hoje macau 12 nov 2014 #3212

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB O DEDO NA FERIDA DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUARTA-FEIRA 12 DE NOVEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3212 PUB hojemacau A espera que saia NOVO GOVERNO FALTA CARIMBO DE PEQUIM No dia em que Chui Sai On foi à AL fazer o balanço dos últimos anos de governação e apresentar o orçamento para 2015 nada foi adiantado sobre a composição do novo Governo. Chui não abriu o jogo, dizendo apenas estar à espera de aprovação do Governo central. Do balanço governativo, temas fortes como a habitação ou os transportes ficaram fora da conversa. Relevo apenas para o anúncio do aumento do salário da função pública. PÁGINAS 4 - 6 GRANDE PRÉMIO AOS SEUS LUGARES... ÁSIA/PACÍFICO Uma nova fase da história CHINA PÁGINA 10 SUPLEMENTO Quem o diz é Bobo Lo, directora do Programa Teen Ching de reabilitação psicológica. A também professora do IPM fala da relação entre pais e filhos numa sociedade em que o papel do homem ainda é o de criar e cuidar da familía. Contrariando as últimas opiniões deixadas no território por especialistas internacionais, profissionais de Saúde apontam falhas a um sector que, dizem, “não é exemplo” para ninguém. ENTREVISTA “A psiquiatria é uma área sensível para os asiáticos” SOCIEDADE PÁGINA 7 PÁGINAS 2-3 PUB `

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Hoje Macau N.º3212 de 12 de Novembro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 12 NOV 2014 #3212

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

O DEDONA FERIDA

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q UA R TA - F E I R A 1 2 D E N O V E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 1 2

HOMOSSEXUAIS PORTUGUESES PODEM CASAR EM MACAU

PUB

hojemacau

A esperaque saia

NOVO GOVERNO FALTA CARIMBO DE PEQUIM

No dia em que Chui Sai On foi à AL fazer o balanço dos últimos anos de governação e apresentar o orçamento para 2015 nada foi adiantado sobre a composição do novo

Governo. Chui não abriu o jogo, dizendo apenas estar à espera de aprovação do Governo central. Do balanço governativo, temas fortes como a habitação ou os transportes ficaram fora da conversa. Relevo apenas para o anúncio do aumento do salário da função pública.

PÁGINAS 4 - 6

GRANDE PRÉMIOAOS SEUS LUGARES...

ÁSIA/PACÍFICO

Uma nova fase da história

CHINA PÁGINA 10

SUPLEMENTO

Quem o diz é Bobo Lo, directora do Programa Teen Ching de reabilitação psicológica. A também professora do IPM fala da relação entre pais e filhos numa sociedade em que o papel do homem aindaé o de criar e cuidar da familía.

Contrariando as últimas opiniões deixadas no território por especialistas internacionais, profissionais de Saúde apontam falhas a um sector que, dizem, “não é exemplo” para ninguém.

ENTREVISTA“A psiquiatria éuma área sensível para os asiáticos”

SOCIEDADE PÁGINA 7

PÁGINAS 2-3

PUB

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Page 2: Hoje Macau 12 NOV 2014 #3212

HOJE

MAC

AU

hoje macau quarta-feira 12.11.20142 ENTREVISTA

CECÍLIA L [email protected]

O Programa Teen Ching tem como objectivo reabilitar psicologica-mente pessoas com problemas. Para quem é dirigida esta ajuda?Inicialmente era para os jovens entre os 12 e os 21 anos, mas agora, como recebemos mais casos de jovens que já trabalham, estendemos o projecto para jovens até aos 26 anos.

Quem é que pede mais a vossa ajuda?A maioria são rapazes e com cerca de 17 anos.

São os homens quem mais pre-cisa de reabilitação mental? Qual a razão principal para este fenómeno?Também é uma surpresa para nós que haja mais jovens rapazes [a pedir ajuda]. É que os rapazes têm mais dificuldades em resolver os seus problemas emocionais do que as meninas. As explicações clíni-cas ainda são desconhecidas, mas correspondente ao que acontece em Hong Kong, onde os rapazes

começam mais cedo a necessitar de ajuda, porque começam a apa-recer sintomas. Entre os 25 a 26 casos que tratamos todos os meses, são mais ou menos oito os que di-zem respeito a estes jovens [de 17 anos]. Por outro lado, as meninas conseguem procurar maneiras de aliviar a pressão, como falar com as amigas ou com os familiares

sobre os seus problemas. Mas, como é sempre considerado que os rapazes devem desempenhar um papel mais forte na sociedade, é difícil para eles mostrar os seus problemas mentais a outras pes-soas. Acho que é por causa disso que é mais difícil falarem com os outros sobre as suas dificuldades. Além disso, o papel do homem na cultura chinesa ainda é o de criar e cuidar da família e dos pais idosos. Por isso, se não conseguir desem-penhar este papel, por exemplo quando não consegue entrar numa universidade ou pensa que não vai ter um emprego com bom salário, começa a pensar que vai ser con-siderado “inútil”, o que resulta em depressão ou ansiedade.

Os casos são-vos denunciados ou as pessoas é que se apresentam no centro?Metade por metade. Metade das pessoas que frequentam o serviço são-nos referidas pelo Governo. Estes já têm alguns sintomas, normalmente. Outros são trazidos pelos pais, quando descobrem problemas ao nível escolar, ou na vida em geral. Os jovens com

mais de 21 anos é que vêm mais procurar ajuda por si próprios. Os restantes são descobertos pelos pais e trazidos por eles para cá. Temos três níveis de avaliação dos sintomas: um é na fase de prevenção, quando os pacientes têm sintomas leves e apenas têm sofrimento emocional, o segundo nível já expressa impedimentos como o ir para escola ou trabalho

e a última fase já são [pacientes] diagnosticados, que precisam de ter medicação. Temos reunião todos os meses com um hospital psiquiátrico na Taipa e com outras duas associações relacionadas com terapia de reabilitação mental. Se os casos tratados pelo nosso Centro forem graves, referimo-los ao hos-pital. Se, em duas ou três semanas, a situação se agravar, como por exemplo, em casos de perigo de vida, vão para o hospital de através [de um mecanismo de urgência].

Quais são as causas para os problemas emocionais destes adolescentes?São principalmente a preocupação quanto aos estudos e ao futuro. Al-guns deles têm pais, especialmente as mães, que são [mais ligados] aos filhos, são os seus filhos queridos e tratam de tudo na sua adolescência. Alguns pacientes contam-me que, como não podem decidir nada na sua vida, o único sítio onde [se sentem bem] é na casa da banho. Mas, há mães que vão escutar à porta da casa de banho, para saber o que o seu filho está a fazer lá dentro. Então, eles demoram mais

BOBO LO, DIRECTORA DO PROGRAMA TEEN CHING E PROFESSORA NO IPM

“Asiáticos são tímidos na procura de ajuda psicológica”

O papel do homem na cultura chinesa ainda é o de criar e cuidar da família e dos pais idosos. Por isso, se não conseguir desempenhar este papel, (...) começaa pensar que vaiser considerado “inútil”, o que resulta em depressão ou ansiedade

Além da superprotecção e do controlo forte, os pais também intervêm muitono julgamentodas crianças, fazendo com que estas comecema ter transtornos obsessivo--compulsivos

A Psiquiatria ainda é uma área “sensível” para a maioria dos asiáticos, confessa Bobo Lo, directora de um programa de reabilitação psicológica e professora no Instituto Politécnico de Macau (IPM). Há muitos casos de jovens com problemas psicológicos, sendo que os estudos e a relação com os pais lideram as causas para este fenómeno

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3 entrevistahoje macau quarta-feira 12.11.2014

Os funcionários públi-cos já têm um meca-nismo de apoio para quando enfrentam pressão. Acha que é suficiente?Alguns funcionários públicos ainda se preo-cupam com o facto de os outros colegas saberem que eles têm problemas emocionais. A Psiquiatria ainda é um tema sensível para os asiáticos. Os ocidentais consultam os psiquiatras como se consulta um médico, mas aqui ainda não há este costume, mesmo que a consciência da população e o conhe-cimento desta área já esteja cada vez melhor, comparando com os anos 2000, quando comecei a trabalhar. Nos últimos anos, apa-receram termos como “problemas emocio-nais” e “mudanças de humor”, o que, para os pacientes e familiares, é melhor do que falar em “psiquiatria”. A

B OBO Lo não consi-dera possível que um

assistente social possa ser formado apenas em psicologia, devido ao facto de esta, diz, ser uma profissão muito específica. “Os assistentes sociais precisam de terminar um estagio de 1100 horas, mas os alunos de Psicologia apenas precisam de um ou dois meses. O conteúdo também é diferente, por isso, não acho que os que estudam Psicologia se possam tornar assistentes sociais”, diz ao HM.

Licenciada em Assis-tência Social, Bobo Lo assume que há um trabalho comum em ambas as áreas, por exemplo, os conse-lheiros escolares precisam de ter conhecimentos de Psicologia e de Assistência Social, mas frisa que a antiguidade e anos de ex-periência, neste caso, não podem ser um posto. “Não, senão qualquer licenciado pode ser um assistente

social, mesmo que nós tenhamos uma formação muito profissional.”

Sobre as recentes dis-cussões em torno do reco-nhecimento e acreditação profissional de algumas profissões, como é o caso dos assistentes sociais, que o Governo está a levar a cabo, Bobo Lo também tem opinião formada: “é melhor ter uma comissão de avaliação com especia-listas na área da assistência social. Não deveria ser al-guém que não tem ligação a esta profissão, porque apenas os especialistas é que conhecem a lógica do trabalho, ou seja, os psicó-logos não vão entender o trabalho de um assistente social. Ainda não sabemos de que maneira será feito esse reconhecimento, mas se for preciso exames, recomendo que se deixe as instalações do ensino superior fazerem isso, porque é mais justo para os candidatos. - C.L.

A minha recomendação é que haja uma empresa externa à qual os funcionários possam pedir ajuda, fora do edifício do emprego, para se evitar a discussão entre colegas sobre a situação do funcionário

FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CONSELHOS FORA DO TRABALHO

Para evitar a bisbilhotice

Fizemos um inquérito a oito escolas locais e mais de 95% entre cerca de 2700 alunos preocupam-se com os estudos e o futuro

tempo, porque se sentem mais li-vres e sentem que só desta forma, só neste local, conseguem aliviar a pressão [desse controlo].

Então as doenças psicológicas dos jovens podem ter ligação aos pais?Eu tenho dois casos desses, onde as mães têm muita influência sobre os filhos. Por exemplo, são impacien-tes com eles, criticam-nos sempre na sua vida escolar ou no trabalho... Claro, os jovens vão fazer as coisas com mais cuidado da próxima vez, mas as mães aí acusam-nos de ser muito lentos e voltam a queixar--se. Além da superprotecção e do controlo forte, os pais também intervêm muito no julgamento das crianças, fazendo com que estas comecem a ter transtornos obsessivo-compulsivos.

Quantos casos é que têm por mês no Centro?Temos sempre três a quatro por mês, mas também acabamos alguns tratamentos em cada mês. Há algum conselho para estes pais?Preocupam-se demais com o futuro dos filhos. Querem planear tudo e não deixam nada para os filhos controlarem. Fizemos um inqué-rito a oito escolas locais e mais de 95% entre cerca de 2700 alunos preocupam-se com os estudos e o futuro, mas esta é uma preocupação antecipada. Alguns pais são muito exigentes e rigorosos com os filhos, porque não conseguem ter a melhor nota da turma, mesmo que a turma já seja a melhor da escola, por exem-plo. Se calhar, com as notas que o jovem tem ficaria em qualquer lugar cimeiro noutra escola, mas os pais não vêem isto e apenas querem que os filhos sejam sempre os primeiros em tudo e em qualquer turma.

Será que estas famílias são as que têm maior pressão financeira e querem que os filhos sejam bons para ganharem dinheiro para a família?Não, os casos tratados por nós não são de famílias com dificuldades financeiras. Este é apenas um desejo dos pais, que resulta em que os filhos tenham preocupações e ansiedade. A maioria destas famílias apenas

tem um único filho em casa. Claro que a doença depois liga-se à per-sonalidade de cada um. Por exem-plo, os extrovertidos vão aliviar a pressão, mas os introvertidos, que parecem bem comportados em casa e na escola, às vezes têm problemas. Além disso, a influência dos pais é um elemento [importante] e a forma de educação em casa é essencial para os adolescentes. Por isso, às vezes, as escolas sem classificação às notas de exames são melhores para os alunos mais frágeis.

Além dos adolescentes, o tra-balho também causa ansiedade aos jovens?Temos um caso de uma jovem de 22 anos, que ainda não acabou o estágio no hospital público como enfermeira, mas já quer desistir. Não consegue dormir durante a noite por causa da pressão e chora durante o trabalho. As pessoas a sue cargo são pacientes VIP, que têm exigências mais elevadas e a rapariga não consegue aguentar a pressão, porque só agora começou a trabalhar, mas os familiares con-sideram que é melhor não desistir do emprego no Governo, que tem o salário mais elevado.

BOBO LO, DIRECTORA DO PROGRAMA TEEN CHING E PROFESSORA NO IPM

“Asiáticos são tímidos na procura de ajuda psicológica”

Reconhecimento profissional “deve ser feito por especialistas da área”

minha recomendação é que haja uma empresa externa à qual os fun-cionários possam pedir ajuda, fora do edifício do emprego, para se evitar a discussão entre colegas sobre a situação do funcionário.

cálculos. Para os soltei-ros, a pressão acontece devido ao trabalho e às relações humanas no emprego apenas, mas para os casados, a pressão já é mais diversificada: quando um pai funcionário de

Acha que é necessário nas empresas priva-das haver um serviço de aconselhamento?Os professores têm formação para como tratar os casos urgen-tes, como se mantém um estado de espírito saudável e se reco-nhece os sintomas dos alunos e se aproveita as suas características no ensino e na apren-dizagem, bem como as maneiras de comunicar com os pais difíceis, etc. . Mas, os fun-cionários dos bancos também têm sempre muita pressão no traba-lho e alguns deles, por exemplo o Banco da China, tem uma forma regular para ensinar os funcionários a aliviar a pressão. Seria bom que todas as empresas tivessem um serviço de aconselhamento, porque este serviço ajudaria os funcio-nários a enfrentar a pressão e os problemas da vida. - C.L.

No caso de outros funcionários, como os do Jogo, considera que há muita pressão?A questão principal que afecta os funcionários do Jogo é o trabalho por turnos. Durante o turno à noite, os funcionários têm mais risco de fazer erros nos

Jogo sente pressão, às vezes vai passar essa pressão para a criança. Quando a mulher de-fende a criança, o pai vai pensar ainda mais em pressões, porque considera que a sua mulher não o ajuda na discussão com o filho, etc...

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GONÇ

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LOBO

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4 POLÍTICA hoje macau quarta-feira 12.11.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

N O dia em que o jor-nal Ou Mun anun-ciou uma lista de eventuais novos

Secretários que poderão governar a RAEM, Chui Sai On nada confirmou e recusou mesmo fazer comentários sobre o assunto. Isto porque Pequim ainda não terá apro-vado os novos nomes.

“Como sabem, para a no-meação temos de seguir um procedimento consagrado na Lei Básica e como ainda temos algumas formalidades por cumprir, ainda estou à espera da aprovação da lista e da nomeação pelo Gover-no Central. Quanto tiver o aval do Governo Central irei avançar oportunamente e vou organizar o encontro da nova equipa governativa com os jornalistas”, disse ontem Chui Sai On na sede do Governo, minutos depois de ter estado na Assembleia Legislativa (AL) a fazer o balanço dos últimos cinco anos de governação e das Linhas de Acção Governa-tiva (LAG) de 2014.

À semelhança do que o HM já tinha anunciado esta segunda-feira, também o jornal Ou Mun aponta a actual directora do Gabinete de Protecção de Dados Pes-soais (GPDP), Sónia Chan Hoi Fan, como a provável próxima Secretária para a Administração e Justiça. Alexis Tam deverá ser o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, enquanto o empresário e membro do Conselho Executivo Lionel Leong deve assumir a tutela da Economia e Finanças. O Secretário para a Segurança deverá ser Wong Sio Chak, enquanto que Raimundo Arrais do Rosário deverá

Esperava-se que Chui Sai On pudesse vir a anunciar ontem a lista oficial dos novos Secretários, mas não foi feito qualquer comentário depois da ida do Chefe do Executivo ao hemiciclo. Deputados aplaudem mudanças na equipa, mas Pereira Coutinho diz que Sónia Chan Hoi Fan será promovida devido à polémica do referendo civil

EXECUTIVO GOVERNO CENTRAL AINDA TEM DE APROVAR NOVOS SECRETÁRIOS

Chefe fechado em copas

“DEMOCRACIA FASEADA”Os protestos sobre o sufrágio universal em Hong Kong foram ontem referidos na conferência de imprensa, tendo Chui Sai On garantido que Macau tem primeiro de desenvolver a democracia de forma faseada. “Macau, sendo um Estado de Direito, tem sempre de ouvir as opiniões da população. Realizamos as eleições com sucesso, houve pessoas que criticaram e isso é normal. Gostaria de frisar que as opiniões já foram entregues ao Governo Central, quanto a uma reforma política ou outras decisões isso estará nas mãos do Governo Central”, apontou o Chefe do Executivo.

“Como ainda temos algumas formalidades por cumprir, ainda estou à espera da aprovação da lista e da nomeação pelo Governo Central”CHUI SAI ON

ser Secretário para as Obras Públicas e Transportes.

RECOMPENSASE CAPACIDADESConvidado a comentar a nova lista de Secretários, o deputado José Pereira Couti-nho diz que Sónia Chan Hoi Fan será promovida apenas por recompensa. O deputa-do assegura que a subida a Secretária de Sónia Chan se dará por esta ter evocado a violação da Lei dos Dados Pessoais aquando da realiza-ção do polémico referendo civil por parte de três asso-ciações pró-democracia. O

referendo foi considerado ilegal e o GPDP chegou mes-mo a acusar as associações de violarem a lei.

“Os critérios na escolha são, de alguma forma, injus-tificáveis, na medida em que não se percebe muito bem como é que uma coordenadora de um gabinete consegue su-bir ao posto. Parece-nos que se trata de uma recompensa pelo facto de ter resolvido e utilizado a arma dos dados pessoais para deitar abaixo o referendo sobre a eleição do Chefe do Executivo. Acho que alguns directores de serviços não estão contentes quanto ao facto de terem sido ultrapassa-dos em termos de experiência e anos de actividade”, disse o deputado.

Já a deputada Melinda Chan aplaudiu as mudanças e destacou o facto da maioria dos escolhidos para o novo Governo – a confirmar-se - ser formada em Direito ou ter experiência na área. Já Chan Chak Mo, deputado indirec-to, fala de uma lufada de ar fresco no novo Executivo.

“Esperemos um ano e po-derei dar uma opinião mais completa. Penso que será uma boa mudança porque os actuais Secretários estão nos cargos há muito tempo e tudo seria tomado como garantido [caso ficassem]. Tudo ficaria igual, as suas vi-sões, projectos no dia-a-dia. Então é tempo de mudar”, disse o também empresário.

OUTROS LOUVORESA nomeação de Lionel Leong para a pasta da Economia e Finanças também merece os aplausos do deputado indi-recto. “Conheço-o há muito tempo, é um empresário, tal como Francis Tam. Penso que ele é bom a analisar o que está a acontecer no meio empresarial de Macau e também tem esta-do ligado ao Governo chinês há muito tempo, então seria muito bom. Tem uma visão diferente, uma vez que estu-dou no estrangeiro”, apontou.

Vong Hin Fai, deputado nomeado e mandatário de Chui Sai On na sua candida-tura, não quis fazer quaisquer comentários sobre o assunto. Já Leonel Alves, de acordo com a rádio Macau, diz que a composição do Governo, a confirmar-se, é forte. “Se corresponder exactamente à verdade, Macau está de para-béns, porque o elenco é forte e já com muita experiência de Macau. Portanto, merece todo o crédito. Macau está de parabéns se for verdade”, afirmou Leonel Alves, citado pela rádio.

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5 políticahoje macau quarta-feira 12.11.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

C HUI Sai On foi ontem à Assembleia Legis-lativa (AL) confirmar um aumento salarial

para os funcionários públicos. Na apresentação aos deputa-dos do programa orçamental para o ano financeiro de 2015, o Chefe do Executivo falou de aumentos de 6,8%.

“Depois de ter ouvido a Comissão de Avaliação das Remunerações dos Trabalha-dores da Função Pública, que propôs o aumento das remune-rações dos funcionários públi-

Maior contratação de médicosConvidado a comentar o atraso na construção do novo hospital, o Chefe do Executivo garantiu que o Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas “está a seguir o seu calendário”. “Temos o plano de convidar mais trabalhadores de especialidade para o sistema de saúde pública mas também não nos podemos esquecer do serviço de urgência para podermos dar mais força à prevenção. A nível mundial as instituições hospitalares públicas sofrem mais ou menos o mesmo problema [de lista de espera], mas vamos empenhar-nos ao máximo”, referiu.

Jogo Desvalorizada quebra nas receitas Chui Sai On garantiu que o Executivo já estava à espera de uma diminuição das receitas conseguidas pelos operadores de Jogo. “Olhando para trás, o sector do Jogo mostrou um crescimento a longo prazo e o Governo tem mostrado preocupação quanto a esta eventual queda. Achámos que era altura de um ajustamento e esta queda era esperada, por isso não nos admira. Trata-se também de uma conjuntura mundial. Houve dois factores que dinamizaram o sector e tivemos 16 milhões em receitas do sector não ligado ao Jogo. Vemos uma contínua subida do número de turistas e podemos não depender apenas das receitas do Jogo”, frisou.

FUNÇÃO PÚBLICA TRABALHADORES VÃO SER AUMENTADOS 6,8%

Janeiro com prendas

“Não nos surpreende nada este facto, mas vamos insistir para que este aumento seja progressivo no sentido em que os trabalhadores das classes mais baixas tenham maiores aumentos”JOSÉ PEREIRA COUTINHO Deputado

CHEQUES SEM AUMENTO

Chui Sai On garantiu ainda que os cheques vão continuar a ser distribuídos, mas desta vez sem aumentos. “Relativamente ao Plano de Comparticipação Pecuniária propomos a sua continuação atribuindo, no próximo ano, a cada residente permanente o montante de nove mil patacas e a cada residente não permanente o montante de 5400 patacas”, disse o Chefe do Executivo no seu discurso. Mais tarde, o Chefe do Executivo acabaria por agradecer “a compreensão de manter o valor do cheque”.

FSS RECEBE 13,5 MILHÕES

Em relação ao Fundo de Segurança Social, Chui Sai On garantiu que vão ser injectados 13,5 milhões de patacas, estando previsto o pagamento do Executivo de sete mil patacas nas contas individuais de previdência de cada residente, incluindo 10 mil patacas de verba de activação, montantes saídos do saldo orçamental. O Governo vai ainda manter o subsídio para idosos no valor de sete mil patacas.

APELO A AUMENTOS NO PRIVADO

Depois de ter comentado os aumentos na Função Pública, Chui Sai On defendeu ainda que o sector privado também poderia pensar em aumentos salariais. “Gostaríamos que as empresas, pequenas ou médias, caso tenham essa capacidade, possam aumentar os salários dos seus trabalhadores para que possam acompanhar a inflação”, defendeu.

Na apresentação do orçamento para o próximo ano, o Chefe do Executivo anunciou a actualização do índice da tabela salarial na Função Pública para 79 patacas, um aumento de 6,8%. José Pereira Coutinho diz que “vai insistir” em melhores aumentos

cos, já para o próximo mês de Janeiro, passando cada ponto do índice da tabela salarial para 79 patacas, o Governo entregará à AL a respectiva proposta de lei, para efeitos de apreciação”, disse Chui Sai On no seu discurso, sem

ter avançado um calendário concreto.

Já na sede do Governo, Chui Sai On disse ainda que “foram ponderados vários factores, como o poder de compra” para este aumento. O Chefe do Executivo admitiu

ainda que “o número de tra-balhadores da Função Pública tem de ser aumentado”, mas prometeu ter sempre como base “uma racionalização do orçamento”.

ATFPM QUERIA MAISJosé Pereira Coutinho, deputa-do e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM), disse que não vai ficar por aqui na sua reivindicação por melhores salários.

“Não nos surpreende nada este facto, mas vamos insistir para que este aumento seja progressivo no sentido em que os trabalhadores das classes mais baixas tenham maiores aumentos e a taxa de progressão vá diminuindo à medida que os salários dos trabalhadores forem mais elevados”, garantiu.

Nos encontros com o Che-fe do Executivo, a ATFPM exigiu a actualização do ín-dice salarial para 80 patacas. “Vamos exigir que o Governo encontre medidas para comba-ter a inflação, exigir que acabe com alguns monopólios no mercado dos bens alimentícios que estão nas mãos de uma pequena minoria”, concluiu.

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6 política hoje macau quarta-feira 12.11.2014

Novo Macau “Nota zero” para Chui Sai On Lei dos animais Deputados analisam proposta

Au Kam Sanquer acelerar aumento de licenças de táxis O deputado Au Kam San criticou o actual estado do serviço de táxis, afirmando que o mesmo tem tido uma “má progressão” e que isso está relacionado com as actuais políticas do Governo. Em declarações ao jornal Va Kio, Au Kam San acredita que o processo de atribuição de licenças aos táxis pretos deve avançar “o mais depressa possível”. O deputado defende o alargamento da “função de arrendamento dos carros das agências de viagem”, por forma a dar resposta a turistas e residentes a “preços razoáveis”. Au Kam San acredita que a oferta de táxis não corresponde às necessidades e defende que o Executivo deve corrigir as “falhas existentes”.

C HUI Sai On foi on-tem à Assembleia Legislativa (AL) passar em revista os

últimos anos do seu primeiro mandato enquanto Chefe do Executivo e também das Li-nhas de Acção Governativa (LAG) referentes a este ano. Contudo, o texto que debitou no hemiciclo não agradou a alguns deputados, que espe-ravam mais de Chui Sai On.

“Durante a campanha do Chefe do Executivo [Chui Sai On] anunciou mais casas na zona A dos novos aterros e muitas pessoas querem saber se esse pro-jecto vai ser bem sucedido e quanto tempo vai demorar a ser concretizado. Isso é

Habitação, transportes ou Regime de Garantias são apenas alguns dos temas que fazem a ordem do dia e que não foram abordados pelo Chefe do Executivo na sua passagem pela AL

“É decepcionante estar a ouvireste discurso, na medida em que não foram focadas as questões mais importantes que não puderamser resolvidas”JOSÉ PEREIRA COUTINHO Deputado

GOVERNO BALANÇO DE CINCO ANOS DECEPCIONA DEPUTADOS

Tudo o que ficou por dizer

muito importante”, disse a deputada Melinda Chan no final da sessão.

Já José Pereira Coutinho considerou o discurso mais do mesmo. “Em termos de balanço de 2014, não há nada de surpreendente, é tudo velho, de modo que vamos ter de esperar pelas LAG de 2015 para saber de facto o que vai acontecer em relação à resolução dos problemas”, apontou aos jornalistas.

DESILUSÕES AOS MOLHOS“É decepcionante estar a ouvir este discurso, na medida em que não foram focadas as questões mais importantes que não puderam ser resol-vidas, tal como a questão da

O presidente da Asso-ciação Novo Macau

(ANM), Sou Ka Hou, deu “nota zero” ao desempenho de Chui Sai On, no que diz respeito à questão da refor-

ma política. A afirmação teve lugar ontem, durante uma iniciativa do colectivo de activistas.

A ANM realizou uma actividade invulgar para

OS deputados começaram ontem a discutir na espe-

cialidade a proposta de Lei da Protecção dos Animais, a qual, por ser um “documento vasto” está a causar muitas dúvidas à 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), encarregue de analisar o diploma.

Segundo a Rádio Ma-cau, a deputada Kwan Tsui Hang, que preside à Comissão, acredita que é fundamental pensar no lado prático do diploma. “Os operadores, incluindo os vendilhões que vendem carne fresca no mercado, bem como os estabele-

cimentos de comidas e bebidas, ao abaterem os animais, também têm de prestar atenção a esta proposta de lei”, disse. A deputada lembrou ainda as obrigações de quem tem animais domésticos.

“Como é que podemos aperfeiçoar a lei para que, no futuro, se possam concreti-zar as normas desta proposta de lei, especialmente as obrigações dos donos? Um aspecto é a responsabilidade perante o animal e outro é a responsabilidade social”, referiu.

A questão do licencia-mento dos gatos foi outro dos assuntos discutidos no encontro de ontem, mas o Governo nada avançou de concreto quanto a isso. Kwan Tsui Hang apelou às associações da área que enviem sugestões ao hemi-ciclo.

marcar o dia em que Chui Sai On fez o balanço, na Assembleia Legislativa, dos trabalhos realizados pela equipa governativa durante este ano. A acção passou pela distribuição de panfletos com informações sobre aquele que consideram ter sido o desem-penho do Chefe do Executivo em 2014.

A avaliação média da ANM dada a Chui fica-se pelo nível “C”, de A a F. Ontem, na reunião plenária da AL, o líder governamental caracterizou o seu trabalho e da restante equipa como “aprovado”. Nos panfletos e ‘posters’ distribuídos pela associação, sugere-se que o Chefe do Exe-cutivo implemente o sufrágio universal em 2019, bem como se aumente a proporção dos deputados eleitos na AL. Caso tal não aconteça, justificou a ANM, as queixas da popula-ção poderão vir a aumentar.

habitação, dos transportes, do estatuto dos titulares dos principais cargos e as suas normas de conduta, de facto se nos lembrarmos do problema das dez campas, o problema da retirada do Regime de Garantias, foi de facto degra-dante para com a imagem dos nossos governantes. Como arregaçar as mangas e fazer um balanço de como se pode melhorar, nada disso foi dito aqui hoje”, acrescentou ainda Pereira Coutinho.

Chui Sai On passou em revista tudo o que foi feito em termos de apoios so-ciais, economia e integração regional, tendo prometido “continuar a fazer o melhor possível para que a popula-ção continue a desfrutar do bem-estar”. Em particular, o Chefe do Executivo lembrou que “as perspectivas são encorajadoras, porém, com a globalização económica e as constantes mudanças do ambiente sócio-económico de Macau, os diversos problemas de cariz histórico e as ques-tões pré-existentes têm-se vindo a revelar cada vez mais complexos e as exigências da sociedade são cada vez mais diversificadas”. - A.S.S.

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7hoje macau quarta-feira 12.11.2014 SOCIEDADEFIL IPA ARAÚJO*[email protected]

M UITAS têm sido as notícias nas últimas semanas sobre a qua-lidade dos serviços

de saúde de Macau: o Conselho Australiano de Normas de Saúde (ACHS), que acreditou seis Centros de Saúde do território, assegurou que Macau está num nível elevado em relação aos cuidados de saúde fornecidos. O director da Organiza-ção Mundial de Saúde para a zona do Pacífico Ocidental, Shin Young--Sou, também de visita a Macau, afirmou que a RAEM poderá servir de exemplo, no que diz respeito à saúde, a outros países. Mas, quem por cá reside e trabalha, diz que as coisas não são bem assim.

“Nem de longe que os serviços de saúde de Macau são um exem-plo para outros países”, começou por esclarecer um funcionário dos Serviços de Saúde (SS), que preferiu manter o anonimato, por razões profissionais. “O que eu vejo na maior parte das vezes, sobre as declarações que os SS fazem, é um atirar de areia para os olhos das pessoas. Eles brincam, jogam com base na inocência das pessoas e do pouco conhecimento da população”, argumentou o pro-fissional ao HM.

Na sua visão, definir os serviços prestados na área da saúde como exemplo é, para além de um exa-gero, um deturpação da realidade. “Como os [SS] sabem que a maior parte da população fica satisfeita, ou até deslumbrada, com os seus comu-nicados, muitas vezes brincam com isso. Os dados estatísticos muitas vezes usados pelos [SS] podem induzir a sociedade em erro. Não estou a dizer que são deturpados, estou apenas a dizer que um bom trabalho com os dados estatísticos pode enganar quem os lê”.

Para o profissional, apenas quem está a trabalhar na área da Saúde “percebe o que realmente acontece e está a acontecer”.

“Somos nós, que trabalhamos aqui, que sabemos o que está mal e o que está bem. As coisas não estão bem. O nosso serviço de saúde não é um exemplo. Isso é a maior certeza”, argumenta.

PONTOS NOS ISRecorde-se que, na sexta-feira passada, seis Centros de Saúde do território foram acreditados pelo ACHS. Apesar de o Conselho ter

ÉBOLA SIMULACROCOM SALDO POSITIVODecorreu na manhã de ontem o segundo simulacro de contingência ao vírus Ébola. O teste pretendia avaliar a capacidade de prevenção e controlo entre o Posto de Urgência das Ilhas e o Centro Hospitalar do Conde de São Januário. O resultado do simulacro “foi positivo”, tal como indicou o director do hospital, Chan Wai Sin. Já anteriormente tinha sido confirmada a capacidade de Macau em lidar com um eventual surto deste tipo, mas até agora não foi registado qualquer caso no território.

“As certificações, tanto dos hospitais comodos centros de saúde são pagas. A empresaque as faz é uma empresa que vende serviços, por isso tudo se compra neste mundo”RUI FURTADO Presidente da Associação dos Médicos de Língua Portuguesa

Foi considerado um exemplo a seguir por outros países, a sua qualidade foi enaltecida por entidades de peso, mas ao ouvir aqueles que todos os dias se dedicam aos doentes,a conclusão é que ainda há muitas falhas no serviço de saúde de Macau

SAÚDE PROFISSIONAIS APONTAM FALHAS APESAR DE ELOGIOS INTERNACIONAIS

A outra face da moeda

assegurado que estes têm bons profissionais, admitiu que não foram contabilizadas nem a falta de camas, nem de pessoal. E há mais, de acordo com profissionais de saúde, por esclarecer.

“Esta certificação que a equi-pa australiana realizou refere-se apenas aos cuidados primários”, frisa Rui Furtado, presidente da Associação dos Médicos de Língua Portuguesa. “Actualmente, pode-mos considerar bastante aceitável o nível dos cuidados primários, mas o mesmo não se passa com os cui-dados diferenciados”, começa por explicar, adiantando que é preciso que as pessoas saibam que esta acreditação é “um serviço pago”.

“Eventualmente, as pessoas não sabem, mas a certificação, tan-to dos hospitais como dos centros de saúde são pagas. A empresa que a faz é uma empresa que vende serviços, por isso tudo se compra neste mundo”, reforça. O ACHS também acreditou o Centro Hos-pitalar de São Januário.

Na opinião de Rui Furtado, apesar de tudo, é preciso salientar que a nível de cuidados primários “Macau tem efectivamente uma boa rede”, ainda que sem atingir o estatuto de exemplo. “No que

respeita aos cuidados diferen-ciados, não considero que sejam completos. Têm muitas carências”.

Também o médico Ho Hin Soi, ex-director da Associação de Médicos de Macau, explicou ao HM que é preciso que a população esteja atenta a esta questão. “De facto o nível alto a que as entidades se referem não é de todos os servi-ços de saúde, mas sim dos níveis primários”, apontou. Tal como Rui Furtado, o médico argumenta com a classificação obtida de “exemplo da zona pacífica ocidental”, já em 1990. Mas, também aí, apenas se “referiam aos serviços básicos e não a um plano geral”.

Contudo, Ho In Soi diz que o facto dos serviços de saúde serem um serviço grátis pode fazer com que haja mais problemas. “Sendo gratuito, acolhe um grande número de utentes, logo origina longas filas de espera. É um problema óbvio para um sistema de serviço gratuito de saúde em qualquer sítio do mundo”, argumenta.

ESPERANÇA“Há muita coisa para mudar”, avança o profissional dos SS, que prefere manter-se no anonimato. “A começar pelas urgências. Há pacientes que ficam três ou quatro semanas no serviço de urgência, onde só deveriam poder ficar até

48 horas. Toda a gente sabe isto. Mas o que é que os SS fizeram? Alteraram o nome para ‘serviço de enfermaria de urgência’, dão--lhe um nome diferente para tentar enganar as pessoas, enquanto os pacientes ficam ali, dias e dias à espera de uma cama que vague.”

Também Rui Furtado aponta algumas falhas. “Há algumas

especialidades que nem sequer existem e as que existem estão em quantidades insuficientes. Exem-plo disso é a medicina interna, e as suas sub-especialidades, também a área da cirurgia e as suas especia-lidades. A cirurgia geral está bem, mas depois, o resto da cirurgia não está nada bem. A cirurgia vascular, por exemplo, ou a neurocirurgia que é altamente carente. Todas as especialidades estão muito longe de serem exemplares ou de serem suficientes”, apontou.

Também a actual presidente da Associação dos Médicos de

Macau e médica no sector privado, Cheong Lai Man, considera que o Governo deve melhorar o sistema público e privado.

“Sendo uma médica do sector privado, sinto que há um menor fluxo de pacientes, que muitas vezes recorrem ao público por ser grátis, por isso considero que o Governo deve fazer com os pa-cientes de doenças crónicas passem para o sector privado”, permitindo assim, um escoamento de utentes que entopem o sistema de saúde público, explica.

Os profissionais contactados concordam que há necessidades para melhorar, mensagem deixada também pelo ACHS, mas não subs-

crevem o que diz o representante da OMS de que Macau é um exemplo.

Recorde-se que a OMS, atra-vés de relatórios, é uma das orga-nizações que aponta mais falhas aos serviços de saúde de Macau, nomeadamente na falta de camas em proporção à população. Crí-ticas que não são tidas em conta pelo representante da mesma organização, que descartou esses problemas aquando da sua visita a Macau e que preferiu medir a capacidade da saúde com os dados relativos à esperança média de vida. - *com Flora Fong

“Somos nós, que trabalhamos aqui, que sabemos o que está mal e o que está bem. As coisas não estão bem. O nosso serviço de saúde não é um exemplo. Isso é a maior certeza”FUNCIONÁRIO DOS SS

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8 sociedade hoje macau quarta-feira 12.11.2014

LEONOR SÁ [email protected]

M ACAU conta, desde 25 de Outubro, com uma nova associação de

protecção animal. A MASDAW (Associação para os Cães de Rua e o Bem-Estar Animal em Macau) começou por ser um grupo numa página de Facebook, o ‘IACM – Stop the Compulsive Killing of Macau Dogs’, que rapidamente conseguiu juntar quase dois mil seguidores. Ago-ra, a MASDAW é criada e, apesar de recente, já tem objectivos traçados: esterilizar animais e arranjar-lhes donos.

Para já, o principal objectivo da nova associação passa por conseguir esterilizar o maior número de cães de rua possível, assim evitando o aumento do número de animais abandona-dos. De acordo com uma das representantes do colectivo, que pediu o anonimato, a passagem de mero grupo de apoiantes a associação deve-se ao facto de, assim, poderem ter mais “im-pacto” junto da população, mas também por facilitar questões como a criação de uma conta

Nascida no mês passado a nova associação tem como missão principal a esterilização dos animais de rua com vista a uma futura adopção

ANIMAIS NOVA ASSOCIAÇÃO DE PROTECÇÃO

Esterilizar e adoptar

“Esta é uma associação para a cidade e para os animais de Macau”REPRESENTANTE DA MASDAW

bancária para ajudar os animais ou a realização de actividades em espaços públicos. Outro dos objectivos da MASDAW é fazer com que os animais sejam adop-tados por pessoas que saibam cuidar deles.

“Estamos a tapar um bu-raco que existia em termos de esterilização dos animais e não queremos competir com as já existentes”, referiu a mesma porta-voz. A MASDAW preten-de, tal como as associações já estabelecidas, ajudar os animais abandonados e com necessida-des de alimentação e adopção.

“Esta é uma associação para a cidade e para os animais de Macau”, disse a responsável, acrescentando que conta já com o apoio de residentes de várias nacionalidades. Brasileiros, portugueses, macaenses, aus-tralianos e chineses unem-se, assim, em prol da protecção dos animais, com incidência nos cães de rua.

A MASDAW está, de acordo com a direcção, a crescer ex-ponencialmente e pretende ser mais uma organização a apoiar as centenas de animais abando-nados que vagueiam nas ruas do território, principalmente na ilha de Coloane e em terrenos e estaleiros de construção na zona do Cotai. “Quantas mais asso-ciações houver, melhor”, frisou.

LEI INCOMPLETAUma das responsáveis da MAS-DAW, que para já prefere ficar no anonimato, referiu que a Lei de Protecção dos Animais – aprovada na generalidade pela Assembleia Legislativa, no final do mês pas-sado – “está longe de proteger devidamente” os animais, uma vez que permite o abandono sem qualquer penalização para os do-nos. “É evidente que está mal as pessoas poderem deixar os cães nos canis sem serem multados por isso”, sublinhou. A represen-tante sugere ainda que as lojas de animais sejam inspeccionadas em termos de implementação de ‘chips’ de identificação nos ani-mais que estão à venda.

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TIAG

O AL

CÂNT

ARA

9 sociedadehoje macau quarta-feira 12.11.2014

Os residentes até podem ter consciência ambiental, mas para eles é o Governo quem tem a responsabilidade última de proteger o meio que nos rodeia. Um estudo indica que há leis em falta e que é preciso mais espaço para o lixo que se produz

LEONOR SÁ [email protected]

U M estudo realizado este ano por académicos de Hong Kong sugere que a Direcção dos

Serviços de Protecção Am-biental (DSPA) implemente mais acções de sensibilização pela protecção do ambiente no território. O documento revela que, embora a grande maioria dos inquiridos tenha um grau elevado de consciência ambien-tal, está mais preocupado com questões sociais e relacionadas com o crescimento económico. Na grande parte das opiniões, que inquiriu mais de mil pes-soas, conclui-se ainda que é

Arqueologia IC inicia segunda fase de escavaçõesO Instituto Cultural (IC) inicia, em meados deste mês, a segunda fase de escavações dos artefactos arqueológicos na vila de Coloane. Os trabalhos deste próximo momento do Projecto Arqueológico da Rua dos Estaleiros incluem o tratamento do espaço do campo de futebol situados nesta rua. Em comunicado, o IC aproveitou para informar que a zona afectada estará interdita ao público, de forma a prevenir incidentes. As referidas escavações deverão estar concluídas em início de 2015. A entidade governamental vai proceder, após conclusão destes estudos arqueológicos, à redacção de um relatório, de forma a elaborar o programa de conservação mais apropriado. Todo o processo de conservação – incluindo os trabalhos de escavação – podem ser acompanhados através do website oficial do IC e da página de Facebook, Coloane Archaeology.

Rua da Ponte Negra Auto-Silo com novas tarifasO parque de estacionamento Auto-Silo da Rua da Ponte Negra irá introduzir modalidades de tarifas por diferentes períodos. Posto isto, o novos valores serão de seis patacas por hora das 09h às 22h e de três patacas por hora no restante tempo. A tarifa para ciclomotores e motociclos é de uma pataca por hora. As novas tarifas pretendem aumentar a rotatividade na ocupação de veículos estacionados, rentabilizando os recursos públicos.

PROTECÇÃO AMBIENTAL ESTUDO PEDE MAIS EMPENHO DO GOVERNO

Anos de mudança

HABITAÇÃO PÚBLICA E PRIVADAA conclusão dos especialistas de Hong Kong demonstrou ainda que a população local considera a construção de habitação pública mais benéfica do que a de casas privadas, uma vez que ajuda mais pessoas. Os dados revelam ainda que os cidadãos mostram maior resistência à construção de empreendimentos privados do que de públicos, no que diz respeito aos danos provocados ao ambiente. “Prosperidade e desafios ambientais na cidade do Jogo: consciência ambiental na RAEM” focou o grau de consciencialização dos residentes face à necessidade, ou não, de proteger o meio ambiente local.

responsabilidade do Governo proteger o ambiente.

De acordo com os especialistas na área ambiental que redigiram o artigo académico – Koon-Kwai Hong e Ka-Ho Tse, da Univer-sidade Baptista de Hong Kong, Kin-Chung Ho, da Universidade Aberta de Hong Kong, e Pui-Si On, do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião de Macau - os três principais problemas ambientais que assolam o território são o declínio do ambiente ecológico, o aumento do volume de resíduos sólidos e, finalmente, o aumento do consumo de energia e conse-quência desta tendência. Tudo isto é, de acordo com os cidadãos questionados, consequência da falta de espaço e necessidade de construir mais aterros.

Em 14 anos, o volume do ter-ritório aumentou 26%. Também a quantidade de resíduos sólidos, incluindo “lixo comercial, in-dustrial e doméstico sofreu um acréscimo, mas de 41%. “Uma década de crescimento econó-mico acelerado também destruiu muito ‘habitats’ e fragmentou o ambiente natural da cidade”, refere o documento.

PROBLEMAS A MAIS Os principais problemas do actual cenário da protecção ambiental na

região é, de acordo com o mesmo estudo, a existência de uma polí-tica de reciclagem “inadequada” e, consequentemente, ineficaz. A tendência de protecção pró-am-biente é, ainda, muito concentrada na reciclagem do papel.

Os dados avançam ainda que apenas 1% do lixo total é recicla-do. “Embora Macau tenha lançado

um programa de separação de resíduos, em 2000, a política de reciclagem tem sido inadequada, devido à falta de apoio entusiás-tico por parte do Governo”, lê-se no estudo, feito este ano.

Outra das medidas que o estudo mostra ser necessária é a criação de diplomas legais que auxiliem à diminuição da poluição lumi-nosa, aqui causada pelos casinos e publicidade em doses massivas. “A poluição luminosa tem vindo a aumentar nos últimos anos com o crescimento do número de casi-nos e infra-estruturas recreativas na cidade, especialmente para os residentes que vivem juntos dos principais sistemas luminosos em distritos de casinos. Não há legislação que regulamente a po-luição luminosa”, acrescentam os académicos no artigo.

Não há, no entanto, consenso na melhor forma de solucionar os actuais problemas ambientais da região e do impacto que a cons-trução tem no meio ambiente. Ao mesmo tempo, o estudo revelou que as opiniões divergem, no que toca à importância da protecção do ambiente em Macau.

CARTEIRA ABERTAQuando questionados sobre se estariam dispostos a pagar para ajudar a proteger o ambiente, 63% dos inquiridos responderam afirmativamente. “Os resultados indicam que a grande maioria dos cidadãos está ‘disposta a pagar’ para proteger o ambiente e mudar o seu estilo de vida para melhorar a qualidade ambiental”, revelam os académicos.

Porém, as opiniões sobre quem é responsável pela conser-vação são divergentes. Por um lado, 37% dos 1006 residentes inquiridos considera que a pro-tecção ambiental deverá estar a cargo do Executivo, apenas 29% deles crendo que a responsabili-dade recai na população. Outros 8% dos cidadãos consideram que este factor está dependente das empresas locais e dos turistas.

AVISOInforma-se que a lista definitiva para o preenchimento de dois lugares de

intérprete-tradutor de 2.ª classe, 1.º escalão, da carreira de intérprete-tradutor, da área de interpretação e tradução (línguas chinesa e portuguesa), do quadro de pessoal da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, encontra-se afixada na sede da DSPA, sita na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, n.os 393 a 437, Edifício “Dynasty Plaza”, 10. ° Andar, em Macau, e publicada na página electrónica www.dspa.gov.mo.

A Directora, substituta,Vong Man Hung

Aos 5 de Novembro de 2014

Nos termos do n.º 3 do artigo 220.º, do n.º 1 do artigo 221.º, do artigo 222.º e do artigo 451.º, todos do Código Comercial de Macau, e, bem assim, do artigo 13.º dos Estatutos, é convocada uma assembleia geral extraordinária da sociedade comercial denominada “Sociedade de Cimentos de Macau S.A.R.L.”, com sede em Macau, na Estrada de Nossa Senhora de Ka-Ho, s/n.º, Coloane, registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o n.º 1270, a folhas 57 verso, do Livro C4, com capital social de MOP128.667.000,00 (a “Sociedade”), para reunir na sua sede social, no dia 26 de Novembro de 2014, pelas11.00 horas, com a seguinte Ordem de Trabalhos:1) Alteração do artigo 7.º dos Estatutos, designadamente no que se refere ao exercício do direito de preferência

quando a modalidade de alienação ou cessão pretendida não possibilitar a determinação do valor da transacção ou da pessoa ou entidade a quem se pretende fazer a alienação ou cessão; e

2) Designação de representante da Sociedade para a outorga e celebração de toda e qualquer documentação necessária à plena validade e eficácia do acto acima referido.

De acordo com o n.º 2 do artigo 19.º dos Estatutos, a assembleia geral só poderá reunir em primeira convocatória, desde que, pelo menos, três accionistas estejam presentes ou representados e o capital nela representado não seja inferior a dois terços do capital social. No caso de a assembleia geral não poder reunir-se em primeira convocatória por falta de quórum exigido, é desde já designado o dia 4 de Dezembro de 2014, pelas11.00 horas, no mesmo local, para a realização da assembleia geral.Neste caso, em segunda convocatória, a assembleia geral poderá deliberar seja qual for o número de accionistas presentes ou representados e o capital por eles representado.Os documentos e informações respeitantes à Ordem de Trabalhos encontram-se à disposição dos accionistas na sede da Sociedade.Macau, aos 12 de Novembro de 2014

O Presidente da Mesa

“SOCIEDADE DE CIMENTOS DE MACAU S.A.R.L.”com sede em Macau, na Estrada de Nossa Senhora de Ka-Ho, s/n.º, Coloane

registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o n.º 1270, a folhas 57 verso, do Livro C4,

com capital social de MOP128.667.000,00

Os resultados indicam que a grande maioria dos cidadãos está ‘disposta a pagar’ para proteger o ambiente e mudar o seu estilo de vida para melhorar a qualidade ambiental

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10 CHINA hoje macau quarta-feira 12.11.2014

A 22.ª cimeira anual do fórum APEC encerrou com o Presidente chinês a sublinhar o consenso alcançado sobre a integração económica regional o que representa, segundo Xi Jinping, um novo marco histórico

O S Líderes da Ásia--Pacífico, entre os quais os Presidentes dos Estados Uni-

dos, China e Rússia, acordaram ontem “aprofundar a integração económica” da região e iniciar conversações para a transformar numa zona de comércio livre.

“Nós todos concordamos que a integração económica é o motor para um duradouro e forte cres-cimento da Ásia-Pacífico”, disse o Presidente chinês, Xi Jinping, no final da 22.ª cimeira anual do

O Turismo de Por-tugal já tem um representante

permanente na China, abrindo uma nova fase na promoção do país no maior emissor mundial de turistas, disse ontem à agência Lusa fonte da Secretaria de Estado do Turismo.

Trata-se de Inês Cunha Alves, 38 anos, especialista em relações internacionais, ligada

“Dia dos Solteiros” gera fortes vendas O “Dia dos Solteiros” gerou fortes vendas na China, em Taiwan, e noutros países asiáticos, devido às promoções que as empresas de comércio electrónico e os grandes armazéns lançam propositadamente para a efeméride que se assinalou onde. Na China, o gigante comercial Alibaba, superou os mil milhões de yuan nos primeiros minutos das vendas ‘online’, no que promete ser o dia de maiores compras na Internet de sempre. O Alibaba, que opera vários ‘sites’ de compras online, como os populares Taobao e Tmall, lança, desde 2009, grandes ofertas no “Dia dos Solteiros”, que rivaliza já com o evento comercial do “São Valentim” para os casais. A Tmall oferecia descontos em produtos de 27.000 marcas chinesas e estrangeiras. Já em Taiwan, a Yahoo Taiwan lançou a sua própria campanha de venda na Internet com um desconto de 50% numa ampla gama de produtos destinados ao solteiros.

PM japonês defende que Japão e China “precisam um do outro”O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, apelou à continuação de esforços comuns do Japão e da China para tentar ultrapassar a hostilidade dos últimos dois anos, defendendo que os dois países “precisam um do outro”. Japão e China “precisam um do outro” e “são ambos responsáveis pela paz e prosperidade na região e no mundo”, disse Abe aos jornalistas no final da 22.ª Cimeira anual da APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico), em Pequim. Durante a cimeira, que reuniu líderes de 21 países e regiões do anel do Pacífico, Abe encontrou-se com o presidente chinês, Xi Jinping, na primeira reunião do género em mais de dois anos. Pelas imagens difundidas na televisão chinesa, o aperto de mão entre os dois foi frio e o presidente chinês mostrou-se sempre de semblante carregado. “Muitos países do mundo esperam assistir a uma melhoria das relações entre o Japão e a China”, afirmou Abe. China e Japão divergem acerca da soberania das ilhas Diaoyu, um minúsculo e desabitado arquipélago do Mar da China Oriental, potencialmente rico em recursos naturais, mas são também as duas maiores economias do mundo, a seguir aos Estados Unidos, e mantêm estreitas relações comerciais. “Estamos inevitavelmente ligados um ao outro”, disse Shinzo Abe.

A REPÚBLICA DOS SONHOS • Nélida PiñonFilha de imigrantes galegos, Nélida Piñon inspira-se nas suas memórias da infância para reconstituir a história de uma família que se confunde com a história do Brasil. Um romance de técnica magistral, onde as vidas de dezasseis personagens se entretecem numa teia que, mais do que criar um mundo ficcional, incorpora o legado da herança rica e pluricultural da autora. Uma metáfora do Brasil que é também uma das obras mais transparentes desta grande escritora da língua portuguesa. «A dimensão amazónica da imaginação de Nélida Piñon situa-a na categoria de génio.» Publishers Weekly

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

ALABARDAS • José Saramago, Günter GrassAquando do seu falecimento, em 2010, José Saramago deixou escritas trinta páginas daquele que seria o seu próximo romance; trinta páginas onde estava já esboçado o fio argumental, perfilados os dois protagonistas e, sobretudo, colocadas as perguntas que interessavam à sua permanente e comprometida vocação de agitar consciências. Saramago escreve a história de Artur Paz Semedo, um homem fascinado por peças de artilharia, empregado numa fábrica de armamento, que leva a cabo uma investigação na sua própria empresa, incitado pela ex-mulher, uma mulher com carácter, pacifista e inteligente. A evolução do pensamento do protagonista permite-nos reflectir sobre o lado mais sujo da política internacional, um mundo de interesses ocultos que subjaz à maior parte dos conflitos bélicos do século XX. Dois outros textos – de Fernando Gómez Aguilera e Roberto Saviano – situam e comentam as últimas palavras do Prémio Nobel português, cuja força as ilustrações de um outro Nobel, Günter Grass, sublinham.

ÁSIA-PACÍFICO LÍDERES PROMOVEM INTEGRAÇÃO ECONÓMICA

Caminho aberto ao livre comércio

“Entrámos numa nova fase histórica”XI JINPING Presidente chinês

TURISMO PORTUGAL VEIO PARA FICAR

Aposta duradoura

fórum APEC (Cooperação Eco-nómica Ásia-Pacífico”.

A cimeira reuniu durante dois dias em Pequim líderes de 21 países e regiões do anel do Pacífico, área que se estende da Austrália ao Vietname, e que

inclui as três maiores economias do mundo (EUA, China e Japão).

“Entrámos numa nova fase histórica”, proclamou o Presi-dente chinês acerca do futuro da APEC, um fórum de diálogo e cooperação criado em 1989 e cujos membros representam 57% do produto interno bruto mundial.

Xi Jinping destacou “o amplo consenso alcançado sobre a in-tegração económica regional” e afirmou que a cimeira “valorizou o espírito de confiança mútua e de inclusão”.

PARA A HISTÓRIAA decisão de iniciar um pro-cesso para a transformação do anel do Pacífico numa zona de comércio livre constituiu, para o Presidente chinês, “um passo histórico”, que “irá elevar o nível da integração económica” entre os membros da APEC “injectar nova dinâmica” da região.

“A economia mundial está num processo de profunda rees-truturação. O desenvolvimento económico da Ásia-Pacífico assenta na inovação e nas refor-mas”, disse Xi Jinping.

“Devemos aproveitar a opor-tunidade, acelerar reformas e a inovação, enfrentar desafios e procurar novas forças e nova competitividade para o desen-volvimento económico da Ásia--Pacífico”, acrescentou.

A próxima cimeira da APEC vai realizar-se nas Filipinas, em 2015. Os 21 membros da APEC, que representam quase metade do comércio global e cerca de 40% da população mundial, são: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, Méxi-co, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Peru, Rússia, Singapura, Tailândia, Taiwan e Vietname.

à China há quase uma década.

Inês Cunha Alves assumirá formalmente o cargo durante a visita a China do Secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, de 13 a 16 de Novembro, indicou a mesma fonte.

À BOLEIA DE RONALDOO governante português vai participar numa gran-de feira internacional do

sector em Xangai, a China International Travel Ma-rket, onde apresentará uma campanha de promoção especialmente concebida para a China, centrada na fi-gura de Cristiano Ronaldo.

“C Luo” (Cristiano Ronaldo em chinês) é o português mais conhecido na China e quando se fala em Portugal, muitos chine-ses associam logo o nome do país ao futebol e em particular aquele jogador.

A colocação de um delegado permanente do Turismo de Portugal na China, enquadrado na embaixada do país em Pequim, foi anunciada há um ano pelo vice-primeiro--ministro português, Paulo Portas.

“É preciso trabalhar mais para receber mais turistas chineses, que, aliás, têm um gasto per capita in-teressante”, disse na altura Paulo Portas.

Segundo algumas es-timativas, apesar de não existirem ligações aéreas directas entre os dois paí-ses, o número de turistas chineses que visitaram Por-

tugal nos últimos quatro anos mais do que triplicou, ultrapassando os 74 mil em 2013.

Inês Cunha Alves já trabalhou na delegação da AICEP (Agência para o Investimento e Comercio Externo de Portugal) em Pequim, em 2007 e 2008, e foi uma das responsáveis do Pavilhão de Portugal na Exposição Mundial de Xangai, em 2010.

Antes de ser nomeada para o novo cargo, dirigia o escritório de representação em Xangai de um grupo português produtor de vinhos.

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11 chinahoje macau quarta-feira 12.11.2014

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O Presidente dos Esta-dos Unidos, Barack Obama, e o seu homó-logo russo, Vladimir

Putin, conversaram sobre a Ucrâ-nia, Síria e Irão em três ocasiões diferentes à margem do Fórum de Cooperação Económica entre a Ásia e o Pacífico.

De acordo a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Bernardet-te Meehan, citada pela agência espanhola Efe, no total, os dois líderes terão falado durante 15 a 20 minutos.

Os encontros bilaterais à mar-gem da reunião que decorreu em Pequim surgem num momento em que os Estados Unidos ameaçam a Rússia com mais sanções por Moscovo reconhecer as eleições separatistas na Ucrânia, há menos de duas semanas.

O encontro entre Obama e Putin foi também confirmado pelo porta--voz do chefe do Kremlin, Dmitri Peskov, que disse que as pausas na cimeira “foram aproveitadas para falar brevemente com o Presidente Obama, e abordaram os temas das relações bilaterais, da Síria, da Ucrânia e do Irão”.

AVISOS AMERICANOSAs conversas entre os dois líderes surgem no dia seguinte aos EUA

PEQUIM OBAMA E PUTIN FALAM SOBRE UCRÂNIA, SÍRIA E IRÃO

Conversas escaldantesOs dois líderes estiveram reunidos à margem da Cimeirada APEC que decorreu na capital chinesa

Os encontros bilaterais à margem da reunião que decorreu em Pequim surgem num momento em que os Estados Unidos ameaçam a Rússia com mais sanções por Moscovo reconhecer as eleições separatistas na Ucrânia

terem subido o tom das ameaças a Moscovo, avisando a Rússia que se continuar empenhada em “de-sestabilizar” o leste da Ucrânia e

a armar os separatistas pró-russos “vão haver mais consequências” para os dirigentes de Moscovo.

“Se Moscovo continuar a ignorar os compromissos que assumiu em Minsk e a deses-tabilizar com estas perigosas acções, os custos para a Rússia aumentarão”, disse a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, na conferência de im-prensa diária, na segunda-feira, referindo-se ao agravamento da tensão no leste ucraniano, depois

das eleições no dia 02 nas regiões de Donetsk e Lugansk.

A porta-voz condenou “o au-mento da militarização da região de Donbass pela Federação Russa, com o fornecimento de tanques e outro material pesado para os separatistas”, aludindo a informações da Missão Especial de Acompanhamento da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

“Os monitores da OSCE infor-maram o movimento de grandes colunas militares de armas pesadas fornecidas pela Rússia e carros de combate para a primeira linha do conflito nos últimos dias, e a in-tensificação dos bombardeamentos em torno do aeroporto de Donetsk e de Debáltsevo”, acrescentou.

Psaki, que acusou os separa-tistas de terem decidido romper as linhas territoriais estabelecidas nos Acordos de Minsk há dois meses,

insistiu que “não há desculpas para estas contínuas e flagrantes violações” do cessar-fogo.

“Se a Rússia estiver verdadei-ramente comprometida com Minsk e a paz na Ucrânia deixará de alimentar o fogo com mais armas e apoio aos separatistas e usar o seu poder para deter as violações do cessar-fogo, libertar os reféns e respeitar a fronteira”, acrescentou.

NEGAS RUSSASEntretanto, Moscovo já negou rotundamente que tenha alguma presença militar nas zonas do les-te ucraniano onde há combates e apelou ao respeito do cessar-fogo.

As forças leais a Kiev e os mi-licianos separatistas recomeçaram os combates na quinta-feira, desig-nadamente em torno da cidade de Donetsk, que é o principal bastião rebelde, apesar do cessar-fogo de-terminado para o leste ucraniano em 05 de Setembro.

Várias fontes apontam para a existência de 400 mortos, milicianos pró-russos, soldados e civis incluí-dos, nas regiões de Donetsk e Lu-gansk desde o acordo de cessar-fogo.

Os combates intensificaram-se depois da realização de eleições, no domingo, em ambas regiões secessionistas e que, segundo Kiev, minaram os esforços para estabe-lecer a paz no leste da Ucrânia.

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12 hoje macau quarta-feira 12.11.2014EVENTOS

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C OMPRAS, compras e mais compras. Está aí o Macau Shopping Festival, que este ano tem início a 3 de

Dezembro e dura até ao final do mês. Mais de mil pequenas e mé-dias empresas e centros comerciais participam na edição deste ano, oferecendo promoções e descontos que prometem “criar uma onda de compras em toda a cidade”.

Este ano, sob o tema “Sorteios à chegada: Ofertas irresistíveis e celebrações por toda a cidade” e o slogan “Eu compro. Macau”, o Macau Shopping Festival (ou Festival de Compras de Macau), quer tornar “Dezembro um mês memorável, tanto para os residen-tes, como para os turistas à volta do mundo”.

TENTAR A SORTEDurante o Festival, vão ser coloca-dos caixas de sorteio nos terminais marítimos e fronteiras terrestres, especialmente dedicado às pessoas

Workshop Pintura facial com artistade Hong KongO artista de pinturas faciais Chan Meng Long vai realizar, a partir de sábado, um ‘workshop’ de pinturas intitulado “O Fulgor do Vermelho e Verde”. Os participantes deste curso com o artista de Hong Kong terão ainda a oportunidade de assumir o título de Embaixadores da Cor na edição anual do Desfile por Macau, Cidade Latina. Estes estão, ainda, isentos do pagamento de inscrição. Chan tem vindo a participar em várias produções mundiais, incluindo ópera, musicais, peças teatrais, teatro experimental e outros espectáculos ao ar livre. O artista conta ainda com os galardões de Melhor Maquilhador, entregue pela Federação das Associações de Teatro de Hong Kong. O curso, que acontece todos os sábados e domingos entre os dias 15 e 30 deste mês, das 17.30 às 20.30 horas, terá lugar no Conservatório de Macau e será realizado em cantonense. Os residentes que tenham interesse em participar neste ‘workshop’ devem inscrever-se via online, no website do Instituto Cultural.

CONSUMO MACAU SHOPPING FESTIVAL ESTÁ DE VOLTA

Um mês para pecarEm Dezembro, mais de mil PME e centros comerciaisoferecem descontos e promoções nas compras efectuadas

“Queremos assegurar que este festival não seja visto apenas como uma actividade comercial, mas também como um evento único em Macau”TERRY SIO Presidente do Macau Shopping Festival

que mostrem um bilhete de ferry ou de avião. Mas haverá também sorteios dedicados aos residentes, que têm sete dias para participar, o que poderão fazer em lojas da CTM.

Cada participante pode ganhar até quatro milhões de patacas, bilhe-tes para o espectáculo “The House of Dancing Water”, vouchers para restaurantes e hotéis, bilhetes para a Torre de Macau e muito mais.

O festival quer ainda contar com a participação das lojas muito mais

além dos descontos oferecidos e, por isso, desafia as empresas a “vestir a sua montra de Natal”.

“Queremos assegurar que este festival não seja visto apenas como

uma actividade comercial, mas também como um evento único em Macau”, frisou ontem Terry Sio, presidente do Macau Shopping Festival.

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CONSUMO MACAU SHOPPING FESTIVAL ESTÁ DE VOLTA

Um mês para pecarEm Dezembro, mais de mil PME e centros comerciais oferecem descontos e promoções nas compras efectuadas

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WANG CHONG 王充 OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

Sobre a morte – 11 & 12

Marido e mulher, ambos ciumentos, vivem sob o mesmo tecto: se um dos dois se embrenha no deboche e mantém relações ilícitas, tal desencadeará o furor do outro, conduzindo a conflitos e disputas entre eles. Vejamos o seguinte caso: o marido morre e sua esposa torna a casar ou, ao contrário, morre ela e o esposo torna a casar-se: se o defunto fosse dotado de consciência, não deveria então enfurecer-se contra o seu cônjuge? Mas o defunto se mantém calado, sem que qualquer mal se abata sobre o que se torna a casar. Eis outra prova de que os mortos são incapazes de conhecimento

* * *

Confúcio sepultou sua mãe próximo do Monte Fang. Uma chuva torrencial fez derrocar o túmulo. Ao saber do sucedido, em lágrimas, Confúcio disse: “Os Antigos não reparavam os túmulos”. E não mandou reparar o túmulo de sua mãe. Se os mortos fossem dotados de consciência, indignar-se-iam ao ver os seus túmulos votados ao abandono. Sabendo disso, Confúcio ter-se-ia posto a reparar o de sua mãe, atraindo assim as boas graças da sua alma. Mas, sábio que compreendia a natureza das coisas, nada fez, sabendo também que os mortos não são dotados de percepção.

Tradução de Rui CascaisIlustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.

18 hoje macau quarta-feira 12.11.2014

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“Os Antigos não reparavam os túmulos”.

19 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 12.11.2014

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TEMPO MUITO NUBLADO MIN 19 MAX 24 HUM 60-90% • EURO 9 .9 BAHT 0 .2 YUAN 1 .3

ACONTECEU HOJE 12 DE NOVEMBRO

João Corvofonte da inveja

20 hoje macau quarta-feira 12.11.2014

U M L I V R O H O J E

(F)UTILIDADES

O QUE FAZER ESTA SEMANA?

Assinala-se o Dia Mundial da Pneumonia• A 12 de Novembro, celebra-se o Dia Mundial da Pneumonia. A doença pneumocócica, que integra outras doenças, mata três milhões de pessoas por ano, entre as quais 476 mil crianças, segundo dados da OMS.A data assinala-se com o objectivo de relembrar pais, familiares e educadores que a vacinação é a principal forma de prevenir a doença pneumocócica.De acordo com os dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, a doença pneumocócica é responsável por cerca de três milhões de mortes por ano em todo o mundo, sendo que 476 mil mortes são crianças com idade inferior a 5 anos, segundo a Organização Mundial de SaúdeA doença pneumocócica é complexa e tem múltiplas formas, incluindo pneumonia, meningite, otite média aguda e bac-tériemia. Uma das principais doenças provocadas por esta bactéria é a pneumonia, cujas manifestações clínicas e a gravidade variam conforme a idade e o agente causador.A principal forma de prevenir esta doença é a vacinação das crianças até aos 5 anos de idade. É fundamental cumprir o esquema completo de vacinação, que consiste em 4 doses, administradas nos primeiros 15 meses de vida.Às crianças com idades compreendidas entre os 2 e os 5 anos de idade, que não tenham sido imunizadas com esta vacina, poderá ser administrada uma dose para conferir protecção contra os serotipos incluídos na mesma.A prevenção da doença pneumocócica (que engloba a pneumonia) é fundamental, uma vez que, para além de ser potencialmente grave, pode ser contagiosa, através de tosse ou espirros, colocando em risco os doentes e todos os que possam estar em contacto com quem tem a doença. Neste Dia Mundial da Pneumonia, é lançado um alerta para uma doença que mata.

“PRESO 374”(CARLOS CRUZ, 2004)

O longo processo de pedofilia na Casa Pia de Lisboa fez abertura de muitos telejornais em Portugal e fez correr muita tinta nas páginas dos jornais. Carlos Cruz, conhecido apresentador de televisão, viria a ser um dos arguidos e o homem que mais protagonizou as manchetes nos jornais. No meio de especulações e mentiras que acabariam por caracterizar o processo, Carlos Cruz, hoje condenado a seis anos de prisão, defendeu-se escrevendo este livro. Um relato na pri-

meira pessoa que mostra a outra face da moeda e os contornos de um dos casos mais polémicos em Portugal nos últimos anos. - Andreia Sofia Silva

• HojePALESTRA “PADRÕES SOBRE A MIGRAÇÃO, IDENTIDADE E CULTURA MACAENSES” OR ROY ERIC XAVIERUniversidade de São José, 18h30Entrada livre

“DISSESTE-ME QUE ME AMAVAS BAR DA VIDA” PELA FLEX FUNKY CREW (DANÇA, FRINGE)Sky 21 Bar, 20h0050 patacas (inclui uma bebida)

ESPECTÁCULO DE FOGO-DE-ARTIFÍCIO (GRANDE PRÉMIO)Baía em frente à Torre de Macau, 20h00Entrada livre

• AmanhãINÍCIO DO GRANDE PRÉMIO DE MACAU (ATÉ DOMINGO)

CONCERTO “ACAPELLA DE FUNKSCHON”Fundação Rui Cunha, 18h30Entrada livre

“VILLAGE MUSIC NIGHT” (MÚSICA AO VIVO)Portal Bar, 18h30Entrada livre

• SábadoPEÇA DE TEATRO “ESPERPENTO”, DA COMPANHIA DE TEATRO DA AREIA PRETA (FRINGE)Rua dos Mercadores, parque dos grafites, 18h15Entrada livre

CHROMATICS PELA ARTFUSION (FRINGE)Largo do Senado, 16h30Entrada livre

DANÇA VOYEUR PELA TAMI DANCE COMPANY (FRINGE)Largo do Senado, 13h00, 13h20, 14h00, 14h20, 15h00 e 15h20Entrada livre

DANÇA PARA O PANTANAL PELA COMPANHIA DE DANÇA DE TAIWAN (FRINGE)Casas-Museu da Taipa, 16h00Entrada livre

CONCERTO DE MIRAGE (FRINGE)Edifício do antigo tribunal, 20h00Entrada livre

• DomingoDESFILE DE ARTE (FRINGE) Ruínas de São Paulo, 16h00 – 18h00Entrada livre

ESPECTÁCULO DE FOGO-DE-ARTIFÍCIO (GRANDE PRÉMIO)Baía em frente à Torre de Macau, 20h00Entrada livre

• DiariamenteEXPOSIÇÃO “ESCREVER MACAU EM PORTUGUÊS”, DE ANTÓNIO MIL-HOMENS (ATÉ 23/11)Edifício do antigo tribunal Entrada livre

EXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS” DE VICTOR MARREIROS (ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store, Rua Almirante SérgioEntrada livre

C I N E M ACineteatro

SALA 1INTERSTELLAR [B]Um filme de: Christopher NolanCom: Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain14.30, 18.00, 21.00

SALA 2KUNG FU JUNGLE [C](FALADO EM CANTONÊS, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Teddy ChenCom: Donnie Yen, Charlie Young, Wang Bao-qiang14.15, 16.05, 17.55, 21.45

DON’T GO BREAKINGMY HEART 2 [B](FALADO EM CANTONÊS, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Johnnie ToCom: Louis Koo,

Miriam Yeung, Gao Yuanyuan, Vic Chou19.45

SALA 3GANGSTER PAY DAY [C](FALADO EM CANTONÊS, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Lee Po CheungCom: Anthony Wong, Charlene Choi, Wong Yau Nam14.15, 16.00, 17.45, 21.30

OUIJA [C]Um filme de: Stiles WhiteCom: Olivia Cooke, Daren Kagasoff, Douglas Simth, Ana Coto19.30

INTERSTELLAR

Finda a luta de classes, assistimos a lutas sem classe nenhuma.

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21hoje macau quarta-feira 12.11.2014 ócios / negócios‘YO! LIVING’, AGÊNCIA DE PERCURSOS TURÍSTICOS TRADICIONAIS LEO LEI, FUNDADOR

“MOSTRAMOS OS LUGARES QUE NÃO EXIGEM GRANDE CONSUMO”

O nosso objectivo é desenvolver uma plataforma que promova um estilo de vida simples e tradicional em Macau

ANDREIA SOFIA [email protected]

P ARA lá da típica visita às Ruínas de São Paulo antes de uma aposta numa mesa de jogo, há um mundo

mais tradicional para descobrir em Ma-cau. Foi isto que pensaram Leo Lei e os amigos estrangeiros que todos os anos o visitavam na RAEM e que levaram o jovem a pensar de forma diferente quando chega a hora de juntar negócios com visitas em Macau.

Em 2004, Leo ganhava um importante prémio de design e decidia partir para a Califórnia, nos Estados Unidos, onde se formou em Design Industrial. Regressou à RAEM e, quando começou a receber as primeiras visitas de amigos - vindos de vários países – apercebeu-se de que há muito para se ver por cá. Surge, então, a ideia de criar a empresa ‘Yo! Living’, uma espécie de agência de percursos turísticos, que pretende mostrar tudo o que Macau tem para oferecer para lá dos casinos.

“Actualmente ajudamos associações a partilhar as informações sobre as suas actividades e promovemos algumas lojas e indústrias tradicionais”, começa por dizer Leo Lei ao HM. “Também temos algumas empresas que nos contactam para pedir uma oportunidade para cooperar com a nossa marca, a fim de desenvolverem mais serviços.”

A TRADIÇÃOA ideia da ‘Yo! Living’ é simples: ajudar as lojas tradicionais de Macau e criar percursos diferentes dos oferecidos normalmente aos visitantes. Leo explica um pouco mais.

“Concebemos e recomendamos alguns percursos para os nossos [clien-tes]. Cada rota que concebemos tem um tema. Por exemplo, a primeira rota que concebemos mostra a parte da arquitec-tura portuguesa, começa no templo de A-Má, na Barra, e vai até às Ruínas de São Paulo. O segundo percurso é entre a Taipa e a ilha de Coloane. O terceiro introduz as antigas aldeias chinesas e portuguesas. Queremos desenvolver mais rotas no futuro”, explicou Leo, que recomenda ainda a zona da rotunda Carlos da Maia como ponto de visita, por mostrar também um estilo de vida tradicional.

“Temos uma história interessante que queremos que as pessoas conheçam, temos uma arquitectura com 400 anos de história que interage entre a cultu-ra oriental e ocidental e ainda temos uma gastronomia própria. Mostramos os lugares de lazer e passeio que não

Leo estudou Belas Artes nos Estados Unidos e quando voltou percebeu que o sector do Turismo na sua terra natal estava demasiado virado para o consumo. À medida que ia mostrando a RAEM aos amigos, percebeu que estes queriam conhecer tudo menos os casinos. Assim surgiu a ‘Yo! Living’, uma empresa que promove o que é tradicional e que concebeu percursos turísticos alternativos

à vinda dos turistas, para que representem uma oportunidade para o crescimento da Economia. Mas gostaria de me focar mais naquilo que os turistas sentem e espero que este projecto possa fazer-nos regressar à nossa cultura original. O Governo podia dar mais formação aos talentos locais e fazer com que mostrem como é o verdadeiro modo de vida em Macau”, defende Leo.

A ‘Yo! Living’ tem actualmente um website e uma página no Facebook, onde são promovidos percursos alternativos para turistas, desenvolvidos pela pró-pria empresa. As fotografias e jornal promocional servem para mostrar aos visitantes tudo o que eles podem des-cobrir para lá das mesas de jogo.

Leo Lei quer continuar a impulsionar este negócio e a tradição que Macau ainda tem, sendo que tem já planos para expandir os serviços no próximo ano, conforme disse ao HM.

exigem grande consumo”, disse ainda o director da ‘Yo! Living’.

TEMOS INDÚSTRIASe a ideia é criar um turismo que não seja tão focado no consumo como o que já é habitual em Macau, Leo Lei não esquece também que Macau tem mais do que aquilo que é comummente mostrado às pessoas que cá vêm.

“Os nossos clientes são, na sua maio-ria, lojas, websites e associações. O nosso objectivo é desenvolver uma plataforma que promova um estilo de vida simples e tradicional em Macau, sendo que esta ima-gem também deverá ajudar a promover as diversas indústrias e os seus produtos”, explicou o mentor do projecto ao HM.

Apesar da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) estar actualmente a de-senvolver quatro percursos alternativos para os visitantes, Leo Lei considera que

o sector está a ser promovido junto dos turistas de forma “agressiva”, deixando de lado a parte que mais importa.

“Temos festivais e eventos quase todos os meses. Há uma preocupação em relação

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22 OPINIÃO hoje macau quarta-feira 12.11.2014

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1. Portugal tem, ao longo da sua história, mantido uma relação penosa, quase traumá-tica com as suas colónias. Num tempo ido, elas foram o prolongamento dos seus sonhos imperiais. Um laboratório onde o regime do Estado Novo experimentou políticas de co-lonização e povoamento, de industrialização artesanal, de exploração agrícola intensiva que visaram consolidar o domínio de uma elite branca sobre a população negra, imi-tando o modelo da Rodésia de Ian Smith.

Depois, quando os movimentos de liber-tação africanos ganharam raiz e reclamaram a independência, Portugal foi incapaz de perceber que os tempos haviam mudado e que a manutenção dos enclaves africanos, numa lógica de uma pátria multirracial e multiétnica obediente a Lisboa, era uma farsa porque nem as elites africanas tinham qualquer espécie de representação nos órgãos fantoches de consulta das populações das províncias ultramarinas nem as minorias brancas estavam dispostas a arcar com as responsabilidades de auto-governo.

Quando a guerra rebentou no início da década de 1960 em Angola, em reacção a uma postura de ‘quero, posso e mando’, Salazar atolou-se num conflito sem estratégia e sem futuro, alimentado pelo sangue vivo dos soldados e milicianos despachados para as frentes de combate em Angola, Moçambique e na Guiné. Expostos aí a terrenos de operações que ignoravam e a que nunca se adaptaram. A guerra colonial– nas várias frentes – custou ao país 9000 mortos e 30 000 feridos. Feridos estes que agonizaram, durante décadas, nos centros de tratamento na metrópole. Até que um dia foram de todo esquecidos.

O 25 de Abril ‘amanheceu’ - como não podia deixar de ser - por um golpe militar, uma ‘quartelada’, motivada por uma reivin-dicação castrense de militares de carreira face aos seus colegas milicianos que pas-saram a dispor, por virtude do esforço de guerra, de condições salariais e de carreira comparativamente melhores. Esgotados por campanhas sucessivas no mato viram rejei-tadas, uma por uma, as suas reivindicações por um comando genuflexante ao regime e apenas interessado na preservação do seu estatuto de excepção. A quartelada tornar--se-ia assim inevitável.

2. O processo de descolonização africano visou libertar, com rapidez, as amarras do poder metropolitano às colónias portuguesas, dando pronta legitimidade aos movimentos que tinham combatido o exército português e, em alguns casos, conquistado importantes vi-tórias militares. Décadas depois, vulgarizou--se o queixume da incompetência e dislexia do poder emergente do 25 de Abril para negociar uma saída ‘honrosa’ das colónias que assegurasse a manutenção dos interesses ‘estratégicos’ portugueses nesses territórios. Esse argumento peca, na verdade, por franco irrealismo. Uma análise mais ‘fina’ do pro-cesso de transição política desses territórios revela que nada foi feito, quer pelo poder

Portugal e o mito do bom pastorcrepúsculos dos ídolosARNALDO GONÇALVES

A história correu uma vez mais mal, lembrando que em diplomacia emoção e sentimentos casa mal com interesses nacionais e projecção de influência

socialista em Lisboa, quer pelas ‘iluminadas’ elites coloniais, para preservar qualquer réstia de influência portuguesa. Depois do ‘para Angola e em força” assistiu-se a um ‘para a metrópole e em debandada”.

Serenados os ardores revolucionários quanto à aurora de uma Cuba vermelha, na extrema ocidental da Europa, o país viu--se confrontado com a realidade de duas ex-colónias mergulhadas em sangrentas guerras civis. As sementes haviam sido dei-xadas germinar nos últimos anos do domínio colonial. Portugal debateu-se com levas de emigrantes africanos empobrecidos que aportavam a Lisboa fugindo da destruição de guerras fratricidas onde se auto-imolou parte da elite africana. Desenraizados, amon-toados em bairros circundantes à capital, em condições muitas vezes inumanas, essas dezenas de milhar de africanos alimentaram, pelo menos durante uma década, o sonho de regressarem aos seus países de origem

e retomarem, aí, os seus projectos de vida. Depois, acomodaram-se ao que recebiam a título assistencial do Estado português: o salário mínimo garantido e com eles as novas gerações.

O país, governado em alternância à es-querda e à direita, retomou vagarosamente os contactos oficiais com os novos regimes africanos. Aperceber-se-ia que os líderes guerrilheiros como quem havia negociado a paz se instituíram como chefes incontes-tados de governos monolíticos, onde pouco ou nenhum lugar foi deixado às oposições e à liberdade de expressão. Nalguns casos –a situação de Angola é disso paradigmá-tica – as novas lideranças desenvolveram mecanismos de prolongamento do domí-nio político às esferas civil e económica num epifenómeno de plutocracia familiar. Fenómeno que já havia ocorrido noutras zonas do Terceiro Mundo como a América Latina e o Médio Oriente.

Esta situação catártica despertou uma onda ficcional de ‘traição ideológica’ às promessas da descolonização e de fracasso da construção democrática de ‘verdadeiros’ Estados de Direito. Tratou-se de uma narrati-va construída, utopicamente, pela intelectua-lidade bem-pensante da capital portuguesa e por alguns jornais de referência com puro desdém com o que se passava no terreno. Os jornais passaram a multiplicar, para embasbacamento dos tolos e dos mirones, histórias de ‘cronismo’ e favorecimento dos clãs africanos que uma análise comparativa de outras transições pós-coloniais teria, desde logo, desmistificado.

Apenas a vocação sebastiânica que mora, em permanência, no imaginário português poderia inventar qualquer outro tipo de líde-res ou de paradigma para nações que antes do domínio colonial eram apenas aglomerados de savanas, tribos e régulos.

3. Para contrapor aos ‘maus’ líderes das an-tigas colónias portugueses surgiu uma nova rábula, a da ‘verdadeira’ revolução timoren-se, da luta contra a opressão indonésia e da geração de ouro que um dia combatera na mata mas teria, por legitimidade revolucio-nária, o orgulho de ‘governar’ a metade que fora portuguesa da ilha de Timor. Juntaram--se vontades e apoios de toda a ordem para que isso fosse possível. Num verdadeiro ‘milagre das rosas’ esquerda e direita uniram--se para glorificar a Fretilin Xanana Gusmão e os seus companheiros. Finalmente, Timor era a ‘tal’ descolonização impoluta, ‘by the book’. O homem que chefiara os grupos da resistência à Indonésia, a personificação do sonho guevarista do ‘libertador’, ajudado pela tez escura, o cabelo desgrenhado e uma barba hirsuta que casavam bem com o caqui de combatente.

O problema é que a história não docu-mentava um único caso de um processo revolucionário moderno em que os líderes da revolução não se tenham apropriado das conquistas da revolução, para seu benefício pessoal. Fidel de Castro em Cuba, Daniel Ortega na Nicarágua, Hugo Chávez na Ve-nezuela, ou Marien Ngouabi no Congo são alguns desses exemplos. Porque é que Timor haveria de ser diferente? Pela influência da Igreja Católica? Pelo apoio internacionalista de Portugal e pela teia de acordos de assis-tência e cooperação? Pelo carácter ameno do seu povo?

Naturalmente que não. O melodrama da expulsão de quase uma dezena de ma-gistrados portugueses por um ataque de fúria de Xanana de Gusmão colocou a nu o promíscuo entranhado de conveniências do clã Gusmão, das petrolíferas que ex-ploram o subsolo marítimo e dos cálculos estratégicos da ASIS, os serviços secretos australianos.

A história correu uma vez mais mal, lembrando que em diplomacia emoção e sentimentos casa mal com interesses nacio-nais e projecção de influência.

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23 opinião

Afonso CAmõesIn JN

hoje macau quarta-feira 12.11.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

V INTE e quatro, vinte. Quem, algum dia ou de alguma forma, tenha vivido a ex-periência da defunta admi-nistração colonial, conhece decerto a temível figura do 24/20, decreto plenipoten-ciário dos governadores que ordenava a expulsão de cidadãos indesejáveis,

em 24 horas e com direito a 20 quilos na bagagem. Em qualquer outra parte do an-tigo império por onde espalhámos a nossa língua e semeámos laços de sangue e afecto, podemos ter legado muito ou coisa pouca, porventura o melhor de nós, mas deixámos também rastos de mando e prepotência.

Em 1975, o até há dias presidente Gue-buza, então ministro do Interior do governo de transição em Moçambique, foi o primeiro dos novos dirigentes independentistas a re-plicar o 24/20 da era colonial para expulsar portugueses de Maputo.

Vinte e quatro, vinteNinguém compreenderá como é que uma relação de cooperação tão forte como a que existia entre Lisboa e Díli se possa ter degradado, subitamente, sem qualquer aviso prévio e sem que uma discreta diplomacia de bastidores tenha sido, em tempo, posta no terreno

Agora, vai por aí o deus me livre com a decisão do governo Díli de expulsar um grupo de altos quadros portugueses, entre os quais avultam alguns magistrados recru-tados em Lisboa, ao abrigo de acordos de cooperação bilaterais, para o exercício da justiça em Timor-Leste. São acusados de “constituírem uma ameaça aos interesses e à dignidade” do país, e a ordem de expulsão é extensível a meia centena de funcionários judiciais internacionais. Ali, ainda assim, o recurso ao famigerado instrumento de mando vem numa versão mais tolerante: aqueles portugueses têm 48 horas para abandonar o mais jovem país do mundo, saído há pouco de uma luta de décadas pela independência contra a ocupação Indonésia. A boa diplomacia aconselha prudência e bom senso: não estão ainda esclarecidas as verdadeiras razões que levaram o governo timorense a uma decisão extrema que amea-ça congelar outras frentes de cooperação entre os dois países.

O ministro Rui Machete veio a público deplorar a decisão timorense e invocar “um problema interno” no qual os magistrados “fo-ram apanhados”. E rumores que associam este incidente à investigação de eventuais casos de

corrupção envolvendo altos dignitários locais podem ter algum fundo de verdade, mas não justificam tudo. Por cá, conhecemos bem o preço da violação do segredo de justiça e a con-denação pública de cidadãos sem trânsito em julgado. Em Díli, ambiente concentracionário e aldeia grande, onde a maioria dos expatriados e cooperantes se acotovelam diariamente nos mesmos poucos lugares para almoçar e tomar café, esse vício covarde e justiceiro tem efei-tos devastadores que nenhum país soberano gosta de tolerar, muito menos a estrangeiros. Não é aceitável que, a haver quaisquer culpas do nosso lado, elas possam morrer sem par conhecido. Ninguém compreenderá como é que uma relação de cooperação tão forte como a que existia entre Lisboa e Díli se possa ter degradado, subitamente, sem qualquer aviso prévio e sem que uma discreta diplomacia de bastidores tenha sido, em tempo, posta no terreno. Ainda não sabemos, mas o país tem de saber. Porque não há escolha entre a ignorância e a humilhação.

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PIVOT AMERICANO PARA A ÁSIA

hoje macau quarta-feira 12.11.2014

Coreia do Sul/Ferry Fim de buscasde desaparecidosO Governo da Coreia do Sul anunciou ontem que pôs fim às operações de busca dos nove desaparecidos do naufrágio do navio Sewol, que provocou a morte de 304 pessoas. A decisão foi conhecida após uma reunião do Governo presidida pelo primeiro-ministro sul-coreano, Chung Hong-won, informou a agência Yonhap. As operações de busca, que envolveram milhares de mergulhadores e que custaram a vida a dois deles, começaram imediatamente após o incidente ocorrido a 16 de Abril, tendo as equipas resgatado com vida 172 pessoas entre as 476 que seguiam a bordo do Sewol, a maioria estudantes. O fim das operações de busca dos desaparecidos do naufrágio do Sewol ocorre horas antes do anúncio da sentença do capitão e dos 14 membros da tripulação do navio.

Timor Presidente do parlamento disponível para julgamentoO presidente do parlamento de Timor-Leste, Vicente Guterres, disse ontem estar disponível para ir a julgamento na sequência da notificação do Ministério Público por alegadas irregularidades num concurso para aquisição de veículos para o hemiciclo em 2008. “Posso dizer publicamente que estou disposto a ir a julgamento e espero um julgamento justo, imparcial e de acordo com a lei e a Constituição de Timor-Leste”, afirmou Vicente Guterres à agência Lusa no final de um encontro com o Presidente timorense, Taur Matan Ruak. “Eu gostava que o julgamento fosse transmitido em directo na televisão. Não é todos os dias que um presidente do parlamento é julgado”, acrescentou. Vicente Guterres foi notificado há cerca de dois meses pelo Ministério Público por alegadas irregularidades num concurso para aquisição de veículos para o parlamento em 2008, quando assumiu funções de presidente interino do hemiciclo.

Alzheimer Novo método de detecção testado com êxito por japoneses

CIENTISTAS japoneses con-firmaram a eficácia de um

novo método de análise capaz de detectar a doença de Alzheimer nas fases iniciais, sem neces-sidade de recorrer aos actuais procedimentos dolorosos .

O projecto foi levado a cabo conjuntamente por peritos do Centro Japonês de Geriátricos e Gerontologia e uma equipa de cientistas da empresa japo-nesa Shimadzu, liderados pelo Prémio Nobel de Química em 2002, Koichi Tanaka, publi-cou ontem a estação pública nipónica HNK, citada pela agência Efe.

Utilizando a tecnologia que a equipa de Tanaka desenvol-veu em 2013 para detectar no sangue a acumulação de pro-teínas beta-amiloide, uma das prováveis causas do Alzheimer, ambas as equipas levaram a cabo análises de sangue em mais de 60 pessoas com idade avançada.

Os investigadores compro-varam os estudos que apontam que os doentes desta patologia acumulam a dita substância no cérebro mais de 10 anos antes de desenvolver sintomas e, além disso, observaram que aqueles que apresentavam a dita subs-tância também experimentaram um aumento na quantidade do peptídeo APP669-711 no seu sangue.

O uso prático deste teste permitiria detectar o Alzheimer durante um controlo médico rotineiro antes que a doença se desenvolva, e sem necessidade de recorrer aos testes actuais de Tomografia por Emissão de Positrões (PET) e extracção do líquido cérebroespinal, dois procedimentos complexos e dolorosos.

D EZ mulheres morreram e dezenas de outras estão hospitalizadas na Índia na sequência

de um programa de esterilização em massa, organizado no sábado por um Estado do centro do país, foi ontem divulgado.

A esterilização é o método mais divulgado de planeamento familiar na Índia e vários Estados organizam programas daquele tipo, criticados por organizações não-governamentais, que consi-deram que as mulheres não são correctamente informadas dos riscos.

Cerca de 60 mulheres re-gistam complicações devido à cirurgia, das quais 24 estão em estado grave, indicaram ontem as autoridades do Estado de Chhattisgarh.

As causas das mortes ainda não são conhecidas, mas médicos do Estado interrogados pela agên-cia France Presse questionaram o papel dos medicamentos que foram dados às mulheres depois da operação.

As mulheres foram subme-tidas a uma esterilização lapa-roscópica, um processo pouco invasivo. A intervenção visa

O programa de planeamento familiar indiano foca-senas mulheres com as operações de esterilização a valerema atribuição de 20 euros a cada voluntária

ÍNDIA DEZ MULHERES MORTAS APÓS ESTERILIZAÇÃO

Operação fatalidade

As mulheresforam submetidas a uma esterilização laparoscópica, um processo que visa bloquear as trompas de Falópio e é realizada geralmente sob anestesia geral

bloquear as trompas de Falópio e é realizada geralmente sob anestesia geral.

REVOLTA POPULARO governo estatal abriu um inquérito e habitantes de Bilas-pur, distrito onde se realizou a operação, saíram para as ruas em

protesto, pedindo sanções contra os médicos.

O chefe do executivo de Chhattisgarh, Raman Singh, de-terminou a suspensão de quatro responsáveis do sector da saúde e a polícia apresentou uma queixa contra o cirurgião que realizou as operações.

Segundo o diário Indian Ex-press, as mulheres foram todas operadas no sábado em cerca de cinco horas por um cirurgião e o seu assistente.

A família de cada uma das mulheres mortas vai receber uma indemnização de 400.000 rupias.

As operações de esterilização são organizadas em diversos Estados no quadro do programa nacional que prevê a atribuição de 1.400 rupias (20 euros) a cada mulher voluntária.

O programa de planeamento familiar na Índia é essencialmen-te centrado nas mulheres e cerca de um terço da população que a ele recorre (54 por cento) opta pela esterilização da mulher, segundo dados oficiais de 2008.

Com cerca de 1,25 mil milhões de habitantes, a Índia poderá ser o país mais populoso do mundo daqui a 20 anos. Koichi Tanaka