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61, 61, liii' k, ~1 II II %0ý $ COLABORE CONNOSCO UTILIZE OS sevios D SER VIÇOS DE RESERVAS DA EMLOURENÇO MARQUES tIGUE PARA O 734061 ..OVO NÚMERO DE TELEFONE COM BUSCA AUTOMÁTICA PARA EFEITOS DE RESERVAS DIARIAMENTE EM FUNCIONAMENTO SEM INTERRUPÇÃO DAS 7.30 ÀS 20.00 HORAS »ZJL LINHAS AÉREAS DE MOÇAMBIQUE UIBLIOTE!~A rio j A NOSSA CAPA: NaciOnlização dos Prédios de rendimento Director Interino: Muradali Mamadhusen. Redacçio: Albino Magaia, Calane dá Silva, Mendes de Oliveira, Luís Daíid, Alves .Gomes, José Baptista,. Carlos Cardoso, Narciso Caslanheira" Secretária da Redacçío: Ofélia Tembe; Fotografia: Ricardo Rangel, Kok Nam, Naifa Ussene, Armindo Afonso (colaborador); Maquetização: Eugénio Aldasse; Propriedade: Te bpogr fica; Oficinas, Redacção, Administração e Serviços Comerciais: Av. Afonso de Albuquerque, l017-A e B. Prédio Invicta; Telefones W 219l,2&I92. 26193; Caixa Postal: 2917 APUTO, Moçambique. LISTA DOS DISIRIBUIDOR[S PROVÍNCIA DO MAPUTO Centro Comercial da Manhiça ssufo Adam Luis Gomes Rreda Ezequiel Pinto Macamo Magude Comercial, Lda PROVfNCIA DE GAZA, Amilcar Simões áliã . Casa Lis ............... ... Manuel Francisco de Oliveira, Ida. Sociedade Literária de Camões

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COLABORE CONNOSCOUTILIZEOSsevios D SER VIÇOS DE RESERVASDAEMLOURENÇO MARQUEStIGUE PARA O 734061 ..OVO NÚMERO DE TELEFONE COM BUSCAAUTOMÁTICA PARA EFEITOS DE RESERVASDIARIAMENTEEM FUNCIONAMENTO SEM INTERRUPÇÃO DAS7.30 ÀS 20.00 HORAS»ZJL LINHAS AÉREAS DE MOÇAMBIQUE

UIBLIOTE!~A rio jA NOSSA CAPA:NaciOnlização dos Prédios de rendimentoDirector Interino: Muradali Mamadhusen. Redacçio: Albino Magaia, Calane dáSilva, Mendes de Oliveira, Luís Daíid, Alves .Gomes, José Baptista,. CarlosCardoso, Narciso Caslanheira" Secretária da Redacçío: Ofélia Tembe;Fotografia: Ricardo Rangel, Kok Nam, Naifa Ussene, Armindo Afonso(colaborador); Maquetização: Eugénio Aldasse; Propriedade: Te bpogr fica;Oficinas, Redacção, Administração e Serviços Comerciais: Av. Afonso deAlbuquerque, l017-A e B. Prédio Invicta; Telefones W 219l,2&I92. 26193; CaixaPostal: 2917 APUTO, Moçambique.LISTADOSDISIRIBUIDOR[SPROVÍNCIA DO MAPUTOCentro Comercial da Manhiça ssufo Adam Luis Gomes Rreda Ezequiel PintoMacamo Magude Comercial, LdaPROVfNCIA DE GAZA,Amilcar Simões áliã . Casa Lis ............... ...Manuel Francisco de Oliveira, Ida. Sociedade Literária de Camões

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PROVINCIA DE INHAMBANEAfricano BeneteJoão Gonçalves Mutimba Joaquim Ribeiro JúniorPROVINCIA DE MANICATabacaria DesportivaPROVINCIA DE SOFALAAugusto Frechaut Auto Viação do Sul do SavePROVÍNCIA DE TEwAgencia de Viagens Cabora Bassa Discotete ... .PROVINCIA DA ZAMBZIAAlfredo !osé Sousa Francisco Xavier Weng Jacinto Frederico Silva Mahomedlqbal AyOb Maria Inácia Osório Papelaria CentralPROVINCIA DE NAMPULACândido Calixe Munguana Casa Spaaos ~ ~João Rodrigues Machado Rosário Papelaria AbrantinaPROVINCIA DE CABO DELGADODomingos da Silva Leal SatilPROVÍNCIA DE NIASSACasimiro José AlvesMANIÇAMOAMBA INCOLUANE XINAVANE MAGUDEMALV RNIA (Chicualacuala) XAI-A1 CHIBUTO CHÕ)CUEQUISSICO- ZAVALA NHAMAVILA INHAMIRANECHIMOIOMARROMEJ BEIRASONGO TERGUMUE LUGELA ERR O-IE MACIU QUELIMANEMOCUBANACALA NAMPOLA ILHA DE MOÇAMBIQUE MlIGOCHE (ex-AntónloEm)MOCIMBOA DA PRAIA PEMRA (ex-Porto AmAéla)LICHIINGA (ex.Vil Clbral)E SEeÇõESCartas dos leitOres ........ 2 Semana a Semana (nacional) . 5 Semana a Semana(internacional) 11Semana a Semana (jornais e revistas) ......... 14Nota da Redacção . . . . 64* APONTAMENTOSCheias no Sul do Pais . .35 Angola: A fase decisiva . . . 51Encontro de Queli.mane . . . 54Indemnização de bens estrangeiros . -. .... 62* REPORTAGEMO grande negócio dos prédios . 28 W DOCUMENTODiscurso do Camarada Presidente no Dia dos Heróis Moçambicanos . . . . . . .. 16* ENTREVISTA

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Delegações do LPAI e FLCS . 40DESEJO SER ASSINANTE DA REVISTA CTEMPO» A PARIRDA PCÔXIMA SEMANALOCALIDADE£NVIO POR O VALOR CORRESPONDENTE A UMAASSINATURA EMESTRALDEQUE ANUALPROVINCIA$ DE OUTRAS PROVINCIAS ~~IAURA- MAPUTO GAZANHAM....E POR VIA AÊRLAANO 52 NUMEROS 7ROSOO 840SOMESE S 26 NUMEROS lis0s00 420$00E MESES 1, NUMEROS .o$..D -50So0o PEDIDO DE iNSCRIÇÃO DEVE SER ACOMPANHADO DAIMPORTANCIA RESPECTIVALdAJO4VAAVTL ~ .. ~. ~ S . ~E.iOã55~E~D44~V LAoS ToiS J ~ ~ hl~i J VTo,~VAEI »ETO'O LAiiiA4'V~~'A~ ."~**O*DA POT«'*\No-9A0 EAA~t ~flVVTe A '.i5.~ Y AU - .4.0$'A .~ . *jo~'V'~: .& ?'A:LTVV:*.o....D..OO..~ 'A OLTo.... O oE~A' E U.EOP.

giPor detrás das fachadas dos grandes prédios das nossas «cidades artificiais»condicionadas e voltadas para servir como sedes da máquina militar eadministrativa colonial ou como entrepostos comerciais portuários do «interland»mineiro da Africa Austral, por detrás desses prédios, dizíamos, todo um grandenegócio capitalista se expandia em altura e em extensão.Porém, uma investigação mais cuidada, leva-nos à descoberta de todo o tipo dechantagens, corrupçÔes e mesmo de «gàngsterismo» que entremeava essenegócio chorudo e rendoso para alguns agiotas e burlões.Neste Número daremos uma perspectiva sobre a característica dedesenvolvimento das cidades moçambicanas e a narrativa dos processosfraudulentos de enriquecimento à custa do suor dos trabalhadores explorados. Napróxima edição dedicaremos várias páginas à análise e consequência da actualmedida -revolucionária de nacionalização dos prédios de rendimento, que deuuma machadada feroz neste tipo defimido de exploração capitalista e criminosa.Porque não nos foi possível fazê-lo na edição anterior, publicamos neste número otexto integral do discurso proferido pelo Camarada Presidente Samora no'dia dosHeróis Moçambicanos, altura em que o Camarada Presidente anunciou essa eoutras importantes medidas, bem significativas do empenho da Direcção doPartido e do Governo da RPM em consolidar em todo o pais, na cidade como nocampo, 0 Poder Popular.

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Sobre os textos de matéria internacional, chamamos, a atenção dos leitores para oencontro de Chefes de Estado em Quelimane, uma resposta condigna dos paísesprogressistas à provocação de Pretória com o seu projecto de lei imperialista, eum trabalho sobre Djibouti, um dos actuais centros de oposição directa de umPovo que deseja ser livre e independente ao imperialismo francês.IO Pateorzatoe o CapitaeismoO Capitalismo é sem dúvida umdos maiores inimigos com que o povo moçambi-ano unido do Rovuma ao Maputose bate. Porém essa luta deve ser minuciosa e cuidadosamente organizada paraque os nossos esforços sejam coroados de êxito. Certos representantes dopatronato, lacaios da mais alta expressão do capitalis. mo, o imperialismo,útilizam as mais subtis e manhosas manobras para travarem o progresso emMoçambique, ao mesmo tempo gerar confusão e consequentemente quebrar aunidade popular. Esses factos são frequentemente detectados nas empresas.Alguns patrões mostram-se amigos de determinados membros do grupodinamizador, f 1 o r e a n d o-o s constantemente com as mais doces palavras,enquanto tomam atitude menos familiar para com os outros. Na verdade, oobjectivo principal desses patrões é lançar irmãos contra irmãos, confundir atédividir a nossa unidade. Fazem-se frequentemente de vitimas e aproveitam-seimediatamente dos erros cometidos por certos camaradas para os apontarempúblicamente e ao mesmo tempo lamentarem a sua sorte, amaldiçoando asituação. Eis mais uma forma subtil de tentar comover o povo e de desviá-lo dalinha correcta traçada pela nossa vanguarda revolucionária, a Frelimo. O Patrãocapitalista geralmente apa. renta ser bom revolucionário, sempre pronto acolaborar em tarefas revo. lucionárias, quando na realidade ele e revolução sãobons inimigos. Todavia para um observador atento sãofácilmente detectáveis. A oc e r to nunca acompanham a revolução quando não se atrazam, são geralmentemais revolucionários que a própria revolução. Esta é uma das particularidadesespeciais dos inimi gos do povo moçambicano.Mas no meio de tanta manobra reaccionária, cuidadosamente estru.turada,devemos estar bem vigilantes para derrubarmos os intentos da reacção. Énecessário derrubarmos primeiro o inimigo antes de sermos por ele derrubados.Um capitalista é sempre capitalista, em qualquer continente e em qualquer regime.político. A sua poli. tica não respeita o bem estar do povo, mas unicamente a suabarriga, não obstante os seus lucros provi rem do nosso trabalho, dos traba.lhadores. Ele quer comer tudo, em-

- - ~~~1bora não haja justificação para tal, uma vez que o estômago capitalista não émaior nem digere mais rápido que o dos trabalhadores. A grande arma capitalistaé o dinheiro! É com ele que certos filhos do povo se deixam enganar. É comdinheiro que um indivíduo se torna capitalista e esquece o seu dever de servir opovo. Os capitalistas sabem disso e sabem também que não há lugar para osistema que eles defendem em Moçambique, mas eles ainda continuam no nosso

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país. Todavia é imperioso que as massas compreendam o que é a revolução. Atransformação gera-se consoante fases. Tal como a revolução em qualquer cantodo globo, o processo revolucionário moçambicano também respeita fases. Echegará a vez em que os capitalistas entregarão o poder económico, que aindapossuem, ao povo, único e legítimo representante da riqueza de um País.João Carlos FonsecaA4baixo a discirminaCãonos -(xisAntes de mais apresento os meus cumprimentos aos camaradas do Rovuma aoMaputo.Dentro dos últimos meses assistiu-se na Repúl3lica Popular de Moçambique aodesencadear de uma verdadeira ofensiva ideológica com a finalidade de na práticarevolucionária o Povo moçambicano avançar, mas avançar sem parar. O certo éque operários e componeses avançam. O seu avanço constitui um perigo para oinimigo, porque o Povo moçambicano ganhou a consciência política e dirigidapela FRESLIMO se engajou na construção da Democracia Popular, na construçãode um Homem Novo, na construção do País arruinado pelo colonialismo. Penaque este avanço decisivo do Povo moçambicano passe despercebido para algunssenhores, que trabalhando no nosso país fião estão a servir fielmente os interessesdo Povo moçambicano.Pos exemplo, os senhores motoristas de taxis, alguns, por vezes tomam atitudesque estão contra a nossa- linha política, demonstrando falta de dedicação pelatarefa que eles próprios escolheram.A noite, estes senhores recusam-se a ir até aos subúrbios. Um camarada que sedirige para eles se precisa de ir para casa receberá a seguinte resposta:«Disse subúrbios! no Vulcano? Não, não vou lá, não queria mais nada!» Lá nãovou...Pergunto eu: onde reside o maior número do Povo moçambicano não é nossubúrbios? Será que os taxis à nóite são para servir aqueles que vivem nas zonasurbanas?A mim, parece que qualquer coisa vai mal! O Povo moçambicano é do Rovumaao Maputo. É esse Povo que deve ser bem servido e não apenas algunsDespenteado, roto, descalço, de capulana, etc, não interessa. O que interessa é queo Povo tem direito de apanhar o taxi e chegar onde lhe apetecer. O contrário nãoserá negar ou tirar um dos direitos do povo?Avante a Revolução.Não à discriminação nos taxis.A Luta Continua.Samuel Dias PanguanaRevez Dosicõesem keea4o a /LngoêaNão sei se e incapacidade política ou receio de perder posições privilegiadas nosbastidores da política capitalista que leva certos dirigentes africanos a procurarignorar as realidades angolanas. Não sei porque é que certos Chefes de Estadoafricanos teimam em querer considerar «movimento de libertação» os bandosreaccionários de Holden Roberto e Jonas Savimbi! Muito menos sei se esses

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mesmos chefes de Estado sabem que nunca houve e jamais haverá comunhãoentre inimigos e amigos de um Povo! Pois, propor que seja criado em Angola umGoverno de unidade Nacional no qual devem parý ticipar protegidos deimperialistas e racistas significa dar de presente o Povo angolano à aqueles paraimpunemente explorá-lo. Mas é preciso que saibam de uma vez por todas aquelesque pretendem colocar o poder em Angola na mãos criminosas, de que estão a sertraidores da África inteira. Ist. significa que os Chefes de estado africanos que nãoaceitam o Governo do MPLA não só o Povo angolano traíram mas sim os povosdos países em que eles são dirigentes máximos, isto é traíram os povos da Áfricatoda.Para terminar queria chamar à atenção àqueles que persistem em querer fechar osolhos sobre a situação angolana p, ra obesrvar os seguintes pontos:1 Os «capacetes azuis» da ONUnão foram capazes de resolver satisfatoriamente o problema do ex--CongoKinshasa conforme o desejo do Povo daquele Pais;2- Em Angola, antes de 11 de Novembro de 1975 foi a FNLA e a UNITA quemrompeu com a unidade então existente violando assim os acordos assinados;3- Foi a FNLA e a UNITA quemdeclararam guerra ao MPLA e não este a eles, por isso devem ser eles também osprimeiros a deporem as armas;4- Foi a FNLA e a UNITA os primeiros a aceitarem auxilio militar dosimperialistas, por isso devem ser eles também os primeiros a prescindirem desseauxílio;5 Angola é um País independentee Soberano, com um Governo Popular, o que significa que afirmar que o MPLAnão representa o Governo desejado pelo Povo angolano é falsear a verdade. Peloque chamo à atenção todos aqueles que ainda não reconheceram o Governo doMPLA para reverem assuas posições.A LUTA CONTINUA!Saudações revolucionárias. Alta consideração.Zacarias ZandamelaA4inda o pzobeemaangoeano e oenvoevimentoSu2 74z- icanoA reunião dos chefes de Estado africanos independentes realizada em Addis-Abeba, é uma prova de que o envolvimento sul-africano nos assuntos de Angolaconstitui uma ameaça à paz na Africa Austral.A África do Sul para comentar os acontecimentos em Angola usa sempre apolítica anti-comunista, atacando o MPLA de ser comunista para poder dizer quea União Soviética está envolvida em Angola porque quer implantar o comunismoem África. Mas, por que é que a África do Sul não mandava lá a. sua tropadurante a luta armada para ãjudar os Angolanos a libertar-se do jugo colonial-fascista português? Mas fizeram o contrário! Ajudavam os colonialistas paraoprimir os donos da terra.

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«T FMPO» I-pág

E hoje d i z e m que os soviéticoquerem conquistar a Africa. Masque é certo é que a URSS muitc apoiou a libertação da Africa e nun catransformou nenhum país africa no em sua colónia. Mas a África d( Sul aindahoje oprime o povo Nami bio. Diz estar a defender a liberdad e a paz em África,mas qual liberda de se o povo namíbio ainda não es tá livre? Qual paz se aindaviola o estado independente de Angola?Os racistas sul-africanos apoiamos lacaios Savimbi e Hbolden, só porque são criados deles, não por elesterem objectivos africanos.Mas os angolanos, os africanos emgeral, conhecem claramente quais os objectivos deles.' Querem implantar emAngola, através dos fantoches da FNLA e UNITA uma base para recolonizarem aÁfrica, pois eles «são racistas, sabem muito bem que não são legitimamenteafricanos, mas sim, africanizados para enraizar os interesses ocidentais eimperialistas.Mas o povo angolapo sob a direcção da sua vanguarda, o MPLA, diz nãõ aosracistas e aos seus interesses.Nós, o Povo moçambicano estamos firmes em apoiar o MPLA até avitória final.Viva a Resistência Popular!Viva a Luta Justa Africana!Viva a cooperação com países socialistas!Viva o Presidente Agostinho Neto!Viva o Presidente Samora Machel!A Luta continua!Agostinho JQão Inguane74o Povo Unido em ..&ibe dadeComo eu o conheci Triste - sorumbático Sem força de viver. Indulente -desinteressado Por só servir outros Sem para sí-útil ser.Como eu o conheci De peles-descalçoSem pão nem lar.Vivendo à míngua Dum salário esmola P'ra. família sustentar.Como eu vi seus filhos Magros-remelados Com olhar de sofrimento. As costasDaquela Que num esforço atroz Lutava pelo seu sustento.s Se hoje é o que éÀQUELE HERÓI o deve Que se chamou MONDLAJLutou-sofreu e morreuPela sua causaPara sua Libertação.Se hoje é o que éAo SEU SUCESSOR o devQue se chama MACHEL.

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* Foi o continuador da lutaE com tanta audáciaCausou a rendição.Se hoje é o que éA tantos outros o deveImpossíveis de inumerar.Todos se chamam Frelimoc Que em luta pela mesma ci Sofreram - morreram - aFRELIMO - que todos sorUns por sofrer a guerraOutros a opressão.FRELIMO - que todos sonEngajados na revolução.FRELIMO - é o PovoE porque o Povo manda Haja serenidade ao agir.FRELIMO - é o Povo.FRELiMO - não é anarquisIndísciplina e confusão De cada um a seu querer.FRELIMO - é disciplinaOrdem e trabalhoA que todos têm de corresp9FRELIMO - nós TE agraPor nos trazeres a pazA igualidade e união.PRELIMO - nós reconheceiPor nos ter libertadoDo imperialismo e exploraFRELIMO- FRELIMO - FJ Palavra doce ao pronunciarQhe todo seu Povo sente.Do Rovuma ao Maputo Das fronteiras ao marUnidos vamos gritar - PRElL. M. 13-1-1976até quando setácombatida setiamenOs problemas de especula justiças sociais ainda campe nosso País. Osproprietários jas de mobílias, roupas, loiça tros invocam uma série de parajustificar os preços alte descarados que cobram nos artigos que vendem para que ninguém lhes 'Etoque.0 mais absurdo é que a maior par.te desses artigos são confeccionados em Moçambique, por moçambicanos semque estes beneficiem justamentedo trabalho quefazem.Te Como exemplo, citaria um casoconcreto das m o b í1 i a s que hoje custam um preço de «ouro» e apronto,pagamento.De onde vem a madeira com que

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os senhores fazem a mobília? Quem a corta e quem a trabalha? Haverá justiçapara com todos os trabalhaýdores? Não estamos a incitar ninguém para a indisciplina. Estamos, lusasim, a chamar a atenção dos senhotéa vitó- res sobre as palavras do Mualimo[ria dar. professor NYERERE:nos «No Mundo como num Estado,quando alguns são ricos porque os outros são pobres e alguns 'são poos bresporque outros são ricos, a trans.ferência d# riquezas é uma questãode direito e não de caridade».sO mais grave é que quando o nos.so povo reclama porque os preços são exagerados com a agravante de ser a prontopagamento, esses Senhores ousam dizer isto:'smo «0 camarada reclama os preços,mas o próprio Governo compra e não refila; a prestações não vendemos PorqueOS Bancos não aceitam as letras». O que é que querem dizer ao nder. falar doGoverno se o que está emcausa é o negócio com a pessoa intedecemos ressada? É fácil adivinhar a inten.ção...Outra coisa que está a subir assusnos tadoramente é o vestuário e o calçado,razão porque a Rádio tem vinção. do a anunciar a abertura de maisBotiques, mais Sapatarias, mais caIELIMO sas de modas e nunca anunciaabertura de Escolas de Formação Profissional! Já no Governo de Transição não'tinham Sido congelados os preços, pelo menos de alguns artigos? ENTE!Outro mistério é sobre a falta de géneros alimentícios. Se há falta por que é quenas bichas só se vê uaseR. Paiva uma só camada social? Como é queos outros se abastecém?A minha sugestão era de que ostrabalhadores das diversas profissões se organizassem em cooperativas, uma dasvias mais seguras de combater a especulação. Quanto às ou.te? tras actividades, cabe ao público emgeral denunciar os especuladores e ção, in- em particular às autoridadescompe,iam no tentes que devem neutralizá-los.das loas e ou- Viva a vigilância popular!coisas A Luta continua!tf.sirn n A. SamuelIssimos A. Samuel«TEMPO» n." 280 - pág. 4

Foi comemorado no passado dia 3de Fevereiro, o Dia dos Heróis Moçambicanos.Em todo o País, nas capitais provinciais e nas sedes de distrito além dascerimónias oficiais, o Povo engajado nos respectivos grupos dinamizadores dos

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seus bairros, levou a cabo várias manifestações culturais, tais comocanções,'danças, peças tea'trais e leitura de poemas.Teve lugar na capital do País umareunião com as massas, presidida pelo Camarada Presidente Samora MoisésMachel, que decorreu na Parte da manhã na Praça dos Heróis Moçambicanos.Esta reunião teve como início a colocação de flores no Monumento aos HeróisMoçambicanos, seguindo-se o cumprimento do minuto de silêncio em recordaçãodos Heróis que morreram durante a guerra de libertação. Nesta mesma reunião, oCamarada Presidente Samora Machel, proferiu um importante discurso quepublicamos na integra noutrolocal.Entretanto, no decorrer do dia realizaram-se manifestações a nível dos diversosbairros, organizados pelos seus respectivos grupos dinamizadores. Por outro lado,com a reabertura da sala de espectáculos do Cine.Teatro Scala, o Grupo Cénicodas Forças Populares de Libertação de Moçambique, estreou a peça «Javali-Javalismo» sob a Direcção do Serviço Nacional de Cinema.. NA CIDADE DA BEIRASob a orientação dos membros do Partido e do Governo-Provincial, decorreu umareunião Polico-Cultural na M a n g a, em comemoração da grande data para ahistória moçambicana. O resto do dia foi preenchi. do co1h diversas manifesttçõesdentre as quais uma peça de teatro, organizada pelas Forças Populares,historiando a criação da FRELIMO até ao assassinato do Camarada EduardoChivambo Mondíane, primeiro Presidente da FRELIMO. Também teve lugar umdesfile no qual participaram elementos das FPLM, Corpo de Polícia e a populaçãoque não deixou de ostentar cartazes alusivos a este dia e as respectivas bandeirasdo Partido e Nacional. Assinalou o fim das comemorações, o Grupo Coraldaquela província, numa sessão cultural que teve lugar no Pavilhão de Desportosdo Clube Ferroviário da Beira.NO CHIMOIONa província de Manica, teve lugar pela manhã, um comício após o içar daBandeira Nacional na Praça da LiD)erdade sita no Chimoio seguindo o desfile dosfestejos populares para o campo municipal daquela cidade, onde se processaramvárias manifestações. Incluiu-se no programa dos festejos um torneio de futebolque não se chegou a concluir devido à chuva torrencial que se registou naquelazona. Também pela mesma razão, não se chegou a realizar um festival culturalque deveria tomar lugar no mesmo local. No entanto à noite, no cinema Montalto,realizou-se uma sessão de teatro revolucionário, finalizando as comemoraçõesnesta cidade.NAMPULANesta província, o 3 de Fevereiro foi assinalado num clima de grande sentimentorevolucionário. No distri'to de Memba, as manifestações preencheram todo o diacom a abertura de uma machamba popular, a que se deu o nome de «MachambaHeróis da Libertação de Moçambique», seguindo-se um comício e diversasactividades culturais. Em Angoche, após um grandioso desfile, onde seintegraram elementos da população e das FPLM seguiu-se uma reunião, durante a

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qual elementos da população, do Partido e das FPLM leram várias mensagensalusivas à data.No Mossuril, as comemorações tiveram lugar de 1 a 3 de Fevereiro, sendo desalientar que no próprio dia 3 as populações engajaram-se em tarefas agrícolas emespecial na machamba «25 de Setembro» sita naquele distrito, preenchendo aparte da tarde com actividades culturais, que tiveram lugar no decorrer de umcomício.Por outro lado, na capital da província, desenvolveràm-se diversas actividadesalusivas ao 3 de Fevereiro, que tiveram inicio na noite da véspera. Como nosoutros distritos, a população da capital, enquadrada nos seus respectivos GruposDinamizadores, exerceu'na parte da manhã, trabalhos de produção agrícolarespectivamente nas machambas colectivas «3 de Fevereiro» e «25 de Setembro»,após uma concentração no estádio municipal.Por outro lado, as FPLM desenvolveram idêntica t a r e f a na sua ma. chamba,sita no Círculo de Nova Cha.ves. Após as diversas actividades que se processaram na parte da tarde, ascomemorações terminaram à noite num programa que decorreu no Pavilhão deDesportos e nos cinemas Militar e Almeida Garrett, compreendido demanifestações culturais focando aspectos da Luta de Libertação Nacional, dançasfolclóricas e cantos revolucionários.DELEGAÇÂODA FRELIMOENVIA MENSAGEMYPor ocasião do 3 de Fevereiro de 1976, dia dedicado aosHeróis Moçambicanos, a Delegação da Frente de Libertação de Moçambique naReDública Unida da Tanzania, enviou a seguinte mensagem: «Em comemoraçãodo dia 3 de Fevereiro, dia em que o primeiro Presidente da FRELIMO, dr.Eduardo Mondlane foi cruelmente assassinado pelo imperialismo internacional,militantes da FRELIMO a f e c t o s em Dar-Es-Salaam - Tanzania - junto depopulações moçambicanas, foram ao túmulo onde jazem os restos mortais doCamarada MöndIane para colocar ramos de flores ao redor da campa.O dia 3 de Fevereiro é dia histórico para o povo moçambicano, pois que é o diaem que, na frente de 'batalha, caiu o grande combatente Camarada Mondlane.Esse dia é honrado em todo o Moçambique e foi declarado Dia Nacio nal, Dia dosHeróis e Combatentes da Liberdade. Todo o Povo Moçambicano recorda o dia 3de Fevereiro e lembra-se da vida do Camarada Mondlane, cuja tarefa de Unidadefoi capaz de guiar todo o povo, de norte a sul, do Rovuma ao Maputo, até à vitóriafinal.Foi Mondlane que deu a prova viva da Unidade do povo. Pela vitória quecontamos hoje. merece todo o respeito; esse companheiro, combatente firme daliberdade. Os militantes da FRELIMO na Tanzania, assim como todo o povomoçambicano, prestam homenagem ao herói e combatente Eduardo Mon. díane.Viva a FRELIMO!Viva o primeiro Presidente, Eduardo Chivambo Mondíane!Vivam os combatentes sacrificados pela Liberdade!A Luta continua!Representação da FRELIMO na

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República Unida da Tanzania!3 de Fevereiro de 1976.»«TEMPO»Y n. 280- pd9. 5ANA A SEM

Foi enviado pelo Secretariado do Conselho de Ministros para publicação noBoletim da República, o seguinte Decreto-Lei:As cidades e os aglomerados populacionais sãò uma das estruturas que maisforam marcadas pelo estigma da discriminação racial e social e da exploraçãocapitalista no nosso país.Elas reflectem de uma maneiragritante todas as contradições, injustiças, divisões e preconceitos da sociedadecolonial portuguesa baseada!'no racismo e no capitalismo. A população vivedividida segundo araça, cor da pele e classe social.Ao mesmo tempo o direito ao alojamento que corresponde à satisfação de umanecessidade essencial e elementar de cada cidadão e da sua família, é objecto deuma especulação sem limites que conduz ao enrique<cimento escandaloso de umcerto sector da burguesia colonial.O povo moçambicano continua assim, apesar da conquista da sua independênciapolítica a ser discriminado, hunilhado e explorado no seu próprio país, a mais dasvezes por aqueles mesmos que durante todo- o perÉodo colonial foram agentes,cúmplices ou beneficiários passivos da situação colonial.Esta situação de discriminação e de exploração é incompatível com os objectivosda República Popular de. Moçambique e com a dignidade e liberdade do povomoçambicano. Nestes termos e ao abrigo do disposto na alinea c) do artigo 54.°da Constituição, o Conselho de Ministros decreta:Artigo l.o- Cada família tem direitoa ser proprietária da sua própriahabitação.Artigo 2.0 - 1 Só o Estado pode arrendar imóveis.2 - Em casos excepcionais em que ocorram razões de interesse social o Estadopoderá autorizara sublocação.3-Mantêm a sua -validade os contratos de arrendamento, anteriores celebrados,subtituindo-os o Estado aos senhorios relativamente aos imóveis que para sirevertem nostermos do presente decreto-lei.Artigo 3.° - 1 Reverte para o Estado de Moçambique a propriedade sobre~imóveis pertencentes a estrangeiros que não tenham o seu domicílio naRepública Popular de Moçambique.2- Caducam os direitos imobiliá,rios constituídos a favor dos estrangeiros nãodomiciliados em Moçambique.3-Para efeitos do disposto no presente Decreto-Lei considera-se que não seencontra domiciliado«TEMPO» n.A 280 - pdg. 6

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em Moçambique todo o individuo que já esteja ou venha a estar ausente do País,por um período superior a noventa dias sem estardevidamente autorizado.Artigo 4.0 - 1 O disposto no número anterior é aplicável às pessoas colectivas ouSociedades estrangeiras.2-Consideram-se estrangeiras as pessoas colectivas ou Sociedades em que amaioria do capital oudos sócios sejam estrangeiros.3- Exceptuam-se do disposto no número 1 do presente artigo as pessoas colectivasas Sociedades estrangeiras que, estando legalmente autorizadas a exercer naRepública Popular de Maçambique as actividades que constituem o seu objectivosocial, necessitem dos respectivos imóveis tendo ematenção aquele objecto sociale na medida das suas necessidades.4 -As acções ou partes sociais em Sociedades imobiliárias de estrangeiros nãoresidentes em Moçambique revertem fiara o Estado.Artigo 5.0 - 1 O disposto no número 1 do artigo-3.° é também aplicável aosMoçambicaos residentes no estrangeiro e que não se encontrem ao Serviço doPaís, ou não estejam a tal deidamente autorizados pelas autoridadescompetentes .2-Para efeitos do disposto no número anterior, considerar-se-á que não têmautorização os Moçamrbicanos que, residindo já no estrangeiro, não a obtenhamno prazo de 180 dias a contar da publicação dopresente Decreto-Lei.Artigo 6.f - 1 Revertem imediatamente para o Estado todos os prédios derendimento ou partes deles.2--Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se prédios derendimento todos os edifcios que, sendo destinados a habitação ou outros fins,designadamente comércio, indústria ou agricultura, não sejam ocupados pelosproprietários ou por usufrutuários.3-Não é aplicável o disposto no número 1 aos prédios ou partes deles de pessoascolectivas Ou sociedades nacionais que necessitem dos respectivos imóveis, tendoem atenção o seu objecto social, e namedida das suas necessidades.As Sociedades imobiliárias Moçam-.bicanas é aplicado o disposto nonúmero 4 do artigo 4.0.- Artigo 7.0 - 1 A reversão referidanos artigos 3., 4.0 e 5.0 do presente Decreto-Lei, opera-se sem direito aqualquer indemnização.2- A reversão referida no artigoOf do presente Decreto-Lei só dará direito a indemnização se o proprietárioprovar que o capital próprio investido no imóvel não se encontra amortizado pelorendimentojá obtido.

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3-A indemnização prevista no número anterior será fixada por despachoconjunto dos Ministros das Finanças e das Obras Públicas e Habitação, e nãopoderá exceder o valor do capital próprio ainda não amortizado pelo rendimentojá obtido.4--Os proprietários que se julgarem com direito a serem indemnizados nos termosdeste Decreto-Lei, deverão reclamar as indemnizações juntando as respectivasprovas, no prazo de sessenta dias.O Ministro das Obras Públicas e Habitação poderá, no entanto, em casos queconsidere devidamente justificados, aceitar reclamações mesmo depois dedecorrido aquele prazo, e até seis meses a partir da data da publicação do presenteDecreto-Lei.5.-0 pagamento das indemnizações será regulamentado por Portaria conjunta dosMinistérios das Finanças e das Obras Públicas eHabitação.Artigo 8.0 - O Estado asseguraráuma renda vitalícia aos proprietários que at4 à data da publicação deste Decreto-Lei tenham como necessário meio de subsistência o rendimento de imóveisabrangidos pelo presente Decreto-Lei e que, por virtude da idade ou condiçãofísica não possam ter outro meio de subsistência para si e familiares deledependentes. O mesmo direito poderá ser reconhecido a outros beneficiários dorendimento dos imóVeis que revertem para o -Estado.Artigo 9.' - Os contratos-promessas que respeitenf a direitos imobiliáriosproduzirão .os seus efeitos desde que se prove a anterioridade de celebraçãodesses contratos em relação ao início da vigência do presente diploma, e nãocontrariam as limitações por ele estabelecidas quanto ao direito à propriedadeimobiliária.Artigo 10. - i Todo aquele que seia proprietário de uma habitação e que pormotivo justificado mude de local de residência, não perde o direito ao imóvel quelhe pertence.2--O Estado promoverá o arren.damento, ficando o proprietário com direitd a receber tal renda até ao montantesuportãd pelo proprietário no: local aonde for residir. Artigo 11_ O-' O individuosque à

data da publicação do presente Decreto-Lei sejam proprietários de imóveis masresidam noutro imóvel arrendado ou não, poderão no prazo de trinta dias virdeclarai qual, o imóvel que pretende fazer sua habitação. Dessa opção. será dadoconhecimento ao inquilino que deverá desocupar o prédio no prazo máximo denoventa dias semdireito a indemniação.Artigo 12.' - 1 Não podem ser vendidos, cedidos, permutados, doados, oneradosou por qualquer forma alienados imóveis ou direitos sobre imóveis sem préviaautorização do Estado que gozará sempredo direito de preferência.2 - A autorização a que se refere 6 o número anterior será dada pelo Ministro dasObras Públicas e Habitação.

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Artigo 1. - 1 Além do direito reconhecido no artigo 1.0 será igualmente licita apropriedade de uma casa ou apartamento em local depraia ou de campo.2- Os locais a que se refere o número anterior serão definidos por despacho doMinistro -da Indústriae Comércio.Artigo 14.° - Numa mesma localidade, ninguém poderá manter para habitaçãoprópria, mais do que um fogo, salvo nos casos em que lhes seja dada umautilização normal e adequada, sendo para tal necessária a obtenção de autorizaçãodo Ministro das Obras Públicas e Habitação.Artigo 15.- - 1 Aos proprietários cujos imóveis, por força deste Decreto-Leirevertam -para o Estado, é facultado reclamarem, por si ou seus procuradores, noprazo de 60 dias a entrega dos móveis ou' equipamentos nelas existentes, desdeque não se encontrem incorporados nos respectivos prédios e possam ser retiradossem prejuizodos mesmos prédios.2-O disposto no número anterior não é aplicável ao mobiliário ou equipamentocuja amortização esteja incluída no valor da renda doimóvel.Artigo 16.0 - 1 Os imóveis em construção cujos proprietários apresentem provasda sua utilização futura -pelos próprios para habitação ou outros fins,designadamente comércio, indústria, ou agricultura não serão abrangidos pelodisposto nos números 1 e 2 do artigo 6.o.2-Para efeitos do disposto no número anterior, deverão os proprietários promovero prosseguimento normal das obras dos referidos imóveis em construção, numprazb de trinta dias, sob pena de ficarem abrangidos pelos números 1 e 2 doartigo 6.0..3-As provas a que se refere o número 1 do presente artigo deverão ser presentes,para sancionamento, ao Ministro das Obras Públicas e Habitação.Artigo 17.0 - 1 Diploma regulará os órgAps de execução do presente Decreto-Lei,sua composiçãoi competência e atribuição. 2-Após a publicação do presenteDecreto-Lei e até à criação dos órgãos referidos no número anterior, competirá aoMontepio de Moçambique receber, cobrar e administrar as rendas e os imóveisque passam ou passem a constituir propriedade do Estado e proceder à sua vendaou arrendamento de acordo com as orientações que lhe forem definidas pordespacho conjunto dos Ministros das Obras Públicas e Habitação e das Finanças.Artigo 18.0 - 1 Todos os proprietários de imóveis ou titulares de direitosimobiliários, bem como os seus representantes ou mandatários, deverão declararno piazo de trinta dias a situação das respectivas propriedades no dia anterior-à ele entrada em vigor deste Decreto-Lei, preenchendo e entregando o modelo deficha que lhes será facultado no Montepio de Moçambique.2- A violação do disposto no número anterior sujeitaos infractores a uma pena demuita de 200 a 10 mil escudos.Artigo 19.* - As fichas, reclamações ou declarações re-Por ocasião do 4 de Fevereiro, aniversário da Luta de Libertação desencadeadapelo Movimento Popular de Libertação de Angola, o Presidente da República

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Popular de Moçambique, Samora Machel, endereçou a .seguinte mensagem aoPresidente da República Popular de Angola, Agostinho Neto:«Camarada Agostinho NetoPresidente do MPLAPresidente da República Popularde AngolaLUANDA:A FRELIMO, o Conselho de Minis tros da Repúbl4ca Popular de Moçambique eo povo moçambicano com grande alegria partilham frater, nalmente a festa doPovo angolano e felicitam com o maior calor o MPLA, o Governo angolano, porocasião da data gloriosa de 4 de Fevereiro.O 4 de Fevereiro marca o início da passagem a uma fase superior da resístênciados povos das antigas colónias portuguesas. O MPLA teve o mérito histórico de'ter dirigido as massas angolanas na tarefa exaltante de desencadear a luta armadade libertação.feridas no presente diploma pbderáão ser entregues ou remetidas por via postal,em carta registada com áviso de recepção, ao Ministério-das Obras Públicas eHabitaou suas Direcções Provinciais. Artigo 20.o - No corrente mês de Fevereiroé excepcionlamente prorrogado até ao dia ý20, o prazo de pagamento de rendas.Artigo 21.o - Sem prejuízo de outras sanções que venham a ser fixadas, os actosou contratos celebrados em violação do disposto no presente Decreto-Lei serãonulos e de nenhum efeito.Arigo 22.0 - A competência atribuída no presente diploma aos Ministros dasFinanças e das Obras Públicas e Hàbitação pode por estes ser de-legada.Artigo 23., - As dúvidas a que a execução do presente Decreto-Lei der lugar,serão resolvidas por despacho do Ministro das Obras Públicas e Habitação.Artigo 24.0 - O presente diploma produz efeitos a partir do dia 3 de -Fevereiro de1976, Dia dos Heróis Moçambicanos. Aprovado em Conselho 'de Ministros.PUBLIQUE-SE.O PRESIDENTE DA REPÚIBLICA,Samora Moisés MachelHoje, vencido o colonialismo, o povo angolano, dirigido pelo MPLA, demonstraque a única via para preservar a independência, unidade .e integridade da Pátria éa recusa intransigente de capitular perante as exigências do inimigo e adeterminação em rechaçar a agressão inimiga. De novo o povo-irmão de Angolacelebra o 4 de Fevereiro num ambiente de guerra, guerra contra as agressõesracistas, os seus mercenários e lacaios.A FRELIMO, a República Popular de Moçambique e o povo moçambicano nocombate de hoje, como no de ontem, mantêm-se firmes e solidários qo lado dosseus camaradas de armas do MPLA, da República Popular de Angola e do povoangolano. Saudamos com alegria particular a aamissão da República Popular deAnqola. no seio da Organização da Unidade Africana.Saudações fraternais e revolucionárias. Alta consideração, A Luta continua.Samora Moisés Machel Presidente da FRELIMO Presidente cta RepúblicaPopular de Moçambique».«TEMPO» n., 280 - pdg. 7

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O navio soviético «Proiesso- Me. syatsev», que se encontra sob o programadeterminado pela FAO com o objectivo de investigar as reservas biológicas aolongo da costa oriental de África,' incluindo Moçambique, atracou pela primeiravez no porto da, cidade do Maputo, no passado dia 9 de Fevereiro, pelas 11 horase 30 minutos.Este navio, científico para estudos bio-oceanológicos, está equipado com dezlaboratórios onde se encontram a trabalhar presentemente doze cientistas.Na mesma tarde da sua atracagOm, foi visitado por representantes dos Ministériosdos Negócios Estrangei'ros e dos Transportes e Comunicações, respectivamente,José Lobo e Levi Mutemba, acompanhados pelo representante permanente daONU no nosso Pais, Anthony Balensky e por Pietr Eusivkov, embaixador daUnião Soviética em Moçambique. Nesta visita tiveram lugar vários discursos,nos quais os representantes soviéticos focaram vários elementos positivosadquiridos nesta operação, o significado político da mesma, e as operações queterão lugar no futuro. Por sua vez o representante do Ministério dos NegóciosEstrangeiros de Moçambique, agradeceu as palavras de todos quantos sepronunciaram, e desejou boa continuidade neste gesto de cooperação entre osnossos países.É de salientar que além dos 78 soviéticos que se encontram neste barco,completam a tripulação, 2 representantes da Tanzania e 4 do Quénia.Este barco deixará o nosso porto no dia 16, e voltará dentro de meio ano, paracontinuar com o seu trabalho, do qual se espera bons resultados.Monento em que os representantes dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros edos Transportes e Comunicações, acompanhados pelo represeWtante da OUA epelo Embaixador da URSS em Moçambi, que, entravam para o navio SoviéticoPela manhã do passado dia 5 de Fevereiro, o Alto-Comissário das Na. çõesUnidas para os Refugiados, integrado no programa geral de cooperação com oGoverno da República Vopular de Moçambique fez a entm«TEMPO» n.. 280 - pág. 8ga de um total de 15 caniões, no montante de 7 168 500 escudos, ao Ministério doDesenvolvimento e da Planificação Económica. No Parque NOLcional deViaturas na capital, ondo jff se enccntravamquatro dos referidos camiões, efectuou-se o acto de entrega, estando presentes orepresentante do Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados emMoçambique, dr. Hugo Odoya e João Baptista Cosme, responsável pela DirecçãoNacional para a Cooperação Internacional no Ministério do Desenvolvimento' eda Planificação Económica em Moçambique.Esses camiões, serão utilizados no transporte e redistribuição dos refugiadosregressados dos países vizinhos, assim como no transporte de génerosalimentícios e vestuário.No decorrer do Programa de Cooperação com o nosso Governo, é de salientarque o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, já colaborou norestabelecimen. to de cerca de 75 mil refugiados regressados voluntariamente daTanzania, Zambia, Malawi e Rodésia, após o 25 de Abril.

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Este programa, além da redestribuição dos refugiados regressados do& paísesvizinhos, engloba o restabelecimento de alguns elementos que por ocasião doGoverno colonialista português e a sua política de opressão, foram deslocadospara os «aldeamentos.»Destinados à recuperação de viaturas do Estado envolvidas nestas operaçõesincluem-se 9800 contos para aquisição de peças e sobressalentes e por outro lado7722 contos consignados a compra de carros de todo o tipo, necessário para essasoperações.Por ocasião do 28.' aniversário da criação do Exército Popular da Co' reia, aembaixada daquele país emO represetante do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular deMoçam0iqu.e quando cumprimentava o ghcarregado de Negócios daEmbaixada da República Popular da Coreia no nosso País, momentos antes daexibição do filme que assinalou a comemoração do 28.' aniversário da fundaçãodo Exér. cito Popular da Coreia.

Moçambique exibiu, pelas 20 horas, do passado dia 7, numa das salas deespectáculos do Maputo, um filme in. titulado: «Azálea na Retaguarda doInimigo».Estiveram presentes a esta sessão, para além de um representante,do Ministro ,dosNegócios Estrangeiros da Repúblioa Popular de Moçambique; o Presidente daComissão Administrativa da Câmara Municipal do Maputo; o Director Nacionalda Cultura, e outros membros do Partido, Forças Populares e Governo; enumerosos membros do corpo diplomático acreditado em Moçambique.«Azáleo na Retaguarda do Inimigo» é um filme feito no princípio desta década eque se reporta a alguns acontecimentos reais durante a luta travada pelo povocoreano e em particular operários e camponeses organizados no Exército Popularda Coreia contra a agressão imperialista comandada pelos Estados Unidos daAmérica.A fundação do Exército Popular daCoreia, a 8 de Fevereiro de 1948, pelo Presidente Kim II Sung, constitui umimportante marco na luta pela libertação dos povos oprimidos, partièularmente dopovo coreano e dos povos da Asia pois, sob a ideia de contar com as própriasforças, os exércitos dos agressores americanos e dos seus lacaios sofrerampesadas-derrotas.Desta forma, ao alcançar a libertação da zona norte da Coreia, iniciou-se odeclínio do domínio americano naquela zona da Ásia. Levando a cabo a linhamilitar de auto-defesa, este exército respondeu sempre com determinação àsprovocaç8es imperialistas efectuadas por exércitos munido de armamento ultra-moderno.É, pois, assim, que se por um lado a natureza agressiva do imperialismo apareciacada vez mais clara, por outro, revigora-se o sentimento revolucionário dasamplas massas trabalhadoras, não só coreanas mas também de outros Povos.

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Aspecto da sessão de encerramento do primeiro curso de jornalismo quando oCamarada Jorge Rebelo entregava a um dõs participantes o livro de Lenine«Informação de Classe»O nosso critério é a prática. Não nos satisfaz que saibam repetir as teorias deMarx, Lenine e Mao Tse tung. Essa teoria é uma base, mas é na prática queverificamos sé'tudo o que foi dado foi correcta, mente aprendido.Com estas palavras, o Camarada Jorge Rebelo, membro dos Comités Central eExecutivo da FRELIMO e Ministro da Informação, sintetizou a linha mestra quese pretendeu dar a este primeiro curso de Jornalismo, que terminou no passado dianove.A abrir a sessão de encerramento falou Um doa 9 participantes do curso, que,começou por definir o objectivo principal do jornalismo:«4s condições em que vamos trabalhar, as dificuldades que vão sur-gir não terão, em alguns casos uma solução imediata e eficaz. Mas, sob a direcçãoda FRELIMO e segundo a linha política traçada, nó! estamos dispostos a lutarsempre que a Informação seja realmente posta ao serviço do povo. Queremoscontribuir para que seja difundida correctamente a prática e a ideologia dostrabalhadores moçambicanos de mo do a criar uma Informação de classe... Ojornalista é um trabalhador engajado no~sariamente no proces-so revolucionário do povo de Moçambique pelo que o exercício do seu trabalhotem um só objectivo: o de servir as largas massas camponesas e operárias donosso país através da comunicação das realidades da Revolução Moçambicana emtermos de formação e informação. O jornalista deverá ser pois um militantepoliticamente engajado na Revolução.»Após ter diferenciado o jornalismo colonial daquele que agora se pretendeenquadrado dentro dos objectivos traçados e aplicados pelo Departamento deInformação e Propaganda da FRELIMO durante os dez anos de ,guerra, o mesmoparticipante fez uma análise do que foi este curso, as dificuldades e obstáculos porque passou nas suas duas fases: a primeira de Fevereiro de 75 até à data daindependência e a segunda desde Agosto do ano passado até agora: «Nageneralidade a primeira fase foi constituída pela experiência prát!cw nos Jornais ena Rádio Moçambique e por um aumento de conhecimentos teóricos de váriasmatérias, que foram ministradas nas Faculdades da Universidade do Maputo e quetiveram a finalidade de dar-nos uma vi~&o mais correcta das realidadesmoçambicana e universal, fazendo-nos avançar no conhecimento político ecientífico com o apoio também de grupos de estudo entretanto criados. A segundafase foi caracterizada por uma reestruturação radical do programa inicialmenteestabelecido com vista a um melhor aproveitamento dó tempo e das nossaspossibilidades, tendo sido dada prioridade à formação político-profissional, s u bmetendo a técnica aos objectivos da linha política da FRELIMO».Falou em seguida o Camarada Jorge Rebelo que começou por dizer:«Houve momentos em que pensamos que este curso ia fracassar. Momentos emque pensamos encerrá-lo e dispersar os membros participantes; e isto devido arazões objectivas e humanas, não só de carácter material, mas tâmbém pela faltade organização .e de método e pelo f r a c o aproveitamento- d o s participantes,originado sobretudo por uma ausência de preparação política correcta e sólida».

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Contextuando esta afirmação o (amarada Jorge Rebelo referiu-se à origempequeno-burguesa dá moioria dos participantes, o que não impediu que na práticanão tivesspm podido «interiorizar a linha política da FRELIMO e ultrapassar Psdifculdades». Em segida, referindo-se à orientação que foi dada ao curso oSecretário do DIP da FRELII'O afirmou: «Queremos saudar o trabalhodesenvolvido pelo Camarada Mota Lopes, o impulsionador do curso; queremosfelicitá-lo e encorajá-lo na organização de novos cursos».NOVO CURSO EM MARÇOO Camarada Jorge-Rebelo anunciou depois a abertura para Março de«TEMPO» n.A 280- pdg. 9

um novo curso que obedecera a uma selecção cuidadosa dos participantesprovenientes de todas as províncias do País, p a r a que houvesse umapreocupação qualitativà na organização de quadros a nível do Ministério daInformação e do Partido.Nesta fase da Revolução apresentam-se duas opções: de um lado ir buscarelementos tecnicamente capazes às camadas mais privilegiadas, elementos quetiveram uma preparação educacional dentro dos moldes antigos; do outro procurarelementos das classes exploradas, tecnicamente imperfeitos mas directamenteligados à realidade da grande maioriado povo Moçambicano.«Os participantes serão seleccionados porque a nossa experiência mos trou quepara o sucesso e a onsolidação do Poder Popular Democráti.co, temos de ir ao Povo e dele escolher os elementos que irão realizar as tarefasfundamentais do Estado...a experiência já deu a resposta. Se queremos avançar na Revolução teremos de irbuscar elementos às classes populares. A Revolução só avança por caminhosrevolucionários é desta maneira que temos de proceder: ir às classestrabalhadoras, pois só elas poderão fazer eco do que o povo sente e assimexprimir e reflectir as aspirações populares. E não só no que diz respeito ao sectorda In. formação, mas a todos. Ir às classes exploradas e aí recrutar os elemen tosque vão desempenhar tarefas do nosso Estado e da nossa Sociedade. Este é ocaminho a seguir e que vai determinar- todo o critério dos cursos futuros.»Os nove elementos que agora, terminaram o curso vão ser colocados nasprovíncias para ai dinamizarem o sector da Informação do Partido, permitindo aosmilhões de Moçambicanos -que não e s t ã o em contacto com as áreas maisdistantes da sua região a possibilidade de virem a beneficiar de informações muitoimpor. tantes tanto materiais como políticas. Os poucos órgãos de informaçãoexistentes no país sofrem também de uma grande falta de conhecimento co que sepassa nas áreas mais remotas da nação, estando desse modo impossibilitada afeitura de uma análise completa do processo revolucionário. Daí nascem faltasgraves tanto informativas como analíticas oue só a generalização a todo o pae dotrabalho da imprensa falada e escrita poderão suplantar. Põe-se, portanto aqui anecessidade de um intercâmbio entre estes elementps e os órgãos de informaçãoexistentes, no caminho correcto para uma informação objectiva e diversificada.

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No final da sessão de encerramento do curso o ministro Jorge Rebelo entregou acada participante o livro de Lenine «Informação de Classe» e desejou-lhes osmaiores sucessos no desempenho das suas funções junto do povo Moçambicano.«TEMPO» n.1 280 -pdg. 10COOPERAÇÃO TÉCNICA BHULGÁRIA-MAMBIQUENo âmbito dos acordos de cooperação traçados entre o nosso Pais e a Búlgária,encontram-se em Moçambique dez técnicos búlgaros, oferecendo apoio no campoagro-pecuário, no sentido de colaborar no programa para levantamento económicodo nosso País - plano de Reconstrução Nacional para a liquidação da fome, nudeze miséria.A cerimónia de apresentação teve lugar no Ministério da Agricultura, na tarde dopassado dia 5 de Fevereiro, onde usaram da palavra Vlasdis. lav Videnov, enviadoespecial do Conselho de Estado da Bulgária em Moçambique,'e Jorge Tembe,responsável do Ministério da Agricultuira, quepresidiu à reunião. Em primeiro lugar usou da palavra o enviado especial búlgaro,que além de focar o significado político desta operação, falou da ajuda que aBulgária estará sempre pronta a oferecer a Moçambique, como sempre o fezdesde a Luta de Libertação Nacional. Continuando no uso da palavra, sublinhou aimportância do primeiro passo, na realização sobre a cooperação mútua no sectoragrícola entre a República Popular de Moçambique e a República Popular daBulgária, objectivo d4 presença deste primeiro grupo de técnicos especialistasneste sector. Acrescentou ainda que, além deste, serão enviados da Bulgária,grupos uns atrás de o u t'r o s, constituídos por médicos, agrónomos, veterinários,economistas, hidro-engenheiros, e outros. Acabou por dizer que os TécnicosBúlgaros acreditam completamente queas palavras de ordem da FRELIMO- Trabalho, Disciplina Revoluciondria e a Unidade da Nação - se tornarão numaforça material, que permitirá a transformação de um Moçambique pobre para umMoçambique forte e economicamente desenvolvido.Em resposta às palavras de Vlasdislav Videnov, o Camarada Jorge Tembe,começou por agradecer em nome do Ministério da Agricultura, a presença detécnicos búlgaros no nosso pais, integrados no plano de cooperação, no campo deagricultura, assim como noutros. Falou também da confiança que os camponesesmoçambicanos depositam nos técnicos búlgaros na ajuda que nos' oferecem e quereconhecemos não ser a sua ajuda interesseira, mas sim de espirito de militância.Apontou a província de Gaza como o potencial agrícola do nosso Pais, nosdistritos de Chócuè e Xai:Xai, sem se ter no entanto, que desprezar as outras.Focou as oificuldades que se encontrarão nessas zonas, mas que, o Povo,consciente da importância des. ta operação, saberã aproveitar a sua ajuda, naresolução de todos os pro. blemaý que possam vir a surgir. Acabou por.desejar-lhes boa estada entre nós, especialmente entre os camponeses da província deGaza que serão os principais beneficiados no aproveitamento das suasexperiências, e desejou-lhes também muito bom trabalho durante a sua estada nonosso País.PRESIDIDA pelo Camarada Presidente Samora Moséis Machel, teve início natarde do passado

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dia I, quarta-feira na capital do país, a 8.8 Sessão Alargada do Comité Central daFRELIMO. Esta reunião, que se realiza pela primeira vez na cidade dó Maputoapós a conquista da inOdependência nacional, decorre no edifício da ex-Sociedade de Estudos, tendo estado presentes à 'essão de abertura os membros doComité Central e Executivo das Forças Populares de Libertação de Moçambiqu8,da O.M.M., do Governo e ainda lornalistas nacionais e estrangeiros acreditadosno País.A 8. Sessão do Comitê Central da FRELIMO, que se prolongará por uns dias paradiscussão dos vários pontos inscrifos na agenda de trabalho, efectua-se nummomento importante para o avanço da Revolução Moçambicana e Africana, nummomento em que é preciso abalar novamento toda a super-estrutura inimigaexistente na mente e no comportamento de muitos quadros militantes e cidadãos,num momento em que é necessário uma vez mais *detectar e neutralizar ainfiltração imperialista no seio das estruturas do Partido, do aparelho de Estado eentre as massas, conforme salientou o próprio Camarada Presidente no discursoda sessão de abertura.Por outro lado, e, finalmente, o Comité Central vai decidir sobre a próximarealização do III Congresso da FRELIMO.Por motivos técnicos *resultantes dos tempos programados para a feitura derevista, não foi pos. sina inserirmos neste número, a reportagem completa sobreeste. grande acontecimento político nacional, o que faremos na p?óxima edição.

Dado o seu interesse, publicamos hoje a Intervenção fçita pelo CamaradaArmando Panguene, Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros da RepúblicaPopular de Moçambique, na Conferência da OSPAA que, como noticiámos emediçêo anterior, se realizou em Luanda.Dirigindo-se a todos os participantes, Armando Panguene, que chefiou adelegação do nosso país àqueles trabalhos, sob os auspícios da Organização deSolidariedade dos Povos de Africa e Asia, começou por saudar o 47.0 Estadomembro da OUA: a República Popular de Angola. A seguir, afirmou: «Queríamostambém transmitir ao heróico Povo Angolano, ao MPLA e à RPA as maiscalorosas, fraternais e solidárias saudações da FRELIMO e do PovoMoçambicano. Aproveito a ocasião para felicitar o Povo Angolano e o MPLApelo 4 de Fevereiro, o 15.0 aniversário do desencadeamento da luta armada, datahistórica na luta de libertação da Africa e de todos os povos oprimidos do Mundo.Data histórica que é comemorada pela primeira vez em Angola independente.«Saudamos a brilhante iniciativa do Secretariado da OSPAA de ter convidadoesta conferência no solo angolano independente, em Luanda, capital da RepúblicaPopular de Angola.Depois de estudar igualmente todos os participantes à conferência, o nosso vice-ministro dos Negócios Estrangeiros salientou que ali estavam todos reunidos paraem conjunto com os nossos companheiros de arma7s do MPLA, vivermos deperto as realidades actuais em que vive o povo angolano.E depois:«Trocafmos experiências que melhor poderão orientar e coordenar os nossosesforços e a nossa solidariedade militante de maneira a podermos melhor

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contribuir para a consolidação da independência da República Popular de Angola,para intensificação do combate contra os grupúsculos ýda FNLA e UNITA,agentes do imperialismo».A seguir, afirmou:«Devemos condenar energicamente a agressão sul-africana contra a-RepúblicaPopular de Angola. Que as FAPLA - braço armado do MPLAcontinuem a aplicar os golpes fatais às tropas sul-africanas ocupacionistas, demaneira a que a sua derrota tenha repercursões significativas no seio das massastrabalhadoras oprimidas da Africa do Sul. Prosseguihdo, disse Panguene: «Édever de todos nós contribuirmos por todos os meios para que essa agressão sejacompletamente esmagada. Este momento é propício para nos reunirmos eestudarmos as tarefas que nos impõe actualmente no mesmo apoio ao PovoAngolano.«Primeiro, por que a RPA acaba de conquistar uma vitória maior sendo o 47.'estado membro da OUA. Esta vitória é também a vitória de todas as forças epovos progressistas africanos e de todo o Mundo e demonstram estar correctos aorecusasarem compromissos de posições, na última reunião cimeira da OUA emAddis Abeba.«É certo que aparecerão aqueles que tentarão opor uma certa argumentaçãojurídica ao reconhecimento da RPA. Mas, não serão senão esforços vagos que emnada poderão alterar um facto que, -para além de evidente, traduz umaconsumação.«Segundo porque as forças agressoras sul-africanas e os bandos armados dasorganizações fantoches angolanas, estão a ser gradual e totalmente eliminadospela resistência armada generalizada e organizada pelo MPLA.Noutro passo, Panguene, que foi interrompido com ovações de aplausos,acrescentou:«A FRELIMO e o Povo Moçambicano jamais esconderam a sua unidade esolidariedade de combatentes com o MPPLA, quer nos momentos de vitória sobre"o inimigo comum, quer nos momentos de dificuldade. E essa constante da nossapolítica não é movida por meros sentimentos de fraternidade, em relação ao Povoirmão de Angola. Para nós, trata-se de fazer uma demarcação bem nítida entreaqueles que traduzem as justas aspirações do Povo Angolano oMPLA - e aqueles que apenas pretendem substituir o colonialismo a FNLA e aUNITA. Entre aqueles que travam um combate real contra o inimigo, o MPLA, eaqueles que colaboram com esse inimigo - a FNLA e a UNITA.«Em resumo: Para a FRELIMO trata-se duma aliança natural com umaorganização política revolucionária - o MPLA -, que defende os verdadeirosinteresses das massas trabalhadoras angolanas na sua luta pela construção de umasociedade nova como a formação de um homem novo com mentalidade nova.Foi dentro deste quadro '- salientou o vice-ministro dos Negócios Estrangeirosque em M3çambique uma vasta campanha foi oficialmente encerrada no dia: 6 deJaneiro de 1976, de apoio ao MPLA e ao Povo angolano, em que o PovoMoçambicano no seu dia de trabalho, contribuiu com vinteý milhões de escudos- cerca de um milhão de dólares. Este acto foi mais uma manifestação da vontade,da determinação do Povo Moçambicano de juntar os seus esforços aos esforços do

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Povo Angolano. De juntar o seu sangue ao do 'Povo Angolano, para defesa deuma liberdade contra o inimigo comum: O colonialismo, o neocolonialismo e oimperialismo.INTENSIFICAR O APOIO AO MPLAMais adiante, prosseguiu Armando Panguene:«Actualmente a RPA ainda se encontra em momentos difíceis; por um ladoenfrenta a árdua tarefa de reconstrução nacional. O colonialismo português deixouo país em ruínas. Por outro lado, e agravando este facto, as hordas racistas sul-africana's e os bandos armados da UNITA-ENLA têm sistematicamente recorridoà pilhagem, ao massacre e à destruição, à medida que vão sendo desalojados dassuas posições.«Neste contexto cabe às organizações membros da OSPAA continuar ainda maisenergicamente a campanha de denúncia das organizações fantoches angolanas econdenação da agressão imperialista s u l - a fricana contra a RPA e desenvolverainda mais o apoio material ao Governo do MPLA.oPF ur MO» ,Z80, - pág. 1lANA A SEMi

SEMANA A SEA«Nesta campanha toma papel derelevo, apelar para todos os países do Mundo que ainda não o fizeram, parareconhecer a República Popularde Angola.«Gostaríamos de sublinhar o papelimportante da ajuda fraternal que nos têm prestado os povos africanos, os paísessocialistas e todas as forças e povos progressistas do Mundo.«O apoio político e material daUnião Soviética e Cuba ao Povo Angolano agredido, constitui uma valiosacontribuição para a RPA neste momento crucial do combate libertador. Elerepresenta a continuidade do apoio prestado desde sempre pe.los países socialistas, nossos aliados naturais no movimento de libertação nacionalcontra o colonialismo e oimperialismo.«Derrotado o colonialismo português, o imperialismo tenta por todos os meiosretomar as suas posições perdidas no Continente Africano.Procura recolonizar a Africa É neste sentido que nós não podemos desligar a lutado povo angolano da luta de outros povos africanos, ainda dominados por regimesde minoriasracistas.«Ao invadir Angola, as tropas sul-africanas procuram ao mesmo tempo liquidar omovimento de libertação nacional do povo da Namíbia».Por último, Panguene falou danecessidade de apoio, também ao Zimbabwe, da colónia francesa da Costa daSomália, do povo do Sahara, do povo de*Timor-Leste, etc.APELO À OPINIÃO PUBLICA

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MUNDIALA Conferência elaborou um, documento, que constitui um apelo à opinião públicamundial,cujo teor é o seguinte:«Nós, os representantes de 80 países e organizações que participam naConferência Internacional de Emergência, convocada pela Organização deSolidariedade dos P o v ó s Afro-Asiáticos e realizada em Luanda, capital daRepública Popular de Angola, de 2 a 4 de Fevereiro de 1976, estamos decididos ac o n g regar o apoio das massas para a justa luta do povo de Angola e a envidaresforços decididos para obter o reconhecimento da República Popular de Angolacomo legítima representante dopovo angolano.Há 15 anos o povo de Angola, apóslongos anos de luta, foi obrigado a pegar em armas em 4 de Fevereiro de 1961,sob a liderança do MPLA, para conquistar a sua independênciae liberdade.Quando a bandéira do novo estadoafricano, a República Popular de An: gola, flutuou nos céus de Luanda, na noitede 10 para 11 de Novembro de«TEMPO» n.- 280-pdg. 121975, todas as forças do mundo progressista e democrático experimentaram umaesmagadora felicidade pelo triunfo da justa causa de Angola. A República Popularde Angola anunciou ao mundo inteiro, a partir do primeiro momen-o da suaindependência, os objectivos e a tarefa doseu novo estado sqberano.A República Popular de Angola proclamou ao mundo inteiro a sua adesão àsCartas da OUA e da ONU e aos princípios do não-alinhamento em defesa dosseus legítimos interesses e dos'seus inalienáveis direitos à soberania nacional. ARepública Ponular de Angola anunciou também ao mundo inteiro o seu programade liquidação da herança da opressão e exploração coloniais, a consolidação dasbases da sua independênciá e a garantia do progresso social e democrático do seupovo. Tal exemplo revolucionário não foi do agrado das forças imperialistas quetêm por objectivo perpetuar a pilhagem dos recursos naturais de Angola. Osimperialistas estão decididos a travar e a modificar a tendência revolucionáriapara a independência em toda a Africa Austral.O regime racista da Africa do Sul, apoiado pela CIA, enviou as suas forçasarmadas regulares e, com a ajuda de mercenários pagps de países da EuropaOcidental, bem como recorrendo a fantoches locais que estavam preparados paraaceitar os seus desígnios, lançou uma nova agressão contra a Sovem RepúblicaPopular de Angola.Com a ajuda de estados africanos irmãos e de países socialistas, particularmentedá União Soviética e de Cuba, os primeiros ataques foram sustados e, então,repelidos. Há ainda um sério desafio aos interesses vitais dos povos de Africa,porque o perigo iminente que ameaça a soberana da República Popular de Angolaé ao mesmo tempo uma ameaça à liberdade e independência do Continenteafricano e à paz e segurança do Mundo.

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É importantíssimo que todas as forças amantes da paz no Mundo inteiro declaremtodo o seu apoio à República Popular de Angola, para que a paz e a calma possamser restauradas. O imperialismo e as -forças reaccionárias devem ser obrigadas adeixar de causar o derramamento do sangue deste povo militante. A nova guerraimperialista desencadeada contra o povo de Angola pelo regime racista da Africado Sul e os patrões imperialistas deve ser levada a um fim imediato.Nós, os participantes da Conferência Internacional de Emergência deSolidariedade com a Luta do Povo de Angola e o MPLA, endereçamos este apeloa todos os países, organizações democráticas nacionais e internacionais e forçasda paz do mundo inteiro. Pedimos-lhes que:1= Reconheçam a República Popular de Angola sob a bandeirado MPLA e a direcção do Presidente Agostinho Neto, como o único representantelegitimo do povo angolano e peçam a todos os membros da OUA e da ONU quereconheçam imediatamente a República Popular de Angola.2. Exponham e condenem as facções fantoches (FNLA-UNITA e outras) queprocuram forçar Angola a substituir aos projectos do imperialismo e doneocolonialismo.3 Mobilizem o povo em, toda a parte para dar imediato e eficaz apoio ao MPLAnas esferas políticas, diplomáticas, morais e materiais. Seria um apoio de valorincalculável, nesta fase crucial, para o povo angolano que está a defenderpersistentemente a sua unidade, integridade territorial e soberania e a consolidaras suas vitórias revolucionárias.4 Intensificar os esforços visando a obtenção de ajuda fraternal para areconstrução da Pátria angolana e para a desenvolver económica, social eculturalmente.5 Convidar delegaçães do MPLA-República Popular de Angola a visitar váriospaíses, especialmente estados da Asia Ocidental e da América Latina, a fim deexporem a situação em Angola.6. Lançar campanhas vigorosas portodas as forças progressistas e amantes da paz, particularmente na EuropaOcidental, visando pôr termo ao recrutamento de mercenários para Angola, àconcessão de ajuda militar e outras à FNLA e à UNITA e ao fornecimento dearmas ao regime de «apartheid» sul-africano.7. Organizar conferências internacionais de solidariedade com o povo angolanosob a liderança do MPLA, com vista ao reconhecimento do novo estado daRepública Popular de Angola. Nesse contexto, os participantes saudam ainiciativa do Conselho Mundial da Paz de realizar uma conferência desse géneroem Es. tocolmo, em Abril.8. Criar frentes de solidariedadecom Angola em países onde elas não existam.Nós, os participantes da Conferência Internacional de Solidariedade com a Lutado Povo de Angola e o MPLA, realizada em Luanda de 2 a 4 de Fevereiro de1976, dirigimos este apelo à opinião pública mundial, porque é' agoraoportuníssimo para as forças progressistas do mundo pronunciar a palavra final».

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Do- Ministério dos Negócios Estrangeiros, através do Ministério da Informação,recebemos a seguinte nota informativa da Embaixada da República Democráticada Somália em Moçambique:«Na quarta-feira, 4 de Fevereiro de 1976, às 15.30 horas (hora local), as ForçasArmadas Francesas estacionadas em Jabouti atacaram com tanques, carrosblindados e artilharia pesada a aldeia de Louryadde, no território da RepúblicaDemocrática da Somália, matando muitos civis desarmados, destruindo o edifícioda Alfândega e as instalações dos guardas alfandegários.As forças francesas também atacaram e destruíram o veículo em que militantes daFrente de Libertação da Costa da Somália (FLCS) mantinham algumas criançasraptadas de Jabouti, e que estava na altura estacionado numa área entre as duasfronteiras «de facto». Nesta operação, as forças coloniais mataram membros daFLCS e parte das crianças, e feriram outras. Também mataram seis membros daForça da Polícia da Somália, feriram um e capturaram três.As forças coloniais francesas iniciaram a sua vergonhosa e surpreendenteagressão quando o Governo somáli encetou negociações com a FLCS, para asegurança das crianças. Com este objectivo, o Vice-Cônsul da Somália em Jaboutirecebeu instruções para actuar como mediador entre aSegundo foi divulgado pelo jornal «South China M o r n i n g Post», de Hong-Kong, Hua Kuo-Feng, Vice-Primeiro-Ministro e Ministro da Segurança Pública,foi nomeado «Primeiro-Ministro interino» pelo Presidente Mao Tsé-Tung.A nomeação de Hua, de 54 anos, décimo primeiro na hierarquia dos dirigenteschineses, deve - segundo o mesmo jornal - ter sido efectuada por «directivapessoal do Presidente Mao Tsé-Tung».autoridade colonial francesa e a F. L. C. S., tendo já inclusivamente conseguiç1oobter uma promessa da Frente em que as crianças não seriam molestadas; no dia 5de Fevereiro, numa outra tentativa de boa vontade, o Governo somáli enviou paraa área uma missão de alto nível para intervir na questão. Assim, o Governo daRepública Democrática da Somália fez todos os possíveis, e os membros daFLCS, comportaram-se de uma forma correcta em relação aos estudantesfranceses, com respeito e preocupação pelas suas vidas.A agressão armada francesa contra o território somáli foi injustificada, na medidaem que já tinham sido encetadas negociações. O Governo somáli responsabiliza oGoverno francês pela morte de civis desarma dos, pelo ataque contra territóriosomáli e por ter causado a morte dos estudantes franceses que morreram durante aacção armada francesa.O G o v e r n o somáli considera a agressão armatla francesa como uma violaçãodeliberada e provocatória das Leis Internacionais. O Governo da RepúblicaDemocrática da Sómália pediu a realização urgente de uma sessão do Conselho deSegurança da ONU, para discutir a agressão e -a violação das Leis Internacionais,que põem em .perigo a paz e a segurança na região, Para além disso, o Governosomáli apresentou um veemente protesto ao Governo francês pela sua provocaçãoe agressão militar.»Maputo, 9 de Fevereiro de 1976.Foi ainda referido que a nomeação de Hua como «Primeiro-Ministro interino»não significa necessariamente que ele venha a desempenhar o cargo a título

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definitivo. Em principio desempenhará apenas estas funções até que seja eleitoum candidato pelo Congresso Nacional Popular.A agência noticiosa «Nova China» confirmou indirectamente a iesignação de HuaKuo-Feng para Primeiro-Ministro (interino) do Governo daChina Popular referindo Hua por aquele título ao anunciar o seu encontro estamanhã com o embaixador da Venezuela em Pequim. Muitos diplomatasrelacionaram a inesperada nomeação com um ataque lançado ontem pelo jornal«Diário do Povo» aos «adeptos da linha capitalista» e aos divergentes da direita»em posição no poder. O jornal acusou-os de se oporem a política revolucionáriado Presidente Mao Tsé-Tung e de «tentarem mudar a cor do pais inteiro». Oartigo, que foi reproduzido por vários jornais chineses, criticava alguns dospolíticos que haviam sido afastados pela Guarda Vermelha durante a RevoluçãoCultural da década de 1960, mas subsequentemente readmitidos nos seus cargos.Teng Tsiao Ping foi uma das principais figuras depuradas na Revolução Cultural eesteve afastado da vida política chinesa durante seis anos, tendo regressado à cenanacional só em 1973.No passado dia 9 o governo Zambiano encerrou a Universidade de Lusaca portempo indefinido, prendeu trinta e sete estudante e dois assistentes Dario Lofighi(Sociologia) e Robert Molteno (Ciências Políticas). Todos os estudantesestrangeiros receberam ordem para abandonarem o país a expensas do governo.Estes acontecimentos culminam uma série de protestos levados a cabo pelosestudantes universitários Zambianos primeiro contra a ajuda que o seu governopresta à UNITA- e subsequente não reconhecimento da RPA - e segundo cntra a prisão doprofessor Cliffe de Ciências Políticas. Aquando do mandato de evacuação dorecinto Universitário os estudantes exigiam a expulsão de dois professores quesegundo eles estavam implicados na prisão de Cliffe tendo feito contra eleacusações falsas.e«TEMPO» n. 280 - pdg. 13

Zito MakoaNa mesma hora que a professora chegou, já tinham-lhes separado. Mesmo assimarrancou para o meio dos miúdos e pôs duas chapadas na cara de Zito. O barulhodas mãos na cara gordinha do monandengue, calou a boca de todos e mesmo oFefo, conhecido pelo riso de hiena, ficou quietinho quenem um rato.- M i ú d o s ordinários, desordeiros!Quem começou? - e a fala irritada da mulher cambuta e gorda, fazia-lhe aindatremer os óculos na ponta do nariz.Ninguém qqe se acusou. Ficarammesmo com os olhos no chão da aula, fungando e espiando os riscos que ossapatos tinham desenhado no cimento durante a confusão. Raivosa, a professoradeu um puxão na manga de Zitoe gritou-lhe:- Desordeiros, malcriados! És sempre tu que arranjas complicações!

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- É ele mesmo! - e essa acusaçãodo Bino obrigou toda a gente a gritar, apontando-lhe, sacudindo o medo derespeito que a professora trazia quandochegava.- Foi ele, sÕ pessoral Escreveu coi.sas...- É bandido. O irmão é terrorista!E os gritos, os insultos escondidos.apertaram.se à volta de Zito Makoa enquanto a professora sacudia com forçamesmo o braço para ele confessar. O miúdo. gordinho e baixo, balançava, pareciaera boneco e não chorava com soluços, só as lágrimas é que corriam pela caraarranhada da peleja que tinhapassado.A confusão tinha começado mesmono princípio da escola quando Chiquito, um miúdo amarelinho como brututu eóculos de arame como era sua mania.xingou Zeca de amigo dos negros, por causa da troca da manhã. É que Zeca e Zitoeram amigos de muito tempo, desde a 1.1 escola era a mesma e os dois gostavamsair nas aulas para acaçar os pássaros nas barrocas das Florestas, antes de ZitoMakoa, que estava morar no Range[, ficar no largo da estátua, esperando acarrinha da borla do só Anibal, naquela hora das seisquando o povo saía no serviço.Sempre trocavam as suas coisas,lanche do Zeca era para Zito e doce de jinguba ou quicuérra do Zito era paraZeca. Um dia mesmo, na 3.,. quando Zito adiantou trazer uma rã pequena, caçadanas águas das chuvas na frente da cubata dele, o Zeca satisfeito, no outro dia deu-lhe um bocado de fazenda que tirou no pai. Eram esses calções que Zito vestianessa manhã quando chegou no amigo para lhe contar os tiros no musseque ecorrigir ainda os deveres, como, era mania antiga.- Sente, Zeca! Te trouxe três balas!- Vamos ainda na casa de banho. Seesses sacristas vão ver, começam com as manias deles!Aí mesmo é que Bino lhes 3spiou. Da«(TEMPO» n , 280 - pai. 14janela, como tinha a mania, e até costumava espreitar a professora e tudo.Viu Zito mostrar as três balas vazias, amarelas, a brilhar na palma da mão dele corde rosa, e Zeca Silva - esse amigo dos negros, sem Vergonha! desembrulhar aindacom cuidado, o carrinho de linhas caqui.Toda a miudagem foi avisada, essevelho truque do bilhetinho passou na sala e assim que a campainha do recreiogritou, na confusão da brincadeira da saída atrás da professora. Bino pôs logo umsoco nas costas de Zito.-Poça, negro! Não vês os pés dosoutros?Era mentira ainda, Zito e s t a v a na

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frente, não podia-lhe pisar. Isso mesmo refilou o Zeca logo, adiantando no meiodos dois. E aí Zito sorriu seu sorrisogordo e tirou o amigo.- Deixa só, Zeca! Esse gajo anda-me procurar ainda. Chegou a hora!Riu Bino, riu de cima da sua estatu.r4 de mais velho e arreganhou-lhe:. - O quê? QueresL pelejar? Ponho-tebranco!-E todos os miúdos seguiram atrás deles, os mais atrevidos satisfeitos com aspartes do Bino. pondo rasteiras para o Zito cair, mas o rapaz ria sempre.Cagunfas ele não era, mesmo que o Bino era mais velho e mais alto não fazia mal.Sempre pelejava lá em cima com os outros monandengues nas areias vermelhasdo musseque onde estava morar e por isso mesmo lhe adiantaram chamar deMakoa: curtinho e gordo, mas força como ele, só esse peixe no anzol.Foi ele quem pôs a primeira bassula no Bino e atacou-lhe logo um gapse mesmono pescoço, mas os outros amigos do miúdo - eram três - quando viram, saltaramem cima do Zito e surraram-lhe socos, pontapés e tudo e mesmo os outros queestavam de fora não quiseram desapertar, falavam era mesmo bem feito, essemiúdo tinha o irmão terrorista, todos sabiam, e o melhor era partir-lhe a cara dessavez para não abusar.E nessa hora que lhe apontaram com o dedo mostrava a cara dele chorando daschapadas da professora não era da dor não, era da raiva desses sacristas, quatrocontra um, mesmo com o Zeca depois a defender tinham-lhe machucado o lábio eno nariz e ainda por cima punham mentiras-na professora:- Verdade, só pessora. Eu vi o papel!- Não sei o que ele escreveu, mas ele e -o Zeca Silva têm a mania de escreveressas coisas que não nos deixam ler.A professora virou-se depressa, balançando gorduras e chamou:- Zeca Silva!O berro encheu a sala e o miúdo levantou da carteira onde estava esquivado desdeo princípio da conversa. A mão dele, rápida, amachucou um papel pequeno.- Vem cá, malandro. Tenho que mequeixar ao teu pai, para ele s a b e r a prenda que tem. Anda cá, aproxima-te!Zeca veio devagar, enxotando o cabelo dos olhos, guardando a mão no bolso. Osoutros cercaram-lhe à volta da professora cambuta e Bino aproveitou para dar-lheainda um empurão. No meio daqueles miúdos todos, arranhados e despenteados,ficou o Zeca com os olhos pousados no chão, o Zito Makoachorando de raiva e a professora.- Mostra já o bilhete que escreveram. Depressa!- Não escrevemos bilhete nenhum...- É mentira, é mentira, a gente viu!-as falas pareciam gritos de corvos àvolta do monte de lixo.-O bilhete depressa! - e afastou-se para tirar o ponteiro.

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Sucedeu um mexer rapidamente, a roda ficou mais grande à volta dos miúdos e aprimeira ponteirada bateu certinha, como era técnica da professora, na orelha doZeca, mas ele não falouainda.-O bilhete, uma! O bilhete duas!...E as ponteiradas Continuaram a bater-lhe na cabeça e no ombro. Foi aí que ZitoMakoa pôs-lhe na frente e levouele com a quarta pancada.-Dá ainda, Zeca. Não importa.Desta vez Zito caiu com o puxão daprofessora mas levantou logo. O bilhete já saía do bolso do amigo e a cambuta lia,encarnada, encarnada parecia era pau de tacula, para perguntar no fim com vozdiferente.-Quem escreveu isto? Foste tu, ne. gro?Zito nem teve mais tempo de se defender. As chapadas choveram de toda a parte equando a professora acabou, levou-lhe pelas orelhas no gabinete do director daescola. Atrás de Zito chorando, os outros miúdos acompanharam-lhe, uns comcara de maus. outros satisfeitos com aquela surra.- Ah, não! Vadios da escola, não! Malandros, vadios de musseque! Se já se viuesta falta de respeito! Negros! Todos iguais, todos iguais...A voz irritada da professora sentia-se cá fora, o Zeca Silva chorava a dor doamigo num canto da varanda, não sabia mesmo o que ia fazer para lhe ajudarnaquela hora. Não gostava mentir, essa' coisa de aldrabice, nunca que fazia, a mãesempre lhe gabava por isso mesmo, menino leal não falava nunca as mentiras,aquilo que ele fazia, tanto faz é bem, tanto faz é mal, ele acu:-ava e agora, naquelahora era melhor mesmo mentir, era ainda a maneira do amigo levar menos, nãolhe correrem da escola, e por isso tinha dado aquele Outro bilhete, ele é que tinha-lhe escrito depressa, aproveitando a confusão.Era o Zito mesmo que estava a levar com as palmatoadas do director, ouvia-se cáfora o barulho, mas nem um grito, nem um soluço mais, só as falas zangadas eraivosas da professora cambuta, chamando-lhe de negro ma-ANA A SEM

landro, mostrando o bilhete que ele, Zeca Silva, escrevera e'a tinha pernas gordas,para salvar o amigo da e,'cola, o amigo das brincadeiras e de trocar coisas.O recreio estava acabar, o contínuo ia mesmo tocar a campainha. Zeca Silvapensou então que não podia deixar assim o Zito sozinho, fechado no quarto dodirector, sem ninguém, abanoonado com as dores, o melhor era mesmo fugar naescola.Os outros todos entraram na classe e ele não saiu então na casa de banho, ondetinha-se esquivado da professora e do director e deu a volta à casa da escola.No jardim da frente tinha pardais a cantar nos paus e nessa hora das onze um solbonito e quente, brincava às sombras com as folhas e as paredes. Trepado numvaso alto, Zeca Silva, o coração a bater de alegria parecia ia-lhe saltar do peitoempurrou a janela de vidro'do quarto do director' e chamou:Zito!

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O amigo veio devagar, desconfiado e medroso, mas quando viu era ainda a carado Zeca a espreitar, quis pôr um riso no meio do choro calado mas-não conseguiu.Desatou mesmo a chorar com toda a vontade.- Zito, deixa não chores. O bilhete está aqui, o nosso bilhete está aqui. Ela não lheapanhou, aquele era outro.Desamarrotando "!ma bolinha de papel, mostrou no amigo o pequeno bocado docaderno de uma linha onde, com a letra gorda e torta dele, Zito Makoa tinhaescrito durante a lição:«ANGOLA É DOS ANGOLANOS»Devagar, trepando na cadeira sem barulho, recebeu. o bilhete, guardou-lhe bemno calção e pôs outra vez na mão do amigo as três balas vazias que luziam,amarelas na pele cor de rosa de Zeca Silva.Mirando o amigo afastar-se com depressa no passo dele, pequeno de pardal, ZitoMakoa deixou correr as lágrimas no meio do riso grande que lhe enchia o coraçãoe engoliu atrapalhado, o ranho que corria no nariz e lhe deixou na boca um bomgosto de mel.(ln «JORNAL DE ANGOLA»)DROGA:Um obstáculoC importante, nesta fase da nossa luta pela reconstrução nacional, que nospreocupemos e nos consciencializemos para as grandes tarefas que se impõe acada um de nós, como cidadãos responsáveis, como militantes ena j a d o s noprocesso revolucionário.Hoje, as drogas constituem um sério e delicado obstáculo para se alcançarem osobjectivos propostos pela nossa Revolução.Se bem que a luta do povo moçambicano não é uma luta de gerações, à juventude,contudo, cabe um papel importante e decisivo na continuação da revolução. Osjovens compreendem melhor a- tarefa histórica que compete a cada um de nós.Pensamos que será a própria juventude, pelas razões apóntadas, que deverálevantar o dique contra a corrupção juvenil, contra aqueles que desbaratam o seutempo e se servem das drogas para se evadirem de uma sociedade que não ossatisfaz e na qual se sentem alienados.(In «NOTiCIAS DA BEIRA»)A moral religiosaPequenos, por exemplo, na estrutura moral da nossa sociedade, que é daresponsabilidade da Igreja Anglo-Saxónica. A seguir à Coroa a hierarquia daIgreja é a entidade mais importante de Inglaterra. Ela é, oficialmente e mesmoconstitucionalmente, a guardiã da nossa moral. Mas que espécie de moral é essa,se falarmos nela como sendo para exportação, se mandarmos para fora algumasdas nossas liberdades religiosas?A Igreja é uma instituição bastante rica e possui grandes investimentos em váriasempresas capitalistas. Tinha mesmo grandes investimentos nos piores bairros delata de Londres até ao momento em que os vendeu, por vergonha. Possuía grandesinvestimentos na Africa do Sul, até os vender também por vergonha.Anualmente, dezenas de igrejas fecham no nosso país porque as pessoas desertamdelas.

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Num inquérito feito recentemente pelo «Sunday Times», os resultados mostraramque apenas 29 por cento dos britânicos acreditavam em Deus. E no centro deLondres existem mais de cem igrejas que deixaram de ser utilizadas por quemquer que fosse. A Igreja no fundo da minha rua está fechada. É isto que o nossopovo pensa deste pedaço de moralidade.(In'«DIARIO DE LUANDA»)A exploraçãonão tem corA exploração, nunca é, demais repeti-lo, não tem cor. Se, acidentalmente, empaíses como a Africa do Sul ou a Rodésia, ela se identifica com uma determinadaraça, isso é produto de cer-tas circunstâncias históricas específicas- o racismo é apenas uma ideologia para justificar a exploração, mas há muitasoutras. No Zaire, por exemplo, essa ideologia chama-se «mobutismo» (ou«autenticidade», como se preferir) como em Portugal se chamou durante quarentaanos fascismo, e nos países capitalistas avançados toma o nome de «democraciaparlamentar». Todas essas ideologias têm o mesmo fim: Justificar. a exploraçãosecular do homem pelo homem, a submissão da maioria aos interesses da minoria.A única cor da exploração é a cor do dinheiro - no nosso tempo, é concretamentea cor esverdeada dos dólares americanos, padrão. universal da expioração nonosso planeta, nesta época em que o capitalismo atingiu a sua expressão maiselevada, assumindo a forma de imperialismo,.A cor da exploração é pois. exactamente a mesma na Africa do Sul e no Zaire,como é a mesma a cor vermelha do sangue de que ela se alimenta. É por isso que,logo que interesses fundamentais estão em jogo, encontramos naturalmente oregime racista de Pretória e o regime «autêntico» de Kinshasa do mesmo lado dabarricada: e encontramos por detrás de ambos o jinesmo patrão; o imperialismoamericano. O mesmo se aplica aos outros regýý.3g3 africanos que apoiam, abertaou camufladamente, os fantoches angolanos. Esses são os regimes que têm algo atemer da Revolução Angolana, são regi7 mas que têm algo a temer da RevoluçãoAfricana, são os regimes que têm algo a temer dos seus próprios po.c s.A intervenção sul-africana em Angola teve afinal uma grande virtude histórica: Ade clarificar exemplarmente as posições no nosso continente. A próxima cimeirada OUA, a realizar em Addis-Abeba, terá uma importância decisiva. O PresidenteSamora Machel não exagerou certamente ao afirmar que em Angola se joga opróprio destino d,7 Revolução Africana. África não será a mesma que era antes,após a resolução do caso de Angola.Com Angola, chegou para a África a hora da verdade a hora de escolher entre aindependência real e o neocolonialismo, entre a liberdade e a submissão aoimperialismo. É por isso que as consequências da crise angolana se farão sentircada vez mais em todo o nosso continente, e não só.E é por isso que hoje todos os povos oprimidos, todas as classes exploradas domundo, têm os olhos postos em Angola, sofrem com ela o drama do seu povo,sentem que â a sua própria luta que está a ser travada ali. Como ontem o povo doVietnane, é hoje o povo de .Angola que segura mais alto a chama da liberdade, éele que marcha na vanguarda da Revolução Mundial.

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(In «DIÁRIO DE LUANDA»)«ri Mi'>)ý» ,* 18.f - pdg 151__ 1

Dia dos Heróis Moçambicanos PRESIDENTE SAMORA ANUNCIA IMPC*Discurso do Camarada PresidenteViva a FRELIMO! Viva a FRELIMO que une e organiza o povo! Viva o PovoMoçambicano unido doRovuma ao Maputo! Viva a Revolução Moçambicana!Vivam os continuadores da Revolução Moçambicana! Vivam as Forças Popularesde Liber« TEMPI>O)» '280 - í'dg 161tação de Moçambique! Viva a luta justa dos povos oprimidos! Viva a luta doPovo Moçambicano do Rovuma ao Maputo!A luta continua.Independência ou Morte.Abaixo o colonialismo. Abaixo a reacção. Abaixo a contra.-revolução. Abaixo a exploração do homem pelo homem. Abaixo a dominação.Abaixo a discriminação.

TANTES MEDIDAS REVOLUCIONARIASViva a luta do Povo Moçambicano do Rovuma ao Maputo!I da Província doMaputo! Viva a população, da província do Obrigado.'iVaputo Viva a população do distrito de Lourenço Marques?Viva a FRELIMO! Então são de Lourenço Marques? Não.Viva a pepulaçãoda província do Maputo! Então qual é o nome quevamos dar a nossa província?Como é que se vai chamar esta província? Capital de onde?Vamos dizer Lourenço Marques? População de Lourenço O nome da capitalcomo é que vamos dizer? Então? Eu vou Marques? Então como é que vamosdizer? Viva a População dizer depois de ter ouvido muitas opiniões aqui.Lourenço Mar((TEMVO»'() , p'f - 1g 17

ques já não, é Lourenço lMlarques. A capital chama-se Maputo, A partir das novehoras e trinta e cinco minutos de hoje Lourenço Marques morreu, a nossa capitalchama-se Maputo. Província do Maputo, capital Maputo.Viva a população do distrito do Maputo! Viva a população do Maputo!Concordamos?3 DE FEVEREIROSUMARIZA O SACRIFÍCIODO POVO INTEIRONós viemos aqui hoje para celebrarmos as grandes vitórias, as grandes vitórias doPovo Moçambicano unido do Rovuma ao Maputo. Viemos para comemorarmos aresistência popular, a resistência secular contra a penetração do colonialismo nonosso País, até ao desencadeamento da luta armada de Libertação Nacional. Istorepresenta o resumo das pequenas e grandes vitórias acumuladas pelo Povo na sua

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luta justa contra o opressor., Viemos aqui para honrar a memória dos nossosheróis, aqueles que ofereceram as suas vidas oreciosas nara que Moçambiquenascesse, para que o povo moçambicano do Rovuma ao Maputo semdiscriminação de raças, sem discriminação étnica, sem discriminação religiosa eregional.Viemos aqui para mostrar o ponto mais alto da nossa unidade nacional. O dia dehoje não simboliza somente aqueles que caíram na luta de libertação nacionalquando ela foi desencadeada em 1964, dirigida pela FRELIMO, mas simbolizatambém aqueles que foram deportados, aqueles que morreram como escravos nasAméricas, em São Tomé, e noutros países, e sobretudo aqueles que morreramquando resistiam à penetração colonial em Moçambique. Embora tenham sidolutas dispersas, lutas desorganizadas, mas elas merecem para nós como pontos dereferência. A luta armada de libertação nacional começou no dia 25 de Setembrode 1964. não é senão uma continuação de resistência secular contra a dominaçãoestrangeira no nosso país.25 de Setembro de 1964 é o grau mais alto da unidade nacional. Entãoperguntaríamos: O que é que representa o 3 de Fevereiro? Diríamos que o 3 deFevereiro é o dia que sumariza o sacrifício do povo inteiro. Através do sacrifíciodo Presidente Eduardo Mondane nós evocamos os sacrifícios dos milhares emilhares que caíram nas prisões, sob tortura, sob bombardeamentos, dosmilitantes que caíram no desempenho das suas várias tarefas para sermos o quehpje somos . Quando dizemos tortura é nas prisões da PIDE, é nas Prisões daMachava. é nas prisões de Mabalane, é nas prisões de Ponta Mabone; é nasprisões da Ilha do Ibo, é nas prisões da Beira, é nas plantações de toda a parte donosso país, é nos portos, é nos vários klgares, em que os colonialistas praticavammass3cres através das suas baionetas, através das suas bombas assassinas, é nosaldeiamentos em que nos encurralavam, onde brutalizavam a nossa população. Éna cidade de Lourenço Marques, onde criavam Gabinetes de Urbanização Daranoderem criar as estradas que lhes permitiriam penetrar no seio da População edescobrir os sentimentos mais íntimos da nossa população - sentimentos deresistência, sentimentos de ódio contra o ocupante.3 DE FEVEREIROMOMENTO ALTODA AGUDIZAÇÃO DA LUTAMas o dia dos heróis não é só um dia de homenagem, geral, um resumo dossacrificios. Recordar o 3 de Fevereiro é«<TEMPO» r?," 280 - pdg 18recordar um momento alto da nossa guerra, mas ao mesmotempo um momento alto da agudização da luta política.E quando dizemos agudização da nossa política é que foio momento em que nos demarcámos completamente do inim;go., Significa paranós - criámos uma ruptura completa. Diríamos criámos o divórcio com o inimigo,pela vida e pelo comportamento. É quando nós rompemos com. o inimigo. Équando nós começámos a distinguir o que é do inimigo do que é nosso. É aí quenós definimos'que tudo que é do inimigo é mau. Tudo quanto é nosso é de um altovalor. É positivo.

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No dia 3 de Fevereiro, o inimigo colonialista, aliado ao imperialismointernacional, apunhalou-nos pelas costas. Foi como \se nos,.arrancassem ocoração pelas costas. Vivia muito perto de nós, mas, quando sentiu que a luta jáultrapassava aquele nacionalismo estricto e que a nossa luta já não era uma pura,luta, simples luta armada, mas visava a libertação total do homem, visava alibertação da nossa personalidade, visava a libertação total da nossa cultura, -donosso valor, em resumo: valorizava aquilo que é nosso, que é criado por nós, édesenvolvido por nós, o inimigo começou a mostrar-se mais cruel, mais bárbaro,mais assassino, mais pérfido. A vida do moçambicano passou a ser objecto doinimigo. Passou a ser o inimigo número um, quer dizer, mostrou-se mais cruel,mais desumano.O dia 3 de Fevereiro é o dia em que o inimigo fez cair a pedra de grande tamanhoque sustentava e simbolizava a nossa determinação. É evidente que o inimigo aopraticar este crime desumano, o crime mais hediondo, mais bárbaro, estavaconvencido que assassinando um herói, o que já vinha praticando há longa data,bombardeando, torturando, saqueando, estava convencido que estava emcondições de impedir a liberdade do povo moçambicano. Matava o gado, matavacabritos, matava galinhas, lançava granadas nos lagos e nos rios para matar opeixe, porque isso tudo constituía alimento para poder resistir à guerra deagressão imperialista, guerra de agressão coloniafista.,Mas incapaz de com estes actos impedir o progresso da nossa luta, porque anossa luta era justa, recorreu ao crime maior como arma final, assassinando,destruindo, fazendo cair a ípedra de grande tamanho que representava adeterminação do povo moçambicano do Rovuma ao Maputo.A REVOLUÇÃO SIGNIFICATRANSFORMAÇÃO PROFUNDADAS ESTRUTURASMas, se o inimigo não praticasse esses crimes deixava de ser inimigo e sobretudoperderia a sua natureza de ser. Se o inimigo deixar de viofar, se o inimigo deixarde abusar, se o inimigo deixar de humilhar, se o inimigo deixar de oprimir, se oinimigo deixar de explorar, se o inimigo se misturar completamente com o povo,perde a sua natureza de inimigo. Mas nessa altura, a nossa resistência era umaresistência inabalável, porque já tinhamos assunido a importãncia do que é a lutapopular para se opor à luta colonial. Nós já tinhamos declarado o que é a ofensivageneralizada em todas as frentes. Na frente de nobilização, na frente de unir opovo, na frente de organização, na frente de enraizamento das estruturas, na frenteda emancipação da mulher, na frente de fazer assumir plenamente os nossosvalores, aqueles continuadores que não tinham sido contaminados pelos germescolonialistas. Tratava-se de proteger o viveiro, o viveiro para nós é a Revolução,de onde saem as plantas seleccionadas. Para melhorar o tipo de planta que nósqueríamos que fosse generalizada em todo o nosso país, do Rovuma ao Maputo.Tratava-se sim, de fazer triunfar a Revolução. A Revolução significatransformação profunda das estruturas, abalar completamente os esquemasmentais dos colo-

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niaistas, aquelas mentalidades inculcadas pelos valores negativos dos estrangeirosdo nosso país. ,Mas é verdade que este crime abalou-nos irofundamente a todosnós. Sentimo-nos paquele momento como órfãos perdidos, porque a árvore degrande copa, a árvore de grande sombra tinha sido abatida e nós continuávamos aviver como que arbustos perdidos na floresta.,Mas, o inimigo enganara-se ao pensar que a nossa luta dependia de um homem.Eram milhares, eram milhões, era o povo que estava mobilizado, era o povo queestava unido, era o povo que estava organizado, era o povo guiado por uma linhajusta. Portanto, não era a queda de um homem, porque trás desse homem erammilhares e milhões de homens todos eles determinados e organizados, todos elesconscientes da sua força, todos eles conscientes da sua determinação. Por isso nósdizemos: o povo soube reagir à dor, soube transformar a sua dor em nova forçaque é a força que aqui está presente. É esta força que abalou o colonialismo emMoçambique. É esta força que destruiu do Rovuma ao Maputo o colonialismoportuguês. É esta força que ameaça os reaccionários nacionais, É esta força queameaça o imperialismo internacional. E ai, dizemos, que o inimigo se enganoumais uma vez. Levantou uma pedra que de um ponto mais alto lhe veio cair nospróprios pés.Viva a FRELIMO! Viva o Povo moçambicano unido do Rovuma ao Maputo!Viva o Povo moçambicano unido do Rovuma ao Maputo! Viva a Luta justa doPovo moçambicano contra o colonialismo! Viva a Luta do Povo moçambicanocontra os reaccionários nacionais. Viva a Luta do Povo moçambicano contra osPides infiltrados. Abaixo os Pides. Vão-se embora os Pides.,NÃO HÁ FORÇA CAPAZDE DESTRUIR A VONTADEDE UM POVOOs Pides estão aqui ou não? Vamos desencadear uma ofensiva de perseguição,captura e aniquilamento dos Pides. Denunciemos sem piedade os Pides que foramaliados incondicionais do colonialismo. Têm as mãos sujas com tinta de sangue.,Por que é que dizemos isso? Por que é que dizemos que o povo reagiu, soubereagir a essa dor? Soube transformar a dor em nova força? Porque não se podematar a liberdade! Porque não se pod& assassinar a vontade de um povo! Não háforça no Mundo para destruir a vontade de um povo. Não há armas, não há aviãonenhum, por mais aperfeiçoado que seja, capaz de matar e assassinar adeterminação de um povo, de impedir a liberdade de um povo.O imperialismo juntou-se atrás do colonialismo português. Mas nós destruímo-losem armas. Com mãos vazias construímos aquilo que somos hoje. É através dessadeterminação que nós mostrámos ao-Mundo, provámos que atrás de um homemvinha todo um povo inteiro. Não era um homem, era um povo inteiro atrás de umhomem.APÓS O 3 DE FEVEREIROAPROFUNDAMENTONA DEFINIÇÃO DO INIMIGOO 3 de Fevereiro foi ao mesmo tempo um momento alto. Queremos quecompreendam bem isto. Um momento alto do aprofundamento da nossa linha.

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Vamos dizer: o ponto de clivagem. As duas linhas diámetralmente opostas. Édepois de 3de Fevereiro que acabámos com alianças falsas, amizades artificiais, superficiais,amizades através de coisas secundárias e mesquinhas. Aprofundámos a nossalinha e dizemos: só, só unidos por uma linha correcta, por uma ideologiatotalmenteao serviço do povo, ao serviço da Revolução, seremos capazes dederrotar o inimigo por mais forte que ele seja. Vamos pouco a pouco debilitando,vamos trabalhando como as formigas que pouco a pouco vão juntando e assim aum certo momento fazem um morfo de muchem grande.Começámos a definir o conforto e guerra e chegámos à conclusão que o confortoe guerra não andam paralelos, são diametralmente opostos. A corrupção e arevolução, não há coexistência pacifica entre elas. Onde há revolução hádestruição da corrupção. É por isso que nós dizemos: o conforto e guerra nãoandam paralelos e essa guerra continua até hoje. É por isso que nós dizemos: foium momento alto de aprofundamento da nossa linha política.O crime do dia 3 de Fevereiro obrigou-nos a analisar as causas de acção doinimigo.A nossa luta já tinha conquistado muitas vitórias. O colonialismo estava abaladodo Rovuma ao Maputo. O colonialismo estava abalado em todo o nosso território,em todas as regiões, em todas as provinciaá, em todQs os distritos e localidades,Por isso recorreu como ultima alternativa a aldeamentos, e a que nós chamamoscampos de concentração. E nesses campos de concentração fomentava a droga, oalcoolismo, a prostituição, a falta de respeito pela mulher moçambicana, destruíaa dignidade da mulher moçambicana, a personalidade do moçambicano. É porisso que encontramos em grande escala, muito acelerado nas capitais do nossopaís, como Lourenço Marques, a utilização da droga a partir das crianças daescola do ensino primá rio que quando já estão na Universidade têm diploma deespecialista de droga, para mostrar que o mais civilizado é aquele que consome adroga e o álcool. A menina mais civilizada é aquela que fuma, é aquela quepratica libertinagem, a chamada-liberdade do mundo livre. A rapariga mais civilizada é aquela que sabe imitarmelhor como se vestem os americanos no Vietnam. A rapariga e o rapaz maiscivilizados são aqueles que não têm respeito pelos pais, são aqueles que não têmrespeito peio professor na escola porque é mais civilizado. É aquela que seentrega a todo o tipo de imundícies, é aquela que quando mais cedo voltou paracasa, chegou às três horas da madrugada. É o que nós encontramos, o que nósassistimos ao nível da cidade, sobretudo ao nível da juventude, da «juventudecivilizada». O ser «,civilizado» é andar nu, é consumir mais a droga, o álcool, eabusar, violar as regras mais elementares, «TEMPO» n.- 280 - pdg. 19

regras que existem na escola, a mais elementar disciplina que existe no lar,violada constantemente pela 'menina e o rapazmais civilizado.O homem mais civilizado é aquele que dentro de uma semana muda de cincomulheres. É esta semente colonial que nós encontrámos. É este o actual inimigocontra o qual se dirige o nossa luta actual. Sem a noção do que é a política, sem

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aprofundamentado do que é a Revolução.., Contra que? Qpais são os inimigos daRevolução? Diremos de novo: é fácil ganhar a guerra, mas é dificil governar emcima das baionetas e é muito fácil perder a nossa Revolução, sobretudo o poderque nós já conquistámos, por causa dos corruptos que já aqui existem,aliados do inimigo.A grande preocupação é, imitar o estrangeiro. Imitar aFrança, imitar a Alemanha Federal, imitar até os boers da África do Sul os maisboçais que existem aqui. Revistas da África do Sul entram aqui clandestinamentepara adquiinnos a civilização dos boers. Há progressistas aqui que fazem entrarrevistas para estudar a civilização da Africa do Sul. «A África do Sul tem maisliberdade que nós»! Há 16 milhões de africanos oprimidos lá por quatro milhõesde boers e «são mais civilizados do que vocês»!! É por isso que o imperialismoficou alarmado quando viu o colonialismo abalado. O imperialismo internacionalsentiu-se ameaçado e veio a correr para socorrrer o colonialismo, mas já era tarde.A luta já tinha raizes no seiodo povo.HOJE PRESTAMOS HOMENAGEMAOS QUE MORRERAMPELA CAUSA DO POVOO crime do dia 3 de Fevereiro visava fazer desviar a nossa-linha política. Queriam obrigar a FRELIMO a capitular perante o inimigo, se nãoaprofundássemos a nossa linha política. Desviar a nossa lina política, queriamobrigar a FRELIMO a capitular perante o inimigo. Que não aprofundássemos anossa linha política. Para facilmente destruir o nosso movimento, para facilmente.destruir a determinação do nosso povo, para facimente influenciar o nosso Povoatravés dos seus valores decadentes. Mas os militantes da FRELIMO unidos aopovo souberam ver que através do assassinato de um homem, de um dirigente, oinimigo procurava impedir o triunfo de una linha política popular.,Os militantes da FRELIMO souberam fazer fracassar essa manobra do inimigo elevar mais longe a lutá político-ideológica, isolar o inimigo imperialista e os áeusaliados. Diremos 4uem são os aliados do Imperalismo?! Souberam tornar osacrifício do Presidente Mondlane útil para os interesses do povo, O dia 3 deFevereiro foi assim transformado num momento de derrota política dosreaccionários, num momento de aprofundamento ideológico que permitiu àFRELIMO ser o que é hoje, uma força política unida e ligada ao povo. O quesignifica isto? Que a morte pode ter vários conteúdos. Há aqueles que morrem aoserviço da opressão. Alguns morreram quando guiavam as tropas portuguesaspara atacar a população nas zonas de combate. Esta é uma morte pesada? Ou éuna morte mais leve do que uma pena de galinha? É uma morte sem peso, semvalor, uma morte inútil ao serviço da opressão- há aqueles que morrem depois de uma vida dedicada à opressão, há os quemorre~ dedicados à causa do povo, depois de uma vida dedicada ao serviço dos.interesses do povo. São duas mortes totalmente diferentes. Aqueles que morremna clandestinidade organizando o povo, aos que morrem escondendo a vida daorganização, significa a vida do povo, são eses a quem nós prestamos homenagemhoje.

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«TEMPO» n. 280 - pdg. 20O QUE CONTA É COMO SE VIVEE NÃO COMO SE MORRENós não viemos aqui para render homenagem porque elesmorreram. Não confundam. O cemitério de S. Xavier está cheio de mortos.Alguns atropelados quando estavam bêbados, outros ,abatidos por balas quandoroubavam, outros quando explorvam, outros quando oprimiam, outros quandoprendiam a poPulação para as companhias naconais, internacionais ou multi,,nacionais e morreram. Não têm valor esses. O que conta não é á maneira como semorre. O inimigo também morre por balas. O ladrão também morre por balas.Alguns maus elementos entre nós morreram também por balas, mas esses nemqueremos recordar como é que eles morreram. Morreram traindo.Morreram vendendo a vida do povo ao inimigo.O que conta é a maneira como se viveu, o sentido quese dá à .vida. Quer dizer: nós viemos aqui para homenagear a vida que levaram, adedicação que eles deram à vida de libertação nacional, é o que nós viemos hojeaqui homenagear.Não é porque morreram. Não é a morte. Não viemos homenagear a morte. Nósviemos homenagear a vida exemplar, a vida de modelo que eles nos deram. Isso éque conta para nós. Eles morreram dedicando a sua vida inteira ao serviço dopovo.Aqueles que em cada momento sabiam definir quem é o nosso aliado, quem é onosso inimigo. Aqueles que assumiam a problemática da nossa luta, aqueles quesabiam enquadrar a nossa luta no resto de luta dos povos oprimidos, das classesexploradas. Muitos diriam: os heróis são aqueles que morrem. Herói não é sóaquele que morre. Não é! O heroismo manifesta-se pela forma de vida e peladedicação. Isto quer dizer que há heróis vivos entre rós aqui. No seio das ForçasPopulares deLibertação de Moçambique, no seio da Organização da Mulher Moçambicana, noseio dos continuadores da Revolução, no seio dos. militantes que trabalharam naclandestinidade, no seio da população, existem heróis vivos que devemosrespeitar O herói .não é só aquele que morreu. Os heróis são aqueles que estãosempre dedicados ao serviço do povo. Heróis durante a luta de libertação, heróisque se revelam :hoje nas novas tarefas que exigem coragem, determinação,resistência às ideias derrotistas do inimigo pelas suas manobras. Esses, são heróis.Qual o significado do sacrifício dos heróis? Por que lutaram, e cairam? Algunstomam o combate no sentido da luta pelos interesses individuais, mas quando nósdecidimos que alguns teriam de acegitar o sacrificio máximo, sacrificar a própriavida, estávamos a lutar por interesses, individuais? Porque quando nóscomeçámos a luta, foi depois de chegarmos a esta conclusão: que o colonialismoportuUuês em 'Moçambique não sairia de sua vontade livre, que era preciso sercombatido e para ser combatido era necessário que alguns de nós aceitassem osacrifício, incluindo o da própria vida.Viva a FRELIMO!Viva o Povo unido do ROvuma ao Maputo!A RAZÃO DE SER

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DA NOSSA LUTAEstávamos a lutar pelar conquista da independência política, da independênclaeconómica, da independência social e da independência cultural. É 'lá onde está osentido de ser da nossa luta, a razão de ser da nossa luta, porque é lá onde está apersonalidade moçambicana. Politicamente não participávamos na discussão paranossa vida própria; alguém decidia por nós. Politicamente não éramosconsultados, mas alguém decidia de longo por nós e os seus instrumentos deopressio em Moçambi-

que faziam-nos cumprir à força. Construímos fábricas para satisfazer o objetivoúnico de um punhado de capitalistas, abríamos estradas. alcatroávamos estradaspara os carros dos patrões andarem. Éramos obrigados a não dançar o nosso«chingomana», mas dançar o «vira» que nunca vimos, Onde está esse vira?! Ondeestá esse «vira»? Quem é que sabe dançar o «vira» aqui? Quem é? E a valsa?Civilizado é aquele que dança a «valsa»? Agora dizem que não há cultura emMoçambique, não há dança em Moçambique, porquê?!, por que é que não sedança em Moçambique?!Agora não se dança em Moçambique! Se eles não dançam não é porque nãoquerem, é porque não sabem. Não dançam porque não sabem o valor, o valorcultural que está lá. Eles não vivem, não sentem, são animais! Não dançamporque.., quem são este eles? Estes... de baixo «estato». «Gente de 'baixo estrato.Não tem estatuto. Como é que vai dançar isto? Mas se pusermos o tambor aqui,estes dançam e todos nós vamos assistir. É ou não é? Nós não dançamos porqueessa cultura tem medo do SoL Quando o Sol aparece essa cultura esconde-se.Quando o Sol se esconde essa cultura começa a viver; é- por isso que não nãodançamos. Temos outras ooisas mais fundamentais. Porque isso era o refúgio. Ofutebol. o baile, não tem nenhum cónteúdo político. Era o refúgio dos capitalistaspara desviar a população de discutir os seus problemas, de como reconstruir oPaís, Nós estávamos a lutar pela independência que beneficiasse todo o povo, quefosse assumida por todo o povo. É esta a razão da nossa luta. A luta que continuapara melhorar as condições de vida de conjunto do nosso povo trabalhador.POR SERMOS CONSCIENTESSOMOS UMA FORÇA DECISIVAA nossa luta é portanto uma luta dos pobres contra os capitalistas. Por issodizemos sempre: A luta continua! Contra o inimigo permanente. É uma luta declasses e a luta dos ,pobres é para liquidar a miséria, a luta dos pobres e paraliquidar a pobreza, a luta dos pobres é para liquidar a injustiça social, a luta dospobres é para ,transformar a sociedade. Se os pobres deixarem de lutal serãoengolidos. Somos pobres,'é verdade. Eles dizem também, os grandes, os senhoresdizem: Coitados leas. Coitados deles, querem mas não podem, são pobres...Temos uma coisa que é nobre: Somos pobres, mas conscientes, conscientes dosnossos objectivos, sobretudo conscientes da nossa# força. Que nós somos umaforca principal, que nós somos uma força decisiva, que nós é que resolvemos avida, que nós é que reconstruímos o Mundo. Pobres, mas conscientes que a nossaforça reconstrói o Mundo e os ricos vivem porque nós existimos, Sem nós elesnão vivem. Eles vivem como parasitas, não passam de piolhos.

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SÓ O POVO FAZ MILAGRESNO TRABALHO QUOTIDIANOAgora isso depende de nós, se queremos que a nossa força seja constantementeinútil, se queremos que seja sempre assim, seja una vida perpétua, seja uma vidaeterna, depende de nós. É ou não é? A força está connosco, constituímos a forçadecisiva. Nós somos pobres, mas claros nos nossos objectivos. Uma coisa éverdade e -ê certa: somos pobres mas não pobres mentais. Mentalmente nãosomos pobres, somos ricos, somos uma potência, podemos construir maravilhas.Nós é que faze-mos milagres. Não há milagres que vêm do céu. Milagres são criados peloshomens, fabricamo4os nós no nosso trabalho quotidiano, em contacto com a terra.Somos pobres persistentes e determinados. Somos pobres mas trabalhadores,pobres porque explorados. Lutamos decididamente. Lutamos tenazmente pelarealização dos, nossos díreitos, para dar conteúdo aos direitos de todo o povo.INDEPENDÊNCIA IMPLICABENEFICIOS PARA AS MASSASEXPLORADASJá conquistamos o primeiro desses direitos, já conquistámos. Qual é esse direito?A Independência é o primeiro direito. Já conquistamos o primeiro desses direitosque é o direito à Independência política, mas a independência política ficará vaziase a independência não trouxer benefícios concretos às massas, às massasexploradas do nosso povo. Repetimos: a independência política ficará vazia se aindependência não trouxer benefícios concretos às massas exploradas do nossopovo, se não dermos corpo ao direito à terra.Visitámos a cidade de Lourenço Marques e descobrimos que a cidade deLourenço Marques produz afinal. Encontrámos feijão, encontrámos massaroca,encontrámos mandioca em toda a parte de Lourenço Marques. Isso já é um passoporque agora a terra está nas mãos do povo.Já conquistámos alguns direitos: direito à saúde (mas a saúde, como sabem, trazalguns problemas, muitos, alguns vêm ter connosco e dizem e agora?!), direito àeducação, direito à alimentação, direito ao alojamento, direito ao trabalho, direitoao transporte, direito à assistência social na velhice. Esse trabalho exige umesforço, um, esforço conjugado, um esforço organizado do nosso povo doRovuma ao Maputo. Conquistámos a Independência que é um passo decisivo paraconquistarmos a poder económico. É a realização progressiva destes direitos,combinada com a participação cada vez-maior da população na resolução dosseus problemas que nos levará do estado de miséria ao estado da prosperidade.Foi por isso que o Governo tomou as primeiras medidas para realizar o direito àterra, a fim de libertar a produção; em particular, a produção agrícola. Para pôrtermo à especulação e prepotência, o direito à saúde e educação porque aí está abase do Homem Novo, porque é lá onde está o segredo da criação do HomemNovo. Criando o homem são, são de corpo e de espírito, ai então criaremos umaMentalidade Nova.ALGUMAS DEFICIÊNCIASMas estamos conscientes de que muitos problemas dificeis ainda subsistem, aindanão conseguimos resolver. O problema dos transportes no campo como na cidade.

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Sabemos que muitos chegam tarde ao serviço porque nãõ há transportessuficientes. Sabemos que quando termina o trabalho alguns regressam para casa, esó chegam à meia noite, ou à uma hora, para de novo acordar às cinco, horasporque não há transporte para os levar a casa, para almoçar ou para jantar ouchegar a horas. Mas esse problema só será resolvido conjugando o nosso esforço.A resolução dos problemas de traioportes não virá de fora. Não haverá milagrespara resolver a questão de transportes. Só quando o povo estiver estruturado,estiver mobilizado, estiver organizado, estará em condições de localizar em cadamomento, em cada etapa, as deficiências que existem no nosso País, estará emcondições de indicar as soluções, as resoluções correctas para esses problemas.Ainda não conseguimos produzir o suficiente, mesmo para«TEMPO» n.' 280- pdg. 21

o consumo, da cidade de Lourenço Marques. Há a questão da falta de batata. Há aquestão da falta de cebola e sobretudo as bichas começam às três horas até àsonze horas e não conseguem comprar o pão. Conhecemos esses problemas.E por que é que falta o pão agora? É porque vocês estaoíndependenes, vocês todos já vão à baixa para comprar o pão.O número de habitantes que come pão hoje aumentou, por isso há falta de pão. Sópodemos resolver o problema produzindo.Mas também há sabotagem, Alguns sacos apodrecem nos armazéns e dizem àpopulação: «O vosso Governo ... como vai resolver? Não há pão. Não há dinheiro.É um pobre Governo».SERÁ O PRÓPRIO POVOCONSCIENTE E ORGANIZADOQUE ELIMINARA A MISÉRIAÉ pobre porque é governo de pobres, exactamente. O coIonialismo quando saiudeixou-nos dinheiro aqui? Agora de onde virá o dinheiro para resolvermos osproblemas, virá donde? O Governo fabrica dinheiro? Quem é que fabricadinheiro? São vocês. Tenham consciência disso. A resolução dos problemas dafalta de transportes, da falta de pão, da falta de batata. da falta de cebola, dependedo povo. É uma questão do povo decidir. No dia em que o nosso povo estiverdecidido, engajado, assumir plenamente esta política de que a produção agrícola éa base da nossa economia, resolveremos totalmente a questão da fome aqui emMoçambique.A nossa'terra é bastante rica. Moçambique, desde o Rovuma até ao Maputo, estáirrigado pelos rios. Os rios constituem em todo o mundo a maior riqueza de umpaís, os rios.Alguns aqui acabaram o ensino secundário, acabaram a Universidade, não sabemquais são os rios de Moçambique. Mas conhecem o Mondego, conhecem o Tejo, epensam: «como é que há-de vir o trigo se já os portugueses saíram daqui? Ocolonialismo é que trazia o pão para aqui». «Até falta arroz aqui emMoçambique».Não acham que isso é uma vergonha para o povo moçambicano? Do Maputo atéao Rovuma, a nossa terra produz arroz, produz cana -de açúcar. Váriascompanhias estão paralizadas, já não produzem o açúcar suficiente porque parece

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que o povo, como dizia o colonialista, o «africano preto, é indo'lente, épreguiçoso, preguiçoso por natureza». São preguiçosos vocês?Ainda não conseguimos resolver o problema da habitação tanto no campo comona cidade. Andámos ontem, aí em algumas ruas e nem conseguíamos descer. Apopulação de Lourenço Marques, «civilizados», ao sair de casa e ao pôr ossapatos vem a mulher atrás com a toalha para limpar os pés, quando já está naestrada é que põe os sapatos, porque as casas estão cheias de água. E quandochega ao serviço diz: «quando sala de casa evidentemente havia umas pequenaságuas ali em frente».ALDEIAS COMUNAISNo, campo, p ara onde dirigimos o essencial dos nossos esfqrços, a aldeiacomunal. Os reaccionários chamam campos de concentração e vocês aceitam ...«O Patrão tem razão!». O inimigo alguma vez teve razão? 0 inimigo diz: «hojeeste vosso Governo ... tem mulatos, tem brancos, que Governo é aquele?» Agora éo iniýgo que deve formar o nosso Governo? È o inimigo que define o nossoPovo? É o inimigo que define quem é que deve, quem não deve sermoçambicano? Ou soý mos nós? Parece que vocês «precisam ainda decolonialismo!!» Alguns têm saudades porque ganhavam à custa de liquidar os«TEMPO» n.' 280 - pdi. 22outros. Quando pegámos em armas foi o inimigo que disse que vocês devemlutar? Quando vocês ofereceram resistência aqui na cidade de Lourenço Marques,foi o inimigo que vos organizou?. Por que é que vêm hoje indicar quem é quedeve pertencer ao Govem<i ou não deve pertencer? Por que é queé o inimigo?Quando o inimigo di*!que o Governo de Moçambique trabalha bem devemosexaminar o nosso trabalho, Ser elogiado pelo inimigo é uma. coisa má. O seratacado pelo inimigo é uma coisa boa.A aldeia comunal é para nós cidade do campo, cidade do campo. A cidade nascedo campo. Não é da cidade que nasce o campo. Isto era campo. Isto era mato. Emtoda a parte onde vocês encontram cidades, era campo. Portanto a cidade, maisdesenvolvida; mais organizada com a vida colectiva sobretudo, com a vidacolectiva, onde a destruição total da vida individual, onde destruimos oindividualismo, a ambição, é na aldeia comunal. É ali onde podemos assumirplenamente a# nossa tarefa porque viveremos organizados, programados, e comtarefas distribuídas. É na aldeia comunal.Vocês vivem aqui aparentemente vizinho.s, Mas são como chifres de cabritos queestão próximos maý nunca se encontram. Os vizinhos aqui estão divididos. Emassimilados, evoluído% e não evoluídos, e indígenas ... É ou não é? Existemassimilados ou não existem?, É uma realidade, eu também o era.É preciso umna luta intensa, permanente, uma luta consciente, para os convencerque são iguais aos outros. Não são mais que os outros, e os outros ainda não selibertaram dessa mentalidade colonialista. Dessa mentalidade estrangeira. É ounão é? Agora não gritam porque gostam de ser assimilados.Deixa de ir buscar o fogo perto do vizinho porque o vizinho é indígena e vai a umponto mais longíquo porque aí encontra a identidade. É lá onde está o assimilado.A dona fulana tome chá ... É lá onde vai buscar o fogo. É ou não é? Abaixo a

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discriminação. Abaixo a discriminação social. Abaixo a divisão. E não é só emLourenço Marques, é em toda a parte onde vivem os assimilados, é assim. Quementalidade escrava ao estrangeiro, de desprezar o trabalhador, chamar de pédescalço! Portanto a aldeia comunal é o instrumento que permitirá resolver demaneira global, conjunta, das necessidades sociais e materiais das largas massasrurais, que são mais de 90 por cento, ou 95 por cento da nossa população.1É na aldeia comunal, é onde as nossas crianças aprenderão a viver -colectivamente. O que é" formar o pensamento comum, o que é fazer uma análisecritica da vida, o que é ver objectivamente a Natureza.É lá, nas aldeias comunais que teremos o Hospital e a Maternidade para toda apopulação que estará na aldeia comunal, sem discriminação social. É lá ondeorganizaremos a loja, a cooperativa, o mercado, o supermercado para apopulação. Os supermercados não é só para as grandes cidades, não.CIDADESSÃO REDUTOS DOS VICIOSAs cidades como esta, são os redutos dos vícios, o reduto dos males, é a fábricados reaccionários, das ideias erradas que existem .nas .cabeças de muitos_., É ocentro do boato. É o centro de calúnias Onde há boatos, onde há calúnias, onde hárumores falsos, essa sociedade é muito permeável. Essa sociedade é muitovulnerável para o inimigo, por domina os vícios, sobretudo os vícios e os defeitosque foram herdados ao longo da vida e deixados pelos colonialistas.,Essa sociedade, onde certas pessoas passam o tempo 'a fazer intrigas de comovive a família fulana, como se veste a

família fulana, como come a família fulana. Mas não é esta a nossa questão para areconstrução de" Moambique..-Mas então, como é que devamos desenvolver a: nossa sociedade, e como é quedevemos desenvoivqra nossa. economia, como é que devemos sair da pobreza?.Esses é que são os problemas de todo o conjunto do povo moçambicono, desde oRovuma até ao Maputo. Esses é que são os, problemas centrais. E não as intrigase os boatos. ,ALDEIA COMUNALRESOLVERA OS NOSSOSPROBLEMAS,Através das aldeias comunais, o nosso esforço colectivo associado com o apoiodo Governo permitirá resolver o problema da produção da técnica agrícola,escoame6to da produção, regularização dos preços das colheitas que'têm'mUitaespeculação em todo o nosso país, os problemas de habitação, abastecimento deágua e electricidade. Os problemas de instiução, os problemas da saúde,organização social e da vida Cültural vão-se desenvolver de uma maneira-harmoniosa e rítmica.A nossa preocupação essencial não é a cidade. A nossa preocupação essencial é ocampo, como aqui dissemos. Temos 95 por cento da população que é do campo.'Levar a cidade para o campo, e o campo a invadir a cidade, para ir buscar a vidasã, a vida pura. Do campo trazer seus valores positivos para a cidade.

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,Porque a vida colectiva, destrói completamente o individualismo, o liberalismo, aanarquia, a confusão Portanto esses" valores positivos da sociedade, deveminvadir a cidade para destruir o individualismo, a vocação para o capitalismo.Faze- do campo a cidade, para que o conjunto do nosso povo, beneficie demelhores condições. A tarefa da Revolução é liquidar o desiquiliíbrio que existe, acontradição gritante, a contradição aguda que existe entre o campo e a cidade.Mas para essa tarefa triunfar é presiso realizarmos transformações maisprofundas. É necessário que o Ensino, até o Ensino secundário, seja generalizadoao nível do campo, t não somente para um punhado de pessoas que vivem nascidades. É necessário que a população que do campo tenha saúde, tenhaassistência.Para que a nossa Revolução constitua a base segura da retaguarda para oprosseguimento vitorioso do nosso combate libertador não só libertar a terra e oshomens, mas libertar também a mentalidade, as mentalidades escravas aosestrangeriros.Todos hós sabemos o que é a vida colectiva, o interesse da maioria e não só ointeresse individual.O PROBLEMA HABITACIONAL,Mas também na cidade, o problema -do alojamento é bastante grave.As inundações que tiveram lugar na sbmana passada no Sul do Save, mostrou queo problema é muito agudo. O povo vive em condições sub-humanas. O direito aoalojamento é o direito essencial da comunidade e de cada cidadão. Significa queter casa é um direito fundamental de cada um de nós. E o nosso Governo, tem apreocupação e o maior desejo de ver todos bem alojados e a viver em condiçõesdignas e decentes.O nosso Estado tem o dever de criar essas condições, mas só o conseguirá com oapojo das massas. E para que o povo apoie é necessário que o povo estejaestruturado, esteja orientado.A nível do campo, lançamos como ideia fundamental, que é, ésta que vai permitiro desenvolvimento do nosso pais, a ideiadas Odeias comunais. E anível dascidades, gostaríamos que todos aqui vivessem -enquadrados em bairros para quehaja lojas.ELIMINAR A ESPECULAÇÂOA1'RAVIiS DE BAIRROS COMUNAISEu sei que há muitas lojas espalhadas aqui, mas são lojas de especuladores queroubam, Existem muitas lojas espalhadas no seio da população, para roubar. Nósqueríamos que vocês construíssem. Cabe à Câmara Municipal, ao Governo,ajudar, apoiar essas iniciativas. O nosso esforço deve ser esse ao nível dascidades. Em Lourenço Marques, no Xai-Xai, na Beira, Manica, Quelimane, Teta,Lichinga, Pemba e Nampula, as capitais de Moçambique terão barros comunais. Edentro desses bairros comunais, es habitantes terão as suas lojas, que chamaremoscooperativas dos" bairros comunais onde vocês terão que controlar o que falta eporque é que falta e vocês é que controlarão as lojas.Aqueles que trabalharão nessas cooperativas,, serão vossos funcionários paraaniquilar os especuladores. O Ministério da Indústria e Comércio dará

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orientações. O Ministério das Finanças dirá como é que vocês irão contribuir paraconstruir as vossas próprias lojas para satisfação das vossas necessidades.CIDADES REFLECTEMESiRUTURAS DO COLONIALISMOMas temos outros pontos difíceis ao nível das cidades. As nossas cidades, nopresente momento, reflectem as estruturas do colonialismo Como é que vamosresolver esse problema? Como apagar completamente a imagem do colonialismo?A medida que caminhámos, reparamos, observamos, do ocidente para o oriente,por exemplo em Lourenço Marques que a cor da pele vai branqueando quandocomeçamos de Cinhambanine, quando começamos da Mafalala, do BairroIndígena, quando começamos da Malhangalene, os que vêm da Missão de SãoJosé, as cores vão mudando quando chegamos ao Alto Maé, a cor vai ficandomais branca, e quando subimos a Manuel de Arriaga, esta embora misturada umpouco, mais branca. E quando vamos à Polana, encontramos a pele mais branca. Equando descemos do Alto Maé, encontramos uma série de pigmentação da pele.Que cidade é esta? O que*é isto?«TEMPO» n. 280 - pdg. 23

Outra cidade começa do Chinhambanine, da Missão de São José, daMalhangalene, da Mafalala, do Bairro Indigena, do Chamanculo. A medida quevamos subindo, do Ocidente para o-Oriente, em certas zonas, não nos sentimosbem, Não estamos à vontade. Sentimo-nos intrusos, Há uma intromissão. Até seadmira! Ah! Tu também vives aqui?Há zonas de mulatos. Os meus sobrinhos, vivem sozinhos agora. Os filhos daminha prima e da minha tia vivem sozinhos também. São intermediários os meussobrinhos para comunicarem entre a, mãe e o pai, vivem ali na zona onde vivemos mulatos: Alto Maé. Estão na fronteira, vivem na fronteira, são intermediários.Eu também já andei lá para ver se, havia mudança. Encontrei muitos mulatos lá, e«brancos de terceira classe» também estão lá. Depois há zonas de brancos:pedreiros, carpinteiros, fogueiros dos Caminhos de Ferro. Estes constituemtambém uma classe. Mas, por causa do vencimento, os maquinistas já não sejuntam aos carvoeiros., já não se juntam com os pedreiros e operários. Desprezama classe que cria o Mundo!Tudo isto constitui a sociedade Ocidental. A Civilização Cristã.Depois, descendo da Casa Fabião, para baixo, encontramos a zona dos indianos.Num bloco, todos juntos. Depois encontramos os paquistaneses também. Há umazona de chineses também. Onde vive o Fu Yng. Na «loja do china». Na 5 deOutubro. Depois encontramos zonas de pretos: Chamanculo, S. José,Chinhambanine.Isto mostra que em Lourenço Marques (e não só em Lourenço Marques, no Xai-Xai, Beira Chimoio, Quelimane, Tete, Nampula, Lichinga, Pemba) mostra que háuma discriminação real na habitação. É uma forma de «apartheid», como existe naAfrica do Sul. Existe, é bom dizê,lo. Se não o dissessemos não estávamos a ser-honestos. Temos que encarar a realidade do nosso país. Foi o colonialismo quecriou tudo isto. É por isso que dissémos ao principio que as nossas vidas reflectemno momento presente as estruturas do colonialismo.

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Nós gritamos todos os dias «abaixo o racismo»!, mas, na realidade o racismo vivebem alimentado em Moçambique. Encorajamos o racismo. Alguns gostam deviver onde os outros não podem. Isto mostra que não existe, isso mostra que nãohá unidade verdadeira, a verdadeira unidade, a unidade real, a unidade quegritamos todos os dias: «viva o povo unido do Rovuma ao Maputo»! Não existeainda na prática, enquanto existir este tipo de discriminação racial no nosso pas,enquanto nós próprios permitimos vivermos dentro da estrutura estabelecida pelocolonialismo em Moçambique. As classes determinadas pelo dinheiro, pela côr dapele, vivem separados em grupos.Aqui em Lourenço Marques, como em todo o nosso pais, ainda existem clubes.Casa do Minho, Casa do Algarve, Associação Africana (que é dos Mulatos, aAssociação Africana é dos mulatos de «primeira classe», porque se for um mulatoescuro já não entra, discriminam-se até entre eles, os mulatos. não têm vergonha!)há clubes conforme a cor da pele. O Indo-Português já não tem razão de sersequer, porque aqui já não existe Goa. Indo-Português já não tem razão de ser: éinconcebível para nós. Indo-Português, onde está esse Indo-Português?! Indo-Português! Portugal já não existe aqui, não existe também Goa. De onde vem essaassociação? Ouvi dizer que mudaram de nome, mas são os mesmos que compõemo clube. Mudaram de nome, mas o conteúdo continua. Chamam-lhe agora «ClubePopular» agora há muita mudança! Deram-lhe o nome de «Popular» nóschamamos a isto OPORTUNISMO! Oportunismo descarado! Em nome do povoquerem explorar o povo! Em nome do povo querem discriminar o povo! Isto nãoé senão oportunismo de direita declarado; é uma «TEMPO» n.,, 280- pdg. 24camuflagem, porque na realidade o povo não vai lá. Chamamos a istooportunismo, dogmatismo e demagogia, São como os camaleões que mudam decôr, não é nada isso; e não queremos esses camaleões em Moçainbique! Nãoqueremos camaleões.Nós queremos uma unidade real, não queremos o racismo, REALMENTE nãoqueremos o racismo! Nós não combatemos para substituir o racismo portuguêspelo racismo moçambicano. Não queremos o racismo aqui. Não queremos clubesdiscriminat6rios, não queremos associações discriminatórias, não queremos. Equando estamos a falar da cidade, encontramos uma separação nítida entre acidade de cimento e caniço em todo o nosso país, sobretudo nas capitais. Cidadede caniço e cidade de cimento! A cidade de cimento reflecte o espírito de elite oespírito de grupismo. Em resumo diríamos que a sociedade moçambicana temquistos no seu seio que é preciso extrair. O ponto de encontro entre mulatos entreindianos, entre brancos, entre paquistaneses, entre chineses e os pretos é o local detrabalho. Algumas horas de trabalho. E esse encontro é também superficial. Nãoaprofundado. O ponto de encontro é o local de trabalho, mas mesmo aí o convívioé superficial. A discriminação continua a existir, mesmo ao nível do empregoonde é o lugar de encontro.As causas do problema são: . estatuto de diferenciação entre as pessoas em funçãoda cor e do tom da pele, criado pelo colonialismo a fim de perpetuar a divisão dopovo moçambicano. Há zonas para cada côr da pele e mesmo quando um pretotem dinheiro para pagar a renda não se sente bem numa zona onde há brancos.

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«Sente-se estranho». Não tem coragem de ir para lá. Temos visto muitos aqui queganham oito contos mas não vão para lá.Viva a FRELIMO, viva a FRELIMO; viva a Unidade do Povo Moçambicano;viva a Unidade do Povo Moçambicano, a Luta continua, a Luta continua,,Independência ou morte, Venceremos.Foi para isto que nós ,oferecemos as nossas preciosas vidas? Foi para isto que nósmergulhamos a nossa terra na guerra? Tantas vidas que se sacrificaram paraassistirmos de novo à divisão do povo moçambicano, para assistirmos de novo àdiscriminação?EXPLORAÇÃONA HABITAÇÃOSistema de exploração das casas. Muitos capitalistas construíram prédios paraexplorar as necessidades das pessoas em matéria de alojamento e quem construiuforam vocêsý aqui. Quando concluída, quando mobilada,- quando já alcatifada,quando pintada a casa, passas a entrar pela cozinha, és atendido atrás, na cozinha,já não podes entrar pela frente porque a casa acabou.Há casas vazias na zona do cimento quando na zona do caniço dezenas defamílias vivem com um metro de água deptro de .casa. Para que o homem possausar sapatos a mulher tem de vir atrás com a toalha e meias. Sai de calção. Só usacalças no meio da estrada para poder chegar ao trabalho. Depois a mulher voltacom o calção e vai esoerá-lo de novo à hora do regresso ou então manda o miúdoesperar. Em todo o nosso país é assim. Não é só em Lourenço Marques. Mas nãonão dizemos que vamos resolver este problema hoje. Isto é para terem consciênciade que é preciso trabalhar. Não passivamente, encontramos soluções rápidas paraisso.Dizemos: há casas vazias na zona do cimento quando milhares de trabalhadoresvêem-se obrigados a ir morar para o Benfica, Liqueleva, Houlene e noutros locaisa muitos quilómetros dos seu empregos sem transportes, sem hospitais,

sem água corrente, Gostaríamos de formular algumas perguntas. Quem são osdonos da cidade de cimento, na realidade? Quem são? Onde estão eles? Levantemos braços. Onde estão os donos da cidade de cimento? Com que dinheiro foramconstruídos todos esses prédios? Trouxeram esses dinheiro? Arranjaram aonde?Muitos donos ganharam o dinheiro aqui explorando o operário, exploiandioonosso povo. Mas foram esconder esse dinheiro nos bancos da Africa do Sul, nosbancos de Portugal e nos bancos da Suíça, e deixaram a miséria e prédios nonosso país, Esses prédios? Continuam a constituir artérias e veias que transportamo dinheiro para fora onde estão os donos. E nos locais onde estão financeiamreaccionários para atacar o nosso País, para destruir a nossa República, paradestruir o nosso povo. Dinheiro que sai de Moçambique para destruirMoçambique, Dinheiro feito por moçambicanos para destruir moçambicanos. Poroutro lado, para construírem esses prédios, que também são formas de exploração,pediram empréstimos ao Montepio, ao Instituto de Crédito e aos bancosmoçambicanos. Portanto os prédios foram construídos com dinheiro do Estado,com o dinheiro dos nossos impostos, e a maior parte desses empréstimos ainda

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não foram pagos. Mas onde estão esses senhores? Onde estão então os donos dacidade?Para construirem esses prédios foram pedír ao governo o dinheiro e devem, atéaqui, quatro milhões de contos. Não confundam não são quatro mil contos. Sãoquatro MILHÕES de contos!Portanto os prédios, as montanhas e colinas que nós vemos daqui, estão assentessobre os nossos ossos, e o cimento, areia e água que lá estão não é senão o sanguedos trabalhadores, o suor do trabalhador, o sangue do povo moçambicano! São asformas mais altas de exploração do nosso povo.A maior parte deles, donos desses prédios, são nossos inimigos declarados. Osque nos consideravam incapazes, os que nos chamavam «os incapazes», são osmesmos que nos chamavam «os terroristas», «os turras». Agora o «turra» ganhou.Viva o turra! São os mesmos que cobravam impostos às populações, através dosrégulos. São os mesmos que financiavam o exército colonial. São os mesmos quedavam dinheiros aos assassinos da PIDE. Os gangsters. São os mesmos quefaziam das famílias células da PIDE. Transformavam a família, transformavam olar numa célula da PIDE. São os mesmos que proliferavam os agentesinformadores da PIDE. Com esse dinheiro. São os mesmos que eram membros daANP, a Acção Nacional Popular. Eram os que apoiavam o senhor MarceloCaetano. «O brilhante homem que foi Marcelo Caetano», até que caiu de costas.Convencido que estava a, ganhar a guerra em Moçambique o Marcelo Caetanoinstalou-se confortavelmente em Portugal e surpreendeu-se quando tudo estavadesmoronado. «O povo moçambicano apoio o Presidente do Conselho, apoia aANP, apoia a política colonial». «Brancos e pretos todos apoiam». São osmesmos! Eles é que apoiavam a política colonial. Apoiavam a nossa opressão.Ali, mentavam a nossa escravatura. São os mesmos que fomentavam a criação degrupos paramilitares GE, GEP'S, Flechas, OPV. São os mesmos. Depois, quandoderrotamos o exército colonial, tentaram impedir que Moçambique ficasseindependente. São os mesmos! São os mesmo que fomentaram a criação departidos fantoches em Moçambique em Lourenço Marques. Partidos fantoches asoldo do imperialismo. A custa do nosso sangue. A custa do nosso suor. Pagar apartidos fantoches para matar o nosso povo. São os mesmos que financiaram asacções criminosas de reaccionários nacionais, como Uria Simango, PadreGwengere, como senhora Dona Joana Simeão, como o senhor Lázaro Kavandamee outros vagabundos.E quando viram que nada conseguiam contra a nossa detemiinação fizeram o seu'7 de Setembro. O 7 de Setembro para nós. é uma data grande. É uma datahistórica para toueo o povo moçambicano. Não por causa da acção criminosa dosreaccionários, mas porque foi a data em que assinamos o fim da guerra emMoçambiue. Em que o inimigo capitulou e- entregou-nos a nossa Pátria, respeitoua nossa dignidade. São os mesmo que dispararam contra as nossas populaçõesindefesas. São os mesmos que depois fugiram para Portugal dizendo que nãopodiam viver num Pais em que os pretos mandam. São os mesmos. Outrosfugiram para a Africa do Sul e de lá continuam a organizar a subversão contra onosso país. São os mesmos que continuam a espalhar canetas de bombas aqui emLourenço Marques para criarem terror., para semear desconfiança, para instaurar

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um estado de intranquilidade dentro da cidade. São os mesmos. Os donos dosprédios. No entanto, o dinheiro das rendas continua a ir atrás deles. Atrás deles,através dos seus procuradores que são os seus representantes aqui emMoçambique. Mas examinemos a questão: É correcto andar a esvaziar o nossopaís para alimentar reaccionários? O reaccionário está aqui para mandar dinheiroao reaccionärio. ,Representantes dos reaccionários no nosso país, os procuradores,procuradores de quê? Eles estão contra nós. Eles continuam a viver com o nossodinheiro, a utilizar o nosso dinheiro para nos destruirem. Perguntaríamos: vamoscontinuar a ter uma cidade que não é nossa? Vamos continuar a pagar rendas aproprietários que estão na Africa do Sul ou em Portugal? Que andaram a disparartiros contra nós em 7 de Setembro? Vamos aceitar os procuradores dosreaccionários que transferem dinheiro para a África do Sul a fim de organizarem asubversão e enviar gente para nos atacar? Vamos continuar a ter desunião,racismo. grupismo, dentro da nossa cidade?Dentro da nossa sociedade? Nós diremos não! Nós queremos unidade. A unidadeque nós queremos é real, Uma unidade verdadeiramente sólida no pensamento ena vida quotidiana. Nós queremos o fim da discriminação em todos os domínios.Queremos acabar com a mentalidade colonial. Queremos sentir que as cidades doMaputo (não de Lourenço Marques), Beira, Nampula, Quelimane, Pemba, todasas cidades da República Popular de Moçambique, porque elas nasceram desacrifício consentido pelo povo, sejam cidades dos moçambicanos e nãofortalezas dos colonos onde nós ficamos no quintal. Mas sejamos claros também.Os donos das casas têm o direito de ter a casa onde moram. E aceitamos que elestenham uma casa de repouso fora da cidade. Aceitamos isso. Mas sabemostambém que as casas que existem não bastam para todos os mocambicanos. OProblena de habitação continua. É um problema Dernicioso, um problema crónicoque só com o tempo será resolvido. Não é de um dia para o outro que oresolveremos. Só com o nosso-esforço organizado.DIA DOS HERóISMOÇAMBICANOSDurante a luta de libertação nacional o exército colonial matou o nosso povo. Oscombatentes e a população foram sempre alvos do inimigo. Por isso declaramos odia 3 de Fevereiro como o Dia dos Heróis Moçambicanos q não o dia de EduardoMondlane. Não é o Dia do camarada Mondlane. É o Dia dos HeróisMoçambicanos, daqueles que tombaram na luta contra a penetração docolonialismo em Moçambique, não é o dia de Mondlane é o dia dos HeróisMoçambicanos. Em primeiro lugar resoeitamos unia comovida homenagemàqueles que resistiram heroicamente sem armas na luta contra a penetração docolonialismo português em Moçambique. Sem«TEMPO» n.11 280- pdg, 25

armas, através das suas armas primitivas Em segundo lugar àqueles que ao longoda dominação colonial, da administração estrangeira, foram deportados paramuitos países e não voltaram mais. E outros através de greves nas estivas de.Lourenço Marques, na Beira e outros noutros pontos do nosso País Oferecerqm asua vida, reclamando a liberdade, Nas -estivas, sobretudo nas estivas e nas

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plantações da cana-de-açúcar. Lembramo-nos do massacre de Lourenço Marques,do massacre de trabalhadores de Xinavane, da Beira e de outros sítios,Resistir ao colonialismo. Diziam: «não ao colonialismo. Queremos a nossapersonalidade, queremos a nossa terra».E depois o desencadeamento da guerra, desençadeamento da luta de libertaçãonacional.Aqueles da terceira fase. Teremos que dividir o periodo em três fases: apenetração do colonialismo português, a sua administração e depois a guerracolonial de agressão contra o nosso povo. É por isso que vocês vêem as bandeirasa meia haste. Não em homenagem ao camarada Mondlane, É em homenagem aosheróis moçambkcanos; 'são homens que tornaram possível a independência deMoçambique; são homens que cimentaram com o seu sangue a nossa unidade.Isso o devemos a eles. Por isso o Comité Central -da FRELIMO decidiuproclamar o dia 3 de Fevereiro como o Dia dos Heróis Moçambicanos, e não docamarada Mondlane. Decidiu oproveitar a data em que foi assassinado ocamarada Mondíane, porque o camarada Mondíane sumarizava os sacrifícios detodo o povo.Foi ele, que organizou a FRELIMO para poder enfrentar o colonialismo, comarmas na mão de uma maneira organizada e unida contra um inimigo definido,Os combatentes das Forças Populares% de Libertação de Moçambique que cairamdurante a guerra de libertação nacional,, queremos hoje anunciá-lo, nunca odiss4iiios a ninguém- são 2067" soldados da FRELIMO; os diminuídos físicos: 889;Os que foram feridos no campo da batalha e capturados pelo inimigo, e que oinimigo não nos entregou quando assinamos o Acordo de Lusaca e fizemos trocade soldados nós entregamos ao Governo Português mais de 400 prisioneiros deguerra; o Governo português náõnos entregou nem sequer um soldado -capturados feridos dos nossos camaradas 282; os desaparecidos, que não sabemosse foram mortos o que aconteceu, são 184.Entre esses capturados e desaparecidos, alguns estavam na prisão da Machava aforam assassinados e outros foram assassinados nas prisões do Ibo. - Esses foramos soldados da FRELIMO que alimentaram a nossa Revolução que plantaram aárvore da liberdade que hoje brota uma sombra estrondosa;Populações nas zonas de combate, sobretudo nas províncýias de Cabo Delgado,Niassa, Tete, Manica e Sofala, partícularmente nas três províncias Cabo Delgado,Tete e Niassa, onde a guerra durou dez anos através de massacres do inimigo,outros queimados nas palhotas, outros bombardeados com napalm, queimadospelo napalm; outros mortos na PIDE, outros ná machava, no transporte demateriais de ,querra - Elementos da população 10717:Elementos do população que ficaram sem braços, sem pernas, sem vista -chamamos feridos, alguns inválidos, são 3154 elementos; elementos da populaçãoque foram capturados pelo inimigo nas emboscadas, nas machaabas, são 8657;Elementos de população desaparecidos - 3745, órfãos, crianças que ficaram sempais e sem mães ou tem mãe e não tem pai, são 3227.É por isso que nós proclamamos o 3 de Fevereiro o dia de grande momento para oPovo moçambicano. Por isso não podemos tolerar certas manifestações

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colonialistas na nossa sociedade. Não podemos aceitar discriminação na nossaso«7'EMPO» w- 280 - pd 26ciodade. Venha quem vier, não a aceitamos. Sabemos quanto nos custou estaindependência e sabemos como construiram a cidade de Lourenço Marques, comoconstruiram as cidades das outras províncias. A custa do nosso povo Mesmo quetenhamosde andar descalços, mesmo que tenhamos de andar dois, três anos semvencimentos, mas reconstruindo a nossa Pátria, como fizemos nos 10 anos deguerra que não tínhamos nem 20 escudos, nem cem escudos, não tínhamosabsolutamente nada e aqui estamos. Vivemos dez anos sem vencimento. Não é ovencimento que nos faz viver. Aqui estamos todos; Vivemos dez ,anos semvencimento com esta farda. Vocês nasceram desta farda e deste casquete.Foi possível, foi-possível, primeiro por causa da nossa determinação e clareza dosnossos objectivos. Depois houve a solidaricdade internacional, os paísessocialistas que nos ajudaram em medicamentos, em armas e em roupa - estasroupás que ainda temos hoje foram os nopsos amigos, os países socialistas, quenos ofereceram. Estas armas que nós temos, não as compramos. O povo dessespaíses, trabalharcontribui mensalmente para ajudar os povos oprimidos paraajudar os povos subdesenvolvidos, para ajudár os povos pobres. Há países nossosamigos que anualmente - o ano tem 365 dias dscontam 50 dias para ajudar a lutado Vietnam, a luta do Camboja, para a luta do Laos, para a luta da América Latina- do Chile, o povo chileno; para a luta da Moçambique, para a luta da Guiné, para,a luta de S. Tomé para a luta de Cabo Verde, para a luta do Zimbabwe, para a lutade Angola, de todos os povos oprimidos.Não são ricos esses países porque confiam na sua própria força, e sabem que só.unindo-nos, os pobres, seremos mais fortes que ninguém. A nossa voz será capazde abalar o inimigo mais forte. Por isso nós perguntamos oara quê tanto sacrifíciodos combatentes da FRELIMO, filhos queridos do Povo moçambicano. Para quê?Para continuarmos integrados nas estruturas colonialistas? Para continuarmos aviver nas estruturas estabelecidas pelos portugueses? Para quê? Paracontinuarmos a ser fantoches do 'imperialismo internacional? Nós dizemos NAOO Povo da Tanzania, povo pobre, pobre mais do que vocês, - vocês estão muitomais desenvolvidos em relação à Tanzania - ele é um povo pobre, pobre, pobre,mas tem a sua convicção, tem a sua certeza e sabe dizer «enquanto os outrospovos não forem livres, a independência da Ta-nzania não tem significado». Isto éuma grande lição para o povo de Moçambique.BANCO DE SOLIDARIEDADEPARA OS POVOS OPRIMIDOSSejamos como eles É a honra que podemos dar aos nossos mártires, aoscombatentes das Forças Populares de Libertação de ,Moçambique, ao povo quetransportou material, quando transportava a morte, finalmente. Transportava omaterial de guerra para semear a liberdade e encontrava a morte, emcompensação.E nós, que estamos livres. o que faremos por eles? Qual é a nossa contribuição?Qual é o nosso respeito em relação a eles? Queríamos que nós aqui,unanimemente, do Rovuma ao Maputo, mensalmente, cada um de nós desse umdia de trabalho para o Banco de Solidariedade para com os povos oprimidos. E

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veremos, porque sabemos que alguns ganham muito mal, um dia para elessignifica muito, mas vai o Ministério das Finanças estabelecer a percentagemdaqueles que ganham muito mal. Mas, para nós que estamos aqui e que ganhamosmuito bem, é um dia inteiro para os povos em luta, e alguns que

estão aí e ganham oito, nove, dez contos, vinte contos, nuitos aí, vão descontar umdia. A população deve contribuir para a luta do Zimbabwe, para o luta da Africado Sul e para"a reconstrução nacional. A esse bancõ, chamaremos o Banco daSolidariedade. E, quondo houver calamidade no nosso País será a esse banco queiremos buscar o dinheiro para reconstruir as aldeias comunais e reparar os danos.Por isso diremos o dia 3 de cada mês não é para nós. Alguns estão aquilosadoscom ideias colonialistas para as gerações futuras, sobretudo para saber porque éque, estou contribuindo no dia 3 de cada mês? E dirão, mesmo, de umamaneira reaccionária: «Dizem que morreram alguns. Por isso damos dinheiro». Jáé muito isso. Todos, a partir de hoje, todos os que ganham de oito contospara~cima vão dar um dia, no dia 3 de cada mês, para baixo, veremos apercentagem.O dia 3 de cada mês é o dia que nos faz lembrar aquilo que não se esquece. Dizemque não existe, mas para nós existe. O 3 de cada mês faz-nos lembrar aquilo quenão se esquece; faz viver o que não viveu. E o Diá dós Heróis, o 3 de cada mêscompleta alguma coisa. Por isso temos de contribuir. Três de cada mês -contribuição. Há inundações no nosso País, repararemos com esse dinheiro. Háajuda para um país, é com esse dinheiro da Solidariedade que nós daremossempre: no nosso Banco da Solidariedade temos tanto. Outrosvão contribuir comuma lata de milho; outros com uma lata de castanha, outros com uma lata deamendoim, outros com uma lata de batata, outros cultivando a machamba. Outostêm que dar dançando.Nós tivemos muita solidariedade durante a luta de libertação nacional sobretudonos países escandinavos, em que-os estudantes secundários, os estudantesuniversitários iam trabalhar nos restaurantes, iam trabalhar nos hotéis, iamengraxar sapatos, iam vender jornais para dar ao povo de Moçambique. Nóstemos das melhores imprensas, talvez, do Mundo foi-nos dado pelos estudantesdos países escandinavos. Temos transportes, carros, camiões, ambulâncias, à custados estudantes secundários e universitários e da sua solidariedade para com opovo moçambicano, mas os portugueses sem vergonha, roubaram alguns dosnossos camiões.Todos nós contribuímos para o Povo de Angola. O nosso Pas está em ruínas, estáem ruínas o nosso País, mas temos a nossa força, temos a nossa cabeça a fonteinesgotável de reconstruirmos o nosso País.É por tudo isto que caíram aqueles heróis. Damos aqui as estatísticas dos soldadosmortos e da População assassinada.Portanto queremos anunciar que os prédios, a partir -de agora, ficarão sob ocontrolo do Estado. O Estado a partir de agora passará a tomar conta dos prédios'de aluguer, das ca sas abandonadas, das casas cuios donos fugiram deMoçambique. O Estadç negociará, estabelecerá as regras de ocupação. Não háinvasão. Agora não há invasão aos prédios. O Estado vai montar, a partir de hoje,

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soldados Para segurança. Ai daquele que tentar sabotar o prédio. Sei que o povo émuito disc'pinado, muito organizado e por isso não vai fazê-lo mas algunsreaccionários que estão lá. Vão tentar pôr explosivos. Ai deles! As ForçasPopulares de Libertação de Moçambique e o Corpo de Polícia de Moçambique eos Grupos Dinamizado res passarão a controlar a partir de agora, em todo oterritório da República Popular 'de Moçambique, os prédios. Ai daquele que tentarsabotar o prédio! Ai dele! Servirá de exemolo cara a República Popular deMoçambique e para o Mundo.Os nossos camaradas caíram precisamente para isto. Nósrespeitamos a casa onde cada um vive. Aluguer não. Será o Estado. Construir paraviver é um direito. Para explorar; não. 5e -querem construir aqui, aflf na praia,correcto, construam. A popumação' será orientada com construir as suas casas,pois nem todos podem ir para os prédios. Se ganha mil e duzentos ou três contosnão pode pagar o prédio. eles devem muito dinheiro ao Estado, por issochamaremos aqueles que gannam muito dinheiro e que não estão lá. Para isso oEstado fixará o preço dos prédios.Quero dizer aos que forem para os prédios, não só em Lourenço Marques, mas emtodo o território onde há prédios, Pemba, Quelímane, Nampula, Lichinga, Tete,Manica, Sofala, Inhambane, Gaza, que os prédios pertencem ao Estado. O Estadode Moçambique que é um Estado de operários e camponeses; somos nós aqui.Portanto, aquilo é nosso. Logo é nosso dever cuidar daquilo. Por exemplo, mantera cidade limpa. Todos nós, em conjunto, não somos capazes de num domingolimpar, a cidade. É preciso o Estado gastar dinheiro pagando aos varredores dasestradas? Vocês têm vergonha de varrer a vossa cidade? Fixar os dias de varrer acidade. Nos Sábados e domingos limpar a nossa cidade. Não queremos sujidadena nossa cidade. É preciso liquidarmos as moscas aqui na cidade. A característicada cidade deve ser a higiene e a limpeza. que representam as vossas caras. Setiverem remelas nos olhos isso significa também a situação da vossa cidade.Depois é preciso também evitar algumas outras coisas, corno isso de pendurar ascapuianas todas cá fora; se não a cidade ,ica come se fosse de monhés. Emsegundo lugar é também preciso evitar que levem cabritos para os prédios.Cabritos, galinhas não vão para os prédios. Terão que combinar com os que ficamno' rés-do-chão onde ficam as galinhas. Correcto? Em terceiro lugar o pilãotambém não pode ir para o prédio! Todos os dias a baterem com o pilão o prédiovai cair, tem de ficar lá em baixo também.TRES OBJECTIVOSA ALCANÇARE agora, em resumo desta reunião, porque é que tomamos estas medidas?Liquidar o racismo; liquidar a discriminaç.o racial; liquidar a discriminação socialque ainda existe ,na nossa sociedade e na no sa cidade. Liquidar'o racismo, acabarcom a divísãt, para crar as bases da verdadeira unidade. Unidade de todo o povosem discriminações baseadas na raça ou cor da Dele. Por isso digamos: abaixo oracismo. Viva a Unidade de todo o Povo Moçambicano.Segundo objectivo: Permitir ao Povo tomar a cidade vivende, nela. A cidade devepertencer ao oovo moçambicano. A cidade não deve pertencer aos exploradores.Não deve continuar a ser propriedade dos capitalistas. A cidade deve ter uma face

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moçambicana. O povo vai poder viver na sua própria cidade e não no quintal dacidade. Por isso digamos: abaixo a exploração; viva o poder dos explorados.Terceiro objectivo: Organizar no seio da cidade, nos bairros;nos quarteirões e nosprédios uma verdadeira vida colectiva. Organizar a Democracia no seio da cidadede modo a que todos participem na discussão e resolução dos problemas da :-:da r'ct4,. ra -;da de teros e de cada um. Deste modo estamos a criar as bases Para oexercício do Poder Popular Democrático que é o alicerce política da nossasociedade. Por isso dizemos: Viva o Poder. Popular -Democrático; Viva o PovoUnido do Rovuma ao Maputo; Viva a FRELIMO que Une e Orqaniza o Povo.Viva o Dia 3 de Fevereiro de cada ano. Dia dos Heróis Moçambicanos; a LutaContinua Independência ou Morte».«TEMPO» n.,, 280 ,- plg. 27

eI AIyrti«TEMPO» n., 280 - pdg. 28

D!E,«TEMPO» n. 280 - pdg. 29

Governo colonial sabia e não agia:ICHANTAGEM lWSM NO E "IGANGSTERISM" IuzADIo! Eff PELO:XPRAORESA Beira tal como a capital do país surgiu e cresceu para servir mais comoentreposto comercial do «interland» bri,tanico e das multinacionais exploradorasOs subúrbios super-povoados e sem qualquer condição de vida e sanidade sãouma prova cabal de como o Governo cdlonialista apenas se preocupava dom aminoria privilegiada e que detinha o poder. A separação nítida entre a cidade esubúrbios para além de outros factores que odeterminam, é resultante da actuação capitalista e exploradora«TEMPO» i, 280 - pdg. 30data do século passado, através do decreto-ei de 18 de Novembro de 1890.O Regulamento para a Concessão de Terrenos do Estado, promulgado em 1918,embora com sucessivas alterações, vigorou até 1961, instituindo um tipo deterrenos para «uso exclusivo da população indígena». Dentro destas «reservas»era permitido aos moçambicanos ocupar quaisquer parcelas, mas tal ocupação nãolhes conferia direitos individuais de propriedade.Acrescente-se por exemplo que na capital do país aquela que se «desenvolvia»com maior rapidez e extensão, a certa altura, os terrenos, mesmo suburbanos,foram totalmente «concedidos» ou «comprados» por meia d ú z ia de proprietáriosque co bravam uma renda anual muito superior ao pagamento do próprio foro naFazenda.Assim, por exemplo, na cidade do Maputo, sobre 770 hectares da área do foralpredominantemente ocupada por habitações precários de cidadãos moçambicanos,

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a situação jurídica dos terrenos era a seguinte: 570"hectares pertenciam apenas'a12 proprietários, e os restantes 100 hectares estavam em poder de cerca de trêscentenas de pequenos proprietários, que não eram certamente moradores ,nas -referidas áreas suburbanas.COMEÇAMAS MAQUINAÇÕESCOM TERRENOS E COM PRÉDIOSEnquanto por um lado e como vimos centenas e centenas de hectares de terrenopa-ra futuras construções, ficai vam na mão de meia dúzia de proprietários, que maistarde se transformaram em agentes de compra e venda de propriedades, por outroas cidades de cimento de todo o país em aumento demográfico constantecomeçam a ter necessidade de mais edifícios para habitação.Perfeitamente discriminadas em relação aos subúrbios, essas cidades m o çambicanas. cuja origem já conhecemos, começam a crescer mais-em altura do queem extensão. por vários motivos.Para além da referida discriminação e criação de uma comunidade perfeitamentedistinta da moçambicana, o crpscimento da cidade em altura favorecia não só aespeculação com os terrenos, mas também com a construção dos própriosedifícios e rendas dos apartamentos.Quer dizer: meia dúzia de endinheirados e pe q uenos agiotas que corrompiamfun-* cionários e notários, encontravam uma autêntica mina de ouro onde odinheiro surgia sem dificuldades de maior.Ainda sobre a discriminação há casos que demonstram quase uma obsessão eexagero em não querer viver junto dos cidadãos moçambicanos. Citamos comoexemplo o edifício de vários andares que aparece no meio do campo na pequenavila do Monapo, na província de Nampula. Não há ninguém por ali que não seinterrogue pela presença esquisita de um prédio no meio do campo, quando haviatanto e tanto terreno para construir moradias para cada família e em extensão.

A cidade de Nampula, outra das (cidades artiIfcis» surgiu e cres. 4 ceu pormotivos militares não tendo uma base agrícola, industrial ou mesmo comercialpara o aspecto «desenvolvido» que apresentaTodas estas cidades moçambicanas que assim nasceram e cresceram sãoautênticas cidades artificiais. Uma das mais evidentes é a de Nampula, que se«desenvolveu» por motivos militares, bem que na a.lt u r a tivesse qualquerinfraestrútura nas redondezas de carácter agrícola,comercial *ou industrial.Nestas cidades artificiais éportanto possível todo o tipo de-chantagem de indivíduos sem escrúpulos. Iremosem seguida retratar algumas delas.GOVERNO COLONIAL FECHAVA OS OLHOSA ESPECULAÇÃOCOM CASAS E TERRENOSQuantos e quantos casos

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de denúncia sobre especulação e roubos de casas e terrenos não foram«esquecidos» na própria mesa dos governadores coloniais de então?Algumas agências de compra e venda de propriedades que fizeram a suaespectacu-lar aparição nas cidades moçambicanas a partir de 1965-1966,escondem histórias queo tempo um dia revelará.«Comprando» grandes áreassuburbanas sem a te nd e r à presença dos moradores de toda a zona edesprezando os protestos destes, mandavam arquitectar à pressa una urbanizaçãoda área com a complementar propaganda na rádio e jornais.Preços aparentemente emconta, seduziam muita gentedesejpsa de possuir uma casa em terreno próprio. Só que esses terrenos, ou nãoestavam devidamente legalizados, ou o crime contra as próprias disposiçõescamarárias era tão evidente, que obrigavam as «autoridades> coloniais a agir.Todavia, o dinheiro entregue pelos compradores é que raramente era reembolsadoe aos arguidos (homens geralmente ligados a essas agên,cias de compra e venda)não lhes acontecia praticamente nada: uma «cunha» bem metida com unsdinheiros p e lo meio resolvia a questão. O mesmo arguido f i c a v a livre epronto para outras maquinações.Protestos chegaram mesmo a ser feitos aos governadores, ou administradorescoloniais, mas como o negócio «não era mau» e dava para todos, tudo ficava namesma.«PAGUE AGORA FAÇA DEPOIS»Assim como acontecia com os terrenos, passou a acontecer com os própriosprédios de habitação nas cidades.Surgiu a chamada «propriedade hori;ontal». A medida que um prédio era feito, oproprietário ia vendendo os andares por apartamentos, O negócio estava de talmaneira em ascensão, que já para o fim, muitos futuros proprietários chegavam avender, prédios completos quando a ponstrução ainda se encontrava nos alicerces.Quer dizer:o prédio ia sendo feito com o próprio pagamento antecipado dos futuroscondóminos (inquilinos-senhorios).Na capital do Maputo há vários destes casos que depois deu sarilho grande. Taisedificações ainda continuam apenas com as fundações. É só dar urna volta pelacidade e ver.INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO E OS GRANDES NEGÓCIOS-O ESCÂNDALODO «MONTEPIO»O negócio da construção de-prédios estava de vento em popa. O antigo Banco Nacional Ultramarino, que naaltura lançava tentáculos sobre tudo o qu" fosse negócio fácil, para benefício dosseus. governadores coloniais-fascistas e meia dúzia de fiéis lacaios nas colónias, oB. N. U. como dizíamos, lançou-se na compra de edifícios e, através de um«Fundo de Investimento», também na construção.

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A partir de então já não eram fáceis os créditos para particulares«desconhecidos», mesmo com muito dinheiro, facto aliás sempre difícil, pois semapadrinhamento nada se conseguia.Quanto aos moçambicanos era melhor esquecer!Todavia, através de bons amigos nesse banco e de se ter sacado a dinheiro aautorização camarária, alguns eram contemplados com empréstimos do B N.U,Contudo, o caso mais escandaloso foi o que sucedeu no «Montepio deMoçambique», instituição que mais créditos -dava para construção de casas.A partir de 1962 o «M. M» passa a ter um nove preuh dente, vice-presidente a voagal que marcam profundamente a vida daquela instituição.O «Montepio» durante o período em questão, era a principal instituição queconcedia crédito pa r a a construção imobiliária em Moçambique.Com o grande e explosivo crescimento demográfico que se verificou na altura, eainda a acrescentar ao que já afirmámos ou seja, com a notória especulação nopreço dos terrenos, feita ou apoiado por certos Serviços Públicos, os particulares eçs construtores civis viam-se, na necessidade de recorrer ao crédito do Montepio,para efectuarem ou prosseguirem as suas obras.Os referidos Presidente, Vice-Presidente e Vogal detinham naqueles-anos o poderquase absoluto sobre o Montepio, concedendo ou recusando a seu arbítrio assolicitações de crédito pendentes, sabendo-se que o número e valor dos pedidos'ultrapassavam sempre as disponibilidades momentâneas da instituição.Os demais dirigentes do Montepio eram na altura joguetes nas mãos daqueletriunvirato.Seguros da absoluta imunidade da parte do Governo-Geral, que não raro até elo-«TEMPO» n." 280 -'Pdg. 31

-,. -wAs populações exploradas que vivem em todos os subúrbios das cidadesmoçambicanas estão sujeitos a todo o tipo de catástrofes, uma das quais são, osincêndios devastadoresEMPRSiMOS APENAS ERAM DADOS AOS OUE OFERECIAM "LUVAS"Cidade de Tete: outra fachada que não traduz a realidade. Por detrás destesprédios milhares de pessoas vivem natemba em casas de caniço e madeira e zincogiava publicamente o trio e a instituição - aliás tinha sido o próprio Governo-Geral a nomeá-los para os cargos, o trio organizou o que se pode consideiar umaautêntico «gang» de extorsão a todos os particulares que se viam compelidos arecorrer ao «Montepio» em busca de crédito para as suas construçoes.Toda a gente na capital e «TEMPO» n.ý 280 -Pág. 32mesmo em todas as outras cidades sabia que sem «iuvas» - uma boa maquia emdinheiro - eram impossível obter um empréstimo no Montepio de Moçambique.Havendo sempre várias centenas de pedidos na ordem dos -milhares e milhares decontos, era fácil àquele grupo, dirigente do eM. M.», sob ameaça velada oumesmoaberta de indeferimento ou adiamento de empréstimos, o pagamento de quantiasenormes para que os referidos empréstimos fossem concedidos. Os particulares

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tinham a maior parte das vezes que ceder sob pena de ruína das suas obras eempreendimentos.Este é um longo processo que se encontra em Tribunale que demonstra uma parte importante de todo o tipo de chantagem e mesmogangsterismo que existia nas cidades moçambicanas com o chorudo negócio dosprédios.- Era uma roubalheira descarada - dir-nos-ia um antigo funcionário camarário.Efectivamente, a rede criminosa e de chantagem passava por muito lugares e atin-

Por outro lado e sobretudo a nova situação irá beneficiar a longo prazo os -moçambica-nos deserdados das suas próprias cidades, das cidades que ajudaram aconstruir.SUBÚRBIOSE A ESPECULAÇAOCOM CASASFrizámos nos piímeiros capítulos a grande manobra com os terrenos suburbanos,terrenos esses que encontravam na posse de meia dúzia de exploradores queviviam burguezmente nas cidades.Todavia mercê da expansão dessas cidades, da criação de lugares de trabalho deuma aparente vida mais fácil, tudo isto aliado ao abandono completo em relaçãoao campo, às secas e às cheias, provocou uma emigração maciça para os centrosurbanos.Mais de um milhão de moçambicanos começaram a viver nos subúrbios de todasas pequenas e grandes cidades do país, levando uma vida díficil.Enquanto uns conseguiam erguer as suas próprias casas, à custa de imensossacrifi-cios, outro-teriam de as alugar. Aqui tomeçaram também a surgir nos referidossubúrbios os construtores especuladores, as rendas avultadas e toda uma série demanobras e também de gangsterismo, a que não estavam alheios os régulos dacidade.O pagamento de boa quantia de dinheiro abria imediatamente a autorização dorégulo daquele bairro para se construir. Por outro lado, cantineiros «espertos» eindividuos que já viviam nos prédios das cidades «investiam» o seu capitalconstruindo«barracas» ou «componds» apenas com um q uar to, ou quarto e sala, e cobrandorendas escandalosas mensalmente.Esses individuos eram autênticos exploradores da exploração.A recente nacionalização vai permitir por outro lado o fim desta vergonhosaexploração existente nos subúrbios da s cidades moçambicanas, ondeefectivamente v i v e o grosso da população urbana.,,TEMPO» n." 280 - pdg 33

fabra uma conta depouitopara eleOfereça ao seu filho uma conta depósito a prazo na Caixa Económica doMontepio

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onde o dinheiro cresce mais depressa do que ele!Quando ele for um homem um depósito de dezcontos no Montepio, aumenta para 56 contos!Taxas de juros até 9,5% isentos de impostos. Deposite no Montepio onde o seudinheiro rende mais.Montepio4

16 200 PESSOAS ATINGIDAS PELAS CHEIASAs fortes chuvadas caídas na penúltima semana no Sul do Pais originaram que aságuas dos rios galgassem as margens, inundando extensas áreas habitadas ecultivadas. Milhares de pessoas - cerca de 16.200 - foram atngidas pelasinundações, havendo ainda a lamentar o desaparecimento de 14 pessoas e 11mortos na província do Maputo, se-gundo um comunicado do Ministério do Interior sobre'a situação; que adiantepublicamos.Muitas das pessoas atingidas pelas inundações foram transportadas para aPalmeira, local onde foi instalado o centro das operações de socorrodesenvolvidas pelo Partido e pelo Governo e em que foram utilizados helicópterose embarcações.«TEMPO» n 280 - pdg. 35

Além de culturas submersas e cabeças de gado arrastadas pela corrente, receia-sea perda de vidas humanas. .Por outro lado, muitas vias de comunicação estãocortadas, entre as quais a estrada nacional n.* 1, que liga o Maputo à Beira. Destaforma, o acesso aos locais mais efectados pela inundação só é pos-sível com a utilização de helicópteros ou de barcos. É com o auxilio destes meiosque foram postos em prática as operações de socorro às populações que ficaramisoladas devido à subida súbita das águas tendo, muitas delas, de procurar refúgioem lo-. cais mais elevados, inclusive na cobertura das habitações enas copas das árvores.As populações, organizadas em tomo dos Grupos Dinamizadores, tentam também,com os meios ao seu alcance, minorar a situação embora, perante o que se lhesdepara, pouco mais possam do que procurar atingir-'um local seguro e salvar osseus haveres, esperando que a descidadas águas lhes permita voltar de novo ao trabalho'e ,ás tarefas de produção.O aterro de Xinavane ficou completamente coberto pela água, enquanto emTaninga, rebentou um pontão que não resistiu à força da corrente, sendo este umdos vários locais onde se encontra cortada a estrada que liga o norte com o sul doPaís.Na área compreendida entre a Palmeira e a Serra do Magul, centenas de pessoastiveram de ser evacuadas, enquanto outras embora sem estarem em perigo ficaramisoladas pela subida das águas. A par das operações de so-corro, também quanto aestas últimas foram tomadas as necessárias medidas de assistência, especialmenteno que se refere ao seu abastecimento de alimentos, efectuado de barco, a, partirdo centro de apoio instalado na Pàlmeira.

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Esta cheia é considerada uma das maiores dos últimos trinta an os, havendo locaisonde não se esperava que as águas chegassem devido ao aterro ter cedido emvários pontos. Aliás, idêntica situação se verificou no distrito de Chócuè em queapesar do Limpopo não ter saldo das margens, extensas áreas ficarmcompletamente alagadas apenas pela chuva caída na região. Segundo um d e p oimento colhido no local, a última vez que a linha férrea ficou coberta de água foiem 1965, por ocasião do «Claude».AUXILIODA ONUEntretanto, na tarde do passado dia 5, o representante permanente da ONU nonosso P a í s. Anthony Balensky, sobrevoou as zonas mais afectadas pelasinundações, nomeadamente a região compreendida entre Marracuene, Magude eMacia, com o objectivo de w inteirar da situação e dos #stragos causados pelascheias do Incpmáti.Ao regressar ao Maputo, o representante permanente da ONU no nosso País, emdeclarções para a Informação. começou por afirmar:-Em primeiro lugar pedirei aos camaradas responsá,.veis do Partido e do Governo de Moçambique, det a 1 h a s das populações e áreasafectadas pelas cheias nas zonas que agorã acabamos de sobrevoar.a fim de pr~parar um relatório destinado ao Comité Coordenador de AjudaIntemacional das Nações Uni-«TEMPO» n. 280 - pdg. 36As chuvas caídas no sul do Pais provocaram a destruição de muitas culturas e oalagamento de várias áreas habitadas e cultivadas

das, que prestará auxilio ma teriaI à vítimas dasFalando spbre o tipo de ajuda a prestar, acrescentou:-A ajuda k~ principalmente e nesta primeira fase, sobre géneros afimentidos,visto os estragos causados pelas águas terem afectado uma zona bastante rica daproduço agricota.E a terminar as suas dedlar a ç õ e s. Anthony Balensky, afirmou:-No entanto, embora eupense que estais cheias nãotenham sido como as do ano pasado na região do Limpopo, as mesmas irãoprejudicar a produção agríicla deste ano, assim como o gado e populaçõesdas áreas afectadas.,MEMBROS DO PARTIDO E DO GOVERNO INTEIRAM-SE DA SITUAÇÃONa tarde de sexta-feira, vários membros do Partido e do Governo da RepúblicaPopular de Moçambique sobrevoaram as zonas afectadas pelas cheias.Nesta deslocação tomaram parte o Vice-Presidente da FRELIMO e Ministro doDesenvolvimento e Pl nificação Económica camarada Marceli-no dos Santos, o Ministro da Informação, camarada Jorge Rebelo, o Ministro doTrabalho Mariano Matsinha, o Ministro da Agricultura, camarada Joaquim deCarvalho, o Ministro da Educação e Cultura, camarada Graça Simbine, o Ministroda Saúde, camarada Helder Martins, o Ministro das Obras Públicas e Habitação,camarada Júlio Carrilho. o Ministro das Finanças, camarada Salomão

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Munguambe, e o Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros, camarada ArmandoPanguene, além de Jacinto Veloso e do Governador do Banco de Moçambique,Alberto CassimoEntretanto, a camarada Deolinda Guezimane, membro .do Comité Central daFRELIMO eSecretária -Geral da Organização da Mulher Moçambicana, deslocou-se porestrada aos Distritos da Menhiça e de Marracuene, tendo participado nadistribuição de um camião de alimentos, ido de Maputo. Nos contactos queestabeleceu com as populações afectadas pelas inundações, a camarada DeolindaGuezimane apontou que a situação era fruto das sequelas do colonialismo,incentivou ao engajamento no trabalho colectivo de reconstrução e recordou anecessidade das populações viverem organizadas em Aldeias Comunais comoforma de melhor se defenderem das calamidades naturais e de dominarem anatureza em seu beneficio.MIzares ae pessoas - cerca ce 16.200 - foram atin Laas pelas inunaaçoes e muztasaetas peraeram as suas casas, os seus haveres e as suas culturas. As operações desocorro às vitimas, orientadas pelo Partido e pelo Governo, mobilizaramhelicópteros e barcos, tendo a base sido estabelecida na Palmeira«TEMPO» n., 280 - pdg. 37

No Distrito do Chócué, como em vários outros, a subida das águas atingiuculturas e habitações, cortou vias' de co-.municação, deixou populações isoladasCOMUNICADODO MINISTÉRIODO INTERIORSegundo um Comunicado do Min:stério do Interior, eleva-se a mais de 16 mil, onúmero de pessoas atingidas pelas cheias no país. É o seguinte o texto integral doComunicado:«turante toda esta semana, em consequência das grandes chuvas que se abateramem todo o sul de Moçambique, as águas dos rios desta zona mais uma veztransbordaram dos seus leitos normais. Várias áreas foram alagadas, provocandoum grande número de vitimas na população, havendo a salientar diversos mortos,desaparecidos, feridos e desalojados, assim como graves prejuí-<TEMPO» n." 280- pdg. 38

zos nos bens percencentes à mesma. Verificaram-se grandes estragos nas culturasque se estendem ao longo destes rios e nas comunicações rodoviária$ eferroviárias destas áreas.Não é a primeira vez ,que o País é afectado por calamidades naturais,especialmente cheias de rios. Com efeito, anualmente repetem-se com maior oumenor gravidade estes factos.O regime colonial nunca teve a mínima preocupação de criar as condiçõesmateriais que permitissem pôr as forças da natureza ao serviço do Homem.Continuamos, pois, hoje ainda, sujeitos a estes fenômenos da natureza.

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A conquista .do poder político pelas massas populares unidas e organizadas pelaFRELIMO permite queno decorrer da dura batalha da reconstrução nacional em que todo o Pais seencontra engajado, se criem as condições para que tais fenómenos sejamcontrolados pelo Homem.A organização em aldeias comunais das populações destas zonas permitirá umadefesa destas em relação a situações deste género, além de criar as condições paraa transformação das grandes chuvas em fonte de riqueza e de aumento daprodução agrícola.A preocupação constante da Direcção do Partido e do Governo que visitaram asáreas afectadas tomando conhecimento dn loco» das proporções das cheias e aacção de apoio e salvamento desencadeada de imediato pelas estruturas doPartido, das Forças Populares de Libertaçãode Moçambique, do Governo e dasa populações enquadr~das pelos' GruposDinamizadores, permitiu' dini-. nuir os efeitos das cheias deste ano. Os distritosmais flagelados foram os do Maputo, Mãgude, Manhiça, Marracuene e Matola naprovíncia do Maputo e do Xai-Xai. Chibuto 0 Bilene, na província de Gaza.As vitimas atingidas até à presente data são de cerca. de 16200, havendo ainda alamentar o desaparecimento de 14 pessoas e 11 mortos na província do Maputo,desconhecendo-se ainda o número de vítimas na província de Gaza.O nível das águas tende a normalizar-se em tbdos os distritos, continuando asoperações de salvamento e apoio.'Maputo, 7 de Fevereiro de 1976.»COMUNICADODA DIRECÇÃO NACIONAL DE MEDICINA PREVENTIVA1.' O temporal que ultimámente assolou grande parte do Crianças de 4 a 0anos - 1 comprimido.nosso País provocou o alagamento de extensas áreas, Crianças ,de 7 a 12anos - 1,5 comprimido.originando a formação de enormes pântanos e char- Acima dos 12 anos -2 comprimidos.cos. 12.0 Estas ôguas estagnadas constituem excelentes fontesde criação de mosquitos, muitos deles transmissoresde Paludismo.3.' Prevê-se portanto um aumento considerável de casosde paludismo, quer nas zonas urbanas quer nas rurais.4.1 Assim, apela-se para que todos colaborem numa campanha, com vista adestruir aqueles charcos por meio de valas e aterros, eliminando-se deste modoaquelas águas estagnadas. Por outro lado, sempre que possível, deverão sercobertos com terra ou ainda tratadoscom óleo queimado.5.° Devem ser enterradas ou recolhidas todas as latas velhas, garrafas ou qualqueroutro vasilhame que possa conter água, pneus velhos. etc., que constituem,igualmente, criadouros de mosquitos.

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6.* Os telhados e varandas das casas devem ser convenientemente limpos edesentupidos.7.0 Todos os quintais, jardins e terrenos vagos deverãoser urgentemente capinados.8.°0 êxito desta campanha dependa essenciabuente dacompreensão do Povo, da sue colaboração, isto é, do trabalho colectivo naprevenção e combate contrao Paludismo.-Todas as pessoas devem tomai" desde já e semanalmente medicamentos paraprevenir o paludismo, cujo esquema se indica:CLOROQUINA - (Adultos) (comprimidos a 150mg.base).Crianças de menos da 1 ano 1/4 comprimido.Crianças de 1 a 3 anos - 1/2 comprimido.Recomenda-se que estes comprimdos devem ser tomados sempre depois dasrefeições e com abundante quantidade de água ou outro liquido.Todos osc Centros de Saúde, Hospitais, Delegacias, Maternidades, PostosSanitários e Escolas têm à disposição, cloroquina para distribuir à população.,Esta campanha apoia-se também nas estruturas políticas e administrativas queorientarão as populações para os locais de distribuição e: tomada dosmedicamentos.-Finalmente, apela-se para os grupos dinamizadoras para que desenvolvam todo oseu esforço nio sentido da organização e esclarecimento das massas sobre a suaimportância decisiva nestas tarefas.Contra a çloença a luta continua.APELO1.0 O temporal que ultlmaminte assolou grande parte donosso Pais, originou a formação de grandes pântanos e charcos.2. Essas enormes quantidades de água estagnada constituem ecoclentes criadourosde mosquitos, muitosdeles transmissoras do paludismo.3.' Uma das maneiras mais eficazes de combater esta perigos situação consiste nolançamento de óleo queimado nesses pêntanos e charcos.4.° Por esta razão apela-se para os proprietários de todasas garagens, estações de serviço, fábricas e outros estabelecimentos, Caminhos deFerro de Moçambique e Companhias de Transportes, no sentido çle forneceremtodo o óleo queimado postivel, a fim de ser lançado em todas as colecções deágua estagnada.5.* A entrega desse óleo queimado deverá fazer-se nasDelegacias de Saúde locais mas, se tal não for possL bastará comunicar àsformações sanitárias quepromoverão a sua recolha.MAPUTO, 6 de Fevereiro de 1976.-'TEMPO» n.- 280 - pd. 39

D JIBOUTI:.

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LUTA CONDjibouti - de nome colonial «,Território de Afars e Issas. --- é uma colóniafrancesa situada à entrada do Canal de Suez, escala obrigatóira na rota marítimaentre o Mar Vermelho e o Oceano IndícoEssa situação seu inerente interesseestratégico, e a obcessão hegemonista do Imperialismo, tem feito com que ocolonialismo francês se não decida a soltar as suas garras daquele país do nossocontinente, e a reconhecer ao seu Povo o inâlienável direito à auto-determinação eIndependência.Forçados a retirar a sua base militar de Madagáscar, pela implantação nesse paísde um regime anti-imperialista, apesar de todas as manobras, condenado a ter deigual modo de tirar a curto prazo as suas forças de agressão da base da ilha deMayotte, nas Comores, Djibout passou a ter para os desgnos imperialistasfranceses um interesse desesperado.Acesa a nível de todo o nosso continente a grande fogueira da libertação real dosnossos povos do colonialismo, imperialismo, hegemonismo e de todas as formasde dependência do capitalismo internacional e da burguesia mundial, oimperialismo francês tem contudo também em Djibouti, e consequentementeneste lado do Oceano indico, os dias contados. No esterior do seu desespero asmesmas atitudes de sempre: tentativa de imposição de um regime neocolonialcom um fantoche nacional à testa, a repressão assassina -dos patriotas quereivindicam o seu direito à Independência, o maltratar das populações indefesas, aprovocação e agressão a oaíses' vizinhos de regime progressita que cumprem'oseu dever de aoiar a justa luta do Povo oprimido. A explicação destas atitudes - amesma de s.empre também: a sua incapacidade e relutância de compreender oprocesso histórico.E, às leis gerais do processo histórico há a acrescentar uma- a diminuiçãoprogressiva do «espaço histórico>». Cada vez se torna mais yÇ curto o tempo quedemora o avolumar das contradições que levam à ruptura e destruição do sistemacapitalista e sua substituição por um processo revolucionário, em cada país onde oPovo resolve dizer «basta!» e lutar pela sua emancipação...Para que os nossos leitores fiquem com uma imagem do momento histórico daluta de Libertação do Povo de Djibouti publicamos nesta edição: 1.o Umaentrevista concedida à Informação moçambicana pela delegação conjunta dasorganizações nacionalistas presentes à Reunião do Comité de Libertação da OUArealizada na nossa capital - a Liga Popular Africana para a Independência e aFrente de Libertação da Costa Somáli: 2.° Extractos de uma exposiçãoapresentada pela LPAI nas Nações Unidas e, 3.- um resumo dos últimosacontecimentos no Djibouti.Ahmed Dini (Secretário Geral do LPAI)Nós representamos o Partido no interior, e estes irmãos a Frente de Libertação daCosta 'Somáli. Eles estão no exterior. No interior não têm uma presença oficial.Mas, como é evidente, eles combatem também no interior. Tem a sua organizaçãono interior, cqmbatem no interior, onde são representadas por célulasclanoestinas.As actividades políticas legais, sem luta armada, somos nós que fa. «fEMPO» n.280- pdg 40

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zemos, o Partido-Liga Popular Africana para a Independência. E as acçõesmilitares, ilegais, são eles que as fazem. Embora sejamos duas organizaçõesdiferentes, somos complementares no que respeita ao fim a atingir- aIndependência.Vejamos então o que são as nossas organizações.No interior, o nosso partido tem a sua sede central em Djibouti- a capital -e tem13 secções por todo o território, tanto em Djibouti como nas outras 'rovíncias.Temosuma Sede Central com um Comité Central, um Comité Executivo. Fazemospublicações, reuniões públicas, manifestações.De há vinte dias para cá o Governo colonial proibiu as reuniões públicas. Emitiuuma lei que proíbe em'todo o país reuniões com mais de cinco pessoas Acabamoscontudo de saber que o Comité do nosso Partido decidiu organizar para o próximodomingo uma manifestação de massas. E que as autoridades francesas proibiramessa manifestação.

RA COLONIALISMO FRANCÊSSEUS LACAIOS NACIONAISEstamos quase certos que haverá entrada entre o Mar Vermelho e oconfrontação, nesse dia. Faremos os Oceano Indico. Djibouti está situapossíveispor chegar a tempo dessa do numa rota maritima muito fremanifestação. Sehouver confronta- quentada. Todos os barcos que tranção, devem concertezaouvir falar sitam pelo Canal de Suez passam nela pela rádio. pelonosso país.O que pretende o nosso partido? O orgulho do imperialisno consisPedimos umaindependência ime- te em crer-se investido de uma misdiata, e incondicional. Epara nós são em todo o planeta: pensa que é independência significa necessária-obrigado a policiar o mundo. Há mente o- fim da presença militar muitos barcosque transportam pefrancesa em Djibouti. Bem como o tróleo que passam peloEstreito de desmantelamento da I ase militar Babel Mandeb, o que equivale adifranc'esa que controla actualmente a zer pelo nosso país. O imperialismocrê-se obrigado a policiar a circulacão marítima no nosso país.., E, para issomantem uma base marítima, aero-naval, em Etienne, e as forças francesasestacionadas no nosso país são na proporção de um soldado francês por cada vintehabitantes.Uma vez que a pressão internacional se tornou mais forte sobre o Governofrancês, e que esse Governo, constatou que não poderá continuar a manter-nossobre um colonialismo clássico, fez uma declaração dizendo que nos daria aIndependência. Fez essa declaração a 31 de Dezembro, e nos princípios de Janeiro-precisamente a 3 de Janeirolançou em Djibouti uma campanha de deportaçãosem precedentes. Eles declaram querer dar a independência ao nosso país, mascsva ziam-no da sua população. A quem querem dar a independência se deportama população?Eles tinham 12 mil soldados no nosso país. Tomaram a decisão de para lá enviarmais 3 mil, o que fará 15 mil. Aumentaram as forças policiais em mais seis

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esquadrões. O que os faz mandar para lá essas forças suplementares? QUEINDEPENDÊNCIA NOS QUER DAR A FRANÇA?Como foi divulgado pelos jornais e rádio, a capital do nosso país está cercada porarame farpado e minada em toda a sua volta. Há oito filas de arame farpado quefazem um cerco de 12 metros de Ia-gura. No espaço entre as diversas filas dearame farpado há campos de minas anti-pessoais. Há postos de observação de 200em 200 metros. Nos miradouros há legionários munidos de arma e binóculos,' quepatrulham toda a noite. Se alguêm tenta atravessar o arame farpado atiram sobreele como a um coelho. Seja homem, mulher ou criança- isso não tem para eles importância nenhuma....Actualmente essas filas de arame farpado estão ainda a ser reforçados. Portanto,embora a decla«TEMPO» n." 280 - pdg 41

Delegações da LPAI. e FLCS presentes à reunião do Comité de Libertação daQUA. Em primeiro plano da esquerda para a direita: Wahib Issa (Sçcretd ealadjunto da PLAI); Ahmed Dini (Secretério-Geral da LPAI); Mohamed Dyana(Secretdrio das relações internacionais da FLCS); Warsa na Asone (Secretdrio daIdeologia e Imprensa da FLCS); M. A. Farah (representante da FLCS na Argélia).Em segundo plano: Ibrahim Ali (membro do Comité Executivo da LPAI)ração francesa diga querer dar-nos a independência, isso é esvaziado de qualquercontéudo real pelas actividades que a acompanham-a deportação maciça,- aproibição de reuniões políticas organizadas pelo Partido legalmente constituído efuncionando democráticamente. E o Povo protesta contra isso.As fotografias que aqui vêm referem-se a uma manifestação de protesto que tevelugar a 21 de Dezembro último. Três dias depois do assassínio de estudantes.É provável que tenham ouvido falar.... Os estudantes liceais gritaram «Viva aLiberdade, Abaixo o colonialismo». O chefe do Governo local, sr. Ali Aref,enviou os seus capangas munidos de metralhadoras. Eles chegaram ao liceu aatiraram sobre a multidão de estudantes, sem qualquer investigação. Porque eleshaviam gritado «Viva a Liberdade, abaixo o colonialismo ....Estão aí também fotografias dos estudantes mortos, e das cápsulas de 9mm dasbalas de metralhadoras de que eles se serviram. Tiramos as fotografias na morguedo hospital.Isto quando todo o mundo fala de independência, e todo o mundo divulga que aFrança nos dará a independência. Eles querem dar a independência ao país semhabitantes. E para manter o país com vida eles querem substituir-nos pelosmilitares, e impõem-nos um governo fantoche local. E o 'chefe do governo cujoscapangas mataram os estudantes - aparece na primeira pági«TEMPO» n., -280 -pdg. 42n dos jornais de Paris dizendo que a manutenção dos militares é condição «sinequa non» para a independência. Eis o artigo-«Quotidien» de Paris n.o 5,1, de 29de Dezembro de 1975-este é o original. dou-vos uma fotocópia....(Lendo)«Quando fala de independência, diz que a independência não é possível sem oexército de ocupação estrangeira....»

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O cerco de arame farpado, os campos de minas de que vos falei, são motivo dereportagem neste mesmo jornal de Paris, na edição de 30 de Dezembro. Vejam asfotografias: o arame farpado, as minas....VIEMOS PARA ADVERTIR A OUAFoi por tudo isto que viemos a Lourenço Marques. Para fazer um relatório dasituação real em Djibouti ao Comité para Libertação de Africa, e pedir aosresponsáveis africanos que exijam da França que respeite as quatro condições queem Novembro último formulamos em Dar-es-Salaam: 1. -A cessação darepressão,das prisões maciças, das deportações e expulsões dos habitantes do país: 2.-Quelevantem o cerco de arame farpado e os campos de :minas que circundam a toda avolta a cidade de Djibouti; 3.a-O regresso de todos os deportados e expulsos dopaís desde 1966, e 4.a = Que os militares e polícias franceses come-cem.desde já a evacuar o país, de modo a que'a partida do último soldado coincidacom o primeiro dia da nossa soberania. Porque-não é possível qualquer soberanianacional sob a ocupação de um exército estrangeiro.Nós e4tamos convencidos que os responsáveis, os delegados representantes dospaises africanos no Comité de Libertação divulgarão as medidas que decidiramadoptar para a reclamação. Decidiram enviar uma comissão de inquérito aDjibouti representando os países membros da OUA. Eles irão nomear esta noite adelegação e, eventualmente, divulgar o nome dos países africanos que dela fa'rãoparte.P - Gostaríamos que nos falassem um pouco das grandes linhas políticas, eideológicas que orientam a vossa acção.WARSAMA ASOWE (Secretário de Ideologia, Informação e Imprensa da FLCS)-Como vos disse o chefe da delegação do Partido, estão a q u i presentes duasorganizações - a Liga Popular Africana para a Independência, cujo chefe de dele,gação acabou de falar, e a Frente de Libertação, da Costa Somali, que somos nósque representamos. Como ele disse, embora sejamos ia organizações distintas,somc ,as forças que lutam pela libei i .o do país, para a libertação real do país.Dado que temos o mesmo objectivo,

decidimos manter uma colaboração na nossa acção. E é assim que nós actuamos.Como ele disse, eles no plano legal, com acções de agitação política e demobilização de, massas-o que a Frente não poderia fazer no interior porque não tem existên,cia legal,reconhecida pelo colonialismo-e nós, no exterior, onde empreendemos as acçõesque consideramos necessárias para fazer avançar a luta.AS MANOBRASNEOCOLONIALISTAS DA FRANÇANo que respeita à situação no interior do pais no momento actual, creio que ochefe da delegação do,-Partido vos deu uma imagem comp[eta e concisa, pelo que não tenhonecessidade de acrescentar. Gostaria no entanto de me referir um pouco mais aoque nos trouxe aqui ao Comité de Libertação.Como vos foi dito, em virtude da ebulição no plano local e no plano internacional,o colonialismo viu-se obrigado a aceitar conceder a independência. A questão que

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se põe, é entre uma independência que vai servir o Povo ou pura.e simplesmente,uma mudança de forma da presença francesa no nosso país. Infelizmente tratava-se da segunda hipótese. E a nossa preocupação neste momento é de advertir aopinião internacional, e sobretudo a OUA, pa ra se não deixar iludir pelapropaganda neocolonialista do Governo francês.O nosso fim é justamente fazer compreender as intenções reais do Governofrancês, e do Governo local, lá colocado pela potência administradora. Este. é oponto principal. E a nossa intervenção - como a do LPAI -foi nese sentido. E nóscremos que o Comité de Libertação compreendeu o perigo que nos ameaça, e foipor isso que decidiu lá enviar uma comissão de inquérito, que pensamos será útil,pois fará uma constatação directa da situação no local, poderá ver quais são osanseios da população-o desejo de ser independente -e o isolamento do chefe dogoverno local, que não tem outro apoio senão o do exército e da administraçãocolonial.Nós não queremos parecer partidários da violência como fim, da guerra pelaguerra. Todo o mundo, quer as orgarrizações , revolucionárias, quer os povos, ouas organiza-ções internacionais que. se interessaram pelo nosso problema, todos pretendemoseconomizar uma guerra. E ninguém mais do que o Povo da Costa Somali queruma ascenção à independência pacífica. Mas para isso é necessário que o governofrancês,- uma vez que é ele que decide pelo governo local-corres. ponda a umasérie de condições mínimas, que nos permitam acreditar que a Franca quer defacto conceder a independência ao nosso Povo, e não a lacaios ao seu serviço. Eesse conjunto de condições que foram postas em Dar-es-Salaam pelo LPAI e pelaFLCS-o que mostra termos a mesma óptica de análise da situação- foram asmesmas postas de novo aqui.QUEREMOS UMA INDEPENDÊNCIA QUE BENIFICIE A MAIORIA DOPOVOIsto o que tíinhamos a acrescentar no que rpspeita à situação, às nossasreaçe0eý¿0m o LPAI, e aó nosso objectivo aqui no Comité de Libertação.No que. respeita ao nosso programa, podemos dar-vos agora as grandes linhasideológicas e políticas que nos ,orientam. Enquanto Frente de Libertação, nóscremos como solucão eficaz contra o colonialismo, ç como- meio de acelerara independência, a Luta Armada. A prova deu-a Moçambique. Em segundo lugarnós cremos, como mili tantes da FLCS, enquanto organização revolucionária,que devemos lutar pelos interesses do Povo, das grandes massas. Que a independência deve benificiar a grande maioria da população, e não um pequenogrupo, não uma élite. Uma independência em que o Poder. pertença de facto aoPovo, e onde o Povo possa dispor dos seus destinos e tomar livremente asdecisões políticas.No que respeita à organização a Frente é assim constituída: Temos, umSecretariado Geral, um Comité Executivo, um Comité Central e células e Secçõesclandestinas no interior do país, que se não podem manifestar sob o risco deserem alvo de repressão. É esse em resumo breve o esquema danossa organização.O fim a atingir: a Independência. Uma independência Popular, em que o Poderpertença ao Povo.

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PORTA-A-PORTADE TODA A CIDADE: 80 MINUTOSP - Poderiam dar mais detalfies sobre a vossa organização de massas e da ligaçãoPartido-massas.Amed Dini-Como vos disse, temos um Comité Central. O Comité Central éescolhido pelas massas.Manifestação Popular em Djibouti. As mulheres e crianças poêm as mãos em'cima das cabeças para mostrarem que estão desarmadas. Mas nem sempre isso ésuficiente para que as tropas coloniais ou os capangas do Governo fantoche localnão atirem sobre eles.«TEMPO» n., 280 - pdg. 43

A esquerda Omar Ali Haibe (14 anos) e à direita, Ahmed Saleh Ahmed (19 anos)Mortos à bala em 18-12-75 pelos capangas do Presidente fantoche do DjiboutiSenhor Ali Arel, mortos por gritarem «Viva a liberdade- abaixo o Colonialismo».E o Comité Central designa por sua vez o Comité Executivo, de doze membros. Etemos uma Sede Central e Secções através de todo o país. Treze secções. Nassecções temos as comissões especializadas-a comissão encarregada da Propaganda, a da Informação, da Cultura, dos EstudosEconómicos, da Mobilização.Como actuamos. Por exemploDjibouti é uma cidade de 150 mil habitantes. Aoposição não tem direito a dizer uma palavra na rádio. O único jornal publicadoem Djibouti nunca fala da oposição. Quando nós queremos fazer umamanifestação, uma. mobilização -nós montamos um sistema local para poder fazerum porta-a-porta de toda a cidade de Djibouti em 80 minutos. Em uma hora evinte minutos, exactamente, nós podemos mobilizar a população de Djibouti. Sequisermos fazer circular uma palavra-de-ordem, uma ins trução, organizar umasaída para as ruas, nós podemos bater a todas as portas de Djibouti-que dividi osem bairros,em quarteirões, no interior dos quarteirões em ruas, e as ruas emgrupos de casas, e temos responsáveis por cada uma das divisões- podemosmobilizar toda a população em uma hora e vinte minutos.Ainda recentemente-no dia em que organizamos essa última manifestação- nesáe'dia os autocarros não circularam, os táxis não circularam, não houve mercadosabertos, todo o comércio fechou, os bares e restaurantes fecharam. Isto mostra queparamos completamente todas as actividades na cidade de Djibouti, que é acápital. Podemos fazê-lo perfeitamente em todas as cidades do país....«TEMPO» n. 280- pdg. 44Nesse mesmo dia houve uma manifestação organizada pelo governo-com convocação na rádio, transportes, tudo. O governo conseguiu reunir, nomáximo, 2500 pessoas. Nós reunimos ao mesmo tempo, no mesmo dia, 60 milpessoas.... (Isto também é citado no jornal cuja fotocópia vos dei).E, das 2 500 pesqoas que o governo reuniu, fez vir 500 do interior, das províncias,a pé. Pelos seus próprios pés.Seja em que localidade for, a proporção entre os que apoiam o nosso Partido e osque seguem o Governo é de 95% para nós, e 5% para o governo.

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Quando o jornalista que o entrevistou perguntou ao chefe do governo se o Partidode oposição tinha feito uma demonstração de força, e fez notar que o governo sótinha conseguido reunir menos de 1Q0% da população, o chefe de governorespondeu: «eu não acredito em demonstrações da força». Isto é bem significativode, que ele não toma em conta amaioria da população. Ele tem o exército francêscom ele, e a população para ele não conta Disse-o claramente ns entrevista.OS INTERESSES IMPERIALISTASP- Falaram-nos do m o m e n t o actbal. Gostaríamos que nos falassem da históriado Djibouti, de modo a explicar os interesses imperialistas no vosso país.A. Dini- A história do nosso país confunde-se com a história -da colonização detoda a África. A ocu. pação pela França do nosso país remonta à ocupação pelaspotências europeias, quando elas dividiramÁfrica entre si pela Conferência de Berlim, e cada país europeu ficou' com umpedaço do nosso continente. O nosso território fez parte do pedaço atribuído aFrança.Mas, a ocupação efectiva do nosso país coincidiu com a abertura do Canal deSuez. Porque antes da abertura do Canal o nosso país não estava na rota dasgrandes -companhias de navegação. Depois da abertura do Canal do Suez todosos barcos que transitam por esse canal são obrigados a passar ou pelo nosso paísou por Aden, que é uma colónia inglesa. Como os franceses e os inglesesnemsempre estão de acordo, e os franceses tinham grandes interesses no extremo-oriente*na Indochina-e em Madagáscar, eles quiseram uma escala parareabastecer os seus barcos e reabastecer os seus soldados nesta parte do MarVermelho e do Oceano Indico.Depois essa escala foi transformada num observatório. Um posto de observação.Observa todos os movimentos marítimos no Mar Vermelho e no índico.Simultâneamente, com o desenvolvimento técnico, além de posto de observaçãotransformou-se também em posto de escuta. Temos em Djibouti o maior campode antenas de escuta de rádio e de telecomunicações. Há centenas de hectares deantenas para escutar tudo o que se diz no Oceano indico, entre o Oriente e oOcidente, tudo o que se diz desde o extremooriente a Mfrica e a todas as partes domundo.São esses portanto os -principais interesses estratégicos da França em Djibouti:rota marítima e a escuta das terecomunicações, e as tele-

comunicações, entre Ocidente.o Oriente e ouma tribcáli. Os «afars», são ente. (Não há, claro, ima entre os «afars» Estão nestemomento oAfars» e «Issas» distinguirem-nos.... ). o país o nome de Afars eIssas»: Para somãlis, e essenciale no interior não hou;ciência nacional. Pa«afars» -vocês são dizerem aos «issas» issas». São tribos diisso não poderr for.É essa aexplicaçãomo para as crianças brancas e para as crianças negras. Para os negros há umensino a que chamam «acleptado», porque - dizem - o francês não é a sua línguamaterna. Mas, no fim do ano, nos exames, é o mesmo exame para todos. As

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provas de exame são preparadas em Bordeaux, na França. Porque as escolas deDjibouti estão dependentes da Academia de Bordeaux. A Academia de Bordeauxenvia as mesmas provas para todas as crianças.Embora as crianças negras e brancas não frequentem o mesmo curso. Para queuma criança negra consigarrancesa ua çomal a» isto ate 1966.Em 1966 o general De Gaulle decidiu fazer uma viagem à Asia ao Camboja -onde se propunha dar aos americanos uma lição sobre democracia e liberdade, eacusá-los de colonialismo e imperialismo, por manterem uma guerra na Ásia. Nasua viagem ele fez escala em Djibouti. Aí nós aproveitamos para organizar umamanifestação. Na época eu era deputado da oposição. Organizamos umamanifestação reclamando a independência para o nosso país. De GaulIe ficou emcólera. E quiz fazer crer que aquilo era obra dos americanos. Que nós pedíamos aindependência instigados pelos americanos....E, deu ordens para fazerem repressão sobr e nós. Atiraram sobre as pessoas commetralhadoras. (Na altura a tropas francesas eram dirígidas por um generalchamado Ro ge Vatineíle. Agora esse general é deputado em Djibouti, Presidenteda Câmara de Deputados em Djibouti. É ele que preside à assembleia fantoche).Eles maltrataram a população, fizeram umí campo 'de concentração onde meteram30 mil pessoas, expulsaram patriotas, cercaram a cidade de arame farpado e deminas e resolveram mudar uma vez mais o nome do país.AFARS E ISSAS:UMA MANOBRA TRIBALISTADisseram: se a população de Djibouti fez uma manifestação foi por causa daSomália. Porque tem a República da Somália ao lado, e o país tem o nome deSomália. Vamos mudar o nome. Neste país há uma tribo chamada ,Afars,", e umatribo chamada «Issas». Os «Issas» sãodo nonnobra 1tismo no vA. Dinite não poc que 120/o é uma lei Plano Qui cês.E, em D não vão l que as cri 1972. An' Desde 19 cianças b colas, as tras. Este e-aprofespor organi; agora em Nunca ensO progr» - uma ma- passar nos exames necessita de serum génio. E a lei proibe que se repita um ano. Se uma criarÍça perde de analfabe-o ano.... acabou-se. Não estuda mais.o. Oficialmenirizar mais do :ão. É oficial, gura no Sexo Governo franiançasnegrassmas escolas as. Isto desde i misturadas. eparadas. As para umas e,sgras paraou(Ibrahim Ali) de ser peso o ensino (está condicional). iança branca. não é omes-Então para uma criança passar da 6.' classe é necessário que seja extremamenteinteligente. Para passar na 6.1 classe as crianças brancas têm de ter no exame 85pontos, e as crianças negras 105 pontos. É preciso que obtenham 105 ponos sobrematérias que não estudaram....

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ATÉ A AGRICULTURANOS É PROIBIDAPELOS COLONIALISTAS.P. - Quais são os principais recursos de Djibouti?A. Dini- Recursos explorados não há nenhum. Não há exploração de recurso§ nonosso país, e a nossa economia dependente inteiramente de despesasadministrativas e mi«TEMPO» n. 280 - pdg 45- - ---------

Ahmed Dini, secretdrio.geral da LPAI, /alando numa manifestação. Ao seu lado,da esqu< rda para a direita: Martinie Noel, representante do Partido SocialistaFrancês e enviada de François Miterrand a Djibouti; Hassam Gouled,Presidente do LPAI e, a direita, o Secretário Político do Partido.litares. Vivemos de uma economia de serviços. Lojas, mercados...Temos mar, não temos pesca. Temos água, terra e sol, não temoE agricultura. Éproibida a agricultura no nosso país....É proibido tirar água. Ao princípio dizia-se: Djibouti é um deserto, não tem água.Fizemos pesquisas e descobrimos que na realidade o nos. so país tem em toda aextensão por baixo da terra, um mar de água doce. A terra é uma terra vulcânica,extremamente rica. Quando descobrimos a água dissemos: vamos fazer furos paratirar água e faz er agricultura. Disseram os colonialistas que a água se encontravadebaixo das rochas e muito funda, e que seriam precisas máquinas como as usadaspara extrair petróleo para furar as rochas. Por iniciativa privada e com capitalprivado, nosso, começamos a furar poços. Quando começamos a furar os poçoseles mancraram a polícia para nos impedir.Po, três vezes expulsaram pessoas por abrir poços. À quarta tentativa nósdissemos: «Se voltarem a mandar a polícia, ,vão ter que se bater connosco. Nósprocuramos água e não petróleo. Se encontrarmos petróleo, será para o Governo.«TEMPO» n, - 280- pd9. 46Nós-,não o queremos. É água que queremos». Deixaram-nos furar os poços e nósdescobrimos água. A 12 metros de profundidade, mais ou menos. Maldescobrimos água, o Governo fez votar no Parlamento uma lei que proibiabombar água sem autorização do Governo. Podíamos tirar água à lata, mas nãocom bombas eléctricas ou mecânicas. Proibido por lei. Pedimos depois a tal«autorização» para bombar água. Dissemos que queríamos cultivar i st o, plantaraquilo, temos esta terra.... O Governo respondeu-nos: nós, o Governo, temosintenção de estudar as possibilidades agrícolas do país. Entretanto nenhumaempresa privada pode cultivar. É a lei, aguardem. Até hoje....Temos mar, não temos pesca. Temos água, sol e terra, não temos agricultura.Outro recurso não explorado é o sal. Temos a maior salina do mundo, a maiormina de sal do mundo. Fica numa depressão que se encontra 150 metros abaixodo .nível do mar. Entre o mar (oceano Indico) e essa depressão há umacomunicação subterrânea. O mar chega à depressão. Quando faz calor aevaporação natural deixa a descoberto um ban-co de sal com milhares de quilómetros quadrados. Podem inclusivamente aterraraviões s o b re esses bancos de sal. Se hoje tirássemos de uma zona milhares de

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toneladas de sal e se no dia seguinte voltás-' semos a esse local já não se notaria oque se havia tirado no dia anterior, porque a evaporação e a consequente formaçãode sal se faz regularmente.Ao lado desses jazigos de sal existem jazigos geotérmicos - vapor de água, vaporquente. Na América, na Itália, há electricidade que é fabricada a partir da energiageotérmica. Pode-se exportar o sal. E pode-se transformá-lo com essa energia quese encontra ao lado, na mesma depressão, para' a fabricação de plástico. Epodíamos exportá-lo sem nos custar nada. Nem bombagem, nem mão-de-obra.Basta removê-lo, metê-lo em !acos. Ele é muito puro. Em virtude da profundidadea que se passa'a água do mar para ir para a depressão, o sal que lá se encontra é osal mais puro do mundo. Os cristais são transparentes como vidro. Nada disto éexplorado.E temos a mais longa costa em madrepérola. E, como sabem, a madrepérola é amatéria-prima para a fabricação do produto usado na refinação do açúcar, querpara preparar terrenos para cultura. Há necessidade no mundo inteiro. Tambémnão é explorado.Nada do que temos é explorado.P. - Querem acrescentar mais ai. guma coisa?A. Dini-Nós tivemos ocasião, na tribuna da Conferência, esta tade, de agradecer àRepública Popular de Moçambique, ao Povo irmão moçambicano, aos seusdirigentes e ao seu Partido de Vanguarda a FRELIMO - tivemos ocasião de lhesdizer que temos a nítida certeza que Moçambique representa o tipo ideal deSociedade, que a sociedade ela mesma deverá aspirar, porque nós vimos umasociedade sem complexos, sem raças,, de irmãos sem terem em conta a cor da.pigmentação ca pele, e partimos de Moçamiique tendo muito mais confiança noHomem, do Homem em geral, como nós nunca tínhamos sentido até ao presente,e sentimos agora em Moçambique.

1EXPOSIIÇÃO NA .ONUOs Interesses e ieais intenções do colonialismo francês e o himperialismointernacional, a repressão do exército colonial sobre as populações de Djibouti, oconluio de fantoche Ali Aref - chefe do governo local - com os colonialistas asverdedeiras aspiraçis do Povo de )ilbouti e dos seus partidos de vanguarda, foramalvo de uma exposição da Liga Popular Africana para a independência doDiibouti, ns Mações Unidas.O texto que se segue são extractos dessa exposição.O governo colonial francês tem em Djibouti interesses eco- facto serárigorosamente respeitado até à altura da revolução nõmicos e sobretudoestratégicos. Neste último ponto é apoiado popular na Etiópia neste último ano.pelas forças da OTAN.A presença do seu exército permite: proteger os interesses a) 1885-],945:Implantação de postos franceses particulares na Ilha da Reunião e nas Comores,vigiar e preparar todas as acções, permitindo travar o movimento popular para Aresistência obstinada do nosso povo, que impedia toda e o desenvolvimentoeconómico, mais precisamente -de Madagás- qualquer invasão estrangeira,explica este longo período da cincar, Somália, Etiópia, os dois Yémenes e, acima

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de tudo, con- quenta anos. trolar o raio de acção sobre os focos de petróleo dospaísps O poder colonial era na altura,- um poder absoluto, que se árabes, emcaso duma intervenção armada (tão aconselhada apoiava nas forças de ocupaçãoe não é senão a partir da 1945 por certos meios). e sob apressão popular, que ele aceita proclamar eleições.Que fazer?b) 1945-1958: Pressão Política pela Independência e- Considerando a teimosia e a arrogância do Governo co- contra a exploraçãocolonialistalonial, que continua a afirmar que «a França aplicaem Djibouti o exercício nomal das suas responsabi- O período que decorreentre 1945 e 1958 foi muito fértillidades»; sob o ponto de vista de luta anticolonialista, econsequentemente, da luta também dos trabalhadores face à exploração- Admirando-se pela falta de respeito por parte do Govemo francês, quanto àsresoluções da ONU, sobre o fim do/coloniaismo e a autodeterminação eindependência dos povos, em particular daquela que garantea independência da Costa dos Samális;- Tendo em consideração, as resoluções recentes da Conferência dos PaísesIslâmicos em Seddah, da Conferência da GUA em Kampala, da Conferência daLigaÁrabe e da Conferência dos Povos Não-Alinhados;- Decidimos daí tirar todas as consequências. Tendo emvão tentado todos os meios pacífidOs, nós não poderemos aceitar durante maistempo a responsabilidade de deixar que se perpetuem os sofrimentos e ahumilhação do nosso povo, vémo-nos obrigados a lutar e levaremos a luta a toda aparte onde ela for necessária.2.&) HISTÓRIAA penetração do colonialismo francês neste canto de Africa, fez-se. em 1862. Masé com a abertura do Canal do Suez em 1869 que se desenvolveu a instalaçãoi devárias Companhias francesasEm 1892 o quartel-general do território é transferidode Obock para Djibouti, dado queesta última localidade ofería, com a sua balasegura, acesso mais fácil em. direcção à Etiópia o que permite,. em conjunto coma aprovação dQ Imperador Ménélik i1 a realização do projecto de construção docaminho de ferro franco-etípe entre Djibouti e Addis-Abeba. Temos aqui oprimeiro facto concrto da conjura entre a Administração feudal do Império daEtiópia e o Governo colonial francês. Este!'EMPO» n." 280 -pd. 47

nacional, pois não é possível dissociar luta sindical de luta política.Apesar de ferozes represálias, a Administração colonial aceitou recuar em certospontds. É assim que em 1946 a Costa Francesa Somáli recebe o estatuto deTerritório Ultramarino, com a criação duma Assembleia Territorial eleita,Em 1956 um decreto legislativo junta ao estatuto de 1946 um Conselho deGoverno, sob a presidência do Govemador do território encarregado da gestão dosassuntos locais. Os trpbaIhadores conseguiram em 1952, um Código de Trabalho

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e o reconhecimento dum sindicato. E, em 1957 a aplicação duma lei sobreacidentes de trabalho.Mas esse não era o desejo do nosso povo. Os motins no porto e a greve geral emsolidariedade para com o povo do 'Egipto e contra a invasão do Suez em 1956,mostram a abnegação do nosso povo na sua luta contra o colonialismo e oimperialismo e contra a exploração estrangeira.Este constante desejo de ser independente será ainda expresso por via pacífica,quando do Referendum fantoche de 1958.c) 1958-1966 - OrganizaçõesDepois'da repressão que se seguiu ao Referendum fantoche de 1958, váriosresponsáveis nacionalistas tomam a direcção do movimento de libertação armadae criam a Frente de Libertação Nacional. Apesar desta sofrer repressão sangrenta,apesar das várias prisões arbitrárias de divisão, a agitação foi total de 1958 a1961, pelos representantes da Costa Francesa Somáli.Nada impedirá que se realizem as manifestações para a Independência quando davisita de Foccard em 1964.Dois anos mais tarde, a 26 de Agosto de 1966, o general De Gaulle foi recebidoaos gritos de «Nós Queremos indepen-dência total». Esta explosão popular, enquadrada pelo Partido do MovimentoPopular, leva o nosso desejo à cena mundial.d) 1966-1975: Internacionalização do problema de DjkboutiEm Setembro de 1966, M. Ali Aref recusa demitir-se, condição necessária antesde qualquer diálogo, o que provoca violentas manifestações anticolonialistas. Oaparelho repressivo do governo colonial revela-se com a instauração do fogo decobertura e a proclamação dum referendum: Escolher a Independência ou aFrança.O comité director do Partido do Movimento Popular pronuncia-se porunaniiidade, a 23 de Janeiro de 1962, em iniciar uma campanha pelaindependência total. E é no mês de Fevereiro que o governo francês anuncia aaprovação de um auxílio de 18 milhões de francos a Djibouti, para ajuda àspopulações do território, vítimas da seca.Distribuição de víveres são organizadas em lugares do interior, e rações de trigosão largadas de avião na proximidade dos aldeamentos.Este acto - espectacular e sem precedentos, é longamente j comentado com finspropagandísticos pela rádio e pelo jornal de Djibouti. «Conhecemos a seca há trêsanos, diz um entre eles, e agora, a dois meses do referendum, dão-nos de comerpara que votemos em quem eles querem! O que se faz da nossa dignidade... »(Phíilipe Oberlé», Afars e Somális e dossir de Djibouti).A má fé do governo francês faz-se notar mais e maisquando resolve antecipar bruscamente a data do referendum e sobretudo a própriaorganização desta consulta popular.Ai, o Governo colonial recusou o diálogo e opôs a repressão às manifestaçõespacíficas.A recusa ao diálogo, as eleições fantoches, as repressões ferozes, a vontadeprofunda do nosso povo - de obter a independênci total, conduzemirreversivelmente à luta armada pela independência nacional.

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II) PERIGOS DA PRESENÇAFRANCESAA preseUça francesa é exclusivamente militar e administrativa. Temos, em parte,sublIínhad alguns destes aspectos.1.o>Máquina repressiva:o exército cdóonialO potencial militar de Djibouti representa perto de 450% do conjunto dosefectivos estacionados nos «Territórios Lltramarinos Franceses». Em 1975,quinze mil soldados 'são destacados para o sector do Mar Vermelho - oceanoIndico entre os quais uma centena de oficiais, com base no nosso território.As forças terrestres reagrupam-se: 5.. RIAOM com várias companhias deinfantaria e um esquadrão de carros de combate AMX-13 e a 13.1 meía-brigadada Legião Estrangeira (O. B. L. E.) com três pelotões blindados, dos quais doisbeneficiando de carros de combate AMX-13, equipados de mísseis terra-terraSSII de curto alcance, e o 3.' de"autometralhadoras equipadas com canhão de 90mm.A força aérea acabe ser reforçada por helicópteros de ligação Alouette etransportes SA300, caças a reacção F-100, assim como bimotores de transporteNoratlas. A marinha colonial destacou para Djibouti dois aviões-escolta, doispatnlhas um contra-torpedeiro com lança mísseis e seis unidades navais.«TEMPOj n. - 280- pdg. 48

Os porta-aviões Clemenceau e Foch cruzam altemadamente o oceano indico.O crescimento continuo proveniente do fdispositivo militar em Djiboutidesenvolve paralelamente um comércio frutuoso a prostituição: 3000 mul:ieresdestinadas especialmente aos militares são registadas oficialmente comocomerciantes e desenbolsam anualmente 240 000 francos em Djibouti comolicença. Os métodos mais repressivos são levados a cabo como o desabafo dosrecalcitrantes solitários no deserto. Os massacres de 1966-67 e o comportamentoquotidiano dos militares franceses em relação à população mostram que toda aoportunidade de «dar ao gatilho» ou usar da força é imediatamente aproveitada.Neste território, que se transformou progressivamente em base militar, a barreiraelectrificada que cerca a própria cidade de I;jibouti ocupa um lugar importanteentre as medidas tomadas pelo governo com o fim de manter a população localnum verdadeiro Ghetto».Uma dupla barreira de 14,5 quilómetros de arame farpado e de torres de vigia éreforçada por um dispositivo de minas incendiárias que permite isolar,a cidade doresto do território. A polícia controla o dispositivo e não deixa entrar na cidadesenão os súbditos franceses.Oficialmente a construção da cprcadura foi feita para proteger o «alto-nível devida dos trabalhadores de Djibouti, para evitar uma imigração em massa quepoderia.comprometer esse nível de vida».Mas toda a gente em Djibouti conhece a verdadeira razão de ser da cercadura:evitar as «infiltrações» dos adversários políticos do senhor Ali Aref. A suaconstrução coincide com as expulsões em massa dos habitantes de Djibouti emparticu!ar dos elementos p itizados ou mais conscientes.

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Após a data de construção da cercadura, numerosos incidentes se mult'plicam nospontos de .passagem. Motins foram reprimidos pelas armas nos bairros pobresque se encontram do lado de fora da cercadura. Os mortos são frequentes, sobre asminas e nos emaranhados de 'arame farpado. Pela noite, as vítimas são numerosasnesta zona - «mortos por acidente>; dizem as autoridades. Os militares queguardam a cercadura têm ordens para atirar em legítima defesa. Mas, quandopersonalidades políticas lá se encontram em trânsito, as autoridades dão-lhesdireito de atirar à vontade, como quando da visita doPresidente Pompidou. Pelo menos quatro mortos foram contados por GerardBorel, entre o 11 e o 14 de Dezembro de 1972.2.') Violação da soberania nacionaldos países vizinhosA insegurança que reina nesta parte do mundo é devido às violações territoriaisfrequentes e perigosas do exército colonial.Denunciamos as tentativas de provocação das forças armadas coloniais, tanto nointerior dos países Vizinhos, como no seio do território.Com efeito, o colonialismo francês pretende, por todos os meios, criar um conflitona esperança certamente de mel.cr pocer vender as suas armas. Mas será dedesejar que estas armas não se voltem contra ele.Nós estamos persuadidos, contas-feitas às manobras actuais, que a presençafrancesa constitui irremediavelmente uma ameaça permanente para a paz destaregião e no caso de conflito generalizado somente o governo francês será o únicoculpado.ULTIMOS ACONTECIMENTOS6 DE JANEIROO comité directivo da Liga Popular Africana para a Independência (LPAI) reuniupara estudar a situação criada após o assassínio de um agente afecto aos serviçossecretos e que se verificou no passado sábado.Num comunicado que foi emitido logo após o final da reunião, o comité directivoda LPAI lembrou que era a favor de uma independência negociada, e depois deter rejeitado toda a representatividade do governo de Ali Aref, chama a atenção doGoverno francês sobre o p e r i g o que existe em pretender impor esse governopela força.Insistindo sobre a determinação em prosseguir a sua acção legal, apesar daspressões, intimidações e perseguições, a liga lança em conclusão um apelo àsinstâncias internacionais .e regionais e pede-lhes para in-tervir junto do Governo francês para impedir, por todios os meios ao seu alcance,de c.r ia r em Djibouti um conflito armado.9 DE JANEIROAli Aref Bourlíam, Presidente do Conselho de Governo para o Território dosAfars e Issas (TFAI)), nomeado pela potência colonial francesa, concluiu umasérie de conversações com o governo de Paris que, disse, foram positivas, desde oinício ao fim.Estas conversações, efectuadas depois da tomnada de posição do governo em 31de Dezembro, que decidiu sobre a descolonização de Djibouti, constituem os

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primeiros contactos com vista a preparar os futuros acordos de cooperação. OPresidenteý do Conselho, nomeado pelo governo colonial, expôs as-sim aos representantes dos diversos Ministérios, que apoiava principalmente amanutenção das.forças militares francesas no território, no seu número actual de6000 militares, e a situação do franco Djibouti, a fim de fazer do território umapraça financeira.As conversações versaram igualmente sobre os problemas económicos, daeducação e da saúdé. O acolhimento dos diferentes Ministérios foi favorável,indicou Ali Aref à agência «France Presse.No plano interno, os acontecimentos apresentam-se menoý favorLveis. Aoposição parlamentar a Ali Aref, conduzida pelo senador Barkat Gourat, pede adissolução da Assembleia Territorial e ,a organização de novas eleições. Estimaque se corre o risco de se ver criar em Djibouti uma situação que poderá conduzira um conflito armado.Apesar de tudo, o senador Barkat«TEMPO» n. 280 - pdg. 49

Gourat participou ontem numa reunião de trabalho com Olivier Stirn e Ali Aref.Aref, por seu lado, declara que não vê necessidade de organizar de imediato novaseleições, sublinhando, que a população será consultada sobre a independência, eelegerá em seguida os seus dirigentes. A oposição extraparlamnentar, a LigaPopular Africana para a Independência (LPAI), que mostrou a sua força ao reunir30 000 pessoas em Dezembro passado, recusa qualquer diálogo com Ali Aref,contestando a sua representatividade. O Presidente do Conselho nomeado pelogoverno colonialista declarou, a este propósito, que a oposição deixou alegalidade das instituições que regem o território.14 DE JANEIROO Chefe de Estado somáli, Mohamed Siad Barre revolu em Addis-Abeba, quetravou «fraternais, amigáveis e frutuosas» conversações sobre o futuro de Djibouti(colónia francesa dos Afars e Issas) com o chefe do Governo Militar Provisório daEtiópia, general Teferi Benti. 19-24 DE JANEIRODelegação conjunta da LPAI eda FLCS participam em Lourenço Marques na 26.1 sessão ordinária do Comité deCoordenação para a Libertação de África, onde expõem a actual situação noDjibouti, e denunciam o complot entre o Governo colonialista francês e seuslacaios na-' cionais, chefiados por Ali Aref.31 DE JANEIROUma delegação do Território dos Afars e dos Issas (Djibouti), conduzida peloMinistro das Obras Públi. cas, dos Transportes e do Turismo, Muhamed DjamaElabe, realizou hoje, em Addis-Abeba, conversações com o ministro etíope dosNegócios Estrangeiros, Kifle Wodadjo.Na véspera, a delegação havia realizado com o secretário-geral da Organizaçãoda Unidade Africana (OUA), William Eteki, conversações sobre a futuraindependência do território.4 DE FEVEREIROAbdullahi Haji, vice-presidente da Frente de Libertação da Costa da Somália(FLCS), afirmou que o seu movimento foi obrigado a passar à acção para forçar a

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França a abandonar o território dos Afars e Issas, uma vez que esta não temtomado em conta as aspirações da população de Djibouti à independência. Aqueledirigente confirmou terem sido combatentes da sua Frente que raptaram ontem demanhã, 30 crianças francesas que seguiam num autocarro escolar, perto dafronteira com a vizi. nha Somália.A ocorrência verificou-se às 8 horas da manhã, quando o autocarro recolhia ascrianças e foi assaltado por três homens que obrigaram os «TEMPO» n.1 280 -4pdg. 50adultos a descer do veículo e tomando um deles- o lugar do motorista, arrancarama toda a velocidade. Já perto da fronteira, que queriam atravessar, a políciaalvejou um pneu do veículo mas este conseguiu dirigir-se para a terra de ninguém,entre as duas fronteiras, onde estacionou. Segundo declarou Abdullahi Haji, «estaacção responde aos actos de desumanidade e de banditisrno do chamado governode Djibouti e do governo francês contr' a população, tais como a deportaço,segunda-feira, de um grande número de pessoas de Djibouti para aldeias isoladas.O vice-presidente da .«FLCS» afirmou também que esta Frente é reconhecidapela Organização da Unidade Africana (OUA) e que era por isso «dever de todosos membros da OUA apoiar a sua causa.Como preço para a libertação das crianças, a «FLCS» pede a independênciaimediata e incondicional do território dos Afar§ e Issas, última, colónia francesaem África,7 DE FEVEREIROChegaram a Djibouti os 800 elementos que vão reforçar a guarnição francesa de4000 homens na colónia de Djibouti, no Mar Vermelhõ, no seguimento dorecontro havido com tropas da vizinha República da Somália, divulga a«Associated Press».Anuncia-se que fortes contingentes de tropas estão colocados de ambos os lados,da fronteira e que tanques franceses camuflados ocupavam posições na estradaque liga a cidade de Djiboúti à fronteira, a cerca de 20 quilómetros.Nos «bairros africanos» da cidade foi imposto o recolher obrigatório, mas emboraa tensão tenha diminuí. do, funcionários franceses manifestaram o receio de quepossam ocorrer atentados.Entretanto a França retirou «calmamente» o seu pedido para uma reunião«extremamente urgente» do Conselho de Segurança, na qual devia ser apreciado oincidente fronteiriço no Djibouti.O embaixador francês na ONU, Louis de Guiringand, solicitara uma rápida acçãoem carta dirigida ao actual presidente do Conselho de Segurança, DanielMoynlham, dos Estados Unidos. A possibilidade de uma reunião à meia-noite doConselho de Segurança havia inclusive sido debatida pelos delegados.Um informador das Nações Unidas declarou que a França não tinha insistido nareunião urgente porque, segundo Guiringand, «a situação na fronteira já se tinhaestabilizado».â DE FEVEREIROUma importante ponte aérea foi posta em funcionamento entre a França e acolónia dos Afars e Issas, para transportar tropas, para o território onde se

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encontram já mais de 15 mil soldados, disse o embaixador somáli no Egipto,Abdurrahman Ismail.O embaixador acusou a França de «intenções agressivas» para com a Somália.Uma esquadra de guerra francesa, da qual fazem parte dois submarinos de ataque,dirige-se para a costa do território dos Afars e Issas. Cerca de trinta estudantessomális dirigiram-se à sede da Liga Árabe no Cairo, exigindo o direito deautodeterminação para o povo de Djibouti (Afars e I ss as ), a última colóniafrancesa em África. Os estudantes transportaram cartazes, nos quais se lia: «Nãohá bases... Não há condições» e «Está a França reconstruindo a Bastilha emDjibouti»? Os jovens terminaram a-sua manifestação de uma hora entregando um manifesto ao assistente do:Secretário-Geral da Liga, Sayed Nofal.Esta demonstração ocorreu um dia depois dos estudantes franceses, feitos refénspelos guerrilheiros da Afars e Issas com base na Somália. terem sido entregues aoembaixador francês em Mogadicho.No manifesto que os estudantes somális entregaram ao representante da Liga -Árabe pedem a independência total do território de Djibouti, a retirada de todas astropas francesas, o regresso dos refugiados políticos e a libertação de todos osprisioneiros políticos. Pedem, igualmente, eleições gerais, sob os auspícios dasNações Unidas, da Liga Árabe, da Organização da Unidade Africana e exigem«um fim dos ataques militares franceses contra a República da Somália».O embaixador somáli, nesta cidade, Abdurrahman Ismail, declarou numaconferência de Imprensa que os soldados franceses ocupavam a aldeia somálifronteiriça de Loyada, a cerca de 12 quilómetros de Djibouti. A Somália acusourecentemente a França de ter morto seis soldados somális no ataque a Loyada.«Queremos a nossa independência»- declarou ontem Hassan Gouled, presidente da Liga Popular Africana para aindependência (LPAI), partido legal da oposição. «Querêmo-la de qualquermaneira. Começaremos primeiro de forma pacífica, mas se a situação no territórionos obrigar a lutar, fá-lo-emos».«Entretanto - acrescentou - não interessa o referendo. Nunca admitimos o de 1967e a que se chamou «o enchimento das urnas». Foi com o referendo de 1967 quecomeçou a nossa oposição. Nunca houve eleições livres no território desde 1962 eé pôr isso que contestamos os referendps qué se realizaram nesse território».Interpelado, finalmente, sobre o estado de espírito da população local, HassanGouled declarou-se convencido de que «a população de Djibouti e dos territóriosdos Afars e Issas é em massa a favor da independênci-., Entretanto o PresidenteMohammed Siad Barre acusou a França de agressão contra a Somália, a qualdisse - visava retardar a revolução socialista na ponte noroeste da Africa.

ANGOLA: A FASE DECISIVAElementos da FNLA reunidos em Kinkuzo, campo detreino da FNLA no Zaire.Da esquerda para a direita: Vaal Neto, Tuba, Marques Barroso, Samuel Abriaga,Tonia Alphonso e Salva.

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Com a tomada de Huambo, a guerra em Angola entrou numa fase decisiva para oMPLA, a fase da concentração das forças conjuntas da UNITA, FNLA, exércitosul-africano e mercenários em áreas bem definidas.Ao mesmo tempo que no norte Santo António do Zaire era libertado, no sul asFAPLA avançavam agora em direcção ao Lobito, Benguela e Silva Porto, a partirde Novo Redondo, Huambo e Teixeira de Sousa. São as seguintes as povoaçõesque passaram a ser controladas pelo MPLA nas duas zonLs de combate ao sul deLuanda: Lumege na Frente Leste; e Calucinga, Cassongue e Alto Hama na FrenteCentro. Na frente Norte, além de Santo Antõnio do Zaire,, foram ocupadas aspovoações de Quinzau e Cabeça de Cobra, e no distrito do Uíge, Quimbele,Macomola e Santa Cruz. O avanço dos carros blindados T-54 das FAPLA foi pelaprimeira vez coadjuvado pela entra-da dos MIG-21 da Força Aérea Popular de Angola.Ainda a semana passada Savimbi começara a retirar as suas tropas do Huamboconcentrando-as em Silva Porto, ao mesmo tempo que naquela cidade e emBenguela as massas trabalhadoras realizavam o trabalho comemorando dessemodo a data histórica do 4 de Fevereiro. Com a tomada de Novo Redondo h4duas semanas, o campo de batalha aproximou-se de Silva Porto e as populaçõestanto da cfdade como dos arredores foi forçada a retirar-se para o mato, prevendo-se a generalização da doença e da fome. Na África do Sul, dois acontecimentoscaracterizaram a atitude queo governo sul-africano resolveu adoptar à ofensiva das FAPLA: por um lado foiaprovado um projecto de lei que define a zona de defesa da África do Sul fora dassuas fronteiras, mais propriamente ao sul do equador (ver «TEMPO» n., 279); poroutro segundo o jornal sul-africano «Rand Daily Mail», um oficial de alta patentqdo exército sul-africano teria afirmado que a África do Sul estava disposta a pôrem acção os seus Mirages.MERCENARIOSUma desorganização, total política e militar parece imperar no seio da UNITA eda FNLA; de um lado a continuação dos combates entre os dois inovimentos, dooutro a prática de exterminação praticada pelos mercenários no sul do 'território.Esta desorganização levou os 'dois movimentos a procurarem ainda maismercenários. No principio da sema-«TEMPO» n., 280 - pdg. 51

A esquerda um cartaz anunciando o recrutamento de mercenário& distrib nÀ direita mercen4rios ingleses fotografados no aeroporto de Heathrow (Londres)quando embarcavam para Bruxelas. Daí seguiriam para Kinshasa. No princípiodesta semana um tal coronel Calan tuzilou catorze mercenários ingleses no sul doZaire na povoação de São Salvador do Congo. Esta noticia foi confirmada porJohn Bankas, também mercenário, que chamou a Callan, de origem grega, um«maniaco homicida». Logo que soube do acontecido o primeiro ministrobritânico, Harold, Wilson, levantou um protesto junto da embaixada do Zaire emInglaterra exigindo uma explicação do governo Zairense. No sul a totaldesagregação da FNLA e o banditismo que os seus soldados vêm praticandolevaram a revista «TIME» a empregar uma linguagem pouco característica para as

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suas páginas: «Agora a UNITA não só tem de lutar contra o MPLA mas tambémcontra o bando de miseráveis covardes da FNLA». Não restam dúvidas de que avertficai-se a continuação de uma ajuda financeira e militar americana aos quecolaboram com o exército sul-africano essa ajuda será na sua totalidadecanalizada para a UNITA. Dentro deste contexto é ainda de salientar que váriosconselheiros americanos foram vistos recentemente em Silva Porto, quartel-general da UNITA. Por. outro lado já se levanta com mais assiduidade umpossíve" reconhecimentq da RPA por parte dos EUA pois notícias provenientesda europa indicam que está iminente um reconhecimento do governo do MPLApor parte de alguns países europeus. De assinalar que o governo holandês mandouprender todos os recrutadores de mercenários que actuavam no seu país. A haveresse reconhecimento de alguns países capitalistas os americanos serão atiradbspara um isolamento perigoso no que diz respeito à sua política externa.na passada Sungumbe, braço direito de Savimbi anunciava que 3000 soldadosportugueses estariam a chegar a Angola para lutar ao lado da UNIta - estaafirmação foi imediatamente desmentida pelo ministro por-' tuguês Vítor Crespo,em Lisboa.Poucos dias antes, e após o desbaratamento da FNLA no Noi;te, a direcção domovimento anunciava duas medidas: prática de atentados terroristas contraembaixadas dos países que reconheceram a RPA e recrutamento maciço demercenários. Enquanto a primeira peca pura e simplesmente pelo ridículo, asegunida já conheceu os primeiros passoE. HoliiTFMPOíi n," 280- pdg 52den Roberto começou por enviar a Londres um ex-paraquedista inglês, que dápelo nome, de Norma.n Hall, com 25 mil dólares no bolso. Este entrou emcontacto com a Security Advisory Council (SAS) cujos chefes, Les Aspins e o ex-marine Frank Perren, imediatamente afastaram Hal. Da torre de Londrescomeçaram as operações de recrutamento, agora com a participação de TerrenceHaig, mais um ajudante de Holden Roberto, o 'qual trouxe consigo 84 mil dólaresprovenientes da embaixada americana no Zaire. A SAS comecou por reçrutar 600dos 8000 soldados ingleses que passaram à reservao ano passado; 100 desses 600 deixaram já Londres a caminho de Kinshasa,passando por Bruxelas. Cada mercenário tem um ordenado de 300 dólares porsemana e mais 300 na altura do recrutamento. Em Paris, Savimbi, ajudado por umtal Jacques, seguia os mesmos passos que Roberto em Londres. Em Lisboa ummercenário português, um pouco mais consciente do que muitos dos outros diziaacertadamente: «esta é uma guerra diferente».Não se sabe se os mercenários que vão chegando a Kinshasa e Joanesburgo irãojuntar-se à FNLA no norte, se à UNITA no sul - Benguela,na California, EUA,

Em cima à direita: Aviões da ForçaAérea Popular de Angola.Em cima: Daniel Chipenda que recentemente fugiu do sul de Angola com 50milhões de dólares provenientes de saque que ia fazendo em cada cidadepor onde passava.

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Silva Porto e Moçâmedes. As afirmações de Savimbi referentes a uma retiradapara a guerrilha dão a entender que com ou sem mercenários, tanto a UNITAcomo o exército sul-africano estão reduzidos a uma posição de defesa a não serque estes últimos venham a empregar armas até agora nunca empregues.E. U. A.:MUDANÇA DE ATITUDE?Na altura em que mais um país (a Índia), reconhecia a RPA - seguindo-se a umaviagem ali efectuada por Nyerere - o senador norte-america-A Etarde bela 1nhece Togo Mund4rIMA HORA:ora nacional de Angola noticiou na la 10 que Benguela, Lobito e Catummn sidolibertadas pelas FAPLA. itretanto o Uganda, e o Togo recoa República Popular deAngola. O tanto o 27.' País Africano e 47.' no ýconhecer a R.P.A.no Clark afirmava em Washington que os EUA deviam condenar a invasão deAngola por parte da África do Sul e, simultaneamente, procurar uma aproximaçãoaos movimentos de libertação da Namíbia e Zimbabwe. Para já é prematuropensar-se que esta posição de Clark e do seu partido (democrata) venha a serfavorecida pelo partido republicano, mas o isolamento progressivo daquele paisna África Austral pode fazer abrir os olhos a Ford e à administração da CasaBranca. «Temos de reconhecer que os caminhos da História favorecem quantos 1u t a m contra a dominação racial. Não po-demos correr o risco de sermos associados aos esforços da Africa do Sul paramanter o «statutos q u o » na Africa Austral. Não podemos deixar de protestarcontra a presença das tropas sul-africanas noutro pais africano», disse o senador.A haver uma mudança norte-americana em relação à guerra que se trava emAngola é preciso ter em mente a hipótese de a África do Sul se virar ainda maispara uma atitude agressiva não só em território angolano, como também emrelação a outros países da Africa Austral.«TEMPO» n.,, 280 - pdg. 53

A inconsequente provocaço de Pretória ao propw' como «zona de defesa» do seuregime racista toda à Africa ao Sul do Sara - clara manobra de intimidação epretexto par um eventual violar das fronteiras dos países engajados na dos-lruiçãono nosso Continente dos ratrógados regimes de dis«TEMPO» n.° 280 - pdg. 54criminaço racial e explorção do homem pelo homem - encontrou na reuniãorealizada em Quelimane entre os representantes máximos dos interesses aaspira~ies dos povos de Moçambique, da Tanzania, da Zámbia e do Botswana areoste adequada. Neste encontro, que se realizou a convite do Ca-

tmarada Presidente Julius Nyerprq quando num convívio em Ouclimane expremiaas preocupações comuns dos Povos de Moçambique, da Tanzania, da Zambia e deBotswana, face à Provocacão imperialista de Pretória, e a determinação dessesmarada Presidta 8& e que reamiu com o RPM os Presidents J zanla, Sir SereteKha Kauní da República

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nos dias 6 e 7 do corrente más rada Presidente da FREUMO e da Myerere daRepública Unida da TanRepública de Botswana e Kenneth Imbia, e que se situouno quadroDelegação do ANC do Zimbabwe presente em Quelimane. Da esquerla para adireita: Abel Muzorewa, Ndabaningi Sithole e James Chikerema.das consultas regulares entre os quatro Chefes de Estado par concerto de opiniõesface aos problemas e luta comuns, foi claramente manifestada pelos quatroPresidentes a 'Iepugnáncia com que Africa progressista recebeu a provocação eintimidação de Pretóris, e o decisivo empenho .Oesa. mêsma Africa progressísta eanti-imperialista em reagir a todas as intimidações e agressões pela intensificaçãodo processo de Libertação em todo o Continente, como forma segura eindispensável de ponsolidar a Independênci dos países já libertados, acelerar alibertação dos países ocupados, isolar e aniquilar os países opromores.Ào resumir durante um convívio aquando das conversações as preocupaçõescomuns, o dirigente tanzaniano camarada Presidente Julius Nyerere eplicou queestava em causa a libertação dos nossos países, além de outras parcelas docontinente africano.«TEMPO» n. -280 - pdg. 55

«A Africa do Sul» - disse a determinado passo da sua intervenção - «invèntouuma lei», a Lei da Defesa, que define a Africa' do Sul como «Africa ao Sul doSara». Com tal lei, a Africa do Sul estabeleceu um império. Por essa lei, o meupais é agora uma colónia sul-africana, assim como Moçambique, Zâmbia eBotswana.Porque eles inventaram a lei pela qual podem legalmente mandar tropas para aTanzania, Moçambique, Zâmbia e Botswana, para defender a Africa do Sul.Porque a Africa do Sul conforme tal lei é: Africa ao Sul do Sara».E acrescentou:«Jamais tinha ouvido falar de uma lei semelhante: é uma das mais arroganteslegislações de que já se ouviu falar na História».«E por quê? Porque a Africa do Sul sabe que somos fracos?».«Essa é uma lei provocatória, e por isso vamos desafiar a Africa do Sul: nãopermitiremos que os nossos países se tornem suas colónias.«Esta a razão porque aqui estamos: Nós não somos livres. Os nossos países nãosão livres, porque a Africa do Sul ameaça a nossa liberdade.«Os que quiserem, podem registar isto para a História: eles são fortes masHAVEMOS DE DERROTA-LOS, porque a História está do nosso lado.«Eles são bandidos, nós não somos: lutamos pelo progresso da humanidade!Combatemos segundo o processo his-tórico; eles resistem contra a corrente da História. Afundar-se-ão, e nós não.Vencê-los-emos, cedo ou tarde. É por isso que aqui estamos. Esta é uma questãobastante séria.O Zimbabwe não está livre, mas escuso mencioná-lo. Por que é que havia demencionar o Zimbabwe se a Tanzania ainda não se sente livre?A mesma preocupação já havia aliás sido manifestada pelo representante máximodo Povo moçambicano, Camarada Presidente Samora. na reunião em que

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apresentou à população de Quelimane, os dirigente convidados, Sobre o motivooue os trazia ao nosso pais, o Camarada Presidente disse:Vêm aqui, não para passear, mas para discutirmos a estratégia comum, que é acontinuação da mesma estratégia que eles definiram quando ficaramindependentes: Como é que íamos libertar Moçambique?Agora vamos aqui discutir também, porque há outras parcelas para libertar.Algumas partes do nosso continente continuam oprimidas. Os nossos irmãos nãotêm esta liberdade que vocs têm aqui.Presentes ainda ao encontro de Quelimane, Ashim Mbita, Secretário Executivo doComité Coordenador para Libertação de Africa, e uma delegação da ANC.vanguarda de libertação do POVO do Zimbabwe, composta por Abel Muzorewa,Ndabaningi Sithole e Jame Chikerema.No referido encontro com a população de Quelimane usaram da palavra para sedirigirem ao Povo moçambicano cada um dos Presidentes presentes. Foram asseguinte. as suas intervenções.Samora Machel: SÓ SEREMOS LIVRES QUANDO ARICAINTEIRA FOR LIVRECjmiarada Presidente Samera, quando na reunião com a população de Quelimane,presentava os dirigentes convidados e explicava ao Povo o significado eobjectivos da reunião.FEMIPO, 280 - pdg 56eO Camarada Presidente Samora ao apresentar os três Presidentes convidados,proferiu o seguinte discurso.Você s deram-nos uma missão. Missão difícil, missão que é preciso assumir maisforte e compreendê-la. É uma missão particularmente difícil, mas é, tàmbém umamissão exaltante, porque ela representa o fim da escravatura em África. Oencontro de hoje é um encontro histórico. Não ,é somente um encotro do Povomoçambicano com o Povo da Tanzania, com o Povo da Zambia, com o Povo doBotswana, é um encontro de africanos livres, de homens que combateram emorreram,, que derrotaram em Africa o colonialismo, o que significa a dominaçãoestrangeira. Para fazer. mos este encontro, que temos hoje, foi preciso a Africainteira compreender a necessidade de libertar o continente africano. Mas dentrodessa compreensão, foi preciso que houvesse homens que çompreendessem eassumissem que a libertação não tinha limite. Foi preciso o continente inteiro daAfrica, particular-

mente aqueles' países que fazem fronteira-ou que faziam fronteira-com oimpério colonial português, não só ao nível da sua direcção.Esses dirigentes- que estão hoje entre nós -foram capdzes de engajaremtotalmente os seus Povos para a Luta de Libertação de Moçambique. Foi precisodarem a sua contribuição em vidas para que o Povo de Moçambique pudesse fazere prosseguir vitoriosamente o combate contra o colonialismo por. tuguês, que.representava uma parte do nosso Povo dominado, paralisado esc-avizado ehumilhado. E para isso, fizeram compreender aos seus Povos que a luta deMoçambique não era somente para libertar Moçambique, mas que também era

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para libertação, do continente inteiro. E ao aceitarem fazer da sua terra, dos seuspaíses bases de retaguar,da, bases de abastecimento, bases de recuo, bases depreparação para atacar o inimigo, faziam-no conscientes e assumiam o risco de osseus países serem boicotados, de que os seus países serem privados dedesenvolvimento económico. Mas viram mais largo do que isso: a Luta pelaLibertação da Africa. E que a Zambia. a Tanzania e Botswana só seriam livresquando a África inteira fosse completamente libertada, fosse completamenteexpulso o estrangeiro opressor, o colonizador, o explorador.Dissemos que é um encontro histórico por, pela primeira vez, o Povomoçambicano, nesta sua Pátria, receber de uma só vez três Chefes de Estado,grandes figuras africanas, que encarnam, vivem a luta que está na carne e nonervo de cada um deles; e, 'tê-los hoje aaui representa para nós, a vitória da Africasobre o colonialismo, representa para todos nós a sumarização de todos ossacrifícios; sacrifícios de tan. tos séculos de humilhação; represseta hoje um passedecisivo, mesmo para aquelas pequenas parcelas, aue continuam dominadas hoje,pois eé.e nosso encontro marca um passo de. cisivo para a vitória, para a liquida.ção total daqueles que ainda estão surdos, daqueles que ainda estão cegos. Oencontro e a visita de três Chefes de Estado a esta pequena cidade de Quelimane,a visita deles aqui neste pequeno ponto do nosso País, representa a visita a todo onosso território. O encontro que têm aqui convosco, é um encontro que têm comtodo o Povo de Moçambi.que , do Rovuma ao Maputo. Saibamos extrair o máximo da presença destas trêsfiguras aqui. Saibamos tirar, ao máximo, lições experiências da presença destastrês figuras africanas, dedicadas'e votadas à Luta de Libertação.Vêm aqui, não para passear, mas para discutirmos a estratégia comum, que é acontinuação da mesma estratégia que eles definiram quando, ficaramindependentes: Como é que vamos libertar Moçambi. que ?Agora, vamos aqui discutir, também, porque há outras parcelas para, libertar.Algumas partes do nosso continente continuam oprimidas. Os nossos, irmãosnão têm esta liberdade que.vocês têm aqui, Estas três grandes figuras não podemaparecer lá, porque continuam a ser considerados como terroristas.Fizemos a nossa luta porque eles nos apoiaram, nos seus países. Vencemos oinimigo, porque..os países deles foram a base de retaguarda para a luta do Povomoçambicano. Definimos o inimigo, as características do inimigo a partir dospaíses destes nossos irmãos.Apréndemos que o reaccionário não tem cor o explorador não tem raça. Oreaccionário é o reaccionár2o: não tem séxo, não tem raça, não tem cor, não tempátria. Um expioro um e;:plorador. Efes apo;ayar.nos. pcrque a nossa luta erajusta e. compreenderam estas definições todas; mas, tambéem cometemos muitoserros quando estávamos nos países deles. Souberam ser tolerantes, foram semprepacientes. A eles, que pela primeira vez entram juntos, a eles, que sempre nosapoiaram, nós, hoje recebemos aqui como hóspedes e eu direi em nome daFRELIMO, em nome do Governo, em nome do Povo moçambicano, eu direi aquiestá o resultado dos vossos sacrifícios, aaui es#á o resultado positivo do sacrifícioconsentido pelos vossos Partidos pelos vossos povos e Governos. Vou tambémdizer-lhes que transmitam aos seus Povos e Partidos e Governos, que

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Moçambique está pronto para ajudar as lutas dos outros Povos. Eles ajudaram-nosnão porque fossem ricos eram mais pobres do que nós e vou dizer-lhes que paraajudar os outros Povos, criamos o Banco da Solidariedade para com os Povosoprimidos, criámos o Banco da Solidariedade para a Recons. trução Nacional, eassim, no dia 3de cada mês, o Povo moçambicano inteiro dará a sua contribuição, porque éconsiderado um dia para o Banco da Solidariedade, é conside. rado um dia para aReconstrução Nacional. Significa respeitar todos aqueles que cairam vítimas dapenetração colonial no nosso País--a clamada resistência secular - aqueles quecairam durante a administra. ção colonial no nosso País e, em terceiro lugar,aqueles que ofereceram as suas preciosas vidas e aceitaram o mais alto sacrifício-que é a Vida - duran.e a gue-ra :19 bertação Nacional.Por isso, dissemos aos nossos irmãos que, nós, em Moçambique fundámos oBanco de Solidariedade para com outros Povos numa homenagem àqueles quecaíramt na lu 'a con tra o opressor no nosso País, e que transmitam aos seus Povosque Moçambique .- o Povo moçambicanoserá para sempre solidário para com aTANU, para com o Governo da Tanzânia, para com o Povo da Tanzânia.Transmitir que Moçambique é o seu Povo são, e serão, solidários para com aZambia, para com o Povo da Zambia, para com a, UNIP e para com o seuGoverno. Transmitir que nós somos solidários e seremos sempre solidários paracom Botswana, para com O seu Povo e o seu Governo.Portanto, faremos todo o nosso esforço para consqlidarmos as re!ações queexistem entre os nossos Partidos, entre os nossos povos, porque é uma amizaderegada de sangue: o desses povos, que se misturou ao sangue e sacrifício do nossopovo.Desenvolveremos sempre relações de boa vizinhança, relações de amizade,relações de fraternidade relações de irmandade para com esses povos que nosajudaram na Libertação Nacional.E, o inimigo da Tanzânia será considerado em Moçambique inimigo dc Mo-ambique. O inimigo da Zambia, é inimigo do povo moçambicano quem estácontra a Zâmbia está contra Moçambique. Quem está con. tra Botswana, estácontra Moçambique. Nós desenvolveremos relações de cultura, de educação, e,sobretudo, relações políticas, porque são essas que cimentam boas relaçõeshumanas.A visita que eles nos fazem hoje, abre uma nova página na História daHumanidade, uma nova página no novo tipo de relações entre os«TEMPO» n.,, 280- pdg 57

nossos povos, entre os nossos Go. vernos, entre os nossos Partidos.Quando eles vlerem aqui falar, eu sei que eles dirão: «Nós não ajudamos emnada»>. Mas, nós gritaremos: «Sim, vocês nos ajudaram».Agora nós perguntaremos a eles: o que é 'que nós podemos fazer para vos ajudar?Não queremos pagar. Porque nem podíamos pagar. Nós só queremos que nosdigam aquilo que nós podemos fazer para vos ajudar também. A ajuda deve seruma ajuda recíproca, uma ajuda mútua. Sabemos bem que se nós ajudamosmutuamente, seremos mais fortes que o imperialismo, se nós nos ajudarmos

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mutuamente sairemos rapidamente desta miséria, deixada nos nossos países pelocolonialismo. Se nos ajudarmos mutuamente, faremos desaparecer o maisrapidamente possível a face de ruínas dei-xada pelo colonialismo nos nossos países, e que se nos ajudarmos mutuamente,rechaçaremos qualquer tentativa do inimigo de dividir os nossos países, de dividiros nossos povos. A força dos pobres é a unidade. É ela que constitui a muralha deaço, a muralha intransponível, indes. trutível. É a força dos pobres, a uni. dade.Nós temos a unidade: porque temos a mesma linha, temos os mesmos' princípios,temos os mesmos objectivos, e, finalmente, temos o mesmo inimigo comum acombater. A estratégia será comum. Por isso, sairemos desta nossa miséria. Oinimigo que quiser atacar a Zâmbia, utilizando Moçambique, enganou-se: seráempurrado para o mar. O inimi. go que quiser tomar posições em Moçambique,para atacar a Tanzânia será triturado pela nossa força.Quando nós assinámos o fim da guerra, os acordos de Lusaka, isso significou paranós a destruição completa das barreiras fronteiriças. Nós sabemos que algunsutilizarão o tribalismo. «Existem grupos étnicos que vivem nas margens daTanzania que se sentem tanzanianos, ou os que sendo tanzanianos se sentemmoçambicanos. Mas, os seus objectivos, q objectivo final desses tribalistas-divisionistas é atacar os nossos governos, é atacar os governos progressistas daÁfrica. Nós sabemos, também, que nas fronteiras com a Zâmbia querem utilizar otribalismo, para atacar a Zambia. O tribalismo é um instrumento do colonialismo;o tribalismo é um instrumento dos oportunistas e reaccionários. O tribalismo é ocomandante em chefe das forças reaccionárias que nós atacam.Seretse Khama:OUEREMOS ACABAR COM A ESCRAVATURA NA AFRICAAUSTRALSir Seretse Khama, Presidente da República da Botswana.Depois do camarada Presidente Samora, falou o Presidente Seretse Khama:«O vos$o Presidente é um homem que sabe impor as coisas. Quando estáva mosali sentados tínhamos combinado a ordem, e então, tínhamos combinado que oPresidente Nyerere falaria ém primeiro lugar, Mas houve uma conspiração entre oPresdente Nye«TEMPO» i." 280 - pdg. 58rere e o Presidente Samora De todos os que estamos aqui presentes, eu sou o maisnovo dos Presidentes. O Presidente Nyerere já celebrou os dez anos, o PresidenteKaunda já celebrou os dez anos eu ainda não celebrei. Por isso, eu os consideromais velhos que eu e deviam ter tido o privilégio de falarem antes de mim. Talveztenham concluí do que eu tenho pouco paradizer, e mesmo esse pouco eles teriam coisas com mais significado a dizer,falando depois de mim, No entanto, apesar de ser o mais novo eu quero exprimiros meus agradecimentos por me terem pedido para me dirigir a vós. Tambémdevo agradecer aos meus colegas que me permitiram ser o primeiro a dirigir-me avocês, mas epesar de ser o mais novo. para vós isso terá algum significadoNós não somos" apenas amigos pessoais, nós somos também uma equipa. Estou afalar de nós os quatro. Nós temos um problema comum. O vosso Presidente já vosexplicou qual é esse problema comum que nós partilhamos, e já vos explicoucomo o povo de Moçambique e nós podemos destruir esse problema comum. Ele

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sublinhou que nenhum de nós, individualmente, como indivíduo, pode derrotar oimperialis; mo nem o colonialismo, a não ser que trabalhemos todos juntos. Eledisse: um homem é um homem, uma mulher é uma mulher. Nin-guém pode ser humilhado por causa do seu sexo, por causa da sua cor. Se vocêsnão tivessem acreditado nestes princípios como é que teriam lutado e vencido oinimigo? Porque é que ainda há gente dentro da nossa área que está a dizer aquiloque vocês fizeram quando eles não querem. Então, se nós acreditamos nadignidade do homem, se nós acreditamos na igualdade dq homem, o vossoPresidente tem razão e a luta ainda não terminou.Eu sei que ele na sua generalidade falou nos esforçgs que igualmente todos osamigos fizeram, porque todos os esforços foram iguais, porque todos eram iguais.Eu não quero agradar aqueles amigos lá atrás Nyerere e Kaunda, mas devo dizerque eles fizeram muito mais do que aquilo que eu fiz. Eles estavam activos, elesestavarg na linha da frente, quan,'" vocês combatiam.Eu não tenho vergonha de dizer, e não posso negar, eu estava na retaguarda.Vocês tinham a simpatia

do meu Povo, do meu Governo e a minha. Nós dávamos algum apoio, mas nãoera tão activo como o que os outros dois davam. E, embora eu os elogie por aquiloque fizeram devo dizer: foram vocês e o vdsso dirigente que conquistaram aliberdade que têm. Porque é que vocês lutaram? Lutaram para dominar uma raçaque vos dominaVa? Ou lutaram porque eram seres humanos que queriam viverlivres e com dignidade. Eu posso interpretar a vossa resposta. Direi que vocêslutaram porque eram seres humanos. Queriam viver com liberdade, queriam viverigualmente na vossa Pátria. Vocês queriam, e ainda querem, e não podemos dizerque a luta terminou apenas porque Moçambique Já conquistou a suaindependência. E nós também não o podemos dizerapenas porque a Tânzania, a Zâmbia e a Botswana também já conquistaram aindependência. Aqui, nesta parte da África Austral há ainda muitos de nós quecontinuam escravizados. A única coisa que nós queremos é acabar com aescravatura. A única coisa que nós dizemos e que queremos que cada homem, quecada mulher, independente da sua cor, independente das suas crenças, é que sejatratado como um ser humano.Algumas vezes somos mal interpretados. Talvez de propósito. Somos malinterpretados e até nos chamam traidores à causa africana. Eu vim do aeroportocom o vosso Presidente, vi o povona estrada e agora estou-vos a ver. Se fosseperguntar: nós o que é que queremos, queremo-nos matar uns aos outros? Ou que-remos simplesmente u ma oportunidade igual para viver ? O nosso problema é araça ? O nosso problema é o tribalismo, como explicou o vosso Presidente ?Então vamos criar uma estrutura' socal, uma sociedade que não seja fundada natribo não seja fundada na raça mas na capacidade de cada um.E quero terminar agradecendo ao vosso Presidente pela honra de me ter permitidofalar antes daqueles que ficaram independentes antes de mim, e também queroagradecer as vossas calorosas saudações».O Presidente Samora Machel interrompeu para dizer:

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«A Luta Continua. Mas continua mesmo? Contra quem? Qual é o inimigo? Oimperialismo, inimigo per,manente dos povos. Agora ficaram dois grandes, nãosei por quem começar. Há luta, uns dizem Nyerere, outros dizem Kaunda».O Presidente da Zâmbia disse então:«Antes que venham os mais velhos eu quero engajar o vosso Presidente junto devocês. No dia 20 de Setembro vamos celeb:a- o nosso décimo aniversário. Euquero convidá-lo. Ele tem que responder aqui se vai ou não.Samora Machel disse:Em Setembro nós teremos um ano e três meses, isto significa quinze meses deindependênca. Uma criança não anda com quinze meses. Mas como nós nãonascemos em '25 de Junho, nascemos em 25 de Setembro de 1962, data dafundação da FRELIMO, significa que agora já temos catorze anos. Por isso possoir. Já tenho. catorze anos».Kenneth Kaunda:LIBERTAR A NAMIBIA É PRESERVAR AS NOSSASINDEPENDÊNCIAS«<Para a minha Delegação, que vostraz as saudações mais calorosas da UNIP e seus militantes, este é um grande diaporque, pela primeira vez os nossos pés pisam Moçambique Independente.Camaradas:Vocês, são um grande povo, que fez uma grande guerra, por uma grande causa.Nos meios da UNIP, na Zâmbia, quando o Presidente da UNIP e da Zâmbia nosdiz a pala. vra FRELIMO, ela traz imediatamen. te alegria e orgulho para osnossos corações, por aquilo que vocês significam para a Africa.O camarada Presidente Samora disse quequeria pedir desàulpa pelos erros que oscombatentes da FRELIMO teriam cometido na Zâmbia. Mas, eu quero assegurar-vos, em nome da UNIP e da Zâmbia no que diz respeito aos combatentes daFRELIMO, que eles sempre foram os mais disciplinados. Nós nunca encontramosfaltas nelesEu quero dizer ao Presidente Samora que a FRELIMO não tem que pedirdesculpa pelo comportamento dos seus combatentes, na Zâmbia. Para aFRELIMO a luta foi longa efoi dura. Com efeito, o colonialismo, o imperialismo, o capitalismo e o racismo,todos eles disseram: «a FRELIMO não pode vencer, está simplesmente asonhar,».Mas, por outro lado, o povo moçambicano unido e dirigido pela linha correcta daFRELIMO, traçada pelo camarada Mondlane - e mais tarde pelo camaradaSamora -estava decidido a lutar até ao fim. E lutou, até à vitória.A libertação da Namibia é, também, preservar e consolidar a Independência deMoçambique. O capitalismo ainda existe aqui. Temos que lutar contra ele. O povotem que lutar contra o capitalismo, sob a direcção da FRELIMO. O capitalismoexplora o homem. Vocês querem ser explorados? Querem a exploração ?(,«0 povo de Quelimane responde: «Não».)Camaradas:

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A vossa luta é nobre. A causa pela qual se bateram, é a causa do povo. Quandovocês combateram, quándo vocês combatem -- quando vocês ainda combateramno futuro«TEMPO» n 280 - pdg 59

-não estão a combater contra uma cor oU uma raça: estão a combater contra oshorrores do colonialismo, do racismo e do capitalismo; contra os horrores do neo-colonialismo; contra os horrores da exploração do homem pelo homem.Eu estou a ,receber a mensagem das massas de Moçambique. A men-sagem que vem das massas de Quelimane, é uma mensagem clara e forte, não sópara Moçambique, não só para a Africa, mas para toda a Humanidade- brancos,negros, cas. tanhos, para todos os seres humanos.Quero dizer-vos, camaradas, que a UNIP está orgulhosa de vocês equero assegurar-vos que em nós encontram camaradas leais e fiéis.Lembrem-se que a tarefa de preservar a independência de Moçambique não é atarefa de Samora Machel sôzinho, é a vossa tarefa militantes da juventude, é avossa tarefa militantes do Partido; cumpram-na»,.Julius Nyerere:AJUDAR A APAGAR O FOGO NA CASA DO VIZINHO É PROTEGER ANOSSA CASAJulius Nyerere, Presidente da TANU e da. República Unida da Tanzania."Por fim, falou o Presidente Julius Nyerere que proferiu as seguintie palaWas:«Eu vou dizer-vos que o Presidente Seretse Khama disse uma coisa que não éinteiramente verdade. Ele disse que era o mais novo dos Presidentes aqui. Não éverdade. Somos quatro Presidentes. Samora tem 42 anos e é o mais novo. É oPresidente mais' novo. O Presidente Kaunda tem cerca de 52 anos, vai fazer 53.Eu tenho 54 realmente eu não tenho exactamente 54. Vou ter 54 em Abril. SeretseKhama tem 55 anos Ele é o Presidente mais velho aqui.Eu só falo em último lugar por uma razão. Já estive em Moçambique antes,embora não tivesse vindo aqui a Quelimane. Eu fui primeiro ao lugar queantigamente se chamava Lourenço Marques. Já não se chama Lourenço Marquesagora.Meus amigos, trago-vos as saudações do povo-irmão da Tanzania.O Presidente S'mora e os seeus camaradas da FRELIMO são pessoas muitodelicadas. A gente dálhes um bocadinho de ajuda e eles aumentam exageram adizer que nós lhes demos uma ajuda muito grande, Nós só demos uma pequenaajuda. Na realidade não estávamos a ajudá--los. Estávamos a ajudarnos a nós próprios. Tanzania e Moçambique são vizinhos,vizinhos muito próximos.Se nós temos duas casas que estão juntas e numa das casas há um incêndio, se nósajudamos a apagar o fogo nessa casa, estamo-nos a ajudar a nós próprios para nãosermos apanhados pelo fogo. Se não vão ajudar a apagar o fogo naquela casa, avossa própria casa vai ser incendiada. E se a casa do vosso vizinho foi incendiadapor alguém que ameaça também incendiar a nossa casa, não é só apagar o fogo, étambém uma coisa inteligente colaborar com o vizinho para apanhar esse malucoque anda a incendiar casas.

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Foi isso o que nós fizemos. Os portugueses estavam a incendiar a vossa casa aqui.Quem fez o trabalho foram vocês sozinhos. A única coisa que fizémos foi ajudar-vos a receber um pouco de água. Os portugueses também tentaram incendiar anossa casa e não conseguiram porque a FRELIMO os tinha destruído antes deterem- possibilidades de incendiarem a nossa casa. Por isso, eu digo ao PresidenteSamora à FRELIMO e ao povo moçambicano: muito obrigado porterem impedido os portugueses de incediarem a nossa casa.Agora nós estamos numa situação melhor que a vossa. A vossa situação não é amesma que a nossa. Todos os nossos vizinhos são independentes. Eu agora durmomuito bem na Tanzânia porquê a FRELIMO destruiu os portugueses. MasSamora não pode dormir como eu durmo. O Exército da FRELIMO não podedormir tanto como eu. O Presidente Kaunda não pode dormir tanto como eu. OPresidente Sêretse Khama embora seja mais velho, não pode dormir tanto comoeu. Essencialmente o Presidente Khama. O seu país está quase inteiramentecercado pelo inimigo. Eu não sei como é que ele dorme. É um homem com umacoragem imensa. Se eu fosse o Presidente Khama, eu não sei se era capaz dedormir. Eu já não tenho nenhum vizinho que não seja independente. Vocês têm oZimbabwe. O Zimbabwe; não é independente. Vocês têm uma fronteira com aAfrica do Sul, que é racista. A Zambia é vizinha do Zimbabwe e é vizinha daNamíbia.De todos os quatró aqui, eu sou o que tem sorte. Eu posso dormir por causa daFRELIMO.«TEMPO» n., 280- pdg. 50

acção dinamizada presença no, progresso apoi ao pais.rnbique

A~ INJ-NI IOA1Ã TE BEN ESTRANGí iOEm função de uma mudança qual.tativa na relação de forças que determinam aarticulação entre o mundo desenvolvido, exportador de capitílis, e -o mundo emvias de desenvolvimento, importador de capitais, está em curso um processo deadaptação das regras do Direito Internacional anova realidade.As mudanças nas relações internacionais, começam a surgir e a imporse após a IIGuerra Mundial com o emergir das novas naçoes surgidas do desabamento dosgrandes impérios coloniais do Ociqente. Esses novos Estados, sobretudoafricanos, árabes e asiáticos, tornaram-se independentes resistindo ao colonizador,na maioria dos casos, de a r m a s n a não. Os Partidos políticos e os Movimentosde Líbertação que tomaram o poder nessas regiões, eram prolundamentemotivados pelos ideais nacionalistas ou pelo socialismo.Não existindo nesses paíes uma acumulaçao primitiva de capital, nas mãos deuma classe dominante nativa e independente das estruturas coloniais, os partidos emovimentos vencedores ficaram conIrontadios comflagrante pobreza nacional que afectava seus países horizontal e veriicalmente,tocando a totalidade dos mais variados sectores sociais.Em face desse quadro só restava aos novos Estados a saída de proceder àrecuperação da riqueza nacional, que tinha sido atribuída através de contratos

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leoninos, de concessão, exploração monopolista, etc.. ao grande capitalinternacional.Era preciso que esses Estados realizassem no interior de suas fronteiras a suaprópria acumulação primitiva de capital, pois como já verificamos era inexistenteuma classe social local economicamente forte e capaz de se aliar com oscolonizadores na exploração comum da população em geral.O instrumento jurídico, privilegiado para realizar a recuperação da riquezanacional nesses países, foi o acto de nacionalização.Sendo utilizado cada dia com mais frequência e intensidade, o acto denacionalizar, não choca mais os pruridos da burguesia ocidental que não encontraeco para assimilar a nacionalização a um acto de pirataria, de expoliação, contra a«sacralidade» do direito de propriedade.O Direito Internacional reconhece sem nenhuma ambiguidade o direito denacionalizar. A doutrina positiva determina entretanto que uma indemnizaçãodeve seguir o acto de nacionalizaçao, sem «pntudo detalhar nem precisar asnoçoes e os preconceitos que devem presidir o cálculo desta.Na prática seguida pelos Estados no curso dos últimos anos, constatamos no níveldo Direito Internacic.nal, a superação da regra tradícional, segundo a qual, a indemnizaçao deve serimediata, justa e efectiva. A tendêqcia geral vigente é de conceder umaindemnização as pessoas cujos bens foram nacionalizados sem entretantoformular regras concretaý sobre a matéria. Por esta razão há sempre litígio edesacordo entre o Estado que nacionaliza e a pessoa ou empresa nacionalizadasobre o montante e a torma de pagamento de indemnização.Podemos também constatar, que o montante e forma de pagamento, de todas asindemnizações ocorridas depois da II Guerra Mundial, foram resultado sobretudo,da relação de forças existente no momento da nacionalização, entre o Estadonacionali zante e as empresas nacionalizadas. Os princípios de discussão sobre oassunto, baseavam-se muito mais no poder de negociação (bargaining power) doque sobre critérios jurídicos, economicos e financeiros.Em contradição com a realidade das relações internacionais, os juristas ocidentais,formalistas na interpretação do Direito, continuam a sustentar e, a defender opagamento de uma indemnização imediata, justa efectiva, sem conseguir definir oconteúdo concreto dessa noção, que sucede a uma outra, ja pertencente ao Museuda Ciencia Jurídica: a indemnização prévia. Vsse princípio, que tanto tempomarcou o Direito privado ocidental e que se transpõe para o campo do DireitoInternacional como dogma, a fim de melhor proteger os investimentosestrangeiros, não é mais alegado por ninguém, dada, a, inocuidade do seuconteúdo face à evolução mesmo do direito de propriedade. Nos mais diversoslitígios sobre nacionalizações nem mesmo nos mais conservadores Tribunais,jurista algum reclama. a indemnização prévia.Acompanhando-se a evolução do procedimento da indemnização a partir da IIGuerra Mundial e dando-se preferência à análise das indemnizações, sobretudoem países ocidentais capitalistas como a França e Inglaterra, constata-se umfenómeno interessante. Em nenhum momento, em nenhuma indemnização, aimportância paga signlificou a comutatividade, isto é, a equivalência exacta entre

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esse pagamento e ok«preço» do bem, seja em valor líquido dos investimentos sejaem função do seu valor livremente negociável no mercado. Por outro ladoverifica-se que cada Estado, quando recorre à nacionalização, no momento deefectuar o cálculo do montante da indemnização a ser paga, utiliza semprecritérios que lhe serão os mais favoráveis e que determinarão a menor somapossível a ser paga.A indemnização ,é uma consequência do acto de nacionalização e jamaiscondição prévia à nacionaliza-1ção ela mesma Os critérios para o seu pagamento constituem acto soberano de umEstado independente e escapa à competencia de todo e qualquer Tribunal fora dasfronteiras desse Estado. Qualquer litígio referente ao seu montante somentepoderã se- apreciado por tribunais competentes nãcionais, à luz do Direito internosobre a matéria. A esse respeito após a II Guerra Mundial, as Nações Unidasvotaram várias resoluções consagrando esse principio. Finalmente em 1974, porocasião de sua vigésima nona Assembleia Geral, a ONU aprovou a Carta dosDireitos e Deveres Económicos dcs Estados, votada sob a forma de resolução masconstituindo Código cX- Conduta moralmente obrigatório a todos os países comassento nas Nações Unidas. Após sua aprovação, as normas contidas nessa Cartatem sido constantemente invocadas por parte dos países em vias dedesenvolvimento. Essa utilização constante da Carta atribui-lhe uma força jurídicaque a sua natureza< de resolução limitaria. O artigo 2, alínea c) da Carta assim serefere com respeito ao problema:«Cada Estado tem o direito:c) De nacionalizar, de expropriarou de transferir a propriedade de bens estrangeiros.devendo pagar uma indemnização adequada, conforme suas leis e regulamentos elevando em conta todas as circunstãncias que julgue pertinentes. Em qualquercaso em que o problema da indemnização provocar um litígio, este devera serdecidido conforme a legislação interna do Estado que tomou as medidas denacionalização e pelos tribunais desse Estado, a não ser que todos os Estadosinteressados decidam livremente procurar outros meios pacíficos de solução,baseados no respeito à igualdade soberana dos Estados e conforme os prir cípiosda livre escolha domeios. (Fim de citação).Apesar de toda a clareza que a matéria envolve, e que a Carta dos Direitos eDeveres Económicos dos Estados veio reforçar, sempre que um país em vias dedesenvolvimento é procediada uma nacionalização que reflecte os privilégios dogrande capital internacional, surge um litígio que ilegalmente é transferido dointerior do país, para ser apreciado' no estrangeiro. Isso tem sido uma práticaconstante dos grandes monopólios imposta aos países em vias dedesenvolvimento.Vejamos como ocor.eu a nacionalização da exploração de recursos mi-fEIPO» n. 280 - pdg 621

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nerais não renováveis, petróleo e cobre, respectivamente no Irão, Argélia e Chile.o primeiro-ministro iraniano, Mossadegh, em 1951, nacionalizou a ind ú s t r i apetrolífera. A companhia atingida foi o grupo inglês Angloiranían, que reagiuutilizando com sucesso os tribunais do Ocidente, a fim de proceder o sequestropor vias judiciárias dos carregamentos de petróleo exportado por Mossadegh oudas somas dadas em pagamento pelos países importadores. A Companhia inglesapretendia-se um direito de propriedade sobre o petróleo, alegando ter sidoexpropriada ilegal e injustamente e sem uma indemniza ção. Nessa época, oMundo estava em plena guerra fria e a relação de forças, era desfavorável ao Irão,país que tinha sido palco recentemente de graves acontecimentos políticos comingerência externa. Mossadegh e seu governo pagaram o preço da deposição pelaousadia de afrontar o grande capital internacional.Em 1971, a França tentou repetir o golpe contra a Argélia, ameaçando erecorrendo aos tribunais ocidentais, a fim de sequestrar o petróleo argelino, sobreo qual se arrogava direito de propriedade. A relação de forças, sendo outra, aArgélia apesar de algumas dificuldades, encontrou outros compradores para "oseu petróleo, sem que as medidas judiciais accionadas pela França prejudicassemessas operações comerciais. O governo argelino venceu a batalha, manteve anacionalização da sua indústria petrolífera e indemnizou os franceses conformecritérios que na realidade tinham sido decididos pela Argélia unilateralmente.No caso do cobre chileno, o trust Kennecot, através da Cia, Braden, accionou osTribunais em Paris, Hamburgo e Roterdam, pedindo o sequestro do mineral oudo pagamento correspondente. Após uma pirmeira decisão favorável em carácterliminar, esse monopólio internacional viu suas pretenções rechaçadas em todos ostrês Tribunais, sem que a questão tivesse sido julgada no mérito, interrompida quefoi pelos trá gicos acontecimentos do Chile. Vale acentuar que nesse litígio sodbreo cobre chileno, as reperci-ssóes políticas tiveram um peso bem maior sobre adecisão dos Tribunais do que as considerações merante jurídicas. Quando umTribunal se declara ^Competente para conhecer ur lftigio ,,riginado no exterior, deum acto de Iacionalização efectuado por um Estado soberano estrangeiro, alegacohecer apenas dos efeitos dessa naionalização sob sua jurisdição. Esse Tribunalnão julga o acto de nacioralização, que em principio acata coto legal, segundo oDireito Internacional e o seu próprio Direito positi"o-A Justiça Ocidental entretanto permite-se apreciar segundo a sua própria ordemjurídica interna e o Direito Internacional interpretado à sua maneira, oprocedimento da indemnização «litigiosa», ocorrida fora dos seus territórios decompetência, alegando efeitos produzidos no interior da sua Jurisdição.Essa atitude dos Tribunais, sobretudo europeus e americanos, é muito maispolítica que jurídica e em contradição flagrante com a aceitação, ereconhecimento da legalidade do acto de nacionalizar.Por intermédio da indemnização é a nacionalização mesmo que e contestada. Essaingerência inédita a ilegal de Tribunais estrangeiros em assuntos que são dacompetência exclusiva e irrecorrível do Direito interno de cada país, representaum atentado ao princípio da igualdade soberana dos Estados. Felizmente essa éuma prática que vem caindo em desuso, em funçao de sua ineficácia actual.

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Concluindo constatamos a inexistência de qualquer código internacional, tratado,convenção ou resolução da ONU, determinando os critérios do cálculo daindemnização de bens estrangeiros. O único preceito existen. te é a regra dautilização do critério que fixará a menor indemnização possível.A aplicação dessa regra, tem levado ospaíses que se utilizam das nacionalízaçõesa calcular a indemnização conforme o valor líquido dos investimento, o «cashflow» ou, como os chilenos, reclamando dos lucros excessivos realizados.Aos países que pretenderá naciona lizar bens estrangeiros alguns princípios sãoválidos comumente. Se a empresa a se" racionalízada possui uma imobilizaçãogrande de capital e investimentog pouco amortizados, se a indemlíização a serpaga tomará como base o valor destes, constituirá um montante bastante elevado.Nesse caso o valor líquido dos investimentos deveria ser desprezado e aindemnização deveria ser calculada segundo o «cash flow».Essa foi a atitude, argelina face aos franceses. Em caso contrário, investimentosconsideráveis, mas quase totalmente amortizados, a indemnização deveria basear-se no valor líquido dos investimentos. Se a utilização de um ou outro dosparâmetros citados determina uma soma importante a pagar como indemnizações,seria interessar então acionar a teoria dos lucros excessivos. A verificação desseslucros é facílima de efectuar em qualquer actividade de empresas estrangeirasinstaladas nos paíse3 em vias de desenvolvimento. A conjugação de qualquercritério com a dedução das somas referentes a lucros excessivos Permiteneutralizarou anular totalmente a indemnização a .ser paga.Finalmente qualquer pais que nacionalize um bem estrangêiro, deve anunciarimediatamente Sua disposição de pagar uma indemnização. Não precisa,entretanto, anunciar quanto vai pagar nem quando. Essa simples declaração, tem aforça de neutralizar qualquer mobilização .de tribunais estrangeiros, por parte docapital internacional, com o intuito cýe criar dificuldades à comercialização demercadorias provenientes do grupo nacionalizado. Essa mesma declaração éeficaz para anular possíveis «pressões» de órgãos internacionais nos, como oBIRD, Banco Mundial, por ocasião do estudo de projectos de financiamento dopaís que que nacionaliza. Dando lógica a esse anúncio, .o pais nacionalizante abreconversações com o grupo nacionalizado não precisando ter grande pressa achegar a um resultado, salvo se isso lhe interessar. Por ocasião dessas,conversações, a substituiçao da cooipanhia privada por uma potência estrangeiracomo interlocutor, deve ser repelida, levando-se ao maxlmo cta iuerl)retaçãorestritiva o ez.ercoiir) ao direito da protecção diplomática. A partir da assinaturado acto de nacionalização e sem levar em conta o resultado posterior elasconversaçjcs com o grupo estrangeiro nacionalizado, o Estado toma posselegalmeníe la pai-te da riqueza nacional que estava alienada a capital estrangeiro.Essa linha de raciocínio, que cancordamos em catalogá-la de não convencional,pode chocar as pessoas com uma formação jurídica clássica e acostumadas aanalisar as normas jurídicas formal e abstractamente.Se excluímos uma visão empírica do Direito, constatamos que qualquer normajurídica é simplesmente o resultado da cristalização de uma dada relaçso ce forçasentre as.cíasses sociais em presença num dado momento histórico. Nenhuma lei

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existe abstractamente pairando acima da realidude social. Nesse instante, com acontestação da relação de forças imperante no Universo por parte do mundo emvias de desenvolvimento, o Direito estil sendo reescritL.Essa revolução no campo jurídico implicara na refo-rmulação mesmo dosignificado das palavras Direito e Justiça, que deverão reflectir uma realidadecomposta de contradições e não representar categorias abstractas e aparentemente,neutras.Enquanto essa reformulação não se dá, princípios jurídicos como direitosadquiridos, «Pacta s u n t servanda», «enriquecimento ilícito», etc., não podem tero mesmo significado se .rguidos de um lado por um pais em vias' dedesenvolvimento e do outro 'por um país rico ou uma companhia multinacional.«TEMPO» o 280- pdg. 63

NÃO HÁ PIOR SURDO, DO QUE AQUELE QUE NÃO QUER OUVIRA guerra de Libertação Nacional contra o poder explorador do sistema colonialcapitalista foi a parteira que tirou da sociedade velha a nossa Revolução- que transformou Moçambique num Estado de operários e camponesesentregando o Poder aos explorados, ao Povo moçambicano. A FRELIMO foi oguia deste processo, é a salvaguarda e a força que todos os operários ecamponeses, todos os explorados, encontram na formação da aliança que levaráestes à Independência económica, ao aniquilamento do Poder milenário dosexploradores. à criação de uma sociedade nova e verdadeiramente justa. Assim secompreende que o principal meio de produção - a terra -'tenha sido entregue ao.,explorados, assim se compreende que as portas, da justiça., da saúde, daeducação, da resolução da habitação tenham sido abertas para servir o Povo.«São as leis do Governo quem nos obriga a cultivar o algodão e a vendê-lo àscompanhias. Quem ganha são as companhias, mas somos nós quem nunca temroupa para se vestir apesar de ter produzido o algodão»... As leis do Governoentregam-nos como máquina de trabalho às companhias de açúcar, às companhiasde chá. As companhias ganham muitos milhares de contos, mas nas nossas casas,de manhã nós e as nossas famílias não temos chá nem açúcar.. É a administraçãoque nos prende se recusarmos cumprir a vontade da companhia, é ela que nosforça a irmos trabalhar nas machambas, nas minas nas fábricas... São os nossosimpostos quem paga o vencimento dessa administração que nos oprime, são osnossos impostos que-s paga à polícia que nos prende quando desobedecemos àcompanhia,são os nossos impostos quem paga o exército que nos massacre se nos revoltamoscontra a opressão.,. Somos nós e o nosso trabalho quem paga tudo, mas quem éservido e obedecido são os que exploram... Os burgueses e colonialistas dizemque os tribunais-são imparciais e fazem justiça. A propaganda diz que a justiça é cega para nãodistinguir entre o rico ou o pobre, o grande senhor ou o pequeno trabalhador...Mas nunca ninguém ouviu dizer que os tribunais da burguesia e do colonialismomandaram devolver a terra aos camponeses que foram espoliados». Estas palavrasdo Camarada Presidente Samora em .«ESTABELECER O PODER POPULAR»explicando a quem servia o Poder do EstaOo Colonial-Capitaqsta, o que é a

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opressão da minoria burguesa e exploradora sobre a maioria. Assim explica oCamarada Presidente Samora naquele texto composto em 1974. as razões porqueo Povo oprimido e explorado e todas as camadas da sociedade que o apoiaram,levaram a cabo os sacrifícios da !uta de Libertação Nacional; o Povo fez a guerrapara se libertar da exploração, para impôr o seu próprio Poder que é o PoderPopular. Assim se devem compreender as nacionalizações da terra, da saúde, daeducação, da justiça das casas de habitação. Com a independência o processo devida das zonas libertadas estende-se a todo o país. Os impostos deixaram de pagaro exército que massacrava e passaram a servir para a construção de escolas ondese alfabetiza. As leis deixaram de tirar a terra e de uma vez para sempre devol.veram-na a quem p trabalhava. Quem deixou de ser humilhado e passou a serrespeitado e servido foi quem trabalha, foram os operários, .os campo-neses, o Povo.Mas, quando um mosquito nos morde, ele além de nos chupar o sangue injectapara dentro de nós o paludismo que é a doença. Também o sistema colonial-capitalista não só explorou como deixou a doença dentro de muitas cabeças.Deixou dentro dessas cabeças as ideias que lhe dariam continuidade. deixou aideia de como se explora, deixou a ideia. Para se combater o paludismo tomamosregularmente os anti-paludícos pois caso contrário a doença leva-nos à cama, e senão a combatemos convenientemente há mesmo o perigo de morte. Assim comono combate ao paludismo o combate contra as ideias erradas deve ser constante -os interesses dos exploradores são radicalmente opostos aos dos explorados. Mashá os que acham que se pode conciliar estes interesses. «Estás a ver, aqueletambém foi explorado, ele não era capitalista, tinha estas terras porque o avôdeixou-as'para ele e ele sozinho não ppdia cultivar isto tudo. Aquele também foiexplorado, construiu aqluele prédio de vinte casas com «muito sacrifício». Estenão era capitalista nem explorador, ele aplicava apenas as instruções do patrãoque estava em Lisboa».Este- tipo de ideias quer deturpar os direitos do Povo, querem enfraquecer-as atitudes populares com a defesa de direitos que servem os exploradores, coma divulgação de ideias que prejudicam directamente o processo de ReconstruçãoNacional. Para eles as aideias comunais nascem de uma ordem, e-não do processode Luta que o Povo explorado de Moçambique liderado pela FRELIMO leva paraobter a sua própria libertação, não só política, mas económico, social e cultural.

o mundo mais pertoA Deta liga Moçambique com o mundo. Carreiras regulares para a Europa.Serviço impecâvel. A Deta e uma das dez primeiras companhias de aviaçãoafiliadas na ATA.»IWZAwI

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