hoje macau 27 nov 2014 #3223

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 27 DE NOVEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3223 hojemacau Desiguais perante a lei ACIDENTES DE TRABALHO NOVO REGIME IGNORA FUNÇÃO PÚBLICA A nova lei que aponta para uma maior protecção dos trabalhadores do sector privado em casos de tufão não abrange os funcionários públicos colocando-os, segundo o deputado Pereira Coutinho, numa situação de desvantagem PÁGINA 4 PUB CENTRO HISTÓRICO Em busca da alma perdida RESÍDUOS O peso do lixo REPORTAGEM PÁGINAS 2-3 SOCIEDADE PÁGINA 7 CSR em grandes dificuldades para recrutar trabalhadores locais que façam frente às 940 toneladas de lixo que Macau produz por dia. h TUFÕES A grande encenação do caos WILLIAM TURNER

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Hoje Macau N.º3223 de 27 de Novembro de 2014

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q U I N TA - F E I R A 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 2 3

hojemacau

Desiguais perante a leiACIDENTES DE TRABALHO NOVO REGIME IGNORA FUNÇÃO PÚBLICA

A nova lei que aponta para uma maior protecção dos trabalhadoresdo sector privado em casos de tufão não abrange os funcionários públicos colocando-os,

segundo o deputado Pereira Coutinho, numa situação de desvantagem PÁGINA 4

PUB

CENTRO HISTÓRICOEm busca da alma perdida

RESÍDUOSO peso do lixo

REPORTAGEM PÁGINAS 2-3 SOCIEDADE PÁGINA 7

CSR em grandes dificuldades para recrutar trabalhadores locais que façam frente às 940 toneladas de lixo que Macau produz por dia.

hTUFÕES A grande encenação do caos

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2 hoje macau quinta-feira 27.11.2014REPORTAGEM

LEONOR SÁ [email protected]

Q UEM passa pela Rua da Palha e se esgueira por entre as várias vielas que dão às Ruínas de São Paulo ou à Avenida

de Almeida Ribeiro, rumo à zona ribeirinha de vários cais, rapidamente se apercebe que tudo aquilo já foi algo que não mais é. Um “algo” com histórias para contar, de personagens da vida real e várias outras que deram quase tudo pela preservação desta cidade, até não poderem mais. Muitas delas viram o seu mundo ruir devido ao aumento desmesurado das rendas, que não parece ter fim à vista. Mas e o que querem as pessoas que se passeiam nestas ruas agora?

O Centro Histórico de Macau e a sua evolução têm sido temas polémi-cos nos últimos anos, estando mesmo a decorrer uma consulta pública para apurar a opinião dos residentes sobre esta área. Que é protegida, todos sabemos, mas até que ponto?

A presidente da Casa de Portu-gal, Amélia António - que reside no território há mais de uma década - considera que o Governo devia ser o primeiro a potenciar o desenvol-vimento do Centro Histórico, ainda que em termos legislativos. Tudo isto, diz, deve incluir a remodela-ção dos edifícios e a atribuição dos mesmos a empresas ou associações capazes de lhes dar valor.

“Gostava que os preços das lojas não fizessem desaparecer tudo o que é característico de Macau e que está a ser substituído por espaços sem alma nem personalidade e que nada têm que ver com o sítio onde estão inseridas”, desabafou ao HM.

Lojas de cosmética, de bolachas,

O destino do Centro Histórico tem sido um tema quente nos últimos tempos e até mesmo alvo de consulta pública. Vários residentes querem mudanças imediatas que incluem, por exemplo, uma área inteiramente dedicada à cultura e ao comércio, ainda que sem que se perca a singularidadede Macau

de ouro... tudo se multiplica às dezenas na zona do Centro Histó-rico, onde outrora lojas de móveis tradicionais ou de artesanato abriam portas.

As compras, contudo, não atrapalham todos. Para Chan Meng Kam, deputado e empresário, o facto de existirem actividades co-merciais no Centro Histórico é uma situação “óbvia”, uma vez que este é um local com bastante afluência turística.

Mas o deputado também dis-corda, no entanto, do número de elementos publicitários ali existen-tes. Tanto, que até faz um pedido ao Governo.

“Acho que o Governo devia delinear um plano unificado para as placas de publicidade no Centro Histórico, além de fazer correspon-der o design dos edifícios com o seu estilo histórico, de maneira a manter as características da cidade”, disse ao HM.

Como residente, realça, sente que é necessário que o Executivo tenha planos definitivos para pro-teger e gerir esta zona, exercendo um “controlo moderado” do desen-volvimento da construção.

ADIANTE COM A CULTURANa visão dos residentes, as coisas seriam fáceis de resolver no Centro Histórico, que todos os dias se enche de turistas que procuram os preços mais baratos em géis de banho, champôs ou relógios de ouro, ou procuram simplesmente provar as típicas bolachas de amêndoa.

Para Óscar Madureira, que se encontra a viver no território há sete anos, por exemplo, haveria diferentes hipóteses para uma reestruturação do Centro Histórico.

“Pode ser uma zona comercial, mas era importante que houvesse mais actividades culturais no Centro Histórico em si, que promovessem a história e cultura da cidade. Eventos relacionados com a região”, referiu o advogado ao HM. “Não acho que deva haver problemas com o facto de ter um sector comercial, mas não acho que esse comércio deva sufocar outras actividades que lá se possam realizar.”

Além disso, disse, é “complica-do controlar” o número de pessoas que entra naquela zona da cidade, pequena e de ruas estreitas já de si. Igualmente difícil é regular o número de lojas e entidades que preenchem as esquinas e andares dos inúmeros prédios e fachadas perto das Ruínas de São Paulo. É de aproveitar, no fundo, aqueles espaços para organizar outras ac-tividades.

Já Bárbara Conde (nome fic-tício) bate o pé, apontando a proliferação de lojas de penhores e lembranças e pastelarias como

algo “nem sempre positivo”. O planeamento e criação de jardins e colocação de esplanadas e restau-rantes é, para a residente em Macau, uma das melhores soluções para reabilitar aquela zona.

O MODELO EUROPEUChan Chak Mo é um dos empre-sários com interesses na zona do Centro Histórico. O também de-putado é dono da chamada ‘Casa Amarela’, edifício que alberga, neste momento, a loja Forever 21. Ainda assim, quando confrontado com o que está a acontecer ao Centro Histórico, Chan Chak Mo assegura não ter dúvidas: a singularidade de Macau deve ser mantida, tal como acontece noutros locais.

“Em países europeus, por exem-plo, há várias renovações em termos de design, mesmo em lojas situadas nas zonas protegidas e mais anti-gas”, disse, em declarações ao HM.

Para o também empresário, é importante que o Governo – no-meadamente o departamento que

“Gostava que os preços das lojas não fizessem desaparecer tudo o que é característico de Macau e queestá a ser substituído por espaços sem alma nem personalidade”AMÉLIA ANTÓNIOPresidente da Casa de Portugal

“Acho que o Governo devia delinear um plano unificado para as placas de publicidade no Centro Histórico”CHAN MENG KAM Deputado

“Era importante que houvesse mais actividades culturais no Centro Histórico em si, que promovessem a história e cultura da cidade”ÓSCAR MADUREIRA Advogado

CENTRO HISTÓRICO RESIDENTES QUEREM MENOS CAOS NA ZONA

Bolachas, cosméticos e a queda do ImpérioGO

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3 reportagemhoje macau quinta-feira 27.11.2014

ACADÉMICO FALTA “VISÃO” PARA PROTEGER A ÁREA

Se se perde, não mais se encontra

CASO DE SUCESSONa quarta sessão de consulta pública sobre o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau, o presidente do Instituto Cultural, Guilherme Ung Vai Meng, frisou a necessidade de haver complementaridade entre a conservação dos espaços protegidos e o desenvolvimento acelerado de que a cidade tem sido alvo. Questionado por um dos intervenientes acerca da degradação de edifícios de zonas antigas, Ung Vai Meng referiu o caso da reabilitação da Rua da Felicidade com um de caso de “sucesso”, pelo que deverá servir de exemplo.

trata de questões relacionadas com a cultura – tenha uma “mente aberta”, de modo a assegurar que as empresas possam renovar os seus espaços devidamente. Chan Chak Mo não especifica exactamente que tipo de renovações poderiam ser essas, mas refere que é preciso saber inovar sem que a moderniza-ção obrigue ao desaparecimento da alma do território.

“O Governo tem que fazer um equilíbrio muito delicado. O facto da cidade ser muito pequena e gran-de parte dela estar protegida faz com que vários negócios corram o risco de desaparecer”, continua. Chan Chak Mo considera que a moder-nização do Centro Histórico deve ser feita “até determinado ponto”, permitindo que a singularidade de Macau continue a existir.

É assim que, em muitos países europeus, as paisagens urbanas são desenhadas. As esplanadas fazem parte do quotidiano do povo luso, por exemplo, e da grande maioria dos países que tenham rios, mares e

lagoas perto das cidades. Mas tam-bém existem no centro da cidade.

Esta não é, contudo, uma prática comum por estes lados, já que são parcos os espaços abertos ou ao ar livre. As dificuldades não se ficam, no entanto, por aqui: é que de acordo

com a legislação local, os pedidos de colocação de zonas exteriores de restauração dificilmente são aceites.

QUE BEM SE ESTÁ NO CAMPOSe ainda há quem defenda que esplanadas ficariam muito bem no Centro Histórico, há quem tenha outra visão do assunto.

É o caso de Óscar Madureira, que considera a ideia dos estabe-lecimentos ao ar livre “não muito viável”, uma vez que não se adapta à realidade e às vontades dos turistas chineses, que em barda enchem a cidade, com especial ênfase aos fins-de-semana.

“Eu gosto de esplanadas, mas resta saber se as pessoas que visitam Macau se interessam por isso. Não se pode estar a projectar um sítio de acordo com as nossas preferências, tem que se ver qual é a vontade da maioria e sabemos que as esplana-das não são comuns para o público chinês”, remata o advogado, cujas sugestões para o Centro Histórico passam ainda pelo eventual corte

E STA semana teve lugar na Universidade de São José (USJ) uma pales-

tra sobre o estado actual do Centro Histórico e destino desta zona. Na iniciativa participou o antigo conse-lheiro da UNESCO para a área cultural na região da Ásia Pacífico, Richard En-gelhardt. O também acadé-mico referiu faltar “visão” às entidades responsáveis pela preservação destes espaços.

De acordo com notícia do Jornal Tribuna de Ma-cau, Engelhardt considera

que está em cima da mesa a hipótese da “originalidade do conjunto histórico de Macau se perder irremedia-velmente”.

A consulta pública, que decorre até dia do próximo mês, deveria, na opinião do arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro, ter vindo mais cedo. É que neste momento,

a Lei de Salvaguarda do Património foi já discutida e aprovada, pelo que não há muito mais que se possa fazer, além de ficar a saber a opinião dos residentes.

PARA ESTRANGEIRO VER“Aquilo que muitos consta-tam é que mais parece um processo de consulta pública

para a UNESCO ver”, disse o também docente da USJ ao jornal de língua portuguesa. Isto porque, de acordo com vários arquitectos, os re-sultados desta auscultação deverão integrar o relatório com prazo de entrega obri-gatória no início do próximo ano.

Em declarações dadas

ao HM no mês passado, Rui Leão disse que é preciso “deixar de agir em regime de bombeiros a apagar fogos”, ou seja, começar a restaurar os prédios e monumentos antes que exista o perigo de ruírem.

Tem que haver, dizia ao HM na altura, uma atitude preventiva face ao patri-

mónio. Rui Leão apontava ainda que este “não fala por si para se defender” e re-feria a necessidade urgente de tratar dos edifícios antes que estes estejam já em mau estado. Além disso, o arquitecto frisou que é preciso cuidar não só dos elementos protegidos, mas sim do enquadramento en-volvente. É que, para Rui Leão, deixa de ser possível “apreciar” o património sem que o meio circun-dante esteja igualmente cuidado.

da Almeida Ribeiro ao trânsito, “24 horas por dia e 365 dias por ano”, transformando esta avenida numa zona comercial, à semelhança do que acontece na cidade nipónica de Osaka.

“Uma boa solução poderia passar por transformar aquilo numa rua comercial, livre de trânsito automóvel, mas esta pode ser uma hipótese que apenas funciona na teoria”, argumenta. É que se por um lado, parece uma óptima ideia no papel, Óscar não está certo de que traga resultados positivos no quotidiano.

A presidente da Casa de Portugal concorda. “Dificilmente se podem pôr esplanadas no centro histórico por causa da dimensão das ruas”, disse Amélia António.

É também o clima quente e húmido de Macau que torna compli-cada a implementação de espaços ao ar livre. Mais espaços consagrados apenas a peões e o aproveitamento de edifícios antigos são duas das sugestões da presidente da Casa de Portugal.

O CAOS INSTALADOOs principais problemas do Centro Histórico apontados pelos resi-dentes estão relacionados com o número elevado de turistas nas ruas, a falta de espaços de descanso e lazer e, finalmente, de sinalizações e diversificação cultural e comercial.

Para Maria Cardoso, os estabe-lecimentos de restauração deviam estar mais espalhados por Macau. “Os restaurantes estão todos con-centrados numa rua só – seja de comida chinesa ou ocidental – e deviam estar mais espalhados”, diz. Além disso, acrescenta: faltam zonas abrigadas do mau tempo e

que funcionem como espaços para lanchar ou simplesmente descansar as pernas.

Maria reside no território há menos de um ano, mas de uma coisa tem a certeza: são precisas mais sinalizações, diz, sugerindo ainda que sejam colocados quiosques e postos de informação, à semelhança do que acontece em Lisboa.

Como turista e recém-chegada, Maria Cardoso considera o pa-norama actual da zona “caótica”, pelo que as mudanças devem ser feitas de imediato, mais que não seja para esclarecer os turistas que por cá vêm.

Para a grande maioria dos entre-vistados, a responsabilidade de dar os primeiros passos deve recair sobre o Governo, que tem como missão pre-parar o terreno para que associações e empresas possam, eventualmente, ajudar a reabilitar toda a zona antiga que cobre o Leal Senado, a Almeida Ribeiro, as Ruínas de S. Paulo ou a Fortaleza do Monte. Na Rua da Palha estavam lojas de velharias e antiquários nos quais se sentia a história da região a cada passo dado e olhar virado.

“Fala-se muito nas indústrias culturais e criativas, mas isto não são coisas que nasçam de geração espontânea ou de palestras e co-lóquios”, remata Amélia António, sobre o que poderá, eventualmente, dar vida ao Centro Histórico.

Tudo isto, diz, deve substituir as pastelarias, relojoarias, lojas de penhores e outras casas comerciais que enchem as ruas de Macau. A residente frisa, no entanto, que é pre-ciso “não confundir os conceitos” de arte e artesanato, por exemplo. “Há que explorar melhor esta área”, termina.

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4 POLÍTICA hoje macau quinta-feira 27.11.2014

SAFP Aposentação obrigatória de José Chu A notícia já tinha sido avançada esta semana, quando José Chu não se apresentou na Assembleia Legislativa (AL), mas só ontem foi oficialmente tornado público que o director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) se reformou. José Chu atingiu a idade da reforma e, por isso mesmo, “foi desligado do serviço para efeitos de aposentação obrigatória”. A notícia não foi avançada pelo Governo, tal como aconteceu com o director dos Serviços de Obras Públicas e Transportes, Jaime Carion, cuja aposentação foi informada aos média através de comunicado. Sobre José Chu, nada se sabia até a imprensa indagar o Executivo. José Chu está na reforma desde o dia 16 de Novembro.

AL Colectânea de leis na área financeiraJá está disponível para consulta da população uma colectânea de diplomas referentes ao Regime Jurídico da Reserva Financeira, implementado em 2011, que estará disponível no website da Assembleia Legislativa (AL) e também nas livrarias. Segundo um comunicado, a compilação “compreende não apenas os textos originais da lei e da proposta de lei, [mas também] os textos normativos que introduzem as respectivas alterações no decurso da apreciação em sede de AL e o parecer da Comissão Permanente”, bem como outros textos de análise por parte dos deputados. “Como foi a primeira vez que o Governo procedeu à legislação relativa aos assuntos da gerência das finanças públicas, é evidente que esta colectânea se reveste de importância e de valor de referência”, aponta o mesmo comunicado. É objectivo do hemiciclo “fazer chegar o Direito a todos, para que consigam a ele recorrer como forma dos seus direitos e interesses legítimos”. Ontem, a colectânea ainda não estava disponível no site da AL.

FAOM Governo nas redes sociais

ANDREIA SOFIA [email protected]

P REVÊ uma maior protec-ção para os trabalhadores do sector privado em épocas de tufão, mas ig-

nora aqueles que trabalham para o Governo. As falhas do Regime de Reparação dos Danos Emer-gentes de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, admitido ontem na Assembleia Legislativa (AL) são apontadas pelo deputado José Pereira Coutinho, também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM).

SANÇÕES DEMASIADO BAIXASOlhando para a versão inicial da proposta de lei, as sanções a serem administradas às empresas que não disponibilizem protecção e seguros nas devidas alturas não vão além das 12.500 patacas, sendo que o valor mais baixo é de mil patacas. Para Pereira Coutinho as multas são baixas. “Não constituem um impedimento ou uma forma das empresas se responsabilizarem pela adopção de medidas suficientes e seguras para os trabalhadores. Os valores das multas são extremamente baixos, de maneira nenhuma vão responsabilizar as grandes empresas, nomeadamente as concessionárias de Jogo. É preciso melhorar o diploma”, defendeu ao HM.

UM dos vice-presidentes da Federação das As-

sociações de Operários de Macau (FAOM), Lei Chan U, considera que as redes sociais e a tecnologia informática de-sempenham papéis importantes na vida social, na economia e até na política. Lei Chan U considera que a tendência de utilizar as redes sociais como local de perguntas da parte do Executivo é positiva e, por isso, o vice-presidente considera que essa tendência deve ser a pró-xima meta do novo Governo.

De acordo com o jornal Ou

Mun, a FAOM levou a cabo um inquérito que pretendia reunir as opiniões da população sobre o programa ‘Perguntas políticas nas redes sociais’. O questionário mostrou que 65% dos entrevistados esperam que a internet se possa tornar uma forma de comunicação entre os oficiais do Governo e a própria população. Este resultado vem ao encontro da opinião do vice-presidente que acredita que os residentes podem usar as redes sociais como meio de comunicação, permitindo a angariação de

diversas opiniões para a re-solução de conflitos.

“Acompanhando o grande desenvolvimento de governação electrónica de todo o mundo, é importante que o Governo utilize o sistema de ‘Perguntas políticas nas redes sociais’, para impulsionar a cooperação interactiva entre Executivo e a população. No entanto, é deixado ainda um alerta: é que no correio electrónico do Gabinete do Chefe do Executivo para envio de su-gestões e opiniões recebeu cerca de uma centena de comentários, e apenas 13 foram respondidos. Esse mecanismo de resposta está com falhas, diz, e não demonstra eficiência. - F.F.

Foi ontem admitido no hemiciclo o novo Regime de Reparação dos Danos Emergentes de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais. O problema é que os funcionários públicos não estão abrangidos. Para Pereira Coutinho, estão em desvantagem coma nova lei

ACIDENTES DE TRABALHO FUNÇÃO PÚBLICA EM DESVANTAGEM

O grupo dos esquecidos

É uma situação complicada e esperoque o diploma possa abarcar os trabalhadores da Função Pública, já que as formasde contratação são cada vez mais parecidas com as do sector privado PEREIRA COUTINHO Deputado

“[A nova lei] vem, de alguma forma, resolver a questão, mas é preciso sistematizar para que tanto os trabalhadores da Função Pública como do sector privado estejam devidamente protegidos. O sistema deve estar implementado de uma maneira geral para todos os traba-lhadores que se vejam obrigados a trabalhar em situações de risco”, disse ao HM.

Pereira Coutinho diz mesmo que os funcionários públicos, perante o novo diploma, ficam em desvantagem e em situação de risco. “Neste momento não têm onde recorrer, uma vez que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) não aceita as queixas dos funcionários públicos, que se vêem obrigados a recorrer aos advogados para serem ressarcidos de danos patrimoniais e físicos. É uma situação compli-cada e espero que o diploma possa abarcar os trabalhadores da Função Pública, já que as formas de contra-

tação são cada vez mais parecidas com as do sector privado”, disse ainda ao HM.

SEM PROTECÇÃOO deputado refere casos específicos de trabalhadores da Direcção de Coordenação e Inspecção de Jogos (DICJ), da protecção civil, bombei-ros ou condutores dos serviços pú-blicos, que são chamados ao serviço nos dias em que o sinal 8 de tufão está içado. Deslocam-se, na maioria das vezes, em veículos próprios ou do Governo, sem terem direito a maior protecção ou outros benefícios.

Recorde-se que o deputado, por diversas vezes, interpelou o Executivo no sentido de se actua-lizarem os subsídios de trabalhos por turnos.

Apresentado em Conselho Exe-cutivo há cerca de uma semana, o novo Regime vem assegurar que as empresas devem garantir seguro aos trabalhadores que tenham de efectuar serviço nos dias de tufão. Deve ainda ser garantido o transporte dos funcionários entre a residência e o local de trabalho. Em caso de infracções, as empresas são punidas.

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5 políticahoje macau quinta-feira 27.11.2014

O seguro para profissionais de saúde vai ser obrigatório e será a AMCM a servir de mediadora. Só resta saber em que lei entra a obrigatoriedade de ter um seguro

FIL IPA ARAÚ[email protected]

N ÃO há dúvidas: a inclusão de um seguro obrigató-rio para profissio-

nais de saúde na legislação de Macau vai mesmo para a frente. Só não se sabe quando e que lei o irá incluir. O anúncio definitivo surgiu ontem após uma reunião da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), que analisa na especia-lidade o Regime Jurídico de Tratamento de Litígios De-correntes de Erro Médico.

“A 3.ª Comissão [Perma-nente] acha que este seguro é importante”, explicou o presidente da Comissão, Cheang Chi Keong.

Com vinte reuniões realizadas, o Governo e a Comissão dedicaram-se

A deputada Ella Lei entregou ontem uma interpelação escrita ao Governo onde

critica os actuais critérios de licen-ciamento dos finalistas dos cursos de medicina tradicional chinesa. A deputada considera que há injusti-ças para aqueles que tiram o curso no continente e pede mudanças.

De acordo com Ella Lei, os es-tudantes que frequentaram cursos no continente não conseguem obter o licenciamento para a profissão quando chegam a Macau e isso deve-se, diz, às regras actuais.

A deputada indirecta, que no hemiciclo representa a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), defende que o Executivo deveria ter criado um período de transição antes da

ERRO MÉDICO SEGURO DEFINITIVO MAS NÃO SE SABE COMO SERÁ REGULADO

Sentido obrigatórioSS PROIBIÇÃO DE FUMAR EM BARES No primeiro dia do próximo ano, os bares, salas de dança, estabelecimentos de saunas e de massagens vão ser livres de fumo, já que entra em vigor a proibição de fumar também nestes locais. O director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, referiu ontem à saída da reunião com a 3.ª Comissão Permanente, que os SS estão preparados para enfrentar mais esta carga de trabalhos. Depois de várias reuniões, o director explica que, até ao momento, não recebeu qualquer ‘feedback’ negativo por parte do sector abrangido e avançou ainda que irão ser realizadas mais palestras para explicar a lei a todos os que serão incluídos nesta proibição. “Os SS vão também inspeccionar os estabelecimentos, se recebermos muitas queixas da população, podem ser classificados como ‘pontos negros’ e a autoridade consolidará a inspecção”, esclareceu. Quando questionado sobre se o número de colaboradores para as inspecções é suficiente, o director explicou que actualmente o Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo tem 20 funcionários e outros 30 no Centro de Promoção e Informação Turística de Macau, acreditando que é um número suficiente para se fazer o trabalho. Mas ainda assim, avança, serão recrutados mais 40 inspectores.

MEDICINA CHINESA INJUSTIÇAS PARA COM ALUNOS DO CONTINENTE

Regras novas, hábitos velhosrevisão dos critérios, pedindo ainda regras suplementares para que os profissionais se possam adequar às novas regras.

SEM PREPARAÇÃOElla Lei lembra que a revisão dos critérios de aprovação dos médi-cos de medicina tradicional chi-nesa, feita em Janeiro deste ano, fez com que os novos finalistas de cursos de cinco anos não tenham conseguido corresponder às novas regras, já que os cursos não os prepararam para essas mudanças.

A deputada fala de uma situação de “injustiça”.

Ella Lei considera “razoáveis” as alterações feitas pelos Servi-ços de Saúde (SS) mas exige um período de adaptação, pedindo ainda ao Governo que crie cursos de formação complementar para estes finalistas.

A deputada quer ainda saber se os SS vão consolidar a promoção dos novos regulamentos, para que os futuros licenciados em medicina só possam adquirir acreditação profissional numa determinada área, por forma a que os “residentes percebam e escolham com antece-dência os seus cursos”.

A mesma proposta foi feita pelo Conselho para os Assuntos Médicos em Outubro. - F.F.

só proteger os profissionais como os próprios doentes”.

A hipótese da criação dos seguros obrigatórios, surgiu ainda antes da aprovação da Lei do Erro Médico, sendo que a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) admitiu na altura que “tecnicamente” era possível a criação destes seguros.

Depois da reunião que decorreu ontem, o presiden-te da Comissão explicou que será a AMCM a mediadora dos seguros obrigatórios. Números avançados por Cheang Chi Keong mos-tram que, neste momento, em Macau, cerca de 1086 profissionais do sector estão cobertos pelo seguro.

“Neste momento 1086 profissionais estão cobertos por um seguro, ou seja 38,3% do total de profissionais re-gistados”, não incluindo os profissionais do sector públi-co e Serviços de Saúde. “Dos 2838 registados, 2/3 não têm seguro, ou seja, 62%, um total de 1752”, esclareceu.

aos pormenores do seguro, que tinha sido já falado anteriormente. Recorde-se que a inclusão do seguro obrigatório na área da saúde também tinha sido proposta durante o período de aus-cultação pública sobre o Regime, tendo a Associação dos Advogados de Macau (AAM) proposto um valor mínimo de três milhões de patacas. “As seguradoras aceitam porque é um negó-cio, mas temos de definir um valor mínimo para o seguro. Muitos deputados defen-

dem a proposta da AAM, mas também se pediu um seguro colectivo. Em Ma-cau são muitos médicos de clínica geral e se calhar não

é justo pagar o mesmo dos especialistas”, explicou na altura Cheang Chi Keong.

Por agora, sabe-se então que a inclusão de seguro será

feita na lei, contudo não se sabe se entrará já no diplo-ma que está a ser analisado depois de ter sido aprovado há mais de um ano, a 30 de Outubro de 2013. A solução poderá, portanto, passar por incluir esta regra nesta lei ou num regime de acreditação para profissionais de saúde, que vai entrar na AL.

“Tal como a 1.ª Comissão Permanente está a incluir o seguro para os arquitectos e engenheiros no Regime de Acreditação [de Profis-sionais da Arquitectura e Urbanismo], já temos uma hipótese para este seguro”, explicou o presidente quan-do questionado que lei irá contemplar este seguro.

José Pereira Coutinho, deputado que faz parte da Comissão que analisa a proposta, concorda. “[O seguro] é um assunto muito sensível e por isso deve ter um regulamento adminis-trativo diferente”, disse ao HM o deputado, adiantando que este seguro vem “não

“Tal como a 1.ª ComissãoPermanente está a incluir o seguro para os arquitectos e engenheirosno órgão de acreditação, já temos uma hipótese para este seguro”CHEANG CHI KEONG Presidente da 3.ª ComissãoPermanente da AL

6 publicidade hoje macau quinta-feira 27.11.2014

A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MACAU

organiza

Palestra

“Globalização e Solidariedade”

Oradores

DR. Manuel de Lemos

Presidente da União das Misericórdias Portuguesas e Vice-Presidente da Confederação Internacional das Misericórdias

Dr. António Manuel Lopes Tavares

Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto

Data: 28 de Novembro (Sexta-feira) às 17:00 horas

Local: Salão Nobre da Sede da SCMM

Travessa da Misericórdia, 2

Entrada Livre

HOJE

MAC

AU

7SOCIEDADEhoje macau quinta-feira 27.11.2014

CECÍLIA L INcecí[email protected]

A PESAR de ter um plano a dez anos a cumprir, com base no contrato assina-

do com o Governo, a Com-panhia de Resíduos de Macau (CSR) garante ter dificuldades no recrutamento de trabalhado-res para cumprir os objectivos a que se propôs na concessão.

Steve Chan, chefe de ope-

Três pessoas suspeitas de terem cometido suicídio Três pessoas morreram esta semana em circunstâncias semelhantes e que apontam, em todos os casos, para suicídios. De acordo com a Polícia Judiciária, uma das pessoas que morreu é uma indonésia com cerca de 40 anos, que foi encontrada na zona da Praça de Ponte e Horta às 19h45 de terça-feira. A mulher tinha ao seu lado uma garrafa com água de um lago ao lado do corpo, que estava no banco de um parque. A PJ diz não ter ainda encontrado familiares da mulher, nem qualquer nota. Num outro caso, um homem de Hong Kong, com a mesma idade, foi encontrado morto num edifício da Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, sem ferimentos no corpo, mas com uma pulseira do hospital no pulso, que indicava que foi um paciente esta semana. Um outro homem, na casa dos 50 anos, foi também encontrado morto, ao que se presume depois de ter saltado da ponte na Avenida de Artur Tamagnini Barbosa, também sem documentos de identidade. As três mortes estão a ser investigadas.

MTEL A operar em Dezembro A MTEL, nova operadora de rede fixa, vai começar a operar já no próximo mês. Michael Joi, o director-executivo da empresa, garantiu que o nível de cobertura da empresa já corresponde ao que foi estabelecido no contrato de concessão, ou seja, 30% do território. A MTEL prevê que em 2016 possa cobrir 70% do território. “Só na zona da Barra, até à ponte de Sai Van é que a construção da rede ainda não está concluída, devido à coordenação das obras do Governo, mas a rede vai abranger outras zonas de Macau”, disse Michael Joi ao canal chinês da Rádio Macau. O director-executivo da MTEL, que vai competir com a CTM, explicou ainda que já foi entregue a tabela de preços à Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT), enquanto que os serviços de linhas privadas e internacionais já receberam autorização do Executivo. Quanto aos serviços de internet e o centro de dados internacionais ainda estão em fase de teste.

Taxa de inflação atingiu 6,03%A taxa de inflação em Macau entre Outubro de 2013 e Outubro de 2014 atingiu 6,03%, subindo em relação aos 12 meses anteriores, segundo dados oficiais ontem divulgados. De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), verificaram-se acréscimos significativos designadamente nos índices de preços da habitação e combustíveis (+11,81%) e produtos alimentares e bebidas não alcoólicas (+6,17%). Em contrapartida, o índice de preços da secção de comunicações desceu 0,60%. O Índice de Preços no Consumidor (IPC) de Outubro subiu 6,18% face ao mesmo mês de 2013, num crescimento impulsionado pelo aumento das rendas de casa e dos preços das refeições adquiridas fora de casa, informa a DSEC, indicando que, em termos mensais, o IPC registou um crescimento de 0,49%.

RESÍDUOS CSR COM DIFICULDADES DE RECRUTAMENTO

O lixo dos outros

50 MILHÕES EM NOVOS VEÍCULOSNum encontro com os jornalistas, os responsáveis da empresa garantiram que no próximo ano vão ser substituídos gradualmente 46 veículos, prevendo-se a eliminação de veículos em mau estado. Actualmente, a CSR possui 140 camiões de água, basculantes e de recolha do lixo. Vão ainda ser adquiridos novos equipamentos que prometem reduzir o cheiro e barulho durante o processo de recolha do lixo. “O modelo de recolha e o nível de tecnologia actualmente utilizados não é suficiente. Para respondermos às políticas ambientais, vamos acrescentar mais elementos ecológicos. Quando os veículos andam nas ruas causam poluição secundária, porque deixam resíduos e água suja”, explicou Steve Chan. A CSR garante gastar 50 milhões de patacas na compra de 20 novos veículos.

Mesmo com uma média salarial de 13 mil patacas, a Companhia de Resíduos de Macau não consegue contratar locais, sendo que a maior parte da equipa é composta por não residentes. Steve Chan diz que o volume do lixo entre Agosto e Outubro aumentou 50 toneladas face aos números do ano passado

rações, garantiu ontem que a média salarial já atingiu as 13 mil patacas, valores que ainda assim não atraem os locais. “Mesmo que o salário mínimo venha a ser aprovado, não nos vai influenciar, porque o salário que pagamos já ultrapassa em muito o valor que será pago por hora”, disse aos jornalistas.

Para além disso, são ainda pagos bónus aos trabalhadores e feitos os descontos para a se-gurança social, existindo ainda

seguros de doença. “Quase to-dos os anos temos um aumento salarial de 10%, que ultrapassa a inflação”, disse Hong Cheong Fai, director-geral da CSR.

Joyce Choi, directora de recursos humanos da CSR, garantiu que, dos 610 funcio-nários da empresa, 1/6 são trabalhadores não-residentes (TNR). “Recrutamos sempre os residentes, mas como o tra-balho não é atractivo, pagamos um bom salário. Ainda assim,

muitos preferem trabalhar para casinos e hotéis. Para as ope-rações de 2015 precisamos de recrutar mais 40 funcionários”, explicou, à margem de uma conferência de apresentação dos novos equipamentos de recolha do lixo da CSR (ver caixa).

CADA VEZ MAIS LIXO O aumento de funcionários é também necessário devido ao aumento do volume do lixo que existe no território, o qual aumenta de ano para ano. Steve Chan garantiu que já foram recrutados 60 novos trabalha-dores em 2013 para fazer face a esse problema. Só este ano, entre Agosto e Outubro, houve 940 toneladas de lixo por dia, um aumento de 50 toneladas face ao mesmo período do ano passado.

940toneladas de lixo por dia entre

Agosto e Outubro

Steve Chan

O despejo de mobílias e ou-tros materiais de decoração é um dos principais problemas que a CSR enfrenta. “Por causa do au-mento de circulação de pessoas, muitas mobílias são deitadas fora quando as pessoas mudam de casa”, explicou Steve Chan.

A CSR garante ter vindo a contactar com diversas lojas de mobiliário, pondo a hipótese de incinerar os materiais. “Temos um mecanismo regular com os Serviços de Protecção Ambien-tal (DSPA) e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), com reuniões regulares entre as três partes”, concluiu.

8 publicidade hoje macau quinta-feira 27.11.2014

Anúncio[N.º 201411-4]

Torna-se público que, nos termos do artigo 29.º do Regulamento Administrativo n.º 5/2014 (Regulamentação da Lei do planeamento urbanístico), vai proceder-se à recolha de opiniões dos interessados e da população respeitantes aos projectos de Planta de Condições Urbanísticas (PCU) elaborados para os lotes abaixo indicados:─ Processo N.º: 93A162, Terreno junto à Estrada de Cheoc Van – Coloane;─ Processo N.º: 94A080, Rua de S. Paulo nº 30 – Macau;─ Processo N.º: 97A062, Rua do Visconde Paço de Arcos nos 161-177 e Rua Nova do Comércio nos 67-

75 – Macau;─ Processo N.º: 2009A003, Beco da pinga nos 3-5 – Macau;─ Processo N.º: 2011A097, Rua de Cinco de Outubro no 170 – Macau;─ Processo N.º: 2012A044, Rua da Alegria nos 61-63 e Avenida do Almirante Lacerda nos 30A-30C –

Macau;─ Processo N.º: 2013A051, Rua Um dos Jardins de Cheoc Van nos 137-139 – Coloane;─ Processo N.º: 2013A087, Rua de Cinco de Outubro no 42 – Macau;─ Processo N.º: 2014A058, Rua dos Negociantes no 10 – Taipa.Para efeitos de referência, os projectos de PCU dos lotes supracitados já estão disponíveis para consulta no Departamento de Planeamento Urbanístico, situado na Estrada de D. Maria II n.º 33, 19º andar, Macau, e encontram-se afixados na Rede de Informação de Planeamento Urbanístico desta Direcção de Serviços (http://urbanplanning.dssopt.gov.mo).O período de recolha de opiniões tem a duração de 15 dias e decorre entre 01 de Dezembro de 2014 e 15 de Dezembro de 2014.Os interessados e a população poderão apresentar as suas opiniões sobre os projectos de PCU referidos, mediante o preenchimento do formulário O011, o qual pode ser descarregado nos websites http://urbanplanning.dssopt.gov.mo ou www.dssopt.gov.mo, ou levantado nesta Direcção de Serviços (Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau), podendo submetê-lo no período de recolha de opiniões através dos seguintes meios:─ Comparecendo pessoalmente: Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau, durante o horário de expediente

nos dias úteis─ Correio: Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau (o prazo limite de entrega é contado a partir da data de

envio indicada no carimbo do correio)─ Fax: 2834 0019─ Email: [email protected] mais informações pode pesquisar o website http://urbanplanning.dssopt.gov.mo e para qualquer informação adicional queira contactar o Centro de Contacto desta Direcção de Serviços (8590 3800).Macau, aos 21 de Novembro de 2014

O Director Subst.o da DSSOPTShin Chung Low Kam Hong

9 sociedadehoje macau quinta-feira 27.11.2014

Cerca de 300 convidados, oriundos dos cinco continentes, discutem em Macau formas para criar mais oportunidades de energia limpa

A Sociedade de Jogos de Macau (SJM), junta-mente com a Funda-ção Macau e outras

entidades, organiza até hoje o 3º Fórum Internacional de Energia Limpa (IFCE), que arrancou

O presidente da Asso-ciação Portuguesa de Imprensa, João

Palmeiro, afirmou em Macau querer internacionalizar para a China, incluindo as regiões administrativas especiais, os conteúdos jornalísticos produ-zidos em Portugal.

“Quando se fala em inter-nacionalização de conteúdos pensa-se logo em mandar jornais para as comunidades, imprensa regional. A visão que temos não é nada disso,

Economia Serviços dialogam com universitáriosÉ já no próximo dia 2 de Dezembro que os alunos do ensino superior de Macau vão poder conversar online com Sou Tim Peng, director dos Serviços de Economia. Segundo um comunicado, o diálogo, a decorrer na sala de chat de um blogue promovido pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES), irá versar sobre “as situações do desenvolvimento diversificado da economia de Macau e a tendência do seu futuro desenvolvimento”. A iniciativa, intitulada “Conversas na Internet”, visa dar mais informações aos estudantes para que estes possam preparar-se melhor antes de entrarem no mercado de trabalho.

Santa Casa da Misericórdia Protocolos com PortugalAntónio José de Freitas, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCM), vai assinar hoje vários protocolos com a Santa Casa da Misericórdia do Porto, noticiou ontem a Rádio Macau e o Jornal Tribuna de Macau. Nas palavras de António José de Freitas, os acordos são “inéditos”. “Para nós estes protocolos são importantes porque vão permitir à Irmandade ter acesso a troca de informações com as Misericórdias portuguesas e não só, também com as Misericórdias espalhadas pelo mundo”, explicou à Rádio Macau, adiantando que os acordos irão versar sobre a formação de pessoal na área da saúde. “Temos o lar e temos falta de enfermeiros. Também temos a creche e temos falta de educadoras”, acrescentou o provedor da SCM.

SJM FÓRUM INTERNACIONAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O verde do nosso contentamentoRELATÓRIO SAI ESTE MÊS

A Editora Académica de Ciências Sociais da China publicou ontem, no âmbito da realização do 3º Fórum de Energia Limpa (IFCE) o terceiro Livro Azul. Trata-se de um relatório anual sobre o desenvolvimento da energia limpa e sustentabilidade. Em comunicado, a entidade responsável pelo lançamento refere que o documento integra uma introdução ao tema das políticas industriais e ao mercado da energia limpa, que inclui electricidade, energia renovável e armazenada, bem como outras tecnologias. “[O relatório] analisa os desafios e problemas que a indústria energética enfrenta, fornecendo uma previsão do desenvolvimento sustentável no futuro. O relatório é composto por três partes”, lê-se no comunicado. De acordo com a organização, a electricidade renovável deverá ser responsável por 65% dos 7,7 biliões de dólares americanos de investimento em energia instalada. Outra das previsões constantes no documento aponta que o volume de energia eléctrica gerada por combustíveis fósseis não vai ultrapassar os 54% em 2030. A segunda e terceira partes do relatório versam sobre a adaptação das políticas de energia renovável a condições dinâmicas do mercado e diferentes indústrias.

IMPRENSA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA QUER INTERNACIONALIZAR CONTEÚDOS

Com textos lusos em Macaumas é conseguir que, conteú-dos produzidos em Portugal possam ser publicados na imprensa de Macau, Hong Kong e China”, disse.

Para João Palmeiro, “maio-res ou mais pequenos” a imprensa portuguesa publica vários textos que “são in-teressantes e fundamentais para o desenvolvimento do comércio português, para o

desenvolvimento do melhor conhecimento de Portugal como o vinho, o azeite, o tu-rismo, a gastronomia”.

“É muito difícil não encon-trar o formato que publicações locais não estejam interessadas em publicar desde que (nós) sejamos capazes de ultrapassar um problema que é a língua e atrás da língua a grafia”, indicou.

O mesmo responsável afir-mou que sentiu abertura para que os alunos da Universida-de de Macau, como já tinha acontecido em Pequim, tenham acesso a textos jornalísticos portugueses e os “trabalhem pedagogicamente” e, depois, “estarem aptos e conhecedores para, encontrando os empre-sários que representamos na associação, contrapartes, nestes casos, chinesas que queiram publicar os seus conteúdos

poderem fazer acordos”.João Palmeiro des-

tacou também que o acordo assinado com a Escola Portuguesa de Macau é um “embrião

do projecto” porque vai passar a receber vários

exemplares da imprensa portuguesa, à semelhança do

que já acontece com a Escola Portuguesa de Moçambique des-de 2008, num trabalho que “tem corrido lindamente”. - Lusa/HM

terça-feira e termina hoje no Ho-liday Inn do Cotai. “Durante as reuniões mais recentes da APEC, em Pequim, foi referido um con-ceito inteiramente novo, relacio-nado com a conectividade e que deverá gerar mais oportunidades para a energia limpa e inovação tecnológica. É altamente espera-do que haja intercâmbio entre o

sector da tecnologia e o mercado dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, bem como das economias emergentes”, lê-se no comunicado da organização.

A iniciativa vai contar com a presença de 300 convidados, incluindo administradores do sector energético, académicos, empresários e representantes

de instituições financeiras e de investimento locais, de Hong Kong, da Organização das Nações Unidas, EUA, França, Reino Unido, África do Sul, Índia, Brasil e Japão.

ENERGIA E DESENVOLVIMENTOO tema deste ano centra-se na energia limpa e desenvolvimen-to sustentável e há espaço para vários painéis de discussão. Esta terceira edição conta com o apoio da ONU, do Conselho Económico e Social da China e do Governo local. Também a empresa China Three Gorges New Energy Co. Ltd e analistas de mercado da Bloomberg New Energy Finance vão ter oportunidade para expor as suas teorias sobre as tendências deste mercado. Os painéis com-preendem temas como negócios em voga, energias solar, dos ocea-nos, nuclear ou de biomassa.

EXPLICAÇÕES DE PORTUGUÊS • Miguel Esteves Cardoso “Sair dos dias. Não dormir. Não falar com ninguém. Ficar de fora do lá de fora. Ocupar o coração. À força. Ser como ele. É muito bom e faz muito bem. Sair de nós. Cair nos outros. Não escrever. Ler. Não pensar. Lembrar. Os amigos quietos. O murmúrio do riso que riram. A família parada. O colo onde cabe a cabeça. O amor adormecido. Estas coisas acordam. E sossega saber que nós não somos nada sem eles. É muito bom e faz muito bem.”

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

OS MEUS PROBLEMAS • Miguel Esteves Cardoso “Não se pode ter muitos amigos. Mesmo que se queira, mesmo que se conheçam pessoas de quem apetece ser amiga, não se pode ter muitos amigos. Ou melhor: nunca se pode ser bom amigo de muitas pessoas. Os amigos, como acontece com os amantes, têm de ser escolhidos. Pode custar-nos não ter tempo nem vida para se ser amigo de alguém de quem se gosta, mas esse é um dos custos da amizade. O que é bom sai caro.”

10 hoje macau quinta-feira 27.11.2014EVENTOS

U M total de oito filmes, entre documentários e

longas-metragens, integra o segundo ciclo de cinema moçambicano que a Asso-ciação dos Amigos de Mo-çambique realiza em Macau entre 1 e 5 de Dezembro.

Os filmes serão projec-tados no auditório da Fun-dação Rui Cunha e contam, este ano, com a participação dos realizadores Sol de Car-valho e Licínio de Azevedo, que a associação descreve como os que possuem uma obra “mais completa, mais homogénea, mais distinguida e reconhecida internacionalmente”.

Além dos realizadores estará também em Macau a actriz Iva Mugalela, que protagonizou o papel da prostituta Rosa no filme “Virgem Margarida”.

“Conseguimos, com apoios diversos, ter em Ma-cau estes dois realizadores e a actriz Iva Mugalela, de

forma a mostrar e a propor-cionar ao público local uma oportunidade de contacto directo com a cultura de Moçambique ao mesmo tempo que promovemos a difusão de uma indústria que vai dando passos seguros no seu desenvolvimento”, de-clarou à agência Lusa Carlos Barreto, vice-presidente da Associação dos Amigos de Moçambique.

Ao longo dos dias do festival será possível assis-tir aos filmes “O jardim de outro homem”, “Muhipiti Alima”, “Impunidades cri-minosas” e “Caminhos da Paz”, todos realizados por Sol de Carvalho.

Já de Licínio de Aze-vedo, serão exibidos “O grande bazar”, “A guerra da água”, “Desobediência” e “Virgem Margarida”, que concluiu o ciclo e abre as portas a uma conversa com os realizadores e com actriz Iva Mugalela.

FRC “WHY MACAU?” REÚNE EXPERIÊNCIAS DE RESIDENTES

HISTÓRIAS NO SINGULAR

“Cada um tem a sua própria história e é isso que torna este livro tão interessante”CHRISTINE HONGMentora do projecto

ANDREIA SOFIA [email protected]

C HRISTINE Hong conduzia o seu carro numa das pontes que liga a pe-nínsula à Taipa quando reparou que a paisagem já não era igual à que ainda

habitava na sua mente, devido ao surgimento dos casinos. Foi então que o projecto da obra “Why Macau?” (Porquê Macau?) começou a ser delineado.

O lançamento oficial será no próximo sábado, dia 29, na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC). O público poderá assistir ao visionamento de um documentário da autoria de Sérgio Perez sobre Macau, bem como a leitura de excertos do livro por Denis Murrell, pintor australiano, Pan Lei, académico e crítico na área da cultura, ou Fortes Pakeong Sequeira, artista também nascido em Macau.

Em declarações ao HM, Christine Hong conta que percebeu, através dos relatos que ouviu, que as características sociais do terri-tório têm vindo a mudar.

“Percebi que Macau não é apenas um lugar para onde vêm os estrangeiros trabalhar, mas também um sítio que muitos escolhem para viver. Começou a tornar-se um território mais popular em relação a outros países e mais internacional. Pensei que seria interessante reunir algumas pessoas que conheço para que contassem as suas histórias”, explicou.

ESCOLHAS DE VIDAQuais os motivos que levam estrangeiros ou jovens nascidos no território a regressar? Se-gundo Christine Hong, as razões são diversas. “Uns vieram para estudar, outros vieram para Macau porque gostam do território como ele é e não pensam em sair, outros chegaram muitos jovens com os pais e actualmente continuam a viver cá e têm 30 ou 40 anos. Cada um tem a sua própria história e é isso que torna este livro tão interessante”, apontou.

“Why Macau?” é um projecto co-fi-nanciado pelo Instituto Cultural de Macau, pela Fundação Macau e pela própria FRC.

O evento é de entrada livre e aberto a todos, incluindo ainda um pequeno cocktail.

Este sábado será lançado na Fundação Rui Cunha um livro que reúne histórias de 26 residentes que, por um motivo ou por outro, vieramviver para Macau. Christine Hong, presidente da Associação CulturalYun Yi Arts, é a mentora do projecto

Macau Cinema de Moçambique em filmes e documentários

Iva Mugalela em “Virgem Margarida”

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11 eventoshoje macau quinta-feira 27.11.2014

Futebol Dia de seleccionar talentosO Instituto do Desporto juntou-se, como em anos anteriores, à Associação de Futebol de Macau e à Escola de Futebol Juvenil para organizar um dia especialmente dedicado à selecção de talentos. Estão abertas 320 vagas para integrar quatro grupos masculinos e uma equipa feminina de jovens de diferentes idades. A iniciativa, patrocinada pelo Macau Jockey Club, acontece entre as 14h30 e as 17h00 deste domingo, no Centro Desportivo Olímpico de Macau. Os candidatos inscritos serão submetidos a testes técnicos para avaliar as suas capacidades em campo e fora dele, pelo que serão avaliados por um júri composto por treinadores da escola de futebol. As inscrições deverão ser efectuadas no mesmo dia e local da avaliação e a lista dos jovens seleccionados vai ser afixada dia 3 de Dezembro.

Itália Escolas vão ter professores de portuguêsA língua portuguesa vai ser integrada nos planos curriculares das escolas italianas a partir do ano lectivo 2015/2016. Duas universidades do país já estão a preparar 20 professores para o ensino da língua em Itália. O curso de preparação de professores ocorrerá na Univeristà Internazionale S. Pio V, em Roma, e na Università Ca’Foscari, em Veneza, que irá contar com a presença de 20 futuros professores de português em Itália. Os preparativos para as provas locais decorrem actualmente em ambas as universidades, através de uma avaliação escrita e oral. Os seleccionados frequentarão um curso com disciplinas específicas para o ensino escolar da língua portuguesa. No próximo ano lectivo, 2015/2016, o Ministério da Educação italiano irá abrir “disciplinas desta área nos vários institutos escolares, catalisando a disseminação da língua portuguesa em Itália e legitimando a sua importância como língua estrangeira no ensino italiano”, informa o Instituto Camões.

“P ÁSSAROS de Macau” é o nome da mais recente ex-

posição de fotografia trazida ao Consulado-Geral de Portugal em Macau. Um verdadeiro apaixo-nado por fotografia, tal como o próprio indica, João Monteiro, residente de Macau, aceitou o convite da Casa de Portugal para expor algumas das suas fotografias subordinadas ao tema ‘Pássaros de Macau’.

“São no total 44 fotografias” na exposição que inaugura hoje e está patente até sábado, 29 de Novembro. “Tudo começou de forma natural”, explica João Monteiro ao HM. “Quando ia a Portugal as pessoas perguntavam-me como era Macau e como eu acredito que uma imagem vale mais que mil palavras, decidi começar a tirar fotografias a Macau”, começa por contar o fotógrafo amador.

Com a partilha das fotografias no Face-book, João Monteiro mostrava, assim, o seu olhar pelo território.

Um dia, enquanto praticava aquele que é o seu passatempo preferido – precisamente tirar fotografias -, na zona das Casas-Museu da Taipa, João reparou “nos passarinhos que estavam a pular de galho em galho na lagoa que está mesmo em frente”.

Consulado João Monteiro expõe fotografias de pássaros de macau

Com um bom resultado final, o fotógrafo começou assim a dedicar-se um pouco mais aos pássaros. A exposição contará com foto-grafias de várias espécies de Macau, tiradas principalmente “nas zonas húmidas do Cotai, também nas Casas-Museu do Carmo e nos trilhos de Coloane”.

A exposição estará nas instalações do Con-sulado de Portugal e a entrada é grátis. - F.A.

AVISO sobre a formulação dos pedidos de apoio financeiro

para actividades no âmbito do Quyi(para o ano de 2015)

1. Âmbito de aplicaçãoEspectáculos de óperas chinesas e de canções clássicas e populares a realizar durante o período compreendido entre os dias 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2015.

2. Requisito para o pedido de apoio financeiroInstituições constituídas e registadas em Macau, e em funcionamento nos termos da lei, e que não tenham fins lucrativos.

3. Destinatários/projectos não-prioritários ou outros aos quais não serão dados apoios(1) Instituições sem fins lucrativos constituídas em Macau há menos de um ano;(2) Projectos que não sejam compatíveis com os fins da instituição requerente;(3) Projectos a realizar no exterior da Região Administrativa Especial de Macau.

4. Prazo para formulação do pedidoDesde 1 até 31 de Dezembro de 2014. Os pedidos formulados fora do prazo não serão considerados.

5. Documentos necessários à instrução do pedidoEntrega do formulário “Requerimento de Apoio Financeiro” devidamente preenchido, acompanhado dos documentos descritos na Parte C do respectivo formulário. Os formulários próprios para instrução do pedido de apoio financeiro e os respectivos exemplares estão disponíveis no website da Fundação Macau. Para mais informações, o requerente pode consultar os “Guias Gerais para Pedido de Apoio Financeiro para Actividades no âmbito de Quyi”, publicados pela Fundação Macau em Julho de 2014.

6. Serviços de atendimento e apoio à instrução do pedidoDurante o prazo acima referido, o requerente pode contar com a ajuda dos trabalhadores da Fundação Macau que estão especializados na prestação de serviços de atendimento e habilitados para esclarecer todas as dúvidas relativas à instrução do pedido de apoio financeiro para as actividades no âmbito do Quyi.Local para entrega do pedido: Avenida de Almeida Ribeiro, N.ºs 61-75, Circle Square, 7.° andar, MacauHoras de expediente: De segunda a quinta-feira: das 9H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H45; sexta-feira: das 9H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H30 (à excepção dos dias feriados em Macau e das tolerâncias de ponto)

Contacto: Tel: 87950965 (Dra. Ao), 87950969 (Dra. Chan) ou 87950957 (Dr. Sam) E-mail: [email protected] Website: www.fmac.org.mo

12 CHINA hoje macau quinta-feira 27.11.2014

S ETE agentes da po-lícia de Hong Kong foram detidos por agressão no âmbi-

to de um caso de alegada violência policial contra o membro do Partido Cívico Ken Tsang, em Outubro num dos locais de protesto pró-democracia.

A agressão foi filmada pela estação de televisão TVB durante a cobertura dos protestos em Admiral-

A China, país com a maior rede de comboios de alta velocidade do mundo,

negoceia com vizinha Índia a possibilidade de construir a pri-meira linha ferroviária do tipo no sub-continente, que uniria Nova Deli e Chennai, informou ontem o China Daily.

Caso as negociações sejam bem sucedidas, esta seria a segunda linha de alta velocidade mais extensa do mundo, com 1.754 quilómetros, depois de Pequim-Cantão, com 2.298 quilómetros, inaugurada em Dezembro de 2012.

O projecto, com um orçamento de 200.000 milhões de yuan, seria desenvolvido em conjunto por em-presas de ambos os países.

PLANO NACIONALA imprensa indiana também indicou recentemente que representantes das duas companhias ferroviárias do país, High Speed Rail Corp e Rail Vikas Nigam, vão deslocar-se esta semana à China para continuar

Tigre siberiano suspeito de matar cabras em FuyuanUstin, um dos tigres libertados pelo Presidente russo, Vladimir Putin, que decidiu atravessar a fronteira e “emigrar” para a China, é suspeito de ter matado mais de uma dezena de cabras, informou ontem a agência oficial chinesa. O mais recente ataque ocorreu na terça-feira, onde dois caprinos morreram e três outros desapareceram no mesmo local, na ilha Heixiazi, no condado de Fuyuan, no nordeste da província chinesa de Heilongjiang, escreve a Xinhua, citando fontes locais. A quinta localiza-se naquela ilha do rio Amur, fronteiriço com os dois países, e os vestígios, como pegadas deixados no lugar após a matança, apontam que foi Ustin o autor, assinalaram especialistas em tigres siberianos citados pela agência chinesa.

Incêndio em mina de carvão faz 24 mortosUm incêndio numa mina de carvão no nordeste da China matou ontem 24 trabalhadores, informou a agência de notícias chinesa Xinhua. De acordo com a Xinhua, que cita a empresa estatal Fuxin Coal Corporation, o fogo na mina na província de Liaoning fez também 52 feridos. Não foram divulgados detalhes sobre a eventual origem do incêndio na mina, onde foram dadas como concluídas as operações de salvamento. Todos os feridos foram hospitalizados. Os acidentes em minas são comuns na China, o maior consumidor mundial de carvão. No ano passado, foram registados 589 acidentes relacionados com minas, os quais resultaram em 1.049 mortos ou desaparecidos, segundo dados oficiais.

HONG KONG POLÍCIAS DETIDOS POR AGRESSÃO A MEMBRO DO PARTIDO CÍVICO

Chutos e barricadas

Nas imagens divulgadas, Tsang está algemado e é alvo de agressões por agentes à paisana, acabando por cair no chão após uma série de pontapés

ÍNDIA PEQUIM NEGOCEIA INÉDITO COMBOIO DE ALTA VELOCIDADE

Primeiras linhas aceleradasos contactos, iniciar estudos de viabilidade e assinar os primeiros acordos de cooperação na matéria.

O projecto faz parte de um plano nacional de redes de alta velocidade elaborado pelo Gover-no do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que procura esta-belecer seis linhas com as quais se pretende que fiquem unidas entre si, por comboios que circulem a 300 quilómetros por hora, quatro das principais cidades do país: Nova Deli, Chennai, Bombaim e Calcutá.

A China tem mais de 14.000 quilómetros de linhas de alta velo-cidade – mais que o resto dos países do mundo juntos – construídas em apenas um lustro, pelo que as em-presas chinesas do sector aspiram exportar esta tecnologia para todo o mundo.

ty e os agentes à paisana foram suspensos no âmbito da investigação lançada entretanto.

Nas imagens divulga-das, Tsang está algemado e é alvo de agressões por agentes à paisana, acaban-do por cair no chão após uma série de pontapés, numa zona escura de Lung Wo Road.

O Partido Cívico divul-gou fotos nas quais Tsang surge com hematomas na cara, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

O alegado ataque foi condenado por políticos e organizações internacio-nais, incluindo a Amnistia Internacional.

A polícia foi alvo de críticas pela demora na condução da investigação.

Em comunicado, a po-lícia deu conta que sete agentes foram detidos por agressão causadora de lesões corporais. As auto-ridades disseram não ter atrasado o caso, acres-centando que o agredido,

Tsang, tinha concordado em participar numa acção de identificação ontem mas não compareceu.

A polícia instou ainda Tsang a colaborar com a investigação. Um porta--voz disse que acções legais seriam tomadas assim que

a investigações estejam concluídas.

LÍDERES DETIDOSAs autoridades de Hong Kong retiraram ontem as barricadas e tendas monta-das por manifestantes pró--democracia em Mong Kok,

depois de uma operação em muito menor escala realiza-da na terça-feira no mesmo local de protesto para reabrir ao trânsito a Argyle Street.

O trânsito ao longo da Nathan Road, condicionado desde o final de Setembro, começou a fluir novamente. A operação de desobstrução da via demorou pouco mais de três horas segundo a RTHK.

Duas das caras mais visíveis dos protestos pró--democracia em Hong Kong, os líderes estudantis Joshua Wong (movimento Scholarism) e Lester Shum (Federação de Estudantes), figuram entre os mais de cem detidos, esta madruga-da, durante uma operação de desmantelamento do acampamento em Mong Kok pela polícia.

A informação foi confir-mada pelos representantes da Federação de Estudantes de Hong Kong, uma das três organizações por detrás das manifestações que cumpri-ram ontem 60 dias, através das redes sociais.

O chefe do Executivo, CY Leung, pediu ontem aos manifestantes para não reocuparem as ruas de Mong Kok.

CY Leung, que falava em Seul, à margem de uma reunião com a Presidente sul-coreana Park Geun-hye, disse que a actividade comer-cial da zona densamente po-voada de Mong Kok estava a ser retomada aos poucos e instou os manifestantes a não voltarem a infringir a lei.

A detenção surge na sequência dos acontecimentos do passado mês de Outubro em Admiralty quando o membro do Partido Cívico foi alegadamente agredido depois de estar algemado

hoje macau quinta-feira 27.11.2014

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ASLuís sá Cunha

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(Continua na página seguinte)

C REIO estar por escrever o as-sombroso historial de destruição dos tufões, a mais grandiosa e terrível força letal que devasta a

face do planeta. Não há espectáculo que me-lhor encene as forças do caos em avassaladora explosão derruidora. Provocado pela conju-gação de dois elementos da natureza de tão fluida consistência como são a água e o ar, os mais essenciais à nossa vida. Como se neces-sitassem de intervalos de revolta. O vento e a água são como sabemos os dois elementos de cuja harmoniosa conjugação deviam resultar as influências favoráveis do fon- sôi ,concepção da terra vivens na China antiga, propiciatórias da boa vida dos homens. Tufões são o extre-mo reverso. Em antigas mitologias e panteões de deuses, há os que encarnam as grandes forças destruidoras, como na trindade hindu, onde Shiva aparece a “delegar” em Kali, seu feminino avatar, o poder de esbarrondar as colunas mundo. Um mundo, porque o destrói para construir um, outro novo, uma “nova ter-ra e uns novos céus”. Tufão é só cega negação devastadora. Mas, complacentemente visto, ei-lo que participa da harmonia do universo, e na sua esmagadora grandeza reveste-se de fumos de mistério.

É que, a título de exemplo, os tufões são monstros arredios à observação científica. Ainda há não muitos anos se dizia, sobre o seu embrião, que “uma coisa“ provoca a as-censão das camadas do ar à superfície para iniciar o turbilhão helicoidal assassino. Só depois da II Guerra, com as observações da Força Aérea americana no Pacífico, se concluiu que a formação tufónica requeria que a temperatura das águas e pressão at-mosférica estivessem acima dos 27 graus e abaixo de 68 mm. Para estudar o tufão “Tip”, considerado o maior (conhecido) de sempre, gerado a noroeste do Pacífico de uma depressão de 870 milibares (a pressão normal é de 1013 mbar, equivalente aos 760 mm de mercúrio de Torricelli, na razão de 1 mbar para 0.75mm de mercúrio) grande parte das sondas lançadas nas 68 operações pelos meteorologistas americanos foram de-voradas pelo turbilhão. Os tufões furtam-se às probabilidades e às estatísticas: este, de 2220 quilómetros de diâmetro e com ventos de 306 km /hora, apenas fez 86 vítimas mor-tais no Japão, enquanto que o mais recente (o” Fayan”) que atingiu as Filipinas este ano fez vítimas da mais cruenta batalha campal (mais de 10 000).

Eles avançam sem permitir previsões certas do seu itinerário, prosseguem em zig-zagues e os mais violentos ataques são desferidos nas mudanças súbitas de direc-ção, como em batalha comandada por ge-nial estratego. São molossos animados de verdadeiro instinto de sobrevivência; no progresso, o seu movimento de translac-ção alimenta-se das sucessivas massas de ar vizinhas, de menores pressões, que vão sendo sugadas para o vórtice ascendente; quando finalmente atingem a massa conti-nental com sanha destruidora, agora então sem massas de ar quente e húmido para a sua voragem, eis que a monstruosa máquina se volta violentamente na direcção oposta por

TUFÕESA GRANDE ENCENAÇÃO DO CAOS

instinto de sobrevivência verdadeiramente animal. São ogres insaciáveis.

CENÁRIOS DE TURNER

Em extremo contraste, fazem anunciar a sua chegada com requintes de estética e promes-sa da mais melíflua visita. São por demais sabidos, de pescadores e gentes costeiras, os rabos-de-galo ou estratos coloridos como arco-íris, os cirros estirados pelo poente tin-tados dos acobreados mais luminosos, e, ao tombar do sol, os grandes cenários do mais sanguíneo rubi: o tufão é um artista que avisa com horas de antecedência a sua majestosa chegada. Durante o terrível tufão de 23 de Setembro de 1874, houve quem garantisse que, às três da manhã, momento fatídico em que a súbita mudança da direcção do vento de norte para leste provocou enorme vaga tsunâ-mica pelos mares de Lantau que viria arrasar a Praia Grande, o céu tenebroso se rasgou em alongada chaga rubra, para mostrar, assim di-ziam, as mesmas cavernas do inferno.

Mais um fascínio destes ciclones é o seu

olho, que chega a alcançar vinte quilómetros, um paraíso da pura serenidade no eixo do vórtice, e que faz proclamar a sua pax quando chega, para inocente tranquilidade dos incau-tos .

É nestas calmarias entorpecentes e um pouco sufocantes que acontecem os bailados das libélulas, semióticas de aviso entre elas, talvez porque no seu design de quatro asinhas transparentes se sintam a mais vulnerável criatura aos monstruosos sopros. Por isso em Macau chamam aos Cheng-len, Tong-mi, ou bicho-nune ou bicho-tufão .

Que sensores apuradíssimos terão as libé-lulas para detectação de vórtices tão distantes? Ficou famoso nos anos 60 o meteorologista Edward Lorenz quando ao fazer experiências sobre tempestades no MIT surpreendeu o mundo com a sua teoria do “efeito borboleta”: “era como se algo tão pequeno como o ba-ter de asas de uma borboleta pudesse causar um tufão do outro lado do mundo”. Na sua experiência, pequeníssimas margens de varia-ção surgiram associadas a pequenos eventos que se desdobraram em consequências maio-

res, e um tufão assim previsto para o Alasca não aconteceu, mas aconteceu… em Miami! Quem sabe se no aprofundamento da “teoria do caos“ não se encontrará na origem do tufão a explicação da origem do universo?

Tudo isto, e mais, servia de sinais de avi-so aos homens do mar antes dos sofisticados aparelhos das estações meteorológicas. Outra sintomatologia era também considerada pela população chinesa de Macau: nos anos em que as pegas faziam os ninhos nas ramadas mais altas e expostas, via-se sinal de tufões fortes, e inversamente.

Também, se a nervura central das folhas da planta Heong-máo (Serez) se apresentava lisa e sem nódulos, prognosticava boa estação de tufões.

No “Ou-Mun-Kei-Leok” registam-se as mesmas pinceladas estéticas: “nem homino-so nem auspicioso, (...) o arco-íris quebra-se enfiando-se no mar. O norte é indicado por nuvens vermelhas que comprimem o sol”. E nesta mesma Monografia se explana exausti-vamente a carta do calendário anual dos tu-fões, na média de quatro por mês, sob os mais sugestivos nomes, como, por exemplo, os do sétimo mês lunar: tufão do dia 15 (Kuai-Kôi, Tufão do Demónio), do dia 18 (San-Sat Kôi, Tufão da Divindade Exterminadora), ou, ain-da, o tufão do dia 5 do oitavo mês lunar (o Tai-Kôi, Grande Tufão).

Semelhantemente, registam-se em vários brocardos da tradição marinheira portugue-sa os sintomas preventivos das tempestades: “Calmaria e mar banzeiro, acautela-te mari-nheiro!”, ou, com maior cientificidade meteo-rológica, “Nuvens paradas aos pares cor de cobre, é temporal que se descobre“.

O MISTÉRIO DOS NOMES

Aspecto por demais misterioso do tufão é o do nome com que nos chega designado des-de os inícios da chegada lusa ao Oriente até aos nossos dias, registando-se em concurso explicativo do seu percurso semântico varia-díssimas opiniões de linguistas, lexicólogos e dicionaristas.

A chegada dos portugueses ao extremo--oriente resultou, no plano das trocas eco-nómicas, no interfluxo entre as duas grandes bacias económicas mundiais de Quinhentos: a do Mediterrâneo ocidental e a do “medi-terrâneo do sueste asiático”(expressão de Denys Lombard para caracterizar o que Fernão Mendes Pinto já tinha registado). Neste mapa, Braudel cenariza um “comércio - mundo”, confluência e intercâmbio integrado de todos os produtos comerciais, dos mares da China e do Japão às duas costas do con-tinente indiano. Mas, sempre a globalização dos comércios corre pari passu com a globa-lização das palavras. Isto permite reivindicar para Língua portuguesa estatuto pioneiro na viagem das palavras, como Língua pre-ponderante do movimento globalizante de Quinhentos. Neste enquadramento segui-remos resumidamente as labirínticas digres-sões da palavra tufão .

ELES AVANÇAM SEM PERMITIR PREVISÕES CERTAS DO SEU ITINERÁRIO, PROSSEGUEM EM ZIG-ZAGUES E OS MAIS VIOLENTOS ATAQUES SÃO DESFERIDOS NAS MUDANÇAS SÚBITAS DE DIRECÇÃO, COMO EM BATALHA COMANDADA POR GENIAL ESTRATEGO

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A corrente mais ligeira detecta a origem da palavra em thyhos, puro grego relaciona-do o com o deus dos ventos helénico Typhon (Robertson Smith e outros); outros buscaram--na em tufán (dilúvi), sendo assim importável do aramaico, judaico e siríaco, proveniente do radical túf, transbordar. Em linha próxima houve quem lhe visse semente na raiz arábica tuf (girar) (Hobson-Johnson). Mas (e vamos por aqui arrimados ao bordão de Monsenhor Rudolfo Dalgado) colhemos que em geral es-tes nomes identificativos de tempestades se referem mais especificamente ao aspecto da tromba- de- água, ou turbilhão, e não rigoro-samente ao fenómeno tufão da meteorologia dos mares do sul da China. Regista Dalgado que “no Português indiano emprega-se de preferência a palavra Samatra para denotar borrasca, procela “(seria por associação da zona norte da Insulíndia à proximidade geo-gráfica dos cenários habituais de tufões nos mares da China ?).

Mas, entrando pela lexicografia da China antiga, surpreende a inexistência da palavra tai-fung nos dicionários sínicos. Surge a palavra Kôi no sul da China, mas já durante a dinastia Tang, sendo razoável considerar a inexistência de tempestades tropicais no norte interior e coração político do Império. Há a palavra Kôi, significando tudo, isto é, “os ventos, das quatro direcções todos juntos”, como se regista no “Ou-Mun-Kei -Leok”, que nos avisa também da cono-tação de Kôi a temer: (...) nos mares do sul há ventos velhos (Kâu-fông). Então a palavra Kôi (temporal) seria uma deturpação da palavra Kâu (velho). Eis o motivo porque no “Sut-Mân“ (“Acerca das Letras”) se não encontra a palavra Kôi (temporal) “( cit. tradução de Luís Gonzaga Gomes) . Assinala o Pe. Manuel Teixeira que na obra “Kuán -Tung-Sin -Yu” surge o tufão designado de tai-fung ou fung-kau . No Fujien era dado adquirido o uso da palavra Kôi-fung .

No seu volumoso dicionário enciclopé-dico das coisas da China, Dyer Ball defende que a palavra tai-fêng, usada na Formosa, teria sido a origem da palavra tufão, pela razão de que os próprios chineses do sul não usavam a palavra tai-fung ( grande vento ) para os ciclo-nes ,mas fung-kaú (tempestade) ou ta-fung-kau. Filho de um pastor protestante e nascido em Cantão, sinólogo e de vastíssimas sabenças das coisas sínicas, Dyer Ball recolhe alguma autoridade da sua vivência directa e domí-nio da língua chinesa. Paralelamente, houve quem se chegasse a esta opinião, pelo facto de grande parte dos tufões correrem encana-dos pelo estreito de Taiwan sobre as ilhas ni-pónicas, donde tai-fung, ventos de Tai, sendo, coincidentemente, taifun a designação antiga usada pelos japoneses para tempestades que tanto os vitimam.

No seu “Dicionário Etimológico”, José Pedro Machado contesta que tufão seja ele-mento grego ou chinês veiculado através do árabe para a Língua portuguesa, como alguns aventam. Para ele, “não passa de deri-vado da raiz arábica tâfa (girar, andar à volta de). Esta aparição do radical taf , tuf (girar, turbilhonar) em tantas Línguas antigas, faria a alegria do Pe. Joaquim Guerra, confirma-ção da sua tese de uma chave universal de todas as Línguas. O etimologista estriba-se sobretudo no mais antigo documento abo-

natório da palavra tufão em Português , da-tado de 1500, quando não havia ainda, afir-ma ele, a possibilidade de os navegadores portugueses terem colhido a palavra com tal origem directamente das costas chinesas : “Veio um tufão de vento tão forte (...) e de tão súbito por diante, que o não percebe-mos senão quando as velas ficaram cruzadas nos mastros “ (“Navegação de Pedro Álvares Cabral“).

Daqui sustentar que se trata de um arabis-mo recebido no Oriente, depois da chegada dos portugueses à Índia, argumentando ainda que “a crença do seu chinesismo só aparece nos meados do nosso grande século quando já contactávamos com a China”.

Outros ainda (Yule & Burnell, “Glossário Anglo-Indiano”) pensam que a palavra foi de facto usada primeiro nos mares da China e não no Índico, notando que a portuguesa tufão representa distintamente tufán e não taifung, e presumem que Vasco da Gama e os seus companheiros receberam a palavra tufão, bem como monção, dos pilotos árabes .

A PRIMEIRA PALAVRA DA GLOBALIZAÇÃO

De facto, ao longo do século XVI e princí-pios de seiscentos, surge-nos a palavra tufão repetidamente usada e grafada nos grandes autores lusos, que sempre a incluem nos rela-tos das grandes memórias.

Aí logo nos surge Fernão Mendes Pinto a inscrevê-la na “Peregrinação”, e logo por duas vezes nos capítulos trágico - aventurosos de António Faria: “(...) aquy neste clima em muytas vezes tão tempestuosa (...) e de ventos e chuvas, à qual tormenta os chins chamão tu-fão (sic )”, e, ainda “ (...) nos deu vento de sul a que os chins chamão tufão”. E logo cerca de uma década depois (“Cartas do Japão”, 1565) se fala nas “tormentas dos Tufões que sam h˜us ventos nunca tal se viram“.

E, Gaspar da Cruz (“Tratado das Cousas da China”, 1569): “De maneira que este ven-to chamam na China tufão”. O Padre Fernão Guerreiro na sua “Relaçam” (1607/8) por mais do que uma vez se refere a “tempestades, ou tufões, como lhe chamão”.

Diogo do Couto (1608) dá-nos infor-mação importante ao registar que se trata de “um tempo muito grosso a que os naturaes (de Chinchéu) chamão tufão“, e, na “História da Igreja no Japão” (1634, João Rodrigues, o Tzuçu) surge informação interessante à de-tectação semântica: (...) “saltou hum grande temporal que he temporal que chamão cor-ruptamente tufão, do nome sínico tayfun e ja-ponês tayfu”. Também, em Álvaro Semedo, se anota a palavra tufan.

De tudo anteriormente visto, cremos que colhem razoabilidade algumas hipóteses con-clusivas:

- a palavra tufão tem claramente procedên-cia etimológica chinesa, oriunda não do sul cantonense mas das costas fuquinenses, e

muito especificamente dos chinchéus, gen-tes do mar, da construção naval e do comér-cio marítimo, já radicados em colónias pelas costas do mediterrâneo do sueste-asiático, força das sucessivas proibições Ming de na-vegação para o alto-mar. Não repugna ad-mitir-se que a palavra tai fung tenha chegado à Índia, fronteira ocidental de um “mercado -mundo” em intensas operações de trocas e, até, que já lá chegara um século antes pela via das sete grandiosas expedições de Zheng He .

- não é desprezível sublinhar que a nau Bérrio (S.Miguel), possivelmente a nau - padrão da armada do Gama, por ser a mais rápida an-tecedeu as restantes na chegada a Lisboa em 10 de Julho de 1499. A Bérrio seguia sob co-mando de Nicolau Coelho e do piloto Pêro Escobar, sem dúvida figuras da maior purida-de do núcleo de escol da marinha portugue-sa coetânea, e que, pela recente experiência da viagem e observação na Índia, estavam antecipadamente destinados a serem inte-

grados por D. Manuel na armada de Pedro Álvares Cabral, em confirmação diplomática do sucesso do Gama. A palavra tufão não teria chegado ao piloto redactor das “Cartas da Navegação de Pedro Álvares Cabral” por transmissão directa da Bérrio?

-Fosse como fosse, meado o século é Fernão Mendes Pinto quem utiliza a palavra tufão grafada da mesmíssima maneira e repetida-mente, assim acontecendo em testemunhos posteriores, todos unânimes em identificar nela o étimo chinês, passado em corruptela ao Português corrente da marinhagem. E daí passa para o Francês e o Inglês nos meados de seiscentos, sendo acolhida nas memórias do italiano Francesco Carletti. Por tudo, atrevemo-nos a aventar que a pala-vra tufão terá possivelmente sido a primeira palavra “global”.

AS PRIMEIRAS MEMÓRIAS

Sempre que se evocam as primeiras notí-cias da longínqua China logo se recorta a lendária figura do jovem Marco Pólo, che-gado ao oriente extremo na expedição dos irmãos Pólo, e que serviu a diplomacia de Kubilai Khan durante quatro anos no sues-te asiático. Como não podia deixar de ser, dele surgiu a primeira referência a um tufão

QUEM SABE SE NO APROFUNDAMENTO DA “TEORIA DO CAOS “NÃO SE ENCONTRARÁ NA ORIGEM DO TUFÃO A EXPLICAÇÃODA ORIGEM DO UNIVERSO?

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15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 27.11.2014

(Continua na página seguinte)

nos mares asiáticos. A enorme esquadra do Khan, de navios chineses e arqueiros mon-góis, enviada a invadir o Japão (1281), foi totalmente destroçada nos mares do Japão por um terrível tufão, a que os nipónicos chamariam kamikaze (deus do vento), por se lhes ter aliado na destruição do invasor. Como filosofaria um antigo discípulo de Chuang Ze, tufões são maus, mas logo po-dem ser bons, e de seguida de novo maus...

Mais lendário ainda é Ibn Battuta, que podemos sem dúvida emparelhar a Fernão Mendes Pinto na antologia mundial dos maiores viajantes de todos os tempos, ambos autores de volumes de memórias onde repor-taram ao ocidente o maravilhoso oriental. Nascido numa família de juristas de Tânger, Ibn Battuta ( 1304 -1368/9) partiu cedo para uma longa viagem de 25000 quilóme-tros, desde Marrocos para a África oriental, o oriente médio, e várias partes do orien-te, tendo chegado á China a Quangzhou (Fujien), daí para sul (Guangzhou) e depois para Fuzhou a caminho de Pequim. Na sua “Rhila (“Viagem”), memórias que terminou em 1355, refere a que é tida como a mais an-tiga vivência de um tufão nos mares orientais, em Junho de 1347/8, a bordo de um navio do rei de Sumatra do norte, das Filipinas para Amoy. É o primeiro tufão histórico, desde

que assim foi classificado pelo grande me-teorologista jesuíta, o espanhol Pe. Miguel Selga, que como director do Observatório de Manila, que elevou a um dos mais pres-tigiados do mundo, compilou um exaustivo “Catálogo” dos tufões do Pacífico do noroes-te documentados pelos jesuítas das Filipinas, de 1566 a 1900, na sequência de recolhas do Pe. Jesuíta Federico Faura (anteriormente director do Observatório de Manila). O Pe. Selga faz referência a tufões de Macau e, vg., no registo de tufões do ano de 1874 noticia o tufão de 22/23 de Setembro em Macau, entre tantos outros de “memórias de partir o cora-ção”. Importantes estas fontes para o melhor conhecimento das tempestades tropicais em Macau, uma vez que a maioria das tempes-tades geradas no noroeste do Pacífico, nas vizinhanças das Ilhas Marianas, flectem para noroeste na travessia do estreito de Balingtan , norte de Luzon, quando atingem Macau (e muitas vezes Hong Kong e Hainão).

Fernão Mendes Pinto, que aportou ao surgidouro de Macau logo em1555, descreve--nos mais pormenorizadamente dois tufões, um pela lua nova de Outubro, junto à Ilha dos Ladrões, “uma tal procela que nem pa-receu coisa deste mundo“, em que “de nada valeu cortar os mastros, desfazer chapitéus e obras mortas de proa e popa, alijar fazendas ao mar“; “uma trombada tão grande de mar atirou à costa as embarcações e as fez em es-tilhas” (...) e assim que raiou o dia tornámos à praia que estava juncada de cadáveres (...) ti-nham morrido quinhentas e oitenta e três pes-soas”. Posteriormente, com o mesmo António Faria, caminho de Liampó, outra “ malfadada tormenta” fez perderem-se “dois juncos e uma lorch, com passante de cem pessoas”.

Outro comerciante - aventureiro, o ita-liano Francesco Carletti, já nos descreve um tufão intra-muros do burgo de Macau. Fala ele de “uma fúria de ventos que sopram de todas as partes do horizonte (...) a que os portugue-ses chamão tuffoni“ e que “desenraízam árvores grandes, arrasam casas, afundam todos os bar-cos nos portos e arrastam aqueles que estão no mar”. Relata ele que “no ano de 1599, no dia vinte e oito de Julho, quando me encon-trava na cidade de Macau, vi mais do que dez ou doze casas arruinadas pela água e pela for-ça do tufão. (...) o vento soprava com tal fúria que era impossível andar na rua ou mesmo espreitar“ e que “além de causar grandes da-nos e de afundar continuamente embarcações (...) causou também a perda de uma frota que havia chegado ao porto de Macao, vinda do reino do Sião”.

Também o conhecido visitante de Macau, o inglês Peter Mundy (1637) que nos deixou relato e alguns desenhos de embarcações chi-nesas em Macau, manifesta-se agradado com a paisagem e com as casas de Macau que des-

creve “resistentes e bem talhadas de preven-ção contra furacões ou ventos violentos (...) chamados pelos chineses Tufões, razão por que (dizem eles) não constroem altas torres ou campanários nas sua igrejas”.

A INTERMINÁVEL CRÓNICA NEGRA

Como não existe uma cronologia exaustiva e organizada dos tufões de Macau, semelhan-temente à cronologia dos tufões das Filipinas desde o século XIV até à II Guerra Mundial elaborada por Miguel Selga (Catalogue of Typhoons, 1348/1934), acontece que as listas existentes sobre tufões de Macau nos surgem lacunares quando, consultando fontes sobre as tempestades tropicais, deparamos com inú-meros casos omissos, alguns surpreendentes pela grandeza dos temporais relatados. São os arquivos da Marinha Portuguesa (e tam-bém livros de autoria dos seus oficiais) um dos principais acervos documentais a pesquisar e consultar, sendo naturalmente os navios de alto mar as maiores vítimas expostas às tem-pestades. É no século XVIII que começam a surgir mais referências a tufões, registados com mais intenções documentais pelo decor-rer do século XIX.

No livro ”Tufões que Assolaram Macau”, o ex-Chefe dos Serviços Metereológicos de Macau, engenheiro Agostinho Pereira Natário integra uma notável lista das tempes-tades em Macau, que registando tufões dos inícios do século XVII (quatro, sendo o pri-meiro de Agosto de 1708), só começa a ser mais completa a partir de Julho de 1847 por recurso ao Boletim Oficial.

Relembremos alguns poucos marginalizados pelas listas.

Um deles, que atingiu Macau deixando traumas psicológicos na população, está des-crito na “Colecção de Vários Factos Nesta Mui Nobre Cidade de Macau“, o tufão de 5 de Setembro de 1738: ‘’Este tufão fez uma grande destruição em Macau, não só em todas as casas mas ainda nos navios, pois o navio “Black Boy” foi quebrar-se na ponta da rada (...) O navio “Corsário” se foi quebrar alem do Outém, e os mais todos apareceram encalha-dos de manhã pela Praia Grande e Pequena (...) Os tancares e lorchas quebradas e chinas mortos foram sem número. Muitos meses depois estiveram sem comer peixe por nojo, porque em seus buxos se achavam dedos e carne humana“.

Pelo “Chinese Repository” de Setembro de 1835 ficamos a saber de dois grandes tu-fões ocorridos nas costas próximas da China, em 1809 e 1832, em introdução ao relato do fortíssimo tufão de 1835, baseado na repor-

tagem do “Canton Register”, e que causou as maiores devastações ao longo da costa e especialmente em Macau e no Kumsing Moon, o “porto das estrelas douradas”, belo ancora-douro situado a 12 milhas de Macau e à mes-ma distância de ilha de Lintin. Em resumo: no Kumsing Moon, o brigue português “Santa Ana” ficou desarvorado; a barca americana “Kent”, desgarrada, foi encalhar terra dentro; nas ilhas Pootoy, o navio dinamarquês “Maria“ foi a pi-que, com perda de dez tripulantes; colhido pela tempestade entre as ilhas, o “Governor Findlay” sofreu corte dos três mastros; o bri-gue inglês “Watkins” viu-se desarvorado perto de Lantau; outro inglês, o “Coeur de Lion”, foi aterrar na ilha da Taipa; dois navios espanhóis ancorados no Porto Interior foram também arrastados para terra; duas lorchas de carga portuguesas foram submersas, com perda da tripulação de uma delas; o “St. George”, um dos barcos europeus de passageiros entre Macau e Cantão, completamente desgover-nado, foi abalroar uma lorcha, e afundou--se; também saíram desmastreados os barcos “Sylph”, “Hawk” e “Loon”. Os danos sofridos pelos tancares e juncos, e nas casas, podiam imaginar-se enormes, estimando-se em cen-tenas as perdas de vidas.

Segundo o “Boletim de Macau e Timor “de 9 de Setembro de 1848, um tufão que atingiu Macau no dia 1 de Setembro“não teve precedentes na memória dos mais anti-gos moradores de Macau”. Para não saturar o leitor com listagens exaustivas de danos e víti-mas, diz-se apenas que nove escunas e brigues foram arrastados a encalhes terra adentro, tendo o mesmo acontecido a centenas de em-barcações chinesas, estimando-se em mais de trezentas as perdas de vidas. Surgem também dignos de registo, os tufões de Setembro de 1849 e o de 1870, “de extraordinária violência e causando grandes estragos”, mormente nas forças da estação naval.

Folheando o IV volume da “Cronologia de Macau”, paciente e criteriosa selecção de factos relevantes no trânsito histórico de Macau organizada por Beatriz Basto da Silva, logo vamos encontrar entre os historicamen-te mais salientes, ao correr do século XIX, o violento tufão de 30/7/1836; o de 1848 (31/8) “que causou a perda de inúmeras vidas e enor-mes estragos à navegação em Hong Kong e Macau”; o de 1854, em que se “abateram várias casas” e foram encalhados os brigues “Beliza” (Macau) e “Chadwick”, tendo ficado desmastreado e roubado de toda a carga pelos piratas o navio chileno “Caldera”.

Um dos mais revoltantes aspectos da he-catombe tufânica era o das rapaces operações dos bandos organizados de piratas, que acor-riam como abutres à iminência da destruição e da desordem, e ao cheiro das grandes ra-pinas nos arcaboiços dos navios encalhados, muitas vezes tripulados de cadáveres; mais temidas por vezes dos habitantes e proprietá-rios do que os danos causados pelos mesmos ventos ciclónicos. Quando, no auge do ter-ror se declararam os incêndios na cidade, no cume nocturno do tufão de 1874, as gentes

A PALAVRA TUFÃO TEM CLARAMENTE PROCEDÊNCIA ETIMOLÓGICA CHINESA, ORIUNDA NÃO DO SUL CANTONENSE MAS DAS COSTAS FUQUINENSES, E MUITO ESPECIFICAMENTE DOS CHINCHÉUS, GENTES DO MAR

ATREVEMO-NOS A AVENTAR QUE A PALAVRA TUFÃO TERÁ POSSIVELMENTE SIDO A PRIMEIRA PALAVRA “GLOBAL”

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de Stº. António acolheram isso como um alí-vio, porque assim melhor podiam enxergar e combater os assaltos às casas vulnerabilizadas.

Beatriz Basto da Silva regista ainda tufões assinaláveis em 1867, em 1871, com rol de grandes danos em vários navios, e três tufões em 1874.

O de 3 de Setembro de 1871, referido no “Boletim Oficial”, provocou consideráveis es-tragos: na Ponta de Kaó naufragaram a barca holandesa “Rolina Marin” e a galera russa “Vístula”, e na ponta de Kakião o lugre portu-guês “Conceição Maria”.

Dyer Ball regista um devastador tufão em 1862, que talvez não tenha atingido Macau com virulência extraordinária, mas que bateu brutalmente toda a frente do Rio de Cantão, deixando a paisagem como se tivesse sido bombardeada, com perda de 40 000 vidas.

Maior do que estes terá sido o violento tufão de 1875, um dos mais drásticos na his-tória de Macau. Mas que ficou na atonia das crónicas, no cone de sombras dos holofotes enfocados à grande hecatombe acontecida em 22/23 de Setembro de 1874. Análogo em-penumbramento penaliza aqueles talentosos escritores e artistas vivos e activos ao tempo da radiação de um grande génio. Vale-lhes (-nos) a historiografia, que é iluminação de sombras .

O TUFÃO DOS TUFÕES (22/23/9/1874)

É um dos capítulos incontornáveis da história de Macau, símbolo de uma tormentosa me-teorologia: tufões são as “guerras“ de Macau. Este, de 22/23 de Setembro de 1874, de tão dramático, deixou marcas traumáticas no subconsciente colectivo da terra. Ocorre-me a primeira conversa com o grande narrador de memórias macaenses, Henrique de Senna Fernandes, poucos dias depois da minha che-gada a Macau; no seu escritório à Almeida Ribeiro, entre muitas apropositadas evoca-ções de iniciação de um caloiro a Macau, eis que lhe salta ao discurso a teatralização da-quela tragédia, na sua opinião para sempre recordada na alma das gentes da terra.

Em resumidos traços expressionistas:

Na madrugada de 22 para 23 de Setembro verificou-se uma extraordinária descida do barómetro a 706,105 mm, isto é, 52,10 mm abaixo da média do mês de Setembro. Pela tarde, depois dos primeiros avisos (içada a bandeira amarela com um quadrado verme-lho na haste da Praia Grande e disparado o tiro de canhão da fortaleza da Guia) logo se assistiu ao recolher de centenas de juncos às imediações da Ilha Verde; com grande esfor-ço, as pobres tancareiras começaram a carrear as suas embarcações para terra, arrumando--as encostadas às fachadas da Praia Grande e pelas ruas e travessas interiores, e pelas ruas da Barra e Tarrafeiro. Uma das primeiras víti-mas dos ventos violentos terá sido o Farol da Guia, de engenhoso mecanismo construído pelo engenheiro macaense Carlos Vicente da Rocha (cujo modelo foi exibido em Lisboa) que foi quem fez o tiro de aviso. Iluminado a

petróleo, ficou lendário um velho guarda que nunca se separava do farol, ali fincado dia e noite na paixão de o não deixar nunca ex-tinguir; talvez se tenham extinguido os dois na escuridão daquela noite… Para os lados do Tarrafeiro um homem foi disparado pelos ventos ”a cem pés” ... Toda a gente se trancava dentro das casas sob a violência e terror da tempestade...

Os estragos já eram enormes, sobretudo nas embarcações do Porto Interior, Ilha Verde e Ilha da Taipa, quando das 2 para a 3 da ma-drugada os barómetros registaram a descida brusca de 16 mm (!) com saltos dos ventos culminados numa viragem súbita de norte para leste.Do notável relato que nos deixou Pedro Gastão Mesnier, talentoso escritor e na oca-sião secretário de governador Visconde de S. Januário, encaixilhamos este passo: “Essa mu-dança foi súbita, quase instantânea ; houve um momento de calma, e logo, com indescritível violência ,uma rajada ululante varreu toda a extensão do Mar de Lantau. Foi o sinal.

“Encapelando-se em montes sobrepostos, o mar levantou-se numa vaga medonha, e sope-sando-se um instante , precipitou-se de chofre sobre toda a parte oriental da cidade ,desde o Forte de S. Francisco até à Barra. As portas das casas da Praia Grande foram arrancadas (...) as cantarias dos parapeitos desmoronadas vinham ferir as casas de envolta com as vagas, quais irresistíveis aríetes.” Continua Mesnier:“ (...) o excesso de furor com que o vento e o mar se precipitaram sobre esta cidade, como se a quizessem eliminar da superfície da ter-ra. Um estrondo constante, furioso e rugidor, composto das vozes mais temerosas que a na-tureza pode soltar na sua ira, estrugiam pelos ares (...) o solo estremecia como se estivesse sofrendo um terramoto”.

Foi quando, no auge do horror, os tectos de uma das fábricas de chá da Rua de S.Paulo ( havia lá três) se abateram sobre os fornos em laboração, com as chamas logo arrastadas pe-los ventos pelo inteiro bairro de Stº António e casario de outros bairros . Igreja e casas de St. António ficaram reduzidas ao esqueleto

das fachadas. Povoações da Horta da Mitra, S. Lázaro e Barra quase destruídas. Bandos de piratas saltaram aos assaltos às casas. Árvores derrubadas por todo o lado.Na elevação, as águas galgaram o istmo, fican-do Macau como séculos antes transformada numa ilha. Os bastiões das fortalezas de S. Francisco e da Barra ruíram tendo as peças de artilharia sido encontradas nos dias seguintes entre os lamaçais e as escórias das imediações.

NO MAR, TERÁ SIDO MAIS CATASTRÓFICO

Segundo o mesmo relato de Mesnier, publi-cado no Boletim Oficial de Macau e Timor no.42, de 17/10/1874, com o “aumento da tempestade todos os juncos foram perdendo as suas amarrações e as águas, espadanando, acarretaram esta mísera esquadra de barcos que se chocavam e destruíam mutuamente, (...) espalhando por toda a parte os seus des-troços“. Era este o cenário no Porto Interior e Ilha Verde, onde só se viam destroços, quilhas voltadas ao ar. Lá também, os restos de dois navios soçobrados, o vapor “White Cloud” (partira-se numa ostreira pelo través da Ilha Verde) e o brigue português “Concórdia“; a canhoneira “Tejo” encalhou no baixio frente à Fortaleza da Barra; o vapor “Poyang”, da car-reira Macau/Hong Kong, ficou com a popa toda destruída (mas havia de naufragar um ano depois no tufão de 1875 ); a “Príncipe D. Carlos”, navio de vela de 150 toneladas, “correu por meio de arrozais, topando em cheio com árvores, derrubando casas que a inundação submergira. A tamanha distância do litoral não pôde continuar a navegar (...) e os piratas não tardaram a saquear os restos do navio“, a 20 milhas de Macau; a canhoneira “Camões”, a barca “Santa Sancha” sofreram pesados danos, como a lancha “Andorinha”, arrastada pela enxurrada da enchente para cima dos destroços das casas da Barra .

Na Taipa calcularam-se em cerca de 500 as embarcações destruídas e a aldeia quase desapareceu, tendo-se encontrado cerca de 1000 cadáveres. Menos povoada, também Coloane ficou devastada.

Em Macau estimaram-se em 5000 as víti-mas mortais, que tiveram que ser de imediato enterradas e queimadas; para estancar as exa-lações mefíticas fumigaram-se praças e ruas com alcatrão a arder. Perderam-se cerca de 2000 embarcações, mil de tráfico do porto e mil de comércio e pesca lorchas grandes). Em cômputo final, os prejuízos materiais, conta-bilizadas também as perdas nos edifícios, or-çaram os 2 000 000 de patacas, enorme soma para a época.

Mesmo sofrendo outra tempestade des-truidora no ano seguinte, o que é certo é que Macau, como fora previsto na reunião do Governo de 24 de Setembro (o dia seguin-te ao tufão),recuperaria todo o seu sistema económico em três anos. Há razões para lhe chamarem “terra de tufões”, mas não quadra melhor a Macau “terra que vence tufões”?

(Documentos sobre tempestades tropicais em Macau estão em exposição no Arquivo Histórico de Macau, textos escritos, impressos e fotografias, com relevo para um álbum de fotografias do tufão de 22/23 de Setembro de 1874. A mostra está disponível ao público até ao dia 15 de Dezembro)

NA MADRUGADA DE 22 PARA 23 DE SETEMBRO (DE 1874) VERIFICOU-SE UMA EXTRAORDINÁRIA DESCIDA DO BARÓMETRO A 706,105 MM, ISTO É, 52,10 MM ABAIXO DA MÉDIA DO MÊS DE SETEMBRO. PELA TARDE, DEPOIS DOS PRIMEIROS AVISOS (IÇADA A BANDEIRA AMARELA COM UM QUADRADO VERMELHO NA HASTE DA PRAIA GRANDE E DISPARADO O TIRO DE CANHÃO DA FORTALEZA DA GUIA) LOGO SE ASSISTIU AO RECOLHER DE CENTENAS DE JUNCOS ÀS IMEDIAÇÕES DA ILHA VERDE

hoje macau quinta-feira 27.11.2014 (F)UTILIDADES 17

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ACONTECEU HOJE 27 DE NOVEMBRO

João Corvo fonte da inveja

Nasce Jimi Hendrix, o magoda guitarra eléctrica, e Bruce Lee• “É fácil tocar blues. Mas é difícil senti-lo”, dizia Hendrix, o mago da guitarra eléctrica, que hoje se recorda, no dia em que completaria mais um aniversário. Também neste dia, nasceu Bruce Lee, o lendário lutador de Kung Fu.James Marshall Hendrix, conhecido no mundo da música como Jimi Hendrix, nasceu em Seattle, a 27 de Novembro de 1942. Foi um guitarrista, cantor e compositor norte--americano, influenciado por grandes nomes (Bone Walker, BB King, Muddy Waters, Howlin’ Wolf, Albert King e Elmore James, Curtis Mayfield e Steve Cropper), mas dono de um estilo incomparável, que o tornou único.Hendrix, o guitarrista canhoto, privilegiava os amplifica-dores distorcidos, dando realce aos agudos, e ajudou a desenvolver a técnica, até então indesejada, da microfonia. Conquistou diversos prémios, em vida e postumamente, incluindo a presença no Hall da Fama do Rock and Roll norte-americano, em 1992, e no Hall da Fama da Música do Reino Unido, em 2005. Tem ainda uma estrela no pátio da fama de Hollywood.A prestigiada revista Rolling Stone classificou Jimi Hendrix como o melhor da lista dos 100 maiores guitarristas de todos os tempos, em 2003.Jimi Hendrix morreu em Londres, a 18 de Setembro de 1970, em circunstâncias que nunca foram completamente escla-recidas, mas que terão relação com excesso de consumo de álcool ou comprimidos.

O QUE FAZER ESTA SEMANA?C I N E M ACineteatro

SALA 1THE HUNGER GAMES:MOCKINGJAY (PART 1) [B]Um filme de: Francis LawrenceCom: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, liam Hemsworth14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 2RISE OF THE LEGEND [C](FALADO EM MANDARIM, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Chow Hin YeungCom: Sammo Hung, Eddie Peng, Zhang Jin, Angelababy14.00, 16.30, 21.30

RISE OF THE LEGEND [3D][C](FALADO EM MANDARIM, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Chow Hin YeungCom: Sammo Hung, Eddie Peng, Zhang Jin, Angelababy19.00

SALA 3THE SNOW WHITE MURDER CASE [C](FALADO EM JAPONÊS, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Yoshihiro NakamuraCom: Mao Inoue, Go Ayano, Nobuaki Kanebo14.30, 16.45, 19.15, 21.30

THE HUNGER GAMES: MOCKINGJAY (PART 1)

É Meryl Streep quem, nos papéis de Violet Weston, um ser humano destruído pelo cancro, mãe amargurada e mulher traída, vai seduzindo o espectador a cada minuto de filme. Inicialmente, “August: Osage County” pode parecer só mais uma história sobre tragédias familiares quando no fundo acaba por ser um retrato fiel do percurso de várias pessoas. É que fantasmas do passado e esqueletos no armário todos temos. O clã Weston está repleto de problemas e amarguras, mas é na singularidade do percurso de cada um que tudo se constrói. John Wells acaba por conseguir mostrar o desespero de uma mulher que perde o amor da sua vida, retratando um estado de alma de desespero, que é quase loucura, mas é também solidão. Esta obra conta a história de uma família tipicamente sulista que finalmente se reúne numa semana de tragédia que começa com o desaparecimento do patriarca e culmina na sua morte e consequente funeral. - Leonor Sá Machado

“AUGUST: OSAGE COUNTY”(JOHN WELLS, 2013)

• Hoje EXPOSIÇÃO “PÁSSAROS DE MACAU”,POR JOÃO MONTEIRO Consulado Geral de Portugal em Macau, 18h30Entrada livre

• AmanhãEXIBIÇÃO DA CURTA-METRAGEM‘THE TRICYCLE THIEF’DE MAXIM BESSMERTNY(THIS IS MY CITY)Albergue SCM, 19h30Entrada livre

CONCERTO DE THE LEGENDARY TIGERMANAlbergue SCM, 20h30Entrada livre

AFTER PARTY DO THIS IS MY CITYLMA, Avenida Coronel MesquitaEntrada livre

CLOCKENFLAP (FESTIVAL DE MÚSICA)Kowloon District, Hong Kong, todo o diaBilhetes a partir de 580 dólaresde Hong Kong

• SábadoDIA ABERTO DO IPOR COM DIVERSAS ACTIVIDADESIPOR, das 10h00 às 18h00Entrada livre (algumas actividades necessitam de inscrição)

CLOCKENFLAP (FESTIVAL DE MÚSICA)Kowloon District, Hong Kong, todo o diaBilhetes a partir de 580 dólares de Hong Kong

MERCADO ‘VINTAGE’ Leather Motel, Centro Polytex da Areia Preta, todo o diaEntrada livre

• DomingoCLOCKENFLAP (FESTIVAL DE MÚSICA)Kowloon District, Hong Kong, todo o diaBilhetes a partir de 580 dólares de Hong Kong

MERCADO ‘VINTAGE’ Leather Motel, Centro Polytex da Areia Preta, todo o diaEntrada livre

• DiariamenteEXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS”DE VICTOR MARREIROS(ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store, Rua Almirante SérgioEntrada livre

EXPOSIÇÃO “PÁSSAROS DE MACAU”, DE JOÃO MONTEIRO(ATÉ DIA 29/11)Consulado-geral de Portugal em Macau Entrada livreSócrates ainda não bebeu a cicuta. Nós já.

H O J E H Á F I L M E

18 OPINIÃO hoje macau quinta-feira 27.11.2014

S E há algo que os chineses valorizam e que não se pode quantificar, transaccionar, penhorar, depositar no banco a render juros ou esconder debaixo do colchão, isso é a “face”. Outros conceitos abs-tractos como a dignidade, o bom nome, e até a um certo ponto a própria honra, são negociáveis, e há ainda outros como a sofisticação e o requinte que se podem comprar ao quilo ou à dúzia – basta ter

dinheiro, e como diz muito bem o povo anglo-saxão, “money talks, and bullshit walks”. Mas o que não se pode comprar mesmo é a face, dê por onde der: esta “face” não tem valor...facial, por mais paradoxal que isto pareça. Claro que ninguém, independente da sua nacionalidade ou grupo étnico gosta de ser humilhado, de ser tido como um cobarde ou um frouxo, desprezado por todos e a quem as crianças chamam nomes feios quando por ele passam, porque os pais lhes disseram que “não era preciso dar-lhe cara”. É normal, e trata-se apenas de uma caracte-rística inata desse “animal social” que é o Homem.

No Ocidente temos a noção de que os cuidados com a imagem e a preocupação em manter uma “ficha limpa” são um problema das figuras públicas: polí-ticos, artistas, atletas de alta competição, em suma, todos

bairro do or ienteLEOCARDO

As muitas faces de nenhuma moeda

Os povos asiáticos, talvez devido à rigidez dos seus códigos de conduta a que não é alheia alguma superstição própria das civilizações ditas pagãs, levam isto da “face”muito a sério

os que ganham a vida não só fazendo o que fazem, mas também sendo o que são, ou o que aparentam ser. A nossa natureza humanista faz-nos ter uma leitura mais tolerante de algumas situações; se deparamos com um desgraçado a ser enxovalhado por alguém sem razão aparente, temos tendência para censurar o agressor, e até intervir no caso deste passar dos limites do razoável. Dificilmente se tem em conta o factor da “face” do agredido nessas circunstân-cias. Todo o resto se insere no âmbito das nossas relações pessoais, e tem muito a ver com a importância que se dá à ideia do “eu” que queremos passar. Há quem opte por simplesmente ser quem é, e está-se nas tintas para o que os outros pensam, mas nem todos nos podemos dar ao luxo de ser um Marquês de Sade, um Luiz Pacheco ou um Manuel João Vieira, e há que pelo menos respeitar o protocolo, mesmo que não nos dê vontade de cumpri-lo – uma colher de sopa cheia de hipocrisia de vez em quando ajuda a aliviar essa “tosse”.

Os povos asiáticos, talvez devido à rigidez dos seus códigos de conduta a que não é alheia alguma superstição própria das civilizações ditas pagãs, levam isto da “face” muito a sério, como se de um assunto entre mortais se tratasse, mas com uma registo a ser mantido pelos deuses – contas do profano que entram na declaração de interesses patrimoniais do sagrado. Aqui encontramos no Japão o extre-mo deste fenómeno; herdeiros dos antigos “samurai”, para eles a honra é tudo, e a “face” a medida visível desse valor. Não surpreende portanto que muitas vezes um político ou um homem de negócios caídos em desgraça, e que assim tenham “manchado o seu nome e desonrado o nome dos seus ancestrais” – ou qualquer coisa mais ou menos deste tipo, em tons de melodrama dos bichos-da-seda – suicidam-se praticando “hara-kiri”, ou remetem-se ao exílio solitário de um ermitão, ou tomam outra atitude drástica e intraduzível para os parâmetros oci-dentais. Com os chineses é diferente, e mesmo não sendo tão trágico ou sequer irremediável, é igualmente sério, só que funciona como um jogo. Na posição de espectador é interes-sante assistir, e chega até a ser divertido, mas convém estar atento , não vá o touro saltar a trincheira enquanto estamos

entretidos a bater palmas e a gritar “olés”. Pensar que o “jogo da face” é um assunto estritamente sínico e que não nos diz respeito tem esse senão: transmite uma falsa sen-sação de segurança.

Passo a contar um episódio que aconteceu comigo, que ilustra bem não só a importância des-se valor da “face”, mas também prova que não há face que esteja imune a levar uma bofetada, mesmo que no sentido figurativo. Estava num belo dia de trabalho a verificar documentos, quando deparo com um pequeno lapso da parte de uma colega que con-fundiu “Áustria” com

“Austrália” – um equívoco mais comum encontrar nou-tros nomes de países, casos de Eslovénia/Eslováquia, ou Mónaco/Marrocos, devido à sua forte semelhança quando traduzidos para a língua chinesa. Aqui penso que foi a romanização, a causa da confusão. Fui muito diplomatica-mente pedir-lhe que corrigisse a falha, que nem tinha assim tanta importância, e para que não se sentisse melindrada até revesti o caso de alguma ligeireza, falando de valsas e cangurus, enfim, uma ou duas graçolas parvas para que ficasse bem claro que não era grave. Ela reagiu dentro do normal, tudo bem, foi emendado o lapso e assim se passou mais um dia. Na manhã seguinte fui abordado por um outro colega, que com um ar intrigado me perguntou “o que se tinha passado”. Foi aí que me caiu o queixo de espanto ao saber que a tal colega do dia anterior foi contar aos restantes que a “humilhei”, pois fiz “publicidade do seu erro”, e para tal “levantei a voz”, e pior do que isso,

“tratei-a pior que um cão”. E por-quê? Tudo porque no momento em que lhe apontei o lapso estava outro colega naquela sala, e portanto ao ignorar esse facto, fiz-lhe “perder face”.

Para quem tem seguido nas úl-timas semanas esta série de artigos que tenho dedicado às pequenas diferenças que encontramos no convívio entre as culturas Ocidental e Oriental, recomendo que leia (ou releia) o texto publicado no dia 6 de Novembro, “Horror ao erro”, que ajuda a entender melhor a reacção da minha colega. No entanto ficou

aqui evidente que a perda de “face” tem também uma com-ponente química. Dois amigos que se conhecem há anos podem ter a liberdade de apontar os defeitos um do outro, no contexto de uma brincadeira normal entre compinchas, mas na presença de terceiros, especialmente se estes forem estranhos, torna-se completamente proibitivo, sob o risco de “perder a face”. É como ter carvão e salitre: juntos não reagem, mas na presença do enxofre como um terceiro ele-mento, produzem a pólvora. Nesta arte de proteger a face, às vezes não importa tanto a forma como é apresentado o desaforo, mas quem o apresenta, mas esse é o tema da próxima semana. Fiquem atentos!

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ANÚNCIOHM-1ª Vez 27-11-14

Acção de Interdição nº CV1- 14- 0034-CPE 1.º Juízo Cível

Requerente: MINISTÉRIO PÚBLICO. Requerido: LI CHUNG CHEUNG.

***A MERITÍSSIMA JUIZ DO 1.º Juízo CÍVEL DO

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE DA R.A.E.M. FAZ SA-BER que:

Foi distribuída ao 1.º Juízo Cível do Tribunal Ju-dicial de Base de R.A.E.M., a Acção acima mencionada, proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO contra LI CHUNG CHEUNG, do sexo masculino, casado, natural de China, nasci-do a 05/08/1936, titular do B.I.R.M. n.º 1xxx6xx(0), residente em Macau na Estrada de Seac Pai Van, habitação social Lok Kuan, bloco 4, 22.º andar Z, para efeitos de ser declarado a sua interdição por anomalia psíquica.

R.A.E.M., aos 17 de Novembro 2014.

19 opiniãohoje macau quinta-feira 27.11.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

S ÃO impressionantes os casos de amor que se têm revelado nestes tempos de ébola. Amores antigos, novos, requentados, reaquecidos, ciúmes, inveja, paixão enlouquecida. O amor nutrido por certas pessoas por aquilo que é de todos, pela ri-queza alheia e pelo poder total é acompanhado pelo sadismo de

humilhar, roubar e subjugar os muitos que são expoliados pelos embriagados de Vénus.

Comecemos por um trio escaldante. O amor entre Zeinal Bava, Henrique Granadeiro e Ricardo Salgado é uma história que vem de longe. Hoje já estão distantes os românticos banhos a la Tio Patinhas com as dezenas de milhões de euros que iam sendo produzidos pelos trabalhadores e trabalhadoras da PT. Este trio alargava-se em orgias com uns poucos acionistas: épicas, diz-se. A chuva dourada de notas de 200€ sob o leito carmim de notas de 500€, transpirava toda a luxúria que envolvia a operação da Portugal Telecom.

Para que este amor se desenrolasse num clima tranquilo, os 28 mil trabalhadores da PT, a grande maioria dos quais altamente precarizados e mal pagos, mantinham a empresa, enquanto o produto do seu trabalho era cobiçado e consumido pela paixão mi-lionária. Este trio não acabou bem. Salgado começou a tornar-se egoísta na sua paixão e a autosatisfazer-se longe dos outros. Num derradeiro ato de loucura, Granadeiro e Zeinal injetaram em Abril 900 milhões de euros de puro amor na Rioforte, apesar de em Março já se saber que estava falida.

João Camargoin Esquerda.net

O amor em tempos de ébolaO investimento final numa relação falhada

deixou-os de rastos. Foram-se embora com uma fotografia de outros tempos, no valor de 5,4 milhões. Para trás ficou a casa do amor, a PT, descapitalizada e sem o perfume do amor que por lá se viveu durante tantos anos. Mas já há muitos amigos do amor alheio a cobiçá-la.

O segundo romance é de um homem, com ar tímido, que se esconde atrás de grossos aros de óculos. Bruno Maçães, secretário de Estado dos Assuntos Europeus, está embevecido pelo Tratado Transatlântico de Comércio e Investimento entre os Estados Unidos e a União Europeu (TTIP). Mas não é o único. Em conjunto com outros membros de governos europeus, Maçães escreveu uma carta de amor à União Europeu, em que exprimiu o seu desejo apaixonado de se deitar e rolar com as grandes multinacionais e grupos financeiros, esquecendo o casamento de conveniência que foi assumir um lugar no governo português e comprometer-se a defender o interesse dos cidadãos. Mas o TTIP não liga aos amores periféricos,

apenas quer o amor das grandes potências: Alemanha, França e Estados Unidos.

Para terminar, um amor à prova de bala. Aníbal, Cavaco Silva, está apaixonado de morte pelo governo PSD-CDS. É um desejo que ultrapassa fronteiras, lógica, lei, que de-safia os poderes, o tempo e a razão. Depois de décadas a comandar os destinos políticos do país, como ministro das Finanças, primeiro--ministro e Presidente da República, Cavaco ama hoje, mais do que nunca, os seus. É fiel na sua paixão. As suas mãos suam e tremem quando ouve Passos Coelho dizer aquilo que ele mesmo dizia há anos. E nada o fará deixar cair o governo a quem fez jura de amor eterno. Tal como os maiores apaixonados arranjam sempre nomes fofinhos para o objecto do seu amor, Cavaco também. “Ó, minha respeitabili-dadezinha, gosto tanto de ti” ou “Quanto mais lhes bates, mais gosto de ti, estabilidadezinha” é o que se pode ler nos bilhetinhos e SMS que Cavaco Silva envia para os Conselhos de Ministros. As coligações podem desfazer-se, os ministros estar envolvidos em corrupções, esquemas, tutelarem áreas nas quais têm in-teresses privados, os orçamentos podem ser inconstitucionais, todos, tudo. Estas adversi-dades só servem para fazer prova que Silva ama além lei, além de tudo.

Os amantes do alheio amam apesar e além de tudo, porque os seus corações são grandes, mas ainda maiores são as suas carteiras e as dos seus amores. Já nós, pessoas normais, somos acusados de ser ciumentos por estes grandes apaixonados. É que aquilo é amor demais para tão pouca gente. E nós achamos que o amor deve ser para todos.

Os amantes do alheio amam apesar e além de tudo, porque os seus corações são grandes,mas ainda maiores sãoas suas carteiras e asdos seus amores

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hoje macau quinta-feira 27.11.2014

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Economia Nobelsugere investimentono exteriorO Nobel da Economia, Robert Engle, sugere que Macau invista as suas reservas financeiras noutros países além da China, de forma a aumentar o risco de investimento. De acordo com notícia da revista Macau Business, Engle considera que esta medida poderia fortalecer a economia local, caso este sector da China tenha uma quebra. “Se o maior risco para a economia de Macau é a economia chinesa, então não se vai querer investir todo o dinheiro neste país. Devem investir noutros activos pelo mundo”, disse o prémio Nobel. “Se se estiver a investir no exterior e a economia chinesa estiver bem, então o valor do portefólio da economia local pode descer. Contudo, neste cenário, o dinheiro estará sempre a circular e Macau vai ser próspera”, rematou Engle.

ETAR Suspensão de oito horas do serviçoDevido a uma fuga de água numa conduta de descarga da Estação de Tratamento de Águas Residuais de Macau (ETAR), que requer por isso reparação, o funcionamento da estação será suspenso num período de oito horas, entre as 9 e as 17 horas do dia de hoje. A Direcção dos Serviços para a Protecção Ambiental (DSPA) informa ainda que, com a colaboração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, procederá à suspensão temporária do funcionamento da ETAR, para que se possam concluir as obras o mais rápido possível. No mesmo comunicado, a DSPA informa que relativamente às águas costeiras, será mantida a qualidade das mesmas e caso exista alguma alteração a população será de imediato avisada.

Grande PrémioLucros de 51 milhõesA 61ª edição do Grande Prémio de Macau, que chegou ao fim no passado dia 16 de Novembro, registou lucros de 51 milhões de patacas, sendo que só em venda de bilhetes originou ganhos de 12 milhões. Em quatro dias, o evento recebeu 80 mil pessoas, 121 equipas, 213 pilotos, sendo que 54 deles são locais. Dados divulgados ontem pelos Serviços de Turismo (DST) e a Polícia de Segurança Pública (PSP) revelam que Macau recebeu, em três dias, 650 mil visitantes, sendo que a taxa média de ocupação dos hotéis foi superior a 95%, números que “bateram recordes”.

JOÃO VALLE [email protected]

O norueguês Magnus Carlsen conse-guiu manter o título após os nervos de Anand claudicarem de forma algo inexplicável na penúltima partida do

match. O que sucedeu foi verdadeiramente ines-perado pois na Partida nº 11, quando o resultado estava em 5,5-4,5 a favor de Carlsen e Anand conduzia as peças negras, o indiano descobriu um lance extraordinário que o colocou em posição francamente vantajosa e susceptível de o fazer averbar uma vitória mas logo a seguir sacrificou uma Torre por Bispo sem propriedade que acabou por lhe custar a partida. A tragédia da Partida 6 repetia-se e com esta vitória Carlsen acabou por manter o título sem necessidade de se jogar a 12ª e última partida do match.

Foi realmente trágico e pode-se dizer que Anand teve o pássaro na mão por duas vezes no match, nestas partidas 6 e 11, mas não só o deixou fugir como ofereceu a vitória a Carlsen. O norueguês, por seu turno, não impressionou. Dir-se-ia que mais do que ter ele ganho o match foi Anand quem o perdeu. Aliás, na conferên-cia de imprensa que se seguiu a esta partida, o campeão confessou ter tido a sorte do seu lado. Já Anand declarava simplesmente que não tinha conseguido manter o sangue-frio mas, pelo me-nos, não tinha perdido sem assumir o lado mais arriscado do xadrez. “É óbvio que me falharam os nervos” disse Anand logo depois de felicitar Carlsen pelo seu título.

Carlsen ganhará 600.000 euros e Anand 400.00, embora ambos tenham que doar 20% dos prémios à FIDE. Para a história ficará o registo de que Carlsen venceu o match do campeonato do mundo por 6,5-4,5, mas Anand esteve prestes a desferir um golpe brutal no duelo de Sochi. Contudo, diga-se em abono da verdade, que depois de Anand ter sacrificado uma Torre por Bispo, se a hipótese de as negras ganharem a partida ficou afastada, a conversão da posição daí resultante numa vitória das brancas requeria precisão e nesse ponto Carlsen não deixou os seus créditos por mãos alheias presenteando-nos com um venenoso sacrifício de Cavalo.

PARA A HISTÓRIAVeja-se o diagrama após o lance 35 das negras, BC5:

A sucessão dos lances finais após esta posição foi a seguinte: 36 Txc7+! Txc7 37 Cxc7 Rc6 -

Índia Jovem sucumbe a queimaduras infligidas por resistir a violação

UMA jovem morreu no norte da Índia, sucumbindo às

queimaduras infligidas por um grupo de homens como castigo por ter resistido às suas ten-tativas de violação, informou ontem a polícia.

Na Índia os ataques sexuais continuam a ocorrer, numa base quase diária, apesar da revol-ta, em 2012, com contornos internacionais, desencadeada pela morte de uma estudante, de 23 anos, vítima de violação colectiva num autocarro.

A polícia indiana prendeu quatro homens alegadamente envolvidos no ataque, ocorrido depois de a menina, de 15 anos, ter saído de sua casa no estado do Uttar Pradesh no passado domingo, dia 16.

A família da jovem disse à polícia que seis homens arrastaram-na para o interior de casa depois de ela se opor aos seus gestos obscenos e às tentativas de lhe tocarem, ex-plicou o superintendente local RK Sahu.

Os homens depois encharca-ram-na de querosene e atearam--lhe fogo como castigo em Sha-hjahanpur, a 277 quilómetros a sudeste de Nova Deli, de acordo com a família da menina.

A jovem foi transportada para um hospital local, mas morreu na sequência dos feri-mentos na noite de domingo, informou o mesmo respon-sável.

“Quatro dos seis acusados foram detidos. Todos pertencem à mesma cidade e à mesma casta da menina”, detalhou, acrescentando que as polícias prosseguem as buscas pelos outros dois suspeitos.

CAMPEONATO DO MUNDO DE XADREZ

Carlsen renova o título

Aqui, se o Rei em vez de ir para c6 capturar o Cavalo em c7, seguir-se-ia Tc1 e as brancas cap-turavam um dos valiosos Bispos da negras, por isso é que o sacrifício do Cavalo pelas brancas era venenoso e não foi aceite pelas negras - 38 Cb5! Bxb5 39 axb5+ Rxb5 - a situação ainda é complexa porque os peões ligados “a”e “b” das negras podem possibilitar a promoção de pelo menos um a Dama, caso alcance a oitava casa. É preciso ser mais rápido no contra-ataque e simultaneamente não descurar o perigo daquele par de peões: 40 e6 (o contra-ataque), 40…b3 41 Rd3 (imprescindível para o controle do par de peões negros) 41…Ae7. As negras parecem ter tudo controlado, mas as brancas vão abrir nova frente de ataque decisiva: 42 h4 a4 43 g5 hxg5 44 hxg5 a3. As brancas obtiveram mais um peão passado, desta vez na coluna “g”. Mas a partida ainda não acabou. As negras continuam muito perto de promover um dos seus peões primeiro. É necessário nervos sólidos. Se as brancas se deixam levar pelo entusiasmo e avançam já com o seu peão em “g5”, aconteceria o seguinte: 45.g6 a2, 46.g7? b2, 47.g8=D, b1=D mas com xeque ao Rei branco. E aqui a partida garantiria pelo menos o empate às negras.

Só que Carlsen jogou simplesmente o frio e vitorioso lance 45.Rc3. e assim as negras perdem todas as hipótese de promover um peão.

Anand levanta-se e aperta a mão de Carlsen. O título mundial não mudou de mãos!