monografia a atividade portuÁria brasileira e a

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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ FAYANA RIZZI ISOTTON Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A IMPORTÂNCIA DO PORTO CONCENTRADOR ITAJAÍ 2009

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Page 1: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ FAYANA RIZZI ISOTTON

Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E

A IMPORTÂNCIA DO PORTO CONCENTRADOR

ITAJAÍ 2009

Page 2: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

FAYANA RIZZI ISOTTON

Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E

A IMPORTÂNCIA DO PORTO CONCENTRADOR

Monografia desenvolvida para o Estágio Supervisionado do Curso de Comércio Exterior do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - Gestão da Universidade do Vale do Itajaí.

Orientador: BRUNO TUSSI LL.M. (IMLI)

ITAJAÍ 2009

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Agradeço a meus pais Victor Hugo Isotton e Evani Catarina Rizzi Isotton pelo apoio incondicional, ao meu irmão Daniel Vitor Rizzi Isotton pelo incentivo constante e de modo especial ao orientador Bruno Tussi LL.M. (IMLI) que tornou esta monografia possível.

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“A mente que se abre a uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho

original.” (Albert Einsten)

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EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do estagiário Fayana Rizzi Isotton b) Área de estágio Direito Marítimo c) Orientador de conteúdo Prof. Bruno Tussi LL.M. (IMLI) e) Responsável pelo Estágio Profª. Natalí Nascimento

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RESUMO

Esse trabalho de conclusão de curso tem por objetivo demonstrar a importância de um porto concentrador na atividade portuária nacional e internacional e verificar qual porto brasileiro tem condições de ser considerado o porto concentrador do país. Para tal, dentre todos os portos organizados existentes no território brasileiro, foram escolhidos como objeto de estudo cinco portos, sendo: porto de Santos (SP), porto de Itaguaí (RJ), porto de Paranaguá (PR), porto de Suape (PE) e porto de Rio Grande (RS) devido à sua representatividade no cenário nacional e no transporte marítimo internacional. Com o intuito de demonstrar as particularidades de cada porto, foi dado ênfase à sua história, estrutura, localização geográfica e movimentação. Para fins comparativos, exemplificou-se neste trabalho os maiores portos do mundo para que pudesse ser identificado as características essenciais de um porto concentrador e verificar quais as características já apresentadas pelos portos brasileiros e quais devem ser adquiridas. Foi levado em consideração também o panorama da atividade portuária no Brasil, e as alterações ocorridas com a criação da Lei nº 8.630/93 – Lei de Modernização dos Portos e seus personagens. Neste sentido pode-se também acompanhar a evolução desta atividade no Brasil e ter, por conseguinte, um melhor discernimento da atual situação portuária brasileira. Palavras-chave: Atividade Portuária. Desenvolvimento Portuário. Porto Concentrador.

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LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - Responsabilidade quanto ao treinamento portuário 28

Figura 1 - Portos Marítimos e Fluviais do Brasil 30

Gráfico 1 - Movimentação de Cargas no Porto de Rio Grande (RS) 50

Quadro 2 - Desenvolvimento do Porto - De um centro de transporte à uma 59

plataforma logística

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LISTA DE TABELA

Tabela 1 - Movimentação e transporte de cargas em pátios e armazéns 34 Tabela 2 - Movimentação (transferência) de carga na linha do cais 35 Tabela 3 - Movimento anual (em toneladas) 36 Tabela 4 – Movimentação de contêineres (em unidades) 36 Tabela 5 - Equipamentos disponibilizados pelo porto de Itaguaí 39 Tabela 6 – Movimentação de contêineres no porto de Itaguaí (Peso em toneladas e quantidade em unidades) 40 Tabela 7 – Equipamentos do porto de Paranaguá 44 Tabela 8 – Movimentação de contêineres 45 Tabela 9 – Equipamentos do porto de Rio Grande – Porto Novo 49 Tabela 10 – Equipamentos do porto de Rio Grande - Superporto 49 Tabela 11 – Equipamentos do porto de Suape 55 Tabela 12 – Movimentação de contêineres 56 Tabela 13 – Maiores terminais de contêineres do mundo 63 Tabela 14 - Carga total (em 1000 toneladas) 65 Tabela 15 – Movimentação do porto de Rotterdam 67 Tabela 16 – Estatísticas em tonelada 68

Page 9: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

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LISTA DE SIGLAS

AEB - Associação de Comércio Exterior

ALL - América Latina Logística do Brasil S.A

ANP - Agência Nacional de Petróleo

ANTAQ – Agência Nacional de Transporte Aquaviário

APPA - Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina

CAP - Conselho de Autoridade Portuária

CBD - Companhia Brasileira de Dragagem

CDRJ - Companhia Docas do Rio de Janeiro

CDS - Companhia Docas de Santos

CNF - Companhia Ferroviária do Nordeste

CODESP - Companhia Docas do Estado de São Paulo

CSN - Companhia Siderúrgica Nacional

DEPRC - Departamento de Portos Rios e Canais

FCA - Ferrovia Centro Atlântica

FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

GEMPO - Grupo Executivo para Modernização dos Portos

INPH - Instituto Nacional de Pesquisa Hidroviária

ISPS CODE - Código Internacional para Proteção de Navios e Instalações Portuárias

OGMO - Órgão Gestor de Mão-de-Obra

PORTOBRÁS - Empresa de Portos do Brasil S/A

SUPRG - Superintendência do Porto de Rio Grande

TCP - Terminal de Contêineres de Paranaguá

TECON - Terminal de Contêineres

Page 10: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................11 1.1 Objetivo geral .................................................................................................12 1.2 Objetivos específicos......................................................................................12 1.3 Justificativa .....................................................................................................12 1.4 Abordagem geral do problema .......................................................................13 1.5 Questões específicas .....................................................................................14 1.6 Pressupostos..................................................................................................14 2 METODOLOGIA ................................................................................................15 2.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................15 2.2 Área de abrangência ......................................................................................15 2.3 Coleta e tratamento dos dados.......................................................................16 2.4 Apresentação e análise dos dados.................................................................16 3 ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA ............................................................17 3.1 Atividade portuária na era industrial ...............................................................17 3.2 Atividade portuária na era pós industrial.........................................................18 3.3 Lei de Modernização dos Portos ....................................................................21 3.4 Personagens da atividade portuária ...............................................................23 3.4.1 Administração do porto ...............................................................................24 3.4.2 Conselho de Autoridade Portuária - CAP....................................................24 3.4.3 Operador Portuário .....................................................................................26 3.4.4 Órgão Gestor de Mão-de-Obra – OGMO....................................................27 3.4.5 Grupo Executivo para Modernização dos Portos – GEMPO.......................28 4 PORTOS BRASILEIROS ...................................................................................30 4.1 Porto de Santos (SP)......................................................................................31 4.1.1 História do porto de Santos (SP) ................................................................32 4.1.2 Estrutura física do porto de Santos (SP).....................................................32 4.1.3 Movimentação do porto de Santos (SP) .....................................................35 4.2 Porto de Itaguaí (RJ) ......................................................................................37 4.2.1 História do porto de Itaguaí (RJ) .................................................................37 4.2.2 Estrutura física do porto de Itaguaí (RJ) .....................................................38 4.2.3 Movimentação do porto de Itaguaí (RJ) ......................................................40 4.3 Porto de Paranaguá (PR) ...............................................................................41 4.3.1 História do porto de Paranaguá (PR)..........................................................42 4.3.2 Estrutura física do porto de Paranaguá (PR) ..............................................43 4.3.3 Movimentação do porto de Paranaguá (PR)...............................................45 4.4 Porto de Rio Grande (RS) ..............................................................................45 4.4.1 História do porto de Rio Grande (RS) .........................................................46 4.4.2 Estrutura física do porto de Rio Grande (RS) .............................................47 4.4.3 Movimentação do porto de Rio Grande (RS) ..............................................50 4.5 Porto de Suape (PE).......................................................................................51 4.5.1 História do porto de Suape (PE) .................................................................52 4.5.2 Estrutura física do porto de Suape (PE)......................................................54 4.5.3 Movimentação do porto de Suape (PE) ......................................................56 5 PORTO CONCENTRADOR...............................................................................58 5.1 Requisitos para caracterização de porto concentrador...................................61 5.2 Exemplos de portos concentradores de carga ...............................................63

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5.2.1 Porto de Cingapura.....................................................................................64 5.2.2 Porto de Rotterdam.....................................................................................66 5.2.3 Porto de Los Angeles..................................................................................68 5.3 Análise dos portos brasileiros.........................................................................69 5.3.1 Porto de Santos (SP) ..................................................................................70 5.3.2 Porto de Itaguaí (RJ)...................................................................................70 5.3.3 Porto de Paranaguá (PR)............................................................................71 5.3.4 Porto de Rio Grande (RS)...........................................................................71 5.3.5 Porto de Suape (PE)...................................................................................72 5.4 O Porto Concentrador Brasileiro.....................................................................73 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................76 REFERÊNCIAS.........................................................................................................78 Anexo A – Porto de Santos (SP) ...............................................................................82 Anexo B – Porto de Paranaguá (PR) ........................................................................83 Anexo C – Porto de Rio Grande (RS) – Porto Velho.................................................84 Anexo D - Porto de Rio Grande (RS) - Porto Novo....................................................85 Anexo E – Porto de Rio Grande (RS) – Superporto ..................................................86 Anexo F - Porto de Suape (PE)..................................................................................87 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS......................................................................88

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1 INTRODUÇÃO

Para que as práticas de comércio exterior possam ser realizadas de modo

eficaz, no caso, a transferência de um produto do seu ponto de origem até o seu

ponto de destino, deve-se possuir uma logística de transporte eficiente e a escolha

do modal de transporte a ser utilizado está diretamente relacionada ao sucesso da

operação.

O transporte marítimo é responsável por aproximadamente 95% da

movimentação de cargas no Brasil, sendo que estudos desenvolvidos pelo Ministério

do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior indicam que esta ramificação do

modal aquaviário, é também o mais utilizado no comércio internacional.

O transporte marítimo possui a maior capacidade de carga entre os modais,

sendo que pode transportar qualquer tipo de produto pelo menor custo, porém tem

como desvantagem a distância entre os grandes centros de produção e o fato de ter

que realizar transbordo em outros portos. Por este motivo, a infra-estrutura portuária

é fundamental para que não haja congestionamento nos portos.

De acordo com a Agência Nacional de Transporte Aquaviário (ANTAQ), o

Brasil possui 45 portos marítimos e fluviais, porém nenhum deles é considerado,

oficialmente, um porto concentrador de cargas.

Porto concentrador de cargas é aquele com capacidade suficiente para

receber navios de grande porte e que está localizado em um local estratégico do

país, de onde possa cumprir seu papel de distribuidor de cargas.

Dentre estes 45 portos, cinco são vistos como possíveis potenciais para

representarem o Brasil na questão do transbordo de cargas. São eles: Santos (SP),

Itaguaí (RJ), Paranaguá (PR), Suape (PE) e Rio Grande (RS).

Este trabalho visa definir as características individuais dos portos

supracitados, como movimentação, infra-estrutura e localização geográfica a fim de

verificar qual deles seria o mais apto a se tornar o porto concentrador brasileiro.

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1.1 Objetivo geral

Identificar qual porto brasileiro entre Santos (SP), Itaguaí (RJ), Paranaguá

(PR), Suape (PE) e Rio Grande (RS) está mais apto a se tornar o porto concentrador

de cargas do Brasil.

1.2 Objetivos específicos

Demonstrar o histórico da atividade portuária brasileira e as mudanças

ocorridas com o advento da promulgação da Lei nº 8.630/93 ou Lei de Modernização

dos Portos;

Verificar a localização geográfica, a profundidade e a área portuária dos

portos de Santos (SP), Itaguaí (RJ), Paranaguá (PR), Suape (PE) e Rio Grande

(RS);

Demonstrar as características portuárias dos maiores portos concentradores

de carga do mundo verificando assim qual porto brasileiro dentre os cinco

supracitados estão aptos a serem considerados portos concentradores.

1.3 Justificativa

O transporte marítimo é o mais utilizado no comércio internacional, sendo a

área do porto organizado a porta de entrada e saída de mercadorias, pessoas, bens

e serviços no país. A atividade portuária é fundamental para o desenvolvimento da

economia e o Brasil é contemplado por possuir uma grande variedade de portos com

características próprias como tamanho, capacidade e infra-estrutura.

Porém, ao longo do curso de Comércio Exterior, focando-se a questão

portuária, percebe-se que por apresentar um território muito extenso, o Brasil carece

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de um porto que concentre cargas e rotas e que reduza o número de escalas

adotadas pela maioria das companhias marítimas.

Nestes quatro anos de estudo sobre o comércio exterior brasileiro e

internacional, percebe-se que o Brasil precisa se adequar à nova realidade do

transporte marítimo, onde os novos navios exigem cada vez mais uma melhor infra-

estrutura portuária. Isso se deve à alta tecnologia no desenvolvimento destes,

limitando sua atracação a portos que possuem grandes profundidades.

Neste contexto, para se adequar às novas necessidades portuárias, surge um

novo modelo de porto, denominado, porto concentrador ou porto de transbordo,

sendo ainda conhecido pelo termo em inglês hub port.

A prática de se concentrar cargas reduz o volume de dragagens, os custos

com transporte, e o manuseio de cargas, permitindo também uma maior

dinamização da cabotagem, que no Brasil é considerado um modal muito

interessante, por apresentar aproximadamente 7.400 km de costa navegável e

possibilitar a conexão de diferentes centros consumidores.

1.4 Abordagem geral do problema

A atividade portuária brasileira deve se adequar aos padrões mundiais no

sentido de maximizar a qualidade do serviço portuário e minimizar os custos. Este

modelo é chamado de economia de escala e é uma tendência observada com o

crescimento do porte dos navios que permite que uma única embarcação carregue

uma quantidade muito maior de cargas.

Para receber os navios de grande porte, os portos devem possuir

profundidade suficiente para que a embarcação tenha condições de atracar em

determinada área.

Assim sendo, foram criados os portos concentrados, ou seja, portos

construídos em áreas estratégicas para que as cargas sejam distribuídas ao restante

do país.

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Neste contexto, adequando-se ao modelo de porto concentrador, a atividade

portuária brasileira reduziria o tempo de operação, custos de serviço e tornaria o

processo logístico brasileiro muito mais ágil, eficaz e barato.

1.5 Questões específicas

Qual é o panorama da atividade portuária brasileira?

Quais as características dos portos de Santos (SP), Itaguaí (RJ), Paranaguá

(PR), Suape (PE) e Rio Grande (RS)?

Qual é a definição de um porto concentrador de cargas?

1.6 Pressupostos

A atividade portuária brasileira é composta por vários personagens que

surgiram com o advento da Lei nº 8.630/93, também conhecida como Lei de

Modernização dos Portos. Atualmente a atividade portuária foca-se nas instalações

e serviços que compõem o transporte multimodal, preocupando-se com a infra-

estrutura do porto, custos e desempenho.

Os portos de Santos (SP), Itaguaí (RJ), Paranaguá (PR), Suape (PE) e Rio

Grande (RS) possuem características próprias como profundidade, área portuária, e

movimentação. Neste capítulo será estudado as particularidades de cada porto.

Porto concentrador de cargas é aquele com proporções vastas de tamanho,

profundidade e capacidade portuária, que apresente em sua proximidade uma infra-

estrutura eficiente para que as cargas que ali descarreguem possam ser distribuídas

ao resto do país.

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2 METODOLOGIA

Este capítulo tem por objetivo demonstrar a metodologia utilizada neste

trabalho.

2.1 Tipo de pesquisa

Para a elaboração desta monografia foi usado o método de pesquisa qualitativa

que segundo Mazotti e Gewandsznajder (1999, p.147): “Por sua diversidade e

flexibilidade, não admitem regras precisas, aplicáveis a uma ampla gama de casos”.

O meio de investigação utilizado foi a pesquisa bibliográfica, baseada em

subsídios como livros, artigos, jornais, revistas e no meio eletrônico como, por

exemplo, em sites.

De acordo com Lakator e Marconi (1995), a pesquisa bibliográfica trata-se de

levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas,

publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador em

contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto.

Esta pesquisa inseriu-se na área de comércio exterior, ramificou-se para a

parte do Direito Portuário, e verificou as características dos portos de Santos (SP),

Itaguaí (RJ), Suape (PE), Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS) para assim determinar

qual destes teriam condições de serem considerados o porto concentrador de cargas

brasileiro.

2.2 Área de abrangência

Esta pesquisa inseriu-se na área de comércio exterior, ramificou-se para a

parte do Direito Portuário, e verificou as características dos portos de Santos (SP),

Itaguaí (RJ), Suape (PE), Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS) para assim determinar

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qual destes teriam condições de serem considerados o porto concentrador de cargas

brasileiro.

2.3 Coleta e tratamento dos dados

Uma monografia é uma compilação de idéias oriundas de pessoas

especializadas no assunto, que apresentam algumas vezes, pontos de vista

divergentes entre si. Por este motivo, ela deve ser escrita de forma coerente, para

que haja um melhor discernimento por parte do leitor.

Para que este trabalho tivesse fundamentação teórica foram coletados dados

em livros, artigos científicos, revistas especializadas, periódicos e no meio virtual.

2.4 Apresentação e análise dos dados

O objetivo de se estudar um assunto tão minuciosamente é verificar quais

serão os resultados obtidos, pois somente eles podem comprovar ou não as idéias

iniciais de uma pesquisa.

Sendo assim, para que os resultados deste trabalho pudessem ser melhor

visualizados, contribuindo para que o leitor tivesse uma melhor compreensão da

pesquisa, foram utilizados textos explicativos, tabelas, ilustrações e gráficos.

Page 18: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

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3 ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA

No dia 28 de janeiro de 1808, D. João VI promulgou a Carta Régia que

determinava a abertura dos portos brasileiros às nações amigas. Antes da

promulgação desta carta, por ser colônia portuguesa, o Brasil mantinha relações

comerciais apenas com Portugal, que conforme Hipólito da Costa1, limitavam-se aos

Portos de Lisboa e Porto.

Este foi um marco na história das atividades de comércio internacional

brasileira, pois inseria o país no sistema econômico liberal internacional.

Este capítulo está dividido em quatro partes sendo: atividade portuária na era

industrial; atividade portuária na era pós industrial; Lei de Modernização dos Portos

nº 8.630/93; e personagens da atividade portuária.

3.1 Atividade portuária na era industrial

Na era industrial (1750-1950), o modelo de gestão de infra-estruturas e de

organizações dos serviços portuários era determinado pela atuação do Estado e

apresentava como configuração a

[...] gestão e administração centralizada dos portos, através de um órgão governamental “autônomo” com relação às instituições locais; participação privada em operações específicas de movimentação de cargas, principalmente minérios e outros granéis líquidos e sólidos; monopólio estatal na movimentação de cargas de terceiros, fundamentalmente cargas gerais e conteinerizadas; acordos coletivos de trabalho e financiamento público das infra-estruturas e dos equipamentos de grande porte [...]. Os portos eram considerados elos vitais da integração produtiva entre as diferentes regiões do Estado nacional e deste para com o resto do mundo. (SILVA;COCCO, 1999, p.15)

Havia um estreito vínculo entre a produção industrial e o sistema portuário

que na época era do tipo fordista2, tendo como perfil, portos “altamente setorizados,

1 Hipólito da Costa: patrono da imprensa e dos estudiosos da realidade brasileira. (Academia Brasileira de Letras). 2 Fordismo: método de racionalização da produção em massa criado por Henry Ford no século XX, que “reduzia as atividades humanas a movimentos simples, rotineiros e predeterminados” (Bauman, 2001, p. 33).

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sem se mostrarem muito flexíveis às variações na natureza do produto, às

modificações da tecnologia dos transportes ou às alternativas do mercado”

(SILVA,COCCO, 1999, p.16).

Em 1869 foi criada a primeira lei de concessão à exploração de portos pela

iniciativa privada e quase vinte anos depois, em 1888, as administrações portuárias

foram privatizadas.

O Porto de Santos foi o primeiro a ter sua administração privatizada e

em 12 de julho de 1888, pelo Decreto nº 9.979, após concorrência pública, o grupo liderado por Cândido Gaffrée e Eduardo Guinle foi autorizado a construir e explorar, por 39 anos, depois ampliado para 90 anos o porto de Santos. (CODESP, 2008).

Em 1934, com a criação do Estado Novo, “o porto começou a ser visto como

um fator de desenvolvimento econômico para o país” (Kappel, 2008), um exemplo foi

a elaboração das tarifas portuárias, pelo Decreto nº 24.508, de 29 de junho, que

organizava ainda mais a atividade portuária.

3.2 Atividade portuária na era pós industrial

A grande maioria dos portos brasileiros foi construído na era pós-industrial.

Com o passar dos anos, eles sofreram algumas modificações, porém elas foram

insuficientes para que houvesse uma equiparidade entre os portos brasileiros e os

mais avançados do mundo, como Rotterdam e Hong Kong.

De acordo com Ventilari;Neto (2004), os portos brasileiros passaram por um

processo de lento sucateamento, sendo que o motivo estaria na incapacidade que o

Estado demonstrava de proporcionar os investimentos necessários para a

modernização portuária em decorrência de estarem “presos” a um monopólio duplo,

onde de um lado estava a estatal Companhia das Docas e de outro os sindicatos

dos trabalhadores avulsos, afastando assim, os investimentos da iniciativa privada.

Porém, o modelo de gestão monopoleista, “mostrou-se absolutamente

ineficaz e arcaico ante a globalização da economia mundial” (STEIN, 2002, p.64),

fazendo com que ocorressem mudanças estruturais e institucionais para adaptar os

portos nacionais à nova realidade.

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Neste período, existia um enorme contraste entre os equipamentos

encontrados nas docas brasileiras e àqueles utilizados nos portos europeus, além

disso, a Marinha Mercante e a Indústria Naval também estavam sendo prejudicadas,

“assim o Governo Federal permitiu a realização da operação portuária por empresas

privadas” (STEIN, 2002, p.64).

A iniciativa privada começa então a investir em inovações tecnológicas, a fim

de modernizar o setor portuário, porém percebe que os novos equipamentos e

instalações se encontram fora do seu controle, sendo operados pelos avulsos

portuários.

Surge assim, um grande impasse entre a iniciativa privada e os avulsos

portuários que, por meio dos sindicatos, lutavam para conservar seus postos de

trabalho, em decorrência dos investimentos na modernização portuária, sobretudo

na aquisição de novas máquinas, fazendo com que as funções dos trabalhadores

portuários dentro do porto se extinguissem.

Porém segundo verifica-se que

Culpar unicamente os avulsos portuários pelo atraso nos portos brasileiros é falsear a verdade histórica, de um ponto de vista notadamente classista. Os avulsos nunca se opuseram à modernização, desde que mantidas as prerrogativas de controle da própria mão-de-obra. A impossibilidade de conciliar esse controle, que implicava uma determinada relação de poder nos portos, com a atração de investimentos privados e a conseqüente modernização, fez com que os interesses sindicais se colocassem, objetivamente, no campo de atraso. (VENTILARI;NETO, 2004, p. 24)

Este modelo de desenvolvimento portuário que já era altamente conflitual e

problemático, teve um agravante maior com a crise financeira que assolou os países

em desenvolvimento nesta época.

No Brasil, a crise decorreu de práticas anti-republicanas de cunho

patrimonialista, fazendo com que o Estado não pudesse modernizar as atividades

portuárias.

Os portos brasileiros ficaram entregues ao controle da Companhia Docas que

eram controladas pela Empresa de Portos do Brasil S/A (PORTOBRÁS), uma

holding criada em 1976, responsável pela gestão dos portos públicos brasileiros e

que representava o interesse do governo em centralizar as atividades portuárias.

De acordo com Priess (2008), a Portobrás controlava as administrações

portuárias, as concessionárias e as administrações hidroviárias, além de definir os

programas orçamentários, as políticas tarifárias e de pessoal e as decisões sobre

novos investimentos.

Page 21: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

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Um dos objetivos da União, que controlava um total de 36 portos brasileiros,

era a transferência de investimentos para as regiões Norte e Nordeste, reduzindo as

diferenças inter-regionais. Assim, cada estado brasileiro possuía pelo menos um

porto organizado, sendo que nas regiões Sul e Sudeste este número era de duas ou

mais instalações portuárias.

Com a desativação da Portobrás em 1990, o resultado foi

[...] um certo transtorno administrativo, já que os portos e administrações hidroviárias diretamente controladas por ela também se extinguiram nessa mesma data. Para contornar essa situação, a União, por intermédio do Decreto 99.475, de agosto de 1990, autorizou o então Ministério de Infra-Estrutura a descentralizar, mediante convênio, a administração dos portos, hidrovias e eclusas às sociedades de economia mista subsidiárias da Portobrás ou às unidades federadas, pelo prazo de um ano. (TOVAR;FERREIRA, 2006, p.211)

Os órgãos vinculados à Empresa de Portos do Brasil S/A, como o Instituto

Nacional de Pesquisa Hidroviária (INPH) e Companhia Brasileira de Dragagem

(CBD), foram incorporadas à estrutura das Docas do Rio de Janeiro.

De acordo com Neto;Ventilari (2004), quando os portos brasileiros ficaram sob

responsabilidade da Companhia Docas, eles ficaram entregues ao atraso e ao

descompasso se comparado com as mudanças operadas nos portos mais

avançados do mundo.

Como este modelo de gestão portuária se mostrou ineficaz

[...] o Governo Federal permitiu a realização da operação portuária por empresas privadas, mediante a utilização (operação) de terminais de uso público por pessoas jurídicas de direito privado, dentro da área do porto organizado, além de autorizar os terminais de uso privativo a operar também com carga de terceiros (não apenas com cargas próprias, como era antes), passando esses terminais à categoria de uso misto.(STEIN, 2002, p. 64/65)

Verificou-se que deveriam ser implantadas algumas mudanças, como por

exemplo, o valor das tarifas do porto que haviam sido criadas em 1934. Assim, aos

poucos, foi surgindo a idéia de modernizar a atividade portuária, visto que muitas

ações ainda impediam a competitividade dos portos brasileiros perante os demais.

Page 22: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

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3.3 Lei de Modernização dos Portos

Após dois anos de discussões no congresso foi sancionada a Lei nº 8.630/93

– Lei de Modernização dos Portos. Ela originou-se com o Projeto de Lei nº. 8/91 e foi

promulgada em 25 de fevereiro de 1993, tornando-se a partir de sua promulgação

o instrumento legal regulamentador da relação capital-trabalho, entre a categoria dos obreiros (trabalhadores portuários avulsos) e a categoria patronal (operadores portuários, tomadores de serviços) existentes no âmbito da orla portuária brasileira. (STEIN, 2002, p.42)

A promulgação desta lei foi considerada um marco positivo para o setor

portuário, visto que era até então, regulamentado por um sistema jurídico datado de

1930 e foi o ponto de partida para a reforma portuária no Brasil que trouxe consigo a

demanda por um incremento da eficiência dos serviços, redução de custos e

melhores equipamentos e instalações.

A Lei nº 8.630/93 tinha como perspectivas

● Permitir a exploração da operação portuária pelo setor privado; ● Promover investimentos em superestrutura, a modernização da operação, com a aquisição de equipamentos novos e mais produtivos pelo setor privado; ● Reduzir o tempo de espera e permanência dos navios; ● Permitir a exploração de cargas de terceiros em terminais de uso privativo, antes limitado às cargas próprias; ● Promover a concorrência entre terminais e entre portos, por meio do arrendamento das instalações e de terminais a empresas privadas; e ● Adequar a quantidade de mão-de-obra na operação portuária, segundo os novos processos tecnológicos e produtivos. (TOVAR;FERREIRA, 2006, p.212/213)

O Governo Federal implementou um programa de privatização como

complemento ao novo modelo de administração portuária, que conforme Stein

(2002), se inseria um programa de demissão voluntária, com aceitação à época de

60% dos 11.000 trabalhadores vinculados às Companhias Docas, reduzidos tais

números a aproximadamente 4.000 trabalhadores.

Pode-se afirmar que a Lei de Modernização dos Portos “quebrou o monopólio

do sindicato dos avulsos portuários como intermediador único” (NETO;VENTILARI,

2004, p.43), sendo que a responsabilidade da intermediação da mão-de-obra,

passou a ser regulada com a criação do Órgão Gestor de Mão-de-obra (OGMO).

Page 23: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

22

A idéia de criar um órgão gestor de mão-de-obra surgiu do modelo belga, com

a diferença que na Bélgica o órgão gestor é controlado apenas por empresários e no

Brasil o modelo foi adaptado, existindo representantes dos operadores e

trabalhadores portuários e dos usuários dos serviços portuários.

Segundo Neto;Ventilari (2004), existe uma responsabilidade solidária entre o

OGMO e os operadores portuários, conforme disposto no art. 19, § 2º, da Lei nº

8.630/93, em se tratando de remuneração devida ao trabalhador portuário avulso,

sendo que, no caso de prejuízos que por ventura sejam causados pelos

trabalhadores portuários avulsos, a lei os eximiu de qualquer responsabilidade,

atuando apenas como mera agência de colocação de mão-de-obra.

As operações portuárias começam então

a ser realizadas pela iniciativa privada, por intermédio dos operadores portuários, pessoas jurídicas pré-qualificadas para a execução da operação portuária na área do porto organizado, podendo explorar a totalidade do porto ou apenas arrendar terminais e serviços. (TOVAR;FERREIRA, 2006, p. 213)

Com a Lei de Modernização dos Portos são estabelecidos “conceitos

operacionais legais impositivos” (PASOLD, 2007, p. 58) como as definições de porto

organizado, área do porto organizado, instalação portuária de uso privativo e

instalação portuária pública de pequeno porte, conforme disposto no art. 1º, § 1º, da

lei nº 8.630/93

I: Porto Organizado: o construído e aparelhado para atender às necessidades da navegação, da movimentação de passageiros ou da movimentação e armazenagem de mercadorias, concedido ou explorado pela União, cujo tráfego e operações portuárias estejam sob a jurisdição de uma autoridade portuária; IV: Área do porto organizado: a compreendida pelas instalações portuárias, quais sejam, ancoradouros, docas, cais, pontes e piers de atracação e acostagem, terrenos, armazéns, edificações e vias de circulação interna, bem como pela infra-estrutura de proteção e acesso aquaviário ao porto tais como guias-correntes, quebra-mares, eclusas, canais, bacias de evolução e áreas de fundeio que devam ser mantidas pela Administração do Porto, referida na Seção II do capítulo VI desta lei; V: Instalação Portuária de Uso Privativo: a explorada por pessoa jurídica de direito público ou privado, dentro ou fora da área do porto, utilizada na movimentação de passageiros ou na movimentação ou armazenagem de mercadorias, destinados ou provenientes de transporte aquaviário; VII: Instalação Portuária Pública de Pequeno Porte: a destinada às operações portuárias de movimentação de passageiros, de mercadorias ou ambas, destinados ou provenientes do transporte de navegação interior.

Com estas novas definições, divide-se o porto em dois tipos: o porto

organizado e a instalação portuária de uso privativo, sendo que para transferir as

Page 24: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

23

operações de áreas portuárias públicas, para o setor privado, tem-se três

possibilidades

● Concessão da administração portuária. Na concessão, a licitação é realizada na modalidade de concorrência e, nesse caso, a exploração de portos públicos poderá ser exercida por qualquer entidade privada que vencer a licitação; ● Qualificação e atuação de operadores portuários privados. Nessa forma, há um ato administrativo da autoridade portuária, para cumprimento de normas, para a qualificação para a prestação de serviços de movimentação de cargas, efetuados exclusivamente pelos operadores privados; e ● Arrendamento de áreas e instalações portuárias. A exploração de atividades portuárias é efetuada com seleção por meio de licitação nas modalidades de concorrência ou leilão, exceto quando o interessado for titular do domínio útil da área, caso em que necessitará de autorização apenas na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ). (TOVAR;FERREIRA, 2006, p. 213)

A supervisão da instalação portuária privativa ou mista é “explorada por

pessoa jurídica de direito público ou privado, tendo isenção de tarifas, taxas,

contribuições e adicionais portuários” (TOVAR;FERREIRA, 2006, p.215) e a

supervisão do porto organizado dá-se pelo Conselho de Autoridade Portuária (CAP)

que tem como objetivo regulamentar a exploração dos portos, atuando como fórum

consultivo.

Assim como o Conselho de Autoridade Portuária, há outros órgãos que

também atuam na atividade portuária e merecem destaque por exercerem funções

imprecíndiveis, como a administração do porto e os operadores portuários.

3.4 Personagens da atividade portuária

A fim de delegar funções dentro da atividade portuária, alguns personagens

foram criados. São eles: a administração do porto; o Conselho de Autoridade

Portuária (CAP); operador portuário; Órgão Gestor de Mão-de-Obra (OGMO); e

Grupo Executivo para Modernização dos Portos (GEMPO).

Page 25: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

24

3.4.1 Administração do porto

A Administração do Porto, segundo o art. 3º da Lei nº 8.630 é denominada de

autoridade portuária e exerce suas funções no porto organizado de forma integrada

e harmônica junto com as autoridades aduaneira, marítima, sanitária, de saúde e de

polícia marítima.

Dentre todas as suas competências, de acordo com o artigo 33 da Lei nº

6.830, têm-se

● Pré-qualificar os operadores portuários; ● Fixar os valores e arrecadar a tarifa portuária; ● Prestar apoio técnico e administrativo ao Conselho de Autoridade Portuária e ao órgão de gestão de mão-de-obra; ● Fiscalizar a execução ou executar as obras de construção, reforma, ampliação, melhoramento e conservação das instalações portuárias, nelas compreendida a infra-estrutura de proteção e de acesso aquaviário ao porto; ● Organizar e regulamentar a guarda portuária, a fim de prover a vigilância e segurança do porto; ● Estabelecer o horário de funcionamento no porto, bem como as jornadas de trabalho no cais de uso público.

A administração do porto também tem a responsabilidade pela guarda

portuária, sendo que esta mantém a vigilância sobre a parte terrestre do porto, com

caráter ininterrupto, não sendo considerada trabalho avulso.

A autoridade portuária é exercida diretamente pela União ou pela entidade

concessionária e o arrendamento de terrenos e instalações portuárias localizadas

dentro da área do porto é facultado pela Administração do Porto, sendo que só pode

ocorrer através de licitação.

Em cada porto organizado, ou no âmbito de cada concessão, deverá

ser instituído um Conselho de Autoridade Portuária.

3.4.2 Conselho de Autoridade Portuária - CAP

O Conselho de Autoridade Portuária (CAP) é “um órgão administrativo,

instituído regionalmente, ou seja, em cada porto brasileiro, com funções claramente

normatizadoras das atividades portuárias” (STEIN, 2002, p.67). Cabe a ele o poder

Page 26: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

25

de julgar decisões advindas da administração do porto que está sob sua jurisdição,

bem como do órgão gestor de mão-de-obra.

O CAP pode interferir nos assuntos que digam respeito ao funcionamento do

porto organizado como, por exemplo, nos investimentos a serem feitos, opinando

sobre obras e melhoramentos na área do porto sob sua jurisdição e funciona “como

um Port Authority que administram os grandes portos mundiais” (NETO;VENTILARI,

2004, p.80).

O Conselho Portuário não tem personalidade jurídica e atua na regulação da

atividade portuária, tendo como competências o disposto no art. 30, § 1º, da Lei nº

8.630/93. Pode-se citar algumas funções como: homologar o horário de

funcionamento e tarifas portuárias; aprovar o plano de desenvolvimento e

zoneamento do porto e com isso promover a racionalização e a otimização do uso

das instalações portuárias; baixar o regulamento de exploração; desenvolver

mecanismos para atração de cargas; estimular a competitividade; e assegurar o

cumprimento das normas de proteção ao meio ambiente.

O Conselho de Autoridade Portuária é formado por quatro blocos

● Bloco do Poder Público, com um representante da União, presidente do conselho, um do estado e um do município sede do porto; ● Bloco dos operadores portuários, com um representante da administração do porto, um dos armadores um dos titulares de instalações privativas na área do porto e um dos demais operadores portuários; ● Bloco dos trabalhadores portuários, com dois representantes dos trabalhadores avulsos e dois dos demais trabalhadores portuários; e ● Bloco dos usuários dos serviços portuários, com dois representantes dos exportadores/importadores, dois dos donos ou consignatários das mercadorias e um dos terminais retroportuários. (TOVAR;FERREIRA, 2006, p. 214)

De acordo com art. 31, § 1º da Lei nº 6.830, o bloco do Poder Público será

escolhido pelo ministério competente, Governadores de Estado e Prefeitos

Municipais; o bloco dos operadores portuários e dos trabalhadores portuários será

designado pelas entidades de classe das respectivas categorias profissionais e

econômicas; o bloco dos usuários dos serviços portuários será escolhido pela

Associação de Comércio Exterior (AEB) e pelas associações comerciais locais.

Os membros do Conselho serão designados pelo ministério competente para

um mandato de 2 anos, podendo ser reconduzidos por igual ou iguais períodos.

O CAP tem também como função instituir Centros de Treinamento

Profissional que é destinado à formação e aperfeiçoamento de pessoal para o

Page 27: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

26

desempenho de cargos e funções pecualiares às operações portuárias e atividades

correlatas.

3.4.3 Operador Portuário

Antes do advento da Lei de Modernização dos Portos, a Companhia das

Docas detinha o monopólio da operação portuária, e tratava também da

administração do porto. Com a promulgação da Lei nº 8.630/93 foi criado o operador

portuário, que conforme disposto no art. 1º, § 1º, III, da respectiva lei, é a pessoa

jurídica pré-qualificada para a execução de operação portuária na área do porto

organizado.

A Companhia das Docas foi então “convertida tão-somente em autoridade

portuária, numa definição mais clara do seu papel. O seu quadro de capatazia foi

transferido para o OGMO – Órgão Gestor de Mão-de-Obra” (NETO;VENTILARI,

2004, p. 68).

A pré-qualificação do operador portuário é feita perante a Administração do

Porto, que, conforme o art. 9º, § 3º, da Lei nº 8.630/93, é considerada operadora

portuária nata. Destacam-se as seguintes exigências para a pré-qualificação do

operador portuário

● Capacidade Jurídica e Situação Fiscal Regular – Deve estar regularmente registrado junto aos cadastros de pessoas jurídicas e demais órgãos administrativos; estar quite com as Fazendas Públicas municipais, estaduais e federais; estar quite com os tributos federais, bem como com os recolhimentos relativos ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Programa de Integração Social (PIS) e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); estar quite com as instituições sindicais e patronais; ● Capacidade e Idoneidade Financeira – Comprovação mediante de balanços financeiros (geralmente os últimos três) de estar saneada financeiramente; referências bancárias dos titulares; não estar inscrito em nenhum cadastro restritivo de crédito; ● Capacitação Técnica – Possuir em seus quadros de funcionários, pessoal habilitado tecnicamente para exercer as funções inirentes à atividade portuária, inclusive segurança e higiene do trabalho, todos devidamente registrados em seus respectivos órgãos representativos de classe. (STEIN, 2002, p. 121)

É vantajoso para o operador portuário que exista uma pré-qualificação, pois

reduz o número de empresas que podem exercer atividades dentro do porto, visto

que não são todas que conseguem corresponder aos requisitos supracitados,

Page 28: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

27

porém, deve-se atentar também que a limitação de operadores portuários, pode

gerar um monopólio entre as empresas operadoras.

A função do operador portuário é “competir nos portos pelas cargas,

procurando atrair clientes com custo acessível e qualidade de serviços”

(NETO;VENTILARI, 2004, p.68). Isso aumenta a competitividade entre os portos e

evita a cartelização do setor, benificiando os usuários dos serviços portuários com

menores custos.

A Lei de Modernização dos Portos também permite que as cooperativas

formadas por trabalhadores portuários avulsos, que sejam registrados conforme esta

lei, se estabeleçam como operadores portuários para a exploração de instalações

portuárias, dentro ou fora dos limites da área do porto organizado. Os trabalhadores

portuários avulsos são representados pelo Órgão Gestor de Mão de Obra.

3.4.4 Órgão Gestor de Mão-de-Obra – OGMO

Antes da Lei de Modernização dos Portos o controle referente à escalação de

mão-de-obra, pagamento dos trabalhadores, repasses das verbas relativas ao

Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e relativo às férias, eram

controlados e fiscalizados pelos sindicatos que representavam os trabalhadores

avulsos.

Com a promulgação da Lei nº 8.630/93 essas atribuições foram transferidas

para o então criado Órgão Gestor de Mão-de-Obra (OGMO), que surgiu com o

intuito de quebrar o monopólio existente na mão-de-obra avulsa dos portos e

“passou a exercer, não imediatamente, mas paulatinamente, as suas funções,

retirando das entidades sindicais tais obrigações, restanto aos sindicatos de classe a

função de defender os interesses coletivos e individuais da categoria” (STEIN, 2002,

p.77).

Os Órgãos Gestores são constituídos exclusivamente por operadores

portuários e não podem ter fins lucrativos, sendo que, conforme o art. 25 da Lei

8.630/93 é vedada a prestação de serviços a terceiros ou o exercício de qualquer

atividade não vinculada à gestão de mão-de-obra.

Page 29: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

28

A responsabilidade de treinar mão-de-obra portuária avulsa é atribuída ao

CAP e ao OGMO conforme a Lei de Modernização dos Portos e pode ser melhor

interpretada com o quadro abaixo:

Órgão Dispositivo Lei 8.630/93 Responsabilidade quanto ao treinamento portuário

CAP Art. 32 Instituirão Centros de Treinamento Profissional destinados à formação e ao aperfeiçoamento de pessoal para o

desempenho de cargos e o exercício de funções e operações portuárias e suas atividades correlatas.

Art. 18, III Treinamento e a habilitação profissional do trabalhador portuário, inscrevendo-se no cadastro.

OGMO Art. 19, II Promover a formação profissional e o treinamento multifuncional do trabalhador portuário.

Quadro 1 – Responsabilidade quanto ao treinamento portuário

Fonte (Neto;Ventilari, 2004, p. 86).

Se o operador portuário utilizar mão-de-obra avulsa que não tenha sido

fornecida pelo OGMO, “o descumprimento acarretará a desqualificação do mesmo,

mediante revogação do ato administrativo de pré-qualificação”. (NETO;VENTILARI,

2004, p.86)

O OGMO possui também a responsabilidade de promover a formação

profisisonal e o treinamento do trabalhador portuário e submeter à Administração do

Porto e ao Conselho de Autoridade Portuária propostas de melhoria da operação

portuária e à valorização econômica do porto, mesmo que exista um grupo criado

especialmente para a cuidar de questões que envolvam a modernização dos Portos.

3.4.5 Grupo Executivo para Modernização dos Portos – GEMPO

O Grupo Executivo para Modernização dos Portos (GEMPO) foi criado pelo

Decreto nº 1.467, de 27 de abril de 1995 e conforme o art. 1º ele tem como

finalidade coordenar as providências necessárias à modernização do Sistema

Portuário Brasileiro, em especial a efetivação plena das disposições estabelecidas

pela Lei nº 8.630.

Ele subordina-se à Câmara de Políticas de Infra-Estrutura e tem como

integrantes, um representante titular e um suplente dos seguintes Ministérios:

Page 30: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

29

Ministérios dos Transportes; Ministério do Trabalho; Ministério da Fazenda;

Ministério da Indústria, Ministério do Comércio e do Turismo; e Comando da

Marinha.

As atribuições dadas ao GEMPO podem ser constatadas no Plano de Ação

Governamental para o Subsetor Portuário que foi aprovado em 31.10.1996 pela

Câmara de Políticas de Infra-Estrutura e que foi publicado no DOU de 12.11.1996,

onde de acordo com o item 2.2.1 do Plano tem-se as competências do GEMPO

a) elaborar, implementar e monitorar o Plano de Ação Governamental para o Subsetor Portuário; e b) propor alterações ao Plano de Ação Governamental para o Subsetor Portuário, quando couber, com base na avaliação dos resultados das atividades desenvolvidas e de novos projetos apresentados.

O GEMPO tem as incubências de

● implementar a estruturação das tarifas portuárias, que deveriam observar as peculariedades de cada porto e os serviços prestados; ● estimular a livre concorrência entre os diversos portos; ● deflagrar a livre concorrência entre os proprietários arrendatários ou locatários de instalações de um mesmo porto; ● propiciar estímulo à participação do setor privado nos investimentos necessários à modernização da infra-estrutura; ● efetivar a quantificação dos trabalhadores do setor portuário e a regulamentação da atividade; ● reaparelhamento dos portos, até a efetiva criação dos OGMOs e CAPs. (STEIN, 2002, p.75) .

Segundo o § 5º do art. 3 do decreto 1.467, a Secretaria Executiva do GEMPO

funcionará dentro da estrutura organizacional do Ministério ou Comando a que

pertencer o seu Secretário-Executivo, ficando o referido órgão encarregado do apoio

técnico-administrativo a que se fizer necessário.

O Presidente da República designará os membros do GEMPO e os

respectivos suplentes, mediante proposta dos Ministros de Estado a que estiverem

subordinados. O Presidente deverá também nomear, dentre os integrantes do grupo,

o Secretário-Executivo do GEMPO, que irá se reportar ao Presidente da Câmara de

Políticas de Infra-Estrutura.

Visto que o Brasil possui uma quantidade significativa de portos, estes

personagens fazem-se extremamente importantes por suas características

reguladoras e fiscalizadoras.

Page 31: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

30

4 PORTOS BRASILEIROS

O Brasil possui 45 portos fluviais e marítimos, sendo esta quantidade

consequência de uma faixa costeira que conforme a ANTAQ (2009), possui 8.698

km de extensão e 50.000 km de rios navegáveis, sendo que movimentam por ano

aproximadamente 100 bilhões de dólares e mostram, assim, como esta atividade é

importante para a economia brasileira.

A Figura 1 ilustra os portos marítimos e fluviais brasileiros e a sua forma de

administração, sendo administrados ou pela União, Estados e Municípios ou pela

iniciativa privada.

Figura 1- Portos Marítimos e Fluviais do Brasil

Fonte: (ANTAQ, 2009)

Dentre os portos marítimos, alguns se destacam por sua grande

movimentação, bom desempenho, ótima infra-estrutura, localização e por possuir

avanços tecnológicos.

Page 32: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

31

Sendo assim, este capítulo irá se aprofundar em cinco portos em decorrência

de suas representatividades nos cenários nacional e internacional, sendo: o porto de

Santos (SP); o porto de Itaguaí (RJ); o porto de Paranaguá (PR); o porto de Suape

(PE); e o porto de Rio Grande (RS).

4.1 Porto de Santos (SP)

Localizado na região central do litoral de São Paulo, o porto está “a 70 km da

capital paulista, ocupando a área dos municípios de Santos e Guarujá” (STEIN,

2002, p. 190). Ele se estende ao longo de um estuário limitado pelas ilhas de São

Vicente e Santo Amaro, a 2 km do oceano atlântico.

O porto é administrado pela Companhia Docas do Estado de São Paulo

(CODESP) e a área do porto organizado foi estabelecida conforme o Decreto nº

4.333 de 12 de agosto de 2002, publicado no D.O.U. de 13 de agosto de 2002.

Segundo informações da CODESP, o acesso ao porto pode ser através da

BR 101, que liga o Rio de Janeiro a Santos e pelas rodovias SP-150 , SP 160 e SP

055. O transporte ferroviário pode ser feito através das ferrovias M.R.S. Logística

S.A., Ferrovia Centro Atlântica (FCA) e pela América Latina Logística do Brasil S.A

(ALL). Pelo ar, Santos tem duas opções de aeroportos em um raio de 150 km, sendo

o Aeroporto Internacional de Cumbica em Guarulhos (SP) e o Aeroporto

Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). Além disso, tem o acesso pela

hidrovia Tietê-Paraná e o acesso marítimo da baía de Santos e no estuário.

O porto possui como pontos de movimentação de cargas: Alamoa, Paquetá,

Saboó, Outeirinhos, Estuário, Valongo e Ponta da Praia, sendo que os cais da ilha

de Barnabé, Terminal de Contêineres – TECON e Terminal de Fertilizantes de

Conceiçãozinha situam-se na margem esquerda do porto.

Page 33: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

32

4.1.1 História do porto de Santos (SP)

O porto de Santos surgiu na segunda metade do século XIX quando a cidade

de São Paulo vivia a expansão da cultura cafeeira. Percebeu-se nesta época, a

necessidade de criar novas instalações portuárias que se adequassem às

exportações de café.

Sendo assim,

após duas concessões, em 1870 e 1882, sem que resultasse no início das implantações previstas, o Decreto Imperial nº 9.979, de 12 de julho de 1888, autorizou o grupo liderado por José Pinto de Oliveira, Cândido Gaffrée e Eduardo Palassin Guinle, como resultado de concorrência pública, a construir e explorar o porto de Santos pelo prazo de 39 anos – prorrogado a partir do Decreto nº 966, de 7 de novembro de 1890, para 90 anos. (ANTAQ, 2008)

As obras envolviam uma via férrea, um cais, um aterro e edificações para

armazenagem. Para o cumprimento do contrato de concessão, construiu-se a

empresa Graffrée, Guinle & Cia., transformando-se depois na Empresa de

Melhoramentos do Porto de Santos, que mais tarde passou a ser a Companhia

Docas de Santos (CDS).

Finalmente, em 02 de fevereiro de 1892, com a atracação do vapor “Nasmith”

de bandeira inglesa, o porto de Santos foi inaugurado e a Companhia Docas de

Santos “entregou à navegação mundial os primeiros 260 m de cais, na área, até hoje

denominada, do Valongo” (CODESP, 2008).

A administração do porto foi assumida pela Companhia Docas do Estado de

São Paulo (CODESP) em 07 de novembro de 1980 e é ainda hoje a administradora

do porto.

4.1.2 Estrutura física do porto de Santos (SP)

Conforme ilustra o anexo A, o porto de Santos possui um cais acostável de

11.042m de extensão e tem profundidades que variam entre 6,6m e 13,5m. Há

também 521m de cais com finalidades especiais com profundidade mínima de 5m e

1.883m de cais para uso privativo, com profundidade entre 5m a 11m.

Page 34: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

33

De acordo com a ANTAQ (2008), em relação à armazenagem, eles contam

com 45 armazéns internos, onde 34 estão na margem direita e 11 na margem

esquerda do estuário e possuem 39 armazéns externos. No total são 516.761m²

com capacidade estática de 416.395 toneladas. Há um frigorífico com 7.070m² e

capacidade estática de 4.000 toneladas. O porto possui também 33 pátios de

estocagem, internos e externos, sendo 124.049m² e capacidade estática de 99.200

toneladas.

Para movimentação de contêineres são utilizados quatro pátios, sendo um no

Saboó com capacidade para 1.000 TEU3, um junto ao Armazém XXXVI com

capacidade para 800 TEU, um ao lado do Moinho Pacífico para 450 TEU e o

Terminal de Contêineres (TECON), localizado na margem esquerda e com

capacidade para 6.700 TEU.

Para as instalações de tancagem existem na Ilha do Barnabé 39 tanques para

149.726m³ e 131 tanques para 112.484m³, no cais do Saboó há 24 tanques para

2.712m³ e 28 para 14.400m³, no terminal do Alamoa são 10 tanques para 105.078m³

e 50 para 390.780m³.

Os terminais especializados são:

● Tecon: terminal para contêineres, localizado na margem esquerda do porto, com área de 350.000m², cais de 510m e profundidade de 13m. Permite atracação simultânea de 3 navios. Conta com três armazéns representando 1.530m² e pátios com o total de 198.450m², podendo operar 140.000 TEU por ano; ● Terminal 035, Terminal 037, e TECONDI, na margem direita; ● Tefer: terminal para fertilizantes, também na margem esquerda, utiliza um cais de 567m com dois cais acostáveis de 283,5m e profundidade de 17,5m. Possui 6 armazéns para 30.000 t cada; ● Carvão: instalado no Saboó, tem área de 10.800m² e capacidade para 50.000 t; ● Granéis líquidos: no Alamoa, na margem direita do estuário, com um cais de 631m e profundidade de 11m. Está ligado à ilha do Barnabé, na margem esquerda – com 341m de cais e 10m de profundidade -, por meio de 2 dutos submarinos; ● Ro-ro: o porto oferece 6 berços, sendo 2 no Sabóo, dois junto ao pátio do armazém 35, 1 no cais do armazém 29, e um no cais do futuro armazém 37. (ANTAQ, 2008)

Os equipamentos utilizados pelo porto na movimentação e transporte de

cargas em pátios e armazéns são obervados conforme a tabela 1, sendo esta

dividida em: equipamentos que se encontram no cais comercial do porto e em

equipamentos que se encontram nos terminais especializados.

3 TEU - Twenty feet or equivalent unit – unidade de vinte pés ou equivalente.

Page 35: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

34

Tabela 1 - Movimentação e transporte de cargas em pátios e armazéns

CAIS COMERCIAL

Descrição Quantidade Capacidade

Transtêiner 2 20 u/h

Empilhadeira comum 90 3,0 a 30,0 t

Empilhadeira para contêineres 6 30,5 a 42,0 t

Empilhadeira para bobina 18 1,2 a 2,0 t

Empilhadeira para desova 20 2,0 t

Pá carregadeira 45 1,91 a 3,0 m³

Guindaste automóvel 12 5,0 a 140,0 t

Guindaste elétrico 4 15,0 a 30,0 t

Caminhão 9 -

Carro-trator 58 -

Vagão-fechado 13 26,0 a 30,0 t

Vagão-raso 71 30,0 a 55,5 t

Vagão-plataforma 63 40,0 a 55,0 t

TERMINAIS ESPECIALIZADOS

Descrição Quantidade Capacidade

Transtêiner sobre trilhos 3 20 u/h

Transtêiner sobre pneus 2 20 u/h

Guindaste sobre pneus 2 5,0 t

Stacker 5 40,0 t

Empilhadeira especial 14 30,0 a 37,0 t

Empilhadeira comum 21 3,0 a 10,0 t

Empilhadeira para clip-on 4 -

Empilhadeira para bobina 2 1,2 a 2,0 t

Empilhadeira para desova 11 2,0 t

Carro-trator 33 -

Pá carregadeira 1 2 m³

Pá carregadeira 4 3,5 m³ Fonte: ANTAQ (2008)

Percebe-se com a tabela 1 que o cais comercial dispõe de uma maior

quantidade e variedade de equipamentos, se comparado com o os equipamentos

existentes nos terminais especializados.

A movimentação (transferência) de carga na linha do cais, também dispõe de

equipamentos específicos, sendo divididos em equipamentos a serem utilizados no

cais comercial e àqueles utilizados nos terminais especializados, conforme

demonstra a tabela 2.

Page 36: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

35

Tabela 2 - Movimentação (transferência) de carga na linha do cais

CAIS COMERCIAL

Descrição Quantidade Capacidade

Guindaste elétrico 96 1,5 a 40,0 t

Descarregador de trigo 4 150,0 a 700,0 t/h

Embarcadora de cereais 5 600,0 a 1.500,0 t/h

Esteira 10 300,0 a 900,0 t/h

Cábrea 2 150,0 a 250,0 t/h

Portêiner (Terminal 37) 3 20 a 30 u/h

TERMINAIS ESPECIALIZADOS NO PORTO

Descrição Quantidade Capacidade

Portêiner 6 20 a 30 u/h

Guindaste elétrico 10 10,0 t

Guindaste elétrico 1 6,3 t

Esteira 52 300,0 t/h

Esteira 26 1.210,0 t/h Fonte: ANTAQ (2008)

Assim como demonstrado na tabela 1, também na tabela 2 existe no cais

comercial uma quantidade de equipamentos superior àqueles existentes nos

terminais especializados.

De modo geral, conforme a ANTAQ (2008), sua infra-estrutura consiste em

500.000m² de armazéns cobertos, 980.000m² de pátios 585.000m³ de tanques, 55

km de dutos e 200 km de linhas férreas internas, dispondo de armazéns especiais

para granéis sólidos, açúcar, trigo, fertilizantes e sal, soja, farelos e tanques para

produtos químicos e combustíveis.

Existem também no porto de Santos, 5 terminais de uso privativo, sendo

Terminal Marítimo Sucocítrico Cutrale; Terminal Marítimo Dow Química; Terminal

Marítimo de Cubatão; Terminal Marítimo Misto da Ultrafértil e Terminal da Cargill.

4.1.3 Movimentação do porto de Santos (SP)

No ano de 2007, conforme dados da ANTAQ (2009), a movimentação de

contêineres no porto de Santos representou 40,3% do total movimentado no país.

Page 37: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

36

A movimentação anual do porto nos últimos 5 anos pode ser observada

conforme a tabela 3.

Tabela 3 - Movimento Anual (em toneladas)

2004 2005 2006 2007 2008

TOTAL 67.609.753 71.902.494 76.297.193 80.775.867 81.058.492

EXPORTAÇÃO 45.809.828 50.399.621 52.243.709 53.843.434 53.164.079

IMPORTAÇÃO 21.799.925 21.502.873 24.053.484 26.932.433 27.894.413 Fonte: CODESP (2009).

Percebe-se um aumento gradativo tanto de exportações como de importações

ao longo destes 5 anos, sendo que, em 2008, houve mais importações do que 2007.

Entretanto, vislumbra-se uma redução das exportações no mesmo período de

comparação.

A quantidade de contêineres movimentados no porto nos últimos 5 anos,

pode ser verificada com a tabela 4.

Tabela 4 – Movimentação de Contêineres (em unidades)

2004 2005 2006 2007 2008

TOTAL 1.247.130 1.478.428 1.603.868 1.654.713 1.743.412 Fonte: CODESP (2009).

O porto apresenta desde 2004 um aumento contínuo na movimentação de

carga conteinerizada, sendo atualmente o porto brasileiro que lidera a

movimentação de contêineres no país.

A iniciativa privada pretende investir no ano de 2009 “mais de R$ 500 milhões

no porto de Santos em projetos que prevêem a criação de novos terminais e a

ampliação dos atuais.”(LOURENÇO,2009, p. 26) Existem também projetos que

visam o aprofundamento do canal aumentando sua profundidade para 15 metros,

fato que aumentaria sua capacidade de receber embarcações.

Page 38: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

37

4.2 Porto de Itaguaí (RJ)

O Porto de Itaguaí é localizado na costa norte da Baía de Sepetiba, a 80 km

do Rio de Janeiro, ao sul e a leste da Ilha da Madeira, “em local abrigado, tendo

como embate natural a Restinga da Marambaia” (BERGER;BERGER, 2006, 179).

De acordo com a Portaria-MT nº 603, de 3/11/94 (D.O.U. de 4/11/94), a área

do porto organizado de Itaguaí/Sepetiba, no Estado do Rio de Janeiro, é constituída

de:

a) instalações portuárias terrestres existentes na baía de Sepetiba, delimitadas pela poligonal definida pelos vértices de coordenadas geográficas a seguir indicados: Ponto A: latitude 22º52’00”S, longitude 43º52’00”W; Ponto B: latitude 22º52’00”S, longitude 43º48’00”W; Ponto C: latitude 22º57’00”S, longitude 43º48’00”W; e Ponto D: latitude 22º57’00”S, longitude 43º52’00”W; abrangendo todos os cais, docas, pontes e píeres de atracação e de acostagem, armazéns, edificações em geral e vias internas de circulação rodoviária e ferroviária e, ainda, os terrenos ao longo dessas áreas e em suas adjacências pertencentes à União, incorporados ou não ao patrimônio do Porto de Sepetiba ou sob sua guarda e responsabilidade; b) infra-estrutura de proteção e acessos aquaviários, compreendendo as áreas de fundeio, bacias de evolução, canal de acesso e áreas adjacentes a esse, até às margens das instalações terrestres do porto organizado, conforme definido no item “a” acima, existentes ou que venham a ser construídas e mantidas pela Administração do Porto ou por outro órgão do poder público.

O acesso ao porto pode ser feito através do modal rodoviário que o conecta a

BR-101, do modal ferroviário através da empresa MRS Logística S/A, do modal

marítimo por estar localizado entre a Ponta dos Castelhanos e a Ponta Grossa da

Restinga da Marambaia.

4.2.1 História do porto de Itaguaí (RJ)

A História do Porto de Itaguaí se inicia em 1973, quando o governo do estado

da Guanabara promoveu estudos para a implantação do porto de Sepetiba, que

seria destinado a atender principalmente, ao complexo industrial de Santa Cruz (RJ).

Page 39: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

38

Em 15 de março de 1975 houve a fusão dos estados da Guanabara e do Rio

de Janeiro e a implantação do porto ficou a cargo da Companhia Docas do Rio de

Janeiro (CDRJ).

Foram iniciadas então as obras de construção do píer em 1976, “seguidas em

1977 pela dragagem, enrocamento e aterro hidráulico” (ANTAQ, 2008).

A inauguração do porto de Itaguaí aconteceu em 7 de maio de 1982, “com a

operação à época, dedicada à descarga de alumina para a Valesul e carvão para a

Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).” (CDRJ, 2008).

O Porto de Sepetiba passou a ser chamado de Porto de Itaguaí, a partir de 24

de novembro de 2005, conforme a Lei nº 11.200 (D.O.U. 25/11/2005), sendo que

atualmente a administração continua a cargo da Companhia Docas do Rio de

Janeiro.

4.2.2 Estrutura física do porto de Itaguaí (RJ)

O porto de Itaguaí possui um cais público dividido em trechos arrendados,

sendo:

● Cais de Multiuso: Com 810m de comprimento, faixa de 32m de largura, retroárea de 200.000m² e dotado de três berços de atracação, sendo um deles descontínuo, em dolfins, todos com 270m de comprimento e 14,5m de profundidade; ● Píer de Carvão: Com 540m de comprimento, 39,25m de largura, dotado de dois berços de atracação em cada face e profundidade de 15m, no lado sul, e 12m, na face norte. Dispõe de condições para receber, simultaneamente, um navio Capesize

4 e um Handy Max5 ou dois navios

Panamax6;

● Píer de Minérios: Dotado de berço de atracação descontínuo, em dolfins, medindo 320m de comprimento, para atracação de navios com capacidade de até 280.000 TPB; ● Terminal de Alumina: Compreende dois silos verticais, para alumina, com um total de 3.508m², correspondendo a uma capacidade estática total de 30.630t; ● Pátios de Carvão: Consistem de cinco pátios descobertos, utilizados para estocagem de carvão metalúrgico e coque, somando 177.000m² de área e capacidade estática de 750.000t; ●Pátios de Minério: Consistem de quatro pátios de estocagem, com capacidade total de 1.500.000t;

4 Capesize: Navios que transportam entre 110.000 a 170.000 toneladas. 5 Handy Max: Navios que transportam entre 35.000 a 65.000 toneladas. 6 Panamax: Navios que transportam entre 65.000 e 80.000 toneladas.

Page 40: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

39

● Pátio de Uso Múltiplo: Área pavimentada com 200.000m² e armazéns cobertos para consolidação de carga e produtos siderúrgicos. (ANTAQ, 2008)

Há também um terminal de contêineres vazios com 45.000m², um ramal

ferroviário de 7 km de extensão interna e terminais privativos que ficam ao longo do

cais público, sendo Terminal de Contêineres Sepetiba - TECON, Terminal de Carvão

– TECAR, Terminal de Minério – TM1 e Terminal de Alumina – TAL.

Os equipamentos disponibilizados pelo porto são obervados conforme a

tabela 5, sendo esta dividida em: equipamentos utilizados pela Companhia Portuária

Baía de Sepetiba (CPBS); pela Sepetiba TECON – CSN: pela TECAR – CSN: e pela

Valesul.

Tabela 5 - Equipamentos disponibilizados pelo porto de Itaguaí

COMPANHIA PORTUÁRIA BAÍA DE SEPETIBA S.A. - CPBS

Descrição Quantidade Capacidade

Virador 1 8.000t/h

Empilhadores 2 8.000t/h

Recuperadores 2 5.000t/h

Peneiramento - 1.800t/h

Carregamento (143m de lança) - 10.000t/h

SEPETIBA TECON - CSN

Descrição Quantidade Capacidade

Portêineres Super Post Panamax 2 19 fileiras

Guindastes móveis 2 Até 100t

Reach-stackers 16 -

Empilhadeiras 22 -

Carretas 31 -

Tomadas frigoríficas 448 -

TECAR - CSN

Descrição Quantidade Capacidade

Descarregadores 3 1.500t/h, 800t/h e 2.400t/h

Linha de correia transportadora 1 4.500t/h e 15km de extensão

Empilhadeiras 2 4.500t/h

Recuperadoras 2 3.000t/h

Estação de carregamento de Vagões 1 5.900t/h

VALESUL

Descrição Quantidade Capacidade

Sugador 1 300t/h

Silo 2 15.000t Fonte: Berger;Berger (2006, p. 182).

Page 41: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

40

Pode-se observar que dentre todos os terminais demonstrados na tabela 5, o

que está melhor equipado é o terminal Sepetiba TECON – CSN, sendo que este

terminal tem também a vantagem de ser o único terminal a possuir portêineres que

operam navios Post Panamax7.

4.2.3 Movimentação do porto de Itaguaí (RJ)

No ano de 2007, segundo dados da ANTAQ (2009), o porto de Itaguaí ficou

em 1º lugar no ranking de portos brasileiros que mais movimentaram cargas no país.

A sua movimentação de contêineres pode ser observada com a tabela 6,

sendo dividida em importação e exportação e apresentando dados de 2006.

Tabela 6 – Movimentação de Contêineres no Porto de Itaguaí (Peso em toneladas e

quantidade em unidades)

IMPORTAÇÃO

LONGO CURSO CABOTAGEM

CHEIOS VAZIOS CHEIOS VAZIOS

Quant. Peso Quant. Peso Quant. Peso Quant. Peso

20 21.602 444.707 11.653 26.880 10.230 242.183 6.105 15.570

40 27.413 523.915 4.696 21.358 8.936 224.864 1.146 4.296

TOTAL 49.015 968.622 16.349 48.238 19.166 467.047 7.251 19.866

TEU 76.428 - 21.045 - 28.102 - 8.397 -

EXPORTAÇÃO

LONGO CURSO CABOTAGEM

CHEIOS VAZIOS CHEIOS VAZIOS

Quant. Peso Quant. Peso Quant. Peso Quant. Peso

20 30.031 680.714 470 1.132 13.496 306.518 1.094 2.744

40 15.625 363.311 4.941 20.181 10.855 218.056 8.993 37.875

TOTAL 45.656 1.044.025 5.411 21.313 24.351 524.574 10.087 40.619

TEU 61.281 - 10.352 - 35.206 - 19.080 - Fonte: Tabela Adaptada – Companhia Docas do Rio de Janeiro (2009).

7 Post Panamax: Navios com dimensões de até 366 metros de comprimento, 48,8 metros de largura e 15,3 metros de calado que transportam entre 97.500 e 105.00 toneladas.

Page 42: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

41

Nota-se com a tabela 6 que em 2006, nas operações com navios de longo

curso, as importações foram em maior quantidade do que as exportações. Porém,

na cabotagem, estes dados se invertem, sendo a exportação em maior quantidade

que a importação.

Houve um aumento considerável na movimentação de cargas do Porto de

Itaguaí, sendo que, desde 2003 apresenta um crescimento contínuo quando

avaliada a movimentação de carga geral de forma isolada.

4.3 Porto de Paranaguá (PR)

O porto de Paranaguá (PR) é localizado na cidade de Paranaguá, no estado

do Paraná, mais precisamente na margem sul da baía de Paranaguá, que é lugar de

abrigo natural e seguro para as embarcações.

A área do porto organizado é definida pelo Decreto Federal nº 4.558, de 30 de

Dezembro de 2002, publicado no D.O.U. de 31 de dezembro de 2002. De acordo

com o Art. 1º a área do Porto Organizado de Paranaguá, no Estado do Paraná, é

constituída de:

I – instalações portuárias terrestres existentes na Baía de Paranaguá, desde o Pontal do Sul, estendendo-se até a Foz do Rio Nhundiaquara, abrangendo todos os Cais, Docas, Pontes e Píeres de atracação e de acostagem, armazéns, silos, rampas ro-ro, pátios, edifícios em geral, vias internas de circulação rodoviárias e ferroviárias e ainda os terrenos e ilhas ao longo dessas faixas marginais e em suas adjacências, pertencentes à União, incorporadas ou não ao patrimônio do Porto de Paranaguá ou sob sua guarda e responsabilidade; II – infra-estrutura de proteção e acesso aquaviário, tais como áreas de fundeio, bacias de evolução, canais de acesso da Galheta, do Sudeste, do Norte e suas áreas adjacentes até as margens das instalações terrestres do Porto Organizado, conforme definido no Inciso I deste artigo, existentes ou que venham a ser construídas e mantidas pela administração do Porto ou por outro órgão do Poder Público.

O acesso ao porto pode ser feito através do modal rodoviário, pela BR-227 e

pelas rodovias PR-408, PR-411 e PR-410 que o conectam a BR-116, pelo modal

ferroviário através da empresa América Latina Logística do Brasil S/A (ALL), por

oleodutos que conectam o porto à Refinaria Getúlio Vargas na cidade de Araucária e

que é controlada pela Petrobrás/Transpetro, pelo modal aeroviário através do

Page 43: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

42

Aeroporto Internacional Afonso Pena em Curitiba e dos aeroportos de Londrina e

Foz do Iguaçú. O modal marítimo é utilizado através do canal da Galheta.

O porto de Paranaguá é administrado pela Administração dos Portos de

Paranaguá e Antonina (APPA), sendo uma autarquia do estado do Paraná.

4.3.1 História do porto de Paranaguá (PR)

Em 14 de agosto de 1872, o Decreto nº 5.053 concedeu ao grupo de

empresários José Gonalves Pecego Júnior, José Maria da Silva Lemos e Pedro

Aloys Scherer, o direito de transformar o “antigo ancoradouro da cidade de

Paranaguá (PR) em um porto com condições de atendimento aos fluxos de

mercadorias originadas da ligação ferroviária com Curitiba.” (ANTAQ, 2008).

Em 14 de setembro de 1889, com o Decreto nº 6.053, a concessão foi

encerrada e com o Decreto nº 12.477 de 23 de maio de 1917, foi transferida ao

Governo do Estado do Paraná, sendo a Administração do Porto de responsabilidade

da Autarquia Estadual APPA.

Segundo a APPA (2008), esta concessão perdura até hoje, através da revisão

e consolidação da concessão para exploração do Porto dada em 27 de outubro de

1932, através do decreto federal nº 22.021, do decreto estadual nº 686 de 11 de

julho de 1947, que dispõe da organização do Porto, e do decreto federal nº 26.398

de 23 de fevereiro de 1949, através do qual o Governo Federal formalizou

oficialmente a concessão por 60 anos dos Portos de Paranaguá e Antonina ao

Governo do Estado do Paraná.

O porto começou a ser construído em 24 de novembro de 1926, e foi

inaugurado em 17 de março de 1933. No dia 11 de julho de 1947, “foi criado o órgão

estadual Administração do Porto de Paranaguá, modificado, em 10 de novembro de

1971, para Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina. (ANTAQ, 2008).

Conforme a APPA (2008), o contrato de concessão iniciado em 1949 e findo

em 1992, foi substituído pelo Convênio de Delegação nº 037/2001, celebrado em 11

de dezembro de 2001, entre o Estado do Paraná e a União. Por força do supracitado

Convênio, a presente delegação de estenderá por 25 (vinte e cinco) anos, a partir de

Page 44: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

43

1º de janeiro de 2002, vigorando até 1º de janeiro de 2027, prorrogável na forma da

Lei 9.277, de 10 de maio de 1996.

4.3.2 Estrutura física do porto de Paranaguá (PR)

Conforme ilustra o anexo B, o porto de Paranaguá possui uma área total de

2.350.000m² e um cais acostável com 2.816 metros de extensão, com 14 berços e

profundidades de 8,7m, 10,7m, 12,7m, 13,7m e 14,5m que atende simultâneamente

de 12 a 14 navios, e possui ainda um berço com dolfins de atracação8 na

extremidade leste do Cais Público, que possibilita a atracação de navios roll-on/roll-

off.

A sua estrutura consiste em

● Píer de Inflamáveis: Berços, interno de 174m e externo de 184m, profundidades de 10,7m e 12,2m, respectivamente; ● Píer de Granéis Líquidos: Berços interno e externo, com 244m cada, profundidades de 10,7m e 12,7m, respectivamente; ● Píer de Fertilizantes: Berços interno e externo com 235m de extensão cada, com 10,7m e 12,7m de profundidade, respectivamente; ● Granéis Sólidos: 11 terminais, sendo 1 público e 10 entre arrendados e privados; 6 berços de atracação; capacidade estática de ensilagem de 1.426.500t; 10 ship loaders com capacidade de movimentação de 800 a 1.500t/h; ● Corredor de Exportação: Conjunto de silos horizontais e verticais, com 6 ship-loaders, capacidade estática de armazenagem de 985.000t e mais de 100.000t de embarque/dia; 1 silo vertical público de 100.000t e 4 silos horizontais públicos, com capacidade total de 60.000t; 7 terminais, entre privados e arrendados, interligados, com capacidade estática global de 825.000t. Os outros grupos são formados por 3 outros terminais, entre arrendados e privados diretamente conectados aos seus respectivos berços; ● Granéis Líquidos: São 3 terminais, sendo 1 privado e 2 arrendados, com 4 berços de atracação, das empresas Petrobras/Transpetro, União Vopak e Catallini; ● Carga Geral: A APPA conta com 21 armazéns, entre públicos e arrendados, com 63.980m² de área e capacidade operacional de movimentação/dia, de 1.500t para navios sem preferência e de 9.000t para navios de maior preferência; ● Terminal de Contêineres e Veículos: Possui sistemas de transporte, conteineirizado, roll-on/roll-off e PCC (Pure Car Carrie). A estrutura é materializada pelo Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP). Compreende uma área de pátio de 302.800m², 2 berços especializados de

8 Dolfim de atracação: Estrutura portuária situada em local de maior profundidade, com dimensões capazes de receber embarcações. É independente da linha do cais, e pode ou não ser dotada de plataforma de comprimento variável e, em geral, possui equipamentos (ANTAQ, 2009).

Page 45: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

44

atracação, capacidade de armazenagem estática de 13.560 contêineres/TEU’s, além de portêiner, transtêiner, caminhões e carretas. O PCC opera em berço especializado na extremidade Leste do Cais Público, com 2 pátios, de 120.000m² e 27.000m² e duas áreas protegidas. (Berger;Berger, 2006, p.215)

O Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) possui berços com 564

metros e uma profundidade que varia de 11 a 12 metros. Em se tratando de

equipamentos, possui como diferencial 2 portêineres panamax e 2 post-panamax. As

cargas predominantes do TCP são autopeças, congelados, madeira e derivados.

Os equipamentos utilizados pelo porto podem ser obervados conforme a

tabela 7.

Tabela 7 – Equipamentos do Porto de Paranaguá

EQUIPAMENTOS

Descrição Quantidade Capacidade

Ship loaders 7 1.500t/h

Ship loaders 2 1.000t/h

Ship loaders 1 800t/h

Moegas rodoviárias/ferroviárias 26 -

Guindaste sobre pneus para descarga de granéis sólidos 5 6.000t/h

Portêineres para contêineres de 20" e 40" 3 -

Transtêineres para contêineres de 20" e 40" 10 -

Tratores de pátio 14 -

Guindaste sobre pneus 1 -

Rebocadores 8 - Fonte: Berger;Berger (2006, p. 216).

Comparando o porto de Paranaguá ao porto de Santos e Itaguaí, sendo no

Brasil, o maior porto na movimentação de contêineres e o maior na movimentação

de cargas, respectivamente, há uma defasagem quando tratando-se de

equipamentos.

O porto de Paranaguá tem como cargas predominantes: milho, farelo, soja,

congelados, madeira, fertilizantes, açúcar, óleo vegetal, álcool, derivados de

petróleo, veículos e contêineres.

Page 46: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

45

4.3.3 Movimentação do porto de Paranaguá (PR)

No ranking de portos brasileiros que mais movimentaram cargas no ano de

2007, segundo a ANTAQ (2008), Paranaguá ocupou o quarto lugar, perdendo

apenas para Itaguaí (RJ), Santos (SP) e São Sebastião (SP).

No que diz respeito à movimentação de contêineres, a tabela 8 ilustra as

estatísticas portuárias no período de 2001 até 2008.

Tabela 8 – Movimentação de Contêineres

Exportação 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Contêineres

(T.E.U.s) 132.902 129.114 148.680 185.887 207.858 250.068 298.992 297.301

Importação 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Contêineres

(T.E.U.s) 149.089 141.751 161.244 192.947 212.460 243.719 296.269 307.389

TOTAL 281.991 270.865 309.924 378.834 420.318 493.787 595.261 604.690 Fonte: Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina - APPA (2009).

O total de movimentação de contêineres aumentou em 2008, ao se comparar

com o ano anterior, porém, analisando isoladamente cada operação, percebe-se que

as exportações tiveram uma pequena queda neste período, sendo que as

importações tiveram um aumento significativo.

Os Portos de Paranaguá e Antonina receberão ainda no ano de 2009, R$ 260

milhões que serão investidos em projetos de infra-estrutura e logística “como a

construção do chamado Corredor Oeste para movimentação de granéis” (APPA,

2009) e a construção de um novo silo graneleiro que duplicará o potencial de

armazenamento de grãos do Porto de Paranaguá.

4.4 Porto de Rio Grande (RS)

O porto de Rio Grande é o porto de mar mais meridional do Brasil, situado na

margem oeste do Canal do Norte, que liga a Lagoa dos Patos ao oceano atlântico,

Page 47: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

46

sendo o Canal do Norte “escoradouro natural de toda bacia hidrográfica da Laguna

dos Patos” (BERGER;BERGER, 2006, p. 266).

É o principal porto organizado do estado do Rio Grande do Sul por ser o único

que possui características naturais privelegiadas e capazes de atender à navegação

de longo curso, por possuir boas profundidades.

A área do porto organizado foi determinada pela Portaria nº 1.011, de

16/12/93, do Ministério dos Transportes onde foi estabelecido que:

“a área do Porto Organizado do Rio Grande, constituída: pelas instalações portuárias terrestres existentes na margem direita do Canal do Norte, desde o enraizamento do Molhe Oeste até a extremidade Oeste do Cais de Saneamento, inclusive. Fazem parte desta área o Porto Velho, o Porto Novo e a Quarta Secção da Barra, abrangendo todos os cais, docas, píers, armazéns, pátios, edificações em geral, vias internas de circulação rodoviárias e ferroviárias, os terrenos ao longo dessas faixas marginais e em suas adjacências, pertencentes à União, incorporados ou não ao Patrimônio do Porto do Rio Grande, ou sob sua guarda e responsabilidade, bem como na margem direita do Canal do Norte, os terrenos de marinha e seus acrescidos, desde o enraizamento do Molhe Leste até o paralelo 32º Sul. Ainda pela infra-estrutura de proteção e acesso aquaviários compreendendo, além do Molhe Oeste e do Molhe Leste, as áreas de fundeio, bacias de evolução, canal de acesso e áreas adjacentes a esse, até as margens das instalações terrestres do Porto Organizado, conforme definidas anteriormente, existentes ou que venham a ser construídas e mantidas pela administração do Porto ou outro órgão do Poder Público”(SUPERINTENDÊNCIA DO PORTO DE RIO GRANDE, 2008).

O acesso pode ser feito via rodoviária, pela BR 392 que conecta a BR 471 e

BR 116 e interliga-se à BR 293, via ferroviária, com a Ferrovia América Latina

Logística (ALL) e a malha sul, via fluvial, com o rio Guaíba, via lacustre, pela Lagoa

dos Patos, e via aeroviário pelo aeroporto de Rio Grande, que fica a 12 km do porto,

e com o aeroporto internacional de Pelotas, a 50 km do porto. O acesso marítimo se

dá pelo canal da barra e pelos canais de acesso ao Porto Velho, Porto Novo e

Superporto.

A administração do porto dá-se pela Superintendência do Porto de Rio

Grande (SUPRG).

4.4.1 História do porto de Rio Grande (RS)

O Porto de Rio Grande começou com a construção do Porto Velho em 1869,

inaugurado em 11 de outubro de 1872. Logo após, começou a implantação do Porto

Page 48: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

47

Novo, em 2 de junho de 1910, sendo que “entrou em operação em 15 de novembro

de 1915, com a entrega ao tráfego dos primeiros 500m de cais.” (ANTAQ, 2008).

Em 9 de julho de 1919, pelo Decreto nº 13.691, o Governo do Estado do Rio

Grande do Sul ficou responsável por concluir as obras, que compreendiam trechos

de cais de atracação e aterro nos portos antigo e novo, que não foram finalizados

pela antes contratada Compagnie Française du Port de Rio Grande do Sul.

Neste mesmo mês e ano, o Governo Estadual do Rio Grande do Sul, foi

autorizado pela União a explorar comercialmente as instalações portuárias por um

período de 60 anos, com a novação do Decreto nº 13.691, de 9 de julho de 1919,

aprovado pelos Decretos nº 24.526, de 2 de julho de 1934, e nº 24.617, do dia 9 do

mesmo mês e ano.

Em 1951 foi criado o Departamento de Portos Rios e Canais (DEPRC), que

era uma autarquia estadual responsável por administrar e explorar comercialmente o

porto de acordo com a concessão ao estado do Rio Grande do Sul.

Em 18 de janeiro de 1996, a Lei Estadual nº 10.722, desmembrou o Porto do

Rio Grande do Departamento Estadual de Portos, Rios e Canais e criou a autarquia

Superintendência do Porto de Rio Grande (SUPRG),

“para administrar o Porto do Rio Grande, na qualidade de executor da Delegação da União ao Estado do Rio Grande do Sul, situação atual do complexo portuário do Rio Grande, cuja vocação é de ser o grande centro concentrador de cargas do Mercosul” (SUPERINTENDENCIA DO PORTO DE RIO GRANDE, 2008).

Foi assinado, no dia 27 de marços de 1997, o Convênio nº 001/97 –

PORTOS/97, que delegou ao Estado do Rio Grande do Sul a exploração e

administração dos portos de Rio Grande, Porto Alegre, Pelotas e Cachoeira do Sul

por mais 50 anos.

4.4.2 Estrutura física do porto de Rio Grande (RS)

A estrutura física do Porto de Rio Grande é formada por quatro terminais

portuários. São eles: Porto Velho (anexo C), Porto Novo (anexo D), Superporto

(anexo E) e a área de expansão de São José do Norte.

Page 49: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

48

O Porto Velho é localizado no centro da cidade de Rio Grande e possui 640m

de cais, 16 pés9 de profundidade e cinqüenta armazéns de porte grande. É

destinado à atracação de embarcações de Ensino e Pesquisa ao apoio portuário e à

movimentação de pescado. Possui também uma área destinada ao turismo e lazer,

onde localiza-se o Acervo Histórico do Porto do Rio Grande e Museu Náutico.

O Porto Novo possui uma estrutura de 16 armazéns e um cais de 1.950m que

permite um calado de 31 pés10, além do prédio da administração e outras

instalações que são administrados pela Superintendência do Porto de Rio Grande

(SUPRG). O Porto Novo tem operações efetuadas por 36 empresas privadas,

atuando como Operadores Portuários na movimentação de carga geral, contêineres,

fertilizantes, congelados, celulose, madeira, granéis sólidos e líquidos, veículos e

outras cargas.

O Superporto “possui oito modernos terminais operando com um calado

permitido de 40 pés11” (BERGER;BERGER, 2006, p. 267). Eles são administrados

pela iniciativa privada e cada um deles é especializado em um tipo de operação.

Possui área coberta para inspeção de carga por parte do Ministério da Agricultura,

pátio de estacionamento de caminhões e rotatórias. Os terminais são: Tecon Rio

Grande, Tergrasa, Bunge Alimentos, Termasa, Bianchini, Píer Petroleiro, Yara Brasil

Fertilizantes e Copesul.

A Zona de Expansão de São José do Norte é localizada no município vizinho,

no outro lado de acesso ao Porto, sendo destinada à área de expansão e apta para

receber novos investimentos.

Há também 10 terminais retroportuários, que estão próximos do Superporto e

por serem alfandegados agilizam o serviço para importadores e exportadores. São

eles: VBR Transportes Ltda., Fernando Macedo, Wilport Operadores Portuários

Ltda., Saga Reparos de Container Ltda, Centro Logístico Eichenberg & Transeich,

Transcontinental Logística S.A., Mercotainer Terminal de Container Ltda.,

Intercontainers Terminais e Transportes Ltda., Cranston Transportes Integrados

Ltda. e Codel Operadora de Terminais Ltda.

Os equipamentos utilizados no Porto Novo podem ser verificados conforme a

tabela 9.

9 Aproximadamente 4,8 metros. 10 Aproximadamente 9,4 metros. 11 Aproximadamente 12,1 metros.

Page 50: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

49

Tabela 9 – Equipamentos do Porto de Rio Grande – Porto Novo

PORTO NOVO

Descrição Quantidade Capacidade

Guindastes 3 12t

Guindaste 1 10t

Guindaste 2 6,3t

Guindaste móvel 1 104t

Guindaste Takraft 2 12,5t Fonte: Tabela adaptada Berger;Berger (2006, p. 272).

Percebe-se uma defasagem do Porto Novo em se tratando de equipamentos,

visto que além de não dispor de uma grande quantidade, não há também uma

variedade significativa, dispondo somente de guindastes.

Os equipamentos utilizados no Superporto estão divididos conforme seus

terminais sendo: Tecon, Termasa, Tergrasa e Bianchini e podem ser verificados

conforme a tabela 10.

Tabela 10 – Equipamentos do Porto de Rio Grande - Superporto

SUPERPORTO

Tecon

Descrição Quantidade Capacidade

Reach Stackers 8 41t

Reach Stackers 4 45t

Top Loaders 3 37t

Top Loaders 3 15t

Front Loaders 5 9t

Fork Lifts 10 3t

Fork Lifts 1 5t

Fork Lifts 2 7t

Tratores de Pátio 38 -

Chassis 42 -

Guindaste Impsa Post-Panamax 2 50/60t

Guindaste Gottwald HMK 280E 2 100t

Guindaste Gottwald HMK E300 1 100t

Guindaste Takraft 1 32/40t

Termasa

Descrição Quantidade Capacidade

Torres sugadoras 2 250t/h

Tergrasa

Carregadores de navios 2 1500t/h

Torres mistas GRAB e SUGADOR 4 450t/h

Page 51: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

50

Bianchini

Descrição Quantidade Capacidade

Carregadores 3 2.500t/h

Guindastes 4 20t Fonte: Tabela adaptada Berger;Berger (2006, 272).

Pode-se observar que dentre todos os terminais, o mais completo é o Tecon,

que além de possuir uma maior quantidade e variedade de equipamentos, possui

dois guindastes para navios post-panamax.

As cargas predominantes do porto de Rio Grande são soja em grão,

fertilizantes, trigo, cavaco de madeira, óleo de soja, celulose, farelo de soja, fumo,

maquinário agrícola, frango congelado e calçados.

4.4.3 Movimentação do porto de Rio Grande (RS)

O porto de Rio Grande apresentou em 2007, segundo a ANTAQ (2009) uma

considerável movimentação de soja e carga geral, sendo que, foi o segundo porto

brasileiro com maior tráfego de embarcações, com 11,5%, ficando atrás somente de

Santos (SP) que apresentou 16,7%.

A movimentação de cargas do porto de Rio Grande no período de 2001 a

2005 pode ser observado conforme o gráfico 1.

Movimentaç ão de C arg as

16500 16300

21500 22400

18000

0

5000

10000

15000

20000

25000

2001 2002 2003 2004 2005

Toneladas

Page 52: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

51

Gráfico 1 – Movimentação de Cargas no Porto de Rio Grande (RS)

Fonte: Berger;Berger (2006, p. 270)

Nota-se um declínio na movimentação no ano de 2005 em comparação com

os anos de 2003 e 2004. Os últimos 4 anos, não ilustrados no gráfico, foram porém,

significativos para o crescimento portuário de Rio Grande, visto que foram investidos

cerca de 64 milhões de reais em melhorias no Porto Novo, na segurança portuária -

conforme exigências do Código Internacional para Proteção de Navios e Instalações

Portuárias (ISPS Code) – e nos armazéns, recuperando-os totalmente.

Para 2009 estão previstos “investimentos pelo governo do estado de R$ 85

milhões que serão destinados à dragagem de manutenção continuada por um

período de cinco anos dos canais de acesso ao Porto de Rio Grande.” (MARQUES,

2009, p. 7)

Com estes investimentos o porto pretende aumentar a profundidade do canal

do Porto Novo de 31 para 40 pés12, aumentar a bacia de evolução do Porto Novo de

200 para 300 metros e aumentar também a profundidade na região do Superporto

de 14 para 18 metros, tornando-se assim, um dos portos mais profundos do Brasil.

4.5 Porto de Suape (PE)

O porto de Suape (PE) é localizado “no litoral Sul do Estado de Pernambuco,

próximo à foz dos rios Tatuoca e Masangana, entre o Cabo de Santo Agostinho e o

Pontal do Cupe, 40 km ao Sul da capital, Recife” (BERGER;BERGER, 2006, 103).

De acordo com a Portaria-MT nº 1.031, de 20 de dezembro de 1993,

publicada no D.O.U. de 22 de dezembro de 1993, a area do porto organizado de

SUAPE, no estado de Pernambuco, é constituída

● pelas instalações portuárias terrestres existentes nos Municípios de Ipojuca e do Cabo de Santo Agostinho, desde a foz do rio Ipojuca e ramal ferroviário de acesso ao parque de tancagem até a baía de SUAPE e o rio Masangana, abrangendo todos os cais, docas, pontes e píeres de atracação e de acostagem, armazéns, edificações em geral e vias internas de circulação rodoviária e ferroviária e, ainda, os terrenos ao longo dessas áreas e em suas adjacências pertencentes à União, incorporados ou não ao patrimônio do porto de SUAPE ou sob sua guarda e responsabilidade;

12 Aproximadamente 12,1 metros.

Page 53: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

52

● pela infra-estrutura de proteção e acessos aquaviários, compreendendo as áreas de fundeio, bacias de evolução, canal de acesso e áreas adjacentes a esse até às margens das instalações terrestres do porto organizado, conforme definido no item “a” acima, existentes ou que venham a ser construídas e mantidas pela Administração do Porto, ou por outro órgão do poder público.

O acesso ao porto pode ser feito através do modal rodoviário, com a rodovia

estadual PE-060 que o conecta à BR-101 e à BR-232, do modal ferroviário através

da Companhia Ferroviária do Nordeste (CNF), com o modal marítimo através do

canal de acesso ao porto e com o modal aeroviário através do Aeroporto

Internacional Gilberto Freyre.

Sua administração dá-se pelo governo do estado de Pernambuco através da

empresa SUAPE – Complexo Industrial Portuário, autorizado pelo governo federal,

com o convênio de 9 de abril de 1992.

4.5.1 História do porto de Suape (PE)

Inicialmente o porto de Suape foi previsto para operar cereais a granel e

produtos combustíveis em substituição ao Porto de Recife, porém “na oportunidade,

sua construção foi associada à idéia de atender a um distrito industrial localizado em

área adjacente às instalações portuárias” (ANTAQ, 2008).

Entre os anos de 1973 e 1975, baseado no moderno conceito de integração

porto-indústria, tendo como exemplo Marseille-Fos, na França e Kashima, no Japão,

foi desenvolvido pelo Governo do Estado de Pernambuco, o Plano Diretor para a

implantação do Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros, de

Suape, que integrava uma extensa área para a indústria e serviços de apoio a um

porto marítimo.

As obras foram iniciadas em 1977 com a desapropriação de cerca de 13.500

hectares. Até o ano de 1991, foram realizados investimentos públicos nas seguintes

áreas: “infra-estrutura portuária, sistema viário interno (rodoviário e ferroviário),

sistemas de abastecimento d’água, de energia e de telecomunicações, centro

administrativo e obras complementares” (COMPLEXO INDUSTRIAL SUAPE, 2008).

Page 54: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

53

Em 1978, através da Lei nº 7.763/78 foi criada a empresa Suape Complexo

Industrial Portuário, com o intuito “de administrar o desenvolvimento das obras e

também a administração e exploração das atividades portuárias.”

(BERGER;BERGES, 2006, 103)

Em 1983, o Decreto Estadual nº 8.447/83 aprovou as Normas de Uso do

Solo, de Preservação Ecológica e Uso dos Serviços do Complexo Industrial

Portuário, com a finalidade de garantir o menor dano sobre a biodiversidade local,

conforme previsto no Plano Diretor. Sendo assim, os 13.500 hectares do complexo

foram subdivididos em zonas:

● Zona Industrial Portuária (ZIP) ● Zona de Processamento de Exportação (ZPE) ● Zona Industrial 3 (ZI-3) ● Zona Industrial 3A (ZI-3A) ●Zona Industrial 3B (ZI-3B) ● Zona Central Administrativa (ZCA) ● Zona de Preservação Ecológica (ZPEC) ● Zona Agrícola e Florestal (ZAF) ● Zona de Preservação Cultural (ZPC) ● Zona Residencial 3D (ZR-3D)

No ano de 1991, o Cais de Múltiplos Usos (CMU), entrou em operação

movimentando carga conteinerizada, onde se estabeleceu também, as Diretrizes da

Política Nacional de Transportes, pela Secretaria Nacional dos Transportes, do

Ministério da Infra-Estrutura, incluindo Suape entre os 11 portos prioritários do Brasil,

entre aqueles no qual se deveriam direcionar os recursos públicos federais de

investimentos em infra-estrutura portuária.

Neste mesmo ano teve início a construção da segunda etapa do Porto Interno

com a dragagem de mais de 1 milhão e 300 mil m³, a fim de estender o canal de

navegação em mais 450m e construir o Cais 4 com 330m.

De acordo com Berger e Berger (2006), Suape então deixou de ser um mero

porto industrial para se tornar um porto concentrador de carga de uso público, em

função das grandes profundidades junto à costa, de 17m a 1,2km do cordão de

arrecifes.

Em 1996 ele foi incluído entre os 42 empreendimentos do Programa criado

pelo Governo Federal “Brasil em Ação” e em 1999 concluiu-se a primeira etapa do

Porto Interno com 935m de cais.

Page 55: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

54

No mês de janeiro de 2007 o presidente da república, Luis Inácio Lula da

Silva assinou um contrato entre a Transpetro e o Estaleiro Atlântico Sul que inseriu o

porto de Suape na reativação da industría naval brasileira.

4.5.2 Estrutura física do porto de Suape (PE)

A estrutura do porto de Suape é ilustrada pelo anexo F, sendo dividido entre

Porto Interno, Terminal de Contêineres - TECON SUAPE, Porto Externo, Píer de

Granéis Líquidos (PGL 1), Píer de Granéis Líquidos (PGL 2), Cais de Múltiplos Usos

(CMU) e Tancagem Flutuante de GLP.

O Porto Interno possui 3 berços com profundidade de 15,5m, que segundo

Berger;Berger (2006) são divididos em 1 berço público para múltiplos usos, com

275m e 2 berços privados, com 330m cada, arrendados à empresa TECON SUAPE,

que pode movimentar 400.000 TEU´s (contêineres de 20’) por ano.

A carga geral e os granéis sólidos são movimentados no Berço 1 do porto

interno ou no Cais de Múltiplos Usos (CMU) do porto externo.

O Terminal de Contêineres de TECON SUAPE “é controlado pela empresa

Terminal de Contêineres do Porto de Suape S.A., subsidiária da International

Container Terminal Service Inc. (ICTSI)” (BERGER;BERGER, 2006, p. 108), que de

acordo com a licitação do Governo do Estado, será controlado por 30 anos. O cais

de 660m tem uma área de 280.000m² e pátio de 34.000m².

O Porto Externo possui um molhe de pedras de proteção com 2.950m de

extensão e em forma de “L”, e tem um cais de múltiplos usos e dois píeres para

granéis líquidos.

O Píer de Granéis Líquidos (PGL 1) possui 330m de extensão e dois berços

de 190m de comprimento e 14m de profundidade para atracação de navios de

45.000TP. A plataforma central tem 84m de comprimento e 25m de largura, sendo

que possui 5 braços mecânicos em cada berço. Neste píer há 4 dolfins laterais e

ponte de acesso, com tubulações de transporte de granéis líquidos.

De acordo com Berger;Berger (2006) existe também um outro píer de granéis

líquidos chamado de Píer de Granéis Líquidos (PGL 2), que possui 386m de

Page 56: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

55

extensão e 2 berços de 270m de comprimento e 14,5m de profundidade para

atracação de navios de 90.000TPB. A plataforma de operações tem 45m de

comprimento e 32m de largura, equipada com 2 braços mecânicos em cada berço.

Há 10 dolfins sendo 4 de atracação e 6 de amarração, para os 2 berços.

Esses píeres de granéis líquidos são operados por empresas autorizadas pelo

porto de Suape e habilitadas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).

O Cais de Múltiplos Usos (CMU) é um terminal marítimo com 2 berços de

atracação, 320m de comprimento por 39m de largura. O Berço Oeste tem 160m de

comprimento com 10m de profundidade e 14 cabeços de amarração e o Berço Leste

tem 260m de comprimento e 15,5m de profundidade e 18 cabeços de amarração.

Existe uma ponte de acesso com 20m de extensão e 15m de largura, um terminal

roll-on-roll-of, com uma rampa de 30m de comprimento e 20m de largura.

A Tancagem Flutuante de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) é realizado por

um navio de gás refrigerado de 75.000m³ de capacidade e 45 mil tpb13 que, a

contrabordo, atende os navios de porte igual.

Os equipamentos disponibilizados no porto de Suape podem ser observados

conforme a tabela 11.

Tabela 11 – Equipamentos do Porto de Suape

EQUIPAMENTOS

Descrição Quantidade Capacidade

Portêineres 2 40t

Portêineres 2 65t

Transtêineres 4 35t

Empilhadeiras reach stackers 5 45t

Empilhadeiras top loaders 4 35t

Side Lifters 3 4t

Fork lifters 3 até 7,5t Fonte: Berger;Berger (2006, p. 108).

Percebe-se com a tabela 9, que o porto de Suape possui uma variedade de

equipamentos, mesmo sua quantidade não sendo tão significativa.

As cargas predominantes no porto são granéis líquidos, granéis sólidos,

contêineres e carga geral.

13 TPB: Tonelagem de Porte Bruto

Page 57: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

56

4.5.3 Movimentação do porto de Suape (PE)

O porto de Suape destaca-se pela navegação de cabotagem, onde segundo a

ANTAQ (2008) registrou em 2007, 656 atracações de embarcações, representando

13,9% de todo o Brasil, sendo seguido por Santos (SP) e Salvador (BA), ambos com

12,9%.

A movimentação de contêineres pode ser observada conforme a tabela 12,

sendo dados do período de 1991 a 2006.

Tabela 12 – Movimentação de Contêineres

ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL VARIAÇÃO

2006 17.231 12.474 17.231 16.016 13.712 13.391 15.004 14.454 19.550 0 0 0 139.063 31,51

2005 12.344 11.818 16.324 14.797 15.290 14.963 17.610 15.498 14.742 16.943 14.653 14.126 179.108 29,75

2004 7.438 10.399 7.438 10.701 10.312 10..558 11576 12.978 14.082 12.786 14.404 12.438 135.110 134,40

2003 5.502 798 5.502 3.922 2.733 2.148 2.917 3.871 7.103 10.762 8.686 9.070 63.014 -45,95

2002 8.034 7.166 8.405 8.133 6.909 7.650 9.133 10.015 10.409 11.239 10.759 11.106 108.958 43,71

2001 6.031 5.319 6.031 6.139 6.098 6.145 4.465 6.190 6.125 6..142 6432 10.049 75.166 20,74

2000 4.174 4.156 4.174 4.817 4.613 4.436 4.373 6.220 5.604 6.180 6.786 6.619 62.152 60,28

1999 3.573 3.252 3.573 2.867 3.524 4.204 2.945 2.624 2.738 2.751 3.239 5.003 40.293 -20,59

1998 2.889 3.323 2.889 3.454 3.418 4.001 4.749 4.820 4.566 4.943 4.795 4.661 48.508 47,54

1997 2562 1649 2330 2901 3092 2279 2609 2923 2941 3355 3421 3376 33.438 69,94

1996 1.654 927 1.654 648 1.006 1.414 1.067 1.269 2.008 2.616 3.409 1.846 19.518 37,9

1995 1.061 1.352 1.061 1.160 1.440 956 1.109 586 1.223 1.292 1.189 1.840 14.269 41,97

1994 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 35,74

1993 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 14,92

1992 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 26,61

1991 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 % Fonte: Complexo Industrial Portuário de Suape (2009).

Alguns dados da tabela não foram informados, porém, nota-se que em 2004

houve um crescimento significativo nas operações, continuando em 2005. Já em

2006, a movimentação diminuiu, porém se comparado com 2004 continua em

ascensão.

De acordo com Menezes (2009) até o presente momento, já foram investidos

no Porto de Suape R$ 4 bilhões de reais oriundos da iniciativa privada e R$ 600

milhões do Governo do Estado de Pernambuco. No ano de 2009 os investimentos

Page 58: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

57

serão em torno de 2,2 bilhões de dólares e até 2010 espera-se que este montante

chegue a 8 bilhões de dólares.

Page 59: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

58

5 PORTO CONCENTRADOR

Para se entender a origem do que hoje é conhecido por porto concentrador

deve-se analisar o fenômeno da conteinerização, pois é a partir desta iniciativa que

“a logística de transporte começa a ter a sua própria identidade.” (KEEDI, 2001, p.

75)

Há relatos de que o contêiner tenha surgido no início do século XX, porém

seu uso foi difundido após a 2ª Guerra Mundial. Durante o período de guerra, o

“exército norte-americano constatou a imperiosa necessidade de possuir hospitais

de campanha móveis, nos quais fosse possível operar feridos na própria frente de

batalha,” (RODRIGUES, 2007, p. 31) assim, criou-se uma caixa de aço com medidas

que facilitavam tanto a movimentação de uma equipe médica como a transferência

desta caixa para algum modo de transporte.

Esta caixa de aço foi a percussora do contêiner, sendo que seu uso na

navegação surgiu em 1956 por iniciativa da empresa norte-americana Sealand,

através do seu fundador, o norte-americano Malcolm Purcell MacLean. A primeira

experiência com contêineres se deu em um navio tanque, conhecido como Ideal X

que percorreu a costa leste dos Estados Unidos carregando 58 contêineres que na

época mediam 35 pés14. Logo após, em 1957, foi lançado o primeiro navio porta-

contêiner, “conhecido como Gateway City e com capacidade para 226 contêineres.”

(KEEDI, 2005, p. 57)

Começou assim, uma nova fase para o transporte de cargas, pois criou-se um

equipamento que atendia aos modos marítimo, ferroviário, rodoviário e aeroviário. As

suas medidas foram padronizadas em 10, 20 ou 40 pés, com exceção dos

contêineres usados no meio aeroviário que possuem medidas diferenciadas.

Com a conteinerização, “o comércio mundial deu um enorme salto de

qualidade, bem como de quantidade e valor” (KEEDI, 2001, p. 75), já que foi

possível diminuir o tempo gasto com as operações de carga e descarga, os custos

com embalagem, com a quantidade de avarias às cargas e o valor do seguro.

Houve outras vantagens também como o fato dessa unidade de carga não

precisar ser armazenado em lugar coberto e utilizar melhor os espaços disponíveis

14 Aproximadamente 10,6 metros.

Page 60: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

59

dentro de um navio, possibilitando que mais mercadorias embarcassem de uma só

vez.

Logo percebeu-se que quanto maior o navio, maior seria a capacidade de

TEU que o mesmo poderia carregar. “A primeira geração de porta-containers

carregava cerca de 10.000 toneladas.” (ALDERTON, 2004, p. 41, tradução do

pesquisador) Como cada TEU tem como “peso bruto máximo 24.000,000 KG”

(BRANCH, 2005, p. 382, tradução do pesquisador) pode-se afirmar que os primeiros

porta-contêineres carregavam cerca de 378 TEU.

Em 1971, duas décadas após o surgimento dos primeiros porta-contêineres, o

Frankfurt Express, classificado em Panamax, possuía capacidade para 2.000 TEU e

em “1984 surgiu o serviço ‘Volta ao Mundo’ que foi introduzido pela USL e

Evergreen” (ALDERTON, 2004, p. 41, tradução do pesquisador) com navios “com

4.482 TEU de capacidade.” (PORTO, 2007, p. 82)

O aumento da capacidade dos navios influenciou diretamente na evolução

dos portos, que passaram a dar maior atenção ao transporte através das unidades

de carga. No quadro 2, um comparativo do modelo portuário antes de 1960 até o

modelo atual, observa-se tal evolução, principalmente, pela mudança do foco de

atividade e características da organização.

Primeira Geração Segunda Geração Terceira Geração Quarta Geração

Período de Antes de 1960 Depois de 1960 Depois de 1980 Depois de 1990

Desenvolvimento

Carga Geral (Solta) Carga Geral (Solta) Granéis e Palletização Palletização de uma

Carga Principal Granéis Gerando assim maior espaço grande porcentagem

para cargas nos navios de cargas

Conservador Expansionista Comercialmente Orientado Mais sofisticado

Atitude e Relatório de Mudando o ponto de vista Transporte focado para as áreas Integrando Transportes e Maior uso de sistemas

Desenvolvimento deste modo de transporte Comerciais e Industrias Centros de Logística automatizados

Estratégico

Foco das Atividades 1) Focado apenas em 1) + 2) Mudança do tipo de carga 1) + 2) + 3) Distrinbuição das Padronização das

entregar a carga em decorrêncoa das cargas e informações. Grande Informações

Atividades Industriais. Potêncial Logistico

Atividades independentes Relacionamento mais próximo Relacionamento mais Unido e Globalização de cidades

entre Porto e cliente

Características da Relacionamentos Relacionamento menos rígido Integrado. portuárias. Maior

nas atividades portuárias

Organização informais Relacionamento casual Rumo a Privatização. controle ambiental.

entre Porto e Município

Page 61: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

60

Primeira Geração Segunda Geração Terceira Geração Quarta Geração

Fluxo de cargas. Fluxo de cargas e informações. Fluxo de cargas/informações e Ênfase na qualidade do

Características da Baixo Valor Agregado Serviços Combinados. distribuição. serviço e mão de obra

Produção Maior valor agregado. Prestação de múltiplos serviços qualificada

Alto valor agregado

Fatores Decisivos Trabalho / Capital Capital Tecnologia / Know-how Tecnologia da Informação

Quadro 2 - Desenvolvimento do Porto - De um centro de transporte à uma uma plataforma logística

Fonte: Alderton (2004, p. 279, tradução do pesquisador).

Percebe-se que os portos inicialmente considerados centros de serviços,

começam a integrar à cadeia logística internacional porém como eles não estavam

preparados para atender a demanda por maior velocidade nas operações portuárias,

viram-se obrigados a investir em seus terminais com o objetivo de apresentar uma

maior eficiência ante à nova necessidade mundial.

Para tal, foram considerados dois fatores de capacitação: “equipamentos

especializados para movimentação tanto na faixa do cais como nos pátios, e as

características peculiares desses terminais” (PORTO, 2007, p. 81/82) que, para

atender aos navios porta-contêineres, precisariam de uma profundidade duas vezes

maior que a habitual e de berços mais compridos.

A reestruturação dos terminais conteineiros envolvia custos elevados, por

isso, “os grandes fluxos de cargas conteinerizadas foram estabelecidos em rotas

específicas, em que há a presença de portos específicos por escolha das linhas de

navegação, chamados de portos concentradores ou Hub Ports.” (PORTO, 2007,

p.82)

Os portos concentrados ou Hub Ports são “megaportos conectados por

transbordo a portos regionais menores, denominados feeder, que promovem o

suprimento e a distribuição através da Cabotagem.” (RODRIGUES, 2007, p. 224)

Estes portos também são conhecidos como porto de transbordo.

A vantagem do porto concentrador é que por possuir uma alta capacidade

operacional e boa estrutura de acesso faz com que os navios tornem-se “mais

produtivos, fazendo apenas poucas entradas em poucos portos, apresentando,

portanto, menores custos de operação, ao mesmo tempo em que realizam mais

viagens com os navios durante sua vida útil.” (KEEDI;MENDONÇA, 2000, p. 111)

Ao contrário da multimodalidade e intermodalidade, o transbordo de carga

“significa a utilização de um único modal de transporte por mais de uma vez,“

Page 62: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

61

(KEEDI, 2001, p. 75) assim “os conhecimentos de embarque cobrem o trajeto total

da carga, desde o primeiro porto de embarque até o último, não importando os

portos de transbordo envolvidos, os Hub Ports.” (KEEDI;MENDONÇA, 2000, p. 111)

Desta feita, a responsabilidade pelo trajeto marítimo da carga é do armador,

independentemente da utilização ou não de portos concentradores. Para tanto, o

conhecimento de embarque irá cobrir o movimento da carga desde o porto de

embarque até o porto de desembarque.

A utilização dos portos, nos navios utilizados em linhas comerciais, é uma

escolha exclusiva do armador que, ao defini-los, analisa suas características e

capacidade estrutural, optando por aquele que lhe trará maior segurança, agilidade,

eficiência e menor custo.

5.1 Requisitos para caracterização de porto concentrador

Nem todos os portos têm condições de se tornarem portos concentradores de

carga. A escolha independe de vontades políticas ou governamentais. Ela é

analisada pelos fatores geoeconômicos, pelos investimentos e pelo interesse em

firmar negócios internacionais que aquele porto específico apresenta.

Existem algumas características primordiais que o porto deve possuir para

que consiga atender de forma satisfatória às necessidades logísticas internacionais,

entre elas, pode citar-se (RODRIGUES, 2007, p. 225):

● Estar localizado fora do perímetro urbano, de forma a não prejudicar os fluxos cotidianos, permitindo simultaneamente o veloz escoamento dos fluxos de cargas dele resultantes; ● Dispor de excelentes acessos rodoferroviários, facilitando a fluidez do transporte e possibilitando boas confluências multimodais; ● Possuir águas profundas, naturais ou dragadas, possibilitando o acesso, a evolução e a atracação dos navios porta-contêineres celulares de grande porte; ● Contar com o abrigo de obras como molhes, quebra mares e guias-corrente que possibilitem a necessária proteção aos navios contra ventos e marés, sem alterar o equilíbrio dos fluxos de corrente e ciclos de ondas na região; ● Possuir grandes retro-áreas para a transferência, armazenagem e, em alguns casos, o processamento de mercadorias longe dos berços de atracação, onde se desenvolvem as operações dos navios; ● Dispor de um sistema operacional integrado e equipamentos adequados, possibilitando a obtenção de produtividade compatível com o custo

Page 63: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

62

operacional dos navios e sistemas de controle eletrônicos ao longo do processo; ● Manter a sua mão-de-obra atualizada tecnologicamente e conscientizada da necessidade de serem evitadas avarias e remoções, que elevam custos desnecessariamente; ● Contar com um eficiente sistema de comunicações, tanto internamente como para os seus clientes, bem como capacidade de transferir dados eletronicamente.

Além dessas características, é importante ressaltar que os proprietários de

navios porta-contêineres, no momento de definir em quais portos seus navios irão

fazer escalas, e levando em consideração os elevados custos fixos que um navio

porta-contêiner de grande porte apresenta, irão analisar alguns fatores como a

“rapidez nas operações e tarifas portuárias, além, é claro, do potencial de geração

de cargas de importação e exportação do porto e de sua situação geográfica.”

(VIEIRA, 2003, p. 37)

A situação geográfica de um porto é analisada por três conceitos oriundos do

idioma alemão, que são muito utilizados no jargão marítimo-portuário. São eles:

Hinterland, Vorland e Umland.

O Hinterland “determina o potencial gerador de cargas (tanto de origem,

quanto de destino) da região onde o porto está situado.” (VIEIRA, 2003, p. 37) Ele

depende do potencial de desenvolvimento da região onde o porto está localizado e

dos custos de transbordo, transporte terrestre e feeder. “Quanto menores forem,

maior será o alcance do hinterland portuário.” (RODRIGUES, 2007, p. 225)

Por sua vez, o Vorland “corresponde à sua situação geográfica, ou seja, o

maior ou menor afastamento do porto em relação às principais rotas de navegação”

(VIEIRA, 2003, p. 37). Levando-se em consideração que a maioria dos negócios

internacionais estão no hemisfério Norte, Rodrigues afirma que “os portos brasileiros

estão situados no hemisfério errado. Ou seja, em termos de Vorland, os melhores

portos do país não são os do Sul-Sudeste e sim os da região Nordeste.”

(RODRIGUES, 2007, p. 225)

Já o Umland “refere-se às condições do porto em si, sua estrutura, seus

recursos, suas tarifas e a qualidade dos serviços que presta.” (VIEIRA, 2003, p. 37)

Atualmente, existem vários exemplos de portos concentradores, verificando-

se uma redução cada vez maior de escalas e uma concentração de rotas marítimas

que faz com que os hub ports apresentem uma maior eficiência e eficácia em

comparação aos demais portos.

Page 64: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

63

5.2 Exemplos de portos concentradores de carga

Pode-se afirmar que o sistema portuário mundial está dividido em três

vertentes básicas sendo: Europa, Ásia e América do Norte. Os maiores portos

especializados em operação de contêineres do mundo estão localizados em uma

dessas três áreas. Os portos localizados nas Américas Central ou do Sul, África e

Oceania em decorrência da sua geografia, não se beneficiam das grandes rotas de

navegação internacionais. A tabela 13 tem por objetivo apresentar aqueles que,

hoje, são os terminais que mais movimentam TEU no mundo, veja-se.

Tabela 13 – Maiores Terminais de Contêineres do Mundo

Contêineres TEU

Ranking Porto País 2006 2007

1. Cingapura Cingapura 24.792,40 27.935,50

2. Shanghai China 21.719,00 26.150,00

3. Hong Kong China 23.234,00 23.881,00

4. Shenzhen China 18.469,00 21.099,00

5. Busan Coréia do Sul 12.038,79 13.260,00

6. Rotterdam Países Baixos 9.690,00 10.790,60

7. Dubai Emirados Árabes 8.923,46 10.635,00

8. Kaohsiung Taiwan 9.774,67 10.257,00

9. Hamburgo Alemanha 8.862,00 9.890,00

10. Qingdao China 7.702,00 9.462,00

11. Ningbo-Zhoushan China 7.140,00 9.360,00

12. Guangzhou China 6.660,00 9.200,00

13. Los Angeles EUA 8.469,85 8.355,00

14. Antuérpia Bélgica 7.018,00 8.176,00

15. Long Beach EUA 7.290,37 7.312,00

16. Port Klang Malásia 6.326,30 7.118,00

17. Tianjin China 5.950,00 7.103,00

18. Tanjung Pelepas Malásia 4.770,00 5.500,00

19. Nova York EUA 5.092,81 5.400,00

20. Bremen Alemanha 4.450,00 4.912,00

21. Laem Chabang Tailândia 3.964,00 4.642,00

22. Xiamen China 4.020,00 4.630,00

23. Tanjung Priok Indonésia 3.350,00 3.900,00

24. Mumbai,Jawaharlal Nehru Índia 3.298,00 3.890,00

25. Tokyo Japão 3.695,85 3.818,00 Fonte: Geohive (2009)

Page 65: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

64

Verifica-se com esta tabela que 18 portos estão localizados no continente

asiático, sendo que dentre eles, 8 portos estão em países denominados “tigres

asiáticos”, e os outros 10 dividem-se entre China, Japão Emirados Árabes e Índia.

No continente europeu têm-se 4 portos de destaque, divididos entre Holanda,

Alemanha e Bélgica e os 3 maiores portos localizados na parte norte do continente

americano, concentram-se nos Estados Unidos da América.

Como exemplos de portos concentrados têm-se os maiores terminais de

contêineres de cada área, ou seja, Cingapura no continente asiático, Rotterdam, no

continente europeu e Los Angeles na parte norte do continente americano.

5.2.1 Porto de Cingapura

A República de Cingapura tem uma população de 4,6 milhões de habitantes e

uma área de 693 km², sendo assim, uma das menores cidade-estado do mundo e

também uma das mais populosas.

Está localizada ao sudeste do estreito de Malaca e tem como limites

marítimos a Indonésia ao sul e a Malásia ao norte. O Hinterland portuário de

Cingapura compreende mais de “600 portos em aproximadamente 120 países”

(MARITIME AND PORT AUTHORITY OF SINGAPORE, 2009, tradução do

pesquisador), fazendo com que Cingapura possa ser considerado o portão de

entrada para o continente asiático.

Seu Vorland é beneficiado por estar situado em uma das mais importantes

rotas marítimas do mundo, ou seja, a rota que liga o Extremo Oriente ao Oriente

Médio e à Europa. O porto possui mais de 100 grupos de navegação internacional

que compreende mais de 5.000 companhias empregando aproximadamente

100.000 pessoas.

Em se tratando do seu Umland o porto de Cingapura é um “porto

automatizado, com capacidade atual de processamento de 58.000 contêineres/dia

(TEUS),” (GLOBAL 21, 2009) que apresenta “54 berços de atracação, 16 km de cais

e uma profundidade de 16 m.” (PORT OF SINGAPORE AUTHORITY, 2009,

tradução do pesquisador) Possui 6 terminais de cargas que podem receber qualquer

Page 66: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

65

tipo de navio, sendo que a cada minuto aproximadamente 3 navios atracam ou

desatracam do porto.

Sua movimentação nos últimos 8 anos é demonstrada conforme a tabela 14,

na qual nota-se o expressivo aumento ao longo do tempo.

Tabela 14 - Carga Total (em '000 toneladas)

Ano Carga Total Carga Geral Carga Solta

Conteinerizada Convencional Granéis Líquidos Granéis Sólidos

2001 313.487,00 171.208,60 14.867,10 113.759,10 13.652,20

2002 335.155,90 183.954,90 14.565,60 120.667,30 15.968,10

2003 347.694,10 191.687,60 14.759,90 123.374,70 17.872,00

2004 393.417,60 223.503,30 17.378,20 129.328,20 23.207,90

2005 423.267,60 241.973,00 20.292,10 137.826,20 23.176,30

2006 448.503,90 258.553,00 22.840,30 153.029,50 14.081,20

2007 483.616,10 289.094,20 25.823,20 157.382,30 11.316,40

2008 515.415,30 308.489,70 27.934,90 167.318,90 11.671,80

2008

Jan 44.314,10 25.984,50 2.196,70 15.330,50 802,4

Fev 40.388,70 24.240,60 2.146,80 13.149,40 852

Mar 46.800,20 27.329,30 2.444,20 16.171,00 855,7

Abr 46.604,80 26.910,40 2.466,60 16.256,70 971,1

Mai 45.893,70 28.327,60 2.377,30 14.260,00 928,9

Jun 44.132,50 26.763,80 2.510,50 13.733,90 1.124,30

Jul 46.417,40 28.222,60 2.518,40 14.604,10 1.072,30

Ago 42.388,80 27.283,60 2.418,80 11.837,10 849,2

Set 41.932,60 25.929,00 2.181,10 12.849,70 972,8

Out 40.886,30 24.886,30 2.338,20 12.447,50 1.214,30

Nov 40.142,50 22.061,60 2.284,50 14.749,40 1.047,10

Dez 35.513,70 20.550,70 2.051,80 11.929,50 981,7

2009

Jan 38.767,20 18.810,50 1.439,50 17.573,50 943,7

Fev* 35.202,10 17.762,30 1.562,00 15.054,00 823,8 * Valores Estimados

Fonte: Maritime and Port Authority of Singapore (2009, tradução do pesquisador).

O porto se transformou em uma plataforma internacional de negócios,

respondendo por aproximadamente 7% do produto interno bruto da república.

Atualmente por ter se tornado um centro estratégico para as empresas do mundo,

pode também ser considerado como o portão de entrada para o continente asiático.

Neste contexto, “o porto é o coração de Cingapura e, por conseguinte, a base

de toda a economia da nação.” (OLIVEIRA, 2007, p. 123) Análogo ao porto de

Page 67: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

66

Cingapura, tem-se o porto de Rotterdam, que em termos de importância, pode-se

denominar também de “o coração da Europa”.

5.2.2 Porto de Rotterdam

O porto de Rotterdam está estrategicamente localizado no mar do norte e no

Reno. Os portos holandeses estão interligados por conexões internas, que ligam

desde Delfzijl, no nordeste e passando por Rotterdam e Amsterdam, conectam

Vlissingen e Terneuzen, no sudoeste.

Estas conexões fazem com que o Hinterland portuário de Rotterdam atinja

mais de 150 milhões de consumidores holandeses que vivem num raio de 500 km do

porto. Na Europa o número de consumidores aumenta para 500 milhões que

representam um poder aquisitivo de 600,000 bilhões de dólares.

O alcance a outros países europeus como Alemanha, Inglaterra, França e

Bélgica é facilitado pelos 5 modais de transporte utilizados por Rotterdam, sendo:

rodoviário, fevrroviário, aquaviário, aeroviário e dutoviário. Os portos Fedder ao redor

de Rotterdam o conectam a mais de 200 portos europeus.

Em decorrência de ser o maior e mais importante porto europeu, Rotterdam é

a porta de entrada para a Europa possuindo mais de 500 linhas de navegação e

sendo conectado a aproximadamente 1000 portos em todo omundo. Assim sendo,

apresenta um excelente Vorland.

No que diz respeito ao seu Umland possui uma área de 40 km ocupando

10.000 hectares com 24 metros de profundidade. Dentre todos os portos europeus é

o que apresenta as tarifas mais baratas de combustível.

A sua “movimentação anual é de mais de 400 milhões de cargas” (PORT OF

ROTTERDAM, 2009, tradução do pesquisador) conforme pode-se perceber com a

tabela 15.

Page 68: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

67

Tabela 15 – Movimentação do Porto de Rotterdam

2007 2008 Diferença em

Janeiro - Dezembro Janeiro - Dezembro Porcentagem

(%)

Commodities 9.593 10.420 8,6

Minérios 39.961 44.001 10,1

Carvão 28.201 28.553 1,2

Outros Granéis Sólidos 12.887 11.961 -7,2

Total de Granéis Sólidos 90.642 94.935 4,7

Petróleo 97.235 100.406 3,3

Produtos de Óleo Natural 57.168 58.576 2,5

Outros Granéis Líquidos 32.438 35.021 8

Total de Granéis Líquidos 186.841 194.003 3,8

Total de Carga Solta 277.483 288.938 4,1

Containers 104.629 106.999 2,3

Roll on / Roll off 17.525 17.331 -1,1

Outras Cargas Gerais 9.449 7.830 -17,1

Total de Cargas Gerais 131.603 132.160 0,4

Movimentação Total 409.086 421.098 2,9 Fonte: Port of Rotterdam (2009, tradução do pesquisador).

Percebe-se, com a tabela 15, que houve um aumento de 2,9% na

movimentação total do porto no ano de 2008 se comparado com o ano anterior. O

crescimento na movimentação de minérios e commodities também foi notável sendo

de 10,1% e 8,6%, respectivamente. Porém, em contrapartida, houve uma queda

brusca na movimentação de cargas gerais de 17,1%, não incluindo a movimentação

de cargas conteinerizadas e contêineres do tipo roll-on/roll-off que foram

contabilizados isoladamente.

O porto de Rotterdam é também muito importante para a economia dos

Estados Unidos da América, visto que “os EUA escolheram a Holanda como parceiro

preferido.” (OLIVEIRA, 2007, p. 95) Para os norte americanos, de todos os centros

de distribuição europeus, a Holanda é o melhor e o mais barato.

Investir na Holanda significa também oportunidades de negócios, visto que os

Estados Unidos da América é o único país americano que aparece entre os grandes

terminais de contêineres do mundo, como é o caso do portos de Los Angeles, Long

Beach e Nova York.

Page 69: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

68

5.2.3 Porto de Los Angeles

O porto de Los Angeles está localizado na baia de São Pedro, no oceano

pacífico, e seu Hinterland portuário atinge todo os Estados Unidos, sendo que é

responsável por gerar 3,3 milhões de empregos no país. Seus maiores parceiros

comerciais são: China, Japão, Taiwan, Coréia do Sul e Tailândia.

Seu Vorland é formado por aproximadamente 80 linhas de navegação em

todo o mundo e por mais de 15 linhas de navegação de cruzeiros. As principais rotas

de navegação são para o Extremo Oriente (87,5%), rotas domésticas (5,1%),

Austrália e Nova Zelândia (2,4%), Índia, Golfo Pérsico e Mar Vermelho (1,2%) e

Europa Ocidental (0,9%). (THE PORT OF LOS ANGELES, 2009, tradução do

pesquisador)

Em se tratando de seu Umland o porto possui uma área de 7.500 acres, uma

profundidade de -53 pés15 e 27 terminais de cargas, sendo 1 terminal destinado a

automóveis, 3 para carga geral, 8 para carga conteinerizada, 2 terminais para granél

sólido, 7 para granel líquido, 2 para passageiros e 4 terminais como armazéns.

Desde 2000, “o porto ocupa o 1º lugar na movimentação de containers entre

os portos dos Estados Unidos e o 13º entre os portos do mundo. É também o 5º

maior complexo portuário do mundo quando combinado com a estrutura do seu

porto vizinho Long Beach,” (THE PORT OF LOS ANGELES, 2009, tradução do

pesquisador) que no ranking dos maiores terminais do mundo, ocupa o 15º lugar.

A movimentação do porto de Los Angeles pode ser melhor observada com a

tabela 16.

Tabela 16 – Estatísticas em Tonelada*

Ano Carga Geral Granel Líquido Granél Sólido Total 2008 161.9 6.2 1.9 170.0 2007 171.9 15.4 2.8 190.1 2006 155.2 22.8 3.6 181.6 2005 145.0 12.8 4.3 162.1 2004 146.3 11.9 3.9 162.1 2003 131.9 11.4 4.2 147.5 2002 107.1 12.9 6.2 126.2 2001 97.6 10.9 5.4 113.9

15 Aproximadamente 16 metros.

Page 70: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

69

Ano Carga Geral Granel Líquido Granél Sólido Total 2000 81.9 12.5 7.1 101.5 1999 66.8 10.2 5.1 82.1 1998 60.0 13.3 4.6 77.9 1997 57.7 14.1 3.5 75.3

* Milhão de toneladas métricas

Fonte: The Port of Los Angeles (2009, tradução do pesquisador).

A tabela mostra uma diminuição na movimentação do porto entre os anos de

2007 e 2008, porém no ano de 2008, o porto movimentou “8,5 milhões de TEUs”

(THE PORT OF LOS ANGELES, 2009, tradução do pesquisador) fazendo com que a

posição do porto no ranking de maiores terminais de contêineres do mundo não

fosse alterada mantendo-se na mesma posição há oito anos consecutivos.

Todas estas informações sobre terminais concentradores de carga servem

como base àqueles portos que planejam se especializar no recebimento de grandes

embarcações, a fim de se tornarem grandes centros distribuidores de cargas.

Como pôde ser observado com os exemplos supracitados, para que um porto

seja reconhecido internacionalmente como um porto concentrador de cargas é

necessário muito mais do que apenas vontade política. Deve-se possuir um

Hinterland, Vorland e Umland satisfatório, que atendam às expectativas das grandes

companhias de navegação.

5.3 Análise dos portos brasileiros

Conforme visto, as características primordiais para classificar um porto como

porto concentrador de carga dizem respeito à seu Hinterland, Vorland e Umland que

devem ser satisfatórios para receber navios de grande porte.

Neste sentido, dentre os cinco portos selecionados para objeto de estudo,

sendo, Santos (SP), Paranaguá (PR), Rio Grande (RS), Itaguaí (RJ) e Suape (PE)

foi analisado estas 3 características em cada um destes portos.

Page 71: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

70

5.3.1 Porto de Santos (SP)

Aplicando-se as três características primordiais para que um porto possa ser

considerado concentrador de cargas, percebe-se com o Porto de Santos que seu

Hinterland compreende os estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul, Goiás e também países do Mercosul. Secundariamente o porto

atende toda a região sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo no Sudeste e a Bahia no

nordeste.

Seu Vorland destaca-se visto que “Santos é o único porto brasileiro servido

por todas as grandes linhas marítimas regulares, oferecendo transporte para

qualquer parte do mundo.” (CODESP, 2009)

Em se tratando do seu Umland o porto possui uma profundidade máxima de

13,10 metros e tem como pontos de movimentação de cargas: Alamoa, Paquetá,

Saboó, Outeirinhos, Estuário, Valongo e Ponta da Praia, sendo que situam-se na

margem esquerda, os cais da ilha de Barnabé, Terminal de Contêineres – TECON e

Terminal de Fertilizantes de Conceiçãozinha.

5.3.2 Porto de Itaguaí (RJ)

O Hinterland do porto de Itaguaí compreende os Estados do Rio de Janeiro,

São Paulo, Minas Gerais e o sudoeste de Goiás, atuando de forma independente do

Porto do Rio de Janeiro. O porto possui 70% do PIB brasileiro em um raio com

pouco mais de 500 km.

O porto possui quatro terminais de atracação, sendo: Terminal de Minérios,

Terminal de Carvão, Terminal de Contêineres e Valesul Alumínio S/A. “Com

características físicas competitivas, tem acesso marítimo para receber navios de

grande porte e de última geração acima de 6.000 TEU’s.” (CDRJ, 2009)

A primeira etapa do desenvolvimento do projeto de Sepetiba é considerada

concluída com estes 4 terminais em operação, porém “resta, ainda, a conclusão dos

serviços de aprofundamento do canal de acesso, o aparelhamento do Terminal de

Page 72: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

71

Contêineres e o estabelecimento de rotas globais de navegação intermodal” (CDRJ,

2009) sendo assim, ainda não há no porto de Itaguaí um Vorland definido.

Em se tratando de seu Umland apresenta uma área de 10 milhões de metros

quadrados e um canal de acesso com cerca de 22 milhas, largura que varia de 300

e 180 metros e uma profundidade média de 22 metros.

5.3.3 Porto de Paranaguá (PR)

Seu Hinterland portuário compreende o estado do Paraná e parte dos estados

de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do

Sul, Goiás e Rondônia. Possui também influência internacional compreendendo os

países Bolívia, Argentina e Paraguai.

O Vorland de Paranaguá não está bem definido, porém conforme informações

da APPA (2009) por apresentar clientes nos países da Europa, Ásia e Mercosul

pressupõe-se que tenha rotas marítimas que o conectem a estes destinos.

Em se tratando de seu Umland possui uma área total de 2.350 m² um cais de

2.816 metros de extensão, sendo no total 19 berços de atracação e uma

profundidade que varia de 8 a 13 metros.

5.3.4 Porto de Rio Grande (RS)

Seu Hinterland portuário compreende os estados de Santa Catarina e Rio

Grande do Sul e as regiões do Uruguai, norte da Argentina e sul do Paraguai, o que

torna Rio Grande o porto mais meridional do Brasil.

O Vorland do porto de Rio Grande (RS) pode ser definido como: “operar com

os maiores armadores do mundo; oferecer destinos aos mais importantes portos

nacionais e internacionais; e ter uma localização geográfica privilegiada, com a

maior profundidade do Atlântico Sul.” (PORTO DE RIO GRANDE, 2009)

Page 73: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

72

Em se tratando de seu Umland o porto é subdividido em Porto Velho com 100

metros de largura e 15 pés16 de profundidade; Porto Novo com 150 metros de

largura e profundidade de 30/31 pés17; e Superporto com 200 metros de largura e

profundidade entre 26, 33 e 40 pés18, dependendo o terminal. O Superporto

apresenta 10 terminais e dolfins de transbordo que possuem 180 metros.

5.3.5 Porto de Suape (PE)

Possui um Hinterland que compreende o estado de Pernambuco e parte dos

estados da Paraíba e Alagoas, sendo que o porto “é a única entrada e saída para

toda a Região Nordeste. Um mercado consumidor com 50 milhões de habitantes e

um PIB de US$ 110 bilhões.” (COMPLEXO INDUSTRIAL SUAPE, 2009)

Seu Vorland é beneficiado em decorrência da sua localização estratégica,

permitindo que Suape se conecte às principais rotas marítimas de navegação que o

ligam a mais de 160 portos em todos os continentes. Possui aproximadamente 70

empresas instaladas em seu complexo gerando cerca de 5.500 empregos.

No que se refere ao seu Umland possui um sistema de atracação a laser e

uma área de 13.500 hectares, tendo como profundidades: de 15,5 a 16,5 metros no

porto externo; 15,5 metros no porto interno; 14 metros nos terminais de granéis

líquidos; 15 metros no cais de múltiplos usos; e 15,5 metros no Tecon Suape.

Apresenta um Hinterland e Vorland beneficiados pela proximidade com a

Ásia, Europa e América do Norte que o conectam a 160 portos em todos os

continentes. Seu Umland é outro ponto positivo, pois possui uma profundidade entre

15,5 e 16,5 metros, estando apto a receber navios de grande porte.

A proximidade com o canal do Panamá também é vantajosa para Suape, uma

vez que, com as obras de ampliação do canal que começaram em 2007, será

possível a passagem de navios de grande porte. Aproximadamente 80% da carga

marítima que atravessa o canal tem como destino ou procedência o território

americano.

16 Aproximadamente 4,5 metros. 17 Aproximadamente 9,1/9,4 metros. 18 Aproximadamente 7,9, 10 e 12,1 metros, respectivamente.

Page 74: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

73

5.4 O Porto Concentrador Brasileiro

A denifição do Hinterland, Vorland e Umland dos 5 portos estudados

possibilitou que fosse verificado qual deles, dentre Santos, Itaguaí, Paranaguá, Rio

Grande e Suape têm condições de ser considerados portos concentradores ou Hub

Ports.

Assim sendo, o porto de Santos (SP) possui a vantagem de ser o maior porto

brasileiro na movimentação de contêineres. Seu Hinterland compreende a região

com a maior concentração industrial do Brasil, no caso, o ABCD paulista e seu

Vorland é beneficiado por ser o único porto brasileiro a possuir todas as linhas

marítimas regulares do mundo. Sem contestar, o porto de Santos poderia vir a se

tornar o primeiro porto concentrador do Brasil, se não fosse por seu Umland.

Visto que os navios de grande porte necessitam de uma profundidade de no

mínino 15,5 metros, Santos tem a desvantagem de dispor de uma profundidade

máxima de apenas 13,10 metros.

Neste sentido, mesmo dispondo de um Hinterland e Vorland positivos, não

possui uma das características mais importantes para o recebimento dos grandes

navios. Desta forma, deverá concluir os projetos já existentes de aprofundamento do

canal para que se torne um porto concentrador brasileiro.

O porto de Itaguaí (RJ) possui 70% do PIB brasileiro em um raio de pouco

mais de 500 km. É beneficiado pelo seu Hinterland, porém pode ser prejudicado pela

proximidade com o Porto de Santos (SP), visto que em termos de Vorland, Santos

oferece mais rotas de navegação.

Apresenta um Umland satisfatório, já que sua profundidade média é de 22

metros, porém como possui problemas de acesso, deve resolvê-los para tornar-se o

porto concentrador brasileiro.

O porto de Paranaguá (PR) por ser localizado entre os portos de Santos (SP)

e Rio Grande (RS) tem o seu Hinterland prejudicado. Por não dispor de um bom

Vorland e nem de um Umland satisfatório, visto que sua profundidade máxima é de

13 metros, a princípio, não poderia ser considerado o porto concentrador brasileiro.

O porto de Rio Grande (RS) possui um Hinterland que o torna o porto mais

meridional do Brasil. Tem como desvantagem seu Vorland, pois em decorrência de

seu Hinterland é prejudicado por não possuir grandes rotas marítimas de navegação.

Page 75: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

74

Todavia, poderia vir a se tornar o porto concentrador do Mercosul, eis que possui um

Umland satisfatório para receber navios de grande porte e abrange uma vasta área

da América do Sul.

O porto de Suape (PE), por possuir características naturais para receber

navios de grande porte e pela proximidade com os maiores portos do mundo,

entende-se que, apresenta todas as características para ser considerado o porto

concentrador de cargas do Brasil.

Para chegar a esta interpretação, além da análise do Hinterland, Vorland e

Umland, foi considerado também uma pesquisa realizada pela Universidade Federal

do Rio de Janeiro (PORTOS S.A., 2009, p. 18), na qual foi divulgado o ranking dos

melhores portos do Brasil, levando-se em conta o excesso de burocracia, falta de

investimentos, custo de mão-de-obra, ineficiência e carência de linhas.

O resultado da pesquisa foi: Porto de Suape (PE) com a nota de 8,3 e

considerado como excelente; Porto de Rio Grande (RS) com nota de 7,1 e

considerado bom; Porto de Paranaguá (PR) e Itaguaí (RJ) com notas 6,4 e 6,2

respectivamente e considerados regular; e o Porto de Santos (SP) com uma nota de

5,7 e considerado ruim.

Neste contexto, observou-se que mesmo que alguns portos brasileiros se

autodenominem hub ports, portos concentradores, atualmente, no Brasil, apenas o

Porto de Suape (PE) possui condições de ser classificado como tal, visto que é o

único que atende, satisfatoriamente, os três requisitos básicos doutrinários para

tanto.

Política, desejo e autodenominação não são capazes de constituir um porto

concentrador. Para tanto, a análise das características essenciais do Hinterland,

Vorland e Umland são primordiais. Quanto menor a satisfação de alguma destas,

mais distante o porto estará de assumir um posto de concentrador de carga.

A necessidade da caracterização e utilização de um porto concentrador no

Brasil é o próximo passo para o desenvolvimento portuário e marítimo de um país

que quer se mostrar presente no comércio exterior. Todavia, ainda restará vencer as

problemáticas da navegação de cabotagem, muito pouco utilizada e bastante

prejudicada pela política protecionista brasileira.

De nada adiantará um porto concentrador com uma gigantesca capacidade

de operação de carga sem uma navegação de cabotagem apta a distribuí-la nos

portos feeders e fazer com que as mercadorias atinjam seus destinos com o menor

Page 76: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

75

custo possível. Deve, o Brasil, olhar não só para o desenvolvimento portuário, pois

portos modernos, seguros e representativos sem a navegação de longo curso e

cabotagem é um desperdício de tecnologia, para não se falar em dinheiro.

Enquanto isso, voltam-se os olhos para o Porto de Suape (PE), até então, o

único porto brasileiro capaz de ser considerado um hub port.

Page 77: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

76

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O marco inicial da atividade portuária no Brasil remonta ao ano de 1808, visto

esse fato, nota-se que está ainda em processo de crescimento se comparado a

portos mais antigos, como por exemplo, Rotterdam na Europa.

Apesar da atividade potuária brasileira já ter apresentado uma evolução

significativa se levado em consideração o modelo portuário da era pré-industrial,

esta atividade está ainda defasada e necessita atualizar-se se quiser se tornar

competitiva perante a navegação internacional.

Conforme demonstrado no capítulo 1, o segundo marco da atividade portuária

brasileira remonta ao ano de 1993, com a promulgação da Lei nº 8.630 ou Lei de

Modernização dos Portos, servindo como instrumento legal a fim de regulamentar o

setor portuário. Com a criação desta lei, surgiram também alguns personagens como

a administração do porto; o Conselho de Autoridade Portuária (CAP); o operador

portuário; o Órgão Gestor de Mão-de-Obra (OGMO); e o Grupo Executivo para

Modernização dos Portos (GEMPO).

Todos estes personagens contribuíram de alguma forma para o

melhoramento portuário brasileiro, pois visto que o porto é um dos responsáveis pelo

crescimento da economia de um país, deve dispor de condições para acompanhar

as tendências marítimas mundiais.

Neste sentido, o capítulo 2 estudou as características de 5 portos, em

decorrência da sua representatividade no Brasil e no cenário internacional, sendo o

porto de Santos (SP), porto de Itaguaí (RJ), Rio Grande (RS), Paranaguá (PR) e

Suape (PE).

Foi apresentado a história de cada porto, sua estrutura, localização

geográfica, movimentação e projetos de expansão a fim de demonstrar sua

importância na atividade portuária brasileira.

Logo após, no capítulo 3, tem-se a constatação de que com o advento da

conteinerização e o aumento da capacidade dos navios, os portos tiveram que se

adaptar às novas exigências mundiais como aumentar sua profundidade e dispor de

equipamentos específicos para os grandes navios.

Foi perante esta necessidade que surgiu a idéia de um porto capaz de

concentrar cargas tanto próprias, quanto de portos menores, ou seja, portos feeders.

Page 78: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

77

Assim, as rotas marítimas poderiam ser concentradas em portos específicos, tendo a

vantagem da diminuição do transit time entre os portos e também nos custos entre

as operações.

Neste contexto, procurou-se analisar os portos de Santos (SP), Itaguaí (RJ),

Paranaguá (PR), Rio Grande (RS) e Suape (PE) para identificar qual desses cinco

portos atenderiam de forma satisfatória às três características primordiais para um

porto ser considerado concentrador de carga, ou seja, possuir um Hinterland,

Vorland e Umland que atendessem a contento.

Percebeu-se que dentre todos os portos estudados, e levando-se em

consideração as particularidades de cada um, apenas Suape no Estado de

Pernambuco, poderia ser considerado o porto concentrador brasileiro.

Porém, além de possuir as características imprecíndiveis de um porto

concentrador, para obter uma maior eficiência e rapidez, o porto deve contar com

boas conexões internas, seja via rodoviária, ferroviária, dutoviária, aeroviária e

aquaviária.

Sendo assim, para amparar a atividade portuária deve-se investir cada vez

mais na infra-estrutura interna do Brasil, visto que, daqui alguns anos, quando novos

portos surgirem e partindo do pressuporto que sejam criados baseados no conceito

de concentradores de carga, as áreas de acesso ao porto serão extretamente

importantes para não dizer imprecindíveis na inserção do Brasil como um país de

destaque na navegação marítima internacional.

Page 79: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

78

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ANEXO A – PORTO DE SANTOS (SP)

Fonte: Berger;Berger (2006, p. 194).

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ANEXO B – PORTO DE PARANAGUÁ (PR)

Fonte: Berger;Berger (2006, p. 214).

Page 85: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

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ANEXO C – PORTO DE RIO GRANDE (RS) – PORTO VELHO

Fonte: Berger;Berger (2006, p. 270).

Page 86: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

85

ANEXO D – PORTO DE RIO GRANDE (RS) – PORTO NOVO

Fonte: Berger;Berger (2006, p. 271).

Page 87: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

86

ANEXO E – PORTO DE RIO GRANDE (RS) – SUPERPORTO

Fonte: Berger;Berger (2006, p. 272).

Page 88: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

87

ANEXO F – PORTO DE SUAPE (PE)

Fonte: Berger;Berger (2006, p. 104).

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88

ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS

Nome do estagiário Fayana Rizzi Isotton

Orientador de conteúdo Prof. Bruno Tussi LL.M. (IMLI)

Responsável pelo Estágio Profª. Natalí Nascimeto

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89

DECLARAÇÃO

Declaro para os devidos fins de direito que assumo total

responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente

trabalho, estando ciente do disposto na Lei nº9610 de 18/02/1998,

isentando a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a

Coordenação de Estágio Supervisionado de Comércio Exterior, a

Banca Examinadora e o Orientador de Estágio de toda e qualquer

responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí/SC, 11 de Maio de 2009.

Nome do Aluno: Fayana Rizzi Isotton

Assinatura:

___________________________________________________

(firma reconhecida em cartório)

Entregar separadamente esta

declaração com firma reconhecida

em cartório.

Page 91: Monografia A ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA E A

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