programa de pÓs-graduaÇÃo e pesquisa...

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i FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO PROPOSIÇÃO DE UM MODELO CONCEITUAL DE ANALISE DE RETORNO DE INVESTIMENTOS EM MARKETING ESPECIFICO PARA AS EMPRESAS DE PLANOS DE SAÚDE. JOSE EMILIO POL MIGUEL ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ LUIZ TRINTA Rio de Janeiro, 04 de Maio de 2011.

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i

FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO

PROPOSIÇÃO DE UM MODELO CONCEITUAL DE ANALISE DE RETORNO DE INVESTIMENTOS EM

MARKETING ESPECIFICO PARA AS EMPRESAS DE PLANOS DE SAÚDE.

JJOOSSEE EEMMIILLIIOO PPOOLL MMIIGGUUEELL

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Rio de Janeiro, 04 de Maio de 2011.

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PROPOSIÇÃO DE UM MODELO CONCEITUAL DE ANALISE DE RE TORNO DE INVESTIMENTOS EM MARKETING ESPECIFICA PARA AS EMPRE SAS DE

PLANOS DE SAÚDE.

JOSE EMILIO POL MIGUEL

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Estratégia de Marketing.

ORIENTADOR: JOSÉ LUIZ TRINTA

Rio de Janeiro, 04 de Maio de 2011.

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iii

PROPOSIÇÃO DE UM MODELO CONCEITUAL DE ANALISE DE RE TORNO DE

INVESTIMENTOS EM MARKETING ESPECIFICA PARA AS EMPRE SAS DE

PLANOS DE SAÚDE

JOSE EMILIO POL MIGUEL

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Estratégia de Marketing.

Avaliação

BANCA EXAMINADORA

PROF. DR. JOSÉ LUIZ TRINTA (Orientador)

Instituição: Faculdades Ibmec

PROF. DR. PAULA CASTRO PIRES DE SOUZA CHIMENTI

Instituição: Faculdades Ibmec

PROF. DR. ISABEL BALLOUSSIER CERCHIARO

Instituição: Universidade Federal Fluminense - UFF

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Prezado aluno (a),

Por favor, envie os dados abaixo assim que estiver com a versão definitiva, ou Seja, quando não faltar mais nenhuma alteração a ser feita para o email [email protected], colocando no assunto: FICHA CATALOGRÁFICA – MESTRADO. Enviaremos a ficha catalográfica o mais breve possível para o seu email (se possível em até 72 horas). 1) Nome completo;

2) Título e subtítulo (se houver e separados);

3) Ano de defesa;

4) Área de concentração;

5) Assunto principal (contextualizado);

6) Assuntos secundários;

7) Palavras-chave, e

8) Resumo (se possível)

9) Curso ( Mestrado profissionalizante em...)

Ou envie os anexos contendo a página de rosto e a do resumo, além da área de concentração.

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AGRADECIMENTOS

Apresento meus agradecimentos a todos aqueles que de alguma forma ajudaram na

conclusão deste trabalho. Aos meus amigos e familiares que sempre me apoiaram na

iniciativa de cursar o Mestrado em Administração de Empresas e colaboraram ao

longo desta trajetória.

Agradeço também ao Professor José Luiz Trinta pela orientação e confiança em mim

depositada. E, a Professora Paula Chimenti, por sua participação na banca de defesa do

projeto, agregando valor e conhecimento ao estudo.

Não posso deixar de agradecer a cada um dos meus entrevistados, razão de ser desse

estudo, por sua disponibilidade de tempo, interesse em colaborar e valiosos

conhecimentos.

Finalmente, gostaria de agradecer a minha esposa Luciene, que com sua paciência e

estimulo constante sempre me motivou para a conclusão do meu mestrado. Bem

como, o meu filho Vitor, de apenas 8(oito) anos, que com sua alegria, paciência,

inteligência e animação, amenizavam os momentos mais difíceis.

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RESUMO

Retorno de Investimento em Marketing é um tema importante no meio acadêmico e

que vem ganhando cada vez mais destaque no meio profissional, especialmente neste

inicio de século, onde o avanço da sistematização de dados e tecnologia proporciona mais

facilidade e acura cidade no arquivamento, manipulação e utilização de metodologias

estatísticas para identificação da correlação de causa e efeito entre as diferentes variáveis

dependentes e independentes dos negócios. O mercado de plano de Saúde desde sua

regulamentação, em 1996, apresenta um processo cada vez maior de profissionalização

acarretando a necessidade de uma gestão cada vez mais qualificada em todos seus

investimentos e na administração de seus custos. Esta dissertação, por meio de um

levantamento bibliográfico da evolução da discussão sobre retorno de investimento em

marketing, de seus diferentes modelos conceituais e de uma pesquisa qualitativa de

profundidade com alguns dos principais Executivos e Consultores de empresas lidere

no Setor de Planos de Saúde, visa à proposição de um modelo conceitual de avaliação

específico para o Setor. Este modelo tem como objetivo indicar uma possível integração

entre o pensamento acadêmico e o pensamento profissional.

Palavras Chave: Retorno de Investimento em Marketing, Modelos Conceituais e

Quantitativos de avaliação de retorno de investimento em Marketing, Operadoras privadas de

assistência a saúde (Planos de Saúde).

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ABSTRACT

Return on Marketing Investment is an important topic in academic circles and is

gaining prominence in the Professional environment, especially in the beginning of this

century, where the advance of systematization of data and technology provides greater

ease and accuracy in filling, handling and use statistical methodologies to identify the

correlation of cause and effect between the various dependent and independent variables

of business. The Health Insurance market since its regulations, in 1996, presents an

increasing process of professionalization which requires the need for a high quality

management in all its investiment and administration costs. This thesis through a

literature survey of the evolution of discussion about Return on Marketing Investiment

(ROIM), its conceptual frameworks and a qualitative depth with some of the top of

executives of leading companies and consultants in the Department of Health Plans,

aims to propose a conceptual model of assessment specific to this market. This model

intend to make easier integrates academic thinking with thinking professionally.

Keywords: Return on Marketing Investiment (ROIM) , Conceptual frameworks and

quantitatives methods of evaluet Return on Marketing Investimentde , Health Insurance

Companies (Health Plans).

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Brand Equity Ten ............................................................................................28

Quadro 2 - Síntese da literatura sobre medidas de desempenho de marketing ...................29

Quadro 3 - Modelo de Avaliação de Marcas........................................................................33

Quadro 4 - Síntese dos textos utilizados na revisão de literatura.........................................40

Quadro 5 - Caracterização dos Entrevistados.......................................................................49

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Beneficiários de Planos Privados de Saúde por Cobertura Assistencial do

Plano (Brasil 2000-2010)..........................................................................................................10

Figura 2 - Operadoras de Planos Privados de Saúde em atividade (Brasil 1999-2009)

...................................................................................................................................................11

Figura 3 - Métricas de marketing: O marketing no centro da organização .................35

Figura 4 - Ligando as ações de marketing ao resultado operacional.............................42

Figura 5 - Modelo Conceitual de avaliação do retorno de investimento em marketing

nas Empresas de Planos de Saúde.........................................................................................73

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - As 25 marcas mais valiosas do Brasil 2010 (Valores em R$ milhões)................04

Tabela 2 - Taxa de Sinistralidade das Operadoras de Planos Privados de Saúde,

segundo modalidade de Operadora (Brasil 2005-2010)

...................................................................................................................................................05

Tabela 3 - Despesa das Operadoras de Planos Privados de Saúde, por tipo, segundo

modalidade de Operadora (Brasil 2009)................................................................................06

Tabela 4 - Beneficiários de Planos Privados de Saúde, por cobertura e segmentação

Assistencial de plano, segundo época e tipo de contratação do Plano (Brasil março-2010)

...................................................................................................................................................14

Tabela 5 - Beneficiários das Operadoras de Planos Privados de Saúde, Estado do Rio de

Janeiro (março - 2010)..............................................................................................................15

Tabela 6 - Grau de Satisfação relativo às métricas de desempenho

...................................................................................................................................................38

Tabela 7 -Beneficiários de Planos de Saúde por empresa no Estado do Rio de Janeiro

...................................................................................................................................................47

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LISTA DE ABREVIATURAS

AMA American Marketing Association

ANS Agência Nacional de Saúde

CAPOD Sistema de Cadastro das Operadoras

CEO Chief Executive Officer

CMO Chief Marketing Officer

DIOPS Documento de informações Periódicas das Operadoras de Planos de Saúde.

EPSS Edward Personal Preference

MSI Marketing Science Institute

MTMM Multitrait Multimethod Matrix

PIMS Profit Impact of Marketing Strategy

ROIM Retorno de Investimento em Marketing

RPS Sistema de Registro de Produtos

SIB Sistema de Informações de Beneficiários

SIP Sistema de Informação de Produto

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SUMÁRIO:

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 01

1.1. IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVA DO TEMA ................................................01

1.2. OBJETIVO DA PESQUISA .................................................................................07

1.3. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................07

1.4 . DESENVOLVIMENTO E ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO .......................07

2. O MERCADO DE PLANOS DE SAÚDE .......................................................09

2.1. NO BRASIL ............................................................................................................... 09

2.2. NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO..................................................................... 15

3. REVISÃO DE LITERATURA ...........................................................................17

3.1. MARKETING É OU NÃO É CIENTIFICO? .......................................................17

3.2. MÉTRICAS E A SUA LIGAÇÃO COM O RESULTADO FI NANCEIRO

...................................................................................................................................................21

4 METODOLOGIA .....................................................................................................43

4.1. JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA METODOLÓGICA .......................................43

4.2 - PROCEDIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO.............................................. 45

4.2.1 - Escolha dos entrevistados............................................................................... 46

4.2.2 - Coleta de dados .............................................................................................. 49

4.2.3 - Entrevistas ................................................. .................................................... 51

4.2.4 - Procedimentos de análise .......................... .................................................... 52

4.2.5 - Limitações do método .......................... ........................................................ 53

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5 RESULTADOS ..........................................................................................................55

5.1- GRAU DE IMPORTÂNCIA DE CADA UMA DAS MÉTRICAS ........................... 55

5.1.1. Vendas & Participação de mercado ............................................................. 56

5.1.2. Imagem de marca ........................................................................................... 59

5.1.3. Valor de marca .............................................................................................. 61

5.1.4. Preço premium .............. ................................................................................ 62

5.1.5. Satisfação do Cliente..................................................................................... 64

5.1.6. Fidelização do Cliente...................................................................................... 65

5.1.7. Métricas de Investimento em Comunicação................................................. 67

5.1.8. Outras considerações.................................... .................................................. 69

5.2. PROPOSIÇÃO DE UM MODELO CONCEITUAL ............................................. 72

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................78

6.1. CONCLUSÃO ................................................................................................................78

6.2 . IMPLICAÇÕES GERENCIAIS ..................................................................................80

6.3. LIMITAÇÕES DO ESTUDO .....................................................................................81

6.4 . SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS............................................................82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................83

APÊNDICE A ........................................................................................................................88

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1. INTRODUÇÃO

Este capítulo se subdivide em três partes. Na primeira parte, procura-se esclarecer o porquê

da seleção do tema denominado retorno de investimento em marketing como objeto desta

Dissertação. Na segunda parte, é apresentada a descrição do objetivo desta pesquisa e sua

respectiva delimitação de abrangência. Na terceira e última parte, são explicados o processo

de desenvolvimento e da estruturação do trabalho.

1.1 - IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVA DO TEMA

“Quando você pode medir algo sobre o que está falando e expressá-lo em

números, você sabe alguma coisa; mas quando não consegue medir, quando

não pode expressar algo em números, seu conhecimento é escasso e

insatisfatório: pode ser o início do conhecimento, mas você mal avançou,

em seus pensamentos, para o estágio da ciência” ( LORD KELVIN, 1891-

1895, apud Farris et all - 2006).

“ I Know I waste half the money I spend on Advertising. The problem

is, I don´t Know which half” (WANAMAKER, 1838-1922, apud

Queiroz - 2008).

As citações anteriores são utilizadas para ilustrar a importância de avaliar a rentabilidade da

publicidade e das demais atividades que formam o composto de marketing, além de

exemplificar a quanto tempo este objeto de estudo vem se apresentando como um desafio

para os acadêmicos e profissionais da área de marketing, desafio este, que persiste até

hoje.

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Este processo ganhou importância com o lançamento, de forma quase simultânea, em

1962, do Marketing Science Institute (MSI), uma organização não-lucrativa com o

objetivo do financiamento de pesquisa acadêmica para promover o desenvolvimento de

conhecimento de alto nível aplicável ao aprimoramento da gestão de marketing,

concomitantemente, à criação de um grupo de notáveis estabelecido pela American

Marketing Association (AMA) para colaborar na promoção desta discussão.

Clark (1999) fez uma revisão histórica da literatura sobre como a Academia tinha

evoluído na temática das medidas de retorno de investimento em marketing, e

identificou três consistentes ciclos:

. Primeiro ciclo: medidas de resultados (output) financeiros para não- financeiros;

. Segundo ciclo: medidas de resultados (output) para medidas necessárias (input);

. Terceiro Ciclo: medidas unidimensionais para medidas multidimensionais.

Desde então, a evolução da discussão percorreu, tanto o caminho do grau de confiabilidade

estatística e validação científica quanto o caminho do desenvolvimento de um modelo

conceitual.

Em 2001, foi criado o Chief Marketing Officer (CMO) Council , uma organização sem

fins lucrativos que hoje em dia conta com mais de 6.000 profissionais associados, todos

considerados de nível sênior na área de marketing. Eles estão distribuídos por mais de

100 países e são responsáveis por aproximadamente US$ 200 bilhões de investimentos

anuais em atividades de marketing. A partir de pesquisas periódicas com estes profissionais

desenvolveu-se o produto denominado de Marketing Outlook, que tem como objetivo,

identificar quais seriam os seus principais desafios para a realização de uma melhor

aplicação dos investimentos de marketing.

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Em 2007, o resultado do Marketing Outlook , apresentou como prioridade número 1 para

a evolução das organizações de marketing a temática: quantificar e medir o valor dos

investimentos nos programas de marketing.

Queiroz (2008) em sua tese de Doutorado afirmou que a temática: Métricas de Retorno de

Investimento em Marketing era uma linha de estudos promissora para acadêmicos das

áreas de marketing e finanças, pois a pressão para obtenção de resultados no curto prazo pode

resultar na destruição de valor das empresas.

Para o autor, estudos que indiquem a utilidade de indicadores de desempenho de longo prazo

certamente enriquecerão a discussão estratégica entre gestores e acionistas. Para ele, no que

concerne ao marketing é possível identificar inúmeros investimentos, como aqueles

direcionados à construção de marcas fortes (Tabela 1). Além de indicadores de avaliação da

satisfação e a lealdade dos clientes, cujos impactos são expressivos e de longo prazo, mas que,

na ausência de indicadores e critérios claros de sua efetiva contribuição,tornam-se potenciais

alvos de cortes, ou pior, são considerados desperdício de recursos, afetando a credibilidade

dos executivos responsáveis pela área de marketing.

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Tabela 1: As 25 marcas mais valiosas do Brasil 2010 (Valores em R$ Milhões)

ORDEM MARCA SETOR VALOR (R$) 1 Itau Financeiro 20.651 2 Bradesco Financeiro 12.381 3 Petrobras Energia 10.805 4 Banco do Brasil Financeiro 10.497 5 Skol Alimentos&Bebidas 6.543 6 Natura Cosméticos 4.652 7 Brahma Alimentos&Bebidas 3.607 8 Antarctica Alimentos&Bebidas 1.753 9 Vivo Telecomunicações 1.468 10 Renner Varejo 780 11 Embratel Telecomunicações 730 12 Banrisul Financeiro 645 13 Lojas Americanas Varejo 601 14 Cyrela Imobiliário 545 15 Oi Telecomunicações 472 16 Braskem Petroquimica 449 17 TAM Transporte Aéreo 347 18 NET Telecomunicações 294 19 Marisa Varejo 196 20 Hering Vestuário 144 21 Gafisa Imobiliário 129 22 Havaianas Vestuário 113 23 Gol Transporte Aéreo 108 24 Positivo Tecnologia 103 25 Lopes Imobiliário 87

Fonte: Ranking Interbrands das marcas brasileiras mais valiosas 2010, publicada em 2011.

Em relação aos resultados operacionais apresentados pelas empresas participantes do sistema

de Saúde Suplementar, sejam eles referentes aos denominados de Despesa Assistencial

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5

(consultas, procedimentos médicos, exames e internações) ou aos denominados de

Despesas Administrativas (pessoal, tecnologia, telefonia, imóveis e marketing, entre

outros), constatou-se que as empresas consideradas de Medicina de Grupo, objeto de

atenção desta pesquisa, são as que apresentaram a menor taxa de sinistralidade, que pode

ser definida como a parte correspondente a um percentual da receita total que é gasto na

assistência médica de seus associados, resultado este decorrente de uma melhor gestão dos

custos médicos. Este fato aumenta a importância de uma maior otimização na

administração dos itens que compõem os custos administrativos, entre eles, os

investimentos de marketing (tabelas 2 e 3).

Tabela 2: Taxa de sinistralidade das Operadoras de planos privados de saúde,

segundo modalidade da operadora (Brasil – 2005-2010)

Modalidade da Operadora 2005 2006 2007 2008 2009 (2) 2010 (1o Trimestre)

Total 80,8 79,0 79,9 79,7 82,3 77,5Operadoras Médico-hospitalares 81,4 79,7 80,5 80,4 83,0 78,4Autogestão 87,9 83,0 87,6 91,9 94,5 92,1Cooperativa Médica 81,8 80,7 79,6 81,3 82,4 76,4Filantropia 73,5 75,6 53,5 53,0 82,7 72,0Medicina de Grupo 75,7 75,9 77,0 77,4 79,0 76,0Seguradora especializada em Saúde 90,0 84,0 89,7 81,5 83,6 84,0

Operadoras exclusivamente Odontológicas 49,3 46,2 47,9 47,7 48,7 36,2Cooperativa Odontológica 65,7 63,1 64,8 65,1 63,8 56,5Odontologia de Grupo 41,1 39,5 40,7 39,9 42,0 29,0

Fonte: Elaborado pelo autor com dados DIOPS/ANS/MS – 09/06/2010.

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Tabela 3: Despesa das operadoras de planos privados de saúde por tipo, segundo

modalidade da operadora (Brasil – 2009)

Modalidade da Operadora Total Despesa Assistencial % Despesa Administrativa %

Total 64.459.418.131 53.753.906.610 83 10.705.511.611 17

Operadoras Médico-hospitalares 63.391.711.976 53.114.223.516 84 10.277.488.550 16

Autogestão 8.149.437.236 7.127.994.652 87 1.021.442.674 13

Cooperativa Médica 22.653.251.611 19.093.459.85484 3.559.791.757 16

Filantropia 2.851.173.388 1.243.086.709 44 1.608.086.679 56

Medicina de Grupo 18.411.674.531 15.276.549.94783 3.135.124.584 17

Seguradora especializada em Saúde 11.326.175.210 10.373.132.354 92 953.042.856 8

Operadoras exclusivamente Odontológicas 1.067.706.155 639.683.094 60 428.023.061 40

Cooperativa Odontológica 378.706.457 255.534.30067 123.172.157 33

Odontologia de Grupo 688.999.698 384.148.794 56 304.850.904 44

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados DIOPS/ANS/MS – 09/06/2010

Notas: (1) Dados sujeitos a revisão

(2) Para as operadoras que não enviaram DIOPS no quarto trimestre, exceto Augestão por RH e SPC

(correspondente a 2,7% dos beneficiários), foi utilizada a despesa informada no terceiro trimestre (0,7% dos

beneficiários).

Desta forma, através da identificação do que Executivos e Consultores responsáveis pela

gestão das principais empresas Operadoras de Planos Privados de Saúde, atuantes no

mercado do Rio de Janeiro, consideram como métricas relevantes a serem consideradas

para análise do retorno de investimento em marketing, busca-se a aproximação do

pensamento Acadêmico com o pensamento Empresarial, no intuito de contribuir com

melhores ferramentas gerenciais que proporcionem uma melhoria da gestão dos

investimentos de marketing nestas empresas.

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1.2 – O OBJETIVO DA PESQUISA

O objetivo deste estudo é o de entender o que pensam os Executivos responsáveis pela

administração das principais empresas de Planos de Saúde do Estado do Rio de Janeiro e os

Consultores ligados a elas, sobre as métricas de retorno de investimento em marketing de

forma a identificar as que consideram prioritárias. A intenção é que estas métricas sejam

utilizadas na proposição de um modelo conceitual de análise do retorno de investimento

específico para o Setor.

1.3 – DELIMITAÇÕES DA PESQUISA

Este trabalho não abrange a proposição de um modelo conceitual que possa ser

generalizado para outros setores. Ele prevê sua utilização exclusiva nas empresas do setor

de Planos de Saúde. Da mesma forma, não tem a pretensão de se apresentar um

modelo conclusivo, mas sim uma colaboração para o desenvolvimento do tema.

1.4 - DESENVOLVIMENTO E ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

A organização deste trabalho tem como objetivo explorar o tema em análise, tendo como

início este capítulo introdutório.

No segundo capítulo será apresentado o processo evolutivo do mercado de Planos de Saúde

no período posterior à promulgação da Lei: 9656/98 que regulamentou o setor. Esta

descrição reforça a importância de uma melhor gestão dos custos administrativos, onde as

despesas de marketing estão inseridas.

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O terceiro capítulo, é constituído da revisão da literatura sobre o tema com a

exploração dos diferentes caminhos percorridos pela Academia e Mercado na discussão

sobre Retorno de Investimento em Marketing, desde curiosidades históricas, propostas

de modelos conceituais até as técnicas estatísticas aplicadas para avaliação deste retorno.

No quarto capítulo, é apresentada a metodologia empregada na pesquisa qualitativa de

profundidade realizada junto aos Executivos e Consultores das principais empresas de

Plano de Saúde, o perfil profissional destes entrevistados e sua relevância para o Setor.

No quinto capítulo, são descritos os resultados da pesquisa de profundidade, o

tratamento das respostas obtidas e a apresentação dos resultados convergentes entre o

pensamento acadêmico e a prática profissional. Bem como, é realizada a proposição de

um modelo conceitual de análise dos retornos de investimento em marketing específico

para as empresas de Planos de Saúde.

No sexto e último capítulo, são apresentadas as conclusões finais deste estudo, suas

implicações gerencias e as respectivas limitações, além de sugestões para realização de

pesquisas futuras sobre o tema.

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2 O MERCADO DE PLANOS DE SAÚDE

Este capítulo descreve, na primeira parte, a evolução histórica do mercado de Planos de

Saúde no período posterior à promulgação da Lei: 9656/98 que regulamentou o setor,

suas especificidades, formatos de comercialização, coberturas assistenciais, custos

assistenciais e administrativos. Na segunda parte, além da informação do número de

beneficiários de planos de saúde referentes ao Estado do Rio de Janeiro, é apresentado um

quadro com a respectiva participação de mercado que contém as empresas representadas

neste estudo.

2.1 – NO BRASIL

Com o advento da sua regulamentação pela da Lei 9.656/98 o mercado de Plano de

Saúde privado no Brasil percorreu um processo de maior profissionalização que

proporcionou aos seus beneficiários maiores garantias de atendimento e cobertura de

serviços de assistência e cuidado da saúde. As empresas autorizadas a prestar estes

serviços, são pessoas jurídicas constituídas sob a modalidade de sociedade civil ou

comercial, cooperativa, ou entidade de autogestão, autorizada a partir do registro na

Agência Nacional de Saúde (ANS) e são denominadas de Operadoras de Planos Privados de

Assistência à Saúde. Esta garantia proporcionou um crescimento contínuo e sustentável

no número de beneficiários do sistema nos dez últimos anos, representado no gráfico a

seguir (figura 1).

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Figura 1: Milhões de Beneficiários de Planos de Saúde por cobertura assistencial do

plano (Brasil 2000-2010)

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados do SIB/ANS/MS – 12/2009 e SIB/ANS/MS – 03/2010.

O caminho oposto ocorreu no número de empresas prestadoras destes serviços, onde se

identificou uma diminuição de um total de 1969 empresas para 1195 empresas em

funcionamento.

Este processo de consolidação das empresas existentes foi conseqüência de um conjunto

de maiores obrigações financeira e de uma maior responsabilidade civil (figura 2)

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Figura 2: Operadoras de planos privados de saúde em atividade (Brasil – 1999-2009)

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados CADOP/ANS/MS – 03/2010 e SIB/ANS/MS – 03/2010.

Por definição regimental, as empresas de Planos de Saúde têm como objeto a

prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós-

estabelecido, por prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite

financeiro, a assistência a saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou

serviços de saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada, contratada

ou referenciada, visando à assistência médica, hospitalar e odontológica, a ser paga integral

ou parcialmente a expensas da operadora contratada, mediante reembolso ou pagamento

direto ao prestador, por conta e ordem do beneficiário.

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Trimestralmente a Agência Nacional de Saúde (ANS) publica o Caderno de Informação de

Saúde Suplementar elaborado a partir de dados obtidos e tratados no Sistema de

Informações de Beneficiários (SIB), Sistema de Cadastro de Operadoras (CADOP),

Documento de Informações Periódicas das Operadoras de Planos Privados de Assistência à

Saúde (DIOPS), Sistema de Registro de Produtos (RPS), Sistema de Informações de

Produtos (SIP) e Formulário de Informações Periódicas (FIP). Além, dos dados relativos

aos prestadores de serviços de saúde oriundos do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos

de Saúde do Brasil (CNES). Este caderno apresenta informações sobre beneficiários,

Operadoras, planos novos (lançados após a Lei 9656/98) e planos antigos (anteriores a

Lei 9656/98), diferenciados quanto à modalidade de contratação.

Quando se fala sobre modalidade de contratação, se trata da definição se o plano de saúde foi

contratado por uma pessoa física ou por uma pessoa jurídica. Este fator é relevante,

principalmente no que se refere ao percentual de reajuste aplicado periodicamente nos planos

de saúde. A legislação prevê controle para o índice de correção dos planos contratados de

forma individual ou familiar e negociação de reajuste entre as partes quando se trata de um

plano coletivo (empresarial ou por adesão). Abaixo são descritos as especificidades de cada

uma das formas de contratação:

. Individual/Familiar: contrato assinado entre um indivíduo e uma operadora de planos de

saúde para assistência a saúde do titular do plano (plano individual) ou do titular e seus

dependentes (plano familiar);

. Coletivo Empresarial: contrato assinado entre uma pessoa jurídica e uma operadora de

planos de saúde para assistência à saúde de empregados / funcionários, ativos / inativos;

. Coletivo de Adesão: contrato assinado entre uma operadora de planos de saúde e

sindicalizados / associados da pessoa jurídica contratante.

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Importante também, no momento de contratação de um plano de saúde é verificar o tipo

de Cobertura Assistencial que está sendo contratado. Esta, trata da denominação dada ao

conjunto de direitos (tratamentos, serviços, procedimentos médicos, hospitalares e/ou

odontológicos) a que o usuário faz jus pela contratação de um plano de saúde:

. Plano Ambulatorial: Engloba apenas os atendimentos realizados em consultórios

(consultas) ou ambulatório (procedimentos ambulatoriais), definidos e listados no Rol de

Procedimentos, inclusive exames. O plano com Cobertura Ambulatorial não cobre internação

hospitalar.

. Plano Hospitalar: Compreende os atendimentos realizados durante a internação hospitalar.

Este plano não tem cobertura ambulatorial.

. Plano Hospitalar com Obstetrícia: Compreende os atendimentos realizados durante a

internação hospitalar e os procedimentos relativos ao pré-natal e à assistência ao parto.

. Plano Referência: Constitui o padrão de assistência médico-hospitalar porque conjuga a

cobertura ambulatorial, hospitalar e obstétrica. A lei estabelece que a operadora de plano de

saúde deve oferecer, obrigatoriamente, aos consumidores, o Plano Referência, com a opção de

acomodação em enfermaria.

. Ambulatorial + Hospitalar: Constitui o padrão de assistência médico-hospitalar porque

conjuga a cobertura ambulatorial, hospitalar e obstétrica. A lei estabelece que a operadora de

plano de saúde deve oferecer, obrigatoriamente, aos consumidores, o Plano Referência, com a

opção de acomodação em enfermaria e a opção do plano Ambulatorial + Hospitalar com a

opção de acomodação também em quarto privativo..

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. Plano Odontológico: Inclui apenas procedimentos odontológicos realizados em

consultórios, incluindo exame clinico, radiologia, prevenção, dentística, endodontia,

periodontia e cirurgia.

Os dados demonstram que o mercado brasileiro vem aumentando sua participação de

planos coletivos (empresariais ou por adesão) atingindo em março de 2010, o montante

de 71,9% (setenta e um, nove) do total de planos de saúde (Tabela 4).

Tabela 4: Beneficiários de planos privados de saúde. Por cobertura e segmentação

assistencial do plano, segundo época e tipo de contratação do plano (Brasil –

março de 2010)

Total Ambulatorial Hospitalar (1)Hospitalar (1) e

ambulatorial Referência Não informado

Total 43.196.188 2.209.009 687.299 31.694.658 6.174.166 2.431.056 13.377.424Coletivo empresarial 24.035.586 1.031.733 171.296 18.442.574 4.387.430 2.553 6.958.277Coletivo por adesão 7.417.323 655.041 162.061 5.994.506 603.546 2.169 3.828.326Coletivo não identificado 51.694 8.650 347 39.982 2.715 235.761Individual 9.215.362 509.920 353.400 7.166.322 1.180.475 5.245 2.161.088Não informado 2.476.223 3.665 195 51.274 2.421.089 193.972

Novos 33.988.938 1.568.463 318.346 25.927.963 6.174.166 0 12.606.683Coletivo empresarial 21.107.982 913.717 120.978 15.685.857 4.387.430 6.638.662Coletivo por adesão 5.377.142 203.724 89.487 4.480.385 603.546 3.670.730Coletivo não identificado 51.694 8.650 347 39.982 2.715 235.761Individual 7.452.120 442.372 107.534 5.721.739 1.180.475 2.061.530

Antigos 9.207.230 640.546 368.933 5.766.695 0 2.431.056 770.741Coletivo empresarial 2.927.594 118.016 50.308 2.756.717 2.553 319.615Coletivo por adesão 2.040.171 451.317 72.564 1.514.121 2.169 157.596Individual 1.763.242 67.548 245.866 1.444.583 5.245 99.558Não informado 2.476.223 3.665 195 51.274 2.421.089 193.972

Época e tipo de contratação do plano

Exclusivamente odontológico

Assistência Medica com ou sem Odontologia

Fonte: Elaborado pelo autor com dados SIB/ANS/MS – 03/2010

(1) Incluir planos hospitalares com ou sem obstetrícia.

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Destacam-se também a preponderância dos planos denominados de novos, ou seja,

planos comercializados no período posterior à regulamentação do setor, e dos planos

denominados de Hospitalar + Ambulatorial (consultas , exames e internações)

independentemente da garantia de cobertura nacional, estadual, grupo de municípios ou

municipal.

Em junho de 2010, os planos comercializados no período posterior à regulamentação do setor,

significavam 79% do total de planos, sendo que de 33.988.938 beneficiários, 76% eram

compostos de planos empresarias ou coletivos por adesão.

2.2 - NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO:

Em se tratando especificamente do mercado do Estado do Rio de Janeiro, o Caderno de

Informação de Saúde Suplementar de Março de 2010 apresentou o número de 5.541.700

beneficiários de planos de saúde com ou sem atendimento Odontológico, com uma

participação de 30% para os produtos denominados de individuais e/ou familiares e 70%

para os produtos denominados de coletivos (empresarias e adesão), o que demonstrou uma

forte similaridade com o mercado nacional, conforme exposto, (tabela 5):

Tabela 5: Beneficiários de Planos Privados de Saúde - Estado do Rio de Janeiro –

Estado Total Total Coletivo Individual Total Coletivo Indi vidual Não informadoRio de Janeiro 5.541.700 4.176.000 3.137.726 1.039.079 1.364.895 776.642 242.730 345.523

NOVOS ANTIGOS

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados ANS: Março de 2010.

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Deste total de beneficiários, 2.785.719 (dois milhões, setecentos e oitenta e cinco mil,

setecentos e dezenove) beneficiários, ou 50% do total, possuem contrato com empresas

apenas 7 (sete) empresas de Planos de Saúde: Amil, Grupo Hospitalar do Rio de Janeiro

(ASSIM Saúde), Bradesco, Golden Cross, Intermédica, Sul América e Unimed-RJ.

Nesta pesquisa, com exceção do Bradesco e da Sul América, devido à impossibilidade de

contato com seus Executivos e Consultores, todas as demais grandes empresas (possuidoras

de um número > 100.000 beneficiários) estiveram representadas: Amil (inclui Dix Saúde e

Medial), ASSIM, Golden Cross, Intermédica e Unimed.

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3. - REVISÃO DE LITERATURA

O objetivo deste capítulo é o de fornecer o embasamento teórico necessário para a

realização da pesquisa, bem como permitir a correta análise dos resultados obtidos por

meio da coleta de dados. Busca também, facilitar uma análise comparativa dos

pensamentos acadêmicos com a visão dos profissionais responsáveis ou influenciadores

das decisões de investimento de marketing no setor de Planos de Saúde. O primeiro item

desta seção se refere aos pontos da literatura que se concentram na discussão sobre a

possibilidade ou adequação de marketing ser ou não ser considerado científico e seus

respectivos desdobramentos. Enquanto, que o segundo item se concentra no destaque das

informações obtidas nas métricas consideradas subjetivas e suas respectivas ligações com

o resultado financeiro das empresas.

3.1 - MARKETING É OU NÃO É CIENTÍFICO?

Quando temos a iniciativa de validar metodologias de Retorno de Investimento em

Marketing (ROIM) que possam ser generalizadas para o desenvolvimento do conhecimento,

reforça-se o conceito de que marketing deve ser tratado como ciência. Nesta etapa inicial da

revisão da literatura acadêmica existente, que compreende o período do pós-guerra até

meados dos anos 70, foram identificados, entre alguns artigos e livros, três que são citados nas

demais evoluções sobre o tema e podem ser considerados como artigos precursores sobre a

discussão de marketing ser tratado ou não de forma científica.

Converse (1945) através de uma pesquisa realizada com quarenta e cinco profissionais

de 37 Universidades e Organizações de Pesquisa, distribuídas de Boston a Los Angeles, e

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que atuavam no campo dos estudos de marketing desde 1925, descreveu os principais

pontos para o desenvolvimento da matéria de marketing. Em sua pesquisa identificou

os campos científicos de onde se originaram os conhecimentos de marketing, os conceitos,

técnicas e grupos de dados relevantes, as Organizações Governamentais e não

Governamentais que funcionavam como fonte de informação e fomento, periódicos e

livros de destaque no mundo corporativo e acadêmico da época.

O autor apresentou como resultado na identificação dos campos científicos originários da

filosofia de marketing: a Economia, a Ciência da Gestão, a Psicologia, a História

Econômica e a Contabilidade. Em relação aos conceitos, técnicas e grupos de dados

foram apontados como mais relevantes e consensuais os itens que tratavam da

organização conceitual das definições do que ligava-se a área de marketing; As técnicas

de ensino através do estudo de casos; E, finalmente, o desenvolvimento de pesquisas

de marketing para a evolução do conhecimento e a avaliação de retorno.

Bartels (1951), acrescentou a discussão sobre a validade de marketing ser tratado como

ciência, outra vertente que procurou demonstrar que a dificuldade em caracterizar

marketing como ciência decorria principalmente de dois fatores:

1. Os objetivos da ciência nem sempre são atingidos nos estudos de marketing;

2. Enquanto a meta de marketing e a informação necessária para seu alcance possam

quase sempre ser motivo de estudos científicos, nem sempre o profissional de marketing está

preocupado com isso.

Em seu artigo, o autor, afirmou que para ser reconhecido como ciência, os estudos de

marketing deveriam ser estabelecidos com a preocupação conceitual e não somente

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operacional, além de demonstrar possibilidade de predição para proporcionar o

desenvolvimento do conhecimento como um guia para ações mais lucrativas.

Buzzel (1963) destacou o respeito, e até mesmo uma certa reverência por parte dos

Executivos de Negócios para com as realizações da Ciência: Satélites em órbita, Vacina da

Pólio, Televisão, entre outros. No entanto, quando os mesmos eram questionados sobre a

Ciência do Marketing, o ceticismo prevalecia. Apesar deste ceticismo, o autor

reconheceu que o desenvolvimento da questão permaneceu e ganhou destaque com as

seguintes ações:

. Em meados de 1962 foi criado o Marketing Science Institute (MSI) por 29 grandes

corporações, com o objetivo de estimular o estudo científico e aproximar os

Acadêmicos dos Profissionais de mercado;

. No mesmo período, a American Marketing Association (AMA) estabeleceu um grupo de

“notáveis” com o mesmo objetivo;

. Acompanhando este movimento várias literaturas (artigos e livros) começam a destacar

aspectos científicos do Marketing.

Para ele, quando os diferentes autores destacavam o aspecto de marketing ser ou não ser

considerado científico, obtínhamos uma correlação imediata com a discussão se

podíamos avaliar o retorno do investimento em marketing e sistematizar as melhores

ações. Segundo o autor, na maioria dos artigos surgia o tema predição, ou seja,

capacidade de avaliação e replicação deste conhecimento nas ações seguintes.

Heller e Ray (1973) acrescentam uma outra vertente ao desenvolvimento acadêmico

sobre o tema quando destacam, em seu artigo, que em marketing existem basicamente

dois conjuntos de critérios de métricas de retorno: as Gerenciais e as Científicas.

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Os autores afirmam que as métricas gerenciais devem ter precedência nas decisões de

marketing. No entanto, ressaltam, que não se pode ignorar por muito tempo os

predicados científicos. Ou seja, reconhecem a importância da solução profissional

imediata dada aos diferentes desafios do dia a dia de um executivo, mas se estas

soluções de gestão não forem validadas cientificamente, não se tornam conhecimento,

inviabilizando a evolução do estudo de marketing.

Para eles uma métrica é um sistema de mensuração que quantifica uma tendência, uma

dinâmica ou uma característica, teria que explicar como e porque uma estratégia funciona

melhor que a outra, acarretando para os profissionais de marketing a necessidade da

avaliação do grau de confiabilidade e a respectiva validade científica. Eles afirmam que

ocorria uma falta de interesse dos profissionais de mercado pelos aspectos de

confiabilidade e validação dos inúmeros conceitos de marketing, e alertavam para a

necessidade de mudança nesta visão de forma a proporcionar o desenvolvimento de

um conjunto uniforme de métricas confiáveis.

Os autores ponderavam que, apesar de na década anterior à publicação de seu artigo,

terem ocorrido poucas publicações sobre o tema, fato este justificado pela visão de curto

prazo nos investimentos de marketing, eles acreditavam que esta realidade mudaria em

breve devido à crescente importância dos sistemas de informação de marketing e pela

própria evolução da teoria de Comportamento do Consumidor.

Como exemplo do desenvolvimento desta teoria que visava sistematizar as medidas de

mudança de comportamento, citavam: A Multitrait - Multimethod Matrix (MTMM), a

Edward Personal Preference Scale (EPPS), a CAD Scale , a Análise de Cluster e a

Análise Fatorial utilizadas nas validações de segmentações psicográficas, nível de lealdade

à marca e atitude para com a marca.

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A parte inicial desta revisão de literatura foi iniciada com a definição da origem do

campo de conhecimento de marketing, percorreu as dificuldades em ser considerado

científico, enumerou passos institucionais como a criação do Marketing Science Institute

(MSI) e o grupo de “notáveis” da American Marketing Association (AMA), destacou a

importância de métricas gerenciais e, em todos os momentos, ressaltou a necessidade

de que para uma métrica ser considerada válida deveria explicar o como e porque uma

estratégia funciona melhor que a outra (CONVERSE, 1945; BARTELS, 1951; BUZZEL,

1963; HELLER e RAY, 1973).

A segunda parte, que se inicia a seguir discute o grau de importância em se destacar as

métricas consideradas quantitativas e as métricas consideradas de conceituais, ou

subjetivas, o que desencadeia um processo de discussão da importância de avaliação de

ativos considerados intangíveis, que são reconhecidamente fontes para valorização das

empresas, uma vez que identificam de forma dinâmica, o potencial da empresa no presente e a

sua capacidade de gerar benefícios no curto e longo prazo, além de discorrer sobre como

identificar suas ligações com o resultado final das empresas, sejam eles, a

participação de mercado, as vendas ou o lucro (CLARK, 1999; FARRIS et al, 2006).

3.2. MÉTRICAS E SUA LIGAÇÃO COM O RESULTADO F INANCEIRO

Nesta segunda parte da revisão da literatura, estão concentradas o destaque das informações

obtidas nas métricas consideradas subjetivas e suas respectivas ligações com o resultado

financeiro das empresas.

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Jacobson e Aaker (1985) resgatam a discussão sobre a métrica denominada Participação

de Mercado. Que é definida como a porcentagem de um mercado que pode ser representado

em termos de receita ou unidades, como exemplificado a seguir:

Vendas UnitáriasTotal de Vendas Unitárias no Mercado

Participação de Mercado em Unidades =

Receita de Vendas Receita Total no Mercado

Participação de Mercado em Receita (%) =

Para os autores, conceitualmente Participação de mercado é um indicador de como uma

empresa está se saindo em relação a seus concorrentes. Esta métrica, quando identifica

mudanças na receita e/ou nas vendas, ajuda os administradores a avaliar a demanda

primária e seletiva em seu mercado. Ou seja, possibilita que eles julguem não apenas o

crescimento total do mercado como também as tendências nas seleções dos clientes

entre os concorrentes. A definição de mercado nunca é um exercício trivial, uma vez

que se uma empresa definir seu mercado muito amplamente, poderá diluir seu foco. Se

o define muito estreitamente, perderá oportunidades e permitirá que ameaças surjam

sem serem notadas. Para evitar essas armadilhas, como primeiro passo no calculo de

participação de mercado, os administradores buscam definir o mercado atendido (porção

total pelo qual a empresa compete) para uma lista específica de concorrentes,

produtos, canais de vendas, área geográficas, clientes e períodos de tempo.

Além dos aspectos anteriores eles apresentam duas explicações causais que são

comumente apresentadas como comprovadoras do link entre participação de mercado e

lucratividade:

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. A primeira trata dos efeitos relacionados à curva de experiência, que se sustenta no

crença de que as tarefas são realizadas mais eficientemente por melhores métodos ou

procedimentos, ou pela simples repetição, e da economia de escala, que trata da

otimização de plantas fabris, máquinas e equipamentos, marketing e pesquisa e

desenvolvimento, uma vez que são divididos por um maior número de unidades;

. A segunda se sustenta no fato de que quanto maior a participação de mercado, maior o

poder de negociação com o Canal de Distribuição e Fornecedores;

Os autores se utilizam do banco de dados do Strategic Planning Institute denominado

de Profit Impact of Marketing Strategy (PIMS), que possuía informações padronizadas

de balanços e ambientes de mercado, provenientes de mais de duas mil unidades de

negócios pertencentes a duzentas corporações americanas, para identificação da

correlação entre participação de mercado e lucratividade, através da aplicação da

metodologia de regressão múltipla representada pela seguinte equação:

Onde:

. ROI – Retorno do Investimento, no caso do artigo, lucratividade;

. β0 – Nível de resultado que independe de variáveis que incrementam o market share;

. β1 – Variável independente que influencia o resultado de participação de mercado;

. MS – Participação de mercado.

. € - Erro estimado .

ROI = β0 + β1 * MS + €

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Como resultado, identificaram que 50% da lucratividade era influenciada pelo acréscimo

de participação de mercado, o que correspondia com estimativas empíricas de outros

estudos. No entanto, a regressão não identificava o quanto desta associação era causal, se

era reflexo da curva de experiência, da economia de escala ou do “poder” de mercado e

ainda, quanto desta associação era de origem de uma variável “espúria”, ou seja de

um fator não previsto originalmente.

Para melhorar a qualidade da análise, os autores acrescentaram a análise de regressão dados

de mais 2 anos retroativos, comparando entre si, os três anos analisados no total,

representados pela seguinte equação:

. ROI – Retorno do Investimento, no caso do artigo, lucratividade;

. β0 – Nível de resultado que independe de variáveis que incrementam o participação de

mercado;

. β1 – 1ª Variável independente que influencia o resultado de participação de mercado;

. MS – Participação de mercado.

. β2 – 2ª Variável independente que influencia o resultado de participação de mercado;

. ROILAG1 – Composição das variáveis no ano 1º ano anterior;

. β3 – 3ª Variável independente que influencia o resultado de participação de mercado;

. ROILAG2 – Composição das variáveis no 2º ano anterior;

ROI = β0 + β1 * MS + β2 * ROILAG1 + β3 * ROILAG2 + €

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. € - Erro estimado .

Os autores concluem que o impacto direto do participação de mercado no Retorno de

Investimento (ROI) é substancialmente menor que o amplamente assumido pela academia e

mercado e demonstram que com o aprofundamento da metodologia conseguem identificar a

variável espúria com sendo, a variável denominada de qualidade de gestão.

Jacobson (1988) utiliza novamente os dados do banco de dados do Profit Impact of

Marketing Strategy (PIMS) e aplica uma nova série de metodologias de fundo

quantitativo, acrescentando a utilização da modelagem de equações estruturais, para

avaliação dos efeitos do participação de mercado no resultado das empresas. O autor, conclui

que tanto a participação de mercado como o retorno de investimento, decorrem de

estratégias de sucesso e que assumir como verdade absoluta que o participação de mercado

influencia a lucratividade mais do que reflete uma boa estratégia pode ser inapropriado e

causar prejuízos.

Szytmanski, Bharadwaj e Varadarajan (1993) a partir da constatação de que um grande

número de pesquisadores de marketing e gestores de marketing se interessava pela

identificação de correlação entre participação de mercado e lucratividade, realizaram uma

meta análise, técnica estatística especialmente desenvolvida para integrar os resultados de

dois ou mais estudos sobre uma mesma questão de pesquisa, aplicada em quarenta e oito

estudos que contemplavam duzentas e setenta e seis metodologias que buscavam

comprovar a correlação entre participação de mercado e lucratividade. Como resultado

identificaram que a metodologia quantitativa predominante encontrada para validação da

correlação era, novamente, a utilização do conceito de regressão múltipla.

A análise de regressão só é aplicável em atividades que tenham múltiplas variáveis a serem

consideradas. Para os autores, esta limitação não a desmerecia, uma vez que para ele,

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medidas isoladas não contribuem para avaliação real do que acarretou um determinado

comportamento no consumidor objetivado, afirmando que os profissionais de marketing

deveriam trabalhar com medições multivariadas e não singulares para obtenção de

melhores métricas de retorno de investimento.

Aaker e Jacobson (1994) investigaram se o movimento no valor das ações de uma

empresa estava associado às informações contidas no indicador de percepção de

qualidade. Em seu estudo, eles se utilizaram dos indicadores de percepção de qualidade

presentes no estudo denominado de Equity Trend, realizado pela Total Research Corporation

nos anos de 1989, 1991, 1992 e 1993, por meio de entrevistas telefônicas e uma

amostra representativa de consumidores, a nível nacional, maiores de 15 anos, distribuídos em

dois mil domicílios americanos, para o teste de duas hipóteses:

1. Qualidade de produto influencia a performance de longo termo dos negócios;

2. Os participantes do mercado acionário concordam que a qualidade de produto influencia

na performance de longo prazo.

Como justificativa do estudo, eles citavam que na década de 80, muitas firmas

americanas perderam participação de mercado para competidores estrangeiros e algumas,

como as empresas ligadas a indústria de eletroeletrônicos saíram completamente do

mercado. Uma das explicações mais utilizadas foi a ênfase nos resultados de curto

prazo que eram estimulados pela reação de seus acionistas, uma vez que as ações

ganhavam ou perdiam valor quando da divulgação do resultado trimestral.

Os autores desenvolveram um modelo que confirmava uma correlação positiva entre o

movimento do preço das ações com as mudanças de percepção de qualidade nessas

empresas.

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Aaker (1996) , pode ser considerado o destaque na proposta de um outro caminho para

a avaliação do retorno de investimento em marketing quando acrescenta ao conjunto de

métricas já estabelecidas, o conceito de Brand Equity que é definido pelo autor como

sendo um conjunto de recursos (e deficiências), inerentes a uma marca registrada e a um

símbolo, que se agregam (ou são subtraídos) ao valor proporcionado por um produto ou

serviço, em benefício da empresa ou de seus clientes.

Em sua proposta, define como principais categorias de recursos para o desenvolvimento do

Brand Equity, os itens descritos abaixo:

. Conscientização (awareness) sobre a marca registrada;

. Fidelidade em relação a marca;

. Qualidade percebida;

. Associações relativas a marca.

Como desmembramento destas categorias ele apresenta uma metodologia que ele denomina

de 10 (dez) medidas do valor patrimonial das marcas, ressaltando que os indicadores

deverão espelhar a abstração que está sendo medida e que realmente impulsionam o

mercado. Além de proporcionarem estrutura e orientação as pessoas que desenvolvem

um conjunto de indicadores referentes a uma marca individual. As 10(dez) medidas

foram selecionadas com base nos quatro recursos estabelecidos anteriormente, acrescido

de um quinto critério que envolve um conjuntos de indicadores do comportamento do

mercado: A participação de mercado e a cobertura de distribuição, conforme representado

na quadro a seguir (Quadro 1).

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Quadro 1 – Brand Equity Ten

RECURSOS

Indicadores da fidelidade1. Preço Premium2. Satisfação/fidelidadeIndicadores de Qualidade Percebida / Liderança3. Qualidade percebida4. Liderança/popularidadeIndicadores de Associação/Diferenciação5. Valor percebido6. Personalidade da marca7. Associações organizacionaisIndicadores de Conscientização8. Conscientização da marcaIndicadores de Comportamento do Mercado9. Participação de Mercado10. Preço de Mercado e cobertura da distribuição.

Fonte: Aaker ( 1996), Gestão Estratégica de Marcas.

Clark (1999) com sua revisão histórica de como a academia tinha evoluído até então na

temática das medidas de retorno de investimento em marketing, identificou três

consistentes direções (tabela 6):

. Primeiro ciclo: medidas de resultados (output) financeiros para não-financeiros;

. Segundo ciclo: medidas de resultados (outputs) para medidas de recursos necessários (input);

. Terceiro ciclo: medidas unidimensionais para medidas multidimensionais. O entendimento

da importância de métricas financeiras e não financeiras

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Quadro 2: Síntese da literatura sobre medidas de desempenho de marketing

. Lucro Goodman (1970,1972), Sevin (1965).

. Receita sobre vendas Feder (1965).

. Fluxo de caixa Buzzel e chussil 91985), Day e Fahey (1988).

. Participação de mercado Buzzel e Gale (1987), Jacobson (1988), Szymanski, Bharadwaj e Varadarajan (1993).

. Qualidade dos serviços Bucklin (1978).

. Adaptabilidade Bhargava, Dubelaar e Ramaswami (1994), Walter e Ruekert (1987).

. Satisfação do Cliente Anderson e Sullivan (1993), Anderson, Fommel e Rust (1997), Dohaner e Matson (1994), Fommell (1992), Fornell, Johnson, Anderson, Cha e Bryant (1996), Halslead, Hartman e Schmidt (1994), Hauser, Simester e Wernerfelt (1994), Oliva, Oliver e MacMillan (1992), Peterson e Wilson (1992), Piercy e Morgan (1995), Seines (1993), Spreng, Mackenzie e Olshavsky(1996), Teas (1993), Teas e Palan (1997), Voss, Parasuramn e Grewal (1998), Yi(1990).

. Lealdade do Cliente

Anderson e Sullivan (1993), Dick e Basti (1994), Fommel, Johnson, Anderson, Cha e Bryant 91996), Jones e Sasser (1995), Oliva, Oliver e MacMillan (1992), Reichheld (1994), Seines (1993), Simon e Sullivan (1993).

. Brand Equity

Aaker e Jacobson (1994), Ambler e Barwise (1998), Barwise (1993), Keller (1993, 1998), Haigh (1998), Lassar, Miltal e Sharma (1995), Selnes 91993), Simon e Sullivan (1993).

. Ativos de marketing Piercy (1986), Srivastava, Shervani e Fahey (1998)

. Auditoria de marketing Brownlie (1993,1996), Koller, Gregor e Rodgers (1977), Rothe, Harvey e Jackson (1997)

. Implementação de marketing Bonoma (1985,1986), Bonoma e Crihenden (1988)

. Orientação para o mercado. Day e Nedungadi (1994), Deshpande e Farley (1998a, 1998b), Han,Kim e Srivastava (1998), Kohli e Jaworski (1990), Kohli, Jaworski e Kurnar (1993), Jaworski e Kohli (1996), Narver e Slater (1990,1998), Slater e Narver (1994), Wrenn (1997).

. Eficiência Bonoma e Clark (1988), Dunn, Norburn e Birley (1994)

. Eficácia Sheth e Sisodia (1995), Walker e Ruekert (1987)

. Análise Multivariada Bhargava, Dubelaar e Ramaswami (1994), Spriggs (1994).

Medidas financeiras de resultados

Medidas não financeiras

Recursos necessários (Inputs)

Múltiplas medidas

Fonte: Tradução do autor, a partir de Clark (1999).

Para o autor, fica claro que o movimento histórico realizado de não se prender somente a

medidas financeiras enriquece o conhecimento da atividade de marketing, seja para os

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Acadêmicos, seja para os Executivos. No entanto, ressalta a necessidade de identificarmos os

fatores de maior relevância, através de metodologias como a Análise Fatorial ou a Equação

Estruturada de Modelos. E, principalmente de entendermos que o que importa é

avançarmos nos temas que são relevantes e comprovar sua relação de causalidade. Ele

conclui que o principal desafio dos novos estudos, estaria em identificar poucos e bons

indicadores de performance de Marketing.

Ambler, Kokkinaki e Puntoni (2004) publicam um artigo resultante de dois estudos

realizados na Inglaterra: o primeiro com um levantamento sobre o que os profissionais de

mercado entendem, em termos macro, como indicadores de valor para a análise do

Retorno de Investimento em Marketing. O segundo, sobre as particularidades de cada

setor presente na pesquisa.

Os autores investigam como a empresa pesquisada se situa em relação às teorias

desenvolvidas até o momento: Teoria do Controle de Marketing (quando a empresa

prima pela avaliação entre o que a empresa planeja e o que realiza); Teoria do papel do

Agente (qual a fidelidade da informação transmitida); Teoria Institucional (quando a

empresa é guiada pelos seus valores culturais e sua própria história); Teoria da

orientação para o mercado (quão importante é o fluxo da informação externa para a

tomada de decisão): Teoria do Brand Equity (Valorando o intangível de forma

financeira e não financeira).

A pesquisa foi composta de uma fase inicial exploratória através de entrevistas de

profundidade com 24 profissionais de mercado e uma segunda fase quantitativa através de

questionários enviados a 1014 Executivos de Marketing e 1180 Executivos Financeiros.

Foram respondidos um total de 531 questionários, sendo 367 oriundos dos Executivos de

Marketing e 164 dos Executivos Financeiros.

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Independentemente da área do profissional e do porte da empresa pesquisada, o retorno

financeiro apareceu como indicador prioritário para avaliação do retorno de investimento

em marketing. Outros itens como: Conquista de novos consumidores; comparativo com a

concorrência; papel do intermediário; comportamento de consumo e grau de inovação

também se destacaram. Quando a pesquisa tratou das particularidades de cada setor,

surgiram 22 (vinte e dois) indicadores, como por exemplo: Comparativo dos

investimentos em marketing, nível de satisfação do consumidor, nível de insatisfação,

grau de conhecimento, preços relativos, participação de mercado, entre outros.

Os resultados encontrados pelos autores indicavam diferenças de acordo com a teoria que

mais se adequava à empresa pesquisada e demonstrava que ainda havia muito a se

discutir e definir, sobre o que era relevante para o Mercado e a Academia.

Com a intenção de aproximar profissionais de mercado de diferentes regiões e aproximar

Mercado e Academia, em 2001, surgiu o Chief Marketing Officer Council que entre as suas

diversas atividades apresentou ao Mercado uma publicação denominada The CMO Council

Report.

O relatório denominado de CMO Council Report ( 2005) tratou do tema: Marketing measures

and metrics e sua importância nas indústrias de tecnologia. Neste report, resultante de uma

pesquisa realizada com 320 profissionais seniors de marketing das empresas de tecnologia

européia, constatou-se a atualidade e urgência de um novo desenvolvimento para o

tema. O texto apontava que a Ciência da Administração já havia desenvolvido inúmeros

sistemas para sua otimização, como por exemplo: Automatização da força de vendas;

ERP (Enterprise Resource Planning for Finance), Sistemas Operacionais e de Recursos

Humanos; Supply Chain Management para Indústria e Logística, e nada específico para a

área de Marketing, destacando ainda mais a fragilidade nos processos de avaliação do

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Retorno dos Investimentos, o que, segundo a pesquisa, acarretou um problema de

credibilidade e valor para a área.

Srivastava e Reibstein (2006) destacavam que nos seis anos anteriores à publicação de

seu artigo, a prioridade de pesquisa do Marketing Science Institute relacionava-se ao

desenvolvimento de métricas de marketing e produtividade de marketing. Segundo os

autores, os profissionais de Marketing estavam sendo inundados com medidas de

performance que freqüentemente demonstravam os impactos das atividades de

marketing no Consumidor e no Canal de Distribuição, através de medidas como:

awarenesses, preferência, intenção de compra, satisfação do consumidor, lealdade do

consumidor, participação na “prateleira” da distribuição, entre outras. No entanto, estas

medidas não refletiam o impacto financeiro destas ações no resultado da Companhia.

Eles reconheciam que marcas, orientação para o consumidor e investimento na

distribuição deveriam ser considerados como investimentos de longo prazo, que

auxiliaram a empresa em proteção e crescimento de mercado, permitindo às empresas

“comprar tempo”.

Trinta (2006) em sua Tese de Doutorado tratou da proposição de um modelo especifico

para valoração de marca de empresas de serviço. Ele iniciou a discussão citando a crescente

discrepância entre o valor de mercado e o valor contábil das empresas, afirmando que

entre as possíveis causas encontravam-se a valoração dos ativos intangíveis (marcas,

patentes, goodwill, pessoas), muitas das vezes seus valores só apareciam nos processos de

fusões e aquisições, ou quando possuíam ações no mercado acionário. Uma vez que é

possível considerar que quando o valor de mercado (quantidade de ações multiplicadas

pela sua cotação) é maior que seu valor contábil, significa que há um ágio, isto é,

existe um potencial de lucros futuros baseados em uma perspectiva não contida nos

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ativos considerados tangíveis (máquinas, equipamentos, recursos financeiros em caixa,

patrimônio)..

Para o autor, construir uma marca poderosa, capaz de diferenciar-se da concorrência e

possuir consumidores fiéis e dispostos a pagar um preço considerado premium para

obtê-la, sempre foi um a busca para as empresas e os gerentes de marketing. A tarefa de

analisar os diferentes elementos que compõem a força e dimensionar o valor dessa marca

representam desafios latentes nesse campo. O trabalho também apresentou um levantamento

sobre os modelos acadêmicos de marketing baseados no consumidor, sobre os modelos

econômicos de avaliação e sobre os modelos de consultorias (Quadro 3).

Quadro 3: Modelos de Avaliação de Marca

MODELOS CONSUMIDOR ECONÔMICOS CONSULTORIAS. Metodo de Green e Srinivassan. Metodo de Kamakura e Russel. Metodo de Park e Srinivassam. Metodo de Simons. Metodo de Trust, Zetithaml e Lemon. Metodo de Lassar, Mittal e Sharma. Método de Clancy e Krieg. Método de Dyrson- Farr-Hollins. Método de Keller. Metodo de Troiano. Metodo de Brand Equity Tem

.Metodo de Damadoran

.Metodo de Avaliação Baseada em Mercado

.Metodo de Simon e Sullivan

.Metodo de Avaliação baseada em custos

.Metodo de contribuição de marca

.Metodo dos Lucros Históricos

.Metodo do Valor Presente do Fluxo de Caixa descontado

Metodo Total ResearchMetodo Financial WorldMetodo Young&RubicanMetodo Milward Brown´sMetodo InterbrandsMetodo Brand Finance

Fonte: Trinta (2006), Tese de Doutorado, Avaliação de marcas de serviço, p.83-85, adaptado pelo autor.

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Segundo o autor a diferença de cada um dos modelos: Consumidor, Econômico e de

Empresas, obedece à seguinte definição:

. Consumidor – Estes modelos se baseiam na força da marca para o consumidor (brand

strength) e/ou nas associações e crenas que os consumidores têm em relação à marca,

integrada no conceito de imagem de marca;

. Econômicos – Estes modelos se baseiam nos custos, mercado e lucros, sendo que ele afirma

que não existe modelo perfeito e livre de críticas, sendo o essencial é que o brand equity seja

avaliado constantemente, pois sofre de mutações decorrentes dos diferentes estágios de

desenvolvimento da marca;

. Consultorias – Segundo o autor os modelos utilizados pelas empresas não obedecem, via de

fato, a uma metodologia de avaliação pré-estabelecida. O que se observou foi uma mescla

entre as diferentes propostas anteriormente apresentadas (marketing e financeiras) envolvendo

tanto modelos de um mesmo campo de estudos quanto modelos de diferentes campos.

Farris, Bendle, Pfeifer e Reibstein (2006) como a publicação do livro Marketing Metrics -

50 métricas que todo Executivo deveria dominar, buscam organizar um conjunto de métricas

consideradas financeiras e um conjunto de métricas consideradas não financeiras de forma a

proporcionar um material de consulta para os Executivos e profissionais de marketing

que, em geral, sofrem cada vez mais pressões para defenderem de forma mais

positivista suas propostas de investimento e não possuem uma fonte organizada de

consultas para as inúmeras métricas estudadas pela Academia e utilizadas pelo Mercado.

Os autores definem métrica como um sistema de mensuração que quantifica uma tendência,

uma dinâmica ou característica. Em virtualmente todas as disciplinas, os praticantes usam

métricas para explicar fenômenos, diagnosticar causas, compartilhar descobertas e projetar

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os resultados de eventos futuros. No mundo da ciência, dos negócios e do governo, as

métricas estimulam o rigor e a objetividade. Elas tornam possível comparar observações

entre regiões e períodos de tempo. Elas facilitam a compreensão e a colaboração.

Através de uma representação gráfica procuram demonstrar a natureza interdependente de

todas as métricas de marketing, bem como o papel central do cliente (figura 3).

Figura 3: Métricas de Marketing: o marketing no centro da organização.

Fonte: Métricas de Marketing –50 métricas que todo o executivo deve dominar, 2006.

Em 2007, o CMO (Chief Marketing Office Council) publica uma nova pesquisa do projeto

Marketing Outlook , realizado com 350 profissionais de Marketing de todas as indústrias, que

reforça a importância do aprimoramento e popularização das métricas de retorno de

investimento em marketing, especialmente, no aspecto financeiro. O relatório chega a afirmar

Margens &

Lucros

Marketing

E Finanças

Métricas Midia

e Da Web

Promoção

Estratégia

De Preços

Gerência de Vendas e do

Canal

Rentabilidade do Cliente

Gerência

de produtos e portfólio

% Corações,

Mentes e Mercados

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que um resultado visível é que a era do profissional de marketing centrado no valor de marca,

dá lugar ao profissional centrado nas métricas financeiras de retorno e nos resultados do

negócio. No item definido como: Principais Desafios. As métricas de quantificação do valor

dos programas de marketing para a Companhia aparecem em primeiro lugar. E, no item

definido por: Automação de Marketing, em primeiro lugar destaca-se a sigla MPM

(Marketing Performance Measurement), que trata de um sistema operacional para

implementação do mesmo, através de Dash Boards de acompanhamento.

Ambler e Roberts (2008) discorrem sobre a necessidade de utilização de métricas múltiplas,

especialmente em períodos de turbulência dos mercados, heterogeneidade de mercados,

categorias de produtos e de canais de distribuição e as diferentes correlações entre os

diferentes objetivos e as ferramentas utilizadas para promovê-los.

Sidhu e Roberts (2008) posicionam sobre o desafio de acontecer o dialogo entre as área de

marketing, finanças e contabilidade de forma a se construir uma linguagem que permita aos

CEO´s entenderem melhor as métricas de retorno de investimento em marketing, eles

descrevem as atividades de marketing , finanças e contabilidade ligadas ao tema e procuram

através de diagramas estabelecer um fluxo e taxonomia para melhor entendimento.

Guissoni e Bonizio (2008), propõem um indicador de desempenho de marketing para o

Balanced Scorecard das Organizações, denominado Grau de Alavancagem em Comunicação,

que pretende unir a linguagem da Contabilidade com a de Marketing, com o objetivo de

orientar o orçamento das atividades de Comunicação de Marketing de acordo com o

alinhamento à projeção do volume de vendas realizada pela empresa e aos fatores sazonais e

cíclicos do negócio.

Queiroz (2008) em sua tese de Doutorado afirma que o tema: Métricas de Retorno de

Investimento em Marketing é uma área promissora para acadêmicos das áreas de

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marketing e finanças, pois a pressão para obtenção de resultados no curto prazo pode

resultar na destruição de valor das empresas. Para ele, estudos que indiquem a utilidade de

indicadores de desempenho de longo prazo certamente enriquecerão a discussão estratégica

entre gestores e acionistas. Para o autor, no que concerne ao Marketing, por exemplo, é

possível identificar inúmeros investimentos, com a construção de marcas fortes, a satisfação

e a lealdade dos clientes, cujos impactos são expressivos e de longo prazo, mas que, na

ausência de indicadores e critérios claros de sua efetiva contribuição, tornam-se potenciais

alvos de cortes, ou pior, são considerados desperdício de recursos, afetando a credibilidade

dos executivos responsáveis pela área de marketing.

O autor, através da realização de uma pesquisa quantitativa realizada com 148 (cento e

quarenta e oito) Executivos de Marketing brasileiros que fazem parte do quadro

funcional de empresas com faturamento superior a dez milhões/ano, identificou o nível de

satisfação dos mesmos com as métricas adotadas em suas companhias para avaliação do

retorno de investimento em marketing. (Tabela 6).

Tabela 6: Grau de Satisfação relativo das métricas de desempenho.

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Grau de Satisfação com as métricas de desempenho Da Organização De Marketing

Total satisfação 6% 3%Alta satisfação 41% 16%Moderada satisfação 33% 40%

Baixa satisfação 15% 28%

Nenhuma satisfação 4% 10%

Não sei informar 1% 2%

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Queiroz(2008), Métricas de desempenho de

Marketing em empresas brasileiras, p. 104 e 105.

Torna-se claro na análise dos resultados apontados nesta tabela a baixa satisfação dos

Executivos pesquisados com as métricas de análise de retorno de investimento em

marketing, principalmente quando comparada com as demais métricas de gestão já

utilizadas por estes Executivos.

Rodrigues (2010) trata em sua dissertação de mestrado do impacto das novas mídias nos

anunciantes brasileiro, procurando aprofundar sobre como o surgimento das tecnologias

digitais permitiu o meio de contato inédito entre empresas e seus consumidores, através de

uma pesquisa em profundidade procura identificar que fatores influenciam o processo de

compra de mídia dos anunciantes, observando a percepção destes atores sobre mídias

emergentes e tradicionais, seus benefícios e desafios.

Segundo o autor novos hábitos de consumo de tecnologias inovadoras modificaram as

relações entre consumidores e veículos, de modo que a audiência, antes considerada uma

métrica definitiva para analisar o alcance de uma mídia, vem gradativamente perdendo

credibilidade perante os anunciantes. No entanto, o autor reconhece que as mídias de massa,

especialmente a Televisão Aberta, entre 2003 e 2005, experimentam um aumento em sua

participação no Share de Mídias acima do crescimento do mercado. O autor conclui que,

atualmente, a expansão do investimento publicitário acompanha a Televisão Aberta e quiçá

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define a taxa de crescimento do mercado como um todo, não afetando significativamente o

investimentos nas demais mídias.

Para ele, este cenário de instabilidade, pode acarretar que a audiência como métrica de

desempenho venha a ser substituída pela atenção dos consumidores e pela reputação,

recursos cuja importância deve aumentar conforme o controle da distribuição de

conteúdo saia das mãos dos veículos e anunciantes.

No entanto, como iremos verificar nos comentários dos entrevistados deste estudo, estas

métricas são consideradas métricas de ordem tática, circunscritas ao profissional de

marketing

Com esta revisão podemos verificar a intensidade e volume de estudos que vem sendo

realizados sobre o tema, ratificando sua importância e atualidade. Para facilitar a visualização

da evolução da discussão foi elaborado um quadro resumo contendo as principais literaturas

descritas neste estudo (Quadro 4).

Quadro 4: Síntese dos textos utilizados nesta revisão de literatura.

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. Formatação da matéria de Marketing Converse (1945)

. Marketing como Ciência Bartels (1951)

. Marketing Science Institute e a AMA Buzzel (1963)

. Distinção entre métricas gerenciais e científicas Heller e Ray (1973)

. Participação de mercado como indicador Jacobson e Aaker (1985)

. Participação de mercado e a lucratividade Jacobson (1988); Szytmanski, Bharadwaj e Varadarajan (1993)

. Percepção de qualidade e valor das ações de uma empresa Aaker e Jacobson (1994)

. 1a revisão histórica Clark (1999)

. A união entre Mercado e Academia Chief Marketing Officer Council (2001)

. O que os profissionais de Marketing pensam? Ambler, Kokkinaki e Puntoni (2004)

. A importância de um sistema de gestão de marketing CMO Council Report (2005)

. Métricas de Marketing e Produtividade Srivastava e Reibstein (2006)

. Modelos de Avaliação de Marca Trinta (2006)

. Manual de Organização das Métricas de Retorno Farris, Bendle, Pfeifer e Reibstein (2006)

. Prioridade para medir o retorno de investimento em marketing Chief Marketing Officer Council (2007)

. A necessidade de utilização de métricas multiplas Ambler e Roberts (2008)

. Dialogo entre Marketing, Finanças e Contabilidade Sidhu e Roberts (2008)

. Métricas e o Balanced Scorecard Guissoni e Bonizio (2008)

. Métricas de Marketing como área promissora para Acadêmicos Queiroz (2008)

. O impacto das novas Midias nos Anunciantes brasileiros Rodrigues (2010)

. O modelo conceitual para analise do retorno de investimento em marketing Farris, Bendle, Pfeifer e Reibstein (2010)

Marketting deve ou não deve ser considerado científico?

Metricas e sua ligação com o resultado financeiro

Fonte: Elaborado pelo autor.

Farris et al (2010), na segunda edição do livro intitulado: Marketing Metrics – The definitive

guide to Measuring Marketing Performance, incluem o capitulo denominado: System of

Marketing, onde apresentam um modelo conceitual que busca identificar como as atividades

de Marketing influenciam nos resultados financeiros das empresas e afirmam que com uma

determinada organização de banco de dados e a utilização da metodologia estatística de

regressão múltipla é possível identificar a correlação entre as variáveis independentes

(preditoras) e a variável dependente (critério) que compõem o composto de marketing de

uma determinada empresa (figura 4).

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A principal qualidade do modelo proposto é a intenção de permitir a visualização empírica da

correlação entre as diferentes variáveis que influenciam o resultado de Participação de

mercado. Ou seja, nos auxiliar no posicionamento dos drivers de negócio de qualquer setor,

basta aprofundar nossos entendimentos sobre um determinado setor e seguir o mesmo

pensamento exposto no modelo, para podermos alocar quais são as diferentes variáveis

independentes que influenciam no resultado final daquele setor.

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Figura 4: Ligando as ações de marketing ao resultado operacional:

Fonte: Adaptação do autor com base no publicado em Metrics for Linking Marketing to

financial performance, Srivastava & Reibstein (2004)

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4. METODOLOGIA

Este capítulo tem como objetivo o detalhamento e a justificativa para a escolha

metodológica da pesquisa, explicando os procedimentos que foram utilizados para a

pesquisa em profundidade com os Executivos e Consultores de algumas das principais

empresas de Planos de Saúde do Brasil. Conclui com a apresentação das limitações da

metodologia e as ações tomadas para evitar prejuízos ao resultado da pesquisa.

4.1. JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA METODOLÓGICA

Esta pesquisa é de caráter exploratório e de natureza qualitativa, onde o método

utilizado para coleta de dados foi a realização de entrevistas em profundidade com a

posterior utilização do procedimento de codificação temática com vistas a facilitar o

comparativo entre o descrito nos estudos acadêmicos sobre a temática de retorno de

investimento em marketing e o pensamento dos profissionais responsáveis ou

influenciadores na decisão de investimentos em marketing das empresas de Planos de

Saúde.

Cooper e Schindler (2003) definem que o primeiro passo em um estudo exploratório é

a busca da literatura secundária e que estes dados nos ajudam a decidir o que precisa ser

feito e podem ser um rica fonte de hipóteses. Nesta primeira etapa, este estudo

concentrou-se na analise dos artigos acadêmicos sobre o tema, o que propiciou a

elaboração de um roteiro semi-estruturado utilizado na segunda etapa deste estudo,

justamente a que se refere à execução da pesquisa qualitativa através de entrevistas de

profundidade, de abordagem direta (não disfarçada) com os Executivos e Consultores

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responsáveis ou influenciadores das decisões de investimento em marketing das

principais empresas de plano de saúde do Estado do Rio de Janeiro.

Dado que, até onde foi possível verificar, não foram encontrados estudos relacionados à

modelos conceituais de análise de retorno de investimento em marketing nas empresas de

Planos de Saúde, justifica-se o uso da pesquisa exploratória por se tratar de um assunto

sobre o qual se deseja aumentar o conhecimento do pesquisador, proporcionando que em

estudo posterior, mais estruturado, seja possível esclarecer conceitos e definir prioridades

para pesquisas. O objetivo de uma pesquisa exploratória está relacionado com a

necessidade de se fazer uma declaração clara e precisa do problema reconhecido,

funciona para facilitar o diagnóstico de uma situação, selecionar alternativas e descobrir

novas idéias ( ZIKMUND, 2006).

Os estudos exploratórios são prioritariamente realizados com a utilização de metodologia

qualitativa. Esses procedimentos são classificados como diretos ou indiretos, com base na

consciência que os entrevistados têm sobre o verdadeiro propósito do projeto. Uma

abordagem direta não é disfarçada. O propósito do projeto é revelado ao entrevistado

ou se torna óbvio pelas próprias perguntas feitas. A discussão em grupo e a entrevista de

profundidade são as principais técnicas diretas . A entrevista em profundidade obedece

a um roteiro não estruturado, direto, pessoal em que um único respondente é testado

por um entrevistador (MALHOTRA, 2005).

Dentre os procedimentos que devem ser utilizados neste tipo de entrevista, destaca-se o

cuidado que o entrevistador deve ter para não influenciar o respondente, fazendo com

que este busque satisfazer suas expectativas. O sujeito deve direcionar sua atenção para a

situação original, e não para o entrevistador. Além disso, os entrevistados tendem a

fornecer relatos mais profundos na medida em que forem utilizadas palavras chave que

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se refiram explicitamente ao contexto. O entrevistador deve ainda demonstrar entender e

aceitar as repostas para estimular a auto-exploração do respondente. É recomendado, em

casos específicos, a utilização de técnicas parcialmente diretivas, por meio das quais são

sugeridas comparações entre a situação em análise e experiências paralelas já conhecidas.

Isso ajuda o entrevistado a verbalizar seus conhecimentos (MERTON, et AL., 1990).

No presente estudo utilizou-se um dos tipos de seleção não probabilística,

freqüentemente usado na metodologia qualitativa. Foi a seleção “proposital” , na qual

são escolhidos os participantes devido as suas características ou experiências (COOPER;

SCHINDLER, 2008).

Apresentada a justificativa para a abordagem metodológica, bem como seu detalhamento,

passaremos para o próximo item que compreende a explicação dos procedimentos utilizados

na pesquisa de campo.

4.2. PROCEDIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO

Este tópico detalha os procedimentos que foram utilizados para a pesquisa de campo,

apresentando o processo de escolha dos entrevistados e a estruturação da amostragem,

complementando com informações referentes à caracterização dos entrevistados. Além

disso, são apresentados o instrumento da coleta de dados, informações sobre a

realização das entrevistas e os critérios metodológicos aplicados na análise do material

obtido na pesquisa de campo.

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4.2.1. ESCOLHA DOS ENTREVISTADOS

Conforme citando anteriormente, o método utilizado para a escolha dos respondentes

foi o da seleção “proposital”, no qual o pesquisador seguiu critérios de conhecimentos

pessoais e de indicação de outros profissionais para selecionar aqueles que tivessem

passado pela experiência ou possuíssem poder de decisão dos investimentos de

marketing das empresas de planos de saúde.

Propositalmente buscou-se entrevistar os Executivos responsáveis pela Administração da

Empresa como um todo e não especificamente o responsável pela área de Marketing. Esta

proposta se deve ao objetivo de identificação do que pensam os Executivos responsáveis pelas

Empresas, permitindo a elaboração da proposição de um modelo conceitual que melhor

atenda seus anseios.

O autor iniciou a prospecção de possíveis entrevistados a partir da análise da

representatividade das empresas de Planos de Saúde que possuíam matriz ou filial na

cidade do Rio de Janeiro. A representatividade destas empresas, é demonstrada na

tabela a seguir (tabela 7).

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Tabela 7: Beneficiários de Planos de Saúde por Empresa, Estado do Rio de Janeiro.

EMPRESAS (*) BENEFICIÁRIOS%

Market Share%

Acumulativo ENTREVISTADOS

Amil (1) 900.274 16 16 SimUnimed Rio de Janeiro 570.119 10 27 SimBradesco 554.544 10 37 NãoGolden Cross 250.980 5 41 SimASSIM (2) 227.767 4 45 SimSul América 152.862 3 48 NãoIntermédica 129.173 2 50 SimDemais Unimed´s 792.166 14 SimDemais Empresas 1.963.815 35 Sim

5.541.700 100

Fonte: Elaborado pelo autor, com base nos dados publicados pela ANS – Junho de 2009

(1) – Marcas Amil, Dix e Medial

(2) – Razão Social – Grupo Hospitalar do Rio de Janeiro.

(3) – Marcas – Intermédica e Notredame Seguradora.

A seleção dos respondentes considerou o grau de responsabilidade e experiência dos

mesmos, buscando a melhor representatividade possível quanto a estes quesitos. Houve

também o cuidado para escolher entrevistados que tivessem tido a experiência ou

estivessem no pleno exercício da responsabilidade pela aprovação dos valores

destinados aos investimentos de marketing destas empresas, assim como tivessem no

presente ou num passado recente a experiência de justificar essas decisões em reuniões

de Conselho de Administração. Para esta pesquisa, a estrutura da amostragem levou em

consideração a segmentação prévia dos entrevistados em dois grupos, são eles:

(a) Chief Executive Officer (CEO) ou o principal executivo responsável pela decisão de

investimento em marketing – São aqueles que exercem o poder de decisão e são

responsabilizados perante um Conselho de Administração pelo resultado de suas decisões.

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(b) Consultores Especialistas – São aqueles consultores de mercado ou de marketing que

tenham possuído ou possuam a experiência em recomendação de ações de marketing junto às

consideradas grandes empresas de Planos de Saúde no Brasil.

A seleção dos entrevistados se finalizou nos 10 entrevistados aqui representados devido ao

processo denominado de saturação. A saturação é o instrumento epistemológico que

determina quando as observações deixam de ser necessárias, pois nenhum novo elemento

permite ampliar o número de propriedades do objeto investigado (THIRY- HERQUES,

2009).

Os entrevistados se posicionaram sobre cada uma das métricas presentes num roteiro

semi-estruturado que foi utilizado como apoio ao entrevistador para garantir a opinião dos

entrevistados sobre as diferentes métricas de retorno levantadas pela academia e mercado,

sendo apresentado no final de cada entrevista de forma a proporcionar uma revisão

sobre os temas proporcionando maior qualidade à pesquisa.

Descritos os critérios para escolha dos 10 entrevistados, são apresentadas a seguir a

caracterização dos mesmos no que se refere a identificação da empresa a qual pertence,

seu nível profissional e o tipo da empresa (Quadro 5).

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Quadro 5: Caracterização dos Entrevistados:

Entrevistado Empresa Nível Gerencial Tipo da Empresa

1 1 Superintendente Geral Operadora de Plano de Saúde

2 2 Superintendente Geral Operadora de Plano de Saúde

3 3 Sócio Diretor Consultoria

4 1 Presidente de Conselho Grupo de Saúde

5 4 Superintendente Geral Operadora de Plano de Saúde

6 3 Sócio Diretor Consultoria

7 5 Superintendente Executivo Seguradora de Saúde

8 6 Sócio Fundador Consultoria

9 7 Sócio Proprietário Consultoria

10 8 Superintendente de Marketing

Cooperativa Médica

Fonte: elaborado pelo autor.

4.2.2. COLETA DE DADOS

A etapa de coleta de dados, teve a utilização da técnica de entrevistas semi-estruturadas

que se inicia com perguntas específicas, seguida de linhas de pensamento individuais, de

acordo com a investigação do entrevistador (COOPER; SCHINDLER, 2008). Inicialmente

foi utilizada uma mesma pergunta para todos os entrevistados. O objetivo era

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explorar a resposta inicial de cada entrevistado e o respectivo peso que este atribuía

para o retorno financeiro e para o retorno de imagem. A pergunta em questão era:

. Quando discutimos retorno de investimento em marketing. Qual sua opinião a respeito

da métrica de retorno prioritária a ser considerada?

Foram utilizadas perguntas abertas com ordenação pré-estabelecida que eventualmente,

foram alteradas e complementadas com utilizações de interrogações não-diretivas para

permitir o maior esclarecimento dos relatos do entrevistado, estimulando-o a falar

livremente. O uso de entrevistas menos sistemáticas permite maior flexibilidade e é

adequado nas situações em que se faz necessário estudo mais intensivo das percepções,

atitudes e motivações (SEELTIZ, et al ., 1974)

O roteiro das entrevistas pode ser encontrado no apêndice A e foi elaborado com base na

revisão da literatura, sendo que como referência para a revisão final das entrevistados foram

utilizadas adaptações de dois dos principais modelos conceituais presentes na revisão de

literatura deste estudo. O primeiro que engloba a importância da correlação ente as métricas

denominas financeiras e não financeiras (CLARK, 1999) e o segundo, que reforça esta

correlação e amplia as métricas de retorno de investimento em marketing a serem

consideradas, acrescentando-se as métricas específicas de retorno de investimento das ações

de comunicação de marketing (FARRIS et al, 2006).

O roteiro foi organizado da seguinte forma:

(a) Identificação da métrica de retorno de investimento em marketing considerada

prioritária para o entrevistado.

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(b) Identificação da opinião de cada entrevistado sobre cada uma das métricas

presentes nos quadro ilustrativos do roteiro semi-estruturado, confeccionado a partir da

revisão de literatura.

4.2.3. ENTREVISTAS

Foram utilizadas como fonte de coleta de dados, 10 (dez) entrevistas, sendo 6 representantes

da classificação “Chief Executive Officer” e 4 “Consultores especialistas”, todos com

experiência de responsabilidade de defesa, junto a um Conselho de Administração, dos

investimentos em marketing realizados. De acordo com a natureza do estudo exploratório

estamos menos interessados em obter uma amostra representativa de determinado

segmento, e sim em obter informações de fontes que permitam aprofundar na questão em

análise. Desta forma, o tamanho da amostra é geralmente pequeno (COOPER; SCHINDLER,

2008).

No entanto, é importante ressaltar a representatividade dos entrevistados neste estudo, já

demonstrada numericamente em termos do total de beneficiários de cada empresa que

representam, especialmente quando falamos de um mercado com alto grau de

concentração, como o de Planos de Saúde.

As entrevistas foram realizadas entre junho e outubro de 2010 e tiveram duração média

de 45 minutos, totalizando 8 horas de gravações, transcritas em 150 páginas,

aproximadamente. Os locais escolhidos foram os escritórios dos próprios executivos e

consultores.

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A seguir, serão detalhados os procedimentos utilizados para a análise dos dados coletados

durante a pesquisa de campo, apresentando como foi realizada a codificação e o modelo

conceitual elaborado a partir da análise temática.

4.2.4. PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE

As entrevistas deste trabalho foram gravadas, transcritas e, em seguida, foi feita a

codificação do material, utilizando-se o procedimento denominado codificação temática.

Este procedimento é indicado nos casos em que a questão de pesquisa é a distribuição

social de perspectivas sobre um fenômeno ou processo. O método consiste na

interpretação do material em um procedimento de vários estágios, no qual as entrevistas

são analisadas uma a uma, com o desenvolvimento de um sistema de categorias. Aplica-se

em primeiro lugar, a codificação aberta e depois a seletiva que visa mais a geração de

domínios temáticos e de categorias para o caso único do que a elaboração de uma categoria

essencial que atinja todos os casos. Após a análise do primeiro caso, os demais são

submetidos à checagem cruzada entre as categorias elaboradas e os domínios temáticos

associados a casos únicos, resultando em uma estrutura temática única. (FLICK, 2004).

Cada entrevista transcrita foi submetida a análise no qual se buscou identificar os

trechos que existiam evidências da correlação entre a opinião dos entrevistados sobre as

métricas que deveriam ser utilizadas para análise do retorno de investimento em marketing

nas Empresas de Planos de Saúde, com as métricas descritas nos modelos adaptados da

revisão literária. A codificação das entrevistas foi realizada com base na associação à

cada uma das métricas citadas nos modelos presentes no roteiro semi-estruturado

(Apêndice A).

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Detalhados os procedimentos da pesquisa de campo, desde a escolha dos entrevistados, o

instrumento de coleta de dados, passando pelo processo de realização das entrevistas, até as

técnicas aplicadas na analise dos dados coletados, faz-se necessário apresentar as limitações

da metodologia utilizada e os recursos para contornar tais limitações, evitando impactos

no presente estudo.

4.2.5. LIMITAÇÕES DO METODO

A metodologia proposta para este estudo prevê a utilização de entrevistas para a coleta de

informações e estabelece procedimentos para que potenciais limitações do método não

influenciem os resultados obtidos.

Algumas limitações são naturais ao método de entrevistas em profundidade. De forma

geral, o pesquisador que opta por este método fica sujeitos a questões como falta de

motivação do entrevistado, dificuldade de compreensão das perguntas colocadas, respostas

falsas (propositais ou não), e influência das opiniões pessoais do próprio entrevistador

sobre o entrevistado (GIL, 1989).

A competência situacional do entrevistador é relevante para que estes tomem decisões e

estabeleçam prioridades durante as entrevistas, garantindo seu sucesso. Neste caso, a

providência tomada para evitar prejuízos ao presente estudo foi o não direcionamento da

entrevista, evitando a imposição do sistema de referência do entrevistador ao entrevistado

Uma vez que no momento de realização das entrevistas que o roteiro semi-estruturado da

mesma, só seria apresentado no final da mesma, com o objetivo de destacar alguma tema

considerado relevante pelo entrevistado (FLICK, 2004). .

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É recomendável que o objeto de estudo seja familiar ao entrevistador, para que o mesmo

esteja mais preparado para reconhecer silêncios simbólicos, distorções, assuntos que se queira

evitar ou bloqueios por parte do entrevistado. Logo, uma análise prévia do terma pesquisado

permitirá que ele explore de melhor forma simbolismos e esferas de tensão, buscando a

importância não apenas do que está sendo dito, mas também do que não é relatado

(MERTON, et al ., 1990).

O próprio histórico profissional do entrevistador lhe confere ampla familiaridade com o

tema estudado, permitindo-lhe o aprofundamento adequado durante as entrevistas no sentido

de obter informações relevantes dos respondentes.

Finalmente alguns autores defendem que a flexibilidade inerente a uma entrevista em

profundidade pode comprometer a comparabilidade das respostas. A liberdade de se alterar

a ordem das perguntas do roteiro semi-estruturado pode resultar na omissão de determinados

temas relevantes para a pesquisa, fazendo com que o conteúdo de cada entrevista se torne

significativamente diferente uns dos outros .

Como forma de minimizar esta possibilidade o roteiro semi-estruturado servia como base de

categorização das métricas a serem consideradas e buscava a garantia de se obter a opinião

sobre um número mínimo aceitável destas mesmas métricas.

Uma vez detalhados os aspectos relacionados à metodologia utilizada no presente estudo,

apresentaremos a análise e discussão dos resultados obtidos, tema do próximo capítulo.

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5. RESULTADOS

Este capítulo apresenta os resultados obtidos nas entrevistas realizadas e a discussão dos

pontos relevantes para a pesquisa, relacionando-os à revisão da literatura sobre o tema.

Esses resultados serão discutidos a partir da subdivisão em dois grandes objetivos.

5.1. GRAU DE IMPORTÂNCIA DE CADA UMA DAS MÉTRICAS

Com o objetivo de promover melhor contextualização das percepções dos entrevistados

sobre as diferentes métricas de análise do retorno de investimento em marketing

citadas na literatura e presentes no roteiro semi-estruturado elaborado pelo autor com

base nos modelos de Clark (1999) e Farris et al (2006), detalhado no apêndice A e utilizado

nas entrevistas, a pesquisa foi conduzida de forma a permitir a identificação espontânea

de suas percepções sobre o grau de importância de cada uma destas métricas.

Em sua pergunta inicial , buscou-se a identificação da primeira e mais importante

métrica a ser considerada na análise, ou seja, a métrica a ser considerada como

variável dependente. Num segundo momento, foram verificadas as percepções sobre as

diferentes métricas. As respostas dos entrevistados estão subdivididas da seguinte

forma:

5.1.1. A identificação da(s) métrica(s) mais relevante(s);

5.1.2. A percepção de valor das métricas consideradas financeiras;

5.1.3. A percepção de valor das métricas consideradas não financeiras;

5.1.3. A percepção sobre as métricas de retorno dos investimentos em Comunicação.

5.1.4. Outras considerações.

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Apesar de algumas das respostas iniciais espontâneas dos entrevistados terem variado

desde percepções eminentemente quantitativas, ligadas ao retorno de vendas e de

participação de mercado, até a percepções eminentemente subjetivas, de percepção de

qualidade de marca, maior importância foi atribuída às métricas consideradas

quantitativas ou financeiras. Evidenciou-se ainda a necessidades de se considerar uma

análise diferente para diferentes horizontes de tempo ( curto, médio e longo prazo), além

da importância do fator circunstancial, ou seja, do momento que a empresa se

encontra, se no estágio de lançamento ou maturidade de mercado.

5.1.1. Vendas & Participação de mercado

Esta métrica se apresenta como a métrica dominante nas respostas de todos os

entrevistados, sendo considerada a variável dependente a ser selecionada para a proposição do

modelo conceitual de análise de retorno de investimento em marketing.

“ O retorno de investimento em marketing tem a ver com a conquista de

novos negócios. Quanto de novos negócios eu trouxe. Se eu investi 10

(dez) milhões, obtive uma fatia maior de clientes do que se eu nada tivesse

feito?. Para o Plano de Saúde a massa de pessoas tem tanta importância

quanto o faturamento. Ela agrega um grande valor de conhecimento sobre

sinistralidade. Você aumenta o poder com o fornecedor, aumenta a qualidade

de cálculos probabilísticos. O valor que cada vida nova tem dentro da

carteira, vai além da receita que ela gera. Para setores que é necessário

o mutualismo, a presença de cada nova unidade tem um valor atuarial

muito importante(...). Selecionaria duas métricas principais: Crescimento de

carteira e market share.”

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Entrevistado 1#

O entrevistado destaca dois temas específicos da área de Seguros ou Planos de Saúde: O

primeiro trata do mutualismo, conceito que se baseia na solidariedade entre os

participantes, ou seja, todos contribuem proporcionalmente para o grupo. O segundo

ligado a sinistralidade, que pode ser explicada como parte do principio do

cooperativismo, ou seja, um certo número de pessoas estão reunidas, com o propósito

de dar coberturas à sua própria saúde ou de seus dependentes, então cada uma destas

pessoas contribui com um determinado valor. Somado todos os valores tende-se a obter

uma soma suficiente para cobrir os gastos de algum dos participantes que venham ter a

necessidade de utilização. Por exemplo, a soma de gastos do grupo, não pode ser

superior a 70% (setenta) do total dos valores pagos pelo conjunto de participantes.

Quando isso acontece (gasto acima de 70%) é chamado pelo termo de desequilíbrio

técnico financeiro ou sinistralidade.

“Na minha cabeça a primeira coisa que surge é o numero de vidas

vendidas. Especialmente no nosso negócio onde existe um descasamento

que é o serviço prestado agora e que só vai ser cobrado daqui a dois meses,

o que é bom. No entanto, se não tivermos venda nova, o cumulativo de

despesas é muito alto. Estes dois meses servem para pagar as comissões de

venda. Portanto, no final se você não estiver sempre crescendo, a despesa

vai nos pegar”.

Entrevistado 4#

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“ Vendas em menor tempo possível e retenção de clientes (...) . Dado um

investimento de X, consigo aumentar minha venda em Y? Dado um

investimento X em fidelização, consigo aumentar minha taxa de retenção

em Y.”?

Entrevistado 5#

“No nosso setor você fala de precificação de risco e não necessariamente

temos ganhado de escala. Porque, normalmente, ganho de share está

associado à pratica de preços menores. O grande desafio está em garantir

que esta conquista de share seja de clientes muito bem precificados. Não

necessariamente preço premium, mas sim, produtos bem precificados. O

melhor indicador seria market share, desde que associado a uma pratica

de precificação responsável pelo mercado.”

Entrevistado 7#

Ainda se tratando da importância do participação de mercado, representado pela conquista de

novos clientes e pela fidelização da carteira de clientes atual, surge a consideração do

cliente ideal e do aspecto da dificuldade da utilização do conceito de economia de escala,

uma vez que não necessariamente todos os novos clientes serão lucrativos para as

empresas. Portanto, surge também a consideração da qualidade da precificação

apresentada ao mercado, ou seja, participação de mercado com a prática de precificação

responsável como a principal métrica a ser considerada na análise do retorno de investimento

em marketing, ou seja, em linguagem estatística, a variável critério, ou variável

dependente.

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Esta consideração nos remete ao trabalho de Jacobson e Aaker (1985) que identificaram

uma terceira variável como responsavel pela correlação entre market share e

lucratividade, a variável identificada como qualidade de gestão.

5.1.2. Imagem de Marca

Uma outra vertente de percepção sobre qual seria a métrica prioritária para análise do

retorno de investimento em marketing situa-se na discussão sobre a relevância do valor

da imagem de marca, independentemente da comprovação estatística de sua correlação

com os resultados financeiros da empresa. Neste momento, os entrevistados consideram

que o valor de marca, seja de notoriedade, associação ou valor patrimonial , é

predecessor dos resultados de venda e market share e deve ser avaliado considerando

parâmetros de médio e longo prazo.

“ Sou um defensor da idéia que as pessoas consomem marcas. Todo

investimento nosso é para sermos percebidos cariocas naquilo que o

carioca gosta de ser , e usar de forma muito estruturada matrizes de

gestão de marca(...). Awareness neste processo é muito importante, por isso

temos investimentos de visibilidade muito importantes como patrocínios

esportivos. É uma métrica de médio e longo prazo. “

Entrevistado 10#

“Valor de marca é fundamental, eu acho que os diferentes resultados estão

interligados. Percepção é fundamental. Aqui as ações de Comunicação são

fundamentais, é uma métrica de longo prazo. Eu me vejo como o responsável

por proteger a marca, independentemente do momento de mercado(...). A

gente acaba tendo essa medida indiretamente, através dos prêmios e o

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mercado mede isso para a gente .Você tem que ser reconhecido pela tua

qualidade ou pela tua notoriedade.

Entrevistado 2#

“Existe simpatia com a mensagem que a marca te manda. E acho que

isso tem muito valor.”

Entrevistado 4#

“No mercado tradicional, o off -line, acredito na métrica do valor de

marca, na percepção de marca. No entanto, tem clientes que entendem a

importância do valor de imagem de marca, tem clientes que não

entendem isso.”

Entrevistado 3#

“Valor de Marca, talvez seja a única coisa que permeia toda a vida da

empresa.”

Entrevistado 8#

“Para mim participação de mercado e lucro só existem se você constrói

marca. O negócio da China é construir marca”

Entrevistado 10#

Conforme já comentado, as respostas anteriores demonstram claramente a identificação

do valor de imagem de marca, seja pelo seu nível de conhecimento (awareness), seja

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pelo conjunto de associações positivas que a marca provê na cabeça de seu público-alvo

e de seus atuais clientes, como uma variável preditora, ou na linguagem estatística,

uma variável independente que proporciona um determinado resultado de volume de

vendas e crescimento de carteira, conseqüentemente de incremento do market share.

5.1.3. Valor de Marca

Uma outra forma de avaliação do valor de marca que trata do valor patrimonial

propriamente dito, ou seja, quanto vale uma marca apresenta um crescimento de importância,

principalmente devido a uma maior facilidade de identificar valores de marca de

empresas que possuem ações negociadas em Bolsas de Valores.

“Com as fusões e aquisições, nunca antes na historia destes os empresários

deram tanto valor ao valor da marca, em dinheiro mesmo.”

Entrevistado 9#

“Tem gente que compra marca. Eu não sei, se como empresário, eu compraria.

Eu sou mais do tangível, Prédio. No entanto, vejo valor de marca no meu

negócio”

Entrevistado 4#

Entretanto, o valor de marca não se mostra uma unanimidade para todos os

entrevistados. Alguns ressaltam que, apesar de reconhecerem sua importância e

inegável valor, no negócio de Operadoras de Saúde a marca da operadora não é tão

decisiva no momento da escolha do consumidor, nem utilizam como métrica definidora

de avaliação de retorno de investimento em marketing.

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“O valor da marca, sem dúvida é importantíssimo (...) . Reconheço a

importância mas não utilizo como parâmetro para decisão de

investimento.”

Entrevistado 7#

“Eu não sei se no nosso negócio a marca da Operadora é tão

importante, pode ser mais importante a marca do hospital que temos

credenciado”.

Entrevistado 4

“Acho que o valor de marca se aplica para alguns setores, não se aplica a

todos os tipos d e bens e serviços e também não se aplica a todos os

tipos de público. Num segmento de maior poder aquisitivo, vai ter mais

peso a marca. Tudo isso, em função do segmento que atuamos, uma vez que

nos propomos dar acesso às classes CD, nossa tarefa principal é criar

produtos que tenham um custo viável para dar acesso a essas pessoas”.

Entrevistado 5#

5.1.4. Preço Premium

Quando tratamos no item anterior deste estudo de identificar as métricas consideradas

prioritárias para avaliação de retorno de investimento em marketing, já tratamos de

métricas consideradas financeiras, são elas: O participação de mercado, as vendas e a

lucratividade.

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Uma outra métrica que, segundo a literatura, deve ser considerada financeira é a

métrica de Preço Premium, que pode também ser considerada como uma variável

explicativa de um posicionamento.

No caso específico do setor de Planos de Saúde , vimos que devemos levar em

consideração aspectos de sinistralidade, uma vez que preço alto pode ser decorrente de

produtos que proporcionam maior facilidades de atendimento médico e acessos a

credenciados, médicos, laboratórios e hospitais, de maior custo, afetando negativamente

a lucratividade. Ou seja, conforme alguns entrevistados afirmaram, Premium Price no

setor de Planos de Saúde, não necessariamente está ligado à uma maior lucratividade.

Exceto, quando falamos de uma empresa muito segmentada que pode gerir de forma

mais otimizada estes clientes.

“Não considero que o conceito de Produto de Premium Price tenha muito

valor no nosso negócio. No plano de saúde, a questão do produto em si tem

uma importância moderada, quando falamos sobre uma população muito

especifica, quando isto começa a ficar muito latente está na hora de abrir

uma nova empresa.”

Entrevistado 1#

“Eu acho necessário saber se eu vendi mais o produto top ou botton line,

serve para ajudar a linguagem e veículos. Considero um refinamento das

métricas de retorno de investimento”

Entrevistado 2#

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“Temos um ticket médio muito mais alto que a concorrência e somos

líderes, isto é marca.”

Entrevistado 10#

5.1.5. Satisfação do Cliente

Esta métrica além da sua identificação como uma variável preditora (independente)

traz a tona as características específicas do setor de Planos de Saúde, como o de não

prestar o serviço diretamente, uma vez que na maioria dos casos, o associado é atendido

em consultórios ou clinicas , laboratórios clínicos ou de imagem ou hospitais de médicos

credenciados. Estes pontos de atendimento são credenciados de vários planos ao mesmo

tempo. Portanto presume-se ser mais difícil gerenciar a satisfação dos clientes com o

atendimento recebido.

Um outro fator muito relevante é que na verdade, quando se trata de clientes de Planos

de Saúde, as empresas consideram, além dos usuários, os corretores que comercializam os

planos de saúde e os médicos credenciados, que não são considerados apenas como simples

fornecedores.

Além disso, o relacionamento de uma empresa de Plano de Saúde que comercializa

planos para todos os segmentos: Individual (reajuste com autorização das ANS), Coletivo

de Adesão ou Coletivo Empresarial tem uma demanda de atendimento dos seus

associados totalmente diferente de uma empresa que só comercializa planos Coletivos por

Adesão ou Coletivos Empresariais.

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“Para mim, o que avalia a satisfação do Cliente, numa macro-análise, são

meus resultados de Venda, Participação de mercado e Percepção de Marca. O

que discuto é a gestão das expectativas, que tem a ver com a qualificação da

mensagem.”

Entrevistado 2#

“É difícil para uma Operadora garantir a satisfação do cliente, porque

não é você que presta o serviço diretamente. Para nós, o nível de

satisfação do corretor é importantíssimo, assim como do médico, ambos

também são nossos clientes. O corretor é um grande cliente nosso”.

Entrevistado 4#

“Quem trabalha só com o mercado corporativo, tem uma necessidade de

relacionamento totalmente diferente. A disposição por recomendar é

fundamental., ou seja, a satisfação do cliente”

Entrevistado 5#

5.1.6. Fidelização do Cliente

Outro tema que difere do tradicional apresentado no mercado, devido as especificidades

do setor é a fidelização do cliente nos planos de saúde, que deve ser muito bem trabalhada

no objetivo de identificar o “bom” cliente, que é um cliente que adquire o produto como

um seguro e não como financiamento de um tratamento que já prevê acontecer.

Além disso, a fidelização vem se tornando mais difícil no decorrer do tempo, devido às

próprias opções de comercialização apresentadas pelas empresas de Plano de Saúde ao

mercado acarretando uma “canibalização” constante, ou seja, uma modificação de

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produtos através de um mesmo tamanho estático de mercado. Este fato acarreta uma

alta taxa de rotatividade, conhecido no mercado como índice de churn que é o percentual de

clientes que estão abandonando a empresa para usar os serviços oferecidos pelos

concorrentes. Este indicador apresenta ser de grande relevância para os investidores de

empresas com ações comercializadas em Bolsa de Valores.

“ Temos um turn over muito grande na carteira, que exige um esforço

acima do comum do mercado .É nos primeiros doze meses que temos baixa

sinistralidade devido a baixa utilização. Portanto, a importância da

fidelização é relativa, como você não pode excluir clientes de alto custo,

temos que ter sempre dinheiro novo. Para se obter dinheiro novo foco

totalmente meus investimentos de marketing em novos negócios.”

Entrevistado 1#

“Um mercado que cresce pouco, eminentemente é um mercado de troca.

Só tem uma ponta da linha que vai ficar feliz, é a ponta da venda.

Além do mais, nós mesmos promovemos a troca quando apresentamos

mudanças na forma de contratação como o empresarial e o coletivo de

adesão, o produto microempresa, que é similar a um plano familiar. Ou seja,

é o mesmo produto que você encontrou novas formas de comercializar.

Entrevistado 2#

“No nosso mercado as pessoas estão contratando quando precisam, é mais

ou menos como se você contratasse um seguro de carro, quando soubesse

que seria assaltado ou um de vida, quando soubesse que iria morrer.”

Entrevistado 7#

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5.1.7. Métricas de Investimento em Comunicação

As métricas tradicionais de investimento em Comunicação, seja de avaliação da

eficiência dos Meios considerados tradicionais (televisão, rádio, jornal, revista, cinema,

mídia exterior). Seja de meios considerados on-line, como banners, links patrocinados,

emails marketing, inserção em redes sociais. Ou ainda, de outras atividades especificas do

composto promocional, como por exemplo: Patrocínio de eventos, esporte e cultura. Foram

consideradas, por todos os entrevistados, como sendo um conjunto de pré-requisitos que

deve ser administrados pelos responsáveis diretos das áreas de marketing destas empresas,

mas que não fazem parte da preocupação imediata dos Executivos e Consultores

entrevistados quando da definição de métricas de retorno de investimento em marketing.

No entanto, uma constatação, é a de que a qualidade das métricas de retorno de

investimento em ações no mundo on-line, tem contribuído para o desenvolvimento da

temática como um todo. Para alguns , é um fator que vem promovendo uma mudança

cultural, tanto nas Agências de Comunicação, quanto nos próprios Clientes, que começam

a se sentir ainda mais obrigados a apresentarem um conjunto de métricas para avaliação do

retorno de investimento em marketing.

“ Métricas de Comunicação, como audiência, leitores, melhores alternativas

são do responsável da área, não precisa chegar a mim. Considero métricas

táticas, não estratégicas”.

Entrevistado 4#

“As métricas especificas de Comunicação como: Cobertura, freqüência,

Custo por mil, considero como métricas para a área técnica, não considero

relevantes para o retorno de investimento, são como um pré-requisito para

um trabalho eficiente.” Entrevistado 7#

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“As métricas mais táticas, especificas e tradicionais de comunicação, como

índice de audiência, leitores, etc.., não são importantes para mim, mas sim

para o profissional responsável pela área. O que quero saber e se as ações

estão alinhadas com nossa estratégia. Falar com 30 milhões das classes

CD é ótimo, mas na verdade eu quero saber o que vai acontecer?”.

Entrevistado 5#

“Métricas tradicionais de Comunicação são métricas táticas, que quem for

planejar tem que conhecer, mas não acredito que seja tema para ocupar a

cabeça de um Executivo. São pré-requisitos. Hoje preocupa-se mais com

a qualificação do que com a quantidade de pessoas atingidas, daí a

necessidade da segmentação por circunstância.”

Entrevistado 8#

“Métricas de cobertura, freqüência, GRP são métricas táticas, onde você

tem um controle muito bom sobre métricas é no mundo digital. Este

movimento tem que ser acompanhado uma vez que a nova geração é

totalmente digital. E esta geração serão meus novos consumidores”

Entrevistado 10#

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5.1.8. Outras considerações

De acordo com as respostas dos entrevistados a definição do grau de relevância de cada

métrica a ser considerada para o desenvolvimento de um modelo conceitual de análise

do retorno de investimento em marketing depende também da circunstância que a

empresa se encontra, se ela está num momento de introdução no mercado, num

momento de crescimento, ou de maturidade dos negócios. Ou ainda se as expectativas

de retorno são de curto, médio ou longo prazo.

“Como quase tudo no mundo da gestão, não é possível responder de

forma absoluta. Há momentos e circunstâncias nas empresas que precisam

de diferentes esforços. Mas se considerarmos ao longo do tempo eles têm

que ter uma correlação clara com aumento de vendas. Tudo depende da

janela de tempo que você estiver considerando, do momento da empresa.

.Ela está bem, está pensando no futuro, quer construir um tipo de imagem

institucional, mais refinada. Aí cabe um tipo de investimento que não é

diretamente relacionado com a Venda.”

Entrevistado 8#

“A métrica depende não só do setor, mas também do momento da

empresa. No entanto, sempre tem valor e gostaria de ver meus

executivos apresentando o valor destas marcas. Numa visão de médio e

longo prazo, escolheria: Vendas, participação de mercado e valor de marca”.

Entrevistado 4#

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“Você tem métricas de curto prazo, como o Share e de médio e longo

prazo, como o Valor da marca. Este somatório de decisões, me ajuda na

decisão”.

Entrevistado 7#

Assim como, são apresentadas algumas respostas que pressupõem uma necessidade de

equilíbrio entre a utilização de métricas consideradas financeiras com métricas consideradas

não financeiras

“Sabemos que quando lançamos uma campanha temos dois objetivos:

tenho uma media x, o que eu consigo aumentar nesta media, que

normalmente, é difícil medir num pequeno espaço de tempo, uma parte é

tangível: venda e participação de mercado. Outra, que é muito difícil de

medir trata da percepção de marca, do posicionamento de marca. Você não

constrói uma marca com uma única campanha. No curto prazo, incremento de

venda e participação de mercado e de longo prazo, qual é o valor ao longo dos

anos qual é a percepção e se esta percepção te deixa confortável”.

Entrevistado 2#

“Devemos trabalhar as métricas em duas linhas, porque existe o aspecto

institucional e as empresas têm compromisso de lucro.”

Entrevistado 9#

Um outro fator que fica claro nas respostas é que ninguém mais questiona a

necessidade de se ter ou não um modelo de gestão de marketing que permita avaliar o

retorno de investimento das diferentes ações de marketing. A maior representação está

na própria prestação de contas que os Chief Executive Officer (CEO) vêm se obrigado

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a fazer sobre os resultados das empresas que comandam, trimestralmente, seja para o

mercado, seja para o Conselho de Investidores.

“Há uma demanda enorme de métrica. Eu já ouvi de um cliente meu. Se

você me garantir o retorno, eu boto 10 milhões em propaganda, o

problema é que eu não acredito no retorno que eu vou ter”.

Entrevistado 6#

“Quando você decide investir numa planta industrial nova, comprar um

prédio, uma máquina, você sempre faz um estudo de pay back. No

marketing gostaria de ver o mesmo pensamento. A responsabilidade do

CEO está em questão, antigamente era o dono. Você não toma decisões

somente por experiência, mas por ciência de gestão”

Entrevistado 1#

“Há uma enorme demanda para um modelo que explique como as

diferentes métricas se correlacionam. Eu faria a importância das várias

métricas de marketing ao longo da vida das organizações”

Entrevistado 8#

“Temos que encontrar uma métrica multidimensional que permite

entender-se os diversos das diferentes atividades de marketing e a marca

tem que permear tudo isso.”

Entrevistado 10#

Portanto, a questão não é mais se devemos ou não devemos desenvolver um modelo de

avaliação de retorno de investimento em Marketing. O que se discute é: Como fazer?

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5.2 - PROPOSIÇÃO DE UM MODELO CONCEITUAL DE ANÁLI SE

Com as respostas dos entrevistados e a comparação destas respostas com a literatura

acadêmica, buscou-se a integração entre o pensamento profissional e o pensamento

acadêmico, de forma a possibilitar a construção de uma proposta de um modelo

conceitual de análise do retorno de investimento em marketing especifico para as

empresas do setor.

“Um modelo é uma representação simplificada e abstrata de um fenômeno ou

situação concreta, e que s erve de referência para a observação, estudo ou análise.

Ele baseia-se em uma descrição formal de objetos, relações e processos, e que

permite, variando parâmetros, simular os efeitos de mudanças do fenômeno que

represente”. Dicionário Aurélio (1999)

Zaltman e Wallendorf (1979) apresentam quatro funções possíveis para os modelos na

tarefa de auxiliar a ciência:

1. Enquanto que a maioria dos estudos científicos focaliza um espaço limitado, os modelos

proporcionam um contexto mais amplo;

2. Os modelos anunciam os relacionamentos entre seus componentes, auxiliando o

pesquisador na organização dos dados e no teste do modelo;

3. Oferecem à comunidade científica uma perspectiva comum de discussão e comunicação;

4. Realçam tanto descobertas quanto lacunas no conhecimento a serem sanados.

O desenvolvimento deste modelo foi realizado com a intenção de facilitar uma

integração entre o pensamento dos profissionais entrevistados e a literatura acadêmica

sobre o tema. Como referência conceitual deste modelo, foi utilizado o desenvolvido

por Srivastava e Reibstein (2004) que busca demonstrar como relacionar as diferentes

ações de marketing das empresas com o resultado financeiro das mesmas.

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Para sua construção foram comparadas as opiniões dos entrevistados no que se refere à

cada uma das métricas citadas e presentes na literatura, sempre com o objetivo de

possibilitar a elaboração da proposição conceitual que devemos entender que possui uma

visão específica para as empresas de Plano de Saúde (figura 5).

Figura 5: Modelo Conceitual de Avaliação de Retorno de Investimento em

Marketing nas Empresas de Plano de Saúde.

Fonte: Elaborado pelo autor com base no modelo SRIVASTAVA & REIBSTEIN (2004) e

nas respostas dos entrevistados deste estudo.

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A seguir, são descritas e explicadas cada uma das variáveis presentes no modelo

proposto, qual seu estado de atuação, se são variáveis dependentes ou independentes

e o seu grau de importância de acordo com a resposta dos entrevistados, além da

descrição sobre a forma prática da coleta dos dados

Participação de mercado – Definida como variável dependente a ser considerada, a partir

das respostas do entrevistados e de sua definição na literatura. No caso específico do

setor de Plano de Saúde, engloba o resultado da conquista de novos associados e a

retenção dos atuais clientes.

A Agência Nacional de Saúde publica trimestralmente estes dados, por Estado da Federação e

por segmento de produto: Individual e empresarial (Coletivo por Adesão e patrocinado pela

empresa). Portanto, seus valores são de fácil obtenção e permitem uma real comparação com

os resultados obtidos pelos concorrentes diretos.

Satisfação do Usuário, do Corretor e do Prestador de Serviços Médicos –

Definida pelos entrevistados como variável dependente preditora, dos movimentos de

participação de mercado.

Nesta definição podemos englobar a satisfação dos diferentes públicos, uma vez que os

entrevistados os definem como sendo clientes, com o mesmo grau de importância e

parceria no processo. Na verdade, é como se estivéssemos falando do Cliente Usuário,

do Cliente Corretor e do Cliente Prestador (médico de consultório, de laboratório de

exames clínicos e de imagem, além dos hospitais credenciados ou próprios).

O nível de satisfação, no setor de Planos de Saúde, se traduz através das percepções

que os diferentes públicos (usuários, corretores e médicos) possuem em relação a

determinada empresa. Os fatores que influenciam este conjunto de percepções, são:

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– Imagem de Marca – Conjunto de Associações que a marca possui na

mente de seus diferentes públicos . Deve ser monitorada através da realização de

pesquisas quantitativas regulares com o mercado

– Preço Relativo – Valor que as pessoas estariam dispostas a pagar . Tanto

pode ser obtido por pesquisa, quanto pelos dados publicados de ticket médio de

cada empresa publicado pela Agência Nacional de Saúde (ANS).

– Produtos disponíveis – Este fator se refere a disponibilização por parte das

Empresas de Planos de Saúde, de produtos com segmentação individual e com

segmentação empresarial (Coletivo por Adesão e patrocinado pela empresa). Dos

dos tipos de cobertura assistencial, se é ambulatorial, hospitalar ou referência

(ambulatorial + hospitalar + obstetrícia). Além, da qualidade da Rede Credenciada

oferecida.

- Cobertura de Mercado – é representado pela quantidade de credenciamento

disponível nas diferentes especialidades médicas e segmentação dos prestadores

credenciados (produtos disponíveis) e pelas diferentes regiões geográficas onde estão

situados (distribuição).

Todas as informações acima, exceto a referente ao estado de Imagem da Marca, são

públicas e comparáveis, uma vez que os dados são disponibilizados pelas Operadoras

através de seus livros de credenciamento médico ou pela Agência Nacional de Saúde

(ANS).

Como referencial das ferramentas que influenciam a percepção destes fatores e do nível

de satisfação dos diferentes públicos, neste estudo foi adotada a definição de Belch e

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Belch (2008) que definem os elementos contemporâneos que compõem o conceito de

Mix Promocional, são eles:

. Propaganda – Toda forma paga de comunicação impessoal sobre uma organização,

produto, serviço ou idéia por parte de um patrocinador identificado.

. Marketing Direto – Quando as organizações se comunicam diretamente com seus clientes-

alvo para gerar uma resposta e/ou transação. Envolve: mala direta, catálogos, gerenciamento

de banco de dados, venda direta, telemarketing e anúncios de resposta direta.

. Marketing Interativo / pela Internet – Permite um fluxo de ida e volta da informação

de modo que os usuários podem participar e modificar a forma e o contudo das informações

que recebem em tempo real.

. Promoção de Vendas – Atividades de marketing que proporcionam valores e

incentivos extras à força de vendas, aos distribuidores ou ao consumidor final, e que

podem gerar vendas imediatas. A promoção de vendas normalmente divide-se em duas

grandes categorias: as atividades dirigidas ao consumidor (cuponagem, amostragem,

prêmios, descontos, concursos e vários materiais de ponto-de-venda) e as atividades

dirigidas ao comércio ou revendedor (descontos promocionais, acordos de venda,

concursos de venda e mostras comerciais).

. Publicidade / Relações Públicas – a publicidade refere-se a comunicações impessoais

relativas a uma organização, produto, serviço ou idéias, que não são diretamente pagas

ou veiculadas por um patrocinador identificado. Ela normalmente aparece na forma de

uma reportagem, de um editorial ou anúncio sobre uma organização e/ou seus produtos e

serviços. As relações públicas são definidas como “ a função de gerenciamento que

avalia as atitudes públicas, identifica a política e os procedimentos de um indivíduo ou

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organização com interesse público, e executa um plano de ação para obter entendimento e

aceitação do público”. Utilizam-se de publicações especiais, participações em atividades

da comunidade, levantamento de fundos e patrocínio de eventos especiais.

. Venda Pessoal – Uma forma de comunicação pessoa a pessoa, na qual um vendedor

tenta auxiliar ou persuadir os compradores em potencial a adquirir o produto ou

serviço da empresa ou agir de acordo com uma idéia. Se utiliza de peças como folder ou

vídeo institucional de apresentação da empresa, brindes ou peças decorativas no ponto de

venda.

Nem todas as ferramentas são utilizadas pelas Empresas de Planos de Saúde, seja ao

mesmo tempo ou separadamente. Portanto, cabe às áreas de marketing de cada empresa

promover a devida alocação. O importante é ter em mente a necessidade da organização

de dados para posterior identificação da correlação entre os diferentes fatores e os

respectivos resultados.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo apresenta as considerações finais deste trabalho, contendo as principais

conclusões, citando as limitações do estudo e sugestões para pesquisa futuras.

6.1. CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo a proposição de um modelo conceitual de avaliação de

retorno de investimento em marketing das empresas participantes do setor de Planos de

Saúde, a partir do conhecimento do pensamento dos Executivos e Consultores responsáveis

pelas decisões de investimento em marketing de forma a identificar quais as métricas

consideravam prioritárias e quais poderiam ser consideradas como variáveis dependentes e

independentes.

As respostas foram correlacionadas com as definições descritas na literatura sobre o tema,

no intuito de proporcionar o desenvolvimento de um modelo Conceitual específico para

o Setor, sempre com a intenção de colaborar na integração das visões destes Executivos e

Consultores com a visão de alguns autores dos principais estudos sobre o tema..

Ao analisar as respostas obtidas, foi possível identificar a métrica denominada de participação

de mercado como a variável dependente aceita e defendida pelos entrevistados como a

principal balizadora na identificação se os investimentos de marketing estão sendo

otimizados.

Os entrevistados também reconheceram a importância do cuidado com a imagem de

marca das empresas e das respectivas métricas que a influenciavam, como a satisfação

de clientes e o fidelização dos clientes. No entanto, não lhe atribuíram o status de

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métrica principal, mas sim de uma variável que precedia a modificação de participação

de mercado, ou seja, de uma variável dependente.

As respostas apontaram ainda para a importância de serem considerados diferentes

horizontes de tempo para avaliação do retorno de investimento em marketing,

variando de métricas de curto, médio e longo prazo.

Foi possível identificar que as métricas específicas de avaliação dos retorno das ações de

comunicação, sejam elas realizadas através de meios tradicionais como a televisão, rádio,

jornal, revista, cinema e mídia exterior, ou por intermédio de meios digitais e de patrocínio,

forma consideradas métricas táticas, funcionando como uma espécie de pré-requisito

para os profissionais especialistas, mas não relevantes para os Executivos e Consultores

entrevistados no momento de definição sobre a(s) métricas prioritárias para análise do

retorno de investimento em marketing.

Finalmente, quando se considera que o modelo apresentado tem a intenção de aplicabilidade

somente nas Empresas de Planos de Saúde, avalia-se o conjunto das respostas obtidas e

reconhece-se o histórico de marketing como ciência e suas diferentes metodologias

estatísticas de validação e identificação de correlação entre as diferentes métricas

selecionadas, pode-se prever que o modelo conceitual proposto seja passível de aplicação.

Esta possibilidade é reforçada pela facilidade na obtenção de dados comparativos, via

Agência Nacional de Saúde (ANS) e no desenvolvimento de um cultura interna nas

organizações na busca de melhores sistemas de gestão de todas as suas atividades.

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6.2. IMPLICAÇÕES GERENCIAIS

Conforme citado na revisão de literatura e nas respostas dos próprios Executivos e

Consultores ligados as Empresas de Planos de Saúde, para se realizar uma boa gestão

dos investimentos previstos pelas empresas precisamos saber como quantificar e

identificar o retorno destes investimentos. Nas áreas de marketing esta demanda não é

diferente, seja nas empresas de capital aberto no mercado acionário, seja nas empresas

com participação de fundos de investimento ou mesmo numa empresa com

administração familiar, a busca por modelos de avaliação de retorno dos investimentos é

uma realidade.

Desta forma, a proposição de um modelo conceitual de avaliação de retorno de

investimentos em marketing que integre a visão dos Executivos e Consultores,

responsáveis ou influenciadores das decisões de investimento de marketing das maiores

Empresas de Plano de Saúde do mercado do Rio de Janeiro, com os principais estudos

acadêmicos sobre o tema visa contribuir para uma evolução na discussão do tema em

questão, possibilitando as empresas uma nova ferramenta para a realização de

exercícios internos que contribuam para a validação ou não da proposta.

Busca ainda, destacar uma nova utilidade para a organização dos dados de investimento

em cada um dos compostos de marketing, bem como reforçar a importância de uma

política de monitorização constante dos indicadores de satisfação dos diversos públicos

participantes e o interesse na utilização destes dados em metodologias estatísticas de

identificação de correlação das diferentes variáveis.

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6.3. LIMITAÇÕES DO ESTUDO

A primeira delas se encontra na impossibilidade de generalização para outros setores,

uma vez que estamos falando de uma pesquisa exploratória de profundidade com

Executivos e Consultores das principais empresas de Planos de Saúde. Ou seja, não se

trata de uma pesquisa descritiva quantitativa, com validação estatística.

As pesquisas se concentraram, por conveniência do entrevistador, em Executivos e

Consultores baseados no Rio de Janeiro. E, apesar de algumas empresas como: Grupo

Amil (Amil, Dix e Medial), Golden Cross e Intermédica terem representação

empresarial em nível de Brasil. Esta delimitação geográfica pode ter significado um

grau de representatividade do Setor no Estado. Portanto, somente ampliando essas

entrevistas para os demais estados é que identificaremos se ocasionou ou não um viés

de interpretação.

Outro fator a ser considerado é que não foram entrevistados Executivos ou Consultores

ligados as Seguradoras de Saúde, que apresentam representação relevante no mercado e

podem apresentar uma outra interpretação.

Na revisão da literatura não foram abordadas as técnicas estatísticas e econométricas

de avaliação de retorno de investimento em marketing, devido ao objetivo prioritário

deste estudo ser o de entender o pensamento dos Executivos e Consultores ligados as

Empresas de Planos de Saúde, e a conseqüente elaboração de um modelo conceitual

válido para o setor. A validação deste modelo, precede a utilização destas metodologias.

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Finalmente, não foram consideradas como fonte de discussão o nível de atividades

internas das empresas (implementação e orientação), uma vez que foram priorizadas

métricas de mercado e não métricas culturais e organizacionais das empresas.

.

6.4. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

Até onde se pode observar não foram encontrados estudos específicos sobre o retorno de

investimento em marketing nas Empresas de Planos de Saúde. Trata-se de um tema

ainda pouco explorado, existindo ainda oportunidades para pesquisas futuras.

Uma delas seria a aplicação da mesma metodologia em setores que apresentassem

similaridade de funcionamento com o Setor de Planos de Saúde, como por exemplo, o

Setor de Turismo, formado prioritariamente, por Operadoras, Agentes de Viagem e

Prestadores dos Serviços (hotéis, empresas de transporte, entretenimento). Seguida, da

realização de uma survey com utilização de escala likert e a redução de fatores via

Análise Fatorial. Esta linha de pesquisa teria como objetivo a validação estatística de um

modelo conceitual de análise de retorno de investimento para determinados setores.

Uma outra vertente poderia ser a de inclusão de Setores de Serviços que são regidos por

uma forte regulamentação, uma vez que garante a transparência e acuracidade dos dados

transacionais, como é o caso dos Setores de Telefonia e Educação.

Finalmente, o presente estudo apresenta a proposta de um modelo conceitual de analise do

retorno de investimento em marketing nas Empresas de Planos de Saúde, identificando as

variáveis dependentes e independentes. Este modelo pode ser utilizado para a elaboração de

hipóteses que seriam comprovadas por meio de pesquisas quantitativas futuras.

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APÊNDICE A

ROTEIRO DAS ENTREVISTAS REALIZADAS

1) Pergunta narrativa:

Meu objetivo com essa pesquisa é o de identificar a opinião dos Executivos e

Consultores ligados às Empresas de Plano de Saúde, com matriz ou filial no Rio de

Janeiro, que tenham a responsabilidade da decisão ou influenciem os investimentos de

marketing destas empresas, sobre quais métricas consideram prioritárias a serem

consideradas no desenvolvimento de um modelo conceitual de utilização específica neste

Setor. O nome da sua empresa e o cargo que ocupa, assim como de outras empresas e

pessoas que venham a ser citadas neste estudo, serão identificadas em quadro específico que

demonstrará a característica dos entrevistados e seu grau de relevância para o

mercado.

2) Explicando o procedimento das entrevistas:

Tenho aqui em mão um roteiro semi-estruturado que lhe será entregue no final desta

entrevista que contém o “resumo” de dois levantamentos acadêmicos sobre o tema onde

são citadas métricas consideradas relevantes pelo mercado no momento de avaliação do

retorno de investimento em Marketing.

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Inicialmente, será feita uma pergunta que busca identificar de forma espontânea qual

métrica você consideraria prioritária para a análise do retorno de investimento em marketing

na sua empresa. A partir da sua resposta iremos desenvolver nossa entrevista métricas

que você considera relevante ou não relevante para também fazerem parte deste

modelo de avaliação, e finalmente iremos repassar visualmente o resumo dos 2(dois)

modelos citados anteriormente de forma a garantir a obtenção de opiniões do maior

número de métricas possível.

3) Os 2(dois) “resumos” do levantamento acadêmico:

Agora, chegou o momento de visualizarmos os “resumo” dos dois levantamentos acadêmicos

citados anteriormente e conversamos sobre alguma métrica que ainda não tenha sido

abordada.

BRUCE H. CLARK -1999 FARRIS, BENDLE, PFEIFER E REIBSTEIN - 2006

1. Medidas não financeiras 1. Participações em Corações, mentes e mercado

. Satisfação . Participação de mercado

. Lealdade . Consciência da Comunicação

. Brand Equity . Disposição para recomendar

2. Medidas financeiras 2. Rentabilidade do Cliente

. Lucro . Custo médio de aquisição

. Participação de mercado . Valor de duração do Cliente

. Vendas

. Brand Equity 3. Vendas

. Eficácia da equipe de vendas

. Volume por produto

. Preponderância de Preço Premium

4. Propaganda ePromoção

. Cobertura

. Frequência

.Vendas incrementais por impulso

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos modelos de Clark (1999) e Farris, et all (2006).