faculdade sudoeste paulista instituiÇÃo chaddad...

38
FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE ENSINO CURSO DE BIOMEDICINA MAYARA OLIVEIRA MACHADO LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA NA INFÂNCIA: FATORES, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICOS UTILIZADOS ITAPETININGA - SP 2017

Upload: nguyennhu

Post on 02-Feb-2019

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

FACULDADE SUDOESTE PAULISTA

INSTITUIÇÃO CHADDAD DE ENSINO

CURSO DE BIOMEDICINA

MAYARA OLIVEIRA MACHADO

LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA NA INFÂNCIA: FATORES, MANIFESTAÇÕES

CLÍNICAS E DIAGNÓSTICOS UTILIZADOS

ITAPETININGA - SP

2017

Page 2: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

MAYARA OLIVEIRA MACHADO

LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA NA INFÂNCIA: FATORES, MANIFESTAÇÕES

CLÍNICAS E DIAGNÓSTICOS UTILIZADOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado

à Faculdade Sudoeste Paulista - FSP – ao curso de graduação em Biomedicina como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Biomedicina. Orientador: Prof. Dr. Messias Miranda Junior

ITAPETININGA – SP

2017

Page 3: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

MAYARA OLIVEIRA MACHADO

LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA NA INFÂNCIA: FATORES, MANIFESTAÇÕES

CLÍNICAS E DIAGNÓSTICOS UTILIZADOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade Sudoeste Paulista de

Itapetininga – FSP – ao curso de graduação em Biomedicina como requisito parcial

para a obtenção do título de bacharel.

Orientador: Prof. Dr. Messias Miranda Junior.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Orientador: Dr. Messias Miranda Junior

Prof. Dr.

Prof. Dr.

Itapetininga de de 2017

Page 4: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

Dedico a Deus, que me fornece energia

que guia e conduz os meus passos

com saúde e confiança.

Ao meu pai, à minha mãe, irmã e à

minha amada bisavó.

Page 5: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente de todo o meu coração a Deus, pois é graças a ele

que cheguei nesta etapa tão importante e de grande aprendizado de minha vida, me

proporcionando a cada dia mais forças e coragem para enfrentar cada desafio, não

deixando eu desistir mesmo nos momentos difíceis onde sei que esteve comigo em

todos eles, me auxiliando em cada etapa, o teu amor e cuidado vem me

surpreendendo a cada vez mais.

Agradeço ao meu Pai que mesmo não estando mais presente aqui na terra,

sei que de lá do céu está muito orgulhoso de mim, pois estou realizando o nosso

sonho, meu e dele, cumprindo mais uma etapa de minha vida, do qual tive muito

incentivo e aprendizado de meu pai.

A minha mãe que sempre esteve e está ao meu lado me ajudando e fazendo

de tudo por mim, sempre me apoiando e orientando da melhor forma possível.

A minha bisavó que sempre me ajudava e apoiava, incentivando sempre nos

estudos e queria ver a sua bisneta formada, sei também que a senhora olha do céu

por mim, obrigada por tudo.

Agradeço ao meu orientador Messias Miranda Junior por me ajudar, por ter

acreditado que eu era capaz, por ter aguentando nas minhas reclamações, dúvidas

e desesperos, obrigada por cada experiência compartilhada, obrigada por tudo.

Agradeço também a todos os professores cada um deles que se dedicaram

em nos ajudar, orientar, incentivar, ensinar, onde muitas vezes se disponibilizaram

de seu tempo para nos auxiliar, cada um deles deixando um aprendizado e uma

amizade que guardarei para vida toda.

A todos os amigos (a) que me aguentaram todo esse tempo, com meu

cansaço, desesperos, ansiedades, preocupações e ausências, agradeço a todos os

incentivos e apoios.

E agradeço a todos que de forma direta ou indireta colaboraram para que a

realização deste trabalho se concretizasse, que foram fundamentais cada uma

delas. Assim, aqui expresso o meu sincero agradecimento.

Page 6: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

Tente uma, duas, três vezes e se

possível tente a quarta, a quinta e

quantas vezes for necessário. Só

não desista nas primeiras

tentativas, a persistência é amiga

da conquista. Se você quer

chegar aonde a maioria não

chega, faça o que a maioria não

faz. Bill Gates (MENDES, 2016).

Page 7: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

MACHADO, Mayara O. Leucemia linfocítica aguda na infância: fatores, manifestações clínicas e diagnósticos utilizados. 2017. 38f. Monografia (Graduação) – Faculdade Sudoeste Paulista - FSP, Itapetininga, 2017.

RESUMO

A Leucemia Linfocítica Aguda é a neoplasia com maior incidência em crianças de faixa etária entre 2 a 5 anos de idade, com mais acometimento no sexo masculino. É uma neoplasia hematológica maligna que acomete a linhagem linfóide bem como

linfócitos B, T e raramente Natural Killer, sendo de classificação aguda derivadas de células indiferenciadas com acúmulo de células jovens mais conhecidas como blastos, pela inibição da capacidade dos fatores de maturação e funções normais das células. Existem alguns fatores que podem ser levados em consideração como possíveis causas da doença, ou que possui uma significativa contribuição para o desenvolvimento da patologia. As manifestações clínicas se dão devido às alterações da hemostasia, redução de precursores eritróides, a redução da produção

de leucócitos, e a infiltração de blastos medular ou extramedular, apresentando-se de acordo com o comprometimento envolvido, o cansaço, palidez, febre, sangramentos prolongados são alguns dos sintomas mais frequentes. Com os avanços de tecnologias do diagnósticos e terapias tem aumento significativamente a sobrevida dos portadores dessa doença, podendo classificar o tipo de leucemia adquirida, bem como a avaliação citogenética e imunofenotípica são um dos exemplos de alguns dos diagnósticos muito utilizados. O objetivo deste trabalho foi

revisar e identificar os possíveis fatores, manifestações clínicas, e seus diagnósticos mais utilizados para classificar os tipos de leucemia.

Palavras chave: Leucemia linfocítica aguda. Diagnósticos. Infância.

Page 8: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

MACHADO, Mayara O. Acute lymphocytic leukemia in childhood: factors, clinical manifestations and diagnoses used. 2017. 38f. Monograph (Undergraduate) - Faculdade Sudoeste Paulista - FSP, Itapetininga, 2017.

ABSTRACT

Acute Lymphocytic Leukemia is the neoplasia with the highest children incidence

between 2 and 5 years of age, with more involvement in the male sex. It is an

hematological malignant neoplasm that affects the lymphoid lineage as well as B, T

and rarely Natural Killer lymphocytes, being acutely classified as derived from

undifferentiated cells accumulating young cells better known as blasts, by inhibiting

the ability of maturation factors and normal functions of cells. There are some factors

that can be taken into account as possible causes of this disease, or that may have a

significant contribution to the disease development. Clinical manifestations occur due

to alterations in hemostasis, reduction of erythroid precursors, reduction of leukocyte

production, and medullary or extramedullary blasts infiltration , presenting some of

the most frequent symptoms, fatigue, pallor, fever, bleeding. The advances in

diagnostic technologies and therapies have significantly increased the survival of

patients with this disease, being able to classify the type of acquired leukemia as well

as the cytogenetic and immunophenotypic evaluation are one of the examples of

some of the widely used diagnoses. The objective of this study was to review and

identify the possible factors, clinical manifestations, and their most commonly used

diagnoses to classify leukemia types.

Keywords: Acute lymphocytic leukemia. Diagnostics. Childhood.

Page 9: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Classificação FAB e as características morfológicas de LLA..................19

Quadro 2 – Patologias com predisposição genética para o desenvolvimento de

leucemia.....................................................................................................................23

Page 10: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Reprodução esquemática da diferenciação celular observada durante a

hematopoese..............................................................................................................15

Figura 2 – Blastos de LLA – L1..................................................................................18

Figura 3 – Blastos de LLA – L2..................................................................................18

Figura 4 – Blastos de LLA – L3..................................................................................19

Figura 5 – Mapa indicando as incidências e cada 100.000 habitantes no Canadá,

Estados Unidos, Índia e Brasil....................................................................................21

Figura 6 – Dois eventos de origem de LLA por infecções..........................................25

Figura 7 – Sintomas comuns da Leucemia................................................................27

Page 11: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Distribuição dos Casos de Leucemias, segundo sexo e faixa etária.......20

Page 12: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

LISTA DE SIGLAS

CMF - Citometria de Fluxo

EE - Esterases Específicas

ENE – Esterases não Específicas

FAB - Franco Americano Britânico

FHHEMOAM - Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas

FISH - Fluorescent in situ Hybridization

INCA - Instituto Nacional do Câncer

LAL – Leucemia dos Lactentes

LDH - Desidrogenase Lática

LLA – Leucemia Linfocítica Aguda

MPO - Mieloperoxidases

TdT – Desoxinucleotidil Transferase Terminal

PAS - Ácido Periódico de Schiff

RCBP - Registro de câncer de Base Populacional

SB - Sudan Black

Page 13: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 14

2. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................. 16

2.1. HISTÓRICO DA LEUCEMIA ................................................................................ 16

2.2. CLASSIFICAÇÃO DA LEUCEMIA ...................................................................... 17

2.3. LEUCEMIA INFANTIL .......................................................................................... 21

2.4. PATOGÊNESE DA LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA .......................................... 23

2.4.1. Fatores genéticos............................................................................................ 23

2.4.2. Fatores ambientais.......................................................................................... 24

2.4.3. Infecções ......................................................................................................... 25

2.4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ............................................................................. 27

2.5. DIAGNÓSTICOS ................................................................................................... 29

2.6.1. Hemograma..................................................................................................... 29

2.6.2. Mielograma ...................................................................................................... 30

2.6.3. Análises Bioquímicas ...................................................................................... 30

2.6.4. Citoquímica ..................................................................................................... 30

2.6.5. Punção lombar ................................................................................................ 31

2.6.6. Citogenética .................................................................................................... 31

2.6.7. Imunofenotipagem .......................................................................................... 33

3. CONCLUSÃO........................................................................................................... 35

Page 14: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

14

1. INTRODUÇÃO

A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna causada por

alguma falha genética, resultando na troca e proliferação descontrolada de células

normais por neoplásicas, progenitoras da linhagem linfoide. Ela acomete mais o

sexo masculino e de raça branca. Existem cinco categorias de neoplasias, segundo

a célula de origem: neoplasias de células B precursoras (imaturas), neoplasias de

células B periféricas (maduras), neoplasias de células T precursoras (imaturas),

neoplasias de células T e células natural killer periféricas (maduras), linfoma de

Hodgkin. Representa 75% dos casos de leucemia em crianças com a faixa etária de

2 a 5 anos de idade, com incidência de 85% do subtipo de células B precursoras, 1-

2% de células B maduras, sendo o restante tumores de células do tipo T de

prevalência na adolescência, e dificilmente do tipo natural killer (CAZÉ et al. 2010;

KUMAR, V., et al. 2010).

As leucemias são classificadas como agudas ou crônicas, as agudas são de

células imaturas (blastos), e devido ao seu acúmulo, causam a inibição da

capacidade dos fatores de maturação, crescimento e funções normais das células,

sendo a de mais alta incidência na maioria das populações do mundo. Já nas

leucemias crônicas, as células são maduras apresentando, portanto, a doença em

percurso lento e progressivo (MAIA, 2014; ALMEIDA, 2009).

Atualmente, a tecnologia vem evoluindo progressivamente, logo, ficando mais

fácil de diagnosticar a doença. A probabilidade de cura de LLA tem aumentado em

até cerca de 80% com o passar dos anos, resultado de avanços tecnológicos de

diagnósticos, terapias, e na detecção de fatores prognósticos, e tem sido

considerado em vista da sobrevida dos portadores desta doença, principalmente se

for detectado precocemente para que seja feito um tratamento especifico (SOUZA et

al, 2012).

A LLA é a que mais se destaca entre as leucemias em relação pediátrica,

podendo ser decorrente por diversos fatores. Portanto, com os grandes avanços

tecnológicos ficou mais fácil de identificar e fazer a classificação da doença, para

chegar a um diagnóstico conclusivo. Por este motivo surge a situação-problema

deste trabalho o qual questiona-se a correlação dos possíveis fatores causais da

leucemia linfocítica aguda que é característico na infância; a partir disso, outras

Page 15: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

15

dúvidas surgem como determinar o tipo de leucemia, quais diagnósticos são

utilizados ou mesmo qual a situação clínica da criança afetada.

Este assunto é de suma importância, pois refere-se sobre a área oncológica,

especificamente falando de leucemia linfocítica aguda, pois é de grande interesse

principalmente por ser uma doença que afeta mais a infância.

O presente trabalho foi elaborado com base em livros, artigos, jornais e

revistas científicas.

O objetivo é identificar quais são os fatores, suas manifestações clínicas na

presente patologia e diagnósticos que são utilizados para reconhecer e classificar os

diferentes tipos de leucemia, ajudando a compreender um pouco mais sobre a

doença.

Page 16: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

16

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. HISTÓRICO DA LEUCEMIA

As células sanguíneas são formadas na medula óssea, pelo processo

chamado de hematopoese. Dentre as células sanguíneas, os eritrócitos estão

envolvidos no processo de transporte de oxigênio e dióxido de carbono. Os

leucócitos apresentam importante papel no sistema imunológico (defesa) do

organismo. As plaquetas desempenham controle de hemostasia (sangramentos e

hemorragias) e do tampão plaquetário (figura 1) (YOUNG, LOWE et al. 2008).

Figura 1: Reprodução esquemática da diferenciação celular observada durante a hematopoese

Fonte: MINASI, 2009, p. 1.

Tumores de linhagens hematopoiéticas são alterações celulares que estão

relacionadas aos mecanismos de manutenção e regulação nos processos de

proliferação, diferenciação e o impedimento através de mutações da maturação das

células, tendo como resultado a expansão clonal desordenada, se espalhando,

Page 17: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

17

portanto, para outros tecidos como o baço, os linfonodos, fígado e outras regiões

vasculares (KUMAR et al, 2010; ANJOS et al. 2000; GUYTON, HALL 2006).

As mutações dos leucócitos possuem duas categorias: proliferativas (que há

aumento de leucócitos podendo ser neoplásicas) e a leucopenia (diminuição dos

leucócitos) (KUMAR, V., et al. 2010).

A contagem de leucócitos através da análise do sangue periférico é

influenciada por fatores como: tamanho do precursor, a taxa de liberação de células

dos pools de reservas para a circulação, a proporção de células fixadas na parede

dos vasos sanguíneos e o valor de extravasamento celular para os tecidos (KUMAR,

V., et al. 2010).

A leucemia foi descoberta em um paciente pela primeira vez em 1827, e

Rudolf Virchow no ano de 1845 chamou-a de “doença do sangue branco”, e então

em 1847 denominou por leucemia. No ano de 1857 a classificação aguda da

leucemia foi descrita por N. Friedreich, e a associação das manifestações clínicas ao

quadro leucêmico foi publicado por W. Ebstein em 1899. Apenas no ano de 1913

houve a classificação das leucemias de acordo com cada tipo celular, sendo

mielóides (agudas ou crônicas) ou linfoides (agudas ou crônicas). Pela primeira vez

em 1917 concluiu-se a prevalência da leucemia aguda em crianças, desde então

continuaram com suas classificações e com os avanços das tecnologias dos exames

diagnósticos (MINASI 2009; SOUZA 2013).

2.2. CLASSIFICAÇÃO DA LEUCEMIA

A leucemia linfocítica aguda (LLA) é decorrente de uma alteração genética,

que pode ser definida como a proliferação ou expansão descontrolada de células

hematopoéticas, progenitoras da linhagem linfóide, gerando células leucêmicas

chamadas de linfoblastos. É uma neoplasia maligna com mais incidência na infância,

dentre elas, sendo a mais frequente nas leucemias agudas, que se caracteriza pelo

crescimento excessivo de células imaturas na medula óssea, o que possibilita a

existência de diferentes subtipos de leucemia (CAZÉ, 2010).

As células malignas ficam independentes, ou seja, livres do controle de

fatores estimuladores e inibidores da hematopoese normal, ficando, portanto,

estacionadas em uma determinada fase de maturação, que difere de uma situação

para outra (LORENZI, T. F., 2015).

Page 18: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

18

A classificação das leucemias é conforme o tipo celular envolvido e o seu

grau de maturação, logo, para realizar essas subclassificações são utilizados os

sistemas de imunofenotípagem, citoquímica e biologia molecular. Da qual, pode ser

de linhagem linfóide ou mielóide e agudas ou crônicas. Em geral, os linfoblastos são

células com relação núcleo citoplasmática, que contém núcleos redondos,

ligeiramente basofílico e agranular, podendo haver variação de morfologia, ou seja,

para que o diagnóstico possa ser conclusivo é indispensável realizar a confirmação

imunofenotípica (SOUZA, M. S.; 2013).

Essa classificação das leucemias é de extrema importância pois possibilita a

definição terapêutica que será necessária para cada caso, pois cada origem

mielóide ou linfóide e seus subtipos terá uma conduta terapêutica diferente a ser

aplicada. Segundo a FAB (franco-americano-britânico) as LLA são primeiramente

classificadas em linhagens T e B devido as características imunofenotípicas dos

linfoblastos, sendo as LLA do tipo T quando na infância possui o pior prognóstico do

que as LLA do tipo B, podendo ocasionar organomegalia, necessitando, deste modo,

uma terapia mais agressiva (SILVEIRA, N. A., ARRAES, S. M. A. A., 2008).

Linhagem do tipo T: os marcadores associados são CD1, CD2, CD3, CD4,

CD5, CD7 e CD8. Na leucemia linfocítica aguda de tipo T (LLA-T) pode ser

apresentado a co-expressão de marcadores CD3 e CD7 em sua superfície celular

ou no citoplasma (SILVEIRA, N. A., ARRAES, S. M. A. A., 2008).

Linhagem do tipo B: apresentam imunoglobulinas (Ig) em suas superfícies,

que são evidenciadas a partir da segunda metade do estágio de diferenciação,

CD10, CD2O, CD21, CD22 são marcadores associados. Contudo, a expressão

CD10 é um prognóstico favorável para a linhagem celular do tipo B (SILVEIRA, N.

A., ARRAES, S. M. A. A., 2008).

Os subtipos de LLA foram classificados segundo o grupo French-American-

British (FAB) em três tipos, L1, L2 e L3, com base dos aspectos morfológicos

interligados as características do perfil imunológico leucêmico (Quadro 1) (ALVES,

G. V. A., 2012; SOUZA, M. S.; 2013).

Os blastos da LLA do tipo L1, apresentam tamanho pequeno homogêneos,

moderados nucléolos e em 75% dos blastos os nucléolos não são aparentes, com

pouco citoplasma obtendo-se um aumento de relação núcleo-citoplasmática e

núcleos regulares (Figura 2), representam cerca de 85% dos casos em pacientes,

mais especificamente em crianças (76% a 89%) do que em adultos (31% a 43%) e

Page 19: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

19

estão associados a linfócitos do tipo B (ALVES, G. V. A., 2012; SILVEIRA, N. A.,

ARRAES, S. M. A. A., 2008, SOUZA, M. S.; 2013).

Figura 2: Blastos da LLA – L1

Fonte: SOUZA, M. S, 2013, p. 30.

Os blastos do tipo L2, são heterogêneos com citoplasma, formato nuclear

irregular, tipo de cromatina variável e proeminente nucléolo, constantemente com

uma mistura de blastos pequenos (Figura 3), representando 14% dos pacientes

sendo de mais incidência em adultos (49% a 60%) que em crianças (14% a 22%)

(ALVES, G. V. A., 2012; SILVEIRA, N. A., ARRAES, S. M. A. A., 2008, SOUZA, M.

S.; 2013).

Figura 3: Blastos da LLA- L2

Fonte: SOUZA, M. S, 2013, p. 30.

Os blastos do tipo L3, apresenta tamanho moderado a grande, de núcleo

regular, e cromatina fina a ligeiramente grosseira (Figura 4), proeminentes nucléolos,

Page 20: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

20

citoplasma moderado e basofílico contendo muitos vacúolos, corresponde ao

imunofenótipo de LLA de células B maduras, é mais raro, representando a 2% das

leucemias pediátricas, o diagnóstico do tipo L3 é preocupante em questão da

sobrevida dos pacientes devido a resposta insatisfatória aos tratamentos (ALVES,

G. V. A., 2012; SILVEIRA, N. A., ARRAES, S. M. A. A., 2008, SOUZA, M. S.; 2013).

Figura 4: Blastos da LLA-L3

Fonte: SOUZA, M. S, 2013, p. 30.

Quadro 1. Classificação FAB e as características morfológicas de LLA

Fonte: ALVES, G. V. A., 2012, p. 57.

Page 21: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

21

2.3. LEUCEMIA INFANTIL

Câncer infantil é visto como toda neoplasia maligna pela qual agride um

indivíduo com a faixa etária menor do que 15 anos, bem como de 0 a 4 anos sendo

as mais propensas ao surgimento do câncer. Com a estimativa de aproximadamente

200 mil casos anuais que engloba o mundo (BRAGA, P. E.; et al. 2002; ELMAN, I.;

SILVA, M. E. M. P., 2007).

A leucemia é de extrema importância para o grupo infantil pois apresentam

cerca de 30% entre todos os tipos de câncer pediátrico (faixa etária menor do que 15

anos) (LOGGETTO, S. R. et al. 2014).

O Instituto Nacional do Câncer – INCA deu uma estimativa de 138.570

ocorrência de novos casos de câncer, no Estado de São Paulo em 2006, sendo

2.570 casos de leucemia, apresentando 1.410 (54%) no sexo masculino e 1.160

(45%) no sexo feminino, apontando um predomínio na incidência da doença para o

sexo masculino (Gráfico 1) (FUNDAÇÃO ONCOCENTRO DE SÃO PAULO, 2006).

Gráfico 1: Distribuição dos Casos de Leucemias, segundo sexo e faixa etária.

Fonte: FUNDAÇÃO ONCOCENTRO DE SÃO PAULO, 2006, p. 2.

A leucemia linfocítica aguda acomete mais o sexo masculino, que tem

apresentado o pior prognóstico, algumas hipóteses de fatores têm sido

consideráveis como possíveis responsáveis, entre os quais: fatores hormonais,

características metabólicas diferenciadas entre os sexos, a recidiva testicular, alta

Page 22: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

22

ocorrência em imunofenotipo T e DNA desfavorável (MINASI, L. B., 2009; PEREIRA,

W. V., 2010).

De acordo com registros do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e do registro

de Câncer de Base Populacional (RCBP), a leucemia na infância vem sendo a mais

comum no Brasil dentre todas as neoplasias com incidência na maioria das

populações de 25% a 35% de até 3,19 por 100.000 habitantes (figura 5). Em São

Paulo foi registrada 2,99 a cada 100.000. Conforme registros da Fundação

Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (FHHEMOAM), foram

diagnosticados em 2007 a 2011, 242 casos de leucemia em crianças, do qual, 198

casos (82%) são de LLA (AGUIAR, R. A. L., 2015).

Figura 5: Mapa indicando as incidências a cada 100.000 habitantes no Canadá, Estados Unidos,

Índia e Brasil

Fonte: AGUIAR, R. A. L., 2015, p. 24.

Destaca-se como maior incidência infantil a leucemia linfocítica aguda nos

primeiros 24 meses de idade caracterizada por diferentes patogêneses e

prognósticos, separada em Leucemia dos lactentes (LAL) onde afeta a faixa etária

de crianças inferiores ou de 12 meses, de origem intra-útero e alterações somáticas

genéticas e celulares, representando um raro grupo, e a qual afeta crianças de 12 a

24 meses que também se caracteriza intra-útero, da qual requer lesões adicionais

para então o acontecimento do fenótipo clínico de leucemia, ou seja, em período

intra-uterino e após o nascimento, explicando, portanto, a hipótese do efeito

multifatorial e é a mais comum (VIEIRA, T. M. F., 2013).

Page 23: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

23

A Leucemia linfocítica aguda do Lactente (LAL) é comumente em casos onde

afetam os primeiros 12 meses da criança, são raras, representam cerca de 4% das

leucemias infantis, se desenvolve em um pequeno período de tempo, onde os

eventos para iniciar a leucemia podem ser gerados durante intrauterino. A leucemia

em lactente se difere de outras leucemias em questão clínica e fisiológica. Através

de estudos realizados foi possível a confirmação da origem intrauterina das

leucemias agudas, onde o início pré-natal é mais encontrado em LLA do que em

LMA (VIEIRA, T. M. F., 2013).

2.4. PATOGÊNESE DA LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA

A natureza do agente causador da leucemia ainda permanece desconhecida,

contudo, diversos fatores podem estar associados como possíveis causadores da

doença, logo, se faz necessário que dois eventos ocorram para gerar o

desenvolvimento leucêmico, sendo o segundo evento em virtude de fatores

ambientais. A LLA na infância apresenta uma ampla variação de incidência, tais

como fatores genéticos, fatores ambientais e as infecções. Estudos demonstraram

que a idade materna especificamente acima de 40 anos também tem um alto risco

de cânceres infantis (ELMAN, I.; SOUZA, M. S., 2013; VIEIRA, T. M. F., 2013).

2.4.1. Fatores genéticos

Podem ocorrer anomalias genéticas como as alterações cromossômicas

estruturais, sendo por exemplo translocações e inversões. As translocações

cromossômicas é resultado da troca de lugar de um gene, ou seja, de sua devida

posição ou fragmento gênico para uma região cromossômica distinta, tornando-se

genes quiméricos ocasionando, portanto, funções anormais. Também estão inclusos

no surgimento das leucemias alterações cromossômicas como deleções (perda de

fragmento cromossômico) ou inversões (reorganização de fragmento dentro do

cromossomo) (QUIXABEIRA, V. B. L., SADDI, V. A., 2008).

Translocações cromossômicas evidenciadas no período pré-natal possibilitam

no desenvolvimento do quadro inicial das leucemias, do qual cerca de 80% dos

casos com LLA possuem algum tipo de alteração cromossômica. Essas evidências

são baseadas nas seguintes observações: anormalidade no cariótipo das células

Page 24: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

24

leucêmicas que acomete uma grande parte das crianças com LLA; associação entre

várias anormalidades constitucionais de LLA na infância e adolescência; histórico de

leucemia familiar; elevação de ocorrência de leucemia em gêmeos idênticos;

confirmações da epidemiologia molecular da importância de vários alelos de genes

específicos. Uma das anormalidades cromossômicas mais conhecidas que estão

relacionadas ao risco aumentado de desenvolvimento de leucemia é a Trissomia do

gene 21 (síndrome de down), na infância a probabilidade de LLA é de 60%. Estudos

apontam possível histórico familiar de câncer como sendo associado a leucemia,

consequente risco aumentado em parentes de primeiro até o segundo grau e em

irmãos com doença linfoproliferativa (SOUZA, M. S., 2013.; MAIA, R. R. P., 2014).

Outras possíveis patologias encontradas com risco de apresentar leucemias

(Quadro 2)

Quadro 2: Patologias com predisposição genética para o desenvolvimento de leucemia

Patologia

Predisposição para

LLA LMA

Síndrome de Down X X

Síndrome de Bloom X X

Neurofibromastose X X

Síndrome de Shwachman-Diamond X X

Síndrome de Klinefelter X X

Ataxia Telangiectasia X X

Histiocitose de células de Langerhans X

Neutropenia de Kostmann X

Anemia de Fanconi X

Monossomia familiar do 7 X

Fonte: Adaptado LOGGETTO, S. R. et al. 2014, p. 354.

2.4.2. Fatores ambientais

As condições ambientais são de extrema importância no quesito de

resultantes fatores que determinam a saúde da criança, do qual, são vulneráveis

desde a vida intrauterina (SILVA, C. A. M., FRUCHTENGARTEN, L., 2005).

Um preocupante avanço que tem crescido mundialmente em questão de

contaminação do meio ambiente por agentes químicos, produção agrícola, agentes

Page 25: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

25

tóxicos e a radiação, como por exemplo metais pesados, pesticidas e poluentes

orgânicos persistentes, onde muitas vezes estão presentes no solo, ar e alimentos,

logo, podendo apresentar uma susceptibilidade maior de absorção na criança do

que em adultos, levando em consideração a maior dificuldade de metabolização a

esses possíveis agentes tóxicos, especificamente em casos de exposição contínua

gerando o acúmulo dos agentes nos órgãos ou tecidos de depósitos (SILVA, C. A.

M., FRUCHTENGARTEN, L., 2005).

Alguns exemplos de exposições a agentes químicos, onde estão relacionados

ao surgimento da leucemia, como a ingestão de alimentos contendo flavonoides,

exposição a tintas durante a gravidez, pesticida de uso domésticos do qual estudos

sugerem relação no período gestacional e pós-natal de LLA, exposição a hormônios

estando associados a leucemia de lactente, dentre outros (VIEIRA, T. M. F., 2013).

Exposição química decorrente de benzeno por exemplo, existe uma

controversa, se de fato tem alguma ligação que comprove a LLA na infância

(SOUZA, M. S., 2013).

Exposição à radiação ionizante e de certos produtos químicos tóxicos, podem,

de acordo com a idade, ao decorrer do grau e duração da exposição, auxiliar no

desenvolvimento da leucemia. Estudos apontam que crianças sujeitas a exposições

a radiação de exames diagnósticos durante o primeiro trimestre da gestação,

adquire um risco significativo de cinco vezes maior em comparação a outros

cânceres infantis (SOUZA, M. S., 2013.; MAIA, R. R. P., 2014).

2.4.3. Infecções

Diversos estudos foram realizados para se obter a comprovação da relação

entre infecção e leucemia na infância, porém, geraram resultados controversos e até

mesmo alguns não muito precisos. Mas por outro lado, existem satisfatórias

evidências científicas que confirmam a ligação desses agentes que auxiliam para o

desenvolvimento de diferenciadas neoplasias, com estimativa a cerca de 16,1% dos

casos clínicos de câncer no mundo, devido a processos infecciosos, além de

indicativos que possam estar inclusos na etiologia da leucemia pediátrica. Um

exemplo é o vírus HTLV-1 que infecta as células, podendo então gerar o

Page 26: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

26

desenvolvimento de LLA de células T (INSTITUTO ONCOGUIA, 2014; MAIA, R. R.

P., 2014; VIEIRA, T. M. F., 2013).

Há hipóteses sobre a implicação da leucemia infantil mediante as infecções,

um exemplo é a transferência do agente infeccioso para o feto durante uma infecção

no período gestacional, onde pode ocasionar uma possível instabilidade genética,

possibilitando assim, maior risco de LLA. Outra hipótese também seria a infecção

tardia, devido a infecções comuns no início da infância atribuídas as limitadas

exposições, podendo gerar uma falha imunológica, resultando, portanto, em maior

risco do desenvolvimento da LLA (figura 6). Acredita-se que a resposta imune

desregulada pode gerar um aumento para o desenvolvimento da exposição a

infecções (MAIA, R. R. P., 2014; VIEIRA, T. M. F., 2013).

Figura 6: Dois eventos de origem de LLA por infecções.

Fonte: VIEIRA, T. M. F., 2013, p. 12.

A primeira mutação surge na vida intrauterina e a segunda mutação

necessária para iniciar a leucemia surge na vida pós-natal, sendo a segunda

estando associada a características do desenvolvimento imune, da qual existe uma

maior susceptibilidade de reagir de forma exacerbada a infecções durante o início da

vida e uma baixa exposição a infecções e estímulos imunológicos de modo geral

(VIEIRA, T. M. F., 2013).

Page 27: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

27

2.4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

As manifestações clínicas iniciais podem ocorrer cerca de poucos dias,

semanas ou mais de um mês, os possíveis sinais e sintomas apresentados são

consequências de infiltração e falência medular substituição de células normais por

leucêmicas (blastos). O quadro clínico pode variar conforme a intensidade do

comprometimento medular e extramedular (LORENZI, T. F., 2015; PEREIRA, W.V.,

2010; SOUZA, M. S., 2013).

Muito comum apresentar sintomas como cansaço, palidez, fraqueza, cefaleia

e perda de peso, devido a infiltração da medula óssea e por consequência a

diminuição de eritrócitos (hemácias) que possuem hemoglobina em seu interior do

qual são responsáveis pelo transporte de oxigênio, resultando em um quadro de

anemia (BARBOSA, C. M. P. L., et al., 2002; PEREIRA, W.V., 2010).

Frequentemente os pacientes apresentam quadros hemorrágicos

(sangramentos prolongados), hematomas pelo corpo, petéquias e equimoses são

decorrentes a alterações da coagulação, à redução de plaquetas (trombocitopenia)

(PEREIRA, W.V., 2010; RAVEL, R. M. D. 1995).

A infecção é um quadro frequente, sendo a febre um sintoma muito comum

(50% apresentados pelos pacientes) e sem causa aparente, em decorrência da

perda de imunidade protetora, na qual os leucócitos estão sendo produzidos, porém

em uma demanda muito grande, fazendo com que fiquem imaturos (sem função

protetora), enquanto que as células maduras estão em menor quantidade, logo,

adquiri uma susceptibilidade as infecções, sendo o motivo mais recorrente de morte

(RAVEL, R. M. D.1995, KUMAR, V. et. al. 2010).

É muito comum crianças se queixarem de dores articulares e dores em

membros atingindo cerca de 10% a 20%. A dor óssea difusa ou localizada (40% dos

pacientes) é devido ao acúmulo de blastos na medula óssea ocasionando a pressão

interna nos ossos, assim como também no periósteo e articulações (Figura 7)

(BARBOSA, C. M. P. L., et al., 2002).

Page 28: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

28

Figura 7: Sintomas comuns da Leucemia

Fonte: NURSING, 2017, (vide site).

A hepatomegalia (aumento do fígado) na maioria das vezes apresenta-se

acompanhada de esplenomegalia (aumento do baço) em mais de 50% dos

pacientes. O aumento do volume dos gânglios linfáticos (linfadenopatia) está

presente em aproximadamente 50% dos casos comumente de grau leve. Na maior

parte dos casos o aumento desses órgãos está associado com o período de

durabilidade da doença (RAVEL, R. M. D. 1995).

Geralmente os pacientes com LLA possuem lesões ulcerativas na mucosa

oral ou nas gengivas, podendo também ser afetadas em outras regiões (RAVEL, R.

M. D. 1995).

Dores de cabeça, hipertensão intra-craniana e vômitos é decorrente a

infiltração de células leucêmicas no sistema nervoso central, podendo gerar

paralisias de nervos cranianos, bem como o facial, sendo o mais frequente (KUMAR,

V. 2010)

Quando a doença progride pode causar, ainda, acometimento ocular,

testicular, nódulos subcutâneos e síndromes compressivas medulares. A Leucemia

possui quadros clínicos gerais e inespecíficos que se assemelham a outras

patologias (BARBOSA, C. M. P. L., et al., 2002; KUMAR, V., 2010).

Page 29: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

29

2.5. DIAGNÓSTICOS

Muitas vezes as leucemias são descobertas ao acaso, sem a queixa de

nenhum sintoma da doença, através da realização do exame de rotina feito pelo

hemograma, que por sua vez, continua sendo um diagnóstico muito importante e é

sugestivo quando há apresentação de linfocitose e a presença de blastos. Para a

complementação do diagnóstico outros exames poderão serem feitos como, exames

de coagulação sanguínea, testes químicos de rotina (creatinina, eletrólitos, etc.),

esfregaço da medula óssea e biópsia da medula óssea. Antes utilizava-se apenas a

observação das células do sangue periférico (hemograma) e da medula óssea

(mielograma) para o diagnóstico das leucemias, porém, ambos, somente com o

parâmetro de característica celular não eram suficientes para a determinação dos

diferentes tipos leucêmicos (SILVEIRA, N. A., ARRAES, S. M. A. A., 2008, SILVA, P.

H., 2016)

Atualmente com os grandes avanços tecnológicos encontra-se a possibilidade

de ser realizados outros tipos de exames complementares, do qual, permitem a

conclusão precisa do diagnóstico. Visto que o diagnóstico precoce é uma fonte

determinante para o melhor direcionamento do tratamento, bem como terapias que

serão utilizadas conforme a classificação da leucemia.

2.6.1. Hemograma

O hemograma proporciona dados iniciais indicativos que geram a suspeita da

leucemia. Geralmente, a LLA apresenta mais de 25% de blastos no hemograma e

conforme a classificação FAB, na medula óssea encontra-se blastos em mais de

30% (LOGGETTO, S. R. et al. 2014; RAVEL, R., M. D. 1995).

Logo, a contagem de leucócitos pode diferenciar entre 100 a 1 milhão de

leucócitos/mm³ (leve a moderada), 53% possuem 10.000, 30% apresentam de 10 a

49.000 e 10% possuem quantidade maior que 100.000/mm³, podendo também

apresentar um valor normal de leucócitos. Exibe baixa presença de plaquetas

(trombocitopenia) em 80-85% dos casos, com aproximadamente 40% apresentando

um número menor que 50.000/mm³ de plaquetas (BARBOSA, C. M. P. L., et al.

2002; LOGGETTO, S. R. et al. 2014; SILVA, P. H. 2016; RAVEL, R. M. D. 1995).

Page 30: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

30

Registra-se anemia, geralmente normocítica e normocrômica, de grau

moderado a grave, com incidência em 90% dos pacientes. Pode ser encontrado

através do esfregaço sanguíneo (morfologia celular) a presença de neutrófilos multi-

segmentados, porcentagem alta de linfócitos ou granulações tóxicas que são sinais

de infecção. Através do hemograma pode-se indicar o tipo celular sendo mielóide ou

linfóide e inclusive a característica aguda ou crônica da doença (ALMEIDA, T. J. B.,

2009; SILVEIRA, N. A., ARRAES, S. M. A. A., 2008; SILVA, P. H., 2016).

2.6.2. Mielograma

O mielograma ou biópsia exame por aspiração da medula óssea, é um

diagnóstico decisivo para a confirmação da leucemia. A pesquisa desse tecido indica

a troca de células hematopoiéticas normais por leucêmicas imaturas. Quando

houver mais de 25% a 30% de blastos (células imaturas) se dá a confirmação do

diagnóstico da doença. A análise citoquímica e morfológica dos esfregaços de

medula óssea possibilita a classificação e o diagnóstico inicial das leucemias

(ALMEIDA, T. J. B., 2009; SILVEIRA, N. A., ARRAES, S. M. A. A., 2008; SILVA, P.

H., 2016).

2.6.3. Análises Bioquímicas

Também é de importância a análise bioquímica, bem como análise da função

renal e hepática, dosagem de eletrólitos (equilíbrio eletrolítico), de ácido úrico e

desidrogenase lática (LDH) sendo neste caso comum o achado de níveis elevados

de LDH devido a uma destruição acelerada e regeneração celular. Logo, há

necessidade de realização dessas dosagens antes de iniciar o tratamento

(ALMEIDA, T. J. B., 2009).

2.6.4. Citoquímica

O grupo FAB descobriu que as colorações citoquímicas serviam como auxílio

para a classificação e diferenciação de linhagem celular das leucemias bem como

linfóide ou mielóide, sendo, portanto, um exame complementar. Obtendo as

seguintes provas padronizadas Mieloperoxidases (MPO), Sudan Black (SB), Ácido

Page 31: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

31

Periódico de Schiff (PAS), esterases específicas (EE) e não específicas (ENE)

(ALMEIDA, T. J. B., 2009; RAVEL, R. M. D. 1995; SILVA, P. H., 2016).

Coloração Sudan black (SB) apresenta-se negativa para leucemia linfocítica e

em outros tipos de leucemia monocítica e positiva para leucemia mielocítica e

mielomonocítica. Utiliza-se a coloração de esterase inespecíficas para a

identificação das leucemias monocíticas. Alfa-naftilbutirato-esterase somente são

positivos nas células monocíticas, já as NASD-acetato-esterase geram resultados

positivos nas células mielóides e monocíticas. Ocasionalmente essas colorações

especiais não fornecem resultados diagnósticos. Reação desoxinucleotidil-

transferase terminal (TdT) apresentam positividade para linfócitos (especificamente

linfócito T), não sendo observados nos linfócitos B, entretanto, TdT é positiva para

uma neoplasia de malignidade de células B (muito imaturas) LLA pré-B. Observa-se

a atividade enzimática TdT em aproximadamente 90% dos casos com LLA,

especialmente em fenótipos de células T (RAVEL, R. M. D. 1995).

A reação da PAS é de resultantes variáveis, podendo ser inteiramente

negativa ou pode indicar granulações positivas homogêneas e pequenas, ou

grandes e grosseiras, contudo, a reação positiva da PAS é indicativo de LLA-B

(ALMEIDA, T. J. B., 2009; SILVA, P. H., 2016).

2.6.5. Punção lombar

Aproximadamente 5% dos casos de LLA possuem infiltração leucêmica do

SNC, geralmente de maneira assintomática, portanto, é de extrema importância que

esse diagnóstico seja feito. Pode ocorrer interferentes como a contaminação de

blastos do sangue periférico no momento em que estiver sendo feita a punção

lombar, por isso é um diagnóstico que requer experiência do profissional. No exame

citológico a análise do líquor irá revelar pleocitose e a existência de células

leucêmicas (ALMEIDA, T. J. B., 2009).

2.6.6. Citogenética

A citogenética e/ou biologia molecular realiza estudos genético de blastos,

que define as alterações cromossômicas e moleculares específicos da doença,

contribuindo para o prognóstico da leucemia. Cerca de 60% a 85% dos pacientes

Page 32: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

32

com LLA apresentam alterações cromossômicas podendo ser alterações estruturais

ou numéricas. O exame pode ser realizado mediante de cultura celular (material

aspirado de medula óssea), ou como também através da análise direta das células

(sangue periférico) porém, deve-se ter uma quantia adequada de blastos circulantes

(superior a 10%) (LOGGETTO, S. R. et al. 2014; SILVA, P. H., 2016).

Tornou-se de extrema importância o exame de citogenética dos “blastos”

leucêmicos como técnica de análise de riscos. Os sub-tipos de LLA vem em

decorrência acompanhados com aberrações citogenéticas, apresentando

comportamento biológico. A análise pode ser realizada através da citogenética

convencional ou molecular (método de Fluorescent in situ hybridization – FISH) que

contém sondas específicas e difere com a vantagem de identificar uma quantidade

mais alta de mitoses ou em fases de interfase. As reações de PCR possibilitam um

alto índice de precisão e também simplificam a análise (PEREIRA, W.V., 2010).

Em termos citogenéticos a LLA pode ser classificada em 5 tipos, conforme o

número modal de cromossomos: hiperdiplóide contendo 47 a 50 cromossomos

acontece em 10 a 15% dos casos; hiperdiplóide contendo uma quantidade maior

que 50 cromossomos; diplóide 46 cromossomos ocorrem entre 10 a 15% dos casos;

pseudodiplóide contendo 46 cromossomos apresentando alterações estruturais

ocorre em torno de 40% dos casos e hipodiplóide contendo uma quantia menor que

46 cromossomos representando de 7 a 8% dos casos (PEREIRA, W.V., 2010).

Apesar de muitas vezes o exame citogenético de leucemia aguda ser

demorado por conta das características de evolução rápida, sua utilização é de

extrema importância para o prognóstico. Com a evolução da biologia molecular a

citogenética obteve-se uma melhora significativa na detecção de anomalias

cromossômicas, baseadas no uso de sondas moleculares (sequências conhecidas

de ácidos nucleicos) com a finalidade de detectar a sequência complementar nos

cromossomos em estudo. A reação é reconhecida através da utilização de

fluorocromos ligados a essas sondas e são observadas por meio da microscopia de

fluorescência, mais conhecida como FISH (fluorescence in situ hybridization), que foi

citada anteriormente (SILVA, P. H., 2016).

Page 33: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

33

2.6.7. Imunofenotipagem

É utilizada para o diagnóstico, prognóstico, classificação, monitoramento e

assim como também para a caracterização fenotípica das células hematopoiéticas

patológicas. Fornecendo um estudo de expressão dos antígenos leucocitários para a

diferenciação por meio da superfície ou citoplasma das células por intermédio da

utilização de anticorpos monoclonais específicos. Realizada através da citometria

de fluxo (CMF) que vem sendo muito utilizada na prática laboratorial, devido a sua

técnica de identificação individual das células sanguíneas e por sua classificação

das hemopatias, bem como para contagens de diferenciação celular. Por meio de

um conjunto de detectores de fluorescência analisa as propriedades celulares devido

a movimentação das células em uma solução isoeletrolítica (QUIXABEIRA, V. B. L.,

SADDI, V. A., 2008.; LOGGETTO, S. R. et al. 2014; SILVA, P. H., 2016).

A imunofenotipagem possibilita o reconhecimento preciso de linhagem

(linfóide ou mielóide) e sublinhagem do tipo T ou B, aproximadamente 85% dos

pacientes infantis são portadores da linhagem do tipo B, sendo pró-B (ocorre em 1%

dos casos), pré-B (25% dos casos), LLA-B transicional (4% dos casos) e LLA-B

madura (2% a 3% dos casos). Já a LLA-T encontra-se em 15% a 18% dos casos de

faixa etária pediátrica (LOGGETTO, S. R. et al. 2014).

Utiliza-se anticorpos monoclonais conjugados contendo agentes fluorescentes

(fluorocromos) o que possibilita o reconhecimento de determinados antígenos

celulares investigados, relacionados a linhagem e ao grau de maturação e

diferenciação das células sanguíneas (QUIXABEIRA, V. B. L., SADDI, V. A., 2008.;

SILVA, P. H., 2016).

Os diversos ângulos de desvio de feixes de luz também podem ser medidos

de maneira direta a associação entre o tamanho e o nível de complexidade (relação

núcleo/citoplasma, tipos de granulações e quantidade de lóbulos). A técnica de CMF

proporciona sensibilidade, objetividade, rapidez e precisão, incluindo DNA/RNA,

identificação e quantificação de antígenos e a análise do conteúdo citoplasmático.

Os parâmetros celulares analisados pela técnica podem ser separados em dois

grupos, os marcados pela luz dispersa (refletem o tamanho celular e complexidade

interna) e os relacionados a presença de anticorpos marcados com fluorocromos

reconhecendo moléculas celulares específicas. Com os avanços tecnológicos da

imunofenotipagem proporcionou o conhecimento, a diferenciação e caracterização

Page 34: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

34

de neoplasias de forma sensível e específica de diversos tipos e subtipos dessa

doença. Para diferenciação mielóide/linfóide, linfócito T/B utiliza-se marcadores

preliminares (QUIXABEIRA, V. B. L., SADDI, V. A., 2008.; SILVA, P. H., 2016).

Page 35: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

35

3. CONCLUSÃO

A leucemia linfocítica aguda apresenta mais incidência na infância, sendo

maior número em crianças do sexo masculino do qual ainda não se tem a conclusão

exata para a justificativa do mesmo, fazendo-se necessária pesquisas para a

comprovação deste relato; porém, questiona-se sobre possíveis variações entre os

sexos como as diferenças hormonais, diferenças das vias metabólicas, DNA

desfavorável, entre outros.

A LLA possui subtipos de linhagens de linfócitos, tais como a do tipo T e B,

cada um contendo os seus específicos marcadores e seu determinado prognóstico,

e também apresenta a classificação dos tipos L1, L2 e L3, do qual, cada uma se

diferencia conforme a sua morfologia e incidência, a L1 representa maior número de

casos em crianças, a L2 possui maior incidência em adultos e a L3 é rara, possui o

pior prognóstico não respondendo as terapias.

Ainda não foi descoberto a origem pela qual se adquire essa doença, continua

sendo desconhecida; entretanto, existem vários fatores associados que podem ser

considerados como possíveis causas da leucemia linfocítica aguda, podendo ser

desde a vida intrauterina, fatores genéticos, fatores ambientais e até mesmo o

processo imunológico ocasionado pelas infecções.

Os sintomas apresentados pelos pacientes são por consequências de

infiltração e falência medular, o quadro clínico pode variar conforme a intensidade do

comprometimento, entretanto, a maioria dos portadores dessa doença queixam-se

dos sinais e sintomas mais frequentes como as manchas pelo corpo, cansaço,

palidez, dores articulares, febres, hepatomegalia, linfadenopatia, dentre outras.

A realização dos exames laboratoriais são de extrema importância, pois

através deles pode-se identificar ou encontrar alguma patologia, podendo ser ao

acaso, feito por meio de exames de rotina (hemograma), o mielograma, a

citoquímica, citogenética e a imunofenotipagem são os diagnósticos mais utilizados

para a confirmação e para a classificação da leucemia. Atualmente, os avanços

tecnológicos em diagnósticos têm aumentado significativamente a melhora dos

resultados laboratoriais para se identificar e classificar a leucemia, bem como para a

sobrevida dos pacientes pediátricos portadores da doença, com o achado

precocemente, possibilitando assim, através da classificação da leucemia ter um

melhor direcionamento para seu determinado tratamento.

Page 36: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

36

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Renata A. L. Alterações citogenéticas em crianças portadoras de

leucemia linfoide aguda B no amazonas. 2015. 87f. Dissertação (Mestrado) - Universidade do Estado do Amazonas, Manaus. ALMEIDA, Tereza J. B. Avanços e perspectivas para o diagnóstico da leucemia linfóide aguda. Revista Virtual, Candombá, v. 5, n. 1, p. 40-55, jan/jun. 2009.

ANJOS, Adriana R.; SILVA, Marcio A.; BORELLI, Primavera. Matriz Extracelular e Leucemia. Rev.bras hematol.hemoter. São Paulo, 2000, v. 22, n. 3, p. 404-412. ALVES, Gabriela V. A. Caracterização hematológica e imunofenotípica em pacientes com leucemia linfoblástica aguda. 2012. 214f. Tese (Doutorado em Biotecnologia da Saúde) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal - RN.

BARBOSA, Cassia M. P. L.; et al. Manifestações musculo-esqueléticas como apresentação inicial das leucemias agudas na infância. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, 28 ago. 2002. n. 6. p.481-4. BRAGA, Patrícia E.; LATORRE, Maria R. D. O.; CURADO, Maria P. Câncer na infância: análise comparativa da incidência, mortalidade e sobrevida em Goiânia (Brasil) e outros países. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, p.33-44, jan-fev, 2002.

CAZÉ, Marcelino O.; BUENO, Denise; SANTOS, Mara E. F. Estudo referencial de um protocolo quimioterápico para leucemia linfocítica aguda na infância. Rev. HCPA, Porto Alegre - RS, v. 30, n. 1, p. 5-12, 2010. ELMAN, Ilana; SILVA, Maria E. M. P. Crianças Portadoras de Leucemia Linfóide Aguda: Análise dos Limiares de Detecção dos Gostos Básicos. Revista Brasileira

de Cancerologia, São Paulo, v. 53, n. 3, p. 297-303, 2007.

FUNDAÇÃO ONCOCENTRO DE SÃO PAULO. Leucemia. Boletim 27, 2006. Disponível em: <http://www.fosp.saude.sp.gov.br:443/docs/boletins/rhc27.pdf> Acesso em: 22 de outubro de 2017. GUYTON, Arthur. C.; HALL, John E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro,

Elsevier, 11. ed., 2006, p. 437. INSTITUTO ONCOGUIA. Vírus. 2014. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/leucemia-linfoide-aguda-lla/1135/31/ Acesso em: 19 de Novembro de 2017. KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; FAUSTO, Nelson. Patologia: Bases Patológicas das Doenças. Rio de Janeiro, Elsevier, 8. ed. 2010. v. 2, p. 597-645.

Page 37: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

37

LOGGETTO, Sandra R. BRAGA, Josefina A. P.; TONE, Luiz G. Hematologia e Hemoterapia Pediátrica. Sociedade de Pediatria de São Paulo, Atheneu, 1. ed. 2014. p. 353-360.

LORENZI, Therezinha F. Manual de Hematologia: propedêutica e clínica. Rio de Janeiro, 4. ed. 2015, p. 1-7. MAIA, Raquel R. P. Infecções na infância, características maternas e leucemia linfocítica aguda em crianças. 2014. 168 f. Tese (Doutorado em Epidemiologia) - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, São Paulo.

MENDES, Fernando. O dinheiro a felicidade e você. Brasil: Simplíssimo, 2016. p. 50.

MINASI, Lysa. B. Leucemia linfóide aguda na infância: importância do

diagnóstico citogenético convencional como fator

prognóstico. 2009. 78 f. Dissertação (Mestrado em Genética) - Universidade Católica de Goiás, Goiás.

NURSING, 2017. Sintomas. Disponível em: http://www.nursing.com.br/leucemia-principais-sintomas-possiveis-causas-e-tratamento/ acesso em: 2 de setembro de 2017. PEREIRA, Waldir V. Aspectos epidemiológicos, biotipologia e evolução do tratamento da leucemia linfocítica aguda e adolescência no rio grande do sul. 2010. 303f. Tese (Doutorado em Medicina) - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo.

QUIXABEIRA, Valeria B. L.; SADDI, Vera A. A importância da imunofenotipagem e da citogenética no diagnóstico das leucemias: uma revisão da literatura. RBAC, Goiás, 27 jul. 2008, v. 40, n. 3, p. 199-202.

RAVEL, Richard M. D. Laboratório Clínico: Aplicações clinicas dos dados

laboratoriais. 6. ed. Rio de Janeiro, 1995. p. 59-62. SILVA, Carlos A. M.; FRUCHTENGARTEN, Ligia. Riscos químicos ambientais à saúde da criança. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, 2005. v. 81, n. 5, p. S205-S2011. SILVA, Paulo H., et al. Hematologia laboratorial, teoria e procedimentos. Porto

Alegre, 2016. Artmed, p. 269-273. SILVEIRA, Neiva A.; ARRAES, Sandra M. A. A. A imunofenotipagem no diagnóstico diferencial das leucemias agudas: uma revisão. Maringá- PR, Arq Mudi, 2008. v. 12, n. 1 p. 5-14. SOUZA, Clélia M. C.; et al. Avaliação da qualidade de vida de sobreviventes de

leucemia na infância. São Paulo, 2012. v. 20, n. 2, p. 439 – 449. SOUZA, Marcelo. S. Estudos epidemiológicos dos casos de leucemia linfoide aguda nas crianças e adolescentes tratados no centro de tratamento onco hematológico infantil – CETOHI, do hospital regional de mato grosso do sul.

Page 38: FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD …unifsp.edu.br/itapetininga/wp-content/uploads/2018/08/Mayara... · A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia maligna

38

2013. 91f. Dissertação (Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento) - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande - MS. VIEIRA, Tállita M. F. RFC1 RS1051266 (80G>A), SHMT1 RS1979277 (1420C>T) e

MTHFR RS1801133 (677C>T) aumentam o risco para LLA da primeira infância. 2013. 89f. Dissertação (Mestrado em Oncologia) Instituto Nacional de Câncer José Gomes da Silva, Rio de Janeiro. YOUNG, Barbara; et al. Histologia Funcional. Rio de Janeiro, 2008. 5. ed. p. 436.