hoje macau 28 nov 2014 #3224

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 28 DE NOVEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3224 POLÍTICA PÁGINA 4 SOCIEDADE PÁGINA 7 SOCIEDADE PÁGINA 8 hojemacau A espera da salvacao CRIANÇAS ANSEIAM POR DECISÕES SOBRE O SEU FUTURO O tempo provisório de muitas das crianças que esperam em lares pela decisão que lhes trace um destino, pode prolongar-se por vários anos. Entre a adopção e o regresso a casa os menores desesperam por um futuro definitivamente adiado. PÁGINA 6 As reformas do sistema fiscal continuam sem avanços mas para alguns economistas tal facto não é relevante. Numa situação de “cofres cheios” os especialistas pedem mesmo a suspensão de vários impostos. REFORMA FISCAL Os impostos desnecessários INTERNET MÓVEL Cuidado com as armadilhas KIANG WU Novo director contra ‘boatos’ PUB ` ˜ ` ! REORDENAMENTO DOS BAIRROS ANTIGOS ADMIRÁVEL MUNDO VELHO REPORTAGEM PÁGINAS 2-3

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Hoje Macau N.º3224 de 28 de Novembro de 2014

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 2 8 D E N O V E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 2 4

POLÍTICA PÁGINA 4

SOCIEDADE PÁGINA 7

SOCIEDADE PÁGINA 8

HOMOSSEXUAIS PORTUGUESES PODEM CASAR EM MACAU

hojemacauA espera

da salvacaoCRIANÇAS ANSEIAM POR DECISÕES SOBRE O SEU FUTURO

O tempo provisório de muitas das crianças que esperamem lares pela decisão que lhes trace um destino, pode prolongar-se por

vários anos. Entre a adopção e o regresso a casa os menores desesperampor um futuro definitivamente adiado.

PÁGINA 6

As reformas do sistema fiscal continuam sem avanços mas para alguns economistas tal facto não é relevante. Numa situação de “cofres cheios” os especialistas pedem mesmo a suspensão de vários impostos.

REFORMA FISCALOs impostosdesnecessários

INTERNET MÓVELCuidado com as armadilhas

KIANG WUNovo director contra ‘boatos’

PUB

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REORDENAMENTO DOS BAIRROS ANTIGOS

ADMIRÁVEL MUNDO VELHO REPORTAGEM PÁGINAS 2-3

hoje macau sexta-feira 28.11.20142 REPORTAGEMCECÍLIA L [email protected]

O Governo retirou a proposta de Lei do Reordenamento dos Bairros Antigos da

Assembleia Legislativa (AL) há mais de um ano, depois de anos desta lei estar a ser preparada. Há ainda um grupo de trabalho dedicado apenas aos bairros anti-gos, mas o facto é que, a chegar o 15º aniversário da transferência de soberania, o Executivo ainda não conseguiu apresentar qual-quer outra proposta de lei sobre o assunto. Urbanistas consideram que a questão dos bairros antigos é uma questão muito complicada, que se torna ainda pior quando falta a lei – sem esta, faltam ba-ses jurídicas para discutir muitos outros temas, como fazem questão de frisar ao HM.

Se há certezas sobre os bair-ros antigos, para Manuel Iok Pui Ferreira, membro do Conselho Urbanístico, essas passam pelo facto de estes locais não poderem ser tratados de uma forma única e padronizada. Em declarações ao HM, Manuel Ferreira explica que a zona norte de Macau, por exemplo, é diferente da zona da Barra que, por sua vez, é diferente da zona da Praia do Manduco.

“A zona da Barra, bem como a zona da Praia do Manduco, são zonas perto do porto interior, são locais cheios de história e carac-terísticas ocidentais ao nível da arquitectura. Quando falamos sobre bairros antigos, falamos de edifícios de mais de 40 ou 50 anos, mas isso não significa que a idade do prédio é o que vai causar [a demolição]”, começa por dizer ao HM. “Alguns prédios valem a pena ser preservados. E é por isso que o nome de lei não tem ‘reconstrução’, mas sim ‘reorde-namento’”, aponta.

BARRA: PRESERVAÇÃO IMEDIATANo início, o Governo tinha um mo-delo básico para o reordenamento dos bairros antigos, constituído por quatro soluções: reconstrução, conservação, valorização ambien-tal e reabilitação. Por agora, ainda não há nada definido, mas os mo-radores das zonas mais antigas da cidade aparentam ter consciência de que é necessário preservar os locais que fazem parte da história de Macau.

Segundo um relatório feito em 2010, que fez o levantamento das opiniões dos moradores e lojistas da zona da Barra, cerca de 90% dos entrevistados consideram que existem nesta zona edifícios com traços peculiares ou valor histórico - entre os quais se des-tacam o Templo A-Má, Pátio do Lilau, Casa do Mandarim, Museu Marítimo e Capitania dos Portos. Por conseguinte, ao efectuar o reor-denamento, todos consideravam

BAIRROS ANTIGOS ESPECIALISTAS PEDEM RIGOR EM REORDENAMENTO COMPLEXO

ERA UMA VEZ NESTE LOCALPor agora, ainda não há uma lei definida para os problemas dos bairros antigos. As questões sobre o futuro dos locais mais velhos – e históricos – de Macau continuam a surgir, a par de muitas dúvidas: o que vai acontecer quando o Governo der início ao reordenamento? Para já, percebe-se apenas que nem todos os moradores querem um reordenamento, devido a um forte sentimento de pertença ao que sempre conheceram. Mas há também muitos obstáculos que se atravessam à frente do Governo

que era merecido dar-se atenção à protecção destas construções com traços peculiares ou valor histórico, preservando a fisionomia especial da zona da Barra.

Um outro relatório levado a cabo pelo Instituto de Estudo do Desenvolvimento Sustentável da Universidade da Ciência e Tecno-logia de Macau (MUST), que foi submetido ao Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos de Macau (CCRBAM), apontava precisamente para isso.

“Propomos que o reordena-mento dos bairros antigos da zona da Barra consistam principalmente

na conservação, reabilitação e valorização ambiental, em vez de demolições e construção de grande escala, por forma a preservar a textura e peculiaridades comuni-tárias da zona”, podia ler-se no documento.

Sobre a Barra, Manuel Ferrei-ra não tem dúvidas: é uma zona com cultura, onde se mistura a arquitectura ocidental e os tem-plos chineses ao lado da estrada. Por isso mesmo, diz, é preciso ser rigoroso no planeamento.

“Na zona do porto interior, há uma lei que diz que os edifícios não podem ultrapassar 20,5 metros. Normalmente os edifícios são de cinco a seis andares e os últimos dois andares têm que ter uma área mais pequena para deixar mais luz entrar na rua”, explica o especialista.

Manuel Ferreira estende este exemplo não apenas ao porto in-terior, mas à zona da San Ma Lou.

“Acho que um reordenamento na zona da Barra não deveria contar com o reconstruir de muitos edifí-cios, mas é para actualizar o local.”

IAO HON A questão do bairro do Iao Hon, na zona norte da cidade e cheia de

moradores imigrantes mais velhos, é muito mais difícil de resolver. “A situação actual dos moradores dos sete edifícios do bairro do Iao Hon ainda não está resolvida.

Os edifícios de mais de 40 anos já estão em risco [de ruir], mas como os imigrantes mais antigos não declaram a propriedade das unidades, uma reconstrução com consenso é quase uma missão im-possível”, disse ao HM o deputado Si Ka Lon, também ele imigrante de Fujian, que já trata dos assuntos dos moradores da zona há dezenas de anos.

Actualmente, a lei prevê que um edifício só possa ser recons-truído se se obtiver o consenso de todos os proprietários, o que, no caso do Iao Hon, é muito compli-cado de se conseguir. Segundo o relatório do CCRBAM sobre a questão dos setes edifícios deste bairro, feito em 2012, o docu-mento dos proprietários é uma das dificuldades maiores entre as questões de propriedade.

“Durante os anos 1970 e 1980, na administração portuguesa, houve uma época de imigração ilegal, onde apareceram dezenas de milhares moradores sem docu-mentos de identidade. O Governo sino-português realizou por três vezes e em grande escala, o registo destes moradores: em 1982, 1989 e 1990. Só em 1990, a cerca de 33 mil moradores sem documentos de identidade foram emitidos BIR, mas alguns moradores ainda usaram documentos de outros para fazer os registos. Por isso, a questão da propriedade ficou ainda mais complicada”, recorda Si Ka Lon.

Num comunicado emitido o ano passado, o Governo dava conta

“Acho que um reordenamento na zona da Barra não deveria contar com o reconstruir de muitos edifícios,mas é para actualizar o local.”MANUEL FERREIRA Membrodo Conselho Urbanístico

“O Governo precisa de ter um papel de líder [no reordenamento] dos bairros antigos”SOU KA HOU Presidenteda Associação Novo Macau

Templo A-Má

Porto Interior

3 reportagemhoje macau sexta-feira 28.11.2014

E NQUANTO especialistas e políticos consideram que

o reordenamento dos bairros antigos é uma questão muito complicada, o professor do Departamento de Arquitectura e Construção Urbanística da Universidade de Hong Kong, David Lung, já pode ter a solução: o académico fez um relatório em 2007 sobre o reordenamento dos bairro antigos, que aconteceu na cidade vizinha.

“O reordenamento dos bair-ros antigos e a actualização urbanística são processos sem fim, não têm iní-cio nem destina-tário. O motivo é para promo-ver projectos diferentes na comunidade, melhorar o mau ambiente de ha-bitação e insta-lações - incluin-do serviços de saúde, trânsito, compras e ser-viços públicos -, a fim de melhorar a qualidade de vida e de comércio”, começa por indicar o professor.

“Por isso, é preciso esta-belecer uma organização não governamental, responsável pela coordenação entre o Governo e as organizações das regiões. O Governo da RAEM deve ter algu-

ma coordenação para equilibrar o desenvolvimento económico e o trabalho de ordenamento dos bairros antigos”, frisou ao HM.

“Segundo a experiência de Hong Kong e outras regiões, para obter sucesso nos projectos de reordenamento, é preciso partilhar e também compensar os moradores ou as lojas para que se consiga ter apoio no reordena-mento. Sob algumas condições, é importante também permitir aos moradores e lojas a prioridade de voltar à zona original.”

No relatório que fez, David Lung também menciona a den-sidade da po-pulação como um problema. E sugere cortes.

“Por exem-plo, na freguesia de Santo Antó-nio, a densidade populacional é de 102 mil pes-soas por quiló-metro quadrado, já é dobro da

zona com mais densidade de população de Hong Kong. Por isso, é preciso cortar pelo menos metade dessa densidade.” O académico apontou ainda que os novos aterros são os locais ideais para transferir as pessoas que moram, actualmente, nos bairros antigos. - C.L.

A Direcção dos Serviços dos Solos, Obras Públicas e

Transporte (DSSOPT) respondeu à consulta do HM sobre os bairros antigos. Por agora, continua tudo estagnado: não há ainda zonas definidas para o trabalho de reordenamento e os relatórios que foram feitos para o CCRBAM são apenas para dominar os dados da situação dos moradores e os seus requisitos, de forma a ter gra-dualmente dados sobre os bairros antigos, para que o trabalho de reordenamento seja baseado em decisões científicas. Para já, diz o organismo ao HM, ainda não há dados dos edifícios em construção nos bairros antigos e a altura dos edifícios depende de vários elementos: se fica no âmbito de Centro Histórico, das opiniões do Instituto Cultural, da largura das ruas, da natureza dos edifícios, da área do terreno, etc..

A DSSOPT admitiu que a “densidade de desenvolvimento urbanístico” é muito alta em Macau e que muitas zonas novas são construídas, ao mesmo tem-po que a comunidade em si fica cada vez mais velha. A proposta inicialmente apresentada pelo Governo já regulava os elemen-tos a ter em consideração para o reordenamento e nada vai mudar: só as comunidade que corres-pondem ao princípio de bairro antigo é que vão ser definidas como zonas de reordenamento. Como será feito? Não dá para responder, com a excepção de que tem de se pensar em Macau como um todo. “A delimitação da zona de reordenamento deve assegurar o desenvolvimento harmonioso e sustentável da cidade e deve-se realizar um estudo de viabilidade (...) e uma consulta pública.” - C.L.

que esta era uma das suas maiores dificuldades para a coordenação do reordenamento da zona. Contudo, esta não é a única. É que, sem reordenamento, os bairros antigos trazem outros problemas.

O presidente da Associação Novo Macau, Sou Ka Hou, que também mora no Iao Hon, relembra que a questão de saúde também é um problema principal da zona. “Além das más situações na rua, dentro dos edifícios também há muita sujidade. Como falta uma companhia de gestão dos edifícios, é preciso que sejam os moradores a fazer as melhorias, mas a maio-ria dos moradores agora estão a arrendar as casas. E depois algu-mas pessoas usam quartos como armazéns de produtos ou para fazer negócio”, descreve ao HM, para explicar que ninguém dá atenção aos problemas.

A existência de pestes, como ratos e mosquitos, é sempre tema nas notícias relacionadas com a zona norte, a par dos problemas de abuso de droga. Sou Ka Hou diz que, nos últimos anos, a questão da droga no Iao Hon já melhorou, bem como a situação de prostitui-ção, mas há muita gente na zona, o que é complicado. “O Governo

“Sob algumas condições, é importante também permitir aos moradores e lojas a prioridade de voltar à zona original”DAVID LUNG Professor do Departamento de Arquitectura e Construção Urbanística da Universidade de Hong Kong

precisa de ter um papel de líder [no reordenamento] dos bairros antigos”, salientou.

UM FAVOR OU UMA ORDEM?Enquanto, por um lado, Sou Ka Hou assegura ao HM que é preciso uma intervenção do Governo para se re-solver os problemas de propriedade não só do Iao Hon, mas de quase todas as zonas antigas, crescem, por outro lado, os obstáculos ao Exe-cutivo. É que se é a Administração quem, no fundo, tem de decidir o que fazer aos bairros antigos, tam-bém é necessário o apoio da popu-lação. E isso nem sempre chega. Da parte dos moradores, nem sempre há uma resposta positiva para a mudança da casa a que obriga um reordenamento.

De acordo com o deputado Si Ka Lon, a maioria dos moradores do Iao Hon, por exemplo, dão as boas-vindas ao reordenamento, mas salientam que tem que ser dado um tratamento adaptado aos moradores mais velhos, já que se vai fazer obras.

“Estes são os que têm dificul-dades em subir e descer as escadas. Por isso, uma reconstrução dos edifícios a contar com a imple-mentação de um elevador é sempre uma boa ideia. Pelo menos estas

pessoas já podem sair da casa e andar na rua”, refere o deputado. Contudo, Si Ka Lon recorda que, para a reconstrução, é preciso ajudas financeiras.

“Para os que não têm capacidade financeira, é preciso ter como refe-rência Hong Kong para conseguir um local onde se podem, tempora-riamente, colocar estes moradores.”

Sou Ka Hou também apontou como um problema a questão finan-ceira, mas não só. “O Governo da RAEM poderá ter como referência Hong Kong para ter uma autorida-de apenas a tratar dos problemas de reconstrução. Mas como falta uma lei, é difícil e gasta-se muito tempo a resolver os problemas jurídicos. Falamos tanto, mas ainda falta a base do assunto: uma lei particular”, lamentou.

Também o urbanista Manuel Ferreira explica que há ainda outra coisa a ter em conta: mesmo que os moradores – que são sempre obrigados a sair quando o reor-denamento está em andamento – encontrem um abrigo temporário com a ajuda do Governo, é preciso que se sintam em casa, quando, efectivamente, lá regressarem.

O especialista relembra que, quando voltarem ao local original, é preciso que os moradores tenham uma comunidade igual à de antes, porque a reconstrução do edifício é fácil, mas uma reconstrução mental não é já tão simples.

“Podemos ver o que Toronto fez. O Governo não vai reconstruir tudo. Por exemplo, se tiver três edifícios, vai reconstruir primeiro um deles, para colocar os moradores a viver perto do local [onde viviam]”, diz, acrescentando que, quando se faz um plano de reordenamento, é também preciso ter um plano para a comunidade. “Agora é preciso ter uma previsão sobre a população. Se é preciso ter creches e lares de idosos, porque toda a gente vai ficar velho. Os serviços aos idosos são muito importantes para uma comunidade madura”, como a dos bairros antigos.

GOVERNO TEM DE SER CORAJOSOA nova versão de proposta da Lei de Reordenamento dos Bairros

Académico ONGs e compensações

DSSOPT Sem nada definido

“Como falta uma lei, é difícil e gasta-se muito tempo a resolver os problemas jurídicos. Falamos tanto, mas ainda falta a base do assunto: uma lei particular”

Antigos deveria já ter sido entregue este ano, mas até agora ainda não houve nenhuma novidade, pelo que é esperado que só depois da transi-ção do Governo é que este processo possa ser iniciado novamente.

Até lá, todos os que se impor-tam com este problema dizem o mesmo: o Governo tem de ser corajoso.

“Agora em Macau há cerca de 4900 prédios com menos de sete andares e sem elevador. A questão

dos bairros antigos não pode ser atrasada mais, porque já passou um ano e no primeiro ano da nova sessão da Assembleia Legislativa (AL) não se falou nada disso”, recorda o activista Sou Ka Hou, que aponta que sem uma interven-ção do Governo é difícil iniciar o reordenamento dos bairros antigos.

Se, para alguns dos ouvidos pelo HM, o Governo tem nas mãos uma questão complexa e rigorosa, para Sou Ka Hou é precisamente esse o problema.

“Na minha opinião, o Governo é que não quer desempenhar essa responsabilidade, porque é uma questão grande e complicada. Se-gundo a lei, tem que se ter todos os proprietários a chegar a consenso e só aí é que se pode ter uma recons-trução dos edifícios. Em muitos casos é impossível”, diz o jovem político, que também menciona que há muitos detalhes que precisam de ser considerados.

“Já se está a construir edifícios novos nos bairros antigos, mas a construção pode criar riscos nos edifícios antigos ao lado. O Sin Fong Garden já é um exemplo.”

Além disso, relembra, as ques-tões monetárias também podem causar novos conflito no futuro.

“Quando o Governo finalmen-te decidir reordenar os bairros, alguns edifícios podem vir a ser obrigatoriamente deitados a baixo. Os proprietários vão receber uma compensação do Governo? Muitos casos estrangeiros mostram que há sempre alguns proprietários que não querem mudar a casa, sendo que às vezes a questão nem é di-nheiro. Aliás, também não concor-do com que o Governo gaste grande quantidade do dinheiro público na compensação aos proprietários dos bairros antigos.”

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4 POLÍTICA hoje macau sexta-feira 28.11.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

H Á dois anos o Governo decidiu retirar da Assem-bleia Legislativa (AL) o projecto do Código

Tributário. Continuam igual-mente sem avanço as reformas do Regulamento de Contribuição Predial Urbana ou do Imposto sobre Veículos Motorizados, anunciadas há quatro anos. Para José Pereira Coutinho, isto re-presenta um problema. Contudo, os economistas Albano Martins e José Sales Marques não vêem urgência nessa questão.

“Não me parece que isso seja muito importante neste momento. O mais importante é o Governo ter consciência do que quer fazer e de que actividades devem ser penalizadas e fomentadas. Não precisa de estar a perder tempo com alguns impostos que pode-riam ser suspensos”, disse Albano Martins ao HM.

Já José Sales Marques acredita que “não tem havido urgência na

ECONOMISTAS REFORMA FISCAL NÃO É URGENTE NEM IMPORTANTE

Impostos, para que vos quero?

“Poderia equacionar a possibilidade de serem suspensos alguns impostos, sobretudo enquanto estivermos a gozar da situação económica que em princípio vai continuar poralgum tempo”SALES MARQUES Economista

redefinição de certas coisas”. “O sistema fiscal de Macau tem-se mantido há bastante tempo sem ser mexido porque a carga fiscal, em termos médios e na generalidade, é baixa. O Governo tem efectiva-mente baixado os impostos aos cidadãos de Macau”, acrescentou.

As declarações dos economis-tas surgem depois do deputado José Pereira Coutinho ter entregue mais uma interpelação escrita ao Executivo onde defende o contrário.

“Em 2010 interpelei o Gover-no quanto à necessidade da refor-ma fiscal, cujas alterações mais evidentes ocorreram em 1964 e 1978, concernentes à tributação directa. Nessa altura referi que, mais de três dezenas de anos, seria necessário proceder-se à moderni-zação e reforma do sistema fiscal de Macau”, escreveu.

FIM AOS IMPOSTOSOs economistas contactados pelo HM não só referem que essa reforma não é urgente como o Executivo poderia suspender tem-

porariamente os impostos pagos pela população.

“Poderia equacionar a possibi-lidade de serem suspensos alguns impostos, sobretudo enquanto estivermos a gozar da situação económica que em princípio vai continuar por algum tempo”, defendeu Sales Marques.

“Penso que tendencialmente o Governo deveria suspender a maior parte dos impostos, porque não são necessários. Os impostos existem para financiar o Governo, que está com os cofres cheios e que não vê, para já, grandes dúvidas em relação ao futuro da Adminis-tração”, explicou Albano Martins.

O economista deu como exem-plos o fim dos impostos sobre os rendimentos, à semelhança do que já acontece com o imposto industrial, já suspenso. As únicas alterações que poderiam ocorrer, segundo Albano Martins, seriam nos impostos sobre imóveis e veículos.

“Há casas devolutas, deve-se subir a contribuição predial nesses casos. Há veículos que poluem o ambiente, devem ser fortemente penalizados fiscalmente. Mas aí é o Governo que tem de actuar, segundo os seus objectivos”, defendeu.

SUSPENSÃO DINÂMICAAlbano Martins não tem dúvidas de que a suspensão dos impostos iria permitir “a dinamização da outra actividade económica que o Governo diz que não consegue, que é a diversificação da economia. Iria tornar a máquina fiscal mais atractiva e menos burocrática. Ten-dencialmente o Governo vai ter de suspender estes impostos, se quiser entrar por uma via mais inteligente do que pela via dos subsídios”.

Nem mesmo a quebra das re-ceitas do Jogo nos últimos quatro meses retira o optimismo ao eco-nomista. “Estamos num período em que a situação ainda é uma incógnita, mas acreditamos que com a entrada em funcionamento dos novos casinos as receitas vão estabilizar. Continuo a acreditar, que independentemente desta si-tuação conjuntural da queda das receitas, que vai durar este ano e talvez uma parte do ano seguinte, que as receitas vão continuar a crescer. Não ao nível a que estáva-mos habituados mas vai continuar a crescer. O Governo não vai ter um problema de ter um vazio”, concluiu Albano Martins.

José Pereira Coutinho entregou uma interpelação escrita ao Executivo onde pede avanços na reforma do sistema fiscal de Macau. Albano Martins e José Sales Marques não vêem urgência no processo e pedem até a suspensão temporária de alguns impostos

“Penso que tendencialmente o Governo deveria suspender a maior parte dos impostos, porque não são necessários. Os impostos existem para financiar o Governo, queestá com oscofres cheios”ALBANO MARTINS Economista

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5 políticahoje macau sexta-feira 28.11.2014

FLORA FONG [email protected]

S I Ka Lon considera que o Governo guarda para si os estudos sobre idosos que tem vindo a fazer “ao longo

de vários anos”. Numa interpelação, o deputado critica o facto de, apesar o Governo ter concluído vários estudos em relação aos serviços para idosos, nunca ter divulgado resultados ou de o fazer de forma pouco activa. Assim, diz, a sociedade não consegue compreender os trabalhos levados a cabo pelo Executivo.

Si Ka Lon sugere, então, que as autoridades publiquem o quanto an-

FLORA [email protected]

A deputada Wong Kit Cheng considera que a falta de regimes

de acreditação profissional na maioria dos sectores em Macau, faz com que os jovens não tenham muitas perspectivas de carreira.

Numa interpelação, Wong Kit Cheng critica este facto – bem como considera que as

Educação Instruções para ensino especial A Comissão de Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU) está preocupada com que o pouco número de alunos deficientes aceite no ensino superior em Macau. O Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) respondeu que, para respeitar a autonomia da administração das escolas, não devem ser emitidas novas políticas e instruções respectivas. No entanto, o director do Centro da Política da Sabedoria Colectiva, Chan Ka Leong, considera que os alunos de educação especial são de camadas mais desfavorecidas e ignoradas. Segundo o Jornal do Cidadão, o também membro do Grupo da Convenção dos Docentes de Macau apela a que o Governo elabore instruções auxiliares de educação especial nas instituições de ensino superior, dando suporte assim à necessidade de aprendizagem aos alunos dessa natureza.

O deputado questiona seo planeamentofuturo de laresde idosos feito pelo Governo pode satisfazer onúmero de espera

O deputado acusa o Executivo de não divulgar os dadosdos vários estudos já efectuados sobre a população idosa

SI KA LON GOVERNO NÃO DIVULGA ESTUDOS SOBRE IDOSOS

O futuro em questão

tes resultados de estudos, até porque, diz citando a Projecção da População de Macau 2011-2036, até 2036 um em cada cinco residentes será idoso.

Si Ka Lon considera que os pro-blemas da segurança social causados pelo envelhecimento da população de Macau não podem ser ignorados e faz ainda menção aos grupos de estudos

JUVENTUDE FALTA DE PERSPECTIVAS DE CARREIRA CRITICADA

Minha querida acreditaçãoinformações Base de Dados dos Recursos Humanos Qua-lificados do Ensino Superior são limitadas – para dizer que isto faz com que os jovens não consigam oportunidades de evoluir na carreira.

Wong Kit Cheng recorda que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, mencionou no Relatório das Linhas de Acção Governativa deste ano que “os jovens são futuro de Macau e, por isso, o Governo

oferece com esforço a forma-ção, aprendizagem ao longo da vida e oportunidades de mobilidade ascendente”.

CULPAS DO JOGONo entanto, apontou a de-putada, a indústria de Jogo

é a maior na economia do território, fazendo com que os jovens não consigam cor-responder às expectativas de muitos outros sectores, nem consigam encontrar a sua meta e direcção para o de-senvolvimento de carreira.

Wong Kit Cheng ques-tiona então, quais as políticas que o Governo tem para que os jovens tenham melhores perspectivas no trabalho, assim como obtenham opor-tunidades diversificadas para progredir na carreira.

A deputada pede ainda que a Base de Dados dos Recursos Humanos Quali-ficados do Ensino Superior, que tem como objectivo oferecer informações para que os alunos e pais possam escolher os cursos, seja mais actualizada. É que esta base apenas regista recursos humanos de cinco sectores de Macau, o que é, para a deputada, muito limitado.

avançados, em 2012, pelo Governo, para avaliar a saúde, habitação, se-gurança dos idosos. Estudos que, até agora, apesar de terminados, não se encontram divulgados.

PROMESSAS POR CUMPRIRO deputado diz ainda que o Executivo deve ter como prio-

ridade a divulgação dos estudos realizados, pois não existe outra forma da sociedade ter acesso, se não através do Governo. Si Ka Lon acrescenta ainda que o Governo não cumpriu a promessa de consolidação de promoção dos trabalhos desenvolvidos, como por exemplo a Lei de Bases dos Idosos, que continua sem chegar à Assembleia Legislativa há mais de cinco anos.

O deputado questiona ainda se o planeamento futuro de lares de idosos feito pelo Governo pode satisfazer o número de espera, justificando que, segundo o que o Executivo planeou em 2012, 3,4% da população terá mais de 65 anos e a ocupação das vagas em lares privados será de 20%, existindo actualmente muita pressão rela-tivamente a lugares em lares para idosos.

6 SOCIEDADE hoje macau sexta-feira 28.11.2014

FIL IPA ARAÚ[email protected]

O baixo número de crianças dis-poníveis para adopção em

Macau é motivo de alguma estranheza. Principalmente quando, numa reportagem levada a cabo pelo HM re-centemente, era explicado que das “70 a 80 crianças” presentes no Berço da Boa Esperança, local para onde o Instituto de Acção Social (IAS) envia as crianças em risco, apenas seis estariam livres para serem adoptadas. E as restantes? Os restantes menores estão em espera. Ao que o HM conseguiu apurar, estão à espera de decisões da parte dos pais – a quem foram retiradas ou por quem foram entregues – ou de um juiz que lhes decida o futuro.

“Normalmente estas crianças estão provisoria-mente no centro”, esclareceu uma assistente social, que não quis ser identificada, sem determinar quanto é que pode durar este espaço “provisório”. O HM sabe, contudo, que este período pode ultrapassar, pelo me-nos, quatro ou cinco anos.

ESTÁ NA LEIAnalisando o Código Civil (CC), o artigo 1831º explica que só pode ser adoptado “quem seja filho de pais incógnitos ou falecidos”, “aquele relativamente ao qual tenha havido con-sentimento prévio para a adopção”, “quem tenha sido abandonado pelos pais”, “a pessoa cujos pais, por acção ou omissão, ponham em perigo a sua segurança, saúde, formação moral ou educação em termos que, pela sua gravidade, com-prometam seriamente os vínculos afectivos próprios da filiação” ou “que haja sido acolhido por uma pes-soa ou por uma instituição, contanto que os seus pais tenham revelado manifesto desinteresse pelo filho”.

De forma resumida, como esclarece a advogada Ana Fonseca, “nem sempre o menor tem que ser filho de pais desconhecido ou os pais têm que dar consentimento prévio para que o mesmo seja adoptável”.

Em termos práticos, o que acontece é que, quando uma criança está em risco, ou os progenitores não têm interesse no seu direito e dever de pais e o IAS tem conhecimento disso, as as-sistentes sociais entregam o

O que nos compete a nós é a elaboração do relatório o mais rápido possível, de acordo com a lei. (...) Ninguém sabe quanto tempo é que isso pode demorar”YAN IEONGTécnica superiorda Divisão de Infânciae Juventude do IAS

menor ao Centro do Berço da Boa Esperança, enquanto este aguarda uma solução para a sua situação.

Essa solução, contudo, parece demorar: o caso não segue imediatamente para o tribunal e, enquanto a decisão dos pais sobre dar o filho a adopção não chega, não chega também a decisão do juiz e os anos vão passando. Ao HM foi

Acolhidas pelo Centro do Berço da Boa Esperança, há crianças que aguardam há muito pela decisão dos pais ou do juiz sobre o seu futuro. Se são adoptados, ou se regressam a casa, são algumas das perguntas que querem ver respondidas. Enquanto isso, o tempo “provisório” durante o qual são acolhidas vai passando

dificultado o acesso a in-formações oficiais, mas ao que conseguimos apurar há crianças que esperam por uma decisão há, pelo menos, quatro ou cinco anos.

OBRIGATORIEDADESRecorrendo ao artigo 141º do Regime Educativo e de Protecção Social de Jurisdi-ção de Menores (REPSJM), conforme esclarece Ana Fon-

seca, “qualquer instituição ou entidade a quem tenha sido confiado o menor deve, verificado que o menor está numa das situações do artigo 1831º do CC, fazer comuni-cação ao organismo oficial de acção social, o que procede ao estudo da situação e toma as providências adequadas”. O IAS, no caso de Macau, “deve dar conhecimento aos candidatos a adoptante dos menores que se encontrem em situação de poderem vir a ser adoptados”, explicou a advogada.

Confrontados com esta obrigatoriedade, o Centro res-pondeu, pela voz da assistente social, “que é o IAS que trata de toda a essa parte [burocráti-ca]”, negando assim qualquer parte activa no processo de comunicação entre as en-tidades. A assistente social explicou ainda que, no final, quem tem o poder de decidir “é o juiz”, que efectivamente toma uma decisão depois de receber o relatório “que

é enviado pelo IAS”, nunca pelo Centro, sobre a criança.

“Nós só cuidamos das crianças”, reforça a assisten-te, sublinhando que o Centro “é privado”.

PONTOS NOS ISConfrontado sobre as razões de o número de crianças

para adopção não ser maior, o IAS avançou ao HM que “tudo faz para que o pro-cesso seja rápido”.

Segundo as explicações do instituto, quando é des-coberto um caso de um me-nor em risco, por exemplo abandono, é escrito um rela-tório ao Ministério Público, que por sua vez vai verificar a situação e avança com um processo jurídico para saber se a criança pode entrar em processo de adopção.

“O que nos compete a nós é a elaboração do relatório o mais rápido possível, de acordo com a lei”, explica Yan Ieong, técnica superior da Divisão de Infância e Ju-ventude do IAS, avançando ainda que “ninguém sabe quanto tempo é que isso pode demorar”.

O REPSJM define ainda que a confiança do menor à instituição só pode ser decretada por um juiz, que, segundo o próprio regime, deve ser revista todos os anos. “Deve ser revista sempre que decorrido um ano da data da última decisão”, explicou a advogada Ana Fonseca, citando o REPSJM e acres-centando que pode o “juiz comunicar ao organismo oficial de acção social que se encontram verificados os requisitos de adopção”.

Sobre isto, o Centro em causa foi claro: “isso compe-te ao IAS”. Confrontando o instituto sobre quem decide se o menor deve seguir para processo de adopção, o IAS responde: “não podemos esclarecer isso, mas é o que diz o Código Civil”.

Até à data do fecho desta edição, do Tribunal Judicial de Base nada nos foi respondido. Sendo as-sim, tornou-se impossível ao HM verificar se a parte judicial está de facto a rever “todos os anos” os processos de confiança dos menores ao Centro do Berço da Boa Esperança, assim como se o IAS está a enviar de forma frequen-te os relatórios de cada criança, permitindo que estas fiquem disponíveis para adopção, caso reúnam os requisitos. O mesmo instituto não confirmou o número total de crianças no Centro em causa. “Não sabemos se são 70 crian-ças”, esclareceram.

Informações que nos foram dadas indicam que há entre 70 a 80 crianças no Centro, sendo que apenas seis estão para adopção. As outras estão, portanto, à espera de decisões.

O TEMPO ESTRAGA TUDOO advogado Miguel Senna Fernandes defende que o maior problema é o “procedimento” de todo o processo de adopção. “A lei não vai estorvar isto [a adopção], o problema é o procedimento, quer dizer, a lei permite que se prolongue [o processo]”, afirmou. Para o profissional, neste momento, o processo “transformou-se numa coisa muito mais complexa, envolvendo uma actividade investigatória, em princípio com maior profundidade”. Esclarece o advogado que, se estas crianças estão no Centro, é resultado de todo um procedimento judicial. “Ninguém pode tirar de ninguém os seus filhos”, sublinha, mas “a demora [que as crianças ficam na instituição] aqui é que torna os possíveis processos de adopção uma coisa que extravasa naturalmente todas as finalidades para qual a figura foi criada”. “Há processos que demoraram anos e anos sem qualquer justificação social, que em última análise até pode colocar em causa o próprio interesse do menor”, remata.

LARES CRIANÇAS ESPERAM DECISÕES POR TEMPO INDETERMINADO

Definitivamente provisórios

7 sociedadehoje macau sexta-feira 28.11.2014

Vandy Poon assegura que os planos ilimitados de internet móvel continuam, ainda que tenham de vir a ser pagos à parte. Lam U Tou, de uma associação ligada aos operários, critica a decisão que, diz, só vem trazer “armadilhas” e pede atenção à DSRT

FLORA FONG [email protected]

O director-execu-tivo da Compa-nhia de Tele-comunicações

de Macau (CTM), Vandy Poon, assegurou ontem que a empresa não tem qualquer intenção de cancelar os planos ilimitados de inter-net no telemóvel e explica que os interessados podem continuar a ter os seus planos ilimitados, ainda que com algumas restrições: têm um limitado a 6Gb (o máximo)

O grande desafio de Macau no ramo das telecomu-nicações é a oferta de

serviços integrados, inexistentes e que implicam ainda “um grande trabalho”, defendeu o presidente da Associação Internacional das Comunicações de Expressão Por-tuguesa (AICEP).

“Há desafios que os opera-dores têm pela frente no âmbito da convergência, no âmbito da oferta integrada de serviços ao consumidor. Há ainda um grande trabalho que tem de ser desenvol-vido”, disse à agência Lusa João Caboz Santana, na véspera de uma reunião de dois dias da associação no território.

Actualmente, Macau não dispõe de serviços integrados, nem de tele-fone, internet, televisão e telemóvel (‘quadruple play’) nem apenas dos três primeiros (‘triple play’).

CTM PLANOS ILIMITADOS CONTINUAM MAS SÃO PAGOS À PARTE

Decisões “armadilhadas”

“O problema é que estamosa dizer que há um limite máximode dados móveis [de 500 patacas],que não inclui as tarifas telefónicasou mensagens ” LAM U TOU Vice-presidente da Associação Choi In Tong Sam

TELECOMUNICAÇÕES SERVIÇOS INTEGRADOS É “GRANDE DESAFIO”

A andar devagarinhoa MTEL, vai começar a operar no âmbito dos circuitos alugáveis de telefone fixo e Internet, quebrando uma longa tradição de monopólio da CTM, mas não oferece ainda directamente serviços aos consu-midores.

“A liberalização traz efecti-vamente grandes oportunidades. Muitos dos mercados ocidentais do sector já estão liberalizados e à partida diria que sim, que efec-tivamente o mercado liberalizado dá maior capacidade de oferta ao cliente e obriga a uma maior com-petitividade dos operadores e uma grande”, comentou Caboz Santana, adiantando que Macau é um mer-cado “cheio de oportunidades”, apesar de não ter dados concretos sobre intenções de investimento dos associados da AICEP, cerca de 40 em diferentes países e terri-tórios. - Lusa/HM

Recorde-se que o Governo já deu sinais de que está atento ao problema, tendo encomendado um estudo à Universidade de Macau

sobre o tema. A conclusão, divul-gada no final de Outubro, foi de que os serviços integrados deverão ser um modelo a seguir, ainda que

salvaguardando a questão dos serviços televisivos gratuitos e por subscrição.

Apesar desta lacuna, Caboz Santana elogia o “estado de desen-volvimento” do sector em Macau, que “se compara muitíssimo bem” com outros países e territórios.

NO CAMINHO CERTOO presidente da AICEP acredita também que a liberalização do mercado - actualmente dominado pela CTM - é o caminho certo para Macau. Hoje, apenas os serviços móveis de telefone são disponibi-lizados por várias empresas. Em Dezembro, uma nova operadora,

e, quando ultrapassarem esse limite, pagam mais.

Em declarações ao canal chinês da rádio, Vandy Poon fez questão de salientar que “o que causou nervosismo” na sociedade foi o facto de terem sido lançados novos planos com “uma nova marca de telemóvel” (iPho-ne 6), para que as pessoas usufruíssem de um maior desconto no telefone.

Vandy Poon assegura que, na verdade, “todos os clientes podem usufruir de dados ilimitados de acesso à internet móvel” e explica que, como a Direcção dos Serviços de Regulação das Telecomunicações (DSRT) autoriza a implementação de um limite máximo de despesa de dados móveis – “o qual não existe em muitas regiões, mas em Macau sim” –, então já há, “relativamente uma uti-lização de dados ilimitados”.

No fundo, os clientes da CTM podem continuar com os planos ilimitados, “porque a companhia pode adicionar esse plano aos clientes”.

Ou seja, os clientes terão obrigatoriamente um limite de internet por um determi-nado preço, sendo que nada os impede de ter internet ilimitada no telemóvel. Só têm de pagar os dados que usam acima desse limite.

“SIGNIFICA PAGAR MAIS”Até agora, os clientes da CTM tinham planos ilimi-

tados de internet que che-gavam a cerca de 400/500 patacas. Agora, pagam além do plano máximo de 6Gb, que fica à volta do mesmo preço, mas que tem, portan-to, um limite.

Para o vice-presidente da Associação Choi In Tong Sam, Lam U Tou, as explicações de Vandy Poon

só têm uma explicação: os residentes vão pagar mais pelos dados móveis. O res-ponsável, contudo, saúda o facto de haver um limite.

“Do ponto de vista dessa teoria, o director-executivo da CTM não fala de forma errada, porque a [implemen-tação] de um limite máximo de despesa é para evitar

pagamentos de valores exorbitantes e é bom exis-tir, comparado com outras regiões. Porém, o problema é que estamos a dizer que há um limite máximo de dados móveis (de 500 patacas), que não inclui as tarifas telefónicas ou mensagens. Somando toda a despesa já é muito caro. Reparamos que os planos ilimitados que as operadoras ofereciam sempre eram de apenas cerca de 400 patacas. Isso significa que os residentes precisam de pagar muito mais agora. Esse limite máximo não deve ser considerado como um plano comum de dados móveis”, referiu Lam U Tou ao HM.

Além da CTM, também as outras operadoras estarão a limitar os dados móveis desta forma. Lam U Tou acrescenta ainda que “já tinh reparado” que as várias ope-radoras já tinham chegado a um acordo para cancelar os planos ilimitados, não sendo esta extinção ligada apenas ao plano relacionado com o novo iPhone.

ARMADILHAS?O que mais preocupa o vice--presidente da Associação são os planos adicionais para os clientes. Estes são os planos para quem quer mais do que o limite da internet móvel agora apresentado pela operadora, mas Lam U Tou diz que, com isto, os residentes vão passar

a pagar mais entre 60 a 200 vezes do que se pagassem os planos normais.

“Façamos a conta: em planos normais, paga-se meramente 0.1 patacas por cada MB. Nos planos adi-cionais que as operadoras oferecem, paga-se entre 6 a 20 patacas por cada MB. Essa grande diferença é uma armadilha a que a DSRT deve dar atenção, regula-mentar e supervisionar para diminuir estes preços a um nível razoável.”

FIBRA ÓPTICA PARA TODOS Vandy Poon voltou ontem a dizer que os serviços de banda larga oferecidos pela CTM são de “alta qualidade” e reafirma que até ao próximo ano a fibra óptica deve chegar a todas as casas de Macau. “Acreditamos que a taxa de penetração da banda larga em Macau é uma das mais elevadas no mundo. E todos os dias, damos o nosso melhor e tentamos de todas as maneiras aumentar a qualidade desse serviço. Agora, estamos focados na fibra óptica, que temos vindo a instalar por toda a cidade. Acreditamos que a fibra óptica será a próxima geração de banda larga. Actualmente, mais de 3 mil clientes estão a aderir à fibra óptica todos os meses (...) estamos a instalar os equipamentos para o efeito em 40 prédios antigos todas as semanas. A meta é completar toda a instalação ainda no próximo ano”, disse Vandy Poon à rádio Macau.

HOJE

MAC

AU

8 sociedade hoje macau sexta-feira 28.11.2014

Cante Alentejano e Capoeirasão Património ImaterialO Cante Alentejano – estilo musical erudito do Alentejo, que junta instrumentos e um coro de vozes – e a Capoeira – expressão cultural do Brasil que junta desporto e artes marciais – foram na passada quarta e quinta-feira consideradas Património Imaterial da Humanidade. A nomeação foi feita pela UNESCO, que está já há vários meses a avaliar as duas submissões. Há quem diga que não há coincidências e a verdade é que a nomeação do Cante Alentejano decorre precisamente no mesmo ano em que Santos Pinto, proprietário do restaurante português ‘O Santos’, comemora 65 anos de existência e o seu estabelecimento, 25. “O cante alentejano tem que ser cantado com muita convicção, concentração e muito amor ao Alentejo e só os alentejanos é que cantam assim”, disse Santos ao HM. O proprietário confessa-se feliz pela nomeação, mas é algo que já devia ter sido feito, aponta.

‘Taste Macau’ Nova app móvel reúne restaurantes do território O grupo InMedia lançou na quarta-feira a ‘Taste Macau’, uma nova aplicação móvel relacionada com o sector de restauração no território, disponível em inglês e chinês. “O lançamento desta aplicação representa não só o maior investimento do grupo em Macau, mas também um marco importante no desenvolvimento de aplicações móveis relacionadas com a indústria da restauração local”, lê-se no comunicado da empresa. Além disso, a InMedia também aproveitou para comemorar a designação dada, de Google Premier SMB Partner. Esta nomeação implica o facto desta empresa local ser agora parceria da gigante Google. A ‘Taste Macau’ vem permitir que os restaurantes façam a promoção das suas actividades junto dos mercados chinês e asiático e os estabelecimentos estão divididos por categorias. Na aplicação cabem, neste momento, mais de mil restaurantes e bares com informações actualizadas.

Psicologia Criação de sistemade prevenção do suicídioA Sociedade de Pesquisa de Psicologia de Macau e a Universidade Médica do Sul do interior da China realizaram o “Relatório de Mudança Psicológica de Residentes depois dos 15 anos de Transferência de Soberania de Macau”, onde se mostra que os sintomas depressivos dos residentes Macau são elevados. Em declarações ao Jornal do Cidadão, Ng Wa, o presidente da Associação, considerou que o relatório “é valioso” para que o Instituto de Acção Social (IAS) compreenda os estados mentais da população. O relatório foi feito com base em 1993 inquéritos, que mostra que os residentes com menos de 29 anos têm sintomas depressivos mais elevados, sendo que os divorciados ou separados apresentam níveis de depressão ainda mais graves. Os dados mostram ainda que 70% dos residentes nunca pensaram ou tentaram o suicídio, enquanto que 6% pensaram suicidar-se. O reitor da Universidade Médica do Sul do interior da China sugere que se crie em Macau uma rede de prevenção do suicídio, um sistema de alerta e monitorização, um centro de emergência para estes casos e uma linha directa de apoio, para tratar dos casos mais urgentes.

Engenharia Guiné-Bissau quer cooperação com Macau

O hospital Kiang Wu tem um novo director que já veio a terreiro dizer que

quer eliminar as ideias que diz serem pré-concebidas sobre a instituição. Ma Hok Cheung, que também faz parte das Autorida-des Hospitalares de Hong Kong, disse no primeiro dia no cargo, na quarta-feira, que queria alterar a imagem de que o hospital só quer “ganhar dinheiro”. Mas também disse que o Kiang Wu não recebe apoios do Governo.

Contudo, recorde-se, o Kiang Wu é o único hospital privado de Macau e a fama do “querer ganhar dinheiro” é-lhe atribuída

O novo responsável pela unidade hospitalar que mudar a imagem da instituição afirmando mesmo que os cuidados de saúde prestados em Macau não diferem muito dos praticados na região vizinha de Hong Kong

KIANG WU NOVO DIRECTOR QUER “ELIMINAR PRECONCEITOS”

“Hospital não recebe financiamento do Governo”

Ma Hok Cheung considera que, entre Macau e Hong Kong, já não há muita diferença no tipo de serviços prestados

devido, entre outras razões, aos inúmeros apoios financeiros que lhe são concedidos. Um deles é através da Fundação Macau, mas os restantes são precisamente através dos Serviços de Saúde, que, juntos, fazem com que o Kiang Wu receba milhões em montantes financeiros.

DESPESAS E BOATOSMa Hok Cheung assegura ter conhecimento dos “boatos”

e afirma saber que “este tipo de comentários” pairam na sociedade há anos, mas diz que ele próprio não sente isso. Ainda assim, assegura que vai “esforçar-se por mudar esta imagem”.

De acordo com a imprensa chinesa, o agora director do Kiang Wu disse aos jornalistas que espera que os cidadãos entendem que os materiais médicos são caros e que os

COMEÇOU ontem em Macau o Con-gresso dos Engenheiros de Língua

Portuguesa, sendo esta a primeira vez que o território acolhe a iniciativa. Da Guiné--Bissau veio o ministro das Obras Públicas da Guiné-Bissau, José da Cruz de Almeida, que quer aproveitar a deslocação a Macau para uma colaboração com o território. De acordo com a rádio Macau, o ministro assegura que é preciso “estruturar, de forma a capacitar o pessoal, e desenvolver a área do laboratório de engenharia civil da Guiné-Bissau”. “Te-

mos de promover os nossos materiais de construção – argila, lousa, granito –, para que possam ser capitalizados e assim diminuir os custos de construção”, diz, citado pela rádio.

A Guiné-Bissau é um país com muitos desafios e a engenharia não foge à regra. A Ordem dos Engenheiros ainda está em processo de formação e há outras áreas em que é preciso trabalhar, destaca o ministro.

Uma cooperação com o Laboratório de Engenharia Civil de Macau seria um bom resultado desta viagem. Os congressos,

explica o ministro guineense das Obras Públicas, trazem muitas vantagens para quem anda à procura de experiências, avança ainda a rádio.

“Há várias obras no quadro de coopera-ção com a China, sobretudo obras de grande porte. Neste momento estamos a implemen-tar a obra de construção do Palácio da Justiça. A primeira pedra foi lançada recentemente, é uma empresa chinesa que está a fazer a obra. Temos várias obras que foram feitas pelas empresas chinesas”, remata.

preços - comparados com os hospitais de Hong Kong – são “razoáveis” e disse mesmo que “o Kiang Wu não recebe financiamento do Governo”.

Ma Hok Cheung fez ainda referência aos serviços mé-dicos e considera que, entre Macau e Hong Kong, já não há muita diferença no tipo de serviços prestados. O respon-sável diz que em Macau há menos casos de doenças, pelo que a tecnologia usada e a experiência acumulada ainda são limitadas, mas assegura que isso não afecta a forma como a saúde dos residentes é protegida. - C.L.

9 sociedadehoje macau sexta-feira 28.11.2014

Taxa de desemprego nos 1,7%A taxa de desemprego de Macau caiu duas décimas entre Agosto e Outubro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2013, fixando-se nos 1,7%. O valor é idêntico ao registado entre Julho e Setembro deste ano. De acordo com dados oficiais ontem divulgados, a população activa atingiu 401.300 pessoas. A população empregada totalizou 394.400, observando-se uma subida de 2300 pessoas em comparação com os três meses anteriores. Em termos de ramos de actividade económica, o número de empregados das lotarias e outros jogos de aposta foi de 84.600, mais 3100 indivíduos que no período anterior. A população desempregada era composta por 6900 pessoas, tendo-se elevado em 300 pessoas, face ao período antecedente. O número de pessoas à procura do primeiro emprego representou 26,0% do total da população desempregada.

Junkets Banco prevê ruptura do sistemaO banco Standard Chartered prevê que o modelo de negócio com ‘junkets’, muito popular no território, esteja perto da ruptura. De acordo com notícia da revista Macau Business, os promotores de Jogo da sala VIP estão a ter dificuldades na obtenção de capital, dando origem a um volume menor de apostas e de pressão marginal. É, de acordo com a publicação de língua inglesa, a campanha do continente contra a corrupção que tem impedido as pessoas de apostarem as suas fortunas nas mesas de jogo locais. Também a desaceleração do crescimento económico da China tem ajudado a quem cada vez menos pessoas optem por gastar o seu dinheiro no território, o que leva o banco a tecer estas conclusões.

Seac Pai Van Trabalhador morre nas obras Um acidente ocorrido ontem por volta das 14h30 em Seac Pai Van, junto ao pavilhão do panda gigante, acabou por vitimar mortalmente um trabalhador não-residente (TNR). Chan, de 47 anos e vindo do continente, acabou por morrer “vítima de um material que lhe caiu em cima”. A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) já emitiu um comunicado a referir que a culpa do acidente se deve ao empreiteiro e que vai aplicar uma “punição séria”. As obras já foram suspensas para garantir a segurança de todos os trabalhadores, segundo o canal chinês da Rádio Macau.

O colectivo de juízes do Tribunal de Ultima Instância (TUI) decidiu não aceitar o recurso apresentado por

um homem a quem foi retirada a residência por ter conduzido com elevados níveis de álcool do sangue. Segundo o acórdão, o homem recorreu da decisão invocando que esta lhe poderia causar a perda de emprego, mas o tribunal não encontrou suficientes provas justificativas.

O homem em causa é trabalhador não--residente e trabalhava para uma empresa como gestor de serviços laborais. Quando apresentou o recurso, invocou que “o acto administrativo [lhe iria causar] prejuízo de difícil reparação, alegando que com a execução do acto iria perder imediatamente o seu emprego, que é não só o meio de ganhar rendimento mas também a forma de desenvolver a personalidade, de ganhar a experiência da vida e de alargar o círculo

social, fazendo ainda sentido em realizar o valor pessoal próprio e o valor social”.

SEM PROVASContudo, o TUI entendeu que o recorrente não apresentou nenhuma prova para de-monstrar a sua situação económica, a fim de comprovar que não tinha poupanças ou reservas financeiras, o que nem sequer foi alegado. “E não invocou a dificuldade de continuar a exercer a sua actividade pro-fissional em outros locais, nomeadamente no interior da China e, consequentemente, sustentar a sua vida.”

No que concerne à importância do em-prego na vida pessoal do recorrente, o TUI diz que tudo não passa de mera invocação vaga e genérica, sem nenhuma indicação nem demonstração concreta passível de revelar a existência de um verdadeiro dano ou prejuízo”, pode ler-se no acórdão. - A.S.S.

M OK Kai Meng, um investiga-dor da Uni-versidade de

Macau (UM), defendeu on-tem que a implementação dos veículos eléctricos em Macau não vão resolver, por si só, o problema da poluição. Em declarações à Rádio Macau, à margem da apresentação de projectos locais financia-dos pelo Fundo de Desen-volvimento das Ciências e Tecnologia (FDCT), Mok Kai Meng disse que, mesmo movidos a baterias, esses veículos vão gerar energia e poluição. “As pessoas refe-

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TUI TNR PERDE RESIDÊNCIA POR CONDUZIR EMBRIAGADO

De volta à casa da partida

POLUIÇÃO CARROS ELÉCTRICOS NÃO SÃO SOLUÇÃO

Mais um ciclo viciosoPara o investigador da UM a utilização de energia é sempre um factor gerador de poluição. Mesmo assim, Mok Kai Meng não tem dúvidas: a principal fonte poluidora de Macau é o tráfego automóvel

“Estamos apenas a mudara fonte de poluição, pois enquanto usarmos energia, a poluiçãovai estar em algum lado”MOK KAI MENG Investigador da UM

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.°523/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LAM SOI KAI (portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da R.A.E.M. n.° 50456XXX), que na sequência do Auto de Notícia n.° 53/DI-AI/2013, de 25.05.2013, levantado pela DST e por despacho da signatária de 19.11.2014, exarado no Relatório n.° 865/DI/2014, de 05.11.2014, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório, por controlar a fracção autónoma situada na Beco do Gonçalo n.° 1, Edf. Long Sou Kai, 3.° andar A e utilizada para a prestação ilegal de alojamento. -------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito sobre a matéria constante daquele Auto de Notícia, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito. Nos termos do n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010 não é admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo. -------A matéria constante daquele Auto de Notícia constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, tal facto é punível nos termos no n.° 1 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 19 de Novembro de 2014.

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

rem muitas vezes os carros eléctricos, que se tivéssemos esses veículos a circular não haveria um determinado tipo de emissões poluentes, mas ao mesmo tempo é preciso gerar energia para fazer esses carros funcionarem”.

Nesse sentido, diz, “esta-mos apenas a mudar a fonte de poluição, pois enquanto usarmos energia, a poluição vai estar em algum lado”. Mas o académico aponta outros problemas. “Também temos que nos preocupar com as baterias usadas. O que vamos fazer com esses resíduos sólidos? Acho que

antes de avançarmos nessa direcção, temos que pensar em tudo. Não é um problema fácil de resolver, especial-mente tendo em conta que Macau é um território tão pequeno”, disse aos micro-fones da rádio.

IR ÀS FONTESMok Kai Meng acredita que a principal origem da poluição do ar em Macau vem do tráfego automóvel. “Em termos locais, os veí-culos são uma grande fonte de poluição. Claro que há outros factores isolados, como as centrais geradoras de energia. Mas as fontes que realmente espalham a poluição pela cidade, já que não temos indústrias, são os veículos, obviamente”, concluiu à Rádio Macau.

Mok Kai Meng apresen-tou ontem o seu projecto de investigação, desenvolvido em parceria com mais três académicos. Com este pro-jecto foi conseguido obter um modelo mais eficiente para prever a poluição, com base na contagem dos níveis de concentração de ozono troposférico, libertado pe-los escapes dos automóveis. Os dados analisados reme-tem para o período entre 2006 e 2009.

10 CHINA hoje macau sexta-feira 28.11.2014

COMO É LINDA A PUTA DA VIDA • Miguel Esteves Cardoso “O que espanta num gato é a maneira como combina a neurose, a desconfiança e o medo - para não falar numa ausência total de sentido de humor - com o talento para procurar e apreciar o conforto e, sobretudo, a capacidade para dormir 20 em cada 24 horas, sem a ajuda de benzodiazepinas. O gato é neurótico mas brinca. (...) Mas, acima de tudo, descobriu o sistema binário da existência. Que é: dormir faz fome. Comer faz sono. Acordo porque tenho fome. Adormeço porque comi. Nos intervalos, faço as necessidades.”

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YOGA PARA PESSOAS QUE NÃO ESTÃO PARA FAZER YOGA • Geoff Dyer Vencedor do prémio W.H. Smith Best Travel Book, 2004, “Yoga Para Pessoas Que Não Estão Para Fazer Yoga” é o primeiro título de Geoff Dyer publicado pela Quetzal. Muito mais do que um livro de viagens, “Yoga Para Pessoas Que Não Estão Para Fazer Yoga” é uma viagem por paisagens reais - Amesterdão, Cambodja, Roma, Indonésia, Nova Orleães, Líbia, deserto do Nevada - e oníricas, por histórias, ideias, poemas e todos os labirintos da imaginação. Nesta prosa reverberante de inteligência, graça e de uma imensa comicidade, Dyer explora a noção de que experiências em diferentes lugares e diferentes tempos ocorrem, de alguma forma, em simultâneo; de que cada experiência é única, irrepetível, sem paralelo.

O comissário europeu da Cooperação In-ternacional e do De-senvolvimento disse

ontem que a União Europeia (UE) procura potenciar a sua cooperação em desenvolvimento com a China, em particular, em iniciativas em África.

A intenção foi manifestada pelo croata Neven Mimica em conferên-cia de imprensa em Pequim, focada na sua visita ao país asiático.

Apesar de o objectivo oficial da sua visita estar relacionado com a agenda global que substi-tuirá, em 2015, os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, África esteve no centro dos pri-meiros encontros de Neven Mimi-ca em Pequim, como exemplifica o que manteve na quarta-feira com o ministro do Comércio chinês, Gao Hucheng.

“É chegada a hora de pensar numa aliança mais produtiva e mais eficaz (…). Estamos num

Explosão Onze mortosem mina de carvão Uma explosão numa mina de carvão fez ontem 11 mortos na província de Guizhou, no sudoeste da China, informou a Xinhua. De acordo com a agência oficial chinesa, no momento do acidente havia 19 pessoas a trabalhar no subsolo da mina de Songlin, em Songhe Town, das quais oito sobreviveram, apesar de as autoridades terem advertido que as tarefas de resgate estavam em curso. A explosão na mina de Guizhou ocorreu apenas um dia depois da morte de 26 mineiros num incêndio noutra mina de carvão na província de Liaoning, no nordeste do país, que fez ainda 50 feridos. Os acidentes em minas são comuns na China, o maior consumidor mundial de carvão. No ano passado, foram registados 589 acidentes relacionados com minas, os quais resultaram em 1.049 mortos ou desaparecidos, segundo dados oficiais. Ainda assim, tanto o número de acidentes como de fatalidades caíram mais de 24% desde 2012.

Internet Maioria dos jovens liga-se antes dos oito anos

“Estamos preparados para incluir a China nesta facilitação do comércio que acreditamos que pode impulsionar a capacidade económica dos países de África”NEVEN MIMICA Comissário europeu

A maioria dos jovens chine-ses começa a usar a Internet

antes dos oito anos de idade e cerca de um quarto deles até mais cedo, segundo um estu-do citado ontem na imprensa oficial chinesa.

Cerca de um terço dos chi-neses com menos de 18 anos (32,2%) liga-se à Internet para jogar e quase um quarto (24,7%) procura sobretudo ouvir música ou ver filmes, apurou o Chinese Youth Pioneers Business De-velopment Center, depois de uma sondagem junto de 10.000 estudantes.

A realização de trabalhos escolares mobiliza um quinto (20,1%) dos jovens internautas e 5,9% recorrem ao ciberespaço para fazer amigos.

Comparando com os dados apurados há quatro anos, a per-centagem de crianças com menos de oito anos que acede a Internet subiu de 33,7%, para 56,3%.

Um quarto dos inquiridos este ano aprenderam a usar a Internet quando tinham cinco anos e mais de dois terços (70%) começaram antes dos dez, indica o estudo.

Pequim tem a percentagem

mais alta de jovens que usam a Internet (96%). A mais baixa (78%) é na província de Si-chuan, no sudoeste da China.

País mais populoso do mundo, com cerca de 1.350 milhões de habitantes, a China tem também a mais numerosa população online do planeta.

Segundo estatísticas ofi-ciais, o número de utilizadores aumenta em média 2,3 milhões por mês, tendo atingido 632 milhões em Junho passado, e mais de 80% acedem à internet através de smartphones e outros dispositivos móveis.

A União Europeia procura reforçar o investimento no continente africano contando com a colaboração chinesa para as iniciativas naquele território

UE COOPERAÇÃO COM CHINA NO DESENVOLVIMENTO EM ÁFRICA

Com escala em Pequim

processo de construir a nossa nova associação em África e ve-mos margem de cooperação com a China”, afirmou o comissário europeu, explicando que tentará impulsionar o diálogo político com Pequim e concretizar a coo-peração económica e comercial de ambos com os países africanos.

CONTINENTE ABERTOA UE “é o mercado mais aberto para os bens de África”, realçou o comissário europeu, apontando que o bloco também pretende ser

aberto para continuar a desenvol-ver as capacidades comerciais e produtivas dos países desse continente.

“Estamos preparados para incluir a China nesta facilitação

do comércio que acreditamos que pode impulsionar a capacidade económica dos países de África”, afirmou.

Apesar de não ter focado qual-quer iniciativa concreta, Mimica

destacou a vontade da UE de orga-nizar um futuro diálogo trilateral.

A ideia foi apresentada, esta quarta-feira, ao ministro chinês, com o objectivo de “conseguir esforços conjuntos mais efectivos e transparentes” destinados ao desenvolvimento de África.

O comissário descartou que a vontade dos 28, principal doador mundial na ajuda ao desenvolvimen-to, de centrar agora os seus esforços em África venha a competir com a China, o maior parceiro comercial do continente nos últimos cinco anos.

“Não se trata de concorrer ali. Procuramos um espaço comum por África. Não para nós tirarmos van-tagens”, destacou o comissário eu-ropeu que tinha ontem previsto um encontro a vice-primeira-ministra Liu Yandong e para sexta-feira com representantes do Banco de Desenvolvimento da China.

PRESENÇA DE PESOEm 2013, a China alcançou um volume de negócios com África de 210.000 milhões de dólares e mais de 2.500 empresas chinesas pre-sentes em projectos no continente, com investimentos directos que, no final do ano passado, totalizavam 25.000 milhões de dólares.

A presença crescente de fir-mas chinesas em obras de infra--estruturas em África nem sempre é vista com agrado por parte das comunidades locais, tendo-se registado, nos últimos anos de in-tensa cooperação bilateral, ataques armados contra interesses da China em países da região.

Neven Mimica

LUSA

11 chinahoje macau sexta-feira 28.11.2014

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.°475/AI/2014----- Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LIU XIANG (portador do Passaporte da China n.° G54991XXX), que na sequência do Auto de Notícia n.° 142/DI-AI/2013, de 09.12.2013, levantado pela DST e por despacho da signatária de 19.11.2014, exarado no Relatório n.° 804/DI/2014, de 05.11.2014, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório, por controlar a fracção autónoma situada na Rua Cidade do Porto n.° 341, Edf. Kam Yuen, 6.° andar E e utilizada para a prestação ilegal de alojamento. -------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito sobre a matéria constante daquele Auto de Notícia, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito. Nos termos do n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010 não é admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo. -------A matéria constante daquele Auto de Notícia constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, tal facto é punível nos termos no n.° 1 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 19 de Novembro de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 498/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora Chen,JingLing (portadora do Hong Kong Identity Card n.° R6184xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 15/DI-AI/2013 de 12.02.2012, levantado pela DST, por controlar a fracção autónoma situada na Rua do Terminal Maritimo n.os 93-103, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 4, 8.° andar B e utilizada para a prestação ilegal de alojamento, bem como por despacho da signatária de 19.11.2014, exarado no Relatório n.° 830/DI/2014, de 04.11.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e n.° 1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. --------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ---------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. ----------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 19 de Novembro de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 501/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHEN BO (portador do Salvo-Conduto de Dupla Viagem da RPC n.° W43754xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 14/DI-AI/2013, de 30.01.2013, levantado pela DST e por despacho da signatária de 19.11.2014, exarado no Relatório n.° 837/DI/2014, de 06.11.2014, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório, por controlar a fracção autónoma situada na Avenida do Almirante Lacerda n.° 165-B, Edf. Va Tou 1.° andar C, Macau e utilizada para a prestação ilegal de alojamento. ---------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito sobre a matéria constante daquele Auto de Notícia, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito. Nos termos do n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010 não é admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo. -------A matéria constante daquele Auto de Notícia constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, tal facto é punível nos termos no n.° 1 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 19 de Novembro de 2014.

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 505/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor 葉鵬飛(portador do passaporte da RPC n.° E04658xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 111/DI-AI/2013, de 29.09.2013, levantado pela DST e por despacho da signatária de 19.11.2014, exarado no Relatório n.° 845/DI/2014, de 06.11.2014, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório, por prestação ilegal de alojamento da fracção autónoma situada na Avenida da Amizade, n.o 1163-C, La Oceania, 15.o andar A. --------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito sobre a matéria constante daquele Auto de Notícia, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito. Nos termos do n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010 não é admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo. -------A matéria constante daquele Auto de Notícia constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, tal facto é punível nos termos no n.° 1 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 19 de Novembro de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

UE COOPERAÇÃO COM CHINA NO DESENVOLVIMENTO EM ÁFRICA

Com escala em Pequim

O S estudantes que par-ticipam nos protestos pró-demócraticos de Hong Kong amea-

çaram ontem atacar edifícios governamentais após uma noite de confrontos que teve lugar horas depois de a polícia desalojar uma de três zonas ocupadas.

A Federação de Estudantes de Hong Kong, uma das organi-zações que lidera o movimento, lançou a ameaça em resposta às

“Creio que deixámos muito claro que se a polícia vai continuar a despejar-nos por via da violência, vamos tomar acções mais violentas”YVONNE LEUNG Líderda Federação de Estudantes

HONG KONG MANIFESTANTES AMEAÇAM TOMAR EDIFÍCIOS DO GOVERNO

Contra-ataque estudantilA Federação de Estudantes de Hong Kong responde às recentes acções policiais de ‘limpeza’ em Mong Kok quando os dois lados se envolveram em confrontos que resultaram na detenção de maisde uma centenade manifestantes

acções policiais que acabaram, na quarta-feira, com o acampa-mento de manifestantes no bairro densamente povoado de Mong

Kok após 60 dias de ocupação nas ruas.

“Creio que deixámos muito claro que se a polícia vai conti-

nuar a despejar-nos por via da violência, vamos tomar acções mais violentas”, disse ontem à Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK) Yvonne Leung, uma das líderes da Federação de Estudantes.

“As novas medidas visam os edifícios e alguns departamentos relacionados com o Governo”, disse a jovem, acrescentando que novos detalhes vão ser anunciados antes do fim de semana.

Horas depois do despejo no bairro de Mong Kok, centenas de manifestantes começaram a en-cher algumas das ruas do distrito, gritando palavras de ordem como “queremos sufrágio universal já”, o que provocou novos confrontos com a polícia, que dispersou ma-nifestantes com recurso a bastões.

OPERAÇÃO DE “LIMPEZA”Na noite de quarta-feira, 55 pes-soas foram detidas. Às 04:00, a polícia dispersou os manifestantes que ameaçaram voltar às ruas de Mong Kok.

A polícia destacou mais de 6.000 agentes para acabar com o acampamento de Mong Kok, numa operação iniciada na terça-feira e terminada na tarde de quarta, altura em que conseguiu restabelecer o tráfego na Nathan Road, uma artéria que estava parcialmente ocupada pelo movimento estudan-til desde 28 de Setembro.

A operação policial resultou em 156 detenções, incluindo a do líder estudantil (do Scholarism) Joshua Wong, e de Lester Shum (Federação dos Estudantes) esta quarta-feira, por obstrução às autoridades.

Um dispositivo especial, for-mado por mais de 3.000 agentes, segundo a imprensa local, vai vi-giar o bairro em causa pelo menos até domingo.

12 hoje macau sexta-feira 28.11.2014PUBLIREPORTAGEM

A Sands China Continua o SeuCompromisso Para a Comunidade Local

A COMPANHIA REVELA UMA SÉRIE DE EVENTOS COMUNITÁRIOS PARA RESIDENTES NESTE OUTONO

A Sands China Ltd. está dedicada a apoiar a comunidade local. Uma das for-mas que a companhia utiliza para atingir este objectivo é através da organização de diferentes eventos comunitários em Macau. Estes eventos visam ajudar a comunidade local de variadas maneiras, como estabelecendo programas de ajuda comunitária, dando oportunidade aos cidadãos locais de interagir com indi-víduos de talento e sucesso, oferecendo experiências inspiradoras e educadoras e

ainda apoiando a indústria criativa local. Como parte deste esforço, a companhia organizou diversos eventos comunitários neste Outono.A Sands China tem sempre mantido uma grande preocupação no bem-estar dos seus hóspedes e clientes; para esse fim, a companhia introduziu um programa de auto-exclusão em 2004 e foi pioneira do seu programa compreensivo de jogo responsável em 2007, com o objectivo de contribuir para o contínuo desenvolvi-

mento da comunidade local, assumindo a sua responsabilidade empresarial no tratamento dos problemas sociais e tam-bém desenvolvendo um ambiente e uma cultura de jogo responsável em Macau.Além disso, a companhia fez uma doação de 200 mil patacas à Caritas Macau para ajudar com as despesas operacionais da instituição. Desde 2004, a Sands China já contribuiu 2.8 milhões de patacas à Caritas Macau através de jantares de caridade e de bazares.

A Sands China Ltd. participou no “Jogo Responsável 2014”, uma iniciativa para promover uma atitude mais

responsável perante o jogo na comunidade local, integrada pelo sexto ano consecutivo na celebração da actual Semana de Acção Promocional do Jogo Responsável. Este ano as iniciativas da companhia incluem: a doação de 450 mil patacas a três organizações não-governamentais – a “Young Men’s Christian Association of Macau”, a “Sheng Kung Hui Macau Social Service Coordination Office” e a “Macau Industrial Evangelistic Fellowship Centre for Problem Gamblers”; a organização de um inquérito sobre jogo responsável entre os seus colaboradores, pelo terceiro ano consecutivo; e ajudar a “Sheng Kung Hui Macau Social Service Coordination Office”a promover a recém-criada linha 24-horas para ajudar indivíduos com problemas de jogo.

A Sands China Ltd. continuou a dar o seu apoio ao Caritas Macau Charity Bazaar pelo quarto ano consecutivo,

ajudando esta instituição de caridade a angariar fundos através da participação num stand com jogos fascinantes e sorteios durante o 45º Caritas Macau Charity Bazaar no Centro Náutico dos Lagos Nam Van que decorreu entre 1 e 2 de Novembro.

N O dia 9 de Novembro, a Sands China Community Academy

organizou um evento comunitário no Cotai Arena durante a visita de David Beckham ao Venetian Macao, onde o ex-jogador da equipa nacional inglesa e do Manchester United participou numa sessão de orientação para 40 jovens das selecções de futebol U15 e U17 de Macau apoiada pela Associação de Futebol de Macau. Depois de assistir a um jogo amigável entre as duas equipas, Beckham ofereceu valiosos comentários aos jogadores e escolheu um membro de cada equipa para receber um prémio pelo seu desempenho. Para finalizar, os jovens tiraram fotos colectivas com este ícone mundial.

P RODUZIDA pelos cantores locais Hyper Lo, AJ e Josie

Ho com o apoio da Sands China Ltd., foi oficialmente lançada no complexo hoteleiro integrado, uma música inspirada pelos combates de boxe que têm tido lugar no Venetian Macao. O trio de cantores vai apresentar a sua canção “Get Ready” ao vivo para o pugilista local Ng Kuok Kun no dia 23 de Novembro, enquanto este caminha para o ringue para o seu duelo agregado no Clash in Cotai II no Cotai Arena. O patrocínio destes três cantores, assim como da produção da música, marca o mais recente esforço da Sands China para promover o talento criativo e cultural de grupos locais através da criação de uma plataforma para apresentação do seus talentos e da introdução aos mercados internacionais.

13hoje macau sexta-feira 28.11.2014 EVENTOS

A cantora de jazz norte-americana Jane Monheit vai actuar no Centro

Cultural de Macau (CCM) dia 31 de Janeiro, às 20h00. Conhecida como uma “diva do jazz” e do cabaré, Monheit pisa palcos pelo mundo inteiro há já 20 anos.

“Ao longo de quase duas décadas que Jane Monheit leva o público a reviver o fascínio de uma era de ouro”, expressa a organização em comunicado. Os concertos da artista são compostos por

Hot Rod Concerto com Keba no sábadoO café Hot Rod, com ar dos anos 50, localizado na zona da Barra, recebe este sábado, a partir das 22 horas, o concerto do músico Keba, inserido na iniciativa “Experimental Post Rock Meets Memphis Soull II”. Segundo a organização do evento, mais músicos serão entretanto confirmados para o evento. O café Hot Rod está localizado na Rua do Almirante Sérgio, nº 290, Bloco 4, edifício Fong Son San. A entrada é gratuita.

MGM Tributo a Amy Winehouse hoje à noiteO MGM vai acolher hoje, a partir das 21 horas no Lions Bar, um concerto de tributo à cantora de blues, jazz, soul e R&B Amy Winehouse. Na voz estará a cantora de Hong Kong Ginger Kwan e a guitarra vai ganhar vida pelas mãos de Robin Banergee, que tocou com Winehouse. Em comunicado, o MGM assegura que os temas ‘Back to Black’, ‘Valerie’, ‘Me and Mr. Jones’ e ‘Tears Dry on Their Own’, vão ser ouvidos bem alto no bar do casino e hotel. Passaram já três anos desde o lançamento do último álbum da artista que, embora tenha sido alvo de mediatismo devido ao seu estilo de vida associado às drogas e álcool, se tornou uma referência no mundo da música actual. Em 2011, a cantora venceu um Grammy pela sua prestação num dueto com o norte-americano Tony Bennett. Robin Banerjee esteve em tour com a cantora durante dois anos, de 2006 a 2008, tendo tocado versões acústicas de vários êxitos de Winehouse. O bilhete para este concerto custa 350 patacas e já está à venda.

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JAZZ JANE MONHEIT NO CENTRO CULTURAL EM JANEIRO

Uma diva em Macaumisturas das músicas mais fa-miliares ao ouvido dos fãs de jazz, como ‘I Won’t Dance’, uma faixa gravada em dueto com Michael Buble, e ‘Cheek to Cheek’ com as composições pop de Lennon/McCartney e Randy Newman.

Além de jazz, Monheit in-terpreta êxitos com sonoridades brasileiras como bossa nova. “Para além do jazz clássico, a diva também é uma apaixonada intérprete de ritmos brasileiros, cantando frequentemente temas do lendário compositor Ivan Lins”, acrescenta ainda o CCM.

‘Never never land’ é o seu primeiro disco e foi lan-çado há 14 anos, mantendo--se na lista da Billboard Jazz por mais de um ano. Até hoje, Monheit conta com vários prémios, incluindo duas nomeações Grammy, em 2003 e 2005.

Na sua estreia em Macau, Jane Monheit é acompanhada por uma banda constituída por músicos de topo. Os bilhetes para o concerto já estão à venda e custam 250, 200, 150 e 100 patacas, dependendo do lugar escolhido.

14 hoje macau sexta-feira 28.11.2014

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LU XUNESCRITOR NATIVO DE SHAOXING

A Norte da província de Zhe-jiang, entre Hangzhou e Nin-gbo, encontra-se Shaoxing, cidade por onde passa a água

que liga o Grande Canal ao mar. Para além de muitas personalidades de vulto que na cidade viveram, como foi o caso de Da Yu, o primeiro soberano da lendá-ria dinastia Xia e de Zhou Enlai, aí nasceu a escritora e revolucionária Qiu Jin, assim como Lu Xun. É ainda o local do mais fa-moso vinho de arroz da China.

A duas horas de autocarro da capital da província de Zhejiang, para Leste de Hangzhou, Shaoxing está rodeado por canais, que pela cidade penetram e permitem às pequenas sampanas nave-gar pelo seu interior, o que lhe dá um imenso charme.

É a terceira vez que aqui vimos e ape-sar de já terem passado nove anos, poucas transformações encontrámos. Ao con-trário do que acontece com outras cida-des, onde os arranha-céus crescem com grande sofreguidão, aqui ainda poucos existem e por isso, os pagodes, que pare-cem indicar os limites de Shaoxing, con-seguem ser perfeitamente visíveis, mesmo à distância. Já o pagode Dashan marca o centro à cidade e fica, durante a nossa es-tadia, como ponto de referência.

José simões morais(TEXTO E FOTOS)

Seguindo pela Rua Jiefang, a prin-cipal e um dos eixos longitudinais da cidade, tem o início nas proximida-des da estação de caminhos-de-ferro e conduz-nos até à zona turística, onde se encontram grande parte dos melhores hotéis e lojas de Shaoxing. Chegamos a um enorme bloco de pe-dra esculpida colocado a meio da rua. Monumento feito em homenagem a Qiu Jin (1877-1907), escritora e re-volucionária que combateu a dinas-tia Qing e às mãos das autoridades manchus foi decapitada. Nascida em Shanyin (Shaoxing) foi estudar para o Japão e quando em 1905, o Dr. Sun Yatsen organizou a Liga Revolucioná-ria Chinesa em Tóquio, Qiu Jin foi a primeira mulher a entrar, sendo eleita presidente da Liga em Zhejiang. Re-

gressou no ano seguinte à China e em Shaoxing foi inspectora administrati-va da Escola Datong, que dava treino militar aos seus estudantes, tendo aí criado um centro para preparar uma insurreição contra a dinastia Qing. Com 29 anos foi presa e executada pelas autoridades Qing, encontrando--se a sua estátua no passeio em frente dessa pedra.

Seguimos depois à procura da Casa memorial onde viveu e trabalhou Zhou Enlai (1898-1976), que entre 1949 e 1976 foi primeiro Primeiro-Ministro da República Popular da China. Após a encontrar numa transversal a Jiefang lu e revendo as fotografias de Zhou Enlai, regressamos e somos apanhados pelo cheiro adocicado que sai de um res-taurante. Estimulado o apetite, prova-

mos a carne de porco confeccionada à maneira de Dongpo, tendo sido a mais saborosa que até hoje provamos.

UM NATIVO DE SHAOXING

Regressando à Rua Jiefang e conti-nuando para Sul chegamos à trans-versal Lu Xun Zhonglu. Já nesta rua, a ocupar um quarteirão, encontra-se a casa do revolucionário escritor e pensador Lu Xun (1881-1936). Se na última visita, o local onde ele nasceu estava em obras, depois de 2003 ficou transformado num grande complexo museológico. Aí se expõe a vida de um dos maiores escritores chineses do século XX e ainda um pouco da história do clã Zhou. Assim ficamos a saber que a família veio viver para a cidade no período do reinado do im-perador Ming Wuzong (1506-1521) e entrara em declínio no século XIX, em parte devido à Rebelião dos Tai-ping.

Lu Xun é o pseudónimo literário de Zhou Zhangshou, que nasceu a 25 de Setembro de 1881 em Shaoxing. Aí estudou até 1897, tendo sido profun-damente influenciado pela erudição e rectidão do professor Shou Huaijian

QUANDO OCORREU O “MOVIMENTO 4 DE MAIO” DE 1919, MANIFESTAÇÃO NACIONALISTA QUE LEVOU OS JOVENS INTELECTUAIS A DESENCADEAREM UMA PEQUENA REVOLUÇÃO CULTURAL E FOI O EMBRIÃO DO PARTIDO COMUNISTA CHINÊS, LU XUN TRABALHAVA NA REVISTA “OS NOVOS JOVENS” CONJUNTAMENTE COM LI DAZHAO, QUE NESSA ALTURA ERA JÁ COMUNISTA

15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 28.11.2014

(1849-1930), cujo nome adoptado era Jingwu. Zhou Zhangshou conti-nuou os estudos na Academia Naval de Jiangnan em Nanjing, que estava ligada ao movimento que preconi-zava o estudo das ideias ocidentais. Em 1898, Zhou Zhangshou mudou o nome para Zhou Shuren, que signifi-ca “homem educado”.

Em 1902, Zhou vai para o Japão, onde aprendeu japonês para poder cursar Medicina, estudos que iniciou em Junho de 1904. O seu primeiro trabalho de tradução foi de uma obra de ficção científica “Viagem para a Lua” que foi publicado no ano de 1903 em Tóquio. Ainda no Japão, em 1905, deu o seu apoio ao Dr. Sun Zhongshan (Sun Yatsen) para a chefia revolucionária, contra a linha reformista de Kang Youwei e Liang Qichao.

Em 1906, Zhou Shuren reflectin-do sobre ser mais importante curar a doença do espírito que a física, deci-diu-se e abandonou o estudo da me-dicina, para se preparar na educação virada para a arte e literatura. Tentou lançar uma revista “Nova Vida”, mas falhou nos seus propósitos. Começou então a publicar na Revista “Henan” uma série de ensaios como ‘A Histó-ria do Ser Humano’ e ‘Ênfase na Li-teratura’. Colaborou também com o seu irmão Zhou Zuoren na tradução do primeiro volume da ‘Colecção de Novelas Estrangeiras’ que saiu em 1909, um pouco antes do seu regres-so à China.

PENSADOR E REVOLUCIONÁRIO

Retornando à China no Verão de 1909, Zhou Shuren trazia como ob-jectivo ajudar a mudar a mentalidade do povo chinês, cuja herança tinha mais de dois mil e quinhentos anos de monarquia. Chegou a Shaoxing trans-formado num pensador e revolucio-nário. Seguiu depois como professor para Hangzhou e no ano seguinte foi ensinar na Escola Secundária Gover-namental da sua terra natal. Ainda em Shaoxing, após a Revolução de 1911, foi nomeado como director da Escola Normal. Ano em que escreveu a sua primeira novela ‘Reminiscência’ onde usava o chinês antigo. Em 1912 foi convidado por Cai Yuanpei a traba-lhar no Departamento de Educação em Nanjing e acompanhando a mu-dança deste departamento para Bei-jing, aí passou a viver.

Publicou uma história curta ‘Diário de um louco’ em Maio de 1918 na re-vista “Os Novos Jovens”. Era uma no-vela escrita com uma nova linguagem, a primeira da nova literatura chinesa, tendo assinado Lu Xun. Nos três anos seguintes continuou a colaboração

nessa revista, agora também como editor, onde saíram de sua autoria mais de meia centena de novelas, en-saios, poemas e traduções, sobretudo de autores russos.

A Revista “Os Novos Jovens” veio revolucionar a literatura chinesa, pro-movendo uma linguagem moderna oposta à clássica, praticada até então.

Quando ocorreu o “Movimento 4 de Maio” de 1919, manifestação na-cionalista que levou os jovens intelec-tuais a desencadearem uma pequena revolução cultural e foi o embrião do Partido Comunista Chinês, Lu Xun trabalhava na Revista “Os Novos Jo-vens” conjuntamente com Li Dazhao, que nessa altura era já comunista.

Famoso como escritor, Lu Xun destacou-se pelos pequenos ensaios cheios de sátira e que varriam todos os aspectos da sociedade, combinan-do conteúdos revolucionários e uma forma artística moderna de escrever, que serviu de modelo para a nova li-teratura em que ele foi um dos pio-neiros. No ano de 1920 foi convida-do para professor na Universidade de Beijing e na Escola Superior da mes-ma cidade.

Publicou no início de 1922, no suplemento do jornal “Notícias Diá-rias”, a que é considerada a sua obra--prima, a novela satírica ‘A verdadeira História de A Q’ que, mal traduzida, foi enviada em 1927 para concurso ao Prémio Nobel da Literatura.

Lu Xun, após o Movimento de 30 de Maio de 1925, passou a apoiar a Revolução, mudando as suas críti-cas literárias quando, entre 1927 e 1928, com Guo Moruo desencadeou o movimento literário revolucioná-rio. Abandonou a actividade literária e dedicou-se ao trabalho da educação revolucionária.

Devido a factores de ordem polí-tica, saiu de Beijing em 1926 e veio trabalhar como professor na Univer-sidade de Xiamen. No início de 1927, Lu Xun estava à frente do Departa-mento de Literatura na Universidade de Zhongshan em Guangzhou.

Nos anos 30 do século XX inte-grou a Liga dos Escritores de Esquer-da (criada em Shanghai em Março de 1930 sobre a liderança do Partido Co-munista Chinês e que contava como membros permanentes do seu comité, Shen Duanxian, Feng Naichao, Qian Xingcun e Tian Han, para além do próprio Lu Xun) e a Liga dos Direitos Civis na China.

Pensador, tradutor, ensaísta e re-volucionário escritor, Lu Xun dedi-cou a vida à causa civilizacional es-crevendo ainda outros livros como “Às Armas”, “Ervas Selvagens’, “Flores da Madrugada”’, ‘Arrancadas ao Anoi-tecer”, “Ar Quente”, “Pouca Sorte”, “Falsa Liberdade”, “Contos Antigos Contados de uma Maneira Nova”, e outros mais.

Entre Outubro de 1927 e 1936 vi-veu em Xangai, vendo-se obrigado a sair da área francesa de Xangai quando o Guomintang considerou os seus li-vros perigosos, tendo recebido avisos de morte em 1933.

Lu Xun morreu de doença a 19 de Outubro de 1936 em Shanghai, onde está sepultado.

Finda a visita ao complexo museo-lógico onde nasceu Lu Xun, voltamos às ruas pedestres, junto aos canais e às suas pontes antigas, deixando-nos fi-car a contemplar o fim de tarde de um dia de Outono.

FAMOSO COMO ESCRITOR, LU XUN DESTACOU-SE PELOS PEQUENOS ENSAIOS CHEIOS DE SÁTIRA E QUE VARRIAM TODOS OS ASPECTOS DA SOCIEDADE, COMBINANDO CONTEÚDOS REVOLUCIONÁRIOS E UMA FORMA ARTÍSTICA MODERNA DE ESCREVER

16 DESPORTO hoje macau sexta-feira 28.11.2014

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ANÚNCIOHM-2ª Vez 28-11-14

Acção de Interdição nº CV1- 14- 0034-CPE 1.º Juízo Cível

Requerente: MINISTÉRIO PÚBLICO. Requerido: LI CHUNG CHEUNG.

***A MERITÍSSIMA JUIZ DO 1.º Juízo CÍVEL DO

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE DA R.A.E.M. FAZ SA-BER que:

Foi distribuída ao 1.º Juízo Cível do Tribunal Ju-dicial de Base de R.A.E.M., a Acção acima mencionada, proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO contra LI CHUNG CHEUNG, do sexo masculino, casado, natural de China, nasci-do a 05/08/1936, titular do B.I.R.M. n.º 1xxx6xx(0), residente em Macau na Estrada de Seac Pai Van, habitação social Lok Kuan, bloco 4, 22.º andar Z, para efeitos de ser declarado a sua interdição por anomalia psíquica.

R.A.E.M., aos 17 de Novembro 2014.

O governo chinês vai promover o ensino do fute-bol nas escolas,

para tentar elevar o nível de um dos raros produtos ‘made in China’ que o país não consegue exportar, revelou ontem a imprensa oficial.

Numa conferência na-cional realizada na quarta--feira, o ministro chinês da Educação, Yuan Guiren, anunciou que o futebol passará a ser “uma parte obrigatória” da disciplina de Educação Física, proporcio-nando aos estudantes mais oportunidades para prati-carem aquela modalidade, disse a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

As escolas irão manter

Ranking da FIFA Portugal e França partilham sétimo lugar Portugal subiu dois lugares no “ranking” da FIFA e subiu ao sétimo lugar da hierarquia, posição que partilha com a França, com 1.160 pontos. A Alemanha, campeão do Mundo, continua na liderança à frente da Argentina e da Colômbia, numa actualização que trouxe alterações nos seis primeiros lugares. Cabo Verde subiu 33 lugares e ocupa agora o 39.º lugar, sendo a sétima melhor selecção africana na tabela. O Irão, de Carlos Queiroz, é 56.º, o Gabão, de Jorge Costa, 64.º e a Etiópia, de Mariano Barreto, 110.º

“RANKING” DA FIFA, APÓS ACTUALIZAÇÃO

1. (1) Alemanha 1.725 pontos2. (2) Argentina 1.538.3. (3) Colômbia 1.450.4. (4) Bélgica 1.414.5. (5) Holanda 1.374.6. (6) Brasil 1.316.7. (9) Portugal 1.160.(7) França 1.160.9.(10) Espanha 1.142.10.(8) Uruguai 1.135.

Taça de Portugal Benfica-Sp.Braga nos oitavos de final

A aposta no “desporto-rei” é uma das determinações do governo da China para os próximos anos

FUTEBOL GOVERNO CHINÊS PROMETE INVESTIR NO ENSINO

Subir de patamar

20.000escolas primárias e

secundárias “focadas na

promoção do futebol” em

2017, objectivo do Governo

um registo do talento fu-tebolístico dos estudantes e o seu desempenho na prática da modalidade contará para a avaliação

global dos alunos, adiantou o governante.

De acordo com o objecti-vo indicado por Yuan Guiren, a China deverá ter em 2017 cerca de 20.000 escolas pri-márias e secundarias “foca-das na promoção do futebol”.

O ministério chinês da Educação tenciona também formar 6.000 professores de futebol até 2015, refere a Xinhua.

NOVOS PROFISSIONAISO futebol só se tornou uma modalidade profissional na China no início da década

de 1990, quando o Partido Comunista Chinês adoptou o sistema de “economia de mercado socialista”, mas apesar dos maus resultados da sua selecção nacional, é o desporto mais popular do país.

Na única vez em que a China se qualificou para a fase final de um Mundial, em 2002, na Coreia do Sul, a selecção chinesa perdeu os três jogos que disputou e não conseguiu marcar qualquer golo.

O GRANDE ADEPTOO actual presidente do país, Xi Jinping, costuma ser apresentado como “grande adepto da modalidade” e o “sonho chinês”, a principal bandeira da sua liderança, destinada a fomentar o “re-juvenescimento da nação chinesa”, estende-se ao futebol.

O sonho, neste caso, tem três etapas: a China voltar a qualificar-se para um Mun-

dial; organizar um Mundial, pela primeira vez, e vir um dia a ganhá-lo, proeza nun-ca alcançada por um país asiático.

Em Outubro de 2012, o Real Madrid e o campeão chinês de futebol, Guan-gzhou Evergrand, criaram uma escola com capacidade para 10.000 alunos, que funciona em regime de internato.

Já este ano, em Pequim, abriu uma escola com o nome de Luís Figo (Win-ning League/Figo Football Academy), dirigida por um antigo treinador do Sporting Clube de Portugal, Joaquim Pedro, que ajudou a formar Cristiano Ronaldo e outras estrelas da modalidade.

OUTROS JOGOS

BENFICA e Sp. Braga vão defron-tar-se nos oitavos de final da Taça

de Portugal. O sorteio realizado esta quinta-feira na sede da Federação, em Lisboa, ditou que o jogo grande da próxima eliminatória será no dia 17 de Dezembro, no Estádio da Luz.

Já o Sporting vai defrontar o Vizela. Os leões voltam assim a ter pela frente uma equipa do Campeo-nato Nacional de Seniores, depois de terem eliminado o Sp. Espinho na ronda anterior (5-0).

“Tal como no sorteio anterior, calhou-nos um adversário forte. Estão reunidas as condições para um grande espectáculo, tal como na eli-minatória frente ao Vit. Guimarães. A equipa está forte e quer continuar na prova. Vai ser um jogo muito difícil e certamente, se pudéssemos, não teríamos escolhido o Benfica para jogar nesta altura. Apesar de tudo, a Taça merece este tipo de jogos. Vai

ser um duelo aliciante e de grande qualidade”, reagiu o director do Sp. Braga Rui Casada.

Já Lourenço Coelho do Benfica lembrou a final da época passada: “Vai ser uma eliminatória muito difícil, perante uma grande equipa, com ambições nesta prova, tal como o Benfica. O nosso objectivo passa por repetir o que fizemos nesta competi-ção na época passada. O ano passado o percurso também foi difícil mas chegámos ao final.”

Belenenses - Freamunde

P. Ferreira - Famalicão

Nacional - Santa Maria

Marítimo - Oriental

Rio Ave - Desp. Chaves

hoje macau sexta-feira 28.11.2014 (F)UTILIDADES 17

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 21 MAX 26 HUM 70-90% • EURO 9 .9 BAHT 0 .2 YUAN 1 .3

ACONTECEU HOJE 28 DE NOVEMBRO

João Corvo fonte da inveja

Nasce Lévi-Strauss, um dos grandes pensadores do século XX• O francês Claude Lévi-Strauss nasceu a 28 de Novembro de 1908 e notabilizou-se como antropólogo, professor e filósofo. Morreu em 2009 e é considerado um dos grandes intelectuais do século XX.Professor honorário do Collège de France, Lévi-Strauss ocupou a cátedra de antropologia social, entre 1959 e 1982. Fez ainda parte da Academia Francesa e foi o primeiro membro a chegar aos 100 anos de vida.Formou-se na Faculdade de Direito de Paris, obtendo a licenciatura antes de ser admitido na Sorbonne, onde se graduou em Filosofia, no ano de 1931. No fim da década de 40 e início da década de 50, continuou a publicar de forma intensa e atingiu o sucesso profissional.Lévi-Strauss publicou uma extensa obra, reconhecida internacionalmente, desde investigações sobre os povos indígenas do Brasil, no início da carreira, até à tese ‘As estruturas elementares do parentesco’, em 1949, entre mui-tos outros trabalhos que foram igualmente bem acolhidos.Depois de conquistar os meios académicos, Lévi-Strauss torna-se um dos intelectuais franceses mais conhecidos, ao publicar ‘Tristes Trópicos’, um livro autobiográfico sobre a sua experiência em solo brasileiro e contacto com os ameríndios, na década de 1930.Apesar de aposentado, Lévi-Strauss continuava a publicar ocasionalmente volumes de meditações sobre artes, música e poesia, bem como reminiscências de seu passado.Claude Lévi-Strauss morreu no dia 30 de Outubro de 2009, poucas semanas antes de completar o 101.º aniversário. O então presidente francês, Nicolas Sarkozy, definiu-o como “um dos maiores etnólogos de todos os tempos”.O jornal The Daily Telegraph afirmou no obituário do antropológo que Lévi-Strauss foi “uma das influências pós-guerra dominantes na vida intelectual francesa e o principal expoente do Estruturalismo nas Ciências sociais”.Hélène Carrère d’Encausse, secretária permanente da Académie Française, foi mais longe no elogio ao homem e à sua obra: “Era um pensador, um filósofo. Nunca encon-traremos outra personalidade à sua altura”.

O QUE FAZER ESTA SEMANA?C I N E M ACineteatro

SALA 1THE HUNGER GAMES:MOCKINGJAY (PART 1) [B]Um filme de: Francis LawrenceCom: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, liam Hemsworth14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 2RISE OF THE LEGEND [C](FALADO EM MANDARIM, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Chow Hin YeungCom: Sammo Hung, Eddie Peng, Zhang Jin, Angelababy14.00, 16.30, 21.30

RISE OF THE LEGEND [3D][C](FALADO EM MANDARIM, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Chow Hin YeungCom: Sammo Hung, Eddie Peng, Zhang Jin, Angelababy19.00

SALA 3THE SNOW WHITE MURDER CASE [C](FALADO EM JAPONÊS, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Yoshihiro NakamuraCom: Mao Inoue, Go Ayano, Nobuaki Kanebo14.30, 16.45, 19.15, 21.30

THE HUNGER GAMES: MOCKINGJAY (PART 1)

Kimmy, XiaoMei e Xiwen são as melhores amigas desde a escola secundá-ria, mas cada uma tem diferentes características: Kimmy é a “rainha” nos namoros, porque muitos homens gostam dela. XiaoMei não tem nenhuma experiência de namoro e Xiwen é uma menina conservadora, que faz tudo de acordo com o planeado. A amizade acaba por ser estragada devido a uma traição de Xiwen e por JiuTian, um rapaz por quem tanto Kimmy, como XiaoMei ficam apaixonadas. Será que depois da tristeza, a amizade regressa? - Flora Fong

“GIRLS”(WONG CHUN CHUN 2014)

• Hoje EXIBIÇÃO DA CURTA-METRAGEM‘THE TRICYCLE THIEF’DE MAXIM BESSMERTNY (THIS IS MY CITY)Albergue SCM, 19h30Entrada livre

CONCERTO DETHE LEGENDARY TIGERMANAlbergue SCM, 20h30Entrada livre

AFTER PARTY DO THIS IS MY CITYLMA, Avenida Coronel MesquitaEntrada livre

CLOCKENFLAP (FESTIVAL DE MÚSICA)Kowloon District, Hong Kong, todo o diaBilhetes a partir de 580 dólares de Hong Kong

• SábadoDIA ABERTO DO IPOR COM DIVERSAS ACTIVIDADESIPOR, das 10h00 às 18h00Entrada livre(algumas actividades necessitam de inscrição)

CLOCKENFLAP (FESTIVAL DE MÚSICA)Kowloon District, Hong Kong, todo o diaBilhetes a partir de 580 dólares de Hong Kong

MERCADO ‘VINTAGE’ Leather Motel, Centro Polytexda Areia Preta, todo o diaEntrada livre

• DomingoCLOCKENFLAP (FESTIVAL DE MÚSICA)Kowloon District, Hong Kong, todo o diaBilhetes a partir de 580 dólares de Hong Kong

MERCADO ‘VINTAGE’ Leather Motel, Centro Polytex da Areia Preta, todo o diaEntrada livre

• DiariamenteEXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS”DE VICTOR MARREIROS(ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store,Rua Almirante SérgioEntrada livre

EXPOSIÇÃO “PÁSSAROSDE MACAU”, DE JOÃO MONTEIRO (ATÉ DIA 29/11)Consulado-geralde Portugal em Macau Entrada livreSe te conheceres, perceberás que não existes.

H O J E H Á F I L M E

18 publicidade hoje macau sexta-feira 28.11.2014

hoje macau sexta-feira 28.11.2014 19OPINIÃO

A distância é tramada. Quem vive distante sabe que sim. A distância, sobretudo se for grande, obriga-nos a longas viagens e aumenta a sensação de ausência, a sensação de que não se está lá. Mas a distância é ópti-ma, também. Estar muito distante faz bem, sabe bem.

A distância, sobretudo se for grande, obriga--nos a deixar o que não interessa na casa da partida, que o excesso de bagagem sai caro. A distância dá-nos outra perspectiva.

Foi com a perspectiva de quem está distante que, no sábado passado, às nove da manhã, abri o microfone da rádio e disse a quem me estava a ouvir que o ex-primeiro--ministro português tinha sido detido. Es-tranha frase para se dizer, que nunca tinha dito. Nem eu, nem ninguém nos 40 anos de democracia em Portugal. Portugal distante, um ex-primeiro-ministro tão distante, e as palavras ali, estranhas.

Desde sábado que, à distância, ouço e leio os comentários que se multiplicam por jornais, televisões, redes sociais. A distância tem sido encurtada pelo facto de a informação ser instantânea: mistura--se num copo de água e já está, pronta a servir sem passar pelo congelador. Vem tudo a quente, o que até tem interesse sociológico: jamais, em momento algum da história, tivemos a percepção de que existe tanta gente no mundo e nunca, como agora, pudemos ter tanto acesso ao modo como pensa (ou, pelo menos, ao modo como pensa em público).

No caso português do ex-primeiro--ministro, ganham em número aqueles que acham que se está a fazer justiça, apesar de a justiça só agora ter entrado em cena. Os defensores são meia dúzia e têm, até

contramãoISABEL [email protected]

O circo

Portugal está habituado a arder. A fazer e a desfazer. Em tudo – na educação, na saúde, na política, na justiça. Faz-se porque agora é que é e depois desfaz-se porque afinal não era. À distância, talvez se faça e desfaça mais uma vez para ficar tudo como está, como sempre foi

ao momento, preferido discutir a questão relevante (mas, ainda assim, acessória) do segredo de justiça, da televisão que estava lá, dos jornais com acesso a informação privilegiada. É com isto também que muitos, sem qualquer espécie de procuração política, se indignam; outros entendem que há alturas em que os meios não interessam desde que se chegue ao fim. Depois há ainda as teorias da conspiração, a questão do timing, os vistos gold da semana passada, as eleições do fim-de-semana.

No meio desta discussão, e pela segunda semana consecutiva, eu, portuguesa distante, escrevo sobre a vergonha. A detenção de um ex-primeiro-ministro, à esquerda, à direita, do centro ou vindo do céu, é uma vergonha – não em relação aos outros, mas em relação a nós, em relação ao que andamos a fazer, em relação ao que somos. A detenção de um ex-primeiro-ministro, seja ele José Sócrates, o antecessor ou o sucessor, é um motivo de tristeza. Uma tristeza a que muitos dão a volta com o instantâneo humor nacional.

Uma tristeza de que eu, mesmo distante, não me consigo rir.

Depois de uma crise demasiado longa e de uma brutal falta de esperança, à entrada de um ano de eleições e de possíveis ilusões (com ou sem desilusões), a detenção de um ex-primeiro-ministro vem, com efeitos imediatos, aumentar o descrédito em relação à política e aos políticos que Portugal tem. Há quem diga que isso é bom, que o regime precisa de ser abanado, de ir ao chão para depois se começar qualquer coisa de novo. E eu não concordo – quem vive em Portugal merece ter paz de espírito para poder respirar.

A detenção de um ex-primeiro-ministro – inocente até à data, mas sob o qual recaem suspeitas fortes que justificam, para a justiça, a detenção – é um motivo de tristeza por-que Portugal já era triste o suficiente antes de sábado, e eu não sei se restam forças e vontade a quem (ainda) lá está para exigir mais e melhor, para que o ciclo não continue, para que o circo não continue.

Portugal está habituado a arder. A fazer e a desfazer. Em tudo – na educação, na saúde, na política, na justiça. Faz-se porque agora é que é e depois desfaz-se porque afinal não era. Talvez se faça e desfaça mais uma vez para ficar tudo como está, como sempre foi. E um dia destes talvez isto não tenha qualquer importância – será mais um caso para a história compendiar.

Entretanto, há quem apanhe o autocarro todos os dias para ir trabalhar. Os filhos vão continuar a ir para a escola, sem saberem muito bem para que serve a escola. Os polí-ticos vão continuar a usar mais ou menos as mesmas gravatas, com o nó mais ou menos apertado. A informação vai ser cada vez mais instantânea, sem necessidade de copo de água para misturar.

A distância é tramada. Mas há dias que ainda bem que existe.

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hoje macau sexta-feira 28.11.2014

“There are multiple mitigation pathways that are likely to limit warming to below 2°C relative to pre-industrial levels. These pathways would require substantial emissions reductions over the next few decades and near zero emissions of CO2 and other long-lived GHGs by the end of the century. Implementing such reductions poses substantial technological, economic, social, and institutional challenges, which increase with delays in additional mitigation and if key technologies are not available. Limiting warming to lower or higher levels involves similar challenges, but on different timescales.”

Climate Change 2014: Impacts, Adaptation and Vulnerability – Summary for Policymakers – Fifth

Assessment Report of the IPCC –Geneva, 01.11.2014

A “Conferência das Partes (COP 20) ”, que se inicia, a 1 de Dezembro de 2014, em Lima, como órgão máximo da “Conven-ção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC na sigla inglesa) ”, terá a res-ponsabilidade de fazer

que todos os participantes activos, cheguem a um consenso que permita a elaboração do “Acordo Universal sobre o Clima”, a ser assinado na “COP 21”, que se realiza, entre 1 e 15 de Dezembro de 2015, em Paris.

A energia desempenha um papel funda-mental nas questões relativas às mudanças climáticas, dado que 80 por cento da energia mundial fornecida, resulta da queima de combustíveis fósseis que libertam dióxido de carbono e outros poluentes atmosféricos. A procura energética aumenta com a expansão da riqueza mundial, e com o crescimento da população que se prevê, ser de nove mil milhões de pessoas, em 2050, bem como os esforços para proporcionar energia eléctrica aos mil e quatrocentos milhões de pessoas não têm acesso a fontes modernas de energia, ou seja, vivem sem electricidade.

É essencial realizar a mudança para fontes de energia renováveis, como a solar, eólica e geotérmica, bem como aumentar a eficiência energética dos electrodomésticos, edifícios, iluminação e veículos de forma a utilizarem os recursos do planeta de forma mais sustentável, diversificar as economias e fazer face de forma satisfatória ao desafio das mudanças climáticas.

A “Energia Sustentável para Todos” é uma iniciativa liderada pela ONU e pelo Banco Mundial. A iniciativa tem como ob-jectivo, aumentar a consciencialização sobre a eficiência energética e o acesso sustentável aos recursos naturais. A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2012, como o “Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos” que teve como pilar principal a chamada de atenção para a importância que revestia o aumento do acesso à energia renovável, em todas as regiões do mundo.

A dependência de recursos da biomassa tradicional, como o carvão destinado às actividades diárias, como aquecimento e confecção de alimentos serve três mil

A energia e as mudanças climáticas

milhões de pessoas. Os serviços de energia têm um impacto profundo na saúde, educa-ção, segurança alimentar, produtividade e comunicações. A falta de acesso a energias limpas e acessíveis entrava o desenvolvi-mento socioeconómico e humano de muitas comunidades.

O acesso à energia sustentável é igual-mente, um dos mecanismos para se alcan-çarem os “Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM).” A iniciativa “Energia Sustentável para Todos”, estabelece 2030, como objectivo para duplicar a taxa global de aumento da eficiência energética, bem como a percentagem de energias renováveis na matriz energética mundial e garantir o acesso universal a serviços energéticos modernos.

Os governos, empresas privadas e orga-nizações da sociedade civil trabalham no sentido de ampliar, fortalecer e unificar as nu-merosas iniciativas dirigidas a impulsionar as medidas necessárias ao sector energético, e entre as iniciativas de eficiência energética em curso, encontram-se as alianças para a iluminação eficiente, normas de rendimento dos electrodomésticos, eficiência de edifí-cios, deficiência do combustível dos veículos e redução das emissões de carbono negro dos veículos de transporte de mercadorias e privados.

As iniciativas de energia renovável, en-tre outras, encontram um interconector de energia renovável que une os sistemas de intercâmbio de energia da África Oriental e Meridional, e um quadro de acção dirigido aos pequenos “Estados Insulares em Desen-volvimento” para fazerem um maior uso das energias renováveis. As duas iniciativas têm por fim o uso das associações regionais e mundiais para fazer face à crescente procura energética.

A “Plataforma de Aceleração da Eficiên-cia Energética” serve de organização, com o fim de coordenar a acção das cidades, regiões e governos nacionais, conjuntamente com as empresas e as organizações da sociedade civil, no compromisso da adopção das suas metas e planos de acção ambiciosos.

O objectivo é duplicar a taxa mundial de aumento da eficiência energética, e os com-promissos podem ser realizados por meio de vários aceleradores da eficiência energética. Os quadros de acção, aumentam o uso de produtos e edifícios eficientes, desde o ponto de vista energético e estabelecem políticas de eficiência energética, como são a “Iniciativa Mundial para a Poupança de Combustível”, o “Acelerador da eficiência energética na iluminação pública”, o “Acelerador da efi-ciência energética dos electrodomésticos”, o “Acelerador da eficiência energética dos edifícios” e o “Acelerador da eficiência e da competência”.

Quanto às energias renováveis, o “Corre-dor de Energia Limpa de África (ACEC na sigla inglesa) ”, é uma iniciativa regional que tem por objectivo transformar a matriz ener-gética de África, através do desenvolvimento de fontes de energia renovável e a criação de uma rede de transmissão de energia eléctrica limpa de oito mil quilómetros de comprimen-to, desde o Egipto à África do Sul, servindo para apoiar o crescimento sustentável das necessidades energéticas de África.

O ACEC desenvolverá a expansão das energias renováveis, com o apoio dos países dos sistemas de intercâmbio de energia da África Oriental e Meridional, utilizando uma

É universal o consenso de que as energias renováveis, cada vez mais competitivas economicamente, são soluções indispensáveis

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visão regional coordenada para o desenvol-vimento e planeamento energético e apoiará o desenvolvimento económico de África.

A “Aliança Geotérmica Mundial”, apoiará o trabalho geotérmico no quadro do ACEC. O seu objectivo geral é estimular as iniciativas de cooperação para a utilização da energia geotérmica por meio de con-versações e uma plataforma para partilhar recursos. Simultaneamente, desenvolverá melhores práticas, conhecimentos, desen-volvimento de competências e modelos de financiamento inovadores.

A “Iniciativa sobre os Faróis dos Peque-nos Estados Insulares em Desenvolvimen-to”, constitui um esforço conjunto desses Estados e dos seus parceiros para garantir um futuro energético limpo, através da transição para energias renováveis, e pro-porcionará um quadro de acção para apoiar tal transformação por meio da identificação das iniciativas em curso, determinação das lagoas e dos obstáculos que entravam o uso das energias renováveis e a disponibilidade de recursos, informação e dados analíticos essenciais para alcançarem um futuro ener-gético sustentável.

A transição dos “Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento” para um maior uso das energias renováveis, pode proporcionar lições valiosas à comunidade mundial. A transformação da economia mundial para uma via de desenvolvimento com baixas emissões de carbono e que fa-voreça a resiliência às mudanças climáticas, implica um investimento de muitas dezenas de milhares de milhões de dólares. A fim de conseguir este objectivo, tanto os governos, como os principais interlocutores financei-ros, devem comprometer-se a incrementar, em grande parte, o financiamento público e privado para fazer face ao crescente desafio que representam as mudanças climáticas.

O Secretário-geral da ONU, durante a “Cimeira sobre o Clima”, realizada a 23 de Setembro de 2014, em Nova Iorque, conside-rou que o financiamento climático é um ele-mento básico da discussão sobre as mudanças climáticas e das negociações internacionais em curso. O progresso na mobilização do fi-nanciamento climático reforça as perspectivas de concluir as conversações relativas ao novo acordo sobre o clima, em 2015.

A reunião sobre o financiamento cli-mático, que se realizou na “Cimeira sobre o Clima”, demonstrou que é essencial a contribuição de fundos públicos de cem mil milhões de dólares por ano, a partir de 2020, que constituem o Fundo Verde Climático (GCF na sigla inglesa), acordado pelos 193 países participantes, com o fim de ajudar os países menos desenvolvidos no seu combate pela protecção ambiental.

O GFC é criado dentro da UNFCCC e terá como órgãos um conselho constituído por vinte e quatro países membros, um fi-deicomissário que será inicialmente o Banco Mundial, e uma comissão de transmissão, constituída por quarenta países, sendo quinze países desenvolvidos e os restantes serão países em desenvolvimento. Existe ainda, o compromisso de garantir trinta mil milhões de dólares de financiamento rápido, para cobrir as despesas realizadas no período de 2008 a 2012.

A “Cimeira sobre o Clima” também

debateu, o papel catalítico do financiamento público, especialmente através de bancos de desenvolvimento multilaterais, quando che-gasse o momento de libertar investimentos privados para se conseguir economias com baixas emissões de carbono e que tenham resiliência às mudanças climáticas. A reunião registou, que pelo lado do sector privado, a adesão às crescentes correntes de capital privado para as infra-estruturas com baixas emissões de carbono e com capacidade de resiliência às mudanças climáticas. Tais correntes, estão a encontrar oportunidades de investimento seguro e rentável que contam com a vantagem adicional de que reduzem a exposição ao risco relativamente às mu-danças climáticas.

É de considerar que será dado um especial atendimento ao trabalho dos investidores institucionais, bancos e entidades de finan-ciamento ao desenvolvimento. O panorama geral do financiamento, incluirá um amplo

conjunto de disposições sobre o aumento do preço do carbono, o uso cada vez maior dos mercados de capital e a promoção de instrumentos financeiros inovadores para a redução do risco climático e dos desastres.

A reunião sobre o financiamento climá-tico teve por objecto destacar as metas e a liderança dos interlocutores do sector públi-co e privado quando chegasse o momento de alargar de forma significativa o financia-mento das actividades com baixas emissões de carbono e com capacidade de resiliência às mudanças climáticas e de aumentar a sua capacidade financeira às tecnologias, empresas e activos com baixas emissões de carbono e inteligente em termos climáticos, bem como, ficou registada a necessidade de contar com políticas e legislação adequadas, e cuja carência magistral é facto reincidente em quase todos os países do mundo.

O “Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC na sigla ingle-sa) ” apresentou o “Relatório Síntese (SYR na sigla inglesa) ”, que é parte do “Quinto Relatório de Avaliação (AR5 na sigla inglesa, ainda não publicado) ”, em Copenhaga, a 1 de Novembro de 2014, dando a entender que a adopção de medidas reguladoras quanto às emissões de gases com efeito de estufa são impreteríveis, pois o fenómeno, se não for controlado imediatamente, aumentará a probabilidade de impactos mais sérios, invasivos e sem retorno para os ecossistemas.

O Secretário-geral da ONU, afirmou aquando da apresentação do SYR, que se não fossem tomadas as providências neces-sárias, a oportunidade de manter o aumento da temperatura global abaixo da meta de 2ºC não seria possível nos próximos dez anos.

O novo AR5 é considerado o mais abrangente sobre o tema, e vem mostrar que, mesmo suspendendo as emissões de carbo-no de imediato, ainda levaria um período muito longo, para a situação do clima fosse normalizada. Todavia, é animadora a con-clusão dos especialistas de que existem boas condições para podermos viver no futuro, num planeta mais sustentável, com acções rápidas e uso de tecnologias e instrumentos que se encontram disponíveis.

É universal o consenso de que as ener-gias renováveis, cada vez mais competitivas economicamente, são soluções indispen-sáveis. É preciso olhar com muita atenção para as demais fontes energéticas presentes na nossa pródiga natureza. É de salientar que os países mais pobres e vulneráveis, que são as maiores vítimas do aquecimento global, são as que menos contribuíram para potencializar o problema. É importante que o “Acordo Universal sobre o Clima” a ser assinado durante a “COP 21”, em 2015, em Paris, considere as acções realizadas e estabeleça uma metodologia para quan-tificar e qualificar as responsabilidades antecedentes dos países pelas emissões de carbono.

Os danos causados ao planeta não pode-rão voltar ao “status quo ante” e as recomen-dações do IPCC, apenas valerão para não agravar a situação actual, que conduziria à morte do planeta e da vida, sendo o demais filosofia política, contraditada pela ciência, que nem tudo revela, em favor da expec-tativa posta na educação, sensibilização e responsabilização de todos, pela mudança de mentalidade que gere actividades mais consentâneas com o ambiente.

Os danos causados ao planeta não poderão voltar ao “status quo ante” e as recomendações do IPCC, apenas valerão para não agravar a situação actual, que conduziria à mortedo planeta e da vida

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

cartoon por Stephff ÉBOLA

JANNIKA ANNE OTTE, ESTUDANTE DE MESTRADO EM INTERCÂMBIO

“MACAU DÁ VIDA ÀS TEORIAS COM AS QUAIS TRABALHO”

22 PERFIL hoje macau sexta-feira 28.11.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

D A primeira vez que esteve em Macau, durante alguns meses, ficou com uma vontade enorme de regressar. Por cá,

deixou amigos de várias nacionalidades. Quis o destino que regressasse por mais três meses ao território, que tantas saudades lhe deixou.

Jannika Anne Otte é alemã, fala e escreve um português quase perfeito e está em Macau porque esta pequena terra representa para a sua investigação um caso de estudo.

“O tema da minha tese são as políticas de identidade no mundo pós-colonial. Então estudo o discurso oficial sobre a identidade de Macau, do Governo, e as reacções não oficiais”, conta ao HM. As investigações sobre o território são feitas em parceria com a Universidade de Macau.

Estuda na Universidade de Heilderberg e escolheu um mestrado que vai além das questões culturais, porque procurava outras respostas na hora de continuar os estudos após a licenciatura.

“A minha [licenciatura] é uma mistura entre algo que se chama, em alemão, ‘Ro-manistik’ - linguística e tradução. Sempre gostei muito da parte de estudos regionais e culturais, mas também achei que eram

Gosto de pesquisar sítios individuais para perceber melhor um fenómenoque se repete em muitos outros sítios masem graus diferentes

muito limitados a uma região ou nação. Então procurei um mestrado, que inclui não apenas a cultura mas vê os lados económicos, políticos e sociais”, conta-nos, enquanto confessa que é o que gosta de fazer. “Dá-me muita liberdade e ao mesmo tempo apoio nos meus interesses e na minha pesquisa individual”, revela.

No seu trabalho académico, Macau acaba por se revelar uma “zona de contacto”, um exemplo de “culturas que surgiram e cres-ceram por influência mútua”.

“Gosto de pesquisar sítios individuais para perceber melhor um fenómeno que se repete em muitos outros sítios mas em graus diferentes. Macau é um exemplo que dá vida às teorias com as quais trabalho e, às vezes, até me faz desconstruir essas teorias e repensá-las”, considera Jannika.

O CONTACTO COM O PORTUGUÊSApesar de ter um namorado português, o contacto com o idioma de Camões começou muito antes. Mas, como nos conta Jannika, não foi nada fácil ao início.

“Aprendi a língua quando estava a participar num programa de voluntariado em Portugal, a tentar sobreviver”, diz-nos a rir. “Depois comecei a tirar cursos na Universidade do Minho, que continuei na Universidade de Heildeberg. Só deixei de

estudar português há dois anos, por falta de tempo.” Jannika fez voluntariado na área social e chegou a trabalhar como tradutora em regime ‘freelance’.

Mesmo tendo nascido num país do centro da Europa, Jannika vê-se a viver em Macau, por ser uma mistura de várias coisas, onde os ponteiros do relógio nunca param.

“Gosto muito dos contrastes – da loucura de Macau, da conveniência da Taipa e da calma de Coloane.”

Jannika acha que é fundamental a protec-ção do património de matriz portuguesa que ainda resta no território e a atracção de outro tipo de turistas – aqueles que não procuram apenas consumir e jogar nos casinos.

“Continuo a pensar que a cultura aqui é especial, mas não é nem vai ser de graça. Acho muito, muito importante proteger melhor o património para também proteger a diferença entre Macau e as restantes cidades chinesas.”

Jannika deixa o território daqui a algu-mas semanas, por forma a concluir a sua dissertação na Alemanha. Mas embora tenha estado apenas alguns meses a Oriente, a estudante já ficou com uma perspectiva sobre as consequências sociais dos casi-nos. “Não creio que alguma vez vi tanta mudanças em pessoas por causa de um factor económico.”

Na perspectiva de Jannika Anne Otte, as pessoas tornaram-se “muito ambíguas”. “Estão extremamente stressadas com a situação dos turistas que inundam Macau. Estão constantemente na dúvida se não deviam simplesmente trabalhar num casi-no e fazer dinheiro fácil. Mesmo amigos meus, que têm uma educação universitária e sonhos...se alguém me oferecesse 20 mil patacas se calhar também deixava de ir às aulas”, remata.

Contudo, a realidade atravessa-lhe pos-síveis perspectivas de futuro na China. “É mais na teoria, porque na prática não há aqui emprego para pessoas como eu. Acaba por ser mais difícil encontrar algo em cidades mais pequenas, a variedade de emprego é reduzida e a economia aqui é muito baseada nos casinos”, considera.

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L I G U E - S E • PA R T I L H E • V I C I E - S E

POR CARLOS MORAIS JOSÉ

www.hojemacau.

com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

DIÁRIO 23DE BORDO

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O PRIMEIRO-MINISTRO espanhol, Mariano Rajoy, regressa ao lugar depois de um discurso no Parlamento, onde foi discutida a corrupção na política. A sessão teve lugar um dia depois de Ana Mato, ministra da Saúde, se ter demitido acusada de envolvimento num caso de corrupção. Rajoy pede mais leis para lutar contra este crime na política.

“Façamos a conta: em planos normais, paga-se meramente 0.1 patacas por cada MB. Nos planos adicionais que as operadoras oferecem, paga-se entre 6 a 20 patacas por cada MB. Essa grande diferença é uma armadilha a que a DSRT deve dar atenção,

regulamentar e supervisionar para diminuir estes preços a um nível razoável”Lam U Tou, o vice-presidente da Associação Choi In Tong Sam | P. 8

“É uma situação complicada e espero que o diploma possa abarcar os trabalhadores da Função Pública, já que as formas de contratação são cada vez mais parecidas com as do sector privado”PEREIRA COUTINHO• Deputado, sobre o novo Regimede Reparação dos Danos Emergentes de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais

“Gostava que os preços das lojas não fizessem desaparecer tudoo que é característicode Macau e que estáa ser substituído por espaços sem almanem personalidadee que nada têm quever com o sítio onde estão inseridos” AMÉLIA ANTÓNIO• Presidente da Casa de Portugal,sobre o Centro Histórico

“Quem sabe se no aprofundamento da “teoria do caos “ não se encontrará na origem do tufão a explicação da origem do universo?”LUÍS SÁ CUNHA

É UM destino, uma maldição, uma fé: a espera. Muito se espera nesta vida. Por isto e por aquilo, por este, por outro e por aqueloutro. Esperamos pelos amigos, pelos colegas, pelos transportes e pelas burocracias; esperamos nas filas dos bancos. Esperamos pelo salário e pelas contas. Esperamos por uma vida me-lhor e esperamos pela morte. Ou seja, passamos uma fatia considerável da vida à espera e, muitas vezes, a outra parte a desesperar.Quem espera é porque ain-da tem esperança que algo chegue, que alguma coisa aconteça. A não ser assim, desesperava, ia-se embora. Mas a gente, na maior parte dos casos, tem uma paciên-cia infinita e uma esperança capaz de encher o pavilhão multiusos do COTAI e dois Venetians. E continuamos à espera.Na missa católica, também nos dizem para esperar, “em jubilosa esperança”, a última vinda de Cristo, o Salvador. Ora aqui temos uma injecção de alegria na esperança, o que pode confortar a espera. Seja como for, cá está a espera, sempre a espera.Mas, afinal, se estamos sempre à espera de qualquer coisa, po-deremos considerar que existe um atributo comum a todos os entes e situações que nos fazem esperar: exactamente o facto de nos fazerem esperar. Tomemos este atributo como substancial e criemos um ser, uma entidade própria, a quem terá sido destinada uma mis-são: fazer-nos esperar.Terá sido esta criatura que in-ventou o ditado “quem espera sempre alcança”, que a expe-riência se atreve a desmentir desde os bancos da escola e repete no mundo do trabalho. Falta-nos dar um nome a esta neo-divindade, que tanto ha-bitou o mundo antigo como hoje impera nas redes de computadores. Deixarei tão espinhosa tarefa à erudição dos nossos leitores. Recomen-do, contudo, a abertura diária do Palácio da Praia Grande, reconvertido em templo a novo deus, pois multidões ululantes são, desde há muito, seus fiéis seguidores e nesse altar esperam encontrar os seus apóstolos.

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hoje macau sexta-feira 28.11.2014

O S cigarros electrónicos contêm até dez vezes mais agentes canceríge-

nos do que o tabaco convencional, de acordo com uma investigação levada a cabo por uma equipa de cientistas japoneses, revelada ontem.

Uma equipa de investigado-res, comissionada pelo Ministério da Saúde do Japão, descobriu cancerígenos, como formaldeído e acetaldeído, no vapor produ-zido por vários tipos de líquido existentes no cigarro electrónico, informou a televisão TBS.

O nível de formaldeído é dez vezes superior ao detectado no fumo dos cigarros convencionais, indicou a TBS.

A investigação da equipa do Instituto Nacional de Saúde Pública, liderada pela cientista Naoki Kunugita, foi entregue ontem ao Governo, segundo a estação televisiva.

À semelhança de um vasto universo de jurisdições, o Japão não tem regulamentação para os cigarros electrónicos, os quais podem ser comprados com facilidade através da Internet. Contudo, ao contrário de al-guns países do Ocidente, não estão disponíveis para venda nas lojas.

PERIGO IMINENTEEm Agosto, a Organização Mun-dial de Saúde (OMS) recomendou a proibição de venda de cigarros electrónicos a menores de idade, por considerar que o consumo acarreta “ameaças graves” para os adolescentes e fetos.

Os peritos aconselharam também a interdição ao con-sumo de cigarros electrónicos

Venetian Mundo do Gelo regressa a Macau O Venetian volta a trazer o ‘Mundo do Gelo’ ao território. A iniciativa, que começou ontem, vai já na sua 4ª edição e conta com a participação da DreamWorks. Os visitantes vão ser transportados por um mundo cheio de várias personagens conhecidas do mundo da animação, com os pinguins de Madagáscar à mistura. Parte da ‘Experiência de Inverno Dreamworks’ é uma exposição de esculturas em gelo. O ‘Mundo do Gelo’ estará aberto ao público até 8 de Março, das 11 às 20 horas todos os dias. As pessoas terão oportunidade de estar com várias personagens do filme ‘Madagáscar’, que integra uma zebra, um leão e pinguins, ao mesmo tempo que passeiam pelas praças venezianas do centro comerciais cobertas de neve. Os bilhetes para a exposição custam 120 patacas por pessoa e 312 patacas para uma família de duas crianças e dois adultos.

CIGARROS ELECTRÓNICOS MAIS CANCERÍGENOS

Líquidos assassinosSegundo investigadores japoneses,os componentes existentes nos cigarros electrónicos são substancialmentemais perigosos do que os contidosno tabaco convencional

em espaços públicos fechados, segundo um documento publi-cado pela OMS.

Um estudo realizado por investigadores britânicos, di-vulgado no final de Julho pela publicação científica Science-Daily, aponta, por outro lado, o cigarro electrónico como sendo menos prejudicial do que o tabaco convencional.

De acordo com a Science-Daily, a revisão feita pelos in-vestigadores da Universidade de Queen Mary de Londres concluiu que, apesar dos efeitos do uso dos cigarros electrónicos serem desconhecidos, são menos pre-judiciais comparativamente aos cigarros convencionais.

A revisão científica foi con-duzida por uma equipa interna-cional que lidera há anos pesqui-sas sobre os efeitos do tabaco.