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1 INSTITUTO AVM LICENCIATURA EM PEDAGOGIA O ENSINO ESPECIAL E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - A. E. E. NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DO RIO DE JANEIRO Isabel Cristina Barbosa de Oliveira Orientador Prof.ª MS. Andréa Villela Mafra da Silva Rio de Janeiro 2011 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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1

INSTITUTO AVM

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

O ENSINO ESPECIAL E O

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - A. E. E.

NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DO

RIO DE JANEIRO

Isabel Cristina Barbosa de Oliveira

Orientador

Prof.ª MS. Andréa Villela Mafra da Silva

Rio de Janeiro

2011

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INSTITUTO AVM

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

O ENSINO ESPECIAL E O

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - A. E. E.

NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DO

RIO DE JANEIRO

Apresentação de monografia ao IAVM como

requisito parcial para obtenção do grau do título de

licenciado em Pedagogia

Por: Isabel Cristina Barbosa de Oliveira

3

AGRADECIMENTOS

A Deus e a todos que contribuíram

para construção deste trabalho de

modo especial, minhas filhas Raquel e

Carla pelo apoio e incentivo no alcance

da terminal idade do curso.

4

DEDICATÓRIA

Minhas Filhas que são o equilíbrio da

minha vida.

5

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..........................................................................................6

RESUMO...................................................................................................8

METODOLOGIA.....................................................................................9

CAPITULO I – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL.........................10

1. História da Educação Especial no Brasil...........................................13

1.1 Atendimento a deficientes visuais................................................13

1.2 Atendimento a deficientes auditivos............................................15

1.3 Atendimento a deficientes físicos................................................17

1.4 Atendimento a deficientes mentais...............................................19

CAPITULO II – EDUCAÇÃO ESPECIAL NO MUNICÍPIO DO RIO DE

JANEIRO NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA................31

1. Instituto Municipal Helena Antipoff – IHA...........................................32

1.1 A atual estrutura do IHA...............................................................33

1.2 Atuação do IHA na Perspectiva da Educação Inclusiva...............35

2. Atendimento Educacional Especializado – AEE................................39

2.1. Prática do AEE – Deficiência Mental...........................................44

2.2. Prática do AEE – Deficiência Visual............................................45

2.3. Prática do AEE – Deficiência Auditiva.........................................47

2.4. Prática do AEE – Deficiência Física.............................................48

CAPITULOIII – ESTUDO DE CASOS...................................................49

1. Estudo de Caso – Deficiência Mental e Motora.............................49

2. Estudo de Caso – Deficiência Auditiva.........................................54

CONLUSÃO............................................................................................58

BIBLIOGRAFIA.......................................................................................61

6

INTRODUÇÃO

“A educação é direito de todos.”

(Constituição Federal/1988, artigo 205)

O objetivo deste trabalho é propor uma reflexão sobre a política pública

de educação especial no sistema educacional brasileiro mais precisamente no

município do Rio de Janeiro, buscando um melhor entendimento sobre a

prática pedagógica nesse segmento da educação brasileira.

Sendo assim este estudo está dividido em três capítulos. No primeiro

pretendeu-se informar os fatos históricos da educação especial no Brasil com

início na década de 60 com dois períodos de grande destaque de 1854 a 1956

com iniciativas oficiais e particulares isoladas e de 1957 a 1993 com iniciativas

oficiais de âmbito nacional. A partir dos anos 90, procura-se garantir o acesso

de todos à educação.

No segundo capítulo relata-se a história da Educação Especial no Rio

de Janeiro e o movimento de Inclusão Social com suas leis de

regulamentação, ações para implementação e perspectivas na busca de seus

objetivos, que visam muito além das pessoas com necessidades especiais,

visam um novo modelo de sociedade.

A proposta da educação inclusiva de um novo aspecto à educação,

visando um olhar diferenciado sobre as singularidades humanas. A questão

da inclusão reforçou a necessidade da escola repensar seu papel e suas

práticas. Caminha-se para a construção de uma nova escola que aceite e

respeite as diferenças e que trabalhe sobre uma nova perspectiva, da

singularidade do aluno que aprende.

Uma rearticulação da educação no sentido de providenciar estratégias

e métodos que dêem conta do atendimento a crianças com necessidades

especiais. E que estes instrumentos possam ser absorvidos e utilizados não

só pela criança especial, mas por toda a comunidade escolar. Como

conseqüência de um ensino de qualidade para todos.

7

No terceiro capítulo apresenta-se a transcrição de relatórios de

acompanhamento do Instituto Helena Antipoff, Centro de Referência de

Educação Especial no Rio de Janeiro, no ensino fundamental do segundo

segmento, 6º ao 9º ano, freqüentando turma comum com atendimento em

Sala de Recursos no contra-turno na mesma unidade escolar.

A inclusão educacional é um processo complexo que encontra

diferentes matizes, transformando cada situação em um caso singular e

fazendo com que as propostas utilizadas em um determinado contexto

necessitando de reformulações e reconfigurações em outros, procurando

pensar quais as estratégias utilizadas para sustentar o processo de inclusão.

8

RESUMO

A presente monografia tem como objetivo principal identificar e analisar

as diversas medidas educacionais para os alunos portadores de deficiência

com relação à educação brasileira.

Com registros dos principais fatos e momentos históricos, projeta a

evolução do atendimento educacional aos portadores de deficiência no Brasil.

Tendo como cenário educacional o município do Rio de Janeiro e

focalizando os desafios provocados por inovações no sistema educacional

como a educação inclusiva, as ações no sentido de efetivá-las nas turmas

comuns, o trabalho de formação de professores e as perspectivas que se

apresentem a educação escolar, a partir de sua implementação tentando

facilitar a compreensão da inclusão como inovação aos que se interessam

pela educação como um direito de todos que precisa ser respeitado.

Finalmente concluindo com a exposição de estudo de casos numa

pequena mostragem da prática educacional inclusiva dirigida a esses alunos.

9

Metodologia

- Pesquisa bibliográfica e estudo de casos: a pesquisa bibliográfica

investiga o Problema a partir do referencial teórico existente nas fontes de

pesquisa. Tendo como objetivo o levantamento das contribuições científicas e

culturais existentes sobre o certo tema. Assim oferecer meios para definir,

resolver problemas conhecimentos ou, até mesmo, explorar novas áreas de

conhecimentos. Por isso Galliano (1986) a define como sendo a pesquisa que:

“(...) se efetua tentando resolver um problema ou adquirir novos

conhecimentos a partir de informações publicadas em livros ou documentos

similares (catálogos, folhetos, artigos, etc.). Seu objetivo é desvendar,

recolher e analisar as principais contribuições teóricas sobre um determinado

fato, assunto ou idéia.” (p. 109)

O nome dos principais autores e teóricos que foram utilizados para a

realização deste trabalho foram Mazzottá (1999), Instituto Helena

Antipoff/SME – Rio de Janeiro (2010).

10

Capítulo I

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Desde o final da década de 50 até os dias atuais, a educação especial

apesar de seus avanços, tem sido tratada como uma parte indesejada da

educação.

Alguns ainda vêem como obra merecedora de mérito para as pessoas

“bem feitoras” que dispõem seu tempo para cuidar de crianças e jovens

portadores de necessidades especiais.

Ainda hoje podemos escutar pessoas atribuindo a ela o sentido de

assistência aos deficientes ao invés de educação de crianças e jovens que

apresentem necessidades educacionais especiais.

Mesmo agora já entendida como modalidade de ensino, a educação

especial acaba sendo definida como a opção de métodos de trabalho. “A

Educação Especial é definida como a modalidade de ensino que se

caracteriza por um conjunto de recursos e serviços educacionais especiais

organizados para apoiar, suplementar, em alguns casos, substituir os serviços

educacionais comuns, de modo a garantir a educação formal do educando

que apresenta necessidades educacionais muito diferentes da maioria.”

(Marcos J. S. Mazzotta, Educação Especial no Brasil – História e Políticas

Públicas).

O ato de defender a cidadania e o direito à educação das pessoas com

necessidades especiais é uma atitude recente em nossa sociedade.

Tanto na literatura educacional quanto em documentos técnicos, existe

a freqüente referencia a situação do atendimento a pessoas deficientes mais

com o cunho educacional, quando uma analise mais cuidadosa revela tratar-

se de situações organizadas com outros propósitos que não a educação

desses deficientes.

Ao buscarmos na história da educação algumas informações

significativas sobre o atendimento educacional dos portadores de

11

necessidades especiais. Até o século XVII, as noções que dizem respeito à

deficiência eram ligadas ao misticismo e ocultismo.

E como via de regra as coisas e situações desconhecidas causaram

medo, e a falta de conhecimento sobre as necessidades especiais acabou

contribuindo para a exclusão e marginalização das pessoas portadoras das

mesmas.

A própria religião, com toda a sua força cultural, ao colocar o homem

como “imagem e semelhança de Deus”, dava a idéia da perfeição do corpo e

da mente. Acabava por deixar os portadores de deficiência à margem da

população dita perfeita.

Com outro ponto de vista observa-se um consenso social pessimista,

que fundamenta a idéia de que a condição de “incapacidade”, do “deficiente”,

“inválido” seja uma condição imutável.

Principalmente na Europa onde surgiram os primeiros movimentos em

prol do atendimento aos deficientes, que por conseqüência refletiam na

mudança na atitude de grupos sociais, acabaram por concretizar em algumas

medidas educacionais. Que foram se expandindo quando foram levadas para

os Estados Unidos e o Canadá e somente depois para outros países,

incluindo o Brasil.

Até o final do século XIX diversas expressões eram utilizadas para se

referir ao atendimento educacional aos portadores de deficiência: Pedagogia

de Anormais, Pedagogia Emendativa, entre outras.

Com título de Educação de Deficientes, se encontram em registros de

atendimentos ou com vários sentidos: abrigo, terapia.

Uma das primeiras obras impressa sobre a educação especial foi da

autoriade Jean-Paul Bonet. Já a primeira instituição especializada para a

educação de “surdos-mudos” foi fundada pelo abade Charles M. Eppée em

1770, em Paris.

No atendimento aos deficientes visuais devemos destacar o papel de

Valentin Haüy, fundou em Paris o InstituteNationale de JeunesAveugles

(Instituto Nacional de Jovens cegos) em 1784. Já naquela época Haüy

utilizava letras em relevo. Em 1829, o jovem cego Louis Braille que estudava

neste instituto, fez uma adaptação do código militar de comunicação noturna

12

para necessidade dos cegos. Esta adaptação foi chamada primeiramente de

sono grafia depois de braile.

Com relação aos portadores de deficiência física está registrada na

Alemanha, uma obra para a educação de deficientes, com a fundação de uma

“instituição para educar coxos, manetas, paralíticos”.

Ainda no começo do século XIX, foi iniciado o atendimento educacional

aos “débeis” ou “deficientes mentais”, o médico Jean Marc Itard mostrou a

educabilidade de um deficiente mental.

Johan J. Guggenbühl, médico que não obteve grande êxito no seu

trabalho com os chamados retardados mais severos, porém acabou por se

tornar famoso por seu trabalho em um internato em Abendberg nos Alpes

Suíços. Ele fez um trabalho baseado na combinação do tratamento médico e

educacional, tendo como foco exercício de treinamento sensorial.

Maria Montessori foi outra importante educadora que contribuiu para a

evolução da educação especial. Desenvolveu um programa de treinamento

para crianças retardadas nos internatos em Roma. Enfatizou a “auto-

educação” pelo uso de materiais didáticos que incluíam blocos, encaixes,

recortes, objetos coloridos e letras em relevo.

Continuando na Europa ainda temos que destacar Alice Descoeudres

que elaborou uma proposta curricular para os chamados retardados mentais

leves. Sua orientação era a de que as atividades educativas deveriam ser

desenvolvidas em ambiente natural, com instrução individual e grupal,

fiscalizando deficiências sensoriais e cognitivas.

Como lembra Cruckshank, “O período de 1817 a 1850, foi de grande

atividade em beneficio das crianças deficientes”. Durante este período

apareceram escolas para cegos, surdos e retardados mentais. Programas

para a criança com defeitos físicos para décadas posteriores.

Em meados de 1940, um anuncio foi publicado no Times de Nova York

pelo pai de uma criança com paralisia cerebral, levou a uma organização dos

pais destas crianças no sentido de fundarem a New York

StateCerebrakPalsyAssociation. Na associação eram levantados fundos para

tratamentos e pesquisas.

13

Da mesma maneira que os pais fundadores da NYSCPA, em 1950 os

pais de crianças com retardo mental começaram a se organizar. Com o

objetivo de proporcionar o atendimento a essas crianças e jovens nas escolas,

os pais dessas crianças se organizaram na NARC – NationalAssociation for

RetardedChildren.

A NARC exerceu grande influencia em vários países e foi inspiradora

da criação das APAES no Brasil.

1. História da Educação Especial no Brasil

Tendo como inspiração a Europa e os Estados Unidos, já no século XIX

alguns brasileiros começam a organizar serviços para atendimento a cegos,

surdos, deficientes mentais e físicos.

Somente no final dos anos 50 e início da década de 60 do século XX

que a “educação de deficientes”, “educação de excepcionais” ou “Educação

especial” é incluída na política educacional brasileira.

Devemos destacar dois períodos na evolução da educação especial no

Brasil: entre os anos de 1854 a 1856 onde foram tomadas iniciativas oficiais e

particulares isoladas e entre os anos de 1957 a 1993 quando foram tomadas

iniciativas de âmbito nacional.

• Período ente 1854 a 1956 – O atendimento escolar aos

portadores de deficiências seu início em 1854. Esta providência foi tomada

por Dom Pedro II, através do Decreto Imperial, número 1428 fundando no Rio

de Janeiro o Imperial Instituto dos Meninos Cegos. O Brasil tem Institutos e

Associações que visam à normalidade das deficiências entre elas é possível

destacar algumas por seus históricos.

1.1. Atendimento de deficientes visuais

• Instituto Benjamin Constant

O Instituto Benjamin Constant foi criado pelo Imperador D.Pedro II

através do Decreto Imperial n.º 1.428, de 12 de setembro de 1854, tendo sido

inaugurado, solenemente, no dia 17 de setembro do mesmo ano, na presença

14

do Imperador, da Imperatriz e de todo o Ministério, com o nome de Imperial

Instituto dos Meninos Cegos.

Estruturando-se de acordo com os objetivos a alcançar, o Imperial

Instituto dos Meninos Cegos foi pouco a pouco derrubando preconceitos e fez

ver que a educação das pessoas cegas não era utopia, bem como a

profissionalização.

Com o aumento da demanda foi idealizado e construído o prédio atual,

que passou a ser utilizado a partir de 1890, após a 1ª etapa da construção.

Em 1891, o instituto recebeu o nome que tem hoje: Instituto Benjamin

Constant (IBC), em homenagem ao seu terceiro diretor.

Fechado em 1937 para a conclusão da 2ª e última etapa do prédio, o

IBC reabriu em 1944. Em setembro de 1945 criou seu curso ginasial, que veio

a ser equiparado ao do Colégio Pedro II em junho de 1946. Foi proporcionado,

assim, o ingresso nas escolas secundárias e nas universidades.

Atualmente, o Instituto Benjamin Constant vê seus objetivos

redirecionados e redimensionados. É um Centro de Referência, a nível

nacional, para questões da deficiência visual. Possui uma escola, capacitam

profissionais da área da deficiência visual, assessora escolas e instituições,

realiza consultas oftalmológicas à população, reabilita, produz material

especializado, impressos em Braille e publicações científicas.

• Instituto de Cegos “Padre Chico”

O Instituto de Cegos “Padre Chico” nasceu da generosidade dos

corações paulistas que, em respostas ao apelo do Dr. José pereira Gomes,

feito a 7 de Setembro de 1927, na reunião de comemoração à Semana

Oftalmo-Neurológica da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo,

correram pressurosos em auxílio dos cegos, que em número cada vez

crescente, viviam sem assistência social, completamente desamparados. As

autoridades estaduais, municipais e eclesiásticas, acolhendo com máximo

interesse a idéia da fundação de um Instituto para Cegos proporcionando todo

o amparo possível. Tomando em grande consideração o apelo lançado, o

Arcebispo de São Paulo, D. Duarte Leopoldo,encarregou uma comissão de

senhoras para levar efeito a concretização de tão feliz idéia.

15

O objetivo é preparar e promover o deficiente visual e os portadores de

baixa visão para sua integração na sociedade, através de um processo

educacional, visando desenvolver, integralmente, a sua personalidade,

orientando e levando-os ao conhecimento de seus direitos e deveres para

com Deus, a Pátria e a Família.

• Fundação DorinaNowill para Cegos

Há mais de seis décadas a Fundação DorinaNowill para Cegos tem se

dedicado à inclusão social das pessoas com deficiência visual, por meio da

educação e cultura, atuando na produção de livros em braille, livros e revistas

falados e obras acadêmicas no formato Digital Acessível, distribuídos

gratuitamente para pessoas com deficiência visual e para centenas de

escolas, bibliotecas e organizações de todo

o Brasil.

A Fundação DorinaNowill também oferece, gratuitamente, programas

de atendimento especializado ao deficiente visual e sua família, nas áreas de

avaliação e diagnóstico, educação especial, reabilitação e colocação

profissional.

1.2. Atendimento a deficientes auditivos

• Instituto Santa Terezinha

O Instituto Santa Teresinha fundado em abril de 1929, na cidade de

Campinas estado de São Paulo, pelas Irmãs da Congregação de Nossa

Senhora do Calvário. Teve como pioneiras duas religiosas francesas: Madre

Luiza dos Anjos e Irmã Maria São João e duas brasileiras: Irmã Suzana Maria

e Irmã Madalena da Cruz.

Em 18/03/1933, transferiu-se para São Paulo, funcionando inicialmente

em prédios alugados.

A partir de 1939, instalou-se em prédio próprio num terreno doado por

um médico otorrinolaringologista Dr. Otoni Rezende Barbosa, que se

interessou pela educação dos surdos. Não existia até então nenhuma escola

particular para surdos. Relendo os anais da Entidade nota-se que as alunas

vinham de diferentes regiões do país.

16

Inicialmente a escola funcionou em regime de internato. O prédio foi

construído em etapas graças a subvenções dos poderes públicos, donativos

de benfeitores, promoções e eventos diversos. A audácia das fundadoras e a

fé inabalável desse pequeno grupo de educadoras permitiram que o

estabelecimento se desenvolvesse rapidamente e se tornasse conhecido e

respeitado pelas pessoas que o visitam admirando o trabalho e a dedicação

das religiosas. A partir de 2005, este prédio foi disponibilizado para alugar, o

que garantirá uma gestão equilibrada financeiramente e passou a funcionar no

seu segundo prédio, situado à Rua Jaguari 474.

Até a década de 1990, o IST, adotou o método oral na educação dos

surdos. Nas salas de aula foram instalados equipamentos destinados a

reeducação auditiva. A partir dessa época a escola passou a desenvolver o

bilingüismo que ainda é utilizado hoje na proposta pedagógica.

• Instituto Educacional São Paulo - IESP

Em 1954, pais e amigos de algumas crianças com deficiência auditiva,

preocupados com o seu desenvolvimento educacional, fundam o Instituto

Educacional São Paulo (IESP). Em 8 anos de existência, a escola, que

inicialmente educava 5 alunos, registra quase 150 alunos matriculados. No

ano de 1962, torna-se a primeira escola de surdos brasileira a oferecer o

curso ginasial.

O IESP mantém-se como uma organização independente até 1969,

quando é doado à Fundação São Paulo e incorporado à Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo.

.Em 1972, já com o nome de Derdic - Divisão de Educação e

Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação, a organização assume um

compromisso com a formação de profissionais e inicia o desenvolvimento de

atividades práticas supervisionadas voltadas ao curso de fonoaudiologia da

PUC-SP, antes realizadas por meio de parcerias com a Santa Casa de

Misericórdia de São Paulo, a Escola Paulista de Medicina (atual UNIFESP –

Universidade Federal de São Paulo) e outras clínicas especializadas. Dois

anos depois, alunos da habilitação de Educação para Deficientes da Áudio-

Comunicação, do curso de Pedagogia da PUC-SP, passam também a

estagiar na instituição.

17

Há 15 anos, a instituição passou também a promover cursos de

formação teórico-práticos, destinados a médicos, fonoaudiólogos, psicólogos

e educadores interessados em ampliar os seus conhecimentos no

atendimento a pessoas com alterações de audição, voz e linguagem. A partir

daí, cursos de aprimoramento, estágios, visitas monitoradas, grupos de

estudos e assessorias foram se integrando a este programa de formação.

Hoje, a Derdic compreende a Escola Especial de Educação Básica, a

Clínica de Audição, Voz e Linguagem Prof. Dr. Mauro Spinelli e o Centro

Audição na Criança. Seus 115 profissionais oferecem formação educacional e

atendimento clínico de excelência a uma clientela majoritariamente de baixa

renda, além de produzir pesquisa com padrão internacional e de prestar

assessoria a organizações afins.

A Derdic atende uma média anual de 610 alunos, sendo 165 crianças,

jovens e adultos surdos em programas de educação regular; 60 jovens surdos

nos campos da orientação e qualificação profissional; 250 alunos ouvintes em

cursos de Língua Brasileira de Sinais e 135 alunos em cursos de formação e

de aprimoramento nas áreas de audição, voz e linguagem. Na área clínica, a

organização presta atendimento a 8.000 mil pacientes por ano e concede, por

meio de convênio com o SUS, 1.500 aparelhos auditivos.

1.3. Atendimento a deficientes físicos

• Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo é a mais

antiga Instituição Assistencial e Hospitalar em funcionamento na cidade de

São Paulo e possui atualmente doze hospitais sob sua administração.

A Missão da Irmandade é exercer a caridade e a misericórdia para o

socorro e a assistência aos enfermos, idosos, inválidos e desamparados,

prestando serviço de assistência à saúde buscando atingir a excelência no

atendimento. O objetivo é ser uma Instituição de excelência, reconhecida

nacional e internacionalmente pela assistência, ensino e pesquisa na área da

saúde.

18

A Santa Casa oferece atendimento voltado para a população em geral

e dispõe de recursos avançados no campo tecnológico, além de formação

profissional especializada.

Tradicionalmente, transmite respeitabilidade aos seus usuários,

firmando, cada vez mais, sua boa imagem na área hospitalar.

• Lar-Escola São Francisco

Instituição filantrópica sem fins lucrativos, fundada em 1º de junho de

1943, declarada de Utilidade Pública nos âmbitos Municipal, Estadual e

Federal. Em parceria com a Universidade Federal de São Paulo – Escola

Paulista de Medicina – UNIFESP – EPM, presta cerca de 1.000 atendimentos

diários.

Proporcionamos tratamento nas seguintes áreas médicas: fisiatria,

reumatologia, geriatria e pneumologia e nas áreas terapêuticas: Atividade

Física Adaptada, Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Musicoterapia,

Nutrição, Oficina Terapêutica, Psicopedagogia, Psicologia, Serviço Social,

Terapia Ocupacional, e em Odontologia.

Possuímos também uma escola especial de ensino infantil e de

primeira a quarta série para crianças de 4 a 14 anos, oficina ortopédica

capacitada para confeccionar órteses e próteses, cadeiras de rodas, palmilhas

e calçados.

• Associação de Assistência à Criança Deficiente – AACD

A Associação de Assistência à Criança Deficiente é uma entidade

privada, sem fins lucrativos, que trabalha há 59 anos pelo bem-estar de

pessoas com deficiência física. Ela nasceu do sonho de um médico que

queria criar no Brasil um centro de reabilitação com a mesma qualidade dos

centros que conhecia no exterior, para tratar crianças e adolescentes

deficientes e reinseri-los na sociedade. Foi pensando nisso que o Dr. Renato

da Costa Bonfim reuniu um grupo de idealistas e, no ano de 1950, fundou a

AACD.

No começo, a entidade funcionava em dois sobrados alugados na Rua

Barão de Piracicaba, na cidade de São Paulo. Mas, graças à colaboração dos

primeiros doadores, a AACD pôde fundar seu primeiro centro de reabilitação,

num terreno doado pela Prefeitura na rua Ascendino Reis.

19

O centro foi inaugurado em junho de 1963, e marcou uma nova etapa

no tratamento dos pacientes da instituição. Ele funciona até hoje, no mesmo

endereço. Mas ganhou a companhia de outras sete unidades espalhadas pelo

Estado e pelo Brasil.

Missão: Promover a prevenção, habilitação e reabilitação de pessoas

portadoras de deficiência física, especialmente de crianças, adolescentes e

jovens, favorecendo a integração social.

Visão: Ser a opção preferencial em Reabilitação e Ortopedia para

pacientes, médicos, profissionais da área, convênios e apoiadores, e ser

reconhecida pelo seu elevado padrão de qualidade e eficácia, com

transparência, responsabilidade social e sustentabilidade.

Valores: responsabilidade social, respeito ao ser humano e suas

diferenças, ética, qualidade, eficácia e competência e transparência

Há mais de uma década, a AACD realiza o Telecom, que todo ano

reúne artistas, apresentadores e personalidades numa maratona televisiva em

busca de doações.

1.4. Atendimento a deficientes mentais

• Sociedade Pestalozzi

Fundada em 1948, sob a inspiração da educadora Helena Antipoff, três

ações distintas e complementares definiram a vocação da SPERJ: a

assistência médico-social, a assistência educacional aos portadores de

deficiência e a formação de recursos humanos. Para cuidar do primeiro

aspecto, instalou-se um modesto consultório. O segundo aspecto foi atendido

com a criação das primeiras classes de alunos, selecionados no consultório,

inaugurando-se a Escolinha que deu origem ao atual Centro Experimental

Helena Antipoff - CEHA. E, finalmente, para contemplar o último ponto,

realizou-se um curso de Orientação Psicopedagógica sobre "O problema da

criança excepcional", destinado a formar profissionais para este trabalho,

função que hoje é desempenhada pelas Faculdades da Pestalozzi - Escola

Superior de Ensino Helena Antipoff - ESEHA.

20

Desde as suas origens, portanto, a SPERJ aliou, na sua proposta de

trabalho, o binômio Saúde-Educação, ao mesmo tempo em que se

preocupava com a formação de mão de obra especializada para a realização

de suas finalidades.

É por estas razões que mantém dois centros educacionais em sua

sede, ambos em homenagem à sua fundadora: o Centro Experimental Helena

Antipoff - CEHA e a Escola Superior de Ensino Helena Antipoff - ESEHA.

• APAE do Rio de Janeiro

A APAE-RIO foi fundada em 11 de dezembro de 1954, sendo a

primeira APAE do Brasil. Dando origem ao movimento que se estende hoje há

mais de duas mil APAEs distribuídas pelos municípios do Brasil.

Hoje a APAE-RIO além da assistência aos excepcionais, é uma

Instituição dinâmica, tecnicamente atualizada, arrojada e tem larga

experiência em fazer prevenção neonatal e o tratamento das deficiências

mentais congênitas, sendo pioneira no Rio de Janeiro na realização do

TESTE DO PEZINHO. A APAE-RIO produz saúde e cidadania e luta para

expandir sua estrutura, ganhar projeção e ampliar os serviços prestados à

sociedade.

Muita coisa importante aconteceu durante a segunda metade do século

XX. No Brasil, a criação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais

em 1954 merece ser resgatada e destacada. Quando a idéia de criar a APAE

chegou ao Brasil, isto é, ao Rio de Janeiro, com a família da norte-americana

Beatrice Bemis, o então presidente Getúlio Vargas havia sancionado a lei do

monopólio do petróleo brasileiro e criado a pioneira Petrobrás. Copacabana

ditava a moda e os comportamentos, o uso do biquíni nas praias cariocas

dividia opiniões. Brasília era construída e a seleção brasileira batizada de

Seleção Canarinho. Um forte movimento pela causa dos excepcionais

começava no Rio e viria revolucionar em todo o país a condição dos

portadores de necessidades educativas especiais, na altura ainda chamados

de mongolóides ou retardados, como a filha de D. Beatrice, portadora de

Síndrome de Down.

No panorama do mundo dos anos 50 registrava-se o fim das guerras do

Vietname e da Coréia, o avanço na reconstrução da Alemanha, as primeiras

21

transmissões televisivas e o desenvolvimento da fibra ótica. James Dean,

Marlon Brando e Elvis Presley eram admirados pelos jovens e Martin Luther

King lutava contra a segregação racial nos EUA. O câncer de pulmão era pela

primeira vez associado ao tabaco, era feito o primeiro transplante de rim e o

DNA começara a ser decifrado. Da assistência aos excepcionais a APAE-RIO

(no início APAE-GUANABARA) evoluiu até estar capacitada para fazer a

prevenção neonatal e o tratamento das deficiências mentais congênitas,

sendo pioneira no Rio de Janeiro em realização do TESTE DO PEZINHO.

Foram anos de trabalho sério, árduo, desempenhado por brasileiros

humanistas e auxiliados por pessoas de muitos lugares do planeta. A APAE-

RIO deu seqüência a mais de duas mil células distribuídas pelo Brasil e hoje é

uma instituição dinâmica, arrojada e tecnicamente atualizada, gerida por uma

diretoria totalmente voluntária, como desde o início.

As APAEs no seu conjunto são uma grande e sólida obra social

construída na América Latina, comparada aos primeiros anos, mas ainda

pequena se a colocarmos ao lado das necessidades brasileiras. O Brasil já

entrou na era da biotecnologia e da clonagem, mas metade das crianças que

nascem no país ainda não têm acesso, pela saúde pública, a todos os

exames preventivos neonatais.

A APAE-RIO produz saúde e cidadania. Assim como o Brasil, nos

últimos 50 anos conquistou credibilidade e prestígio. O Brasil luta para se

impor na economia globalizada, a APAE-RIO luta para expandir sua estrutura,

ganhar projeção e melhorar os serviços prestados à sociedade. O Brasil

precisa do esforço de todos e as APAEs precisam de cada um de nós.

• Período de 1957 a 1993 – O atendimento educacional aos

portadores de necessidades especiais começa a ser assumido explicitamente

a nível nacional; com a criação de Companhias voltadas para a deficiência.

“Historicamente, os pais têm sido uma importante força para as

mudanças no atendimento aos portadores de deficiência. Os grupos de

pressão por eles organizados têm seu poder político concretizado na

obtenção de serviços e recursos especiais para grupos de deficiente,

particularmente para deficientes mentais e auditivos”.

22

Alguns estudos afirmam que os pais de crianças com necessidades

educacionais especiais preferem recursos integrados na escola comum.

“A capacidade de pressão dos grupos organizados por portadores de

deficiências têm sido evidenciada na própria elaboração da legislação nos

últimos dez anos no Brasil... Na área da educação não são, ainda, tão

objetivos os resultados de tais movimentos, mais em reabilitação, seguridade

social, trabalho e transporte elas são facilmente identificadas”.

A partir dos anos 90 velhas idéias assistenciais foram suplantadas pela

tese da inclusão. Procurava-se garantir o acesso de todos à educação.

Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa

a ser fundamentado pelas disposições da LDBEN,Lei nº 4024/61, que aponta

o direito dos “excepcionais” à educação, preferencialmente dentro do sistema

geral de ensino.

A Lei nº 5692/71 que altera a LDBEN de 1961, ao definir “tratamento

especial” para os alunos com “deficiências físicas, mentais, os que se

encontram em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os

superdotados” acaba reforçando o encaminhamento dos alunos para as

classes e escolas especiais.

A Educação Especial que por muito tempo configurou-se como um

sistema paralelo de ensino, vem redimensionando o seu papel, antes restrito

ao atendimento direto dos educando com necessidades especiais, para atuar,

prioritariamente como suporte à escola regular no recebimento deste alunado.

A Educação Especial se constituiu originalmente como campo de saber

e área de atuação a partir de um modelo médico ou clínico. Embora hoje

bastante criticado, é preciso resgatar que, como lembra Fernandes (1999), os

médicos foram os primeiros que despertaram para a necessidade de

escolarização dessa clientela que se encontrava “misturada” nos hospitais

psiquiátricos, sem distinção de idade, principalmente no caso da deficiência

mental. Sob esse enfoque, a deficiência era entendida como uma doença

crônica, e todo o atendimento prestado a essa clientela, mesmo quando

envolvia a área educacional era considerado pelo viés terapêutico. A

avaliação e identificação eram pautadas em exames médicos e psicológicos

23

com ênfase nos testes projetivos e de inteligência, e rígida classificação

etiológica.

Nas instituições especializadas o trabalho era organizado com base em

um conjunto de terapias individuais (fisioterapia, fonoaudióloga, psicologia,

psicopedagoga, etc.) e pouca ênfase era dada à atividade acadêmica, que

não ocupa vai mais do que uma pequena fração do horário dos alunos (GLAT,

1989). A educação escolar não era considerada como necessária, ou mesmo

possível, principalmente para aqueles com deficiências cognitivas e / ou

sensoriais severas. O trabalho educacional era relegado a um interminável

processo de “prontidão para a alfabetização”, sem maiores perspectivas já

que não havia expectativas quanto à capacidade desses indivíduos

desenvolverem-se academicamente e ingressarem na cultura formal.

Os anos 70 representaram a institucionalização da Educação Especial

em nosso país, com a preocupação do sistema educacional público em

garantir o acesso à escola aos portadores de deficiências. Em sua progressiva

afirmação prático-teórica, a Educação Especial absorveu os avanços da

Pedagogia e da Psicologia da Aprendizagem, sobretudo de enfoque

comportamental. O desenvolvimento de novos métodos e técnicas de ensino

baseados nos princípios de modificação de comportamento e controle de

estímulos permitiu a aprendizagem e o desenvolvimento acadêmico desses

sujeitos, até então alijados do processo educacional. “O deficiente pode

aprender”, tornou-se a palavra de ordem, resultando numa mudança de

paradigma do “modelo médico”, predominante até então, para o “modelo

educacional”. A ênfase não era mais a deficiência intrínseca do indivíduo, mas

sim a falha do meio em proporcionar condições adequadas que promovessem

a aprendizagem e o desenvolvimento (GLAT, 1985; 1995; KADLEC & GLAT,

1984).

A metodologia de pesquisa privilegiada era da análise aplicada do

comportamento, com ênfase nos estudos de natureza experimental e semi-

experimental, com controle de variáveis e observação direta do

comportamento. Esse foi o momento dos “métodos e técnicas” e das

especificidades da Educação Especial (metodologias de ensino para alunos

com deficiência visual, auditiva, mental, superdotação, etc.).

24

Porém, apesar dos avanços, este modelo não representou a garantia

de ingresso de alunos com deficiências no sistema de ensino. A Educação

Especial funcionava como um serviço paralelo, com métodos ainda de forte

ênfase clínica e currículos próprios. As classes especiais implantadas nas

décadas de 70 e 80 serviram mais como espaços de segregação para

aqueles que não se enquadravam no sistema regular de ensino, do que uma

possibilidade para ingresso na rede pública de alunos com deficiências, cuja

maioria ainda continuava em instituições privadas (BUENO, 1993;

FERNANDES, 1999).

O modelo segregado de Educação Especial passou a ser severamente

questionado, desencadeando a busca por alternativas pedagógicas para a

inserção de todos os alunos, mesmo os portadores de deficiências severas,

preferencialmente no sistema rede regular de ensino (como recomendado no

artigo 208 da Constituição Federal de 1988). Foi assim instituída, no âmbito

das políticas educacionais, a Integração. Este modelo, que até hoje ainda é o

mais prevalente em nossos sistemas escolares, visa preparar alunos oriundos

das classes e escolas especiais para serem integrados em classes regulares

recebendo, na medida de suas necessidades, atendimento paralelo em salas

de recursos ou outras modalidades especializadas.

Neste movimento, a luta pela ampliação do acesso e da qualidade da

educação das pessoas portadoras de deficiência culminou, no inicio dos anos

90, com a proposta de Educação Inclusiva, hoje amparada e fomentada pela

legislação em vigor, e determinante das políticas públicas educacionais a nível

federal, estadual e municipal (FERREIRA & GLAT, 2003).

O conceito de escola inclusiva, de acordo com as Diretrizes

Curriculares Nacionais para Educação Especial (MEC-SEESP, 1998), implica

em uma nova postura da escola regular que deve propor no projeto político-

pedagógico, no currículo, na metodologia, na avaliação e nas estratégias de

ensino, ações que favoreçam a inclusão social e práticas educativas

diferenciadas que atendam a todos os alunos. Pois, numa escola inclusiva a

diversidade é valorizada em detrimento da homogeneidade.

Porém, para oferecer uma educação de qualidade para todos os

educandos, inclusive os portadores de necessidades especiais, a escola

25

precisa capacitar seus professores, preparar-se, organizar-se, enfim, adaptar-

se. “Inclusão não significa, simplesmente, matricular os educandos com

necessidades especiais na classe comum, ignorando suas necessidades

especificas, mas significa dar ao professor e à escola o suporte necessário à

sua ação pedagógica” (MEC-SEESP, 1998).

Neste contexto é que se descortina o novo campo de atuação da

Educação Especial. Não visando importar métodos e técnicas especializados

para a classe regular, mas sim, tornando-se um sistema de suporte

permanente e efetivo para os alunos especiais incluídos, bem como para seus

professores. Como mencionado, a Educação Especial não é mais concebida

como um sistema educacional paralelo ou segregado, mas como um conjunto

de recursos que a escola regular deverá dispor para atender à diversidade de

seus alunos.

Em 1973, o MEC cria o CENESP, impulsionando ações educacionais

voltadas às pessoas com superdotação, mas ainda configuradas por

campanhas assistenciais e iniciativas isoladas do Estado.

Nesse período não se efetiva uma política pública de acesso universal

à educação, permanecendo a concepção de “políticas especiais” para tratar

da educação de alunos com deficiência.

A Constituição Federal de 1988 define, no artigo 205, a educação como

um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o

exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 206,

inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na

escola” como um dos princípios para o ensino e garante como dever do

Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente

na rede regular de ensino (art.208).

O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei nº 8069/90, no

artigo 55, determina que “os pais ou responsáveis têm obrigação de matricular

seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”. Também nessa década,

documentos como a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a

Declaração de Salamanca (1994) passam a influenciar a formulação de

políticas públicas de Educação Inclusiva

26

Em 1994, é publicada a Política Nacional de Educação Especial,

orientando o processo de “integração instrucional” que condiciona o acesso às

classes comuns do ensino regular àqueles “(...) possuem condições de

acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino

comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais” (p.19).

A atual Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional, Lei nº9394/96,

no artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos

alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender

às suas necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não

atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude

de suas deficiências: e assegura a aceleração de estudos aos superdotados

para conclusão do programa escolar.

Em 1999, o Decreto nº3298, regulamenta a Lei nº7853/89, ao dispor

sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de

Deficiência, define a educação especial como uma modalidade transversal a

ciência, define a educação especial, como uma modalidade transversal a

todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação

complementar da educação especial ao ensino regular.

Acompanhando o processo de mudança, as Diretrizes Nacionais para a

Educação especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº2/2001, no

artigo 2º, determina que: “Os sistemas de ensino devem matricular todos os

alunos, cabendo às escolas organizam-se para o atendimento aos educandos

com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições

necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP,

2001).”

O Plano nacional de Educação – PNE, Lei nº10172/2001. Estabelece

objetivos e metas para que os sistemas de ensino favoreçam, o atendimento

às necessidades educacionais especiais dos alunos, aponta um déficit

referente à oferta de matrículas para alunos com deficiência nas classes

comuns do ensino regular, à formação docente, à acessibilidade física e ao

atendimento educacional especializado.

27

A Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto

nº3956/2001, afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos

humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas.

A Resolução CNE/SP nº1/2002, que estabelece as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica,

define que as instituições de ensino superior contemple conhecimentos sobre

as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais.

A Lei nº10436/2002 reconhece a Língua Brasileira de Sinais – Libras

como meio legal de comunicação e expressão, determinando que sejam

garantidas a inclusão da disciplina de Libras como parte integrante do

currículo nos cursos de formação de professores e de fonoaudiólogas.

A Portaria nº2678/2002 do MEC aprova diretrizes e normas para o uso,

o ensino, a produção e a difusão do sistema Braille, em todas as modalidades

de ensino.

Em 2003, é implementado pelo MEC o Programa Educação Inclusiva:

direito a diversidade, com vistas a apoiar a transformação dos sistemas de

ensino em sistemas educacionais inclusivos.

Em 2004, o Ministério Público Federal publica o documento O Acesso

de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns de Rede Regular,

reafirmando o direito e benefícios da escolarização de alunos com e sem

deficiência nas turmas comuns do ensino regular.

Impulsionando a inclusão educacional e social, o Decreto nº5296/2004

regulamentou a Leis nº10048/2000 e nº10098/2000, estabelecendo norma e

critérios para a promoção da acessibilidade às pessoas com deficiência ou

com mobilidade reduzida.

O Decreto nº5626/2005, que regulamenta a Lei nº10436/2002, dispõe

sobre a inclusão das Libras como disciplina curricular, a formação e

certificação do professor, instrutor e tradutor/intérprete de Libras, o ensino da

Língua Português como segunda língua para alunos surdos e organização da

educação bilíngüe no ensino regular.

Em 2005, com a implantação dos Núcleos de Atividade de Altas

Habilidade/Superdotação – NAASH/S em todos os estados e no Distrito

28

Federal são organizados centros de referência na área das altas

habilidades/superdotação para o atendimento educacional especializado.

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada

pela ONU em 2006 e da qual o Brasil é signatário, estabelece que os Estados-

Partes devem assegurar um sistema de educação9 inclusiva em todos os

níveis de ensino.

Neste mesmo ano. A Secretaria Especial de Direitos Humanos, os

Ministérios da Educação e da Justiça, juntamente com a Organização das

Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO lançam o

Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, que objetiva, dentre as

suas ações, contemplar, no currículo da educação básica, temáticas relativas

às pessoas com deficiência e desenvolver ações afirmativas que possibilitem

acesso e permanência no ensino superior.

Em 2007, é lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE,

reafirmado pela Agenda Social, tendo como eixos à formação de professores

de educação especial, a implantação de salas de recurso multifuncionais, a

acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, acesso e a permanência

das pessoas com deficiência na educação superior e o monitoramento do

acesso à escola dos favorecidos pelo Beneficio de Prestação Continuada –

BPC.

Para a implementação do PDE é publicado o Decreto nº6094/2007, que

estabelece nas diretrizes do Compromisso Todos pela Educação, a garantia

do acesso e permanência no ensino regular e o atendimento às necessidades

educacionais especiais dos alunos, fortalecendo seu ingresso nas escolas

públicas.

Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência

• A Organização das Nações Unidas (ONU) adota a Convenção sobre

os Direitos das Pessoas com Deficiência em 13 de dezembro de 2006. A

Convenção entrou em vigor em todo o território nacional com valor de

Emenda Constitucional em 09 de julho de 2008.

• “Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com

deficiência à educação. Para efetivar esse direito sem discriminação e com

base na igualdade de oportunidades, os Estados Partes assegurarão sistema

29

educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo

de toda a vida”.(art. 24 – Educação)

Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de

natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas

barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com

as demais pessoas. (ONU, 2006)

Educação Especial

• Destina-se a alunos que apresentam:

• Deficiência física

• Deficiência intelectual

• Deficiências sensoriais

• Deficiência auditiva / surdez

• Baixa visão / cegueira

• Surdo cegueira

• Deficiência Múltipla

• Transtornos Globais do Desenvolvimento

• Altas habilidades / Superdotação

A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos

os níveis, etapas e modalidades da educação básica e superior, realiza o

Atendimento Educacional Especializado – AEE – que tem como função [...]

identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos de acessibilidade, que

eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando

suas necessidades específicas. (SEESP/MEC, 2008).

A Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990) reforça a

Declaração Mundial dos Direitos Humanos (1948) especificamente no que

concerne ao direito à educação. Em 1994 a Declaração de Salamanca definiu

políticas, princípios e práticas de Educação Especial e influi nas políticas

públicas da Educação.

“O direito de cada criança a educação é proclamado na Declaração

Universal de

Direitos Humanos e foi fortemente reconfirmado pela Declaração

Mundial sobre Educação para Todos. Qualquer pessoa portadora de

deficiência tem o direito de expressar seus desejos com relação à sua

30

educação, tanto quanto estes possam ser realizados. “Pais possuem o direito

inerente de serem consultados sobre a forma de educação mais apropriada às

necessidades, circunstâncias e aspirações de suas crianças.” (Declaração de

Salamanca, Estrutura de Ação em Educação Especial).

31

CAPÍTULO II:

EDUCAÇÃO ESPECIAL NO MUNICÍPIO DO RIO DE

JANEIRO NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO

INCLUSIVA

No Rio de Janeiro, o início da história da educação especial se

oficializa em 1959 através da Lei 953, que cria a Assessoria de Educação

Especial vinculada a Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Dentro

dessa nova estrutura foram formadas as Equipes Técnicas de Educação

Especial em todos os Distritos de Educação e Cultura do Município do Rio de

Janeiro (Rio de Janeiro, IHA, 1999b).

Em 1975, o Instituto Helena Antipoff inicia sua gestão com o objetivo de

integrar o excepcional na comunidade através da assistência médica e

psicopedagógica. Em 1976, com uma mudança do enfoque filosófico da

educação especial, passa a visar também à integração, sempre que possível,

na educação comum. A visão clínica e o olhar na deficiência, ou na

excepcionalidade em 1976 constituíam o cerne dos serviços oferecidos (Rio

de Janeiro, IHA, 1999b).

Em 1980, com a avaliação do currículo escolar vigente proposto pela

Secretaria Municipal de Educação ocorre a mudança do modelo pedagógico,

do tradicional médico-psicológico para o modelo comportamental. Em 1989 a

Educação Especial passou por uma nova reestruturação a nível

organizacional e pedagógico com uma nova vertente teórica, o construtivismo

fundamentado na teoria de Piaget. Passou-se então de um modelo

comportamental para um modelo construtivista.

Só em 1993 a estrutura do IHA tanto administrativa como pedagógica

assumiu a estrutura atual. Os programas foram extintos e criadas dez equipes

correspondentes às Coordenadorias Regionais de Educação. Este foi um

momento especial, onde a Rede recebeu uma proposta curricular a ser

analisada, modificada e implantada posteriormente: a Multieducação. A

32

perspectiva de uma educação com bases integracionistas permitiu um novo

olhar sobre este sujeito, o portador de necessidades educacionais especiais.

A proposta da multieducação tinha como objetivo lidar com os múltiplos

universos que se encontram na escola, múltiplas idéias e visões de mundo,

Múltiplos contextos e culturas de pessoas de diferentes idades e lugares (Rio

de Janeiro, SME, 1996, p. 108).

Nesta perspectiva, buscou-se uma escola que desenvolvesse um

currículo comum de experiências cognitivas, afetivas sociais e referenciais

culturais, levando em conta, ao mesmo tempo, a singularidade de alunos e

professores. Um currículo que teve a preocupação de trabalhar com

informações locais e universais da cultura desse aluno.

Surgiu assim o Núcleo Curricular Básico Multieducação que propõe

que:

Cada professor e equipes escolares repensem e replanejem suas

ações pedagógicas visando uma sociedade mais justa e democrática, na qual

os Princípios Educativos do Meio Ambiente, do Trabalho, da Cultura e das

Linguagens ao se articularem com os Núcleos Conceituais da Identidade, do

Tempo, Espaço e da Transformação viabilizem através da ação escolar, a

contribuição indispensável para a realização deste desejo (Rio de Janeiro,

SME, 1996a, p.112).

Os princípios fundamentais da Multieducação são os mesmos para

todos os alunos sendo, porém, necessárias adaptações curriculares para os

alunos portadores de necessidades educacionais especiais. A Multieducação

propõe que cada escola, através de seu Projeto Pedagógico busque as

adaptações curriculares necessárias à sua comunidade de alunos que tem

características próprias. Nesse mesmo documento assinala-se que: “a

Multieducação foi organizada para atender a todos os alunos, inclusive

aqueles que apresentam comprometimentos mais severos” (p. 191). As

adaptações curriculares vão desde simples adequações físicas ou materiais

até adaptações de conteúdo e de estratégias de ensino. As adaptações de

acesso ao currículo permitem pensar as condições físicas, materiais e de

comunicação, necessárias para que o aluno portador de necessidades

educativas especiais possa se beneficiar do trabalho e dele participarem com

33

autonomia, o que implica na eliminação de barreiras. (d) As adaptações

curriculares propriamente ditas são modificações desde o planejamento, feitas

nos objetivos, conteúdos, atividades, estratégias de avaliação em um, alguns

ou quase todos os componentes curriculares (Rio de Janeiro, SME, 1996a, p.

200-201).

A diversidade de adaptações é necessária em decorrência das

diferenças entre os alunos e de suas necessidades educacionais especiais. O

portador de necessidades educacionais especiais integrados em turma regular

participa da apropriação de conhecimentos, valores e significados tanto

quanto seus colegas, não sendo esse espaço destinado apenas para

socialização.

1. Instituto Municipal Helena Antipoff – IHA

• Centro de Referência Municipal em Educação Especial no Município

do Rio de Janeiro

• Responsável pela Educação Especial da Rede de Municipal da

Cidade do Rio de Janeiro.

• Responsável pelo acompanhamento escolar de alunos com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades /

superdotação.

• Responsável pela confecção de materiais e recursos

• Formação de professores da Educação Especial.

• Centro de Pesquisa

• Centro de Memória

• Sala de Leitura

• Centro de Transcrição a Braille

• Laboratório de Tecnologia Assistiva

• Oficinas no CIAD e Oficinas no Centro de Referência

Ações de Acompanhamento do Instituto Municipal Helena Antipoff

• Articulação entre as seguintes instâncias:

• Equipes IHA/SME – responsáveis por cada área de escolas

correspondente a uma CRE.

34

• Agentes de Educação Especial/CRE – inseridos em cada CRE e

coparticipantes no acompanhamento as escolas.

• IHA - Centro de Referência Municipal em Educação Especial - Sede

no Maracanã.

1.1. A atual estrutura do Instituto Helena Antipoff (SME/RJ)

A partir do Decreto nº 6571, de 17 de setembro de 2008. E a Resolução

nº 4 de 2 de outubro de 2009. O Instituto Helena Antipoff passa por uma

reestrutura em função da legislação educacional que tratam da inclusão.

Apresentação de objetivos, metas, estratégias e projetos do IHA 2009 -

2010.

Diretrizes do IHA : caminhar para a efetivação do direito à educação de

acordo com o Artigo 24 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com

Deficiência ( ONU , 2006 )

-- promover a inclusão e a acessibilidade em todos os espaços da

escola, preferencialmente em conformidade com o desenho universal.

-- implementar e Praticar a educação na Rede Municipal de Ensino em

adequação com a política Nacional de Educação Especial (MEC/SEEP),

procurando respeitar os contextos, as culturas e as especificidades regionais

do Município do Rio de Janeiro.

Objetivos do IHA: promover a educação inclusiva por meio do AEE de

modo complementar e suplementar para os alunos público-alvo da Educação

Especial, com o olhar diferenciado e o foco na qualidade de ensino-

aprendizagem.

-- aperfeiçoar a rede de apoio em educação para os alunos com

deficiência, transtorno global do desenvolvimento e superdotação / altas

habilidades.

-- providenciar recursos tecnológicos para o aluno da educação

especial visando a Comunicação Alternativa e Ampliada, as adaptações de

acesso para alunos com deficiência visual e deficiência física, o uso de

softwares e materiais pedagógicos para alunos com deficiência e transtornos.

35

-- formação de professores em prol de tornar a Educação Inclusiva no

Município do Rio de Janeiro constituindo um novo paradigma com o

rompimento de barreiras atitudinais e o reconhecimento do aluno público-alvo

da Educação Especial como sujeitos de direitos.

-- melhorar a comunicação e aprimorar as ações do I H Ajunto aos

professores por meio de esclarecimento e orientações padronizadas.

1.2. Atuação do IHA na Perspectiva da Educação Inclusiva

• Matrícula do aluno com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades em turma comum.

• Interlocução de professores, coordenação pedagógica, direção da

Escola e família nos seguintes aspectos:

• Planejamento participativo – Plano individual;

• Serviços de apoio – Atendimento Educacional Especializado (AEE);

• Diversificação de atividades;

• Adequações pedagógicas no currículo, sempre que necessário.

• Relatório do aluno encaminhado à CRE - direcionado aos Agentes de

Educação Especial - com a solicitação de acompanhamento ao aluno/escola.

• Professores do Atendimento Educacional Especializado e os Agentes

de Educação Especial (CRE) estarão presentes na escola e avaliarão as

informações coletadas com a escola e os responsáveis (histórico escolar,

familiar, médico, informações sobre interações sociais escola/família,

desempenho educacional e oportunidades oferecidas na escola).

• Apoio e Consultoria aos professores de Turma Comum com os

professores de Atendimento Educacional Especializado e Equipes IHA/SME.

• Desenvolve-se atividades pedagógicas com o aluno, no contra-turno,

em Sala de Recursos da própria Unidade Escolar ou na mais próxima a

residência da criança ou jovem (de duas a quatro vezes por semana).

• Discute-se o resultado do acompanhamento na parceria Agente de

Educação Especial GED/CRE, Equipe IHA/SME e acompanhamento de sala

de recursos e/ou intinerância e professores da Unidade Escolar;

36

• Família interage com os professores da Unidade Escolar envolvidos

com a Educação Especial sobre os apoios e o desenvolvimento escolar da

criança ou jovem.

Metas do IHA:ampliação do AEE com a abertura de salas de recursos

multifuncionais. Em 2008 tínhamos 14 salas de recursos multifuncionais, em

2009 / 2010 temos 258 salas de recursos multifuncionais para 2011 teremos

mais 250 salas de recursos multifuncionais implantadas.

-- aumento do número de professores de AEE

-- contratação de estagiários e voluntários (2010 = 600 estagiários e

300 voluntários)

-- contratação de intérprete de Libras

-- organizar curso aos sábados para professores de salas de recursos

multifuncionais,

-- organizar a formação continuada de professores de turma comum e

de coordenadores pedagógicos em encontros para centro de estudos e nas

Coordenadorias Regionais de Educação,

-- produção de textos de orientação aos professores de turma comum e

do AEE mensalmente,

-- produção de material de capacitação disponibilizado às equipes de

acompanhamento,

-- elaboração dos documentos de acompanhamento da Educação

Especial.

Estratégias do IHA: intensificação e presteza no atendimento e na

ampliação dos recursos humanos e tecnológicos. Articulação entre as

seguintes instâncias:

-- equipes IHA/SME - responsáveis por área de escolas

correspondentes a cada CRE,

-- agentes de educação especial/CRE - inseridos em cada CRE e

coparticipantes no acompanhamento as escolas,

-- política transversal - gestores da SME e da CRE

-- política intersetorial - gestores SME e outras secretarias

-- parcerias e recursos da SEESP/MEC Brasília

37

-- ressignificação da Educação Especial (os professores das classes

especiais poderão atuar como professores AEE)

-- seleção e formação em serviços de estagiários e intérpretes

-- visitas e reuniões das equipes do IHA/SME em escolas municipais e

CREs,

-- encontros com os coordenadores pedagógicos / diretores de escolas

das dez CREs,

-- distribuição dos materiais diretamente para os alunos da educação

especial,

-- formação dos professores de AEE em Tecnologia Assistiva com

parceria da UFRJ e laboratório do IHA/SME para experimentação e estudo de

caso que demandam recursos.

Projetos do IHA- capacitação de professores de AEE em Libras, e no

uso de softwares acessíveis,

-- ensinar adequações para alunos com TGD e com DI,

-- formação dos agentes de inclusão,

-- jornada cultural,

-- jogos estudantis esporte adaptado e inclusivo,

-- acessibilidades na escola.

Colaboradores do IHA- SEESP / MEC

-- LAPEAD - UFRJ

--UFRJ - Núcleo Pró Acesso / Núcleo de ajudas técnicas

-- NEI - UERJ

-- ONG SUPERAR - educação física

-- FENESI

-- IBC

-- SMPD - Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência

-- SMS - Secretaria Municipal de Saúde

-- RBC - Reabilitação Baseada na Comunidade

-- CEMA - atendimento para aluno TGD, entre 0 e 12 anos.

-- CAPSI

38

CONQUISTAS 2010

Município do Rio contemplado com 258 Salas de Recursos

Multifuncionais. (SEESP/MEC Brasília

Recursos disponibilizados para 2010

• SME Rio de Janeiro “Tornar a Educação Inclusiva”

• 580 estagiários e 300 voluntários

• Instrutores e intérpretes de LIBRAS

• 500 notebooks

• Materiais pedagógicos e softwares

• Material de tecnologia assistiva

• Impressoras Braille

• Impressoras táteis

• Material para oficinas - vida independente e autonomia

• Transporte para as salas de recursos

• Curso aos sábados para professores de salas de recursos

multifuncionais

• Contratação de consultorias

• Formação continuada de professores com a participação do

MEC/SEESP e universidades, professores de equipes e laboratórios do IHA-

SME.

EDUCAÇÃO INCLUSIVA / METAS PARA 2011

• Intensificação do trabalho e reestruturação das equipes do IHA.

• Contratação de estagiários e voluntários.

• Contratação de instrutores e intérpretes de LIBRAS.

• Formação continuada de professores da educação especial.

• Capacitação de professores de Salas de Recursos Multifuncionais-

IHA e UFRJ.

• Cursos em diversas áreas da educação especial.

• Ciclo de Palestras Quartas Abertas-UFRJ.

• Convênio para formação em educação inclusiva - UFRJ.

• Curso de LIBRAS.

39

• Capacitações: Braille, Tecnologia Assistiva, Educação Física,

Informática, Teatro, Dança, Artes.

• Seminários sobre educação inclusiva para todos os professores.

• Livros para profissionais da educação na Sala de Leitura do IHA.

• Livros em Braille e áudio livros nas salas de leitura de escolas.

• Investimento na Oficina Vivencial.

• Investimento no Centro de Transcrição em Braille (CTB).

• Fortalecimento das classes hospitalares.

• Produção e distribuição de material de informação/formação do IHA.

Recursos tecnológicos, equipamentos, jogos pedagógicos, ambientes

adaptados, etc. contribuem para que as situações de aprendizagem sejam

mais agradáveis e motivadoras em um ambiente de cooperação e

reconhecimento das diferenças.

2. Atendimento Educacional Especializado - AEE

O AEE se destina a alunos com deficiência física, mental, surdez,

cegueira, baixa visão, surdo cegueira, transtornos globais do desenvolvimento

e altas habilidades, sendo organizado para suprir as necessidades de acesso

ao conhecimento e a participação dos alunos que são público alvo da

Educação Especial, nas escolas comuns apoiando o desenvolvimento do

aluno eliminando as barreiras que o impedem de ter acesso ao que lhe é

ensinado na sua turma comum; para isso adéqua e produz materiais didáticos

e pedagógicos, oferece tecnologias assistivas, disponibiliza o ensino de

linguagens e de códigos específicos de comunicação e sinalização,

acompanha o uso de materiais adaptados e recursos em sala de aula.

Complementando e/ou suplementando a formação do aluno, visando sua

autonomia na escola e na sociedade.

O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do

aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e

estratégias que eliminem as barreiras para a sua plena participação na

sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem. (art. 2º, Resolução

CNE/CEB nº4. De 2 de outubro de 2009)

40

Embora seja oferta obrigatória dos sistemas de ensino participar do

Atendimento Educacional Especializado é uma opção do aluno e/ou

responsável. O AEE acontece em salas de recursos multifuncionais (nas

escolas comuns) e preferencialmente na própria escola em que o aluno

estuda no seu contra turno.

O AEE não é reforço escolar, têm objetivos e atividades que se

diferenciam das realizadas em salas de aula do ensino comum. O profissional

que atua na Educação Especial – AEE é um professor comum com formação

inicial e conhecimentos específicos de Educação Especial e (art. 12,

Resolução CNE/CEB nº 4, de 2 de outubro de 2009) com formação

continuada na área (decreto nº6571 de 17 de setembro de 2008 – art. 3º, II).

Uma das inovações trazidas pela Política Nacional de Educação

Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) é o Atendimento

Educacional Especializado - AEE, um serviço da educação especial que "[...]

identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, que

eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando

suas necessidades específicas" (SEESP/MEC, 2008).

O AEE complementa e/ou suplementa a formação do aluno, visando a

sua autonomia na escola e fora dela, constituindo oferta obrigatória pelos

sistemas de ensino. É realizado, de preferência, nas escolas comuns, em um

espaço físico denominado Sala de Recursos Multifuncionais. Portanto, é parte

integrante do projeto político pedagógico da escola.

São atendidos, nas Salas de Recursos Multifuncionais, alunos público-

alvo da educação especial, conforme estabelecido na Política Nacional de

Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e no Decreto

N.6.571/2008.

- Alunos com deficiência: aqueles [...] que têm impedimentos de longo

prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais em

interação com diversas barreiras podem obstruir sua participação plena e

efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas

(ONU, 2006).

- Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que

apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na

41

comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado

e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do

espectro do autismo e psicose infantil. (MEC/SEESP, 2008).

- Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que demonstram

potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou

combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além

de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e

realização de tarefas em áreas de seu interesse (MEC/SEESP, 2008).

A matrícula no AEE é condicionada à matrícula no ensino regular.

Sendo oferecido preferencialmente pela escola comum. O motivo principal de

o AEE ser realizado na própria escola do aluno está na possibilidade de que

suas necessidades educacionais específicas possam ser atendidas e

discutidas no dia a dia escolar e com todos os que atuam no ensino regular

e/ou na educação especial, aproximando esses alunos dos ambientes de

formação comum a todos. Para os pais, quando o AEE ocorre nessas

circunstâncias, propicia-lhes viver uma experiência inclusiva de

desenvolvimento e de escolarização de seus filhos, sem ter de recorrer a

atendimentos exteriores à escola.

ARTICULAÇÃO ENTRE ESCOLA COMUM E EDUCAÇÃO ESPECIAL:

AÇÕES E RESPONSABILIDADES COMPARTILHADAS

Ao se articular com a escola comum, na perspectiva da inclusão, a

Educação Especial muda seu rumo, refazendo caminhos que foram abertos

tempos atrás, quando se propunha a substituir a escola comum para alguns

alunos que não correspondiam às exigências do ensino regular.

A mudança de rumos implica uma articulação de propósitos entre a

escola comum e a Educação Especial, ao contrário do que acontece quando

tanto a escola comum como a especial constituem escolas dos diferentes,

dividindo os alunos em normais e especiais e estabelecendo uma cisão entre

esses grupos, que se isolam em ambientes educacionais excludentes.

A escola das diferenças aproxima a escola comum da Educação

Especial, porque, na concepção inclusiva, os alunos estão juntos, em uma

mesma sala de aula. A articulação entre Educação Especial e escola comum,

42

na perspectiva da inclusão, ocorre em todos os níveis e etapas do ensino

básico e do superior. Sem substituir nenhum desses níveis, a integração entre

ambas não deverá descaracterizar o que é próprio de cada uma delas,

estabelecendo um espaço de intersecção de competências resguardado pelos

limites de atuação que as especificam.

Para oferecer as melhores condições possíveis de inserção no

processo educativo formal, o AEE é ofertado preferencialmente na mesma

escola comum em que o aluno estuda. Uma aproximação do ensino comum

com a educação especial vai se constituindo a medida que as necessidades

de alguns alunos provocam o encontro, a troca de experiências e a busca de

condições favoráveis ao desempenho escolar desses alunos.

Os professores comuns e os da Educação Especial precisam se

envolver para que seus objetivos específicos de ensino sejam alcançados,

compartilhando um trabalho interdisciplinar e colaborativo. As frentes de

trabalho de cada professor são distintas. Ao professor da sala de aula comum

é atribuído o ensino das áreas do conhecimento, e ao professor do AEE cabe

complementar/suplementar a formação do aluno com conhecimentos e

recursos específicos que eliminam as barreiras as quais impedem ou limitam

sua participação com autonomia e independência nas turmas comuns do

ensino regular.

As funções do professor de Educação Especial são abertas à

articulação com as atividades desenvolvidas por professores, coordenadores

pedagógicos, supervisores e gestores das escolas comuns, tendo em vista o

benefício dos alunos e a melhoria da qualidade de ensino.

São eixos privilegiados de articulação:

- a elaboração conjunta de planos de trabalho durante a construção do

Projeto Pedagógico, em que a Educação Especial não é um tópico à parte da

programação escolar;

- o estudo e a identificação do problema pelo qual um aluno é

encaminhado à Educação Especial;

- a discussão dos planos de AEE com todos os membros da equipe

escolar;

43

- o desenvolvimento em parceria de recursos e materiais didáticos para

o atendimento do aluno em sala de aula e o acompanhamento conjunto da

utilização dos recursos e do progresso do aluno no processo de

aprendizagem; organização dos horários de oferta do AEE no horário oposto

ao período escolar do aluno; projetos escolares interdisciplinares que incluam

a necessidade da tecnologia assistiva - TA; planejamento para alterações na

acessibilidade física da escola e assim por diante;

- a formação continuada dos professores e demais membros da equipe

escolar, entremeando tópicos do ensino especial e comum, como condição da

melhoria do atendimento aos alunos em geral e do conhecimento mais

detalhado de alguns alunos em especial, por meio do questionamento das

diferenças e do que pode promover a exclusão escolar.

A efetivação dessa articulação é ensejada pela inserção do AEE no

Projeto Político Pedagógico das escolas. Uma vez considerado esse serviço

da Educação Especial como parte constituinte do Projeto, os demais eixos de

articulação entre ensino comum e especial serão envolvidos e contemplados,

e o ensino comum e especial terão seus propósitos fundidos em uma visão

inclusiva de educação. O PPP já contém em si as premissas dessa

articulação, que podemos apreciar no que ocorre quando o AEE torna-se um

de seus tópicos.

De todos os marcos históricos e normativos que mudaram através de

suas leis, decretos e resoluções a história da Educação Especial no Brasil

especificamente na atual realidade do município do Rio de Janeiro existe dois

que provocam mudanças visíveis na educação especial da SME/RJ são:

• Decreto nº 6571 de 17 de setembro de 2008. Dispõe sobre o

Atendimento Educacional Especializado (AEE)

• Resolução CNE/CBE nº 4 de 02 de outubro de 2009. Institui

diretrizes operacionais para Atendimento Educacional Especializado (AEE).

Institui diretrizes operacionais para o Atendimento Educacional Especializado

(AEE) na Educação Básica, modalidade Educação Especial.

A partir dessa legislação o Instituto Helena Antipoff reestrutura sua

linha de ação e focaliza o desenvolvimento do seu trabalho na busca de

alcançar suas metas na real funcionabilidade das salas de recursos existentes

44

e na implantação de novas salas de recursos multifuncionais. No

aperfeiçoamento do seu professor com formação continuada e capacitações

em parceria com o MEC/SEESP todo um trabalho pautado no Atendimento

Educacional Especializado – AEE. Considera-se atendimento educacional

especializado o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e

pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma dos alunos no

ensino regular (decreto nº 6517, de 17 de setembro de 2008, até 1º, parágrafo

1º).

2.1. Prática do Atendimento Educacional Especializado –

Deficiência Mental

O atendimento deve permitir ao aluno elaborar suas questões, suas

idéias, de forma ativa e não corroborar para sua alienação diante de todo e

qualquer saber. O objetivo do AEE é propiciar condições e liberdade para que

o aluno com deficiência mental possa construir a sua inteligência, dentro do

quadro de recursos intelectuais que lhe é disponível.

No Atendimento Educacional Especializado, o aluno constrói

conhecimento para si mesmo, o que é fundamental para que consiga alcançar

o conhecimento acadêmico.

O arranjo físico do espaço reservado ao atendimento precisa coincidir

com o seu objetivo de enriquecer o processo de desenvolvimento cognitivo do

aluno com deficiência mental e de oferecer-lhe o mais número possível de

alternativas de envolvimento e interação com o que compõe esse espaço.

Por maior que seja a limitação do aluno com deficiência mental, ir à

escola comum para aprender conteúdos acadêmicos e participar do grupo

social mais amplo favorece o seu aproveitamento no Atendimento

Educacional Especializado e vice-versa. A verdadeira socialização, em todos

os seus níveis exige construções cognitivas e compreensão da relação com o

outro.

O AEE deve oferecer todas as oportunidades possíveis para que nos

espaços educacionais em que ele acontece, o aluno seja incentivado a se

expressar, pesquisar, inventar hipóteses e reinventar o conhecimento

45

livremente. Assim ele pode trazer para os atendimentos os conteúdos

advindos de sua própria existência, segundo seus desejos, necessidades e

capacidades, tornando-se agente capaz de produzir significado/conhecimento.

O exercício da atividade cognitiva ocorrerá a partir desses conteúdos.

2.2. Prática do AEE – Deficiência Visual

Para promover a comunicação e o entrosamento entre todos os alunos,

é indispensável que os recursos didáticos possuam estímulos visuais e táteis

que atendam às diferentes condições visuais. Portanto, o material deve

apresentar cores contrastantes, texturas e tamanhos adequados para que se

torne útil e significativo.

A estimulação visual baseia-se na escolha adequada do material, que

deve ter cores fortes ou contrastes que melhor se adaptem à limitação visual

de cada aluno e significado tátil.

O relevo deve ser facilmente percebido pelo tato e, sempre que

possível, constituir-se de diferentes texturas para melhor destacar as partes

componentes do todo. Contrastes do tipo liso/áspero, fino/espesso, permitem

distinções adequadas. O material não deve provocar rejeição ao manuseio e

ser resistente para que não se estrague com facilidade e resista à exploração

tátil e ao manuseio constante. Deve ser simples e de manuseio fácil,

proporcionando uma prática utilização e não deve oferecer perigo para os

alunos.

A disponibilidade de recursos que atendam ao mesmo tempo às

diversas condições visuais dos alunos pressupõe a utilização do sistema

Braille, de fontes ampliadas e de outras alternativas no processo de

aprendizagem.

O ambiente de sala de aula:

• Sentar o aluno a uma distância de aproximadamente um metro do

quadro negro na parte central da sala.

• Evitar a incidência de claridade diretamente nos olhos da criança.

• Estimular o uso constante dos óculos, caso seja esta a indicação

médica.

46

• Colocar a carteira em local onde não haja reflexo de iluminação no

quadro negro.

• Posicionar a carteira de maneira que o aluno não escreva na própria

sombra.

• Adaptar o trabalho de acordo com a condição visual do aluno.

• Em certos casos, conceder maior tempo para o término das atividades

propostas, principalmente quando houver indicação de telescópio.

• Ter clareza de que o aluno enxerga as palavras e ilustrações

mostradas.

• Sentar o aluno em lugar sombrio se ele tiver fotofobia (dificuldade de

ver bem em ambiente com muita luz).

• Evitar iluminação excessiva em sala de aula.

• Observar a qualidade e nitidez do material utilizado pelo aluno: letras,

números, traços, figuras, margens, desenhos com bom contraste figura/fundo.

• Observar o espaçamento adequado entre letras, palavras e linhas.

• Utilizar papel fosco, para não refletir a claridade.

• Explicar, com palavras, as tarefas a serem realizadas.

A estimulação visual baseia-sena escolha adequada do material, que

deve ter cores fortes ou contrastes que melhor se adaptem à limitação visual

de cada aluno e significado tátil.

O relevo deve ser facilmente percebido pelo tato e, sempre que

possível, constituir-se de diferentes texturas para melhor destacar as partes

componentes do todo. Contrastes do tipo liso/áspero, fino/espesso. Permitem

distinções adequadas. O material não deve provocar rejeição ao manuseio e

ser resistente para que não se estrague com facilidade e resista á exploração

tátil e ao manuseio fácil, proporcionando uma prática utilização e não deve

oferecer perigo para os alunos.

A disponibilidade de recursos que atendam ao mesmo tempo às

diversas condições visuais dos alunos pressupõe a utilização do sistema

Braille, de fontes ampliadas e de outras alternativas no processo de

aprendizagem.

47

2.3. Prática do AEE – Deficiência Auditiva

O trabalho pedagógico com os alunos com surdez nas escolas comuns

deve ser desenvolvido em um ambiente bilíngüe, ou seja, em um espaço em

que se utilize a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa.

O aluno com surdez tem três momentos didáticos pedagógicos

executados em seu atendimento:

• Momento do Atendimento Educacional Especializado em Libras na

escola comum, em que todos os conhecimentos dos diferentes conteúdos

curriculares, são explicados nessa língua por um professor, sendo o mesmo

preferencialmente surdo. Esse trabalho é realizado todos os dias, e destina-se

aos alunos com surdez.

• Momento do Atendimento Educacional Especializado para o ensino de

Libras na escola comum, no qual os alunos com surdez terão aulas de Libras,

favorecendo o conhecimento e a aquisição, principalmente de termos

científicos. Este trabalhado é realizado pelo professor e/ ou instrutor de Libras

(preferencialmente surdo), de acordo com o estágio de desenvolvimento da

Língua de Sinais em que o aluno se encontra. O atendimento deve ser

planejado a partir do diagnóstico do conhecimento que o aluno tem a respeito

da Língua de Sinais.

• Momento do Atendimento Educacional Especializado para o ensino da

Língua Portuguesa, no qual são trabalhadas as especificidades dessa língua

para pessoas com surdez. Este trabalho é realizado todos os dias para os

alunos com surdez, à parte das aulas da turma comum, por uma professora

de Língua Portuguesa, graduada nesta área, preferencialmente. O

atendimento deve ser planejado a partir do diagnóstico do conhecimento que

o aluno tem a respeito da Língua Portuguesa.

A organização didática do espaço de ensino implica o uso de muitas

imagens visuais e de todo tipo de referências que possam colaborar para o

aprendizado dos conteúdos curriculares em estudo, na sala de aula comum.

48

2.4. Prática do AEE – Deficiência Física

Na deficiência física encontramos uma diversidade de tipos e graus de

comprometimento que requerem um estudo sobre as necessidades

específicas de cada pessoa.

Para que o educando com deficiência física possa acessar ao

conhecimento escolar e interagir com o ambiente ao qual ele freqüenta, faz-se

necessário criar as condições adequadas à sua locomoção, comunicação,

conforto e segurança.

O objetivo é que o aluno tenha um atendimento especializado capaz de

melhorar a sua comunicação e a sua mobilidade.

Por esse motivo, o Atendimento Educacional Especializado faz uso da

Tecnologia Assistiva direcionada à vida escolar do educando com deficiência

física, visando à inclusão escolar.

A Tecnologia Assistiva, segundo Bersch (2006, p. 2), „deve ser

entendida como um auxílio que promoverá a ampliação de uma habilidade

funcional deficitária ou possibilitará a realização da função desejada e que se

encontra impedida por circunstância de deficiência. Assim, o Atendimento

Educacional Especializado pode fazer uso das seguintes modalidades da

Tecnologia Assistiva, visando à realização de tarefas acadêmicas e a

adequação do espaço escolar.

a) Uso da Comunicação Aumentativa e Alternativa, para atender as

necessidades dos educandos com dificuldades de fala e de escrita.

b) Adequação dos materiais didático-pedagógicos às necessidades dos

educandos, tais como engrossadores de lápis, quadro magnético com letras

com ímã fixado, tesouras adaptadas, entre outros.

c) Desenvolvimento de projetos em parceria com profissionais da

arquitetura, engenharia, técnicos em edificações para promover a

acessibilidade arquitetônica.

d) Adequação de recursos da informática: teclado, mouse, ponteira de

cabeça, programas especiais, acionadores, entre outros.

49

e) Uso de mobiliário adequado: conforme especificações de

especialistas na área: mesas, cadeiras, quadro, entre outros, bem como os

recursos de auxílio à mobilidade: cadeiras de rodas, andadores, entre outros.

Proporcionam, ao educando com deficiência, maior qualidade na vida

escolar, independência na realização de suas tarefas, ampliação de sua

mobilidade, comunicação e habilidades de seu aprendizado.

No caso de educandos com graves comprometimentos motores, que

necessitam de cuidados na alimentação, na locomoção e no uso de aparelhos

ou equipamentos médicos, faz-se necessário a presença de um

acompanhante no período em que freqüenta a classe comum.

A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos

os níveis, etapas e modalidades da educação básica e superior, realiza o

Atendimento Educacional Especializado – AEE – que tem como função [...]

identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos de acessibilidade, que

eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando

suas necessidades específicas. (SEESP/MEC, 2008).

50

CAPÍTULO 3:

ESTUDO DE CASOS

1. Deficiência Mental e Motora

Aluno com Paralisia Cerebral e Deficiência Física

Igor é um menino de 13 anos, com paralisia cerebral tipo homoplégica

(alteração dos movimentos em um lado do corpo), epilepsia e oligofrenia.

Sempre cursou as escolas da rede municipal do Rio de Janeiro em

turma comum atualmente está cursando o 6º ano do Ensino Fundamental e

pela primeira vez nesta unidade escolar, sua outra escola só tinha o 1º

segmento (da Educação Infantil ao 5º ano), onde cursou a partir do 1º ano.

A nova estrutura escolar intimidou o aluno a escola é grande atende

todos os segmentos do ensino fundamental (educação infantil até o 9º ano)

tem dois andares onde as salas de aulas ficam localizadas o acesso aos

mesmos é feito por rampas,razão pela qual o aluno foi remanejado para esta

escola. No seu primeiro momento de adaptação o aluno não se mostrou aos

colegas e professores. Ficava calado na maior parte do tempo, só pode-se

observar o seu andar arrastado de uma perna, seu braço encolhido em um

ângulo de 45º (ambos do lado direito do corpo), uma saliva que escorre

intermitentemente formando uma baba mal cheirosa. Situação que só serviu

para isolar o aluno do grupo.

Na Sala de Recursos a professora apresentou-se ao Igor e seu

responsável para uma conversa com ambos onde lhes foi explicado e

oferecido os serviços do AEE. O que ambos prontamente aceitaram só então

se iniciou o trabalho do AEE: no primeiro momento na entrevista com o

responsável na busca por informações da vida clínica, social e acadêmica do

Igor. Após avaliação da entrevista, organizou-se o horário de atendimento do

aluno na sala de recursos. No caso do Igor quatro dias por semana, duas

horas por dia, no seu contra turno.

51

No primeiro momento do AEE faz um trabalho de organização na

estrutura do aluno para uma adaptação social criando estratégia no sentido de

criar laços com os outros. Uma conversa com o aluno ensinando-o a engolir o

acúmulo de saliva na boca e uso da toalha para limpar o seu entorno. Com

ordens curtas e repetitivas a todo o momento.

No segundo momento o professor do AEE vai à turma regular do aluno

para ter uma conversa com os outros alunos sobre as necessidades especiais

do novo amigo, informando e pedindo a cooperação dos mesmos para as

boas vindas a nossa escola e colocou-se a disposição da turma e/ou alunos

para qualquer dúvida ou solicitação.

O professor do AEE apresenta ao aluno todas as dependências da

escola com seus funcionários responsáveis informando funções dos mesmos,

maneiras de usar as dependências e horário de trânsito pelas mesmas.

Após essas tomadas buscando a adaptação do aluno com o novo

contexto que se apresenta o professor do AEE passa a observar de maneira

discreta todo o comportamento do aluno com o contexto e vice-versa,

acompanhando seu desenvolvimento social no grupo, com interferências

sempre que necessário.

Paralelamente o professor faz um estudo das necessidades especiais

do aluno na vida acadêmica.

O aluno apresenta uma grafia cursiva com o tamanho das letras

mínimas que se torna ilegível a leitura da escrita, seus movimentos e sua fala

são lentos apesar disso, suas palavras fluem com boa compreensão. Existe

uma defasagem de conteúdos acadêmicos do aluno em relação com os da

série que está cursando. Tem um raciocínio lógico matemático desde que

direcionado pelo professor, seus cálculos precisam de um material concreto

para o alcance dos resultados.

Organizamos um caderno para cada disciplina e um caderno de

rascunho para cópia do quadro em sala de aula e passado a limpo no

atendimento com calma, leitura em voz alta para que as dúvidas possam ser

reexplicadas, os textos maiores (História e Geografia) são adaptados (pelo

professor) e enxugados ficando somente a idéia central para melhor

52

compreensão do aluno, os cálculos são realizados com o apoio do material

dourado, cúsinier, blocos lógicos, etc.

Todos os dias o aluno após seu turno almoça na escola e freqüenta por

duas horas a sala de recursos. As segundas-feiras o aluno demonstra um

cansaço de final de semana, é um ótimo momento para buscar através de

conversa informal seus interesses e história de suas experiências de vida.

Pedagogicamente todas as tarefas são iniciadas em sala de aula na

turma com a devida explicação do professor de cada disciplina terminadas na

sala de recursos com um tempo maior e reexplicação com uma linguagem

menos técnica e uma adequação do conteúdo utilizando os conhecimentos

prévios do aluno.

Ao final do 2º Bimestre vencida as barreiras sociais a turma adotou o

Igor, todos ajudam carregando sua mochila, separando seus cadernos

conforme a disciplina, anotando os horários de prova, lembrando sempre que

necessário o engolir da saliva e o limpar da boca. Igor participa de todas as

atividades em grupo e também com um colega para realizar exercícios

coletivos, sua grafia apresentou uma melhora e suas avaliações escritas são

sempre de múltipla escolham, tornando mais fácil sua execução, sendo uma

solução para que o mesmo termine as avaliações no mesmo tempo da turma,

somente as avaliações de Matemática são terminadas na sala de recursos

usando o apoio do concreto necessário.

Na volta do recesso de meio do ano, agosto o aluno apresentou um

comportamento mais dinâmico, sua fala menos arrastada e com movimentos

mais firmes, passou a conversar mais em seu círculo de amizade, ampliou-se

na escola, agora se dispersa na aula e até foi encaminhado para secretaria

por falta de atenção, algazarra e responder ao professor. Resultando em um

péssimo desempenho. Observando essa mudança de comportamento o

professor do AEE precisou buscar junto à turma e aos professores alguma

informação que pudesse ocasionar esta mudança nada referenciada, buscar

junto ao responsável e família as causas desse comportamento,

encaminhando o aluno para uma avaliação psicológica. Com um domínio

físico, acentua-se a dificuldade acadêmica do aluno em compreender e/ou

reter os conteúdos, mostrando-se necessárias adaptações curriculares

53

diferenciadas por disciplina: nas atividades de Língua Portuguesa, História os

textos são curtos e a interpretação com parênteses; na Matemática usa o

auxilio da calculadora, operações simples sempre com o apoio de material

concreto; a Geografia utiliza imagens de todo tipo em seu auxilio; Educação

Física, atende a necessidade física do aluno; todo conteúdo didático do aluno

é objetivo e direto com dinamismo na busca de um resultado compatível com

os descritores curricular da saúde do aluno.

Ao final do ano observou-se que a autonomia do aluno era completa,

sua salivação e baba agora bem menor serviu para uma aproximação com os

outros alunos, iniciou um interesse maior pela execução das atividades em

sala de aula, pedindo que sejam repetidas as explicações dos professores

mostrando uma condição de menor inibição quanto à demanda de

aprendizagem, já consegue uma organização com seus materiais didáticos.

Apesar de todo seu progresso em sua avaliação no conselho de classe os

professores e coordenação chegam ao consenso que o aluno precisa de mais

um ano na mesma série para uma maior aquisição de conteúdos, seus

conhecimentos adquiridos neste período ainda estão aquém do mínimo

exigido para a demanda pedagógica do próximo ano.

54

2. Deficiência Auditiva

O ambiente observado neste estudo é uma sala de aula no 7º ano do

Ensino Fundamental, de uma escola da rede Municipal do Rio de Janeiro,

com uma turma formada por 37 alunos ouvintes e 1 aluno surdo. A faixa etária

dos alunos varia de 14 aos 16 anos, sendo 20 meninas e 18 meninos.

O aluno surdo é o Patrick, um jovem de 22 anos (única maior idade da

turma), com deficiência auditiva, diagnosticada como surdez severa sem

resíduo auditivo, desde seu nascimento. O aluno traz um histórico de surdez

na família com um irmão (já falecido) e tio materno nascido com a mesma

deficiência auditiva e um quadro de perda auditiva gradual dos homens da

família materna após os 50 anos.

Patrick cursa a mesma unidade escolar desde a Educação Infantil até

os dias atuais (2010) com a certeza do responsável que sua saída da unidade

somente acontecerá quando o aluno concluir o Ensino Fundamental.

Sua entrada na Educação Infantil foi tempestuosa, o aluno não tinha

limites, não era habituado com o convívio junto a outras crianças e

principalmente sem nenhuma comunicação oral e/ou gestual com as outras

pessoas, teve um período de adaptação maior que o restante da turma

participando somente de uma atividade diária com pequenos grupos por

atividade e montavam-se cartões de comunicação. Concomitantemente foi

desenvolvido um trabalho de socialização, limite, criação de um código próprio

de comunicação, convivência e respeito com o outro. A criança apresentava

uma estratégia de comunicação com a mãe sem nenhum desenvolvimento

lingüístico.

Ao término da Educação Infantil o aluno foi encaminhado para Classe

Especial de deficientes auditivos, C.E. D.A., onde iniciou com seu processo de

letramento, este período paralelamente ao Ensino Especial começou a

freqüentar uma Instituição de Surdos, tendo contato direto e diário pela

primeira vez com uma comunidade de surdos, onde fazia atendimentos

fonoaudiológicos, psicológicos e terapia ocupacional, tendo também uma

fonoaudióloga particular que fazia um trabalho lingüístico com o aluno. O seu

letramento aconteceu concomitantemente a sua aquisição da linguagem num

55

trabalho conjunto professor de classe especial com o uso de muitas imagens,

alfabetário, números, cores, objetos de concretização onde a fonoaudióloga

transformava todas essas informações em conceitos orais para comunicação

do aluno com o grupo.

Após dois anos desse trabalho em classe especial o aluno foi semi-

integrado; metade do horário na turma regular permanece sendo ainda na

classe especial no restante do turno.

O professor da turma regular aplicava na pratica da alfabetização todo

o aprendizado acadêmico adquirido anteriormente pelo aluno e o professor de

classe especial revisava o aprendizado em classe, enquanto a fonoaudióloga

transformava o conteúdo em oralidade. Com a alfabetização dominada pelo

aluno no ano seguinte foi integrado totalmente em turma regular na 1ª série

com atendimento em sala de recurso no contra turno. Como estratégia para

garantia de um aprendizado acadêmico a escola, a coordenação do ensino

especial e o responsável do aluno fizeram um acordo onde o aluno cursaria

cada serie escolar e dois anos.

Até esse momento todo seu conteúdo pedagógico adquirido com

adaptações curriculares, pela sua leitura labial com as estratégias de sentar

na frente e canto da sala de aula facilitava o campo de visão panorâmica da

mesma, possibilitando uma leitura labial dos colegas e professor, o cuidado de

não falar de costas para o aluno, etc. Resultou numa aquisição de conteúdos

pedagógicos compatível com o ano de escolaridade do aluno, mas não com

sua idade cronológica, fica assim uma incerteza sobre a real compreensão da

leitura labial e escrita ensinada para ele.

Será que o desenvolvimento lingüístico do Patrick que sempre se

mostrou abaixo das crianças ouvintes permitia a ele um desenvolvimento de

uma série de aspectos fundamentais (lingüísticos, sociais, afetivos de

identidade, etc.) que se desenvolvem apoiadas nas interações que se dão por

meio da linguagem?

Ao começar a lidar com a diversidade de conteúdos isolados por

disciplinas e conseqüentemente um numero maior de professores fez com

que o aluno buscasse conhecimento e aprendizado da linguagem de sinais

que não era praticada no ambiente escolar por falta de conhecimento da

56

comunidade escolar. A partir desse aprendizado o aluno introduz no ambiente

escolar mais uma alternativa de comunicação promovendo uma interação

maior no grupo.

No ano de 2008 com o mesmo cursando o 6º ano pela segunda vez o

aluno é remanejado para Sala de Recursos Multifuncional com um

atendimento educacional especializado onde o professor de A.E.E. , o

interprete e o instrutor da linguagem de sinais – Libras – oferecem ao aluno os

três momentos didáticos pedagógicos do atendimento com deficiência

auditiva.

No primeiro momento com o interprete em sala comum Patrick adorou

conseguir compreender vários conceitos que por falta de uma comunicação

real ficavam incompletos para o aluno, mas por outro lado a presença do

interprete ao seu lado em todo período da aula o impedia de dispersar sua

atenção do foco da aula o que começou a incomodá-lo já que perdeu seu ir e

vir da sala de aula a todo o momento que o discurso do professor não era

compreendido.

Em um segundo momento no contra turno Patrick em atendimento

educacional especializado sistematiza os conteúdos do 1º momento em sala

comum com adaptações curriculares agora bem específicas, apresentando

uma nítida melhora na execução das tarefas com compreensão das mesmas ,

resultando em notas escolares na média necessária para aprovação sem

recuperação;

No terceiro momento o mesmo tem a aquisição da linguagem onde o

instrutor relaciona a linguagem onde o instrutor relaciona a linguagem de

sinais com a língua portuguesa possibilitando ao aluno um conhecimento

maior e um aprendizado mais completo.

Em uma primeira avaliação o instrutor e interprete percebem que a

linguagem de sinais apresentada pelo aluno apresenta conteúdos falhos e

incorretos, onde algumas palavras e situações não compreendidas pelo aluno

recebiam uma simbologia própria comum a ele e seu grupo. Observa-se a

necessidade de um tempo maior para o instrutor trabalhar as falhas de

codificação do aluno.

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Em uma avaliação final, observa-se que para o aluno surdo, que deve

cursar o ensino fundamental será efetivamente melhor uma escola na qual os

conteúdos sejam ministrados em sua língua de domínio e que ele tenha

professores e companheiros que partilhem com ele a língua de sinais, de

modo a poder se desenvolver o mais plenamente possível. Como é

oportunizado para crianças ouvintes no ensino fundamental.

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Conclusão

Este estudo busca mostrar um panorama da historia do Ensino

Especial focalizando os avanços do conhecimento e das lutas sociais visando

construir políticas publicas promotoras de uma educação de qualidade para os

alunos com necessidades educacionais especiais em um movimento pela

educação inclusiva na defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos,

aprendendo e participando sem nenhum tipo de discriminação.

O Brasil se destaca nos últimos anos pelos avanços relacionados à

efetivação do compromisso de assegurar um sistema educacional inclusivo

em todos os níveis, garantindo que as pessoas com deficiências não sejam

excluídas do sistema geral de ensino realizando medidas que efetiva o pleno

aceso a educação em ambientes que estimulem seu desenvolvimento,

acadêmico e social.

A partir dos referenciais para a construção de sistemas educacionais

inclusivos, a organização de escolas e classes especiais passa a ser

repensada implicando uma mudança estrutural e cultural da escola para que

todos os alunos tenham suas especificidades atendidas.

Nesta perspectiva, o MEC/SEEP apresenta a Política Nacional de

Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, assim sendo a

educação especial passa a integrar a proposta pedagógica da escola regular,

promovendo o atendimento às necessidades educacionais de alunos com

deficiências atuando de forma articulada com o ensino comum. O

entretenimento dos serviços de Educação Especial, entre os quais o

Atendimento Educacional Especializado, conjuga igualdade e diferenças como

valores indissociáveis e como condição de acolher a todos nas escolas.

O professor de AEE na sua prática identifica, elabora e organiza

recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a

plena participação dos alunos considerando suas necessidades específicas.

As atividades desenvolvidas no EE diferenciam-se daquelas realizadas na

sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Dentre as

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atividades de atendimento educacional especializado são disponibilizados

programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos

específicos de comunicação, sinalização e tecnologia assistiva. Ao longo de

todo processo de escolarização esse atendimento deve estar articulado com a

proposta pedagógica do ensino comum para complementar e/ou suplementar

a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e

fora dela.

Na pratica em sala de AEE algumas barreiras aparecem como

obstáculos para realização do atendimento como a necessidade de

organização do aluno, na execução e compreensão as ordens dadas em cada

disciplina, a apropriação da língua portuguesa, o desenvolvimento do

raciocínio lógico e a adaptações de materiais pedagógicos com o uso das

tecnologias assistivas. No primeiro contato com o aluno uma interação com

vias de cumplicidade faz-se, pois necessário assim o aluno deixa transparecer

todas as suas necessidades (pedagógicas e sociais) em relação ao contexto

que está incluído.

Num segundo momento trata-se do pedagógico onde cabe ao professor

de AEE a adaptação de currículos, de métodos, técnicas, recursos

pedagógico e organização específicas para atender às necessidades

educacionais especiais do aluno. A avaliação pedagógica ocorre num

processo dinâmico considerando o conhecimento, prévio do aluno, o nível de

desenvolvimento, e as possibilidades de aprendizagem futura do aluno,

configuram um processo pedagógico e formativo que analisam o desempenho

do aluno em relação ao seu progresso individual observando-se na avaliação

os aspectos qualitativos que indiquem as intervenções pedagógicas do

professor.

Lembrando que ao longo de todo o processo de escolarização este

atendimento esta articulado com a proposta pedagógica e o currículo do

ensino comum de cada aluno.

Estamos vivendo uma nova fase de educação e hoje, mais do que

nunca o aluno com necessidades educacionais especiais tem finalmente a

garantia do seu direito constitucional ao acesso à educação. Nessa

caminhada em favor de uma escola para todos, a educação especial brasileira

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tem tomado decisões e iniciativas que surpreendem pela ousadia de suas

proposta e coerência de seus posicionamentos com o que nossa Constituição

de 1988 prescreve como direito à educação.

Todas as crianças têm direito a uma educação de qualidade onde suas

necessidades individuais possam ser atendidas e aonde elas possam

desenvolver-se em um ambiente enriquecedor e estimulante do seu

desenvolvimento cognitivo, emocional e social, tendo o direito de participação

como membro ativo da sociedade.

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Bibliografia

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políticas públicas. 2ª edição. São Paulo: Cortez, 1999, p. 27 – 65.

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• Brasil, Decreto nº 6571 de 17 de setembro de 2008.

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Marcos Político-Legais da Educação Especial na Perspectiva da Educação

Inclusiva/Secretaria de Educação Especial – Brasilia:Secretaria de Educação

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