brasília capital 246

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PELAÍ www.bsbcapital.com.br DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 CONTINUA NAS PÁGINAS 4 a 6 PÁGINA 15 PÁGINA 15 PÁGINA 11 PÁGINA 11 PÁGINA 10 PÁGINA 10 PÁGINA 8 PÁGINA 3 PÁGINAS 2 e 3 Ano VI - 246 H á 13 anos ocupando o principal cargo de governança do Brasil, o Partido dos Trabalhadores comemorou 36 anos de fundação no dia 10 de fevereiro. A legenda nasceu a partir da organização dos metalúrgicos do ABC paulista, sob o comando do sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, e ganhou a adesão de militantes de esquerda, da Igreja Católica, dos sem- terra que lutavam pela reforma agrária e de pessoas de todos os segmentos que idealizavam um país mais justo socialmente, após 20 anos de ditadura militar. Perdemos Feio Lula é melhor do que FHC, diz Vox Populi CRISTOVAM BUARQUE SEBASTÃO NERY FERNANDO PINTO FERNANDA SAMPAIO TANCREDO MAIA FILHO CLÁUDIO SAMPAIO ORLANDO PONTES MARIO PONTES O Matusalém chinês Depressão, o mal do século Conversa de passarinheiro Responsabilidade na advocacia Os bichos do Recife O porre de Gallotti Frida entre nós

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Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016

continua nas PÁGinas 4 a 6

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PÁGinas 2 e 3

Ano VI - 246

Há 13 anos ocupando o principal cargo de governança

do Brasil, o Partido dos Trabalhadores comemorou 36 anos de fundação no dia 10 de fevereiro. A legenda nasceu a partir da organização dos metalúrgicos do ABC paulista, sob o comando do sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, e ganhou a adesão de militantes de esquerda, da Igreja Católica, dos sem-terra que lutavam pela reforma agrária e de pessoas de todos os segmentos que idealizavam um país mais justo socialmente, após 20 anos de ditadura militar.

Perdemos Feio

Lula é melhor do que FHc, diz Vox Populi

Cristovam Buarque

seBastão Nery

FerNaNdo PiNto

FerNaNda samPaio

taNCredo maia Filho

Cláudio samPaio

orlaNdo PoNtes

mario PoNtes

O Matusalém chinês

Depressão, o mal do século

Conversa de passarinheiro

Responsabilidade na advocacia

Os bichos do Recife

O porre de Gallotti

Frida entre nós

Page 2: Brasília Capital 246

2 n Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 [email protected]ítica

E x p E d i E n t E

Diretor de Redação Orlando Pontes

[email protected]

Diretor de Arte Gabriel Pontes

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Diretor Comercial Júlio Pontes

[email protected]

Diretor-ExecutivoDaniel Olival

[email protected]: 61-9139-3991

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é autorizada desde que citada a fonte.

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e executivo, empresas estatais e privadas), cruzeiro, sudoeste,

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te, candanGolândia, laGo oeste, colorado/taquari, Gama, santa

maria, alexânia / olhos d’áGua (Go), aBadiânia (Go), áGuas

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CIrCulação aos sáBados.

CART

AS

Lula: santo ou demônioEm relação ao Lula, meu ponto de vista é de demônio enganador, pois pegou o país nos trilhos, deixado por Fernando Henrique Cardo-so, e acabou com ele. Acho que o lugar de destaque que ele merece é atrás das grades e a pecha de maior

ladrão e corrupto de toda história da República.nVasco Pigato, via Whatsa-pp

Condenar o Lula como a pessoa mais corrupta do mundo é atribuir o cres-cimento do país durante seu mandato a um milagre econômico ou qualquer

fator externo que facilitasse o governo do petista. Isso é uma covardia sem tama-nho. Não podemos pisar nos indicadores sociais e igno-rar o crescimento do país. Tomara que todas as calú-nias proferidas a ele sejam desmentidas e que ele volte a ser eleito em 2018. Aí sim teremos o Brasil que o povo

brasileiro merece.nAlisson Araújo, via What-sapp

O descaso que mataÉ impressionante como os governantes mascaram um problema geral no sistema de saúde resumindo tudo ao zika vírus. Enquanto o go-verno busca soluções para

Pel

Ai

A Associação Comercial e Industrial de

Taguatinga empossa na terça-feira (16) a diretoria para o biênio 2016/17. A cerimônia será no Teatro do Sesi, na QNF 24, às 19h30. São 33 componentes, incluindo o presidente Justo Magalhães, que foi reeleito. Confirme presença pelo telefone 3354-3000 ou pelo email [email protected].

Pedetistas insatisfeitos

Sem Cristovam e Reguffe no Senado, a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão, já avisou que também se afastaria do PDT, seguindo os passos dos dois líderes. Ela conta com o apoio deles, inclusive, para confirmar uma possível candidatura à sucessão do governador Rodrigo Rollemberg. Já o colega distrital professor Reginaldo Veras não vê motivos para sair do partido. Pelo menos por enquanto...

A insatisfação dos senadores José Antônio Reguffe (foto) e Cristovam Buarque com os rumos do PDT nacional podem causar uma debandada no partido em Brasília. Os dois parlamentares não concordam com o apoio incondicional ao governo Dilma, referendado pelo presidente Carlos Luppi, e tampouco com o lançamento prematuro da candidatura do ex-ministro Ciro Gomes (CE) à sucessão de 2018.

Rumo ao PPSCaso, de fato, venham a se desfiliar do PDT, a primeira

opção seria o PPS. Esta, pelo menos, é a preferência de Cristovam Buarque. Reguffe, em tese, ficaria algum tempo sem partido, mas seguiria o correligionário em breve.

Celina acompanha

Page 3: Brasília Capital 246

Cristovam Buarque (*)

Perdemos Feio

3 n Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 [email protected]ítica

a epidemia que ainda vai se intensificar com o passar do tempo, os brasilienses não podem fazer um atendi-mento no hospital que não seja caso de vida ou morte. Até em casos de quadros agravantes eles acabam por deixar escapar a vida de um bebê, mesmo após a gestan-te se queixar de diversos

problemas. A solução é inventar uma porção de desculpas mirabolantes para justificar o injustifi-cável.nGabriel Bastos, via e-mail

NutriçãoAdorei o artigo de Nutri-ção da Caroline Romeiro. Nutricionista não tem que

se prender às restrições ali-mentícias, e sim, a situações. É quase certo que a pessoas vão querer extrapolar no car-naval e o correto é dar dicas a partir desses exageros, como a nutricionista do jornal reco-mendou. Saúde em primeiro lugar sempre.nBárbara Prado, via Whatsapp

(*)Professor Emérito da UnB e Senador pelo PDT-DF.

Ao falar que o Brasil está “perdendo feio” a guerra contra a dengue, o ministro Marcelo Castro prestou um serviço, embo-ra incompleto, porque essa não é nossa única “derrota feia”. Perdemos a guerra contra a violência: o clima de guerra já se apossou tanto da sociedade, que nos acostumamos a fugir das ruas, trancafiarmo-nos em nossas casas, condomínios fecha-dos, carros e shoppings. A tal ponto, que já não nos pergunta-mos como viver em paz, apenas como conseguir segurança prendendo menores e liberando porte de armas aos cidadãos. Perdemos a guerra da educação. Com mais de 50 milhões de brasileiros adultos sem o ensino fundamental, ainda que um governo sério decida fazer a revolução na educação de base, as crianças já nascidas chegarão à idade adulta desprepara-das para enfrentar o desafio da era do conhecimento; não se-rão capazes de levar o Brasil ao desenvolvimento que preci-samos. Perdemos feio a guerra contra a desigualdade social. Mesmo depois de 15 anos de Bolsa Escola/Família, continua-mos campeões de desigualdade, e os resultados na luta contra a fome estão regredindo por causa da inflação.

Perdemos feio a guerra do desenvolvimento científico e tecnológico, da inovação e da competitividade. Em muitos se-tores, estamos atrás até mesmo de países pequenos e sem tra-dição de desenvolvidos. E nossa educação, nossas empresas, nossas universidades não estão preparadas para enfrentar este desafio. Perdemos a guerra da saúde. Não a tratamos co-mo uma questão sistêmica que cuide da água potável, do sa-neamento, do trânsito, da saúde primária e de hospitais efi-cientes servindo ao interesse do doente, e não de empresários, sindicatos ou políticos. Perdemos momentaneamente a guer-ra contra a inflação, e há sério risco de que não seremos ca-pazes de vencer esta guerra por não querermos tomar as de-cisões necessárias. Perdemos feio a guerra contra a dívida pública; além de perdermos também a guerra do endivida-mento das famílias e empresas. Perdemos a guerra das ci-dades, transformadas em “monstrópoles”; violentas, feias, com trânsito atravancado, ruas inundadas e casas sem água. Perdemos também a batalha do transporte público. Perdemos feio a batalha da gestão pública, com um Esta-do ineficiente, dependente dos vícios dos partidos por apa-relhamento, dos empresários por subsídios e desonerações fiscais; entregue à voracidade corporativa dos sindicatos, desprezando-se eficiência e mérito.

Perdemos a guerra contra a corrupção. Apesar da Lava--Jato, a prática, continua generalizada e o crime impune. Per-demos feio a guerra da credibilidade na política e nos políti-cos, e nada será feito se esta guerra não for vencida.

Estamos próximos de perder a batalha da democracia: com um debate centrado no impeachment de uma presi-dente com mandato ou na conformação a um governo elei-to com notória incompetência para vencer as guerras e conduzir o Brasil para o futuro.

Felizmente, ainda não perdemos a guerra da esperança.

Na análise da Tracker Consultoria, caso o governador não seja o articulador criativo para minimizar os impactos da crise nacional em Brasília, como a inflação e o desemprego, ele perderá o timing, e serão remotas as suas chances de reverter um quadro pior ou igual ao atual em apenas um ano e meio (2017 e o início da campanha eleitoral, em julho de 2018.

Ao contrário do que muitos supõem, na comparação popular entre os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso, o petista é muito melhor avaliado do que o tucano pelo conjunto da

população brasileira. Entre os dias 11 e 15 de dezembro, o instituto Vox Populi fez 10 perguntas a 2 mil pessoas em todo o país para apontar qual dos dois havia sido o melhor presidente em cada área.

Gerou mais empregos? Lula 65% - FHc 19%investiu mais em educação?Lula 60% - FHc 18%teve mais preocupação com os pobres?Lula 74% - FHc 9%investiu mais em saúde?Lula 46% - FHc 18%Controlou melhor a inflação?Lula 52% - FHc 28%Mais melhorou a imagem do Brasil no exterior?Lula 55% - FHc 20%Mais estimulou o crescimento econômico?Lula 55% - FHc 21%investiu em segurança pública?

Vox Populi compara Lula e FHC

A voz do povo: Lula é melhorEmbora o momento da pesquisa fosse amplamente desfavorável, o resultado mostrou que, para o povo, Lula foi melhor presidente. Vamos às perguntas: Quem...

O ano “D” de RollembergPara o especialista em marketing político José Maurício dos Santos, da Tracker Consul-toria e Assessoria, 2016 é o ano “D” do gover-nador Rodrigo Rollemberg (PSB). Diante das dificuldades econômicas de 2015, será funda-mental para Rollemberg melhorar os indica-dores sociais, a fim de estancar a queda de popularidade e, assim, ganhar musculatura para aprovar projetos imprescindíveis para a recuperação econômica do DF.

Pra não perder o timing

Lula 37% - FHc 17%Mais combateu a corrupção?Lula 32% - FHc 18%Houve mais corrupção em seu governo?Lula 47% - FHc 18%

explicando a ferocidadePara Marcos coimbra, diretor do Vox Populi, o conjunto dessas avaliações é um caminho para explicar a ferocida-de com a qual as oposições procuram destruir a imagem de Lula. “a coalizão nefasta e antidemocrática que reúne políticos profissionais, integrantes do Judiciário e do aparato policial e empresários de comunicação, parece não ter nenhum objetivo além desse e nenhum freio que a impeça de desferir golpes baixos para alcançá-lo”.Durma-se com um barulho desse...

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Política 4 n Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 [email protected]

Da Redação

Nesses 36 anos, o PT tornou-se o maior partido brasilei-ro. Mas enredou-se

por caminhos que lembram o romance publicado pelo es-critor inglês George Orwell em 1945. A fábula “A revolu-ção dos Bichos” narra que a ilusão revolucionária é breve, e o poder absoluto corrom-pe aqueles que o exercem. É aí que Orwell, um socialista de convicções democráticas, conforme sua definição, diri-ge sua sátira corrosiva para qualquer sistema desgover-nado. E os porcos (classe do-minante) passam a lembrar os homens, seus maiores ini-migos inicialmente.

Durante a Guerra Fria, o Ocidente transformou “A Re-volução dos Bichos” num clás-sico da propaganda antico-munismo, mas suas lições no Brasil de hoje são mais atuais do que nunca. À primeira vis-ta, a obra é apenas uma ge-nial sátira à Revolução Russa (1917). Sua narrativa relacio-na pessoas, animais e eventos às transformações ocorridas na Rússia (ou URSS) no sécu-lo 20. Todavia, embora Orwell tenha buscado mostrar uma época específica, sua obra po-de --e deve-- ser vista como uma alegoria a qualquer re-volução em que os mais fracos tomam o poder e, em seguida, são por ele corrompidos.

A ação do livro ocorre na Granja do Solar, dirigida pelo Sr. Jones, que tem sérios pro-blemas de alcoolismo e mal-trata seus animais. Publicada em 1945, no auge do regime stalinista, “A Revolução dos Bichos” já começa com essa alusão ao final do czarismo. O czar Nicolau 2º era conhe-cido por seu pouco apreço pe-la população, preferindo falar francês a russo, segundo re-latos históricos, e tinha uma

queda pelo álcool. Não faltam paralelos en-

tre personagens do livro e da Revolução Russa. O velho Ma-jor, porco sábio e professoral, é uma mistura de Karl Marx, famoso por ter transmitido suas crenças socialistas por meio de textos, repletos de conteúdo revolucionário, ba-seados na economia e na fi-losofia, com o Lênin idealista do princípio da revolução. É Major que espalha as semen-tes da revolução na Granja do Solar, que se tornará a Granja dos Bichos.

A exemplo de Marx, foi só após a morte de Major que seus ideais igualitários foram aplicados. Aí surgem Bola--de-Neve e Napoleão, os dois porcos que comandarão o le-

vante dos animais contra o Sr. Jones. Napoleão, partidá-rio do totalitarismo, foi cria-do para representar Stálin, o mais sanguinário dos líderes soviéticos. Bola-de-Neve tem destino similar ao de Trótski, transformando-se, à custa de muita propaganda, no “inimi-go da revolução”.

Os cavalos Sansão e Qui-téria representam o proleta-riado. Sem acesso às informa-ções, eles crêem no que lhes conta Garganta, porco que é uma alegoria aos sistemas de propaganda dos regimes totalitários (um tipo de “Pra-vda” de quatro patas). Sansão é a encarnação irracional do mito criado em torno de Ale-xei Stakhanov, o mais famo-so trabalhador soviético por

seu empenho e por sua dedi-cação.

Napoleão se cerca de cães ferozes, “verdadeiros defen-sores da revolução”, que fun-cionam como a KGB (a polí-cia secreta soviética) ou suas antecessoras, não permitin-do dissensão nem oposição ao poder central. Há ainda, na obra-prima de Orwell, vá-rias alusões a fatos da Revo-lução Russa. As sempre ina-tingíveis metas dos planos quinquenais de Stálin são re-presentadas pela construção do moinho de vento: o sonho impossível dos moradores da Granja dos Bichos.

Os expurgos stalinistas aparecem no momento em que a sublevação dos animais está em perigo por conta de

continuação Da caPa “Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que os outros”Aforismo do final da obra de George Orwell, que se torna o único mandamento da Granja dos Bichos

Page 5: Brasília Capital 246

Política 5 n Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 [email protected]

Artigoantônio Sabino (*)

Viva os 36 anos do PT

(*) Fundador do PT e membro da Executiva Regional/DF

Em meio aos estertores finais de uma ditadura sangren-ta, em 1980 nasce o maior partido da história política bra-sileira. A vontade de criar um partido sem as amarras e os grilhões da elite arregimentou jovens da esquerda tradicio-nal, estudantes, setores da igreja católica, artistas e inte-lectuais que desejavam uma agremiação de defesa dos re-ais interesses da classe trabalhadora. Assim, nasceu o PT. Resultado da vontade da classe trabalhadora, que havia acumulado forças nas lutas sindicais do ABC Paulista, nas lutas dos trabalhadores rurais pela reforma agrária, no en-gajamento de homens e mulheres nos desejosos de verem um país democrático e livre da opressão.

O Brasil de hoje está muito melhor do que o de 36 anos atrás. Basta revisitar os dados históricos antecerioes à as-censão de Lula ao posto máximo de governança em nosso país. Os indicadores sociais colocaram o Brasil em outro patamar de reconhecimento internacional e demonstram o respeito pelos mais pobres, fio condutor das principais polí-ticas de governo, que fizeram a mobilidade social mais des-tacada de todos os tempos. Quarenta milhões de desvalidos saíram da extrema pobreza e passaram à condição de con-sumidores de bens e de serviços, fazendo a economia girar e crescer como nunca havia ocorrido. As elites, assanhadas e perturbadas com as sucessivas derrotas, após o primei-ro mandato da presidente Dilma, rearticularam de forma mais açodada os instrumentos para impedir a continuida-de do projeto de libertação nacional.

Os meios de comunicação, aliados com setores do judi-ciário, desenvolveram e praticaram a campanha mais fe-roz em favor de um candidato - Aécio Neves, tentando ele-gê-lo e destruir o projeto nacional de defesa dos pobres e dos mais necessitados. Mas Dilma forjou a síntese da von-tade majoritária e derrotou o PIG e as elites.

Uma nova quadra de lutas se apresenta para o PT, pa-ra a classe trabalhadora e para todos os homens e mulhe-res que não aceitam a interrupção do projeto de liberta-ção nacional. A elite, a mídia e agora contando com uma ação mais sistemática e permanente da justiça do Moro utilizam-se de todos os instrumentos para impedir que Lu-la seja candidato em 2018, estabelecendo verdadeiro cer-co contra o PT, porque sabem que o povo brasileiro abra-çou a causa da libertação nacional e deseja Lula como o continuador do processo político que completará 16 anos e com a sua eleição em 2018 iremos para 20 e depois 24 anos no poder, aí sim, consolidando o projeto iniciado pe-los trabalhadores, quando apeamos do poder, pelo voto, os amigos siameses da elite.

Devemos, sim, comemorar o 36º aniversário do PT. Chegar até aqui, de pé, cheio de vida, articulado e agra-ciado no coração da classe trabalhadora, é motivo de muita alegria, a despeito de tudo que se coloca para a continuidade da luta.

ataques do mundo exterior (dos homens). Assim, inúme-ros animais acabam mortos, num banho de sangue que faz com que os outros revolucio-nários da granja se lembrem do Sr. Jones --talvez como o proletariado soviético pen-sou nas forças de segurança de Nicolau 2º durante os ex-purgos realizados por Stálin.

Contudo, como lembra o aforismo do final da obra (“Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que os outros”), que se torna o único mandamento da Granja dos Bichos, a ilu-são revolucionária é breve, e o poder absoluto corrompe aqueles que o exercem.

O livro narra uma histó-ria de corrupção e traição e recorre a figuras de animais para retratar as fraquezas humanas e demolir o “paraí-so comunista” proposto pela Rússia na época de Stalin. Os animais tentam criar uma so-ciedade utópica, porém Na-poleão, seduzido pelo poder, afasta Bola-de-Neve e estabe-lece uma ditadura tão corrup-ta quanto a sociedade de hu-manos.

Será o Brasil de nossos tempos a Quinta Solar? José Dirceu, Lula, Dilma, FHC e ou-tros atores do cenário político nacional podem se encaixar nos perfis dos personagens de George Orwell? Estará nos-so povo descobrindo que o poder corrompe aqueles que no passado o defendia?

Leia nesta página o artigo de Antônio Sabino, fundador e ainda hoje militante em Ta-guatinga-DF contando a his-tória do PT e fazendo a defe-sa dos governos Lula e Dilma. Confronte-o com O Kujuba (página 6), onde o ex-petista Paulo Delgado revela os moti-vos que o levaram a se desfi-liar do partido.

O mundo é um moinho e a história sempre se repete. Será?

Page 6: Brasília Capital 246

Política 6 n Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 [email protected]

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Após a série de denúncias sobre o sítio de

Atibaia, Dilma e Lula se encontram na sexta (12) para conversar sobre a situação, buscando uma argumentação comum. O Palácio do Planalto aguarda um pronunciamento do ex-presidente Lula para que Dilma desenvolva discurso de apoio ao seu mentor. As investigações avançam a passos largos.

O desencanto de Paulo Delgado

No dia 10 de feve-reiro de 2016 o Partido dos Tra-balhadores com-

pletou 36 anos de existência. Um dos seus fundadores, o ex-deputado Paulo Delgado (foto), em entrevista ao Va-lor Econômico do dia 5 de fevereiro, manifestou seu desencanto com o partido que ajudou a fundar.

“Para quem viveu, nada apaga as primeiras impres-sões. Só quem se arriscou no início pode falar agora. As pessoas ajudaram o PT por acreditar naquilo. Todas as pessoas de bem em algum momento tiveram simpatia pelo PT ou por pelo menos um petista. Lula era odiado pelos que agora o apoiam. Quem o fez amado foram os petistas de todas as classes. Ser petista dividia famílias”.

O desencanto maior foi

A presidenta tem duas grandes limitações. Imagina que é possível governar sem se fazer governável e imagi-na que, ao governar, ela di-minui a sua qualidade como pessoa por causa da análise negativa que tem da socie-dade política brasileira.

Ela tem dois problemas que parecem estar na ori-gem dessa incompreensão. Primeiro é que a presiden-ta parece que considera es-plendoroso o seu isolamento político. Vê valor e qualida-de no fato de não gostar de política. O segundo é que passa a impressão de que o Brasil deve a ela algum fa-vor.

Analisando friamente

Sobre a presidenta Dilmaas considerações feitas pe-lo ex-petista na sua entrevis-ta ao Valor Econômico, fica a impressão de que os trin-ta e seis anos do PT tinham uma finalidade: “O enrique-cimento de alguns dos seus membros em detrimento de outros”.

E o culpado? Está mui-to claro que chegamos a es-sa condição por um proje-to pessoal do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, que jogou no lixo a sua história. Diuturna-mente, o pai dos pobres tra-balhou para o bem-estar da sua própria família e de al-guns amigos que se subme-teram às suas pregações.

Lula está mais para Edir Macedo do que para o esta-

dista que diz ser, além de se considerar o ente mais ho-nesto da humanidade.

O Brasil hoje se encontra numa encruzilhada – não consegue sair das cordas porque os governos petis-tas não tinham e não têm ne-nhum projeto de Nação; ti-nham projetos pessoais.

O desemprego está baten-do à porta dos brasileiros. O sistema de saúde (SUS) antes oferecido pelo Edir Macedo de Pernambuco ao Presiden-te Barak Obama é adminis-trado por um ministro des-lumbrado com o cargo, em que pese ser médico de for-mação.

Como pode um país como o Brasil ser levado ao estado

batalhar pela aprovação da Lei nº 10.216/2001 e ver que o Partido que ajudou a criar destruiu uma se suas prin-cipais obras no Legislativo – a que propôs nova política no tratamento das doenças mentais. Por essa causa lu-

tou durante 12 anos.As revelações da Opera-

ção Lava Jato e a destruição da Petrobras, além do an-damento do governo Dilma revigoram o desencanto de Paulo Delgado, em que pe-se sua visão crítica sobre os

falimentar e o nosso sistema de saúde precário dominado por um mosquito de 5mm?

Vimos o Sr. Lula – o nos-so Edir Macedo Pernambu-cano –, em sua mensagem pela passagem dos 36 anos do PT, acabrunhado e sem qualquer defesa para atos de corrupção praticados por seus assessores e/ou laran-jas. Como justificar o seu pa-trimônio? Como justificar o pagamento de honorários milionários a um séquito de advogados de plantão?

Ao ex-deputado Paulo Delgado, os aplausos pela maneira leal e forte na aná-lise da atual da situação do Partido dos Trabalhadores e do governo Dilma.

governos de seu ex-partido, embora defenda que qual-quer governo do Brasil, da-qui para a frente, não pode-rá prescindir do PT e suas políticas sociais. “Um apai-xonado pela noiva que não o quer mais”.

Sobre as diferenças entre o governo Lula e o da Dilma, diz: “São semelhantes, se agarraram aos defeitos do Estado achando que tinham descoberto a pólvora. É im-possível classificar os gover-nos petistas como de direita ou de esquerda, porque a di-reita e a esquerda no topo do poder vivem uma dentro da outra. Quem poderia imagi-nar as mamatas da emprei-teira dentro de um governo de esquerda? “O que ocor-reu no período petista é que usufruir do governo passou a ser melhor do que prospe-rar por si”.

Page 7: Brasília Capital 246

Além da Dengue e da Chikungunya, o mosquito Aedes aegypti também transmite o Zika Vírus, que vem matando

pessoas, causando microcefalia em bebês e problemas neurológicos como a Síndrome de Guillain-Barré. O

mosquito transmissor se reproduz em água parada. E não existe forma mais eficiente de combater essa grave

doença senão com a eliminação do mosquito. Amarre bem o lixo, limpe as calhas, tampe tonéis e caixas d’água,

deixe garrafas sempre viradas. Converse com seus vizinhos e os incentive a fazer o mesmo. Para mais informações ligue 160 ou acesse www.saude.df.gov.br. Antes que você e sua família se tornem um alvo, faça a sua parte.

COM A ZIKA, O PERIGO ESTÁ AINDA MAIOR

Page 8: Brasília Capital 246

Política 8 n Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 [email protected]

Rio – Era meia noite de um fim de semana de 1979. O restaurante Antonio`s, varanda lírica da República do Leblon, no Rio de Janeiro, começa-va seu fim de noite. Nas mesas, os profissionais da madrugada penduravam esperanças e desencan-tos nas beiras dos copos.

Um conversar silencioso e humilde, como do feitio dos calejados. Cada grupo em sua mesa, como monges de uma missa noturna. De repen-te, o tufão. A porta se abre forte e aparece, cabe-los brancos displicentemente penteados, rosto queimado de sol, terno azul sem gravata, Antonio Gallotti (foto).

Foi como se Napoleão entrasse em um bistrô de Paris, mal chegando da conquista do Egito. O restaurante explodiu numa salva de palmas, ca-lorosa, continuada, visivelmente sarcástica. Al-guém gritou:

- Apaguem-se as luzes! Não precisa mais! A luz chegou!

Tarso de Castro comandou:- Ótimo. Todas as contas pagas!Paulo Casé, desconsolado:- Que pena! Eu tinha acabado de pagar a conta.Gallotti faz um gesto amplo com a mão direi-

ta, cumprimenta-nos a todos e senta-se à mesa de Miguel Lins, Mauro Salles e Otto Lara Rezende. Estava visivelmente excitado, como quem tivesse ganho na Loteria.

Tirei um pequeno bloco do bolso, a caneta, e, discretamente, atrás da garrafa de vinho, fui ano-tando tudo que ouvia. Otto Lara e Mauro Salles fa-lavam baixo. Miguel Lins, sorvendo seu charuto, celestialmente, quase em transe, mal falava. Só Gallotti, com sua voz anasalada, seu sotaque de tenor italiano,“allegro, allegríssimo”, falava.Al-guém pergunta:

- Como é que foi?- No dia 12 de julho, mergulhei. Quando voltei à

tona, o negócio estava garantido. Aí, viajei. Não fui morto pelos acionistas de lá porque fugi. Cheguei

www.sebastiaonery.com [email protected]

Sebastião

aqui, todo mundo contra mim. Alguém interrompe:- Volta, Gallotti!- Não ganhei nada na transação. Não ganhei

zero da Light. Tive só 39 da Brascan (Imaginei 39 milhões de dólares – SN).Gosto de ganhar dinhei-ro. Quero ganhar dinheiro. Mas, sobretudo, quero morar na glória dos amigos. Às vezes, fico pensan-do e na minha insensatez me digo:

- Que besteira que eu fiz! Melhor, só para os acionistas da Light.

E dá uma gargalhada nervosa, estrepitosa, de-lirante, quase histérica.

(E foi assim que o Brasil,“comprou” de no-vo a Light já nossa).

O ChORO - Gallotti para, cala, baixa os olhos, co-mo se estivesse triste. Al-guém levanta um brinde “à vitória do negócio”.E ele atrás dos óculos de aro preto:

- Agora, vou dizer uma coisa a vocês. A vi-tória não foi só minha. Tive companheiros dedi-cados, tive juristas, tive muita gente importante ao meu lado. Mas que foi bonito, foi. Foi ou não foi bonito? Foi maravilhoso! Eu estou emocionado! Eu estou chorando! Tô cho-rando! Me dá um lenço que eu vou chorar! Me dá teu lenço, Mauro, para eu enxugar minhas lágri-mas! Eu chorei! Como no samba, eu chorei!

E as lágrimas lhe rolaram rosto abaixo, indis-farçadas. A mesa ficou tensa, calada. Gallotti, qua-se soluçando, tenta consertar a emoção.

Rubem Braga levanta-se, dá um abraço em Ot-to e lhe diz ao ouvido:

- O Sebastião Nery está anotando tudo aí atrás.

Otto olha para trás, me vê, passa as mãos pela cabeça branca, e suspira. Miguel Lins sente algu-ma coisa no ar, diz a Gallotti:

- Fale baixo, estão ouvindo sua conversa.

NeryO porre de Gallotti

Chico Buarque levanta-se, vai saindo, Miguel Lins chama-o:

- Antônio, você conhece o Chico?- Muito prazer, meu filho. Você ainda é muito

mais charmoso pessoalmente do que nas fotos.Chico sorri seu sorriso discreto, Gallotti insiste:- Você sabe quem eu sou?- Sei sim. O senhor não é o homem da história

mal contada?E saí. A mesa fica gelada. Rubem Braga vai

saindo também, seu passo manso, o olhar sábio de caçador de instantes.

- Rubem, um abraço.- Um abraço. Saibam

vocês que, haja o que houver, estou neutro.

E saí. Uma mesa come-ça a cantar com a música do Flamengo:

- “Gallotti, Gallotti, tua glória é lucrar!

Gallotti, Gallotti, cam-peão de faturar!”

Ele fala com Norma Benguel. Ela ironiza:

- O senhor é portu-guês? Tem um sotaque multinacional.

Ele volta para meu la-do:

- Nery, você sabe quem eu sou?

- Claro, doutor Gallotti.O senhor é a luz que ilumina o triste fim do governo Geisel.

- Não é nada disso, Nery. Leio você todos os dias, na TRIBUNA, conheço seus livros, vejo você todos os dias na TV Bandeirantes. Não sei se gosto mais de seu estilo, de seu talento ou de seu patrio-tismo. Mas confesso que às vezes me assusto com sua maledicência.

(Essa é a diferença entre a ditadura e a demo-cracia. Depois da negociata Gallotti foi para o bar. Os empreiteiros vão para a cadeia).

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Política 9 n Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 [email protected]

Há uma triste e recorrente realidade no Distrito Federal. Basta ir em uma escola, em uma delegacia ou um hospital para constatar o óbvio: faltam profissionais. As filas nos hos-pitais são comuns, às vezes com apenas um médico de plantão. Servidores da segu-rança pública reclamando de falta de efetivo e a sensação de insegurança é permanente em diversas regiões do DF. Há um processo de fragilização do serviço público, com muitas pessoas, aprovadas em con-cursos após muito tempo de suas vidas dedicadas aos es-tudos, que simplesmente são ignoradas pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB).

Enquanto isso, as esco-las agonizam com a falta de professores e principalmen-te pedagogos-orientadores educacionais. As convoca-ções realizadas até o presente momento de professores são tímidas, irrisórias, perante a previsão de que 1600 se apo-sentem até o final do ano. Em 2015, foram 171 contratados para cerca de 800 aposenta-dos. O buraco só aumenta a cada dia. O Sindicato dos Pro-fessores no Distrito Federal (Sinpro) calcula um déficit de mais de 2000 profissionais atualmente.

No caso dos pedagogos--orientadores educacionais, a situação é mais dramática. O Sindicato defende a propor-ção de um profissional para cada 300 alunos. Mas o que vemos está muito longe des-ta meta. Existem escolas com mais de 1000, 2000 alunos que contam com apenas um orientador. E muitas escolas, sem nenhum. O orientador educacional faz um trabalho de vital importância, sendo um elo entre estudante, pro-fessor, direção e as famílias. Muitos dos casos de violência na escola e bullying não ocor-reriam se este profissional es-tivesse na escola.

O concurso para pedago-go-orientador educacional foi homologado há mais de um ano e ninguém foi chamado. Ninguém foi contratado. A úl-tima convocação foi em 2009 e era relativa ao concurso de 2004. Temos orientadores educacionais aprovados em concurso, aptos para traba-lhar nas escolas, mas o GDF não convoca ninguém. Nin-guém.

A necessidade de fortaleci-mento do setor público, com contratação de pessoal, é ur-gente e a população do Dis-trito Federal não pode mais esperar.

Governo de Rollemberg precariza o serviço público

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Cidades 10 n Brasília, 6 a 12 de fevereiro de 2016 [email protected]

Tancredo Maia Filho (*)

Este final de semana, com muito sol ou mes-mo um pouco nublado, está excelente para

uma boa passarinhada, seja nos parques da cidade ou nas matas próximas. Um excelente local que pessoal do Oservaves tem visitado é o Altiplano, às mar-gens do rio São Bartolomeu.

Quando saímos para o ma-to é importante que estejamos acompanhados, principalmen-te para lugares que não conhe-cemos. Porém, se sair sozinho, informe para alguém aonde vai e a que horas pretende voltar. Se houver sinal de telefonia, le-ve o celular.

Devemos cuidar da natu-reza, não pegando plantas ou flores, pedras e galhos. Nesta época de dengues e zikas e de sol forte, não esqueça o repelen-

(*) Junte-se à nós; seja um observa-dor de aves. informações em: www.observaves.blogspot.com.br Observaves – observadores de aves do Planalto central - 11 anos ajudando a preservar o meio ambiente.

te e o protetor solar. Também é bom usar calças compridas e camisas de mangas longas, para prevenir contra arranhões e pi-cadas de insetos.

Se necessário, leve agasa-lho, capa e guarda-chuva, e não esqueça de levar mochila com água e lanche. Traga seu lixo de volta e não fume nas trilhas: as aves e a natureza agradecem.

Leitor amigo, conte onde você foi passarinhar e quais es-pécies você avistou; mande sua mensagem para [email protected]

Boa passarinhada!

ARIRAMBA-DE-CAUDA-RUIVA – Galbula ruficauda - Cuvier, 1816

(Também conhecido como bico-de-agulha, beija-flor-gran-de, bico-de-sovela).

Tem a beleza, a cor verde-

Hoje, 11 milhões de brasileiros são diagnosticados com depressão

e 5 milhões são conside-rados em risco. A doença atinge quase 7% da popu-lação mundial. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão já é o mal mais incapacitante. Muitos buscam uma explica-ção sobre o crescimento des-sa doença que cada vez vem ceifando mais vidas em todo o mundo.

O quadro depressivo po-de ter muitas causas e dis-paradores, mas, pela minha experiência clínica, em to-dos eles há alguns pontos em

comum: um esquecimento de si mesmo, uma dificulda-de em aceitar algo imutável e uma incapacidade de reco-nhecer os próprios limites. A pessoa se volta tanto para as necessidades e expectativas externas que acaba moldan-do seus comportamentos na tentativa de agradar, de ser aceito e/ou amado pelos ou-tros.

Com isso, acaba se esque-cendo ou ignorando suas próprias necessidades afe-tivas. Contudo, da mesma forma que quando agimos

errado com alguém o dei-xamos com raiva, quando ignoramos nossas necessi-dades emocionais o nosso eu mais íntimo também se sen-te ofendido e magoado com nós mesmos. Essa mágoa, que é uma raiva disfarçada, se transforma em poder de autodestruição. Destruímos nosso eu interior e passa-mos a ter sintomas como de-sesperança, tristeza, baixa autoestima. Enfim, a conhe-cida depressão.

Quando nossa energia está baixa, significa que

estamos canalizando de forma inadequada a nos-sa espontaneidade. Em ge-ral, o depressivo tem muita raiva e mágoas guardadas e não consegue expressar seus sentimentos ao mundo de maneira construtiva. É importante que essa troca ocorra, porque as chatea-ções causadas na vida não são autodigeríveis. Tudo que o nosso corpo coloca para dentro, ele aproveita o que lhe for útil e expulsa o que nos faz mal.

O mesmo acontece com

as nossas emoções: se guar-damos aquilo que nos faz mal, adoecemos e podemos até morrer em função dis-so. Afinal, morrer, às vezes, parece ser a melhor opção quando somos um lixo am-bulante e não aguentamos mais carregar tantos pesos, tantas dores e tantas incom-preensões.

Mas é preciso lutar con-tra esse adoecimento. A primeira luta é ser sincero consigo mesmo, se analisar sem julgamento, reconhecer aquilo que foi guardado e que não nos faz bem, e rever as formas como lidávamos com essas emoções guarda-das. Assim, saberemos o que temos de mudar.

Fernanda Sampaio (*)

(¨*) Psicóloga, Psicodramatista, terapeuta sexual, palestrante, especialista em Brainspotting e EMDR

Depressão, o mal do século

-amarelada iridescente e o bico longo e fino de um beija--flor, mas não é um beija-flor. A ariramba-de-cauda-ruiva é comumente confundida com os beija-flores, mas seu bico longo e resistente serve para escavar barrancos de córregos e rios em

galeria profunda onde o macho e a fêmea fazem o ninho.

Tiram o entulho para fora do túnel com os pés, bem peque-nos, mas bastante resistentes. Os ovos são brancos e a ariram-ba-de-cauda-ruiva chega a fazer duas posturas por ano com dois

a quatro ovos cada.Pousa em galhos e cipós ex-

postos a cerca de um metro do chão. Esses poleiros são usados seguidamente para a espreita e a caça de insetos. Ao pegar abelhas, libélulas e mariposas voltam ao ponto de partida e batem repetidamente o inseto contra o poleiro para retirar as asas e quebrar a carapaça exter-na para facilitar a ingestão.

A ariramba-de-cauda-ruiva é muito comum no Parque Olhos D’Água, na Asa Norte de Brasília.

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O Matusalém chinês

Responsabilidade na advocacia

(*) Fernando Pinto é jornalista e escritor

Segundo notícia de uma agência de Pequim, o homem mais velho do mundo tem 127 anos de idade e atende pelo nome de Gong Lai. Mas, ao contrário do que se pode imaginar, não sobrevive sentado numa cadeira de rodas, gagá da cabeça aos pés. Até muito ao contrário. Baixinho, com apenas 1m 46 de estatura e peso pluma de 50 quilos, há 13 anos aposentado e com a saúde excelente, esse chinezinho faz lembrar o filósofo grego Sócrates (considerado o maior sábio de

Fernando Pinto (*)

Cláudio SamPaio (*)

(*) Consultor jurídico, fundador da Sampaio Pinto Advocacia e presidente da Abrami-DF

Com a proliferação de faculdades particulares nas últimas duas décadas, houve um expressivo aumento do número de advogados no mercado, o que não redundou, entretanto, em proporcional melhoria na qualidade dos serviços, mesmo havendo um exame de habilitação promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil.

Por outro lado, o crescimento da oferta de variados cursos de pós-graduação e de especialização, com as modernas

COnSulTóRiO

todos os tempos), transmitindo conhecimentos e sua experiência aos mais jovens, em sua casa na aldeia da Província de Ghizu. Nas horas vagas, desfruta do chamado lazer contemplativo, regado a goles de saquê (o uísque oriental) e pitadas em seu cigarro de palha. (*)

Atual campeão mundial de longevidade humana, o macróbio chinês ainda está longe de se igualar a Matusalém, que viveu nada menos de 969 anos, consoante a Bíblia. Mas leva

a vantagem de que seu cetro é “real”, com base na existência insofismável de carne e osso, enquanto o personagem do Gênesis não passa de ficção, ou, para quem acredita em milagres do Velho Testamento, em cuja lista não me incluo, por ausência de fé. Aliás, acabei de ler que a depressão em idoso leva, fatalmente, ao AVC – acidente vascular cerebral, sinônimo de derrame - o que, felizmente, não corro esse risco, apesar dos 90 anos e 3 meses, conforme o calendário. E estou isento simplesmente porque meu cérebro está sempre ocupado, dialogando com amigos, lendo e escrevendo, sem tempo para me deprimir.

A propósito, não invejo o centenário Gong Lai, até porque minha meta não é chegar aos 100 anos de idade cronológica. Só peço a Deus que me conceda,

pelo menos, mais cinco anos de vida, porém lúcido e de pernas ainda musculosas de quem jogou futebol até os 65 anos. Se for atendido, minha intenção é continuar sendo útil aos meus semelhantes e à minha família, particularmente às duas netinhas Bárbara, de 10, e Maria Luíza, de 7, acompanhando-as à escola, às aulas de música e eventuais alternativas.

Amém!(*) Da mesma forma que

Oscar Niemeyer, que fumou até às vésperas de seu falecimento, aos 104 anos, Gong Lai está desmentindo o diagnóstico dos médicos de que cigarro faz mal à saúde e abrevia o tempo de vida. Mas convém lembrar que eles não são uma regra e sim exceções.

ferramentas da internet, traz a expectativa de a sociedade contar, em médio prazo, com uma gama expressiva de profissionais com qualificação diferenciada.

Todavia, para que a advocacia se fortaleça, readquirindo a grande credibilidade de outrora, é imprescindível que os advogados se conscientizem do papel preventivo e conciliatório que podem exercer em múltiplos casos, sugerindo e intermediando, quando mostrar-se viável, soluções mais rápidas e

econômicas aos clientes.Isto porque, o ajuizamento e

o comum alongamento de lides judiciais, com tantos recursos e meios de impugnação previstos em lei, exigem vultosas despesas das partes, com taxas processuais, peritos, locomoções e honorários, além de trazerem um indesejável teor de imprevisibilidade quanto à solução pretendida, a qual pode demorar ou ser bem distinta da esperada pelos litigantes.

No entanto, essa mudança de mentalidade passa também por empresários dispostos a resolver os problemas, sem chicanes, sobretudo daqueles consumidores e trabalhadores que mostrem bom senso e não tentem se utilizar da ação, ou de sua iminência, como instrumento de retaliação ou de enriquecimento.

Infelizmente, ainda há cidadãos que não valorizam e relutam em remunerar os advogados que lhe apresentam

habilidosas soluções extrajudiciais, bem como existem ainda alguns profissionais que estimulam seus clientes, ao arrepio do bom senso, a aventuras, em Juízo, repletas de pedidos excessivos, inconsistentes ou oportunistas.

Avançaremos largamente, rumo ao equilíbrio social, quando nos depararmos com mais acordos e menos demandas, com mais distratos e menos rescisões judiciais, com mais responsabilidade e menos ganância, por parte dos advogados – como moderados conselheiros que devem ser – e de todos aqueles que, em determinadas situações, se vêem instados a tomar atitudes calcadas em seus direitos e obrigações.

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12 n Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 [email protected]

MARCELO RAMOSO REPÓRTER DO POVÃO

Programa O Povo e o Poderde segunda a sábado das 8h às 10h

Rádio Bandeirantes - AM 1.410Ligue e participe: 3351-1410 / 3351-1610

www.opovoeopoder.com.brFale conosco: 3961-7550 ou [email protected]

Facebook.com/jornalbrasíliacapital

o que está achando doBrasília capital?

“Temos agora um novo canal para

explorar o universo. É como se, depois de uma surdez, começássemos

a ouvir”

Riccardo Sturanni, pesquisador italiano do iFt-unEsP, atuou

no projeto que detectou ondas gravitacionais previstas por albert

Einstein há 100 anos

Menino de 4 anos explode carro com prisioneiros

PM morre em capotamento de viatura na BR-070

Einstein, 100 anos à frente de seu tempo

O Globo – 11.2 - O Estado Islâ-mico divulgou um novo vídeo na quinta-feira (11) no qual mostra um menino britânico de apenas 4 anos explodindo um carro com três prisionei-ros dentro. O garoto, conheci-

do como jihadi júnior Isa Dare, aparece com a mão em um detonador antes de gritar ‘Deus é grande’. Este é o segundo vídeo do grupo extremista que mostra o menino, identificado como filho da mulçumana extremista Grace ‘Khadija’ Dare, que o levou para a Síria e jurou lealdade ao Estado Islâmico. O primeiro foi divulgado em janeiro deste ano.

Metrópoles – 5.2 - Um policial militar morreu após uma via-tura capotar na tarde de sexta-feira (5), na BR-070, sentido Águas Lindas (GO), próximo à Barragem do Descoberto. Re-nato Fernandes da Silva (foto) tinha 37 anos e estava há 13 na corporação. Ele não resistiu mesmo após as sucessivas tenta-tivas de reanimação feitas pelos bombeiros. Quatro helicóp-teros e dezenas de veículos das corporações foram acionados para o resgate. O trânsito na avenida ficou congestionado e a quantidade de veículos presentes no local causou repercus-são na mídia e nas redes sociais.

R7 – 11.2 - Cientistas anunciaram na quinta-feira (11) que de-tectaram pela primeira vez as ondas gravitacionais, ondula-ções no espaço e no tempo, antecipadas hipoteticamente pelo físico Albert Einstein há um século. A descoberta marcante abre uma nova janela para o estudo do cosmos. Os pesqui-sadores disseram ter detectado ondas gravitacionais no dia 14 de setembro oriundas de uma colisão entre dois buracos negros - objetos extraordinariamente densos cuja existência também foi prevista por Einstein-- de 30 vezes a massa do Sol, ocorrida a 1,3 bilhão de anos-luz da Terra.

Mangueira é a campeã do Rio de Janeiro

Em São Paulo, deu Casa Verde

Correio Braziliense – 10.2 - A Manguei-ra ganhou o título do carnaval cario-ca de 2016. Com o tema “Maria Bethâ-nia: a menina dos olhos de Oyá”, que

homenageou os 50 anos de carreira da cantora, a escola de 87 anos conquistou o 18º título no Grupo Especial. A ficou com 269,8 pontos. Em segundo lu-gar ficou a Unidos da Tijuca. A Estácio de Sá ficou em último lugar e vai desfilar no ano que vem na Série A, a segunda divisão do carnaval carioca.

Fato Online – 11.2 - Apesar de o Congresso ter re-tornado os trabalhos na terça-feira (2), após 40 dias de recesso, os senadores decidiram esticar o feria-do do carnaval e retomar as votações somente na próxima semana. Na quarta-feira (10) o ponto foi facultativo na Casa – o que, na prática, significa fe-riado. No horário da sessão ordinária, a TV Sena-do exibiu uma reunião da Comissão de Relações Exteriores realizada em setembro do ano passado. As sessões do Senado de quinta e sexta-feira foram apenas para discursos dos parlamentares.

G1 – 9.2 - Império de Casa Verde venceu o carna-val em São Paulo. A taça foi conquistada com 269,4 pontos. É o terceiro título da escola, que ganhou em 2005 e 2006. Em segundo lugar ficou a Acadê-micos do Tatuapé, com 269,1 pontos, mesma pon-tuação da Mocidade Alegre, mas a Tatuapé levou vantagem nos critérios de desempate. A apuração foi marcada por tumulto. Houve confusão e briga depois que dois jurados “esqueceram” de dar notas nos quesitos para os quais haviam sido designados.

Carnaval esticado, semana perdida

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Há algum tempo, o falecido Arcebispo Dom Hélder Câ-mara tem-se utilizado de médiuns para mandar no-

tícias do além e de suas atividades no mundo espiritual. Seus livros têm fei-to sucesso também entre os católicos, que o identificam nos títulos que fo-ram lançados. Do último, “Revolução pelo amor”, pelo médium Carlos Pe-reira, tiramos estas pérolas:

1 - “Aquilo que nossos olhos per-cebem como tragédia, grande sofri-

Saúde e Nutrição

CarolineRomeiro

Depois da água, o chá é a be-bida mais consumida no mundo. Os chás são feitos a partir da infusão ou decoc-

ção de ervas, ou partes de plantas e frutos, como cascas, folhas ou caules. Em média, as ervas e especiarias que compõem os chás apresentam cerca de 30% do seu peso seco de compos-tos fenólicos. Esses compostos são os grandes responsáveis pelos efeitos benéficos relacionados aos chás.

O chá verde, feito a partir da Ca-mellia sinensis, apresenta proprie-

O papel dos chásdades que atuam na prevenção e até auxiliam o tratamento de diabetes, cardiopatias, infecções virais, infla-mação em doenças degenerativas e até mesmo no câncer.

As substâncias do chá verde responsáveis por todo esse efeito protetor relacionado a ele são as epicatequinas, epicatequina galato, epigalocatequina e epigalocatequina galato, sendo que esta última tem sido a substância mais estudada, por estar em maior concentração no chá verde.

Os compostos fenólicos encontra-

mento, não passa de expurgo das ma-zelas humanas, de ajuste maior. Deus é maior do que tudo que possamos imaginar; então, há perfeição naqui-lo que imaginamos ser imperfeito. Creia nisso!

2 – “Vamos garantir que toda a sociedade humana possua o míni-mo necessário para sobreviver com dignidade: um teto, uma escola de qualidade, saúde básica, um empre-go decente, entre outros direitos es-senciais.

3 – “Tancredo, Ulysses, Brizola, Arraes, Darcy Ribeiro e tantos ou-tros atuam no cenário político brasi-leiro tanto ou mais quando estavam na vida física. Fazem a boa política, a política sadia.

4 – “Há políticos de qualidade que vão nascer e mudar o Brasil e o mun-do. Verdadeiros idealistas que vão conduzir as massas para um bom destino. Vocês vão se surpreender com as ideias desses novos políticos que chegarão por aí.

5 – “As novas gerações irão revo-lucionar a terra em todos os sentidos, a começar pela preservação do meio ambiente. As pessoas serão mais soli-dárias.Não se admitirá pessoas pas-sando fome ou sem teto para morar. Não se descansará enquanto não hou-ver uma rede eficiente de qualidade para proporcionar serviços de saú-de e assistência básica.

6 – “Uma igreja que não se alia à dor dos pobres não pode ser chama-da Igreja de Cristo”.

JoSé MAToSJoSé MAToS

Dom Hélder Câmara do Além

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Falar com Pedro [email protected]

Geral 13 n Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 [email protected]

dos nos chás junto com a água pre-sente nessa bebida podem auxiliar o organismo nos seus processos de limpezas naturais, que ocorrem no intestino, fígado e rins. Com esses compostos presentes, o corpo con-segue fazer a limpeza necessária, especialmente nesse período após o carnaval.

Chás mornos ou gelados, o que você preferir. O processo de infusão ou decocção precisa ser feito, mas a temperatura fica de acordo com o seu paladar!

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14 n Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 [email protected]

CRUzADAS

ENTRETENIMENTO

RESPoSTAS

qUADRinhoS

M i c r o c o n t o Por Luís Gabriel Sousa

A chuva caía como se fosse a última vez que iria aparecer: intensa,

forte, destruidora. Como eu não tinha opção, afinal, tinha prova, peguei meu guarda-chuva e sai rumo à faculdade. Dois passos à frente, um piso em falso,

Gostou do microconto? Então mande sua história, ela pode ser a próxima micronarrativa aqui da coluna. (facebook.com/JornalBrasíliaCapital, e-mail: [email protected]).

Dignidade um buraco fundo e uma perna atolada. Caderno, roupa, dignidade, cara, tudo na lama. Não sabia se eu me levantava ou me afundava de vez no buraco. Não precisei reagir sozinha, um ser humano abençoado me estendeu a mão. Fui salva. Hoje em dia, cada vez que chove, me escondo da água. Já sou craque em

lidar com essas coisas traiçoeiras que me aparecem! (Baseado na leitora Larissa – Riacho Fundo II/DF)

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Cultura 15 n Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 [email protected]

Os bichos do Recife

Carnaval em Pernambuco é o bicho. No mar tem tuba-rão, nas barracas de praia e nos restaurantes tem ca-

marão, e por todo o canto tem o Aedes Aegypti. O povo daqui tem mais medo do mosquito do que do diabo. Afinal, ele é o vetor de transmissão das três pra-gas que afetam o Brasil na atualidade: a chicungunya, a dengue e o Zika vírus – este propagador da microcefalia.

A maioria dos turistas se assusta com os possíveis ataques de tubarões. Embora o mar seja lindo e as águas morninhas, todo mundo fica perto da margem, sob o alerta de dezenas de placas avisando da possível presença

Memórias

Orlando pontes

Mario pontes (*)

do gigante dos oceanos de boca cheia de dentes sempre prontos a arrancar um pedaço do corpo de quem ousar invadir seu território.

Eu, particularmente, passei a ter como maior inimigo o pequeno e apa-rentemente inofensivo camarão. Re-centemente, descobri-me alérgico ao crustáceo. Poucos dias antes de vir para cá, arrisquei roubar uma beira-da do prato de um amigo com quem almoçava. Quase morri. Cheguei ao Hospital Santa Lúcia às carreiras, com coceira por todo o corpo e a glo-te começando a fechar. Depois do tra-tamento emergencial, com aplicações venosas e via oral, sobrevivi. Como se

diz no Ceará, melhor escapar fedendo do que morrer cheirando.

Cheguei em casa tranquilo, e, orientado pelo doutor Carlos Porfi-rio Pereira da Silva, decidido a nun-ca mais me aproximar daquela igua-ria maravilhosa e inigualável, a qual aprecio há tantos anos.

Eis que venho passar o carnaval em Recife. Cercado de camarão por todos os lados, deixei meus compa-nheiros de viagem - Tatiana, Gabriel e Júlio (mulher e filhos) - de sobreavi-so: se perceberem a presença ou mes-mo o cheiro, me avisem - vou correr léguas pra longe dele.

Mas o bichinho é traiçoeiro e sor-rateiro. Disfarçadamente, ele veio pa-rar em algum prato preparado numa cozinha qualquer. Provavelmente no óleo de uma fritura de batata ou man-dioca (aqui chamada macaxeira).

E eis que, após me esbaldar nas la-deiras de Olinda, vi frustrada minha programação de assistir a abertura do carnaval no Marco Zero, com Le-nine, Oto, Elba Ramalho, Chico César

e outros bambambãs.Baixei ao Real Hospital Português

de Beneficência. Antes de buscar o so-corro, ainda no hotel, passei pra den-tro três comprimidos da receita que trouxe de Brasília. Isto evitou que sen-tisse a angústia da dificuldade de res-pirar do momento em fui atendido pe-lo dr. Carlos Porfirio.

Liberado pela atenciosa Dra Simo-ne Martins Garcia Dantas Vaz, eu e Tatiana retornamos ao hotel. Júlio e Gabriel me confirmaram pelo What-sApp que a festa no Marco Zero, como esperávamos, foi “o bicho”.

Então, pra compensar, acordei às 6 da manhã e combinei com Tatiana: às 9 estaremos no Galinho da Madru-gada, que sai às 8. Tenho certeza que a imponente ave de 27 metros de altu-ra, 6 toneladas de peso e com apenas dois dentes postiços e seus dois mi-lhões de seguidores será muito menos perigosa do que um aparentemente inocente camarão abatido, frito, gui-sado ou ao molho num prato desta be-la cidade do Recife.

Frida entre nós

Em 1995, por insistência de Maria Amélia Melo, então integrante da equi-pe editorial da José Olym-

pio, aceitei o desafio de traduzir O Diário de Frida Kahlo, céle-bre pintora mexicana do sécu-lo XX. Da platéia, alguém me per-gunta, com uma pontinha de sar-casmo:

-- Desafio por quê? Afinal a au-tora era uma latino-americana; falava e escrevia em espanhol, língua tão parecida com a nossa!

Como não estou a fim de due-lar com o cavalheiro, saio pela tangente e não lhe respondo que

são muitas – e enganadoras – as diferenças entre o espanhol e o português. Além do mais, teria de dizer-lhe que nem todo o livro estava escrito em espanhol. Para começar, a introdução tinha sido originalmente uma conferência do poeta mexicano Carlos Fuen-tes, escrita em inglês e lida em uma universidade do Texas. A ela seguia-se um ensaio, igualmen-te em inglês, de Sarah M. Love, crítica norte-americana de artes plásticas.

Vinha afinal o Diário da au-tora. Para começo de conversa, o original não era uma sucessão

de folhas brancas sobre as quais alguém houvesse datilografa-do (ainda não havia computa-dor) um texto contínuo ou divi-dido em capítulos. Não, o supor-te das idéias e revelações da auto-ra eram folhas de papel nas quais ela havia pintado ou desenhado alguma coisa. Isso, somado à cali-grafia nada convencional, criava dificuldades a cada página. Além do mais, às vezes Frida se expres-sava com uma linguagem muito pessoal, um idioleto, ao qual, pa-ra consumo próprio, denominei de kahlês.

Mas ainda não era tudo. A tra-dução tinha de ser feita em pra-zo bastante apertado. O livro se-ria impresso na Itália, pela Mon-dadori; e lá seria lançado, no mes-mo dia, em várias línguas. Ape-sar de tudo, enfrentei a maratona com alegria. Afinal, Frida Kahlo não se notabilizou apenas como artista de grande talento e origi-nalidade. Foi alguém capaz de não se entregar ao desespero, de

contrapor ao seu longo sofrimen-to (um grave acidente de trânsi-to aos dezoito anos, trinta e cin-co cirurgias antes de morrer aos quarenta e quatro) respostas po-sitivas aos chamamentos da vida, bem como aos apelos da política e da participação social em sua conturbada época. E as respostas foram dadas apesar do grande e contínuo sofrimento que foi seu dia a dia, após aquele grave aci-dente de trânsito.

Neste momento, Frida é home-nageada no Rio com uma grande exposição no Centro Cultural da Caixa Econômica. E como seria de esperar, encanta o público ca-rioca. As mulheres em particular. Algumas das quais não resistem à tentação de vestir-se como Fri-da para sair nos blocos de rua do nosso Carnaval.

(*) Escritor, tradutor e ex-editor do Caderno Ideias do Jornal do Brasil

Page 16: Brasília Capital 246

O t e m p o r e s e r v o u o m e l h o r d a v i d a

p a r a v o c e .

O projeto legal do empreendimento encontra-se aprovado na Casa Civil da Governadoria do Distrito Federal e registrado sob o número R11 da Matrícula 105.400, no Cartório do 2º Ofício do Registro de Imóveis do Distrito Federal.

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A b e r t u r a d o p o r t ã o d a g a r a g e m p o r

c e l u l a r

M í n i m o d e d u a s v a g a s n a g a r a g e m p o r a p a r t a m e n t o

E o m e l h o rl u g a r t a m b e m

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