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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA – FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
THIAGO VELOSO SANTOS GOUVEIA
INDENIZAÇÃO POR ABANDONO AFETIVO EM FACE DOS FILHOS: O VALOR
DO AFETO
CABEDELO – PB 2017
THIAGO VELOSO SANTOS GOUVEIA
INDENIZAÇÃO POR ABANDONO AFETIVO EM FACE DOS FILHOS: O VALOR
DO AFETO
Trabalho de Conclusão de Curso em forma de Artigo Científico apresentado à Coordenação do Curso de Bacharelado em Direito, pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito. Área: Direito Civil Orientador: Profº. Esp. Ricardo Berilo Bezerra Borba
CABEDELO – PB
2017
G719i Gouveia, Thiago Veloso Santos.
Indenização por abandono afetivo em face dos filhos: o valor do afeto / Thiago Veloso Santos Gouveia. – Cabedelo, 2017.
25f
Orientador: Profº Esp. Ricardo Berilo Bezerra Borba. Artigo Científico (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino
Superior da Paraiba.
1. Direito de Família. 2. Afeto. 3. Indenização. 4. Abandono Afetivo em Face dos Filhos. I. Título.
BC/Fesp CDU: 342.16
A reprodução total ou parcial deste documento só será permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos desde que seja referenciado, autor, titulo instituição, e ano de sua
publicação.
THIAGO VELOSO SANTOS GOUVEIA
INDENIZAÇÃO POR ABANDONO AFETIVO EM FACE DOS FILHOS: O VALOR
DO AFETO
Artigo Científico apresentado à Banca Examinadora de Artigos Científicos da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP, como exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.
APROVADO EM _____/________2017
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________ Profº Esp. Ricardo Berilo Bezerra Borba
ORIENTADOR - FESP
_____________________________________________
Prof ª. Esp. Luciana de Albuquerque Cavalcanti Brito MEMBRO - FESP
_____________________________________________ Profº M.e Rafael Pontes Vital
MEMBRO - FESP
AGRADECIMENTOS
Agradeço imensamente a Deus por ter me escutado, carregado e dado forças
até esse momento, com sua sabedoria e luz.
Agradeço a Nossa Senhora, mãe de Deus, por ter me oferecido seu manto
em todos os momentos.
Agradeço ao meu pai, Milton (in memorian), que sempre sonhou em me ver
formado e nunca deixou de me incentivar para a vida acadêmica, sei que o céu
ficará em festa com esse momento.
A minha mãe, Mirtes, que se não fosse por ela, possivelmente já teria
desistido do curso, pois se fez presente nas minhas piores horas financeiras e me
fez levantar inúmeras vezes.
Aos meus filhos, Thawane, Ana Beatriz e Milton Neto, que são as forças que
me fizerem abdicar deles próprios por vezes para este pai aqui retribuir e oferecer
uma vida melhor em breve.
A minha digníssima esposa, Liz, que me fez ser um homem melhor com seus
conselhos, sua dedicação, seu amor e companheirismo. Logo estaremos juntos
também no dia a dia de nossa formação.
A minha tia madrinha, Luza, que sempre foi outra incentivadora e me ajudou
muito desde o dia que meu pai nos deixou.
Ao meu orientador, Professor Berilo, que com muita simplicidade e
cordialidade me ajudou e tornou este trabalho menos difícil.
Ao meu irmão, Felipe, onde mesmo sendo mais novo, tem um grande controle
das coisas e me aconselha sempre para o bem.
A todos meus familiares, que sempre me apoiaram e torceram em toda minha
vida.
A todos meus amigos, em especial a Diogo, Diego, Gustavo e Rafael, que até
o final desta vida e independente da situação, irão me apoiar.
A professora Socorro Menezes que desde o começo nos ensina acerca das
normas da ABNT com muita maestria.
Aos funcionários e todos os professores da Fesp, que após 5 (cinco) anos,
deixarão saudades.
A todos que de alguma forma colaboraram e torceram para que esse trabalho
fosse concretizado.
FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP
Biblioteca FESP Faculdades
Termo de Autorização de Depósito e Publicação Eletrônica no Repositório
Institucional FESP Faculdades
Eu, THIAGO VELOSO SANTOS GOUVEIA, brasileiro, casado, residente e
domiciliado na Avenida Guarabira, 130, apt. 204, na cidade de João Pessoa, PB,
portador do documento de Identidade: 2663732 – SSP/PB, CPF: 047.715.804-80, na
qualidade de titular dos direitos morais e patrimoniais de autora da obra sob o título:
“INDENIZAÇAO POR ABANDONO AFETIVO EM FACE DOS FILHOS: O VALOR
DO AFETO”, sob a forma de ARTIGO, apresentada na FACULDADE DE ENSINO
SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP, em 17/11/2017, com base no disposto na Lei
Federal n. 9.160, de 19 de Fevereiro de 1998:
AUTORIZO, a Biblioteca da FESP Faculdades a disponibilizar gratuitamente sem
ressarcimento dos direitos autorais, a obra acima citada em meio eletrônico, no
Repositório Institucional que fica situado no portal da FESP situado na Rede
Mundial de Computadores, em formato PDF, para fins de leitura, impressão e/ou
download, a título de divulgação da produção científica gerada pela aqui na
instituição.
Cabedelo, PB, 17 de novembro de 2017
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 06
2 NOÇÕES SOBRE FAMÍLIA ............................................................................. 07
2.1 PROTEÇÃO E PODER FAMILIAR ................................................................... 09
2.2 PRINCÍPIOS NO DIREITO DE FAMÍLIA .......................................................... 11
3 RESPONSABILIDADE CIVIL ........................................................................... 14
4 INDENIZAÇÕES POR ABANDONO AFETIVO: ELEMENTOS NECESSÁRIOS
E ENTENDIMENTO DA JURISPRUDÊNCIA ................................................... 17
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 22
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 23
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INDENIZAÇÃO POR ABANDONO AFETIVO EM FACE DOS FILHOS: O VALOR DO AFETO
THIAGO VELOSO SANTOS GOUVEIA * RICARDO BERILO BEZERRA BORBA **
RESUMO
Este estudo teve por fim verificar a responsabilidade civil no direito de família, especificando a relação de afeto familiar, com o intuito de verificar a possibilidade de indenização por abandono afetivo, embora não se possa mensurar o valor do afeto ou da ausência dele. O direito de família se norteia pelo princípio da afetividade, dentre tantos outros, assim como pelo da dignidade da pessoa humana. Isso faz com que este ramo proteja o afeto e a dignidade, que devem ser observados a todo tempo, sem ressalvas. A falta de afeto, assim, poderia ser considerada como um ato ilícito, e se preenchendo a relação de causalidade com o dano gerado, poderia se ter a responsabilização do agente que abandona o filho, necessitando ser analisada a questão do elemento anímico, dolo ou culpa. Para realizar este estudo, a metodologia usada foi a qualitativa e método dedutivo, também se utilizando para a fundamentação a revisão de bibliografia e legislação, abordando jurisprudências sobre o assunto. Conclui-se, ao fim, pela possibilidade da responsabilização, desde que satisfeitos os requisitos.
PALAVRAS-CHAVE: Direito de Família. Afeto. Indenização. Abandono Afetivo em Face dos Filhos.
1 INTRODUÇÃO
O afeto está diretamente ligado à emoção, e determina o modo de
visualização e percepção de ver o mundo, de forma interna e externa do indivíduo.
Todos os fatos e acontecimentos ocorridos na infância ou adolescência de uma
pessoa podem trazer reflexos para toda a vida, e para que esse desenvolvimento
não seja afetado se faz necessário o efetivo acompanhamento familiar, qualquer que
seja o grau de relacionamento dos pais, se casados ou separados, sempre em
busca do melhor para os filhos.
Por sua vez, essa convivência familiar se mostra como algo essencial, mas
que na prática, infelizmente, nem sempre é o que acontece. Nesse contexto, o
abandono afetivo surge como forma de desamor, e que vem sofrendo mudanças
* Aluno concluinte do Curso de Bacharelado em Direito da FESP Faculdade, semestre 2017.2. E-mail: [email protected]. **Especialista em Direito Processual Civil, Advogado, Professor da Fesp Faculdades, atuou como orientador desse TCC. E-mail: [email protected]
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significativas no que diz respeito no âmbito histórico, familiar e sua legislação desde
seu surgimento.
Um dos principais fatores é o surgimento de novas formações nas famílias
brasileiras, com diversos moldes, e cada vez mais ocorre o afastamento dos pais por
constituir essas novas famílias, ou às vezes por terem que trabalhar cada vez mais,
acabando por tirar do filho uma vida social, material e até espiritual dentro do seio
familiar.
Evidenciamos uma discussão sobre essas mudanças desde o contexto
histórico até os dias atuais, onde ainda é questionável perante os tribunais um
entendimento doutrinário deste tão importante assunto. Fica então que o termo
abandono afetivo não quer dizer somente ao afeto dispensado aos filhos, e sim, ao
dever moral, orientação e educação, necessidades, cuidado e sustento que os pais
devem proporcionar aos seus filhos, no qual eles esperam e têm direito de receber
integralmente.
Neste cenário, e sem uma legislação especifica acerca do tema, visto os
requisitos históricos e doutrinários que abordam, mesmo que na tangente o tema, se
faz necessário um amplo estudo e reflexão para se quantificar quanto vale ou não, o
valor do afeto.
Nesta pesquisa, foi usado como metodologia o estudo da bibliografia e das
decisões dos tribunais que tratam do assunto, pois não há lei específica dispondo
sobre isso, sendo que o suo da pesquisa de revisão de bibliografia foi bastante
aplicada, com uso do método qualitativo e abordagem dedutiva.
2 NOÇÕES SOBRE FAMÍLIA
O conceito de família, inclusive no que tange aos direitos e deveres que estão
neste ramo, é um tema bastante amplo, onde existem diversas variações entre a
evolução histórica e a sociedade atual, assim como em relação às suas mudanças.
A família pode ser a união de várias pessoas, uma entidade familiar, dentro de um
mesmo círculo ou apenas pelo vínculo sanguíneo e afetivo fora dele, ou seja,
geralmente com pais separados.
Existem outros tipos de famílias atualmente em nosso ordenamento jurídico,
havendo o modelo plural, fazendo com que cada vez mais a entidade familiar
tradicional, formada de pais e filhos biológicos, vá se extinguindo aos poucos, dando
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lugar ao afeto, e mesmo diante de todas estas adversidades, o afeto deverá sempre
prevalecer.
Nesse sentido, em relação ao afeto, são as considerações feitas por Calderón
(2013, p. 11):
[...] a afetividade passa a ser o elemento presente em diversas relações familiares contemporâneas, sendo cada vez mais percebida tanto pelo direito como pelas outras ciências humanas. Mesmo sem regulação expressa, a sociedade adotou o vínculo afetivo como relevante no trato relativo aos relacionamentos familiares. Assim, na medida em que se alteram suas características centrais, se alteram também seus desafios, haverá novos percalços a enfrentar. A ampla liberdade, igualdade e diversidade, além de seus aspectos positivos, vêm acompanhadas de uma constante instabilidade 4 nos relacionamentos. Separações, desuniões, novos compromissos, combinações e recombinações das mais diversas ordens passam a se disseminar com naturalidade impar, apresentando desafios para os quais o direito nem sempre possui previsão legislativa.
Acerca do conceito de família, assim como outros institutos do direito este
sofreu algumas mudanças através do tempo, sendo influenciado pela cultura e
tradição social, sendo que até antes da Constituição Federal de 1988, a família
possuía uma concepção restritiva, considerando-se como família apenas a união de
um homem e uma mulher, interligados estes em razão do patrimônio e dos filhos.
Este conceito, trazido pelo Código Civil de 1916, possuía uma conotação restritiva e
discriminatória.
No entanto, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, surgiram
novas concepções, uma delas o princípio da dignidade da pessoa humana como
norteador do Estado de direito, de tal forma que este princípio fundamental acaba
por interferir em todos os institutos jurídicos vigentes, inclusive na conceituação de
família e suas nuances.
Família, assim, passou a possuir uma conotação, sobretudo fática, ao invés
do dogma jurídico e tradicional existente, passando a ser considerada a sua base
não a lei, mas sim o amor, o afeto, a lealdade, dentre outros. Isto se explica pelo fato
de que a lei não foi capaz de prever todas as formas de constituição de família. O
afeto, assim, toma proporções maiores.
O conceito de família na atualidade continua a passar por inúmeras
transformações, e estas, por sua vez, acabam refletindo no que dispõe a lei, haja
vista que “ubi homo, ibi societas; ubi societas, ibi jus” que significa dizer que “onde
está o homem, está a sociedade, e onde está a sociedade está o direito”, devendo o
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direito se servir para acompanhar os fatos sociais. O art. 226, caput, da Constituição
Federal de 1988 dispõe que a família é a base da sociedade, tendo especial
proteção do Estado, dizendo: “Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial
proteção do Estado” (BRASIL, 1988).
2.1 PROTEÇÃO E PODER FAMILIAR
Mesmo que as leis não comunguem sobre os vínculos afetivos, elas se
baseiam no poder familiar e na sua convivência, protegendo os filhos com a
responsabilidade dos pais, que cabe a estes o direito de companhia e assistência
moral e material aos filhos e também o dever de concretizar os demais direitos dos
filhos.
A assistência material é a vestimenta usada, a comida sem a qual não se
vive, a pensão não concedida por uma parte, entre outros, e a assistência imaterial é
a moral é a relação psicológica, social e mental para o crescimento da criança. Não
necessariamente uma criança precisa mais dos recursos materiais do que dos
morais ou o contrário, pois ambos apresentam alto grau de necessidade para a
criança ou até mesmo do ser humano, pois se já é difícil viver sem um, imagine-se
no que afeta a cabeça e o corpo, principalmente numa mente em construção
constante.
Os pais são exemplos para os filhos, e notoriamente possuem o encargo de
contribuir para o desenvolvimento da personalidade da criança, controlando seus
impulsos e adequando os seus comportamentos, e no caso de haver a ausência,
muitas vezes isto pode acarretar mudança na personalidade e demais prejuízos para
ela.
É fato sabido que a figura dos pais é a principal responsável por transmitir
esses limites à criança, por ensinar a diferença entre o que é certo ou errado,
introduzindo a criança de forma efetiva na sociedade e construindo um ser humano
íntegro. A criança abandonada, comprovado por estudos psiquiátricos e
psicológicos, pode apresentar deficiências no seu comportamento social e mental
para o resto da vida.
A dor da criança que esperava por um sentimento de amor ou atenção, pode
gerar distúrbios de comportamento, de relacionamento social, problemas escolares,
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depressão, tristeza, baixa autoestima, inclusive problemas de saúde, entre outros
prejuízos.
De acordo com Charles (2015, p. 61), pesquisas no campo da psicologia e
neurociência feitas por Ronald Rohner da Universidade de Connecticut (EUA)
afirmam que “nenhum outro tipo de experiência gera um efeito tão devastador e
consistente sobre a personalidade e seu desenvolvimento como a experiência da
rejeição, especialmente pelos pais, na infância”.
É importante contextualizar que essa a omissão afetiva pode se tornar uma
negligência, caracterizando o abandono, e não se fala somente no abandono do
âmbito familiar, ou seja, os pais se divorciarem, pois o principal e fundamental,
separados estejam ou não, é acompanhar fielmente o crescimento e a construção
da identidade da criança, sendo que os pais são, acima de tudo, os primeiros
objetos de amor e onde o formato humano e social da criança tende a se
desenvolver.
Assim, ambos os pais, casados ou não, tem semelhante função na educação
dos filhos, desaparecendo a autoridade de um somente, possuindo uma obrigação
solidária em relação ao filho. A família deve sempre preservar um vínculo de afeto,
de mútua compreensão e cooperação, inclusive para com o filho.
O laço de afetividade é tão forte que trouxe a figura da paternidade
socioafetiva para o nosso ordenamento jurídico, esta que ganha corpo no seio de
nossa sociedade, com respaldo doutrinário e jurisprudencial. Lembre-se do que diz o
artigo 1.593, do Código Civil brasileiro, nestes termos “Art. 1.593. O parentesco é
natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem” (BRASIL,
2002).
Por esta razão:
Os suportes familiares são os alicerces ao desenvolvimento pleno da personalidade dos indivíduos, mantendo-os infensos a perturbações mentais e a conflitos neuróticos que possam surgir de atitudes prejudiciais dos pais para com os filhos (indecisão, rejeição, abandono, indiferença). Todavia, opondo-se a referidas atitudes consideradas maléficas, têm-se o afeto e o amor como formas de garantir um desenvolvimento pleno e digno às crianças e aos adolescentes. Na verdade, é incontroverso que o pleno desenvolvimento da personalidade como expressão da dignidade humana não pode deixar de ser protegido pelo Direito, mostrando-se oportuno o manejo do instrumento jurídico da tutela inibitória, pouco utilizado, como forma de impedir os atos reiterados de omissão, humilhação e desprezo por parte do genitor, quando ainda não configurada a lesão à personalidade da criança e do adolescente (ARAÚJO, 2015, p. 118)
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Assim, se vê que a base do desenvolvimento das crianças e adolescentes
pode ser encontrada na convivência familiar, pois é com estes que passa mais
tempo em sua vida e de onde tiram o espelho de sua personalidade, sendo a sua
personalidade formada com influência primordial da sociedade e da família,
principalmente destes últimos.
2.2 PRINCÍPIOS NO DIREITO DE FAMÍLIA
É de suma importância fundamentar que a atual carta magna nos trouxe
conceitos que são importantes no âmbito do direito familiar, protegendo não
somente a família fundada no casamento, mas também a união estável, a família
natural e a adotiva, além da igualdade dos filhos e a igualdade constitucional do
marido e da mulher.
Alguns destes conceitos levaram a aprovação do atual Código Civil, que com
base nos fundamento constitucionais ampliou as normas do direito de família,
regulamentando a união estável, reafirmando a igualdade entre os filhos, atenuando
o principio da imutabilidade do regime de bens, limitando o parentesco até o quarto
grau, trazendo uma nova disciplina ao instituto da adoção, regulando a dissolução
da sociedade conjugal, disciplinando a prestação de alimentos entre outras matérias
abordadas.
A Constituição de 1988 trouxe mudanças significativas no planejamento e
assistência a família, mesmo nossa sociedade vivendo em consoante e constante
metamorfose, o que também sobrecai e afeta nosso direitos. Assim novos temas
surgem para desafiar e dar luz ao legislador. Portanto o Direito de Família com
essas alterações em seu ordenamento jurídico trabalha constantemente para
acompanhar e atualizar a mudança dos valores e dos costumes, equiparando a
realidade social, atendendo as necessidades dos filhos e a afeição entre cônjuges e
companheiros.
Com esse crescimento maciço no âmbito do direito de família, alguns
princípios se consagraram como sendo fundamentais e nos direciona de forma
positiva a criar base para as decisões e interpretações no ordenamento jurídico
pátrio.
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O princípio da igualdade jurídica dos filhos: o artigo 227, § 6º, da Constituição
Federal diz que “os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação” (BRASIL, 1988). Assim atualmente não existe
nenhuma distinção entre a filiação independentemente se havidos ou não no
casamento, se biológicos ou adotados, todos são filhos e tem os mesmos direitos.
Quanto ao princípio da dignidade da pessoa humana, se vê que este princípio
é a base de proteção e valorização do ser para todo estado democrático, sendo
considerado um superprincípio, a constituição de 1988 o consagrou logo em seu
artigo 1º, III. A qualidade de ser humano nos faz detentores de respeito por parte do
Estado e da sociedade sendo garantidos os direitos fundamentas.
Trata-se, portanto no direito de família da garantia do desenvolvimento de
todos os seus membros. O princípio da dignidade da pessoa humana é um
fundamento da República Federativa do Brasil, e dá legitimidade à ordem
constitucional, conforme o disposto no art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de
1988. Sendo as pessoas humanas os elementos que compõem a sociedade, para
estas é voltada a atuação do Estado.
O direito à dignidade abrange o direito à existência digna e pautada no
respeito, conglobando, inclusive a proteção da sua integridade física e corporal. A
observância ao princípio da dignidade da pessoa humana possui eficácia horizontal
e vertical, haja vista que, ao passo que aos particulares é o devido o tratamento
digno recíproco, também se impõe ao Estado, aos seus representantes e ao
legislador a sua observância, sendo que a este último cabe a instituição de normas
jurídicas em consonância com o princípio em questão, de modo a gerar deveres de
respeito e abstenção e, sobretudo, a realização de condutas positivas, com o fito de
efetivamente conceder dignidade ao indivíduo.
Na atividade interpretativa, o operador do direito deve analisar as regras
infraconstitucionais em harmonia com o sistema jurídico como um todo, utilizando-
se, assim, do método sistemático de interpretação legal e na interpretação conforme
a Constituição. Ao aplicador da norma infraconstitucional é devido, quando da
pluralidade de normas aplicáveis em um dado caso concreto, aplicar a que tenha a
melhor compatibilidade com a Constituição e que guarde observância com seu
conteúdo.
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Princípio da paternidade responsável e planejamento familiar: paternidade
responsável é de geral interesse, Estado, sociedade e principalmente os pais deve
ter o devido cuidado e combater a falta de amparo. Tal responsabilidade e de ambos
os cônjuges, companheiros ou genitor, pois deve a família, a sociedade e o Estado
garantir a criança e ao adolescente à convivência familiar, proibindo qualquer
discriminação com relação a filiação. Assim a responsabilidade dos pais está
também em um planejamento familiar adequado, garantindo assim melhores
condições para o desenvolvimento dos filhos.
Em relação ao princípio da afetividade, se vê que no direito de família
moderno o princípio da afetividade tem ganhado força e reconhecimento, mesmo
não estando previsto expressamente na legislação, a doutrina e a jurisprudência tem
se empenhado em tratá-lo como verdadeiro princípio do ordenamento jurídico, pois
as relações familiares estão cada vez mais baseadas no afeto.
Nesse aspecto, houve um posicionamento do Superior Tribunal de Justiça
clareou muitas das dúvidas em relação à aplicabilidade do princípio da afetividade
nos casos de abandono afetivo ao aplicá-lo de forma objetiva ao caso concreto,
“Aqui não se fala ou se discute o amar e, sim, a imposição biológica e legal de
cuidar, que é dever jurídico, corolário da liberdade das pessoas de gerarem ou
adotarem filhos”, declarou a ministra Nancy Andrighi, da 3ª Turma do Superior
Tribunal de Justiça em um julgamento realizado acerca do tema (CONSULTOR...,
2012, [s./p.]).
Sobre isso escreve Diniz (2012, p.39):
Na realidade tal não ocorre, a tão falada crise e mais aparente que real. O que realmente acorre é uma mudança nos conceitos básicos, imprimindo uma feição moderna à família mudanças estas que atende as exigências da época atual, indubitavelmente diferente das de outrora, revelando a necessidade de um questionamento e de uma abertura para pensar e repensar todos os esses efeitos.
Assim, a afetividade é um princípio de grande importância nas relações
jurídicas de direito de família, sendo diverso do amor, pois o direito não pode obrigar
as pessoas a amarem, mas pode impor o dever de cuidado e cautela, pois a
liberdade dos indivíduos permite que estes não amem, mas não pode a liberdade
servir como base para a ausência de cuidado imaterial.
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3 RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil considerada em seu sentido amplo é tido como o
dever que surge para um transgressor da lei em se reparar um dano, obrigação esta
que é incumbida para a parte que o causa a outrem, quando estiverem presentes
concomitantemente os requisitos que configuram esta obrigação, com o objetivo de
que, com isso, seja possível voltar o equilíbrio existente no status quo ante que foi
violado.
Denominando a responsabilidade civil em um aspecto meramente
patrimonial, podemos dizer que a responsabilidade civil é a obrigação de se reparar
danos patrimoniais e não-patrimoniais, culminando na indenização. Entende-se, com
esta conceituação, que toda a atividade realizada que prejudicar a outrem criará
para o seu causador o dever de repará-lo.
Para Araújo (2015, p. 114):
É tema recorrente nos compêndios jurídicos a tríade que configura a responsabilidade civil: a) conduta humana: que pode ser comissiva ou omissiva sempre voltada a uma finalidade específica; b) o dano: violação a um interesse juridicamente tutelado, seja de natureza patrimonial, seja extrapatrimonial (violação a um direito da personalidade); c) nexo de causalidade: liame necessário entre a conduta humana e o dano. Além dos três elementos acima descritos, configuradores da responsabilidade civil em qualquer de suas modalidades, é imprescindível, ainda, não se esquecer do elemento anímico, a culpa, de caráter eventual, compreendido como a violação de um dever jurídico preexistente.
Assim, o dever de reparar integralmente os danos decorrentes da prática de
um ato ilícito é o que se denomina por responsabilidade civil, e para Venosa (2013,
p. 5) “A responsabilidade, em sentido amplo, encerra a noção pela qual se atribui a
um sujeito o dever de assumir as consequências de um evento ou de uma ação”.
Gonçalves (2013, p. 55), tratando a responsabilidade, por sua vez, diz que “A
obrigação de indenizar decorre, pois, da existência da violação de direito e do dano,
concomitantemente”.
Por esta razão, o dano indenizável, para se caracterizar, requer que haja a
conjugação de alguns pressupostos, que são a prática de uma conduta, esta
podendo ser comissiva ou omissiva, por parte do agente violador, a superveniência
de um resultado negativo para outrem, suportado pela vítima, e sendo por fim
necessária a existência de um nexo causal, este que é a essencial relação de causa
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e feito entre o ato que foi praticado e o prejuízo que foi suportado, sendo necessária
a presença de culpa lato sensu, sendo que esta somente será analisada nos casos
de responsabilidade subjetiva.
Contudo, há algumas excludentes do dever de indenizar, estas que por sua
natureza afastam a responsabilização por ato ilícito prejudicial. Excetuadas as
excludentes de responsabilidade civil, o art. 186 do Código Civil dispõe que “Aquele
que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” (BRASIL,
2002). Também o art. 927 dispõe que “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo” (BRASIL, 2002).
Nesse passo, estando presentes simultaneamente os requisitos que são
exigidos pela lei, surgirá para aquele que for o responsável o dever de indenizar
aquele que for o lesado, sendo que este dever é decorrente da violação de um
direito, seja ele objetivo ou subjetivo e pertencente a um sujeito, sendo os danos que
são causados denominados de danos materiais ou de danos morais,
respectivamente.
Analisando todas as noções gerais acerca da responsabilidade civil, vê-se
que há a ampla possibilidade de reparação ressarcitória em decorrência da violação
de direitos subjetivos, que são imateriais, e por sua vez diferentes de um dano
apenas material, pois em análise do conteúdo da legislação de direito privado,
observa-se que, seguindo a ideologia da Constituição Federal republicana, de 1988,
o Código Civil dispôs diretamente sobre o dano moral.
Nesse passo, a Constituição Federal, em seu art. 5º, ao elencar os direitos
fundamentais que são do indivíduo, tutelou alguns bens jurídicos que protegem a
esfera subjetiva e também extrapatrimonial da pessoa humana, como pode ser visto
da análise dos incisos V e X deste artigo 5º, de modo que estas disposições
assecuratórias corroboram com o princípio fundamental da dignidade da pessoa
humana, contido no art. 1º, inciso III, da Carta Magna, princípio já analisado neste
estudo.
Tratando do instituto do dano moral, Gonçalves (2013, p. 384) escreve que
“Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É
lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, a
intimidade, a imagem, o bom nome etc. [...]”. Logo, “Podemos defini-lo, de forma
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abrangente, como sendo uma agressão a um bem ou atributo da personalidade”.
(CAVALIERI FILHO, 2012, p. 90).
Por estas razões, temos que esta lesão aos bens extrapatrimoniais é
presumida quando da análise de um caso concreto, devendo ser suficientemente
grave e provado o dano para dar ensejo à reparação pecuniária pretendida.
Discorrendo acerca do dano moral e da sua limitação, Venosa (2013, p. 47), aduz
que:
Dano moral é o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da vítima. Sua atuação é dentro dos direitos da personalidade. Nesse campo, o prejuízo transita pelo imponderável, dai porque aumentam as dificuldades de se estabelecer a justa recompensa pelo dano. Em muitas situações, cuida-se de indenizar o inefável. Não é também qualquer dissabor comezinho da vida que pode acarretar a indenização. Aqui, também é importante o critério objetivo do homem médio, o bônus pacer familias: não se levará cm conta o psiquismo do homem excessivamente sensível, que se aborrece com fatos diuturnos da vida, nem o homem de pouca ou nenhuma sensibilidade, capaz de resistir sempre às rudezas do destino. Nesse campo, não há fórmulas seguras para auxiliar o juiz. Cabe ao magistrado sentir em cada caso o pulsar da sociedade que o cerca [...] (grifos acrescidos).
Desta maneira, podemos dizer, quanto ao dano mora e os fatores que o
causam, que:
Nessa linha de princípio, só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia a dia, no trabalho, no trânsito, entre os amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos (CAVALIERI FILHO, 2012, p. 93 (grifos acrescidos)).
O dano moral, assim, é um prejuízo reparável independentemente da
ocorrência de um dano de caráter material, sendo de característica fortemente mais
subjetiva, e
O dano é ainda considerado como moral quando os efeitos da ação, embora não repercutam na órbita de seu patrimônio material, originam angústia, dor, sofrimento, tristeza ou humilhação à vítima, trazendo-lhe sensações e emoções negativas. Neste último caso, diz-se necessário, outrossim, que o constrangimento, a tristeza, a humilhação, sejam intensos
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a ponto de poderem facilmente distinguir-se dos aborrecimentos e dissabores do dia-a-dia, situações comuns a que todos se sujeitam, como aspectos normais da vida cotidiana (PEREIRA, 2012, p. 8).
Por esta razão, a análise do caso concreto irá definir qual vai ser o parâmetro
para a arbitração do valor efetivo a ser pago como indenização, embora se
considere como imensurável objetivamente o prejuízo moral, não devendo ser tão
pequeno a ponto de não ser atendido o caráter de punição e o caráter de reparação,
nem podendo será arbitrado em valor tão alto a ponto de virar um enriquecimento
ilícito para a vítima do dano. Deve ser feito um juízo de proporcionalidade e
razoabilidade, pois como obtempera Venosa (2013, p. 50) “O montante da
indenização não pode nem ser caracterizado como esmola ou donativo, nem como
premiação”.
4 INDENIZAÇÕES POR ABANDONO AFETIVO: ELEMENTOS NECESSÁRIOS E
ENTENDIMENTOS DA JURISPRUDÊNCIA
Analisando os requisitos da responsabilidade civil, podemos aplicá-lo na
relação familiar, verificando a possibilidade de se aplicar este instituto nas relações
de direito de família. O intuito é analisar se a falta de afeto pode ser um ato ilícito
que pode ser indenizado, à luz do Código Civil e da Constituição Federal de 1988.
Assim, podemos tratar a ausência do afeto e assistência da seguinte maneira:
Historicamente, atribuiu-se aos pais autoridade suficiente para guiar e proteger os menores da família. Em virtude do papel desempenhado, é lógico que o caminho contrário trará prejuízos às necessidades dos filhos. Assim, a orientação dos pais representa diretrizes fundamentais na formação dos filhos. Por esses motivos, torna-se mais fácil identificar um indivíduo que cresceu sem o apoio, a cooperação, a dedicação e o amor comuns em uma família bem estruturada, principalmente pelo comportamento que a criança e/ou adolescente assume no meio social. Dessa forma, a assistência moral e afetiva representa importante valor para o adequado desenvolvimento do filho. Caso contrário, a sua ausência gera danos irreparáveis, capazes de comprometer toda existência do indivíduo (WEISHAUPT; SATORI, 2014, p. 20).
Assim, quanto à ausência, se vê que o pai na maioria das vezes não tem a
intenção de prejudicar os filhos, mas no entanto isso ocorre inevitavelmente, haja
vista a negligência e a omissão quanto ao afeto, pois mesmo que cumpra com a sua
obrigação alimentar, o afastamento afetivo também faz falta. Trabalhar demais,
mudar de cidade ou ter desarmonia na ruptura conjugal podem ser fatores que
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acabam gerando um maior distanciamento entre pais e filhos. Logo, se o próprio pai
que deu a vida para o filho não lhe dá carinho e afeto, a criança e o adolescente
podem sofrer com essa situação, causando danos que podem ser irreparáveis
(WEISHAUPT; SATORI, 2014).
Assim, uma indenização não tem a capacidade de trazer ou reparar o amor e
afeto perdidos, mas apenas tem função de punir e educar, inclusive os demais, para
que não se incorra nessa situação que prejudica o desenvolvimento do menor e do
adolescente. Assim:
A compensação pecuniária tem função punitiva e educativa, pois, já que o afeto não pode ser valorado pecuniariamente, esta conduta deve servir para demonstrar que a conduta do pai, ao negar afeto ao filho, está equivocada. A indenização tem por escopo uma finalidade reparatória e também educativa, pois visa à conscientização do genitor de que seu ato é um mal, moral e jurídico. Questiona-se: a indenização teria a função de trazer de volta ao filho o amor do pai? Nesse caso, tem-se como resposta que a indenização não traria de volta o amor do pai, mas seria uma forma de minimizar a dor, ajudando a preencher uma lacuna (WEISHAUPT; SATORI, 2014, p. 21).
No caso do abandono afetivo, deve ser analisada a responsabilidade civil
dentro dos requisitos que configuram este instituto de reparação, sendo que a ação,
no caso do abandono afetivo, deve ser uma conduta, normalmente omissiva,
praticada por um ou ambos os genitores em relação aos filhos menores, mas
também podendo ser por meio de uma conduta comissiva, havendo em ambas as
formas de conduta, seja omissiva ou comissiva, a ocorrência de desamparo afetivo
ferindo o aspecto moral e psíquico (ARAÚJO, 2015).
Essa situação vai de encontro ao disposto no art. 186 c/c com o art. 927,
caput, do Código Civil, no art. 229 da Constituição Federal e o art. 1.634, I, do
Código Civil, pois há a determinação de que os pais têm o dever de criar e educar os
filhos, de tal forma que a inobservância deste dever configura um ato ilícito, porque
fere esses preceitos. Essa situação gera um dano, que é considerado como
proveniente da conduta do abandono afetivo, prejudicando o desenvolvimento pleno
da personalidade da criança e do adolescente (ARAÚJO, 2015).
Nesse sentido, analisando a violação ao dever de cuidado, como faz o
abandono afetivo:
É cediço, à luz da psicologia e da psicanálise, que o abandono afetivo causa danos às estruturas psíquica e emocional das pessoas, notadamente
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quando se trata de crianças em fase de desenvolvimento. Esses danos estão, intrinsecamente, ligados aos Direitos da Personalidade e à proteção do Princípio Fundamental da Dignidade Humana. Há consenso doutrinário que, dentre os requisitos da responsabilidade civil, o nexo causal é o elemento mais difícil de ser aferido. Tal assertiva ganha maior proporção quando se trata de dano afetivo, isso porque o psiquismo recebe estímulos de toda parte, havendo, assim, uma dificuldade de se estabelecer que um determinado transtorno é decorrente de um fato específico. Quanto ao elemento anímico, ou seja, a culpa, considerando que, nas relações familiares, os protagonistas (pais e filhos) não estão no exercício de qualquer atividade que demande risco a outrem, pela própria natureza da relação, tem-se que, na imensa maioria das situações fáticas trazidas ao crivo do Estado Juiz, a prova da “culpa” é conditio sine qua non para a responsabilização civil. Os danos afetivos são essencialmente de ordem moral, não obstante possa englobar os danos patrimoniais, como medicamentos (antidepressivos e ansiolíticos), o custeio de tratamento psicológico e terapêutico da criança e do adolescente (ARAÚJO, 2015, p. 115).
Essa situação gera um ato ilícito que causa um dano imensurável. A
indenização por danos morais por abandono afetivo vem crescendo com a
Constituição Federal de 1988, e isso também ocorre no direito de família, sendo o
abandono afetivo um assunto tecnicamente recente, e por isso tem muitas
resistências em razão da indústria indenizatória. Os tribunais devem agir com base
em toda a prudência possível, havendo o bom senso para julgar cada caso concreto
com razoabilidade e proporcionalidade, sem criar uma indústria de dano moral
(WEISHAUPT; SATORI, 2014).
Em relação ao bem jurídico do abandono afetivo, temos que:
Não há dúvida de que, no abandono afetivo, o bem jurídico tutelado é a integridade psíquica e emocional do menor, bem como o pleno desenvolvimento de sua personalidade, livre de traumas e memórias inefáveis. A par da necessidade da constatação dos danos na personalidade, houve um progressivo desapego ao pensamento insular, já que as transformações ocorridas no seio da sociedade têm exigido soluções que já não podem ser dadas exclusivamente na dogmática jurídica (ARAÚJO, 2015, p. 117).
Logo, atendo-se a tudo isso, podemos dizer que a fixação do numerário de
caráter indenizatório deverá ser realizada por meio do arbitramento do magistrado,
tendo como parâmetros os artigos 944 a 954 do Código Civil, devendo analisar, para
tanto, a lesividade da agressão diante da modalidade da conduta, se omissiva ou
comissiva, analisando também o ânimo do agressor, se doloso ou culposo. Também
se faz necessário ver qual o impacto sofrido pela vítima e o seu nível, além, por fim,
da repercussão social do fato (ARAÚJO, 2015).
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A jurisprudência nos informa de maneira elucidativa, analisando os requisitos
da responsabilidade civil em um caso de abandono afetivo:
DIREITO CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ABANDONO AFETIVO PELO GENITOR. NEXO DE CAUSALIDADE. AUSÊNCIA. DANO MORAL. NÃO CONFIGURADO. 1. A RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL, DECORRENTE DA PRÁTICA ATO ILÍCITO, DEPENDE DA PRESENÇA DE TRÊS PRESSUPOSTOS ELEMENTARES: CONDUTA CULPOSA OU DOLOSA, DANO E NEXO DE CAUSALIDADE. 2. AUSENTE O NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A CONDUTA OMISSIVA DO GENITOR E O ABALO PSÍQUICO CAUSADO AO FILHO, NÃO HÁ QUE SE FALAR EM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, PORQUE NÃO RESTARAM VIOLADOS QUAISQUER DIREITOS DA PERSONALIDADE. 3. ADEMAIS, NÃO HÁ FALAR EM ABANDONO AFETIVO, POIS QUE IMPOSSÍVEL SE EXIGIR INDENIZAÇÃO DE QUEM NEM SEQUER SABIA QUE ERA PAI. 4. RECURSO IMPROVIDO (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Processo: APC 20090110466999 DF 0089809-1.2009.8.0.0001. Órgão Julgador: 3 Turma Cel. Publicação: Publicado no DJE em 16/0/2013. P.: 100. Julgamento: 3 de Julho de 2013. Relator: GETLIO DE MORAES OLIVEIRA). (BRASIL, 2013)
Também no mesmo sentido, analisando a possibilidade de ocorrência do
abandono afetivo à luz da responsabilidade civil, com foco na prova da conduta
como elemento primordial:
CIVIL E APELAÇÃO CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. INDENIZAÇÃO. ABANDONO AFETIVO PELO GENITOR. DEMONSTRAÇÃO DA CONFIGURAÇÃO DA CONDUTA E DO NEXO CAUSAL. NÃO COMPROVAÇÃO. ATO ILÍCITO. NÃO CONFIGURADOSENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. 1. Segundo dispõe os artigos 229 da Constituição Federal , 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente e 1.694 a 1.710 do Código Civil , é dever dos pais assistir, criar e educar os filhos menores, provendo o sustento, proporcionando recursos e meios para o seu desenvolvimento saudável. 2. Para que haja a configuração da responsabilidade civil trazendo consigo o dever de indenizar por abandono afetivo faz-se imprescindível a presença de alguns elementos como a conduta omissiva ou comissiva do genitor (ato ilícito), o trauma psicológico sofrido pelo filho (dano), e o nexo de causalidade entre o ato ilícito e o dano. Ressalta-se que além desses, é indispensável a prova do elemento volitivo, seja dolo ou culpa. 3. Quando não for possível aferir-se a efetiva ocorrência de abandono do genitor ou nexo de causalidade entre este e a patologia psíquica que acomete o autor, é incabível indenização por danos morais decorrentes de abandono afetivo. 4. Recurso conhecido e desprovido (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Processo: 2013011165390 0042053-0.2013.8.0.0001. Órgão Julgador: 6 TURMA CVEL. Publicação: Publicado DJE em 18/10/2016. P.: 393/422. Julgamento em 28/09/2016. Relator: CARLOS RODRIGUES). (BRASIL, 2016).
A ocorrência do abandono afetivo pode gerar até mesmo a destituição do
poder familiar, conforme entende a jurisprudência, tratando tanto do abandono
material como do afetivo:
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DIREITO CIVIL. AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DE PODER FAMILIAR. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ABANDONO MATERIAL E AFETIVO DO FILHO POR PARTE DA GENITORA. INFANTE INSTITUCIONALIZADO EM ABRIGO. NÚCLEO FAMILIAR SEM CONDIÇÕES DE ACOLHER A CRIANÇA. 1. Nos termos do artigo 1.638 do Código Civil , perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que deixar o filho em situação de abandono. 2. Evidenciado nos autos o abandono material e afetivo do infante, por parte da genitora e dos demais familiares, tem-se por cabível a decretação da destituição do poder familiar. 3. Recurso de Apelação conhecido e não provido (Processo: APC 20130130018567. Órgão Julgador: 1ª Turma Cível. Publicação: Publicado no DJE: 27/04/2015. Pág.: 193. Julgamento: 15 de Abril de 2015. Relator: NÍDIA CORRÊA LIMA). (BRASIL, 2015)
A destituição do poder familiar, em relação ao abandono afetivo, se funda no
dever de proteção integral e de cuidado que não são observados, quando
constatada a existência da omissão:
CIVIL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. DESTITUIÇÃO DE PODER FAMILIAR. GENITORES DEPENDENTES DE DROGAS. ABANDONO MATERIAL E AFETIVO. SITUAÇÃO DE RISCO. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL DO MENOR. 1. Cabível a destituição do poder familiar na hipótese de abandono de filho menor pelos pais (art. 1638, II, Código Civil). 2. Configura-se situação de risco para a criança a convivência com pessoas usuárias de drogas. 3. A recalcitrância do quadro de abandono dos pais com relação aos filhos menores implica a destituição do poder familiar, mormente quando constatada por equipe técnica a impossibilidade de alteração do quadro, em razão do constante uso de drogas por parte dos genitores e das reincidências em cometimento de crimes por parte do genitor, o que dificulta a convivência com os filhos. 4. Apelo desprovido (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Processo: APC 20130130044702. Órgão Julgador: 5ª Turma Cível. Publicação: Publicado no DJE em 08/06/2015. Pág.: 220. Julgamento: 6 de Maio de 2015. Relator: CARLOS RODRIUES). (BRASIL, 2015)
O Superior Tribunal de Justiça, analisando o dever de cuidado em relação aos
filhos, diz que:
Civil e Processual Civil. Família. Abandono afetivo. Compensação por dano moral. Possibilidade. 1. Inexistem restrições legais à aplicação das regras concernentes à responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar/compensar no Direito de Família. 2. O cuidado como valor jurídico objetivo está incorporado no ordenamento jurídico brasileiro não com essa expressão, mas com locuções e termos que manifestam suas diversas desinências, como se observa do art. 227 da CF/1988. 3. Comprovar que a imposição legal de cuidar da prole foi descumprida implica em se reconhecer a ocorrência de ilicitude civil, sob a forma de omissão. Isso porque o non facere, que atinge um bem juridicamente tutelado, leia-se, o necessário dever de criação, educação e companhia – de cuidado –, importa em vulneração da imposição legal, exsurgindo, daí, a possibilidade de se pleitear compensação por danos morais por abandono psicológico. 4.
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Apesar das inúmeras hipóteses que minimizam a possibilidade de pleno cuidado de um dos genitores em relação à sua prole, existe um núcleo mínimo de cuidados parentais que, para além do mero cumprimento da lei, garantam aos filhos, ao menos quanto à afetividade, condições para uma adequada formação psicológica e inserção social. 5. A caracterização do abandono afetivo, a existência de excludentes ou, ainda, fatores atenuantes – por demandarem revolvimento de matéria fática – não podem ser objeto de reavaliação na estreita via do recurso especial. 6. A alteração do valor fixado a título de compensação por danos morais é possível, em recurso especial, nas hipóteses em que a quantia estipulada pelo Tribunal de origem revela-se irrisória ou exagerada. 7. Recurso especial parcialmente provido (STJ, REsp 1.159.242/SP, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 24/04/2012, DJe 10/05/2012).
Assim, podemos enxergar a caracterização da possibilidade de indenização
da ocorrência de abandono afetivo, a título de dano morais, pois esta situação causa
diversos prejuízos de caráter psicológico para aquele que o sofre, sendo uma
prejudicialidade de grande gravidade, podendo ocorrer inclusive a perda do poder
familiar em casos mais gravosos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No direito de família as relações mudam bastante, e fazem com que o direito
tenha que intervir para reger essas novidades, sendo que na modernidade este
ramo do direito é regido fortemente pelo princípio da afetividade, sendo os laços de
afeto um marco tão forte que até surgira, novos modelos de família, superando
aspectos tradicionais.
A família tem base na afetividade, e a pluralidade de famílias se baseia
justamente nesse aspecto, se baseando também na dignidade da pessoa humana
para se reconhecer essa multiplicidade de relações. A afetividade é o norte deste
ramo do direito, e deve ser observada a todo momento, gerando consequências
negativas a sua não observância.
A responsabilidade civil trata do dever que incumbe à parte que causa um
dano a outrem em decorrência da prática de um ato ilícito, devendo ser analisada a
relação de causalidade entre ato e prejuízo, para ao fim se analisar se a conduta
teve ânimo doloso ou culposo, para poder se determinar pela responsabilização ou
não do causador do dano.
Como a afetividade norteia o direito de família, também é base para a relação
dos pais para com os filhos, pois a doutrina da proteção integral não aceita as
omissões no cuidado dos filhos, não sendo obrigado o pai ou a mãe a amar o filho,
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mas deve arcar com a assistência material e imaterial para que se possa alcançar o
pleno desenvolvimento da pessoa.
Os prejuízos causados ao desenvolvimento e à personalidade da criança e do
adolescente são os fatores principais que acarretam a responsabilidade civil dentro
da relação jurídica de família, pois são atos ilícitos a omissão e atos comissivos que
ocasionam estes danos, sendo possível a indenização a título de danos
extrapatrimoniais.
INDEMNIFICATION FOR AFFECTIVE ABANDONMENT IN THE FACE OF CHILDREN: THE VALUE OF AFFECTION
ABSTRACT
The aim of this study was to verify the civil responsibility in family law, specifying the relation of family affection, in order to verify the possibility of compensation for affective abandonment, although it is not possible to measure the value of affection or absence of affection. Family law is guided by the principle of affection, among many others, as well as by the dignity of the human person. This makes this branch protect the affection and the dignity, that must be observed at all times, without reservations. Lack of affection, therefore, could be considered as an unlawful act, and if the causal relationship is fulfilled with the damage generated, the agent who leaves the child could be held accountable, needing to be analyzed the question of the emotional element, malice or fault. To carry out this study, the methodology used was the qualitative and deductive method, also being used for the reasoning the review of bibliography and legislation, addressing jurisprudence on the subject. In the end, it is concluded by the possibility of accountability, provided the requirements are met. Keywords: Family Law. Affection. Indemnity. Affective Abandonment in the Face of Children.
REFERÊNCIAS
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______. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Processo: APC 20090110466999 DF 0089809-1.2009.8.0.0001. Órgão Julgador: 3 Turma Cel. Publicação: Publicado no DJE em 16/0/2013. P.: 100. Julgamento: 3 de Julho de 2013. Relator: GETLIO DE MORAES OLIVEIRA. Disponível em: <http://tj-d.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23663893/apelacao-ciel-apc-20090110466999-d-0089809-12009800001-tjd>. Acesso em: 01 nov. 2017. ______. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Processo: 2013011165390 0042053-0.2013.8.0.0001. Órgão Julgador: 6 TURMA CVEL. Publicação: Publicado no DJE em 18/10/2016. P.: 393/422. Julgamento em 28 de Setembro de 2016. Relator: CARLOS RODRIGUES. Disponível em: <http://tj-d.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/39599528/2013011165390-0042053-02013800001>. Acesso em: 01 nov. 2017. ______. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Processo: APC 20130130018567. Órgão Julgador: 1ª Turma Cível. Publicação: Publicado no DJE: 27/04/2015. Pág.: 193. Julgamento: 15 de Abril de 2015. Relator: NÍDIA CORRÊA LIMA. Disponível em: <http://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/183855458/apelacao-civel-apc-20130130018567>. Acesso em: 01 nov. 2017. ______. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Processo: APC 20130130044702. Órgão Julgador: 5ª Turma Cível. Publicação: Publicado no DJE em 08/06/2015. Pág.: 220. Julgamento: 6 de Maio de 2015. Relator: CARLOS RODRIGUES. Disponível em: <http://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/196052941/apelacao-civel-apc-20130130044702>. Acesso em: 01 nov. 2017. CALDERÓN, Ricardo Lucas. Princípio da afetividade no direito de família. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2013. CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012. CHARLES, Bicca. Abandono Afetivo, o dever de cuidado e a responsabilidade civil por abandono dos filhos. Brasília, DF: Editora OWL, 2015. CONSULTOR JURÍDICO. 3ª Turma do STJ manda pai indenizar filha por danos (2012). Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2012-mai-02/turma-stj-manda-pai-indenizar-filha-abandonada-200-mil>. Acesso em: 01 nov. 2017. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, vol. 4. PEREIRA, R. da C.. Responsabilidade civil por abandono afetivo. Revista Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões. São Paulo: Magister, a. 14, n. 29, p. 5-19, ago./set. 2012.