiram, como critério de seleção, a formação acadêmica dos responsáveis pelo
desenvolvimento de coleção da empresa. Para tanto, o gerente de coleção, que não
possuía em seu currículo formação superior relacionado à moda, cursado em uma
das IES de Porto Alegre ou Região Metropolitana, foram excluídos da amostra.
Para a demonstração das informações obtidas nos questionamentos,
desenvolveu-se o Quadro 21, síntese das respostas emitidas nas questões 5, 6, 7,
8, 9 e 10 (Apêndice C) do roteiro de entrevista. Este Quadro está subdividido com as
seguintes informações: Profissional/Empresa; formação acadêmica do entrevistado;
tempo que o profissional exerce funções na empresa; se possui ou não equipe para
desenvolvimento de coleção; número de integrantes da equipe; e se estes
profissionais possuem ou não formação em moda.
Quadro 21 - Características pessoais do gerente de desenvolvimento
Fonte: Elaborado pela autora.
O Quadro 21 possibilita verificar que, entre os cinco (05) profissionais
entrevistados por esta pesquisa, três (03) possuem, além da formação superior,
especialização em alguma área relacionada à moda. Os profissionais das empresas
A e E possuem pós-graduação em Marketing de Moda e o profissional da empresa
118
C, especialização em Moda, Criatividade e Inovação, ambos cursados em
Instituições de Ensino Superior localizadas no Estado do Rio Grande do Sul.
Com relação ao período de trabalho na empresa, observa-se que os
profissionais das empresas B, C e E possuem em média o mesmo tempo de
atuação no setor de desenvolvimento de coleção de moda (entre 5 e 6 anos),
enquanto que o profissional da empresa A possui 11 anos na mesma empresa. O
profissional D é o que está por menor tempo em atividade na empresa em que atua -
2 anos e 8 meses.
Quanto ao desenvolvimento de coleção das empresas estudadas, para
cumprir o calendário anual de lançamento de coleção, os profissionais responsáveis
por esta atividade, que exercem o cargo de gerente de desenvolvimento, possuem
uma equipe. O Quadro acima contabiliza os integrantes dessas equipes, juntamente
com o gerente de desenvolvimento de coleção.
A equipe da empresa A possui, conforme mostra o Quadro 21, três (03)
integrantes que estão cursando a faculdade de moda em uma das Instituições de
Ensino Superior. A empresa B tem como proprietárias da marca duas profissionais
que possuem formação superior em moda e uma, além da graduação, possui cursos
de capacitação em modelagem, constituindo então, a equipe da empresa. A
empresa C, possui uma equipe com quatro (04) funcionários: o gerente de
desenvolvimento de coleção, um (01) funcionário com formação superior em Moda
na faculdade de Joinville/SC e duas (02) pessoas com capacitações relacionadas a
área da moda. A empresa D possui uma equipe de três (03) integrantes, sendo uma
(01) formada em Bacharel em Moda por uma das Instituições de Ensino Superior
selecionadas por esta dissertação e um (01) com curso de capacitação em
modelagem. A empresa E possui equipe constituída por dois (02) profissionais: a
gerente de desenvolvimento de coleção e um assistente que frequenta curso
superior em moda.
Apresentados os dados referentes às características pessoais e experiências
dos entrevistados, a terceira e última seção comenta sobre a metodologia projetual
para desenvolvimento de coleção que as empresas praticam.
119
4.1.2.3 Quanto à metodologia projetual utilizada nas empresas
Nesta seção apresentam-se as metodologias projetuais para desenvolvimento
de coleção de moda adotadas pelas cinco (05) empresas participantes (Unidade 2
de Pesquisa). As informações contidas no Quadro 22 foram retiradas da pergunta 11
do roteiro de entrevista (Apêndice C). Mesmo que algumas das informações
referentes às etapas projetuais ficassem subentendidas durante as entrevistas, não
sendo comentadas diretamente, optou-se em colocar as fases da metodologia
projetual exatamente da forma como foi emitida pela fala do entrevistado.
Essas informações serão comentadas no capítulo 5 - Discussão da Pesquisa,
juntamente com as questões 12 a 18 do roteiro de entrevista, por evidenciar
informações relevantes para avaliar as opiniões dos entrevistados sobre o assunto
teoria e prática no desenvolvimento de coleção de moda, pertinentes ao estudo
sobre metodologia projetual.
Quadro 22 - Metodologia projetual de coleção de moda utilizada nas empresas
Fonte: Elaborado pela autora. 12
0
121
Na entrevista, o responsável pelo desenvolvimento de moda da empresa A
afirmou desempenhar, em sua atividade projetual, 9 etapas apresentadas no Quadro
22. Inicia pela pesquisa de tendência e comportamento, a partir das fontes como
Bureaux de estilo, sites especializados em moda e comportamento, juntamente com
duas viagens internacionais ao ano para confirmação dessas tendências, visitando
feiras, vitrines e participando de eventos a respeito do assunto. A segunda fase é a
definição da temática de acordo com a tendência pesquisada, partindo da pesquisa
de produto através de 10 a 12 estilistas que a marca elege como modelo e leitura
das peças destaques da estação, sendo esta a terceira fase. A fase quatro
compreende a definição dos materiais utilizados e a busca por fornecedores. Na
fase 5 é elaborado o parâmetro da coleção.
Sobre a empresa A, ainda, a entrevista forneceu informações da quantidade
de modelos por estação (80, normalmente), diferenciados por materiais
empregados. Definido os modelos, o próximo passo estabelece o desenho técnico
de moda sendo, em seguida, enviado para a equipe de modelagem. Nessa etapa é
desenvolvida a peça piloto, primeiramente em tecido com a composição algodão cru
e, por segundo, em couro liso, para verificar o comportamento do modelo na
matéria-prima principal da empresa, o couro. Aprovada a coleção, inicia-se a
produção das peças, que finaliza o processo de metodologia projetual de moda
dessa empresa.
A empresa B também prevê, em sua metodologia projetual para o
desenvolvimento de coleção, 10 etapas. Igualmente inicia pela pesquisa de
tendência em blogs, sites e palestras especializados no assunto. Na segunda fase,
decide a inspiração de coleção espelhando-se nas fontes de tendências
pesquisadas para definir modelos e silhuetas a ser desenvolvidas. A definição
fundamenta-se em painel confeccionado pelas proprietárias da marca, contendo as
informações retiradas da primeira e segunda fase, rumo ao esboço da coleção em
caderno de desenho padrão da empresa.
Com a definição dos modelos no caderno de esboço, a empresa B modela
das peças, seguindo para a confecção da peça piloto. Nesse momento é calculado o
custo individual de cada peça, assim como sua precificação. Na etapa 7 é
desenvolvido o mostruário da coleção que fará parte do editorial de moda (etapa 8)
para as campanhas de marketing da empresa. A etapa 9 é composta da venda da
122
coleção por meio do mostruário, para os lojistas, e venda na loja própria da empresa
B. Com os pedidos realizado através da venda por mostruário, na etapa 10 acontece
a produção em grande escala, executada interna e externamente, que encerra o
processo na empresa B.
A metodologia projetual para desenvolvimento de coleção de moda possui 6
etapas, conforme foi referido pelo profissional responsável pela coleção da moda da
empresa C. A etapa 1 é composta pela pesquisa de tendência efetuada basicamente
através das assinaturas dos sites de moda WGSN e UseFashion, uma viagem
internacional ao ano e visitas em feiras referentes aos assuntos, que ocorrem
anualmente no Brasil, mais especificamente em São Paulo/SP. A segunda fase é
composta pelo desenvolvimento de coleção de moda utilizando o desenho técnico
para sua apresentação. Inicia-se pela modelagem, seguida das peças pilotos da
coleção. A empresa trabalha com produção interna e externa. Internamente são
desenvolvidas peças pilotos, corte de tecidos através da modelagem desenvolvida e
acabamentos. Para o fechamento das peças, lavanderias e beneficiamentos, as
peças, cortadas anteriormente, são enviadas para Blumenau/SC. Assim que a
empresa terceirizada finaliza a produção envia novamente para a empresa C,
visando a distribuição da coleção nos canais de vendas praticados, finalizando o
processo de desenvolvimento da coleção.
A empresa D trabalha com 7 fases no seu processo, conforme palavras do
responsável pelo desenvolvimento de coleção, iniciando pela pesquisa de tendência.
Com as informações referentes às tendências da próxima estação, constroem
Quadro de Inspiração para a apresentação temática. Em seguida, desenvolvem os
modelos através da representação de desenho técnico de moda, enviando para a
equipe de modelagem. A quinta etapa refere-se à confecção da peça piloto, seguida
de sua aprovação. Aprovada a coleção, elaboram-se as fichas técnicas para envio à
produção, que se efetiva interna e externamente.
Os procedimentos que envolvem o processo de elaboração de uma coleção
de moda, conforme as afirmações do responsável da área na empresa E contém,
igualmente, 7 etapas. A primeira fase é a pesquisa de tendência que colhe
informações para elaborar o briefing de coleção. O briefing de coleção da empresa E
contém a cartela de cores, cartela de tecidos, temática da coleção e previsão da
quantidade de peças a produzir, ou mix de produto. A empresa E trabalha com mais
123
ou menos uns 10 fornecedores de produtos. Portanto, realiza o briefing e o envia
aos fornecedores que executarão a coleção solicitada. Na terceira fase, os
fornecedores enviam a coleção para a empresa, com propostas de peças, pilotos e,
algumas vezes, ficha técnica. A etapa 4 compreende avaliação das peças enviadas
pelos fornecedores, assim como a realização de alterações e desenvolvimento de
desenho técnico de moda de possíveis peças faltantes. A etapa 5 compreende ao
recebimento da coleção de moda, no formato mostruário, para apresentação aos
vendedores internos e externos no showroom. Realizados os pedidos, na etapa 6
acontece o envio para a produção em escala industrial. Finalizando o processo, a
empresa E recebe a coleção e distribui para os pontos de vendas.
Esta seção apresentou os dados referentes à Unidade de Pesquisa 1,
ementas e bibliografias das disciplinas de Projeto de Coleção das cinco (05) IES
selecionadas por este estudo. Na sequência, foram apresentadas as informações da
Unidade 2 de Pesquisa, envolvendo as características das empresas, da formação
profissional e experiência dos entrevistados que integraram a amostra da
investigação, que resulta na metodologia projetual para desenvolvimento de coleção
adotada pelas empresas escolhidas a participar desta averiguação.
O próximo capítulo retrata a discussão da pesquisa quanto à metodologia
projetual sugerida pelos teóricos selecionados, quanto ao enfoque das disciplinas de
projeto de coleção nas IES e quanto à metodologia projetual para desenvolvimento
de coleção adotadas nas empresas. Tenciona relacionar as contribuições que as
academias disponibilizam, em termos de formação, aos profissionais egressos de
suas unidades acadêmicas, resultados a serem comprovados através do processo
da adequação ao padrão elaborado para este estudo.
124
5 DISCUSSÃO DA PESQUISA
Este capítulo tem como propósito discutir os resultados encontrados entre os
elementos que compõe a pesquisa incluindo as interpretações, as análises críticas e
as comparações referentes à metodologia projetual descrita pelos teóricos, ao
enfoque das disciplinas de projeto de coleção nas IES e à metodologia projetual
para desenvolvimento de coleção adotadas nas empresas, a ser comparado a um
modelo padrão elaborado para esse fim. A interpretação dos dados dispensa sua
recapitulação evidenciando a importância alcançada pelos resultados obtidos. A
intenção neste momento é encontrar amparo à questão formulada no início desta
tarefa e às surgidas no decorrer do estudo, que possam corroborar com as
respostas que a teoria dos autores propõe sobre metodologia projetual para coleção
de moda.
A seção que ora inicia tenciona encontrar respostas à questão problema que
motivou o presente estudo, no sentido de descobrir se o desenvolvimento de
coleções nas indústrias do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul é favorecida
pelas metodologias projetuais aplicadas nas academias da Grande Porto Alegre
durante cursos Superiores em Moda e que compõem as disciplinas de projeto. A
primeira parte desta Discussão engloba, tendo em vista o delineamento do objetivo
decorrente do que foi traçado no questionamento inicial, os autores Treptow, 2003;
Montemezzo, 2003; Sorger e Udale, 2009; Jones, 2005; Barcaro, 2008; Renfrew e
Renfrew, 2010 selecionados para compor a plataforma de reflexão que inicia esta
seção.
Esta seleção de autores atende à exigência que vai ao encontro das teorias
por eles tratadas e que discorrem sobre o assunto metodologias projetuais para
desenvolvimento de coleção de moda. Em um segundo momento, as disciplinas de
Projeto de Coleção das IES (Unidade de Pesquisa 1) são analisadas quanto ao seu
enfoque, partindo da descrição das ementas e das referências indicadas nas
bibliografias (básica e complementar). A terceira parte desta seção engloba as
análises referentes às metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de
moda, adotadas nas empresas (Unidade de Pesquisa 2).
125
A discussão da técnica de análise de dados - Adequação ao Padrão -
sugerida por Yin (2001) para Estudo de Caso Múltiplo, finaliza este capítulo. A
montagem de um modelo padrão de metodologia projetual foi desenvolvido,
recortando elementos sugeridos pelos autores indicados nas disciplinas das IES
(Unidade de Pesquisa 1) e que, ao mesmo tempo, pertencem à seleção de autores
que compõem a plataforma do presente estudo. Este modelo padrão serviu para
realizar a comparação entre as metodologias projetuais estudadas nas IES e as
adotadas nas empresas de moda vestuário (Unidade de Pesquisa 2), atendendo ao
esquema inicial deste estudo, traçado para esta etapa da pesquisa desenvolvida.
5.1 QUANTO À METODOLOGIA PROJETUAL DE MODA SUGERIDAS PELOS TEÓRICOS ESTUDADOS: QUADRO COMPARATIVO
Após a identificação e conceituação das metodologias projetuais para o
desenvolvimento de coleção de moda, efetuadas na seção anterior, cabe reflexão
entre os seis (06) autores selecionados.
Como mencionado na seção 3.2.2 - Quadro comparativo entre metodologias
projetuais para o desenvolvimento de coleção de moda, o objetivo não é destacar
uma das metodologias de moda como a melhor ou mais completa entre as
apresentadas, e sim analisar suas etapas para contribuir com o processo de análise
dos dados do presente estudo.
Para a construção do Quadro 23 três (03) etapas foram concebidas como
imprescindíveis para o desenvolvimento de coleção de moda: organização,
elaboração e execução.
Quadro 23 - Quadro metodológico: organização, elaboração e execução
Fonte: Elaborado pela autora.
126
127
A etapa intitulada “Organização” indica os procedimentos iniciais a serem
seguidos para o desenvolvimento de uma coleção de moda. Estes procedimentos,
definidos pela presente pesquisa, consistem em planejar a coleção através de
reuniões, cronogramas operacionais, definição de parâmetros, dimensão da coleção
e análises de coleções anteriores. Na etapa definida como “Elaboração” ocorrem as
fases de pesquisa de tendências, construção do briefing, definição da temática,
escolha das cartelas de cores, tecidos e aviamentos, geração e avaliação de
alternativas e definição dos looks para o desenvolvimento da coleção. A última etapa
refere-se o momento da “Execução” da coleção, onde ocorre a confecção da
coleção a partir da elaboração das modelagens, o desenvolvimento da peça piloto, a
avaliação e alterações necessárias, aprovação, graduação e produção em escala
industrial.
Refletindo sobre a primeira etapa definida como Organização, percebe-se que
a metodologia projetual de Treptow (2003) atende aos critérios selecionados. A
autora sugere que se façam reuniões de Planejamento da coleção em um primeiro
momento e, na sequência, para a realização do cronograma, a fim de definir o
parâmetro da coleção e a sua dimensão.
Montemezzo (2003) inicia a sua metodologia projetual com a fase de
Preparação, destacada em duas das etapas do Quadro 22, “Organização” e
“Elaboração”. Isso se dá pelo fato de que a autora indica ser realizado na fase inicial,
da Preparação, critérios definidos pelo presente estudo para ambas as etapas.
Assim, para a Organização e Elaboração inclui a definição da problemática a partir
das demandas do mercado consumidor e de tendências de moda, critérios estes
selecionados para a etapa de Organização; e cartelas de materiais, esta
pertencendo a etapa de “Elaboração”. Finaliza a etapa inicial com a definição das
fases para alcançar uma solução, partindo da delimitação dos princípios funcionais e
de estilo do produto. Percebe-se que a metodologia projetual de Montemezzo (2003)
utiliza ações do Design de Produto ao propor uma problemática a ser respondida.
A metodologia projetual de Barcaro (2008) inicia com o Portfólio das coleções,
onde ocorrem as análises de marcas com as quais a empresa trabalha, delimitada
na etapa de “Organização” do presente estudo. O processo dois, Sistematização da
Coleção e Cronograma Operacional, está destacado nas etapas de “Organização” e
“Elaboração”, pelo fato de que na sistematização da coleção ocorrem as definições
128
de cartelas de tecidos, aviamentos e suas combinações de cores, fazendo parte dos
critérios selecionados para a etapa de “Elaboração”.
As metodologias projetuais para o desenvolvimento de coleção de moda
sugerido por Sorger e Udale (2009), Jones (2005) e Renfrew e Renfrew (2010) não
apresentam etapas projetuais que possam ser incluídos dentro dos critérios
selecionados pelo presente estudo para a etapa de Organização.
Avançando na verificação dos processos que os autores indicam e que
possam ser adequadas à etapa de “Elaboração”, constata-se que todos os autores
apresentaram um processo. A metodologia projetual de Treptow (2003) sugere
desenvolver pesquisa de tendências, desenvolver o Briefing da coleção, estabelecer
a Inspiração, cartelas de cores, tecidos e aviamento, realizar esboços e fazer a
reunião de definição dos looks da coleção.
Observa-se, consoante o Quadro 23, que Montemezzo (2003) propõe três
processos: preparação, geração e avaliação. Na etapa Preparação, define a cartela
de cores e tecidos, na Geração, desenvolve os esboços da coleção, preocupando-se
com o estudo de configuração das matérias e tecnologia - outra ação do design de
produto. A fase de Avaliação apresenta-se em dois passos, quando se aplica a
teoria de Montemezzo (2003) às etapas do Quadro 23 - “Elaboração” e “Execução”.
Montemezzo (2003) sugere a seleção das peças a ser desenvolvida e a confecção
da peça piloto, sendo que esta última atividade ocorre na etapa definida como
“Execução”.
A metodologia projetual de Sorger e Udale (2009), considerando esta
simplificada se comparada com os processos elaborados por outros teóricos, é
composta por dois processos selecionados na etapa de “Elaboração” - a pesquisa e
os esboços. Na fase da pesquisa, a indicação é que seja realizada a pesquisa de
tendências, seguindo para a geração de esboços emergidos de um desenho
específico para cada peça da coleção, acrescentando ao lado os tecidos e os
aviamentos necessários para sua construção.
Verifica-se que Jones (2005) esboçou duas etapas, em sua metodologia
projetual, que podem corresponder à fase de “Elaboração” do Quadro 23 - Briefing e
Inspiração. O Briefing contém todas as informações necessárias para o
desenvolvimento da coleção e a Inspiração, a definição da temática para compor a
129
coleção. Essa metodologia projetual apresenta forma mais resumida e acadêmica,
como mencionando no capítulo 3.2.2 desta dissertação.
A fase selecionada da metodologia projetual de Barcaro (2008) dispensa
comentário aqui, visto que consta repetida na etapa “Organização” e mereceu
destaque anterior.
As fases de 2 a 9, da metodologia projetual de moda de Renfrew e Renfrew
(2010), que no Quadro 23 estão representadas em destaque na cor cinza, estão
assim ressaltadas por esta pesquisa considerar que elas possuem caráter comercial
e não projetual para o desenvolvimento de coleção de moda. E mais, por ser um
processo direcionado ao aspecto comercial de uma coleção, representa apenas uma
fase de seu processo nas etapas nomeadas no presente estudo, constituindo a fase
1, onde o estilista se reúne com sua equipe para a apresentação da Inspiração e
Briefing da coleção.
Na última etapa selecionada para análise neste estudo, a “Execução”, a
metodologia que não apresentou fase que se adequa aos critérios selecionados é a
de Renfrew e Renfrew (2010). Os outros autores apresentam processos que podem
ser associados à fase de elaboração, processos de pilotagem, modelagem e
produção da coleção. A metodologia projetual de Jones (2005), por ser considerada,
no presente estudo, uma metodologia projetual direcionada à academia, a etapa de
Execução se identificou como a fase de Apresentação, onde o projeto de coleção é
apresentado aos professores que avaliam a coleção como um todo.
Demonstradas as metodologias projetuais de moda selecionadas por esta
pesquisa, fundamentadas nas teorias bibliográficas dos autores aqui analisados, a
próxima seção apresenta as análises realizadas quanto ao enfoque das disciplinas
(Unidade 1 de Pesquisa), sustentado pelas suas ementas e bibliografias (básica e
complementar).
130
5.2 QUANTO AO ENFOQUE DAS DISCIPLINAS DE PROJETO DE COLEÇÃO NAS IES (UNIDADE DE PESQUISA 1)
Esta seção tem como finalidade analisar as bibliografias (básica e
complementares) sugeridas nas disciplinas de Projeto de Moda nas cinco (05) IES
selecionadas. Para apresentação desta análise foi elaborado um Quadro síntese
contendo as seguintes informações: IES, bibliografia (básica e complementar) e
bibliografia sugerida em cada disciplina, conforme Quadro 24.
A construção do Quadro 24 pretendeu demonstrar a utilização das referências
empregadas nas disciplinas de Projeto de Moda nas IES selecionadas (U1, U2, U4,
U5 e U6), em relação aos autores priorizados para formação da plataforma teórica
deste estudo (Treptow, 2003; Montemezzo, 2003; Sorger e Udale, 2006; Jones,
2005; Barcaro, 2008; Renfrew e Renfrew, 2010).
131
Quadro 24 - Bibliografias (básica e complementar) das disciplinas de Projeto de Moda das IES
Fonte: Elaborado pela autora.
132
Conferindo a documentação da IES U1, é possível perceber que dentre as
metodologias projetuais para desenvolvimento de coleção de moda estudadas na
presente dissertação, apenas uma é indicada na disciplina 1, a de Montemezzo
(2012), utilizada como constante da bibliografia complementar, apenas difere no ano
da obra publicada. Não se teve acesso à ementa da disciplina 1. A disciplina 2
prevê, em sua bibliografia básica, a metodologia projetual para desenvolvimento de
coleção de Treptow (2013). Também como bibliografia complementar a metodologia
projetual de Montemezzo (2012).
A disciplina 2 sugere como foco “abordar a metodologia projetual de coleção
aplicada à criação e execução de vestuário de moda, através da “investigação
cientifica”. Constata-se que a diferença de foco entre a disciplina 2 e a disciplina 3
está no aprofundamento do estudo de coleção de moda, pois a disciplina 3
recomenda “o planejamento, desenvolvimento e execução de produto de moda
segundo metodologia de design, através da investigação cientifica”. As ementas
descritas acima podem ser associadas à teoria de Treptow (2013) e de Montemezzo
(2012), pois inferem que através das bibliografias é possível que o aluno obtenha as
primeiras informações a respeito do projeto de coleção de moda, e reforçando, na
disciplina 3, o planejamento, desenvolvimento e execução de uma coleção de moda
com base nos conhecimentos adquiridos. Ressalta-se o detalhamento da
metodologia projetual de Trepetow (2013) como indicação ideal para alunos dos
primeiros semestres do curso de moda.
Interessante destacar que na disciplina 3 da academia U1, a proposta de
bibliografia básica utilizada abrange autores de metodologia projetual do produto e
não específico da moda, como Baxter (2000), Mello (2009) e Munari (2008). A
bibliografia de metodologia projetual de moda encontra-se apenas nas bibliografias
complementares, como a indicação de Treptow (2007).
A disciplina 4 tem como bibliografia básica os autores de administração e
comportamento do consumidor, embasado em Kotler e Keller (2006) e Monteiro
(2009). A metodologia projetual para desenvolvimento de coleção está assegurada
pela bibliografia complementar, sustentada pelos teóricos Sorger e Udale (2009) que
fazem parte da seleção de autores de metodologia projetual de moda do presente
estudo. Como enfoque, a disciplina 4 sugere “o aprofundamento do estudo sobre
moda, através da investigação cientifica, para criação de coleção no segmento
133
vestuário”. Visto que o foco direciona o aluno ao aprofundamento do estudo sobre
moda, as indicações dos teóricos a respeito do assunto deveriam constar na
bibliografia básica, porém é indicado os teóricos Sorger e Udale (2009) como
bibliografia complementar. A bibliografia básica contribui para o estudo de
comportamento de consumo, que deixa de ser analisada por não este o foco do
presente estudo.
A disciplina 5 recomenda três autores que constam no presente estudo,
sendo Jones (2005) e Treptow (2007) na bibliografia básica e Renfrew e Renfrew
(2010), na bibliografia complementar, conforme mostra o Quadro 24. O foco da
disciplina é “a aplicação da metodologia projetual de criação, execução, estratégia e
apresentação de coleção de moda no segmento vestuário, com embasamento
cientifico”. Esta disciplina aborda aspectos estratégicos de apresentação de marca
para um mercado-alvo. Tendo questões estratégicas de apresentação de coleção de
moda e estudo aprofundado sobre o desenvolvimento como enfoque nessa
disciplina, a indicação da bibliografia dos autores Renfrew e Renfrew (2010), que
abordam uma metodologia de desenvolvimento de moda direcionada ao aspecto
comercial, mostra-se de acordo com o que objetiva a disciplina, colaborando com os
conhecimentos pretendidos. Jones (2005) contribui com metodologia projetual mais
simplificada, em comparação com as estudadas na presente pesquisa, porém o
aluno tem como suporte de aprendizagem Treptow (2007) por apresentar uma
metodologia mais detalhada.
Confirma-se, pela explanação do Quadro 24, que dos seis (06) teóricos
selecionados para a presente dissertação, apenas um - Barcaro (2008) - não foi
mencionado entre as bibliografias básicas e bibliografias complementares na IES
U1.
A academia U2 utiliza nas disciplinas 1, 2, 3, 4 e 5, dois autores de
metodologia projetual de moda utilizados no presente estudo, como bibliografia
básica: Jones (2005) e Treptow (2003). Na bibliografia complementar, porém, não se
encontra nenhum dos autores mencionados por este estudo.
Interessante ressaltar que a disciplina 1 da IES U2 recomenda, como
bibliografia complementar, a metodologia de projeto de produto, constante da teoria
de Munari (1997) e aplicada também por outras instituições. Na disciplina 2 a
bibliografia complementar é composta, além de Munari (1997), por mais dois autores
134
de metodologia projetual de produto - Bonsiepe (1978) e Gomes (2001). As
disciplinas 3 e 4 indicam os mesmos autores já mencionados nas disciplinas 1 e 2.
A U2 estabelece como bibliografias básicas da disciplina 2, os autores Jones
(2005) e Treptow (2003), já mencionados, e teóricos da metodologia projetual de
produto e específico para calçados, tanto na bibliografia básica como na
complementar.
Referente ao enfoque das disciplinas na IES U2, quanto à proposta das
disciplinas, nota-se um aumento na complexidade e na variação de segmento no
processo de coleção de moda. A disciplina 1 indica como foco “metodologia de
projeto de produto aplicada ao design de moda. Teorias do processo criativo,
métodos e técnicas aplicadas na conceituação e desenvolvimento do produto
industrial. Prática de projeto de baixa complexidade sob orientação”. Fica
evidenciado que Treptow (2003) e Jones (2005) reconhecem, em suas teorias, que a
designação de disciplina com esse teor pode ajudar o aluno a adquirir
conhecimentos iniciais e introdutórios ao desenvolvimento de coleção, com base em
ensinamentos sobre processo criativo, a partir de métodos e técnicas aplicadas ao
desenvolvimento de produto.
A disciplina 2 especifica seu direcionamento para o segmento de acessórios
de moda, com foco no “desenvolvimento de projeto de acessórios, sob orientação:
conceituação, desenvolvimento, detalhamento e modelagem tridimensional.
Formulação de alternativas de soluções de projeto com detalhamento e
especificações de fabricação”. Entende-se que a indicação de obras bibliográficas
de Treptow (2003) e Jones (2005), que direcionam suas metodologias projetuais
para o desenvolvimento de coleção de vestuário, não favorecem o enfoque da
disciplina de maneira ampla.
As disciplinas 3 e 4, diferentemente da 2, direcionam o desenvolvimento de
coleção ao segmento de vestuário, propondo como foco o “desenvolvimento de
projeto de vestuário, sob orientação: conceituação, desenvolvimento, detalhamento
e modelagem tridimensional. Formulação de alternativas de soluções de projeto com
detalhamento e especificações de fabricação”. As indicações de Treptow (2003) e
Jones (2005) comprovam os conhecimentos recomendados como enfoque da
disciplina, visto que ambos os teóricos direcionam suas metodologias ao ensino de
coleção de vestuário.
135
Finalizando as disciplinas da academia U2, o foco da disciplina 5 indica o
“desenvolvimento de projeto coleção de calçados, sob orientação: conceituação,
desenvolvimento, detalhamento e modelagem tridimensional. Formulação de
alternativas de soluções de projeto com detalhamento e especificações de
fabricação”. Na disciplina 5 ocorre o mesmo que na disciplina 2. A indicação de
obras dos teóricos Treptow (2003) e Jones (2005) não contribuem na totalidade para
o enfoque mencionado na ementa na disciplina 5, visto que nessa o ensino é
direcionado para o desenvolvimento de calçados. Como sugestão de bibliografia
recai na obra de O’Keeffe (2003), que aborda mais diretamente sobre o assunto.
A partir da explanação dos Quadros acima, referente à academia U2,
observa-se em suas bibliografias, tanto na básica como na complementar, que são
indicados apenas dois autores que compõe o grupo dos teóricos selecionados para
formarem a plataforma de teóricos da presente pesquisa - Treptow (2003) e Jones
(2005). Constata-se, assim, que a proposição da U2 é indicar bibliografias
direcionadas à metodologia projetual de produto, como Baxter (1998), Bonsiepe
(1978), Gomes (2001) e Munari (1997).
Revendo o perfil da IES U4, as disciplinas 1, 2 e 3 diferem apenas nas
ementas, pois propõem, em suas bibliografias básicas e complementares os
mesmos teóricos e possuem a mesma carga horária. Os teóricos propostos nas três
(03) disciplinas projetuais de moda da U4, que compreende o grupo de autores
selecionados para o presente estudo, são apenas dois. Utilizam a metodologia
projetual de moda sugerida por Treptow (2003), como bibliografia básica e a de
Sorger e Udale (2010), como bibliografia complementar.
As ementas as disciplinas 1 e 2 propõem, consecutivamente, “planejar a
coleção, as linhas e o mix de produto de acordo com pesquisas de mercado e de
tendências, perfil do público-alvo, imagem e conceito da marca” e “possibilitar a
visão sistêmica dos processos de Planejamento e Desenvolvimento de Coleção de
moda. Levar à compreensão da necessidade de planejar e identificar os métodos
utilizados na indústria da moda para gerir seus negócios. Planejar e desenvolver
uma coleção de moda”. Percebe-se que o estudo de marca está no foco dessas
disciplinas, tanto que sugere, como bibliografia básica, o teórico Meadows (2010),
que discorre sobre o assunto de gerenciamento de marca. Os conhecimentos de
136
Treptow (2003) e Sorger e Udale (2010) podem ser acrescidos pelas considerações
teóricas de Meadows (2010) de maneira que o enfoque da disciplina seja alcançado.
A ementa da disciplina 3 - Projeto tecnológico em design de moda – menciona
a “Aplicação e consolidação da metodologia projetual utilizada no projeto de coleção
de moda. Desenvolvimento dos conhecimentos adquiridos no decorrer do curso
como subsídio para a prática profissional. Produção de uma coleção de roupa que
apresente a programação das atividades do designer. Apresentação perante banca
examinadora composta por membros internos e externos à Instituição. Fornecer ao
aluno, conhecimentos técnicos e conceituais necessários para a elaboração de
projetos”. Percebe-se que pela evidência que demonstra, compreende a finalização
do curso, pois comenta sobre os conhecimentos adquiridos ao longo do curso, assim
como a apresentação a uma banca que avalia o processo de desenvolvimento do
projeto realizado pelo aluno. É possível que se considere que a indicação das
bibliografias (básica e complementar) sirva para consolidar os conhecimentos
adquiridos pelo aluno para que cumpra o enfoque da disciplina, por exemplo, a
teoria de Treptow (2003).
Concluindo a apresentação das disciplinas projetuais da U4, constata-se que
a academia utiliza apenas dois teóricos dentre os selecionados para o presente
estudo - a metodologia projetual de moda de Treptow (2003), nas bibliografias
básicas, e a de Sorger e Udale (2010), nas bibliografias complementares.
A IES U5, na disciplina 1, propõe dois teóricos utilizados no presente estudo,
Sorger e Udale (2009), como bibliografia básica, e Jones (2005), como bibliografia
complementar, confirmando os conhecimentos necessários para alcançar o enfoque
das disciplinas que em parte explana: “conceitos gerais e princípios da comunicação
visual e moda, sua aplicação em diversas áreas e as relações multi, inter e
transdisciplinares nos aspectos conceituais e de mercado”.
A respeito das bibliografias utilizadas nas disciplinas 2 e 3, tanto a básica
quanto a complementar não utilizam dos teóricos selecionados no presente estudo.
As sugestões de bibliografias nestas disciplinas giram em torno dos assuntos de
identidade, de moda, de público-alvo como comportamento de consumidor e
editorial, com base em autores que discorrem sobre o assunto presente nas
ementas.
137
O mesmo que em outras disciplinas comentadas acima, as disciplinas 4 e 5
fazem uso de bibliografias básicas e complementares específicas sobre o assunto
de modelagem, costura e customização, dando suporte ao aprofundamento da
compreensão dessa parte prática da moda. A disciplina 5 aborda o mesmo assunto,
porém através de técnicas mais avançadas, sugerindo bibliografias para cumprir
com esse objetivo. Nessas disciplinas não é utilizada nenhuma das bibliografias
referentes à metodologia projetual para desenvolvimento de coleção, selecionadas
para o presente estudo.
O foco da disciplina 6 mostra o olhar voltado para o final do curso, visto que
do aluno será exigida a sintetização de questões metodológicas contempladas ao
longo dos estudos acadêmicos, para a criação de um projeto a ser submetido à
aprovação. Na bibliografia básica, a proposta de leitura abrange obras sobre
metodologia de pesquisa científica e metodologia projetual para desenvolvimento de
coleção - Renfrew e Renfrew (2010) - que faz parte do grupo de autores
selecionados para o presente estudo, levando a entender que contribui para o
alcance do objetivo da disciplina. A bibliografia complementar fica sob
responsabilidade do professor durante a ocorrência da disciplina, em virtude de o
aluno poder optar pelo tema a ser desenvolvido no projeto, quando o docente
indicará bibliografia específicas, por temática.
A disciplina 7 não sugere nenhum dos teóricos selecionados para o presente
estudo sobre o assunto metodologia projetual para desenvolvimento de coleção. As
bibliografias básicas e complementares sugerem obras de teóricos específicos sobre
assuntos como modelagem costura, estamparia e acessórios. O foco dessa
disciplina gira em torno do “Aprimoramento das capacidades produtivas dos
acadêmicos para construção de produtos de moda. Incentivo à busca de alternativas
e soluções, execução de protótipos praticando o detalhamento técnico”.
Como bibliografia básica, a disciplina 8 sugere duas das metodologias
projetuais para desenvolvimento de coleção selecionadas para a presente pesquisa,
a metodologia projetual de Treptow (2013) e a de Renfrew e Renfrew (2011). A
ementa da disciplina 8 tem como foco “Desenvolvimento da alternativa de solução:
aprofundamento da compreensão do projeto, frente à solução adotada. Execução de
layouts/ protótipos, detalhamento técnico. Elaboração de dossiê com cronograma de
produção e realização, orçamento. Ênfase na elaboração do registro do processo de
138
projeto (fases a e b) e na defesa oral do trabalho, bem como apresentação à
comUnidade (desfile de moda). Síntese de questões metodológicas relacionadas à
apresentação e defesa de um projeto de design, contempladas ao longo do curso.
Apresentação do projeto para banca de arguição”. Esta disciplina engloba os
conhecimentos adquiridos ao longo do curso, visto a preocupação no detalhamento
do processo, assim como a apresentação oral do trabalho à banca examinadora e
apresentação da coleção à comunidade, a partir de desfile de moda. Como Treptow
(2013) sugere uma metodologia projetual de moda mais abrangente, comparada as
indicações dos outros teóricos selecionados, e Renfrew e Renfrew (2011) uma
metodologia projetual direcionada a aspectos comerciais, estas indicações de
bibliografias menciona-se como consistentes e relevantes ao alcance do propósito
da disciplina.
Ratificando o que pode ser observado no Quadro 24, afirma-se que a U5
utiliza quatro (4) das seis (06) metodologias projetuais de moda selecionadas no
presente estudo. A de Treptow (2013), Sorger e Udale (2009), Jones (2005) e
Renfrew e Renfrew (2011).
Examinando a última entidade acadêmica, a U6, é consistente observar a
indicação, em sua bibliografia básica da disciplina 1, três autores selecionados para
a presente pesquisa, Jones (2005), Renfrew e Renfrew (2009) e Treptow (2007).
Como enfoque, essa disciplina aborda “o processo de criação em moda, buscando
conciliar a expressão individual com as necessidades do mercado para o
desenvolvimento de coleções de roupa”. Com o suporte desses três teóricos, onde
cada um expressa uma metodologia projetual de forma diferente, difundem-se
conhecimentos e variadas direções. Jones (2008) é adepto de uma metodologia
projetual mais sintetizada e acadêmica, Renfrew e Renfrew (2009) são favoráveis a
um processo metodológico direcionado a aspectos comerciais e Treptow (2007)
propaga uma metodologia projetual mais detalhada. Isso autoriza o reconhecimento
de que a U5, nessa disciplina, tenciona favorecer seus alunos com a possibilidade
da ampliação de conhecimentos em diferentes sentidos. Nas bibliografias
complementares nenhum dos teóricos selecionados é mencionado.
O que a U6 apresenta em comum com as outras IES mencionadas acima, é
que a disciplina 2 também sugere, inserido na bibliografia básica, um autor de
metodologia projetual do produto - Munari (2008). Nas referências complementares,
139
a U6 propõe mais um autor que faz parte do grupo de seleção dos teóricos do
presente estudo, a metodologia projetual para desenvolvimento de coleção de
Sorger e Udale (2006). A Ementa da disciplina indica “o desenvolvimento de coleção
com acompanhamento técnico e mercadológico para a aplicação prática, conciliando
a expressão individual e as necessidades do mercado”. Analisando o foco das duas
disciplinas apresentadas, essas diferem no acompanhamento técnico do processo
de desenvolvimento de coleção de moda, o que não foi comentado na disciplina 1. É
possível verificar que as indicações bibliográficas da disciplina 2, estão coerentes
com o objetivo da disciplina sendo passíveis de desenvolver os conhecimentos
pretendidos.
O Quadro 24 possibilita verificar que a academia U6 utiliza quatro (04) dos
seis (06) autores selecionados no presente estudo para análise de metodologia
projetual de desenvolvimento de coleção, sendo eles Treptow (2007), Sorger e
Udale (2006), Jones (2008) e Renfrew e Renfrew (2009).
Ao final da análise, os dados evidenciados comprovam que os teóricos
indicados nas bibliografias básicas das disciplinas de Projeto de Moda das IES
selecionadas, e que estão presentes na seleção da atual pesquisa são Treptow
(2003), Sorger e Udale (2006), Jones (2005) e Renfrew e Renfrew (2010). Nas
bibliografias complementares as Instituições de Ensino Superior recomendam os
mesmos teóricos mencionados nas bibliografias básicas, porém a U1 acrescenta
Montemezzo (2012). De outro ângulo, por não ter sido mencionado em nenhuma
das bibliografias (básica e complementar) das disciplinas de Projeto de Moda das
IES selecionadas, o teórico Barcaro (2008) entrou no critério de exclusão da
presente pesquisa.
A próxima seção contempla análises efetuadas nas metodologias projetuais
para desenvolvimento de coleção de moda e que são adotadas pelas cinco (05)
empresas participantes da atual pesquisa.
5.3 QUANTO A METODOLOGIA PROJETUAL PARA DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO ADOTADAS NAS EMPRESAS (UNIDADE 2 DE PESQUISA)
Relativo ao processo de desenvolvimento de coleção de moda adotado nas
empresas selecionadas no presente estudo (Unidade 2 de Pesquisa), esta seção
tem como finalidade discutir e analisar as etapas da metodologia projetual de moda
140
de cada empresa apresentada. Não é objetivo desta análise destacar a empresa que
adote a melhor ou mais completa metodologia, e sim compará-las, para contribuir
com a técnica de análise da adequação ao padrão.
Como mencionado no capítulo 4.1.2.3 - Quanto à metodologia projetual
utilizada nas empresas, desta dissertação, esta seção comenta sobre as etapas que
ficaram subentendidas, no momento das entrevistas, a respeito de metodologia
projetual de moda no processo adotado pelas empresas.
No encerramento deste capítulo estão apresentados comentários dos
entrevistados referentes ao assunto teoria e a prática no desenvolvimento de
coleção de moda, retirados das questões 12 a 18 do roteiro de entrevista (Apêndice
C). Essas opiniões foram acrescentadas por reconhecer que carregam informações
relevantes ao estudo sobre metodologia projetual na área da moda, de forma a
contribuir e enriquecer o estudo efetuado.
Todas as empresas estudadas, de acordo com as falas dos entrevistados,
desenvolvem duas coleções ao ano, primavera/verão, outono/inverno, porém essas
coleções possuem quantidades significativas de modelos para distribuição em
determinados momentos das estações. Todos participantes da pesquisa
comentaram que distribuem um número de modelos em maior quantidade no início
das estações e ao decorrer das mesmas realizam pequenas coleções.
Iniciando a análise sobre as metodologias projetuais para desenvolvimento de
coleção de moda, com base no Quadro 22 apresentado no item 4.1.2.3 da presente
dissertação, considera-se primeiramente o detalhamento das metodologias
projetuais. Verifica-se que, segundo os entrevistados, as empresas A e B possuem
em seu processo de coleção um detalhamento mais abrangente em relação às
empresas C, D e E. A empresa A possui em seu processo nove (09) etapas para o
desenvolvimento de coleção, enquanto que a empresa B detém dez (10) etapas, a
empresa C apresenta seis (06) etapas e as empresas D e E possuem igualmente
sete (07) etapas na metodologia de projeto de coleção. Ressalta-se, a título de
esclarecimento, que as considerações sobre adequação das metodologias projetuais
de moda empregadas pelas academias estão discutidas no item 5.4 - Contribuições
e resultados: análise adequação ao padrão.
141
De acordo com os entrevistados, as cinco (05) empresas analisadas iniciam
igualmente pela fase da pesquisa de tendência, sendo que o responsável pelo
desenvolvimento de coleção da empresa A mencionou a pesquisa de
macrotendência e comportamento, enquanto que os responsáveis das empresas B,
C, D e E apenas mencionaram a realização de pesquisa de tendência. Relativo à
fonte de pesquisa para a coleta de informações, os entrevistados das empresas A e
C comentaram o acesso a partir de bureaux de moda como WGSN, UseFashion e o
Nelly Rodi e viagens internacionais durante o ano. A equipe de desenvolvimento da
empresa B busca as informações sobre tendências de moda com base em blogs,
sites e palestras referente ao assunto. Os respondentes das empresas D e E apenas
informaram que realizam a pesquisa, sem mencionar a fonte.
Com referência à segunda etapa do processo de desenvolvimento da coleção
de moda das empresas A, B e D igualmente utilizam do painel temático, segundo os
entrevistados. Os responsáveis pela empresa C não mencionaram o emprego do
painel temático, porém, mesmo assim, acredita-se que cumpra com essa atividade.
A empresa C estabelece como segunda etapa o próprio desenvolvimento de coleção
de moda, executado através do desenho técnico com especificações. A empresa E,
por produzir suas coleções de forma terceirizada, desenvolve na sua segunda etapa
um briefing de coleção. O painel temático se constitui em uma das informações que
o briefing contém.
Analisando as etapas seguintes, constata-se que as empresas percorrem
caminhos semelhantes. Destaca-se a ausência da utilização do processo de
desenho de moda ou croqui, mencionado por Treptow (2003) em sua metodologia
projetual de moda. Nenhuma das empresas entrevistadas utiliza essa etapa no
desenvolvimento de coleção, e sim o desenho especificado de moda ou desenho
técnico.
Relativo à produção da coleção, os respondentes das empresas B, C e D
citaram que desenvolvem suas peças tanto em empresas terceirizadas quanto na
própria empresa. Reforçando este como procedimento da maioria das empresas
investigadas, o entrevistado da empresa A mencionou que a produção é
desenvolvida internamente e a empresa E produz tudo externamente. As peças
piloto das coleções de todas as empresas são produzidas internamente.
142
O número de modelos desenvolvidos por coleção ficou explícito nas respostas
dos entrevistados das empresas A, B e E. O respondente da empresa A relatou que
trabalha em média com 80 modelos, porém tem alguns modelos que já são
considerados “campões de vendas” e estão presentes em todas as coleções,
apenas sendo adaptados em materiais e cores conforme a estação. A empresa B
trabalha em média com 100 modelos por coleção, de acordo com o entrevistado,
onde cada peça possui sua ramificação como exemplo “vestido que é decote
profundo e saia reta; daí vai ter o vestido que tem o decote profundo e saia rodada;
e o vestido com decote profundo e saia com fenda e tecido diferente”.
(RESPONDENTE DA EMPRESA B). A empresa E trabalha em média com 200
modelos por coleção, informa o responsável pelo desenvolvimento de coleção da
empresa.
Interessante ressaltar que a única empresa que terceiriza a produção em
outro Estado é a empresa C. O respondente relatou que envia suas peças cortadas
para produção em Blumenau/SC, para efetivação dos processos de fechamento e
lavanderia.
O processo de desenvolvimento de coleção da empresa E se destacou por
sua diferenciação entre as cinco (05) empresas analisadas. Infere-se que esta
distinção possa ser atribuída à forma de produção externa das coleções,
sustentadas por um briefing criado internamente. A empresa E possui dez (10)
fornecedores de produção e o entrevistado reconhece que com essa terceirização
de serviço a Unidade de estilo da coleção fica comprometida, conforme transcrição:
Até porque assim... a Unidade tu consegues ter em cima do tema e da cartela de cores, mas não consegue uma Unidade de estilo, porque não é a mesma pessoa que desenvolve, ou a mesmo grupo de pessoas que desenvolvem. Então cada empresa tem sua característica que coloca no produto, a gente consegue porque a gente não tem empresas concorrentes. Então como cada uma tem o seu tipo de produto, a gente consegue dar uma identidade pelo menos para aquele produto. (RESPONDENTE DA EMPRESA E).
Na empresa D, a ficha técnica é desenvolvida apenas após a confecção da
peça piloto e aprovação, antes da produção interna e externa. O entrevistado
demonstrou descontentamento quanto ao processo de utilização da ficha técnica.
143
[...] tipo, as pessoas não têm o habito de ler, é bem isso, não querem ler, não sei fazer, não precisa. E aí, às vezes, na ficha técnica tem indicações que facilitariam para elas o trabalho, minimizariam erros, que como as pessoas não querem ler, isso tu não consegue. (RESPONDENTE DA EMPRESA E).
O gerente de desenvolvimento de coleção da empresa E acredita que se as
pessoas que integram as equipes de produção ou confecção das empresas lessem
as fichas técnicas, minimizariam os erros e os custos dentro da empresa. Essa etapa
mencionada pelo entrevistado da empresa D está presente nas metodologias
projetuais indicadas nos teóricos Treptow (2003) e Montemezzo (2003).
A segunda parte deste capítulo refere-se às questões 12 a 18 do roteiro de
entrevista, iniciando pela pergunta 12, que indagou sobre a importância da
metodologia projetual de moda. A resposta dos entrevistados foi unânime. Todos
acreditam na importância da metodologia projetual de moda, porém devido à rapidez
do mercado, sua aplicabilidade dentro da empresa não é minuciosa, igualmente ao
que se aprende nos cursos de moda. Algumas das respostas dos entrevistados
confirmando a afirmação.
· Empresa C: “Acredito que sim, porque assim, o mercado é diferente. Tem
gente que vai conseguir aplicar, tem gente que não vai conseguir aplicar
tanto. Depende muito, mas eu acredito que é importante sim, para pelo
menos ter um embasamento para saber por onde começar”.
· Empresa D: “Acredito que sim, acredito que isso melhora a qualidade do
produto final”.
· Empresa E: “acho que a gente não consegue tão minucioso como é na
faculdade, porque o tempo de mercado é diferente”.
A questão de número 13 do roteiro de entrevistas questionou a respeito da
teoria e a prática no desenvolvimento de coleção de moda e se existe desconexão
entre a academia e a indústria. Mais uma vez as respostas foram semelhantes e
relacionadas à distância de realidade do ensino a indústria do vestuário. Abaixo
trechos das transcrições que confirma essa informação.
144
· Empresa A: “Acho que existe bastante. Eu sinto muita falta, tipo de algumas
coisas específicas, por exemplo: o processo produtivo. Eu ao menos não
estudei quando aprendi, não tive algo efetivo sobre processo produtivo. Todo
mundo imagina como funciona, mas acho que algum trabalho sobre isso é
muito importante, sabe?”.
· Empresa B: “Acho que sim, é intuitivo, mas nem tanto né? Porque se tu
pensar a gente aprendeu isso. Eu acho que assim, na academia tudo é mais
perfeito, assim, né? Tu vai fazer de acordo... e na vida real, as coisas, como
eu te falei, não funcionam bem assim. Então, às vezes, na academia a gente
não tá preparado para os imprevistos, para essa coisas que acontecem, né?”.
· Empresa C: “Ah existe, existe, existe desconexão, mas eu também não acho
que seja, ‘ah que estejam ensinando errado ou alguma coisa assim’, é porque
realmente né o mercado que a gente tem e o que é apresentado na
faculdade, muda bastante até pra onde tu vai, chão de fábrica ou
desenvolvimento de produto, outro tipo de produto, e eu acho que o mercado
está mudando muito também”.
· Empresa D: “Sim. Bem grande na verdade. Por exemplo, uma coisa que eu
lembro muito do projeto, que era a inspiração. Tipo, as professoras insistiam
que a nossa inspiração, tinha que ser a mais criativa, a mais maluca, que as
peças que a gente desenvolvia tinham que ser totalmente originais, com
modelagens totalmente diferenciadas, não me lembro de nenhuma vez um
professor me questionar em custo, do tipo, precisamos ter um custo
acessível. Gastava-se horrores em uma peça, R$200,00 em um vestido, ou
mais. E tipo, isso eu senti bastante diferença, não é a realidade”.
· Empresa E: “Eu acho que é muito minucioso, muito certinho e no mercado tu
não tem tempo para isso, sabe? Tu não tens lá 6 meses para pesquisar, para
ti desenhar...sabe? Ai montar super temas e cada peça tem um
detalhezinho...não! É muito mais rápido, mais dinâmico e se tu demora muito,
tu não consegue fazer tudo o que tu precisa fazer e tu não entrega o que
precisa entregar”.
145
A pergunta de número 14 aventou sobre um possível estreitamento entre a
teoria e a prática na indústria do vestuário com relação do desenvolvimento de
coleção de moda. Todos os entrevistados acreditam nesta possibilidade, porém
creem que será necessário um esforço significativo de ambas as partes, academia e
indústria, para que esse estreitamento se torne realidade. Comentam que as IES
deveriam introduzir o aluno no mercado de trabalho, assim como ajudar o discente
nos contatos para estágios e também a realizar parcerias com as empresas. Abaixo
trechos das respostas que confirmam essa informação.
· Empresa A: “Acredito, com certeza. Só acho que falta um ajuste. E cada
empresa é um caso, e cada caso é um caso. Tudo tem que ser bem flexível”.
· Empresa B: “Acho que sim, mas cada empresa leva de um jeito, sabe? Aí
fica difícil também pra faculdade, que método usar, sabe? Porque que nem eu
posso fazer de um jeito, a empresa tal faz de outro e a outra empresa faz de
outro. Ai também fica uma loucura né? Acho que pode, mas é um pouco
complicado. Acho que o que falta na faculdade é uma noção da realidade”.
· Empresa C: “Acho que sim, acredito que sim até por meio de... eu só acho
que a parte fraca, essa parte dos estágios curriculares. Talvez ter um pouco
mais de foco nisso, para preparar melhor o profissional para o mercado”.
· Empresa D: “Acho que é possível, mas tem que mudar muito. Uma coisa que
acho que a academia poderia fazer é realmente buscar esse network,
introduzir o aluno um pouco mais, tipo já na faculdade”.
· Empresa E: “Acho que pode ser.... mas acho que tem que.... Acho que a
faculdade tem que entrar mais no mercado, em como o mercado funciona
realmente. Acho que é muito em cima do ideal e o ideal não é o que
acontece”.
A pergunta 15 gira em torno do ensinamento transmitido aos alunos nas
academias, mas que as indústrias não aplicam no dia-a-dia do desenvolvimento de
coleção de moda. O respondente da empresa A emitiu resposta de forma
equivocada ou ocorreu desvio de interpretação não contribuindo para a consecução
dos resultados da pesquisa. Os entrevistados das empresas B e E responderam as
questões a respeito do assunto de metodologia projetual mencionando a
adequabilidade dessa na empresa. O responsável pelo desenvolvimento da
empresa C não lembrou de nenhum ensinamento adquirido na academia que a
146
indústria não utiliza, e o entrevistado a empresa D mencionou a respeito da ficha
técnica, que acredita em sua relevância, porém algumas indústrias não utilizam
corretamente. Abaixo trechos das entrevistas confirmando as informações que,
conforme Marconi e Lakatos (2010) indicam, é recomendável a transcrição.
· Empresa B: “Assim o que eu acho que acaba que, às vezes, a gente tem que
fazer as coisas mais rápidas e tal. A gente não segue muito um método e as
vezes nisso tu se perde, né”?
· Empresa C: “Hm, não..., acho que não... acho que não tem nada..., não me
lembro de nada agora”.
· Empresa D: “Acho que uma coisa, eu entrei aqui na empresa para aplicar, e
a indústria parece que tem uma rejeição é a ficha técnica. Tipo, as pessoas
não têm o habito de ler, é bem isso, não querem ler, não sei fazer, não
precisa”.
· Empresa E: “A metodologia. Só que adequar a metodologia porquê... hoje
aqui eu consigo porque eu determino. Mas tem empresas que elas não
querem que tenha uma metodologia. Então até questão de criação sabe...
uma coisa assim... a gente sabe que não é tudo criado, mas tu precisas do
processo de criação”.
A questão de número 16 perguntava sobre atividades importantes que a
indústria desenvolve e que a academia não ensina. Os respondentes das empresas
B, C e E comentaram a respeito da realidade do mercado, de como funciona o
desenvolvimento de coleção, mencionaram questões relativas a estágios e contato
da academia com a indústria. O representante da empresa A mencionou a respeito
do processo produtivo e o da D a referente ao custo de produção. Abaixo trechos
das transcrições que confirmam essas informações.
· Empresa A: “A questão do processo produtivo, bem importante... Eu sinto
bastante falta dessa área de controle, de negócio mesmo, da empresa como
busines, sabe? ”.
· Empresa B: “Noção da realidade... (risos) ”.
· Empresa C: “Eu acho que a faculdade traz muito glamour, como as coisas
são, acho que não é a realidade, não fica realístico como as coisas
funcionam, como o mercado é exigente”.
147
· Empresa D: “Por exemplo, custos. Pra mim, no meu curso, foi nulo. Tipo, eu
tive uma cadeira de custos, com um professor de engenharia, um senhor bem
simpático, mas tipo, quando chegava na hora, na cadeira de planejamento de
coleção, por exemplo, isso não existia”.
· Empresa E: “Tu não tens uma noção real de como está funcionando. Eu
ainda tive porque comecei a fazer estágio a partir do 3º semestre que era
quando eles liberavam para estagiar e fiz até o último semestre. Então eu
acabei pagando uma ideia do mercado”.
A questão de número 17 perguntou: Quais as contribuições que você
identifica no Desenvolvimento de Coleção de Moda, geradas pelos profissionais com
formação superior nos cursos de Bacharelados em Design de Moda? Visto que a
presente pesquisa selecionou todos os cursos superiores em Moda localizados na
região da Grande Porto Alegre, não somente bacharelados, no momento da
entrevista foi mencionado na questão 17 os cursos de Bacharelados e Tecnólogos
em Design de Moda.
As respostas dos entrevistados referentes à questão 17 foram diferentes.
Para a empresa A o profissional formado em moda não é o fator determinante na
contratação. A empresa B não soube responder questão. A empresa C não
visualizou contribuições e acredita que dependa da vontade das pessoas em serem
bons profissionais. A empresa D mencionou que o profissional com formação em
ensino superior é aberto a mudanças, experimentos e a trazer inovações para
empresa. A empresa E acredita na contribuição a partir da metodologia projetual de
moda. Abaixo trechos emitidos nas entrevistas que reforçam as informações.
· Empresa A: “Na hora de contratar eu sempre vejo a experiência, indicação e
faço uma análise profunda do perfil da pessoa para ver se encaixa com a
minha equipe, e se tem os valores da empresa, porque pra mim isso é bem
importante, pra não distorcer o grupo que a gente já tem”.
· Empresa C: “Não cheguei a visualizar uma contribuição nas duas estagiárias
que contratei, infelizmente, fiquei bem triste. Acho que depende muito das
pessoas, da vontade, do interesse, do porquê que foi fazer moda. Algumas se
tornam profissionais medíocres, querendo ou não está na moda fazer moda”.
148
· Empresa D: “Eu acho que a gente traz esse conhecimento de pesquisa, de
conceito e de público-alvo um pouco mais aprimorado, que eu acho que é
bem interessante. Mas eu acho que tem um potencial pra ter muito mais
coisas. Mas eu percebo que quando a pessoa tem faculdade, bacharelado,
ela é muito mais aberta a experimentar e a testar coisas novas e a trazer
alguma novidade, buscar inovações que permitam a evolução”.
· Empresa E: “A questão da metodologia, a gente precisa, então eu acho que
a metodologia é o que acaba trazendo de melhor do bacharelado”.
A pergunta 18 questionou se o entrevistado gostaria de sugerir, acrescentar
ou modificar algo sobre metodologia projetual de moda que considerasse importante
e que não tinha sido comentando nas entrevistas. O representante da empresa A
falou que já tinha comentado tudo que gostaria. Os representantes das empresas B
e C comentaram a respeito da noção de realidade e o da empresa B da falta de
ajuda da IES em direcionar o aluno para o estágio. O representante da empresa D
citou o enfoque da modelagem no decorrer do curso, e o da empresa E apenas
acredita na importância da presente pesquisa para o início de uma reflexão,
conforme pode ser visto nos trechos retiradas das falas dos entrevistados.
· Empresa A: “Não, a maioria das coisas que eu acho que falta já foi
comentado”.
· Empresa B: “Eu acho que assim... que nem eu falei, muito da noção da
realidade. Eu acho que quando a gente ia fazer estágio, era tão difícil de
conseguir em uma empresa, e a faculdade não ajudava a gente... e eu acho
que isso é muito importante”.
· Empresa C: “Não, acho que a gente falou tudo e mais um pouco do que a
gente acha que deviria ter na metodologia de moda. Mais a realidade, é o que
a gente precisa, não precisamos glamour. A gente quer produção, tem que
produzir. Não adianta ser bonita, tem que dar dinheiro”.
· Empresa D: “Eu acho que, por exemplo, no projeto de coleção seria muito
interessante focar na modelagem. Tipo, as vezes eu tive a impressão, durante
a faculdade, que a modelagem era meio renegada, ou não era importante,
sabe? Tu não precisa fazer, fez as cadeiras e tu pode pular. Eu acho que é
importante, mesmo que tu não vai ser modelista, tu saber modelagem e tu
saber indicar o que tu quer”.
149
· Empresa E: “Não. Acho super importante esse teu trabalho, muito mesmo,
porque acho que ainda falta esse link da academia com a empresa, assim, e
não sei como, acho que não é só com a metodologia, mas acho que tem que
juntar, muito mais assim... obvio que o profissional não vai sair pronto para o
mercado, não é isso, mas sair preparado para o que vai encarar e saber o
que vai encarar”.
O teor desta seção foi constituído pela explanação das análises, reflexões e
comparações a respeito das metodologias projetuais para desenvolvimento de
coleção adotado nas empresas e exposto os relatos relativos às opiniões dos
entrevistados sobre o ensino de desenvolvimento de coleção nas academias e sua
aplicação na prática. O próximo capítulo apresenta o resultado da discussão da
pesquisa, tendo a técnica de Adequação ao Padrão, sugerido por Yin (2001) para o
Estudo de Caso Múltiplo, como suporte para alcançar o objetivo previsto neste
estudo.
5.4 CONTRIBUIÇÕES E RESULTADOS: ANÁLISE ADEQUAÇÃO AO PADRÃO
De acordo com Yin (2001), a técnica para análise de dados que se coaduna
com o Estudo de Caso Múltiplo corresponde à análise de Adequação ao Padrão.
Para cumprir esta tarefa se faz necessária a construção de um padrão, com base na
teoria apresentada, sustentada pela teoria dos autores que discorrem sobre o
assunto metodologia projetual de moda para desenvolvimento de coleção. Os
autores utilizados no desenvolvimento da fundamentação teórica da dissertação em
pauta são: Treptow, 2003; Montemezzo, 2003; Sorger e Udale, 2009; Jones, 2005;
Barcaro, 2008; Renfrew e Renfrew, 2010.
Com o propósito de comparar as metodologias projetuais para o
desenvolvimento de coleção de moda ensinada nas academias (Unidade 1 de
Pesquisa) com as utilizadas nas empresas de vestuário (Unidade 2 de Pesquisa)
selecionadas, após análises das disciplinas de Projeto de Moda das IES, verificou-se
que um dos autores pertencente ao grupo de teóricos selecionados não foi
mencionado, sendo este Barcaro (2008). Em atendimento à proposta desta pesquisa
e na intenção de reforçar sua validade, a metodologia projetual para
desenvolvimento de coleção de Barcaro (2008) foi desconsiderada.
150
Portanto, e na sequência, o Quadro 25 integra o padrão desenvolvido para a
análise dos dados com base nos autores Treptow, 2003; Montemezzo, 2003; Sorger
e Udale, 2009; Jones, 2005; Renfrew e Renfrew, 2010. Este modelo foi construído
pontuando semelhanças e igualdades entre as etapas das metodologias projetuais
de moda, sugeridas pelos cinco (05) teóricos descritos acima. Segundo Yin (2001,
p.136) “se os padrões coincidirem, os resultados podem ajudar o estudo de caso a
reforçar sua validade interna”. (YIN, 2001, p. 136).
Quadro 25: Adequação ao Padrão
Fonte: Elaborado pela autora.
151
Relacionando o padrão desenvolvido com as metodologias projetuais para
desenvolvimento de coleção de moda adotado nas empresas, a primeira etapa que
se destaca é a do Briefing. Como apresentado no Quadro 25, esta fase tem como
finalidade reunir a equipe de desenvolvimento de coleção para a elaboração do
cronograma e discussões a respeito do público-alvo e da estação. Acredita-se que
esta fase seja efetivada nas empresas e considerada uma atividade frequente,
embora não tenha sido comentada nas entrevistas. Essa dedução está
fundamentada nas citações de Treptow (2003), Jones (2005) e Renfrew e Renfrew
(2010) que, em suas metodologias projetuais de moda, sugerem que o Briefing seja
desenvolvido.
Comparando o modelo da Adequação ao Padrão com a metodologia projetual
da empresa A é possível comprovar que são semelhantes. A fase da Pesquisa de
Tendência no modelo padrão apresentado engloba tendências de mercado e moda,
inspiração e painel temático. Na metodologia projetual da empresa A essas etapas
são cumpridas, segundo o entrevistado, porém dividem-se em fases separadas: na
fase 1, pesquisa de macrotendência e comportamento e na fase 2, definição da
temática.
A terceira etapa de desenvolvimento de coleção de moda na empresa A
refere-se à Pesquisa de Produto e leitura das peças que se destacaram nos desfiles.
Esse momento pode ser associado à etapa de pesquisa do modelo padrão. As fases
4 e 5, Pesquisa de Materiais e Parâmetro da Coleção, consecutivamente, são vistos
no padrão, porém em ordem contrária. Na empresa, primeiro se efetiva a pesquisa
de materiais e após o parâmetro de coleção. No modelo padrão, primeiro
desenvolve-se o Parâmetro e a Dimensão da Coleção e depois se efetiva a pesquisa
da matéria-prima. As fases 6 - Desenho Técnico, 7 - Modelagem, 8 - Peça Piloto e 9
- Produção podem ser incluídas nas três últimas etapas do padrão desenvolvido e
considerada nesta pesquisa.
Segundo palavras do responsável pela coleção de moda da empresa B,
proferidas no momento da entrevista, o processo inicia, igualmente, pela fase da
pesquisa, como apresentada na etapa 1 do modelo padrão, cumprindo com a
atividade de inspiração em segundo momento. De acordo com o modelo padrão, a
próxima etapa seria a construção do Mix de Moda e Produto. Porém, na empresa B,
conforme relato do entrevistado, definem-se os modelos e silhuetas já
152
desenvolvendo o desenho técnico, etapa prevista no quinto momento do modelo
padrão. No entanto, outras fases são previstas pela empresa B que não têm
correspondência com o modelo padrão elaborado pela pesquisa: a Definição do
custo, o Preço da peça e o Editorial de Moda.
Durante a entrevista, o respondente da empresa C apresentou o processo
para desenvolvimento de coleção de moda de forma simplificada. Essa empresa
inicia conforme o modelo padrão desenvolvido pela pesquisa de tendências. No
segundo momento da metodologia projetual utilizada pela empresa ocorre o
desenvolvimento de coleção decorrente do desenho técnico de moda. Entende-se
que nesta etapa outras fases sejam desenvolvidas, porém não foram comentadas na
entrevista, como painel temático, mix de moda e produto, pesquisa de materiais,
possibilitando assim o desenvolvimento da coleção como um todo. A falta de
comentário autoriza a considerar que a empresa C não cumpre com a metodologia
projetual de moda conforme modelo padrão estabelecido para a análise.
A empresa D inicia seu processo de desenvolvimento de coleção igualmente
como o modelo estabelecido para esta análise prevê, conforme afirmou o
responsável pelo desenvolvimento de coleção. Porém, percebe-se a ausência das
etapas Mix de Moda e Produto, onde ocorre a definição do parâmetro de coleção e
sua dimensão, pesquisa de materiais, cartela de tecidos, cores e aviamentos. As
outras etapas apresentadas pela empresa D são semelhantes ao modelo padrão
desenvolvido, porém não se considera que a metodologia empregada na empresa
cumpra com etapas previstas no modelo padrão estabelecido pelo presente estudo.
Por ocasião da entrevista, o responsável pela confecção de moda da empresa
E reconheceu que essa desenvolve toda a coleção a partir de fornecedores de
produção. Por ter um sistema de desenvolvimento diferente do que as outras
empresas analisadas constata-se a dessemelhança do seu processo com o modelo
padrão estabelecido por esta pesquisa.
Após as análises verifica-se que as metodologias projetuais para o
desenvolvimento de coleção de moda adotadas nas empresas possuem semelhança
com o modelo padrão desenvolvido, com base nos teóricos selecionados para o
presente estudo. No entanto, considerando a análise dos dados levantados é
possível afirmar que os processos metodológicos estabelecidos pelas empresas não
equivalem totalmente às etapas sugeridas pelos teóricos indicados nas disciplinas
153
de Projeto de Moda das IES selecionadas e que constam do modelo padrão
elaborado por esta pesquisa. Infere-se que a rapidez com que ocorrem mudanças
nas necessidades e desejos do consumidor no mercado de moda, como
mencionando em entrevistas de responsáveis pela coleção de moda das empresas
que participaram da amostra, seja um dos motivos que poderia justificar essa
diferença. As considerações de Solomon (2011), sobre a rapidez no mercado da
moda, fundamentam a afirmação referida.
Na sequência e a título de fechamento deste estudo, a próxima seção está
destinada a apresentar as conclusões obtidas por esta pesquisa, as contribuições
que conseguiu reunir, tanto acadêmicas quanto sociais e pessoais expondo,
inclusive, as dificuldades encontradas para elaborar esta dissertação. Sugere-se,
também, possíveis vieses a serem abordados em novos estudos por futuros
acadêmicos.
154
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A abordagem do tema “A Teoria e a Prática no Desenvolvimento de Coleção
de Moda” constituiu a proposta desta pesquisa, motivada pela percepção do
crescimento que o mercado de moda e o ensino superior obtiveram na área. Outro
fato motivador para a construção deste estudo surge da experiência da autora,
proveniente dos relatos de alunos sobre a desconexão existente entre o aprendizado
e a prática na indústria de vestuário.
Ao chegar nesta fase do desenvolvimento do estudo, cumpre pontuar
algumas evidências a título de fechamento, e não talvez, de encerramento da
pesquisa efetuada. O reconhecimento empírico, com escassos estudos científicos
do contexto, de que possivelmente haja um hiato entre a teoria e a prática para o
desenvolvimento de coleção de moda, motivou a elaboração da hipótese e do
problema de pesquisa.
Metodologicamente, o caminho percorrido seguiu o que foi planejado na
Introdução deste trabalho, fundamentado pelo levantamento dos conhecimentos
teóricos de Jones (2005), Sorger e Udale (2009), Treptow (2003), Montemezzo
(2003), Barcaro (2008), Renfrew e Renfrew (2010). Serviu, a seu tempo, para avaliar
a validade da coleta de dados nos cursos Superiores em Moda e suas metodologias
projetuais das academias da Grande Porto Alegre, no intuito de comprovar a
influência que, por ventura, exerçam sobre o processo de ideação das coleções de
moda, nas indústrias do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul. Do mesmo
modo, sustentou a busca de informações através das entrevistas realizadas com os
responsáveis pela coleção de moda nas empresas participantes deste estudo e deu
origem à formulação do Quadro Modelo Padrão para averiguação das contribuições
acadêmicas, no nível de metodologias projetuais, para a prática de confecção de
moda nas indústrias.
No entanto, os resultados obtidos na análise de dados sobre a técnica de
Adequação ao Padrão demonstraram que, embora as empresas desenvolvam
etapas das metodologias projetuais semelhantes ao modelo elaborado por este
estudo, nenhuma delas se adequa integralmente ao padrão. Portanto, pelo
parâmetro medido por esta pesquisa admite-se a contribuição teórica das academias
selecionadas à prática, nos processos de confecção de moda das empresas.
155
Mesmo constatando um certo descompasso entre os processos sugeridos
pelos teóricos e aproveitados nas empresas, foi confirmado como resultado, por um
dos critérios adotados nesta pesquisa, ou seja, a indicação bibliográfica das
academias que embasou a elaboração do Quadro Adequação ao Padrão, que os
procedimentos de confecção de moda se mostram adequados e de possível
utilização, para cumprir rapidamente às exigências do mercado.
Por meio da comparação entre as etapas dos processos de desenvolvimento
de moda nas indústrias de confecção e o Quadro de Adequação ao Padrão, aplicado
nesta análise, ficou evidente a inadequabilidade entre um e outro, apesar de todas
as empresas utilizarem etapas pertencentes à teoria das metodologias projetuais de
moda ali expressas. A desigualdade se apresenta, acredita-se, pelo motivo de que o
mercado se desenvolve mais rapidamente ao que é ensinado nas academias, como
mencionado em algumas das entrevistas realizadas com os responsáveis pela
coleção de moda das empresas.
A confirmação deste resultado pode ser contemplada no exemplo da
delimitação do tempo. Para desenvolver uma coleção de moda, as IES determinam
que seja confeccionada em um semestre do curso. Ministrada nas disciplinas de
projeto de moda, o alunado recebe a tarefa de confeccionar de dois a três looks de
uma coleção de 15 a 20 modelos. Na indústria do vestuário, uma coleção possui
cerca de 80 a 300 modelos, ou mais, e trabalha com duas coleções por semestre,
pois ao momento em que está nas fases iniciais do processo de desenvolvimento de
coleção, está entregando, juntamente, a coleção da próxima estação.
A rapidez que o mercado exige, faz com que os responsáveis pelo
desenvolvimento de coleção de moda nas empresas sintetize algumas das etapas
aprendidas nos cursos superiores em moda, ou até mesmo as elimine. Caso
contrário, o tempo seria insuficiente e atrasaria a entrega de coleções aos
compradores, causando prejuízo à empresa, como ficou demonstrado pelos
comentários emitidos pelos responsáveis pela coleção de moda nas empresas,
durante as entrevistas.
156
No decorrer da elaboração desta dissertação, alguns impedimentos
obstruíram, mas não impediram o seu andamento normal. Os obstáculos
encontrados referem-se, basicamente, às dificuldades decorrentes da coleta de
dados em duas das Unidades de Pesquisas selecionadas. Na Unidade 1 de
Pesquisa deparou-se com barreira ao acesso às ementas e bibliografias utilizadas
nas disciplinas de Projeto de Moda nos sites das IES. Reafirma-se que esses
documentos, por lei, são considerados de caráter público e sua divulgação é
obrigatória. Porém, em algumas das academias selecionadas não se encontram
disponibilizadas nos sites. As IES selecionadas solicitaram que a coordenadora do
Mestrado em Design da Instituição da pesquisadora entrasse em contato por
telefone e e-mail, com as coordenações dos cursos de moda, solicitando os devidos
documentos, a fim de que o processo de coleta de dados seguisse seu curso. Como
descrito no item 4 “Estudo de Caso Múltiplo”, duas IES entraram no critério de
exclusão por não concederem tais documentos.
Outro entrave encontrado percebeu-se em face da Unidade 2 de Pesquisa,
quanto às respostas dos entrevistados. Houve equívoco no entendimento do
processo metodológico para desenvolvimento de coleção de moda em alguns dos
questionamentos que constam no Roteiro de Entrevistas (Apêndice C) desta
dissertação. Alguns dos entrevistados responderam aos questionamentos de forma
contraditória. Acredita-se que isso possa ter ocorrido por falta de entendimento dos
processos metodológicos (parte integrante da pergunta) ou pelo motivo de o
entrevistado possuir o título superior em Moda há mais de 5 anos e não lembrar de
todas as etapas do processo, como comentado por um dos entrevistados,
responsável pelo desenvolvimento da coleção de moda de uma das empresas
participantes da pesquisa.
Quanto à relação de teóricos que integraram a montagem do Quadro Modelo
Padrão para este estudo, que serviu para comparar as metodologias projetuais das
academias com as desenvolvidas pelas empresas, na prática, o teórico Barcaro
(2008) foi submetido ao critério de exclusão. Constatou-se que este autor não é
sugerido, como bibliografia básica ou complementar, em nenhuma das IES que
fizeram parte da pesquisa. Motivo pelo qual se aplicou a ele o critério excludente.
157
Importa, ainda, considerar a existência de que este estudo contenha lacunas,
uma vez que é impossível preencher todas as vertentes do conhecimento em um
trabalho acadêmico. Uma das possibilidades de continuidade para a presente
pesquisa é perceptível após da realização da análise de dados efetuada. Para
aplicação mercadológica, consideram-se extensas as metodologias projetuais para
desenvolvimento de coleção, devido à rapidez e às exigências do mercado de moda.
Fundamentada nesta constatação, sugere-se estudo da adequação de metodologia
projetual de moda, com processos sintetizados ou reduzidos, direcionada ao
mercado, que possa ser aplicada em produções em grande escala, contribuindo com
os processos da empresa.
Em estudos como os acima sugeridos, acredita-se que seria necessário
segmentar a coleta de dados em empresas de pequeno, médio e grande porte.
Sendo assim, poderiam surgir outros resultados, diferentemente dos encontrados
nesta pesquisa, abordando empresas que utilizem ou não metodologias projetuais
para desenvolvimento de coleção, a partir de seu enquadramento no Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS).
Com os resultados que foram possíveis constatar nesta pesquisa, julga-se
que foram atingidos os objetivos traçados no início desta caminhada e respondido o
problema que deu origem a este estudo. Considera-se que as questões aqui
tratadas sirvam para despertar o interesse, a reflexão e promover discussões a
respeito do tema paralelismo entre a teoria e a prática no desenvolvimento de
coleção de moda, tanto nas academias que oferecem cursos superiores em moda,
quanto na indústria do vestuário. Almeja-se que esta pesquisa se configure como
início de uma profunda discussão, visando uma adequação respeitosa do assunto e
que possa contribuir para o estreitamento das relações entre o ensino de Moda e
sua aplicação no mercado.
158
REFERÊNCIAS
ABIT. Associação Brasileira da Indústria Têxtil. Cartilha Ind. Têxtil e de Confecção brasileira. Disponível em: <http://www.abit.org.br/Publicacao.aspx#23>. Acesso em: 06 jun. 2015. ALMEIDA, Adilson José de. Moda e História. In: WAJNMAN, Solange; ALMEIDA, Adilson José de (Orgs.). Moda, comunicação e cultura. São Paulo: Arte & Ciência, 2005. ANICET, Anne. Design de Vestuário de Moda Contemporânea: Criação Versus Produção. Dissertação (Mestrado em Design e Marketing: área de Especialização Vestuário). Universidade do Minho, Escola de Engenharia, Portugal, 2009. BARCARO, Andrea. Os processos de uma empresa de moda. In: SORCINELLI, Paolo (Org.). Estudar a moda: corpos, vestuários, estratégias. São Paulo: Senac, 2008. BARRIGA VERDE. Disponível em: <http://www.clubedodino.com.br>. Acesso em 15 abr. 2015. BIANCHI, Eliane Maria Pires Giavina; IKEDA, Ana Akemi. Usos e aplicações da Grounded Theory em Administração. Revista Gestão. Org. v. 6, n. 2, p. 231-248, 2008. BORJA DE MOZOTA, Brigitte. Gestão do Design: usando o design para construir valor de marca e inovação corporativa. Porto Alegre: Bookman, 2011. BRAGA, João. História da moda: uma narrativa. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2006. BRASIL, Ministério da Educação e Cultura. Portaria normativa nº 40, de 12 de dezembro de 2007. Disponível em: <http://www2.mec.gov.br/sapiens/portarias/port40.pdf>. Acesso em: 11 maio. 2015.
__________. Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília: Esplanada dos Ministérios, Ministério da Educação. Secretaria da Educação Profissional e Tecnológica. 2010.
__________. Referenciais Curriculares Nacionais dos Cursos de Bacharelados e Licenciatura. Brasília: Ministério da Educação. Secretaria da Educação Superior. MEC/SES, 2010.
BÜRDEK, Bernhard E. Design: história, teoria e prática do design de produtos. 2.ed. São Paulo: Blucher, 2010. CALANCA, Daniela. História social da moda. São Paulo: Senac, 2008.
159
CALDAS, Dario. Observatório de sinais: teoria e prática da pesquisa de tendências. Rio de Janeiro: Senac. 2004. CALLAN, Georgina O’Hara. Enciclopédia da moda. Tradução: Glória Maria de Mello Carvalho, Maria Ignez França. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. CASTELLANI, R. M. Moda ilustrada de A a Z. São Paulo: Manole, 2003. CERVO, A. Luiz; BERVIAN, Pedro A.; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras, 2006. COBRA, Marcos. Marketing de moda. São Paulo: Senac, 2007. COUTO, Rita Maria de Souza. Escritos sobre ensino de Design no Brasil. Rio de Janeiro: Rio Books, 2008. CRESWELL, J. W. W. Projeto de Pesquisa: métodos qualitativos, quantitativos e misto. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. DICIONÁRIO Oxford Escolar: para estudantes brasileiros de inglês. São Paulo: Oxford, 2013. DIOR COUTURE. Disponível em: <http://goo.gl/dO61Ns>. Acesso em: 26 maio. 2015. DITREVI. Disponível em: <http://www.ditrevijeans.com.br/w15/>. Acesso em: 15 abr. 2015. FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 5.ed. São Paulo: Saraiva, 2006. FEGHALI, Marta Kasznar; DWYER, Daniela. As engrenagens da moda. 2.ed.rev. e atualizada. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2010. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 7. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. FIORINI, Verónica. Design de Moda: abordagens conceituais e metodológicas. In: PIRES, Dorotéia B. (Org.). Design de Moda: olhares diversos. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2008. FLICK, Uwe. Desenho de pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002. _________. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2008.
160
GOMES, M. J. (2005). Blogs: um recurso e uma estratégia educativa. In: Actas do VII Simpósio Internacional de Informática Educativa, SIIE, pp. 305-311. GRUMBACH, D. Histórias da Moda. São Paulo: Cosac & Naify, 2009. INSTERNATIONAL COUNCIL OF SOCIETIES OF INDUSTRIAL DESIGN – ICSID. Disponível em: http://www.icsid.org/about/about/articles31.htm. Acesso em: 07 jul. 2015. INSTITUTO de Estudos e Marketing Industrial – IEMI. Disponível em: <http://www.iemi.com.br/category/na_midia/>. Acesso em: 06 jun. 2015. JOFFILY, Ruth. O Brasil tem estilo? Rio de Janeiro: Senac Nacional, 1999. JONES, Sue Jenkyn. Fashion design - manual do estilista. 2.ed. São Paulo: Cosac Naify, 2005. KOTLER, Philip. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. KRIPPENDORFF, K. The semantic turn. A new foundation for design. Boca Raton: Taylor & Francis, 2006. LIPOVETSKY, Gilles. Império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. LIZIANE RICHTER. Disponível em: <http://www.lizianerichter.com.br>. Acesso em: 15 abr. 2015. MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria; Fundamentos de metodologia científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2010. _________ Técnicas de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1999. _________. Metodologia científica. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2006. MARINHO, Mª Gabriela S.M.C. Ensino superior de Moda: condicionantes sociais e institucionalização acadêmica em São Paulo. Uma abordagem Histórica. In: WAJNMAN, Solange; ALMEIDA, Adilson José (Orgs.). Moda, comunicação e Cultura. São Paulo: Arte & Ciência, 2005. MATHARU, Gurmit. O que é Design de Moda? Porto Alegre: Bookman, 2011. MISS BLUE. Disponível em: <http://www.missblue.com.br> Acesso em: 15 abr. 2015. MONTEMEZZO, Maria C. F. S. Diretrizes metodológicas para o projeto de produtos de moda no âmbito acadêmico. Dissertação (Mestrado em Desenho Industrial) – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2003.
161
NEUMEIER, Marty. A empresa orientada pelo design. Porto Alegre: Bookman, 2010. PIRES, Dorotéia B. A história dos cursos de design de moda no Brasil. In: Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, 5, 2002, Brasília, DF. Anais... Brasília: Fundação Universidade de Brasília, 2002. p. 1935-1943. 6 v. _________. A história dos cursos de design de moda no Brasil. In. Revista Nexos: Estudos em Comunicação e Educação. Especial Moda/Universidade Anhembi Morumbi. Ano VI, nº 9. São Paulo: Editora Anhembi Morumbi. 2002. 112 p. ISNN 14115-3610. PITT JEANS. Disponível em: <http://www.pitt.com.br>. Acesso em: 15 abr. 2015. RENFREW, Elinor; RENFREW, Colin. Desenvolvendo uma coleção. Porto Alegre: Bookman, 2010. SABINO, Marco. Dicionário da Moda. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. SANCHES, Maria C. de F. Projetando moda: diretrizes para a concepção de produtos. In: PIRES, Dorotéia B. (Org.). Design de Moda: olhares diversos. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2008. SCHNEIDER, Ana Sofia; SCHEMES, Claudia; ARAUJO, Denise Castilhos. O consumidor de Moda no Rio Grande do Sul: características e percepções. In: Modapalavra. e-periódico. Ano 2, n.3, jan-jul 2009, pp.13-34. ISSN 1982-615x. SEIVEWRIGHT, S. Fundamentos de Design de Moda: pesquisa e design. Porto Alegre: Bookman, 2009. SILVA, Angela A. Gimenes; VALENCIA, Mª Cristina Palhares. História da Moda: da idade média à contemporaneidade do acervo bibliográfico do Senac – Campus Santo Amaro. In: Revista Crb-8 Digital. V.1, n.5. p.102-112. São Paulo, 2012. SOLOMON, Michael R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 9.ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. SORCINELLI, P (Org.). Estudar a Moda: corpos, vestuários e estratégias. São Paulo: Senac/SP, 2008. SORGER, Richard; UDALE, Jenny. Fundamentos de design de moda. Porto Alegre: Bookman Companhia, 2009. SOUZA, Cyntia Santos Malaguti de; NEIRA, Luz García; BASTIAN, Winnie. Regulação do ensino do Design de Moda: para quem? São Paulo: Senac, 2010. SOUZA, Gilda de Mello e. O espírito das roupas: a moda no século dezenove. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
162
STRAUSS A.; CORBIN, J. Basic of Qualitative Research: grounded theory procedures and techniques. London: Sage Publications, 1990. SVENDSEN, Lars. Moda: uma filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2010. THE RED LIST. Cristobal Balenciaga 1985-1972. Disponível em: <http://theredlist.com/>. Acesso em: 28 jul. 2015. TREPTOW, Doris. Inventando moda: planejamento de coleção. 3.ed. Brusque: Ed. do Autor, 2003. USEFASHION. Glossário de Moda. Disponível em: <http://glossario.usefashion.com/Verbetes.aspx?IdIndice=8&PalavraChave=homewear&IdVerbete=508>. Acesso em: 06 jun. 2015. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
163
APÊNDICE A – MODELO DE AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA PARA
USO DE DADOS.
TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA
Eu, _________________, RG nº ______________, CPF nº ______________, Sócio/proprietário da empresa ________________________, localizada na Av. ________________________ no município de Porto Alegre/RS, declaro para os devidos fins e a quem possa interessar, que autorizo a realização de entrevistas em nossa empresa com a participação de nossa funcionária na pesquisa que faz parte da dissertação sob o título “A TEORIA E A PRÁTICA NO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE MODA: estudo de caso em empresas de vestuário na Grande Porto Alegre”, do Programa de Mestrado em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), tendo como orientadora e Pesquisadora Responsável a Professora Dra. Carla Pantoja Giuliano e a Pesquisadora Assistente a aluna Renata Pedron, RG nº 5088112619, CPF nº 00513588086. O Comitê de Ética em Pesquisa da UniRitter (CEP/UniRitter), responsável pela apreciação do referido Projeto de Pesquisa, pode ser consultado a qualquer momento, para fins de esclarecimento, por meio do número de telefone: (51) 3092.5699 - Ramal 9024 ou do endereço eletrônico (e-mail): [email protected]. Porto Alegre, ___ de abril de 2015. ____________________________________ Nome do sócio/proprietário (diretor) Cargo: Rg: Cpf:
164
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
A TEORIA E PRÁTICA NO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE MODA: estudo de caso em empresas de vestuário no Estado do Rio Grande do Sul.
VOCÊ está sendo CONVIDADO a participar de uma pesquisa desenvolvida por Renata Pedron, aluna do Programa de Mestrado em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter. O Pesquisador Responsável pela pesquisa é a Prof. Dra. Carla Pantoja Giuliano.
I. Tendo em vista que a moda tem evidenciado importância crescente quando se trata do contexto dos negócios contemporâneos no Brasil e no mundo, o presente projeto de pesquisa para dissertação de Mestrado em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis, objetiva: identificar as contribuições que as metodologias projetuais desenvolvidas nas academias da Grande Porto Alegre, nos cursos Superiores em Moda e que compõem as disciplinas de projeto, exercem no desenvolvimento de coleções nas indústrias do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul.
II. Para tanto serão realizadas entrevistas semiestruturadas, com os responsáveis pelo desenvolvimento de coleção das empresas presentes neste estudo, compondo cinco (05) empresas do segmento de vestuário, localizadas no Rio Grande do Sul.
III. Esta pesquisa não oferece risco físico aos participantes. Será possível o participante se sentir constrangido para responder alguma pergunta durante a entrevista, mas será respeitado caso não queira respondê-la. Suas identidades e informações coletadas serão protegidos com a responsabilidade dos pesquisadores.
IV. Com este estudo, talvez seja possível despertar o interesse dos envolvidos na questão da adequação do paralelismo entre a teoria e a prática do desenvolvimento de produto de moda, tanto na área acadêmica quanto mercadológica, contribuindo para o estreitamento das relações entre o ensino de Design de Moda e sua aplicação no mercado.
V. As informações coletadas serão utilizadas apenas para a contribuição desta pesquisa, não havendo qualquer outro fim.
VI. Esta pesquisa é financiada com recursos do pesquisador e com apoio através da concessão de bolsa de estudo Taxa, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Centro Universitário Ritter dos Reis.
Pelo presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, declaro que autorizo a minha participação neste projeto de pesquisa, pois fui informado, de forma clara e detalhada e livre de qualquer forma de constrangimento ou coerção, dos objetivos, da justificativa, dos procedimentos que serei submetido, dos riscos, desconfortos e benefícios, assim como das alternativas às quais poderia ser submetido, todos acima listados.
Manifesto, igualmente, que fui adequadamente informado: 1. Da garantia de receber resposta à pergunta ou esclarecimento de dúvida acerca dos procedimentos, riscos,
benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa; 2. Da liberdade de retirar meu consentimento, a qualquer momento, e deixar de participar do estudo; 3. Da garantia de que não serei identificado quando da divulgação dos resultados e que as informações obtidas
serão utilizadas apenas para fins científicos vinculados ao presente projeto de pesquisa; 4. De que os dados que estão sendo coletados serão acessados apenas pelos pesquisadores Renata Pedron e
Carla Pantoja Giuliano e utilizadas por este grupo de pesquisa; e 5. Do compromisso de proporcionar informação atualizada obtida durante o estudo, ainda que esta possa afetar
a minha vontade em continuar participando;
O Pesquisador Responsável por este Projeto de Pesquisa é a professora Drª Carla Pantoja Giuliano. Você pode entrar em contato, caso tenha eventuais dúvidas, pelo telefone (051) 8106.6958 ou pelo e-mail [email protected].
O presente documento deve ser assinado em duas vias de igual teor, ficando uma com o Participante da Pesquisa ou seu representante legal e outra com o Pesquisador Responsável.
O Comitê de Ética em Pesquisa da UniRitter (CEP/UniRitter), responsável pela apreciação do referido Projeto de Pesquisa, pode ser consultado a qualquer momento, para fins de esclarecimento, por meio do número de telefone: (51) 3092.5699 - Ramal 9024 ou do endereço eletrônico (e-mail): [email protected].
Data __ / __ / ____ __________________________________ Pesquisador Responsável CARLA PANTOJA GIULIANO __________________________________ Pesquisador Assistente REANATA PEDRON __________________________________ Assinatura do Participante
165
APÊNDICE C - ROTEIRO DE ENTREVISTA
Título da Pesquisa: A TEORIA E A PRÁTICA NO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE
MODA: estudo de caso em empresas de vestuário no Estado do Rio Grande do Sul.
Pesquisadora Responsável: Drª Carla Pantoja Giuliano Pesquisadora Assistente: Renata Pedron
COLETA DE DADOS ROTEIRO SEMIESTRUTURADO DE ENTREVISTA33
Prezada (o),
A entrevista proposta é um dos instrumentos de coleta de dados
da pesquisa intitulada A teoria e a prática no desenvolvimento de coleção de moda: estudo de caso em empresas de vestuário no Estado do Rio Grande do Sul.
A realização da pesquisa é parte do projeto de Mestrado em
Design do Centro Universitário Ritter dos Reis (UNIRITTER). Seu aporte será significativo para o alcance do objetivo desta pesquisa, que é identificar as contribuições que as metodologias projetuais desenvolvidas nas academias da Grande Porto Alegre, nos cursos Superiores em Moda e que compõem as disciplinas de projeto, exercem no desenvolvimento de coleções nas indústrias do vestuário no Estado do Rio Grande do Sul.
Sua participação é voluntária, e a qualquer momento você poderá
se desvincular da mesma. Seu nome será preservado em sigilo, sendo identificado por um código no trabalho final.
33Este documento é de uso exclusivo dos pesquisadores referente a pesquisa de Mestrado em Design do UniRitter – 2014/2015.
166
IDENTIFICAÇÃO (Este instrumento será acessado apenas pela pesquisadora responsável e pesquisadora assistente. Será mantida a discrição das informações e os entrevistados serão identificados por letras). Entrevistado: Responsáveis pelo desenvolvimento de coleção da empresa de vestuário A.
1. Qual o nicho de mercado que a empresa atua? ( ) Feminino ( ) Masculino ( ) Infantil
2. Qual a faixa etária do público-alvo que a empresa atende?
3. Qual o estilo de moda que a empresa trabalha?
4. Há quanto tempo a empresa está em atividade no mercado de vestuário?
5. Qual a sua formação? Qual Instituição de Ensino?
6. Há quanto tempo você trabalha nesta empresa?
7. Você possui uma equipe para o desenvolvimento de coleção de moda?
8. Quantos profissionais integram sua equipe?
9. Todos possuem formação relacionadas a Design de Moda?
10. Em quais Instituições de Ensino?
11. Qual a Metodologia Projetual utilizada para o desenvolvimento de coleção que a empresa adota?
12. Acredita ser importante uma Metodologia Projetual de Moda?
13. Qual a sua opinião entre a metodologia de ensino para projeto de moda nas Instituições de Ensino Superior e a praticada na indústria de vestuário? Existe uma desconexão?
14. Você acredita na possibilidade de estreitamento de teoria e prática entre academia e indústria para o desenvolvimento de coleção?
15. O que você considera importante que as Instituições de Ensino Superior ensinam relativo a Metodologia Projetual de Moda que a indústria não utiliza?
16. O que você considera importante que a indústria desenvolve relativo a Metodologia Projetual de Moda que a academia não ensina?
17. Quais as contribuições que você identifica no Desenvolvimento de Coleção de Moda,
geradas pelos profissionais com formação superior nos cursos de Bacharelados em Design de Moda?
18. Você gostaria de sugerir, acrescentar ou modificar algo sobre Metodologia Projetual
de Moda que você considera importante e que não foi comentado nesta entrevista?
167
APÊNDICE D – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
168
169
170