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V DULO FLTR ) AI x 1 E XT A ^ COM DUPLO FILTRO pý4 DE UM CARMA¥AL FUTUR tudo leva a crer que o júri se tenha impressionado com os riquissimos trajes e carros alegóricos que caracterizaram o seu desfile onde, no entanto, se dançou pouco animadamente. Os organizadores do Corso deste ano, que atraiu alguns milhares de turistas dos países vizinhos e, mesmo, do Brasil e Europa afirmaram à Imprensa terem registado o mais elevado lucro de sempre em organizações desta natureza. Prometeram inovações de arromba oara o Carnaval do próximo ano cujas «démarches» foram já iniciadas. O Carnaval de 1974 em Lourenço Marques NÃO foi assim. Decorreu, pelo contrário, num misto de desilusão e tristeza que não conseguiu ser derrubado por alguns grupos de mascarados que percorriam as ruas da baixa da cidade como se procurassem algo que sabiam de antemão não encontrar. Nos clubes e casas regionais, em algumas boites e em dois estádios, no entanto, o Carnaval deu um ar da sua graça, permitindo a alguns milhares de pessoas comemorar mais ou menos condignamente os quatro dias de evasão permitida que o calendário assinala anualmente. Pouca originalidade, nenhuma promoção e carência total de organização fizeram 'no entanto de mais este Carnaval algo muito diferente daquilo que ele poderia ser - e de que demos uma pálida ideia aos nossos leitores com a ficção descritiva que abre estas linhas. Assim, mais do que uma Reportagem, o que seguidamente publicamos é uma sequência fotográfica de alguns aspectos do nosso muito triste Carnaval enquanto que, de Quelimane, os nossos enviados especiais Cipriano Caldeira e Ricardo Rangei nos contam o que se passou naquela cidade nos quatro dias de Momo. Em Lourenço Marques, como nota efectivamente inédita, a realização de um desfile de «travestis» numa das «boites» da baixa da cidade é igualmente motivo de referência nas páginas seguintes. CARA VAL DA ZAMBEZIA

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DE UM CARMA¥AL FUTUR

tudo leva a crer que o júri se tenha impressionado com os riquissimos trajes ecarros alegóricos que caracterizaram o seu desfile onde, no entanto, se dançoupouco animadamente. Os organizadores do Corso deste ano, que atraiu algunsmilhares de turistas dos países vizinhos e, mesmo, do Brasil e Europa afirmaram àImprensa terem registado o mais elevado lucro de sempre em organizações destanatureza. Prometeram inovações de arromba oara o Carnaval do próximo anocujas «démarches» foram já iniciadas. O Carnaval de 1974 em Lourenço MarquesNÃO foi assim.Decorreu, pelo contrário, num misto de desilusão e tristeza que não conseguiu serderrubado por alguns grupos de mascarados que percorriam as ruas da baixa dacidade como se procurassem algo que sabiam de antemão não encontrar. Nosclubes e casas regionais, em algumas boites e em dois estádios, no entanto, oCarnaval deu um ar da sua graça, permitindo a algunsmilhares de pessoas comemorar mais ou menos condignamente os quatro dias deevasão permitida que o calendário assinala anualmente. Pouca originalidade,nenhuma promoção e carência total de organização fizeram 'no entanto de maiseste Carnaval algo muito diferente daquilo que ele poderia ser- e de que demos uma pálida ideia aos nossos leitores com a ficção descritiva queabre estas linhas. Assim, mais do que uma Reportagem, o que seguidamentepublicamos é uma sequência fotográfica de alguns aspectos do nosso muito tristeCarnaval enquanto que, de Quelimane, os nossos enviados especiais CiprianoCaldeira e Ricardo Rangei nos contam o que se passou naquela cidade nos quatrodias de Momo. Em Lourenço Marques, como nota efectivamente inédita, arealização de um desfile de «travestis» numa das «boites» da baixa da cidade éigualmente motivo de referência nas páginas seguintes.CARA

VALDAZAMBEZIA

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omaior eO carnaval mora em Quelimane, onde o emoldurado dos palmares lhe dá o toque«tropicalssimo» de festa do povo.O «Carnaval-74» de Quelimane, não só foi o melhor de todos quantos serealizaram até hoje na capital da Zam. bézia, como também foi aquela que maiornúmero de pes. soas reuniu, vindas dos maisArq. Hist. de Moç.rente pontos de 1 ç am.Não fora a coincidén 'ia dese terem verificado as catastróficas cheias de Mopela, que impediram muitoaventureiro de se meter por estrada e ter-se-ia a maior invasão de visitantes detoda a históriazambeziana.De qualquer forma, não hámemória de alguma vez ter-4oçambiquehavido falta de acomodações para a gente de fora, como foi desta vez. Felizmente,a natural simpatia dos quelima.nenses funcionou e resolveu.-se o problema da dormidade centenas de pessoas.Mas quem pensava em dor.mir? De sábado a terça-feira e finalmente no sábado seguinte (enterro),positivamente ninguém dormiu. Todo o. . . . . i . . .. . .... . . .. ... . .

mundo esteve no «Benfica», em ponto de ebulição, nos quatro dias da maior festacarnavalesca de Moçambique.O CARNAVALDA RUAOs festejos carnavalescos t ,ste ano, abriram em Quelimane no sábado ,dia 23 deFevereiro, ao principio da tarde, com o desfile do espectaeular corso, no qualparticiparam cerca de duas dezenas de artísticas composições motorizadas.Nos Intervalos, coloridos acompanhantes pedestres, em número de algunsmilhares de foliões, formando «escolas» garridamente equipadas eextraordinariamente anima. das.Ao longo de todo o percur.so, apinhava-se a população inteira da cidade de Quelimane. Nos passeios, duas etrês filas de público lutava por um lugar mais à mão, para apreciar essa outragrande mostra da Zambézia.E, podemos dial-lo, os desfilantes não tiveram mãos a medir: aquilo foi mesmo asério, desde os carros das grandes empresas industriais e comerciais, até àspequenas viaturas do folião vulgar.

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Tudo foi trabalho cuidado e delicado, a mostrar organização programada ejustificado orgulho pela festa que é de todos e que cada vez mais apresentacaracterísticas verdadeiramente de «show». Dir-se-á o «Rio», em ponto pequeno.Findo o desfile, passou-se ac grande pavilhão do SportQuelimane e Benfica. AI, como se ouvia dizer por toda a parte, «é que foi o fim».* FORÇA,GENTINHA 1Seguramente, ainda não seconseguiu em Lourenço Marques, em qualquer dosrecin. tos fechados para espectáculos, tanta gente se acotovelando por falta deespaço, co. mo no pavilhão do Benfica de Quelimane.Desde os grupos garridamente trajados, com apitos, tambores e caixas de som, atéás famílias de «posição», diplomatas, homens de negócio, operários e otrabalhador braçal - tudo ali esteve em «ponto alto» das 21 horas até ao raiar doSol. ,É bom destacar, que nãohouve qualquer espécie de intervalo depois de começar a música, nem para tomarum copo. Quem queria saltava do recinto de dança, ia ao bar e voltava com agarrafa na mão, para dentro do rectãngulo.Os «Cometas» e os «Lordes» não deram descanso nem descansaram. Revezaram-se, com suor banhando as roupas, mais de oito horas seguidas, interpretando omelhor reportório brasileiro. O sambiý. nha contagiante deu mesmo cabo de muitagente que, não fosse a seguir dia de descanso, não teria mesmo ido trabalhar.O pior foi que o ciclo se repetiu nas noites seguintes e como no primeiro dia,ninguém arredou o pé. Aliás, está-se mesmo a ver como era:

PAGINA 54*<~as Pessoas pasýavam a noite toda e as primeiras horas do dia seguinte naquelaanima. Ção e depois deitavarm-se até oucas horas antes de comeÇar outra sessão.Foi assim mesmo, até aoenterro, dia de fecho. E toda a gente disé: até para o ano que vemCONSIDERAÇÕESA Zambézia tem o carnaval ;que merece. Esta é a 'grande verdade ! £ que de facto, uma festa com aqueladimensão, só podia ser de facto em Quelimane. Embora João Mate'us Júnior-o «cérebro» de toda aqúeIa grande organização - diga com uma pontinha deamargura que houveé'algumas Incompreensões, tenho a cer.

teza de que se não houvesse aquela adesão completa e espontânea dozambeziano, a festa não seria tão importante.Tem que se dizer mesmo, para quem não sabe, que aquilo na Zambézia deve sero maior exemplo de convivéncia e relação amigável entre as várias raças, de todoo território moçambicano. No carnaval, então, as pessoas perdem a sua identidadepara formar bloco unido de foliões cuja preocupação é animar e alegrar a grandefesta.

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Diga-se também que o grande cartaz (não esquecer a brasileirinha Samoa) é essecarnaval de Quelimane ser mesmo do povo, pois nada impediu que o homem darua participasse, -à sua moda, nos festejos.No cortejo da rua, as inscri-ções foram grátis e ainda com direito a prémios, para os que melhor seclassificaram. O público não pagou para ver o corso.Para os grandes bailes de salão, os preços de entrada andavam pelos trinta escudoscada pessoa (o que, diga-se de passagem compensa perfeitamente aquilo que lá sevive), as crianças não pagavam e houve preços especiais (muito -especiaismesmo) para os grupos carnavalescos.Mesmo assim, as receitas de bilheteira - segundo as pre. visões - cobrem asdespesas.' MOVIMENTOFINANCEIROAs despesas, segundo nos descrevem, andam à volta dos 170 contos. Desubsídios, há a "mencionar os 15 contos fome.cidos peia Câmara Municipal, 25 do Governo do Distrito e 10 contos da ComissãoRegional de Turismo.Por incrível que pareça o Centro de Informação e Turismo não colaborou. Estafesta, que já é grande cartaz turístico de Moçambique, não recebeu nem uma«quinhenta» do organismo que deveria ter obrigação de olhar e acarinhar estasrealizações.Enfim, felizmente que as coisas acabam por andar para a frente - esse é que é ocaminho - sem esperar pelas promessas duvidosas.Assim foi o carnaval da Zambézia - a maior festa ao Rei Momo organizada emMoçambique.e

Na baixa de L. M.: AS MASCARAS CAIDASEm cima : Marjoretes: na baixa da cidade foram sensação. Um grupo ale. gre efolgazão que lembrou a muita gente que é possível - apesar de tudo- brincar ao Carnaval nas ruas da cidade. Mas a solução de um modo geral foi a depagar entrada e foliar até altas horas da manhã nos bailes, bailinhos e bailões quese realizaram um pouco por toda a parte.Ao lado: Um Trinitã com burro e tudo (ou todos?) foi também uma das notascarnavalescas de destaque na bai. xa da capital.Na baixa da capital, este ano, alguns grupos de foliões não foram suficientes paraquebrar o ambiente geral: o Carnaval inexistente. No entanto algo se viu (pelomenos para recordar possibilidades à espera de quem as saiba explorar)principalmente na terça-feira e no domingo.O Carnaval foi igualmente assinalado com uma montra repleta de máscaras -multas delas notáveis, outras de curioso tipo nova-vaga, outras ainda deindiscutivel mau gosto - que no sábado de manhã quaseesgotaram. Prova que houve quem gozou o Carnaval mas apenas como ele foi, emgeral, gozado entre nós: entre portas, nos clubes, nas «boites», em festas parti.culares, nos estádios. No domingo e na terça-feira à tarde alqumas centenas de

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pessoas percorreram a avenida da República entre a Augusto de Castilho e arotunda, com volta pelo Zambi, à procura de máscaras e mascarados. Pouco maisfoi, no entanto, do que a costumaz volta dos tristes - que uma época feita para seralegre mas tomada decepção, pareceu tornar mais triste ainda. Dir-se-ia que foium tempo de máscaras caldas.

Mais foliões na rua da cidade: diga-se, no entanto, que, este ano, emboratristonho, o Carnaval «notou-se mais» que no ano passado. Uma organização quequisesse meter mãos - obra e realizar algo de palpável nas ruas teria obtido, nãotemos dúvidas a esse respeito, assinalável êxito. Carnaval de rua, com ou semcorso, mas aberto, cartaz de turismo e possibilidades de divertimento para alaurentino: eis a sugestão que aqui, deixamos para 1975 - Quem a escuta ?Ao lado : «O Delileadinho do 4.1 andar» foi sucesso nas esplanadas da baixa:uma nota alegre e original a recordar que laurentino é folião - só não tem éoportunidde de o provarNa Avenida de Angola:QUASE CORSO FOI SENSAÇÃOCom. de costume, como todos os anos, na Avenida de Angola o Carnaval foivivido nas tardes de domingo e terça-feira com uma euforia que, apesar de tudo,se aproximou daquela que caracteriza a Grande Festa. Mais mirones» quemascarados, muita água, alguma areia, centenas de automóveis passando semparar e de vidros fechados, gargalhadas e bailes improvisados nas esqui-nas, ýcor, alegria, enfim, alguma desinibição - que é palavra sinónima deCarnaval. Os saudosistas afirmim que já foi melhor, que nos subúrbios se gozoujá um verdadeiro Carnaval que agora começa a morrer. Tomemos-lhes estaspalavras por verdadeiras e digamos, assim como quem não diz outra coisa, quetalvez para o ano possa ser melhor..

Em primeiro plano, à direita, um dos mais incríveis «Trinitás» de todo o Carnaval74 - entre a imaginação e 0 improviso, traços quase surrealistas nas ruas do AltoMaé. Atrás, um grupo que fez sensação: trazia consigo «piek-up», altifalantes ediscos que tocavam permitindo que todo o mundo pudesse dar ao pé. Esboço deCarnaval de rua que o nosso fotógrafo surpreendeu ain. da num outro extremo dacidade, em plena baixa: o mesmo grupo, os mesmos discos, o mesmo «pick-up» -e a mesma óptima disposição. Sim, não há dúvida: o carnaval para o ser tem deser participado...-Em baixo: Trinitã, mais uma vez, em terceiro movimento: de burro e cavalo, decavalo a camião, quase a história dos transportes em três episódios. Mas este foium dos que mais sucesso obteve na solarenta avenida de Angola. Por outro lado,como com oTrinitá ninguém se mete, também aqui ninýguêm se atreveu a perturbar (comareia, talco o u água suja) o descanso imperturbável do

TRINITASCAVEIRAS E TRAVESTIS-os mais de 74

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Os mascarados de Trinitá, Caveiras e «travestis»apareceram por toda a cidade, foram os costumes mais vistos. Porquê? Ninguémperguntou porque o que interessava era, tão somente, a diversão. No entanto, entreum fenómeno de imitação daquele que é talvez a mais popular figura do cinemados dias de hoje, o amor à morte dominado com o uso dos seus trajes tradicionais- metendo aos outros o medo que sentimos - e qualquer problema de ordempsicanalitica de difícil análise, o Carnaval de 74. rodou, para algumas centenas depessoas, em volta destas três constantes. Mas multas mais coisas se viram porquelaurentino é fértil em imaginação que só terminou na quarta-feira, com sabor acinzas e de corpo cansado. Tá legal, no entanto: pró ano há mais.Será melhor? Oxalá.*Alegres grupos de , foliões foram nota de destaque nas noites da cidade. Boadisposição e imagiSnação conseguiram, com pouco dinheiro, transformar a rotinade 361 dias num virar-do-avesso Squte durou só qua. tro mas valeu- o resto,A direita :S Como é? Afinal o Carnaval foi isto.

BACTRIAS VIVASENCONTRADAS EM CRACOVIANO TOULO DO REI CASIMIRODOS POLACOSPOR DANIEL PRIOLLETA maldiçãõ que nos anos 20 se abateu sobre a equipa do egiptólogo HowordCarter após a abertura do túmulo do faraó Tut-Ank-Amon não afectou osmicrobiologistas polacos que, com o Prof. Boleslaw Smyk da Universidade deCracóvia, acabam de examinar os restos mortais do Rei Casimiro da Dinastia deJagellon, e de sua esposa, a Rainha Elisabeth de Habsburgo.O Prof. Smyk, titular da cadeira de Microbiologia da Academia de Agricultura davelha cidade polaca, acaba com efeito- de dar que falar depois de haver feitoreviver bactérias e cogumelos, velhos de perto de 500 anos, encontrados notúmulo de seus soberanos, antepassados de todas as famílias ainda reinantes daEuropa.A abertura do t<'mulo do rei, falecido segundo as crónicas de uma disenteria em1492, foi efectuada em Maio de 1973 na, catedral do Palácio..le, Wawel, para finsde restauração. Foi então decidido que os restos mortais do rei e da reinhaalgumas ossadas ainda em bom estado, fragmentos dos trajes e dos sudários reaise a madeira carcomida do ataúde - fossem confiados ao exame de antropólogos emicrobiologistas.Recentemente, depois de os soberanos terem voltado a encontrar o seu repousoeterno numa sepultura restaurada, o Prof. Smyk comunicou à imprensa asconclusões do seu exame. Soube-se então que no túmulo do rei viviam, em estadolatente, bactérias e cogumelos da época da Renascença, alguns mesmo, numaproporção de dois para sete, de uma espécie completamente desaparecida e cujaexistência se havia totalmente ignorado. " «Esses microrganismos sobreviveram -explicou o Prol. Smyk - graças às quantidades intimas de oxigénio e dehumidade que passaram através das paredes de tijolo de que era feita a sepultura.

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Depois do enterramento do rei as bactérias alimentaram-se da madeira do ataúde,dos trajes e dos restos mortais. Depois, com a rarefacção do ar, o seu metabolismoparou lentamente, principiando então um estado de vida latente para osmicroscópicos habitantes do ataúde.Cerca de 500 anos se passaram e com a abertura do túmulo, decantámos osgermes «adormecidos», colocámo-los em cultura e esta microflora tornou a viver.É o fen6meno da anabiosebem conhecido dos biólogos». O Prol. Smyk recorda que experiências do mesmogénero foram já praticadas com êxito em outros países. Na Alemanha Federal enos Estados Unidos, sábios conseguiram ressuscitar germes com quinhentosmilhões de anos, encontrados nas minas de sal onde sobreviveram num meiopropicio à vida latente. Encontraram-se também germes vivos muito antigos narocha aberta para a construção do Túnel de Simplon.Foi o mesmo caso ocorrido durante as escavações empreendidas em- 1923 porHoward Carter e Lorde Carnavon no túmulo do faraó Tut-Ank-Amon.- Poucodepois da abertura do sarcófago de oiro do faraó, Lorde Carnavon morria emcondições misteriosas, depois de uma forte febre. Depois dele, 25 pessoas quehaviam estado ligadas, de perto ou de longe, a essas escavações, morriam tambémem cicunstâncias inexplicadas. Esse fenómeno foi o bastante para que aimaginação popular se referisse a uma vingança póstuma do faraó.Esse fenômeno explica-se hoje, segundo o Prof. Smyk, pela presença de bactériasno túmulo de Tut-Ank-Amon. Esses microrganismos teriamsegregado toxinas mortais que contaminaram os arqueólogos, propagando-sedepois a todos os outros membros da expedição, e contaminando-os do mal vindodo fundo dos tempos.Para evitar que isso se reproduzisse, o Prol. Smyk tomou todas as precauções.Depois de ter exa qnado e relacionado as bactérias de. Wawel no laboratório,decidiu destrui-las. Os restos mortais de Casimiro de jagellon e de Elisdkbèh deHabsburgo forai desihfecta- dos segundo um método elaborado pela N. A. S. A,para a profilaxia dos astrautas e do seu habitáculo espacial.Hoje, depois de novos funerais reais, com a presença do Cardeal StefanWyszynski, Primaz da Polónia, o avô e a avó de reis dormem o seu sono eterno denovo sob a cúpula da Catedral de Wawel num ataúde de chumbo completamentenovo e hermeticamente fechado e, graças à previdência do Prof. Smyk, osarqueólogos dos anos 2000 que abrirem de novo o túmulo, encontrá-los-ão talcomo acabam de ser reinumados... isto é, completamente «germ free». (CopyrightAFP).e

NOTA DA REDACÇÃOÃO é de agora, pois que perdura há bastantetempo, um certo clima de animosidade, caracterizado por períodos de maior oumenor efervescência, que divide passageiros e pessoal dos autocarros dostransportes públicos, mormente na zona citadina e sua periferia. O que aqui se temobservado é em tudo idêntico ao que se verificava (não sabemos se assim

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continua sendo) com o pessoal da Carris de Lisboa e os utentes dos carroseléctricos. O problema não é, portanto, de natureza estritamente local.Aqui em Lourenço Marques, a par de um ou outro incidente de natureza diversa,assume proporções especiais o problema da falta de trocos, que aliás afecta muitasoutras actividades, que não apenas a dos transportes públicos. No entanto,independentemente dos motivos que possam estar na origem do ma ambiente quese respira nos autocarros, o que é certo é a existência de uma mútua falta decompreensão entre ambas as partes, que conduz inevita lmente ao clima referido.A profissão das pessoas nada tem a ver com a educação de cada uma. Não se podepor isso mesmo presumir que uma actividade profissional modestamenteremunerada implique necessariamente a existência de trabalhadores de educaçãoduvidosa. De igual modo se não pode assacar inteiramente aos homens dosautocarros - cobradores e condutores-a responsabilidade dos desmandos,/seja a que nível for, verificados dentro dasviaturas. Algumas vezes terão a culpa. Mas nem sempre. Elementos do público háque também prevaricam. As questões acabam por desenvolver-se como umareacção em cadeia de efeitos residuais, conduzindo à existência de umaanimosidade de efeitos desagradáveis.Há pois que apelar para a compreensão e boa vontade de ambas as partes. Muitoembora qualquer uma pense que terá inteira razão, necessário se torna reconhecerque assim não acontece. Temos a certeza que se for possível a todos - e semdúvida que o é desde que haja boa vontade - pensar um pouco mais nas relaçõeshumanas que devem unir e não separar as pessoas, temos, em vez de guerra, paznos autocarros.'DErector: Eng.° Rogério de Moura. Agéi.ias Noticiosas: France Press, InterNationes é Dias da Silva. Propriedade: Tempográfica. SARL. Redacção,Admi.trçnio o Oficinas: Av. Afonso de Albuquerque, 1017-A e B (PrédioInvicta). Telefone 261911213. Caixa Postal 2917 - Lourenço Marques.Carnaval 74 ..........Nota da Redacção ....... À Redacção ... .....Semanà .......'os preços da gasolina e algumasdas suas consequências. Na Europa: mais barata na Austria, mais cara emPortugal -Ainda o julgamento do «Jornal do Fundão» - Em 193 Metrópole:Balança Comercial negativa de 28,4 milhões de contos. Pela primeira veznegativa com o Ultramar, 783 mil contos - Acusados de acti.vidades subversivas -O primeiro automóvel português circulará dentro de 4 anos.Perspectiva ...... internacional .......China: A revolução continua - AIbânia: País daáguias aproximação com a U.R.S.S. América Latina - Etiópia: morrer de fome.Artes e Letras ..... . Defesa contra incêndios . Cheias do Zambeze. ... . Bombas«dentro» duma pensão O sr. Armindo ataca novamente Passatempo ........Tempo desportivo .... . Factos e Fotos ..... . Opinião . . . . . . . .A NOSSA CAPA:CARNAVAL.:Uma fuga às preocupaçõesdo quotidiano.

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SUMARIQ,

PAGINA 131HIGIENE E CÓLERASenhor Director,Agora que todo o Mundo luta ardorosamente contra esse flagelo que é a cóle. ra eque a n/ rádio e a n/ imprensa são porta-vozes dos mais elementares ditames dehigiene e prevenção, julgo'oportuno e por Isso tomo -a liberdade de solicitar a V.Exa. se digne autorizar a inserção do presentç comentário nas páginas doconceituado semanário que superiormente dirige e do qual sou assíduo leitordesde o 1.o número.Diariamente cruzo a Baia do Espito Santo 4 vezes, saindo e entrando na cidadeatravés da doca situada junto à porta 1 do n/ cais. Nessa doca, além dasembarcações da Capitania do Porto e da Empresa Fluvial, fazem ancoradourodezenas de traineiras que ai descarregam em condições precárias o produto dassuas fainas. Mas, até aqui, tudo certo (ou errado?..) já que até agora não lhes- foiatribuído superiormente local conveniente para o efeito, nem vedado que o façamali.Mas tem de ser ... É imperioso que o seja ... e com brevidade!Começando pela falta de espaço, pas-Do nosso leitor Fernando Nunes de Andrade, Furriel Miliciano, S.P.M. 2774,residente em Nampula, recebemos esta magnífica fotografia batida na llha deMoçambique. «O Senhor do beco» é o seu título.Como é do conhecimento dos nossos leitores, este leitor tem direito a umaassinatura de três meses da nossa revista, prémio com que distinguim ; ostLabalhos escolhidos e publicados nesta secçio.sando pelas precárias condições de orescarga com iminente perigo de acidentespessoais, e acabando pelo verdadeiro aten. tado contra a saúde pública, tudo aliestá a pedir a urgente intervenção das autoridades competentes nos diversossectores.É por demais sabido que àquela doca vão descarregar alguns dos esgotos da n/cidade.Sr. Director:É pungente, repugnante até, olhar a superfície dessas águas (já de si negras delodo e óleo pelo constante circular de barcos), onde se podem ver, boiando,dejectos de toda a espécie lançados por esses esgotos (alguns deles de arrepiar oscabelos e corar e envergonhar quem tenha a desdita de com eles encarar) aosquais se junta, normalmente, uma apreciável quantidade de peixe morto e, muitasvezes, putrefacto. E são essas mesmas águas, por certo com um teor decontaminação incalculá. vel, que servem para «lavar» o pescado. Já o vi, sr.Director, alguns desses de. jectos ficarem «poisados» sobre o peixe nos barcos edepois continuarem nele misturados a sua efémera «viagem» dentro das caixas(para onde é atirado ás «pazadas» até à mão do consumidor ou ao prato emqualquer restaurante.

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É demais! .. É inacreditável que as n/ autoridades permitam tais situações ! Emuitas vezes as temos visto assistindo imperturbáveis ao desenrolar destas tristescenas.Quem nos pode garantir que não esteja ali o foco principal do surto da cólera,-já que essas mesmas águas até servem para o pessoal dos barcos se «lavar»?...E a acrescentar a isto há ainda as rimas de caixas que diariamente se encontramjunto do edifício do «Anjo Voador» e que exalam um cheiro nauseabundo queimpesta toda aquela zona e que é viveiro de moscas e de mosquitos.Tudo isto ali mesmo nas «barWaS» da Capitania do Porto e do seu poso devacinação !Perguntarei, a terminar, de que servirão todos os avisos, todas as recomendaçõespara a higiene das n/ casas, tudo Isso, se não cortarmos pela raiz a planta daninhaque germina e, por certo ,está a dar os seus frutos venenosos.O alerta está dado.Que quem de direito tome as medidas urgentes que toda uma população reclama.Parafraseando um dos «slogans» ditos na n/ rádio:«É mais fácil remediar esta situação do que tratar uma população inteirade cólera».Fernando A. S. GonçalvesP. S. - Tudo aquilo que aqui menciono poderá facilmente ser constatado pelosrepórteres desse semanário e, até, documentado com fotografias.[A MELHOR FOTO DOS NOSSOS LEITORES

DDOL\~~ E!lw ~ITERRENOS PARA CONSTRUCÃOSenhor Director,Agradeço o obséquio de dar um cantnho da Revista para abordar um assun to queme parece estar a prejudicar também os cofres do Estado.Sou vendedor de terrenos desde há largos anos e, presentemente estou quase amorrer de fome pelo facto das transacções neste ramo estarem bastante paradas eque estou convencido que a razão se deve ao imposto de 20% sobre a mais valia aque se refere o Diploma Legislativo n.° 148/72.Muitos interessados não compram certos terrenos porque o proprietário, sabendoque tem de pagar os tais 20%, desinteressa-se de o vender ou então pretende queseja o comprador a pagar o referido Imposto. Assim, fica o negócio sem se fazer.No entanto outros terrenos se vão vendendo ou melhor, prometendo Vender, poisa maior parte fica em promessas de compra e venda e com a procuração dospromitentes vendedores. Portanto a Fazenda que certamente precisa cada vez maisde dinheiro também fica a perder! O movimento de sisas deixa de ser o que deviade ser numa altura em que tanto há para fazer e não se faz por falta de verbas.Todos os que trabalham na venda de propriedades e os que pretendem vender oucomprar, certamente estarão convencidos qué' se este imposto desaparecesse, nafazenda começaria logo a entrar dinheiro de sisas que não se pagam. Valeráalguma coisa esta minha explicação?

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Muito obrigado pela boa atenção de V. Exa. para a publicação desteesclarecimento.Um moçambicanoNAS PADARIAS DE NAMPULASenhor Director:Venho por este meio mostrar a m/ indignação por «aquilo», que se está a passarnas padarias de Nampula. Agora as padarias já não são estabelecimentos onde sevendem somente pão, bolos, ou qualquer outro artigo ou bem que provenha dafarinha; agora, como ia eu dizendo, vendem também sacos(inhos) de plástico aosmais variados preços !!!Uma pessoa entra numa padaria de Nampula e pede 10 pães de $50 (perdão, agoraa $70 ). Perguntam logo, os vendedores, «traz saco?» Se não levarmos o referidosaco, ou pagamos o preço dum saco de plástico ou levamos o pão na mão, pois opapel só serve para em. brulher bolos (que são os mais finos!!?). Mas além distoexiste outra anomalia (eu, pelo menos, assim considero ...). Numa padaria («AModerna») o preço dosaco plástico é de $50 sendo numa outra («A Sipal») 1$00, precisamente o dobrodo preço a que é vendido na primeira padaria. E o lema usado nestas padarias ésempre o mesmo «Quer, leva; não quer, vá embora».Será isto justo?!! Estará regulamenta. do na lei, a venda de sacos plásticos, empadarias?!! Não chegará o aumento substancial que o pão teve, para satisfazer osdonos das padarias?!! Resta-me, esperar que alguém de direi. to ponha cobro aestes abusos, pois de contrário onde é que Iremos parar?!Maria de Lourdes GonçalvesO PROFESSOR NO ULTRAMARSenhor Director,Todos sabem que não é dos melhor nem dos mais remunerados. O custo de vidasobe, os salários aumentam, mas o aumento não chega para cobrir o aumento docusto de vida. Deste modo o nível de vida decresce constantemente. Homensformados, pais de família, gànham o mesmo que funcionários doutrosdepartamentos apenas com o 7., ano liceál ou cursos comercial ou industrial. Umaboa parte desses homens formados na docência muda de emprego, porque oEstado paga mal.Recurso à eventualidade - Quase 80% do corpo docente, nos diversosestabelecimentos do Pais, é eventual. Homens, que não finalizaram o curso,recorrem à docência por diversas razões: ou para finalizarem o curso, ou porquese sentem melhor remunerados neste oficio, ou porque não conseguem melhoremprego (por milhentas razões). As consequências são lógicas: falta derendimento profissional ou funcional, desinteresse, instabilidade profissional. Ainstabilidade dá-se, deste modo, a dois níveis: a nível de funcionários e a nível dainstrução. O Estado porque não pode contar com o seu corpo servidor, ofuncionário porque não pode contar com o Estado e porque lhe recorreeventualmente, e, logo que arranja outro emprego melhor, abandona-o pura esimplesmente. Só as mulheres se conservam neste oficio, e nem sempre, dandolugar a um tipo de instrução de matriarcado, que não deixa de ser eficiente, masque enferma de alguns problemas, como períodos de gestação, fragilidade

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corporal e psíquica, cansaço devido ao governo do lar, nomadizações provocadaspelas deslocações dos maridos, e dificuldade de preencher quadros superioes,originada ýor todas as causas retro-citadas.Recurso ao Part-time - Criaram-se cursos nocturnos. Ora empregados bancários eoutros solicitam o recurso ao «part-time» nas escolas para melhorarem- a suasituação económica. Depois de um dia completo de trabalho intenso, comopoderá o professor eventual nocturno, render o suficiente para ministrardevidamente o curso dos seus alunos? O ensino reflecte-se nos alunos, que váriasvezes se vêem na necessidade de estudarem unicamente pelos livros ou recorrema explicadores, pois o aproveitamento escolar não os satisfaz.O professor eventual - Sendo o grosso da coluna que ensina, é obrigado atrabalhar tanto (e mais) do que os do quadro. Planos, reuniões, exercícios são-lhesolicitados mensalmente. Sem qualquer protecção patronal, nem sindical, elesvivem na angústia de perderem o lugar, que cobre a receita necessária àsobrevivência da vida familiar. Por razões de preenchimento de quadros, algunssão exonerados anualmente, cu obrigados a mudar de localidade, ficando naingrata sit.ação de desempregados (nem sempre), sem qualquer meio desubsistência, nem outros conhecimentos para mudarem de profissão. Ingressam,então, em Colégios, quando há vagas, pagos a preços inferiores e sujeitos ahorários violentos ou reduzidos.Deslocações para o serviço - Um professor não se pode dar ao luxo de viver pertoda Escola, ond.o trabalha, pois as cidades estendem-se para os subúrbios, onde elevai parar, devido ao vencimento parco, que aufere. Terá que ter um au>omóvel namaior parte dos casos. Acontece que a mão-de-obra oficinal, a gasolin', ossobressalentes, são de tal modo caros, e cada vez mais, e por vezes inexistentes nomercado, rue dentro em pouco veremas os professores de bicicleta e de autocarro.Assistência médica-medicamentosa, na prática, nula - O mais grave nestaprofissão, assinalada ironicamente como sacerdócio, é a assistênciý_médico-medicamentosa, que na prátic4 é nula. Existe em L. Marques, um único Hospital,mas o serviço é de tal modo inoperante, que um professor não se pode deslocar lãpara ser consultado. Terá de recorrer ao médico particular que leva por cadaconsulta a módica (???) quantia elástica (de 350 a 750 «patacas»). A receitanormalmente prescreve medicamentos a comprar na farmácia (frise-se que noHospital só há comprimidos que não atrasam nem adiantam a doença) e que vãode 500 a 1000 «patacas». O que significa que o professor além de mal pago emrelação às profissões liberais (com assistência médico.medicamentosa), é obiectode especulação, ou seja objecto de clientela ao serviço do comércio, por parte damedicina. Isto acontece com toda a família do professor, que para se aguentar temque ter boa saúde, como ele pudesse pangar auanto pode pagar um comerciante ouum industrial ou um administrador de Empresa (que não paga). O Estado, de factodevia dar o exemplo protegendo os seus funcionários.Um professor

~8EM 1973METROPOLE: BALANCA COMERCIAL,. NEGATIVA

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DE 2 4 MILHO.ES DE CONTOSo Pela primeira vez negativa com o Ultramar-783 mil contosO ano de 1973 par.ce marcar uma viragem estrutural nas relações comerciaisentre a Metrópole e o Ultramar. Na realidade, pela primeira vez na História, astrocas comerciais entre o território metropolitano e os territórios ultramarinossaldaramn-se, a fazer fe nos números publicados pelo Instituto Nacional deEstatística com um. saldo negativo de 783 mil contos para a Metrópole.Segundo o INE. continuou a agravar-se o saldo negativo da .balança comercialmetropolitana, que, tera atingido em 1973 o seu máximo de sempre -28424 milcontos. A Metrópole exportou mercadorias no valor, de 44759 milhares decontos e fez impolações no valor de 73 183 -milhares de contos. Como se sabe, abalança ,de pagamentos metropolitaria é, apesar cLsto, positiva dada a forteifijecç8o de i.n visíveis provenientes, das re-messas dos emigrantes e do turismo.Em relaçao a 1972 'as exportações progrediram de 27,7% ou sejam mais 9698milhões de escudos.Quanto às importações passaram.de. 59,6 milhões de contos em 1972 para73.183 em 1973 ou seja mais 13 627 mil contos correspondendo a mais -22,8%.Quanto à origem das mercadorias o Ultramar forneceu 10,1% correspondente a7394 mil contos. Para lá se dirigiram mercadorias no valor de 6611 mil contoscorrespondendo a 14,8% das nossas exportações deste modo o saldo apresentou-se negativo para a Metrópole em 783 mil contos. Quanto aos países estrangeiros aC. E. E. forneceu 45,2% das nossas impDortações valendo 33 117 mil contos eabsorveu 48,6% . das nossas" éxportacões; correspondentes a 21 739. O nosso«deficit» atingiu assim 11 378mil contos. Individualmente aparece, a R.. F. Alemã como 1.° fornecedor com14,5% das nossas compras e o Reino Unido como 1.' cliente com 23,7% dasexportações.A E.F.T.A. absorveu 13,9% das nossas vendas ao estrangeiro, no valor de 6238mil contos e forneceu-pos 11,7% das importações, correspondendo a 8533 milcontos.Os E. U. da América forneceram 8,2% das: nossas imDortações no valor de5986 mil contos e compraram 9,8% das nossaý exportações, . correspondendo a4399 mil contos, pelo que o «deficit» atingiu os 1587 contos.Por .seu lado a Espanha forneceu 5,5% das nossas compras no valor de 4030 milcontos e apenas comprou 2,3% das nossas exportaíções no valor de 1012 mil'ontos. Assim, o desequilíbrio das nossas trocas com este .país atingiu os3018 mil contos, situando-se em 2.1 lugar logo a seguir à R. F. Alemã com a,qualo nosso «deficit» atingiu os 7264 mil contos, ," "Com o BrasiÈ,'que nos forneceu 2,9% no valor de 2091 mil contos, o nossoodeficit» ,chegou aos 1644 mil contos, pois somenté vendemos 1,0% das nossasexportações - no valor. de 447 000 contos.Dos países asiáticos merecem referência o cpão que rios forneceu mercadorias novalor de 3143.4 mil contos (4.3% do total) e comprou 1,7% ou sejam 774 000contos. O «deficit» atingiu 2369 mil contos.

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O Iraaue forneceu 1,4% do valor das nossas importações (1 000 000 de contos)..Este pas foi ýo nosso principal fornecedor de petróleo bruto.Proximamente analisaremos mais em pormenor alguns aspectos do comércioexterno em 1973.e-11

-PÁGINA 16OS PRECOS DA GASOLINAE ALGUMAS DAS SUAS CONSEOUENCIASo Na Europa: mais barata na Áustria; mais cara em PortugalOs sucessivos aumentos do preço da gasolina, sobre a qual se tem feito cair osaumentos de custo do petróleo bruto, procurando defender os outros produtosoriundos daquela matéria-prima de carácter mais industrial, estão. a provocaruma verdadeira revolução nos hábitos das pessoas dos países mais evoluídos,além de outras consequências denatureza não só económica. Assim, não s6 oautomóvel passou a ser muito menos utilizado em todos os paises, como caíramvertical-mente as cifras dos acidentes de viação. Por outro lado, o custo e as restrições dagasolina- estão a afectar, por exemplo, as compras nos supermercados e grandescentros comerciais e, de uma maneira geral, as compras do fim-de-semana, quecairam em alguns países em mais de 20%.Na maior parte dos p ilseq da Europa, a zona mais afectada pela crise do petróleo,uma percentagem que anda em média por 15% passou a utilizar os transportes~públicos e a deixar o car o em casa.

PÁGINA 17COMPARAÇõESUma comparação dos preý' çgs da gasolina entre os diversos países da Europa,com base no escudo português, convertido aos câmbios oficiais de Lisboa, mostrao seguinte:ALEMANHA - Velocidade limitada: 100km/h nas auto-estradas, 80km/h nasrestantes estradas; gasolina super 1 marco (9$70), normal 0,90, (8$73), gasóleo0,90 (8$73).AUSTRIA - Velocidade limitada a 100km/h nas estradas e auto-estradas; preçodos carburantes: super, 5,60 «schilings» (7$61), ordinária, 4,90 (6$66), gasóleo(5$98).BÉLGICA - Velocidade limitada: 100km/h nas auto-estradas, 90km/h nasestradas; preço do carburante super, 135 francos (8$47).DINAMARCA - Circulação proibida ao domingo. Preço dos carburantes: super2,05 coroas (8$61), ordinário, 1,99 (8$28).ESPANHA - Velocidade máxima aconselhada 90 km/h preço' dos carburantes:extra, 18 pesetas (8$46), super 17 (8$28), ordinária, 13,50 (6$20), gasóleo, 7,40(3$48).FRANÇA - Velocidade limitada: 90 km/h nas estradas; preço dos carburantes:super, 1,75 «francos (9$18). ordinário, 1,62 (8$50), gas6leo, 1,04 (5$46).

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HOLANDA - Suprimidas anteontem as restrições de circulação e distribuiçãode gasolina; velocidades limitadas a 100 km/h nas auto-estradas, 80 km/h nasestradas; preço da gasolina super,0,83 florins (7$71), ordinária "380 (7$44).ITÁLIA - Circulação proibida ao domingo. Bombas de gasolina encerradas desábado (às 12 horas) a segunda-feira, de manhã. Velocidade limitada a 120 km/hnas auto-estradas, a 100 km/h nas estradas. Preços do carburante: ordinário, 240liras (7$40), super, 250 (7$71), gasóleo, 160 (4$93). Em princípios de Abril,entrarará em vigor o racionamento, na base de 60 a 70 litros por pessoa, sendoentão suprimida -a proibição de circulação aos domingos e feriados.PORTUGAL - Bombas de gasolina encerradas aZg'sábado e domingo. Velo ladelimitada a 100.km/h nas auto-estradas, a 80km/h nas estradas Preço doscarburantes, super, 11$00, normal 9$50, gasóleo 3$40.SUÉCIA - Suprimidas as restrições de circulação e venda de gasolina no passadodia 30. Preço dos carburantes: super 1,53 (8$79).SUIÇA - Velocidade limitada a 80 km/h em toda a rede rodoviária. Preço docarburante: super, 0,85 francos (7$05), ordinário, 0,81 (6$72).EM MOÇAMBIQUEEm Moçambique, como se sabe, após o último aumento dos combustíveis, agasolina super passou a vender-se a 11$00 o litro, a normal a 10$00 e o gasóleoa 3$76. Não há restrições de velocidqde, mas a venda- de gasolina é proibidadurante os fins de semana e cada automobilista apenas pode meter o máximo.de-20 litros.AINDAO IDLGAM[NTO DO JORNAL D FUNDRO"Prosseguiu o julgamento do Jornal do Fundão, acusado de abuso de liberdade deImprensa. Como foi noticiado, em 1972 morreu uma criança depois 8e sua mãeter inutilmente procurado socorro no posto médico da Caixa de Previdência daCovilhã. Uma carta dos pais da criança, srs. Manuel Fernandes e D. Teresa Cruz,publicada naquele jornal, levou o médico dr. Beirão Amaral a recorrer aotribunal, alegando que a carta o difamara.Na última audiência a quinta - o chefe da secretaria do posto médico, sr. David,revelou, que depois de a empregada Teresa ter comunicado àquele clínico queestava no posto uma criança gravemente doente, e de o enfermeiro-chefe, sr.Figueiredo lhe ter ido dizer que se não responsabilizava pelo que acontecesse, elepróprio, chefe da secretaria, fora duas vezes . fazer o mesmo apelo - tudo semresultado.Depôs a seguir o motorista de táxi sr. José dos Santos Serrado, que fora cýamadopara transportar o doente ao hospital, e que quando chegou à porta do postoencontrou a nqãe da criança a tentar salvá-la através da respiração boca-a-boca.Na referida sessão depuseram várias testemunhas.Uma delas, D. Odete Salgueiro, disse: «Só vou = posto médico quando os meufilhos estão constipados. Se estiverem mrl vou ao consultório, onde os tratam asério».O industrial de lanifícios sr. João Borges Terenas afir. mou que acreditara na cartapublicada no Jornal do Fundão porque sabe como funciona o posto. Contou um

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caso idêntico passado também com o dr. Beirão Amaral, que receitara pelotelefone e se recusara a ir ao domicílio dum operário da Fábrica Terenas ver umacriança. O caso foi depois apresentado à Federação das Caixas de Previdência,que puniu o dr. Beirão Amaraí.Entretanto, o juiz, dr. José dos Santos Monteiro, advertiu que quem estava a serjulgado não' era aquele clinico, acrescentando que há realmente um processocontra ele, acusado pelo Ministério Público de homicídio por negligência, e ai éque pode fazer-se prova de, factos que incriminem, eventualmente, o dr. BeirãoAmaral.Intervieram os advogados dr. Crespo de Carvalho, pelo assistente, e drs. Ant6nioGascão e Raposo Mourc, pelos réus.O julgamento prossegue em 4 de Março.e

PÁGINA 18O PRIMEIRO AUTOMOVEL PORTUGUÊS CIRCULARA DENTRO 0E 4ANOSDestinar-se-á aos mercados nacional e estrangeiro e poderá estar a circular nasestradas do Pais dentro de quatro anos, aproximadamente, o primeiro veículoportuguês que se prevê produzir na nova fábrica de automóveis a instalar emSines - revelou um porta-voz do Ministério da Economia no decorrer da reuniãoquinzenal com os representantes dos órgãos da Informação. Trata-se de ummodelo de concepção técnica italiana, mais exactamente da Alfa-Romeo,equipado com um motor de 1200 centímetros cúbicos de cilindrada, de pequenoconsumo e elevado rendimento, «o que o coloca, de acordo com os testes maisrecentes, na primeira fila dos carros médios no que respeita à economia decombustível», acrescentou o porta-voz. Segundo este, «o esquema societárioprevisto para a empresa prevê que o núcleo de participações maioritárias ficará, àpartida, entregue ao Estado e a instituições financeiras a ele ligadas, podendo, deacordo com a natureza e funções promocionais que a um e outras cabem, serobjecto de redistribuição na fórmula definitiva da empresa». Oinformador acrescentou, ainda, que a Alfa-Romeo também participará, e que estáprevista, também, a participação do público em geral.«O veículo não apresenta concepções revolucionárias em relação à utilização decombustível que, aliás, em pais, nenhum se encontram desenvolvidas à escalaindustrial», disse o informador, respondendo a uma pergunta sobre se o fabricoprojectado obedeceria a nova tecnologia, que permita. fugir a possíveis eprováveis consequências da crise mundial de combustível derivado do petróleo.«Houve a preocupação de assegurar que os modelos a fabricar correspondam àmais evoluida técnica de construção de motores de automóveis, estando aliásprevista uma actualização permanente em consonância com a evolução que venhaa verificar-se na respectiva tecnologia. De qualquer modo, a construção da fábricademorará cerca de quatro anos, o que ultrapassara, é de prever, a situaçãoconjuntural que atravessamos», esclareceu o informadorA irecção-Geral de Segurança acaba de remeter para julgamento' no PlenárioCriminal de Lisboa um importante processo om que são acusadas de actividades

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subversivas doze individualidades'.conhecidas nos meios católicos: NunoTeotónio Pereita, Joaquim Osório de Castro, Luisa Saarsfield Cabral, Luis ,Moita;Rui Lemos Peilxoto, Pedro 'Soares Onofre,ACUSADOS DE ACTIVIDADES SUBVERSIVASMaria Gabriela Figueiredo Ferreira, Manuel Santos Moita, António RodriguesCorreia, Maria da Conceição Moita, Henrique Santa-Clara Gomes e IsmaelNabais Gonçalves.Sobre o relatório da D.G.S. deduziu o .Ministério Público uma acusaçao que está,a ser apreciada peloo corregedor -do 1." Juízo Criminal, dr. Lourenço Pinheiro.Este ma-gistrado lavrará um despachode pronúncia cujos termos serão conhecidos no fimda semana. A data da audiência de julgamento não se encontra ainda fixada,portanto.Alguns dos arguidos neste processo foram objecto de referência expressa na notaoficiosa que a Direcção-Geral de Segurança divulgou em 29 de Novembro último,relacionando-os com as actividades da 'Liga de União e Ac ç a o Revolucionária(LUAR). A um grupo de cristãos implicado.em determinadas formas, depropaganida clandestina se reteria, por outro lado, uma» nota que a mesmacorporação policial editou em 20 de laneiro.

PAGINA 19Os ingleses vão votar, numa fase critica da sua existência. Novamente se apelapara o espírito de Dunquerque, por estar em risco a sua sobrevivência comoentidade autónoma e livre. A via constitucional e legal da eleição,tradicionalmente escolhida e triunfantemente experimentada quando se trata detomar graves decisões, mais uma vez será posta ã prova. O simples facto de autilizar, numa viragem da sua evolução, constitui exemplo digno de registo nonosso mundo, varrido pelo vendaval das paixões desencadeadas, como nas horassombrias dos totalitarismos. A crise britânica insere-se num contexto vasto-e de mau augúrio. As suas causas datam de longe e as suas raízes são profundas.Atribui-la apenas a acontecimentos recentes ou a factos fortuitos, seria des<vrtuâ-la e tornã-la incompreensível. É sintomático, porém, que o mecanismo da suademcracia funcione com exemplar regularidade e perfeito ajustamento das suaspeças. A rainha, quando o primeiro ministro tomou a decisão de convocar oeleitorado, encontrava-se na Austrália. O conselho de regência sancio. nou aqueladecisão que a soberana ratificou. Não teve de Interromper, para tanto, a suaviagem nem que alterar a sua rota Encontrar-se-á' no palácio de Buckinhganquando, realizadas as eleições, for preciso escolher o sucessor de Edward Heathque pode ser ele próprio.O acto eleitoral decorrerá com os mineiros em greve e essa circunstância, que nãoInfluirá para que seja perturýbada a tranquilidade pública. pode influir noresultado da consulta favorecendo os con. servadores. Estes não preci. sam degrande Imaginação para encontrar a fórmula susceptível de lhes dar a vitória.«Quem governa' aIii.AS

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glaterra? O parlan governo, sua emana sindicatos?» Entret a propaganda oficiatará para demonstr sindicatos estão n extremistas, alguns treitas relações nopartido comunista esse, por exemplo, secretário-geral do dos mineiros, MicGahey, um dos pro da convocação dos eleitorais, sendo o primeiro-ministro,vencido de que sur oportunidade única brar um golpe de trabalhistas. O bi-partidarismo texto tradicional da britânicas. O colaps tido liberal, em s guerra de1914-18, 1 trabalhistas à posiç ternativa dos conse cuja influência na britânica'continua a das suas constantes. minio no partido t das organizações queconstituem a s pai força eleitoral e ra, está também n das suas dificuldorientação e direcçã tôria do partido tr inglês tem pouco d com a dos partidos tasdo continente, do a destes entre as da social-democracia-rosa e do comunism lho. Só tarde os in- professores, jorna critores - aderiram do trabalhista de co clusivamente comptrabalhadores agrem fortes federações. O Unions» impregnar fundamente a suainspirados pelas reivi sociais e económicas litantes, e por lira incompatível com 1rígidas.Passadas seis décad domínio dos sindica tinua a distinguirELEIÇÕESnento e o lhismo inglês - quer seção ou os te do partido do seu dianto toda tório, do seu grupo pa1 se orien- mentar ou do seu Gabin, ar que os -Sombra cuja acção é animão de mente apreciada em BIcom es- pool pelos delegados sindicpequeno Dificilmente os «leaders»inglês. É parlamento fazem triunfaro caso do seus pontos de vista quaisindicato a estes se opõem os dos « hael Mac ses», na generalidade ori'tagonistas dos de uma burocracia icolégios movível. Ernest Bevin,outro o foi dos ministros dos negó¢este con. estrangeiros ingleses aqurgira uma que, porventura, mais malpara vi- ao seu pais e à Europa, ficisivo nos como modelo desses buroctas do sindicalismo britâni é o con- pouco letrados e insuficiers eleições mente preparados para o o do par- sempenho de elevados cargeguida à na carreira política e noguinda os verno. Aneurin Bevan, in.ão de ai. rador-da esquerda trabalhiervadores, em seguida à segunda guerpolítica ocupa nos pergaminhos ser uma trabalhismo inglês um lulO predo- cimeiro ao lado de Sttaf(rabalhista Chipps e, apesar da sua ( sindicais, gem, poiý foi mineiro na uaprinci- terra natal, o Pais de Gal financei. era deoutro estofo. A a origemmorte ,prematura consiill

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ades de o mais sério prejuízo sofrio. A his- pelo part ldo trabalhista na:rabalhista século. e comum Divididos\e perturbados,socialis- dem os trabalhistas encar decorren- com firmeza, e resolver, c(fórmulas acerto, alguns problemas, pa cor-de- dominantemente econõmicno verme- que afligem a Grã-Brelanhtelectuais A «planície» do rabalhisi listas, es. tem reduzida capacidade pa aoparti- resistir ao inevitável assa' 'meço ex- da esquerda cujos mentorosto por são Michael Foot. Tony Belados em e a equipa da «Tribuna». qs «Trede o primeiro dirige. O «Icadeam pro. do pirtido nos Comuns, IFdoutrina rold Wilson, procura mantndicações um equilíbrio instável entredos mi- ala esquerdista e os clamegmatismo tos da direita, cujo intérpredeologias é Roy Jenkins. Harold Wilsigasta o tempo e as energi Ias o pre. nessa tarefa sempre ince atas con- clusa.As eleições vão deeco traba- -rer numa fase critica das iINGLESAStra- lações entre o partido e osrec- sindicatos, na qual o primeiroria- precisa das simpatias do paisete- que os últimos não atraemual- devido à greve dos mineirosack. e à continuação desta duranteais. o período eleitoral. Por outro no lado, a esquerda do partidoos não aprova uma aliança comido os liberais, cuja ascensão rã)os- pida se deteve depois de terun- atingido a cota dos vinte por.,na- cento.que Vemos feita com frequência .ele a afirmação de que á Grã:'.fele -Bretanha faltam os chefesinspirados que teve em mo- .ou mentos críticos como LloydTa- George na primeira guerra, eco, Winston Churchill na segunda.te- Maà a mediocridade dos diride- gentes nunca obstou a que o 4go- povo inàglês a superasse e,spi- com o seu instinto e a sua sta incomparável formação cívica,sta triunfasse de dificuldades àdo primeira vista insuperáveis.,ar O partido conservador forord neceu-lhe a mais elucidativa>ri- galeria de medíocres que os ua povos costumam invocar para

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es, desculpar as suas próprias;ua faltas e fraquezas. Stanleyuiu Baldwinn e Nevile Chamberdo lain, ocupam nessa galeriaste um lugar destacado. Nas fileiras conservadoras não se po- descobrepersonalidades quear, excedam actualmente a era.)m veira decepcionante dessa mere- diocridade. O actual primeiro.os, ministro, depois de ter pratiia? cado um acto de alcance hisno tórico -a entrada da Grã.ira -Bretanha no Mercado Comum Ito - ficou irremedJavelmente di.res minuído pela sua incapacidaan de para resolver satisfatoriaue mente oconflito dos mineirosr» o que não parecia ser tarefala. exigente. Esse seu malogro é.er neste momento, o principala obstáculo á vitória do partidon. Conservador na competição'te eleitoral marcada para 28 doon corrente.e 1 112m11EDI CARIOS IINHÃO

os"O PROGRE!É um Sol de Alvorada que vai cobrindotodo o espaço Moçambicano.Duma nova vida.Nacala é um centro onde se criamnovas fontes de riqueza e trabalho.Nós estamos cá,crescendo com Moçambique...onde Moçambique começa.1' *.~ -!.JFDE flflnLfl O I)nS(EGrupo de Empresas João Ferreira dos Santos

e e1 uternacioç ~~ANERICAAPELO A LIBERTAÇAO DE JORNALISTAS PRESOS

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A «Amnistia. Internacional» enviou na semana passada um tolegrama aopresidente uruguaio Juan Maria Bordaberry pedindo-lhe que liberteimediatamente vários jornalistas e escritores que foram presos em Montevideu.Segundo aquela organização, são as seguintes as pessoas presas sem qualquerexplicação oficial: Carlos Quijano, de 71 anos, fundador e chefe de redacção dosemanário «Marcha», Júlio Castro, Guillermo Chiflett e Hugo Alfaro, redactoresdaquela revista, os escritores Juan Carlos Onetti e Mercedes Rein.«Receamos que estas pessoas venhmn .a ser vitimás de maus tratos. A nossainquietação é agravada pelo persistente silêncio das autoridades uruguaiaz- -declarou um informador da «A m n i s t i a Internacional». Acrescentou este que,apesar da liberdade de Imprensa ter diminuídõ este ano no .Uruguai, «Marcha»tinhacontinuado a criticar as prisões políticas e a utilização da tortura.DIRIGENTE GUERRILHEIRO PERONISTA DETIDOA Polícia prendeu Roberto Quieto, chefe de um grupo de guerrilheirosperonistas das esquerdas, e a sua detenção ameaça alargar a cisão entre o Governoe os antigos partidários radicais do ptesidente Peron. Quieto, fundador das«Forças Armadas Revolucionárias», que ajudaram a conduzir a luta dosguerrilheiros peronistas contra os antigos governantes militares da Argentina, foipreso em Rosário, uma cidade no norte do país.Foi acusado de falsificar documentos quando agente, segundo se alega,encontrarao na sua pasta cartões de identidade forjados da policia federal.Observadores disseram que a prisão de Quieto, que é um dos chefes deguerrilheiros peronistas mais conheci'dos, deveria provavelmenteLATINA.intensificar a luta já azeda entre facções da direita e da esquerda no seio domovimento peronista.EM BELGRADO UMADELEGAÇAO DA FRENTEDE UNIDADE POPULARDO CHILEUma delegação da «Frentede Unidade Popular», do Chile, movimento que foi derrubado pelo novo regimemilitar chileno, chegou a Belgrado a convite da Aliança Socialista, emanação daLiga dos Comunistas da Jugoslávia. A delegação é dirigida por CarlosAltamiTano, secretário-geral do Partido Socialista chileno, e vinha de Sofia.Indica-se, de fonte autorizada, que um doa temas das conversações que terá comos dirigentes jugoslavos será o apoio moral e material que pode esperar daJugoslávia. A Jugoslávia rompeu as relações com o Chile após a queda dopresidente Allende em Setembro de 1973. Todavia, funciona em Belgrado umconsulado-geral do Chile.PAO CHILENO-MAIS CARO 350%O Ministério chileno da Economia aumentou em 350 por cento os preços do pãoe da farinha.O decreto ministerial não indicava a razão para o aumento.

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Entretanto, anunciou-se que foram passados 7317 salvo-condutos desde a data dogolpe de Estado militar, em 11 de Setembro, até 12 do mês -corrente, indicam asestatísticas publicadas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.A maior parte desses salvo-condutos foram para chilenos (3051), brasileiros(701), uruguaios (606) e bolivianos (436), seguindo-se a França e a AlemanhaFederal. Dos países socialistas só a Alemanha de Leste acolheu exilados (100).Eleva-se a 1139 os salvo-condutos atribuídos à Comissão de Ajuda aosRefugiados, dos quais 219 não foram ainda passados, pelo, facto de as pessoasbeneficiárias deles estarem pronuncíadas em justiça.

PÁGINA 22inter'nac*ional,Regis DebrayACTIVIDADES POLITICAS NO CHILE SUSPENSASTòdcts as actividades políticàs no Chile serão proibidas durante os cinco anosmais próximos pelo menos, e o poder militar permanecerá no país talvez por maistempo ainda - anunciou em Santiago o presidente da Junta Militar Governativa.O general Augusto Pinochet, que chefiou o golpe militar que derrubou o Governodo presidente Salvador Allende, em Setembro do ano passado, disse que asestritas medidas de segurança impostas desde o pronunciamento militarpermanecerão em vigor durante muito tempo e que, em 1974, os chilenos terãomeses difíceis a enfrentar. O general Pinochet disse ainda que as medidas desegurança serão mantidas enquanto existir a «ameaça de violência marxista»,mas declarou que «a grande maioria da população» apoia o seu Governo. 0Opresidente da Junta de quatro membros acrescentou que os chilenos têm à suafrente no ano corrente meses bastante difíceis devido às condicões económicasherdadas da experiência de três anos do Governo Allende que fez enveredar oChile pela estrada do socialismo.No entanto, vaticinou uma lileira melhoria para 1975 em resultado do aumento'drs uroduções agrífcolas, industrial e minei ra e disse que a produção do cobrepara o ano corrente anda 6 volta de um milhão de toneladas métricas, o que sepode comparar com 616 mil toneladas métricas em 1973.As exportações de cobre são o principal esteio da economia chilena.O general Pinochet frisou que os militares não pretendem continuar no poderindefinidamente mas que se torna necessário um período, pelo menos de cincoanos, ou talvez mais, para dar cumprimento a todos os planos. A exacta duraçãodo seu regime dependerá essencialmente do cumprimenit desses planos.«Ê- possível que as actividades políticas sejam reatadas antes do termo doGoverno militar, mas nunca durante pelo menos os mais pr6ximos cinco anos -frisou o general.Após o golpe, a Junta proibiu todos os partidos do Governo de Coligação deUnidade Popular do dr. Allende - incluindo o próprio Partido Socialista dofalecido presidente e o Partido Comunista - e declarou todos os restantes partidos«suspensos».Círculos políticos são de opinião que a Junta não convocará eleições gerais nospróximos cinco ou 10 anos.

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REGIS DEBRAY PROIBIDO NOS E. U. A.O consulado norte-americano, em Paris, negou o visto de entrada nos EstadosUnidos ao escritor marxista francês, Regis Debray, baseando-se na lei deemigração de 1952, que «p'oibe o acesso a território norte-americano a alienadosmentais, anarquistas e representantes do comunismo internacional». Debray tinharequerido o visto no passado dia 15 de janeiro, invocando, como motivo, 'odesejo de visitar sua mulher, que se encontra a estudar sociologia na Universidadede Berkeley, na Califórnia.Pequim parece um, oásis de rotina e discreção no meio de uma China emefervescência onde, por todos os meios de informação e comunicação, sepretende «criticar Lin Piao e Confúcio» e que, segundo testemunhosconcordantes, se cobriu de milhões de cartazes denunciando o marechal traidor eo filósofo do mais profundo individualismo - escreve, de Pequim, ocorrespondente naquela cidade da «France Presse». E prossegue:É na capital chinesa que esta gigantesca campanha anti - revisionista,desencadeada de acordo com o mode!e da Revolução Cultural, se exibe menos.Esta discreção é, sem dúvida, aconselhada pelas autoridades.Mas, logo que se sai de Pequim, o carácter desta campanha salta aos olhos. Malpassamos os letreiros que, às portas de Pequim, proíbem estrangeiros de continuara avançar sem uma autorização especial que agora é muito difícil de obter, surgeum autêntico mar de cartazes. Nas aldeias, há casas com as -fachadasinteiramente cobertas, os painéis de afixação estão a transbordar, há aindacartazes ao vento, pendurados em cordas.Em Tienstsin (250 km a sudeste de Pequim), segundo testemunhas oculares, asruas principais estão cobertas de centenas de cartazesAntonioni dirigindofingem.de aspecto «oficial» manuscritos e enfeitados com caricaturas. A multidão olha-os, comenta-os, e alguns transcrevem-nos, cuidadosamente, para pequenoscadernos.As lojas lançam-se num concurso de montras.A vitória pertencerá a quem apresentar a caricatura mais grotesca e incisiva.Algumas destas caricaturas desenhadas com grande cuidado e a cores, sãoverdadeiras faixas desenhadas comportando uma sequência de ilustraçõessatíricas das más acções de Lin Pião, de Confúcio e também de Chen Po-Ta(antigo secretário particular de Mao Tsé Tung, acusado de ter sido cúmplice deLin Piao).O desenho «Standard» re*presenta Lin Pioo e Confúcio, minúsculos, esmagldopor um punho enorme, ou por uma caneta afiada, a da critica das massas.Um grupo de correspondentes estrangeiros observou hoje, próximo da capital,uma verdadeira exposição de caricaturas estigmatizando Lin Piao e Confúcio.Numa aldeia situada a uns 30 km de Pequim, numa série de painéis instalados narua, estão expostas umas trinta caricaturas em grande formato, desenhadas a tintada China, criticando os dois traidores no seu procedimento «contra-revolucion&íio* e «antichinês».O desenho mais incisivo

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-PAGINA 23CHINA:A REVOLUCAO-CONTINUAmostra Lin Piao brandindo uma cruz com a palavra «capitalismo».Outra caricatura representa um Confúcio de barba hirsuta, tamborilando numagrande caixa pendurada ao peito, e com Lin Piao, às cavalitas, soprando a plenospulmões num clarinete. As notas que tocam dizem:«Capitalismo, capitalismo.» Embora apresentada na rua, numa zona autorizadaaos estrangeiros, esta série de caricaturas parece destinar-se exclusivamente àpopulação chinesa.«CHINA» DE ANTONIONI- UM INSULTOO filme de Michelangelo Antonioni, «China», que as autoridades -chinesas têmsevercmente censurado, poderá muito bem trazer problemas à amizade sino-italiana, conforme pensam os observadores desta cidade.Enquanto que os jornais de Pequim classificam Antonioni de «bobo antichinês», ohomem de «O Deserto Vermelho» declarou há dias, a uma revista internacionaldo cineima: «Mergulhei em águas não poluídas. Agora voltei às águas poluídas doOcidente. Como sou pessimista por natureza, temo que a China se polua enquantonós, no Ocidentenos'desembaraçamos da nossa poluição".Esta declaração veíõ corroborar a opinião que osdirigentes de Pequim formularam depois da visão do filme: «Antonioni tentou.deliberadamente. sujar o nome do nosso pais».Houve uma ou outra cena da película que chocou p'ticularmente os chineses. Masa que mais os indignou foi a que mostrava um porco muito divertido com amúsica de uma ópera revolucionária, «A Canção da Ribeira do Dragão».Enquanto que a heroína da ópera canta «ergue a cabeça. peito para fora", asimagens são as de um porco que quase dança. Isto, para os chineses, não é humor,é calúnia. A cena do salão de chá, em que as pessoas são filmadas de muito perto,é «grotesca. - comentou um trabalhador de Shangaw.Segundo uma notícia vinda de, Pequim, Antonioni teria pedido a algunscamponeses que mimassem um combate, durante a realização do filme, o que foirecusado. Segundo a mesma informação, o realizador também pediu a algunstrabalhadores que vestissem roupa usada, em vez de fa-" tos novos, pedido esseque também foi recusado. Para além disso, a China não apreciou, de modonenhum, o tom e a cor lúgubres do filme, tanto mais que o seu símbolo nacional éo Sol Nascente.ALBANIAPAIS DAS AGUIAS APROXIMAÇÃO COM A U.R. $. S.?A Albânia, cuja única aliança política ao longo dos últimos 14 anos foi a que aligou à China, parece procurar agora amigos mais próximos de casa, parecendomesmo disposta a esquecer- embora baseada na experiência chinesa- as suas velhas divergências com aUnião Soviética. O pequeno Estado europeu, que cortou as relações em 1959,

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com o então chefe do Governo soviético, Nikita Kruchtchev, passando a ser oposto avançado do maoismo da Europa, começou a encarar a sua posição comnovos olhos, desde que a China decidiu quebrar o seu isolamento e enveredar pelasenda da abertura perante o mundo.Os observadores diplomáticos salientam que, com a China a abrir as suas própriasEmbaixadas no Ocidente, a Albânia não podia deixar de se sentirmenosnecessária. E assim se explica que,,nds últimos anos, a Albânia tenharestabelecido relações diplomáticas com os seus vizinhos balcâni6os. Até àGrécia, alinhada nas direitas, o Governo de Tirana enviou as suas missõesdiplomáticas - ao fim de 32 anos de feroz isolamento.INICIATIVAS SOVIÉTICASO único país balcânico com o qual a Albânia não tem relações diplomáticas é aBulgária, em grande parte devido à extrema dependência política deste paisrelativamente à União Soviética.A revista moscovita «Novoye .Vrenya» (Novos Tempos), considerada porta-vozseguro das oDiniões do Ministério soviético dos Negócios Estrangeiros, dizianum artigo recente:«O povo soviético está convencido de que o restabelecimento de relaçõesnormais entre a União Soviética .e a Albânia, e o regresso a uma cooperaçãoamistosa entre os dõis povos -seriabenéfico para os interesse, fundamentais e de longo alcance da união de todas asforças anti.imperiaistas».No dia da Festa Nacionalalbanesa, o próprio «Pravda» lançou um apelo semelhante -propondo que seenterassem e esquecessem os diferendos do passado. Os observadoresdiplomáticos não acreditam que os soviéticos tomassem semelhantes iniciativaspara se exporema uma recusa.É certo que, até ao momento, não se conhece resposta positiva de Tirana.O principal opositor aoentendimento sovieto-albanês é o secretário-geral do Partido Comunista daAlbânia, Enver Hoxha - o último estalinista da Europa - que tem-dirigo com mãode ferro o seu pequeno pais essencialmente agrícola e com uma população de doismilhões e meio de almas, des--de 1944.Hoxha, que insultou Kruchtchev e que, depois' da quebra de relações em 1959,venceu várias tentativas soviéticas para o destituir, mantém-se - pessoalmente- na sua posição anti-soviética. Mas a níveis mais baixos da hierarquia albanesa,particularmente no Exército, é siqnificativa a corrente favorável aorestabelecimento de boas relações com Moscovo. Aliás, este sentimento não éinteiramente novo: há três anos, uma tentativa de anroximação com a UniãoSoviética, que partiu doEx*ercito, foi aniquilada por Hoxha.No entanto, os observadores Dolticos não consideram impossível que tambémesta atitude do secretário-ce' l ." do Partido albýanês ver- a mudar: de inimigodeclarado de Tito, passou já a considerar a. Jugoslávia «um Dals amiqo», e assuas relações com o Presidente Tito sãoao ora o que se pode considerar boas.

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PAGINA 24internacionalIlissinger aqu, «issinger al& Kissinger em todos os lados. nfim, um hoe, muitocMpado. r m(desenho: Peter Leger/ ,/Annoversche Ai~ meine)..... ..-. .--... " , .ETIÓPIA:MORRER DE FOME...Como pano de fundk para os recentes acontecimentos na Etiópia transcrevemosseguidamente um excerto de uma magnífica reportagem há dias editada em Parispelo "Le Monde" e da autoria do jornalista Jean-Claude Guillebaud. Este refere-se, nomeadamente. às prevalência naquele pais de estruturas e de um verdadeiro«espírito característico da Idade Média»:Sim, Idade- Média... São medievais os catorze reinos que constituem o impérioetíope. Este castelo inacessível, orgulhoso, debruçado sobre as montanhas equatro mil anos de História hostil ao modernismo hierático... Idade Média: temainteres#ante para os prospectos turísticos que propõem aosvisitantes a «descoberta de tradições intactas» e de um «tesouro histórico». Temainteressante, mas com face dupla. Orgulhosa, e justamente, do seu passado, dasua cultura, do seu equilíbrio, pouco desejosa de destruir as estruturas feudais, aEtiópia admite mal esta fome súbita. O escândalo, humilhante, e a sua primeiraconsequência: a solicitude reprovadora dos estrangeiros, que descobrem oterrível reverso dos prospectos.A ETIÓPIA É RICA...«Claro que os senhoresdizia Mamo Tadessé, ministro das Finanças-, os senhoresdescobrem tudo isto com os vossos-olhos de ocidentais.» Talvez, mas poder-se-ánegar que os milharesde túmulos cavados nas, montanhas de Wollo sejam mais imputáveis às cruéisinjustiças da Idade Média que aos caprichos da meteorologia? Ao contrário doSabel, a Eti6pia é' rica, fértil, verdejante.Os peritos americanos calcularam que a sua agricultura reorganizada poderiaalimentar 100 milhões de habitantes. O império pode-" ria ser o celeiro da Africa.Não é apenas o subequipamento - rodoviário, hidráulico e administrativo quetorna difícil a recolha de informações e o encaminhamento dos recursos. Oarcaismo çle uma sociedade onde uma minúscula oligarquia feudal possuícentenas de milhar de hectares mal cultivados por servos... Adespreocupação assustadora de uma classe dirigente 'ocidentãlizada que na capitalpartilha a sua, vida entre «Mercedes» negros e as delícias mundanas do CasinoGhion, propriedade pessoa do imperador...O que nos perturba é mais subtil, quase indefinível. Uma espécie de injustiçaimanente, absoluta. Uma desigualdade vertiginosa, cúpula de uma ordem socialminuciosa e primeiro artigo do catecismo etíope. Esta desigualdade tem comosubproduto a indiferença espessa e ingénua. Em 1973, não morreram cinquenta oucem mil etíopes de fome; morreram cinquenta ou cem mil pobres, perante aindiferença dos ricos.ip p,

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Despistando alguns dos_. várias caminhos da Poesia da primeira metade. desteséculo. pretendíamos que os textos ora incluídos nestas páginas se instituíssem emoutras tantas possíveis ilustraçõos do breve estudo inseria no anterior caderno' deartes & letras. Da pretensão à objectivação vai, todavia, um intervalo assinalávelsobro que prevaece, mesmo subconscientemente, a óptica r_,pessoal impendendoparauma triagem em que entram em jogo gostos, tendências ebem definidas opções;de natureza intelectual. Isto, para signifia que a selècção impetrada terá muitasprobabilidades de não ýer aquela que Melhor convitia os pontos de vistaexpen,didos no referido articulado. Feita esta advertência cremos, contudo, uenqlahá ainda matéria suficiente para aancioncrr a clara obscuridadle quereivindicávamos para a Poesia Moderna.

Praticada embora sobre obras e nomes dentre os mais significativos, percorrendoum vasto espaço geográfico, a escolha curou de evitar os autores e os poemasmais amplamente divulgados em Língua Portuguesa. Ao todo dezasseis poetas,distribuídos por seis países de bem diferenciadas tradições e raízes culturais. Deexpressão inglesa, o irlandês Yeats - de quem se intentou a tradução de um dosmais belos e terríveis poemas escritos no nosso tempo- o galês Dylan Thomas, oanglo-americano Eliot e os americanos Ezra Pound e Robert Lowell. Os francesesApollinaire, Char. Reverdy. Follain e Bonnefoy; os italianos Quasimodo, Pavesee, Umberto Saba; ainda os gregos Cavafy e Odysseus Elytis e, finalmente, omexicano Octavio Paz. Sem procurar encarecer ,demasiado as dificuldades deque se reveste o acto de traduzir poesia, queríamos apenas lembrar que ela es-GUILLAUME APOLLINAIREtá cheia de alçapões e armadilhas onde tropeça e cai o mais avisado. A titulo dOAdeusexemplo o já aludido poema de Yeats afigura-se-nos eriçado duns e doutras e,Colhi este ramo de estevasainda assim, com todos os riscos previstos e imprevisi- lembra-teque o Outono já morreuveis. nos pareceu que a sua não nos veremos maissobre a terrabeleza era de tal ordem que valeria a pena publicá-lo, odor dotempo ramo de estevasmau grado todas as debilidades e vacilações da výr- e lembra-teque por ti espero.são portuguesa que propomos. Outro caso flagrante eles são vários e muitos é o deDylan Thomas. A sua elegia (ou antielegia) a cada instante se reporta a textossagrados cujas referências são e não são imediatamente apreensíveis. E o nossoforte está longe de assentar sobre o conhecimento das Escrituras. Assim, quando oPoeta escreve the seasons of breath, onde traduzimos os passos da respiração,apostaríamos, embora isso não seja óbvio, que ele designa obliquamente asestações da Via-sacra. Com isto não pretendemos pedir que nos des-|t

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culpem. Curamos apenas de valoizar o trabalho empreendido.R K. René Char, por Valen'tine Hugo, 1935.OGRUPO defaes cio osr<Eu aoaiç

JEAN FOLLAINO TAXIDERMISTAO taxidermista está sentado diante das gargantas róseas das verdes ou lilases asasdas suas aves canoras, sonhando com a sua amante e o seu corpo tão diferente de,mas por vezes tão próximo do das, avesque se lhe afigura estranhonas suas curvas e volumes nas suas cores e adornos e nas suas sombras.l O CÃO E OS MENINOSPor brincadeira os meninos quebram o gelo ao longo da estrada junto à via férreae vão bem agasalhados de velhas lãs escuras forradas de cabedal fino. O cão queos segue não possui sequer uma malga em que comae está velhopois tem a idade dos meninos.YVES BONNEFOYCAMINHAREMOS ASSIMCaminharemos assim pelas ruínas de um vasto céu, e a paisagem distante crescerápara nós como um lestino ý luz mais lívida. O tão almejado pais de maravilhahá.de abrir-se à nossa frente-terra de salamandras. Repara, dirás tu, naquela pedra:a morte está nela. Esta é a lâmpada secreta que arde em nossos gestos,caminharemos assim incendiados.PIERRE REVERDYI NÓMADAA porta que se não abre A mão que passa Longe do quebrar das taças A lâmpadafumegando As centelhas que saltam Enegrece mais o céu Sobre os telhadosAnimais vários Destituidos de sombraUm olharUma negra manchaA casa em que ninguém entraRENÉ CHARPARTIDAInclina-se o horizonteTornam-se os dias mais longosViagemUm coração salta numa gaiola Canta um pássaro À beira da morteOutra porta se abriráNo fundo do corredorOnde brilha Uma estrela Uma escura mulherA lanterna do comboio que parte.de «FEUILLETS D'HYPNOS»- escolha de imagensO poema é ascensão furiosa; a poesia, o jogo das margens

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áridas.* A nossa herança não é precedida de nenhum testamento.* Agir como primitivo e prever como estratega.O poeta, conservador dos infinitos rostos do vivo.* As colheitas mais puras são semeadas num solo que nãoexiste. Elas dispensam a gratidão e só devem à primavera. N Hão se faz um leitode lágrimas como para um visitantede passagem.* A eternidade não é mais longa do que a vida.* A luz foi expulsa de nossos olhos. Escondeu-se alguresem nossos ossos. Por sua vez nós expulsámo-la para lherestituirmos a sua coroa." O poeta, susceptível de exageros, avalia correctamenteno sRplicio." Acumula, distribui depois. Sê a parte mais densa do espelhodo universo, a mais útil e a menos aparente. " O fruto é cego. É a árvore que vê." As cinzas do frio estão no fogo que canta a recusa.0 GRUPO(eindefesa dori.LUZ Siipemierí,d,AI

DYLAN THOMASRENONCIA A CHORAR A MORTE, PELO FOGO,I-DE UMA CRIANÇA EM LONDRESNunca até ao refazer da humanidade Pássaro fera e florProcriando e até que toda a escuridão humilhante Sussurre em silêncio aderradeira alvorada E o sossego da hora Se levante do mar possesso de energiaE que eu de novo regresse à redonda Sião do rosário aquático E h sinagoga daespiga de trigo Consentirei que se ouça a sombra de uma só prece ou plante o grãode sal Na serapilheira do mais humilde valado para chorarA majestade e o fogo da morte da criança. Não assassinareiA sue humanidade com verdades solenes Nem blasfemarei ao longo dos passos darespiração Com mais umaElegia acerca da inocência e da juventude.Fundi com os primeiros mortos jaz a filha de Londres, Paramentada para sempreamigos, Retardada a semente as escuras veias maternas Ocultas na águaindiferente Do Tamisa corredio.Depois da primeira morte, não há outra.T. S. ELIOTDOIS POEMAS BREVESO DIÁRIO DA TARDE DE BOSTONOs leitores do Diário da Tarde de Boston inclinam-se ao vento como um trigalmaduro.

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Quando o entardecer se adianta discretamente pela rua acordando nalguns osapetites da vida e levando a outros o Diário da Tarde de Boston, eu suba asescadas e toco a campainha, voltando-me lassamente, como nos voltaríamos para[acenar adeus a La Rochefoucauid, se a rua tempo fosse e ele no fundo da rua, edigo: «- Prima Harriet, aqui tem o [Diário da Tarde de Boston».WILLIAM BUTLER YEATSiA SEGUNDA VINDAGirando e girando na larga espira não escuta o falcão o falcoeiro; tombam ascoisas desordenadamente; Incapaz, rompe o centro; investe a pura anarquia sobreo mundo, investe a maré sangrenta e, por toda a parte, se>afoga a cerimónia dainocência; fata aos melhores toda a convicção e os piores estão cheios deapaixonada intensidade.Por certo alguma revelação está próxima; por certo a Segunda Vinda estápróxima. A Segunda Vinda! Mal profiro estas palavras quando uma vasta imagemoriunda do Spiritus Mundi me turva a visão: algures nas areias do deserto umaforma com corpo de leão e cabeça-de homem, um olhar neutro e implacável comoo do sol, move os lentos flancos enquanto em seu redor se agitam as sombras deindignados pássaros do deserto. Cai de novo a escuridão; mas agora eu sei quevinte séculos de um sono de pedra foram condenados ao pesadelo junto a umberço oscilante. Que bruta fera, tendo chegado, a sua hora, se arrasta rumo aBelém para nascer?L TIA HELENAJMiss ielen Slingsby era a minha ia solteira e vivia numa pequena casa junto a umbairro distinto, aos cuidados de criados em número de quatro. Ora, quando elamorreu, houve silêncio no céu e silêncio no seu canto de rua. Fecharam-se aspersianas e o agente funerário[limpou os pés.Sabia perfeitamente que tais ,coisas já antes haviam ocorrido. Oscães ficaram muitíssimo bem entregues mas pouco tempo depois o papagaiomorreu também. O telógio de Dresden continuou a tiquetaquear sobre [o pano dalareirae o lacaio sentou-se na mesa da sala com a segunda criada sobre os joelhos, quehavia sido sempre tão discreta em vida da patroa.0OGRUPO Cela de aes do o jU®r&I

EZRA POUNDNOVASISRÇEROBERT LOWELLMEIZ ADEVamos, canções minhas, expressemos as nossas paixões mais primitivas,Expressemos a nossa inveja pelo homem de emprego certo e sem preocu defuturo.Sois muito indolentes, canções minhas. Temo bem que tenhais um triste fim.Deixais-vos ficar pelas ruas, Atardais-vos pelas esquinas e paragens de autocarro,Fazeis pouco menos que nada.

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Nem sequer expressais a nossa nobreza interior. Tereis um triste fim.E eu?Eu fiquei meio tonto, Tenho-vos falado tantoque quase vos vejo junto a mimPequenos animais insolentes, impúdicos, desnudos!Mas tu, canção mais jovem do conjunto, Que ainda não cresceste bastante parateres feito A ti trar-te-ei da China um casaco verde Com dragões bordados, Trar-te-ei as calças de seda escarlate Da estátua de Cristo menino em Santa MariaNovelia, A menos que nos digam que é falta de gosto, Ou já não há classe nestafamília.SALVATORE QUASIMODOTRÊS POEMASA NOITEDa tua matriz saio imemorial e choro.Caminham anjos mudos a meu lado; as coisas não respiram; em pedra mudadastodas as vozes., silêncio dos céus sepultos. O teu primeiro homem não sabe massofre.Agora é a pata do inverno a esmagar-me. Nova lorque desfibrando-me os nervosenquanto percorro as decrépitas avenidas.Aos quarenta e cinco que mais haverá, que mais ? Em cada esquina encontro meuPai, da minha idade, vivo ainda.Perdoa-me, Pai, as minhas ofensas assim como eu perdoo àquelesa quem ofendi!muito disparate,Tu nunca subiste ao alto do Monte Sião, e todavia iminrimiste sobre esta crostaq]ue tenho agora de percorrer mortíferas pegadas de dinossauro.SEMENTEO PRIMEIRO DIAUma paz de águas estiradas acorda-me no coração, pequeno monstro perturbado,antigas tempestades.São ligeiras à minha obscuridade as estrelas comigo agitadas em globos estéreisde dois polos, por sulcos de rápidas madrugadas: amor de rochas e de nuvens.É teu o meu sangue, Senhor: morramos.Árvores de sombra, ilhas naufragadas em vastos aquários, enferma noite, sobre aterra que nasce:um ruflar de nuvens aladas abre-se sobre o meu coração: nada morre,que em mim não viva.Tu vês-me: sou assim ligeiro, assim interior às coisas que com o céu caminham;quando Tu o queiras, pois, lança-me como semente, exausto á de todo o peso quedorme.0 GRUPOefi efesa cio OISxi&Aí.

CONSTANTIN P. CAVAFYdois poemas (1)OS TROIANOS

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Nossos esforços são os esforços dos inditosos; nossos esforços são como os dostroianos. De certo modo somos bem sucedidos; de certo modo voltamos a ganharconfiança; e mais uma vez recomeçamos a ter coragem e esperanças.Mas sempre algo há-de opor-se-nos. Aquiles emerge das trincheiras à nossa frenteatemorizando-nos em alta grita.Nossos esforços são como os dos troianos. Acreditamos que o ânimo e aresolução irão alterar a corrente adversa do destino, e formamos em linha debatalha.Mas quando a grande crise sobrevém desvanecem.se ânimo e resolução; agita-se-nos, paralisa-se-nos a alma; e corremos em redor das muralhas procurando salvar-nos pela fuga.Contudo a nossa queda é certa. Lá em cima nas muralhas já principiou ocanto'fúnebre. Choram os sentimentos e as memórias de nossos dias. Priamo eHecuba choram amargamente por nós.A CIDADETu disseste: «- Irei para outras terras, irei para outros mares. Encontrarei outracidade, outra melhor do que esta. Cada esforço meu é uma condenação dodestino; e meu coração - como um cadáver - está sepulto. Quanto tempo aindapermanecerá minha alma nesta terra erma. Para qualquer lado que volte os olhos,para onde quer que olhe só vejo as negras ruínas da minha vida, aqui onde perditantos anos destruindo e estiolando.»Não encontrarás novas terras, não encontrarás outros mares. A cidade seguirácontigo. Errarás pelas mesmas ruas. Envelhecerás na mesma vizinhança;encanecerás nestas mesmas casas. Chegarás sempre a esta cidade. Não esperespor nenhuma outra. Não há barco para ti, não há estrada. Tendo destruido a tuavida aqui neste obscuro lugar, tu arruinaste-a para o resto do mundo.(1) Não tendo sido incluídos na belíssima antologia que aopoeta consagrou Jorge de Sena, tudo nos leva a crer queestes dois textos são inéditos em nossa Língua.ODYSSEUS ELYTISDESCONHEÇO JÁ A NOITE...Desconheço já a noite, o terrivel anonimato da morte, uma frota de estrelas lançaâncoras no abrigo do meu coração, ó Hesperos, sentinela, para que tu possas luzirjunto da brisa azul de uma ilha que, do topo das rochosas alturas, me crê arauto damadrugada, meu gémeo olhar largando-te as velas em que partes abraçado aoastro do meu [ peito.Desconheço já a noite, desconheço já os nomes de um mundo que me recusa, leioconchas, folhas e estrelas claramente, supérfluo é meu ódio nas rotas do céu, amenos que o sonho de novo me sobressalte enquanto caminho em lágrimas pelomar da imortalidade. ó Hesperos, sob o arco do teu doirado fogo, desconheço já anoite que seja apenas noite.OCTÁVIO PAZLIÇÃO DE COISASMÁSCARA DE TLÁLOC GRAVADAEM QUARTZO TRANSPARENTE Águas petrificadas. O velho Tláloc dorme,dentro, Sonhando temporais.

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O MESMOTocado pela luz O quartzo é já cascata. Sobre as suas águas flutua, menino, odeús.MENINO E PIÃO Cada vez que o lança Cai, certeiro, No centro do mundo.EM UXMALMEIO-DIAA luz não pestaneja, O tempo esvazia-se de minutos, Detém-se um pássaro no ar.SOL A PINOtransparente a hora: Vemos, se é invisível o pássaro, A cor do seu canto.

Um homem informado vale por dois. Uma Feira Comercial é um local deencontro entre homens de negócios, é uma janela aberta para novas perspectivascomerciais. Aproveite o apoio que o Serviço Comercial lhe dá. Participe nasFeiras que este ano programamos pensando em si. Consulte-nos, venha terconnosco. Somos um Serviço que o quer apoiar, informando-o e ajudando-o aparticipar nas Feiras onde Moçambique quer estar presente.DIRECCAO PROVINCIALSERVIÇO COMERCIALEdificio dos Orgaismos Económicos. Praça 7 de Março. 8.0 andar. Caixa Postal1831, "telefone 27204 Lourenço MarquesSECRETARIA PROVINCIAL DE COMÉRCIO E INDÚSTRIAFEIRAS 1974FEIRA DO RAND - JOHANNESBURG ... ............FEIRA INTERNACIONAL DE MILÃO (SECTOR ALIMENTAR) ...... FEIRAINTERNACIONAL DA RODÉSIA - BULAWAIO ...... FEIRA ITERNCIONALDE BARCELONA ..................FEIRA DE SALISBURY ... ... ... ... ... ... ... ...FEIRA ITERNACIONAL DE LOURENÇO MARQUES - FACIM ...... FEIRAINTERNACIONAL DE LISBOA - FIL ...............FEIRA DE MANZINI ... ... ... ... ... ... ... .... ... ...FEIRA INTERNACIONAL DE CALÇADO, VESTUÁRIO E ADORNOS- FILMODA ... ... ... ... ... ... ... ... . . . .. . ..FEIRA INTERNACIONAL DE LUANDA - FIDA ... ....... ...EXPOSIÇÃO DE MADEIRAS E APROVEITAMENTOS FLORESTAISDO PORTO ... ... ... ... ... ... .'.............SALÃO ITERNACIONAL DE ALIMENTAÇÃO DE PAfIS .........DE 1/ 4 A 151 4 DE 14/ 4 A 251 4 DE 27/ 4 A 61 5 DE 30/ 5 A 7/ 6 DE 25/ 8 A29/ 8 DE 29/ E A 131 6 DE 9/6A23/6 DE 6/ 9 A 10/ 9DE 7/9A2319 DE 5110 A 20/10DE OUI./NOV. ý DE 12/11 A 18/11

111liii'Reportagem de ROBERTO CORDEIRO Fotos de FERNANDO GALAMBA eARQUIVO

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IIIi111I1H

PAGINA 33UM PROBLEMA QUE INTERESSA A MOÇAMBIQUEAlguns dias antes do recente e pavoroso incêndio num «arranha-céus» de S. Paulo- que veio, afinal, reforçar a oportunidade e o significado deste trabalho - - aReportagem de «Tempo» havia iniciado contáctos para recolha de elementosrelacionados com a existênciade bocas de incêndio e outras medidas de segurança(ou emergência), nos edifícios de Lourenço Marques, para fazerem face aqualquer tragédia. Ora as tragédias, como se sabe, acontecem brusca einopinadamente, e, se não estivermos preparados para as enfrentar, tais tragédiastransformam-se em autênticas catástrofes.Tal foi o caso do incêndio de São Paulo, que vitimou mais de 200 pessoas!No que a Lourenço Marques (e à Província) concerne, parece-nos que taismedidas de segurança e emergência não sãocem por cento eficazes. E, das duas, três: os edifícios ou não possuem as maiselementares medidas de segurança e de emergência contra incêndios, ou, se têmuma coisa, não têm outra. É o caso, por exemplo, das chamadas escadas deserviço que, em caso de fogo, podem ser uma espécie de «salva-vidas». Pois averdade é que grande parte dos nossos já enormes edifícios não têm essasimprescindiveis escadas de serviço.Eis, a seguir, uma panorâmica (muito) geral, isto é, não tão explícita comodesejariamos que fosse e isto por motivos alheios à nossa vontade, sobre umproblema cuja gravidade se reveste de tremenda importância e inusitadaoportunidade, transcendendo, mesmo, outros problemas de prioridade bastantediscutível. E isto na medida em que a vida das pessoas está sempre em primeirolugar.,

OS S.M.A.E.F OS «TUBOS SECOSEm contacto com o eng. Jorge Candeias, chefe do Serviçode Estudos do Serviço de Água dos S.M.A.E., que se encontrava acompanhado dosr. Rosa Soares, agente técnico da Secção de Projectos e Cadastro daquelesServiços de Estudo, ficámos sabendo, senão muita coisa, pelo menos que:-Os S.M.A.E. são responsáveis pelo fornecimento de água e pela parte técnica, decolocação do sistema de segurança' contra incêndios;- Este sistema consiste de dos tipos distintos: o dos edifícios de habitação e o dosedifícios industriais. O primeiro reporta-se à existência de um «tubo seco», isto é,uma coluna que acompanha o edifício até ao cimo, mas sem água; piso sim, pisonão, é colocada uma boca de incêndio interna*e, no rés-do-chão, fica situada umapequena caixa com o apetrechamento próprio para adaptação ao material dosbombeiros;- A chave desta caixa fica normalmente com os bombeiros, que, aliás, ouvidos,deram a sua concordância ao referido sistema, «seguro económico e eficaz»...-O outro sistema, de tipo industrial, obriga os respectivos industriais a possuirem,nas suas fábricas, reservat6rios de água de grande capacidade (500, 600, 900metros cúbicos); embora com bombas Dr6prias a trabalhar para o "fornecimento

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normal, têm outras para alimento do circuito interno de incêndios. É aindaobrigatária a conservaço daquelas bombas... (Será?)- Por principio, todos os edifícios têm obrigatoriamente - sobretudo os de grandesdimensões- o referido «tubo seco», pois, de contrário, os projectos não seriamaprovados (e aqui, o sr. eng.° Jorge Candeias mostra-nos o projecto de um edfíciode proporções razoáveis, apontando-nos o tal «tubo seco». Naturalmente, umedifício não são edifícios, e, por outro lado,, não nos é possível comprovar aexistência «física» daquele «tubo seco» em TODOS os edifícios da capital (e deMoçambique). Esperemos, para bem de todos, que lá estejam. Entretanto,pessoa

À direita: projecto de um edifício: ao centro o famoso «tubo seco» (e às vezesrealmente seco...)Em cima: o eng. Jorge Candeias (à direita), chefe do Serviço de Estudos doServiço de Água dos S. M. A. E., e o sr. Rosa Soares, agente técnico da Secção deProjectos e Cadastro daqueles Serviços, prestando declarações ao redactor de«TEMPO».CONTACTOS DIFiCEISPARA INIORMACRO URGENTEiidónea relatou-nos o caso de um incêndio ocorido há anos em Lourenço Marquesque, inesperadamente, levantou grandes obstáculos para a sua debelação: ocorridonum dos últimos andares do imóvel, este, embora possuindo as bocas de saída (astais internas), não possuia, contudo, a boca de incêndio à entrada do edifício, oque, como é óbvio, dificultou enormemente o trabalho dos bombeiros...).- Quanto aos edificios mais antigos aqueles Serviços não podem garantir ainstalação de medidas de segurança, mas, nos modernos, são absolutamenteobrigatórias;- As «caixas» das bocas de incêndio (as que ficam- ou deviam fica- à en-trada dos edifícios: temos de confessar que não é nada fácil detectá-las, e isto se éque elas existem mesmo...) são «regularmente fiscalizadas» pelos serviçosrespectivos. Insistimos sobre as chaves dessas caixas: ficam com quem? E, emcaso de incêndio, como é? Bem, na verdade não há, por enquanto, um sistemauniformizado (o que se fica sabendo após telefonema para o Corpo de SalvaçãoPública...) O que é preciso «é abrir», e de facto os bombeiros conseguem sempresempre abri-las, mesmo que para isso tenham de perder algum tempo, por vezespreciosissimo...Foram estas, duma maneira geral, as informações que conseguimos obter nosS.M.A.E. O passo seguinte seria contactar com os Serviços de Incêndio. Foi o quefizemos.POSIÇAO E ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO PROVINCIAL DE INCÉNDIOSEm vez de contactarmos os Serviços de Incêndio, resolvemos antes, por motivosvários..., saber qual a posição e respectivas atribuições do Conselho Provincial deIncêndios. Para tal, contactámos o eng. Faria Gajo, director dos Serviços deObras Públicas e que, por inerência desse cargo, é, simultaneamente, presidentedo Conselho Provincial de Incêndios.

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Eis, a seguir, as pergurLtas e respostas do questio-nário que entregámos ao eng. Faria Gajo,. que gentilmente se prontificou aesclarecer-nos:P.- Qual o papel do Conselho Provincial dos Serviços de Incêndios?R.- O Conselho Provincial dos Serviços de Incêndios foi criado pelo DiplomaLegislativo n.. 3023 de 20-10-1970. São suas atribuições: fomentar a criação decorpos de bombeiros nas localidades onde se tomem necessários e indicar aosexistentes serviços que mais convenha estabelecer; emitir parecer sobre osregulamentos dos corpos de bombeiros voluntários e privativos e sobre ospediuos de associações humanitárias;

À esquerda: as torneiras dos «tubos secos» (algum a das quais bastanteenferrujadas).Ao lado: chapa de aço é, incompreensivelmente, o ma. terial usado nasportinholae das (poucas) bocas de istcndio que nos foi possívldetectar...Em baixo, extintores: alguns estão de tal modo deteriorados e corroídos que, emcaso de sinistro, serão perf eitamente dispensáveis...fiscalizar as oDservâncias pelos corpos de bombeiros voluntários das leis eregulamentos e transmitir-lhes as instruções necessárias; exercer as demaisatribuições que lhe forem confiadas pelas leis e regulamentos.O Conselho Provincial dos Serviços de Incêndios é constituído: pelo directordos Serviços de Obras Públicas; pelo comandante dos Bombeiros Municipais deLourenço Marques; por um vogal representante dos Bombeiros Municipais ouvoluntários.P.- -O que se tem feito?R. -Estudo e apreciação dos Estatutos dos Bombeiros Voluntários de LourençoMarques; estudo e elaboração do Regulamento para a comercialização deequipamentos e materiais de segurança contra incêndios; estudo para proposta derevisão da legislação relacio-nada com a prevenção e extinção de incêndios; apreciaçóo de projectos de obrassob o aspecto de segurança e prevenção contra incêndios; e reunião de elementossobre características de equipamento com vista à sua uniformização naprovincia.P. - Como se processa a fiscalizaçao?R.- A fiscalização do Serviço' de Incêndios compete às Obras Públicas através doinspector de incêndios, único para todo o Estado (o sublinhado é nosso).São delegados do inspector de incêndios nos distritos os respectivos chefes deObras Públicas. Onde "não existam Serviços de Obras Públicas, nem delegadodesignado, assume aquela aquela qualidade o administrador do concelho.São atribuições da Inspecção de Incêndios:- promover a elaboraçãode planos relativos ao desenvolvimento técnico e de segurança contra incêndios;- informar sobre tipos de viatura, material e equipamento a adoptar pelos corposde bombeiros, com vista à uniformidade de aplicação;- elaborar manuais e expedir instruções sobre a prestação de socorros;

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- promover a elaboração de regulamentos internos, de aulas, instruções, disciplinae uniforme das associações de bombeiros voluntários;- fiscalizar, sempre que o julgar conveniente, os estabelecimentos industriais emque haja perigo de incêndio;-fiscalizar a forma como são armazenadas as matérias explosivas e inflamáveis.Tem sido dentro desta orientação que tem actuado a Inspecção de Incêndios deacordo com as suas possibilidades, a cargo de um engenheiro electrotécnico, quetambém tem a seu car-go todos os problemas dego todos os problemas de electricidade dos Serviços.MEDIDAS DE SEGURANÇAA nossa última pergunta incidiu sobre os diversos aspectos relacionados com asmedidas de segurança, de que obtivemos a seguinte informação:-as medidas de segurança são de várias espécies: medidas estabelecidas nosdiversos regulamentos como as que:- exigem que na construção dos prédios se utilizem bocas de incêndios;- exigem que em certos prédios se instalem extintores de incêndios(acrescentemos: o estado de alguns destes extintores é simplesmentelastimável...);- exigem que não se utilizem materiais combustíveis em chaminés e outras partesdas construçes;- exigem escadas exteriores em certos prédios e estabelecimentos;

PAGINA 37O, INCENDIO DE SÃO PAULO: E S FOSSE RUi ?...- exigem instalação de bocas de incêndio nas redes de águas;-exigem formas de peitors para adaptação de escàdas de bombeiro. Outrasmedidas serão aquelas em que se deve apoiar uma rápida actuação no caso desinistro, tais como:- adequado apetrechamento das corporações de bombeiros como carros, bombasde água, extintores, extractores de fumos e gases de salvação, etc.;- «stocks» de produtos para extinção de incêndios;- especialização de pessoal para utilização de equipamento, sua manutenção,conservação e escolha dos produtos para cada caso;- e normalização de equipamentos e acessórios.CONCLUSESNaturalmente, uma coisa é «constar dos regulamentos» e outra é praticc regia-lamentos, 'ou seja, fazer-se aquilo que eles explicitam. Entre nós, doa a quem doer- e talvez por doer a muitos nem sempre encontramos ds portas abertas para nospodermos esclarecer e esclarecer o público..., facto a que infelizmente temos denos habituar, por muito que nos custe confes-, sá-lo...-, a verdade é que osregulamentos, invocados para resposta ao nosso «modesto» questionário, nemsempre -ou quase nuncasão rigorosamente observados, ou são-no de tal forma quemelhor seria esquecê-los e actuar popularmente. em caso de sinistro...Acontece, ainda, que os meios materiais e até humanos deixam muito a desejar.Há, por outro lado, um aspecto importantissimo. a ter em conta: a maior parte das

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pessoas ligadas aos incêndios e & luta contra eles não tem os conhecimentosessenciais para tal luta, a qual, multas vezes,, põe emjogo a vida ae seres numanos... Julgamos, pessoalmente, que estes lugares deviamser preenchidos por pessoal especializado.Em suma, e para concluir , - muito embora as concluses devessem alongar-se separa isso dispuséssemos de mais informações, menos burocracia e menos silêncioou meias palavras e mesmo estas cuidadosamente rodeadas... -, podemos afirmarque em matéria de fogo, e em caso de um sinistro de grandes dimensões (comoo de São Paulo, «longe vã o agouro»-), não dispomos de meios eficientes erápidos para o debelar, havendo talvez mais contras do que prós para ,umcombate cem por cento positivo.Estamos a recordar-nos do espectacular incêndio de há ano e meio, na «24 deJulho», e dos diversos engulhos que os bombeiros encontraram para o debelar. Osinistro prolongou-se dosdois dias (ou mais?) e todos os esforços foram impotentes para o extinguirrapidamente...Não houve, felizmente, tragédias pessoais a lamentar. Mas se houvesse? Aquem caberia a culpa? Lourenço Marques é, cada vez mais, uma cidade deedifícios de grande porte, o mesmo acontecendo em outras cidades deMoçambique. É, por isso, mais do que tempo de se olhar com a atenção e aurgência que se' impõem para um problema que não pode nem deve continuar afazer parte unicamente de regulamentos ou, pior ainda, das gavetas dos técnicosque nem sempre o sao.Como diz o povo, -quem brinca com o fogo, queim-se,. Oxalá não tenhamosnunca de lamentar numerosas vitimas.., vítimas dessa*brincadeira» 1...

rViC)PEIAISOLRD, PEIASo Interrompí,, as as comun"çõe-çCOM Ia -Be-tra Quelinwne

Ao lado: distr>ibuição de víveres com auxilio de um helicóptero fretado peloGovernodo Distrito da Zamb¿zia.CHEIASA esquerda: a região agrícola de Mopeia apresenta agora este aspecto desolador.Em baixo: vista do alto, eis a região completamente inundada pelas cheias ondeoutrora se ~oentrava a população 'agrícola autóctone.Prejuízos superiores a 10 mil contos, só nas culturas dos agricultores do Colonato,cerca de 20 mil famílias do concelho desalojadas, camiões-gigantes carregadosde mercadoria, retidos, ' numero-sas cabeças de gado isoladas- eis o balanço da tragédia das cheias na região de Mopeia, em consequência dasinundações provocadas pelo rio Zambeze ,Trata-se de uma das maio-

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PAGINA 40As entidades oficiais têm estado a efectuar o abastecimento de víve'es. Na foto, otransporte de sacos de farinha para a populaço de menoresrecursos.res calamidades daquela região, desde há vinte anos, com resultados de talmaneira catastróficos que atingem seriamente a economia moçambicana, não sóporque as cheias, destruíssem valiosas culturas, como também pelo grande golpeque deu às comunicações r'doviãrias do centro do terrlti~oAs comunicações por estrada entre a Beira e Quelimane estão Interrompidas hácerca de duas semanas, havendo numerosos carregamentos de mercadoria eprodutos de primeira necessidade retidos na estrada ao longo daquela importantevia de escoamento.A situação, embora com perspectivas de melhoria devido à diminuição do caudaldo rio Cuácua, apresenta-se ainda sensível em consequêneia das anunciadasaberturas de comportas de descarga do Kariba aumentando o lençol do Zambezenaquela região.* ABASTEÇIMENTOPELO A'No concelho de Mopela, iversas «ilhas» se formaram pela população, que teveque se concentrar nos lugares mais altos, sem poder salvar o que quer que fossedos seus haveres e abandonando apressadamente as habitações a maior parteagora submersas.Não havendo outra hipótese, que não a via aérea para se efectuarem osabastecimen-tos, o Governo da Zambézia que deu Inicio a operações de socorro, mobilizouhelicópteros para levar géneros alimentícios e agasalhos a cerca de 20 mil pessoasespa. lhadas pela região.Foi num desses helicópteros, que a reportagem de «Tempo», acompanhada peloadjunto do administrador de Mopela, percorreu parte da área atingida -especialmente as regedorias de Punduma Inhacatundo e Cocoraico, onde seconcentravam numerosa, famílias abrigadas.

Embora hajam perspectivas de recuperar uma parte mínima do arroz cultivadotrata-se de uma cultura quc suporta a água durante algum tempo - todas as outrasculturas se podem considerar perdidas.Tratava-se, aliás, de uma safra bastante prometedora, a deste ano, esperando-secolheitas excepcionais de algpdão, girassol, gergelim e milho, além naturalmentedo arroz - gravemente atingidas.0 NO COLONATOOs cerca de 2500 hectares do Colonato de Mopela, onde já se faz uma agriculturabastante evoluida, ficaram praticamente destruidos, atirando para a miséria algunsdos 25 agricultores ali instaladosTrata-se de uma zona agrícola a funcionar no4 mesmos moldes h'á cerca de seteanos, que mesmo a alternar entre outras cheias e secas, nuncaA estrada que estabelecia as comunwaçóes

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A estrad a que estabelecia as comunidárÇõescom a Beira ficou completamente iundada.Como se vê imobilizou wma viatura.

Dois dos agricultores do Colonato de Mopeia que perderam a quase totalidade desuas culturasfalando a «Tempo».havia passaot por uma situação tão grave como a das presentes cheias.Aliás, os agricultores e suas famílias também acabaram por ser desalojados desuas casas, encontrando-se presentemente, desalojados, na sede do Concelho. Orio Cuácua, que engrossou espectacularmente o seu caudal, tornou-se um verda-deiro mar interior, onde a circulação apenas se pode fazer com embarcaçõespequenas lanchas ou com as tradicionais almadias.A própria povoação de Mopeia está sem comunicações com o distrito.Exceptuando as aeronaves que de vez em quando ali vão operar em missão desocorro e o único voo semanal da carreira aéreanão há nem serviço telefónico, nem telegráfico com o exterior.Na melhor das hipóteses, a vida só poderá voltar ã normalidade daqui a algunsmeses, se não se verificarem quaisquer outras situações anormais.

a forca crescente duma técnica jovem, impulsionadora.

"BombasperigLourenço Marques. A ,«bela capital»>, a «progressiva primeira cidade daProvmncia», «a cidade jardim». Estes e outros adjectivos não conseguem,contudo, ocultar as incriveis anomalias que por ai vão, a maior parte das quaisduma forma escandalosamente «legal».Ha, na verdade, coisas do «arco da velha»! Como o caso de duasbombas de gasolina colocadas precisamente à entrada de uma pensão de grandemovimento (três andares), com todos os graves perigos inerentes e ainda oinconveniente de impedir a passagem dos seus hóspedes.Mas entremos nos factos. Nós, o leitor e as entidades competentes...PÁGINA 44

PAGINA 45Psas "'dentrodumapensão!NAO SE BRINCA COM A GASOLINA E OUEM BRINCA COM O FOGOQUEIMA-SE,O sr. Francisco Campos Serranõ, proprietário da «Pensão Setubalense»,acompanhado de um vizinho, veio à nossa Redacção para nos apresentar um casoque nos pareceu realmente inexplicável ... e extremamente perigoso. O vizinhoque o acompanha-

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va, tão ou mais indignado, corroborou todas as afirmações feitas, insurgindo-secontra aquilo que considerou «uma grande injustiça». A «Pensão Setubalense»,situada no populoso bairro da Malhangalene, na avenida Au. gusto Castilhonúmero 1611,parece estar condenada a ser pura e simplesmente abandonada pelos seushóspedes que, justamente preocupados, começaram já a apresentar reclamações.Que se passa ?A entrada daquela pensão, ocupando por inteiro um edi-

iPAGINA 46,"PENSÃO SETUDALENSE" NA IMINENCIA DE ENCERýRAR ?ficio de três andares, está de certo modo «bloqueada» por duas bombas degasolina! Não contentes com Isso, os responsáveis pela obra vão ali colocar,mesmo defronte da referida entrada, uma bomba de água. Então e a entrada esalda dos hóspedes? E quando estes possuam meios de trans. porte onde deixá-los,onde estacioná-los ?De «paciência perdida», uma vez que as «démarches» ence. tadas, junto de quemde direito, parece não terem surtido os efeitos desejados - e urgentes -, o sr.Campos Ser. rano, quase sem voz, confes. sou-nos que « «com tudo isto resolviprocurar-vos Mal posso falar! Parece que querem estragar-me a vida ! ... O meuvizinho que lhe explique .. »E o vizinho do sr. Francisco Campos Serrano explicou-nos. Com desenhos e tudo.Todavia, achamos melhor confirmar a anomalia «in loco»...PRANTODA PROPRIETÁRIANa «Pensão Setubalense» deparámos, efectivamente,com uma cena pouco abonatória para os respectivos serviços que autorizaramaquelas obras: a entrada da pensão é, em vez disso ou não apenas isso, massimultaneamente uma estação de serviço, com as bombas colocadas exacta. mentedefronte da única porta de entrada e saída. Junto das bombas, operáriosescavavam, preparando portanto a colocação da futura bomba de água.Olhámos o local, raciocinámos um bocadinho, e concluímos que de facto asbombas ali postas, para além do despropósito, sublinham, sobretudo, e enorme egravíssimo, perigo que representam: um fósforo (ainda aceso) inadvertidamenteatirado para um pedacito de gasolina, e... Os leitores estão a ver a coisa, não?Por cima das bombas, a pensão: a sala de estar, a recepção, a sala de jantar, osquartos . Todas estas coisas justificam plenamente as lágrimas choradas pelaproprietária da pensão, D Maria José Machado Ribeiro, que nos fa-lou numa voz entrecortada de soluços e cheiinha de revolta:- Já recorremos ao advogado, já fomos à Câmara Municipal. É lamentável,senhor, é lamentável! Cortarem-me o acesso à pensão! Antes do projecto assinadolá as obras haviam tido inicio! Duas bombas de gasolina e agora uma bomba deágua! E os meus hóspedes? O cheiro insuportável da gasolina começou apreocupá-los! Mais valia terem colocado as bombas aqui dentro, ao menos,pronto, acabava-se de uma vez! Disseram-me, na Cámara, ante a minhareclamação, que se o senhorio do prédio autorizasse as obras, a Câmara assinaria

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a sua conclusão - Que no entanto Iam ver.. Por outro lado, sou a Inquilina, pago12 500500 de renda, não devo nada, portanto, o-senhorio devia tee tido o dever ea hombridade de me avisar, de consultar-me ao menos . Mas nada! De repente,zás!, as obras, as bombas, a gasolina, os carros, as «bichas» de carros, a entradaImpedida, e eu com a renda, os encargos, as letras, o dinheiro do reclam, se osmeus hóspedes se decidem asair como hei-de pagar todasi estas contas? Não está certo, não está certo! Já corriseca e meca, dizem-me isto e aqui. lo, aconselham-me calma, mas entretanto asobras conti-! nuam e daqui a pouco haverá ali em baixo mals uma" bomba! E ocheiro, o cheiro'chega a ser insuportávelú! Oý senhor era capas de viver assim?Certamente que não! Ora eu pago todas as minhas contribuições, não devo nada aninguém, porquê então tudo isto? Desde o principio de" Fevereiro que andodaqui: para ali, ou me aconselham a esperar ou me exigem papéis, como nosServiços de Comér-1 cio e Indústria, papel selado para isto, papel selado paraaquilo, burocracia, tempo perdido em vão ... E sabe? Aquela é a única entrada daminha pensão! Que vai ser de mim, que vai ser de nós, não me diz?!D. Maria José fala de um jacto, como se tivesse pressa de desabafar toda a suarevolta, toda a sua impotênea ante a injustiça de que se sente vitima.Esperemos que as entidades

competentes tenham a mesma pressa de dar solução a tão estranha (e perigosa)anomaliaE JÁ AGORA...O caso destas bombas (perigosissimas) colocadas não apenas defronte de umapensão, mas POR BAIXO do edifício onde a mesma está situada, leva-nos apensar, preocupados, no que por ai vai de casos idênticos. Isto é, as diversasbombas existentes junto dos edifícios, fazendo, muidas vezes, parte do blocoresidencialSem querermos ensinar o sermão ao vigário, a verdade é que não é preciso ser-setécnico - cremos - para se imaginar os incomensuráveis perigos relacionados 'comtais obras, cuja autorização nos parece incompreensível.Na Africa do Sul, por exelnpiO para só nos ieportarmos a um território pertinhode nós,as estações de serviço não fazem parte de blocos resilenciais, são, outrossim, umbloco único, afastando-se assim os eventuais (repetimos: e gravissimos) perigosque naturalmente envolvem toda e qualquer proximidade com as residências doscidadãos.Quem assim o pensou lã tinha as suas razões para assim o pensar e para assimmandar que fosse executado. Entre nós porém, ou ninguém se lembrou, e osresultados, por enquanto sem catástrofes, estão à vista, ou, então, se pensou nãoo'pôs em execução.E isto -sem dúvida, não é apenas grave. É, sobretudo, atentório da segàirãnçapública. Porque, como se sabe, com a gasolina (mesmo em tempo de crise!) -nãose brincae, como se sabe também, quem brinca .com o fogo" ... queima-se!Roberto Cordeiro

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DETERGENTE DE MOÇAMBIQUEparaa ,República MalgaxeMoçambique exporta pela primeira vez detergente, senao a comprador aRepública Malgaxe. Esta transacção refere-se a 150 toneladas de produto querendem três mil contos de divisas. Este foi o primeiro contrato de exportação paraa República Malgaxe assinado por uma fábrica de Lourenço Marques -aModetSociedade Moçambicana de Detergentes, Lda. - cujas instalaçõesvisitámos.A Modet, ocupando uma área de-quatro hectares na Avenida de Moçambique eempregando 120 operários, está a trabalhar desde há seis meses e é a única fábricade detergentes de Moçambique equipada com Torre de Atomização. Por estefacto, pode produ-ir detergentes de alta qualidade, iguais, ou mesmo superiores,aos das fábricas congéneres da Metrópole e do estrangeiro.

Está assim expliêada a razão maquinarias, e a que corresponde instalação'deunidades produtivas por que a República Malgaxe, ape- a primeira fase.para o fabrico de algumas.matésar da concorrência de americanos, Uma situaçãodeveras interes- rias-primas que actualment-k são australianos (e até europeus,pre- sante, talvez sem exemplo ýnas importadas, o que representará feriu para acolocação das suas indústrias instaladas 'em Moçam- uma nova possibilidade deeconoencomendas o detergente Sol, ato- bique, com que. se depara, é a de mia dedivisas, mizado, o mesmo que na sua ful- dos 15 mil contos já investidos, Ogurante, embora ainda curta car- somente três mil terem saído sob Outrosprodutos vao igualmente reira, çonquistou certa e segura- a forma de divisas, ouseja; 20 por ser lançados no mercado, complemente o mercado de Moçambique.cento daquele montante. porém, tando uma gama de fabrico que oA esta primeira exportação ou- tal facto merece- uma èxnlícação: público, em fasedo êxito total do tras se seguirão, e é também bas- é que as Entidades daMetrópole Sol. já espera ansiosamente. tante significativo o facto de, pela que dãoassistência técnica à É assim que é preciso prosseprimeira vez, a ManutençãoMili- Modet consentiram em construir guir em Moçambique tar se abastecerigualmente em ení.. Lourenço Marques, .com o -Ckotrulir indústrias com «I»Moçambique, ou seja na Modet, apoio das Metalo-Mecânicas locais, grande ýexrdadeiras fábricas,-fas suas necessidades de deter- mais de 80 por cento do eouipa- produtoras reaisde riqueza gentes atomizados, qúando antes mento necessário a laboracão dafontes de abundância e de equilitodas, a sas compras'eram efec- 'fábricai poiscederam os respecti- brio da balança de pagamentos tuadas na Metrópole.vos planos de constru'- o das má- deste Estado.quinas, dos quais detêm as pa- Estaremos a o deseivolINVFSTIMÉNTOtentès. . a ..... a . . .eA Modet tem planeado um in- vimento da Modet eprometemos

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vestimento total de 30 mil contos, PN NOS DE FUTURO num futuro próximo -qiais notícias. dos quais 15 mil já foram utili- Prevê a Modet, numasegundazados'em edifícios, instalações e fase a inicar imediatamente, a* ]

II REUNIÃO DE GERENTES MS AGENCIE DO BANCO DE CREDITOC;OMERCIAL E INDUSTRIALDecorreu em Lourenço Marques, de 4 a 8 do corrente mês, a II Reunião de -Gerentes das Agências do Banco de Crédito Comercial e Industrial.Na referida reunião participaram, além dos gerentes de todas as agências doB.C.C.I., chefes de serviço e membros da Direcção, o dr. Cunha e Costa,Director-Geral, e o dr.'Teixeira de Abreu, administrador da mesma instituiçãobancária.Entre os vários assuntos que faziam parte da agenda de trabalhos, constava aapreciação das evoluções do Banco e das Agências e a análise e estudo deproblemas específicos de cada região, com o objectivo de permitir um eficazapoio creditício e de prestação de serviços, através dessasmesmas agências disseminadas por todo o território de Moçambique.Os participantes nesta II Reunião foram também postos ao corrente do programade acção do Banco de Crédito Comercial. e Industrial para o ano corrente, sobreos vários campos em que a sua actividade se encontra orientada.Outro tema devidamente ponderado foi o das questões analisadas no I EncontroImportadores/Exportadores de Angola e Moçambique, seus resultados eperspectivas futuras. Foram ainda estudados os assuntos de interesse e a incluir noII Encontro de Importadores/Exportadores de Angola e Moçambique, que terálugar em Lourenço Marques no próximo mês.

.i ! !. i: ....... i ... . i i : i , i ! ! !i i ! ii ! i !Fábrica de Condutores Eléctricos de Moçambique MANGA * BEIRARepreentantes da CELCAT - Fábrica Nacional de Condutores Eléctricos, 8. A. R.L.

0 SR. ARMINDO ATACA DE NOVO-Do sr. Armindo FerreiraVaz recebemos a carta que a seguir se trans-.creve:Senhor Director,Agradeço o ter publicado a minha carta. Peço desculpa se volto a incomodar V.Exa. Não me agradou o comentário do sr. Ferreira Simões. A sua abundanteverborreia impele-me, os leitores conscientes o exigem, a boa fama da revista oquer e eu tenho direito de continuar a defender a minha integridade moral e o bomnome. E, dado que argumentos não me faltam, não tenho necessidade de consultarnenhum canonista versado em palavras balofas, para já, não preciso de ouvir amusa virgiliana ou qualquer sibila de Delfos, nem famosos latinistas, respondoimediatamente.

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1 - O sr. Ferreira Simões foi suficientemente honesto e corajoso ao atacar directae abertamente. Não foi tão cobarde como o outro que se enrolou. In hoc laudo. 2-Por não ter conseguido ver as verdades contidas na minha carta, diz que me afas.tei do centro da questão (leit motiv). Vamos reconstruir a cena :Toda a celeuma começou quando eu escrevi ao sr. Guilherme de Meio e lhe disseque ele n o era coerente, talvez por fälta de liberdade de imprensa ou por outroscondicionalismos. Ele respondeu-me e disse que havia liberdade e, para o provar,publicou a minha carta, que era particular. Se existe liberda-de, disse eu, usem-na objectivamente. Ele autobiografou-se no artigo seguinte efechou-se em copas. Uma prova da sua liberdade.O sr. Ferreira Simões, interferindo numa questão que não lhe dizia respeito e paraa qual não foi chamado, insurgiu-se contra mim, acusando-me :a) «de generalizar uma questão que deveria ter sido equacionada no singular»;b) de dizer que havia liberdade de imprensa;c) e de ser, por isso, incoerente, ignorante e mentiroso.Ora vamos ver isso:a) Já reconheci, publicamente, que havia uma aparente generalização. O contexto,todavia, é claro e tudo indica que me queria referir a alguns jornalistas somente.b) Penso que há uma certa liberdade de imprensa. A prova da sua existência foidada pelo sr. Guilherme de Melo e pelo sr. Ferreira Simões com as suas longas,inúteis e ofensivas dissertações. «Os conceitos variam».c) Onde está a minha falta de objectividade, de coerência, de ignorância e asinformações graves e mentirosas? Eu procurava uma resposta para certas dúvidasque tinha sobre os problemas da informação. Responderam? Evadiram,insultaram, manifestaram o que são. «Operari se-quitur esse». O que disseram foi pela ironia e contradições.Lamento que o sr. Ferreira Simões sofra de miopia sim. ples e também mental.Por um lado, diz que não há liberdade, mas demonstra a sua existência publicandocoisas ofensivas e faltas de lógica. Diz que é objectivo, todavia afirma que onosso jornalismo tem meandros, há condicionalismos e, eu acrescento, há tambémmuita incompetência profissional. Logo não há'objectividade. Era isso mesmoque desejava saber. Estou-lhes muito agradecido pelas informações. Parecemesmo uma luta quixotesca!... «Tempus est optimus judex rertum omnium».Depois de ter exposto o que me parece fundamental, sem comentar toda a suaexagerada e falsa argumentação, faço algumas considerações marginais paraque o sr. Ferreira Simões saiba que erra e não é objectivo.3 - Aceito conselhos de pessoas inteligentes e sábias, mas afasto os meusouvidos da mentira. «Os lábios mentirosos são abominação para o Senhor, mas osque procedem com fidelidade agradam-lhe» (Provérbios, 12, 22). «Com efeito aira de Deus manifesta-se, do alto do céu, cóntra toda a impiedade e injustiça doshomens, que retém a verdade cativa na injustiça» (Rom., 1, 18). O defender umacoisa não quer dizer possuí-la. Não possuo toda a verdade, mas conheço muitasverdades.4- 0 sr. Ferreira Simões ignora certos conceitos básicos. Se eu conhecesse bem ojornalismo internacional, por

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analogia, saberia qualquer coisa do nacional, não é verdade? Com certeza a artede informar, em Portugal, tem algo de análogo com a internacional. Será a nossasul generis?...5- Tem a ousadia de afirmar que não falou de cristãos! Os católicos não sãocristãos? É a primeira vez que o oiço. Não conhece a extensão dos termos nem asua compreensão. Necessita dumas aulas de filosofia pura, não agnóstica. O termocristão é mais extensivo do que o de católico. Quem fala de católicos fala decristãos, não vice-versa. Logo, falou de cristãos. Sabia? O sr. Ferreira Simõesdeve estar mais habituado a cultivar amendoim, a vender cebolas e batatas do queàs grandes especulações filosóficas. \O seu conhecimento da história da Idade Média deve ser muito reduzido. Seriagente feliz? A história prova o contrário. Parece ter sido a Idade mais negra dahistória. Estude e verá como é verdade.6- Tenho muita pena mas o sr. Ferreira Simões não sabe o que é a Igreja, paraafirmar, como afirma, que a Igreja não deve interferir com os assuntos de naturezacivil. Saiba, pois, que a Igreja é essencialmente Povo de Deus em marcha e, só,acidentalmente, clerocracia. É o Povo que acredita em Cristo que forma a Igreja,como são os Portugueses que formam Portugal. Os cristãos-igreja, antes de seremcristãos, são cidadãos comuns. Têm os mesmos direitos e deveres perante oEstado. Quando um cris-Com esta carta, o sr. Armindo Ferreira Vaz excedeu-se e desiludiu-me. Excedeu-se, na medida em que, esquecendo-se das roupagens de pessoa cavalheiresca e deeducação acima de qualquer reparo, com as quais se acobertou durante algumtempo, veio demonstrar o seu ver-dadeiro carácter, acidlco e truculento. Desiludiu-me porque esta sua carta éfrancamente de uma pobreza francisana, principalmente no conteúdo, divorciadoeste de qualquer lógica racional ou minimo bom senso. E eu, que o julgara pessoaInteligente, verifico, uma vez mais, comofacilmente nos podemos enganar. Fiz dele um juizo precipitado, esquecendo-meda velha máxima de Públio Sirio «ad poenitendum properat, cito qui judicat»(quem julga apressadamente, depressa se arrepende). Também verifico agora quecom o sr. Armindo Ferreira Vaz não sepode dialogar de luvas.- a não ser de boxe!Há, porém, um esclarecimento que se lmpõe fazer desde já, para que ele nãocontinue a supor, como e tem feito até aqui, que o sihples facto de invocar odireito de resposta, lhe confere na realidade esse direito, e

tão (católico) se ocupa do bem da sua Nação, não está a fazer politica ou ainterferir. Está a exercer um direito-dever que lhe é congénito e inalienável. Saberia isto o sr. Ferreira Simões? AIgreja, por isso, não é Sua Santidade o Papa, os bispos ou os padres. Somos nós,os crentes em Cristo Salvador. Quando dizemos que Ela está em crise, de nósfalamos. A Igreja não é uma abstracção. Quantas confusões. «O tempora! Omores»!7-Tenho dito, sr. Director. Estou satisfeito. Os meanIros do jornalismo português,segundo o sr. Ferreira Simões, são inefáveis. Era isso que desejava saber. Tinha

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dúvidas. Agora creio. Poderia continuar. Argumentos não me faltam, ainda quenão es. teja em igualdade de circunstâncias. Eles, certos jornalistas, têm a faca e oqueijo na mão. Publicam quando querem ou lhes convém e comentam à vontade.Há ou não liberdade? Há ou não objectividade?A quem quer que fosse dotado de mediana penetração crítica e de elementarcultura não escapou este nosso diálogo e saberá tirar as suas conclusões.Obrigado, sr. Director, pelas atenções. Não peço favores. Exijo direitos. Por isso,aguardo a publicação da presente carta. Sou responsável pelo que escrevi.Agradeço que me seja enviada a conta da parte excedente, caso exista.De V. Exa.Muito Atenciosamente Armindo Ferreira Vazque nós, os da Imper-usa, nã&o tenos outra alternativa que não seja a de noscurvarmos Perante as suas insolentes exigências.O direito de resposta encontra~se definido no Artigo 26.0 do Decreto-Lei n.o27495, de 27 de Janeiro de 1937. Nele se estabelece que todo operiódico é obrigado a Iserir a resposta de qualquer indivíduo ou pessoa moral,que tiver sido atingida por ofensas directas, ou referências de facto inveridico euerró-.eo que possam afectar a sbaa reputação e boa fama.Determina ainda o parágrafo 5., do referido artigo, em conjugação com os seusnúmeros 1.0 e 2., que a resposta pode ser recusada «quando não tiver relaçãoalguma com os factos referidos na aludida publicação» e «quando contiverexpressões que Importem crime de liberdade de Imprensa.»Até agora, o sr. Armindo Ferreira Vaz não foi alvo de ofensas directas. No meuprimelro texto, limitei-me a des mentir uma afirmação por ele feita sobreliberdade e objectividade da Imprensa, desmentido que poderei provar com amaior das facilidades, aqui, em qualquer lado e em qualquer altura. Discordeitambém, da sua asserção de que «todos estamos de acordo que o que se publica édiferente do que o que se destina à vida particular» (sic). Afirmar que ele écatólico, numa simples repetição das suas próprias palavras, julgo não afectar asua reputação e boa fama.Logo, na ausência de ofensas directas (ou indirectas) e de facto Inverídico ou erró.neo que o pudesse afectar, não tinha o sr. Armindo Ferreira Vaz qualquer direitode resposta, posto que esta não emerge da simples citação do seu nome -ou dodesmentido de afirmações suas. Deste modo, a publicação da sua primeira carta(tal como aconteceu com esta), dependia unicamente do nosso critério. Ou apublicávamos ou não. Decidimo-nos pela primeira hipótese, na medida em que senão quis recusar ao meu opositor, a possibilidade de emitir os seus pontos devista, dialogando - como então se esperava - em termos educaes e cordatos. Enote-se que educação não é de forma alguma incompatível com ironia.O teor da carta que hoje se publica, para além de em nada se relacionar com oponto que estávamos discutindo, contém matéria injuriosa, que nos autorizaria anão publicá-la, mesmo que ao sr. Armindo Ferreira Vaz assistisse o direito deresposta, o que não era o caso. Depois de lê-la, a minha primeira reacção foi não adivulgar. Mas porque isso representava o melhor favor que se poderia fazer ao sr.Armindo Ferreira Vaz, e ele o não merece, acabei por decidir-ne pela sua

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publicação. Com ela, a imagem do sr. Armindo torna-se mais nítida. O seucarácteradquire contornos mais perfeitos.Sem dúvida, a noma gene rosklade excede o seu merecimento, pelo que não temqualquer sentido a descabelada afirmação de que não pede favores mas exigedireitos. Comentar à nossa vontade, o que pelos vistos lhe causa bastantesengulhos, é um soberano direito que nos assiste. A não ser que ele entenda que dpode fazer e nós não, o que seria uma presunção demasiado ridicula. Mas do sr.Armindo Ferreira Vaz tudo há a esperar!Vejamos agora a sua carta.A falta de originalidade do sr. Armindo Ferreira Vaz é tão notória como confuso elabirintico se mostra o seu pensamento. Em matéria de lógica é uma autênticabatata frita! Escorregadio como uma :enguia previamente lubrificada, esquiva-sede um lado para o outro, tergiversando como tem sido seu hábito, em prejuízo doque efectivamente estava em causa. A facilidade com que vai buscar assuntoscompletamente estranhos e sem qualquer ligação com o pomo da discórdia, éverdadeiramente assombrosa. Temos como exemplo disso a sua inesperadaconclusão acerca do que devem ser os meus conhecimentos sobre a história daIdade Média!Fiquei passado! Quando i aquilo quase não queria acreditar. Por momentos senti-me até preocupado com a minha memóri, unia vez que não me lembrava, nem umbocadinho, de termos discutido a Idade Média, se as pessoas desse tempo eram ounão felizes e se aquele período terá sido ou não o mais negro da história. Fuirapidamente reler tudo, para sossego do meu espírito, e de facto nada encontreique Justificasse semelhante tirada.Matutando no assunto, apenas se me ofereceram duas opções: ou o sr. Armindoestá a precisar da assistência de um psiquiatra, ou deverá ser dos que acreditam nametempsicose, o que o fará supor que já discutiu comigo, numa outra qualquerenearnação.No entanto isto alnda seria o menos. Bem pior é o seu atrevimento e o seupirronismo, ao manter-se na inqualificável posição de, mercê do nosso diálogoaproveitar o ensejo para atingir quem está de fora. É uma táctica nada decente,imprópria de pessoas com um mínimo de educação ou possuidoras de formaçãocatólica. Sendo a conversa comigo, é a mim que se deve dirigir, não seesquecendo que uma única pessoa não chega para formar o plural.,A sua injuriosa afirmaçãode que eu no~ fui «tão cobar de como o outro que se enro-i leu», para além daincongruência que apresenta no que à minha pessoa diz respeito, visto que logoatrás se afirma que fui «suficientemente honesto e corajoso (não lhe faço vêniapelo elogiol) é deveras lamentável; por pretender atingir alguém que não está emcausa no diferendo que nos separa. Não tinha osr. Armindo Ferreira Vaz o direitode se aproveitar da resposta que me é dirigida, para abocanhar outra pessoa. A suaatitude, reveladora de uma verticalidade mais que suspeita, define um caráctermal formado e um espírito altamente corrosivo.Já lhe disse, redisse e volto a repetir que nada tenho a ver com a questão surgidaentre ele e o jornalista Guilherme de Melo'pIelo que que não é verdade ique- haja

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interferido num assunto para o qual não fora chamado. Não interferi coisanenhuma. Reagi. apenas contra uma afirmação sua que igualmente me atingia,porque implicava .uma indevida generalização..E era por aí que deveríamos ter ficado não fora a sanha do sr. Armindo embaralhar tudo, misturar tudo, confundir tudo, esbracejando descontroladamente,como um náufrago com a água pelo pescoço, ao sentir afundar-se numa polémicaonde lhe não faltam argumentos porque os confunde com disparates.A sua retrospectiva dos factos não corresponde inteiramente à verdade.Afirmar que alguém desconhece alguma coisa não equivale a chamar-lheignorante. Nem sequer utilizei este vocábulo. Nenhuma pessoa detém a totalidadedo conhecimento, a não ser talvez o sr. Armindo Ferreira Vaz, que a par e passome atira com a sua sapiência, ao mesmo tempo que, de dedo em riste, realçagostosamente a minha falta de conhecimentos sobre cristãos, sobre Idade Média,sobre isto, sobre aquilo, sobre aqueloutro. A coisa chega a ser tão dramática, queàs tantas eu já nem sei o que sei e o que não sei, correndo o risco de me ver nanecessidade de lhe ir perguntar se sei eu não sei !Ele afinal sabe tudo! Não é difícil imaginá-lo, de manhã, abrindo as janeias de parem par, inspirando vigorosamente e, de peito inchado proclamar com voztonitroante: «Eu sou o supra-sumo do homo-sapiens»!E só então deixará cair um olhar condescendente sobre a plebe, como se olhasseuma cambada de neanderthaloides fugida da Pré-História! (Seriam eles felizes?Teriam rãadio e televisão? Estereofonia

e ar condicionado? Hei-de perguntar ao sr. Armindo Ferreira Vaz!)A sua nata inclinação para confundir as coisas, a sua ablepsia quanto àreconstrução dos factos, leva-o a perguntar-me onde está a sua falta de Ignorância(conferir segunda alínea e) do número 2 da sua carta). Chamae a isto falar «adephesos». Verdadeiramente à toa. Na verdade, nunca afirmei quç aosr. ArmindoFerreira Výz tivesse falta de ignoráne/ta. Pode têla toda, carradas,utanhas, himainias dela, mesmoa que por isso o não obriguem a pagar um impostoespecial!Só dentro desta linha de pensamento, desta forma de raciocinar, arquitectar e tirarconclusões, se poderá compreender a sua afirmação de que, segundo eu, osmeandros do jornalismo português são inefáveis!!!Puxa mamãe! Como ele deve ter a caixa dos pirolitos!Vejo-me na necessidade de, uma vez mais, repetir ao sr. Armindo Ferreira Vaz(irra, que o homem é teimoso!) que não falei de cristãos, não fiz comentários nemproduzi afirmações quanto à sua atitude perante a sociedade, de hoje ou de ontem.Disse apenas note bem - que o sr. Armindo é católico, pois que ele próprio oafirmou. Só o seu egocentrismo, a sua megalomania, a sua jactância, o poderiofazer supor que uma simples referência à sua pes-soa tem amplitude universal. Falar dele é falar dos católicos! O sr. ArmindoFerreira Vaz encarna nele próprio a generalidade dos cristãos! E deixe-se lá dessaridícula obsessão de dar explicações. Eu bem sei que os católicos são cristãos eque nem todos os cristãos são católicos. Se o afirmei no meu texto anterior,dispenso perfeitamente, como é óbvio para toda a gente menos para o sr. Armindo

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Ferreira Vaz, que continua a ser um caso à parte, a sua fastidiosa lenga-lenga.Safa !Se considerarmos que Jesus Cristo ensinou aos homens a humildade e a caridadee que o sr. Armindo é um crente em Cristo Salvador, estranha é a sua atitude,surpreendente o seu comportamento. Em matéria de humildade, o teor da suacarta é um documento comovedor. Quase lacrimogéneo! Quanto à caridade, aforma como a utiliza, o uso que dela faz, perspectiva-se facilmente na delicalezado seu ataque e na extrema facilidade com que usa o termo «cobarde», sem que omais pequeno fundamento exista para o justificar. Muito naturalmente, para o sr.Armindo Ferreira Vaz, fazer caridade equivale a distribuir pauladas como quemdistribui indulgências! No caso vertente nem se tratava sequer de fazer caridade,mas tão somente de possuir um pouco de bom senso, de apreciar as coisas na suaverda-deira e exacta dimensão. Os motivos por que alguém não responde, escapammultas vezes à percepção do antagonista.Sei muito bem (se o sei!) que a Igreja não é uma abstracção. Durante cerca deonze anos senti-lhe os efeitos (muito embora já não estivéssemos nos tempos daSan\ ta, da Santíssima Inquisição!), de forma bem física e concreta. Não obstanteos anos Já passados, ainda me recordo das bordoadas que levei para decorar ocatecismo, porque afinal a Moral e Religião fizeram parte do meu programaescolar, nas mesmas condições que a Matemática, o Direito, a Economia Políticae a História Universal, entre outras disciplinas. E não foi na Idade Média! Nãotive quem pedisse por mim a isenção, aquela mesma isenço que tantaspreocupações causou ao clero ou aos seus mais lídimos representantes (e eu nãoposso dissociar clero e Igreja) quando o Governo enviou à AssembleIa-Nacional oprojecto de lei sobre liberdade religiosa.Durante cerca de onze anos rezei todos os dias, quando me levantava e medeitava, antes e depois das refeições, e aos domingos ainda assistia à missa,porque se o não fizesse estava frito! Fiz a comunhão pascal e multas outras, fuicrismado e até, por duas ou três vezes, estive em retiro espiritual no Semi-Internato de Nossa Senhora daConceição, anexo,,à Igreja do Rato, em Lisboa, onde em tempos se reuniu aquelegrupo de católicos progressistas! A Igreja para mim nunca foi de facto umaabstracção. Mas antes o tivesse sido' Exactamente porque os cristãps (católicosou não) antes de o serem são cidadãos comuns, é que, quando se ocupam «do bemda sua Nação», o devem fazer como cidadãos e não por motivaçõès de ordemreligiosa. Interferir nos assuntos de natureza ci. vil como cidadão, é uma coisa,como católico, é outra.E vamos dar por findo este diálogo, que se afastou tremendamente do seu motivooriginal, devido às divagações do sr. Armindo Ferrei a Vaz. O assunto ou estásúficientemente esclarecido ou não há forma de o esclarecer, pelo que se não vêutilidade na continuação duma polémica que estava a deteriorar-se e na qual, acoberto das respostas que me eram destina. das, se persistia no hábito poucoelegante de dirigir ataques e ofensas noutro sentido.

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«Acta est fabula». Está representada a peça. Pela sua magistral e inteligenteinterpretação, pode no entanto o sr. Armindo Ferreira Vaz ir ao proscénio quantasvezes quiser, receber as flores e os aplausos da assistência.«Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.» (S,Mateus,5.3)FERREIRA SIMÕESSERVIÇO DE ORDENAMENTO DE SOCORROSA Organização Provincial de Voluntários e Defesa Civil colocou à disposição detoda a população de Moçambique um serviço de socorros que funcionarápermanente ýente.Para os- habitantes de Lourenço Marques, Salazar e Machava, bastará discar, noseu telefone, o n.' 21115, e logo será atendido pelo S. O.S. (Serviço deOrdenamento de Socorros), que imediatamente accionará os meios necessários,quer se trate de: doença súbita, acidente de viação, avaria na estrada, acidente detrabalho, incêndio e alteraçiío da ordem pública, ou qualquer outra situação querequeira a5uda ou socorro urgente.Pode ainda fazer-se o pedido através da rádio, utilizando os Emissores-Receptoresinstalados nos Postos de Defesa Civil das áreas urbanas e suburbanas.Estes Postos DE estão ainda apetrechados com: material de socorrismo e materialde luta contra fogos.Os habitantes de qualquer parte da Província poderãoutilizar os serviços dos Radio-Amadores inscritos no SEREM (Serviço Especialde Defesa Civil de Rádio-Emissores de Moçambique) cujo Posto Directorfunciona em Lourenço Marques, no Centro Coordenador de Comunicações(CCC), também um 6rgão da OPVDC em estreita ligação com o S.O.S.Todo este sistema de auxilio às populações só é possível graças à pronta adesãode diversas entidades, tais como: Policia de Segurança Pública, Hospital CentralMiguel Bombarda, Cruz Vermelha Portuguesa, Corpo de Salvação Pública,Automóvel Touring Clube e Rádio-Amadores de Moçambique.A partir de agora, portanto, ou pela Rádio ou pelo telefone 21115, toda aPopulação de Moçambique dispõe de um Serviço de So-" corros Urgentes que lheé oferecido pela OPVDC através do seu Serviço de Ordenamento de Socorros.

rÁGINA 55uua wãEp,- Acabo de descobrir a maneira de ficarmais cinco minutos na cama todas asmanhãs...!- Vê lá se te despachas. Não quero ficaraqui todo o dia à espera...*[

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LQ p/~-A1g~eq O Q ~ Ss~LVO D~PO/SD~17~$ ~ea-ciso /P4Gq ~eis.soVQL7Q~É1,s.eAl~ee*~e~~uv,- -\NL

1 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13235 _671011213HORIZONTAIS: 1 - instrumento semelhante a um dardo para cravar peixesgrandes; interpretação de algum texto obscuro. 2 - Contr. de senhor (pop.); cútis;tira de pano que cinge e se aplica em volta de certas espécies de vestuário. 3-Escolher, preferir; comporta. 4 - Pequena embarcação asiática; casta de uvabranca e muito doce. 5 -Chapéu de três bicos. 6 - Fé, confiança; sucessoimprevisto. 8 - Mancha, sinal; caixa de rapé (ant.). 9 -Chapa para reprodução acores, 10 -0 livro da lei mosaica dos judeus portugueses; relativo ao ânus. 11 -Incapazes de produzir qualquer obra de arte; abrir casas para botões. 12 - Génerode plantas gramíneas (Bot.); além disso (conj.); pequena bigorna de aço, semhastes. 13 - Tapeçaria antiga que adornava as paredes, portas, galerias, etc.; susto,surpresa (fig,)., , VERTICAIS : 1 - Após, depois; distintivo de moço de fretes, etc.2 - Abundância (pop.),; mau humor (fig.); causa, razão, motivo (ant. e pop.). 3-Pref. de origem latirna que significa rápido; determinar, insistir. 4 - Quíchua;espécie de enguia (pfi.). 5 -Que se alimenta de arroz (animal). 6 - Escambo;terceiro estômago dos ruminantes. 7 - Nome da letra l; letra grega. 8 - Piãocomprido e tosco (prov.); atacador. 9- Mulher que vive em mancebia com umhomem. 10 - Qualidade, jaez; saltos bruscos do cavalo para desmontar ocavaleiro. 11 - Luneta de dois vidros munida de hastes que a fixam aos pavilhõesdas orelhas; rapariga leviana e presumida. 12-Pedido de socorro (sigla); bebedeira(Minho); matéria tinturial de cor amarelo-arroxeada extraida da raiz de umaárvore terebintácea. 13 - Planta aristoloquidea usada como emético; parteposterior do pé.SOLUÇÃO DO PROBLEMA ANTERIORHORIZ.: 1 -Marga, toada. 2 -Aries, esgar. 3-C.. andoa, tu. 4- Réu, air, lar. 5 -Ouro, aira. 6 - Encerro. 7 Fada, amal. 8 - Ago, eta, ano. 9 - Ru, droga, tu,. 10 -Datam, aloés. 11 -Orago, recusa.VERT.: 1 -Macro, fardo. 2 -Arpéu, aguar. 3- Ri, uredo, lá! 4-Gea, ona, Dag. 5-Ansa, ermo. 6 - Diserto. 7 - Teor, Agar. 8 - Osa, ara, ale. 9 - Ag. Lioma, oc. 10Datar, Anteu. 11 - Arurá, lousa.O"MATOLINNIK anda preocupado.

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Gostava de saber o melhor dia da semana e a hora mais favorável em que os seusamiguinhos já com os deveres da escola todos feitos, possam dedicar toda aatenção para o ouvir.Assim gostaria que dessem as vossas sugestões preenchendo o talão abaixo e oenviem para a Caixa Postal, 605 - Lourenço Marques; habilitam-se desta forma aosorteio de 3 cartões de bolachas.Beijinhos do Rói-Rói CHAUCOMPANHIA INDUSTRIAL DA MATOLAN.° ........................N O M E ..............................................................................................i M O RA D A ........................ ................................................................[ 2.^ feira ................ horasO 3." feira ................ horasQ 4.' feira ................ horasS5.- feira ................ horasLJ 6.' feira ................ horasEi Sábado ............. horasO Domingo ............. horasAssinala com 'um X o dia da semana e escreve1 a hora que preferes.

_ A TEMPERANCANO DESPORTO_ PALAVRA VAFalarmos de temperança, quando tantas coisas destemperadas nos rodeiam, podeparecer singular. Mas não, não é singular perante tamanha pluralidade deequívocos que rodeiam o (nosso) fenómeno desportivo. Mas bem, -vamosentender, concretamente, quando estamos a usar aqui o termo temperança não seveja no mesmo qualquer sentido figurado; referimo-nos mesmo à temperança,uma das virtudes cardeais. Funda. mental portanto para o homem. Pois bem (e pormal) ela é, curiosa e singularmente, das mais desprezadas por vastos sectorespraticantes de desporto.Frequentemente processam-se dois atentados contra asaúde dos indivíduos pela usança desregrada (no consumo) do álcool e do tabaco,num desprezo total pelas regras da dita temperança. Infelizmente, ainda no meiodesportivo (dos jovens), não falta quem suspeite de casos de consumo de droga,não concretizados ou por não corresponderem à verdade ou por falta de coragempara a sua denúncia ou simplesmente por comodismo. Mas deixemos isto poisbasta-nos saber «todo o m.mndo vê»--do uso (e abuso) do tabaco e do álcool paratermos presente constantes atentados a uma das finalidades das práticasdesportivas - a defesa da saúde.Se relativamente ao alco-olismo, a obtenção de provas irreiutáveis seja difícil, quanto ao vicio do «fumo» odesregramento está patente a quem queira. Logo começa em indivíduos muitojovens e, para além do prejuízo físico que lhes acarreta, o caso constitui umavergonha para a sociedade se considerarmos qual ou qtiais as motivações que

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impelem o jovem para tão prejudicial vício. E aqui o «desporto» devia tomarposição. Mas quem é o «desporto»?Existe algures, no mundo, uma Associação Internacional de Temperança (ou comdesignação que o valha) cujo fim é, exactamente, mostrar as virtudes datemperança e

PAGINA 60denuihciar os malefícios do álcool e do tabaco.Ora, que saibamos, entre nós, a nível desportivo, não se «mexe uma palha» paraalertar as consciências acerca desta situação. Silenciam-se estas coisas como sefosse natural, como se tivesse lógica, como seja coisa de bom senso conciliar ouso e abuso do álcool e do tabaco com a actividade desportiva.Quem não assistiu ao lamentável espectáculo de jovens praticantes, depois doesforço despendido em treinos ou jogos, puxar dum cigarro e fumar? E quais sãoos impedimentos postos pelo clube, pelos dirigentes, pelo treinador? Por vezes atésão eles a dar o exemplo.Ora assim é evidente que nas ditas preocupações- de saúde pelos praticantes hámuito de fachada. Fogo de vista.Em tempos chegámos a supor que iria ser proibido fumar nos recintos desportivosfechados. Aquilo - quem não sabe? - é outro «crime» contra as pessoas. Masninguém se comove; ninguém atenta que a consciencialização das pessoas, nesteparticular, é diminuta. Pavilhões cheios, há crianças, há praticantes desportivosem esforço físico mas nem (todos) pais respeitam filhos e dirigentes os atletas.Ê um desaforo. O ambiente fica super-saturado de fumo. E quem se importa?Quem se preocupa com o «crime»?Lamentavelmente a temperança anda arredia de grande número de desportistas;por outro lado não se conhece qualquer esforço para tentar esclarecer (pelomenos) a juventude da incompatibilidade entre os vícios do «fumo» e do «álcool»e o esforço exigido pelos exercícios desportivos.E vamos lã que nos parece não ser «muito difícil», no sector, conseguir algumacoisa. E por certo se conseguirá, neste particular, quando, real. mente', houvermais respeito, mais cuidado, mais preocupação pelas pessoas que pelas vitórias,pelos triunfos, pelos campeonatos. Será assim tão difícil encontrar a lógica nestaquestão ?AGOSTINHO DE CAMPOSOs mínimos fixados para participação nos nacionais de atletismo campeonatosA F. P. A. (Federaço Portuguesa de Atletismo) fixou os -ínimos para participaçãonos campeonatos nacionais que sao:100 metros: homens, 10,7;mulheres, 12,3.200 metros: 21,8 e 25,5. 400 metros: 49,0 e 59,0. 800 metros: 1.53,0 e 2.20,0.1500 metros: 3.52,0 e 4.50,0. 5000 metros: 14.45,0 e10000 metros: 30.40,0 e110metros barreiras: 15,5 e15,7 (100 M.).4Q0 mnetros barreiras, 54,0 e (= (a).3000 metros obstáculos: 9.15,0 e-.

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Altura: 1.93 e 1.53. Comprimento: 7,00 e 5,30. Triplo-Salto: 14.50 eVara: 4,00 e-. Peso: 15,00 e 11,00. Disco: 45,00 e 36,00. Dardo: 60,00 e 35,00.Martelo: 50,00 e-. Decatlo: 6000 P. e 3500 P.(Pentatio).Que é feito do "campeão" Mussa Tembe?(a) Nesta prova, bem como nos 3000 metros não sãc fixados mínimos, podendoa< atletas ser convocadas eir face dos resultados obtido. durante a época.Para os atletas de Mo çambique se candidatarem ý participação nos Campeonc tosde Portugal deverã obter os tempos mínimos ati 31 de Maio próximo data d<encerramento da época.Na ginástica desportiv ainda não há muito tivemc um moço campeão (nacic nal)que era (eiectivamentE uma grande «esperanç para novas metas» da norsginástica desportiva. Subit mente, porém, Mussa Temla- pois é dele que falamos -ý desapareceu da competiç¿ e das exibições. E foi pencInfelizmente este não é primeiro caso que atesta, ei nosso entender, uma cert faltade estrutura desportiv para pegarmos nos indi? duos que têm certas pos bilidadese oferecermos-lhE as condições para a sua v, lorização. Mais felizes sd algumasmodalidades d prática colectiva que sei pre encontram subsídios o ajudas paraparticipaçõe em campeonatos que sã« quase sempre, «bons pai acios». Passeiospara mins rias e para modalidades qu não se apresentariUcapazE de constituiríndice despo tivo de Moçambique nei sequer de servir de estimul para oaparecimento de n( vos praticantes._ I

As erianfa que praticam desporto têm de ser defendidas dos «ins rtoresdesportivos» sem a devida preparaço. Levantou-se um problema. E o mesmo temde ser solucionado para que conste, para que se saiba, quequem ndo estiver habilitado «ruaA CONSIDFRAÇAO D QUEM DE DIREITOOnde se fala de instruior despertivo "intelig"enteUm leitor do vespertino «Tribuna», que se publica em Lourenço Marques,dirigiu-se por escrito àquele jornal:«... para gritar a revolta que sinto, ao presenciar certos factos que me pareceatent6rios à formação da Criança, adentro de certas agremiações desportivas.Pretendo com isto dizer que a idoneidade de certos monitores, instrutores, pro-fessores ou aquilo que se lhes pretenda chamar, pois que, para o caso nãointeressa, está muito aquém do mínimo exigível. Certos fulanos, no exercíciodessa actividade de formação desportiva tratam as crianças, desp6tica, prepotente;desumanamente. A um desses responsáveis (?) ouvi gritar colericamente, a umamenina de aproximadamente 12 anos: «Você está cada vez mais estúpida».ImagineSenhor Director, esta frase proferida por um homem transfigurado em bicho, otraumatismo que causa a uma menina daquela idade, por sinal nadadora, e dequem se pretende que seja futura formadora das gerações vindouras ! Ainda outrocaso típico e este repetido diversas vezes, ecoando pelos ares: «Você está podre.»«Estúpida, podre, estúpida, eu estou podre, estúpida,

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podre, eu sou estúpida, eu sou podre .» Assim mesmo (.)Não queremos deixar de juntar a nossa indignação à do leitor daquele vespertino.E mais: desejamos que o assunto tenha o devido andamento pois a gravidade dafalta não pode (não deve) ficar impune..ePARA QUANDO A REVISÃO DO CASTIGO "INJUSTO"A UM DOS MAIORES ATLETAS DE MOfAMBIQU[?~JU S [ M GJá aqui nos referimos ao geral doClube daquele atiepedido de revisão do castigo ta; contudo, que saibamos,«(inventado» (e porque acon- ainda nada foi feito. Porqueteceu nãò vem agora ao carga de água havemos decaso) e aplicado a José Ma- ser assim? Bem, no caso, porgalhães - dosmaiores afie- que há-de o clube de Josétas de Moçambique. O pe- Magalhães ser assim?dido foi feito em assembleia

",A VENCEDORADO NOSSO CONCURSOEsteve na Redacção do «Tempo» a vencedora do nosso concurso «Duas Viagensà Metrópole» Ana Paula das Neves Antunes Campos, que é a pequenita que aquivemos entre a irmã, Maria de Fátima das Neves Antunes Campos e o pai JoséMarcelino Antunes Campos. Ela é natural de Lisboa e eles da Covilha, terra quetencionam visitar quando se des. locarem à Metrópole aproveitando as 'duasviagens do nosso concurso, embora em dataainda não fixada. Vivem em Moçambique o pai há sete anos e a restante famíliahá seis e são leitores desta revista desde o seu primbiro nímero.ANIVERSARIODA A.P.R.A Agência Portuguesa de Revistas comemorou, na última sexta-feira, o seu 26.0aniversário. A efeméride foi assinalada .em Lourenço Marques com ,um jantarrealizado no restaurante «Dragão», que reuniu empregados da filial daquelaempresa editora e distribuidora de publicações, amigos e representantes daimprensa, para o efeito convidados pela delegada da APR Maria Augusta Silva. Aimagem mostra alguns dos convivas durante a confraternização.e3NAFTAL LANGA VOLTA A EXPORA partir de 26 de Março próximo, vão estar em exposição na sede da Sociedadede Estudos de Moçambique, 38 peças de escultura do artista «laurentino» NaftalLanga, cuja estreia no meio artístico local se verificou no ano passado.Os trabalhos que agora vão ser exibidos foram todos executados recentemente,figurando portanto pela primeira vez nos salões da capital.Toda&as esculturas de Naftal Langa, executadas em madeira, denotam a mesmaparticularidade: forte expressão de raiz africana e um cunho pessoalissimo. Nafoto, o artista com duas das suas peças de arte.

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Decorre já a votação para eleger os desportistas MAIS POPULARES DEMOÇAMBIQUE. Hoje como ontem os leitores estão-nos dando o seubeneplácito (a este con. curso) num testemunho de ter cabimento a escolha dosMAIS POPULARES do nosso desporto.Voltamos a publicar hoje novos cupões ao mesmo tempo que recordamos as(muito simples) normas de participação e regulamento.NORMAS A TER EM CONTAComo já dissemos mantemos, de uma maneira geral, os esquemas anteriores e quetêm merecido a concordâela dos leitores. Vejamos:a) Serão eleitos pelos leitores do «Tempo»:«u vesporusa ue mobique mais popular ano 73» e «A Despor de Moçambique maispular do ano 73».b) A votação será feitadiante os cupões a pcar semanalmente«Tempo».e) «Os mais populares»,que obtiverem maior mero de votos, serão miados pelo «Tempo» nome dosLeitores (p escolha é destes). A tempo revelaremos ono de prémios.d) Há um regulamentoprio para a votação.e) O critério de escolhavotação) é livre. Él meescolha.0,ARTIGO 1." - A votação será feita mediante os cupões am- Insertossemanalmente no «Tempo», durante dez semanas.do, § 1.' - Os cupões deverão ser preenchidos com letratista legível, devidamente recortados e enviados para: DESPORPo-TISTAS MAIS POPULARES - Caixa Postal 2917 - Lourenço Marques, ouentregues nas instalacões do «Tempo», na Av. Afonso de Albuquerque, 1078-A eB («Prédio Invicta»), me- Lourenço Marques.ubli- § 2." - Cada cupão corresponde a UM VOTO.no § 3." Cada leitor poderá entregar o número decupões que quiser.ART.' 2.1 - Só poderão ser votados (as) os praticantes os desportivosInscritos oficialmente nas diversas AssociaçõesnO- desoortivas (Distritais ou Previnciais) do Estado de Mopre- çamibiqueem ART." 3.1 - Só poderão ser votados os DESPORTISTAS>is a que ainda se encontram em actividade oficial em Moçamseu bique.pia- § único - Exceptuam-se agueles que estejam hoje nainactividade ocasional devida a acidente ou ausentes da prática desportiva porcumprimento do servi.ço militar. pró- ART., 4.,"- A votação diz respeitoao ano transacto

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(1973).ART.° 5.1 (transitório) - Prémios. O plano de Prémios (de é objecto de textopróprio a publicar onortunamente.smo ART.° 6.0 - Os casos omissos neste regulamento serãoresolvidos por um júri a nomear oportunamente.. fazendo sempre dele parte umrepresentante dos LEITORES VOTANTES.- - - - - - - - - - - - - --- - - -UiCSPORTISIA 0-, S PU1R------- ------ --- ---- -~- -. ....Modalidae - -----C lube , -------- - -------locaiduade ---------A DESPORTISTA MAIS POPULARVOOPARAIM o a i a e.. ................... ......................... ................... .........Modalidade ---- -----Clube ..............................................................N omn e -----------......-------------........................... ........................ ..M orada ...................................... . . . .. . . . . .. . . .. .. . . . .Localidade ............................................ .................... ...

opiniaoOVOS PARA A OMELETA OU O MILAGRE DAS MATÉRIAS-PRIMASONTINUEMOS, então. a falar de matérias-primas, já que outras matérias, maisdo que primas, se mantêm, por enquanto, fora do nosso alcance. Dizia eu que, emresultado do espectacular «boom» das matérias-primas as exportações deMoçambique, que têm rondado, nos últimos anos, os 4 milhões de contos, deverãoultrapassar, no decurso deste ano de 1974, os 10 milhões de contos de divisasexternas.O impacto desta poderosa injecção cambial numa economia bloqueada pelatradicional penúria de divisas, que constitui o mais poderoso obstáculo a umprogresso económico acelerado, não pode deixar de ter efeitos benéficos. Se. porum lado, ce importação de algumas matérias-primas estratégicas ou essenciais vaiafectar, em sentido contrário. o orçametito cambial de Moçambique - de formasignificativa, talvez .penas o petróleo bruto, que nos tem custado cerca de 500 milcontos por ano e que naturalmente nos passará a custar cerca de 2 milhões decontos -, se se pode ainda acrescentar que a inflação generalizada que o Mundoconhece também representará um ónus sobre as nossas necessidades habituais dedivisas, a verdade é que me parece que, no conjunto, a situação cambial efinanceira' de Moçambique tende a melhorar durante" o ano em curso.ARA se fazer uma ideia da evoluçãodos preços de algumas matérlias-pridcLs que Moçambique exporta, vou referir, atitulo de exemplo; alguns casos. O sisal, que foi antigamente «prato forte» danossa economia e depois, em resultado da generalização das fibras sintéticas. veiopor ai abaixo, até ser uma cultura praticamente abandonada (a cotaçãointernacional chegou a andar por menos de 3 contos a tonelada). começou arecuperar com os primeiros sinais da crise do petróleo, chegou a cerca de 5 contosem 1972: mas em meados de 1973, atingira já os 7,5 contose anda neste momento por cerca de 24 contos (o FOB minimo para exportaçãorecentemente fixado pelo Governo é de 23 contos).

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AS o caso da copra é tão significativocomo este. O preço médio de exportação dos últimos anos andava pelos 3 contosa toneladcm em Junho do ano passado tinha-se fixado em 3,7 contos. mas estáagora em cerca de 18 contos a tonelada (o FOB minimo p~a exportação fixado hádias pelo. Governo é de 17 contos). O caju (amêndoa), cujo preço médio deexportação dos últimos anos era de 30,5 contos a tonelada, estava em Junho de1973, em 31,7 contos- anda actualmente, numa média para as diversas qualidades, em 60 contos cadatonelada.O açúcar atingiu o mês passado, na bolsa de Londres, a cotação recorde de 11,8contos e o algodão (fibra), de que Moçambique deve exportar, sem favor, mais de40000 toneladas este cano, tem uma cotação internacional que anda pelos 50contos.OSTO isto, sem qualquer optimismo ecom base em estimativas oficiais pare as produções deste ano, vejamos o quadrodas principais exportações moçambicanas para 1974:ProdutoSisal . . . . . . Copra ........Açúcar .........Algodão (fibra), Caju (castanha) Caju (amêndoa) Chá ..........Madeiras ........Crustáceos .... Derivados do petr6l óleos vegetais . . . Bagaços .......Tabaco em rama . Citrinos .....Receita exportação(em contos)* 550 000850 00015000002200000* 500,0001800 000- 280 000- 360 000* 150000o 1000000200 000 150000 90000- 50000STA lista, que por comodidade tipgráfica não prolongo mais (deixei 4 fora exportações tão significativ< como omilho, de que a estatisti, oficial indica terem-se exportado 243 1 contos em 1972,o feijão os cigarros estes largamente exportados para. A gola-, o vestuário. idemaspas, o a vão. as bananas, etc.), soma a bon quantia de 9,7 milhões de'contos. As1 timativas de todas as produções for< feitas por baixo e os respectivos preç quetendem a subir, fixados ao momei actual, mas sempre igualmente aba dascotações internacionais. Para o a cor, por exemplo, cujo regime e pr estão a ser

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revistos, calculei um prt intermédio de 7,5 contos a tonelaí para o sisal o de 23 epara a copra de 17 - todos abaixo das actuais co ções do mercado internacional.UEREREI eu dizer com isto que tentodos os problemas cambiais reso] dos com esta espécie de milagre < matérias-primas, que podemos a tinuar deitados à sombra da bananei que, enfim, -comoainda vem por ai < empréstimo dos 35 milhões de con vão acabar todos osproblemas, vcm passar a ter BRIs em borda, cambi para ir de férias, «plafonds»para grandes empresas com sede na Mel pole transferirem para lá os lucro3 q têmaqui depositados à espera de mel] res dias? Não quero dizer, não sení nemdesejaria que assir-fosse. pelo r nos em relação à quase totalidade < situaçõesatrás referidas. O que preter com estas despretensiosas linhas, que r escrevi paraos técnicos e especialist mas para o homem comum, é dizer ç estamos diante deuma conjuntura ternacional que, não s6 não vem cc plicar a situação anterior, quenão i oferecia boas psrspectivas, como 1 pode ser amplamente favorávei. Pena ,que a não soubéssemos ou não pudés mos aproveitar. Porque então nem adesculpa da falta de ovos para a omel poderamos invocar...RUI CARTAXA

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