resumo processo civil

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  • 1Manual da OrdeMManual da OrdeM

    Coordenadores:Carlos Eduardo WitterLcio Teixeira dos Santos

    Processo CivilProcesso Civil

    SumrioTeoria Geral do Processo 1Litisconsrcio e Interveno de Terceiros 3Jurisdio e Competncia 3Partes e Procuradores 5Atos Processuais 6Formao, Suspenso e Extinodo Processo 7Procedimentos 8Processo de Conhecimento 9Tutela Antecipada 9Sentena e Coisa Julgada 13Liquidao e Cumprimento de Sentena 14Recursos 15Processo de Execuo 17Processo Cautelar 19

    O homem sempre possuiu interesse em relao aos bens sociais, materiais ou imateriais para satisfao de suas necessidades. Tais bens, como objetos de interesse, so passveis de gerar conflitos individuais - quando duas pessoas se interessam pelo mesmo bem ou coletivos quando existe o envolvimento de grupos especficos.

    Em um passado distante, tais conflitos de interesse eram resolvidos pela lei do mais forte, atravs de batalhas que, muitas vezes, eram o estopim para mais desentendimentos gerando um ciclo intermi-nvel.

    Tal situao, por gerar injustias e mais desavenas, levou a sociedade a normatizar os comportamentos e condutas sociais, criando assim um Estado orga-nizado e, como conseqncia lgica, o ordenamento jurdico. Assim, a lei passou a existir para regular a vida e a conduta das pessoas, para dirimir essas li-des e para preservar a paz social, assumindo o Esta-do o dever e o poder de julgar esses conflitos.

    Nesse contexto, a figura do Direito Processual pode ser compreendida como um conjunto de princpios e normas que estuda essa atividade e, por conseguin-te, regula o papel de toda essa estrutura, funcionan-do como o diretor de um filme a ser representado pelos sujeitos interessados, pelo rgo estatal que julga tais conflitos (Estado-Juiz) e seus auxiliares. Em linhas gerais, convidamos voc a assistir esse filme junto conosco

    A fonte maior do direito processual a lei, tendo nos-so ordenamento jurdico colacionado grande parte das regras processuais em um Cdigo de Processo Civil (atual Lei n. 5869 de 11 de Janeiro de 1973) e diversas leis extravagantes, contendo normas pro-cessuais especficas, tais como o Cdigo de Defesa do Consumidor ( Lei n. 8078/90), a lei do inquilina-to (Lei n. 8245/91), a lei dos Juizados Especiais (Leis n. 9099/95 e n. 10259/01), a lei do Mandado de Segurana (Leis n. 1533/51, n. 4348/64 e n. 5021/66).

    Em relao eficcia da lei processual no tempo, vale deixar consignado que a lei processual nova aplica-se, desde logo, aos processos pendentes (art. 1211 do CPC), a partir do momento de sua entrada em vigor (observado o prazo de eventual vacatio legis), respeitando-se efetivamente os atos j pra-

    ticados (art. 158 CPC), bem como o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada (art. 5., XXXVI da CF, art. 6. da LICC).

    Quanto eficcia da lei processual no espao, vige o princpio da territorialidade (art. 1. e 1211 do CPC), limitando-se o juiz a aplicar a lei em todo o territrio nacio-nal. Excepcionalmente, segundo disposio do art. 13 da LICC, caso seja necessrio, a coleta de provas no exte-rior poder ser utilizada a lei processual do outro pas.

    1. Conceito: do latim principium (origem, comeo), os princpios podem ser tidos como as colunas fundamentais do direito, traando, assim, a conduta a ser observada em qualquer operao jurdica. Constituem-se, portanto, em verdadeiras garantias fundamentais dos litigantes e se encontram listados na prpria Constituio Federal. Sem a inteno de esgotar o comentrio sobre o tema, podemos destacar:a) Princpio da Legalidade: somente por lei podem ser criados direitos e obrigaes e, por conseqncia, ningum pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer qualquer coisa, seno em virtude de lei. (art. 5., II da CF-88)

    b) Devido Processo Legal: somente o Poder Judicirio, depois da instaurao prvia de um processo, poder pri-var algum de sua liberdade ou retirar-lhe bens. Assim, para a justa e perfeita soluo da lide, a fim de ser poss-vel a correta prestao jurisdicional, necessria a ade-quao do caso concreto s normas processuais traa-das pela lei na busca da verdade real. (art. 5, LIV, CF-88). Como derivao desse princpio, temos tambm a regra do Duplo Grau de Jurisdio: toda deciso encontra-se sujeita a reexame pela instncia superior, atravs de re-curso prprio da parte prejudicada ou de eventual terceiro interessado na tentativa de modific-la. No considera-da garantia constitucional. Excepcionalmente, poder ser aplicado de ofcio pelo magistrado, como nas hipteses de julgamento proferidos contra a Unio, os Estados e o Municpio (art. 475 CPC).

    c) Imparcialidade: a imparcialidade est intimamente li-gada ao agente poltico (juiz) responsvel pelo julgamen-to das causas, de quem se espera iseno de conduta e no exerccio de suas prprias funes no processo. A lei prev a possibilidade de afastamento do juiz nas hipte-ses de impedimento ou suspeio (p. ex. art. 134 e 135 do CPC).d) Contraditrio: consiste na permisso outorgada as partes de trazer ao juiz tudo aquilo que possa influenciar seu convencimento em relao s razes expostas em seus arrazoados. Essa garantia constitucional coloca o julgador entre as partes para lhes garantir iguais direitos de manifestao e de participao nos atos e fatos do pro-cesso, aplicando-se tanto aos processos judiciais quanto aos administrativos (Art. 5., LV, CF-88) e tem, como des-dobramento, o prprio princpio de Ampla defesa.e) Ampla defesa: possibilidade que as partes tm de fazer uso de todos os meios e recursos legais para de-fesa de seus interesses em juzo, valendo-se de toda e qualquer prova que no seja proibida por lei. (art. 5., LV, LVI CF-88).f) Igualdade Processual: a lei deve dispensar a todos os contendores um tratamento igualitrio, recebendo as partes as mesmas oportunidades de fazer valer no pro-cesso as suas razes. (art. 5., caput, CF-88 e art. 125 CPC). Tal princpio no absoluto, admitindo o processo tratamento diverso aos legalmente desiguais, quando uma das partes se apresentar no processo em situao de desequilbrio, como em relao inverso do nus da prova em favor do consumidor (art. 6, VIII do CDC).g) Fundamentao: as decises judiciais obrigatoria-mente devem ser fundamentadas (art. 93, IX CF-88; art. 165 e 458 CPC), devendo o magistrado expressa, quando do julgamento, a motivao e as razes de seu

    convencimento, de forma clara e isenta de dvidas ou incertezas. Tal exigncia vale tanto em relao a procedimentos judiciais quanto administrativos. A nica exceo a esse princpio refere-se aos julga-mentos de competncia do Tribunal do Jri, no qual o acusado julgado por seus pares que apenas respondem quesitos formulados previamente de ma-neira positiva ou negativa.h) Publicidade: regra geral, todos os atos pratica-dos em juzo so dotados de efetiva publicidade, no sentido de se permitir uma fiscalizao popular dos atos processuais praticados tanto pelas partes quanto pelos envolvidos na estrutura do julgamento. (art. 5., LX CF-88 e art. 155, caput, CPC). Tal princpio tambm pode ser mitigado quando assim o exigir o interesse social ou os casos de Direito de Famlia, objetivando a preservao da intimidade dos envolvidos no processo e evitar a ocorrncia de dano irreparvel. (art. 155, I e II CPC).i) Efetividade do Processo e Direito a sua razovel durao: a garantia constitucional da efetividade do processo, determinando a todos os litigantes, tanto no mbito judicial quanto administrativo, o direito a uma razovel durao. Essa razovel durao el-evada como garantia constitucional foi decisiva para justificar algumas alteraes realizadas pela prpria EC 45, no intuito de proporcionar ao jurisdicionado uma atividade jurisdicional ininterrupta para que seu processo seja julgado no tempo adequado (art. 5,LXXVIII CF). Nesse contexto, vislumbra-se, ainda, mandamento constitucional que obriga o Estado a proporcionar uma quantidade condizente de juzes em proporo quantidade de litgios que surgem na sociedade (art. 93, XIII CF), bem como que obriga os prprios Tribunais a efetuarem a distribuio ime-diata dos processos (art,. 93, XV CF).1.1 Garantias gerais internas: so consideradas garantias inerentes prpria relao processual, encontrando-se previstas tanto na legislao espe-cfica (CPC), quando na extravagante. De maneira singela, podem ser listados como:a) Ao: a provocao do Judicirio deve ser feita pelas partes interessadas na soluo do conflito de interesses, destacando-se nesse tpico a inrcia da jurisdio (art. 2. CPC). Consiste, portanto, no pilar de ordem subjetiva de provocar a jurisdio para compor o processo, que somente se mostrar completo, quando a outra parte estiver presente de maneira vlida, constituindo-se uma relao jurdica processual (art. 219, caput, CPC). b) Disposio: liberdade concedida pela lei parte para escolher a ao que pretende deduzir, sele-cionando os argumentos e a forma que melhor lhe aprouver, em face das inmeras aes a sua dis-posio at a sua efetiva distribuio. No obstante esse fato, h ainda que se observar a livre iniciativa das partes quanto s afirmaes apresentadas em suas manifestaes e na prpria instruo proces-sual.c) Verdade Formal: o juiz deve se manter relativa-mente eqidistante das partes, relegando a essas a oportunidade de fazer suas provas, decidindo a lide com base naquilo que foi produzido nos autos. Com a devida prudncia, admiti-se, inclusive, a iniciativa judicial na busca da prova, sendo esta maior (quanto maior a natureza indisponvel ou pblica do direito objeto da demanda, como p. ex. direito envolvendo incapazes) ou menor (direito disponvel discutido entre maiores e capazes). Nesse ltimo caso, a atu-ao se daria apenas de maneira supletiva, como determinando a realizao de uma segunda percia (art. 437 CPC).d) Identidade fsica do juiz: o juiz que colheu as provas orais do feito e concluiu a audincia deve proferir o julgamento da causa, salvo se estiver convocado, licenciado ou afastado do cargo ou funo por algum motivo que o impossibilite de proceder ao julgamento da causa (frias, aposen-tadoria, promoo, etc..). Esse princpio se justi-fica pelo fato de o magistrado que colheu a prova ter melhor condio de avaliar o caso e suas pe-culiaridades (art. 132 CPC).

    DIREITO PROCESSUAL E PROCESSO CIVIL

    LEI PROCESSUAL NO TEMPO E NO ESPAO

    PRINCPIOS GERAIS DO PROCESSO CIVIL

  • 2e) Livre Convencimento Motivado: sinnimo de persuaso racional, esse princpio concede ao juiz uma ampla possibilidade para apreciar as provas constantes dos autos do processo (art. 131 CPC), se-gundo seu livre convencimento, sendo o juiz soberano na anlise das provas produzidas. Todavia, a deciso emanada desse livre convencimento deve ser expres-samente motivada, sob pena de nulidade (art. 93, IX CF).f) Lealdade Processual: a boa f objetiva deve im-perar em relao aos atos processuais das partes, impondo lei a probidade e a moralidade de todos aqueles que se encontram envolvidos com o proces-so (art. 14, 15, 16 e 17 CPC), sob pena da imposio de sanes graves previstas no art. 14, pargrafo nico (contempt of court - Tambm conhecido como princpio da probidade processual, a norma impe s partes o dever de no causar embarao adminis-trao da justia, determinando o cumprimento dos provimentos de natureza mandamental, sob pena de sanes severas, tais como multa e inscrio desta na dvida ativa da Unio ou do Estado em caso de no pagamento.) e 18 do CPC (litigncia de m-f).g) Oralidade: em linhas gerais, pode ser compreen-dido como a preponderncia da palavra falada sobre a escrita nos principais atos do processo, visando estabelecer um contato mais eficaz e uma percep-o mais aguada e positiva no relacionamento desenvolvido entre o juiz e as partes. No processo civil, tal procedimento se mostra de aplicao tmida, principalmente em relao realizao de audin-cias para colheita da prova oral. (art. 132 CPC). aplicado em profuso junto ao Juizado Especial Cvel.h) Economia Processual: apesar das formalidades e do procedimento (rito) estabelecido na lei proces-sual, a atividade processual deve ser efetivada aten-dendo critrios de baixo custo, atingindo seu objetivo da maneira mais rpida possvel. Assim, o formalis-mo processual no deve dificultar o desenvolvimen-to dos atos processuais a serem praticados, mas serem analisados, segundo critrio definido como a prpria instrumentalidade dos atos processuais, aproveitando-se todos os atos realizados sempre que possvel.

    2. Ao

    2.1 Conceito: o direito subjetivo pblico de obter do Poder Judicirio uma deciso sobre uma preten-so. O direito de ao dirigido contra o Estado e a pretenso dirigida em face do ru, pois contra ele que o autor deseja a produo dos efeitos da deciso, a fim de obter o que no consegue amiga-velmente.2.2 Condies da Ao: para que se possa exercer o direito de ao, pedindo ao Estado a prestao jurisdicional, faz-se necessrio atender determina-dos requisitos de admissibilidade que possibilitem o exerccio em concreto do direito para levar uma sentena de mrito. Dentre elas podemos destacar:2.2. a) Legitimidade Ad Causam: a capacidade de ser parte uma qualidade do sujeito que formula a ao e parte daquele em face de quem formu-lado, constituindo na autorizao legal para discutir aquela ao em juzo. Como regra geral somente podem demandar aqueles que forem sujeitos diretos da relao de direito material trazida a juzo, isto , cada um titular de direito deve propor as aes perti-nentes a discusso dos seus direitos.Nesse conceito, temos a definio de Legitimao ordinria, que a regra geral - quem est autoriza-do a demandar quem especificamente for o titular da relao jurdica. Excepcionalmente, a lei autoriza que algum de-mande em nome prprio sobre relao jurdica de que titular terceiro (art. 6. CPC). Nesse caso, quem litiga com o autor ou ru um algum que no o sujeito da relao jurdica de direito material, mas um substituto processual que est autorizado pela lei a pleitear direito alheio em seu prprio nome, gerando a situao processual conhecida como Le-gitimao Extraordinria ou Substituio Proces-sual. Exemplos clssicos temos: o Ministrio Pblico para ajuizar Ao Civil Pblica (art.5 da lei7347/85), ao de Investigao de Paternidade (Lei 8590/92 - art. 2., pargrafo 4. e 5), ou alimentos na Justia da Infncia e Juventude (ECA - art. 201, III). A par de tais conceitos, importante salientar a distino entre legitimao extraordinria ou substituio processual, representao processual e sucesso processual: Substituio processual: quando a lei autoriza que algum demande, em nome prprio, sobre direito alheio. Quem parte, exerce toda auto-ridade processual e a substituio, cabendo ao sub-stitudo, apenas suportar os efeitos da demanda. Ex: Ministrio Pblico para ajuizar ao de Alimentos na Justia da Infncia e Juventude (ECA - art. 201, III);

    Representao processual: verifica-se quando algum (o representado) demanda por intermdio de outrem (o representante). Aqui, o representado sofre tambm os resultados da ao. O representante atua em nome al-heio sobre direito alheio. Ex: me na ao de alimentos promovida por menor impbere; Sucesso processual: d-se somente em duas hipteses no ordenamento ju-ridico (art. 41 CPC): a) de maneira obrigatria, quando a parte vem a falecer, sendo sucedido por seu esplio ou seus herdeiros. O desaparecimento da parte traz outra ao processo para que seja possvel o seu prosseguimento. Portanto, a identificao dos legitimados depende da anlise do direito material e dos respectivos sujeitos; b) de maneira facultativa: quando o bem litigioso alien-ado a ttulo particular por ato entre vivos (por exemplo, contrato) art. 42, pargrafo 1 do CPC.4.2.b) Interesse de AgirTambm chamado de interesse processual, este pode ser definido como a necessidade de se recorrer ao Judicirio para a obteno do resultado pretendido, independent-emente da legitimidade ou legalidade da pretenso, s podendo a ao ser exercida se a pretenso contiver os requisitos da: a) necessidade: significando dizer que o Poder Judicirio somente atua se o requerente precisar dele, para alterar uma situao jurdica. Essa necessi-dade decorre de dois fenmenos: o Poder Judicirio no responde a consultas, no tem funo consultiva nem decide sobre direito em tese, salvo a ao de inconsti-tucionalidade ou constitucionalidade; b) adequao: a pertinncia da pretenso pretendida em corrigir o tipo de leso que est sofrendo. Adequao do modus pro-cedendi sobre o fato especfico e c) utilidade: Pode ser definido como a validade efetiva no prprio conceito de interesse. No h interesse intil e sem utilidade no h interesse.2.2. c) Possibilidade Jurdica do Pedido:inexistncia de vedao da anlise do pedido no plano processual. Para que exista esse tipo de proibio e o pe-dido seja considerado juridicamente impossvel, a regra deve ser expressa na lei, como por exemplo, usucapio de bem pblico.2.3. Carncia da Ao: a ausncia de qualquer das condies, acarretar o fenmeno processual denominado carncia de ao, cul-minando com a extino do processo sem resoluo de mrito (art. 267, VI do CPC). Esta extino, todavia, no probe o autor de, posteriormente, propor nova demanda, desde que satisfeita aquela condio que deu causa extino. No se pode confundir a carncia da ao com a improcedncia da ao. Na primeira hiptese, permite-se repropositura da demanda to logo superada a ausncia de condio faltante, enquanto na segunda, em razo da apreciao do mrito, torna-se impossvel a nova anlise da mesma ao pelo Poder Judicirio, pois ocorreu a coisa julgada.Regra geral, a verificao das condies da ao efetu-ada no recebimento da petio inicial, podendo o juiz, constatando a ausncia de qualquer uma delas, deter-minar sua emenda no prazo de 10 dias (art. 284 CPC). Cumprida essa determinao, a ao ter regular curso; caso contrrio, a mesma poder ser indeferida (art. 295 CPC) e, por conseguinte, extinta sem resoluo de mrito (art. 267 CPC). No mais, caso essa alegao seja apre-sentada pelo ru como preliminar de contestao (art. 301, X CPC), sendo o rito sumrio, o juiz decidir, desde logo, na audincia de tentativa de conciliao (art. 278 CPC); sendo rito ordinrio, decidir na fase de sanea-mento do processo ( 331, pargrafo 2. CPC).2.4 - Elementos da Ao:A ao possui trs elementos identificadores, que pos-sibilitam de uma maneira geral o controle pelo Poder Ju-dicirio da correta distribuio de demandas, na medida em que no se permite a repetio de lides idnticas j julgadas pelo mrito ou, ainda, simultaneamente ajuiza-das. Tais elementos so encontrados nos requisitos es-senciais da petio inicial (art. 282 CPC).2.4. a) Causa de Pedir (Causa Petendi): a causa da ao, o fato jurdico que o autor coloca como fundamento de sua demanda. Tendo o CPC adot-ado a teoria da substanciao, o autor tem o nus de descrever os fatos constitutivos de seu direito e os fun-damentos jurdicos de sua pretenso, o que determina a prpria substanciao da causa de pedir. No se deve confundir fundamento jurdico com fundamento legal. O primeiro a qualificao jurdica que o autor faz dos fa-tos; o significado jurdico dado pelo autor, a respeito dos fatos descritos que iro justificar o pedido (mediato e imediato); o segundo a prpria indicao do disposi-tivo legal, cuja referncia no exigida pelo Cdigo, pois compete ao juiz formular o enquadramento legal da hip-tese apresentada, segundo o princpio iura novit curia (o juiz conhece do direito). Em sntese, podemos afirmar que a causa de pedir constituda pelos elementos re-motos (narrao dos fatos) e prximos (fundamentao jurdica), o que gera respectivamente as definies de causa de pedir prxima e remota. Em suma: causa de pedir o porqu da demanda.2.4. b) Pedido: a pretenso sobre a qual incidir a atuao jurisdicional, podendo ser imediato ( o tipo de providncia jurisdicional pretendida: sentena condenatria, declaratria, consti-

    tutiva ou mesmo a providncia executiva, cautelar ou preventiva), ou mediato ( o benefcio, o bem jurdico de direito material que se pretende seja tutelado pela sentena - bem material ou imaterial preten-dido). No que tange a sua classificao, a doutrina anota que o pedido pode ser simples (o principal e nico) ou complexos (que abrangem mais de uma pretenso). Os complexos subdividem-se em: a) cumulativos propriamente ditos: so aqueles que h uma soma de pretenses; um ou outro pode ser concedido autonomamente. Ex: Separao Judicial c/ Alimentos; b) subsidirio: quando o autor for-mula um principal, pedindo que o juiz conhea de um posterior em no podendo acolher o anterior. Assim, por exemplo, nos casos de obrigao de fazer ou no fazer, o pedido principal o da prtica do ato ou absteno de fato, mas, se no obtiver a conduta desejada, pede-se a prtica por terceiro se a obriga-o fungvel ou a converso em perdas e danos se a obrigao infungvel; c) sucessivos: o Cdigo denomina o pedido subsidirio de sucessivo. Porm, entende-se, como sucessivo o pedido que feito cu-mulativamente com um primeiro e, em no podendo o juiz acolher o pedido principal, passa a examinar o sucessivo. Ex.: adoo e destituio de ptrio poder. (JTJ 165/11; 145/28); d) alternativos: quando, pela natureza da obrigao, o devedor puder cumprir a prestao de mais de um modo. S se cumprir ou um ou outro. (Art. 252 CC e art. 288, pargrafo nico CPC). O CPC determina que os pedidos devem ser certos e determinados, sendo porm, lcita a formula-o de pedidos genricos nas hipteses dos incisos I, II e III do art. 286 do CPC, como no caso de Dano Moral. De regra, o pedido fornecido na inicial imu-tvel, podendo ser modificado pelo autor, somente at a citao do ru e, aps esta, apenas com o con-sentimento do demandado, sendo proibido alterao aps o saneamento do processo - art. 264, nico. A cumulao de pedidos, regra geral, permitida, desde que os pedidos sejam compatveis entre si, que o juiz seja competente para julgar os pedidos e que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento ( artigo 292, pargrafo 1 do CPC). Havendo um tipo de procedimento para cada pedido, o autor dever empregar o procedimento ordinrio caso haja interesse na cumulao. LINK DA ORDEM 1

    1. Conceito: so os envolvidos no litgio que pos-suem autorizao legal para demandar sobre o ob-jeto da causa. So representadas pelo sujeito ativo (autor), passivo (ru) ou ainda por vrios litigantes configurando o fenmeno de pluralidade de partes (litisconsrcio). O litisconsrcio pode ser classifi-cado, regra geral, sobre quatro aspectos concomi-tantes: a) quanto ao momento de sua formao, podendo ser: originrio (quando se instaura desde a propositura da demanda); ulterior (quando a plu-ralidade de sujeitos ocorre posteriormente a prop-ositura da demanda e citao do ru, sendo ad-missvel nos casos expressos em lei, como ocorre, p.ex., no chamamento ao processo Art. 77 CPC); b) quanto ao plo da demanda, podendo ser: ativo (vrios autores); passivo (vrios rus); misto (vri-os autores e rus); c) quanto vontade das partes, podendo ser: facultativo ou voluntrio: decorre da reunio de autores e rus, por escolha do autor (art. 46 CPC), nas hipteses de comunho de direitos ( ocorre quando duas ou mais pessoas promovem o mesmo bem jurdico ou tm o dever da mesma prestao). Dependendo do nmero de litigantes, esse litisconsrcio, quando contiver um numero ex-cessivo deles, recebe o nome tcnico de litisconsr-cio multitudinrio, podendo sofrer limitaes quando comprometer a rpida soluo do litgio ou dificul-tar a defesa do ru (art. 46, pargrafo nico CPC); necessrio: d-se na ao que pode ser intentada pr ou contra duas ou mais pessoas, seja por dis-posio da lei, seja em razo da natureza da relao jurdica material posta em juzo. Necessariamente, deve existir pluralidade de partes para que se tenha uma relao jurdica processual vlida. Assim , se o autor no colocar no plo respectivo todos os li-tisconsrcios necessrios, o juiz poder determinar que ele promova a incluso de todos na lide, sob pena de extino de processo. Esse chamamento de pessoas determinado pelo juiz denomina-se inter-veno iussu iudicis, isto , interveno por ordem do juiz (art. 47, pargrafo nico do CPC), decorren-do da circunstncia especfica de que a ausncia de litisconsrcio necessrio gera nulidade do processo; d) quanto aos efeitos da sentena: podendo ser: unitrio, quando a deciso da causa deve ser uni-forme em relao a todos os litisconsortes, i.e., os efeitos gerados pela sentena so nicos para todos os litigantes existentes naquele determinado plo da demanda; simples, quando a deciso, embora pro-ferida no mesmo processo, pode ser diferente para cada um litisconsorte.

    PARTES

  • 3Importante: Regra geral, quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-o conta-dos em dobro os prazos para contestar, para recor-rer e, de modo geral, falar nos autos. (art. 191 CPC). Quando houver litisconsrcio entre a parte de um lado e o MP ou Fazenda Pblica do outro, a Fazenda Pblica ou o Ministrio Pblico no tem o prazo em qudruplo para recorrer (art.188 e191 interpretados cumulativamente), mas apenas em dobro. Todavia, para falar nos autos, se a Fazenda ou o MP estive-rem na posio de litisconsortes, aplica-se a regra do art. 191 do CPC, o mesmo ocorrendo com o co-litigante. (RJTJESP 108/207).

    2. Interveno de Terceiros

    2.1. Consideraes gerais: entende-se por inter-veno de terceiros quando algum ingressa como elemento ou coadjuvante da parte em processo pen-dente. Nesse contexto, temos o instituto da interven-o de terceiros, sob a forma voluntria (espontnea participao do terceiro com interesse jurdico) ou provocada (partes originrias do processo convo-cam terceiros para a ao, instaurando uma relao jurdica de carter secundrio). Assim, temos:

    a) Interveno voluntria ou espontnea: a ini-ciativa do terceiro para o ingresso no processo voluntria, demonstrando o terceiro efetivo interesse jurdico em relao lide originria.I. Assistncia - art. 50/55 CPC. Conceito e pro-cedimento: embora no esteja includa no re-spectivo captulo do CPC que trata da matria, a assistncia pode ser considerada a mais relevante entre todas essas espcies, conceituando-se como uma interveno ad coadjuvandum, em que um terceiro ingressa na relao jurdica objetivando aux-iliar uma das partes originrias. (Alexandre Feitas Cmara, Lies de Direito Processual Civil, vol. 1, RJ, 1999). A assistncia pode ser: a) simples - art. 50 do CPC: quando o terceiro tem interesse jurdico indireto na deciso da causa, ingressando em pro-cesso pendente entre outros, para auxiliar um das partes originariamente litigantes Ocorre sempre que o assistente mantiver relao jurdica com seu as-sistido. O assistente simples tem atuao processual acessria e limitada, sofrendo as exigncias impos-tas pelo art. 53 do CPC, no podendo contrariar a vontade da parte quanto eventual transao, re-conhecimento jurdico do pedido ou desistncia da ao. P. ex: sublocatrio na ao de despejo movida contra o locatrio, b) qualificada ou litisconsorcial - art. 54 do CPC: quando o interveniente titular de relao jurdica com o adversrio do assistido, relao essa que a sentena atingir com fora de coisa julgada. Nessa hiptese, o autor poderia ter sido parte no feito, mas no o foi pela simples opo do autor em no integr-lo no plo respectivo da de-manda. Para o assistente litisconsorcial aplicam-se as regras do art. 54 do CPC, no havendo limita-o de atividade processual. Ex: herdeiro intervindo como assistente litisconsorcial nas aes em que o esplio for parte. A assistncia tem cabimento em qualquer juzo, instncia ou Tribunal, sendo vedada, regra geral, no juizado especial cvel por fora do art. 10 da Lei 9099/95.O terceiro que desejar ingressar com o assistente dever formular petio ao juiz. Recebendo, este dar vista s partes para se manifestarem no prazo de 5 dias. Se as partes no impugnarem o pedido de ingresso e verificada a existncia de interesse ju-rdico, o assistente ter sua interveno deferida. Se qualquer das partes alegar que ao assistente falta interesse jurdico, o juiz determinar, sem a suspen-so do processo, o desentranhamento da petio e da impugnao, a fim de serem autuados em apen-so. Nesse caso, o juiz poder autorizar a produo de provas, decidindo, em seguida, dentro de 5 dias. Da deciso que autoriza ou no, o ingresso do as-sistente, caber recurso de agravo de instrumento - art. 524 do CPC.II. Oposio - art. 56/61 CPC. Conceito e procedi-mento: consiste na modalidade de interveno na qual um terceiro ingressa em processo alheio pre-tendendo, no todo ou em parte, a coisa ou direito sobre o qual discutem autor e ru. A oposio coloca os opostos (autor e ru) num litisconsrcio passivo. Se ele no propuser a oposio, no perde direito, porque poder propor depois, contra quem ganhar a demanda. Existe, no entanto, a figura, em virtude da economia processual e do interesse de que no exista sentena contraditria. Caso um dos opostos reconhea a procedncia do pedido do opoente, a oposio continuar contra o outro. (art. 58 CPC).A oposio pode ser apresentada somente at a sentena, atravs de uma petio inicial, na qual devero ser atendidos os requisitos do art. 282/283 do CPC, sendo que, aps esse momento, dever propor ao autnoma em separado. Os opostos, que so autor e o ru primitivos, sero citados para

    que contestem o pedido no prazo comum de 15 dias. (art. 57 CPC). Se o processo primitivo estiver correndo rev-elia do ru, este ser citado por mandado (pessoal), hora certa ou edital.Se a oposio for oferecida antes da audincia (oposio simples), ela ser apensada aos autos principais e cor-rer simultaneamente com a ao, sendo julgadas na mesma sentena. (art. 59 CPC). A regra geral que a ao e a oposio sejam julgadas na mesma sentena, decidindo-se a oposio em primeiro lugar. Note-se que no possvel ser julgada procedente a oposio e ao, uma vez que a oposio prejudicial em relao prpria ao.Oferecida depois de iniciada a audincia (oposio tar-dia), seguir ela o procedimento ordinrio, podendo ser julgada de maneira independente, sem prejuzo da causa principal (art. 60 CPC). O juiz, todavia, caso a hiptese concreta indique que deva ser a oposio julgada em conjunto com a ao principal, poder sobrestar o anda-mento do processo original, por prazo nunca superior a 90 dias, a fim de que o julgamento simultneo seja pos-svel.A oposio cabvel em processo de conhecimento, uma vez que deve existir real controvrsia sobre a coisa ou o direito entre autor e ru (art. 56 CPC). Assim, de regra, cabvel junto ao procedimento ordinrio, sendo vedado no sumrio e no JEC, por expressa vedao legal dos art. 280 do CPC e 10 da Lei 9099/95. No cabe no processo cautelar (acautelamento da discusso do direito em outro processo), nem tampouco no processo de execuo (uma vez que este existe apenas para exaurimento das questes j decididas). b) Interveno provocada: a iniciativa do terceiro para o ingresso no processo ocasionada por uma das partes originariamente litigantes. I. Nomeao a autoria - art. 62/69 CPC. Conceito e procedimento: um instituto para a correo do plo passivo da relao processual. Trata-se da substituio do ru, por algum por ele indicado, passando o primeiro a ser o nomeante e o segundo, o nomeado.Ocorre nas hipteses especficas previstas junto ao art. 62 CPC (deteno Ex.: Caseiro) e 63 CPC (prtica do ato por ordem ou em conta de instruo de terceiro), sendo considerado um ato exclusivo do ru e obrigatrio, sob pena de perdas e danos (art. 69 CPC).Assim, se algum mero detentor de uma coisa, como o administrador de um imvel, se for demandado em rela-o a essa coisa, dever declarar a sua condio de mero administrador e indicar o verdadeiro proprietrio ou pos-suidor, para que contra ele a demanda possa prosseguir. No prazo de 15 dias para a sua defesa, o ru deve re-querer a nomeao. O juiz deve suspender o processo, mandando ouvir o autor no prazo de 5 dias para saber se aceita a nomeao. Se aceitar, o autor dever promover a citao do nomeado. Se recusar, a nomeao ficar sem efeito, prosseguindo a ao somente contra o ru. Se no se manifestar, a nomeao ser tida como aceita. (art. 64,65 CPC).Citado, faculta-se ao nomeado aceitar ou recusar a no-meao. Se reconhecer a nomeao assumir o lugar do ru e prosseguir a demanda. Se negar a qualidade de proprietrio ou possuidor, o processo continuar contra o nomeante (Art. 66 CPC). Nos casos em que o autor recuse o nomeado ou quando este negar a qualidade que lhe atribuda, dar-se- ao nomeante novo prazo para contestar. (art. 68 CPC).II. Denunciao da lide - art. 70/76 CPC. Conceito e procedimento: um tipo de interveno de terceiro provocada, que tem a finalidade de convocar aquele que deve garantir ou indenizar uma das partes originrias na lide discutida em juzo, caso esta parte seja vencida no processo. Pode ser feita tanto pelo autor (art. 74 CPC) quanto pelo ru (art. 75 do CPC), sendo cabvel no pro-cedimento ordinrio, bem como em alguns procedimen-tos especiais, embora seja vedada no Juizados Especial Cvel. No procedimento sumrio, cabe somente nas hip-teses do art. 280 do CPC (denunciao da lide fundada em contrato de seguro). O responsvel pela denunciao chamado de denunciante e o outro denunciado.O art. 70 do CPC, prev a denunciao da lide em trs circunstncias obrigatrias (A doutrina processual domi-nante admite a denunciao da lide obrigatria somente na hiptese do art. 70, I do CPC (garantia dos direitos da evico vide art. 456 do CC), sendo facultativa nos demais casos. Todavia, a comisso examinadora dos ex-ames de ordem, a contrariu sensu, mudou seu posicio-namento em questes apresentadas junto aos exames 125, 126 e 130 considerando-a obrigatria em todos os seus incisos, motivo pelo qual passamos a adotar esse opinio.) Temos, assim, a denunciao obrigatria nas seguintes situaes: a) aquele que adquire um bem e est sendo acionado em ao de reivindicao, correndo o risco de perder o bem em virtude de algum motivo jurdico anterior a sua aquisio, dever chamar para acompanhar a demanda a pessoa que lhe vendeu a coisa para que possa, posteriormente, obter ressarcimento re-sultante da perda da coisa; b) para os casos em que a posse esteja dividida em posse direta e posse indireta, a fim de que o possuidor indireto, juntos, estejam presentes na demanda contra algum terceiro que a pleiteie, a fim de que, no final, tambm se liquide a responsabilidade

    por ambos; c) nos casos que algum, por lei ou pelo contrato, deva indenizar o prejuzo decorrente da perda da demanda em ao regressiva.Nos termos do art. 73 do CPC, a denunciao lide poder ser sucessiva, at chegar ao que deu causa ao fato atual. Assim, presentes os pressupostos legais, possvel a propositura de vrias denuncia-es em seqncia (denunciao de denunciao).Na denunciao da lide ser observado o procedi-mento fixado junto aos artigos 71/76 do CPC. Se for feita pelo autor, na prpria petio inicial (art. 71 CPC). Nesse caso, cita-se primeiro o denunciado, a fim de que ele possa se defender quanto ao regressiva ou aditar a petio inicial, assumindo a posio de litisconsorte do denunciante (art. 74 CPC). Somente aps o transcurso deste prazo que o ru ser devidamente citado. Se for feita pelo ru, a denunciao pode ser ofertada junto ao prazo de resposta (art. 71 CPC). O juiz poder indeferir o pedido se entender no ser o caso de denunciao, cabendo desta deciso recurso de Agravo de Instru-mento (Art. 524 CPC).Feita a citao do denunciado, a demanda principal e secundria correro simultaneamente, sendo de-cididas em uma nica sentena (art. 76 CPC). Essa sentena resolver as duas relaes jurdicas de-duzidas em juzo, dispensando a propositura de uma nova ao de conhecimento contra o terceiro.III. Chamamento ao processo - art. 77/80 CPC. Conceito e procedimento: uma forma de inter-veno de terceiros provocada, competindo ao ru que tem relao de solidariedade (co-obrigado/deve-dor principal) em face de outrem, cham-lo para par-ticipar do processo e, em face dele, ser dada a cota parte de sua responsabilidade. ato exclusivo do ru, no obrigatrio, nas hipte-ses especficas previstas no art. 77 do CPC: a) do devedor, na ao em que o fiador for o ru; b) dos outros fiadores, quando para a ao for solicitado apenas um deles; c) de todos os devedores solidri-os, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dvida comum.O prazo para o chamamento o de resposta do ru. Sendo deferido seu pedido, o ru (chamante) dever promover a citao dos chamados no prazo de 10 dias, caso residam na mesma comarca ou 30 dias, se residirem em comarcas diferentes. Efetivada a citao, forma-se um litisconsrcio passivo entre o ru primitivo e os chamados, abrindo para todos o prazo de nova contestao. A sentena decidir as vrias relaes de direito suscitadas pelo autor, pelo chamante e pelos chamados. Julgada procedente a ao contra todos ou alguns litisconsortes, ter ela natureza condenatria, servindo a sentena como efetivo ttulo executivo. (art. 80 CPC).

    LINK DA ORDEM 2

    1. Jurisdio. Conceito: o poder do Estado de aplicar o direito a um fato concreto, pelos rgos pblicos destinados a tal, obtendo-se a justa com-posio da lide. A jurisdio atua por meio dos ju-zes de direito e tribunais regularmente investidos na funo.Como regra, a jurisdio inerte (art. 2. CPC), sendo excepcionalmente iniciada sem qualquer manifestao de vontade das partes, por interven-o direta e exclusiva do agente poltico investido na funo (Juiz), como p. ex., na abertura de processo de inventrio (art. 989 CPC), ou quando suscita con-flito de competncia (Art. 115 e 116 CPC).Tem como princpios basilares, a inrcia (a atividade jurisdicional s se desenvolve quando provocada), a indeclinabilidade (o juiz no pode recusar-se a aplicar o direito nem a lei pode excluir da aprecia-o do judicirio qualquer leso a direito individual), a inviabilidade (no possvel a oposio juridica-mente vlida de qualquer instituto para impedir que a jurisdio alcance os seus objetivos e produza seus efeitos) e a indelegabilidade (as atribuies do judicirio somente podem ser exercidas pelos seus rgos do respectivo poder, por meio de seus mem-bros legalmente investidos). Como complemento desses princpios, a jurisdio possui determinados poderes que a auxiliam na efetividade e desenvol-vimento de suas funes, ou seja, poder de polcia (Estado-juiz tem autoridade para presidir e admin-istrar todo processo e documentao dos atos pro-cessuais), poder de deciso (Estado-Juiz tem poder para formao e imposio de um juzo de mrito sobre a lide e suas questes incidentes) e Poder de Coero (Estado-Juiz tem autoridade para impor as partes e terceiros o efetivo cumprimento das ordens

    JURISDIO E COMPETNCIA

  • 4judiciais).A Jurisdio se classifica como contenciosa ( aquela que atua diante da lide, conflito, como ao de cobrana) e voluntria (administrao pblica de interesses privados, como separao consensual) (Art. 1103 CPC). Excepcionalmente, o Estado autoriza que os con-flitos de interesse existentes, sejam resolvidos por particulares atravs de atividade privada, como na Transao (representado pelo art. 840 do CC em que os interessados por conveno recproca celebram ato jurdico tendente a prevenir/afastar litgio judicial) e no Juzo Arbitral (partes renunciam via judiciria para dirimir suas questes, convencionando que a soluo ser dada por um rbitro, nos termos da Lei 9307/96. Essa hiptese apenas possvel, em se tratando de direitos patrimoniais e disponveis, per-tencentes a pessoas capazes).

    2. Competncia: o poder que tem um rgo juris-dicional de fazer atuar a jurisdio diante de um caso concreto. Decorre esse poder de uma delimitao prvia, constitucional e legal, estabelecida segundo critrios de especializao da justia, distribuio territorial e diviso de servio.A competncia determinada no momento em que a ao proposta, sendo irrelevantes as modificaes de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o rgo judicirio ou alterarem a competncia em razo da matria ou da hierarquia (Art. 87 CPC). Esse princpio chamado da perpetu-ao da jurisdio (perpetuatio jurisdictionis) e tem por fim evitar que uma causa iniciada numa comarca e num juzo seja deslocada para outro por razes de fato ou de direito ocorridas posterior-mente.Esse princpio mais um desdobramento do princ-pio do juiz natural sendo extremamente salutar, porque vincula a causa ao juzo em que foi legiti-mamente proposta; nem a alterao do domiclio do ru, nem alterao da circunscrio territorial da comarca, nem a criao de novos juzos, salvo de competncia material especializada ou supresso do rgo judicirio (art. 87 do CPC), modificaro o poder de decidir a causa que tem o juiz originrio. Exceo se faz nova regra de execuo (Fase de cumprimento de Sentena - art. 475-P), que permite o inicio da causa em um juzo e o cumprimento da sentena em juzo diverso.2.1. Competncia internacional e competncia interna: o estado tem interesse em limitar a atuao de sua jurisdio no intuito de se evitarem litgios ou conflitos desnecessrios com Estados estrangeiros ou, internamente, entre seus prprios juzes. Nesse esteio, h de se observar se a competncia interna ou internacional, porque se uma lide no tem nen-hum elemento de conexo com o Brasil nenhum rgo jurisdicional brasileiro competente para ela. Assim, a autoridade judiciria brasileira somente dirime conflitos se o ru, independentemente de sua nacionalidade estiver domiciliado no Brasil; se no Brasil tiver de ser cumprida a efetiva obrigao pactuada entre as partes; quando a ao se originar de fato ou ato ocorrido/praticado no Brasil; se a ao versar sobre imveis situados no Brasil; ou, ainda, quando se tratar de inventrio e partilha de bens situados no territrio nacional. Importante salientar que a autoridade judicial brasileira pode conhecer tais aes mesmo que em tribunal estrangeiro exista ao intentada perante o mesmo, no havendo o que se falar em litispendncia (art. 90 CPC). Apenas para argumentar, a litispendncia um fenmeno proces-sual que indica a existncia de duas lides idnticas deduzidas em juzo, tendo como elementos identifi-cadores as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. Assim, a sentena estrangeira ter validade no Brasil aps sua regular homologa-o pelo STJ, que, aps examinar a compatibilidade das legislaes, apor o exequatur, tornando-a ttulo executivo (Art. 483 CPC).Em sntese, temos como classificar a competncia internacional como sendo a predominncia da juris-dio brasileira sobre a estrangeira de maneira con-corrente (art. 88 CPC) ou exclusiva (art. 89 CPC). A competncia interna, por sua vez, determinada pela imposio de limites aos prprios rgos juris-dicionais do pas. Essa espcie de competncia es-tipula regras internas que indicaro qual ser o juzo especfico e o local responsvel pelo julgamento de cada caso concreto apresentado ao judicirio.Na diviso administrativa da Jurisdio, podemos identificar facilmente a existncia de uma Justia Es-pecializada (Militar, Eleitoral e do Trabalho) e de uma Justia Comum, tecnicamente dividida em Justia Federal (Art. 108/109 CF) e Justia Estadual (de competncia residual). Assim, no sendo a matria de uma justia especfica, a competncia de justia comum, devendo, ento, definir-se a competncia do foro ou territorial, cujos critrios determinativos esto estabelecidos no prprio CPC. Determinado o foro ou comarca, se nesse foro hou-

    ver mais de um juzo, a competncia ser determinada pela distribuio (se no foro todos os juzos tiverem a mesma competncia) ou pelos critrios estabelecidos na Lei de Organizao Judiciria de cada Estado.

    3. Critrios determinativos da competncia: os princi-pais critrios determinativos de competncia so aqueles estabelecidos junto aos artigos 91 a 101 do CPC. Assim, temos:3.1. Competncia em razo da Pessoa Ratione personae: aquela baseada na qualidade de deter-minadas pessoas que se encontram litigando em juzo, concedendo a lei determinados foros especiais, como o foro da Capital do Estado para as aes em que a Unio figura como autora, r ou interveniente (art. 99,I CPC). Essa competncia versa sobre as condies especficas da pessoa fsica ou jurdica, possuindo determinados privilgios processuais em face do interesse pblico.3.2. Competncia em razo da funo (Funcional): aquela fixada pelas leis de organizao judiciria que, a partir da Constituio Federal, distribuem as atribuies dos Juzes e Tribunais. Consoante as explanaes do mestre Vicente Greco Filho, em sua obra Curso de Direito Processual Civil, Vol. 1, 15 Ed., Saraiva, 2002, a com-petncia funcional pode ser classificada em trs tipos: a) Competncia funcional por graus de jurisdio: de regra as aes devem ser propostas no 1 grau de juris-dio, cabendo, de suas decises recurso para o 2 grau. s vezes, as normas legais atribuem competncia direta-mente aos rgos de 2 grau de jurisdio, como na ao de mandado de segurana contra atos de determinadas autoridades. Da a razo de se dizer que a competncia dos tribunais funcional, recursal ou originria, porque determinada segundo o modo de ser do processo e no de circunstncia da lide. Nessa fase, necessrio que se examine a existncia de previso constitucional que subtraia a causa dos juzes de primeiro grau, atribuindo a competncia diretamente ao Tribunal (competncia originria) e ainda consultar a Constituio Estadual para verificao de possvel competncia originria dos Tribunais Estaduais para determinadas causas. Exem-plo disso o disposto nos artigos 102, I CF e 105, I CF, que estabelecem, respectivamente as competncias originrias do STF e do STJ; b) Competncia funcio-nal por fases do processo: quando a competncia do juiz dada pela funo que ele teve numa outra fase, exemplo: a competncia juiz da execuo, que deve ser o mesmo da ao (art. 575, II); a competncia do juiz da ao principal para as acessrias (art. 108); a com-petncia do juiz que concluiu a audincia e que dever julgar a lide, nos termos e com excees do art. 132 do CPC, e c) Competncia funcional por objeto do juzo: o fenmeno ocorre quando, numa nica deciso, atuam dois rgos jurisdicionais, cada um competente para certa parte do julgamento. Exemplo deste fato no pro-cesso civil acontece no procedimento de uniformizao da jurisprudncia (arts. 476 e segs) e no da declarao incidental de inconstitucionalidade (arts 476 e segs), nos quais a Cmara ou Turma do Tribunal em que so susci-tados esses incidentes competente para a aplicao da lei ao caso concreto, mas a fixao da interpretao da lei ou sua declarao de inconstitucionalidade de com-petncia do Tribunal Pleno. O julgamento se desmembra, cada rgo decide uma parte do objeto da deciso que, ao final, nica. 3.3. Competncia em Razo da Matria Ratione Materiae: aquela fixada em razo da natureza da lide submetida ao judicirio, como as aes de divrcio julga-das pela vara de famlia.3.4. Competncia Territorial Ratione Loci: a mais abrangente no Cdigo, sendo a responsvel por determinar especificamente o local em a ao deve ser proposta. A regra mais comum aquela que estabelece o domiclio do ru como o local mais indicado (art. 94 CPC). Este foro comum aplica-se para aes que tenham por fundamento direito pessoal, bem como nas aes funda-das em direito real sobre bens mveis. J nas aes fun-dadas em direito real sobre bens imveis, elas possuem o foro especfico da situao da coisa (art. 95 CPC). Existem ainda algumas regras especiais para as aes envolvendo especificamente o inventrio e a partilha de bens (Art. 96 CPC), o ausente (art. 97 CPC) e o incapaz (art. 98 CPC), bem como para as hipteses especficas envolvendo a qualidade das partes ou local da prtica de ato ilcito (art. 99 e 100 CPC), como o foro do domiclio do autor na ao de alimentos ou do local do dano na ao de reparao de danos. 3.5. Competncia em Razo do Valor da Causa Ra-tione Valori: essa espcie de competncia medida pelo critrio econmico, atendendo a regra normativa especfica baseada nos arts. 91 e 282, V, ambos do CPC. Tem importncia como fator de distribuio interna de competncia, sendo utilizado, por exemplo, para esta-belecer a competncia dos Juizados Especiais Cveis (Lei 9099/95 e 10259/01) limite de 40 salrios mni-mos. O valor da causa tambm pode determinar o pro-cedimento a ser seguido, como no caso do procedimento comum sumrio limite de 60 salrios mnimos.(art. 275, I CPC).

    4. Competncia absuluta e relativa: a competncia

    absoluta quando no pode ser modificada pelas partes ou por fatos processuais como a conexo ou a continncia, sendo estabelecida em funo do interesse pblico. Pode ser reconhecida pelo juzo, de ofcio, independentemente da argio da parte, gerando, em sentido contrrio, se violada, a nulidade do processo. Como matria de ordem pblica, pode ser argida em qualquer fase do processo, at mes-mo aps o trnsito em julgado da deciso, possibil-itando eventual ao rescisria (Art. 485, II do CPC). A regra determina que so absolutas a competncia em razo da matria, a competncia funcional e a competncia em razo das pessoas. A competncia relativa estabelecida em razo do interesse das partes, no sendo possvel o recon-hecimento de oficio pelo magistrado de eventual situao de incompetncia. Refere-se aos casos em que possvel a sua prorrogao ou derrogao por meio de ato das partes, atravs de clusula contrat-ual firmada (foro de eleio), de inrcia da parte (no caso do ru que deixa de opor a respectiva exceo declinatria de foro) ou por fatos processuais como a conexo ou a continncia. So relativas com-petncia territorial fixada pelo domiclio das partes, situao da coisa ou pelo lugar de certos atos ou fatos (art. 94 ao 101 CPC) e em razo do valor da causa. Eventuais vcios relativos a essa espcie de competncia devem ser alegados no momento opor-tuno atravs de exceo (art. 112 CPC), sob pena de precluso. Por fim, frise-se, inclusive, a existncia de espcie de competncia relativa com regras de absoluta, qualificada na regra prevista junto ao art. 112, nico do CPC cc/ art. 114 do mesmo Cdigo, na qual o juiz poder reconhecer de oficio a nulidade de clusula de eleio de foro em contrato de ad-eso. Caso o mesmo assim no haja (de oficio), a parte dever alegar essa situao de incompetncia, atravs de exceo, sob pena de precluso. 5. Conexo, Continncia e as regras de Preven-o: o art. 102 do CPC preceitua que a competncia em razo do valor e do territrio poder modificar-se pela conexo ou continncia, sendo que os arts. 103 e 104 do mesmo cdex definem os institutos da con-exo e continncia. Tais fenmenos processuais determinam a reunio de aes para julgamento conjunto, a fim de se evitar a existncia de senten-as conflitantes. Havendo conexo ou continncia, os processos que, em princpio, tramitavam segundo a regra de competncia legal originria, sofrero modificao da competncia, pela qual um rgo jurisdicional dever remeter o processo a outro. To-davia isso somente poder ocorrer quando as aes se encontrarem em uma mesma fase processual.D-se a conexo quando existir identidade quanto ao pedido ou causa de pedir, demonstrando, por-tanto, a existncia de ponto comum a ser decidido em duas aes, justificando, portanto, a reunio dos feitos para julgamento conjunto. Assim, para fins de prorrogao da competncia por conexo, basta a identidade da causa pedir remota, isto , dos fatos, para justificar a conexo que possibilita a reunio de duas causas; e que as causas estejam ambas em andamento, pois no h verdadeiramente conexo entre duas causas, estando uma delas extinta. (P. ex., ao revisional de alimentos proposta pelo pai contra o filho e a ex-mulher X ao revisional de ali-mentos proposta apenas pelo filho contra o pai)A continncia, por sua vez, ocorre quando existir identidade quanto s partes, quanto causa de pedir, mas o objeto de uma ao, por ser mais am-plo, abrange o da outra. Exemplo tpico refere-se a duas aes ajuizadas pelo mesmo autor contra o mesmo ru, pleiteando, na primeira a reintegrao de posse e, na outra, a reintegrao de posse cumu-lada com perdas e danos. Constatada a existncia desses fenmenos processuais, necessrio se faz identificar quem ser o juiz competente para julgar os dois feitos reunidos, estabelecendo-se, portanto, o critrio da preveno. Assim, em sendo juzes da mesma competncia territorial (mesma comarca ou seo judiciria), torna-se prevento o juiz que despa-chou em primeiro lugar (aquele que ordenou, em princpio, a citao do ru), consoante determinao do art. 106 do CPC. Entre juzes de competncia ter-ritorial diferentes, aplica-se a regra prevista pelo art. 219 do CPC, tornando-se prevento o juiz com o qual ocorreu primeiro a citao vlida.5.1 Conflito de competncia: excepcionalmente pode ocorrer uma divergncia entre os juzes a respeito da competncia para julgar determinada ao, prevendo a lei processual o chamado conflito de competncia (art. 115 CPC), cuja ocorrncia se d quando dois ou mais juzes se declaram com-petentes (conflito positivo), quando dois ou mais juzes se consideram incompetentes (conflito nega-tivo), ou quando entre dois ou mais juzes surge a controvrsia acerca da reunio ou separao dos processos.As partes legtimas para suscitar o conflito de com-petncia esto previstas junto ao art. 116 do CPC,

  • 5sendo, alm das partes, o Ministrio Pblico e o juiz, competindo ao Tribunal hierarquicamente su-perior, aos conflitantes o julgamento do conflito de competncia e conseqente deciso de quem permanecer com os autos. Ao decidir o conflito, o Tribunal, alm de declarar qual o juiz competente, dever pronunciar-se tambm sobre a validade dos atos do juiz incompetente, conforme preceitua o 2 do art. 113, que define como nulos, no caso de incompetncia absoluta, os atos decisrios. Em hav-endo jurisprudncia dominante do Tribunal, o relator poder decidir sozinho esse conflito, cabendo desta deciso agravo no prazo de 05 dias (art. 120, nico do CPC). Ainda que o pargrafo nico registre ape-nas a expresso jurisprudncia dominante do Tribu-nal, ela tem admitido um alargamento das hipteses de julgamento do relator (art. 557 do CPC), prevendo que a deciso tambm pode ser autorizada pelo re-lator de acordo com Smula dos Tribunais Superi-ores (STJ/STF).Por fim, o chamado conflito de atribuies entre au-toridades judicirias e autoridades administrativas no um conflito de competncia e nem mesmo um procedimento de determinao de competncia. A natureza das funes jurisdicionais e administra-tivas, dada a sua heterogeneidade, torna impossvel semelhante conflito. 5.2 Modificao da competncia na fase ex-ecutria e nas aes relativas a Direitos Huma-nos: excepcionando a regra geral, a reformado CPC trouxe a possibilidade da parte exeqente re-querer, no momento da execuo de ttulo judicial, a remessa dos autos ao foro do novo endereo do executado ou ainda do foro onde se encontrem os bens do devedor (art. 475-P, nico CPC). Nessa hiptese, em nome de uma efetividade da execuo, seria possvel que, na fase de conhecimento o pro-cesso, tenha trmite por um determinado juzo e na fase de execuo em outro.No que tange s aes em que se discutem direi-tos humanos (aes coletivas ou pblicas), a EC 45/2004, acabou por criar junto ao art. 109, 5 da CF, a possibilidade de deslocamento de processos e inquritos da Justia Estadual para a Justia Fede-ral, atravs de requerimento do Procurador Geral da Repblica ao STJ, que, verificada a relevncia e a grave violao de direitos humanos, com o propsito de resguardar o cumprimento de obrigaes vincu-ladas a tratados internacionais dos quais o Brasil se tornou signatrio, deferir o encaminhamento do processo ou do inqurito a Justia Federal.

    LINK DA ORDEM 3

    1. Conceito e natureza jurdica: nos termos do art. 127 da CF, o MP uma instituio permanente, essencial funo jurisdicional do Estado, incum-bindo-lhe a defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis. Mesmo no figurando como rgos dos poderes da soberania Nacional (Executivo, Legislativo e Judicirio), pela natureza intrnse-ca de suas funes, indiscutivelmente o Ministrio Publico exerce atividade administrativa (promover a execuo das lei no atividade nem legislativa nem jurisdicional (Hugo Nigro Mazzilli, O Ministrio Pblico na Constituio de 1988, S. Paulo, Saraiva, 1989, p. 44. Adota, como princpios institucionais a unidade (todos os membros fazem parte de um s rgo), indivisibilidade (seus membros podem ser substitudos uns pelos outros, sem haver identidade fsica em relao ao caso em que atuam, devendo respeitar o principio do promotor natural, i.e., cada promotor tem suas atribuies definidas em lei e independncia funcional. O promotor tem plena liberdade de atuao, agindo de acordo com sua convico jurdica, no havendo nenhum tipo de hierarquia funcional, mas somente administrativa.1.2. Formas de atuao do Ministrio Pblico no Processo Civil: no Processo Civil, o MP pode atuar como parte (quando exerce o direito de ao nos ca-sos estipulados em lei art. 81 CPC) ou como fiscal da lei (custus legis - art. 82 CPC). Regra geral atua somente como autor, podendo excepcionalmente fi-gurar como ru, em eventual ao rescisria de sen-tena em que atuou como autor (ex.: anulao de casamento). A falta de intimao do MP, em regra, gera a nulidade do processo. Todavia a doutrina e a jurisprudncia vm entendendo que, mesmo no in-timado o MP, se a deciso for favorvel aos interes-ses que justificaram sua interveno no processo, tambm no haver nulidade (Art. 246 CPC), uma vez que inexiste nulidade sem efetivo prejuzo (art. 250, nico CPC). Atuando como parte ou como fiscal da lei, o MP tem direito a ser intimado pesso-

    almente dos atos processuais (art. 83, I CPC) bem como possui prazo em qudruplo para contestar e em dobro para recorrer (art. 188 CPC cc/ art. 499, 2 do CPC). No mais, por expressa disposio legal, o MP no est sujeito a adiantamento de custas processuais (art. 19, 2 do CPC) nem pode ser condenado no pagamento des-sas despesas (art. 27 CPC). Na qualidade de fiscal da Lei aplicam-se todos os motivos de impedimento e suspeio do juzes descritos junto ao art. 134 e 135 do CPC. Na qualidade de parte, aplicam-se os motivos de suspeio elencados nos incisos I a IV do art. 135 (Art. 138, I CPC) bem como os casos de impedimento (art1. 134), quando compatveis. Tais alegaes devem ser realizadas atra-vs de incidente processual especfico nos termos do art. 137, 1 do CPC.

    2. Consideraes gerais: partes so aquelas pessoas diretamente envolvidas na relao jurdica processual (sujeito ativo e passivo) e que, por terem provocado a jurisdio, sujeitam-se aos deveres e nus do processo.

    Nesse contexto, destaca-se:

    Capacidade de estar em juzo, que uma qualidade ge-nrica da pessoa ou da entidade que ocupa um dos plos da demanda. Equivale capacidade de ter direitos. A re-gra, porm que, para ser parte, preciso ser pessoa natural ou jurdica. A lei, porm, para facilitar a demanda, atribui a capacidade de ser parte a certas universalida-des, tais como: massa falida, condomnio, as sociedades sem personalidade (de fato), herana jacente ou vacante, massa insolvente etc.

    Capacidade processual: consiste na aptido da pessoa de participar da relao jurdica, podendo exercer os dire-itos e deveres inerentes ao processo e praticar atos ten-dentes a viabilizar esta prestao jurisdicional. Essa ca-pacidade mostra-se vinculada possibilidade de praticar atos na vida civil de maneira absoluta. Assim, os abso-lutamente incapazes necessitam de representados e os relativamente incapazes de assistncia. (A esse respeito vide arts. 2 at 9 do Novo Cdigo Civil Lei 10406/2002). Quanto s pessoas jurdicas, normalmente so repre-sentadas por aqueles dos quais o estatuto da entidade assim dispuserem, como no caso das pessoas jurdicas estrangeiras - pelo gerente, representante ou adminis-trador da filial ( art.12, pargrafo 3 e art.88, pargrafo nico do CPC). A falta da capacidade processual ou mesmo a irregularidade da representao das partes no provoca imediata extino do processo, porque o juiz dever suspend-lo, marcando prazo razovel para ser sanado o defeito. Se o vcio for regularizado, o processo prosseguir; se no for sanado, o juiz decretar a nuli-dade do processo se a providencia cabia ao autor; se ao ru, ser ele considerado revel; se a determinao era dirigida a um terceiro interveniente voluntrio, este ser excludo do processo; se dirigida a terceiro interveniente provocado, como na denunciao da lide, decretar sua revelia.Os procuradores aqui qualificados como uma expresso genrica referem-se figura necessria para representa-o da parte, a fim de que esta possa litigar em juzo. Ex-cetuando-se algumas possibilidades especficas, em que a parte detm o ius postulandi (Essa capacidade postulatria da parte pode ser observada, por exemplo, junto ao Juizado Especial Cvel, nas causas de at 20 salrios mnimos, em que no necessria a presena de advogado ) a capaci-dade postulatria privativa dos advogados e membros do Ministrio Pblico.O advogado, para pleitear em nome de outrem, precisa estar, alm de regularmente inscrito na OAB, munido do instrumento de mandato (procurao ad judicia). A pro-curao pode ser comum (por escrito) ou ainda assinada digitalmente (procurao eletrnica), baseada em certifi-cao digital emitido por autoridade certificadora creden-ciada ou ainda por usurio devidamente cadastrado junto ao Poder Judicirio (art. 1, 2, III da Lei 11419/06). O advogado pode, contudo, intentar a ao, independent-emente de procurao a fim de evitar a decadncia ou prescrio, bem como intervir no processo para praticar atos reputados urgentes (art. 37, pargrafo nico CPC) ou, ainda, quando atuar em causa prpria (art. 36 CPC). O mandato pode ser extinto por acordo entre as partes, pela morte da parte ou do procurador (ART. 256, 2, CPC) revogao ou por renncia. (Art. 44 CPC). O juiz o personagem principal, recebendo do Estado a delegao para exercer a funo jurisdicional, sendo que o art. 125 do CPC aponta os elementos norteadores da funo do juiz no processo civil: I assegurar s partes igualdade de tratamento; II velar pela rpida soluo do litgio; III prevenir ou reprimir qualquer ato contrrio dignidade da justia; IV tentar a qualquer tempo, con-ciliar as partes.

    Em razo das funes que exercem, gozam de ga-rantias especiais, tais como a inamovibilidade e a irredutibilidade de vencimentos, de modo a garantir sua imparcialidade, sendo este o pressuposto es-sencial de toda a atividade jurisdicional. Essa im-parcialidade pode ser examinada sob um aspecto objetivo traduzindo-se na eqidistncia prtica do juiz no desenvolvimento do processo, dando s partes igualdade de tratamento. O juiz que, de qualquer modo, esteja vinculado causa, por razes de ordem subjetiva, tem comprometida a sua impar-cialidade, portanto no deve atuar no processo. As razes, que colocam em risco a imparcialidade do juiz, so aquelas relacionadas pelo Cdigo nos ca-sos de impedimento e suspeio junto aos arts. 134 e 135 do CPC.Caso incida em algumas das hipteses elencadas, dever do juiz declarar-se impedido ou suspeito. Se no o fizer, poder ser recusado a qualquer tempo pelas partes (art. 304 CPC). O meio pro-cessual para formulao da recusa a exceo, que ser apresentada, em qualquer tempo ou grau de jurisdio, no prazo de 15 dias, contados do fato que ocasionou o impedimento ou a suspeio (art. 305 CPC). Ao oferecer a exceo, a parte dever especificar o motivo da recusa, contendo, se for o caso, o rol de testemunhas. O juiz, caso reconhea o impedimento ou a suspeio, remeter os autos ao seu substituto legal, afastando-se do processo. Caso contrrio, dentro de 10 dias, dar suas razes acom-panhadas de documento e rol de testemunhas, se houver, ordenando em seguida a remessa dos autos ao Tribunal (arts. 312 e 313 do CPC). Se o Tribunal verificar que a exceo tem fundamento legal, deter-minar o seu arquivamento. Caso contrrio, julgando procedente a exceo, condenar o juiz nas custas, mandando remeter os autos ao seu substituto legal. Recebida a exceo e at que seja definitivamente julgado, o processo ficar suspenso.Nos casos de impedimento (134 CPC), mesmo sem ter sido oposta a exceo no prazo e, por se tratar de matria de ordem pblica, o Tribunal poder conhec-la de ofcio, anulando a sentena proferida por juiz impedido, devolvendo o processo para julga-mento por outro juiz. Em relao suspeio (135 CPC), o rito procedimental da exceo condicio-nante do exame da matria.Os motivos de impedimento ou de suspeio apli-cam-se tambm ao representante do Ministrio P-blico, aos serventurios da justia, ao perito e ao in-trprete. Nessa hiptese, a argio dever ser feita conforme o preceituado no artigo 138, 1 do CPC, em incidente processual especfico.

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    1. Generalidades: os atos processuais so mani-festaes de vontade dos sujeitos do processo na forma da lei processual, com o objetivo de constituir, desenvolver, conservar, modificar ou extinguir a pr-pria relao jurdica deduzida em juzo. Podem ser praticados pelo juiz ou pelas partes.Os atos processuais caracterizam-se por serem formais, devendo obedecer ao preconizado pela lei. Todavia no h necessidade de uma forma definida, tendo a doutrina moderna optado pela instrumentali-dade dos atos processuais, i.e., antes de se anular ou repetir determinado ato, deve se verificar a possi-bilidade de seu aproveitamento, desde que no gere nulidade absoluta ou no cause nenhum prejuzo parte. (art. 154 CPC)Os atos processuais so realizados de forma escrita ou oral, devendo sempre estar reduzidos a termo nos autos, uma vez que o que no est nos autos, no est no mundo jurdico. O conjunto de atos e termos que documentam as atividades dos envolvidos no processo tecnicamente chamado de Autos.Os termos classificam-se genericamente em autua-o (atestado do incio do processo), juntada (at-estado de que foi juntado algo ao processo), vista (atestado que foi concedido aos personagens do processo p.ex., parte/MP/Juiz a oportunidade de se manifestarem), concluso (atestado que foi remetido ao juiz, os autos para despacho ou deciso), intimao (atestado em que se certifica que foi dado conhecimento parte ou ao MP da ocorrncia de algum ato processual), remessa (atestado que cer-tifica o encaminhamento do processo a outro juzo, recebimento (atestado que certifica o recebimento do processo vindo de outro juzo), apensamento (atestado que certifica a juntada ou reunio de dois ou mais processos) e desentranhamento (atestado que certifica a retirada de documentos do processo), apud Jos Roberto Neves Amorim, Fundamentos Atuais do Processo Civil, Vol. I, ED. Manole, 1. ED, 2004

    MINISTRIO PBLICO

    PARTES, PROCURADORES E JUIZ

    ATOS PROCESSUAIS

  • 62. Atos em geral: os atos processuais so, regra geral, pblicos, correndo em segredo de justia os processos nos quais o interesse pblico ou aqueles que dizem respeito a casamento, filiao, separao e converso desta em divrcio, alimentos e guarda de menores. (Art. 155 CPC), sendo permitida sua consulta somente as partes e seus procuradores. O eventual terceiro e o advogado que no procura-dor das partes (Art. 40, I CPC), contudo poder obter certido do dispositivo da sentena do processo que tramita em segredo de justia ou ainda certido do inventrio e partilha dos bens dos cnjuges sepa-rados. Em todos os atos e termos do processo obrigatrio o uso de lngua portuguesa bem como eventuais documentos em lngua estrangeira so-mente podero ser juntados aos autos quando acompanhada da verso traduzida por tradutor ju-ramentado (Art. 156/157 CPC e Art. 126, 6. e 148, caput da Lei de Registros Pblicos).a) Atos da parte (Art. 158 a 161 CPC): os atos das partes consistem em declaraes unilaterais e bilaterais de vontade, produzindo imediatamente a constituio, modificao ou a extino de determi-nados direitos processuais, ressalvada a hiptese de desistncia da ao, que somente produzir efeitos aps a regular homologao por sentena judicial (art. 158 CPC). Podero, tambm, as partes exigir recibo de peties e documentos que entregarem em cartrio, sendo vedada a manifestao nos au-tos por cotas marginais ou interlineares, sob pena de multa correspondente a meio salrio mnimo vigente (art. 161 CPC).b) Atos do juiz (art. 162 a 165 CPC): os atos do juiz consistem em despachos de mero expediente (atos praticados no processo de ofcio ou a requeri-mento da parte a cujo respeito a lei no estabelece outra forma - art. 162, pargrafo 3. CPC), decises interlocutrias (ato pelo qual o juiz no curso do pro-cesso resolve questo incidente - art. 162, pargrafo 2. CPC), sentenas (ato pelo qual o juiz decide a causa, com ou sem resoluo de mrito, de acordo com uma das hipteses do art. 267 ou 269 do CPC - art. 162, pargrafo 1. CPC). Excepcionalmente, podemos falar tambm em acrdos, que so os jul-gamentos proferidos pelos Tribunais (art. 163, CPC). Vale deixar consignado que as sentenas e acrdos sero proferidos de maneira fundamentada com ob-servncia ao disposto no artigo 458 do CPC, sendo que as demais decises podero ser fundamentadas de modo conciso.

    3. Tempo e lugar dos atos jurdicos (Art. 172 a 176 CPC): os atos processuais sero realizados em dias teis das 6 s 20 horas, podendo, tambm, ser cumpridos aos domingos e feriados, bem como fora dos horrios estabelecidos na lei, quando devi-damente autorizados pelo juiz (Art. 172, 2 CPC). Ressalte-se que, durante o perodo de frias forens-es e feriados, no so praticados atos processuais, excetuando-se a produo antecipada de provas (art. 846 CPC), a citao para se evitar perecimento de direito (art. 217 CPC) e outros atos urgentes, tais como medidas cautelares e demais aes previstas junto ao art. 173, II do CPC. No mais, importante termos ainda que nos casos de necessidade de aplicao de tutela de urgncia (art. 173 e art. 174 CPC), alguns atos processuais podero ser realiza-dos durante as frias ou feriados. O lugar para serem praticados os atos processuais, regra geral, a sede do juzo, mais precisamente nas dependncias do frum (art. 176 CPC). Excep-cionalmente, em razo de prerrogativas pessoais de autoridades, como p. ex., no caso do Presidente da Republica, Ministros de Estado etc, o juiz, por defer-ncia, pode permitir que sejam tais atos realizados em lugares diversos. Da mesma forma, em alguns outros casos de natureza extraordinria, sempre visando ao interesse da justia ou ainda para su-perar algum obstculo argido pelo interessado na prtica do ato, o juiz tambm pode realizar os atos processuais fora da sede do juzo, como para ouvir testemunha internada no Hospital (Inspeo Judi-cial) ou, ainda, quando determina a expedio de carta precatria ou rogatria visando colher provas fora de sua sede.Por fim, importante ressalvar a possibilidade de transmisso de peties por meios eletrnicos, por meio da utilizao de sistema de transmisso de dados/imagens, como via fax ou e-mail. Apesar de admitir essa transmisso, a lei no dispensa a apre-sentao dos originais em at 05 dias no protocolo do Juzo ou Tribunal ou, at mesmo, integrado, se houver. (art. 2 d\a Lei 9800/99). Com o advento da lei 11419/2006 e os convnios firmados entre o Poder Judicirio e as demais entidades particulares para emisso de certificao digital, as partes j cadas-tradas no mais necessitam juntar a petio original nesse prazo, com a inovao de se permitir a trans-misso eletrnica da petio at as 24 horas do dia

    final do prazo (art. 3, nico da lei 11419/2006) e no somente no horrio do expediente forense.

    4. Prazos dos atos processuais (Art. 177 a 199 CPC): os atos processuais sero realizados nos prazos prescri-tos em lei (art. 177 CPC). Quando a lei for omissa quanto ao prazo, o juiz o determinar tendo em conta a com-plexibilidade da causa. Quando no ocorrer nenhuma das hipteses, o prazo ser de 5 dias (art. 185 CPC). O prazo contnuo no se interrompendo nos feriados. Como regra, os prazos para as partes sero contados de acordo com a regra inscrita no art. 184 CPC, excluindo-se o dia inicial e incluindo o dia final. O incio da contagem a partir do primeiro dia til seguinte aps regular intima-o (art. 240 pargrafo nico) ou da juntada do mandado de intimao (art. 241 CPC). Especificamente em rela-o aos recursos, o prazo tem incio com a publicao da intimao junto ao Dirio Oficial, mas se a prolao da sentena e sua leitura se deu em audincia o prazo comea daquele ato (art. 242 e 506 CPC).Os prazos podem ser prprio (imposto parte, pois ac-arreta a precluso pelo vencimento de seu termo final sendo impossvel sua prtica posterior) ou imprprios (estabelecidos para o juiz e seus auxiliares, posto no gerar qualquer conseqncia processual imediata), dilatrios (comporta ampliao ou reduo pela von-tade das partes) ou peremptrios (que no podem ser alterados pelo juiz ou pelas partes, salvo no caso de comarcas de difcil transporte ou em caso de calami-dade pblica) - (art. 181/182 CPC). A lei no diferencia a natureza peremptria ou dilatria do prazo processual, sendo do juiz o melhor critrio de distino. A doutrina tem entendido que peremptrio todo o prazo que se no observado altera o equilbrio da balana da justia, causando vantagem a uma das partes em detrimento da outra (prazo de resposta do ru, prazo de arrolar tes-temunhas, prazo de recursos). No admitem modificao pela vontade das partes ou ingerncia do juzo, sendo que sua inobservncia gera a precluso (perda do prazo). Os dilatrios por sua vez no geram vantagens ou des-vantagens s partes, podendo estas e o juiz, de oficio, atendendo a natureza do ato ou a sua complexidade, alterar o prazo, desde que no exista prejuzo a nenhum das partes.(prazo para apresentao de memoriais/ale-gaes finais art. 456 CPC).Por fim, importante, ainda, lembrar que as pessoas que possuem 60 anos ou mais tero a prioridade no julga-mento de seus processos em que figuram como parte/interessado (art. 71 da Lei 10741/2003). Para o exerccio dessa preferncia, o idoso dever fazer o requerimento autoridade judicial em que tramita o processo e fazer prova do requisito essencial comprobatrio da idade. A jurisprudncia do STJ tem entendido que a prioridade tambm pode existir no caso da parte ser portador de doenas graves, contagiosas e/ou incurveis, ficando es-tabelecido, como critrio, de esclarecimento que essas molstias so as mesmas elencadas no 1 do art. 186 da Lei n 8.112/90, que ensejam a aposentadoria do servidor pblico por invalidez.Com relao aos processos informatizados, os prazos processuais tero inicio no primeiro dia til seguinte ao considerado como data da publicao (primeiro dia til seguinte ao da disponibilizao da informao junto ao DO Eletrnico na internet art. 4, Lei 11419/2006).

    5. Precluso: praticado um ato processual por impulso oficial, j se desencadeia o nus de praticar outro, para a parte ou para a parte contrria. O nus processual no se confunde com dever. Este uma situao de contedo exigvel. Aquele a oportunidade de agir, prevendo a lei, no caso de omisso, determinada conseqncia jurdica que a parte escolhe livremente. Os nus processuais se dizem perfeitos ou plenos (quando da prtica, ou no, de um ato, ou do modo de pratic-lo, resulta de uma situao irreversvel - Ex. nus de recorrer) ou imperfeitos ou diminudos (so aqueles que admitem a prtica posterior, a reverso, no ocor-rendo a precluso. Ex. a falta de contestao naqueles processos cujo objeto sejam direitos indisponveis Ao de Investigao de Paternidade.)Com a perda da faculdade processual de praticar este ato, temos a ocorrncia do fenmeno da precluso, clas-sificando-se esta em: a) precluso lgica: decorre da prtica sem reservas de um ato incompatvel. Ex: quem cumpriu a sentena depositando o valor da quantia a que foi condenado, no pode interpor recurso para impugn-la (art. 503 CPC); b) precluso temporal: decorre do de-curso de prazo para a prtica do ato. Ex.: Perda do prazo de contestao (15 dias) e; c) precluso consumativa: ocorre quando a perda da faculdade de praticar o ato decorre do fato de j ter ocorrido a oportunidade para tanto, i.e., do ato j ter sido praticado, portanto, no poder tornar a s-lo. Ex: Interposio de recurso de Apelao no 5. dia do prazo e pretenso de aditar o recurso poste-riormente a interposio.

    6. Comunicao dos atos processuais (Art. 200 a 242 CPC): os atos processuais sero cumpridos por ordem judicial ou requisitados por carta (Precatria, Rogatria ou de Ordem), conforme se realizem dentro ou fora dos

    limites territorial da Comarca. A comunicao desses atos podem ser feitas atravs de Citaes, Intimao ou de Cartas.6.1 Citao: ato pelo qual o ru chamado em juzo com o objetivo de se defender, de modo que a falta de alguma de suas formalidades legais a torna nula, anulando conseqentemente todos os atos que se seguirem (art. 213 CPC). Por sua vez, o compare-cimento espontneo do ru, supre a falta de citao (art. 214 CPC). A citao vlida produz sensveis efeitos para a relao jurdica processual como um todo (art. 219 CPC), tais como: a) tornar prevento o juzo: significa a fixao de competncia de um juzo em face de outros juzos que tambm seriam em tese competentes; b) induzir litispendncia: um fato processual da existncia de um processo em andamento. O segundo processo, se j instaurado, deve ser extinto e, salvo se por qualquer razo, o primeiro foi antes extinto sem julgamento do mrito tambm. Se no instaurado, deve ser rejeitado (art. 267, V). O efeito negativo da litispendncia, ou seja, a proibio de existir ao idntica matria de or-dem pblica, que o juiz pode conhecer de ofcio, a qualquer tempo, em qualquer grau de jurisdio. As aes so idnticas quando h identidade de partes, o pedido e causa de pedir; c) tornar a coisa litigio-sa: quando o bem material sobre o qual litigam as partes coisa infungvel, a citao vlida vincula de-finitivamente ao processo e seu resultado. Isto no quer dizer que a coisa se torna inalienvel, mas que qualquer alterao jurdica em sua titularidade ir-relevante e ineficaz para o processo. Assim, a alien-ao da coisa litigiosa no altera a legitimidade das partes, que continuam a demanda como partes prin-cipais; a execuo da sentena vai alcanar a coisa, ainda que em mos de terceiros, porque a eventual alienao se considera em fraude de execuo - (art. 592, V, c/c o art. 593, I); d) constituir o devedor em mora: fica o devedor em situao de descumpri-mento da obrigao; ou a dvida lquida e certa e, nesse caso, a mora ocorre a partir do vencimento, ou a dvida ser declarada no prprio processo, ficando o devedor em mora a partir da citao, porque esta a ltima oportunidade, para que o ru deixe de opor-se ao cumprimento da obrigao ainda sem nus. Se resistir e vier a perder a demanda arcar com os efeitos da mora a partir da citao, inclusive os juros legais; e) interromper a prescrio: em consonn-cia com o art. 202 , I , do CC. Se a citao demorar a efetivar-se no por culpa do autor, a prescrio considerar-se- interrompida a partir da propositura da ao. Isso acontece se o autor promove a cita-o do ru propiciando os elementos para que se efetive nos dez dias seguintes ao despacho que a determinou, prazo esse que pode ser prorrogado at noventa dias. O juiz tambm poder reconhecer de oficio a prescrio, nos termos do art. 219, 5 do CPC. Os efeitos materiais da citao, a constituio em mora e a interrupo da prescrio se produzem, ainda que a citao tenha sido ordenada por juiz incompetente, pois basta a investidura (jurisdio) para assegurar a solenidade e segurana necessria produo dos efeitos de direito material. Por fim, importante lembrar que, no se far a citao, salvo para se evitar perecimento de direito, enquanto o ru estiver participando de culto ou da celebrao religiosa, em caso de luto (falecimento de cnjuge ou parente do morto em linha reta ou colateral at segundo grau pelo prazo de 7 dias), dos noivos, nos trs primeiros dias de casamento e dos doentes en-quanto for grave seu estado (Art. 217 CPC). 6.1.1. Modalidades de Citao: a citao pode ser:I. real: a) por mandado, pelo oficial de justia, o qual, dirigindo-se ` a residncia do ru, dar-lhe- con-hecimento da ao, entregando-lhe a contraf, que a cpia da petio da inicial. Os requisitos do man-dado esto previstos no art. 255 do CPC; b) correio, nos termos do art. 222 do CPC, forma de citao real, porque exige a efetiva entrega da carta acom-panhada de cpias da petio inicial e do despacho do juiz, com a advertncia do art. 285, e ser regis-trada, exigindo-se do citando a assinatura do recibo ( nico do art. 223 do CPC). A regra que o com-provante de recebimento da carta seja assinado pelo destinatrio, sob pena de nulidade. A jurisprudncia, contudo, tem abrandado essa regra, nas hipte-ses de lides consumeristas e/ou lides processadas perante o JEC (art. 18, II da Lei 9099/95), assegu-rando que somente a entrega da correspondncia no endereo do destinatrio torna vlida a citao, sendo nus do prejudicado comprovar a nulidade (RT 826/290, 838/232), aplicando-se nessas hip-teses a teoria da aparncia. c) carta rogatria: o ato de comunicao processual pelo qual a carta deve ser expedida quando o ato tiver que ser prati-cado no exterior, dirigindo-se autoridade judiciria estrangeira, por intermdio de autoridades diplomti-cas. Caso o pas em que esteja o ru se recuse a cumprir a carta rogatria, o local ser tido como in-

  • 7acessvel, facultando a parte a utilizao da citao por edital (art. 231, 1 CPC) d) carta de ordem: o instrumento formal de requisio de tribunal, em face do juzo a ele subordinado para a pratica de ato pro-cessual de processo de competncia originria.; e) carta precatria: ato de comunicao processual que deve ser executado fora dos limites territoriais da Comarca, mas dentro do territrio nacional. A vali-dade e eficcia das cartas esto condicionadas aos requisitos do art. 202 e 203 do CPC. A regra que o juzo destinatrio da carta no tem competncia para proceder a anlise de convenincia ou legali-dade do ato processual requerido, nem tampouco pode recusar seu cumprimento (RESP 174529/PB). Excepcionalmente, contudo, o juzo poder opor-se ao cumprimento dos pedidos formulados pelo rgo remetente, diante das situaes previstas no art. 209 CPC.II. ficta: a) por hora certa: sendo cabvel nas hipte-ses dos arts. 227 , 228 do CPC, quando o ru estiver se ocultando, podendo o oficial de justia proceder entrega da contraf a qualquer pessoa que encon-trar no local. Essa forma de citao tem por objetivo coibir a ma-f do ru que pretende prejudicar o pro-cesso ao se utilizar da ocultao para evitar a cita-o. Somente pode ser realizada quando existir essa suspeita de ocultao e o comparecimento do oficial de justia por, pelo menos, 3 vezes ao local sem con-seguir concluir o ato citatrio. A formalidade prevista no art. 229 do CPC, apesar de indispensvel (STJ-RT 819/182, 488/121, 710/192, 629/123), no mais pertence ao procedimento citatrio, de modo que os prazos decorrentes da citao correm da data da juntada do mandado em cartrio e no do envio da carta (RESP 180917/SP); b) por edital: A condio de ser o ru pessoa incerta, se incerto ou no sabido o seu paradeiro ou, ainda, a inacessibilidade do lo-cal em que se encontre admite essa modalidade de citao. Todavia, as circunstncias podem j ser do conhecimento do autor, que pode, desde logo, re-querer a citao por edital, justificando as razes do pedido - arts. 231 a 233 do CPC. Os requisitos esto descritos no art. 232 CPC, sendo todos essenciais. A falha de qualquer deles anula o ato.6.1.2. Dispensa de citao (e sua realizao posteriormente a sentena): o art. 285-A CPC, pos reforma (Lei 11277/06), possibilita ao juiz, nos casos de matria somente de direito, aliado ao fato de que, naquele juzo especfico, j existir deciso judicial de total improcedncia em processo semel-hante (pretenso que j tenha sido controvertida em outro processo e julgada improcedente pelo mesmo juzo), faculta o magistrado a reproduzir a sentena anteriormente prolatada, apenas alterando o nome e a qualificao das partes, uma vez que juzo j pos-sui posio firmada quanto pretenso deduzida. Caso o autor se mantenha inerte, a deciso far coisa julgada formal, mas no material, uma vez que a ausncia do ru ao processo ofende o art. 267, IV cc art. 472 do CPC, assemelhando-se situao em apreo aquela do indeferimento da petio ini-cial (art. 295 CPC). Caso o autor pretenda recorrer, poder faz-lo atravs de Apelao, sendo facultado ao juiz, manter a sentena (art. 285-A, 2 CPC) ou reconsiderar seu julgamento (art. 285-A, 1 CPC), devendo, em ambas as hipteses, determinar a cita-o do ru para constituir a relao jurdica proces-sual vlida e assim ter curso o feito, seja pela citao do ru para apresentao de contestao, seja pela citao do ru para apresentao de contra-razes de apelao.6.2. Intimaes: intimao o documento pelo qual se d cincia a algum dos atos e termos do processo, para que faa ou deixe de fazer alguma coisa (art. 234 CPC), podendo ser realizadas pelo escrivo, pelo oficial de justia, por publicao na im-prensa oficial, por edital e at mesmo por meio ele-trnico (art. 5, Lei 11419/2006), sendo que a ausn-cia de intimao acarreta efetiva nulidade (Art. 247 CPC). O MP e o Procurador do Estado devem ser intimados pessoalmente pelos atos processuais nos feitos em que atuem. (art. 246 CPC). Regra geral as intimaes sero feitas via imprensa oficial, poden-do, ainda, caso a lei no disponha de outro modo, serem realizadas as partes ou representantes legais ou ainda aos advogados, via correio, presumindo-se vlidas as comunicaes enviadas ao endereo re-sidencial ou profissional da parte declinados na ini-cial, contestao ou embargos, cumprindo a mesma atualizar o respectivo endereo sempre que existir modificao temporria ou definitiva de residncia, sob pena de ser considerada vlida a comunicao, independentemente do prejuzo da parte, uma vez que a nulidade somente pode ser decretada a reque-rimento da parte inocente, e no da que a causou (Art. 243 CPC).

    7. Pressupostos Processuais: podem ser considerados como os requisitos essenciais para a prpria existncia do processo, bem como para seu desenvolvimento regu-lar e vlido. A falta de qualquer um desses pressupostos leva a extino do processo sem julgamento do mrito (Art. 267, IV CPC).

    Sendo o processo um instrumento pblico, para que o mesmo possa se desenvolver validamente, importante se faz a configurao da prpria relao jurdica processual, consistente no liame estabelecido entre os sujeitos do processo (autor, ru e juiz) aps a ocorrncia da citao vlida. Assim, para a existncia vlida da relao jurdica processual, podemos, em sntese, afirmar que basta o juiz ser competente, a parte ser capaz e o objeto dis-cutido lcito. Os pressupostos processuais subjetivos so aqueles que dizem respeito aos sujeitos do pro-cesso, sendo, portanto, relativos s partes ( capacidade pessoal, processual e postulatria) e ao juiz (jurisdio, competncia, capacidade subjetiva e imparcialidade). Os pressupostos processuais objetivos, por sua vez, dizem respeito seqncia de atos coordenados prestao jurisdicional, ou ainda na ocorrncia de fatos impeditivos para o prosseguimento da ao, como a ocorrncia de incompetncia absoluta.

    8. Nulidade dos atos processuais (Art. 243 a 250 CPC): no processo civil brasileiro, o sistema de nulidades foi criado objetivando resguardar os atos processuais, de modo a se evitarem modificaes de maneira aleatria. Nesse esteio, no tendo sido observada a forma preco-nizada pelo ordenamento jurdico, deve ser levado em considerao a finalidade imposta pela norma violada ou, eventualmente, os prejuzos causados. Nesse esteio, possvel afirmar que, dependendo da situao, as nulida-des processuais podem ser a) absoluta (resulta da viola-o de norma de interesse pblico, no obedecendo aos requisitos legais indispensveis sua formao. P. ex: a falta de um dos requisitos essenciais da sentena - art. 458 CPC). Deve ser reconhecida de ofcio, em qualquer grau de jurisdio e no comporta convalidao. O efeito ser sempre ex nunc (no retroage), sendo, portanto, o ato nulo. Em termos prticos os atos absolutamente nulos produzem efeitos processuais imediatos, devendo ser reconhecidos pelo juzo, no podendo ser, em regra, convalidados); b) relativa: (violao de norma cogente de interesse da parte. Sendo assim, depende sempre da comprovao do efetivo prejuzo de quem a alega, com-portando, ao contrrio, convalidao pelo silncio da par-te interessada. Por ex.: indispensvel, sob pena de nu-lidade que da publicao constem os nomes das partes e seus advogados (art. 236, pargrafo 1. CPC). Se defeito houver nessa publicao e a parte se der por intimada e sem reclamao pratica o ato devido, o vcio estar su-perado. O efeito ser sempre ex tunc (retroage), sendo, portanto, o ato anulvel. Em termos prticos, os atos rela-tivamente nulos acabam produzindo efeitos processuais, apesar da formao viciada, podendo ser convalidados pela parte quando no se demonstrar prejuzo.)

    A nova concepo da teoria das nulidades determina que no existir nulidade sem efetivo prejuzo da parte ou a prestao da tutela jurisdicional, ressaltando que o ato processual ser considerado vlido, independen-temente da forma como foi praticado, desde que atinja sua finalidade (art. 244 CPC). A reforma introduzida pela Lei 11276/2006, admite que as nulidades possam ser sa-nadas, inclusive quando do julgamento de recursos pelo Tribunal, evitando, quando possvel, a decretao da nu-lidade de todo o processo.

    LINK DA ORDEM 5

    1. Formao: a formao do processo deve ser anali-sada sob a tica de ambas as partes na demanda. Sob a tica do autor, o processo se inicia com a distribuio da petio inicial (art. 263 CPC), que dever atender objetivamente os requisitos do art. 282 e 283 do CPC. Constatada a regularidade da demanda, o juiz ordenar a citao do ru e o processo ter regular seguimento; caso exista qualquer vcio em relao aos requerimen-tos formulados, o juiz poder determinar a emenda da petio inicial no