hoje macau 8 nov 2012 #2730

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ABUSO DE DROGAS Toxicodependentes fecham-se em casa PÁGINA 5 BOLINHA Benfica fora das meias-finais PÁGINA 16 TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 22 MAX 26 HUMIDADE 60-95% • CÂMBIOS EURO 9.5 BAHT 3.7 YUAN 0.7 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ QUINTA-FEIRA 8 DE NOVEMBRO DE 2012 ANO XII Nº 2730 PUB MERCADO NOCTURNO Sai Van levanta onda de protesto PÁGINAS 2 E 6 WANG MENG ELOGIA MO YAN PRÉMIO NOBEL EM BOAS MÃOS ÚLTIMA CONTRATAÇÃO DE NÃO-RESIDENTES LEI NÃO AGRADA A DEPUTADOS PÁGINA 3 Começa hoje o 18.º Congresso do Partido Comunista Partida, largada, fugida A expectativa é elevada. Até dia 14, os 2.270 delegados terão de, entre variadas tarefas, substituir a actual presidência de Hu Jintao por uma nova geração de políticos chineses liderados por Xi Jinping. A esperada eleição do ainda vice-presidente como novo secretário- geral do Partido Comunista chinês “deve ser encarada como uma reforma para ficar longe da estagnação” e, por isso, é vista como crucial para o futuro do país. PÁGINAS 8-9 ELEIÇÕES NOS EUA OBAMA POR MAIS QUATRO ANOS CENTRAIS CHINA

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Edição do Hoje Macau de 8 de Novembro de 2012 • Ano X • N.º 2730

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Page 1: Hoje Macau 8 NOV 2012 #2730

ABUSO DE DROGAS

Toxicodependentes fecham-se em casa

PÁGINA 5

BOLINHA

Benfica foradas meias-finais

PÁGINA 16

TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 22 MAX 26 HUMIDADE 60-95% • CÂMBIOS EURO 9.5 BAHT 3.7 YUAN 0.7

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • QUINTA-FEIRA 8 DE NOVEMBRO DE 2012 • ANO XII • Nº 2730

PUB

MERCADO NOCTURNO

Sai Van levanta onda de protesto

PÁGINAS 2 E 6

WANG MENG ELOGIA MO YAN

PRÉMIO NOBELEM BOAS MÃOS

ÚLTIMA

CONTRATAÇÃO DE NÃO-RESIDENTES

LEI NÃO AGRADAA DEPUTADOS

PÁGINA 3

Começa hoje o 18.º Congresso do Partido Comunista

Partida,largada,fugida

A expectativa é elevada. Até dia 14, os 2.270 delegados terão de, entre variadas tarefas, substituir a actual presidência de Hu Jintao por uma nova geração de políticos chineses liderados por Xi Jinping. A esperada eleição do ainda vice-presidente como novo secretário-geral do Partido Comunista chinês “deve ser encarada como uma reforma para ficar longe da estagnação” e, por isso, é vista como crucial para o futurodo país. PÁGINAS 8-9

ELEIÇÕES NOS EUA

OBAMA POR MAIS QUATRO ANOS

CENTRAIS

CHINA

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quinta-feira 8.11.2012política2

Deputados contestam construção do mercado nocturno na Praça do Lago Sai Van

“Não podemos aceitar esta ânsia de lucro”Joana [email protected]

PAUL Chan Wai Chi e José Chui Sai Peng juntaram-se ontem ao coro de protestos contra a construção de um

mercado nocturno na Praça do Lago Sai Van. Os dois deputados fizeram uso do período antes da ordem do dia no plenário para criticarem a escolha do Instituto para os Assun-tos Cívicos e Municipais (IACM), com o democrata Chan Wai Chi a acusar mesmo o organismo de ter feito uma falsa auscultação sobre a localização do mercado. “Se o pro-jecto do mercado nocturno tivesse, de facto, uma ampla auscultação, as

FALTAM infantários em Macau. Quem o

diz é Lam Heong Sang, que ontem reivindicou na Assembleia Legislativa (AL) mais incentivos à construção de creches. O deputado fez uso do pe-ríodo antes da ordem do dia no plenário para frisar que em dois anos e meio foram mais as crianças que nasceram no território do que as vagas que abriram em locais para elas ficarem. “Nasceram 14 mil bebés e

Falta de infantários em Macau faz deputado pedir mais medidas ao Governo

Demasiados bebés para poucas crechesmedidas preventivas para o futuro provável aumento da taxa de natalidade nem para os serviços prestados pelas creches. “Não há fiscalização no âmbito da distribuição e do número de creches que devem ser criadas nas diversas zonas”, aponta.

Mas há mais preocupa-ções no que diz respeito à existência de locais para quem trabalha deixar os filhos. Lam Heong Sang aponta ainda que, sendo Macau uma cidade que funciona 24 horas por dia, deveriam existir creches nocturnas para quem tra-balha por turnos ou tem empregos à noite. - J.F.

existem actualmente cerca de 30 creches registadas, que oferecem na totalidade cerca de cinco mil vagas.”

Lam Heong Sang diz que o número de infantá-rios não é suficiente para satisfazer as necessidades reais, até porque a taxa de natalidade está a aumentar.

Apesar de terem sido já implementadas algumas medidas pelo Executivo - como o início de construção de novas creches e a criação de serviços provisórios

ou temporários em alguns locais -, há mais a fazer, considera Lam Heong Sang. “O Governo deve continuar a apoiar a construção de creches, de forma a permi-tir que as iniciadas sejam concluídas dentro do prazo previsto e entrem rapida-mente em funcionamento e ainda incentivar as asso-ciações sociais a construir mais creches ou a criar mais vagas nas existentes.”

O deputado considera que o Governo não tem

a necessidade e a urgência da sua alteração para zona turística.”

O deputado pede que sejam esclarecidas questões à população e exige fundamentos para que a escolha dos lagos tenha sido fei-ta para a instalação do mercado nocturno.

Paul Chan Wai Chi sugere que o novo projecto seja construído no Tap Seac ou na Praça Ferreira do Amaral, de forma a não acabar com uma das poucas áreas de lazer. “Não podemos aceitar esta ânsia de lucro para desenvolver às cegas. Será mesmo necessário transformar todas os cantos da nos-sa cidade em locais para o turismo e comércio?”

O deputado acusa o Executivo de adulterar as opiniões do público.

OUTRO SÍTIODepois dos protestos de diversos membros da sociedade e associa-ções, foi a vez do deputados se mostrarem contra a escolha do lo-cal para o novo mercado. José Chui Sai Peng recorda a Praça do Lago Sai Van como um local que “acu-mulou diversas funções” – como o Festival de Gastronomia, a festa de passagem de ano, os barcos-dragão e uma zona para atletas. “É um local de entretenimento, um bom local onde os cidadãos podem passear e conviver. Portanto, para alterar a finalidade é necessário estudar

objecções não seriam tantas e tão fortes. Várias pessoas, incluindo deputados, profissionais e mora-dores da zona lançaram críticas ao Governo pela falsa auscultação realizada.”

O anúncio da construção de um mercado nocturno na zona dos lagos perto da Torre de Macau foi feito no ano passado e levado a consulta pública entre Novembro e Dezembro, contudo já em 2010, nas Linhas de Acção Governativa para 2011, o Chefe do Executivo tinha dito que “na sequência de uma auscultação” iriam ser desenvolvi-dos projectos no local. “Afinal a que tipo de auscultação se estava a referir? O público desconhece

sempre as opiniões efectuadas em círculos restritos, a verdade é que tudo estava já fixado nas LAG, ou seja tudo foi decidido por vontade do Chefe do Executivo”, atirou Paul Chan Wai Chi.

Mas as acusações do democrata não se ficam por aqui e Paul Chan Wai Chi diz mesmo que a Coopera-tiva do Planeamento Comunitário levou a cabo a sua própria auscul-tação na zona dos lagos e que os resultados foram muito diferentes da consulta do Governo. “Mais de 70% desconheciam a auscultação realizada pelo IACM e cerca de 80% dos utentes habituais e de 75% dos moradores estão contra a cria-ção daquele mercado nocturno.”

GONÇ

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3políticaquinta-feira 8.11.2012 www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

COM três abstenções – de Kwan Tsui Hang, Lee Chong Cheng e Lam Heong Sang – passou

ontem em plenário a alteração à Lei de Contratação de Trabalhadores Não-Residentes. A proposta foi, para já, aprovada na generalidade, mas não sem antes fazer levantar criticas na Assembleia Legislativa (AL).

Os deputados preferiam que os trabalhadores não-residentes (TNR) saiam de Macau no caso de serem despedidos, indepen-dentemente de ter sido ou não por justa causa, ao invés do que agora vem previsto na lei. A alteração apresentada pelo Governo foi feita ao “regime de impedimento”, que prevê agora que os TNR fiquem proibidos de trabalhar por seis meses se forem despedidos com justa causa ou quando se despedem sem justificação, mas admite que possam ficar no território. Mais ainda, um trabalhador que não seja despedido com justa causa mas veja o contrato terminado antes do termo da sua validade não vai poder arranjar um novo emprego noutra área profissional – terá de continuar a exercer as mesmas funções nos seis meses seguintes.

A mudança não agradou a todos os membros do hemiciclo, que dizem ser inútil este siste-ma. “Qual é a utilidade deste regime?”, questionou Kwan Tsui Hang. “Os trabalhadores chegam com contrato, se caducar o con-trato só podem arranjar emprego seis meses depois. Teoricamente com a relação contratual acabada deve sair de Macau, não perce-bo porque podem continuar no território.”

A deputada – membro da Fede-ração das Associação dos Operá-rios de Macau – foi a que mais se opôs ao mecanismo, uma vez que diz não perceber como vão os TNR sobreviver seis meses sem trabalho no território durante meio ano. “[O Governo] só pensa em mais flexibilidade para a contratação de

Poluição Medição desactualizada As medidas implementadas pelo Executivo para melhorar a qualidade do ar em Macau não têm sido suficientes, diz Lau Veng Seng. O deputado focou-se ontem no problema ambiental do território e acusa as autoridades competentes de terem os índices para medição da poluição desactualizados. “Apesar do agravamento contínuo da qualidade do ar, as estatísticas apresentam a maioria dos dias com ‘bom’ e ‘regular’, o que parece estar em grande discrepância com a realidade. Os actuais índices para medição da poluição estão já desactualizados.” Lau Veng Seng aponta que as doenças respiratórias têm aumentado, bem como as queixas sobre o agravamento da poluição e afirma que “não se têm sentido melhorias na qualidade do ar”, instando o Executivo a implementar mais medidas e a introduzir novos índices de medição. - J.F.

Segurança alimentar Deputado pede mais fiscalização Macau não tem ainda uma lei específica sobre a segurança alimentar e isso foi ontem motivo de crítica pela parte de Sio Chio Wai. No plenário, o deputado contestou o facto de a legislação sobre a segurança alimentar estar espalhada por diferentes diplomas – pelo menos seis – e de as sanções serem “pouco pesadas” quando há problemas. “Para a acusação é necessário provar os prejuízos à saúde do interessado, o que se torna mais complicado nos casos dos produtos cancerígenos com perigo potencial.” Sio Chio Wai focou-se ainda na execução da lei, que envolve demasiadas entidades diferentes. “O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, os Serviços de Saúde, de Turismo, de Economia, de Alfândega e o Conselho dos Consumidores. Essa sobreposição de funções não só causa dificuldades a nível de coordenação, como leva facilmente ao aparecimento de lacunas na supervisão.” O deputado pediu mais reforço na fiscalização e celeridade na aprovação da Lei de Segurança Alimentar, que irá unir todas as normas e as competências para uma única entidade. - J.F.

Alterações à Lei de Contratação de Não-Residentesnão agrada aos deputados mas passa na generalidade

Diploma vai sofrermais mudanças

não-residentes. E garantir a vida dos trabalhadores locais?”

Com as alterações na legis-lação, a lei vai ser mais clara relativamente ao período de

impedimento – os seis meses em que o trabalhador não residente é obrigado a voltar para o país de origem se for despedido por justa causa -, assegura o Executivo. Os

membros do hemiciclo dizem, no entanto, que a mudança vai levantar a possibilidade de aparecer mais trabalho ilegal. “Eu sugiro que com a cessação do contrato, o TNR te-

nha de se ausentar do território, não só por uma questão de igualdade, mas também para evitar situações de trabalho ilegal que podem sur-gir porque eles ficam seis meses sem trabalho em Macau”, frisou Melinda Chan.

MAIS ALTERAÇÕES A decisão de alterar a lei surge devi-do a diversos problemas principal-mente relacionados com as empre-gadas domésticas não-residentes, que desistem das lides da casa para trabalharem em casinos, devido aos salários mais altos. Para Francis Tam, secretário para a Economia e Finanças, a modificação “responde às preocupações da sociedade e é mais eficaz para a protecção dos trabalhadores locais e para estabi-lizar o mercado do emprego”. Os deputados não concordam. “Não é esta alteração que vai resolver os problemas de contratação de TNR”, atirou Ho Sio Kam.

Mas as mudanças do Executivo não se ficam por aqui. Francis Tam admitiu que a lei “ainda carece de aperfeiçoamento” e disse mesmo que vão haver mais mudanças. “A alteração não se vai restringir ao regime de impedimento, mas como houve mais irregularidades neste âmbito demos prioridade.”

Para Kwan, a decisão do Gover-no não tem sentido. “Se há agora margem para a revisão porque não revemos já a lei toda? Vamos ter de esperar mais cinco anos para modificar a lei?”

A lei está em vigor há dois anos e passa agora para uma análise mais aprofundada - na especiali-dade – para uma comissão da AL. Lam Heong Sang ainda questionou se podem ser discutidas revisões totais na comissão, mas Francis Tam não se mostrou muito con-victo, preferindo que os deputados se concentrem nas melhorias do regime de impedimento. Uma das questões que os deputados querem ver resolvida é a fiscalização das agências de emprego, que muitas vezes prestam informações falsas aos TNR. O secretário para a Economia e Finanças já disse que este assunto está a ser discutido em sede do Conselho Permanente da Concertação Social.

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4 política quinta-feira 8.11.2012www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

“NUMA terra onde abundam os viveiros da corrupção, como podem existir a inte-

gridade e a honestidade?” A questão foi ontem colocada pelo deputado Au Kam San, que aproveitou o período antes da ordem do dia para apontar o dedo ao mais recente caso de corrupção levado a cabo por um funcionário das obras públicas. A ele juntou-se Ng Kuok Cheong e os dois democratas não foram brandos nas críticas ao Governo. Au Kam San não esqueceu o escândalo Ao Man Long como exemplo para o que considera que acontece suces-sivamente em Macau. “Depois do caso Ao Man Long, o Governo não procedeu à avaliação das deficiências verificadas nos regimes vigentes”, atirou. “Já tínhamos registado que existem lacunas nos mecanismos em vigência e foram apresentadas sugestões para as colmatar. Mas o que se verificava antes da detenção de Ao Man Long continua a acontecer porque o Governo tem evitado agir e são toleradas várias irregularidades.”

O deputado relembra que

DECORREU ontem na sede do Governo mais

um encontro para discutir os pontos a abordar nas próximas Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2013. Desta vez foi a As-sociação dos Funcionários Públicos Chineses de Macau (AFPCM) que apresentou as suas ideias a Chui Sai On, num debate que serviu para falar do ajustamento dos salários da Função Pública.

Segundo o Chefe do Executivo, esse ajustamento depende “de um mecanis-mo sistemático, científi-co e permanente”, tendo acrescentado que a actual Comissão de Avaliação das Remunerações dos Traba-lhadores da Função Pública “irá rever regularmente as remunerações, apresentan-

Au Kam San e Ng Kuok Cheong aproveitam hemiciclo para apontar o dedo à corrupção

Irregularidades toleradas, dizem democratas

foi solicitado ao Executivo que alterasse regimes como a Lei de Terras, para evitar a venda de terrenos a preços muito baixos, e à definição da Lei do Planeamento Urbanístico, “para limitar o poder discricionário descontrolado dos governantes”, mas que nada até agora foi feito.

Au Kam San dá como exemplo a concessão de terrenos sem con-curso público e a preço de saldo e considera ainda existirem muitas

falhas no regime de marcação de pontos na adjudicação de obras que, diz, parece justo mas tem falhas. “Conseguir a adjudicação só depende da vontade de quem está no poder, pois podem-se au-mentar ou reduzir pontos. Se esse regime continua a existir depois da descoberta do caso Ao Man Long, então como é que o problema [da corrupção] pode estar resolvido?” O caso mais recente de corrupção aconteceu através de um funcioná-

Chui Sai On reuniu com funcionários públicos chineses

Revisão salarial depende de “mecanismo científico e permanente”

do o referido relatório ao Governo”.

Chui Sai On disse ainda “compreender os apelos dos funcionários públicos por novos aumentos como for-ma de combate à inflação”, tendo também frisado a “importância da estabilidade na Função Pública”.

O Chefe do Executivo garantiu ainda que “está atento e irá executar os re-feridos estudos” quanto às criticas sobre a diminuição

dos recursos humanos de índice mais baixo no sector público e a distribuição de subsídios.

PEDIDAS CASASPARA FUNÇÃO PÚBLICALei Chi Hong, presidente da associação, levou na mala sete sugestões para debater com o Chefe do Executivo. O ajustamento dos salários e o período de fixação foi um dos principais, bem como a necessidade de prolongar

os contratos entre serviços e funcionários.

Lei Chi Hong pediu ainda a construção de casas destinadas aos funcionários públicos, bem como ava-liação de questões jurídicas sobre a aquisição de habita-ção económica. O presidente da associação deseja ainda que se consiga a obtenção do subsidio de residência para os funcionários, bem como “disposições sobre tratamentos médicos”.

rio das Obras Públicas num caso que envolve um suborno superior a 1,8 milhões de patacas. O homem é suspeito de se ter aproveitado das suas funções, nomeadamente na qualidade de engenheiro e presi-dente ou membro de comissão de avaliação das propostas de obras públicas, para receber vantagens ilícitas oferecidas por empresas de engenharia, a fim de as ajudar na obtenção da adjudicação de obras públicas e no encobrimento dos

defeitos surgidos na realização das mesmas obras.

Ng Kuok Cheong considera, por sua vez, que a corrupção surge por não existir suficien-te fiscalização da Assembleia Legislativa às obras públicas e, por isso, pediu ao Governo que permita aos membros do hemi-ciclo fazerem o seu trabalho. “Apresente formalmente à AL os grandes projectos de obras públicas, para fins de debate.”

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5quinta-feira 8.11.2012 www.hojemacau.com.mo sociedade

Andreia Sofia [email protected]

DADOS referen-tes aos primei-ros seis meses do ano mostram

que o número de toxicode-pendentes diminuiu face ao igual período de 2011, tendo passado de 412 para 353. Existe ainda “uma diminui-ção contínua no número de jovens toxicodependentes registados com idade infe-rior a 21 anos, o qual baixou cerca de 38,5%”. Se no primeiro semestre de 2011 existiam 65 casos, este ano registaram-se apenas 40.

O panorama dos consu-mos de droga em Macau, traçado depois de mais uma reunião da Comissão de Luta contra a Droga, pode parecer risonho mas não é. Hon Wai, chefe do departamento de prevenção e tratamento da toxicodependência do Instituto de Acção Social (IAS), garantiu que este é um sinal de que há muitos casos escondidos, porque

No primeiro semestre deste ano os dependentes de droga diminuíram em 14%, mas o Instituto de Acção Social diz que os números podem ser explicados pelo facto dos casos estarem escondidos dos assistentes sociais, devido a maiores consumos em casa. Hon Wai pede mais apoio das famílias

Droga Redução de casos “não é satisfatória” para Governo

Dependentes consomem mais em casa

DESDE a entrada em vigor da nova lei do acesso aos casinos em Macau, a 1 de

Novembro, registaram-se mais de três mil casos de recusa de entrada a menores de 21 anos, revelou ontem a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).

Os dados dizem respeito aos primeiros cinco dias de aplicação da nova lei, indica a DICJ que, num comunicado, refere ainda que o pessoal de segurança dos casinos de-tectou 19 casos de infracção, os quais foram reportados aos inspectores do organismo.

Ao abrigo da lei de condicionamento da entrada, do trabalho e do jogo nos casinos, em vigor desde 1 de Novembro, os casinos de Macau estão impedidos de contratar ou

de permitir o acesso aos espaços de jogo por parte de menores de 21 anos.

De fora do âmbito da lei, aprovada em Agosto, ficam somente os que ainda não completaram 21 anos mas que foram contra-tados antes da entrada em vigor do diploma.

As novas regras - que não foram consen-suais - visam, segundo o Governo, responder aos problemas de ordem social associados ao desenvolvimento do sector do jogo, como um “contacto demasiado precoce com a acti-vidade”, o qual é passível de influenciar, de forma negativa, os valores dos mais jovens.

A iniciativa legislativa foi beber a outras ordens jurídicas, que apesar de consagrarem os 18 anos como a maioridade definem o tecto

dos 21 anos para o exercício de actividades como a entrada em espaços de jogo.

É o que sucede, por exemplo, no estado do Nevada, nos Estados Unidos, onde se situa Las Vegas que também se dedica à explora-ção de jogos, de fortuna ou de azar. Já em Singapura, a idade mínima para acesso aos casinos coincide com a maioridade, estando fixada nos 21 anos.

O diploma prevê sanções administrativas a aplicar a quem viole as regras, cujas multas oscilam entre as mil e dez mil patacas.

É ainda imposto um “dever de fiscaliza-ção” às concessionárias de jogo, cujo incum-primento é penalizado com coimas que vão de dez mil patacas até 500 mil patacas. - Lusa

Recusada entrada nos casinos a mais de 3.000 menores de 21 anos

De olhos bem abertos

“tem havido um aumento permanente na percentagem de toxicodependentes que consomem drogas na sua própria casa”.

“A tendência de consu-mo tem variado e os motivos podem ser vários. Pode ser uma redução efectiva, mas também tem a ver com os sítios de consumo. Se for um consumo no domicilio, os nossos assistentes não conseguem detectar os casos e podem existir números não conhecidos”.

“Há uma ligeira subida dos consumos em casa. Os dados não são satisfatórios e esta redução não é uma boa notícia, porque alguns casos não são conhecidos. Esperamos que as famílias participem mais”, acrescen-tou Hon Wai.

Questionado sobre os porquês de existirem mais consumos em casa, Hon Wai diz que se deve à boa situ-ação laboral. “Temos uma baixa taxa de desemprego e os encarregados de educação trabalham fora e não ficam

em casa a tomar conta dos filhos. Então os jovens têm mais oportunidade de con-sumir as drogas em casa”.

MAIOR CONSUMO DE ‘ICE’De resto, o balanço dá conta de “um crescimento contínuo na percentagem de jovens que consomem ice”, tendo atingido os 42%. Enquanto isso, o número de jovens que consomem keta-mina corresponde a 48%.

Hon Wai explicou que

o aumento das preferências sobre o ice tem a ver com o facto da zona da Ásia-Pací-fico ter “maior produção e distribuição de ice. A subida desta droga é geral em todos os territórios vizinhos. Há uma grande influência da maior distribuição do ice em Macau”.

Há ainda um aumento do consumo associado a ante-cedentes criminais, “o que significa que há uma relação entre o consumo de drogas e

a criminalidade, situação que traz novos factores que dão uma certa instabilidade às acções de combate à droga”.

REGULAMENTAR A CONDUÇÃO SOB DROGASO grupo de trabalho encon-tra-se neste momento na fase de pré-diálogo sobre a futura revisão da lei sobre pro-dução, tráfico e consumos ilícitos de estupefacientes e substâncias psicotrópicas, a qual não tem data para

acontecer. Não há ainda qualquer decisão sobre um possível agravamento das molduras penais.

Contudo, o Governo afir-mou que a condução sobre o efeito de drogas poderá vir a ser regulamentada no novo diploma. Alguns membros querem que a lei contenha esse ponto, cuja regula-mentação deve atingir os veículos rodoviários, bem como os transportes aéreos e marítimos.

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6 sociedade quinta-feira 8.11.2012www.hojemacau.com.mo

Cecília [email protected]

DAVID Chow, antigo deputado à Assem-bleia Legislativa (AL), publicou um

artigo no jornal de língua chinesa Ou Mun onde afirma discordar com a criação do mercado nocturno junto ao lago Sai Van, considerando que o Executivo “tem de pensar mais” sobre o projecto.

O também presidente da associação das Pequenas e

Médias Empresas (PME) de Macau disse que o evento tem vindo a ser promovido pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) para mostrar a gastronomia e produtos tradicionais de Ma-cau, por forma a aumentar a oferta de atracções turísticas. Contudo, David Chow consi-dera que numa perspectiva a longo prazo o evento não vai ter nenhuma ligação com o fomento do turismo e das PME. “Pelo contrário, vai destruir a tranquilidade do lago Sai Van

e o ambiente de lazer, e ainda pode trazer uma influência ne-gativa para o turismo e PME”. David Chow apontou ainda que a entrada de marcas conhecidas vai influenciar de forma nega-tiva o negócio das PME.

Nas cinco ideias que apresen-tou, o antigo deputado afirmou que como Macau possui um mercado livre, tal projecto não pode ser liderado pelo Gover-no. Depois Chow disse que a consulta pública sobre o assunto é “inútil”, porque “só foram assi-nados 63 documentos com 178

propostas para o IACM, o que não representa as opiniões dos residentes. Esse é um problema comum nas consultas públicas levadas a cabo pelo Governo”.

O empresário, proprie-tário dos empreendimentos Landmark Macau e Doca dos Pescadores, criticou ainda o nível de justiça nos concursos públicos para o projecto, acu-sando o Governo de só aceitar as propostas mais elevadas das empresas. “Isso vai gerar uma onda de interesses entre os comerciantes e o Governo.”

Rita Marques [email protected]

“É um pais novo, uma terra de oportu-

nidades e pensamos que seríamos úteis em prestar os nossos serviços em Ti-mor”. O advogado Álvaro Rodrigues analisa assim a primeira internacionali-zação do Escritório C&C, com sede na Avenida da Praia Grande, que remete os seus serviços agora

OS moradores do edifício Koi Fu reuniram-se esta

terça-feira com o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Lau Si Io, bem como com Jaime Carion, da direc-ção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Lau Si Io disse “compreender as aspirações dos moradores” e afirmou que o Governo “irá rigorosamente, de forma legal e justa, tratar esta questão, e segundo o principio de racionalização do erário público”.

O encontro surge depois dos moradores se queixarem de diferenças de tratamento face ao caso do edifício Sin Fong Garden, cujos mora-dores tiveram direito a apoio financeiro no processo de realojamento.

Para já, o Executivo ga-rante que, após apurar res-ponsabilidades pelo risco de queda do Koi Fu, vai “exigir ao responsável o pagamento das despesas antecipadamente pagas pela Administração”.

SIN FONG “MAIS URGENTE”No encontro, que também contou com representantes do Instituto de Acção Social (IAS) e Instituto da Habita-ção (IH), ficou explicado o porquê dos pedidos no caso Koi Fu ainda não terem sido atendidos.

Responsáveis do IAS disseram que o caso do Sin

Associação quer aumentar salários do privado A Associação para os Assuntos dos Direitos e Interesses das Pessoas (AADIP) entregou ontem uma carta ao Governo onde pedem o aumento de salários dos trabalhadores do sector privado, por forma a lidar com a inflação. Au Ieong In Kuong, presidente da associação, disse que o Executivo já deu resposta positiva às associações que queiram aumentar os salários dos funcionários públicos. Por essa razão, “para ajudar todos os residentes contra a inflação, o Governo não pode ignorar os empregados do privado. A AADIP quer ver aumentado o salário base de 23 patacas por hora para 30 patacas, bem como os subsídios para os baixos salários, que devem aumentar das 4400 para 6 mil patacas. Pode-se aumentar o índice de sobrevivência de uma família de duas pessoas”. Para além disso, mostram-se também preocupados com o aumento do combustível. Au Ieong In Kuong, presidente da associação, disse que cada litro de combustível aumentou quase 4 patacas, o que significa um aumento de 50 patacas por barril, algo que “os consumidores não vão aceitar”. - C.L.

David Chow não concorda com mercado nocturno em Sai Van

“Governo tem de pensar mais”

Escritório C&C abre delegaçãoem Díli já com um advogado no terreno

Mão de Macauna advocacia timorense

Lau Si Io e Jaime Carionreuniram ontem com moradores

Koi Fu “de forma legal e justa”

também para Díli. O ad-vogado de Macau já está em Timor-Leste, com conhecimento do mercado e da legislação, de influên-cia indonésia, embora o novo escritório ainda não esteja em funcionamento. “Depois na medida das necessidades destacare-mos mais elementos para lá, de qualquer forma, pela própria natureza da nossa actividade, hoje em dia não é preciso estar

fisicamente num sítio para prestar esses serviços”, avalia.

A expansão das em-presas chinesas e portu-guesas em Timor-Leste remete-os, juntamente com a parceira portuguesa Abreu Advogados, para servirem no território do novo presidente Taur Matan Ruak. Por isso, os “serviços de direito de sociedade, de estabeleci-mento de sociedades, de

contratos internacionais” serão as áreas de trabalho. “Vamos com a intenção de prestar um ‘full-service’ e escolhemos a hipótese de colaborar com o Governo timorense na moderniza-ção [da legislação e do sistema judicial]”, indica Álvaro Rodrigues.

Para já, a internacio-nalização arranca para o jovem país, ex-colónia portuguesa até 1975, mas o advogado não excluiu a hipótese de outros merca-dos. “O nosso parceiro, a Abreu Advogados, já estão também em Angola e Mo-çambique. A experiência de internacionalização vai começar agora com Timor e, mais tarde, se houver oportunidades a C&C Advogados é um escritório que aceita desafios.”

Fong Garden “consiste numa calamidade, sendo o seu im-pacto imediato aos moradores, sem tempo para qualquer preparação e para regressar às suas casas, e por isso foi necessário à Administração prestar urgentemente auxilio aos moradores afectados”. O IAS garantiu que os moradores com dificuldades poderão vir a ser realojados no Centro de Sinistrados, e prometeu apoio através “do actual mecanismo de amparo social”.

O IH aproveitou para es-clarecer os moradores quanto às regras para a atribuição de habitação social e disse que, segundo a actual legislação sobre o Fundo de Reparação Predial “não está prevista a atribuição de subsídio para a demolição e reconstrução do edifício”.

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7quinta-feira 8.11.2012 www.hojemacau.com.mo região

SEGUNDO dados da Com-panhia Nacional de Abas-tecimento (Conab), entre Janeiro e Setembro deste

ano, as exportações brasileiras de soja para a China movimentaram cerca de 86 milhões de patacas, contra as 70 milhões no mesmo período em 2011, ou seja, quase quatro milhões a mais. A quanti-dade do produto exportado para o país asiático, nesses primeiros nove meses de 2012, foi de 22.110.570 toneladas, o que é equivalente a 70,9% das exportações brasileiras de soja. Em 2011, essa quantidade foi de 19.510.625 toneladas. Os dados constam no boletim “Indi-cadores da Agropecuária”, edição Setembro e Outubro de 2012. Actualmente, o Brasil é um dos principais fornecedores do grão para a China, considerada a maior importadora global de soja. O país disputa esta posição com os Esta-dos Unidos, que tem vindo a sofrer com os stocks baixos por causa da seca no seu território.

CARNE SUÍNA Desde 2011, a China abriu as suas portas para a carne suína

O presidente da Asia Foundation, David Ar-

nold, realiza na próxima semana uma visita a Timor--Leste com o objectivo de reafirmar o apoio daquela instituição ao desenvolvi-mento do país, anunciou hoje a organização.

Em comunicado en-viado à imprensa, a Asia Foundation sublinha que

Britânico assassinado por mulher de ex-líder chinês Bo Xilai era espiãoO empresário britânico assassinado pela mulher do dirigente deposto chinês Bo Xilai deu informações durante mais de um ano os serviços secretos britânicos, afirmou terça-feira o Wall Street Journal. Neil Heywood, próximo durante tempos do casal Bo antes das relações azedarem, foi envenenado em Novembro de 2011 na metrópole de Chongqing (sudoeste), da qual o número um era Bo Xilai. A mulher de Bo, Gu Kailai, foi condenada em Agosto a pena de morte suspensa por este assassínio na sequência de um escândalo que abanou fortemente o Partido Comunista no poder. Segundo o Wall Street Journal, Heywood forneceu regularmente informações sobre Bo Xilai aos serviços secretos britânicos (MI6), numa altura em que o dirigente chinês era considerado com uma estrela ascendente e destinado às mais altas funções nacionais. Aparentemente sem temer que qualquer relação fosse estabelecida, Neil Heywood tinha o hábito de conduzir para Pequim num jaguar cinzento metalizado cuja placa de matrícula tinha os números “007”.

China Investimento estrangeiro aumenta 120% em dez anos Segundo os dados publicados terça-feira pelo Ministério do Comércio da China, a soma total do investimento estrangeiro na China aumentou 120% em comparação com 2002. A taxa de crescimento anual é de 9,2%, o que coloca o país em segundo lugar, em todo o mundo, e em primeiro entre os países em desenvolvimento, posição que mantém consecutivamente ao longo dos últimos 20 anos. De acordo com as informações publicadas, o governo chinês autorizou um total de 314 mil empresas de capital estrangeiro a actuar na China, durante o período de 2003 a 2011. Até ao final de 2011 mais de 738 mil empresas de capital estrangeiro operavam na China.

Comércio de soja e carnes cresce entre os dois países

China confia nos produtos brasileiros

Presidente da Asia Foundation em Timor-Leste na próxima semana

Pelo desenvolvimento do país

da, Reino Unido, Banco Mundial, Banco Asiático do Desenvolvimento e o Programa da ONU para o Desenvolvimento.

esta é a primeira viagem de David Arnold, que assumiu a presidência da fundação em Janeiro de 2011, a Timor--Leste.

Durante a sua estada em Timor-Leste, entre os dias 13 e 15, o presidente da Asia Foundation vai reunir-se com elementos do Governo e parceiros de desenvolvimento do país

para aprofundar o apoio da instituição a programas nos sectores da educação, vio-lência, igualdade de género, polícia comunitária, novas tecnologias e administração local.

A Asia Foundation tra-balha em Timor-Leste desde 1992, mas só inaugurou o seu escritório local em 2002.

Em Timor-Leste, aquela

instituição apoia projectos das autoridades timoren-ses, do sector privado, co-munidades e organizações não-governamentais que visem a consolidação da paz e do desenvolvimento do país.

A Asia Foundation tem como principal objectivo apoiar projectos que visem um desenvolvimento pací-

fico e sustentável da região do sudeste asiático.

A instituição é financia-da pelos Estados Unidos, Austrália, Canadá, Holan-

brasileira. De acordo com o Mi-nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, espera-se uma receita com a exportação de carne suína para a China, neste primeiro ano de comercialização, de 3,5 mil milhões de patacas. Para o presi-dente da Associação Brasileira da

Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, em dois anos, os chineses devem tornar-se um grande mercado, com potencial para ser o principal. “A China deve tornar-se, num futuro próximo, um grande mercado. Mas não deve

ser este ano”, diz o representante. “Somada a Hong Kong, pode ser o principal”, pontuou Camargo Neto em Janeiro deste ano.

De acordo com dados da en-tidade nacional, em Setembro, o volume importado pela China, de carne suína, atingiu 2.621 to-

neladas. O valor é pequeno mas o crescimento é maior do que 100% na comparação com 2011, quando o volume embarcado foi 52 toneladas. Em 2012, de Janeiro a Setembro, 7.005 toneladas de carne suína foi importada pelos chineses. Já para Hong Kong, o Brasil exportou 92.732 toneladas e 1,7 mil milhões de patacas, uma redução de 1,59% em volume e 1,01% em valor.

CARNE DE FRANGO Considerando Hong Kong, pode concluir-se que a China foi, no primeiro semestre de 2012, o segundo maior importador da carne de frango brasileira, ficando atrás apenas da Arábia Saudita. Isoladamente, Hong Kong e China colocam-se - no que toca à receita cambial - na quarta e quinta posições. Mas a soma das duas receitas chega a 4,0 mil milhões de patacas (93% da receita propiciada pela Arábia Saudita), enquanto em volume as importações chinesas (290,1 mil/toneladas), ficaram apenas quatro mil toneladas aquém das importações sauditas.

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quinta-feira 8.11.20128 CONGRESSO DO PARTIDO COMUNISTA CHINÊS

Maria João BelchiorEm Pequim

“A PREPARAÇÃO para o Congresso está ter-minada” disse hoje o porta-voz do Con-

gresso na primeira conferência de imprensa antes da abertura. Cai Min-gzhao falou cerca de meia hora antes de abrir a conferência às questões. Repetindo a importância do relatório político do Comité Central que vai ser apresentado e foi encabeçado por Xi Jinping, frisou que o relatório foi dis-cutido várias vezes durante diferentes reuniões. “Foram convidadas 46 organizações que discutiram quinze tópicos conjuntos” disse

Com descrição das datas em que algumas das reuniões se encontra-ram, o porta-voz disse apenas que se discutiram alguns dos “pontos mais importantes”. Cai Mingzhao anunciou que à semelhança de outras reuniões, a Constituição do partido deve ser mudada este ano.

Com uma linguagem partidária, o porta-voz referiu várias vezes a necessidade de melhorar “a estrutura do partido” através da alteração da Constituição.

Citando Marx, Mao, Deng Xiaoping mas também a teoria do

Delegados chinesescomeçam a reunir hoje

É agora

presidente Jiang Zemin, o referiu que as revisões seguem estes pensamentos no sentido do que consideram ser a “democracia interna do partido”, outro conceito várias vezes repetido.

O marxismo deverá continuar a ter de adaptar-se à China actual com as suas recentes características.

No total estarão no Palácio do Povo 2268 delegados a repre-sentar também quatro milhões de organizações do partido. Alguns convidados são antigos membros do Partido já reformados mas que devem voltar a Tiananmen para mais um Congresso.

PERGUNTAS COM RESPOSTAÀ semelhança de outras conferên-cias de imprensa, Cai Mingzhao leu as respostas às perguntas colocadas.

À questão da Xinhua sobre o sentido em que vai progredir a reforma económica, citou o secretário-geral Hu Jintao dizendo que “a emancipação da mente vai continuar a ser uma arma para o avanço da causa do povo e do par-tido”. Uma linguagem altamente retórica em que a atitude do Partido deve ser “avançar a reforma e ficar longe da estagnação”.

Salientando a importância da economia de mercado, o objectivo dos próximos anos vai continuar a ser colocar o povo em primeiro lugar. Diminuir a desigualdade tem de ser alcançado durante a próxima fase da reforma.

Perante uma pergunta da agên-cia de notícias russa, Cai Mingzhao disse que existe toda a confiança na continuação do crescimento económico do país. Mas apesar dos indicadores muito positivos, deixou a crítica sobre o protec-cionismo que existe cada vez mais no mundo e que cria dificuldades e pressão para o comércio chinês.

Uma das questões anunciadas passa pela reformulação da Comis-são de Disciplina e Inspecção que vai receber novos representantes e desenvolver um trabalho mais em conjunto com o Partido.

Cai Mingzhao disse que este vai ser o Congresso mais media-tizado de sempre, uma vez que o número de jornalistas acreditados para seguir o evento, subiu em qua-renta por cento desde a última vez. Também este ano foram abertos canais de conversa com o público e conseguiu-se uma participação de 4,5 milhões de pessoas que apresentaram 190 mil sugestões

ao partido. Não foi, contudo, dito nenhum do conteúdo dessas sugestões.

NINGUÉM ACIMA DE NINGUÉMO jornal “China Daily” levantou a pergunta sobre Bo Xilai. Mas longe de ser um dedo na ferida, Cai Mingzhao disse que o caso do antigo líder foi também uma lição importante para todos do partido.

A luta contra a corrupção vai continuar e nos próximos anos, o trabalho deverá também ser preventivo com uma educação anti-corrupção. Embora a dúvi-da persista sobre por um lado, onde está Bo Xilai, e por outro, a data do julgamento, Cai Min-gzhao não criticou directamente o caso, tomando-o como uma generalização. Nos próximos anos, o trabalho de acabar com a corrupção vai também estar nas mãos da Comissão de Disciplina e Inspecção.

A queda de um astro ascendente parece não preocupar o partido que agora define novas posições, divididas entre uma quinta e sex-ta geração de novos líderes. “O Conselho de Estado e o Comité Central têm enfatizado sempre que seja quem for que seja apanhado

em corrupção, vai ser investigado e punido” avisou. “Vivemos num meio de uma transição social im-portante”.

Com o sentido da palavra democracia a ser aplicado exclusi-vamente ao partido, Cai Mingzhao repetiu que a compatibilidade de um sistema de partido único com uma estrutura democrática centralizada.

Num dia em que o presiden-te Obama foi reeleito por mais quatro anos, interrogado sobre as relações da China com os Estados Unidos, o porta-voz fez saber que se trata das relações bilaterais mais importantes do mundo. E a mensagem é a mesma de sempre, para uma boa relação é preciso não interferir nos interesses centrais de cada uma das partes.

Quase a terminar, Taiwan foi outros assunto na sala. Mais próximos que nunca os dois vizinhos estão, nas palavras de Cai Mingzhao, na melhor fase de sempre. “Vamos continuar o desenvolvimento pacífico e procurar a união com os nossos compatriotas” acrescentou. Um caminho para a reunificação que, segundo a voz oficial do partido, só pode seguir em frente.

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9quinta-feira 8.11.2012 www.hojemacau.com.mo

O desanuviamento da tensão entre Taipé e Pe-quim deverá prosseguir com a nova liderança

chinesa, mas as eleições norte--americanas e a entrada de novas figuras nas chefias militares da China poderão fazer a diferença, defende um analista português.

Para Arnaldo Gonçalves, pre-sidente do Fórum Luso-Asiático, a saída de Hu Jintao da presidên-cia da China, para ser substituído por Xi Jinping, não implica, por si só, alterações na actual política que permitiu uma maior aproximação entre os dois lados do Estreito da Formosa, embora existam factores que podem con-dicionar essa actuação.

Salientando as diferenças na origem dos líderes das duas partes - Xi Jinping, na China, oriundo das escolas do partido e Ma Ying-jeou, em Taiwan, descendente da aristo-cracia chinesa - Arnaldo Gonçalves sustenta que uma vitória de Barack Obama nas eleições presidenciais norte-americanas, que se reali-zaram ontem, não trará grandes alterações. “Se Barack Obama vencer, prevejo uma política de continuidade, um apoio discreto dos Estados Unidos em relação a Taiwan do ponto de vista político, um apoio discreto também em termos da reformulação e apetre-chamento das forças de defesa de Taiwan sem haver um choque ou o agravamento das relações Estados Unidos-China”, disse.

Arnaldo Gonçalves referiu ainda o peso político dos militares no Politburo chinês, que no gru-

Numa época em que os relógios podem ser olhados como um sinal exterior de riqueza entre os políticos chineses, Xi Jinping guarda possivelmente um dos relógios mais especiais entre a alta classe política. Presente do Dalai Lama ao seu pai, o político Xi Zhongxun, o relógio foi oferecido pelo líder religioso nos anos 50.Sinais de outros tempos, a oferta do relógio é uma recordação de quando o líder tibetano ainda vivia na China. A viver em Pequim no ano de 1954, o

Dalai Lama esteve muitas vezes acompanhado pelo pai do próximo secretário-geral do partido. Do relógio apenas se sabe que era um relógio caro já nos anos 50 e que, mesmo depois da fuga para o exílio do Dalai Lama, Xi Zhongxun continuou a usá-lo até ao final dos anos 70. Onde está agora o objecto será um segredo bem guardado. Acredita-se que estará na posse do filho. Para tirar as dúvidas, falta descobrir o que leva Xi Jinping no pulso. - M.J.B.

O congresso obrigaUm encontro que acontece a cada cinco anos, o aparato que exige o Congresso já é familiar para a maioria dos habitantes da capital. Mas sendo uma altura sensível, as regras alargam-se a vários domínios desde os táxis às aberturas de exposições. Alguns dos eventos marcados para esta semana tiveram de ser adiados até que as decisões do Politburo sejam tornadas públicas. Em alguns supermercados, não se vendem facas durante estes dias. Mas o espanto dos habitantes rapidamente desaparece quando percebem que tudo é por ser uma “altura especial”. A notícia do jornal “Global Times” do início do mês referia que as bolas de pingue-pongue eram usadas como método para fazer saltar mensagens contra o sistema pelas janelas. E agora na internet começam as piadas sobre o perigo das bolas de pingue-pongue. Com milhares de voluntários espalhados pela cidade, Pequim cobriu-se de cartazes de propaganda com mensagens alusivas ao Congresso. Este ano com a inovação que alguns textos de boas-vindas aparecem no formato de lâmpadas vermelhas no formato dos caracteres. Durante toda a manhã de Quinta-feira, o trânsito para a Praça Tiananmen vai estar controlado. Sendo proibido parar, apenas pessoas com acreditação podem na manhã da inauguração atravessar a pé a praça que está controlada em vários postos onde a polícia e os militares confirmam a identificação de quem passa. Só à tarde, as visitas dos milhares de turistas podem voltar a encher aquela que é a maior praça do mundo. - M.J.B.

Desanuviamento entre Taipé e Pequim deverá manter-se, diz analista

Uma amizade como nuncapo mais restrito não deverão ter assento, mas que devem garantir dois lugares no plenário, composto actualmente por 25 elementos.

Xi Jinping inicia amanhã, no 18.º congresso do Partido Comu-nista Chinês (PCC), a sua ascensão ao principal cargo da China com uma herança que permite dizer que as relações entre Taipé e Pequim nunca estiveram tão boas.

Depois de oito anos de eleva-da tensão no Estreito, durante o mandato de Chen Shui-bian como presidente de Taiwan, que defen-dia uma via independentista para a ilha, o regresso do partido nacio-nalista do Kuomintang ao poder marcou um novo posicionamento e Ma Ying-jeou concretizou uma nova etapa de aproximação que está a revelar-se vantajosa para ambas as partes.

O desanuviamento da tensão bilateral parece também já ter con-tagiado próprio Partido Democrá-tico Progressista (PDP), o partido do ex-presidente Chen Shui-bian.

Há cerca de um mês, um antigo líder do PDP, Frank Hsieh, visitou pela primeira vez o continente tendo mantido em Pequim um encontro com o conselheiro de Estado Dai Bingguo, responsável pela diplomacia chinesa.

A aproximação entre ambos os

lados pela via económica esbateu diferendos e Pequim já é o maior parceiro comercial de Taiwan, à frente do Japão e dos Estados Unidos, e dezenas de milhares de empresas da ilha transferiram-se para o continente.

Taiwan - a ilha onde se refugiou o Governo nacionalista chinês de Chiang Kai-Shek, depois de o PCC tomar o poder no continente em 1949, e onde flutua ainda a bandeira da “República da China” - é vista por Pequim como uma província da República Popular China e não uma entidade política soberana.

Pequim defende a “reunifica-ção pacífica”, segundo a mesma fórmula adoptada para Hong Kong e Macau (“um país, dois siste-mas”), mas ameaça “usar a força” se a ilha declarar a independência.

Taiwan é uma das mais dinâmi-cas economias asiáticas e em me-adas da década de 1990 tornou-se também uma democracia, com um presidente e um parlamento eleitos por sufrágio directo de quatro em quatro anos.

Trata-se de um território com cerca de um terço da área de Por-tugal, mais de 23 milhões de habi-tantes e um Produto Interno Bruto per capita que ronda as 180.000 patacas, mais de quatro vezes o da República Popular da China.

O relógio do pai de Xi Jinping

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AMERICANASeleições quinta-feira 8.11.2012

Andreia Sofia [email protected]

“MICHELLE, ma belle”. Barack Obama não cantou a can-

ção dos Beatles, mas dedicou à sua esposa, Michelle Obama, a vitória nas eleições presidenciais de um país que governou nos últimos quatro anos.

Às 22h13 (hora america-na), Obama subia ao púlpito em Chicago e frisava a im-portância da família na hora em que as projecções davam conta dos 538 votos obtidos do Colégio Eleitoral.

“Nunca te amei tanto, nem nunca tive tanto orgulho como quando vejo o nosso país a apaixonar-se por ti como a sua primeira-dama. Não seria quem sou sem a minha mulher”. Os cerca de dez mil apoiantes e voluntários da

Cavaco felicita Obama e lembra papel da “significativa comunidade” portuguesa

Quando o dia raiou na Ásia já o mundo conhecia o próximo presidente dos Estados Unidos: Barack Obama. O democrata conseguiu derrotar o republicano Mitt Romney obtendo 538 votos do Colégio Eleitoral. O discurso da vitória foi feito em Chicago e foi dirigido ao povo, aos voluntários da campanha e a Michelle Obama

Barack Obama eleito presidente dos Estados Unidos por mais quatro anos

Uma vitória dedicada ao povo e à primeira-dama

campanha eleitoral não foram esquecidos, muito menos o povo americano.

“Tudo isto é graças a vo-cês. Obrigado. Estamos todos juntos. Foi assim que fizemos a campanha e é assim que estamos. Obrigado”, podia ler-se na página oficial da rede social Twitter.

Para Joe Biden, ficaram também umas palavras de apreço, tendo sido conside-rado por Obama como “o melhor vice-presidente que alguém pode querer”.

As projecções avançadas pela estação televisiva CNN avançaram que Obama aca-bava de ultrapassar os 270 votos necessários do Colégio Eleitoral, graças aos votos de

Estados considerados funda-mentais como Virgínia, Ohio, Pensilvânia, Wisconsin e New Hampshire.

Apesar dos números, o republicano Mitt Romney de-morou a assumir a derrota. E de acordo com o jornal Washing-ton Post, só tinha preparado um discurso da vitória.

Contudo, foi o da derrota que acabou por proferir no Centro de Convenções de Bos-ton, não sem antes ter telefona-do ao seu adversário. Romney elogiou Paul Ryan, candidato a vice-presidente, e pediu aos políticos que colocassem “as pessoas antes da política”. Deixou ainda uma critica: “a nação (norte-americana) está num ponto critico”.

Apesar da derrota dos republicanos, Obama deixou no ar a possibilidade de coo-peração política. “Amamos este país profundamente. E por isso temos ideias muito fortes para o seu futuro. Vou falar com o governador (Romney) sobre o que é que podemos fazer juntos”.

HU JINTAODEU OS PARABÉNS Assim que a notícia da vitória chegou a este lado do mundo, tanto Hu Jintao, presidente da China, como Wen Jiabao, primeiro-ministro, enviaram uma mensagem conjunta a felicitar Obama.

“Numa nova era histórica, desejo que as nossas relações

O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, felicitou hoje Barack Obama pela sua reeleição para a presidência dos Estados Unidos, lembrando o “papel da significativa comunidade de portugueses e luso-descendentes” que reside e trabalha no país. “Nesta oportunidade, tão simbólica para os Estados Unidos da América, não posso também deixar de sublinhar o papel da significativa

comunidade de portugueses e luso-descendentes que vive e trabalha nos Estados Unidos da América e que constitui um elo fundamental de ligação entre os nossos dois países”, pode ler-se na mensagem de Cavaco Silva, publicada no “site” da Presidência da República. Desejando a Obama “votos do maior sucesso” para o segundo mandato na Casa Branca, Cavaco Silva evocou a participação

do reeleito Presidente norte-americano na cimeira da Aliança Atlântica, em Lisboa, em 2010, manifestando-se convicto de que nos próximos anos “os laços históricos de amizade” que unem os dois países se reforçarão e serão encontradas “novas modalidades de cooperação” para reforçar as “já intensas relações bilaterais” entre Lisboa e Washington. Aníbal Cavaco Silva lembrou ainda os “novos e constantes

desafios” com que o mundo actualmente se confronta, para os quais têm de se “encontrar respostas”. “Estou certo que Vossa Excelência continuará, durante o novo mandato presidencial, tal como no passado, empenhado em contribuir para a solução dos desafios que se colocam à Comunidade Internacional”, escreve. “Renovando-lhe as minhas felicitações, e recordando o nosso encontro em

Washington, há quase um ano, peço-lhe que aceite, Senhor Presidente, os desejos sinceros de felicidade pessoal para Vossa Excelência e de prosperidade e progresso para o povo amigo dos Estados Unidos da América”, conclui o Chefe de Estado. O Presidente norte-americano Barack Obama foi reeleito na terça-feira para um mandato de mais quatro anos na Casa Branca.

bilaterais baseadas numa co-operação construtiva entrem numa nova fase”, disse Hu Jintao. O porta-voz da diplo-macia chinesa declarou que no primeiro mandato do reeleito presidente americano, “graças aos esforços comuns das duas partes, as relações China--Estados Unido registaram progressos significativos”.

Xi Jinping, vice-presidente chinês e apontado como o pro-vável sucessor de Hu Jintao, terá enviado também felicita-ções ao homólogo Joe Biden.

Da Europa as mensagens de parabéns também che-garam num ápice, muitas delas através do Twitter. José Manuel Durão Barroso, presi-dente da Comissão Europeia,

espera poder continuar a tra-balhar com o presidente norte--americano “numa relação de amizade ainda mais forte”.

David Cameron, primeiro--ministro britânico, foi um dos primeiros a enviar “calorosas” felicitações online. “Ansioso por continuar a trabalhar em conjunto”. Herman Van Rom-puy, presidente do Conselho Europeu, mostrou-se “muito feliz pela reeleição do presi-dente Obama”.

Já François Hollande, presidente da França, decla-rou tratar-se de uma “escolha clara” para uma “América aberta e solidária, plenamente comprometida com o con-texto internacional”. “Estou convencido que durante o seu

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11www.hojemacau.com.moquinta-feira 8.11.2012

Rita Marques [email protected]

OS conflitos no Mar do Sul da China, a relação com Taiwan, a disputa das ilhas

Diaoyu-Senkaku podem estar supervisiona-das pelos Estados Unidos e, até mesmo na agenda do novo mandato de Barack Obama, mas, tal como a retórica demonstrada durante a campanha, nada de substancial vai mudar. A opinião é de académicos no departamento de Governo e Administração Pública da Universidade de Macau (UMAC).

Cheng Dingding não nega a importân-cia das relações sino-americanas para a Administração de Obama e vê no reeleito presidente um homem brando na repre-sentação de questões unilaterais entre os dois países. “Acredito que o Presidente Obama vai ser cauteloso na sua política face à China”, explica. “Vai ter mais atenção à região da Ásia-Pacífico. Esta é uma região que irá decidir o futuro do séculos XXI”, indica.

No entanto, há questões incontornáveis com impacto global às quais se deve manter fiel mas pacífico. “No que toca ao ambiente, pode forçar a China a assinar um tratado mas a China está numa posição muito difícil para o fazer devido ao mercado doméstico”, evidenciou o académico. O mesmo se passa com outros assuntos humanitários. “Vai-se encontrar com importantes activistas sobre os direitos humanos, dentro e fora da China,

Obama, o havaiano

Barack Obama com atençõesvoltadas para a região Ásia-Pacífico

Amadurecer relaçõescom a China

Relação com novos líderes chineses“Temos razões para acreditar que os futuros líderes, incluindo Xi Jinping [próximo Presidente da República Popular da China] e Li Keqiang [futuro Primeiro-Ministro] vão comportar-se de forma diferente”, analisa Chen Dingding. Fundamentos baseados em factores como a idade, o conhecimento e a experiência, que fazem desta, “um nova geração” de líderes comunistas. “Os próximos cinco anos serão muito interessantes de ver as relações sino-americanas.” A par desta, as prioridades domésticas da China começam a ser discutidas já hoje no XVIII Congresso do Partido Comunista Chinês. Em seu entender, a ligação às culturas ocidentais, nomeadamente, na passagem pelos EUA, podem abrir um novo espectro nas relações mas é difícil prever apenas pelas personalidades quais as politicas futuras do gigante asiático. “Esta geração de líderes chineses tem mais experiência para lidar com países de fora, mais do que os anteriores que tinham a experiência soviética. Hu Jintao aprendeu russo, tal como a sua geração, ele até cantava canções russas”, avalia.

por exemplo, com o Dalai Lama, tal como tem feito.”

COMÉRCIO SEM TRAVÕESEm termos de relações comerciais do continente, apesar das críticas de falta de agressividade apontadas pelo adversário Mitt Romney, Obama manterá a sua postura. O presidente reeleito criou um grupo específico para fiscalizar a adesão da China e de outros países às regras comerciais, e prometeu usar a ameaça de sanções comerciais e uma acção coordenada com países aliados para obrigar a China a cumprir as regras comerciais globais. “Por exemplo, no problema dos pneus propôs talvez mais de 50% de taxas às importações feitas para os Estados Unidos mas depois de um ano ou dois ele diminuiu-as. Podemos ver que o seu Governo pode não ser tão duro nestas relações.”

Na conferência sobre “O Impacto Global das Eleições Presidenciais de 2012”, que teve lugar ontem no “Canto Americano” da Biblioteca da UMAC, enquanto decorriam os discursos de vitória e derrota, respectiva-mente dos líderes democrata e republicano, também Aleksandra Thurman antecipou a linha de acção de Barack Obama em relação à China. “Dado o que ele tem vindo a dizer, não deverá haver mudanças dramáticas (...) Mas o que torna as relações diplomáticas tão difíceis é que tudo pode acontecer, acidentes e surpresas”, sublinhou.

“A palavra China foi mencionada 20 vezes num debate, segundo o People’s Daily, e não duvido dos observadores mas outras foram mencionadas, referidas na cobertura das eleições: a economia, o sistema de saúde, os direitos das mulheres também foram muito falados. As relações com a China são uma das partes de uma larga escala de preocupações políticas e diplomáticos.”

Para já, se pudesse ter o lugar de conselhei-ra no seu Governo, Thurman preferia avaliar as categorias que definem um “potencial conflito” de uma “verdadeira fonte de con-flito diplomático”. E, nestas se encontram: a incerteza, os canais legítimos de comunicação e a natureza do estado. Em seu entender, o Estados têm de mostrar uma “intenção trans-parente face ao que querem”; têm de escolher o “melhor modo de cooperação”, se bilateral ou multilateral; e devem compreender a “iden-tidade do estado”, focado nos seus direitos e deveres, de forma a identificar quais os actores no palco mundial.

Barack Obama eleito presidente dos Estados Unidos por mais quatro anos

Uma vitória dedicada ao povo e à primeira-dama

Durante os últimos quatro anos, Obama enfrentou sérios obstáculos, como a crise financeira e a subida do desemprego, passando de mito a figura de carne e osso, e defraudou algumas expectativas dos eleitores que acreditaram na “mudança”, o lema central da campanha eleitoral de 2008. Nesse ano, Obama garantiu que “a mudança” tinha chegado “finalmente à América”. Os apoiantes mudaram então o lema para “Yes, we did!” (sim, conseguimos), mas também perguntaram alto “e agora?”. Obama acabou por não satisfazer todos nestes quatro anos, mas conseguiu hoje, mais realista e mais grisalho, uma nova oportunidade para fazer dos Estados Unidos um “lugar melhor” e concretizar o lema da campanha de 2012 “Forward” (em frente). Para o futuro, o democrata aposta tudo na reanimação da economia: mais impostos para os ricos, menor dependência do petróleo, mais emprego. Foi em Chicago – com uma significativa comunidade afro-americana, muito afectada pela pobreza – que Obama, eleito senador pelo estado de Illinois em 2004, ganhou fama como agente comunitário e advogado de direitos civis. Filho de um economista queniano e de uma antropóloga do Kansas, nasceu há 51 anos (4 de Agosto de 1961) em Honolulu (Havai). Os pais separaram-se quando tinha apenas dois anos. A mãe voltou a casar-se e levou-o para a terra natal do padrasto, Jacarta

(Indonésia), onde viveu quatro anos e recebeu educação em escolas muçulmanas e católicas. Regressou ao Havai aos dez anos, onde foi criado com a ajuda dos avós maternos. Foi à avó, Madelyn Payne Dunham, que morreu um dia antes da sua eleição, que dedicou a sua vitória histórica. Apesar de, a dada altura, se ter interessado mais por basquetebol do que por livros, Obama foi um brilhante aluno, formando-se em Columbia e Harvard. Num escritório de advogados conheceu a mulher, Michelle, com quem se casou em 1992 e com quem teve duas filhas, agora com 14 (Malia) e 11 anos (Sasha). Bo, o cão de água português, completa a família que ocupa a Casa Branca desde 2008. Progressista, carismático, com sentido de justiça, defensor da união e da reconciliação, Obama admitiu já que um dos maiores erros do seu primeiro mandato foi não se ter aproximado mais dos cidadãos. Entre os grandes factos do primeiro mandato de Obama destaque para o fim da guerra no Iraque, o início do processo de retirada no Afeganistão e a operação militar que, a 1 de Maio de 2011, matou Osama bin Laden, líder da Al-Qaida, responsável pelos atentados de 2001 nos Estados Unidos. Com menos de um ano de mandato presidencial, Barack Obama foi agraciado, em Outubro de 2009, com o Prémio Nobel da Paz pelos seus “esforços extraordinários em prol do reforço da diplomacia internacional”.

novo mandato reforçaremos ainda mais a nossa parceria para favorecer o regresso ao crescimento económico nos nossos países, para lutar con-tra o desemprego e encontrar soluções para as crises que nos ameaçam, nomeadamente no Médio Oriente”, acrescentou Hollande.

Ban Ki-moon, secretário--geral das Nações Unidas, frisou também a esperança de futuras parcerias “duradouras” com o estado norte-americano na resolução de conflitos.

COM OS OLHOSPOSTOS NA ECONOMIANos últimos quatro anos Barack Obama teve de lidar com o impacto de uma crise económica mundial, o que gerou alguns dissabores junto da população, que começou a levantar dúvidas face às politicas do homem que, aquando da saída de George W. Bush, foi encarado como o que levaria os Estados Unidos a um novo rumo.

O programa “Obamaca-re”, que prometeu o maior acesso dos cidadãos a cui-dados médicos, foi a sua grande bandeira politica, mas Obama teve de lutar com o aumento do desemprego, que actualmente se fixa acima dos 7,5%. O democrata promete agora implementar maiores impostos para os mais ricos, mais emprego e menor depen-dência do petróleo.

Ao nível da política ex-terna, o democrata ficou com a pesada herança do seu antecessor, cujo mandato foi dominado pela luta contra o terrorismo.

Nos quatro anos de Obama a guerra do Iraque chegou ao fim e deu-se inicio o processo de retirada das tropas ameri-canas do Afeganistão. Mas foi em Maio do ano passado que os Estados Unidos atingiram um dos seus principais objec-tivos, com a captura e morte de Osama Bin Laden, líder da Al-Qaida e autor do ataque às Torres Gémeas, no âmbito de uma operação militar. Em Ou-tubro de 2009, Obama ganhou o Prémio Nobel da Paz pelos seus “esforços extraordiná-rios em prol do reforço da diplomacia internacional”. Por decidir está o dossier Guantánamo: há três anos

foi assinado um decreto para que a prisão fosse encerrada, mas o espaço ainda aloja 171 prisioneiros.

Considerado progressista, carismático e com sentido de justiça, bem como defensor da união e reconciliação, Barack

Obama afirmou anteriormente que um dos seus maiores erros no primeiro mandato foi não se ter aproximado mais dos cidadãos. Resta ver se con-segue atingir o seu objectivo na segunda oportunidade que lhe foi dada pelos americanos.

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quinta-feira 8.11.2012publicidade12

CONVOCATÓRIA

Rita Botelho dos Santos, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Asso-ciação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, vem, nos termos do nº 2 do artigo 30º dos estatutos desta Associação, convocar a Assembleia Geral para o próximo dia 01 de Dezembro de 2011 (Quinta-Feira), pelas 18H00, na sede da A.T.F.P.M., sita na Avenida da Amizade Nºs. 273-279 r/c, Macau, com a seguinte ordem de trabalhos:

1. Aprovação do orçamento e plano de actividades para o ano de 2012.

2. Outros assuntos.

Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, aos 10 de No-vembro de 2011.

A Presidente da Mesa da Assembleia Geral

Comendadora Rita Botelho dos Santos

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13quinta-feira 8.11.2012 www.hojemacau.com.mo vida

QUEM não se lem-bra de ir ao jar-dim zoológico de Lisboa e dar uma moeda ao ele-

fante para ele tocar o sino? O zoo de Everland, num parque temático na cidade de Yongin, na Coreia do Sul, pode agora passar a ter uma atracção parecida, mas sem o badalar do som da sineta. Koshik, o elefan-te asiático que vive nesse jardim zoológico, não toca o sino, mas “fala” coreano, por isso podia perfeitamente passar a receber uma moeda para dizer, em troca, uma das cinco palavras que sabe imitar.

Koshik nasceu em cati-veiro em 1990 e, três anos depois, chegou ao jardim zoológico sul-coreano, onde teve a companhia de duas elefantas até fazer cinco anos de idade. Mas, de 1995 a 2002, Koshik passou a ser o único elefante do jardim e as vozes humanas passaram a fazer parte, mais intensa-mente, do seu dia-a-dia. Tra-tadores, veterinários, guias e turistas, todos contribuíram para que o elefante ouvisse e aprendesse a dizer palavras coreanas.

A primeira vez que os tratadores perceberam que Koshik “falava” tinha 14 anos e a descoberta dessa habilidade coincidiu com a altura em que atingiu a maturidade sexual. Estes sons podiam ser apenas mais uns dos que os machos produzem na altura da repro-

NENHUMAS contempla-ções na luta contra a caça

às baleias, é o que promete a or-ganização não-governamental Sea Shepherd, que inicia nesta segunda-feira mais um jogo de gato e rato aos navios baleeiros japonês.

A campanha da Sea She-pherd deste ano é a mais ambi-ciosa da história da organização, nascida há dez anos. Estarão envolvidos quatro navios, um helicóptero, três veículos aéreos não tripulados e cerca de 100 pessoas.

A campanha este ano foi antecipada em relação ao calen-dário habitual, pois os militantes da Sea Shepherd pretendem tentar abordar os navios bale-eiros no Pacífico Norte, quando saírem do Japão, ao invés de os esperarem em águas do Oceano Antárctico. “A missão deste ano é começar o mais rápido possível (...) para impedi-los de matar uma baleia sequer “, disse à AFP o director da filial

Acidente nuclear de Fukushima poderá sair muito caroO custo total do acidente nuclear de Fukushima, incluindo as despesas decorrentes da descontaminação e o pagamento de indemnizações às vítimas, poderá ascender a cerca de 1 bilião de patacas, informou a Tepco. “Nós precisamos discutir com o Governo as necessidades tendo em conta vários cenários”, afirmou ontem o presidente da empresa gestora da central nuclear (Tepco), Kazuhiko Shimokobe, quando questionado por um jornalista sobre o risco de duplicação dos custos previstos anteriormente pelo grupo, de cerca de 500 mil milhões de patacas. Um bilião de patacas correspondem a dois por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do Japão, terceira economia mundial depois dos Estados Unidos e da China, e para responder a estas despesas a Tepco precisará de mais ajuda do Governo, segundo a imprensa local.

Elefante coreano consegue “falar”

Koshik, o imitador

Sea Shepherd inicia campanha ambiciosa contra caça à baleia

Tolerância zero

dução, não se desse o caso dos tratadores perceberem o que dizia e de Koshik “falar” durante todo o ano.

O grupo de cientistas que analisou agora os sons produzidos pelo elefante, e que publicou os resultados na revista Current Biology,

pensa que a capacidade de imitar vozes se deve ao facto de, durante um período importante do seu cresci-mento e desenvolvimento, as vozes humanas terem sido o seu único contacto social. “Pensamos que o Koshik começou a adaptar

as suas vocalizações aos seus companheiros humanos para fortalecer a ligação social, algo que também é visto noutras espécies”, diz a líder da equipa Angela Stoeger, do Departamento de Biologia Cognitiva da Universidade de Viena,

citada num comunicado do grupo editorial da revista.

AS CINCO PALAVRASPara comprovar que o elefan-te imitava a língua coreana, tal como afirmavam que li-dava com ele, foram feitas 47 gravações dos seus sons e os cientistas pediram a 16 pes-soas de origem coreana para as traduzirem. À medida que iam ouvindo as gravações, iam escrevendo, em coreano, o que ouviam. Nenhuma das pessoas sabia que os sons pertenciam a um elefante, mas maioria identificou as palavras, confirmando assim o que os tratadores afirmam: há um elefante que fala mes-mo coreano.

“Olá”, “senta-te”, “deita--te” “não” e “bom” são as únicas palavras do seu ainda reduzido vocabulário, mas a descoberta deste ele-fante palrador espantou os cientistas, porque não são conhecidos muitos casos de imitações de vozes humanas em mamíferos. Até agora, apenas se conhece o caso de uma foca que dizia algumas frases em inglês e de um golfinho chamado Lagosi que era capaz de imitar o seu próprio nome. Quanto a elefantes faladores, há apenas a história, mas nunca confirmada, do elefante de um jardim zoológico no Cazaquistão, que, segundo consta, dizia frases comple-tas em russo e em cazaque.

Para os investigadores que estudaram o elefante da Coreia do Sul, esta des-

coberta pode fornecer infor-mações sobre a biologia e a evolução da aprendizagem vocal complexa, uma ca-racterística essencial na fala humana. “A fala humana tem basicamente dois aspectos importantes, a frequência e o timbre”, explica Angela Stoeger. “Curiosamente, Koshik é capaz de com-binar os dois padrões de frequência e timbre. Imita com precisão a voz dos seus treinadores.”

Conseguir imitar vozes humanas não deve ser fácil para o elefante, que tem uma tromba em vez de um lábio e um trato vocal considera-velmente maior do que o dos seres humanos. Talvez por isso, para imitar as vozes humanas ele introduza a tromba na boca de forma a modular o trato vocal e adaptar os sons que produz aos sons dos humanos. “Embora a sua laringe possa produzir sons muito graves, ele não monstra apenas semelhanças com as vozes humanas, mas também cla-ras diferenças em relação aos chamamentos habituais dos elefantes”, diz Stoeger.

Dar uma moeda ao Koshik para ele dizer pala-vras é, assim, uma possibili-dade no jardim zoológico de Everland. O único problema é que a “conversa” com o elefante pode ser um pouco estranha e sem sentido: para além de não saber muitas palavras, tanto quanto os cientistas pensam, Koshik não entende o que diz.

australiana da Sea Shepherd, Jeff Hansen.

O Japão caça centenas de baleias todos os anos, alega-damente para fins científicos – uma das excepções da Co-missão Baleeira Internacional à

moratória à captura comercial adoptada em 1986. O Gover-no japonês tem tentado abrir novas excepções à moratória, propondo que a caça comercial seja autorizada a algumas co-munidades costeiras do país.

Apesar da caça para fins científicos estar autorizada, em 2011 o Japão foi forçado a terminar prematuramente a sua actividade baleeira devido à pressão dos ambientalistas. Capturou apenas 172 baleias, um quinto da sua meta. Em Março de 2012, voltou a acon-tecer o mesmo, e os navios voltaram com 266 baleias.

A Sea Shepherd tem dito pouco acerca do possível en-volvimento de Paul Watson,

o fundador da organização, na campanha agora lançada. De-tido no aeroporto de Frankfurt a 13 de Maio, Watson esteve sob prisão domiciliar, mas fugiu depois de saber que seria extraditado para a Costa Rica, devido a um processo relaciona-do com protestos contra a pesca do tubarão.

Normalmente, Watson é que está ao comando de um dos na-vios da Sea Shepherd, mas agora não se sabe em qual poderá estar. “Eu seria mais específico sobre o navio mas esta informação deve ser mantida em segredo”, escreveu ele em Junho no site da organização.

Além dos navios “Steve Irwin” e “Brigitte Bardot”, a frota do Sea Shepherd é compos-ta este ano pelas embarcações “Bob Barker” e “Simon Sam”, esta última com nome de um dos produtores originais de “Os Simpsons”, que financiou a compra do navio, anteriormente detido pelo governo alemão.

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quinta-feira 8.11.2012publicidade14

Faz-se público que, por despacho do Exmo. Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 19 de Outubro de 2012, se encontra aberto o Concurso Público para “Fornecimento e instalação de cento e trinta e quatro bombas de infusão venosa aos Serviços de Saúde”, cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 7 de Novembro de 2012, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato, sita na Cave 1 do Centro Hospitalar Conde de S. Januário, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de $29,00 (vinte e nove patacas), a título de custo das respectivas fotocópias ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São

Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 5 de Dezembro de 2012.

O acto público deste concurso terá lugar no dia 6 de Dezembro de 2012, pelas 9,30 horas, na sala de “Museu” situada no r/c do Edifício da Administração dos Serviços de Saúde junto ao C.H.C.S.J.

A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de $ 26 800,00 (vinte e seis mil e oitocentas patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 31 de Outubro de 2012.

O Director dos Serviços, Substº.

Cheang Seng Ip

Faz-se público que, por despacho do Exmo. Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 19 de Outubro de 2012, se encontra aberto o Concurso Público para “Fornecimento de Material de Consumo Clínico para Unidade de Cuidados Intensivos Coronários dos Serviços de Saúde”, cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 7 de Novembro de 2012, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato, sita na Cave 1 do Centro Hospitalar Conde de S. Januário, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de $49,00 (quarenta e nove patacas), a título de custo das respectivas fotocópias ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São

Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 3 de Dezembro de 2012.

O acto público deste concurso terá lugar no dia 4 de Dezembro de 2012, pelas 10,00 horas, na sala do “Museu” situada no r/c do Edifício da Administração dos Serviços de Saúde junto ao C.H.C.S.J.

A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de $ 100.000,00 (cem mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 31 de Outubro de 2012.

O Director dos Serviços, Substº.

Cheang Seng Ip

AVISOCONCURSO PÚBLICO Nº 26/P/2012

AVISOCONCURSO PÚBLICO Nº 27/P/2012

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 19 de Ou-tubro de 2012, se encontra aberto o Concurso Público para “Fornecimento de Material de Consumo Clínico para o Serviço de Imagiologia dos Serviços de Saúde”, cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 7 de Novembro de 2012, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato, sita na Cave 1 do Centro Hospitalar Conde de S. Januário, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de $50,00 (cinquenta patacas), a título de custo das respectivas fotocópias ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar de Conde de

São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 5 de Dezembro de 2012.

O acto público deste concurso terá lugar no dia 6 de De-zembro de 2012, pelas 15,00 horas, na sala do “Museu” situada no r/c do Edifício da Administração dos Serviços de Saúde junto ao C.H.C.S.J.

A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de $100.000,00 (cem mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 31 de Outubro de 2012.

O Director dos Serviços, Subst.º

Cheang Seng Ip

Faz-se público que, por despacho do Exmo. Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 19 de Outubro de 2012, se encontra aberto o Concurso Público para “Fornecimento de Sessenta e Duas Camas Hospitalares Eléctricas aos Serviços de Saúde”, cujo Programa do Con-curso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 7 de Novembro de 2012, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato, sita na Cave 1 do Centro Hospitalar Conde de S. Januário, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de $29,00 (vinte e nove patacas), a título de custo das respectivas fotocópias ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São

Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 6 de Dezembro de 2012.

O acto público deste concurso terá lugar no dia 7 de Dezem-bro de 2012, pelas 10,00 horas, na sala de “Reunião” situada na Divisão de Aprovisionamento e Economato, na Cave 1 do Centro Hospitalar Conde de S. Januário.

A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de $ 62 000,00 (sessenta e duas mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 31 de Outubro de 2012.

O Director dos Serviços, Substº.

Cheang Seng Ip

AVISOCONCURSO PÚBLICO Nº 28/P/2012

AVISOCONCURSO PÚBLICO Nº 29/P/2012

Page 15: Hoje Macau 8 NOV 2012 #2730

15quinta-feira 8.11.2012 www.hojemacau.com.mo cultura

A Amazon deverá poder vender ‘e--books’ a preços mais baixos do

que a Apple. Tudo indica que as autoridades reguladoras da União Europeia (UE) vão aceitar uma proposta nesse sentido da Apple e de quatro editoras, encerrando assim uma investigação ‘anti-trust’.

A decisão, explica a Reu-ters, significará uma vitória para a Amazon, que tem lutado para poder vender os livros digitais mais baratos, ganhando assim um trunfo numa área de mercado em rápido crescimento.

A proposta de acordo foi apresentada em Setembro à Comissão Europeia pela Apple, a Simon & Schuster, a HarperCollins (subsidiária da News Corp.), a Hachette Livre (da Lagardere SCA) e a Verlagsgruppe Georg von Holtzbrinck (do gru-po alemão Macmillan). O Grupo Penguin, também envolvido no processo, de-cidiu não aderir à proposta.

José C. [email protected]

DANDO sequência aos re-centes eventos promovidos

pelo Jazz Club de Macau a Casa Garden volta a ser palco de jazz este domingo, a partir das 21h. O compositor e reconhecido

O ministério sul-coreano da Cultura vai conceder uma das mais impor-

tantes condecorações do país ao cantor Psy, autor do hit mundial “Gangnam Style” e do videoclipe visto por milhões de pessoas na internet.

Park Jae-Sang, conhecido pelo nome artístico, receberá a medalha da Ordem Okgwan do mérito cultural por “serviços excepcionais”, anunciou o ministério.

“Psy foi escolhido não apenas pela sua carreira como artista, mas tam-bém por ter tornado famoso o bairro de Gangnam, aumentado o interesse mundial pela Coreia do Sul”, afirmou à AFP uma fonte do ministério.

O cantor, de 34 anos, conquistou milhões de pessoas em todo o mundo com a canção satírica “Gangnam Style”,

uma paródia da boa vida dos ricos de Gangnam, o bairro elegante de Seul.

Desde o lançamento a 15 de Julho, o videoclipe, no qual o cantor executa uma coreografia divertida ao som da música techno-pop, foi visto 655 milhões de vezes no Youtube.

A canção está no top em vários pa-íses, como Grã-Bretanha e Austrália, e há seis semanas que está em segundo lugar nos Estados Unidos.

Habitualmente, a Coreia do Sul apoia todo tipo de exportação, inclusive na área cultural.

O director Kim Ki-Duk, que recebeu este ano o Leão de Ouro no Festival de Veneza pelo filme “Pietá”, receberá a Ordem Eungwan do mérito cultural, prémio superior ao atribuído a Psy na hierarquia das recompensas.

Amazon poderá vender ‘e-books’ mais baratos que a Apple

Decisão final em Dezembro

Hendrik Meurkens na Casa Garden

Samba Jazz no domingoCoreia do Sul condecora Psy

Mérito cultural, dizem

As autoridades ‘anti-trust’ da UE iniciaram uma in-vestigação sobre o modelo de cálculo de preços que as empresas envolvidas adoptam para os seus livros digitais e que, segundos os críticos, impede de que Amazon venda mais barato do que a Apple.

“Depois de anos de ba-talhas judiciais e incerteza, percebo porque é que alguns dos envolvidos decidiram desistir”, disse à Reuters Mark Coker, fundador da Smashwords, editora e dis-tribuidora de ‘e-books’ que trabalha com a Apple. “É sem dúvida mais uma vitória para a Amazon. Não vi os termos do acordo final, mas a minha reacção inicial é a de que coloca restrições ao que os editores podem fazer.”

A Comissão Europeia disse à Reuters que a in-vestigação ainda não foi concluída. E tanto a Amazon como a Apple preferiram não comentar. A decisão final só deverá ser anunciada em Dezembro.

virtuoso da harmónica e do vibrafone, Hendrik Meurkens é um alemão a viver actual-mente em Nova Iorque, mas apaixonado pelos sons vindos do Brasil. O samba e a bossa--nova entraram definitivamente no seu universo musical quando no início dos anos 80 se mudou

para o Rio de Janeiro. Tocando regularmente no popular espaço nocturno da noite carioca, o Bar 21, Hendrik Meurkens viria a conhecer diversos músicos com quem mais tarde viria a colaborar tanto na Europa, como em Nova Iorque. Definido como o mais importante tocador de harmónica de jazz depois de Toots Thielemans, Meurkens radicou-se em Nova Iorque nos anos 90 onde assina contrato com a Concord Records. Desde então gravou quinze álbuns e funda juntamente com Misha Tsiganov (piano), Gustavo Amarante (baixo) e André Santos (bateria) o Samba Jazz Quartet. Desta reunião nasceu, entre outros, o álbum October Colors.

A sua extensa carreira musical inclui digressões pela Europa e pelos Esta-dos Unidos, gravações com Charlie Byrd, Jimmy Cobb, Ivan Lins, Monty Alexander, Claudio Roditi, Manfredo fest e Mundell Lowe, e a participa-ção em projectos com Astrid Gilberto, Olivia Newton Jonh, Ray Brown Trio, Paquito D’Rivera, entre outros. “A missão é simples. Quero criar musica de grande beleza”, diz Hendrik Meurkens.

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quinta-feira 8.11.2012desporto16

Marco [email protected]

A lotaria das grandes penalidades voltou ontem a fazer vítimas entre os emblemas de

matriz portuguesa do território. Depois do Futebol Clube do Porto ter perdido a final do principal campeonato de futebol de sete da RAEM no expediente dos penal-ties, ontem foi a vez da Casa do Sport Lisboa e Benfica em Macau se despedir de forma prematura do Campeonato da II Divisão da Bolinha, ao não conseguir levar a melhor sobre o Meng Ian a partir da marca de onze metros.

Motivado pelo triunfo alcan-çado no fim-de-semana sobre a exigente formação do Chiba, o grupo de trabalho orientado por Rui Cardoso partia para o desafio dos quartos-de-final da competição como um dos grandes favoritos ao triunfo na prova, mas a inesperada resistência do Meng Ian acabou por siderar a ambição das águias do território.

Forte na transição de bola e impiedosamente dura em termos defensivos, a formação de matriz chinesa soube conter o volun-tarismo inicial dos jogadores encarnados e acabou por criar as primeiras grandes oportunidades

A Selecção de Macau de hóquei em patins, que

recentemente renovou o título de campeã asiática na cidade chinesa de Hefei, vai ao Uruguai disputar o Mun-dial B da modalidade com expectativas moderadas e para ganhar mais experi-ência. “Não vamos estar na máxima força porque dois dos nossos titulares não conseguiram autorização da entidade patronal para participarem neste torneio, mas vamos jogar e lutar pela melhor classificação que, realisticamente será o meio da tabela”, disse à agência Lusa António Aguiar, pre-sidente da Associação de Patinagem de Macau.

António Aguiar não enjeita uma subida ao es-calão principal do hóquei em patins, mas destaca as

Meng Ian elimina Benfica após igualdade sem golos

Sonho encarnado morre nos penalties

Macau vai o Mundial B de hóquei em patins ganhar experiência

“Sem enjeitar subida de escalão” A Selecção Nacional abandonou o pódio do

“ranking” da FIFA, tendo descido para o quarto lugar por troca com a Argentina, segundo revela a classifi-cação de Outubro do orga-nismo que rege o futebol mundial.

A derrota frente à Rússia (1-0) terá pesado na descida

Portugal desce ao quarto lugar

CLASSIFICAÇÃO1.º Espanha

2.º Alemanha

3.º Argentina

4.º Portugal

5.º Itália

6.º Inglaterra

7.º Holanda

8.º Colômbia

9.º Rússia

10.º Croácia

de perigo do desafio em lances de bola parada que não chegaram a incomodar verdadeiramente o último reduto do Benfica.

As águias só ao fim dos pri-meiros dez minutos de desafio conseguiram sacudir a pressão adversária e chamar a si a ini-ciativa. A primeira grande opor-tunidade da formação encarnada nasce de uma boa jogada de entendimento entre o brasileiro Marquinho e Chan Pak Chun. O camisola 7 do emblema de matriz portuguesa disparou forte, para uma defesa atenta do guarda--redes do Meng Ian. No pontapé de canto que se seguiu, Marqui-nho voltou a mostrar trabalho com um cabeceamento frouxo a que o último homem da formação adversária respondeu com uma defesa fácil.

ESFORÇO EM VÃOCom 25 minutos para decidir a sorte da eliminatória, o grupo de trabalho orientado por Rui Car-doso entrou melhor na segunda parte e foi o primeiro a abeirar-se com perigo da baliza adversária. Luis Amorim e Marquinho dis-puseram cada um de uma opor-tunidade para adiantar o Benfica no marcador, mas nenhum esteve particularmente feliz no capítulo da finalização. Com o andar da

partida, o Meng Ian recuperou algum do protagonismo perdido e voltou a sondar com perigo a baliza adversária, antes de ter perdido – a 9 minutos do fim –

um dos seus elementos por uma entrada dura sobre Iuri Capelo. A jogar em inferioridade numérica, a equipa de matriz chinesa apos-tou tudo na defesa da igualdade e

acabou por resistir incólume ao intenso assédio do sete encarna-do na recta final do desafio. No último minuto do encontro, Luis Amorim teve nos pés a oportuni-dade de catapultar as águias do território paras meias-finais do Campeonato da II Divisão, mas acabou por não conseguir dar a melhor direcção à bola e por falhar o enquadramento com o último reduto adversário.

O nulo forçou as duas equipas a decidirem a eliminatória através do expediente das grandes pe-nalidades e a partir da marca de onze metros, o Meng Ian foi mais feliz. Foram necessários catorze penalties para definir o nome do vencedor do desafio, numa sessão imprópria para cardíacos em que o Benfica teve por duas vezes a oportunidade de carimbar a passagem à fase seguinte da prova e não o conseguiu. Com o adeus extemporâneo do Benfica à competição, o Sporting Clube de Macau é a única equipa de matriz portuguesa ainda com oportunidade para assinar um brilharete na recta final da tem-porada. Os leões do território defrontam esta noite a ADRAM, numa partida que pode valer ao sete verde e branco a presença nas meias-finais do Campeonato da II Divisão da “Bolinha”.

limitações da modalidade em Macau, nomeadamente no que diz respeito a falta de espaços para treinos e jogos, não esquecendo a vontade dos adversários em conquistarem também essa posição. “Não nos podemos esquecer que equipas como a Inglaterra, África do Sul e Holanda pretendem regressar ao convívio dos ditos grandes, depois de terem sido relegados para a segunda divisão do hóquei

mundial, bem como o Uru-guai, que joga em casa, mas não iremos perder nenhuma oportunidade de subir ao escalão A, vamos lutar jogo a jogo e se surgir essa opor-tunidade vamos agarrá-la com todas as forças”, disse.

No entanto, António Aguiar prefere ser conserva-dor nos objectivos da missão e “realista nas projecções”. “Lutaremos jogo a jogo, tendo sempre presente os nossos objectivos e as nossas limitações, mas entramos em campo para lutar sempre pela vitória”, sublinhou.

O Mundial B, que de-correrá em Canelones, Montevideo, entre 24 de Novembro e 1 de De-zembro, conta com a par-ticipação de 10 países e territórios, estando Macau integrada no grupo A, com

Holanda, Áustria, Israel e Índia, enquanto o segundo grupo será formado pela Inglaterra, África do Sul, Uruguai, Egipto e México.

A primeira fase do tor-neio é disputada no formato de todos contra todos, sendo que à segunda fase passam os dois primeiros de cada grupo para as meias-finais. Os três primeiros classifi-cados sobem ao grupo A, o principal escalão mundial da modalidade.

Treinada por Alberto Lisboa, também jogador de campo, Macau vai estar no Uruguai representada com os jogadores Leong Chak In e Paulo Gibelino (guarda-redes), Hélder Ri-cardo, Augusto Fernandes, Dinísio Luz, Ricardo Atra-ca, Nuno Antunes, Bruno Pereira e Jefferson Silva.

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

de um lugar, que foi devi-damente aproveitada pela Argentina, de Lionel Messi.

No top-10 de salientar ainda a subida de três lugares até ao quinto posto da Itália, enquanto a Rússia, no Grupo de Portugal para o Mundial de 2014, também ganhou três posições e ocupa agora o nono posto.

Page 17: Hoje Macau 8 NOV 2012 #2730

quinta-feira 8.11.2012

[Tele]visão

Sudoku [ ] Cruzadas

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

TDM00:45 Telejornal (Repetição) 01:15 RTPi DIRECTO13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO19:00 Montra do Lilau (Repetição)19:30 Resistirei 20:30 Telejornal21:00 TDM Talk Show21:30 Castle22:15 A Ferreirinha23:00 TDM News23:31 Resumo Liga dos Campeões23:40 Herman 2012

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Poplusa15:30 A Hora de Baco16:00 Bom Dia Portugal17:00 Decisão Final17:55 Vingança18:40 Moda Portugal19:10 Maternidade 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:10 Portugal no Coração

30 - ESPN13:00 FIA World Touring Car Championship 2012 - Highlights13:30 Inside WTCC 14:00 Premier League Darts 201215:30 Nextgen Series 2012/1317:30 AFC Champions League 2012 Ulsan Hyundai vs. Bunyodkor19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 201220:00 Total Rugby 20:30 The Football Review 2012-2013 21:00 FIFA Beach Soccer World Cup 2013 Qualifiers Poland vs. Spain22:00 Sportscenter Asia 2012 22:30 Total Rugby 23:00 Global Football 2012/13 23:30 FIFA Beach Soccer World Cup 2013 Qualifiers Poland vs. Spain

31 - STAR Sports12:30 (LIVE) Golf Focus Special - Barclays Singapore Open 2012 13:00 (LIVE) Barclays Singapore Open 2012 Day 1 18:00 Sports Max 2012/13 19:00 GT Asia Series19:30 FIA F1 World Championship 2012 - Highlights Abu Dhabi Grand Prix 21:00 2 Wheels 21:30 (LIVE) Score Tonight 2012

22:00 Spirit Of Yachting 2012 22:30 2 Wheels23:00 (Delay) Barclays Singapore Open 2012 - Highlights

40 - FOX Movies12:25 Monster House14:00 The Recruit15:55 The Art Of Getting By17:20 The International19:20 Cheaper By The Dozen22:35 Homeland23:35 The Double

41 - HBO12:00 The Dilemma14:00 Tower Heist16:20 Everything Is Illuminated18:15 Cocktail20:00 Super 822:00 True Blood00:00 Paranormal Activity 3

42 - Cinemax12:45 The Woods14:20 7 Seconds16:00 Charade18:25 Path Of Destruction20:05 Interview With The Vampire22:00 The Debt23:50 Return Of The Living Dead Part Ii

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PESSOA & CIA • Laura Pérez VernettiEste livro apresenta a vida e obra de Fernando Pessoa em BD. O livro divide-se essencialmente em três partes: as biografias, a obra poética de Fernando Pessoa e a dos heterónimos. A biografia do autor está desenhada a preto e branco, inspirada nas fotografias do poeta e na pintura de Almada Negreiros, bem como as biografias dos heterónimos, enquanto na adaptação dos poemas de Pessoa e dos heterónimos os desenhos são a cores de forma a ilustrar a grande criatividade e imaginação do poeta.

CINZAS DA REVOLTA • Miguel PeresAngola, 1961. Um grupo de rebeldes ataca uma fazenda. Os donos são mortos, mas a filha consegue escapar... 1963. Che-gamos a Angola. Somos um contingente militar formado na sua maioria por jovens inexperientes. A guerra amedronta-nos. A nossa missão é encontrarmos a rapariga desaparecida em 61... 1966. O inesperado acontece... Afinal, qual o porquê de tantos anos perdidos na busca de uma única pessoa?

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SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Velha, gasta. Reclame pela força ou em virtude de um direito. 2-Alga filamentosa das águas doces. Também. 3-Abonavas. 4-O macho e a fêma. Unidade de pressão. Sufixo. (abrev.). 5-Eles. Apertos, embaraços (Fig.). Hipótese. 6-Estar para acontecer ou chegar. Sabor. 7-A pessoa que fala. Anulei. Oh!. 8-Nor-nordeste (abrev.). Riba. Árvore de raiz medicinal. 9-Aquele que tem hidrúria. 10-Deixa de andar. Punição. 11-Colocara asas. Retesados.

VERTICAIS: 1-Povoação em Oliveira de Azeméis. Pó fino contido na antera das plantas. Rapaz. (Pop.). 2-Acompanhes. Lâminas córneas que revestem as extremidades dos dedos. 3-Adorar, odolatrar. Terreiro onde se junta o sal que se tira das marinhas. 4-Sofrimento moral. Solteirona. Conceder. 5-Resistir a. 6-Anual. Bomba, granda. 7-Parte traseira do lar ou da lareira. 8-12 (rom.). Vai para fora. Nome de várias plantas do Brasil e da África. 9-Partidas., Ergas, levantes. 10-Apelido. Ozónio (Pref.). 11-Amerício (s.q.). Mulher. Corifeu.

HORIZONTAIS:1-USADA. EXIJA. 2-LIMO. A. IDEM. 3-GARANTIAS. 4-PAR. BAR. SUF. 5-OS. TALAS. SE. 6-L. VIR. SAL. M. 7-EU. ABOLI. OE. 8-NNE. ABA. IZA. 9-HIDRURICO. 10-PARA. S. PENA. 11-ASARA. TESOS.VERTICAIS:1-UL. POLEN. PA. 2-SIGAS. UNHAS. 3-AMAR. V. EIRA. 4-DOR. TIA. DAR. 5-A. ABARDAR. A. 6-ANAL. OBUS. 7-E. TRASLAR. T. 8-XII. SAI. IPE. 9-IDAS. L. ICES. 10-JESUS. OZONO. 11-AM. FEMEA. AS.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

Aqui há gatoEVITAR UM FLAGELO Num território cuja economia é dominada pelo jogo há cada vez mais sessões de debate sobre casinos e tudo o que tem a ver com este mundo de cartas, fichas de jogo e dinheiro. Desta vez foi o Instituto Politécnico de Macau (IPM) que resolveu acolher o primeiro ciclo de conferências da Ásia-Pacífico no centro de investigação sobre o jogo que possui na Taipa. No total, mais de 60 académicos apresentaram palestras sobre os mais variados pontos, desde as formas de abordar o vício do jogo ao impacto económico que o mesmo traz. Dado o rápido crescimento provocado pela liberalização do sector, Macau nem teve tempo para reflectir sobre as consequências da decisão de Edmund Ho. Só agora, volvidos mais de dez anos sobre a política que mudou o território, é importante olhar o que foi feito e aprender com os de fora como é que se pode levar o sistema a bom porto. Mais do que compreender o lado económico do sector, é importante obter conhecimentos para lidar com o problema do vicio no jogo. Académicos que deram declarações a este jornal tocaram na ferida: não há números sobre estes casos. Segundo um estudo recente levado a cabo pelo Instituto de Acção Social (IAS), existem 2% de viciados no jogo em Macau, o que de acordo com o académico Samuel Huang, do IPM, representa cerca de 10 mil pessoas. Huang frisou mesmo que tais números simbolizam uma diminuição. Contudo, há que olhar além da linha: a maioria dos jogadores de Macau chegam do Continente, de Taiwan ou de Hong Kong, e sobre esses não há nenhum estudo feito. Qual a verdadeira dimensão do problema na China? Quais as medidas para minimizar o problema? Apesar de Samuel Huang afirmar que o Governo tem feito um bom trabalho, há que ir além disto. O Executivo tem olhar para o diploma que regula a publicidade em Macau, por exemplo. São pontos fundamentais para que se evitem flagelos sociais.

Pu Yi

COLD WAR

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da estre laCarlos M. Cordeiro

quinta-feira 8.11.2012opinião18

STA semana tive de descer a serra para me deslocar à Covilhã, com o intuito de ir à universidade local para tirar uma dúvida com um velho professor catedrático da língua portuguesa. Aconteceu

que ao ouvir o primeiro-ministro falar em “refundação” as campainhas tocaram. E as minhas dúvidas estavam certas. O ilustre docente esclareceu-me que o termo “refundação” lançado para a ribalta polí-tica por Passos Coelho se travava de puro analfabetismo funcional. Estamos perante um Memorando entre o governo português e a dupla FMI/União Europeia, como tal, perante uma “dioika” e não “troika” como erradamente se tem divulgado, já que o Banco Central Europeu pertence à União Europeia. E uma “dioika” porque está em causa um diálogo entre as partes que assi-naram o Memorando. O que uma pessoa aprende com estes académicos...

Voltando ao uso da palavra “refundação”, não há razão de ser pronunciado deste modo porquanto um Memorando nunca se refunde, visto tratar-se de um conjunto de intenções e, consequentemente, apenas pode ser alvo de uma revisão ou refundição. O que uma pessoa aprende com estes académicos...

Seja como for, Passos Coelho tem dei-xado o país a verbalizar a tal “refundação” e a discussão política tem girado à volta da reforma do Estado, especialmente nas áreas da Educação, Saúde, Defesa e Segurança Social.

De tal modo assim, que praticamente ain-da não houve cão nem gato (leia-se político e comentador) que não tivesse acendido a fogueira para atear a chama da denomina-da reforma do Estado social. No entanto, devemos salientar a opinião fundamentada e experiente de antigos ministros que tute-laram as áreas referidas que se pretendem reformar, aliás, refundar, aliás, refundir. Para o ex-ministro da Saúde Luís Filipe Pereira

Esta semana tive de descer a serra para me deslocar à Covilhã, com o intuito de ir à universidade local para tirar uma dúvida com um velho professor catedrático da língua portuguesa. Aconteceu que ao ouvir o primeiro-ministro falar em “refundação” as campainhas tocaram. E as minhas dúvidas estavam certas. O ilustre docente esclareceu-me que o termo “refundação” lançado para a ribalta política por Passos Coelho se travava de puro analfabetismo funcional

Quando a refundiçãovirou refundação

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“podemos ter um sistema em que o Estado, a iniciativa privada e a iniciativa social (misericórdias) coexistam. Se tivermos um Estado que possa contratualizar serviços, numa coexistência, o custo será inferior e a qualidade será potenciada”.

Por seu turno, Roberto Carneiro, ex-mi-nistro da Educação é peremptório ao afirmar que “o Estado não tem de ser gestor de tudo e que o problema da Educação não é falta de dinheiro, é o dinheiro mal aplicado. E o mais grave é investir em áreas que não têm futuro. É necessário deixar de pensar que se têm de colocar todos os alunos no ensino superior. Precisamos de cursos profissionais, porque precisamos de canalizadores e electricistas como do pão para a boca”.

Quanto à reforma na Defesa já até há quem coloque a questão se Portugal deve ou não possuir Forças Armadas. Mas o antigo ministro Figueiredo Lopes entende que “temos de definir quais são os grandes

objectivos para a Defesa nacional, qual o nível de intervenção e capacitação das Forças Armadas quer no quadro nacional quer no contexto das alianças internacionais. Falta um enquadramento de acção estratégico que nos leve a olhar para as Forças Arma-das como um esforço combinado do país”. Por outro lado, Bagão Félix, que ocupou a pasta da Solidariedade Social, vai ao âmago da reforma pretendida e alude que “para se conseguir o défice de 2,5% em 2014, é preciso cortar 4 mil milhões de euros. E tal só é possível fazer do lado da despesa. Há duas maneiras de abordar o assunto da despesa pública: pelo efeito do preço, atra-vés do corte e congelamento de salários ou progressão da carreira, ou através de uma redução estrutural que passa pelo corte de uma despesa que nunca mais irá voltar”. No entanto, para o ex-governante da mes-ma área, Silva Peneda, o ponto de vista é diferente ao sublinhar que “se não houver condições económicas não dá para fazer uma refundação. Sem crescimento económico não temos segurança social e isso passa por nós mas também passa muito pela Europa”.

O debate está lançado. A procissão saiu do adro e a refundação, perdão, a refundição do Memorando com a “dioika” ainda irá fazer correr muita água por baixo da ponte. Só esperamos que não termine em dilúvio.

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Page 19: Hoje Macau 8 NOV 2012 #2730

19opiniãoquinta-feira 8.11.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Rua dos Ervanáriosbairro do or ienteLeocardo

A maioria do comércio desta rua decorre de forma bastante descontraída. Tratam-se essencialmente de empresas do tipo familiar, cujo espaço foi passado de pais para filhos, completamente alheios à loucura da especulação imobiliária

Rua dos Ervanários é uma das mais fascinantes e típicas de Ma-cau. É uma rua que representa o Macau antigo, aquele que quere-mos preservar, que não queremos que desapareça. Localizada na

zona que os portugueses designaram por “tin-tins”, a menos de cinco minutos a pé do Largo do Senado, nesta rua encontramos várias lojas de ofícios que muitos pensam já extintos no território. Pelo menos quem pensa que Macau é a terra dos casinos, do comércio de luxo e das lojas de marca, a Rua dos Ervanários é uma das últimas resistentes do comércio tradicional, e um “must see” para quem quer conhecer a matriz do território.

Lá podemos encontrar, ao longo da calçada portuguesa iluminada à noite por candeeiros altos de luz alaranjada, lojas de pivetes, de algibebes, latoarias, ourivesarias onde os conhecedores podem encontrar um pouco de tudo, desde raras peças de jade, lojas de quinquilharia, numismática e outras antiguidades, passando por mobília, lençóis e até lingerie. Quem se quiser demorar mais tempo por estas lojas – e é sempre recebido com um simpático sorriso – “arrisca-se” a encontrar várias surpresas, desde livros e posters antigos, discos de vinil, calendários e outros objectos que variam entre o bom gosto e o kitsch. E tudo a um preço amigo.

Quem vem do Largo do Senado pela Rua dos Mercadores, passa pela Rua das Estala-gens (outro local a visitar) e chega à Rua dos Ervanários, e encontra logo uma lojinha onde pode comprar roupa contrafeita, e que anuncia com orgulho que faz “t-shirt stamping”. Ora aí está a solução para quem procura a camisola dos seus sonhos. Existe logo à entrada da rua um restaurante que serve “ta pin-lou” (uma espécie de guisado) de carneiro, que abre apenas ao final da tarde, com três ou quatro mesas instaladas em cima do passeio, à revelia dos regulamentos municipais. É tão popular que há quem chegue a esperar horas por um lugar, e é frequentado por gente de todas as origens e estratos sociais. Basta “saber pedir”, e uma bela jantarada fica por qualquer coisa

A

como 90 patacas por cabeça. Quem preferir o clássico “char siu” (carne de porco assada) pode andar mais alguns metros e deliciar-se no “Fu Loi Mei Sek Tong”, que exibe com um despretensioso orgulho os cadáveres de galinhas e patos na montra da loja. Com alguma sorte pode mesmo comer lá, pois existe apenas uma mesa.

Quem anda pela Rua dos Ervanários, completamente vedada ao trânsito, com a excepção de uma ou outra bicicleta mais atrevida, delicia-se a observar o dia-a-dia desta gente por quem o tempo parece não ter passado. Existe ali a “Associação Geral dos Idosos Respeitosos de Macau”, que ilustra bem o que estou a dizer. Mesmo em frente a esta encontramos o mestre de medicina chinesa Cheng Lai Keong, um conhecido “Tit ta”, massagista de quedas e pancadas. Um recurso usual a quem torceu um pé e não quer perder tempo no hospital. Ao lado da tal associação dos idosos que respeitam e se dão ao respeito encontramos a latoaria Veng Kei, que vende panelas, tachos, taças

e outros objectos de latão. Um pouco mais à frente está a alfaiataria Va Seng, pequena e humilde, e com uma cabine de provas que consiste num biombo mesmo na entrada da loja tapado por uma cortina vermelha. Verdadeiramente fascinante.

A maioria do comércio desta rua decorre de forma bastante descontraída. Tratam-se essencialmente de empresas do tipo familiar, cujo espaço foi passado de pais para filhos,

completamente alheios à loucura da especu-lação imobiliária. É pena que algumas lojas tenham já fechado, ao ponto da implacável CEM já lhes ter cortado o fornecimento de electricidade e tudo. A maior parte do dia os proprietários destes espaços jogam às cartas, ou ao mahjong, enquanto esperam por eventuais clientes. Se não aparecer nenhum tanto faz, amanhã têm novamente a porta aberta. Animais domésticos passam o dia à porta estendidos gozando da calma e do ar fresco que por ali corre livremente; é que nesta zona não existem mastodontes. Os prédios mais altos nas ruas circundantes terão no máximo cinco andares.

Continuando o passeio por esta rua, encontramos a famosa loja de pivetes Veng Heng Cheong, especializada em pauzinhos de incenso destinado ao culto aos deuses. É quem sabe a loja de pivetes mais famosa de Macau, mas a sua exiguidade não permite mais que um cliente ao mesmo tempo. O espaço deste estabelecimento é praticamente todo ocupado pelo seu proprietário e pelos milhares de pauzinhos para queimar, com um chão todo coberto de pó e cinza. Em frente ao Veng Heng Cheong existe um negócio de papéis votivos, que chama a atenção pelo enorme peixe de papelão pendurado por cima da porta. Ali perto encontramos a loja I Hap San Kei, que vende estátuas de terracota, conjuntos de chá e braceletes de jade. E por falar em jade, um dos maiores negociantes deste produto é a “Ieng Fung Five Dollar Antiquities”, onde pontifica um “dealer” que graças a um monóculo dos antigos, analisa o valor deste ouro verde.

O tratamento da língua portuguesa neste tipo de negócios chega a ser enternecedor. Temos as “Ouriversarias”, os “antiguários” ou as “lojas de virdros”. Chegando ao fim da rua, passando por lojas de algibebes (fatos feitos), lojas de espelhos que espantam os espíritos indesejados e os maus olhados, temos a Rua da Tercena, onde todos os dias ao fim da tarde, o quase todo o dia durante o fim-de-semana, temos uma espécie de Feira da Ladra, onde qualquer um pode vender objectos usados em cima de uma toalha. Ali encontramos um pouco de tudo, desde sapatos a malas usadas, vitrolas, estátuas, moedas, sapecas, facas de ponta e mola, mil e uma coisas. E tudo absolutamente nego-ciável. É também recomendável perder-se pelas ruas apensas, como o Beco da Ostra, a Travessa dos Ovos ou o Pátio da Eterna Felicidade, tudo razões para uma visita mais demorada. Quem não conhece a Rua dos Ervanários e as suas vizinhanças, não conhece Macau.

O tratamento da língua portuguesa neste tipo de negócios chega a ser enternecedor. Temos as “Ouriversarias”, os “antiguários” ou as “lojas de virdros”

CATA

RINA

LAU

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quinta-feira 8.11.2012

Jornalista desmente tentativa de agressãoa Miguel RelvasO jornalista Nuno Ferreira, detido pela PSP por alegadamente ter tentado agredir o ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, negou qualquer tentativa de agressão. O caso ocorreu na terça-feira, num hotel na Horta, nos Açores. O ministro e o jornalista estavam instalados na mesma unidade hoteleira e, de acordo com uma notícia avançada ontem à noite pelo semanário “Expresso”, um homem tinha acabado detido por ter tentado entrar no quarto do ministro. Hoje, Nuno Ferreira admitiu ter-se dirigido ao governante num restaurante e de lhe ter feito um comentário, mas negou ter tentado agredi-lo. A PSP revelou em comunicado que Nuno Ferreira foi detido “por resistência e coação sobre funcionário” da polícia, após ter tentado aceder ao quarto onde estava o ministro. Depois, “ao ser impedido por um elemento da PSP que se encontrava em missão de segurança, que se colocou à sua frente, reagiu de forma agressiva e tentou atingir o agente com o cotovelo, momento em que foi manietado e consumada a detenção”. Em declarações ao JN, Nuno Ferreira disse que não tentou entrar no quarto do ministro, nem tentou agredir ninguém. Apenas relatou que viu o ministro no restaurante e o abordou: “Num impulso, levantei-me e dirigi-me à mesa e disse-lhe: `O que anda aqui a fazer? Não tem vergonha?’” “Depois vieram os seguranças e eu percebi que me tinha metido com um peixe graúdo.” “Quando cheguei ao corredor tinha homens à minha espera e fui interpelado pelo que já tinha falado comigo no restaurante”, acrescentou o jornalista, que hoje é ouvido no Tribunal da Horta.

Gana Centrocomercial colapsaUm centro comercial colapsou esta quarta-feira em Achimota, arredores de Accra, a capital do Gana. De acordo com a agência Reuters, que cita fontes das equipas de emergência e testemunhas, dezenas de pessoas estão presas nos escombros. O número de vítimas é ainda incerto. De acordo com as informações disponíveis, três pisos do edifício, que acolhia os armazéns Melcom, ruíram menos de uma hora depois de a loja ter aberto. Um porta-voz oficial anunciou que o presidente John Dramani Mahama interrompeu uma viagem ao norte do país, onde pretendia realizar acções de campanha eleitoral para o sufrágio de Dezembro, para acompanhar de perto as operações de resgate.

Wang Meng, ex-ministro da Cultura, elogia Mo Yan

“É sensível, imaginativo e entusiasmado”

REELEITO

Desemprego com níveis recorde em 2013Bruxelas prevê que a taxa de desemprego em Portugal aumente para o nível recorde de 16,4 por cento no próximo ano. Em 2013 está ainda prevista uma contracção de 1 por cento da economia. De acordo com as estimativas hoje reveladas pela Comissão Europeia, a taxa de desemprego em Portugal deverá atingir o maior nível de sempre em 2013 e depois recuar ligeiramente em 2014, para os 15,9 por cento. Apesar de as previsões apontarem para um cenário de recessão da economia portuguesa, a Comissão Europeia estima que o segundo trimestre de 2013 será marcado por uma melhoria da situação, assistindo-se ao início da retoma da economia. Quanto à economia da zona euro, prevê-se um crescimento ligeiro em 2013, de 0,1 por cento, enquanto no conjunto dos 27 estados da União Europeia é estimado um crescimento de 0,4 por cento.

Retiradas 374 pessoas de plataforma petrolíferaUma avaria registada numa plataforma petrolífera no mar da Noruega obrigou ao início de um processo de retirada de 374 pessoas. Segundo a companhia norueguesa Statoil, foi detectada uma avaria na estrutura da plataforma Floatel Superior, que começou a inclinar-se esta manhã devido à entrada de água num dos pontões. “Projectámos a retirada do pessoal não essencial e estamos a estudar a melhor forma de os retirar de helicóptero”, afirmou o porta-voz do grupo petrolífero Ola Anders Skauby.

Microsoft vai acabar com o MessengerA Microsoft irá mesmo acabar com o Messenger (MSN) no início de 2013, descontinuando o produto em detrimento do Skype. Este último serviço de mensagens, que nos últimos tempos tem ganho popularidade, é a grande aposta social da Microsoft e vai passar a integrar os contactos do Messenger, para ajudar na transição. O anúncio foi feito pelo presidente do Skype, Tony Bates.

Cecília [email protected]

O escritor chinês Wang Meng, ex-ministro da Cultura entre 1986 e 1989, foi convidado

pela Universidade de Macau (UMAC) a participar num pro-grama mensal de residência de escritores e artistas. Na palestra “O Prémio Nobel de Mo Yan”, realizada ontem à tarde, Wang Meng, também doutorado hono-rário pela UMAC, falou de Mo Yan como um homem “sensível, imaginativo e entusiasmado”.

Wang Meng descreveu a literatura como um sonho de uma nação e que, por isso, uma gratificação desta importância pode tornar um escritor famoso e afortunado, tal como é visível no novo Nobel da Literatura.

“Escrever é trabalho dos fracos”, disse Mo Yan, citando o laureado. De facto, não traz fortu-na imediata, nem na maioria das vezes, avisa Wang Meng, mas ser agraciado com distinções se-melhantes permite dar avanço à sociedade do país. “Antigamente os chineses lamentavam que nenhum chinês ganhou o prémio Nobel da Literatura, agora já não há lamento algum. Posso nomear mais de dez escritores chineses que têm um estilo semelhante a Mo Yan. Agora é famoso, o que só mostra que os escritores ainda

precisam de ser conhecidos e aceites pela sociedade”, avalia.

LITERATURA E POLÍTICAMo Yan foi já acusado de escrever para a Partido Comunista. Uma tendência política de que Wang Meng discorda, já que para si as conotações políticas não entram nas considerações do prémio. No entanto, reconhece, têm vindo a ser galardoados escritores de esquer-da. “José Saramago, o Nobel de literatura português é um escritor comunista. Mas a Academia de Ciência Sueca já tem negado que tem uma tendência política.”

Em seu entender, a escrita é sensível e natural e não direc-cionada a uma opinião politica.

“Também não considero que o romance seja um protesto polí-tico. Saddam e Gaddafi ambos escrevem romances. Por isso, a literatura tem um sentido amplo.”

CHINESES NOS OLHOSDOS OCIDENTAIS “As histórias mais dramáticas da vida dos chineses acaba por muitas vezes influenciar as imagens dos chineses no exterior?”, perguntou uma estudante da audiência. “A literatura sempre tem um olho crítico, como “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, ou “Don Quixote”, de Cervante, em França e Espanha. Os protagonistas são horríveis mas os escritores são adoráveis”, responde Wang Meng.

por Steffcar toon

Wang Meng