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FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUIÇÃO CHADDAD DE ENSINO CURSO DE BIOMEDICINA DULCINÉIA ROSA FILEPPO LETO SITUAÇÃO DO TÉTANO NEONATAL E ACIDENTAL NA ATUALIDADE ITAPETININGA-SP 2017

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FACULDADE SUDOESTE PAULISTA

INSTITUIÇÃO CHADDAD DE ENSINO

CURSO DE BIOMEDICINA

DULCINÉIA ROSA FILEPPO LETO

SITUAÇÃO DO TÉTANO NEONATAL E ACIDENTAL NA ATUALIDADE

ITAPETININGA-SP

2017

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DULCINÉIA ROSA FILEPPO LETO

SITUAÇÃO DO TÉTANO NEONATAL E ACDENTAL NA ATUALIDADE

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade Sudoeste Paulista de Itapetininga-FSP -ao curso de graduação em Biomedicina como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Biomedicina.

Orientador: Prof. Ms. José Renato de

Moraes.

ITAPETININGA-SP

2017

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LETO, Dulcinéia R. F. Situação do Tétano Neonatal e Acidental na Atualidade / Dulcinéia Rosa Fileppo Leto – Itapetininga, 2017, 38 p. Trabalho de conclusão de curso – FSP – Faculdade Sudoeste Paulista – Biomedicina Orientador: Prof. Ms. José Renato de Moraes. 1. Tétano 2. Tétano Neonatal 3. Tétano Acidental.

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DULCINÉIA ROSA FILEPPO LETO

SITUAÇÃO DO TÉTANO NEONATAL E ACIDENTAL NA ATUALIDADE

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade Sudoeste Paulista de

Itapetininga - FSP - ao curso de graduação em Biomedicina como requisito parcial

para obtenção do título de bacharel em Biomedicina.

Orientador: Prof. Ms. José Renato de Moraes

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Prof. Orientador: Ms. José Renato de Moraes.

____________________________________

Prof. Dr. Edson Hideaki Yoshida

____________________________________

Prof. Dr. Messias Miranda Júnior

Itapetininga, ___de dezembro de 2017.

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A Deus e a meu querido esposo Franco,

por seu amor, carinho, paciência e apoio.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, por ter me proporcionado a oportunidade

de poder cursar está faculdade.

Obrigada Senhor, por todos os dias que esteve ao meu lado, me ajudando a

suportar todas as provas e lutas nesses quatro anos.

Quero agradecer ao meu orientador Professor ME José Renato de Moraes,

obrigada pela paciência, pelo carinho e atenção, por ter me ajudado a realizar este

trabalho de conclusão de curso.

A minha saudosa mãe Lucinda, que me ensinou a ler e escrever me educou

com muito amor, carinho e respeito. Fez-me o ser humano que sou hoje, só lamento

você não estar aqui presente neste momento tão especial de minha vida.

O meu esposo querido, que sempre me apoiou em todas as decisões que

tomei em minha vida, pelo seu amor e dedicação nesses 20 anos que estamos

juntos, obrigada.

A minha querida sogra Sônia, por me apoiar e ajudar em todos os momentos.

A minha querida tia Clau, por seu amor, carinho e dedicação, muito obrigada

por você fazer parte da minha vida.

E aos meus filhos queridos Francisco e Miguel, obrigada meus amores pelo

amor, carinho e por serem parte de mim.

Agradeço a todos os meus professores que deixaram uma lição de vida junto

com todo aprendizado que passaram.

E obrigada a todos os meus colegas e amigos de classe que faram parte da

minha vida para sempre.

Eu quero agradecer também a todos os funcionários da direção, da

secretária, do financeiro, da biblioteca, da cantina, do xerox e principalmente as

pessoas responsáveis pela limpeza e organização da faculdade.

Obrigada a todos.

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Senhor é o meu pastor e nada me faltará.

Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me

Mansamente a águas tranquilas.

Refrigera minha alma, guia-me pelas vereda da

Justiça, por amor do seu nome.

(BÍBLIA SAGRADA, 2011, p.559)

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LETO, Dulcinéia. R.F. Situação do Tétano Neonatal e Acidental na Atualidade.

Itapetininga-SP. 2017. 38 f. Faculdade Sudoeste Paulista de Itapetininga-São Paulo,

2017.

RESUMO

O tétano é uma doença da antiguidade, que desde o início da civilização acometia crianças, jovens e adultos, principalmente pessoas da zona rural e a população mais pobre. Esta revisão de literatura tem como objetivo fazer um levantamento sobre os casos confirmados de tétano neonatal, tétano acidental e tétano generalizado e, também, o número de óbitos. No Brasil houve redução nos casos confirmados de tétano, devido à maior cobertura vacinal das crianças, das gestantes e dos adultos. O tétano neonatal era conhecido antigamente como o mal de sete dias, devido à doença levarem o recém-nascido a óbito em uma semana. O tétano acidental, normalmente ocorre em trabalhadores rurais, empregadas domésticas e trabalhadores da construção civil que se ferem e não procuram ajuda médica e, na maioria das vezes, não deixam a carteira de vacinação em dia. Com base nos dados levantados concluiu-se que a maioria dos casos de tétano poderia ser evitada se houvesse campanhas de vacinação e orientação a população, buscando realizar uma maior cobertura, sem esquecer as zonas rurais e a periferia das cidades.

Palavras-chave: Tétano. Tétano Neonatal. Tétano Acidental.

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LETO, Dulcinéia. R.F. Situation of Neonatal and Accidental Tetanus in the

Present. Itapetininga-SP. 2017. 38 p. South western College of São Paulo,

Itapetininga, 2017.

ABSTRACT

Tetanus is a disease of antiquity, which from the beginning of In Brazil there was a reduction in the confirmed cases of tetanus, due to the greater vaccination coverage of children, pregnant women and adults. Neonatal tetanus was formerly known as the seven-day disease because of the disease causing the newborn to die within a week. Accidental tetanus usually occurs in rural workers, domestic servants, and construction workers who are injured and do not seek medical help and, most of the time, do not leave their vaccination records up to date. Civilization affected children, youth and adults, mainly rural people and the poorest population. This literature review aims to survey the confirmed cases of neonatal tetanus, accidental tetanus and generalized tetanus, and also the number of deaths. Based on the data collected it was concluded that the majority of tetanus cases could be avoided if there were vaccination campaigns and guidance to the population, seeking to achieve greater coverage, not forgetting rural areas and the outskirts of cities.

Key words: Tetanus. Neonatal tetanus. Accidental tetanus.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Indicações para Imunização de Mulheres em Idade Fértil ..................... 28

Quadro 2 – As Orientações para o Esquema vacinal ............................................... 31

Quadro 3 – As Indicações para uso de Sedativos e Miorrelaxantes ......................... 32

Quadro 4 – As Instruções para uso de Soro Antitetânico ......................................... 33

Quadro 5 – As Orientações para Uso do Antibiótico ................................................ 33

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – A ação da toxina tetânica ........................................................................ 18

Figura 2 – Coloração de Clostridium tetani .............................................................. 19

Figura 3 – Tétano em recém-nascido ....................................................................... 27

Figura 4 – Sorriso Sardônico .................................................................................... 29

Figura 5 – Espasmo Tetânico .................................................................................. 30

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1–Os Casos Confirmados de Tétano Acidental, conforme a Situação Vacinal

e Faixa Etária ........................................................................................................... 20

Tabela 2- As Causas para Suspeita de Tétano Acidental ........................................ 20

Tabela 3 – Número de Casos Notificados e Confirmados de Tétano Acidental ........ 21

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LISTA DE SIGLAS

FSP- Faculdade Sudoeste Paulista

µ- Micrometro

GABA- Ácido gama-aminobutirico

C- Célsius

α-Alfa

CID-Classificação Internacional de Doenças

AT-Acidentes de Trabalho

SNC-Sistema Nervoso Central

UTI-Unidade de Terapia Intensiva

UI-Unidade Internacional

KG-Quilograma

Mg-Miligrama

EV- Endovenosa

DTP- Vacina Tríplice

Dt-Dupla Adulto

TT- Toxóide Tetânico

DT-Vacina Dupla do Tipo Infantil

DPP-Data Provável do Parto

TI- Terapia Intensiva

SINAN-Sistema de Agravos de Notificação

IGHAT-Imunoglobulina Humana Antitetânica

SAT-Soro Antitetânico

IM-Intramuscular

MIF-Mulher em Idade Fértil

HIB-Haemophilus Influenzae b (HIB)

DTPa-Vacina Tríplice Bacteriana Acelular do Tipo Adulto

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LISTA DE ABREVIATURAS

C. tetani- Clostridium tetani

A.C- Antes de Cristo

Ref- Referência

Ign-Ignorado

Bran-Branco

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15

2 DESENVOLVIMENTO .......................................................................................... 17

2.1 Fundamentação Teórica .................................................................................. 17

2.1.1 Clostridium tetani ............................................................................................ 17

2.1.2 Epidemiologia.................................................................................................. 19

2.1.3 Tétano Doença ................................................................................................ 23

2.1.4 Sinais e Sintomas ........................................................................................... 25

2.1.5 Tipos de Tétano .............................................................................................. 25

2.1.5.1 Tétano Neonatal ........................................................................................... 25

2.1.5.2 Tétano Acidental .......................................................................................... 28

2.1.5.3 Tétano Generalizado .................................................................................... 29

2.1.6 Tratamento ...................................................................................................... 30

3 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 35

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 36

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1 INTRODUÇÃO

O tétano é uma doença causada pelo bacilo Clostridium tetani, o qual causa

uma infecção aguda grave e não contagiosa, através da produção de uma exotoxina

a tetanospasmina. Ao cair na corrente sanguínea, a toxina pode aderir-se ao sistema

nervoso central (COURA, 2008). O Clostridium tetani é um bacilo gram-positivo,

anaeróbio encontrado no ambiente, porém sua predominância é no solo (poeira,

areia, fezes de animais, objetos enferrujados, instrumentos cirúrgicos não

esterilizados e não lavados adequadamente, entre outros). A penetração do

microrganismo é através de um ferimento perfuro cortante profundo, aonde é

possível seu crescimento pelas condições favoráveis (MACIEL,2003).

O Clostridium tetani possui em sua característica morfológica a criação de

endósporo oval terminal, com o formato de uma raquete de tênis analogia que

facilita sua identificação. O tétano doença acontece logo após os esporos entrarem

na lesão, na condição de baixo potencial de oxirredução, tem a possibilidade de

germinar e se multiplicar (FERREIRA, 2008). O tétano apresenta três formas: o

tétano acidental, o tétano neonatal e o tétano generalizado. No tétano acidental, a

infecção pelo Clostridium tetani ocorre quando em feridas e tecidos desvitalizados

há penetração de corpos estranhos contaminados pelos esporos tetânicos por

exemplo em: terra, gravetos, cacos de vidros e entre outros. Esta condição pode ser

porta de entrada ou foco da infecção, há também a ocorrência de complicações em

queimaduras, infecção puerperal, infecção no local da ferida cirúrgica e as úlceras

crônicas em pacientes com mais de 40 anos de idade que possuem algum fator de

risco associado (OLIVEIRA & NUNES, 2013).

No tétano neonatal (tetanus neonatorum) a infecção começa no cordão

umbilical, pode progredir e se tornar generalizada. A mortalidade pela doença em

crianças é alta ultrapassando 90% e defeitos de desenvolvimento são presentes nas

crianças que sobrevivem. É uma doença que quase exclusiva de países em

desenvolvimento (FREITAS, 2009).

O tétano generalizado é caracterizado quando a toxina do Clostridium tetani

chega ao sistema circulatório, ao sangue, a linfa, e em outros terminais nervosos

podendo dissipar-se. Os nervos mais curtos são acometidos em primeiro, o que

evidencia comprometer a cabeça, o tronco e as extremidades do corpo. Já no tétano

localizado e no tétano cefálicos, somente determinados nervos são atingidos, os

quais apresentam espasmos musculares localizados (GOMES et al., 2011).

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Em alguns países a doença é rara como por exemplo nos Estados Unidos,

devido à alta incidência de imunidade induzida por vacina. São relatados menos de

40 casos anualmente e a doença ocorre na maioria das vezes em pacientes idosos,

os quais estão com a imunidade reduzida. Mas o tétano ainda é o responsável por

muitas mortes em países que estão em desenvolvimento, onde a vacinação não

está disponível para toda a população ou as práticas médicas também não são

satisfatórias. (FREITAS, 2009).

Com isso, a situação foco principal deste trabalho é fazer um levantamento do

número de casos de tétano acidental como também no neonatal e entender porque

esta doença ainda é um grave problema de saúde pública causando um número

elevado de óbitos, apesar da medicina e a saúde estarem tão avançadas.

Este estudo torna-se importante por coletar informações sobre os casos de

tétano neonatal e acidental, no território brasileiro. Afim de mostrar como é

fundamental a vacinação de toda a população, não só os residentes nas grandes

metrópoles, mas principalmente os que residem nas zonas rurais.

Este trabalho irá estudar o significado do tétano, compreender como o tétano

neonatal e o acidental leva a óbito, analisar a importância da prevenção e dos

cuidados.

Para realizar este trabalho de revisão de literatura, foram encontrados 35

artigos científicos, dos quais foram utilizados 22 artigos científicos no trabalho. E

foram buscados nas seguintes bases de dados: Scielo, Lillacs, Medline e Pubmed.

Também foram consultados diversos livros e periódicos de instituições de ensino

nacionais e internacionais. Também consultas a livros e materiais didáticos

presentes na Biblioteca Julia Chaddad da Faculdade Sudoeste Paulista (FSP). As

buscas e delimitações dos artigos foram feitas a partir das palavras chaves: Tétano,

Tétano Acidental e Tétano Neonatal.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Fundamentação teórica

2.1.1 Clostridium tetani

Desde a antiguidade no Egito Hipócrates (460-377 a.C), já havia evidenciado

o tétano como fonte patológica, o qual correlacionou aos ferimentos, descrevendo as

manifestações clinicas como localizadas e generalizadas, e também avaliou o seu

prognóstico dizendo que o paciente tetânico que sobrevivesse até o quarto dia de

doença se salvaria. O bacilo tetânico foi descoberto por Nicolaier em 1884, e sua

toxina foi identificada por Faber em 1890 e a antitoxina produzida por Behring e

Kitasato no mesmo ano. Coube então a Ramon e seus colaboradores aplicar pela

primeira vez em 1924 o toxóide para vacinação humana (COURA, 2008).

Em 1894 Nicolaier descreveu sobre o Clostridium tetani a bactéria causadora

do tétano. O bacilo se apresenta em duas formas: uma vegetativa e outra

esporulada. Em sua forma vegetativa o bacilo se apresenta com as extremidades

arredondadas, e variação em sua largura e em seu comprimento de 0,3 a 0.6µ, mais

em geral de 2 a 5µ. O esporo é rico em ácido dipicolínico o qual forma o complexo

com cálcio e da resistência à capa que envolve a bactéria, a chamada esporoteca,

seus esporos resistem a ação do calor e desinfetantes, mais são destruídos por

autoclavagem. Quando está em sua forma vegetativa o Clostridium tetani é

rapidamente destruído por ação do calor e de desinfetantes. É ainda sensível a ação

de alguns medicamentos tais como: penicilina, tetraciclina, eritromicina e

cloranfenicol, mas é resistente a ação de outros medicamentos como:

estreptomicina, polimixinas, kanamicina (TAVARES, 1973).

O reservatório do Clostridium tetani é o intestino de alguns animais e também

é encontrado no intestino humano, contudo neste local ele está inócuo. Na natureza

ele é comumente encontrado em forma de esporo (FUNDAÇÃO NACIONAL DE

SAÚDE, 2002). Com isso podemos dizer que a ideia da população em questionar

que a transmissão do tétano se dá somente por metais que estão enferrujados está

errado, pois a ferrugem em si não transmite o tétano, mas se no local com a

ferrugem estiver sujeiras e esporos do bacilo tetânico, com isso pode resultar na não

imunização da população (SILVA, 2010).

A tetanospasmina é produzida por células vegetativas no local da lesão, e é

uma toxina polipeptídica, a qual vem a ser levada via intra-axonal na chamada via

retrógada, até o sistema nervoso central a qual vai se unir aos receptores de

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18

gangliosídeos impedindo através de bloqueio que o mediador inibidor como a glicina

e o ácido gama-aminobutirico (GABA) sejam liberados nas sinapses espinais (figura

1). A toxina, tetanospasmina é considerada junto com a toxina do botulismo uma das

mais toxicas existentes, por ser uma protease a qual impedem as proteínas que são

responsáveis por liberar os mediadores (LEVINSON, 2016).

Figura 1: A Ação da Toxina Tetânica

Fonte: Microbiologia do Solo, 2004, p. 66. Vide site.

O Clostridium tetani se apresenta em forma vegetativa e outra esporulada, na

vegetativa o bacilo pode ser eliminado por ação do calor e de desinfetantes.

Também pode ser destruído por ação da penicilina, tetraciclinas, eritromicina e

cloranfenicol. Mas é resistente a estreptomicina, polimixinas, kanamicina. Ocorre

raramente resistência por ação da penicilina em cepas que foram isoladas,

ocasionado pela mutação sendo o principal indicativo da resistência. O bacilo em

sua forma esporulada demonstra uma grande resistência a ação do calor, ao

ressecamento e a desinfetantes. Podem resistir à fervura por 15 a 90 minutos e são

destruídos à temperatura de 100° C. por uma hora. Podem ser destruídos também

por fenol a 5% em 15 horas e por alguns compostos halogênicos com 3% de iodo. E

na autoclavação os esporos são destruídos a 121°C por 20 minutos. O esporo

tetânico pode sobreviver em solo seco por muitos anos e também é provável realizar

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19

seu isolamento em feridas que foram contaminadas a muito tempo (TAVARES,

1973).

A figura 2 a seguir mostra a bactéria Clostridium tetani em sua forma

endosporo oval terminal, semelhante a uma raquete de tênis.

Figura 2: Coloração de Clostridium tetani

Fonte: Manual de Procedimentos para Vacinação, 2011, p.21 Vide site.

2.1.2 Epidemiologia

O tétano é uma doença endêmica que ocorre em todo o mundo, praticamente

em 90 países que estão se desenvolvendo, mas com incidência variável. O tétano

neonatal ou umbilical é responsável por aproximadamente 500.000 óbitos de

crianças em todos os anos. Partes destas mortes ocorrem em 12 países tropicais,

asiáticos e africanos, em torno de 80% e em neonatos o qual as mães não tomaram

a vacina antitetânica. Mas é provável que ocorra cerca de 15.000 a 30.000 óbitos

maternos por ano causadas por Clostridium tetani, pela falta da vacinação das

mulheres no pré-natal o que resulta de infecção pós-parto, pós aborto e em feridas

após cirurgias (ARNON et al., 2014).

Em relação a vacinação alguns lugares são esquecidos e as campanhas não

chegam até a população; mas também às vezes a vacina está à disposição da

população, e por alguma razão elas não procuram os postos de saúde para serem

imunizadas. O que nos evidencia a tabela 1 a seguir é que 49% do número de casos

não tinham conhecimento sobre a vacinação, e 23% que ficaram doentes não

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20

haviam recebido nenhuma dose de vacina e 5 pessoas estavam com a vacinação

em dia, as 3 doses que são recomendadas e o reforço (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2014).

Tabela 1 –Os casos confirmados de tétano acidental, conforme a situação vacinal e faixa etária.

Faixa Etária Número de doses de vacina

Ign/Branco Uma Duas Três Três + Ref.

Três + 2 Ref.

Nunca vacinado

Total

<1 Ano 0 0 0 0 0 0 1 1

1-4 0 1 0 0 0 0 0 1

5-9 2 1 0 2 0 0 0 5

10-14 1 4 2 1 2 2 1 13

15-19 4 2 0 1 3 0 0 10

20-34 22 3 1 0 4 1 9 40

35-49 49 11 1 0 3 1 20 85

50-64 32 11 2 1 0 0 23 69

65-79 25 13 1 1 1 1 9 51

80 e+ 4 1 0 0 1 0 4 10

Total 139 47 7 6 14 5 67 285

Fonte: SINAN/CGDT/DEVIT/SVS/MS, 2006, p. 207 Vide site.

No tétano acidental observou-se que a maior ocorrência da infecção é devido

a perfuração um total de 47% dos casos, o qual a possível parte seja os membros

inferiores a acometida pela lesão, em seguida a laceração com 14%, escoriação

12%, e por outros motivos um total de 18%. Os lugares onde ocorreu a infecção foi

nas moradias, em lugares públicos e em seu trabalho, o que nos mostra a seguir na

tabela 2 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

Tabela 2– As causas para suspeita de tétano acidental.

Possível causa Nº de casos %

Perfuração 133 47

Laceração 40 14

Escoriação 33 12

(Cont.)

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21

(Cont.)

Queimadura 5 2

Cirúrgica 3 1

Injeção 1 0

Outro 52 18

Ign/Branco 18 6

Total 285 100

Fonte: SINAN/CGDT/DEVIT/SVS/MS, 2006, p.209 Vide site.

No Sistema de Agravos de Notificação (SINAN), foram comunicados no ano

de 2015 cerca de 509 casos de tétano acidental suspeitos, dos quais 285 (56%)

foram positivos para a doença. O estado de Roraima foi o único que não fez a

notificação ao SINAN. E os estados de Minas Gerais teve um total de 30 casos

confirmados seguida da Bahia com 24, Pará e Rio Grande do Sul com 23 cada. Isso

nos evidencia à respectivos 10%, 8% e 8% dos casos confirmados de tétano

acidental, o que ilustra a tabela 3 a seguir (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

Tabela 3 – Número de Casos Notificados e Confirmados de Tétano Acidental.

(Cont.)

UF Residência Notificados Confirmados %

RO 7 5 71

AC 3 2 67

AM 16 13 81

RR 0 0 0

PA 32 23 72

AP 5 3 60

TO 1 0 0

NORTE 64 46 72

MA 39 13 33

PI 6 5 83

CE 29 17 59

RN 10 6 60

PB 4 2 50

PE 15 8 53

AL 6 4 67

SE 3 3 100

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(Cont.)

BA 36 24 67

NORDESTE 148 82 55

MG 50 30 60

ES 10 3 30

RJ 16 11 69

SP 40 22 55

SUDESTE 116 66 57

PR 28 21 75

SC 17 14 82

RS 28 23 82

SUL 73 58 79

MS 25 9 36

MT 60 14 23

GO 21 8 38

DF 2 2 100

CENTRO-OESTE 108 33 31

Total 509 285 56

Fonte: SINAN/CGDT/DEVIT/SVS/MS, 2006, p. 211 Vide site.

De acordo com a tabela 3 na região nordeste se concentra o maior número de

casos confirmados com 82/285, e as regiões Sudeste com 66/285 e a região Sul

com 58/285 dos casos confirmados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

O tétano acidental em muitos países é predominante no sexo masculino (2:1),

e deve-se, possivelmente dos homens terem maior exposição pelos trabalhos

desenvolvidos. Mas em alguns países à ocorrência do tétano ser maior no sexo

feminino, isso em decorrência de realizar abortos e por deficiência sociocultural.

Com tudo permanece uma importante diferença entre os sexos masculino e feminino

na prevalência da doença, pois os homens estão em maior exposição pelo seu

trabalho e as mulheres devido ao acompanhamento no pré-natal a imunização é

maior. Considerando as diferentes regiões e localidades do país essa ocorrência é

variável e está ligada a situações relacionada com: clima, sociocultural, economia,

também à política do setor público e sua estrutura que influenciam os programas de

serviços em saúde. Na verdade, observamos que no sexo masculino o número de

casos é mais elevado, devido a longas horas de trabalho o que dificulta a procura

nos postos de saúde por atendimento prestados à população, ocasionando na

cobertura da vacina contra o tétano grande deficiência. Mas no sexo feminino em

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idade reprodutiva a imunidade permanece elevada, devido a vacinação regular

durante a gestação. Mas com o passar dos anos e com a idade mais avançada, as

mulheres estão mais susceptíveis ao Clostridium tetani, devido à perda da

imunidade contra a doença (MOURA et al., 2012).

No Brasil, em uma pesquisa sobre o tétano demonstrou que o comportamento

epidemiológico da doença é semelhante ao observado nos países

subdesenvolvidos, em que o principal grupo é representado pelos idosos, com

grande risco de adoecer e morrer pela doença, apesar de acometer todas as idades

e independente do sexo. Pode ser relatado com a diminuição da linearidade do

nível sérico pela antitoxina tetânica, pelo avanço da idade, devido a

imunossenecência com dificuldade da atividade T-helper, também pelos

psicomotores ligados à idade e pelas doses de reforço da vacina contra o tétano que

são negligenciadas, que precisam ser aplicadas de 10 em 10 anos (VIEIRA &

MARINHO, 2011).

É indispensável que se realize um estudo sobre o perfil epidemiológico do

tétano, que com a realização deste tipo de estudo seja favorável em identificar na

sociedade os grupos mais susceptíveis em adquirir a doença, permitindo que as

políticas públicas possam então se direcionar, para realizar campanhas de

vacinação e atender à população que pode ser afetada pela doença (VIEIRA &

MARINHO, 2011).

Alguns autores relataram que o tétano generalizado é um agravante do tétano

acidental, mais foram encontrados artigos e livros em que os autores indicaram o

tétano generalizado como sendo uma terceira forma da doença, que acomete

adultos e neonatos. Então além do tétano acidental, tétano neonatal também haveria

o tétano generalizado.

2.1.3 Tétano Doença

Tétano uma palavra que do verbo grego é téinein, que tem significado de

distender, esticar e estirar. Mas no latim tétanus é colocado como rigidez de um

membro, contração espasmódica dos músculos do corpo. O período de incubação

do bacilo do tétano é variável de 3 a 20 dias, a infecção é grave quando os sinais e

sintomas surgem dias após a exposição, também se a porta de entrada está perto

do sistema nervoso central, e se o paciente não tomou vacina no decorrer da vida

(PAGLIUCA, 2001).

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O tétano é uma doença altamente letal, que pode ser prevenida, sem

diagnóstico laboratorial, mas sim, com critérios clínicos, onde a identificação da

doença depende de ser reconhecida precocemente e do tratamento adequado,

sendo possível controle e sua erradicação com medidas simples, tais como:

educação e vacinação principalmente da população mais carente. E não deixar de

vacinar as mulheres em idade fértil e as gestantes durante o pré-natal, e assim

prevenir o tétano neonatal (GOMES et al., 2011).

O tétano é uma doença grave, causada pela contaminação de uma

neurotoxina produzida pelo Clostridium tetani a tetanospasmina, a qual o

microrganismo permanece no local da lesão onde os esporos penetraram por

exemplo em feridas, coto umbilical, queimaduras e entre outros. O tecido infectado

pelo Clostridium tetani não é grande, a doença é caracterizada como toxemia. Essa

neurotoxina une-se aos receptores na região pré-sináptica dos neurônios motores, o

qual dirigem-se ao local de transporte axonico retrogadamente até os neurônios,

mas especificamente em seus corpos celulares, e alcançaram a medula espinal e o

tronco cerebral. A tetanospasmina então espalha-se para o terminal das células

inibitórias, para os Inter neurônios glicinérgicos e neurônios secretores do ácido

gama aminobutirico (GABA), no tronco cerebral. Também ocorre a degradação de

uma importante proteína a sinaptovebrina à qual é responsável por ancorar as

vesículas neurotransmissoras sob a membrana pré-sináptica.Com isso a glicina e o

GABA não são liberados e em consequência disso não ocorre a inibição dos

neurônios motores. Ocorrendo então espasmos musculares, hiper-reflexia e

paralisia espástica. A tetanospasmina está entre uma das toxinas mais letais para os

seres humanos (BROOKS, et al., 2014).

O tétano pode ser caracterizado como uma doença de desordem neurológica,

causando elevado tônus muscular e espasmos resultante da ação da

tetanospasmina. A proteína que o Clostridium tetani produz, interrompe a liberação

dos neurotransmissores inibitórios, principalmente da glicina e do ácido gama-

aminobutirico (GABA), nos neurônios motores α, ocasionando em endurecimento de

toda a musculatura. Na presença de um ferimento, há a liberação da toxina quando

se liga nas terminações nerval motora periférica α, e então transferida ao sistema

nervoso central retrogadamente. A Clostridium tetani não é uma bactéria invasora, a

infecção ocorre apenas na área do tecido desvitalizado. E este tecido necrosado ou

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desvitalizado pode ajudar, com os sais de cálcio e as células piócitas na germinação

do esporo em sua forma vegetativa (COSTA et al., 2015).

A Organização mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil

(Portaria n° 1.339/1.999) consideram, segundo a lista de doenças relacionadas ao

trabalho elaborada em comprimento à Lei Federal n.º 8.080/1990, inciso VII,

parágrafo 3.°do artigo 6.°, disposta segundo a taxonomia, nomenclatura e

classificação Internacional de Doenças CID - 10, e está classificada sob o código

A35), a exposição ao Clostridium tetani em circunstâncias de acidentes do trabalho

(AT) na agricultura, na construção civil, na indústria e em acidentes de trajeto.

Destaca-se que o AT, de acordo com o Ministério da Previdência Social, é definido

como:

Aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou ainda, pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária (MOURA et al., 2012).

2.1.4 Sinais e Sintomas

O tétano não possui um diagnóstico laboratorial, é identificado apenas pelos

sinais e sintomas que aparecem no decorrer da doença, como as contraturas. A

gravidade da doença já era conhecida na antiguidade, onde Hipócrates dizia: que a

todo espasmo que continua a um ferimento é mortal. Isso na literatura explica-se

porque a tetanospasmina quando é liberada na corrente sanguínea, ela adere a

terminações periféricas, especialmente aos neurônios motores, prolongando ao

longo dos nervos prosseguindo aos corpos celulares de origem que estão situados

no SNC, porém sem afetar sua função. Mas assim que aderem as terminações pré-

sinápticas dos Inter neurônios medulares inibitórios é que os sinais de tétano

apareceram. Caracteriza-se por um aumento do tônus muscular, o que evidencia às

contrações espástica que são as características da doença (PAGLIUCA et al., 2001).

2.1.5 Tipos de Tétano

2.1.5.1 Tétano Neonatal

O tétano neonatal é conhecido popularmente como mau de sete dias e mal do

umbigo, o qual acomete o recém-nascido em seus primeiros dias de vida. O recém

nato apresenta irritabilidade, não consegue sugar o leite da materno e chora muito.

A doença ocorre por falta de higiene no coto umbilical e falta de cuidados com os

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materiais e os artefatos a serem utilizados no momento do parto com o cordão

umbilical (PORTAL DA SAÚDE,2014).

Se o recém-nascido for acometido pelo tétano neonatal ele precisa ser

internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) ou em uma enfermaria

apropriada, para reduzir as complicações e a letalidade, também deve ser

acompanhado por uma equipe multidisciplinar experiente em cuidar desta patologia.

De acordo com o manual de doenças infecciosas e parasitarias do Ministério da

Saúde (BRASIL, 2010), o lugar precisa estar isolado acusticamente, ter a luz do

ambiente reduzida e a temperatura estar ambiente. Também devem ser mantidas

permeáveis as vias aéreas do paciente, manter a hidratação estável e em perfeito

curso e diminuir todo e qualquer estímulo externo. Em relação à antibiótico terapia é

recomendada a penicilina cristalina 50.000 a 1000.00 ui/kg/dia ou metronidazol por 7

a 10 dias (COSTA et al., 2015).

No tétano neonatal o período de incubação é de 7 dias o que acarreta o nome

popular de mal de sete dias, mas pode ocorrer de 2 a 28 dias. Então evolui para o

trismo e com impossibilidade de deglutir, hipertonia, opistótono e contraturas

generalizadas (PORTAL DA SAÚDE, 2014). Com isso o recém-nascido apresenta

um quadro extremamente grave, sendo mal prognóstico, se não for submetido a um

tratamento adequado. As alterações do equilíbrio hidroeletrolítico ou a asfixia são as

causas que leva o recém-nascido a óbito (GOMES et al., 2011).

É preciso ser realizado tratamento de suporte com o objetivo de

acompanhamento cardiorrespiratório e sem interromper, para impedir a insuficiência

ventilatória e as manifestações disautonômicas, ministrar alguns medicamentos

como benzodiazepínico para evitar os espasmos musculares, para sedar o paciente

e também administrar diazepam a 10mg, EV, em cada hora, até que as

manifestações clinicas sejam controladas. A dose de diazepam pode ser elevada

para 15 ou 20 mg ou 0,1 a 0,3 mg/kg/dose para interromper os espasmos e

bloqueadores neuromusculares como o curare de ação lenta, para ser utilizado

quando a sedação não resolve. E o bacclofeno que será utilizado nos receptores

GABAérgicos pós-sinápticos, betabloqueador: para manter a hiperatividade

autonômica. O Propranolol também pode ser administrado 20 a 80mg, por via oral,

por sonda nasogástrica, nasoentérica, ou por via venosa. E o Sulfato de magnésio

usado como bloqueador adrenérgico (DANTES et al.,2010).

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O diagnóstico não é laboratorial, sendo apenas clinico e apresentando com

rigidez muscular e espasmos musculares dolorosos, que iniciam entre o terceiro e o

vigésimo primeiro dia, sendo mais comum do 6° ao 8° dia, o qual originou o seu

conhecido e popular nome: “O mal de sete dias” (MURAHOVSCHI, 2008).

A imagem a seguir da figura 3 evidencia um recém-nascido com tétano.

Figura 3 Tétano em recém-nascido

Fonte: A Saga de um Usuário do SUS, 2011, p. 312 Vide site.

A vacinação das mulheres que estão em idade fértil é a melhor maneira de

prevenção ao tétano neonatal e materno. É preciso vacinar com pelo menos duas

doses de: DTP, dT, TT ou DT e se a vacinação ocorrer durante a gravidez, é preciso

se iniciar o mais breve possível, em qualquer tempo da gestação. É preciso reforçar

que, se o esquema vacinal tiver início tardio, deve-se administrar a 2ªdose da

vacina, contudo antes da data provável do parto (DPP) em até vinte dias, para que

ocorra tempo para formação de anticorpos e o feto possa ser imunizado. E após o

parto a 3ª dose da vacina deve ser agendada, pela ocasião do parto ou no momento

que a mãe levar seu recém-nascido para iniciar o esquema vacinal básico de saúde.

A duração do esquema básico completo é por dez anos, e com reforço a cada dez

anos, com exceção nos casos gestacional, onde a mulher foi imunizada a mais de

cinco anos, é indicado antecipar o reforço da vacina, pois com isso a produção de

anticorpos é aumentada e aumenta a proteção para o feto, ou ainda se houver

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ferimentos com suspeita de tétano, o quadro 1 a seguir evidencia a imunização das

mulheres em idade fértil (FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, 2002).

Quadro 1. Indicações para Imunização de Mulheres em Idade Fértil.

História de Vacinação Prévia contra o Tétano.

Mulheres em Idade Fértil (MIF).

Gestantes Não Gestantes

Sem nenhuma dose registrada

Iniciar o esquema vacinal o mais precocemente te possível com 3 doses, intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias

Esquema vacinal com 3 doses, intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias

Menos de 3 doses registradas

Completar as 3 doses o mais precocemente possível, intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias

Completar o esquema vacinal com 3 doses, intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias

3 doses ou mais, sendo a última dose há menos de 5 anos

Não é necessário vacinar Não é necessário vacinar

3 doses ou mais, sendo a última dose há mais de 5 anos e menos 10 anos

1 dose de reforço Não é necessário vacinar

3 doses ou mais, sendo a última dose há mais de 10 anos

1 dose de reforço 1 dose de reforço

Fonte: Guia da Vigilância Epidemiológica, 2009, p. 283. Vide site.

2.1.5.2 Tétano Acidental

A primeira manifestação clínica do tétano é o trismo, depois ocorre rigidez e

em seguida dor na musculatura cervical, disfagia, também acontece contratura de

ombros e dorso, resultando na postura característica (opistótono). É possível que a

musculatura abdominal e região proximal dos ombros estejam envolvidas, e a

musculatura respiratória. Geralmente as mãos e os pés são poupados. Esses sinais

e sintomas podem aparecer devido a estímulos sonoros, táteis ou luminosos.

Também pode ocorrer outros sintomas como: irritabilidade, agitação, sudorese,

taquicardia, arritmias, hipertensão lábil ou hipotensão e febre, são sinais que

também constituem as manifestações clinicas esperadas. Mas com tudo, o estado

de consciência do paciente é preservado (DANTES et al., 2010).

Ocorre hipertonia dos músculos: masseteres, trismo e riso sardônico como

evidencia a figura a seguir, com o pescoço causando rigidez da nuca, a faringe com

dificuldade de deglutir (disfagia). Apresenta contratura generalizada e progressiva de

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todos os membros tanto superiores quanto inferiores, reto-abdominal que é o

abdome em tábua, paravertebrais (opistótono) e o diafragma o que leva o paciente a

insuficiência respiratória (FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, 2002).

Imagem 4 mostra um paciente com tétano apresentando um sorriso

sardônico.

Figura 4 Sorriso Sardônico.

Fonte: SEMIOLOGIA MÉDICA, 2013, p. 56 Vide site.

2.1.5.3 Tétano Generalizado

No tétano generalizado os primeiros sinais e sintomas são caraterizados por

dificuldade de deglutição, trismo, rigidez abdominal e dor nas costas. E se a doença

evolui ocorre o aparecimento de espasmos musculares dolorosos (figura 5), que em

alguns casos podem ser tão elevados ao ponto de ocasionar fraturas por

esmagamentos. Se não há presença de suporte ventilatório, o paciente vem a ter

insuficiência respiratória, o qual é o motivo mais comum de morte pelo tétano.

Também ocorrendo o chamado distúrbio autonômico com aumento de secreções

traqueais, insuficiência renal aguda de alto débito e pressão arterial lábil, que é

elevado quando o tétano está na segunda semana de sua gravidade e com um

grande risco de levar o paciente a morte por problemas cardiovasculares

(JAMESON, et al., 2017).

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Figura 5 Espasmo Tetânico.

Fonte: TETANUS-MEDICAL ENCYCLOPEDIA, 2007, p.121 Vide site.

2.1.6 Tratamento

O tratamento do tétano consiste em medidas suportivas e especificas, com o

propósito de interromper a produção da neurotoxina a tetanospasmina, e também

neutralizar as toxinas que estão circulantes, manter os espasmos musculares

controlados e também os sintomas disautonômicos (DANTES et al., 2010).

A vacina contra o tétano foi descoberta a mais de 80 anos, mas nos países

em desenvolvimento a doença continua sendo um grave problema de saúde pública,

pois o número de casos de tétano no mundo é elevado, podendo chegar a um

milhão de casos por ano, sendo predominante na África, Ásia e América Latina

(NEVES et al., 2011).

O tétano se previne com a vacina antitetânica de toda a população desde a

infância como por exemplo: a vacina penta (difteria, tétano, pertussis, hepatite B e

haemophilus influenzae B, que devem ser aplicadas aos 2, 4 e 6 meses de vida,

com o primeiro reforço com os quinze meses de idade e aos 4 anos o segundo

reforço da vacina DTP (difteria, tétano e coqueluche) e um reforço a cada 10 anos

com a vacina dupla adulto dT, como indica o quadro 1 o esquema vacinal

(PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO, 2014).

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A seguir, no quadro 2, as indicações para realizar a imunização com as doses

de DTP ou DTPa difteria, tétano e coqueluche; DTP/Hibb difteria, tétano, coqueluche

e H. influenzae; DTa difteria e tétano infantil e dt difteria e tétano adulto

(PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO, 2014).

Quadro 2. As orientações para o Esquema vacinal.

DTP ou DTPaa DTP/Hibb DTa dT

Difteria, tétano e coqueluche

Difteria, tétano, coqueluche e H. influenzae

Difteria e tétano (infantil) Difteria e tétano (adulto)

Difteria – 80%

Tétano - 99% Coqueluche - 75 a 80%

Tétano - 99% Difteria - 80% Tétano - 99%

Difteria - 80% Tétano - 99%

2 meses de idade até 6 anos, 11 meses e 29 dias

2 meses de idade Crianças até 6 anos e 11 meses, que apresentaram contraindicação da DTP

A partir de 7 anos de idade e MIF. Pessoas que não tenham recebido DTP ou DT, ou esquema incompleto dessas vacinas ou reforço do esquema básico

3 doses / 0,5ml / IM / 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias

3 doses / 0,5ml / IM / 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias

3 doses / 0,5ml / IM / 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias

3 doses / 0,5ml / IM / 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias

6 a 12 meses após a 3ª dose, de preferência aos 15 meses de idade

12 meses após a 3ª dose, de preferência aos 15 meses de idade, com DTP

1 dose a cada 10 anos. Em caso de ferimento, antecipar o reforço se a última dose foi há mais de 5 anos

1 dose a cada 10 anos, exceto em caso de gravidez e ferimento, antecipar o reforço se a última dose foi há mais de 5 anos

Fonte: Guia da vigilância Epidemiológica, 2009, p. 273 vide site.

É importante que o paciente tetânico receba um atendimento especial, com

profissionais qualificados e experientes em tratamento contra o tétano. O paciente

precisa ficar em um local sem barulho, sem luz, em local calmo, tranquilo, para evitar

qualquer estímulo, que o leve a convulsões e espasmos musculares dolorosos. Nos

casos graves da doença é necessário a terapia intensiva, a qual estão preparados

para o cuidado do paciente e as possíveis situações que possam ocorrer, diminuindo

assim as sequelas e a morte. Os quadros abaixo indicam alguns dos medicamentos

para o tratamento do tétano, no quadro 3 os sedativos e Miorrelaxantes, observar as

doses; no quadro 4, soro antitetânico utilizado para neutralizar a toxina a

imunoglobulina Humana antitetânica (IGHAT), mas se estiver indisponível usar o

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soro antitetânico (SAT) e no quadro 5 os antibióticos como a penicilina G Cristalina

ou o metronidazol. Mas todos os medicamentos devem ser prescritos por um médico

(SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2005).

As recomendações para administrar os sedativos e Miorrelaxantes como o

diazepam em adultos 0,1 a 0,2 miligramas por quilos de peso e crianças 0,1 a 0,2

miligramas por quilos de peso via endovenosa (EV) até controlar as contraturas.

Midazolan se for substituir pelo diazepam adultos 0,07 a 0,1 miligramas (mg) por

quilos ao dia e criança 0,15 a 0,20 miligramas por quilos ao dia intramuscular (IM). E

Clorpromazina quando o diazepam não surtir efeito desejado utilizar em adultos 25 a

50 miligramas por quilo até uma grama ao dia e crianças acima de 6 meses 0,55

miligramas por quilos de peso ao dia endovenoso (EV). Todos os medicamentos e

as doses devem seguir as prescrições médicas (SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM

SAÚDE, 2005).

Quadro 3- As Indicações para uso de Sedativos e Miorrelaxantes.

Sedativos/ Miorrelaxantes

Doses Vias para administrar

Esquema Duração

Diazepam Adultos 0,1 a 0,2mg/ Kg/ dose (até 20mg) Crianças

0,1 a 0,2mg/ Kg/dose

EV 12/12 horas em adultos, se necessário, essa dose poderá ser repetida até 4 vezes, em 24 horas. Em crianças, não exceder 0,25mg/Kg/dose, que poderá ser repetida até 3 vezes, com intervalo de 15 a 30 minutos

Até controlar as contraturas. Atenção quanto ao risco de depressão respiratória

Midazolan (em

substituição ao Diazepam)

Adultos

0,07 a 0,1mg/Kg/dia Crianças

0,15 a 0,20mg/Kg/dia

IM 1 hora ou mais Usar em bomba de infusão

Clorpromazina (indicada

quando não houver resposta satisfatória com o Diazepam)

Adultos 25mg a 50mg/Kg/dia (até 1g/dia) Crianças acima de 6 meses

0,55mg/Kg/dia

EV 8/8 ou até 6/6horas Até controlar as crises de contraturas

Fonte: Guia da Vigilância Epidemiológica, 2009, p. 268 vide site.

Para neutralizar a toxina tetânica é utilizado a imunoglobulina humana

antitetânica (IGHAT) ou se não estiver disponível usar o soro antitetânico (SAT). No

Brasil a imunoglobulina humana antitetânica está liberada apenas intramuscular

(IM), e precisa ser realizada em partes musculares diferentes. A dose indicada de

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IGHAT é de 1000 a 3000 unidade internacional (UI), e a SAT é indicada 10.000 a

20.000 unidade internacional (UI) via intramuscular (IM) e endovenosa (EV). Mas é

preciso seguir as recomendações do médico e do quadro clínico do paciente

(SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2005).

Quadro 4. As Indicações para uso do soro antitetânico.

IGHAT SAT

1.000 a 3.000UI 10.000 a 20.000UI

Somente IM, por conter conservante IM ou EV

Administrar em duas massas musculares diferentes

Se IM, administrar em duas massas musculares diferentes

Se EV, diluir em soro glicosado a 5%, com gotejamento lento

Fonte: Guia da Vigilância Epidemiológica, 2009, p. 268 vide site.

É indicado utilizar a penicilina G Cristalina pela alta sensibilidade do

Clostridium tetani a este medicamento eficaz que em adultos é recomendado

administrar 200.000 unidades internacional (UI) por dose, e em crianças 50.000 a

100.000 unidade internacional (UI) por quilogramas (KG) ao dia endovenoso de 4

em 4 horas, por 7 a 10 dias. E utilizar o metronidazol como forma alternativa adultos

500 miligramas (mg) e crianças 7,5 miligramas (mg) de 8 em 8 horas de 7 a 10 dias.

Respeitar as doses e o período de administração conforme orientação médica

(SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2005).

Quadro 5. As Orientações para Uso do Antibiótico.

Antibioticoterapia

Penicilina G Cristalina Metronidazol

Adultos 200.000 UI/dose Crianças 50.000 a 100.000UI/Kg/dia

Adultos 500mg Crianças 7,5mg

EV EV

4/4 horas 8/8 horas

7 a 10 dias 7 a 10 dias

Fonte: Guia da Vigilância Epidemiológica, 2009, p.268. Vide site.

O tétano causa sequelas nos pacientes que sobrevivem como complicações

osteoarticulares ocasionado pelo longo período de imobilização por causa de dois

aspectos as convulsões tônicas, espasmos e pela postura mantida a longo prazo

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como o opistótono causando fraturas dos corpos vertebrais. Também por infecções

causada no foco da doença como osteomielite, pioartrites e infecções nos tecidos

moles ocasionando sequelas no sistema osteoarticulares (OLIVEIRA, et al., 1987).

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3 CONCLUSÃO

Com este trabalho foi observado que o tétano continua sendo um grave

problema de saúde pública. Ocorre um número elevado de óbitos em todas as faixas

etárias e ambos os sexos, devido à falta de imunização ou vacinação incompleta,

por não haver procura ao serviço de saúde ou por negligência da saúde pública.

Faz-se necessário intensificar os programas de assistência a população, tornando-

os mais ágeis e com parceria de atendimento junto a vigilância epidemiológica.

O estudo demonstrou que há necessidade de melhorar o atendimento, o

diagnóstico, implantar medidas de profilaxia, terapias e ampliar atenção na cobertura

das campanhas de vacinação.

Deve-se ressaltar a importância nos cuidados aos pacientes após o ferimento

e aos que estão doentes, afim de evitar que a doença seja letal. Implantar esquema

vacinal que atenda locais de trabalho para que os trabalhadores de instituições

privadas ou públicas possam ser imunizados. Atuar com ênfase em campanhas

periódicas de maiores esclarecimentos sobre profilaxia.

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