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FACULDADE CAPIVARI - FUCAP TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRE- SA DO RAMO DE HORTIFRUTIGRANJEIROS Aluno: João Batista Mengue Hieger Orientador: Aladim Rocha de Jesus RESUMO O mercado encontra-se em grande transformação, a alta da inflação, as leis trabalhistas e tri- butárias em constantes mudanças, alta e baixa do dólar e dos combustíveis. Problemas esses enfrentados todos os dias pelos empresários em busca do melhor preço de venda de seus pro- dutos. Devido a essas e outras variáveis e com o intuito de verificar qual o melhor método de precificação aplicado para a empresa de estágio, a pergunta de pesquisa é: Analisando a atual forma de precificação do mamão formosa adotado pela empresa, e pesquisando outros tipos de elaboração do preço de venda, qual o método mais viável de precificação à empresa Rejane Mengue de Souza EPP? A fim de atingir uma solução para esta pergunta, temos como objeti- vo geral, analisar o modelo de precificação atual e sugerir outros modelos, baseado na litera- tura para o produto mamão formosa, na empresa Rejane Mengue de Souza EPP, conhecida como FRUTTÃ. A empresa objeto de estudo da pesquisa consiste em uma empresa familiar, voltada ao ramo atacadista de hortifrutigranjeiro, situada na cidade de Tubarão SC. O em- preendimento, atualmente, vem aumentando seu portfólio, e tem como foco o produto de ven- da, o mamão do tipo formosa e papaia. A metodologia aplicada foi de natureza exploratória, de pesquisa teórica e prática, de forma lógica dedutiva, contendo uma abordagem qualitativa em cima de dados secundários, apresentando um resultado de estudo aplicado, onde os proce- dimentos técnicos de pesquisa foram bibliográficos, documental e de estudo de caso. Verifi- cou-se três formas de precificação válidas para a empresa: o objeto de estudo, a adotada pelo empresário, o tipo pleno ou por absorção e o mark-up, no qual destacou-se por gerar um preço de venda competitivo, englobando todos os custos e despesas da empresa e gerando lucro. Palavras-chave: Contabilidade. Contabilidade de Custos. Preço de Venda. Precificação. Mé- todos de Preço de Venda. 1 INTRODUÇÃO O mercado hoje em dia encontra-se em grande transformação. A alta da inflação, as leis trabalhistas e tributárias apresentam constantes mudanças também. Sem contar a alta e baixa do dólar, dos juros e combustíveis, que são alguns problemas enfrentados todos os dias

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FACULDADE CAPIVARI - FUCAP

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRE-

SA DO RAMO DE HORTIFRUTIGRANJEIROS

Aluno: João Batista Mengue Hieger

Orientador: Aladim Rocha de Jesus

RESUMO

O mercado encontra-se em grande transformação, a alta da inflação, as leis trabalhistas e tri-

butárias em constantes mudanças, alta e baixa do dólar e dos combustíveis. Problemas esses

enfrentados todos os dias pelos empresários em busca do melhor preço de venda de seus pro-

dutos. Devido a essas e outras variáveis e com o intuito de verificar qual o melhor método de

precificação aplicado para a empresa de estágio, a pergunta de pesquisa é: Analisando a atual

forma de precificação do mamão formosa adotado pela empresa, e pesquisando outros tipos

de elaboração do preço de venda, qual o método mais viável de precificação à empresa Rejane

Mengue de Souza EPP? A fim de atingir uma solução para esta pergunta, temos como objeti-

vo geral, analisar o modelo de precificação atual e sugerir outros modelos, baseado na litera-

tura para o produto mamão formosa, na empresa Rejane Mengue de Souza EPP, conhecida

como FRUTTÃ. A empresa objeto de estudo da pesquisa consiste em uma empresa familiar,

voltada ao ramo atacadista de hortifrutigranjeiro, situada na cidade de Tubarão – SC. O em-

preendimento, atualmente, vem aumentando seu portfólio, e tem como foco o produto de ven-

da, o mamão do tipo formosa e papaia. A metodologia aplicada foi de natureza exploratória,

de pesquisa teórica e prática, de forma lógica dedutiva, contendo uma abordagem qualitativa

em cima de dados secundários, apresentando um resultado de estudo aplicado, onde os proce-

dimentos técnicos de pesquisa foram bibliográficos, documental e de estudo de caso. Verifi-

cou-se três formas de precificação válidas para a empresa: o objeto de estudo, a adotada pelo

empresário, o tipo pleno ou por absorção e o mark-up, no qual destacou-se por gerar um preço

de venda competitivo, englobando todos os custos e despesas da empresa e gerando lucro.

Palavras-chave: Contabilidade. Contabilidade de Custos. Preço de Venda. Precificação. Mé-

todos de Preço de Venda.

1 INTRODUÇÃO

O mercado hoje em dia encontra-se em grande transformação. A alta da inflação, as

leis trabalhistas e tributárias apresentam constantes mudanças também. Sem contar a alta e

baixa do dólar, dos juros e combustíveis, que são alguns problemas enfrentados todos os dias

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pelos empresários até conseguirem colocar seus produtos à venda. Para que isso ocorra, o

preço de venda deve acompanhar essas mudanças, e isso, algumas vezes, é um grande desafio

às empresas.

Por esse motivo é que se optou nessa pesquisa estudar a formação do preço de venda,

verificando os custos e despesas impregnados na formação do produto, buscando conhecer e

demonstrar algumas formas de custeio para a elaboração do preço de venda de um produto

hortifrutigranjeiro, que possui grande variação de valor durante o ano.

Para falar em preço de venda, primeiramente precisa-se entender a utilidade da palavra

‘custo’, sendo assim, Martins (1985), descreve que custo é todo gasto de bem ou serviço utili-

zado na fabricação de outro bem ou serviço. E Franco (2006), custo é o preço pelo qual se

paga na aquisição de um bem ou serviço.

Já Santos et.al (2006) conceitua custo como sendo um consumo de ativo para fabrica-

ção de bens ou para disponibilidade desses bens aos clientes nos pontos comerciais. Logo

pode-se dizer que custo é todo valor despendido para a aquisição ou produção de bens ou ser-

viços.

Preço de venda, nada mais é o valor que o mercado está disposto a pagar pelo produto,

dependendo de vários fatores para sua formação (CREPALDI, 2011). É o indicador que qual-

quer empresa ou empresário precisa saber, pois assim é possível saber se o produto está ge-

rando lucro ou prejuízo. Desta maneira, pode ser modificado no momento da observância.

Crepaldi (2011) conta que a formação do preço de venda não é uma tarefa muito fácil,

é um trabalho técnico e de função vitalícia para a empresa, pois caso haja um erro para maior,

perde o mercado, caso ocorra o contrário, compromete a atividade.

O preço de venda é um tema sempre muito bem vindo devido as várias mudanças do

mercado. Por mais que cada empresa tenha o seu modo de formulá-lo, é necessário sempre

estar atenta as oscilações de algum parâmetro ou valor que a compõe.

O presente tema exposto nesse trabalho de conclusão de curso remete-se a valores, a

preço, a dinheiro e a custo, que estão diretamente ligados a contabilidade de custos, que por

sua vez, destina-se a coletar, registrar e classificar os dados operacionais das diversas ativida-

des da empresa, com o intuito de produzir informações de diversos níveis, do auxílio ao con-

trole de tomadas de decisões dos empresários.

O estudo sobre preço de venda será desenvolvido em uma empresa atacadista de horti-

frutigranjeiro, Rejane Mengue de Souza EPP conhecida por seu nome fantasia, como Fruttã,

localizada na cidade de Tubarão, tendo como base os dados coletados junto ao setor adminis-

trativo da mesma, no mês de julho de 2017. A instituição possui 21 anos de experiência no

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mercado, e sua principal atividade é a venda de mamão, tipo formosa e papaia, vindo a pouco

tempo, aumentar sua variedade de mercadorias para melhor atender seus clientes.

O conteúdo do tema ajudará a empresa desenvolver, utilizando-se de técnicas e parâ-

metros de custos, o seu preço de venda adequado, no qual possa contribuir com uma melhora

em seus resultados, multiplicando seus benefícios à sociedade, através de possíveis vagas de

emprego, devido seu desenvolvimento econômico.

Com o intuito de verificar qual o melhor método de precificação aplicado para a em-

presa de estágio, a pergunta de pesquisa é: Analisando a atual forma de precificação do ma-

mão formosa adotado pela empresa, e pesquisando outros tipos de elaboração do preço de

venda, qual o método mais viável de precificação para a empresa Rejane Mengue de Souza

EPP? E com esta questão, temos o objetivo geral: Analisar o modelo de precificação atual e

sugerir outros modelos, baseado na literatura, para o produto mamão formosa, na empresa

Rejane Mengue de Souza EPP, conhecida como FRUTTÃ.

Para se chegar a resolução do problema, e atingir o objetivo geral, foram elaborados

alguns objetivos específicos que seguem:

Verificar perante a literatura alguns tipos de formação de preço de venda exis-

tentes;

Demonstrar a atual forma de precificação adotado pela empresa Rejane Men-

gue de Souza EPP;

Mensurar os dados necessários para a formação do preço empregados ao pro-

duto mamão formosa, na empresa FRUTTÃ;

Sugerir um novo método de formar o preço de venda no produto mamão for-

mosa.

O tema proposto dificilmente cairá em esquecimento, pois é uma necessidade de todos

os mercados. Sem o preço de venda, o mercado não teria cambio, a não ser, que se volte ao

escambo. No âmbito acadêmico, os universitários poderão utilizar essa pesquisa para sanar

algumas dúvidas e possivelmente, utilizar para desenvolver seus próprios trabalhos de conclu-

são de curso na área de custos. Na área profissional, a empresa do estágio irá adquirir mais

conhecimento e desenvolver estratégias, para melhorar sua saúde econômica, sua competitivi-

dade no mercado e alavancar as vendas e os lucros. Com seu desenvolvimento, a sociedade

poderá beneficiar-se com produtos mais baratos, com a abertura de novas vagas de emprego,

além de obter uma alimentação equilibrada.

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O presente artigo está subdividido em seis capítulos, nos quais são: Introdução, o em-

basamento teórico, métodos e técnicas da pesquisa, apresentação e análise dos dados, conclu-

são e referências. O primeiro capítulo que contém a introdução, além de apresentar o tema,

deixa claro a pergunta da pesquisa, o objetivo geral e os objetivos específicos, a justificativa

da pesquisa, suas delimitações e organização. O segundo capítulo abrange o embasamento

teórico, onde é apresentada uma revisão bibliográfica sobre a história da contabilidade, suas

definições e opções profissionais e sobre os tipos de formação de preço de venda escolhidos.

No terceiro, são descritos quais foram os métodos utilizados na pesquisa e os procedimentos

adotados na coleta dos dados e análise. Já no capítulo quarto, foi apresentado a empresa, obje-

to de estágio, sua história e características e a análise dos dados levantados. O quinto capítulo

e sexto apresenta-se, respectivamente, as considerações finais, e sugere-se a melhor opção,

seguido das referências bibliográficas.

2 EMBASAMENTO TEÓRICO

2.1 HISTÓRIA DA CONTABILIDADE: SEU SURGIMENTO ATÉ OS DIAS DE HOJE

Primeiramente foi feito um estudo bibliográfico, evidenciando a história da contabili-

dade, logo após foi apresentado o conceito de contabilidade, alguns dos seus ramos - a geren-

cial, tributária e custos, onde se concentra o foco do estudo.

Com a evolução do homo sapiens, sabe-se que suas técnicas também foram evoluindo,

e com a contabilidade não foi muito diferente, pois ela está presente de forma oculta à vida do

homem.

Segundo Martins (2001), a contabilidade se faz presente há muitos anos antes de Cris-

to e foi se desenvolvendo conforme a civilização. No início, não existia a escrita contábil, mas

o homem utilizava instrumentos como: pedras e fichas de barros, para contar seus rebanhos, e

isso de certo modo tornou-se o primeiro fato histórico da utilização do registro contábil.

Para Iudícibus (2010) a contabilidade pode ser tão antiga quanto o homo sapiens, pois

o homem primitivo ao separar, classificar e contar seu material para caça e pesca, ou ao contar

seus animais já estava de alguma forma praticando a contabilidade, mesmo na forma mais

bruta. Existem registros concretos de contabilização 3.000 A.C, nas regiões da Suméria, Babi-

lônia, Egito e China.

Com o desenvolvimento econômico, nos séculos XII e XIII, a contabilidade começa

entrar em sua faze moderna, principalmente pelo desenvolvimento marítimo e pelos centros

comercias na Europa, mais especificadamente na Itália, onde a contabilidade foi se desenvol-

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vendo paralelamente, criando mecanismos de gerenciamento, surgindo aí os primeiros mani-

festos do sistema das partidas dobradas (MARTINS, 2001).

No século XV, mais exatamente no ano de 1494, o Frei Lucca Pacioli tem uma publi-

cação relevante sobre o método contábil, consolidando o método das partidas dobradas e tor-

nando-se o “pai” da contabilidade (IUDÍCIBUS; MARION, 2002).

De acordo com Martins (2001), em meados do século XX, mais especificamente no

ano de 1926, surgiram as escolas patrimonialistas que defendiam o patrimônio como a gran-

deza real. Contudo, o século XX foi de grande retração às escolas europeias, principalmente a

Italiana, devido seus pensadores darem pouca importância para pesquisas científicas e para

auditoria, dando muita ênfase às publicações de pura teoria, sem aplicação alguma na prática.

Isso resultou a queda das principais faculdades italianas (IUDÍCIBUS; MARION, 2002).

Na contramão da Italiana, a contabilidade norte-americana veio em ascensão, pois foi

apresentada como algo conveniente para tomadas de decisões, e tinha como grande objetivo

atender aos usuários, dando ênfase a contabilidade aplicada, e a importância à auditoria e as

universidades com grandes quantias para pesquisas na área contábil em busca de qualidade,

valorizando o ensino nos Estados Unidos (IUDÍCIBUS; MARION, 2002).

Atualmente, a tendência é padronizar normas e demonstrativos através dos pronunci-

amentos contábeis emitidos pelo Financial Accounting Standards Board - FASB, com o intui-

to de unificar e padronizar o atendimento sobre contabilidade e relatórios (IUDÍCIBUS,

2010).

2.2 CONTABILIDADE: DEFINIÇÕES E OPÇÕES

Observou-se que a contabilidade vem sendo aplicada há muitos séculos, e vem evolu-

indo em uma linha paralela à sociedade, contribuindo com o desenvolvimento sadio das em-

presas e consequentemente com uma melhor sociedade.

A contabilidade é uma ciência social, e que aplicada, serve para captar, registrar, acu-

mular, resumir e interpretar todas as movimentações que venham afetar a situação patrimoni-

al, financeira e econômica de qualquer organização. Podendo ser pessoa física, entidades sem

fins lucrativos e empresas de direito público, como as sociedades de economia mista, autar-

quias, Estado, União e Municípios (IUDÍCIBUS, 2007).

Em um conceito mais técnico, Martins (2001) afirma que a contabilidade é uma ciên-

cia social que se relaciona com outras ciências, e os fenômenos patrimoniais são os fenôme-

nos contábeis e o objeto da contabilidade é o patrimônio aziendal.

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Para Ribeiro (2010) a contabilidade é um sistema de informações e de avaliação para

todos os interessados nas demonstrações e análises da empresa, obtendo assim nessas com-

provações informação quantitativa e qualitativa.

Os principais interessados nas demonstrações de um negócio são os usuários da in-

formação contábil, sendo eles: sócios, administradores, bancos, fornecedores e o governo,

pois preocupam-se com a real situação da empresa (IUDÍCIBUS, 2007).

Conforme os autores descrevem, a contabilidade é uma ciência social que serve para

registrar e interpretar as movimentações do patrimônio, que é o objeto de estudo. Dando-lhe

informações, sejam elas fatos ou atos quantitativos ou qualitativos de natureza econômico-

financeira aos interessados.

2.2.1 Os Ramos da Contabilidade: Um leque de opções

A contabilidade sempre será única, porém pode ser dividida em vários ramos e áreas.

Assim, o profissional contábil poderá estudar de forma individualizada cada ramo, e se assim

preferir, especializar-se em um que mais lhe agradar. O objetivo sempre será o mesmo, con-

trolar, registrar e interpretar as informações através de seus registros, dividindo em ramos

como: contabilidade comercial, financeira, bancária, fiscal, tributária, de custos e várias ou-

tras.

2.2.1.1 Contabilidade Gerencial

Para que uma empresa caminhe firmemente, os gestores necessitam planejar, eviden-

ciar, controlar e tomar a decisões corretas com base em informações colhidas dentro e fora da

empresa. Para isso, é necessário que as informações e coleta de dados sejam extraídas, arma-

zenadas e processadas em um sistema de informações da empresa para uma futura análise,

através de seus relatórios. Bruni (2008, p. 69) fala que “a contabilidade gerencial possui o

objetivo principal de suprir com informações relevantes o processo de tomada de decisões da

empresa”.

Crepaldi (2011) define a Contabilidade Gerencial - como sendo uma das partes da

Contabilidade, e que tem por objetivo fornecer ferramentas aos gestores para que os auxiliem

em suas funções gerenciais. É direcionada para uma melhor utilização dos recursos econômi-

cos, devido a um eficiente controle interno dos insumos, através do sistema de informação

gerencial. O autor ainda conta que da união dessas informações coletadas, através de seus

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vários setores, a contabilidade gerencial propicia aos seus gestores, informações que servirão

para avaliar o desempenho das atividades, de projetos, de produtos ou serviços da organiza-

ção, tal como a situação econômica financeira, devido as informações transparentes e objeti-

vas, de acordo com a necessidade de cada usuário.

Hoje em dia as empresas estão em constante evolução, e precisam cada vez mais de

controles internos precisos e de informações apropriadas para se adequar as novas situações

de mercado.

Antigamente a contabilidade só servia como mera apuração de impostos e apresenta-

ção aos empresários de quanto sua empresa obteve de lucro ou prejuízo. Hoje, somente essas

informações não são mais o suficiente. No presente momento, os sindicatos precisam saber

qual a capacidade da empresa de honrar seus compromissos com os trabalhadores; o governo

pleiteia a aglomeração de riqueza à economia e a capacidade de pagamento dos impostos; os

ambientalistas procuram conhecer qual a contribuição para com o ambiente; os investidores

calculam o nível de endividamento e a capacidade de pagamento das dívidas e os gestores

necessitam obter informações para dar apoio ao processo decisório e diminuir as incertezas.

Com isso a contabilidade passa a ser importantíssima como um instrumento gerencial (CRE-

PALDI, 2011).

2.2.1.2 Contabilidade Tributária

Tudo que se compra possui uma carga enorme de tributos incorporados ao valor. Isso

se dá à alta carga tributária paga pelas empresas que são obrigadas a recolher os cofres públi-

cos federais, estaduais ou municipais de acordo com a legislação tributária pertinente.

O Código Tributário Nacional – CTN em sua lei n° 5.172/66 art. 96 traz a definição de

legislação tributária como sendo a expressão que “compreende as leis, os tratados e conven-

ções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em par-

te, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.”

De acordo com o CTN tributo “é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou

cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e

cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.

Segundo Ribeiro e Pinto (2014) existem vários tributos, podendo ser estes - impostos,

taxas, contribuições, empréstimos compulsórios, mas os mais imprescindíveis são os inciden-

tes sobre o lucro líquido e a folha salarial, cujo as obrigações de recolhimento irão surgir na

ocorrência do fato gerador. O autor ainda salienta que os fatos geradores estão praticamente

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em tudo que se faz. Na compra de mercadoria, na venda, na produção, na importação, expor-

tação, na contratação, demissão, nos salários, nas transações financeiras, no transporte e vá-

rios outros.

Para tanto é imprescindível comentar, que o Estado, no seu exercício de poder, neces-

sita de meios materiais e pessoais para fazer cumprir com seus objetivos institucionais. Desta

forma garantir a ordem jurídica, a segurança, a saúde pública e o bem-estar de todo povo de

seu território (OLIVEIRA, 2013).

O objetivo da contabilidade tributária é apurar com precisão o resultado do exercício,

exibindo-o de modo claro, para que em seguida, de forma extra contábil, atenda o que legisla-

ção do IRPJ1 e CSLL2 exige, verificando-se a base de cálculo fiscal para o provimento do

pagamento desses tributos, que serão abatidos desse resultado do exercício, determinando a

apuração do lucro líquido a disposição da empresa (FABRETTI, 2015).

Por sua vez, a contabilidade tributária acumula várias funções como: (I) a orientação e

procedimento para emissão de documentos fiscais, de acordo com a legislação municipal,

estadual e federal; (II) orientação para o cálculo dos tributos incidentes sobre as operações de

vendas de mercadorias ou serviços, aplicando a devida alíquota conforme a legislação; (III)

fomentar a escrituração dos livros fiscais de acordo com as normas; (IV) promover a apuração

do lucro real, através da escrituração dos ajustes necessários no e-Lalur3, visando à apuração e

contabilização do imposto de renda sobre lucro líquido; (V) verificar os ajustes necessários do

lucro líquido para a apuração da base de cálculo da CSLL e sua contabilização, bem como as

contribuições sociais incidentes sobre a folha de pagamento; (VI) orientar o preenchimento

das guias para recolhimento dos impostos, nas três esferas governamentais. (VII) Desenvolver

treinamentos e orientação para os departamentos das empresas que desenvolvem tarefas rela-

cionadas a tributos. (VIII) fomentar a elaboração do planejamento tributário (RIBEIRO; PIN-

TO, 2014).

Para Ribeiro e Pinto (2014) o planejamento tributário nada mais é que definir como a

empresa vai comportar-se nos assuntos relacionados aos pagamentos dos tributos, cumprindo

com as obrigações principais e acessórias. A principal função do planejamento tributário é

reduzir o máximo possível, dentro da legalidade, a carga tributária. Um bom planejamento

tributário não vai só possibilitar a redução dos tributos, mas também um prévio conhecimento

1 IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. 2 CSLL – Contribuição Social sobre Lucro Líquido. 3 e-Lalur – Livro eletrônico de escrituração e apuração do Imposto sobre a Renda e da Contribuição So-

cial sobre o Lucro Líquido da Pessoal jurídica tributada pelo Lucro Real.

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dos montantes a ser pagos e suas respectivas datas, ainda como possível a pratica da elisão

fiscal4 que viabiliza a redução, ou até mesmo eliminação no recolhimento do tributo.

Já para Fabretti (2015) planejamento tributário é o estudo preventivo, onde verifica-se

antes do fato gerador ou administrativo, os efeitos econômicos e jurídicos e quais os meios

legais e menos onerosos, exigindo um bom senso do planejador.

Um planejamento mal feito pode levar a empresa a evasão fiscal, que parece um pouco

com a elisão fiscal, mas nesse caso, ocorre o descumprimento das leis, classificadas como

crime de sonegação fiscal, nos dada pela lei n° 8.137/90 em seus arts. 1°, 2° e 3° (FABRET-

TI, 2015).

Um planejamento tributário bem feito pode trazer vários benefícios para as organiza-

ções, como: (I) reconhecer com antecedência o real valor de que irá precisar recolher aos co-

fres do governo e suas datas correspondentes. (II) reduz os custos devido estar trabalhando

com uma carga tributária compatível com o tamanho da empresa. (III) reduz as despesas,

cumprindo com as obrigações principais e acessórias em dia, não acarretando em multa, taxas

e juros. (IV) pode vir a ter algum aproveitamento de benefícios oferecidos pelo Fisco, através

de alguma isenção fiscal devidamente regulamentada (RIBEIRO; PINTO, 2014).

2.2.1.3 Contabilidade de Custos

Com intuito de nivelar o leitor sobre a matéria custos, é apresentado uma breve teoria

sobre a evolução da matéria custos, e breves definições de alguns conceitos.

2.2.1.3.1 A Evolução dos Custos

A contabilidade de custos não nasceu de um dia para o outro, nem tanto foi criada por

algum matemático ou empresário de grande sucesso. Conforme conta Martins (1985) até me-

ados do séc. XVIII, antes da revolução industrial, era praticada somente a contabilidade geral,

desenvolvida na era mercantilista, que estava muito bem adaptada a servir as empresas co-

merciais, para se fazer um levantamento do resultado e fechar o balanço do período, eram

necessários simplesmente contar os estoques físicos e apurar seus valores monetários.

Com a revolução industrial, essa contagem de estoque não servia às indústrias, já que

seu ramo era a fabricação da mercadoria. Então Martins (1985) descreve que com a mudança,

a função do contador passou a ser mais difícil, pois este não conseguiria obter os dados tão

4 Elisão fiscal – Redução permitida de carga tributária com o aproveitamento de lacunas e brechas na

lei.

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facilmente. Assim, iniciou-se certa adaptação à indústria, onde os contadores procuraram pa-

recido com o comércio, ativando apenas os valores dos custos das mercadorias, e deixando de

fora os custos de produção como: salários, encargos financeiros, comissões, apropriando to-

dos diretamente nas despesas, não levando em conta a venda ou não dos produtos (MAR-

TINS, 1985).

Mais tarde, desenvolvendo-se em uma linha do mesmo raciocínio, como se adaptaria o

valor dos estoques na indústria. Martins (1985) então relata que os valores dos estoques in-

dustriais deveriam corresponder ao valor total de compras do comercio. Então, os valores gas-

tos com a produção passaram a compor o custo dos produtos. Esse método de avaliação foi

utilizado por muito tempo em vários países.

Ainda conforme o autor, esse método de avaliação de estoque foi consagrado devido à

auditoria independente (externas), que nasceu por causa do desenvolvimento do mercado de

capitais em vários países e com o aumento da complexidade do sistema bancário, pois esse

método de avaliação atendia a vários outros princípios, como: custo como valor base, conser-

vadorismo, entre outros. Essa consagração, dada pelos auditores externos, foi a responsável

pela continuidade dos princípios básicos da contabilidade de custos no que se refere à finali-

dade da avaliação de estoque.

No começo da contabilidade de custos, a prioridade dos contadores e auditores era a

apuração monetária dos estoques para alcançar resultados mais fidedignos, e não transformar

custos em uma eficiente arma de auxílio a tomadas de decisões e controle interno. Com o

crescimento das empresas, a complexidade em administrá-las foi aumentando e esses recursos

da contabilidade de custos foram também sendo utilizados por outros ramos de atividades não

ligadas à indústria, e sim mais a instituições financeiras, empresas de prestação de serviço,

onde se tem ausência de estoque (MARTINS, 1985).

2.2.1.3.2 Conceitos Básicos da Contabilidade de Custos

Para entender melhor sobre custos e assim poder aprofundar-se mais, é preciso enten-

der alguns conceitos básicos bastante utilizados na área, e que podem confundir um pouco

quando não se está bem alinhado aos conceitos.

Segundo demonstra Franco (2006) receita é o custo que a empresa recupera na venda

de seus produtos, onde nas empresas comerciais é adquirida através da venda de seus produ-

tos, nas empresas prestadoras de serviços são os valores recebidos pelos serviços prestados,

nas empresas financeiras são os juros pagos pelo crédito concedido. Ainda segundo Franco

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(2006) não se pode confundir receita com o dinheiro recebido, pois pode haver a venda a pra-

zo, que não é um recebimento de dinheiro no ato.

Para Santos et.al (2006) receita são as entradas de caixa no momento da venda ou fu-

turamente, vindas das principais atividades da empresa, geralmente são reconhecidos quando

há troca foi formalmente concluída.

Assim pode-se afirmar que a receita é todo ganho que a empresa obteve na venda de

seus produtos ou serviços, provenientes de sua atividade fim.

Para se obter receitas primeiramente irão aparecer as despesas. Logo, despesa para

Martins (1985) é todo bem ou serviço gasto direto ou indiretamente, que reduz o patrimônio

líquido e por apresentar uma característica de sacrifício no processo de adquirir receita.

Já para Santos et.al (2006) despesas são as saídas de caixa que são reconhecidas no

momento que um ativo é consumido nas operações da empresa, podendo ser reconhecidas no

momento do ato ou futuramente. Deste modo, despesa é todo valor despendido na obtenção

da receita, desde que proveniente da atividade principal da empresa.

Segundo Santos et.al (2006) ganhos são aumentos do patrimônio líquido vindas de ou-

tros eventos que não seja a atividade principal da empresa, como uma doação. O ganho é

mensurado pelo seu valor líquido e seu reconhecimento é feito na hora que é realizado.

Ganho é um valor reconhecido contabilmente, devido à outras atividades da empresa

que não seja sua principal. Pode exemplificar ganho, como investir na bolsa de valores, onde

se pode obter um ganho.

Do outro lado da moeda existe a perda, algo que não é muito compartilhado, mas que

existe. Para Martins (1985) perda é algum bem ou serviço que foi consumido de forma invo-

luntária ou anormal, que não foi feito nenhum sacrifício com a intenção de recuperá-lo, como:

incêndio no prédio da fábrica.

Santos et.al (2006) fala que perda é a diminuição do patrimônio líquido vindas de

eventos econômicos, desde que não tenham gerado despesa aos proprietários.

Martins (1985) ressalta que esses itens devem ir diretamente para contas de resultado,

como as despesas.

Conclui-se que perda é algo anormal e involuntário, que em muitas vezes não está

previsto no orçamento das empresas.

Para Martins (1985) investimento é um gasto ativado devido a utilização de sua vida

útil ou de benefícios imputáveis a períodos futuros. Logo, investimento é também um gasto

ou aplicação do recurso com uma expectativa de retorno favorável no futuro, podendo haver

perdas devida ao uso desse bem.

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Quando fabrica-se algum produto, e o cliente realmente queira adquirir o produto,

sempre pergunta-se quanto custa, tendo assim, a intensão de saber o valor do produto para

aquisição. Mas para os contabilistas, ‘custo’ possui outro sentido.

Martins (1985) fala que custo é todo gasto de bem ou serviço utilizado na fabricação

de outro bem ou serviço. O custo também é um gasto, só que reconhecido como custo no

momento de sua utilização na fabricação de um produto ou execução de um serviço.

Para Franco (2006) custo é o preço pelo qual se paga na aquisição de um bem ou ser-

viço. Ressalta ainda que quando se compra uma matéria prima para produção não se pode

dizer ainda que é um custo, pois custo é somente após o consumo, e que existe custos que são

específicos de cada empresa, mas existe aqueles custos que praticamente todas empresas irão

possuir com: água, energia, salários, impostos, seguros, telefone.

Santos et.al (2006) conceitua custo como sendo um consumo de ativo para fabricação

de bens ou para disponibilidade desses bens aos clientes nos pontos comerciais.

Sendo assim custo é todo valor despendido para a aquisição ou produção de bens ou

serviços.

2.2.1.3.3 A Contabilidade de Custos no Auxílio ao Controle e Tomada de Decisões

Conforme verificou-se, a função da contabilidade de custos era ajudar na avaliação e

apuração dos estoques, mas com o passar do tempo foi utilizando seu potencial para dar su-

porte à outras áreas, e hoje está inclusa necessariamente na tomada de decisões e controle

interno das empresas.

Santos et.al (2006) conta que para entender claramente sobre a contabilidade de custos

é necessário saber as funções de um gestor dentro da empresa, onde pode-se citar as princi-

pais, como:

Planejar os objetivos e formas de se alcançar os mesmos;

Evidenciar e regular a execução dos planos;

Controlar os resultados obtidos com os planejados e efetuar as corre-

ções necessárias.

Tomar as atitudes necessárias para colocação dos itens anteriores em prática.

Para isso é preciso a utilização de um sistema de informações que as gerencia, onde se

utilizará para as tomadas de decisões. Segundo Santos et.al (2006) essas informações são co-

lhidas no âmbito externo da empresa como: mercado financeiro, dados técnicos, entre outros,

ou dentro da própria empresa, e essas informações serão geradas a partir de quatro setores -

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na contabilidade societária, de custos, no orçamento empresarial e na análise econômico-

financeira. Assim, algumas informações serão utilizadas para meros fins solenes, e outras já

serão utilizadas diretamente para a tomada de decisões na gestão da empresa.

As informações colhidas são organizadas e filtradas pela contabilidade gerencial, que é

a expressão utilizada para o sistema de análise de custos e resultados, onde abrange todas as

informações fornecidas pelos quatros setores (SANTOS et.al, 2006).

Quando se trata de tomada de decisões, Santos et.al (2006) diz que a contabilidade de

custos fornece as informações necessárias para o gestor avaliar os efeitos de medidas, tais

como: se a fábrica comporta um número maior de pedidos; qual produto deve-se manter fa-

bricando ou não; qual o preço de venda do produto, qual o melhor negócio para empresa na

questão da matéria prima.

Na questão de controle interno, Santos et.al (2006) relata que a contabilidade de custos

tem a função de prestar informações para estabelecer padrões, orçamentos e acompanhar o

que foi realmente realizado, no que se pode chamar de custeio padrão.

Mas para Martins (1985) não adianta uma empresa apenas implantar um sistema de

custeio, por melhor que ele seja no dia a dia, que os problemas serão resolvidos, pois acredita

que o sucesso de um sistema não está simplesmente em gerar informações, relatórios, fluxos e

sim das pessoas que o operam, analisam e o fazem funcionar.

2.3 FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

A formação do preço de venda não é uma tarefa muito fácil, é um trabalho técnico e de

função vitalícia para a empresa, pois caso haja um erro para maior, perde o mercado, caso erre

para menor, compromete a atividade. (CREPALDI, 2011).

Segundo Biagio (2012, p. 2) “o preço dos produtos não pode ser formado apenas com

base no custo e nas despesas, mas principalmente na sua qualidade, durabilidade e credibili-

dade que a marca possui no mercado”.

Crepaldi (2011) nos ensina que para calcular o valor dos produtos, deve-se partir do

valor que os clientes estão dispostos a pagar, e partir daí, calcular seus custos. Muitas vezes

reduzir os custos não é a saída, e sim aumentá-los para agregar valor ao produto, possuir pro-

dutos de qualidade para concorrer com qualidade. Para isso é preciso entender seu mercado,

estudar seus principais concorrentes e o líder do setor.

Já para o Biagio (2012) para calcular o preço de venda dos produtos, deve-se levar em

consideração vários fatores - como o segmento de atuação da empresa, se é alimentício, ves-

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tuário, de máquinas e equipamentos ou eletrodomésticos, o perfil dos clientes que pretende

atingir, a estrutura da empresa, o ponto de venda, o atendimento oferecido, a qualidade e ga-

rantia dos serviços, o relacionamento adquirido com os clientes, pós vendas, qual a intensão

de retorno do capital investido e a tecnologia empregada.

Conforme Crepaldi (2011) existem vários critérios para formação do preço de venda,

cabendo ao gestor aprender a calcular os custos reais da atividade, ter gestão da estratégia dos

mesmos e identificar oportunidades de lucro e mercado.

2.3.1 Métodos de determinação do preço de venda

A fixação do preço de venda leva em consideração vários fatores, como: as caracterís-

ticas da demanda do produto, se há concorrência ou não, se há acordo entre produtores, o cus-

to de produção, esse último talvez o mais importante, pois a empresa não deve em hipótese

alguma vender seus produtos por um valor abaixo do custo. (CREPALDI, 2011). Existem

vários métodos para determinar o preço de venda baseando-se em custos, mas discutiremos

apenas dois deles. (I) custo pleno ou absorção; (II) mark-up.

2.3.1.1 Custo Pleno ou Absorção

Essa forma de custeio permite acrescentar uma porcentagem sob o custo total de pro-

dução, com o intuito de cobrir as despesas operacionais e proporcionar uma margem de lucro

desejada (CREPALDI, 2011).

Para Santos et al (2006) o custeio por absorção caracteriza-se pela inclusão de todos os

custos fixos, variáveis aos produtos. É a forma de custeio mais tradicional, devido à época

onde os custos fixos eram relativamente baixos, não influenciando muito no valor para afetar

a competitividade. Santos et al (2006) ainda conta que essa forma de custeio possui uma ten-

dência de uso cada vez menor, dentro do mercado globalizado, pois os custos fixos e despesas

tornara-se cada vez mais significativos dentro das estruturas de formação de preço dos produ-

tos, devido à crescente automação e atividade mercadológica das empresas.

Mesmo tornando-o, de modo geral, uma forma de custeio rígido e inflexível, Santos et

al (2006) elenca cinco circunstâncias nas quais pode-se encaixar o custo por absorção, são

elas: (I) em caso de produto único, onde é obrigatório absorver todos os custos; (II) em situa-

ção monopolista, onde o consumidor não possui outra alternativa de compra, podendo assim

impor seu preço; (III) em caso de lançamento de novos produtos que ainda não existam; (IV)

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em caso de plena ocupação do mercado, a nível nacional ou internacional, tendo sua capaci-

dade de produção plenamente ocupada, não obtendo relevância entre um ou outra forma de

custeio; (V) em caso de liderança de preços, líderes em mercado que são seguidas de menor

expressão.

Quadro 1: Preço de venda com base no custo Pleno ou Absorção

COMPONENTES Valor unid.

Matéria-prima por unidade 1,61

Mão-de-obra direta por unidade 0,25

Custos indiretos de produção (250% da mão-de-obra direta) 0,63

Custos de Produção 2,49

Despesas de venda e administração (25% do custo total de produção) 0,62

Custo de Produção e de Venda 3,11

Margem de Lucro de 36% sobre o CPV 1,12

Preço de Venda 4,23

Fonte: Bara (2012)

2.3.1.2 MARK-UP

Crepaldi (2011) relata que mark-up é um índice aplicado sobre o custo de um produto

ou serviço para a formação do preço de venda, que consiste basicamente em somar-se uma

margem de lucro ao custo unitário do produto ou serviço, e assim obter o preço de venda.

Existindo duas formas para se calcular o mark-up: o divisor e o multiplicador.

Exemplo: Caso paga-se R$ 1,00 (Custo) no quilo da farinha, o ICMS é de 18%, PIS e

COFINS 4,65%, comissão do vendedor 2,5%, despesas administrativas 6% e seu lucro dese-

jado antes do imposto de 20%. Colocando em quadro fica da seguinte forma:

Quadro 5: Estrutura Mark-up.

Estrutura Percentual (%)

Preço de Venda (PV) 100%

ICMS na Venda 18%

PIS e COFINS 4,65%

Comissões 2,5%

Despesas ADM 6%

Lucro antes dos impostos 20%

Total (CTV) – Custo total Vendas 51,15%

Fonte: Crepaldi (2011).

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MKD = (PV – CTV) / 100

MKD = (100 – 51,15) / 100

MKD = 48,85 / 100

MKD = 0,4885

Com o índice do Mark-up divisor, de 0,4885, no qual será utilizado para achar o va-

lor final do produto, dividindo o custo pelo índice. Suponha-se que o quilo é 1,00 / 0,4885 =

2,05. Logo encontra-se o valor de 2,05, que será o preço do quilo, garantindo assim o paga-

mento dos custos, impostos, despesas e gerando um lucro de 20%. (CREPALDI, 2011).

Para apurar o mark-up multiplicador é necessário obter o valor do mark-up divisor,

pois será 1 / mark-up divisor (MKD). Fixando a formula da seguinte maneira. (CREPALDI,

2011).

MKM = 1 / MKD

MKM = 1 / 0,4885

MKM = 2,047708 ou 2,05

Para se utilizar o Mark-up multiplicador, pega-se o valor do custo e multiplica pelo ín-

dice, R$ 1,00 X 2,05 = R$ 2,05 o quilo, chegando ao mesmo valor do quilo, já visto no MKD.

3 MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA

Esse capítulo explica a estrutura e o conjunto do enquadramento e procedimentos me-

todológicos adotados a partir dos objetivos traçados, que ajudaram na resolução da pergunta

de pesquisa do estudo de caso.

3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

Quanto a natureza do objetivo, essa pesquisa enquadra-se como exploratória, pois se-

gundo Gil (2006) tem por objetivo esclarecer mais sobre o assunto estudado, gerando algumas

suposições e ideias, tendo um planejamento bastante flexível, e assumindo a forma de pesqui-

sa bibliográfica ou estudo de caso.

No que se refere a natureza da pesquisa, trata-se de um estudo teórico e prático. Os

aspectos teóricos ficam a cargo da busca de conceitos e teorias em livros, revistas e demais

publicações que tratam do tema. Segundo Baffi (2002) esse tipo de pesquisa tem o sentido de

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renovar teorias, polêmicas, condições explicativas da realidade, mas não interferindo imedia-

tamente, não deixando de ser importante, pois cria condições para tal.

Já quanto ao aspecto prático, o estudo investiga um único objeto em profundidade - a

empresa Rejane Mengue de Souza EPP. Tal estudo está ligado a práxis, que consiste na apli-

cação da teoria ou conhecimento de maneira prática, com fins explícitos de intervenção

(BAFFI, 2002).

A lógica da pesquisa se dá de forma dedutiva, pois parte dos conhecimentos gerais,

contabilidade geral e para um estudo específico dentro da contabilidade de custos.

A coleta dos dados é adquirida a partir de dados secundários conseguidos na empresa

de estágio, através de relatórios financeiros e controles internos colhidos no ano de 2017. Os

dados secundários ou também chamados de dados de segunda mão são os que de certa forma

já foram utilizados para alguma analise ou pesquisa, tais como: relatórios de empresas, tabelas

estatísticas entre outros (GIL, 1999, apud BEUREN, 2008).

Em relação a abordagem da pesquisa, o estudo classifica-se como quali-quantitativo,

pois se utiliza de cálculos estatísticos complexos para que o resultado seja alcançado. Na

abordagem qualitativa, os fenômenos estudados são possíveis de análise mais profunda, devi-

do ao destaque das características não observadas através de uma abordagem quantitativa. Já

na abordagem quantitativa, além do emprego da quantificação na modalidade coleta de infor-

mações e o tratamento estatístico empregado através de suas técnicas, destaca-se sua impor-

tância na intenção de assegurar a excelência nos resultados (BEUREN, 2008).

Quanto ao resultado da pesquisa, pode-se afirmar que se trata de um estudo aplicado,

pois gera conhecimento em resposta à solução da pergunta: Analisando a atual forma de pre-

cificação do mamão formosa adotado pela empresa e pesquisando outros tipos de elaboração

de preço de venda, qual o método mais viável de precificação para empresa?

Os procedimentos técnicos perpassam por uma pesquisa bibliográfica, estudo de caso

e pesquisa documental bibliográfica, com o objetivo de enaltecer o conhecimento sobre o te-

ma e despertar a visão sistêmica na ciência contábil. É uma análise de caso, sendo que envol-

ve estudo profundo na empresa Rejane Mengue de Souza EPP e documental, pois houve ne-

cessidade de averiguação de dados financeiros. Para Cervo, Bervian e Da Silva (2011) a pes-

quisa bibliográfica serve para aludir um problema através de referenciais teóricos, como: li-

vros, artigos, jornais, dissertações e teses.

O estudo de caso é uma pesquisa concentrada sobre determinado individuo, grupo ou

comunidade, a fim de levantar numerosas e detalhadas informações que auxilia em um grau

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maior de conhecimento para uma possível resolução dos problemas sobre o assunto (BEU-

REN, 2008).

Já a pesquisa documental para Beuren (2008) pode vir a ser confundida com a biblio-

gráfica, porém a mesma baseia-se em documentos que ainda não receberam nenhum trata-

mento analítico profundo.

Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram a observação e documentação.

Para Simioni (2010) a observação é um dos instrumentos fundamentais para a coletas de da-

dos em todas as áreas da ciência, tornando-se peça insubstituível para edificação de qualquer

conhecimento, podendo vir a ser empregada de várias formas, como: assistemática, sistemáti-

ca, a participante, não participante, individual, em equipe e ser realizada na vida real, no local

onde ocorre o evento, em um ambiente normal registrando-se os dados na medida que forem

acontecendo.

No âmbito da coleta de dados através de documentação Simioni (2010, p?) diz que, “a

coleta de dados pode ser através de dados impressos como: jornais, revistas, arquivos históri-

cos, livros, diários, dados estatísticos, biografias”.

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A primeira parte, antes de tudo, é montar a pergunta de pesquisa, pois o tema já havia

sido escolhido. A partir do tema e da pergunta de pesquisa foram elaborados o embasamento

teórico, e desenvolvido um estudo bibliográfico em livros e artigos, investigando a história da

contabilidade, passando por conceitos sobre contabilidade, assim como os ramos - gerencial,

tributária e custos, que é a parte da contabilidade ligada ao trabalho de conclusão.

Na segunda parte, a empresa objeto de estágio é apresentada, e verificou-se a atual

maneira de precificação adotada pela empresa. Isso se deu através de conversas com o empre-

sário e buscou-se os dados para análise, que foram colhidos através de controles internos, pla-

nilha e troca de e-mail com a contabilidade.

Posteriormente, em posse dos dados, foi o momento de organizá-los conforme suas

características e técnicas dos métodos adotados, com o objetivo de mensurar os dados para

formação do preço empregados ao produto mamão formosa.

Na última parte do artigo, com base nos valores apresentados nas análises, sugere-se

outra forma de precificação, comparando os valores que a empresa objeto de estudo poderá

vir adotar diante de algumas ressalvas.

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4 APRESENTAÇÃO E ANALISE DOS RESULTADOS

Nesse capítulo, a empresa do objeto de estudo será descrita, juntamente com a apre-

sentação da análise dos resultados diante dos objetivos específicos expostos.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

A empresa Rejane Mengue de Souza EPP, objeto de estudo da pesquisa é uma empre-

sa familiar voltada para o ramo hortifrutigranjeiro, está situada na Rua dos Ferroviários, na

cidade de Tubarão. Em 2001, no início de suas atividades, seu foco e único produto era a ven-

da de mamão - tipo formosa e papaia. Há alguns anos vem aumentando seu portfólio, diversi-

ficando seu negócio, com a comercialização de mais seis tipos de frutas. Sendo assim, sua

atividade econômica é o comércio varejista de hortifrutigranjeiro, tributada pelo regime sim-

plificado, o simples nacional, por tratar-se de uma empresa de pequeno porte – EPP.

A história da empresa iniciou na cidade de Criciúma, através de uma sociedade entre

dois irmãos. E a atividade principal era o comércio de banana, mais tarde passando para a

comercialização também de mamão e transferindo-se para cidade de Tubarão. Com o objetivo

de sanar algumas dívidas do ramo mamoeiro, a parte da banana foi vendida e a sociedade

também se desfez. Desta forma, transformando-se em empresário individual e fundando a

Rejane Mengue de Souza EPP, com o nome fantasia FRUTTÃ.

Com 16 anos de existência, a empresa possui uma grande experiência no mercado,

atuando na região da AMUREL5, Criciúma, Araranguá e onde mais possuir clientes em po-

tencial.

Tratando-se de uma empresa familiar, a gestão é centralizada em uma única pessoa, o

fundador, que delega algumas funções para dois familiares que emprega. Por ser uma empresa

de pequeno porte, não possui setores muito bem definidos, mas descrevendo-os melhor, a

empresa se dividiria em: comercial, compras, estoque, administrativo e logística. Sua contabi-

lidade é terceirizada e os responsáveis por essa intercomunicação entre escritório contábil e

empresa, além do empresário, é uma funcionária responsável pelo setor administrativo.

5 AMUREL - é associação de Municípios da região de Laguna, onde buscam a integração político-

administrativa, econômica e social dos seus 18 municípios associados, que são, Armazém, Braço do Norte, Ca-

pivari de Baixo, Grão Pará, Gravatal, Imaruí, Imbituba, Jaguaruna, Laguna, Pedras Grandes, Pescaria Brava, Rio

Fortuna, Sangão, Santa Rosa de Lima, São Ludgero, São Martinho, Treze de Maio e Tubarão.

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A mesma está expandindo suas estruturas, através da construção de uma nova ala ane-

xa, pois já existe um projeto para seu crescimento. Com isso terá mais espaço para suportar

uma carga maior de mercadorias e melhorar sua qualidade.

4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Diante do primeiro objetivo específico, que foi investigar na literatura os tipos de for-

mação de preço de venda existentes, e verificou-se a presença de vários, tomando como estu-

do o custeio por absorção ou pleno e o mark-up.

O custeio por absorção ou pleno por ser uma das formas de custeio mais utilizadas no

mercado, mas que vem perdendo força devido à alta concorrência e globalização.

E o mark-up por apresentar uma forma interessante, devido ser um índice aplicado so-

bre o custo do produto, resultando imediatamente no seu preço de venda.

Dos dois tipos de custeio verificados nos livros, ambos são de grande valia para em-

presa objeto do estudo, devido a mesma ser do ramo comercial.

Com o intuito de vislumbrar sobre o segundo objetivo específico e o geral, buscou-se

em conversas com o empresário verificar como é formado atualmente seu preço de venda para

o produto mamão formosa. Foram repassados dados com base em oito compras de mamão

formosa, feitas entre os dias 01 a 31 de julho de 2017, totalizando os valores conforme estão

dispostos na tabela 1.

Tabela 1- Totais das compras do mamão formosa no mês de julho de 2017.

Valor total de compra

(mamão formosa)

Kg

Adquiridos

no Mês

Comissão Comprador

Origem

(46,25%)

Frete

Terceiros

Caixa para

Transporte

Outras

Despesas

R$

38.100,00 73.430

R$

17.623,20

R$

26.169,94

R$

2.334,80

R$

774,49

Fonte: Autor

Analisando os dados apresentados na tabela, chegou-se a valores em centavos/ quilo,

no qual, o próprio empresário se utiliza para compor o seu preço de venda, além de seu per-

centual de lucro, que varia de 60% a 110%. Seu valor final varia de acordo com as caraterísti-

cas de cada cliente e o preço do concorrente, sempre de olho no mercado. A tabela 2 ilustra

como é feito o cálculo do preço de venda na visão do empresário.

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Tabela 2 – Cálculo do preço de venda na visão do empresário

Custos R$ por Quilo

Frete R$ 0,35

Comissão Comprador Origem R$ 0,24

Custo produto R$ 0,52

Custo total R$ 1,11

% de Ganho (60% a 110%) R$ 0,67 R$ 1,22

Preço de Venda R$ 1,78 R$ 2,33

Fonte: Autor

Conforme o empresário alegou, o custo do produto mamão formosa possui uma gran-

de variação durante o mês, e que seu percentual de ganho é grande, pois ainda fornece a troca

(quebra ou perda) aos clientes. Durante uma conversa informal perguntei se ele não incorpora

o valor das caixas no seu preço final, o mesmo alegou ter consciência e que aloca esse valor

de acordo com cada carga, pois tem carga que possui a compra de caixa e outras não.

Na busca ao esclarecimento dos objetivos específicos, e para poder alcançar o objeti-

vo geral, é preciso mensurar e avaliar o custo do produto pelos outros métodos escolhidos, e

sugerir outra opção de precificação. Para tanto, primeiramente, é necessário verificar o per-

centual de responsabilidade do mamão formosa junto aos outros produtos comercializados,

com o intuito de não sobrecarregar um único produto com os custos indiretos e despesas, por

mais carro chefe que seja. A tabela 3 demonstra essa análise de forma vertical.

Tabela 3 – Percentual de responsabilidade dos produtos

Descrição Valor total %

Mamão Formosa R$ 38.100,00 28,54

Mamão Papaia R$ 25.250,00 18,91

Manga R$ 17.193,40 12,88

Maracujá R$ 11.741,00 8,80

Melão R$ 10.424,90 7,81

Moranga R$ 2.149,15 1,61

Batata Doce R$ 17.900,40 13,41

Laranja Pokan R$ 10.736,25 8,04

Total das Compras R$ 133.495,10 100,00

Fonte: Autor

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De acordo com a análise vertical, verificou-se que os principais produtos comerciali-

zados são os dois tipos de mamão, sendo que o tipo formosa lidera, onde pode-se responsabi-

liza-lo com apenas 28,54% das despesas e custos indiretos, ou seja, aqueles que não estão

diretamente ligados ao produto, proporcionando valores de acordo com sua demanda e fazen-

do com que os outros produtos ajudem na manutenção da empresa.

Esse percentual será utilizado para mensurar todos os valores referentes a custos indi-

retos e despesas na formação do preço de venda pelo método pleno e mark-up.

A mensuração do que é necessário para a formação do preço de venda, que dispõe o

terceiro objetivo específico estará disposto dentro dos dois métodos bibliográficos, escolhidos

e aplicados nesse trabalho de conclusão de curso.

O método por absorção ordena que todos os custos diretos e indiretos mais as despesas

são absorvidos pelo valor final do produto, consequentemente sobrando o lucro que o empre-

sário almejou. Para isso, para chegar aos custos diretos do mamão formosa na empresa Fruttã,

analisou-se o valor do produto pago na roça, a comissão do comprador, que é a pessoa que

procura o melhor produto, o preço, o responsável pela colheita e encaixotamento, o frete que

consiste basicamente na distância do sul da Bahia, divisa com Minas Gerais até Tubarão, a

embalagem, que é a caixa de transporte do produto e outras despesas que não foram especifi-

cadas. Todos esses custos estão dispostos na tabela 4

Tabela 4 – Custos diretos do mamão formosa

Custos Valores

Compras do Produto R$ 38.100,00

Comissão comprador (46,25%) R$ 17.623,20

Fretes R$ 26.169,94

Embalagens R$ 2.334,80

Outras Despesas R$ 774,49

Total dos Custos Diretos R$ 85.002,43

Quilos comprados no mês 73.430

Custo unitário por Quilo 1,16

Fonte: Autor

Sendo assim, de acordo com os dados repassados, que pode se nomeiam de custos

diretos, foi encontrado o valor de R$ 1,16 por quilo comprado e posto dentro da empresa.

Mas, para chegar ao consumidor final é necessário algumas etapas, que por sua vez, conso-

mem dinheiro da empresa e que se pode classificá-las como custos indiretos, que são ações

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que estão ligadas ao manejo do produto de alguma forma e as despesas, que é o dinheiro de-

sembolsado para a manutenção da empresa. Diante disso, a tabela 5 mostra os custos diretos e

o rateio desenvolvido de acordo com o percentual de responsabilidade do produto, desenvol-

vido na tabela 3.

Tabela 5 – Custos indiretos do mamão formosa

Custos Total Rateio Valor rateado

Energia R$ 790,00 (90% custo) - 28,54% R$ 202,92

Seguro anual (9 caminhões) R$ 23.339,69 28,54% R$ 555,10

Combustível entrega R$ 12.955,00 28,54% R$ 3.697,36

Salários R$ 32.340,00 28,54% R$ 9.229,84

Provisão Férias R$ 2.695,00 28,54% R$ 769,15

Provisão 1/3 férias R$ 889,35 28,54% R$ 253,82

Provisão 13° salário R$ 2.695,00 28,54% R$ 769,15

FGTS R$ 3.089,55 28,54% R$ 881,76

IPTU mensal R$ 142,81 28,54% R$ 40,76

Imposto R$ 1.915,74 28,54% R$ 546,75

Total dos Custos Indiretos R$ 16.946,60

Quilos comprados no mês 73.430

Custo Unitário por Quilo R$ 0,23

Fonte: Autor

Conforme verificado, os custos indiretos ligados à fruta mamão formosa corresponde a

R$ 0,23 centavos por quilo, aumentando um pouco mais o seu valor de venda. Esse valor foi

devido ao rateio desenvolvido para não onerar um único produto com todos esses valores. A

energia nesse caso teve uma redução, devido 10% ser utilizada na parte administrativa.

As despesas são parte integrante do custeio por absorção, devendo também ser calcu-

lada, controlada e rateada para não inflacionar o valor do produto final. Na empresa Fruttã as

despesas foram dispostas conforme a tabela 6.

Tabela 6 – Despesas da empresa Fruttã

Descrição Valor

Internet + Telefone fixo R$ 190,00

Telefonia Móvel R$ 719,00

Serviços Contábeis R$ 603,00

Sistemas Águias R$ 130,00

Energia (10% despesa) R$ 79,00

Pró-labore R$ 2.342,50

GPS R$ 2.487,31

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Total R$ 6.550,81

Rateio (28,54%) R$ 1.869,60

Quilos comprados no mês 73.430

Despesa Unitário por Quilo R$ 0,03

Fonte: Autor

As despesas, nesse caso, foram rateadas com o mesmo intuito de não inflar o valor de

um único produto, que aumentou em R$ 0,03 centavos por quilo. Logo, o valor final do pro-

duto, com base no custeio pleno, apresenta-se conforme a tabela 7, dependendo somente ago-

ra do empresário agregar seu percentual de lucro ou ganho, que no caso analisado varia de

60% a 110%.

Tabela 7 – Formação do preço de venda pelo Custeio Pleno

Descrição Valor Unitário Custo diretos R$ 1,16 Custos Indiretos R$ 0,23 Despesas R$ 0,03

Valor do produto R$ 1,41

Valor de Produto + % de ganho (60%) R$ 2,26 Valor de produto + % de ganho (110%) R$ 2,97

Fonte: Autor

De acordo com a análise em cima do custeio pleno e a margem exigida pelo empresá-

rio, o valor do produto comercializado no mês de julho de 2017 poderia variar de R$ 2,26 a

R$ 2,97, que estaria cobrindo todos os custos e despesas e gerando lucro.

O que rege o índice de mark-up é a porcentagem, que utilizaremos no lugar de valores

monetários analisados no custeio pleno. Na empresa, objeto de estudo o mark-up multiplica-

dor utilizado para o mês em análise foi de 1,82. Esse será o valor que o empresário terá que

aplicar sobre o custo do produto. O quadro 6 ilustra como se chegou ao número multiplicador.

Quadro 6 – Cálculo do índice de Mark-up multiplicador

Estrutura Percentual (%)

Custo Direto 100%

Custos Indiretos 19,82%

Despesas ADM 2,58%

Perda (troca) 20%

Lucro 40%

Total dos Custos e Despesas 182%

182% / 100 = 1,82

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Fonte: Autor

Para chegar a esse índice, verificou-se todos os custos indiretos, onde foram alocados

os impostos, por tratar-se de empresa enquadrada no simples nacional, o que correspondeu a

19,82%. Certificou-se as despesas administrativas que correspondem a 2,58%, as perdas que

foram retiradas com base no histórico do produto do qual o empresário obtém conhecimento

empírico calculando-se uns 20% e com base no menor lucro almejado, que corresponde a

40%, totalizando 182%. Dividindo o percentual por 100 tem-se o índice de 1,82.

Sendo assim, aplicou-se o índice de mark-up sobre os custos diretos do produto ma-

mão formosa, onde se obteve o preço de venda final, demonstrado no quadro 7.

Quadro 7 – Cálculo do preço de venda final

Índice Mark-up Custo Direto

1,82 R$ 1,16

Valor de Venda R$ 2,11

Fonte: Autor

Assim, o empresário poderá vender seu produto por R$ 2,11 o quilo que obterá lucro.

Isso é visto com mais clareza diante do cálculo de verificação demonstrado na tabela 8.

Tabela 8 – Calculo de verificação do Preço de venda.

Valor de Venda R$ 2,11

Custos Indiretos R$ 0,26

Despesas R$ 0,03

Perdas R$ 0,23

Lucro Bruto R$ 1,59

Custo do produto R$ 1,16

Lucro R$ 0,43

Fonte: Autor

Com o cálculo de verificação é possível visualizar que do preço de venda serão subtra-

ídos todos os custos, despesas e perdas, sobrando o lucro, no qual multiplicado ao total de

quilos adquiridos no mês resulta em um lucro de 31.574,49. Caso se retire os 20% de perdas

das compras ainda gera um lucro de 25.259,92.

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Analisando todos os métodos de precificação adotados, observa-se uma variação de

valores entre eles, desde R$ 1,78 a R$ 2,97. Tendo como base os objetivos específicos e parte

do objetivo geral, a sugestão para adoção de outro modelo é válida, visto que a técnica atual

quando vendida há um ganho de 60%, que não cobre todos os custos, levando o empresário ao

prejuízo. Para uma melhor análise foi elaborado um quadro comparativo.

Quadro 8 – Comparativos dos preços de venda entre os métodos.

Ganho de 60% Ganho de 110%

Valores Empresário R$ 1,78 R$ 2,33

Custeio Pleno R$ 2,26 R$ 2,97

Mark-up R$ 2,11 Fonte: Autor

Observando o quadro, pode-se dizer que qualquer método adotado trará vantagem à

empresa, porém, analisando e comparando-os, verifica-se que os valores na visão do empresá-

rio, referente aos ganhos de 60%, fica muito abaixo das outras formas de custeio, pleno e

mark-up, correspondentes a ganhos de 60% e 40% respectivamente, englobados todos os cus-

tos, despesas e perdas. Possivelmente, o valor de R$ 1,78 não pagará os custos, levando preju-

ízo ao empresário.

Pelo método do custeio pleno, seus valores ficaram elevados, visto que seu menor pre-

ço foi de R$ 2,26 o quilo, podendo vir a comprometer muito o mercado. Mas, caso se repense

no novo percentual de lucro e baixos custos é passível de utilização.

O mark-up apresentou-se como uma ótima alternativa de precificação, demonstrando

um valor competitivo, sendo que ficou com o valor dentro da margem que o empresário pro-

cura, e abaixo do custeio pleno, e que pode vir a ser menor, dependendo apenas do percentual

de lucro almejado, levando em consideração que seus custos e despesas já estão englobados

no preço de venda. Por esse método é válido a observação do rígido controle interno, sobre

tudo o que compõe o preço de venda, e sobre as perdas, algo que pode vir comprometer o

lucro.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na busca por respostas e com o desejo de ajudar a empresa a vislumbrar os vários ca-

minhos que os custos proporcionam, e se formam através do simples fato da formação do pre-

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ço de venda em uma empresa hortifrutigranjeiro, foi proposto uma nova forma de precifica-

ção, após a análise do modelo adotado atualmente, e com base na literatura apresentada, al-

cançando assim o objetivo geral exposto.

Verificou-se três formas de precificação válidas para a empresa objeto de estudo, a

adotada pelo empresário, o tipo pleno ou por absorção e o mark-up, no qual, essa que se des-

tacou por gerar um preço de venda competitivo, englobando todos os custos e despesas da

empresa e gerando lucro, apresentando-se como ótima opção de precificação. Sendo assim, o

empresário poderá aumentar ou diminuir seus lucros, verificando seus custos de acordo com a

demanda do mercado.

Sabe-se e vivencia-se que o mercado é muito dinâmico, que os valores são variáveis

constantes e que imprevistos acontecem e podem transformar a empresa. Por esses motivos

que a empresa ou empresário devem apoiar-se a contabilidade de custos e aos números e in-

formações apresentados por ela, pois somente assim é possível visualizar as mudanças, prever

o futuro e possuir bases fortes.

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