faculdade sudoeste paulista instituiÇÃo chaddad de...

47
FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE ENSINO BIOMEDICINA YARA YANAÊ DE MELO DE MARIA CAFÉ E SEU PRINCIPAL COMPONENTE CAFEÍNA: UMA BREVE VISÃO SOBRE OS MALEFÍCIOS E BENEFÍCIOS DE SEU USO, BEM COMO SEUS POSSÍVEIS POTENCIAIS TÓXICOS E ANTIOXIDANTE. ITAPETININGA-SP 2017

Upload: others

Post on 24-Jun-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

FACULDADE SUDOESTE PAULISTA

INSTITUIÇÃO CHADDAD DE ENSINO

BIOMEDICINA

YARA YANAÊ DE MELO DE MARIA

CAFÉ E SEU PRINCIPAL COMPONENTE CAFEÍNA: UMA BREVE VISÃO SOBRE

OS MALEFÍCIOS E BENEFÍCIOS DE SEU USO, BEM COMO SEUS POSSÍVEIS

POTENCIAIS TÓXICOS E ANTIOXIDANTE.

ITAPETININGA-SP

2017

Page 2: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

YARA YANAÊ DE MELO DE MARIA

CAFÉ E SEU PRINCIPAL COMPONENTE CAFEÍNA: UMA BREVE VISÃO SOBRE

OS MALEFÍCIOS E BENEFÍCIOS DE SEU USO, BEM COMO SEUS POSSÍVEIS

POTENCIAIS TÓXICOS E ANTIOXIDANTE

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade Sudoeste Paulista de Itapetininga – FSP – ao curso de graduação em Biomedicina como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel de Biomedicina.

Orientadora: Prof. Ma. Lígia Maria Micai Gomide.

Co-orientadora: Prof. Dr. Bruna De Campos Ventura Camargo

ITAPETININGA-SP

2017

Page 3: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

DE MARIA, Yara Y. M.

Café e seu principal componente cafeína: uma breve visão sobre os malefícios e

benefícios de seu uso, bem como seus possíveis potenciais tóxicos e antioxidante /

Yara Yanaê De Melo De Maria - Itapetininga - SP, 2017. 46 p.

Trabalho de conclusão de curso - FSP - Faculdade Sudoeste Paulista – Curso de

Biomedicina

Orientadora: Ms. Lígia Maria Micai Gomide

Co-orientadora: Dra. Bruna De Campos Ventura Camargo

1. Cafeína 2. Café 3. Malefícios 4. Benefícios 5. Antioxidante

Page 4: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

YARA YANAÊ DE MELO DE MARIA

CAFÉ E SEU PRINCIPAL COMPONENTE CAFEÍNA: UMA BREVE VISÃO

SOBRE OS MALEFÍCIOS E BENEFÍCIOS DO SEU USO, BEM COMO SEUS

POSSÍVEIS POTENCIAIS TÓXICOS E ANTIOXIDANTE

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade Sudoeste Paulista de

Itapetininga – FSP – ao curso de graduação em Biomedicina como requisito parcial

para a obtenção do título de bacharel.

Orientadora: Prof. Ma. Lígia Maria Micai Gomide

Co-orientadora: Prof. Dra. Bruna De Campos Ventura Camargo

BANCA EXAMINADORA

________________________

Orientadora: Prof. Ms. Lígia Maria Micai Gomide

________________________

Prof. Ms. Diogo Mastrorocco Filho

_______________________

Prof. Dr. Renato Paschoal Prado

Itapetininga, 04 de dezembro de 2017.

Page 5: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

Aos pilares e conceitos mais importantes da minha vida: Meu ser superior, família e espiritualidade.

Á Deus e todas as forças superiores e universais.

A mim por todo o amor e dedicação.

Ao meu iluminado amigo Luiz Gasparetto, minha mãe Sara e meu

sobrinho João Vitor; Com muito carinho e imensurável

gratidão dedico-lhes esse trabalho, que possui um vasto valor em minha

carreira profissional. Agradecimentos

Page 6: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

Meu agradecimento especial só poderia ser a todas as forças universais e

espirituais superiores, a DEUS onisciente, onipresente e onipotente por acompanhar

cada minuto de minha trajetória, iluminar meus pensamentos e me servir como

inspiração para cada ideia surgida, escrita e colocada em prática.

A mim, por me manter em pé e não ter desistido, em meio aos obstáculos e

dificuldades vividas, pela paciência e cuidado.

À professora Mª. Lígia Maria Micai Gomide, minha especialíssima orientadora

pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa e acolhedora em

orientar e ajudar na confecção da monografia, dando-me muito incentivo e

inspiração referentes ao tema escolhido. Agradeço também pela amizade

construída.

Aos meus supervisores de estágio Dr. Adriana, Dr. Esvani, Dr. Samuel e Isac

por todo conhecimento obtido, toda ajuda e ensinamentos, tanto na vida profissional,

como também na minha vida pessoal.

À minha especialíssima professora de graduação e iniciação científica, minha

co-orentadora Dra. Bruna De Campos Ventura Camargo, por todo o aprendizado e

inspiração, pelo amor a pesquisa científica e pelo dom de aplicar a matéria de forma

clara e incentivadora.

Ao especialíssimo coordenador do curso de Biomedicina, Messias Miranda

Junior pela coragem, cuidado e dedicação em assumir a coordenação de nossa

turma e das demais, quando ninguém mais poderia assumir; à sua coragem e

determinação em defender sempre o curso com muita garra e sabedoria, trabalhar

para a valorização da Biomedicina e seu destaque, bem como ajudar no

encaminhamento de cada aluno e lutando por nós até o fim; por todos os trabalhos,

eventos e projetos de extensão desenvolvidos que refletiram muitas melhorias na

sociedade.

Sou muito grata também a todos os professores que fizeram parte de minha

graduação, tendo cada um deles um papel muito significativo para a minha

formação, em especial aos professores Thiago, Diogo, Paulo, Igor, Leonardo,

Vanessa e Aline, que são excelentes professores e realmente nasceram com o dom

de transmitir conhecimento, sempre da melhor maneira possível e muito didática.

Meu agradecimento especial vai para o meu tio Reinaldo por toda a confiança

e apoio em possibilitar as condições para que eu cursasse a Biomedicina.

Page 7: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

Agradeço, por fim, a todos os meus colegas de turma, turno e de faculdade,

particularmente aos meus amigos e amigas Erica, Adriana, Diego, Claudio, Lucas,

Gustavo, Vanessa, Beatriz e Caroline por todos os momentos compartilhados, as

alegrias e tristezas divididas e a amizade construída perante aos 4 anos de

graduação.

Agradeço ao diretor e a toda a equipe de secretários, administradores e

funcionários por trabalharem para o funcionamento correto da instituição e pela

amizade, responsabilidade e confiança.

Agradeço, por fim, mas não menos importante, à minha família, em especial a

minha mãe Sara, avó Isabel, Maria Inês, Cássia e ao meu pai Rinaldi por todo o

apoio e incentivo, ao meu irmão Rodrigo por me inspirar e ao meu sobrinho João

Vitor por todo carinho, amor e amizade que me serviram como sustentação e

estímulo para a realização deste trabalho.

Page 8: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

“...Para fazer um bom café, meu bem, como se faz lá no Brasil, precisa pôr tudo a ferver, meu bem, como se põe lá no Brasil. Precisa ter um bom café também, como se tem lá no Brasil. Tem de ser forte, como o bem que a gente tem pelo Brasil, Tem de ser doce, como o amor, que a gente tem pelo Brasil. Você, seu moço estrangeiro, só põe açúcar se quer, mas sendo um bom brasileiro, o seu café vai ser doce, como se fosse um carinho, de uma mulher que faz um bom café, lá no Brasil! Lá no Brasil!”

(Baden Powell/ Vinícius de Moraes)

Page 9: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

DE MARIA, M.Y.Y. Café e seu principal componente cafeína: Uma breve visão

sobre os malefícios e benefícios de seu uso, bem como seus possíveis potenciais

tóxicos e antioxidante. 46 f. Monografia (Graduação) – Faculdade Sudoeste Paulista,

Itapetininga, 2017.

RESUMO

Nas últimas décadas tem-se aumentado o número de indivíduos que fazem o uso de estimulantes como a cafeína, considerada o estimulante do sistema nervoso central mais utilizado mundialmente. O café (sua maior fonte) é uma bebida presente na tradição de diversos países, vide o Brasil, que possui inúmeros cafeeiros com plantações. O café é composto, além da cafeína, por outros compostos bioativos como os diterpenos cafestol e kahweol, os ácidos clorogênicos, além de derivados da torrefação como o metilglioxal. Com o intenso consumo do café e da cafeína, cresce cada vez mais a preocupação sobre seus efeitos no organismo humano. Existem descrições positivas e negativas sobre esses dois compostos, uma vez que estudos in vitro e in vivo já foram realizados e comprovaram efeitos muitas vezes antagônicos. Além do café, a cafeína está presente em diversos alimentos como em chás, chocolates, refrigerantes e energéticos. Estudos apontam que a cafeína é capaz de interferir no ciclo celular, no funcionamento e expressão gênica e ainda atuar como um potencializador de xenobióticos, pois sua estrutura química, similar ao ácido desoxirribonucleico (DNA), pode facilitar sua incorporação ao material genético. Em contrapartida, estudos mostram que ela pode atuar como antioxidante em algumas situações, possuindo também um efeito antimutagênico e bioprotetor. Detendo ação em praticamente todos os tecidos do organismo, ela é capaz de desenvolver tolerância, dependência e síndrome de abstinência, além de deter efeitos agudos e crônicos que precisam ser melhor estudados e relacionados a seu mecanismo de ação. Por ser considerada uma droga modelo de abuso, ser encontrada em diferentes matrizes alimentícias e ter seu consumo cada vez mais exacerbado, a cafeína, e o café (sua principal fonte) tem despertado cada vez mais a atenção da comunidade científica. Dessa forma, o objetivo geral deste trabalho foi expor, comparar e analisar os benefícios e malefícios da cafeína e do café no organismo humano, identificando e comparando os efeitos em outros organismos e sistemas teste, bem como os fatores determinantes de quando as substâncias são consideradas prejudiciais ou benéficas e quais subgrupos não devem realizar a ingestão. Para a realização deste trabalho de revisão, foram utilizados dados obtidos em plataformas eletrônicas, livros e artigos que realizaram estudos in vitro e in vivo. A partir dos dados analisados, foi possível concluir que os efeitos dessa substância variam muito de organismo para organismo, dependendo também das dosagens administradas.

Palavras-chave: Cafeína. Café. Malefícios. Benefícios. Antioxidante.

Page 10: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

DE MARIA, M.Y.Y. Coffee and its main component caffeine: A brief overview on the harms and benefits of its use, as well as its possible toxic potential and antioxidant. 46 pages. Monograph (Graduation) - Faculdade Sudoeste Paulista, Itapetininga, 2017.

ABSTRACT

In the last decades, the number of individuals who use stimulants such as caffeine, considered central nervous system stimulant most used worldwide, has increased. Coffee (its main source) is a drink present in the tradition of several countries, like Brazil, which has innumerable coffee plantations. Coffee is composed, in addition to caffeine, by other bioactive compounds such as cafestol and kahweol diterpenes, chlorogenic acids, as well as roasting derivatives such as methylglyoxal. It is known that with this intense consumption of coffee and caffeine, the concern about its consumption is growing more and more, as there are many controversies about their effects. There are positive and negative descriptions of these two compounds, since in vitro and in vivo studies have already been performed and have proved to be very antagonistic. In addition to coffee, caffeine is present in various foods such as teas, chocolates, soft drinks and energetics. Studies have shown that caffeine is capable of interfering with cell cycle, gene function and expression, and may act as a potentiator of xenobiotics, since its chemical structure, similar to deoxyribonucleic acid (DNA), may facilitate its incorporation into genetic material. Other studies also shown that it may act as an antioxidant in some situations, also having an antimutagenic and bioprotective effect. By presenting action in all tissues of the body, it is able to develop tolerance, dependence and withdrawal syndrome, as well as detain acute and chronic effects that need to be better studied and related to its mechanism of action. Because it is considered a model drug of abuse, found in different food matrices and consumed more and more exacerbated, caffeine and coffee (its main source) has increasingly attracted the attention of the scientific community. Therefore, the general objective of this work was through a bibliographical review, exposing, comparing and analyzing the benefits and harms of caffeine and coffee in the human organism, identifying and comparing the effects on other organisms and test systems, as well as determining factors when the substances are considered detrimental or beneficial and which subgroups should not perform intake need to control it. The methodology used was research on electronic platforms, data taken from books and studies in vitro and in vivo. From the analyzed data, it was possible to conclude that the effects of this substance varies greatly from organism to organism, depending also on the administered doses.

Keywords: Caffeine. Coffee. Malfunctions. Benefits. Antioxidant.

Page 11: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Histograma do número de colônias de células tumorais MDA-MB-231, HL-

60 E HT-29, após a exposição a diferentes concentrações de Kahweol...................21

Figura 2 - Microscopia invertida de contraste de fase de colônias tratadas com

Kahweol a 25 microlitros e não tratadas (controle)....................................................22

Figura 3 - Efeitos comportamentais em ratos, induzidos pela cafeína.......................27

Figura 4 - Estrutura molecular da cafeína, teofilina e teobromina..............................28

Figura 5 - Estrutura molecular da cafeína e adenosina..............................................29

Figura 6 - Gráfico dos principais mecanismos de ação da cafeína............................30

Figura 7 - Secções transversais da cabeça e tronco de embriões tratados com

solução salina (controle) (A), cafeína a 0,5 mg/ml (B), 1,0 mg/ml (C), e 1,5 mg/ml

(D)...............................................................................................................................32

Figura 8 - Supressão da proliferação e diferenciação neuronal induzida pela cafeína.

A-D (Padrão de expressão de neurofilamento de tubo neural de desenvolvimento

normal em A e secções transversais de embriões em microscopia de campo

brilhante B, fluorescência C e mesclagem D). E-H (microscopia de células cerebrais

de embriões tratados com diferentes concentrações de cafeína, I (gráfico do número

de neurônios em função da administração de diferentes concentrações de cafeína),

J (gráfico do comprimento de neurônios em função a exposição a diferentes

concentrações de cafeína) ........................................................................................33

Figura 9 - Depósitos basofílicos no interior de folículos pilosos/ fotomicroscopia dos

filhotes de ratas tratadas com 25 mg/kg (A). Depósito de cálcio no interior do folículo

piloso (B)....................................................................................................................34

Figura 10 - Efeitos da cafeína na expressão gênica de Nrli3 e Cyp2b10, onde no

primeiro P= <0,05 entre os grupos controle e cafeína, e no segundo P= <0,01........35

Figura 11 - Quantidade de Alanina aminotransferase (ALT) em microlitros, no soro

de ratos do grupo controle e cafeína, após administração de TCPOBOP.................35

Figura 12 - Proliferação dos hepatócitos após a administração aguda de TCPOBOP

nos grupos controles e tratados com cafeína (A, B, C). Quantificação representativa

de comunicações intercelulares juncionais GAP (C, D, E) ........................................36

Page 12: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Consumo mundial de café em mil sacas..................................................17

Tabela 2 - Conteúdo nutricional do café em pó torrado, em 100 g............................20

Tabela 3 - Conteúdo de cafeína (mg) no café, chá, chocolate, energético e

refrigerante.................................................................................................................25

Tabela 4 - Distribuição das lesões cutâneas quanto a intensidade nas ratas

progenitoras................................................................................................................33

Tabela 5 - Distribuição das lesões cutâneas quanto a intensidade nas proles

(filhotes)..................................................................................................................... .34

Page 13: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

LISTA DE SIGLAS

OMS - Organização mundial da saúde

SNC - Sistema nervoso central

ANVISA - Agência nacional de vigilância sanitária

GABA - Ácido gama amino butírico

AMPC - Monofosfato de adenosina cíclico

COI - Comitê olímpico internacional

DNT - Defeitos no tubo neural

NR1I3 - Androstano consititutivo

GGT- Gama glutamiltransferase

ALT, TGP - Alanina aminotransferase

TCPOBOP - (1,4-bis- [2- (3,5-dicloropiridiloxi))] benzeno, 3,3 ', 5,5'-tetracloro-1,4-bis

(piridiloxi) benzeno)

ACTH - Hormônio adenocorticotrófico

CAGR - Taxa anual de crescimento composto

Page 14: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 17

2.1 História do café, consumo, exportação e importação ................................... 17

2.2 Café e seus componentes ............................................................................... 19

2.2.1 Kahweol .......................................................................................................... 20

2.2.3 Cafestol ........................................................................................................... 22

2.2.4 Ácidos clorogênicos ........................................................................................ 23

2.3 Cafeína .............................................................................................................. 23

2.3.1 Fontes da cafeína ........................................................................................... 24

2.3.2 Efeitos da cafeína no organismo humano ....................................................... 25

2.3.3 Tolerância e dependência da cafeína .............................................................. 26

2.3.4 Absorção, metabolização e excreção da cafeína ............................................ 27

2.3.5 Mecanismos de ação da cafeína ..................................................................... 28

2.3.6 Cafeína como recurso ergogênico................................................................... 30

2.4 Efeitos nocivos da cafeína .............................................................................. 31

2.5 Efeitos benéficos do café e da cafeína ........................................................... 38

3 METODOLOGIA ................................................................................................... 40

4 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 41

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 43

Page 15: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

14

1 INTRODUÇÃO

A cafeína é considerada o estimulante mais utilizado no mundo e seu

consumo tem aumentado nas últimas décadas (STRAIN & GRIFFITHS, 2000;

FOCCHI, 2001; CARVALHO et al, 2006; WELTER, 2011; TAVARES & SAKATA,

2012). Os estimulantes são substâncias psicoativas eficientes em modificar a

fisiologia do organismo e são usados principalmente por desportistas e indivíduos

que desejam aumentar a resistência física, ter uma maior concentração, evitar o

sono e aumentar a sensação de bem-estar (CARVALHO et al, 2006). De acordo

com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cafeína está inclusa na lista de

estimulantes do sistema nervoso central (SNC) como a cocaína, nicotina e

anfetaminas, além de possuir uso superior ao do álcool e da nicotina juntos

(GUERRA et al, 2000; STRAIN & GRIFFITHS, 2000; FOCCHI, 2001).

A cafeína está presente em diversos alimentos como em chás, chocolates,

refrigerantes e energéticos, mas sua principal fonte é o café (ALTIMARI et al, 2001).

De acordo com Oliveira et al (2014), o café é um alimento muito consumido pelos

brasileiros e é uma das bebidas mais apreciadas e consumidas no mundo devido as

suas propriedades organolépticas e seu efeito estimulante induzido pela cafeína.

Para Monteiro & Trugo (2005), o sabor e aroma do café são decorrentes de uma

substância específica, a trigolina, que através da formação de compostos como

piridinas e N-metilpirrol, advindas de seus processos de torra, lhe dão características

aromáticas e gustativas que são apreciadas por seus consumidores.

O café apresenta, além da cafeína, outros compostos como os diterpenos

cafestol e kahweol e ácidos clorogênicos, que estão relacionados a arritmias

cardíacas, aumento da pressão arterial e dislipidemias (LIMA et al, 2010;

LANCASTER et al, 1994; HIGDON & FREI, 2006). Foi observada uma atividade

genotóxica provocada por alguns de seus componentes, como o metilglioxal,

peróxido de oxigênio e dicarbonos alifáticos advindos do processo de torrefação,

além de compostos fenólicos, derivados de auto oxidação (OLIVEIRA et al, 2014).

Estudos que utilizaram o teste de ames e linfócitos humanos os quais foram

realizados com o café demonstraram incidência de mutações (AESCHBACHER et

al, 1980).

A cafeína (um dos principais componentes do café) é uma substância

cristalina, branca, com pH básico, pertencente ao grupo dos alcalóides

Page 16: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

15

nitrogenados, aos quais a cocaína, atropina, efedrina, morfina e nicotina também

fazem parte (BORTULINI et al, 2010; WELTER, 2011; ZHENG-LAI et al, 2012).

Também conhecida como (1,3,7-trimetilxantina), a cafeína é proveniente da

xantina, composto o qual também derivam a teofilina (1,3-dimetilxantina) e a

teobromina (3,7dimetilxantina) que, segundo Altimari et al (2006), diferem por seus

níveis de influência no sistema nervoso central (SNC).

O principal mecanismo de ação da cafeína é através da inibição competitiva

dos receptores de adenosina, visto que esse neurotransmissor quando se liga aos

seus receptores A1 e A2a provoca a inibição da produção e da neurotransmissão da

dopamina (TAVARES & SAKATA, 2012; JAMES, 1997; FOCCHI, 2001), dessa

forma a cafeína agindo como antagonista a esses receptores de adenosina, pode

causar um aumento da ligação de neurotransmissores e receptores dopaminérgicos,

o que parece ser um fator determinante elucidativo parcial para seu potencial de

abuso de acordo com Focchi (2001), pois o autor expõe que para a cocaína,

também estimulante do SNC, foi esse o mecanismo o qual esclareceu a capacidade

da imoderação de sua ingestão (FOCCHI, 2001).

A cafeína atravessa as barreiras biológicas e pode ainda ser secretada no

leite materno, sêmen e saliva e através de seu mecanismo de ação pode provocar

efeitos como a liberação de secreções gástricas, elevação da pressão arterial,

aumento da liberação de adrenalina e aumento da quebra de gordura

(ANNUNCIATO et al, 2009; TAVARES & SAKATA, 2012).

De acordo com James (1997) e Focchi (2001), cerca de 80% da população

realiza a ingestão de cafeína diariamente, porém, por serem variadas as fontes

dessa substância, torna-se difícil quantificar o seu uso. Essa utilização tem crescido

cada vez mais em diversos nichos, como em adolescentes, presidiários, pacientes

psiquiátricos e esportistas, o que vem gerando grande atenção dos cientistas e

abrindo campo para uma diversidade de estudos, que relacionam os efeitos nocivos

e potenciais de abuso da cafeína ao aumento do risco de cardiopatias e neoplasias

gastrointestinais, além de complicações nas gestações como abortos,

potencialização de teratógenos e diminuição do peso fetal (JAMES, 1997; FOCCHI,

2001).

Muitas revisões descrevem a cafeína e o café (sua principal fonte), como

sendo capazes de trazer malefícios para a saúde humana, uma vez que tem sido

demonstrado possíveis potenciais citotóxicos, genotóxicos e até mutagênicos. Em

Page 17: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

16

contrapartida, outros estudos expõem a cafeína e o café como importantes,

contendo um papel antioxidante, bioprotetor e antimutagênico, dando-nos muitas

vezes dados contraditórios.

Com isso, surge a situação problema como linha norteadora deste trabalho

onde há a dualidade de pensamento entre alguns autores sobre os benefícios ou

malefícios do café, pretendendo-se chegar a uma conclusão para estes vieses.

O objetivo geral deste trabalho é expor, comparar e analisar os benefícios e

malefícios da cafeína e do café (sua principal fonte) no organismo humano, bem

como os fatores determinantes de quanto estes são considerados prejudiciais ou

benéficos. Mais especificamente identificar os fatores que determinam quando a

cafeína e o café agem de forma positiva ou negativa nos organismos testes;

comparar testes de toxicidade em diferentes organismos e as diferentes doses e

concentrações testadas; identificar os subgrupos populacionais que não devem

realizar a ingestão de café e cafeína, ou deter um maior controle de ingestão.

Expor os malefícios que a ingestão de cafeína em excesso é capaz de causar

pode contribuir para um maior controle do uso, visto que esta é considerada o

estimulante mais utilizado no mundo. Em conjunto a isso é de suma importância

seus usuários conhecerem as vantagens e desvantagens de seu consumo e

também suas fontes, além das comparações de dados sobre as doses prejudiciais,

não prejudiciais e até mesmo protetoras, para uma maior segurança de ingestão

para a população.

A partir desta introdução, o capítulo 2 abordará sobre os aspectos gerais do

café, seus principais compostos (com um enfoque na substância cafeína), seus

principais usos, seus benefícios e malefícios, bem como análises de estudos in vitro

e in vivo sobre as substâncias citadas, demonstrando no capítulo 3 a metodologia

utilizada para a realização da monografia, para no capítulo 4 concluirmos os

principais pontos sobre os assuntos em questão.

Page 18: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 História do café, consumo, exportação e importação

Há relatos do consumo do café há muito tempo atrás pelos chineses, já no

século IV a.C. Em meados do século XVIII, sua utilização dava-se principalmente na

região ocidental, entretanto, atualmente, por ser crucial para algumas economias,

esse consumo possui ampla distribuição pelo mundo (ZHENG-LAI et al, 2012).

As espécies de café mais conhecidas e comercializadas são a Coffea arábica

e a Coffea canéfora, uma vez que a ocupação agrícola destas, estão dispostas em

76% e 26% respectivamente, nas plantações do Brasil (MONTEIRO & TRUGO,

2005).

De acordo com a (OIC) Organização internacional do café (2012-2014), a

tabela 1 expressa os dados do café, referentes ao consumo mundial, exportação,

importação e a taxa do crescimento anual composto (CAGR), em mil sacas.

Tabela 1: Consumo mundial de café em mil sacas

2012/13 2013/14 2014/15 2015/16 CAGR (2012/13 2015/16)

Consumo total mundial 146 964 149 022 151 758 155 469 1.9%

África 10 470 10 597 10 754 10 794 1.0%

Ásia e Oceania 29 445 30 701 32 550 33 611 4.5%

América Central e México 5 200 5 156 5 235 5 306 0.7%

Europa 50 028 50 179 50 912 51 590 1.0%

América do Norte 26 778 27 706 27 359 28 931 2.6%

América do Sul 25 042 24 682 24 949 25 237 0.3%

Países exportadores

(Colheita por ano) 45 315 46 109 47 245 48 244 2.1%

Brasil 20 330 20 085 20 333 20 500 0.3%

Indonésia 3 900 4 167 4 333 4 500 4.9%

Etiópia 3 400 3 650 3 675 3 700 2.9%

Filipinas 2 325 2 550 2 800 3 000 8.9%

México 2 354 2 354 2 354 2 354 0.0%

Vietnam 1 825 2 000 2 200 2 300 8.0%

Índia 2 000 2 100 2 200 2 250 4.0%

Colômbia 1 441 1 469 1 505 1 672 5.1%

Venezuela 1 650 1 650 1 650 1 650 0.0%

Tailândia 1 130 1 200 1 250 1 300 4.8%

Cont.

Page 19: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

18

Cont.

Costa Rica

423

335

381

436

1.0%

Guatemala 360 370 380 390 2.7%

Republica Dominicana 378 383 388 388 0.9%

Madagascar 430 410 390 370 -4.9%

Honduras 345 345 345 345 0.0%

Haiti 340 340 340 340 0.0%

Costa do Marfim 317 317 317 317 0.0%

El Salvador 277 275 280 285 1.0%

Peru 250 250 250 250 0.0%

Uganda 216 221 229 234 2.7%

Outros 1 624 1 638 1 645 1 664 0.8%

Países importadores de café

no ano (outubro/setembro)

101 649 102 913 104 513 107 225 1.8%

União Europeia 41 662 41 458 42 429 42 604 0.7%

USA 23 268 23 901 23 743 25 336 2.9%

Japão 7 353 7 501 7 594 7 790 1.9%

Federação Russa 3 521 3 948 3 846 4 303 6.9%

Canada 3 510 3 805 3 616 3 595 0.8%

Argélia 2 123 2 147 2 158 2 282 2.4%

Coreia do Norte 1 748 1 873 1 963 2 161 7.3%

Austrália 1 564 1 543 1 713 1 720 3.2%

Arábia Saudita 1 256 1 320 1 566 1 566 7.6%

Ucrânia 1 313 1 246 1 106 1 124 -5.1%

Turquia 821 892 1 078 1 106 10.5%

Suíça 1 054 1 011 1 052 1 069 0.5%

Noruega 730 764 765 774 1.9%

Sudão 700 716 618 618 -4.1%

Israel 582 583 603 597 0.9%

Taiwan 462 505 556 591 8.5%

Marrocos 634 568 573 582 -2.9%

Egito 658 529 564 564 -5.0%

África do Sul 496 517 574 557 4.0%

Argentina 789 619 610 546 -11.5%

Outros 7 405 7 468 7 785 7 740 1.5%

Fonte: Organização Internacional do Café, 2017, traduzido pelo autor.

De acordo com a tabela 1, o Brasil é o maior exportador de café, seguido pela

Indonésia, com cerca de 16.430.000 sacas de diferença de exportação entre os dois

países no período de 2012/2013, e cerca de 16.000.000 no período de 2015/1016.

Page 20: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

19

Entretanto, a CAGR mostrou-se apenas 0.3% no Brasil e 4.9% na Indonésia de 2012

a 2015. Nas Filipinas, encontrou-se a maior taxa de crescimento anual, cerca de

8.9%, visto que em Madagascar observou-se uma queda de 4.9% na exportação.

O maior importador de café em 2015 foi a União Europeia, com cerca de

42.604.000 sacas importadas, seguido dos Estados Unidos da América (USA) com

cerca de 25.336.000, tendo em vista também que na Turquia observou-se a maior

taxa de crescimento anual da importação, cerca de 10.5%; e nos países como

Ucrânia, Sudão, Marrocos, Egito e Argentina observou-se uma queda na importação

de 5.1%, 4.1%, 2.9%, 5.0%, 2.5%, respectivamente.

Com relação ao consumo mundial do café, de acordo com a tabela 1, a África

encontra-se no topo, seguida da Ásia e Oceania com cerca de 10.794.000 e

33.611.000 de sacas consumidas, respectivamente. Nota-se que a CAGR referente

ao crescimento anual do consumo mundial do café de 2012 a 2015 foi de 1.9%, visto

que a Ásia e Oceania foram os países onde essa taxa mais cresceu, cerca de 4.5%

nesse mesmo período.

2.2 Café e seus componentes

Os fatores que influenciam a composição química dos grãos são

principalmente as variações entre as espécies e a forma como o café é preparado,

no entanto, para Lima et al (2010), determinantes como genética, época de colheita,

sistema de plantio, conservação, armazenamento e torrefação podem também

interferir, influenciando principalmente em diferenças de sabor e aroma (MONTEIRO

& TRUGO, 2005; LIMA et al, 2010).

Reações químicas de Maillard, Strecker, pirólise e oxidações, dão origem a

uma série de compostos voláteis, sendo que mais de 800 compostos presentes no

café já foram identificados pela literatura, esses compostos (aldeídos, cetonas,

éteres, ésteres, ácidos carboxílicos, anidridos, compostos sulfurados e álcoois) são

derivados de processos pelos quais o grão do café passa (LIMA et al, 2010). A

tabela 2 ilustra a composição nutricional do pó do grão de café moído e torrado.

Page 21: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

20

Tabela 2: Conteúdo nutricional do café em pó torrado, em 100 g

Fonte: Adaptado do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Alimentação, 2006.

Além de sua composição nutricional, o café também contém compostos

bioativos como a cafeína, o kahweol, o cafestol e os ácidos clorogênicos,

relacionados a inúmeros mecanismos de ação e até a algumas patologias humanas

(LIMA et al, 2010). De acordo com Lima et al (2010), Kolling-speer (2006) e Jee et al

(2001), o cafestol e kahweol são diterpenos de essência lipídica que estão dispostos

no café de forma esterificada e livre, sendo os mais abundantes no café, além de

possuírem propriedades hiperlipemiantes sobre o colesterol sérico.

2.2.1 Kahweol

Cárdenas et al (2014), relatam que o kahweol (1,2-didesidrocafestol) é o

diterpeno presente em maior quantidade em cafés solúveis e seus efeitos protetores

são descritos como anti-oxidantes, anti-inflamatórios, anti-tumorais e

quimioprotetores. Segundo o autor, estudos comprovam que o kahweol induz o

aumento das enzimas alanina aminotransferase (ALT) e gama glutamiltransferase

(GGT), protegendo o organismo contra o estresse oxidativo causado pelo peróxido

de hidrogênio e induzindo a heme oxigenase-1 a controlar os níveis de oxigênio

reativo dentro das células. A supressão da cicloxigenase-2 dos macrófagos e a

indução da expressão de oxido nítrico sintetase explicam seus efeitos anti-

inflamatórios.

Nutrientes Quantidade

Proteína 15 g

Carboidrato 66 g

Lipídeos 12 g

Cálcio 107 mg

Magnésio 165 mg

Ferro 8,1 mg

Sódio 1 mg

Potássio 1609 mg

Cobre 1,3 mg

Zinco 0,5 mg

Fósforo 169 mg

Page 22: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

21

O estudo de Cárdenas et al (2014), com diferentes linhagens de células de

leucemia HL-60 humana transformada, do adenocarcinoma de cólon HT-29, do

fibrossarcoma HT-1080, do hepatoma de HeG2 e células do carcinoma de mama

MDA-MB-231 demonstra uma indução da via intrínseca da apoptose e efeitos anti-

proliferativos como mostra a figura 1. De acordo com os histogramas da figura 1,

houve a inibição da clonogenicidade das células tumorais de HL-60, HT-29 e MDA-

MB-231 sobre diferentes concentrações de kahweol, visto que o efeito mais potente

observado da substância foi na concentração de 25 microlitros sobre as células do

carcinoma de mama MDA-MB-231, demonstrado na figura 2, pelas colônias teste e

controle, observadas no microscópio invertido de contraste, sobre o aumento de 100

vezes.

Figura 1 - Histograma do número de colônias de células tumorais MDA-MB-231, HL-60 e HT-29,

após a exposição a diferentes concentrações de Kahweol.

Fonte: CÁRDENAS, 2014, p. 453

Os histogramas da figura 1 identificam o número de colônias de diferentes

linhagens de células tumorais, pela quantidade de Kahweol em microlitros, que as

células foram expostas, houveram efeitos significativos nos histogramas de HL-60 e

HT-29, entretanto pode-se observar uma maior inibição do crescimento das colônias

em MDA-MB-231, o qual foi submetida também, segundo a figura 2, a análise de

microscopia de contraste de fase, comprovando o potencial do efeito observado do

Kahweol.

Page 23: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

22

Figura 2 - Microscopia invertida de contraste de fase de colônias tratadas com Kahweol a 25

microlitros e não tratadas (controle).

Fonte: CÁRDENAS, 2014, P. 453

Como observado na figura 2, a microscopia de contraste de fase permitiu

observar que o Kahweol a 25 microlitros, foi capaz de impedir significativamente os

efeitos proliferativos das colônias de células tumorais MD-MB-231 (CÁRDENAS et

al, 2014).

2.2.3 Cafestol

O cafestol é um outro diterpeno encontrado no café, seu efeito sobre o

organismo parece estar relacionado ao aumento das lipoproteínas LDL em 80% e

VLDL em 20%, tendo então uma característica hiperlipemiante (LIMA et al, 2010).

Os mecanismos pelos quais isso ocorre estão dispostos através de uma série

de eventos em cascata onde há a inibição de cofatores e enzimas importantes para

a metabolização e esterificação do colesterol, disponibilizando colesterol livre para

as células hepáticas o que contribui para a diminuição de outras enzimas e

supressão de receptores, influenciando indiretamente não só no aumento do LDL e

VLDL sérico, mas também na diminuição de HDL circulante, havendo também

indícios de que essa substância interfere nos níveis de triglicerídeos e pode atuar

diferentemente no metabolismo de outras células como linhagens de células de

adenoma do cólon humano, fibroblastos de pele humana, linhagens de células de

hepatoma humano e hepatócito de ratos. Apesar desses dados, sabe-se que o que

se predomina sobre o cafestol é sua forte relação com a síntese e degradação de

Page 24: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

23

lipoproteínas humanas, todavia, são necessários mais estudos comprobatórios (DE

ROOS & KATAN., 1999).

2.2.4 Ácidos clorogênicos

Segundo Farah & Donangelo (2006) e Lima et al (2010), grande parte da

atividade antioxidante do café está relacionada aos ácidos fenólicos não flavonoides

presentes em sua composição, principalmente os ácidos clorogênicos. O ácido

caféico é o que possui maior poder antioxidante, devido a suas duas hidroxilas nas

posições 3 e 4 de sua molécula. Os ácidos clorogênicos são derivados de reações

de esterificação entre o ácido quínico e o ácido hidrocinâmico e sua concentração no

produto varia de 70 a 550 mg de ácido clorogênico por xícara de café, de 200 ml

(LIMA et al, 2010).

Estudos in vitro em microssomas, eritrócitos e monócitos, comprovaram

significativamente a inibição de peroxidação lipídica pelo ácido caféico (SILVA et al

2007, LIMA et al, 2010). Estudos in vivo mostraram que o ácido caféico apresenta

atividade antioxidante, mesmo após 2 horas de ingestão de café, aumentando em

16% os níveis de glutationa após a ingestão de 5 xícaras por dia (BONITA et al,

2007; DOREA & COSTA, 2005; LIMA et al, 2010).

2.3 Cafeína

A cafeína foi isolada pela primeira vez em 1820, entretanto, sua estrutura

precisa veio à tona somente no século XIX, e em 1981, seu mecanismo de ação a

nível celular foi conhecido, o que confirmou suas características estimulantes

(TAVARES & SAKATA, 2012).

A cafeína é encontrada no café, em chás, na erva mate, no guaraná, no

chocolate, em refrigerantes e em medicamentos (OLIVEIRA et al, 2014). Extraída de

fontes vegetais, é um dos principais constituintes de bebidas estimulantes como

energéticos, visto que a concentração máxima regulamentada pela ANVISA

(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de cafeína por lata, é de 350 mg

(WELTER, 2011). Porém, foi observado que a produção de alguns energéticos não

cumpre essa regulamentação e algumas bebidas que contém cafeína não possuem

nem limite indicativo de quantidade para a mesma (BORTULINI et al, 2010).

Page 25: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

24

A cafeína possui efeitos inotrópicos, taquicardizantes, broncodilatadores e

estimulante de secreções gástricas (GUERRA et al, 2000). A preocupação com o

uso da cafeína teve início na década de 70, quando alguns estudos mostraram que

esse composto poderia ser responsável pela diminuição do peso ao nascer,

indicando assim que gestantes devessem interromper a ingestão de bebidas que

continham cafeína em sua composição (SOUZA et al, 2005). Dos fármacos que

estão no mercado, cerca de 2000 contém cafeína em sua composição e 25 deles

podem ser usados durante a gravidez (SOUZA et al, 2005).

2.3.1 Fontes da cafeína

Segundo Altimari et al (2001), é possível encontrar a cafeína em diversos

produtos, conforme destacado na tabela 3. O café de máquina contém de 110 a 150

mg/ml de cafeína, enquanto que o de coador de 64 a 124 mg/ml, o instantâneo de

40 a 108 mg/ml e o instantâneo descafeinado possui de 2 a 5 mg/ml. Com relação

aos chás a granel ou em saquinho, chá instantâneo e chá gelado, as concentrações

dessa xantina em cada um são de 20 a 50 mg/ml, 10 a 28 mg/ml e 22 a 36 mg/ml,

respectivamente. No chocolate ao leite e chocolate de confeiteiro há 6 mg/g e 35

mg/g, respectivamente. Nos refrigerantes coca-cola, diet coke, pepsi cola, diet pepsi,

pepsi light, melo yello de 350 ml as respectivas concentrações de cafeína

encontradas são de 46 mg/ml, 46 mg/ml, 38.4 mg/ml, 36mg/ml, 36mg/ml e 36 mg/ml.

Para os energéticos, como o flash power, flying horse, dynamite, red bull, on line e

blue energy xtreme de 250 ml, há 80mg/ml de cafeína.

Page 26: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

25

Tabela 3: Conteúdo de cafeína (mg) no café, chá, chocolate, energético e refrigerante

Fonte: Adaptado de ALTIMARI, 2001.

2.3.2 Efeitos da cafeína no organismo humano

Segundo De Maria et al (2007), dentre os principais efeitos da cafeína no

organismo estão as ações sobre o SNC, sobre o sistema cardiovascular e sobre a

homeostase de cálcio. Além disso, a cafeína também provoca aceleração do

metabolismo e o aumento da liberação de catecolaminas (ALTERMANN & DIAS,

2008). Sabe-se que a cafeína é capaz de reduzir a fadiga e aumentar o desempenho

em atividades que exigem maior vigilância, podendo também, reduzir o controle

motor, afetar as propriedades do sono, exacerbar quadros de irritabilidade em

indivíduos ansiosos e atuar na elevação da pressão arterial (DE MARIA et al, 2007).

Ainda, foi observado que essa substância é capaz de levar ao aumento da massa

muscular esquelética, e da liberação e atuação de alguns hormônios (ALTERMANN

& DIAS, 2008).

A cafeína possui a capacidade de aumentar a contratilidade do coração e

elevar o estado de alerta, atuando também na diurese, estimulando a eliminação de

Produto Quantidade de cafeínaQuantidade de cafeína (mg)

Café (Xícara de 150 ml)

De máquina 110-150

De coador 64-124

Instantâneo 40-108

Instantâneo/ descafeinado 2-5

Chá (Xícara de 150 ml) (ml)

A granel ou saquinho (infusão de 3 minutos) 20-50

Chá gelado (350 ml) 22-36

Chá instantâneo 10-28

Chocolate (28 g)

Ao leite 6 mg

De confeiteiro 35 mg

Energético (250 ml)

Flash power 80 mg

Flying horse 80 mg

Dynamite 80 mg

Red bull 80 mg

On line 80 mg

Blue energy Xtreme 80 mg

Refrigerantes (350 ml)

Coca-cola 46 mg

Diet-coke 46 mg

Pepsi-cola 38,4 mg

Diet-pepsi 36 mg

Pepsi-light 36 mg

Melo Yello 36 mg

Page 27: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

26

íons pela urina, aumentando os glomérulos em funcionamento e o fluxo sanguíneo

renal, ao elevar o gasto cardíaco (GUERRA et al, 2000; BORTULINI et al, 2010). O

aumento da respiração, induzido pela broncodilatação e a estimulação de secreção

gástrica também são relatados, juntamente com a ativação do sistema

dopaminérgico (GUERRA et al, 2000; BORTULINI, 2010).

Tavares e Sakata (2012), afirmam que a cafeína é um estimulante que

também eleva a sensibilidade bulbar ao dióxido de carbono, estimula o impulso

respiratório central e aumenta a contração do músculo esquelético e diafragma. Há

relatos, ainda, de que a cafeína também pode atuar nos sistemas de serotonina

(CARVALHO et al, 2006).

2.3.3 Tolerância e dependência da cafeína

A tolerância a uma substância, se mostra quando há a necessidade de uma

ingestão cada vez maior da mesma, para a obtenção dos mesmos efeitos, obtidos

nas primeiras ingestões, sem que haja ainda uma dependência química ou física da

droga, visto que a tolerância é um sinal para a dependência, quando um indivíduo

começa a desenvolve-la, deve atentar-se para o desenvolvimento de uma

dependência futura. Nessa perspectiva, são considerados consumidores moderados

de cafeína os que fazem a ingestão de 128 e 595 mg desta substância por dia,

enquanto que os grandes consumidores são os que ingerem de 1.020 a 1.035

mg/dia (TAVARES & SAKATA, 2012). Com as ações da cafeína variando de pessoa

para pessoa, mostra-se que sua habituação ocorre a partir da ingestão crônica de

100mg/dia (uma a duas xícaras de café) (ALTERMANN & DIAS, 2008).

Os relatos de dependência por indivíduos que fazem o uso da cafeína podem

ser explicados pelos mesmos mecanismos de ação que causam dependência no

caso da cocaína, pois em ambos os casos, há um estímulo no sistema

dopaminérgico (FOCCHI, 2001).

A administração aguda da cafeína em dose elevada pode provocar insônia,

inquietação, ansiedade, confusão mental, palpitações, vertigem, cefaleia, transtornos

visuais e auditivos (GUERRA et al, 2000), enquanto que seu uso crônico está

associado a sintomas como miopatia, hipocalemia, náuseas, vômitos, diarreia e

redução de peso, atentando-se para o ponto de que os efeitos agudos diferem muito

dos crônicos (TAVARES & SAKATA, 2012).

Page 28: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

27

No gráfico da figura 3 estão dispostos os efeitos comportamentais induzidos

pela cafeína em ratos, de acordo com Frehdolm et al, (1999).

Figura 3 - Efeitos comportamentais em ratos, induzidos pela cafeína.

Fonte: FREHDOLM, 1999, P. 97

Como visto na figura 3, os efeitos agudos da administração de cafeína em

ratos influenciam fortemente, dependendo da dose administrada, no

comportamento e atividade motora, em comportamentos de rotação, na locomoção

ligada ao receptor A2A e nas preferências e aversão por lugares, visto que para o

último parâmetro de comportamento ocorre um pico de resposta máxima com

apenas 3 mg/kg de cafeína.

2.3.4 Absorção, metabolização e excreção da cafeína

A absorção da cafeína é rápida e sua distribuição dirige-se pela corrente

sanguínea, onde possui 100% de biodisponibilidade (ALTIMARI et al, 2001). A

metabolização da cafeína ocorre principalmente no fígado, por influência do

citocrômo P450, gerando os metabólitos ativos teofilina e teobromina observados na

figura 4, que provocam efeitos semelhantes aos da cafeína no SNC (ALTIMARI et al,

2006; TAVARES & SAKATA, 2012).

Page 29: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

28

Figura 4 - Estrutura molecular da cafeína, teofilina e teobromina.

Fonte: ALTIMARI, 2006, p.19

A cafeína possui alta solubilidade em água e solventes orgânicos, e sua

complexação a albumina é de 10 a 35%, visto que seu volume de distribuição é de

0,6-0,7 L.kg,-1 podendo atingir elevadas concentrações em todo organismo, pois é

capaz de ultrapassar as membranas biológicas como placenta e barreira

hematoencefálica (ANNUNCIATO et al, 2008; TAVARES & SAKATA, 2012).

Tavares e Sakata (2012), relatam a existência de um fator genético comum

para os indivíduos que consomem muito café. Esse fator genético está relacionado a

polimorfismos presentes no gene da CYP1A2 de metabolizadores lentos de cafeína,

visto que estes mesmos indivíduos possuem maiores possibilidades de infartos do

miocárdio.

A excreção da cafeína ocorre pela urina, após sua transformação em

compostos mais polares e somente cerca de 0,5 a 3% da cafeína é excretada sem

ser metabolizada, entretanto sua detecção na urina é possível e simples. Essa

substância pode também ser secretada no sêmen, leite materno e saliva (TAVARES

& SAKATA, 2012).

2.3.5 Mecanismos de ação da cafeína

Os efeitos biológicos da cafeína estão diretamente relacionados aos seus

locais de ação, sendo os principais, os receptores de adenosina, receptores de ácido

gama-aminobutírico (GABA), as fosfodiesterases e os canais de cálcio (TAVARES &

SAKATA, 2012)

Page 30: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

29

A cafeína é conhecida por reduzir a comunicação de adenosina no encéfalo,

uma vez que suas estruturas moleculares são semelhantes, como demonstrado na

figura 5, fazendo com que a cafeína funcione como substância competitiva da

adenosina, interagindo com seus receptores (SANTOS, 2013).

Figura 5 - Estrutura molecular da cafeína e adenosina.

Fonte: SANTOS, 2013, p.15

A adenosina é um neurotransmissor, relacionado a sedação, e produz esse

efeito quando há a inibição da liberação dos neurotransmissores como dopamina,

acetilcolina, noradrenalina, glutamato e GABA. A cafeína interage com os receptores

de adenosina, inibindo a enzima adenilciclase, impactando na redução do

mensageiro intracelular monofosfato de adenosina cíclico (AMPc). Assim,

funcionando como um antagonista desse receptor, e causando um acúmulo de

AMPc no organismo, elevando a liberação de adrenalina e dopamina, a pressão

arterial, lipólise, liberação de secreções gástricas e diurese (TAVARES & SAKATA,

2012).

Ainda, de acordo com os autores a cima a cafeína é considerada a xantina

mais potente e seletiva aos canais de cálcio, podendo induzir a liberação do cálcio

intramuscular. Além disso, ela aumenta o metabolismo energético do cérebro,

entretanto pode causar uma hipoperfusão cerebral, por diminuir o fluxo sanguíneo

local, em algumas situações (CARVALHO et al, 2006).

No gráfico da figura 6, estão expostos os principais mecanismos de ação da

cafeína, e seus alcances referente as dosagens (FREHDOLM et al, 1999).

Page 31: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

30

Figura 6 - Gráfico dos principais mecanismos de ação da cafeína.

Fonte: FREHDOLM, 1999, p.88

Para Fredholm (1999), o mecanismo de ação da cafeína está disposto

somente aos receptores de adenosina A1 e A2, pois os outros mecanismos como as

influências sobre o cálcio, sobre as fosfodiesterases e o bloqueio dos receptores de

GABA só são ativados em doses que não são consumidas por humanos, ou em

milimolares ou doses muito próximas as doses tóxicas. Na perspectiva do autor,

para que haja o bloqueio de receptores GABA é preciso atingir uma concentração

em média 40 vezes maior, visto que para a mobilização do cálcio intracelular as

concentrações devem ser 100 vezes maiores que uma xícara de café (FREDOLM et

al, 1999).

2.3.6 Cafeína como recurso ergogênico

Guerra et al (2000), revelam que a cafeína atua na liberação do hormônio

adenocorticotrófico (ACTH) e beta endorfina, que são hormônios capazes de

Page 32: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

31

interferir na percepção da dor e da fadiga, durante a prática de exercícios físicos que

exigem esforços. Seu uso para o esporte teve início na metade do século 19 e,

atualmente, a dosagem considerada suficiente para uma melhora no desempenho é

de 6 mg/Kg, antes ou durante a realização do exercício. O Comitê Olímpico

Internacional (COI) (2008) considera doping a concentração de 12 mg/L de cafeína

na urina (ALTERMANN & DIAS, 2008).

2.4 Efeitos nocivos da cafeína

De acordo com James (1997) e Focchi (2001), cerca de 80% da população

realiza a ingestão de cafeína diariamente, porém, por serem variadas as fontes

dessa substância, torna-se difícil quantificar o seu uso. Seu consumo tem crescido

cada vez mais em diversos nichos, entre eles presidiários, pacientes psiquiátricos,

esportistas e adolescentes, sendo que neste último grupo, o aumento da ingestão

deve-se principalmente pelo aumento do consumo de refrigerantes. Esse consumo

elevado vem gerando preocupação na comunidade científica e abrindo campo para

uma diversidade de estudos, que relacionam os efeitos nocivos e potenciais de

abuso da cafeína e o aumento do risco de cardiopatias e neoplasias

gastrointestinais, além de complicações nas gestações como abortos,

potencialização de teratógenos e diminuição do peso fetal (JAMES, 1997; FOCCHI,

2001).

De acordo com o estudo feito por Zheng-lai et al (2012), a cafeína inibe a

proliferação e diferenciação neuronal sendo considerada um possível teratógeno.

Seu potencial teratogênico foi avaliado através de métodos imunohistoquímicos com

marcadores específicos neuronais (HNK1, N-CAM, IGM) que demonstraram

alterações na formação do tubo neural e dos somitos durante a embriogênese de

Gallus gallus domesticus. As concentrações capazes de produzir defeitos no tubo

neural (DTN) nas secções transversais dos embriões tratados com a cafeína foram

de 1,0 mg/ml e 1,5 mg/ml. Além disso, observou-se nos grupos tratados com a

cafeína que os tecidos mesenquimais cranianos e os somitos dos embriões eram

mais densos em relação aos grupos controle.

Como demonstra a figura 7, no grupo controle (A) pode ser observado o

fechamento normal do tubo neural, indicado pela seta preta e a formação dos

somitos indicado pela seta verde. De B a D observa-se falha no fechamento do

Page 33: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

32

tubo neural, bem como o espessamento da camada do prosencéfalo após

exposição a diferentes doses de cafeína.

Figura 7 - Secções transversais da cabeça e tronco de embriões tratados com solução salina controle (A), cafeína a 0,5 mg/ml (B), 1,0 mg/ml (C) E 1,5 mg/ml (D).

Fonte: ZHENG-LAI, 2012, p.4

Concomitantemente a isso, a continuidade da migração das células da crista

neural perdeu-se após exposição a cafeína, havendo assim a supressão da

proliferação e diferenciação em precursores neurais causando a redução do

comprimento de alguns neurônios, de acordo com a figura 8 (ZHENG-LAI et al,

2012). As imagens nela expressas, demonstram a diminuição significativa não só no

número de neurônios, mas também no comprimento dos mesmos, enfatizando a

cafeína como um potente teratógeno contra os embriões de Gallus gallus

domesticus.

Page 34: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

33

Figura 8 - Supressão da proliferação e diferenciação neuronal induzida pela cafeína. A-D (Padrão de

expressão de neurofilamento de tubo neural de desenvolvimento normal em A e secções transversais de embriões em microscopia de campo brilhante B, fluorescência C e mesclagem D). E-H (microscopia de células cerebrais de embriões tratados com diferentes concentrações de cafeína, I (gráfico do número de neurônios em função da administração de diferentes concentrações de cafeína), J (gráfico do comprimento de neurônios em função a exposição a diferentes concentrações de cafeína).

Fonte: ZHENG-LAI, 2012, p.7

Botelho et al (2015), demonstraram por análises de imunohistoquímica com o

marcador CDC-47 e quimioluminescência, que ratas Wistar gestantes e lactantes

submetidas a 25, 50 e 100 mg/kg de cafeína apresentaram lesões dos folículos

pilosos induzidas pelas duas primeiras concentrações e aumento nos níveis de

cortisol materno quando submetidas a maior concentração testada como exposto na

tabela 4.

Tabela 4: Distribuição das lesões cutâneas quanto a intensidade nas ratas progenitoras

Intensidade das lesões Controle Cafeína 25mg/kg

Cafeína 50mg/kg

Cafeína 100mg/kg

Hipotricose discreta focal 0 60% 100% 0 Hipotricose moderada multifocal 0 0 0 0 Hipotricose intensa difusa 0 0 0 0 Alopecia focal 0 40% 0 0

Fonte: Adaptado de BOTELHO, 2015.

Os filhotes do grupo tratado com a cafeína apresentaram hipotricose discreta

e moderada com a concentração de 25 mg/kg e hipotricose discreta em meio as

Page 35: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

34

três concentrações testadas, enquanto que os do grupo controle não apresentaram

quaisquer lesões (tabela 5) (BOTELHO et al, 2015).

Tabela 5: Distribuição das lesões cutâneas quanto a intensidade nas proles (filhotes)

Intensidade das lesões Controle Cafeína 25mg/kg

Cafeína 50mg/kg

Cafeína 100mg/kg

Hipotricose discreta focal 0 69% 100% 100% Hipotricose moderada multifocal 0 31% 0 0 Hipotricose intensa difusa 0 0 0 0 Alopecia focal 0 0 0 0 Fonte: Adaptado BOTELHO, 2015.

Como observado na tabela 4 e 5, além das lesões cutâneas e alterações nos

folículos pilosos das ratas, a cafeína surtiu efeitos semelhantes sobre suas proles.

Além disso, foi possível observar através de microscopia e análise de imuno-

histoquímica com o marcador CDC-47, alterações nos folículos pilosos como

acúmulo basofílico, depósitos de cálcio no interior dos folículos, e expressão do

marcador CDC-47 (figura 9) (BOTELHO et al, 2015).

Figura 9 - Depósitos basofílicos no interior de folículos pilosos/ fotomicroscopia dos filhotes de ratas tratadas com 25 mg/kg (A). Depósito de cálcio no interior do folículo piloso (B).

Fonte: BOTELHO, 2015, P.152

De acordo com Souza & Sichieri (2005), as informações literárias sobre as

relações entre o consumo da cafeína e a diminuição de peso ao nascer,

prematuridade e abortos são controversas e apontam que a cafeína pode ser tóxica

somente em doses maiores que 150 mg por dia.

Fukumasu et al (2015), relataram que a administração aguda da cafeína em

dosagem de 50 mg/kg, durante 15 dias, induziu um aumento da expressão de um

Page 36: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

35

receptor sensor de xenobioticos, o androstano consititutivo (Nr1i3), responsável pela

regulação da biotransformação e excreção de substâncias, e um aumento de

CYP2b10 no fígado (figura 10).

Figura 10 - Efeitos da cafeína na expressão gênica de Nrli3 e Cyp2b10, onde no primeiro P= <0,05

entre os grupos controle e cafeína, e no segundo P= <0,01.

Fonte: FUKUMASU, 2015, p.299

Houve também um aumento significativo no nível da enzima alanina

aminotransferase (ALT), também conhecida como transaminase glutâmico pirúvica

(TGP), um importante marcador hepático (figura 11) (FUKUMASU et al, 2015).

Figura 11 - Quantidade de Alanina aminotransferase (ALT) em microlitros, no soro de ratos do grupo controle e cafeína, após administração de TCPOBOP.

Fonte: FUKUMASU, 2015, p.299

Page 37: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

36

Concomitantemente, um segundo experimento realizado demonstrou que a

cafeína potencializou efeitos como hepatomegalia, hepatotoxicidade, proliferação

celular e perda da comunicação intercelular por junções do tipo gap no tecido

hepático de camundongos promovidos pelo agonista de Nr1i3, TCPOBOP (1,4-bis-

[2- (3,5-dicloropiridiloxi)] benzeno, 3,3 ', 5,5'-tetracloro-1,4-bis (piridiloxi) benzeno),

que é uma substância considerada um potente xenobiótico celular, expressos pela

figura 12.

Figura 12 - Proliferação dos hepatócitos após a administração aguda de TCPOBOP nos grupos

controles e tratados com cafeína (A, B, C). Quantificação representativa de comunicações intercelulares juncionais GAP (C, D, E).

Fonte: FUKUMASU, 2015, p.301

Page 38: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

37

De acordo com a análise das figuras 10, 11 e 12, e do estudo realizado como

um todo, uma das conclusões é que a cafeína detém um poder potencializador de

xenobióticos, como o TCPOBOP, podendo assim apresentar toxicidade hepática,

provocada por esses xenobióticos.

Segundo Lima et al (2010), a cafeína é o composto presente no café mais

relacionado a hipertensão arterial e a patologias cardiovasculares. Ela aumenta o

débito cardíaco, causa vasoconstrição e aumenta a resistência vascular periférica.

Em contrapartida esse mesmo autor cita alguns estudos que demonstram atividade

antioxidante sobre o sistema cardiovascular do café. As explicações para essas

variações são inúmeras, como a tolerância a cafeína presente no café, e os efeitos

antioxidantes observados serem de outros compostos do produto e não da cafeína

(LIMA et al, 2010).

De acordo com Nehlig e Debry (1994), o café e a cafeína induzem

mutagenicidade e genotoxidade para organismos inferiores como bactérias e fungos.

Estudos com o café instantâneo, torrado e descafeinado, mostraram a incidência de

mutações em microorganismos como a Salmonella TA1535 e Escherichia coli WP2

uvrA / pKM101. Esses efeitos mutagênicos foram observados também em culturas

de células de mamíferos (hamster), entretanto, a presença da mutação foi

significativamente anulada quando cultivados em meio a extratos de enzimas

hepáticas (NEHLIG & DEBRY, 1994). Isso sugere que o café e a cafeína podem não

ser mutagênicos e genotóxicos para os mamíferos (hamsters e humanos) in vivo,

visto que ambos dispõem de grande quantidade dessas enzimas destoxicantes.

Testes com o café em Drosophila (que possui sistema enzimático semelhante

ao dos mamíferos) mostraram presença de mutações somáticas, recombinações

mitóticas, e mutações letais ligadas ao sexo induzida pela cafeína somente na fase

G2 da intérfase (NEHLIG & DEBRY, 1994).

Para a detecção de mutação em mamíferos foram realizados testes de

micronúcleo (JENSSEN & RAMEL, 1980) e de troca de cromátide-irmã (NEHLIG &

DEBRY, 1994). O primeiro teste foi realizado em ratos, na dose de 0,5-3,0 g/kg/dia

de café administrado durante cinco dias, e não induziu a formação de micronúcleos.

No segundo teste, foi administrado uma dose única de 1,0-2,5 g / kg de café

instanâneo em hamsters, demonstrando que não houve também a troca de

cromátides-irmãs (AESCHBACHER et al, 1984). Entretanto, existe um estudo com

Page 39: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

38

eritrócitos e reticulócitos humanos, relatado por Smith et al (1990), que demonstra a

indução de micronúcleos nessas células, após exposição ao café.

Apesar da maior parte das informações sobre citotoxidade, genotoxidade e

mutagenicidade do café apontarem para um risco nulo, o estudo de Smith et al

(1990), apresentou dados contrários. Nessa perspectiva, uma solução para esses

vieses seria a realização de novos testes in vitro e in vivo com o café.

2.5 Efeitos benéficos do café e da cafeína

Estudos in vitro mostraram que o café solúvel é a forma que apresentou maior

atividade antioxidante, bloqueando com maior eficiência o início e a propagação da

cadeia oxidativa, em comparação ao filtrado e expresso (LIMA et al, 2010).

De acordo com a literatura analisada, a maior parte da atividade antioxidante

do café se dá devido a presença dos ácidos clorogênicos, principalmente o ácido

caféico, pois sua estrutura química demonstra-se favorável a proteção contra a

oxidação, além dos demais compostos fenólicos presentes no produto, que possuem

muitas hidroxilas, dando ao café uma característica protetora.

Existem estudos que apontam para um possível efeito protetor, da cafeína,

como o estudo em ratos Wistar realizado por Abreu et al (2009), que demonstrou

que a substância à 2% foi capaz de diminuir a ação da aflatoxina B, uma micotoxina

produzida em grande quantidade pelo fungo Aspergillus, sobre a toxicidade

hepática. Segundo esse autor, a cafeína inibe o desenvolvimento micelial e

esporulação desse fungo através da inibição da frutose-1,6-difosfatase, causando

uma redução na atividade glicolítica do microorganismo, e a diminuição ou inibição

da produção de micotoxinas como a aflatoxina, patulina, citrinina e ocratoxina.

Na perspectiva do Nehlig & Debry (1994), o café é capaz de impedir a

mutagenicidade de compostos como mitomicina C e procarbazina. As doses de 150

a 1000 mg/kg de café causam efeitos protetores contra a nitrosourea, conferidos

pelo ácido clorogênico. Estudos em ratos mostraram que a proteção contra

benzopirenos e aflatoxina ocorre de duas a vinte horas da administracão do café,

antes da administração dessas substâncias, por via oral (NEHLIG & DEBRY, 1994).

Como visto, existem relatos de malefícios e benefícios do café, que apontam

tanto para efeitos tóxicos quanto para efeitos antioxidantes. Os efeitos maléficos do

café são advindos do metilglioxal e do peróxido de hidrogênio, produzidos pela

Page 40: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

39

torrefação (LIMA et al, 2010). Os efeitos bioprotetores são conferidos aos compostos

fenólicos e ácidos clorogênicos, que estão relacionados ao tempo de administração

do café, tempo de exposição do composto e a natureza do mesmo (NEHLIG &

DEBRY, 1994).

Com os efeitos mutagênicos da cafeína sendo detectados apenas em doses

superiores a 1000 vezes do que as dosagens consumidas pela populacão

considerada saudável (NEHLIG & DEBRY, 1994), e sabendo-se que estudos

apontam que a dose letal de cafeína é de 10 g (FOCCHI, 2001), conclui-se que os

riscos de uma ingestão letal ou que provoque mutagenicidade não são significativos,

uma vez que a ingestão de café e cafeína pela população não atinge as doses letais.

Levando em consideração que os dados advindos da literatura são

conflitantes e que a maior parte dos estudos analisados não apontam para efeitos

maléficos, considera-se segura a ingestão de cafeína em quantidades menores que

4,6 mg/kg para indivíduos vistos como saudáveis (DE MARIA et al, 2007).

Entretanto, quando se trata de gestantes, as dosagens acima de 150 mg por dia de

cafeína podem ser prejudiciais (SOUZA & SICHIERI, 2005).

Page 41: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

40

3 METODOLOGIA

Os critérios de pesquisa utilizados para encontrar os artigos foram aqueles

que continham informações sobre citotoxicidade, genotoxicidade, mutagenicidade,

antimutagenicidade, efeito antioxidante e bioprotetor da cafeína e do café, nas bases

eletrônicas de busca PubMed, Lilacs, Scielo e Bireme. Foram utilizados também

artigos de revisão e livros sobre a química da cafeína, seus mecanismos de ação,

absorção, metabolização e excreção, além da análise de estudos experimentais com

café e cafeína em diferentes organismos e sistemas-teste como Salmonella

Typhimurium, Hamster Chinês e ratos Wistar, além de estudos in vitro com células

hepáticas, células tumorais e linfócitos humanos.

Os artigos, livros e outros dados analisados foram do período de 1980 até

2017 e as palavras-chave usadas foram: cafeína no esporte, cafeína, café,

toxicologia da cafeína, antioxidantes do café, consumo do café, estudos com

cafeína, caffeine, kahweol, cafestol, trigoline, clorogenic acids, antimutegenicity,

trigolina, genotoxicity, mutagenicity, coffe e cafeinne, totalizando 43 de 60 artigos e

livros analisados e referenciados na monografia, pois os outros 17 artigos não

continham informações completas, ou não continham dados significativos

comparados aos documentos utilizados e por essa razão não foram utilizados nesse

trabalho.

Page 42: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

41

4 CONCLUSÃO

O café apresenta mais de 800 compostos em sua composição, dentre eles o

kahweol, cafestol, metilglioxal, ácidos clorogênicos e cafeína, que apresentam tanto

efeitos maléficos quanto benéficos sobre os organismos estudados.

O Kahweol inibe a proliferação de linhagens celulares como MDA-MB-231, o

que pode ser um importante composto isolado para estudos com objetivos

terapêuticos para carcinogênese. Já o cafestol funciona como um composto que

eleva o nível de lipoproteínas, o que em algumas situações pode ser prejudicial.

Os efeitos citotóxicos e mutagênicos do café são provavelmente conferidos ao

metilglioxal e outros derivados da torrefação, visto que o primeiro é o agente de

maior risco no café, uma vez que possui potencial genotóxico, entretanto, esse

potencial não se encontra em humanos com sistema de enzimas hepáticas capazes

de atuar na metabolização e antioxidação desse composto, mas, indivíduos com

patologias hepáticas devem controlar a ingestão do café devido a presença do

metilglioxal e uma metabolização e antioxidação comprometida diante dessa

situação.

A cafeína presente no café é responsável por efeitos agudos prejudiciais,

maléficos ao sistema cardiovascular como o aumento da pressão arterial e a

indução de arritmias cardíacas, e causa potenciais de abuso e dependência pela

estimulação do sistema nervoso central, além de potencializar os efeitos de

xenobióticos como o TCPOBOP e atuar como teratógeno em embrião de Gallus

gallus domésticos e na diminuição do peso ao nascer. Em contrapartida, o café

possui compostos muito importantes e benéficos, que são os ácidos clorogênicos,

que apresentam potencial antioxidante e bioprotetor, sendo capazes de anular ou

diminuir os efeitos maléficos dos outros componentes do café.

Sobre os efeitos protetores do café, sabe-se por enquanto que o ácido caféico

detém um grande poder antioxidante aumentando os níveis de glutationa e

impedindo a oxidação por radicais livres de algumas moléculas, mas os dados sobre

esse potencial da cafeína são ainda inconclusivos, por isso são necessários mais

estudos experimentais para a comprovação e fidedignidade das informações.

Nessa perspectiva, com os dados literários conflitantes que se dão pelo fato

do café conter substâncias com efeitos antagônicos em potencial, estabelece-se que

o uso moderado do café não é considerado prejudicial à população vista como

Page 43: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

42

saudável, entretanto existem alguns subgrupos dessa população como gestantes,

crianças, indivíduos com patologias hepáticas que acometem a produção ou a

função das enzimas hepáticas, indivíduos com hipertensão arterial, arritmias

cardíacas ou pré-disposição a esses dois últimos fatores, que precisam evitar o

consumo do café e de fontes de cafeína, ou deter um maior controle dessa ingestão.

Page 44: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

43

REFERÊNCIAS

ABREU, S.P.; GOULART, P.F.P.; OLIVEIRA, E.M.R.; PIMENTA, J.C.; REIS, A.T.; ALVES, F.A.; LICAS, C.A.T. Ingestão de cafeina como agente bioprotetor em relação aos danos causados pela aflatoxina b1 em ratos wistar. 2009. 4 f. Trabalho de iniciação científica. Centro universitário de lavras, Lavras. AESCHBACHER, U.H.; CHAPPUIS. C.; WURZNER, P.H. Mutagenicity testing of coffe: A stady of problems encountered with the ames salmonella test system. Food and cosmetics toxicology, Gran- Bretanha, v. 18, n. 6, p. 605-613, outubro. 1980. AESCHBACHER, U.H.; Meier, H.; Ruch, E.; Würzner, P.H. Investigation of coffee in sister chromatid exchange and micronucleus tests in vivo. Food Chem. Toxicol, Gran- Bretanha, v. 22, n. 10, p. 803-807, outubro. 1984. ALTERMANN, M.A.; DIAS, S.C. A influência da cafeína como recurso ergogênico no exercício físico: sua ação e efeitos colaterais. Revista Brasileira de nutrição esportiva, São Paulo, v. 2, n. 10, p. 235-229, julho/ agosto. 2008. ALTIMARI, R.L.; CYRINO, S.E.; ZUCAS, M.S.; OKANO, H.A.; BURINI, C.R. Cafeína: ergogênico nutricional no esporte. Revista brasileira ciências e movimento, Brasília, v. 9, n. 3, p. 57-64, julho. 2001. ALTIMARI, R.L.; MORAES, C.A.; TIRAPEGUI, J.; MOREAU, M.L.R. Cafeína e performance em exercícios anaeróbios. Revista Brasileira de ciências farmacêuticas, São Paulo, v. 42, n. 1, p. 17-27. março. 2006. ANNUNCIATO, R.; MELLO, R.; FARIA, O.V.T.; MARCELINO, B.J.; NAVARRO, C.A. Suplementação aguda de cafeína relacionada o aumento de força. Revista brasileira de nutrição esportiva, São Paulo, v. 3, n. 18, p. 508-517, novembro/ dezembro. 2009. BONITA, J.F.; MANDARANO, M.; SHUTA, D.; VINSON, J. Coffe eand cardiovascular disease: in vitro, cellular, animal, and human studies. Pharmacol Res, Pensilvânia v. 55, n. 3, p. 187-198, março. 2007. BORTOLINI, K.; SICKA, P.; FOPPA, T. Determinação do teor de cafeína em bebidas estimulantes. Revista saúde, São Paulo, v. 4, n. 2, p. 23-27, janeiro. 2010. BOTELHO, M.F.A.; REIS, S.M.A.; OCARINO, M.N.; SERAKIDES, R. Efeitos da ingestão de cafeína durante a gestação e a lactação sobre a pele de ratas e de filhotes e sua relação com as concentrações séricas do cortisol materno. Arquivo Brasileiro de Medicina veterinária e Zootecnia, São Paulo, v. 67, n. 4, p. 1045-1055, março. 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Portaria n. 868, de 3 de novembro de 1998. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/868_98.htm> Acesso em: 21 out. 2010.

Page 45: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

44

CÁRDENAS, C.; QUESADA, R.A.; MEDINA, A. M. Insights on the antitumor effects of kahweol on human breast cancer: Decreased survival and increased production of reactive oxygen species and cytotoxicity. Biochamical and biophysical research communications, Málaga, V. 447, n.1, p. 452-458, Abril. 2014. CARVALHO, M.J.; MAIA, A.G.; SOUSA, M.H.P.; RODRIGUES, S. Perfil dos principais componentes em bebidas energéticas: cafeína, taurina, guaraná e glucoronolactona. Revista do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, v. 65, n. 2, p. 78-85, março. 2006. COMITÊ OLÍMPICO INTERNACIONAL (COI). Suíça- Lausana. Doping de cafeína. Lausana. 2017 DE MARIA, A.B.C; MOREIRA, A.F.R. cafeína: revisão sobre métodos de análise. Química Nova, Rio de Janeiro, Vol. 30 no. 1, p. 99-105, agosto. 2007 DE ROOS, B.; KATAN, M.B. Possible mechanisms underlying the cholesterol-raising effect of the coffee diterpene cafestol. Curr Opin Lipidol, Canadá, v. 10, n. 1, p. 41-5, fevereiro. 1999 DÓREA, J.G.; COSTA, T.H.M. Is coffee a functional food? Br J Nutr, Cambridge, v. 93, n. 6, p. 773-82, junho. 2005. FARAH, A.; DONANGELO, C.M. Phenolic compounds in coffee. Braz J Plant Physiol, Londrina, v. 18, n. 1, p. 23-36, janeiro/março. 2006. FOCCHI, A.R.G.; Cafeína: generalidades, farmacologia, mecanismos neurobiológicos de ação e potencial de abuso. Psychiatry On line Brasil, São Paulo, v. 21, n. 10, 2001. Disponível em: <http://www.polbr.med.br/ano01/artigo1001_a.php> Acesso em: 21 de agosto de 2017 FREDHOLM, B.B.; BÄTTIG, K.; HOLMÉN, J.; NEHLIG, A.; ZVARTAU, E.E. Actions of Caffeine in the Brain with Special Reference to Factors That Contribute to Its Widespread Use. Pharmacological Reviews, Estocolmo, V. 51, n. 1, p. 83-133. Março. 1999. FUKUMASU, H.; ROCHETTI, L.A.; LATORRE, O.A.; PIRES, L.R.P.; SILVA, C.T.; DAGLI, Z.L.M. Caffeine increases Nr1i3 expression and potentiates the effects of its ligand, TCPOBOP, in mice liver. Pharmaceutical Sciences, São Paulo, v. 51 n. 2, p. 295-303, junho. 2015. GUERRA, O.R.; BERNARDO, C.G.; GUTIÉRRES, V.C. Cafeína e esporte. Revista Brasileira de medicina do esporte, Granada, v. 6, n. 2, p. 60-62, março/ abril. 2000. HIGDON, J.V.; FREI, B. Coffee and health: a review ofrecent human research. Crit Rev Food Sci Nutr, Massachusetts, v. 46, n.2, p. 101-123, dezembro. 2006.

Page 46: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

45

JAMES, J.E. Understanding caffeine - A biobehavioral analysis. 1. ed. London: Sage, 1997. 226 pgs. JEE, S.H.; HE, J.; APPEL, L.J.; WHELTON, P.K.; SUH, I.I.; KLAG, M.J. Coffee consumption and serum lipids: a metaanalysis of randomized controlled clinical trials. Am J Epidemiol. Oxford, v. 153, n. 4, p. 353-362, fevereiro. 2001 JENSSEN, D.; RAMEL, C. The micronucleus test as part of a short-term mutagenicity test program for the prediction of carcinogenicity evaluated by 143 agents tested. Mutation Res, Massachusetts, v. 75, n. 2, p. 191-202. 1980. KOLLING-SPEER, I. The lipid fraction of the coffee bean. Braz J Plant Physiol, Rio deJaneiro, v. 18, n. 1, p. 201-16. 2006. LANCASTER, T.; MUIR, J.; SILAGY, C. The effects of coffee on serum lipids and blood pressure in a UK population, J Royal Soc Medicine, Oxford, v. 87, n.1, p. 506-507, setembro. 1994. LIMA, A.F.; SANTANA, G.E.A.; ATAÍDE, R.T.; OMENA, B.M.C.; MENEZES, S.E.M.; VASCONCELOS, L.M.S. Café e saúde humana: um enfoque nas substâncias presentes na bebida relacionadas às doenças cardiovasculares. Revista de nutrição, Campinas, V. 23, n. 6, p. 1063-1073, novembro. 2010. MONTEIRO, C.M.; TRUGO, C.L. Determinação de compostos bioativos em amostras comerciais de café torrado. Química Nova, Rio de Janeiro, v. 28, n. 4, p. 637-641, abril. 2005. NEHLIG, A.; DEBRY, G. Potential genotoxic, mutagenic and antimutagenic effects of coffee: A review. Genetic Toxicology, Nancy, Vol. 327, N. 1, p. 145-162. Janeiro. 1994. Núcleo de Estudos e Pesquisa em Alimentação (NEPA). Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO). Disponível em:<http://www.nepa.unicamp.br/publicacoes/projeto-taco> Acesso em: 13 de agosto de 2017. OLIVEIRA, A.V.; OLIVEIRA, N.W.T.; ALENCAR, B.O.V.M.; CERQUEIRA, S.G.; PERON, P.A.; SOUZA, C.M.J. Relação entre consumo alimentar da população nordestina e o alto índice de câncer gástrico nesta região. Rev inter, Nordeste, v. 7, n. 3, p. 6-24, outubro. 2014. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO CAFÉ (ICO). Tabela do consumo mundial do café. Disponível em: <http://www.ico.org/trade_statistics.asp?section=Statistics> Acesso em 5 de novembro de 2017. POWELL, B.; MORAES, V. Samba do café. Disponível em:<https://www.letras.mus.br/ vinicius-de-moraes/86499/>. Acesso em: 28 de outubro de 2017.

Page 47: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/... · pela orientação obtida durante o ano e por ter sido tão prestativa

46

SANTOS, N.L. Café e cafeína: uma abordagem contextulizada e interdisciplinar. 2013. 34 f. Trabalho de conclusão de curso, Universidade de Brasília, Distrito Federal. SILVA, D.C.F.; NASCIMENTO, M.A.; MOREIRA, A.V.B. Verificação da presença de compostos fenólicos com propriedades antioxidantes em amostras de café. J Braz Soc Food Nutr, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 23-40, janeiro. 2007. SMITH, F.D.; MACGREGOR, T.J.; HIATT, A.R.; HOOPER, K.N.; WEHR, M.C.; PETRES, B.; GOLDMAN, R.L.; YUAN, L.A.; SMITH, A.P.; BECKER, E.C. Micronucleated erythrocytes as an index of cytogenetic damage in humans: demographic and dietary factors associated with micronucleated erythrocytes in splenectomized subjects. Cancer Res, Califórnia, v. 50, n. 6, p. 5049-5054, agosto. 1990. SOUZA, G.A.R.; SICHIERI, R. Consumo de cafeína e de alimentos-fonte de cafeína e prematuridade: um estudo caso-controle. Cadernos de saúde pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 6, p. 1919-1927, novembro/dezembro. 2005. STRAIN, E.C.; GRIFFITHS, R.R. Caffeine related disorders. Comprehensive Textbook of Psychiatry. 7. ed. Baltimore: Lippincott, 2000. p. 982-990. TAVARES, C.; SAKATA, K.R. Cafeína para o Tratamento de Dor. Revista Brasileira de anestesiologia, Rio de Janeiro, v. 62, n. 3, p. 394-401, maio/junho. 2012. WELTER, Q.S. Extração e quantificação de cafeína em energéticos através de cromatografia liquida de alta eficiência e espectrofotometria. 2011. 37pg. Trabalho de conclusão de curso- Universidade tecnológica federal do Paraná, Pato Branco. ZHENG-LAI, M.; QIN, Y.; WANG, G.; XIAO-DI, L.; RONG-RONG, H.; CHUAI, M.; KURIHARA, H.; YANG, X. Exploring the caffeine-induced teratogenicity on neurodevelopment using early chick embryo. Plos One, Califórnia, v. 7, n. 3, p. 1-8, março. 2012.