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0 MESTRADO EM DESIGN EVERTON TAKAHAMA DA SILVEIRA UMA ANÁLISE SOBRE O USO DE INDICADORES DE DESEMPENHO NO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS GRÁFICOS Porto Alegre 2015

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MESTRADO EM DESIGN

EVERTON TAKAHAMA DA SILVEIRA

UMA ANÁLISE SOBRE O USO DE INDICADORES DE DESEMPENHO

NO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS GRÁFICOS

Porto Alegre

2015

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EVERTON TAKAHAMA DA SILVEIRA

UMA ANÁLISE SOBRE O USO DE INDICADORES DE DESEMPENHO

NO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS GRÁFICOS

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Design do Centro

Universitário Ritter dos Reis – UniRitter,

como requisito parcial à obtenção do título

de Mestre em Design, na modalidade

acadêmica na linha de pesquisa de

Design e Inovação.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Fabiane Wolff

Porto Alegre

2015

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S587u Silveira, Everton Takahama da.

Uma análise sobre o uso de indicadores de desempenho no desenvolvimento de projetos gráficos / Everton Takahama da Silveira. – 2015.

86 f.: il ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Centro Universitário Ritter dos Reis, Faculdade de Design, Porto Alegre, 2015.

Orientador: Prof. Dra. Fabiane Wolff.

1. Design. 2. Gestão de Design. 3. Design Gráfico. 4. Projeto de produto. I. Título. II. Wolff, Fabiane.

CDU 655

Ficha catalográfica elaborada no Setor de Processamento Técnico da Biblioteca

Dr. Romeu Ritter dos Reis

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EVERTON TAKAHAMA DA SILVEIRA

UMA ANÁLISE SOBRE O USO DE INDICADORES DE DESEMPENHO

NO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS GRÁFICOS

Dissertação de mestrado defendida e aprovada como requisito parcial à obtenção do

título de Mestre em Design pela banca examinadora constituída por:

___________________________________________________

Prof. Dr. Maurício Moreira e Silva Bernardes - UFRGS

___________________________________________________

Prof. Dr. Vinícius Gadis Ribeiro - UniRitter

___________________________________________________

Orientadora Prof.ª Dr.ª Fabiane Wolff - UniRitter

Porto Alegre

2015

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Dedico este trabalho aos meus irmãos,

Igor e Fabiano Takahama da Silveira

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Elton Versi da Silveira e

Silvia Takahama da Silveira, por apoiarem

minha volta aos estudos depois de mais

de 10 anos de graduado.

À minha orientadora, Fabiane Wolff, pelas

sugestões e direcionamentos da

pesquisa, assim como pela confiança e

paciência.

Aos meus amigos e futuros mestres Diego

Jucá e Karine Chitolina, pelo apoio e

incentivo.

Aos meus ex-colegas de mestrado Nicele

Branda e Marioara Feijó, também pelo

incentivo.

Aos entrevistados, pela disposição e

colaboração com esta pesquisa.

E às demais pessoas que, de uma forma

ou outra, contribuíram para este estudo,

meu sincero agradecimento.

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RESUMO

Os indicadores de desempenho auxiliam as empresas a monitorar, supervisionar e mensurar seus processos internos; controlar o planejamento estratégico, entender seu cenário, estabelecer prioridades, identificar problemas e apontar melhorias; são também parte de uma adequada gestão de design. A presente pesquisa tem como objetivo analisar a utilização de indicadores de desempenho na atividade de design dos escritórios de design gráfico, identificando quais são os indicadores de desempenho utilizados durante o processo de desenvolvimento dos projetos de design gráfico; como os indicadores de desempenho auxiliam e contribuem para o controle e o desenvolvimento dos projetos; e quais são os critérios adotados pelos escritórios para a escolha/seleção dos indicadores de desempenho. Para atender a esses objetivos, foi realizada uma pesquisa qualitativa com quatro empresas de design, que desenvolvem projetos de design gráfico, da cidade de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul. Os resultados mostram que os gestores e os coordenadores entendem a importância do uso de indicadores de desempenho na atividade de design e que sua aplicação pode auxiliar as empresas a monitorarem seus processos, contribuindo para a cultura organizacional. Foram utilizados pelos entrevistados os indicadores de vendas, de faturamento, de tempo, de finanças, de aprovação, de resultados e de pesquisa e satisfação. Palavras-chave: Indicadores de desempenho para design gráfico. Gestão de Design. Estratégias de Design.

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ABSTRACT

Performance indicators help organizations to monitor, supervise and measure their internal processes. They also contribute to control the strategic planning, understand scenarios, set priorities, identify problems, point out improvements, and they are also part of a suitable design management. This research aims at analyzing the use of performance indicators in the design activity of graphic design offices, identifying what are the performance indicators used during the development process of graphic design projects; how the performance indicators contribute to the control and the development of projects; and what are the criteria adopted by the offices to select the performance indicators. To meet these objectives, a qualitative research was carried out in four design companies that develop graphic design projects, in Porto Alegre, Rio Grande do Sul. The results show that managers and coordinators understand the importance of using performance indicators in design activity, and that its use can help organizations to monitor their processes, contributing to organizational culture. The indicators of sales, billing, time, finances, approval, results, research quality and satisfaction were used by the interviewees.

Keywords: Performance indicators for graphic design. Design Management. Design Strategies.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Método ...................................................................................................... 19

Figura 2 - Visão Sistêmica da Medição de Desempenho ......................................... 26

Figura 3 - Modelo conceitual de gestão de design .................................................... 34

Figura 4 - Modelo de congruência ............................................................................. 36

Figura 5 - Empresas, indicadores de desempenho e gestão de design ................... 37

Figura 6 - Indicadores de projetos x indicadores utilizados pelas empresas ............ 72

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Autores .................................................................................................... 20

Quadro 2 - Os objetivos da medição de desempenho .............................................. 27

Quadro 3 - Modelos de medição de desempenho .................................................... 29

Quadro 4 - BSC para um gestor de design ............................................................... 30

Quadro 5 - Perfil das amostras ................................................................................. 46

Quadro 6 - Perfil das empresas ................................................................................ 50

Quadro 7 - Organização e processos ....................................................................... 60

Quadro 8 - Comparativo das metodologias de design das empresas ...................... 61

Quadro 9 - Indicadores de desempenho ................................................................... 68

Quadro 10 - Fatores de desempenho para a competitividade .................................. 70

Quadro 11 - Indicadores de desempenho – classificação ........................................ 74

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação das empresas .................................................................... 22

Tabela 2 - Pesquisa de artigos publicados nos anais do P&D .................................. 40

Tabela 3 - Pesquisa de artigos publicados no DMI Review ...................................... 42

Tabela 4 - Pesquisa de artigos publicados na Design Studies ................................. 43

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SIGLAS

BSC Balance Scorecard

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CPI Cost Performance Index

DMI Design Management Institute

KPI Key Performance Indicators

KPQ Key Performance Questions

P&D Congresso de Pesquisa e Desenvolvimento em Design

ROI Return of Investment

SAGD Sistemática de Avaliação da Gestão do Design

SEBRAE Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SPI Schedule Performance Index

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 16

1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................. 16

1.1.2 Objetivos específicos .................................................................................... 16

1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 16

2 MÉTODO ................................................................................................................ 19

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 24

3.1 INDICADORES DE DESEMPENHO ................................................................... 24

3.2 GESTÃO DE DESIGN ......................................................................................... 32

3.3 SOBRE A PUBLICAÇÃO EM GESTÃO DE DESIGN E INDICADORES DE

DESEMPENHO ......................................................................................................... 39

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 45

4.1 PERFIL DA AMOSTRA ....................................................................................... 45

4.2 ORGANIZAÇÃO E PROCESSOS ....................................................................... 52

4.3 INDICADORES DE DESEMPENHO ................................................................... 62

5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 69

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 75

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 78

APÊNDICE A - Parecer de Aprovação do CEP ..................................................... 83

APÊNDICE B - Roteiro..............................................................................................86

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1 INTRODUÇÃO

As empresas de design de sucesso, na visão de Borja de Mozota (2011), se

diferenciam pela especialização, pela globalização ou por criar ferramentas

específicas para gestão de projetos, mantendo um alto nível de excelência em

gestão e construindo uma reputação de especialistas. O diferencial entre as

empresas de design é promovido por seus processos1 únicos de design e pelos

métodos criativos, ambos integrantes de suas competências centrais, responsáveis

por uma maior ou menor competitividade em suas áreas de atuação.

Competitividade, na visão de Müller (2003), significa atender, ao mesmo

tempo, as exigências de mercado e clientes mais os requisitos internos da empresa

– é a soma do conjunto dos fatores competitivos mais os objetivos estratégicos.

Nesse sentido, Best (2012) coloca que gerenciar a atividade de design para que as

empresas tenham um resultado positivo e uma visão geral em relação a todos os

contextos (internos e externos), disciplinas, funções, relações e conexões é um dos

principais desafios encarados por quem trabalha com design, para as empresas e

para a indústria criativa.

Nesse contexto, a gestão de design passa a ser um diferencial competitivo;

para as empresas obterem destaque em seus segmentos de produtos e/ou serviços,

devem possuir uma posição definida e reconhecida pelo mercado. Conduzir

qualquer produto, serviço, experiência ao mercado, de acordo com Best (2012),

necessita da contribuição e apoio de toda a equipe com suas habilidades,

competências, conhecimentos e domínios diferentes; e a forma como é gerenciada

essas pessoas, processos e projetos pode contribuir definitivamente para o sucesso,

ou fracasso, do produto final.

Segundo Wolf (1998), a gestão de design auxilia no planejamento e na

coordenação dos valores e objetivos empresarias determinados pela estratégia, na

motivação da equipe (empregados) e no controle dos trabalhos, assegurando que se

cumpram os objetivos, prazos e custos planejados. Para monitorar, portanto, o

desempenho organizacional das empresas, é necessário ter métricas e/ou

1Processo – refere-se ao conjunto de ações e etapas de desenvolvimento que visam a atingir

progressivamente determinado resultado final; podem ser padronizados, customizados ou dinâmicos. BEST, K. Fundamentos de Gestão do Design. Porto Alegre: Bookman, 2012.

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indicadores de desempenho para mensurar e analisar os resultados obtidos, atesta

Robbins (2000).

Para a Fundação Prêmio Nacional de Qualidade (1994), os indicadores de

desempenho correspondem a uma relação matemática que mede atributos de um

processo ou seus resultados, apresentando os valores para serem avaliados e

comparados às metas estabelecidas. De acordo com Best (2012), as medidas (ou

métricas) de desempenho são um mecanismo interno que as empresas utilizam a

fim de atingir e/ou superar os objetivos e metas definidos, assim como são utilizadas

para revelar a eficiência e eficácia dos orçamentos. De maneira complementar, Bond

(1999) refere que a medição de desempenho pode ajudar a identificar o que está

acontecendo com a performance da empresa, contextualizar a situação atual e

indicar quais ações devem ser aplicadas. As decisões e ações, na visão de Neely

(1998), podem ser guiadas através de um sistema de medição de desempenho, uma

vez que esse esquema quantifica a eficiência e eficácia das ações passadas por

meio de coleta, exame, classificação, análise, interpretação e disseminação dos

dados adequados. Complementando, para Sink e Tuttle (1993), a avaliação de

desempenho é definida como um processo que ordena os padrões, as

especificações, os requisitos, os valores ou julgamentos para indicar o grau de

satisfação às necessidades e expectativas dos clientes e processos; gerando um

feedback2 sobre oportunidades de melhoria dentro dos processos da empresa.

Müller (2003) pondera que existe um cenário de amadurecimento da área de

projetos devido ao crescimento elevado dos cursos de pós-graduação na área, de

publicações recentes, das certificações; mas, por outro lado, ainda existem lacunas

que necessitam de ação imediata (dos designers, dos gestores de projetos, dos

administradores, entre outros), com foco para os indicadores de desempenho.

Segundo ele, existe uma forte desconfiança de que o sucesso de uma empresa está

relacionado com a estratégia, indicadores e processos, uma vez que deveria existir

uma conexão entre o sistema de avaliação de performance, objetivos e processos,

confrontando o desempenho alcançado com aquele previsto.

Portanto, para que os designers e os gestores atuem de forma imediata, é

necessário, segundo Neely (1998), utilizar os indicadores de desempenho como

ferramenta do processo de gestão de design, contribuindo dessa maneira para a

2Feedback – resposta, retorno [tradução nossa]. SIGNIFICADOS.com. Feedback. 2015. Disponível

em: <http://www.significados.com.br/feedback/>. Acesso em: 29 mai. 2015.

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eficiência dos projetos. Bond (1999) complementa que os indicadores estimulam que

os profissionais da área – designers – possam organizar todas as etapas do

processo e os seus gargalos; futuras análises e definições de critérios para as

avaliações das respectivas metodologias e processos – ou seja, que os escritórios

possam mensurar corretamente os custos dos seus projetos. Dessa forma, a

utilização de indicadores de desempenho é necessária para o gerenciamento de

projetos e para o efetivo acompanhamento e tomada de decisões (MÜLLER, 2003).

O presente trabalho tem como foco principal analisar a utilização de

indicadores de desempenho no desenvolvimento dos projetos de design gráfico, sua

contribuição para a organização da empresa e os resultados obtidos através do seu

uso. A questão de pesquisa que guiará o estudo é este: como a utilização dos

indicadores de desempenho pode contribuir para o desenvolvimento de projetos

gráficos nas empresas de design da cidade de Porto Alegre (RS)?

Desenvolve-se essa pesquisa através de um estudo exploratório em quatro

empresas de design gráfico de pequeno porte do estado do Rio Grande do Sul.

Nesse enfoque, propõe-se uma pesquisa qualitativa com profissionais das equipes

de design gráfico dos escritórios selecionados por conveniência e julgamento, sendo

que o critério de seleção utilizado foi a classificação das empresas quanto ao porte

(número de empregados), procurando estabelecer relação com o referencial teórico,

desenvolvido a partir de uma revisão bibliográfica e de uma análise sistemática das

publicações nacionais e internacionais, principalmente de artigos.

Não existe neste trabalho a pretensão ou objetivo de se criar modelos ou

indicadores de desempenho para os projetos de design gráfico. Também, não foi

aprofundado o estudo em relação à gestão de projetos e à gestão de competências.

Foi feita uma análise acerca de se as empresas, de um modo geral, utilizam os

indicadores para avaliar o desenvolvimento de seus projetos, além de acompanhar e

mensurar os resultados após o seu encerramento e apontar quais são os

indicadores de desempenho utilizados pelas empresas entrevistadas.

O trabalho foi estruturado em seis capítulos. No capítulo 1, encontra-se a

introdução, objetivos, justificativa e delimitação do tema. Já o capítulo 2 consiste na

descrição do método usado para o desenvolvimento deste trabalho. No capítulo 3,

está a fundamentação teórica. No capítulo 4, estão apresentados os resultados das

entrevistas nas empresas de design gráfico por meio da categorização dos dados.

No capítulo 5, encontra-se a discussão relacionando a revisão bibliográfica com os

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resultados das entrevistas. No capítulo 6, estão apresentadas as considerações

finais a partir dos resultados e dos dados objetivos das etapas anteriores.

1.1 OBJETIVOS

Os objetivos desta pesquisa dividem-se em geral e específicos.

1.1.1 Objetivo geral

Analisar a utilização de indicadores de desempenho na atividade de design

dos escritórios de design gráfico.

1.1.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos estabelecidos para este trabalho são os seguintes:

(a) identificar quais são os indicadores de desempenho utilizados durante o

processo de desenvolvimento dos projetos de design gráfico;

(b) verificar como os indicadores de desempenho auxiliam e contribuem para

o controle e desenvolvimento dos projetos de design gráfico;

(c) identificar quais são os critérios adotados pelos escritórios para a

escolha/seleção dos indicadores de desempenho;

(d) identificar os atores do processo, suas atuações, e a mecânica do uso de

indicadores de desempenho.

1.2 JUSTIFICATIVA

O mercado consumidor está exigindo cada vez mais que os serviços

prestados sejam eficientes e certeiros na questão da resolução de determinados

problemas; e no design não é diferente. Não basta somente trabalhar a estética e a

funcionalidade; deve existir planejamento estratégico, metodologias, processos e

uma gestão de design que acompanhe todas as etapas do projeto, inclusive o pós-

venda. Nesse cenário, para que as empresas de design sejam eficientes e eficazes

na resolução dos problemas de seus clientes, é indispensável o uso de indicadores

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de desempenho para monitorar os processos e a tomada de decisões. (ROBBINS,

2000; NEELY E BOURNE, 2003).

Borja de Mozota (2011), assim como Best (2012), afirma que medir o valor do

design, além de importante, constitui tarefa complexa e difícil, uma vez que não

existem instrumentos próprios para isso; os resultados ocorrem em médio e longo

prazos, não instantaneamente, e isolar a contribuição do design é muito difícil. Os

gestores de design, assim como os próprios designers, devem desenvolver formas

de medir o desempenho e buscar ferramentas em outras áreas de conhecimento –

como marketing e administração – para adaptá-las à sua realidade, sempre de

acordo com a estratégia empresarial. A medição de desempenho, segundo Costa,

Formoso e Lantelme (2002), vem sendo considerada um elemento essencial para o

gerenciamento das empresas, ativando um gradual interesse por parte da indústria e

da comunidade acadêmica.

A utilização de indicadores de desempenho, segundo Harrington (1993),

poderá auxiliar as empresas a (a) entender o cenário atual da empresa, permitindo

atingir as metas estabelecidas no planejamento estratégico; (b) mensurar

efetivamente os resultados dos projetos; (c) avaliar a necessidade e impacto de

possíveis mudanças, ou seja, permitirá que os profissionais desenvolvam processos

de melhorias, corrigindo situações de falhas; (d) estabelecer prioridades e

determinar necessidades de treinamento; (e) planejar o atendimento a novas

expectativas do cliente; e (f) organizar cronogramas realistas. Dessa forma, atingir

os objetivos propostos torna-se uma tarefa mais certeira.

A pesquisa sobre a utilização dos indicadores de desempenho para o design

gráfico num ambiente profissional é importante para verificar como os profissionais

administram e desenvolvem seus trabalhos; como é gerenciado internamente os

processos; como é aplicada e monitorada as metodologias específicas para

desenvolvimento de projeto; e se existem controle e avaliação através de

indicadores de desempenho no decorrer de todo o processo criativo.

Estudos recentes, como os de Dziobczenski (2012), Dutra (2013) e Plentz

(2014), abordam o tema da medição de desempenho e o processo de design.

Enquanto Dziobczenski (2012) apresenta as diretrizes para a proposição de um

sistema de indicadores para a gestão de design de empresas desenvolvedoras de

produtos, Dutra (2013) aborda as métricas para design a fim de mensurar os

resultados oriundos dos investimentos em design nas empresas desenvolvedoras de

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produtos do Rio Grande do Sul. Já Plentz (2014) apresenta uma proposição de um

sistema de indicadores de inovação, competitividade e design para avaliar a

competitividade das empresas desenvolvedoras de produtos por meio da

mensuração do desempenho da gestão do design. Estes estudos indicam uma

tendência para pesquisas relativas ao tema da mensuração do design, assim como

reforçam a relevância em buscar novos enfoques. Atualmente, nas publicações

nacionais, não se encontram estudos específicos e semelhantes sobre a utilização

de indicadores de desempenho no desenvolvimento de projetos de design gráfico.

Dutra (2013) destaca a importância de as empresas terem métricas para

design em sua rotina de trabalho, sendo essa a melhor forma para medir os

resultados; também afirma que a utilização de sistemas ou ferramentas de

mensuração de resultados, para as atividades do design, é pouco frequente, assim

como indicadores específicos para medir a atividade de design, e que os designers

possuem dificuldade no entendimento acerca de o que são os indicadores de

desempenho. Dziobczenski (2012) constata, em sua pesquisa, que existe uma

lacuna de um trabalho que proponha indicadores relacionados a outros processos,

como, por exemplo, o processo de comunicação e construção de marcas das

empresas.

Considerando que o foco deste estudo é analisar o uso de indicadores de

desempenho no design gráfico, as seguintes delimitações fazem-se necessárias: (a)

não será analisada a atuação das equipes de design no processo de

desenvolvimento dos projetos gráficos; (b) o estudo será realizado em empresas de

design gráfico sediadas em Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul; (c) não será

aprofundado o estudo em relação à gestão de projetos e à gestão de competências;

e (d) não serão propostos sistemas de indicadores de desempenho.

A relevância deste estudo está na observação de uma oportunidade de

pesquisa para contribuir com a realização de estudos relacionados ao tema

indicadores de desempenho, sua utilização em projetos de design gráfico, auxiliando

no crescimento profissional e na cultura organizacional das empresas de design.

Além disso, contribuir-se-á para a aprendizagem na área de gestão de design,

abordando uma lacuna existente no campo da pesquisa relacionado aos indicadores

de desempenho para o design gráfico.

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2 MÉTODO

Para atender os objetivos propostos neste trabalho, optou-se por uma

pesquisa qualitativa, que, segundo Flick (2009, p.16), “parte da noção da construção

social das realidades em estudo, está interessada nas perspectivas dos

participantes, em suas práticas do dia a dia e em seu conhecimento cotidiano

relativo à questão de estudo”, ou seja, analisa e interpreta as experiências

individuais e de grupo, observa as relações e comunicações, além de pesquisar

documentos. Nesse sentido, a operacionalização deste trabalho está organizada em

quatro etapas, que descrevem como foi desenvolvida a pesquisa e quais bases de

estudo foram consideradas, conforme figura 1 (método).

Figura 1 - Método

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

A revisão bibliográfica (primeira etapa) corresponde à fundamentação teórica

para se chegar ao estado da arte sobre o tema indicadores de desempenho e foi

realizada através de uma revisão bibliográfica, com os autores relevantes ao tema:

Harrington (1993), Hronec (1994), Robbins (2000), Neely e Bourne (2003), Borja de

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Mozota (2011), Best (2012), entre outros (quadro 1). Teve por objetivo aprofundar os

conhecimentos sobre as três principais áreas de estudo da pesquisa: indicadores de

desempenho, gestão de design e processos metodológicos.

Quadro 1 - Autores

Autores Variável Conceitos Harrington (1993) Emprego Os indicadores de desempenho auxiliam as empresas a

entender o cenário atual, permitindo atingir as metas estabelecidas e mensurar efetivamente o resultado dos projetos.

Hronec (1994) Emprego Medidas de desempenho são vitais nas organizações, pois controlam os processos apontando melhorias e identificam prioridades.

Robbins (2000) Objetivo O objetivo dos indicadores de desempenho é monitorar as práticas empresariais para que estejam de acordo com o planejamento.

Neely e Bourne (2003)

Emprego As medidas de desempenho quantificam a eficiência e eficácia das ações que provocam o desempenho.

Borja de Mozota (2011)

Função O gerenciamento do design corresponde a administrar sua contribuição para o processo de elaboração da estratégia, definindo as responsabilidades, atribuições e contribuições para a cultura organizacional.

Best (2012) Função A gestão do design corresponde à coordenação dos processos, recursos e comprometimento das pessoas de toda organização para executar a missão, metas e objetivos.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

A análise sistemática (segunda etapa) teve por objetivo coletar e identificar

artigos com foco no tema indicadores de desempenho para o design gráfico e seu

conteúdo. A ferramenta de busca utilizada foi a consulta na internet, em sites

oficiais, como o Portal da Capes, e em artigos internacionais disponíveis para

download. As fontes de pesquisa selecionadas para a pesquisa foram estas: P&D

(Congresso de Pesquisa e Desenvolvimento em Design), por se tratar do maior

evento de design no estilo congresso no País; o DMI (Design Management Institute),

por ser uma importante fonte internacional divulgadora de conhecimento em gestão

do design; e o periódico Design Studies, por ser uma das mais importantes

publicações na área do design, classificada como Qualis A pela Capes.

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Do P&D, foram examinadas as edições de 2008, 2010 e 2012, utilizando os

seguintes critérios de busca: (a) busca automática por categoria e artigo; (b) busca

automática por palavra-chave: indicadores de desempenho, medidas de

desempenho, avaliação de desempenho, gestão de desempenho, análise de

desempenho, desempenho; (c) busca direta pelas palavras-chave definidas como

critério de busca. Através dessa busca, foram encontrados vários artigos conforme

os critérios descritos (artigos pré-selecionados); posteriormente, houve uma triagem,

de acordo com o foco da pesquisa, através da leitura dos resumos (artigos pré-

selecionados); depois, ocorreu a leitura completa desses artigos (artigos

selecionados). Todos esses dados coletados foram registrados numa planilha de

dados da seguinte forma: ano e volume da publicação, número de artigos pré-

selecionados, títulos dos respectivos artigos, artigos selecionados, artigos

considerados e artigos utilizados.

No DMI, examinaram-se os Journal3 e Review4 dos últimos cinco anos,

utilizando como critério de busca a ocorrência das palavras-chave indicators, graphic

design, performance indicators, performance measurement, performance evaluation,

performance management, performance. Através dessa busca (palavras-chave),

foram encontrados 87 artigos e feita uma triagem através da leitura dos resumos

e/ou da introdução (artigos selecionados), para posterior leitura total dos artigos

(artigos considerados). O período considerado para a pesquisa foi o intervalo de

2010 a 2014.

Na Design Studies – periódico classificado com Qualis A pela Capes, que

aborda vários segmentos do design sem ter a gestão de design e/ou os indicadores

de desempenho como foco –, os critérios de busca foram as palavras-chave

performance indicators, performance measurement, performance evaluation,

performance management, performance, indicators. Através dessa busca (palavras-

chave), foram encontrados 138 artigos e feita uma triagem através da leitura do

resumo e/ou da introdução – chegando aos artigos pré-selecionados; depois foi

realizada a leitura total dos artigos – resultando nos artigos considerados. O período

analisado para a pesquisa foi o intervalo de 2009 a 2014.

3Journal – revista com publicação anual do DMI, dedicada a artigos e pesquisas acadêmicas que

exploram o design como recurso estratégico essencial para as empresas. DMI. Journal. 2015. Disponível em: <http://www.dmi.org>. Acesso em: 25 mai. 2015. 4Review – revista trimestral do DMI, dedicada a artigos e estudos de caso que exploram o design

como recurso estratégico essencial para as empresas. DMI. Review. Disponível em: <http://www.dmi.org>. Acesso em: 25 mai. 2015.

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A entrevista nos escritórios (terceira etapa) teve como objetivo a busca e o

levantamento de dados, a fim de compreender a prática profissional (processos e

metodologias) e a cultura organizacional das respectivas empresas; através desses

dados coletados pela pesquisa, poder-se-ão apontar as possíveis contribuições do

uso de indicadores de desempenho no desenvolvimento de projetos gráficos. Foi

realizada uma pesquisa qualitativa exploratória, que, de acordo com as perspectivas

para métodos qualitativos de coleta e análise de dados de Flick (2009), situa-se

como entrevista semiestruturada com análise de conteúdo. Para Malhotra (2012), a

pesquisa qualitativa é uma técnica de pesquisa não estruturada, exploratória,

fundamentada em pequenas amostras que favorecem insights5 e o entendimento do

problema. Convém destacar que a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em

Pesquisa (CEP) do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter) (apêndice A).

A amostragem dos quatro escritórios de design gráfico foi escolhida através

de conveniência e julgamento, sendo que o critério de seleção quanto ao porte

utilizado foi a classificação de empresas conforme o número de empregados

registrados (microempresa, pequena empresa, média empresa, grande empresa),

de acordo com a tabela 1 (SEBRAE, 2014).

Tabela 1 - Classificação das empresas

Porte Quantos empregados

Microempresa Com até 9 empregados

Pequena empresa De 10 a 49 empregados

Média empresa De 50 a 99 empregados

Grande empresa Mais de cem empregados

Fonte: SEBRAE, 2014, p.1

Nos escritórios, a coleta de dados foi feita através de um roteiro

semiestruturado (apêndice B) para as entrevistas. A ferramenta de pesquisa

empregada foi desenvolvida com bases teóricas relacionadas com os objetivos do

estudo, tendo como suporte a Sistemática de Avaliação da Gestão do Design

5Insight – percepção ou revelação repentina. PRIEBERAM. Insight. 2015. Disponível em:

<http://www.priberam.pt/dlpo/insight>. Acesso em: 25 mai. 2015.

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(SAGD) (WOLFF, 2010), que, através do seu modelo conceitual (processos,

competência e estratégia), permite um melhor entendimento da estrutura disponível

na empresa.

As entrevistas realizadas foram pessoais, com o gestor da empresa e com o

coordenador de projetos6 ou de pauta7. Gravadas com a autorização dos

entrevistados, foram transcritas posteriormente para análise dos dados relativos aos

processos de design (prática profissional) e aos indicadores de desempenho.

A análise dos dados (quarta etapa) teve como objetivo analisar e apontar as

contribuições da utilização dos indicadores de desempenho para a cultura

organizacional do escritório. Houve uma categorização dos dados coletados nas

entrevistas dos escritórios, de acordo com o comparativo em relação às demais

informações coletadas nas etapas anteriores, quanto ao uso de indicadores de

desempenho. Esse processo de categorização através da análise dos dados

permitiu que os textos fossem separados em unidades ou reagrupados em

categorias coerentes com o tema, conforme afirma Bardin (1977).

Finalizando, a análise dos dados, aliada às outras etapas da pesquisa,

contribuiu para o entendimento da atividade de design na prática profissional dos

escritórios de design gráfico entrevistados; de como e quais indicadores de

desempenho estão inseridos na atividade de design, principalmente no processo de

desenvolvimento de projetos; e qual a sua contribuição para a cultura organizacional

da empresa.

6Coordenador de projetos – função que planeja, gerencia e aloca recursos, ajusta as prioridades, coordena interações com clientes e usuários e mantém a equipe do projeto concentrada. UFPE. Coordenador de projetos. 2015. Disponível em: <http://www.cin.ufpe.br/~gta/rup-vc/core. base_rup/roles/rup_project_ manager_363CE680.html>. Acesso em: 22 jul. 2015. 7Coordenador de pauta – função que planeja e organiza as atividades da equipe; acompanha todos os passos de cada projeto a fim de garantir a qualidade na entrega e no prazo estabelecido. AGENCIA YO. Coordenador de pauta. 2015. Disponível em: <http://www.agenciayo.com. br/os-desafios-da-coordenacao-de-pauta/>. Acesso em: 22 jul. 2015.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O presente capítulo tem como objetivo apresentar o referencial teórico que dá

suporte a esta pesquisa, através das publicações analisadas, trazendo alguns

conceitos e modelos de indicadores de desempenho de acordo com alguns autores

que pesquisam esse campo, a fim de analisar sua utilização na atividade de design

para os projetos de design gráfico. Além disso, aborda o tema “design e estratégia”,

no que se refere ao design como processo de gestão.

3.1 INDICADORES DE DESEMPENHO

As medidas de desempenho são os sinais vitais da organização, afirma

Hronec (1994), pois orientam o caminho a ser percorrido pela empresa (estratégia),

controlando os processos e apontando melhorias e/ou possíveis correções de

rumos, além de comunicar para a equipe seu desempenho e se cada componente

está agindo como parte do todo. Auxiliam também na identificação das prioridades

em todos os níveis da empresa: desde a estratégia da gerência, os resultados dos

processos e o controle e melhoria dentro de todo o sistema. Na mesma linha,

Harrington (1993) afirma que a mudança e o aperfeiçoamento das empresas e a

melhoria em seus processos e produtos são motivados pela utilização dos

indicadores de desempenho.

O processo de design, conceitua Viladàs (2011), pode ser dividido em partes

a serem supervisionadas separadamente, como qualquer outro departamento da

empresa. Monitorar horários, custos, resultados, capacidade da equipe, motivação,

entre outros aspectos, colabora para a melhoria nos processos e a manutenção da

missão da empresa (estratégia). Müller (2003) acrescenta que, para se manter a

competitividade nas empresas, deve existir o alinhamento entre a organização e a

estratégia escolhida, sendo o sistema de avaliação de desempenho formado pela

relação entre os objetivos e o desempenho das atividades empresariais, ao mesmo

tempo que induz nos processos da empresa seus objetivos e estratégias.

O objetivo do processo de controle por indicadores, segundo Robbins (2000),

é monitorar as práticas empresariais a fim de que estejam de acordo com o

planejamento e, de maneira eficaz, corrigir eventuais desvios. Nesse sentido, os

indicadores de desempenho, quando inseridos no ciclo da gestão, devem fazer parte

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de todo o processo, desde o planejamento até a execução das ações, afirma Plentz

(2014). Na visão de Müller (2003), a implantação estratégica acontece no nível dos

processos organizacionais, nos quais as ações são efetivadas. O sistema de

indicadores cumpre o papel de desenvolver metas aos processos e retornar seu

desempenho, no ensaio para implantar ou operacionalizar a inserção do

planejamento estratégico da empresa.

Em contrapartida, segundo Hronec (1994), as empresas evitam avaliar o

desempenho mediante a confirmação da aplicação da estratégia por considerarem-

na uma tarefa complexa, justificada pela necessidade de existir um equilíbrio entre

os interesses da equipe de projeto, o entendimento dos clientes (internos e externos)

e seus desejos, e a identificação dos processos da empresa. Nessa situação,

complementa Garcia (2008), os indicadores auxiliam a compreender uma ideia

originalmente complexa, uma vez que favorecem a descrição, avaliação e

comparação entre as situações atuais e futuras.

De acordo com Muchiri et al. (2010), a medição de desempenho é um

princípio fundamental de gestão que, através de uma correta definição de

indicadores de desempenho, permite a identificação das lacunas existentes entre o

desempenho atual e o desejado, além de unir a estratégia com as ações de gestão

para favorecer a aplicação e execução das iniciativas de melhoria nos processos e

para transformar a aprendizagem em conhecimento.

Ação é aquilo que provoca o desempenho, afirmam Neely e Bourne (2003);

complementam que a medida de desempenho pode ser o conjunto de métricas

usadas para quantificar a eficiência e a eficácia das ações e caracterizam a medição

de desempenho como um meio/processo de quantificar a eficiência e eficácia de

uma ação.

A medição de desempenho, de acordo com Neely et al. (1995 apud ATTADIA;

MARTINS, 2003, p.37), pode ser visualizada através de diferentes recortes, como

mostra a figura 2. Dessa maneira, os indicadores de desempenho podem ser

visualizados isoladamente (medidas individuais) e/ou formarem um sistema de

medição de desempenho (conjunto de indicadores somados) – por último, existe a

interação do ambiente organizacional com o sistema de medição de desempenho.

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Figura 2 - Visão Sistêmica da Medição de Desempenho

Fonte: NEELY et al., 1995 apud ATTADIA; MARTINS, 2003, p.37

Harrington (1993) afirma a importância de um sistema de medição de

desempenho para manter a competitividade das empresas e, consequentemente,

para o aperfeiçoamento empresarial, considerando os seguintes fatores a respeito

dessa medição: (a) focaliza a atenção nos fatores que promovem a missão da

empresa; (b) apresenta a eficiência com que são empregados os recursos; (c) ajuda

a estabelecer metas e tendências; (d) fornece dados para definir as causas e

origens de falhas; (e) reconhece oportunidades para aperfeiçoamento contínuo; (f)

proporciona aos funcionários uma sensação de realização; (g) fornece meios para

se saber se está ganhando ou perdendo; e (h) auxilia a monitoração do

desenvolvimento.

Um sistema de medição de desempenho tem como objetivo principal o

monitoramento dos processos da empresa ao seguir uma estratégia organizacional,

conforme refere Dziobczenski (2012). O quadro 2 apresenta o ponto de vista de

alguns autores sobre os objetivos da medição de desempenho para uma empresa.

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Quadro 2 - Os objetivos da medição de desempenho

Fonte: DZIOBCZENSKI, 2012, p.57 Nota: Adaptado pelo autor

De acordo com todos esses modelos e conceitos, a medição de desempenho

permite que as empresas conheçam melhor os seus processos, dos pontos críticos

aos pontos exitosos, além de possibilitar uma contínua avaliação da eficiência dos

seus processos e da equipe.

Os indicadores de desempenho, segundo Garcia (2008), classificam-se em

descritivos ou numéricos, quantitativos ou qualitativos. Os indicadores numéricos

correspondem a um número absoluto ou a uma relação numérica entre dois eventos;

já os indicadores quantitativos são representados com o uso de números como, por

exemplo, percentual, volume ou variável, de forma quantificável; e os indicadores

qualitativos expressam variáveis ou dimensões não quantificáveis em números,

como iniciativa, valores, atitudes e capacidades.

Para Domingos Armani (2009 apud TERRIBILI FILHO, 2009, p.1), existem os

indicadores de projeto que são classificados em quatro tipos: (a) de impacto, (b) de

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efetividade, (c) de desempenho e (d) operacionais. Os indicadores de impacto

medem o objetivo geral do projeto com os resultados de longo prazo e as

contribuições para a organização; os indicadores de efetividade mensuram os

resultados dos objetivos propostos em um determinado período de tempo; os

indicadores de desempenho mostram se os resultados planejados foram alcançados

e obtidos no final do projeto (exemplos: CPI – Cost Performance Index: índice de

desempenho de custos em um projeto; SPI – Schedule Performance Index: índice

de desempenho de cronograma no projeto; ROI – Return of Investment: retorno

sobre os investimentos do projeto); os indicadores operacionais funcionam como

ferramentas de monitoração dos projetos em seu dia a dia, principalmente em

relação ao orçamento e cronograma (exemplos: CPI e SPI).

De uma maneira geral, os indicadores de desempenho medem os atributos do

processo ou os resultados de um projeto. Na visão de Terribili Filho (2009), um

projeto é algo totalmente pragmático, pois possui uma ou mais entregas; é

temporário, pois existe um prazo final; e envolve recursos materiais, pessoais,

logísticos, entre outros – por tudo isso, necessita de um orçamento prévio e de uma

gestão financeira dos investimentos realizados.

Neely (1998) comenta que as medidas de desempenho necessitam

acompanhar as transformações e ajustes ocorridos nos objetivos estratégicos,

podendo ocorrer sua troca conforme a necessidade, não somente seu

aprimoramento. É de suma importância saber que, para objetivos diferentes, são

necessárias medidas de desempenho distintas. Independentemente de como são

classificadas, as medidas devem ser desenvolvidas com um valor prático, ou seja,

de acordo com Hronec (1994), as medidas devem ser simples, equivalentes às

atividades, úteis e fáceis de ser implementadas. É importante, também, reconhecer

para qual finalidade será usada a medida de desempenho e quem irá manipulá-la,

segundo Neely et al. (1995 apud ATTADIA; MARTINS, 2003, p.37).

Segundo Slack et al. (1997 apud ALMEIDA; MARÇAL; KOVALESKI, 2004,

p.1188), através dos objetivos, para atingir a estratégia de negócio é essencial a

compreensão de que os indicadores de desempenho devem interagir entre si, ou

seja, que em conjunto formem um sistema de medição de desempenho para a

eficácia na gestão. É fundamental a utilização de um sistema de desempenho, uma

vez que é impossível diminuir a complexidade de um projeto e, por consequência, do

desempenho de um negócio a um único indicador.

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Os principais modelos de sistemas de medição de desempenho, de acordo

com Martins (1998 apud ATTADIA; MARTINS, 2003, p.38), são apresentados no

quadro a seguir:

Quadro 3 - Modelos de medição de desempenho

Fonte: ATTADIA; MARTINS, 2003, p.38

De uma forma geral, os modelos descritos nesse quadro são formas de

controle estratégico através de conjuntos balanceados de medidas e medição de

desempenho para combater os problemas pertinentes aos processos de

desenvolvimentos dos projetos.

Borja de Mozota (2006) sugere, para os designers e para os gerentes de

projetos, a utilização do Balance Scorecard8 (BSC), uma vez que esse modelo é de

fácil apropriação. O modelo BSC é muito importante por ser de “causa e efeito”, uma 8Balance Scorecard – metodologia de medição e gestão de desempenho desenvolvida por Robert

Kaplan e David Norton em 1992. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A estratégia em ação – Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

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vez que cada perspectiva tem um impacto sobre as outras três, como, por exemplo,

a melhoria do processo afeta o valor financeiro e o valor para o cliente. A ferramenta

BSC questiona os quatro temas fundamentais para cada projeto de design: (a)

cliente, (b) desempenho, (c) gestão do conhecimento, (d) e finanças (quadro 5).

Segundo a autora, o modelo é estratégico, coordenado e dirigido ao longo prazo,

pois alinha o pensamento e a coerência em design – o BSC apresenta as relações

entre as disciplinas do design e as disciplinas de projeto em um sistema baseado

por uma visão central comum.

Quadro 4 - BSC para um gestor de design

Fonte: KAPLAN; NORTON, 1997, p.48

O quadro 4 apresenta a relação entre as quatro perspectivas com indicadores

de desempenho e as respectivas questões direcionadas ao departamento de design

de modo que este responda e crie seu próprio quadro de medidas e de avaliação

dos processos.

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De maneira complementar, Borja de Mozota (2006) apresenta também alguns

questionamentos para o departamento de design relativos ao uso do BSC, dentre as

quais destacam-se estas: (a) qual é a responsabilidade do projeto para melhorar o

desempenho da empresa? (b) Como os objetivos da empresa poderiam ser

representados com o modelo das perspectivas do BSC e/ou com o modelo de valor

de projetos? Para Kaplan e Norton (1997), o Balanced Scorecard (BSC) não deve

ser usado como um sistema de controle e, sim, como um meio de aprendizado,

informação e comunicação; as suas medidas devem ser utilizadas para auxiliar as

empresas no alinhamento das iniciativas individuais, organizacionais e entre os

departamentos, assim como para articular e comunicar a estratégia da empresa.

Para a definição da concepção de medidas de desempenho, Neely et al.

(1997) recomendam alguns tópicos, dentre os quais destacam-se os seguintes: (a)

medidas de desempenho devem ser derivadas da estratégia e simples de entender;

(b) devem fornecer feedback rápido e preciso; (c) devem ser fundamentadas em

quantidades, permitindo ser influenciada ou controlada pelo usuário; (d) devem

refletir o "processo de negócio" – envolvendo tanto o fornecedor quanto o cliente; (e)

devem estar relacionadas com objetivos específicos (metas), fazendo parte de um

ciclo fechado de gestão; (f) devem ser claramente definidas e focadas na melhoria;

(g) devem ter um propósito explícito, baseado numa fórmula conhecida e definida

por uma fonte de dados; (h) devem empregar relações em vez de números

absolutos e usar dados automaticamente coletados como parte de um processo,

sempre que possível; (i) devem ser baseadas em tendências, em vez de no

momento; (j) devem fornecer informações e ser precisas – exatas sobre o que está

sendo medido; (k) devem ser objetivas – não com base em parecer.

Já Best (2012) refere que os indicadores de desempenho, para sua melhor

eficácia, devem constituir um sistema lógico de medição de desempenho, que deve

suportar a aprendizagem organizacional, a qual engloba os ajustes decorrentes no

processo (melhorias), assim como as respectivas avaliações decorrentes dos efeitos

de tais mudanças, facilitando, dessa forma, a convergência entre a criação e a

gestão.

O comportamento organizacional, de acordo com Best (2012), é fortemente

influenciado pelos “indicadores-chave” (KPIs) de desempenho; sendo que, para

executar a missão, metas e objetivos, é necessário o comprometimento das

pessoas, processos e recursos em toda a organização (verticalmente e

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horizontalmente) por meio de uma coordenação, traduzida pela prática de gestão de

design. O monitoramento dos KPIs sobre o tempo dos projetos de design, segundo

Viladàs (2011), proporciona uma melhor avaliação de desempenho da equipe e a

comparação entre os projetos, permitindo assim uma melhor avaliação e

equiparação dos processos; contribuindo dessa maneira para o aperfeiçoamento da

função de design.

Marr (2012) agrupa os “indicadores-chave” (KPIs) em seis categorias: (a)

perspectivas financeiras, (b) perspectiva do cliente, (c) perspectiva de marketing e

vendas, (d) perspectiva dos processos operacionais e da cadeia de suprimentos, (e)

perspectiva do empregado, e (f) perspectiva da responsabilidade social das

empresas. Para que os KPIs auxiliem as empresas, é necessário que a estratégia

esteja definida, e os objetivos e metas, determinados; dessa maneira, os

“indicadores-chave” ajudam as empresas a verificar o caminho escolhido.

Complementa que um aspecto importante é o da definição de quais informações e

respostas necessita-se saber e quais são as questões a responder antes de se

introduzir qualquer “indicador-chave”. Dessa maneira, Marr (2012) desenvolveu o

conceito das “questões-chave de desempenho” (KPQs), permitindo que os gerentes

sintonizem o que realmente é importante saber para a tomada de decisão sobre a

escolha dos indicadores de desempenho – por exemplo, para as perspectivas

financeiras, teríamos as seguintes questões a serem respondidas: (a) até que ponto

estamos gerando resultados financeiros? (b) Como faço para medir isso? Seguindo

esse conceito, podem existir outras perguntas, de acordo com a perspectiva

abordada para se compor um grupo de indicadores de desempenho.

3.2 GESTÃO DE DESIGN

O Design Management, de acordo com Borja de Mozota (2011), é a

implantação do design como uma atividade programada e formalizada na

organização, com a função de coordenar os recursos do design em todos os níveis

da atividade da organização, visando atender os objetivos de empresa. Por outro

lado, essa atividade multidisciplinar, transversal e apoiada em ciências cognitivas,

humanas e sociais possui uma dupla finalidade: formar os parceiros-gerentes e

designers nos conceitos da gestão, da engenharia, das ciências da comunicação; e

definir os métodos de gestão para integrar o design na empresa.

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Na visão de Wolff (2012), o design fomenta as trocas entre empresas e

mercados através do planejamento e projeto de bens de consumo aptos à produção

em série, respeitando eticamente as estratégias da empresa, os anseios e as

necessidades do consumidor. A autora considera que o design é composto por três

dimensões – processo, competência e estratégia –, que, em conjunto, formam as

facetas do processo e da profissão.

O design é a única disciplina que tem o processo de idéia do desenvolvimento no cerne de seu programa de educação e sua prática. Nenhuma outra disciplina centra-se tão profundamente ou amplamente sobre a criação e evolução de idéias. A capacidade de designers para tirar uma idéia através de um processo de desenvolvimento, examinando o conceito em evolução ao longo do caminho de múltiplos pontos de vista, é único e parte da contribuição do gerente de projeto para o sucesso organizacional. (POWELL, 1998, p.11).

De acordo com Best (2012), o design pode ser tanto um resultado como uma

atividade, cujos efeitos são vistos nos produtos, serviços, interiores, edifícios e

processos de software pertencentes ao nosso cotidiano. Já a atividade de design

baseia-se em um processo de resolução de problemas focado no usuário final.

Nesse sentido, o design, como atividade ou resultado, necessita de um

gerenciamento a fim de garantir a efetividade dos objetivos planejados.

Wolff (2010), em seu modelo conceitual de gestão de design (figura 3), que dá

sustentação para a Sistemática de Avaliação da Gestão do Design (SAGD),

apresenta as três dimensões de design: processos, competência e estratégia –

estas, “[...] além de refletir o conceito de design, se aplicam à realidade dos

designers nas empresas, o que se faz importante para uma avaliação com foco em

gestão de design” (WOLFF, 2012, p.120) Tais dimensões são respaldadas

teoricamente no BSC (Balanced Scorecard), comprovando a característica gerencial

do modelo teórico como suporte para uma ferramenta de avaliação de empresas. As

três dimensões centrais do modelo, segundo a autora, são concebidas sob dois

pontos de vista: das suas estruturas e de seus entendimentos. As estruturas

“representam o objetivo, os entendimentos refletem a percepção sobre as

dimensões.” (WOLFF, 2012, p. 120). As estruturas se relacionam com as dimensões

do design como gestão (processo, competência e estratégia); de maneira oposta, os

entendimentos “caracterizam-se por serem o lado subjetivo das dimensões, a

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compreensão das pessoas envolvidas sobre a sua própria realidade.” (WOLFF,

2012, p. 120).

Figura 3 - Modelo conceitual de gestão de design

Fonte: WOLFF, 2010, p.119

Dessa maneira, segundo Wolff (2010), a estrutura corresponde ao que a

empresa é ou concede para uso de seus colaboradores em função da produção de

seus produtos e serviços, constituindo-se em uma importante ferramenta que indica

os contornos da atividade de design em relação às competências utilizadas, da

forma como os processos de design são estabelecidos, “[...] da sua integração com

as outras funções da empresa e da participação e interferência dos gestores nestes

processos.” (WOLFF, 2012, p. 122). Já os comportamentos, ou entendimentos,

definem o posicionamento das pessoas que fazem parte da empresa, destacando

“[...] o lado humano da empresa, das decisões e das mudanças, que são

determinantes na avaliação do que se pretende com esta sistemática.” (WOLFF,

2012, p. 122).

Complementando, tal sistemática pode ser aplicada nas empresas,

proporcionando uma melhor compreensão da gestão de design através da análise

de seus resultados: análise da estrutura empresarial e do seu organograma,

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colaborando para a visualização acerca de onde o design está inserido ou integrado;

através dos controles administrativos delimitados, permitindo a compreensão do

perfil da empresa a partir dos seus indicadores de desempenho que permeiam todo

o modelo conceitual de gestão de design (SAGD).

O gerenciamento do design em um nível estratégico, de acordo com Borja de

Mozota (2011), corresponde a administrar sua contribuição para o processo de

elaboração da estratégia, a fim de que sejam definidas as responsabilidades,

atribuições e contribuições do design para a cultura organizacional, buscando

oportunidades de inovações em design. O processo de design, segundo a autora,

produz muito mais do que um resultado visual, uma vez que possui característica

multidisciplinar e iterativa – o processo faz parte de muitos cenários de tomada de

decisão gerencial.

Nesse sentido, Mrazek et al. (2011) afirma que o processo de design e

inovação pode ser mensurado e gerenciado de forma mais eficaz e que um sistema

de medidas deve acrescentar valor ao projeto; auxiliar na organização das tarefas da

equipe; ajudar na alocação de recursos e nas atividades do fluxo de trabalho, no

alinhamento entre as partes interessadas no projeto, suas prioridades e metas,

assim como no desenvolvimento do processo – a informação obtida deve colaborar

na informação e influenciar as decisões importantes para o desempenho da equipe.

Do ponto de vista de Hertenstein e Platt (1997), as empresas, através das

medidas de desempenho de projetos e pelos fatores que influenciam seu

desempenho, buscam um posicionamento estratégico para competir efetivamente no

mercado, criando uma cultura de design estratégico, que, por sua vez, permeia

como as pessoas pensam, influenciando a cultura das empresas. A associação

entre estratégia e design produz dois resultados:

(1º) corresponde aos objetivos do planejamento estratégico que combinam

com o início do processo de design, através da facilidade do fluxo de informações,

sendo que a estratégia comanda o design desde a fase inicial do desenvolvimento

até as decisões pertinentes ao processo – o design atua como elemento crítico na

implementação da estratégia;

(2º) o design influencia a própria estratégia, uma vez que fornece elementos

fundamentais para o processo de planejamento estratégico, além de abrir novos

caminhos não vislumbrados pela empresa, permitindo sua movimentação em novas

direções – o design atua como elemento crítico na formação da estratégia.

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Complementando o ponto de vista de Hertenstein e Platt (1997), o modelo de

congruência (figura 4) de Nadler e Tushman (1997 apud SATO et al., 2010, p.46)

apresenta que o desempenho de uma organização resulta de quatro elementos:

tarefas, pessoas (equipe), estrutura (organização formal) e cultura (organização

informal) – e, quanto maior a relação entre esses elementos, maior o desempenho

da organização; ou seja, influenciando também a cultura organizacional das

empresas.

Figura 4 - Modelo de congruência

Fonte: NADLER; TUSHMAN, 1997, p.46

Considerando as definições citadas anteriormente de Hertenstein e Platt

(1997), Muchiri et al. (2010) e Plentz (2014) e aliadas com os conceitos de Kaplan e

Norton (1997), Domingos Armani (2009 apud TERRIBILI FILHO, 2009, p.1), Borja de

Mozota (2011) e Best (2012), a figura (5) contextualiza as relações da empresa com

os indicadores de desempenho e com a gestão de design, ilustra as relações entre

ambos. Todas essas relações diretas e indiretas contribuem para a formação da

cultura de design estratégico que influencia a cultura organizacional da empresa.

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Figura 5 - Empresas, indicadores de desempenho e gestão de design

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Essa figura apresenta, à esquerda, as relações diretas e indiretas entre os

indicadores de desempenho: como podem auxiliar uma empresa e quais as

dimensões que caracterizam os modelos ou sistemas de indicadores; à direita, a

gestão de design, suas relações diretas e indiretas e as lacunas existentes entre

suas etapas dentro do processo. Na visão de Müller (2003), as lacunas

correspondem à falta de indicadores de desempenho para monitorar as etapas do

processo de gestão e complementando, Robbins (2000) expõe que o objetivo dos

indicadores de desempenho é monitorar as práticas empresarias, portanto, essa

verificação pode apontar que existem lacunas tais como: (a) se o gerenciamento dos

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processos possibilita a conquista dos objetivos determinados no planejamento

estratégico; (b) se o desempenho planejado está de acordo com o desempenho

atual; (c) se os resultados dos projetos correspondem ao previsto inicialmente no

planejamento estratégico da empresa.

As especificidades de uma empresa são definidas pela estratégia e pelo

processo de design com o intuito de conquistar cenários futuros. A concepção da

estratégia vai além de uma análise; ela compreende, através de uma concepção

global, um fluxo de ações e representações que formam seu significado homogêneo,

afirma Borja de Mozota (2011). De acordo com Franzato (2010), o design estratégico

é apoiado na articulação das práticas de negócios, interna ou externamente, e está

posicionado ao desenvolvimento do desempenho e da eficiência das empresas,

independentemente dos designers, consumidores e competidores.

O procedimento de desenho da estratégia, segundo Azeitão e Roberto (2009),

está inserido no processo de gestão; sua compreensão depende da sua planificação

e descrição, consistindo na conversão do rumo estratégico em objetivos,

indicadores, metas e iniciativas que conduzem às ações. Existem dois modelos de

posicionamento estratégico do design: o “inato” e o “adquirido”, afirma Borja de

Mozota (2011). O modelo “inato” aparece em empresas, organizações que julgam o

design como competência central desde o surgimento da empresa. “[...] todas essas

empresas têm em comum uma estratégia de design global com um espírito de

design que permeia todos os processos da organização - a cadeia de valor

completa, do produto à comunicação.” (BORJA DE MOZOTA, 2011, p.177). Já o

modelo “adquirido” ou aprendido com a experiência apresenta um crescente

reconhecimento do design na empresa.

Se o design e a gestão realmente pertencem a duas esferas cognitivas diferentes, a gestão do design deve ser vista como um processo de aprendizagem organizacional. Designers e gerentes atuam como qualquer outra pessoa: baseiam-se nos processos de tomada de decisão dos quais dependeram no passado e aderem a estruturas de referências conhecidas. (BORJA DE MOZOTA, 2011, p.98).

Concluindo, de acordo com a autora supracitada, Borja de Mozota (2011), o

modelo racional de gestão baseia-se mais no controle e no planejamento do que na

criatividade; enquanto que, no modelo informal de gestão, tanto o design quanto a

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gestão representam sistemas de tomada de decisão experienciais com estruturas

cognitivas potencialmente convergentes.

3.3 SOBRE A PUBLICAÇÃO EM GESTÃO DE DESIGN E INDICADORES DE

DESEMPENHO

A análise sistemática desenvolvida para o presente estudo teve como

finalidade coletar e identificar o número de artigos direcionados ao tema indicadores

de desempenho para o design gráfico; somada a pesquisa bibliográfica referente ao

tema, resultou no estado da arte desta dissertação. Para a análise, foram

consideradas três fontes de publicação: o P&D – Congresso Brasileiro de Pesquisa

e Desenvolvimento em Design; a base de dados do DMI – Design Management

Institute; o periódico Design Studies. Os critérios escolhidos para a pesquisa foram

os seguintes:

(a) o P&D – por ser considerado o maior evento de design no Brasil, tendo

uma representatividade nacional, os critérios de busca foram as palavras-chave

indicadores de desempenho, medidas de desempenho, avaliação de desempenho,

gestão de desempenho, análise de desempenho, desempenho – o período

considerado para a pesquisa foi o intervalo de 2008 a 2012;

(b) o DMI – por suas publicações (Review e Journal) serem exclusivamente

sobre gestão de design, os critérios de seleção foram as palavras-chave indicators,

graphic design, performance indicators, performance measurement, performance

evaluation, performance management, performance – o período escolhido para a

pesquisa foi o intervalo de 2010 a 2014;

(c) a Design Studies – periódico classificado com Qualis A pela Capes, que

aborda vários segmentos do design sem ter a gestão de design e/ou os indicadores

de desempenho como foco; os critérios de busca foram as palavras-chave

performance indicators, performance measurement, performance evaluation,

performance management, performance, indicators – o período considerado para a

pesquisa foi o intervalo de 2009 a 2014.

A análise das publicações no P&D envolveu as edições de 2008 a 2012 e foi

formada por uma pesquisa que teve como critério identificar, entre os 1.702 artigos

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publicados nos anais dos eventos selecionados, as palavras-chave descritas

anteriormente. O primeiro filtro aplicado em cada edição do P&D foi a busca

automática por artigo, que resultou num total de 435 artigos pré-selecionados

contendo em seu corpo de texto alguma das palavras-chave descritas

anteriormente. Após esse primeiro filtro, efetuou-se a leitura dos resumos dos

respectivos artigos pré-selecionados; aqueles textos relacionados ao tema da

dissertação foram selecionados e lidos por completo – foram 41 artigos

selecionados. Finalizada a leitura, foram considerados 11 artigos, e utilizados para a

dissertação cinco no total. O segundo filtro utilizado foi a busca direta por palavras-

chave nos artigos de cada edição do evento. Esse critério de busca não obteve

sucesso, uma vez que as palavras-chave escolhidas não apareceram nos artigos

pré-selecionados – nenhum artigo foi selecionado.

Tabela 2 - Pesquisa de artigos publicados nos anais do P&D

Ano Artigos publicados

Artigos pré-selecionados

para leitura dos resumos (a)

Artigos selecionados para

leitura total (b)

Artigos considerados após

a leitura total (c)

2008 550 113 4 2

2010 528 126 13 4

2012 624 196 24 5

TOTAL 1702 435 41 11

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014

Conforme a tabela 2, nota-se que, na primeira filtragem, muitos artigos foram

pré-selecionados (a) a partir das leituras dos resumos, porém, depois da leitura total

dos artigos selecionados (b), o número de artigos considerados para a pesquisa (c)

reduziu consideravelmente de 41 para 11 respectivamente.

Analisando-se por edição do evento, no 8º P&D (2008), de um total de 550

publicações – divididas nas categorias Teoria e Crítica do Design, História do

Design, Metodologias do Design, Pedagogia do Design, Projetos em Design, Design

e Tecnologia –, foram pré-selecionados 113 artigos; depois dos critérios de

filtragens, apenas quatro foram selecionados para leitura total e somente um

considerado pertinente a esta pesquisa. O artigo utilizado, de Fascioni (2008),

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aborda o tema gestão do design e sua inclusão nas grades curriculares e a

desinformação relativa à gestão; comenta também os níveis da gestão e as

perspectivas estratégicas do design – ambos os assuntos pertinentes ao

entendimento do contexto da gestão de design e seus desdobramentos. Na

pesquisa direta por palavras-chave, não houve êxito (nenhum artigo).

Já no 9º P&D ocorrido em 2010, nos anais do evento, foram publicados 528

artigos e pré-selecionados 126; após as filtragens, houve a leitura de 13 artigos,

sendo consideradas quatro publicações e utilizados apenas dois artigos – ambos

não estavam relacionados diretamente com o tema indicadores de desempenho,

mas com gestão do design e design estratégico, importantes também para compor o

aprendizado sobre estratégia. Costa e Scaletsky (2010) abordam os temas design

management e design estratégico, procurando defini-los conceitualmente e

propondo uma reflexão nessa área. Já Vilela et al. (2010) direcionam sua publicação

para o entendimento da aplicabilidade, numa empresa tradicional, do design

estratégico: seus conceitos, suas ações e as relações entre o design estratégico e

as ações organizacionais. Na pesquisa direta por palavras-chave, não houve

sucesso (nenhum artigo).

No 12º P&D realizado em 2012, de um total de 624 publicações, foram pré-

selecionados 196 artigos e, após os critérios de filtragem, selecionados 24, sendo

considerados cinco e utilizadas duas publicações. Rosa et al. (2012) abordam a

visão sistêmica da gestão de design como estratégia para entendimento das partes

que compõem o todo de um processo de desenvolvimento de projetos. Já Silva e

Figueiredo (2012) tratam da abordagem sistêmica do design a fim de buscar

informações para identificar e desenvolver ferramentas para auxílio na atuação da

gestão de design em microempresas brasileiras. Na pesquisa direta por palavras-

chave, não houve resultado exitoso (nenhum artigo).

Quanto às publicações do DMI Journal e DMI Review, a ferramenta de busca

utilizada foi a disponibilizada pelo site do Instituto. As palavras-chave escolhidas

para o primeiro filtro foram indicators e graphic design,a partir das quais foram pré-

selecionados 25 artigos. Após a coleta, aplicou-se o segundo filtro – leitura dos

resumos e introduções –, resultando 9 artigos considerados para a leitura plena e

três publicações utilizadas. Powell (1998) destaca a capacidade que os designers

possuem em encontrar soluções através da utilização de metodologias ou processos

de desenvolvimento de projetos; já Borja de Mozota (2006) compara as forças do

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design com as perspectivas do modelo Balance Scorecard (BSC), sugerindo para os

gerentes de projetos a utilização deste; enquanto Hertenstein e Platt (1997) abordam

a cultura do design estratégico, as relações entre estratégia e design, o processo de

design em empresas de produtos, o valor do design e as medidas de desempenho,

abrindo caminho para uma análise mais profunda sobre como a estrutura

organizacional, o processo de design e a medição de desempenho podem

influenciar no sucesso dos projetos de produtos em ambientes corporativos.

Ainda sobre as publicações no DMI Journale DMI Review, a fim de equiparar

as pesquisas, houve uma segunda busca utilizando-se as palavras-chave

performance indicators, performance measurement, performance evaluation,

performance management, performance e indicators – foram pré-selecionados 62

artigos. Após a coleta, aplicou-se o segundo filtro – leitura dos resumos e

introduções – resultando 5 artigos considerados para a leitura plena e 3 publicações

foram utilizadas para a pesquisa (tabela 3).

Tabela 3 - Pesquisa de artigos publicados no DMI Review

Ano Total de artigos

Artigos considerados para leitura dos resumos

e/ou introdução

Artigos pré-selecionados

para leitura total

Artigos considerados após

a leitura total

2010 10 2 1 1

2011 18 3 3 2

2012 10 2 0 0

2013 15 2 1 0

2014 9 1 0 0

TOTAL 62 10 5 3

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014

Sato et al. (2010) apresentam um estudo de caso na empresa HP – Hewlett-

Packard. Nessa pesquisa, trazem o modelo de congruência de Nadler e Tushman

(1997 apud SATO et al., 2010, p.46), que relaciona o desempenho da organização

com as tarefas, pessoas, estrutura e cultura; e é influenciado pelo design

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thinking9,que, por sua vez, colabora para a leitura, o entendimento do modelo de

congruência. Já Mrazek et al. (2011), em seu artigo, reconhecem que o processo de

design e inovação pode ser melhor gerenciado e medido. O sistema de medidas

deve incluir valor ao projeto, auxiliar na organização de tarefas, na alocação de

recursos e fluxo de trabalho, contribuindo para a tomada de decisões. Viladàs (2011)

acrescenta que as métricas de projeto são possíveis, porém não se deve considerar

somente uma medida e, sim, um sistema que forneça um conjunto de informações

completas sobre o valor de design.

Quanto às publicações da Design Studies, a ferramenta de busca utilizada foi

a disponibilizada pelo portal de periódicos Capes no site da UniRitter. As palavras-

chave selecionadas para o primeiro filtro foram performance indicators, performance

measurement, performance evaluation, performance management, performance

eindicators – foram pré-selecionados 23 artigos, após leitura dos resumos de 138

(tabela 4). Entre os artigos lidos – pré-selecionados –, apenas um foi considerado

para esta pesquisa. Os temas encontrados nas publicações foram métricas, design

de serviços, BSC, ferramentas de design gráfico e processos de design.

Clevenger e Haymaker (2011) empregam as métricas de um estudo de caso

na indústria para apresentar a contribuição das métricas no auxílio da comunicação

de informações sobre os desafios, estratégias e as pesquisas existentes sobre o

tema de design para produção de energia eficiente. Foram aplicadas duas

estratégias para medir e comparar a orientação fornecida nos processos de

produção. Constatou-se que essa capacidade de mensuração das estratégias indica

um passo importante para prescrição das melhorias nos processos de design.

Tabela 4 - Pesquisa de artigos publicados na Design Studies (Continua)

Ano Total de artigos Artigos pré-selecionados

Artigos utilizados

2010 27 3 0

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014

9Design thinking – método prático-criativo de solução de problemas aonde a atividade de design deve

ser pensada por todos na empresa, e não somente pelos designers. WOLFF, F. Sistemática de Avaliação da Gestão de Design em Empresas. 2010. 233f. Tese (Doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Porto Alegre, 2010.

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(Conclusão)

2011 27 5 1

2012 29 1 0

2013 30 7 0

2014 25 7 0

TOTAL 138 23 0

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014

A análise sistemática oportunizou verificar que, nacionalmente, a pesquisa

sobre o tema indicadores de desempenho tem acontecido consideravelmente com o

foco em design de produto e/ou estudos de caso em empresas que utilizam o design

como ferramenta para desenvolver seus produtos ou serviços; em relação ao design

gráfico, o volume é baixo se comparado com o de outras áreas do próprio

congresso, como, por exemplo, design de produto. O tema está sendo tratado em

pesquisas recentes de dissertações de mestrado – de Dziobczenski (2012), Dutra

(2013) e Plentz (2014) –, abordando desde as métricas para o design, diretrizes para

a proposição de um sistema de indicadores para a gestão até a proposta de um

sistema de indicadores para avaliar a competitividade das empresas. Finalizando a

análise, nas publicações internacionais, tanto as métricas como os sistemas de

avaliação de desempenho são amplamente estudados e debatidos; com temas

variados, principalmente com foco no design de produto.

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4 RESULTADOS

O propósito deste capítulo é apresentar a visão dos gestores e dos designers

(coordenadores de pauta ou de projetos) entrevistados sobre como a empresa

mensura os resultados de seus projetos gráficos, assim como o entendimento

desses profissionais sobre a empresa como um todo: como desenvolvem seus

projetos gráficos; como funciona a equipe de design na prática profissional; e como

o escritório concilia planejamento estratégico com seus objetivos.

Portanto, com a finalidade de identificar como o gestor e o designer

(coordenador de projeto ou de pauta) dos escritórios de design gráfico percebem a

utilização de indicadores de desempenho no desenvolvimento dos seus projetos e

procurando relacioná-los com a revisão bibliográfica e análise sistemática, foi

desenvolvida uma pesquisa qualitativa com quatro escritórios de design que atuam

na área do design gráfico.

Bardin (1977), em seu processo de categorização, refere que a análise por

categorias acontece por meio da realização de divisões do texto em unidades, em

categorias de acordo com reagrupamentos coerentes. A investigação dos temas ou

“análise temática” faz parte das diferentes formas de categorização, sendo eficiente

na aplicação a discursos diretos e simples, como, por exemplo, as referidas

entrevistas com os gestores e coordenadores. Dessa forma, de acordo com o

processo de categorização de Bardin (1977), os resultados referentes às empresas

foram agrupados e analisados, de acordo com o roteiro de pesquisa, em três

categorias: (a) perfil das empresas, (b) organização e processo e (c) indicadores de

desempenho.

4.1 PERFIL DA AMOSTRA

O critério de escolha das empresas entrevistadas foi por conveniência e

julgamento; posteriormente, segundo a classificação de empresas do SEBRAE em

relação ao porte da empresa quanto ao número de empregados registrados – ambas

foram classificadas como microempresa. O quadro 5 apresenta o perfil das

empresas entrevistadas.

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Quadro 5 - Perfil das amostras

EMPRESA CARGO DOS ENTREVISTADOS NÚMERO DE PESSOAS DA EQUIPE DE DESIGN

A 1º Diretor (Gestor) 2º Coordenador de projetos

2

B 1º Diretor (Gestor) 2º Coordenador de pauta

5

C 1º Coordenador de projetos (Gestor) 2º Coordenador de projetos

4

D 1º Diretor (Gestor) 2º –

3

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

A empresa A é um escritório de arquitetura e design com mais de 10 anos de

atuação no mercado; surgiu da união de uma empresa de design e outra de

arquitetura. Seu foco principal é o ambiente: trabalhar a arquitetura e o design de

uma forma integrada. Na visão do seu gestor, existe uma separação cada vez menor

entre arquitetura e design e, de acordo com esse conceito, buscam-se projetos que

não tenham essa divisão. Dessa maneira, seu posicionamento é este: arquitetura e

design com foco no ambiente.

O perfil de seus clientes é o mercado de varejo: lojas, farmácias,

supermercados, restaurantes, além do mercado de construção civil – plantão de

vendas e mercado de hotéis –, interiores e comunicação visual. O gestor acredita: “o

nosso trabalho é uma constante educação” tanto para o escritório como para o

cliente, devido à repetição periódica da proposta de trabalho; buscam tornar o

processo mais claro para o cliente, além de antecipar e agregar valores, indicando

que ele pode avançar dessa forma. O foco dos projetos é gerar lucro para os

clientes. Existe uma prospecção ativa de clientes, que, na sua maioria, foram

indicados ou retornaram à empresa para novos projetos.

Para a empresa A, o planejamento estratégico é importante para definir o

caminho a ser seguido, ou seja, o foco do negócio: oportunidades e ameaças;

pontos fortes e fracos; metas no longo prazo; capacitação para novas áreas de

atuação, etc. Somado a esse planejamento, há investimento na equipe: estão

estudando e criando formas para que as “pessoas-chave” sigam na empresa, e

capacitando a equipe na parte de gerenciamento de projetos; com o objetivo de que

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essa capacitação permita o afastamento dos gestores no acompanhamento de

alguns dos projetos.

A equipe de criação da empresa A é divida em duas: 8 pessoas compõem a

equipe de arquitetura e apenas 2, a de design – ambas possuem seus

coordenadores de projeto. A coordenadora de projetos de design considera que a

comunicação do planejamento estratégico e a dos objetivos da empresa não estão

claramente relatadas; em contrapartida, do ponto de vista do gestor, ambas estão,

porém ele revela que a empresa precisa evoluir nesse assunto.

A empresa B é um escritório de design gráfico com 21 anos de experiência no

mercado. Hoje em dia, devido ao entendimento ampliado da atuação do design, está

focada em gestão de marcas (branding10) e nos serviços correlatos. De acordo com

seu gestor, o escritório está mudando de um cenário em que eram vistos como uma

empresa especialista de identidade visual, sinalização e embalagens para um novo

cenário, de design de serviços, formado por um conceito mais ampliado – o branding

–, unindo várias ferramentas de marketing e de gestão com sustentabilidade,

inovação e os serviços.

O perfil de seus clientes é o mercado de serviços em geral: educação, saúde,

turismo, transportes, etc., além dos contratos públicos através de licitações. As

ações para prospecção de clientes são determinadas pela presença de alguma

pessoa específica para realizar tal tarefa. Os clientes atendidos pelo escritório, em

sua maioria, são indicações de outros clientes e, através das relações pessoais do

gestor, também acontecem por repetição – clientes que retornam à empresa,

confirmando a ideia de conquistar os clientes com um bom trabalho.

Em 2011, a empresa B definiu um planejamento estratégico que, ao longo

desses anos, foi sendo revisado e reajustado, principalmente em relação às metas

financeiras e ao posicionamento. Já em 2013 houve um ajuste focado na área

comercial e ano passado (2014), a meta foi realizar um plano de marketing para

definir o posicionamento: uma empresa de branding focada em serviços. Nesse

período de 2013 a 2014, houve um processo de reformulação e reestruturação,

inclusive da equipe. A essência do escritório continua sendo o design gráfico, porém

agora focando principalmente em gestão de marcas e nos serviços.

10

Branding –ferramenta de design, marketing, comunicação e recursos humanos que deve influenciar cada parte da organização e do público-alvo o tempo inteiro. BEST, K. Fundamentos de Gestão do Design. Porto Alegre: Bookman, 2012.

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48

A equipe de criação da empresa B é formada por cinco pessoas, todos

designers; sendo que a coordenadora de projetos e de pauta também atua como

produtora gráfica. Assim como o gestor, ela relata que a comunicação do

planejamento estratégico e a dos objetivos traçados não foram bem apresentadas

para a equipe – atualmente estão numa fase de mudança.

A empresa C é um escritório de design que trabalha com todas as áreas do

design: do estratégico ao “motion design” (design em movimento), segundo o gestor

entrevistado. Atua há nove anos no mercado e entende que o design é só o fim

definido pela estratégia. Para a empresa, o design estratégico é um processo de

inteligência capaz de solucionar qualquer problema, que pode ser de arquitetura, de

serviço, de embalagem, de marca ou de qualquer outra coisa. O seu posicionamento

atual é o de uma empresa de design estratégico, utilizando-o como ferramenta para

resolver qualquer problema de negócio. Trabalham inclusive com todas as

plataformas digitais – do papel ao digital.

A empresa possui um perfil variado de clientes, formado por grandes

empresas mas também pequenos negócios, ambos com necessidades pontuais e

específicas. Atende o mercado de eventos (design em movimento) e também o

mercado de vinhos e espumantes, além de marcas e embalagens. Visa ao resultado

para seus clientes. Existe uma prospecção pequena, uma vez que a movimentação

dos clientes se dá por meio da rede de contatos da diretora e pelos próprios clientes

atendidos, que indicam novos clientes.

O planejamento estratégico da empresa C ainda não saiu do papel – a meta é

sua implementação neste ano de 2015. Possuem certa dificuldade em priorizar o

que é a empresa em detrimento da prioridade que dão para o atendimento dos

próprios clientes. A intenção é tratar o escritório como um cliente para que, dessa

maneira, tornem realidade o planejamento estratégico. Na visão da empresa C, o

planejamento servirá para equalizar a atividade como um todo, auxiliando e

permitindo a confirmação do caminho escolhido por eles.

A equipe de criação da empresa C é composta por quatro pessoas; entre

designers e estagiários. Os projetos são divididos em dois tipos: eventos e “outros

projetos”; conforme sua especificidade, existe um coordenador para cada um.

Segundo a coordenadora de projetos, a comunicação do planejamento estratégico e

dos objetivos da empresa está bem noticiada, até mesmo devido ao processo de

reformulação e implementação que querem iniciar.

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A empresa D é um escritório que atua na área do design gráfico e na de

produtos – é reconhecida pela especialização em ponto de venda (PDV). Seu gestor

tem mais de 20 anos de experiência no mercado de PDV e uma posição de

centralizador de todos os processos da empresa, principalmente no atendimento e

na criação, no que tanto atua como coordenador do projeto como determina o

caminho a ser desenvolvido pela equipe. O gestor/diretor define que a “essência do

projetar” corresponde ao equacionamento e à congregação dos condicionantes do

projeto para se chegar a um resultado.

O perfil de seus clientes também é variado. Para o gestor da empresa D, a

própria atividade de design deve ser alimentada com essa variedade, multiplicidade

de tipos de clientes; restringir ou estabelecer é difícil. Ele acredita que variar o objeto

de trabalho e o perfil de cliente é saudável. A prospecção de clientes é ativa;

investindo-se em algumas ações que possam confirmar um possível cenário

percebido ou que já está acontecendo. Os clientes atendidos na empresa D são por

“conhecimento” – indicação e também por repetição –, uma vez que o trabalho

realizado possui um aprofundamento muito grande em relação ao que foi

combinado, tendo como consequência o retorno do cliente.

O planejamento estratégico da empresa D foi estabelecido há sete anos pelo

seu diretor e fundador: formatou-se uma equipe de trabalho pretendendo mantê-la. A

intenção era, através dos melhores projetos que fossem capazes de realizar, ir

aumentando o faturamento do escritório. Hoje em dia, apesar da identificação com

PDV, na visão do seu gestor, a empresa é flexível, está aberta para renovação e

atenta às alternativas do mercado; o que de certa forma significa não ter uma

missão tão rígida, tão formal, resultando numa dificuldade para que a equipe

absorva e entenda o posicionamento da empresa.

A equipe de criação da empresa D tem três pessoas: um arquiteto, um

designer e um estagiário – todos coordenados pelo gestor, que atua como uma

espécie de “diretor de criação”. A comunicação do planejamento estratégico e dos

objetivos não é bem definida para a equipe, somente o atendimento possui um

melhor entendimento sobre a empresa, seu posicionamento e sua forma de

apresentação e atuação.

O quadro comparativo a seguir apresenta de forma resumida algumas das

respostas do roteiro das entrevistas (apêndice B) dirigidas aos gestores em relação

ao perfil das respectivas empresas.

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Quadro 6 - Perfil das empresas

EMPRESA A EMPRESA B EMPRESA C EMPRESA D

ÁREA DE ATUAÇÃO

Arquitetura e design

Design Design Design

EQUIPE DE CRIAÇÃO

2 pessoas 8 pessoas (equipe de arquitetura)

5 pessoas 4 pessoas 3 pessoas

PERFIL DOS CLIENTES

Mercado de varejo: farmácias, supermercados,

restaurantes, etc.

Área de serviços: educação,

saúde, transportes, etc.

Não tem um perfil específico

Não tem um perfil específico

CLIENTES Por indicação e repetição

Por indicação e repetição

Por indicação e repetição

Por indicação e repetição

PROSPECÇÃO Ativa Ativa/Inativa Baixa Ativa

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Existe e está ativo

Existe; foi reformulado e

está sendo aplicado

Existe; estão tentando

implementá-lo

Existe mas não está ativo

POSICIONAMENTO NO MERCADO

Arquitetura e design com foco

no ambiente

Empresa de branding focada

em serviços

Design estratégico

PDV e merchandising

COMO SE VÊ NO MERCADO

Escritório bem competitivo, que busca fidelizar clientes, e em

constante evolução

Como referência em design,

solucionador de problemas complexos

Como um escritório premium,

visando atender o cliente como

um todo

Como um escritório pouco

eficiente em relação ao “como

se vender”

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Cada entrevistado, gestor ou designer, respondeu as questões propostas

conforme sua percepção e participação na rotina do desenvolvimento dos projetos e

de acordo com sua visão do design como negócio e/ou serviço. Os gestores

entrevistados das empresas A, B, C e D, de uma forma geral e pelo seu

posicionamento na empresa, possuem um maior entendimento estratégico do design

como negócio, além de uma visão mais ampla do funcionamento de todo o processo

de desenvolvimento dos seus projetos – gráficos ou não. Já os designers

entrevistados nas empresas A, B e C, coordenadores de projetos ou de pauta,

possuem um entendimento e uma preocupação maior em relação às rotinas

profissionais (seus processos) e, principalmente, no que se refere à questão do

cronograma e entrega dos projetos. Por questões de cunho particular da empresa D,

não foi possível entrevistar o designer coordenador de pauta e/ou o de projetos –

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convém destacar que o gestor desta empresa exerce também a função de

coordenador de pauta dos projetos.

O entendimento dos quatro gestores entrevistados em relação ao design

como negócio convergem para a compreensão de que o design deve servir como

um solucionador de problemas voltado para educação e qualificação do mercado,

demonstrando para o cliente que ele pode crescer e criar valor com o design.

Procuram, também, através dos projetos bem realizados e executados, nivelar o

mercado pela excelência no serviço.

[...] tem a luta que eu tenho e que alguns outros escritórios também se engajam em tentar qualificar o mercado; eu acho isso bem importante: o cliente quer pagar menos, o cliente não quer se importar com a tua preocupação de qualidade, de pagar bem o funcionário, de oferecer o melhor; o cliente quer pagar menos, quer um trabalho bom, barato e rápido, isso é a base do que ele quer, e tem escritórios que acabam atuando de uma maneira que eu acho complicado, que contratam sem nenhuma relação profissional, sem pagar os direitos e isso acaba puxando para baixo o nível de concorrência [...] (GESTOR DA EMPRESA B, 2014).

Os coordenadores de projetos ou de pauta das empresas A, B e C possuem

um pleno conhecimento dos processos e das metodologias de projetos utilizadas em

seus respectivos escritórios. Nas três empresas, eles acumulam mais de uma

função – além de coordenadores de projetos ou de pauta, podem atuar como

atendimento ou na equipe de criação; são eles também que, num segundo

momento, no decorrer do processo, atendem os clientes.

As empresas A, B, C e D possuem um planejamento estratégico; em todos os

casos, recentemente, houve ajustes ou mudanças em seus posicionamentos: não

somente em relação a metas financeiras e de crescimento, mas em relação à área

de atuação. O entendimento dos gestores das empresas A, B e C converge para a

importância de se ter bem definido e afirmado seu posicionamento estratégico – sua

área de atuação, seus objetivos e suas metas –, não só para a equipe do escritório,

também para o mercado e para seus clientes. O gestor da empresa D também

concorda com a importância desse posicionamento, todavia afirma que ele deve ser

flexibilizado para possíveis alternativas de mercado.

Em relação às atividades de design, os coordenadores entrevistados (A, B e

C) compreendem que seus processos podem ser melhor gerenciados em relação ao

tempo de desenvolvimento de seus projetos, ou seja, há que controlar melhor as

horas contratadas em contrapartida às horas trabalhadas. As empresas A e B

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buscam uma melhor maneira de medir e controlar as horas dos seus projetos,

ambas utilizam um programa específico para a gestão de seus trabalhos. Já a

empresa C tem uma preocupação maior em cumprir os prazos de entrega

agendados; faz um gerenciamento em que o controle das horas é priorizado

somente nos grandes projetos. A empresa D, de acordo com seu gestor, realiza

esse controle de horas, porém não utiliza nenhuma ferramenta ou sistema de gestão

de projetos – esse controle se faz apenas em relação às reuniões da equipe.

Os gestores das empresas A, B, C e D, assim como os respectivos

coordenadores (A, B e C), entendem que o controle das horas contratadas em

contrapartida às horas trabalhadas deve ser melhor explorado, aplicado e

gerenciado. Analisam que esse controle é um indicador importante para medir o

desempenho de suas equipes e a rentabilidade de seus projetos.

De acordo com os gestores, os clientes chegam através de indicações, tanto

da rede de contatos como de outros clientes que indicam o(s) serviço(s) do

escritório. Existem também muitos clientes por repetição, ou seja, aqueles que

depois de algum tempo retornam à casa para novos projetos. O atendimento é

sempre realizado pelo gestor acompanhado de um outro membro da equipe, que

pode ser um profissional do atendimento, comercial ou da equipe de criação

(coordenador de pauta ou de projetos). Dos entrevistados, somente a empresa A,

com pós-venda, e a B, com uma pesquisa de satisfação, buscam um feedbackdos

seus projetos realizados.

Nas entrevistas, pode-se destacar a importância disposta por todos na etapa

de pesquisa de referências e desenvolvimento conceitual, na preocupação geral em

conseguir controlar, mensurar e supervisionar melhor as horas trabalhadas e do

entendimento e reconhecimento da necessidade de se buscar melhorias no

gerenciamento dos processos e da atividade de design.

4.2 ORGANIZAÇÃO E PROCESSOS

A empresa A, de acordo com seu posicionamento e a partir de uma

consultoria, definiu seu programa de qualidade, criando uma metodologia própria de

projetos que contemplasse tanto os trabalhos de arquitetura como os de design.

Existe uma hierarquia interna, com uma gerente geral de projetos e gerentes

(coordenadores) específicos para cada tipo de projeto, além dos designers e

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arquitetos. Os gestores fazem um acompanhamento e atuam na concepção da ideia

com a equipe de projeto; não existe um diretor exclusivo para o design.

O atendimento dos clientes é centralizado nos dois gestores e, quando

possível, o coordenador do projeto participa; não existe a figura do profissional de

atendimento. Cada projeto tem um coordenador que acompanha o processo no dia a

dia, centralizando as informações acerca de tudo e fazendo o atendimento do cliente

numa segunda etapa. Há monitoramento permanente dos gestores, que, em

situações estratégicas, podem intervir com o cliente sobre algum eventual problema.

Os projetos são categorizados conforme o valor.

A empresa A possui uma metodologia comum ao design e à arquitetura e um

sistema de gestão que documenta o processo. Segundo seu gestor, em primeiro

lugar, a equipe realiza o projeto; em segundo lugar, estabelece que serviço está

fazendo. No início do projeto, existe um entendimento comum com algumas

variáveis, mas tudo pertencente a uma única célula; procuram definir o processo de

projeto único para somente depois determinar as “saídas de projetos” – partes

específicas de cada um: arquitetura com os detalhamentos e o design com a arte-

final. A forma de entrega possui variáveis de acordo com a metodologia de projeto.

A atividade de design, apontada pelo seu gestor, consiste no registro e na

descrição do projeto – podem-se destacar as horas previstas e a definição do

coordenador. Em seguida, existe uma reunião inicial com o cliente, que é

documentada em ata e enviada para toda a equipe de criação. Existe a fase de

planejamento, em que podem acontecer mais reuniões; na sequência, há a

demonstração conceitual para o cliente – anteprojeto; posteriormente, após o

desenvolvimento, a apresentação de apenas uma solução – projeto executivo.

Segundo a coordenadora de projetos de design da empresa A, a atividade resume-

se desta maneira: (a) prospecção, (b) reunião de briefing11, (c) pesquisa de

referências, (d) escolha do conceito e/ou caminho, (e) lançamento do projeto, (f)

apresentação do conceito do projeto para o cliente – anteprojeto, (g) projeto

executivo, (h) projeto de detalhamento, e (i) indicação de fornecedores (quadro 9).

Para a gestão dos projetos, controle das horas contratadas e o

monitoramento das etapas do cronograma, a empresa A utiliza como ferramenta o

11

Briefing – é uma etapa fundamental da base de um processo de planejamento; conjunto de informações ou coleta de dados para o desenvolvimento de um trabalho ou projeto. SIGNIFICADOS.com. Briefing. 2015. Disponível em: <http://significados.com.br/Briefing/>. Acesso em: 28 mai. 2015.

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programa Duit, que também funciona como um sistema de gestão geral do

escritório, guardando as informações e contatos do cliente. A gestão de projetos,

conforme o gestor, é dividida em seis etapas: (1ª) proposta registrada no comercial –

controle de vendas – financeiro e definição da equipe e do coordenador do projeto;

(2ª) cadastro do projeto no Duit; (3ª) reunião interna e reunião com o cliente; (4ª)

aprovado o conceito, realiza-se o anteprojeto; (5ª) validado o anteprojeto,

encaminha-se a fase executiva – detalhamento do projeto e orçamento; (6ª) fase de

implantação – acompanhamento da produção – implementação do projeto.

Nas reuniões semanais de pauta, ocorre a verificação das etapas do

cronograma de projeto e do controle de horas; pode haver encontros específicos

para discussão dos trabalhos com um maior número de estágios a serem cumpridos.

A comunicação da equipe de criação com os gestores acontece nas reuniões de

pauta e, também, através de e-mails. Já com o cliente, as reuniões para validação

das etapas realizam-se somente nas fases de aprovação.

A empresa A compreende que as atividades de design, assim como seus

processos, podem ser melhor gerenciados; por isso, buscam clarear a “fotografia da

empresa” em todos os aspectos: comercial, financeiro e gestão de projetos. Há uma

necessidade organizacional de se ter um controle gerencial maior sobre os objetivos

e atividades do escritório, para evitar também a fiscalização das pessoas. Visam à

“meritocracia”, ou seja, que a equipe ganhe conforme o que for produzido e, dessa

maneira, todo o escritório ganhe com um maior envolvimento e participação. Para a

coordenadora de projetos de design, ocorre uma preocupação em relação,

principalmente, ao controle das horas trabalhadas.

Existe uma metodologia própria para o desenvolvimento dos projetos na

empresa A, que está registrada no seu programa de qualidade. Para todo novo

membro na equipe, o treinamento se faz no dia a dia e todos os processos e a

metodologia de projetos são comunicados através do programa de qualidade,

acessível a todos. As decisões nos processos de design, segundo seu gestor,

ocorrem com a participação da equipe; sendo que o coordenador do projeto é quem

apresenta a solução para os gestores, que, por sua vez, dão o aval final sobre o

projeto.

A empresa B, nos dois últimos anos, reformulou alguns tópicos do seu

planejamento estratégico com a discussão e colaboração da equipe. Segundo seu

gestor, definiram um novo posicionamento de mercado e ampliaram sua área de

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atuação para a gestão de marcas (branding) com foco nos serviços. Em conjunto

com essas mudanças, também estavam ajustando suas metodologias de projeto e

desenvolvendo um programa para gestão dos seus processos e projetos, em

parceria com um fornecedor.

O atendimento dos clientes, num primeiro momento, é efetuado pelo gestor e

pelo comercial da empresa; numa segunda etapa, após a apresentação do

diagnóstico e do relatório para o cliente, o coordenador do projeto assume essa

tarefa de comunicação. Existe uma categorização nos projetos definida pelo gestor e

pode haver rearranjos na equipe de acordo com a demanda de serviços.

Recentemente foi definida uma hierarquização na equipe: (a) designer sênior, (b)

designer pleno, (c) designer assistente, e (e) estagiário. Faz parte da equipe o

coordenador de projetos e de pauta, que é responsável pela distribuição dos

trabalhos – e todos são supervisionados pelo gestor.

A empresa B tinha metodologias de projeto flexíveis de acordo com o tipo de

trabalho; utilizava referências acadêmicas. Para cada trabalho, sempre era discutida

a melhor maneira de desenvolvimento do processo de criação, como se fosse um

projeto inédito. Houve bons resultados traduzidos em prêmios, porém essa

metodologia de cada projeto ser considerado único tinha um relativo custo de

produção. A partir dessa constatação e das reformulações estratégicas, foram

definidos com a equipe processos mais formais para desenvolvimento dos serviços;

ou seja, criaram-se metodologias variáveis conforme o tipo de projeto: (a) de

branding, (b) de design gráfico para material gráfico, (c) de ambientes, e (d) de

sinalização – todos registrados e identificados no programa de gestão.

A atividade de design para desenvolvimento dos projetos, segundo a

coordenadora de projetos da empresa B, é composta pelas seguintes etapas: (a)

proposta, (b) reunião com o cliente, (c) escopo do projeto, (d) cronograma, (e)

briefing, (f) cadastro do projeto no programa, (g) pesquisa e análise, (h) questionário

(branding e/ou embalagem), (i) diagnóstico, (j) reunião da equipe, (k)

brainstorming12, (l) criação, (m) apresentação para o cliente, (n) ajustes, (o)

desdobramentos das peças, (p) acompanhamento na gráfica, (q) entrega do CD com

arquivos e com atestado de encerramento, (r) questionário de satisfação.

12 Brainstorming – dinâmica de grupo utilizada como técnica para desenvolver novas ideias ou projetos e para estimular o pensamento criativo. SIGNIFICADOS.com. Brainstorming. 2015. Disponível em: <http://www.significados.com.br/brainstorming/>. Acesso em: 28 mai. 2015.

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A empresa B utiliza como ferramenta para gestão de seus processos e

projetos o programa Azana, e está migrando para um novo sistema. Conforme o

gestor, o novo programa de gestão de projetos dispõe da parte financeira, lançando

as contas a pagar e a receber; identifica o cliente/conta; e permite que o designer

consiga registrar quantas horas trabalhou, já contabilizadas no custo do projeto. A

intenção é saber quanto custou para a empresa o projeto, confirmar se os

orçamentos estavam certos e ver o que deve ser ajustado. A comunicação entre a

equipe e o gestor é informal e também através das reuniões de pauta e projetos, e-

mails, pelo programa Azana e pelo manual do colaborador.

Existe um cronograma de serviços na empresa B, supervisionado pelo

coordenador de pauta e pelo atendimento. Já processos como o controle de horas

trabalhadas e as etapas do cronograma são verificados nas reuniões de pauta e de

projeto. Para os projetos “urgentes”, acontecem reuniões específicas. As reuniões

de validação com o cliente realizam-se nas etapas de diagnóstico e da apresentação

final – que pode ocasionar novas exibições com o cliente ou reuniões sistemáticas

de apresentações de outras peças.

A empresa B, segundo seu gestor, também compreende que as atividades de

design podem ser gerenciadas e melhoradas continuamente. Para isso, busca

aprimorar sua gestão interna, estabelecendo padrões – implementação do novo

programa de gestão de projetos, por exemplo. O escritório precisa, cada vez mais,

de uma organização interna, que facilitará o trabalho no dia a dia e deverá ser

aprimorada. Visa à maturidade profissional, ou seja, que a equipe atinja a noção de

que seu trabalho possa melhorar através de um outro tipo de organização. Para a

coordenadora de projetos, há uma busca por conhecimento maior em relação à

gestão de projetos.

A padronização das metodologias de projetos faz parte dos ajustes no

planejamento estratégico da empresa B, associada à implementação do novo

programa de gestão de projetos. A atual equipe fez um treinamento, via Excel, para

utilizar esse novo sistema de gestão; para os novos membros do escritório, existe

um manual do colaborador que comunica todos esses métodos. As decisões nos

processos de design são tomadas pelo gestor, pelo atendimento e pelo coordenador

da equipe, e quem possuir mais informações sobre o cliente terá a posição de

definidor do projeto.

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A empresa C conta com um posicionamento bem determinado que trata o

design como ferramenta de inteligência para solução de qualquer problema do

negócio; já o seu planejamento estratégico precisa ser mais efetivo, uma vez que só

priorizam os clientes. Na organização interna da equipe existem (a) diretor de

criação, (b) coordenador de pauta, (c) design master/sênior 1, 2 e 3, (d) design pleno

1, 2 e 3, (e) design júnior 1, 2 e 3, e (f) estagiário.

O atendimento dos clientes da empresa C é realizado pelo coordenador dos

projetos de eventos e pela coordenadora de pauta, que também é responsável por

outros serviços – design estratégico, gráfico, embalagens, entre outros. A diretora de

criação é quem indica as diretrizes para a equipe de criação desenvolver os

projetos, supervisiona todos eles e dá a aprovação final.

A empresa C, conforme seu gestor de projetos, dispõe de uma metodologia

variável: cada projeto tem um metaprojeto adaptado (não foi permitido o acesso ao

modelo de metodologia usado como referência para os projetos). A coordenadora de

pauta reforça essa afirmação, afirma que existem duas demandas distintas de perfis

de trabalho: eventos e design estratégico – para cada uma delas, há uma

diferenciação em relação ao briefing e ao cronograma. Para projetos menores, dos

clientes fee13, não existe uma metodologia específica de desenvolvimento; em

contraponto, para os projetos maiores e mais complexos, existe outro tipo de

metodologia, de prazo e de escopo de projeto. Essa hierarquia nos projetos é

definida pelos coordenadores dos projetos, por prazo e por valor contratado.

A atividade de design para o desenvolvimento de projetos, segundo o gestor

da empresa C, depende do fluxo da pauta de trabalhos. Normalmente, o designer

mais experiente inicia o projeto, estabelece um caminho gráfico, por exemplo, e a

continuidade do trabalho passa para outro da equipe; além dessa experiência,

consideram-se também as habilidades específicas dos designers. A coordenadora

de pauta resume o escopo de um projeto nessa sequência: (a) projeto, (b) análise da

concorrência, mercado, produto, etc., (c) definição do conceito, (d) homologação

com o cliente, (e) materialização do projeto, (f) análise das referências visuais, (g)

rafes, (h) etapa do computador, (i) apresentação para o cliente.

13

Fee – na publicidade, forma de remuneração por prestação de serviços [tradução nossa]. ABEMD.org.br. Fee. 2015. Disponível em: <http://www.abemd.org.br/diretrizes/remuneracao.html#2>. Acesso em: 28 mai. 2015.

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A empresa C não utiliza nenhum programa para a gestão de projetos, porém

existe um gerenciamento organizacional e um certo controle das horas trabalhadas,

principalmente para os grandes projetos. Existe um cronograma de etapas para os

serviços que é monitorado pelo atendimento, pelos coordenadores (evento e design

estratégico) e pelo cliente; conforme o desenvolvimento do projeto, o cronograma

pode ser flexibilizado. Não existe ferramenta para controle e supervisão das etapas

dos projetos; utiliza-se uma planilha de Excel, alimentada diariamente.

As reuniões internas na empresa C para monitoramento dos processos foram

substituídas por consultas determinadas, que fazem parte das etapas do processo

de desenvolvimento do projeto – caminho estratégico até chegar a uma solução. Em

relação aos clientes, a reunião acontece em três etapas: de briefing, de

apresentação conceitual e de validação final. A comunicação entre a equipe e os

coordenadores/gestores acontece nas reuniões de pauta e, de um modo informal,

nos pequenos encontros da criação com os gestores.

O gestor da empresa C concorda que as atividades de design podem ser

gerenciadas e melhoradas; todavia, o aperfeiçoamento normalmente é precedido de

alguma dificuldade ou erro cometido pela equipe. Para a coordenadora de pauta,

esse processo é cíclico, uma vez que, mesmo com toda a pesquisa realizada,

quando a solução chega para o mercado, percebe-se uma outra realidade – então, o

processo é revisto e repensado. O treinamento da equipe ocorre no dia a dia,

quando as metodologias de desenvolvimento de projeto são apresentadas e já

aplicadas ao trabalho, com o designer entrando no processo definido pelo escritório.

As decisões nos processos de design da empresa C são tomadas em equipe,

sob supervisão do diretor, e determinadas em relação ao que é melhor para o

resultado do cliente; esse resultado é soberano sobre qualquer outra decisão. Existe

a consulta por equipe de projeto para a definição dos caminhos e soluções, contudo,

a decisão final é da diretora de criação. Pode-se destacar também que a empresa C

almeja o crescimento profissional e o bem-estar de sua equipe de criação.

A empresa D detém um planejamento estratégico idealizado há sete anos

pelo seu fundador; agora, busca uma flexibilidade na sua missão e no seu

posicionamento, visando a uma renovação. Mesmo sendo um escritório reconhecido

pelo seu trabalho em PDV, acontece uma busca constante por novos tipos de

projetos. Segundo seu gestor, mesclar os tipos de serviços funciona como uma

forma de desafio para a equipe como um todo. Não existe uma hierarquia definida

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na equipe e o gestor, por ser uma figura centralizadora, acumula a função de

coordenador da equipe, de pauta e exerce o papel de diretor de criação.

A metodologia de desenvolvimento de projetos é utilizada como referência e

para provocar uma ampliação ou inversão no modo de pensar o projeto – confrontar

ideias. Na visão do seu gestor (empresa D), podem-se estabelecer prioridades e

colocar mais peso nesse ou naquele projeto. No caso de projetos gráficos –

comunicação visual –, ocorre muito a visualização do que se faz no mercado, do que

está orientando e do que orientou no passado, para selecionar algumas ideias que

possam funcionar como diferenciais de tudo aquilo identificado no mercado. O

atendimento dos clientes é centralizado na figura do gestor e de um profissional de

atendimento.

A atividade de design para desenvolvimento de projetos, de acordo com o

gestor da empresa D, é formada por aproximadamente dez etapas: (a) reunião de

briefing com o cliente, (b) proposta, apresentação e aprovação, (c) reunião de

briefing com a equipe, (d) pesquisa, análise e interpretações, (e) geração de

conceito, linha projetual, (f) reunião com a equipe para seleção de alternativas, (g)

identificação da linha principal, (h) reunião com fornecedores para avaliar a

viabilidade, (i) geração de estimativas de produção e (j) apresentação.

A empresa D não utiliza qualquer ferramenta para gestão de projetos, para

monitoramento e inspeção dos cronogramas, nem para controle das horas

trabalhadas. O cronograma é supervisionado pelo atendimento e habitualmente é

definido “de cima para baixo”, de acordo com a necessidade do cliente em

contraponto ao que é possível realizar. Existem, na empresa D, reuniões internas de

validação das etapas de projetos; com o cliente, somente na apresentação final.

Dificilmente um projeto é aprovado sem que se tenha o conhecimento de que está

dentro da verba estabelecida pelo cliente. “Querer mais, sempre se quer, depende o

quanto custa” (GESTOR DA EMPRESA D, 2015) – o custo de produção é um fator

importantíssimo para o cliente.

Não existe uma gestão de projetos de design na empresa D; o processo não

é formalizado. Na visão do gestor, se houvesse uma adequada ordenação na gestão

dos serviços com posições mais definidas, isso acrescentaria exatamente na

questão do controle do tempo. Devido ao fato de o escritório ter uma estrutura

enxuta e uma equipe pequena, o diretor/gestor fez essa escolha por concentrar tudo

em si.

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A empresa D entende que as suas atividades de design podem ser

gerenciadas e melhoradas em relação aos seus processos, principalmente no que

diz respeito à comunicação interna da equipe. O treinamento para os novos

profissionais é de entre quinze e trinta dias ao lado de um designer mais experiente.

A comunicação entre o gestor e a equipe ocorre nas reuniões de pauta e de

projetos; é utilizada como ferramenta de comunicação, formalização e registro dos

projetos o programa Publi, que sistematiza o processo criando um “PIT” que gera

uma ordem de serviço.

As decisões nos processos de design são de acordo com o projeto, e o gestor

tem poder de decisão. Os projetos maiores geralmente envolvem muitas etapas para

sua evolução e escolha de caminhos, resultando num maior envolvimento da equipe

e, consequentemente, a construção acaba ocorrendo em conjunto.

O quadro comparativo a seguir apresenta de forma resumida algumas

similaridades e diferenças nas respostas do roteiro das entrevistas (apêndice 1)

dirigidas aos gestores em relação à organização e aos processos das empresas.

Quadro 7 - Organização e processos (Continua)

EMPRESA A EMPRESA B EMPRESA C EMPRESA D ATENDIMENTO Gestor e o

coordenador do projeto

Gestor e o “atendimento”

comercial

Gestor e o coordenador de

projeto

Gestor e o profissional de atendimento

PROGRAMA PARA GESTÃO DE PROJETOS

Programa Duit Programa Azana Não há, através de planilhas do

Excel

Não há, somente reuniões

MONITORAMENTO DO CRONOGRAMA

Nas reuniões de pauta

Pelo coordenador de pauta e pelo

atendimento

Pelos coordenadores

de projeto

Pelo atendimento

CONTROLE DE HORAS

Horas trabalhadas

versus horas

contratadas

Horas trabalhadas

versus horas vendidas

Controle flexível de horas

Não controlam as horas, somente a

entrega

METODOLOGIAS DE PROJETO

Possui um metodologia

comum para a arquitetura e o

design

Possui quatro metodologias: branding, de

design gráfico, de ambientes, de

sinalização

Possui uma metodologia

variável composta por metaprojetos

adaptados

Possui uma metodologia própria como

referência

REUNIÃO COM O CLIENTE

Nas fases de aprovação

Na validação – de diagnóstico e

apresentação final

De briefing; de apresentação conceitual; e

validações finais

De validação, somente na

apresentação final

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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(Conclusão)

DECISÕES DE PROJETOS

Em equipe com aval dos gestores

Do gestor, atendimento e

coordenador da equipe

Do gestor com contribuição da

equipe

Do gestor com participação

pontual da equipe

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Em relação às similaridades, pode-se perceber que a maioria das empresas

possui um controle de horas trabalhadas em contrapartida às horas contratadas, e

apenas uma monitora somente a entrega final; todas empresas possuem

metodologias próprias para desenvolvimento de seus projetos, e as decisões

relativas aos trabalhos pertencem, principalmente, ao gestor. Já as diferenças ou

discrepâncias ocorrem no que se refere ao uso de ferramentas específicas para

gestão de projetos, como, por exemplo, programas de gerenciamento,

monitoramento e controle dos trabalhos; em relação às validações com o cliente; e

na questão do monitoramento dos cronogramas. Pode-se destacar que o gestor atua

e influencia nas duas extremidades do processo: do atendimento às decisões finais.

Retomando as atividades de design, as metodologias para desenvolvimento

dos projetos das empresas entrevistadas podem ser comparadas entre si no quadro

a seguir (quadro 8) – as etapas estão detalhadas na sequência descrita pelos seus

gestores ou coordenadores de projeto.

Quadro 8 - Comparativo das metodologias de design das empresas (Continua)

EMPRESA A EMPRESA B EMPRESA C EMPRESA D

FASE PRÉ-

PROJETUAL

1. Prospecção

2. Reunião de briefing

3. Pesquisa de

referências 4. Escolha do conceito e/ou

caminho

1. Proposta 2. Reunião com o cliente

3. Escopo do projeto 4. Cronograma

5. Briefing 6. Cadastro do projeto no

programa 7. Pesquisa e análise

8. Questionário (branding e/ou embalagem)

9. Diagnóstico 10. Reunião da equipe

1. Trabalho 2. Análise da concorrência,

mercado, produto, etc.

3. Definição do conceito

4. Homologação com o cliente

1. Reunião de briefing com o

cliente 2. Proposta,

apresentação e aprovação

3. Reunião de briefing com a

equipe 4. Pesquisa, análise

e interpretações

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

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(Conclusão)

FASE PROJETUAL

5. Lançamento do projeto

6. Apresentação do conceito do projeto 7. Projeto executivo

11. Brainstorming 12. Criação

13. Apresentação para o cliente

14. Ajustes 15. Desdobramentos das

peças

5. Materialização do projeto

6. Análise das referências

visuais 7. Rafes

8. Etapa do computador

9. Apresentação para o cliente

5. Geração de conceito, linha

projetual 6. Reunião com a

equipe para seleção de alternativas

7. Identificação da linha principal

FASE PÓS-

PROJETUAL

8. Projeto de detalhamento 9. Indicação

de fornecedores

16. Acompanhamento na gráfica

17. Entrega do CD com arquivos e atestado de

encerramento 18. Questionário de satisfação

8. Reunião com fornecedores para

avaliar a viabilidade 9. Estimativas de

produção e 10. Apresentação

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Nesse quadro comparativo, ilustrado para efeito de análise, foram divididas

em três fases as etapas das metodologias de projeto: pré-projetual, projetual e pós-

projetual. Percebe-se que as empresas entrevistadas possuem diferentes etapas

para desenvolvimento dos seus projetos, umas mais enxutas do que as outras.

Pode-se afirmar que existe uma preocupação de se formalizar os processos para

uma melhor organização interna, o que contribui para o aprendizado organizacional,

para o monitoramento e a supervisão dos processos de desenvolvimento dos

projetos e para análises e comparações posteriores.

4.3 INDICADORES DE DESEMPENHO

Indicadores de desempenho, segundo Neely e Bourne (2003), podem ser

definidos como uma métrica/medida que é aplicada para quantificar a eficiência e/ou

a eficácia de uma ação; tendo como propósito monitorar as práticas empresariais,

conforme afirma Robbins (2000), a fim de que estejam de acordo com o

planejamento – por exemplo, medir se os resultados planejados foram alcançados e

obtidos no final do projeto, medir e monitorar os projetos em relação ao orçamento e

cronograma; temas englobados pelo conceito de gestão de design.

Segundo o gestor da empresa A, o termo “gestão de design” não é utilizado,

uma vez que o escritório é de arquitetura e design; a expressão usual é “gestão

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administrativo-financeira” e “gestão comercial”. É preciso ter controle da área

comercial: o que vai buscar; quantos contatos irá fazer; de que tipo de clientes irá

atrás – isso está claramente definido para eles e, segundo o gestor, é pouco

explorado no setor. A empresa realiza mesmo é a gestão de projetos e a gestão

geral de todo o processo, segundo esta divisão: (a) gestão da parte de planejamento

de projeto, (b) gestão da parte de desenvolvimento, (c) gestão da parte de entrega, e

(d) gestão da parte de implantação do projeto – tanto para os projetos de arquitetura

como para os de design. O escritório não trabalha um conceito de gestão de design

e, sim, focado cada vez mais em melhorar a gestão como um todo.

Em relação à necessidade de utilizar os indicadores de desempenho para

mensurar os processos de desenvolvimento de projetos, a empresa A entende e

reconhece essa necessidade; porém, na visão de seu gestor, o escritório deve ser

simples, claro e direto nesse aspecto, tendo o cuidado para não criar muitos

indicadores que poderiam tirar o foco da equipe. Para ele, o funcionamento dos

indicadores de desempenho está associado ao planejamento estratégico, ou seja, a

empresa deve ter bem definidas as metas para os membros da equipe e também

simplificar o esquema no sentido de evitar a “burocratização” do processo – se para

cada tarefa houver a necessidade de lançar uma informação, onera-se o sistema. É

importante dispor de um cronograma, de um controle de horas, e analisar o tempo

utilizado para o desenvolvimento de cada projeto em comparação com o tempo

contratado pelo cliente, para encontrar os acertos e erros e, dessa forma, evoluir no

processo de gestão.

[…] indicadores de desempenho, funcionam a partir do momento que tu tem para as pessoas uma meta – olha aqui, tua meta é essa; se tem oito metas para a pessoa, quando chega na oitava, ela não lembra mais da segunda; então a gente tem que cuidar… se cada coisa que ela faz, tem que lançar uma informação do que fez, daqui a pouco a gente começa a fazer a coisa custar muito. (GESTOR DA EMPRESA A, 2015).

A empresa A, segundo seu gestor, emprega os seguintes indicadores de

desempenho: de vendas, de faturamento e de resultado; também existe um

indicador de pesquisa e satisfação que está um pouco desatualizado e, portanto,

não é utilizado – está sendo retomada essa medida de satisfação. O gestor citou e

considerou também os indicadores de horas previstas e horas realizadas, e

cronograma previsto versus cronograma realizado. Em relação ao uso de algum

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modelo de indicador – conjunto específico de indicadores –, o gestor afirmou que

não utilizam um. A empresa A, através de seu gestor, respondendo ao

questionamento sobre o uso de alguma outra forma, meio ou processo para medir o

resultado dos projetos, afirmou que existe uma forma “não métrica” e mais informal,

o follow-up14 – após a entrega do projeto, os gestores visitam o cliente para analisar

o que está funcionando bem ou não, o que pode ser melhorado, para otimizar o

negócio e gerar resultado, uma vez que o foco e a missão tratam de influenciar de

modo a gerar resultado para esse cliente.

Na visão do gestor da empresa B, a gestão de design para um escritório de

design é a gestão de design internamente. O escritório tem poucos casos de clientes

que solicitam que a empresa faça a gestão de design para eles. Para o gestor, o

novo programa de gestão de projetos, que está sendo implementado, proporcionará

uma relação mais transparente com os clientes, facilitando àqueles que desejarem

contratar sistematicamente os serviços, através de regras mais claras de

precificação. Segundo ele, quanto mais límpida for essa relação com o cliente, o

resultado será uma maior fidelização e o próprio cliente fará sua gestão de design,

uma vez que saberá como comprar, o quanto custará e que benefícios terá.

Em relação à necessidade de uso dos indicadores de desempenho para

mensurar os processos de desenvolvimento de projetos, o gestor da empresa B

reconhece essa necessidade e afirma que o mais difícil é quando se tem tudo muito

solto, sem definições, dificultando medir se a equipe de projeto está cumprindo com

o que se espera, uma vez que não está claro o que é esperado. Através do novo

programa de gestão, a empresa B terá um plano de horas por projeto, ou seja, um

indicador de tempo: medirá quantas horas de projeto trabalhadas e quais projetos

atingiram o previsto ou foram abaixo ou acima do previsto; esse será o indicador

básico (base) para todo o processo. Inicialmente, suas medidas servirão para ver se

“estão acertando”.

Hoje, a pressão do cliente e do mercado é o custo; então a empresa não pode se dar ao luxo de errar em 30% o orçamento – ou tu cobra barato e vai pagar para o cliente ou tu vai errar o orçamento e perder o trabalho – que é a gestão do custo – indicador financeiro a partir do controle de horas trabalhadas versus horas vendidas. (GESTOR DA EMPRESA B, 2014).

14

Follow-up – dar continuidade a um relacionamento comercial e profissional; avaliar algo que já foi feito para obter uma resposta. SIGNIFICADOS.com. Follow up. 2015. Disponível em: <http://www. significados.com.br/follow-up/>. Acesso em: 28 mai. 2015.

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65

A empresa B já utilizou um indicador de aprovação, baseado no percentual de

quantos projetos eram aprovados direto na primeira apresentação para o cliente.

Esse indicador resultou no índice de mais de 98% de aprovação; atualmente não

vem sendo aplicado no escritório, porque a maior preocupação é com a parte

financeira, uma vez que o mercado pressiona muito mais pelo custo do que pela

qualidade. O cliente quer saber como o escritório pode reduzir os custos em design,

resultando num investimento menor em projeto. Existe também, em alguns tipos de

projetos de sinalização e branding, o indicador de satisfação – que mensura se o

escritório conseguiu administrar e desenvolver o projeto complexo (variáveis,

entregas e processo) sem perturbar o cliente. Se os problemas gerados forem

mínimos, o cliente pontuará bem a empresa; do contrário, a pontuação será mínima.

Em relação ao uso de algum modelo de indicador, a empresa B acredita que

é uma falha geral para os escritórios de design não possuírem indicadores para

mostrar aos seus clientes o verdadeiro valor do design. De acordo com o seu gestor,

ganhar prêmios não vale para o cliente e sim para os escritórios; para o cliente,

quando é possível, medem-se as vendas. Segundo ele, há vários projetos para os

quais é difícil estabelecer indicadores; criando-se um desafio para o segmento

acerca de como fazer isso, principalmente no setor de serviços. A empresa B,

através de seu gestor, respondendo a questão sobre o uso de alguma outra forma,

meio ou processo para medir o resultado dos projetos, afirmou que possui uma

pesquisa de satisfação dos clientes, mas que não está sendo aplicada. Esse

processo baseia-se no ponto de vista do cliente em relação ao projeto: a sua opinião

sobre o grau de inovação do projeto e se o valor entendido do projeto antes e depois

mudou.

A empresa C, segundo seu gestor, não faz uma gestão de design e, sim, uma

gestão geral; gerenciam-se o crescimento dos profissionais, o bem-estar da equipe,

a evolução, a distribuição dos projetos, a remuneração, etc. – tudo isso com o intuito

de deixar as pessoas mais inspiradas para realizarem bons trabalhos. Devido ao

tamanho do escritório, não há ferramentas de gestão; é tudo responsabilidade do

gestor e do atendimento. Existe também, segundo a coordenadora de projetos da

empresa C, o reconhecimento de que, num futuro próximo, baseados numa

ampliação, terão a necessidade de possuir instrumentos que ajudem a gestão dos

projetos.

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66

Em relação à necessidade de utilizar os indicadores de desempenho para

medir os processos de desenvolvimento de projetos, o gestor da empresa C

reconhece essa necessidade. Mensurar os resultados é a essência do que eles

vendem para os seus clientes: serviço com resultado. Se o escritório irá trazer

proventos, de que maneira isso acontecerá: será preciso fazer com que o cliente

enxergue essa ação. Não adianta ter todo esse discurso se o cliente não vê esse

resultado; não irá perceber o valor do serviço prestado, portanto não retornará. Na

empresa C, por enquanto, eles estão trabalhando a questão do controle de horas

alocadas versus as trabalhadas, da produtividade e do tipo de cliente atendido.

A empresa C, conforme resposta do seu gestor, não utiliza nenhum tipo de

indicador de desempenho propriamente dito; utiliza-se o Excel. Procura criar

métricas, maneiras de gerar resultado para seus clientes de uma forma mais

customizada; às vezes, conseguem construir valores a partir de informações do

cliente que ele mesmo não saberia dar ou dado que poderia gerar algum sinalizador

de melhoria. Quando isso não é possível, o escritório procura transmitir a qualidade

de seus projetos, seja na pontualidade da entrega, na maneira de apresentar, na

postura da empresa ou no envolvimento com o cliente – que são atributos

intangíveis.

[…] a parte criativa ela é volátil, mas nem tudo pode ser volátil porque o orçamento não é volátil. Então eu consigo medir, prever quanto tempo é preciso para fazer um determinado projeto e como vou acompanhando, consigo saber se a gente está chegando bem no ponto final ou se não, a gente vai precisar correr um pouco, abrir mão um pouco da qualidade para cumprir o orçamento. Isso tudo com feeling e Excel. (GESTOR DA EMPRESA C, 2015).

Em referência ao uso de algum modelo de medição de desempenho, o gestor

da empresa C afirmou que não conhece ou utiliza qualquer modelo. Já em

referência ao questionamento sobre o uso de alguma outra forma, meio ou processo

para medir o resultado dos projetos, referiu que o escritório não faz reviews, visto

que os clientes não gostam muito de participar desse retorno.

A empresa D, por meio de seu gestor, acredita que a gestão de design é uma

questão muito importante sobre qualquer atividade de design; o entendimento “do

todo” que engloba a profissão é fundamental. Se a gente pensar que gestão de

design é entender e conhecer profundamente o cliente, compreender o projeto

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desde o início, do desenvolvimento ao produto final, esse conceito de gestão deveria

existir primeiro.

Em relação à necessidade da utilização dos indicadores de desempenho para

medir os processos de desenvolvimento de projetos, o gestor da empresa D

reconhece a importância de se ter indicadores, todavia percebe que muitas

empresas não utilizam no dia a dia maiores controles gerenciais sobre a atividade,

por não identificarem procedimentos simples, práticos e ampliáveis para seu uso.

Segundo ele, a distinção das horas trabalhadas para cada projeto é uma excelente

ferramenta para verificar o perfil dos projetos que rentabilizam ou não o negócio;

enfim, seria interessante ter um sistema não complexo, de fácil aplicabilidade, que

não interfira na espontaneidade de comunicação entre a equipe.

A empresa D, conforme resposta do seu gestor, não utiliza nenhum tipo de

indicador de desempenho propriamente dito. O escritório possui alguns controles

gerenciais, porém a questão é que, em relação ao desempenho, eles não estão

controlando adequadamente as horas por projeto; portanto, não conseguem medir a

rentabilidade dos trabalhos para a empresa. De acordo com o gestor, a empresa D

possui parâmetros que fiscalizam as horas máximas trabalhadas pelos cronogramas

apresentados para os clientes, com o intuito de balizar o custo de alguns dos

projetos “históricos”.

[…] Ter processos e ter ferramentas que aferissem as etapas, isso é uma base muito boa, só que a flexibilidade não pode desaparecer porque em função desses controles e pela atividade não ser matemática, muitas vezes a revisão vai acontecer numa etapa intermediária e se não tivermos flexibilidade para voltar nessa etapa e no cronograma, perdemos muito tempo seguindo passo a passo, etapa por etapa. (GESTOR DA EMPRESA D, 2015).

Em relação ao uso de algum modelo de indicador, a empresa D não adota e

não reconhece referência; também não utiliza nenhuma outra forma, meio ou

processo para medir os resultados dos seus projetos. O seu gestor refere que

somente a apropriação de horas exatas por projeto seria capaz de certificar o

desempenho, a rentabilidade do serviço. Geralmente tem-se um limite – teto – de

horas alocadas por trabalho; contudo, no final, esse controle não acompanha todo o

desenvolvimento do projeto.

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68

O quadro comparativo a seguir apresenta os indicadores de desempenho

utilizados nas empresas, de acordo com as respostas do roteiro de entrevistas

(apêndice B) dirigidas aos gestores.

Quadro 9 - Indicadores de desempenho

EMPRESA A EMPRESA B EMPRESA C EMPRESA D

UTILIZA ALGUM INDICADOR DE DESEMPENHO?

Sim Sim Não Não

QUAIS SÃO OS INDICADORES

USADOS?

Indicadores de vendas; de faturamento; de resultados; de horas previstas versus

horas realizadas; de cronograma previsto versus

realizado; de pesquisa e satisfação

Indicadores de tempo;

financeiros; de aprovação; de

satisfação

Não utiliza indicadores

de desempenho

Não utiliza indicadores

de desempenho

HÁ OUTRA FORMA OU PROCESSO

PARA MEDIR OS RESULTADOS?

“pós-venda” Pesquisa de satisfação

Não existe Não existe

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Em relação ao uso de indicadores de desempenho, percebe-se que apenas

uma parte das empresas entrevistas utiliza métodos para a sua gestão interna.

Todas as empresas identificaram a importância de se utilizar indicadores para medir

seus processos e projetos; porém, seu uso particular para alguma medida específica

é relativamente baixo analisando-se a realidade apresentada nas empresas. Os

indicadores elencados são os seguintes: de vendas, de faturamento, de tempo, de

finanças, de aprovação, de resultados, de satisfação, de horas previstas versus

horas realizadas, de cronograma previsto versus realizado e de pesquisa e

satisfação.

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69

5 DISCUSSÃO

A partir de uma revisão bibliográfica e de uma análise sistemática focadas nos

estudos e pesquisas direcionados ao tema indicadores de desempenho, observou-

se que autores como Harrington (1993), Hronec (1994), Neelyet al. (1997),

Herstenstein e Platt (1997), Robbins (2000), Müller (2003), Neely e Bourne (2003),

Borja de Mozota (2006), Borja de (2011), Garcia (2008), Mrazeket al. (2011), Marr

(2012) e Best (2012) reforçam a importância do uso de indicadores ou medidas de

desempenho para os projetos de design.

Com base nas respostas dadas pelos entrevistados, percebe-se que existe a

preocupação em melhorar os controles sobre os projetos realizados, principalmente

na questão do monitoramento das horas trabalhadas em relação às horas

contratadas. Em todos os escritórios pesquisados, existem metodologias que

servem de referência para desenvolvimento dos projetos e também uma

organização interna para gerenciar os processos relativos às atividades de design.

Além disso, a gestão de projetos formalizada através de programas (softwares) de

controle é realizada apenas em duas empresas (A e B), sendo que as demais (C e

D) a supervisionam de modo informal. Já em relação à gestão de design, os

escritórios A e C possuem uma gestão geral das suas atividades; a empresa B

realiza uma gestão interna de design; a empresa D não possui uma gestão de

design propriamente dita. Existe o reconhecimento de todos sobre a necessidade de

utilização de indicadores de desempenho para mensurar os processos de

desenvolvimento de projetos, contudo apenas as empresas A e B usam indicadores

específicos para isso, tais como indicadores financeiros, de faturamento, de vendas,

de resultados, de tempo, de aprovação, de pesquisa e satisfação.

Entre as contribuições encontradas nas publicações, percebe-se que alguns

autores como Kaplan e Norton (1997), Neely (1998), Robbins (2000) e Müller (2003)

destacam a relação entre indicadores de desempenho ou medidas de desempenho

e a estratégia da empresa – planejamento estratégico. Destacam a importância de

se ter alinhados os objetivos da organização com a estratégia e as medidas de

desempenho. Constatou-se, nas entrevistas, a preocupação das empresas na

definição e aplicação de seus respectivos planejamentos estratégicos, alinhados

com o posicionamento atual. Todos os escritórios possuem um planejamento

estratégico, porém em estados distintos: a empresa A está com o planejamento

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ativo, em contrapartida o escritório D está com ele inativo. Já a empresa B está

implementando seu novo planejamento, enquanto que a C está tentando iniciar sua

implantação. Seguindo nessa linha, Muchiri et al. (2010) complementam que as

medidas de desempenho são fundamentais para unir estratégia com gestão e,

dessa forma, identificar as lacunas existentes entre o desempenho atual e o

desejado.

De acordo com as respostas, todas as empresas possuem metodologias

próprias para desenvolvimento de seus projetos e o monitoramento é realizado

através das reuniões de pauta (empresas A, B, C e D), informalmente, em planilhas

de Excel (C e D) e também através de programas de gestão de projetos (A e B).

Além disso, utilizam cronogramas para verificar o andamento dos projetos e, a partir

desses controles, buscam aprimorar seus processos internos e suas atividades de

design, condizente com Harrington (1993) e Hronec (1994), os quais destacam que

as medidas de desempenho contribuem para os sinais vitais da

organização/empresa apontando e motivando as melhorias em seus processos e

identificando as prioridades. Harrington (1993) também caracteriza a importância de

um sistema de medição de desempenho, através de seis fatores, para as empresas

manterem a competitividade; o quadro 10 apresenta a relação desses fatores com a

realidade das empresas entrevistadas.

Quadro 10 - Fatores de desempenho para a competitividade

FATORES DE HARRINGTON (1993) EMP. A EMP. B EMP. C EMP. D

Entender o cenário atual da empresa X X X _

Mensurar efetivamente os resultados dos projetos X X _ _

Avaliar a necessidade e o impacto de possíveis mudanças, permitindo processos de melhorias e corrigindo situações de falhas

X X X _

Estabelecer prioridades e determinar necessidades de treinamento

X X X X

Planejar o atendimento a novas expectativas do cliente

X X X X

Organizar cronogramas realistas X X _ _

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

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Em relação ao entendimento do cenário atual da empresa, percebe-se que as

empresas A, B e C compreendem sua realidade (contexto) e onde estão inseridas,

posicionadas no mercado, uma vez que todas (A, B e C) possuem um planejamento

estratégico e estão analisando e revisando periodicamente seus processos para

avaliar o impacto de possíveis mudanças ou para permitir processos de melhorias,

corrigindo situações falhas. A mensuração efetiva dos resultados dos projetos é feita

pelas empresas A e B através de programas específicos de gestão de projetos,

enquanto que as empresas C e D fazem uma supervisão parcial através de planilhas

e reuniões de pauta. Tanto a empresa A como a B possuem cronogramas realistas

para controle e supervisão de seus projetos, contribuindo dessa maneira para a

própria organização interna. Todas as empresas entrevistadas possuem um

entendimento em determinar suas prioridades e necessidades de treinamento, assim

como buscam um atendimento condizente com as expectativas de seus clientes.

Em relação ao controle de horas, existe em todas as empresas entrevistadas

uma previsão de horas necessárias (de trabalho) por projeto. O grande desafio

corresponde ao momento da entrega ou finalização do projeto, ou seja, quando é

feita a contabilidade das horas trabalhadas em relação às horas contratadas; o

resultado de horas trabalhadas não deve ser maior do que as horas contratadas

para a execução dos respectivos projetos. Existe uma previsão inicial, fundamentada

na experiência de cada empresa, que estabelece a quantidade de horas necessárias

para o desenvolvimento dos projetos, conforme sua especificidade; algumas vezes

acontece que as horas previstas para os projetos é menor do que as horas que

foram trabalhadas para o desenvolvimento, ou seja, existe uma necessidade maior

não contabilizada anteriormente na validação do projeto com o cliente.

Segundo Mrazek et al. (2011), um sistema de medidas deve acrescentar valor

ao projeto, auxiliar na organização e nas tarefas, na alocação de recursos e nas

atividades do fluxo de trabalho, ou seja, deve interferir no processo de forma

colaborativa, atuando na supervisão do cronograma e tarefas, assim como no

controle das horas alocadas para os projetos. Seguindo nesse contexto, Domingos

Armani (2009 apud TERRIBILI FILHO, 2009, p.1), classifica os indicadores de

projeto em quatro tipos: (a) de impacto – medem o objetivo geral do projeto com os

resultados de longo prazo; (b) de efetividade – mensuram os resultados dos

objetivos propostos; (c) de desempenho – mostram se os resultados planejados

foram alcançados e obtidos no final do projeto; (d) operacionais – funcionam como

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ferramentas de monitoração dos projetos no dia a dia. A figura 6 ilustra os quatro

tipos de indicadores de projetos relacionados com os indicadores utilizados pelas

empresas entrevistadas.

Figura 6 - Indicadores de projetos x indicadores utilizados pelas empresas

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Percebe-se, ao falar em indicadores de desempenho, que uma das primeiras

associações realizadas pelos entrevistados foi com os indicadores financeiros, uma

vez que em todas as empresas existe o departamento administrativo, responsável

pelo gerenciamento das respectivas contas e clientes. Tem-se um controle muito

mais em função de uma gestão geral do escritório do que de uma gestão de design,

e o uso de indicadores de desempenho é realizado apenas pelas empresas A e B;

em contrapartida, as empresas C e D não utilizam indicadores “propriamente dito”

mas contabilizam seus projetos em relação às horas trabalhadas e ao prazo final de

entrega registrado no cronograma. Este achado é condizente com o estudo de Dutra

(2013) sobre métricas para o design, no qual verificou que as vendas são o maior

indicador de desempenho de design nas indústrias hoje em dia.

Borja de Mozota (2006) indica para os designers e gerentes de projeto o uso

do modelo BSC (Balance Scorecard), que questiona os quatro temas fundamentais

para cada projeto de design: (a) cliente, (b) desempenho, (c) gestão do

conhecimento, e (d) finanças. Analisando tais perspectivas com as empresas

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entrevistadas, pode-se descrever que, em relação à perspectiva do cliente, existe

em todas as empresas uma preocupação em melhorar a satisfação do cliente,

porém somente a empresa B utiliza uma pesquisa de satisfação e um indicador de

desempenho de aprovação e de satisfação; já a empresa A possui um indicador de

pesquisa e satisfação. Sobre a perspectiva dos processos internos de negócios

(desempenho), as empresas reconhecem e buscam melhorias nos seus processos

de desenvolvimento de projetos; já em relação à perspectiva do aprendizado e

crescimento (gestão do conhecimento), existe uma convergência entre todas as

empresas no que diz respeito a possuir uma equipe capacitada e motivada e a

melhorar as habilidades de aprendizagem através do design. E, por fim, a

perspectiva financeira (finanças) corresponde ao principal foco das empresas, uma

vez que todas buscam criar valor para si próprias e para seus clientes, assim como

melhorar os resultados em relação aos projetos de design.

Analisados os dados à luz do conceito de Neely et al. (1997), percebe-se que,

entre os tópicos recomendados para a concepção das medidas de desempenho,

destacam-se estes para as empresas entrevistadas: (a) medidas de desempenho

devem ser derivadas da estratégia e simples de entender; (b) devem fornecer

feedback rápido epreciso; (c) devem estar relacionadas com objetivos específicos

(metas), fazendo parte de um ciclo fechado de gestão; (d) devem ser claramente

definidas e focadas na melhoria; (e) devem ter um propósito explícito, baseado

numa fórmula conhecida e definida por uma fonte de dados; (f) devem fornecer

informações e ser precisas – exatas sobre o que está sendo medido; (g) devem ser

objetivas – não com base em parecer.

Analisando a classificação de Garcia (2008), já explicada na fundamentação

teórica deste estudo, os indicadores de desempenho são categorizados em

descritivos/numéricos e quantitativos/qualitativos; estabelecendo-se um paralelo

destes com os dados obtidos nas entrevistas, consegue-se configurar uma

classificação dos indicadores de desempenho utilizados pelas empresas, conforme

apresentado no quadro 11. Percebe-se que as empresas A e B podem ser

categorizadas de acordo com Garcia (2008), uma vez que possuem indicadores de

desempenho para mensurar seus processos. Já as empresas C e D, de acordo com

a classificação, possuem indicadores embora não sejam nomeados e/ou utilizados

pelos seus gestores como indicadores de desempenho.

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Quadro 11 - Indicadores de desempenho – classificação

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Encerrando, percebe-se que, em boa parte dos estudos e pesquisas, existe a

intenção de evidenciar a relevância e importância em se ter formas e maneiras para

mensurar e monitorar as práticas empresariais, como apontam Harrington (1993),

Hronec (1994), Muchiri et al. (2010), entre outros autores. Existe a concepção,

apresentação e sugestão de sistemas e modelos de medição de desempenho para

serem aplicados na atividade de design, destacando-se as publicações de Kaplan e

Norton (1997), Nelly et al. (1997), Borja de Mozota (2006) e Marr (2012). Por fim, as

medidas de desempenho devem ser simples, úteis e fáceis de serem

implementadas, afirma Hronec (1994); pensamento que converge com as

afirmações dos gestores das empresas A e B – únicos a utilizarem indicadores de

desempenho – e do gestor da empresa D, que, apesar de não usar nenhum

indicador, constatou que o viés para as empresas não utilizarem indicadores

corresponde à não identificação até hoje de processos simples, práticos e aplicáveis

para o uso gerencial.

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75

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o objetivo de analisar a utilização de indicadores de desempenho na

atividade de design dos escritórios de design gráfico, foi desenvolvida uma pesquisa

qualitativa com quatro empresas de design – que atuam na área de design gráfico –

de pequeno porte do Rio Grande do Sul. Para esta dissertação, foi realizado um

levantamento do estado da arte sobre o tema indicadores de desempenho para a

atividade de design gráfico; procurou-se o que tem sido publicado nessa área, na

literatura, entre os autores que direcionam seus estudos a essa linha teórica, e nas

publicações consideradas, para fins desta pesquisa – importantes fontes que

contribuíram, somando-se às entrevistas, para o alcance do objetivo geral desta

dissertação.

Com relação ao objetivo específico de identificar quais são os indicadores de

desempenho utilizados durante o processo de desenvolvimento dos projetos de

design gráfico, foi possível identificar os indicadores (a) de vendas, (b) de

faturamento, (c) de resultados, (d) de pesquisa e satisfação, (e) de tempo, (f) de

horas previstas, (g) de cronograma, (h) de finanças, (i) de aprovação e (j) de

satisfação. Existe o uso em comum de um indicador de desempenho de tempo, em

todas as empresas entrevistadas, através da supervisão das horas trabalhadas em

relação às horas contratas; porém, somente duas das empresas consideram seu

emprego como medida de desempenho. Portanto, independentemente da utilização

de indicadores específicos de desempenho, as empresas entrevistadas monitoram

seus projetos através das horas trabalhadas.

Quanto à verificação de como os indicadores de desempenho auxiliam e

contribuem para o controle e desenvolvimento dos projetos, percebeu-se que, num

primeiro momento, os indicadores de desempenho são mais utilizados para uma

gestão interna das empresas do que em relação à gestão do desenvolvimento de

seus projetos. Verificou-se que os indicadores aplicados no monitoramento dos

projetos auxiliam as empresas na organização interna em relação à demanda de

seus projetos – alocação da equipe, cronograma e custos – e contribuem para a

verificação do desempenho da equipe de criação e, principalmente, para averiguar a

rentabilidade de seus projetos.

No que se refere aos critérios adotados pelos escritórios para a escolha dos

indicadores de desempenho, identificaram-se dois padrões: (a) de acordo com o

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valor dos projetos – quanto maior o orçamento, maior o monitoramento e controle;

(b) de acordo com a relevância dos projetos – definida pelos gestores. Algumas

vezes, a magnitude do projeto mistura-se com o seu custo, ou seja, quanto maior o

valor, maior a relevância; porém, o projeto de maior valor não necessariamente é o

projeto de maior destaque para a empresa.

Em relação ao objetivo sobre a identificação dos atores do processo, suas

atuações, e a mecânica do uso de indicadores de desempenho, destaca-se que o

gestor, além de definir a relevância dos projetos, é a peça primordial desse

processo, uma vez que através dele e por meio do planejamento estratégico são

definidos os indicadores de desempenho que serão aplicados na empresa. Outro

ator importante participante do processo, pela perspectiva dos indicadores, é o

coordenador de projeto ou de pauta, cuja função é monitorar o desenvolvimento dos

projetos através dos indicadores, dos cronogramas e do controle das horas, além de

ser ele o responsável pela comunicação com o cliente numa segunda fase do

processo até o fechamento do projeto. Sintetizando, o gestor e o coordenador são

os dois atores fundamentais no processo; o gestor determina os indicadores de

desempenho, e o coordenador supervisiona sua aplicação.

É possível destacar, a partir da pesquisa do estado da arte realizada neste

trabalho, a importância de se ter indicadores de desempenho para monitorar as

práticas empresariais dos escritórios de design, uma vez que tais indicadores

colaboram para as melhorias nos processos das empresas, identificam prioridades,

alinham as iniciativas individuais e organizacionais e, também, acrescentam valor ao

projeto e auxiliam na organização interna das tarefas e na alocação de recursos

(HARRINGTON, 1993; HRONEC, 1994; KAPLAN, NORTON, 1997; ROBBINS, 2000;

MRAZEK et al., 2011).

Nas empresas estudadas, os gestores e os coordenadores de projetos ou de

pauta concordam com a importância da utilização de indicadores de desempenho na

prática da atividade de design em seus escritórios; percebe-se que existem o

conhecimento e o entendimento parcial sobre o uso de indicadores de desempenho

nos processos de gestão, todavia a sua utilização na atividade de design pode ser

considerada mediana. Basicamente, existe uma preocupação no aperfeiçoamento

do controle de horas trabalhadas em relação às horas contratadas; todas as

empresas, de uma certa maneira, ou através dos indicadores de tempo e de

resultados ou através do controle de horas, fazem uma gestão de projetos. Dessa

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maneira, o controle das horas torna-se um importante indicador para as empresas

verificarem e analisarem os resultados de seus projetos – fato destacado por todos

os gestores entrevistados.

Com base nessas observações, apesar de a linha de pesquisa que engloba

esta dissertação referir-se a gestão de design, constatou-se que a gestão acontece

nas empresas pesquisadas, principalmente, em relação aos projetos, ou seja, é uma

gestão de projetos. Nas delimitações relativas ao estudo, foi determinado que não

seria aprofundado o estudo da gestão de projetos, porém detectou-se nas

entrevistas que essa forma de monitoramento e controle dos trabalhos faz parte da

gestão das empresas, sendo fundamental na atividade interna de design. Pode-se,

deste modo, concluir que as empresas de design entrevistadas ainda não utilizam

ferramentas estratégicas de gestão de design para mensurar seus resultados.

A dificuldade encontrada para realização desta pesquisa com as empresas foi

exclusivamente de não conseguir entrevistar o coordenador dos projetos da

empresa D, devido a motivos particulares não relatados pelo gestor; fomos apenas

comunicados de que não haveria tal possibilidade de entrevista com a pessoa

responsável pela coordenação dos projetos. As limitações deste estudo referem-se à

apropriação do tema em relação à compreensão do assunto pesquisado por parte

dos entrevistados, uma vez que as respostas dos coordenadores de projeto ou de

pauta, algumas vezes, foram parciais ou limitadas ao seu conhecimento e à sua

função na empresa.

Para estudos futuros, sugere-se (a) replicar o estudo em empresas de design

de médio e grande porte; (b) determinar critérios ou padrões para a escolha ou

seleção de indicadores de desempenho para o design gráfico; (c) desenvolver um

modelo ou sistema de indicadores de desempenho específico para projetos de

design gráfico; (d) analisar as relações entre o uso de indicadores de desempenho

com foco na gestão de projetos e indicadores de desempenho com foco nos seus

resultados; e (e) definir as dificuldades e oportunidades para a implementação de

um modelo ou sistema de indicadores de desempenho nas empresas de design

gráfico.

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APÊNDICE A - Parecer de Aprovação do CEP

CENTRO UNIVERSITÁRIORITTER DOS REIS -

UNIRITTE/RS

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

Pesquisador:

Título da Pesquisa:

Instituição Proponente:

Versão:

CAAE:

A PERCEPÇÃO DO USO DE INDICADORES DE DESEMPENHO NODESENVOLVIMENTO DE PROJETOS GRÁFICOS

Fabiane Wolff

Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitte/RS

1

40228114.3.0000.5309

Área Temática:

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Número do Parecer:

Data da Relatoria:

965.249

10/02/2015

DADOS DO PARECER

A atividade de design tem se tornado um forte diferencial competitivo para as empresas. O mercado

consumidor está exigindo cada vez mais que os serviços prestados sejam eficientes e certeiros na questão

da resolução de determinados problemas. Não basta somente trabalhar a estética e a funcionalidade. Para

que as empresas de design sejam eficientes na resolução dos problemas de seus clientes, é aconselhável o

uso de indicadores de desempenho para monitorar os seus processos e tomada de decisões. Deve existir

um planejamento estratégico, processos e metodologias que, somados a uma gestão de design,

acompanhem todas as etapas do projeto, inclusive o pós-venda. Nesse sentido, essa dissertação busca

identificar a utilização de indicadores de desempenho como forma de monitoramento do processo de

desenvolvimento de projetos nos escritórios de design gráfico. O principal objetivo do estudo é identificar

como o gestor do escritório de design gráfico percebe a utilização de indicadores de desempenho no

desenvolvimento de seus projetos. Além disso, identificar quais são os indicadores; verificar como auxiliam e

contribuem para o processo de desenvolvimento dos projetos; e quais são as contribuições para a cultura

organizacional das empresas de design. Para isso, será realizado um estudo analisando dois escritórios de

design gráfico da cidade de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul.

Apresentação do Projeto:

Financiamento PróprioPatrocinador Principal:

90.840-440

(51)3230-3398 E-mail: [email protected]

Endereço:Bairro: CEP:

Telefone:

Rua Orfanatrófio, 555Alto Teresópolis

UF: Município:RS PORTO ALEGREFax: (51)3230-3398

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CENTRO UNIVERSITÁRIORITTER DOS REIS -

UNIRITTE/RS

Continuação do Parecer: 965.249

Primário: Identificar como o gestor do escritório de design gráfico percebe a utilização de indicadores de

desempenho no desenvolvimento dos seus projetos.

Secundários: (a)identificar quais são os indicadores de desempenho utilizados durante o processo de

desenvolvimento dos projetos de design gráfico; (b)verificar como os indicadores de desempenho auxiliam e

contribuem para o controle e desenvolvimento dos projetos; (c)apontar quais as contribuições do uso de

indicadores de desempenho no desenvolvimento dos projetos; (d)identificar quais são os critérios adotados

pelos escritórios para a escolha/seleção dos indicadores de desempenho. (e)identificar os atores do

processo: suas atuações e influências na utilização de indicadores de desempenho no processo de

desenvolvimento dos projetos gráficos.

Objetivo da Pesquisa:

A pesquisadora relata não existirem riscos envolvidos na presente investigação, mas vislumbra-se que

poderão existir constrangimentos, por parte dos participantes, por estarem falando sobre assunto

relacionado ao processo direto de tomada de decisões estratégicas de seus escritórios ou o

"desconhecimento" de algum termo utilizado pelos pesquisadores.

Os benefícios que podem ser gerados, correspondem a contribuição para a cultura organizacional dos

escritórios de design, através do uso de indicadores de desempenho para o controle e desenvolvimento de

seus projetos; e dessa maneira, solucionando os problemas para os clientes de forma mais eficaz e

eficiente.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:

A pesquisa se mostra relevante para decisões estratégicas futuras de escritórios de design, agregando aos

processos internos e externos e, consequentemente, aos produtos gerados pelos escritórios de design

gráfico.

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:

As adequações solicitadas foram realizadas.

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

Sem recomendações.

Recomendações:

Conclui-se pela liberação do projeto de pesquisa, para que possa ser desenvolvido.

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:

Aprovado

Situação do Parecer:

90.840-440

(51)3230-3398 E-mail: [email protected]

Endereço:

Bairro: CEP:

Telefone:

Rua Orfanatrófio, 555Alto Teresópolis

UF: Município:RS PORTO ALEGREFax: (51)3230-3398

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CENTRO UNIVERSITÁRIORITTER DOS REIS -

UNIRITTE/RS

Continuação do Parecer: 965.249

Não

Necessita Apreciação da CONEP:

PORTO ALEGRE, 26 de Fevereiro de 2015

Josué Emilio Möller(Coordenador)

Assinado por:

90.840-440

(51)3230-3398 E-mail: [email protected]

Endereço:

Bairro: CEP:

Telefone:

Rua Orfanatrófio, 555Alto Teresópolis

UF: Município:RS PORTO ALEGREFax: (51)3230-3398

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APÊNDICE B - Roteiro

I – Roteiro de Entrevista com Designers nos Escritórios de Design Gráfico I O ESCRITÓRIO Procurar entender o escritório como um todo e a forma como desenvolvem seus projetos gráficos. ESCRITÓRIO: ENTREVISTADO | CARGO | DEPARTAMENTO: 1. O escritório trabalha com outras áreas do design além do design gráfico? 2. Como o escritório está posicionado no mercado em relação aos seus concorrentes? 3. Qual o perfil dos clientes atendidos pelo escritório? 4. Como o escritório é reconhecido pelos seus clientes e pelo mercado? 5. Existe prospecção de clientes? 6. Como os clientes (futuros clientes) procuram o escritório? 7. Existe um planejamento estratégico do escritório? E de crescimento e expansão? 8. Como o escritório ‘se enxerga’ no mercado em que atua? 9. Como funciona o atendimento aos clientes? II. DESIGN Procurar entender como funciona a equipe de design – prática profissional, o desenvolvimento dos projetos gráficos, processos e metodologias, e a cultura organizacional. 10. A equipe de design (criação) é formada por quantas pessoas? 11. Como são contratadas as pessoas para a equipe de design? Quais são os critérios? 12. Existe uma hierarquia – um responsável técnico, coordenador e/ou diretor – na equipe de design (criação)? 13. Que formação têm os designers da equipe de criação e qual seu nível de experiência profissional? 14. Quem atende os clientes: o diretor/coordenador, o responsável técnico ou existe um profissional de atendimento? 15. Existem processos e/ou metodologias próprias e específicas para o desenvolvimento de projetos? Quais são? E como são classificadas e aplicadas? 16. Como o escritório identifica e comunica esses processos para a equipe? 17. Quais são as ferramentas de comunicação entre a equipe e o gestor? 18. Como a equipe entende e aplica esses processos de desenvolvimento de projetos? 19. Existe um treinamento para a equipe utilizar as metodologias próprias para desenvolvimento dos projetos? 20. Como as decisões são tomadas nos processos de design? Qual a participação da equipe? E quais informações são utilizadas no apoio à decisão? 21. Como funciona a atividade de design, desde a entrada do projeto até a finalização e entrega? Existem etapas? Quais são? 22. Como é alocada a equipe para o desenvolvimento dos projetos? 23. Existem reuniões internas para monitoramento: dos processos e do desenvolvimento dos projetos? E com o cliente? Como funcionam? 24. Existe um cronograma de planejamento e de tarefas a serem executadas até a entrega dos projetos? Como funciona e quem monitora?

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25. Além do monitoramento, existe alguma ferramenta de controle e supervisão das etapas previstas no cronograma? III. DESIGN E ESTRATÉGIA Procurar entender como o escritório concilia o planejamento estratégico com os seus próprios objetivos. Como entende a questão da gestão de design associado com as ferramentas de medição de desempenho e com os indicadores de desempenho. 26. Os planos estratégicos e os objetivos são claramente comunicados para todos os membros da equipe? 27. O escritório compreende como suas atividades de design podem ser gerenciadas e melhoradas continuamente em relação aos seus processos? Existe alguma ferramenta de gestão utilizada? 28. O que o escritório entende por Gestão de Design? 29. Existe uma gestão de projetos e de design? Como funcionam? Indicadores de desempenho podem ser definidos como uma métrica/medida que é aplicada para quantificar a eficiência e/ou a eficácia de uma ação; tendo como propósito, monitorar as práticas empresariais a fim de que estejam de acordo com o planejamento, como, por exemplo:

a. medir se os resultados planejados foram alcançados e obtidos no final do projeto;

b. medir e monitorar os projetos em relação ao orçamento e cronograma. 30. De acordo com esse conceito citado, existe o reconhecimento da necessidade de utilização de indicadores de desempenho para mensurar os processos de desenvolvimento de projetos? Sim? Não? Por quê? 31. O escritório usa algum indicador de desempenho? Quais são? 32. O escritório conhece e utiliza algum modelo de medição de desempenho? 33. Existe alguma outra forma, meio ou processo utilizado pelo escritório para medir o resultado dos projetos entregues?