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ARQUIDIOCESE DE FLORIANÓPOLIS

DIRETRIZES DA AÇÃO EVANGELIZADORA

DA ARQUIDIOCESE DE FLORIANÓPOLIS

Florianópolis, SC2009

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ARQUIDIOCESE DE FLORIANÓPOLISRua Esteves Júnior, 447 centro

88015-130 Florianópolis – Santa Catarina – Brasil fone/fax (48) 3224-4799

home page: www.arquifln.org.bremail: [email protected]

Capa e Editoração Eletrônica: Atta

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .........................................................................5

DIRETRIZES DA AÇÃO EVANGELIZADORA DA ARQUIDIOCESE DE FLORIANÓPOLIS ......................................7

I. UM OLHAR SOBRE A REALIDADE – VER ................................9Situação sócio-cultural .........................................................9Situação econômica ...........................................................11Situação sócio-política........................................................12Situação ecológica ..............................................................13Situação sócio-religiosa ......................................................14Situação eclesial .................................................................14

II. UMA IGREJA EM ESTADO PERMANENTE DE MISSÃO – JULGAR ........................................................18

A comunidade missionária .................................................18As exigências e os âmbitos da evangelização ......................19A vocação cristã dos discípulos missionários ......................20A missão segundo o tríplice múnus ....................................21

Ministério da Palavra ......................................................... 21Ministério da Liturgia ........................................................ 23Ministério da Caridade ....................................................... 25

A formação dos discípulos missionários .............................27A espiritualidade dos discípulos missionários .....................29

III. A AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA DIOCESANA – AGIR .............................................................30

Promover a pessoa humana ...............................................30Renovar a comunidade .......................................................35Construir uma sociedade solidária......................................42Conclusões ........................................................................51

A Igreja diocesana em estado permanente de missão ....... 53

ANEXOS ...................................................................................54

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Desafios da Ação Evangelizadora .............................................54População dos Municípios da Arquidiocese de Florianópolis....67

Relação de Pastorais, Associações e Movimentos, Organismos, Serviços, Colégios, Livrarias, Meios de Comunicação e Centros de Educação Superior ..........69

Mapa dos Municípios da Arquidiocese ....................................73

Mapa das Comarcas e Paróquias da Arquidiocese ....................74

Comarcas Pastorais ..................................................................75

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Diretrizes da Ação Evangelizadora 5

APRESENTAÇÃO

Ide, fazei discípulos!

A última ordem de Jesus a seus seguidores, ao partir para o Pai, foi: “Ide, fazei discípulos!”(Mt 28,19). Essa ordem transformou-os em missionários. Agora, os limites para a apresentação das propostas do Reino de Deus não eram mais as pequenas cidades da Palestina, mas o mundo. Se a Boa Nova de Jesus de Nazaré não era para um pequeno grupo de privilegiados, mas para “todas as nações”, significava que cada pessoa passava a ter o direito de conhecê-la. Mais: com a vinda do Espírito Santo, os discípulos de Jesus de Nazaré entenderam que o Evangelho se identificava com ele próprio, Jesus Cristo, “o único salvador de todos, o único capaz de nos revelar Deus e de nos conduzir a Ele” (João Paulo II, RMi 5). O Documento de Aparecida reafirma essa convicção: “Co-nhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher” (DAp 18).

A Assembleia Arquidiocesana de 2009, ao aprovar as Di-retrizes da Ação Evangelizadora da Arquidiocese de Floria-nópolis, procurou dar uma resposta às exigências de nossa missão. Nessas Diretrizes há muito de nossas raízes – isto é, da evangelização desta região à sombra da Capela – de-pois, Catedral – erguida por Dias Velho, em honra de Nossa Senhora do Desterro. Nelas há muito da história centenária de nossa “Diocese”; há muito da fé, da esperança e do amor vividos por quem nos antecedeu.

As Diretrizes têm nosso “rosto”, pois retratam os desafios que vivemos neste começo de século e milênio. Mas têm tam-bém a marca de nossos sonhos – isto é, como pretendemos

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ser e viver para participar “da construção de uma sociedade justa e solidária, para que todos tenham Vida e a tenham em abun-dância (Jo 10,10)” (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2008-2010).

Para atingir esse objetivo, continuemos pedindo ao Pai: Como discípulos e missionários de Jesus Cristo, desejamos reconhe-cer sua presença na Palavra e na Fração do Pão e, com alegria, con-tinuar proclamando: ́ Ele está no meio de nós!´ Queremos, Pai, fazer vossa vontade, sendo Povo Santo, Igreja diocesana, sinal do vosso amor na comunhão e na missão. Na caminhada para vós, anima-nos a intercessão da Mãe de vosso Filho, Nossa Senhora do Desterro (Oração do Centenário da “Diocese” de Florianópolis).

Florianópolis, 27 de junho de 2009.

Dom Murilo S.R. Krieger, scjArcebispo de Florianópolis

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DIRETRIZES DA AÇÃO EVANGELIZADORA DA ARQUIDIOCESE DE FLORIANÓPOLIS

Evangelizar, a partir do encontro com Jesus Cristo, como discípulos missionários, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, promovendo a dignidade da pessoa, renovando a comunidade, participando da construção de uma sociedade justa e solidária, “para que todos tenham Vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).

Ao assumir, a exemplo da CNBB-Regional Sul IV, o atual objetivo geral da ação evangelizadora da Igreja no Brasil, a Arquidiocese de Florianópolis publica suas novas Diretrizes da Ação Evangelizadora.

Em fevereiro de 2009, o Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, lembrando a decisão da Assembleia de 2007 de dar início ao planejamento pastoral, em vista de um futuro Plano Arquidiocesano de Pastoral, sugeriu que esse planejamento fosse iniciado com a elaboração de novas diretrizes. As dire-trizes servirão como força motivadora seja da continuidade da ação evangelizadora – que, em verdade, nunca pode parar – seja do processo de planejamento, o qual exige disposição, sacrifício e paciência. Nesse sentido, estas diretrizes consti-tuem o primeiro passo de nosso planejamento pastoral.

O centenário de criação da Diocese de Florianópolis, cele-brado no ano de 2008, serviu como oportunidade para agra-decer a Deus a graça da fé recebida e a missão que ele hoje nos confia. Agradecemos a comunidade eclesial que nos aco-lhe e nos alimenta com a Palavra, os Sacramentos e a Carida-de fraterna entre seus membros. Agradecemos a dedicação de bispos, presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas, de ontem e hoje, que aqui viveram e vivem sua fé, com zelo apostólico e santidade evangélica. Como os santos

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nunca falharam na ação pastoral, queremos dar continuida-de à santidade de nossos pais e mães na fé. Agradecemos a criatividade dos fiéis que, ontem e hoje, viveram e vivem sua fé nos mais diversos mundos em que o Evangelho se encarna e ganha corpo em favor de mais vida para o povo que habita no território de nossa diocese. Na cultura, na política, na edu-cação, na saúde, na comunicação, na economia, no trabalho e nos mais diversos mundos em que se enraíza a vida de cada pessoa e comunidade, o Evangelho foi e é anunciado e vivido com perseverança. Agradecemos por poder contribuir para a promoção dos excluídos, oferecendo-lhes, junto com o pão da Palavra e da Eucaristia, também o nosso apoio nas lutas pelos direitos à vida digna. Temos muitas razões para manifes-tar nossa alegria de ser discípulos missionários de Jesus Cristo. Continua valendo, em nossa obra missionária, o lema do Cen-tenário: “De graça recebestes, de graça dai” (Mt 10,8).

Numa época de profundas e sucessivas mudanças, nos-sa Igreja é chamada com coragem, entusiasmo e criativida-de a proclamar a mensagem do Evangelho, para que todos os habitantes do território de nossa diocese tenham vida e a tenham em abundância. As condições de vida de excluídos e ignorados, contradizem o projeto do Pai e nos desafiam a um maior compromisso em favor da vida. A evangelização é tarefa de todos. A missão não é tarefa opcional, mas integran-te da identidade cristã. Exige conversão pessoal, na linha da santidade evangélica, e conversão pastoral, na linha do zelo apostólico. Queremos que nossas comunidades e paróquias, nossas pastorais e movimentos tenham a marca da missão. Seremos missionários na medida em que respondermos aos grandes problemas da sociedade. Somos conscientes de nos-sos limites, sobretudo da insuficiência de agentes de pasto-ral, em particular de presbíteros, mas não esmoreceremos, pois somos animados pelo mesmo Espírito que impeliu os apóstolos à missão.

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I. UM OLHAR SOBRE A REALIDADE – VER

Para poder lançar as sementes do Evangelho em vista da construção de um mundo justo e fraterno, é preciso que a Igreja conheça efetivamente toda a realidade que a envolve, e seja a primeira defensora e protagonista do seguimento de Je-sus. Frente às profundas transformações das últimas décadas no cenário mundial, nacional e estadual, as quais se refletem na Arquidiocese de Florianópolis, é preciso que identifique-mos os desafios postos à nossa frente pela realidade social e eclesial em que vivemos.

As grandes mudanças nos afligem, mas não nos confun-dem porque nos sentimos amparados pela força do Espírito Santo. A novidade das atuais transformações é que elas têm um caráter global, afetando o mundo inteiro, configurando um tempo mais de mudança de época que época de mudan-ças. Neste novo contexto sócio-cultural, a realidade tornou-se complexa, ensinando-nos a olhá-la com mais humildade e provocando-nos a buscar em Cristo e no Espírito uma luz que nos dê sentido e orientação.

Situação sócio-cultural

Há uma crescente fragmentação dos referenciais de va-lores, gerando critérios parciais e múltiplos frente à vida, à religião e aos relacionamentos pessoais. Isto provoca uma crise de sentido, levando as pessoas a sentirem-se frustradas, ansiosas e angustiadas. As tradições culturais e religiosas, que eram capazes de unificar os diferentes fragmentos, não estão mais correspondendo às expectativas de harmonia e paz. Muitos se afastam dessas tradições em busca de outros caminhos, mas perdem-se em opções egoístas e imediatistas. A globalização, em lugar da segurança e do progresso pro-

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metidos, provocou um aumento sensível dos riscos, gerando uma situação de medo e estresse no cotidiano.

Diante das incertezas e do risco, busca-se satisfação ime-diata, sobretudo canalizada para o desejo de consumo, crian-do falsas necessidades. Confunde-se felicidade com bem-estar econômico e satisfação hedonista, gerando um clima de permissividade e de sensualidade, fundado na lógica do individualismo pragmático e narcisista. Também o elemento religioso torna-se bem de consumo, na ilusão da felicidade fácil. Como o passado perdeu relevância e o futuro é incerto, considera-se o corpo como referência da realidade presente, deixando-se levar pelas sensações.

Em meio a isso, entretanto, se pode vislumbrar a afirma-ção do valor fundamental da pessoa humana, de sua liberda-de, consciência e experiência, bem como a busca do sentido da vida. Podemos perceber a presença do Espírito também no espaço de nossa Igreja diocesana, nos movimentos sociais que se articulam em favor de grandes causas – a luta contra as exclusões, a promoção da mulher, a ecologia, a defesa de culturas e etnias como a indígena e afro-descendente, o em-penho pelo diálogo ecumênico e inter-religioso, a busca da justiça social, o movimento de reafirmação cultural, o comba-te à corrupção política eleitoral e a luta por “um outro mundo possível”. Muitas dessas grandes causas são motivadas pelo próprio Evangelho. Em nossas terras, a Igreja é promotora de grandes expressões culturais de cunho religioso, como o ter-no de reis e a bandeira do Divino. Manifesta-se, nos sonhos e nas atitudes de muita gente, uma consciência planetária e a percepção de que fazemos parte de uma família universal.

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Situação econômica

Vivemos numa economia globalizada, nos moldes do ca-pitalismo neoliberal, com sua dinâmica de mercado que ab-solutiza a eficiência, a produtividade e o lucro, como valores reguladores de todas as relações humanas. O privilégio do lucro e o estímulo da concorrência geram a concentração do poder e da riqueza em mãos de poucos, como recursos físi-cos, monetários e de informação. A consequência mais drásti-ca é o aumento das desigualdades, da pobreza e da exclusão visivelmente comprovadas nas periferias de nossas cidades. Surge uma nova face da pobreza, estampada no rosto dos moradores de rua, migrantes, enfermos, drogados, presos e outros, que além de explorados, são vistos como supérfluos e descartáveis.

Outra mudança é o desemprego estrutural, que ameaça a união dos trabalhadores e seu empenho nas lutas coletivas, e atinge diretamente a dignidade de muitas pessoas. O predo-mínio desta tendência concentradora da economia capitalis-ta neoliberal limita as possibilidades das pequenas e médias empresas e favorece o monopólio dos grandes consórcios. As instituições financeiras e as grandes empresas nacionais e in-ternacionais subordinam as economias locais. Por conta de incentivos fiscais e maior rentabilidade econômica, o gover-no estadual e os governos municipais incentivam as grandes indústrias a se fixarem em nossa região em prol de um de-senvolvimento nem sempre sustentável. As grandes indús-trias extrativistas, a agroindústria, a indústria pesqueira e a indústria do turismo nem sempre reconhecem os direitos das populações locais, não respeitam a agricultura familiar e agroecológica, nem preservam os recursos naturais.

As populações rurais sofrem as consequências da pobre-za, agravada pela falta de acesso à terra própria, de finan-

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ciamento adequado, de condições de vida digna, de apoio à agricultura familiar e de acesso às políticas sociais públicas. É preocupante o processo da mobilidade humana, causada, sobretudo, pela busca de trabalho e melhores condições de vida, inchando nossas cidades litorâneas, despreparadas em sua infraestrutura de saneamento, viação, transporte, segu-rança, educação, moradia e saúde. Com isso cresce o número de trabalhadores informais nas grandes cidades.

Os programas sociais de transferência de renda, presen-tes em grande parte dos municípios de nossa Arquidiocese, vêm contribuindo significativamente com a economia lo-cal, pois geram uma maior renda familiar aos beneficiários, que passam a consumir mais em pequenos comércios locais nas comunidades. Não se pode negar que vivemos numa zona privilegiada no contexto do Estado e do país, graças a melhorias significativas como a queda dos índices de de-semprego e o crescimento da renda e do consumo, que vêm impulsionando o crescimento de nossa economia. No en-tanto, é visível o desamparo do povo no acesso às políticas públicas essenciais de saúde, educação, assistência social, habitação e outras.

Situação sócio-política

A difusão do individualismo e, principalmente, o cresci-mento do poder dos grandes grupos econômicos, têm enfra-quecido a participação política, com riscos para a democracia. Há desencanto e desconfiança do povo nos políticos, nas ins-tituições públicas e nos três poderes do Estado. Apesar dos sinais de esperança que vêm de organizações alternativas não governamentais e movimentos sociais sem vinculação parti-dária, percebe-se desinteresse da população em exigir me-

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lhorias nos campos da saúde, educação, segurança alimentar, moradia, segurança pública e na criação de emprego.

É preocupante a deterioração da convivência social pací-fica, pelo crescimento da violência, que banaliza a vida, so-bretudo nas periferias das cidades. Entre suas causas estão a idolatria do dinheiro, a exclusão, o individualismo e o utili-tarismo, a corrupção no setor público, o tráfico de drogas e a falência do sistema penal e da saúde.

Alguns fenômenos são preocupantes: descrédito político, corrupção política, desmobilização social, banalização da violência, a pobreza, crescimento constante de favelas, êxodo rural, ineficiência do Estado, falta de controle sobre políticas públicas, aumento do consumismo, devastação ambiental, consumo de drogas e aumento do narcotráfico.

Situação ecológica

A rica biodiversidade do litoral catarinense tem servido de chamariz para o turismo receptivo. Ao lado do uso ade-quado para o lazer e o descanso, nossas praias e montanhas têm sido alvo fácil de depredação. Nossa região sofre as consequências do modelo de desenvolvimento econômico capitalista-consumista, que privilegia o mercado financeiro e prioriza o turismo predatório. Nos grandes centros e nas áreas balneárias cresce a empresa imobiliária. Nas zonas de montanha, há uma explosão imobiliária com a criação de sí-tios e condomínios fechados. Nas zonas rurais, ainda que no regime de agricultura familiar, que tem caracterizado, desde sempre, a economia da região, cresce o uso de agrotóxicos, com grandes riscos para a saúde dos agricultores. Em termos positivos, destacam-se os movimentos agroecológicos, de áreas de preservação permanente, tais como de manguezais

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e a preservação do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, situado na região sul da Arquidiocese e outros.

Situação sócio-religiosa

A mentalidade individualista alastrou-se também no campo religioso. No contexto nacional, nosso Estado é visto como uma região em que as mudanças sócio-religiosas não têm sido tão marcantes. Mesmo assim, a sociedade do litoral catarinense está se tornando cada vez mais religiosamente pluralista. O indivíduo tende a escolher sua religião, e mes-mo quando adere a uma instituição religiosa, tende a esco-lher crenças, ritos e normas que lhe agradam subjetivamen-te ou se refugia numa adesão parcial, com fraco sentido de pertença institucional. Também procura fazer uma espécie de mosaico, justapondo à sua religião pessoal fragmentos de doutrinas e práticas de várias religiões. Aumenta o núme-ro dos que se recusam a aderir a uma instituição religiosa, professando uma religião invisível, com pouca ou nenhuma prática exterior. Cresce também a atração pelo espiritismo, por movimentos gnósticos e práticas esotéricas.

Em vez do compromisso de uma fé em relação a Deus e ao próximo, a experiência religiosa é praticada por muitos numa ótica utilitarista, como um meio de busca de bem-estar interior, de terapia ou cura de males, de sucesso na vida e nos negócios, nos moldes da denominada teologia da prosperi-dade. Neste contexto, a mídia contribui para a banalização da religião, não só reduzindo-a à esfera privada, como tam-bém a um espetáculo para entreter o público.

Situação eclesial

A Arquidiocese de Florianópolis tem mudado muito nas últimas décadas. Correntes migratórias de múltipla proveni-

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ência, particularmente do interior do Estado, dos estados vi-zinhos e de países do Mercosul, estão criando um novo rosto no povo do litoral central catarinense. Na última década nos-sa Arquidiocese cresceu em um terço em sua população, che-gando atualmente à casa de um milhão e meio de habitantes. A riqueza cultural e espiritual desses migrantes faz com que nossas comunidades se tornem mais calorosas e ricas em ca-rismas, serviços e ministérios. Por outro lado, o desenraiza-mento cultural desses novos moradores e o individualismo próprio da vida moderna, sobretudo nos grandes centros e periferias, geram indiferença religiosa, descompromisso com a fé e com a pertença eclesial. A Igreja não tem conseguido fazer-se presente na vida das pessoas e famílias, em suas ale-grias e sofrimentos. Esse vazio tem favorecido o crescimento de outras igrejas.

É um problema sério de nossa Igreja diocesana, que se percebe mais claramente nas famílias e nas paróquias, a dificuldade de transmitir a fé às novas gerações, às crian-ças, adolescentes e jovens. Há pais que são verdadeiros ca-tequistas e educadores de seus filhos. Mas também é ver-dade que, de um modo geral, se está rompendo o elo da transmissão da fé. São muitíssimos os pais que não conse-guem mais, não sabem ou, mesmo, não querem transmitir a fé a seus filhos. Não ensinam nem testemunham a fé que receberam no batismo.

Diante disso, cabe uma avaliação da qualidade de nossa ação evangelizadora junto ao povo católico, que é ainda for-temente marcado pela importância dos sacramentos, com pouco conhecimento e interesse por outras riquezas da fé cristã, como a Palavra e a Caridade. Dos três ministérios da Igreja – a Liturgia, a Palavra e a Caridade – salienta-se o pri-meiro, com pouco apreço para com os outros dois. Receber os sacramentos ainda parece ser mais importante do que

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celebrá-los e vivê-los. A preparação para os sacramentos, através da Palavra, e a prática dos sacramentos, através da Caridade, ainda são tidos, apesar dos avanços notáveis das últimas décadas, como uma obrigação pesada e desconfor-tável. Essa centralização no ministério da liturgia, pelo mar-cante peso na agenda sacramental, faz com que haja mui-ta dependência do padre e da paróquia. Essa dependência faz com que haja dificuldades na ação evangelizadora, pois o número de padres não tem crescido ao mesmo ritmo da população. Esta proporção deficitária de padres por habi-tantes dificulta a presença da Igreja, sobretudo nas grandes concentrações urbanas.

Tem crescido muito nos últimos anos o interesse pela Bí-blia, a ponto de já se poder falar de um catolicismo bíblico que vem caracterizando as comunidades, os grupos bíblicos em família, a catequese, os movimentos eclesiais. Mesmo assim, grande parte do povo batizado ainda não é evangeli-zado. Tem crescido também a ação profética e caritativa da Igreja no meio do mundo, em favor dos mais pobres, através da ação social das paróquias e das pastorais sociais. Mesmo assim, o protagonismo dos leigos nas realidades temporais ainda é muito fraco. É tímida a presença da Igreja na socie-dade, nos mundos da educação e do trabalho, da comuni-cação e de outros areópagos modernos. Nesses campos da Palavra e da Caridade há um largo espaço para a atuação dos leigos.

Um fator de novidade na ação evangelizadora da Igre-ja tem sido o grande número de movimentos eclesiais e de comunidades de vida e de aliança, formados pelos leigos a partir de carisma próprio e com vistas ao anúncio e à presen-ça do Evangelho no mundo. Eles têm conseguido realçar a presença da Igreja e a construção do Reino no âmbito da so-ciedade do litoral central catarinense. Mesmo assim, há ain-

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da um longo caminho a percorrer. Pois crescem entre nós o secularismo e o laicismo, o materialismo e o relativismo, com o risco de perda do significado da fé e da pertença religiosa, da prática da caridade e do empenho por um mundo mais humano e fraterno.1

1 A 25ª Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, que aprovou estas diretrizes, achou por bem colocar como anexo (pp. 54-66) os desafios que constavam nas diretrizes anteriores, datadas de 2001. Pelo seu caráter sintético, pela abor-dagem provocadora da realidade e pelo modo como são apresentados – na forma de ameaças, oportunidades e apelos –, esses desafios continuam a ser interessantes para o conhecimento de nossa realidade social e eclesial.

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II. UMA IGREJA EM ESTADO PERMANENTE DE MISSÃO – JULGAR

O projeto de Deus se realiza na humanidade, através do Povo de Deus. A Igreja é germe, sinal e instrumento do Reino de Deus. É vivendo e proclamando os valores do Reino que a Igreja se torna sacramento universal de salvação. Diante des-sa realidade que acabamos de analisar, nossa Igreja diocesana quer ser fermento na massa, sal da terra, luz do mundo, grão de trigo lançado à terra, pequeno rebanho em meio a lobos, enfim, povo messiânico e profético, inserido na realidade do litoral central catarinense, para proclamar as maravilhas de Deus e colaborar na edificação de seu Reino de justiça e paz.

A comunidade missionária

Como discípulos missionários de Jesus Cristo, formamos uma Igreja que é comunidade missionária. Só podemos ser evangelizadores na medida em que vivemos a comunhão eclesial. A comunhão com Deus-Trindade é o fundamen-to da comunhão de todos na Igreja. Pelo batismo, recebe-mos uma vocação missionária. O chamado ao discipulado de Cristo é convocação à comunhão em sua Igreja e à sua missão. Nossa fé é teologal e eclesial. É teologal em seu objeto: põe-nos em relação direta com Deus-Trindade. É eclesial em sua realização histórica: envia-nos em missão ao mundo. Como membros da Igreja, somos chamados a viver e transmitir a comunhão com Deus-Trindade, convi-dando outros a participarem dessa comunhão. Comunhão e missão estão unidas entre si: a comunhão é missionária e a missão é para a comunhão.

A Igreja, casa e escola de comunhão, constitui-se em uma unidade orgânica formada por uma diversidade de carismas,

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ministérios e serviços, em um mesmo Corpo, em vista da ir-radiação missionária do Evangelho. Por isso, todos os orga-nismos eclesiais devem estar animados por uma espirituali-dade de comunhão missionária.

As exigências e os âmbitos da evangelização

Serviço-diálogo-anúncio-comunhão, nesta ordem, ex-pressam a pedagogia da evangelização. O serviço, que pressupõe o conhecimento dos problemas, anseios, frustra-ções, alegrias e tristezas do nosso povo, consiste na inser-ção social, em vista da libertação integral e da reconciliação, sobretudo em favor dos mais necessitados. O diálogo é a abertura para o outro, que também é portador de sementes do Verbo. O anúncio é a explicitação alegre do testemunho cristão, enquanto proclamação clara da Boa Nova de Jesus Cristo; é o fio condutor do processo evangelizador, que cul-mina na maturidade do discípulo no seguimento do Mestre. A comunhão é o resultado da fé em Jesus Cristo, suscitada, acolhida e partilhada, dando forma a uma comunidade de discípulos missionários.

Essas quatro exigências intrínsecas da evangelização se operacionalizam pastoralmente na inculturação do Evange-lho, pela presença da Igreja nos três âmbitos de ação – pes-soa, comunidade e sociedade –, que constituem as realidades onde o Evangelho precisa ser encarnado. Não se trata de rea-lidades estanques e isoladas, mas interligadas e complemen-tares. Pessoas evangelizadas, ao se fazerem dom, enriquecem a comunidade que, por sua vez, enquanto comunidade ecle-sial, existe para colaborar na edificação de uma sociedade justa, que seja sinal do Reino de Deus. Por outro lado, uma sociedade justa e fraterna é ambiente favorável para a reali-zação das pessoas e a renovação das comunidades.

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A vocação cristã dos discípulos missionários

O discipulado implica a adesão à pessoa e à obra de Jesus Cristo, assumindo seu estilo de vida, seu amor incondicional, solidário e acolhedor, até à doação da própria vida. Um amor que se expressa de modo concreto na opção preferencial pe-los pobres, marginalizados ou excluídos, pelos doentes e so-fredores, por todos os filhos de Deus que padecem violên-cias e discriminações. A missão, que consiste em associar-se à obra de Jesus, é parte integrante da identidade cristã. Por isso, todo discípulo é missionário, pois discipulado e missão são duas faces da mesma moeda.

A missão começa por testemunhar e anunciar Jesus Cristo vivo, a partir de um encontro pessoal com ele. Este encon-tro não só traz felicidade, como impulsiona a proclamar e promover o Reino da Vida, que Deus quer para toda a hu-manidade. Este Reino abarca a totalidade da vida humana, incluindo sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural. Por isso, a santidade não é fuga para o intimismo religioso, para um mundo exclusivamente espiritual. A santidade cris-tã tem uma dimensão social e política, pois ela busca realizar a vontade do Pai, que é incompatível com as situações desu-manas e com as graves desigualdades sociais e as enormes diferenças no acesso aos bens.

Além disso, a salvação em Jesus Cristo diz respeito não só aos indivíduos. Como Deus quis salvar-nos em comunidade, a salvação deve atingir também as relações sociais entre os seres humanos. Consequentemente, a evangelização abarca a promoção humana e a autêntica libertação. Nesse sentido, o encontro de Jesus Cristo nos pobres é uma dimensão cons-titutiva de nossa fé em Jesus Cristo. Ser discípulo missionário é participar responsavelmente na construção de uma socie-dade mais justa.

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A missão segundo o tríplice múnus

Nossa Igreja diocesana, comunidade missionária, tem a responsabilidade de propiciar, neste espaço do mundo e nes-ta época da história, o acesso à Palavra de Deus e à celebra-ção da fé e o cuidado com a caridade fraterna e o serviço aos pobres. A tradição descreve esta responsabilidade segundo o tríplice múnus do Cristo, Caminho, Verdade, Vida (Jo 14,6), que enviou os discípulos a ensinar, batizar e observar (Mt 28,20): ministério da Palavra, ministério da Liturgia, ministé-rio da Caridade.

Ministério da Palavra

A proclamação da Palavra possibilita o acolhimento livre ao anúncio salvífico da pessoa de Cristo-Verdade, no Espí-rito. Logo no início de sua primeira encíclica, Bento XVI es-creveu: “Não se começa a ser cristão por uma decisão ética, mas através do encontro com um acontecimento, com uma Pessoa” (DCE 1). Esse encontro se dá através da pregação do querigma. Sem o anúncio e a prática da Palavra, não há futuro para o cristianismo. A Palavra é universal, é dirigida a todos. Como a semente da parábola, ela se dispõe a cair em qualquer terreno. Continua valendo para nós o lema-convite de nosso Centenário: “De graça recebestes, de graça dai”.

Como discípulos missionários, somos profetas, temos a missão de proferir a Palavra, a todos e por todos os meios:

pela animação bíblica da pastoral, através da leitura 9orante da Bíblia, da formação bíblica e dos Grupos Bí-blicos em Família;

pelo ministério da catequese, não se limitando às crian- 9ças, adolescentes e jovens, mas tendo como prioridade

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a catequese adulta com adultos, valorizando a inicia-ção à vida cristã, e a catequese permanente;

pela catequese familiar, de modo que a recepção dos 9sacramentos não aconteça por motivos exteriores à fé, como costume e tradição, mas por verdadeiras e santas razões;

pela fé assumida pessoal e interiormente, na san- 9tidade de vida, na vivência cristã na família e na comunidade;

pela evangelização da juventude, segundo as orienta- 9ções oferecidas nos documentos da CNBB;

pelos cursos de formação bíblico-teológica oferecidos 9aos leigos;

pela qualificação de agentes e liberação de recursos fi- 9nanceiros para a pastoral da comunicação;

pelo incentivo à educação religiosa nas escolas; 9

pela presença da Igreja nas escolas; 9

pela valorização das atividades ecumênicas e da busca 9de união entre as igrejas cristãs;

pelo carisma da profecia, que deveria enriquecer nos- 9sa Igreja diocesana, para que, interpelada e iluminada pelo testemunho de inúmeros profetas e mártires, tam-bém ela se sinta chamada a testemunhar, com coragem e liberdade, a Palavra que defende a vida do povo e julga os poderes deste mundo;

pelo compromisso em levar a Boa Nova a todos, a co- 9meçar com os pobres, trazendo ânimo e esperança de uma vida melhor, na luta pelos direitos humanos não reconhecidos.

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Ministério da Liturgia

A celebração da liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte de onde emana toda a sua força. Nela o discípulo realiza o mais íntimo encontro com o seu Senhor, o Cristo-Vida, e dela recebe a motivação e a força máximas para a sua missão na Igreja e no mundo. Em sentido estrito, a Liturgia é a celebração do mistério pascal, pela comunidade dos batizados, o que implica necessaria-mente um compromisso com a transformação da realidade, em vista do crescimento do Reino de Deus. Por isso, todos os membros da comunidade têm o direito e o dever de par-ticipar da ação litúrgica, de maneira ativa, consciente, plena e frutuosa. É preciso que assumamos a espiritualidade euca-rística. A Eucaristia pertence à intimidade da união dos fiéis e aumenta a comunhão da Igreja. Nossa Igreja diocesana teve a graça de acolher o 15º Congresso Eucarístico Nacional. Aten-dendo ao lema-convite feito a todo o Brasil – “Vinde e vede!” (Jo 1,39) –, milhares de congressistas vieram a Florianópolis e proclamaram conosco o tema: “Ele está no meio de nós!”. Esse dom precisa tornar-se responsabilidade. Também aqui vale o lema-convite de nosso Centenário: “De graça recebestes, de graça dai”.

Como discípulos missionários, somos todos sacerdotes (1Pd 2,9) para oferecer nossas ações e trabalhos como culto agradável ao Senhor. Nossa Arquidiocese, nossas paróquias e comunidades, devem tornar-se casa e escola da espirituali-dade eucarística. Isto deve ser feito:

pela formação mistagógica, que leva os fiéis a aprofun- 9darem cada vez mais os mistérios que são celebrados; pela valorização do domingo, tanto pela participação 9na Eucaristia e, onde ela não é possível, pela celebra-ção da Palavra, como pela catequese a respeito do do-

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mingo, o dia do Senhor, da Igreja, da família, do des-canso; pela animação do Ano Litúrgico, buscando revelar 9todo o mistério do Cristo no decorrer do ano, desde a encarnação e nascimento até à ascensão, ao pente-costes e à expectativa da feliz esperança da vinda do Senhor; pela valorização e purificação da piedade popular, na 9qual o povo encontra maneiras simples de expressar e viver sua fé e o compromisso missionário; pela celebração da Liturgia das Horas, como excelen- 9te escola e referência fundamental para a oração cris-tã, não só dos clérigos e consagrados, mas de todo o povo; pelo zelo com a música litúrgica, parte integrante e 9significativa da ação ritual, que precisa estar intima-mente vinculada ao momento celebrativo e ao tempo litúrgico; pelo cuidado com o espaço litúrgico, que deve ser fun- 9cional e favorecer o encontro entre as pessoas e com Deus, pois a arte, a arquitetura e a disposição e orna-mentação dos espaços contribuem para que a Igreja celebre e manifeste o mistério cristão; pelo incentivo à inculturação, levando em conta a re- 9alidade açoriana, cabocla, afrodescendente, eurodes-cendente etc., de modo que a liturgia aproveite as expressões culturais, o ritmo, o canto e a música, os instrumentos musicais, as vestes, os espaços, os gestos e símbolos pertencentes a nosso povo; pela pastoral litúrgica, que deve considerar a reali- 9dade histórica, cultural, social, eclesial, de modo que

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todos os fiéis possam participar da liturgia de forma ativa;

pelo cuidado com a preparação, realização e avaliação 9das celebrações, e com a formação dos ministros e do povo;

por celebrações litúrgicas que respeitem a santidade e 9a sobriedade do mistério;

pela oferta de mais horários para celebrações da Euca- 9ristia ou da Palavra, dos demais sacramentos, da reci-tação dos salmos, de visita e de adoração ao Santíssi-mo Sacramento;

pelas celebrações ecumênicas, sinais de busca sincera 9da unidade das igrejas cristãs;

por melhor atendimento aos doentes, aos idosos, às fa- 9mílias enlutadas, etc.;

pela acolhida fraterna nas celebrações. 9

Ministério da Caridade

Se as fontes da vida cristã são a Palavra e os Sacramentos, o centro é a caridade, que vem do próprio Deus, que é Amor. Toda a atividade da Igreja é a manifestação de um amor que procura o bem integral do ser humano, no seguimento de Cristo-Caminho, guia e pastor de seu rebanho. O amor cristão tem duas faces inseparáveis: faz brotar e crescer a comunhão fraterna entre os que acolheram a Palavra do Evangelho e leva ao serviço aos pobres, ao socorro de todos os necessitados. Daí a necessidade de ratificar e potenciar a opção preferencial pelos pobres, implícita na fé cristológica. Essa opção deverá atravessar todas as estruturas e priorida-des pastorais, manifestando-se em gestos concretos. Como

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sujeitos de uma sociedade solidária, os pobres não podem ser tratados como objetos de caridade de forma assistencia-lista e paternalista.

Como discípulos missionários, somos todos responsáveis pela vida das pessoas indefesas e de todos os seres vivos. Isto deve ser feito:

pela promoção da vida em todas as suas modalidades, 9incluída a natureza, pois a destruição dos ecossistemas ameaça a todos, sobretudo os mais pobres, como os camponeses e os moradores dos morros e periferias;

pelo apoio às pastorais sociais já existentes e pela cria- 9ção das que se fazem necessárias, com vistas à prática concreta do amor em favor dos necessitados;

pela valorização do 9 Fundo Arquidiocesano de Solidarie-dade, através do apoio a projetos sociais e de geração de trabalho e renda, os quais apontam para a supe-ração das estruturas de pobreza e injustiça em nossa sociedade;

pela valorização das 9 Ações Sociais, buscando o seu for-talecimento na promoção da vida e da dignidade das pessoas excluídas da sociedade;

por uma pastoral voltada para os construtores da socie- 9dade, como empresários, políticos, formadores de opi-nião, comunicadores, educadores e dirigentes sindicais;

pelo chamado de todos os fiéis a participarem da vida 9política, de modo particular os leigos, atuando como verdadeiros sujeitos eclesiais e competentes interlocu-tores entre a Igreja e a sociedade;

por uma atenciosa pastoral do dízimo, trabalhada não 9com o objetivo apenas de angariar fundos, mas como

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caminho de conversão pessoal, de gratidão evangéli-ca, de partilha comunitária, de rejeição da idolatria do deus-dinheiro e, mesmo, de libertação – espiritual e material – da nossa Igreja diocesana (em cada um dos seus níveis: comunidades, paróquias e diocese);

pela formação de novas comunidades e a construção 9de novas igrejas, para responder ao crescimento de-mográfico de nossas cidades e para incluir todos os novos moradores na comunhão eclesial.

A formação dos discípulos missionários

Diante da atual sociedade pluralista e secularizada, faz-se necessário reforçar uma clara e decidida opção pela forma-ção dos discípulos missionários, que são todos os membros de nossas comunidades. Trata-se de um itinerário formativo, um processo que implica uma aprendizagem gradual, um caminho longo que requer itinerários diversificados, respei-tosos dos processos pessoais e dos ritmos comunitários.

Seguindo a proposta do Documento de Aparecida, nossa Igreja diocesana trabalhará a formação de seus membros, contemplando os cinco aspectos da pedagogia formativa dos dis-cípulos missionários:

o encontro com Jesus Cristo (testemunho pessoal e 9anúncio do querigma);

a conversão (resposta decidida de fé no seguimento de 9Jesus Cristo);

o discipulado (conhecimento e amor a Jesus Cristo, 9pela catequese permanente e a vida sacramental);

a comunhão (inserção na vida da comunidade e senti- 9do de pertença à Igreja);

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missão (cumprimento do mandamento missionário do 9Senhor (Jo 20,21), pela partilha da própria experiência da salvação aos outros).

Esta pedagogia formativa aterriza na ação pastoral em quatro eixos:

experiência de fé (pelo encontro pessoal com Jesus 9Cristo nas Escrituras, na Liturgia, na oração pessoal e comunitária, na comunidade viva e no amor fraterno, nos pobres);

vivência comunitária (em comunidades que propiciem 9acolhida fraterna, valorização de cada um, inclusão na vida comunitária, co-responsabilidade);

formação bíblico-teológica (pelo aprofundamento da 9Palavra e dos conteúdos da fé);

compromisso missionário de toda a comunidade (pelo 9ir ao encontro dos afastados e pela presença no mundo da juventude, das comunicações, das universidades, do turismo, no mundo urbano).

Em tempos em que a realidade se torna cada vez mais complexa, torna-se necessário considerar na formação o que é específico a cada vocação, ministério e serviço na comuni-dade eclesial e na sociedade. A formação de diáconos e pres-bíteros exige uma atenção especial, para que respondam aos desafios da realidade atual. A formação permanente e inte-gral possibilitará aos leigos a descoberta de sua própria vo-cação e os motivará a assumir sua missão. Há urgência em se investir na formação específica dos leigos e leigas, tendo presente as grandes questões que afetam nosso povo, como as sócio-econômicas, políticas e ecológicas, no diálogo com as culturas, de modo especial, a cultura urbana. Temos a van-tagem de ter em nossa Arquidiocese o curso de teologia do

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ITESC, que poderia servir para que muitos leigos e leigas se-jam introduzidos no mundo da teologia.

A espiritualidade dos discípulos missionários

A missão evangelizadora exige não só estruturas adequa-das, mas também que os sujeitos sejam alimentados por uma espiritualidade missionária conforme a própria vocação, os dons, carismas e ministérios recebidos do Espírito para a re-alização do Reino. Técnicas e instrumentos são importantes, mas não substituem a ação do Espírito Santo.

A ação evangelizadora, como serviço da missão e obedi-ência ao Espírito Santo, exige do evangelizador cuidar da própria competência, para que não venha, por negligência, a perder o Evangelho. Nada substitui a experiência do Deus vivo, alimentada constantemente pela escuta da Palavra de Deus, tanto no livro da Escritura quanto no livro da vida; pela participação na Eucaristia e demais celebrações; pela oração generosa aberta a Deus e à sua presença na realida-de humana; pelo abandono ao Espírito Santo, que precede a ação do evangelizador, assiste-o cotidianamente confortan-do-o nas dificuldades e mesmo nos fracassos; e pela doação de si mesmo no serviço aos demais.

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III. A AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA DIOCESANA – AGIR

Devemos crescer na consciência de que somos fermento na massa, luz no mundo, sal da terra. Queremos que nossa missão evangelizadora esteja inserida na realidade que nos envolve. Ao mesmo tempo em que contemplamos essa re-alidade com olhar de crentes, buscamos interferir nela com obras eficazes para transformá-la, na certeza de que, agindo em nome de Cristo e na força do Espírito Santo, alcançare-mos muitos frutos.

Seguindo as diretrizes da evangelização da Igreja no Brasil, nossa Igreja diocesana percebe numerosos e complexos desa-fios nos âmbitos da pessoa, da comunidade e da sociedade.

Promover a pessoa humana

Desafio atual

No âmbito da pessoa, o grande desafio é ajudar as pessoas a construir a própria dignidade e identidade pessoal na base da liberdade autêntica. Todos querem ser alguém. Mas mui-tos buscam valorizar-se a partir da preocupação com valores exteriores: status, prestígio, dinheiro, moda etc. Esquecem-se de que a verdadeira identidade e dignidade se encontram na mais profunda interioridade: a liberdade que vem de dentro, no encontro com a própria consciência.

Contribuição cristã

A fé cristã tem uma contribuição única a dar às pessoas. Ela ensina e testemunha que a dignidade do ser humano tem sua raiz mais profunda no próprio Deus, que criou-nos à sua imagem e semelhança, para a reciprocidade e a comunhão.

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Por ser dotada de razão e vontade, liberdade e capacidade para amar, a pessoa humana deve ser respeitada em todas as etapas da existência, nunca tratada como meio, mas sempre como um fim, sem preconceitos nem discriminação. Em Je-sus de Nazaré, Verbo encarnado, Deus feito homem, encon-tramos luz para entender o sofrimento como consequência do amor-solidário, que não teme ser fraco com os fracos, nem sofrer com os que sofrem. Um amor samaritano, que impele ao encontro das necessidades dos pobres e dos que sofrem, atuando para criar estruturas mais justas, condição sem a qual não é possível uma ordem justa na sociedade.

Pistas de ação

No âmbito da pessoa, assumimos as seguintes pistas de ação, distribuídas de acordo com as quatro exigências da evangelização:

Serviço:

Acolher toda pessoa que vem em busca da Igreja e ir 9ao encontro daqueles que deixaram de participar de nossa vida eclesial, promovendo oportunidades de es-cuta e diálogo.

Acompanhar, pela catequese, cada pessoa a partir da 9família, em suas diversas etapas e situações de vida.

Promover a pastoral dos adolescentes e jovens, dando- 9lhes maior espaço de ação, renovando a opção afetiva e efetiva de toda a Igreja pela juventude.

Valorizar os idosos, acompanhando-os e aprendendo de 9sua sabedoria de vida, apoiando políticas sociais e soli-dárias que atendam às suas necessidades, e incorporan-do-os ainda mais na missão evangelizadora.

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Valorizar a participação da mulher na vida familiar, 9eclesial, cultural, social, política e econômica, criando espaços e estruturas que favoreçam sua inclusão, im-pulsionando uma organização pastoral que promova o protagonismo delas, com presença nos espaços de decisão e acesso aos ministérios.

Motivar, acolher e auxiliar os homens no engajamen- 9to eclesial e comunitário, a fim de superar sua escassa presença em nossa pastoral.

Dar atenção especial à família, um dos eixos de 9toda a ação evangelizadora, cobrando políticas públicas em seu favor, de modo especial, iniciati-vas de solidariedade em relação a pessoas com ne-cessidades especiais, a famílias e grupos atingidos pelo desemprego, miséria, fome e outras formas de sofrimento.

Firmar a opção pelos pobres, com atenção especial aos 9excluídos e marginalizados, com ações sociais estrutu-radas, concretas, ressocializadoras e integradoras.

Defender e promover a dignidade da vida humana 9em todas as etapas de sua existência, desde a fecun-dação até a morte natural, denunciando as várias formas de desrespeito à vida: aborto, eutanásia, es-terilização, comercialização do sexo e do corpo, vio-lências físicas e simbólicas.

Favorecer a integração dos novos moradores e a cons- 9tituição de pequenas comunidades eclesiais, adqui-rindo terrenos, em vista da construção de igrejas e centros comunitários, nos locais em que se percebe o surgimento de grandes concentrações habitacionais (prédios, condomínios, bairros etc.).

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Diálogo:

Ir ao encontro de todas as pessoas, de modo especial 9dos que sofrem alguma forma de exclusão, com res-peito e atenção personalizada.

Acolher e dar atenção especial aos migrantes, aos novos 9moradores de nossas comunidades, aos migrantes sazo-nais explorados pela terceirização e aos migrantes estran-geiros.

Capacitar pessoas dotadas de carismas específicos, 9para que possam acompanhar espiritual e pastoral-mente a outros.

Valorizar o encontro pessoal como caminho de evange- 9lização, tanto com os membros da comunidade como com os que dela não fazem parte, criando espaços de visita, escuta, acompanhamento e oração.

Priorizar a visitação das famílias, sem esquecer locais 9de trabalho, moradias de estudantes, favelas e corti-ços, alojamentos de trabalhadores, prisões, albergues e moradores de rua.

Acompanhar as alegrias e as preocupações dos tra- 9balhadores, abraçando sua luta contra o desemprego e buscando caminhos alternativos para a geração de renda e a economia solidária.

Anúncio:

Anunciar às pessoas que perderam o sentido da vida e 9vivem desanimadas e deprimidas, que Jesus ressusci-tado venceu o mal, o pecado e a morte e oferece a vida plena para todos.

Proclamar, por palavras e ações, o desapego dos bens 9terrenos, porque só em Deus temos o bem supremo.

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Manifestar às pessoas fechadas no egoísmo e no in- 9dividualismo, que a vida em comunidade é essencial para a realização humana e cristã.

Ajudar os pais e mães ou responsáveis a serem os pri- 9meiros catequistas, a redescobrirem a beleza de viver e transmitir o Evangelho às novas gerações, como ga-rantia de vida feliz e de unidade na família.

Mostrar, nos encontros de preparação ao matrimônio, 9a graça deste sacramento e a beleza da vida conjugal e familiar.

Promover uma efetiva ação pastoral e evangelizadora 9com casais em segunda união, com acompanhamento e incentivo a participar da vida da Igreja.

Educar para a oração pessoal, familiar, comunitária e 9litúrgica, particularmente importante nos lugares e si-tuações de conflito.

Garantir presença maior nos locais de sofrimento (hos- 9pitais, presídios, velórios etc.), levando às pessoas o conforto da Palavra da Deus, da oração e da bênção da Igreja.

Testemunho de comunhão:

Criar comunidades de dons, serviços e ministérios, em 9que as pessoas se sintam bem e descubram seus valores e carismas.

Amparar os agentes de pastoral em suas dificuldades 9e colaborar com sua formação e qualificação para me-lhor servirem a comunidade.

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Fortalecer os Grupos Bíblicos em Família, como espaço 9privilegiado de evangelização, de realização pessoal e de experiência de vida fraterna.

Promover oportunidades de práticas solidárias e par- 9ticipação em projetos comuns.

Valorizar o sacramento da reconciliação e a orientação 9espiritual, dando mais oportunidades de acesso a es-ses bens espirituais.

Facilitar o direito dos fiéis à participação dos sacra- 9mentos e demais atos de piedade cristã, adequando horários e locais aos ritmos da vida das pessoas.

Renovar a comunidade

Desafio atual

No âmbito da comunidade, o grande desafio é superar a indiferença e a fragmentação da vida das pessoas, e agir em vista de relações mais humanas, a fim de que todos se encon-trem em comunidades vivas.

Contribuição cristã

A fé cristã ensina e testemunha que a pessoa humana, cria-da à imagem e semelhança do Deus-Trindade, só se realiza plenamente, na medida em que vai se descobrindo como um ser relacional, chamado à fraternidade, acolhedor de todos os seres humanos, sem discriminação. A vida cristã só se apro-funda e se desenvolve na comunhão fraterna, que se abre e aponta para a fraternidade universal. Diante da fragmentação e do esfacelamento das relações que desumanizam as pesso-as, a fé cristã propõe a solidez de relações verdadeiramente

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humanas, que se fundamentam no amor de Deus-Trindade e se expressam no amor fraterno e na vivência da comunidade familiar e eclesial.

Pistas de ação

No âmbito da comunidade, assumimos as seguintes pistas de ação, distribuídas de acordo com as quatro exigências da evangelização:

Serviço:

Providenciar para que a pastoral do dízimo seja implan- 9tada e dinamizada em todas as instâncias da vida ecle-sial, de modo a facilitar a todos os fiéis a possibilidade de exercer, com alegria, a partilha e a gratidão.

Colocar a serviço do povo as estruturas e organizações 9e os espaços físicos existentes na Arquidiocese e nas pa-róquias.

Zelar pela manutenção do patrimônio físico das comu- 9nidades e paróquias, garantindo que esteja sempre a serviço da evangelização.

Investir no valor e na contribuição das comunidades 9(Comunidades Eclesiais de Base, capelas, pequenas comunidades etc.) que permitem ao povo chegar a um maior conhecimento da Palavra de Deus, ao compro-misso social em nome do Evangelho, ao surgimento de novos serviços leigos e à educação da fé dos adultos.

Manifestar a comunhão de amor na diversidade de 9carismas, serviços e ministérios, abrindo espaços de participação dos leigos, confiando-lhes ministérios e responsabilidades em uma Igreja onde todos vivam de maneira responsável seu compromisso cristão.

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Aproveitar-se das oportunidades existentes na Arqui- 9diocese para a formação humana, teológica, pastoral e espiritual de nossas lideranças: Escola de Ministérios da Arquidiocese (EMAR), Instituto Teológico de Santa Catari-na (ITESC), cursos comarcais e paroquiais de teologia para leigos, cursos de catequese, de Bíblia.

Servir-se dos mesmos espaços para incentivar a forma- 9ção no campo social das lideranças cristãs.

Aplicar recursos, subvencionando os cursos, na for- 9mação de catequistas, ministros, agentes da liturgia, entre outros, a fim de que se possa contar sempre com alternância de lideranças nas coordenações das diver-sas pastorais.

Acreditar na força de uma Igreja ministerial, constituída 9por um número extraordinário de cristãos leigos e leigas dispostos a assumir os mais variados ministérios, como recurso que vai dando um novo rosto à Igreja presente na Arquidiocese e, ao mesmo tempo, dando resposta a muitas necessidades da comunidade católica e fazendo frente aos grandes desafios da evangelização.

Diálogo:

Acolher os turistas, bem como os migrantes e os imi- 9grantes que vêm morar em nossas cidades, abrindo es-paços para sua inserção em nossas comunidades.

Conscientizar-se de que contradiz o Reino de Deus a 9existência de comunidades cristãs fechadas em torno de si mesmas, na busca contraditória de uma santida-de que não transborda para o relacionamento com a sociedade em geral, com as culturas, com os demais irmãos que também creem em Jesus Cristo e com as outras religiões.

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Dispor-se ao diálogo com os irmãos e irmãs que creem 9em Jesus Cristo, mesmo diante de dificuldades surgidas, em especial de setores que não aceitam o ecumenismo.

Criar cursos e escolas de formação para o ecumenis- 9mo, bem como investir em ministérios específicos para o diálogo ecumênico e inter-religioso.

Fortalecer o compromisso dos 9 Conselhos Paroquiais de Pastoral (CPPs) e dos Conselhos de Pastoral da Comunida-de (CPCs), a fim de que se evidencie para os próprios membros e para todo o povo um modelo mais comuni-tário de ser Igreja e de exercer a obra evangelizadora.

Anúncio:

Transformar todas as forças vivas de nossa Igreja dio- 9cesana em comunidades missionárias, em vista de uma ação missionária planejada, organizada e sistemática, com base em uma verdadeira conversão pastoral, que faça a passagem de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária.

Sair em busca dos católicos afastados, dos que se desli- 9garam da Igreja, por motivos de indiferença religiosa, mau acolhimento, intransigência legal, escândalo de membros da Igreja, etc.

Dar importância aos ministérios mais diretamente li- 9gados à missão, como os ministérios da visitação e da bênção, da consolação e da esperança, da acolhida.

Alargar ainda mais nosso horizonte missionário, com- 9prometendo-nos com a missão além-fronteiras, em ou-tras regiões e países, envolvendo os seminaristas e os presbíteros, através de experiências concretas, sobre-tudo durante as férias.

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Adequar a ação evangelizadora aos avanços da tecnolo- 9gia, sobretudo referentes à informatização, incentivando as paróquias a irem além do aproveitamento das opor-tunidades e assumirem até mesmo programas que exi-jam investimentos.

Acreditar na força do 9 Jornal da Arquidiocese, em torno do qual deve haver uma unidade de apoio, e valorizar também o jornal Missão Jovem que, entre tantas quali-dades, divulga nossa Arquidiocese pelo país afora.

Incentivar a criação e organização dos informativos 9paroquiais.

Criar e apoiar as rádios comunitárias, em parceria en- 9tre entidades e igrejas.

Criar uma rádio própria, que seja a voz da Arquidiocese. 9

Constituir um grupo de pessoas capazes de expor, de 9modo conveniente, claro e oportuno, a posição da Igre-ja a respeito de assuntos e eventos em pauta na mídia e na sociedade.

Apoiar o Arcebispo Metropolitano e o Conselho Ar- 9quidiocesano de Pastoral na tomada de posições cla-ras e proféticas em relação às graves questões sociais e morais que afligem nosso povo.

Concentrar-se na catequese, a qual deve estar sempre 9atenta à participação comunitária e ao conhecimento da fé, como exigência indispensável para enfrentar o particularismo e o relativismo religioso.

Priorizar cada vez mais a catequese com adultos, con- 9templando o catecumenato e a iniciação cristã para to-dos os que se achegam às nossas paróquias, pedindo os sacramentos.

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Testemunho de comunhão:

Testemunhar a comunhão, através da prática do diá- 9logo no interior da comunidade eclesial, no respeito à variedade de vocações, espiritualidades e movimen-tos, buscando a convergência para a unidade e evitan-do competição, rejeição e discriminação.

Apoiar as muitas famílias que seguem o modelo cristão 9de família, valorizando-as através da Pastoral Familiar e promover os valores cristãos junto às famílias que não seguem o padrão tradicional (pai-mãe-filhos).

Renovar cada paróquia para que seja comunidade de 9comunidades, através de reformulação de suas es-truturas, de uma setorização em unidades menores e, dentro dos setores, comunidades de famílias, com equipes próprias de animação e de coordenação.

Investir nas pequenas comunidades, movimentos, gru- 9pos e associações, como espaços que ajudam a Igreja a tornar-se comunidade de comunidades.

Dinamizar os conselhos de pastoral em todas as ins- 9tâncias (diocese, comarcas, paróquias e comunidades), favorecendo a participação de representantes de todas as categorias de fiéis e assumindo todas as dimensões da ação evangelizadora, inclusive as questões admi-nistrativo-financeiras.

Implementar a pastoral orgânica, implantando nas pa- 9róquias os CPPs e os CPCs, para que articulem ações, agentes e recursos, e contribuam para a promoção da diversidade de carismas e iniciativas de evangeliza-ção, evitando, assim, a fragmentação e o desperdício de forças e recursos.

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Garantir que as pastorais, as organizações e os servi- 9ços existentes em cada paróquia, e os movimentos que atuam na Arquidiocese em qualquer âmbito, estejam ligados aos organismos pastorais e serviços da Arqui-diocese, em vista do testemunho de unidade evangé-lica eclesial.

Incentivar as pastorais, organismos, serviços e movi- 9mentos, para que assumam essas diretrizes e entrem na caminhada do planejamento pastoral da Arquidiocese.

Garantir que as manifestações visíveis da Igreja em 9grandes concentrações sejam expressão de uma evan-gelização inserida e libertadora, atuante nas comunida-des, nas pastorais, nos grupos e nos movimentos, a fim de alcançarem autêntico significado evangelizador.

Empenhar-se para que o sustento financeiro de todas 9as atividades pastorais e de pessoas qualificadas em diversas áreas seja fruto da Pastoral do Dízimo, cuja articulação e execução exigem de muita coragem e unidade.

Incentivar os fiéis à partilha do dízimo em sua comu- 9nidade, explicando que a oferta-colaboração que se faz a um movimento ou instituição, não exime ninguém do direito-dever do dízimo, como oferta à sua paró-quia de eleição.

Criar e manter, em todas as instâncias pastorais, a prá- 9tica da prestação de contas do movimento financeiro mensal e anual, a fim de testemunhar pela nossa ação a ética e a transparência que cobramos da administração pública.

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Constituir, nas comarcas e na Arquidiocese, um fundo 9financeiro para aquisição de terrenos, a fim de cons-truir locais de culto para as novas comunidades.

Incentivar e garantir, em nível paroquial, comarcal e 9arquidiocesano, a organização dos Grupos Bíblicos em Família, que são uma das maiores graças para a Igreja em nossos dias e um meio moderno de evangelização.

Promover maior integração entre paróquias, pastorais, 9movimentos e serviços, em vista da vivência e do tes-temunho.

Construir uma sociedade solidária

Desafio atual

No âmbito da sociedade, o grande desafio é superar a men-talidade consumista e hedonista, o escândalo da corrupção e todas as formas de exclusão e violência, através da interpela-ção à prática concreta da solidariedade.

Contribuição cristã

A fé cristã é fundamento para todo compromisso social. Do encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo nasce um interesse autêntico pelos problemas da sociedade e a con-sequente solidariedade para com os necessitados. Se a maior miséria física é morrer de fome, a maior miséria espiritual é deixar morrer de fome, fugindo dos compromissos sociais. O compromisso social é sinal privilegiado do seguimento de Cristo, servidor dos pobres e famintos, devendo ser manifes-tado por toda a comunidade cristã e não apenas por algum grupo ou alguma pastoral social. Uma comunidade insensí-vel às necessidades dos irmãos e à luta para vencer a injustiça é um contratestemunho e celebra indignamente a própria li-

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turgia. A Igreja deve ser companheira de caminho dos irmãos mais pobres, deve ser sacramento de amor, de solidariedade e de justiça entre os nossos povos. A figura do Bom Samari-tano é modelo para que nossa Igreja se torne cada vez mais uma Igreja Samaritana.

Pistas de ação

No âmbito da sociedade, assumimos as seguintes pistas de ação, distribuídas de acordo com as quatro exigências da evangelização:

Serviço:

Valorizar a 9 ASA-Cáritas e a rede de ações sociais, como ação eclesial que incide de modo organizado, planeja-do e sistemático no meio social.

Estimular diáconos permanentes, devidamente pre- 9parados, para a coordenação da ação social de nossa Igreja.

Incentivar diáconos permanentes mais jovens a fazer 9o curso de Serviço Social (pelo menos algumas discipli-nas), para melhor exercerem a dimensão social de sua diaconia.

Trabalhar em todos os ambientes da sociedade por 9uma cultura da vida e do respeito incondicional pela pessoa humana, bem como por uma nova cultura de austeridade.

Defender as condições mínimas de subsistência, cen- 9trando a atenção em direitos básicos como alimentação, trabalho, saúde, moradia, educação, segurança e terra.

Marcar presença participativa nos 9 Conselhos Municipais de Assistência Social e em outros conselhos paritários de

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direitos, que determinam as políticas sociais dos muni-cípios, firmando o compromisso por políticas públicas que facilitem a criação de novos empregos, o acesso ao trabalho e renda, a redistribuição da terra e o desen-volvimento da agricultura familiar e de cooperativas, além do crédito subsidiado aos pobres, por meio de instituições que emprestam com juros baixos.

Combater a corrupção e a impunidade, através do efe- 9tivo acompanhamento das ações do poder público em todas as suas instâncias, continuando o combate con-tra a corrupção eleitoral, através da Lei 9.840.

Trabalhar pela segurança e pelo combate à criminalida- 9de, fortalecendo a pastoral junto aos presidiários e junto às vítimas do narcotráfico e da violência urbana.

Educar para a ecologia, através de atitudes que evitem 9a destruição da natureza, tanto no meio urbano quanto no rural, entre elas, a preservação da água, patrimônio da humanidade, evitando sua privatização.

Apoiar a organização dos movimentos sociais ou po- 9pulares, para que os pobres e oprimidos tornem-se su-jeitos da própria libertação e da edificação de novas formas de solidariedade.

Superar gestos imediatos de doação caritativa, que são 9importantes e mesmo indispensáveis, em favor da au-têntica opção pelos pobres, que é convívio, relaciona-mento fraterno, atenção, escuta, acompanhamento nas dificuldades, promoção e defesa da vida e empenho, junto com os próprios pobres, pela mudança de sua situação.

Colaborar com instituições privadas ou públicas, com 9os movimentos populares e outras entidades da socie-

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dade civil, no sentido de reivindicar democraticamen-te a implantação e a execução de políticas públicas vol-tadas para a defesa da vida e do bem comum, segundo a Doutrina Social da Igreja.

Acompanhar, 9 nas instâncias municipais, o trabalho do Legislativo, do Executivo e do Judiciário, na vigilância contra a corrupção, a impunidade, o prejuízo ao bem co-mum e toda legislação contrária à vida e à lei natural.

Apoiar as diferentes iniciativas de economia solidá- 9ria, como alternativas de trabalho e renda, consumo solidário, segurança alimentar, cuidado com o meio ambiente, formas de finanças solidárias, trabalho co-letivo e busca do desenvolvimento local sustentável e solidário.

Participar em mobilizações e debates relacionados 9com momentos importantes da vida do povo como, por exemplo, Fórum das Pastorais Sociais, as Semanas Sociais, o Grito dos Excluídos e as campanhas eleitorais nas esferas municipal, estadual e federal.

Acompanhar as questões ecológicas que fazem parte 9de nosso cotidiano, uma vez que a Arquidiocese se si-tua em área geográfica em que a natureza é bastante farta e bela, considerando as oportunidades de par-ceria com órgãos do governo e com organizações não governamentais relacionadas ao assunto.

Assumir com vigor o mundo da educação, seja atra- 9vés dos colégios especificamente católicos, seja atra-vés da presença missionária nas escolas, colégios e universidades.

Intervir nas escolas públicas municipais e estaduais, 9tratando-as como parceiras colaboradoras no processo

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da formação integral dos estudantes, marcando presen-ça evangélica, definindo a inclusão de conteúdos reli-giosos, animando e capacitando, doutrinal e pedagogi-camente, seus professores de Ensino Religioso.

Considerar o grande número de universidades, que 9foram instaladas em nossa Arquidiocese, como um desafio à evangelização, que deve ser assumida pelas paróquias, a Pastoral Universitária, a Pastoral da Ju-ventude e os movimentos de juventude.

Renovar a opção de Puebla pelos jovens, diante da re- 9alidade de alienação ética e moral presente no mundo da juventude, colaborando para uma maior organiza-ção de grupos e movimentos de jovens, presentes nas diversas realidades: escolas, periferias, comunidades, condomínios etc.

Assumir o mundo do turismo como novo areópago a 9ser evangelizado.

Garantir que as 9 Ações Sociais Paroquiais e as Pastorais Sociais existentes na Arquidiocese estejam ligadas à Ação Social Arquidiocesana, para facilitar uma maior efi-ciência conjunta e, ao mesmo tempo, para a formação de uma força comum que seja o rosto visível da ação caritativa da Igreja, na partilha de vida e na opção pre-ferencial pelos pobres.

Considerar a importância das organizações não go- 9vernamentais em nossa sociedade, buscando parcerias com elas em vista da evangelização nos mais diversos âmbitos da vida social.

Possibilitar o surgimento de programas e projetos sociais 9nas comunidades, capazes de promover o protagonis-mo dos excluídos, utilizando-se do Fundo Arquidiocesano

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de Solidariedade como ferramenta importante de inclusão social.

Divulgar anualmente os projetos apoiados pelo 9 Fun-do Arquidiocesano de Solidariedade, sobretudo durante a Campanha da Fraternidade e o período da Coleta da So-lidariedade, motivando assim o surgimento de novas iniciativas que promovam a vida e a solidariedade, de acordo com o tema de cada ano.

Apoiar, direcionar e concretizar as propostas e políticas 9públicas que favorecem a inclusão social e o reconheci-mento dos direitos de toda a população.

Conscientizar-se de que nenhuma instituição dispõe 9de recursos humanos voluntários como a Igreja, o que exige formação contínua dos agentes de pastorais e de serviços, sob pena de traição ao Evangelho.

Diálogo:

Favorecer a acolhida e o contato interpessoal, com es- 9cuta, orientação religiosa e psicológica das pessoas que sofrem pelo empobrecimento e exclusão social.

Incrementar ainda mais a presença pastoral junto aos pre- 9sidiários, ajudando a dar às penalidades um caráter curati-vo e corretivo, visando a reintegração ao meio social.

Promover uma sociedade que respeite as diferenças, 9combatendo o preconceito e a discriminação nas mais diversas esferas.

Apoiar e fazer acontecer as políticas públicas que favo- 9recem a inclusão social e o reconhecimento dos direi-tos das populações de origem indígena e africana.

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Promover o diálogo sobre as grandes questões éticas, 9como, por exemplo, o reconhecimento da dignidade da pessoa humana e a preservação do meio ambiente.

Estimular e conscientizar o espírito crítico atento à ma- 9nipulação da opinião pública pela mídia, ajudando a selecionar, criticar, reagir e mesmo negar audiência a programas que firam a consciência cristã e a lei moral.

Anúncio:

Conscientizar sobre a necessidade e o valor da coerên- 9cia de vida dos católicos com sua fé, mostrando que o cristianismo é fermento de libertação e de transforma-ção da vida pessoal, eclesial e social.

Evitar a tentação de transformar a religião em merca- 9doria, numa sociedade excludente e consumista, volta-da basicamente para o lucro.

Fazer uso dos meios de comunicação com mais de- 9sempenho, competência e profetismo, para o anúncio do Reino de Deus, com uma presença mais regular e efetiva em todos os meios de comunicação (TV, rádio, internet, jornais e outros).

Valorizar e apoiar os meios de comunicação próprios 9da Igreja, tornando-os adequados instrumentos no tra-balho de evangelização.

Preservar a linguagem e a ação católica em nossa ação 9evangelizadora.

Utilizar os amplos recursos da internet e utilizá-la de 9modo criativo e responsável.

Investir na formação de comunicadores, com boa pre- 9paração profissional e pastoral.

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Incentivar e, onde já existe, animar a Pastoral da Co- 9municação nas paróquias, para a integração entre as pastorais, articulando o processo de comunicação no interior da Igreja e envolvendo os meios de comunica-ção no anúncio da Palavra de Deus a todos.

Promover intercâmbios entre as experiências de pro- 9jetos sociais da Arquidiocese, bem como publicar seus resultados nos meios de comunicação social.

Favorecer a participação social e política dos cristãos 9nos diversos níveis e instituições, promovendo-se cur-sos, grupos de reflexão, formação e ação.

Educar a comunidade eclesial, através de um manual didá- 9tico, no conhecimento da Doutrina Social da Igreja, como decorrência ética imprescindível da própria fé cristã.

Engajar-se nas 9 Campanhas da Fraternidade, que anual-mente destacam um tema social da realidade brasilei-ra, bem como em outras iniciativas entre as quais as romarias da terra e dos trabalhadores.

Criar ou apoiar grupos, cursos e escolas de Fé e Políti- 9ca nos diferentes âmbitos eclesiais.

Dar atenção especial à formação de professores de en- 9sino religioso.

Testemunho de comunhão:

Fortalecer a 9 ASA-Cáritas no âmbito diocesano, com suas ramificações em cada paróquia, como mediação para o incentivo e a sustentação de iniciativas de soli-dariedade para com os mais necessitados.

Implementar uma ação pastoral adequada à realidade 9urbana em sua linguagem, estruturas, práticas e ho-rários, com setorização das paróquias territoriais em

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unidades menores, que permitam proximidade e ser-viço mais eficaz.

Multiplicar e diversificar as comunidades eclesiais nas 9periferias e em ambientes específicos, tais como a esco-la, a universidade, os ambientes rurais e o mundo das diferentes etnias.

Engendrar estratégias para chegar aos condomínios 9fechados, prédios residenciais, favelas, cortiços e ou-tros núcleos de convivência.

Garantir presença nos centros de decisão de nossas ci- 9dades, tanto nas estruturas administrativas como nas organizações comunitárias.

Refletir e planejar a pastoral em comum (atendimento 9hospital e carcerário, encontros de preparação para os sacramentos do batismo e do matrimônio, atendimen-to de confissões etc.) entre paróquias de uma mesma cidade.

Acolher os que chegam à cidade e os que já vivem 9nela.

Dar atenção especial à evangelização nos ambientes 9de favelas, cortiços e periferias, lugares facilmente es-quecidos pelo poder público e nem sempre atingidos pelas iniciativas pastorais.

Criar paróquias em ambientes especializados, em meio 9à complexidade da vida urbana.

Propiciar formação específica para presbíteros, diáco- 9nos e agentes de pastoral, capacitando-os a responder aos novos desafios da cultura urbana, inclusive enca-minhando presbíteros para cursos de pós-graduação (especialização e mestrado).

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Incentivar os colégios católicos a ultrapassar os limites 9de uma educação preponderantemente voltada para a produção, em vista de uma proposta e uma presença educativa pautadas pelos valores do Reino e pela uni-dade com a Igreja particular.

Divulgar análises das grandes questões mundiais, a 9partir do modo como essas questões atingem pessoas e populações mais pobres, marcadas pela exclusão, pela violência e pela perseguição.

Garantir a presença evangélica de nossa Igreja nas pe- 9riferias de nossas cidades.

Sensibilizar os fiéis a respeito das grandes questões da 9justiça internacional, inspirados na postura de Jesus e nos princípios norteadores da Doutrina Social da Igreja.

Conclusões

Tendo em vista o olhar sobre a realidade (ver), a teologia e a espiritualidade que nos anima na evangelização (julgar) e as pistas de ação que nos propomos a assumir (agir), acha-mos importante ter em mente os seguintes grandes eixos:

Caridade, serviço e ação social: 9 Organizar a Pastoral Social Arquidiocesana, através da formação de agen-tes da caridade social nas paróquias; da capacitação de pessoas na elaboração de projetos sociais; da pro-moção de maior interesse pelas questões sociais e am-bientais; da articulação dos serviços da Ação Social na Arquidiocese.

Vocações, ministérios e lideranças: 9 Mobilizar a Arqui-diocese para a formação de novas lideranças, através da animação vocacional junto aos jovens, coroinhas e crismandos; do acompanhamento às famílias e do for-

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talecimento da pastoral familiar; do trabalho com ca-sais de segunda união; e de cursos de formação para novos líderes escolhidos. Nesse eixo, pede-se empenho de todos no campo da Pastoral Vocacional, sobretudo na oração pelas vocações sacerdotais na Arquidiocese.

Missionariedade: 9 Motivar o espírito missionário, atra-vés de missões populares na perspectiva de formar e/ou fortalecer novos Grupos Bíblicos em Família e da visitação às famílias. Nesse eixo, assumimos a Missão Continental, para fazer com que nossa Igreja diocesana esteja em estado permanente de missão. Continuar com o incentivo à criação e articulação dos Grupos Bíblicos em Família como prioridade, como meio de fazer com que o Evangelho chegue a todos os ambientes.

Bíblia e catequese: 9 Garantir a formação permanente dos agentes de pastoral e lideranças no campo teológi-co-bíblico, a fim de favorecer maior conhecimento da Bíblia e fortalecer a vivência da fé. Pede-se também o esforço na formação de agentes promotores do diálo-go ecumênico e inter-religioso, que se constitui num caminho especial de construção da nova humanidade. Nesse eixo, pede-se empenho de todos para que nos-sas comunidades e paróquias assumam a catequese mistagógica e a iniciação cristã dos adultos.

Juventude: 9 Diante da necessidade de se pensar no pre-sente e no futuro da Igreja, colocar como prioridade a articulação da Pastoral da Juventude (PJ) em conjunto com os diversos carismas de movimentos que atuam com jovens. Criar o Setor da Juventude, como espaço de comunhão dessas experiências, e articular a juventude através de coordenações paroquiais, comarcais e dio-cesanas. É também necessário cuidar da assessoria e

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acompanhamento dos grupos e das coordenações, e dar apoio efetivo e afetivo à juventude nas pastorais, nos movimentos, na catequese e nos grupos de família.

A Igreja diocesana em estado permanente de missão

A Conferência de Aparecida convocou a Igreja na América Latina e no Caribe a colocar-se em estado permanente de missão. A Igreja no Brasil assume o compromisso com a Missão Con-tinental, conforme a inspiração de Aparecida, compromisso que exigirá aprofundar e enriquecer todas as razões e moti-vações que convertem cada cristão em discípulo missionário enviado a edificar o mundo na perspectiva do Reino de Deus. Nossa Igreja sempre foi missionária, mas chegou a hora de motivar e intensificar este espírito missionário, participando da Missão Continental, assumindo-a com rosto brasileiro, ca-tarinense e florianopolitano, conforme a realidade e a cami-nhada de nossa Igreja Particular.

Isto será feito à luz destas diretrizes, tomando em conta as quatro exigências intrínsecas da evangelização (serviço, diá-logo, anúncio, testemunho de comunhão) e os três âmbitos de ação (pessoa, comunidade, sociedade). Buscando ajudar as paróquias e comunidades, as pastorais e movimentos, os serviços e organismos, os colégios e meios de comunicação eclesiais, no desencadeamento de um processo de Igreja em estado permanente de missão, a Arquidiocese propõe-se elabo-rar um Plano Arquidiocesano de Pastoral que será fruto de um planejamento de pastoral a ser assumido em conjunto por todas as nossas forças vivas.

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ANEXOS

DESAFIOS DA AÇÃO EVANGELIZADORA

A 25ª Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, que apro-vou estas diretrizes, achou por bem colocar como anexo os desafios que constavam nas diretrizes anteriores, data-das de 2001. Pelo seu caráter sintético e pela abordagem provocadora da realidade, esses desafios continuam a ser interessantes para o conhecimento de nossa realidade só-cio-cultural, econômica, sócio-política, ecológica, religiosa e eclesial.

Esses desafios são considerados como ameaças (ou fra-quezas), como oportunidades (ou forças) ou como apelos (ou interpelações). Uma vez identificados, deverão ser considerados e devidamente trabalhados, para que a ação evangelizadora em nossa Arquidiocese seja eficaz e produ-tiva, e, além de tudo, libertadora, para realmente realizar o que Jesus mandou: evangelizar para salvar.

DESAFIOS DE ORDEM SOCIAL

Para poder lançar as sementes do Evangelho em vis-ta da construção de um mundo justo e fraterno, é pre-ciso que a Igreja conheça efetivamente toda a realidade que a envolve, e seja a primeira defensora e protagonis-ta do efetivo seguimento de Jesus. Frente às profundas transformações do cenário mundial, nacional e estadual, as quais se refletem na Arquidiocese de Florianópolis, é preciso que identifiquemos os desafios de ordem social, isto é, postos à nossa frente pela realidade social em que vivemos.

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AMEAÇAS DE ORDEM SOCIAL

São situações ou fenômenos que se tornam problema para nós, pois ameaçam direta ou indiretamente a ação evangelizadora, exigindo de nós cerceá-los, combatê-los e minimizá-los:

Crise ética em todos os segmentos da sociedade: 9 Os valores morais e religiosos são muitas vezes colocados em segundo plano e até mesmo ignorados, em busca de uma vida mais fácil e hedonista.

Permissivismo cultural e sexual: 9 Os valores culturais deixam de ser importantes, devido ao relaxamento das consciências e dos costumes, desencadeando inúme-ras distorções maléficas, para as pessoas, as famílias e toda a sociedade.

Contravalores transmitidos pela mídia: 9 Desestrutu-ram ainda mais a sociedade em que vivemos, induzin-do as pessoas e famílias a não lutarem pela manutenção de valores importantes, como o sentido de pertença à família e à comunidade.

Cultura do consumismo e utilitarismo: 9 Incita à aqui-sição de bens que não são necessários e nem utilizados; induz os que não têm acesso a determinado produto, a sentirem-se excluídos.

Ausência total ou parcial do senso do bem comum 9e da cidadania: O que conta é a satisfação da neces-sidade individual, o que serve ao usufruto próprio e imediato; as outras pessoas não são consideradas como companheiras e necessitadas do mesmo bem, que é de todos.

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Opressão econômica, política, social, cultural, racial 9e sexual: Só os mais fortes são os detentores do capital, do poder e do saber, têm vez e voz e dão a última pa-lavra, quase sempre em benefício próprio.

Neoliberalismo e globalização econômica: 9 O dinhei-ro e o lucro postos como objetivo de tudo, produzem exclusão social e transformam os costumes, deturpam os valores educacionais, religiosos e culturais. Os di-reitos básicos dos seres humanos (alimentação, saúde, educação, moradia, trabalho, vestuário) viram merca-doria, à qual só têm acesso os que podem pagar.

Dívidas interna e externa: 9 Um dos mecanismos mais brutais de exploração das economias, essas dívidas constituem um urgente desafio para a consciência da humanidade, pois muitas vezes podem ser considera-das imorais.

Efeitos danosos da migração crescente e desorde- 9nada: Milhares de pessoas são atraídas por uma vida aparentemente melhor, causando o crescimento dos cinturões de pobreza ao redor das cidades maiores, onde saneamento básico, escola, posto de saúde, cre-che, habitação, vias de acesso e lazer são insuficientes ou inexistentes.

Mercantilização da religião: 9 A religião torna-se um bem de venda e consumo. Busca-se o acesso a esse bem, como fonte de satisfação imediata das necessi-dades puramente materiais, tornando o prestígio e o sucesso financeiro uma de suas principais metas, e le-vando ao descompromisso com o social, ao egocentris-mo e ao individualismo.

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Vulnerabilidade às seitas: 9 Por falta de formação na fé e firmeza no que se propunham seguir, muitos deixam a Igreja católica diante do primeiro aceno mais convi-dativo, e outros frequentam simultaneamente diversas propostas religiosas.Pluralismo e subjetivismo de denominações religio- 9sas: Formam um mosaico religioso que pode muitas vezes desorientar a fé no único Deus da vida.Crescimento da violência nos meios urbano e rural: 9 O respeito às pessoas e aos bens materiais deixa de ser importante e constituinte da natureza do ser humano.Proliferação das drogas e avanço da AIDS: 9 O desres-peito à vida, própria e alheia, leva muitas pessoas a abusarem das drogas e do sexo, produzindo uma série ininterrupta de agressões ao dom maior de Deus que é a vida humana.Indiferentismo religioso, social e político: 9 Torna as pessoas apáticas e até ausentes, quando solicitadas a tomar posição diante de questões que afetam a própria vida pessoal e, sobretudo, a vida em sociedade. Desmobilização social: 9 Enfraquece algumas bases da nossa sociedade, como os sindicatos, movimentos po-pulares e partidos políticos. Manipulação ideológica de pequenos grupos: 9 É feita por aqueles que comandam o cenário político, econô-mico e social, para não encontrarem dificuldades no seguimento de seus interesses.Falta de consciência crítica e de identidade religio- 9sa: É causada muitas vezes pelo desconhecimento das bases da fé, que leva as pessoas a mudarem constante-mente de religião.

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OPORTUNIDADES DE ORDEM SOCIAL

São fenômenos ou situações de que podemos nos aprovei-tar em nossa ação evangelizadora; podem favorecer-nos e ser úteis à nossa missão, desde que aproveitados e expandidos:

Participação em ações coletivas e organizadas: 9 Uma grande parcela da população está se tornando cada vez mais sensível ao apelo de movimentos, grupos e entidades que se preocupam com o bem comum.

Crescimento da consciência ecológica: 9 É fruto de um trabalho educacional desenvolvido em todos os seg-mentos da sociedade, objetivando a união de esforços em prol de melhor qualidade de vida no ambiente em que vivemos.

Crescimento do espírito crítico: 9 Percebe-se que a maioria da população, devido ao grande número de informações que recebe, está desenvolvendo seu espí-rito crítico, o que leva a decididas tomadas de posição em favor da vida e contra as injustiças.

Participação em projetos alternativos: 9 Grupos que se unem para lutar por melhores condições de vida e subsistência e fomentar a solidariedade, podem servir-se de diversos projetos e de soluções criativas, que lhes são apresentados pela sociedade, pelo governo e pela própria Igreja.

Voluntariado: 9 Constata-se um crescente envolvimento da população em ações voluntárias, embora esse traba-lho ainda não esteja sendo devidamente valorizado.

Evidência de esforços por realizar articulações e par- 9cerias: A união de vários grupos em torno da busca de

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soluções a problemas comuns tem apresentado bons resultados.

Presença da mística e da esperança: 9 São forças espiri-tuais que alentam e estimulam a luta pela construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

Índice satisfatório de desenvolvimento humano: 9 É sinal e garantia de uma vida mais longa e com melho-res condições.

Presença mais pública da Igreja na sociedade: 9 A co-munidade cristã não fica restrita aos templos religio-sos, mas marca presença efetiva nos espaços públicos e nos meios de comunicação em prol da promoção e defesa da vida.

Participação popular nos níveis de decisão: 9 A popula-ção exerce sua cidadania participando de associações de moradores e de conselhos paritários de direitos, que gerenciam os recursos em favor de políticas públicas.

Credibilidade da Igreja: 9 Em todas as pesquisas de opinião, feitas de vez em quando no país, a Igreja Ca-tólica aparece entre as primeiras instituições de maior credibilidade, com ótima aceitação na sociedade.

Tecnologia da comunicação: 9 Oferece instrumentos fa-cilitadores para a evangelização na Arquidiocese, tais como: rádios e jornais, televisão, computadores, inter-net, telefone.

Acesso aos Meios de Comunicação Social: 9 Esses meios proporcionam possibilidade de grande veicula-ção da mensagem do Evangelho, e estão abrindo por-tas à Igreja.

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Tentativa de resgate da cultura popular: 9 Uma grande parcela da população do nosso litoral (açorianos, ne-gros, italianos, alemães...) busca maior valorização de seus costumes e tradições.

APELOS DE ORDEM SOCIAL

São fenômenos ou situações que tanto podem ser valiosos quanto nocivos para a ação evangelizadora; exigem por isso firme posicionamento em termos de conhecê-los e ponderá-los segundo os critérios do Evangelho:

Crescente fluxo migratório para o litoral: 9 Requer tra-tamento qualificado, pois é necessário dar atenção es-pecial tanto às pessoas que migram quanto aos primei-ros moradores de nossas comunidades.

Crescimento acentuado das periferias: 9 Reclama uma presença mais efetiva da Igreja nesses ambientes.

Presença de população flutuante na temporada de ve- 9rão: Faz-se necessária uma atenção pastoral específica, pois as necessidades dessa população temporária não são apenas de divertimento e lazer, mas também de ordem espiritual.

Grito dos excluídos por justiça: 9 Cada vez mais esta-mos sendo anestesiados e dessensibilizados frente a esse clamor, e muitas vezes não damos respostas ade-quadas à situação.

Questão ecológica: 9 Faz-se urgente uma posição firme em defesa da natureza como um todo, uma vez que a injustiça social produz também desequilíbrio am-biental, e este, por sua vez, gera mais injustiça social, formando-se um verdadeiro círculo vicioso.

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Prática do ecumenismo e do diálogo inter-religioso: 9A fidelidade ao Evangelho, no qual Jesus pede – “Pai que todos sejam um” (Jo 17,21) –, exige de todo o povo cristão abertura para o diálogo com outras igre-jas e religiões.

Descobertas científicas com suas aplicações técnicas: 9Quando bem usadas, segundo os critérios da ética e da moral, podem auxiliar no aumento da expectativa de vida, na cura de doenças e na melhoria da saúde das pessoas.

Utilização adequada dos meios de comunicação so- 9cial: Há nesse campo um apelo fundamental, no senti-do de se usarem corretamente veículos de comunica-ção de tão grande alcance, como sejam o rádio, jornal e televisão, o que exige também a colaboração de profis-sionais do ramo e a obtenção dos espaços necessários.

Presença de universidades: 9 Elas trazem um novo pú-blico para a nossa região, como também a viabilização de projetos úteis e necessários à melhoria da qualidade de vida em nossa sociedade, graças aos estudos e pes-quisas que oferecem e fomentam.

Religiosidade de caráter fortemente subjetivo: 9 Pode levar a uma prática individualista da fé, mas, quando devidamente desenvolvida, pode levar à abertura para as grandes questões sociais.

DESAFIOS DE ORDEM ECLESIAL

A força e a fraqueza, o zelo e o desencanto marcaram e marcam a dinâmica da Igreja peregrina, santa e pecadora. Certos desafios constituem-se ora em problema, ora em opor-tunidade para a vida da Igreja. Na Arquidiocese, temos nu-

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merosos desafios desta natureza. Relacionamos alguns, com a finalidade de identificá-los, para que se busquem soluções.

Os desafios de ordem eclesial são aqueles que experimen-tamos internamente, com os quais convivemos diariamente na vida da própria Igreja. Podem ser vistos como ameaças, oportunidades e apelos.

AMEAÇAS DE ORDEM ECLESIAL

São situações ou circunstâncias que debilitam nossa tarefa evangelizadora:

Fragmentação da ação pastoral e da vivência da fé: 9 É produzida pelo pouco conhecimento da doutrina, pela linguagem pouco adequada, pelo planejamento pouco participativo e pela resistência às diretrizes pastorais comuns. Ela conduz a atividades paralelas e pode ori-ginar crises de identidade.

Isolacionismo ou particularismo: 9 Apresenta-se ora como apego à opinião própria, ora como autossufi-ciência, dividindo as lideranças e comprometendo a unidade da ação pastoral. Sem comunhão torna-se di-fícil planejar e trabalhar.

Modo sacramentalista de pastoral: 9 Não convoca e não compromete suficientemente para a missão, isto é, para a corresponsabilidade, a solidariedade e a compaixão. Está centrado demasiadamente sobre os sacramentos. Essa prática e mentalidade estão presentes tanto entre o clero quanto entre as lideranças leigas.

Formação insuficiente: 9 Favorece entre o povo cristão e, por vezes, entre os agentes de pastoral a confusão de crenças, a ineficiência da evangelização e a incapa-cidade de respostas frente às questões próprias do plu-

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ralismo religioso que caracteriza nossa sociedade. A fé popular é pouco escla recida, o que propicia o super-ficialismo, o subjetivismo e o desinteresse. Há pouco conhecimento e respeito por toda a tradição religiosa e popular.

Falta de espiritualidade: 9 Há fiéis, seja entre os membros do clero seja entre as lideranças leigas, que muitas vezes exercem funções na Igreja com a intenção de promoção pessoal ou busca de status, sem se preocuparem com a mística evangélica do serviço, e sem fundamentarem sua ação na verdadeira espiritualidade cristã.

Sobrecarga: 9 Os muitos compromissos das lideranças conduzem ao cansaço e geram mal-estar entre os agen-tes de pastoral e o povo de Deus. Falta valorizar os ministérios leigos, descentralizar funções e priorizar atividades, acolher novas lideranças e aproveitar pes-soas qualificadas.

Fisionomia clerical: 9 Persiste na concepção e na ação da Igreja, por parte de alguns padres e agentes de pas-toral. A notória centralização das decisões, a insufi-ciente valorização da mulher e, por vezes, a excessiva importância dada a normas disciplinares, deformam a imagem da Igreja, povo de Deus.

Desnível entre a formação do clero e o aprimoramen- 9to dos leigos: Enquanto os padres são formados só em cursos de graduação (de filosofia e de teologia), os lí-deres da opinião pública buscam formar-se em cursos de pós-graduação, que aumentam em nossa região. No âmbito da formação permanente, poder-se-ia en-caminhar alguns padres para cursos de pós-graduação (por ex.: direito, serviço social, psicologia etc.).

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OPORTUNIDADES DE ORDEM ECLESIAL

As oportunidades são situações que nos oferecem possi-bilidades de agir; encorajam-nos e nos ajudam a evangelizar com mais empenho:

Número razoável de vocações: 9 Temos um bom nú-mero de seminaristas, o que nos permite contar, todos os anos, com algumas ordenações presbiterais. Temos um bom número de padres, em comparação com ou-tras dioceses do país. São relativamente numerosas as vocações para o diaconato e para a vida religiosa. Há inúmeros fiéis leigos e leigas que passam a assumir papel de destaque na vida da Igreja. Por sua vez, o nú-mero razoável de vocações favorece o crescimento da consciência e da prática missionária.

Grande número de diáconos permanentes: 9 Poderiam favorecer mais a dimensão social da ação pastoral e evangelizadora. Muitos deles poderiam dedicar-se às Pastorais Sociais, inclusive com formação específica na área do serviço social.

Presença da mulher: 9 Revela-se bem mais expressiva do que a masculina e questiona certamente nossa pas-toral. Constitui uma força disponível a me recer melhor espaço em todas as instâncias e decisões.

Estruturas organizacionais da Igreja: 9 Presentes em quase todas as paróquias, como CPPs, CPCs, Ações Sociais e outras, favorecem organização e articulação para uma evangelização mais adequada aos nossos tempos.

Estruturas materiais e espaços: 9 São colocados à dispo-sição do povo cristão como instrumentos que favore-cem a convivência, a formação e a celebração.

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Formação permanente: 9 Os agentes de pastoral, bem como todos os fiéis, não podem descuidá-la, face aos desafios prementes que envolvem os cristãos e toda a Igreja.

Grupos bíblicos em família: 9 A exemplo das primeiras comunidades cristãs, os pequenos grupos de família se reúnem para a leitura bíblica, para a oração e a ação. Formam a “Igreja-nas-casas”. Devem ser assumidos e motivados em todas as paróquias. Por serem priorida-de, deveriam multiplicar-se em toda a Arquidiocese.

APELOS DE ORDEM ECLESIAL

Os apelos são situações ou fenômenos que nos convocam à ação e ao encaminhamento de soluções; podem atrapalhar nossa tarefa evangelizadora, se nos omitirmos:

Pastoral Urbana: 9 A crescente urbanização reclama por parte da Igreja maior presença e ação no mundo da cidade, em suas estruturas e instituições, nos espaços onde se tomam decisões que afetam a todo o povo.

Ministerialidade da Igreja: 9 A Arquidiocese precisa assumir os ministros e ministras e todas as lideranças que despertou e formou através de cursos teológicos, bíblicos e catequéticos. Constituem uma riqueza a ser devidamente aproveitada.

Casais em Segunda União: 9 Crescem em número e são fruto da mentalidade moderna que promove o des-compromisso e relativiza os valores cristãos; esperam uma palavra e um encaminhamento por parte da Igre-ja, e precisam ser acolhidos.

Movimentos e grupos por afinidade: 9 São manifesta-ções representativas, e seus adeptos pautam sua fé e a

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sua expressão religiosa pelos grupos a que pertencem; podem enriquecer a Igreja e a ação pastoral.Busca da espiritualidade cristã: 9 Entre os católicos, aumentam o desejo da vida sacramental e a necessi-dade de cultivar a vida de oração, com manifestações múltiplas.Apreço pelos sacramentos: 9 A maioria de nosso povo valoriza os sacramentos, sobretudo os da iniciação cristã. Também pessoas que vivem em situações pe-culiares, estranhas às leis da Igreja (mães solteiras, recasados, concubinatos), buscam os sacramentos. É preciso acolher a todos, partindo das boas intenções iniciais para um processo de evangelização mais explí-cita, com prevalência da misericórdia sobre a lei. Animação Vocacional: 9 Faz-se necessário, da parte de todos, maior empenho na promoção de um clima vocacional favorável ao surgimento de todas as voca-ções: as leigas, as missionárias específicas, as vocações ao ministério ordenado e à vida consagrada.

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POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DA ARQUIDIOCESE DE FLORIANÓPOLIS

Município 1998 2008Taxa Crescimento

de 1998 a 2008

Área da unidade

territorial (km²)

Águas Mornas 4.966 4.520 -8,98 361

Angelina 5.983 5.436 -9,14 500

Anitápolis 3.199 3.266 2,09 542

Antônio Carlos 6.163 7.375 19,67 229

Balneário Camboriú 62.263 99.493 59,79 46

Biguaçu 42.852 55.665 29,90 325

Bombinhas 6.335 13.241 109,01 34

Botuverá 3.647 4.294 17,74 303

Brusque 71.428 99.917 39,88 283

Camboriú 36.439 56.315 54,55 215

Canelinha 8.252 10.068 22,01 151

Florianópolis 278.576 402.346 44,43 433

Garopaba 12.514 16.577 32,47 115

Governador Celso Ramos 11.602 12.611 8,70 93

Guabiruba 12.323 16.925 37,34 174

Itajaí 141.976 169.927 19,69 289

Itapema 19.498 35.655 82,86 59

Leoberto Leal 4.076 3.683 -9,64 291

Major Gercino 3.380 2.897 -14,29 286

Nova Trento 9.556 11.832 23,82 402

Palhoça 86.861 128.360 47,78 395

Paulo Lopes 5.615 7.198 28,19 450

Porto Belo 8.198 13.910 69,68 93

Rancho Queimado 2.493 2.871 15,16 286

Santo Amaro da Imperatriz 15.589 18.266 17,17 311

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São Bonifácio 2.973 3.271 10,02 461

São João Batista 13.909 23.547 69,29 221

São José 152.734 199.280 30,48 113

São Pedro de Alcântara 3.587 5.038 40,45 140

Tijucas 20.588 29.122 41,45 277

TOTAL 1.057.575 1.462.906 38,33 7.878

Fonte: IBGE.

Município 1998 2008Taxa Crescimento

de 1998 a 2008

Área da unidade

territorial (km²)

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RELAÇÃO DE PASTORAIS, ASSOCIAÇÕES E MOVIMENTOS, ORGANISMOS, SERVIÇOS,

COLÉGIOS, LIVRARIAS, MEIOS DE COMUNICAÇÃO E CENTROS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR

PASTORAIS:

Prestam serviços pastorais e evangelizadores a determi-nados grupos de pessoas ou situações humanas, no interior da Igreja ou na sociedade.

AIDS 9Catequética 9Carcerária 9Coroinhas 9Comunicação 9Criança 9Dízimo 9Enfermos 9Familiar 9Juventude 9Juvenil Marista 9Liturgia 9Migrantes 9Militar 9Missionária 9Pessoa Idosa 9Presbiteral 9Saúde 9Sobriedade 9Turismo religioso, dos Santuários e do Lazer 9Vocacional 9Universitária 9

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ASSOCIAÇÕES E MOVIMENTOS LEIGOS:

Congregam leigos e leigas ao redor de um ideal, carisma ou apostolado.

Apostolado da Oração 9Associação Irmão Joaquim 9Associação Vida Nueva 9Comunidade de Vida Cristã – CVX 9Comunidades Nossa Senhora da Esperança 9Legião de Maria 9Ordem Franciscana Secular 9Movimento Apostólico Schoenstatt 9Movimento Comunhão e Libertação 9Movimento dos Cursilhos de Cristandade 9Movimento Emaús 9Movimento do Encontro Matrimonial 9Movimento das Equipes de Nossa Senhora 9Movimento Familiar Cristão 9Movimento Focolares 9Movimento Gianna Beretta Molla 9Movimento de Irmãos 9Movimento Familiar OVISA 9Movimento Pólen 9Renovação Carismática Católica – RCC 9Movimento Porta Aberta 9Movimento Serra 9Sociedade São Vicente de Paulo – Vicentinos 9Oficinas de Oração e Vida – TOV 9

ORGANISMOS:

Congregam categorias do Povo de Deus.Associação Pe. Augusto Zucco – APAZ 9

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Comissão Arquidiocesana do Diaconato Permanente – 9CADIPConselho Arquidiocesano de Leigos – CAL 9Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB 9Comissão Arquidiocesana para o Diálogo Ecumênico 9e Inter-Religioso – CADEIR

SERVIÇOS:

Prestam serviços de ordem geral ao Povo de Deus.Ação Social Arquidiocesana – ASA 9Arquivo Histórico de Santa Catarina 9Associação Mensageiros do Evangelho – AME 9Campanha da Fraternidade 9Centro Arquidiocesano de Pastoral – CAP 9Escola de Ministérios da Arquidiocese – EMAR 9Grupos Bíblicos em Família – GBF 9

MEIOS DE COMUNICAÇÃO:

São meios de comunicação pertencentes ou ligados à Ar-quidiocese.

Jornal da Arquidiocese 9Jornal “Missão Jovem” 9Home Page: 9 www.arquifln.org.brRepetidora da Rede Vida TV 9Rádio “Cultura 1110” 9Rádio “Conceição”: Itajaí 9Rádio Comunitária “Garopaba FM” 9Rádio Comunitária “São Francisco 104.9 FM”: Aririú/ 9Palhoça

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LIVRARIAS CATÓLICAS:

Auxílio dos Cristãos: Itajaí 9Cruz Arte Sacra (Representação) 9Da Catedral 9Paulus Livraria: Florianópolis 9São Luís: Brusque 9Vozes Livraria: Florianópolis 9

COLÉGIOS CATÓLICOS:

São escolas de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, de confissão católica.

Centro Educacional Menino Jesus: Florianópolis 9Colégio Catarinense: Florianópolis 9Colégio Bom Jesus – Coração de Jesus: Florianópolis 9Colégio Nossa Senhora de Fátima: Estreito – Florianó- 9polisEducandário Imaculada Conceição: Florianópolis 9Colégio Santa Catarina: Florianópolis 9Colégio Elisa Andreoli: Barreiros – São José 9Colégio Marista e Municipal: Jardim Zanelatto – São 9JoséColégio São José: Itajaí 9Colégio Salesiano: Itajaí 9Colégio São Luís: Brusque 9

CENTROS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR:

Curso Superior de Ciências Religiosas: Florianópolis 9Faculdade Católica de Santa Catarina – 9 Lumen: Floria-nópolisFaculdade São Luís: Brusque 9Instituto Teológico de Santa Catarina: Florianópolis 9

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MAPA DOS MUNICÍPIOS DA ARQUIDIOCESE

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MAPA DAS COMARCAS E PARÓQUIAS DA ARQUIDIOCESE

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COMARCAS PASTORAISComarca de Biguaçu 1. Antônio Carlos 2. Barreiros – Santa Cruz 3. Barreiros – Sagrados Corações 4. Biguaçu 5. Governador Celso Ramos

Comarca de Brusque 1. Azambuja 2. Botuverá 3. Dom Joaquim 4. Guabiruba 5. Santa Teresinha 6. São Judas Tadeu 7. São Luís Gonzaga

Comarca do Estreito 1. Balneário do Estreito 2. Capoeiras 3. Coqueiros 4. Coloninha 5. Estreito 6. Jardim Atlântico 7. Nossa Senhora do Rosário 8. Procasa 9. São Judas Tadeu

Comarca da Ilha 1. Agronômica 2. Canasvieiras 3. Catedral 4. Ingleses 5. Lagoa da Conceição 6. Monte Verde 7. Prainha 8. Ribeirão da Ilha 9. Saco dos Limões 10. Santo Antônio 11. Trindade 12. Catarinense

Comarca de Itajaí 1. Balneário Camboriú 2. Camboriú 3. Monte Alegre 4. Cordeiros 5. Dom Bosco 6. Fazenda 7. Santíssimo Sacramento 8. São João 9. São Sebastião 10. São Vicente 11. Vila Real 12. Spiritus Veritatis

Comarca de Sto. Amaro da Imperatriz 1. Angelina 2. Anitápolis 3. Leoberto Leal 4. Santo Amaro da Imperatriz 5. São Bonifácio 6. São Pedro de Alcântara

Comarca de São José 1. Aririú 2. Campinas 3. Colônia Sant’Ana 4. Enseada do Brito 5. Forquilhinhas 6. Garopaba 7. Palhoça 8. Paulo Lopes 9. Ponte do Imaruim 10. São José

Comarca de Tijucas 1. Canelinha 2. Itapema 3. Major Gercino 4. Nova Trento 5. Porto Belo 6. São João Batista 7. Tijucas 8. Vígolo

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