hoje macau 1 nov 2013 #2966

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PUB AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 PUB Ter para ler DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 1 DE NOVEMBRO DE 2013 • ANO XIII • Nº 2966 CHINA FALTA DE ÁGUA AFECTA PROVÍNCIA DE YUNNAN PÁGINA 8 • NOMEAÇÃO DE PETER LAM Conselho Executivo ganhou um “trabalhador” PÁGINA 3 • FUNDOS PÚBLICOS Governo atribuiu 258 milhões em apenas três meses PÁGINA 6 • ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Chefe do Executivo apresenta LAG no dia 12 de Novembro PÁGINA 2 UMAC Inauguração do novo campus com 60 edifícios por entregar PUB ENTREVISTA NUNO BALTAZAR “MUDANÇA NAQUILO QUE O CONSUMIDOR CHINÊS PROCURA” CENTRAIS Falsa partida A inauguração do novo campus da Universidade de Macau na Ilha da Montanha está marcada, com pompa e circunstância, para a próxima terça-feira, dia 5 de Novembro. O problema é que a construtora Nam Yue ainda não entregou a maioria dos edifícios à universidade. Em mis- siva interna da UMAC, que o HM teve acesso, o reitor Wei Zhao fala de “muitos desafios pela frente” e dá a entender que a mudança total de instalações pode ser uma realidade muito para além do falado segundo semestre. É caso para perguntar: inaugurar o quê? PÁGINA 5

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Edição do jornal Hoje Macau N.º2966 de 1 de Novembro de 2013.

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Page 1: Hoje Macau 1 NOV 2013 #2966

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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MOP$10

PUB

Ter para lerDIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FE IRA 1 DE NOVEMBRO DE 2013 • ANO X I I I • Nº 2966

CHINA FALTA DE ÁGUA AFECTA PROVÍNCIA DE YUNNAN PÁGINA 8

• NOMEAÇÃO DE PETER LAM

Conselho Executivo ganhou um “trabalhador”

PÁGINA 3

• FUNDOS PÚBLICOS

Governo atribuiu 258 milhões em apenas três meses

PÁGINA 6

• ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

Chefe do Executivo apresenta LAG no dia 12 de Novembro

PÁGINA 2

UMAC Inauguração do novo campuscom 60 edifícios por entregar

PUB

• ENTREVISTA NUNO BALTAZAR

“MUDANÇA NAQUILO QUE O CONSUMIDOR CHINÊS PROCURA”

CENTRAIS

Falsa partidaA inauguração do novo campus da Universidade de Macau na Ilha da Montanha está marcada, com pompa e circunstância, para a próxima terça-feira, dia 5 de Novembro. O problema é que a construtora Nam Yue ainda não entregou a maioria dos edifícios à universidade. Em mis-siva interna da UMAC, que o HM teve acesso, o reitor Wei Zhao fala de “muitos desafios pela frente” e dá a entender que a mudança total de instalações pode ser uma realidade muito para além do falado segundo semestre. É caso para perguntar: inaugurar o quê? PÁGINA 5

Page 2: Hoje Macau 1 NOV 2013 #2966

SECRETÁRIOS NA AL

2 hoje macau sexta-feira 1.11.2013POLÍTICA

JOANA FREITAS*[email protected]

V ÃO ser 12 dias. O Chefe do Exe-cutivo, Chui Sai On, vai apresen-

tar o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano já no dia 12 de Novembro e cada secretário terá dois dias para apresentar as políticas defi-nidas para a sua área.

O relatório das LAG ainda não se encontra dispo-nível, mas o HM contactou alguns deputados, para saber o que espera quem faz o hemiciclo. Apenas três dos sete contactados se disponi-bilizaram a falar.

Para Kwan Tsui Hang, dos operários, o emprego e a habitação são os pontos primordiais que preocupam a deputada. A deputada diz ao HM que espera que o Chefe do Executivo trace algumas medidas concretas sobre os dois assuntos e coloca a tónica no que tem sido a sua luta constante: a importação de trabalhadores. “Apesar das questões da habitação, queria que o Chefe do Exe-cutivo desse mais atenção aos trabalhadores. Macau parece que tem um bom ambiente

CECÍLIA L [email protected]

A NGELA Leong pediu on-tem ao Governo para regu-lar as pessoas que excedem

o tempo de permanência autorizado em Macau. Em interpelação escrita, a deputada lembrou uma notícia que dava conta de que uma pessoa não residente rasgou o seu passaporte antes de expirar o visto para depois comunicar o extravio às autori-dades para ter a oportunidade de continuar a permanecer em Macau.

O problema, sugere, é que como a RAEM não tem acordos de cooperação com alguns países, a pessoa não pode ser expatriada e as autoridades apenas podem emitir permissão de permanência. “Com o desenvolvimento económico, Macau atrai cada vez mais pessoas,

Novo Macau entregou proposta à DSAL sobre salário mínimoA Associação Novo Macau (ANM) entregou ontem uma proposta à Direcção para os Serviços de Assuntos Laboral (DSAL) na qual recomenda que o valor do salário mínimo seja de, pelo menos, 30 patacas. A ANM considera que o sectores de limpeza e segurança não devem ser os únicos beneficiados pelo salário mínimo e, por isso, recomenda ao Governo criar um mecanismo para ajudar os patrões a executar o salário mínimo no primeiro ano, ou seja, 70% do total e o restante ficaria a cargo do Executivo. Além disso, o Governo deve criar um mecanismo de ajuste para o salário mínimo ligar a média de rendimento.

AL CHEFE DO EXECUTIVO APRESENTA LAG PARA 2014 NO PRÓXIMO DIA 12

Deputados pedem mais do mesmo

• 21 e 22 Novembro Administração e Justiça

• 25 e 26 Novembro Economia e Finanças

• 28 e 29 Novembro Segurança

• 2 e 3 Dezembro Assuntos Sociais e Cultura

• 5 e 6 Novembro Transportes e Obras Públicas

para emprego, mas os traba-lhadores estão sempre preo-cupados, porque o que vemos é sempre a importação de mais trabalhadores, explica. Kwan frisa que a importação de trabalhadores pode causar muitos problemas. “Às vezes não influencia a apenas o em-prego dos residentes locais, mas também o salário deles.”

Se nada mudou nos pedi-dos feitos pela representante dos operários na AL, tam-bém não é na ala democrata que vamos encontrar pedi-dos diferentes dos que já têm vindo a ser feitos. Au Kam San e Ng Kuok Cheong, os dois únicos deputados da Associação Novo Macau que se mantiveram no hemi-ciclo, esperam que o Chefe do Executivo dê mais aten-ção à habitação e evocam, mais uma vez, a questão

dos terrenos. “Acho que se devia resolver primeiro a necessidade de habitação económica, fazendo baixar as queixas da sociedade”, apontou Au Kam San. “Acho

que o Governo tem que fazer melhorias na forma como gere as suas receitas. Pode usar o dinheiro para resol-ver os problemas sociais, nomeadamente a questão da habitação.”

Já Ng Kuok Cheong vai mais longe, apesar de subs-crever os pedidos do colega de bancada. “Em 2004 e 2009, as políticas de habita-ção tiveram muito impacto: de repente termina a cons-trução de habitação pública e, em 2009, é apresentada a nova lei de habitação eco-nómica. Tudo isto surgiu como um negócio, não como

necessidade. As terras que vão nascer nos novos aterros têm mais possibilidade de ser concessionadas aos em-presários que têm interesses com o Governo do que aos residentes.”

Ng Kuok Cheong mos-tra-se pessimista, dizendo acreditar que, com a reelei-ção quase certa do Chefe do Executivo no próximo ano, a política de importação de trabalhadores estrangeiros vai ser mais aberta e não apenas para os casinos, mas também para as PME. O deputado não frisa exacta-mente o que pretende ouvir

ANGELA LEONG PEDE AO GOVERNO PARA REGULAR A PERMANÊNCIA ILEGAL DE ESTRANGEIROS

“Segurança pública de Macau” em risco

da boca do líder do Governo na apresentação das LAG, mas traça bem os desejos do que pretende. “Estou a esperar a mudança dos secretários. A maioria dos secretários são os mesmos do antigo Chefe do Execu-tivo. Chui Sai On precisa de assessores de confiança, nos últimos anos, quando houve eleição do Chefe do Executivo isso foi sempre uma oportunidade para trocas de interesses.”

Ambos pedem mais fiscalização nas receitas e a passagem dos orçamentos pela aprovação da AL, bem como o desenvolvimento da política democrática.

Além da apresentação das LAG no dia 12, Chui Sai On desloca-se ainda à AL no dia 13 de Novembro para ouvir as questões dos deputados, naquela que será a primeira visita do líder do Governo ao hemi-ciclo composto pela nova legislatura. Como é hábito, a apresentação do relatório terá transmissão directa na televisão e na rádio. De acordo com o Governo, que falou através de comunica-do, para preparar o relatório das LAG para o próximo ano, o Chefe do Executivo “teve encontros com várias associações e individuali-dades de diversos sectores sociais e deslocou-se aos bairros sociais e às institui-ções de serviço social para ouvir e recolher opiniões e sugestões”. - *com Cecilia Lin

algumas delas permanecem para além do prazo de validade do visto e fazem trabalhos ilegalmente, o que traz um grande risco à segurança pública da sociedade de Macau.”

Angela Leong considera que as autoridades precisam de rever a lei sobre imigração ilegal e de

expulsão, que foi aplicada em 2004, bem como fortalecer a po-lítica de imigração e expatriação, a fim de combater eficazmente a permanecia ilegal. “A multa à permanência ilegal em menos de 30 dias foi alterada para 200 patacas em 2009, mesmo assim, ainda há pessoas a procurar uma

nova medida para evitar multas”, revela a deputada.

A deputada apontou que as pessoas com “permanência ilegal normalmente tornam-se trabalha-dores ilegais” ou são usados para fazer trabalhos ilegais, facto que perturba gravemente a ordem da segurança pública, prejudicando a imagem social de Macau. “O regime para permanência ilegal já não resolve os problemas, por isso, peço ao Governo para rever a lei para reduzir o processo e tempo do repatriamento. Para os que ficam em Macau, é necessário tomar as medidas adequadas para garantir que a sua estadia não está relacionada com actividades ile-gais, como a exigência de que as pessoas informem os departamen-tos governamentais relevantes a cada um ou dois dias”, sugeriu.

Page 3: Hoje Macau 1 NOV 2013 #2966

3 políticahoje macau sexta-feira 1.11.2013

RITA MARQUES [email protected]

É o 11.º elemento que compõe o Conselho do Executivo (CE) e fez história porque,

desde a implementação da RAEM, este órgão con-sultivo nunca tinha sido constituído pelo número máximo de membros, de acordo com o estipulado na Lei Básica. A nomeação de Peter Lam chega a alguns meses da eleição do Chefe do Executivo, em 2014, e a pergunta é legítima: depois da entrada no CE, vai eleger o senhor Chui Sai On para ser reconduzido no cargo? “Não, como disse, vou servir a RAEM, vou servir o Go-verno. Vou ser fiel à RAEM e à República Popular da China”, esclareceu o mem-bro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, em dia de tomada de posse, na sede do Governo, como novo membro do CE.

“Quando há necessidade de trabalho, nomeia-se. É indiferente se é no princípio do mandato ou no final do mandato [para Chefe do Executivo]. E todos conhe-cem muito bem, quando me é incumbido trabalho, faço o meu melhor”, frisou.

CECÍLIA L [email protected]

A deputada Ella Lei fez ontem uma interpela-ção escrita onde insta

o Governo a publicar mais informações sobre o reconhe-cimento de cartas de condução chinesas em Macau. A depu-tada considera que a questão tem causado uma preocupação geral por vir a causar mais pressão no trânsito e ainda devido a eventuais situações de condução ilegal. “Embora o Chefe do Executivo afirme que a política ainda está na fase preliminar, o interesse da população deve ser o objetivo desta política. Mas falta trans-parência nas informações, é difícil permitir que a sociedade consiga ter uma discussão mais ampla sobre o assunto. A fim

de recolher mais opiniões para referência, o Governo vai con-siderar publicar as informações relacionadas com o reconheci-mento de cartas de condução entre Macau e Guangdong? Haverá alguma consulta públi-ca?”, questionou. A deputada também questionou se o Go-verno vai estudar as vantagens e desvantagens para Macau, bem como a necessidade desta medida.

O ponto que merece mais atenção da parte de Ella Lei é a questão dos condutores ilegais. “Para os condutores locais terem um emprego es-tável, o sector dos operários sempre insiste na proibição da importação de condutores estrangeiros. Contudo, os con-dutores são perturbados porque há condutores ilegais. A autori-dade tem limites na aplicação

da e falta um mecanismo de punição dissuasor. Por isso, o problema nunca foi resolvido.” A deputada considera que, com o reconhecimento das cartas de condução, a situação vai piorar. Portanto, perguntou se o Governo vai planear uma im-plementação de um mecanismo mais eficaz para combater as acções ilegais, bem como para avaliar o impacto que a medida vai trazer para o sector dos transportes. Ella Lei também apontou que, até Agosto, Ma-cau já tem 220 mil veículos, estando, por isso, os residen-tes preocupados se, após o reconhecimento, o trânsito rodoviário vai ter ainda mais pressões. “Será que o Governo já avaliou o impacto no trânsito rodoviário? Se tiver medidas para resolver os problemas estas serão publicadas?”

AS empregadas domésticas devem ter licenças de qualificação. Esta é, pelo menos, a ideia defendida

pela Wong Kit Cheng que entende que é preciso garantir a qualidade do serviço prestado por estes profissionais. A de-putada e vice-presidente da Associação Geral das Mulheres de Macau entende que devem obter uma licença quando têm emprego na cidade.

Em interpelação oral ao Governo, a deputada lembrou os dados do Ga-binete de Recursos Humanos, até 31 de Dezembro de 2012, que mostram que Macau já tem 19022 empregadas domésticas mas “as leis não regulam a qualidade destes trabalhadores” e “os cidadãos ainda têm preocupações”. “Alguns cidadãos dizem que algumas empregadas domésticas não fornecem os serviços que a agência vende porque quando são despedidas é necessário pagar indemnização”, salientou.

A deputada lembrou que o secretário para a Economia e Finanças, Francis

Tam, deu conta por duas vezes, em Março e Maio, que este ano serão im-portadas 300 empregadas domésticas do continente. Nesse sentido, espera que as futuras empregadas domésticas possam ter licenças quando obtiverem emprego, a fim de garantir o nível de qualificações necessárias.

Além disso, segundo explica, o Governo deixa que os turistas entrem em Macau e procurem emprego como empregadas domésticas e não há nenhuma medida para intervir nestas acções. “Será que esta situação vai continuar?”, questionou a deputada. Wong Kit Cheng também pede ao Governo uma revisão à Lei Laboral e à Lei de contratação de trabalhadores não residentes para proteger os direitos dos empregadores.

“O regime do licenciamento das agências de emprego foi feito em 1994, em 2008 o Governo disse que ia estu-dar a alteração do regime, como vai o processo da alteração?”, inquiriu. – C.L.

CONSELHO EXECUTIVO PETER LAM DIZ QUE NOMEAÇÃO NÃO ESTÁRELACIONADA COM A RENOVAÇÃO DE MANDATO DE CHUI SAI ON

Promessas de trabalho

Em Maio de 2009, Peter Lam foi um dos escolhidos para integrar um dos qua-tro grupos que compõe a Comissão Eleitoral, que é chamada a eleger o novo representante máximo da RAEM. Foi na qualidade de membro do sector industrial, comercial e financeiro que foi convocado como uma

das 300 pessoas que fazem parte deste grupo de perso-nalidades com grande poder de decisão.

De recordar que, depois de aprovado por Pequim a Ratificação da Proposta de Revisão da Metodologia para a Escolha do Chefe do Executivo da RAEM, que consta da Lei Básica, passa-

rão a ser 400 os elementos que decidirão sobre o novo líder governamental.

Assim, a eleição do quarto mandato do Chefe do Executivo em 2014 vai estar a cargo de 120 pessoas do sector industrial, comercial e financeiro, 115 persona-lidades do sector cultural, educacional, profissional e outros, mais 115 do sector do trabalho, serviços sociais, religião e outros, e ainda 50 elementos que são represen-tantes dos deputados à As-sembleia Legislativa (AL), deputados à Assembleia Popular Nacional (APN) e representantes dos mem-bros de Macau na Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. É a esta comissão a quem cabe propor o(s) candidato(s) a Chefe do Exe-cutivo por unanimidade de, pelo menos, 66 membros.

Interpelado pelos jorna-listas após a cerimónia de tomada de posse, na qual es-

tiveram presentes membros do CE, deputados e secre-tários, Peter Lam fez saber ainda que a sua nomeação não lhe parece relacionada com as sucessivas e recentes derrapagens em projectos de obras públicas, de modo a evitá-las uma vez ligado ao sector. “Não, não acredito nisso.”

NINGUÉM ESTÁ PARA SAIRDO CE, DIZ PETER LAMPor diversas vezes, Peter Lam deu a entender à co-municação social que a nomeação não é feita em hora oportunidade ou de forma apressada mas, antes, preferiu atribuir a decisão de Chui Sai On ao facto de que “todos os dias, a toda a hora, é preciso mais pessoas para fazer mais por Macau”.

Por outro lado, fez saber que ninguém está para sair. “Não, até aqui eram apenas dez membros mas, como diz a lei Básica, pode ir até aos 11, por isso, fui nome-

ado e completaram-se [os lugares]”, justificou, desta-cando aquilo que considera como uma composição he-terogénea do CE. “Todos os membros vêm de diferentes sectores e de diferentes po-sições, o que falamos é dos interesses de toda a Macau. Não apenas de uma parte ou de outra mas de beneficiar Macau. Damos opiniões, damos a ideia ao Chefe do Executivo, para ele tomar as decisões.” Ainda que haja seis representantes no sector empresarial no CE, incluin-do o próprio, que é também vice-presidente da direcção da Associação Comercial de Macau, a par de mais de me-tade dos membros também ligados à entidade.

Por outro lado, Peter Lam desmentiu que Pequim tenha interpretado propo-sitadamente a Lei Básica sobre a composição do CE a pedido de Chui Sai On, de modo ao Chefe do Executivo saber se seria um dos 11 membros que constitui o órgão ou se, por outro lado, estaria excluído. “Não, de acordo com a Lei Básica, está expressamente escrito que o Chefe do Executivo pode nomear um novo mem-bro do CE. O número é de sete a onze, é claro, muito claro!”, esclareceu Lam.

ELLA LEI PEDE INFORMAÇÕES SOBRE RECONHECIMENTODE CARTAS DE CONDUÇÃO CHINESAS

Condutores ilegais preocupam deputada

WONG KIT CHENG FALA DE POLÍTICASPARA QUALIFICAR EMPREGADAS DOMÉSTICAS

Licenças paragarantir qualidade

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4 publicidade hoje macau sexta-feira 1.11.2013

Horário de encerramento das barreiras do Grande Prémio

O 60º Grande Prémio de Macau realiza-se entre os dias 9 e 10 e 14 a 17 do corrente mês. Este evento dedicado ao desporto motorizado atrai anualmente milhares de visitantes, sendo particularmente importante para promover e desenvolver a indústria do turismo local, bem como para elevar a imagem de Macau como cidade internacional. Em grande parte, o sucesso do Grande Prémio deve-se ao apoio e colaboração da população de Macau.

Para minimizar os inconvenientes ao trânsito devido ao encerramento de algumas vias, a organização aumentou este ano o número de portões ao longo do circuito, para um total de 120. Contudo, devido a certos constrangimentos, algumas vias vão manter-se encerradas durante todo o evento. A Comissão do Grande Prémio solicita a melhor compreensão dos condutores e apela à atenção ao horário de encerramento das barreiras, bem como ao respeito pela sinalização provisória e às instruções da Brigada de Trânsito.

6 de Novembro (Quarta-feira)

Hora Arruamentos Local nota Acesso

15:00

Av. da AmizadeSaída da garagem do Hotel Grand Lapa

Acesso fechado

Entrada e Saída do Edf. World Trade Center

Est. de CacilhasDepósito de Pólvora

Saída da garagem do Edf. Seaview Garden

Est. D. Maria II Saída da garagem dos Correios de Macau

Rua dos Pescadores

Local da obra em curso

Saída da Macau Water

Av. da Amizade

Esquina junto ao Casino Oceanus(Av. da Amizade - Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues)

Acesso condicionado

Saída do Casino Macau Palace (Antigo)

Entrada na estação de gasolina de Mobil

Est. de CacilhasSaída da garagem do Edf. Chong Tou San Chong

Viaduto da Est. do Reservatório até ao Edf. Hoi Fu Garden

Nota : Desmontagem na noite do dia 10 e montagem no dia 12

7 de Novembro (Quinta-feira)

Hora Arruamentos Local Nota Acesso

10:00 Est. de Cacilhas Saída das garagens do Cheng Pek Kok (Approx.60m)

Acesso condicionado

15:00

Est. dos Parses Saída da garagem da Autoridade Monetária de Macau Acesso fechado

Av. da Amizade

Rua de Nagasaki (PJ)Acesso

condicionadoEsquina junto ao Hotel Landmark Plaza (Av. da Amizade- Alameda Dr. Carlos d’Assumpção)

Av. Ramal dos Mouros

Estabelecimento de automóveis(no topo da calçada atrás da Escola Hou Kong)

Acesso fechado

20:00 Est. dos Parses Saída da Escola Leng Nam Acesso condicionado

Nota : Desmontagem na noite do dia 10 e montagem no dia 12

8 de Novembro (Sexta-feira)

Hora Arruamentos Local Nota Acesso

10:00

Av. da Amizade

Ponte da Amizade – saída para a Av. de Amizade (100m) Acesso

fechadoEst. de S. Francisco

Saída da garagem da Direcção dos Serviços das Forças de Segurança de Macau

15:00Rampa para as urgências do HCSJ

Acesso condicionadoAv. Ramal dos

MourosSaída do viaduto na Estrada do Reservatório junto ao

Baguio Court

19:00 Est. D. Maria II Porta principal do Edf. CEM Acesso

fechado20:00 Est. de Cacilhas Cruzamento para acesso à Seaview Garden

Nota : Desmontagem na noite do dia 10 e montagem no dia 13

Horário e Locais de fecho dos portões de barreiras metálicas entre os dias 9 e 10 e 14 a 17 de Novembro: Os portões de barreiras metálicas serão encerrados a partir das 03h00, permanecendo fechados até

ao final das corridas de cada dia.

A Comissão do Grande Prémio solicita a todos os condutores a melhor compreensão por eventuais transtornos causados, bem como o respeito pela sinalização provisória instalada e as instruções da Brigada de Trânsito. Para informações, é favor de ligar para o número de telefone: 2872 8482.

Page 5: Hoje Macau 1 NOV 2013 #2966

5hoje macau sexta-feira 1.11.2013 SOCIEDADE

GONÇALO LOBO [email protected]

O novo campus da Uni-versidade de Macau (UMAC), na Ilha da Montanha, vai ser

inaugurado na próxima terça--feira, dia 5 de Novembro, mas a construtora Nam Yue ainda não entregou à universidade mais de metade dos edifícios. O HM sabe que o reitor do estabelecimento de ensino superior, Wei Zhao, enviou

C OMEÇOU ontem a 57.ª edição do congresso da União Inter-nacional de Advogados (UIA),

que pela primeira vez se realiza em Macau. Mais do que estabelecer uma ligação com os advogados do continente, pretende-se que haja uma maior ligação na área do Direito Comercial, como deixou bem explí-cito no seu discurso Rimsky Yuen, secretário para a Justiça de Hong Kong. “O crescimento económico asiático tem sido notável nos últimos anos e muitas cidades asiáticas são hoje grandes destinos de comércio.

Nunca como agora foi tão importante ter cooperações nesta área e a UIA vai concretizar-se como uma im-portante plataforma para a troca de experiências. Não tenho dúvidas de que Hong Kong e Macau podem ter um grande papel nesta área.”

Florinda Chan, secretária para a Administração e Justiça, apenas referiu que o desafio é a “adaptação das instituições legais à evolução da sociedade, tendo em conta do progres-so económico, e modernizar as leis”.

O congresso tem como tema principal “A corrupção e o advo-

gado”, área destacada pelo presi-dente dos advogados da China. “A comunidade jurídica internacional tem prestado muita atenção a esta questão. Este congresso vai ajudar no trabalho de todos os que lutam contra a corrupção e os advogados que trabalham neste âmbito. (O congresso da UIA) vai fomentar a participação de advogados chineses para promover o desenvolvimento da profissão.” O congresso dura até este domingo, dia 3 de Novembro, com diversas palestras e mesas redondas. - A.S.S.

RITA MARQUES [email protected]

A TÉ ao fecho de edição deste jornal, não havia ainda aviso de tempestade

tropical mas a página online dos Serviços Meteorológicos e Geo-físicos (SMG) informava que o tufão Kosa vinha na direcção de Macau. O HM tentou contactar, sem êxito, o director dos SMG, Fung Soi Kun. Para já, por isso, é impossível prever se será içado o sinal de tufão durante os pró-ximos dias.

Por sua vez, a página online do Observatório de Hong Kong mostra que é durante o sábado, dia 2 de Novembro, que estará mais próximo de Macau e Hong Kong, a uma distância de pouco menos de 400 quilómetros por hora.

Os ventos esperados para este ciclone tropical, entre amanhã e domingo, serão na ordem dos 120 quilómetros por hora. Por essa razão, no fim-de-semana, o tempo não é de sol. As temperaturas vão baixar ligeiramente, numa média

de 26ºC, e espera-se chuva. Ama-nhã, porém, haverá apenas céu geralmente nublado. Na região vizinha espera-se precipitação até segunda-feira.

Segundo o South China Mor-ning Post, o tufão estava ontem a 870 quilómetros a este de Manila, capital das Filipinas, e deverá chegar a atingir Luzon, antes de se dirigir ao mar do Sul da China, indicou o Observatório de Hong Kong. A tempestade deve atingir o grau “severo” hoje, quando estiver num raio de 800 quilómetros rela-tivo a Hong Kong. Quando assim é o Observatório iça o sinal um, o que não será necessariamente aplicável a Macau (cuja escala é medida de forma diferente). No sábado deverá então distar a 400 quilómetros de Hong Kong.

O ciclone tropical vem em épo-ca atípica uma vez que os tufões acontecem, por norma, no Verão. Segundo o Observatório de Hong Kong, a cidade região apenas içou três avisos de ciclone tropical em Novembro nos últimos 30 anos, tendo sido o último em 2006.

UMAC NOVO CAMPUS INAUGURADO TERÇA-FEIRA COM 60 EDIFÍCIOS EM ATRASO

Ilha da Montanha a conta-gotas

COMEÇOU 57.º CONGRESSO DA UNIÃO INTERNACIONAL DE ADVOGADOS

Direito Comercial em destaque

TUFÃO KOSA VEM NA DIRECÇÃO DE MACAU MAS FICARÁ A UMA DISTÂNCIA DE 400 KM

Tempestade tropical atípica

uma missiva interna a professores e empregados a informar que, muito dificilmente a universidade estará a funcionar a 100% no novo campus este ano lectivo. “Desde o início deste semestre, a título transitório, que a universidade tem vindo a operar nos dois campus (...) Três edifícios foram entregues no final de Agosto mas, desde então, não houve qualquer desenvolvimento”, pode ler-se no comunicado interno a que o HM teve acesso.

Com a promessa de mudança

total no início do segundo se-mestre, em Fevereiro do próximo ano, a UMAC vê-se agora na contingência de não o conseguir fazer. Na verdade, apenas recebeu da construtora “dois dormitórios de estudantes de pós-graduação e um colégio residencial”. “Embora tenhamos feito progressos, ainda há muitos desafios pela frente. Mais de 60 edifícios ainda estão para nos ser entregues. Vamos mantendo o contacto com as au-toridades no sentido de rever o

progresso da situação, enfrentar os desafios e desenvolver planos para a relocalização. Mais detalhes sobre as reuniões que temos tido com o Governo serão revelados em meados de Novembro”, transmitiu Wei Zhao a todos os empregados da UMAC.

Para além dos já referidos edi-fícios académicos, o novo campus da UMAC na Ilha da Montanha também já tem a funcionar um gabinete de gestão, um pequeno supermercado e uma enfermaria. O autocarro 37U circula entre Hen-gqin e o antigo campus na Taipa, bem como o MT3U que liga a Ilha da Montanha à Areia Preta.

Nas próximas semanas, segun-do informações também divulga-das na missiva interna do reitor da UMAC, abrirá um restaurante chamado “Cozinha dos Cem Sabo-res” no edifício central do campus e o Conselho Universitário e o Gabinete do Reitor podem começar a sua mudança. Também estão pro-gramadas actividades académicas e apresentações culturais

Ainda assim, e mesmo com os atrasos brutais, o novo campus da UMAC será inaugurado na próxima semana numa cerimónia que contará com cerca de 700 convidados. Aproveitando a des-locação a Macau para participar na Conferência Ministerial do Fórum Macau, o representante do Governo Central será convidado a liderar a cerimónia.

Contactada pelo HM, a asses-soria da UMAC não emitiu qual-quer comentário em relação a esta matéria até ao fecho desta edição.

O novo campus da UMAC na Ilha da Montanha tem sido uma autêntica telenovela. Para além das derrapagens financeiras que ali ocorreram, a construtora Nam Yue teima em atrasar a entrega total do campus. O reitor da instituição, Wei Zhao, em missiva interna aos empregados da UMAC, referiu que faltam entregar 60 edifícios e lamenta que a mudança não se possa fazer até ao início do segundo semestre

Page 6: Hoje Macau 1 NOV 2013 #2966

6 sociedade hoje macau sexta-feira 1.11.2013

RITA MARQUES [email protected]

E NTRE os meses de Julho e Setembro, a Administração concedeu apoios financei-ros a diversas associações

e outras entidades colectivas e privadas, no valor de mais de 258 milhões de patacas. Os números foram divulgados em Boletim Oficial (BO) na quarta-feira e o HM fez as contas. Os valores mais expressivos são endereçados pelo Instituto de Acção Social (cerca de 166 milhões de patacas) mas também evidentes, e mais ou me-nos equiparados, são os montantes atribuídos pelo Fundo de Desen-volvimento do Desporto (mais de 37 milhões de patacas) e pelo Fun-do para a Protecção Ambiental e Conservação Energética (em torno de 30 milhões de patacas), no total de apoios financeiros atribuídos por 10 entidades governamentais. Entre os quais, estão quatro orga-

CECÍLIA L [email protected]

O presidente da As-sociação Comer-cial Internacional

de Empresários Lusófonos (ACIEL), Eduardo Am-brósio, disse ao jornal Ou Mun que seria ideal criar uma direcção de serviços de seguro ao crédito da exportação, de forma a garantir que as empresas que exportem produtos de Macau possam sentir con-fiança nos negócios.

Eduardo Ambrósio disse que, desde o estabelecimen-to do Fórum Macau, a taxa de crescimento da coopera-ção económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa - princi-palmente Angola, Portugal, Moçambique e Brasil - au-mentou sete ou oito vezes, alcançando algum sucesso. Contudo, por ser plataforma económica, o responsável considera que Macau ainda tem que melhorar a forma como é feita a exportação pelas empresas.

A ideia é que esta direc-

GOVERNO ATRIBUIU FUNDOS NO VALOR DE 258 MILHÕES DE PATACAS

Educação leva ínfima parte

EDUARDO AMBRÓSIO SUGERE DEPARTAMENTO DE SEGUROS AO CRÉDITO DE EXPORTAÇÃO

Garantia para empresários lusófonosção possa servir como uma espécie de empresa segura-dora. O presidente apontou, por exemplo, que a China Export & Credit Insurance Corporation pode servir de referência para o Governo de Macau. “Os empresá-rios de Macau queriam esta

direcção para aumentar a segurança das exportações para os Países de Língua Portuguesa, evitando o risco que é trazido pela concessão de crédito.” Esta é uma empresa que se dedica a se-gurar créditos de exportação, cobrindo especialmente a

exportação de produtos de valores elevados.

Eduardo Ambrósio expli-ca que, para criar este tipo de direcção, o Governo analisa primeiro o contexto geral da empresa estrangeira e só quando considera que essa é fiável é que a empresa de Ma-

cau – neste caso por hipótese – poderia fazer a subscrição deste seguro. Se a empresa estrangeira que tivesse a receber a exportação tivesse algum problema, a empresa de Macau poderia fiar-se neste sistema de seguros.

COOPERAÇÃOCOM GUANGDONGEduardo Ambrósio con-sidera que a província de Guangdong é boa para en-cetar cooperações, por ter uma população de dez mil milhões. O Fórum Macau, diz, pode cooperar com a província chinesa para ex-portar os produtos dos países lusófonos para lá. O pre-sidente da ACIEL revelou que são oferecidos cursos de Língua Portuguesa na área comercial no Centro de Produtividade e Transferên-cia de Tecnologia de Macau, que está também a oferecer serviços de tradução nas

embalagens dos produtos. “A Língua Portuguesa é um dos quatro principais idiomas e, no futuro, vai ser mais porque vai haver mais desenvolvimento entre a China e os países lusófonos. Agora, o continente já tem 18 universidades a oferecem cursos nesta língua. Os agen-tes profissionais têm vontade de trabalhar em países por-tugueses.” O dinheiro é um dos melhores incentivos a isto. “Um tradutor apenas ganha cinco ou seis mil yuan no continente, mas em Angola ganha cinco ou seis mil dólares americanos. Contudo, como os agen-tes profissionais de língua chinesa não conhecem a lei dos países lusófonos, Macau ainda tem vantagem nesta área do Direito, podendo dar algum auxilio aos empresá-rios. Por isso, Macau ainda goza uma posição única de plataforma.”

na sigla inglesa). A primeira fi-cou na dianteira com a recepção de mais de 93 mil patacas e a segunda recebeu 70 mil patacas. De resto, coube às associações de estudantes de oito estabelecimen-tos do ensino superior a recepção de ajudas de custo. Neste caso, a Universidade de Macau (UMAC) foi a mais beneficiada com um total de 250 mil patacas, seguida do Instituto Politécnico de Macau (IPM) com 58 mil e da USJ com 49 mil patacas. Segundo a lista pública em BO, e assinada pela coordenadora-adjunta, Sílvia Ho, este apoio destina-se a “activida-des anuais”.

Ainda no campo do ensino superior, estes fundos são depois redireccionados elas próprias instituições. Nesta matéria, nes-te período, o IPM destinou para subsídios à organização de activi-dades da associação de estudantes mais de três milhões de patacas. A UMAC, por sua vez, atribuiu subsídios - a estudantes em inter-câmbio, projectos de investigação, associação de estudantes – no valor de 310 mil patacas.

Fora estes apoios, e regres-sando às entidades governamen-tais, houve ainda lugar a que os Fundos de Cultura, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), o Instituto para os Assuntos Cívicos e Mu-nicipais (IACM) garantissem, respectivamente, mais de 13 milhões, dois milhões e três milhões de patacas.

nismos ligados à educação que, do total do bolo, recebeu uma fatia de 0,23%.

No dia que foram divulgados estes apoios, referentes ao ter-ceiro trimestre do ano, soube-se ainda que o ensino superior saiu mais beneficiado do que o não superior. Isto porque, o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) atribuiu às universidades, escolas técnico-profissionais e politécnicos um total de mais de 5,9 milhões de patacas, por oposição às cerca de 2 milhões de patacas atribuídas pelo Fundo de Acção Escolar - para concessão de subsídios de transporte, plano de pagamento dos juros a crédito para estudos e bolsas especiais a 1805 alunos.

As únicas duas instituições que receberam directamente apoios financeiros do GAES foram a Universidade de São José (USJ) e a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST,

Dez entidades governamentais atribuíram um total de 258 milhões de patacas. Quatro organismos estão ligados ao sector da educação mas apenas 0,23% do total do bolo foi atribuído a instituições de ensino superior e não superior.

Page 7: Hoje Macau 1 NOV 2013 #2966

TIAG

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CÂNT

ARA

7 sociedadehoje macau sexta-feira 1.11.2013

AvisoCandidatura dos Prémios de Ciências e da Tecnologia da RAEM para 2014

Nos termo do Regulamento Administrativo n.º 6/2011 que aprova o Regulamento dos Prémios

para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia, ficando assim, notificados os candidatos de que poderão candidatar-se através da seguinte forma:(1.) Objectivo

Premiar as personalidades que contribuam para as actividades no âmbito da ciência e tecnologia em Macau, no sentido de estimular o espírito de iniciativa e criatividade dos investigadores científicos e tecnológicos locais, em benefício de um desenvolvimento científico e tecnológico mais acelerado em Macau.

(2.) CategoriaSão criados na RAEM os seguintes prémios:(i) Prémios de ciência e tecnologia, que compreendem: Prémio de Ciências da Natureza,

Prémio de Invenção Tecnológica, Prémio de Progresso Científico e Tecnológico;(ii) Prémio de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico para Pós-Graduados;(iii) Prémio Especial.

(3.) Montante dos Prémios(Unidade: Dez milhares de patacas)

Montante a atribuir pela recepção dos prémios de ciência e tecnologia e prémios especiais

Montante a atribuir pela recepção do Prémio de Investigação

Científica e Desenvolvimento Tecnológico para Pós-Graduados

Primeiro lugar

Segundo lugar

Terceiro lugar Doutorandos Mestrandos

Prémio de Ciências da Natureza 100 60 40

8 6Prémio de Invenção Tecnológica 100 60 40

Prémio de Progresso Científico e Tecnológico 50 30 20

(4.) Qualificação da candidatura(I) Prémios de ciência e tecnologia;

Os residentes de Macau ou aqueles que obtenham autorização de trabalho ou que estejam a frequentar cursos em Macau podem candidatar-se aos prémios de ciência e tecnologia, desde que estejam preenchidas as seguintes condições:(i) Tenham prestado serviço a tempo inteiro ou frequentado cursos em instituição

local por período igual ou superior a um ano;(ii) Parte essencial do projecto de investigação científica ou desenvolvimento

tecnológico tenha tido lugar e sido concluído na RAEM, com resultados relevantes; e

(iii) Caso se trate de projectos de investigação científica ou desenvolvimento tecnológico realizados em conjunto com académicos do exterior da RAEM, o candidato deve ser o agente principal do projecto em causa.

(II) Os mestrandos ou doutorandos que estejam a frequentar as instituições locais de ensino superior ou os que obtenham o seu grau académico no período de um ano até à data da publicação do aviso do concurso para os prémios podem, sob recomendação da instituição de ensino superior a que pertencem, candidatar-se ao Prémio de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico para Pós-Graduados, desde que durante a frequência de cursos, tenham participado continuamente em actividades de investigação científica no âmbito das ciências da Natureza, tecnologia ou engenharia por período igual ou superior a um ano.

(III) A atribuir pela RAEM a personalidades ou instituições locais que recebam o Prémio Nacional de Ciências da Natureza, o Prémio Nacional de Invenção Tecnológica ou o Prémio Nacional de Progresso Científico e Tecnológico.As condições específicas de cada prémio podem ser consultadas no website do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia. (http://www.fdct.gov.mo/tc/award.asp)

(5.) Forma da candidaturaOs interessados deverão solicitar pessoalmente a respectivo numero de registo junto do FDCT, enviar o pedido pela via electrónica após o devido preenchimento conforme o definido nas instruções e ainda entregar o pedido, após imprimido, ao FDCT para efeitos de confirmação.

(6.) Critérios de AvaliaçãoPor Regulamento Administrativo n.º 6/2011, processa o Regulamento dos Prémios para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia.

(7.) Data do requerimentoEntrega o pedido através da via electrónica do FDCT:De 1/Nov./2013 até 15/Jan./2014 para Prémio de Investigacão Científica e Desenvolvimento Tecnológico para Pós-Graduados;De 1/Nov./2013 até 28/Jan./2014 para Prémios de Ciência e Tecnologia;Todos os documentos papeis do pedido devem ser entregar ao FDCT antes do dia de 15/Fev./2014.

(8.) ConsultaEndereço: Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 411-417, edifício Dynasty Plaza, 9.º andar.Telefone: 28788777; Fax: 28722681 Correio electrónico: [email protected]

O Presidente do Conselho de Administração do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia

Tong Chi Kin29 de Outubro de 2013

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N O mês de Setembro de 2013 exportaram--se 678 milhões de

patacas de mercadorias, equivalentes a uma queda de 9%, face ao idêntico mês do ano antecedente. Salienta--se que a reexportação e a exportação doméstica se cifraram em 544 milhões e 134 milhões de patacas, respectivamente, descendo 5% e 22%. No mês em aná-lise, importaram-se 6,51 mil milhões de patacas, ou seja, mais 7%, em termos anuais. Consequentemente, o défice da balança comercial do mês em causa alcançou 5,83 mil milhões de patacas, informa-ram ontem os Serviços de Estatística e Censos.

No terceiro trimestre a ex-portação (2,14 mil milhões de patacas) baixou 3% face ao valor verificado no trimestre homólogo de 2012, ao passo que a importação (20,50 mil milhões de patacas) cresceu 15% em termos anuais, fixando-se um saldo negati-vo na balança comercial de 18,36 mil milhões de patacas.

O valor exportado nos três primeiros trimestres deste ano foi de 6,73 mil mi-lhões de patacas, registando--se um acréscimo de 9%, comparativamente ao mes-mo período do ano transacto. A reexportação cifrou-se em 5,23 mil milhões de patacas, dilatando-se 19%, porém, a exportação doméstica dimi-nuiu 14%, correspondendo a 1,50 mil milhões de pata-

MACAU COM AGRAVAMENTO DO DÉFICE COMERCIAL

Exportações diminuem 9%cas. No período em análise importaram-se 58,74 mil milhões de patacas, o que equivaleu a uma ampliação de 13% em termos anuais. Consequentemente, o défice da balança comercial nos três primeiros trimestres alargou-se para 52,01 mil milhões de patacas.

De Janeiro a Setembro de 2013 observou-se que os va-lores exportados para Hong Kong (3,59 mil milhões de patacas) e para a China Con-tinental (1,22 mil milhões de patacas) aumentaram 14% e 24%, respectivamente, em comparação com o período homólogo do ano passado, enquanto que os valores para os Estados Unidos da América (269 milhões de patacas) e para a União Europeia (208 milhões de patacas), desceram 30% e 15%, respectivamente.

Nos três primeiros tri-mestres deste ano expor-taram-se 6,08 mil milhões de patacas de produtos não têxteis, que subiram 14% em termos anuais, desig-nadamente, 753 milhões e 472 milhões de patacas em componentes electrónicos e em joalharia com diamantes, respectivamente, os quais cresceram 83% e 154%, respectivamente. Em con-trapartida, exportaram-se 653 milhões de patacas de produtos têxteis e vestuário, que se reduziram 20%, face ao período homólogo do ano anterior. Salienta-se que o

valor exportado do vestuário de malha se cifrou em 220 milhões de patacas, ou seja, menos 30%.

IMPORTAÇÃOCONTINUA EM ALTADurante os três primeiros trimestres do corrente ano, importaram-se 19,20 mil milhões e 13,55 mil milhões de patacas de mercadorias originárias da China Conti-nental e da União Europeia, respectivamente, ou seja, mais 13% e 11%, respecti-vamente, em termos anuais. Refira-se que se importaram bens de consumo no valor de 37,63 mil milhões de pata-cas, que subiram 18%, em comparação com o mesmo período do ano transacto, designadamente, 6,95 mil milhões de patacas de joa-lharia em ouro, 4,49 mil mi-lhões de patacas em relógios de pulso e 1,90 mil milhões de patacas em produtos de beleza, de maquilhagem e de cuidado da pele, que se expandiram 26%; 20% e 71%, respectivamente. O va-lor importado dos materiais de construção cifrou-se em 1,94 mil milhões de patacas, crescendo 40%.

O valor do comércio externo de mercadorias nos três primeiros trimestres de 2013 correspondeu a 65,47 mil milhões de patacas e ascendeu 12%, face aos 58,25 mil milhões de pata-cas registados no idêntico período de 2012.

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8 hoje macau sexta-feira 1.11.2013CHINAMARIA JOÃO BELCHIOREm Pequim

Y UNNAN, no sudo-este da China, é um cartão postal das minorias étnicas

chinesas. No total são vinte e cinco grupos étnicos que vestidos a rigor nos trajes tradicionais dão o colorido às imagens que os turistas levam para casa. Mas a província onde se comercializou a lenda do Shangri-La, é também a região das florestas tropicais do sul e das altas montanhas do norte atravessadas pelo rio Mekong.

A riqueza natural fez de Yunnan um destino de eleição para turistas nacio-nais e estrangeiros. Mas na província colorida entre os rosas e azuis dos vestidos das minorias e o verde das florestas, vive-se desde há alguns anos uma das maiores secas da China. E nem os seis rios que a atravessam, ou as chuvas de verão, conseguem diminuir o problema.

Em Kunming alguns pequenos hotéis têm já a água limitada à manhã e à noite. A mensagem avisa que devido à grande

A China vai intensificar as medidas de segurança após as denúncias de que a Agência de Segurança Nacional dos

Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) colectou dados de milhões de telefonemas na Europa e espiou os líderes aliados dos EUA, informou o governo esta quarta-feira. “Como muitos outros países, temos acompanhado de perto estas reportagens”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China Hua Chunying numa conferência de imprensa.

“A China está preocupada no que diz respeito às sucessivas revelações de escutas e vigilância, e está atenta ao desenrolar dos acontecimentos”, acrescentou.

“Vamos dar os passos necessários para manter de forma resoluta a segurança da nossa informação”, disse Hua, sem dar mais detalhes.

Em audiência no Congresso dos EUA na terça-feira, o director da NSA defendeu a agência, dizendo que os seus actos estão de acordo com a lei que prevê acções para

impedir ataques, e classificou como falsas as reportagens de que a NSA colectou dados de milhões de ligações telefónicas na Europa.

Hua não comentou se a China também conduzia acções de controlo das ligações telefónicas noutros países, mas crê-se que os serviços de segurança do país realizam um sofisticado operação de escutas, pelo menos dentro do país.

Diplomatas estrangeiros dizem que as autoridades deixam frequentemente os seus telemóveis e computadores ou tablets em casa ao viajarem para a China, devido à preocupação sobre o controlo e invasão por parte dos chineses.

O governo chinês é frequentemente acu-sado, sobretudo pelos EUA, de invadir redes de computadores estrangeiras, tendo como alvo tanto empresas como departamentos dos governos.

A China nega com veemência as acusa-ções, dizendo ser ela própria uma das maiores vítimas de invasões.

Os prejuízos ambientais do desenvolvimento económico continuam a sentir-se sobretudo nas províncias mais esquecidas e afastadas de Pequim. Yunnan juntava há alguns anos a maior diversidade de fauna e flora da China. No entanto, o cenário tem vindo a alterar-se

PROBLEMAS DE FALTA DE ÁGUA AFECTAM YUNNAN

A seca já não é só no Norte

REFORÇAR SEGURANÇA APÓS NOVAS DENÚNCIAS SOBRE NSA

Trancas na porta

seca da região, por ordem governamental a água só é ligada de manhã cedo e ao final do dia. Capital de província, Kunming é o primeiro exemplo da seca que assola a região com um

prejuízo económico que já chega aos dois mil milhões de renminbi por ano.

Para os ambientalistas este é um problema difícil de entender numa região onde as chuvas de verão poderiam

ajudar a diminuir o proble-ma. Mas enquanto no sul o nível da água do Mekong sobe, no norte da província, o problema continua a não ter solução à vista.

UMA QUESTÃO NACIONALA seca torna-se pior no in-verno e na primavera. Desde 2009 que a questão é levada anualmente à Assembleia Nacional Popular. A des-truição de culturas como o café e o tabaco representa elevados prejuízos para os agricultores. Várias ideias para criar reservatórios e mais barragens têm sido postas em cima da mesa mas o poder de decisão continue dividido. O risco de através das barragens alagar pai-sagens protegidas, como a lendária Garganta do Tigre

que Salta, tem levado ao atrasar dos projectos.

Os prejuízos ambientais do desenvolvimento econó-mico continuam a sentir-se sobretudo nas províncias mais esquecidas e afastadas de Pequim. Yunnan juntava há alguns anos a maior di-versidade de fauna e flora da China. No entanto, o cenário tem vindo a alterar-se.

A floresta virgem foi desbravada em muitos locais pela indústria madeireira e pelo cultivo da árvore da borracha. Em qualquer estrada secundária no sul da província encontram-se árvores da borracha junto às bermas. Nem sempre foi assim. A percentagem de floresta virgem pode estar já em menos de dez por cento, segundo dados da Greenpea-

ce. No total, a província ainda tem 53 por cento de floresta. Resta saber quanto é original.

Este reaproveitamento dos terrenos contribuiu para uma diminuição da retenção de água na floresta inicial, que era fundamental para o ecossistema. A seca continua a destruir milhares de hecta-res de culturas na região e, a este, junta-se o problema da poluição dos rios.

Parte de campanhas por variadas organizações não governamentais na região, e a nível nacional, a protecção dos rios, ameaçados também pelas descargas de poluentes, pretende diminuir a constru-ção de barragens. A falta de água resulta da transformação que sofreu o meio ambiente e, para os ambientalistas, não se pode resolver um problema, criando outro. Um dilema para quem tem de decidir e enfrenta uma percentagem cada vez mais alta da população pronta a sair à rua em protesto.

Ao nível da paisagem natural, Yunnan ainda é uma das regiões mais ricas da China e é cada vez mais visitada por turistas. Só que o dinheiro que representam os visitantes já não chega para sossegar aqueles que durante anos observaram em silêncio o destruir da paisagem. As consequências chegaram e a seca é recorrente. Os apelos urgentes de quem ali vive, estão cada vez mais em sintonia. E argumentam que sem água, não há turismo nem desenvolvimento eco-nómico que aguente.

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Page 9: Hoje Macau 1 NOV 2013 #2966

9 chinahoje macau sexta-feira 1.11.2013

A líder exilada da minoria étnica uigure, Rebiya Kadeer pediu

uma investigação na se-quência das acusações do governo chinês de que o seu povo foi o responsável pelo ataque que causou cin-co mortos na Praça da Paz Celestial, em Pequim, na última segunda-feira, quan-do um jipe atropelou vários transeuntes e se incendiou de seguida. Cinco suspeitos estão detidos.

Falando de Washington (Estados Unidos), onde vive, Kadeer disse, numa entrevista para a agência Reuters, que novos casos de violência podem ocorrer devido à “política de geno-cídio” da China contra as minorias separatistas que vivem no seu território. “Isto é um problema geral da China, não é específico dos uigures. A raiz da causa do atentado são as leis coloniais impostas em áreas como a província do Turquestão Oriental (onde vivem os uigures) e o Tibete. São ataques sistemáticos contra as nossas línguas, cultura, identidade, valores e reli-gião. Tudo isto tem piorado nos últimos anos e há áreas do país onde a atmosfera é de zona de guerra”, declarou.

O Turquestão Oriental

A maioria dos taiwaneses é a favor da independência da ilha em relação à China em detrimento

da unificação, apesar da crescente aproximação económica e social, revela uma sondagem da cadeia de televisão TVBS ontem divulgada.

De acordo com a pesquisa, que tem uma margem de erro de 3%, 71% dos

O governo norte-ame-ricano voltou a ma-nifestar preocupação

com o câmbio chinês, mas esquivou-se uma vez mais de acusar Pequim de manipulação cambial. Em contrapartida, no seu relatório semestral sobre o câmbio, o Tesouro dos Es-

LÍDER SEPARATISTA UIGURE DIZ QUE EXISTEM “ZONAS DE GUERRA” NA CHINA

Perigo de novos atentados

TAIWANESES A FAVOR DA INDEPENDÊNCIA DA CHINA

Mais de 70% apoiamWASHINGTON EVITA ACUSAR PEQUIM DE MANIPULAÇÃO CAMBIAL

Alemanha na mirataiwaneses defendem a independência, enquanto 18% preferem a unificação.

O mesmo estudo concluiu tam-bém que 66% dos inquiridos apoiam a manutenção da actual situação de independência de facto, enquanto 24% querem a independência formal e 7% a unificação com a China.

Quanto à sua identidade, 78% dos residentes em Taiwan identificam-se como “taiwaneses”, enquanto 13% consideram-se chineses.

China e Taiwan não têm relações formais, embora tenha vindo a ser intensificada uma aproximação eco-nómica e política.

Pequim considera Taiwan - a ilha onde se refugiou o Governo do Partido Nacionalista chinês, em 1949, depois de o Partido Comunista ter tomado o poder no continente - como uma pro-víncia da China e não uma entidade política soberana, e defende a “reuni-ficação pacífica” segundo a fórmula adoptada em Hong Kong e Macau (“um país, dois sistemas”).

Pequim ameaça “usar a força” contra Taiwan se a ilha declarar a independência.

tados Unidos recorreu a uma linguagem dura para criticar a política económica da Ale-manha. “O ritmo anémico do crescimento da procura interna da Alemanha e a sua dependência das exportações impediu o reequilíbrio numa altura em que diversos outros

países da zona do euro estive-ram sob intensa pressão para inibir a procura e comprimir as importações com o objectivo de promover um ajuste”, diz o relatório do Tesouro dos EUA.

“O resultado destes acon-tecimentos tem sido uma tendência deflacionária para a zona euro e para a economia mundial”, prossegue o Tesouro.

A Embaixada da Alemanha em Washington não se pronun-ciou sobre o assunto.

Em relação à China, o Te-souro concluiu que o renminbi continua “significativamente subvalorizado”, mas as acções das autoridades monetárias chinesas não cumprem os requisitos legais para que se possa acusá-las de manipula-ção do câmbio.

No relatório, o Tesouro informa ainda que o governo norte-americano pretende acompanhar com mais atenção as políticas cambiais do Japão e da China.

(denominado Xinjiang pelas autoridades de Pequim) é um vasto território na fron-teira com o Paquistão e o Afeganistão, onde vivem os

uirgures, um povo pouco nu-meroso de origem muçulma-na. Após um breve período de independência nos anos 40, a região passou para o

PROBLEMAS DE FALTA DE ÁGUA AFECTAM YUNNAN

A seca já não é só no Norte

REFORÇAR SEGURANÇA APÓS NOVAS DENÚNCIAS SOBRE NSA

Trancas na porta

domínio chinês, apesar das diferenças culturais com o resto do país.

Para Kadeer, é “pouco provável” que o seu povo

tenha organizado um ataque terrorista em Pequim. “A autoria do atentado pode ser uigure como pode não ser. É difícil saber a realidade

devido ao rígido controlo de informação chinês. Porém não podemos ser acusados sem ser levada a cabo uma investigação internacional. Não acredito que um movi-mento deste tipo possa surgir no Turquestão Oriental. Não somos islâmicos extremistas e é pouco provável que os uigures se organizem devido ao forte controlo chinês”, analisou.

“Se os uigures fizeram isto, foi por desespero. Não existem formas de defesa para o sofrimento que o nosso povo enfrenta”, de-nunciou Kadeer. A China nega qualquer repressão contra o grupo étnico.

Kadeer teme que o facto do governo chinês atribuir o ataque aos uigures possa ser usado como justificação para uma “pesada repressão” no seu território nativo.

A militante uigure vive nos Estados Unidos desde 2005, depois de ter sido prisioneira política na China durante seis anos acusada de divulgar “segredos de Estado”.

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10 hoje macau sexta-feira 1.11.2013ENTREVISTA

ANDREIA SOFIA [email protected]

U M dos nomes mais marcan-tes da moda portuguesa está em Macau para apresentar a exposição “De Lisboa a

Macau – Uma viagem de Moda”. Em entrevista ao HM, Nuno Baltazar fala do início de uma indústria de moda em Macau e na mudança de perfil do consumidor chinês.

Como surgiu a oportunidade de colaborar com a Lines Lab e estar pela primeira vez em Macau? Fui contactado pelo Centro de Produ-tividade e Tecnologia (CPTTM) para expor na Galeria de Moda de Macau. Achei que era uma oportunidade única e pareceu-me ser um projecto muito novo mas muito interessante e com pernas para andar. Quis fazer parte dessa história.

O que poderemos esperar desta galeria?Esta galeria tem a vontade de come-çar a mostrar o trabalho de alguns designers locais e de países que es-tejam ligados a Macau e à China. O convite feito a mim vem não só como designer europeu mas também como um país (Portugal) que está ligado tão intimamente a Macau e mostrar um pouco daquilo que é o universo e a visão de um designer europeu. É importante para os designers macaenses terem um contacto mais próximo com um designer europeu, porque é assim que se cresce.

Que visão pretende trazer? Não apenas de uma colecção e da ideia que lhe está ligada, mas também dos tecidos, dos cortes?Quando me fizeram o convite uma das questões era exactamente sobre o que trazer. O que fazia mais sen-tido era trazer um pouco do que é o meu trabalho e o meu universo. A apresentação será feita comigo e com uma designer portuguesa, a Clara (Brito). Achamos que faria sentido fazermos uma apresentação com aquilo que achei que seria a reunião de várias peças, de várias estações diferentes, sem haver uma cronologia, mas com um tema. E o tema é “De Lisboa a Macau, uma viagem de moda”. Para mim a representação de Lisboa foi tor-nar Lisboa numa mulher, a forma como ela seduz, quem a visita, e os residentes. O que trago tem sempre uma ligação forte ao que é lisboeta, a noite, o fado...

Como foi juntar o seu trabalho ao trabalho de Clara Brito, da Lines Lab?

ESTILISTA NUNO BALTAZAR EXPÕE COLECÇÕES EM MACAU

“Faz mais sentido que existam outros centros de moda”massificadas. Os jovens designers podem ter essa oportunidade. E há cada vez mais essa vontade dos con-sumidores de terem cada vez mais uma imagem mais pessoal e menos massificada.

Cada pessoa pode fazer a sua própria moda, olhando para as pessoas na rua, olhando para blogues de moda? Não há tanto aquelas tendências, há uma liber-dade de escolha?A pergunta não é estranha, mas a realidade dos bloggers é um bocadi-nho. Surgem como uma alternativa à informação e à forma como ela é passada nos grandes meios de comu-nicação, mas se olharmos bem eles todos comunicam a mesma coisa – a moda de rua e a moda pessoal e alter-nativa, que já não é tão alternativa.

Acaba por ser igual.Sim. Acho que o mais importante, seja por revistas ou blogues, é haver informação de moda. A pessoa quan-do tem essa informação pega nela e sabe interpretá-la e tornar seja o que for: uma tendência, uma imagem e algo mais pessoal. E isso é que é interessante. Não acho que essa in-terpretação venha dos blogues, muito sinceramente. Vem de quem tem mundo suficiente para pegar nessa informação toda e desconstrui-la.

O CONSUMIDOR E O MERCADO CHINÊS

A China é um mercado que in-teressa à marca Nuno Baltazar? Já tem alguma presença no país?

Não é à toa que a China é tão conhecida por comprar o luxo. Acho que ela começa a mudar e a virar-se para outras marcas alternativas, não no sentido estético mas ao nível da marca

Não há uma junção propriamente dita, vamos ter pisos diferentes. Somos independentes nesse campo e era importante que assim fosse porque temos diferentes interpre-tações e conceitos. A Galeria de Moda de Macau fez muita questão que esse conceito fosse visível e respeitado.

Macau é feita de comunidades. Espera uma adesão por parte do público, ao nível da comunidade portuguesa e chinesa também?

Sim, porque esse é um dos charmes de Macau, essa multiplicidade de comunidades que vivem aqui e de população flutuante. É o que pode ser mais interessante, é ter um feed-back diferente consoante as pessoas. As minhas peças têm um ar mais sofisticado, feminino, muito pouco experimentalista. Haverá mulheres que se identificam mais com essa estética, e outras que não se identifi-carão tanto. Mas na exposição tenho a certeza que terá impacto, porque conta uma história.

O ano passado Macau recebeu pela primeira vez o Macau Fashion Link, que ganha este ano uma segunda edição, sem esquecer o evento onde participa. Como olha para o início desta indústria?Vejo com esse interesse do inicio e do poder fazer parte dele. Lembro--me de há uns anos atrás a Moda Lisboa estava muito no inicio e um dos primeiros convidados foi o John Galliano. Ele na altura ainda não era ninguém. Os projectos, quando estão a começar, são muito interessantes e podem ter esse lado de poder participar e trocar opiniões. O perceber que há uma vontade de Macau em se afirmar nesta área é importante porque cada vez mais faz sentido que existam outros centros de moda fora dos que são mais conhecidos, Paris, Milão, Nova Iorque e Londres. Cada vez há mais Semanas de moda espalhadas pelo mundo e acho que Macau tem uma história cultural interessantíssima. São as bases culturais de um país que podem servir para um bom alicerce da história da moda.

Portugal já vai tendo uma tradição neste mercado...Mas também teve de começar de alguma forma e Macau está a co-meçar agora.

Mas com esta tradição o que é que os designers portugueses podem trazer?Uma das coisas mais importantes é essa troca de experiências e de ideias. Vou mostrar como trabalho, o processo criativo, como é que penso uma marca e dar esse testemunho aos jovens designers de cá. A moda tem muito a ver com mundo, viagens, conhecimento e cultura. Trabalho há 15 anos e é normal que tenha alguma coisa para mostrar. Quanto mais não seja uma perspectiva diferente.

A sua vinda a Macau pode influen-ciar as suas próximas colecções?É difícil dizer porque acabei de chegar (risos). Mas não seria a pri-meira vez que uma viagem é fonte de inspiração para uma colecção. Já aconteceu várias vezes e poderá vir a acontecer sim.

Falava que cada vez mais há Se-manas da Moda para além das cidades principais. As pessoas cada vez mais procuram modas alternativas?Sim. Ao mesmo tempo que existe um grande apelo para o consumo de moda e de luxo nos países emergen-tes existe também uma necessidade de distanciamento dessas marcas que começam a ser cada vez mais

Page 11: Hoje Macau 1 NOV 2013 #2966

11 entrevistahoje macau sexta-feira 1.11.2013

ESTILISTA NUNO BALTAZAR EXPÕE COLECÇÕES EM MACAU

“Faz mais sentido que existam outros centros de moda”

Não tenho nenhuma expressão. É um mercado que me pode vir a in-teressar no sentido em que há cada vez mais uma mudança naquilo que o consumidor chinês procura. O processo é igual em todos os lados. Há primeiro uma procura das grandes marcas e daquilo que é reconhecido. Não é à toa que a China é tão conhecida por comprar o luxo. Acho que ela começa a mu-dar e a virar-se para outras marcas alternativas, não no sentido estético mas ao nível da marca. A procura por Lisboa, que cada vez mais é um destino de eleição dos chineses, po-derá abrir essa mentalidade dentro da sociedade chinesa.

A moda portuguesa está a saber olhar para os consumidores chi-neses?Sim. Ainda que os consumidores chineses estejam em mutação, por-que a própria morfologia do corpo está a mudar. São mais altos, e isso faz com que a proximidade a uma estética física europeia comece a ser maior. Antigamente era preci-so que as colecções fossem muito adaptadas aos mercados. Mas não é isso que o mercado quer. É mais o mercado que se vai aproximar do mercado do que o contrário.

A China também tem dado passos importantes nesta área, com a realização de Semanas da Moda em Pequim e Xangai. Como olha para a indústria neste momento?O que falta é perceber que para ter uma marca internacional é preciso que as apresentações deixem de ser locais. Ainda se nota que nas apre-sentações as manequins são muito orientais. Na Europa não interessa de onde as manequins são, interessa é terem uma determinada estética. Quando começar a haver essa mu-dança vai haver um ‘boom’ grande dos designers asiáticos ou chineses, porque os japoneses já têm alguma projecção. Se bem que têm outro tipo de estética, que não acredito que seja tanto a dos chineses.

Uma estética mais aberta?Os chineses vão ter uma estética mais próxima dos europeus do que os japoneses. Os japoneses são muito conceptuais e o corpo não é

uma coisa muito importante. É só a textura, o tecido, a forma.

Por algum motivo em especial? Estamos a falar de culturas muito diferentes. É um pais que se está a abrir ainda, portanto há essa ânsia daquilo que se admira.

Um fascínio pela Europa.Sim. É mal comparado mas é como nós quando apareceu a ‘fast-food’ norte-americana. Houve um ‘boom’ e toda a gente queria aquilo. Hoje em dia já não é assim. Mas no inicio é normal.

“CASAMENTOS” NA MODA PORTUGUESA

Apesar da China não ser um mercado, em que outros países está neste momento a marca Nuno Baltazar?Não me preocupo muito com isso. Existem alguns contactos nesse sentido. Vamos estar fora com aces-sórios, mas a roupa neste momento ainda não está.

Para a internacionalização da moda portuguesa é preciso mais união de designers e membros da indústria?É preciso haver casamentos (risos).

Ainda não aconteceram? O que está a falhar?É a indústria. Pertenço à terceira geração de designers, e as primei-ras gerações, que tiveram alguma ligação à indústria, não souberam aproveitar, não se aproximaram da realidade que os mercados estão a ter neste momento. Não existe nesta altura tanta vontade da industria têxtil de apostar numa marca por-tuguesa e internacionalizá-la, como por exemplo existe nos sapatos. Vamos brevemente lançar uma linha de acessórios, de calçado,

com uma empresa que trabalha com países emergentes, como a Rússia, mas na roupa ainda não. A indústria têxtil que precisa de uma mudança.

Uma reportagem recente no jornal português Público falava do facto de uma indústria feita de pequenas fábricas de calçado no norte do país se internacionalizou. Porque tiveram essa vontade. O calçado tem uma coisa fantástica em relação ao têxtil: eles só têm uma associação, enquanto que no têxtil existem várias associações com estratégias diferentes e não há um caminho a ser traçado. Tenho uma ligação muito mais forte à associação de calçado, sendo um designer têxtil. É um bocadinho estranho, mas é o que acontece com a maioria dos meus colegas.

Em termos de eventos até há poucos anos a Moda Lisboa e o Portugal Fashion (no Porto) eram eventos um pouco separados. Há hoje uma maior ligação?Continua a não haver (risos). São duas estruturas completamente dis-tintas. A única situação que mudou nos últimos anos é que o Portugal Fashion também faz algumas das

suas apresentações em Lisboa. Já não estão fechadas no Porto.

Se houvesse essa união era mais fácil a internacionalização?Não sei. Acredito que a internacio-nalização parte e é independente da profissionalização e apresentações. O que falta é a estrutura que está por detrás, que permite a presença em feiras e vender. É isso que falta à moda portuguesa porque a forma como as apresentações são feitas já atingiu a maturidade.

O Nuno formou-se no Citex, hoje há mais cursos de moda em Por-tugal. Como vê esta nova geração de designers?Vejo de uma forma muito interes-sante, porque no fundo eles formam--se em Portugal e vão sempre lá fora e estão mais preparados para trabalhar fora de Portugal. Era uma realidade que na altura em que estudei não havia. Se calhar têm uma preparação menos rica do que aquela que tive, mas têm uma mentalidade mais aberta para continuarem os seus estudos.

15 ANOS DE EMOÇÕES

Com tantos anos de carreira, que balanço faz, e sobretudo qual a ligação que tem com o público?Aquilo que tento é deixar uma marca, e ao longo destes anos acho que tenho conseguido. Alguém que seja muito fiel à marca vê um designer emocio-nal, alguém que trabalha a cor, as formas. É isso que me distingue no panorama da moda portuguesa – sou o designer emocional. É isso que me move e o que procuro em todos os desfiles.

É conhecido por ter um estilo clás-sico. Vai continuar nessa linha?Depende. Às vezes os carimbos que nos são postos duram tempo demais. A pessoa já mudou e ainda tem aquele carimbo. A minha co-lecção “Orlando” foi uma grande mudança, era mais casual, dentro de uma determinada estética, mas não era tão clássica. A raiz é clás-sica, mas a interpretação não é.

Quando parte para a criação de uma colecção, parte com um filme, uma música?Há sempre uma protagonista de uma história, que é uma mulher. E essa mulher ou está no sítio para onde viajei ou no filme que vi. A protagonista dessa história é a mi-nha inspiração para uma colecção, há sempre uma mulher por detrás das minhas colecções. Se calhar por isso é que é tão emocional ou feminina.

Já tem inspirações, projectos, para as próximas colecções?Tenho sempre em carteira temas. Por isso é que disse que é importante ter mundo, viajar, conhecer, ouvir. É ser rico. É ter um universo interior mais rico possível.

[Eu e a Clara Brito] achamos que faria sentido fazermos uma apresentação com aquilo que achei que seria a reunião de várias peças, de várias estações diferentes, sem haver uma cronologia, mas com um tema. E o tema é “De Lisboa a Macau, uma viagem de moda”

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12 publicidade hoje macau sexta-feira 1.11.2013

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13hoje macau sexta-feira 1.11.2013 VIDA

PLANETA rochoso tem tamanho e massa seme-

lhantes à Terra, mas dá volta à sua estrela em apenas 8,5 horas. Resultados fazem sonhar com a descoberta de Terras em locais compatíveis com a vida.

Em Kepler-78b, o pôr do Sol é gigante. Imagine uma estrela a ocupar metade do céu entre o horizonte e o zénite. E ainda rochas fundidas à su-perfície devido a temperaturas muito altas. Kepler-78b gira a uma distância mínima do seu sol e completa uma volta em apenas 8,5 horas. Está tão perto daquela estrela que os astrónomos consideraram que

pertence a uma nova classe de planetas. É um mundo quente, infernal, o oposto da nossa re-alidade amena, e incompatível com a vida que conhecemos. E, no entanto, duas equipas de astrofísicos fizeram, separada-mente, medições deste exopla-neta e descobriram que, das centenas que já se conhecem, o Kepler-78b é o mais seme-lhante à Terra no tamanho, na massa e na densidade.

Os artigos com os resul-tados das duas equipas são publicados nesta quarta-feira na edição online da revista Nature. Uma das equipa inclui um investigador português Pedro Figueira.

Por onde começar a pro-curar vida noutros planetas? Os astrofísicos gostariam de começar essa procura em sítios com as características do nosso mundo. O ideal seria mesmo encontrar um planeta--irmão da Terra, de tamanho e massa semelhantes, a girar à volta de uma estrela com dimensão e idade equivalen-tes à do Sol e na mesma zona de habitabilidade. Ou seja, suficientemente perto da sua estrela para o calor impedir a água de congelar, mas não tão perto que a fizesse evaporar-se para o espaço. Mas até agora, ainda não encontraram a Terra número dois.

PORTUGAL NASCIMENTOS DESCERAM EM 2012 PARA MENOS DE 90 MIL

População voltou a diminuir em 2012

Exoplaneta mais parecido com a Terra é um mundo infernal

A população resi-dente em Por-tugal voltou a diminuir, pelo

terceiro ano consecutivo, como resultado do valor negativo do crescimento natural e do crescimen-to migratório, segundo mostram as Estatísticas Demográficas 2012 pu-blicadas nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Confirmando as pre-visões e acentuando a tendência, os nascimentos voltaram a descer, ficando pela primeira vez abaixo dos 90 mil (89.841). Foram menos 7,2% do que em 2011, quando se registaram 96.856 nascimentos, repre-sentando já nessa altura uma quebra em relação ao ano anterior.

Por outro lado, em 2012, registaram-se 107.612 óbi-tos de pessoas residentes em Portugal, um aumento de 4,6% em relação a 2011. O crescimento natural foi, portanto, negativo: houve mais 17.771 mortes do que nascimentos.

O total de população residente em Portugal em 2012, segundo os dados do INE, era de 10.487.289 habitantes (10.542.398 em

2011). Manteve-se a ten-dência de envelhecimento demográfico, resultando da redução da população jovem (e em idade activa) e do aumento do número de pessoas idosas.

Face à população re-sidente, a proporção de jovens passou de 14,9% em 2011 para 14,8% em 2012. Já a proporção de pessoas idosas, com 65 anos ou mais, aumentou de 19% para 19,4%. Ou seja, o índice de envelhecimento passou de 128 idosos por 100 jovens, em 2011, para 131 idosos por 100 jovens, em 2012.

MENOS NASCIMENTOSRelativamente à dimi-nuição da natalidade, há dois pontos a salientar: o declínio da fecundidade e o adiamento da idade das mulheres no nascimento dos filhos. A idade média da mulher, no nascimento do primeiro filho, passou de 29,2 para 29,5 anos.

Confirmou-se também a tendência de aumento dos nascimentos fora do casamento: 42,8% em 2011 para 45,6% em 2012. Em paralelo a esse número, está a diminui-ção dos casamentos que

tem sido sistemática nos últimos anos.

Realizaram-se 34.423 casamentos em 2012 (324 dos quais entre pessoas do mesmo sexo), menos 1612 do que no em 2011. A idade média da mulher no primei-ro casamento aumentou para 31,4 anos (31 anos em 2011) e a idade do homem desceu de 29,9 anos em 2011 para 29,5 em 2012.

Já os divórcios voltaram a descer: foram 25.380 em 2012, menos 1371 que em 2011. A diminuição já se tinha verificado em 2011 – foi essa a primeira quebra desde 2005 – para a qual a crise foi apontada como uma das razões, entre outras.

Contribuindo para a redução da população, está também o crescimento dos fluxos emigratórios. Em 2012, o número de emigran-tes permanentes (51.958) ultrapassou novamente o dos imigrantes permanen-tes (14.606), resultando num saldo negativo.

Quanto à emigração temporária, em 2012, esti-ma-se que 69.460 pessoas tenham saído do país com intenção de permanecer no estrangeiro por um período inferior a um ano.

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HOJE MACAU

DESENHOS DE CARLOS MARREIROS NA CREATIVE MACAU

14 hoje macau sexta-feira 1.11.2013CULTURA

O director do Museu Le-opold de Viena, que al-berga vastas colecções de artistas austríacos

como Egon Schiele e Gustav Klimt, demitiu-se na sequência de uma polémica que envolve arte saquea-da pelos nazis. Tobias Natter disse que não podia continuar no museu depois de a maioria dos membros mais importantes da sua equipa se terem juntado a uma nova fundação associada ao filho ilegítimo de Klimt, o realizador Gustav Ucicky, cujas obras incluem propaganda nazi.

A chamada Fundação Klimt tem 14 obras do pintor – quatro pinturas a óleo e dez desenhos. A propriedade de pelo menos um, um retrato de Gertrude Loew, é disputada há anos pelos herdeiros de Loew, que dizem que ela foi roubada pelos nazis e a querem reaver.

O Museu Leopold tentou recentemente encetar um novo capítulo na sua história depois de ter combatido inúmeras alegações – e, em alguns casos, chegando a acordo financeiro com os herdei-ros dos proprietários judeus de obras de arte roubadas depois da anexação da Áustria por Hitler em 1938. Muitas foram vendidas em leilão em Viena depois de 1945 e depois compradas ao seus novos proprietários por Rudolf Leopold, que começou a coligir a sua co-lecção nos anos 1950 e resistiu às reclamações de restituição até à sua morte, em 2010.

No ano passado, o museu che-gou a acordo quanto a uma recla-mação sobre Houses by The Sea, de Schiele, feita pelos herdeiros de Jenny Steiner, proprietária de uma fábrica de seda cuja valiosa colecção de arte foi apreendida pelo regime nazi em 1938. “É uma triste verdade que há anos que o museu era conhecido em todo o mundo por ser sinónimo de arte saqueada.

DIRECTOR DO MUSEU LEOPOLD DE VIENA DEMITIU-SEPOR CAUSA DE ARTE SAQUEADA PELOS NAZIS

Uma obrigação moral

Por que é que devíamos conspurcar--nos outra vez com este tema?”, perguntou Natter numa entrevista telefónica com a Reuters.

Natter era director do museu

há apenas dois anos. As suas ex-posições incluíram Nackte Männer (Homens Nus), uma exposição que convidou nudistas para a sua noite inaugural e que se tornou tão

popular que inspirou uma exposi-ção no Museu de Orsay em Paris, Masculin/Masculin.

A historiadora de arte Sophie Lillie, que documentou o destino

de 148 colecções apreendidas pelos nazis a judeus de Viena no seu livro Was einmal war (O que foi outrora, de 2003), disse que Natter devia ser elogiado pela sua decisão de se demitir. “Penso que até certo ponto o museu Leopold tentou resolver os seus problemas porque havia muita pressão mediática sobre eles.

Agora, as luzes estão mesmo so-bre eles”, disse à Reuters.

Dois inves-tigadores estão agora a vascu-lhar a colecção de mais de seis mil obras do

museu para estabelecer a prove-niência do maior número de peças possível, disse um porta-voz do museu. Em 1994, o Estado austrí-aco transferiu a colecção Leopold, que tinha comprado, para uma fun-dação privada e ajudou a construir o edifício do museu que a alberga.

O regime nazi pilhou sistema-ticamente centenas de milhares de obras de arte de museus e indivíduos e há um número ain-da desconhecido de obras ainda desaparecidas e vários museus em todo o mundo têm levado a cabo investigações quanto à proveniência das suas peças. Uma comissão holandesa que está a investigar a pilhagem de bens naquele país durante a era nazi disse terça-feira que iden-tificou 139 obras com origens problemáticas, entre elas um Matisse e várias outras peças, envolvendo entre outras institui-ções o famoso Rijksmuseum de Amesterdão. O site especial do projecto, cuja versão em inglês só surgirá em 2014, foi lançado terça-feira e detalha os resultados do trabalho desta comissão nos últimos quatro anos sobre 400 instituições. O director da As-sociação de Museus holandesa, Siebe Weide, disse, citado pelo El Pais, que este trabalho se reveste de uma obrigação moral, “uma tarefa que ninguém nos impôs”.

As leis austríacas quanto à restituição de arte saqueada estão agora a ser postas à prova no caso do monumental Beethoven Frieze (1902) de Klimt, que homenageia o compositor alemão e integra a exposição permanente do museu da Secessão de Viena. Os herdeiros do seu anterior proprietário, Erich Lederer, cuja família judia fugiu quando a Alemanha nazi anexou a Áustria em 1938, podem recu-perar a peça se um recurso apoiar a sua reclamação de que Lederer foi forçado a vendê-lo ao Estado austríaco a preço de saldo.

A fundação Klimt pediu a uma comissão de investigadores independentes que averigúe a proveniência das suas obras e diz que a investigação sobre o retrato de Gertrude Loew estará terminada até ao final do ano.

Os mais antigos

datam de 1978.

Uma mostra na

Creative Macau dá a

conhecer ao público

uma retrospectiva

de desenhos de

arquitectura

da autoria de

Carlos Marreiros.

A exposição do

representante de

Macau na Bienal de

Veneza, inaugurada

ontem, ficará patente

até ao próximo dia 18

de Novembro.

Page 15: Hoje Macau 1 NOV 2013 #2966

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

FOTOGRAFIAS EXCLUSIVAS DE BRIGITTE BARDOT NO SOFITEL PONTE 16

15 culturahoje macau sexta-feira 1.11.2013

O fotógrafo Marcos Sobral venceu o prestigiado prémio internacional Wildlife Photographer of the Year, na categoria de Urban Wildlife. Com

o título ‘Momentos Primatas’, a fotografia do português retrata a coexistência entre pessoas e macacos em Varanasi, no norte da Índia.

Ao longo de centenas de anos, os macacos ‘rhe-sus’ adaptaram-se e passaram a viver lado a lado com as pessoas daquela região, chegando mesmo a ter um lugar em templos sagrados e a ser alimentados como forma de adoração. Precisamente para demonstrar o percurso notável que se fez na coexistência entre pessoas e macacos, Marcos Sobral escolheu a vista de um telhado para captar uma cena emblemática.

“Estive mais de uma hora à espera naquele sítio, a segurar todo o equipamento fotográfico e a ser devorado por enxames de mosquitos”, conta o fotógrafo ao Natural History Museum, promotor da competição. Enquanto isso, lá em baixo, os macacos estavam de olho em si e a luz começou a diminuir.

Até que a situação pela qual Marcos tanto aguardava aconteceu. “Assim que vi a mãe, no canto superior direito, a levantar o filho no ar e, ao mesmo tempo, um casal de macacos, ao lado, a brincar com a cria deles, soube que tinha o disparo de que precisava”, revela o português.

A Fundação Rui Cunha, o CRED-DM e a CPLP organizam no próximo

dia 4 de Novembro, pelas 16h30, uma Tertúlia/Palestra com o Secretário Executivo da CPLP, embaixador Murade Murargy e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa residente em Macau.

O encontro, que segundo o comunicado de imprensa da organização se pretende o mais alargado possível a toda a comunidade PLP, e que se prevê que tenha uma duração de 2h00 (16h30/18h30), pro-põe fazer uma apresentação transversal, a qual passará

O Sofitel Ponte 16

inaugurou, ontem,

uma exposição

exclusiva de

fotografias de umas

das mais aclamadas

actrizes francesas

de todos os tempos.

BB Forever –

Brigitte Bardot é

uma mostra de fotos

nunca antes vistas

nos bastidores de

alguns dos seus

filmes.

Morreu João Silva, animador da Rádio MacauJoão Silva, animador da Rádio Macau, faleceu no passado domingo, em Lisboa, vítima de doença prolongada. O funeral de João Silva, que contava 43 anos de idade e era responsável pelo programa de música clássica Papageno, realizou-se anteontem em Portugal.

Lúcia Moniz edita livro de fotografiaA cantora e actriz Lúcia Moniz apresenta no domingo, na Academia da Juventude e das Artes, em Angra do Heroísmo, o livro de sua autoria “Vou Tentar Falar Sem Dizer Nada”, editado pela Marcador. Sobre o livro, a cantora que já representou Portugal no Festival da Eurovisão, disse à Lusa que a ideia surgiu de um desafio feito pela editora, depois de terem tomado conhecimento da sua “paixão por esta arte”, a fotografia. Refira-se que Lúcia Moniz recebeu em 2011 o Best Cook Book Design pela montagem e edição de arte do livro “Taberna 2780”, editado pela Bertrand. As fotografias “resumem-se no resultado do momento que presenciei com a oportunidade de capturá-lo naquele segundo exacto”, disse Lúcia Moniz que acrescentou: “As fotografias são apresentadas neste livro sem quase nenhuma explicação ou legenda para que as mesmas imagens que captei sejam interpretadas livremente pelo leitor/consumidor”.

FOTOGRAFIA PORTUGUÊS VENCE PRÉMIO INTERNACIONAL

Pessoas e macacos

TERTÚLIA COM MURADE MURARGY NA FUNDAÇÃO RUI CUNHA

Poesia, música e lusofoniaDupla portuguesa nomeada para os British Fashion Awards

A dupla de designers portugueses Marques’Almeida é um dos nomeados para os prestigiados British

Fashion Awards, na categoria de Emerging Talent - Womenswear (Talento Emergente - Moda Feminina). Os concorrentes foram anunciados na terça-feira pela organização.

Ao lado dos designers de moda lusos estão a irlandesa Simone Rocha e o canadiano Thomas Tait, numa categoria que visa distinguir o “designer inovador e direccional que está a emergir como uma força influente na moda feminina britânica”.

Marta Marques e Paulo Almeida estão em Lon-dres desde 2009, para frequentar um mestrado na universidade Central St. Martins. Em 2010, marcaram presença numa mostra colectiva e, em Setembro deste ano, apresentaram pela quinta vez uma colecção em nome individual, num desfile na semana de moda londrina. Criados em 1989, os British Fashion Awards premeiam, há mais de 20 anos, as contribuições dos designers, criativos e modelos que mais se destacam no cenário da moda internacional.

por apontamentos musicais, sessão de poesia e uma pe-quena conferência onde o Secretário Executivo será o orador principal.

Num tempo em que a Lusofonia é uma das grandes apostas politicas internacionais, e aten-dendo à cada vez maior importância das relações entre a Republica Popular da China e os Países de Língua Portuguesa, Macau assume, neste contexto, um papel muito especial, não apenas porque tem o português como uma das línguas oficiais mas sobretudo porque é parte integrante de um conjunto de nações com a mesma matriz jurídica identitária, finaliza a nota de imprensa.

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16 hoje macau sexta-feira 1.11.2013DESPORTO

A ganhar por 3-0 ao Sevilha passa-dos 32 minutos, o Real Madrid

parecia ter pela frente um encontro tranquilo e bom para recuperar do desaire em Camp Nou no sábado passado. Mas a equipa que veio da Andaluzia encarre-gou-se de dar outra emoção ao jogo e marcou dois golos antes do intervalo. Só que o Real voltou a acelerar na segunda parte a acabou por triunfar por 7-3, com três golos de Cristiano Ronaldo e a primeira grande exibição de Gareth Bale pelos “me-rengues”.

Era um encontro entre duas equipas com fortes contingentes de jogadores portugueses. Do lado do Real, apenas um entre três

A LGUNS meses de hesita-ção, uma escolha delicada, as felicitações vindas de

Espanha, as críticas disparadas da América do Sul e a ameaça de perda de nacionalidade brasileira. A decisão do avançado Diego Costa de representar a selecção espanhola está a causar grande incómodo no Brasil, mais do que seria de esperar para um país há muito habituado a ver os seus jogadores vestirem a camisola de nações rivais.

Heraldo Bezerra (1973, um jogo), Donato (1994, 12), Catanha (2000, três), Marcos Senna (2006, 28) e agora Diego Costa. Eis o estrei-to leque de brasileiros que trocaram a selecção do país de origem pela espanhola. Se percorrermos o mapa do futebol, encontramos dezenas de outros casos de atletas que pre-feriram outra selecção à do Brasil, mas os responsáveis brasileiros têm convivido pacificamente com essa realidade. Até agora. “Um jogador brasileiro que se recusa a vestir a camisa da selecção brasileira e a

disputar uma Copa do Mundo no seu país só pode estar automaticamente desconvocado. Ele está dando as costas para um sonho de milhões, o de representar a nossa selecção pentacampeã numa Copa do Mun-do no Brasil”, reagiu Luiz Felipe Scolari, seleccionador do Brasil, em declarações ao site da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Scolari referia-se ao facto de o avançado do Atlético de Madrid ter sido recentemente chamado para os jogos particulares frente às Hondu-ras (16 de Novembro) e ao Chile (19), depois de já ter sido convocado e de ter alinhado nos encontros de preparação contra Itália (21 minu-tos) e Rússia (12). Acontece que, à luz dos regulamentos da FIFA, as partidas de carácter não oficial não são tidas em conta para efeitos de inelegibilidade de um jogador para representar uma selecção de um outro país. “A CBF estava disposta a lutar pelo jogador. Juridicamente, os nossos argumentos são fortes, porque os amigáveis valem para o

ranking da FIFA”, criticou Carlos Eugênio Lopes, director jurídico da CBF, que, em declarações a O Globo, denuncia que o jogador foi “aliciado” financeiramente e anunciou a instauração de um pro-cesso que visa retirar ao avançado a nacionalidade brasileira.

IRREVOGÁVELA decisão de Diego Costa, porém, é irrevogável. O goleador que teve em Portugal a porta de entrada no futebol europeu (chegou ao Sp. Bra-ga, em 2006, e passou pelo Penafiel por empréstimo) confirmou ontem, através do site do Atlético de Madrid, que sentiu necessidade de retribuir aos espanhóis a forma como tem sido tratado nos últimos sete anos. “Repensei e o correcto seria jogar em Espanha. O que consegui na minha vida foi neste país, pelo qual tenho um carinho especial. Foi uma decisão bastante complicada porque estive entre o país no qual nasci e o país que me deu tudo. Pensei e de-cidi jogar pela Espanha”, explicou,

deixando claro que “em momento algum” renunciou ao Brasil.

Diego entrou no Vicente Calderón em 2007, mas só na temporada passada começou a afirmar-se no “onze” dos colchoneros, depois de ter ficado na sombra de Kun Aguero, Forlán e de Falcao. As suas performances (é ac-tualmente o melhor marcador da Liga espanhola, com 11 golos) convence-ram não só o treinador do Atlético, Diego Simeone, mas também Vicente del Bosque, seleccionador espanhol, que não negou o interesse nos seus serviços.

O facto de ter optado pela actual campeã europeia e mundial, provavel-mente a mais séria candidata a bater o pé ao Brasil no Mundial de 2014, foi mal digerido na CBF, habituada a ver jogadores brasileiros naturalizarem--se por países com menos currículo (embora haja excepções, como Thiago Motta na Itália ou Kuranyi e Cacau na Alemanha). Agora, Diego prepara-se para se tornar no 40.º jogador nascido fora de Espanha a vestir a camisola de La Roja.

FUTEBOL TRIUNFO DO REAL MADRID SOBRE O SEVILHA POR 7-3, COM TRÊS GOLOS DO PORTUGUÊS

A melhor resposta de Ronaldo foi em campo

DIEGO COSTA PREFERIU REPRESENTAR A SELECÇÃO ESPANHOLA

Brasil ameaça retirar-lhe a nacionalidade

alinhou de início (Ronaldo), pelo Sevilha estavam os três (Beto, Diogo Figueiras e Da-niel Carriço). E houve muita acção na primeira parte.

Pela segunda vez con-secutiva, Gareth Bale foi titular com Ancelotti e nesta quarta-feira, como nunca antes tinha acontecido, o galês mostrou o que pode fazer com o seu potente pé esquerdo. Minuto 13, a bola passa por Isco e Benzema, antes de chegar ao pé esquer-do do galês, que remata sem dar qualquer hipótese a Beto.

Era o segundo golo de Bale no campeonato e o primeiro que marcava no Santiago Bernabéu, mas a contribuição para o jogo do homem 91 milhões estava longe do fim. Num livre di-recto à entrada da área, Bale

volta a usar o pé esquerdo, a bola é desviada pela mão de Alberto Moreno e volta a entrar na baliza de Beto.

O terceiro do Real veio aos 32’, marcado por Ro-naldo, depois de um penálti que não existiu. O português converteu e festejou de for-ma bastante efusiva e com um destinatário específico, Sepp Blatter, o presidente da FIFA que tinha gozado com ele e tinha dito que ele era um comandante. Ora, o português respondeu ao suíço com uma continência.

Recados à parte, o jogo estava longe do fim. Até ao intervalo os sevilhanos marcaram mais dois. Rakitic marcou de penálti aos 38’, depois de Diogo Figueiras ter sido derrubado por Sérgio Ramos dentro da área. No minuto seguinte é Bacca a fazer o 3-2 e a colocar o Sevilha de novo na discussão do resultado.

Só que o Real não deixou que a distância estivesse no mínimo durante muito tem-po. Minuto 52, assistência de Bale, golo de Benzema (4-2). Minuto 59’, assistência de Bale, golo de Ronaldo (5-2).

O Sevilha ainda reduziu para 5-3 (Rakitic, 63’), mas o Real estava mesmo impa-rável e marcou mais dois, Ronaldo aos 71’ e Benzema aos 79’.

RONALDOULTRAPASSA PUSKASNão podia ter sido melhor a resposta de Ronaldo a Blatter e o Sevilha foi a sua vítima (o quarto “hat-trick” do por-tuguês contra os andaluzes). E, com o jogo de ontem, Ronaldo tornou-se no quinto melhor marcador do Real no campeonato, ultrapassando o húngaro Puskas. Mais que Ronaldo (156 golos), apenas Hugo Sánchez (164), Santillana (186), Di Stéfano (216) e Raúl (228). Mas, ao ritmo goleador de Ronaldo, ele está bem encaminhado. E tem contrato até 2018…

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SALA 1THOR: THE DARK WORLD [B]Um filme de: Alan TaylorCom: Natalie Portman, Anthony Hopkins14.30, 16.30, 21.45

CAPTAIN PHILLIPS [C]Um filme de: Paul GreengrassCom: Tom Hanks19.15

SALA 2 CAPTAIN PHILLIPS [C]Um filme de: Paul GreengrassCom: Tom Hanks14.15, 16.45, 21.30

THOR: THE DARK WORLD [3D] [B]Um filme de: Alan TaylorCom: Natalie Portman, Anthony Hopkins19.30

SALA 3THE SECOND SIGHT [3D] [C](FALADO EM TAILANDÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)

Com: Nawat Kulratanarak, Rhatha Phongam, Jirawetsuntorakul14.30, 16.30, 19.30

ABOUT TIME [B]Um filme de: Richard CurtisCom: Rachel McAdams, Domhnall Gleeson, Bill Nighy21.30

M A C A U [ S Ã ] A S S A D OCHEGAR ATÉ AO CIMO Foto: Facebook

• É caso para dizer que estamos sempre em aprendizagem contínua. Este senhor mostra como se pode chegar mais alto – e com segurança máxima – em cima de uma mota. Escadote? Escada? Andaime? Nada disso. Foi de mota...

Os seus pulmões estão cheios? Pois, os meus também não. Ou, por outra, a proporção de oxigénio neles é inversamente proporcional à de dióxido de carbono. E não será muito difícil de adivinhar porquê. Se não arrisca, eu dou-lhe uma pista... Basta deslocar-se à intersecção mais próxima da sua casa e tenho a certeza que vai querer suster a respiração.Ora bem, este é o cenário actual. Mas o panorama está para piorar. E não é preciso ser grande adivinho para desvendar que tal deve-se ao facto de as cartas de condução emitidas em Guangdong servirão igualmente para conduzir em Macau. O reconhecimento mútuo das licenças na província vizinha está para ser confirmado em datas próximas, depois de uma sondagem junto da população que Chui Sai On mostrou querer fazer. Nesse sentido, espero que o povo se pronuncie com afinco também desta vez!A minha estranheza passa também pelo facto de nem todos os membros do Conselho Consultivo do Trânsito se mostrarem contra a medida que, está mais que visto, vai sobrecarregar a capacidade rodoviária da cidade. Vá lá que uma coisa parece estar na mente do Governo: “conduzir em Macau, não significa conduzir um carro do continente”. Oxalá mantenham a directiva se esta política avançar... Eu percebo que quando se pensa na futura ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai faça sentido pensar-se em protocolos de cooperação mas é necessário travões.Nesta história toda, o que me causa verdadeira incompreensão é que há uma certa discriminação na medida. Porque raio há limitações a certos residentes de Macau que podem conduzir em Guangdong? Tratam-se daqueles que tenham trocado a sua carta de condução portuguesa por uma da RAEM. Mas, vistas bem as coisas, apesar de em Macau estes condutores estarem equiparados aos restantes, lá fora já levam conhecimentos diferentes de como conduzir. É isso? Se a China não assinou a convenção rodoviária, compreendo que os condutores de Portugal não possam trocar a sua carta por uma em Guangdong mas uma vez que a sua licença está já equipara a uma da RAEM, a equação não deveria ser outra?Bem, no fim de contas, a medida parece-me descabida. Dá-me até vontade de sair à rua e começar a arranhar os carros todos. Cuidado porque ando com as unhas destas lindas patas bem afiadas...

PORTUGUESES NO HOLOCAUSTO • Esther MucznikBaruch Leão Lopes de Laguna, um dos grandes pintores da escola holandesa do século XIX, judeu de origem portuguesa, morreu em 1943 no campo de concentração de Auschwitz. Não foi o único; com ele desapareceram 4 mil judeus de origem portuguesa na Holanda, que acabaram nas câmaras de gás. Esther Mucznik traz-nos um livro absolutamente original, baseado numa investigação profunda e cuidada em que nos conta a história que faltava contar sobre a posição de Portugal durante a Segunda Guerra Mundial.

O RAPAZ DE BRONZE • Sophia de Mello Breyner“Era uma vez um jardim maravilhoso, cheio de grandes tílias, bétulas, carvalhos, magnólias e plátanos. Havia nele roseirais, jardins de buxo e pomares. E ruas muito compridas, entre muros de camélias talhadas.” O Rapaz de Bronze é uma das muitas obras em que Sophia de Mello Breyner Andresen se afirma como uma das escritoras de livros para crianças mais importantes da Literatura Portuguesa. As ilustrações são de Júlio Resende.

Page 18: Hoje Macau 1 NOV 2013 #2966

18 hoje macau sexta-feira 1.11.2013OPINIÃO

Outono recheado de acontecimentos

Os problemas acima mencionados mostram que as reformas políticas têm de ser efectuadas ao mesmo tempo das reformas económicas. Se uma pessoa andar só com um pé, tropeça e cai. Sem competição justa não há desenvolvimento. Uma eleição pretensamente democrática não passa de um truque para iludir o povo. A política pode ser um jogo, mas geralmente acaba em tragédia

O mês de Setembro ficou marcado pelas eleições para a Assembleia Legis-lativa. Disseram-me que as autoridades no poder não queriam que houvesse mui-ta confusão durante este período e que preferiam esconder os problemas para não influenciar as eleições.

Mas assim que o período eleitoral acabou, os problemas vieram todos ao de cima.

A Reolian declarou falência no dia 1 de Outubro; Mais de 10 mil pessoas participaram na manifestação de trabalhadores do jogo de Macau para protestar contra a importação de croupiers estrangeiros no dia 10 de Outubro. Na verdade, esta ideia de importação de tra-balhadores visava apenas saber qual seria a reacção geral perante a sugestão. Para além disto, houve ainda o incidente do Sin Fong Garden, que revelou fendas nas colunas estru-turais com mais de um ano. Até ao momento o Governo ainda não apresentou qualquer ideia de como irá resolver o problema nem escla-receu quem é o responsável pela situação. Algumas associações e o Chefe do Executivo já se reuniram com as vitimas deste incidente,

mas o Governo da RAEM ainda nem sequer nomeou uma investigação independente ao caso. Os problemas não se resolvem só por mostrar preocupação. Mais ainda, o caso do reconhecimento da carta de condução entre Macau e Cantão gerou muita controvérsia no interior da comunidade. A ideia era facilitar a vida dos condutores das duas regiões. Mas para além da questão dos condutores, como é que se defende os direitos dos cidadãos que utilizam as estradas? Macau parece ter caído num poço de controvérsias no mês de Outubro. Como é que tudo isto acontece de repente a seguir às eleições?

O Outono é uma estação de dias de sol e ar fresco. Não é uma época de escuridão. O incidente do carro que se incendiou na Praça Tiananmen aparenta ser um sinal de proble-mas para a China. Para manter a estabilidade é necessário primeiro salvaguardar o direitos das pessoas. De outra forma, qualquer lugar pode ser um esconderijo para radicais. Quem tem falta de auto-confiança pode tornar-se céptico em relação tudo. Foi o que aconteceu no incidente da 4.ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Quando os jornalistas perguntaram à organização que membro do Governo chinês participaria no encontro, o Secretário-Geral Adjunto do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) não quis responder à pergunta. Será que Macau é um local de alto risco?

Os problemas acima mencionados mos-tram que as reformas políticas têm de ser efectuadas ao mesmo tempo das reformas económicas. Se uma pessoa andar só com um pé, tropeça e cai. Sem competição justa não há desenvolvimento. Uma eleição pretensa-mente democrática não passa de um truque para iludir o povo. A política pode ser um jogo, mas geralmente acaba em tragédia.

Macau tornou-se recentemente numa festa da indústria do jogo com rendimentos acima da média dos países asiáticos. Os mais poderosos conseguem sempre arrecadar uma parte dos ganhos do jogo. O Governo é o primeiro a ser populista. A cidade vai cada vez mais perdendo a honestidade de outros tempos. À conta da estabilidade de Macau, os grupos de interesse agarram-se com todas as forças àquilo que têm e a criatividade e a mudança foram completamente suprimi-das. Quando se está satisfeito com tanta abundância, não se questiona a origem da riqueza. Quem é que pensa sobre a justeza da distribuição de recursos?

Quando o populismo é de tal forma que até atinge as elites sociais, a sociedade está numa situação entristecedora, embora ainda possa ser salva, dependendo apenas da vontade da população de ter uma nova vida depois da morte.

*Ex-deputado e membroda Associação Novo Macau Democrático

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19 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos; Zhou Xuefei [estagiária] Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Tiago Alcântara; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

RicaRdo Pinhotwitter.com/ricardo

O tempo foge, e a memória com ele.

disse-me um passarinho...

hoje macau sexta-feira 1.11.2013

O capitalismo chinês“In a brief 30 years, China had rejected communism, created its own brand of capitalism, and, as all agreed, seemed poised to surpass its great model, the United States of America, the Beautiful Country.”

Carl Walter & Fraser HowieRed Capitalism: The Fragile Financial

Foundation of China’s Extraordinary Rise

A globalização é a dominação de um sistema económico, o capitalismo sobre o espaço mundial. Essa dominação manifestou-se primeiro no plano geopolítico. A que-da do bloco soviético fez desaparecer um dos obstá-culos mais consideráveis à expansão do capitalismo.

A China possui um sistema económico de “terza via” e um sistema político baseado como qualquer outro país na “Constituição”, cujo poder político radica indissoluvelmente no Partido Comunista, e tem evoluído devido em parte à aplicação da política de abertura à economia de mercado e ao afluxo de capitais que tem suscitado.

A África e a América do Sul, quanto à pene-tração do capitalismo foram sistematicamente encorajadas pelas instituições financeiras inter-nacionais, como o FMI e o Banco Mundial. Os dois continentes foram colocados em posição de força pela crise da dívida externa no inicio da década de 1980, sendo os países obrigados a porem todo o seu poder ao serviço da reforma das políticas e das instituições económicas dos países devedores, cujo objectivo explícito era o de promover a difusão da lógica de mercado.

O domínio universal do capitalismo ultra-passa em muito o campo geopolítico. Não se limita ao triunfo de um bloco de Estados sobre outro, nem mesmo de um modo de produção sobre os seus concorrentes. Tende a transcender a lógica de um sistema inter-estatal, que subs-titui por uma lógica de redes transnacionais.

A expressão da disseminação espacial do capitalismo, passou a estender-se aos limites do globo. A globalização é também, e sobretudo, um processo de contornar, atenuar e, por fim, desmantelar as fronteiras físicas e regulares que constituem obstáculo à acumulação do capital à escala mundial.

A economia mundial, neste sentido, é mais do que uma simples economia internacional, respeitadora das soberanias estatais, estabe-lecendo relações entre as partes autónomas de um todo ainda não integrado, através dos fluxos de trocas, de investimento e crédito, correspondendo a uma fase específica da história do capitalismo, no decorrer da qual os mercados nacionais, largamente protegidos

do capitalismo, a expansão marítima chinesa interrompe-se brutalmente, sem razão eviden-te, e se é certo que depois disso prosperou um capitalismo chinês, isso aconteceu sempre até metade da década de 1990, fora da China.

O caso chinês, que sempre tem intrigado os historiadores ocidentais, realça o carácter excepcional da evolução que conduziu a Europa, depois da decomposição do Império Romano do Ocidente, à revolução comercial da Idade Média e ao capitalismo moderno.

A economia mundial, que há algumas décadas se esboça como sistema integrado, foi originalmente uma economia-mundo europeia, ou seja, um mundo económico centrado na Europa. Se não tivesse ocorrido a contagiosa ascensão do Japão, como potência e o despertar assombroso da China, poder--se-ia defender que no presente continua a ser o prolongamento tentacular desse mundo.

O desenvolvimento das trocas comerciais é o prolongamento natural do crescimento das economias nacionais. A história económica é a história de um movimento progressivo de integração dos mercados, a partir de uma base local, da aldeia até ao mercado planetário actual, passando pelos mercados nacionais, regionais e internacionais.

O desabrochar do comércio internacional traduz a extensão do princípio da divisão do trabalho à escala mundial, favorecida pela baixa do custo dos transportes. O movimento económico que alastrou do interior para o exte-rior encontra facilmente suporte no “Inquérito sobre a natureza e as causas da riqueza das nações” de Adam Smith, publicado em 1776.

O fundamento psicológico da análise eco-nómica, para Adam Smith, reside na propensão natural do homem para vender, trocar e ceder coisas. A inclinação natural do homem para a troca, desde que não contrariada por proibições arbitrárias por parte das autoridades políticas ou morais, é o que possibilita a divisão do trabalho e daí a eficácia da produção, fundamento da riqueza das nações.

O alargamento do espaço de trocas permite aumentar a produtividade global da economia, não apenas graças à multiplicação de profis-sões e ramos de actividade especializados, mas também devido à divisão técnica das tarefas no seio das empresas. O exemplo clássico de Adam Smith da fábrica de alfine-tes em que um homem estica o arame, outro endireita-o, um terceiro corta-o, um quarto talha-o em ponta, um quinto aguça-o ao alto para receber a cabeça, etc., torna-se claro que a ocupação a tempo inteiro de operários especializados só é rentável a partir de um certo volume de vendas. Nesse sentido Adam Smith podia afirmar que a divisão do trabalho tem por limite a extensão dos mercados.

e até regulados pelos Estados, constituíam a primeira base da acumulação do capital.

A troca, como o investimento internacional, continua a basear-se no essencial, em critérios de complementaridade. O fenómeno da glo-balização traduz mais uma mutação do que uma continuidade desse processo. A integração crescente das partes que constituem o conjunto da economia mundial dá a esta última uma dinâmica própria, que escapa cada vez mais ao domínio dos Estados e fere certos atributos essenciais das suas soberanias, como o controlo monetário e a gestão das finanças públicas.

A mobilidade dos dados, das imagens e dos capitais, extremada pela revolução das comunicações, torna obsoletas, em muitos as-pectos as noções de fronteira ou de território. Em compensação, estimula a organização da produção numa base transnacional e contribui para a globalização das normas de consumo.

As complementaridades que até à década de 1950 serviam de base à circulação das mercadorias e dos capitais foram substituídas por uma concorrência generalizada pelo do-mínio dos mercados e dos recursos (matérias--primas, mão-de-obra, redes de distribuição, tecnologia, matéria cinzenta, poupança, etc.).

A instância nacional, obviamente está lon-ge de ter desaparecido e o sistema inter-estatal terá ainda um largo futuro, mas passaram para segundo plano, num cenário económico dominado por lógicas integradoras privadas, às quais os Estados, bem ou mal, tentam fazer face, sendo muito importante a consideração da perspectiva histórica.

A longo prazo, a era da economia mun-dial moldada por Estados-nação rivais pode ser vista como apenas um longo parêntese histórico, produto frágil e ao mesmo tempo explosivo da aliança selada na época mercantil entre mercadores e príncipes.

A globalização inscreve-se numa tendên-

cia mais longa, a da submissão progressiva de todos os espaços físicos e sociais à lei do capital e da acumulação contínua, que é a finalidade suprema do sistema económico inventado há cerca de um milénio pelas cidades mercantis do Mediterrâneo.

A economia mundial nasceu na Europa. Além de óbvio é surpreendente. A priori, se a propensão para a troca fosse, como pensava Adam Smith, um dado natural, uma invariável universal, como é moda dizer, o fenómeno da globalização das trocas poderia ter-se desenvolvido da mesma forma no Extremo Oriente ou noutro sítio qualquer, melhor ainda, podia ter surgido em simultâneo em regiões muito afastadas umas das outras, ligando-as progressivamente entre si.

Todavia, como observou o historiador francês Piere Chaunu no final da década de 1950, o facto de Cristóvão Colombo e Vasco da Gama não terem sido chineses merece uma atenção mais detalhada sobre o tema. É que, com efeito, o grande movimento de expansão planetário iniciado pelo Ocidente cristão sob impulso das monarquias ibéricas, no século XV, ocorre praticamente ao mesmo tempo que o enorme ímpeto explorador que conduzirá, entre 1405 e 1433, os Chineses às costas da África Oriental, passando pelo Vietname, Samatra, Ceilão e Áden.

É possível saber graças aos trabalhos do historiador e sinólogo inglês Joseph Needham que nos quinze séculos que precederam o Renascimento, a civilização chinesa era tecni-camente mais avançada que a da Europa, que a ela foi buscar muitas inovações importantes como a imprensa, pólvora e bússola magnética, exemplos conhecidos da relojoaria mecânica, fundição de ligas metálicas, navegação com velas múltiplas e cartografia quantitativa.

No entanto, ao contrário do avanço mun-dial do Ocidente que acompanha o nascimento

A economia mundial, que há algumas décadas se esboça como sistema integrado, foi originalmente uma economia-mundo europeia, ou seja, um mundo económico centrado na Europa. Se não tivesse ocorrido a contagiosa ascensão do Japão, como potência e o despertar assombroso da China, poder-se-ia defender que no presente continua a ser o prolongamento tentacular desse mundo

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

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