hoje macau 18 nov 2011 #2496

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TEMPO CHUVA MIN 20 MAX 23 HUMIDADE 80-98% CÂMBIOS EURO 10.8 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 18 DE NOVEMBRO DE 2011 ANO XI Nº 2496 PUB Ter para ler Trabalhadores das obras DEPUTADO EXIGE LEGISLAÇÃO • Página 7 GP Macau SERÁ QUE A CHUVA VEM ABENÇOAR O GP DE MACAU? Titulares de altos cargos podem apanhar três anos de prisão A cor do dinheiro Ganhar à grande e não declarar a origem do dinheiro vai passar a ser punível com três anos de cadeia. É o que prevê a proposta de revisão da lei da declaração de rendimentos dos titulares e respectivos cônjuges dos altos cargos. Chefe do Executivo, Secretários e mais uns quantos funcionários de topo vão ver parte dos seus bens à distância de um clique na Internet. Carros, aviões, jóias, contas bancárias e obras de arte continuam a ser super- secretas. Para o público, mas não para as autoridades. > PÁGINA 4 Festival de Cantão VINHO PORTUGUÊS GANHA MEDALHA DE OURO • Página 13 Comunidades Portuguesas CONSELHO FURIOSO COM PASSOS COELHO • Página 5 h • AS MÃOS, A GUERRA E A SAUDADE

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Edição do Hoje Macau de 18 de Novembro de 2011 • Ano X • N.º 2496

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TEMPO CHUVA MIN 20 MAX 23 HUMIDADE 80-98% • CÂMBIOS EURO 10.8 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 18 DE NOVEMBRO DE 2011 • ANO XI • Nº 2496

PUB

Ter para ler

Trabalhadores das obras

DEPUTADO EXIGE LEGISLAÇÃO

• Página 7

GP MacauSERÁ QUE A CHUVA VEM ABENÇOAR O GP DE MACAU?

Titulares de altos cargos podem apanhar três anos de prisão

A cor do dinheiro Ganhar à grande e não declarar a origem do dinheiro vai passar a ser punível com três anos de cadeia. É o que prevê a proposta de revisão da lei da declaração de rendimentos dos titulares e respectivos cônjuges dos altos cargos. Chefe do Executivo, Secretários e mais uns quantos funcionários de topo vão ver parte dos seus bens à distância de um clique na Internet. Carros, aviões, jóias, contas bancárias e obras de arte continuam a ser super-secretas. Para o público, mas não para as autoridades. > PÁGINA 4

Festival de Cantão

VINHO PORTUGUÊS GANHA MEDALHA DE OURO

• Página 13

Comunidades Portuguesas

CONSELHO FURIOSO COM PASSOS COELHO

• Página 5

h• AS MÃOS, A GUERRA E A SAUDADE

SEXTA-FEIRA 18.11.2011

2www.hojemacau.com.mo ACTUAL

BARACK Obama a beijar o presidente da China não é uma imagem frequente. Nem real. É mais uma

campanha publicitária da Benetton que defende o fim do ódio.

A Benetton lançou hoje mais uma campanha publicitária que promete fazer correr muita tinta. Líderes mundiais, políticos e reli-giosos a beijarem-se. As imagens inserem-se numa campanha cujo mote é pôr fim ao ódio. São seis as imagens disponíveis no site da campanha da Benetton e que pode-rá ver no final deste texto. “O que quer dizer ‘UNHATE’? ‘UN-hate’. Pára de odiar se odeias. ‘Unhate’ é uma mensagem que nos convida a considerar que o ódio e o amor não estão tão longe um do outro como pensamos. Na verdade, os dois sentimentos opostos estão muitas vezes num equilíbrio delicado e ins-tável. A nossa campanha promove uma alteração no equilíbrio: não odeies, ‘unhate’ [deixa de odiar]”.

A instituição que avalia a qualidade dos alimen-

tos na China encontrou um aditivo proibido em amostras de carne suína dos Estados Unidos, do Canadá e da Dinamarca. A substância ractopamina, utilizada para fortalecimen-to muscular, foi encontrada em Julho em diversos lotes de produtos de suínos con-gelados, conforme relata um documento publicado no site da Administração Geral de Supervisão de Qualida-de, Inspecção e Quarentena.

“Toda a carne suína pro-blemática foi devolvida ou destruída”, afirma. A China, maior consumidor mundial de carne de porco, vem combatendo a produção ilegal e a venda de aditivos que possam promover o

UM homem chinês tentou imolar-se pelo fogo na

praça de Tiananmen, em Pequim, palco das mani-festações pró-democracia reprimidas pela força em 1989, informou ontem a imprensa oficial.

Esta foi primeira imola-ção em dez anos na praça que simboliza o poder político na China, mas trata-se de um gesto “apolítico” e remonta a 21 de Outubro, refere o jor-nal oficial chinês em língua inglesa “Global Times”.

“Um homem de apelido Wang aproximou-se das pontes de mármore que levam à Cidade Proibida, no extremo norte da praça, e ateou fogo às suas roupas. Os polícias que estavam no local apagaram as chamas em algumas dezenas de segundos”, disse o ga-binete responsável pela manutenção da ordem,

Campanha da Benetton põe Barack Obama a beijar líder chinês

Beijos na boca a Hu Jintao

“É tempo da United Colors of Benetton defender as suas crenças e mostrar as suas ‘true colors’ [ver-

dadeiras cores]”, para “defender uma mensagem simples e poderosa de tolerância e paz”. Para isso, a

Benetton “criou uma palavra para levar as pessoas para um novo es-tado de espírito”, revela a empresa

na apresentação da campanha publicitária.

“Quer dizer não se odeiem”, afirmou o presidente do Grupo Benetton, Alessandro Benetton, em declarações ao “Wall Street Journal”.

“Num momento negro, com uma crise financeira, com o que se passa nos países da África do Nor-te, em Atenas, esta é uma atitude que podemos todos abraçar que pode dar uma energia positiva”, adiantou.

A Benetton está ainda a promo-ver a participação das pessoas, que poderão ir ao site da Fundação e deixar as suas fotografias de beijos.

“Estas são imagens simbólicas de reconciliação – com um toque de esperança irónica e provocação construtiva – para estimular a reflexão de como as políticas, as crenças e ideias, mesmo quando são divergentes e opostos, devem levar a um diálogo e mediação”.

A Benetton vai ainda promo-ver acções, onde grupos de jovens deverão colocar cartazes onde aparecem os líderes a beijarem--se em locais simbólicos. Tel Aviv, Nova Iorque, Roma, Milão e Paris, estão entre as cidades onde a empresa diz que vão decorrer algumas destas acções.

PEQUIM ENCONTRA ADITIVO PROIBIDO EM

SUÍNOS DE EUA, CANADÁ E DINAMARCA

Porcos ocidentais contaminados

crescimento muscular e tornar a carne mais magra, característica prezada pe-los consumidores chineses.

Em Julho, um tribunal chinês emitiu um parecer rigoroso para casos envol-vendo a produção e a venda de suínos que continham o aditivo clenbuterol, por colocar em risco a segu-rança pública, de acordo com a agência de notícias estatal Xinhua News. Tanto a administração do clenbu-terol nas rações quanto a da ractopamina estão proibi-das na China, embora os Estados Unidos permitam a ractopamina.

As cotações da carne suína caíram ou mantive-ram-se estáveis pela oitava semana consecutiva nas principais regiões do país,

até 13 de Novembro. Assim, atingiram o menor nível em mais de quatro meses, reduzindo pressões infla-cionárias, de acordo com o ministério do comércio chinês. Nos últimos meses, a carne suína foi a principal causadora de inflação na China.

Por causa da oferta aper-tada, em Setembro os preços dos suínos atingiram pata-mar recorde, cerca de 50% superior ao ano passado. Na semana passada, os preços dos suínos caíram 1,9%, para 24,28 yuan/kg, contribuin-do para uma queda de 8,2% desde meados de Setem-bro, segundo o ministério. Analistas disseram que as importações e a venda de reservas foram os principais motivos da queda de preços.

PALCO DAS MANIFESTAÇÕES PRÓ-DEMOCRACIA

VOLTA A SER LOCAL DE PROTESTO

Tiananmen em fogo

num comunicado citado pelo jornal.

O “Global Times” indica que o manifestante, de 42 anos, oriundo da província de Hubei (no centro do país), estava insatisfeito com uma decisão judicial respeitante a um litígio civil.

Após quatro semanas de silêncio, é provável que as autoridades chinesas

tenham sido forçadas a divulgar tal informação sen-sível, dado que o incidente foi captado pela máquina fotográfica de um turista e publicada no jornal britânico “Daily Telegraph”.

O homem em causa foi hospitalizado mas, de acordo com o jornal ofi-cial chinês, já recuperou e encontra-se bem de saúde.

Campanha da Benetton põe Barack Obama a beijar líder chinês

Beijos na boca a Hu Jintao HÁ mais de um

ano, desde que a China relaxou as suas regras

cambiais e anunciou medi-das para incentivar o uso do yuan além-fronteiras, o mercado externo de títulos de dívida em yuan – ape-lidados de “dim sum” em homenagem ao tipo de banquete chinês em que há várias pequenas porções – tem atraído uma variedade de emissores. Mas a base de investidores do mercado continua limitada a bancos e fundos voltados a pequenos investidores, principalmen-te por causa do volume ainda pequeno de transacções do mercado de títulos “dim sum”.

Alguns banqueiros di-zem que passaram a ofere-cer títulos “dim sum” para fundos afiliados a governos e bancos centrais. Para esses investidores, activos

A aprendizagem da língua e cul-tura chinesa é “cada vez mais

procurada” e vista como “saída” devido ao “crescimento internacio-nal” da China a nível económico e comercial, segundo a directora do Instituto Confúcio da Universidade do Minho, Sun Lam.

Em declarações à agência Lusa a propósito da entrega de mais de 40 diplomas do Exame Oficial de Chinês Hanyu Shuiping Kaoshi (HSK), Sun Lam explicou o aumento da procura por cursos de língua e cultura chinesa.

“A China é falada todos os dias. O crescimento Internacional do país, quer a nível económico, quer a nível comercial fomentou a procura pelo ensino da língua chinesa, assim como aumentou o interesse por cursos de cultura oriental chinesa”, explicou.

FUTURO PRÓSPERO A mãe de Yang Weihao, 9 anos, limpa as suas feridas antes de colocar a máscara que a criança tem de usar para que as queimaduras que sofreu num incêndio. O menino tinha encerrado o tratamento após passar por duas cirurgias porque a sua família não tinha recursos suficientes, mas um hospital local concordou em tratá-lo gratuitamente ao conhecer o caso, informou a imprensa local ontem.

China tenta vender dívida em yuan a bancos centrais estrangeiros

Clientes expressam interesse publicamente

SEXTA-FEIRA 18.11.2011

3www.hojemacau.com.mo

Leia mais notícias sobre a China e a Ásia em www.hojemacau.com.mo@

ligados ao yuan, também conhecido como renminbi, podem oferecer uma ma-neira de diversificar as suas reservas internacionais para outras moedas além do dólar americano.

Alguns desses potenciais clientes já expressaram

interesse publicamente. La-mido Sanusi, presidente do Banco Central da Nigéria, disse em Setembro que o banco espera começar a ter reservas internacionais em yuans no quarto trimestre. O banco pretende investir 5% a 10% de suas reservas

internacionais em activos denominados em yuans, como os títulos “dim sum”.

O Banco Central do Brasil não divulga a composição das suas reservas interna-cionais por emissores dos títulos de dívida que as in-tegram. Uma porta-voz disse

que a entidade não comenta se há planos para aquisições de títulos de dívida.

Alguns banqueiros di-zem que os compradores associados a governos já fizeram algumas compras, embora não tenham revela-do nomes ou valores e não te-

nha sido possível confirmar as suas alegações. “Alguns bancos centrais compraram títulos ‘dim sum’ emitidos pelo governo chinês”, disse Tee Choon-Hong, director de mercado de capitais para o nordeste da Ásia no banco britânico Standard Charte-red, acrescentando que “eles estão a testar para ver como funciona esse mercado”.

Um número crescente de empresas chinesas e estran-geiras, como bancos, incor-poradoras e indústrias, tem enchido os bolsos de capital barato denominado na moe-da chinesa desde o ano pas-sado, por meio de aplicações no mercado de Hong Kong. O governo chinês incentivou a tendência como parte de suas tentativas de expandir o uso do yuan fora das suas fronteiras. Actualmente há cerca de 198 mil milhões de yuans em títulos “dim sum” a circular no mercado.

HÁ CADA VEZ MAIS PORTUGUESES

A APRENDER CHINÊS

Porta de saída da crisePara a directora do Instituo Con-

fúcio, a funcional na Universidade do Minho em Braga, “a aprendiza-gem da língua chinesa é hoje enca-rada como uma ferramenta e uma saída profissional” o que “justifica” a crescente procura.

No Instituto Confúcio em Braga é ministrada uma licenciatura em Línguas e Culturas Orientais e ainda um mestrado em Estudos Intercultu-rais Português - Chinês sendo que, esclareceu Sun Lam, “há cerca de 70 alunos a frequentar a licenciatura e mais 50 alunos no mestrado”.

A licenciatura, explicou a res-ponsável, “é essencialmente pro-curada por alunos que concluem o ensino secundário e todos os anos são preenchidas a totalidade das vagas” enquanto que “quem quer aprender uma coisa diferente ou

pretende viajar pela China opta pelo cursos livres”, também leccionados no Instituto.

Sun Lam explicou que é “objecti-vo” do Confúcio “servir de platafor-ma para levar pessoas à China para que conheçam a China por dentro, tenham contacto com o povo chinês” e ainda “trazer mais jovens chineses a Portugal para que conheçam o mundo e outras culturas”.

Esta é, segundo Sun Lam, a “forma de a China se abrir”. A responsável adiantou à Lusa que a Universidade do Minho tem pro-tocolos com quatro universidades chineses, “três destas instituições têm licenciaturas em Português”, com vista à “mobilidade de estu-dantes da China para Portugal e de Portugal para a China”.

Os diplomas ontem entregues são “mundialmente reconhecidos” e correspondem à aprovação nos exames realizados em Maio. O HSK é uma “prova de proficiência da Língua chinesa “para estudantes que aprendem o chinês como língua estrangeira” e conta com” critérios uniformizados”.

Veja-se, observe-se, repare-se em Macau. Aqui a queda de recordes não é constante, é galopante. Relincheia como um cavalo louco, em desvairada correria pela pradaria do jogo e dos orçamentos, sempre mais à frente, sempre ultrapassando as metas, como não ousariam outros atletas. Não há mês, não existe ano, nem plano quinquenal, em que a RAEM não bata os mais almejados recordes. Carlos Morais José P.17

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4www.hojemacau.com.mo POLÍTICA

Vanessa [email protected]

VAI haver publici-tação, mas nem de tudo. A revi-são da lei de bens

patrimoniais chegou esta semana à Assembleia Le-gislativa e prevê que parte das riquezas dos altos car-gos da Administração (ver caixa) fique disponível para consulta pública através da Internet. Imóveis, empresas, participações em negócios e ligação a organizações não lucrativas vão estar à vista de todos. De fora continu-am viagens patrocinadas, veículos, contas bancárias, obras de arte, direitos de crédito, jóias e outros objec-tos que custem mais de 31 mil patacas – tudo tem de ser declarado, mas não será tornado público.

O Gabinete do Chefe do Executivo, responsável pela elaboração da proposta que estará em breve nas mãos dos deputados, afirma, na nota justificativa, que as altera-ções chegam em decorrência “das exigências da sociedade no sentido de se reforçar a transparência e a incorrup-tibilidade da Administração

Altos cargos que não justifiquem riqueza arriscam até três anos de prisão

Filtro anti-enriquecimento ilícitoA alteração à lei da declaração de bens patrimoniais já chegou à Assembleia Legislativa e prevê a publicitação na Internet de uma parte das possessões dos altos cargos da Administração. Os cônjuges também estão abrangidos. Aqueles que não entregarem os documentos a tempo e horas vão ver descontos no salário e os que não justificarem as riquezas podem apanhar até três anos de cadeia

Pública”. Os responsáveis pela proposta consideram que as alterações “moralizam e dignificam não só os titula-res dos cargos, como também

as próprias instituições nas quais exercem as suas fun-ções, correspondendo assim às crescentes expectativas da sociedade”.

O que vai ser público• Imóveis, com descrição de natureza e finalidade

• Empresas comerciais ou estabelecimentos industriais, quotas, acções, participações ou outras partes sociais do capital em sociedades civis ou comerciais

• Ligação a organizações não lucrativas

As declarações vão ter ainda de incluir tudo o que está no nome do cônjuge ou do unido de facto, assim como meios que permitam confirmar todos os bens. Quem se “esquecer” deste detalhe pode ser punido com pena de prisão até dois anos ou multa até 240 dias.

A sanção mais pesa-da, contudo, recairá sobre aqueles que simplesmente omitirem alguma parte do seu património. O artigo 28.º prevê que os altos cargos na posse de património ou ren-dimentos “anormalmente” superiores aos indicados nas declarações ou que não tenham uma origem lícita vão ser punidos com pena de prisão até três anos ou

com uma pena de multa não especificada.

Assim que um alto di-rigente tome posse, tem 90 dias para apresentar a sua declaração, como já previa anteriormente o articulado. Os documentos têm de ser actualizados quando o titu-lar deixar o cargo, houver renovação da sua função ou mudança para outro depar-tamento. Mas enquanto lá estiverem, Chefe do Execu-tivo, secretários e afins, vão ter de fazer uma nova lista dos seus bens a cada cinco anos ou quando passarem a ganhar um vencimento superior ao do índice 85 da tabela indiciária.

Uma novidade na lei tem a ver com a destruição

dos documentos. Fica de-terminado que cinco anos após a morte do declarante ou 10 anos após a cessação de funções a declaração já não poderá estar disponível para consulta. Mas para tal, terá de ser o presidente do Tribunal de Última Instân-cia ou o comissário contra a Corrupção a dar as ordens.

A fuga de informações a par daquelas publicitadas na Internet prevê sérias consequências. Foi acres-centado o artigo 24.º no diploma, que diz respeito às punições para quem facilitar, permitir ou autori-zar o acesso às declarações integrais – pena de prisão até dois anos ou multa até 240 dias.

“Com esta medida, pretende-se alcançar a construção de uma Ad-ministração incorrupta e íntegra, a implementação de políticas transparentes e o reforço dos mecanismos de fiscalização”, argumenta o Gabinete do Chefe do Exe-cutivo. A proposta pretende também ir de encontro aos deveres previstos na Con-venção das Nações unidas contra a Corrupção, subs-crita pela RAEM.

Quem tem de apresentar os rendimentos• Chefe do Executivo

• Secretários

• Comissário contra a Corrupção

• Comissário da Auditoria

• Comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários

• Director-geral dos Serviços de Alfândega

• Presidente do Tribunal de Última Instância

• Procurador

• Chefes de gabinete

• Directores e subdirectores dos serviços da Administração Pública

• Titulares de órgãos de administração e fiscalização de empresas públicas, de capitais públicos ou com participação maioritária de capital público

SEXTA-FEIRA 18.11.2011

5www.hojemacau.com.mo

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UM CANDIDATO EXCLUÍDO DO CONCURSO DA PRIMEIRA FASE DO METROO Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT) aceitou 15 das 16 propostas entregues para o concurso de empreitada de construção da primeira fase do metro ligeiro, na Taipa. Os admitidos submeteram propostas que variam entre as 490 milhões de patacas e as 3000 milhões. O organismo vai agora avaliar a fundo os documentos dos concorrentes, mas não definiu uma data para o anúncio do contemplado.

A difusão da língua e cultura portu-guesas tem sido alvo de um “de-

sinvestimento continuado”, considerou hoje o presidente do Conselho Permanente das Comunidades Portu-guesas, Fernando Gomes, em declarações à agência Lusa em Macau. “É óbvio, praticamente desde finais de Setembro” que não tem havido “notícias minima-mente agradáveis em prol das comunidades”, afirmou Fernando Gomes, ao criticar que “tudo o que vem é esta política economicista”.

Em reacção à proposta do Governo de promover a fu-são do Instituto Camões (IC) e do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) num novo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua -, o conselheiro começou por lamentar o facto de não ter sido infor-mado, mostrando relutância relativamente aos frutos que a iniciativa poderá gerar.

“Só tenho a lamentar, mais uma vez, a postura pouca digna do Ministério dos Negócios Estrangeiros ou do secretário de Estado que nos tutela, de não ter previamente falado connos-co”, argumentou Fernando Gomes, ao realçar que, “à partida”, a fusão “aparenta ser mais uma posição pu-ramente economicista” por parte do Governo.

“Se advirá algum fruto

Presidente das Comunidades Portuguesas furioso com Governo de Passos Coelho

“É mais fácil destruir do que construir”

dessa política, tenho sérias dúvidas porque me parece que, de uma forma quase con-tinuada e abusiva, tem tido uma posição de costureira, praticamente surda e cega”, apontou Fernando Gomes.

ALUNOS DE PORTUGUÊS SEM PROFESSORESPara o conselheiro, os cortes que têm vindo a ser imple-mentados “são feitos de forma pouco delineada sem consultar a comunidade”, sendo que, em matéria de educação, “é exasperante a continuada debandada dos professores a nível de vários centros escolares em França, Bélgica e Alemanha”.

“Um outro número que tenho é que são cerca de 2000 os alunos que, de uma forma repentina, ficaram sem aulas de português”, afirmou, numa referência aos dados avançados, nomeadamente por sindicatos de professores de português do estrangei-ro, sublinhando ainda que esta atitude “foge de toda a política emanada aquando da tomada de posse” do secretário de Estado das Comunidades, José Cesário.

“Parece que é uma ma-chadada para um afastamen-to que temo ser eterno entre o secretário de Estado e as comunidades ( ) estamos to-dos revoltados, indignados com esta situação de falta de respeito”, disse, prometendo “expressar-se” sobre o tema na próxima semana quan-

do estiver em Lisboa para participar numa reunião do Conselho Permanente.

Após a reunião, o Con-selho das Comunidades Portuguesas terá, “natural-mente”, de assumir uma posição porque a lei obriga “a uma co-responsabilidade na situação”, disse. “É mais fácil destruir do que cons-truir. Demorou-se anos para criar uma estrutura mini-mamente funcional ao nível do ensino, dos consulados e também ao nível da difusão da língua e agora, de uma forma repentina, as coisas estão a ser completamen-te devassadas”, apontou, considerando esta situação “lamentável” até porque “muitas vezes são migalhas que se tentam poupar”.

FECHO DE CONSULADOS TAMBÉM IRRITASobre a decisão por parte do Governo de encerrar sete embaixadas, anunciada na quarta-feira, no Parlamento, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, Fernando Gomes disse que “até parece ser justificada”, por se tratarem de países com “menor expressão de emigração ou de presença de comunidades portu-guesas. Mas, “a nível dos vice-consulados, a situação é completamente diferente”, advogou.

Frankfurt, Lille ou Cler-mont-Ferrand são cidades que “têm um peso de comu-

nidade bastante grande”, argumentou, ao realçar que no caso dos vice-consulados “há uma aproximação muito

mais directa junto das comu-nidades”.

“Penso que isso não faz sentido”, disse, ao referir que

as informações que detém em relação ao caso de Frank-furt, por exemplo, são as de que “funciona com pouca gente”, o que representa “custos irrisórios”, e que “tem prestado um serviço para dezenas de milhares de pessoas”.

As embaixadas portu-guesas que vão ser desacti-vadas são Andorra, Bósnia--Herzegovina, Estónia, Letó-nia, Lituânia, Malta e Quénia, sendo que a jurisdição do vice-consulado de Frankfurt (Alemanha) passará para Estugarda, Osnabruck para Dusseldorf, a de Clermont--Ferrand (França) para Lyon e a de Nantes para Paris. Já o escritório consular de Lille será transferido para Paris.

PUB.SEXTA-FEIRA 18.11.2011

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Data Hora Local

2011/11/20 18:30 até 05:00

(1) Abertura de todos os portões metálicos

(2) Desmontagem das barreiras metálicas situadas na entrada dos hotéis

(3) Desmontagem das barreiras metálicas situadas na entrada das garagens das residências

(4) Desmontagem de todas as barreiras metálicas situadas nas paragens dos autocarros

(5) Desmontagem de todas as barreiras metálicas nos acessos dos passeios para peões

2011/11/21-23 08:00 até 22:00

(1) Desmontagem dos portões metálicos(2) Desmontagem das barreiras

metálicas junto aos portões metálicos

2011/11/20-25 08:00 até 22:00 Desmontagem das barreiras metálicas desde a Avenida da Amizade até à Curva do Reservatório

2011/11/24-12/2

08:00 até 22:00 Desmontagem das barreiras metálicas desde a Rua dos Pescadores até à Curva do Reservatório

2011/11/26-12/2

08:00 até 22:00 Desmontagem das barreiras metálicas na troço inferior da Colina da Guia

Horário da Desmontagem das barreiras metálicas do 58º Grande Prémio de Macau

Horário e Locais de fecho dos portões de barreiras metálicas entre os dias 17 e 20 de Novembro: 1. Os portões de barreiras metálicas colocados nos acessos a todos os edifícios residenciais, hotéis ou outras entidades serão encerrados a partir das 00h00, permanecendo fechados até ao final das corridas de cada dia. 2. Os portões de barreiras metálicas colocados nos acessos a vias públicas serão encerrados a partir das 03h00, permanecendo fechados até ao final das corridas de cada dia.

Depois de terminar as corridas, a Comissão do Grande Prémio de Macau vai efectuar durante toda a noite as obras de desmontagem das barreiras metálicas, e as primeiras obras vão ser concluídas na madrugada do dia seguinte das corridas, diminuindo os transtornos causados à população.

A Comissão do Grande Prémio solicita a todos os condutores a melhor compreensão por eventuais transtornos causados, bem como o respeito pela sinalização provisória instalada e pelas instruções da Brigada de Trânsito. Para informações, é favor de ligar para o número de telefone: 28-728482.

Open Tender Notice

Request for Proposal – Private Automated Branch Exchange (PABX) System at Macau International Airport1. Company: Macau International Airport Co. Ltd. (CAM)2. Tendering method: Open tendering3. Objective: To select a supplier to supply and install PABX system at Macau International Airport with demolition of existing system.4. Request for tender documents: Tender Notice and Tender Document can be downloaded from MIA’s website www.macau-airport.com until 7days prior to the deadline for submission of Bidders’ tenders. Please regularly check the website for any clarification or changes/modification/amendment in the Tender Document.5. Location and deadline for submission of Bidders’ tenders: Macau International Airport Co. Ltd. (CAM) 4th Floor, CAM Office Building, Av. Wai Long, Taipa, Macau Before 12:00 noon on 6th Jan 2012 (Macau Time). The addressee of the tender shall be Ms. Suning Liu – Executive Director. The tenders received after the stipulated date and time will not be accepted.6. CAM reserves the right to reject any tender in full or in part without stating any reasons.

-END-

Hellene Garden Lots 1 and 2 invite Property Management Compa-nies to submit tender. Interest parties may contact Lot1 and Lot2 administration at [email protected] and [email protected] .

Deadline is Monday 28th November 2011 by 18:00 hours.

海蘭花苑第一區管理機關ADMINISTRAÇÃO DO CONDOMÍNIO DO LOTE I DO EDIFÍCIO HELLENE GARDEN

海蘭花苑第二區管理機關ADMINISTRAÇÃO DO CONDOMÍNIO DO LOTE 2 DO EDIFÍCIO HELLENE GARDEN

SEXTA-FEIRA 18.11.2011

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POLÍTICA

ANÚNCIO

PUB

HM-2ª vez 18-11-11Execução Ordinária n.º CV2-10-0084-CEO 2º Juízo Cível

Exequente: MELCO CROWN JOGOS (MACAU), S.A., sociedade comercial com sede em Macau, na Avenida Dr. Mário Soares, nº 25, edf. Montepio, 1º andar, Comp. 13, Macau.Executada: CHEANG SENG MAN, solteiro, maior, com última residência conhecida em Macau, na Av. 24 de Junho, nº 158, edf. Kam Yuen, 7º andar F, ora ausente em parte incerta. Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos do executado para, no prazo de QUINZE DIAS, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado sobre que tenham garantia real e que é o seguinte:

Móvel penhorado Saldos bancários do executado, são os seguintes: Banco Tai Fung, S.A.R.L., de conta no valor de......MOP2.306,26 Banco da China, S.A. Sucursal de Macau, de conta no valor de......................................................................MOP255.232,58 Aos 07 de Novembro de 2011.

Virginia [email protected]

MAIS de duas dezenas de tra-balhadores da construção bus-

caram recentemente a ajuda das associações laborais, ten-do alguns deles se queixado também directamente à Di-recção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), por terem salários em atraso e os empreiteiros, constru-tores gerais e proprietários das obras dizerem todos que não é nada com eles. A situação foi denunciada pelo deputado da Assembleia Legislativa (AL) Lam Heong Sang, em interpelação oral.

Afirmando-se impoten-te para recuperar para os trabalhadores os salários em atraso, a DSAL diz que apenas tem competência para acompanhar a inves-tigação, de acordo com os trâmites normais. A situação, considera Lam Heong Sang, mostra uma vez mais as

PESSOAS originárias das Filipinas, Vietname e outros países estão a

encontrar mais facilidades para imigrar e permanecer a trabalhar em Macau do que propriamente as que vêm da China Continental. A deputada Kwan Tsui Hang apresentou uma interpelação oral para saber qual a razão de continuar a existirem dois pesos e duas medidas na importação de trabalhadores, consoante a sua origem. Entretanto, a polémica com as empregadas domésticas e a sua facilidade em “trocar de emprego” sobe de tom.

De acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) relativos ao segundo trimestre do ano, existem actualmente em Macau mais de 85 273 trabalhadores importa-dos, o que corresponde a mais de um quarto da população empregada. Mas o problema, para a deputada, é que há diferentes níveis de dificuldade

de imigração consoante a origem do imigrante. “Basta analisar os requeri-mentos de autorização para trabalhar, para perceber que as pessoas que vêm da China Continental e de outros países têm procedimentos diferentes”, acusa Kwan, questionando quais as razões para o arrastar dessa situação. “O Go-verno deveria apresentar explicações”, protesta.

Na origem, quer a China, as Filipi-nas, a Tailândia ou o Vietname, todos impõem os devidos procedimentos e regulamentações para a exportação de mão-de-obra e que incluem a imposição aos cidadãos que queiram trabalhar no estrangeiro da obrigatoriedade de arranjar primeiro a autorização para trabalhar no país de destino. O proble-ma acontece mesmo em Macau, onde estrangeiros que entram como turistas conseguem facilmente trabalho sem terem de regressar primeiro ao país

de origem para tratar a partir de lá da autorização de permanência em Macau.

Quanto à polémica com as empre-gadas domésticas Kwan Tsui Hang considera que a facilidade em mudar de emprego ou de patrão está a dete-riorar o mercado e a criar problemas para as famílias. Na sua interpelação, a deputada eleita directamente para a AL em representação da União Para o Desenvolvimento (UPD) questionou o Governo se, para além da medida da “atribuição de quotas” para trabalha-dores estrangeiros, havia em preparação alguma medida para acompanhar o problema das “trocas de emprego”. A parlamentar perguntou também porque razão é que Macau permitia que as pessoas de outros países além da China pedissem directamente em Macau autorização para trabalhar ou mudassem de emprego mantendo a autorização de permanência. – V.L.

ACTUALIZAR DADOS PARA PODER VOTAR.A Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) vai instalar hoje um posto de recenseamento eleitoral na Habitação Social de Mong Há a fim de facilitar aos moradores a actualização de morada. Nas eleições para a Assembleia Legislativa de 2009, o local de voto dos eleitores era com base na morada que constava no recenseamento, e houve eleitores que não puderam votar por não terem actualizado os respectivos dados. Assim, para evitar estes constrangimentos, em caso de mudança de residência ou de alteração dos restantes dados pessoais, os eleitores devem entregar nos SAFP um pedido de alteração com os dados actualizados.

DEPUTADA QUEIXA-SE DE DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

NA IMPORTAÇÃO DE TRABALHADORES

À caça dos estrangeiros

Lam Heong Sang quer legislação para acabar com abusos aos trabalhadores das obras

Empreiteiros na mira do deputado

grandes lacunas existentes no sistema de organização por “níveis de subempreitei-ros” que vigora na indústria da construção civil, com o elo mais fraco a ficar sempre do lado dos trabalhadores mais rasos.

“Os níveis de subemprei-teiros vem sendo praticado há muito tempo e é mesmo o único sistema existente em Macau”, observou Lam He-ong Sang, explicando que, devido às suas característi-cas, a construção por fases se prestava ao aparecimento

de níveis consecutivos de subempreiteiros. Mas é a falta de regulamentação clara e fiscalização que cria as “ferramentas” para a ex-ploração dos trabalhadores, nota no entanto o deputado eleito indirectamente para a AL pela Comissão Conjunta da Candidatura das Associa-ções de Empregados.

Shuen Ka Hung, o di-rector da DSAL, explicou anteriormente que, para fiscalizar efectivamente as responsabilidades de ges-tão dos subempreiteiros, a

RAEM estabeleceu grupos de trabalho cruzados para estudar a questão de forma activa, e desejava através de legislação estabelecer propostas efectivas para cla-rificação das áreas de respon-sabilidade dos empreiteiros e subempreiteiros, e resolver assim as confusões nos níveis de contratação que geram atrasos e deduções indevidas nos salários dos trabalhadores. Lam Heong Sang reconhece que esse trabalho pode ser finalmente uma resposta a anos de apelo público, mas considera que peca por tardio, e aproveita para perguntar como está a decorrer o processo e qual a data prevista para que as propostas se concretizem.

Na prática, e para que os trabalhadores deixem de ser sempre eles a pagar a fava da incompetência dos subempreiteiros, Lam He-ong Sang sugere que seria importante pôr os olhos nos sistemas que vigoram nas regiões vizinhas, onde está

regulamentado que sejam os empreiteiros gerais a pagar os salários em atraso dos trabalhadores, podendo depois através de meios le-gais à disposição recuperar esses montantes provando a responsabilidade dos subempreiteiros. O depu-tado desafiou o Governo a introduzir um sistema seme-lhante em Macau e apelou aos empreiteiros gerais para que fossem mais cuidadosos e responsáveis na gestão das obras.

O sistema de gestão de obras está todo ele à espera de ser optimizado através de legislação e o Governo deve-ria ser muito mais cuidadoso na fiscalização, criticou Lam

Heong Sang. A actual lei a obriga os empreiteiros das obras públicas a pedir auto-rização ao Governo antes de transferir responsabilidades para subempreiteiros, mas falta optimização em todo o sistema, considera o de-putado. “Não há indicações claras para a responsabili-zação nas relações patrão--empregado, a situação dos salários em atraso continua a acontecer e o Governo também não está a cumprir com a sua responsabilidade de fiscalização”, resumiu o parlamentar, questionando quais eram as ideias do Executivo para optimizar o sistema, após mais de meio ano de revisões.

SEXTA-FEIRA 18.11.2011

8www.hojemacau.com.mo SOCIEDADE

Joana [email protected]

HÁ menos jovens a con-sumir droga em Ma-cau, representando uma descida de 10,4% nos

menores de 21 anos que abusam de estupefacientes. O número de toxicodependentes, no geral, desceu também, de 454 para 412 pessoas.

Estes são, pelo menos, dados do primeiro semestre deste ano, dispo-nibilizados ontem pelo Instituto de Acção Social (IAS) e obtidos através do Registo Central de Toxicode-pendentes.

A segunda sessão plenária da

VENDAS DE IMÓVEIS CAEM 73%O volume de transacções de imóveis em Macau diminuiu “substancialmente” no trimestre terminado em Setembro na sequência das medidas implementadas pelo Governo para controlar o preço do mercado imobiliário, indicam dados ontem divulgados. Segundo os Serviços de Estatística e Censos, entre Julho e Setembro, foram transaccionadas 3738 fracções autónomas pelo valor global de 9,62 mil milhões de patacas - com base no imposto de selo de transmissão de bens referente ao trimestre em análise -, menos 71 e 75,2%, respectivamente, face aos três meses precedentes. Do total de fracções transaccionadas, a maioria, ou 2194 unidades, tinha como a finalidade a habitação - correspondendo a 5,92 mil milhões de patacas -, traduzindo uma quebra de 73,4% em número e de 82,2% em termos de valor face ao trimestre anterior. O preço médio por metro quadrado (área útil) das fracções autónomas habitacionais transaccionadas era equivalente a 36.345 patacas no terceiro trimestre, menos 17,9% relativamente ao registado no período entre Abril e Junho.

ASSISTENTE SOCIAL ACUSADO DE ABUSO SEXUALO Ministério Público concluiu a investigação sobre um caso de abuso sexual e formalizou acusação contra um assistente social. O arguido, de apelido Lam, tem 27 anos e trabalha num serviço público. Segundo a acusação, no dia 11 de Junho convidou a vítima, também do sexo masculino, para a casa dele, onde consumou o abuso, depois de o alcoolizar, tirando 51 fotografias de todo o processo. Pelas cinco horas de madrugada, quando a vítima saiu da casa do arguido, sentiu dores e informou a polícia. O arguido foi depois detido pela polícia, que encontrou em casa dele estimulantes, lubrificantes e uma máquina de fotografia digital, entre outros equipamentos. O delegado do Procurador titular do processo, depois da análise do caso e das provas obtidas, considerou haver fortes indícios de crime de abuso sexual a indivíduo sem resistência e crime de gravação e fotografia ilegais, cometidos pelo arguido. O processo foi encaminhado para julgamento.

Consumo diminuiu em Macau, mas os mais novos caem no vício

Aquelas drogas para imberbes

CENTRO DE METADONA COM DEZ PACIENTESEstá localizado na Areia Preta e foi alvo de muita polémica na sua abertura. Desde Maio, o novo Centro de Metadona tem dez utentes, mas Augusto Nogueira acredita que este é um número que pode aumentar. O responsável da Associação de Reabilitação de Toxicodependência de Macau afirma, contudo, que é necessário mais apoios do Governo, nomeadamente no que diz respeito à construção de mais infra-estruturas para os jovens. No total, mais de 400 pessoas já foram a consultas externas de reabilitação e foram recebidos já 87 novos pedidos.

Comissão de Luta contra a Droga, mostrou ainda que, relativamente a 2006, o abuso de drogas diminui, no geral, e entre os estudantes de Macau desceu 0,8%. Mas a preocupação, apesar dos facto-res positivos, centra-se nos mais pequenos.

Pelo menos 17 estudantes do 5.º e do 6.º anos afirmam ter ex-perimentado drogas duras, como a heroína e a quetamina. Haxixe, tabaco e álcool são outros dos vícios que estes pré-adolescentes têm.

A subida no consumo de estu-pefacientes entre estes jovens – de 0,6% para 0,9% -, é sinal de alerta, admite o chefe do departamento

de prevenção da toxicodependên-cia, Hon Wai

Agregado ao facto de serem ainda muito novos estes consu-midores, está ainda o facto de o consumo ser feito fora de casa. “A situação do abuso de droga não se limita apenas ao divertimentos nas festividades. O consumo da droga nas suas próprias casas significa uma situação grave, onde houve transformação deste consumo num hábito”, disse aos microfones da Rádio Macau Hon Wai.

Por influência ou curiosidade, os jovens experimentam estupe-facientes. Apesar das sucessivas quebras que se fazem sentir no

consumo de droga, desde 2006, os responsáveis do IAS asseguram que há ainda muito a fazer para combater o fenómeno.

Um projecto sobre dicas de desintoxicação e a revisão da Lei contra a Droga são alguns dos ele-mentos que podem ajudar na luta, tendo o Governo criado uma co-missão especializada para o efeito.

Para os mais novos, os trata-mentos intensivos são a melhor forma de acabar com o problema. Karaokes e discotecas são os lo-cais que mais despoletam para o consumo. No início de 2012 abre um novo centro de desintoxicação para jovens.

SEXTA-FEIRA 18.11.2011

9www.hojemacau.com.moREMÉDIO PARA NARINAS FORNECIDO PELO KIANG WU RETIRADO DO MERCADO

Um medicamento para as narinas, Omnaris Spray Nasal, está a ser retirado de circulação depois dos Serviços de Saúde terem sido notificados pela fabricante que um dos lotes enviados para o hospital Kiang Wu pode estar em más condições de qualidade. A Nycomed detectou pequenos furos e vazamento de algumas embalagens no remédio que é comercializado apenas através do hospital privado. Quem está a usar o produto, tem de ir ao Kiang Wu para pedir a sua substituição.

Virginia [email protected]

A segurança no trân-sito está na ordem do dia, na sequên-cia dos acidentes

que se têm sucedido recen-temente. A maior culpa é dos condutores, que estão cada vez mais imprudentes e dados a cometer infracções ao código da estrada, considera o deputado da Assembleia Legislativa (AL) Ho Ion Sang, que apresentou uma interpe-lação escrita sobre o tema.

Mas os peões também têm culpa, muitas vezes, afirma Ho Ion Sang, nomea-damente os turistas que vêm da China Continental sem grande consciência acerca das regras para atravessar a via em segurança: não raras vezes, é possível vê-los a saltar vedações para cruzar a rua fora das passadeiras e passagens pedonais. Esses maus hábitos, conclui o de-putado, estão cada vez mais a pôr em risco a segurança dos utentes da via.

Deputado diz que automobilistas estão cada vez menos civilizados

Os donos e reis da estradaIndependentemente das

responsabilidades que se possam atribuir a conduto-res e peões, a questão que se coloca é o que pode o Governo fazer para reverter essa tendência. Por isso mes-mo, Ho Ion Sang apresentou uma interpelação escrita a inquirir o Executivo sobre se iria ou não lançar mais medidas dissuasoras sobre os condutores que revelem menos consciência de con-dução segura – em concreto, o parlamentar referia-se a medidas como a instituição da carta por pontos ou a instalação de sistemas de monitoração de velocidade nas pontes, além da imposi-ção aos infractores da obri-gatoriedade de assistirem a cursos de melhoramento da condução, para aumentar a

sua consciência e reduzir as hipóteses da ocorrência de acidentes.

O Governo da RAEM costuma agir apenas após a ocorrência de acidentes graves, com medidas com-pensatórias focadas em locais de periculosidade comprovada, queixou-se Ho Ion Sang, lamentando que o Executivo ainda não tenha procedido a uma inspecção activa e remoção dos perigos ocultos – como passadeiras mais colocadas, etc. – das es-tradas e ruas, para garantir a segurança de automobilistas e pedestres.

“Existe algum índice científico quando se projec-tam as vias?”, questionou Ho Ion Sang na sua interpelação, em que perguntou ao Gover-no se iria proceder a uma

revisão abrangente da rede de trânsito actual e das suas infra-estruturas, e tomar me-didas para livrar as ruas de “armadilhas”. O deputado

eleito directamente pelos tradicionalistas “kaifong” da União Promotora para o Progresso (UPP) também quer saber se o Governo

pretende lançar medidas de longo prazo para aumentar a consciência de segurança no trânsito tanto nos residentes como nos turistas.

Em virtude do Grande Prémio de Macau e da obra de pavimentação no período compreendido entre 17 e 22 de Novembro do corrente, é vedado o percurso entre o Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o Edifício de consultas-externas, razão pela qual se apresentam desculpas ao público pelos incómodos causados.

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Aquelas drogas para imberbes

SEXTA-FEIRA 18.11.2011

10www.hojemacau.com.mo ENTREVISTA

Barbara Diaz, designer de moda

“A moda pode vir a ser uma grande indústria, mas não tem apoios”MACAU Fashion

Link”, dois dias, 25 e 26 deste mês, em dois tempos

diferentes, no espaço do Albergue da Santa Casa. No primeiro dia, um género de concurso para jovens mo-delos locais, o “Macau Cover Girl”. No segundo, o “L-Show”, desfiles de autores e modelos diferentes reu-nindo estilistas locais - Barbara Diaz, San Lee, Manuel Correia da Silva, Clara Brito. Do Brasil vem Cynthia Hayashi, Dino Alves de Portugal, e Nadir Tati vem de Angola. Mais um bom exemplo da “lusofonia” em cenário macaense. A elegante simpli-cidade da estilista Barbara Diaz, que irá apresentar uma pequena parte das suas criações, conta ao leitor o resto. E também se revela. Que tipo de colecção irá apresentar no dia 26?Primavera-Verão 2012 inspirada nas minhas próprias origens, um género de quem sou eu. É uma colecção que já tinha desenhado antes de saber deste evento, exactamente com a ideia de mostrar o contexto em que nasci e cresci, ou seja esta mistura de Portugal, Brasil e Macau. Tenho vários traços orientais nos meus trabalhos, não tão evidenciados, mas estando lá. A ideia fundamental do “L-Show” é evidenciar o elo que liga as comunidades lusófonas espalhadas pelos diversos países e regiões de língua portuguesa. Estou certa que irão acontecer belos desfiles, pelo valor dos seus autores, pelas modelos e pelo significado que a iniciativa encerra.Quando surgiu a primeira vontade de seguir o desenho de moda?Bom, inicialmente eu pensei em ir para medicina. O pior foram as complicações entre a matemática, a química e coisas assim, não conseguimos ser amigas. Então, a minha vontade desviou-se para outro lado. Como a inclinação para o desenho decorre da minha família, pelo lado do meu pai, temos uma certa facilidade em pegar no lápis. Então fui desenhando aqui e ali, criando umas peças, sempre à volta do tema roupa.Qual foi a primeira criação que desenhou, já com alguma preocupação de abrir caminhos

“Para adquirir algum poder financeiro, para desenvolver os meus projectos a ponto de transformar as ideias em mais um indústria local, tenho de trabalhar por encomendas, o que faço com imensa dedicação e alegria, mas desejo ir mais longe, desejo que as marcas que concebo sejam exemplos prestigiantes para Macau”

nesta área?Foi para uma festa de finalistas. Eu ainda não era finalista, criei uma espécie de abóbora que o mais certo era não parecer uma abóbora, mas para mim era. Um

fato cor de laranja, uns riscos verdes na vertical, uma gola alta. Acabou por ser um sucesso, creio que mais por causa da surpresa e curiosidade das pessoas. Acima de tudo foi uma fantasia, a minha

primeira peça pensada, desenhada e concretizada, incluindo a escolha dos materiais. Tudo isto ainda não relacionado com o que hoje faço e desejo criar.Mas, então, a primeira criação já mais a sério?Fui continuando a desenhar, ainda estudante, criando umas pecinhas de roupa destinadas ao dia a dia, para mim, para a minha irmã e algumas pessoas mais chegadas.Depois, como foi o aperfeiçoamento?Quanto às regras, ao traço, ao tal aperfeiçoamento, só tinha de decidir ir para a área de artes

e buscar novos conhecimentos impossíveis de adquirir localmente.É quando surge Itália...Sim, Florença, durante três anos fui estudar desenho de moda. Foi importantíssimo para a concretização do meu ideal profissional bem como o acesso a outros factores culturais que servem de base ao meu olhar para o mundo e para a minha carreira. Lá, existe a história que desfila em cada passo. E tem um pormenor importante, o que aprendemos é com paixão, todos nós, é uma maneira muito diferente de encarar

GONÇ

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com Helder Fernando

Barbara Diaz, designer de moda

“A moda pode vir a ser uma grande indústria, mas não tem apoios”

Macau como sítio de moda, de gosto pelo “fashion” e suas permanentes tendências. Na entrevista de hoje, outro exemplo de elegância não estagnada, olhando para o futuro, pretendendo desenvolver sempre novas ideias e com Macau como fundamental inspiração, mas não só. É Bárbara Oliveira Dias. Afinal, Barbara Diaz, nome de marca para apreciar e fixar. Assistindo ao que mostra em várias frentes, consultando o seu espaço no Facebook e lendo esta entrevista, o leitor ganha uma ideia próxima do que é o talento desta designer de moda, nascida em Coimbra, memórias de Tomar, sangue português e brasileiro, crescida em Macau onde lhe aconteceu o apetite total e depois o fascínio pela moda, estudos desenvolvidos em Itália (Florença) e Londres. Desde cedo a ideia de ter a sua própria marca, não ficando apenas na actividade de modelo. Daí ter cursado não somente designer de moda, como também jornalismo de moda e maquilhagem para moda.Memórias de Tomar, palco dos primeiro quatro anos de vida de Bárbara. “Inesquecíveis! Da minha casa, uma quinta muito bonita, pomar de um lado, outras plantações do outro, em frente tínhamos a adega...” Completados os 4 anos de idade, a vinda com a família para Macau, primeiro na Escola Primária Oficial por escassos meses, depois o Colégio D. Bosco e a seguir a Escola Portuguesa. No tempo da primeira opção por uma via profissional, a ideia foi medicina, afastada logo a seguir, em grande parte por tendência familiar para o desenho, essencialmente por via paterna (Bárbara Dias é filha do Prof. Oliveira Dias, ex-presidente do Instituto

Politécnico de Macau).No decorrer da entrevista, falámos de espaços locais possíveis de os desfiles ganharem dignidade. “Não gosto de “ballrooms” de hotéis, sei que são muitas vezes utilizados, mas não aprecio muito, são todos iguais, não têm história. As minhas marcas têm personalidade, não são muito compatíveis com espaços daquele género. Há alternativas muito melhores. Já tinha pensado nos espaços históricos de Macau, como lugares para fazer os desfiles. Engraçado, tinha imaginado a Casa Garden e estive na semana passada nesse local, assistindo a um desfile que a designer de moda Ana Cardoso lá realizou. É um espaço muito bonito, não tem comparação com a sala de um hotel moderno onde se faz qualquer tipo de evento lá dentro”.A versatilidade aristocraticamente elegante de Barbara Diaz, tem sido admirada em várias partes da China, em Itália, em Banguecoque. O uniforme para os funcionários da “Air Macau” também foi concebido por esta designer. E tanto que virá por aí, criado por esta jovem estilista que, assumidamente, desenha para todo o género de pessoas: “tenho peças destinadas a adolescentes e crio também para mulher adulta de qualquer idade”. Barbara tem vindo a criar por encomenda, enquanto a empresa que ergueu, “Barbara By Nature”, vai construindo alicerces, ramificando contactos e contratos. Faltam apoios. Apoios que serão importantes para uma actividade com projecção mundial, que deve definitivamente ser encarada, consequentemente, como outro destacado exemplo de diversificação industrial e de atracção turística.

o que se vai aprendendo. Inclusive os professores explicam com paixão, não parece um trabalho, uma obrigatoriedade, mas sim um enorme gosto e orgulho. Mesmo com os professores não italianos, tive alguns, era precisamente o mesmo sentimento. Eles falam com tanta paixão e orgulho, a ponto de nos transmitir enorme respeito pela arte, fazendo com que não víssemos as matérias como meras disciplinas para estudar, mas também como factor de beleza, de emoções, de arte. Foram experiências fundamentais que em Macau não teria oportunidade viver.Em Florença, o que desenhou teve alguma consequência?Sim, desde o primeiro ano. O grau de exigência é muito grande. Não foi fácil, desde logo porque não sabia uma palavra de italiano, uma bela língua, próxima da portuguesa, e que estudei paralelamente ao curso. No princípio foi um pouco difícil, principalmente na utilização dos termos técnicos, e também por ser a minha primeira experiência fora de casa; mas logo depois tudo passou a ser normal, mais fácil, também bastante se devendo ao facto de minha irmã se ter mudado para lá. A tal ponto gostei, que quando parti de Florença, creio que em 2006, fartei-me de chorar. Anseio voltar lá de visita. Já fui a Roma, mas ainda não voltei a Florença.Dessa experiência em Florença, o que a marcou mais?O grande respeito e paixão pela moda. Lá não se entende moda como mais uma peça de roupa. Há uma história em cada criação, há todo um processo que vai desde a ideia até a peça estar nas nossas mãos. E fazer as roupas também.Também faz a roupa que cria?Também faço. Aprendi e fui desenvolvendo por mim própria uma série de conhecimentos relacionados com a costura das peças. Por exemplo, os 10 “looks” que apresento no dia 26, no “L-Show”, apresentados por 10 modelos diferentes, costurados por mim em materiais como a mistura seda-cetim e chiffonAs peças estão disponíveis?Sim, estão disponíveis por encomenda. Vai ser a minha primeira grande apresentação em

Macau. Apresentarei uma peça de cada criação, quem desejar pode encomendar. Na minha página no Facebook está o contacto da minha empresa, a “Diaz By Nature”. Nesta empresa existem duas marcas: a “Diaz By Nature”, em princípio, lançada no próximo ano com roupa amiga do ambiente, utilizando material reciclado, orgânico, tudo a favor da natureza. Começarei com roupas para bebés. A outra marca é “Barbara Diaz”, mais convencional, seguindo as tendências da moda, nela tento envolver vários projectos.

A concorrência saudável...Não se pode dizer que existe concorrência no mundo da moda em Macau. Todos nós, designers de moda, temos naturalmente influências muito semelhantes, tanto por causa das nossas origens, tanto por estarmos em Macau há muito tempo. Apesar dessa nossa proximidade, observamos e criamos de maneiras diferentes, porventura para pessoas diferentes, isso é extremamente interessante.E apoios a esta actividade criativa que pode ser encarada como uma indústria cultural, um pólo de interesse turístico?Absolutamente nenhum. Estudei lá fora, optei por aplicar em Macau onde cresci desde os quatro anos de idade, tudo o que aprendi, só faltam apoios. Para adquirir algum poder financeiro, para desenvolver os meus projectos a ponto de transformar as ideias em mais um indústria local, tenho de trabalhar por encomendas, o que faço com imensa dedicação e alegria, mas desejo ir mais longe, desejo que as marcas que concebo sejam exemplos prestigiantes para Macau. Não estava à espera desta falta de apoios. Nem eu e penso que nenhum dos meus colegas. Todos nascemos ou crescemos em Macau, aqui estudámos, desenvolvemos conhecimentos no estrangeiro e, no regresso à nossa terra, querendo também partilhar as nossas experiências, transmitir o que aprendemos, sermos mais uma parte activa na economia da região, não temos apoio.Nomes do mundo da moda que sejam importantes referências para si.Sou mais do estilo italiano, valoriza o corpo feminino de uma maneira que eu aprecio muito. Valentino é um clássico bonito, elegante. Também gosto muito do lado “cool” de “Dolce & Gabanna”. “Versace” também gosto muito. Há um nome nos Estados Unidos, em Nova Iorque, sendo conhecido não é muito badalado, que é Rachel Roy. Identifico-me bastante com as suas criações.Fora de Macau, que cenário sonha passar um dia as suas criações?Florença! Farei tudo o que puder para conseguir.

BARBARA BY NATURE “Não há, neste momento, um significativo mercado em Macau, mas eu vejo que Macau está a ganhar potencialidades de crescimento também nesta área. Parece-me estarem a acontecer mais eventos na área da moda, isso é importantíssimo”

Muita expectativa nestes dias que antecedem o “L-Show”...Muita ansiedade, estou contando os dias até chegar o “L-Show”, estou muito contente! Confio muito nas entidades que estão na organização global do evento, a “Lines Lab”, a Santa Casa da Misericórdia, a “Macau Cover Girl”, o Hotel L’Arc.E quanto ao mercado da moda em Macau?O meu objectivo é também o mercado exterior, mas naturalmente desejo começar em Macau. É aqui que as marcas estão registadas, é aqui o meu primeiro desfile, quero mesmo iniciar aqui. Em termos de loja pública, por enquanto desconheço, pois ainda não tenho qualquer apoio. Realmente não há, neste momento, um significativo mercado em Macau, mas eu vejo que o território está a ganhar potencialidades de crescimento também nesta área. Parece-me estarem a acontecer mais eventos na área da moda, isso é importantíssimo.

PUB.SEXTA-FEIRA 18.11.2011

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SEXTA-FEIRA 18.11.2011

13www.hojemacau.com.moCULTURA

Vinho português ganha medalha de ouro em Festival Internacional de Cantão

Rumo ao Infinitae

Foi esta semana, no China (Guangzhou) International Wine and Spirits Exhibition, que o vinho alentejano Infinitae Premium 2009 conquistou a medalha de ouro. Os especialistas renderam-se, agora falta conquistar o mercado.

Hoje [email protected]

DEPOIS de ter conquistado, em Abril deste ano, uma medalha de

ouro em Bruxelas, com o Infinitae reserva 2008, a marca voltou a repetir o feito, desta vez na China, com o Infinitae Premium 2009, num dos mais famosos festivais de vinho internacionais - o China (Guangzhou) Inter-national Wine and Spirits Exhibition, que vai já na sua sétima edição.

Este vinho, de carácter intenso como é próprio da

tradição alentejana, resulta do esforço e dedicação de duas PME : a JustWine, dirigida por Gonçalo Bello e Marco António Bello; e a Unidos, sob a direcção de António R. Silva; com sedes em Portugal e em Macau, respectivamente.

Esta parceria de sucesso, a funcionar desde 2005, tem no seu catálogo uma vasta gama de produtos que vai desde o vinho (Branco, Tinto, Verde e Rosé, das regiões do Douro, Dão, Lisboa e Alentejo ) ao Espumante, Porto, Licor de Amêndoa Amarga, Vodka, Aguardente Velha e Azeite.

É com este largo espectro de produtos tipicamente portugueses (com excepção da Vodka) que este grupo de empresários pretende estabelecer um mercado em Macau e na R.P. da China.

Para já os resultados obtidos auguram um futuro promissor e, segundo Gon-çalo Bello, Managing Partner da JustWine, as expectativas são grandes quanto à acei-tação do Infinitae Premium no mercado asiático, onde se verifica uma crescente procu-ra de vinhos tradicionais de carácter vincadamente regio-

nal, em alternativa às ofertas “mainstream” dos grandes produtores Espanhóis, Fran-ceses e Sul-Americanos.

A expectativa para este empresário é que o Infinitae Premium venha reforçar o interesse dos mercados Asiáticos em geral e Chinês em particular, nos produtos Portugueses genuinamente regionais e com grande com-ponente artesanal, abrindo caminho a uma maior pene-tração de produtos em que Portugal apresenta claras vantagens competitivas, mas que, salienta , só se podem concretizar através de um investimento longo e persistente na qualidade dos nossos produtos.

“A China está a caminho de se tornar um dos maiores e mais exigentes consumido-res de vinho a nível mundial, sendo necessário a quem pretender ter uma voz nesse imenso mercado, apresentar produtos genuínos e mar-cadamente individualistas, evitando-se cair na tentação de concorrer com os gran-des “players”, através do preço ou da quantidade. O sistema de distribuição e comercialização de produtos

tradicionais Portugueses que temos vindo a criar desde há anos tem demonstrado ser eficaz na penetração do mer-cado chinês e africano, mas perante uma concorrência feroz e capaz de competir com argumentos fortíssimos a nível de preços, a nossa principal arma continuará a ser a genuidade dos nossos produtos. Vamos continuar a apostar e a investir em parcerias de médio e longo prazo com produtores de vinho portugueses dispostos a assegurar uma produção consistente que suporte as nossas marcas tanto a nível de qualidade como de quan-tidade”, referiu Gonçalo Bello.

Para já este Infinitae Premium, de cor granada viva, feito a partir de quatro castas (Aragonês, Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Tinta Caiada) em vinhas de produção limitada, apre-senta-se como um excelente vinho que se vai revelando à medida que se bebe. Um vinho alentejano, longo e persistente, que para quem o prova é já uma aposta ganha. E, pelos vistos, os chineses concordam.

Marco António Bello, António R. Silva (representante em Macau) e Gonçalo Bello na atribuição da medalha de ouro em Cantão

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SEXTA-FEIRA 18.11.2011

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Aqui há gatoSAÚDE NO HOSPITALOs cofres públicos estão a transbordar de dinheiro, mas a saúde de Macau está cada vez mais encolhida em termos de qualidade. Uma breve análise ao sistema de saúde público de Macau deixa qualquer um pasmado. Um único hospital público e meia dúzia de centros de saúde não chegam para transformar o território num sítio fixe para se viver e adoecer. Depois ouvimos toda aquele discurso de que Macau vai ser um centro internacional de turismo e lazer e que cada vez mais turistas vão cá pôr os pés. Mas turista que é turista não se pode dar ao luxo de ficar doente cá. Se nem sequer temos médicos suficientes para os nossos 560 mil habitantes, como haveremos de tratar os mais de 2 milhões de visitantes que nos enchem as ruas e as filas no hospital?O investimento na área da saúde tem sido praticamente nulo desde a transferência. Uma consulta num médico de família leva até quatro meses para ser marcada. Umas simples análises ao sangue podem levar até seis meses. Isso para não se falar nas especialidades – para ver um cardiologista, por exemplo, é preciso esperar pelo menos meio ano. Começo a achar que há mais veterinários do que médicos em Macau – para eu, que sou gato, a coisa não está mal. O Governo anuncia cheques para o ano e o povo comemora como se a RAEM tivesse vencido um Mundial de Futebol. Das bandas de onde venho, a sabedoria popular diz que o dinheiro compra tudo, menos a saúde. Por cá, o dinheiro também compra a saúde, não a nossa, obviamente, mas a de todo um sistema podre e ultrapassado, que já deu indicações suficientes de que está em coma vegetativo. As Linhas de Acção Governativa para 2012 pouco saudáveis são. Não há medidas claras para melhorar a saúde de Macau. Fala-se no aumento dos recursos humanos, mas não há números, não há métodos, não há prazos. O Chefe do Executivo disse todo satisfeito esta semana que a população idosa do território tem em média 82,5 anos. Se isso for verdade, os “seniores inteligentes”, como as autoridades chama os mais velhos, de certeza que nunca pisaram um consultório de Macau.

Pu-Yi

[Tele]visãoTDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO14:40 Treinos do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 - SJM (Cronometrados) - Directo15:20 Treinos do Campeonato do Mundo de Carros de Turismo da FIA - Corrida da Guia de Macau - Cronometrados (Directo)18:30 That 70\’s Show (Que Loucura de Família)19:00 TDM Talk Show (Repetição)19:30 Amanhecer20:35 Telejornal21:00 Ásia Global21:30 Desperate Housewives (Donas de Casa Desesperadas)22:15 Passione23:00 TDM News23:30 The Recruit (O Recruta)01:20 Telejornal (Repetição)01:50 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Com Ciência15:00 Documentário – Terceira Geração16:00 Bom Dia Portugal17:00 Fado Maior17:05 Salvador17:30 Velhos Amigos18:15 Palcos19:00 Estado de Graça20:00 Jornal Da Tarde 21:30 O Preço Certo22:15 O Humor e a Cidade22:45 Portugal no Coração

ESPN 3012:30 Emirates Australian Open - Highlights Day 413:30 KIA X Games Asia 201115:30 Paris - Bruxelles16:30 Atlantic Coast Conference Football North Carolina vs. Virginia Tech19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 20:00 Football Asia 2011/12 20:30 Global Football 2011 21:00 World Cup China - Mens 22:00 Sportscenter Asia

22:30 Football Asia 2011/12 23:00 58th Macau Grand Prix 2011 Preview 2 23:30 World Cup China - Mens STAR SPORTS 3112:30 FA Classics FA Cup 1993/94 Final Manchester United vs. Chelsea13:30 Rolex FEI World Cup Jumping 2011/1214:30 Intercontinental Rally Challenge 2011 - Magazine15:00 If Stockholm Open Quarterfinals18:00 FIA F1 World Championship Highlights 2011 Abu Dhabi Grand Prix 19:30 V8 Supercars Championship 2011-Highlights21:30 (LIVE) Score Tonight 22:00 FA Cup 2011/12 Fleetwood Town vs. Wycombe Wanderers

STAR MOVIES 4011:15 Wall Street: Money Never Sleeps13:30 3 Ninjas15:10 Peter Pan17:05 You Again19:00 Stealth21:05 The Walking Dead22:50 Tucker & Dale Vs Evil00:25 All About Steve

HBO 4112:00 True Blood13:10 Despicable Me14:50 The Perez Family16:50 The Invention Of Lying 18:45 The Cable Guy20:25 Big Daddy22:00 Zombieland 23:25 Black Sheep00:50 Once Upon A Time In Mexico

CINEMAX 4212:15 Delta Force 214:10 Game Of Thrones16:00 The Time Machine (1960)17:45 Harper20:00 Missing In Action21:45 Epad On Max22:00 Cruel Intentions 23:30 Cruel Intentions 200:55 Cruel Intentions 3

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OSCAR NIEMEYER - A VIDA É UM SOPRO • Fabiano Maciel É possível contar a história de um povo através da sua arquitec-tura? Dizem que o aspecto mais importante da aparência dos edifícios está no que vislumbramos a respeito das sociedades que os construíram. Seguindo este raciocínio, pode afirmar-se que a arquitectura de Oscar Niemeyer e outros arquitectos da sua geração é, com certeza, o que de melhor o Brasil produziu. Uma arquitectura com alma própria, inspirada na geografia do país, que acabaria por influenciar arquitectos no mundo inteiro. No documentário, de 90 minutos, o arquiteto conta de forma descontraída como revolucionou a Arquitetura Moderna, com a introdução da linha curva e a exploração de novas possibilidades de utilização do concreto armado. Fala também sobre a sua vida, o seu ideal de uma sociedade mais justa e de questões metafísicas como a insignificância do Homem diante do Universo.

ALEXANDRE O’NEILL - TOMAI LÁ DO O’NEILL! • Fernando Lopes Trata-se de um tributo pessoal. Não uma biografia, muito menos uma análise crítica da obra poética de Alexandre O’Neill. Isso está feito e refeito. Trata-se, sobretudo, das vivências criativas, sentimentais e afectivas de um poeta, um dos maiores do nosso século XX, com quem o autor teve o privilégio de conviver (e viver as aventuras da vida, mesmo se, como disse O’Neill, “ a aventura acaba sempre numa pastelaria”).

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REGRAS |Ins i ra a lgar ismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Conto mitológico dos povos nórdicos. Porcaria (Infant.). 2-Instrumento próprio para a determinação de diferenças de nível. 3-Profere como verdadeiro o que é falso. Átrio. 4-Andamento vagaroso em música. 5-O m. q. ião. O m. q. anã. Organização Inter-nacional (abrev.). 6-Dar queda. Esquife para transporte de doentes. 7-Também (Arc.). Planta apiácea, semelhante à cenoura. Caminho (abrev.). 8-Gorda, volumosa. 9-Filtrei, depurei. Mulheres velhas e corcundas (Ant.). 10-Levado de rastos. 11-Luz reflectida pela Lua. O m. q. oura.VERTICAIS: 1-Emissão de voz. Ergas por meio de roldana e cordas. O mais (Ant.). 2-Produzir eco. Que ainda não tem madureza. 3-General (abrev.). Níquel (s.q.). Frustra, debela. 4-Registo do que se tratou numa reunião. Tornar-se menos numeroso. 5-Alegre, contente. Pisas, trituras. 6-Nesse momento. História (Fig.). Interjeição usada para afastar certos animais (Prov.). 7-Mágico. Aversão entranhada, ódio (Pop.). 8-Renunciavam. Poeta ou cantor na antiga Grécia. 9-Tenebro-so, Negro. Do corrente ano (abrev. lat.). Bovino doméstico. 10-Jogo de cartas. Tornara oco. 11-Preposição e artigo (Contr.). Puxam à fieira. Que lhe pertence.

HORIZONTAIS: 1-SAGA. A. CACA. 2-O. ECLIMETRO. 3-MENTE. ADRO. 4-C. ADAGIO. F. 5-ION. ANOA. OI. 6-CAIR. A. MACA. 7-ER. AMIO. CAM. 8-S. GROSSA. R. 9-COEI. GEBAS. 10-ARRASTADO. U. 11-LUAR. O. OIRA.VERTICAIS: 1-SOM. ICES. AL. 2-A. ECOAR. CRU. 3-GEN. NI. GORA. 4-ACTA. RAREAR. 5-LEDA. MOIS. 6-AI. ANAIS. TO. 7-MAGO. OSGA. 8-CEDIAM. AEDO. 9-ATRO. AC. BOI. 10-CRO. OCARA. R. 11-AO. FIAM. SUA.

SALA 1SEEDIQ BALE [C](Falado em japanese & seediq, legendado em chinês)Um filme de: Te-Sheng WeiCom: Qing-tai Lin, Da-qing You, Zhixiang Ma14.15, 17.00

YOU ARE THE APPLE OF MY EYE [C] (Falado em putonghua, legendado em chinês/inglês)Um filme de: Giddens KoCom: Zhendong Ke, Yanxi Chen, Siu-Man Fok19.30, 21.30

SALA 2SLEEPWALKER [C] (Falado em cantonese/ putonghua, legendado em chinês/ inglês)Um filme de: Fengbo Lee, Jimmy WanCom: Jam Hsiao, Chrissie Chow, Eric Tsang14.15, 16.00, 17.45, 21.45

THE KILLER WHO NEVER KILLS [C] (Falado em putonghua, legendado em chinês)Um filme de: Fengbo Lee, Jimmy Wan19:45

SALA 3TRESPASS [C] Um filme de: Fengbo Lee, Jimmy WanCom: Jam Hsiao, Chrisse Chow, Eric Tsang14.15, 16.00, 17.45, 19.30

SEEDIQ BALE [C](Falado em japanese & seediq, legendado em chinês)Um filme de: Te-Sheng WeiCom: Qing-tai Lin, Da-qing You, Zhixiang Ma21.15

[f]utilidades

Falar com um chef é a oportunidade única de fazer a pergunta que alimenta teorias no mundo inteiro: é verdade que quando o cliente manda um prato para trás se sujeita às vinganças escatológicas? Paolo Cheng responde sem hesitações: sim, é verdade. “De macacos do nariz a coisas piores, soube de muitas coisas e vi algumas. Mas nunca permiti nada disso nas minhas cozinhas, até porque sou maníaco do asseio. Uma vez apanhei um tipo a fazer porcarias com a comida de um cliente que tinha reclamado e mandei-o embora na hora. São comportamentos inaceitáveis, mas não vale a pena negá-los porque existem mesmo nas cozinhas dos restaurantes. E muito.”Para início de conversa, foi um bocado indigesto (sim, já mandei pratos para trás), mas o apetite desperta à medida que Paolo fala com entusiasmo sobre a sua paixão. “Todos precisamos de comer e beber, mas eu adoro fazê-lo. Encontro prazer em diferentes sabores, na imensa variedade de tudo o que se pode fazer com os alimentos. Foi assim que me apaixonei pela comida, passando-a de necessidade básica para o centro da minha vida.”A descoberta deste amor não surgiu num momento de epifania à Hollywood, mas de forma natural. “Quanto mais trabalhava na área, mais gostava do que fazia. Foi como uma certeza que nunca parou de aumentar.” Em Dezembro do ano passado,

PAOLO CHENG | CHEF

Spice boys não têm medo de misturas

SEXTA-FEIRA 18.11.2011

15www.hojemacau.com.moPERFIL

Nuno G. [email protected]

Paolo criou, em Macau, o Mug’s Talk, um bar-restaurante onde cruza culturas em pratos simples que nunca são enfadonhos.Há sabores com picantes tão orientais como as feições do dono, mas ele é muito mais do que um ‘spice boy’. O menu não tem fronteiras e as misturas são o desejo assumido de um cidadão do Mundo onde Oriente e Ocidente convivem numa festa saborosa. A exigência posta na confecção é outra característica de que não abdica. “A minha abordagem da cozinha é a qualidade. Não com algo demasiado elaborado, mas procurando que qualquer prato tenha elegância e um toque original, por mais simples que seja. É essa a base do menu aqui no bar, com pratos de fusão criados por mim e onde a tortilha mexicana, por exemplo, não é igual à que se come no México.”

STRESS E TALENTONascido em Macau há quase 45 anos, Paolo recorda a infância feliz num lugar pacato, longe da abundância de arranha--céus e casinos dos dias de hoje. Em 1995 emigrou para Inglaterra, onde tirou um curso na área da Hotelaria, seguido de outro, mais específico, sobre comida italiana, em Bolonha. A carreira como chef descolou então, movida pelo entusiasmo de quem faz o que gosta. E em muitos sítios: Alemanha, França, Espanha, nunca mais parou de acumular conhecimentos

na área. Em 2005, regressou a Macau, para encontrar um território muito diferente da sua memória. “Mudou a cultura, mudou o ritmo, até o Governo mudou”, diz divertido. Ele próprio viveu uma mudança, sendo agora um pai de família, com mulher e um filho “muito maroto” de cinco anos.No seu bar-restaurante, aplica os conhecimentos de uma vivência multicultural com o máximo de criatividade. Um aspecto fundamental, defende, para quem cozinha. “Quem trabalha com comida tem que ser criativo, porque as pessoas não querem comer sempre o mesmo. Eu não quero, logo compreendo isso perfeitamente.”Há quem diga que a criatividade é inata, mas treiná-la será sempre essencial. No caso de Paolo, a prática nasceu da necessidade, nos tempos em que estudou em Inglaterra. Quando ia a casa dos amigos, já sabia que era ele a cozinhar, mas os frigoríficos eram parcos no recheio. “Eles não iam muito às compras”, afirma entre risos. “Um dia davam-me batatas e cebolas e pediam-me para fazer o almoço, outro havia só tomates e ovos e era a mesma coisa. Foi uma experiência fundamental para perceber que os pratos mais simples, com poucos ingredientes, podem ser muito sedutores.”Outra referência de Inglaterra é o irascível Gordon Ramsay, famoso como chef, mas também pelo seu reality show “Hell’s

Kitchen” (“A Cozinha do Inferno”, em tradução literal), onde ele trata muito mal toda a sua equipa de cozinheiros. Será exagero para TV ou as cozinhas dos grandes restaurantes são mesmo assim? “Já vi o programa e é bastante realista, trabalhei em cozinhas assim. Claro que são raros os chefs com tão mau génio, a explodir com tanta frequência e facilidade, mas todos perdem as estribeiras de vez em quando. O ambiente na cozinha em horário de servir refeições é muito stressante e a tolerância ao erro quase nula. Às vezes também me acontece, mas 30 segundos depois acalmo, porque sei que o controlo emocional é necessário para fazer um bom trabalho.”

OLHOS EM ESPANHANo futuro, estar à frente de um grande restaurante não é prioridade. “Podia ser interessante, estou preparado para isso. Depende da proposta, mas não penso nisso. Estou muito mais focado em ter o meu restaurante, mesmo que seja pequeno, onde tenho toda a liberdade na criação dos menus e o controlo absoluto sobre o negócio.”Em Macau? “O meu sonho é ter um bar--grill de qualidade, onde possa ter pratos de fusão criados por mim. Não ponho de parte que seja em Macau, mas vejo com bons olhos o regresso à Europa, em especial a Espanha, onde tenho muitos amigos e sei que é possível concretizar um projecto como o que ambiciono.” Olé!

PUB.SEXTA-FEIRA 18.11.2011

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ed i to r ia lCarlos Morais José

Não há mês, não existe ano, nem plano quinquenal, em que a RAEM não bata os mais almejados recordes. Ele é a jogatana, o PIB, a inflação, o Clube do João, a redução dos tráficos, os lucros em geral: todos nos atrevemos a superar as barreiras e fazer algo de nunca visto, nunca esperado, raramente sonhado.

Os recOrdes

OPINIÃO SEXTA-FEIRA 18.11.2011

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ESCLARECIMENTORelativamente à edição do dia 14/11/2011 do “Hoje Macau”, com a manchete intitulada “Esfregonas sem interrupção”, julgamos necessário fazer um reparo, a fim de evitar equívocos sobre o assunto.Na reunião do CPCS do dia 11 do corrente, o Sr. Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, afirmou que a proposta de alteração da Lei n.º 21/2009 visa permitir que qualquer trabalhador não residente que tenha sido despedido, mude de emprego sem necessidade de cumprir o período de seis meses de interdição, desde que continue a exercer funções na mesma área, portanto, não visa retirar do articulado o período em causa.Com os melhores cumprimentos,

Noémia Lameiras, secretária geralConselho Permanente de Concertação Social

Vivemos em época de recordes. Não há artista, malabarista, jogador de futebol ou governante que não se ufane por no prazo da sua existência ter inscrito o nome num qualquer livro com nome de marca de cerveja. Preta e irlandesa. Veja-se o Cristiano Ronaldo e a sua sede de golos, capaz de silenciar qualquer outro dos vorazes, como foi o caso do lendário Puskas, cujos golos ainda hoje pairam na memória saudosa dos madrilenos. Pois o nosso rapaz está capaz de bater o recorde que um dia foi do húngaro mas que em breve se vestirá de lusas cores. Observem-se os números do desemprego na Europa: batem recordes. Espanha 21%... ufff. Vão jogar assim para outro relvado que o nosso é exíguo e lá no Tugal se chegamos aos 15% ainda aparece o Otelo na cama com a Alexandra Lencastre, a preparar um golpe militar, daqueles bons, finalmente sangrentos, de outro vermelho que não o dos cravos, que a moda não está para compaixões. Influências do neo-liberalismo...

Veja-se, observe-se, repare-se em Macau. Aqui a queda de recordes não é constante, é

tar dos seus cidadãos. Nunca, atrevo-me a arriscar, um executivo distribuiu tanto dinheiro per capita. Perante isto, eivado de uma estranha comoção, não posso deixar em tal atitude entrever o sinal de uma acção divina, talvez daquele Céu que fica lá mais para o Norte, naquelas regiões boreais onde habitam deuses firmes e imperscrutáveis.

Quando cheguei a Macau (ainda os ani-mais falavam), dizia-se que aqui existia a zona mais densamente povoada do mundo. Nunca percebi se os portugueses me referiam isso com orgulho ou desinteresse. Mas já nessa altura se batiam recordes. É talvez uma tendência desta terra chinesa, onde pela primeira vez se estabeleceram euro-peus. Um espaço que não se contenta com a modorra, o dolce far niente, numa obsessão muito própria (do fundo dele mesmo...) de superar recordes.

Temos o maior casino, o maior orçamento, o maior candeeiro. Toma que já levaste para o tabaco, ó Las Vegas engalada de velha senhora. Aqui correm os rios de capitais abstrusos e lá são níqueis e pó-de-arroz. Pois não saibais, não reconheceis o mundo tal qual ele joga para o recorde.

E repare-se que o relatório do Comissa-riado de Auditoria acha que tudo está em conformidade. Deve ser com a lei mas não é com o mundo.

galopante. Relincha como um cavalo louco, em desvairada correria pela pradaria do jogo e dos orçamentos, sempre mais à frente, sempre ultrapassando as metas, como não ousariam outros atletas. Não há mês, não existe ano, nem plano quinquenal, em que a RAEM não bata os mais almejados recordes. Ele é a jogatana, o PIB, a inflação, o Clube do João, a redução dos tráficos, os lucros em geral: todos nos atrevemos a superar as barreiras e fazer algo de nunca visto, nunca esperado, raramente sonhado.

Ainda esta semana, o governo proporcio-nou à RAEM o orçamento mais generoso de sempre. E se não batemos o recorde mundial de comparticipação no patacame, devemos lá andar perto. Sugere-se que para o ano se faça um esforço suplementar para papar este recorde e tornar Macau na administração que, em todo o sistema solar, mais dinheiro distribui aos cidadãos. Hip, hip, hurra!

Comove-me sobretudo o cuidado que o governo devota à classe dos empreiteiros, cujas finanças têm estado em risco, poden-do arrastar consigo a própria economia do território. Basta folhear as Linhas de Acção

Governativa (vulgo LAG) e reparar na quantidade de obras previstas para 2012 – basicamente um recorde – para puxarmos do fundo de nós mesmos, como dizia o bardo, a nossa mais profunda admiração pelo modo como o executivo se preocupa com esta classe social desfavorecida. E não se trata de subsídios a fundo perdido. Nada disso: trabalho concreto e realissimamente... mente.

É de facto grande a compaixão que o governo nestas LAG mostra pelo bem es-

car toonpor Steff

UNITED COLORS OF BENETTON

SEXTA-FEIRA 18.11.2011

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Neste consumo indiscriminado, o que prevalece, como não podia ser de outra maneira, é o consumo da forma. Formas que mudam com as modas, se tornam transitórias, banais, dando a impressão de uma constante evolução e ocultam por detrás a imobilidade, quando não o vazio dos seus conteúdos

O

perspect ivasJorge Rodrigues Simão

ArquitecturA e A cidAde“ …dos técnicos aos poetas, dos habitantes aos pintores, defensores ou detractores, a cidade aparece mais amoldada de ideias que de pedra e multidão.”

Michel-Jean Bertrand

clima ideológico político e intelec-tual dominante no último decénio do século passado foi marcado

pelo que poderia caracterizar-se como a úl-tima contra-revolução triunfante. Em 1989, a queda do “Muro de Berlim” encerra de forma dramática o que o historiador Eric Hobsbawn denominou como o “curto século XX”, que teve o seu início tardiamente em 1914 de forma ainda mais dramática com o advento da I Guerra Mundial.

O decénio que nos trouxe até ao virar do nosso século foi exacerbado ao máximo no plano ideológico e concretamente no económico-social, pelas consequências do predomínio alcançado pelo capitalismo a nível mundial, com a quedas das falsas esperanças, criadas a partir de 1917, com a revolução de Outubro, de encontrarem cami-nho alternativo para a construção social de uma ordem alicerçada na livre associação de grupos e pessoas, suportados por interesses comuns democraticamente estabelecidos (no plano disciplinar a mobilizadora experiência do “Construtivismo”, impregnada com os ares revolucionários dos primeiros anos do socialismo, intentava e inventava uma arquitectura nova para os novos conteúdos sociais então no auge).

A hegemonia do pensamento, e sobre-tudo da propaganda, neoliberal abriram uma profunda ruptura no poder consti-tuído e nas necessidades reais da maioria da população (desde os sectores populares às classes médias urbanas) que sofrem as consequências de ajuste sobre ajuste, numa espiral de deterioração cujo fim não parece vislumbrar-se. As disciplinas do “habitat” não são alheias a estas crises, e, tal como ao conjunto social, debatem-se entre as urgên-cias laborais, os condicionamentos impostos pela concentração de capitais e poderes decisórios e a dinâmica especulativa sobre o solo urbano e territorial, dominadas por leis de oferta dirigidas a uma procura solvente, que impõe as modalidades de consumo, de utilização do tempo e espaço, ou seja o desenvolvimento de um tipo de “habitats” à sua imagem e semelhança (como centros comerciais e condomínios fechados).

Ao mesmo tempo avança a exclusão e a degradação da vida citadina e das suas áreas tradicionalmente mais populares e integradoras como o passeio e o espaço pú-blico nos locais centrais. Assim é que aparece

Sem qualquer dúvida, a luta de ideias, compreendido o domínio da arquitectura, mantém-se com armas bastante fortes. Este factor obriga os arquitectos a uma contínua análise das situações sociais, que encontra a sua expressão na arquitectura do nosso tempo. Quanto mais claramente reconhe-cermos os processos sociais, tanto mais obrigados estamos a julgar a forma de todas as manifestações no campo arquitectónico, fundamentalmente à luz da actividade recí-proca, que se interpõe entre a forma e o seu conteúdo social.

O arquitecto vende o produto do seu trabalho intelectual e depende, portanto, do seu cliente, mais do que possa depen-der o açougueiro da sua clientela. Na sua qualidade de trabalhador intelectual, o arquitecto está submetido ao domínio da classe governante, muito mais do que pode um peão ao semáforo. Antonio Gramsci afirmou, que conhecermo-nos é o mesmo que dizer quem somos (há quem não saiba quem é, porque diz aos outros quem não é, e por conseguinte não existe), quer dizer sermos donos de nós, distinguirmo-nos, sair do caos, ser parte de uma ordem adequada e da conveniente disciplina por um ideal.

E tal, não se pode obter senão conhecemos também os outros, a sua história, a sequência dos esforços que realizaram para ser o que são, para criar a civilização que formaram e que queremos substituir pela nossa. Hannes Meyer completa ao dizer que toda a paisa-gem organizada pelo homem, é o resultado da estrutura económico-social imperante. A grande permeabilidade característica do nosso meio, sobretudo em muitos níveis intelectuais que aderiram, ainda que de forma subjacente, a uma suposta universa-lidade absoluta da cultura, cujos centros de emanação estão sempre distantes, fez com relativa facilidade cair em simplificações, muitas vezes interessadas, que culminam na importância acrítica de modelos criados em países desenvolvidos.

Modelos que são resposta às próprias cri-ses e necessidades de mercado desses países, que na sua dinâmica de consumo, fortemente refreada no presente, obrigam a periódicos ciclos de renovação do gosto. Ciclos cada vez mais curtos que incentivam o consumo da arquitectura e do espaço urbano como se tratasse de mais uma mercadoria. Neste consumo indiscriminado, o que prevalece, como não podia ser de outra maneira, é o consumo da forma. Formas que mudam com as modas, se tornam transitórias, banais, dan-do a impressão de uma constante evolução e ocultam por detrás a imobilidade, quando não o vazio dos seus conteúdos.

em Macau, a inapagável Avenida Almeida Ribeiro, o Largo do Senado, as Ruínas de S. Paulo e tantos outros espaços públicos que nos convidam a caminhar, a escutar e a cheirar a cidade, e a arquitectura e paredes enchem-se de vozes, de cheiros, de histórias e de vida. Às elementares três dimensões, comprimento, largura e altura, ou às quatro adicionado o tempo, chegamos às infinitas dimensões de espaços e lugares com que podemos actualmente vibrar no indescritível que é a arquitectura, que deverá ser para todos com justiça e diversidade.

O conhecimento da nossa realidade implica o reconhecimento de um determi-nado contexto e de concretas condições que prevalecem em certo momento histórico, e continuem de diversos modos a seguir o que foi produzido por uma comunidade de forma cultural e material. A produção de arquitec-tura não é de modo algum a excepção a essa regra, mas pelo contrário, as suas qualidades físicas concretas converteram-na numa das suas expressões mais acabadas, perceptíveis e vivenciadas quotidianamente.

As realizações urbanas/arquitectónicas são expressão concreta da vida de uma co-munidade, das relações que unem os seus membros e dos valores sociais, culturais e ambientais predominantes na sua materiali-zação. O contexto e condições são alterações, sempre no movimento, que nunca é anárqui-co nem totalmente espontâneo, mas que é impulsionado pela actividade humana, que desenvolvendo-se permanentemente, vai criando as condições necessárias para que as mudanças aconteçam, em um sentindo ou em outro, segundo a correlação de forças sociais que actuam em cada momento, sobre o contexto e as condições preexistentes.

Em termos gerais pode afirmar-se que, historicamente, existem forças que orientam a forma de accionar a reprodução e consoli-dação da ordem preexistente, e na luta com outras forças que tentam uma reformulação e transformação da dita ordem de coisas, procurando superar qualitativamente os modelos de desenvolvimento vigentes até então, que se considerem como tendo sido convertidos em um freio ao desenvolvimen-to, adequado de novas alternativas que, por sua vez, surjam como mais coerentes com o estado de desenvolvimento alcançado e como as necessidades a satisfazer, e que por outro lado são sempre crescentes e complexas.

A arquitectura e todas as disciplinas que intervêm na organização do espaço e situados como Macau, parte integrante da República Popular da China, por exemplo, no contexto dos países em desenvolvimento ou

de economias emergentes, não significa um qualquer eufemismo utilizado para poder designar a condição dada aos países perifé-ricos, como muitos erradamente defendem, surgindo no seu caminho um quadro referen-cial, cuja situação é caracterizada fundamen-talmente pelos condicionamentos da cultura universal, e quiçá pelas malformações de um processo de urbanização, dependente de um desenvolvimento desigual e combinado, que cria simultaneamente situações centrais, periféricas e marginais, que moldaram com a sua marca, a cidade, o bairro, a rua e a casa que habitamos.

OPINIÃO

SEXTA-FEIRA 18.11.2011

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Lia Coelho; Nuno G. Pereira; Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos M. Cordeiro; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Não sei se há futuro para a imprensa portuguesa de Macau, como não sei se há para a comunidade portuguesa no seu conjunto. Não estaremos provavelmente vivos em 1949 os que viveram e participaram nestes acontecimentos e conviveram com estes actores políticos. Não podemos adivinhar onde a China estará nessa altura, que regime político a governará, que tipo de estrutura político-administrativa a regerá

c repúscu lo dos ído losArnaldo Gonçalves

MeMórias a propósito de uM aniversário

Ciclone Um advogado ganha de cinco a dez vezes mais que um juiz. Arriscando-se, no entanto, de oito a dez vezes menos. Por Fernando

S

Com os jornais há por vezes desordem; sem eles há sempre escravidão.

Benjamin Constant

IGNIFICATIVOS os 20 anos do “Ponto Final” que marcam as me-mórias de muitos que abraçaram

esta terra como projecto de vida, sem perde-rem de vista os 440 anos de presença portu-guesa e as responsabilidades que tínhamos face à História.

Convivi com todos os directores do “Pon-to Final” e vi-me a sorrir ao ler no “Travessão” os testemunhos de uma época imperdível da vida das comunidades de Macau e dos destinos do país que na verdade lhe deu vida. Macau é incompreensível sem se perceber o reflexo dos pequenos, grandes dramas da política portuguesa na gestão dos interesses locais, as ambições dos partidos, os golpes nos bastidores, as negociatas e pressões dos potentados locais.

Nesse aspecto, o “Ponto Final” cumpriu um desiderato fundamental que é apanágio da imprensa livre. Fez o contraponto da acção do Poder, denunciou tentativas de manipulação da informação, alertou os cidadãos para abu-sos desse mesmo poder. Muitas vezes fê-lo de uma forma irreverente. Se calhar deslocada da realidade, mas estava no seu papel.

Visto do outro lado, que era o meu na altura (o Gabinete do Governo), senti vá-rias vezes à minha volta o desconforto e irritação com algumas tomadas de posição do jornal. O depoimento do Ricardo Pinto é muito explícito, nesse particular. Todos estes anos passados, duvido que houvesse uma intenção “premeditada” de silenciar as vozes discordantes na imprensa portuguesa.

Algumas tomadas de posição mais rígidas foram-no enquanto reflexo de um estilo de liderança personalizada, castrense, que se expressava numa forma altaneira de governar e definir objectivos. Tudo esteve condicionado pelo objectivo final da con-cretização dos objectivos da Transição e do cumprimento do “timing”. Nessa época não havia margem para falhanços e deslizamen-tos de prazos.

Será, no entanto, injusto avaliar essas acções sem ter em conta a envolvência: os recados mandados de Belém quer no tempo de Soares quer sobretudo no tempo de Sampaio; os emissários com ambições políticas; a recusa de Sampaio em equacionar a mínima abertura do sis-tema político de Macau; os desaguisados com o Governador aquando das reuniões do Grupo de Ligação; a pressão diabólica para um regresso em massa dos quadros portugueses até Dezembro de 1999 e as orientações concretas que despachou para Rocha Vieira. Importantíssimo o jogo político-partidário: a intervenção de figuras relevantes do Partido Socialista que integrariam o Governo de Guterres no minar do terreno à volta do Governador, dificultar o relacionamento com a China, criar dificuldades ao PSD nacional, o que foi feito através de comentadores avençados colocados estrategicamente nos jornais.

20 anos passados o “Ponto Final” afirma-se como um projecto de jornalismo autêntico, irreverente, jovem e como uma voz independente do governo mas também dos interesses dos lobbies locais. Há a conti-nuidade de uma escola e de uma maneira de fazer jornalismo que infelizmente começa a estar ausente da imprensa de Lisboa, rendida mais ao sensacionalismo das notícias e aos ataques pessoais do que ao relatar rigoroso dos eventos e da acção dos protagonistas e aos interesses dos grupos financeiros que detêm os títulos.

Não sei se há futuro para a imprensa por-tuguesa de Macau, como não sei se há para a comunidade portuguesa no seu conjunto. Não estaremos provavelmente vivos em 1949 os que viveram e participaram nestes acon-tecimentos e conviveram com estes actores políticos. Não podemos adivinhar onde a China estará nessa altura, que regime político a governará, que tipo de estrutura político--administrativa a regerá. Gostaríamos - os que nos empenhámos para que Macau fosse uma história de sucesso - que prevalecesse aqui (e em Pequim) o Estado de Direito, que os governantes fossem responsáveis perante

os que os elegessem (ou cooptassem), que os direitos humanos fossem respeitados e a dignidade humana salvaguardada. Não sei se poderemos chamar-lhe democracia mas seguramente um governo representativo.

Até lá é essencial o papel de uma im-prensa livre por mais incómoda que pareça, sobretudo aos que se sentam na cadeira do poder e que nunca se compenetram que o seu tempo é a termo certo: hoje anda-se de Mercedes com motorista; amanhã anda-se de metro perdido no meio da multidão. Esta é a lição da vida.

Não creio que a civilização e a cultura chinesas sejam diferentes da ocidental nes-se particular. Não acredito em histórias de sucesso nascidas em berços de ouro. Nunca as conheci.

Agora que se inicia o debate da revisão da Lei de Imprensa de Macau permitam-me que aqui cite um passo de um artigo escrito por um tal Alexandre Hamilton saído no New York Packet em 12 de Agosto de 1788 e que tem o título “Consideração e resposta a objecções gerais e diversas colocadas à Constituição”: “em matéria de liberdade de imprensa, embora tanto tenha sido dito, não posso abster-me de acrescentar uma observação ou duas: em primeiro lugar, observo que não há uma única sílaba a seu respeito na Constituição deste Estado; em seguida. Defendo que seja o que for que tenha sido dito acerca dela na Constituição de qualquer outro Estado, isso é o mesmo que nada. Que significa uma declaração de que “a liberdade de imprensa deve ser inviolavelmente preservada?” O que é a liberdade de imprensa? Quem pode dar-lhe qualquer definição que não deixe uma enor-me latitude para a evasão? Sustento que tal definição é impraticável; e daqui infiro que a sua garantia, sejam quais forem as belas declarações que possam ser inseridas em qualquer Constituição a respeito dela, deve depender inteiramente da opinião pública, e da consciência geral do povo e do governo. E aqui, afinal, tal como foi sugerido noutra ocasião, devemos procurar as bases sólidas para todos os nossos direitos”.

Na liberdade de imprensa repousa o edifício dos nossos direitos.

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OPINIÃO

SEXTA-FEIRA 18.11.2011www.hojemacau.com.mo

PORTUGAL DUARTE LIMA DETIDO POR CAUSA DO CASO BPNO advogado Duarte Lima e o seu filho foram detidos na manhã de ontem em Portugal pela Polícia Judiciária. A iniciativa da PJ se enquadra numa investigação relacionada com o caso BPN. O antigo deputado do PSD, que já tinha sido constituído arguido neste inquérito, está indiciado por diversos crimes.

EUA MILIONÁRIOS PEDEM PARA PAGAR MAIS IMPOSTOSUm grupo de 138 milionários norte-americanos enviou uma carta aos líderes do Congresso e ao presidente dos Estados Unidos pedindo que lhes sejam aumentados os impostos “pelo bem da nação”. “Por favor façam a coisa certa e aumentem os nossos impostos”, dizem estes empresários, todos membros do grupo Milionários Patrióticos pela Solidez Fiscal, criado há um ano.

CHINA VENDA ILEGAL DE ÓVULOS DE UNIVERSITÁRIAS Um mercado negro de óvulos de universitárias chinesas está a ganhar força em Pequim, com ofertas entre 780 a 4725 dólares. Nas redes sociais mais populares da China, como Renren, QQ, ou o Sina Weibo, foram publicados anúncios que solicitavam doadoras de óvulos, em troca de centenas de dólares, proposta que atraiu muitas universitárias num país onde ter estudos superiores continua a ser um sinal de um elevado estatuto social. As agências vendedoras de óvulos recebem entre 50 mil e 100 mil yuans por cada óvulo.

INSÓLITO RUSSA COM EXTRATERRESTRE NO FRIGORÍFICOA russa Marta Yegorovnam garantiu ter mantido durante cerca de dois anos o cadáver de um alegado extraterrestre dentro do frigorífico da sua casa na cidade de Petrozavodsk. E revelou que encontrou o corpo após a queda de um OVNI perto da sua casa. “Pode ser um embuste, mas a possibilidade de se tratar mesmo de um extraterrestre não deve ser colocada de parte”, referiu Marta.

BRASIL RISCO ELEVADO DE ATENTADO TERRORISTA NO MUNDIALA Polícia Federal em São Paulo tem “uma grande preocupação” com a possibilidade de ocorrem atentados terroristas durante o Mundial 2014 de futebol, que será realizado no Brasil. As autoridades estão a trabalhar com um cenário de “risco elevado” de actos de terrorismo durante a abertura do evento desportivo.

WIKILEAKS MÃE QUER EXTRADIÇÃO DE ASSANGEA mãe do fundador do portal WikiLeaks, Julian Assange, instou Camberra a demarcar-se de Washington para defender os direitos do seu filho, durante a visita à Austrália do presidente americano, Barack Obama. Christine Assange acusou o governo australiano de apoiar o país mais “poderoso do mundo que agora se converteu num estado desonesto”, pedindo ao executivo de Julia Gillard que defenda “os direitos legais e humanitários” do filho e evite a sua extradição do Reino Unido.

EUA HOMEM REVIRA NOVE TONELADAS DE LIXO POR ALIANÇAUm homem norte-americano remexeu cerca de nove toneladas de lixo, num aterro da Florida, para encontrar a aliança da mulher, que tinha colocado no lixo sem querer. Brian tentou encontrá-la no caixote do lixo da rua onde mora mas o saco já tinha sido levado para o aterro. Com receio de que a mulher se revoltasse, pôs mãos à obra e acabou por encontrar o anel de diamantes, no valor de 70 mil patacas.

POLÉMICA IMAGEM DE PAPA A BEIJAR IMÃ DO CAIRO RETIRADAA popular marca de roupa italiana Benetton decidiu retirar imediatamente uma fotomontagem publicitária com o papa a beijar na boca o imã da mesquita al-Azhar do Cairo, após protestos do Vaticano e de católicos. A empresa, conhecida pelas polémicas campanhas publicitárias, lamentou que o uso da imagem de Bento XVI tenha ferido a sensibilidade da Santa Sé e dos católicos, que exigiram a sua retirada, depois de aparecer na capital italiana, a escassos metros inclusive da Praça de São Pedro, na Cidade do Vaticano.

Gonçalo Lobo [email protected]

DE alma e coração. Assim se pode definir o estado de espírito dos quatro jogadores que o Benfica

foi, até agora, buscar a Portugal. Juan Castro, Filipe Duarte, Fábio Silva e Edgar fizeram o seu primeiro treino, no Complexo Desportivo do Dom Bosco, pelo Benfica de Macau e querem vencer no território. “Até agora está tudo bem. Apesar de termos chegado há poucos dias já deu para perceber que isto é muito diferente do que estamos habituamos em Portugal”, referiu o guarda-redes Juan Castro.

Contratado para defender as redes das águias, o luso-brasileiro mostra-se confiante no futuro e promete muito trabalho. “As ex-pectativas são grandes. Vim para jogar e para ser campeão. É essa a forma como encaro o futebol. Quero trabalhar e vencer”, afirmou.

O defesa-central Filipe Duar-te, que deixou o Oriental para se aventurar na Ásia – a sua segunda experiência no estrangeiro depois do Chipre -, também se mostra entusiasmado. “Aceitei este convite com muito agrado e agora só quero corresponder.”

Na pré-época portuguesa, Filipe Duarte ainda treinou e jogou no jogo de apresentação do Leixões, mas acabou por não ficar apesar de “ter corrido tudo bem”. “Eu só ficaria se um outro central saísse e isso não sucedeu”, explicou ao Hoje Macau o internacional sub-20 português.

Mais parcos em palavras foram o médio Edgar e o também defesa--central Fábio Silva. Para Edgar esta

Futebol | Reforços no primeiro treino do Benfica

Sentir o pulso a Macaué uma “oportunidade para agar-rar”. “Ainda me estou a ambientar. O primeiro treino correu bem, mas estou um pouco cansado por causa da viagem”, disse. Fábio Silva, que trocou o Fiães dos regionais pelo Benfica de Macau, assume que “é complicado estar longe da família e dos amigos”. “A vida de jogador de futebol é mesmo assim”, constatou.

Uma coisa é certa para o quarteto: o futebol aqui é muito diferente. Mas aos novos reforços não falta garra e motivação. Para fazer face à distância e à saudade, eles prometem ajudar--se uns aos outros. “Vamos superar as dificuldades com a ajuda dos colegas”, referiu Juan Castro.

Quem ficou agradado com o préstimo dos jogadores foi o treinador Rui Cardoso, que vê nos quatro uma “indiscutível mais--valia”. “São jogadores que têm um nível técnico e táctico mais elevado. Pouco se ensina a esse nível. Agora só os quero sentir entrosados na equipa”, referiu.

Para Rui Cardoso, “nota-se perfeitamente que vieram de campeonatos mais competitivos” e elogia a entrega com que enca-raram o primeiro treino da época. “O que mais gostei dos jogadores foi terem trazido camaradagem ao grupo. Gostei muito da sua parte humana.”

GONÇ

ALO

LOBO

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Filipe Duarte Fábio Silva Juan Castro

Edgar