hoje macau 20 nov 2012 #2738

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TEMPO MUITO NUBLADO MIN 20 MAX 25 HUMIDADE 60-90% • CÂMBIOS EURO 9.9 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TERÇA-FEIRA 20 DE NOVEMBRO DE 2012 ANO XII Nº 2738 PUB PAUL PUN Habitação para os necessitados precisa-se PÁGINA 7 CULINÁRIA DE MACAU Jovens chefs como marca internacional CENTRAIS HABITAÇÃO PÚBLICA Operários continuam à espera de Chui PÁGINA 4 ASIÁTICO DE NATAÇÃO Macau conquista prata no Dubai PÁGINA 16 ESTUDO REVELA FELICIDADE EM BAIXA INDIFERENÇA AO CHEQUE PECUNIÁRIO PÁGINA 5 No dia em que o secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, revelou previsões “prudentes” para as despesas e receitas no Orçamento para 2013, os deputados mostraram-se preocupados com a forma como o Executivo gasta os dinheiros públicos. Se Ho Iat Seng quer explicações das despesas, pedindo um controlo apertado às contas, Lee Chong Cheng diz mesmo que o Governo anda a dar “rebuçados” em vez de fortalecer o progresso social. PÁGINAS 2 E 3 Tapar os olhos adoçando a boca Deputados criticam gastos do Governo

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Edição do Hoje Macau de 20 de Novembro de 2012 • Ano X • N.º 2738

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Page 1: Hoje Macau 20 NOV 2012 #2738

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 20 MAX 25 HUMIDADE 60-90% • CÂMBIOS EURO 9.9 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 20 DE NOVEMBRO DE 2012 • ANO XII • Nº 2738

PUB

PAUL PUN

Habitação para os necessitados precisa-se

PÁGINA 7

CULINÁRIA DE MACAU

Jovens chefs como marca internacional

CENTRAIS

HABITAÇÃO PÚBLICA

Operários continuam à espera de Chui

PÁGINA 4

ASIÁTICO DE NATAÇÃO

Macau conquista prata no Dubai

PÁGINA 16

ESTUDO REVELA FELICIDADE EM BAIXA

INDIFERENÇA AOCHEQUE PECUNIÁRIO

PÁGINA 5

No dia em que o secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, revelou previsões “prudentes” para as despesas e receitas no Orçamento para 2013, os deputados mostraram-se preocupados com a forma como o Executivo gasta os dinheiros públicos. Se Ho Iat Seng quer explicações das despesas, pedindo um controlo apertado às contas, Lee Chong Cheng diz mesmo que o Governo anda a dar “rebuçados” em vez de fortalecer o progresso social. PÁGINAS 2 E 3

Tapar os olhosadoçando a boca

Deputados criticam gastos do Governo

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terça-feira 20.11.2012política2

Lee Chong Cheng considera que os salários não acompanharam o aumento do PIB nos últimos anos, defendendo medidas neste sentido. Também Paul Chan Wai Chi falou dos cidadãos e considera que o PIB elevado não trouxe felicidade

Andreia Sofia [email protected]

NO período de in-terpelações antes da ordem do dia, o deputado Lee

Chong Cheng chamou a aten-ção para aquilo que considera tratar-se de uma discrepância entre os aumentos do Produto Interno Bruto (PIB) desde que o jogo foi liberalizado e os ganhos traduzidos para a po-pulação. E na sua óptica, são muito poucos. “A expectativa

DURANTE a votação na generalidade da proposta de lei sobre o orçamento

para 2013, o deputado José Pereira Couti-nho levantou a questão de uma dívida que a Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau (CAM) tem a saldar perante o Executivo, no valor de 1,8 mil milhões de patacas, e que já consta no orçamen-to de 2011. Alice Maria da Conceição, responsável pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) garantiu que uma tranche do empréstimo vai ser paga ao Governo ainda este ano, no valor de 22,5 milhões de patacas.

“É uma divida que tem a ver com a

construção da pista. Trata-se de uma do-tação, e tem a ver com os equipamentos do Governo, que ajudou o aeroporto a construir a pista. Agora é reembolsável através de prestações ao Executivo”, explicou Alice Maria da Conceição.

Coutinho não ficou satisfeito com a resposta e garantiu ao Hoje Macau que vai lançar mais uma interpelação escrita ao Governo sobre o assunto. “Tratou-se de uma resposta telegráfica. Onde está a segunda pista do aeroporto?”

No plenário, mostrou novamente o desagrado pelas explicações dadas. “Não consigo perceber como surgiu

esta divida. Como é que se reflecte no orçamento? Espero que as despesas com a Administração não aumentem todos os anos.”

Coutinho levantou ainda dúvidas quanto às restantes empresas privadas que recebem dinheiros públicos. “Como é feita essa fiscalização? O mecanismo tem efeitos? As despesas destas empresas são feitas em prol da sociedade? Parece que o Governo só agora está a receber os juros e não o capital do dinheiro emprestado. O dinheiro foi todo emprestado para a construção da pista? Vejo aqui falta de transparência.” - A.S.S.

Direito de Macau aplicado no campus de HengqinO plenário de ontem na AL serviu ainda para a aprovação na especialidade da proposta de lei que estabelece as normas fundamentais para o estabelecimento do direito da RAEM no novo campus da Universidade de Macau, na Ilha da Montanha. O diploma prevê que no espaço delimitado para o novo campus será aplicada a lei que vigora na RAEM, e entrará em vigor depois da publicação em Boletim Oficial pelo Chefe do Executivo.

Pedidas mudanças no mercado petrolíferoKwan Tsui Hang mostrou-se preocupada com os aumentos dos combustíveis e pede ao Executivo para “encarar seriamente a situação e rever por completo o funcionamento do mercado petrolífero e os respectivos mecanismos de fiscalização”. Kwan considera que nos últimos 10 anos “não se registaram quaisquer avanços ao nível de principais exploradores e na situação de monopólio e prática de cartel”. Desta forma, “com falta de concorrência, o sector de abastecimento dos combustíveis não eleva a sua eficiência”, até ao nível dos preços mais baixos.

Governo “não controla” importação de TNRLam Heong Sang considera que a Administração não consegue resolver os problemas ligados à importação de não-residentes, muito menos proteger os trabalhadores locais. “Existem muitos problemas na importação de mão-de-obra porque o Governo não controla o processo, apenas autoriza as quotas e não fiscaliza a posteriori”. O deputado pede que a lei seja aplicada “com todo o rigor e aumentar a generalização das leis”.

“Velhos problemas” continuam por resolver Chan Meng Kam considera que Macau se depara com a falta de resolução de “velhos problemas”, como “conflitos sociais acarretados pelo desenvolvimento económico”. “Com o passar do tempo e o acumular de problemas, velhos e novos, o Governo só pode ficar preso a um circulo de medidas paliativas e com resultados que pouco agradam a população, apesar do dinheiro despendido”. Chan Meng Kam deposita confiança no programa de formação na Administração Pública anunciado pelo Executivo.

Angela Leong pede mais competitividade juvenilA deputada considera que os jovens “estão sujeitos a uma concorrência vinda do exterior, sendo fraco o seu sentido de competição”. Desta forma, Ângela Leong apela ao Governo que “aumente a competitividade da nova geração e forme mais quadros qualificados para corresponder à política de diversificação económica”.

Pedidas mais medidas no trânsitoMak Soi Kun foi para a rua avaliar as passagens dos condutores nas passadeiras e considera que os resultados não são animadores. “O Governo deve através das escolas educar as crianças para atravessarem as passadeiras com cuidado”. “O Governo deve lançar as medidas necessárias para reforçar as punições”, bem como “mecanismos rigorosos para punir infractores”.

Criticada política de vistos individuaisHo Ion Sang considera que o Governo tem de olhar para o funcionamento da politica dos vistos individuais, que trouxeram “o rápido desenvolvimento da economia mas implicou custos sociais que não podemos desprezar”. Ho Ion Sang defende que o Executivo deve avançar “com estudos sobre a capacidade de recepção de Macau, de modo a atenuar a pressão para a sociedade”.

Lee Chong Cheng pede avanços na Lei do Salário Mínimo

“Rebuçados do Governo enfraquecem a vontade de progresso social”

CAM Valor paga parte do empréstimo para construir pista no aeroporto

22,5 milhões para o Governo

de distribuição dos rebuçados pelo Governo enfraquece a vontade de progresso social, o que resulta num impacto de longo prazo na população de Macau”.

Como tal, o deputado considera ser fundamental avançar para a lei que imple-menta o salário mínimo. “O Governo deve aproveitar o actual progresso económico, em que as partes laborais e patronais dispõem de maior capacidade nas negociações salariais, para avançar já com o processo legislativo relativo à lei do salário mínimo, a fim de salvaguardar os justos interesses de todos os traba-lhadores”.

SALÁRIOS NÃO ACOMPANHARAM PIBLee Chong Cheng frisou ainda no hemiciclo que “o direito de trabalho dos nossos resi-dentes não está devidamente protegido, e ainda é frequente verificarem-se conflitos entre as partes patronal e laboral”. Para fundamentar os seus argumentos, o deputado foi buscar dados económicos.

Enquanto o PIB de 2011 se situou nas 292 mil milhões de patacas, o salário médio dos residentes “aumentou apenas duas vezes”, de 5 mil para 10

mil patacas no ano passado. “O rendimento salarial/PIB baixou de 26,19% em 1999 para 13,82% em 2011, uma redução de metade”.

Neste ponto, o deputado considera que o Governo “actualize o nível dos salários dos trabalhadores, para que todos os cidadãos possam ser beneficiados, ou seja, que o fruto do crescimento económico possa ser gozado através das receitas vindas do trabalho”.

“A economia desenvol-veu-se, mas os trabalhadores não conseguiram usufruir dos frutos do desenvolvimento económico através dos seus salários, o que deu origem a

uma anormalidade, a despro-porcionalidade na distribuição dos resultados económicos”, acrescentou ainda.

ÍNDICE DE FELICIDADEE O PIBNa mesma linha o democrata Paul Chan Wai Chi falou da ligação que existe entre a felicidade da população e o PIB de uma região, dando como exemplo o Butão, “um pequeno país cuja economia é relativamente atrasada, mas ocupa uma posição alta entre os países da Ásia em relação à felicidade”, segundo o con-ceito de Felicidade Interna Bruta (FIB).

No caso de Macau, “quem tem filhos a compra de leite e as inscrições nas creches são verdadeiros quebra-cabeças, e quando se atinge a maioridade não é possível encontrar um bom trabalho na sociedade. A seguir, é necessário gastar 40% do salário para se tornar escravo de uma habitação”. Paul Chan Wai Chi questiona ainda se “para um Governo que apregoa o lema de ter por base a população, qual é o mais importante, o PIB ou o FIB? Este tipo de vida em Macau, que se mantém com o PIB elevado nos últimos anos, é sinónimo de felicidade?”.

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AS PREVISÕES PARA 2013

3políticaterça-feira 20.11.2012 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

MAIS de 134 mil mi-lhões de patacas. É este o valor previsto em receitas que o

Executivo deverá arrecadar para o ano, um aumento de 17% face a 2012. As principais origens do capital estão nos impostos, sendo que os impostos directos sobre o jogo continuam a liderar: os ganhos deverão atingir 92,4 mil milhões de patacas, mais 7 mil milhões face ao ano transacto.

Estes valores constam na pro-posta de lei do Orçamento para 2013 que foi ontem votada na generalidade na Assembleia Le-gislativa (AL). Embora o diploma tenha passado com todos os votos a favor e um contra de Paul Chan Wai Chi, os deputados revelaram mui-tas preocupações quanto ao facto da principal origem do dinheiro público advir do jogo e pedem so-luções para quando a receita falhar. “Há factores externos que podem afectar Macau, e enquanto centro de turismo e lazer depende-se mui-to da actividade do jogo. Fala-se muito na diversificação moderada da economia, mas Macau ainda vai continuar a depender do jogo du-rante um período prolongado. Caso haja uma inversão da conjuntura, Macau vai ter capacidade para lidar com a inversão?”, questionou Ho Ion Sang.

O secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, garantiu que as previsões feitas são “pruden-tes e adequadas”. “O jogo ocupa um peso superior a 60% nas nossas receitas e creio que essa percenta-gem vai continuar a verificar-se. Mas prevemos que o imposto sobre o jogo possa estar cada vez mais estável. No ano passado o cres-cimento foi de dois dígitos e nos próximos anos esse crescimento pode não ser tão frequente, e de facto as receitas do jogo estão a conhecer a estabilidade.”

“Os outros impostos não têm um grande contributo nas finanças públicas porque tem a ver com a

O vice-presidente da As-sembleia Legislativa

(AL), Ho Iat Seng, defendeu ontem que todas as direc-ções do Governo devem deslocar-se às reuniões das comissões permanentes para explicar os porquês dos gas-tos. No plenário que serviu de votação na generalidade do orçamento para o próxi-mo ano, o vice-presidente e deputado fez uma das suas

raras intervenções em plená-rio. “Em sede de comissão vamos solicitar às direcções para esclarecerem estes nú-meros, porque vemos que há aqui projectos com custos superiores a 50 milhões, e eu não conheço os pormenores. Tem que haver um controlo e a variação (de despesas) é grande.”

Ho Iat Seng falou do exemplo da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), cujas despesas se cifraram nas 200 milhões de patacas em 2010 e que entretanto ascenderam este ano a mil milhões. “Com a conclusão do Metro Ligei-ro, presumo que os gastos

possam ser superiores a quatro mil milhões, e este saldo é assustador.”

O Estabelecimento Prisional de Macau (EPM) também foi visado. “Teve gastos de 200 milhões em 2010 e terá 400 milhões em 2013, com apenas 1000 reclusos. E já nem estou a falar da nova prisão. Olhando para as despesas dos serviços, são enormes. Podemos convidar esses serviços para em sede de comissão prestarem os devidos esclarecimentos”, acrescentou o também deputado.

Recorde-se que no ini-cio de Outubro último Ho

Iat Seng já tinha lançado criticas ao fraco papel da AL em termos de fisca-lização do orçamento do Executivo. “O problema é que, se não me dão um valor global, mas só uma estimativa, não é possível controlar o orçamento. Por isso, a população tem razões para se queixar, porque nós não podemos fazer nada. Não somos o líder da legislação.”

ÍNDICE DA AMCM MAIORHo Iat Seng defendeu ainda um aumento do actual índice de 0,1% praticado pela Auto-ridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) no

que diz respeito às reservas e aplicações financeiras. “Temos 400 mil milhões de reservas e aplicações financeiras. Será que o índice está bem aplicado e será que é possível elevá-lo para o ano? 0,1% como taxa de retorno não me parece adequada”. Tal ponto já tinha sido levantado pelo deputado Chan Chak Mo aquando da discussão dos gastos de 2011. “A Autori-dade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) ganha menos do que 0,1% com o investimento. Com a infla-ção nos 4 ou 5% todos os anos, o dinheiro está a perder valor.” – A.S.S.

134,8 mil milhões de receitas

92,4 mil milhões de ganhos em impostos do jogo

4,88 mil milhões para cheques pecuniários

2,59 mil milhões em reformas e subsídios para idosos

382 milhões no Programa de Comparticipação nos cuidados de saúde

18,17 mil milhões gastos em Previdência Central

10 mil milhões gastos na Educação

9,15 mil milhões gastos na Função Pública

2,32 mil milhões gastos em Habitação Pública

Para o próximo ano o Governo deverá arrecadar mais 17% de receitas devido aos impostos directos sobre o jogo, mas as despesas também prometem aumentar 6,7%. O secretário para a Economia e Finanças disse que as previsões feitas são “prudentes e adequadas”, mas os deputados questionam os gastos e temem a excessiva dependência face aos casinos

Deputados preocupados com gastos na Administração

Previsões são “prudentes”, diz Francis Tam

baixa tributação que tem vindo a ser praticada em Macau, também é para incentivar a diversificação da economia”, acrescentou Francis Tam.

O responsável disse que o caminho, apesar de “longo”, é a diversificação. “Vamos ter que continuar a envidar esforços para a diversificação adequada da econo-mia, para que num curto espaço de tempo o peso dos impostos sobre o jogo possa ocupar um espaço pequeno nas receitas públicas. Mas para atingir essa finalidade o caminho vai ser longo.”

Entre despesas e receitas, o Go-verno deverá arrecadar no final de 2013 um total de 53,2 mil milhões de patacas.

PIDDA SOFRE REDUÇÃO Para 2013 está prevista uma des-pesa avaliada em 82,5 mil milhões de patacas, um aumento de 6,7% face a 2012. Dentro das despesas incluem-se mais de 4,89 mil mi-lhões de patacas para o funciona-mento de “organismos especiais”.

O Plano de Investimentos e de Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) ganha 17,9 mil milhões, um decréscimo

de 9,7%. Tal explica-se pelo facto de despesas como o campus da Universidade de Macau (UMAC) na Ilha da Montanha serem feitas

Vice-presidente da AL fala de gastos “assustadores”

Ho Iat Seng quer explicação de despesas

este ano. “Sabemos que em relação ao campus vai estar concluído em 2013, mas as despesas vão ser feitas ainda este ano. No próximo ano vai haver uma tendência para diminuir”, explicou Alice Maria da Conceição, da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF). Quanto ao investimento feito na ponte Macau-Zhuhai-Hong Kong “deverá ser menor”, dado o fim de algumas obras preparatórias. No total, as infra-estruturas custam 5,9 mil milhões.

Quanto aos aumentos das des-pesas com “organismos especiais”, a responsável garantiu que vão ser superiores face aos serviços gerais devido ao Fundo de Pensões, dado que em 2013 o valor gasto nas re-formas vai rondar as 963 milhões de patacas. “Por outro lado, a Au-toridade Monetária e Cambial vai emitir notas no valor global de 100 milhões. As despesas devem-se a essas duas fontes”, acrescentou.

Ao contrário dos deputados, Francis Tam não revelou preocupa-ções face ao futuro. “Nestes últimos dois anos os serviços têm realizado pareceres sobre o orçamento e esperamos que este aumento seja adequado. O aumento de 6,7% deve manter-se a um nível mais baixo, e pode ser ajustado no futuro caso surjam outras situações.”

No momento das declarações de voto, Paul Chan Wai Chi expli-cou porque votou contra. “O sector do jogo pode ser considerado o paraíso de onde colhemos todos os frutos. Este voto é um alerta ao Governo.”

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4 política terça-feira 20.11.2012www.hojemacau.com.mo

Cecília [email protected]

ONTEM da manhã, cerca de cem trabalhadores

não residentes do estaleiro de obras da habitação pública de Seac Pai Van deslocaram-se à sede do Governo, onde se ma-nifestaram reivindicando sa-lários em falta. Isto acontece depois de 300 trabalhadores se terem queixado à Direcção dos Serviços para os Assun-tos Laborais (DSAL).

Os operários disseram que assinaram contrato com a companhia Ou Ma, que é a responsável pela obra de habitação pública de Seac Pai Van, já antes de chegarem a Macau. Porém, houve uma outra empresa que fez uma sub-contratação e não pagou o salário suficiente. Visto que os vistos dos trabalhadores estão quase a chegar ao fim do prazo, eles querem os seu salários em falta “ime-diatamente” para saírem do território.

A maioria das queixas deu-se devido ao contrato com a Ou Ma frisar que cada um deles ganharia 11.700 patacas por mês, ou 450 pa-tacas por dia com quatro dias de folga, mas até agora os

Uma centena de trabalhadorespedem salário directamente ao Chefe do Executivo

“Governo não ajuda na questão de Seac Pai Van”

trabalhadores só receberam 390 patacas por dia.

PROTESTOS HÁ DIASOs protestos já duram há alguns dias. No dia 15 de No-vembro, cerca de cem traba-lhadores do mesmo estaleiro deslocaram-se à DSAL para apresentar queixa, alegando que o empregador não tinha contabilizado de forma justa o salário, as horas extraordi-nárias e a compensação de trabalho nos dias de descan-so semanal, bem como não tinha atribuído o subsídio de trabalho nocturno.

A DSAL, depois de se ter inteirado da situação e verificado os documentos, informou-os de que o em-pregador já se comprometeu a pagar o montante que tinha

erradamente contabilizado aos seus trabalhadores. Na sexta-feira passada, mais trabalhadores (cerca de 200) chegaram à DSAL para rei-vindicar o salário em falta. A DSAL voltou a dizer o mesmo, contudo os trabalha-dores não ficaram satisfeitos e de seguida deslocaram-se à sede do Governo para ma-nifestações.

De acordo com um co-municado de imprensa do DSAL, a autoridade vai continuar a acompanhar e a fiscalizar o cumprimento do compromisso assumido pela entidade patronal e a assegu-rar que os trabalhadores con-sigam obter a remuneração e as compensações devidas em conformidade com o cálculo nos termos da lei.

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5terça-feira 20.11.2012 www.hojemacau.com.mo sociedade

Joana [email protected]

MAIS de metade da população fica in-diferente ao facto de o Governo lhe

dar um cheque anual. É um dos resultados do questionário que a Associação Sin Meng levou a cabo para analisar o índice de felicidade dos residentes de Macau.

O valor deste caiu 0,4 pontos face ao ano passado, passando Macau a ser pontuado com 71,2% numa escala até cem. O número não é alarmante – até porque mostra que o índice de felicidade da população está acima da média -, mas os resultados mostram que as pessoas consideram mais importante que o Governo atenda às suas necessidades básicas do que distribua dinheiro.

Dos 1505 residentes que res-ponderam ao inquérito pedido à Sin Meng por Melinda Chan, deputada à Assembleia Legislativa (AL), as políticas da habitação – ou a falta delas – continua a ser o maior desgosto dos residentes. “A per-cepção sobre a importância destas políticas mantém-se em alta (com 79,9%), indicando um aumento de preocupação sobre o assunto, mas também mostram o nível mais bai-xo de satisfação, tendo 51%”, pode ler-se nos resultados do estudo. Para Melinda Chan, que apresentou ontem os resultados, estes valores mostram que as correntes políticas não são suficientes para resolver os problemas de Macau.

As críticas ao facto de o Go-verno não interceder no mercado imobiliário e, consequentemente, não controlar os preços têm sido muitas na sociedade e Melinda Chan volta agora a frisar o pro-blema. “O Governo não consegue oferecer claras soluções para os problemas da habitação e tudo isto contribui para o desapontamento e insatisfação dos residentes de Macau.”

O nível de satisfação face às políticas habitacionais tem estado no último lugar há já três anos consecutivos, devido ao Executivo ter parado com os concursos para a habitação económica em 2005 e social em 2009 e também por não conseguir controlar os preços do imobiliário, que impedem que os jovens não consigam comprar casa, por “muito esforço que façam a trabalhar”, nota a deputada.

FELICIDADE A CURTO-PRAZOQuando questionadas sobre onde deveriam os recursos do Governo ser alocados, os residentes são peremptórios: 36% dizem que na

SJM remodela casino Jai AlaiA Sociedade de Jogos de Macau (SJM) vai investir entre 600 a 700 milhões de patacas para remodelar o Jai Alai Palace, segundo Ambrose So, citado pelo Macau Post Daily e pela Rádio Macau. O director-executivo da SJM anunciou o projecto no domingo, dizendo ainda que as obras devem começar em breve e terminar no próximo ano. Obras apenas de remodelação e que vão incluir um casino e lojas. O Jai Alai ficará ligado ao Casino Oceanus por uma passagem aérea para peões, mas mais detalhes do projecto devem ser apresentados em breve, segundo Ambrose So. A SJM Holdings, em comunicado à Bolsa de Hong Kong, anunciou que a Effort, uma subsidiária indirecta da companhia, assinou um acordo com a NetLink, empresa detida pelo Jai Alai. A NetLink, que se dedica ao imobiliário, vai arrendar o casino Jai Alai à Effort durante três anos, até ao fim de 2016. A renda mensal inclui o condomínio e custa 10,3 milhões de patacas. O comunicado explica que o casino já estava arrendado, mas o contrato termina no final do ano. O documento dá ainda conta que o grupo tenciona expandir as instalações com hotéis, restaurantes, centro comercial e outros negócios, avança ainda a Rádio.

Índice de felicidade desce e metade da população diz-se indiferente ao cheque pecuniário

Dinheiro grátis é bom, mas acaba

habitação e 24% preferiam que o Executivo apostasse no sistema de saúde. Aliás, nesta área, 60% dos inquiridos dizem mesmo que a infra-estrutura mais desejada neste momento é um hospital.

Casas, um sistema de saúde decente, emprego e acesso à edução são, para os residentes, as bases necessárias para a feli-cidade. É que, pelos resultados, a população não acredita no cheque pecuniário – que no próximo ano

aumenta para 4800 patacas e 8000 patacas – como medida que traga a felicidade eterna. Metade da população sente-se completamente “indiferente” ao facto de receber um cheque sem esforço no correio e, 60% dos que gostam, consideram que a felicidade que provoca “dura menos de três meses”.

A verdade é que o inquérito identifica o grupo social onde a comparticipação pecuniária tem mais impacto: nos idosos e resi-

dentes com pouco dinheiro. “São 70% as pessoas com mais de 60 anos e residentes com baixo nível de edução que consideram que o dinheiro as faz feliz. E também os que ganham menos de cinco mil patacas de salário.”

Melinda Chan realçou ontem que o cheque influencia a felicidade apenas das pessoas que “precisam mesmo dele”, mas frisa que, atra-vés do inquérito, ficou provado que cria apenas felicidade a curto-

-prazo. A deputada quis destacar a situação real das necessidades da população e, através dos resulta-dos, urge ao Executivo não só que melhore as políticas de habitação mas também faça uma reforma “imediata” no sistema de saúde. Quanto ao índice de felicidade, Me-linda Chan acredita que os dados ontem anunciados vão dar bases científicas ao Governo para que este formule políticas “tendo em conta as opiniões da população”.

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6 sociedade terça-feira 20.11.2012www.hojemacau.com.mo

Empresas ligadas a Kazuo Okada investigadas por poderem ter subornado autoridades filipinas

Mais uma novela AS autoridades regula-

doras do jogo dos EUA estão a investigar um ale-gado suborno feito por

Kazuo Okada a uma ex-autoridade do jogo das Filipinas, onde o japonês estaria a tentar construir um casino. De acordo com a agência Reuters, foram milhões de dólares america-nos que “afiliados” da Universal Entertainment Corp de Kazuo Okada

Uma das empresas de advogados que representava Kazuo Okada nas batalhas judiciais travadas contra a Wynn Resorts e Steve Wynn desistiu de representar o nipónico nos dois casos. De acordo com o Las Vegas Review Journal, a Davis, Polk, Wardwell LLP afirmou ter desistido da luta para que a Wynn Resorts devolvesse a Okada o investimento de mais de dois mil milhões de dólares americanos na empresa de Las Vegas e ainda da tentativa para que o nipónico conseguisse ter acesso aos registos financeiros da Wynn Macau e à informação relacionada com o donativo à Universidade de Macau. Recorde-se que o japonês, ex-sócio da Wynn Resorts, processou Steve Wynn por este ter doado 135 milhões de patacas à Fundação para o Desenvolvimento da Universidade de Macau, que Okada diz não ter autorizado e que foi feita numa altura em que a Wynn Macau esperava autorização do Governo para construir um novo projecto no Cotai. A ‘Securities and Exchange Commission’ norte-americana está precisamente a

NO terceiro trimestre de 2012 a despesa dos visitantes

(excluindo a despesa em jogo) cifrou-se nos 13,3 mil milhões de patacas, correspondendo a um aumento de 10%, face aos 12,1 mil milhões de patacas registados no trimestre homólogo de 2011. Destaca-se que a despesa dos turistas atingiu 11,3 mil milhões de patacas e a despesa dos excur-sionistas alcançou 2,0 mil milhões de patacas, informam os Serviços de Estatística e Censos.

A despesa per capita dos visitantes situou-se nas 1.822 patacas, tendo-se registado um

aumento de 12% face ao terceiro trimestre de 2011. A despesa per capita dos visitantes da China continental foi 2.302 Patacas, salienta-se que a dos visitantes com visto individual foi a mais elevada, atingindo 2.514 patacas, seguindo-se a despesa per capita dos visitantes de Singapura e do Japão que atingiu 1.673 e 1.550 patacas, respectivamente.

Enquanto, a despesa per capita dos visitantes, de longa distância, da Austrália, dos Estados Unidos da América e do Reino Unido se situou nas 1.167, 1.056 e 961 patacas, respectivamente. A

despesa per capita dos visitantes (excluindo a despesa em com-pras) situou-se nas 952 patacas, traduzindo um acréscimo de 16% face ao trimestre homólogo de 2011.

Destaca-se que as despesas de alojamento e de alimentação corresponderam a 48% e 37%, respectivamente, do total das despesas per capita. A maior des-pesa per capita dos visitantes (ex-cluindo a despesa em compras), foi efectuada pelos visitantes do Japão, atingiu 1.381 patacas, enquanto que a dos visitantes de Singapura foi 1.247 patacas.

pagaram a um ex-consultor das entidades reguladoras do jogo das Filipinas, precisamente na altura em que a empresa estava a tentar ganhar a concessão para a construção de um casino de mais de dois milhões de dólares americanos em Manila.

Uma das subsidiárias da empresa do nipónico terá feito um pagamento de cinco milhões em Maio de 2010 a Rodolfo Soriano, próximo de Efraim

Despesas dos visitantes de Macau sobem 10%

Turismo capitalista

Genuino, ex-director da Direcção de Regulação dos Jogos das Filipinas. Isto, segundo uma análise da Reuters aos registos bancários, arquivos e documentos judiciais, “disponibili-zados por um funcionário da própria Universal Entertainment Corp”. “O pagamento foi feito através de uma empresa fachada de Hong Kong e fez parte dos 40 milhões de dólares americanos feitos em transferências

pela Aruze USA, uma das empresas de Kazuo Okada que está agora sob investigação.

A agência de notícias salvaguar-da, no entanto, que não está claro que o nipónico tenha autorizado os paga-mentos pessoalmente. A Universal, controlada maioritariamente por Okada e pelo filho através da Okada Holdings LLC, chegou mesmo a processar três ex-funcionários da empresa alegando que estes agiram sem autorização ao canalizar 15 mi-lhões do total do pagamento através da Hong Kong Future Fortune Ltd.

Recorde-se que Okada e Steve Wynn eram parceiros de negócios e administradores da Wynn Resorts, sendo que o nipónico era sócio maioritário. Mas isso foi até este ano, quando Wynn processou Okada por este ter alegadamente infringido as regras da empresa – e possivel-mente a lei anti-corrupção dos EUA.

Isto, porque a Wynn alegou que o ex-vice-director da Wynn Resorts estaria a contactar indevidamente órgãos reguladores de jogo nas Filipinas. Okada está a desenvolver dois casinos e três hotéis em Manila e queria atrair os jogadores VIP da China em concorrência directa com o casino da Wynn em Macau, de acordo com a queixa.

O nipónico é acusado de pagar mais de cem milhões de dólares a reguladores de jogo das Filipinas e da Coreia e ainda de oferecer presentes às suas esposas.

Autoridades do jogo do Nevada estão a analisar os pagamentos feitos a Soriano pelas empresas controla-das por Okada, afirma a Reuters. “Se as autoridades do Nevada provarem que houve algo de ilegal, os regula-dores de jogo podem decidir limitar ou restringir as licenças de jogo ou impor outro tipo de sanções.”

Okada mais sozinho contra Wynn

investigar este donativo, mas a Wynn Resorts já negou perante o tribunal que tenha tido qualquer comportamento impróprio relativo à doação.Paul Spagnoletti, um advogado dos escritórios da Polk e Wardwell recusou-se a tecer comentários à imprensan norte-americana, pelo que não se sabe quais serão os motivos que levaram a empresa de desistir de representar Kazuo Okada. Também os documentos que indicam a desistência não citam qualquer justificação. O nipónico é agora representado apenas pelas firmas Lionel Sawyer & Collins, de Las Vegas, e pela Paul Hastings LLP, de Los Angeles.

CATA

RINA

LAU

Steve Wynn

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7sociedadeterça-feira 20.11.2012 www.hojemacau.com.mo

PUB

ANÚNCIOHM 1ª vez 20-11-12通常宣告案第 CV3-11-0063-CAO 號 第三民事法庭Processo: Acção Ordinária 3º Juízo Cível

Autores: LEONG SENG TAI, residente em Macau奧林匹克大馬路華寶花 園第一座14樓C座; LEONG KAM HA, residente em Macau 龍嵩街龍運大廈10樓J座; LEONG SENG WAI, residente em Macau 大碼頭街16號2樓 LEONG KAM FAN, residente em Macau龍嵩街龍運大廈10樓I座 LEONG SENG TCHONG, residente em Macau柯維納大馬路南新 花園第二座13 樓F座.Réu: CHAN IAO IP, com última morada conhecida em Macau na Rua do Teatro, nº16, ora ausente em parte incerta.INTERVENIENTES: INTERESSADOS INCERTOS.

***

FAZ-SE SABER que pelo Tribunal, Juízo e processo acima referidos, correm éditos de TRINTA DIAS, contados da segunda e última publicação do anúncio, citando os interessados incertos, para no prazo de TRINTA DIAS, findo o dos éditos, querendo, oferecer o seu articulado ou declarar que faz seus os articulados do réu na Acção Ordinária acima indicada, cujo pedido consiste em que deve a presente acção ser julgada procedente, por provada, devendo os Autores acima referidos ser declarados como legítimos titulares do direito de domínio útil do imóvel sito em Macau, descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o nº964, com a área da parcela de 75 m2. Se o citado intervier no processo passado o prazo referido, tem de aceitar os articulados da parte a que se associa e todos os actos e termos já processados. Tudo como melhor consta do duplicado dos articulados dos presentes autos, que se encontra nesta Secretaria do 3º Juízo Cível à disposição do citando. A intervenção do citando nos autos implica a constituição de advogado – artº74º do Código Processo Civil de Macau.

Paul Pun defende um novo grupo de beneficiários das casas sociais: os necessitados. O secretário-geral da Caritas Macau avança que não apenas os pobres devem ser equacionados como o alvo desta política mas também os jovens sem poder de compra para arrendar no mercado privado

Rita Marques [email protected]

“AS casas sociais são apenas para os pobres mas devem ser

vocacionadas também para os necessitados”, defende Paul Pun. E, para tal, o Governo só precisa de ser “flexível” de forma a chegar às carências destas pessoas. Como? “Podia-lhes ser cobrada uma renda maior”, que ainda fique longe dos preços praticados no mer-cado privado, do qual estão “distantes”. Os jovens, por exemplo, ainda com poucos anos de trabalho, ou acaba-dos de sair da faculdade, querem ter uma oportuni-dade enquanto proprietários mas, para tal, “precisam de poupar nos primeiros anos e se alugarem no mercado privado não têm hipótese”.

Por essa razão, Paul Pun acredita que o Governo deve disponibilizar mais lugares a habitações económicas e não apenas na construção de mais seis mil habitações sociais, tal como já está previsto para o próximo ano, depois de cumprido o objectivo das 19 mil frac-ções públicas. Outra vez, os jovens são um público a con-siderar. “Não se conseguem qualificar para apartamentos sociais e, na verdade, o que

Secretário-geral da Caritas pede maior abrangência na política de habitações públicas

Casas sociais para quem mais necessita

querem é comprar, por isso devem ser aumentados os apartamentos para venda”, indica o responsável da Caritas Macau.

JUROS MAIS BAIXOSNa opinião de Rose Lai, professora de Finanças na Universidade de Macau (UMAC), o Governo tem outro meio de ajudar os jovens. “Pode propor melhores condições para estes compradores. Baixar mais os juros no pagamento inicial, já que os jovens têm problemas não em dar uma garantia mas em disponibilizar o dinheiro para o pagamento inicial”, indica. No entanto, enfatiza,

os jovens recém-graduados não podem ter ilusões, “não devem olhar para uma casa de momento”. “A sociedade espera isso porque qualquer pessoa com mais de 18 anos pode ser candidato a uma casa, e isso pode ser comparável a quem queira comprar uma casa privada. Não penso que seja saudável”, explica Rose Lai.

Mas quem está pronto para se casar ou ter uma vida independente, não tem outra alternativa senão “esperar por mais oferta [de habitação]”, até porque o pacote de medidas lançadas “já são fortes o suficiente no sentido de parar a espe-culação imobiliária”. Fala,

por exemplo, da recém--criada lei do imposto de selo sobre a transmissão de imóveis destinados à ha-bitação que, na opinião da académica, não devia atingir os não-residentes com uma sobretaxa de 10 por cento. “Muitos não têm a residência de Macau mas trabalham cá e também precisam de casa, por isso têm direito a comprar a sua casa. Se eles são as pessoas que não têm a residência, porque são penalizados? Não é justo e danificará a imagem de Ma-cau enquanto cidade interna-cional. Ganhamos dinheiro de importação, na forma de jogo e entretenimento, não é fácil dizer para as pessoas

irem embora. Não deve ser feito e não é fácil”, defen-de, até porque os preços elevados da habitação não se devem essencialmente ao investimento estrangeiro (em 2011, os não-residentes apenas representaram 12% dos compradores).

No entender de Paul Pun, a medida tem um “impacto mínimo para aqueles que controlam a inflação das ca-sas”. E, nessa medida, pensa que a solução também passa por criar um imposto sobre as unidades residenciais que não estão habitadas ou arrendadas pelos proprietá-rios. “Os proprietários têm de pagar sobre as casas que possuem de forma a que sejam levadas a entrar no mercado, e quantas mais tiverem mais têm de pagar”, defende. Nestes se incluem donos de casas devolutas. Segundo últimos dados apurados, até Junho havia

mais de 10 mil fracções desocupadas em Macau e duas mil na Taipa.

TRAÇAR CALENDÁRIOPaul Pun só ficará satisfeito com um “calendário”. A Lau Si Io, que estará presente na Assembleia Legislativa (AL) a 3 e 4 de Dezembro, o secretário-geral da Caritas endereça algumas perguntas: “Quantas habitações sociais e, sobretudo, económicas estarão disponíveis depois de concluídas as 19 mil? Em que mês de que ano? E quantos apartamentos estão livres?” Por outro lado, incita o Go-verno a diminuir os proces-sos burocráticos. “Quando começam a construir casas demoram muito tempo a ter a aprovação. Isto atrasa também as casas a entrar no mercado. Até para fazer obras de decoração interior leva-se nove a 10 meses para se obter uma resposta”, garante.

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terça-feira 20.11.2012nacional8

UM alto funcionário an-golano disse ontem em Pequim que “a aposta na cooperação com a

China” ocorreu no “momento cer-to” e “tem ajudado a transformar

OS líderes da Associação de Nações do Sudeste Asiático

(Asean) iniciaram esta segunda-feira reuniões com os seus colegas dos países que são seus maiores parcei-ros, incluindo o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, ao qual vão expor as preocupações causadas pelas disputas territoriais no Mar da China Meridional.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a secretária de Estado, Hillary Clinton, também devem participar na reunião.

O secretário-geral da Asean, Surin Pitsuwan, anunciou no do-mingo na capital cambojana que a organização regional tinha decidido por consenso solicitar ao primeiro--ministro chinês o início “o mais rápido possível” de uma negociação formal para se chegar a um pacto

O Produto Interno Bruto (PIB) da China deve ul-

trapassar 8% no próximo ano devido à melhoria do ambiente externo e ao aumento do cres-cimento doméstico, disse Lu Zhongyuan, vice-director do Centro de Pesquisa de Desen-volvimento do Conselho de Estado este domingo.

Nos primeiros três trimes-tres deste ano, o PIB da China aumentou 7,7% em relação ao ano passado, uma desace-leração substancial face aos 9,3% registados em 2011. No entanto, os dados de Setembro

Angola “apostou na China no momento certo”, diz diplomata angolano

Linhas de crédito de 120mil milhões de patacas

Asean vai expor à China preocupação com disputas territoriais

Construir pacto de não agressãoChina PIB deve crescer

mais de 8% no próximo ano

Internamentea subirde não agressão perante as tensões

geradas pelas contínuas disputas territoriais no Mar da China Me-ridional.

A iniciativa dos dez países da Asean foi proposta pelo primeiro--ministro do Camboja, Hun Sen, durante a reunião na cimeira com o seu homologo chinês.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério dos Ne-gócios Estrangeiros chinês, Qing Gang, assinalou após a reunião entre Wen e Sen, que o Governo de Pequim prosseguirá com a sua actual política de resolver as disputas de forma bilateral mediante contactos diplomáticos.

A China e o Vietname disputam há décadas a soberania das ilhas Paracel e Spratly, no Mar da China Meridional.

Brunei, Filipinas, Malásia e Taiwan também reivindicam parcial ou totalmente as Spratly, um arqui-pélago de cerca de uma centena de atóis ricos em pesca, petróleo e gás.

A Asean é composta pelo Brunei, Myanmar, Cambodja, Filipinas, In-donésia, Laos, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietname.

e Outubro, que incluem expor-tações e produção industrial, demonstraram uma melhoria significativa. Lu disse que a tendência de médio a longo prazo será de desaceleração do crescimento e prevê uma taxa média de crescimento de 7% no período que abrange o 13º plano quinquenal, de 2016 a 2020. A Organização para Cooperação e Desenvol-vimento Económico (OCDE) projectou em relatório divul-gado este domingo que o país deve crescer mais de 8% nos próximos cinco anos.

Angola num país mais moderno”.Estabelecida a paz em Angola,

em 2002, “o país precisava de dar passos muito concretos no âmbito da reconstrução nacional”, salien-tou o director do Gabinete de Es-

tudos e Investigação do Ministério angolano das Relações Exteriores, Francisco José da Cruz, num coló-quio económico na capital chinesa.

“O financiamento chinês apare-ceu no momento certo. Num país

que saía de uma longa guerra e passados três ou quatro anos a sua população não começa a sentir os dividendos da paz, as probabilida-des de voltar a cair num conflito são muito grandes”, acrescentou.

A primeira linha de crédito chinesa para a Angola, no valor de cerca de 16.000 milhões de patacas, foi aberta em 2004 e desde então, já terá atingindo quase 120.000 milhões de patacas.

José da Cruz referiu que o finan-ciamento chinês somava “vários mil milhões de dólares”, mas não precisou o montante.

O colóquio, organizado pela Embaixada de Angola na China, no âmbito das comemorações do 37.º aniversário da independência, reuniu dezenas de diplomatas e empresários.

“Angola é um país a caminho de um desenvolvimento sustentado”, afirmou José da Cruz.

Questionado pela agência Lusa sobre as “áreas mais atraentes” para os investidores estrangeiros, o diplomata destacou: construção de infra-estruturas, agricultura, serviços e indústrias extractivas, designadamente petróleo e dia-mantes.

Quanto ao Fundo Soberano Angolano, criado no mês passado com um capital de cerca de 40.000 milhões de patacas oriundos das receitas do petróleo, José da Cruz adiantou apenas que “os seus “in-vestimentos serão feitos internacio-nalmente, onde os responsáveis e a liderança política do país julgarem que há oportunidades que possam beneficiar Angola e os angolanos”.

Angola é o segundo maior exportador africano de petróleo, nomeadamente para a China.

Numa entrevista concedida em Março do ano passado, o então em-baixador chinês em Luanda afirmou que o montante das linhas de crédito concedidas a Angola por três institui-ções bancárias chinesas desde o fim da guerra civil angolana atingia cerca de “120 mil milhões de patacas”.

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9terça-feira 20.11.2012 www.hojemacau.com.mo região

O Japão, a China e a Coreia do Sul estão a preparar--se para iniciar negocia-ções preliminares sobre

um tratado de livre de comércio entre os três países, disseram es-pecialistas. A iniciativa pretende interromper a acentuada deterio-ração nas relações económicas, entre o Japão e a China, devido a disputas territoriais. “Os três países estão a explorar várias possibili-dades, inclusive uma reunião dos três ministros do Comércio” em Phnom Penh, no Camboja, na pró-xima semana, disse na sexta-feira o ministro do Comércio do Japão, Yukio Edano. Uma autoridade do comércio japonês disse que a reunião, se de facto acontecer, iria produzir um acordo para começar a negociação de um tratado.

Os ministros do Comércio dos três países vão participar na reunião patrocinada pela Associação de Nações do Sudeste Asiático.

O início das negociações seria visto como um sinal de que a abor-dagem mais gradual de integração

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, já

chegou à Birmânia, etapa “sim-bólica” da sua primeira viagem ao estrangeiro após a reeleição.

Barack Obama é o primeiro Presidente norte-americano em exercício a deslocar-se à Bir-mânia ainda que para uma visita de apenas algumas horas, vista como simbólica, com o objec-tivo de incentivar as reformas democráticas no país.

O Air Force One aterrou no aeroporto de Rangum pelas 09h45 locais, segundo as agên-cias internacionais.

Birmânia deverá assinar protocoloque autoriza missões da AIEAA Birmânia vai assinar um protocolo da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) que abre as portas do país às missões do organismo, informaram ontem os meios de comunicação social do país. O Presidente birmanês, Thein Sein, propôs a medida ao parlamento, onde conta com maioria suficiente para que a iniciativa seja aprovada, noticiou a rádio local “Mizzima”, citada pela agência noticiosa espanhola Efe. Na última década, vieram a público, em várias ocasiões, denúncias de que o então regime militar que governava o país estaria a desenvolver um programa nuclear com a colaboração da Coreia do Norte. Os governos dos Estados Unidos e de outros países indicaram, contudo, não terem encontrado provas da existência de tal programa. A Birmânia, depois de quase meio século de ditadura militar, encetou em 2011 um processo de reformas de cariz democrático, as quais conquistaram o reconhecimento da comunidade internacional e permitiram o levantamento de sanções que pesavam sobre o país.

Na Birmânia para uma visita simbólica de incentivo às reformas democráticas

A primeiravez de Obama

Japão, China e Coreia do Sulpodem começar a negociar acordo comercial

Projecto a longo prazo

económica regional defendida pela China e pela Ansea pode estar a encontrar mais apoio do que a liberalização mais radical defen-dida pelos Estados Unidos sob a chamada Parceria Trans-Pacífica, uma iniciativa que as principais economias asiáticas ainda não abraçaram.

Não está claro se o começo das conversas tripartidas representaria uma genuína reviravolta nas rela-ções sino-japonesas. Os especialis-tas acreditam que a iniciativa seria conduzida com discrição para não provocar uma revolta política na China, onde ainda persiste o ressen-timento contra o Japão por causa da nacionalização de um grupo de ilhas no Mar da China Oriental que a China também reivindica.

Uma porta-voz do governo sul--coreano disse que os países estão a organizar uma reunião dos três ministros do Comércio no Camboja. Um funcionário do departamento de comunicações do ministério do Comércio chinês não quis comentar as supostas negociações.

Espera-se que o fórum regio-nal seja palco de negociações separadas sobre tratados de livre comércio entre os dez membros da Ansea mais Japão, China, Coreia, Austrália e Nova Zelândia. “Seria mais fácil para a China justificar conversas com o Japão no contexto da Ansea, pois ambos [os países] são membros da iniciativa de trata-dos de livre comércio patrocinada pela Ansea”, disse Jian Min Jin, um estudioso do Instituto de Pesquisa Fujitsu, em Tóquio. “O tratado de livre comércio tripartido é um pro-jecto de longo prazo”, acrescentou Jin. No curto prazo, “o ambiente de hostilidades não deve mudar significativamente”, disse .

Pode ser um pouco difícil lidar com as negociações sobre a zona de livre comércio mas a tendência geral [de abrir o comércio com o Japão] provavelmente vai conti-nuar”, disse o advogado, acres-centando que situações como esta ocorrem com os Estados Unidos, “mas a China continua a trabalhar nos problemas do comércio”.

O primeiro-ministro do Japão, Yoshihiko Noda, também deve comparecer à reunião da Ansea, embora não se espere nenhuma cimeira com a China e a Coreia. Ao não realizar reuniões de topo, o Japão e a China poderiam evitar os problemas territoriais e concentrar--se nos económicos.

O Ministério das Relações Ex-teriores do Japão está a amenizar o significado político das possíveis negociações sobre um tratado de livre comércio tripartido. As preparações para o início das conversas estão em andamento apesar dos conflitos territoriais, disse Naoko Saiki, secretária de imprensa do vice-ministro. “Houve um acordo para que as negociações se materializem até o fim do ano”, disse.

O Presidente norte-america-no deve encontrar-se com o seu homólogo Thein Sein, bem como com a líder da oposição e Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, antes de proferir um histórico discurso na Universidade de Rangum.

Na sua primeira viagem ao exterior após ter sido reeleito no início deste mês, Obama visitou a Tailândia, sendo que depois de passar algumas horas na Birmâ-nia, deslocar-se-á ao Camboja para participar das reuniões da Associação de Nações do Su-deste Asiático (ASEAN) e na cimeira da Ásia Oriental.

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terça-feira 20.11.2012www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

UMA extensão de abacate preenchida com ravioli de manga e lagosta, ar-raigado com essência de

hortelã, é a recomendação do chef Zhao Yuan Cheng para entrada. Mas há mais. Se não lhe chegou para forrar o estômago, pode deli-ciar-se com mais manga - que, de resto, nunca é demais - desta feita em modo mousse, com um toque leve de caviar. Se ainda não ficou convencido, há um bife suculento, assado com a espessura certa, para apreciar sempre com água na boca.

Este foi o prato que arrecadou o ouro na 5.ª Competição de Jovens Chefs. Mas o prémio foi não só para Zhao Yuan Cheng, 22 anos, mas também para o hotel Mandarim Oriental, que há um ano treina o jovem chef de Sichuan. “Depois de estudar na escola culinária nessa província, vim logo para cá trabalhar e sinto que ainda tenho muito para aprender e Macau dá--me hipóteses de progredir por isso devo por cá ficar para já”, indica ao Hoje Macau.

O colega de cozinha, Jerónimo Reinaldo Calangi, 23 anos, não teve a mesma sorte, perdeu as 4000 pa-tacas de primeiro prémio, embora o seu ingrediente especial fosse também a lagosta, inspirada no mentor de ambos e na sua estadia

Jovens chefs são a aposta de Macau para ganhar marca internacional

Um desafio ao paladar

curricular em França. Neste senti-do, a cozinha ocidental acaba por ser a sua maior fonte de inspiração, embora seja natural de Macau. “Havia uma língua a aprender lá fora, e a ‘france cuisine’ ainda pode ser tida como a capital da comida mas hoje há outras especialidades que também estão a ganhar nome e, na verdade, gostaria de aprender todas. Terei tempo”, indica.

Para Calangi, voltar a aprender no estrangeiro é um possibilida-de - em Barcelona, Alemanha ou Japão - mas neste momento os planos ainda não estão certos, até porque “a indústria hoteleira está a florescer em Macau” e eventos destes são bons para “promover a

hospitalidade, cruzar contactos e trocar impressões” entre os respon-sáveis por pratos criativos.

A mesma opinião é garantida pelo responsável deste concurso, o presidente da Associação Culinária de Macau Rimund Pichlmaier, que refere trazer estes doze participan-tes, de sete unidades hoteleiras, serve precisamente para “ajudar os jovens chefs a desenvolver melhor as suas capacidades, trazer mais cozinha à comunidade de Macau, mais confiança na arte de cozinhar e na exposição pública.” Seguir o rumo de uma cidade internacional e de referência é também evoluir na gastronomia e culinária, garante. E, nesse campo, Macau está num bom

Foram doze os chefs que mostraram a sua arte no “5.º Concurso de Jovem Chefs”, organizado pela Associação Culinária de Macau (ACM). Ainda não são conceituados mas foram já absorvidos por restaurantes de sete cadeias hoteleiras acreditadas dentro e fora de portas. Rimund Pichlmaier, presidente da ACM, observa uma evolução nesta indústria, e pretende agora constituir um equipa “nacional” para se internacionalizar

HOJE

MAC

AU

10 gastronomia

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11terça-feira 20.11.2012 www.hojemacau.com.mo gastronomia

Jovens chefs são a aposta de Macau para ganhar marca internacional

Um desafio ao paladar

ritmo. “Vivo há 35 anos em Macau e consigo ver a evolução que os chefs locais têm feito agora. Os novos hotéis, casinos e empresas que exigem mais além de cozinhar, elevou esta área e criou uma com-petição dura e necessária”, avalia. “Eles têm de se esforçar mais.”

SEGUNDO CURSO MAIS POPULARFora desta competição estão os es-tudantes de primeiro e segundo ano do Instituto de Formação Turística (IFT) que, mais uma vez, cedeu o espaço à Competição de Jovens chefs. “Tornou-se muito popular o curso de culinária, que já vai no seu segundo ano, aceitando 24 estudantes por ano”, explica David Wong, sub-

-director executivo do IFT. E mais espaço houvesse, mais mestres da culinária haveria. Só para este ano lectivo, foram 300 os candidatos ao curso, sagrando-se já o segundo mais popular desta instituição de ensino, logo após o “Gestão Hoteleira”, garante o responsável. Para já, não é possível abrir mais vagas. “Cada classe trabalha com cozinhas e fogões individuais, teriam de ser comprados mais equipamentos e alargada a área, mas há falta de espaço.” Um espaço que já foi pedido ao Governo mas não se sabe o que o futuro reserva, revela David Wong. “Estamos a aguardar. Esperamos boas notícias mas não sabemos quando, ainda.”

No entanto, muitos jovens de

Macau que tiveram hipótese de na-vegar até cozinhas do estrangeiro, ou mesmo quem por cá ficou a ganhar experiência profissional, também tem um lugar promissor reservado ou muitos não estivessem agora nestas hotéis conceituados. Fong Chi Keong e Tou Wai Chi, ambos naturais do território, na casa dos vinte, trabalham respectivamente no Altira e no MGM e, dizem, “haver muito para aprender”. No entanto, não se querem esgotar em Macau. “Se houver oportunidade, quero ir para fora, Europa ou Estados Unidos”, diz Fong Chi Keong.

Actualmente com cerca de 100 membros, a Associação Culinária de Macau quer levá-los mais longe. “Es-tes chefs têm trabalhado em Macau e pedimos para que participem em competições locais e alguns deles são treinados, e ajudamo-los a serem trei-nados, para que vão lá fora. Já foram para a Coreia. Já foram a uma Asian Challenge, em Xangai, onde ganha-ram”, avança Rimund Pichlmaier. Este foi de resto o grande objectivo de fundar esta sede há sete anos: pertencer à Associação Mundial de Chefs, de forma a serem reconhecidos lá fora. “Agora devagarinho vamos tentar ter uma ‘equipa nacional’ para ir a competições entre países lá fora. Mas é muito difícil ter o patrocínio e juntar os chefs porque é preciso muito tempo de treino, que terá de ser feito em horário pós-laboral”, avança Pichlmaier.

Foram doze os chefs que mostraram a sua arte no “5.º Concurso de Jovem Chefs”, organizado pela Associação Culinária de Macau (ACM). Ainda não são conceituados mas foram já absorvidos por restaurantes de sete cadeias hoteleiras acreditadas dentro e fora de portas. Rimund Pichlmaier, presidente da ACM, observa uma evolução nesta indústria, e pretende agora constituir um equipa “nacional” para se internacionalizar

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terça-feira 20.11.2012publicidade12

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13terça-feira 20.11.2012 www.hojemacau.com.mo vida

NOS últimos dez anos, mais espécies marinhas foram descobertas pela ciência do que em qual-

quer outra década da história. Apesar disso, cientistas estimam que até dois terços das espécies que habitam os oceanos ainda sejam completamente

A BP vai ter de indemni-zar os Estados Unidos

em cerca de 3,5 mil milhões de patacas, dando-se como culpada pelo maior desas-tre ambiental do país.

A BP declarou que vai pagar aquele montante ao longo de seis anos e dar-se como culpada do acidente na plataforma petrolífera Deepwater Horizon, no Golfo do

México. Este acordo irá resolver todas as acusa-ções criminais e outras queixas das autoridades reguladoras da Comissão de Valores Mobiliários contra a empresa, mas terá de ser ainda sujeito a aprovação judicial.

A BP fica, assim, com o recorde da maior multa nos Estados Unidos, ul-trapassando a farmacêu-

tica Pfizer, que em 2009 pagou 10 mil milhões de patacas por fraude de marketing.

O acidente no Golfo do México começou com uma explosão, dia 20 de Abril de 2010, na plataforma Deepwater Horizon, 80 quilómetros ao largo de Nova Or-leães, no Sul dos Estados Unidos, provocando 11

mortos. Durante 87 dias, foram libertados, a partir do poço de Macondo, ao qual a plataforma estava ligada, 4,9 milhões de barris de petróleo para as águas do Golfo do México. No processo que moveu contra a BP, o Departamento de Justiça já acusou a empresa de “uma negligência brutal e má conduta intencional”.

Macau Sã Assado

NÃO SEJA REJECTADOÉ uma pena que um cartaz tão “estiloso” venha com um português tão bem traduzido do inglês... Se não fosse isso, ninguém se sentiria “rejectado” e passávamos todos para o lado dos cools... desculpem, dos fixes... dos estilosos. Vocês sabem. Olhem, não fumem!

Porque Macau sã assi, mas também sã assado

Foto: Hugo Morais Coelho

Mais de dois terços das espécies marinhas podem ser desconhecidas, diz estudo

O que a natureza tem para descobrir

desconhecidas, afirma um estudo recém-publicado na revista científi-ca “Current Biology” e citado pelo jornal Folha de São Paulo.

A publicação americana divulgou no seu site o lançamento de um censo da vida marinha, criado a partir da colaboração de diversos cientistas ao

redor do mundo. O Worms (Registo Mundial de Espécies Marinhas) foi criado a partir do trabalho de 270 académicos de 146 instituições, provenientes de 32 países.

Mark Costello, investigador da Universidade de Auckland (Nova Zelândia) que ajudou na construção

BP condenada a pagar por derrame no Golfo do México

Milhões por maré negra

do projecto, afirmou que o trabalho de colecta de dados “não foi tão fácil quanto deveria”. “Um problema encontrado pelos pesquisadores foi a ocorrência de diferentes nomes e descrições para as mesmas espécies, os chamados sinónimos”, afirmou Costello. As baleias e golfinhos, por exemplo, apresentam em média 14 diferentes nomes científicos para cada espécie, em geral dadas por cientistas diferentes que trabalham com o mesmo animal sem saber. Quando esse problema é detectado, fica a valer o nome que foi publicado primeiro.

A partir da exclusão dos sinó-nimos, cerca de 40 mil espécies foram retiradas da base de dados que forma o Worms, apesar dos

seus nomes científicos continua-rem disponíveis para a consulta no site. “Pela primeira vez podemos fornecer um olhar detalhado sobre a riqueza de espécies marinhas. Nunca soubemos tanto sobre a vida nos oceanos”, afirmou Ward Appeltans, colaborador do projecto e membro da Comissão Intergover-namental de Oceanografia, órgão ligado à Unesco.

A partir do levantamento das quase 215 mil espécies já catalo-gadas pelo Worms, pesquisadores estimam que o número total de espécies que habitam os oceanos possa chegar a até um milhão. Até a publicação deste estudo, as estimativas costumavam apontar para números muito maiores.

Três astronautas da nave Soyuz regressaram à TerraO Centro de Controlo de Voos Espaciais (CCVE) da Rússia informou ontem que regressaram à Terra três astronautas da nave espacial Soyuz TMA-05M. Segundo os dados revelados, um astronauta japonês, um norte-americano e um russo chegaram ao planeta azul à hora prevista e perto do local onde era suposto aterrarem, no Cazaquistão, acompanhados de três aviões e 12 helicópteros. Os três cosmonautas - Sunita Williams, Akihiko Hoshide e o comandante da missão, o russo Yuri Malénchenko - foram substituídos na Estação Espacial Internacional pelos russos Oleg Novitski e Evgeni Tarelkin e pelo astronauta Kewin Ford. Estes elementos seguiram para a estação a 23 de Outubro.

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terça-feira 20.11.2012cultura14

O filme Operação Outono , sobre a morte do general Humberto Del-

gado e que teve antestreia no domingo, “pode ser entendido como um estudo arqueológico de como fun-cionou o fascismo”, disse à Lusa o realizador Bruno de Almeida. A longa-metragem foi exibida em antestreia no domingo, último dia do Lis-bon & Estoril Film Festival.

Operação Outono re-constitui os últimos dias de vida “do general sem medo”, o assassínio e o julgamento de agentes e do último di-rector da PIDE, Silva Pais, tendo por base a biografia do militar, publicada em 2008 por Frederico Delgado Rosa, neto de Humberto Delgado.

O livro defende a tese de que Humberto Delgado mor-reu vítima de espancamento e não atingido a tiro, como sustentava o acórdão final do tribunal militar que julgou os membros da brigada da polícia política envolvida no caso.

O realizador Bruno de Almeida encontrou no li-vro os ingredientes de um “thriller político”, que agora estreia nos cinemas, com o actor norte-americano John Ventimiglia no papel de Humberto Delgado e Carlos Santos como inspector Rosa Casaco. “O filme não é sobre ele [Humberto Delgado], de uma certa maneira tenta

O gráfico do Socialbakers mos-tra o crescimento do número

de falantes de cada língua entre Maio de 2010 e Novembro de 2012. O Português ganhou 52,4 milhões de utilizadores.

O Português já é a terceira língua mais falada no Facebook, a maior rede social do mundo. De acordo com o site internacional Socialbakers, a língua portuguesa perde apenas para o Espanhol, que surge em segundo lugar, e o Inglês, que lidera a tabela.

À medida que o Facebook

Bruno de Almeida reconstitui últimos dias do general Humberto Delgado em Operação Outono

Dar a conhecer o fascismo

Português já é a terceira língua mais falada no Facebook

52,4 milhões usam a língua de Camõestem continuado a crescer por todo o mundo, a língua tem vindo a tornar-se uma ferramenta poderosa que determina a audiência local e global do que acontece na rede social, escreve o site.

O Português e o Árabe foram as duas línguas que beneficiaram de um maior crescimento, sendo que a “língua de Camões” foi a que cresceu de forma mais significativa, muito por conta do grande salto dado pelo Bra-sil na utilização do Facebook. O país sul-americano passou

para o segundo lugar na lista de nações com mais utilizadores na rede social, o que fez com que o Português crescesse oito vezes desde Maio de 2010, aumentando em 52,4 milhões o número de utilizadores falantes da língua. Na lista das 10 línguas mais faladas figura ainda o Francês, que aparece logo depois do Por-tuguês, bem como o Indonésio, o Turco, o Alemão, o Italiano, o Árabe e o Chinês, que ocupa a 10ª posição com 20,1 milhões de falantes.

informador Semedo, na fronteira com Espanha, e do grupo Dead Combo, que assina a banda sonora. O realizador enquadra ainda o enredo com imagens de arquivo da época, nomeada-mente da Argélia e de alguns dos momentos cruciais da revolução de Abril de 1974 em Lisboa, recordados ao som da música E depois do adeus”, interpretada por Paulo de Carvalho.

Bruno de Almeida não sabe quem verá este filme, mas espera que os especta-dores mais novos tenham curiosidade em descobrir o passado recente sobre o Estado Novo: “Se o filme funcionar, pode ter alguma ressonância na sociedade, por causa da forma como o julgamento foi conduzido e como funcionam os tribu-nais e o sistema”.

O realizador acredita que se Humberto Delgado não tivesse sido assassinado, a revolução possivelmente teria acontecido mais cedo “e não teriam morrido tantas pessoas, em particular em África”.

Bruno de Almeida nas-ceu em Paris em 1965, ano da morte de Humberto Delga-do, e é autor de filmes como Bobby Cassidy, The art of Amália e The lovebirds. Actualmente está a trabalhar num filme encomendado por Guimarães - Capital Europeia da Cultura 2012.

captá-lo, mas a ideia não foi torná-lo um herói, nem fazer um retrato biográfico. Houve um crime político com pessoas que saíram impunes. Pode ser entendido como um estudo arqueoló-gico de como funcionou o fascismo”, disse Bruno de Almeida.

Os primeiros momentos do filme dividem-se entre o julgamento de Silva Pais e da

brigada da PIDE envolvida na operação - as cenas foram rodadas precisamente no Tribunal de Santa Clara - e uma primeira apresentação de Humberto Delgado, no exílio na Argélia.

Mas esse protagonismo inicial do general no filme dá lugar a todo o enredo criado em torno das manobras da PIDE no planeamento e exe-cução da Operação Outono

, de rapto e morte de Hum-berto Delgado e da secretária pessoal, Atajacyr Campos, em 1965 em Espanha.

Bruno de Almeida cruza o processo de execução da operação com o desenrolar do julgamento, com a audi-ção de alguns dos implicados na hierarquia da PIDE, ex-cepto de Rosa Casaco.

O filme contou com a participação de actores

como Júlio Cardoso (Silva Pais), José Nascimento (Barbieri Cardoso), Ana Padrão (Maria Ivo Delgado), Diogo Dória (Mário Carva-lho), Nuno Lopes (Ernesto Lopes) e Pedro Efe, no papel do carrasco de Humberto Delgado (Casimiro Mon-teiro).

Destaque ainda para a participação do fadis-ta Camané no papel do

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15culturaterça-feira 20.11.2012 www.hojemacau.com.mo

NOS últimos anos, com o rápido crescimento eco-nómico, a China

passou a atrair uma maior atenção no palco internacio-nal. Porém, devido à falta de conhecimento sobre a cultura chinesa, muitos estrangeiros interessados em conhecer o país ainda têm uma ideia errada sobre ele, diz a rádio China. Durante o último Congresso Nacional, que ter-minou a semana passada em Pequim, o Partido Comunista da China (PCCh) estabeleceu a meta de “construir um país poderoso ao nível cultural”. O objectivo é divulgar os costumes chineses das mais variadas formas e mostrar ao mundo uma China real.

Para atender ao desejo de muitas pessoas de conhecer a China, Hollywood, nos EUA, produziu uma série de filmes associados à cultura do país asiático. No entanto, é óbvio que a divulgação cultural feita pelo próprio país ainda está longe de ser suficiente.

O académico da Uni-versidade de Fudan, Ge Jianxiong, considera que o poder económico registou um desenvolvimento ver-tiginoso, mas os produtos culturais chineses ocupam uma proporção muito baixa no mercado internacional.

Ge Jianxiong sublinhou que a construção cultural deve corresponder ao estatuto económico e político do país. “Devemos mostrar a China da melhor forma e eliminar os conflitos desnecessários causados por alguns desen-tendimentos. Como um país grande e responsável, além de beneficiar o mundo com o crescimento económico, deve apresentar os conceitos culturais que contam com valores universais”, diz o académico.

Para atingir este ob-jectivo, a China começou a adoptar a estratégia de “dar a conhecer ao mundo a cultura chinesa”. A intenção é mostrar o país através de intercâmbios culturais go-vernamentais para promover a exportação de produtos culturais. Actualmente, mais de 390 Institutos Confúcio ensinam a língua chinesa por todo o mundo. Um crescente número de “centros culturais da China” também foi esta-belecido no exterior.

Ao mesmo tempo, as expressões artísticas tra-dicionais do país, como a acrobacia, artes marciais, caligrafia, ópera de Pequim e Taichi, entraram no palco internacional através de es-pectáculos e da divulgação pelos Institutos Confúcio e

por centros culturais. Este ano, o escritor chinês Mo Yan, que se dedica a obras inspiradas na zona rural, ganhou o Prémio Nobel de Literatura 2012 tornando-se mais um dos embaixadores da cultura chinesa no mundo.

O vice-ministro do De-partamento da Propaganda do Comité Central do PCCh, Sun Zhijun, disse que a di-vulgação da cultura chinesa tem como objectivo mostrar uma China real, em desen-volvimento e que defende a paz. “O projecto visa levar o mundo a conhecer e entender melhor a China, a fim de permitir ao país participar no desenvolvimento pacífi-co mundial. Damos muita atenção à iniciativa,” disse.

Ao mesmo tempo, alguns estudiosos sublinharam que ainda existem muitos proble-mas para serem resolvidos para que a cultura chinesa encontre em uma posição apropriada no palco mundial, que tem uma grande varie-dade de culturas. A famosa professora, Yu Dan, desta-cou que é preciso reforçar a eficiência da divulgação cultural. “Um tema que te-mos de estudar actualmente é como fazer a cultura chinesa adaptar-se à global e tornar--se uma parte importante da cultura mundial.”

OS Chen, um casal colec-cionador chinês de na-

cionalidade norte-americana, doaram esta segunda-feira a sua colecção de documentos históricos da invasão japonesa à Biblioteca Nacional da China.

Os documentos doados contam com 30 folhetos dis-tribuídos pela força aérea dos EUA na China durante a Se-gunda Guerra Mundial, 1600 fotografias sobre atrocidades japonesas, 26 revistas e 18 livros e álbuns de fotos sobre a invasão japonesa ao país, além de alguns folhetos distribuídos pela força aérea dos EUA a

Ciclo de cinema moçambicano no Consulado de PortugalA Associação dos Amigos de Moçambique, que completou no passada sexta-feira, dia 16, vinte anos de existência, vai organizar alguns eventos para celebrar a efeméride. Para além dum ciclo de cinema que decorrerá no Consulado Geral de Portugal, entre os dias 26 e 29 deste mês e que contará com a presença de três convidados de Moçambique entre eles dois realizadores de cinema, Natércia Chicane e Júlio Silva, no dia 30/11, será lançado no clube C&C, pelas 18h30, o livro do investigador etnomusicólogo, produtor e realizador Júlio Silva “Instrumentos Tradicionais de Moçambique”. O ciclo de cinema, com abertura marcada para as 18h00, de dia 26, inaugura com o filme de Mickey Fonseca e Pipas Forjaz, “ O lobolo”, às 18h15. - J.C.M.

PCCh quer que o mundo conheça melhor a China através da divulgação cultural

Mostrar o país real

Casal chinês de nacionalidade americana doa documentos históricos da invasão japonesa

Registos inéditosaconselhar os habitantes de Hi-roshima e Nagasaki a saírem daquelas localidades antes do lançamento das bombas atómicas.

As fotos são provenientes sobretudo de álbuns pesso-ais dos soldados japoneses e norte-americanos. Muitos apresentam cenas sangrentas, e são verdadeiros registos das atrocidades japonesas na Chi-na. A maioria dos documentos nunca tinham sido publicados antes.

A compra ilegal das ilhas Diaoyu pelo governo japonês em Setembro tem irritado os chineses por todo o mundo. Os documentos agora doados pelos Chen são uma prova da história, permitindo que as pessoas adquiram um maior conhecimento acerca dos factos da Guerra, informa a rádio China.

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terça-feira 20.11.2012desporto16

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Jaime Pacheco despede-se do Beijing Guo’anApós praticamente dois anos no comando do Beijing Guo’an, o Jaime Pacheco despediu-se do clube chinês. “Estou a ir para casa, sinto muito, mas esta é a hora de sair”, afirmou o treinador português. A despedida, de resto, foi muito emocionada, com milhares de adeptos do Beijing Guo’an a fazerem questão de marcar presença no aeroporto na hora da partida do treinador português. “Passei muitos bons tempos em Pequim durante estes dois anos e nunca vou esquecer a forma calorosa e hospitaleira com que fui recebido. Vou sempre lembrar-me de todo este apoio”, referiu Jaime Pacheco.

Marco [email protected]

LEI On Kei garantiu no domingo um lugar na história do desporto do território, ao levar pela

primeira vez as cores de Macau ao pódio numa grande competição internacional de natação. A atleta, de apenas 20 anos, assinou a faça-nha no Dubai, cidade que acolhe até ao próximo fim-de-semana a nona edição do Campeonato Asiático da modalidade.

Estudante no Instituto Poli-técnico de Macau, Lei On Kei conquistou a medalha de prata na categoria feminina dos 50 metros bruços. A atleta do território com-pletou a distância em 32.58 segun-dos, concluindo a prova com 40 centésimos de segundo de atraso para a primeira classificada, Zhao Jin. Especialista na distância, a atleta da República Popular da China foi uma das grandes figuras da competição, ao conquistar três medalhas de ouro. Para além de

Natação Macau conquista primeira prata no Asiático

Lei On Kei faz história no Dubaiter garantido o primeiro lugar nos 50 metros bruços – com um tempo de 32.18 segundos – Zhao arrecadou ainda o ouro nos 100 e 200 metros bruços, relegando em ambas as ocasiões a sul-coreana Back Su-Yeon para a segunda posição da tribuna de honra.

Na categoria em que se notabilizou, Lei On Kei só não consegui levar a melhor sobre a conceituada Zhao Jin. A atleta do território relegou para a ter-ceira posição duas das suas mais directas rivais. Samantha Yeo, de Singapura, dividiu o bronze com a japonesa Misaki Sekiguchi, depois de terem cortado a meta em simultâneo, a doze centésimos de segundo de Lei On Kei.

RESULTADO PROMISSOR A cumprir uma época a todos os níveis memorável, a atleta do território assinou no Dubai o seu resultado mais promissor, depois de já ter estado em evidência nos Jogos Nacionais Universitários da República Popular da China.

A competir em Tianjin, perante um leque de atletas que incluía algumas das desportistas que representaram o Continente nos Jogos Olímpicos de Londres, Lei On Kei não se intimidou e chamou a si o triunfo na prova feminina dos 50 metros livres. A participação na nona edição dos Jogos Nacionais Universitários

serviu para preparar a presença no Campeonato Asiático e no Médio Oriente, Lei voltou a dar nas vistas, ainda que numa categoria ligeiramente mais lenta.

A medalha de prata conquis-tada por Lei On Kei foi, de resto, a única nota de mérito no que toca à participação de Macau na mais conceituada competição asiática de natação. No último dia de provas em piscina longa, as cores do território estiveram representadas em nada mais nada menos do que quatro finais, mas apenas Lei On Kei conseguiu garantir visibilidade ao desporto da RAEM.

No torneio de natação sincro-nizada, a comitiva do território partia como uma das favoritas às medalhas na rotina dos exer-cícios técnicos por equipas, mas acabou por não conseguir fazer prevalecer o favoritismo, ao acabar na quarta posição atrás do Cazaquistão, da Coreia do Norte e da grande vencedora República Popular da China.

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terça-feira 20.11.2012

[Tele]visão

Sudoku [ ] Cruzadas

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

TDM 13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h RTPi15:00 Debate das Linhas de Acção Governativa para 2013 – Área da Administração e Justiça (Directo)20:00 Os Pastores do Deserto20:30 Telejornal21:00 TDM Entrevista21:30 Memória Chinesa22:15 A Raia dos Medos23:00 TDM News23:30 Magazine Liga dos Campeões 00:00 Viagem ao Centro da Minha Terra00:45 Telejornal – Repetição01:15 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:35 Inovar é Fazer15:05 Sal na Língua15:30 Consigo16:00 Bom Dia Portugal 17:00 Decisão Final18:00 Vingança18:40 Best of Portugal19:10 Voo Direto20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:10 Ler +, Ler Melhor22:15 Portugal no Coração

30 - ESPN12:30 US Figure Skating Championship14:30 59th Macau Grand Prix17:30 AFF Suzuki Cup 2010 Vietnam vs. Malaysia19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 LIVE 20:00 World Cup 4 (Russia) - Mens 21:00 FINA Aquatics World 2012 21:30 Barcelona Triathlon 22:00 Sportscenter Asia 2012 22:30 The Football Review 2012-2013 23:00 FINA Aquatics World 2012 23:30 Chinese Badminton Super League - Highlights

31 - STAR Sports13:30 Engine Block 2012 14:00 Enjoy Jakarta Ladies Indonesian Open 17:00 Engine Block 2012 17:30 The Verdict 18:00 FIFA Beach Soccer World Cup 2013 Qualifiers Russia vs. Switzerland19:00 Engine Block 2012 19:30 SBK Superbike World Championship 2012 - Special Highlights 20:00 Sanya Ladies Masters 21:00 Golf Focus 2012 21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 Inside WTCC 22:30 Golf Focus 2012 23:00 Sanya Ladies Masters

40 - FOX Movies12:35 Erin Brockovich14:50 Kingdom Of Heaven17:15 Confessions Of A Shopaholic19:00 Planet Of The Apes21:00 The Mechanic22:35 The Walking Dead23:25 Armageddon

41 - HBO12:00 Game Change14:05 Super 816:00 Hanging Up 17:40 Romy And Michele’S High School Reunion19:40 Sphere 22:00 Van Helsing00:15 Boardwalk Empire

42 - Cinemax12:45 She’S Out Of My League14:30 Poison Ivy16:00 Prehistoric Women17:40 Grendel19:15 The Patriot22:00 Strike Back23:35 Cop Out

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OS JUDEUS DO PAPA • Gordon ThomasUm livro revelador que demonstra como o Vaticano salvou mi-lhares de judeus durante o Holocausto e elucida por que razão a história deve reabilitar o Papa Pio XII. Acusado de não ter condenado Hitler pelo fanatismo e ódio racial com que o führer governava a Alemanha, o chefe da Igreja Católica Romana ficou conhecido, durante a Segunda Guerra Mundial, como «o Papa que se manteve em silêncio durante o Holocausto». Contudo, Thomas Gordon apresenta neste livro provas que refutam total-mente essas acusações.

DEUS RI • James MartinO padre jesuíta James Martin convida crentes e não crentes a redescobrir a importância do humor e do riso na vida quotidiana, e a aderir a uma verdade essencial: o humor conduz à alegria. Apresentando-nos inúmeros exemplos de humor saudável e leveza intencional nas histórias dos grandes heróis e heroínas da Bíblia, bem como nas vidas dos santos e grandes mestres espirituais, permite-nos conhecer a alegria e boa disposição de muitos deles. O autor mostra-nos além disso como as parábolas contêm excelente material de comédia, e como os Evangelhos nos revelam Jesus como um homem manifestamente alegre e até brincalhão.

17www.hojemacau.com.mo futilidades

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Chegar ao meio. Agasalhar. 2-Adoçar as cores, misturando água. Além. 3-Cobalto (s.q.). Ponto cardeal. Declama. 4-Guardadora de bois. 5-Berílio (s.q.). Assumiam expressão de alegria. Preflixo latino., o m. q. sub. 6-Unidade prática de força electromotriz. Capa sem mangas (pl.). 7-Duas vogais. Nome de homem. Alameda (abrev.). 8-Corpulentos, espessos. 9-Debaixo. Rio de França. 49 (Rom.). 10-Diz-se do estudante pouco aplicado. Que tem sour. 11-Doeça do íleo. Deslocam-se para fora.VERTICAIS: 1-Padiola para transporte de doentes. Viajo de avião. Contemplei. 2-A personalidade do indivíduo (Psic.). Benévola. Gosto, sabor. 3-Ouro (s.q.). Unidade de medida da intensidade sonora (Fís.).Tigelinha em que se desfaz a tinta para pintar a aguarela. 4-Nivelado. Elemento metálico que pertence ao grupo do ítrio (Quím.). 5-Desmoronar-se. Tecido fino. Aqueles. 6-Com o aspecto de leite, lácteal. 7-Bário (s.q.). Partia. Deusa egípcia. 8-Sem tronco. Peso, carga. 9-Em país estranho. As partes mais largas das enxadas. Asa (Arc.). 10-Metade de um batalhão. Pilhéria. Caminhai., 11-Regimento de Artilharia (abrev.). Esfarrapados. Vamos!.

HORIZONTAIS: 1-MEAR. ABAFAR. 2-AGUAR. ACOLA. 3-CO. SUL ORA. 4-A. BOIEIRA. N. 5-BE. RIAM. SU. 6-VOLT. T. OPAS. 7-OA. ELOI. AL. 8-O. GROSSOS. A. 9-SOB. AIN. IL. 10-VADIO. SUADO. 11-ILEOSE. SAEM.VERTICAIS: 1-MACA. VOO. VI. 2-EGO. BOA. SAL. 3-AU. BEL. GODE. 4-RASO. TERBIO. 5-RUIR. LO. OS. 6-A. LEITOSA. E. 7-BA. IA. ISIS. 8-ACORMO. ONUS. 9-FLORA. PAS. AA. 10-ALA. SAI. IDE. 11-RA. NUS. ALOM.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

Aqui há gatoMELHORARQUASE TUDOA novas LAG para 2013 prometem mais dinheiro para os residentes de Macau. Os restantes chineses, que na maioria são do Continente, começam a ter ciúmes dos residentes de Macau. A razão é simples: com o renmimbi a valorizar e a inflação a subir só podem ter inveja.Mais uma vez o Governo acena com dinheiro para atirar areia para os olhos das pessoas. Há dez anos atrás, Macau era uma cidade mais pobre e agora ombreia com a mítica Las Vegas.Talvez, para alguns, a situação actual da cidade seja suficiente boa, mas para um residente de Macau, a cidade está a anos-luz de ser boa. Não, não pensem que estou a pedir mais dinheiro. Eu quero é um plano a longo prazo. Um plano assente em alicerces e não feito de medidas avulsas a pedido do freguês.Onde estão as políticas de educação? Só a isenção de propinas não é suficiente. São precisas mais oportunidades de trabalho qualificado, até porque cada vez mais os residentes de Macau optam por entrar na universidadeUm residente com nível de educação de escola secundária ainda pode pensar em ganhar vinte mil patacas por mês? Penso ser difícil.O dinheiro do Governo é, ano após ano, mais. Por isso, o Executivo liderado por Chui Sai On tem responsabilidade para dar aos seus “filhos” a melhor qualidade de vida e isso não quer dizer literalmente dar dinheiro.É preciso criar condições para que a sociedade e as pessoas possam seguir as suas vidas sem ter que estar à espera do cheque do Governo.O Governo existe para executar. Para criar condições que permitam à população melhor vida. É preciso combater a inflação. É preciso combater a especulação imobiliária. É preciso cuidar do meio ambiente. É preciso rever as políticas de protecção do património. É preciso “ensinar” os taxistas. É preciso acabar com monopólios. É preciso não ceder a pressões de famílias tradicionais e de empresários deputados. É preciso não colocar “amigos” no pedestal ou com negócios lucrativos nas mãos. É preciso acabar com a corrupção. É preciso refundar o sistema de saúde pública de Macau. É preciso melhor a Air Macau e o Aeroporto Internacional (?) de Macau. É preciso melhor educação. É preciso remodelar e manter os edifícios de Macau. É preciso re-educar a polícia. É preciso ensinar a população a cumprir as regras de trânsito. É preciso apostar no turismo. É preciso criar espaços lúdicos, como esplanadas, cafés, bares, etc. É preciso ter autocarros e veículos amigos do ambiente. É preciso não depender apenas do jogo. É preciso criar condições para a prática desportiva. É preciso ser isento e executar. Bolas... afinal Macau precisa de melhorar quase tudo. Ai, tristeza. Dar dinheiro para quê? Miau...

Pu Yi

SALA 1COLD WAR [C](Falado em cantonês e legendado em chinês/inglês)Um filme de: Longman Leung, Sunny LukCom: Aaron Kwok, Andy Lau, Tony Leung Ka Fai, Eddie Peng14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 2WHEN A WOLF FALLS IN LOVE WITH A SHEEP [B](Falado em mandarim e legendado em chinês/inglês)Um filme de: Hou Chi JanCom: Chen Tung Ko, Jian Man Shu, Guo Shu Yao, Chang Shu Hao14.30, 16.15, 18.00, 19.45

SKYFALL [C]Um filme de: Sam MendesCom: Daniel Craig, Javier Bardem, Ralph Fiennes21.30

SALA 3ARGO [C]Um filme de: Ben AffleckCom: Ben Affleck, Alan Arkin, Bryan Cranston, John Goodman14.30, 16.45, 19.15, 21.30

ARGO

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terça-feira 20.11.2012opinião18

Fernando SantoSin Jornal de Notícias

NQUANTO o Governo se mantém firme e hirto no perfil de bom aluno - ter-mo apalermado, sobretudo porque o comportamento sem mácula não é garantia

de boas notas - parceiros sociais e políticos do campo da Oposição têm procurado chegar por estes dias ao coração do triunvirato regente do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro do país. À entrada da sexta avaliação, os ecos de tais encontros apontam todos num mesmo sentido: os representantes da Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Ban-co Central Europeu ouvem, ouvem, ouvem, mas são parcos em palavras, todas convergentes na inflexibilidade de entrega de cheques contra o aligeirar da austeridade.

As projecções de mais e mais empobrecimento dos portugueses mantêm-se, pois, intocáveis. A re-cessão económica e a concomitante degradação social está, de resto, plasmada em todos os prognósticos macroeconómicos para o próximo ano - incluindo os do Governo, apesar de mais benignos do que os do Banco de Portugal, União Europeia, FMI, e por aí fora...

Não apenas ideológico, o confronto de posições passa, enfim, pelo modelo em curso, de emagrecimento a todo o custo, e/ou o abrandamento das políticas restritivas em troca de mais tempo para a respectiva aplicação e a eventual descida da taxa de juro paga pelo empréstimo-resgate. Radical e mais nociva para o futuro nacional, a terceira via é a do incumprimento e saída do euro....

Em qual dos três tabuleiros mora a razão?

Será redutor o posicionamento ontem (re)manifestado pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, segundo o qual “as alternativas [propostas]

As projecções de mais e mais empobrecimento dos portugueses mantêm-se, pois, intocáveis. A recessão económica e a concomitante degradação social está, de resto, plasmada em todos os prognósticos macroeconómicos para o próximo ano - incluindo os do Governo, apesar de mais benignos do que os do Banco de Portugal, União Europeia, FMI, e por aí fora...

Dívida gorda, economia magra

E

dependem de mecanismos fantasio-sos ou da benevolência imaginada de terceiros”. Isto é, traduzindo pela via simplista: da assunção de garantias da dívida por terceiros ou pelos países membros da própria União Europeia (eurobonds, uma hipótese) ou, então, pelo altruísmo do perdão pelos chamados mercados de milhões de milhões de euros. Numa circunstância assim, de inexistência de alternativas, fica por resolver o défice explicativo da política de austeridade em curso e cujos resul-tados não auguram nada de bom, para já. Afinal, até os membros da Conferência Episcopal Portuguesa consideraram ontem “a importância da explicação, clara e prévia, das medidas que se tomam e das razões que as determinam”.

Chegados ao actual cenário ne-gro, tarda de facto, se calhar, uma explicação primária para um me-lhor convencimento. E bem poderia resumir-se numa pergunta e numa resposta. Assim: Se amanhã se puser o conta-quilómetros da dívida a zero e nada se mudar de estrutural no país, o que acontece?

Simples. A dívida voltará a engordar até níveis insustentáveis.

Page 19: Hoje Macau 20 NOV 2012 #2738

19opiniãoterça-feira 20.11.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

à f lor da peleHelder Fernando

IPor muito que as palavras, os sons e as ima-gens vulgarizem, continua a ser arrepiante crianças chacinadas por bombas criminosa-mente enviadas por adultos profissionais do ódio. A Oriente e a Ocidente, empunhando toda a espécie de bandeiras, não faltam canalhas em centros de decisão. Essa ralé da patifaria assassina à escala mundial, mantêm-se coberta por organizações que, pelo modo como vão actuando há uns anos, cada vez fazem menos sentido: como as Nações Unidas, a Organização de Libertação da Palestina, a Comissão Europeia, ou a Or-ganização da Unidade Africana. Não evitam conflitos, antes pelo contrário. Não travam a fome, as epidemias, a subcondição humana. Não praticam o primado da justiça sobre os corruptos, os oportunistas da ladroagem, os especuladores da guerra.

Algumas destas organizações já de-sempenharam papel importante em vários cenários, lutas e conflitos. Nos dias de hoje, a generalidade dos seus dirigentes passeiam-se em luxos, rodeiam-se de segurança armada, já nem se preocupam com o sentido dos discursos, desprezam os mais necessitados. E continuam a mentir.

Tenho a certeza de que estas e outras organizações que consomem mares de verbas para existirem na mais completa irrealidade criminosa, vão hoje comemorar de fato, gravata e vestidos compridos, abanando as jóias e pintando os cabelos, o Dia Mundial da Criança. O estimado leitor conhece o estilo: a misericordiazinha, a caridadezinha, a esmolinha aos pobrezinhos, a visitinha aos orfanatos e jardins de infância com prendi-nhas bem embrulhadinhas, os sorrisinhos, as festinhas nas cabecinhas das criancinhas com as bibezinhos imaculados, os brinquedinhos no lugar e as vozinhas ensaiadas em coro: boa tarde senhor doutor! E o doutor ou a doutora, a bondade em pessoa, balbucia as palavrinhas repetidas, ocas, rápidas e ala que se faz tarde; mais um pouco e as criancinhas deixam pingar o ranho do nariz.

Hoje é o Dia Mundial da Criança. Nota--se muito?

IIEm Portugal, há uma “governança” que já ninguém suporta. Com uma excepção, o sujeito em quem o escasso - mas suficiente - eleitorado colocou na chamada Presidência da República. Todos os dias, várias vezes ao dia, aqueles senhores e senhoras da “gover-nança” metem-se em sarilhos, desmentem-se uns aos outros, mentem com todos os dentes, mostram contas mal feitas, escondem-se das populações, prestam vassalagem a uns

Como seres humanos, erramos todos os dias. Somente os que vivem a repetir serem perfeccionistas, imaginam-se sem mácula. A organização lembrou que em anteriores GP de Macau, já houve acidentes mortais, já choveu e já houve fífias com hinos nacionais. Então é tempo de aperfeiçoar, neste sector também. Mandar dizer, em inglês, ouvido e mal por quem estava junto ao pódio, que o Hino de Portugal “não estava disponível”, é caricato e incompreensível

A Bandeira tremeu, o Campeão chorou

amanuenses do exterior, multiplicam-se em operações de marketing pimba, como a mais recente em que os dois partidos da coligação fazem propostas à mesma coliga-ção - uma ridícula pazada de areia para os olhos dos cidadãos. Fica bem demonstrado em que conceito esse tipo de gentinha tem os portugueses desgovernados.

Um das mais recentes escândalos, que tem vindo a ser desmistificado principalmen-te nas redes sociais, é a velhíssimo processo de colocar agentes policias à paisana no meio de manifestantes mais acesos, para instigar à violência e justificar, logo a seguir, o nojento e irracional uso e abuso indiscriminado da força por parte das polícias.

Para engraxar a CGTP, um ministro da chamada Administração Interna veio salvaguardar a central sindical da respon-sabilidade pelos desacatos em frente ao parlamento. Disse o óbvio. Acrescentou que a responsabilidade pelos actos de violência se deveu a “meia dúzia de profissionais da desordem e da provocação”. Meia dúzia de

infelizes, bem amparados por infiltrados, que justificaram a avalanche destruidora daquela carga policial.

Seria interessante ver tamanha audácia policial sobre “meia dúzia de desordeiros” em situações muito mais complicadas como se assistem noutros países. Quem arrancou pedras da calçada não foram aqueles que estão a sofrer por serem obrigados a pagar dívidas que não contraíram.

IIIA confusão vivida no final do GP de Macau deste ano, por causa de “não estar disponível” o Hino de Portugal no momento da cerimónia no pódio em que o vencedor era português, tinha vindo de Portugal e não representava qualquer outro país ou região, fica como um momento profundamente ridículo.

Tento imaginar o que seria, por exemplo em Hong Kong ou em outro local qualquer, se falhasse o God Save The Queen. Desconheço se foram apresentadas formais desculpas ao campeão - pedido de desculpas, já agora,

extensivo a todos os portugueses espalhados pelo mundo.

Como seres humanos, erramos todos os dias. Somente os que vivem a repetir serem perfeccionistas, imaginam-se sem mácula. A organização lembrou que em anteriores GP de Macau, já houve acidentes mortais, já choveu e já houve fífias com hinos nacionais. Então é tempo de aperfeiçoar, neste sector também. Mandar dizer, em inglês, ouvido e mal por quem estava junto ao pódio, que o Hino de Portugal “não estava disponível”, é caricato e incompreensível.

Empolgante foi a pronta reacção de nacionais portugueses de diferentes ori-gens, que ali estavam vitoriando o seu compatriota, cantar o Hino com a voz embargada por emoções desencontradas, mas bem alto e bem firme. Até que, longos minutos depois, lá apareceu “disponível”, “A Portuguesa”.

A Bandeira tremeu, o Campeão chorou, os corações e as gargantas mostraram que a Pátria é universal.

Page 20: Hoje Macau 20 NOV 2012 #2738

terça-feira 20.11.2012www.hojemacau.com.mo

Papel higiénico comcores chega a MacauChama-se Renova Color e vai ser apresentado em Macau depois de amanhã. A Renova é uma empresa portuguesa líder de fabricação e distribuição de produtos de papel tissue. Do lado da empresa, a assessoria afirmou que a empresa “é referência mundial pela sua abordagem inovadora e constante preocupação com o bem estar do quotidiano das pessoas”. O lançamento do papel higiénico colorido em Macau ocorrerá no próximo dia 22, pelas 18h30, no espaço C, em frente ao New Yaohan.

Espanha dá vistosa compradores de casasA Espanha vai conceder vistos de residência a estrangeiros não comunitários que comprem uma casa cujo valor ultrapasse os 1,6 milhões de patacas. “Em poucas semanas avançaremos com uma reforma do decreto de estrangeiros para conceder vistos de residência a quem compre uma casa em Espanha a partir de um certo valor”, anunciou o secretário de Estado do Comércio, Jaime García-Legaz, no “El Ágora de El Economista”. O valor mínimo será de 1,6 milhões de patacas. “Não se pode estabelecer um valor mais baixo porque isso levaria uma procura massiva de pedidos de residência e a compra da casa seria uma desculpa para os conseguir.”

2,7 milhões morrem por falta de lavabosMais de 2,7 milhões de pessoas morrem por ano, vítimas de doenças associadas à falta de instalações sanitárias, revelou hoje a ONU. Dados revelados esta segunda-feira, data em que se assinala o Dia Mundial da Casa de Banho, mostram que a maioria das vítimas da falta de saneamento são crianças com menos de cinco anos. As Nações Unidas acreditam que a melhoria do saneamento básico e a construção de mais casas de banho salvaria milhões de vidas em todo o mundo. “A eliminação de desigualdades pode começar nos locais mais improváveis como a casa de banho”, indicou a relatora especial da ONU para o direito à água potável e a instalações sanitárias, a portuguesa Catarina de Albuquerque. Segundo a mesma responsável, apenas uma em cada três pessoas em todo o mundo tem acesso a casa de banho e mais de mil milhões continuam a fazer as necessidades ao ar livre.

Crise em Gaza aproxima facçõesAs facções rivais palestinianas Fatah e Hamas terão concordado esta segunda-feira unir-se em solidariedade pela crise entre Israel e Gaza, avança a agência AFP. A acontecer, esta união porá fim a anos de antagonismo e luta interna. A agência cita um oficial da Fatah em Ramallah, na Cisjordânia. “Daqui anunciamos o fim da divisão”, disse o oficial Jibril Rajoub num discurso para cerca de mil pessoas.

Biografia alegaque Michael Jackson morreu virgemA última biografia do cantor Michael Jackson indica que o artista morreu virgem, aos 50 anos de idade. O autor, um ex-editor da revista Rolling Stone, defende na obra que Jackson nunca terá feito sexo com homens ou mulheres. Intitulada “Intocável: A Estranha Vida e a Trágica Morte de Michael Jackson”, a obra de Randall Sullivan dá conta de que terá sido a ausência dessa experiência sexual que o levou ao sucesso profissional e problemas na vida pessoal. A informação é revelada pelo jornal New York Times, que diz ter tido acesso ao livro.

Caso dos submarinos não tem motivopara julgamentoO advogado Nuno Godinho de Matos, que defende três arguidos no processo dos submarinos, considerou hoje que não existe razões para a realização do julgamento. O caso está relacionado com as contrapartidas obtidas pelo Estado Português no negócio de compra de submarinos ao consórcio alemão German Submarine Consortium (GSC), datado de Abril de 2004. Na altura da assinatura do contrato, Paulo Portas, actual ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, era o responsável pela pasta da Defesa e Durão Barroso o chefe do Governo. Neste momento, e depois de vários adiamentos, serão julgados dez arguidos, três deles alemães: Horst Weretecki, então vice-presidente da multinacional Man Ferrostaal, Antje Malinowski, subalterna, e Winfried Hotten, antigo responsável da empresa. Os restantes são os empresários portugueses José Pedro Sá Ramalho, Filipe Mesquita Soares Moutinho, António Parreira Holterman Roquete, Rui Moura Santos, Fernando Jorge da Costa Gonçalves, António Lavrador Alves Jacinto e José Mendes Medeiros, ligados à ACECIA. A defesa dos arguidos alemães considera não existirem motivos para realizar o julgamento, porque foram revistas as contrapartidas do contrato, que motivaram o processo. O advogado alegou ontem que, com o novo contrato, deixou de haver danos para o Estado português, o que veio “extinguir a responsabilidade criminal dos arguidos”.

Corpo de Luís Carreira transladado esta semana

Sem autópsia em Macau

car toon

O corpo do motociclista português Luís Car-reira, que morreu na quinta-feira devido a

um despiste no Grande Prémio de Macau, será transladado esta semana para Portugal, disse à agência Lusa fonte da organização do evento. “Uma vez que a família de Luís Carreira não requereu autópsia, Macau não a irá fazer”, explicou uma porta-voz da Co-missão Organizadora do Grande Prémio de Macau, ao salientar que o corpo do piloto “deverá chegar a Portugal esta semana”.

A mesma fonte referiu que a organização está a “tentar que o corpo do piloto chegue a Portugal no fim de semana”, salientando que “todas as formalidades estão a ser tratadas para isso”.

Luís Carreira, de 35 anos, mor-reu na quinta-feira na sequência de um despiste durante a primeira qualificação da prova de motos do Grande Prémio de Macau, na curva dos Pescadores, na zona mais rápida do circuito da Guia.

Quatro dias de corridas geram receitas de 39 milhões de patacasA 59.ª edição do Grande Prémio de Macau gerou receitas de 39 milhões de patacas, mais oito por cento do que em 2011, informou a organização. Os quatro dias de corridas, entre quinta-feira e domingo, atraíram cerca de 72.000 espectadores, mais sete mil face ao ano passado, e só no último dia, no domingo, foram registados mais de 25.000 pessoas nas bancadas do circuito da Guia, o que corresponde a um aumento de 9,52 por cento face a igual período de 2011. Aquele que é o principal evento desportivo da Região Administrativa Especial chinesa contou ainda com a cobertura, no local, de mais de 300 órgãos de comunicação social, cerca de 1.000 jornalistas provenientes de mais de 25 países e regiões. Em 2013, o Grande Prémio de Macau irá decorrer em dois fins de semana para assinalar os 60 anos do evento, à semelhança da 50.ª edição.

O piloto da Bennimoto/Raider/Cetelem participava pela sétima vez no Grande Prémio de Macau e na primeira sessão de treinos livres, na manhã de quinta-feira, tinha conseguido o quinto melhor tempo ao volante da sua Suzuki 1000, de 2.34,242 minutos.

A edição deste ano do Gran-de Prémio de Macau foi uma das mais trágicas de sempre, já

que foi a primeira vez que foram registadas mortes de pilotos nas provas de carros e motos no mesmo ano.

Além de Luís Carreira, também o piloto Phillip Yau, de Hong Kong, de 40 anos, perdeu a vida em Macau de-pois de, aos comandos de um Chevrolet Cruze, se ter des-pistado na sexta-feira a mais de 200 quilómetros por hora no circuito urbano da Guia, de 6,1 quilómetros, sem grandes escapatórias, tendo embatido contra uma parede.

O piloto italiano Stefano Bonetti, que competia na mes-ma prova que Luís Carreira, sofreu um grave acidente, também na quinta-feira, antes da morte do piloto português, permanecendo internado em Macau.

Bonetti, de 37 anos, sofreu várias fracturas, “foi operado, encontrando-se consciente e em situação estável e muito em breve deverá ter alta”, disse à Lusa fonte da organização. - Lusa

A OFENSIVApor Steff