faculdade capivari fucap trabalho de conclusÃo do curso de

25
FACULDADE CAPIVARI FUCAP TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: UM ESTUDO DE CASO NA COOPERATIVA DE CRÉDITO CRESOL ENCOSTAS DA SERRA GERAL - PA ARMAZÉM Alunos: Jaine Maximiano Laurindo Evaristo Nascimento Neto Orientadora: Profª Maria Aparecida Cardozo, Msc. RESUMO Atualmente, é possível dizer que a maioria das pessoas possuem conta ou realizaram algum tipo de movimentação financeira em alguma instituição bancária. Com isso, as cooperativas estão cada vez mais no mercado financeiro, criando uma concorrência cada vez maior, em virtude dos benefícios que a cooperativa oferece para os associados. Portanto, a pergunta da pesquisa é: quais as principais peculiaridades das demonstrações contábeis de uma cooperativa? O estudo tem como objetivo geral apresentar as principais peculiaridades das demonstrações contábeis da cooperativa de crédito Cresol Encostas da Serra Geral. Para atender ao objetivo geral, são objetivos específicos: analisar, de forma comparativa, a Lei 6.404/76 com a Lei 5.764/71, que envolve os aspectos contábeis; levantar as demonstrações contábeis da Cresol Encostas da Serra Geral dos exercícios 2017 e 2018; aplicar os critérios de análise das demonstrações contábeis, a partir dos cálculos dos índices de liquidez: corrente, seca, imediata e geral, análise horizontal e vertical; identificar a forma de distribuição de lucros aos cooperados do objeto de estudo. A metodologia utilizada trata-se de uma pesquisa exploratória, pois possibilita uma maior proximidade com o objeto de estudo. Sendo um estudo prático e teórico, pois os aspectos teóricos ficam a cabo da busca de conceitos e de teorias em livros e revistas que tratam do tema, quanto o aspecto prático, o estudo investiga o único objeto, a Cresol Encostas da Serra Geral. Também é uma pesquisa dedutiva, visto que é necessária uma rede de raciocínio, é predominantemente qualitativa com alguns aspectos quantitativos. Trata-se de um estudo aplicado, pois gera conhecimento em resposta a solução da pergunta. Foi possível identificar nos resultados que as principais peculiaridades de uma Cooperativa é a forma de distribuição de lucros e suas nomenclaturas diferentes. Já na Cresol Encostas da Serra Geral pode-se citar que na sua Demonstração Contábil possui apenas 7 cidades. Palavras-chave: Cooperativa. Demonstrações contábeis. Análise. 1 INTRODUÇÃO

Upload: others

Post on 18-Oct-2021

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

DE CRÉDITO CRESOL ENCOSTAS DA SERRA GERAL - PA ARMAZÉM
Alunos: Jaine Maximiano Laurindo
RESUMO
Atualmente, é possível dizer que a maioria das pessoas possuem conta ou realizaram algum
tipo de movimentação financeira em alguma instituição bancária. Com isso, as cooperativas
estão cada vez mais no mercado financeiro, criando uma concorrência cada vez maior, em
virtude dos benefícios que a cooperativa oferece para os associados. Portanto, a pergunta da
pesquisa é: quais as principais peculiaridades das demonstrações contábeis de uma
cooperativa? O estudo tem como objetivo geral apresentar as principais peculiaridades das
demonstrações contábeis da cooperativa de crédito Cresol Encostas da Serra Geral. Para
atender ao objetivo geral, são objetivos específicos: analisar, de forma comparativa, a Lei
6.404/76 com a Lei 5.764/71, que envolve os aspectos contábeis; levantar as demonstrações
contábeis da Cresol Encostas da Serra Geral dos exercícios 2017 e 2018; aplicar os critérios
de análise das demonstrações contábeis, a partir dos cálculos dos índices de liquidez: corrente,
seca, imediata e geral, análise horizontal e vertical; identificar a forma de distribuição de
lucros aos cooperados do objeto de estudo. A metodologia utilizada trata-se de uma pesquisa
exploratória, pois possibilita uma maior proximidade com o objeto de estudo. Sendo um
estudo prático e teórico, pois os aspectos teóricos ficam a cabo da busca de conceitos e de
teorias em livros e revistas que tratam do tema, quanto o aspecto prático, o estudo investiga o
único objeto, a Cresol Encostas da Serra Geral. Também é uma pesquisa dedutiva, visto que é
necessária uma rede de raciocínio, é predominantemente qualitativa com alguns aspectos
quantitativos. Trata-se de um estudo aplicado, pois gera conhecimento em resposta a solução
da pergunta. Foi possível identificar nos resultados que as principais peculiaridades de uma
Cooperativa é a forma de distribuição de lucros e suas nomenclaturas diferentes. Já na Cresol
Encostas da Serra Geral pode-se citar que na sua Demonstração Contábil possui apenas 7
cidades.
1 INTRODUÇÃO
2
O cooperativismo é um processo associativo pelo qual homens livres juntam forças de
produção, possibilidade de consumo e poupanças. É o instrumento de organização da
sociedade, que atende, conjuntamente, um sistema de organização social e econômico, cujo
objetivo não é o conjunto das pessoas, mas o indivíduo através do conjunto das pessoas. Sua
contabilidade e demonstrações são regulamentadas pela Lei nº 5.764/71 que define a política
nacional do cooperativismo (GUAZZI, 1999).
Já nas cooperativas de crédito, além de serem regidas pela Lei das cooperativas, por
fazer parte do sistema financeiro nacional, obedecem a Lei complementar n°130/09 que
dispõe sobre o sistema nacional de crédito cooperativo e pela Resolução CMN n° 4.434/15,
do Conselho Monetário Nacional, que dispõe sobre a constituição e funcionamento de tal
modalidade de cooperativismo.
A evolução dos mercados em virtude da globalização gera a abertura de novas
empresas constantemente, buscando o empreendedorismo e, sendo assim, gerando a busca das
instituições financeiras por clientes. Em um cenário no Brasil, aonde os bancos têm a maior
parte do crédito, as cooperativas de crédito cada vez mais vêm ganhando seu espaço no
sistema financeiro nacional.
Neste sentido, o estudo deste artigo é importante para a contabilidade, gerando
informações aos associados para melhor entendimento e compreensão de suas demonstrações,
assim se tornando essencial.
Portanto, a pergunta de pesquisa consiste em: quais as principais peculiaridades das
demonstrações contábeis de uma cooperativa?
Logo, para responder à pergunta de pesquisa tem-se como objetivo geral: apresentar as
principais peculiaridades das demonstrações contábeis da cooperativa de crédito Cresol
Encostas da Serra Geral.
Diante disto, considere-se por objetivos específicos: (i) analisar, de forma
comparativa, a Lei 6.404/76 com a Lei 5.764/71, que envolve os aspectos contábeis; (ii)
levantar as demonstrações contábeis da Cresol Encostas da Serra Geral dos exercícios 2017 e
2018; (iii) aplicar os critérios de análise das demonstrações contábeis, a partir dos cálculos
dos índices de liquidez: corrente, seca, imediata e geral, análise horizontal e vertical; (iv)
identificar a forma de distribuição de lucros aos cooperados do objeto de estudo.
O trabalho justifica-se diante da importância da elaboração e análise das medidas
econômico-financeiras como ferramentas utilizadas para auxiliar à tomada de decisões nas
empresas, tornando possível fazer projeções e estimativas sobre a evolução das empresas
3
empregando como base os elementos obtidos na análise dos números da empresa, para que
assim, consiga evoluir cada vez mais.
É essencial, o desenvolvimento da Cooperativa, pois o crescimento e a busca por seus
resultados dependem unicamente de seus associados.
Este artigo está estruturado da seguinte forma: o primeiro capítulo apresenta a
introdução, os objetivos gerais e específicos que conduzem o estudo, e a importância deste
artigo para as partes envolvidas. O segundo capítulo apresenta o embasamento teórico com os
temas: cooperativismo, cooperativa de crédito, contabilidade: conceitos e legislação e análise
das demonstrações contábeis. O terceiro capítulo apresenta os métodos e técnicas da pesquisa
utilizados durante a realização do estudo. No quarto capítulo está uma breve apresentação da
empresa, a análise e discussão dos resultados que contém: uma comparação das Leis 6.404/76
e 5.764/71, os demonstrativos contábeis do ano de 2017/2018, a forma de distribuição de
lucros e prejuízos, e também a visão sistêmica aplicada ao caso. Por fim, o quinto capítulo
trata das considerações finais do estudo.
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
Esta seção trata do embasamento teórico que norteia a pesquisa, apresentando-se da
seguinte forma: cooperativismo, cooperativa de crédito, contabilidade: conceito e legislação e
análise das demonstrações contábeis.
Para Pereira (1993), o cooperativismo originou-se de um conflito social constituído
pelo capitalismo, e não da ideologia capitalista, sendo que as ideias cooperativistas foram
motivadoras pela corrente liberal.
Segundo Santos, Gouveia e Vieira (2008), relatam que foi no movimento dos
Pioneiros de Rochdale, que o cooperativismo foi iniciado por vários precursores. Em
Rochdale, Manchester, na Inglaterra, em 1844, quando 28 tecelões fundaram a Sociedade dos
Probos Pioneiros de Rochdale, com investimento mensal de uma libra, a qual economizaram
durante um ano. Esses tecelões procuravam alternativas econômicas para adentrarem
fortemente no mercado, pois, sofriam exploração sob o sistema capitalista.
Também Santos, Gouveia e Vieira (2008), afirmam que eles tinham o objetivo de ter
condições melhores para seus sócios, e posteriormente realizaram alguns projetos e princípios.
4
O resultado obtido fez com que formasse inúmeras outras cooperativas. Com isso o modelo
de sociedade marcado pelos Pioneiros de Rochdale ganhou apoiadores. Mundialmente o
cooperativismo ganhou força em 1895, com a criação da Aliança Cooperativa Internacional
(ACI), que é um organismo mundial que tem como função básica preservar e defender os
princípios cooperativistas.
Conforme Pagnussatt (2004), o cooperativismo de crédito teve início no dia 28 de
dezembro de 1902, na localidade de Nova Petrópolis, situada no Rio Grande do Sul, por
atitude do Padre suíço Theodor Amstad que, juntamente com outras pessoas, que em sua
maioria foram produtores rurais. Em seguida, no ano de 1925, também em Rio Grande do Sul,
a constituição da Cooperativa Central de Caixas Rurais, foi o primeiro passo para atuação, em
conjunto com outras cooperativas. Com a missão de prestar serviços de inspeção e orientação
jurídico-normativa, assim como administrar de forma conjunta os recursos existentes.
Posteriormente deixou de apoiar as antigas filiadas e transformando-se em cooperativa
singular.
Ainda segundo Pagnussatt (2004), até 1980, mesmo que existissem várias cooperativas
em atividade, estas não apresentavam uma ampla expressão no mercado financeiro nacional e
funcionavam sob a regência de normativos extremamente restritivos. Apenas em 1992, que
ocorreu a captação de depósitos a prazo, consequentemente ampliar o volume dos recursos e
atender de maneira mais satisfatória. Em 1994, as cooperativas conseguiram a autorização
para abrir postos de atendimentos. No ano seguinte, em 1995, o Conselho Monetário Nacional
permitiu a constituição dos bancos cooperativos, e por este motivo as cooperativas passaram a
ter serviços financeiros, como compensação de cheques, dando forma independente e em
condições competitivas com o sistema bancário.
Naves (2007), afirma que o cooperativismo passou por diversos obstáculos em sua
fase inicial de implantação principalmente, em razão de em quase oitenta anos, existia
somente vinte e dois mil cooperados e havia poucos depósitos. Entre os principais motivos
que se deu foi a forte fiscalização durante a ditadura militar, o Banco do Brasil compreendia
em uma taxa de juros competitiva, também a falta de integração ou gestão das cooperativas.
De acordo com Meinen (2012), o cooperativismo é uma atividade socioeconômica
baseada em valores e princípios, com a finalidade de conceber uma vida melhor para as
centenas de pessoas que existem ao redor do mundo.
Os princípios que conduzem o cooperativismo são: adesão voluntária e livre, gestão
democrática e livre, participação econômica dos associados, autonomia e independência,
5
GOUVEIA; VIERA, 2008).
2.2 COOPERATIVA DE CRÉDITO
Polonio (2004), afirma que as cooperativas de créditos são entidades que tem como
propósito proporcionar e disponibilizar a seus associados crédito e moeda, através da
solidariedade, economia e uma taxa pequena de juros, sendo para qualquer atividade na qual
se manifeste, seja agrícola, industrial, comercial ou profissional, e podendo fazer com pessoas
estranhas a sociedade, operações de crédito e outros serviços.
Segundo Fonseca et al. (2008), existem outras modalidades além da cooperativa de
crédito, como por exemplo, das habitacionais, de trabalho, de consumo, educacionais, que se
formam sob a forma de cooperativas singulares, cooperativas centrais ou federações e
confederações, assim definidas: a) cooperativas singulares: são constituídas por um número
mínimo de vinte pessoas físicas, se caracterizam pela prestação direta de serviços aos
associados. b) cooperativas centrais ou Federações: são constituídas por no mínimo três
cooperativas singulares de crédito. c) confederações de cooperativa: são constituídas, pelo
menos, de três federações de cooperativas de crédito ou cooperativas centrais de crédito.
Schardong (2003) evidencia algumas diferenças que existe entre as cooperativas de
crédito e os bancos tradicionais, como por exemplo: as cooperativas de crédito tem como
objetivo a captação e administração da aplicação, fazer empréstimos e prestar serviços aos
associados independentemente de quaisquer circunstâncias; as sobras (resultados) são
divididas entre os associados, que realizaram durante o ano; suas operações estão limitadas ao
quadro associativo que é constituído por pessoas físicas e jurídicas; nas cooperativas o
controle é democrático, 1 pessoa é igual a um voto, enquanto nos Bancos é exercido com base
da participação do capital; é bloqueado a transferência de capital social a terceiros, enquanto
nos Bancos a transferência do capital pode ser feita livremente (bolsa de valores).
Segundo Pagnussatt (2004), as cooperativas constituem-se em valores de ajuda mútua,
responsabilidade, democracia, igualdade e solidariedade. Como de costume dos fundadores,
as pessoas da entidade acreditam nos valores éticos da honestidade, transparência,
responsabilidade social e preocupação com os semelhantes.
Conforme Fortuna (1999), as cooperativas de créditos conseguem trabalhar com,
depósitos a vista que é caracterizado por não ser remunerados e permanecem na instituição
por tempo indeterminado, depósito a prazo que devem ser remunerados, além disso podem
6
disponibilizar produtos e serviços como: cheque especial, talão de cheque, receber pagamento
de contas de serviços públicos e folha de pagamento.
2.3 CONTABILIDADE: CONCEITOS E LEGISLAÇÃO
A contabilidade nasceu da necessidade de organizar dados patrimoniais, econômicos,
financeiros, de uma determinada unidade econômica e administrativa, que pode ser uma
sociedade, empresa ou até mesmo uma entidade. Ela é composta por normas e princípios
indispensáveis a serem seguidos pelo profissional contábil (VELTER; MISSAGIA, 2009).
Para Ribeiro (1999), a contabilidade é entendida como uma ciência que estuda,
controla, registra e analisa o patrimônio das entidades, através do registro e por meio das
informações contábeis.
Segundo Santos, Gouveia e Vieira (2008), a contabilidade tem um papel importante na
tomada de decisões, mas as cooperativas não possuem um significado que direciona. Isso
resulta, por destacarem-se como instituições sem fins lucrativos e apresentarem atividades
diferenciadas.
Conforme Basso (2011), o patrimônio de uma entidade é composto pelos bens, direitos
e obrigações, em que pela contabilidade é visto perante dois fatores: qualitativos e
quantitativos. O qualitativo conceitua-se bens, direitos e obrigações com enfoque da sua
natureza, bem como a composição própria e a natureza jurídica de qualquer membro. Já o
quantitativo conceitua-se bens, direitos e obrigações do ponto de vista monetário intrínseco,
ou seja, compreende os seus respectivos valores econômicos.
A contabilidade tem como finalidade de transmitir informações de natureza
econômica, financeira e física, aos usuários de uma organização, sejam eles internos ou
externos (IUDÍCIBUS; MARION, 2010).
Franco (1989), afirma que os registros dos fatos contábeis, são realizados de forma
analítica e em ordem cronológica, porém não é o bastante para atingir a finalidade de
informações contábeis. Por conta disso, utiliza-se uma técnica da contabilidade que concebe a
elaboração das chamadas demonstrações contábeis, tal qual é realizada através dos
componentes patrimoniais e suas variações.
O registro contábil nas entidades cooperativas apresenta algumas alterações nas
nomenclaturas apresentada em sua demonstração contábil, seu capital social ato cooperativo
de ato não cooperativo e a forma com que cada um deverá ser contabilizado (SILVESTRO,
2011).
7
Segundo Santos, Gouveia e Vieira (2008), um aspecto de uma sociedade cooperativa é
o capital variável, relacionado a atividade de livre adesão dos cooperados. No grupo de contas
do patrimônio líquido, a conta capital será designada como capital social.
Ainda de acordo com Santos, Gouveia e Vieira (2008), no balanço patrimonial das
sociedades cooperativas, no grupo de contas do patrimônio líquido, a conta “Capital” será
denominada “Capital Social”. Uma característica dessa sociedade é o capital variável, devido
à função de livre adesão de associados.
Em 2001, foi aprovada pela NBC T 10.8, onde trata especificamente dos aspectos
contábeis que revoga o conceito, conteúdo, estrutura e nomenclatura das demonstrações
contábeis das sociedades de capital, passando a utilizar a estrutura da sociedade de pessoas
(SANTOS; GOUVEIA; VIERA, 2008).
A análise de balanço é um procedimento para examinar os demonstrativos contábeis
indicados, gerando como objetivo a verificação que se encontra na entidade, nas questões
operacionais, econômicos, patrimoniais e financeiros. Da mesma forma, é um estudo sobre os
pontos positivos e negativos da empresa, contribuindo com algumas opiniões que talvez
possam ser tomadas pelos gestores (PADOVEZE, 2004).
Silvestro (2011), destaca algumas diferenças referente a contabilidade das empresas
regida pela Lei n° 6.404/76 e a contabilidade das cooperativas que segue a Lei n° 5.764/71.
Segundo a Lei n° 5.764/71, o primeiro aspecto exibido, foca no capital social das
cooperativas, onde o mesmo é desenvolvido pelo total de quotas-partes, uma quantia em
dinheiro depositado pelos cooperados no momento de sua entrada na cooperativa. Diferencia
também Ato Cooperativo de Ato não cooperativo, o primeiro trata-se de toda movimentação
feita entre associado e cooperativa, já o segundo está relacionado com os negócios jurídicos
realizado pela cooperativa.
Ainda sobre a lei das cooperativas, o registro contábil nas entidades cooperativas
apresenta algumas alterações nas nomenclaturas apresentadas em sua demonstração contábil,
seu capital social ato cooperativo de ato não cooperativo e a forma com que cada um deverá
ser contabilizado.
A Lei n° 6.404/76 lei das sociedades por ações a qual estabeleceram diretrizes e foi
utilizada como base sobre a contabilidade e a estrutura das demonstrações contábeis nas
sociedades cooperativas, no Art. 176 da referida Lei apresenta cinco demonstrações
financeiras que a diretoria da empresa fará em cada fim do exercício social que são eles:
Balanço Patrimonial, Demonstrações dos Lucros e Prejuízos Acumulados, Demonstrações do
8
Resultado do Exercício, Demonstrações dos Fluxos de Caixa, Demonstração do Valor
Adicionado caso a empresa tenha seu capital aberto (MATARAZZO, 2010).
2.4 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Tendo em vista que a Contabilidade possui a finalidade de registrar, controlar e
demonstrar os fatos que afetam o patrimônio bem como as informações sobre sua composição
e variações no que diz respeito ao resultado econômico financeiro da entidade. O conjunto de
tais fatos contábeis e as informações destes está presente nas Demonstrações Contábeis no
auxílio à tomada de decisão ao gestor da organização.
Ao passar pelas normatizações da contabilidade das cooperativas de crédito, vem a
divulgação das demonstrações contábeis e logo sua análise, para melhor compreensão e
entendimento da mesma.
De acordo com Käfer (2012), o desenvolvimento mais evidente do processo de análise
deu-se com o avanço do sistema bancário Norte Americano, onde no final do século XX, para
ser realizado uma operação de empréstimo, era solicitado a seus clientes os balanços para ser
feito as devidas análises. Por isso até hoje, a análise das demonstrações contábeis continua
sendo conhecida como análise de balanço.
2.4.1 Índices de Liquidez
Os índices de liquidez avaliam a capacidade de pagamento da empresa frente a suas
obrigações. Sendo de grande importância para a administração da continuidade da empresa, as
variações destes índices devem ser motivos de estudos para os gestores.
As informações para o cálculo destes índices são retiradas unicamente do balanço
patrimonial, demonstração contábil que evidência a posição patrimonial da entidade, devendo
ser atualizadas constantemente para uma correta análise.
O quadro 01 calculam-se quatro índices de liquidez: corrente, seca, imediata e geral. Já
o quadro 02 apresentam as fórmulas sobre as análises horizontais e verticais das
demonstrações.
Índices Fórmulas
O Índice de Liquidez corrente revela a competência que a cooperativa tem em
liquidar suas obrigações em um prazo mais curto. LC= AC
PC
9
A Liquidez Seca mede a capacidade de a cooperativa absorver os seus
compromissos em curto prazo, onde elimina a conta estoque para se
conseguir um resultado mais cauteloso. Entretanto os dados disponíveis neste
artigo referem-se a uma cooperativa de crédito a qual se equivale a uma
instituição financeira, e as mesmas não detém de estoque, sua fórmula será
apresentada para mostrar de que forma será alcançado tal resultado.
LS= AC - estoque
A Liquidez Imediata retrata a capacidade financeira da cooperativa em
liquidar as obrigações de curto prazo apenas utilizando os ativos financeiros que de fato estão disponíveis. LI=
disponibilidades
PC
O Índice de Endividamento apresenta qual o perigo de que a cooperativa tem
para honrar suas obrigações, sendo que quando maior o quociente mais
endividada ela se encontra.
AC 100
A análise horizontal tem como principal objetivo evidenciar o crescimento ou
a redução de itens dos demonstrativos contábeis ao longo dos exercícios
sociais para caracterizar tendências. Mostra a evolução de cada conta das demonstrações financeiras e, pela comparação entre elas, permite tirar
conclusões sobre a evolução da empresa.
AH= valor atual do item
valor base do item - 1 x100
A análise vertical torna possível saber exatamente como determinado
empresa está alocando seus recursos e, mais do que isso, torna possível
estabelecer uma comparação entre um ou mais períodos.
AV= valor atual do item
A x100
Quadro 02 – Fórmulas das Análises Horizontal e Vertical
Índices Fórmulas
A análise horizontal tem como principal objetivo evidenciar o crescimento ou
a redução de itens dos demonstrativos contábeis ao longo dos exercícios
sociais para caracterizar tendências. Mostra a evolução de cada conta das
demonstrações financeiras e, pela comparação entre elas, permite tirar
conclusões sobre a evolução da empresa.
AH= valor atual do item
valor base do item - 1 x100
A análise vertical torna possível saber exatamente como determinado
empresa está alocando seus recursos e, mais do que isso, torna possível estabelecer uma comparação entre um ou mais períodos.
AV= valor atual do item
A x100
Fonte: Elaborado pelos autores (2019).
A utilização desta análise se fez cada vez mais presente, sendo incorporados novos
índices e demonstrações. Com isso possibilita seus usuários analisar e confrontar dados de
uma empresa, transformando-os em informações fundamentais para a realização de projeções
econômico-financeira futuras.
10
Este tópico trata dos métodos e das técnicas utilizados na elaboração da pesquisa. Para
tanto, considera-se o enquadramento metodológico e os procedimentos para coleta e análise
dos dados.
3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO
De acordo com a natureza do objetivo deste estudo, trata-se de uma pesquisa
exploratória. Segundo Gil (2002), um estudo com essa característica, tem como objetivo
proporcionar maior ligação com o problema, com vistas a deixá-lo mais compreensível.
No que se refere à natureza da pesquisa, trata-se de um estudo prático e teórico. Os
aspectos teóricos ficam a cabo da busca de conceitos e de teorias em livros e revistas que
tratam do tema. Segundo Gil (2010), são consideradas pesquisas teóricas aqueles que têm por
intuído entender ou investigar estudos e discussões. Já os aspectos práticos definam-se por
manipular os aspectos vinculados com o objeto de estudo (CERVO; BERVIAN, 2006).
De acordo com Andrade (2007), uma pesquisa dedutiva, é necessário seguir uma
conexão procedente, através de uma rede de raciocínio, sendo o maior para o menor. Desta
forma, este artigo aplica o método dedutivo para apresentar um raciocínio lógico.
Conforme Gil (2002), a coleta gera a partir de dados secundários, que são recolhidos
dos relatórios do objetivo de estudo, isto é, é elaborado com base em material já realizado,
além dos relatórios anuais apresentados aos associados, principalmente.
A pesquisa é predominantemente qualitativa com alguns aspectos quantitativos, pois
Godoy (1995), afirma que a pesquisa qualitativa não procura especificar os eventos estudados,
nem emprega análise dos dados estatísticos, mas sim, envolve a obtenção de dados descritivos
sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a
situação estudada, procurando entender os fenômenos dos participantes em estudo. Cabe
destacar que os aspectos quantitativos mencionados se dão a partir dos cálculos de análise das
demonstrações contábeis.
Quanto ao resultado da pesquisa pode se afirmar que trata de um estudo aplicado, pois
gera conhecimento em resposta a solução da pergunta: quais as principais peculiaridades das
demonstrações contábeis de uma cooperativa? Segundo Bicudo (2004), a pesquisa aplicada
tem como incentivo transmitir conhecimento através dos seus resultados, contribuindo para
uma solução do problema identificado e para outros propósitos.
Os procedimentos técnicos perpassam pela pesquisa bibliográfica com o objetivo de
levantar o conhecimento sobre o tema e um estudo de caso, pois envolve um único objeto de
11
estudo, a Cooperativa de Crédito Cresol Encostas da Serra Geral. Para Fonseca (2002), a
pesquisa bibliográfica é realizada com base do levantamento de informações teóricas e
apresentada por meios escritos e eletrônicos. Triviños (1987), afirma que o estudo de caso, é
como uma como um objeto de pesquisa na qual tem por objetivo uma profunda análise, pois
estabelece a atual realidade do estudo.
3.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
A coleta de dados para a realização desse estudo, primeiramente foi feito através de
pesquisas bibliográficas como em diversos livros, revistas, leis, ou seja na busca de
conhecimento para a elaboração do referencial teórico.
A próxima etapa da pesquisa, é baseada pelos materiais concedidos diretamente pela
cooperativa, foram extraídos através de arquivos sobre a análise de demonstrações financeiras
retiradas diretamente do sistema em que a instituição possui.
A terceira etapa do estudo é a aplicação das técnicas dos índices financeiros,
calculando a partir das informações coletadas pelo balanço patrimonial e também pela
demonstração de sobras e perdas do exercício.
A última etapa do estudo, consiste em mostrar alguns métodos de melhorias através
dos índices financeiros que foram esclarecidos a partir dos cálculos efetuados.
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Essa seção trata da caracterização do objeto de estudo, análise e discussão dos
resultados e a visão sistêmica aplicada ao caso.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO 1
Em 13 de março de 1999, em Santa Rosa de Lima, foi fundada a Cooperativa
CrediColônia, que mais tarde viria se chamar Cresol Santa Rosa de Lima. A Cooperativa
nasceu da necessidade de uma instituição financeira para dar crédito aos agricultores, que não
conseguiam esse acesso em outros lugares, e precisavam de apoio financeiro para ingressarem
1 Estas informações foram fornecidas pelos gestores da instituição, assim como, retiradas do site da Cooperativa
de Crédito Cresol Encostas da Serra Geral.
12
em novos projetos como a AGRECO e a Acolhida na Colônia, implantados no município nos
finais dos anos 90.
No início, a ideia foi de buscar no Paraná, mais precisamente em Francisco Beltrão um
modelo de Cooperativismo que começava a dar certo. Surgia aí uma história de sucesso,
inicialmente eram apenas 22 sócios fundadores de Santa Rosa de Lima, Anitápolis e Rio
Fortuna, e uma sede singela. No entanto, aos poucos, com trabalho sério e dedicação, foi
ganhando a confiança dos moradores de Santa Rosa de lima e dos municípios vizinhos, assim
ganhando novos sócios. Então no ano de 2000 abriu seu primeiro posto de atendimento na
cidade vizinha de Rio Fortuna, em 2001 viu-se a necessidade de atuar também no município
de Anitápolis. O crescimento era necessário, a Cresol precisava atender aos agricultores da
região. Devido a seu crescimento e estabilidade financeira, em 2006 o Posto de Atendimento
(P.A) de Rio Fortuna tornou-se uma cooperativa independente.
Em 2008, o município de Lauro Muller recebeu um Posto de Atendimento, e nos anos
de 2010 e 2011 a Cresol expandiu para os Municípios de São Martinho e Armazém. Agora
com tantos municípios envolvidos a cooperativa ganhava uma nova identidade e passou a se
chamar: Cresol Encostas da Serra Geral.
Em 2017, um novo desafio, incorporar duas cooperativas no estado da Bahia, para
viabilizar o projeto do BNDES de implantar o PRONAF B nas cidades de Caculé, Tabocas do
Brejo Velho e várias cidades aos seus entornos.
A cooperativa Cresol Encostas da Serra Geral é composta atualmente por mais de 10
mil sócios em 7 modernas unidades de atendimento, abrangendo: Santa Rosa de Lima,
Anitápolis, Lauro Müller, São Martinho, Armazém, Caculé e Tabocas do Brejo Velho e
também o atendimento com os correspondentes cooperativos em Riacho de Santana, Guajeru,
Mortugaba, Rio do Antônio, Caitite, Baianópolis e outros municípios do oeste e sudoeste do
estado da Bahia.
Nestes 20 anos, foi realizado muito nos municípios, mudando a vida de muitas
famílias, através da habitação rural e urbana, PRONAF Investimento e PRONAF Custeio e
diversos projetos sociais que vem fortalecendo o desenvolvimento local dos nossos
municípios.
Pode-se definir que a Cresol é uma associação sem fins lucrativos, que presta serviços
principalmente para seus associados. Tem como objetivo principal deixar seus associados à
vontade, juntamente com o atendimento diferenciado. Oferece serviços e produtos de forma
clara, sem prejudicar o cooperado. O propósito dos negócios na sociedade cooperativa é
proporcionar retornos aos seus associados, otimizando o desenvolvimento econômico social.
13
A agência de Armazém teve seu início em 15 de outubro de 2011, porém após 5 anos
de atendimento, no dia 27 de março de 2017, surgiu a necessidade de trocar de sala, pois já
estava ficando pequena para os associados. Atualmente, fica localizada na Rua Emiliano Sá,
100 – Centro. Horário de atendimento da cooperativa é das 10h00min até as 15h00min e
conta com sete funcionários.
Visão: fortalecer e estimular a interação solidária entre agricultores e cooperativas
através do crédito orientado e da educação financeira com a construção do conhecimento,
visando o desenvolvimento sustentável.
Missão: ser referência no desenvolvimento local por meio do cooperativismo de
crédito solidário, crescendo com foco na agricultura familiar, mantendo nossos diferenciais a
partir do princípio da democracia, da profissionalização e do crédito orientado, para que
atenda a todas as necessidades financeiras e de serviços dos associados. Oferecer um modelo
de gestão eficiente gerando inclusão financeira e resultado aos cooperados e às cooperativas
de forma solidária e sustentável e valores.
Princípios e valores: democracia, articulação com os movimentos populares, gestão
pelos agricultores familiares, transparência, solidariedade e cooperação, sustentabilidade
institucional, descentralização e honestidade.
A cooperativa é composta pelos setores: assembleia geral, conselho fiscal, conselho de
administração, comitê de auditoria e gestão de risco, diretor presidente, auditoria interna,
auditoria externa, assistente de gestão, analista de crédito, operador de crédito, tesoureiro,
operador de caixa.
A contabilidade da cooperativa é realizada através da Cresol Central, localizada na
Rua Achiles Tomazeli, nº 1310, Santa Maria, na cidade de Chapecó, Santa Catarina, tendo
como contadores principais Ronivan Bertotti e Indianara de Castilhos de Souza Paludo.
4.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Essa seção trata da análise e discussão dos resultados da pesquisa a partir do
cumprimento dos objetivos específicos.
14
O primeiro objetivo específico do estudo é analisar, de forma comparativa, a Lei
6.404/76 com a Lei 5.764/71, que envolve os aspectos contábeis. O relato das leis em estudo
encontra-se, de forma completa, no item 2.4 do referencial teórico.
Resumidamente pode-se afirmar que a Lei 5.764/71 têm como características próprias
das sociedades cooperativas, conforme o artigo 4, que são: adesão voluntária, ou seja, aberto
para todas as pessoas, variabilidade do capital social representado por quotas-partes, limitação
do número de quotas-partes do capital para cada associado que é intransferível, singularidade
de voto, é preciso um número mínimo de associados para o funcionamento e deliberação da
Assembleia Geral e as sobras líquidas do exercício são divididas proporcionalmente as
operações realizadas pelo associado (BRASIL, 1971).
Uma cooperativa consiste por determinação dos fundadores na Assembleia Geral,
além disso, a mesma deve apresentar-se ao órgão executivo federal de controle, no Distrito
Federal, Estados ou Territórios, ou ao órgão local para se credenciar no prazo de trinta dias da
data da constituição.
Para a autorização da instituição financeira é obrigatório um requerimento adicionado
junto de quatro vias do ato constitutivo, estatuto e lista nominativa, acompanhado dos
documentos dirigidos a Junta Comercial do Estado, onde a instituição está localizada e
comunicando a aprovação de uma autoridade judicial.
Sobre o estatuto da instituição, deve apontar: (i) a denominação, sede, prazo de
duração, área de ação, objeto da sociedade, fixação do exercício social e da data do
levantamento do balanço geral. (ii) os direitos e deveres dos associados, natureza de suas
responsabilidades e as condições de admissão, demissão, eliminação e exclusão e as normas
para sua representação nas assembleias gerais. (iii) o capital mínimo, o valor da quota-parte, o
mínimo de quotas-partes a ser subscrito pelo associado, o modo de integralização das quotas-
partes, bem como as condições de sua retirada nos casos de demissão, eliminação ou de
exclusão do associado. (iv) a forma de devolução das sobras registradas aos associados, ou do
rateio das perdas apuradas por insuficiência de contribuição para cobertura das despesas da
sociedade. (v) o modo de administração e fiscalização, estabelecendo os respectivos órgãos,
com definição de suas atribuições, poderes e funcionamento, a representação ativa e passiva
da sociedade em juízo ou fora dele, o prazo do mandato, bem como o processo de substituição
dos administradores e conselheiros fiscais. (vi) as formalidades de convocação das
assembleias gerais e a maioria requerida para a sua instalação e validade de suas deliberações,
vedado o direito de voto aos que nelas tiverem interesse particular sem privá-los da
participação nos debates. (vii) os casos de dissolução voluntária da sociedade. (viii) o modo e
15
o processo de alienação ou oneração de bens imóveis da sociedade. (ix) o modo de reformar o
estatuto. (x) o número mínimo de associados. (xi) se a cooperativa tem poder para agir como
substituta processual de seus associados.
Ainda sobre a Lei 5.764/71, uma sociedade cooperativa deve-se elaborar os seguintes
documentos: livro de matrícula, e nele contendo uma ordem cronológica de admissão dos
associados; Atas das Assembleias Gerais; Atas dos órgãos de administração; Atas do conselho
fiscal; Presença dos associados nas Assembleias Gerais; fiscais e contábeis, obrigatórios.
Na cooperativa é necessário constituir dois fundos de reserva, um que é a reserva
legal, que são destinadas as perdas e ao desenvolvimento de suas atividades, composto por
dez por cento, no mínimo, e quando por algum motivo houver prejuízos, é coberto com o
mesmo. E o outro é o Fundo de assistência técnica, educacional e social (FATES),
determinado a prestação de assistência aos associados, seus familiares e quando previsto nos
estatutos, aos empregados da cooperativa, constituído, pelo menos cinco por cento das sobras
líquidas.
Já a lei 6.404/76 tem o dever de cada fechamento do exercício social, um conjunto de
demonstrações contábeis com o objetivo de conhecimento dos acionistas e bem como analisar
como está a situação econômica da empresa. As demonstrações financeiras que devem
expressar-se com nitidez e transparência com a situação do patrimônio da instituição e as
mudanças ocorridas são: balanço patrimonial, demonstração dos lucros ou prejuízos
acumulados, demonstração do resultado do exercício, e demonstração dos fluxos de caixa, se
for companhia aberta, demonstração do valor adicionado além dos outros itens citados
anteriormente.
As notas explicativas necessitam mostrar dados sobre a base de elaboração das
demonstrações financeiras e das práticas contábeis e devem ser aplicadas para negócios e
eventos significativos. Elas ainda precisam comunicar e fornecer as informações imposta
pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não existem em nenhuma outra parte das
demonstrações contábeis.
Por fim, as notas explicativas também precisam indicar os essenciais critérios de
avaliação dos componentes patrimoniais, principalmente estoques, dos cálculos de
depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos e riscos, e
dos ajustes para amparar as perdas possíveis na efetivação de componentes do ativo. Da
mesma forma, os investimentos em outras sociedades, o aumento de valor de elementos do
ativo resultante de novas avaliações, as obrigações reais sobre componentes do ativo, as
garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades, taxa de juros, datas de vencimento e
16
as garantias das obrigações a longo prazo, número, espécies e classes das ações do capital
social, as opções de compra de ações, os ajustes de exercícios anteriores, os eventos
decorrentes a data de encerramento do exercício que tenham efeito relevante sobre a situação
financeira e os resultados futuros da companhia.
4.2.2 Demonstrativos Cresol Encostas da Serra Geral 2017/2018
O segundo objetivo específico é levantar as demonstrações contábeis da Cresol
Encostas da Serra Geral dos exercícios 2017 e 2018. O quadro 03 mostra o balanço
patrimonial nos períodos de 2017 e 2018, sendo a base para a maioria dos cálculos, trazendo
certas peculiaridades e diferenças entre a cooperativa de crédito e um banco.
Quadro 03 – Balanço Patrimonial
Fonte: Cresol (2019)
Já o quadro 04 apresenta a Demonstração do Resultado dentro do período dos últimos
dois anos, onde pode-se observar a sobra líquida dos exercícios.
Quadro 04 – Demonstração de Resultado
17
Fonte: Cresol (2019)
O quadro 05 destaca a Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido dos períodos
de 2017 e 2018. Onde consta detalhadamente o que soma e subtrai ao fim do exercício da
cooperativa.
18
Fonte: Cresol (2019)
4.2.3 Análise das Demonstrações Contábeis da Cresol
O terceiro objetivo específico é aplicar os critérios de análise das demonstrações
contábeis, a partir dos cálculos dos índices de liquidez: corrente, seca, imediata e geral,
análise horizontal e vertical.
O quadro 06 apresentam os cálculos aplicados, com base no quadro 03 servindo como
base para as análises, para que se consiga chegar há algumas conclusões sobre o
desenvolvimento da Cresol de um ano para o outro.
Quadro 06 – Cálculo das Análises.
2017 2018
LC= 44.843.986
Fonte: Elaborado pelos autores (2019)
Portanto, o quadro 06 apresenta as fórmulas para os cálculos da liquidez corrente,
imediata, endividamento geral e, por fim, da análise vertical do balanço patrimonial, ficando
de fora a liquidez seca, por não ter estoque em uma cooperativa de crédito, e a análise
horizontal, devido a ser realizada em cada item individualmente.
Com relação aos índices mostrados no quadro 05 (cinco), o índice de liquidez
corrente, que serve para ilustrar quanto a cooperativa possui no ativo circulante para cada R$
1,00 de dívidas de curto prazo registrada no passivo. A Cresol se mostrou ineficaz, pois teve
um desempenho abaixo nos dois anos, e ainda assim diminuindo do primeiro para o segundo
ano.
Já na liquidez imediata para cada R$ 1,00 referente as obrigações de curto prazo a
cooperativa apresentam dois índices baixos, no qual o primeiro ano analisado fica em R$
0,003, porém no segundo ano aumenta para R$ 0,18, isso se justifica por ser uma cooperativa
de crédito e não visar lucro.
De acordo com a conta feita pela análise vertical do balanço patrimonial, nota-se que
seus recursos estão sendo direcionados com base mais de 60% do seu ativo total, para seu
ativo circulante, fazendo de uma forma para que seu capital tenha mais giro e assim uma
rentabilidade melhor.
A análise horizontal, por ser analisado item a item, o que mais se destaca é o
crescimento do próprio balanço no ano de 2018 em relação ao ano anterior, pegando AV =
80.703.290
66.255.777 -1x100=21,8% e marcando duas contas específicas, que são as operações de crédito e
o patrimônio líquido. As operações de crédito que demonstram um percentual de crescimento
em um ano para o outro de AV= 25.523.361
19.981.656 -1x100= 27,7%, demonstrando o aumento de
relações financeiras e venda de produtos ofertados pela Cresol.
Seguindo com o aumento de um ano para o outro nas duas contas citadas, o
patrimônio líquido segue o crescimento de toda a análise, com o diferencia de que foram. A
conta que finaliza o balanço tem AV= 8.512.945
7.212.083 -1x100= 18,03% e nela é feita a maior
diferença entre uma cooperativa de crédito e um banco.
4.2.4 Identificação da forma de distribuição de Lucros ou Prejuízos acumulados
20
O quarto objetivo específico é identificar a forma de distribuição de lucros aos
cooperados do objeto de estudo. Para o cumprimento desse objetivo é importante destacar que
nas cooperativas de crédito, suas atividades não possuem fins lucrativos, ou seja, seu
resultado é tratado como sobras e perdas. As sobras apuradas no final do exercício serão
distribuídas da seguinte forma: após a apuração do resultado líquido, o valor resultante das
operações realizadas com não cooperados (terceiros) é destinado integralmente ao FATES.
Que tem sua distribuição demonstrada no quadro 04.
Já o valor resultante das operações realizadas com cooperados primeiramente é
destinado aos fundos obrigatórios em conformidade com o disposto na Lei nº 5.764/71 sendo
eles:
i. Fundo de Reserva: constituído de no mínimo 10% das sobras líquidas do
exercício, esse fundo funciona com uma poupança interna dentro da cooperativa,
esses valores evitarão que os sócios tenham que cobrir em sua totalidade eventuais
perdas da cooperativa, bem como atender as necessidades de desenvolvimento e
melhoria da mesma. No caso analisado a reserva legal é de 12,27% cumprindo o
mínimo exigido por lei.
ii. FATES: é destinado à prestação de assistência aos associados, seus familiares e,
quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa, constituído de 5%,
no mínimo, das sobras apuradas no exercício, bem como, dos resultados das
operações das cooperativas com não associados (atos não cooperativos). É
formado por porcentagem de sobras líquidas, resultados de atos não cooperativos
ou por doações de qualquer espécie, conforme previsto no Estatuto Social. Que
tem sua distribuição demonstrada no terceiro quadro da seção 4.2.2 de 1° de
janeiro de 2017 a 31 de dezembro 2018.
iii. O saldo restante ficará à disposição da Assembleia Geral.
O retorno das sobras líquidas do exercício anterior, terá destinação proporcional ao
valor das operações realizadas pelo associado a critério de previsão estatutária. Por essa razão,
ao final de cada exercício é levantado o balanço para apuração do saldo.
Após essa apuração se a Cooperativa apresentar saldo negativo, indica que a
cooperativa cobrou menos que o necessário para cobrir seus custos, os associados deverão
cobri-lo. Se apresentar saldo positivo indica que a sociedade cobrou mais do que necessitava.
Nesse caso, este saldo (sobras) será retornado aos associados.
21
Assim, o resultado positivo (sobra) após as destinações legais e estatutárias, é
retornado aos associados em assembleia geral, e o rateio será proporcional às operações
realizadas.
As perdas apuradas no exercício não cobertas pela Reserva Legal serão rateadas entre
os associados, conforme disposições estatutárias e legais, e registradas individualmente em
contas do Ativo, após deliberação da Assembleia Geral, não devendo haver saldo pendente ou
acumulado de exercício anterior.
O rateio das perdas ou sobras líquidas aos associados deve ser de acordo com a
produção de bens ou serviços por eles entregues; e, o volume de fornecimento de insumos e
bens de consumo, do exercício social, observado a possibilidade do rateio em partes iguais
dos dispêndios ou despesas da entidade cooperativa.
Os critérios de destinação e rateio de sobras ou de perdas líquidas são aqueles
definidos pelo estatuto social e deliberados em Assembleia Geral, respeitando legislação
pertinente.
4.3 VISÃO SISTÊMICA APLICADA AO CASO
Conforme Ribeiro (2005), a contabilidade é uma ciência social que tem como objeto
seu patrimônio, tendo como objetivo principal o controle do mesmo conforme as variações do
dia a dia.
A análise das demonstrações contábeis é essencial para a contabilidade, cuja finalidade
é proporcionar aos gestores da instituição, informações para mostrar a atual realidade
financeira da cooperativa, dando suporte na gestão.
Deste modo, com base na visão geral a análise financeira das cooperativas, ligando
com a contabilidade, é utilizada como um instrumento para os processos de tomada de decisão
juntamente com os seus diretores e afins.
O estudo abordado está relacionado com a contabilidade, pois as demonstrações
contábeis objetivam demonstrar os indicadores financeiros da organização diante de uma
análise nas informações coletadas no decorrer do exercício em que estão explicitas no balanço
patrimonial e na demonstração das sobras e perdas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
22
As cooperativas de crédito, tornaram-se uma alternativa para as pessoas em relação as
suas movimentações financeiras, pois conquistaram um grande destaque no mercado
financeiro e também é a principal concorrente dos Bancos.
O estudo teve como objetivo geral apresentar as principais peculiaridades das
demonstrações contábeis da cooperativa de crédito Cresol Encostas da Serra Geral.
Diante dos resultados demonstrados nesta pesquisa, pode-se visualizar quais análises
financeiras devem ser mais utilizadas na instituição financeira.
Sendo assim, os elementos coletadas através dos resultados dos índices, facilitam para
o levantamento de informações relevantes para auxiliar na tomada de decisões.
A parte teórica fez com que facilitasse o entendimento do estudo e fez compreender a
importância de todos os pontos citados.
O objetivo geral deste estudo de caso foi alcançado, na medida em que no decorrer da
pesquisa, foi explicado, através dos cálculos, tendo os valores apresentados pelas
demonstrações contábeis da cooperativa.
Nesse contexto e respondendo à pergunta de pesquisa, conclui-se que as principais
peculiaridades das demonstrações contábeis de uma cooperativa são: a forma de distribuição
de lucros e prejuízos, as receitas e os ganhos são denominadas como ingressos, todas as
despesas da cooperativa são denominadas como dispêndios, porém no caso dos atos não
cooperativos é registrado como receita, custos e despesas, além disso, o resultado financeiro
deve conter demonstrações do resultado das atividades sociais.
Importante destacar também que, especificamente para a Cresol Encostas da Serra
Geral, essas peculiaridades são: as sobras acumuladas, que via de regra em cooperativas, é
distribuída entre os cooperados. No caso apresentado, esta conta é reaplicada na cooperativa,
devido à votação em assembleia pelos associados, tal qual a reserva legal, que também passa
por votação em assembleia para aumento ou não do que é permitido por lei. A reserva legal
por lei tem que se respeitar 10% de todo o patrimônio líquido, no caso apresentado em 2017
era de 12,27% e em 2018 respeitando a legislação ficou em 13,47%.
Ainda se tratando de peculiaridades e diferenças nas demonstrações contábeis, o
quadro 05 apresenta as mutações do patrimônio líquido, onde demonstra como é feita a
incorporação da conta final do balanço. Tendo em vista que as demonstrações da Cresol
Encostas da Serra Geral representam apenas 5 cidades em Santa Catarina e 2 cidades na Bahia
que são: Armazém, São Martinho, Lauro Muller, Anitápolis e Santa Rosa de lima em Santa
Catarina e Tabocas do Brejo Velho e Caculé situada na Bahia.
23
Tendo em conta pelos resultados encontrados sobre o tema, sugere-se novos estudos
com possíveis sugestões para que haja o melhoramento da situação econômica e financeira da
Cooperativa.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico. 8. ed.
São Paulo: Atlas, 2007.
BASSO, Irani Paulo. Contabilidade Geral Básica. 4. ed. rev. Ijuí: Ed. Unijuí, 2011.
BRASIL. Lei nº 5.764/71. Define a política nacional de cooperativismo, institui o regime
jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências, 1971. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5764.htm>. Acesso em: 21 out. 2019.
BICUDO, Maria Aparecida V. Pesquisa qualitativa e Pesquisa quantitativa segundo a
abordagem fenomenológica. In: BORBA, Marcelo de C.; ARAUJO, Jussara de L. (Org.).
Pesquisa qualitativa em Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
CERVO, Amado; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2006.
FONSECA, João José Saraiva. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.
FONSECA, Reinaldo de Aquino et al. A importância das cooperativas de crédito como
agentes de desenvolvimento regional: um estudo na SICOOB CREDICAMPO. 2008.
Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/24513/1/TCC%20-
%20Maxsuel%20Fernandes%20.pdf Acesso em: 21 de junho 2019.
FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços. 13ª Ed,, Rio de janeiro,
Qualitymark, 1999.
FRANCO, Hilário. Estrutura, Análise e Interpretação de Balanços. 15. Ed. São Paulo:
Atlas, 1989.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
GUAZZI, Dirceu Moreira. Utilização do GFD como uma ferramenta de melhoria
contínua do grau de satisfação de clientes internos: uma aplicação em cooperativas
agropecuárias. Florianópolis: UFSC, 1999.
GODOY, Arilda Schmidt. Introdução a pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista
de Administração de Empresas. São Paulo: 1995B.
IUDÍCIBUS, Sérgio; MARION, José Carlos. Introdução à teoria da contabilidade. 2ª ed.,
São Paulo: Atlas, 2010.
Através Das Demonstrações Contábeis, 2012. Disponível em:
<https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/115640/TCC%20An%C3%A1lise.pd
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica e
gerencial. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MEINEN, Ênio. O Cooperativismo de Crédito Ontem, Hoje e Amanhã. Brasília:
Confebras, 2012.
NAVES, Carolina de Figueiredo Balieiro. A sustentabilidade financeira das cooperativas
de crédito rural: um estudo de caso no estado de São Paulo. 2007. Universidade de São
Paulo, Ribeirão Preto, 2007. Disponível em:
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/96/96131/tde17072007150840/publico/CarolinaFigueire
PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de
informação contábil. 4º ed. São Paulo: Atlas 2004.
PAGNUSSATT, Alcenor. Guia do Cooperativismo de Crédito: Organização, Governança
e Políticas Corporativas. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2004.
PEREIRA, Anísio Candido. Contribuição à análise e estruturação das demonstrações
financeiras das sociedades cooperativas Brasileiras. Universidade de São Paulo, 1993.
POLONIO, Wilson Alves. Manual das sociedades cooperativas. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2004.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica. São Paulo: Saraiva 2005.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade geral fácil: para cursos de contabilidade e
concursos em geral.3. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
SANTOS, Ariovaldo dos; GOUVEIA, Fernando Henrique Câmara; VIEIRA, Patrícia dos
Santos. Contabilidade das sociedades cooperativas: aspectos gerais e prestação de contas.
São Paulo: Atlas, 2008.
Econômica da Sociedade. 2. Ed. Porto Alegre: Rigel, 2003.
SILVESTRO, Géssica. Análise Da Evolução E Do Desempenho Econômico E Financeiro
De Uma Cooperativa De Crédito Do RS. Disponível em :<
https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/1456/TCC%20Gessica%20Silvestro.p
df?sequence=1&isAllowed=y> Acesso em: 21 de out. 2019.
TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa
qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987
Elsevier, 2009