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1 Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira Fundado em 1901 Rua Senador Furtado, 56 . RJ ISSN 1679-0189 Ano CXII Edição 10 Domingo, 04.03.2012 R$ 3,20 A morte precoce de uma famosa cantora secular, que nasceu num lar cristão mas viveu uma vida entregue às drogas, faz sobressaltar diversos sentimentos e pensamentos ao povo evangélico. Uma queda trágica para uma superestrela que chegou a ser considerada uma das artistas de maior brilho nestas últimas décadas. Veja nas páginas 6 e 14 reflexões e ponto de vista que o farão pensar no papel dos pais, dos educadores, da Igreja e nas escolhas pessoais, mas fatais. Com muitas histórias para contar, o CIEM celebra 90 anos no dia 10 de março. Em janeiro, na sua 89ª Assembleia em Foz do Iguaçu, o pastor Fernando Brandão, dire- tor executivo da JMN, entregou uma placa comemorativa e de reconhecimento pelo trabalho realizado durante estes 90 anos. Veja nas páginas 8 e 9 como começou a história do Centro Integrado de Educação e Missões, veja como o seu nascimento e seu crescimento foi registrado em O Jornal Batista. Os traços de crescimento são mar- cados também pelas mudanças do nome da instituição, que conforme evoluía, ex- pandia com novas ideias. Durante estes anos passaram pela Instituição milhares de servos de Deus, chamados para serem ceifeiros na sua seara. Nascida para o estrelato: Whitney Houston CIEM comemora 90 anos cumprindo sua missão foto: Sélio Morais

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Page 1: R$ 3,20 Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira ...batistas.com/OJB_PDF/2012/OJB_10.pdf · Veja nas páginas 8 e 9 como começou a ... um homem muito abençoado por Deus

1o jornal batista – domingo, 04/03/12?????

Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira Fundado em 1901 Rua Senador Furtado, 56 . RJ

ISSN 1679-0189

Ano CXIIEdição 10 Domingo, 04.03.2012R$ 3,20

A morte precoce de uma famosa cantora secular, que nasceu num lar cristão mas viveu uma vida entregue às drogas, faz sobressaltar diversos sentimentos e pensamentos ao povo evangélico. Uma queda trágica para uma superestrela que chegou a ser considerada uma das artistas de maior brilho nestas últimas décadas. Veja nas páginas 6 e 14 reflexões e ponto de vista que o farão pensar no papel dos pais, dos educadores, da Igreja e nas escolhas pessoais, mas fatais.

Com muitas histórias para contar, o CIEM celebra 90 anos no dia 10 de março. Em janeiro, na sua 89ª Assembleia em Foz do Iguaçu, o pastor Fernando Brandão, dire-tor executivo da JMN, entregou uma placa comemorativa e de reconhecimento pelo trabalho realizado durante estes 90 anos. Veja nas páginas 8 e 9 como começou a história do Centro Integrado de Educação

e Missões, veja como o seu nascimento e seu crescimento foi registrado em O Jornal Batista. Os traços de crescimento são mar-cados também pelas mudanças do nome da instituição, que conforme evoluía, ex-pandia com novas ideias. Durante estes anos passaram pela Instituição milhares de servos de Deus, chamados para serem ceifeiros na sua seara.

Nascida para o estrelato: Whitney Houston

CIEM comemora 90 anos cumprindo sua missão

foto: Sélio Morais

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2 o jornal batista – domingo, 04/03/12 reflexão

E D I T O R I A L

ser anunciada por causa do próprio povo cristão. As bri-gas e discussões dentro das igrejas tem sido tantas que a pregação do evangelho tem ficado em segundo lugar, o que não poderia acontecer. As desavenças por questões banais ou espirituais estão deixando algumas pessoas cegas espiritualmente.

A cegueira espiritual vem quando as coisas do mundo se tornam superiores às coisas divinas. Como por exemplo ter fama, ter sucesso, ter dinheiro, ter poder, ter bens, ser dono, ser o principal, ser o primeiro, essas questões cegam o que é divino, ou seja, o agir de Deus. E a consequência disso tudo é um poço de pecados que leva a morte espiritual.

Enquanto a Igreja de Cristo se divide por um querer ser mais do que o outro, almas es-tão se afastando dos caminhos do Senhor. Grandes cantores e cantoras estão saindo da igreja e cantando no mundo,

outros judeus da região da Cilícia e da província da Ásia começaram a discutir com Es-têvão, que ele ganhava todas as discussões.

Então eles pagaram algu-mas pessoas para dizerem: - Nós ouvimos este homem dizer blasfêmias contra Moi-sés e contra Deus!

Dessa maneira eles atiça-ram o povo, os líderes e os mestres da Lei. Depois foram, agarraram Estêvão e o leva-ram ao Conselho Superior. Então arranjaram alguns ho-mens para dizerem mentiras a respeito dele. Essas pessoas afirmaram o seguinte: - Este homem não pára de falar contra o nosso santo Templo e contra a Lei de Moisés. (…).

Todos os que estavam sen-tados na sala do Conselho Superior olhavam firmemen-te para Estêvão e viram que o rosto dele parecia o rosto de um anjo” (Atos 6.8-15).

A questão é que a palavra de Deus tem sido deixada de

No meio do povo cristão existe um grupo de pesso-as que tem uma

grande dificuldade de aceitar a vontade de Deus, assim como aceitar a grande sabe-doria vinda de outras pessoas, que não eles próprios. Criam um sentimento de inveja, nutrido pela cobiça pelo po-der espiritual dado por Deus para outro. De princípio essas palavras parecem exageradas, mas são reais. Pessoas que se dizem cristãs, estão minando servos do Senhor por inveja. O que acontece desde sécu-los atrás, como é possível ver na história de Estevão.

“Estêvão, um homem muito abençoado por Deus e cheio de poder, fazia grandes ma-ravilhas e milagres entre o povo. Mas ficaram contra ele alguns membros da ‘Sinagoga dos Homens Livres’, que era a sinagoga dos judeus que tinham vindo das cidades de Cirene e Alexandria. Estes e

grandes pastores estão se des-viando do que é correto aos olhos de Deus, grandes diáco-nos estão servindo ao mundo, grandes profissionais fazem sucesso em meio ao pecado. E contra a tudo isso, o que os crentes que estão nas igrejas estão fazendo? Infelizmente nada, porque a cegueira espi-ritual os corrompeu. Graças a Deus existem exceções.

As discussões nas igrejas devem ser com objetivo de frutificar, trazer proveito e não o contrário. Já passou da hora dos cristãos busca-rem integridade servindo os irmãos com o propósito de crescimento. Praticar a Bí-blia é lutar contra a cegueira espiritual e se alegrar com o amadurecimento de outros, é buscar com todo o vigor aqueles que se desviam, é correr para o alvo como se fosse a única coisa a se fazer, é ver o esplendor de Deus no rosto do irmão e usufruir do Espírito Santo.

As mensagens enviadas devem ser concisas e identificadas (nome completo, endereço e telefone). OJB se reserva o direito de publicar trechos. As colaborações para a seção de Cartas dos Leitores podem ser encaminhadas por e-mail ([email protected]), fax (0.21.2157-5557) ou correio (Rua Senador Furtado, 56 - CEP 20270-020 - Rio de Janeiro - RJ).

Cartas dos [email protected]

Uma campanha para O Jornal Batista

• Há 63 anos venho escre-vendo para o nosso órgão ofi-cial, O Jornal Batista. Comecei a escrever em 1949, quando o redator era o pastor Almir dos Santos Gonçalves. Prossegui nas gestões dos pastores Reis Pereira (1964 a 1988), Nilson Dimárzio (1988 a 1995), Sa-lovi Bernardo (1995 a 2002) e Sócrates de Oliveira (2002 até hoje). Tenho coleções do jornal desde 1919. Leio-o des-de pequeno, pois meu pai, o pastor Antônio Soares Ferreira, sempre o assinou e o divulgou.

Tenho sido um paladino de nosso periódico. Amo-o e di-vulgo-o. Até há pouco tempo, quando viajava para pregar em alguma igreja fora do Rio de Janeiro, trazia sempre comigo pedidos de novas assinaturas. Creio que para este momento, quando somos desafiados a buscar um avivamento, um poderoso colaborador deve ser o nosso jornal. Sua tiragem, porém, é pequena, em face do número de batistas que já temos no Brasil.

Durante um bom tempo, o pastor Sócrates enviou gratuita-mente o jornal às milhares de igrejas que não o assinavam, esperando estimulá-las a se

tornarem assinantes. É preci-so criar a mística pela leitura de nosso jornal. Eu o leio de ponta a ponta. Até necrológios e anúncios, para me informar a respeito de tudo.

O presidente da CBB, pas-tor Paschoal Piragine Júnior, em sua oportuna mensagem “Por um avivamento bíblico e transformador”, conclaman-do todos para a busca de um genuíno avivamento, o que re-sultará em igrejas santificadas e avivadas.

O pastor Piragine me disse, por e-mail, que “nossa meta é chegar até a próxima Conven-

ção com uma tiragem ao redor de um milhão de exemplares semanais”, e que “desde janei-ro deste ano, em sua versão on-line, O Jornal Batista está sendo entregue a mais de 132 mil assinantes e mais de 10 mil exemplares em papel”.

Quero sugerir que se lance a campanha: “Em cada lar batis-ta, leitores de O Jornal Batista”. Precisamos de comunicação e o nosso órgão oficial é o melhor meio de fazermos a comunicação com as igrejas. Cada diretor-executivo da CBB deve ajudar, inserindo em sua palavra, onde quer que vá, a

propaganda sobre assinaturas. Quem sabe até mesmo eles poderiam angariar assinaturas. Isso é trabalho cooperativo.

Cada secretário-executivo estadual e de associações devem também ajudar, colo-cando sempre em sua palavra a necessidade de se fazer assinatura de OJB, e ele mes-mo pode levar talões para angariar assinaturas. Todas as demais organizações — UFMBB, UMHBB, JUMOC, ABIBET, ANEB, OPBB, UE-PBB — devem se engajar nessa luta, para conquistar o maior número. Seminários e colégios batistas devem tam-bém estar engajados nessa campanha.

Se todos nos unirmos em torno do ideal proposto, tere-mos bem acrescido o número de assinantes do nosso peri-ódico, e por consequência, maior número de batistas será atingido na campanha “Por um avivamento bíblico e transfor-mador”. Sendo O Jornal Ba-tista órgão doutrinário, maior número de pessoas receberá doutrinamento e informação para seu desenvolvimento geral.

Ebenézer Soares FerreiraDiretor Geral do Seminário

Teológico Batista de Niterói

Luta contra a cegueira espiritualO JORNAL BATISTAÓrgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso.

Fundado em 10.01.1901INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189

PUBLICAÇÃO DOCONSELHO GERAL DA CBBFUNDADORW.E. EntzmingerPRESIDENTEPaschoal Piragine JúniorDIRETOR GERALSócrates Oliveira de SouzaSECRETÁRIA DE REDAÇÃOArina Paiva(Reg. Profissional - MTB 30756 - RJ)

CONSELHO EDITORIALMacéias NunesDavid Malta NascimentoOthon Ávila AmaralSandra Regina Bellonce do Carmo

EMAILsAnúncios:[email protected]ções:[email protected]:[email protected]

REDAÇÃO ECORRESPONDÊNCIARua Senador Furtado, 56CEP 20270.020 - Rio de Janeiro - RJTel/Fax: (21) 2157-5557Fax: (21) 2157-5560Site: www.ojornalbatista.com.br

A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal.

DIRETORES HISTÓRICOSW.E. Entzminger,fundador (1901 a 1919);A.B. Detter (1904 e 1907);S.L. Watson (1920 a 1925);Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940);Moisés Silveira (1940 a 1946);Almir Gonçalves (1946 a 1964);José dos Reis Pereira (1964 a 1988);Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002)

INTERINOS HISTÓRICOSZacarias Taylor (1904);A.L. Dunstan (1907);Salomão Ginsburg (1913 a 1914);L.T. Hites (1921 a 1922); eA.B. Christie (1923).

ARTE: OliverartelucasIMPRESSÃO: Jornal do Commércio

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3o jornal batista – domingo, 04/03/12reflexão

(Dedicado ao leitor João Wilson Faustini, de Irati, PR)

Num domingo de de-zembro, em pleno culto, apresentou-se o “Gloria”, de John

Rutter (1945- ). Coube a um novo conjunto vocal da Cidade--Céu a primeira execução.

O tempo e o localFoi considerado que a época

(comemoração do Natal) seria apropriada e prestigiaria essa obra de Rutter. Embora o pró-prio compositor tenha adver-tido, em 1984, que o “Gloria” foi composto como “uma obra de concerto”, apesar de usar um texto litúrgico, prevaleceu a escolha do templo como ade-quado para a realização do evento. Alguns dirigentes mu-sicais acham que toda música erudita pode ser executada no templo.

Duas outras obras de Rutter, o “Réquiem” (1985) e o “Magnifi-cat” (1990) são religiosas, mas não são sacras; somente o “Te Deum” (1988) e o “Winchester TeDeum” (2006) tiveram apro-veitamento litúrgico, quando foram executados nas catedrais anglicanas de Canterbury e de Winchester. Por não ser religio-so, Rutter não destina suas obras ao uso eclesiástico.

A escolha do templo, em de-trimento do auditório, nada sig-nificou para o público: estava presente num culto, mas, ao final da execução, aplaudiu como se estivesse numa sala de concertos. “En ese grupo hay algo impuro”. Nele faltou discernimento entre música de culto (litúrgica) e mú-sica de entretenimento (artística).

A obra – letra e músicaO “Gloria” foi encomendado

por um coro de Omaha, Ne-braska (EUA) e regido por Rutter em sua estreia, por ocasião da sua primeira visita em 1974. O texto latino, extraído do Ordiná-rio da missa católica, parece ter incomodado os programadores do evento. Alguém teve a preo-cupação mitigadora: ao lado de cada frase citou um versículo do Novo Testamento. Entretanto, nada nesse texto litúrgico católi-co ofende a doutrina batista.

Quem ouve o canto em latim primeiro deve sabê-lo para enten-dê-lo, depois deve esquecê-lo. O mesmo acontece com o inglês de nossos hinos. Esse texto foi um desafio para Rutter, porque algumas vezes é exaltado, outras é reflexivo. Ele aproveitou peças do Canto Gregoriano. O coro é acompanhado por um con-junto de instrumentos (metais, tímpanos, percussão e órgão), existe uma versão para orquestra

completa. A obra foi selecionada talvez por ser acessível e prescin-dir de uma voz solista.

Adota uma estrutura sinfônica tradicional. No primeiro (“Alle-gro vivace”) e no terceiro movi-mento (“Vivace”) é expresso um jubiloso louvor; no movimento intermediário, o louvor é mais introspectivo. Por seus acentos modernos, o “Gloria” de Rutter fez-me lembrar a “Missa” de Leonard Bernstein (1918-1990), composta pouco tempo antes, em 1971, mas adaptada à ação cênica, com cantores, atores e dançarinos. Esperamos que essa obra de Bernstein nunca venha a ser encenada numa igreja batista.

O compositorRutter nasceu em Londres e es-

tudou música no Clare College, em Cambridge, onde foi diretor, de 1975 a 1979. Criou os “Cam-bridge Singers”, compôs peças instrumentais para o “The Philip Jones Brass Ensemble” e fundou a gravadora “Collegium”. Foi homenageado pelo “Westmins-ter Choir College”, de Princeton (EUA), pelo “Guild of Church Musicians” e pelo arcebispo de Canterbury.

À pergunta feita por Élben Lenz César, “A música sacra erudita dos nossos dias sofre de esvaziamento do conteúdo bíblico e teológico?”, respondi

que Rutter estava remediando os estragos causados na década de 60 por alguns músicos da Igreja Anglicana (revista “ULTIMATO”, no. 333, nov.-dez. 2011, pp. 46-48). Nos últimos 37 anos, para enfrentar o precário triunfo da mediocridade, ainda usufruído pela música “gospel”, Rutter tem dado aos coros algumas das mais acessíveis obras do século 20.

A execuçãoEsta é uma obra de curta dura-

ção (16 min). Reduzindo o seu impacto, aconteceu um intervalo de alguns minutos, enquanto o organista ajustava a registração do seu instrumento. Ocorreu a suspensão da emoção, por não haver coordenação dos exe-cutantes. Na primeira parte do texto (“Gloria in excelsis Deo”), numa interpretação condizente, o conjunto vocal, acompanhado de instrumentistas, expressou, repetidas vezes, o suposto pro-pósito dos executantes de al-cançarem a elevação espiritual. Reconheceram o favor de Deus, a paz concedida aos homens (Luc. 2.14).

No “Domine Deus”, depois de meditarem ao som do órgão, os intérpretes desejaram aprofundar seu conhecimento dos atributos de Deus Pai e de Jesus Cristo; sua dicção não foi clara, embora o latim, por natureza, seja fácil

de entender. No “Quoniam Tu solus sanctus”, humilharam-se diante da Trindade. Não pode-mos afirmar que todos os exe-cutantes, ao participar naqueles momentos litúrgicos, esposavam aqueles conceitos. Mas, do pon-to de vista artístico, a execução foi quase convincente. Somos solidários com Bach, que expres-sou o desejo de que os coristas “sein menschlich Wesen machet euch den Engelsherrlichkeiten gleich euch zu der Engel Chor zu setzen”, isto é, que, apesar de sua natureza humana, possam igualar-se aos anjos e sentar-se no coro (Cantata, BWV-91).

O compositor Franz Liszt acre-ditava na sua missão religiosa e artística, quando comparou o músico a um sacerdote. O maestro Ricardo Muti recente-mente disse que o regente deve não somente marcar os tempos, mas extrair dos instrumentistas e cantores seus mais profundos sentimentos. O que, por sinal, é muito difícil, pois detrás das notas musicais está o infinito, que pertence a Deus.

Esperamos que o conjunto vocal explore outras fontes da música religiosa erudita, para inspirar os habitantes da Cidade Céu. O que escrevemos a res-peito dele serve para qualquer outro, em qualquer lugar.

MÚSICARolando de nassau

“Gloria”, de Rutter, em Brasília

HináriosDisponível na versão com letra para acompanharo louvor e na versão com música, que vem com

pautas musicais para músicos.

www.geograficaeditora.com.brwww.geograficaeditora.com.br

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4 o jornal batista – domingo, 04/03/12

GOTAS BÍBLICASOLAVO FEIJÓ

Pastor, professor de Psicologia

Esquecendo e Prosseguindo

reflexão

Após escrever sobre a suprema excelência de conhecer a Cris-to, Paulo oferece

uma sugestão, no sentido de permanecermos neste estado de comunhão. “...Es-quecendo-me das coisas que ficam para trás...prossigo em direção ao alvo... em Cristo Jesus.” (Filipenses 3.13-14). Para Paulo, para aquele que já experimentou a qualidade excelente da comunhão com Cristo, nunca fará sentido continuar a ter prazer na qualidade pobre das vivên-cias do mundo. O apóstolo usa o exemplo do passado e do futuro. Passado é a nossa submissão ao mundo que contraria ao Senhor. Futuro é o processo dinâmico, sofrido, cheio de fé, de “prosseguir para o alvo”, de prosseguir para Cristo.

Nosso passado é muito mais do que um registro cartorial, inerme, daquilo que já vive-mos. As experiências carnais que já tivemos sempre são usadas por Satanás, hipocri-tamente, para nos acusar. O inimigo, como “pai da menti-ra” está sempre dizendo que não valemos nada, que nunca chegaremos lá. Ele quer que vivamos como o salmista, impenitente, exclamando “o meu pecado está sempre dian-te de mim”. Esta, porém, é a receita de Paulo: “esquecen-do-me”, isto é, pegando meu passado e, corajosamente, constantemente, entregando--o a Jesus. E é neste momento, nesta constatação do perdão do Senhor, que joga nosso pecado “no fundo do mar”, que conseguimos prosseguir. Prosseguindo para o futuro, para o alvo que é Jesus Cristo.

Luciano MalheirosPastor e escritor, membro da IB do Grajaú, RJ

Usa-me Senhor ! Não tenho dúvi-das que esta pode ser a oração mais

perigosa que um jovem, ado-lescente ou líder pode fazer.

Tenho visto coisas impres-sionantes nos últimos dias pela internet, adolescentes descobrindo energia susten-tável, criando sites ou blogs que estão fazendo a dife-rença na vida das pessoas, jovens pregadores vivendo missões em tempo integral, com tempo de sobra para conciliar suas responsabili-dades familiares e escolares.

Pedir para ser usado por Deus é uma aventura e tanto, a pessoa se colocar na brecha para impedir destruição, afim de ser um agente de salva-ção, instrumento de Deus para a edificação da vida de milhares. É impressionante ir a lugares que nunca pensou em ir, ganhar pessoas para Jesus como nunca sonhou, é uma aventura que gostaria de indicar a todo adolescente, jovem ou líder que sonha fazer a boa, perfeita e agra-dável vontade de Deus em suas vidas.

Eu Escolhi Agir. Este tem sido o meu grande projeto na internet e na vida pessoal para 2012. Que haja um inconformismo em toda a

juventude em relação às dro-gas, gravidez não planejada, adolescentes e crianças fora da escola, frieza espiritual, apatia para missões. Creio que, como Igreja, daremos um grande passo para ganhar nossa geração, quando nos colocarmos na brecha, con-forme Ezequiel 22.30.

As aulas começaram, que tal “queimar o seu filme” logo nas primeiras semanas, contando a todos o que Cris-to fez em sua vida?

Não posso deixar de falar das coisas que tenho visto e ouvido (At 4.20). Nossa ju-ventude tem a força, eu creio (Jos 1.8). Faça a oração mais perigosa da sua vida, escolha agir e seja forte!

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5o jornal batista – domingo, 04/03/12reflexão

PARÁBOLAS VIVASJoão Falcão Sobrinho

Pr. Anderson Resende BarbosaMissionário da JMN, Altamira-Pa.

uando era semi-narista, durante os dois últimos anos de seminário, ia

toda segunda-feira pregar o evangelho para os prisionei-ros de um dos presídios de segurança máxima em Belém, muitos se converteram, ba-tizamos alguns, e o trabalho ainda continua. Nesse perí-odo uma família da igreja da região que eu morava antes de ir para o seminário, entrou em contato comigo para eu visitar um jovem parente de-les que estava em uma dessas prisões. Então passei a visitá--lo quinzenalmente, dei uma Bíblia para ele e comecei a evangelizá-lo.

Certo dia achei que ele es-tava pronto para receber o convite de aceitar a Cristo, mas para minha decepção ele disse “não”. Disse que se ele fizesse uma decisão na cadeia e por algum motivo se des-viasse, ele levaria uma surra dos presos. Perguntei se eram os crentes da cadeia que o ba-teria, ele disse que não, seria os não crentes. Continuei a indagar o motivo que os fazia agir assim, ele me disse que os não crentes batiam nos desviados porque eles esta-vam brincando com Deus. E o conceito deles nessa prisão era que: “com Deus não se brinca”. Pensei imediatamen-te, tem muito bandido crente e muitos crentes bandidos.

Vivemos em uma época onde ser considerado crente ou evangélico não faz nenhu-

Pr. Abelardo e SoniaMinistério Forma Família

Durante toda a nossa jornada aguarda-mos sempre algu-ma coisa nova. É

a formação profissional, o casamento, o nascimentos dos filhos, a compra do imóvel, a troca do carro por um mais moderno. São inúmeras as vezes em que aguardamos alguma coisa. E o interessan-te é que todas elas, de uma forma ou de outra, acabam nos deixando, e sentimo-nos impotentes diante dos contra-tempos da vida.

Durante toda a nossa jorna-da existe algo que se aguardás-

ma diferença na sociedade. Não há mais um referencial e em breve nada disso fará diferença para o mundo, pode ser um irmão, irmã, pastor, pastora, bispo, bispa, apósto-lo, apóstola, daqui uns dias anjos e arcanjos. No presídio encontrei muitos “irmãos” desviados, encontrei “pasto-res” que antes de serem pre-sos exerciam o ministério e lá dentro continuam. Nos dias atuais, para muitos, ser crente não é novidade de vida, é só mudança de religião ou de-nominação, não é nascer de novo, mas ser um novo grupo. Estão na igreja, templo, e não na igreja, Corpo de Cristo. A vida de muitos crentes dentro da igreja é mais prazerosa para a satisfação da carne do que se estivesse no mundo.

Preocupa-me o fato de mui-tos pastores não se preocupar com o ensino da Bíblia de for-ma correta. Valores familiares não são ensinados, princípios cristãos não são falados na igreja, compromisso com a palavra e oração é coisa de ‘carochinha’, o que esperar então dos crentes? Se os en-sinos são para ter riquezas, satisfação pessoal, financeira, porque não completar com a luxúria? Faz parte do pa-cote! Infelizmente estamos perdendo o referencial, ser evangélico é moda. Enten-do claramente quando Jesus Cristo disse: “naqueles dias muitos dirão, Senhor em teu nome profetizamos, expulsa-mos demônios... e o Senhor lhes dirá, apartai-vos de mim malditos...”. Para muitos ser crente é dizimar, ir à igreja, cantar, participar de reuniões.

semos com toda dedicação, re-sultaria em saúde física, mental e bem estar por mais difíceis que sejam as circunstâncias de cada ciclo da vida. É aguardar a volta de nosso Senhor e Sal-vador Jesus Cristo. Paulo, após-tolo de Jesus, nos ensina como aguardar esta volta, vejamos em 1Tessalonicenses 5.4-11:

É preciso viver na luz. É pre-ciso caminhar com Deus, para que a volta do Senhor seja agradável e não um grande susto desagradável (v.4 e 5).

É preciso vigiar, ser sóbrio. Não podemos nos envolver, exageradamente, com as coi-sas que nós mesmos queremos ou criamos, não devemos dar prioridade a elas (v.6 e 7).

Certo dia fazendo um estudo bíblico com uma senhora que anteriormente havia aceitado Jesus Cristo como Senhor e Salvador, ela me perguntou: “Religião salva?”. Eu disse não. Ela continuou a indagar: “Na sua igreja todos entenderam o plano de salvação e você acha que todos são salvos?”. Eu dis-se com pesar no coração que não. Então ela disse: “Então eu não preciso mudar de religião, porque a minha também é igual a sua”. Pensando nisso acho que deveríamos trabalhar mais o nosso grupo de irmãos ao ponto de podermos afirmar que todos são salvos, mais en-quanto tivermos problemas de relacionamentos entre irmãos, intrigas entre diáconos e outras lideranças, discórdias em nos-sas associações e convenções, pastores inimigos de outros pastores, só podemos esperar o pior.

Enquanto isso a credibilida-de do evangelho vai caindo, mesmo aumentando o número de evangélicos, e tal cresci-mento não é por causa do que Cristo fez por nós, mas daquilo que pessoas querem que ele faça. Sabe no presídio, os não crentes batem naqueles que brincam com Deus. Agora os crentes de diversas denomina-ções que há lá dentro, brigam entre eles por causa de “doutri-nas”, “usos e costumes”, e por “membresia”. Parece que não há diferença dos crentes da prisão com os de fora da pri-são. Um dia ouvi uma frase de um incrédulo que até hoje soa aos meus ouvidos: “O homem quando não presta para mais nada, vira crente”. Temos que mudar o conceito de crente.

É preciso abandonar todo e qualquer pecado que nos separa de Deus. É preciso contar com a graça de Deus. É preciso proteger-se com a salvação de Deus em Cristo (v.8 a 10).

Aguardar a volta do Senhor Jesus, com a certeza de que com ele viveremos eterna-mente é o único remédio para todas as nossas dores, decepções, frustrações e per-das (v.11).

Durante toda a nossa jorna-da sempre desejamos coisas novas, mas a única que de fato nos alegrará em todos os ciclos da vida, será esperar a volta do Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Isaltino Gomes Coelho Filho coloca o leitor sen-tado numa plateia e des-creve, em cores vívidas,

o que foi O Drama do Calvá-rio nas sete falas do seu per-sonagem principal. Li o livro de uma assentada na viagem de Macapá ao Rio e várias vezes me surpreendi com a emoção aquecendo meus olhos. Tudo o que eu sabia sobre o Calvário é descrito de uma forma original, emo-cionante. Parecia-me, por vezes, estar entendendo pela primeira vez textos que já li centenas de vezes. A pessoa de Jesus, nesse livro, assume a sua dimensão humana de um modo como nunca vi em livro algum. Quando Jesus soltou seu brado por sentir-se abandonado pelo Pai, diz Isaltino, o Pai nada respondeu. Deus ficou em silêncio, mas não inativo. O Pai estava manifestando seu poder sobre a vida abrindo túmulos e ressuscitando mor-tos. Ele estava transformando o pleno meio dia em trevas para demonstrar sua onipo-tência, sua soberania sobre os poderes cósmicos.

Estava também rompendo o véu do templo de alto a baixo para demonstrar que a velha aliança cumprira sua missão e uma nova aliança estava rompendo como a alvorada de um novo dia. Isaltino cita Javier Pikaza no seu comentário de Lucas: “O judaismo termina”. E acres-centa: “O templo perdeu a razão de ser. Não tentem, cristãos, oferecer suporte teológico para os judeus re-construírem seu templo. Se vier a ser refeito, será um templo pagão. Não há mais oferta de sangue para se fa-zer a Deus”. “Caso um dia reconstruam seu templo, que é teologicamente desnecessá-rio e se um dia vierem a ofe-recer sacrifícios, estes serão tão pagãos quanto a galinha preta oferecida pelos macum-beiros nas encruzilhadas”. Cristo fez o sacrifício perfeito e eterno, que não precisa ser jamais repetido como declara o autor de Hebreus. Cristo abriu, pelo seu sacrifício, um vivo e novo caminho para Deus, acessível a todos os pecadores. Por que haveria de ser necessário oferecer a Deus os velhos holocaustos da velha lei e enveredar por

um caminho que caducou? (Hebreus 8.13).

Mas (sempre há uma ad-versativa!), alguns pastores não se conformam com o fim dos rituais da lei mosaica, nem dos símbolos da velha aliança, não lhes basta a fé, precisam de coisas para ver, pegar, carregar, como nos cultos do Velho Testamen-to. Não lhes basta a Palavra Viva, mas precisam de sím-bolos mortos para poderem sustentar uma fé imatura, infantil. Em muitas igrejas, inclusive batistas, que supos-tamente têm conhecimento bíblico, estão sendo utiliza-dos símbolos da velha alian-ça como a menorá, mantos sacerdotais, a suposta estrela de Davi, o shofar (na falta de um legítimo, um pedaço de tubo Tigre de três quartos de polegada ou mesmo uma vu-vuzela resolve o problema), além de uma caricatura da arca do concerto com uma Bíblia dentro, carregada por quatro “levitas” pelos varais em procissão pelas ruas do bairro. Que coisa mais ridí-cula! Não demora vai apare-cer algum pastor querendo degolar um cordeiro (sangue sempre impressiona) à frente da congregação. Isso tudo além da guarda do shabat e das festas judaicas, porque ainda não tiveram o descanso da alma no sacrifício do Cal-vário, nem se alegram com a bênção da cruz e precisam de mais festas e bênçãos para justificar a sua fé morta em verdades símbolos e ritos mortos.

Para esses pastores, o sa-crifício do Calvário foi insu-ficiente ou até inútil, sendo necessário remendar o véu que o Pai rasgou de alto a baixo no templo de Jerusa-lém no momento em que o Cordeiro de Deus era sacri-ficado na cruz e restaurar os altares da velha aliança. Ritos e símbolos judaicos em culto cristão podem impressionar crentes imaturos, mas são dispensáveis para a verda-deira fé em Cristo. Ninguém pode remendar o véu que Jeová rasgou, pois isso seria um insulto à dor do Filho pelo que ele suportou na cruz. Sou grato a Deus pelo livro O Drama do Calvário, de Isaltino Gomes Coelho Filho, em boa hora editado pela Abba Press.

Com Deus não se brinca

Q

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vida em famíliaGilson e Elizabete Bifano

6 o jornal batista – domingo, 04/03/12 reflexão

O mundo acompa-nhou, mais uma v e z , a m o r t e precoce de uma

celebridade. Desta vez foi Whitney Houston. Uma das mais premiadas cantoras que o mundo conheceu. Além de cantora, Houston foi modelo e atriz. Houston começou sua carreira de cantora aos 11 anos, numa igreja batista em Nova Jersey, EUA.

O culto fúnebre foi assisti-do, ao vivo, por milhares de pessoas ao redor do mundo. Enquanto ouvia as músicas e a excelente mensagem prega-da pelo reverendo T.D. Jakes, perguntei a mim mesmo: “O que aconteceu na trajetória de vida de Whitney Hous-ton, que, sendo criada numa igreja, se afastou dos cami-nhos de Deus e terminou sua vida de maneira tão precoce, possivelmente influenciada pelo uso de drogas?”. Por que muitos, que hoje estão cantando nos bares, envolvi-dos no mundo artísticos e são famosos, começaram numa igreja e hoje estão afastados das mesmas?

No meu círculo de conhe-cimento, conheço várias pes-soas que foram criadas em igreja, cursaram música sacra no Seminário do Sul e hoje se esqueceram da comunidade cristã e vivem a dedicar seus talentos somente para entre-ter as multidões e a ganhar dinheiro.

Não questiono a decisão pessoal em relação a Jesus como Salvador. Muitos que ganharam fama no mundo ar-tístico tem uma fé verdadeira em Jesus como Salvador, mas creio também que a igreja é importante. A igreja não tem nenhum peso para a salvação das pessoas, mas os salvos desejam estar com outros sal-vos e juntos adoram a Deus e se esforçam para ganhar outros para Cristo.

Mas voltando à pergunta: o que pode levar uma pes-soa como Whitney Houston, sendo criada na igreja, ter se afastado? Teria sido a desa-

tenção da igreja em relação ao trabalho com as crianças? Pode ser... Pode não ser. A igreja precisa estar atenta ao trabalho infantil. Investir no trabalho com crianças é fundamental para tê-las na fase da adolescência e juven-tude. Igrejas que investem no trabalho com crianças, propiciando estrutura física e uma boa equipe, há de co-lher muitos frutos espirituais.

Teria sido a negligência dos pais no que tange transmitir a tocha da fé aos filhos? Esta pode ser uma outra possibi-lidade de Whitney Houston ter se afastado da igreja. O livro de Juízes (Juí 2.10-15) alerta sobre esta questão. Os pais, envolvidos em inúme-ras preocupações da vida, podem cometer esta falha. Esquecem que a tarefa de passar a bandeira da fé às gerações futuras não é, em primeiro lugar, da igreja ou de instituições evangélicas, como escolas cristãs, mas da família.

Teria Whitney Houston sido criada numa igreja aten-ta às necessidades das crian-ças, ter tido pais atentos às suas responsabilidades espiri-tuais, entretanto, como Paulo escreveu a Timóteo em rela-ção a Demas, abandonado o presente século, ou como traduziu Eugene Peterson em sua paráfrase A Mensagem, tendo ido atrás de novidades? Mortes como a de Whitney Houston nos leva a estas e outras reflexões sobre as razões de muitos famosos que um dia foram criados nos caminhos do Evangelho, mas hoje estão totalmente afastados da igreja, corpo de Cristo, família de Deus.

Se Whitney Houston não pregou o Evangelho com sua bela voz, em vida, pregou em sua morte. Centenas de milhares assistiram seu fune-ral e ouviram a mensagem do Evangelho através do re-verendo T. D Jakes. Se hoje Whitney Houston está com Deus nos céus, só a eternida-de nos dirá.

Nilson DimarzioPastor e colaborador de OJB

A morte prematura da cantora Whitney Houston, ocorrida recentemente, cau-

sou enorme consternação entre seus inúmeros admira-dores. Ainda relativamente jovem, aos 48 anos de ida-de, foi encontrada morta na banheira de uma suíte do Hotel Beverly Hilton, em Los Angeles. Embora a causa mortis ainda não seja conhe-cida, sabe-se que a famosa cantora era dada ao uso de entorpecentes.

Considerada uma das me-lhores vozes gospel e tam-bém da música popular, grande foi sua influência so-bre uma geração de jovens cantores, desde Christina Aguillera até Mariah Carey. Seu sucesso na vendagem de discos foi dos maiores, che-gando a 55 milhões somente nos Estados Unidos. No en-tanto, essa brilhante carreira caiu em declínio, em razão do uso de drogas, como ela mesma confessou que usava cocaína, maconha e toma-va pílulas entorpecentes. Aquela voz inconfundível, que encantava a milhões de admiradores, tornou-se rouca e áspera, incapaz de alcançar as notas mais agudas a que chegara na fase áurea de sua carreira. Sem dúvida uma queda trágica para uma su-perestrela que chegou a ser considerada uma das artistas de maior brilho nestas últi-mas décadas.

Em entrevista a Diane Sa-wyer, da rede de televisão ABC, Whitney declarou: “O maior demônio da minha vida sou eu mesma. Posso ser minha melhor amiga e minha pior inimiga”. Sem dúvida uma confissão me-lancólica de alguém que es-tava vivendo terrível drama interior, de uma vida sem paz, que estava se desestru-turando. Drama semelhante ao de tantos outros cantores e artistas que enveredaram pelo mesmo caminho tor-

tuoso dos entorpecentes. O fato incontestável é que as drogas não perdoam suas vítimas, levando-as à des-truição e morte de forma implacável. A não ser que passem pela metamorfose da conversão a Cristo e al-cancem a libertação espiri-tual. Haja vista o que tem acontecido na Cracolândia, em São Paulo, onde deze-nas e dezenas de vítimas das drogas tem sido liber-tadas por Cristo, aquele que disse: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8.32).

O drama de Whitney mos-tra que nem sempre um bom começo garante um final feliz. Ela nasceu para o es-trelato, dotada por Deus de uma voz extraordinária. Teve a felicidade de nascer num lar cristão e ser conduzida por seus pais no caminho de Jesus Cristo. Chegou, em sua infância e adolescência, a participar da Igreja Batista em Newark, New Jersey, onde cantava no Coral, em louvor a Deus. Foi um bom começo de uma vida cristã que po-deria ser uma bênção para o mundo, se não tivesse dado ouvidos ao Inimigo das nos-sas almas, aquele que vem

somente para roubar, matar e destruir. Portanto, não bas-ta começar bem, é preciso perseverar no caminho do bem, buscando sabedoria e orientação do Espírito de Deus para vencer as astutas ciladas do Diabo.

Por associação de ideias, ficamos a pensar em tan-tos outros jovens de nossas famílias e igrejas, que co-meçaram bem a caminhada cristã, mas atualmente estão desviados dos caminhos de Deus, vítimas das drogas ou iludidos com outras atrações mundanas; e, se não se arre-penderem em tempo hábil, voltando para o aprisco do bom Pastor, terão um fim trágico.

A advertência que fica para os nossos jovens é que este-jam vigilantes e não se dei-xem iludir com as ofertas de Satanás, feitas através de colegas e “amigos” que pre-tendem desviá-los do bom caminho. Cuidado, pois, com as amizades! Para você, jo-vem, aqui fica este conselho do apóstolo Paulo: “Foge das paixões ou desejos da moci-dade, e segue a justiça, a fé, o amor, a paz, com os que, de coração puro, invocam o Senhor” (2 Tim 2.22).

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7o jornal batista – domingo, 04/03/12missões nacionais

Tiago MonteiroRedação de Missões Nacionais

O cenário é de puro abandono. Nas cracolândias do Brasil, as drogas

são, ao mesmo tempo, a falsa liberdade e a prisão de cen-tenas de pessoas que perdem família, bens e a própria dig-nidade.

Mas o problema das dro-gas, que antes parecia não ter solução, teve seus reveses amenizados pela ampliação dos investimentos de Mis-sões Nacionais na área da recuperação de dependentes

químicos. Assim foram sur-gindo as Cristolândias, novas comunidades terapêuticas e os centros de formação cristã em várias partes do país.

Hoje, Missões Nacionais conta com três Missões Ba-tistas Cristolândias: em São Paulo, Rio de Janeiro e Re-cife. A partir de 2012, há a previsão de inauguração de outras unidades em Vitória, Belo Horizonte, Brasília, São Luís (MA), Maceió (AL). Os resultados obtidos com o surgimento das primeiras Cristolândias já podem ser vistos, inclusive, em rede nacional de TV. Emissoras como a Record, Globo e

Bandeirantes abriram espaço em seus noticiários para as histórias de transformação de ex-dependentes químicos que agora, pela fé, trilham um novo caminho. Para as-sistir algumas dessas repor-tagens, acesse http://bit.ly/cristolandiajmn

A participação de voluntá-rios comprometidos com o Reino é um dos fatores que influenciam no sucesso das Cristolândias. Conhecidos como Radicais, são jovens e

adultos, membros de igrejas batistas, que decidem dedicar um período de suas vidas ao trabalho missionário. Para ser um radical, os voluntários passam por um processo de seleção e capacitação, onde aprendem a lidar com as diversas situações que irão enfrentar nas cracolândias. Ao fim do treinamento, eles estão prontos para a realiza-ção de abordagens nas ruas, bem como nas atividades internas das Cristolândias.

Gilvan da Cunha Silva, 21 anos, está numa categoria especial de radicais. Ele e ou-tros resgatados do vício das drogas foram recrutados para apresentar a nova vida em Cristo para aqueles que estão aprisionados por Satanás nas cracolândias do Brasil. Gil-van, que atua na Cristolândia do Rio de Janeiro, conta que sua vida deu uma reviravol-ta após ter reconhecido o senhorio de Cristo. “Hoje, graças a Deus, é tudo dife-rente na minha vida. Graças a Deus não falta nada. Estou estudando de novo, termi-nando os estudos, e Cristo só está acrescentado as demais coisas porque primeiramente busquei o Reino de Deus para me recuperar e para ter transformação de vida”. O radical está concluindo o período de atuação no proje-to, mas, independente disso, sonha em fazer a vontade de Deus onde quer que es-teja. “Eu quero fazer a obra de Deus na Cristolândia ou em qualquer outro projeto. Quero é estar na presença do Senhor. Quero ser luz e pre-gar a Palavra de Deus. Nunca quero esquecer esse amor e colocar Deus em primeiro lugar em tudo o que faço”.

Há ainda os voluntários que somam ao projeto, doando pequenos períodos de suas férias. Essas visitas acabam amadurecendo chamadas

ministeriais, como foi o caso da jovem Thaiz Nascimento, 25 anos. Batista da PIB em Oswaldo Cruz, no Rio de Ja-neiro, conheceu a Cristolân-dia em uma apresentação do coral na 91ª Assembleia da CBB, no Ginásio Caio Martins, em Niterói. Desde então se sentiu chamada para esse ministério. Para conhe-cer de perto o trabalho da Cristolândia, Thaiz decidiu experimentar o dia a dia da missão, servindo por um mês aos dependentes químicos assistidos pela Cristolândia da Central do Brasil, no Rio de Janeiro.

Segundo Thaiz, a Cristolân-dia é o tipo de trabalho em que se recebe mais do que se pode dar. “A gente vai acre-ditando que vai ajudar, vai somar e, na verdade, a gente aprende muito mais”, disse a voluntária. Ela comenta ainda sobre a necessidade de coerência entre o discurso de muitos irmãos e suas ações. “Certo dia, em um dos cultos da Cristolândia, chorei quan-do me lembrei das pessoas que cantam ‘eu abro mão dos meus sonhos’, mas não podem ceder 30 minutos de oração por aquelas vidas, não podem disponibilizar o valor de um lanche mensalmente para essa obra. Se nós não doarmos um tempo da nossa vida por aquelas pessoas, elas vão morrer sem conhe-cer Jesus. Que a gente possa deixar de ser individualista porque se a gente diz que Deus é a prioridade, então que o chamado dele venha também em primeiro lugar”.

Trans CracolândiaEste ano, além do projeto

Radical Cristolândia - que já está em fase de seleção de candidatos inscritos - Missões Nacionais abriu inscrições para a participação de batis-tas na Trans Cracolândia. A mobilização acontece entre os dias 16 e 20 de abril, e levará voluntários à cracolân-dia paulista. Há a expectativa de 400 participantes, número que promete impactar a re-gião com a manifestação do poder de Deus.

A operação missionária terá como base a Primeira Igreja Batista de São Paulo, igreja mãe do projeto Cristolândia. Após a Trans, entre os dias 20 e 22 de abril, os voluntários que desejarem ainda pode-rão participar do Congresso Resgate, evento que pretende apresentar o passo a passo da implantação de uma Missão Batista Cristolândia.

Batistas avançam na luta contra as drogas

Gilvan em ação nas ruas da Central da Brasil

Radicais do ES em treinamento

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8 o jornal batista – domingo, 04/03/12 UFMBB

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9o jornal batista – domingo, 04/03/12UFMBB

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10 o jornal batista – domingo, 04/03/12 missões mundiais

Marcia PinheiroRedação de Missões Mundiais

A Junta de Missões Mundiais convoca todas as igrejas a reservarem o dia 7

de março para intercede-rem pela obra missionária mundial, em uma ação pelo Dia de Oração por Missões Mundiais. Nessas 24 horas, a igreja deve dividir horários para que haja, pelo menos, um membro orando por Mis-sões Mundiais. Cada dia tem 1.440 minutos, sendo assim, se houver 144 orações de 10 minutos, cobriremos os mis-sionários com nossas orações por um dia inteiro.

A data também poderá ser lembrada em um culto es-pecial, vigília, reunião de Pequeno Grupo, culto do-méstico, reunião de oração... Escolha a melhor forma de conscientização sobre a im-portância da oração para se levar Cristo, a paz que liberta, a todo o mundo. Se não for possível realizar uma programação neste dia, su-gerimos que a igreja escolha outra data. O importante é não ficar de fora desta grande mobilização.

Todas as metas alcança-das por Missões Mundiais acontecem com a permissão e a graça do Senhor. Vidas são transformadas, povos são alcançados, sonhos são resgatados, milagres aconte-cem. Tudo isso só é possível por meio da oração. É atra-vés dela que podemos falar com Deus e compartilhar

com Ele nossas angústias, aflições e pedidos.

A oração faz do crente um missionário. Quem adota uma família missionária ou um projeto, deve orar espe-cialmente por eles neste dia 07 de março. É importante pedir para que o Senhor crie oportunidades para seus missionários anunciarem

Cristo, a paz que liberta, às nações.

Espalhe esta ideiaA JMM incentiva todos a

compartilharem os motivos de oração publicados nas cartas enviadas pelos missio-nários com os irmãos de sua igreja. Elas também podem ser publicadas no informa-

tivo ou boletim da igreja. Outra forma de promover o Dia de Oração por Missões Mundiais é compartilhando os pedidos publicados dia-riamente em nossa página no Facebook (facebook.com/missoesmundiais) e no Twit-ter (@missoesmundiais).

Há várias maneiras de ficar por dentro do Dia de Oração por Missões Mundiais. Para fazer parte desta grande rede de intercessão pela obra de evangelização mundial, basta se cadastrar no Programa de Intercessão Missionária (PIM) e pedir a Deus para abrir o coração daquelas pessoas re-sistentes ao Evangelho, para que sejam transformadas pela paz de Cristo.

Converse com o promotor de Missões de sua igreja e saiba como você pode ajudar a organizar esse importante dia no calendário da Campa-nha Missionária 2012.

Você também pode adotar um projeto ou missionário e interceder por ele. Basta se cadastrar no PIM.

Acesse jmm.org.br ou en-tre em contato com a Cen-tral do Adotante: 2122-1901 (cidades com DDD 21) ou 0800-709-1900 (demais lo-calidades).

Dia de Oração por Missões Mundiais7de

março

Alunos do Pepe em Cabo Verde fazem suas orações

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11o jornal batista – domingo, 04/03/12missões mundiais

Redação da JMM

Desenvolvido no Sudeste da Ásia, o P ro j e to ELA leva esperança a

jovens mulheres, ajudando--as a resgatarem a autoestima e contribuindo para que elas se sintam Especiais, Lindas e Amadas, mas que principal-

mente sejam apresentadas a Cristo, a paz que liberta.

O ELA é desenvolvido pela missionária Mali, que parti-cipou da 92ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira, em Foz do Iguaçu/PR, onde falou sobre o projeto a espo-sas de pastores.

O público-alvo do ELA são jovens que trabalham como

empregadas ou garçonetes 14 horas por dia, quase sem folgas. Elas comem e dormem no emprego para economizar, e o salário é enviado mensal-mente aos pais para ajudar no sustento da família.

“À medida que tratamos as mulheres com dignidade e amor, elas começam a abrir o coração para o único Deus

Ailton FariaRedação de Missões Mundiais

Em 2011, após 9 anos sem conseguir atingir sua meta financeira, Missões Mundiais ul-

trapassou um alvo desafia-dor. Isso aconteceu devido a muito trabalho das igrejas e crentes brasileiros que amam a obra missionária e se envol-veram em oração e na entre-ga de suas ofertas e vidas.

Como consequência des-te esforço, no ano passado foram enviados 121 novos missionários para os campos e treinados mais 43 obreiros. Missões Mundiais enviou 204 voluntários que atuaram em projetos de curta dura-ção e impactaram o Haiti, a Itália, a Índia e outros países. Também houve crescimen-to no número de campos com a abertura da República Centro-Africana. Neste ano já foram abertos mais dois

campos africanos, Camarões e Chade.

A meta de Missões Mun-diais é enviar 800 missio-nários para 80 campos até o ano de 2013. Atualmente são 719 missionários que atuam em 65 campos, e já está sendo preparada a abertura de mais 15 cam-pos. Com isso, os projetos cresceram e frutificaram. Os números são provas in-contestes do avanço mis-sionário. Em 2011 foram 39 igrejas plantadas, 2.338 crentes batizados, 1.352 frentes missionárias aber-tas, entre núcleos de estudo bíblico, células e congre-gações. O PEPE, programa socioeducativo promovido pela JMM, alcançou 7.167 crianças com 246 unidades. No Mali/África foi construída uma maternidade, entre tan-tas outras realizações. Este ano o PEPE chegou a mais um país: Haiti. Em janeiro foram inauguradas as duas

primeiras unidades desta nação que é considerada a mais pobre das Américas.

A abertura de novos cam-pos e o envio de mais missio-nários são metas que estão sempre diante da JMM. As-sim como o grande desafio da administração dos recur-sos que Deus tem confiado à nossa agência missionária. “Mas, pela fé, cremos que o povo de Deus não recuará, mas avançará em direção aos povos não alcançados. Para 2012 temos um alvo ainda mais desafiador e, pela experiência passada, sabe-mos que vamos ultrapassá-lo também”, diz o Pr. João Mar-cos Barreto Soares, diretor executivo da JMM.

Na Campanha Missioná-ria de 2012, a JMM leva às igrejas a realidade dos po-vos não alcançados, mas principalmente falando de três países: China, Paquistão e Indonésia. A Campanha deste ano, mais uma vez, de-

seja conscientizar as igrejas sobre a necessidade de prio-rizarmos os cerca de 3.000 povos não alcançados e de conhecermos a realidade mu-çulmana para evangelizá-los. Em 2013 Missões Mundiais começa a treinar mais duas categorias do Projeto Radical – Voluntários sem Fronteiras: Sênior e Ásia. Atualmente a JMM mantém 18 missioná-rios na China, mas sua meta é enviar, até 2015, mais 100

pessoas para aquele país. Para isso, é preciso que mais pessoas se apresentem para seguir aos campos.

Para que o avanço missio-nário dos batistas brasileiros continue avançando, con-tamos com nossos pastores, líderes, promotores de mis-sões e crentes que queiram ver o mundo alcançado pela Palavra de Deus. Pois Cristo é a Paz que liberta povos e nações.

Projeto ELA resgata autoestima de

asiáticas

O avanço missionário dos batistas brasileiros no mundo

Missionária Mali fala a esposas de pastores na 92ª Assembleia da CBB, em Foz do Iguaçu

República Centro-Africana, último campo aberto em 2011

capaz de curar suas feridas, enchendo suas vidas de sig-nificado e beleza”, afirma a missionária.

O projeto consiste em reu-nir mulheres não crentes para tratamentos de beleza. Nesses encontros, elas co-nhecem o real valor de cada uma. “Procuramos montar os estudos em ordem lógica, com verdades que tragam

respostas ao coração de cada uma dessas mulheres”, conta a missionária.

Mali pede oração pelo pro-jeto ELA, pela família mis-sionária e por segurança no campo. “Peço que ore por nós. Que toda a nossa vida seja dedicada à expansão do Reino de Deus. Queremos glorificar o Senhor em tudo”, conclui.

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12 o jornal batista – domingo, 04/03/12 notícias do brasil batista

Almir de OliveiraPastor da PIB em Cruzeiro do Oeste – PR

Esse foi o tema do Pro-jeto que a nossa Igreja realizou no dia 11 de fevereiro último. Foi

um dia abençoado e marcan-te na vida da Igreja, quando um grupo de adultos, jovens e adolescentes saíram das quatro paredes do templo e foram às ruas de nossa cidade para entregar a cada pessoa um copo de água mineral e um folheto da Palavra de Deus com o tema do Projeto: “Jesus, a Água da Vida”. Fo-ram 1.200 copinhos de água distribuídos acompanhados do folheto com a mensagem de Deus para cada coração. Foi uma manhã de sol forte, muito calor, mas também de muitas experiências, onde por meio de uma nova estratégia

evangelística muitos pude-ram, além de se refrescarem com um copinho de água, le-rem e meditarem sobre Jesus, que traz refrigério para a alma e dá fim a sede espiritual.

Foi maravilhoso ver a mo-vimentação da Igreja, fosse

orando pelo Projeto, ajudan-do para aquisição dos copi-nhos de água e das quatro fai-xas com o anúncio do Projeto e da Palavra de Deus afixados em pontos estratégicos da ci-dade, como também trazendo caixas de isopor para manu-

tenção e transporte da água aos locais de distribuição.

Em tudo o nome do nosso Senhor Jesus foi exaltado e anunciado como a única so-lução para a sede espiritual de cada pessoa. O que fizemos foi levar à todas essas pessoas

o convite de Jesus que diz em sua Palavra: “Se alguém tem sede, vem a mim e beba” (João 7.37b).

Que o nosso Deus seja louvado por tudo isto. Só a ele seja dada toda a Glória. Amém.

A PIB em Cruzeiro do Oeste anuncia: “Jesus, a Água da Vida”

Toda Igreja de Crizeiro do Oeste pôde fazer a diferençaIrmãos da PIB que participaram do Projeto

Manoel de Jesus ThePastor e colaborador de OJB

A Igreja Batista Ebe-n é z e r , e m S ã o Paulo, realizou, durante 12 anos,

o programa chamado IDE. Acontecia durante o Carna-val. Escolhíamos uma cidade sem igreja batista, pedíamos o Ginásio de Esportes para a Prefeitura, um Colégio Mu-nicipal, ou Estadual, e nos hospedávamos no mesmo. Isso aconteceu em João Ra-malho, Pindorama, Taqua-rituba, Maracaí, Guaiçara, Tarumã, Itaí, São Manoel, Itajobi e Indiana, sendo que, em duas delas fomos duas vezes, visando fortalecer o trabalho. Em março deixa-mos o ministério a cargo do pastor Wagner Kolher e fomos para a Igreja pasto-reada pelo pastor Sayão, a IBNU. Ebenézer continuou a programação e, neste ano, realizou o IDE em Angatu-ba, onde está a missionária Suely, da Junta de Missões Nacionais, que estava em Taquarituba.

A medida que o trabalho ficou conhecido, começa-

ram as dificuldades. Primei-ro porque mais igrejas, que nos acompanharam para vivenciar a mesma experi-ência, começaram a realizar seus IDES. Agora, há certa dificuldade em conseguir--se a concessão. E aí é que a Cristolândia entra na his-tória.

O IDE deste ano, em An-gatuba, só teve o Colégio liberado às vésperas do Car-naval. E porque isso aconte-ceu? Bem, a concessão seria negada, aí alguém lembrou que o povo que pedia o Colégio era o mesmo povo que estava em evidência na mídia, em virtude do mara-vilhoso trabalho realizado na Cracolândia. Ficaram sabendo que a igreja que pedia o Colégio era da mes-ma religião que realizava o notável trabalho entre os dependentes do crack na Cracolândia. E, sendo que a cidade onde se realizaria o IDE, Angatuba, já sofria com os problemas origina-dos pela droga, pronto, as portas se abriram. Isso é ma-ravilhoso e não pode deixar de ser conhecido pelo povo batista.

Se o que a nossa Junta de Missões Nacionais, re-alizando o trabalho só em São Paulo, alcançou um tão grande destaque na mídia, imaginemos o que aconte-cerá quando implantarmos a Cristolândia em todas as capitais do Brasil?! Lembra--nos o que aconteceu com a Igreja Batista Jardim das Oliveiras, quando iniciamos a primeira ONG de trata-mento das crianças autistas. A igreja, durante aqueles

Em cumprimento ao que preceitua o artigo 6º, parágrafo 1º, do Capítulo

IV do Estatuto em vigor, convoco as representantes das igrejas batistas

da cidade do Rio de Janeiro para a 83ª Assembleia Anual da União Fe-

minina Missionária Batista Carioca (UFMBC) a realizar-se no dia 14 de

abril de 2011, no horário de 8h30 às 18h, no templo da Primeira Igreja

Batista de Jacarepaguá, situada na Estrada do Pau Ferro, 24, Pechincha,

Rio de Janeiro, RJ.

Márcia Fernandes KopanyshynPresidente

Convocação da Assembleia Anual da UFMBC

dois anos, apareceu nas tevês Cultura, SBT, Band e Globo. Apareceu em todos os jornais da capital pau-lista, inclusive no Estadão, meia página. Será que não é tempo de acordarmos e atuarmos em todas as áreas onde somos necessários? E o trabalho com o alcoolis-mo, o jogo, o câncer que cresce assustadoramente? Iniciaremos estudos para implantarmos um curso li-vre, na Teológica de São

Paulo, visando a preparação de profissionais que aten-dam a criança autista em suas residências. Já imagi-naram a repercussão disso?

Confessamos como nos alegra vermos o transbordar do trabalho na Cristolândia. Que nossa JMN ouça dos ba-tistas o que a torcida de certo time canta durante os jogos de seu time: “NÃO PARA, NÃO PARA, NÃO PARA”. Esperamos que o milhão de batistas respondam: Amém!

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OBITUÁRIO

Eliseu Gomes de Carvalho

Igreja Batista Morada do Engenho despede-se do seu membro desbravador

Elvina Evangelista Bueno de Almeida06-12-1937 * 26-03-2011

Líder batista sergipano partiu para estar com o Senhor: Waldemar Quirino dos Santos

13o jornal batista – domingo, 04/03/12notícias do brasil batista

Pr. Josimaldo de SouzaNatividade – RJ

O diácono Eliseu Go-mes de Carvalho, nascido em 18 de maio de 1940, natu-

ral de Natividade, RJ. Foi batiza-do aos 16 anos de idade no dia 27 de outubro de 1957, na Igreja Batista em Natividade, pelo pastor Manoel Bento da Silva. E foi consagrado ao diaconato em 30 de agosto de 1975, na Igreja Batista do Paraíso, São Gonçalo, RJ, durante o ministério do pas-tor Silas Batista dos Santos Lima.

Acometido de câncer, após lutar com bravura, dignidade e exemplo cristão, faleceu no dia 9 de janeiro de 2012, deixando a esposa, diaconisa Heloíza França de Carvalho; filhos Ludmila, Sésiom e Thia-go; neto João Pedro; genro Di-mitri; e irmãos Elias, Abraão, Florinda e Herodice, além de muitos amigos e irmãos em Cristo. Foi convocado por Deus, o dono da vida, aos 71 anos 7 meses e 21dias, dei-xando a Igreja militante, para filiar-se à Igreja triunfante na pátria celestial.

Servo de Deus atuante no mi-nistério eclesiástico, tinha como versículo bíblico predileto Ecle-siastes 11.1 e hino 375 do cantor cristão. Exerceu vários cargos nas igrejas por onde passou, dentre eles destaco: a presidência do corpo diaconal, a comissão de evangelismo, comissão de bene-ficência, historiador eclesiástico, promotor de missões e a vice--presidência da Igreja.

A Igreja Batista Morada do Engenho, cujos trabalhos fo-ram iniciados por este irmão e família, sente-se honrada em poder dizer que “por aqui pas-

Igreja Batista RedentorDepartamento de Comunicações

Nascida em um lar c o m p r o m e t i d o com o evangelho, foi batizada na IB

de Tupã, SP pelo pastor Edson Borges de Aquino. Na mesma cidade casou-se com Anísio Pedroso de Almeida. Da união nasceram Raquel, hoje missio-nária da Missão ALEM e casada com o pastor José Carlos A. da Silva, Rute, Regina e Romilda que lhes deram oito netos. Irmã Elvina era uma pessoa simples, amiga, conselheira e muito de-dicada ao evangelho. Tendo se

destacado na IB Redentor em Bauru como líder das mulhe-res, professora da EBD, evange-lista e fiel dizimista. Enquanto teve saúde participou de todas as atividades da igreja. Era uma mulher de oração, não faltando a nenhum culto, mesmo quan-do eram realizados nos lares mais distantes, lá estava junto do seu amado esposo.

Junto com o seu pai, evange-lista irmão Manoel Bueno, sua mãe, seu esposo, filhas, genros, irmãos, cunhados e irmãos em Cristo, iniciaram um trabalho como ponto de pregação que mais tarde transferiu-se para a rua São Lucas no bairro Jardim Redentor, ganhando o status de

Congregação e hoje, já apro-ximando dos 30 anos, Igreja Batista Redentor em Bauru. Quando acometida de câncer não esmoreceu, ficou firme sendo acompanhada pela sua igreja em oração, recebendo mais tarde o diagnóstico de que estava curada. Por outras razões passou por diversas cirurgias, mas sempre firme na fé. Após a queda em que fraturou o fêmur passou a andar com dificuldade, mesmo assim fazia questão de comparecer aos cultos, sendo exemplo para muitos crentes que, mesmo ten-do saúde perfeita, encontram as mais variadas desculpas para se ausentarem da casa de Deus.

Quando a sua saúde começou a enfraquecer, firmou ainda mais a sua fé em Deus e uma das últimas frases ditas, quando da última visita foi: “Pastor, se Deus quiser me levar já estou pronta”. E de fato já estava, pois quando sentiu-se mal e, saben-do que chegara a sua hora, tran-quilamente nos braços do seu esposo partiu, foi se encontrar com o Senhor a quem serviu durante toda a sua vida. Pode-mos com certeza afirmar que ela partiu dos braços do seu esposo, para os braços do seu Senhor e Salvador. O culto de grati-dão dirigido pelo pastor Jasson aconteceu na capela do Centro Velatório Terra Branca, onde

parentes, irmãos e pastores de diversas igrejas manifestaram palavras de carinho à família louvando a Deus pelo testemu-nho da irmã Elvina. Entoaram os seus hinos preferidos e em uníssono os salvos puderam despedir-se dizendo em coro: “Até breve, irmã Elvina”. A sua vida valeu a pena, pois viveu para fazer a vontade de Deus.

Sandra NatividadeColaboradora de OJB

A notícia do falecimen-to do pastor Wal-demar me doeu na alma. Ele foi pastor,

conselheiro, amigo e confiden-te para mim. Ficou a saudade e muitas histórias e aprendiza-dos, como sua biblioteca inter-denominacional localizada na rua Zeca Pereira. Ali abrigava educadores e pesquisadores, aquele local ficará na memória de muitos daqueles que por ali passaram e beberam da fonte de sabedoria do amigo notável. Eu, particularmente, muitas vezes fui àquele lugar para visitar o amigo e sua digna esposa Maria, e também para pesquisar. Lembro de quan-do estava com farto material de pesquisa e disse: “Trouxe este material porque conclui

a tarefa designada pelo pastor Jabes, providenciar a galeria dos pastores da PIB de Araca-ju”, ao que ele retrucou, “isto é com você mesmo. Escreva sobre os Batistas em Sergipe, vá em frente e conte com minhas orações”. Confesso que não era meu intento mas, enfim, A Saga dos Batistas em Sergipe foi publicada em dezembro de 2007. E lá estava no púlpito da PIB de Aracaju o querido pastor Quirino agradecendo a Deus pela publicação.

Pastor Quirino deixou um legado de conhecimento e aprendizado. Sua conversa era esclarecedora, digo que até indispensável. De sua mente privilegiada as histórias fluíam com conhecimento de causa. Gostava de contar exemplos seus, não por vaidade do cur-rículo extenso, apenas o expu-nha como contribuição para o

ávido visitante. A humildade lhe fazia repetir “aproveito enquanto estou vivo e lúcido, não sei por quanto tempo Papai do Céu vai me conceder esta graça”. Ficava impressionada com sua biblioteca, limpíssima, livre de poeira e ácaro, o crité-rio, à disposição dos assuntos, o caderninho para anotar o nome dos que levavam livros emprestados, a coleção de relógios, as fotos emolduradas colocadas simetricamente nas paredes do escritório contavam sua trajetória ao lado de ilustres ministros do evangelho.

Pastor Waldemar Quirino dos Santos nasceu em 30 de outubro de 1924, foi pastor das igrejas Batista Brasileira, Castelo Forte, Memorial (in-terinamente) e Igreja Batista em Neópolis, presidiu a Con-venção Batista Sergipana e sua Junta Executiva por várias

vezes, por longo período di-rigiu o Programa Radiofônico Voz Batista de Sergipe, Sócio fundador da União dos Mi-nistros Evangélicos do Estado de Sergipe, colaborador das publicações: Revista Judicia-rium (Aracaju), Jornal Notícias Classetudo de Nova Friburgo (RJ), Jornal Crepúsculo dos ido-sos da PIB de Aracaju e autor dos livros Gotas de Sabedoria, Manancial de Sabedoria, Você tem Medo?, Fonte de Sabedo-ria, Pesquisando e conhecen-do a Bíblia e iria lançar em 30 de outubro de 2012, quando completaria 88 anos de exis-tência sua Autobiografia. No escritório impecável havia até uma cama para, quando estivesse cansado, ali mesmo repousar. Solícito não tinha impedimento para atender o número sempre crescente de telefonemas, a boa Maria

Dias, sua companheira fiel de 66 anos de vida em comum, o chamava carinhosamente de Demar. Maria e Demar forma-vam um binômio de gentileza e amabilidade. Agora, Maria, consolada juntamente com os 9 filhos e a plêiade de irmãos e amigos, espera encontrar com o seu Demar lá no céu.

sou um santo homem de Deus; um bom soldado de Cristo; um combatente vitorioso da fé”, sobre quem, não só a Igreja mais também a comunidade pode afirmar (parafraseando o texto de Jó 1.1): “Havia um homem na terra de Natividade, cujo nome era Eliseu França de Carvalho; e este era homem sincero, reto e temente a Deus, e desviava-se do mal”.

Em nome da família, a Igreja agradece a todos os pastores, di-áconos, irmãos de várias igrejas e denominações, aos amigos em geral que se fizeram presentes

no funeral, pelo carinho e soli-dariedade de sempre, mas espe-cialmente nesse momento. Com muita saudade, mas certos de que prevaleceu, como sempre, a vontade soberana do nosso Deus, a família e igreja descansa no Todo Poderoso, conscientes de que “O Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor”.

Elvina Evangelista Bueno de Almeida

Pr. Waldemar Quirino dos Santos

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14 o jornal batista – domingo, 04/03/12 ponto de vista

Denize AlcaideMissionária e colaboradora de OJB

Morando com co-legas de minis-tério no Campo, percebi que mi-

nha parceira da África do Sul não gostava muito do serviço doméstico, decidi então não entrar em um embate com ela. Após algumas semanas de companheirismo, con-versamos sobre o assunto e disse-lhe que limparia tudo sozinha, mas, apenas uma parte da casa seria serviço dela: o banheiro. Toda se-mana limpava nosso aparta-mento de três quartos (exceto o quarto dela e o banheiro). Achei que tudo estava perfei-tamente resolvido ali, entre-tanto nosso diálogo anterior não adiantou muito, toda semana eu faxinava a casa e o banheiro continuava sujo. Aquilo começou a me inco-modar profundamente, mas tomei a decisão de não recla-mar e só observar, afinal até quando iria aquela situação. Imaginem duas mulheres morando juntas e o banhei-ro, mesmo com ladrilhos escuros, tornando-se cada vez mais imundo! Após dois meses de desespero total de minha parte lavei o bendito

banheiro! Quando novamen-te sentei-me para uma con-versa com ela ouvi a seguinte frase: “Por que você lavou o banheiro? Essa era minha parte no nosso acordo, eu ia lavar.” E acrescentou: “Você se precipitou!”. Imaginem o tamanho do meu espanto ao ouvir essa justificativa após dois longos meses de espera.

Fiquei pensando no nível de nossa espiritualidade no trato das pequenas coisas diá-rias. Será que Deus realmente se preocupava com meu ba-nheiro sujo? Tenho percebi-do que muitos cristãos, mes-mo em minha cultura, acham que Deus está apenas interes-sado em grandes temas. Que Deus não se importa com as pequenas coisas da vida, como aquele lixo que há se-manas se acumula no canto do quintal incomodando os vizinhos com mau cheiro e atraindo mosquitos. Afinal, “Deus é poderoso para nos livrar da dengue!”. É lamen-tável que muitos de nós não percebamos as dimensões de uma espiritualidade sadia, não avaliamos que em tudo, absolutamente tudo, Cristo deve ser glorificado. Minha pergunta é: Você receberia Jesus em seu banheiro sujo, por lavar há dois meses? In-crivelmente não percebe-

mos que Ele está lá todo este tempo.

Nossa espiritualidade fra-ca e deficiente não nos faz perceber que Deus está inte-ressado em todas as dimen-sões da vida humana. É por isso que no outro dia fui a certa Comunidade no Rio de Janeiro, e vi uma mon-tanha de lixo no canto da rua não asfaltada e os mora-dores queimando todo este material altamente nocivo e tóxico sem que as Igrejas ao redor fizessem nada. Nossos padrões de espiritualidade nos fazem achar que isso não tem importância. Quei-mar lixo na rua poluindo a natureza, trazendo doenças para as pessoas, destruindo o meio ambiente não tem nada haver com a Bíblia. As Igrejas estão lotadas, pregamos, “gri-tamos”, oramos e dormimos. Um povo no meio do povo, que não tem a menor rele-vância na sociedade em que está inserida. A sensação que tenho é que não entendemos nada. Evangelho é transfor-mação de vida.

Deus se importa com nosso banheiro, com nosso lixo tóxico na calçada, com nossa falta de senso de justiça para com os menos favorecidos, os doentes. Mas poucos de nossa liderança entendem

isso. Lembro-me de certa ocasião, no auge do surto da dengue no Rio, fiquei comovida com uma mãe que pela TV chorava deses-peradamente por ter perdido seu filhinho. Confesso que chorei junto com ela como se a criança fosse meu pa-rente próximo. Levantei da sala, sentei no computador e escrevi um Projeto para as Igrejas se envolverem aju-dando a amenizar a situação, que naquele momento era gravíssima. Fiz contato com a Defesa Civil e com a Se-cretaria Municipal de Saúde, em nome dos evangélicos apresentei meu Projeto, mui-to bem acolhido por eles. Procurei os pastores e fiz o mesmo. Ninguém estaria vinculado a mim, exceto pelo suporte que lhes forne-ceria caso necessitassem e todo material que consegui era gratuito, eram apenas as Igrejas se posicionarem atuando nesta hora de crise. Cada Igreja daria assistência onde e quando pudessem, mas teria que ser urgente. Apresentei-me numa reu-nião de pastores na área mais crítica da cidade e mostrei o Projeto, o pastor que me recebeu disse-me as gargalha-das que nada mais precisaria ser feito, pois do jeito que eu

já estava engajada para elimi-nar a dengue, não sobraria nenhum mosquito para eles, eu sozinha mataria todos. Os demais pastores, para minha surpresa, acompanharam-no nessas infames gargalhadas. Naquele verão morreram várias pessoas, a maioria crianças.

Compreendi que do ponto de vista destes pastores servir a população não é assunto “espiritual”. Percebi também que somos um povo estra-nho: a violência assolando nossa cidade, o povo ao re-dor de nossas Igrejas quei-mando seus lixos, crianças morrendo diariamente com epidemias diversas, e nós achamos que somos espiri-tuais porque temos um Deus que tudo pode. Nesta linha de raciocínio, a maioria de nós acha mesmo que Ele não se importa com as coisas “triviais” do dia a dia, que Ele nunca se incomodará com nossos banheiros constante-mente sujos. Chego à triste conclusão de que precisamos de uma reformulação do real conceito de cristianismo. Minha oração é que Deus tenha piedade de nossa parca espiritualidade e transforme nosso entendimento sobre a verdadeira dimensão da espiritualidade sadia.

Morreu Whitney Houston. Um jornalista que acompanhava

sua carreira escreveu um artigo com o título: “Infeliz-mente, era de se esperar”. Bem triste, mesmo. Aventa-se a hipótese de afogamento na banheira. Talvez tenha sido. Talvez uma explicação mise-ricordiosa.

Furto-me de falar dela. Ou-tros o farão. Interessa-me um ponto: ela teve problemas com bebidas e drogas. Um articulista raso disse que é o ônus de ser artista. Estes, por força da arte, lidam com drogas. Ele levou Carlos Cas-tañeda a sério. Drogas não

potencializam arte. A bebida a estava impedindo de can-tar. Milhões de pessoas não artistas bebem e se drogam. Como não têm visibilidade não são notadas.

Por que as pessoas estão se drogando e bebendo tanto? Me é claro: Porque são vazias. Falta-lhes algo. Os jovens estão bebendo mais cedo e mais pesado. Sendo entrevistados sobre isto, pela tevê, nada dizem de consistente. São fúteis. Papai dá carro e mesada, eles têm roupa de grife, celular moderno. Não an-dam de trem cheio. Não acordam às 6 da manhã, não comem de marmita,

não dão duro para ajudar em casa. Não estudam à noite, cansados. Eles têm em demasia . Tudo lhes é fácil, sem lutas. Bolso cheio, alma vazia.

“Eis que esta foi a iniqui-dade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado” (Ez 16.49). O excesso de bens e o ócio tornaram Sodoma imoral e insensível. Pais que dão tudo aos filhos sem exigir empenho na vida e seriedade nas atitudes estão agindo corretamente? Disciplina é repressão?

Falta rumo aos jovens. Eles são netos da geração dos anos 60, quando era proibido proibir. Esta é a terceira gera-ção sem regras e proibições. Tanto que a maior parte das leis é para tirar regras e le-vantar cercas contra o “falso moralismo”. O “novo imora-lismo” impera.

Precisamos de disciplina e de leis (não só para en-quadrar quem discorda do homossexualismo). Precisa--se repensar com seriedade o modelo de vida que teóricos que dominam a mídia e a educação empurram pela goela do povo.

“Porque o Senhor conhece o caminho dos justos; porém

o caminho dos ímpios pere-cerá” (Sal 1.6). “Conhece” é o mesmo verbo usado para conjunção carnal entre um homem e uma mulher. Sua ideia é “fazer parte de”. “Pe-recerá” traz a ideia de ir para lugar algum, um beco sem saída. A sociedade caminha para um beco sem saída.

Não podemos obrigar o mundo a seguir nosso cami-nho. Mas devemos orientar nossos jovens. Pais cristãos: cuidem de seus filhos: “Edu-ca a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele” (Prov 22.6). Eduquem no Senhor, que os “conhecerá”.

Sobre a morte de Whitney Houston

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15o jornal batista – domingo, 04/03/12ponto de vista

Sylvio MacriPastor da IB Central de Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro

A Bíblia nos leva a Cristo e Cristo nos leva à Bíblia. “A fé vem pelo ouvir, e o

ouvir, pela palavra de Cris-to.” (Rom 10.17). Ouvimos falar de Cristo e cremos nele através da mensagem da Bí-blia. Aprendemos de Cristo e nos tornamos semelhantes a ele através do estudo da Bíblia (2 Tim 3.16,17). Quan-do aceitamos a Cristo como Salvador, ingressamos ime-diatamente em um programa permanente de crescimento espiritual cujo manual ins-trucional e operacional é a Bíblia. É nela que encontra-mos as normas, as instruções, o passo a passo, os procedi-mentos, o “suporte técnico” e os critérios para avaliar a vida cristã. Também nela en-contramos a ajuda para cor-rigir as falhas de execução. Em suma, ela é o autêntico manual daquele que deseja chegar “ao estado do homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4.13b). Para crer em Cristo, precisamos da Bíblia. Para ser como Cristo, precisamos ainda mais da Bíblia.

Foi pensando nessa ine-gável realidade que a lide-rança da Convenção Batista Brasileira escolheu o tema para o ano de 2012, “Ser como Cristo praticando a Bíblia.” Isto quer dizer que precisamos ter a mesma visão que Cristo tinha da Bíblia. Muitas pessoas que se assen-tam nos bancos das igrejas não se apercebem do fato de que Jesus jamais leu o Novo Testamento. Nunca pararam para pensar que Jesus não po-deria mesmo lê-lo, porque foi escrito vários anos após sua morte e ressurreição. A Bíblia que Jesus e os escritores do Novo Testamento usaram foi o Velho Testamento. E este exatamente como está no formato editado pelos evangélicos e judeus, sem os

livros apócrifos. Aliás, esta terminologia – Velho e Novo Testamento – surgiu somente no século II d.C.

Toda a doutrina cristã foi depreendida do Velho Testa-mento. Durante o ministério terreno de Jesus seus discípu-los tiveram muita dificuldade para entender a Bíblia como ele a entendia. Somente após a ressurreição é que com-preenderam corretamente as profecias sobre o Messias, com a ajuda dele próprio (Luc 24.27). Ao converter--se, Paulo, que era rabino, precisou repensar o Velho Testamento do ponto de vis-ta de Cristo, o que ocorreu durante seu “período de si-lêncio” - provavelmente 10 a 12 anos (Gal 1.15-24; 2Cor 11.32,33).

Tanto para Jesus como para os apóstolos, o Velho Tes-tamento teve um contexto imediato e outro mais am-plo: seus tipos, modelos e profecias só encontraram sua plenitude na história de Jesus Cristo (Atos 2.14-36; 3.11-26; 13.16-41). Por isso deve ser sempre lido e interpretado à luz de Cristo e sua missão. Mais ainda, faz parte de uma revelação progressiva, que ainda está em andamento (Heb 8.1-10.18; 1Cor 13.12), e só se completará após o Juízo Final.

Jesus aceitou a inspiração e a autoridade da Bíblia, e prometeu semelhante inspi-ração aos seus apóstolos, o que ocorreu após o Pente-costes. Os apóstolos também aceitaram tal inspiração e autoridade (1Ped 1.21; 2Tim 3.16). 31 livros do Velho Testamento são citados dire-tamente no Novo, e muitas dessas citações designam os autores exatamente como o Velho Testamento o faz, sem nenhuma dúvida a respeito. Aliás, está claro na Bíblia que ela foi inspirada (“soprada”) pelo Espírito Santo, mas os escritores são homens que Deus usou em épocas, situ-ações e com características pessoais diferentes. A autoria divina não elimina a persona-

lidade e as circunstâncias hu-manas, como por exemplo, a educação formal e o estilo de escrever.

Foi no sermão do Monte (Mateus 5.17-20) que Jesus declarou explicitamente sua visão da Bíblia. Para Jesus a Bíblia era para ser cumpri-da. Esta era a sua missão: cumprir as Escrituras (v.17). Por pelo menos 19 vezes os evangelhos, principalmen-te o de Mateus, registram que tudo o que aconteceu com Jesus foi para que se cumprissem as Escrituras. A obediência de Jesus o le-vou a sérias consequências, como prisão, julgamento injusto e morte de cruz, mas ele foi até o fim, porque seu propósito era cumprir as profecias da Bíblia (At 3.18) e completar o plano de Deus para a salvação dos pecado-res (Heb 5.7-9).

No mesmo texto Jesus declara que para ele a Bí-blia era regra de fé. Ela é a Palavra do Deus Eterno, e portanto é também eterna; não passará, ainda que tudo o mais passe (v.18). É tam-bém a Palavra do Senhor da história. Nos versículos 19 e 20, menciona três vezes o reino dos céus, que sabe-mos ser a realização final da vontade de Deus e de seu senhorio. Por isso, quando no deserto foi tentado por Satanás a questionar sua missão e seus sofrimentos, respondeu por três vezes: “Está escrito” (Mat 4.1-11). Ele cria na palavra eterna do Pai e a obedecia.

Ainda no mesmo texto Je-sus diz que para ele a Bíblia era regra de vida. Não letra morta, mas palavra vivifica-da pelo Espírito (Rom 7.6; 2Cor 3.6). No versículo 20, Jesus diz que suas exigências éticas estavam muito acima do farisaísmo, que era o pa-drão dos judeus. E no resto do capítulo ele mostra o que quis dizer nesse versículo: por seis vezes usa a expres-são “ouvistes que foi dito (....) eu porém vos digo”, para ensinar que sua ética

considera não somente os atos, mas antes deles, as in-tenções do coração, de onde procedem, realmente, os pecados (por exemplo, con-denável é não somente “ma-tar”, mas também “odiar”). É o que John Stott chamou de “moralidade profunda”, muito além da moralidade literalista dos fariseus.

“Ser como Cristo pratican-do a Bíblia” quer dizer tam-bém que devemos tornar-nos cada vez mais semelhantes a Jesus por praticar seus ensi-nos. Jesus praticou a Bíblia e tornou-se nosso Salvador e modelo; ao praticarmos nós também a Bíblia, nos tornaremos como ele. Na primeira carta de Paulo aos Tessalonicenses, ele afirma que os irmãos daquela igreja se fizeram semelhantes a Cristo pelo modo com que praticaram a Bíblia (1Tes 1.6-10 e 2.13). Paulo diz que eles receberam a Bíblia como Palavra de Deus e não de homens, e usa dois verbos diferentes: o primeiro para descrever uma aceitação for-mal, isto é, com a razão; o se-gundo para falar de uma acei-tação informal, interna, com a alegria que vem do Espírito Santo. Era um sentimento tão forte que lhes permitia supor-tar as tribulações advindas da perseguição por parte dos judeus e dos pagãos. Para sermos semelhantes a Jesus precisamos receber a Bíblia como a Palavra de Deus infa-lível, infinitamente acima do padrão praticado no paganis-mo, antigo ou moderno.

Paulo diz também que os tessalonicenses se subme-teram à atuação da Palavra de Deus. O termo que ele usa é “energia”, a mesma palavra que temos em por-tuguês para designar a força elétrica. Trata-se de um po-der tremendo, que operou neles uma transformação tão radical que se tornou conhe-cida em toda a Macedônia e Acaia. Para sermos seme-lhantes a Cristo, precisamos permitir que opere em nós o poder da Palavra do Deus

vivo e verdadeiro, o que somente será possível com a ajuda do Espírito de Cristo (João14.26; 16.8-12,13).

Por causa da perseguição, Paulo saiu às pressas de Tes-salônica e foi para Atenas. Mas, preocupado, enviou Timóteo de volta à cidade, pois temia que a igreja, ainda tão tenra, não suportasse as “tribulações”, palavra que significa “grande aperto”. As boas notícias trazidas, pelo auxiliar, de que eles estavam firmes na fé e no serviço, ale-graram-no tanto que afirmou: “Eu revivi.” (1Tes 3.8). Rece-beram a Palavra em meio a duríssima adversidade, mas mantiveram-se firmes. Para sermos semelhantes a Jesus precisamos perseverar na Palavra, sejam quais forem as circunstâncias (Hab 2.2-4; 3.17-19).

Os crentes de Tessalônica tornaram-se um modelo de testemunho. A cidade ficava às margens da Via Ignatia, a principal estrada que levava à Roma, e por isso a história de sua conversão propagou-se pelo mundo romano. É muito interessante a expressão que Paulo usa para falar disso: o testemunho dos tessaloni-censes foi como um som po-deroso que se espalhou para todos os lados. Em todo lugar se ouvia a repercussão da sua conversão. Para sermos como Cristo, devemos repercutir a Palavra de Deus em nossas vidas, o que será cada vez mais natural à medida que nos tornemos iguais a ele.

Porém, saibamos de ante-mão que ser como Cristo, praticar a Bíblia tal como ele a praticou e ensinou a fazê-lo, tem o seu custo. É uma atitu-de radical, é contracultura no mais puro sentido. Haverá es-tranheza, admiração, repúdio e perseguição. Mas o mundo espera (desesperadamente) que se lhe ofereça uma alter-nativa ao vazio existencial, à inutilidade consumista, à superfluidade de valores e à podridão moral e espiritual em que vegeta. Falharemos novamente?

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