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FACULDADE CAPIVARI – FUCAP
TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
CONTABILIDADE EM FRIGORÍFICO: PRINCIPAIS IMPACTOS COM A
ALTERAÇÃO NO REGIME DE TRIBUTAÇÃO
Acadêmica: Rosiane Pering
Orientador: Prof. Msc. Cleyson Marcos
RESUMO
Este trabalho teve por objetivo apresentar os principais impactos com a alteração no regime
de tributação em uma empresa da atividade de frigorífico. O presente estudo propõe
demonstrar o planejamento tributário para esta empresa como uma previsão de custos,
demonstrando a carga tributária incidente nos regimes tributários. A escolha do tema deste
artigo se deu mediante a necessidade de várias empresas que sentem os impactos tributários
causados, após a mudança do regime de tributação, e ainda suas incertezas quanto aos custos
tributários. Neste sentido, viu-se a necessidade de apresentar essa análise para que gestores
conduzam melhor os seus negócios. Para o desenvolvimento deste estudo foi realizado
pesquisas bibliográficas em livros e artigos voltados a Contabilidade Tributária e análises na
legislação vigente, e realizado um estudo de caso na empresa concedente do estágio. Por meio
das análises, conclui-se que, a mudança para o regime tributário do lucro real teve redução
dos impactos dos tributos sobre o total das receitas. Assim, cabe destacar que cada empresa
necessita comparar meticulosamente e realizar simulações sobre qual modelo tributário deseja
e pode se enquadrar para evitar perdas. As informações que deram base ao trabalho foram
extraídas de uma empresa frigorífica que permitiram uma análise mais apurada. A
contribuição desta pesquisa é motivada pela perspectiva da redução da carga tributária sobre
as atividades das empresas, quando as escolhas são realizadas de forma adequada baseadas no
cálculo correto dos tributos e análise comparativa das opções tributárias.
Palavras-chave: Planejamento Tributário; Contabilidade Tributária.
1 INTRODUÇÃO
É notável que a carga tributária no Brasil possui expressiva representatividade no
faturamento de suas empresas, fazendo com que muitas delas não consigam sobreviver
financeiramente e acabam encerrando suas atividades. Para se ter uma ideia, em média, 34%
do faturamento das empresas é destinada ao pagamento de impostos (IBELLI, 2014).
Neste sentido, o planejamento tributário é uma alternativa lícita para as empresas, que
tem como objetivo principal o estudo detalhado das operações praticadas, com finalidade de
reduzir ou adiar o pagamento do ônus tributário devido, para maior economicidade em seus
tributos e maximização de lucros, cabendo essa tarefa à contabilidade tributária (OLIVEIRA,
2005).
De acordo com Amaro (2011, p. 39) “a contabilidade tributária registra os fatos dia a
dia, servindo como base para a apuração dos tributos”. As alterações na legislação tributária
brasileira acontecem com freqüência, com isso é fundamental que os profissionais da área
contábil estejam sempre atualizados às mudanças impostas que podem influenciar diretamente
no ônus tributário. Portanto, é fundamental ficar atento às lacunas na legislação para a
economia tributária.
Uma investigação sobre os principais impactos dos tributos sobre o faturamento pode
apresentar resultados que irão dar suporte as decisões de gestores, principalmente para
explorar suas atividades fora do estado, uma vez que, a empresa objeto deste estudo
conquistou o selo de qualidade SISBI (Sistema Brasileiro de Inspeção de Insumos Pecuários),
e na perspectiva deste novo mercado e nortear suas escolhas tributárias para os próximos
períodos, essa pesquisa consiste em julgar a seguinte questão: Quais os impactos com a
alteração do regime de tributação de uma empresa do ramo frigorífico no Sul de Santa
Catarina?
Com o intuito de responder esta questão, o objetivo geral desta pesquisa é apresentar
os impactos tributários com alteração do regime de tributação. Para atender ao objetivo geral,
têm-se como objetivos específicos: diferenciar os regimes de tributação aplicáveis no Brasil;
levantar as principais operações praticadas de um frigorífico do Sul de Santa Catarina e
analisar de forma comparativa os dados levantados considerando os regimes de tributação
aplicáveis à empresa estudada.
Embora a temática dos impactos sobre os tributos já tenha sido explorada em
pesquisas brasileiras, este estudo justifica-se pela busca de alternativas de tornar uma empresa
alimentícia do Sul de Santa Catarina mais competitivas, visando seu crescimento em outros
estados. Nos estudos de Silva (2015), que analisou o impacto tributário na gestão de empresas
na cadeia produtiva leiteira, houve uma efetiva redução na incidência tributária pela adoção
de estratégias resultantes do planejamento tributário.
Esta pesquisa tem importância para o meio acadêmico, pois poderá servir como
referência de pesquisa para outros acadêmicos, professores e a sociedade, em geral, sendo que
o intuito desta pesquisa é promover a redução do ônus tributário, pelo desenvolvimento de
análises das principais operações realizadas pelas organizações, para munir os gestores com
informações mais acertadas na condução da administração nas empresas.
A pesquisa realizou-se junto ao setor fiscal da empresa objeto de estudo, com o auxílio
do empresário e do contador, que forneceram as informações necessárias para o
desenvolvimento deste estudo de caso. Este trabalho será estruturado da seguinte maneira: na
introdução é apresentada a ciência que embasa esta pesquisa, a empresa objeto de estudo, a
questão problema, os objetivos e a justificativa do estudo.
No segundo capítulo têm-se um estudo mais detalhado da ciência da Contabilidade
Tributária, evidenciando-se seus conceitos e seus objetivos, para mostrar aos usuários a
importância da contabilidade tributária, evidenciam-se os regimes tributários, obrigações
principais e acessórias. O terceiro capítulo apresenta os procedimentos metodológicos
utilizados na pesquisa. No quarto capítulo, apresentam-se os dados sobre a empresa e o
regime tributário no qual a empresa está classificada atualmente e os resultados desta
pesquisa. O quinto capítulo apresenta as considerações finais sobre o estudo desenvolvido.
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
Nesta revisão de literatura são abordados temas que fundamental conceitualmente a
problemática da pesquisa em questão, por meio de pesquisadores, procurando estabelecer uma
relação entre o caso examinado, que é a análise dos impactos da alteração do regime
tributário. Neste contexto, importa destacar que este capítulo está subdividido em cinco
subcapítulos, sendo que o primeiro irá trazer uma revisão literária sobre a contabilidade, com
foco na contabilidade fiscal e tributária. Já o segundo subcapítulo irá evidenciar os Princípios
Constitucionais Tributários, e, nos demais subcapítulos serão tratados sobre os regimes
tributários, obrigações principais e obrigações acessórias.
2.1 CONTABILIDADE FISCAL E TRIBUTÁRIA
A contabilidade surgiu a cerca de 3.500 anos a.C. devido à necessidade do homem
inventariar seus rebanhos. Devido a isso, pode-se perceber a preocupação do homem com seu
patrimônio. Com a evolução da humanidade, também surgiu as variações contábeis, como a
contabilidade de custos, financeira, tributária, a gerencial, fiscal, entre outras. Os primeiros
tratados contábeis focaram suas atenções no estudo das contas, especialmente na maneira de
registro. Portanto, a contabilidade pode ser entendida como a arte de fazer as contas (VIANA,
2003). Já para Marion (1996, p. 20) “a contabilidade é o instrumento que fornece o máximo
de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa”. Para Oliveira
(2013), a contabilidade pode também ser definida como a ciência que estuda o patrimônio do
ponto de vista econômico e financeiro, assim como os princípios e as técnicas necessárias ao
controle, exposição e análise dos elementos patrimoniais e suas modificações.
Neste eixo, Constante (2010, p.19) explica que “a contabilidade tem como função
controlar o patrimônio, apurar o lucro ou o prejuízo”. O autor ainda baseia sua explicação nas
palavras de Jardim (2000) que dizem que a contabilidade tem como função principal a
mensuração do lucro e o reporte da posição patrimonial em determinados momentos.
Assim, a contabilidade registra os fatos e atos administrativos, e os controla de forma a
organizá-los, fazendo uma posterior análise por meio dos demonstrativos a fim de identificar
a situação econômico-financeira de uma organização em um período determinado (JARDIM,
2000).
No entender de Padoveze (1997), o objetivo da contabilidade é o controle de um
patrimônio. O controle é feito por meio de coleta, armazenamento e processamento das
informações oriundas dos fatos que alteram essa massa patrimonial. Portanto, pode-se definir
contabilidade como o sistema de informação que controla o patrimônio de uma entidade, que
pode ser dividida em várias classificações, dentre elas evidencia-se nesse estudo a
Contabilidade Fiscal e Tributária.
A Contabilidade Tributária, também chamada de Contabilidade Fiscal, cuida da
administração de tributos de uma empresa, dos tributos que essa deve pagar. Fabretti (2009,
p.27) conceitua a contabilidade tributária como “o ramo da contabilidade que tem por objetivo
aplicar na prática conceitos, princípios e normas básicas da contabilidade e da legislação
tributária, de forma simultânea e adequada”.
Para o autor, por meio da contabilidade tributária é possível apurar resultado
econômico do exercício social com exatidão para que o mesmo atenda as exigências quanto as
legislações do imposto de renda das pessoas jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o
Lucro Líquido (CSLL) e determinar os valores a serem destinado ao pagamento desses
tributos, bem como encontrar os valores relacionado ao lucro líquido da empresa.
(FABRETTI, 2009).
A preocupação com a sistematização doutrinária da Contabilidade no mundo
contemporâneo traduz uma concorrência acirrada entre as organizações, fazendo da
contabilidade prioridade fundamental para o sucesso das mesmas. A realidade da evolução
contábil não apresenta uma característica recente, pois sempre foi influenciada pela realidade
social e histórica da humanidade. No final do século passado, marcantes questionamentos
caracterizaram, no aspecto contábil, a preocupação com este registro. Este fenômeno foi um
dos principais influenciadores da evolução do processo informacional vivido pela sociedade
(SILVA; RODRIGUES, 2006).
A realidade da Contabilidade fica melhor caracterizada como uma forma de facilitar os
movimentos patrimoniais mais importantes. Dentro deste contexto, a contabilidade pode ser
vista como uma técnica definida como o aproveitamento ordenado dos recursos baseado no
conhecimento matemático a serviço da satisfação das necessidades do homem. Para Viana
(2003, p. 34) “um registro contábil confiável é essencial para a sobrevivência das empresas”.
A má gestão e uma elevada carga tributária (que em 2003 correspondeu a 38% do PIB,
produto interno bruto) correspondem a atividade um conjunto de atitudes sistemáticas ao
conhecimento econômico e financeiro de uma empresa que pode reduzir ou até encerrar uma
atividade comercial.
Aos que defendem a natureza científica da Contabilidade, existe também a crença de
que ela seja uma ciência factual e não formal. Segundo Tesche (2010, p. 59) “em defesa da
Contabilidade como um ramo de conhecimento científico, chegamos ao recurso do
planejamento”. Fazer um planejamento tributário (ou elisão fiscal) é utilizar-se da
Contabilidade como técnica para criar um conjunto de sistemas legais que diminuam ao
máximo o pagamento de tributos para uma instituição. A elisão fiscal é um procedimento
utilizado pelo sujeito passivo da relação tributária pela escolha entre diversos dispositivos e
alternativas que permitem a lei.
A Contabilidade Tributária traz como objetivo principal a aplicação das normas da
legislação tributária para uma melhor aplicabilidade das mesmas, um melhor gerenciamento
dos tributos para uma maior economicidade e menor exposição das empresas para o fisco. Se
uma empresa quer diminuir seus encargos tributários, deve realizar um planejamento
tributário a ponto que a possibilite desenvolver um planejamento que permita a avaliação de
estratégias a partir da definição dos objetivos propostos (BORGES, 2012). Portanto, a
contabilidade é essencial para a elaboração de um eficiente planejamento tributário a fim de
amenizar seus custos, principalmente no que se refere ao pagamento de tributos e fluxo de
caixa, essenciais para a sobrevivência das empresas.
2.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS
Não é possível pensar em gestão tributária sem antes compreender os princípios
constitucionais do Direito Tributário vigentes na Constituição Federal de 1988, que deve ser
respeitada pelos legisladores, nos três níveis de esfera de poder. Os Tributos são subdivididos
em espécies e sua arrecadação é vinculada a uma destinação especifica, ou seja, a uma
atividade administrativa vinculada: impostos, que são os financiamentos em geral das
atividades do Estado; taxas, que é a contraprestação por serviços públicos específicos e
divisíveis para cada contribuinte e/ou decorrentes do poder de polícia; contribuições, que são
os financiamentos específicos para financiar política pública específica e determinada
(HAGUETTE, 2005).
As normas jurídicas, em sua totalidade, devem estar em harmonia com os princípios
constitucionais tributários. De maneira geral, os tributos são regidos por quatro princípios
fundamentais, relacionados diretamente aos preceitos democráticos e dos direitos humanos:
de legalidade, isonomia, irretroatividade e anterioridade. Os princípios, de acordo com
Schmidt (2001, p. 256) “devem ser amplos, indivisíveis, universais estarem, por hierarquia,
acima até mesmo da Constituição”. Seguem:
❖ Legalidade: O princípio da legalidade é um garantidor de estabilidade, segurança e
transparência nas relações entre o contribuinte e o Fisco protegendo os contribuintes
contra qualquer tentativa de abuso de poder. Pela Constituição em seu art. 1501,
nenhum órgão pode instituir ou aumentar tributos senão por força de lei, lembrando
que essa afirmação deixa claro que se excluem desse artigo os Decretos, Portarias,
Instruções Normativas e outras fontes de direito secundárias, porém as Medidas
Provisórias possuem força de lei enquanto estiverem em vigor. Por este princípio
significa dizer que não é permitido cobrar tributos bem como estabelecer-se benefícios
e punições sem que haja previsão legal;
❖ Isonomia: significa dizer que a cobrança de tributos deverá respeitar a igualdade entre
os cidadãos, analisando-se suas diferenças sociais e econômicas. Esse princípio
1 “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios: I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; II - instituir tratamento
desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de
ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos
rendimentos, títulos ou direitos. Alíneas b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que
os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional n. 42, de
19.12.2003).
baseia-se na igualdade proposta pela Constituição em seu art. 150, expressando a idéia
de idêntico tratamento entre os contribuintes, tratar com igualdade os iguais e com
desigualdade os que se encontram em mesma situação.
❖ Irretroatividade: A irretroatividade também é vedada no art. 150. Os fatos geradores
ocorridos antes do início da vigência da lei que houver instituído ou aumentados os
tributos não acarretam obrigações ao contribuinte, a nova lei não se aplica aos fatos
geradores já consumados. A lei não retroage a fatos pretéritos, só alcança os fatos a
partir de sua publicação. É vedado ao Estado cercear à liberdade e as garantias
fundamentais pela cobrança desarrazoada e desproporcional de tributos;
❖ Anterioridade: Atrelada ao princípio da Legalidade, impede que o Estado institua a
cobrança de tributos sem respeitar um prazo para o inicio de sua vigência, de forma a
surpreender os cidadãos. A lei que instituir ou aumentar tributos não pode surtir
efeitos antes do descrito nas alíneas b e c do art. 150 da Constituição. Para instituir ou
aumentar um tributo que passe a vigorar a partir do exercício seguinte, a lei deve ser
promulgada até o último dia do exercício anterior, como no caso o Imposto de Renda
(IR).
A constitucionalidade de um tributo precisa seguir os princípios elencados na
Constituição, sob pena de serem refutados pelas autoridades superiores alegando
inconstitucionalidade. Esses princípios existem para proteger o cidadão contra os abusos de
poder e, portanto, se busca a efetiva proteção do contribuinte (ROCHA, 1998).
Analisar os princípios constitucionais tributários é evidenciar as limitações do Estado.
Não fossem essas limitações, socialmente a vida seria insuportável a sanha fiscal estatal,
bloqueios e voracidade do poder constituído.
2.3 REGIMES TRIBUTÁRIOS
As pessoas jurídicas, por alternativa ou por determinação legal, serão tributadas com
base no Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado ou Simples Nacional.
Segundo Silva e Rodrigues (2006, p. 01), “Lucro Real é o lucro líquido do período,
apurado com observância das normas das legislações comercial e societária, ajustado pelas
adições, exclusões ou compensações prescritas pela legislação do Imposto de Renda.”
Neves e Viceconti (2005, p. 03) destacam que “o lucro real é o resultado (Lucro ou
Prejuízo) do período de apuração (antes de computar a provisão para o imposto de renda),
ajustado pelas adições, exclusões e compensações prescritas ou autorizadas pela legislação do
imposto de renda”. Assim, de acordo com os autores, nesta forma de tributação, as empresas
são obrigadas a deixar sua escrituração contábil correta e em dia, pois é através dela que são
apurados os lucros ou prejuízos do exercício e, consequentemente, os impostos incidentes,
diferentemente das outras formas de tributação em que os impostos incidem sobre o
faturamento.
Tendo em vista que este tipo de tributação é feito levando-se em conta o lucro
realmente apurado em um exercício financeiro, se a empresa não der lucro, ela não terá uma
base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica nem da Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido, portanto não recolherá esses tributos.
Todas as pessoas jurídicas contribuintes do imposto de renda com base no lucro real
estão obrigadas à escrituração do LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real), inclusive
aquelas que espontaneamente optarem por esta forma de apuração.
O LALUR, é um livro de escrituração de natureza eminentemente fiscal, criado pelo
Decreto-Lei nº 1.598/77, em obediência ao § 2º do art. 177 da Lei nº 6.404/76, e destinado à
apuração extra contábil do lucro real sujeito à tributação para o imposto de renda em cada
período de apuração, contendo, ainda, elementos que poderão afetar o resultado de períodos
de apuração futuros.
Segundo Fabretti (2009), o lucro presumido é uma forma de tributação simplificada
para determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL das pessoas jurídicas
que não estiverem obrigadas no ano-calendário à apuração do lucro real.
Jardim (2000) destaca que essa modalidade é uma opção de regime tributário mais
simples de se mensurar se comparada ao regime de lucro real. É uma opção para as pessoas
jurídicas que não estejam obrigadas a apurá-lo por meio do lucro real.
A opção pelo regime de tributação do Lucro Presumido é feita com o pagamento da
primeira quota do imposto devido pelo contribuinte, pois o valor é apurado e o contribuinte
faz o pagamento com a guia DARF e nela tem o código de receita que define a modalidade de
tributação feita por ele para o ano-calendário.
Oliveira (2005) diz que: a pessoa jurídica que não conseguir atender às condições
exigidas pela legislação dos sistemas de tributação com base no Lucro Real ou Lucro
Presumido terá seu lucro arbitrado.
Neves e Viceconti (2005) destacam algumas possibilidades para o lucro da pessoa
jurídica ser arbitrado:
❖ Nos casos em que o contribuinte obrigado à tributação com base no lucro real, não
mantiver sua escrituração ou demonstrações financeiras conforme exige a legislação
fiscal;
❖ Em casos em que a escrituração apresentar indícios de fraude ou contiver vícios, erros
ou deficiências, que impeçam identificar a efetiva movimentação financeira, ou
determinação do lucro real;
❖ Nos casos em que os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro
Caixa não forem apresentados às autoridades fiscais;
❖ Quando não houver separação do lucro da atividade nacional do lucro do comitente
residente ou domiciliado no exterior;
❖ Quando o livro razão ou fichas utilizadas para resumir e totalizar, os lançamentos
efetuados no livro Diário não estiverem de acordo com as normas contábeis
recomendadas;
❖ Nos casos de opção indevida pela tributação com base no lucro presumido.
A modalidade de tributação do Simples Nacional é um regime diferenciado e mais
simplificado para a apuração dos impostos devidos pelo contribuinte ao fisco, que teve início
em 01/07/2007 com a Lei Complementar nº 123/06 que alcança as Micro e Pequenas
Empresas e as Empresas de Pequeno Porte.
Dentre as diferenças encontradas nesse tipo de tributação, em relação às demais,
apresenta-se na forma de regime único para apuração e recolhimento dos impostos e
contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; no cumprimento
de obrigações trabalhistas e previdenciárias e obrigações acessórias; c) quanto à facilidade de
ao acesso a crédito e ao mercado. (BRASIL, 2002).
De acordo com a Lei Complementar 123/07, esse regime tributário, também
conhecido como Super Simples, implica no recolhimento mensal, mediante documento único
de arrecadação, dos seguintes Impostos e Contribuições devidos por microempresas (ME) ou
empresas de pequeno porte (EPP), sendo eles: Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica –
IRPJ, Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido – CSLL, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS,
Contribuição para o PIS/PASEP, Contribuição para a Seguridade Social, a cargo da pessoa
jurídica, Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias – ICMS, Imposto
sobre Serviços de qualquer natureza – ISS.
2.4 OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS
O artigo 3° do Código Tributário Nacional (1966) conceitua tributo como sendo, toda
prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
sansão de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada. Dentre as principais obrigações tributárias para as empresas, encontram-se ICMS,
PIS, COFINS, IRPJ e CSLL (BRASIL, 1996).
O ICMS (imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação), de
acordo com a Constituição Federal, é de competência dos Estados e do Distrito Federal,
observando as normas gerais previstas da Lei Complementar nº 87/96 (Lei Kandir), alterada
posteriormente pelas Leis Complementares 92/97, 99/99 e 102/00, e pelos convênios firmados
entre os estados.
É por este motivo que cada estado brasileiro possui seu próprio regulamento para
este imposto, determinando o prazo de recolhimento e documento a ser utilizado em sua
arrecadação.
O contribuinte é considerado qualquer pessoa, física ou jurídica, operações de
circulação de mercadorias ou prestação de serviços de transportes dentro e fora do município
ou para o exterior que caracterize fins comerciais. (OLIVEIRA, 2005). Assim, todos que
realizem tais atividades serão tributados conforme legislação de seu Estado.
Serão bases de cálculo do imposto o valor da operação de saída de mercadorias de um
estabelecimento para outro dentro do estado, a saída de mercadorias do estabelecimento do
contribuinte para outro do mesmo titular, o valor da operação do fornecimento de alimentos,
bebidas e outras mercadorias por qualquer estabelecimento, no fornecimento de mercadoria
que tenha junto à prestação de serviço e o valor da operação no estado de origem ou no
Distrito Federal na entrada de mercadorias de outros estados no estabelecimento do
contribuinte destinadas a consumo ou ativo permanente.
Segundo a Lei 10.297/96 art.11 e 12, integrarão a base de cálculo o valor do próprio
imposto, o valor do seguro, juros e demais valores pagos, bem como descontos incondicionais
concedidos e os valores do frete. E não integrarão a base de cálculo, o valor do IPI e
acréscimos financeiros cobrados em vendas a prazo ao consumidor final.
O PIS e a COFINS são dois tipos de contribuições sociais com apuração mensal,
sendo o faturamento da empresa sua base de cálculo. (YOUNG, 2008).
Apesar de serem duas contribuições federais com destinação diferentes, criadas em
épocas diferentes, ambas incidem sobre o faturamento. Segundo Portal Tributário (2017), a
base de cálculo dessas contribuições é a receita bruta da pessoa jurídica, sendo irrelevante o
tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada às receitas. O PIS e a
COFINS podem ser recolhidos de maneira cumulativa e não cumulativa.
Desta forma, esses tributos tornaram-se apenas parcialmente não cumulativos, o que
possibilita que inúmeras pessoas jurídicas permanecerem no sistema anterior, cumulativo.
(FABRETTI, 2009). Essa dualidade de sistema torna a legislação cada vez mais complexa.
Para as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, o PIS e a COFINS devem
ser recolhidos de modo não cumulativo. Conforme Fabretti (2009) as alíquotas serão: a) não
cumulativas: PIS 1,65% e COFINS 7,6% e b) cumulativas: PIS 0,65% e COFINS 3%.
De acordo com o Portal Tributário (2017), as disposições tributárias do IR aplicam-se
a todas as firmas e sociedades, registradas ou não. A base de cálculo do imposto, determinada
segundo a lei vigente na data de ocorrência do fato gerador, é o lucro real, presumido ou
arbitrado, correspondente ao período de apuração.
Ainda conforme o Portal, a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL ou CSSL)
foi instituída pela Lei 7.689/88. Além do IRPJ, a pessoa jurídica optante pelo Lucro Real,
Presumido ou Arbitrado deverá recolher a Contribuição Social sobre o Lucro Presumido
(CSLL), também pela forma escolhida, aplicando-se as mesmas de apuração e de pagamento
estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, mantidas a base de cálculo e as
alíquotas previstas na legislação em vigor (Lei 8.981/95, artigo 57).
Segundo Oliveira (2013, p. 144) “as Pessoas Jurídicas, por opção ou por determinação
legal, são tributadas pelo Simples, Lucro Presumido ou Lucro Real”. A base de cálculo do
Lucro Real é o Lucro Líquido somado das adições e subtraído as exclusões e compensações.
As adições são definidas no RIR/99. As disposições tributárias do IR aplicam-se a todas as
firmas e sociedades, registradas ou não.
As pessoas jurídicas, mesmo se não obrigadas a tal, poderão apurar seus resultados
tributáveis com base no Lucro Real. Se uma empresa que esteja com pequeno lucro ou mesmo
prejuízo, não estando obrigada a apurar o Lucro Real, poderá fazê-lo, visando economia
tributária (planejamento fiscal).
As adições não têm limite para integrar a base de cálculo do imposto de renda, essas
adições devendo ser preenchido mensalmente com as adições, exclusões e compensações.
Diferente das adições, as exclusões são limitadas ao limite do lucro, ou seja, até a base do
imposto chegar a zero, já as compensações de prejuízos anteriores é limitada a 30% do lucro
líquido ajustado pelas adições e exclusões (THOMPSON JR., 2009).
A base de cálculo do imposto, determinada segundo a lei vigente na data de ocorrência
do fato gerador, é o lucro real, presumido ou arbitrado, correspondente ao período de
apuração (períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30
de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário e a opção do contribuinte, o lucro
real também pode ser apurado por período anual).
Como regra geral, integram a base de cálculo todos os ganhos e rendimentos de
capital, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada, independentemente da natureza,
da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou
negócio que, pela sua finalidade, tenha os mesmos efeitos do previsto na norma específica de
incidência do imposto.
Os lucros calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de
1996, creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, não estão sujeitos à
incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de
renda do beneficiário (TESCHE, 2010). A pessoa jurídica, seja comercial ou civil (inclusive, à
pessoa jurídica em atividade rural) o seu objeto, pagará o imposto à alíquota de 15% (quinze
por cento) sobre o lucro real, apurado de conformidade com o regulamento.
A contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL ou CSSL) foi instituída pela Lei
7689/88. Sua base de cálculo é o resultado do período da apuração, antes de computar sua
própria apuração para pagamento e a correspondente ao IR das pessoas jurídicas, ajustado por
adições e exclusões autorizadas pela legislação vigente2.
Aplicam-se à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para
o imposto de renda das pessoas jurídicas, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas
na legislação em vigor (Lei 8.981/95). As empresas que recolhem a CSLL por estimativa
mensal devem considerar a nova base de cálculo da CSLL de 32% para as seguintes
atividades, segundo o Portal Tributário (2017):
❖ Intermediação de negócios;
2 Instrução Normativa SRF nº 390/04: Art. 26 - O resultado do período em curso deverá ser ajustado por todas as
adições determinadas e exclusões e compensações admitidas pela legislação da CSLL, excetuadas, nos balanços
ou balancetes levantados de janeiro a novembro, as seguintes adições: I - os lucros disponibilizados e os
rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior; II - as parcelas a que se referem os arts. 18 § 7º, 19 § 7º e
22 § 3º, da Lei nº 9.430/96 (Preços de Transferência).
❖ Prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica,
gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber,
compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação
de serviços (factoring);
❖ Prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de transporte;
Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer
natureza.
Da mesma maneira que o imposto de renda a contribuição social pode-se compensar
30% da base de cálculo negativa da contribuição de períodos anteriores, desde que não reduza
a base de cálculo em mais de 30%. A pessoa jurídica optante pelo Lucro Real deverá recolher
a Contribuição Social sobre o Lucro Presumido (CSLL), também pela forma escolhida. A
empresa não pode optar por recolher o IRPJ pelo Lucro Real e a CSLL pelo Lucro
Presumido. A base de cálculo para as pessoas jurídicas optantes pelo lucro real é o lucro
contábil, ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação.
O PIS (Programas de Integração Social de que trata o art. 239 da Constituição) foi
criado pela Lei Complementar nº 07/70. São contribuintes do PIS as pessoas jurídicas de
direito privado e as que lhe são equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, inclusive
empresas prestadoras de serviços, empresas públicas e sociedades de economia mista e suas
subsidiárias, excluídas as microempresas e as empresas de pequeno porte submetidas ao
Simples Nacional, Lei complementar 123/06 (BRASIL, 2010).
Com a edição da Lei nº 9.718/98, sua base de cálculo é a totalidade das receitas
auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida. A partir
de 1988 as contribuições para o PIS passaram a financiar o programa de seguro-desemprego e
o abono de um salário mínimo anual aos empregados que percebam até dois salários mínimos
mensais de empregadores contribuintes do programa. O PIS possui duas formas de pagamento
e recolhimento: o PIS cumulativo, que a empresa que se enquadra no Simples Nacional,
contribui o PIS, mas não se necessita efetuar o pagamento separadamente. Mensalmente, o
PIS é incluído no pagamento integrado de impostos e contribuições. Nas empresas tributadas
pelo Lucro Presumido também é aplicado o PIS cumulativo.
Já o PIS não cumulativo, é uma forma de compensação da contribuição, de modo que
a empresa faz o desconto sobre o faturamento e pode se creditar sobre compras e
determinadas despesas. O PIS não cumulativo funciona para empresas de direto privado, ou
ainda aquelas que são salvaguardadas pela legislação do IR, tributadas pelo Imposto de Renda
das Pessoas Jurídicas e se baseiam no lucro real.
Maior parte das pessoas jurídicas de serviços contribui o PIS e COFINS com base no
lucro presumido, pois esta é uma forma mais simplificada. O PIS no regime cumulativo
possui alíquota de 0,65% e o PIS não cumulativo possui alíquota de 1,65%.
A COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) foi instituída pela
Lei complementar 70/91. São contribuintes da COFINS as pessoas jurídicas de direito
privado, em geral, inclusive as pessoas a elas equiparadas pela legislação do Imposto de
Renda, exceto as microempresas e as empresas de pequeno porte submetidas ao regime do
SIMPLES (Lei nº. 9.317/96).
As empresas enquadradas no Simples Nacional na condição de Microempresa (ME)
ou Empresa de Pequeno Porte (EPP), embora contribuintes da COFINS não se sujeitam ao
pagamento em separado, pois o PIS está incluído no pagamento mensal unificado de impostos
e contribuições (AMARO, 2011).
Da mesma forma do PIS, a COFINS também pode ser não cumulativa. A apuração da
contribuição é debitada pela empresa, sobre o faturamento da mesma. A empresa se credita
através das compras e despesas específicas. Tal tributação deve ocorrer para empresas
tributadas por meio do valor real. Com a alíquota de 7,6% da COFINS não cumulativa, as
empresas devem fazer o cálculo aproveitando créditos relacionados com bens adquiridos para
fins de revenda ou insumo na prestação de serviços e fabricação de produtos para venda
(OLIVEIRA, 2013).
Saber identificar onde a empresa está enquadrada e o valor e de cada contribuição, é
essencial para a tributação e formação de custos de produtos e serviços. Desde 1999, com a
edição da Lei nº 9.718/98, a base de cálculo da contribuição se torna irrelevante o tipo de
atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas, e a alíquota geral
da COFINS é 3%.
Além das obrigações principais, que são os tributos, as organizações estão sujeitas ao
cumprimento de obrigações acessórias, dependendo de sua atividade ou o regime tributário
escolhido.
2.5 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
De acordo com o site da Receita Federal (2017), entre as obrigações acessórias anuais,
podem ser citadas: Escrituração Contábil Digital – ECD, Escrituração Contábil Fiscal – ECF,
Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte – DIRF e a Relação Anual de
Informações Sociais – RAIS.
A ECD visa à substituição dos livros da escrituração mercantil pelos seus equivalentes
digitais. De acordo com o Art. 2° da IN 787/2007: Art. 2º A ECD compreenderá a versão
digital dos seguintes livros:
I. Livro Diário e seus auxiliares, se houver;
II. Livro Razão e seus auxiliares, se houver;
III. Livro Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento comprobatórias dos
assentamentos neles transcritos.
A ECF foi instituída através da Instrução Normativa 1.422/13 da Receita Federal, que
posteriormente foi atualizada e substituída pela Instrução Normativa 1.633/16, sendo uma
forma de validação da apuração de IRPJ e CSLL. Para ser gerada deve ser seguido um modelo
apontado no Manual de Orientação da declaração, que descreve todas as regras para entrega e
retificação da declaração.
A DIRF é uma declaração que tem como objetivo informar à Secretaria da Receita
Federal do Brasil sobre as retenções de impostos efetuadas nos pagamentos e recebimentos
realizados pela empresa. A DIRF é uma obrigação tributária devida por todas as pessoas
jurídicas. Ela deve informar o valor do Imposto de Renda e/ou Contribuições na fonte,
rendimentos pagos ou que foram creditados para seus beneficiários; residentes ou
domiciliados no exterior o pagamento de crédito, entrega, emprego ou remessa, mesmo que
não haja retenção do imposto, incluindo os casos de alíquota zero ou isenções.
É por meio da RAIS que acontece o envio das informações sociais que dizem respeito
às atividades trabalhistas da organização, é por meio desta declaração que o governo
identifica se o trabalhador tem direito ao abono salarial PIS/PASEP.
2 MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA
Este tópico trata dos métodos e das técnicas utilizados na elaboração da pesquisa. Para
tanto, considera-se o enquadramento metodológico e os procedimentos para coleta e análise
dos dados.
3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO
De acordo com os objetivos deste estudo, o mesmo trata-se de uma pesquisa
exploratória. Segundo Gil (2002), esta pesquisa tem como objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Pode envolver
levantamento bibliográfico, pesquisa documental, entrevistas com pessoas experientes no
problema pesquisado. Geralmente, assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso.
No que se refere à natureza da pesquisa, trata-se de um estudo teórico e prático. Os
aspectos teóricos ficam a cabo da busca de conceitos e de teorias em livros, revistas e demais
publicações que tratam do tema. “Em termos gerais, são consideradas pesquisas teóricas
aquelas que têm por finalidade conhecer ou aprofundar conhecimentos e discussões”.
(CERVO; BERVIAN, 2006, p. 78).
A lógica da pesquisa é realizada pelo método dedutivo. Esse argumento é feito do
maior para o menor, ou seja, de uma premissa geral em direção a outra, particular ou singular,
neste caso da função geral da contabilidade para e específica da tributária. A coleta se dá a
partir de dados secundários com a utilização da pesquisa bibliográfica é desenvolvida com
base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos,
envolvendo fontes secundárias (GIL, 2002).
Já quanto o aspecto prático, o estudo investiga um único objeto em profundidade qual
seja a empresa Frigorífico do Sul de Santa Catarina. A pesquisa prática:
[...] se caracteriza por manipular diretamente as variáveis relacionadas com o objeto
de estudo. Neste tipo de pesquisa, a manipulação das variáveis proporciona o estudo
da relação entre as causas e efeitos de um determinado fenômeno. Através da
criação de situações de controle, procura-se evitar a interferência de variáveis
intervenientes. Interfere-se diretamente na realidade, manipulando-se a variável
independente a fim de se observar o que acontece com a dependente. (CERVO;
BERVIAN, 2006, p. 68).
Escolheu-se como tipo de abordagem a pesquisa quali-quantitativa. Os métodos
qualitativos enfatizam as especificidades de um fenômeno em termos de suas origens e de sua
razão de ser. A abordagem quantitativa está mais preocupada com a generalização,
relacionada com o aspecto da objetividade passível de ser mensurável, permitindo uma ideia
de racionalidade, como sinônimo de quantificação (BICUDO, 2004).
Quanto ao resultado da pesquisa pode se afirmar que trata de um estudo aplicado, pois
gera conhecimento em resposta a solução da pergunta. Segundo Bicudo (2004, p. 78) a
pesquisa aplicada tem como motivação a necessidade de produzir conhecimentos para a
aplicação de seus resultados, com o objetivo de “contribuir para fins práticos, visando à
solução mais ou menos imediata do problema encontrado na realidade”.
Os procedimentos técnicos perpassam pela pesquisa bibliográfica e pelo estudo de
caso com o objetivo de enaltecer o conhecimento sobre o tema. Despertar a visão sistemática
da ciência contábil. Estudo de caso, pois envolve estudo na empresa Frigorífico Do Sul de
Santa Catarina.
3.2 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
Para a realização deste estudo, foram realizadas pesquisas bibliográficas em diferentes
fontes como livros, revistas, artigos científicos e outros materiais relacionados ao tema
disponibilizados na internet, além de documentos disponibilizados pela empresa, objeto do
presente estudo.
O Estudo de caso foi desenvolvido na empresa Frigorífico Do Sul de Santa Catarina,
sendo realizada a observação e análise dos documentos relacionados à contabilidade tributária
da empresa, disponibilizados pelo proprietário e pelo escritório de contabilidade, que é
terceirizado.
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Este capítulo apresenta e descreve os resultados auferidos neste estudo, cuja finalidade
é apresentar os impactos tributários diante da alteração do regime tributário de um frigorífico
do Sul de Santa Catarina. Cabe destacar que o primeiro subcapítulo trata da caracterização do
objeto de estudo, com sua caracterização completa, sendo sua história, ramo de atividade,
endereço, porte da empresa, local onde trata da vivência de 312 horas de estágio de um dos
autores desta pesquisa, de onde tiveram origem as informações, que é a empresa concedente
do estágio.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO
A empresa “Frigorífico do Sul de Santa Catarina” é um frigorífico, situado na Estrada
Geral São Luiz, 422 Pernambuco, São Martinho (SC). Seu ramo de atividade são os suínos,
produz defumados, linguiças, cozidos e carnes. Possui os seguintes setores: desossa,
produção, cozimento, injeção, fatiamento, embalagem e expedição. Seus clientes são
mercados, distribuidores e representação.
Quanto ao regime tributário, seu lucro real teve início janeiro do ano de 2017, sua
contabilidade é terceirizada, sendo realizada pela empresa Contábil Sul, localizada na cidade
de Braço do Norte (SC).
A autora do presente trabalho é responsável pela parte de lançamentos de notas
estoque, cadastros de produtos (NCM, CEST e tributação), geração de Sped Fiscal, revisão de
erros e envio desses dados para a contabilidade.
No ano de 2016, a empresa conquistou o selo de qualidade SISBI (Sistema Brasileiro
de Inspeção de Insumos Pecuários), que permite à empresa poder vender seus produtos em
outros estados. Para que esse selo seja mantido, são exigidos diversos controles, tais como o
monitoramento de limpeza realizado pela CIDASC (Companhia Integrada de
Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina). A empresa conta ainda com várias planilhas de
controles internos, com informações como temperaturas das carnes e desossa, limpeza,
rotulagem correta ingredientes a serem usados e manutenções.
4.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O estudo tem como objetivo enfatizar principais impactos com a alteração no regime
de tributação da empresa Frigorífico do Sul de santa Catarina demonstrando o planejamento
tributário para esta empresa como uma previsão de custos, demonstrando a carga tributária
incidente nos regimes tributários, o Simples Nacional, Lucro Presumido e o Lucro Real.
Para análise dos resultados foi utilizado planilha de Excel com base na DRE do
período de 2016 e 2017.
4.2.1 Análise Tributária de 2016
Em 2016 o Frigorífico do Sul de Santa Catarina era optante pela tributação Simples
Nacional. No entanto, foi realizada uma análise tributária de modo a encontrar os valores dos
impostos devidos, a fim de apresentar resultados que comparem os possíveis benefícios de um
ou outro método, para o ano seguinte. A comparação entre as modalidades de tributação é
extremamente importante, bem como é importante fazê-lo com um prazo antecipado, pois a
legislação não permite mudança de sistemática no mesmo exercício. Sendo assim uma
mudança equivocada pode acarretar para a empresa um desembolso desnecessário referente
aos tributos.
Assim a contabilidade em conjunto com a administração da empresa elaborou um
planejamento tributário para o exercício de 2017. Dessa forma, evidencia-se na Tabela 1, a
Demonstração do Resultado do Exercício do ano de 2016, para uma melhor compreensão do
cenário econômico e financeiro, que se encontrava essa empresa naquela oportunidade.
Tabela1: Demonstração do Resultado do Exercício 2016
Receita Bruta R$ 2.326.720,69
(-) SIMPLES NACIONAL (R$ 240.695,62)
(=) Receita Líquida R$ 2.086.025,07
(-) CPV (R$ 1.298.469,25)
(=) Lucro Bruto R$ 787.555,82
(-) Salários (R$ 738.701,68)
(-) Encargos Sociais (R$ 59.096,13)
(-) Contas de Consumo (R$ 168.170,90)
(-) Pró-Labore (R$ 36.310,00)
(-) Depreciação (R$ 60.545,29)
(=) Lucro Líquido (R$ 275.268,18)
Fonte: Dados da pesquisa
Conforme observa-se na Tabela 1, a empresa apresentou prejuízo fiscal no ano de
2016 no valor de R$ 275.268.18, o que corresponde a 11,83% do seu faturamento. A
continuidade de seus negócios ao permanecer sendo tributada pelo Simples Nacional tornou-
se preocupante, uma vez que esse formato de cálculo de tributos se dá pela receita bruta e não
pelo lucro fiscal.
Com o prejuízo fiscal, não seria necessário pagar IRPJ e CSLL, que no Simples
Nacional esses tributos estão embutidos, ainda assim, o total dos tributos federais e estaduais,
foi de R$ 240.695,62, o que significa mais de 10,35% sobre o faturamento bruto da empresa.
Com a perspectiva de crescimento das operações da empresa, sobretudo, explorando
as atividades interestaduais, coube a alta gestão reavaliar a situação tributária, na expectativa
de que a mudança para o Lucro Real no ano seguinte seria mais benéfica à empresa, como
pode ser verificado na análise seguinte.
4.2.2 Análise Tributária de 2017
Em seguida, fez-se a análise tributária do ano de 2017, regime de tributação que
atualmente é aplicado à empresa. Na Tabela 2, evidencia-se a Demonstração do Resultado do
Exercício de janeiro à setembro de 2017.
Tabela 2: Demonstração do Resultado do Exercício 2017
Receita Bruta R$ 2.252.379,30
(-) PIS (R$ 37.164,26)
(-) COFINS (R$ 171.180,83)
(-) ICMS (R$ 382.904,48)
(=) Receita Líquida R$ 1.661.129,73
(-) CPV (R$ 1.542.242,29)
(+) Impostos Recuperáveis R$ 404.838,60
(=) Lucro Bruto R$ 523.726,04
(-) Salários (R$ 545.079,36)
(-) Encargos Sociais (R$ 155.830,86)
(-) Contas de Consumo (R$ 64.883,33)
(-) Pró-Labore (R$ 21.494,00)
(-) Depreciação (R$ 49.659,16)
(=) Lucro Líquido (R$ 313.220,67)
Fonte: Dados da pesquisa
Conforme observa-se na Tabela 2, a empresa apresentou prejuízo fiscal de janeiro à
setembro de 2017, no valor de R$ 313.220,67, o que corresponde 13,91% do seu faturamento.
Naturalmente que o ano fiscal está incompleto, o que poderá modificar essa análise. No
entanto, é possível observar um crescimento no faturamento da empresa em relação ao ano
anterior.
Ainda assim, com o prejuízo fiscal, total dos tributos federais (PIS e COFIS) e
estaduais (ICMS), foi de R$ 591.249,57, o que significa mais de 26,25% sobre o faturamento
bruto da empresa.
Com os resultados apresentados na DRE acima, podemos verificar que houve prejuízo
fiscal novamente, podendo agora ser creditado em exercícios positivos seguintes, já que neste
ano a empresa faz parte do lucro Real. Este desempenho porem poderá ser revertido até o fim
do ano calendário, pois foram apresentados apenas os resultados de janeiro a setembro de
2017.
Após ter sido calculado o valor dos tributos da empresa pelo seu atual modo de
tributação Lucro Real fez-se um comparativo tributário para constatar os impactos tributários
diante da alteração do regime tributário.
4.2.3 Comparativo dos Regimes Tributários
Para analisar os impactos tributários diante da alteração do regime tributário no ano de
2017, realizou-se um cálculo comparativo dos tributos para constatar qual o impacto dos
tributos sobre o faturamento da empresa.
Assim, na Tabela 3, apresenta-se o comparativo entre os regimes tributários do ano de
2017, que permite ao gestor acompanhar os impactos tributários sobre o seu negócio, o que
facilita a análise e subsidia o processo decisório.
Tabela 3: Comparativo entre os regimes tributários
TRIBUTOS
REGIMES TRIBUTÁRIOS
LUCRO REAL LUCRO
PRESUMIDO
SIMPLES
NACIONAL
IRPJ R$ 27.028,25
CSLL R$ 24.325,70
PIS R$ - 1.674,71 R$ 14.640,47
COFINS R$ - 7.560,82 R$ 67.571,38
ICMS R$ 76.164,33 R$ 76.164,33
SIMPLES NACIONAL R$ 253.242,34
ENCARGOS R$ 155.830,86 R$ 155.830,86 R$ 43.606,35
TOTAL R$ 222.759,66 R$ 365.561,28 R$ 296.848,68
FATURAMENTO R$ 2.252.379,30 R$ 2.252.379,30 R$ 2.252.379,30
% Tributação efetiva 9,89% 16,23% 13,18%
Fonte: Dados da pesquisa
Ao comparar os regimes tributários para o ano de 2017, pode-se constatar que a carga
tributária pode variar em até 6,34% (seis, trinta e quatro por cento) de um regime tributário
para outro. Por fim, o efeito do enquadramento tributário efetuado adequadamente, sob o
ponto de vista do menor ônus tributário, influenciará o resultado e por conseqüência o fluxo
de caixa do frigorífico durante todo o exercício de 2017 e períodos subseqüentes.
Fazendo a comparação dos três regimes de tributação, conforme a Tabela 3, como a
empresa optou pelo Lucro Real, seus gastos anuais com tributos representou 9,89% do seu
faturamento. Já se a empresa realizasse a opção pelo Lucro Presumido, seus gastos seriam de
16,23% do seu faturamento. E, se fosse tributada pelo Simples Nacional, que era o regime
adotado pela empresa no período anterior, seus gastos anuais com tributos efetivos seriam de
13,18% do Faturamento. Mediante esta análise, constata-se que, dentre os regimes tributários
o menos oneroso é o Lucro Real.
Na tabela demonstrada pode-se verificar que a empresa tem R$ 76.164,36 de ICMS a
pagar sobre as vendas, como o ICMS é um imposto não cumulativo podendo ser compensado
do que for devido com os créditos referente a entradas de mercadorias destinadas ao processo
produtivo, ou ao ativo permanente. Ressalta-se que, a contribuição de PIS e COFINS no lucro
real é calculada também no formato da não cumulatividade, podendo abater do que for débito
do imposto, como mostra na Tabela 3 o PIS e COFINS foi creditado porque houve mais
compras do que vendas.
Entretanto, é importante saber que a situação da empresa pode mudar de um ano para
o outro. Nestes casos, é provável que uma troca de regime de tributação, se possível, seja
vantajosa. A margem da empresa pode mudar, as despesas podem ganhar ou perder
representatividade, a empresa pode passar a operar em um volume maior ou menor de vendas,
pode passar a trabalhar como novos produtos com tributação diferente, entre outros inúmeros
casos. É necessário acompanhar os números de perto. Só assim é possível identificar o melhor
momento para migrar de um modelo a outro.
De uma visão sistêmica aplicada ao tema, a contabilidade, como ciência, é
indispensável na gestão de negócios. Objetivamente, uma das funcionalidades da
contabilidade, ao controlar o patrimônio, é permitir análise sobre a tributação, e abrir recursos
para alternativas viáveis de redução legal dos encargos tributários, via planejamento
tributário.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O sistema tributário nacional gera atualmente um alto custo com tributos, estes
impostos e contribuições representam uma grande parcela das despesas operacionais das
empresas. Portanto, a escolha do regime tributário é um dos passos mais importantes para o
sucesso de uma empresa. Uma opção mal feita nesta etapa do processo pode gerar despesas e
o pagamento de impostos inadequados comprometendo a saúde financeira da empresa.
Existem três tipos de regimes de tributação que podem ser assumidos: Simples
Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real. A escolha indicada deve ser realizada mediante um
adequado planejamento e estudos de vários fatores específicos de cada caso. Este trabalho
trouxe a apresentação desses três regimes tributários, a partir de uma busca na legislação
vigente, utilizando-se de um comparativo que expõe melhor as vantagens e desvantagens de
cada regime.
Portanto, pode-se afirmar que um planejamento de tributos deve ser adotado por todas
as empresas a fim de encontrar os melhores benefícios para o seu negócio, seja na correta
escolha do regime a se adotar, seja em outras estratégias e planejamentos que reduzam não só
os tributos, mas também todas as despesas, a fim de maximizar os lucros das empresas.
Por meio do método comparativo diante da simulação realizada, conclui-se que o
melhor regime a ser adotado pelo Frigorífico do Sul de Santa Catarina é de fato o Lucro Real,
o qual a empresa está atuando, pois o impacto dos tributos sobre o faturamento é de 9,89%,
enquanto que no Lucro Presumido e no Simples Nacional o impacto é maior.
Diante da análise, observou-se que o tema abordado pela pesquisa é amplo, possuindo
grande leque de estratégias legais, que visam à economia de tributos. A pesquisa conteve-se
somente no estudo do impacto da alteração de um regime tributário para outro. Para que se
tenha um maior aproveitamento do tema, sabendo-se do quanto seu campo é vasto e inovador,
recomenda-se novos estudos e pesquisas de outras estratégias de planejamento. Até porque
em tempos de forte competitividade toda e qualquer atitude que vise tornar o custo
operacional menos oneroso é uma ferramenta importante de sobrevivência comercial.
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