hoje macau 20 nov 2014 #3218

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INDÚSTRIAS CRIATIVAS TUFÕES Obrigado a estar seguro REDE G4 Operação longa espera JOVENS Quando o futuro deprime AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 20 DE NOVEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3218 hojemacau O PIOR DOS PIORES METRO OBRAS E ORÇAMENTO CONTINUAM SEM RESPOSTA De todos os projectos públicos em construção o Metro Ligeiro foi considerado pela 2ª Comissão Permanente da AL o que está em “pior situação”. No debate sobre o relatório do orçamento de 2013, perguntas sobre a conclusão das obras e a derrapagem financeira não obtiveram resposta do Governo. h PUB PÁGINA 4 PÁGINA 7 PÁGINA 8 PÁGINA 5 Evoluir para sair REPORTAGEM PÁGINAS 2-3 Os fazedores de transtornos mentais

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Hoje Macau N.º3218 de 20 de Novembro de 2014

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INDÚSTRIAS CRIATIVAS

TUFÕESObrigadoa estarseguro

REDE G4Operaçãolongaespera

JOVENSQuandoo futurodeprime

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q U I N TA - F E I R A 2 0 D E N O V E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 1 8

hojemacau

O PIOR DOS

PIORES

METRO OBRAS E ORÇAMENTO CONTINUAM SEM RESPOSTA

De todos os projectos públicos em construção o Metro Ligeirofoi considerado pela 2ª Comissão Permanente da AL o que estáem “pior situação”. No debate sobre o relatório do orçamento

de 2013, perguntas sobre a conclusão das obras e a derrapagemfinanceira não obtiveram resposta do Governo.

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PÁGINA 4

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Evoluir para sair

REPORTAGEM PÁGINAS 2-3

Os fazedoresde transtornosmentais

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hoje macau quinta-feira 20.11.20142 REPORTAGEMAs indústrias culturais estão, segundo o Governo, a ir de vento em popa. Contudo, os artistas locais preferem esperar para ver, na terra em que muito evolui a passo de caracol. Todos querem, no entanto, ver os seus trabalhos nascer localmente para um dia correrem mundo

LEONOR SÁ MACHADO [email protected]

O sector das indústrias culturais e criativas tem sido um daqueles em que o Governo

mais diz querer investir. À primeira vista, tudo parece estar a andar a galope, na pequena região que hoje em dia tem o quarto maior PIB per capita do mundo. Há, sem dúvida, dinheiro de sobra, mas a questão reside no destino que este tem. De acordo com os testemunhos recolhi-dos, esta é a região onde os criativos, empreendedores e artistas nascem, mas não onde moram para sempre. Actualmente, tudo é passível de mu-dança e é isso mesmo que pessoas como José Drummond, Fernando Eloy, Bárbara Ian ou Clara Brito procuram. É que sabem, a criativi-dade move montanhas e essas não as há por estes lados.

Bárbara Ian é residente em Macau e estudou Moda no Reino Unido, mas decidiu voltar para a terra que a viu nascer. A estilista, a quem recentemente foi oferecido um estúdio de trabalho por menos de 3000 patacas mensais, considera que “o Governo tem feito muita coisa”, embora haja, claro, margem para que esta indústria cresça muito mais. “O mercado tem vindo a evo-luir mesmo muito nos últimos dois anos, com a introdução de alguns subsídios. No entanto, ainda falta muita coisa, quando comparando com outras cidades mais culturais”, referiu a apaixonada por moda.

As medidas que têm vindo a ser desenvolvidas pelo Executivo têm, na opinião do criativo José Drummond, sido postas em prática lentamente, “como tudo um pouco em Macau”, acrescenta. O também fotógrafo descreve a posição do Governo face a este sector, que engloba empresários, criativos e verdadeiros artistas, como “um

INDÚSTRIAS CULTURAIS PROFISSIONALIZAR-SE EM MACAU E RUMAR AO ESTRANGEIRO

Lá para fora cá dentro

pouco umbilical” e de um olhar pouco abrangente. “Tudo depende das políticas [governamentais], do entendimento, do facto dos projectos serem aprovados... Com uma posição umbilical, será complicado colocar Macau fora de portas”, argumenta ainda José Drummond. O mesmo acrescenta que é irreal pensar-se que uma cidade sobrevive e bebe de uma indústria apenas, ilustrando que até o sector do Jogo, ainda que desenvolvido pelo Governo local, precisa de turistas que cá joguem.

Um dos projectos do Governo para alavancar e impulsionar o sec-tor assenta na criação do Fundo das Indústrias Criativas (FIC), criado no final do ano passado. As críticas tomaram agora a forma de dilúvio, com vários deputados, empresários e talentos locais a exigir satisfações sobre o desenvolvimento das in-dústrias culturais e criativas.

RENDAS RIDÍCULASRecentemente, Bárbara Ian ganhou a oportunidade de ser uma das 12 pessoas escolhidas, pelo Centro de Design de Macau, para ficar com um espaço de trabalho neste local, situado na Travessa das Fábricas. O mesmo aconteceu com Clara Brito e Manuel Correia da Silva, que desocupam agora o espaço que tinham no Albergue SCM para se

juntarem a outros empreendedores e artistas. Naquela rua da zona da Areia Preta, as rendas são baixas e não faltam infra-estruturas para os seus ocupantes, mas nem tudo são rosas para quem quer ser criativo no território. Mesmo depois de concedido um espaço, Clara Brito sabe olhar em volta e perceber que os preços elevados dos imóveis são dos principais e mais complexos problemas para quem pretende estabelecer um negócio no territó-rio. Também para o realizador de cinema, Fernando Eloy, a questão das rendas é preocupante.

TAL & QUALO cineasta aponta, no entanto, a falta de coordenação interde-partamental do Executivo como principal problema do sector das indústrias culturais e criativas. “Tem havido falta de coordenação interdepartamental entre os ser-viços públicos”, referindo ainda

que organismos como o Instituto Cultural ou a Economia devem estar “mais sensibilizados” para a necessidade de financiamento destes empreendedores. É que,

para Eloy, a indústria do cinema não passa disso mesmo, de uma indústria. Se, por um lado, muitos se consideram artistas de corpo e alma, o cinema é, de acordo com declarações do cineasta ao HM, “uma indústria e um sector como a arquitectura”, explica. Eloy aproveita ainda para clarificar, em jeito de brincadeira, que os arquitectos são os realizadores e os empreiteiros, os produtores. É que no fundo, tanto o cinema como a arquitectura bebem da fonte da criatividade, mas precisam de dinheiro para subsistir. “Acho que se tem confundido muito o apoio a artistas e as indústrias”, refere ainda Fernando Eloy, que fala de empresários neste sector, e não de artistas.

Também José Drummond apon-ta a necessidade de mudanças na mentalidade do Executivo. É que, de acordo com o criativo, há muito mais no mundo das indústrias cul-turais e criativas do que ‘recuerdos’ desta região. “Acho que o Governo tem que começar a pensar para além da perspectiva da criação de t-shirts e canecas” e olhar para uma peça de teatro ou dança, um filme ou uma tela de pintura como “um produto”. É que, na verdade, todos os esforços estão pensados para a venda lucrativas de elementos criativos ‘Made in Macau’.

O MERCADO MORA AO LADODe entre os vários depoimentos recolhidos pelo HM, são vários

“O mercado tem vindo a evoluir mesmomuito nos últimos dois anos, com a introdução de alguns subsídios. No entanto, ainda falta muita coisa, quando comparando com outras cidades mais culturais”BÁRBARA IAN Estilista

“Tudo depende das políticas [governamentais], do entendimento, do facto dos projectos serem aprovados... Com uma posição umbilical, será complicado colocar Macau fora de portas”JOSÉ DRUMMOND Artista, fotógrafo

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FIC SÓ ELES SABEMJá lá vão três anos desde que o Executivo primeiramente referiu a intenção de criar o Fundo das Indústrias Culturais (FIC), apenas viabilizado em Junho passado. Trata-se de um pacote de 200 milhões de patacas que será distribuído por concorrentes previamente seleccionados por um comité especializado e que devem satisfazer determinados critérios. O fotografo e criativo, José Drummond, é um dos concorrentes da lista para receber o FIC, que não integra apenas uma tranche financeira, mas sim várias modalidades. “Agora é esperar pelos resultados e pelas consequências disso”, responde Drummond, que se candidatou ao fundo através da empresa por si criada, a XA – Xiang Art. O FIC destina-se a pessoas colectivas, ou seja, empresas que pretendam investir no sector da cultura e criatividade. “O intuito do fundo é profissionalizar esta área e encará-la com seriedade”, remata Drummond. No fundo, só eles, jurados do fundo, sabem.

CRIATIVIDADE EM BARDADe acordo com o website oficial das Indústrias Culturais e Criativas de Macau, estavam, até ontem, inscritas 102 empresas e 56 associações na base de dados oficial. A servir de elementos agregador e de ponto de encontro entre clientes e empresas, estão o Albergue SCM, a Lines Lab, a ArtHouse Macau. Na lista de associações encontram-se a Live Music Association (LMA), a Creative Macau, a Art For All e o Armazém do Boi. As áreas envolvidas repartem-se em publicidade, pintura, música, fotografia, artesanato, ou organização de eventos.

ARTISTAS & NÃO SÓOs artistas e empresários não são os únicos que exigem mais apoios estatais. Na linha da frente na luta pela diminuição das rendas praticadas em Macau estão deputados como José Pereira Coutinho, Melinda Chan ou Angela Leong, que pedem mais esforços do Executivo a fim de realmente criar uma indústria cultural e criativa com verdadeiras pernas para andar. Hoje em dia, queixam-se dos planos governamentais demorarem demasiado tempo a passar do papel à prática. Numa interpelação escrita, Leong questionou mesmo o Governo sobre o investimento financeiro nos sectores do comércio, das indústrias culturais e criativas e do sector das convenções e exposições. No início deste ano, também Melinda Chan interpelou o Executivo acerca dos preços elevados das rendas, referindo que “muitas empresas “foram obrigadas a fechar ou mudar de instalações” por causa disso mesmo.

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3 reportagemhoje macau quinta-feira 20.11.2014

aqueles que referem o facto desta região ser nada mais do que um local de nascimento dos trabalhos e artistas. “Há espaço para a cria-ção em Macau e a cidade serve, certamente, de plataforma logís-tica e de rampa de lançamento”, disse Fernando Eloy ao HM. O especialista da sétima arte acres-centa, no entanto, que o território dificilmente terá capacidade para acolher uma grande e bem estru-turada indústria cinematográfica, seja pela escassez de profissionais especializados nesta área ou pelo simples facto do continente ter uma das indústrias de cinema mais desenvolvida da Ásia. “Torna-se impossível competir com sítios como a China ou Hong Kong”. Não se pode, de acordo com o realizador, pensar que Macau seja um mercado em si. Antes, prefere ver o território como uma “rampa de lançamento” para além-mundo. Assim, existe cada vez mais a no-ção de que o mercado “está aqui ao lado”, aquele que realmente acolhe e ajuda a expandir o tra-balho dos profissionais locais. É que, tanto para Clara Brito como para Fernando Eloy, é em Hong

Kong, na China e outros países da Ásia que existe capacidade para vender e expandir marcas e negócios.

Clara Brito fala ainda de ele-mentos como o desenvolvimento da Ilha da Montanha, referindo a forma como estes podem dar aso à expansão de talentos locais por esse mundo fora. A nova marca do casal – criada há cerca de um mês – foca-se, por isso mesmo, num mercado exterior ao território, principalmente abarcando países falantes de língua portuguesa e, claro, o restante continente asiáti-co. Macau é, também para Clara Brito, um “trampolim lá para fora”. A internacionalização é, para a es-tilista, uma “tendência do futuro” que parece estar a ganhar propor-ções cada vez maiores. “Há várias empresas que estão a começar a mudar-se para Ásia e o comprador do continente, que actualmente compra na Europa, vai deixar de o fazer em breve”, explica a estilista, que lida com o mercado local há mais de 10 anos. Neste momento, o casal de criativos pretende, com a recém-criada Munhub, juntar várias marcas europeias e locais

num mesmo sítio, simultaneamen-te tentando inserir empresas lusas de criatividade em feiras e espaços de mostra, por exemplo.

No fundo, o objectivo dos ta-lentos e empresários locais passa por uma primeira abordagem e implementação de projectos a nível local, de forma a viabilizar a expansão de outras ideias e marcas lá fora. São Bárbara Ian e José Drummond quem partilham desta opinião, o fotógrafo referindo que “qualquer artista tem que sair e continuar a mostrar o seu trabalho” para crescer ao nível profissional. Para a estilista macaense, a interna-cionalização é uma das vontades de qualquer artista, pelo que aproveita para referir as ajudas que o Exe-cutivo dá a quem pretende expôs no exterior.

FORMAÇÃO E COMPANHIA“Acho que a formação faz sem-pre falta e claro que é preciso haver pessoas especializadas. No entanto, se as indústrias não estiverem estruturadas, acabamos por ter gente formada, mas não há capacidade para empregar essas pessoas”, disse Fernando Eloy, quando questionado sobre a neces-sidade de formação de pessoal. É que, na opinião do cinematógrafo, não há grande margem de profis-sionais especializados na área cul-tural e criativa. Para Drummond, a região, à imagem de qualquer outro lugar no mundo, não pode subsistir com um sector apenas. “Macau teve um ‘boom’ econó-

mico muito repentino e temos uma camada jovem que poucas perspectivas tem além de traba-lhar no sector do Jogo”, lamenta. Para contrariar essa tendência, diz, é preciso criar mais cursos de formação para uma fatia da sociedade que, segundo o residente luso, mostra mais procura do que oferta. Tal é fácil de perceber, para Drummond, através da afluência das pessoas aos ‘workshops’ que o Museu de Arte de Macau e o Instituto Cultural têm organizado. Bárbara Ian considera que, embora a região continue a precisar de mais

cursos na área da criatividade, já muito foi feito. Os novos cursos de Arquitectura, Design Gráfico e de Moda, recentemente criados, são vistos pela estilista como factores muito positivos.

A formação é defendida por quase todos os entrevistados, mas são a tecnologia da informação, o ‘marketing’ e o empreendedorismo que Clara Brito destaca como áreas de interesse. “Acho que vão ser essas as ferramentas que permitirão chegar a outro tipo de públicos, uma vez que Macau tem um pú-blico muito específico”, explicou a designer ao HM. No fundo, a ideia geral assenta no facto de que os ta-lentos locais têm mais para oferecer além Rio das Pérolas, o território nunca sendo considerado a última paragem, mas sim a primeira de todas elas, numa viagem que pode integrar a volta ao mundo, senão a imortalidade da arte.

“Acho que se tem confundido muito o apoio a artistas e as indústrias”FERNANDO ELOY Cineasta

“Há várias empresas que estão a começar a mudar-se para Ásia e o comprador do continente, que actualmente compra na Europa, vai deixar de o fazer em breve”CLARA BRITO Estilista

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4 POLÍTICA hoje macau quinta-feira 20.11.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

O S deputados da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Le-

gislativa (AL) debateram on-

A 2.ª Comissão Perma-nente da Assembleia Legislativa (AL) vai

pressionar o Governo para criar uma norma que impeça que os empreiteiros com mau desempenho em obras públi-cas voltem a concorrer a um concurso público. “Temos indagado o Governo sobre a possibilidade de alterar essa instrução interna. Não há um

fundamento na lei que des-classifique o empreiteiro pelo seu mau desempenho. Isso acontece em todas as obras por concurso público”, explicou Chan Chak Mo.

“Isso é de conhecimento do sector da construção civil. Pessoalmente penso que se deve adoptar esse mecanismo, caso o empreiteiro tenha um mau desempenho. Porque é

que tenho de entregar obras à mesma pessoa? É uma situação que tem de ser estudada pela assessoria para que, através da lei, se possam estabelecer esses critérios”, acrescentou o depu-tado eleito pela via indirecta.

Nos concursos, um mau empreiteiro acaba por ter sempre a mesma pontuação ou avaliação, explicou ainda o presidente da 2.ª Comissão

Permanente. “Teoricamente, se o empreiteiro apresentar a proposta, o Governo tem de a admitir. Actualmente não há diferenças, porque não existe um mecanismo que proíba a sua participação em concursos públicos futuros. Não é por ter uma má obra que a pon-tuação desse empreiteiro num concurso público sofre um decréscimo”, concluiu. - A.S.S.

NOVOS ATERROS ZONA A ATRASADAParece ser um panorama geral na construção dos projectos públicos em Macau: obras refeitas, orçamentos que não são gastos, atrasos sucessivos. Chan Chak Mo garantiu ontem que também os planos para a zona A dos novos aterros, que terão habitação pública, também estão atrasados. “50% das obras já estão a ser executadas, espera-se que no próximo ano se possa recuperar o tempo perdido”, disse o deputado. De resto, as habitações públicas nas zonas do Fai Chi Kei e Tamagnini Barbosa também sofreram alterações nas obras, existindo também atrasos no desenvolvimento do plano arquitectónico do novo mercado abastecedor na Ilha Verde e das habitações públicas que aí serão construídas.

AL PÔR FIM AOS MAUS EMPREITEIROS NOS PROJECTOS PÚBLICOS

Incompetência fora do concurso

Deputados não conseguiram obter esclarecimentos sobre a ligação do metro ligeiroentre Taipa e Macau e qual a derrapagem financeira do projecto. A 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa questiona as baixas taxas de execuçãode orçamentos devido a atrasos de construção

METRO GOVERNO SEM RESPOSTA SOBRE OBRAS E ORÇAMENTO

O pior dos piores panoramas

“Perguntámos ao Governo quando é quevai concluir todas as obras e qual é a percentagem da derrapagem financeira, mas o Governo não conseguiu responder”CHAN CHAK MODeputado

tem o relatório do orçamento de 2013, cuja análise deverá estar concluída na próxima semana. Chan Chak Mo, pre-sidente da Comissão, garantiu que, de todos os projectos públicos actualmente em construção, o metro ligeiro

é aquele que está em pior situação.

“É um grande proble-ma, porque as obras só estão a ser realizadas no troço da Taipa e em Macau ainda está tudo por definir, alguns troços ainda estão

na fase de consulta. Por isso é que alguns deputados levantaram dúvidas sobre como vai ser feita a liga-ção entre os vários troços em Macau”, explicou o deputado.

À semelhança dos ou-tros projectos, também a taxa de execução do orçamento do metro foi baixa, a rondar os 41%. O orçamento previsto para o ano passado era de 3,9 milhões de patacas.

“O Governo esclareceu que isso tem a ver com o traçado, sendo que as des-pesas que estavam previs-

tas não foram realizadas. Perguntámos ao Governo quando é que vai concluir todas as obras e qual é a percentagem da derra-pagem financeira, mas o Governo não conseguiu responder”, frisou Chan Chak Mo.

SEMPRE A SUBIRA baixa taxa de execução orçamental do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) esteve no centro do debate de ontem, uma vez que apenas foi gasto 84% do orçamento destinado a “construções essenciais”.

Para além do metro ligeiro, obras como o novo Estabelecimento Prisional de Macau (EPM) ou o ter-minal marítimo levantaram dúvidas.

“Todos estão preocu-pados com o andamento das obras de construção do novo EPM. Há uma falta de controlo e fiscalização por parte do empreiteiro que pôs em causa a qualidade das obras. Em resposta, o Governo disse que, tendo em conta as experiências da primeira fase, as obras da segunda fase vão decorrer sem sobressaltos”, explicou Chan Chak Mo.

Já o terminal marítimo do Pac On tinha um orçamento de 130 milhões em 2013, mas “após a inspecção das obras verificou-se que não reuniam as condições e tiveram de ser refeitas. Isso afectou a taxa de execução”, concluiu o deputado.

Chan Chak Mo garantiu ainda que em Março do pró-ximo ano, quando Chui Sai On apresentar as Linhas de Acção Governativa (LAG), as baixas taxas de execução orçamental serão um dos te-mas fortes levantados pelos deputados.

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5 políticahoje macau quinta-feira 20.11.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

O Conselho Per-manente de Con-certação Social (CPCS) pediu,

o Governo e a Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) decidiram: o decreto-lei que regula os aci-dentes de trabalho e doenças profissionais vai ser revisto, estando prevista a sua entrada em vigor no próximo ano, foi ontem dito numa apresentação do Conselho Executivo.

Uma das principais al-terações prende-se com a obrigatoriedade das empre-sas em adquirirem seguro para os trabalhadores que tenham de prestar serviço em alturas de tufão, mas apenas para aqueles que não podem ser dispensados. Caso sejam encontrados trabalhadores a prestar serviço em alturas em que o sinal 8, ou superior, esteja içado, as empresas po-dem incorrer em infracções.

Segundo Leong Heng Teng, porta-voz do Con-selho Executivo, a lei terá um âmbito mais alargado para “maior protecção dos trabalhadores”. Os traba-lhadores passam a estar abrangidos pelo seguro no percurso entre a residência e o local de trabalho, caso este se desloque em veículos da empresa ou de acordo “com o estabelecido com o

JOANA [email protected]

L OK Po, director do jor-nal Ou Mun, vai fazer parte do Conselho de

Curadores da Fundação Macau. O anúncio foi ontem feito através de um despacho publicado em Boletim Oficial.

Foi o próprio Chefe do Executivo, Chui Sai On, quem assinou o despacho que nomeou Lok Po, sendo que esta nomeação já está em vigor e não é a única atribuída ao director do jornal chinês.

Lok Po fará ainda parte da Comissão de Designa-ção de Medalhas e Títulos Honoríficos, que atribui honras a determinadas personalidades de Macau.

Lok Po junta-se ago-ra a outros nomes bem conhecidos da sociedade de Macau. O Conselho de Curadores da Fundação conta com uma dezena de membros, sendo que a maioria faz também parte do Conselho Executivo, da Conferência Consultiva do Povo Chinês (CCPC), da Assembleia Nacional Popular (APN) e do Colé-gio Eleitoral que escolhe o Chefe do Executivo. Alguns também acumulam ou acumularam outros cargos.

LISTA DE ILUSTRESLiu Chak Wan, membro do Conselho Executivo, representante na CCPC e empresário é um dos no-

mes na lista de curadores da Fundação Macau, ao qual se juntam Lei Pui Lam – vice-presidente da Associação de Pro-moção da Lei Básica, da Associação de Educação e do Centro de Ciência de Macau e delegado da APN -, Lionel Leong – dele-gado da APN e membro do Conselho Executivo -, Ho Teng Iat – da CCPC -, as ex-presidentes da Assembleia Legislativa Susana Chou e Anabela Ritchie, sendo a primeira representante na CCPC, os deputados José Chui Sai Peng, Chan Meng Kam e Angela Leong, o primeiro delegado de Macau na APN e o segundo membro do Conselho Executivo, Ng Fok, empresário, Eric Yeung Tsun Man, da CCPC e o próprio Chefe do Exe-cutivo, Chui Sai On.

A Fundação Macau conta ainda com Peter Lam, membro do Conselho Executivo e da CCPC, como vice-presidente do Conselho da Administra-ção. Lok Po é também delegado de Macau na APN.

Trabalho Sobreposição de feriadosincluída na revisão da lei O deputado Ho Ion Sang questionou a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais sobre a revisão da Lei das Relações do Trabalho, perguntando se a questão da sobreposição de feriados com dias de descanso semanal vai ser tida em conta aquando da revisão da legislação. A DSAL defende que está sempre aberta às opiniões da sociedade – que têm sido muitas sobre este tema – e assegura que a questão está incluída na revisão da lei.

“A lei torna o seguro obrigatório mas permite que haja casos em que não se justifica [a obtenção de seguro], porque há trabalhadores que podem ser dispensados naturalmente” ANTÓNIO FÉLIX PONTES Responsável pela área seguradora da AMCM

FUNDAÇÃO MACAU DIRECTORDO OU MUN NOVO CURADOR

Caras conhecidas

O Governo vai rever um decreto-lei de 1995relativo a acidentes de trabalho e doenças profissionais. Uma das novidades é a obrigatoriedade das empresas em adquirirem seguros para os seus trabalhadores em alturas de tufão, mas sópara aqueles que não podem ser dispensados

TUFÕES EMPRESAS COM SEGUROS PARA TRABALHADORES

Nuvens dissipadas

empregador”. Os trabalha-dores que frequentem acções de formação, que prestem cuidados de emergência ou que protejam pessoas ou a “propriedade do em-pregador” também estarão abrangidos.

MAIS DIREITOS“Antes não havia essa norma porque era considerado uma força maior, mas entende-

mos que muitas empresas trabalham em alturas de tufão e precisam de adquirir seguros”, disse Leong Heng Teng, lembrando que caberá à entidade patronal cobrir todas as despesas.

António Félix Pontes, responsável pela área segu-radora da AMCM, garantiu que é objectivo “aumentar os direitos dos trabalhado-res” e que as seguradoras

estão “preparadas” para esta novidade.

“A lei torna o seguro obrigatório mas permite que haja casos em que não se justifica [a obtenção de segu-ro], porque há trabalhadores que podem ser dispensados naturalmente”, acrescentou.

Mudam ainda os prazos a serem cumpridos pelas empresas. No caso do aci-dente acontecer na empresa, deve-se comunicar à segura-dora no prazo de 24 horas, quando se tratar de situações já previstas, a participação deve ser feita em cinco dias, quando antes a empresa tinha um dia para fazer o aviso. No caso de doenças profissionais, o aviso deve ser feito um dia após o seu diagnóstico.

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6 política hoje macau quinta-feira 20.11.2014

A diversificação económica continua a marcar a agenda do Executivo

FLORA FONG [email protected]

O Chefe do Gabinete de Estudo das Polí-ticas, Lao Pun Lap, assegurou ontem

que o Executivo vai, no futuro, continuar a “insistir em colocar a melhoria da vida da população como prioridade”. Lao Pun Lap admite que a revisão do sistema jurídico da RAEM ainda não está nem totalmente coordena-do, nem totalmente adequado ao desenvolvimento da economia de Macau, mas assegura que a diversificação económica é, sem dúvida, “a escolha óbvia” do Executivo.

Lao Pun Lap diz que a diversificação da economia é uma escolha óbvia do de-senvolvimento a longo prazo de Macau e assegura que o Governo já está a promover o crescimento dos sectores relacionados com a indústria de Jogo, bem como a estimular outras novas indústrias fora deste sector.

ALTERNATIVAS EM PROMOÇÃONuma resposta a uma interpe-lação escrita do deputado Si Ka Ion, o responsável frisa que o

O Secretário para a Eco-nomia e Finanças, Fran-cis Tam, assinou um

Memorando para o aprofun-damento da cooperação entre Macau e Fujian. O documento vai permitir que a RAEM par-tilhe os benefícios de ser uma plataforma para os países de língua portuguesa com Fujian.

“O intercâmbio mútuo e as relações cooperativas entre Macau e Fujian têm sido mais desenvolvidos e reforçados e estão a desenrolar-se progressiva-mente em vários domínios e em níveis mais elevados”, começa por apontar um comunicado. “Os dois lados procederam activa-mente a estudos em várias áreas de cooperação, nomeadamente a exploração conjunta do mercado dos Países de Língua Portuguesa, o turismo, exposições e conven-ções, entre outros. É de salientar que, no âmbito do mecanismo da Associação de Promoção da Cooperação Económica entre Macau e Fujian, a troca de visitas de alto nível e o intercâmbio entre entidades homólogas dos dois

Videovigilância Críticas ao atraso na reavaliação da lei A deputada Kwan Tsui Hang criticou ontem o Executivo porque considera que o projecto de reavaliação da lei que gere as câmaras de videovigilância ainda não foi feito, apesar de terem passado já dois anos desde a implementação do Regime Jurídico da Videovigilância em Espaços Públicos. A deputada relembra que o director do Corpo de Polícia de Segurança Pública (PSP) tinha referido este ano que é preciso alterar alguns pontos de localização de alguns destes equipamentos, mas Kwan Tsui Hang aponta o dedo, porque nada ainda foi feito. A deputada critica não só o facto de o plano estar sem calendário, como diz suspeitar da baixa eficiência dos trabalhos das autoridades, que, diz, adiam uma e outra vez a montagem/desmontagem destas câmaras de gravação interna (CCTV). Kwan aponta que é preciso rever seriamente as causas deste atraso, que diz ser muito grave.

Chan Meng Kam Canais Básicos deve ser avaliada

O deputado Chan Meng Kam pediu ontem ao Governo para explicar se

a Canais de Televisão Básicos de Macau, a nova empresa que ficou encarregue da gestão os canais televisivos, vai acres-centar mais canais para responder às necessidades da população. O deputado quer ainda um calendário “concreto da fusão das três redes (Triple Play”) e a avaliação da viabilidade do relatório final da Universidade de Macau.

Na interpelação escrita, Chan Meng Kam apontou que a Canais de Televisão Básicos de Macau foi criada com capital do Governo e já oferece serviços há mais de meio ano, mas o deputado ainda se diz preocupado com a qualidade do acesso e a quantidade de canais, questionando se estas correspondem às necessidade da população.

Para além disto, no que toca à fusão das três redes, o deputado critica o facto de não haver um calendário concreto e questiona como está o processo da fusão das três redes para esclarecer os residentes.

Recorde-se que o Governo já disse que só deveria ter capacidade para implementar este sistema em 2017. - F.F.

LAO PUN LAP CONSULTAS PÚBLICAS SÃO PARA CONTINUAR

Tudo pela população

A diversificação da economia é uma escolha óbvia do desenvolvimentoa longo prazode Macau

PLP MACAU PARTILHA MERCADO LUSÓFONO COM FUJIAN

Benefícios divididosPortuguesa, aprofundamento da cooperação na indústria de exposições e convenções, intensificação da colaboração nas áreas turísticas e financei-ras e promoção do intercâmbio na área cultural e em diversos domínios”.

Executivo da RAEM e o Gover-no Central têm impulsionado a diversificação da economia em Macau e que é verdade que o Governo já está a levar a cabo a promoção da indústria de turismo, das exposições e de retalho, entre outras indústrias relacionados com o sector de jogo. Além disso, sublinha, o Executivo está a estimular activamente as indústrias fora do sector de Jogo, tais como a medicina chinesa e as indústrias culturais e criativas.

Lao Pun Lap assegura que, futuramente, o Governo vai consolidar a construção do sistema jurídico, fazendo uma

melhoria na legislação de leis fundamentais e de processos da elaboração de leis. Além disso, diz, vai-se insistir na ela-boração de consultas públicas depois das grandes propostas de lei entrar em processo de legislação, “para gerar o maior consenso da sociedade”.

Lao adianta ainda que o Governo está a estudar um mecanismo para distribuir melhor a riqueza, de forma a apoiar mais os projectos sociais.

territórios têm sido aumentados, o que significa que, este tipo de mecanismo de cooperação assen-te no impulsionamento por partes governamentais e na participação interactiva por parte da popula-ção, constitui uma forma eficaz da cooperação regional.”

O Memorando foi assinado por Francis Tam e pelo vice--Governador da província de Fujian, Zheng Xiao Song, sendo que este documento “implica essencialmente o reforço das acções conjuntas para explorar o mercado dos Países de Língua

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7SOCIEDADEhoje macau quinta-feira 20.11.2014

FLORA [email protected]

A S propostas das seis operadoras de telecomunica-ções para o con-

curso público de licencia-mento de operação de redes públicas de telecomunicações móveis 4G já foram abertas pela Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunica-ções (DSRT). O subdirector da DSRT, Hoi Chi Leong garantiu ontem que no pri-meiro trimestre de 2015 pode sair o resultado de avaliação das propostas, sendo que no quarto trimestre o serviço pode começar a operar.

Ontem foi a abertura ofi-cial das propostas da Com-panhia de Telecomunicações de Macau (CTM), da China Telecom, da Hutchinson Telefone (Macau) Limitada (Rede 3), da Smartone, da Companhia China Mobile Hong Kong Limitada e da U Hong Comunicações Limi-tada, sendo que duas “foram aceites condicionalmente” e as restantes totalmente aceites pelo Executivo.

Hoi Chi Leong disse sentir-se “contente” com a participação activa das seis concorrentes, esperando que a comissão do concurso escolha companhias que tragam “mais vantagens para Macau”.

“Os critérios de avalia-ção envolvem a capacidade tecnológica, o montante de investimento apresentado, a situação financeira, a cobertu-ra de rede, a proposta de tarifa, a garantia de dados móveis e medidas asseguradas de ava-ria”, explicou o subdirector da DSRT, que frisou ainda que a oferta de capitais mais altos

TurismoMacaucom pouco para visitar

SÃO ainda poucos, mas os visitantes de

Macau já começam a pe-dir ao Governo que me-lhore as infra-estruturas e os transportes do terri-tório. Da mesma forma, a maioria dos inquiridos queixa-se que Macau não tem lugares suficientes para visitar.

De acordo com dados da Direcção dos Servi-ços de Estatística e Cen-sos (DSEC), os turistas mostram-se satisfeitos com os hotéis e agências de viagem, mas 53% dos visitantes dizem que os lugares turísticos são insuficientes.

Com base em in-formações avançadas pela DSEC, a partir de resultados do Inquérito aos Comentários dos Visitantes no terceiro trimestre, fica a saber--se que os visitantes se queixam ainda dos autocarros e táxis. “[Fo-ram] 17% os visitantes que sugeriram que os serviços disponibiliza-dos pelos transportes públicos deveriam ser melhorados”, pode ler--se num comunicado da DSEC.

O organismo avança que os visitantes ficaram satisfeitos com os ser-viços e as instalações dos hotéis e similares (86%), bem como com os serviços das agências de viagem (84%).

Ainda de acordo com os dados, sabe-se que a despesa per capita dos turistas foi de 3310 patacas, uma subida de 4% em termos anuais. Já a despesa dos excursio-nistas desceu 8%.

Em termos da es-trutura da despesa, os visitantes despenderam, essencialmente, em com-pras (49%), alojamento (26%) e alimentação (18%) no terceiro trimes-tre do corrente ano.

A despesa total dos visitantes (excluindo a despesa em Jogo) cifrou--se nos 15,5 mil milhões de patacas, traduzindo um aumento de 5%, face aos 14,8 mil milhões de patacas registados no trimestre homólogo de 2013. - H.M.

Os projectos das operadoras já foram recebidos e agora resta aos candidatos esperar pelos resultados finais das avaliações para poderem começar a operar. Algo que só deverá acontecer lá para o fim do próximo ano

4G REDE NO QUARTO TRIMESTRE DE 2015

Tempo de espera

INTERNET PLANOS IL IMITADOS “DE CURTO PRAZO”

OPERADORAS CONFIANTES Samuel Chan, director-geral da China Telecom, garantiu ter “confiança” na obtenção da licença. “A companhia tem muito interesse em desenvolver o serviço em Macau. O nosso serviço 3G com cartão de dois números recebeu a aceitação da população e já temos experiência no interior da China com a operação do 4G”, disse. Samuel Chan frisou ser “um desafio” a cobertura de 50% do território. “Já temos várias estações base em Macau, se tivermos apoio do Governo para a construção de mais estações, não será muito difícil.” Patrick Yang, responsável pela U Hong, disse que a empresa foi criada com o objectivo de concorrer a este concurso público. Admite que o mercado é grande e que as outras empresas têm mais experiência, mas mostra-se confiante. “Utilizamos técnicas modernas e temos parceiros fortes em termos de cooperação no interior da China. O Governo deve apoiar as empresas locais, porque, das seis operadoras, apenas duas são locais. Temos vantagens na construção da rede”, concluiu Patrick Yang.

não influenciará a escolha das empresas no processo.

LIMITE DE QUATROApesar de existirem seis em-presas, Hoi Chi Leong admitiu que não serão dadas mais de quatro licenças, as quais de-vem corresponder ao exigido pelo Governo, quer tenham ou não experiência.

No que diz respeito às in-demnizações em casos de ava-ria, o director da DSRT disse que quando as operadoras que não respeitarem as exigências do Governo, estas “têm de assumir responsabilidades”. Contudo, nesta fase os planos de indemnizações ainda não estão decididos. “Se os planos de indemnizações forem me-lhores do que os nossos, então o plano da DSRT poderá não ser utilizado”, concluiu Hoi Chi Leong.

Antes do final de 2015, o serviço tem de atingir mais de 50% da cobertura, disse Hoi Chi Leong, sendo que em 2016 o serviço tem de estar disponí-vel em todo o território.

Depois da Associação Novo Macau (ANM) ter denunciado “especulações” nos bastidores das empresas de telecomunicações em relação aos planos ilimitados de internet, o director da DSRT prometeu avaliar o caso, mas deixou um

ponto claro. “Todos os planos das operadoras devem ser autorizados pela DSRT, mas a verdade é que os planos ilimitados são apenas um dos planos de promoção a curto prazo por parte das operadoras, que dura um ou dois anos. Quando o prazo expirar, o

plano poderá acabar naturalmente e voltar ao preço normal.” O director disse que as operadoras não estão a cancelar planos nem preços e que, por isso, não precisam informar a DSRT. Foi ainda dito que não foram descobertos “actos injustos”.

“Os critérios de avaliação envolvem a capacidade tecnológica, o montante de investimento apresentado, a situação financeira, a cobertura de rede, a proposta de tarifa, a garantia de dados móveis e medidas asseguradasde avaria”HOI CHI LEONGSubdirector da DSRT

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8 sociedade hoje macau quinta-feira 20.11.2014

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 431/AI/2014

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LI KAIYOU (Portador do Salvo-Conduto de Dupla Viagem da R.P.C n.° W31213xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 12/DI-AI/2012 de 09.02.2012, levantado pela DST, por controlar a fracção autónoma situada na Praceta de Miramar, n.° 51, Jardim San On, Bloco 3, 8.° andar P, Macau e utilizada para a prestação ilegal de alojamento, bem como por despacho da signatária de 11.11.2014, exarado no Relatório n.°741/DI/2014, de 04.11.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e n.° 1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. ------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. ------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. -----------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. -----------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 11 de Novembro de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

A saúde mental dos mais jovens foi o tema de uma palestra organizada por responsáveis do programa de reabilitação psicológica Teen Ching. Pânico, ansiedades e medos assolam muitos dos adolescentes de Macau, segundo um inquérito levado a cabo pela organização

CECÍLIA L [email protected]

U M inquérito feito pelo programa de reabilitação psicológica Teen Ching, que incidiu sobre a saú-

de mental dos adolescentes de Macau no ano passado, mostra que 11% dos estudantes têm sin-tomas depressivos muito graves.

C ERCA de 105 restau-rantes foram multa-dos devido à cobran-

ça excessiva durante os feriados, sendo que o preço a ser cobrado aos clientes era muito mais alto do que o que descrito no menu, avançam os Serviços de Turismo (DST).

Numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Ho Ion Sang, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Labo-rais (DSAL) disse que, até ao início de Outubro, as autoridades já tinham inspeccionado 689 restau-rantes, sendo que foi feita queixa sobre 48, por estes não terem notificado os serviços competentes res-ponsáveis pela emissão de licenças para aumento dos preços. “Segundo os da-dos da DST, este ano e até dia 15 de Outubro, houve 105 estabelecimentos de comida que violaram a lei

e foram punidos”, lê-se na resposta.

Na interpelação, Ho Ion Sang apresentava que, nos dias de feriado obriga-tório, os estabelecimentos de comida apresentaram novas listas de preços ou cobraram taxas de serviço adicionais, devido ao va-lores das rendas, recursos humanos e demais facto-res. O deputado frisa que a situação até pode ser entendida pelos consu-midores, na sua maioria, mas se as coisas forem bem feitas.

SABER FAZER“De acordo com o De-creto-lei n.º 16/96/M, os estabelecimentos de comidas podem definir livremente os preços bem como decidir cobrar taxas adicionais, no entanto, este diploma consagra também que essas taxas têm de constar da lista de

preços e que os serviços competentes responsáveis pela emissão de licenças devem ser notificados do decorrente aumento dos preços. Qualquer viola-ção a este regra pode dar lugar a multa”, apontava na interpelação.

O deputado citava quei-xas de cidadãos, que diziam que os estabelecimentos cobraram mais do que o que apresentavam na lista de preços, sendo que, em alguns casos, nem sequer especificavam claramente o montante da taxa adicio-nal. “Residentes e turistas estão contra e lamentam a situação, mas como não existem meios a que possam recorrer, só lhes resta aceitar. O pior é que alguns estabelecimentos mantêm essas taxas nos dias normais, o que equi-vale a um aumento directo dos preços”, disse ainda Ho Ion Sang. - C.L.

Imóveis Previsão de queda no preço da habitação

A Midland Realty Macau prevê que o preço da habitação no próximo ano venha a cair 5%. De acordo com o que disse um responsável da empresa ao jornal Ou Mun, nos últimos cinco meses o negócio da compra e venda de casas desceu e, no próximo ano, é possível que esta queda continue, sendo que só terá um novo aumento no final do ano. Por outro lado, dois projectos de habitação e um projecto de escritórios na Ilha da Montanha já atraíram mais de oito mil milhões de investimento, segundo a Midland, sendo que a maioria dos compradores são de Macau.

Frederico do Rosário continua na TDMFrederico Alexandre do Rosário e John Lai vão continuar como membro do Conselho de Administração da TDM por mais um ano. O anúncio foi ontem feito em Boletim Oficial, sendo que o despacho e a nomeação produzem efeitos a partir de dia 14 de Dezembro. Foi o Chefe do Executivo, Chui Sai On, quem assinou o despacho.

ADOLESCENTES MAIS DE 10% COM DEPRESSÃO GRAVE

O lado escuro da vida

RESTAURAÇÃO MULTAS POR COBRANÇAS EXCESSIVAS

Pagar caro sem saber

Os responsáveis pelo programa realizaram ontem uma palestra para partilhar as experiências dos assistentes sociais e ensinar a comunidade a identificar e tratar

dos problemas emocionais dos adolescentes.

A organização revelou que, através do inquérito, foi desco-berto que os adolescentes, já de si,

costumam encarar os obstáculos de forma negativa, e as coisas tornam-se ainda piores quando este pensamento negativo os leva a ficar deprimidos, com ansiedade e stress. Algo que acontece, dizem os responsáveis, de forma muito grave.

De acordo com a palestra, a ansiedade que estes adolescen-tes sentem é representada por transtornos mentais, pânico, fobias – como a fobia social - etc.. Contudo, explicam, os pensamentos determinam o ta-manho da ansiedade, sendo que, quando assim se sentem, é porque os adolescentes prevêem que a sua vida futura poderá vir a ser desastrosa. “Resulta no exagero da possibilidade e da gravidade das consequências negativas”, começam por explicar respon-sáveis do programa.

DO PESSIMISMO Outra das questões tem a ver com a substituição dos pensamentos positivos por outros menos bons, em que os adolescentes só vêem o lado negativo da realidade e enfrentam os problemas como algo “muito sério” e que não têm

capacidade de tratar. “Pensam sempre que os resultados vão ser sempre maus.”

É, precisamente, por causa deste pensamento negativo que nascem emoções como o pâni-co, a ansiedade e o medo. Há, explicam as responsáveis pelo programa, um escape emocio-nal que pode acontecer a estes adolescentes, ainda que este só lhes permita um alívio curto. A ansiedade, contudo, estende-se mais a longo prazo e vai agra-vando a situação.

A directora do programa, Bobo Lo, aponta que o inquérito do ano passado mostrou que 11% dos alunos têm sintomas graves e muito graves de depressão, sendo que é necessário, por isso, que o Governo intervenha. O relatório final deste estudo recomenda que sejam levadas a cabo palestras públicas e folhetos de promoção para aumentar o reconhecimento desta doença e a situação da saúde mental e física dos alunos, pais e professores.

A organizadora salientou que o melhor tratamento para ansiedade passa pelos próprios adolescentes, sendo que estes têm de melhorar os pensamentos negativos.

Contudo, alertam os respon-sáveis, familiares e professores deveriam aceitar e entender o pensamento destes adolescentes, para encorajá-los a resolver os problemas, em vez de os criticar.

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9 sociedadehoje macau quinta-feira 20.11.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

L OGO ao raiar da manhã re- zavam juntos três Avés Marias e mais Três Pais Nossos. Depois, cantava-se

em coro o hino nacional português. Na escola, como em casa, Vitório Rosário Cardoso conseguiu ter uma forte educação católica e mo-ral. Para isso contribuiu o papel da madre pia do colégio Santa Rosa de Lima, onde estudou na década de 80. Gertrudes do Nascimento faleceu ontem no hospital Conde de São Januário por volta das 15 horas. Tinha mais de 90 anos.

Gertrudes do Nascimento é recordada como a mulher que ensinou gerações e gerações de macaenses. Nasceu na ilha da Ma-deira, Portugal, em 1920. Chegou à China em 1946, com o sonho de ser missionária, como recorda ao HM Vitório Rosário Cardoso.

“Foi uma personalidade ímpar em Macau. Tinha o sonho de ser missionária na China mas acabou por ficar em Macau a vida toda e por formar gerações de portugueses no Oriente”, recorda.

“A madre pia foi uma pessoa sempre muito paciente e com uma visão do mundo muito para além das circunstâncias normais, teve uma visão de longo prazo. Foi através

U MA ex-residente de Macau que sofreu um acidente que a incapa-

citou, conseguiu recuperar algumas das suas funções. A notícia foi avançada pelo jornal Público, que fez uma reportagem com Raquel Jor-ge, a jovem que estudou em Macau até deixar o território para ir para Portugal.

A jovem, agora com 26 anos, foi atropelada numa passadeira a cinco dias de fazer 18 anos. Tinha deixado Macau, onde vivia desde os quatro meses de idade com os pais, e estava em Portugal para estudar Comunicação e Multimédia na Universidade Lusíada. De acordo com o jornal português, Raquel ia ao cinema quando, ao atra-vessar uma passadeira para

ÓBITO MADRE GERTRUDES NASCIMENTO, DO COLÉGIO SANTA ROSA DE LIMA

A freira que ensinou gerações

“Era a madre querida de todos, apanhou gerações e gerações de macaenses”MIGUEL DE SENNA FERNANDES Advogado

EX-RESIDENTE DE MACAU VITIMA DE ACIDENTE RECUPERA

Raquel Patrício, a valente

Quis ser missionária na China, onde chegou em 1946, mas ficaria em Macauo resto da sua vida. Gertrudes Nascimento, madre pia e última directora da secção portuguesa do colégio Santa Rosa de Lima, faleceu ontem à tarde no hospitalpúblico. Tinha mais de 90 anos

da direcção dela que pude ter uma formação moral e espiritual sólida com uma visão aberta do mundo”, disse Vitório Rosário Cardoso, actualmente a trabalhar no secre-tariado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

PERSONAGEM QUERIDAApesar de só ter estudado no colé-gio Santa Rosa de Lima no primeiro ano do ensino primário, Miguel de Senna Fernandes, advogado e presidente da Associação dos Ma-caenses (ADM) acabaria por ficar ligado a Gertrudes do Nascimento toda a vida.

“Era a madre querida de todos, apanhou gerações e gerações de macaenses. Conheci a madre pia depois de ter saído, nas outras ac-

tividades, porque sempre andamos ligados à diocese, tínhamos cate-quese, e a madre pia estava sempre muito envolvida. Ela sempre se deu bem com a minha família, mas no fundo dava-se bem com todas as famílias”, disse ao HM.

Também Miguel de Senna Fer-nandes fala de uma figura “ímpar” em Macau. “Como irmã sempre

levou a vida religiosa com um especial carinho e muita dedica-ção. Ela era uma figura ímpar no desempenho das suas funções. É daquelas pessoas simpáticas que nós conhecemos, ela punha-nos muito à vontade”, garantiu.

A secção portuguesa do colégio acabaria por fechar portas em 1993, mas ainda houve tempo para educar muitos jovens macaenses e por-tugueses. “Formaram-se pessoas que hoje em dia desempenham em Macau e Portugal, com responsa-bilidade. Todas as referências em relação ao funcionamento da secção portuguesa do colégio são boas. Ela fez um trabalho notável nesta área, conciliar as diligências do ensino e o facto daquilo funcionar no colégio”, concluiu o presidente da ADM.

o Oeiras Parque, em 2005, foi apanhada por um carro em excesso de velocidade. Bateu com a cabeça no vi-dro do automóvel e sofreu um traumatismo crânio--encefálico que lhe afectou a fala, a memória e o lado direito do corpo.

Raquel passou dois anos em hospitais e “perdeu a conta às vezes que caiu ao passar da cama para a cadeira de rodas, da cadeira de rodas para a sanita, da sanita para a cadeira de rodas”.

“Quantas vezes caí no chão e tive de abrir a goela para me virem ajudar”, conta. “Fazia batota, saía da cadeira de rodas, agarrava--me a ela e empurrava-a. Parti os dentes duas vezes”.

Agora, nove anos depois

do acidente, Raquel Jorge consegue caminhar sem mu-letas, já vai às compras sem ajuda e aos fins-de-semana viaja sozinha de comboio de Oeiras, onde vive, para o Centro de Reabilitação Profissional de Gaia, onde frequenta um programa de recuperação neuropsico-lógica.

De acordo com o Públi-co, Raquel tem fisioterapia, terapia ocupacional, treino cognitivo e acompanhamen-to psicológico e, no final do ano, irá estagiar para a Câmara de Oeiras.

AUTONOMIA NO HORIZONTE“Quero recuperar a minha independência. Ter uma casa, um trabalho”, diz, citada pelo jornal, que

indica ainda que a palavra independência é utilizada pela jovem com frequência.

“Raquel tem agora 26 anos. É uma jovem adulta bem disposta que quer ser autónoma e que mudou de sonhos. Quer trabalhar na área de secretariado. Tem consciência das suas limitações, tentou, mas

não conseguiu tirar a carta de condução”, escreve o Público, que cita Raquel a explicar que “tem reflexos, mas um bocadinho tardios”. “Se me atirarem uma bola só passados 30 segundos é que me apercebo dela.”

As lesões cerebrais obri-garam Raquel a esquecer al-gumas das suas lembranças.

“A minha memória apagou um ano inteiro”. O ano do acidente. Antes disso, a úl-tima recordação é da viagem de finalistas do 12.º ano à Tailândia. “E não me lembro de toda”, ri-se. “Esse ano apagou-se, estive em três hospitais e só me lembro do último”.

De acordo com o jornal, a jovem teve de reaprender a falar, a andar, a ver, a ter au-tonomia. Depois do acidente, fez voluntariado no centro de reabilitação de Alcoitão e num atelier de tempos livres a dar explicações de Inglês e ainda frequentou aulas de pintura na Ar.Co.

A mãe apanhou o primei-ro avião, deixou o emprego de secretária de notariado em Macau e nunca mais largou a filha. O pai, contabilista de uma empresa de construção civil, mudar-se-ia para Por-tugal um mês depois, man-tendo o vínculo à empresa de Macau.

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UMA CASA NA ESCURIDÃO • José Luís PeixotoÉ um romance que perscruta a alma desesperada de um narrador, que encontra o verdadeiro amor na imagem de uma mulher reflectida dentro do seu próprio interior, mulher que não existe no seu tempo real, amor esse que é descrito e passado a papel noite após noite, centro único da sua vida que já se manifestava completamente despegada da vida real, na sua casa, vivendo com a sua mãe e a sua escrava, a casa na escuridão.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

APENAS MÍUDOS • Patti SmithApenas Miúdos é um comovente livro de memórias que acompanha a juventude, o enamoramento e o destino radical de dois ícones norte-americanos, Patti Smith e Robert Mapplethorpe, que, no início da sua vida em comum, trocaram noites ao relento e jantares de pão do dia anterior pela arte.

10 hoje macau quinta-feira 20.11.2014EVENTOSVHILS ARTISTA PORTUGUÊS REALIZA VÍDEO PARA O NOVO ÁLBUM DOS U2

O MENINO E OS LOBOS

A letra acaba por conter uma série de referências que se adequam com o meu trabalho, no sentido em que existe um registo quase documental nas alusões às cidades

Alexandre Farto, mais conhecido por Vhils, estava de férias quando foi contactado pelos U2 para a feitura de um videoclipe, que agora será incluído num novo lançamento visual intitulado Films of Innocence. É possível que também venha a participar na digressão do grupo no próximo ano

sado há poucos dias da data de lançamento da operação.

OS LOBOSNão é a primeira vez que rea-liza um videoclipe. Já o fizera para os Orelha Negra ou Bu-raka Som Sistema. No novo vídeo dos U2 reconhecem-se técnicas que já utilizara, como o recurso à câmara-lenta, com os lobos correndo demora-damente por entre figurantes que deambulam numa paisa-gem industrial. E também se vislumbram algumas das ex-plosões que lhe deram fama.

Começou a pintar paredes aos 13 anos, mas foi quando começou a escavá-las ligeira-mente que captou a atenção. A técnica consiste em criar ima-gens em baixo-relevo através da remoção de camadas de materiais de construção. Ago-ra essa técnica é aplicada no vídeo dos U2.

A canção não foi uma escolha sua, “mas foi perfeita para mim”, disse-nos. O con-tacto deu-se através da galeria que o representa em Londres, a Lazarides, a mesma de Banksy, por exemplo.

“Sabia através da minha galeria de Londres que já havia interesse da parte dos U2 que fizesse coisas para os concertos, nomeadamente ao nível dos explosivos. Ou seja, sabia que já conheciam o meu trabalho e que existia afini-dade com o que fazia. Agora acabou por concretizar-se esse interesse”, afirma.

O convite surgiu no final

MIGUEL MANSO in Público (editado)

O artista português Alexandre Far-to, mais conhe-cido por Vhils,

está no céu. Os convites e os projectos aliciantes, a partir dos mais diversos cantos do mundo, não têm cessado nos últimos anos. Agora aquela é que é talvez a mais conhe-cida banda rock do mundo, e também a mais polémica dos últimos meses pela forma como lançou o último álbum, os irlandeses U2, convidaram--no para realizar um videocli-pe para a canção Raised by wolves, incluída em Songs Of Innocence, distribuído via iTunes em Setembro e editado fisicamente um mês depois.

A edição de Films of Inno-cence, cuja capa é da autoria do próprio Vhils, acontecerá a 9 de Dezembro ao preço de 9,99 euros, estando neste momento já em pré-venda na loja iTunes. É possível que venha a existir uma edição em formato físico, mas ainda não está confirmado.

Tudo indica que Vhils também participará com trabalho visual na digressão mundial do grupo irlandês, que se deverá seguir no pró-ximo ano, apesar da mesma também ainda não ter sido confirmada.

Aos 27 anos, Alexandre Farto está a ter um ano em grande. A meio de Setembro, quando deu a conhecer o videoclipe para os U2, pela primeira vez a alguém exte-rior à sua equipa, era apenas alguém um pouco inseguro que nos olhava de frente. Estávamos no seu estúdio, finalizara o vídeo na véspera e estava acompanhado de Namalimba Coelho, respon-sável pela comunicação da Fundação Berardo e também da galeria Underdogs, que Vhils dirige com a namorada, Pauline Foessel.

Ao colocar o vídeo no computador para que o pu-déssemos visualizar fê-lo

com cuidado. Assinou um contrato de sigilo total sobre a operação com a equipa dos U2 que não pode ser quebrado nos últimos meses. Nem al-guns membros da sua equipa,

e muito menos os figurantes, sabiam o que estavam a fazer em Agosto, aquando das filmagens do vídeo nas instalações da Lisnave. O próprio Alexandre só foi avi-

A verdade é que sempre tive esta forte relação com o acto de filmar e é algo que gosto de explorar. Para mim é um videoclipe, mas é também uma peça

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11 eventoshoje macau quinta-feira 20.11.2014

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Pergunta: Se se colocar os registos criminais num determinado arquivo de dados, o acto viola a Lei da Protecção de Dados Pessoais?Resposta: A dita situação pertence ao registo centralizado de “dados de actos ilícitos”. Conforme o disposto do n.o 1 do

artigo 8.o da Lei da Protecção de Dados Pessoais, “A criação e manutenção de registos centrais relativos a pessoas suspeitas de actividades ilícitas, infracções penais, infracções administrativas e decisões que apliquem penas, medidas de segurança, multas e sanções acessórias só pode ser mantida por serviços públicos com competência específica prevista em disposição legal ou disposição regulamentar de natureza orgânica e observando normas procedimentais e de protecção de dados vigentes”. Por conseguinte, as instituições genéricas não podem realizar registos centrais de “dados de actos ilícitos”. E por outro lado, a forma centralizada de colocar os registos constitui influências potencialmente muito graves para os direitos e interesses dos titulares, transgredindo o princípio da proporcionalidade. Este Gabinete entende que para a finalidade da administração, os registos criminais devem ser guardados nos arquivos pessoais, e não de forma centralizada.

(O texto é oferecido pelo Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais. A linha aberta é 28715666.)

ANDREIA SOFIA [email protected]

S ERÁ uma noite de jazz em dose dupla, com sonoridades europeias

e orientais. É essa mistura a protagonista da próxima noite de espectáculos orga-

VHILS ARTISTA PORTUGUÊS REALIZA VÍDEO PARA O NOVO ÁLBUM DOS U2

O MENINO E OS LOBOSJAZZ CASA GARDEN RECEBE DOIS CONCERTOS ESTE SÁBADO

Noite de Outono com sons europeus e orientais

nizada pelo Jazz Club de Macau, intitulada “Autumn Jazz Night”.

A partir das 20 horas do próximo sábado, dia 22, o público poderá assistir na Casa Garden ao concerto da cantora Ines Trickovic e da banda Lamma Quartet.

Ines Trickovic nasceu na cidade de Dubrovnik, na Croácia, em 1982, mas actualmente reside em Ma-cau. Apesar de não ter tido aulas de canto, acabou por tornar-se numa das “mais respeitadas cantoras de Jazz na Croácia e no estrangeiro”, afirma um comunicado do Jazz Club de Macau.

Tendo já actuado no Festival Literário de Macau, bem como no Festival de Músicas do Mundo e Jazz de Beishan, em Zhuhai, ou no Festival Internacional de Jazz de Hong Kong, entre

outros eventos na Europa, Ines Trickovic lançou o ano passado o seu sexto álbum, intitulado “Runjic in Blue”.

Actualmente, Ines Tri-ckovic está a trabalhar no álbum do saxofonista e com-positor Brian Girley e num outro trabalho discográfico inspirado no trabalho e vida de Nikola Tesla.

Os Lamma Quartet tocam sonoridades das décadas de 1970 e 1980, com “impro-visações cheias de energia que vão trazer ao ouvinte a possibilidade de apreciar o jazz moderno”. Apesar de tocarem alguns temas ori-ginais, os Lamma Quartet vão buscar sons de David Holland, Joe Farrell, Wayne Shorter, Chris Potter e Chick Corea. Andrew Collier, Pier-re Veniot, Tsui Chin Hung e Jimmy Pittman compõem o quarteto.

Alexandre Farto, mais conhecido por Vhils, estava de férias quando foi contactado pelos U2 para a feitura de um videoclipe, que agora será incluído num novo lançamento visual intitulado Films of Innocence. É possível que também venha a participar na digressão do grupo no próximo ano

de Julho, quando Alexandre se preparava para ir de férias. “A minha primeira reacção foi: lixaram-me as férias!”, ri-se ele. “Estava muito can-sado por causa da exposição do Museu da Electricidade e estava a precisar de desligar, mas com este convite era difícil. Os U2 são uma referên-cia, não só pela música, mas porque em tudo o que fazem existe uma atitude criativa, seja na comunicação ou nas digressões. Existe sempre uma preocupação em tentar fazer de forma diferente e nova e isso é motivador.”

Deslocou-se a Londres para ouvir em estúdio a

canção ainda não finalizada e depois trabalhou as ideias visuais a partir da letra. “Só consegui fechar tudo quando tive acesso à canção final no fim de Agosto”, revelou.

RELAÇÕES FORTESA escolha do espaço da Lisna-ve, em Cacilhas, não foi acaso. É um lugar que o fascina. “Já tinha trabalhado lá no vídeo dos Buraka, apesar de isso não ser muito evidente, mas o meu encantamento pela Lisnave vem de longe. Cheguei a entrar lá para pintar algumas vezes. É um espaço com enorme poten-cial e que está abandonado há não sei quanto tempo, porque ninguém sabe muito bem o que fazer com aquilo.”

Durante o processo criati-vo existiram contactos entre Vhils e a equipa dos U2, mas a liberdade foi total. “Foi tudo feito aqui, sem nenhum envol-vimento exterior. A partir do momento em que ficou assente que a minha ideia fazia sentido e percebi que eles ficaram moti-vados com ela, foi desenvolvê--la, através de mim e de outras pessoas, como o André Santos, em termos de edição.”

reacção em Londres foi excelente, afirma Vhils. “Exis-

tiram outros artistas convida-dos que optaram por trabalhar obras animadas e parece-me que eles não estavam nada à espera de uma coisa no registo que criei. Mas a verdade é que sempre tive esta forte relação com o acto de filmar e é algo que gosto de explorar. Para mim é um videoclipe, mas é também uma peça.”

Ao contrário do que se possa imaginar, tendo em atenção a dimensão dos U2, o orçamento para a feitura do vídeo não foi muito elevado, segundo Alexandre.

Estava disponível um grande número de figurantes. Mas mesmo assim, em deter-minados momentos, teriam sido necessários mais. É por isso que o próprio Alexandre entra numa das cenas. “Não foi opção, foi contingência”, disse-nos, revelando que nem sempre foi fácil coordenar fi-gurantes e lobos. Ou melhor, meio lobos, meio cães.

Não foi fácil encontrá--los, mas acabou por acon-tecer em Mafra, são 40% lobos e 60% cães checos, e portaram-se muito bem. Se fossem lobos puros seria provavelmente mais proble-mático.”

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12 CHINA hoje macau quinta-feira 20.11.2014

Mong Kok Milhares de políciaspara desbloquear ruas Pelo menos 3.000 agentes - mais de um décimo da força policial de 28.000 agentes - vão ser enviados esta quinta-feira para o bairro de Mong Kok, em Hong Kong, para ajudar a reabrir as ruas, segundo fonte da polícia. “Vamos precisar de, pelo menos, três vezes mais agentes em Mong Kok”, disse uma fonte da polícia da antiga colónia britânica ao jornal South China Morning Post, fazendo referência aos cerca de mil agentes que, na terça-feira, desbloquearam as ruas em Admiralty. A polícia estima que entre 100 a 200 pessoas resistam à operação de desimpedimento da zona. Os manifestantes pró-democracia ocupam há mais de sete semanas algumas das principais ruas da cidade em protesto contra a decisão de Pequim de escrutinar os candidatos a chefe do Governo antes da população poder escolher o seu líder. Para os manifestantes, a candidatura deveria ser livre e a escolha seria feita pela da população.

OMS Proibição de fumoem espaços públicos fechados

O vice-primeiro--ministro chinês Ma Kai apelou ontem a uma ges-

tão mais musculada da Inter-net durante uma conferência organizada pelo Governo, um evento já condenado pela Amnistia Internacional.

A China, que censura conteúdo que considera politi-camente sensível, abriu a Con-ferência Mundial da Internet, em Wuzhen, com a presença das maiores empresas do sec-tor a operar no país e alguns executivos estrangeiros.

Os participantes na confe-rência, de três dias, puderam gozar de acesso ilimitado a conteúdos online negados ao resto do país, como o Face-book ou o Twitter.

Além das redes sociais, Pe-quim bloqueia alguns meios de comunicação ocidentais incluindo o jornal The New York Times e o motor de busca Google, entre outros.

UMA QUESTÃO DE SOBERANIAO vice-primeiro-ministro Ma Kai, a mais alta patente chinesa presente na conferência, disse que a Internet pode servir para impulsionar o desenvolvimen-to saudável da segunda maior economia do mundo, mas deixou claro que devia ser algo controlado pelo Estado.

“O Governo chinês vai fortalecer a administração da

O académico Bai Fang-ji, da Uni-versidade taiwanesa de Tamkang, defendeu em entrevista à Efe

que o campo pró-independência na ilha está a ganhar força devido aos receios de interferência da China.

“O Kuomintang pode perder até seis municípios nestas eleições municipais a realizar a 29 de Novembro, onde estão em disputa as câmaras de 22 cidades e distritos, o que seria visto como uma crítica ao Pre-sidente Ma Ying-jeou e despertaria receios de que a ilha seguisse o mesmo caminho de Hong Kong”, explicou à EFE Bai Fang-ji.

O Partido Democrático Progressista (PDP), pró-independência e na oposição, ou os candidatos com o seu apoio, são os favoritos em seis cidades e quatro distritos, incluindo bastiões do Kuomin-tang (no poder) como a capital Taipé e as cidades de Taichung, Keelung e as ilhas Penghu.

PDP MANTÉM BASTIÕESAs sondagens também indicam que o PDP está na frente nas zonas que sempre lhe foram mais favoráveis como nos distritos de Yilan, Yunlin, Chiayi e Pingtung, e

nas cidades de Tainan e Kaohsiung. O regresso do Kuomintang ao poder em 2008 teve como consequência uma maior aproximação entre Taiwan e a China, que Pequim reclama como seu território, mas que, de facto, funciona como um país independente.

A maior abertura para o diálogo do Kuomintang levou, por exemplo, ao estabelecimento de voos directos entre Taiwan e a China continental, uma liga-ção que antes era feita através de países e territórios terceiros como a Coreia do Sul, Hong Kong ou Macau.

A recomendação da alta patente chinesa foi feita na Conferência Mundialda Internet, em Wuzhen, em que os participantes puderam usufruir de acesso ilimitado a conteúdos como o Facebook ou o Twitter

INTERNET VICE-PRIMEIRO-MINISTRO APELA A MAIOR CONTROLO

Soberania musculada

“Uma Internet bem gerida é uma questão de soberania de Estado, de dignidade e desenvolvimento de interesses, e também de segurança internacional e estabilidade social”

Internet de acordo com a lei”, afirmou Ma.

“Uma Internet bem gerida é uma questão de soberania de Estado, de dignidade e desen-volvimento de interesses, e tam-

TAIWAN INDEPENDENTISTAS GANHAM POPULARIDADE

O caminho de Hong Kong

A Organização Mun-dial de Saúde (OMS)

instou ontem os legisla-dores de Pequim a ulti-mar a lei para reforçar a proibição do tabaco nos espaços públicos na ca-pital chinesa, uma norma que entrou em vigor há cinco anos.

Os legisladores de Pequim terminam no final deste mês a minuta definitiva de uma nova lei que obriga a perma-necer livres de fumo todos os espaços pú-blicos fechados, como instituições educativas, centros de saúde, edi-fícios estatais e nos transportes públicos.

O Governo central chinês tem vindo a levar a cabo esforços para conter os níveis muito altos de poluição na capital chinesa, tendo inclusive sido encerra-das na semana passada cerca de 2.380 empre-sas das imediações de Pequim durante a cimeira da APEC (Eco-nómica Ásia-Pacífico).

“O ar exterior duran-te a APEC era provavel-

mente mais saudável do que o ar dos estabele-cimentos encerrados”, assinalou através de um comunicado o represen-tante da OMS na China, Bernhard Schwartlän-der, que defende “ar lim-po nos espaços fechados de forma permanente”.

A China tem mais de 300 milhões de fumadores e fontes oficiais estimam que a exposição ao fumo mata mais de 100 mil pessoas por ano.

Pequim compro-meteu-se em 2008 a proibir o consumo do tabaco na maior parte dos lugares públicos e colocou muitos sinais de proibição em vários sítios, inclusive nos edi-fícios governamentais, mas a norma tem sido ignorada pelos fuma-dores.

bém de segurança internacional e estabilidade social”, defendeu.

REGRAS QUE ARREPIAMA Amnistia Internacional descreveu a conferência

como uma tentativa de Pe-quim promover as suas regras para o uso de Internet como um modelo para a regulação global.

“A China parece ansiosa por promover as suas regras domésticas para o uso da Internet como um modelo para a regulação global. Isto provoca arrepios a qualquer pessoa que valorize a li-berdade online”, comentou William Nee, especialista da Amnistia.

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13 chinahoje macau quinta-feira 20.11.2014

PUB

O Secretário de Estado português da Cul-tura, Jorge Barreto Xavier, considerou

que a visita que concluiu ontem à China “abriu portas relevantes” para “aumentar a cooperação cul-tural” bilateral, considerada aquém do novo dinamismo registado no campo económico.

“Espero que as relações cul-turais se desenvolvam também de forma significativa. A China é uma grande potência mundial e um parceiro privilegiado de Portugal”, afirmou Barreto Xavier após quatro dias de contactos em Pequim.

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 450/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora 趙岩(portadora do passaporte da RPC n.° G36483xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 86/DI-AI/2012 de 16.08.2012, levantado pela DST, por controlar a fracção autónoma situada na Rua do Terminal Maritimo n.os 93-103, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 2, 13.° andar H e utilizada para a prestação ilegal de alojamento, bem como por despacho da signatária de 11.11.2014, exarado no Relatório n.° 761/DI/2014, de 04.11.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e n.° 1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. -----------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. -----------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ----------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício �Centro Hotline�, 18.° andar, Macau. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 11 de Novembro de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 538/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora 王海艷 (portadora do salvo-conduto para deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W48141xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 44/DI-AI/2013, de 28.04.2013, levantado pela DST e por despacho da signatária de 08.08.2014, exarado no Relatório n.°647/DI/2014, de 21.07.2014, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório, por prestação ilegal de alojamento da fracção autónoma situada na Luis Gonzaga Gomes n.os 78-B-96, Edf. Lei Kai, 14.° andar C.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito sobre a matéria constante daquele Auto de Notícia, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito. Nos termos do n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010 não é admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo. -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------A matéria constante daquele Auto de Notícia constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, tal facto é punível nos termos no n.° 1 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010. ---------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício �Centro Hotline�, 18.° andar, Macau. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 11 de Novembro de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

No fim da sua primeira visita realizadaà China, o Secretário de Estado português da Cultura, Jorge Barreto Xavier, manifestou o interesse nacional em ter uma presença cultural permanente no Império do Meio

“Há boa vontade e um ambiente muito positivo. Abriram-se portas que vão sermuito relevantes. Agora temos é de avançar para as concretizações”JORGE BARRETO XAVIER Secretário de Estado da Cultura

Segundo realçou, a sua comiti-va foi a primeira delegação oficial portuguesa recebida em algumas das mais prestigiadas instituições culturais chinesas, nomeadamente o Museu Nacional da China, a Academia de Belas Artes e a União dos Escritores.

“Há boa vontade e um ambiente muito positivo. Abriram-se portas que vão ser muito relevantes. Agora temos é de avançar para as concretizações”, disse.

Entre as possíveis iniciativas conjuntas, o governante português mencionou o intercâmbio de ex-posições e de artistas, traduções e

PORTUGAL/CHINA “AUMENTAR COOPERAÇÃO” CULTURAL

Portas comunicantesciclos de cinemas. Foi a primeira visita de Barreto Xavier à China.

COMPROMETIDOSEm declarações aos jornalistas, o secretário de Estado manifestou o empenho do governo português em abrir um Centro Cultural em Pequim em 2016 para “assegurar e desenvolver uma presença cultural permanente” na capital chinesa.

Será “um espaço multiusos”, que permitirá várias actividades, designadamente pequenos espec-táculos, conferências, sessões de cinema e até venda de livros e outros conteúdos de cultura por-tuguesa, adiantou.

A China tornou-se nos últimos anos um dos maiores parceiros eco-nómicos de Portugal, investindo mais de 4.000 milhões de euros em grandes empresas da área da energia, seguros e saúde.

Mas no domínio cultural, “a cooperação foi pequena e não tem sido uma prioridade de nenhum dos dois países”, reconheceu o secretário de Estado da Cultura.

Barreto Xavier defende que “a aproximação entre os povos fica mais fácil através da cultura” e “sem um modelo de relação cultural é impossível, a longo e médio prazo, sustentar uma relação económica”.

O secretário de Estado des-

locou-se à China acompanhado directores-gerais das Artes e do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Samuel Rego e José Manuel Cortes, respectivamente, e a vice--presidente do Instituto do Cinema e Audiovisual, Ana Costa Dias.

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14 hoje macau quinta-feira 20.11.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

in El País

No livro, o senhor faz um mea culpa, mas é ainda mais duro com o trabalho de seus colegas do DSM V. Porquê?Fomos muito conservadores e só intro-duzimos [no DSM IV] dois dos 94 no-vos transtornos mentais sugeridos. Ao acabar, felicitamo-nos, convencidos de que tínhamos feito um bom trabalho. Mas o DSM IV acabou por ser um di-que frágil demais para travar o impulso agressivo e diabolicamente ardiloso das empresas farmacêuticas no sentido de introduzir novas entidades patológicas. Não soubemos antecipar-nos ao poder dos laboratórios de fazer médicos, pais e pacientes acreditarem que o transtor-no psiquiátrico é algo muito comum e de fácil solução. O resultado foi uma inflação diagnóstica que causa muitos danos, especialmente na psiquiatria in-fantil. Agora, a ampliação de síndromes e patologias no DSM V vai transformar a actual inflação diagnóstica em hiper--inflação.

Seremos todos considerados doentes mentais?É algo assim. Há seis anos, encontrei amigos e colegas que tinham participa-do na última revisão e vi-os tão entu-siasmados que não pude senão recorrer à ironia: vocês ampliaram tanto a lista de patologias, disse-lhes, que eu mesmo me reconheço em muitos desses trans-tornos. Com frequência esqueço-me das coisas, de modo que certamente tenho uma demência em estágio preliminar; de vez em quando como muito, então provavelmente tenho a síndrome do comedor compulsivo; e, como quando minha mulher morreu a tristeza durou mais de uma semana e ainda me dói, devo ter caído numa depressão. É absur-do. Criamos um sistema de diagnóstico que transforma problemas quotidianos e normais da vida em transtornos mentais.

Com a colaboração da indústria far-macêutica... Os laboratórios estão a enganar o público, fazendo acreditar que os problemas se resolvem com comprimidos? É óbvio. Graças àqueles que lhes per-

EX-COORDENADOR DO DSM, A ‘BÍBLIA’ DA PSIQUIATRIA, ADMITE

“TRANSFORMAMOSPROBLEMAS QUOTIDIANOSEM TRANSTORNOS MENTAIS”Allen Frances (Nova York, 1942) dirigiu durante anos o Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM), documento que define e descreve as diferentes doenças mentais. Este manual, considerado a bíblia dos psiquiatras, é revisto periodicamente para ser adaptado aos avanços do conhecimento científico. Frances dirigiu a equipa que redigiu o DSM IV, ao qual se seguiu uma quinta revisão que ampliou enormemente o número de transtornos patológicos. No seu livro Saving Normal , faz uma autocrítica e questiona o facto de a principal referência académica da psiquiatria contribuir para a crescente medicalização da vida

mitiram fazer publicidade dos seus pro-dutos, os laboratórios estão enganando o público, fazendo acreditar que os pro-blemas se resolvem com comprimidos. Mas não é assim. Os fármacos são ne-cessários e muito úteis em transtornos mentais severos e persistentes, que pro-vocam uma grande incapacidade. Mas não ajudam nos problemas quotidianos, pelo contrário: o excesso de medicação causa mais danos que benefícios. Não existe tratamento mágico contra o mal--estar.

Que propõe para travar esta tendência?Controlar melhor a indústria e educar de novo os médicos e a sociedade, que

aceita de forma muito acrítica as facili-dades oferecidas para se medicar, o que está a provocar além do mais a aparição de um perigosíssimo mercado clandes-tino de fármacos psiquiátricos. No meu país, 30% dos estudantes universitários e 10% dos do ensino médio compram fármacos no mercado ilegal. Há um tipo de narcótico que cria muita dependên-cia e pode dar lugar a casos de overdose e morte. Actualmente, já há mais mortes por abuso de medicamentos do que por consumo de drogas.

Em 2009, um estudo realizado na Ho-landa concluiu que 34% das crianças entre 5 e 15 anos eram tratadas por

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15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 20.11.2014

hiperactividade e deficite de atenção. É crível que uma em cada três crianças seja hiperactiva?Claro que não. A incidência real está em torno de 2% a 3% da população infan-til e, entretanto, 11% das crianças nos EUA estão diagnosticadas como tal e, no caso dos adolescentes homens, 20%, sendo que metade é tratada com fár-macos. Outro dado surpreendente: en-tre as crianças em tratamento, mais de 10.000 têm menos de três anos! Isto é algo selvagem, desumano. Os melhores especialistas, aqueles que honestamen-te ajudaram a definir a patologia, estão horrorizados. Perdeu-se o controle.

E há tanta síndrome de Asperger como indicam as estatísticas sobre tratamen-tos psiquiátricos? Esse foi um dos dois novos transtornos

que incorporamos no DSM IV, e em pouco tempo o diagnóstico de autismo triplicou. O mesmo ocorreu com a hi-peractividade. Calculamos que, com os novos critérios, os diagnósticos aumen-tariam em 15%, mas houve uma mudan-ça brusca a partir de 1997, quando os laboratórios lançaram no mercado fár-macos novos e muito caros, e além disso puderam fazer publicidade. O diagnós-tico multiplicou-se por 40.

A influência dos laboratórios é evi-dente, mas um psiquiatra dificilmente prescreverá psico-estimulantes a uma criança sem pais angustiados que cor-ram para o seu consultório, porque a professora disse que a criança não progride adequadamente, e eles te-mem que ela perca oportunidades de competir na vida. Até que ponto esses factores culturais influenciam?Os melhores especialistas, aqueles que honestamente ajudaram a definir a pa-tologia, estão horrorizados. Perdeu-se o controlo. Sobre isto tenho três coi-sas a dizer. Primeiro, não há nenhuma evidência a longo prazo de que a medi-cação contribua para melhorar os resul-tados escolares. No curto prazo, pode

OS MELHORES ESPECIALISTAS, AQUELES QUE HONESTAMENTE AJUDARAM A DEFINIR A PATOLOGIA, ESTÃO HORRORIZADOS.PERDEU-SE O CONTROLO

acalmar a criança, inclusive ajudá-la a concentrar-se melhor nas suas tarefas. Mas a longo prazo esses benefícios não foram demonstrados. Segundo: esta-mos fazendo uma experimentação em grande escala com essas crianças, por-que não sabemos que efeitos adversos esses fármacos podem ter com o passar do tempo. Assim como não nos ocorre receitar testosterona a uma criança para que renda mais no futebol, tampouco faz sentido tentar melhorar o rendi-mento escolar com fármacos. Terceiro: temos de aceitar que há diferenças entre as crianças e que nem todas cabem num molde de normalidade que tornamos cada vez mais estreito. É muito impor-tante que os pais protejam os filhos, mas do excesso de medicação.

Na medicalização da vida, não influi também a cultura hedonista que busca o bem-estar a qualquer preço?Os seres humanos são criaturas muito maleáveis. Sobrevivemos há milhões de anos graças a essa capacidade de confrontar a adversidade e nos sobre-por a ela. Agora mesmo, no Iraque ou na Síria, a vida pode ser um inferno. E entretanto as pessoas lutam para sobre-viver. Se vivermos imersos em uma cul-tura que lança mão dos comprimidos diante de qualquer problema, vai-se reduzir a nossa capacidade de confron-tar o stress e também a segurança em nós mesmos. Se esse comportamento se generalizar, a sociedade inteira fica-rá mais débil face à adversidade. Além disso, quando tratamos um processo banal como se fosse uma enfermidade, diminuímos a dignidade de quem ver-dadeiramente a sofre.

E ser rotulado como alguém que sofre um transtorno mental não tem conse-quências também?Muitas, e de facto todas as semanas re-cebo emails de pais cujos filhos foram diagnosticados com um transtorno mental e estão desesperados por causa do preconceito que esse rótulo acarre-ta. É muito fácil fazer um diagnóstico erróneo, mas muito difícil reverter os danos que isso causa. Tanto no lado so-cial como pelos efeitos adversos que o

tratamento pode ter. Felizmente, está a crescer uma corrente crítica em rela-ção a essas práticas. O próximo passo é consciencializar as pessoas de que remé-dios a mais faz mal à saúde.

Não vai ser fácil…Certo, mas a mudança cultural é possí-vel. Temos um exemplo magnífico: há 25 anos, nos EUA, 65% da população fumava. Agora, são menos de 20%. É um dos maiores avanços em saúde da história recente, e foi conseguido por uma mudança cultural. As fábricas de cigarro gastavam enormes somas de di-nheiro para desinformar. O mesmo que ocorre agora com certos medicamentos psiquiátricos. Custou muito desvendar as evidências científicas sobre o tabaco, mas, quando se conseguiu, a mudança foi muito rápida.

Nos últimos anos as autoridades sani-tárias tomaram medidas para reduzir a pressão dos laboratórios sobre os mé-dicos. Mas agora deram-se conta de que podem influenciar o médico ge-rando procura nos pacientes.Há estudos que demonstram que, quan-do um paciente pede um medicamento, há 20 vezes mais possibilidades de ele ser prescrito do que se a decisão cou-besse apenas ao médico. Na Austrália, alguns laboratórios exigiam pessoas de muito boa aparência para o cargo de vi-sitador médico, porque tinham compro-vado que gente bonita entrava com mais facilidade nos consultórios. Chegamos a esse ponto. Agora temos de trabalhar para obter uma mudança de atitude nas pessoas.

Em que sentido?Que em vez de ir ao médico em busca da pílula mágica para algo, tenhamos uma atitude mais precavida. Que o nor-mal seja que o paciente interrogue o médico cada vez que este receita algo. Perguntar porque prescreve, que bene-fícios traz, que efeitos adversos causará, se há outras alternativas. Se o paciente mostrar uma atitude resistente, é mais provável que os fármacos receitados se-jam justificados.

E também será preciso mudar hábitos.Sim, e deixe-me lhe dizer um problema que observei. É preciso mudar os há-bitos de sono! Vocês sofrem com uma grave falta de sono, e isso provoca an-siedade e irritabilidade. Jantar às 22h e ir dormir à meia-noite ou à 1h fazia sentido quando vocês faziam a sesta. O cérebro elimina toxinas à noite. Quem dorme pouco tem problemas, tanto físi-cos como psíquicos.

OS LABORATÓRIOS ESTÃO A ENGANAR O PÚBLICO, FAZENDO ACREDITAR QUE OS PROBLEMAS SE RESOLVEM COM COMPRIMIDOS

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GRUPO B

16 DESPORTO hoje macau quinta-feira 20.11.2014

MARCO [email protected]

U MA vitória e duas derrotas. A selecção de hóquei em patins de Macau despediu-

-se da fase de grupos do Mundial B da modalidade com um triunfo, depois de ter somado dois desaires nos dois primeiros encontros da competição. Os campeões asiáticos de hóquei patina-do estrearam-se no certame que decorre na localidade uruguaia de Canelones frente à selecção anfitriã, não con-seguindo evitar uma derrota por quatro bolas a uma, num desafio em que a arbitragem mereceu críticas duras ao grupo de trabalho orientado

T ERÇA-feira foi a noi- te em que Raphael Guerreiro saiu do ban-

co, para desempatar a seu favor um tépido Portugal--Argentina e chamar a si os holofotes que o mundo destinava a Messi ou Ro-naldo. Foi, também, a noite em que Fernando Santos lançou mais três internacio-

Uruguai 2 – 1 Egipto

Áustria 6 – 1 Egipto

Uruguai 4 – 1 MACAU

MACAU 4 – 5 Áustria

MACAU 6 – 1 Egipto

Áustria 2 – 2 Uruguai

CAMPEÕES ASIÁTICOS DEFRONTAM HOJE ESTADOS UNIDOS

Sorte madrasta no Mundial-B

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ANÚNCIOHM-1ª Vez 20-11-14

Acção de Interdição n.º CV2-14-0033-CPE 2º Juízo Cível

Requerente: O MINISTÉRIO PÚBLICO.Requerido: LIENG PHOY YONE, (梁佩勇).

***

O MERETÍSSIMO JUIZ DO 2º JUÍZO CÍVEL DO TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE DA R.A.E.M.: FAZ SABER que foi distribuída ao 2º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base de R.A.E.M., a Acção acima mencionada, contra LIENG PHOY YONE, (梁佩勇), solteira, nascida em 03/08/1973 na Birmânia, filha de Leong Chi Pui aliás Lieng Ge Pwe e de Wong Wai Man aliás Wong Fwee Min, titular do BIRPM nº.1256109(8), residente em Macau, na Rampa dos Cavaleiros, Edifício San Yick, Bloco I, 15º andar “G”, para o efeito de ser declarada a sua interdição por anomalia psíquica. Macau, ao 12 de Novembro de 2014.

*****

por Alberto Lisboa. O único golo do cinco do território foi apontado por Hélder Ricardo na cobrança de um livre directo, mas o lance foi um episódio de feições únicas num desafio em que os pratos da balança da arbitragem penderam inegavelmente a favor da selecção da casa, no entender dos responsáveis pela formação do Lótus.

EM BUSCA DO TEMPO PERDIDOO grupo de trabalho orienta-do por Alberto Lisboa tentou recuperar o terreno perdido, apostando numa vitória frente à Áustria. A ambicio-nada desforra acabaria por não se materializar, muito por causa da fragilidade ofensiva evidenciada pelo ataque dos eneacampeões asiáticos. Frente à formação austríaca, o cinco do territó-rio evidenciou uma maior confiança, entrou melhor no

desafio e chegou mesmo a estar a vencer por três bolas a zero. Com o progredir da partida, a formação europeia foi recuperando terreno, empatou o encontro e for-çou o prolongamento. Os dois tentos apontados por Hélder Ricardo e os outros tantos golos convertidos por Augusto Ramos acabaram

por se revelar insuficientes para impedir o triunfo do cinco austríaco. A selecção alpina assinou uma remonta-da extraordinária, acabando por derrotar os campeões asiáticos por 5-4.

FINALMENTE A VITÓRIAO primeiro e até agora único triunfo de Macau na

SELECÇÕES A NOITE DE GUERREIRO, DA «MANNSCHAFT» E DE ROONEY

Estrelas de uma terça-feira gorda

edição de 2014 do Mundial B chegou no derradeiro encontro da primeira fase da prova, frente à formação que era à partida a menos conceituada do leque de equipas que integravam o grupo B. No embate com o Egipto, os campeões asiáti-cos não deixaram créditos por mãos alheias, goleando

nais (Fonte, Tiago Gomes e Adrien) e em que Portugal venceu o terceiro jogo consecutivo pela margem mínima, fechando um aci-dentado ano de 2014 com uma nota muito positiva – que vai valer pontos para o ranking. Tal como em 2007, - então diante do Brasil - Portugal foi a Inglaterra

ser feliz, saindo por cima do duelo com um gigante sul-americano. Já para não falar da receita recorde nos cofres da federação... Já a pseudo-cimeira Messi--Ronaldo, grande argumen-to de venda do particular de Old Trafford, acabou em tiros de pólvora seca. O cumprimento cordial entre os dois monstros, no túnel, acabou por ser a nota mais relevante e comentada, num jogo que só dados estatísticos – como as es-treias, e nova vitória sobre a Argentina, 42 anos depois da Mini-copa – e a cabeçada de Guerreiro resgataram ao esquecimento imediato.

PARA A HISTÓRIAEm Vigo, por outro lado, aconteceu história: ao fim de oito anos, e uma série de 34 jogos, a Espanha voltou a perder em casa. Um golo de Toni Kroos, ao cair do pano, ditou a quinta derrota do ano para a «Roja», que já não perdia com tanta frequên-cia desde 1991. E, dado ainda mais simbólico, foi

a primeira vez, desde a final do Euro 2008 – isto é, desde o início do ciclo de conquistas espanholas – que a selecção comandada por Del Bosque perdeu também no índice de posse de bola. Se há jogos que servem como passagem de testemunho, este parece ter sido um deles, mesmo que o remate do alemão tenha contado com a colaboração do guarda-redes suplente espanhol, Casillas.

ROONEY AMEAÇA RECORDEEm Glasgow, entretanto, num clássico com 142 anos de história, Rooney foi o grande protagonista: embalou a sua selecção para uma vitória saborosa (3-1) marcando por duas vezes, na sua 101ª internaciona-lização. Acessoriamente, Rooney elevou o seu total na selecção para 46, fican-do mais perto do histórico recorde de golos, na posse de Bobby Charlton (49). E outro histórico goleador inglês, Gary Lineker, que tem 48, saudou o facto com a boa disposição habitual.

a formação africana por seis bolas a uma. Para o triunfo contribuiu sobretudo o apuro ofensivo Alberto Lisboa. Aos 46 anos, e a exemplo do que sucedeu na última edição do Campeonato Asiático de Hóquei em Pa-tins, o seleccionador do território voltou a entrar em campo para facultar alguma solidez à equipa, acabando por marcar quatro dos seis golos com que a formação do Lótus derrotou o Egipto. Em noite não, Hélder Ricardo fez o gosto ao “stick” por uma única ocasião. Alfredo Almeida foi o outro atleta do território a firmar o nome nos anais da partida.

Com o triunfo frente ao Egipto, a selecção do terri-tório garantiu a terceira po-sição do grupo B e defronta hoje os Estados Unidos da América em partida a contar para os quartos-de-final da competição. A formação norte-americana foi segunda no Grupo A, atrás da Ingla-terra e à frente da Holanda. A Costa Rica completava nominalmente as contas do grupo, mas acabou por não comparecer em Canelones.

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hoje macau quinta-feira 20.11.2014 (F)UTILIDADES 17

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 19 MAX 24 HUM 55-85% • EURO 10.0 BAHT 0 .2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 20 DE NOVEMBRO

O QUE FAZER ESTA SEMANA?

U M D I S C O H O J E

João Corvofonte da inveja

C I N E M ACineteatro

SALA 1THE HUNGER GAMES:MOCKINGJAY (PART 1) [B]Um filme de: Francis LawrenceCom: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, liam Hemsworth14.30, 16.45, 19.15, 21.00

SALA 2DON’T GO BREAKINGMY HEART 2 [B](FALADO EM CANTONÊS, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Johnnie ToCom: Louis Koo, Miriam Yeung, Gao Yuanyuan, Vic Chou14.30, 16.30, 19.30, 21.30

THE SNOW WHITE MURDER CASE [C]Um filme de: Yoshihiro NakamuraCom: Mao Inoue, Go Ayano, Nobuaki Kanebo14.15, 16.00, 19.30, 21.30

SALA 3BEFORE I GO TO SLEEP [C]Um filme de: Rowan JoffeCom: Nicole Kidman, Colin Firth, Mark Strong14.30, 16.30, 19.30, 21.30

THE HUNGER GAMES: MOCKINGJAY (PART 1)

Nasce Edwin Hubble e morre Tolstói• No dia 20 de Novembro, assinala-se o nascimento e a morte de duas grandes figuras da ciência, Hubble, e das artes, Tolstói. O russo foi um escritor pacifista, o norte-americano um astrónomo que viu para além do seu tempo.Liev Tolstói nasceu a 9 de Setembro de 1828. Além de ter ficado famoso pelos dotes como escritor, destacou-se ao dedicar os últimos anos da sua vida à luta pela paz, com textos e ideias que contrastavam com as igrejas e os governos. O escritor russo foi quase um pregador de um estilo de vida simples e em proximidade com a natureza.Ao lado dos eternos Fiódor Dostoiévski, Gorki e Tchecov, Tolstói inscreveu o seu nome na galeria dos mestres da literatura russa do século XIX. Entre as obras mais famosas com a sua rubrica está ‘Guerra e Paz’, que aborda as campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina, onde denuncia a falsidade da época e faz um dos retratos femininos mais sugestivos da Literatura.Liev Tolstói viria a morrer a 20 de Novembro de 1910, aos 82 anos, vítima de uma pneumonia, que sofreu quando fugia de casa, à procura de uma vida simples.O norte-americano Edwin Powell Hubble nasceu na cidade de Marshfield, a 20 de Novembro de 1889 e destacou-se na astronomia, alcançando a fama por descobrir que as até então chamadas “nebulosas” eram, na realidade, galáxias fora da Via Láctea, que se afastavam entre si a uma velocidade proporcional à distância que as separa.A valia do seu trabalho na astronomia levou a que a comu-nidade científica baptizasse o primeiro telescópio espacial com o nome deste astrónomo. Colocado em órbita em 1990, o ‘Hubble’ surgiu para estudar o espaço sem as distorções provocadas pela atmosfera. Edwin Powell Hubble viria a morrer em San Marino, a 28 de Setembro de 1953.

• Sexta-feiraAPRESENTAÇÃO DO FILME “FRAME BY FRAME” (EXIM 2014 – CHINA EXPERIMENTAL FILM AND VIDEO ART FESTIVAL IN MACAU)Armazém do Boi, 20h00Entrada livre

• SábadoWORKSHOP “FAZ A TUA IMPRESSORA 3D” (THIS IS MY CITY)Centro de Ciência de Macau, 11h00 às 18h00Entrada livre

HUSH!!! (FESTIVAL DE ROCK)Praceta do Centro Cultural de Macau, 13h30Entrada livre

APRESENTAÇÃO DE FILME DE ANIMAÇÃO DE ZHANG XIAO TAO (EXIM 2014 – CHINA EXPERIMENTAL FILM AND VIDEO ART FESTIVAL IN MACAU)Armazém do Boi, 15h00Entrada livre

APRESENTAÇÃO DE VÍDEO-ARTE “MEMORY LIVE” (EXIM 2014 – CHINA EXPERIMENTAL FILM AND VIDEO ART FESTIVAL IN MACAU)Armazém do Boi, 17h00Entrada livre

• DomingoCOMBATE DE BOXE COM MANNY PACQUIAO E CHRIS ALGIERICotai Arena, Venetian, 8h00Preço dos bilhetes varia consoante o lugar

WORKSHOP “FAZ A TUA IMPRESSORA 3D” (THIS IS MY CITY)Centro de Ciência de Macau, 11h00 às 18h00Entrada livre

APRESENTAÇÃO DE VÍDEO-ARTE “ABSURDIST THEATRE” (EXIM 2014 – CHINA EXPERIMENTAL FILM AND VIDEO ART FESTIVAL IN MACAU)Armazém do Boi, 17h00Entrada livre

MOSTRA DE TRABALHOS DE CAO KAI (EXIM 2014 – CHINA EXPERIMENTAL FILM AND VIDEO ART FESTIVAL IN MACAU)Armazém do Boi, 17h30Entrada livre

APRESENTAÇÃO DE FILME DE ANIMAÇÃO DE SUN XUN (EXIM 2014 – CHINA EXPERIMENTAL FILM AND VIDEO ART FESTIVAL IN MACAU)Armazém do Boi, 20h00Entrada livre

• DiariamenteEXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS” DE VICTOR MARREIROS (ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store, Rua Almirante SérgioEntrada livre

ESCREVER MACAU EM PORTUGUÊS, DE ANTÓNIO MIL-HOMENS (ATÉ DIA 23/11)Edifício do Antigo TribunalEntrada livre

MACAU FOOD FESTIVAL (ATÉ DIA 23/11)Praça em frente à Torre de Macau, 17h00 às 23h00Entrada livre

CARTOONMANIA, EXPOSIÇÃO DE ANTÓNIO MARTINS (ATÉ 24/11)Galeria da Fundação Rui Cunha Entrada livre

“MEMORIES OF AN OLD FRIEND”(ANGUS & JULIA STONE, 2010)

Angus & Julia Stone são um duo australiano nascido em Sydney, capital da Austrália. Entre músicas mais calmas e outras com jeitos electrónicos, “Memories of an Old Friend” parece ser a escolha indicada para os dias de Inverno que se avizinham. Nada parece, nos próximos tempos, poder destabi-lizar a paz existente entre chávenas de chá, uma manta aconchegante, um bom livro e

o álbum que aqui se sugere. É ‘Big Jet Plane’ que mais apraz os fãs deste colectivo, mais que não seja pela facto de ser uma das músicas mais ouvidas no passado Verão de 2013, por terras lusas. Faz sol lá fora, mas o vento teima em continuar. - Leonor Sá Machado

Agora o Campo Pequeno é realmente pequeno.

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18 OPINIÃO hoje macau quinta-feira 20.11.2014

O incêndio que tirou a vida a quatro trabalhadores não residentes a semana passa-da na zona do Porto Interior tem sido o mote para um debate mais alargado sobre outras questões, e tem dado pano para os mais variados tipos de mangas, golas e decotes. Abstive-me de

falar deste tema por uma razão muito sim-ples: uma das vítimas era minha amiga, que posso mesmo considerar íntima, e a proprie-tária da loja que ficou em ruinas é também alguém que trato sem grande cerimónia, apesar da barreira linguística. Vivi até há alguns meses a poucos metros do local da tragédia, era visita frequente, quase como se fosse “da casa”, e apesar de me ter afasta-do - sobretudo por razões de logística - não pude deixar de ficar emocionado, mais até do que é habitual, no meu caso. Decorridos oito dias, e praticamente tida como certa a possibilidade de ser ter tratado de um trágico e lamentável acidente, gostaria agora, de ca-beça mais fria, elaborar sobre alguns pontos do muito que se tem dito e escrito sobre o caso, e já agora permitam-me um pequeno desabafo: tenho lido e escutado muita merda.

Primeiro, como já referi, conhecia bem o local do sinistro, e posso garantir, digam o que disserem, que não se tratava de nenhum covil para onde eram atirados trabalhadores não-residentes (TNR), obrigados a viver em condições desumanas, como chegou a ser dado a entender – ninguém era obrigado a morar ali, sequer. Ainda não reuni a cora-gem para contactar a dona da loja para lhe transmitir uma palavra de carinho nesta hora de desespero, pois além de perder o negócio, perdeu a sua melhor amiga. A vítima deste de-sastre, e de que ambos lamentamos a partida, mantinha com ela uma relação que ia muito

bairro do or ienteLEOCARDO

cartoon por Stephff ATAQUE À SINAGOGA

Os sonhos e as cinzasalém do vínculo laboral que as ligava: eram quase como irmãs, e isto é algo que pode ser confirmado por vizinhos, amigos e conheci-dos. A loja nem era o mais importante, pois era alugada, e na última mensagem que recebi da vítima, no último dia do mês passado, es-tariam a preparar-se para encerrar o negócio, e ela própria tinha planos para regressar ao seu país já em Janeiro. O facto de se tratar de uma loja de pronto-a-vestir, estarem em mudanças e possivelmente existirem sacos com roupa no chão ajuda a explicar a rápida propagação das chamas, mas não explica tudo. Se formos analisar o caso do ponto de vista da segurança, basta olhar para os prédios com cinco ou menos andares construídos há vinte ou trinta anos para concluir que grande parte da população dorme todos os dias em cima de um barril de pólvora. Não há fisca-lização obrigatória das condições em que se encontram estes edifícios, onde a única saída é a mesma porta por onde se entra, e quem tem grades nas janelas ainda se pode dar por satisfeito, pois em muitas destas moradias não entra qualquer luz natural. Sobre o estado das instalações eléctricas, basta olhar para o estado do quadro das campainhas logo à entrada do prédio para perceber que se está aqui a brincar com o fogo.

Mas de um modo mais abrangente, es-tas mortes tão inusitadas quanto horríveis serviram para reacender o debate sobre as condições de vida dos TNR, as dificuldades destes em encontrar alojamento, e já na esfera do surrealista, o problema do preço da habitação em Macau. Não entendo que

cabimento tem incluir na equação da espe-culação imobiliária pessoas que na maior parte dos casos vêm para o território trabalhar com o único objectivo de enviar a quase totalidade do vencimento que auferem para o seu país de origem, onde em muitos casos há bocas que dependem exclusivamente

desse dinheiro para comer, vestir e estudar. O que não encaixa em algumas cabecinhas auto-intituladas pensadoras - e que disso têm tanta cagança - que consideram “desuma-no” que hajam oito, dez ou doze pessoas a morar debaixo do mesmo tecto, é que nem toda a gente está em Macau à procura de conforto. Nem todos entendem conceitos como “qualidade de vida”, que para estes

passa por morar num apartamento com uma sala do tamanho de um campo de ténis, e depois conjecturam sobre “onde vai isto parar” quando lhes aumentam a renda de 12 para 15 mil patacas, mas não ponderam ir morar para uma casa mais pequena, onde pagariam metade desse preço, ou menos - mesmo aqueles que vivem sozinhos.

Há quem não consiga imaginar-se a viver com mil patacas por mês; como é isso possível, se é o que gastamos em quase nada - basta ir jantar fora dois dias seguidos. Por-que é esse o valor que damos a mil patacas, enquanto nas Filipinas, por exemplo, chega para dar de comer a uma família de quatro durante um mês. Claro que não estou a falar de Manila e arredores, nem das Boracais, Puerto Galera, ou Bibó Puerto carago, ou outro destino de férias. Falo do interior, da-quilo que eles chamam de “bundok”, o país real, onde mil patacas é um salário médio, e onde a palavra “desemprego” é uma forma erudita de descrever uma situação banal: não há trabalho, há que sobreviver, pôr comida na mesa e depois de cada refeição pensar de onde virá a próxima. Ali, de onde é originária grande parte dos TNR das Filipinas que temos em Macau, também é comum encontrar mais que uma família a partilhar o mesmo chão, e digo “chão” porque é no chão que dormem, deitam-se antes das dez da noite e acordam com o sol no dia seguinte. Colchões, almofa-das e ar-condicionado são luxos que só vêm encontrar em Macau. Se já lá estive para saber se é assim? Por acaso já, e também já vivi com filipinos em Macau, seis na mesma casa, oito aos fins-de-semana, às vezes mais, quando aparecia alguém que pedia para passar lá uma noite, e improvisava-se um cantinho qualquer na sala. E isto foi durante mais de um ano, entre 1995 e 1996, e tal como hoje, há vinte anos também viviam vários no mesmo apartamento.

Seria muito desaforo da minha parte dizer que não se cometem abusos, que não há TNR explorados, maltratados e enganados. Há, claro, e há ainda os que sabem muito bem para aquilo que vêm, outros que no fim do mês tiram do salário o suficiente para pagar as contas e mandam o resto para casa. Como vivem? Assim, através da camaradagem de outros, umas vezes isto corre bem, outras mal, ou de expedientes como o sub-arrendamento. É ilegal? Mandem-nos ter formação jurídica. Só não esperem é que estejam lá os senhorios a inspeccionar quantos passam lá a noite. Se lhes aumentarem o subsídio de residência, pode ser até uma medida justa, mas o mais provável é que mandem esse dinheiro extra para a família, e não o invistam em “melhores condições de habitação”. E reparem que fala-mos de filipinos e indonésios, que juntos não devem ser sequer metade do total de 150 mil TNR em Macau. São certamente o elo mais fraco, os excluídos desta economia pulsante alimentada pelos lucros dos casinos, certo? Certo, se não contarmos com os operários da China continental, que depois de um dia nas obras só querem mesmo uma cama para se estenderem, e pouco importa que seja um beliche num quarto que partilham com mais sete ou oito, e casa-de-banho comum. A isto chama-se “sobrevivência”, um teste que uma querida amiga não conseguiu passar, para ver agora a sua derrota ser usada como bandeira pelos motivos errados. Triste, triste...

Estas mortes tão inusitadas quanto horríveis serviram para reacender o debate sobre as condições de vida dos TNR, as dificuldades destes em encontrar alojamento, e jána esfera do surrealista,o problema do preçoda habitação em Macau

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“Sei que há funcionários dos casinos contra a importação de TNR para alguns cargos, mas temos de ter atenção [num ponto]: temos de saber que a existência de um mecanismo de saída dos TNR não é apenas uma política destinada a um único sector. É para todos. Ou seja, se saírem os TNR dos casinos, também é obrigatório que saiam os dos outros sectores”MELODY LU• Académica e investigadora da UM

“As operadoras prestam um serviço público, não estamos propriamente a falar de um mercado livre. A DSRT é obrigada a regular as campanhas que são lançadas no mercado, as quais devem ser aprovadas pelo Governo antes. A DSRT deve verificar cuidadosamente se as campanhas estão a providenciar um serviço e tarifas razoáveis aos clientes”JASON CHAO• Activista, sobre a retirada da internet ilimitada para telemóveis por algumas operadoras e que o Governo nega

“Após a realização recente de um diálogo amplo com as instituições e personalidades que se preocupam com o problema da violência doméstica, percebeu-se que as instituições de serviços sociais, as associações envolvidas e a população em geral raramente consideram como actos de violência doméstica os confrontos físicos ocasionais e levesque se verificam entreos membros de família”COMUNICADO DA DSAJSOBRE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

hoje macau quinta-feira 20.11.2014

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L I G U E - S E • PA R T I L H E • V I C I E - S E

POR CARLOS MORAIS JOSÉ

www.hojemacau.

com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

DIÁRIO 19DE BORDO

Os efeitosda repetição

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A REPETIÇÃO é um dos fenómenos mais interes-santes na espécie humana. É pela repetição, por exem-plo, que se inscreve uma memória ou se inferniza a vida de alguém. Quando alguém repete muito a mes-ma coisa, a tendência acaba por ser desvalorizar, como no caso do menino e do lobo. Do mesmo modo, de tanto ouvirmos as mesmas queixas, acabamos por não lhes dar importância, de as ignorar e votar para aquela secção dos ruídos incomo-dativos, onde muito poucas vezes entramos.É isso que parece fazer o Governo quando se defron-ta com as queixas e as rei-vindicações dos cidadãos. Também através dos média têm sido denunciados pro-blemas e aventadas inúme-ras sugestões para resolver os problemas da cidade, mas para o Executivo tal parece ser apenas um ruído distante e maçador, porque os meses vão passando e tudo fica na mesma.O caso dos táxis é paradig-mático. Mas há outros, inú-meros casos do quotidiano das pessoas, que precisam de urgente resolução. E o que encontram os cida-dãos quando questionam, franzindo cada vez mais o sobrolho, o poder que os governa? Promessas de estudos, de consultas e mais consultas e muito pouca ou nenhuma acção.O pior é que, deixadas ao acaso, as situações não se resolvem sozinhas. Pelo contrário, tendem a agravar-se e a causar mais e mais desarmonia social, a produzir uma sociedade, não apenas desequilibrada em termos do rendimento dos seus membros, mas sobretudo desapontada e inquieta. Por isso não nos cansamos de repetir, de juntar a nossa voz às outras vozes, as que constituem esse ruído de fundo, um marulho de descontentamento, que ninguém quer ver tornar-se num tsunami.

O PRESIDENTE do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, fala durante uma conferência de imprensa, em Tóquio, na sede do banco, anunciando que o banco vai manter as suas políticas agressivas para ultrapassar a deflação por que passa a economia japonesa neste momento.

“Perguntámos ao Governo quando é que vai concluirtodas as obras e qual é a percentagem da derrapagem financeira,

mas o Governo não conseguiu responder”Chan Chak Mo, deputado, sobre o metro ligeiro | P. 4

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hoje macau quinta-feira 20.11.2014

O ex-presidente do Ins-tituto dos Registos e Notariado (IRN), An-

tónio Figueiredo, o ex-director do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Manuel Pa-los, e a ex-secretária-geral do Ministério da Justiça, Maria Antónia Anes, vão ficar em prisão preventiva no âmbito da investigação dos vistos gold. O mesmo sucederá com um dos empresários chineses visados pela chamada Operação Labirinto.

Mas enquanto Manuel Palos, do SEF (cujo pedido de demis-são foi apresentado e aceite esta terça-feira pelo Governo) poderá ver substituída, no futuro, a prisão preventiva pela pulseira electrónica no domicílio, se o juiz considerar que os requisitos necessários estão cumpridos, uma medida de coacção seme-lhante à aplicada à ex-secretária--geral, o mesmo não sucede com António Figueiredo nem com o empresário chinês Zhu Xiaodong. Para estes, o juiz de instrução Criminal Carlos Alexandre não deixou outra opção de futuro: vão aguardar num estabelecimento prisional o decurso das investigações.

Estão a ser investigados fac-tos susceptíveis de integrarem a

prática dos crimes de corrupção activa e passiva, recebimento indevido de vantagem, pre-varicação, peculato, abuso de poder e tráfico de influências, de acordo com o comunicado lido por uma funcionária do Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa. Os restantes argui-dos chineses, Zhu Baoe e Xia Baoliang, estão proibidos de se ausentarem do país e obrigados a prestar cauções de 250 mil e de 500 mil euros, respectivamente.

SEM CONTACTOSTanto o director do SEF como outro suspeito, Jaime Gomes - que tem uma sociedade com a filha do director do IRN na qual participa também Marques Mendes, e em que o ex-ministro da Administração Interna Mi-guel Macedo chegou a ter uma quota - ficam ainda proibidos de contactar funcionários do Servi-ço de Informações e Segurança, do SEF, da Polícia Judiciária, do Ministério da Administração Interna, da magistratura judicial e do Ministério Público - mesmo aqueles que já não trabalhem nestes organismos. Medida idên-tica foi, de resto, aplicada a Maria Antónia Anes e aos funcionários do IRN implicados no caso que ficam suspensos de funções.

JOSÉ LUCIANO OLIVEIRA DESMENTE L IGAÇÕESJosé Luciano Oliveira desmente qualquer envolvimento no caso dos Vistos Gold, que está a causar polémica em Portugal. De acordo com o jornal ‘i’, o ex-número dois dos SIS – que é também assessor do Secretário para a Segurança de Macau - admite que António Figueiredo possa ter tido algum “deslize”, “vítima de ser muito disponível”. Segundo o jornal, José Luciano Oliveira é amigo de António Luís Figueiredo e padrinho de baptismo da filha, Ana Figueiredo, detidos na operação. O ex-número dois do SIS afirma-se “magoadíssimo” pelas notícias que associam o seu trabalho em Macau ao esquema dos vistos dourados, diz o ‘i’, que acrescenta que José Luciano diz que a sua amizade com Figueiredo está agora “reforçada”, “independentemente das censuras que possa fazer se vier a provar-se alguma coisa”. Afirma ter desaconselhado pessoas de comprar casas em Portugal - e também de passar férias no país.

VISTOS GOLD ALTOS DIRIGENTES NA PRISÃO

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