faculdade de ensino superior da paraÍba- fesp...
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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA- FESP
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
MYCHELLE KALYNE GUEDES RAMALHO
DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR E ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
CABEDELO-PB
2017
MYCHELLE KALYNE GUEDES RAMALHO
DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR E ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Trabalho de Conclusão de Curso em forma de Artigo
Científico apresentado à Coordenação do Curso de
Bacharelado em Direito, pela Faculdade de Ensino
Superior da Paraíba - FESP, como requisito parcial para
a obtenção do título de Bacharel em Direito.
Área: Direito Civil
Orientadora: Prof.ª Esp. Luciana Albuquerque
Cavalcanti Brito
CABEDELO-PB
2017
R165d Ramalho, Mychelle Kalyne Guedes. Destituição do poder familiar e atuação do Ministério Público / Mychelle Kalyne Guedes Ramalho. – Cabedelo, 2017.
28f.
Orientador: Prof.ª Esp. Luciana Albuquerque Cavalcanti Brito. Artigo Científico (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino Superior da Paraiba.
1. Poder familiar. 2. Destituição do poder familiar. 3.
Restabelecimento. I. Título.
BC/Fesp CDU: 342.16
A reprodução total ou parcial deste documento só será permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos desde que seja referenciado, autor, titulo instituição, e ano de sua
publicação.
MYCHELLE KALYNE GUEDES RAMALHO
DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR E ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Artigo Científico apresentado à Banca Examinadora de
Artigos Científicos da Faculdade de Ensino Superior da
Paraíba - FESP, como exigência para a obtenção do
grau de Bacharel em Direito.
APROVADO EM _____/_______2017
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Esp. Luciana Albuquerque Cavalcanti Brito
ORIENTADORA-FESP
_________________________________
Prof. Dr. Gustavo Guimarães Lima
MEMBRO-FESP
_____________________________________
Prof. Ms. Roberto Moreira de Almeida
MEMBRO- FESP
Ao meu esposo, companheiro e amigo Jardel.
Minha mãe Mércia, a minha pequena Ana Elisa e
especialmente a Deus, inspiração constante do meu
viver.
Dedico.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por seu infinito amor, o autor e consumador da minha fé, seu
fôlego de vida em mim, foi o que me sustentou e me deu forças a persistir nessa caminhada,
aquele que guia os meus passos e ilumina os meus caminhos.
A minha mãe que me apoia incondicionalmente, sempre acreditando em mim e me
encorajando, seu carinho e dedicação, foi que deram, a esperança para seguir, obrigada por
estar presente em todos os momentos da minha vida.
Ao meu esposo Jardel, pessoa com quem amo partilhar a vida. Obrigada pelo
carinho, companheirismo, paciência e por sua capacidade de acalmar meu coração com o
simples fato de estar presente e ao meu lado.
A minha pequena Ana Elisa, que com doçura e alegria muito me ensina sobre o
instituto do “poder familiar”.
A minha orientadora, Prof.ª Esp. Luciana de Albuquerque Cavalcanti Brito, pela
paciência, dedicação e interesse no bom desempenho deste trabalho.
Enfim, a todos que contribuíram e torceram pela efetivação deste sonho que ora se
concretiza com a construção deste TCC.
“Uma criança é como um cristal e como a cera.
Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e
a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em
átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava
de modo profundo e indelével”.
(Olavo Bilac)
SUMÁRIO
RESUMO ...................................................................................................................... 07
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 07
2 DELINEAMENTOS CONCEITUAIS ACERCA DO PODER FAMILIAR ............. 08
2.1 CARACTERÍSTICAS ................................................................................................... 09
2.2 ATRIBUIÇÕES DO PODER FAMILIAR ..................................................................... 15
3 LIMITAÇÕES IMPOSTAS AO EXERCICIO DO PODER FAMILIAR:
CAUSAS DE SUSPENSÃO, EXTINÇÃO E DESTITUIÇÃO ................................... 12
3.1 DA SUSPENSÃO .......................................................................................................... 13
3.2 DA EXTINÇÃO ............................................................................................................ 14
3.3 DA DESTITUIÇÃO OU PERDA DO PODER FAMILIAR ........................................... 15
4 DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR E ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO
PÚBLICO ..................................................................................................................... 16
5 RESTABELECIMENTO DO PODER FAMILIAR: POSSIBILIDADE VERSUS
IMPOSSIBILIDADE ................................................................................................... 17
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 23
ABSTRACT .................................................................................................................. 23
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 24
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DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR E ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
MYCHELLE KALYNE GUEDES RAMALHO
LUCIANA ALBUQUERQUE CAVALCANTI BRITO
RESUMO
O trabalho ora apresentado tem como objeto de estudo aprofundar o conhecimento sobre os
limites imposto pelo Estado a função parental, analisando quais os motivos que levam a
suspensão, extinção e destituição deste poder familiar, elucidando se é possível o seu
restabelecimento, e qual o papel e importância da atuação do Ministério Público nas ações de
destituição do poder familiar. Para uma melhor percepção do tema iremos fazer uma
abordagem em quatro tópicos principais, os quais respectivamente tratam; dos aspectos
conceituais, expondo quais as principais características e atribuições do instituto; em seguida
uma abordagem das causas que levam a suspensão, extinção e destituição, enfatizando
principalmente sobre as causas que levam a perda ou destituição do poder familiar, visto que é
uma medida extrema e grave, pois uma vez destituídos do encargo, não há previsão legal para
os pais promoverem seu restabelecimento; na sequência falaremos do papel e importância da
atuação do Ministério Público, e por último analisaremos em quais situações poderá haver o
possível restabelecimento desse instituto, com a consequente reintegração da criança ou
adolescente à família natural. Contata-se que a destituição do poder familiar somente é
aplicada em último caso, contudo em alguns situações, é possível que os pais destituídos
consigam recuperar a sua prole para isso é necessário que fique comprovado a superação dos
motivos que deu causa ao processo judicial de destituição. Por outro lado, quando a
destituição é seguida de adoção, existe um rompimento dos vínculos jurídicos, com os pais
biológicos, inclusive com cancelamento do registro de nascimento da criança e emissão de um
novo.
PALAVRAS CHAVE: Poder familiar. Destituição do poder familiar. Restabelecimento.
1 INTRODUÇÃO
O Direito de Família vivencia um momento histórico marcado pela valorização
jurídica do afeto, sendo assim a convivência familiar é essencialmente importante para a
edificação e construção de valores, pois é durante a infância que a criança forma o seu caráter
e absorve princípios que levará consigo por toda vida. O Estado reconhecendo tal importância
e com o intuito de trazer uma maior proteção, estabelece através de uma legislação específica,
um tratamento especial, com o objetivo de proteger esse momento da infância e da juventude.
Esse estudo explora como temática o instituto do poder familiar que pode ser
compreendido como o exercício simultâneo de direitos e deveres que são dirigidos aos pais,
Aluna concluinte do Curso de Bacharelado em Direito da Fesp Faculdades, semestre 2017.2, funcionária
pública na Universidade Federal da Paraíba, e-mail: [email protected]. Pós graduada em direito processual civil. Doutoranda em ciências jurídicas e sociais. Professora universitária e advogada. Atuou com orientadora desse TCC. E-mail: [email protected]
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estes deve proporcionar uma criação, educação e formação para os seus filhos menores de
forma satisfatória dentro dos preceitos éticos e limites que são legalmente considerados
aceitáveis, porém quando esse direito/dever é exercido de forma irresponsável o Estado tem
legitimidade de interferir na estrutura familiar de modo a dar efetividade às garantias
constitucionais, assegurando a criança e ao adolescente o cumprimento de seus direitos.
Esse instituto deve ser observado de forma correlacionada com os critérios legais
instituídos pela Constituição Federal de 1988; como também a Lei n.º 8.069/90 e suas
atualizações, a qual fixa as normas do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA/90,
buscando dar efetividade às diretrizes constitucionalmente instituídas, essa lei representa um
avançado arcabouço jurídico, pois trata dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes;
o Código Civil vigente (artigos 1.630 a 1.638); e ainda o Código Penal que traz previsões
punitivas.
Nessa acepção é imposto pelo poder público limite ao exercício do poder familiar,
podendo inclusive o filho ser retirado do convívio dos pais, contudo essa alternativa somente
é utilizada quando esgotados todos os recursos para manutenção da criança dentro de sua
família natural. Havendo falha na observância dos deveres por parte dos pais, serão aplicadas
restrições que poderá ser parcial e temporária, ou seja, quando há suspensão do poder
familiar, evidenciada como uma medida menos agressiva, ou pode ser total e definitiva que
será o caso da extinção e perda ou destituição do poder familiar essa última é uma medida que
abrange o descumprimento de uma obrigação mais relevante.
Diante de tal importância desse instituto e para uma maior compreensão o presente
trabalho irá trazer delineamentos conceituais do poder familiar, cuja terminologia anterior era
pátrio poder, relacionando suas características e conteúdo, em seguida serão expostos as
circunstâncias que podem levar a suspensão e extinção, como também em quais situações
ocorrerá a perda ou destituição, essa é uma intervenção de maior relevância, visto que acarreta
no término permanente deste poder/dever, trazendo portanto uma grande modificação na vida
da criança.
Na sequência tratar-se-á dos parâmetros estabelecidos pela legislação vigente acerca
da (im) possibilidade de restabelecimento do poder familiar. O estudo proposto é baseado em
doutrinas que versam sobre o assunto, na legislação que norteia a temática e também na
jurisprudência, o escopo é responder aos seguintes questionamentos: Qual a fundamentação
legal utilizada e em quais circunstâncias é possível restringir ou até mesmo suprimir o
exercício do poder familiar? Existe possibilidade de restituição do poder familiar, após
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sentença judicial transitada em julgado? Qual o papel do Ministério Público e quais os limites
da sua atuação?
2 DELINEAMENTOS CONCEITUAIS ACERCA DO PODER FAMILIAR
É no direito natural que está alicerçado o princípio do poder familiar, e provém de uma
necessidade inerente a todo ser humano, pois ao nascer o filho é totalmente dependente dos
seus pais para viver, a criança necessita de alguém que tenha todo cuidado necessário ao seu
bom desenvolvimento, a família é o lugar inicial onde se recebe essa proteção. É na estrutura
familiar que a criança desenvolve seus afetos e tem acesso às referências comportamentais
que refletirá nas suas atitudes perante a sociedade. Nesse contexto Gonçalves (2013, p. 417),
ensina que:
[...] O ente humano necessita durante a sua infância, de quem o crie e eduque, ampare e defenda, guarde e cuide de seus interesses, em suma tenha a regência de
sua pessoa e seus bens. As pessoas naturalmente indicadas para o exercício dessa
missão são os pais. A eles confere a lei, em princípio, esse ministério, organizando-o
no instituto do poder familiar.
Aos pais é designado preferencialmente, proteger e cuidar dos filhos nos primeiros
anos de suas vidas, e essa relação de filiação tem um alicerce acima de tudo ético, porém a
largura, altura, profundidade e extensão desses cuidados e dos meios para que possam ser
exercidos são objetos de uma contínua transformação. Esse instituto inicialmente chamava-se
pátrio poder, a própria terminologia indicava que era o poder do pai.
Na perspectiva histórica teve sua origem no direito romano, com a figura do pater
famílias, a realidade social à época era de prevalência total das decisões do pai. Era de tal
natureza absoluta que inclusive permitia ao pai, por exemplo, vender os seus filhos, negociar a
sua prole e até mesmo por fim a vida de seus filhos, conforme ensina Dias (2013, p.434) era
um poder “ilimitado e absoluto", sem qualquer participação da mãe nas decisões familiares.
No atual sistema normativo jurídico não prevalece o exercício exclusivo do poder
familiar pelo pai e sim uma atuação somada do pai e da mãe, tal legitimidade está
expressamente prevista na Constituição Federal de acordo com o art. 5º, inciso I e art. 226, §5
“os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e
pela mulher” (BRASIL, 1988). Sendo assim, os direitos e obrigações inerentes a essa relação
devem ser exercidos pelos pais em conjunto.
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A expressão pátrio poder inquestionavelmente não persisti, essa era uma terminologia
utilizada pelo Código Civil de 1916, tanto é que o Código Civil de 2002 efetivamente
positivou a nova expressão poder familiar (BRASIL, 2002), alteração está não apenas
nominal, porém fundamentalmente principiológica, com a finalidade de adequar-se a uma
nova realidade social que vinha se formando, no entanto essa expressão não gozou de
simpatia da maioria dos doutrinadores, sendo alvo de muitas críticas. Conforme os
ensinamentos de (DIAS, 2013) o termo autoridade parental, atualmente é considerado o mais
adequado.
O antigo pátrio poder, vigora em uma época que a sociedade era eminentemente
patriarcal, porém com a evolução das famílias e da sociedade esse instituto também se
aperfeiçoou, deixando inclusive sua forma dogmática, o filho que antes era apenas objeto
dessa relação jurídica materno-paterno-filial, passou a ser considerado como sujeito de direito
e tal entendimento está previsto no preâmbulo da Convenção das Nações Unidas sobre os
Direitos da Criança a qual estabelece que “os direitos de todos os membros da família humana
devem ser iguais” (BRASIL, 1980), sendo assim a posição jurídica do filho passa de objeto de
direito a sujeito de direito.
A legislação brasileira também reconhece que a criança não pode ser compreendida
como um mero objeto e para assegurar que seus direitos sejam protegidos, é estabelecido no
art. 227 da Carta Magna um contíguo de deveres, que envolve não só a família, mas o Estado
e a sociedade como um todo, são garantias constitucionais à saúde, educação, alimentação, à
dignidade, ao respeito, tendo como prioridade também o convívio familiar, ademais
estabelece que a criança deve ser resguardada de toda forma de violência e negligência
(BRASIL, 1988).
A finalidade é propiciar uma harmonia, estabilidade e moralidade no desenvolvimento
dos menores, estes passam a ter uma importância no cenário jurídico, sendo tratados de forma
absolutamente prioritária. Acompanhando toda essa evolução de pensamento entra em vigor a
lei nº 8.069 de 13.07.1990 que introduziu no sistema de normas nacional o Estatuto da
Criança e do Adolescente inaugurando uma completa mudança de paradigma e reafirmando a
posição de sujeitos de direitos (BRASIL, 1990).
O referido Estatuto demarcou de forma especial a história jurídica brasileira ao
estabelecer um tratamento prioritário e diferenciado a criança e ao adolescente, população
compreendida entre zero e dezoito anos, aqui tem início a doutrina da integral proteção e do
melhor interesse, com a finalidade de propiciar um crescimento saudável, tal entendimento
está expressamente fundado no artigo 3º do referido estatuto, in verbis:
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Art. 3º A criança e adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de
lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em
condições de liberdade e de dignidade (BRASIL, 1990).
O poder familiar encontra-se disciplinado nos artigos 1.630 a 1.638, do Código Civil
vigente, mas a legislação pátria não traz uma definição, tão somente regulamenta aspectos
próprios do instituto, ficando está a cargo da doutrina (BRASIL, 2002). O entendimento
proposto por Diniz (2013, p. 552) possibilita um compêndio doutrinário de modo a sintetizar
os aspectos mais relevantes desse instituto “um conjunto de direitos e obrigações, quanto à
pessoa e bens do filho menor não emancipado, exercido, em igualdade de condições, por
ambos os pais, para que possam desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe,
tendo em vista o interesse e a proteção do filho”.
Depreende-se que poder familiar é uma situação jurídica onde umbilicalmente está
ligado o poder e o dever, tem-se não só um direito, mas principalmente um dever. Esse dever
é naturalmente exercido pelos pais em relação à pessoa e bens de seus filhos menores de idade
ou não emancipados, trata-se de um misto de direitos e deveres, servindo como meio de
proteção, a fim de assegurar-lhe um bom desenvolvimento. Nesse sentido Lôbo, (2011, p.295)
estabelece a seguinte definição:
O poder familiar é o exercício da autoridade dos pais sobre os filhos, no interesse
destes. Configura uma autoridade temporária, exercida até a maioridade ou
emancipação dos filhos. Ao longo do século XX, mudou substancialmente o
instituto, acompanhando a evolução das relações familiares, distanciando-se de sua
função originária voltada ao interesse do chefe da família e ao exercício de poder
dos pais sobre os filhos para constituir um múnus, em que ressaltam os deveres.
O poder familiar possui um forte direcionamento protetivo, sendo assim não reflete
propriamente um poder, mas principalmente o exercício de uma série de deveres, onde é
culturalmente outorgado autoridade aos genitores para dirigir sua prole com responsabilidade,
suprindo-lhe não apenas as necessidades fisiológicas, tais como alimentação, vestimenta,
moradia, mas também as de caráter afetivo, conforme Tartuce (2014, p. 941) “dentro da ideia
de família democrática, do regime de colaboração familiar e de relações baseadas, sobretudo,
no afeto”.
Da leitura desses conceitos podemos compreender que o poder familiar é uma relação
jurídica que abrange pais e filhos, em um polo temos os titulares desse direito que são os pais,
os quais devem exercer em igualdade de condições, no outro polo os filhos menores ou não
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emancipados, independentemente da origem da filiação, todo filho está sujeito ao poder
familiar do pai e da mãe, conforme art. 1630 do CC “Os filhos estão sujeitos ao poder
familiar, enquanto menores” (BRASIL, 2002).
No que se refere ao objeto dessa relação jurídica existem duas situações genéricas, ou
seja, aquele que é titular do poder familiar deve exercê-lo sobre duas óticas, a primeira quanto
aos direitos pessoais e a segunda quanto aos direitos patrimoniais (GONÇALVES, 2013),
portanto o pai e a mãe possuem direitos e deveres tanto no que se refere a bens materiais e/ou
patrimoniais, quanto no que se refere a questões existenciais e/ou pessoais com relação aos
seus filhos menores. Trata-se de um poder multiforme, que serve principalmente como meio
de proteção ao filho, a fim de assegurar um desenvolvimento sadio e pleno com o devido
respeito à sua pessoa.
2.1 CARACTERÍSTICAS
É no Direito de família que se encontra o instituto do poder familiar, este tema é
regulado nos artigos 1.630 a 1.638 do Código Civil de 2002 (BRASIL, 2002). É instituto de
direito privado, porém de elevada relevância para o âmbito público, pois toda sociedade se
forma e se constitui, iniciando e tendo como base o relacionamento familiar, e para manter a
ordem da sociedade civil é necessário que se tenha uma estrutura familiar harmoniosa.
O Estado é quem estabelece as regras para o seu exercício, podendo inclusive
interferir em determinadas situações que são constatadas o não cumprimento destas normas,
nesse sentido existem várias previsões de natureza não só civil, mas também penal prescrita
no ordenamento jurídico. Conforme art. 178, inciso II do NCPC, verifica-se, ainda, que o
Ministério Público obrigatoriamente deve participar nos processos em que se discute o poder
familiar (BRASIL, 2015).
Desse modo trata-se de um encargo imposto pelo Estado, com a finalidade de que os
pais zelem pelo futuro de seus filhos, daí depreende-se um dos aspectos característicos do
poder familiar, qual seja constituir-se em um múnus público1. O instituto possui também
outras características bastante acentuadas, nesse sentido Diniz (2013, p. 553) ressalta que:
1) Constitui um múnus público, isto é, espécie de função correspondente a um
cargo privado, sendo o poder familiar um direito-função e um poder-dever, que
estaria numa posição intermediária entre o poder e o direito subjetivo.
2) O poder familiar é irrenunciável, pois os pais não poderão abrir mão dele.
1 Encargo legalmente atribuído a alguém, em virtude de certas circunstâncias, a que não se pode fugir.
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3) É inalienável ou indisponível, no sentido de que não pode ser transferido pelos
pais a outrem, a título gratuito ou oneroso; [...]
4) É imprescritível, já que dele não decaem os genitores pelo simples fato de
deixarem de exercê-lo; somente poderão perdê-lo nos casos previstos em lei.
5) É incompatível com a tutela, não se pode, portanto, nomear tutor a menor, cujo
pai ou mãe não foi suspenso ou destituído do poder familiar.
6) Conserva, ainda, a natureza de uma relação de autoridade por haver um vínculo
de subordinação entre pais e filhos, pois os genitores têm o poder de mando e a
prole, o dever de obediência, segundo o art. 1.634, VIII, do Código Civil (grifos
nossos).
Em síntese além de possuir o caráter de múnus público, pois ao Estado interessa
preservar o bom desenvolvimento das futuras gerações, o instituto é também irrenunciável,
inalienável, imprescritível, incompatível com a tutela, constitui-se em uma relação de
autoridade, indivisível e temporária, pois somente perdura por um determinado período de
tempo, até os filhos atingirem a maioridade ou se forem emancipados.
É indivisível, pois ainda que os pais estejam separados, cumprirá a ambos, exercer o
poder familiar. O instituto permanecerá indivisível, em contrapartida seu exercício não. A
todo exposto existe uma única exceção no que se refere à irrenunciabilidade, conforme
estabelece o art. 166 do ECA nos casos de adoção (BRASIL, 1990). Esse encargo é
transferido para a família substituta nessa situação haveria sim uma hipótese de renúncia ou
transferência do poder familiar.
2.2 ATRIBUIÇÕES DO PODER FAMILIAR
No tocante aos encargos ou deveres e direitos conferidos aos genitores relativo à
pessoa do filho tem-se o fundamento legal tanto na Constituição Federal, bem como no
Código Civil e no ECA/90. A Carta Magna fixa no artigo 229 o “dever de assistir, criar e
educar os filhos menores” (BRASIL, 1988) e dentre as várias atribuições elencadas no art.
1.634 do CC, temos que os pais devem promover a educação, a alimentação, o sustento, a
subsistência (BRASIL, 2002).
Devem também ter esses filhos sob sua companhia e guarda que inclusive pode ser
compartilhada a fim de permiti a ampla convivência dos filhos com ambos os pais, mesmo
nos casos de dissolução conjugal, exercer a representação nos atos da vida civil, assisti-los,
reivindicar esses filhos se estiver indevidamente em poder de terceiros o que é realizado
através da busca e apreensão, exigir obediência, respeito e que façam os serviços apropriados
com sua idade e condição (BRASIL, 2002).
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Por conseguinte, a ECA/90, também traz uma abordagem quanto às
responsabilidades dos pais quando estabelece em seu art. 22 que “aos pais incumbe o dever de
sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes, ainda, no interesse destes, a
obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais” (BRASIL, 1990). Por tudo
que já foi dito fica claro que o objetivo principal é resguardar o filho, que pela sua peculiar
situação de pessoa em desenvolvimento, não é capaz de tomar conta de si mesmo e de seus
interesses.
Nesse mesmo norte Fernandez (2015, p. 262) aduz que “quando se diz que aos pais
compete à criação e educação, está se dizendo que cabe aos pais proporcionar a sobrevivência
dos filhos, tornando-os, também, há seu tempo, úteis à sociedade”, ficam evidenciados que o
cumprimento dessa obrigação representa uma função social de ordem pública, é de se destacar
também a imperatividade do verbo contido na norma.
3 LIMITAÇÕES IMPOSTAS AO EXERCICIO DO PODER FAMILIAR: CAUSAS DE
SUSPENSÃO, EXTINÇÃO E DESTITUIÇÃO
Para o estudo acerca dos limites que a lei impõe ao desempenho da função parental,
ou seja, as razões que levam a suspensão, destituição (perda) e extinção, faz-se necessário
esclarecer que são circunstâncias diferentes. Conforme os ensinamentos de (GONÇALVES,
2013) a extinção advêm de fatos naturais e dá-se, em regra, pelo próprio direito, a destituição
e a suspensão dá-se por via judicial, sendo que esta última é uma medida que restringe o
exercício do poder familiar e a destituição é uma medida que finda o exercício do poder
familiar, ambas nas situações juridicamente comprovadas.
Ainda nesse sentido Gonçalves (2013, p.432) aduz que “a perda ou destituição
constitui espécie de extinção do poder familiar”, sendo assim são três modalidades de
interferência estabelecidas pelo direito civil, o artigo 1.635 enumera as possibilidades de
extinção; o artigo 1.637 descreve as situações cabíveis de suspensão e o artigo 1.638
determina em quais situações ocorrerá à perda (BRASIL, 2002). Feito as devidas
considerações é importante destacar que tais limitações possuem a finalidade de proteger os
direitos fundamentais das crianças, que estão positivados de forma prioritária tanto pela
Constituição Federal de 1988, quanto pelo ECA/90.
Quando os pais deixam de honrar com a função paternal da qual são titulares,
infringindo ou mesmo sendo omisso no seu compromisso de protetores, a ordem jurídica em
especial pelo Poder Judiciário e Ministério Público, pode ser acionada, e os pais faltosos
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podem responder tanto na esfera civil, quanto penal e administrativa (ZEGLIN, 2015). É
nesse sentido que existe há possibilidade de suspensão ou perda do poder familiar, sempre que
restar comprovado fato ou circunstância contrária aos deveres inerentes a qualquer um dos
pais ou responsável.
3.1 DA SUSPENSÃO
A suspensão pode ser compreendida como uma restrição temporária ao exercício do
poder familiar, parcial ou total, tanto no que se refere às atribuições quanto no que se refere à
quantidade de filhos que serão alcançados pela medida, se apenas um ou todos, será
estabelecida jurisdicionalmente e permanecerá enquanto for necessário aos interesses do filho,
na parcial o pai ou mãe é privado de alguns direitos, já na suspensão total é privado em sua
totalidade (GONÇALVES, 2013). As hipóteses de suspensão estão reguladas no artigo 1.637
do Código Civil, in verbis:
Art. 1.637 Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles
inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente,
ou o Ministério Público, adotar à medida que lhe pareça reclamada pela segurança
do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à
mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão (BRASIL, 2002).
Depreende-se do artigo acima citado que são três hipóteses principais, porém
genéricas que poderá ocorrer à suspensão, quais sejam; não cumprimento dos deveres, ruína
dos bens, e condenação penal irrecorrível. Passemos a análise individual de cada uma delas.
As duas primeiras, não cumprimento dos deveres ou ruína dos bens, qualificam o abuso de
autoridade (GONÇALVES, 2013).
Os deveres dos pais para com os filhos são muitos e genéricos, contudo estão
positivados em vários artigos esparsos, dos quais podemos destacar o art. 227 da CF, art. 22
do ECA e o próprio Código Civil (art. 1634), especialmente no tocante ao sustento, guarda e
educação. Portanto nas situações em que se verifica que os pais exploram os filhos menores
obrigando-os a trabalhar, ou que deixam seus filhos fora da escola ou ainda que não
administre com o devido cuidado seus bens, são exemplos de um cenário irregular do qual a
criança está inserida, nesse sentido suspende-se, o poder familiar até que tal situação seja
revertida.
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A terceira possibilidade se refere à condenação criminal por sentença irrecorrível,
com pena superior a dois anos, conforme ensina (FERNANDEZ, 2015) a suspensão do poder
familiar por condenação na esfera penal deve ser analisada no caso em concreto, e não
imputada automaticamente, como uma medida acessória da condenação criminal, visto que as
penas iguais ou inferiores a quatro anos são cumpridas em regime aberto e ainda reserva a
alternativa de substituição de penas privativas de liberdade por restritivas de direito, sendo
assim o poder familiar só será suspenso se não houver a possibilidade dos pais exerce-los,
ainda que tenham sido condenados.
É de se consignar que a perda e a suspensão devem seguir os procedimentos do
artigo 24 do ECA (BRASIL, 1990), o qual determina que serão decretados judicialmente, em
procedimento contraditório, assegurando aos pais ou responsável o direito à ampla defesa. É
necessário elucidar que o descumprimento do dever de sustento, por si só, não justifica a
suspensão do poder familiar, já que somente a falta de recursos materiais, ou seja, boas
condições financeiras do genitor não constitui motivo suficiente para tal sanção, nesse sentido
o artigo 23 do ECA dispõe que, “a falta ou a carência de recursos materiais não constitui
motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar” (BRASIL, 1990).
Ainda a esse respeito (DIGIÁCOMO; DIGIÁCOMO, 2017) traz comentários a
respeito dos procedimentos contidos no ECA, pois se existir um motivo grave, o juiz poderá
determinar a suspensão do poder familiar por meio de uma medida liminar até o julgamento
definitivo da causa, confiando a criança ou adolescente a uma pessoa idônea ou a uma casa de
acolhimento. Os pais serão ouvidos e poderão defender-se perante a Justiça. Nesse caso, o juiz
deve determinar a realização de estudo social da família envolvida, ou perícia por equipe inter
profissional.
Vale lembrar que, quando a causa que justificou a suspensão termina, o genitor pode
retomar o poder familiar, submetendo-se, caso necessário, a acompanhamento médico ou
psicológico para resguardar os filhos. Trata-se de medida personalíssima que atinge apenas o
exercício do pai faltoso, não operando efeitos sobre a titularidade do poder familiar, que
permanece intacta.
Por todo exposto fica evidenciado que a suspensão é aplicada com intuído de garantir
a segurança do menor, também não exime os pais da responsabilidade de sustentar ou
alimentar o menor, conforme art. 1.634, inciso I, do CC, ainda que ele esteja inserido em
família substituta ou sob tutela, pois se trata de dever unilateral, intransmissível, decorrente da
filiação (BRASIL, 2002). Configura-se ainda como uma medida menos agressiva do que a
destituição.
17
3.2 DA EXTINÇÃO
A extinção do poder familiar decorre de fatos naturais independentemente da vontade
dos pais, não é motivada pelo descumprimento das funções parentais, sendo livre de
conotações punitivas, são circunstâncias em que há interrupção definitiva e em virtude dos
fatos elencados no art. 1.635 do Código Civil, quais sejam; morte dos pais ou do filho, pela
emancipação, pela maioridade, pela adoção e por determinação judicial, nas situações
previstas do artigo 1.638 (BRASIL, 2002).
No que se refere à morte dos pais ou do filho a compreensão é clara, primeiro porque
desaparece o sujeito ativo da relação jurídica, observe que se os pais como possuidores de tal
múnus vêm a falecer não será mais possível o exercício do poder familiar e caso o filho faleça
não subsistirá qualquer vínculo protetivo com o filho, pois referido instituto só existe se
houver filho menor de idade. Cumpre-nos ressaltar que a morte de um dos pais não extingue o
poder familiar do outro.
A segunda hipótese se refere à emancipação, nas formas que a lei prevê, uma vez
que, com ela o filho, por ação dos pais, ou de qualquer um deles na falta do outro, conquista a
maioridade, desse modo o filho encontra-se legitimado para exercer todos os atos da vida
civil, também é evidente que ocorre a extinção do poder familiar quando o filho atinge a
maioridade, aos dezoito anos.
A adoção também se constitui como uma forma de extinção, pois os pais naturais ou
biológicos transferem ou renunciam em favor dos pais adotivos o poder familiar, constituindo
assim um novo estado jurídico. Por último, a extinção por decisão judicial ocorre quando
comprovado algumas das situações previstas no artigo 1.638 do Código Civil (BRASIL,
2002). Os fatos extintivos independem, em regra, do pronunciamento do poder judiciário,
porém o inciso V do artigo 1.638 traça uma situação em que é decretada a extinção por via
judicial, a qual será abordada no tópico seguinte.
3.3 DA DESTITUIÇÃO OU PERDA DO PODER FAMÍLIA.
É o fim do exercício parental e ocorrem em decorrência das situações expressas no
art. 1.638 do Código Civil, que estabelece quatro situações centrais, quais sejam; castigos
imoderados, deixar o filho em abandono, praticar atos que são contrários a moral e aos bons
costumes e incidir, reiteradamente, nas faltas que gera a suspensão (BRASIL, 2002). É uma
medida extrema que precisa do aparato jurisdicional, razão pela qual só deverá ser decretada
18
quando o fato gerar grave risco a dignidade e segurança do filho (GONÇALVES, 2013).
Cumpre-nos analisarmos as situações.
A primeira hipótese de destituição ocorre quando se verifica há prática de castigos
imoderados aos filhos são situações de castigos excessivos, a esse respeito (DIAS 2013) faz
uma crítica ao dispositivo, poiso mesmo deixa margem a prática do castigo moderado o que
não deixa de se apresentar como ato de violência à integridade física do filho, contrariando
inclusive as garantias constitucionais a proteção da criança e adolescente.
Nesse sentido declara Dias (2013, p.447) “ora se é assegurada integridade física aos
presos, ou seja, se aos adultos existe essa proteção mais prioritariamente deve existir com
relação à criança ou adolescente, ainda que se trate de castigo moderado”. É importante
destacar que tal situação de violência contraria o direito à inviolabilidade da pessoa humana,
nesse cerne temos o artigo 18-A do ECA/90, estabelecendo que.
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de
correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos
integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos
executores de medidas sócios educativas ou por qualquer pessoa encarregada de
cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei nº 13.010, de
2014) (BRASIL, 1990).
Além do mais tal atitude também se encontra configurado como crime de maus tratos
com previsão punitiva no art. 136 do Código Penal. Vejamos:
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade guarda ou
vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou
inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos. [...] (BRASIL, 1940).
Por tudo que foi exposto referente aos castigos físicos reforça-se que é uma violação
a integridade física do infante, além de atingir a sua dignidade. No que tange ao abandono do
filho, este que pode ocorrer por variados fatores e em formas diversas tais como abandono
afetivo, intelectual, moral, material, deixar o filho em abandono é privá-lo da convivência
familiar e dos cuidados inerentes ao dever de guarda, criação e educação (MADALENO,
2013). Vejamos precedente do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, onde deixa claro essa
situação de abandono, nos autos da Apelação:
19
ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N. 0001274-44.2012.815.0241 RELATOR:
Desembargador. João Alves da Silva ORIGEM: 2ª Vara da Comarca de Monteiro
APELANTE: Rosana Martins dos Santos e João Ferreira dos Santos (Adv. Fabrício
Araújo Pires OAB-PB 15.709) APELADO: Ministério Público Estadual
APELAÇÃO CÍVEL. DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR. NEGLIGÊNCIA
E INAPTIDÃO DOS GENITORES PARA PROVER OS CUIDADOS BÁSICOS
DO FILHO. SITUAÇÃO GRAVE DE RISCO. PREVALÊNCIA DOS
INTERESSES DO MENOR. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA.
DESPROVIMENTO DO APELO. − Se os pais não oferecem condições mínimas de
subsistência à sua prole, imperiosa se faz a destituição do poder familiar em nome de
uma razão maior que é o interesse na boa formação do (BRASIL, 2016).
Na oportunidade do julgamento, a 4ª Câmara especializada Cível do Tribunal de
Justiça da Paraíba decidiu por unanimidade, no sentido de manter a sentença proferida na
Comarca de Monteiro a qual destituiu o poder de ambos os pais em relação ao filho menor,
pois foi constatada negligência nos cuidados com o filho, é de se destacar que o caso
supracitado foi inserido nos incisos II e III do art. 1.638, pois ficou demonstrado tanto o
abandono quanto a pratica de atos contrários a moral e aos bons costumes.
Em relação à moral e aos bons costumes o dispositivo foi utilizado para evitar que o
mau exemplo dos pais influencie ou prejudique a formação moral do filho menor. Por serem
pessoas em desenvolvimento os filhos se espelham nas atitudes de seus pais, estes por sua vez
devem ter uma conduta de probidade e honradez, pois é certo que os menores amoldam seu
caráter a partir dos exemplos fornecidos pelos pais, exemplificando tais situações temos os
casos em que os pais deixam os filhos diariamente expostos ao uso e tráfico de drogas e à
prostituição.
A última hipótese de perda é quando os pais reiteradamente cometem as causas que
enseja em suspensão, portanto o inciso V do art. 1.638 do CC/2002, surge com a intenção de
impedir que os pais reiterem as causas de suspensão. Vale ressaltar que a perda deve ser
utilizada de forma excepcional se houver alguma possibilidade da situação de abandono ser
revertida não deve ser estabelecida, sendo assim a ação de destituição deve ser pensada e só
utilizada como último recurso.
Ademais, é necessário que seja feito uma investigação criteriosa do fato através de
equipe interprofissional, com psicólogo e assistente sociais, que poderão avaliar de forma
objetiva o comportamento dos envolvidos e as possíveis consequências advindas de seus atos.
A autoridade competente para apreciar o pedido é o Juízo da Infância e da Juventude ou o
Juízo da família.
O Estatuto da Criança e do Adolescente também traz uma previsão legal e o
procedimento tanto de suspensão quanto de destituição é abordado de forma pormenorizada
na Seção II, do Capítulo III (Dos Procedimentos), do Título VI (Do Acesso à Justiça), da
20
Parte Especial da Lei nº 8.069/90, ressaltando que não há exclusão entre os referidos diplomas
legais, antes, se interpenetra.
Em relação ao registro de nascimento da criança ou adolescente que teve os pais
destituídos do poder familiar, dispõe o artigo 163, parágrafo único do ECA que “a sentença
que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de
nascimento da criança ou do adolescente” (BRASIL, 1990), o artigo 102, §6º, da Lei de
Registros Públicos também traz previsão nesse sentido “no livro de nascimento será averbado
a perda e a suspensão do pátrio poder” (BRASIL, 1973).
Vale ressaltar que a referida averbação se faz necessária, no registro do nascimento,
“para impedir que o genitor destituído tente utilizar dos direitos e deveres inerentes ao poder
familiar retirado pela sentença, impedindo assim que ele oponha as prerrogativas, das quais
foram retiradas a terceiros, visto que a ação de destituição do poder familiar ocorre amparada
pelo segredo de justiça” (ZEGLIN, 2015, p. 38).
De acordo com o artigo 47, §2º do Estatuto da Criança e do Adolescente a única
sentença que determina o cancelamento do registro original, bem como a confecção de um
novo registro, estabelecendo novos vínculos de parentesco é a de adoção (BRASIL, 1990).
Sendo assim, a sentença que destitui o poder familiar não tem a finalidade de cancelar o
registro de nascimento da criança ou do adolescente, mas apenas averbá-lo, cancelar o registro
de nascimento é torná-lo sem efeito jurídico.
4 DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR E ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO
PÚBLICO
O Ministério Público - MP não tem nenhuma ligação com o judiciário, legislativo ou
executivo, muito embora a consecução de suas atividades se dê dentro da estrutura judiciária,
inclusive na maioria das vezes compartilhando o mesmo ambiente, vale ressaltar que ele não
faz parte do Poder Judiciário. É, portanto, uma instituição independente e permanente,
constitucionalmente declarado como indispensável à função jurisdicional do Estado,
encarregado por defender o sistema democrático, o sistema de normas brasileiras, os
interesses da coletividade e os individuais indisponíveis, desta forma atua como um
verdadeiro defensor jurídico da sociedade (BRASIL, 1988).
Já no contexto do ECA/90, o MP possui capítulo próprio (artigos 200 a 205) no qual
traz uma abordagem acerca de suas competências e atribuições no que se refere a salvaguarda
os interesses das crianças e adolescente (BRASIL, 1990). O MP atua através das promotorias
21
infanto-juvenil, na pessoa do promotor de justiça, sempre que constatado violação ou ameaça
aos direitos fundamentais das crianças e adolescentes. Por força do art. 98 (ECA/90) se
verifica três perspectivas principais de tutela jurisdicional por parte do MP, quais sejam: “I
por ação ou omissão da sociedade e do Estado, II por falta, omissão ou abuso dos pais ou
responsável, III em razão de sua conduta” (BRASIL, 1990).
O inciso I se refere às ações ajuizadas contra os entes estatais (município, estado e
união) quando são omissos no plano assistencial à criança, como exemplos, citamos as
questões que envolvem falta de vaga em creche, escola, abrigo, questões de saúde, questões
sócio educativas e outros, realmente há muito que se fazer para que de fato seja efetivado os
direitos básicos à saúde, educação, moradia e convivência familiar, pois a maior parte não é
alcançada por essas garantias que estão previstas na Carta Magna, vivendo inclusive em
situações de miserabilidade!
O inciso II se direciona as questões que envolvem os pais ou responsáveis, como por
exemplo, por agressão ou violência cometida contra o filho, quando se verifica agressão
sexual, omissão, negligência, nos casos em que o pai ou a mãe está envolvido com drogas,
enfim nessas circunstâncias. O inciso III e último abrange a própria conduta do adolescente ou
da criança, como por exemplo, quando comete atos infracionais.
Para atingir o objetivo principal desse estudo iremos nos restringir às situações que
envolve abuso, falha ou falta dos pais ou responsáveis, ou seja, nas situações que tem a ver
com destituição do poder familiar. As atribuições do MP são várias, a grande maioria está
concentrada no art. 201 do ECA/90 que contém 12 incisos. O inciso III estabelece que o MP é
responsável por “promover e acompanhar as ações e os mecanismos de suspensão e
destituição do poder familiar” (BRASIL, 1990).
Ademais o inciso VIII do artigo retro citado preceitua que o MP deve proteger os
princípios, garantias e direitos às crianças e adolescentes “promovendo as medidas judiciais e
extrajudiciais cabíveis”, sendo assim suas atribuições, não se restringe as do artigo 201
(ECA/90), engloba também qualquer outra função que esteja expressamente ou
implicitamente mencionada na Lei n.º 8.069 de 13 de junho de 1990 e que serão
desenvolvidas nos termos de sua lei orgânica (RAIA; MINETTO, 2011).
No que se refere às ações extrajudiciais o Ministério Público através do Promotor de
Justiça da Vara da Infância e da Juventude aciona o Poder Público para que sejam efetivadas
políticas públicas, que possibilitem assegurar uma maior assistência à criança e ao
adolescente, como por exemplo, expede recomendações, realiza visitas de inspeção, fiscaliza
entidades, dentre outras, já na esfera judicial se apresenta como órgão responsável em
22
promover as ações civis para a tutela dos direitos e garantias fundamentais da criança e do
adolescente (DIGIÁCOMO; DIGIÁCOMO, 2017).
As ações de suspensão e destituição do poder familiar dependem de decisão judicial
e tais ações podem ter sua propositura por quem tenha legítimo interesse ou por iniciativa do
Ministério Público, conforme art. 201, inciso III do ECA/90, que tanto pode dirigir a ação
contra ambos ou contra somente um dos pais. Ademais nas situações que não figurar como
parte ele tem o dever de intervir na defesa dos direitos, pois a falta de intervenção no processo
gera sua nulidade (DIGIÁCOMO; DIGIÁCOMO, 2017).
As consequências da institucionalização prolongada são muitas é por isso que a
convivência familiar e comunitária é uma prioridade para o bom desenvolvimento da criança
e do adolescente, nesse sentido o artigo 19 do ECA deixa claro que é importante a criança está
inserida em uma família de preferência a natural, se não for possível a extensa e em último
caso a substituta. (BRASIL, 1990), a finalidade é proporcionar um equilíbrio emocional e
psicológico a criança, que somente é encontrado na família.
Desta feita, o Ministério Público se apresenta como a instituição legitimada para
acionar o executivo, quanto à consecução das políticas públicas, o poder judiciário, nas ações
que envolvem destituição do poder familiar e colocação em família substituta e deve envidar
todos os esforços para propiciar que os princípios, diretrizes e direitos fundamentais
estabelecidos pelo ECA/90 sejam resguardados, portanto não atua apenas como custo legis,
desempenhando um importante papel na efetivação de tais direitos.
5 RESTABELECIMENTO DO PODER FAMILIAR: POSSIBILIDADE VERSUS
IMPOSSIBILIDADE
O Código Civil de 2002 é silente quanto à possibilidade do restabelecimento do
poder familiar, o Estatuto da Criança e do Adolescente, também não traz nenhuma previsão
legal quanto às formas de recuperação pelos pais que foram destituídos em processo judicial.
Em princípio a destituição do poder familiar tem caráter definitivo, contudo não há no
ordenamento jurídico estabelecendo que a destituição seja irrevogável, sendo assim existe a
possibilidade de restabelecimento do poder familiar perdido por decisão judicial.
Para tanto se faz necessário observar os seguintes critérios: as causas que ensejaram a
destituição sejam comprovadamente superadas ficando provada alteração no estado de fato ou
de direito e que seja a medida mais benéfica ao menor, respeitados essas situações será
23
possível à revisão do julgado. Esse entendimento é corroborado pelo art. 505, I, do Código de
Processo Civil:
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à
mesma lide, salvo:
I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no
estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi
estatuído na sentença; [...] (BRASIL, 2015).
É de se observar que se for para atender o melhor interesse da criança e restar
devidamente comprovado que a situação que resultou a medida está superada não há o que se
falar em impossibilidade de restituição, ainda nesse sentido ensina Ishida (2015, p. 427) “a
destituição do poder familiar é verdadeira sanção decorrente do descumprimento dos deveres
inerentes às funções parentais, e por analogia ao princípio penal de proibição de penas de
caráter perpétuo (artigo 5º, XLVIII, letra b, da Constituição Federal), veda-se a perpetuidade
da mesma”,
Assim, cessado o motivo, é possível restituir o poder familiar ao genitor destituído,
para tanto, a parte interessada deverá postular a aludida revisão através de ação própria, no
bojo da qual caberá demonstrar a mudança dos motivos que ensejaram a perda do poder
familiar, portanto há destituição não só pode como deve ser revista nas situações em que os
detentores do poder familiar se mostrem aptos e que os motivos pelos quais levaram a
destituição estejam totalmente superados.
Por outro lado, destacamos a exceção a todo o exposto, conforme dispõe o art. 39 §1º
do ECA “A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas
quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou
extensa [...]” (BRASIL, 1990), sendo assim nas hipóteses em que a perda do poder familiar
resultar em adoção, não será possível rever a sentença, pois é expressamente irrevogável a
adoção por conseguinte restará impossibilitada também a restituição do poder familiar.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebeu-se no decorrer do estudo ora realizado, que houve uma considerável
mudança e evolução nos valores da sociedade, motivo pelo qual propiciou o amoldamento do
instituto à nova realidade da família. O antigo pátrio poder era baseado em uma sociedade
patriarcal, conservadora e machista, cuja titularidade do exercício era apenas conferida ao
homem, nesse contexto a mulher não tinha nenhuma participação, e todas as decisões familiar
24
era de exclusividade paterna, no entanto esse cenário foi se modificando ao longo dos anos e
esse poder que outrora era reservado apenas ao pai, que era o chefe da família, passou a ser
um poder-dever, onde o dever se sobrepõe ao poder exercido conjuntamente pelos genitores.
A Constituição Federal de 1988 não só reconheceu a igualdade entre homens e
mulheres como também conferiu no âmbito conjugal isonomia nos deveres e obrigações
inerentes ao exercício da autoridade parental. Em relação ao conceito de poder familiar, como
atualmente é conhecido, pode-se afirmar que é um instituto protetivo voltado ao interesse da
criança e do adolescente, onde é estabelecido um conjunto de poderes e deveres, cuja
atribuição deve ser desenvolvida em igualdade de condições tanto pelo pai quanto pela mãe
enquanto o filho for menor de idade ou não emancipado, observando sempre o seu bem-estar.
Constatou-se que no contexto social a criança e ao adolescente, possuem um
tratamento prioritário e especial, o Estado brasileiro é o maior interessado em assegurar um
desenvolvimento saudável e pleno às futuras gerações, tanto é que instituiu o Estatuto da
Criança e do Adolescente a fim de dar maior efetividade a políticas de proteção à infância e
juventude como também a família, célula mãe e base da sociedade.
No quesito características, segundo pesquisa doutrinária, é assentado o entendimento
de que o poder familiar possui caráter de múnus público, é ainda indivisível, irrenunciável,
inalienável, imprescritível, intransferível e incompatível com a tutela e o seu conteúdo tem
previsão legal no art. 1634 do Código Civil Brasileiro de 2002. Neste artigo são estabelecidas
as obrigações atinentes ao poder familiar que deverão ser cumpridas conjuntamente por
ambos os genitores sem qualquer distinção.
Visto que o instituto constitui um encargo público o Estado é legitimado a intervir na
esfera familiar impondo limitações ao exercício do poder familiar, cuja legislação atual traz a
previsão de suspensão nos termos do artigo 1.637 quando o genitor abusar de sua autoridade,
faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos; pode ser extinto, nos
termos do artigo 1635 quando morrerem os pais ou o filho, pela emancipação nos termos do
art. 5º parágrafo único, pela maioridade, pela adoção ou por decisão judicial na forma do
artigo 1.638 do CC/2002 (BRASIL, 2002).
Também se verificou que pode ocorrer a perda ou destituição conforme está previsto
no art. 1.638 CC/2002, ou seja, poderá perder por ato judicial o pai ou a mãe que castigar
imoderadamente o filho, deixar o filho em abandono, praticar atos contrários à moral e aos
bons costumes e incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo 1.637 que trata do abuso
de autoridade dos pais ou da má administração dos bens da criança.
25
Por fim, verificou-se que é possível o restabelecimento do poder familiar destituído
por intervenção de uma decisão judicial, a perda, todavia é permanente, porém se houver
fundada comprovação de alteração no estado de fato ou de direito, será possível a revisão do
julgado, para tanto a parte interessada deverá postular a revisão mediante ação própria. No
entanto existem duas exceções que impossibilitam a restabelecimento, quais sejam: a adoção e
quando o pai ou mãe comete crime doloso contra o filho.
FAMILY POWER DEFENSE AND PUBLIC MINISTRY ACTION
ABSTRACT
The purpose of this study is to deepen knowledge about the limits imposed by the State to the
exercise of family power, analyzing the causes that lead to the suspension, extinction and
dismissal of this power, clarifying if it is possible to reestablish it, and what role and
importance of the Public Prosecutor's Office in the actions to remove family power. For a
greater understanding of the theme we will take an approach in four main topics, which
respectively treat; conceptual aspects, exposing the main characteristics and attributions of the
institute; then an approach to the causes that lead to the suspension, extinguishment and
dismissal, emphasizing mainly on the causes that lead to the loss or destitution of the family
power, since it is the most serious measure and once deprived of the charge, there is no legal
provision for the parents to promote their recovery; in the sequence we will talk about the role
and importance of the Public Prosecution Service, and finally we will analyze in which
situations the possible restoration of this institute, with the consequent reintegration of the
child or adolescent to the natural family. It is said that the removal of family power is only
applied in exceptional situations, but in some cases, it is possible that the deprived parents can
recover their offspring for this, it is necessary for the parents to prove the overcoming of the
reasons that led to the process court of dismissal. On the other hand, when the dismissal is
followed by adoption, there is a breakdown of legal ties with the biological parents, including
cancellation of the child's birth record and issuance of a new one.
KEY WORDS: Family Power. Dismissal of the Family Power. Restoration.
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