resumo de processo civil

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Processo Civil Resumo: (Carlyle) Ação: Qualquer um pode exercer o direito de ação. O simples fato de se dirigir ao poder judiciário para pleitear a atividade jurisdicional, já caracterizaria o direito de ação. Trata-se da garantia de um processo, no qual todos os requisitos de existência e desenvolvimento devem ser devidamente observados, para que tanto autor como réu tenham oportunidade de se manifestar no curso do processo, com o objetivo de apresentar todas as alegações e provas que possam auxiliar o juiz na formação do seu convencimento. Qualquer pessoa, possuindo o direito ou não, pode se dirigir ao judiciário e requerer a prestação da atividade jurisdicional, porém a tutela só será prestada se presentes os requisitos necessários ao exame do mérito da causa ( pressupostos processuais e condições da ação). Sempre que a palavra ação for utilizada no sentido de exercício concreto do direito de ação, estamos falando de demanda. A ação é abstrata, a demanda é concreta. Pretensão – Possibilidade de se exigir o cumprimento da obrigação. Prescrição – É a perda do direito de exigir a pretensão. O que prescreve é a pretensão. Uma nova fase da obrigação, caracterizada pela possibilidade de o próprio credor, pelas próprias forças obter a satisfação do crédito, surge apenas quando fica evidenciado que o cumprimento voluntário não irá ocorrer. Neste momento, é possível falar em ação de direito material. Atenção: O Estado proíbe a auto-tutela. O titular do direito violado pode se dirigir a ele através do exercício do direito de ação e pleitear a prestação jurisdicional. Não se pode afirmar que a ação de direito material desapareceu, uma vez que, certas situações permitem a atuação do próprio titular do

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Page 1: Resumo de Processo Civil

Processo Civil

Resumo:

(Carlyle)

Ação:

Qualquer um pode exercer o direito de ação.

O simples fato de se dirigir ao poder judiciário para pleitear a atividade jurisdicional, já caracterizaria o direito de ação.

Trata-se da garantia de um processo, no qual todos os requisitos de existência e desenvolvimento devem ser devidamente observados, para que tanto autor como réu tenham oportunidade de se manifestar no curso do processo, com o objetivo de apresentar todas as alegações e provas que possam auxiliar o juiz na formação do seu convencimento.

Qualquer pessoa, possuindo o direito ou não, pode se dirigir ao judiciário e requerer a prestação da atividade jurisdicional, porém a tutela só será prestada se presentes os requisitos necessários ao exame do mérito da causa ( pressupostos processuais e condições da ação).

Sempre que a palavra ação for utilizada no sentido de exercício concreto do direito de ação, estamos falando de demanda. A ação é abstrata, a demanda é concreta.

Pretensão – Possibilidade de se exigir o cumprimento da obrigação.

Prescrição – É a perda do direito de exigir a pretensão. O que prescreve é a pretensão.

Uma nova fase da obrigação, caracterizada pela possibilidade de o próprio credor, pelas próprias forças obter a satisfação do crédito, surge apenas quando fica evidenciado que o cumprimento voluntário não irá ocorrer. Neste momento, é possível falar em ação de direito material.

Atenção: O Estado proíbe a auto-tutela. O titular do direito violado pode se dirigir a ele através do exercício do direito de ação e pleitear a prestação jurisdicional.

Não se pode afirmar que a ação de direito material desapareceu, uma vez que, certas situações permitem a atuação do próprio titular do direito na defesa de seus interesses, mas ela teria ficado esvaziada pela possibilidade de ajuizamento da ação processual.

O processo se inicia após o exercício da ação processual.

A pretensão processual é o conteúdo da ação processual. Em regra, ela equivale à pretensão de direito material.

O fato é que o autor não tem direito de receber mais do que a pretensão de direito material lhe possibilita pedir em juízo (A pretensão de direito processual é limitada pela de direito material).

Condições para o regular exercício do direito de ação:

Legitimidade ad causam – É a legitimidade para aquela causa específica que será examinada pelo juiz. É na relação jurídica de direito material que será possível constatar o vínculo do autor e do réu com o alegado direito, a fim de se definir pela procedência ou improcedência do pedido.

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Legitimidade ad processum – É a legitimidade para figurar em qq processo, ou seja, para estar em juízo. Em regra, todas as pessoas físicas, jurídicas e formais possuem capacidade para estar em juízo, desde que não precisem de assistência ou representação.

Outra classificação importante:

Legitimidade ordinária – Quando alguém, em nome próprio, defende interesse próprio.

Legitimidade extraordinária – Quando alguém em nome próprio defende interesse alheio. Não é representação, uma vez que ele defende em nome próprio e não em nome de outrem aquele direito. Ex: MP propõe ação de investigação de paternidade. Ele não é o titular do direito e nem pode ser considerado representante do menor, mas a lei atribui a ele a legitimação extraordinária.

Possibilidade jurídica do pedido – É possível a existência de pedido que não encontra previsão legal; a impossibilidade significa que o pedido é proibido pela lei.

Interesse de agir:

Interesse-necessidade – Necessidade do provimento jurisdicional, ou seja, quando não há outro meio para obter a proteção do suposto direito senão através da atividade jurisdicional.

Interesse-adequação – Necessidade de pleitear a atividade jurisdicional utilizando a forma adequada.

Interesse-utilidade – A utilidade da medida será aferida pela possibilidade de se conceder ao interessado um resultado mais vantajoso do que aquele que o mesmo já possui.

Presentes as condições da ação, o juiz determina o prosseguimento da causa com o início da fase instrutória.

O juiz pode examinar a presença ou não das condições da ação a qq momento e em qq grau de jurisdição.

Posição tradicional – Independentemente do momento em que for verificada a ausência de alguma das condições da ação, o juiz deverá extinguir o processo sem a resolução do mérito.

Posição dominante – Não há necessidade de provar as condições da ação quando do ajuizamento da inicial. Caso estas fossem necessárias, estaríamos tratando de mérito, pois a produção dessas provas ocorreria na fase de instrução probatória.

Elementos da ação ou da demanda:

Partes

Pedido

Causa de pedir

Partes – Em sentido formal são as que figuram no pólo ativo e no pólo passivo da demanda, pouco importa se são partes legítimas ou não. Em sentido material, é o titular da relação jurídica de direito material deduzida em juízo.

A questão da parte ser legítima ou não é condição da ação, cuja verificação ocorrerá posteriormente.

Page 3: Resumo de Processo Civil

Partes na demanda – Aqueles que, desde o momento da propositura da demanda, constam na inicial, autor (s) e réu (s).4

Partes no processo – O autor é parte no processo desde o início, mas o réu só se torna parte no processo quando é citado, por que antes o réu é parte só na demanda. Esse conceito abrange o assistente, o opoente, o denunciado, o chamado, etc.

Pedido – Pode ser:

Imediato – É o que a demanda vai propiciar ao autor, a sentença de procedência.

Mediato – É o bem da vida (o bem econ.) que se deseja obter indiretamente através do provimento jurisdicional favorável.

Causa de pedir:

Teoria da substanciação (dominante na doutrina) – Afirma que o conteúdo da causa de pedir é formado pelos fatos e fundamentos jurídicos apresentados pelo autor.

Com base nesses fatos, o juiz poderá qualificá-los juridicamente e eventualmente atribuir-lhes as conseqüências jurídicas pleiteadas pelo autor.

A causa de pedir pode ser:

Remota – São os fatos constitutivos do direito do autor (fatos relatados pelo autor na inicial)

Próxima – São os fundamentos jurídicos (violação da norma legal pelo réu e que ocasiona o direito à prestação jurisdicional)

A causa de pedir pode ser ainda:

Simples – Composta apenas por uma causa de pedir que dará ensejo a um pedido.

Composta – 2 ou + causas de pedir fundamentam um pedido.

Complexa – Há 2 ou + causas de pedir dando ensejo a 2 ou + pedidos.

Atenção: A alteração de qualquer dos elementos da demanda (partes, pedido ou causa de pedir) enseja o surgimento de uma nova demanda, distinta daquela que foi proposta.

Obs: O litisconsórcio é uma das espécies de cumulação subjetiva.

Quando em um único processo existem 2 ou + litígios a serem resolvidos, diz-se que a hipótese é de processo cumulativo. A cumulação pode ser subdividida em:

Cumulação inicial ou originária – Quando o autor formula mais de um pedido através da mesma demanda.

Cumulação sucessiva ou ulterior – A cumulação ocorre no bojo de um processo já pendente, através da inserção de novas pretensões pelas partes ou terceiros.

A doutrina faz a seguinte divisão:

Cumulação objetiva – Casos em que são formulados vários pedidos ou efeitos jurídicos;

Cumulação causal – Apesar da identidade de partes e de pedido, este último encontra-se amparado por + de uma causa de pedir;

Page 4: Resumo de Processo Civil

Cumulação subjetiva – Presença de + de 2 sujeitos no litígio. Ex: litisconsórcio, que pode ser ativo, passivo ou misto, de acordo com o pólo em que se encontra a pluralidade das partes.

A reunião de causas conexas são classificadas como hipóteses de cumulação sucessiva.

A reunião de causas conexas poderá ser realizada por iniciativa das partes (voluntária) ou até mesmo por determinação ex officio do juízo.

Cumulação em sentido estrito – Possibilidade de que as pretensões sejam conhecidas e julgadas independentemente uma da outra.

Cumulação de pedidos em sentido estrito – Possibilidade de o autor formular 2 ou + pedidos, bem como 1 pedido com 2 ou + objetos mediatos, sendo que, ao final, caso saia vitorioso, receba apenas um dentre eles.

Cumulação simples – O acolhimento de um pedido não depende do acolhimento ou da rejeição de outro.

Cumulação sucessiva – O acolhimento de um pedido depende do acolhimento de outro. Ex: Ações de investigação de paternidade e de alimentos.

Cumulação eventual/subsidiária – O autor pode formular um pedido para ser conhecido somente na eventualidade da rejeição de outro (que é o principal).

Cumulação alternativa – Quando a pluralidade não é de pedidos propriamente ditos, mas sim de objetos do pedido.

Obs: Requisitos de admissibilidade da cumulação – Parágrafos 1º e 2º do art. 292 do CPC.

Atenção: Quando para cada pedido corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário.

A incompatibilidade de pedidos é causa de inépcia da inicial.

Ações constitutivas necessárias – Em casos específicos, certas relações jurídicas só podem ser criadas, modificadas ou extintas através do ajuizamento de uma demanda. Nesses casos a sentença passa a produzir efeitos imediatamente, embora possua natureza constitutiva e ainda não tenha transitado em julgado. Em sua grande maioria retratam hipóteses de jurisdição voluntária, mas também podem abranger casos típicos de jurisdição contenciosa, como a ação rescisória de sentença, a separação litigiosa, etc.

Nessas hipóteses seria dispensável o exame do interesse na propositura da demanda.

Procedimento:

Será composto de 5 elementos estruturais: Demanda, citação, resposta, instrução e sentença.

Procedimento comum – se divide em: Ordinário e sumário

Procedimento especial – se divide em: Jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária

As partes não podem convencionar sobre normas procedimentais, por que são de natureza cogente, ou seja, de ordem pública. É a lei que define o procedimento cabível.

Page 5: Resumo de Processo Civil

Exceção apontada por Alexandre Câmara: Quando defende a possibilidade de a parte escolher o procedimento cabível no caso de procedimento monitório.

Art. 277, parágrafo 4º do CPC – O juiz, na audiência, decidirá de plano a impugnação ao valor da causa ou a controvérsia sobre a natureza da ação, determinando, se for o caso, a conversão do procedimento sumário para o ordinário.

Parágrafo 5º - A conversão também ocorrerá quando houver necessidade de prova técnica de maior complexidade.

Procedimento comum ordinário – Se subdivide em 4 fases: Postulatória, ordinatória, instrutória e decisória.

Postulatória – Abrange 3 elementos estruturais: A demanda, a citação e a resposta.

Presentes os requisitos da Petição Inicial, o juiz irá determinar a citação do réu.

Terminado o prazo de resposta, ajuizada a resposta ou não, inicia-se a 2ª fase do procedimento, a fase ordinatória, ou de saneamento.

Ordinatória – Realização de atos inquisitórios pelo juiz. A realização é ex officio, e a finalidade é a de evitar o surgimento ou a propagação de nulidades do processo, permitindo assim, que ele possa ter o mérito julgado.

Esses atos são chamados de providências preliminares, e são 3:

1) Caso o réu, na resposta, alegue fato novo de natureza impeditiva, modificativa ou extintiva do direito do autor, ou suscite alguma das preliminares do art. 301 do CPC, o juiz abrirá vista ao autor para réplica no prazo de 10 dias. Então, a réplica é uma providência preliminar que não é cabível em qualquer caso de contestação, mas sim quando possuir como objeto alguma das matérias mencionadas no art. 326 e 327 do CPC.

2) A 2ª providência preliminar é aquela através da qual o juiz irá determinar as partes que especifiquem as provas que pretendem produzir. Somente após a juntada da Contestação e do seu exame pelo juiz é que se pode indicar quais alegações dependem de provas, bem como quais delas são aptas a demonstrar a respectiva veracidade.

3) A última providência preliminar é aquela através da qual o juiz irá suprir as omissões eventualmente existentes e sanar eventuais nulidades que possa corrigir de ofício.

Realizadas tais providências preliminares, o processo poderá estar em condição de imediato julgamento (julgamento conforme o estado do processo).

No caso de matéria de direito e de fato não há necessidade de produção de provas em audiência, o caso será de julgamento antecipado da lide (espécie de julgamento conforme o estado do processo).

Não sendo hipótese de julgamento conforme o estado do processo, o juiz deverá prosseguir na causa, determinando, se for o caso, a realização da audiência preliminar (art. 331 do CPC). Realizada ou não esta audiência, o juiz deverá fixar os pontos controvertidos, decidir as questões processuais que estejam pendentes, determinar as provas que devam ser produzidas e, caso seja necessário, designar data para realização da AIJ.

Page 6: Resumo de Processo Civil

Instrutória – É o momento em que as provas deverão ser produzidas, a fim de servirem de base para a formação do convencimento judicial. Nesta fase, também são admitidos, de acordo com o juiz, a apresentação de alegações finais das partes, também chamadas de memoriais.

Funções da Petição Inicial:

1) Provocar o início do processo, com a apresentação da pretensão do autor ao Estado-juiz.

2) Identificar a demanda, uma vez que, a Petição Inicial expõe os elementos que a compõe: Partes, pedido e causa de pedir. Isso ocorre para impedir que outra de idêntico teor seja processada, podendo ocorrer litispendência (caso ambas estivessem em trâmite) ou coisa julgada (caso uma delas já tenha sido decidida com a formação da coisa julgada)

Requisitos da demanda – Art. 282, 283 e 39, I, do CPC.

Atenção: Os documentos indispensáveis não estão dentro da demanda e sim anexos à ela.

Requisitos formais da Petição Inicial = Aos requisitos formais exigidos para a prolação da sentença:

a) A demanda deve ser escrita, mesmo apresentada na forma oral, deverá ser reduzida a escrito

b) A demanda deverá ser redigida em vernáculo (língua portuguesa)c) A demanda deve ser assinada

Efeitos da demanda:

1) Delimitar o objeto litigioso do processo, restringindo a atuação do órgão jurisdicional.

2) Caracterizar a ocorrência de litispendência ou coisa julgada: Somente pelo exame da 1ª demanda e em sequência após o exame da demanda que com ela se confronta, é possível verificar se é caso de coisa julgada ou litispendência.

Obs: As demandas são conexas, comuns, quanto ao pedido ou causa de pedir.

3) Auxiliar na definição de competência. Ex: se será encaminhado para o juizado ou para a Justiça Federal.

4) É o de identificar eventual carência da ação. É analisando a demanda que será possível verificar se a parte é legítima ou não, se tem interesse ou não, se o pedido é juridicamente possível ou não.

Citação:

Dar conhecimento ao réu da existência de uma demanda contra ele proposta, bem como do seu respectivo teor.

Tornar o réu parte no processo. Até então, o réu era somente parte na demanda.

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Atenção: O processo existe e é válido, mesmo que não tenha sido realizada a citação, como nos casos de indeferimento da PI e nos casos em que a parte comparece espontaneamente, suprindo a eventual ausência de citação.

Efeitos da citação:

Processuais:

1) Torna litigiosa a coisa2) Induz litispendência3) Torna prevento o juízo.

Materiais:

1) Constitui em mora o devedor2) Interrompe a prescrição3) Obsta a decadência

Atenção: O despacho do juiz que ordenar a citação acarreta a interrupção da prescrição.

Revelia – Ausência de Contestação por parte do réu. Se o réu reconvém, mas não contesta, ele será considerado revel, não obstante esteja atuando no pólo passivo da reconvenção.

Revelia formal – Ocorre quando o réu não comparece, não contesta, ou quando, apesar de contestar, o faz intempestivamente.

Revelia material – É aquela em que apesar de o réu contestar, não realiza a impugnação específica dos fatos afirmados pelo autor, o que implica a presunção relativa de que são verdadeiros.

Efeitos processuais da revelia:

1) Induz o julgamento antecipado da lide2) O réu não é mais intimado dos atos processuais

Atenção: É pacífico o entendimento de que se o réu revel ingressa espontaneamente no processo, ele volta a ser intimado.

Art. 320, I, II e III do CPC – Nesses casos, o réu é considerado revel, mas os efeitos da revelia não se produzem. Se o réu revel ingressa nos autos, volta a ser intimado normalmente.

Revelia ulterior:

1ª hipótese – Art. 13 , II do CPC – Nesse caso, o réu já está participando do processo no pólo passivo, ou seja, ele já contestou, mas existe um vício no que diz respeito à sua capacidade processual ou em sua representação. Diante disso o juiz determinará ex officio que ele providencie a regularização de tais vícios (processo fica suspenso durante o prazo concedido pelo juiz até a regularização do vício). Decorrido o prazo sem o respectivo cumprimento da determinação, ele será considerado revel de acordo com a lei.

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2ª hipótese – Art. 265, parágrafo 2º do CPC – Caso de falecimento do Procurador de qq das partes. Nesse caso, o réu a princípio não era revel, mas se ele não providenciar a regularização de sua representação processual no prazo de 20 dias, ele passará a ser considerado revel, e o processo prosseguirá. Se o autor não nomear novo mandatário dentro do prazo, o juiz extinguirá o processo sem o julgamento do mérito.

3ª hipótese – Art. 265 parágrafo 1º do CPC – Caso de morte da própria parte. Nesses casos deverá ser realizada a habilitação dos sucessores junto ao juízo ou o ingresso do espólio no pólo passivo da demanda, sob pena da parte ré passar a ser considerada revel.

Resposta do Réu:

Art. 297 do CPC – São 3 as espécies de resposta:

Contestação, exceção e reconvenção.

2 regras importantes sobre prazo:

1ª – O prazo de resposta se inicia após esgotado todo o procedimento citatório – Art. 241 do CPC.

2ª – No caso de litisconsórcio passivo, havendo vários réus, o prazo de resposta tem início sempre ao mesmo tempo. O prazo pode não terminar no mesmo momento, mas se inicia no mesmo momento.

O prazo de resposta é de 15 dias, em regra. Quando for prazo para a Fazenda Pública e MP, o prazo de resposta é contado em quádruplo (art. 188 do CPC). No caso de litisconsortes com diferentes procuradores, o prazo é contado em dobro. Quanto a Defensoria Pública, o prazo para responder é contado em dobro.

Contestação – O réu irá apresentar todas as alegações defensivas que possui, exceto aquelas que venham a ser objeto de resposta específica. Se houver necessidade de reconvir, deve-se fazer no mesmo momento em que apresentar a Contestação (em peças autônomas).

A questão da simultaneidade só alcança a Contestação e a Reconvenção, as demais combinações não são abrangidas por essa simultaneidade.

Obs: Nos pedidos contrapostos, o réu exerce o seu direito de ação, formulando pedidos em face do autor na própria Contestação.

Conteúdo da Contestação:

Defesas Processuais – A finalidade é impedir o julgamento de mérito da causa. Arts. 301 e 267 do CPC.

Defesas de mérito – A finalidade é discutir o mérito da causa, ou seja, a própria relação jurídica de direito material. Subdivide-se em:

Defesa de mérito direta – O réu nega a ocorrência dos fatos constitutivos do direito do autor.

Defesa de mérito indireta – O réu não nega os fatos constitutivos do direito do autor, mas apresenta outros contrários, que são impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor.

Page 9: Resumo de Processo Civil

Fatos impeditivos – ex: Quando é alegada a incapacidade de alguma das partes para a realização do ato.

Fatos modificativos – ex: Quando é alegado o pagamento parcial, compensação, etc.

Fatos extintivos – ex: Quando é alegada a prescrição, o pagamento total,...

Princípio da eventualidade – A Contestação é o momento em que o réu deve alegar todas as matérias de defesa. Mesmo que aparentemente contraditórias, devem possuir algum respaldo, sob pena de incidir em litigância de má-fé.

Exceção ao Princípio da eventualidade – Art. 303 do CPC:

I – Relativas a direito superveniente – É aquele que surge após a Contestação ou aquele que já existia, mas que era desconhecido por parte do réu

II – Matéria de ordem pública pode ser alegada em qq momento e grau de jurisdição, pq ela pode ser conhecida de ofício pelo juízo. Diante disso, a questão de ordem pública não precisa necessariamente ser alegada na Contestação.

III – Alegações que por expressa autorização legal puderem ser formuladas em qq tempo e juízo.

O réu apresenta em juízo a Contestação, mas não realiza a impugnação específica dos fatos – Esses são presumidos como verdadeiros.

Exceção – Art. 302 do CPC:

I – Trata dos direitos indisponíveis (que não admitem confissão). A confissão realizada por um dos litisconsortes somente produz efeitos se todos os outros concordarem.

II – Falta do instrumento público. Faltando essa prova, os fatos não serão presumidos como sendo verdadeiros.

III – Havendo contradições de tais alegações com o conjunto da defesa, apesar de o réu não ter realizado a impugnação específica dos fatos, a sua defesa, no conjunto, permite ao juiz verificar uma certa resistência ao que foi afirmado pelo autor.

Atenção: O advogado dativo, a Defensoria Pública, o curador especial e também o MP estão excepcionados dessa regra, uma vez que, não precisam realizar a impugnação específica dos fatos.

Exceção - É um incidente processual através do qual o réu argui determinadas alegações defensivas, tais como a incompetência relativa, o impedimento e a suspeição.

Exceção # objeção:

Objeção – É uma defesa que pode ser alegada pela parte, mas que também pode ser conhecida de ofício pelo juiz.

Exceção estricto sensu – É matéria de defesa que somente pode ser alegada pelas partes.

O impedimento e a suspeição dizem respeito a pessoa do juiz, já a incompetência relativa é do foro.

A incompetência relativa e a suspeição devem obrigatoriamente chegar aos autos através da exceção, mas o impedimento pode vir na preliminar da Contestação.

Page 10: Resumo de Processo Civil

Se o réu alegar impedimento, suspeição e incompetência relativa, em que ordem devem ser examinadas essas 3 matérias:

1º - Impedimento – O mais grave dos vícios. Se o juiz for impedido nem examina a questão da incompetência.

2º - Suspeição – Não adianta examinar a incompetência se o juiz for suspeito.

3º - Incompetência relativa – Será a última a ser examinada.

Pode o autor ingressar com a exceção de impedimento, bem como com a suspeição. Já com a exceção de incompetência relativa, o autor não poderá ingressar, pois foi ele quem ajuizou a demanda perante aquele juízo.

O momento para se ingressar com a exceção é no prazo de resposta. É possível ingressar depois com a exceção de impedimento e de suspeição. Nesse caso, o momento adequado será no prazo de 15 dias, a contar da data em que se toma conhecimento do fato que origina o impedimento ou a suspeição do juiz.

Atenção: O prazo em quádruplo quando a parte for a Fazenda Pública ou o MP é para responder, e em dobro para recorrer e não para contra-razoar.

Reconvenção – É a demanda proposta pelo réu, no prazo de resposta, em face do autor, utilizando-se do mesmo processo no qual é demandado, desde que conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.

A Reconvenção acarretará a ampliação do objeto do processo. Antes só havia o pedido do autor em face do réu, agora existe um contra-ataque, ou seja, um pedido do réu em face do autor, feito por meio de uma nova demanda.

Requisitos para a Reconvenção:

1º - O juízo deve ser competente para o exame da ação principal e da Reconvenção. Se o juiz for incompetente para o exame da reconvenção, deve indeferir a inicial da reconvenção. Não vai extinguir o processo com ou sem resolução do mérito, apenas não vai permitir que a reconvenção prossiga aqui, mas o processo prossegue com a causa principal. É uma decisão interlocutória sujeita a agravo, embora o conteúdo seja de sentença.

2º - Que haja compatibilidade entre os procedimentos da ação principal e da reconvenção. Deve ser possível processá-las em conjunto.

3º - A ação principal deve estar pendente.

4º - A reconvenção deve ser conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.

A reconvenção é uma nova ação do réu em face do autor. Se é uma nova ação, o autor poderá responder, ele pode contestar a reconvenção e pode excepcionar (impedimento e suspeição), só não pode propor exceção de incompetência relativa, pq já foi prorrogada a competência através da demanda principal.

O autor poderá reconvir da reconvenção, desde que alegue como pedido algo que não poderia ter pleiteado na ação principal. Isso pq se pudesse ter pleiteado na ação principal, teria ocorrido a preclusão consumativa. Poderá reconvir desde que o pedido que faça seja conexo com a ação principal ou com o fundamento da defesa, e também desde que não pudesse ter feito esse pedido na principal.

Page 11: Resumo de Processo Civil

O requerimento de incompetência absoluta pode ser realizado na reconvenção. Já o requerimento de incompetência relativa não pode ser feito na reconvenção, uma vez, que houve prorrogação da competência na demanda principal.

A reconvenção não é cabível nos Embargos à Execução, nos Juizados especiais e no procedimento sumário, já que nestes dois últimos há previsão de que o réu possa formular pedidos contrapostos, e nos embargos, a finalidade específica daquela demanda não permite o ajuizamento da reconvenção por parte do embargado.

Admite-se reconvenção na rescisória, desde que o pedido na reconvenção seja a rescisão por outro motivo que não aquele que consta na demanda principal.

Súmula 292 do STJ – É cabível reconvenção na ação monitória, após a conversão do procedimento em ordinário.

Em determinados procedimentos especiais poderá ocorrer a conversão de procedimento especial em procedimento ordinário. Nessas hipóteses seria cabível a reconvenção, nos termos do decidido pelo STJ quanto à ação monitória.

Posição majoritária – Se ingressar com reconvenção e não contestar será caso de revelia.

Não é possível ingressar com a contestação depois da reconvenção, sob pena de preclusão consumativa. Deve-se ingressar com as 2 juntas.

A decisão que indefere liminarmente a reconvenção, continua a ser considerada decisão interlocutória, sendo cabível para impugná-la o recurso de agravo de instrumento.

Suspensão do Processo:

Os motivos da suspensão devem estar previstos na lei.

Durante a suspensão nenhum ato pode ser praticado, salvo os urgentes (art. 266 do CPC).

A suspensão pode ser:

Própria – O processo é suspenso integralmente, paralisado como um todo; são as hipóteses do art. 265 do CPC (com exceção do inciso III e IV, b).

Page 12: Resumo de Processo Civil

Imprópria – Há ilusão de paralisação do processo. É o caso do art. 265, III do CPC (quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da Câmara ou do Tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz). Existe o processo principal, a exceção de incompetência, a exceção de impedimento e a exceção de suspeição autuadas em apartado. A exceção que faz parte do processo como um todo, segue normalmente, mas só o processo principal é suspenso.

Parcial – Abrange a suspensão imprópria. Abrange o caso em que a sentença de mérito não pode ser proferida senão depois de verificado determinado fato ou de produzida certa prova requisitada a outro juízo. (art. 265, IV, b, CPC).

Posição dominante – Morte da parte. O advogado atua nessa hipótese como curador especial. Nesse caso a parte morre e o juiz continua a AIJ com o advogado, pq com a morte da parte extingue-se o mandato. No entanto, o procurador já constituído continua como curador especial.

Doutrina majoritária – É possível pedido de suspensão por convenção das partes no processo cautelar, mesmo que haja o fumus boni iuris e o periculum in mora, sob o fundamento de que ninguém melhor do que as partes para decidir sobre a urgência do provimento jurisdicional.

O juiz pode examinar a legalidade dessa convenção. Sendo ela legal, o juiz é obrigado a aceitá-la.

Mesmo que já tenha se iniciado a AIJ, com a morte do advogado do autor, este deverá nomear novo mandatário no prazo de 20 dias, sob pena de extinção do processo. Se morrer o advogado do réu, o mesmo deverá nomear novo mandatário no prazo de 20 dias, sob pena de revelia (revelia ulterior) e o processo continuará.

Atenção: Mesmo que o direito seja indisponível as partes podem decidir pela suspensão do processo.

Atenção: A suspensão convencionada não pode ocorrer no curso do prazo peremptório, deve-se aguardar o decurso deste.

Atenção: Quando se tratar de direitos personalíssimos, intransmissíveis, não haverá suspensão do processo, mas sua extinção.

A suspensão do processo por convenção das partes não poderá ultrapassar 6 meses (art. 265, parágrafo 3º do CPC).

Art. 265, IV, a, do CPC – Hipótese de suspensão prejudicial. Ocorre a suspensão do processo por força de outra demanda.

Obs: A questão prejudicial de um processo deve ser o objeto principal de outro processo.

Ex: Uma ação de alimentos e outra de investigação de paternidade. A questão da paternidade é uma questão de direito material autônoma, mas que deve ser solucionada antes do pedido de alimentos, razão pela qual recebe a qualificação de prejudicial. Logo, essa paternidade já é objeto principal de outra demanda, correndo em outra vara. O juiz verifica se as causas estão em uma fase processual semelhante. Com isso, ele poderá suspender o andamento do processo que trata de alimentos, com o intuito de aguardar o julgamento da investigação da paternidade, objeto principal da outra demanda.

Page 13: Resumo de Processo Civil

Nesses casos, a suspensão poderá perdurar por 1 ano (art.265, parágrafo 5º do CPC). Não significa que vai perdurar por 1 ano, as partes podem requerer a continuidade do processo se entenderem estar ocorrendo uma demora excessiva.

Considera-se o processo suspenso a partir da decisão judicial que suspende o mesmo.

Para que ocorra a suspensão do processo com base no art. 265, IV, b, CPC, a prova requerida a outro juízo deve ser pleiteada até o saneamento do processo e deve ser imprescindível para o julgamento da causa.

Atenção: Se a referida carta precatória ou rogatória for REQUERIDA até o saneamento do processo e a prova nela pleiteada for imprescindível ao julgamento do mérito da causa, suspende-se o processo, AINDA QUE A CARTA SEJA EXPEDIDA DEPOIS. A expedição da carta precatória para outro juízo não paralisa o processo, o que ocorre é a suspensão da prolação da sentença enquanto não for devolvida a carta cumprida. Haverá a fase de instrução enquanto a carta estiver sendo processada em outro juízo.

A suspensão do processo para aguardar a devolução da carta precatória expedida deve durar no máximo 1 ano, caso não seja devolvida no prazo, o juiz pode dar seguimento e prolatar a sentença de mérito (art. 265, parágrafo 5º do CPC).

Art. 265, IV, CPC:

a - Suspende-se o processo quando a sentença de mérito depender do julgamento de outra causa ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua objeto principal de outro processo pendente.c – Suspende-se o processo quando a sentença de mérito tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente.

A diferença entre a alínea “a” e a alínea “c”, é que na “a” a questão prejudicial é objeto principal da outra demanda, enquanto que na alínea “c” a questão prejudicial é também questão prejudicial em outro processo.

O juiz que suspendeu o processo para tentar evitar que houvesse contradição, pode entender que a decisão da questão prejudicial do outro processo está equivocada. A decisão da questão prejudicial não faz coisa julgada, por isso não vincula o juiz. Com intuito de evitar posterior contradição, a parte pode ajuizar ação declaratória incidental, com o objetivo de que a questão prejudicial seja julgada como ação, fazendo coisa julgada. Havendo julgamento do mérito nesse processo, far-se-á coisa julgada, vinculando o juiz àquela decisão.

Não há fundamento legal para a suspensão do processo devido a ocorrência de Inquérito Policial. O IP não está no rol do art. 265 do CPC. Porém, se houver um processo penal, o juiz Poe suspender o processo pelas alíneas a e c. Há como suspender o cível para aguardar o criminal e vice-versa.

A questão de força maior de que trata o inciso V do art. 265 do CPC, só abrange os fatos insuperáveis, aqueles em que a parte não tem como superar (enchentes, avalanches...); se era previsível ou não, pouco importa.

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Extinção do Processo:

O art. 267 do CPC trata da extinção do processo sem exame do mérito. São as chamadas sentenças terminativas.

O art. 269 do CPC trata das hipóteses de sentença definitiva, em que há o julgamento do mérito, ou seja, o julgamento da relação jurídica de direito material levada à juízo. (ex: incisos I e IV)

Atenção: Nos incisos II, III e IV do art. 269 do CPC não haverá julgamento de mérito propriamente dito, haverá uma homologação. Por isso são chamadas de sentenças de mérito impróprias ou impuras.

A extinção do processo sem julgamento do mérito ocorre quando o processo possui algum vício. Nos casos de extinção do processo sem resolução do mérito, há a possibilidade de a mesma relação jurídica de direito material ser objeto de nova demanda, a fim de que venha a ser decidida pelo juiz, e desde que corrigido o vício que existia no 1º processo.

O único caso em que essa correção não será necessária se encontra no art. 267, V do CPC, pois nos casos de litispendência e coisa julgada, a relação jurídica de direito material já é objeto de outra demanda que está em curso ou que já foi julgada. No caso da perempção, o abandono do autor em 3 oportunidades lhe impede de ajuizar novamente aquela mesma demanda.

Regra – Indeferimento da petição inicial extingue o processo sem resolução do mérito.

Exceção – Indeferimento da petição inicial em virtude da decadência. Nesse caso há o exame do mérito.

Pode ocorrer ainda que uma decisão com base no art. 267, I, do CPC não seja uma sentença propriamente dita, mas sim uma decisão interlocutória. Ex: Indeferimento da petição inicial em relação à autores que excederam um número razoável de litisconsortes ativos. O processo não é extinto, ele prosseguirá em relação aos demais autores que não foram excluídos. Diante disso, não será uma sentença, mas sim uma decisão interlocutória.

Art. 267, II, do CPC – O decurso do prazo de 1 ano por negligência das partes não acarreta automaticamente a extinção do processo. Antes de extinguí-lo, o juiz deverá intimar pessoalmente as partes para que no prazo de 48 horas realizem o ato processual. Somente no caso de descumprimento, a extinção ocorrerá.

Art. 267, III, do CPC – Abandono unilateral do processo por parte do autor.

Súmula 240 do STJ – A extinção do processo por abandono de causa pelo autor dependerá de requerimento do réu.

Atenção: Se o abandono da causa se der antes da resposta do réu, o juiz pode de ofício extinguir o processo. Somente depois de apresentada a resposta do réu, será necessário o requerimento de extinção de sua parte, visto que ele pode ter interesse em obter uma sentença de mérito que declare a improcedência do pedido do autor.

Atenção: De acordo com a corrente majoritária, o assistente simples pode pleitear a extinção do processo pq ele tem os mesmos poderes do assistido.

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Art. 267, IV, do CPC – Trata dos pressupostos processuais. Se a irregularidade na capacidade processual for com relação ao autor, e este não suprir o vício, o processo deverá ser extinto. Se a irregularidade na capacidade processual for com relação ao réu, o processo não será extinto sem resolução do mérito, deverá prosseguir com o réu revel.

Atenção: Não são todos os pressupostos processuais que irão acarretar a extinção do processo. Alguns como a incompetência absoluta, implicam a remessa dos autos ao juízo competente. A suspeição e o impedimento do juiz acarretam a remessa dos autos ao juiz substituto de acordo com a lei ou o regimento interno.

Art. 267, V, do CPC – Perempção – É a proibição de ajuizar novamente a mesma demanda quando ela já tiver sido extinta por abandono unilateral (do autor) em 3 processos anteriores.

Atenção: Essas extinções não devem ser seguidas, mas tão-somente com base no abandono unilateral.

A perempção faz com que a matéria possa ser alegada em defesa, ou seja, quando o autor não puder mais ajuizar outra demanda para pleitear o direito material, poderá alegá-la em defesa, como exceção (art. 268, parágrafo único do CPC).

Litispendência – Demandas idênticas (mesmas partes, mesmo pedido e mesma causa de pedir) tramitando.

Coisa julgada – O pedido formulado em uma demanda já foi julgado. A decisão do juiz sobre aquela relação jurídica de direito material se tornou imutável, impedindo sua propositura em outra demanda.

No caso de perempção existe um processo que repete as mesmas partes, pedido e causa de pedir de outros já ajuizados anteriormente, mas estes foram extintos com base no art. 267, III, do CPC, o que impede o prosseguimento daquela demanda em virtude da perempção. Então, esse processo será extinto sem a resolução do mérito.

Na Litispendência existe um processo que possui as mesmas partes, pedido e causa de pedir de outro que está em curso e é mais antigo. Como já existe processo idêntico em trâmite, o mais novo deverá ser extinto sem resolução do mérito.

Na coisa julgada foi ajuizada uma demanda que possui as mesmas partes, pedido e causa de pedir de outra que já teve seu trânsito em julgado, ou seja, já existe decisão sobre aquela relação jurídica de direito material. É necessário extinguir o processo sem resolução do mérito, em virtude da existência de coisa julgada. A coisa julgada a que se refere o inciso V do art. 267 é a coisa julgada material, pois somente esta espécie de coisa julgada impede a propositura de uma nova demanda acerca da mesma relação jurídica.

Art. 267, VII, do CPC – Extingue-se o processo sem resolução do mérito pela convenção de arbitragem. A convenção de arbitragem não pode ser examinada de ofício pelo juiz, sendo imprescindível sua alegação pela parte interessada. Trata-se de uma exceção ao fato de que as preliminares processuais do art. 301 do CPC podem ser examinadas de ofício.

Art. 267, VIII, do CPC – Desistência da ação. É ato unilateral do autor até o decurso do prazo para resposta. Decorrido esse prazo, passa a ser uma ato bilateral, pq o réu deverá concordar.

Atenção: A doutrina e a jurisprudência tem entendido que o limite para essa desistência unilateral não é o decurso do prazo para a resposta, mas sim o oferecimento da resposta. Isto pq se o réu for revel ou não responder, o autor poderá desistir unilateralmente da demanda.

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Art. 267, X, do CPC – Confusão entre autor e réu geram extinção do processo sem exame do mérito. Ocorre quando no curso do processo ficam atribuídas a mesma pessoa as qualidades de credor e devedor.

Art. 269, II, do CPC – Quando o réu reconhecer a procedência do pedido do autor, extingue-se o processo com resolução do mérito.

Atenção: O reconhecimento do pedido do autor é uma ato unilateral particular do réu e não pode vincular o Estado-juiz. O juiz deve verificar as demais provas e alegações das partes para saber se o autor tem razão ou não ao pedido formulado. Se o juiz considerar que o autor tem razão, homologará o reconhecimento da procedência do pedido pelo art. 269, II, do CPC.

Art. 269, III, do CPC –Quando as partes transigirem. A transação é um negócio jurídico através do qual, em virtude de concessões mútuas, o litígio eventualmente existente entre as partes é solucionado.

A transação é espécie do gênero conciliação. O reconhecimento da procedência do pedido e a renúncia ao direito sobre o qual se funda a ação, também são espécies de conciliação nas quais não há qq transação.

Art. 269, IV, do CPC – A decadência ou caducidade é a perda do direito potestativo em razão do seu não exercício no prazo legal ou contratualmente estabelecido. A decadência, mesmo a convencional (não conhecível ex officio pelo juiz) é ato que pode ser alegado e examinado a qq tempo e grau de jurisdição. O reconhecimento da decadência implica decisão de mérito.

Obs: Decisão que acolhe prescrição é decisão de mérito – Perda de eficácia da pretensão.

Art. 269, V, do CPC – Nesse caso, o autor está renunciando à própria pretensão de direito material. É renúncia ao próprio direito e não à ação.

Competência:

Competência em sentido abstrato – É o conjunto de atividades jurisdicionais atribuído a um órgão ou a um conjunto de órgãos pela Constituição e pelas leis.

Competência em sentido concreto – É a relação de adequação legítima entre o órgão jurisdicional (juiz) e a atividade por ele realizada.

Natureza jurídica – A competência é considerada uma preliminar dilatória, ou seja, ela não acarreta a extinção do processo sem julgamento do mérito, mas sim a sua remessa ao juízo competente por decisão de declínio de competência.

Art. 88 do CPC – Hipóteses de competência internacional concorrente.

A execução de sentença estrangeira no território nacional irá depender de sua homologação pelo STJ.

Art. 89 do CPC – Matérias de competência exclusiva da justiça interna, razão pela qual não importa se há ou não sentença sobre a causa proferida no exterior, pq ela não vai ser homologada perante a justiça nacional.

O termo foro deve ser entendido no sentido de comarca (justiça estadual) ou subseção judiciária (justiça federal), ou seja, o local onde a demanda deve ser proposta.

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Em regra é o CPC que vai guiar a busca pelo foro competente. Se a comarca for de juízo único, sabendo-se qual é a comarca, a busca termina neste momento, pq competente será este juízo.

A descoberta do juízo é delineada, em regra, pelas normas de organização judiciária.

Critérios de fixação da competência:

1) Critério objetivo: Abrange a competência em razão da matéria, em razão do valor da causa e em razão da pessoa (doutrina). Como a definição dessas 3 espécies diz respeito ao juízo no qual a demanda deverá tramitar, a competência será absoluta, não podendo as partes alterar a competência daquela vara para o julgamento da causa.

2) Critério funcional: É o critério de fixação de competência em que se tomam por base as funções exercidas pelo juiz no processo. O processo é um só, mas há atuação de vários juízes. Nesse caso há divisão em 2 hipóteses:

Competência funcional horizontal – Na qual os vários juízes que vão atuar na causa estão na mesma situação, ou seja, são do mesmo grau.Ex: Carta precatória expedida por juiz federal no RJ para que um juiz federal em SP cumpra determinado ato.

Competência funcional vertical – Vários juízes que vão atuar na causa estão em graus diferentes.Em regra, o juiz competente para executar sentença transitada em julgado é o mesmo juiz que a proferiu, pq nesse caso há uma mesma vontade de aplicação da lei.Outro exemplo é o da cautelar preparatória, em que o juiz competente para examiná-la, em tese, é o competente para examinar a principal. Então, nesses casos existe mais de um processo (processo cautelar e de conhecimento; de conhecimento e de execução), mas há uma mesma vontade de aplicação da lei.

Existe ainda uma outra classificação segundo a qual a competência funcional pode ser identificada:

Quanto as fases do procedimento – Nesta hipótese, a prática de um ato processual acarreta a competência absoluta deste mesmo juízo para a prática de outro ato processual anteriormente previsto. Nesta classificação Tb está abrangida a hipótese em que 2 ou + processos estão vinculados por uma mesma vontade da lei. Implica a atribuição de competência para o julgamento deste novo processo ao juiz que foi o competente para o julgamento do 1º.

Quanto ao grau de jurisdição – Essa classificação distingue a competência funcional em originária (ocorre quando é expressamente previsto em lei a supressão do 1º grau de jurisdição, devendo a demanda se ajuizada originariamente no tribunal) e recursal ou derivada (é aquela em que a lei atribui a órgãos de diferentes graus de jurisdição a competência para o julgamento dos recursos interpostos).

Quanto ao objeto do juízo – Ocorre quando em uma mesma decisão participam 2 ou + órgãos jurisdicionais. É o caso do incidente de uniformização de jurisprudência e da declaração incidental de constitucionalidade. Nesse caso, a Turma ou Câmara julga o recurso propriamente dito, mas o exame da constitucionalidade ou interpretação da lei é da competência do tribunal pleno.

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3) Critério territorial: Diz a regra que a competência territorial é definida pelo domicílio do réu, mas esta não é uma regra absoluta. Nos critérios objetivo e funcional o interesse público é o objetivo principal. Já no critério territorial o interesse público é minimizado, pq também se leva em conta o interesse particular.

Com base no interesse público e nas situações que podem surgir, poderemos distinguir casos de competência absoluta e casos de competência relativa.

Características da competência absoluta:

1) O legislador entende que aquela questão é de tal importância que seu exame não pode ser realizado em outro local que não aquele estabelecido pela lei.

2) Violação de competência absoluta deve ser declarada de ofício.3) Existe a possibilidade de alegação pelas partes em qq tempo e grau de jurisdição,

sendo que a lei estabelece a preliminar de contestação como o momento cabível para a alegação. Na fase dos atos executórios, a parte pode alegá-la através de exceção de pré-executividade ou também de simples petição.

4) As partes não podem dispor sobre essa competência, o que significa que é incabível a eleição de foro. Apenas cabe nos casos de competência relativa.

5) A última característica da competência absoluta é que os atos decisórios são nulos e a sentença pode ser objeto de ação rescisória.

Características da Competência relativa:

1) Ela é disponível. O autor pode preferir adotar o domicílio do réu como o competente (regra geral), sendo possível, ainda, que as partes possam convencionar em sentido contrário, escolhendo foro diverso daquele indicado pela lei.

2) Regra: Violação de competência relativa não pode ser declarada de ofício. Exceção: Art. 112, parágrafo único, do CPC – Nos casos de eleição de foro em contrato de adesão, o juiz pode declarar de ofício a nulidade da cláusula e remeter os autos ao juízo do domicílio do réu – Súmula 33 do STJ.

3) A parte interessada pode alegar a incompetência relativa na primeira oportunidade em que falar nos autos, sob pena de preclusão. Essa oportunidade normalmente ocorre no prazo de resposta e o meio adequado para alegá-la é através de exceção de incompetência. A exceção de incompetência deve ser alegada no prazo de resposta do réu. Somente o réu pode ajuizar exceção de incompetência.

4) Art. 87 do CPC – Perpetuação da competência – Aplicada nos casos de competência relativa. Essa regra é muito usada nos casos de execuções fiscais. Ex: Um devedor que morava no RJ se muda para SP. A competência foi fixada no momento em que demanda foi proposta. A alteração da situação de fato (alterar o domicílio) não faz com que todas as execuções contra ele sejam enviadas para SP. Se não houver pedido expresso, as ações permanecerão no RJ, pq o juiz somente pode declinar de ofício nos caos de incompetência absoluta.

Art. 95, in fine, do CPC :

Competência Territorial – Regra – Relativa. Há a possibilidade, em regra, de modificar o foro da situação da coisa para o foro do domicílio do réu ou foro de eleição, exceto

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nas hipóteses elencadas no final do art. 95, cuja competência é absoluta, ou seja, indisponível.

Competência em razão do valor da causa – É o autor quem escolhe o foro competente para o julgamento de uma demanda cujo valor não ultrapasse 40 salários mínimos.

O JEC tem limite de 40 sm e a Vara Cível pode julgar causas de valor acima de 40 sm. Então, se ela pode examinar qq pedido acima de 40, também pode examinar qq pedido abaixo de 40. Mas se ocorrer o contrário, ajuizamento de demanda com pedido de 80 sm, por exemplo, a parte não pode ajuizá-la perante o juizado especial cível, isto pq a lei estabelece um teto.

Resumindo: Aquele que pode o mais, pode o menos, mas o contrário não ocorre. Aquele que pode o menos não pode o mais. A competência é relativa do mais para o menos e absoluta do menos para o mais.

2 ou + demandas são conexas quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.

Art. 105 do CPC – Será determinada a reunião das demandas conexas para serem processadas e julgadas em conjunto. Para isso, é necessário verificar se elas estão em fase processual equivalente, se elas possuem o mesmo procedimento e se os juízes são competentes para o julgamento de ambas as demandas.

Para a maioria da doutrina a reunião de ações conexas é facultativa.

Para definir o juízo prevento são aplicados os arts. 106 e 219 do CPC.

O art. 106 fala “a mesma competência territorial”. Ex: Se a 1ª Vara Cível da capital do RJ despachou em 1º lugar, ela será a Vara preventa, pq ela se encontra no mesmo foro (competência territorial) da 3ª Vara da Capital do RJ. Não é qq despacho que implica a prevenção. Trata-se de despacho liminar de conteúdo positivo, ou seja, é o cite-se.

Se existem demandas conexas sendo processadas perante juízos de competência territoriais diferentes, o que vai definir a prevenção é a citação válida – Art. 219 do CPC.

A citação considera-se válida com a juntada do mandado de citação cumprido aos autos.

Consequência da conexão – Reunião dos processos para julgamento simultâneo pelo juiz prevento.

Finalidade principal da reunião – evitar a existência de julgamentos contraditórios.

A conexão não determina a reunião dos processos se porventura uma dessas demandas já tiver sido julgada.

Continência – Art. 104 do CPC:

Na conexão há um vínculo entre o objeto e a causa de pedir. Na continência esse vínculo é ainda maior, pq há entre as demandas identidades de partes e a mesma causa de pedir, mas em uma delas o pedido é y e na outra o pedido é y + z + w. As partes são as mesmas, a causa de pedir é a mesma, mas o pedido de uma delas é mais amplo e abrange o pedido contido na outra.

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Se a demanda que tem o pedido menor (abrangido) for preventa em relação à demanda que tem o pedido mais amplo, ocorrerá a reunião das demandas, que serão processadas e julgadas simultaneamente.

Se a demanda com o pedido menor tiver sido ajuizada posteriormente e o juízo prevento for o que tem o pedido mais amplo, deduz-se que o pedido da 2ª demanda já está sendo apresentado na demanda mais ampla, acarretando a extinção daquela por litispendência.

Inércia – Com o ajuizamento de uma demanda perante juízo relativamente incompetente, cabe a parte interessada ingressar com exceção de incompetência para tentar modificar o foro e, consequentemente o juízo por onde a demanda se encontra em tramitação. Se a parte não ingressa com tal exceção, ou seja, se permanece inerte, ocorre prorrogação da competência, ou seja, o juízo que era relativamente incompetente passa a ser absolutamente competente para o exame da causa.

As partes podem convencionar que as demandas oriundas de uma determinada relação jurídica devem ser ajuizadas em determinado foro, estabelecido de comum acordo.

Art. 109, parágrafo 3º da CF – Determinadas matérias expressamente previstas pelo legislador podem ser objeto de julgamento pela justiça estadual, desde que a comarca não seja sede de Vara da justiça federal. Existindo Vara da justiça federal naquela comarca, tais espécies de ações obrigatoriamente devem ser ajuizadas na justiça federal. Essa regra abrange os casos de benefícios previdenciários, bem como os casos de execuções fiscais.

Atenção: Nos casos de acidente de trabalho em que o réu é o INSS, a competência é da justiça estadual – Art. 109, I, CF.

Ação civil pública – Ressalvada a competência da justiça federal, é competente para a causa a justiça local, ou seja, em qq dos casos do art. 109, I, CF é preciso dar prevalência à competência da justiça federal. Esse tipo de competência em que o juiz estadual é investido de jurisdição federal é chamada de competência delegada, mas são hipóteses específicas.

Conflito de competência entre juiz estadual investido de jurisdição federal e um juiz federal – Quem irá dirimir esse conflito é o TRF.

Em caso de conflito de competência entre um juiz federal e um juiz estadual, o STJ tem competência para dirimi-lo.

Intervenção anômala – Art. 5º, parágrafo único da lei 9469. Esse dispositivo permite que a União intervenha numa causa alegando apenas interesse econômico. Ex: demanda entre empresa A e sociedade de economia mista B tramita na justiça estadual. A União ingressa na justiça estadual com petição alegando interesse econômico a favor de B. A demanda continua tramitando na justiça estadual, pq o interesse econômico não caracteriza sua atuação como assistente.

Caso houvesse sido alegado interesse jurídico por parte da União ou de pessoa jurídica de direito público federal, apto a ocasionar o deslocamento da competência, o caso seria de assistência, o que caracterizaria a necessidade de remessa dos autos à justiça federal.

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Pessoa jurídica de direito público alegando interesse econômico não acarreta deslocamento de competência. Somente no caso de interpor recurso contra alguma decisão proferida no processo é que ela passará a ser considerada parte, inclusive para fins de deslocamento de competência.

Os poderes da pessoa jurídica de direito público ficam restritos a determinadas condutas – O interveniente somente poderá esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria. Ela não pode inquirir testemunhas, não pode pleitear perícias.

Conselho de fiscalização profissional – São considerados autarquias, sendo a justiça federal competente para o julgamento das causas a elas atinentes.

A OAB é considerada uma autarquia sui generis.

Foro regional – O foro central do estado do RJ começou a ficar assoberbado pelo grande número de demandas propostas. Surgiram, então, varas em bairros de maior densidade populacional, tais como a Barra da Tijuca, Méier...

Esta denominação está equivocada. A hipótese não é de competência de foro, pq o foro, ou seja, a comarca é a mesma, que é a da capital do estado do RJ, o foro central. Ocorre, entretanto, que esse foro central foi descentralizado administrativamente, mas continua sendo o foro central. Quando as normas de organização judiciária realizam essa descentralização, a competência é do juízo e não do foro.

A competência dos foros regionais é absoluta em razão da função e da matéria.

Art. 100, I, do CPC – Privilégio de foro do cônjuge-mulher nas ações de divórcio e anulação de casamento.

Doutrina – Esse dispositivo é aplicável aos casos de dissolução de União estável.

STJ – O dispositivo não é aplicado a este caso, devendo ser adotada a regra geral prevista no art. 94 do CPC (foro geral).

Art. 100, II, do CPC – Privilégio de foro do alimentando. Ex: Um alimentando obtém sentença com trânsito em julgado na 1ª vara de família da capital do RJ. Posteriormente, ele passa a ter domicílio em SP. Mesmo neste caso, a execução dos alimentos obedece ao art. 100, II, do CPC. Configura-se verdadeira exceção à competência absoluta do art. 575, II, do CPC (a execução fundada em título executivo judicial processar-se-á perante o juízo que decidiu a causa no 1º grau de jurisdição).

Foro do estado-membro – No caso de um estado-membro fazer parte de demanda, mesmo que esteja no pólo passivo, não há foro privilegiado. Apenas a União tem foro privilegiado. O estado-membro não tem foro privilegiado, mas sim juízo privativo (Vara de Fazenda Pública). Devem ser observadas as regras gerais de determinação de competência. Mas, definida a competência de um foro, caso exista nele Vara de Fazenda Pública, é neste juízo que a demanda deverá ser proposta. Mas, se não existir Vara de Fazenda Pública nessas comarcas, a demanda deverá ser proposta na Vara Cível competente.

Atenção: É tradicional a afirmação de que a parte final do art. 95 do CPC é hipótese de competência funcional. Isto por que o dispositivo é claro ao afirmar que nos casos de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova, não há possibilidade das partes elegerem foro distinto ou da demanda

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ser proposta no foro do domicílio do réu. Como a competência é de natureza absoluta, a hipótese seria de competência funcional.

Art. 2º da Lei 7347/85 – As ações previstas nesta lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. O que o legislador quis dizer foi que a competência era absoluta, não podendo ser modificada por vontade das partes.

STF – Passou a entender que a participação de ente federal acarretava a competência absoluta da justiça federal, mesmo que ela não existisse naquela comarca, o que obrigava o ajuizamento da demanda coletiva em outra comarca.

Art. 80 da Lei 10.741/03 – As ações previstas neste capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência absoluta para processar e julgar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais superiores.

Competência da justiça federal – Apesar de absoluta, as causas da justiça federal são internamente distribuídas aos diferentes juízes, em razão da pessoa, da matéria e da função. É por tal razão que se permite a reunião de causas conexas no âmbito da justiça federal, ou são aplicadas as regras de prevenção para 2 ou mais causas, ou é cabível a exceção de incompetência relativa no âmbito da justiça federal.

A natureza absoluta da competência a caracteriza como sendo, obrigatoriamente, caso de julgamento pela justiça federal. Uma vez estando no âmbito da justiça federal, os critérios de definição de competência deverão ser utilizados para definir o foro e o juízo competentes.

Competência da justiça federal em razão da pessoa – Art. 109, I, do CPC – Identifica as causas em que a União, entidade autárquica e empresa pública federal forem interessadas na qualidade de autoras, réus, assistentes ou opoentes, salvo as de falência, as de acidente de trabalho e as sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho. Além da União, autarquias e empresas públicas federais, também fazem parte desse rol as fundações federais, as agências reguladoras e os conselhos de fiscalização profissional, uma vez que elas também possuem natureza autárquica. Essa expressão não abrange as sociedades de economia mista.

Se o interesse alegado for jurídico, a pessoa jurídica de direito público segue a regra geral, seu ingresso no processo será na qualidade de assistente (simples ou litisconsorcial, dependendo da natureza do interesse), e ele irá acarretar o deslocamento da competência para a justiça federal, a fim de que o juiz federal examine a presença do interesse e, se for o caso, determine seu prosseguimento com vistas ao julgamento do mérito.

Mas, se o interesse alegado for econômico, o requerimento será feito com base no art. 5º, parágrafo único, da Lei 9469/67 e NÃO ocorrerá o deslocamento da competência para o processamento e julgamento da causa pela justiça federal. O processo permanecerá tramitando na justiça estadual e somente se o recurso for interposto ocorrerá o deslocamento da competência, pois somente a partir do recurso é que a pessoa jurídica de direito público passará a ser tratada como parte (é chamada pela doutrina de intervenção anômala da União).

Suposta competência da justiça federal por força exclusiva da participação no processo, do MPF – 2 correntes:

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1ª – Defende que a participação do MPF não altera a competência para o processamento e julgamento da causa, devendo ela permanecer no juízo por onde tramitava até então. Como demonstração cabal desse entendimento, alegam que o art. 5º, parágrafo 5º da Lei 7347/85 permite o litisconsórcio entre Ministérios Públicos de diferentes justiças para fim de propositura de ação civil pública. Nesta hipótese, caso se adotasse o entendimento da outra corrente, a demanda deveria tramitar sempre em vara da justiça federal, visto que a participação do MPF acarretaria o deslocamento da competência.

2ª – Para os adeptos dessa corrente, a participação do MPF efetivamente desloca a competência para o processamento e julgamento da demanda para a justiça federal. A razão seria a ausência de personalidade jurídica do MP, o que o caracterizaria como um órgão da União. Existem alguns acórdãos nesse sentido.

A exigência da presença de qq desses entes ocorre inclusive no âmbito da jurisdição voluntária, além do que, caso o ingresso de algumas delas se dê a título de chamamento ao processo ou denunciação da lide, também ocorrerá o deslocamento da competência para a justiça federal, visto que o ente passará a ser parte propriamente dita. O mesmo se diz em relação à nomeação à autoria.

União e casos de usucapião – Nos casos de usucapião especial estamos diante de hipótese em que a competência para o processamento e julgamento da causa é da justiça estadual exercendo competência da justiça federal.

Súmula nº 11 do STJ – A presença da União ou de qq dos seus entes, na ação de usucapião especial, não afasta a competência do foro da situação do imóvel.

Nos casos de usucapião ordinário e extraordinário, a solução é diferente. No caso de participação da União no pólo passivo da demanda, a competência para processamento e julgamento da causa será da justiça federal, ainda que o local do imóvel não seja sede de vara da justiça federal.

Art. 109, II, da CF – O dispositivo exige apenas que em um dos pólos da demanda esteja presente um Município ou pessoa residente ou domiciliada no Brasil (física ou jurídica) e, no outro um estado estrangeiro ou organismo internacional. Isto pq se em um dos pólos estiver a União, estados, DF ou territórios, a competência para o processamento e julgamento da causa não será mais da justiça federal, passando a ser diretamente do STF.

Da sentença proferida pelo juiz federal de 1º grau de jurisdição, o recurso cabível será o recurso ordinário constitucional para o STJ

Das decisões interlocutórias proferidas por este mesmo juiz federal de 1º grau, serão cabíveis agravos de instrumentos Tb de competência do STJ.

Art. 109, VIII, CF – Segundo este dispositivo, é da competência da justiça federal de 1º grau o processamento e julgamento do mandado de segurança e habeas data ajuizados contra ato de autoridade federal, excetuando os casos de competência dos Tribunais Federais. Inicialmente deve ser verificada a competência dos Tribunais Federais para definir se o mandado de segurança e o habeas data devem ser ajuizados no 2º grau. Efetuado esse exame, o remanescente é da competência da justiça federal.

Quando se fala em autoridade, deve-se atribuir ao termo um sentido amplo, para abranger não somente a autoridade pública propriamente dita, como também o agente

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da pessoa jurídica de direito privado que se encontra no exercício de atribuições do poder público.

Compete à justiça federal decidir da admissibilidade do mandado de segurança impetrado contra atos de dirigente de pessoa jurídica privada, ao argumento de estarem agindo por delegação do Poder público Federal

Competência da justiça federal em razão da matéria – Art. 109, III, CF – É de competência da justiça federal o processamento e julgamento das causas fundadas em tratado ou contrato da União com estado estrangeiro ou organismo internacional.

Atenção: Não existe a necessidade de estar presente em um dos pólos da demanda qq ente federal.

A participação da União aqui irá se restringir à sua atuação no momento em que o contrato ou acordo foi celebrado. É esse contrato que serve de causa de pedir da presente demanda.

Art. 109, V – A, da CF – Através desse dispositivo criou-se um incidente que permite o deslocamento da competência para o processamento destas causas que dizem respeito à grave violação de direitos humanos para a justiça federal, mas que não implica violação ao princípio do juiz natural, na medida em que são previamente definidos os critérios que deverão ser utilizados para autorizar ou não o deslocamento da competência.

Quanto ao aspecto recursal é possível aferir que a competência para o julgamento do incidente de deslocamento da competência suscitado pelo PGR será do STJ. Mas, dessa decisão do STJ será cabível recurso extraordinário para o STF.

O pedido de deslocamento da competência não implica na nulidade dos atos decisórios praticados até então, uma vez que, o juízo era competente até o STJ decidir pelo deslocamento de sua competência. Na verdade a decisão do STJ produz efeitos ex nunc.

A jurisprudência do STJ acrescentou + um pressuposto para permitir o deslocamento da competência para a justiça federal. Para o aludido tribunal superior, além da grave violação a direitos humanos e a necessidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais, seria necessário que se demonstrasse a incapacidade (oriunda da inércia, falta de vontade política, de condições pessoais, materiais...) de o estado-membro, por suas instituições e autoridades, levar a cabo a persecução penal.

Art. 109, XI, CF – Trata-se de competência da justiça federal para processamento e julgamento de processos atinentes à disputa sobre direitos indígenas. Sendo discutido direito indígena em sentido coletivo, a competência será da justiça federal. Sendo discutido o direito de índios individualmente considerados, então a competência será da justiça estadual.

Art. 109, parágrafos 1º e 2º da CF – Nos casos em que a União for autora, o foro competente será o do domicílio do réu. Nas hipóteses em que a União for ré, a Constituição prevê a possibilidade de foro concorrente (da sessão judiciária em que for domiciliado o autor, onde ocorreu o fato ou o ato que deu origem a demanda, onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no DF), ou seja, qq um deles é competente para o processamento e julgamento da causa.

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Atenção: A demanda deverá ser ajuizada em qq um desses foros supracitados, mas obrigatoriamente perante uma Vara da justiça federal.

Se a demanda proposta contra a União for de natureza real imobiliária, a competência do foro da situação do imóvel é absoluta, mas isso não afasta a competência da justiça federal. Então, diante do caso concreto, a demanda deve ser proposta na comarca da situação do imóvel. Ex: Uma ação de usucapião extraordinário em que o imóvel está localizado em sapucaia confronta com terreno da União, mas o autor é domiciliado na capital do estado de SP. No caso em apreço, a União deverá figurar no pólo passivo, o que caracteriza a competência da justiça federal. O autor poderá, em tese, escolher qq um daqueles foros relacionados no art. 109, parágrafo 2º, da CF, mas em se tratando de ação real imobiliária, a competência do foro da situação da coisa é absoluta, o que implica a competência da comarca de Sapucaia para o processamento e julgamento da causa. Mas, como a demanda deve ser proposta em Vara federal, a competência será de uma das Varas federais de Petrópolis, cuja competência abrange a cidade de Sapucaia, já que esta não possui Vara federal.

Art. 109, parágrafos 3º e 4º da CF – Permite que um juízo estadual possa processar e julgar uma causa que originariamente seja de competência da justiça federal. O autor poderá optar entre propor sua demanda perante a Vara da justiça federal ou perante o juízo estadual da comarca de seu domicílio. Essa possibilidade deve estar prevista em sede constitucional ou em norma infraconstitucional:

Parágrafo 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte a instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de Vara do juízo federal, e se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.

Possibilidades estabelecidas pela lei infraconstitucional:

A) Art. 15 da Lei 5010/66 (execuções fiscais) – Caso não haja Vara da justiça federal, a execução fiscal deverá ser proposta na Vara da justiça estadual do domicílio do executado.

B) Art. 15, II, da Lei 5010/66 (vistorias e justificações destinadas a produzir prova perante a adm. federal). Caso a vistoria ou justificação não tenha esse escopo, ou seja, não será utilizada para fins de prova perante órgão ou justiça federal, também, por conseqüência, não haverá que se falar em delegação da competência, e a competência será exclusiva da justiça estadual.

C) Art. 4º da Lei 6969/81 (usucapião especial) – Na hipótese de a demanda ter sido ajuizada em Vara da justiça estadual nos casos de delegação de competência, a posterior criação de Vara federal naquele local acarretará o automático deslocamento de competência para esta nova Vara. Não é caso de perpetuactio jurisdicionis, uma vez que tal princípio somente incide nos casos de competência relativa, e não nos casos de competência absoluta como seria nesta hipótese.

Atenção: Apesar desta demanda poder tramitar perante a justiça estadual, os recursos porventura cabíveis deverão ser ajuizados perante o TRF, uma vez que, a hipótese será de juiz estadual exercendo as funções de juiz federal por delegação.

Competência dos Tribunais Regionais Federais:

Competência originária se subdivide em 3:

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a) Ações rescisórias dos julgados seus ou dos juízes federais da região; b) Os Mandados de Segurança e os Habeas data contra ato do próprio tribunal ou de juiz federal; c) Conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao tribunal.

Mandado de Segurança impetrado pela União perante o TRF, mas contra ato judicial praticado por outro tribunal, não é da competência do TRF, mas sim do tribunal que praticou o ato, por força do princípio constitucional implícito segundo o qual o ato coator praticado pelo tribunal acarreta a competência do próprio tribunal para o exame do MS contra ele impetrado.

A ação rescisória ajuizada pela União perante o TRF, mas contra ato judicial praticado por outro tribunal, também não é da competência do TRF.

Atenção: Posicionamento do STJ – MS impetrado contra ato praticado por juiz estadual investido de jurisdição federal é da competência do TRF. O entendimento é o mesmo quando se trata de ação rescisória.

É da competência dos TRF’s o processamento e julgamento dos recursos interpostos contra decisões dos juízes federais, bem como dos juízes estaduais investidos de jurisdição federal.

Os TRF’s possuem competência para o processamento e julgamento dos Embargos Infringentes e Embargos de Declaração opostos em face do julgamento daqueles recursos.

Súmula 518 do STF – A intervenção da União em feito já julgado

pela 2ª instância e pendente de embargos, não desloca o processo para o Tribunal Federal de Recursos.

Teoria Geral dos Recursos:

Recurso – É uma extensão do direito de ação.

Objetivos:

a) Reforma da decisão impugnada

Efeito substitutivo – Julgamento do Tribunal substituirá a sentença/decisão recorrida no que tiver sido objeto do recuso.

Efeito modificativo – Modificação do julgado com a nova decisão do tribunal – favorável ao recorrente.

b) Invalidação ou anulação da decisão de 1º grau de jurisdição - Determinada pelo Tribunal ad quem. Devolve ao 1º grau para que este profira nova decisão (caso de erro in procedendo)

c) Esclarecimento ou integração da decisão judicial – Exclusivo do ED.

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Legitimidade para recorrer:

a) Parte vencida – Autor, réu, assistente, opoente, chamado, denunciado, nomeado, que tenham sofrido prejuízo no que diz respeito à relação jurídica da qual são titulares.

b) Terceiros prejudicados – Devem demonstrar interesse jurídico.c) MP – Como parte (deve demonstrar interesse em recorrer com base em prejuízos

sofridos) ou como custos legis/ fiscal da lei (na defesa de disposição legal não observada na prolação da decisão judicial).

Recurso adesivo – No prazo das contra-razões, aquele que poderia ter recorrido, mas não o fez, poderá interpor apelação, embargos infringentes, recurso especial e recurso extraordinário na forma adesiva. Seu conhecimento fica subordinado ao conhecimento do recurso principal. Recurso adesivo só existe se a parte contrária houver interposto um recurso principal independente.

Exemplos de recursos com fundamentação livre – Apelação, agravo...

Exemplos de recursos com fundamentação vinculada – Recurso especial (só podem ser alegadas algumas das hipóteses do art. 105, III, da CF), recurso extraordinário (art. 102, III, da CF) e embargos de declaração (art. 535 do CPC).

Recursos suspensivos – Impedem a produção imediata dos efeitos da decisão impugnada – Ex: Apelação, salvo as hipóteses do art. 520 do CPC.

Recursos não suspensivos – Agravo, recurso especial e extraordinário.

Efeito devolutivo – Inerente a qq tipo de recurso, inclusive ao ED, embora o reexame da matéria impugnada seja realizado pelo próprio órgão jurisdicional que proferiu a decisão (efeito regressivo).

Efeito devolutivo imediato – Agravo de instrumento vai diretamente para o relator no tribunal.

Regra – Efeito devolutivo gradual – A devolução ocorre gradualmente. Juízo de admissibilidade em diferentes momentos e graus de jurisdição. Ex: Apelação. Juiz de 1º grau faz um primeiro exame dos requisitos de admissibilidade, abre vista para contra-razões. Pode realizar um 2º exame de admissibilidade. Se for o caso, remete os autos para o tribunal – irá para o relator (este pode negar seguimento, dar provimento e Tb permitir que vá diretamente para o órgão colegiado).

Juiz de 1º grau, relator e órgão colegiado – Todos irão examinar os requisitos de admissibilidade.

Efeito devolutivo diferido – O conhecimento e o julgamento de determinado recurso fica sujeito ao conhecimento de outro. Ex: Agravo retido, recurso especial retido e recurso extraordinário retido.

Atenção: O tribunal fica vinculado ao pedido formulado pelo recorrente, mas não em relação aos fundamentos. Mesmo que o juiz de 1º grau não as tenha examinado quando da prolação da sentença, as questões de fato e de direito que tiverem sido suscitadas e discutidas podem ser utilizadas pelo tribunal para respaldar sua decisão.

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Além delas, as questões de ordem pública que o juiz poderia ter conhecido de ofício, mas não o fez, também são devolvidas ao tribunal, mesmo que não tenham sido alegadas por qq das partes.

Regra – Recurso interposto por um dos litisconsortes é independente dos demais. Porém, no caso de litisconsórcio unitário, e nos casos de litisconsórcio simples em que a matéria alegada no recurso for de natureza comum, a decisão deste recurso beneficiará os demais, salvo se distintos ou opostos os seus interesses.

Limitação do efeito devolutivo – Embargos Infringentes – Restritos ao âmbito da divergência entre os votos dos desembargadores

Agravo de instrumento – Não tem efeito suspensivo. O processo continua tramitando no 1º grau. Se o tribunal der provimento ao agravo, a decisão original pode ser reformada ou anulada, e os atos processuais praticados no decorrer do processo serão nulos, não produzirão efeitos.

Questões de ordem pública – Não é o efeito devolutivo que as transfere para o tribunal, mas sim o efeito translativo.

Outro caso de efeito translativo é a remessa necessária (ou duplo grau de jurisdição) – Causa remetida ao tribunal por exigência legal. Determinadas sentenças sobem ao tribunal independentemente de recurso.

Atenção: Recurso com base em erro in judicando – Tanto faz se o tribunal vai dar provimento ao recurso ou não, nas 2 hipóteses haverá o efeito substitutivo, o acórdão do Tribunal irá substituir a sentença de 1º grau.

Recurso com base em erro in procedendo – Se o tribunal negar seguimento ao recurso, o acórdão do tribunal irá manter a sentença do 1º grau, mas mesmo assim ocorre o efeito substitutivo – O acórdão passa a substituir a sentença de 1º grau. Contudo, se o tribunal der procedência ao recurso (apelação) com base em erro in procedendo, ele anula a sentença de 1º grau, mas não julga, remete os autos ao juiz de 1º grau para que este profira nova decisão, nova sentença. Logo, não ocorre aqui efeito substitutivo.

Regra – Juízo de admissibilidade no mínimo dúplice: 1º exame de admissibilidade do recurso é realizado no juízo de 1º grau e posteriormente um segundo exame é realizado no 2º grau.

Exceções – Agravo de Instrumento e Embargos de Declaração – Nesses casos o juízo de admissibilidade não é dúplice. O próprio órgão que irá fazer o exame do mérito fará o exame do juízo de admissibilidade do recurso.

Agravo de instrumento – Irá diretamente para o relator

Embargos de Declaração – Irá diretamente para o órgão que proferiu a decisão impugnada.

Requisitos intrínsecos de admissibilidade:

a) Cabimento do recurso (previsto na lei)b) Legitimidade para recorrerc) Interesse para recorrerd) Inexistência de fatos extintivos ou impeditivos do direito de recorrer

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Requisitos extrínsecos:

a) Tempestividadeb) Regularidade formal do recursoc) Preparo

Fatos extintivos do direito de recorrer:

Renúncia ao recurso – Ocorre antes da interposição do recurso Aquiescência à decisão judicial

Fatos impeditivos do direito de recorrer:

Desistência do recurso ou da ação (ocorre depois da interposição de recurso) Renúncia ao direito em que se finda a ação Reconhecimento da procedência do pedido

Regularidade formal do recurso:

Nome e qualificação das partes Fundamentos de fato e de direito Pedido de nova decisão

O preparo tem que ser apresentado junto com o recurso (ao mesmo tempo), sob pena de o recurso ser considerado deserto.

Jurisprudência – Preparo pago antes da interposição do recurso pode ser apresentado depois. A parte tem que justificar o motivo pelo qual não apresentou o preparo junto com o recurso.

Princípio da taxatividade – Recurso é meio de impugnação judicial que esteja previsto em lei federal. Ex: juizados especiais (recurso inominado).

Princípio da singularidade/unirrecorribilidade – Para cada decisão judicial só há um recurso cabível.

Princípio da fungibilidade – Dúvida objetiva acerca do recurso cabível – Possível interpor recurso e pleitear que ele seja conhecido e julgado como se fosse outro.

Exigência – O recurso interposto deve tê-lo sido no prazo inferior (boa-fé do recorrente)

Princípio da voluntariedade – Os recorrentes estabelecem o teor do recurso, sua amplitude, seu pedido...

Exceção – Reexame necessário – Não há vontade das partes. É uma condição de eficácia da sentença.

Princípio da Non reformatio in pejus – Tribunal não pode reformar a decisão piorando a situação do recorrente. Esse princípio é aplicado nos casos de sucumbência recíproca, mas que só uma das partes tenha recorrido.

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Logo, se autor e réu recorrerem (sucumbência recíproca), o tribunal pode piorar a situação de qq um deles.

Questões de ordem pública – Tribunal pode proferir decisão prejudicial ao único recorrente, quando do exame de tais matérias, uma vez que, deverá examiná-las independentemente de alegação de qq das partes.

Reexame necessário – Não é recurso, é condição de eficácia da sentença. Sobe tudo para o tribunal, o pedido todo e as causas de pedir todas.

No reexame necessário é proibido ao tribunal agravar a condenação imposta a Fazenda Pública.

Se o particular também recorre, aí pode o tribunal agravar a situação da Fazenda Pública, uma vez que, existe recurso da parte que sucumbiu parcialmente.

Regra – Apelação é recurso cabível de qq sentença.

Exceções:

a) Sentença de valor entre 300 e 400 – Cabe Embargos infringentes de alçada. Devolvem ao próprio juiz de 1º grau o reexame de sua sentença.

b) Sentenças proferidas nos juizados especiais – Cabe recurso inominadoc) Causas envolvendo estado estrangeiro ou organismo internacional de um lado, e

de outro, Município ou pessoa (física ou jurídica) residente ou domiciliada no país) – Sentença será proferida por um juiz federal de 1º grau e o recurso cabível será o ordinário constitucional ao STJ.

Prazo para apelar = 15 dias

Prazo em dobro para recorrer – Fazenda Pública, MP e litisconsortes com diferentes procuradores.

Atenção: O prazo para contra-razoar NÃO é em dobro.

Atenção: Quando só um dos litisconsortes sucumbir NÃO se conta o prazo em dobro.

Legitimidade para apelar – Parte vencida, 3º prejudicado (deve demonstrar interesse jurídico) e MP (como parte ou como fiscal da lei).

Erro in procedendo – Devolve o processo ao 1º grau para que o juiz profira nova decisão. O tribunal determina a anulação ou invalidação da sentença, mas não julga. Atos processuais praticados serão nulos.

Erro in judicando – O tribunal reforma a decisão de 1º grau, decidindo a causa de maneira distinta. Ocorre a substituição da sentença de 1º grau pelo acórdão do tribunal.

Efeitos da apelação – Regra – Duplo efeito

É devolvido para o exame do tribunal tudo o que foi objeto da apelação, nada mais e nada menos.

O tribunal pode se basear em qq fundamento (questões de fato e de direito que tenham sido suscitadas e discutidas no 1º grau de jurisdição), independentemente de terem sido mencionadas nas razões ou contra-razões de apelação.

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Existem casos em que a apelação é recebida só no efeito devolutivo (art. 520 do CPC) – O apelado poderá promover desde logo a execução provisória da sentença.

Atenção: Questões incidentais formuladas no 1º grau de jurisdição, mas que não foram decididas naquele juízo, ficam submetidas ao tribunal.

Fato novo pode ser alegado em grau de apelação, desde que a parte prove que deixou de fazê-lo por motivo de força maior (o fato tem que ser relativo àquela mesma causa de pedir que já foi apresentada no 1º grau).

Atenção: Questões de direito podem ser alegadas a qq momento – Passíveis de exame ex officio pelo juiz.

Aplicação da teoria da causa madura – 2 condições:

A causa deve versar questão exclusivamente de direito A causa deve estar em condição de imediato julgamento

Atenção: Questões de fato documentalmente provadas, as não controvertidas e as que envolvem fatos notórios – Não há necessidade de dilação probatória.

Não há necessidade de pedido por parte do apelante para que o tribunal aplique a teoria da causa madura. Se o apelante não quer a aplicação da teoria da causa madura, ele deve pedir expressamente que o tribunal não realize o julgamento do mérito, devolvendo o processo para o 1º grau para prosseguimento da fase instrutória.

Procedimento:

Apelação – Juízo de 1º grau (a quo) realiza um primeiro juízo de admissibilidade da apelação – Ou recebe ou não recebe a apelação. Se não receber, cabe AI.

Admitida a apelação (conhecida), o juiz de 1º grau abre vista ao recorrido para contra-razões da apelação. Após o decurso desse prazo, os autos retornam ao juízo de 1º grau, e este realiza um 2º juízo de admissibilidade, e então irá dar seguimento ou negar seguimento a apelação.

Se der seguimento, a apelação será distribuída a um relator no tribunal. O que o relator pode fazer:

a) Negar seguimento ao recurso nos casos que ele for manifestamente:

Inadmissível Improcedente Prejudicado Estiver em confronto com Súmula ou jurisprudência dominante do STF ou

Tribunal superior, ou do próprio tribunal.

b) Pode dar provimento ao recurso se a decisão recorrida estiver em confronto com Súmula ou jurisprudência do STF ou de tribunal superior.

c) Pode realizar o juízo de admissibilidade e remeter ao órgão colegiado caso não se sinta apto a adotar nenhuma das medidas alternativas anteriores.

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Recurso improcedente – Quando o relator examina o mérito do recurso e nega provimento ao mesmo.

Recurso prejudicado – No momento que a parte interpõe o recurso todos os requisitos de admissibilidade encontram-se presentes, mas um fato superveniente acarreta a perda de seu objeto.

Da decisão monocrática do relator que nega seguimento ou dá provimento a apelação, cabe Agravo Interno – Para levar a decisão impugnada ao exame e decisão do órgão colegiado.

Sentença que indefere Petição inicial – Cabe apelação – Efeito regressivo (o juízo prolator da decisão terá a possibilidade de se retratar daquela decisão no prazo de 48 horas)

Apelação inadmissível pelo juiz de 1º grau – Falta de algum dos requisitos de admissibilidade – Cabe Agravo de Instrumento.

Se no tribunal o recurso foi admitido, o tribunal irá reformar a decisão agravada e remeterá os autos ao juiz de 1º grau para que este processe a apelação e remeta ao tribunal. O tribunal fica vinculado à decisão proferida no AI. Não pode julgar inadmissível a apelação pelo mesmo fundamento.

Agravo – É cabível em face de decisão interlocutória proferida em qq processo.

Agravo de instrumento específico – Para desbloquear recurso especial ou extraordinário não admitidos na presidência ou vice-presidência do tribunal de origem.

Despachos teratológicos – Pretensão de dar andamento ao processo, mas acabam acarretando algum gravame para as partes – Cabe Agravo.

Agravo retido – Cabível de decisões interlocutórias de 1º grau cujo conhecimento e julgamento, por imposição da lei ou por opção do agravante fica diferido para um momento posterior, quando do conhecimento e julgamento de eventual apelação interposta em face da sentença prolatada.

Atenção: Nas razões ou contra-razões de apelação a parte interessada deve reiterar o pedido de exame desse agravo, sob pena de o mesmo restar prejudicado.

Possui efeito regressivo – Possibilidade de o juiz de 1º grau se retratar da decisão impugnada.

Aqui o efeito devolutivo é diferido (impróprio) – O seu conhecimento fica sobrestado a um momento posterior, quando do julgamento da apelação.

Prazo de interposição do agravo retido – 10 dias

Órgão competente para o seu julgamento – Tribunal. Logo, não está sujeito ao juízo de admissibilidade no 1º grau (maioria da doutrina).

O juiz pode indeferir liminarmente somente a possibilidade de se retratar e não a retenção do agravo.

Retratação do juiz – Agravo retido prejudicado.

Agravo retido conhecido e deferido – Decisão interlocutória anulada, bem como os atos processuais decorrentes desta.

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Obs: 3º não pode interpor recurso na forma retida (corrente majoritária)

Hipótese obrigatória de Agravo retido – Decisão interlocutória proferida em AIJ.

Agravo de Instrumento – Dirigido diretamente ao tribunal competente.

Falta dos documentos obrigatórios – Irregularidade formal do recurso – Falta do requisito genérico de admissibilidade extrínseco – Impossibilita a sua admissão.

Atenção: STJ – Se nos demais documentos apresentados pelo agravante for possível suprir a ausência de um documento obrigatório, o agravo deve ser conhecido.

O Agravo de Instrumento está sujeito a preparo.

Agravo de instrumento interposto por fax – A parte terá 5 dias para juntar o recurso original (contados do término do prazo definido pela lei).

Agravo de Instrumento – Vai direto para o relator. Este poderá negar seguimento ou dar provimento. Caberá agravo interno ou regimental. Possibilidade de retratação por parte do relator. Caso se retrate, caberá agravo interno ou regimental da parte contrária.

STF – O relator apesar de decidir o mérito do recurso sozinho, ele presenta o órgão colegiado.

Decisão monocrática no âmbito dos tribunais – Proferida por um dos desembargadores ou juízes no 2º grau de jurisdição.

Agravo de Instrumento manifestamente protelatório ou inadmissível – Tribunal deve impor multa entre 1% e 10% do valor da causa ao agravante. Essa decisão deve ser expressa e a multa revertida em favor da parte contrária.

Órgão competente para impor essa multa – órgão colegiado.

STJ – Autenticação das peças que acompanham o agravo de instrumento é desnecessária. Cabe a parte contrária a impugnação fundamentada, indicando qual (ou quais) cópia apresentada pelo agravante não está de acordo com o respectivo original.

Comunicação ao juízo da interposição de agravo de instrumento – Art. 526 do CPC – O agravante, no prazo de 3 dias, requererá a juntada aos autos, no 1º grau, da cópia da petição do agravo de instrumento bem como dos documentos que instruíram o recurso. A finalidade é permitir ao juízo do 1º grau o exercício do juízo de retratação.

Não cumprimento deste artigo, desde que argüido e provado pelo agravado, gera inadmissibilidade do agravo.

Se houver retratação do juízo de 1º grau, o agravo fica prejudicado.

Atenção: 2 possibilidades de modificação da decisão impugnada – Uma pelo tribunal no julgamento do recurso e a outra pelo juiz de 1º grau ao exercer o juízo de retratação. A decisão que irá prevalecer será a que foi proferida antes.

Efeito suspensivo e antecipação da tutela recursal precisam ser pedido pela parte, não são concedidos de ofício.

Atenção: Das decisões liminares de indeferimento ou atribuição de efeito suspensivo ou antecipação da tutela recursal do agravo de instrumento não cabe mais agravo

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interno ou regimental. De tais decisões será cabível pedido de reconsideração e excepcionalmente MS, se caracterizada a decisão como ato violador de direito líquido e certo.

Se enquanto o agravo de instrumento aguarda o seu julgamento no tribunal, é proferida sentença no 1º grau, o agravo de instrumento perde o seu objeto e é extinto sem resolução do mérito.

Situação – Agravo de instrumento aguardando julgamento no tribunal e sentença proferida em 1º grau. O que acontece se a apelação da sentença for proposta pelo agravante?

Isso significa que ele perdeu, que o pedido foi julgado improcedente. Tanto o agravo de instrumento quanto a apelação devem ser examinados, só que o agravo será examinado antes da apelação. Se examinados na mesma sessão, terá precedência o agravo.

O que acontece se a apelação for interposta pelo agravado?

Isso significa que o agravante teve seu pedido julgado procedente. Agravo de instrumento deve ser julgado em conjunto com a apelação do agravado de modo a não acarretar cerceamento do direito de defesa do agravante/apelado.

Relator pode converter agravo de instrumento em retido – Requisito: Quando não estiverem presentes os requisitos legais para o exame daquele recurso.

Exceção – Não se pode fazer essa conversão quando se tratar de decisão suscetível de causar a parte lesão grave e de difícil reparação, nos casos de inadmissibilidade da apelação e nos casos relativos aos efeitos em que ela é recebida.

Decisões que determinam a conversão do agravo de instrumento em retido – Não cabe agravo interno, cabe pedido de reconsideração.

A parte não pode desistir do agravo retido para interpor o agravo de instrumento, sob pena de preclusão consumativa.

Embargos de declaração – Hipóteses de cabimento:

a) Obscuridade – Falta de clareza da decisão judicialb) Contradição – Incompatibilidade entre as proposições constantes da decisão

judicial.c) Omissão – Órgão prolator da decisão deixa de apreciar questões relevantes para o

julgamento da causa.

Objetivos do ED nos casos a e b é esclarecer a decisão judicial. No caso c, o objetivo é integrar a decisão judicial.

Jurisprudência – Cabe ED com base na obscuridade e contradição de sentenças, acórdãos e decisões interlocutórias.

Decisão monocrática do relator em 2º grau de jurisdição – Cabe ED.

Exceção – Decisão do Ministro relator do STF – Será passível de agravo interno. O STF admite aqui o princípio da fungibilidade – ED recebido como se fosse agravo interno.

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Efeito devolutivo do ED – Devolução para o mesmo órgão prolator da decisão impugnada.

Efeito interruptivo – Interposição de ED por qq das partes interrompe o curso do prazo recursal para ambas.

Atenção: Essa interrupção só ocorre se os Embargos de Declaração forem admitidos, ao contrário do que ocorre com os Embargos Infringentes, em que basta a mera interposição.

Efeito suspensivo – Nos Embargos de Declaração interpostos no âmbito dos juizados especiais.

Embargos de Declaração com efeitos infringentes – Quando podem vir a alterar o conteúdo da decisão judicial. Abre-se vistas a parte contrária (contraditório). 6 casos:

a) Contradição – Se uma das proposições prevalece sobre a outra, pode ser que aquela que tenha sido usada como base para a decisão judicial deixe de existir.

b) Omissão – O aspecto não analisado pode modificar a convicção do juiz sobre o assunto.

c) Questões de ordem pública não examinadas de ofício pelo juiz.d) Fato novo, superveniente a sentença ou acórdão. A parte só teve conhecimento

após a prolação da sentença.e) Erro crasso, evidente – ex: tribunal julga mérito de recurso em que não foi aberto

prazo para contra-razões.f) Na sentença extra petita (sem relação com o que foi objeto de pedido) e ultra petita

(excesso de sentença).

Atenção: Sentença de procedência parcial do pedido não enseja interposição de ED com efeitos infringentes.

ED com finalidade de prequestionamento – Existência no processo de exame prévio da questão federal ou constitucional que será objeto dos recursos extraordinários.

Regra – prequestionamento explícito – São mencionados os dispositivos legais violados pelo teor da decisão judicial.

Prequestionamento implícito – Não há referência dos artigos violados, mas há alegação da tese jurídica que está sendo tratada, que por conseqüência acarreta violação ao dispositivo legal ou constitucional.

Súmula 356 do STF – O ponto omisso da decisão sobre o qual não foram opostos Embargos de Declaração não pode ser objeto de recurso extraordinário – Falta prequestionamento.

Súmula 211 do STJ – ED não apreciado pelo tribunal a quo – Será inadmissível recurso especial quanto à questão suscitada no ED.

Se a parte tentou prequestionar a matéria e o tribunal rejeitou, pode-se ingressar diretamente com recurso extraordinário.

Súmula 98 do STJ – ED com propósito de prequestionamento não tem caráter protelatório.

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Natureza jurídica da decisão do ED – A mesma do ato impugnado. Ex: ED em face de decisão interlocutória. A decisão do ED vai possuir natureza de decisão interlocutória.

Juízo de admissibilidade do ED – Verifica-se os pressupostos recursais intrínsecos e extrínsecos, e se o recorrente alegou contradição, obscuridade ou omissão da decisão.

Presente os pressupostos, o juiz conhece do recurso de ED, ausente algum dos pressupostos o juiz não conhece.

Juízo de mérito – O juiz ou tribunal irá verificar se realmente existe ou não obscuridade, contradição ou omissão. Se a decisão padeceu de algum desses vícios, o órgão julgador irá dar provimento ao ED; não presente o vício, irá negar provimento ao recurso.

Atenção: No juízo de admissibilidade não se pode decidir sobre a ocorrência de contradição, obscuridade ou omissão – Matéria reservada ao exame de mérito.

Ocorrendo alguma daquelas situações, não há necessidade de remeter o processo para o juiz que proferiu a decisão embargada. O outro juiz que esteja atuando naquele juízo poderá decidir o ED.

Prazo do ED = 5 dias.

Regra – Não estão sujeitos ao contraditório.

Exceção: ED com efeitos infringentes – Existe a necessidade do contraditório.

Os ED precisam de preparo.

ED com caráter protelatório – Imposição de multa. Pode ser aplicada de ofício pelo juiz. É revertida para o embargado.

Doutrina – ED protelatórios não implicam em alteração dos efeitos em que os mesmos foram recebidos. O que pode alterar os efeitos em que foram recebidos os ED é o fato de eles não serem conhecidos, caso em que não haverá interrupção do prazo recursal.

Recurso especial – É recurso de competência exclusiva do STJ contra decisão proferida em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou Tribunais de Justiça dos estados, DF e Territórios, quando incidem em algumas das hipóteses previstas nas alíneas a, b e c do inciso III do art. 105 da CF.

Não é qq decisão que dará ensejo a recurso especial, somente acórdãos proferidos pelos TRF’s e TJ’s podem viabilizar a interposição deste recurso.

Os acórdãos podem ter natureza de sentença ou de decisão interlocutória, dependendo se resolvem ou não o mérito da causa.

Ex: Indeferida alegação de prescrição pelo juiz de 1º grau através de decisão interlocutória, quando o tribunal examina o agravo de instrumento interposto, acolhe a alegação de prescrição e extingue o processo com resolução do mérito. Esse acórdão do julgamento do agravo de instrumento possui natureza de sentença, pois resolverá o mérito da causa.

Em outra hipótese, supondo que seja proferida sentença, extinguindo o processo sem resolução do mérito por ilegitimidade passiva. A parte vencida apela, e nessa apelação é alegada a legitimidade passiva do réu. O tribunal a acolhe, anula a sentença e devolve os autos ao 1º grau, para prosseguimento, uma vez que o caso não

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possibilitava o julgamento imediato do mérito. Neste segundo caso, o acórdão terá natureza de decisão interlocutória, porque não extingue o processo com ou sem julgamento do mérito, mas o devolve ao juízo de 1º grau para que ele prossiga com a causa, uma vez que a sentença foi indevidamente proferida.

Conclusão: A natureza do acórdão não possui relação com a natureza da decisão impugnada. O fato de a decisão impugnada ser uma decisão interlocutória ou uma sentença não implica que o acórdão, proferido no TRF ou TJ, possuirá a mesma natureza. Isso dependerá da resolução ou não do mérito da causa no âmbito recursal.

Quando o acórdão tiver natureza de sentença, o recurso especial será interposto na forma tradicional, não na forma retida. No entanto, quando o acórdão tiver natureza de decisão interlocutória, a regra é que a interposição do recurso especial será realizada na forma retida.

Quando se fala em única instância, a Constituição está fazendo referência aos casos de ações de competência originária daqueles tribunais.

A referência à última instância significa que a hipótese não abrange os casos de ações de competência originária dos tribunais, mas sim nos casos em que a demanda tramitou em juízo inferior, sendo utilizados todos os recursos ordinários cabíveis até o momento em que restou a interposição de recurso especial para o STJ.

De acordo com a Súmula 207 do STJ existe a obrigatoriedade de o recorrente esgotar todos os recursos ordinários cabíveis, para só então poder interpor o recurso especial.

Se o relator utilizar-se da prerrogativa do art. 557 do CPC e negar seguimento ou der provimento ao recurso interposto, não caberá recurso especial, pois resta a interposição do agravo interno, e deverão ser esgotados todos os recursos ordinários cabíveis para que o recurso especial seja interposto.

Se o acórdão a ser impugnado possuir parte unânime e parte não unânime, o recurso especial dependerá da interposição de embargos infringentes. Por exemplo, se eram cabíveis embargos infringentes de todo o acórdão e este não foi interposto, então o acórdão transitou em julgado, e não será cabível recurso especial. Se cabíveis embargos infringentes de parte do acórdão e ele não foi interposto, a parte não-unânime, que deveria ser atacada por embargos infringentes, transita em julgado. Já da parte unânime caberá recurso especial.

Não cabe recurso especial da decisão do TER ou TRT. Para decisões proferidas pela justiça especializada, o recurso cabível deverá ser dirigido ao TST/TSE, ou seja, aos órgãos próprios para o exame dessas decisões.

Não cabe recurso especial das decisões das Turmas Recursais, pois estas não compõe nem os Tribunais Regionais Federais, nem os Tribunais de Justiça dos Estados, do DF e dos Territórios.

O recurso especial é um recurso de fundamentação vinculada, pois só existe a possibilidade de interposição do recurso com base em alguma das alíneas constantes do art. 105, inciso III da CF. Não é recurso de fundamentação livre, como é o caso da apelação ou do agravo de instrumento.

Partindo da premissa de que só é possível fundamentar o recurso especial com base nas alíneas a, b e c do inciso II, do art. 105 da CF, o juízo de admissibilidade do RESP

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examina inicialmente se o recorrente enquadrou a decisão impugnada dentro de alguma das hipóteses previstas nas referidas alíneas.

O Presidente ou Vice-Presidente do tribunal a quo, a quem compete o exame de admissibilidade do RESP, deverá verificar se os argumentos apresentados se enquadram em alguma daquelas hipóteses. Em caso positivo, o recurso deverá ser admitido.

Atenção: Não há possibilidade de que este órgão (Presidente ou Vice-Presidente do tribunal a quo) possa adentrar no exame do mérito do recurso especial.

Hipóteses do art. 105:

a) Contrariar tratado ou lei Federal, ou negar-lhes vigência.

O termo contrariar aqui utilizado é bastante amplo, podendo ser compreendido como:

Deixar de aplicar tratado ou lei Federal, quando é cabível; Aplicar incorretamente o tratado ou lei Federal quando é cabível; Interpretar equivocadamente o tratado ou lei Federal em desconformidade com o entendimento do STJ.

Negar vigência é deixar de aplicar a lei Federal quando cabível, afirmando as razões pelas quais a considera incabível no caso concreto. Já o termo contrariar significa deixar de aplicar a norma quando ela era cabível, sem mencionar expressamente a razão de não a estar aplicando.

Cabe RESP de:

Leis federais propriamente ditas;

Decretos federais;

Regulamentos federais;

Medidas Provisórias;

Lei estrangeira que será aplicada no território nacional (é lei de cunho material).

Atenção: Posicionamento do STJ – Só caberá RESP quando a ofensa for direta, frontal à lei Federal.

Existe a necessidade de se prequestionar a base infraconstitucional do acórdão, de modo a verificar a possibilidade ou não do cabimento do recurso especial. No caso de a parte prequestionar a matéria infraconstitucional, será possível interpor os 2 recursos, ou seja, o RESP e o REXT, uma vez que, o mesmo acórdão acarretou violação de dispositivo daquelas duas esferas normativas. O 1º recurso a ser julgado será o especial no STJ. Somente depois, caso ainda exista interesse, é que o processo seguirá para o julgamento do recurso extraordinário no STF.

O STJ é o órgão competente para interpretar corretamente a lei federal. Diante disso, se o tribunal deu uma razoável interpretação à lei, ainda que não seja a melhor, cabe recurso especial para o STJ.

Nas alíneas b e c a decisão não necessariamente tem de estar errada, pode até estar correta, e mesmo assim dará ensejo ao recurso especial. Mas, na alínea a, a decisão do tribunal que propicia o recurso especial precisa estar errada.

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Conforme o art. 541 do CPC, o recurso especial deverá ser interposto perante o Presidente ou Vice-Presidente do tribunal recorrido, ou seja, tais recursos são interpostos no tribunal a quo.

Além de examinar a admissibilidade com base nas alegações do recorrente verificando se elas incidem nas hipóteses das alíneas a, b e c do inciso III do art. 105 da CF, o Presidente ou Vice-Presidente irá examinar a presença dos demais requisitos de admissibilidade intrínsecos ou extrínsecos do recurso especial (Legitimidade, interesse, cabimento, inexistência de fato impeditivo ou extintivo, tempestividade, regularidade formal e preparo).

Atenção: Só quem pode julgar o mérito do recurso especial é o STJ.

Se o relator examina o recurso e nega admissibilidade alegando que não ocorreu nem contrariedade nem negativa de vigência, não cabe agravo regimental, pois não é julgamento de turma, caberá, sim, agravo de instrumento específico que leva o exame da admissibilidade do recurso especial para o STJ, que era o destinatário original do recurso.

O recurso especial pode ter a sua admissibilidade negada pelo Presidente ou Vice-Presidente do tribunal a quo, mas o agravo de instrumento específico deve ser obrigatoriamente remetido para o STJ, sob pena de ajuizamento de ação de reclamação constitucional.

Súmula nº 7 do STJ – Questão de fato não pode ser objeto de recurso especial, logo não é possível a interposição de recurso especial para reexame de prova. É possível identificar a situação do recurso especial que pretende o reexame da prova, ou seja, uma nova apreciação da prova, o que é inadmissível, daquela outra situação segundo a qual o recurso pretende discutir a má aplicação do direito probatório, o que caracteriza uma questão de direito e, portanto, permite a utilização do recurso especial.

Súmula nº 5 do STJ – Não pode ser objeto de recurso especial a análise de cláusula contratual. A simples interpretação da cláusula contratual não enseja recurso especial. Entretanto, é importante distinguir esta situação daquela outra que pretende o exame da qualificação jurídica da cláusula contratual. Trata-s neste caso de questão de direito, o que permite a utilização do recurso especial.

Atenção: A regra é o prequestionamento explícito para deixar claro qual o dispositivo violado, o que deve ser feito através dos embargos de declaração prequestionadores.

Alínea b – O fato de a decisão recorrida considerar válido um ato de governo local contestado em face de lei federal estaria contrariando lei federal.

Alínea c – Quando a decisão recorrida der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Atenção: Somente a divergência entre tribunais diferentes propicia a interposição de recurso especial.

Para o STJ, além dos tribunais, os estados precisam ser diferentes.

Matéria constitucional divergente entre os tribunais não propicia recurso especial. Só cabe recurso especial se a interpretação da lei federal for divergente.

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Atenção para a seguinte situação: Apesar da divergência, o acórdão que será objeto de recurso adotou o entendimento do STJ, mas ainda assim é divergente de acórdão de outro tribunal que não adotou a posição do STJ.

Solução: Quando o acórdão recorrido está de acordo com o entendimento do STJ, não cabe recurso especial. O recurso especial não será admitido (conhecido) – Súmula 83 do STJ.

Recurso extraordinário – É recurso interposto contra decisões de única ou última instância proferidas por quaisquer órgãos do poder judiciário que tenham violado ou que possam violar dispositivos constitucionais.

Trata-se de recurso de competência exclusiva do STF.

Objeto do recurso – QQ decisão, de única ou última instância, proferidas por quaisquer órgãos do poder judiciário (juiz ou tribunal), desde que esgotados todos os recursos ordinários cabíveis e que tenham ou possam ter ocasionado violação a dispositivo constitucional.

Diferenças entre recurso especial e recurso extraordinário:

É cabível recurso extraordinário do julgamento proferido pelas turmas recursais.

Atenção: Súmula 733 do STF – Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de precatório. O processamento de precatório possui natureza administrativa e não jurisdicional, e, portanto, a decisão também é de cunho administrativo.

Súmula 735 do STF – Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar.

O indeferimento da liminar pode ensejar recurso extraordinário. Já o deferimento, o STF entende que tem natureza de decisão interlocutória,e para combatê-la temos uma série de recursos cabíveis, a começar pelo agravo.

O não esgotamento dos recursos ordinários cabíveis ocasiona a hipótese de inadmissibilidade do recurso extraordinário.

QQ acórdão de qq tribunal pode ser objeto de recurso extraordinário, desde que se esgotem todos os recursos ordinários cabíveis e as hipóteses se restrinjam a uma daquelas previstas no art. 102, inciso III, alíneas a, b, c e d da CF.

Questões relevantes – Decisão de turma recursal pode ser objeto de recurso extraordinário, pois qq decisão proferida por qq juiz ou tribunal pode ser objeto de recurso extraordinário. Porém, não cabe recurso especial. A princípio não pode uma decisão de juiz de 1º grau ser objeto de recurso extraordinário, pois primeiro devem-se esgotar todos os recursos ordinários cabíveis, a fim de que o recurso extraordinário seja admitido. De uma sentença de 1º grau, por exemplo, o recurso cabível é a apelação.

Na hipótese de sentença de 1º grau proferida no âmbito da execução fiscal, as chamadas causas de alçada, o recurso cabível não será apelação, e sim embargos infringentes, que não guardam semelhança com os embargos infringentes do art. 530

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do CPC, os quais são interpostos contra acórdão decidido por maioria de votos no tribunal no julgamento de apelação ou ação rescisória.

Esses embargos infringentes da Lei 6.830/80 são dirigidos ao próprio juiz prolator da sentença, que julga e reexamina a sua própria sentença. Mantido o teor da sentença, será cabível recurso extraordinário.

É o que diz a Súmula 640 do STF – É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de 1º grau nas causas de alçada (art. 34 da lei 6.830/80), ou por turma recursal de juizado especial cível ou criminal.

Hipóteses de recurso extraordinário:

Art. 102, Inciso III, alínea a da CF – Quando a decisão recorrida contrariar dispositivo da CF.

Abrangência do verbo contrariar:

Não se aplicar à Constituição, quando cabível; Aplica-se a Constituição incorretamente, apesar de cabível; Interpretar-se dispositivo constitucional de forma diversa da interpretação dada pelo STF; Quando há negativa de vigência de dispositivo constitucional, diferente do art. 105, III, a, da CF, que separa a contrariedade da negativa de vigência.

É preciso haver ofensa direta a dispositivo constitucional. Há necessidade de expressa referência ao dispositivo constitucional que está sendo violado, para que seja admissível o recurso extraordinário. É o caso de prequestionamento explícito exigido pelo STF.

Súmula 636 do STF – Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional da legalidade quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão recorrida.

Isto é, se houver necessidade de se fazer um reexame da matéria infraconstitucional (legal) como pressuposto do exame acerca da violação ou não de dispositivo constitucional, não caberá recurso extraordinário. Para o STF é preciso que haja violação à norma expressa, para se interpor recurso extraordinário.

É cabível recurso extraordinário com base em ofensa a princípio constitucional?

Para a corrente utilizada na jurisprudência do STF, não se admite a interposição de recurso extraordinário nos casos de alegação de violação a princípio constitucional, sob o argumento que a má interpretação do dispositivo infraconstitucional acarretaria, no máximo, ofensa indireta (reflexa) à CF, o que impediria o cabimento do recurso extraordinário.

Art. 102, inciso III, alínea b, da CF – Quando a decisão recorrida declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal.

O órgão encarregado de verificar a constitucionalidade ou não de um tratado ou lei federal é o STF. A alínea b trata do controle difuso de constitucionalidade, que é realizado através de recurso extraordinário.

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A admissibilidade do recurso extraordinário implica a verificação da ocorrência da declaração da inconstitucionalidade de lei federal ou do tratado pelo juízo a quo, além da presença dos demais pressupostos de admissibilidade intrínsecos e extrínsecos do recurso. A questão acerca do acerto ou do erro da declaração de inconstitucionalidade é matéria de mérito do recurso extraordinário, e não pressuposto de sua admissibilidade.

Art. 102, inciso III, alínea c, da CF – Quando a decisão recorrida julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face dessa Constituição.

Neste caso, a regra é que o prequestionamento deve ser explícito, porque se há uma lei ou um ato de governo local acarretando violação a dispositivo constitucional, há necessidade de apontar-se expressamente quais os dispositivos da CF que estão sendo violados e quais os dispositivos da lei que os estão infringido.

Ato de governo local – São atos administrativos do Governador, do Prefeito, do Presidente da Assembléia Legislativa ou da Câmara de Vereadores que possam ensejar à violação da CF.

Art. 102, inciso III, alínea d, da CF – Quando a decisão recorrida julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

Ao existir um confronto entre uma lei local e uma lei federal acerca de determinada matéria, estamos diante de conflito de normas constitucionais, na medida em que estará ocorrendo uma invasão de competência legislativa que se encontra prevista na própria CF. Alguma das entidades extrapolou os limites estabelecidos pela Constituição para legislar sobre determinado tema. Mas, se for um ato de governo local que contraria lei federal, não há qq violação ao sistema de repartição de competências, razão pela qual a discussão permanece no âmbito do STJ, em sede de recurso especial.

É indispensável o prequestionamento de questões cujo exame se pretenda em sede de recurso especial e recurso extraordinário.

Se algum desses recursos (especial ou extraordinário) é interposto com base em alguma das causas de pedir anteriormente suscitadas e discutidas no processo e é admitido, quando do exame do seu mérito, ocorrerá a ampla devolução de todas as questões que tenham sido suscitadas e discutidas anteriormente, independentemente do recorrente tê-las ou não alegado naquele recurso.

Ao conhecer e passar ao julgamento do mérito do recurso, o Colendo STF ou o Egrégio STJ podem conhecer de ofício ou por provocação de todas as matérias de ordem pública, bem como daquelas discutidas e suscitadas anteriormente, mesmo que o tribunal não as tenha julgado por inteiro.

O tribunal superior (STJ ou STF) pode conhecer e julgar ex officio as questões de ordem pública, tais como aquelas previstas no art. 267 do CPC, a decadência e até a prescrição.

A Lei 11.418/2006 regulamentou a chamada repercussão geral no âmbito dos recursos extraordinários.

O STF, em decisão irrecorrível, não conhecerá (requisito de admissibilidade recursal) do recurso extraordinário, se a questão constitucional nele versada não oferecer

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repercussão geral. Trata-se de requisito de admissibilidade específico dessa espécie recursal.

Trata-se de uma exceção à regra de que os requisitos de admissibilidade recursal sofrem ao menos 2 exames de admissibilidade. A existência ou não da repercussão geral é matéria de competência exclusiva do STF.

Antes de qq exame do processo, o STF deverá analisar se existe ou não a repercussão geral exigida por lei, razão pela qual ela deverá ser apresentada como preliminar.

Repercussão geral = Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa.

O Supremo deverá restringir seu julgamento àquelas causas que tenham o condão de produzir efeitos em uma série de outros processos cuja relação jurídica seja a mesma. Isso significa que a decisão poderá produzir efeitos em relação a quem não participa da relação processual.

Existirá essa repercussão sempre que o recurso impugnar decisão judicial que seja contrária à Súmula ou jurisprudência dominante do STF.

O art. 102, parágrafo 3º, da CF já afirmava que eram necessários os votos de 2/3 dos membros do STF para que fosse reconhecida a ausência de repercussão geral, com a respectiva decisão de não-conhecimento de recurso extraordinário.

O art. 543 – A, parágrafo 4º, do CPC - Se a turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 votos, ficará dispensada a remessa do recurso ao plenário.

Art. 543 – A, parágrafo 5º, do CPC – Negada a existência da repercussão geral, a decisão valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, salvo revisão da tese, tudo nos termos do regimento interno do STF.

Art. 543 – B, do CPC – Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos do regimento interno do STF. A despeito de tal fato, o parágrafo 1º do art. 543 –B estabelece que o tribunal de origem deverá selecionar um ou mais recursos que representem a controvérsia e encaminhá-los ao STF, sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da corte.

Na hipótese de o STF negar a repercussão geral àqueles recursos que lhe foram remetidos, os demais recursos que estão no tribunal de origem e que possuem a mesma controvérsia serão automaticamente não admitidos.

Os recursos que permaneceram sobrestados no tribunal de origem não são remetidos ao STF, mas deverão ser considerados não-admitidos pelo próprio tribunal a quo. A competência para essa decisão de inadmissibilidade será do Presidente ou Vice-Presidente do tribunal recorrido. Desta decisão é perfeitamente possível a interposição do chamado agravo de instrumento específico (art. 544 do CPC), justamente para tentar desbloquear o recurso extraordinário que foi inadmitido.

No próprio art. 543 – B, em seu parágrafo 3º, há expressa menção de que no caso de o STF julgar o mérito do recurso extraordinário, aqueles recursos que estão sobrestados no tribunal de origem serão apreciados quanto ao mérito, pelos tribunais, turmas de uniformização ou turmas recursais. A partir daí, existe a possibilidade de que eles

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venham a se tornar prejudicados, no caso de o STF ter decidido a causa da mesma maneira que o tribunal recorrido, ou que eles venham a se retratar, na hipótese inversa.

No caso de o tribunal a quo ter proferido decisão contrária àquela que o STF proferiu e mesmo assim ele não se retratar como permite o parágrafo 3º, o tribunal deverá admitir o recurso e enviá-lo ao STF para julgamento.

O art. 543 – A, parágrafo 6º, estabelece, uma hipótese de intervenção do chamado amicus curiae, na medida em que possibilita a participação de terceiros na análise da existência ou não da repercussão geral. Essa participação já é admitida na prática nas ações de controle concentrado de constitucionalidade.

A Lei 11.418/06, que regulamentou a repercussão geral teve vigência 60 dias depois da sua publicação, e somente é aplicável aos recursos interpostos a partir do 1º dia de sua vigência. Isto impede a sua aplicação retroativa a recursos que já estejam no STF.

Execução:

Processo de execução – Conjunto de atos estatais para concretizar a vontade da lei manifestada através de decisão judicial anterior que dá ensejo ao surgimento de um título executivo judicial.

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Ex: Sentença penal condenatória transitada em julgado, sentenças estrangeiras homologadas pelo STJ e sentenças arbitrais.

Execução forçada – Constrição do patrimônio do devedor.

Início da execução forçada – Com a realização do 1º ato constritivo do patrimônio do executado.

Início do processo de execução – Quando da apresentação da petição inicial.

Doutrina – 2 meios de execução:

1º - meios de coação ou coerção – O estado-juiz coage o executado a cumprir a determinação proferida pela sentença transitada em julgado através da imposição de multa, pena de prisão...

2º - meios de sub-rogação – O Estado se sub-roga na condição de devedor, substituindo a sua vontade. Se ele não quiser cumprir a obrigação, invade o seu patrimônio para retirar bens suficientes para quitar a obrigação.

A execução incide sobre o patrimônio do devedor e não sobre a sua pessoa.

A execução sempre deve ser útil. Feita a penhora, se os bens não forem suficientes nem para pagar as custas da execução, ela não pode prosseguir.

Princípio da menor onerosidade/gravosidade/sacrifício do executado – Havendo vários meios de se quitar a obrigação, o juiz deve zelar para que seja adotado o menos oneroso para o devedor executado.

A execução deve ser específica – Entrega do bem especificamente pleiteado pelo exeqüente. Ex: casos de obrigação de entregar coisa, fazer e não fazer.

Execução imediata – Ocorre imediatamente após sentença proferida em processo de conhecimento.

Atenção: Tanto na sentença condenatória de obrigação (de entregar coisa, fazer ou não fazer) transitada em julgado quanto na antecipação de tutela específica, a decisão proferida em processo de conhecimento deve ser materializada sem a necessidade de um processo de execução.

Atenção: Toda vez que o juiz de ofício ou a requerimento das partes, intima o devedor para o cumprimento de uma obrigação decorrente de sentença judicial oriunda de processo de conhecimento anterior, ele está iniciando a execução imediata, uma nova fase do processo de conhecimento sem a necessidade de um processo de execução autônomo.

Regra hoje – Execução específica. Conversão em perdas e danos só se o bem se deteriorar ou se o credor assim quiser.

Inércia do devedor no não cumprimento da decisão judicial – É ele quem deverá arcar com o pagamento das custas da execução.

A execução com base em título executivo extrajudicial pressupõe a inexistência de um processo de conhecimento anterior, logo a execução não pode ser imediata, visto que nesta há a continuação do processo de conhecimento.

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Execução – Livre disponibilidade do credor. Este não precisa da aquiescência do devedor para desistir da execução.

Havendo embargos, com a desistência do processo de execução pelo credor, ainda assim, ocorrerá a extinção do processo de execução. Como ficam os embargos já ajuizados?

Se eles versarem sobre questão de mérito, será necessária a aquiescência do embargante para a extinção dos embargos, tendo em vista o objetivo do embargante, qual seja, o de prosseguir com a demanda com o intuito de obter um pronunciamento de mérito, o que impede que o credor volte a discutir aquela relação jurídica de direito material em qq outro processo de execução.

Embargos versando sobre questões de fato serão extintos sem a necessidade de aquiescência do embargante.

Embargante deseja prosseguir com os embargos do devedor, e o credor desiste do processo de execução. Como fica?

O processo de execução será extinto, e os embargos prosseguem, passando a seguir o rito de uma ação de conhecimento ordinária.

Requisitos de toda obrigação:

Formal – Existência de um título executivo

Material – O inadimplemento de uma obrigação

Execução fundada em título executivo judicial – Será processada perante o juízo que decidiu a causa no 1º grau de jurisdição.

Execução fundada em título executivo extrajudicial – regras gerais de competência do CPC.

Fraude contra credores – Diminuição do patrimônio do devedor antes do ajuizamento de qq demanda. Devem estar presentes 2 elementos:

Elemento objetivo – Dano (alienação ou oneração de bens ocasiona a insolvência do devedor).

Elemento subjetivo - Fraude (o alienante e o adquirente deveriam ter a possibilidade de saber que aquele ato ocasionaria a insolvência do devedor).

Ato gratuito – Não precisa provar se o adquirente sabia ou não da fraude.

Ato oneroso – É preciso demonstrar a existência do dano e da fraude.

Ação pauliana – Deve demonstrar fraude + dano. O objetivo é a decretação da nulidade do negócio jurídico. Natureza jurídica dessa sentença = Constitutiva negativa/desconstitutiva.

Corrente processualista – Na ação pauliana o negócio jurídico permanece válido, mas não produzirá qq efeito em relação ao autor da ação.

Ex: Autor da ação pauliana vence a ação e então pode se dirigir ao patrimônio de 3º que adquiriu o bem e penhorá-lo, independentemente de qq alegação do 3°. Credor,

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alienante e adquirente foram partes na demanda (ação pauliana), logo estão sujeitos à coisa julgada.

A alienação é válida e eficaz para todos os demais credores que não ajuizaram a ação pauliana.

Para a corrente majoritária a natureza jurídica da sentença proferida em ação pauliana é constitutiva, uma vez que, cria nova relação jurídica entre credor e o 3º. O credor tem o direito agora de ingressar no patrimônio do 3º para penhorar o bem adquirido do devedor.

A ação pauliana (casos do art. 158 e 159 do CC) pode ser intentada contra o devedor insolvente, contra pessoa com quem celebrou ato fraudulento ou contra terceiros adquirentes que procederam de má-fé.

Atenção: Trata-se de litisconsórcio passivo necessário. Sendo ação constitutiva negativa, todos os interessados devem figurar no pólo passivo da demanda. Também é unitário, ou seja, o resultado é o mesmo para todos.

Regra: Somente os credores quirografários podem ingressar com a ação pauliana.

Exceção: Credores com garantia real. Requisito: Essa garantia não seja suficiente para garantir todo o valor da dívida.

Para a posição dominante há necessidade de uma ação pauliana para decretar a ineficácia do ato em relação ao autor.

Obs: Fraude contra credores não pode ser reconhecida em embargos de terceiro. STJ – Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico por fraude contra credores.

Fraude à execução:

Dispensa-se o elemento subjetivo. Os envolvidos no ato fraudulento não precisam ter a possibilidade de saber que aquele ato acarretaria a insolvência do devedor. Basta a existência do elemento objetivo – Dano (insolvência).

Atenção: A fraude não precisa ser demonstrada ou alegada em ação própria.

Nessa fraude a alienação ou oneração fraudulenta de bens ocorre quando já existe uma demanda em curso, que por sua vez, pode vir a dar ensejo a uma execução (demanda de natureza condenatória).

Hipóteses de fraude à execução:

Art. 539, I, do CPC – Quando ocorre alienação ou oneração de bens sobre os quais esteja pendente ação fundada em direito real (à partir da citação do réu).

Exceção a regra de que a alienação tem que acarretar a insolvência (dano) – Não importa se o devedor possui outros bens para quitar com a sua obrigação, considera-se fraude à execução a alienação de bens quando sobre eles pender ação fundada em direito real. Aqui, o simples fato de o devedor alienar o bem litigioso já é fraude à execução.

Art. 539, II, do CPC – Quando ao tempo da alienação ou oneração ocorria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo a insolvência (pode ser ação de conhecimento,

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não precisa ser processo de execução). A alienação é válida, mas ineficaz em relação ao autor da demanda que está em curso.

Atenção: Alienação de bem penhorado ou arrestado – Não é preciso a redução do devedor a um estado de insolvência para que se caracterize a fraude à execução. Este ato é válido, porém se o credor pleitear em juízo a ineficácia do ato e esta for deferida, o bem alienado que está na posse de 3º poderá ser objeto de hasta pública para quitação da obrigação junto ao credor. O 3º deverá ajuizar ação de perdas e danos em face do alienante do bem.

Atenção: Penhora averbada – Presunção absoluta de que o devedor tinha conhecimento da sua existência. Caso não haja tal averbação, o credor interessado deverá demonstrar que o devedor tinha conhecimento daquela constrição por outros meios.

Execução de obrigação de entrega de coisa certa judicial:

Pressupõe a existência de sentença condenatória proferida em processo de conhecimento anterior (título executivo judicial). É um prolongamento do processo de conhecimento e não um processo de execução autônomo.

Essa sentença condenatória vai definir: O que vai ser entregue, quando vai ser entregue e de que forma. Irá estabelecer multa para o descumprimento da obrigação de entregar coisa certa (pode ser de ofício pelo juiz).

Não cumprimento da obrigação dentro do prazo:

1º lugar - Multa

2º - lugar – Mandado de busca e apreensão, quando se tratar de bem móvel ou mandado de imissão na posse, quando se tratar de bem imóvel (a multa continua incidindo). Essa sentença será efetivada logo após o seu trânsito em julgado, como uma nova fase do processo de conhecimento que estava em curso. É a chamada execução imediata. Cabe apelação, recebida no duplo efeito. A apelação interposta impede a efetivação da tutela específica que não será realizada de imediatamente.

Execução da obrigação de entrega de coisa certa extrajudicial:

Como não há sentença anterior, há que se iniciar um processo de execução autônomo para entrega de coisa certa com base em título executivo extrajudicial. Este processo de execução encontra-se subdividido em 3 fases: Postulatória, instrutória e satisfativa.

Atenção: Através da petição inicial é pleiteada a citação do executado para entregar a coisa ou depositá-la em juízo no prazo de 10 dias. Tais condutas não tem mais como finalidade garantir o juízo para fins de apresentação de embargos. Tal exigência foi abolida com a nova redação do art. 738 do CPC.

Realizada a citação do executado, com a juntada do mandado de citação cumprido aos autos surgem 2 prazos para o executado:

10 dias para que entregue a coisa certa (a execução será extinta) ou para que deposite a coisa (presume-se que o executado irá embargar a execução).

15 dias para interpor embargos à execução.

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Esses prazos são contados da juntada aos autos do mandado de citação cumprido.

O próprio devedor pode pleitear para ser nomeado depositário do bem.

Se o devedor não entrega e nem deposita a coisa, expede-se mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse.

Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão pode acontecer:

Do bem está na posse de 3º. Se for caracterizada a fraude, o mandado será cumprido em face de 3º, e este só poderá se manifestar no processo após depositar a coisa em juízo.

Bem deteriorado ou desaparecido. A execução para entrega de coisa certa extrajudicial é convertida em perdas e danos. Abrange o valor do bem e as perdas e danos decorrentes da deterioração ou desaparecimento. Será realizada uma liquidação dentro do processo de execução através de uma decisão interlocutória. Obtido o valor, a execução para a entrega de coisa certa extrajudicial será convertida em execução por quantia certa, seguindo o procedimento dessa espécie.

Fase satisfativa. 2 hipóteses:

Entrega da coisa pelo devedor. Lavra-se termo de entrega. Juiz extingue a obrigação e dá por finda a execução.

Devedor deposita a coisa em juízo e opõe embargos, que por sua vez, são recebidos só no efeito devolutivo. Prossegue a execução e ocorre a satisfação do exeqüente com a entrega da coisa. Caso os embargos sejam julgados favoráveis, retorna-se ao status quo ante, ocorrendo a devolução da coisa ao executado.

Execução para a entrega de coisa incerta:

Se sabe o gênero e a quantidade, o que é incerto é a qualidade.

Quanto a escolha:

Credor a individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha.

Cabendo ao devedor a escolha, a entregará individualizada no prazo fixado pelo juiz.

QQ das partes poderá no prazo de 48 horas impugnar a escolha feita pela outra parte. O juiz decidirá de plano ou ouvirá perito.

Atenção: Coisa incerta não pode ser fungível (aquela que pode ser substituída por outra de mesmo gênero, qualidade e quantidade). Se for hipótese de bem fungível é caso de execução para entrega de coisa certa, que pode ser substituída por outra de mesmo gênero, qualidade e quantidade. Também não abrange os casos de bem infungível, pois para este tipo de execução o bem deve ser indeterminado, mas determinável, uma vez que, será preciso descobrir somente a qualidade

É possível esclarecer quem possui o direito de escolha do bem a ser entregue:

Se não constar do título o direito de escolha, caberá ao executado.

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Se a escolha couber ao credor, este individualizará a coisa na petição inicial do processo de conhecimento.

Se a escolha couber ao devedor, este individualizará a coisa no prazo fixado pelo juiz na sentença que o condenou a entregar a coisa.

Esses casos acima são da entrega de coisa incerta judicial!

Entrega de coisa incerta extrajudicial:

Quando a escolha couber ao devedor, este será citado para entregar a coisa individualizada.

Quando a escolha couber ao credor, este deverá indicar qual é a coisa na petição inicial do processo de execução. Tendo em vista que se trata de execução com base em título executivo extrajudicial, não existe processo de conhecimento anterior.

Atenção: A impugnação a escolha da outra parte no prazo de 48 horas do art. 630 do CPC só é aplicável em execução com base em título executivo extrajudicial. S a impugnação a escolha ocorrer em execução com base em título executivo judicial, o momento será outro:

Se a escolha couber ao credor, o momento da impugnação é na contestação do devedor.

Se a escolha for devedor, a regra é de que não pode haver impugnação. O devedor deve entregar uma coisa de qualidade média.

Exceção: O credor só poderá impugnar se receber coisa de pior qualidade. Esta impugnação será no prazo de 48 horas.

Execução de obrigação de fazer:

Judicial (art. 461 do CPC) – Oriunda de um processo de conhecimento anterior, onde foi proferida sentença judicial (título executivo judicial). Trata-se de execução imediata. Não há necessidade de um processo de execução. Na sentença do processo de conhecimento, o juiz:

Condena o réu;

Determina o prazo de cumprimento da obrigação;

Estabelece multa no caso de descumprimento da decisão judicial.

Se o juiz utilizar todas as medidas de apoio (art. 461, parágrafo 5º, do CPC) para efetivar o cumprimento da decisão judicial e ainda assim o devedor não cumprir a obrigação, converte-se a obrigação em perdas e danos (deve ser requerida pelo autor), através de incidente para liquidar a obrigação. Prossegue-se a execução por quantia certa.

Extrajudicial – A obrigação continua sendo específica, mas não é hipótese de execução imediata. Não existe processo de conhecimento anterior. É baseada em título executivo extrajudicial. Se inicia através de um processo de execução autônomo. 2 observações:

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Se constar prazo do título executivo, será obedecido esse prazo para o cumprimento da obrigação;

Se não constar prazo ou título, o juiz determinará o prazo.

Descumprimento da obrigação fungível. 2 situações:

Se for possível obter resultado prático equivalente ao da obrigação, ela poderá ser realizada por 3º às custas do executado. Caberá ao exeqüente indicar o 3º e as condições de sua contratação. Se preferir o exeqüente pode ele mesmo realizar o ato. Requisito: em igualdade de condições com a proposta do 3º. Esse direito de preferência deve ser exercido no prazo de 5 dias contados da apresentação da proposta pelo 3º.

Se não for interesse do credo o resultado prático equivalente, poderá pedir a conversão em perdas e danos através do incidente de liquidação.

Descumprimento da obrigação infungível (personalíssima) – A única opção é a conversão em perdas e danos. A conversão é feita através de liquidação incidental, cujo recurso cabível é o agravo, pois é uma decisão interlocutória, e depois prossegue a execução pelo procedimento da execução por quantia certa contra devedor solvente.

Atenção: Neste caso é possível aplicar as medidas de apoio (art. 461, parágrafo 5º, do CPC) para efetivação da tutela específica. Ex: multa por atraso, busca e apreensão, desfazimento de obras...

Execução de obrigação de não fazer:

Judicial (art. 461 do CPC) – É proferida sentença que condena o réu a não fazer alguma coisa e impõe multa para coagi-lo a não fazer. É uma tutela de prevenção de ilícito.

Extrajudicial (art. 642/643 do CPC) – Não há sentença proferida e sim um título executivo extrajudicial que serve de base para o credor pleitear ao juiz, através de uma demanda, o início do processo de execução. Aqui o ato que não era para ser praticado já o foi, e o credor deseja através do processo de execução desfazê-lo. Existem 2 espécies:

Obrigação de não fazer permanente – Pode ser desfeita. É aquela que continua a produzir efeitos, pois o ato permanece latente, sendo possível desfazer o ato. Ex: O sujeito está proibido de derrubar o muro, mas se o derrubou, pode-se desfazer o ato compelindo-o a construir outro.

Obrigação de não fazer instantânea – É aquela que não pode ser desfeita. Uma vez realizado o ato, os efeitos não podem ser desfeitos. Não se tem como retornar ao status quo ante. Ex: Ator famoso que é proibido de dar entrevista em outro canal de televisão. Realizada a entrevista não há como desfazer esse ato. Nesse caso haverá conversão em perdas e danos.

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Atenção: Se tão-somente a violação já acarretar perdas e danos ao credor, elas podem ser cumuladas com as perdas e danos dos prejuízos ocasionados. Diferente da obrigação de fazer, em que OU o 3º pratica o ato as custas do devedor OU se converte a obrigação em perdas e danos.

Execução contra a Fazenda Pública:

É uma espécie de execução por quantia certa.

Regra – Os bens da Fazenda Pública são inalienáveis e impenhoráveis.

Exceção – Casos excepcionais, quando eles são desafetados do serviço público, mediante lei.

Regra – Não há qq ato de apreensão de bens de propriedade da Fazenda Pública.

Para a corrente majoritária, a natureza da execução contra a Fazenda Pública é executiva.

Legitimados passivos – Hoje o termo Fazenda Pública compreende as pessoas jurídicas de direito público:

União, estados, DF, Municípios, respectivas autarquias, fundações de direito público, ECT (empresa de correios e telégrafos) e autarquias que exercem atividade econômica em regime de exclusividade.

Sociedade de economia mista e empresa pública não fazem parte desse rol.

Exceção: Segundo o STF apesar de a empresa de correios e telégrafos ser pública, a execução contra ela deve obedecer ao rito igual ao da execução contra a Fazenda Pública (art.730 e 731 do CPC).

Atenção: Empresa pública possui foro por prerrogativa de função, mas não se equiparam a Fazenda Pública, seguem o rito normal, exceto a ECT.

Art. 730 e 731 do CPC – Só se aplicam quando a execução contra a Fazenda Pública for por quantia certa.

Art. 730 – Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedora para no prazo de 10 dias opor embargos; se esta não os opuser no prazo legal, observar-se-ão as seguintes regras:

I – O juiz requisitará o pagamento por intermédio do Presidente do tribunal competente;

II – Far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo crédito.

Art. 731 – Se o credor for preterido no seu direito de preferência, o Presidente do tribunal, que expediu a ordem, poderá, depois de ouvido o chefe do MP, ordenar o seqüestro da quantia necessária para satisfazer o débito.

Art. 100, CF – Pagamentos devidos pela Fazenda Pública (Estadual, Federal ou Municipal), em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos.

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Exceção – Crédito de natureza alimentícia.

Atenção – Para a maioria da doutrina a execução contra a Fazenda Pública pode ter por base um título judicial ou extrajudicial.

Atenção – A citação é para que a Fazenda embargue a execução no prazo de 30 dias. Esses embargos tem natureza de ação de conhecimento incidental. Tem por fim suspender o processo de execução enquanto não decididos os embargos.

Embargos não apresentados ou julgados improcedentes – Juiz de 1º grau expede precatório e o Presidente do tribunal dá cumprimento ao precatório, cobrando que aquela entidade de direito público separe quantia necessária ao pagamento do débito e coloque à disposição da justiça esse valor para quitar a dívida.

Atenção – Os atos do Presidente do tribunal no processamento de precatórios tem natureza adm. – Não cabe recurso extraordinário e nem agravo regimental. A medida cabível aqui seria no máximo o MS.

A regra da expedição do precatório não é aplicada as causas de pequeno valor dos juizados especiais. Só é utilizada para causas acima de 60 sm.

STJ – Crédito de natureza alimentícia – Gozam de preferência. São desvinculados da ordem cronológica dos créditos de natureza diversa.

São créditos de natureza alimentícia:

Salários, vencimentos, proventos, pensões, benefícios previdenciários e indenização por morte ou invalidez fundada na responsabilidade civil.

De acordo com o art. 730, I, do CPC, o juiz requisitará o pagamento por intermédio do Presidente do tribunal competente. O STJ decidiu que competente é o Presidente do Tribunal onde deverá ser cumprido o precatório.

Credor preterido no seu direito de preferência – Presidente do tribunal que expediu a ordem de pagamento, poderá, depois de ouvido o MP, ordenar o sequestro da quantia necessária para a satisfação do débito.

Atenção – O ato que provoca o Presidente do tribunal a atuar (ordenar o seqüestro) não precisa ser necessariamente do credor preterido, pode ser de qq credor.

Para a maioria da doutrina esse seqüestro tem natureza executiva.

Entendimento que prevalece – Esse seqüestro é realizado em relação as verbas da pessoa jurídica de direito público e não em relação a quantia que o credor recebeu indevidamente.

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Litisconsórcio:

Conceito – Pluralidade de partes no pólo ativo, no pólo passivo ou em ambos os pólos da relação processual.

Facultativo – O autor pode se reunir com quem quiser para propor sua demanda (com base nas situações do art. 46 do CPC). Se desejar, pode ajuizar sua demanda sozinho.

Necessário – Obrigatoriedade da presença de todos os litisconsortes na demanda sob pena de ineficácia da sentença.

Quanto ao momento:

Inicial ou originário – Desde a propositura da demanda, na própria petição inicial, já há o litisconsórcio formado.

Ulterior ou superveniente – Existe ou não litisconsórcio facultativo ulterior?

Para a maioria da doutrina, o litisconsórcio facultativo deve ser sempre originário, isto pq ao admitir o ingresso de litisconsorte em momento posterior ao ajuizamento da demanda, estaria configurado um caso de burla ao princípio do juiz natural, com aquele litisconsorte escolhendo o juízo por onde pretenda ver aquela demanda tramitar. É o que se chama de intervenção litisconsorcial voluntária, rejeitada em nosso ordenamento.

Para quem admite a intervenção litisconsorcial voluntária, o momento limite para a sua realização seria a citação, salvo as substituições permitidas por lei (sucessão processual, chamamento ao processo, litisconsórcio superveniente em razão de demandas conexas e o litisconsórcio necessário, que é identificado pelo próprio juiz).

O chamamento ao processo é espécie de intervenção de 3º, e que provoca a entrada de litisconsortes passivos num processo já em andamento.

Ex de sucessão processual – Ação reivindicatória movida por A em face de B, em que este, no curso do processo aliena a coisa litigiosa a 2 pessoas. Concordando A com a alteração do pólo passivo, este deixará de ser ocupado por B, que será sucedido pelos adquirentes, em litisconsórcio. Trata-se de litisconsórcio formado no curso do processo, e, portanto, superveniente.

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Pela intervenção litisconsorcial voluntária, um 3º, estranho a relação processual originária, ingressa no feito como litisconsorte de uma das partes, fazendo valer seu direito em face do adversário. Esse fenômeno é muito freqüente em MS, principalmente quando no processo é concedida uma medida liminar, motivo que leva outras pessoas a pretender seu ingresso no feito, como litisconsortes supervenientes, a fim de receber os efeitos benefícios daquela decisão proferida.

Art. 48 do CPC – Princípio da independência dos litisconsortes. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos. Os atos e as omissões de um não prejudicarão e nem beneficiarão os outros. Trata-se de princípio aplicável tão-somente ao litisconsórcio comum, sendo incompatível com o litisconsórcio unitário.

Haverá casos em que a atuação de um dos litisconsortes produzirá efeitos em relação aos demais. Como nos casos do art. 320, I, do CPC (em que a contestação oferecida por um dos litisconsortes aproveita aos demais) e do art. 739, parágrafo 3º, do CPC (os embargos opostos à execução por um dos executados, suspenderão a mesma em relação aos seus litisconsortes, toda vez que o fundamento dos embargos for comum à todos).

No litisconsórcio unitário, atos praticados por apenas um dos litisconsortes, aproveitarão a todos, da mesma forma, alguns atos só serão eficazes se praticados por todos os litisconsortes. No 1º caso estão os recursos interpostos por apenas um dos litisconsortes unitários, que aproveitam a todos (art. 509 do CPC). Na 2º situação encontram-se todas as condutas que levam a um resultado desfavorável, como por exemplo, a renúncia à pretensão, ou o reconhecimento da procedência do pedido.

2 hipóteses de litisconsórcio necessário:

Por determinação legal – A lei determina que todos os litisconsortes devem estar presentes, independente da natureza da relação jurídica de direito material. Ex: art. 942 do CPC (todos os confinantes, demais interessados e outros devem ser citados)

Pela natureza indivisível da relação jurídica – Obriga a colocar na relação processual todas aquelas pessoas que participaram da relação jurídica de direito material. A relação jurídica por ser uma só, será decidida uma única vez. Pressupostos processuais negativos da litispendência e da coisa julgada – evitar que a mesma relação jurídica venha a ser novamente objeto de decisão judicial. Ex: ações constitutivas em que a modificação ocasionada na relação jurídica entre as partes originárias (autor e réu) pode atingir outras pessoas.

Litisconsórcio unitário – Como a relação jurídica de direito material aqui é indivisível, sendo ela decidida através de uma única sentença, atingirá os titulares daquele direito de maneira idêntica. Quando se afirma ser unitário o litisconsórcio, o que se diz é que a decisão de mérito será, obrigatoriamente, uniforme para todos os litisconsortes, não se admitindo que os mesmos recebam na decisão tratamento diferenciado.

Litisconsórcio necessário é sempre unitário?

Nem sempre. Se o litisconsórcio necessário decorrer de lei, não será unitário, mas sim comum (simples). Ex: Usucapião – art. 942. Em que o litisconsórcio entre aquele em

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cujo nome o imóvel está registrado e os confinantes do prédio é necessário por força de lei, não sendo unitário, isto é, o resultado, a decisão, não é a mesma para todos.

No litisconsórcio comum não há uma obrigatoriedade de decisões diferentes, mas tão-somente uma possibilidade de que isto ocorra.

Litisconsórcio unitário é sempre necessário?

Nem sempre, há casos em que apesar da relação jurídica de direito material ser indivisível, enseja um litisconsórcio facultativo (quase sempre no pólo ativo). Se dá toda vez que o litisconsórcio unitário se forma no pólo ativo da relação processual. Ex: Pedido de anulação de assembléia por um dos acionistas; condômino reivindicando coisa comum de 3º; caso de solidariedade passiva, em que o credor pode demandar a condenação de apenas um dos devedores a pagar a dívida inteira, mas em propondo a ação em face de 2 ou + dos co-devedores solidários verá a formação de um litisconsórcio facultativo unitário.

Atenção – O juiz não pode, de ofício, determinar a inclusão nem de litisconsórcio necessário. Irá ordenar que o autor promova a citação do litisconsorte necessário. Se o autor não quiser realizar a citação do litisconsorte necessário, extingue-se o processo sem resolução do mérito (art. 267, IV, do CPC), por faltar pressuposto processual de validade.

Art. 10, parágrafo 1º do CPC – O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações – Trata-se de litisconsórcio necessário passivo.

E quanto ao litisconsórcio necessário ativo? A ação versando sobre direitos reais imobiliários deve ser proposta em conjunto pelos cônjuges?

A corrente predominante diz que não há litisconsórcio necessário ativo nesses casos, já que há o suprimento judicial da vontade do cônjuge no art. 11 do CPC.

Para o STJ, o CPC não definiu qual a natureza da ação possessória, se pessoal ou real. O CPC não elencou as ações possessórias no rol das ações de natureza real, então para o STJ é ação pessoal, e, portanto não é caso de litisconsórcio ativo. Apenas o consentimento é suficiente, ensejando ação de suprimento judicial se o cônjuge não quiser consentir.

Hipótese – 3 empresas, A, B e C realizam um contrato com a empresa X, entretanto, só conseguem criar um produto se obtiverem a matéria prima de X. Elas possuem uma única relação jurídica com a empresa. As 3 em conjunto realizaram o contrato com X. Em um determinado momento, a empresa A se sente prejudicada, suspeitando haver nulidade do contrato. Com isso, ingressa com demanda pedindo anulação do mesmo. Se B e C não quiserem ingressar com a demanda, o acesso de A à justiça fica prejudicado. Por isso, não convém que A tenha seu direito de ação prejudicado pq B e C não querem ingressar com a demanda. A solução é que A proponha a demanda, colocando B e C no pólo passivo. Isto pq a lei exige a presença de todos os litisconsortes na relação processual, mas não diz em qual dos pólos. Segundo este entendimento B e C podem passar para o pólo ativo da demanda no prazo de resposta.

Nos casos em que a natureza da relação jurídica impõe a presença de todos os seus sujeitos no processo, esta presença pode se dar em qq dos lados da relação processual. Assim sendo, aqueles que não quiserem propor a ação deverão ser

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incluídos no pólo passivo da demanda. Ex: Locação em que haja 2 locadores, e pretendendo um deles propor ação revisional de aluguel com o fim de obter o aumento do preço da locação, com o que não concorda o seu co-locador, deverá aquele propor ação em face do locatário e do co-locador que não pretendia ajuizar a demanda.

Toda vez que o litisconsórcio for possível, mas não imposto pela natureza da relação jurídica, ou por disposição de lei, ter-se-á litisconsórcio facultativo.

Litisconsórcio facultativo – É uma espécie de litisconsórcio em que não existe a obrigatoriedade da presença de todos os supostos titulares do direito na relação jurídica processual, podendo cada um dos titulares exercer individualmente o seu direito de ação. Caso optem por ajuizar a demanda em conjunto precisam possuir algum dos vínculos do art. 46 (por comunhão, conexão da causa

ou afinidade).

Pela comunhão de direitos e obrigações (art. 46, I, do CPC) – Trata-se de litisconsórcio facultativo, mas pode ser caso de litisconsórcio necessário, dependendo da natureza da relação jurídica de direito material. Caso ela seja indivisível, existe a possibilidade de que o litisconsórcio seja necessário.

Os incisos II e III tratam, de uma só hipótese, o litisconsórcio por conexão de causas (quando em uma mesma oportunidade se quiser ajuizar demandas conexas pelo pedido ou pela causa de pedir). Ex: Pode haver litisconsórcio quando diversas vítimas de um acidente aéreo pretendem haver da empresa transportadora indenização pelos danos sofridos. As diversas ações, das várias vítimas do acidente, são conexas pela causa de pedir, se fundamentam no mesmo suporte fático.

Atenção - Litisconsórcio por conexão de causas e por afinidade serão sempre facultativos.

Litisconsórcio por afinidade de questões (art. 46, IV, do CPC) – O que é comum é simplesmente uma questão de fato ou de direito. Se refere à chamada conexão imprópria. A conexão ocorre pela identidade de pedido ou de causa de pedir.

Litisconsórcio multitudinário – Art. 46, parágrafo único do CPC – Ocorre quando o litisconsórcio facultativo é formado por um número muito grande de pessoas. Abre-se para o juiz a possibilidade de limitar esse litisconsórcio.

Atenção – O juiz não poderá limitar o litisconsórcio multitudinário necessário, todos tem que estar presentes.

Há 2 hipóteses de limitação do litisconsórcio facultativo multitudinário:

Quando ele compromete a rápida solução do litígio, ou

Quando ele dificultar a defesa.

A limitação poderá ser feita de ofício ou a requerimento da parte. Havendo requerimento, este poderá ser formulado pelo demandado no prazo de resposta.

Trata-se de decisão interlocutória, pq embora o conteúdo dessa decisão seja de sentença, em razão do indeferimento da petição inicial, ela não põe termo ao processo. Este prossegue em relação aos litisconsortes que permanecerão na causa. Dessa decisão cabe agravo de instrumento diretamente para o tribunal, e o processo segue no 1º grau.

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O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão.

O litisconsórcio facultativo necessário é uma exceção ao art. 472 do CPC (este afirma que a coisa julgada não atingirá terceiros, mas tão-somente as partes). É um caso de exceção pq ficarão todos sujeitos à autoridade da coisa julgada, embora não tenham feito parte da demanda.

Art. 350 do CPC – Confissão – Não prejudica os litisconsortes. No litisconsórcio comum, a regra é o princípio da independência dos litisconsortes, logo a confissão feita por apenas um deles não prejudicaria os demais. Ocorre porém, que por ocasião da sentença, ao valorar as provas constantes dos autos, o juiz deverá atribuir àquela confissão o valor que entender adequado, como meio de prova que é. Considerando-se que não se poderia admitir, por contrariar a lógica, que o juiz tivesse por provado o fato em relação ao litisconsorte que confessou, e não comprovado em relação aos demais, é certo que na sentença poderá se verificar que aquela confissão produziu efeitos em relação aos demais litisconsortes.

Considerando-se, também aqui, que o juiz é livre para valorar as provas dos autos, tendo sido superada a época em que a confissão era prova plena, não se pode afirmar que seja este meio de prova uma conduta determinante, já que suas conseqüências serão verificadas em conjunto com todo o material probatório, do qual é parte integrante. Trata-se, pois, de conduta alternativa e, em sendo assim, eficaz, ainda que não tenha sido praticada por todos os litisconsortes.

Em relação a transação – A princípio a transação é prejudicial. Se os outros concordarem não há problemas, mas se não concordarem, o processo segue em relação a todos, mesmo que somente um deles não concorde, a transação não produzirá efeitos em relação a nenhum deles.

Em tendo os litisconsortes advogados diferentes, serão duplicados todos os seus prazos para se manifestar no processo (art. 191 do CPC).

Se os litisconsortes estiverem representados por 2 advogados do mesmo escritório, aplica-se ou não o art. 191?

Posição dominante é de que se aplica, pq os advogados são diferentes.

E se os advogados usassem a mesma petição?

Nesse caso Tb se aplica o art. 191, pq são dois advogados diferentes.

E se houver 2 litisconsortes citados, sendo que um deles é revel, o prazo de resposta dele é em dobro ou de 15 dias?

Parte majoritária da jurisprudência aplica o art. 191 no prazo da resposta (passa a ser de 30 dias), mas a partir do momento em que for decretada a revelia, o prazo passa a ser normal, não será contado em dobro, pq um deles é revel. Havendo litisconsórcio passivo com diferentes advogados, o prazo para contestação é contado em dobro, de sorte que não se apresenta possível proclamar a revelia antes que expirados 30 dias da efetiva citação do último réu (este é o entendimento do STJ).

Súmula 641 do STF – É importante lembrar que o prazo para apelar não é contado em dobro se somente um dos litisconsortes sucumbir na sentença.

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É terceiro quem não é parte. O terceiro torna-se parte no momento em que intervém. Há 2 conceitos distintos de parte:

Os de parte da demanda e de parte do processo.

O terceiro, que não é parte da demanda, torna-se com a intervenção, parte do processo.

Não se pode considerar intervenção de terceiro o ingresso no processo de um litisconsorte necessário que se encontrava ausente. Isto pq o litisconsorte necessário é parte originária, que deveria figurar no processo desde o início, não se podendo considerá-lo terceiro.

4 figuras de intervenção de terceiro – Oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide e chamamento ao processo.

O próprio CPC em seu art. 280, reconhece que a assistência e o recurso de terceiro são espécies de intervenção de terceiros, ao dispor que no procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental e a intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro.

As modalidades de intervenção de terceiro pode ser divididas em 2:

As intervenções voluntárias ou espontâneas e intervenções forçadas ou coactas. Nas primeiras, a intervenção do terceiro ocorre por ato de vontade, ingressando este no processo pq pretende tomar parte da relação processual. É o que se tem na assistência, oposição e recurso de terceiro. Já as intervenções forçadas são aquelas em que o ingresso do terceiro é provocado, sendo requerido por alguma das partes originárias. Fazem parte dessa modalidade a nomeação à autoria, denunciação da lide e chamamento ao processo.

As intervenções forçadas são necessariamente provocadas por alguma das partes, não podendo jamais ser determinadas de ofício pelo juiz.

Pode o autor provocar a denunciação da lide, enquanto que o réu pode suscitar qq das 3 modalidades de intervenção forçada.

Assistência – Art. 50 do CPC – Pendendo uma causa entre 2 ou + pessoas, o 3º que tiver interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la.

A assistência é cabível a qq tempo e em qq grau de jurisdição, podendo o assistente, ingressar no processo em qq das suas fases, e o recebendo no estado em que se encontra, seja na execução ou no cumprimento de sentença.

Art. 10 da Lei 9099/95 – Impossibilidade de qq forma de intervenção de terceiro nos juizados especiais cíveis.

São 2 as espécies de assistência:

Assistência qualificada (litisconsorcial) – Art. 54 do CPC – Aqui o 3º interveniente Tb é titular da relação jurídica deduzida no processo, embora não tenha sido parte na demanda. Sendo porém uma relação jurídica plúrima, não se poderia impedir que seus demais titulares ingressassem no processo com o fim de auxiliar aquele cuja vitória lhes interessa.

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O assistente qualificado não é litisconsorte, mas mero assistente.

O assistente qualificado não adquire a posição de autor, nem tampouco a de réu, mantendo-se como pessoa estranha à demanda. Torna-se parte apenas no processo, podendo exercer as mesmas faculdades que são outorgadas pelo sistema aos litisconsortes. Assim, por exemplo, assistente e assistido disporão de prazos em dobro para se manifestar no processo, desde que tenham advogados distintos.

Assistência simples (adesiva) – Aqui o 3º é sujeito de relação jurídica diversa da deduzida em juízo, mas a ela subordinada. Ex: Sublocatário interveniente numa ação de despejo em que são partes originárias apenas o locador e o locatário.

Na assistência simples a intervenção não impede o assistido de praticar atos dispositivos, como renúncia, desistência e outros equiparados (art. 53 do CPC).

Tanto o assistente simples como o qualificado atuam como auxiliares da parte principal. Sujeitando-se aos mesmos ônus que o assistido, e, podendo exercer os mesmos poderes (art. 52 do CPC).

É aplicável apenas à assistência simples a regra do parágrafo único do art. 52 do CPC, segundo o qual, revel o assistido, o assistente será considerado seu legitimado extraordinário (defesa do direito alheio em nome próprio). Ver art. 6º do CPC.

Requerendo o 3º sua intervenção como assistente (simples ou qualificada), deverá o juiz ouvir as partes já integrantes da relação processual no prazo de 5 dias. Não havendo impugnação, o requerimento será deferido. Havendo, porém, impugnação de qq das partes, deverá o juiz determinar a autuação em apartado do incidente, autorizando a produção de provas e, após a produção destas, decidirá o incidente. Este incidente não constitui processo autônomo, sendo portanto, decidido através de decisão interlocutória, sujeita a recurso de agravo, e o mesmo não é causa de suspensão do processo.

Art. 55 do CPC – Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que o assistido não atuou corretamente no processo em que se deu a intervenção, tendo o assistente recebido o processo em situação na qual já não lhe era mais possível produzir provas capazes de influir na sentença, ou que desconhecia a existência de alegações ou provas de que o assistido, dolosa ou culposamente, não se valeu.

Oposição – Na oposição, o opoente, terceiro em relação a demanda originária, vai a juízo manifestar a pretensão de ver reconhecido como seu direito ou coisa sobre que controvertem autor e réu.

Não se trata de verdadeira intervenção de terceiro, mas de demanda autônoma, em que o opoente é o autor, e serão réus, em litisconsórcio necessário, as partes da demanda original. Toda vez que alguém vai a juízo manifestar pretensão em face de outrem estará propondo uma ação.

Trata-se, via de regra, de demanda meramente declaratória em face do autor da demanda original, e condenatória em face do réu da mesma.

A oposição pode ser oferecida a qq tempo, antes da prolação da sentença. Após este momento, nada impede que o 3º que se considere titular do direito controvertido,

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demande o seu reconhecimento, mas o fará por demanda independente, que não receberá o nome de oposição.

O opoente deverá apresentar sua demanda em juízo através de petição inicial. Será tal demanda distribuída pó dependência ao processo já em curso. Após a distribuição, serão os opostos citados na pessoa de seus advogados, salvo se o demandado da ação principal for revel, pois neste caso o mesmo não tem advogado constituído, o que faz com que a lei determine a sua citação pessoal.

Os opostos terão o prazo comum de 15 dias para contestar a demanda oferecida pelo opoente.

Atenção: Não é aplicável aqui o disposto no art. 191 do CPC, que determina prazo em dobro para litisconsortes com advogados diferentes.

Podem os opostos além de contestar, oferecer todas as demais modalidades de resposta, além de ser possível o oferecimento, no mesmo prazo, de impugnação ao valor da causa. Podem ainda, reconhecer a procedência do pedido do opoente.

Art. 59 do CPC – A oposição oferecida antes da audiência será apensada aos autos principais e correrá simultaneamente com a ação, sendo ambas julgadas pela mesma sentença.

Art. 60 do CPC – Oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá a oposição o procedimento ordinário, sendo julgada sem prejuízo da causa principal. Poderá o juiz, todavia, sobrestar no andamento do processo, por prazo nunca superior a 90 dias, a fim de julgá-la conjuntamente com a oposição.

Art. 61 do CPC – Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação e a oposição, desta conhecerá em 1º lugar.

Nomeação à autoria – Trata-se de modalidade de intervenção forçada, sendo o 3º convocado a ingressar na relação processual.

Ex: Réu demandado como se tivesse a posse da coisa, quando na verdade é mero detentor. Aqui existem 2 situações distintas:

Em primeiro lugar há de se considerar a possibilidade de o demandante, em sua petição inicial, afirmar expressamente que o demandado é mero detentor da coisa pretendida. Neste caso, o demandante é carecedor da ação, por falta de legitimidade passiva ad causam, devendo o processo ser extinto sem resolução do mérito. A segunda hipótese é aquela em que o demandante na petição inicial afirma ser o demandado possuidor da coisa pretendida, enquanto este na verdade é mero detentor. Em um caso assim por ter o demandante apontado o demandado como possuidor, este é parte legítima ad causam para figurar no pólo passivo. Ocorre, que do material probatório que se trará aos autos, verificar-se-á que o demandado não tem posse, mas mera detenção, o que impedirá o acolhimento da pretensão do demandante.

A nomeação à autoria, portanto, é mecanismo destinado não a corrigir um vício de legitimidade passiva, mas a tornar possível que este processo leve a um resultado favorável ao demandante, o que certamente não seria possível sem a modificação do ocupante do pólo passivo.

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Admite-se a nomeação à autoria apenas nos casos previstos nos arts. 62 e 63 do CPC. O 62 traz o clássico exemplo apresentado acima. Já o 63 prevê a possibilidade de haver nomeação à autoria em processo iniciado por demanda em que se pretende receber indenização por dano causado à coisa, toda vez que o responsável pelo prejuízo alegar que praticou o ato lesivo a mando, ou por instruções de outrem.

Nos dois casos acima descritos, o réu fará a nomeação à autoria no prazo de que dispõe para apresentar sua resposta. Deferindo o juiz o requerimento de nomeação à autoria, será suspenso o curso normal do processo, devendo ouvir o autor sobre o mesmo no prazo de 5 dias, valendo o silêncio como concordância com a nomeação. Na hipótese de o autor não concordar com a nomeação, prosseguirá o processo em relação ao demandado original, correndo o demandante o risco de não obter, neste processo, qq resultado útil. Aceita a nomeação pelo demandante, este deverá promover a citação do nomeado para que venha ao processo.

A nomeação à autoria só provocará a alteração do pólo passivo da relação processual, com a saída do réu original e sua substituição pelo nomeado, se tanto o autor como o nomeado concordarem com a alteração. Em não havendo a dupla concordância, permanecerá o réu original no pólo passivo da relação processual. Tal concordância pode ser expressa ou tácita, dando-se esta quando o nomeado, regularmente citado, não comparecer, ou comparecendo, nada alegar contra a indicação de seu nome.

Responde por perdas e danos o réu que nas hipóteses em que se mostrar cabível a nomeação, não a fizer, ou indicar pessoa diversa daquela que deveria ter sido a nomeada.

Não ocorrendo a alteração do pólo passivo, por não ter obtido a dupla concordância, deverá o juiz conceder ao demandado novo prazo para oferecer sua contestação. Este novo prazo deve corresponder a integralidade do prazo de que o réu dispunha, originariamente, para contestar, sendo lícito falar-se, pois, que a nomeação à autoria interrompe o prazo para o oferecimento da resposta.

Não há possibilidade de nomeações sucessivas – Não é possível ao nomeado, que tenha aceito a nomeação, realizar nomeação à autoria indicando nome de outra pessoa para figurar no pólo passivo da demanda.

Havendo dupla concordância e consequentemente operando-se a alteração do pólo passivo, o nomeado à autoria torna-se réu, o que faz dele não só parte no processo, mas também parte da demanda.

Denunciação da lide – É a modalidade de intervenção forçada de 3º provocada por uma das partes da demanda original, quando esta pretende exercer contra aquele, direito de regresso que decorrerá de eventual sucumbência na causa principal.

A denunciação da lide contém demanda nova, mas não dará origem a um novo processo, uma vez que se desenvolverá na mesma base procedimental em que se desenvolve a causa principal. Um mesmo e único processo, embora 2 sejam as demandas.

Embora a denunciação da lide seja de originário, dirigida a um 3º, estranho à relação processual, admite-se que se denuncie à lide a quem já seja parte no processo, o que se dará, por exemplo, quando entre os réus haja relação de garantia. Neste caso, admite-se que um dos litisconsortes denuncie a lide ao outro

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Art. 70, I, do CPC – Trata o dispositivo em análise da denunciação da lide oferecida por aquele que, num processo vê questionado o seu direito de propriedade sobre um bem que lhe foi transferido por 3º. Cabe neste caso, a denunciação da lide ao alienante, para que a sentença, em reconhecendo que a parte (litisdenunciante) não é o titular do domínio, regule Tb a relação entre este e aquele que lhe transferiu a coisa, definindo a existência ou não dos direitos decorrentes da evicção. Esta ocorre quando o adquirente de um bem vem a perdê-lo em virtude de sentença judicial ou adm. que reconhece a outrem direito anterior sobre ela. O evicto tem segundo a doutrina civilista, direito de reaver o preço pago pela coisa, indenização pelos frutos que tenha sido obrigado a restituir, indenização pelas despesas do contrato, ressarcimento pelos prejuízos que resultam diretamente da perda da coisa, além do reembolso das despesas processuais e honorários advocatícios despendidos.

Art. 70, II, do CPC – Cabe ao possuidor indireto assegurar o exercício pacífico da posse pelo possuidor direto. Assim é que, em sendo parte o possuidor direto, este deverá fazer a denunciação da lide ao possuidor indireto, a fim de que restando vencido aquele, a sentença defina Tb eventual responsabilidade do possuidor indireto perante o litisdenunciante. No caso em análise, porém, não há ilegitimidade do possuidor, não sendo caso de nomeação à autoria, mas sim de denunciação da lide. Ex: caso do usufrutuário, do locatário, do credor pignoratício...

Art. 70, III, do CPC – Trata-se da responsabilidade de ressarcir o dano, responsabilidade esta que decorre de quaisquer outros títulos (como a culpa equiliana, o inadimplemento contratual, a convenção). Para alguns autores, apenas os casos de garantia própria, em que o direito de regresso da parte perante 3º decorre da transmissão de um direito, permitiriam a denunciação da lide, enquanto outros autores preferem uma visão mais extensiva, entendendo que Tb nos casos de garantia imprópria a denunciação da lide é possível.

Tema que não pode deixar de ser abordado quando se examina a extensão da incidência do inciso III do art. 70 do CPC, é o da possibilidade de o Estado, em demanda em que se busca a sua responsabilização civil, com base no disposto no art. 37, parágrafo 6º, da CF, denunciar a lide ao seu agente, causador do dano cuja reparação é pretendida.

O fato de o Estado, civilmente responsável, ter direito de regresso em face de seu agente que tenha causado o dano, não exclui a responsabilidade deste perante o lesado, a qual decorre do art. 927 do CC/02.

Há que se reconhecer a solidariedade entre a pessoa jurídica de direito público e seu agente, o que torna inadequada a denunciação da lide, revelando-se cabível, no caso, o chamamento ao processo.

Em linha de princípio, a omissão da parte em denunciar a lide não deve acarretar conseqüências de índole substancial. Ocorre, que no inciso I do art. 70, é o disposto no art. 456 do CC/02 que determina a perda do direito de regresso em caso de não ser realizada a denunciação da lide. Nos demais casos previstos no art. 70 do CPC, portanto, não haverá perecimento do direito de regresso, o qual poderá ser exercido mediante demanda autônoma.

Art. 456 do CC/02 – Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qq dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.

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Pretendendo o autor denunciar a lide, deverá fazê-lo na petição inicial. Já o demandado, em pretendendo denunciar a lide, deverá fazê-lo no prazo de que dispõe para oferecer sua contestação. Não exige a lei que a denunciação da lide seja requerida no corpo da contestação, sendo lícito ao réu, apresentar duas petições distintas, uma para contestar e outra para denunciar a lide. Nada impede que o demandado pratique os 2 atos através de uma única petição.

Atenção: Para o STJ mesmo que depois de apresentada a contestação é possível a denunciação da lide, desde que, dentro do prazo de resposta.

O ato do juiz que determinar a citação do litisdenunciado, nos termos do art. 72 do CPC, suspenderá o processo. Enquanto esta citação não ocorrer, ficará o andamento normal do procedimento impedido.

Residindo o litisdenunciado na mesma comarca onde se desenvolve o processo, deverá a citação ocorrer no prazo de 10 dias, e se em comarca diversa, ou se o mesmo estiver em lugar incerto, a citação deverá ocorrer dentro do prazo de 30 dias. Em não sendo realizada a citação no prazo legal, deverá se considerar a denunciação da lide como inexistente.

Decorrido o prazo para a citação do litisdenunciado sem que a mesma tenha sido efetuada, e sendo o atraso imputável ao litisdenunciante, o processo seguirá apenas com este último.

Art. 73 do CPC – Para os fins do disposto no art. 70, o denunciado, por sua vez, intimará do litígio o alienante, o proprietário, o possuidor indireto ou o responsável pela indenização, e assim sucessivamente...O artigo transcrito tem por fim autorizar denunciações da lide sucessivas, permitindo assim que o litisdenunciado traga para o processo aquele que guarda com ele uma relação de garantia.

A lei civil afirma a possibilidade de se fazer a denunciação da lide ao alienante imediato, ou a qq dos anteriores, como e quando lhe determinarem as leis do processo.

Esta cláusula final remete ao sistema do CPC, segundo o qual a denunciação da lide é feita pelo adquirente ao seu alienante imediato, e este, por sua vez, denunciará a lide a quem lhe transferiu o bem, e assim por diante. Determinando a lei civil que a denunciação se faça quando e como determinarem as leis do processo.

Art. 74 do CPC – Feita a denunciação pelo autor, o denunciado, comparecendo, assumirá a posição de litisconsorte do denunciante e poderá aditar a petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.

Art. 75 do CPC – Feita a denunciação pelo réu:

I – Se o denunciado aceitar e contestar o pedido, o processo prosseguirá entre o autor, de um lado, e de outro, como litisconsortes, o denunciante e o denunciado.

II – Se o denunciado for revel, ou apenas comparecer para negar a qualidade que lhe for atribuída, cumprirá ao denunciante prosseguir na defesa até o final.

III – Se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor, poderá o denunciante prosseguir na defesa.

Art. 76 do CPC – Vencido o litisdenunciante, a sentença declarará, conforme o caso, o direito do evicto, ou a responsabilidade por perdas e danos, valendo como título executivo.

Page 65: Resumo de Processo Civil

A demanda principal e a denunciação da lide serão julgadas numa mesma e única sentença. É óbvio que há entre as 2 demandas uma relação de prejudicialidade, devendo a demanda principal ser julgada em primeiro lugar, para que só após, e se tiver restado vencido o litisdenunciante seja julgada a demanda de garantia. Na hipótese de o litisdenunciante vencer a demanda principal, deverá ser considerada prejudicada a denunciação da lide.

Atenção: Conforme o art. 76 do CPC, a sentença “declarará” o direito do evicto. Trata-se de sentença condenatória, e não meramente declaratória. Isto pq, o próprio art. 76 afirma que a referida sentença valerá como título executivo, e o nosso sistema reconhece eficácia de título executivo apenas às sentenças condenatórias.

Sendo a denunciação da lide uma demanda incidental de garantia, cujo julgamento é condicionado à sucumbência do litisdenunciante na demanda principal, não se pode admitir a condenação do litisdenunciado diretamente em favor do adversário do litisdenunciante. Tal sentença seria nula por estar sendo proferida fora dos limites do objeto do processo, uma vez que o pedido formulado na demanda principal não foi de condenação do litisdenunciado, tendo tal pretensão sido manifestada apenas na denunciação da lide.

Chamamento ao processo – Situação em que mais de uma pessoa se apresentam responsáveis pelo cumprimento de uma prestação perante 3º, podendo este exigir de qq delas o pagamento integral.

Nesses casos, aquele que for chamado a cumprir a integralidade da obrigação, pode se voltar contra aquele, que na verdade, era o devedor de toda (ou de parte) daquela obrigação.

Verifica-se que o chamamento ao processo se revelará cabível nos casos de fiança (em que o fiador é pessoalmente responsável perante o credor, mas pode se voltar contra o devedor principal para receber a integralidade do que pagou), e Tb nos casos de solidariedade passiva (em que todos os devedores são individualmente responsáveis pela integralidade da dívida, mas aquele que a pagar por inteiro poderá exigir de seus co-devedores as suas cotas-parte da obrigação).

O chamamento ao processo implica ampliação da relação processual originariamente formada, com a inclusão no pólo passivo, como litisconsortes ulteriores, dos chamados.

Com o chamamento ao processo o legislador cria um instituto nitidamente destinado a proteger o devedor que, demandado sozinho pelo cumprimento de uma obrigação, traz para o processo, a fim de que figurem a seu lado como litisconsortes passivos, os demais devedores.

Trata-se de intervenção provocada pelo réu, que tem a faculdade (e não o dever) de trazer ao processo os co-obrigados, dando causa à instauração do litisconsórcio passivo.

Uma vez requerido pelo réu o chamamento ao processo, o que deve ser feito no prazo de resposta (mas não necessariamente na própria contestação, podendo fazê-lo em petição autônoma), deverá o juiz suspender o processo para a citação dos chamados, aplicando-se subsidiariamente as regras, acerca do ponto, previstas para a denunciação da lide.

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A sentença que julgar procedente a ação, condenando os devedores, valerá como título executivo, em favor do que satisfizer a dívida, para exigi-la, por inteiro, do devedor principal ou de cada um dos co-devedores a sua cota-parte, na proporção que lhes tocar. Art. 80 do CPC.

Fiador não é , em regra, devedor solidário, havendo tal solidariedade apenas quando o garantidor tiver renunciado ao benefício de ordem. Nos casos em que tal renúncia não tiver ocorrido, e o devedor disponha de bens capazes de suportar o cumprimento da obrigação, tem o fiador a faculdade de exigir que a execução do crédito recaia, primeiramente sobre o patrimônio do devedor principal.

Em não havendo título executivo em que figure o devedor principal, não poderá o fiador alegar o benefício de ordem. Se torna essencial para que o benefício de ordem possa ser alegado, que o fiador, demandado, faça incluir no processo o devedor principal. Em não sendo feito o chamamento ao processo, nesta hipótese, será impossível ao fiador, alegar, na execução, o benefício de ordem.

É admissível o chamamento ao processo de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum. Art. 77, III, do CPC.

Recurso de terceiro – O 3º pode interpor qq dos recursos que às partes é lícito oferecer, e dispõe o 3º do mesmo prazo de que dispõe as partes para tal.

Pode-se definir o 3º legitimado a recorrer como aquele que poderia ter intervindo no processo mas não o fez antes da decisão, pretendendo fazê-lo agora com o fim de atacar o provimento judicial que lhe acarreta prejuízo.

O 3º que pretende recorrer precisa demonstrar interesse jurídico na causa, além disso deverá ficar demonstrado o prejuízo que a decisão acarretou à sua esfera de interesses. Ex: Numa ação de despejo poderia o sublocatário ter intervindo no processo como assistente simples do locatário. Não tendo ocorrido tal intervenção, nada impede que o sublocatário apele contra a sentença que decretou o despejo, por ser ele 3º juridicamente interessado que sofreu prejuízo com a decisão.

Resumo:

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Lei 9099/95

Os juizados especiais cíveis e criminais serão criados pela União, no DF e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas de sua competência.

O processo irá se orientar pelos critérios da informalidade, simplicidade, oralidade, economia processual e celeridade, buscando sempre que possível a conciliação ou a transação.

O juizado especial cível tem competência para conciliar, processar e julgar as causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:

a) Causa cujo valor não excede 40 vezes o salário mínimo;b) A ação de despejo para uso próprio;c) As ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente a 40 vezes o

salário mínimo.

Ficam excluídas da competência do juizado especial as causas de natureza alimentar, fiscal, falimentar, de interesse da Fazenda Pública e ainda as relativas à acidente de trabalho, resíduos, estado e capacidade de pessoas, ainda que de cunho patrimonial.

A opção pelo procedimento previsto nesta lei importará na renúncia do crédito excedente ao limite acima mencionado, excetuada a hipótese de conciliação.

É competente para as causas previstas nesta lei o juizado do foro:

a) Do domicílio do réu, ou à critério do autor; do local onde aquele exerce atividade profissional ou econômica ou mantenha estabelecimento, filial, agência, surcusal ou escritório;

b) Do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;c) Do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações de reparação de dano de qq

natureza.

Obs: Em qq das hipóteses a ação poderá ser proposta no foro previsto na letra a.

O juiz do juizado pode determinar as provas a serem produzidas para apreciá-las, adotando em cada caso a decisão que lhe reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e as exigências do bem comum.

Nos juizados, os juízes leigos precisam ter mais de 5 anos de experiência, e ficarão impedidos de exercer a advocacia enquanto no desempenho de suas funções.

Não poderão ser parte no processo instituído por essa lei, os incapazes, o preso, pessoas jurídica de direito público, empresas da União, massa falida e o insolvente civil. Também não podem os cessionários de crédito de pessoas jurídicas.

O maior de 18 anos poderá ser autor, independentemente de assistência, inclusive para fins de conciliação.

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Nas causas de valor até 20 salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado, nas de valor superior, a assistência é obrigatória.

Sendo facultativa a assistência, se uma das partes comparecer assistida de advogado ou o réu for pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao juizado especial, na forma da lei.

O mandato do advogado pode ser verbal, salvo quanto aos poderes especiais.

O réu sendo pessoa jurídica ou titular de firma individual poderá ser representado por preposto credenciado.

Não se admitirá no processo qq forma de intervenção de 3º e assistência, admitir-se-á o litisconsórcio.

Os atos processuais são públicos e poderão ser realizados em horário noturno conforme dispuserem as normas de organização judiciária.

Não se pronunciará qq nulidade sem que tenha havido prejuízo.

O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, de forma oral ou escrita, a secretaria do juizado.

Do pedido constarão, de forma simples, em linguagem acessível:

a) O nome, a qualificação e o endereço das partes;b) Os fatos e fundamentos de forma sucinta;c) O objeto e seu valor.

É lícito formular pedido genérico, quando não for possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação.

Os pedidos podem ser alternativos ou cumulativos, estes últimos desde que conexos e que não ultrapassem o valor de 40 salários mínimos.

Registrado o pedido, independentemente de distribuição e autuação, a secretaria do juizado designará a sessão de conciliação a realizar-se no prazo de 15 dias.

Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaura-se desde logo a sessão de conciliação, dispensados o registro prévio do pedido e a citação.

Havendo pedidos contrapostos, poderá ser dispensada a contestação formal e ambos serão apreciados na mesma sentença.

A citação far-se-á:

a) Por correspondência, com aviso de recebimento – em mão própria.b) Tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado

da recepção, que será obrigatoriamente identificado.c) Sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta

precatória.

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A citação conterá: Cópia do pedido inicial, dia e hora para comparecimento do citando e advertência de que se este não comparecer considerar-se-ão verdadeiras as alegações feitas na inicial, e será proferido julgamento de plano.

Atenção: Não se fará citação por edital!

O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nulidade da citação.

As intimações serão feitas na forma prevista para a citação, ou qq outro meio idôneo de comunicação.

As partes deverão comunicar ao juízo sobre a mudança de endereço, caso não o fizerem, serão eficazes as intimações realizadas no local anteriormente indicado.

Não comparecendo o demandado a sessão de conciliação ou a Audiência de instrução e julgamento, reputar-se-ão verdadeiros os fatos narrados na inicial, salvo se o contrário resultar de convicção do juiz.

A conciliação será conduzida por juiz togado, ou leigo ou por conciliador.

Obtida a conciliação, esta será reduzida a termo e homologada pelo juiz togado, mediante sentença com eficácia de título executivo.

Não obtida a conciliação, as partes poderão optar, de comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma prevista nesta lei.

O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, independentemente de termo de compromisso, com a escolha do árbitro pelas partes. Se este não estiver presente, o juiz convocá-lo-á e designará, de imediato, a data para a audiência de instrução.

O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos.

O árbitro conduzirá o processo com os mesmos critérios do juiz, podendo decidir por equidade.

Ao término da instrução ou nos 5 dias subseqüentes, o árbitro apresentará o laudo ao juiz togado para homologação por sentença irrecorrível.

Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á imediatamente a audiência de instrução e julgamento desde que não resulte prejuízo a defesa.

Não sendo possível a sua realização imediata, será a audiência designada para um dos 15 dias subseqüentes, cientes, desde logo, as partes e testemunhas eventualmente presentes.

Na AIJ serão ouvidas as partes, colhida a prova, e em seguida proferida a sentença.

Serão decididos de plano todos os incidentes que possam interferir no regular andamento da audiência. As demais questões serão decididas na sentença.

Sobre os documentos apresentados por uma das partes, manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, sem interrupção da audiência.

A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda matéria de defesa, exceto argüição de suspeição ou impedimento do juiz, que irá se processar na forma da legislação em vigor.

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Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu na contestação, formular pedido em seu favor, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da controvérsia.

O autor poderá responder ao pedido do réu na própria audiência, ou requerer que seja designada nova data, fixada desde logo, ciente todos os presentes.

Todos os meios de prova moralmente legítimos, mesmo não especificados em lei são hábeis para provar a verdade dos fatos alegados pelas partes.

Todas as provas serão produzidas na AIJ, ainda que não requeridas previamente, podendo o juiz limitar ou excluir as que considerar excessiva, impertinentes ou protelatórias.

Limite de 3 testemunhas para cada parte. Comparecerão a AIJ levadas pela parte que as arrolou, independentemente de intimação, ou mediante esta, se houver requerimento.

O requerimento para intimação das testemunhas será apresentado a secretaria no mínimo 5 dias antes da AIJ.

Se a testemunha intimada não comparecer, o juiz determinará a sua imediata condução, valendo-se, caso necessário de força pública.

Quando a prova do fato exigir, poderá o juiz inquirir técnicos de sua confiança permitindo as partes a apresentação de parecer técnico.

Poderá o juiz, no curso da audiência, de ofício ou a requerimento das partes realizar inspeção em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua confiança, que lhe retratará informalmente o verificado.

A prova oral não será reduzida a escrito, devendo a sentença referir, no essencial, os informes trazidos pelos depoimentos.

A instrução poderá ser dirigida por juiz leigo sob supervisão do juiz togado.

A sentença conterá os elementos de convicção do juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos na audiência, DISPENSADO O RELATÓRIO.

Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido.

É ineficaz a sentença condenatória na parte que exceder a alçada estabelecida nesta lei.

Se o juiz leigo dirigir a instrução, deverá proferir sua decisão e imediatamente submetê-la ao juiz togado, que poderá homologá-la, proferir outra em substituição ou antes de se manifestar determinar a realização de atos probatórios indispensáveis.

Da sentença, com exceção da homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio juizado.

O recurso será julgado por turma formada por 3 juízes togados, em exercício no 1º grau de jurisdição, reunidos na sede do juizado.

Nos recursos as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado.

O recurso será interposto no prazo de 10 dias, contados da ciência da sentença, por petição escrita, contendo as razões e o pedido do recorrente.

O preparo será feito independentemente de intimação, nas 48 horas seguintes da interposição, sob pena de deserção.

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Após o preparo a secretaria intimará o recorrido para oferecer sua resposta escrita no prazo de 10 dias.

O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o juiz dar-lhe efeito suspensivo para evitar dano irreparável para a parte.

As partes serão intimadas da data da sessão do julgamento.

O julgamento em 2ª instância constará apenas da ata, com a indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a Súmula do julgamento servirá de acórdão.

Caberão Embargos de declaração quando da sentença ou acórdão houver obscuridade, contradição, omissão ou dúvida.

Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.

Os ED são interpostos por escrito ou oralmente, no prazo de 5 dias, contados da ciência da decisão.

Quando interpostos contra sentença, os ED suspenderão o prazo para recursos.

Extingue-se o processo além dos casos previstos em lei:

a) Quando o autor deixar de comparecer a qq das audiências do processo;b) Quando inadmissível o procedimento instituído por esta lei ou seu prosseguimento,

após a conciliação;c) Quando for reconhecida a incompetência territorial;d) Quando sobrevier qq dos impedimentos previstos no art. 8º;e) Quando falecido o autor, a habilitação depender de sentença ou não se der no prazo

de 30 dias;f) Quando falecido o réu, o autor não promover a citação dos sucessores no prazo de 30

dias da ciência do fato.

A extinção do processo independerá, em qq hipótese, de intimação pessoal das partes.

Quando o autor comprovar que a ausência em audiência decorreu de força maior, o juiz poderá izentá-lo do pagamento de custas.

A execução da sentença processar-se-á no próprio juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto no CPC.

As sentenças serão necessariamente líquidas, contendo a conversão em bônus do Tesouro Nacional – BNT ou índice equivalente.

Os cálculos de conversão de índices, honorários, juros e de outras parcelas serão efetuados por servidor judicial.

A intimação da sentença será feita, sempre que possível, na própria audiência em que for proferida. Nessa intimação o vencido será instado a cumprir a sentença tão logo ocorra seu trânsito em julgado, e advertido dos efeitos do seu descumprimento.

Não cumprida voluntariamente a sentença transitada em julgado, e tendo havido solicitação do interessado, que poderá ser verbal, proceder-se-á desde logo a execução, dispensada nova citação.

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Nos casos da obrigação de entregar, de fazer ou de não fazer, o juiz na sentença ou na fase de execução cominará multa diária a ser arbitrada de acordo com as condições econômicas do devedor, para hipótese de inadimplemento. Não cumprida a obrigação, o credor poderá requerer a elevação da multa ou a transformação da condenação em perdas e danos.

Na obrigação de fazer o juiz pode determinar o cumprimento por outrem, fixado o valor a ser depositado pelo devedor para as despesas, sob pena de multa diária.

Na alienação forçada dos bens, o juiz poderá autorizar o devedor, o credor, ou a 3ª pessoa idônea a tratar do bem penhorado, o qual se aperfeiçoará em juízo até a data fixada para a praça ou leilão. Sendo o preço inferior ao da avaliação, as partes serão ouvidas. Se o pagamento não for a vista, será oferecido caução idônea, nos casos de alienação de bem móvel, ou hipotecado o imóvel.

É dispensada a publicação de editais em jornais quando se tratar de alienação de bens de pequeno valor.

O devedor poderá oferecer embargos nos autos da execução versando sobre:

a) Falta ou nulidade da citação no processo, se ele correu à revelia;b) Manifesto excesso de execução;c) Erro de cálculod) Causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, superveniente a sentença.

Efetuada a penhora, o devedor será intimado a comparecer a audiência de conciliação, quando poderá oferecer embargos por escrito ou verbalmente.

Na audiência será buscado o meio mais rápido e eficaz para a solução do litígio, se possível com a dispensa da alienação judicial, devendo o conciliador propor, entre outras medidas cabíveis, o pagamento do débito a prazo ou a prestação, a dação em pagamento ou a imediata adjudicação do bem penhorado.

Não apresentados os embargos em audiência, ou julgados improcedentes, qq uma das partes poderá requerer ao juiz a adoção de uma das alternativas acima mencionadas.

Não encontrado o devedor ou inexistindo bens penhoráveis, o processo será imediatamente extinto, devolvendo-se os documentos ao autor.

O acesso ao juizado especial, em primeiro grau de jurisdição, independerá de custas, taxas ou despesas.

O preparo do recurso compreenderá todas as despesas processuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau de jurisdição, salvo em hipótese de assistência judiciária gratuita.

A sentença de 1º grau não condenará o vencido a custas e honorários de advogado, ressalvado os casos de litigância de má-fé. Em 2º grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado que serão fixados entre 10 e 20% do valor da condenação, ou não havendo condenação, do valor corrigido da causa.

Na execução não serão contadas custas, salvo quando:

a) Reconhecida a litigância de má-fé;

Page 73: Resumo de Processo Civil

b) Improcedentes os embargos do devedor;c) Tratar-se de execução de sentença que tenha sido objeto de recurso improvido do

devedor.

O acordo extra-judicial, de qq natureza ou valor, poderá ser homologado no juízo competente, independentemente de termo, valendo a sentença como título executivo judicial.

Valerá como título extrajudicial o acordo celebrado pelas partes, por instrumento escrito, referendado pelo órgão competente do MP.

Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento instituído por esta lei.

O juizado especial criminal provido por juízes togados ou togados e leigos tem competência para conciliação, julgamento e execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.

Na reunião dos processos perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição civil dos danos.

Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para efeitos desta lei, as contravenções penais e crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não com multa.

O processo perante o juizado especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando a reparação do dano sofrido pela vítima e a aplicação da pena não privativa de liberdade.

A competência do juizado será determinada pelo local em que foi praticada a infração penal.

A citação será pessoal e far-se-á no próprio juizado sempre que possível ou por mandado.

Não encontrado o acusado para ser citado, o juiz poderá encaminhar as peças existentes ao juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.

A intimação se dará de forma igual a do cível.

Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação do acusado, constará a necessidade de seu comparecimento acompanhado de advogado, e na falta deste, lhe será designado defensor público

A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao juizado com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

Ao autor do fato que, imediatamente após a lavratura do termo for encaminhado ao juizado ou assumir compromisso de a ele comparecer não se imporá prisão em flagrante, nem exigirá fiança. Nos casos de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida cautelar o afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com vítima.

Na falta do comparecimento de qq dos envolvidos a secretaria providenciará sua intimação.

Na audiência preliminar, presente o representante do MP, o autor do fato, a vítima, e, se possível o responsável civil, acompanhados de seus advogados, o juiz esclarecerá sobre a

Page 74: Resumo de Processo Civil

possibilidade de composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata da pena não privativa de liberdade.

A conciliação será conduzida por juiz, ou conciliador, sob sua orientação.

Os conciliadores são auxiliares da justiça recrutados, preferencialmente dentre bacharéis em direito, excluídos os que exerçam função na adm. da justiça criminal.

A composição de danos civis será reduzida a escrito e homologada pelo juiz mediante sentença irrecorrível, e terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.

Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou de representação.

Não obtida a composição civil dos danos, será dada imediatamente ao ofendido a possibilidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzido a termo.

O não oferecimento da representação em audiência preliminar não implica a decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.

Havendo representação ou se tratando de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o MP poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas a ser especificada na proposta.

Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o juiz poderá reduzi-la até a metade.

Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:

a) Ter sido o autor do fato, condenado por crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;

b) Ter sido o agente beneficiado, anteriormente, pelo prazo de 5 anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa;

c) Não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e circunstâncias, a ser necessária e suficiente a adoção da medida.

Acolhendo a proposta do MP aceita pelo autor da infração, o juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, mas ficará registrado para que o mesmo benefício não seja concedido no prazo de 5 anos.

Da sentença acima descrita caberá apelação.

A imposição da sanção acima mencionada não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.

Do procedimento sumaríssimo:

Na ação penal de iniciativa pública em que não houver aplicação da pena pela ausência do autor, ou não ocorrendo a hipótese prevista no art. 76 desta lei, o MP oferecerá de imediato ao juiz denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.

O oferecimento da denúncia dispensa o Inquérito Policial e prescindir-se-á de exame de corpo de delito quando a materialidade do crime tiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.

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Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o MP poderá requerer ao juiz o encaminhamento das peças existentes.

Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao juiz verificar se a complexidade ou circunstância do caso determinam a adoção das providências acima descritas.

Oferecida a denúncia ou queixa, será esta reduzida a termo e entregue uma cópia ao acusado que com ela ficará citado, e imediatamente ciente da designação de data e hora da AIJ. Tb tomarão ciência, o MP, o ofendido, o responsável civil e seus advogados.

Se o acusado não estiver presente será citado na forma do art. 66 e 68 desta lei e cientificado da data da AIJ, devendo trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento para intimação no mínimo 5 dias antes da sua realização.

Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão intimados nos termos do art. 67. Da mesma forma serão intimadas as testemunhas arroladas.

Nenhum ato será adiado, determinando o juiz, quando imprescindível, a condução coercitiva de quem deva comparecer.

Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder a acusação, após o juiz ter recebido ou não a denúncia ou queixa, havendo recebimento serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e de defesa, interrogando-se a seguir o acusado, passando-se imediatamente aos debates orais e a prolação da sentença.

Todas as provas serão produzidas na AIJ, podendo o juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.

De todo o ocorrido em audiência será lavrado termo, assinado pelo juiz e pelas partes, que conterá resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença.

A sentença, dispensada o relatório, mencionará os elementos de convicção do juiz.

Da decisão que rejeita denúncia ou queixa e da sentença, caberá apelação a ser julgada por turma composta por 3 juízes no exercício do 1º grau de jurisdição, reunidos na sede do juizado.

A apelação será interposta no prazo de 10 dias da ciência da sentença pelo MP, réu e seu defensor, por petição escrita, devendo conter as razões e o pedido do recorrente.

O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de 10 dias.

Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula de julgamento servirá de acórdão.

Caberão ED quando em sentença ou acórdão houver obscuridade, contradição, omissão ou dúvida.

Os ED serão opostos por escrito ou oralmente no prazo de 5 dias da ciência da decisão.

Quando opostos contra sentença, os ED suspenderão os prazos para recursos.

Erros materiais podem ser corrigidos de ofício.

Aplicada exclusivamente a pena de multa, o seu pagamento far-se-á na secretaria do juizado.

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Efetuado o pagamento, o juiz declarará a extinção da punibilidade e determinará que a condenação não conste nos registros criminais, exceto para fins de requisição judicial.

Não efetuado o pagamento será feita a conversão em pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos nos termos previstos em lei.

Nos casos de homologação de acordo civil e aplicação de pena restritiva de direitos ou multa, as despesas processuais serão reduzidas, conforme dispuser lei estadual.

Além das hipóteses do código penal e legislação especial, dependerão de representação as ações penais relativas ao crime de lesão corporal leve e lesão culposa.

Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 1 ano, abrangidos ou não por esta lei, o MP ao oferecer denúncia pode propor a suspensão do processo de 2 a 4 anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena (art. 77 do CP).

Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do juiz, este ao receber a denúncia, pode suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sobre as seguintes condições:

a) Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;b) Proibição de freqüentar determinados lugares;c) Proibição de ausentar-se da comarca onde reside sem autorização do juiz;d) Comparecimento obrigatório e pessoal, mensalmente ao juiz para informar e justificar

suas atividades.

O juiz pode especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e a situação pessoal do acusado.

A suspensão será revogada se no curso do prazo, o beneficiado vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.

A suspensão poderá ser revogada se no curso do prazo o beneficiado for processado por contravenção ou descumprir qq das condições impostas.

Expirado o prazo sem revogação, o juiz declarará extinta a punibilidade.

Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.

Se o acusado não aceitar a proposta, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.

As disposições desta lei não se aplicam aos processos penais cuja instrução já estiver iniciada.

As disposições desta lei não se aplicam no âmbito da justiça militar.

Nos casos em que esta lei passa a exigir a representação para a propositura da ação penal pública, o ofendido ou seu representante legal será intimado no prazo de 30 dias para oferecê-la, sob pena de decadência.

Aplicam-se subsidiariamente as disposições do CP e do CPP, no que não forem incompatíveis com esta lei.

Page 77: Resumo de Processo Civil

A lei estadual disporá sobre o sistema do juizado especial cível e criminal, sua organização, composição e competência.

Os serviços de cartório poderão ser prestados, e as audiências realizadas fora da sede da comarca, em bairros ou cidades a ela pertencentes, ocupando instalações de prédios pub., de acordo com audiências previamente anunciadas.

Os estados, DF e territórios criarão e instalarão os juizados especiais no prazo de 6 meses a contar da vigência desta lei.

Ação rescisória:

Tb pode ser chamada de ação declaratória de nulidade ou ação declaratória de inexistência de relação jurídica. É uma ação autônoma de impugnação, através da qual é apresentada determinada invalidade no processo, que por ser tão grave pode ser apresentada através de ação autônoma de impugnação. Dá origem a uma nova relação processual. São cabíveis quando já houver ocorrido a coisa julgada, ficando os recursos para trás, uma vez que estes são cabíveis somente antes de fazer a coisa julgada.

Page 78: Resumo de Processo Civil

Ex: Ausência de citação – Vício gravíssimo. QQ pessoa poderá alegar em qq grau de jurisdição. O réu não foi citado e mesmo assim a ação foi desfavorável, esgotando-se todos os recursos cabíveis. Nesse caso, cabe ação rescisória, e esta poderá ser proposta no período de 2 anos após a coisa julgada (prazo decadencial).

Para o CPC a falta de citação é caso de nulidade. Tecnicamente, é invalidade, após a decretação do vício é que ocorre a nulidade.

A partir da coisa julgada todos os vícios são sanáveis. No entanto, alguns vícios são tão graves que a lei prevê que aquele vício será hipótese de rescindibilidade (art. 485 do CPC).

A natureza da ação rescisória é de ação autônoma de impugnação.

Tratando-se de um juízo de admissibilidade para se verificar a possibilidade ou não de exame do mérito da causa, esta (ação rescisória) possuirá sempre natureza declaratória.

1ª fase (pressupostos da ação rescisória) – Nessa fase será feito um juízo de admissibilidade da ação rescisória.

2ª fase (mérito) – 2 momentos:

1º - O Tribunal decide se a coisa julgada que se pretende desconstituir deve ou não ser desconstituída (juízo rescindente).

2º - Decidindo favoravelmente o Tribunal pela desconstituição da coisa julgada anterior, agora o Tribunal, se for o caso, passa ao rejulgamento do pedido feito originalmente (juízo rescisório).

Resumindo:

1ª fase – Juízo de admissibilidade – A natureza jurídica da decisão pode ser:

O Tribunal admite a ação rescisória – Declaratória positiva

O Tribunal não admite a ação rescisória – Declaratória negativa

2ª fase – Mérito:

1º momento – Desconstituição da coisa julgada. A natureza jurídica da decisão pode ser:

O Tribunal julga procedente a rescisão - constitutiva negativa (desconstitutiva)

O Tribunal julga improcedente a rescisão – declaratória negativa (não tem direito à rescisão).

2º momento – novo julgamento do pedido originário – A natureza da decisão pode ser:

Se o Tribunal julgar procedente pode ser: declaratória, constitutiva, condenatória, mandamental, executiva lato sensu. Dependerá da natureza do pedido formulado na ação principal.

Se o Tribunal julgar improcedente – declaratória negativa

A 2ª fase é caracterizada pelo novo julgamento da matéria discutida no processo rescindido, pelo mesmo órgão que a rescindiu, à pedido da própria parte e após a procedência do pedido de rescisão.

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O objeto da ação rescisória é a sentença de mérito transitada em julgado. Apenas a sentença de mérito dá ensejo a coisa julgada material (esta sentença julga o pedido formulado pelo autor).

Qualquer decisão (sentença, acórdão, decisão monocrática de relator de recurso, decisão interlocutória), DESDE QUE TENHA DECIDIDO MATÉRIA DE MÉRITO, pode ser objeto de uma ação rescisória.

Se não houver julgamento do pedido, não há decisão de mérito, consequentemente não há coisa julgada, razão pela qual não cabe a rescisória. Nesse caso, a mesma demanda pode ser novamente proposta, desde que corrigido o vício originariamente existente.

Se a ação rescisória for ajuizada antes do trânsito em julgado da ação principal, ela será extinta sem a análise do mérito.

Atenção: Ocorrendo a coisa julgada no processo principal durante o processamento da ação rescisória, a eventual invalidade estaria sanada, e o Tribunal pode prosseguir no julgamento da ação rescisória.

Súmula 514 do STF – Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenham esgotado todos os recursos.

Casos em que não é cabível ação rescisória:

Art. 59 da lei 9099/95

Art. 26 da lei 9868/99 – A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em ação direta ou ação declaratória não pode ser objeto de ação rescisória.

Art. 12 da lei 9882/99 – A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido em ADPF não pode ser objeto de ação rescisória.

Se a ação rescisória for ajuizada nesses casos, o processo deverá ser extinto sem resolução do mérito por impossibilidade jurídica do pedido, uma vez que, existe proibição legal ao cabimento da rescisória.

Outros casos em que não será cabível a rescisória:

Processo cautelar – art. 810 do CPC – Casos em que na sentença do processo cautelar é reconhecida a prescrição ou decadência do direito do autor.

Jurisdição voluntária – Os eventuais vícios deverão ser alegados por ação anulatória – art. 486 do CPC.

Atenção: Se a sentença no mandado de segurança for terminativa, não cabe rescisória.

Sendo a ação rescisória uma ação autônoma de impugnação, ela deverá possuir as condições da ação e os pressupostos processuais de existência e validade. Quanto a estes últimos é indispensável para a sua existência a propositura de uma demanda (petição inicial) por um autor, em face de um réu, perante um órgão investido de jurisdição. Para a validade desta relação processual, as partes envolvidas deverão ser capazes, a demanda deve estar regularmente proposta, além do juízo ser competente.

De outro lado, o pedido da ação rescisória deverá ser juridicamente possível, além de ficar configurada a legitimidade das partes e o interesse de agir (condições da ação).

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Competência para o processamento e julgamento da ação rescisória. 2 regras básicas:

1ª – A competência para o processamento e julgamento de uma ação rescisória é sempre de um Tribunal. Ex: se a sentença é de juiz estadual, a competência para a ação rescisória será do Tribunal de justiça a que ele está vinculado. Se a sentença é de juiz federal de 1º grau, a competência da rescisória é do respectivo Tribunal Regional Federal.

2ª – Cada Tribunal é competente para o processamento e julgamento da ação rescisória de seus próprios julgados.

Atenção: Nas hipóteses de juízo estadual processar e julgar uma causa estando investido de jurisdição federal (como nos casos do art. 109, parágrafo 3º, da CF), a competência para o processamento e julgamento de eventual rescisória será do TRF daquela região.

Se a apelação não for admitida pelo Tribunal – O acórdão deste não substitui a sentença de 1º grau, e o Tribunal continua competente para julgar a ação rescisória da sentença e não do acórdão que não admitiu a apelação.

Se a apelação é recebida, mas o Tribunal nega seu provimento, como nesse caso houve exame do mérito da apelação, o acórdão do Tribunal irá substituir a sentença de 1º grau, mesmo que não lhe haja alterado o teor. Com o trânsito em julgado, é esse acórdão que será objeto de ação rescisória.

Tribunal recebe a apelação e dá provimento, reformando a sentença de 1º grau. O acórdão do Tribunal irá substituir a sentença de 1º grau, e com o seu respectivo trânsito em julgado, será objeto de ação rescisória.

Apelação recebida, o Tribunal dá provimento para anular a sentença de 1º grau. Não há efeito substitutivo. O processo é rebaixado ao juízo de 1º grau para prosseguimento a partir de onde foi decretada a nulidade. Não ocorre o trânsito em julgado, uma vez que, o processo vai prosseguir para a prolação de nova sentença. Não cabe ação rescisória do acórdão do Tribunal que determinou a nulidade da sentença e de eventuais atos anteriores.

Hipótese de interposição de recurso especial (STJ) e recurso extraordinário (STF) – Tendo estes Tribunais superiores examinado o mérito dos recursos, cada um deles será competente para a ação rescisória de seu respectivo julgado.

Na hipótese do STJ/STF examinar o mérito do recurso, mesmo que o acórdão afirmasse não conhecer do recurso, a competência para a ação rescisória de tal julgado seria do STJ/STF (pq julgou o mérito da causa). Ver Súmula 249 do STF.

Não tendo estes realizado o exame do mérito, a competência para a rescisória será do Tribunal a quo, que anteriormente julgou o mérito da causa.

Ação rescisória nas causas internacionais – São aquelas demandas em que de um lado está Estado estrangeiro ou organismo internacional e de outro Município ou pessoa residente ou domiciliada no Brasil. A competência para essa causa será do juiz federal de 1º grau. Será cabível recurso ordinário para o STJ. Este, conhecendo do recurso (dando provimento ou negando provimento), ou seja, examinando o mérito, será competente para julgar a ação rescisória.

Caso o STJ não conheça (admita) do recurso, quem será competente para a ação rescisória?

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Para Frede Didier a competência para a rescisória continua sendo do STJ. Explicação: O fato de o juiz federal estar a ele subordinado nessa demanda específica, automaticamente lhe acarreta a competência para o julgamento da rescisória.

Legitimidade para a rescisória:

Quem foi parte no processo ou o seu sucessor, a título universal ou singular;

Exceção: Cabe ao confitente a propositura da ação nos casos do art. 352 (confissão emanada de erro, dolo ou coação), mas uma vez que ela tenha sido iniciada, ela passa aos seus herdeiros.

3º juridicamente interessado;

MP.

O 3º que pode propor a ação rescisória não é qq 3º, mas sim alguém que poderia ter feito parte da demanda como assistente (simples ou litisconsorcial) ou litisconsorte, mas não o foi.

Se o 3º é co-titular da mesma relação jurídica de direito material, ele poderia ter sido litisconsorte ou assistente litisconsorcial de alguma das partes originárias.

Se o 3º era titular de alguma relação jurídica de direito material conexa com a de alguma das partes do processo originário, ele somente poderia ser assistente litisconsorcial.

Art. 42 do CPC – O adquirente ou o cessionário possuem legitimidade para propor ação rescisória, uma vez que, poderiam ter sido réus (caso a sucessão processual intervivos fosse aceita pelo autor) ou assistentes litisconsorciais (caso a sucessão processual intervivos não fosse aceita pelo autor).

É cabível a rescisória de 3º que foi prejudicado por processo simulado. Nos termos dos arts. 167 e 168 do CC/02.

Obs: As hipóteses do art. 487, III, do CPC são exemplificativas.

O MP possui legitimidade para propor a ação rescisória como parte (quando caracterizada alguma das hipóteses do art. 485 do CPC) ou como custos legis (sempre que caracterizada alguma das situações do ar. 487 do CPC).

Réu revel pode propor ação rescisória?

Sim. Embora revel ele é parte do processo, uma vez que já foi citado.

Legitimidade passiva para a ação rescisória:

Normalmente abrange a pessoa ou pessoas que figuravam no pólo passivo da demanda originária.

Tratando-se de ação rescisória que pretende desconstituir coisa julgada formada no processo original, todos aqueles que foram parte naquele processo sofrerão modificação em suas respectivas esferas jurídicas.

No caso de litisconsórcio na demanda originária, todos que figuraram como parte deverão ser arrolados no pólo passivo da ação rescisória como litisconsortes necessários.

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Conclusão – O pólo passivo da ação rescisória pode dar ensejo ao surgimento de litisconsórcio. Neste caso ele será sempre necessário.

Mas, deverá ele ser unitário?

Depende. No primeiro momento do exame do mérito (pedido do autor da rescisória é a desconstituição da coisa julgada na demanda original), a decisão do Tribunal dará ensejo à caracterização do litisconsórcio como sendo unitário, isto pq, ou a coisa julgada será desconstituída para todos os participantes da demanda originária ou não será desconstituída para ninguém.

No segundo momento do exame do mérito (rejulgamento do pedido originário), o litisconsórcio dependerá do pedido feito na demanda originária, o que poderá afastar o efeito unitário do litisconsórcio.

Atenção: Não cabe ação rescisória com base em fundamento que não existia na época do trânsito em julgado da demanda originária.

Prazo da ação rescisória – 2 anos a contar do trânsito em julgado da sentença (prazo decadencial).

A decisão que reconhece a ocorrência de decadência é de mérito.

Cumulação de demandas apresentadas em um único processo:

Pode acontecer dessa cumulação possuir diversos pedidos, e esses podem ser julgados em momentos distintos, já que não precisam ser conexos (art. 292 do CPC). Neste caso, pode acontecer de tais pedidos virem a transitar em julgado em momentos diferentes. Neste caso, qual será o termo inicial do prazo decadencial de 2 anos da ação rescisória?

STJ – O prazo decadencial de 2 anos deve ser contado do trânsito em julgado do julgamento do último pedido apreciado

A petição pode até ser uma, mas o nº de ações rescisórias propostas depende do nº de fundamentos apresentados.

Não há problema em alterar a qualificação jurídica dos fatos apresentados, caso esteja incorreta. Mas, os fatos não podem ser alterados de maneira alguma.

Art. 485, I, do CPC enumera os crimes cometidos pelo juiz que podem dar ensejo a ação rescisória (prevaricação, concussão ou corrupção).

Não é necessária a sentença penal condenatória transitada em julgado condenando o juiz pela prática de um desses crimes. Poderá ser provada dentro da própria rescisória se o juiz da causa originária praticou algum desses crimes quando do respectivo julgamento.

Esse dispositivo pode ser aplicado a membro do órgão colegiado, mas atenção:

Se a decisão for monocrática, não há problema algum, pode ser ajuizada a rescisória. Se a decisão for colegiada deve ser verificado se o voto do membro (suposto autor de um dos crimes do art. 485, I, do CPC) foi determinante no resultado. Se for um dos votos vencedores, cabe a rescisória; se o voto foi vencido, não caberá a rescisória. A hipótese será de extinção do processo sem resolução do mérito por falta de interesse de agir.

Page 83: Resumo de Processo Civil

Art. 485, II, do CPC – O fato de juiz impedido ter proferido sentença no 1º grau de jurisdição dá ensejo ao ajuizamento da ação rescisória.

O fato de ter sido apresentada oportunamente exceção de impedimento e ter sido esta alegação indeferida naquela ocasião, não impede que na ação rescisória essa matéria seja novamente alegada.

Só será cabível ação rescisória por impedimento de membro do Tribunal, se a sua participação for decisiva no julgamento, ou seja, se ele foi um dos votos vencedores.

O impedimento diz respeito à pessoa do juiz. A incompetência absoluta diz respeito ao juízo (Vara).

Somente nos casos de incompetência absoluta cabe ação rescisória. Isto pq nos casos de incompetência relativa, não tendo ela sido alegada na 1ª oportunidade para falar nos autos, a competência do juízo é prorrogada, passando ele a ser absolutamente competente.

Se o Tribunal competente para julgar a ação rescisória tiver competência para o rejulgamento, será cabível o judicium rescissorium (rejulgamento da causa).

Ex: Se o objeto da ação rescisória é uma sentença proferida por um juízo de Vara Cível, com fundamento de que deveria ser proferida por um juízo de Vara de Família, nada impede que o Tribunal, rescindindo a sentença, rejulgue a causa, pois as causas de família Tb são da sua competência. Caso porém, a causa tenha sido julgada por um juiz Federal enquanto deveria ter sido julgada por um juízo Estadual ou Trabalhista, a rescisória será intentada perante o TRF ao qual esteja vinculado o juiz prolator da sentença. Nesse caso, a rescisória apenas terá o condão de desconstituir a coisa julgada, não cabendo o rejulgamento da causa, pois caso contrário estaríamos igualmente diante de um vício de incompetência.

Art. 485, III, do CPC – Dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida. Esse dolo não precisa ser realizado necessariamente pela parte, abrange Tb as condutas realizadas pelo advogado da parte e/ou representante legal da parte.

Colusão das partes com o intuito de fraudar a lei. A parte até possui legitimidade para propor a ação rescisória, uma vez que, esta é estabelecida em lei (quem foi parte no processo e seu sucessor à título universal ou singular, 3º juridicamente interessado e MP), mas não tem interesse de agir, uma vez que, terá que alegar a própria torpeza para rescindir aquela coisa julgada.

Art. 485, IV, do CPC – Ofender a coisa julgada. Trata-se de hipótese em que a coisa julgada que se pretende rescindir está violando uma coisa julgada preexistente.

Através da ação rescisória a 2ª coisa julgada será rescindida a fim de que a 1ª volte a produzir efeitos.

Se não for ajuizada ação rescisória e permanecerem ambas no ordenamento jurídico, prevalecerão os efeitos da 2ª coisa julgada em detrimento da 1ª (posição dominante).

Art. 485, V, do CPC – Violação de literal disposição de lei. O termo lei deve ser entendido no sentido amplo (tem o sentido de lei material, constitucional, infraconstitucional, nacional, estrangeira e processual).

Atenção: Posicionamento dominante – Cabe ação rescisória no caso de violação ao regimento interno de algum tribunal.

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Atenção: O termo lei não abrange súmula nem súmula vinculante, logo não caberia rescisória nessas hipóteses.

Para a corrente majoritária, a lei precisa ser clara, não precisando estar escrita.

Atenção: Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindida tiver por base texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.

As diversas decisões dos tribunais devem estar em conformidade com o entendimento do STF.

Nos casos em que tiver transitado em julgado as decisões dos tribunais contrárias ao entendimento do STF sobre o assunto, será cabível ação rescisória.

Art. 485, VI, do CPC – Decisão judicial baseada em prova falsa poderá ser objeto de ação rescisória.

Não há necessidade de comprovação anterior de que a prova na qual a decisão judicial se baseou era falsa. A falsidade da prova pode ser provada em processo criminal ou na própria ação rescisória.

Doutrina – Posição majoritária – Além da sentença criminal e da ação rescisória, a falsidade da prova poderá ser demonstrada em uma ação declaratória cível.

Atenção: Não cabe ação rescisória se a prova for verdadeira, mas tiver sido obtida ilicitamente.

Se a CF e a legislação infraconstitucional proíbem a prova ilícita, estamos diante de violação à literal dispositivo de lei. Sendo assim, caberia rescisória, nesse caso, com base no art. 485, V, do CPC e não com base no art. 485, VI, do CPC (prova falsa).

Art. 485, VII, do CPC – Ação rescisória com fundamento de utilização de documento novo (fotos, filmes, gravações telefônicas...)

Documento novo é aquele que já existia ao tempo do julgamento da causa, mas somente depois do momento oportuno para a sua apresentação, a parte teve conhecimento de sua existência ou teve acesso ao documento.

Depois de esgotadas as oportunidades de apresentação do documento novo no curso do processo, ele somente poderá ser apresentado na ação rescisória.

Se o 3º estiver na posse do documento, a parte interessada deverá ajuizar uma ação de exibição, de modo a inteirar-se do seu teor, com objetivo de propor ação rescisória.

É incabível o ajuizamento da rescisória para que no curso do processo o interessado prove a existência do documento. Este deve ser apresentado desde logo.

O documento deve ser suficiente para provocar uma modificação no teor da decisão de modo à propiciar um julgamento favorável àquele que o alega.

Se estiver em curso uma ação de exibição e o prazo para a rescisória, que é de 2 anos a contar do trânsito em julgado da decisão estiver acabando, deverá a parte interessada ingressar com esta e pedir a suspensão com base no art. 265, IV, do CPC.

Requisito para ajuizamento da rescisória com base em documento novo – Que o documento novo diga respeito a fatos controvertidos no processo originário.

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Partindo-se da premissa de que o revel não participou do processo originário, as alegações do autor foram presumidas verdadeiras. Se ele foi revel, não pode rejeitar as alegações apresentadas pelo autor, restando as mesmas incontroversas. Diante disso, o revel não pode ajuizar rescisória com base em documento novo.

Na prática, em razão da revelia não ocasionar necessariamente a ocorrência dos respectivos efeitos da revelia, o réu apesar de revel poderá ajuizar ação rescisória com base no art. 485, VII, do CPC.

STJ – Admite o exame de DNA como documento novo para fins de ação rescisória. Não está condicionada à possibilidade de se obter o exame ainda no curso do processo principal.

Art. 485, VIII, do CPC – A sentença de mérito poderá ser rescindida quando houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação em que se baseou a sentença.

Nos casos de reconhecimento da procedência do pedido, renúncia ao direito em que se funda a ação e transação, a sentença resolve o mérito da causa (art. 269, II, III e V do CPC). Não obstante são sentenças homologatórias, que conforme o art. 486 estabelece o cabimento de ação anulatória para “rescindir” as sentenças homologatórias.

Nas hipóteses do art. 485, VIII, do CPC é cabível ação rescisória ou ação anulatória para rescindir a decisão judicial?

Posição majoritária – Se a sentença homologatória de transação já tiver transitado em julgado, dando ensejo a formação da coisa julgada, a hipótese será de ajuizamento de ação rescisória, caso contrário (não transitou em julgado) deverá ser interposta ação anulatória (art. 486 do CPC).

Art. 485, IX, do CPC – Cabe rescisória quando a decisão tiver sido proferida com base em erro de fato.

Erro de fato diz respeito àquele suscetível de verificação pelo simples exame dos autos do processo e dos documentos que nele se encontram.

O mesmo art. 485, parágrafo 1º, do CPC define erro como sendo a hipótese em que a sentença admite um fato inexistente, bem como quando considera inexistente um fato efetivamente ocorrido.

Ainda há outro pressuposto para que o erro possa ser apto a produzir a rescindibilidade do julgado – Exige-se que sobre o fato não tenha ocorrido controvérsia nem pronunciamento judicial (isso significa que o juiz não se manifestou expressamente sobre aquele fato, mas simplesmente presumiu, imaginou que ele existia, quando na realidade ele não existia, ou ao contrário, imaginou que ele não existia quando na verdade ele havia ocorrido.

O erro de fato deve propiciar por si só uma decisão favorável para quem o alega.

O erro de fato deve ser demonstrado somente com as provas constantes do processo original, não pode ser demonstrado com base em prova nova.

Procedimento da rescisória:

Ela deve ser apresentada através de petição inicial.

Deve apresentar 2 pedidos sucessivos:

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O 1º é o pedido de rescisão da sentença, e sempre deve ser formulado. O 2º é o pedido eventual de novo julgamento da causa, quando possível.

Além disso, deve ser apresentado o comprovante do depósito de 5% sobre o valor da causa, à título de multa, caso a rescisória seja por unanimidade de votos declarada inadmissível ou improcedente.

A falta de um desses 2 requisitos gera o indeferimento da petição inicial da ação rescisória.

O julgador deverá permitir à parte a emenda da inicial no prazo de 10 dias, caso a exordial possua vícios que possam ser corrigidos.

O depósito inicial da ação rescisória não pode ser exigido da União, Estados, Municípios e MP. Quanto à União, esta dispensa abrange suas autarquias e fundações, e a Caixa Econômica Federal, nos casos que envolvam FGTS.

STJ – O beneficiário da Justiça Gratuita Tb está dispensado do depósito.

Doutrina majoritária – O valor da causa da rescisória é o mesmo valor da causa da ação original.

Se o pedido de rejulgamento da causa implicar na obtenção de bem econômico de valor superior àquele que constou da inicial da ação original, então deverá constar da ação rescisória o valor efetivamente desejado pelo seu autor, e não aquele ultrapassado, que constou da ação original.

O relator mandará citar o réu, assinando-lhe prazo nunca inferior a 15 dias e nem superior a 30 dias para responder a ação.

STF/STJ – Entendem ser cabível a aplicação do art. 188 do CPC, sob o argumento de prevalência do interesse público que está em jogo. Logo, Fazenda Pública e MP na ação rescisória terão o prazo em quádruplo para responder.

A falta de contestação do réu na ação rescisória (revelia) não faz presumir que todos os fatos afirmados pelo autor da rescisória são verdadeiros.

A coisa julgada já obtida no processo original não pode ser desconstituída por força da revelia na ação rescisória. É necessário o prosseguimento da causa com a produção de provas que demonstrem a veracidade das alegações do autor da rescisória.

Doutrina – Admite possibilidade de reconvenção na ação rescisória. 3 requisitos:

1º - A reconvenção deverá ser obrigatoriamente uma outra ação rescisória;

2º - Tem como objeto o mesmo julgado que se pretende desconstituir na ação rescisória original;

3º - Deve ser ajuizada no prazo decadencial de 2 anos estabelecido para a rescisória, sob pena de não ser admitida.

É cabível a concessão de provimento de natureza antecipatória ou cautelar no curso da ação rescisória. É perfeitamente cabível para evitar a produção de efeitos materiais da execução.

A antecipação de tutela é objeto de pedido no bojo da ação rescisória, enquanto que a cautelar, em tese, é objeto de pedido em ação autônoma.

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Recursos na ação rescisória:

Se a rescisória for julgada procedente:

Por maioria – Cabe Embargos Infringentes;

Por unanimidade – Cabe recurso especial; recurso extraordinário

Se a rescisória for julgada improcedente:

Cabe recurso especial, recurso extraordinário e se for o caso, Embargos de Divergência.

É cabível ação rescisória do julgamento de ação rescisória, porém é indispensável que tenha sido julgado o mérito na 1ª. Além disso, o pedido de rescisão da 2ª ação rescisória deve dizer respeito a coisa julgada formada na 1ª ação rescisória e não na demanda original.

Atenção: Não esquecer que o julgamento que rejeita ação rescisória por não observância do prazo decadencial de 2 anos é de mérito.

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