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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA Estilos de liderança em uma superintendência nacional de uma instituição financeira pública. Por: Diego Gustavo Detsch Orientador Professor Mário Luiz Trindade Rocha Brasília 2012 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Estilos de liderança em uma superintendência nacional de uma

instituição financeira pública.

Por: Diego Gustavo Detsch

Orientador

Professor Mário Luiz Trindade Rocha

Brasília

2012

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2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Estilos de liderança em uma superintendência nacional de uma

instituição financeira pública.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão Estratégica e

Qualidade

Por: Diego Gustavo Detsch

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a meus pais que me

ensinaram a ter foco, persistência,

disciplina e atitude para enfrentar os

desafios que estiverem no caminho. A

meu amado filho Rafael e a Deus,

nosso pai celestial.

4

DEDICATÓRIA

Dedico a Deus, meus pais e meu filho,

com todo amor e carinho.

5

RESUMO

O presente estudo procurou verificar qual o estilo de liderança predominante em uma superintendência nacional de uma instituição financeira pública. A pesquisa foi realizada em Brasília, com 60 empregados desta superintendência, sendo 9 gerentes e 51 subordinados. Para a coleta de dados foi aplicada a Escala de Avaliação do Estilo Gerencial – EAEG. Os dados foram submetidos a analises descritivas (média e desvio padrão), que indicaram o estilo gerencial tarefa como predominante, ratificando a hipótese inicial. Porem, o estilo gerencial situação obteve média muito próxima deste, indicando que não há predominância absoluta do estilo tarefa. Considerando os resultados desta pesquisa, recomenda-se a replicação da mesma em outras superintendências e gerencias nacionais da organização estudada, com o objetivo de confirmar as médias encontradas e de verificar possíveis relações não identificadas neste trabalho. Palavras-chave: Liderança; Estilos de Gerenciamento; Instituição Financeira.

6

METODOLOGIA

Esta pesquisa é do tipo descritiva-explicativa, quantitativa, desenvolvida

por meio da aplicação da escala de avaliação dos estilos gerenciais, que será

detalhada no capítulo II. A coleta de dados foi transversal, ou seja, não

periódica e ocorreu na primeira quinzena de Agosto de 2012. A análise dos

dados para a escala foi realizada através de estatística descritiva e inferencial,

utilizando o software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences).

Os dados são do tipo primário. Os dados primários são aqueles obtidos

da própria organização.

Esta estudo foi realizado em uma superintendência nacional de uma

instituição financeira pública, localizada em Brasília, doravante denominada

apenas de “ALFA”. A Superintendência estudada possui duas gerências

nacionais que atuam no mesmo segmento do mercado, tendo atividades e

estrutura semelhantes. A população é de 9 gerentes, que foram orientados a

responder à escala de avaliação dos estilos gerenciais avaliando seus

superiores (gerentes nacionais ou o superintendente, conforme o caso) e de 51

funcionários, num total de 60 empregados.

A ALFA tem sua estrutura dividida em “áreas meio”, que são gerências

nacionais voltadas ao direcionamento administrativo e agências de

atendimento ao público em todo território nacional.

A amostra foi determinada pela abertura da Superintendência à

aplicação da pesquisa, sendo então uma amostragem não-probabilística por

conveniência.

Esta pesquisa utilizou um instrumento já validado, a escala de avaliação

dos estilos gerenciais (EAEG), Construída e validada por Melo (2004),

conforme Anexo, que será detalhada no capítulo II.

Para o devido preenchimento do EAEG, os respondentes devem

analisar o quanto cada item corresponde ao comportamento de sua chefia

imediata, usando a escala de cinco pontos que varia de 1 para nunca age

assim a 5 para sempre age assim.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 8 CAPÍTULO I ................................................................................................................. 11 A EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS DA LIDERANÇA................................................. 11 1.1 – Tendência de traços ............................................................................................. 12 1.2 – Tendência Comportamental ............................................................................... 13 1.3 – Tendência Contingencial ..................................................................................... 14 1.4 – Abordagens mais recentes ................................................................................... 17 CAPÍTULO II ............................................................................................................... 20 OS ESTILOS DE LIDERANÇA ................................................................................. 20 2.1 – O estudo da Liderança e o líder nas organizações ............................................ 20 2.2 – Gerenciamento e Liderança ................................................................................ 22 2.3 – Os estilos de Liderança ........................................................................................ 24 CAPÍTULO III .............................................................................................................. 29 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS .................................................................... 29 3.1 – Dados Funcionais e Demográficos da Amostra ................................................. 29 3.2 – Os estilos de liderança e as características demográficas da amostra ............ 30 3.3 – O estilo de liderança predominante ................................................................... 35 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 37 ANEXOS ........................................................................................................................ 38 ANEXO I ....................................................................................................................... 39 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 42

8

INTRODUÇÃO

O setor bancário está passando por diversas transformações. Várias

instituições bancárias internacionais foram à falência desde a crise que se

iniciou em 2008 e as agências de risco estão rebaixando as notas de muitas

outras instituições, principalmente na Europa.

Sabe-se que com a globalização e a atual dinâmica do mercado

financeiro internacional, os mercados estão muito mais interligados e sensíveis

às flutuações. Os reflexos no Brasil da atual situação econômica mundial ainda

são desconhecidos.

O Banco Central vem adotando medidas de redução da taxa básica de

juros, visando o aquecimento do mercado interno, através do financiamento,

seja ele produtivo ou para o consumo. Em sinergia com estas medidas, está

ocorrendo a redução do spread bancário, forçado principalmente pela Caixa

Econômica Federal e pelo Banco do Brasil.

Alem destas medidas, as instituições financeiras estão aprimorando

seus modelos de risco e de gestão, com foco no aumento da efetividade das

práticas de gestão e liderança.

Este estudo está em sintonia com a crescente preocupação do sistema

financeiro nacional em aprimorar suas práticas de gestão e liderança,

contribuindo ainda para o desenvolvimento teórico dos estudos de

comportamento humano, organizacional e de liderança, uma vez que o estilo

de liderança é um padrão de comportamento do líder, identificado por seus

seguidores.

No contexto organizacional, os líderes têm papel de extrema

importância, tendo em vista que eles são objeto das maiores responsabilidades

e expectativas. Os líderes devem representar a organização frente aos

liderados e direcionar suas atitudes com vistas aos objetivos organizacionais.

As organizações, sejam privadas, sem fins lucrativos ou governamentais,

precisam de líderes com um conjunto rico e diverso de habilidades para

conduzir de maneira mais eficaz a organização.

9

Este trabalho surgiu do seguinte questionamento: Qual é o estilo de

liderança predominante na percepção dos liderados de determinada

superintendência nacional da ALFA?

Para responder este questionamento, este trabalho tem como objetivo

geral identificar qual é o estilo de liderança predominante na percepção dos

empregado de uma superintendência nacional da ALFA.

Para o alcance deste objetivo, será preciso:

1 Realizar um estudo sobre liderança e estilos de liderança;

2 Identificar os estilos de liderança percebidos pelos seguidores

dos gerentes da superintendência nacional estudada.

3 Descrever os estilos de liderança de acordo com as

características demográficas da amostra de seguidores.

Tendo em vista que a ALFA é uma instituição cuja hierarquia é muito

vertical, acarretando em maior distanciamento entre os principais gestores da

organização e o corpo organizacional como um todo, a hipótese deste trabalho

é de que o estilo de liderança predominante na superintendência nacional

estudada é o que Melo (2004) classificou de “Tarefa”.

Segundo Melo (2004), a atuação da gerência se volta para os

seguintes focos: Tarefa; Relacionamento e Situacional, que serão detalhados

no capítulo II.

O primeiro e segundo capítulos formam o embasamento teórico deste

trabalho, fruto da pesquisa bibliográfica realizada, visando atingir o primeiro

objetivo específico deste trabalho.

Sendo assim, no primeiro capítulo é feito um breve relato da evolução

dos estudos da liderança, detalhando as principais teorias das quatro

abordagens diferentes que nortearam as pesquisas sobre o tema.

Já o capítulo II se inicia com um paralelo entre a liderança e o líder.

Após, esclarece a relação existente este os termos gerenciamento e liderança,

apresentando os conceitos de liderança e de estilos de liderança utilizados

neste trabalho. Finalmente, detalha a teoria de Melo (2004) e os estilos de

liderança criados por ele.

10

Por fim, o terceiro e último capítulo apresentam os resultados da análise

aos questionários coletados, fornecendo subsídio para se alcançar o segundo

e terceiro objetivos específicos e, consequentemente, o objetivo geral deste

trabalho.

11

CAPÍTULO I

A EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS DA LIDERANÇA

Este capítulo visa sintetizar a busca realizada à literatura relacionada à

evolução dos estudos da liderança. Esta busca não engloba toda pluralidade

de significados e aplicações práticas dos temas abordados, mas visa dar

embasamento teórico de maneira prática, tendo em vista os objetivos deste

trabalho, já mencionados anteriormente.

Visando à compreensão do fenômeno da liderança, serão destacados

alguns marcos de orientação dos estudos, que constituíram o foco principal

das pesquisas numa determinada época.

Segundo Melo (2004), os estudos sobre a liderança podem ser

agrupados em quatro abordagens, que tiveram predomínio em momentos

distintos. A primeira abordagem, baseada principalmente pela psicologia,

dominou até o final de 1949 e considerou as características do líder,

abrangendo seus traços e qualidades natas.

Em face das dificuldades de compreensão e explicação do fenômeno a

partir de um enfoque restrito apenas nas características pessoais dos líderes,

mudou-se o foco das características do líder para o seu comportamento. Como

resultado desse fato emerge a abordagem comportamental, que teve

importância até 1960.

De 1960 ao início de 1980, predominou a abordagem contingencial.

Esta associava os fatores situacionais aos comportamentos do líder. Porém,

mais recentemente, o foco dos estudos deixou de ser o líder em si e passou a

ser o papel do seguidor na compreensão do fenômeno. Afinal, o seguidor

define ou reconhece a efetiva manifestação da liderança. A evolução do

estudo da liderança está sintetizada na Figura 1.

12

Figura 1: Enfoque sobre as teorias da liderança

Fonte: Gosendo (2004, p. 73).

Em seguida serão apresentadas, de maneira mais detalhada, as

quatro abordagens mencionadas anteriormente, que tentam melhor

compreender e definir o processo da liderança.

1.1 – Tendência de traços

Thomas Carlyle, conforme citado por Dorfman (1996 apud MELO,

2001, p. 14), em 1888 propôs a teoria de liderança do “grande homem”,

segundo a qual o líder possuía qualidades hereditárias únicas, que o

diferenciavam dos seguidores. Através da análise documental sobre grandes

líderes, buscou-se examinar características comuns entre eles.

Segundo Bowditch e Buono (2002 apud GOSENDO, 2004, p.73), até

meados de 1940, a maioria das pesquisas sobre líderes e liderança focalizou

os traços individuais. Assim, antes da Segunda Guerra Mundial, a liderança era

definida em relação às características da personalidade que diferenciavam os

líderes dos não-líderes. Dizia-se que os líderes já nascem com as habilidades

13

de liderança. Era a abordagem da teoria dos traços, que tinha como ênfase

estudar o que o líder é.

Kirkpatrick e Locke (1991 apud GOSENDO, 2004, p.74), usando

sofisticadas técnicas de metanálise, revelaram que alguns traços individuais

são consistentemente relacionados à liderança, entretanto, são menos

consistentemente relacionados com eficácia de liderança. Howard e Bray

(1998 apud GOSENDO, 2004, p.74) apoiaram fortemente a noção de que o

sucesso gerencial depende de um conjunto de atributos e habilidades

pessoais. O sucesso gerencial é mais exato em situações de trabalho

favoráveis, caracterizadas por tarefas desafiantes e de responsabilidades

aumentadas.

Conforme citado por Robbins (1998), algumas razões determinaram o

insucesso dessa tendência. Pode-se destacar o fato do seguidor e do contexto

(elementos situacionais) serem desconsiderados. Conclui-se então que alguns

traços aumentam a probabilidade de sucesso do líder, mas nenhum traço é

preditor seguro de sua efetividade.

1.2 – Tendência Comportamental

Estes estudos têm como preocupação central o comportamento do

líder e não mais suas características pessoais. Dentre os principais estudos

desta tendência, destacamos os abaixo especificados:

(a) Os estudos da Ohio State University – Segundo Melo (2001),

Iniciaram-se após a segunda guerra mundial e definiram dois fatores que

responderam pela maioria dos comportamentos de liderança. Teve como base

1.800 afirmações sobre o comportamento do líder. O primeiro foi denominado

de “estrutura inicial”, probabilidade que o líder tem de definir e estruturar o seu

papel e dos subordinados na busca da realização de metas; e “consideração”,

nível das relações de trabalho que sejam caracterizadas por confiança mútua,

respeito pelas idéias dos subordinados e interesse por seus sentimentos. As

pesquisas demonstraram que o estudo definia duas dimensões distintas, não

fazendo parte de um contínuo. Logo, um líder poderia ter um alto score numa

dimensão e também em outra dimensão.

14

(b) Estudos da University of Michigan – destacam-se os estudos de

Bowers, Scashore e Likert, conforme citado por Dorfman (1996 apud MELO,

2001, p. 16), que também identificaram duas dimensões comportamentais:

“orientados para o empregado”, enfatiza as relações interpessoais de apoio,

orientação e facilitação; e “orientados para a produção”, que tem foco no

trabalho e a orientação é para a produção. As taxionomias classificaram os

estilos de liderança voltados para as relações como democráticos,

participativos, estimuladores, apoiadores. Nos voltados para a tarefa estão os

estilos autoritários, dominantes, diretivos, autocráticos e persuasivos.

(c) A Grade gerencial de Blake e Mouton – Segundo Mattos (1991),

esses autores, aprofundando as pesquisas da Universidade de Ohio, em 1964,

estabeleceram o estilo de liderança ideal que combina a orientação para as

pessoas e a orientação para as tarefas, definido pelo estilo 9.9 (máximo

interesse por tarefas e relações). O modelo resultou numa grade gerencial,

onde no eixo X do plano cartesiano foi localizada a preocupação do gerente

com a produção, e no eixo Y a preocupação com as pessoas, resultando em

nove estilos de liderança. Essas dimensões são equivalentes às funções da

estrutura de iniciação e de consideração identificadas pelos estudos de Ohio e

dos estilos centrado no empregado e centrado na produção usados pelos

estudos de Michigan.

Este modelo não apresentou evidência que garantisse maior eficácia

de um estilo em relação ao outro. O fato de ter características pessoais

específicas e saber o que fazer no trabalho não parece ser suficiente para se

obter um líder efetivo. A crítica que se faz é que as abordagens

comportamentais não reconhecem o contexto onde a liderança é exercida,

surgindo então a tendência contingencial, apresentada a seguir:

1.3 – Tendência Contingencial

Surge então outra variável na definição do processo de liderança: a

situação ou contexto, quando se começou a questionar se as características

situacionais podiam funcionar como variáveis moderadoras na relação entre

liderança e eficácia grupal, denominada como abordagem situacional.

15

Segundo Mattos (1991), essa nova abordagem tenta verificar como os

fatores situacionais afetam na eficácia dos comportamentos particulares dos

líderes e os estilos de liderança. O seu pressuposto é de que nenhum traço,

comportamento ou estilo de liderança, automaticamente, constitui liderança

efetiva. Um líder poderá ter um desempenho eficaz ou ineficaz, isto dependerá

da maior ou menor adequação de seu estilo de liderança às variáveis da

situação organizacional. A chave é a adequação entre estilo do líder e a

situação que ele enfrenta.

Destacam-se, a seguir, alguns modelos propostos desta tendência,

que diferenciam a atuação dos líderes, de acordo com o contexto:

(a) Modelo Contingencial de Fiedler – Conforme citado por Chiavenato

(2005), a premisa deste modelo é a adequação entre o estilo de liderança e a

situação mais favorável para o mesmo. É preciso então diagnosticar o estilo de

liderança e a situação organizacional. Conjugou duas dimensões do

comportamento do líder: Orientado para a tarefa e orientado para o

relacionamento, e três critérios situacionais: Relação líder membro (RLM),

Estrutura da tarefa (ET) e Poder da posição (PP). Pressupõe que o estilo de

liderança é fixo, então, basta colocá-lo no contexto adequado ao estilo do líder

para que o mesmo se mostre eficaz, conforme demonstra a figura 2, abaixo:

16

Figura 2: Como o líder ajusta seu estilo à situação

Fonte: Chiavenato (2005, p. 368).

(b) Abordagem da troca líder-membro – Conforme citado por Gosendo

(2004), foi desenvolvida por George Graen em 1973, tem como pressuposto o

tratamento diferenciado do líder com os seus seguidores. Para ele, o líder

estabelece uma relação especial com alguns subordinados, denominado de

“grupo de dentro” e

(c) Abordagem caminho-objeto – Conforme citado por Melo (2001), foi

desenvolvida por Robert House em 1971. Para ele, o comportamento do líder é

visto como aceitável pelos seguidores, quando o mesmo é visto como fonte

imediata de satisfação ou como meio para satisfação futura. Assim, o

comportamento do líder tem relação direta com a motivação dos seguidores.

Ele identifica quatro comportamentos de liderança: O líder diretivo, o líder

apoiador, o líder participativo e o líder orientado para realizações. Melo (2004)

afirma que as pesquisas realizadas têm apoiado a lógica dessa abordagem,

tendo em vista que o desempenho e a satisfação do empregado são

influenciados, de forma positiva, quando o líder compensa coisas que faltam

no empregado ao determinar o trabalho.

17

(d) Modelo participação-líder – Conforme citado por Melo (2001), foi

desenvolvido por Vroom e Yetton em 1973, pressupõe que o líder pode ajustar

seu estilo a diferentes contextos, de modo a refletir a estrutura da tarefa.

Definem cinco comportamentos que variam em relação ao grau de participação

dos liderados na tomada de decisão. O “autocrático I” toma a decisão sozinho,

com base em qualquer fato. O “autocrático II” obtém a informação de

subordinados e toma a decisão por si. O “consultor I” partilha o problema com

os subordinados considerados importantes e toma a decisão sozinho. O

“consultor II” partilha o problema com os subordinados como um grupo e toma

a decisão por si e o “grupo II” que partilha o problema com o grupo e toma a

decisão em grupo. Segundo Robbins (1999) há boas razões para acreditar que

o modelo é um excelente guia para ajudar gerentes a escolher o estilo de

liderança mais apropriado a situações diferentes.

Para Howell, Bowen, Dorfman, Kerr, e Podsakoff (1990, apud

GOSENDO, 2004, p.78), o líder deve identificar as características críticas de

cada situação, os comportamentos requeridos e então ser flexível o suficiente

para exibir tais comportamentos. Nesse mesmo sentido, Soto afirma que:

“Esse modelo baseia-se na distinção prévia entre a

orientação às tarefas e aos empregados e assinala que o

estilo de liderança mais apropriado depende da situação

geral; se esta é favorável ou não, ou se está em uma

etapa intermediária para o líder. Assim como a situação

varia, também variam os requisitos de liderança.” (SOTO,

2002, P. 221 apud GOSENDO, 204 p. 78)

Finalizando essa breve apresentação das teorias de liderança, são

descritas a seguir as abordagens mais recentes desenvolvidas em liderança.

1.4 – Abordagens mais recentes

Conforme destacado por Robbins (1998), as abordagens mais

recentes entendem a liderança como uma atribuição que as pessoas fazem a

outros indivíduos. Ou seja, a liderança não está no indivíduo, mas é atribuída

18

pelos outros. Neste sentido, as pessoas tendem a atribuir liderança para

explicar um resultado, seja ele positivo ou negativo. Destas abordagens,

destacam-se as seguintes:

(a) Abordagem da liderança carismática – Esta abordagem tem

buscado identificar as características que distinguem os líderes considerados

carismáticos dos seus seguidores. Conforme citado por Robbins (1998), um

dos estudos mais consistentes foi desenvolvido por Conger e Kanungo na

McGill University e concluiu que os líderes carismáticos têm uma meta

idealizada, forte compromisso pessoal com a meta, são assertivos,

autoconfiantes e são percebidos como agentes de mudança. Estes líderes são

visto como necessários em um cenário de mudança organizacional, tornando-

se um passivo à organização depois que a crise e a necessidade de mudança

acabam.

(b) Liderança transacional x transformacional – Segundo Melo (2004),

nesta abordagem, os líderes transacionais assemelham-se àqueles tratados

nos estudos da Universidade de Ohio, nos modelos de Fiedler e no modelo da

liderança transacional de Hersey e Blanchard, o que mais as aproxima da ação

dos gerentes nas organizações. Já a liderança transformacional considera os

líderes carismáticos, mais fortemente relacionada a taxas mais baixas de

rotatividade, maior produtividade e satisfação do empregado. Ela estimula a

mudança a partir do carisma e da visão de futuro do líder.

(c) Liderança situacional – Segundo Melo (2004), Hersey e Blanchard,

em 1974 definem como elemento situacional da abordagem a maturidade dos

liderados. Ela refere-se à extensão em que as pessoas têm a capacidade e

disposição de realizar uma tarefa específica. Define então quatro estágios:

capaz e disposto; capaz e não disposto; incapaz e disposto e incapaz e não

disposto. A figura 3 ilustra os elementos desta abordagem. Segundo Hersey e

Blanchard (1986), a liderança situacional se preocupa com a adequação ou

eficácia dos estilos gerenciais, de acordo com a maturidade dos liderados em

relação à tarefa.

19

Figura 3: Modelo de liderança Situacional

Fonte: Hersey P. Blauchard, 1986

Conforme citado por Melo (2004), as abordagens mais recentes

retornam às origens dos estudos de liderança, uma vez que têm se dedicado

ao exame das características pessoais dos líderes e da efetividade da

liderança.

20

CAPÍTULO II

OS ESTILOS DE LIDERANÇA

Este capítulo visa sintetizar a busca realizada à literatura relacionada

aos estilos de liderança. Assim como no primeiro capítulo, esta busca não

engloba toda pluralidade de significados e aplicações práticas dos temas

abordados, mas visa dar embasamento teórico de maneira prática, tendo em

vista os objetivos deste trabalho, já mencionados anteriormente.

Primeiramente, algumas considerações adicionais sobre o estudo da

liderança e o papel do líder nas organizações são necessárias, visando

clarificar os conceitos utilizados neste trabalho.

2.1 O estudo da liderança e o líder nas organizações

O estudo da liderança está associado ao desenvolvimento das ciências

sociais e a muito é foco de estudos para a humanidade. Segundo Bass (1990

apud GOSENDO, 2004, p. 68), o fenômeno da liderança é considerado

universal e não atinge apenas a raça humana, pois mesmo na espécie animal

sua presença é marcante. Segundo Fiedler (1967 apud BERGAMINI, 1994,

p.103) a preocupação com a liderança é tão antiga quanto a história escrita.

Neste contexto, como é possível verificar no capítulo anterior, há uma enorme

variedade de abordagens a respeito da liderança, justificando o fato do termo

assumir diversos significados, dependendo da área de estudo envolvida.

Melo (2004) afirma que o esforço para formular princípios de liderança

expandiu o estudo da história e da filosofia, associado com todo o

desenvolvimento das ciências sociais. Tal fato demonstra a contribuição

acadêmica que o estudo da liderança trouxe para diversas áreas e demonstra

a abrangência de seu estudo.

Especificamente no campo do comportamento organizacional, o

estudo da liderança analisa o líder no contexto organizacional. Neste contexto,

a importância dos líderes é facilmente percebida pelo alto investimento, tanto

nos processos de recrutamento, seleção, capacitação e política salarial desses

21

profissionais. Alem disto, ao analisarmos as organizações de maneira mais

próxima, através de estudo de caso por exemplo, é fácil perceber a influência

que estes profissionais exercem nas mesmas. Certos líderes que são tão

importantes para sua organização, que se tornam a imagem da mesma, como

é o caso de Steve Jobs, líder da Apple durante a maior parte de sua história e

de Bill Gates, líder da Microsoft, por exemplo.

Em Janeiro de 2012, a revista HSM Management publicou uma

entrevista com Regis Mckénna, citado pela mesma como o mentor de Steve

Jobs, três messes após o falecimento do mesmo, em Outubro de 2011. Em

diversos pontos da matéria fica claro a importância e influência de Jobs para o

desenvolvimento da Apple, para Mckénna, Steve era um visionário e a alma da

Apple. A história de Steve foi assim sintetizada:

“Steve Jobs desempenhou papel crucial no lançamento

da indústria de computadores pessoais. Fundou a Apple

em 1º de abril de 1976, foi banido dela em 1985 e

retornou depois de 11 nos como o pai pródigo para

reinventar não apenas sua empresa, como também todo

setor de alta tecnologia para consumidores finais. Hoje a

Apple é a líder global de produtos eletrônicos digitais e

vem se alternando com a Exxon no posto de companhia

mais valiosa dos Estados Unidos. Jobs faleceu em

Outubro de 2011 e gerou comoção mundial.”(HSM

MANAGEMENT, v. 1, p. 86)

Grande parte dos estudos sobre liderança nas organizações tem-se

voltado para a função gerencial. Daí decorre uma discussão interessante,

questionando se liderança e gerenciamento são conceitos distintos ou se os

mesmos podem ser tratados como sinônimos.

22

2.2 Gerenciamento e Liderança

Este subitem visa apresentar o conceito de liderança adotado

neste trabalho, bem como, esclarecer a relação existente entre os conceitos de

gerenciamento e liderança.

Alguns estudiosos defendem que gerenciamento e liderança são

conceitos distintos e que uma organização precisa de indivíduos que possam

desempenhar eficazmente o papel de gerente e o papel de líder. Para

Chiavenato (2005. p. 350), estes conceitos costumam ser confundidos, no

entanto são conceitos distintos. Através da figura 4, abaixo, é possível

comparar as principais características do gerente e do líder segundo o mesmo.

Figura 4: Características do gerente e do líder

Fonte: Chiavenato (2005, p. 350).

Ele segue mencionando a administração como sinônimo de gerência e

relaciona estes termos à autoridade formal atribuídas a estes pela hierarquia

da organização. Complementa seu entendimento afirmando que todo gerente

deve ser um líder, mas nem todo líder é um gerente. A liderança então está

23

relacionada às qualidades pessoais do líder e está mais relacionada com a

genuína preocupação com as pessoas.

Em sentido semelhante, Reddin já destacava:

Um líder não é, na verdade, um gerente no sentido

formal. Ele é alguém que os outros consideram como

principal responsável pela realização dos objetivos do

grupo. Sua eficiência é avaliada pelo grau pelo qual ele

influencia os seus seguidores na realização dos objetivos

do grupo. (...) Como este livro foi escrito para gerentes,

usamos sempre o termo “gerente” em vez de “líder”. No

entanto, praticamente tudo se aplica tanto ao líder como

ao gerente”(REDDIN, 1970, p23).

Repare-se que Reddin, apesar de reconhecer a distinção entre líder e

gerente, utiliza o termo gerente no lugar de líder, uma vez que seu público alvo

são os gerentes e destaca a aplicação de seu estudo tanto ao líder quanto ao

gerente. Seguindo este mesmo sentido porem modificando a conclusão final,

outros estudiosos defendem que os conceitos de gerenciamento e liderança

estão diretamente relacionados e podem ser vistos como sinônimos.

Para Torres (1999 apud MELO, 2001, p. 12) o termo “práticas de

liderança” é sinônimo de “práticas gerenciais”. Segundo ele, alguns estudiosos

consideram que o gerenciamento se refere a atividades cujo objetivo é o de

produzir consistência, enquanto a liderança se refere ao processo pelo qual

uma pessoa influencia outros membros do grupo em torno da realização dos

objetivos organizacionais. Assim, qualquer gerente que orienta um grupo em

torno da realização de seus objetivos pode ser considerado um líder. Portanto,

os dois conceitos podem ser utilizados alternativamente.

Como este estudo tem como foco os gerentes da Superintendência

estudada, este estudo considera liderança como sinônimo de gerenciamento.

Então, os gerentes (líderes) foram avaliados pelos seus subordinados diretos

(liderados).

24

Como a atividade gerencial é o foco de análise deste estudo, utilizou-

se um conceito amplo sobre liderança, que contempla a atividade gerencial,

extraído de Bass:

Liderança é uma interação entre dois ou mais membros

de um grupo que freqüentemente envolve a estruturação

ou reestruturação de uma situação e as percepções e

expectativas dos membros. Os líderes são agentes de

mudança – pessoas cujos atos afetam outras pessoas

mais do que as outras pessoas afetam os atos deles”

(BASS, 1990, p.19/20 apud MELO, 2001, p. 13)

De acordo com Dorfman (1996 apud GOSENDO, 2004, p.), a

“influência e a “confiança” são duas características consideradas universais

dentro do estudo da liderança. Essas duas características também devem

estar presentes na função gerencial. Portanto, a diferença entre os dois

conceitos é exatamente uma questão de terminologia, uma vez que a liderança

é uma das funções do gerenciamento, e que, por qualquer razão, o líder e o

gerente, se efetivos, fixarão os objetivos para os subordinados e os apoiarão a

alcançá-los.

2.3 Os estilos de Liderança

Finalmente, neste subitem será apresentado o conceito de estilo de

liderança adotado neste trabalho, bem como, qual teórico e seus respectivos

estilos foram adotados para o desenvolvimento do mesmo.

Como é possível perceber no capítulo I, várias teorias diferentes de

liderança mencionam estilos ou comportamentos dos líderes nas organizações.

Estes estilos ou comportamentos foram percebidos pelos respectivos teóricos

em suas análises.

Chiavenato (2005), afirma que os estilos de liderança são abordados

desde as teorias comportamentais e ao referir-se às teorias situacionais, afirma

que as mesmas constituem um avanço em relação às teorias baseadas

exclusivamente nos estilos de liderança, incluindo a liderança no contexto

25

ambiental em que ela ocorre. As abordagens mais recentes continuam

utilizando o conceito de estilos de liderança e enfocam a liderança do indivíduo

e a atribuição feita pelos seguidores ao líder.

Como exemplo de abordagem dos estilos de liderança ainda nas

teorias comportamentais, pode-se destacar a pesquisa de Kurt Lewin, na

universidade de Iowa, ocorrida na década 1930. Conforme citado por

Chiavenato (2005), esta pesquisa contribuiu muito para o movimento

comportamentalista. Para realizá-la, Lewin teve auxílio de um grupo de

colaboradores e eles identificaram três estilos de liderança, conforme figura 5,

abaixo:

Figura 5: Os três estilos de liderança

Fonte: Chiavenato (2005, p. 361).

Na liderança autocrática, o líder é o centro, ele fixa diretrizes, centraliza

o poder e toma as decisões.

26

Na liderança liberal, a supervisão do líder é mínima, dando completa

liberdade para as decisões dos subordinados, em grupo ou individualmente.

Já na liderança democrática, o líder conduz e orienta, indicando a

diretriz, descentraliza a autoridade e incentiva a participação do grupo nas

decisões.

Conforme citado por Gosendo (2004), as diversas abordagens

existentes sobre liderança são complementares e não excludentes. Para este

trabalho, o estilo de Liderança é entendido conforme definição de Mattos

(1991, p.47), como “a forma pessoal como o gestor exerce liderança sobre os

subordinados, no intuito de direcionar suas ações”. Representa a forma como

é percebida pelos seus subordinados.

Esta pesquisa utilizou um instrumento já validado, tendo em vista a

aplicabilidade do mesmo, a escala de avaliação dos estilos gerenciais (EAEG),

construída e validada por Melo (2004). Para a devida validação desta escala,

os 28 itens foram aplicados a uma escala de 328 sujeitos, empregados em

uma empresa pública do Distrito Federal. As cargas fatoriais dos itens variam

entre 0,45 e 0,80.

Esta escala possui três fatores: Tarefa – Quando o líder enfatiza o

trabalho e as metas; Relacionamento – Quando o líder enfatiza as relações

interpessoais e os sentimentos e Situação – Quando o líder é capaz de se

adaptar ao contexto, variando seu comportamento de acordo com as

necessidades e motivos dos subordinados, conforme resumido na Tabela 1:

27

Tabela 1: Fatores de atuação da gerência

Fator Descrição

Tarefa

Tem relação com a probabilidade do líder

definir e estruturar o seu papel e dos

subordinados na busca da realização das

metas. Ênfase no trabalho, aspectos técnicos,

aos padrões, à hierarquia e realização das

tarefas

Relacionamento

Extensão em que o líder terá relações de

trabalho caracterizadas pela confiança mútua,

amizade, respeito e interesse pelos

sentimentos. Nela, o líder enfatiza as relações

interpessoais.

Situação

Refere-se à habilidade de percepção e

adaptação ao ambiente pelo líder. O líder é

flexível para variar o comportamento de

acordo com as necessidades e motivos dos

subordinados. É uma inter-relação entre o

comportamento do líder nos três fatores

mencionados.

Após a definição dos fatores acima, foram construídos itens de acordo

com a abrangência de cada fator. A análise fatorial indicou que tarefa ficou

composta por 6 itens, o fator relacionamento por 9 e o fator situação por 4,

num total de 19 itens. Os índices de confiabilidade e os itens do questionário

que referem-se a cada fator são detalhados na Tabela 2. Os alphas de

Cronbach abaixo apresentados foram citados por Melo (2004):

28

Tabela 2: Alpha e itens por Tipo Motivacional

Fator Alpha de Cronbach Itens

Relacionados

Tarefa 0,72 15; 27; 14;

22; 10; 20

Relacionamento 0,94 24; 1; 12; 25;

13; 19; 21; 6; 17

Situacional 0,82 16; 23; 28; 7

Para o preenchimento desta escala, os respondentes deverão analisar

o quanto cada item corresponde ao comportamento de sua chefia imediata,

usando a escala de cinco pontos que varia de 1 para nunca age assim a 5 para

sempre age assim.

Com é possível perceber, o instrumento utilizado neste trabalho está

enquadrado nas abordagens mais recentes do estudo da liderança, pois visa

avaliar a percepção que os liderados têm dos líderes, ou seja, entende a

liderança como uma atribuição que as pessoas fazem a outros indivíduos.

29

CAPÍTULO III

ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

Este capítulo apresentará os resultados da análise dos questionários,

que foi realizada através de estatística descritiva e inferencial, utilizando o

software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 17.0.

3.1 Dados funcionais e demográficos da amostra

Para alcançar o terceiro objetivo específico deste trabalho, de descrever

os estilos de liderança de acordo com as características demográficas da

amostra de seguidores, procedeu-se ao cálculo da ANOVA e do t de Student,

para cada dado demográfico questionado. Tendo em vista a limitação da

amostra, foi considerado nível de significância de 10% para considerar uma

diferença significativa.

Antes de descrever os estilos de liderança de acordo com as

características demográficas da amostra de seguidores, os dados

demográficos da mesma serão detalhados. A tabela 3, abaixo, detalha os

dados demográficos e funcionais da amostra.

30

Tabela 3: demográficos e Funcionais - EAEG (n=60)

Variável Nível Freqüência Porcentagem

Sexo Feminino

Masculino

21

25

46

54

Idade Até 25

26-39

40 ou mais

7

22

17

15

48

37

Escolaridade Superior(Com/Inc)

Pós

Não Informado

12

32

2

26

70

4

Gerência Ger1

Ger2

24

22

52

48

Tempo de

Serviço

Até 5 anos

6-10 anos

11 ou mais

Não Informado

15

15

12

4

33

33

26

9

Estado Civil Solteiro

Casado

Não informado

22

21

3

48

46

7

Cargo Técnico

Gerentes

41

5

89

11

3.2 Os estilos de liderança e as características demográficas

da amostra

O primeiro dado demográfico a ser detalhado será o sexo. Conforme

tabela 4, a maioria dos respondentes é do sexo masculino (54%). É

interessante notar o equilíbrio entre as médias dos estilos gerenciais

percebidos pelos homens e o baixo desvio padrão entre suas respostas. Para

eles, o estilo de liderança predominante é o relacionamento, que obteve

31

também o menor desvio padrão entre as respostas. Porem, a diferença entre

as médias é muito pequena, variando entre o estilo predominante e o menos

percebido em apenas 0,06 pontos. Já entre as mulheres, o desvio padrão foi

consideravelmente superior e a diferença entre o estilo predominante e o

menos percebido foi de 0,26. Se para elas o estilo tarefa é o predominante,

para eles é o menos percebido. Já o estilo Relacionamento é o menos

percebido para elas e o predominante para eles. Porem, é preciso ressaltar

que não houve diferença significativa entre os diferentes sexos.

Tabela 4: Média, DP e p da comparação dos Estilos Gerenciais, segundo sexo.

Feminino

Masculino t

Media DP Média DP p*

Relacionamento 3,86 0,96 4,09 0,57 -0,981 0,332

Tarefa 4,12 0,64 4,03 0,67 0,469 0,641

Situação 4,01 0,83 4,08 0,65 -0,311 0,757 * teste t de Student

Ao analisarmos a idade, conforme tabela 5, a maioria dos respondentes

tem entre 26 e 39 anos (48%). Para este grupo, o estilo de liderança

predominante é o tarefa, que obteve também o menor desvio padrão. Ao

contrário dos demais grupos, para os respondentes entre 26 e 39 anos, o estilo

menos percebido é o relacionamento, que obteve também o maior desvio

padrão entre este grupo. Não houve diferença significativa.

Tabela 5: Média, DP e p da comparação dos Estilos Gerenciais, segundo idade.

Até 25 anos

26-39 anos

40 anos ou mais F

Media DP Média DP Média DP p*

Relacionamento 4,21 0,72 3,78 0,88 4,15 0,60 1,487 0,237

Tarefa 4,17 0,87 4,08 0,56 4,02 0,70 0,123 0,884

Situação 4,07 0,83 3,97 0,75 4,15 0,70 0,289 0,751 * ANOVA

32

Quanto à escolaridade, a maioria (70%) dos respondentes possuem pós

graduação. Para eles, há equilíbrio entre os estilos Tarefa e Situação,

conforme tabela 6. Porem, o desvio padrão para o estilo tarefa foi menor,

indicando maior similaridade entre suas respostas. Para os respondentes que

estão cursando nível superior ou já o possuem, o estilo predominante foi

Tarefa, apesar do mesmo ter o maior desvio padrão. Não houve diferença

significativa.

Tabela 6: Média, DP e p da comparação dos Estilos Gerenciais, segundo escolaridade.

Sup. (Comp/Inc) Pós

Media DP Média DP t p*

Relacionamento 4,09 0,70 4,01 0,74 0,313 0,756

Tarefa 4,11 0,90 4,05 0,57 0,262 0,795

Situação 4,00 0,67 4,05 0,78 -0,184 0,855 * teste t de Student

Nota: Dois indivíduos não participaram da análise por não informar a escolaridade

A quantidade de respondentes não divergiu muito entre as gerências.

52% da amostra trabalham na gerência 1, dando maior peso aos respondentes

desta gerência na média final. As primeiras diferenças significativas surgem

entre as gerências analisadas. Como é possível perceber na tabela 7, os

estilos Relacionamento e Situação possuem diferença significativa ao

compararmos as respostas das gerências de trabalho. Isto significa que os

liderados das duas gerências têm opiniões consideravelmente divergentes com

relação à percepção destes estilos de liderança. O estilo Relacionamento

possui a maior diferença significativa, sendo considerado na gerência 1 o de

menor percepção e na gerência 2 o mais percebido. O equilíbrio entre as duas

gerências foi percebido apenas no estilo Tarefa. As divergências encontradas

indicam que na gerência 1, prevalece a ênfase no trabalho e em seus aspectos

técnicos, enquanto na gerência 2, prevalecem a ênfase nas relações

interpessoais e à capacidade de adaptação do líder ao ambiente. Na gerência

2 também há ênfase nos aspectos técnicos do trabalho, uma vez que a média

deste item foi superior a 4, mas em menor grau quando comparado com as

demais características mencionadas anteriormente.

33

Tabela 7: Média, DP e p da comparação dos Estilos Gerenciais, segundo gerência.

Ger1 Ger2

Media DP Média DP t p*

Relacionamento 3,67 0,74 4,33 0,65 -3,230 0,002

Tarefa 4,01 0,69 4,14 0,62 -0,676 0,520

Situação 3,82 0,77 4,30 0,61 -2,289 0,027 * teste t de Student

Quanto ao tempo de serviço, houve empate entre a quantidade de

respondentes que possuem até 5 anos de empresa e os que possuem de 6 a

10 (33% cada grupo). As semelhanças entre estes dois grupos terminam aí,

uma vez que, conforme tabela 8, a percepção entre o estilo predominante e o

menos percebido é inversa, porem, não há diferença significativa. Vale

ressaltar que o estilo Tarefa foi considerado predominante apenas entre os

respondentes que possuem de 6 a 10 anos de empresa.

Tabela 8: Média, DP e p da comparação dos Estilos Gerenciais, segundo tempo de serviço.

Até 5 anos

6-10 anos

11 anos ou mais

Media DP Média DP Média DP F p*

Relacionamento 4,07 0,80 3,68 0,83 4,14 0,69 1,450 0,247

Tarefa 3,96 0,58 4,08 0,67 4,06 0,78 0,138 0,872

Situação 3,97 0,67 3,82 0,89 4,33 0,58 1,703 0,195 * ANOVA Nota: quatro indivíduos não participaram da análise por não informar tempo de serviço

Ao considerarmos o estado civil, há divergência significativa no estilo

Situação. Os solteiros que responderam ao questionário percebem em maior

grau a habilidade e adaptação de seus líderes ao ambiente. Para eles, este é o

estilo de liderança predominante. Já para os casados, o estilo Situação é o

menos percebido e o que obteve maior desvio padrão. Para os casados, o

estilo que prevalece é o Tarefa, ou seja, a ênfase no trabalho e seus aspectos

técnicos. Detalhes na tabela 9, abaixo.

34

Tabela 9: Média, DP e p da comparação dos Estilos Gerenciais, segundo estado civil.

Solteiro

Casado

Media DP Média DP t p*

Relacionamento 4,05 0,76 3,86 0,81 0,813 0,421

Tarefa 4,08 0,70 4,05 0,67 0,134 0,894

Situação 4,22 0,52 3,83 0,91 1,709 0,095 * teste t de Student

Nota: três indivíduos não participaram da análise por não informar o estado civil

A grande maioria dos respondentes possui cargo técnico (89%). Para

estes, o estilo Tarefa é o predominante, enquanto para os gerentes, o estilo

predominante é a Situação, que também obteve o menor desvio padrão entre

as respostas.

É interessante notar o equilíbrio entre as respostas para os estilos

relacionamento e tarefa, revelando que a atuação destes gerentes e de seus

superiores para estes estilos é muito semelhante. Tal fato pode estar

diretamente relacionado à maneira como estes gerentes percebem seu

superior imediato, bem como, a atuação dos demais gerentes e procura igualar

seu comportamento a este contexto.

O estilo Situação foi uma exceção a esta regra de similaridade, pois os

gerentes são unânimes na percepção de que seus superiores imediatos têm

capacidade para se adaptar ao ambiente e variar o comportamento conforme

as necessidades e motivos dos mesmos, sendo este o estilo predominante

para eles, porem, seus liderados não percebem este estilo com tanta

intensidade.

Não houve diferença significativa para este dado demográfico, conforme

tabela 10.

Tabela 10: Média, DP e p da comparação dos Estilos Gerenciais, segundo cargo.

Gerencial Técnico

Media DP Média DP t p*

Relacionamento 4,00 0,80 3,98 0,78 0,052 0,959

Tarefa 4,07 0,79 4,07 0,65 -0,010 0,992

Situação 4,30 0,45 4,02 0,76 0,810 0,422 * teste t de Student

35

Como é possível verificar, considerando nível de significância de 10%,

existem poucas diferenças significativas entre os estilos de liderança para as

variáveis demográficas analisadas. Não há diferença significativa quando

comparados os diferentes sexos, as diferentes idades, a escolaridade, o tempo

de serviço e o cargo dos seguidores.

A variável que apresentou mais divergências foram as gerências de

trabalho, cujas respostas obtiveram divergência significativa para os estilo

relacionamento e situação. Quando comparado o estado civil dos

respondentes, também houve divergência significativa no estilo Situação.

O estilo tarefa foi o único que não obteve divergência significativa dentre

as diferentes variáveis demográficas analisadas. Pelo contrário, a similaridade

das respostas entre os diferentes grupos analisados, indica maior igualdade na

percepção deste estilo entre a amostra como um todo. Tal fato corrobora a

hipótese afirmada anteriormente (quando detalhada a variável cargo) de que

os gerentes analisados percebem a forma de atuação de seus superiores e

dos demais gerentes quanto este estilo, procurando igualar seu

comportamento a este contexto.

Quanto às médias dos estilos gerenciais percebidos, nenhuma ficou

abaixo de 3 (ocasionalmente age assim), portanto, todos os estilos gerenciais

estão acima da média teórica. A menor média foi obtida para o estilo

relacionamento entre os respondentes que têm de 6 a 10 anos de serviço

(3,68). A maior média obtida foi de 4,33, e ocorreu para o estilo relacionamento

nos respondentes da gerência 2 e para o estilo situação entre os respondentes

que têm mais tempo de serviço na empresa (11 anos ou mais).

3.3 O estilo de liderança predominante

O principal objetivo deste trabalho, de identificar qual é o estilo de

liderança predominante na percepção dos empregados da superintendência

estudada, será alcançado em conjunto com o segundo objetivo específico, de

identificar os estilos de liderança percebidos pelos seguidores dos gerentes da

superintendência estudada.

36

Como é possível perceber na tabela 11, na percepção dos empregados,

Tarefa é o estilo de gerenciamento predominante na superintendência e, por

ultimo, relacionamento. Os estilos tarefa e situação obtiveram médias muito

semelhantes, com uma diferença de apenas dois décimos. É preciso ressaltar

que a gerência 2 teve dois respondentes a menos e que esta diferença pode

ter impactado o resultado final, vez que a média para o estilo situação na

mesma foi bem superior à média da gerência 1, havendo divergência

significativa entre suas respostas, conforme tabela 7, acima.

O mencionado anteriormente também é válido para o estilo

relacionamento, pois também houve divergência significativa entre as

respostas das gerências para o estilo relacionamento. É possível concluir

então que houve equilíbrio entre os três estilos gerenciais percebidos e que

provavelmente, se as gerências tivessem a mesma quantidade de

respondentes, este equilíbrio seria ainda maior.

Todos os estilos apresentaram resultados acima da média, ou seja, nos

pontos 3 (ocasionalmente age assim) e 4 (freqüentemente age assim).

Tabela 11: Média e Desvio Padrão dos estilos de gerenciamento

Estilo de Gerenciamento Média Desvio Padrão Tarefa 4,07 0,65 Situação 4,05 0,73 Relacionamento 3,98 0,77

37

CONCLUSÃO

É importante ressaltar que este trabalho não visa esgotar todos os

significados e análises no campo da liderança, fazendo um recorte das teorias

consideradas mais relevantes durante a pesquisa bibliográfica. Desta maneira,

concluiu-se satisfatoriamente o primeiro objetivo específico deste trabalho, de

realizar um estudo sobre liderança e estilos de liderança.

Os demais objetivos puderam ser alcançados após a análise estatística

dos questionários respondidos pelos seguidores, como detalha o terceiro

capítulo.

A hipótese inicial deste trabalho foi ratificada, uma vez que o estilo de

liderança tarefa foi considerado predominante, demonstrando que a

valorização da hierarquia, a ênfase nos aspectos técnicos e na realização das

tarefas é predominante na superintendência estudada. Estas características

são freqüentemente relacionadas às organizações públicas.

Porem, a predominância deste estilo não foi absoluta, uma vez que a

diferença entre a média dos estilos tarefa e situação foi muito pequena.

Percebe-se também que a percepção varia entre as diferentes gerências

estudadas, indicando que esta organização pode possuir áreas com

características bem distintas entre os líderes.

Para que tal suposição possa ser verificada, recomenda-se portanto a

replicação desta pesquisa em demais áreas da organização.

Conclui-se que esta pesquisa contribui para o avanço nos estudo dos

estilos de gerenciamento no Brasil, bem como, um avanço no estudo da

gestão.

38

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 Escala de Avaliação do Estilo de Gerenciamento – EAEG

39

ANEXO I

ESCALA DE AVALIAÇÃO DO ESTILO DE GERENCIAMENTO – EAEG

Caro Colega,

Você está participando de uma pesquisa conduzida pela Universidade

Candido Mendes, cuja finalidade é levantar dados sobre a organização que

você trabalha.

Sinta-se inteiramente à vontade para dar suas opiniões

lembrando-se que suas respostas ficarão ANÔNIMAS e serão mantidas em

SIGILO.

Não há respostas certas nem erradas. O que importa é sua

opinião SINCERA.

A sua participação é muito valiosa!

Muito Obrigado!

DADOS COMPLEMENTARES

Idade: ___anos

Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Escolaridade:

( ) 1º Grau

( ) 2º Grau

( ) Superior Incompleto

( ) Superior

( ) Pós Graduação ( ) Mestrado ( ) Doutorado

Gerência de Trabalho: ________________

Tipo de cargo: ( ) Gerenciamento ( ) Técnico

Tempo de serviço: ____anos

Estado Civil: ___________

40

Você encontrará a seguir uma série de itens que descrevem

comportamentos que são apresentados pelas chefias no dia-a-dia de trabalho

com os seus empregados. Examine cada descrição e indique o quanto ela

corresponde à maneira como a sua chefia imediata se comporta na empresa.

Para responder, assinale com “X” apenas um dos códigos da escala de

1 a 5, à direita de cada frase, que Significam:

1 2 3 4 5

Nunca age assim

Raramente age assim

Ocasionalmente age assim

Freqüentemente age assim

Sempre age assim

Nº ITENS 1 Nunca age assim

2 Raramente age assim

3 Ocasionalmente age assim

4 Freqüentemente age assim

5 Sempre age assim

1 É atencioso(a) no relacionamento com os empregados.

2 É compreensivo(a) com as falhas e erros dos empregados.

3

Dá maior ou menor liberdade de trabalho ao empregado, dependendo da sua disposição para realizar a tarefa.

4 Coloca o trabalho em primeiro lugar.

5 Interessa-se pelos sentimentos dos empregados.

6 Demonstra respeito pelas idéias dos empregados.

7 É rígido(a) no cumprimento dos prazos estabelecidos.

8 Valoriza a disciplina e a subordinação (hierarquia).

9 Dá liberdade de trabalho aos empregados que se mostram seguros diante da tarefa a ser executada.

10 Estimula os empregados a darem opiniões sobre o trabalho.

11 Estimula a apresentação de novas idéias no trabalho.

12 Indica aos membros do grupo as tarefas específicas de cada um.

13 Demonstra confiança nos empregados.

14 Pede que os membros do grupo sigam normas e regras estabelecidas.

15 Dá maior ou menor liberdade de trabalho ao empregado, dependendo da sua competência para

41

realizar a tarefa. 16 Mostra-se acessível aos empregados. 17 Valoriza o respeito à autoridade.

18 Dá liberdade de trabalho aos empregados que se mostram motivados para executar a tarefa.

19 Encontra tempo para ouvir os membros do grupo.

42

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BERGAMINI, C. W. A administração do sentido. São Paulo. Revista de

Administração de Empresas. São Paulo, v. 34, n. 3, p.102-114, 1994.

CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional: A dinâmica do sucesso das

organizações. Rio de Janeiro: CAMPUS, 2005.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.

GOSENDO, E. E. M. Valores organizacionais e Estilos de Gerenciamento: A

Realidade das Pequenas Organizações. Dissertação de mestrado. Instituto de

Psicologia. Universidade de Brasília, 2004.

HAIR JR., J. F.; BABIN, B.; MONEY, A. H.; SAMOUEL, P. Fundamentos de

métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre: ARTMED, 2003.

HSM MANAGEMENT. São Paulo: Hsm do Brasil, v. 1, jan. 2012. Bimestral.

KAZAN, A. L.; COMIN, F. S. Liderança e Desenvolvimento Humano. Ribeirão

Preto: INEPAD, 2010.

MATTOS, R. A. Gestão e democracia na empresa. Brasília: Livre, 1991.

MELO, E. A. A. Comprometimento Organizacional, Estilos Gerenciais e Poder

Organizacional: Um estudo Relacional. Dissertação de mestrado. Instituto de

Psicologia. Universidade de Brasília, 2001.

MELO, E. A. A. Escala de avaliação do estilo gerencial (EAEG):

desenvolvimento e validação. Brasília. Psicologia: organizações e trabalho.

São Paulo, v. 4, n. 2, 2004.

43

REDDIN, W.J. Eficácia Gerencial. São Paulo: Atlas, 1970.

ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional. Rio de Janeiro: LTC, 1998.

44

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS DA LIDERANÇA 11

1.1 – Tendência de Traços 12

1.2 – Tendência Comportamental 13

1.3 – Tendência Contingencial 14

1.4 – Abordagens mais recentes 17

CAPÍTULO II

OS ESTILOS DE LIDERANÇA 20

2.1 – O estudo da Liderança e o Líder nas organizações 20

2.2 – Gerenciamento e Liderança 22

2.3 – Os estilos de Liderança 24

CAPÍTULO III

ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS 29

3.1 – Dados Funcionais e Demográficos da Amostra 29

3.2 – Os estilos de liderança e as características

demográficas da amostra 30

3.3 – O estilo de Liderança predominante 35

CONCLUSÃO 37

ANEXOS 38

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 42

ÍNDICE 44