resumo - direito civil

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CONCURSO ADVOGADO UEL DIREITO CIVIL 1 D I R EI TO C I VIL DIA 18.05.2013 LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL: DEFINIÇÃO E VIGÊNCIA DA LEI; CRITÉRIOS DE INTERPRETAÇÃO DA LEI; EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO E NO ESPAÇO; INÍCIO DE VIGÊNCIA DA LEI; LEIS DE VIGÊNCIA TEMPORÁRIA; MODIFICAÇÃO OU REVOGAÇÃO DA LEI; CONFLITOS DE LEIS NO TEMPO; INTEGRAÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO. 1) Considerações iniciais: a) Natureza da LICC:  A LICC é bem mais ampla do que seu nome sugere. Nos dizeres da Professora Maria Helena Diniz, “trata-se de uma norma preliminar à totalidade do ordenamento jurídico nacional”.  A LICC disciplina normas jurídicas, indicando como interpretá-las, aplicá-las, determinando-lhes a vigência e eficácia, sua dimensão temporal e espacial. Em razão disso, a LICC é qualificada pela doutrina como uma “norma sobre normas”. É também comumente denominada “ lex legum” , “superdireito”, “sobredireito”. Por fim, é conhecida ainda como “Estatuto de Direito Internacional Privado”, na medida em que aponta critérios de solução de conflito entre o direito pátrio e o direito estrangeiro (alienígena) relativamente aos direitos sobre as pessoas, as coisas, as obrigações e sucessão. b) Conteúdo e funções da LICC: Na lição de Maria Helena Diniz, a LICC exerce a f unção de lei geral que orienta outras leis no tocante a:  vigência;  eficácia no tempo e no espaço;  obrigatoriedade;  interpretação;

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CONCURSO ADVOGADO UEL

DIREITO CIVIL

DIREITO CIVIL

DIA 18.05.2013

LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL: DEFINIÇÃO E VIGÊNCIA DA LEI;

CRITÉRIOS DE INTERPRETAÇÃO DA LEI; EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO E NO

ESPAÇO; INÍCIO DE VIGÊNCIA DA LEI; LEIS DE VIGÊNCIA TEMPORÁRIA;

MODIFICAÇÃO OU REVOGAÇÃO DA LEI; CONFLITOS DE LEIS NO TEMPO;

INTEGRAÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO.

1) Considerações iniciais:

a) Natureza da LICC:

 A LICC é bem mais ampla do que seu nome sugere. Nos dizeres da Professora Maria

Helena Diniz, “trata-se de uma norma preliminar à totalidade do ordenamento jurídico

nacional”.  A LICC disciplina normas jurídicas, indicando como interpretá-las, aplicá-las,

determinando-lhes a vigência e eficácia, sua dimensão temporal e espacial. Em razão

disso, a LICC é qualificada pela doutrina como uma “norma sobre normas”. É também

comumente denominada “lex legum” , “superdireito”, “sobredireito”. Por fim, é conhecida

ainda como “Estatuto de Direito Internacional Privado”, na medida em que aponta critérios

de solução de conflito entre o direito pátrio e o direito estrangeiro (alienígena)

relativamente aos direitos sobre as pessoas, as coisas, as obrigações e sucessão.

b) Conteúdo e funções da LICC:

Na lição de Maria Helena Diniz, a LICC exerce a função de lei geral que orienta outras leis

no tocante a:

  vigência;

  eficácia no tempo e no espaço;

  obrigatoriedade;  interpretação;

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  integração;

  relações de direito internacional privado.

2) Aplicação da lei no tempo:

a) Princípio da Vigência Sincrônica: A lei terá vigência no respectivo território no mesmo

momento, firmando-se assim a regra do “prazo único”. Diferentemente, pelo critério do

prazo progressivo a lei entraria em vigor em diferentes datas a depender do local.

b) Vacatio Legis:

  Conceito: É o intervalo de tempo entre a data de publicação da lei e sua entrada em vigor;

  Prazos:

1 – No território nacional: 45 dias após ser oficialmente publicada.

OBS: 45 dias ------ diferente de 1 mês e meio.

2  – Nos Estados estrangeiros (quando admitida): 3 meses depois de publicadaoficialmente.

OBS: 3 meses ------ diferente de 90 dias.

OBS: A vacatio legis não se aplica aos atos administrativos, que têm obrigatoriedade a

partir da publicação, conforme o art. 5º do Decreto n. 572/1890, que não está revogado

pela LICC.

  Contagem do prazo: Segue a regra do art. 8º, § 1º, da LC n. 95, de 1998, segundo a qual:“A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de

vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo,

entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral.” 

   Alteração de lei durante a vacatio legis: Se durante a vacatio legis ocorre nova publicação

de seu texto para correção de erros materiais ou falhas ortográficas, o prazo da

obrigatoriedade começará a correr novamente a partir da última publicação, ou seja, aalteração prorrogará o início da vigência da lei.

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  Correção a texto de lei em vigor: Considera-se lei nova, tornando-se obrigatória apenas

após o decurso da vacatio legis.

OBS: Admite-se que o juiz, ao aplicar a lei, possa corrigir os erros materiais evidentes,

especialmente os de ortografia, mas não os erros substanciais, que podem alterar o

sentido do dispositivo legal, sendo imprescindível neste caso nova publicação.

c) Princípio da continuidade da lei:

Em regra, a lei terá vigência até que seja modificada ou revogada por outra lei

posterior.

Exceção: Lei temporária que tem prazo determinado para vigorar e estabelece a

data final de sua vigência.

Lei temporária

- prazo determinado.

- prevê data final de vigência.

Lei Excepcional

- Aplica durante uma condição ou

situação determinada.- Vigora durante uma situação. 

d) Revogação:

  Conceito: É a supressão da força obrigatória da lei, retirando-lhe a eficácia.

  Espécies:

1) Ab-rogação: revogação total da lei.

2) Derrogação: revogação parcial da lei.

  Formas:

1) Expressa: a lei revogadora é clara e expressa quanto a retirada da lei revogada;

2) Tácita: decorre de duas circunstâncias:a) incompatibilidade da lei nova com a lei revogada;

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b) a lei nova regula inteiramente a matéria de que tratava a lei revogada.

e) Repristinação: É a restauração da vigência da lei revogada por ter a lei revogadora

perdido sua eficácia. Em regra, ela não é aplicada.

Exceção: O nosso ordenamento jurídico admite a repristinaçao desde que

expressamente determinada.

f) Princípio da obrigatoriedade (art. 3º): Ninguém pode se escusar de cumprir a lei,

alegando que não a conhece.

Exceção: A inescusabilidade do desconhecimento da lei é excepcionada quanto àcomprovação, no processo civil, do direito municipal, estadual, estrangeiro e

consuetudinário, os quais devem ser provados em juízo pela parte que os alegar (art. 337

do CPC e art. 14 da LICC).

g) Princípio da irretroatividade da lei (art. 6º): A lei terá eficácia geral e imediata e, em

regra, opera seus efeitos sobre fatos pendentes e futuros, ou seja, terá eficácia ex nunc .

Exceção: Entretanto, é possível que a lei opere efeitos retroativos, desde quepreenchidos os seguintes requisitos:

1) não ofenda o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada;

2) quando houver determinação expressa do legislador no sentido de aplicá-la a casos

pretéritos.

OBS: Não existe no nosso direito a retroatividade tácita da lei.

O art. 6º da LICC tem como correspondente na CF o art. 5º, XXXVI, com a seguinteredação: “A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.” 

   Ato Jurídico Perfeito: Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente

ao tempo em que se efetuou. Ex: nomeação e posse em cargo de juiz de direito antes da

EC n. 45/04.

  Coisa julgada: É a imutabilidade dos efeitos da sentença, que não mais se sujeita a

recursos. É a sentença transitada em julgado. 

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OBS: Está em desenvolvimento a teoria da relativização da coisa julgada, que vem sendo

aplicada em casos excepcionais, sob uma análise cautelosa da jurisprudência. Tal tema,

porém, não constitui objeto da nossa disciplina.

  Direito Adquirido: É o direito que já se incorporou ao patrimônio jurídico da pessoa. É o

direito apefeiçoado, ou seja, que preencheu todos os requisitos necessários à sua

aquisição. O direito foi adquirido, todavia, ainda não foi exercido.  Ex: o direito à

aposentadoria; direito à licença prêmio. 

Para que se considere um direito como adquirido é preciso que sejam observados

dois requisitos:

a) que o fato jurídico, de que se originou o direito, nos termos da lei antiga, tenha sidototalmente integrado no patrimônio jurídico durante a vigência da lei anterior;

b) seja resultante de ato idôneo.

OBS: De acordo com a jurisprudência firme do STF, não há direito adquirido a regime

 jurídico (administrativo, remuneratório, tributário). A propósito, ver decisão da repercussão

geral que reafirmou esse entendimento. Regime jurídico é o sistema, o modo de regular,

pelo qual as pessoas, instituições ou coisas se devam conduzir.

3) Integração da Lei (art. 4º).

Em sua acepção geral, o ordenamento jurídico é perfeito e pleno, não havendo

nele contradições, lacunas ou falhas. Esta idéia decorre do preceito, do dogma, do

“legislador perfeito”. Entretanto, em sua aplicação prática, a lei poderá ser omissa. Por 

melhor que seja, por mais previdente que sejam seus preceitos, a lei não conseguiráregular todos os fatos que surgirão no meio social.

Por outro lado, o princípio da inafastabilidade da jurisdição e da regra do art. 126

do CPC, impõe ao juiz o dever de julgar a demanda a ele submetida, não lhe sendo

facultado deixar de decidi-la sob a justificativa de que não existe lei para a resolução da

contenda que lhe foi submetida.

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Para superar eventual lacuna ou omissão da lei, o operador do direito deve se valer 

dos mecanismos de integração indicados no art. 4º da LICC: analogia, costumes e

princípios gerais de direito.

   Analogia: É o mecanismo de aplicação, ao caso não contemplado de modo direto e

específico na lei, de uma norma prevista para um caso semelhante à hipótese omissa. Ex:

Últimos julgados do STF conferindo efeito concretista ao Mandado de Injunção.

  Costumes: É a prática reiterada de determinados atos, considerados pela sociedade

como juridicamente obrigatórios. São comportamentos uniformes e constantes pela

convicção de sua obrigatoriedade e necessidade jurídica. Para que um comportamento

seja considerado costume é preciso que atenda a dois requisitos: a) requisito extrínseco – 

é o uso reiterado e prolongado, com os caracteres de uniformidade, publicidade e

generalidade; b) requisito intrínseco – é a convicção de sua obrigatoriedade, a crença de

que está diante de uma norma.

OBS: Por mais relevante que seja, o nosso ordenamento não admite que o costume

revogue a lei. O desuso ou o comportamento contrário não revogam a lei, fato que só

ocorre com a edição de nova lei.

  Princípios Gerais de Direito: São os cânones que emergem do direito natural; as regras

fundamentais que inspiram e condicionam o ideal de justiça. Ex: o princípio da autonomia

da vontade nos contratos, o princípio da boa-fé; o princípio da vedação do enriquecimento

ilícito.

OBS: Segundo o posicionamento majoritário da doutrina, há uma hierarquia entre os

mecanismos de integração da lei, de modo que o operador do direito, constatando alacuna da lei, deverá recorrer primeiramente à analogia. Se esta também não for 

suficiente, deverá valer-se, em segundo lugar, dos costumes. Permanecendo a omissão,

poderá, por fim, lançar mão dos princípios gerais. Entretanto, parece-nos que tal regra

está ultrapassada para o atual regime constitucional-democrático da CF/ 88, onde os

princípios ganharam novo significado e dimensão, de modo que não podem mais ser 

compreendidos apenas como simples e última fonte supletiva de aplicação do Direito.

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OBS: A doutrina majoritária não considera a Equidade como um meio supletivo de lacuna

de lei, mas como um importante recurso auxiliar de aplicação da lei. A melhor definição de

equidade é o da sua concepção aristotélica, onde equidade é entendida como a “justiça

do caso concreto”. Atualmente, por força do art. 127 do CPC, o julgamento por equidade

somente é admitido em casos excepcionais quando a lei autorizar o juiz a fazê-lo. Ex: art.

20 do CPC  – a fixação dos honorários advocatícios de sucumbência nas causas de

pequeno valor , nas de valor inestimável, onde a lei delega ao prudente arbítrio do

 julgador a estipulação do quantum debeatur ; art. 1.109, segunda parte, do CPC, segundo

o qual, nos procedimentos de jurisdição voluntária, o “o juiz decidirá o pedido no prazo de

10 dias; não é, porém, obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar 

em cada caso a solução que reputar mais conveniente ou oportuna.” 

4) Interpretação da lei.

OBS: A interpretação não se confunde com a integração da lei. Enquanto a integração é

mecanismo supletivo da lei, por ela ser omissa, na interpretação existe a lei a ser aplicada

ao caso concreto, sendo ela o procedimento de revelação do significado e do verdadeiro

sentido da norma. Assim, a interpretação tem por finalidade: a) revelar o sentido da

norma; b) fixar o seu alcance.

Várias técnicas coexistem para auxiliar o aplicador do direito nessa árdua tarefa de

interpretar. Elas podem ser classificadas de acordo com os seus aspectos peculiares:

  Quanto á origem:

a) autêntica: realizada pelo próprio legislador, por meio de uma lei interpretativa;

b) doutrinária: realizada pelos doutos estudiosos do Direito;c) jurisprudencial: realizada pelos juízes e tribunais.

OBS: Atente para a diferença entre jurisprudência e precedente.

  Quanto aos meios:

a) Gramatical ou literal: consiste no exame de cada termo, vocábulo, utilizado na norma,

morfológica ou sintaticamente, de acordo com as regras do vernáculo.

b) Lógica: consiste na utilização de raciocínios lógicos, dedutivo ou indutivo, para a análise

da norma em toda a sua extensão, desvendando o seu sentido e alcance;

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c) Sistemática: consiste na análise da norma a partir do ordenamento jurídico de que é

parte, relacionando-a com outras disposições que tem as mesmas peculiaridades e

objetos.

d) Histórica: análise da norma partindo da premissa dos seus antecedentes históricos,

verificando as circunstâncias fáticas e jurídicas que lhe antecedem, bem como o próprio

processo legislativo correspondente.

e) Teleológica ou finalística: tem por objetivo adaptar o sentido ou a finalidade da norma às

novas exigências sociais, buscando alcançar a vontade objetiva da lei. Essa

recomendação é endereçada ao magistrado no art. 5 da LICC, segundo o qual “na

aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do

bem comum.” 

  Quanto ao alcance ou resultado:

a) extensiva: estende o alcance eficacial da norma, que disse menos do que deveria;

b) restritiva: restringe o alcance eficacial da norma, que disse mais do que deveria;

c) declarativa: apenas declara o exato alcance da norma.

5) Aplicação da Lei no Espaço.a) Princípio da Territorialidade Temperada:

Em razão do conceito jurídico de soberania estatal, a norma deve ser aplicada dentro

dos limites territoriais do Estado que a editou.

Contrapondo-se à regra da territorialidade, tem-se o princípio da extraterritorialidade

que admite a aplicabilidade no território nacional de leis de outros Estados, segundo

princípios e convenções internacionais.O Brasil adotou o princípio da Territorialidade Moderada (temperada ou mitigada),

segundo o qual não é absoluta a regra de que a lei nacional tem aplicação dentro do

território delimitado pelas fronteiras do Estado brasileiro, sendo admitido que, em certas

circunstâncias especiais, a lei estrangeira tenha eficácia dentro do nosso território, sem

que isso comprometa a soberania do país.

Quando a pessoa não possuir domicilio, considera-se este o local em que foi encontrada.

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Jurisdições:

Bens imóveis = o local onde se encontre a coisa;

Bens móveis = o local de residência do proprietário da coisa;

Penhor = o local de residência onde se encontra o detentor da coisa empenhada;

Obrigações = o local onde se constituiu a obrigação;

Contrato = o local onde reside o proponente;

Sucessão = domicilio do defunto qualquer que sejam os locais dos bens;

Sucessão de bens de estrangeiro = aplicar-se-á a lei brasileira em favor do cônjuge e filho

brasileiro quando a lei estrangeira não for mais favorável/

Organizações de interesse coletivo = a jurisdição será do local onde se constituírem;

Somente a autoridade judiciaria brasileira pe competente para conhecer de ações de

imóveis situados no Brasil;

Exequatur = é uma carta emitida de um estado a outro para realização de determinada

diligencia. É concedida pelo STJ, mas quem executa a carta rogatória é o juiz federal

após homologação do STJ.

 A prova de fatos que tenham ocorrido no estrangeiro será regida por lei estrangeira.

PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: CONCEITOS LEGAIS INDETERMINADOS;

CONCEITO E DEFINIÇÃO; CONCEITOS DETERMINADOS PELA FUNÇÃO.

PRINCÍPIOS - virtudes ou valores morais, estruturantes da personalidade humana.

Socialidade  – representa a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, sem

olvidar-se o valor supremo da pessoa humana;

Eticidade – funda-se no valor da pessoa humana como fonte de todos os demais valores,priorizando a equidade, a boa-fé, a justa causa, o equilíbrio econômico, etc;

Operabilidade  – que se traduz da efetivação do direito, uma vez que o direito é feito para

ser operado e ser eficaz.

Na área constitucional (chamados normas principiológicas):

- Todos devem ser tratados como iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 

natureza;

- Todos são inocentes até prova em contrário;

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- Ninguém deverá ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude

de lei;

- Nenhuma pena deverá passar da pessoa do condenado;

- Aos acusados em geral devem ser assegurados o contraditório e a ampla defesa;

- A propriedade deve cumprir sua função social;

- Deve-se pugnar pela moralidade administrativa; etc.

Na área civil:

- Ninguém deve descumprir a lei alegando que não a conhece;

- Nas declarações de vontade deverá ser mais considerada a intenção do que o sentido

literal da linguagem;

- O enriquecimento ilícito deve ser proibido;- Ninguém deve transferir ou transmitir mais direitos do que tem;

- A boa-fé se deve presumir e a má-fé deve ser provada;

- Deve ser preservada a autonomia da instituição familiar;

- O dano causado por dolo ou culpa deve ser reparado;

- As obrigações contraídas devem ser cumpridas (pacta sunt servanda); 

- Quem exercitar o próprio direito não estará prejudicando ninguém;

- Deve haver equilíbrio nos contratos, com respeito à autonomia da vontade e daliberdade para contratar;

- Os valores essenciais da pessoa humana são intangíveis e devem ser respeitados;

- A interpretação a ser seguida é aquela que se revelar menos onerosa para o devedor;

- A pessoa deve responder pelos próprios atos e não pelos atos alheios;

- Deve ser mais favorecido aquele que procura evitar um dano do que aquele que busca

realizar um ganho;

- Ninguém deve ser responsabilizado mais de uma vez pelo mesmo fato;- Nas relações sociais se deve tutelar a boa-fé e reprimir a má-fé; etc.

"Cláusulas gerais" são normas orientadoras sob forma de diretrizes, dirigidas

precipuamente ao juiz, vinculando-o ao mesmo tempo em que lhe dão liberdade para

decidir; são formulações contidas na lei, de caráter significativamente genérico e abstrato,

cujos valores devem ser preenchidos pelo juiz, autorizado para assim agir em decorrência

da formulação legal da própria cláusula geral, que tem natureza de diretriz.

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"Princípios gerais de direito" são regras de conduta que norteiam o juiz na

interpretação da norma, do ato ou negócio jurídico. Os preceitos romanos: viver 

honestamente, não causar dano a outrem e dar a cada um o que é seu, são os primórdios

dos princípios gerais de direito.

"Conceitos legais indeterminados" são palavras ou expressões indicadas na lei, de

conteúdo e extensão altamente vagos, imprecisos e genéricos, e por isso mesmo esse

conceito é abstrato e lacunoso. Sempre se relacionam com a hipótese de fato posta em

causa. Cabe ao juiz, no momento de fazer a subsunção do fato à norma, preencher os

claros e dizer se a norma atua ou não no caso concreto. Preenchido o conceito legal

indeterminado, a solução já está preestabelecida na própria norma legal, competindo ao

 juiz apenas aplicar a norma, sem exercer nenhuma outra função criadora.

"Conceitos determinados pela função" são, na verdade, o resultado da valoração dos

conceitos legais indeterminados, pela aplicação e utilização, pelo juiz, das cláusulas

gerais. Servem para propiciar e garantir a aplicação correta, equitativa do preceito ao

caso concreto.

DIREITOS DE PERSONALIDADE: DEFINIÇÕES E CARACTERISTICAS.IRRENUNCIABILIDADE E INTRANSMISSIBILIDADE; FUNDAMENTOS

CONSTITUICIONAIS; IGUALDADE, LIBERDADE, PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS,

INTEGRIDADE FISICA E MORAL, HONRA E IMAGEM, DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO

CORPO, DIREITO AO NOME E SOBRENOME.

“Direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade

física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio vivo ou morto, partesseparadas do corpo vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liberdade de

pensamento, autoria científica, artística e literária); e a sua integridade moral (honra,

recato, segredo profissional e doméstico, identidade pessoal, familiar e social)”. (Maria

Helena Diniz)

“Em síntese, pode-se afirmar que os direitos da personalidade são aqueles inerentes à

pessoa e à sua dignidade (art. 1º, III, da CF/1998)”. (Flávio Tartuce) 

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“Aqueles que têm por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em

suas projeções sociais”. (Pablo Stolze) 

Os direitos da personalidade estão associados a cinco grandes ícones.

1. Vida e integridade físico-psíquica

2. Nome da pessoa natural ou jurídica.

3. Imagem retrato (reprodução corpórea da imagem, representada pela fisionomia de

alguém) e imagem atributo (soma de qualificações de alguém ou repercussão social da

imagem).

4. Honra.

5. Intimidade.

Código Civil:

 Art.11. os direitos de personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis,  não

podendo seu exercício sofrer limitação voluntária;

 Art.13. é defeso o ato de disposição do próprio corpo para diminuir-lhe a integridade,

salvo em caso de transplante, ou com objetivo científico ou altruístico para após morte.

 Art.15. ninguém pode ser constrangido a submeter-se com risco de vida a tratamento

médico ou intervenção cirúrgica; Art. 17. Sem autorização não se pode utilizar o nome alheio em propaganda comercial.

Direitos de primeira geração ou dimensão: princípio da liberdade.

Direitos da segunda geração ou dimensão: princípio da igualdade em sentido amplo ou

da isonomia.

Direitos da terceira geração ou dimensão: princípio da fraternidade. Surgem os direitos

relacionados com a pacificação social, os direitos do consumidor, o direito ambiental e odireito do trabalhador.

Direitos da quarta geração ou dimensão: relacionados com o patrimônio genético do

indivíduo, os números de identificação do DNA da pessoa natural.

Direitos da quinta geração ou dimensão: relacionados com a proteção do ambiente ou

intimidade virtual, existente no âmbito da Internet e do mundo cibernético.

 A) Intransmissibilidade e irrenunciabilidade

Estas características geram a indisponibilidade dos direitos da personalidade. Ou seja, em

regra, não cabe a cessão de tais direitos, seja de forma gratuita ou onerosa. Daí por que

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13 

não podem ser objeto de alienação, de cessão de crédito ou débito, de transação ou de

compromisso de arbitragem.

Ou seja, não podem os seus titulares deles dispor, transmitindo-os a terceiros,

renunciando ao seu uso ou abandonando-os, pois nascem e se extinguem com eles, dos

quais são inseparáveis.

Obs.: A indisponibilidade dos direitos da personalidade não é absoluta, mas relativa,

exemplo a possibilidade de dispor do próprio corpo após a morte para fins altruísticos ou

terapêuticos, ou através da doação de órgãos.

Enunciado 4 da I Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal: “O exercício

dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não sejapermanente nem geral”. 

Ex.: um atleta profissional tem a liberdade de celebrar um contrato com uma empresa de

material esportivo, para a exploração patrimonial de sua imagem, como é comum.

Entretanto, esse contrato não pode ser vitalício, como ocorre algumas vezes na prática,

principalmente em casos de contratos celebrados entre jogadores de futebol brasileiros e

empresas multinacionais. Esses contratos, geralmente, são celebrados no estrangeiro,

mas se fossem celebrados no Brasil seriam nulos, por ilicitude de seu objeto, pois acessão de uso dos direitos da personalidade é permanente.

Obs.: Os direitos da personalidade são personalíssimos e, portanto intransmissíveis.

Entretanto, a pretensão ou direito de exigir a sua reparação pecuniária, em caso de

ofensa, transmite-se aos sucessores, nos termos do art. 943 do Código Civil.

O professor Flávio Tartuce traz interessante exemplo da irrenunciabilidade dos direitos daPersonalidade:

“A mesma tese vale para os contratos assinados pelos participantes

de reality shows, caso do programa Big Brother Brasil, veiculado

pela TV Globo. Em programas dessa natureza, é comum a

celebração de um contrato em que o participante renuncia ao direito

a qualquer indenização a título de dano moral, em decorrência da

edição de imagens. O contrato de renúncia é nulo, sem dúvida,

aplicação direta dos arts. 11 e 166, VI, do CC. Por outro lado,

concorda-se com Jones Figueirêdo Alves e Mário Luiz Delgado

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DIREITO CIVIL

14 

quando afirmam que o programa, em si, não traz qualquer lesão a

direitos da personalidade. No entanto, por outro lado, saliente-se que

pode o participante ter a sua honra maculada pelo programa

televisivo, dependendo da forma pela qual as imagens são expostas,

cabendo medidas judiciais de proteção em casos tais (art. 12 do

CC)”. 

Obs.: Além de não ser permanente nem genérico, o ato de disposição não pode violar a

dignidade de seu titular. Ou seja, mesmo que alguém manifeste expressamente a sua

vontade, não será possível ceder o exercício de um direito da personalidade que afronte à

sua dignidade (mínimo existencial).

Nelson Rosenvald nos traz um exemplo interessante:“Bem ilustra a hipótese de indisponibilidade aos direitos da

personalidade, o interessante acórdão prolatado pelo Conselho

Constitucional da França, no célebre caso do arremesso de anões”.

Trata-se de importante precedente da jurisprudência francesa,

cuidando de um estranho jogo, no qual anões eram lançados à

distância, com o auxílio de um canhão de pressão. Insurgindo-se

contra decretos das prefeituras locais onde o jogo era praticado,proibindo a diversão pública, os promotores do jogo (e, pasmem! Os

anões em litisconsórcio com os organizadores da diversão)

ingressaram com medidas judiciais visando à liberação do certame.

Confirmando a vedação administrativa, a Casa Judicial francesa

reconheceu que o respeito à dignidade humana, conceito absoluto

que é, não poderia cercar-se de quaisquer concessões em função

de apreciações subjetivas que cada um possa ter a seu própriorespeito. Por sua natureza mesma, a dignidade da pessoa humana

está fora do comércio.

B) Absolutos

Os direitos da personalidade possuem caráter absoluto, com eficácia erga omnes (contra

todos).

Esses direitos são tão relevantes e necessários que impõem a todos um dever de

abstenção, de respeito. E, também, sob outra perspectiva, possuem caráter geral, pois

são inerentes da todas as pessoas.

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15 

C) Ilimitados

O Código Civil traz rol meramente exemplificativo a respeito dos direitos da

personalidade.

Enunciado 139 da III Jornada de Direito Civil. “Os direitos da personalidade podem sofrer 

limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos

com abuso de direito do seu titular, contrariando a boa-fé objetiva e os bons costumes”. 

D) Imprescritibilidade

Por serem de ordem pública, os direitos da personalidade são imprescritíveis.

Não há prazo para exercer tais direitos, estes não se extinguem pelo seu não uso, assim

como sua aquisição não resulta do curso do tempo. Ou seja, os direitos da personalidade

não se extinguem pelo uso e pelo decurso do tempo, nem pela inércia na pretensão de

defendê-los.

Obs.: A ação ou pretensão para reparar danos decorrentes de lesão a direito da

personalidade, em casos de flagrante lesão à dignidade humana é imprescritível ou

prescreve em três anos, pelo que consta no art. 206, §3º, V, do CC?

Há duas correntes:

Uma primeira que afirma não existir qualquer prazo prescricional, por envolver matéria deordem pública. Essa corrente relaciona-se com a valorização da dignidade da pessoa

humana constante no texto constitucional e com o previsto no art. 5º, V e X, da Carta

Magna. Tal posicionamento vem crescendo na jurisprudência.

E, uma segunda corrente, que afirma que o direito é imprescritível, mas a pretensão ou

ação prescreve, no prazo assinalado pela lei.

Carlos Roberto Gonçalves é adepto desta segunda posição.Essa posição tem prevalecido na jurisprudência.

Obs.: Há exceção, porém, na característica da imprescritibilidade. No que tange às ações

tendentes à reparação de danos causados por prisão ou tortura, durante o regime militar 

de exceção, pelo qual passamos tristes épocas, vem afirmando o Superior Tribunal de

Justiça a sua imprescritibilidade, seguindo a trilha do art. 14 da Lei 9.140/95.

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16 

E) Impenhorabilidade

Os direitos da personalidade não podem ser penhorados, pois a constrição é o ato inicial

da venda forçada determinada pelo juiz para satisfazer o crédito do exequente.

F) Vitaliciedade

Os direitos da personalidade inatos são adquiridos no instante da concepção e

acompanham a pessoa até sua morte.

 A possibilidade de colisão entre os direitos da personalidade e a liberdade de imprensa ou

a liberdade de expressão. Artigo 5º, IX, Constituição Federal. “É livre a expressão da

atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de

censura ou licença”. 

 Artigo 220, Constituição Federal. “Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir 

embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de

comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV”. 

No atual Estado Democrático de Direito consagrou-se a livre manifestação de

pensamento pela imprensa. Desta forma, esta liberdade não pode estar submetida à

prévia censura.Deve-se observar, também, que os direitos da personalidade também mereceram

especial proteção constitucional, alçados à altitude de cláusulas pétreas.

O exercício do direito de informação não pode ser admitido em caráter absoluto, ilimitado,

sendo imperioso estabelecer limites ao direito de informar, a partir da proteção dos

direitos da personalidade, especialmente com base na tutela fundamental da dignidade da

pessoa humana, também alçada ao status constitucional.

Para solucionar os conflitos de interesses estabelecidos entre a liberdade de imprensa e

os direitos da personalidade, impõe-se o uso da técnica da ponderação dos interesses,

buscando averiguar, no caso concreto, qual o interesse que sobrepuja, na proteção da

dignidade humana.

Exemplos: o político que professa um exacerbado moralismo e, posteriormente, é

surpreendido, pela imprensa, em situação que contradiz as idéias pregadas. Conclui ser 

possível veicular a notícia nesse caso, a bem do interesse público.

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17 

Obs.: Afronta os direitos da personalidade o sensacionalismo promovido pelo órgão de

imprensa, lesando a dignidade humana, mesmo que os fatos veiculados estejam,

realmente, sendo apurados pela Polícia ou pelo Ministério Público.

“Detectado que a par de se originar a notícia veiculada em jornal de fonte oficial do

Ministério Público, o cunho sensacionalista pelo emprego de expressão chula dado aos

fatos causou ofensa de ordem moral, devida a indenização reparadora que deve, todavia,

ser fixada sem excessos, a fim de evitar enriquecimento sem causa”. (STJ, Ac. unân. 4ª

T., REsp. 448.604/RJ, rel. MIn. Aldir Passarinho Jr., j.6.11.03, DJU 25.2.04, p. 180).

Esclarece-se que não há hierarquia valorativa entre a liberdade de imprensa e os direitos

da personalidade. Em eventual conflito destes dois direitos é necessário a análise do casoconcreto e a utilização da técnica de ponderação de interesses. Desta forma, poderá

saber qual dos dois prevalecerá.

Caso a informação veiculada pela imprensa vulnera a privacidade ou a imagem de

alguém, estará desvirtuando o exercício do direito à notícia, caracterizando verdadeiro

abuso de direito, prontamente reparável.

Súmula 221 do STJ. “São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano,decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do

veículo de divulgação”. 

Todo raciocino ora explanado aplica-se à liberdade de expressão.

O chamado hate speech (consistente nas manifestações de pensamento ilimitadas,

contendo declarações de ódio, desprezo ou intolerância, normalmente atreladas à etnia,

religião, gênero ou orientação sexual) não é permitido pelo sistema jurídico brasileiro.Proteção legal aos direitos da personalidade

 Artigo 12, Código Civil. “Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a

lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem

prejuízo de outras sanções previstas em lei”. 

Parágrafo único. “Em se tratando de morto, terá legitimação para

requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou

qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau”. 

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18 

Os direitos da personalidade visam resguardar a dignidade da pessoa humana.

O caput do artigo 12 traz princípios da prevenção e da reparação integral de danos, que

podem ser exercidos por meios judiciais e extrajudiciais.

 A violação do direito da personalidade que causa dano à pessoa acarreta, pois, a

responsabilidade civil extracontratual do agente, decorrente da prática de ato ilícito.

Reconhece direitos da personalidade ao morto, cabendo legitimidade para ingressar com

a ação correspondente aos lesados indiretos: cônjuge, ascendentes, descendentes e

colaterais até o 4º grau.

 Atos de disposição do próprio corpo

 Artigo 13, Código Civil. “Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do

próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física ou contrariar os bons costumes”. 

Parágrafo único. “O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na

forma estabelecida em lei especial”. 

 Artigo 14, Código Civil. “É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição

gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte”. 

Parágrafo único. “O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo”. 

O direito à integridade física compreende a proteção jurídica à vida, ao próprio corpo vivo

ou morto, além dos tecidos, órgãos e partes suscetíveis de separação e individualização.

 A violação da integridade física é suficiente para a caracterização de dano estético,

independentemente da existência, ou não, de sequelas permanentes.

Portanto, violada a integridade física da pessoa humana caracteriza-se o dano estético -

que, em linhas gerais, corresponde às lesões, permanentes ou transitórias, na integridadefísica de uma pessoa.

Súmula 387 do STJ. “É lícita a cumulação das indenizações de dano

estético e dano moral”. 

Enunciado 276 da IV Jornada de Direito Civil. “O art. 13 do Código

Civil, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica,

autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os

procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e

a consequente alteração do prenome e do sexo no Registro Civil”. 

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19 

O direito ao próprio corpo abrange tanto a sua integralidade como as partes dele

destacáveis e sobre as quais exerce o direito de disposição.

Lei 9.434/1997- Lei que regula sobre os transplantes. O corpo humano sem vida é

cadáver, coisa fora do comércio, insuscetível de apropriação, mas passível de disposição

na forma da lei.

Exige-se a manifestação de vontade para que alguém possa doar os seus órgãos para

depois da morte.

Caso, a pessoa não manifeste esta vontade em vida, tal direito transmite-se aos

herdeiros.

Enunciado 277, Jornada de Direito Civil. “O art. 14 do Código Civil,

ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, comobjetivo científico ou altruístico, para depois da morte, determinou

que a manifestação expressa do doador de órgãos em vida

prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicação do

art. 4º da Lei 9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio do

potencial doador”. 

É necessária autorização judicial para exames, avaliações ou vistorias no cadáver, sobpena de responsabilização civil.

Em se tratando de pessoa não identificada, o cadáver não reclamado não poderá ser 

objeto de retirada de órgãos para fins de transplantes, mas é possível a sua utilização

para fins de estudos e pesquisas científicas, em faculdades de Medicina, por exemplo.

Tratamento médico de risco

 Artigo 15, Código Civil. “Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco devida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.” 

É necessário e importante o fornecimento de informação detalhada ao paciente sobre o

seu estado de saúde e o tratamento a ser observado, para que a autorização possa ser 

concedida com pleno conhecimento dos riscos existentes.

Na impossibilidade de o doente manifestar a sua vontade, deve-se obter a autorização

escrita, para o tratamento médico ou a intervenção cirúrgica de risco de qualquer parente

maior, da linha reta ou colateral até o segundo grau ou cônjuge.

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20 

Quando se trata de emergência que exige pronta intervenção médica, como na hipótese

de parada cardíaca, por exemplo, terá o profissional a obrigação de realizar o tratamento,

independentemente de autorização, eximindo-se de qualquer responsabilidade por não tê-

la obtido.

Testamento vital ou biológico – é o ato de vontade do paciente de não querer se submeter 

a determinado tratamento.

Estudo do hard case – se o paciente com risco de morte, negar-se à intervenção cirúrgica

por motivo de convicção religiosa, deve mesmo assim o médico efetuar a operação?

R. A cautela recomenda-se que as entidades hospitalares, por intermédio de seus

representantes legais, obtenham o suprimento da autorização judicial, pela via judicial,

cabendo ao magistrado analisar, no caso concreto, qual o valor jurídico a preservar. (1ºposicionamento – Pablo Stolze)

-Em casos de emergência, deverá ocorrer a intervenção cirúrgica, eis que o direito à vida

merece maior proteção do que o direito à liberdade, particularmente quanto àquele

relacionado com a opção religiosa. (2º posicionamento – Flávio Tartuce)

- Há corrente de respeito que entende pela prevalência da vontade do paciente. (3º

posicionamento)Obs.: Nelson Rosenvald faz o seguinte comentário sobre o terceiro posicionamento. Em

se tratando de pessoa incapaz ou de pessoa em situação de emergência já não se

 justifica a solução aqui preconizada. Faltando maturidade suficiente para escolher uma

opção religiosa, com todas as suas consequências, a solução já não pode ser a mesma.

De outra banda, como adverte Gabriela Lopes de Almeida, em casos de emergência (nos

quais não há possibilidade de manifestação válida e livre de vontade) deverá ocorrer aintervenção médica‟, pois, nesse caso, sobrepuja a manutenção da vida do paciente.

 Aliás, a Resolução nº 1.021/80 do Conselho Federal de Medicina e os arts. 45 e 56 do

Código de Ética Médica autorizam os médicos a praticar a transfusão de sangue em seus

pacientes, independentemente de consentimento, se houver iminente perigo de vida”. 

Proteção à palavra e à imagem

 Art. 20, Código Civil. “Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça

ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra,

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21 

ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser 

proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem

a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais”. 

Parágrafo único. “Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para

requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes”. 

 A reprodução de imagem para fins comerciais, sem autorização do lesado, enseja direito

a indenização, ainda que não lhe tenha atingido a honra, a boa fama ou a

respeitabilidade.

Súmula 403 do STJ. “Independe de prova de prejuízo a indenização pela publicação não

autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”. Nestes casos, os danos morais são presumidos ou in re ipsa.

Para a utilização da imagem de outrem é necessária autorização, sob pena de aplicação

dos princípios da prevenção e da reparação integral dos danos. Mas essa autorização é

dispensável se a pessoa interessar à ordem pública ou à administração da justiça, pelos

exatos termos da lei.

 A imagem de uma pessoa pode ser imagem retrato (fisionomia de alguém, o que érefletido no espelho) e imagem atributo (a soma de qualificações do ser humano, o que

ele representa para a sociedade).

Proteção à intimidade

 Art. 21, Código Civil. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a

requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer 

cessar ato contrário a esta norma.O dispositivo está em consonância com o artigo 5º, X, da Constituição Federal.

Da incapacidade:

 A incapacidade pode se apresentar em duas espécies:

absoluta: acarreta a proibição total da prática dos atos da vida civil, sob pena de nulidade

(artigo 166, inciso I, do Código Civil), e é suprida pela representação;

relativa: permite a prática dos atos civis, desde que o incapaz seja assistido por seu

representante, sob pena de anulabilidade (artigo 171, inciso I, do Código Civil), e é

suprida pela assistência.

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22 

Existem algumas exceções em que os relativamente incapazes podem praticar atos

sozinhos, como fazer um testamento, aceitar mandato para negócios, celebrar contrato de

trabalho com 18 anos etc.

Incapacidade absolu ta  –

art ig o 3.º do Código Civi l 

São considerados absolutamente incapazes:

Os menores de 16 anos;

Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento

para a prática desses atos;

Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

Cessação da IncapacidadeCessa a incapacidade quando desaparece a sua causa ou quando ocorre a emancipação

(exemplo: se a causa da incapacidade é a menoridade, quando a pessoa completar 18

anos, cessará a incapacidade)(artigo 5.º do Código Civil).

 A emancipação pode ser de três espécies (artigo 5.º, parágrafo único, do Código Civil):

voluntária, judicial e legal.

a) Em anc ip ação vo lu n tári a 

 Aquela decorrente da vontade dos pais. A idade mínima para a emancipação é 16 anos. A concessão da emancipação é feita pelos pais, ou de qualquer deles na falta do outro,

como já era previsto pela própria Lei de Registros Públicos.

 A emancipação só pode ocorrer por escritura pública, através de um ato unilateral dos

pais reconhecendo que o filho tem maturidade necessária para reger sua vida e seus

bens.

b) Emanci pação ju di ci al É aquela decretada pelo juiz. O menor sob tutela só poderá ser emancipado por ordem

 judicial, tendo em vista que o tutor não pode emancipar o tutelado.

c) Em anci pação lega l 

Decorre de certos fatos previstos na lei (exemplos: casamento, estabelecimento do menor 

com economia própria, recebimento do diploma de curso superior etc.).

Qualquer que seja a idade, o casamento emancipa os menores. É um ato previsto em lei,

que culmina na emancipação. No caso de casamento nulo, os efeitos da emancipação

não serão válidos, voltando os menores à condição de incapazes.

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23 

 Ainda que sejam emancipados, os menores não poderão praticar atos não

permitidos pelas leis especiais (exemplo: um rapaz emancipado com 17 anos não

poderia se habilitar para dirigir, visto que idade mínima para adquirir permissão ou

habilitação é 18 anos). 

Início da Personalidade Natural

Inicia-se a personalidade natural a partir do nascimento com vida. De acordo com o

disposto no artigo 2.º do Código Civil, a personalidade civil começa a existir com o

nascimento com vida, mas a lei protege, desde a concepção, os direitos do nascituro.

De acordo com o artigo 53 da Lei n. 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos), os

natimortos deverão ser registrados. Se a criança nascer e respirar durante alguns

segundos antes de morrer, ela adquiriu personalidade civil e deverá haver um

registro de nascimento e um de óbito.

Extinção da Personalidade Natural

De acordo com o disposto no artigo 6.º do Código Civil, termina a existência da pessoa

natural com a morte (morte real), presumindo-se esta quanto aos ausentes nos casos dos

artigos 1.167, inciso II, do Código de Processo Civil, 37 a 39 e 1.784 do Código Civil, dez

anos após o desaparecimento abrindo-se a sucessão definitiva, e 5 anos se o individuo

contava com mais de 80 anos de idade.

Pode haver morte presumida sem a decretação de ausência em duas situações (artigo 7.º

do Código Civil):

1.ª) Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

2.ª) se a pessoa desaparecer ou se tornar prisioneira de guerra e não reaparecer até dois

anos após o término da guerra.

 A morte simultânea é a morte de duas ou mais pessoas ao mesmo tempo. Essas pessoas

são chamadas de comorientes. Se não houver meios de saber qual das pessoas morreu,

primeiro aplica-se o disposto no artigo 8.º do Código Civil, ou seja, a presunção de que

morreram todas simultaneamente. Essa presunção de comoriência tem como

conseqüência que os comorientes não podem herdar um do outro.

Ocorre a morte civil quando uma pessoa, embora viva, é tratada como morta, perdendo

os seus direitos civis. No Direito Brasileiro está prevista no artigo 1.816 do Código Civil, só

tendo efeitos em

relação à herança.

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24 

 Art. 1816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do

herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da

abertura da sucessão.

Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto

ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na

herança, nem à sucessão eventual desses bens.

Individualização da Pessoa Natural

Os elementos individualizadores da pessoa natural são três:

nome;estado;

domicílio.

Existem, além da hipótese acima, algumas outras exceções a regra da definitividade. São

elas:

Em caso de evid ente erro gráfico ;

Prenomes que exp onh am o seu po rtador ao ridículo : hoje é mais difícil alguémregistrar o filho com prenome que o exponha ao ridículo, visto que, com a Lei n. 6.015/73,

o escrivão tem o dever de não registrar tais prenomes.

Costumes:  apelidos públicos notórios (exemplos: Pelé, Lula, Xuxa, Maguila etc.); 

Lei de P ro teção às Tes temunhas : as pessoas que entrarem no esquema de proteção à

testemunha podem mudar o prenome e, inclusive, o patronímico, a fim de permanecerem

no anonimato;

ECA : o Estatuto da Criança e do Adolescente criou nova exceção, no caso de sentençaque determina a adoção plena, em que se cancela o registro da criança, podendo os

adotantes mudar tanto o prenome quanto o patronímico;

Pode-se, ainda, mudar o prenome para a tradução de prenome estrangeiro (Willian por 

Guilherme, James por Thiago)

Dom icíli o 

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25 

É a sede jurídica da pessoa, é o local onde ela é encontrada. De acordo com o artigo 70

do Código Civil “é o local em que a pessoa estabelece a sua residência com ânimo

definitivo”. 

É possível que a pessoa tenha mais de um domicílio. O artigo 71 do Código Civil dispõe

que a pessoa poderá ter mais de um domicílio quando:

tenha mais de uma residência onde alternadamente viva;

tenha vários centros de ocupações habituais.

O artigo 73 do Código Civil dispõe que as pessoas que não tiverem residência fixa terão

como domicílio o local onde forem encontradas.

Existem duas espécies de domicílio:Necessário : é aquele determinado pela lei (exemplo: os incapazes têm por domicílio o

mesmo de seus representantes; o domicílio do funcionário público é o local onde exerce

suas funções etc.).

Vo lu n tári o : pode ser:

comum : é aquele escolhido pela pessoa e poderá ser mudado por ela. A conduta da

pessoa vai mostrar se ela teve ou não intenção de mudar o seu domicílio;

especial (artigo 78 do Código Civil): é aquele que possibilita aos contratantes estabelecer um local para o cumprimento das obrigações

PESSOA JURÍDICA

DEFINIÇÃO

- Também, podem ser denominada de pessoas coletivas, morais, fictícias ou abstratas.

- É o conjunto de pessoas ou bens, dotado de personalidade jurídica própria e constituído

na forma da lei, para a consecução de fins comuns.- Pessoas jurídicas são entidades a que a lei confere personalidade, capacitando-as a

serem sujeitos de direito e obrigações.

- As pessoas jurídicas atuam na vida jurídica com personalidade diversa da dos indivíduos

que a compõem. Ou seja, a pessoa jurídica não se confunde com os seus membros,

sendo essa regra inerente à própria concepção da pessoa jurídica.

Teoria da realidade técnica = a pessoa jurídica teria existência real, não obstante a sua

personalidade ser conferida pelo direito. A personificação da pessoa jurídica é construção

da técnica jurídica, admitindo que tenham capacidade jurídica própria.

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26 

Tanto o Código Civil de 1916 quanto o Código Civil de 2002 adotaram a teoria da

realidade técnica.

 Artigo 45, Código Civil. “Começa a existência legal das pessoas

 jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no

respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou

aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as

alterações por que passar o ato constitutivo.

Parágrafo único. “Serão averbadas no registro as alterações que

esses atos sofrerem”. 

03. Características A pessoa jurídica possui vários direitos, tais como:

a) direitos relacionados com a personalidade (art. 52, CC). Ex.: nome.

b) direito das coisas (a pessoa jurídica pode ser proprietária ou possuidora);

c) direitos obrigacionais gerais (são sujeitos de direito);

d) direitos industriais quanto às marcas e aos nomes (art. 5º, XXIX da CF);

e) direitos sucessórios (a pessoa jurídica pode adquirir bens mortis causa, por sucessão

testamentária);f) admite-se a possibilidade da pessoa jurídica sofrer dano moral, na esteira da Súmula

227 do STJ.

Obs.: O dano moral da pessoa jurídica atinge a sua honra objetiva (reputação social), mas

nunca sua honra subjetiva.

- A pessoa jurídica tem existência distinta dos seus membros. (teoria da realidade técnica)

Obs.: Tal regra pode ser afastada, nos casos da desconsideração da personalidade jurídica (art. 50, CC). Ou seja, esta exceção ocorre nos casos de desvio de finalidade ou

abuso da personalidade jurídica.

Enfim, a desconsideração da personalidade jurídica nada mais é do que a

desconsideração daquela antiga regra pela qual a pessoa jurídica não se confunde com

os seus membros.

04. Pressupostos existenciais da pessoa jurídica

 A) Vontade humana criadora

É o elemento anímico para a formação de uma pessoa jurídica.

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27 

Não se pode conceber, no campo do direito privado, a formação de uma pessoa jurídica

por simples imposição estatal, em prejuízo da autonomia negocial e da livre iniciativa.

B) Observância das condições legais para a sua instituição. A aquisição da personalidade

 jurídica exige, na forma da legislação em vigor, a inscrição dos seus atos constitutivos

(contrato social ou estatuto) no registro peculiar.

Obs.: Algumas sociedades, outrossim, em virtude das peculiaridades de seu objeto ou do

risco que a sua atividade representa à economia ou ao sistema financeiro nacional,

demandam, além do registro, autorização governamental para o seu funcionamento. Ex.:

companhias de seguro.

 A partir do registro é que a pessoa jurídica passa a ter existência legal (art. 45, CC/02) e aexistência legal da pessoa jurídica só se opera a partir do momento em que seus atos

constitutivos são levados a cartório (Estatuto ou Contrato Social).

O registro da pessoa jurídica gera efeitos ex nunc  – para o futuro.

Em geral, o registro da pessoa jurídica é feito ou no registro público de empresa (Junta

Comercial) ou no cartório de registro civil de pessoas jurídicas.

Ex: Exceção – Sociedade de advogados: o registro é feito na OAB.

 A falta de registro gera Sociedade Irregular ou Sociedade de Fato. Sociedades em

comum – são sociedades não personificadas, irregulares. (Art. 986 do CC/02):

 Art. 986  – Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por 

ações em organização, pelo disposto neste capitulo, observadas subsidiariamente e no

que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples. 

 Ato constitutivo

 Associações – não tem fins lucrativos – O ato constitutivo é o estatuto;

Sociedades – Simples ou Empresárias - O ato constitutivo é o contrato Social;

Fundações – o ato constitutivo é a escritura pública ou testamento.

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28 

Conclui-se, portanto, que a teoria ora adotada pelo Código Civil reconhece poder criador à

vontade humana, independentemente da chancela estatal, desde que respeitadas às

condições legais de existência e validade.

C) Licitude de seu objeto

Não há que se reconhecer existência legal e validade à pessoa jurídica que tenha objeto

social ilícito ou proibido por lei, pois a autonomia da vontade não chega a esse ponto.

 A autonomia da vontade é limitada pela lei, neste sentido.

05. Surgimento da Pessoa Jurídica

 A inscrição do ato constitutivo ou do contrato social no registro competente é condição

indispensável para a atribuição de personalidade à pessoa jurídica. Artigo 45, Código Civil. Começa a existência legal das pessoas

 jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no

respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou

aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as

alterações por que passar o ato constitutivo.

Parágrafo único. “Serão averbadas no r egistro as alterações que

esses atos sofrerem”. 

Sociedades – o contrato social deve ser registrado na junta comercial.

Fundações, associações e sociedades civis – os respectivos atos constitutivos devem ser 

registrados no Cartório de Registro Civil das pessoas jurídicas.

O registro da pessoa jurídica tem natureza constitutiva, por ser atributivo de sua

personalidade, diferentemente do registro civil de nascimento da pessoa natural.

Obs.: As sociedades simples de advogados só podem ser registrados na OAB.

Itens do registro:

 Artigo 46, Código Civil. O registro declarará:

I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo

social, quando houver;

II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e

dos diretores;

III - o modo por que se administra e representa, ativa e

passivamente, judicial e extrajudicialmente;

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29 

IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e

de que modo;

V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas

obrigações sociais;

VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu

patrimônio, nesse caso.

 As pessoas jurídicas atuam mediante os órgãos previstos no estatuto e no contrato social,

que são, em geral, a diretoria e a assembleia geral ou o conselho deliberativo.

Esses órgãos não representam propriamente a pessoa jurídica, que não é incapaz, mas

apenas a representam.

 Artigo 47, Código Civil. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos

administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no

ato constitutivo.

 Artigo 48, Código Civil. Se a pessoa jurídica tiver administração

coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dospresentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.

Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões

a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou

forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.

 Artigo 49, Código Civil. Se a administração da pessoa jurídica vier a

faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-áadministrador provisório.

Obs.: Sem o registro de seu ato constitutivo a pessoa jurídica será considerada irregular,

mera associação ou sociedade de fato, sem personalidade jurídica, ou seja, mera relação

contratual disciplinada pelo estatuto ou contrato social.

06. Grupos despersonalizados 

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Tais grupos não possuem personalidade jurídica, mas gozam de capacidade

processual e tem legitimidade ativa e passiva para acionar e serem acionados em

 juízo: 

 A) Família;

B) Massa Falida: É o acervo de bens pertencentes ao falido, após a sentença declaratória

de falência decretando a perda do direito à administração e à disposição do referido

patrimônio, bem como o ente despersonalizado voltado à defesa dos interesses gerais

dos credores;

C) Herança jacente e vacante (arts. 1891 a 1823, Código Civil);

D) Espólio: É o complexo de direitos e obrigações do falecido, abrangendo bens de toda

natureza.

E) Sociedades sem personalidade jurídica, denominadas sociedades de fato ouirregulares;

F) Condomínio;

07. Classificação da Pessoa Jurídica

 Artigo 41, Código Civil. São pessoas jurídicas de direito público

interno:

I - a União;II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

III - os Municípios;

IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;

V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas

de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado,

regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelasnormas deste Código.

 Artigo 42, Código Civil. São pessoas jurídicas de direito público

externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem

regidas pelo direito internacional público.

 Artigo 43, Código Civil. As pessoas jurídicas de direito público

interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que

nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito

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regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte

destes, culpa ou dolo.

 Artigo 44, Código Civil. São pessoas jurídicas de direito privado:

I - as associações;

II - as sociedades;

III - as fundações.

IV - as organizações religiosas;

V - os partidos políticos.

VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.

§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o

funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos

e necessários ao seu funcionamento.

§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se

subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte

Especial deste Código.

§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme

o disposto em lei específica.

O que se entende por extinção da pessoa jurídica?

É o término de sua existência;

O perecimento da organização ditada pela desvinculação dos elementos humanos e

materiais que dela faziam parte. Dessa despersonalização do ente jurídico decorre a

baixa dos respectivos registros, inscrições e matrículas nos órgãos competentes.

 A extinção, precedida pelas fases de liquidação do patrimônio social e da partilha dos

lucros entre os sócios, dá-se com o ato final, executado em dado momento, no qual se

tem por cumprido todo o processo de liquidação.

Quando se deve considerar efetivamente extinta a pessoa jurídica?

Considera-se extinta a pessoa jurídica no momento do encerramento de sua liquidação,

assim entendida a total destinação do seu acervo líquido.

Quais as formas de extinção das pessoas jurídicas?

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32 

Extingue-se a pessoa jurídica:

I  – pelo encerramento da liquidação. Pago o passivo e rateado o ativo remanescente, o

liquidante fará uma prestação de contas. Aprovada esta prestação de contas, encerra-se

a liquidação e a pessoa jurídica se extingue;

II - pela incorporação, fusão ou cisão com versão de todo o patrimônio em outras

sociedades.

O que se entende por dissolução da pessoa jurídica?

É o ato pelo qual se manifesta a vontade, ou a obrigação de encerrar a existência de uma

firma individual ou sociedade.

É o momento em que se decide a sua extinção, passando-se, imediatamente, à fase deliquidação.

Essa decisão pode ser tomada por deliberação do titular, sócios ou acionistas, ou por 

imposição ou determinação legal do poder público.

Em que casos se dá a dissolução de uma pessoa jurídica?

Dissolve-se a pessoa jurídica, nos termos do art. 206 da Lei das S.A.:

a) de pleno direito;b) por decisão judicial;

c) por decisão da autoridade administrativa competente, nos

casos e forma previstos em lei especial.

Já o art. 51do Código Civil de 2002 dispõe que as sociedades reputam-se dissolvidas:

a) expirado o prazo ajustado da sua duração;

b) por quebra da sociedade ou de qualquer dos sócios;c) por mútuo consenso de todos os sócios;

d) pela morte de um dos sócios, salvo convenção em contrário a

respeito dos que sobreviverem;

e) por vontade de um dos sócios, sendo a sociedade celebrada

por tempo indeterminado.

Quais os efeitos da dissolução da pessoa jurídica?

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33 

Quanto aos efeitos da dissolução, disciplina o art. 207 da Lei n º 6.404, de 1976 (Lei das

S.A.): "A pessoa jurídica dissolvida conserva a personalidade até a extinção, com o fim de

proceder à liquidação".

 A dissolução não extingue a personalidade jurídica de imediato, pois a pessoa jurídica

continua a existir até que se concluam as negociações pendentes, procedendo-se à

liquidação das ultimadas, conforme disposto no art. 51 da Lei n º 10.406, de 2002 (Código

Civil).

O que se entende por liquidação de uma pessoa jurídica?

 A liquidação de firma individual ou de sociedade mercantil, é o conjunto de atos

(preparatórios da extinção) destinados a realizar o ativo, pagar o passivo e destinar osaldo que houver (líquido), respectivamente, ao titular ou, mediante partilha, aos

componentes da sociedade, na forma da lei, do estatuto ou do contrato social (PN CST n

o 191, de 1972).

Pode ser voluntária (amigável) ou forçada (judicial).

 A liquidação corresponde ao período que antecede a extinção da pessoa jurídica, após

ocorrida a causa que deu origem à sua dissolução, onde ficam suspensas todas asnegociações que vinham sendo mantidas como atividade normal, continuando apenas as

 já iniciadas para serem ultimadas (Lei n º 10.406, de 2002, art. 51 - Código Civil).

Quais os efeitos da liquidação de uma pessoa jurídica?

Durante a fase de liquidação: subsistem a personalidade jurídica da sociedade e a

equiparação da empresa individual à pessoa jurídica; não se interrompem ou modificam

suas obrigações fiscais, qualquer que seja a causa da liquidação.Consequentemente, a pessoa jurídica será tributada até findar-se sua liquidação, ou seja,

embora interrompida a normalidade da vida empresarial pela paralisação das suas

atividades-fim, deve o liquidante manter a escrituração de suas operações, levantar 

balanços periódicos, apresentar declarações, pagar os tributos exigidos e cumprir todas

as demais obrigações previstas na legislação tributária (RIR/1999, arts. 237 e art. 811; PN

CST n º 191, de 1972).

Como se conhecerá, na prática, uma pessoa jurídica em processo de liquidação?

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Em todos os atos ou operações necessárias à liquidação, o liquidante deverá usar a

denominação social seguida das palavras "em liquidação" (Lei das S.A. - Lei n º 6.404, de

1976, art. 212).

Como se processa a liquidação de uma pessoa jurídica?

Compete à assembléia geral, no caso de companhia, ou aos sócios, ou ao titular nas

demais pessoas jurídicas, não constando dos atos constitutivos, determinar o modo de

liquidação e nomear o liquidante que poderá ser destituído, a qualquer tempo, pelo órgão

que o tiver nomeado, em se tratando de dissolução de pessoa jurídica de pleno direito.

No caso de liquidação judicial será observado o disposto na lei processual, devendo o

liquidante ser nomeado pelo juiz. A liquidação será processada judicialmente, além doscasos previstos na Lei das S.A. - Lei n º 6.404, de 1976, art. 206, inciso II, se a pessoa

 jurídica, após sua dissolução, não iniciar a liquidação dentro de 30 dias, ou se, após

iniciá-la, interrompê-la por mais de 15 dias, no caso de extinção da autorização para

funcionar.

Quais as responsabilidades que permanecem na liquidação de uma pessoa

 jurídica? A responsabilidade durante o período de liquidação cabe ao liquidante, a quem compete,

exclusivamente, a administração da pessoa jurídica, acumulando as mesmas

responsabilidades do administrador. Os deveres e responsabilidades dos

administradores, conselheiros fiscais e acionistas (dirigentes, sócios ou titular) subsistirão

até a extinção da pessoa jurídica (Lei das S.A. - Lei n º 6.404, de 1976, art. 217 e o

RIR/1999, arts. 210, I e 211).

Os sócios, nos casos de liquidação de sociedade de pessoas, são pessoalmente

responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias, resultantes de atos

praticados com excesso de poder ou infração de lei, contrato social ou estatutos

(RIR/1999, art. 210, IV).

Desconsideração da Pessoa Jurídica 

Sua raiz é inglesa. No Brasil, quem a introduziu foi o Prof. Rubem Requião.

Essa teoria nasceu de um caso famoso ocorrido na Inglaterra, conhecido como Salomon x

Salomon Co.

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35 

Na Inglaterra, para se formar uma sociedade em 1966, era necessário, no mínimo, 7

pessoas.

Salomon constitui a Salomon Co e emitiu ações de 1% a 6 pessoas de sua família, de

modo que ele ficava no controle majoritário e quase total da companhia.

Entretanto, durante uma crise, a companhia Salomon enfrentou vários problemas

econômicos, Salomon antevendo a quebra da empresa, cuidou de emitir títulos

privilegiados (obrigações garantidas) no valor de 10 mil libras esterlinas, que ele mesmo

cuidou de garantir.

O próprio Salomon que passou a ser credor privilegiado da sociedade, preferiu a todos os

demais credores quirografários (sem garantia), liquidando o patrimônio liquido da

empresa.

Os credores quirografários (sem garantia) alegaram que Salomon estava utilizando apessoa jurídica para ludibriar seus credores. Então, foi aí que o juiz permitiu que se

retirasse o véu da pessoa jurídica para levantar do patrimônio do sócio aquilo que a

companhia devia, até mesmo porque havia confusão entre os patrimônios de Salomon e

da Companhia.

Desconsiderar, assim, não é despersonificar, é superar episodicamente para permitir que

os credores satisfaçam seus créditos e depois a pessoa jurídica pode voltar a funcionar 

normalmente. A desconsideração da personalidade jurídica não exige a comprovação de quaisquer atos

ilícitos praticados pelos sócios:

 Art. 50. CC. Em caso de abuso de personalidade jurídica,

caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão

patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do

Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os

efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejamestendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da

pessoa jurídica.

Princípios do Projeto 2426/03

1) a desconsideração exigirá requerimento fundamentado. Não cabe mais

desconsideração genérica. Exige que haja requerimento específico e identificação do ato

abusivo;

2) a desconsideração dar-se-á nas hipóteses da lei;

3) a desconsideração deve ser precedida do contraditório (15 dias). O sócio deve

responder antes do juiz desconsiderar a personalidade.

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36 

Espécies de Pessoa Jurídica

São espécies de pessoa jurídica de direito privado as definidas no art. 44/CC, alterado

pela Lei 10825/03.

 Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:

I - as associações;

II - as sociedades;

III - as fundações.

IV  – as organizações religiosas;

V  – os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das

organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou

registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº 

10.825, de 22.12.2003)

§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às

sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei 

nº 10.825, de 22.12.2003)

§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei 

específica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) 

BENS: CONCEITO, DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

Bem = tudo aquilo que é passível de figurar como objeto de uma relação jurídica, não

importando se possui valor pecuniário ou não, bastando que exista em quantidade

limitada e que desperte o interesse humano. Dessa forma, tanto uma casa quanto a vida

do homem são tidos como bens jurídicos.

CLASSIFICAÇÃO

BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS

3.1.1. Bens móveis e imóveis

Podemos entender como imóveis todos aqueles bens que não podem ser removidos de

um lugar para outro sem danificação de sua substância (7). Entretanto, existem bens que

permitem seu transporte de um lugar para outro sem que isso acarrete sua destruição,

porém, em razão de sua destinação, são tidos como bens imóveis, é o caso, por ex., dos

direitos reais que recaiam sobre bens imóveis, e o direito a sucessão aberta.

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37 

Podemos apresentar quatro categorias de bens imóveis, a saber:

a) Imóveis por natureza = “o solo com a sua superfície, os seus acessórios e

adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço

aéreo e o subsolo”. 

b) Imóveis por acessão física = são aqueles que, por uma atividade do homem, são

permanentemente incorporados ao solo, ou seja, estão adstritos à terra de tal

forma que sua retirada implicaria em destruição de sua substância ou do todo em

que se acham. É o caso, por ex., dos edifícios, do asfalto de uma estrada, das

tubulações de água e esgoto de uma cidade, etc.

c) Imóveis por acessão intelectual = na verdade, podem ser removidos de um lugar 

para outro sem que, com isso, haja qualquer prejuízo físico, no entanto são

considerados “bens imóveis”, por determinação de seu proprietário em virtude dopapel que desempenham em relação ao todo em que se acham. É o caso, por ex.,

de uma máquina industrial que, por estar servindo à indústria como um todo, pode,

por determinação do proprietário, ser considerada como bem imóvel, ou seja, HÁ

UMA LIGAÇÃO FÍSICA ENTRE O IMOVEL POR ACESSÃO INTELECTUAL E O

TODO AO QUAL ELE ESTÁ ADSTRITO.

d) Imóveis por determinação legal = na verdade, são bens incorpóreos, mas que, por 

uma vontade legislativa, são considerados imóveis para os efeitos legais,submetendo-se, portanto, às mesmas normas que disciplinam as relações

concernentes aos demais bens imóveis. É o caso, por ex., do direito à sucessão

aberta.

São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia.

São aqueles que podem ser removidos de um lugar para outro sem qualquer destruição

ou dano, com exclusão daqueles que, apesar de possibilitarem seu transporte, estãoficticiamente ligados a um imóvel, como bem assinala Maria Helena Diniz.

Diferenças entre bens móveis e imóveis:

1) A alienação de bens imóveis, para que se configure juridicamente, exige a transcrição

do título de propriedade no cartório competente, enquanto que, no caso dos bens móveis,

basta apenas que haja a tradição (entrega) da coisa.

2) Para alienar um bem imóvel, a pessoa casada necessita de outorga uxória (autorização

do cônjuge), não importando qual seja o regime de bens, enquanto que, se o bem for 

móvel, a alienação poderá ser feita sem o preenchimento de tal requisito.

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38 

3.1.2. Bens fungíveis e infungíveis APENAS PARA BENS MÓVEIS POIS OS BENS

IMÓVEIS SÃO INFUNGIVEIS POR NATUREZA.

 A idéia de fungibilidade está contida na possibilidade de substituição de uma coisa por 

outra de mesma espécie, qualidade e quantidade.

São fungíveis os bens que apresentam tal possibilidade de substituição sem perda de sua

característica principal.

Infungíveis são aqueles bens que em virtude de suas características específicas, não

comportam substituição, sendo únicos e individuados. Por ex., um quadro de Leonardo da

Vinci é considerado infungível.

Como bem ressalta Washington de Barros Monteiro (16), a distinção entre bens fungíveis

e infungíveis é própria dos bens móveis, de modo que não existem bens imóveisfungíveis.

 Assim, a análise da fungibilidade ou infungibilidade somente encontra seu sentido quando

estamos diante de bens móveis, pois os imóveis já são, por sua própria natureza,

insubstituíveis.

1) O empréstimo de coisas fungíveis é o mútuo; empréstimo de coisas infungíveis é o

comodato;2) o credor de uma obrigação de dar coisa certa ou de obrigação de fazer infungível pode

exigir do devedor o exato cumprimento da prestação acordada, de modo que este só

estará liberado do vínculo obrigacional se entregar ou fizer aquilo que exatamente se

convencionou, a não ser que haja impossibilidade por caso fortuito ou força maior.

3.1.3. Bens corpóreos e incorpóreos

Corpóreos são aqueles bens que possuem existência tangível, vale dizer, material. Sãosuscetíveis de apropriação, possuindo, com efeito, valor econômico. Por ex., uma casa ou

um cavalo são bens corpóreos ou materiais.

Incorpóreos são os bens que não possuem materialidade. Não existem fisicamente,

porém, são considerados existentes para o mundo do Direito, sendo suscetíveis de figurar 

como objeto de um relação jurídica. Correspondem aos direitos que, a depender de sua

suscetibilidade de aferição econômica, podem ou não integrar também o patrimônio das

pessoas. É o caso, por ex., dos direitos de crédito, dos direitos personalíssimos, direitos

autorais, etc.

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39 

3.1.4. Bens consumíveis e inconsumíveis

Consumíveis são os bens que desaparecem logo com o primeiro uso, perdendo sua

substância, como, por ex., os combustíveis. É o que a doutrina chama de consuntibilidade

natural (18), justamente por decorrer da natureza própria do bem.

Inconsumíveis são aqueles que permitem sua utilização de forma continuada, sem, com

isso, sofrer qualquer alteração relevante em sua substância. Por ex., os aviões ou os

computadores são bens inconsumíveis, pois não perdem suas qualidades com seu uso

imediato.

3.1.5. Bens divisíveis e indivisíveis A divisibilidade de um bem resulta da possibilidade de sua repartição sem perda de sua

substância ou valor econômico, de maneira que cada uma das partes conserve as

mesmas características e utilidades do todo que anteriormente formavam.

Já no âmbito dos bens indivisíveis (CC, art. 53), podemos apresentar três tipos de

indivisibilidade, a saber: Indivisibilidade física ou natural, indivisibilidade legal e,

finalmente, por vontade das partes.

Os naturalmente indivisíveis (art. 53, I) são os bens que, se fracionados, perdem suasutilidades essenciais ou sofrem uma diminuição considerável em seu valor econômico.

Um navio, por ex., se partido ao meio, não mais poderá navegar, o que acarretará sua

permanente inutilização.

Entretanto, há casos em que o bem, apesar de ser naturalmente divisível, torna-se

indivisível por força da lei ou por vontade das partes (art. 53,II). Trata-se, em ambos os

casos, de uma indivisibilidade fictícia, que não advém da natureza própria da coisa, como

bem assinala Silvio Rodrigues (20). Por ex., em uma relação obrigacional, as partespodem ajustar a indivisibilidade da prestação, que não poderá ser efetuada por partes,

não obstante a divisibilidade do objeto da mesma.

3.1.6. Bens singulares e coletivos

Os bens singulares (CC, art. 54, I) são aqueles que, embora agrupados em um todo,

possuem existência independente dos demais. Por ex., uma ovelha, ainda que reunida

com outras ovelhas, formando um rebanho, não perde suas qualidades essenciais,

podendo ser considerada em sua individualidade.

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40 

Já o bem coletivo (art. 54, II) é justamente o todo formado pela reunião de bens

singulares, apresentando, contudo, existência autônoma das partes que o formam (23). É

o caso, por ex., do automóvel, que possui individualidade própria, mas que é composto

por uma reunião de peças, engrenagens, fios, etc., cada qual com sua função e existência

independente.

DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS

3.2.1. Bens principais e acessórios

Bem principal é aquele que possui existência própria, autônoma, independente de

qualquer outro bem, sendo acessório aquele que somente pode ser concebido na

dependência da coisa principal, ou seja, cuja presença do bem principal é pressuposto de

sua existência. Exemplo clássico encontrado na doutrina (24) é o caso de uma árvoreplantada ou de um edifício, cuja existência pressupõe a presença do solo. Assim, a árvore

e o edifício são bens acessórios, sendo o solo o bem principal.

Salvo disposição especial em contrário, a coisa acessória segue a principal. Sendo assim,

em regra, o domínio ou propriedade do bem principal acarreta o de seus acessórios, e,

havendo alienação do bem principal, o mesmo acontecerá em relação aos acessórios.

Várias são as espécies de bens acessórios apresentadas pelo Código Civil, destacando-

se, dentre elas:

Frutos

Todas as utilidades que o bem principal periodicamente produz (25), cuja extração não

acarreta nenhum prejuízo ou desfalque em sua substância.

Quanto à sua natureza, são subdivididos em:

1) Naturais, como, por ex., o leite em relação à vaca;2) Industriais, como a roupa em relação à indústria têxtil;

3) Civis, como os rendimentos extraídos de um aluguel ou do empréstimo de dinheiro

(juros).

Já quanto à vinculação à coisa principal, os frutos podem ser:

1) Pendentes, quando ainda estão unidos ao bem principal que os gerou;

2) Percipiendos, quando estão na iminência da separação;

3) Percebidos, quando já se encontram colhidos ou extraídos do bem principal.

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41 

Produtos:

São acessórios que, da mesma forma que o frutos, provém do bem principal, ou seja, são

utilidades produzidas por este, porém, sua extração acarreta a destruição ou perda da

substância da coisa principal, de maneira mediata ou até mesmo imediata. É o caso, por 

ex., dos minérios de uma mina, ou do petróleo em relação ao poço.

Benfeitorias:

Denominam-se benfeitorias tudo aquilo que o possuidor ou o proprietário de um bem

móvel ou imóvel emprega, a nível de despesas ou obras, no bem principal, a fim de

conservá-lo, melhorar seu uso, ou simplesmente embelezá-lo (26).

O art. 96 do Código Civil apresenta três espécies de benfeitorias, a saber:1) Voluptuárias (§ 1º), que são as empregadas para fim meramente estético ou recreativo,

não aumentando a utilidade habitual do bem (Por ex., a construção de uma piscina);

2) Úteis (§ 2º), que são as que aumentam a utilidade do bem (Por ex., a instalação de

rede elétrica numa fazenda);

3) Necessárias (§ 3º), que são as empregadas para conservar ou evitar a destruição do

bem, como, por ex., a substituição do telhado de uma casa, que se encontrava

apodrecido.

 Acerca da importância da distinção entre essas espécies de benfeitorias (27), mister se

faz mencionar o art. 1219 do Código Civil: “ O possuidor de boa- fé tem direito à

indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se

lhe não forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa. Pelo valor 

das benfeitorias necessárias e úteis, poderá exercer o direito de retenção.” 

3.3. BENS PÚBLICOS E PARTICULARES

Considerando os bens em relação ao titular de seu domínio, o nosso direito positivo os

separou em públicos e particulares.

Bens públicos são todos aqueles que estão sob o domínio de pessoas jurídicas de direito

público, tais como a União, os Estados e os Municípios.

Bens particulares são os que se encontram sob o domínio de qualquer pessoa física ou

 jurídica de direito privado.

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42 

De acordo com o art. 99 do Código Civil, os bens públicos podem ser:

Bens públicos de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

Bens de uso especial, os quais, segundo o próprio nome indica, possuem uma finalidade

especial, sendo destinados à utilização pelo poder público, como, por ex., uma

penitenciária ou um hospital público;

Os dominicais, que são os que fazem parte do acervo patrimonial das pessoas jurídicas

de direito público.

Como bem observa Silvio Rodrigues, “são bens dos quais o Poder Público é titular, da

mesma maneira que a pessoa de direito privado é dona de seu patrimônio” (29). É o caso,

por ex., de um direito de crédito pertencente à União.

Os bens públicos são imprescritíveis, inalienáveis e impenhoráveis, ou seja, insuscetíveis

de usucapião, de serem vendidos ou doados, ou de servirem como garantia de dívida.

No entanto, segundo art. 101 CC, os bens dominicais podem ser objeto de alienação

segundo as exigências da lei. Dessa forma, um prédio público, por ex., pode ser alienado,

desde que sofra, por determinação legal, desafetação, ou seja, perda de sua destinação

original.

FATO JURIDICO

CONCEITO

É todo acontecimento da vida relevante para o direito, mesmo que seja fato ilícito.

O ato ilícito é fonte de obrigação, ou seja, gera a responsabilidade de indenizar. Então, o

ato ilícito é relevante para o direito, podendo ser considerado um fato jurídico.

CLASSIFICAÇÃOOs fatos jurídicos dividem-se em:

Fatos jurídicos naturais ou em sentido estrito = são situações sociais juridicamente

relevantes que decorrem da própria natureza, sem intervenção humana.

Dividem-se em:

Ordinários = previsíveis ou comuns, como o nascimento, a maioridade, a morte.

Extraordinários = eventos não previsíveis ou especiais como terremotos, maremotos,

raios, tempestades, casos fortuitos ou de força maior.

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43 

Fatos jurídicos humanos ou em sentido amplo = decorrem de uma conduta humana

que os cria, modifica, transfere ou extingue. Podem ser:

Fatos jurídicos em sentido amplo lícitos = deferidos pela lei e queridos pelo agente, são

divididos em atos jurídicos em sentido estrito ou meramente lícitos, e em negócios

 jurídicos.

Fatos jurídicos em sentido amplo ilícitos = praticados contrariamente ao ordenamento

 jurídico.

5:29 de estudo.

Dia 19/05/2013NEGÓCIOS JURÍDICOS

São manifestações de vontade bilaterais, como os contratos, que buscam no

ordenamento jurídico uma composição de interesses, desta forma não basta a vontade

dos agentes, é necessária a previsão na norma.

 Alguns podem ser unilaterais como o testamento.

CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

Quanto as vantagens que produzem:

a) Gratuitos: ex. doação

b) Onerosos: mediante contraprestação, ambas as partes pretendem receber 

prestações recíprocas.

Comutativos: prestações equivalentes. Ex. compra e venda.

Aleatórios: prestações não equivalentes, ex. contrato de seguro.

c) Bifrontes: estabelecem-se conforme a vontade das partes e podem ser gratuitos ou

onerosos. Ex. depósito, mútuo.d) Neutros: negócios jurídicos que não possuem atribuição patrimonial, ex. instituição

de um bem de família.

Quanto às formalidades:

a) Solenes: negócios que dependem de certa formalidade prevista em lei para sua

validade;

b) Não solene: negócios jurídicos livres de qualquer formalidade.

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44 

Quanto ao conteúdo:

a) Patrimoniais: negócios suscetíveis de valoração econômica;

b) Extrapatrimoniais: versam sobre direitos personalíssimos ou direitos de família;

Quanto a manifestação de vontade:

a) Unilaterais: manifestadas por um sujeito, como no testamento, renúncia, etc.

podem ser  receptícios, quando dependem da manifestação de vontade do

destinatário, e não receptícios, quando o conhecimento da outra parte é

irrelevante para a conclusão do negócio.

b) Bilaterais: dependem da manifestação de vontade de ambas as partes, ex.

contratos. Podem ser  simples, quando concedem benefícios a uma parte e

encargos a outra, ou sinalagmáticos, quando conferem vantagens e ônus paraambas as partes.

c) Plurilaterais: manifestação de vontade de mais de duas partes, como no contrato

de sociedade com mais de dois sócios.

Quanto ao tempo em que produzem efeitos:

a) Inter vivos: quando os efeitos acarretam consequências em vida, como na doação;

b) Causa mortis: destinados a produzir efeitos após a morte, ex. testamento.

Quanto aos efeitos:

a) Constitutivos ex nunc: operam-se depois de concluído o negócio jurídico, ex. na

compra e venda;

b) Declarativos ex tunc: os efeitos se operam com a materialidade do fato a que se

vinculam, ex. partilha, reconhecimento de filhos.

Requisitos de existência:

Manifestação de vontade/ finalidade negocial/ idoneidade do objeto.

REQUISITOS DE VALIDADE

Agente Capaz

Para que um contrato seja válido, o agente deverá ser capaz. No caso de

incapacidade, esta deverá

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45 

ser suprida pelos meios legais. A incapacidade absoluta será suprida pela

representação e a incapacidade relativa será suprida pela assistência.

Objeto Lícito

O objeto deve ser lícito, possível, determinado ou determinável.

 A impossibilidade do objeto pode ser física ou jurídica. Impossibilidade física ocorre

quando a prestação não pode ser cumprida por nenhum humano. Impossibilidade

 jurídica ocorre quando a prestação esbarra numa proibição expressa da lei

(exemplo: o artigo 426 do Código Civil, que proíbe herança de pessoa viva). 

Forma Prescrita e Não Defesa em LeiNos casos em que a lei dispõe sobre a forma que o ato deverá ser realizado, esta forma

deve ser considerada como requisito de validade (exemplo: venda de imóveis  – a lei

dispõe que será válido somente por escritura pública).

ALCANCE DA DECLARAÇÃO DE VONTADE E DO SILÊNCIO

Sem a manifestação de vontade o contrato não chega a formar-se, sendo inexistente. A

vontade é fundamental em matéria de contrato. O artigo 112 do Código Civil dispõe que:

 Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à sua

intenção que ao sentido literal da linguagem.

Se os contratantes combinaram uma coisa e não souberam redigir no contrato o que foi

convencionado, havendo prova, prevalecerá a intenção.

Cita o artigo 111. CC:

 Art. 111. O silêncio importa a anuência, quando as circunstâncias ou

os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade

expressa.

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46 

CONDIÇÃO TERMO E ENCARGO

Condição

 Art. 121. Considera-se condição a cláusula eu, derivando

exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do

negócio jurídico a evento futuro e incerto.

Termo

É a cláusula que subordina a eficácia de um negócio jurídico a um evento futuro e certo.

 Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as

disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva.

Encargo

É uma restrição a uma vantagem para o beneficiário de um negócio jurídico, porque é

coercitivo, isto é, a parte não pode se eximir de cumprir o encargo.

Geralmente aparece em doações ou legados, não precisando ser exclusivamente gratuito.

 Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do

direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico,pelo disponente, como condição suspensiva.

DAS CAUSAS DE INVALIDADE E NULIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

 Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhe são subordinados:

I- As condições física ou juridicamente impossíveis, quando

suspensivas;II- As condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;

III- As condições incompreensíveis ou contraditórias.

 Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando

resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.

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47 

DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

Nos vícios do consentimento, há uma contradição entre aquilo que a pessoa deseja e o

que ela faz, ou seja, a vontade declarada não corresponde a real intenção do agente -

erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão.

Nos vícios sociais, a vontade declarada corresponde exatamente à intenção do agente,

entretanto uma intenção de prejudicar terceiros ou fraudar a lei – fraude contra credores.

 A simulação foi retirada dos vícios, sendo inserida a hipótese entre os atos nulos.

Nos seis casos, o contrato será anulável, havendo um prazo decadencial de 4 (quatro)

anos para requerer a anulação. Caso não seja respeitado esse prazo, o contrato nãopoderá mais ser anulado. O decurso do prazo decadencial vem a sanar o defeito do

negócio jurídico (artigo 178, incisos I e II, do Código Civil).

Vícios do Consentimento

Erro e ignorância

 Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as

declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderiaser percebido por pessoa de diligência normal, em face das

circunstâncias do negócio.

 Art. 139. O erro é substancial quando:

i- Interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da

declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;

ii- Concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa aquem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído

nesta de modo relevante;

iii- Sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for 

o motivo único ou principal do negócio jurídico.

Dolo

Induzimento malicioso à prática de um ato que é prejudicial ao agente.

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48 

 Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e

danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria

realizado, embora por outro modo.

O artigo 147 prevê um dolo por omissão, situação em que um dos contratantes omite uma

circunstância relevante, que se fosse conhecida pelo outro contratante, não haveria o

negócio. Essa omissão dolosa pode ser chamada de reticência.

Coação

Ocorre quando alguém força uma pessoa para que ela faça ou deixe de fazer alguma

coisa. A coação pode ser:

 Absoluta: quando o coator usa força física e a vítima não chega a manifestar a sua

vontade, agindo mecanicamente.

Relativa: também chamada de coação moral, ocorre quando o coator faz uma grave

ameaça à vítima, que terá a opção de ceder ou de resistir à ela. Neste caso, existe um

vício do consentimento, visto que houve a manifestação da vontade, embora sob pressão.

 A coação deve ser a causa do negócio, ou seja, se não houvesse a coação não

haveria o negócio; deve ainda causar verdadeiro receio a vítima; 

 Art. 151. A coação, para viciar a declaração de vontade, há de ser tal

que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e

considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.

 Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de

um direito, nem o simples temor reverencial.

Do estado de perigo

 Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido

da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave

dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente

onerosa.

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49 

Da lesão

 Art. 157. Ocorre lesão quando uma pessoa, sob premente

necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação

manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.

§2º. Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido

suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a

redução do proveito.

2.º) Desequilíbrio entre as prestações no momento da celebração do contrato;

3.º) Grande desproporção, gerando enriquecimento para uma das partes e

empobrecimento para outra;

4.º) decisão judicial. Só o juiz pode rescindir ou modificar o contrato;5.º) Possibilidade da parte reequilibrar o contrato.

Vício Social

No vício social embora a vontade se manifeste de acordo com o desejo dos contratantes,

a intenção é sempre de prejudicar um terceiro.

Fraude contra credoresBaseia-se no princípio da responsabilidade patrimonial: “é o patrimônio do devedor que

responde por suas obrigações”.

Ocorre a fraude contra credores quando um devedor pratica negócios que o torne

insolvente. Ainda que o devedor venda algum bem, se restarem bens suficientes para

pagar as dívidas, não será considerado insolvente.

 Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissãode dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles

reduzido a insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados

pelos credores quirografários, como lesivos de seus direitos.

§2º. Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem

pleitear a anulação deles.

Tanto na fraude contra credores quanto na fraude à execução, o juiz não anula o ato,

apenas declara a sua ineficácia em relação aos credores.

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50 

EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE INVALIDADE E NULIDADE DOS NEGÓCIOS

JURÍDICOS

 A ação pauliana é o meio hábil a desconstituir o negocio na fraude contra credores. Se o

 juiz julga procedente a ação, ele anulará a venda ou a doação do bem. Hoje invés da

anulação, o juiz autoriza a penhora dos bens alienados pelo devedor.

O ato jurídico anulável é aquele que vem inquinado com um defeito que não ofende de

forma direta ao interesse social, ofendendo a ordem particular.

 Ao contrário do ato nulo, o ato anulável é determinado através de uma ação

desconstitutiva, com eficácia ex nunc, isto é, sem qualquer retroatividade.

 A nulidade relativa convalesce e só pode ser alegada por pessoa juridicamente

interessada, não podendo ser alegada nem pelo Representante do Ministério Público e

nem pelo juiz de Ofício.

O ato é suscetível de ser ratificado. A anulação do negócio jurídico, no caso dos vícios de

vontade ou social, decai em quatro anos (artigo 178 do Código Civil), ou em dois, quando

não houver estipulação em lei, contados da data de efetivação do ato.

 Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:

I. celebrado por pessoa absolutamente incapaz;

II. For ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

III. O motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;

IV. Não revestir a forma prescrita em lei;

V. For preterida alguma solenidade que a lei considere essencialpara a sua validade;

VI. Tiver por objeto fraudar a lei imperativa;

VII. A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a pratica sem

cominar sanção.

 Art. 167. É nulo o negocio jurídico simulado, mas subsistirá o que se

dissimulou, se válido for na substância e na forma.

§1º. Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:

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51 

I  – aparentarem conferir ou transmitir direitos à pessoas diversas

daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;

II  – contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não

verdadeira;

III  – os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-

datados.

 Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas

por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe

couber intervir.

 Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação,nem convalesce pelo decurso do tempo.

 Art. 171. É anulável ainda o negocio jurídico quando:

I – por incapacidade relativa do agente;

II – por vicio resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão

ou fraude contra credores.

 Art. 171. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo

direito de terceiro.

 Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para

eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a

ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-

se, declarou-se maior.

DOS ATOS JURIDICOS LICITOS E ILICITOS

CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO

 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que

exclusivamente moral, comete ato ilícito.

 Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

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52 

I  – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um

direito reconhecido;

II  – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a

pessoa, a fim de remover perigo iminente.

PRESCRIÇÃO E DECADENCIA

CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO

Prescrição

 Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se

extingue pela prescrição.

 Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes;

 Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de

 jurisdição, pela parte a quem aproveita.

 Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua contra o

seu sucessor.

 Art. 197. Não corre a prescrição:

I – entre os cônjuges, na constância do casamento;

II – entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;

III  – entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores,

durante a tutela ou curatela.

 Art. 198. Também não corre a prescrição:

I – Contra os incapazes;

II – Contra os ausentes do pais em serviço público da União;

III –contra os que se acharem servindo as forças armadas;

 Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:

I – pendendo condição suspensiva;

II – não estando vencido o prazo;

III – pendendo ação de evicção;

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53 

 Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no

 juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença

definitiva.

 Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer 

uma vez, dar-se-á:

I  – por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a

citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei

processual;

II – por protesto, nas condições do inciso antecedente;

III – por protesto cambial;IV – pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou

em concurso de credores;

V – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

VI  – por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que

importe reconhecimento do direito pelo devedor.

 A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos demais. A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos demais. A interrupção contra um dos herdeiros

solidários não prejudica os outros herdeiros. A interrupção produzida contra o principal

devedor prejudica o fiador.

 A prescrição ocorre em dez anos quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

Decadência

Perda de um direito devido ao decurso de determinado prazo decadencial, fixado em lei(decadência legal) ou eleito e fixado pelas partes (decadência convencional).

 Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.

 Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência quando

estabelecida por lei.

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54 

OBRIGAÇÕES

MODALIDADES

OBRIGAÇÃO: vínculo de direito pelo qual alguém - sujeito passivo - se propõe a dar,

fazer, não fazer qualquer coisa - objeto - em favor de outrem - sujeito ativo.

 As obrigações dividem-se em:

a) Obrigações de múltiplos objetos:

CUMULATIVAS: várias prestações se cumulam;

SIMPLES: só um credor, só um devedor, um só objeto;

ALTERNATIVAS: ou cumpre de uma forma ou de outra;

FACULTATIVA: a lei ou contrato permite o devedor exonerar-se do vinculo

obrigacional mediante a entrega de outra prestação diferente da inicialmenteacordada de forma a satisfazer a obrigação.

B) OBRIGAÇÕES QUANTO A MULTIPLICIDADE (PLURALIDADE) DE SUJEITOS:

DIVISÍVEL: reparte-se em obrigações autônomas, tantas quantas forem as partes

credoras ou devedoras;

INDIVISÍVEL: que não se pode fracionar;

SOLIDÁRIAS: em virtude da lei ou vontade das partes, obrigações entre váriosdevedores e credores, que enfeixadas passam a constituir um único vínculo

 jurídico.

C) QUANTO AO FIM:

DE MEIO: devedor promete cumprir a obrigação observando determinados

requisitos para sua execução;

DE RESULTADO: promete alcançar determinado objetivo final; DE GARANTIA.

D) QUANTO AO TEMPO DE ADIMPLEMENTO:

MOMENTÂNEA OU INSTANTÂNEA;

EXECUÇÃO CONTINUADA OU PERIÓDICA.

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55 

E) OBRIGAÇÕES QUANTO A FORMA (NATUREZA) DO OBJETO (PRESTAÇÃO):

DAR;

Dar coisa certa

 Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessório..;

 Art. 234. Se a coisa se perder antes da tradição sem culpa do

devedor, a obrigação de resolve para ambas as partes. Havendo

culpa o devedor deve arcar com perdas e danos.

 Art. 235 e 236. Deteriorada a coisa, não havendo culpa por parte do

devedor, o credor poderá recebê-la abatido o preço peladeterioração. Havendo culpa do devedor este responderá por perdas

e danos.

 Arts. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com seus

melhoramentos, podendo exigir do credor aumento de preço. Os

frutos igualmente pertencem ao devedor antes da tradição da coisa.

 Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta se perder 

sem culpa do devedor antes da tradição, a obrigação se resolvera.

Havendo culpa do devedor este deverá arcar com o valor da coisa

acrescido de perdas e danos.

Dar coisa incerta

 Art. 243. A coisa incerta será indicada ao menos pelo gênero e pelaquantidade.

 Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a

escolha cabe ao devedor, se o contrario não resultar da estipulação

de contrato, não poderá no entanto fornecer coisa pior, nem será

obrigado a fornecer coisa melhor.

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56 

FAZER

 Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o

devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele

exequível.

 Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do

devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá

por perdas e danos.

 Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao

credor manda-lo executar à custa do devedor.

NÃO FAZER.

 Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem

culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se

obrigou a não praticar.

ALTERNATIVAS Art. 252. Nas obrigações alternativas a escolha cabe ao devedor se

outra coisa não se estipulou.

DIVISIVEIS E INDIVISIVEIS

 Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em

obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações,

iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.

 Art. 158. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto

uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza,

por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do

negócio jurídico.

 Art. 159. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for 

divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.

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57 

Paragrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no

direito do credor em relação aos outros coobrigados.

SOLIDÁRIAS

 Art. 264. Há solidariedade quando na mesma obrigação concorre

mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou

obrigado à dívida toda.

 Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da

vontade das partes.

SOLIDARIEDADE ATIVA

 Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do

devedor o cumprimento da prestação por inteiro.

SOLIDARIEDADE PASSIVA

 Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns

dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se opagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam

obrigados solidariamente pelo resto.

Paragrafo único. Não importará renuncia da solidariedade a

propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.

F) QUANTO A LIQUIDEZ DO OBJETO: LÍQUIDAS;

ILÍQUIDAS.

G) QUANTO AOS ELEMENTOS ACIDENTAIS;

PURA;

CONDICIONAL;

MODAL;

A TERMO.

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H) QUANTO AO SEU VÍNCULO:

MORAL;

CIVIL;

NATURAL.

I) RECIPROCAMENTE CONSIDERADAS:

OBRIGAÇÃO PRINCIPAL;

OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.

DO ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES

Pagamento

De quem se deve pagar  Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode paga-la,

usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à

exoneração do devedor.

Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o

fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.

 Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seupróprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar, mas não se

sub-roga nos direitos do credor.

Do objeto do pagamento e sua prova

 Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da

que lhe é devida, ainda que mais valiosa.

 Art. 324. Paragrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim

operada se ocredor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento.

Do lugar do pagamento

Em primeiro lugar devemos fazer uma distinção entre a dívida QUESÍVEL (querable) e a

dívida PORTÁVEL (portable).

Quesível é a dívida que se paga, por princípio, no domicílio do devedor. Portável é a

dívida que se paga em qualquer lugar determinado.

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 A regra geral é que a dívida seja normalmente quesível, isto é, deve ser paga no domicílio

do devedor. Compete ao credor, portanto, ir até lá para receber o pagamento. O próprio

artigo 327 estabelece esse princípio, afirmando que, salvo disposição em contrário, o

pagamento deve ser efetuado no domicílio do devedor.

 As partes podem transformar uma dívida portável em quesível, por estipulação expressa

ou tácita entre as partes. Exemplo: uma dívida está estipulada para ser paga no domicílio

do credor; porém, se o credor for cobrar a dívida na casa do devedor, transforma a

natureza do local de recebimento.

 Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicilio do devedor, salvo

se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário

resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.Paragrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor 

escolher entre eles.

 Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em

prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.

Do tempo do pagamento

 A importância do tempo do pagamento está no fato de que a obrigação só é exigívelquando da ocorrência do termo final, isto é, do vencimento; nenhuma dívida pode ser 

reclamada antes do vencimento, pois não existe dívida antes de vencida a obrigação.

 As obrigações se dividem em dois grupos, quanto ao tempo do pagamento: as obrigações

com tempo certo e as sine die (sem tempo certo).

  Obrigações com tempo certo - Quando as partes estabelecem data para o

pagamento;

Temos, porém, duas exceções: 1.  Antecipação do vencimento por força da lei  =Não pode o credor exigir a prestação antes do seu vencimento, já que o prazo,

ordinariamente, é o benefício do devedor. A lei pode, porém, para resguardar 

direitos do credor, antecipar o vencimento da obrigação.

2. Antecipação do pagamento, por conveniência do devedor  = quando o prazo

houver sido estabelecido em seu favor.

 Art. 331. Não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o

credor exigi-lo imediatamente.

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DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO

 Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o

depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida,

nos casos e forma legais.

 Art. 335. A consignação tem lugar:

I  – se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o

pagamento, ou dar quitação;

II – se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo

e condição devidos;

III – se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado

ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;IV  – se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o

objeto do pagamento;

Se pender litigio sobre o objeto do pagamento.

 Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser 

entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor 

sob para vir ou mandar recebe-la, sob pena de ser depositada.

DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO

 Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito em favor:

I- Do credor que paga a dívida do devedor comum;

II- Do adquirente de imóvel hipotecado, que paga o credor 

hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não

ser privado de direito sobre o imóvel;III- Do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou

podia ser obrigado, no todo ou em parte.

 Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos,

ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida,

contra o devedor principal e os fiadores.

DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO

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 Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma

natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles

oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.

 Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-a primeiro

nos juros vencidos, e depois no capital.

DA DAÇÃO EM PAGAMENTO

 Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da

que lhe é devida.

DA NOVAÇÃO Art. 360. Dá-se a novação:

I- Quando o devedor contrai com o credor nova dívida para

extinguir e substituir a anterior;

II- Quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com

o credor;

III- Quando em virtude de obrigação nova, outro credor é

substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.

 Art. 362. A novação por substituição de devedor pode ser efetuada

independentemente de consentimento deste.

DA COMPENSAÇÃO

 Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor 

uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde secompensarem.

 Art. 369. A compensação efetua-se entre dividas liquidas, vencidas e

fungíveis.

 Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis,

objeto das duas prestações, não se compensarão, verificando-se

que diferem na qualidade, quando especificada no contrato.

DA CONFUSÃO

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 Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se

confundam as qualidades de credor e devedor.

DA REMISSÃO DE DIVIDAS

 Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a

obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.

DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES

Inadimplência absoluta

 A inadimplência absoluta ocorre quando há o descumprimento ou frustração total no

cumprimento da obrigação, não mais sendo possível cumpri-la de alguma forma.

Exemplo: se alguém contrata uma orquestra para um baile e ela deixa de comparecer, denada adiantará para o organizador da festa (credor) que a orquestra disponha-se a

apresentar-se no dia seguinte, uma vez que todos os convidados já estavam presentes na

data agendada, garantindo ao credor o direito de ser indenizado.

Inadimplência relativa

 A inadimplência relativa ocorre quando o devedor cumpre a obrigação de forma

negligente, inadequada, ou mesmo, quando cumpre parcialmente a obrigação, pois odevedor deve cumprir a obrigação de modo completo e específico, no tempo e lugar 

devidos.

Não se pode confundir o inadimplemento, que é o cumprimento inadequado, com a mora,

que p atraso no cumprimento da obrigação.

 Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdase danos, mais juros e atualização monetária e honorários

advocatícios.

 Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por 

inadimplente desde o dia em que executou o ato de que devia se

abster.

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 Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de

caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por 

eles responsabilizado.

DA MORA

 A mora trata-se no atraso ao cumprimento da obrigação, ensejando acréscimos legais até

sua efetiva execução pelo devedor, no caso de atraso do cumprimento, e pelo credor que

não recebe na data aprazada.

 Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o

pagamento e o credor que não quiser recebe-lo no tempo, lugar e

forma que a lei ou a convenção estabelecer.

 Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der 

causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo

índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de

advogado.

 Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e liquida, no seutermo, constitui de pleno direito em mora o devedor.

Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante

interpelação judicial ou extrajudicial.

 Art. 401. Purga-se a mora:

I- Por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a

importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta;II- Por parte do credor, oferecendo-se este a receber o

pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma

data.

PERDAS E DANOS E ACRÉSCIMOS LEGAIS

 Art. 402. (...) as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além

do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de

lucrar.

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 Art. 404. Paragrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem

o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz conceder 

ao credor indenização suplementar.

 Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.

DOS JUROS LEGAIS

 Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados,

serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do

pagamento de impostos devidos à fazenda nacional.

DA CLÁUSULA PENAL

 Art. 408. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde

que, culposamente deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em

mora.

 Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a

obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecuçãocompleta da obrigação, à de alguma clausula especial ou

simplesmente à mora.

 Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode

exceder o da obrigação principal.

DA ARRAS OU SINAL Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do negócio, uma parte der à

outra, a titulo de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as

arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na

prestação devida, se do mesmo gênero da principal.

 Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato,

poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de

quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por 

desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente.

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 Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento

para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente

indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da

outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente.

CONTRATOS

Disposições Gerais

Negócio jurídico por meio do qual as partes, visando atingir determinados interesses,

convergem as suas vontades, criando um dever jurídico principal e também deveres

acessórios decorrentes da boa fé objetiva e do Princípio da Função Social.

 Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas

ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável

ao aderente.

 Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

PRINCIPIOS DA PROBIDADE E DA BOA-FÉ

a) Princípio da Autonomia da Vontade (consensualismo)  – o núcleo do contrato é o

consentimento das partes contratantes. Sem vontade, não há contrato. No contrato

de adesão, a vontade é minimizada, mas não desaparece.

b) Princípio da Força Obrigatória (“ Pacta sunt servanda”)  – o contrato obriga as

partes com força de lei.

 Art. 427. A proposta do contrato obriga o proponente (...).

 Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os

requisitos essenciais ao contrato.

Paragrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua

divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta

realizada.

 Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou

modificações, importará nova proposta.

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 Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi

proposto.

Teoria da Imprevisão - consiste no reconhecimento de que um acontecimento imprevisível

e superveniente, com impacto sobre a base econômica do contrato, admitiria a sua

resolução ou revisão, para evitar a onerosidade excessiva para uma das partes.

 A teoria da imprevisão é diferente da lesão, pois a lesão já nasce com o contrato.

 Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a

prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa,com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos

extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução

do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data

da citação.

 Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a

modificar equitativamente as condições do contrato.

c) Princípio da Relatividade dos Efeitos dos Contratos  – o contrato gera efeitos entre

as partes. Não gera efeitos “erga omnes”. 

Existem duas figuras que excepcionam esse princípio:

• estipulação em favor de terceiro  – exemplo no contrato de seguro. Eu Camila

contrato um seguro de vida com o banco Itaú. Se eu morrer minha mãe será

beneficiada, no caso terceira pessoa.• contrato com pessoa a declarar. 

d) Princípio da Função Social do Contrato  – O contrato não interessa somente às

partes, mas também à coletividade, porque faz circular riquezas.

e) Princípio da Boa Fé Objetiva  –  A principal consequência da função social do

contrato é o princípio da boa fé.

Boa Fé Subjetiva – traduz o estado de ânimo, psicológico durante toda a execução

do contrato;

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Boa Fé Objetiva  – É a própria regra de exigibilidade jurídica implícita em qualquer 

contrato, que impõe a observância de deveres anexos ou de proteção.

FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

O contrato se forma quando o aceitante aquiesce em face da oferta, formando-se o

consentimento.

 Art. 427. A proposta do contrato obriga o proponente (...).

 Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:

I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente

aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por 

telefone ou por meio de comunicação semelhante;

II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo

suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;

III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta

dentro do prazo dado;

IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da

outra parte a retratação do proponente.

Como se dá a formação do contrato entre ausentes? 

Teoria da Agnição:

 Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que

a aceitação é expedida, exceto:

I- No caso do artigo antecedente;

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II- Se o proponente se houver comprometido a esperar a

resposta;

III- Se ela não chegar no prazo convencionado

 Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no local em que foi

proposto.

VICIOS REDIBITÓRIOS

São defeitos ocultos que diminuem o valor ou prejudicam a utilização da coisa recebida.

 Acompanham a coisa na sua tradição. Se decorrer de má utilização, não incidirá perdas e

danos.

 Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode

ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria

ao uso a que é destinada ou lhe diminuam o valor.

 Art. 442. Em vez de enjeitar a coisa, pode o adquirente reclamar 

abatimento no preço.

 Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa,

restituirá o que recebeu com perdas e danos; se não o conhecia, tão

somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.

 Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa

pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já

existente ao tempo da tradição.

 Art. 445. O adquirente decai do direito de obter redibição ou

abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e

de um ano se for imóvel, contados da entrega efetiva.

§1º Quando o vício por sua natureza só puder ser conhecido mais

tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até

o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens

móveis, e de um ano em se tratando de bens imóveis.

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 Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na

constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve

denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu

descobrimento, sob pena de decadência.

Em conclusão: o vício redibitório consiste em defeito oculto da coisa, não comum às

congêneres e que a torna imprópria ao seu destino ou lhe diminui sensivelmente o valor;

se houver sido adquirida por força de contrato comutativo, a lei defere ao adquirente ação

para redibir o contrato ou para obter abatimento do preço.

Requisitos do vicio redibitório:

O defeito deve prejudicar o uso da coisa ou diminuir-lhe o valor;

O defeito deve ser oculto;

O defeito deve existir no momento do contrato.

São duas as ações cabíveis:

A ação redibitória, quando o adquirente deseja enjeitar a coisa;

A ação quanti minoris, quando o adquirente deseja apenas o abatimento do preço.

EvicçãoÉ uma garantia contratual típica dos contratos onerosos, translativos de propriedade, que

se opera quando o adquirente vem a perder a posse e a propriedade da coisa alienada,

por força de um ato judicial ou administrativo que reconhece o direito anterior de outrem.

Visa garantir o adquirente. Este pode denunciar à lide o alienante.

 Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção.

Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado emhasta pública.

 Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além

da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:

I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;

II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos

que diretamente resultarem da evicção;

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III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele

constituído.

Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do

valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao

desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

 Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia

que a coisa era alheia ou litigiosa.

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

Contratos unilaterais e bilaterais

Quando se fala em contratos bilaterais ou unilaterais, considera-se o fato de o acordo devontade entre as partes criar, ou não, obrigações recíprocas entre elas.

Se a convenção faz surgir obrigações recíprocas entre os contratantes, diz-se bilateral o

contrato.

Se produz apenas obrigações de um dos contratantes para com o outro, chama-se

unilateral.

 Assim, a compra e venda é um contrato bilateral. Enquanto o depósito é um contrato

unilateral.

Contratos onerosos e gratuitos

Diz-se a título oneroso o contrato quando uma das partes sofre um sacrifício patrimonial,

ao qual corresponde uma vantagem que pleiteia; assim, por exemplo, na locação o

inquilino paga o preço, para obter o uso pacífico da coisa.

No contrato oneroso, o sacrifício feito e a vantagem almejada estão em relação de

equivalência, equivalência esta de caráter subjetivo.

Diz-se a título gratuito, o contrato, quando somente uma das partes sofre um sacrifício

patrimonial, enquanto a outra apenas obtém um benefício. O exemplo típico do contrato

gratuito é a doação sem encargo. Através desse ajuste uma pessoa transfere bens ou

vantagens de seu patrimônio a outra, que os aceita (CC, art. 1165). Ele envolve sempre

uma liberalidade.

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71 

Contratos comutativos e aleatórios

Comutativo é o contrato bilateral e oneroso, no qual a estimativa da prestação a ser 

recebida por qualquer das partes pode ser efetuada no ato mesmo em que o contrato se

aperfeiçoa.

 Assim, por exemplo, a locação de coisa. O locador pode, desde logo, verificar a

importância que deve receber, enquanto o locatário, por sua vez, conhece o objeto cujo

uso pacífico lhe será assegurado.

 Aleatório é aquele contrato bilateral e oneroso em que pelo menos uma das partes não

pode antecipar o montante da prestação que receberá, em troca da que fornece. Compra-

se um risco, como no exemplo do seguro, em que o segurado, em troca do prêmio, pode

vir a receber a indenização, se advier o sinistro, ou nada receber, se o mesmo incorrer.

Contratos consensuais e reais

Consensuais são aqueles que se formalizam pelo mero consentimento das partes, sem

necessidade de qualquer outro complemento; assim, por exemplo, a compra e venda de

bens móveis, ou o contrato de transporte.

Reais são aqueles ajustes que dependem da entrega da coisa, feita por um contratante

ao outro. São contratos reais o comodato, o mútuo, o depósito, o penhor, a anticrese e asarras.

Contratos solenes e não solenes

Solenes são os contratos que dependem de forma prescrita em lei;

Não solenes são os contratos que possuem forma livre.

Em regra, a forma dos atos jurídicos é livre. Todavia, para alguns atos a lei impõe

determinada forma, não dando validade ao negócio a menos que ele se ultime por meiode tal solenidade.

Contratos nominados e inominados

Contratos nominados ou típicos são aqueles a que a lei dá denominação própria e

submete a regras que pormenoriza. O CC cuida de dezesseis contratos típicos, a saber:

compra e venda, troca, doação, locação, empréstimo, mandato, gestão de negócios,

edição, representação dramática, sociedade, parceria rural, constituição de renda, seguro,

 jogo e aposta e fiança.

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72 

Inominados ou atípicos são os contratos que a lei não disciplina expressamente, mas que

são permitidos, se lícitos, em virtude do princípio da autonomia privada. Surgem na vida

cotidiana, impostos pela necessidade do comércio jurídico.

Contratos principais e acessórios

Contrato principal é aquele cuja existência independe da existência de qualquer outro.

Contrato acessório é aquele que existe em função do principal e surge para lhe garantir a

execução. Aqui se aplica o preceito geral que determina seguir o acessório o principal.

Dessa maneira, o contrato acessório depende da sina do principal. Exemplos típicos do

contrato acessório são a fiança e as arras. Se o contrato principal é nulo, ineficaz,

igualmente será o acessório.

Contratos de execução instantânea e de execução diferida no futuro

Os contratos de execução instantânea se cumprem pela execução efetuada por ambas as

partes num só momento, como ocorre com a compra e venda a vista, com a permuta etc.

Os contratos de execução diferida são aqueles em que uma das partes (ou ambas) deve

cumprir sua obrigação em tempo futuro.

Contratos preliminares e definitivos

Tendo em vista seu objeto, podemos distinguir os contratos em definitivos e preliminares.O contrato preliminar é uma espécie de convenção, cujo objeto é sempre o mesmo, ou

seja, a realização de um contrato definitivo. Com efeito, o contrato preliminar tem sempre

por objeto a efetivação de um contrato definitivo.

Contratos paritários e de adesão

Contrato de adesão é aquele em que todas as cláusulas são previamente estipuladas por 

uma das partes, de modo que a outra, no geral mais fraca e na necessidade de contratar,não tem poderes para debater as condições, nem introduzir modificações, no esquema

proposto.

No contrato de adesão a fase inicial de debates e transigência fica eliminada, pois uma

das partes impõe à outra, como um todo, o instrumento inteiro do negócio, que esta, em

geral, não pode recusar. Como exemplo tem se os contratos de cartões de crédito.

No contrato paritário admite-se uma fase em que se procede ao debate das cláusulas e

avenças contratuais, colocando as partes em pé de igualdade, pois discutem os termos

do negócio, eliminando as divergências através da transigência dos contraentes.

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73 

DA EXTINÇÃO DOS CONTRATOS

Do distrato

 Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.

 Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou

implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra

parte.

Da cláusula resolutiva

 Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução

do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em

qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.

Da exceção de contrato não cumprido

Uma das partes deixa de cumprir com sua parte contratual alegando que a outra

igualmente deixou de satisfazer sua parte na prestação correspondente. É conhecida pelo

brocado latino excepio non adimpleti contractus.

 Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes

de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

Da resolução por onerosidade excessiva

 Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a

prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa,

com extrema vantagem para a outra, poderá o devedor pedir a

resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a declarar retroagirão a data da citação.

 Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a

modificar equitativamente as condições do contrato.

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RESPONSABILIDADE CIVIL

Conceito e fundamentos 

 A responsabilidade civil pode ser definida como a aplicação de medidas que obriguem

alguém a reparar o dano causado a outrem em razão de sua ação ou omissão.

O termo responsabilidade Civil, conforme a definição de De Plácido e Silva é:

“Dever jurídico, em que se coloca a pessoa, seja em virtude de

contrato, seja em face de fato ou omissão, que lhe seja imputado,

para satisfazer a prestação convencionada ou para suportar as

sanções legais, que lhe são impostas. Onde quer, portanto, que haja

obrigação de fazer, dar ou não fazer alguma coisa, de ressarcir 

danos, de suportar sanções legais ou penalidades, há aresponsabilidade, em virtude da qual se exige a satisfação ou o

cumprimento da obrigação ou da sanção” (SILVA, 2010, p. 642). 

ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL

Responsabilidade civil contratual e extracontratual

 A responsabilidade civil costuma ser classificada pela doutrina em razão da culpa e

quanto a natureza jurídica da norma violada.

Em razão da culpa do agente a responsabilidade civil será dividida em objetiva e

subjetiva.

Em razão da natureza jurídica da norma violada divide-se em responsabilidade contratual 

e extracontratual. 

Responsabilidade civil objetiva e subjetiva

Denomina-se responsabilidade civil subjetiva aquela causada por conduta culposa lato

sensu, que envolve a culpa stricto sensu e o dolo.

 A culpa (stricto sensu) caracteriza-se quando o agente causador do dano pratica o ato

com negligência ou imprudência.

 A conduta dolosa por sua vez é caracterizada pela vontade conscientemente dirigida à

produção do resultado ilícito.

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Responsabilidade civil objetiva

Segundo Sergio Cavalieri:

“Todo prejuízo deve ser atribuído ao seu autor e reparado por quem

o causou independente de ter ou não agido com culpa. Resolve-se o

problema na relação de nexo de causalidade, dispensável qualquer 

 juízo de valor sobre a culpa” (CAVALIERI FILHO, 2008, p. 137). 

 Art. 927. Aquele que, por ato ilícito causar dano a outrem, fica

obrigado a repará-lo.

Paragrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentede culpa, nos casos especificados em lei.

 Assim a responsabilidade civil objetiva é aquela que independe da demonstração de culpa

do agente.

Responsabilidade civil contratual

Na responsabilidade civil contratual configura-se o dano em decorrência da celebração ouexecução de um contrato. O dever violado é oriundo ou de um contrato ou de um negócio

 jurídico unilateral. Se duas pessoas celebram um contrato, tornam-se responsáveis por 

cumprir as obrigações que convencionaram.

Responsabilidade civil extracontratual

 A responsabilidade civil extracontratual, também denominada de aquiliana, tem por fonte

deveres jurídicos originados da lei ou do ordenamento jurídico considerado como umtodo.

O dever jurídico violado não está previsto em nenhum contrato e não existe qualquer 

relação jurídica anterior entre o lesante e a vítima. O exemplo mais comum na doutrina é

o clássico caso da obrigação de reparar os danos oriundos de acidente entre veículos.

Esta categoria de responsabilidade civil - que visa a reparar os danos decorrentes da

violação de deveres gerais de respeito pela pessoa e bens alheios  – costuma ser 

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76 

denominada de responsabilidade em sentido estrito ou técnico ou, ainda,

responsabilidade civil geral.

 Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as

pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou

não dispuserem de meios suficientes.

 Art. 931. Os empresários individuais e as empresas respondem

independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtospostos em circulação.

 Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

III  – o empregado ou comitente, por seus empregados, serviçais e

prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão

dele;

IV  – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentosonde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos

seus hospedes, moradores e educandos.

 Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se

podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem

seja seu autor, quando estas questões se acharem no juízo criminal.

 Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em

parte, sem ressalvar quantias recebidas ou pedir mais do que for 

devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o

dobro do que houver cobrado, e no segundo, o equivalente do que

dele exigir, salvo se houver prescrição.

 Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la

transmitem-se com a herança.

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77 

FUNDAMENTOS E CLAUSULAS GERAIS

Clausulas gerais

Os atos ilícitos são aqueles que contrariam o ordenamento jurídico lesando o direito

subjetivo de alguém. É ele que faz nascer à obrigação de reparar o dano e que é imposto

pelo ordenamento jurídico.

O Código Civil Brasileiro estabelece a definição de ato ilícito em seu artigo 186:

“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que

exclusivamente moral, comete ato ilícito.”. 

 Através da análise deste artigo é possível identificar os elementos da responsabilidade

civil, que são: a conduta culposa do agente, nexo causal, dano e culpa . Este artigo é a

base fundamental da responsabilidade civil, e consagra o princípio de que a ninguém é

dado o direito de causar prejuízo a outrem.

Na lição de Fernando Noronha, para que surja a obrigação de indenizar são necessários

os seguintes pressupostos:

1. Que haja um fato (uma ação ou omissão humana, ou um fato

humano, mas independente da vontade, ou ainda um fato da

natureza), que seja antijurídico, isto é, que não seja permitido pelo

direito, em si mesmo ou nas suas consequências;

2. Que o fato possa ser imputado a alguém, seja por dever a

atuação culposa da pessoa, seja por simplesmente ter acontecido nodecurso de uma atividade realizada no interesse dela;

3. Que tenham sido produzidos danos;

4. Que tais danos possam ser juridicamente considerados como

causados pelo ato ou fato praticado, embora em casos excepcionais

seja suficiente que o dano constitua risco próprio da atividade do

responsável, sem propriamente ter sido causado por esta

(NORONHA, 2010, p. 468/469).

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Conduta

No entendimento de Maria Helena Diniz a conduta é:

“A ação, elemento constitutivo da responsabilidade, vem a ser o ato

humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou licito, voluntario e

objetivamente imputável do próprio agente ou de terceiro, ou o fato

de animal ou coisa inanimada, que cause dano a outrem, gerando o

dever de satisfazer os direitos do lesado.” (DINIZ, 2005, p. 43). 

 A responsabilidade decorrente do ato ilícito baseia-se na ideia de culpa, enquanto a

responsabilidade sem culpa baseia-se no risco.

O ato comissivo é aquele que não deveria, enquanto a omissão é a não observância deum dever.

 A voluntariedade é qualidade essencial da conduta humana pois representa a liberdade

de escolha do agente. Sem este elemento não se pode falar em ação humana ou

responsabilidade civil.

O ato de vontade, em sede de responsabilidade civil, deve ser contrário ao ordenamento jurídico.

 A voluntariedade significa o discernimento, a consciência da ação, e não a consciência de

causar um resultado danoso, pois neste caso estaria caracterizado o dolo. Cabe destacar 

ainda, que a voluntariedade deve estar presente tanto na responsabilidade civil subjetiva

quanto na responsabilidade objetiva.

Dano - danos materiais e danos morais

Segundo Maria Helena Diniz:

“o dano pode ser definido como a lesão (diminuição ou destruição)

que, devido a um certo evento, sofre uma pessoa, contra a sua

vontade, em qualquer bem ou interesse jurídico, patrimonial ou

moral” (DINIZ, 2006). 

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79 

Para que o dano seja indenizável é necessária à existência de alguns requisitos.

Primeiramente é preciso que haja a violação de um interesse jurídico patrimonial ou

extrapatrimonial de uma pessoa física ou jurídica.

Danos materiais

Dano material é aquele que causa destruição ou diminuição de um bem de valor 

econômico.

O dano material ou patrimonial subdivide-se em danos emergentes e lucros cessantes.

O Código Civil Brasileiro estabelece no art. 402:

 Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, asperdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele

efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

(BRASIL, 2002, 2002)

O dano emergente consiste no efetivo prejuízo suportado pela vítima, ou seja, o que ela

perdeu em razão da lesão. É o dano que vem à tona de imediato, em razão de um

desfalque concreto do patrimônio da pessoa lesada, e, por esse motivo, não há grandesdificuldades para a mensuração da indenização.

O lucro cessante corresponde àquilo que a vítima deixou de ganhar em decorrência do

dano. É também denominado de lucro frustrado, já que correspondente à frustração

daquilo que era razoavelmente esperado de auferir, o lucro cessante corresponde a um

 prejuízo projetado para o futuro.

Danos morais

Dano moral é aquele que está afeto a um bem que não tem caráter econômico, não é

mensurável, e não pode retornar ao estado anterior.

Refere-se portanto aos direitos da personalidade, quais sejam, direito a vida a integridade

moral, física, ou psíquica. Por essa espécie de bem possuir valor imensurável, é difícil

valorar a sua reparação.

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Nexo de causalidade

O nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a conduta praticada e o

resultado. Para que se possa caracterizar a responsabilidade civil do agente, não basta

que o mesmo tenha praticado uma conduta ilícita, e nem mesma que a vítima tenha

sofrido o dano. É imprescindível que o dano tenha sido causado pela conduta ilícita do

agente e que exista entre ambos uma necessária relação de causa e efeito.

Teoria adotada pelo CC = Segundo a teoria da equivalência dos antecedentes,

também chamada de teoria da equivalência das condições, ou ainda, condi t io s ine 

qua non : toda e qualquer circunstância que tenha concorrido para a produção do dano é

considerada como causa. 

Das várias teorias sobre o nexo causal, o nosso Código adotou,

indiscutivelmente, a do dano direto e imediato, como está expresso

no art. 403; e das varias escolas que explicam o dano direto e

imediato, a mais autorizada é a que se reporta à consequência

necessária. (GONÇALVES, 2002, p. 524).

 Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, asperdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros

cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto

na lei processual.

Está teoria é adotada pelo código penal brasileiro:

 Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somenteé imputável, a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou

omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

Na teoria da causalidade direta ou imediata, que também pode ser chamada de teoria

da interrupção do nexo causal: a causa é apenas o antecedente fático, a consequência

direta e imediata do resultado danoso.

Já na teoria da causalidade adequada: haverá nexo causal entre a conduta de

determinado agente e o dano quando, embora várias condições caminhem para a

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ocorrência de um mesmo resultado, a causa em si que deverá ser considerada, será a

que mais tenha concorrido para a produção do efeito danoso, desconsiderando-se as

demais.

Culpa e Dolo

Por dolo entende-se, em síntese, a conduta intencional, na qual o agente atua

conscientemente de forma que deseja que ocorra o resultado antijurídico ou assume o

risco de produzi-lo.

Já na culpa stricto sensu não existe a intenção de lesar. A conduta é voluntária, já o

resultado alcançado não. O agente não deseja o resultado, mas acaba por atingi-lo ao

agir sem o dever de cuidado. A inobservância do dever de cuidado revela-se pelaimprudência, negligência ou imperícia.

 Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

 Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie

ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente.

 Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste:

I  – no pagamento das despesas com o tratamento da vitima, seu

funeral e o luto da família;

II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia,

levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.

 Art. 951. Aplica-se a indenização no caso daquele que, no exercíciode atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia,

causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou

inabilitá-lo para o trabalho.

 Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá

na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.

 Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no

pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido.

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82 

DA POSSE

Conceito e classificação

Existem três teorias explicativas acerca da posse:

a) Teoria Subjetiva (Savigny):

Posse, para Savigny, era o poder sobre uma coisa com o propósito de tê-la para si.

Resultaria da conjunção de dois fatores: animus (intenção de tê-lo para si) + corpus

(poder, contato sobre a coisa). É subjetiva porque exige o animus.

b) Teoria Objetiva (Ihering)

Para Ihering, o animus não seria um elemento autônomo e destacável do corpus. Isto

quer dizer que a posse poderia ser objetivamente reconhecida desde que o possuidor 

exercesse poderes de proprietário, imprimindo finalidade econômica à coisa (nósadotamos esta teoria).

c) Teoria de Kohler:

Segundo Kohler, o reconhecimento jurídico da coisa seria um imperativo da paz social.

 Admitia a posse olhando para a comunidade. Aproximava-se do marxismo.

No Direito Positivo Brasileiro, Segundo esmagadora parte da doutrina, a posse não seriadireito real, mas sim uma situação de fato tutelada pelo Direito. “A posse é uma situação

de fato como a vida”. (Planiol)

CLASSIFICAÇÃO

a. Direta: mantém contato material com a coisa. Ex: na locação o

locatário - contato direto; o locador  – contato indireto;

b. Indireta/Derivada: é a que o proprietário conserva por ficção

legal (sem contato físico), já que o exercício da posse direta é

exercido por outra pessoa.

 Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, 

temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a

indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto

defender a sua posse contra o indireto.

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 Art. 924, do CPC  – Posse nova é aquela considerada dentro do

período de ano e dia, em que há o manejo da Ação Possessória ou

manutenção de posse. Fora desse prazo perde-se o direito a liminar,

mas as Ações Reais prescrevem apenas após 10 anos.

 Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração

de posse as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de

ano e dia da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será

ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório.

a. Justa: é justa a posse que não for violenta, clandestina ou

precária.b. Injusta: Violenta/ clandestina/ precária

 Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou

precária.

1. Com justo título: é a amparada em causa hábil para

constituir a posse (ex: contrato de locação). Justo título significaqualquer ato jurídico que, em tese, seria hábil para constituir a

posse, se não contivesse um determinado defeito que a maculasse.

Presume-se de boa fé o possuidor com justo título.

Posse ad interdicta é a que pode ser defendida pelas ações

possessórias (interditos possessórios) e a posse ad usucapionem

é a posse que se prolonga por determinado período de tempoque gera para o seu titular o direito de aquisição do domínio

pela usucapião.

Velha é a posse de mais de ano e dia e nova a de menos.

COMPOSSE: ocorre quando há pluralidade de possuidores

sobre coisa indivisível (ex. condomínio de terra não dividida ou

demarcada).

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84 

 A posse injusta com o passar do tempo vai convalescendo e pode ser objeto de

usucapião.

Durante o momento em que há violência, não há posse. Quando a violência cessa, há a

posse de alguém.

Posse precária é aquela concedida a título de favor, podendo ter prazo indeterminado.

 Atenção!! Ela não permite usucapião. Pode durar 50 anos. A concessão da posse

precária é lícita.

No momento em que o possuidor precário é notificado a devolver a coisa, a precariedade

surge como vício e o referido possuidor passa a exercer posse injusta suscetível de

usucapião.

Se a posse é de boa fé tem:• direito aos f rutos;

• direito à indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis;

• direito de retenção, como garantia do pagamento dessas benfeitorias;

• direito de retirar as benfeitorias voluptuárias; 

Se a posse é de má-fé tem:

• dever de pagar pelos frutos colhidos, mas tem direito a perceber as despesas comprodução e custeio;

• responsabilidade pela perda da coisa;

• direito ao ressarcimento das benfeitorias necessárias. 

 Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o

obstáculo que impede a aquisição da coisa.

Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunçãode boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente

não admite esta presunção.

 Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde

o momento em que as circunstâncias façam presumir que o

possuidor não ignora que possui indevidamente.

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85 

Possuidor 

 Art. 1196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o

exercício, pleno ou não de algum dos poderes inerentes a

propriedade.

Detentor 

 Art. 1198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em

relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome

deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.

Possuidor é aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos direitos

inerentes ao domínio. Posse é a detenção de uma coisa em nome próprio e com condutade dono (difere-se da detenção na medida em que aquela é ato de mera custódia

exercido em nome de outrem. Ex: caseiro).

O objeto da posse é toda coisa passível de domínio, podendo recair sobre bens

corpóreos e incorpóreos.

PERTURBAÇAO DA POSSE• ESBULHO: perda total da posse;

• TURBAÇAO: tentativa de esbulho;

• AMEAÇA de violência iminente. 

DESFORÇO: ocorre quando o possuidor já tendo perdido a posse (esbulho) reage

imediatamente para retomar a coisa, restabelecer a situação anterior, podendo fazer uso

da força para restituir-se na posse;

INTERDITOS POSSESSÓRIOS - AÇÕES JUDICIAIS:

Interditos possessórios são as ações judiciais que o possuidor deve utilizar quando se

sentir ameaçado ou ofendido no exercício de seu direito. É forma de defesa indireta da

posse.

São três os interditos possessórios: Ação de Manutenção de Posse; Ação de

Reintegração de Posse e Interdito Proibitório:

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• AÇAO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE: é a ação movida pelo esbulhado com a

finalidade de recuperar a posse perdida em virtude de violência, clandestinidade ou

abuso de confiança;

• AÇÃO DE MANUETANÇAO DE POSSE: é a ação movida pelo possuidor que está

sendo turbado na posse visando a manutenção da mesma;

• AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO: é a ação movida pelo possuidor para

proteger preventivamente a posse ante a ameaça de turbação ou esbulho.

OBS: Nas ações de reintegração e manutenção de posse cabe medida liminar, se

o fato (esbulho ou turbação) tiver menos de um ano e um dia. No interdito proibitório não

há medida liminar.

OUTRAS AÇÕES EM DEFESA DA POSSE:

• AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA: é a medida que tem por objetivo impedir que

o domínio ou a posse de um bem seja prejudicada em virtude de obra nova em

prédio vizinho;

• EMBARGOS DE TERCEIRO: é o processo utilizado para defesa de bens de terceiro quenão figura no processo mas que sofreu turbação ou esbulho em sua posse ou em seu

direito em decorrência de ato de apreensão judicial;

• AÇÃO DE DANO INFECTO: é uma ação que tem caráter preventivo e pode ser 

intentada quando haja fundado receio de prejuízos iminentes, em razão de ruína,

demolição ou vício na construção de prédio vizinho. Cabe pedido de caução que garanta

a indenização de danos futuros;

• AÇÃO DE IMISSÃO NA POSSE: é a ação a ser intentada pelo proprietário que

nunca teve a posse. Ex: alguém recebe o domínio de um imóvel, mas não recebe a

posse.

FORMAS DE AQUISIÇÃO DA POSSE

 Art. 1204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna

possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes

inerentes à propriedade.

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 Art. 1205. A posse pode ser adquirida:

I – pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;

II – por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.

 Art. 1208. Não induzem a posse os atos de mera permissão ou

tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos

violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a

clandestinidade.

 Art. 1209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das

coisas móveis que nele estiverem.

PERDA DA POSSE:

 A posse cessa quando o possuidor perde o poder sobre o bem o que pode ocorrer por 

abandono, tradição, perda ou destruição, posse de outrem e constituto possessório (ato

pelo qual aquele que possuía em seu nome passa a possuir em nome alheio).