faculdades de ensino superior da paraÍba fesp...

26
FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO HUMBERTO LUIZ GUIMARÃES CHAVES DE SOUZA CRIME PASSIONAL: A RELAÇÃO ENTRE PAIXÃO, CIÚME E ÓDIO CABEDELO - PB 2017

Upload: lekhue

Post on 09-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA – FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

HUMBERTO LUIZ GUIMARÃES CHAVES DE SOUZA

CRIME PASSIONAL: A RELAÇÃO ENTRE PAIXÃO, CIÚME E ÓDIO

CABEDELO - PB 2017

HUMBERTO LUIZ GUIMARÃES CHAVES DE SOUZA

CRIME PASSIONAL: A RELAÇÃO ENTRE PAIXÃO, CIÚME E ÓDIO Trabalho de conclusão de curso em forma de Artigo Científico apresentado a Coordenação do Curso de Direito pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.

Área: Direito Penal Orientador: Prof. Ms. Eduardo de Araújo Cavalcanti

CABEDELO - PB 2017

HUMBERTO LUIZ GUIMARÃES CHAVES DE SOUZA

CRIME PASSIONAL: A RELAÇÃO ENTRE PAIXÃO, CIÚME E ÓDIO

Artigo Científico apresentado a Coordenação do Curso de Direito pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.

APROVADO EM _____/________/2017.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________ Prof.Ms. Eduardo de Araújo Cavalcanti

ORIENTADOR -FESP

________________________________________________

Prof. Esp. Gabriella Henriques da Nóbrega MEMBRO-FESP

________________________________________________ Prof. Ms. Fabiano Emídio Martins

MEMBRO-FESP

AGRADECIMENTOS

À minha amada família, pelo amor e apoio incondicional na conquista da tão

sonhada graduação em direito.

Aos mestres Eduardo de Araújo Cavalcanti e Socorro Menezes, pelo incentivo

para a materialização deste trabalho.

Ao corpo docente da Fesp Faculdades, pela riquíssima contribuição nos meus

estudos.

À todos que direta ou indiretamente fizeram parte deste sonho.

SUMÁRIO 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................................06

2 CRIME PASSIONAL: CONCEPÇÕES SOBRE PATRIARCADO E VIOLÊNCIA

DE GÊNERO........................................................................................................08

3 ELEMENTOS SUBJETIVOS DO CRIME PASSIONAL.......................................09

3.1 A PAIXÃO CONFIGURANDO NO CRIME............................................................10

3.2 AMOR E ÓDIO.....................................................................................................11

3.3 O CIÚME ENQUANTO VIOLÊNCIA.....................................................................11

4 CRIME PASSIONAL À LUZ DO DIREITO PENAL..............................................13

5 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E A LEI MARIA DA PENHA .....................................14

6 FEMINICÍDIO.......................................................................................................16

7 CRIMES CONTRA A MULHER NO BRASIL.......................................................18

7.1 STÉLIO GALVÃO BUENO...................................................................................19

7.2 ELIZE MATSUNAGA............................................................................................19

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................20

REFERÊNCIAS...................................................................................................22

6

CRIME PASSIONAL: A RELAÇÃO ENTRE PAIXÃO, CIÚME E ÓDIO

HUMBERTO LUIZ GUIMARÃES CHAVES DE SOUZA* EDUARDO DE ARAÚJO CAVALCANTI**

RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso, tem como objetivo o estudo do crime passional e a relação entre paixão, ciúme e ódio, apresentando as concepções históricas do crime passional como herança da arcaica cultura patriarcal e de discriminação de gênero, fatores determinantes na prática do homicídio, antes legitimado nos casos de adultério. Será feita uma breve síntese sobre os elementos subjetivos do crime passional, como a paixão e sua configuração no crime, a relação entre o amor e ódio, o ciúme caracterizado em violência e como o crime é tratado no Código Penal vigente. Ademais, será analisada a violência doméstica e familiar e sua relação com a Lei 11.340/06, lei Maria da Penha, bem como a sua aplicabilidade penal. Em seguida será apresentada a Lei 13.104/2015, que alterou o art. 121 do Código Penal, incluindo a qualificadora do feminicídio, com o intuito de tratar de forma mais severa os crimes de gênero. Posteriormente será trazido os índices de crimes contra a mulher no Brasil e sua ascensão nas últimas décadas. A metodologia aplicada, baseia-se na doutrina e jurisprudência à luz do direito penal. O tema em tela estuda os crimes passionais, sendo oportuno ressaltar que os elementos subjetivos analisados, jamais podem justificar a prática do crime, uma vez que, não há crime cometido por ódio fundamentado no amor.

PALAVRAS-CHAVE: Crime Passional. Patriarcado.Paixão. Ciúme. Ódio.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O presente estudo científico busca a abordagem do fenômeno do crime

passional e sua relação com a paixão, o ciúme e ódio, apresentando as concepções

históricas de validaram o crime passional ao longo da história no Brasil, como

herança da cultura patriarcal, bem como da discriminação de gênero, fatores

determinantes na prática do homicídio, antes legitimado nos casos de adultério. O

estudo apresenta-se em sete seções relacionadas entre si, onde na primeira seção *Aluno concluinte do Curso de Bacharelado em Direito da Fesp Faculdades, semestre 2017.1. E-mail: [email protected]. **Advogado. Mestre pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor de Prática Jurídica, Direito Penal e Direito Processual Penal da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, da Universidade Federal da Paraíba - UFPB, Instituto de Educação Superior da Paraíba - IESP e cursos de Pós-Graduação do UNIPÊ.

7

será analisado o crime passional e sua origem na cultura patriarcal, onde a

possessividade e hierarquia de gênero vitimava a mulher, conduta legitimada no

antigo ordenamento jurídico do país, mascarado pelo argumento de defesa da honra

nos casos de adultério, tornando a prática do homicídio constante em muitos lares.

O objeto de estudo da segunda seção, são as concepções sobre a cultura do

patriarcado e a violência contra o gênero feminino, onde a mulher possuía um papel

meramente figurativo na sociedade e de submissão perante os cônjuges.

A terceira seção foca o objetivo principal do presente estudo, que é a buscar

apresentar os elementos subjetivos do crime passional em relação ao instinto

individual que cada indivíduo possui, para reagir meio a situações adversas. Será

abordada a paixão e sua configuração no crime; a relação entre o amor e o ódio; e o

ciúme enquanto violência, elementos estes que podem ofuscar o passional, quanto

aos limites ditados pela sociedade.

A seguir, a quarta seção busca trazer a imputabilidade do crime passional à

luz do direito penal, destacando que a legítima defesa da honra nos casos do crime

em tela, perdeu sua sustentação nos tribunais, uma vez esta tese não é mais aceita,

pois os requisitos de valor moral e social não possuem correlação com o crime

passional, devendo este ser punível, apesar da atenuante de pena prevista no

ordenamento jurídico contemporâneo.

A quinta seção, busca a análise da violência doméstica e sua relação com a

Lei Maria da Penha, como um significativo avanço na luta contra a violência no

âmbito familiar ou doméstico, contra a condição de hierarquia do homem para com a

mulher. Ressaltando que a referida lei não trouxe a solução dos casos de violência

contra a classe feminina, mas sim, mecanismos para a imputabilidade dos crimes

oriundos as relações familiares, que outrora não possuía a devida proteção legal.

O feminicídio é o tema da sexta seção, onde será observado que a

decorrência da violência contra o gênero feminino, deu origem a luta das mulheres

pela igualdade, contra a cultura do patriarcado, que ainda se faz presente nos dias

atuais. Na sétima e última seção apresenta os índices de crimes contra a mulher no

Brasil e sua ascensão nas últimas décadas. Na mesma seção busca rememorar três

crimes passionais de grande repercussão no Brasil, dentre os quais, o casos

conhecidos como: Stélio Galvão Bueno e o caso Elize Matsunaga.

8

Em suma, diversos são os fatores que visam explicar a violência contra a

mulher e suas consequências. Mesmo com o advento de leis protetivas, o Brasil

ainda amarga elevados índices de homicídios. A luta pela impunidade, na busca por

penalidades mais severas devem prover a segurança da mulher como ser digno de

igualdade de direitos e proteção do Estado.

2 CRIME PASSIONAL: CONCEPÇÕES SOBRE PATRIARCADO E VIOLÊNCIA DE GÊNERO

Também conhecido como crime da paixão violenta e oriundo da cultura

patriarcal, o crime passional possui características de possessividade e hierarquia de

gênero perante relacionamento amoroso, podendo o passional chegar ao extremo

de ceifar a vida de outrem. Esta conduta era legitimada ocultamente no ordenamento

jurídico do país, mascarado pela defesa da honra nos casos de adultério, que na

época, era considerado crime.

O crime passional era interpretado outrora, como artifício de defesa da honra,

tornando-se uma prática constante em muitos lares, onde esposas eram tidas como

propriedade pelos maridos, possuindo um papel meramente figurativo na sociedade,

tendo a única e exclusiva função de cuidar do lar, ser submissa e procriar. Vítimas

do patriarcado, no qual o varão possuía status de superioridade. Na existência do

patriarcalismo no histórico cultural brasileiro, era notória a diferenciação de gênero

entre o adultério cometido por mulher (RAMOS, 2012).

Com efeito, Mendes (2014, p. 88) conceitua o patriarcado como sendo:

[...] manifestação e institucionalização do domínio masculino sobre as mulheres e crianças da família, e o domínio que se estende à sociedade em geral. O que implica que os homens tenham poder nas instituições importantes da sociedade, e que privam as mulheres do acesso às mesmas. Assim como também, se pode entender que o patriarcado significa uma tomada de poder histórica pelos homens sobre as mulheres, cujo agente ocasional foi a ordem biológica, elevada tanto à categoria política, quanto econômica.

Não obstante e tão patriarcal quanto e o crime de adultério, o estupro era

exercício regular de direito positivado pelo Código Civil de 1916, que protegia os

9

maridos no acometimento desta prática para com a esposa, fundamentado no

argumento de “débito conjugal”, tirando da mulher a liberdade de escolha

(PEGORER, 2013, p. 71).

No que se refere à violência de gênero, em especial contra a mulher,

compreender a referida denominação é importante, nesse contexto, Mendes (2014,

p. 86) descreve:

A discussão sexo-gênero (conceito geralmente expresso como gênero) surgiu no pensamento ocidental do final do século XX em um momento de grande confusão epistêmica entre humanistas, pós-estruturalistas, pós-modernistas etc. E a sua utilização não implicou uma mera revisão das teorias existentes, mas uma revolução epistemológica.

A discriminação contra a mulher foi definida na Convenção sobre a

Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, na qual o Brasil

é signatário, sendo possível encontrar em seu art. 1º, inciso II a seguinte redação:

Para os fins da presente Convenção, a expressão discriminação contra a mulher e significará toda a distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher independentemente de seu estado civil com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos: político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo(CONVENÇÃO..., 2012, grifou-se).

Modelo claro de desigualdade de gênero, o crime passional que fazia como

vítima as esposas adúlteras da época, que eram condenadas à morte pelas mãos

dos próprios maridos. O crime passional refere-se aquele cometido por sentimento

incontrolável de paixão e demais elementos subjetivos que desencadeiam o impulso

assassino, em outras palavras, se refere ao sentimento descontrolado que sobrepõe

à razão e a lucidez, o que pode levar o agente a prática do crime.

3 ELEMENTOS SUBJETIVOS DO CRIME PASSIONAL

Os elementos subjetivos inerentes ao crime passional, estão relacionados ao

instinto individual que cada indivíduo possui, para reagir meio a situações adversas,

10

esses elementos podem estar pautados na paixão, no ódio, no ciúme, dentre outros

fatores que podem desencadear a violência, tendo por conseguinte a prática do

crime passional. Contudo tais elementos jamais podem justificar a prática do crime

em tela, destarte, não existe fundamento para o crime que se diz cometido por amor.

3.1 A PAIXÃO CONFIGURANDO NO CRIME

O vocábulo paixão é definido como afeto ou entusiasmo muito intenso por algo

ou alguém (HOUAISS 2012, p. 571). Outrossim, a paixão possui os seguintes

significados:

Sentimento intenso que possui a capacidade de alterar o comportamento, pensamento etc; amor ódio ou desejo demonstrado de maneira extrema; atração intensa (também sexual) por (algo ou alguém): tem paixão pelo namorado; excesso de entusiasmo; emoção[...] (WEBDICIO..., 2017).

A paixão é entendida como um elemento intrínseco ao ser humano, devendo

ser o homem responsabilizado pelas ações decorrentes desse sentimento

(ARISTÓTELES, 1944). O mesmo filósofo defendia o equilíbrio entre os

sentimentos,o controle dos impulsos, acreditando que o homem virtuoso é aquele

que sabe usar a pathos (paixão)com a logos (razão).

É relevante ressaltar que a paixão não basta para cometer o crime, e sim,

quando esta se manifesta de forma obsessiva e de difícil controle. Existem formas

diversas de se referir a este sentimento, uma vez que estes nos afetam

involuntariamente da nossa vontade. A paixão obsessiva, pode se tornar patológica,

tendendo a ofuscar o lado racional, ético e moral, tornando vulnerável o agente que

impelido de violenta emoção, e percepção das consequências, pode cometer crime

passional.

11

3.2 AMOR E ÓDIO

Entende-se como amor, como o mais sublime dos sentimentos, de admiração

e encanto que, quando levado ao extremo, pode se tornar possessivo, egoísta,

desejando sempre mais do que pode retribuir, podendo acarretar a possibilidade de

crime passional. Contrapondo esta tese, alguns doutrinadores acreditam que crime

passional não existe:

Eleito a mais sublime das virtudes, talvez por isso mesmo, é o amor o mais falseado dos sentimentos. A violência contra a mulher é um bom exemplo do que ora se afirma. Ao analisar os chamados homicídios passionais [...] percebe-se que esses não foram motivados por paixão. Ninguém mata por paixão, mata-se por ódio. Contudo, sendo o ódio algo abjeto, capaz de desqualificar aqueles que o exprimem, veste-se o detestável com as nobres roupas do amor, e o crime de ódio vira homicídio de paixão, a merecer tratamento especial por parte da lei, do juiz, da sociedade. Penas mais brandas são requeridas, datas de julgamento adiadas, e as vítimas seguem sendo elas próprias culpadas pelo infortúnio, condenadas por escolher mal o companheiro, por provocar-lhe ciúmes, por pedirem separação (CRIME..., 2016).

Certamente o ódio tende a sobrepor o amor, nos momentos em que os

desejos do agente não são totalmente correspondidos, seja pela não aceitação do

fim do relacionamento, seja quando traído ou suspeitar de traição. Deste modo, o

ódio não pode ser analisado isoladamente, pois sempre estará conexo com o amor,

ou seja, no momento do crime, o ódio controla e o amor é usado como justificativa.

3.3 O CIÚME ENQUANTO VIOLÊNCIA Podendo estar presente não só na relação amorosa, o ciúme também pode

ser encontrado nas relações familiares, de amizade e demais relações sociais. O

ciúme natural ou normal, presente no relacionamento conjugal, produz mecanismos

de proteção inconsciente, que fazem com que o medo da perda da pessoa amada

domine o agente e quando este se vê ameaçado ou rejeitado, deixar-se levar pela

forte emoção.

12

Porém nem sempre o ciúme é o motivo determinante dos crimes passionais,

assim cita Bernardes (2015, p.2):

O crime passional se perfaz por uma exaltação ou irreflexão, em consequência de um desmedido amor à outra pessoa. Assim, entende-se que é derivado de qualquer fato que produza na pessoa emoção intensa e prolongada, ou simplesmente paixão, não aquela de que descrevem os poetas, mas paixão repleta de ciúmes, de posse, repleta da incapacidade de compreender e aceitar o fim de um relacionamento amoroso, que tanto pode vir do amor com ódio, da ira e da própria mágoa.

Defesa honra também é caracterizada como elemento subjetivo na prática do

crime passional, legitimada nos extintos diplomas legais. Atualmente, a honra está

pautada nos princípios éticos e morais, constante na Constituição Federal de 1988

(CF/88) que versa sobre a proteção aos direitos e garantias individuais no art. 5º,

inciso X, bem como nos arts.138, 139 e 140 Código Penal, sendo tipificada como

calúnia, exceção da verdade, difamação e injúria.

Como proteção aos direitos e garantias fundamentais, o art. 5º, inciso X, da

CF/88 prevê:

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza[...] X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação (BRASIL, 1988).

Com base no exposto, pode-se observar que o ciúme considerado normal é

inerente a todo relacionamento, todavia, a paixão inebriada de ciúme, pode ser

interpretada como imaturidade afetiva, bem como sensação e inferioridade, dando

espaço a certeza infundada de traição ou abandono, tornando-se um potencial do

homicídio passional, também influenciado pela defesa da honra. Esse delírio pode

ofuscar o passional, quanto aos limites ditados pela sociedade.

13

4 CRIME PASSIONAL À LUZ DO DIREITO PENAL

Na concepção formal, para que o crime seja configurado, é preciso que

ocorra fato típico, ou seja, conduta positiva; ação, ou conduta negativa; omissão,

bem como o fato antijurídico. A culpabilidade é um pressuposto que não se inclui

nos requisitos do crime formal, uma vez que, a culpabilidade liga o agente à

punibilidade. O crime passional é analisado juridicamente, devendo-se levar em

conta a imputabilidade, ou seja, a responsabilidade penal, este crime configura-se

como fato típico como ação de matar alguém, estabelecido como homicídio

privilegiado no art. 121 do Código Penal, porém, o § 1º atenua a pena nos casos

cometidos sob domínio de violenta emoção e a forma qualificada passou a ser

verificada no inciso IV, do §2º, do mesmo artigo.

O Código Penal em seu art.121, § 1º descreve:

Homicídio simples Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço (Grifou-se) (BRASIL, 1940).

O tipo qualificado encontra-se definido no §2º do art. 121 do mesmo diploma

legal:

Se o homicídio é cometido: I- mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II- por motivo fútil; III- com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV- à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; V- para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade, ou vantagem de outro crime (BRASIL, 1940).

Nesse contexto, a terminologia imputar, é o mesmo que atribuir a

responsabilidade de alguma coisa. A imputabilidade penal é uma conexão de

condições pessoais que dão ao agente, a capacidade de ser juridicamente

14

imputável pela prática de seus atos. Nos crimes passionais, a imputabilidade penal

ganhou distintas conotações nos dispositivos legais brasileiros (JESUS, 2013, p.

513).

O antigo Código Penal de 1890, em seu art. 27, § 4º, afastava a

imputabilidade dos crimes cometidos sobre estado de perturbação de sentidos,neste

caso, os criminosos passionais eram beneficiados em razão da impunidade, onde os

crimes quais eram cometidos em razão da defesa da honra. Logo o Código Penal

vigente, sem seu art. 28, inciso I, não exclui a imputabilidade penal a emoção ou a

paixão.

Em suma, a alegação de legítima defesa da honra nos casos do crime em tela

perdeu sua sustentação nos tribunais, uma vez esta tese não é mais aceita pela

sociedade, pois os requisitos de valor moral, social não possuem correlação com o

crime passional. Nesse sentido, o criminoso passional deve ser punível, apesar da

atenuante de pena prevista no ordenamento jurídico contemporâneo havendo,

portanto, a necessidade de uma avaliação criteriosa de cada caso, ao se definir a

imputabilidade penal.

Visando punir com maior severidade aos crimes de homicídio cometidos no

âmbito familiar ou doméstico, o advento da Lei n. 11.340/06, conhecida como Lei

Maria da Penha, trouxe um significativo avanço na luta contra a violência,

juntamente com a Lei n. 13.104/2015, que altera o Código Penal, passando a prever

o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio cometido

contra o gênero feminino. Tais diplomas legais buscam pela igualdade, no combate

arcaica cultura do patriarcado.

5 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E A LEI MARIA DA PENHA

A violência doméstica praticada contra mulher, em regra é aquela cometida

por namorado, ex-namorado, marido, ex-marido, companheiro, ex-companheiro ou

demais parentes que partilham a mesma habitação. Este tipo de violência é muito

frequente, porém, velado em muitos lares.A proteção contra esta modalidade está

prevista no art. 121, §2º-A do Código Penal, que nos traz a seguinte redação:

15

§2º-A - Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015). I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de2015).

II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher (Incluído pela Lei nº13.104, de2015) (BRASIL, 1940).

Visando combater a violência doméstica e familiar, a Lei 11.340/06,

denominada de Lei Maria da Penha, trouxe em seus dispositivos coibir toda e

qualquer tipo de violência contra a mulher, não abrangendo a violência de gênero, e

sim, tão somente àquela cometida pelo homem contra a mulher na esfera familiar ou

doméstica e que exponha a condição de superioridade do agente com a vítima.

As leitura do art. 5º da lei supramencionada, apresenta o conceito de violência

doméstica e familiar contra a mulher como:

Art. 5º Para os efeitos dessa Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I- no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive esporadicamente agregadas; II- no âmbito da família compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III- em qualquer ralação intima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação (BRASIL, 2006).

Bianchini (2013, p. 196) destaca a criação dos Juizados de Violência

Doméstica e Familiar contra a mulher, como outro ponto relevante da lei. Os atos

processuais poderão ser realizados também em horário noturno, conforme dispuser

as normas de organização judiciárias. O art. 14 descreve sobre os Juizados:

Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher (BRASIL, 2006).

A lei Maria da Penha, trouxe um significativo avanço na luta contra a violência

no âmbito familiar ou doméstico, que venha expor a condição de hierarquia do

16

homem para com a mulher. Contudo, a lei supra não veio como uma solução dos

casos de violência contra a classe feminina, mas sim, como eficaz mecanismo para

a imputabilidade dos crimes oriundos das relações familiares, que outrora não

possuía a devida proteção legal.

6 FEMINICÍDIO Apesar de ser um termo relativamente novo, o feminicídio é um crime que

ocorre há séculos, onde a violência contra a mulher vinha sendo perpetrada

impunimente em suas mais variadas formas, não sendo novidade para a sociedade

hodierna a prática deste crime. A violência contra a mulher está intimamente conexa

com o patriarcado, discriminação de gênero, onde a figura masculina era

hierarquicamente predominante, havendo forte discriminação do gênero feminino.

A terminologia feminicídio, foi deliberada pela Corte Internacional de Direitos

Humanos como “um homicídio da mulher por razões de gênero”, de acordo como

critério adotado “estes atos são classificados como homicídios por razão de gênero

em relação ao motivo/razão discriminatório ancorado em uma discriminação

estrutural e a modalidade/características do delito em si” (CORTE..., 2014).

A nomenclatura feminicídio é observado no ordenamento jurídico de outros

países, como sendo o crime praticado única e exclusivamente contra a mulher:

[...] o artigo 21 da lei 8.589 da Costa Rica (“muerte a una mujer”), ou o artigo 45, caput, da lei 520 de El Salvador (“causare la muerte a una mujer”), ou o artigo 6º, caput, do decreto 22/2008 da Guatemala (“diere muerte a una mujer, por su condición de mujer”), ou ainda o artigo 57 da lei orgânica da Venezuela (“dado muerte a una mujer”). O mesmo ocorre no artigo 252 bis do Código Penal boliviano (“a quien mate a una mujer”) e no artigo 325 do Código Penal Federal mexicano (“quien prive de la vida a una mujer”). O artigo 390 da legislação do Chile especifica que apenas quando o crime é cometido contra “la cónyuge o la conviviente” corresponde ao tipo feminicídio (MACHADO, 2015, p. 18).

A Lei 13.104/2015, chega para dar tratamento mais rigoroso às condutas já

tratadas pelo direito penal. Masson (2015, p. 41) leciona que para depender o caso

concreto, os homicídios contra a mulher poderiam ser qualificados como torpe, como

17

disciplina a Lei 8.072/90, a lei de crimes hediondos. Para o mesmo autor,

compreende-se por motivo torpe, como vil, repugnante, abjeto moralmente

reprovável. Desta forma, a grande questão quanto a criação da qualificadora do

feminicídio, foi destacar o grande número de crimes praticados contra mulheres, com

o escopo de conscientizar a sociedade que a retrógrada cultura machista ainda se

faz presente no Brasil.

A tipificação do feminicídio ocorreu após a Comissão Parlamentar Mista de

Inquérito da Violência contra a Mulher, que través do Projeto de Lei 292/2013,

resultou na aprovação na Lei n. 13.104/2015, alterando o Código Penal, que passou

a prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio. A

nova qualificadora está prevista no art. 121, inciso VI, §2°, da seguinte forma:

Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Homicídio qualificado § 2° Se o homicídio é cometido: Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: Pena - reclusão, de doze a trinta anos (BRASIL, 1940).

Convém destacar que, a tipificação penal do feminicídio também contribui

para a mudança de mentalidade dos magistrados, acerca da aplicabilidade da pena,

uma vez que serão obrigados a motivar as sentenças de acordo com a descrição do

delito, desestimulando assim a impunidade (CLADEM, 2012, p. 83). Ademais, não se

pode assegurar que a referida tipificação ocorreu em decorrência do clamor público,

devido a algum fato específico que tenha gerado grande comoção, nem que a

tipificação trouxe algum tipo de tranquilidade a sociedade.

Pode-se observar que, a violência do gênero feminino deu origem a luta das

mulheres por seus direitos, através da busca pela igualdade, contra a cultura do

patriarcado, que ainda discrimina a mulher até os dias atuais. Assim, além da Lei

Maria da Penha, viu-se a necessidade da criação da lei do feminicídio, que instituiu

no país a proteção exclusiva as mulheres, incluindo esta tipificação no Código Penal.

18

7 CRIMES CONTRA A MULHER NO BRASIL

Considerando dados levantados nas capitais brasileiras, no período 2003-

2013, mais de 13.820 mulheres foram vítimas de homicídio. Dentre os quatorze

municípios mais violentos do país, a Paraíba ocupa o 4º lugar com a cidade de

Conde, que apresentou acréscimo de 18,5% de homicídios no período de 2009-

2013, em seguida em 12º lugar, está a cidade de Mari com acréscimo de 16,6% de

homicídios no mesmo período. Referindo-se apenas ao ano de 2013, João Pessoa

está entre as três capitais com as maiores taxas de homicídios no país, com índice

acima de 10,5 mortes para cada 100 mil habitantes (WAISELFISZ, 2015, p. 26).

O gráfico 1 permite conferir os percentuais de homicídios de mulheres por 100

mil habitantes nas capitais brasileiras no período 2003/2013. Pode-se observar que

João pessoa está entre as cinco capitais mais violentas do país nesse tipo de crime

com acréscimo de 169,9% de homicídios para cada 100 mil habitantes. Apesar dos

crescentes índices constatados na última década, é importante ressaltar que após a

chegada da Lei nº 11.340/2006, houve um declínio do número de homicídios de

7,6% para 2,5% ao ano, comparando as duas últimas décadas (WAISELFISZ, p. 11,

2015).

19

Em síntese, diversos são os fatores para explicar a violência de gênero e suas

consequências para a sociedade. Diante deste cenário, o Brasil, mesmo com o

advento de leis protetivas para as mulheres, ainda amarga números elevadíssimos

de homicídios. A luta pela impunidade ainda é fato que deve ser trabalhado a cada

dia, na busca por maior severidade da justiça, na aplicação de medidas protetivas e

serviço públicos de apoio, provendo a segurança da mulher como ser digno de

igualdade de direitos e proteção do Estado.

7.1 STÉLIO GALVÃO BUENO

O renomado advogado criminalista Stélio Galvão Bueno, gozava do sucesso

profissional e desfrutava de diversas aventuras amorosas. Diante da preocupação

de sua esposa Zulmira Galvão com o gênio mundano do marido, a mesma passou a

desconfiar de supostas traições e após uma das calorosas discussões, vem a ferir

Stélio Galvão com arma de fogo. Por ironia do destino, conta-se que ao ser

socorrido, agonizando, as últimas palavras de Stélio foram: "doutor, faça o possível

para salvar-me! Eu quero defender minha mulher!" (10 FAMOSOS..., 2012).

Assistida pelo amigo de Stélio, o advogado criminalista Evandro Lins, que

defendeu a tese de legítima defesa e confrontou o conduta promíscua da vítima e o

estado de descontentamento de Zulmira em estar sendo constantemente

enganada. O júri acolheu a tese da defesa, porém, reconheceu um excesso culposo,

condenando a ré a dois anos de prisão, com direito a livramento condicional.

7.2 ELIZE MATSUNAGA

O crime ocorreu em 2012, quando Elize Matsunaga, ex- garota de programa e

na época casada com Marcos Kitano Matsunaga,milionário diretor executivo da Yoki,

conhecida empresa do ramo alimentício.Diante desconfiar da traição do marido,

Elize, contrata um detetive para comprovar o fato e após desvendada a traição,

planeja e executa Marcos e o esquarteja friamente (10 FAMOSOS..., 2012). A

20

defesa de Elize alega que, a mesma cometeu o crime movida por forte emoção, não

agindo por ciúmes por ter descoberto a traição, a descoberta, segundo o defensor

Luciano Santoro, serviu apenas para iniciar a discussão.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho buscou analisar o fenômeno do crime passional e sua relação

com a paixão, o ciúme e ódio, destacando as concepções históricas de validaram o

crime em tela ao longo da história. Na primeira seção foi analisado o crime passional

e sua origem na cultura patriarcal, onde a possessividade e hierarquia de gênero

vitimava a mulher, sobre o argumento de defesa da honra.

Na segunda seção foram abordadas as concepções sobre a cultura do

patriarcado e a violência contra o gênero feminino, onde a mulher possuía um papel

meramente figurativo na sociedade e de submissão perante os cônjuges. Em

seguida, na terceira seção, foi abordado o foco principal do presente estudo, que

apresentou elementos subjetivos do crime passional em relação ao instinto individual

que cada indivíduo, sendo destacada a paixão e sua configuração no crime; a

relação entre o amor e o ódio; e o ciúme enquanto violência.

A quarta seção estudou a imputabilidade do crime passional à luz do direito

penal, destacando que a legítima defesa da honra nos referidos casos, perdeu

gradativamente sua sustentação nos tribunais. Contudo tais elementos jamais

podem justificar a prática do crime em tela, destarte, não existe fundamento para o

crime que se diz cometido por amor.

A quinta seção estudou a Lei n. 11.340/06, denominada de Lei Maria da

Penha, que busca coibir toda e qualquer tipo de violência contra a mulher, não

abrangendo a violência de gênero, e sim, tão somente àquela cometida pelo homem

contra a mulher na esfera familiar ou doméstica.

O feminicídio foi o tema da sexta seção, sendo observado que a decorrência

da violência contra o gênero feminino, deu origem a busca pela igualdade, no

combate cultura do patriarcado, que ainda se faz presente na sociedade hodierna.

21

Na sétima e última seção foram estudados os índices de crimes contra a

mulher no Brasil e sua ascensão nas últimas décadas. Na mesma seção busca

rememorar três crimes passionais de grande repercussão no Brasil, dentre os quais,

os casos conhecidos como: Stélio Galvão Bueno e o caso Elize Matsunaga. Apesar

de grande reprovação da sociedade, observa-se que os crimes passionais ainda são

bastante frequentes e o estado emocional bem como a paixão, não podem ser

utilizados no artifício para aplicação de privilégios como em tempos remotos, uma

vez que, o homicida passional não mata por amor, e sim, por outros sentimentos

distorcidos, mas nunca por amor.

Mesmo com a constante evolução da sociedade, em alguns lares as mulheres

ainda são tratadas como gênero inferior, tendo ainda o homem o domínio integral

sobre a mesma, que por influências patriarcais da própria sociedade, ainda cometem

atos de repúdio o sentimento de posse e obsessão pela companheira, com isso,

observa-se o alto grau de crimes passionais cometidos pela figura masculina, por

motivos considerados banais, como a traição ou a desconfiança de traição.

Através do presente estudo pode-se concluir que, o crime passional apenas

poderá ser erradicado, quando o Estado brasileiro criar mecanismos com o escopo

de romper com a discriminação de gênero contra as mulheres, fruto de um

patriarcalismo que ainda encontra-se presente sociedade contemporânea que,

mesmo com o advento de leis protetivas, o Brasil ainda traz elevados índices de

crimes contra a mulher.

A luta pela impunidade, na busca por penalidades mais severas devem prover

a segurança da mulher como ser digno de igualdade de direitos e a devida proteção

do Estado. O criminoso passional, na verdade, mata por vingança, ódio, ciúme

doentio, orgulho ferido, dentre outros elementos subjetivos, que jamais podem

justificar a prática do crime, uma vez que, não há crime cometido por ódio

fundamentado no amor.

PASSIONAL CRIME: THE RELATIONSHIP BETWEEN PASSION, JEALOUSY AND HATRED

ABSTRACT The purpose of this study is to study the passionate crime and the relationship between passion, jealousy and hatred, presenting the historical conceptions of the crime of passion as inheritance of the archaic patriarchal culture and of gender

22

discrimination, determining factors in the practice of homicide, previously legitimized in cases of adultery. A brief summary will be made on the subjective elements of crime of passion, such as passion and its configuration in crime, the relationship between love and hate, jealousy characterized by violence and how crime is treated in the current criminal code. In addition, it will analyze domestic and family violence and its relationship with Law 11.340/06, Maria da Penha law, as well as its criminal applicability. Next, Law 13.104/ 2015, which amended art. 121 of the Criminal Code, including the qualifier of feminicide, with the aim of dealing more severely with gender crimes. Subsequently will be brought the crime rates against women in Brazil and its rise in the last decades. The applied methodology is based on doctrine and jurisprudence in the light of criminal law. The topic on the screen studies the crimes of passion, and it is important to emphasize that the subjective elements analyzed can never justify the practice of crime, since there is no crime committed by hate based on love. KEYWORDS: Passional Crime. Patriarchy. Passion. Jealousy. Hatred.

REFERÊNCIAS

10 famosos crimes passionais no Brasil (2012). Disponível em: <http://

www.ibahia.com/detalhe/noticia/10-famosos-crimes-passionais-no-brasil/>. Acesso

em: 7 maio 2017.

ARISTÓTELES, Cássio M. Fonseca [trad.]. Ética de Nicômaco. São Paulo: Atena, 1944. BERNARDES, Marcelo Di Rezende. A realidade vigente dos chamados crimes passionais. Disponível em: <http//www.ambitojuridico.com.br/site/index>. Acesso em: 01 maio 2017. BRASIL. Código Penal de 1890. Decreto n. 847 de 11 de outubro de 1890. Disponível em:<http://www6.senado.gov.br/listaPublicacoes.action?id=66049>. Acesso em: 21 maio 2017.

_____. Código penal, Decreto-Lei nº 2.848. Brasília, DF, 1940. In: Vade Mecum. São Paulo: Saraiva, 2017. _____. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1998. In: Vade Mecum. São Paulo: Saraiva, 2017. _____. Lei nº 8.072/90, Decreto-Lei nº 8.072. Brasília, DF, 1990. In: Vade Mecum. São Paulo: Saraiva, 2016.

______. Lei nº 11.340/06. Lei Maria da Penha. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 20 maio 2017.

______. Lei nº 13.104/15. Lei do Feminicídio. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br>. Acesso em: 20 maio 2017.

23

BIANCHINI, Alice.Lei Maria da Penha: lei n° 11.340/2006: Aspectos assistenciais, protetivos e criminais da violência de gênero. São Paulo: Saraiva, 2013. CONVENÇÃO sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher. Disponível em: <http://www.compromissoeatitude.org.br/wpcontent/upload /2012/11/SPM2006_CEDAW_portugues.p>. Acesso em: 03 abr. 2017. CORTE Interamericana de Direitos Humanos. Caso de Feminicicio – FEMICIDE. Brasil. disponível em: <http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_219 _por.pdf>. Acesso em: 21 maio 2017.

CLADEM. Contribuições ao Debate Sobre a Tipificação Penal do Feminicídio /Femicídio. Disponível em:<http://www.compromissoeatitudeorg.br/wpcontent/ uploads/2013/10/>. Acesso em: 21 maio 2017. CRIME passional não existe. Disponível em: <http://www.tjdft.jus.br/institucional/im prensa/artigos/2016-1/crime-passional-nao-existe-juiza-thereza-karina-de-f-g-barbos a>. Acesso em: 20 maio 2017.

DUTRA, Thiago de Medeiros. Feminicídio doméstico e familiar: Um estudo sobre o “Caso Márcia”. Dissertação (Mestrado) – UFPB/CCJ. João Pessoa, 2012.

HOUAISS Minidicionário da Língua Portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Moderna, 2012. JESUS, Damásio de. Direito penal: parte geral. 34 . ed., São Paulo: Saraiva, 2013. MACHADO, Marta Rodriguez de Assis. A violência doméstica fatal: o problema do feminicídio íntimo no Brasil - Brasília: Ministério da Justiça, Secretaria da Reforma do Judiciário. Disponível em <http://www.pnud.org.br/arquivos/publicacao_feminicidio. pdf>. Acesso em: 09 abr. 2017.

MASSON, Cleber. Código penal comentado. 3 ed. São Paulo: Método, 2015.

MENDES, Gilmar Ferreira. GONET; Paulo Gustavo. Curso de direito constitucional. ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2014. PERGORER, Mayara Alice Souza. De Amélia a Maria da Penha: a evolução da legislação penal e das construções jurídicas na proteção dos direitos sexuais da mulher. Disponível em: <http://www.seer.uenp.edu.br/index.php/argumenta/article/vie w/377>. Acesso em: 04 maio 2017.

RAMOS, Margarita Danielle. Reflexões sobre o processo histórico-discursivo do uso da legítima defesa da honra no Brasil e a construção das mulheres. Disponível em: <https://www.periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X201 2000100004/21851>. Acesso em: 05 abr. 2017.

SENADO FEDERAL. Projeto de lei do Senado Federal nº 292, de 2013 (da CPMI de Violência Contra a Mulher no Brasil). Altera o Código Penal, para inserir o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio. Disponível em:

24

<http://www.tjmt.jus.br/intranet.arq/downloads/Imprensa/NoticiaImprensa/file/2013/11 %20-%20Novembro/18%20-%20Projeto%20de%20Lei%20292.pdf>. Acesso em: 12abr. 2017 WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da violência (2015). Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). Disponível em: <http://www.mapadaviolencia.org.br>. Acesso em: 15 maio 2017. WEBDICIO de Português (2017). Disponível em: <http://www.webdicio.com/ dicionario-de-portugues/razao>. Acesso em: 20 maio 2017.