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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA- FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO MIKAELLY OLIVEIRA HERCULANO DA SILVA ABUSO DE PODER: CAPTAÇÃO ILÍCITA DE VOTOS JOÃO PESSOA 2014

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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA- FESP

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

MIKAELLY OLIVEIRA HERCULANO DA SILVA

ABUSO DE PODER: CAPTAÇÃO ILÍCITA DE VOTOS

JOÃO PESSOA

2014

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MIKAELLY OLIVEIRA HERCULANO DA SILVA

ABUSO DE PODER: CAPTAÇÃO ILÍCITA DE VOTOS

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC,

realizado como requisito para fins de

conclusão do curso de Graduação em Direito e

obtenção do grau de Bacharel na FESP

Faculdades.

Área: Direito Eleitoral

Orientador: Prof.Ricardo Sérvulo da Fonseca

JOÃO PESSOA

2014

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S586a Silva, Mikaelly Oliveira Herculano da

Abuso de poder: captação ilicita de votos./ Mikaelly Oliveira

Herculano da Silva. João Pessoa, 2014.

17f.

Artigo (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP.

1. Direito Eleitoral 2. Abuso de Poder Político 2. Compra de

votos I. Título.

BC/FESP CDU:342.8(043)

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MIKAELLY OLIVEIRA HERCULANO DA SILVA

ABUSO DE PODER: CAPTAÇÃO ILÍCITA DE VOTOS

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC,

realizado como requisito para fins de

conclusão do curso de Graduação em Direito e

obtenção do grau de Bacharel na FESP

Faculdades.

APROVADO EM _____/_______2014

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Prof. Ricardo Sérvulo da Fonseca

Orientador- FESP

___________________________________________

Prof..

Membro- FESP

___________________________________________

Prof..

Membro- FESP

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, por me dar forças para seguir em frente

mesmo em meio a muitos obstáculos, por me abençoar por essa conquista.

A minha guerreira, minha mãe Maria de Fatima Ribeiro Oliveira por me ensinar que o

estudo é a maior herança que ela poderia oferecer, que eu só alcançaria meus sonhos através

de muito esforço.

Aos meus avos Gilberto Pedro e Terezinha Ribeiro, por todo amor e carinho

Aos meus irmãos Erivaldo Herculano e Lucas Oliveira, agradeço pelo incentivo que

sempre me deram, pela paciência .

A meu querido esposo Leonildo Dias, pelo apoio que sempre me deu.

Ao minha querida auxiliadora, Maria do Socorro .

Muito obrigado aos familiares e amigos que de alguma forma me ajudaram nessa

jornada, acreditando no meu potencial.

A meu orientador, Ricardo Sérvulo, por ter aceitado me ajudar com o pouco tempo

que tínhamos.

Agradeço também а todos os professores qυе mе acompanharam durante а graduação,

еm especial à Profª.Socorro Menezes responsável pеla realização deste trabalho.

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................. 1

1 CONSIDERAÇÕES INICIAS .................................................................................... 1

2 ASPECTOS GERAIS DO DIREITO ELEITORAL BRASILEIRO ........................ 2

3 PRINCIPIOS ............................................................................................................... 3

3.1 O Estado Democrático de Direito ............................................................................... 4

3.2 SOBERANIA POPULAR ........................................................................................... 4

3.3 Principio Republicano ................................................................................................ 5

3.4 Sufragio Universal ...................................................................................................... 6

3.5 Principio da Probidade, Moralidade e Legitimidade das Eleições ............................ 6

3.6 Igualdade e Isonomia .................................................................................................. 7

4 ABUSO DE PODER ................................................................................................... 7

4.1 ABUSO DE PODER ECONOMICO ......................................................................... 9

4.2 Abuso de Poder Politico .............................................................................................. 9

4.3 Uso Indevido Dos Meios De Comunicação Social .................................................... 11

5 CAPTAÇÃO ILICITA DE VOTOS......................................................................... 11

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 14

ABSTRACT ....................................................................................................................... 15

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 16

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ABUSO DE PODER: CAPTAÇÃO ILÍCITA DE VOTOS

MIKAELLY OLIVEIRA HERCULANO DA SILVA

RICARDO SÉRVULO DA FONSECA*

RESUMO

O objetivo deste artigo é avaliar a leis, a doutrina e a jurisprudência no que se alude ao abuso

do poder político como meio para captação de votos. O voto é o exercício da democracia

exercido pelo cidadão, é a declaração da sua vontade perante o Estado, e principalmente a sua

indicação de um representante do país ou do estado e um chefe no executivo e daquele que

representará seus interesses composição e aperfeiçoamento das leis. A corrupção eleitoral, o

uso da máquina administrativa,configuram abuso de poder político, fazendo com que

arealidade da vontade do povo não seja expressa, influenciando no exercício da democracia

do país. Grande é a valor do voto para a democracia, os legisladores criaram vários

mecanismos visando coibir as praticas ilícitas, utilizando dos avanços da tecnologia, porem

em muitas situações, tal prática tem sido difícil de reduzir e as sanções se faz necessária para

impedir que permaneça a ilegalidade.

Palavras-Chave: Direito Eleitoral. Abuso de Poder Político. Compra de votos.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAS

Abuso de poder é o efeito da imposição da vontade de outrem, constitui uma pratica

desrespeitosa a qualquer regime onde existe a democracia sem da a mínima importância as

leis com embasamento do exercício do poder .

A Constituição Federal de 1988 emana que o poder é do povo de forma que sua

vontade seja realizada. Sabe-se, entretanto, que pelo nosso atual regime constitucional, o povo

não exerce o poder de maneira direta, mas sim, através de representantes eleitos pela

população, no exercício do sufrágio universal. O sistema representativo do Brasil é semi-

direito onde a vontade do povo é manifestada através de seus representantes. Especificamente

a Justiça Eleitoral tem um papel importante, a função de fiscalizar, coibindo as praticas

abusivas para garantia do legitimo processo eleitoral

A escolha do tema esta relacionado à necessidade de uma maior atenção ao Direito

Eleitoral, tendo em vista que o período é critico, devido à interferência do abuso de poder

político e econômico tem comprometido a democracia.

*Concluinte do Curso de Direito da Fesp Faculdades. E-mail: [email protected].

** Professor da FESP Faculdades.

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Assim, o objetivo principal dessa pesquisa é a preocupação de reafirmar uma eleição

legitima sem vícios, sem comprometer de forma nenhuma a vontade do povo e mostrar as

formas que evidencia o abuso de poder político na área eleitoral.

O presente trabalho no primeiro momento pretende fazer resgate histórico, das fontes e

dos princípios, dos seus aspectos constitucionais, no segundo momento chegando a

identificação de varias formas do abuso de poder e por ultimo um apanhado acerca da

captação ilícita de votos. Nesse sentido a pesquisa será fundamentada na em bibliográficas,

analisando os textos legais.

2 ASPECTOS GERAIS DO DIREITO ELEITORAL BRASILEIRO

O direito eleitoral faz parte do direito público, que tem por escopo analisar o sistema

eleitoral e suas regras, as instituições e, além disso, os procedimentos reguladores dos direitos

políticos, e os sistemas eleitorais para Gomes (2011, p. 17), “o direito eleitoral normatiza o

exercício do sufrágio com vistas à concretização da soberania popular”.

Para Cândido (1996, p. 19) “o direito eleitoral se consolida mais por suas

características peculiares, do que por descender do direito constitucional, pertencendo este ao

ramo do direito público”.

Aprofundando essa conceituação, cumpre ainda acrescentar que, o Direito Eleitoral

segundo Ramayana (2008, p. 26) é:

[...] um conjunto de normas jurídicas que regulam o processo de alistamento,

filiação partidária, convenções partidárias, registro de candidaturas,

propaganda política eleitoral, votação, apuração, proclamação dos eleitos,

prestação de contas de campanhas eleitorais e diplomação, bem como as formas de acesso aos mandatos eletivos através dos sistemas eleitorais.

Neste sentido, corroboram Santana e Guimarães (2010, p. 39):

O Direito Eleitoral surgiu no ordenamento jurídico pátrio por força da colonização, momento da historia onde se aplicam as Ordenações do Reino

nas eleições das municipalidades, após foi ganhando forças, e no período

imperial produziu-se legislação específica no Brasil, mais fortemente sob a influência da constituição imperial, que dispôs em seus artigos 90 a 97, sobre

o alistamento eleitoral, a elegibilidade e a forma de escrutínio.

É importante enfatizar, que o Direito Eleitoral no Brasil mesmo com a evolução no

passar dos anos, as primeiras disposições eleitorais só brotaram juntamente com a

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Constituição em 1824. Apesar das diversas alterações que ocorreram na regulamentação das

eleições somente no ano de 1932, com o decreto n. 21.076, de fevereiro de 1932 é que surge

um código eleitoral.

De acordo com Santana e Guimarães (2010, p.37) “não basta enxergarmos onde nasce

o direito, mas o modo pelo qual surge, de forma valida, é por esta razão que as fontes

tradicionalmente indicadas são: a lei, o ato jurídico, o costume, a jurisprudência, a doutrina, os

princípios gerais etc. Que por sua vez, contemplam o reconhecimento jurídico de um fato

social, investindo-os das características próprias das normas jurídicas”.

No entendimento de Pinto (2003, p.31) “a constituição é fonte por excelência de todo

o direito positivo, nela se projeta à síntese dos valores e dos princípios consagrados por um

país em determinado momento de sua história”.

A principal fonte do direito eleitoral é a Constituição da República Federativa do

Brasil, que regulamenta o seu âmbito de atuação, destacam-se também com fonte as leis

federais, as resoluções do Tribunal Superior Eleitoral, a jurisprudência do tribunal superior

eleitoral a doutrina eleitoral, os estatutos dos partidos políticos, as leis ordinárias relacionadas

Código Penal, Código de Processo Penal, Código Civil e Código de Processo Civil(BRASIL,

2008).

Na perspectiva de Pinto (2003, p. 31) “as normas eleitorais devem guardar sintonia

absoluta com a Constituição, bem como, as resoluções do Tribunal Superior Eleitoral que as

disciplinam. Sendo que as leis devem levar em conta, sobretudo, o princípio da igualdade, que

busca a isonomia entre os grupos que constituem”.

3 PRINCÍPIOS

Os princípios do direito eleitoral estão correlacionados aos princípios no direito, Nesse

entendimento destaca Gomes (2011, p.28), “os princípios expressam uma dimensão do

sistema jurídico. São vagos e imprecisos, porquanto, surgem da necessidade, da interpretação,

ligam-se a uma dada realidade”.

No direito eleitoral vigora o princípio da anterioridade de acordo com a Constituição

Federal. “Art. 16 A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua

publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”(BRASIL,

1988)

No entendimento de Gomes (2011), a positivação dos princípios torna-se mais

concreto, facilitando assim a sua eficaz aplicação pelo operador do Direito.“Com sua

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positivação, disponibiliza-se ao juiz uma relevante referência,ou seja, um dispositivo no qual

poderá conectar imediatamente a decisão, justificando-a e conferindo-lhe legitimidade”.

3.1 O ESTADO DEMOCRATICO DE DIREITO

Para Gomes (2011, p.32) “a participação popular no governo é condição sinequa non

da democracia. A representação política se faz através de representantes eleitos pelo povo, por

intermédio de partidos políticos, ou seja, é condição sem a qual não há democracia”.

Conforme nos traz Bobbio (2002, p. 30),” quando se fala em democracia, o único

modo de se chegar a um acordo é considerá-la como um conjunto de regras, que estabelece

quem esta autorizado a tomar as decisões coletivas e os procedimentos”.

Nas palavras de Pádua (2011, p. 31) “a democracia é uma forma de regime político,

em que se permite a participação do povo no processo decisório e sua influência na gestão dos

empreendimentos do Estado, consubstanciada em valores fundamentais que a norteiam”.

A democracia esta dividida em três grupos, a : democracia direta, indireta e semidireta,

as quais serão conceituadas com embasamento na lições de Gomes (2011, p.33-34) “observa-

se que na democracia direta, busca-se o ideal de auto-governo, onde os cidadãos participam

das decisões, busca-se conciliar a vontade dos governantes com a vontade do povo. Ao passo

que a democracia indireta é a representativa, ou seja, em que o povo escolhe seus

representantes, os eleitos devem governar em nome do povo, e ficam responsáveis pelas

decisões políticas. Quanto à democracia semidireta, esta busca conciliar os modelos

anteriores, onde os governantes serão eleitos pelo povo, devendo agir em nome do povo, este

é o modelo presente na nossa constituição no Art. 1º § único, é a conhecida democracia

mista”.

3.2 SOBERANIA POPULAR

Miranda (apud MEZZAROBA, 2008, p.18) nos ensina que “um estado se caracteriza

como soberano na medida em que pode usufruir plenamente dos seus direitos, em que pode

participar direta e livremente na comunidade internacional, sem se sujeitar a qualquer outro

estado e, nessa qualidade, estabelece livremente sua própria ordem jurídica, bem como sua

organização dos poderes”. Assim:

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[...] que o conceito de soberania vai muito além de “um dado jurídico fixo,

uma vitória permanente a garantir: trata-se de defender e largar a esfera de

autodeterminação nacional, a capacidade de decisão autônoma quanto aos destinos da coletividade nacional, a independência em sentido material, a

capacidade do estado de gerir autonomamente os seus destinos.

O caput do art. 14, afirma que a soberania popular se concretiza por intermédio do

sufrágio universal, pelo voto direto e secreto, havendo regulamentação legal nos casos

plebiscito, referendo e iniciativa popular.

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo

voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei,mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular. (BRASIL, 2008).

Para Gomes (2008,p.32) “[...] a soberania popular se revela no poder incontrastável de

decidir. É ela que confere legitimidade ao exercício do poder estatal. Tal legitimidade só é

alcançada pelo consenso expresso na escolha feita nas urnas”.

3.3 PRINCÍPIO REPUBLICANO

Este princípio está diretamente relacionado com a forma de governo, a, a

representação política, de forma que possua um rodízio de representantes, estabelecendo,

desta maneira, um modelo de democracia. Conforme Santana e Guimarães (2010, p.47) “este

princípio informa a periodicidade da representação política, indicando a própria alternância no

comando do poder estatal, principalmente quando associado ao princípio democrático, que

vem adjetivar o próprio estado em suas confrontações com a soberania inerente ao povo”.

Conforme assinala Gomes (2011, p. 37), “de que na forma republicana de governo

tanto o chefe do Poder Executivo quanto os membros do legislativo cumprem mandado,

sendo diretamente escolhidos pelos cidadãos em eleições diretas, gerais e periódicas. Trata do

governo representativo escolhido pelos eleitores”.

Esse princípio elenca que os mandados eletivos devem ser renovados, de 4 (quatro) em

4 (quatro) anos, conforme estabelece o Art. 828 da Constituição Federal. “O mandado de

Presidente da República é de 4 (quatro) anos e terá inicio em primeiro de janeiro do ano

seguinte ao da sua eleição”. Da mesma forma ocorre para Governador (CRFB, Art. 289), para

prefeito (CRFB, Art. 29, I10), para deputado estadual (CRFB, Art. 27,§1º11), para vereador

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(CRFB, Art. 29, I), para deputado federal (CRFB, Art. 44, parágrafo único12), exceto para

senador que o mandado é por um período de 8 (oito) anos (CRFB, Art. 46, § 1º13).

3.4 SUFRÁGIO UNIVERSAL

Nas palavras de Gomes (2011, p.38), “o vocábulo sufrágio significa aprovação,

opinião favorável, apoio, concordância, aclamação. Denota, pois, a manifestação de vontade

de um conjunto de pessoas para escolha de representantes políticos”.

Seguindo esta mesma linha de pensamento, o autor ainda afirma que:

Na seara jurídica, designa o direito público subjetivo democrático, pelo qual

um conjunto de pessoas – o povo – é admitido a participar da vida política da sociedade, escolhendo os governantes ou sendo escolhido para governar e,

assim, conduzir o Estado. Em suma: o sufrágio traduz o direito de votar e ser

votado, encontrando-se entrelaçado ao exercício da soberania popular. Trata se do poder de decidir sobre o destino da comunidade, os rumos do governo

a condução da Administração Pública. (GOMES, 2011, p. 39).

Este princípio é a essência do direito eleitoral, o sufrágio constitui o direito público

subjetivo de votar e ser votado, diferente da soberania popular. É do sufrágio que a

participação popular no governo, a essência dos direitos políticos dos cidadãos possuindo a

capacidade eleitoral para determinar a administração pública do país.

3.5 PRINCÍPIO DA PROBIDADE, MORALIDADE E LEGITIMIDADE DAS ELEIÇÕES

Esses princípios estão de forma intrínseca no dispositivo tratado pelo constituinte,

então não pode analisar de forma separa de modo que estão conjuntamente ligados pela

necessidade de se observar podendo estar em detrimento um ao outro.

Art. 14, Omissis

[...]

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a

moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do

candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na

administração direta ou indireta (BRASIL, 2008).

É relevante observar, que a redação do parágrafo do dispositivo acima transcrito foi

apresentada pela Emenda Constitucional de Revisão n° 4, de 1994, demonstrando o cuidado

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do Poder Constituinte em tratar o assento constitucional aos princípios ressaltando a

importância a ética e a moral assegurados ao processo eleitoral.

Segundo Gomes (2011, p. 47) a moral ocupa-se da ação em si mesma, pois:

[...] na prática, ou seja, com o que ocorre concretamente na vida individual e

social. Mores é o ambiente histórico-cultural construído pelo homem, em um

determinado tempo e lugar. Trata-se, pois, das práticas e relações vivenciadas pelas pessoas, que expressam por meio de usos, hábitos e

costumes. O agir moralmente implica em seguir tais costumes, os quais

podem não estar em sintonia com os preceitos da ética.

A probidade esta inserida contexto dos valores ético e morais, e, por essa razão, o art.

14, § 9°, da Constituição determina que a probidade administrativa seja protegida. As

presunções de inelegibilidade são os casos que impedem o exercício dos direitos políticos são

exemplos de proteção à probidade e constituem verdadeiras sanções ao agente ímprobo. A

improbidade, ademais, pode gerar a suspensão dos direitos políticos, conforme o art. 15, V,

c/c art. 37, § 4°, da Constituição (BRASIL, 2004).

3.6 IGUALDADE E ISONOMIA

Este princípio encontra amparo legal no Art. 5º da Constituição Federal, que determina

a igualdade entre todos perante a lei, garantido aos residentes no país, independente de serem

brasileiros ou estrangeiros, o tratamento igualitário sem distinção de qualquer natureza.

Gomes (2011, p. 49) lembra que “os concorrentes a cargos político-eletivos devem

contar com as mesmas oportunidades, ressalvadas as situações previstas em lei, que têm em

vista o resguardo de outros valores, e as naturais desigualdades que entre eles se verificam”.

No entendimento de Diniz (2005, p.7) “somente as normas de direito são capazes de

assegurar esse equilíbrio que é condição de sobrevivência humana, possibilitando a todos o

pleno desenvolvimento das suas virtudes e a consecução e gozo de suas necessidades sociais”.

4 ABUSO DE PODER

O abuso de poder é impor de forma negativa, a pretensão de um indivíduo sobre o

outro, a fim de alcançar a finalidade pretendida. Conforme destaca Gomes (2011, p. 209-210):

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[...] “a teoria do abuso de poder nasce no direito privado, tendo sido

desenvolvida a partir da noção de abuso de direito. O abuso de direito ocorre

sempre que o titular de direito subjetivo, entendido como poder ou faculdade do credor, o maneje de forma egoísta e emulativa, com o propósito de

prejudicar terceiros”.

No âmbito direito privado, a composição dos aspectos ato abusivo se somente

objetivo, ou se objetivo e subjetivo, destaca-se a previsão legal expressa no Código Civil de

2002 a respeito do tema: “Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao

exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela

boa-fé ou pelos bons costumes” (BRASIL,2002).

É celebre a observação de Gomes (2011, p. 210):

[...] haverá abuso sempre que, em um contexto amplo, o poder, não importa

sua natureza, for manejado com vistas à concretização de ações irrazoáveis, anormais, inusitadas ou mesmo injustificáveis diante das circunstâncias que

se apresentarem e, sobretudo, ante os princípios agasalhados no ordenamento

jurídico. Ou seja, o abuso ultrapassa o padrão “normal” de comportamento, as condutas realizadas demonstram o uso inadequado, o excesso, o mau uso.

Segundo Ribeiro (apud COÊLHO, 2012, p. 246):

[...] “a problemática de abuso de poder não pode ficar nos confinamentos públicos ou privados, tendo que transpor essas linhas em busca de apoios

mais abrangentes que penetrem a fundo nas circunstâncias concretas da

realidade contemporânea, para que o regime democrático representativos

tenha uma escorreita base de sustentação, expungido de vícios que possam obstar ou macular o caráter genuíno da participação do povo nos processos

eleitorais”.

O abuso de poder tem previsão legal no art. 14, § 9º, da Constituição Federal de 1988:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo

voto direto e secreto, com valor igual para todos, e nos termos da lei,

mediante: § 9° Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os

prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a

moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do

poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na

administração direta ou indireta (BRASIL, 2004).

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4.1 ABUSO DE PODER ECONÔMICO

O abuso de poder econômico é caracterizado quando ocorre doação, oferecimento de

vantagens pessoais de qualquer natureza a eleitores de forma que essa ação venha a causar

desequilíbrio à disputa eleitoral e em decorrência gerar influencia o resultado nas urnas,

afetando a legitimidade das eleições. Para o Tribunal Superior Eleitoral, o abuso do poder

econômico é ouso, para benefício eleitoral de candidato, de recursos patrimoniais em excesso.

Michels (apud CHAMON, 2008, p.157-158), ao mencionar sobre o abuso de poder

econômico, aduz que “é o poder econômico a argamassa que congrega e impulsiona todos os

demais poderes, o social, o cultural e o político, formando uma estrutura de múltipla

potencialidade, pois o dinheiro é a base para qualquer corrupção”. E, mais ainda:

1. A utilização de recursos patrimoniais em excesso, públicos ou privados,

sob poder ou gestão do candidato em seu benefício eleitoral configura o

abuso de poder econômico. 2. O significativo valor empregado na campanha eleitoral e a vultosa

contratação de veículos e de cabos eleitorais correspondentes à expressiva

parcela do eleitorado configuram abuso de poder econômico, sendo

inquestionável a potencialidade lesiva da conduta, apta a desequilibrar a disputa entre os candidatos e influir no resultado do pleito. (RESPE Nº

191868, REL. MIN. GILSON DIPP, DE 04.08.2011).

Nesse aspecto, Mendes (1988, p. 24) salienta o fato de que:

“O abuso de poder econômico em matéria eleitoral consiste,

inicialmente, no financiamento direto ou indireto, dos partidos

políticos e candidatos, antes ou durante a campanha eleitoral, com

ofensa à lei e as instruções da justiça eleitoral, com o objetivo de

anular a igualdade jurídica (igualdade de chances) dos partidos,

afetando a normalidade e a legitimidade das eleições”.

4.2 ABUSO DE PODER POLÍTICO

O abuso de poder político se configura pela utilização de recursos públicos em

excesso, em beneficio de determinado candidato, que influencia no resultado do pleito de

modo ilícito, causando desproporcionalidade. Segundo Gomes (2011, p. 213) o poder político,

consequentemente, refere-se ao poder estatal.

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Por outro lado, Costa (2009,p.357) evidencia que:

[...] “é o uso indevido de cargo ou função pública, com a finalidade de obter

votos para determinado candidato. Sua gravidade consiste na utilização do múnus público para influenciar o eleitorado, com desvio de finalidade.

Necessário que os fatos apontados como abusivos, entrementes, se encartem

nas hipóteses legais de improbidade administrativa (Lei n. 8.429/92), de modo que o exercício de atividade pública possa se caracterizar como ilícito

do ponto de vista eleitoral”.

Conforme assinala Mendes (1988, p. 24) o abuso de poder político “ocorre quando o

detentor do poder, o mandatário, vale-se de sua posição para agir de modo a influenciar o

eleitor, prejudicando a liberdade de voto”. Define-se dessa forma, como ato de autoridade

exercido em detrimento do voto. Ou seja:

10. O abuso do poder político ocorre quando agentes públicos se valem da condição funcional para beneficiar candidaturas (desvio de finalidade),

violando a normalidade e a legitimidade das eleições (Rel. Min. Luiz Carlos

Madeira, AgRgRO 718/DF, DJ de 17.6.2005; Rel. Min. Humberto Gomes de

Barros, REspe 25.074/RS, DJ de 28.10.2005). (...)14. No caso, configurado abuso de poder pelos seguintes fatos: a) doação de 4.549 lotes às famílias

inscritas no programa Taquari por meio do Decreto nº 2.749/2006 de

17.5.2006 que regulamentou a Lei nº 1.685/2006; b) doação de 632 lotes pelo Decreto nº 2.786 de 30.06.2006 que regulamentou a Lei nº 1.698; c)

doação de lote para o Grande Oriente do Estado de Tocantins por meio do

Decreto nº 2.802, que regulamentou a Lei nº 1.702, de 29.6.2006; d) doações

de lotes autorizadas pela Lei nº 1.711 formalizada por meio do Decreto nº 2.810 de 13.6.2006 e pela Lei nº 1.716 formalizada por meio do Decreto nº

2.809 de 13 de julho de 2006, fl. 687, anexo 143); e) e) 1.447 nomeações

para cargos comissionados CAD, em desvio de finalidade, no período vedado (após 1º de julho de 2006); f) concessão de bens e serviços sem

execução orçamentária no ano anterior (fotos, alimentos, cestas básicas,

óculos, etc. em quantidades elevadíssimas) em 16 municípios, até 29 de junho de 2006, por meio de ações descentralizada. (RCED Nº 698, REL.

MIN. FELIX FISCHER, DE 25.6.2009).

Pereira (2010, p. 207) explica que o desvio de finalidade resulta de um ato consumado

às ocultas ou praticado sob o disfarce da legalidade ou do interesse público, e a sua

constatação deve ser feita através do exame de presunções, indícios e circunstâncias que

revelam a ardilosa substituição, pelos agentes públicos responsáveis pelo ato de que ele

resulta, do fim legal pelo objetivo imoral ou não desejado pela norma de direito.

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4.3 USO INDEVIDO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Uso indevido dos meios de comunicação social trata-se da interferência lesiva

representados por radio, televisão, jornais, revistas periódicas de qualquer espécie e internet,

de modo que venha a prejudicar ou favorecer candidatos, partidos ou coligações, conduta que

venha a influenciar a vontade do eleitorado e desequilibrar o pleito. Nesse sentido:

O e TRE/SP instância soberana na apreciação do acervo fático probatório,

consignou que a potencialidade lesiva no uso indevido dos meios de comunicação social decorre: a) da tiragem de 1.000 exemplares do „Jornal

Já‟ distribuídos no Município de Araras/SP; b) de ampla quantidade de

anúncios comerciais no mencionado jornal; c) de anterior utilização deste periódico como órgão de imprensa oficial na publicação de atos do Poder

Executivo Municipal; d) da quantidade de 8 (oito) edições nos meses que

antecederam o pleito, com intensa propaganda negativa dos recorridos; e) da

disponibilidade dos exemplares do jornal em determinados pontos da cidade. Para a adoção de entendimento contrário sob o argumento de que o aludido

jornal 'Já' é editado apenas uma vez por semana e tem a menor tiragem e

distribuição entre outros periódicos da cidade, como o jornal 'Opinião', que combateu as candidaturas dos recorrentes e tem uma distribuição semanal de

10.000 exemplares, assim como o jornal 'Tribuna do Povo', editado três

vezes por semana com distribuição em torno de 30.000 exemplares, seria necessário o reexame de fatos e provas, atraindo o óbice das Súmulas nºs

7/STJ e 279/STF, pois nenhuma destas alegações trazidas pelos recorrentes

faz parte da moldura fática delimitada pelo v. acórdão regional. (RESPE Nº

35923, REL.MIN. FELIX FISCHER, DE 09.03.2010)

5 CAPTAÇÃO ILÍCITA DE VOTOS

Captação de votos é o meio pelo qual os candidatos habilitados pela justiça eleitoral a

cargos eletivos conquistam ou atraem votos de forma licita dos eleitores, apresentando suas

idéias e propostas com a finalidade de conquistar votos suficientes para ser eleitos.

Segundo Costa (2009, p. 211) o convencimento dos eleitores não pode ser feito a

qualquer modo, por meio de técnicas e formas que quebram o equilíbrio da disputa entre os

candidatos e que viciam a vontade livre e soberana dos cidadãos. Assim, são repelidos pelo

ordenamento jurídico o uso abusivo do poder econômico ou político, o uso indevido dos

meios de comunicação social, além de outras condutas que a legislação atribui a pecha de

ilícitas e, para inibi-las, impõe a sanção de inelegibilidade.

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A captação ilícita de sufrágio surgiu no ordenamento jurídico com o artigo 41–Ada

Lei n. 9.504/97, acrescido pela Lei n. 9.840/99.

Art. 41-A da Lei 9.504/97. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos,

constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar,

oferecer,prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou

função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição,

inclusive, sob pena de multa de mil a cinqüenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei

Complementar no 64, de 18 de maio de 1990. (Incluído pela Lei nº 9.840, de

28.9.1999) § 1o Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos, bastando a evidência do dolo, consistente no

especial fim de agir. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) § 2o As sanções

previstas no caput aplicam-se contra quem praticar atos de violência ou

grave ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) § 3o A representação contra as condutas vedadas no caput

poderá ser ajuizada até a data da diplomação. (Incluído pela Lei nº 12.034,

de 2009) § 4o O prazo de recurso contra decisões proferidas com base neste artigo será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do julgamento no

Diário Oficial. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)(BRASIL, 2009).

É importante ressaltar que a redação original da captação ilícita apenas alterava o Art.

41 da Lei 9.504/97, que possuía o seguinte enunciado:

Art. 41. Constitui processo de captação de sufrágio, vedado por esta lei, doar, oferecer ou prometer, o candidato ou alguém por ele, bem ou vantagem

pessoal de qualquer natureza, desde o registro da candidatura até o dia da

eleição, inclusive sob pena de multa de 1.000 (mil) a 50.000 (cinqüenta mil) Ufirs, e a cassação do registro ou do diploma (BRASIL, 1997).

Nesse sentido, Ramayna (2011, p. 709) observa que “a captação licita diz respeito à

própria disputa eleitoral, contudo, o que merece reprimenda é a ilicitude, não são alvos de

captação ilícita de sufrágio as promessas de melhoria em educação, cultura, lazer etc”. Nas

palavras de autor:

O que a lei pune é a artimanha, o “toma lá da cá”, a vantagem pessoal de

obter voto. O pedido certo, determinado e especifico faz parte da petição inicial e deve ser cortejado sob a ótica da pessoalidade, do clientelismo e do

amesquinhamento do voto. Os meios de comunicação podem ser por escrito,

gestos, palavras etc. O ato ilícito está caracterizado, quando existe a violação

de um dever legal ou contratual com danos a outrem. A ação ou omissão ensejam o dano a terceiro. O resultado danoso na captação ilícita é

exatamente manifestado na conduta ilícita do candidato infrator, ou seja, o

candidato, ao captar sufrágio ilicitamente, vale-se de expediente desautorizado pela ordem jurídica eleitoral, v.g., distribui remédios,

dentaduras, tijolos, sapatos etc., em troca de votos.

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No entendimento de Gomes (2010, p. 252) “a captação ilícita de votos e o uso da

máquina estatal são ocorrências corriqueiras no ambiente político-eleitoral brasileiro, que

decorre sempre do uso abusivo do poder em suas várias facetas”.

Para Ramayana (2011, p.710) “o conceito de captação ilícita de sufrágio foi ampliado

para incluir fatos da realidade das campanhas eleitorais, porque é cediço que os cabos

eleitorais e candidatos em alguns momentos praticam atos de violência ou de grave ameaça

contra a pessoa dos eleitores ou terceiros (familiares) objetivando o voto”.

Há varias discussões na jurisprudência do abuso de poder político, captação ilícita de

sufrágio e o uso da maquina eleitoral seriam sistemas autônomos ou uno de completude

lógica. Estão interligados mesmo que possuindo características diversas, a diferença consiste

apenas nos efeitos em decorrência de sua prática.

Para alguns doutrinadores o abuso de poder político se configura apenas nos atos que

violam os princípios do Direito Eleitoral, na causa de influenciar nos resultados das eleições e

conseqüentemente o Direito Público, em detrimento da normalidade e legitimidade das

eleições.

Com o advento da Emenda Constitucional 16, de 5 de junho de 1997, o poder

constituinte introduziu ao sistema eleitoral brasileiro o instituto da reeleição dos chefes do

Poder Executivo, atribuindo o direito de disputarem o mantimento dos cargos nos 4 anos

seguinte por uma única vez.

Dispõe o § 5° do art. 14 da Constituição Federal, com a redação dada pela EC

16/1997:

Art. 14, Omissis [...]

§ 5°. O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito

Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos

mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente (BRASIL,1997).

O mecanismo de desincompatibilização não seria de fato um meio para combater o

abuso de poder político e principalmente econômico tendo em vista que o Chefe do executivo

tem grande influencia sobre a maquina administrativa, como o seu vice estará no poder, a

influencia pode ser indiretamente ou diretamente na forma que será usado o dinheiro publico,

a desincompatibilização seria uma medida paliativa e não resolveria a questão. A única

maneira seria acabando com a reeleição.

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No entanto o constituinte no que se refere ao §5º do art. 14 da Constituição, através da

Emenda Constitucional 16/1997 optou dispor ao contrário aos princípios da moralidade e

probidade administrativas, permitindo a reeleição, e não determinou nada sobre a

obrigatoriedade de afastamento do Chefe do Executivo para a concorrência ao mesmo cargo

(desincompatibilização), sendo assim, seria impossível os candidatos disputar em igualdade

de condições. Entretranto

A intriga e a corrupção são vícios naturais aos governos eletivos. Quando,

porém, o chefe do Estado pode ser reeleito, tais vícios se estendem indefinidamente e comprometem a própria existência do país. Quando um

simples candidato quer vencer pela intriga, as suas manobras não poderiam

exercer-se senão sobre um espaço circunscrito. Quando, pelo contrário, o

chefe do Estado mesmo se põe em luta, toma emprestada para o seu próprio uso a força do governo (TOCQUEVILLE, 1985, p. 211).

É relevante observar que o fato do chefe do Executivo comandar toda estrutura

administrativa, como para onde vai os recursos públicos, nomear ou exonerar os servidores,

deste modo faz com que os seus subordinados se envolvam fortemente no projeto da

reeleição.

Alguns doutrinadores defendem a idéia da continuidade de boa gestão administrativa e

partido para essa premissa cabe ressaltar que não há nenhuma certeza na continuidade de uma

boa gestão, outra idéia seria a preponderância da vontade popular, obviamente seria bem mais

fácil um candidato que está no poder fazer campanhas eleitorais como a grande parte da

população pobre acaba sendo incentivada devido a grande exposição da mídia, e dentre outros

meios que o favoreça mesmo de forma temporária, gerando maior influencia nos resultados

das eleições.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A interferência do poder econômico e a influência do poder aquisitivo dos candidatos

diante da polução pobre, e os escândalos envolvendo os políticos, fez surgir na sociedade um

sentimento de revolta, comprometendo a igualdade da disputa.

Os eleitores não entendem como um político que não é honesto, que é noticiado nos

meios de comunicação, fica impune. A iniciativa da população em criar uma lei, que tem

como objetivo punir os políticos que comprar votos, cassando o registro assim não podendo

ser mais votado ou ate mesmo tirando o seu mandato.

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Todas as condutas abusivas devem ser banidas, e com maior destaque quando se tratar

de políticos, uma vez que os eleitos terão o destino das cidades, dos estados, do país em suas

mãos.

Diversas são as promessas aos eleitores, fazendo o eleitor se sentir na obrigação de

votar, como forma de retribuição, a fragilidade é tão grande que se deixa contaminar pelo

poder, prejudicando a democracia proposta. É inadmissível em um regime democrático haja

qualquer flexibilidade aoabuso político, seria um desrespeito com a população. De maneira

geral deve ser combatida.

O processo eleitoral é o meio pelo qual os candidatosbuscamalcançar votos dos

eleitores, com ofim de ser elegidospara omandato pleiteado. Porem, objetivando um mandato,

os candidatos devembuscar os votos dos eleitores de forma lícita, previstas em leis,como

propaganda eleitoral, debates nos meios de comunicação social, expor suas idéias e alçar o

próprio convencimento do povo.Com base no estudo doutrinário e na legislação vigente, o

poder político e o poder econômico devem permanecer imparciais, evitando violar a igualdade

entre os candidatos.

Outra medida que se impõe, é acabando com a ligação do instituto da reeleição aos

chefes do Executivo com o ordenamento jurídico eleitoral, não é somente coibir as condutas

dos agentes públicos nas campanhas eleitorais, acabando com essa ligação o interesse publico

será resguardado e os princípios serão respeitados sendo assim ficaram impedidos os

Presidentes, Governadores e Prefeitos de utilizar da maquina administrativa para a finalidade

de reeleição.

ABUSE OF POWER: CAPTURE OF ILLEGAL VOTES

ABSTRACT

The purpose of this article is to evaluate the laws, doctrine and jurisprudence in which alludes

to the abuse of political power as a means of attracting votes. The vote is the exercise of

democracy exercised by the citizen, is the declaration of his will to the state, and especially

his appointment of a representative of the country or state, and a chief executive and the one

who will represent your interests composition and improvement of the laws . The electoral

corruption, the use of administrative machinery, constitute abuse of political power, making

the reality of the will of the people is not expressed, influencing the exercise of democracy in

the country. Great is the value of voting for democracy, legislators have created several

mechanisms aimed at curbing illicit practices utilizing the advances in technology, however in

many situations, such practice has been difficult to reduce and sanctions is necessary to

prevent the remains illegality.

Keywords: Electoral Law.Abuse of Political Power.Buyingvotes.

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