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61% 61% í kTý 1 Montepio Deposite as suas ii economias nos bancos para serem aplicadas em actividades produtivas contribuindo assim para a Reconstrução Nacional " 1 i" 1 Smith compre«ndeu a estratégia imperialista, mas a luta contínua para o Povo Zimbabwe. Director Interino: Muradali Mamadhusen; Redacção: Albino Magaia, Calaone da Silva, Mendes de Oliveira, Luís David, Alves Ç,omes, José Bapfisfa, Carlos Cardoso, Narciso Castanheira: Secreftria da Redacção: Ofélia Tenb4; Fotografia: Ricardo Ranel, Kok Nemr Naifa Ussene, Armíando Afonso C<&laborador>; Maquetiíação: Eugénio Aldasse^ Pao a Galli (colaboradora); Correspondentes: Wilfred lBurchef, Pietro Pefrucci, José' Mena Abrantes (Luanda, R. P. A.); Maurilio Ferreira Lima (Argélia); Propriedade: Tempográfica; Oficinas, Redacção > e Serviços Comerciais: Av. Ahmed Sekou Touré 1017-A'e B (Prédio Invicta); Telef9nes - 26191, 26192, 26193; Caixa Posfal: 2917' - Mapufo - República Popula de Moçarmbicfie LISIA DOS DISTRIBUIDORES PROVINCIA DO MAITO Centro Comercial daManhia . MANNIÇA Issufo Adam ............... MIOAMBA Luis Comes Bred " ................ INCOLUANE Ezequiel Pinto Macamo XINAVANE Magude Comercial, Lda. MAGIJIE PROVINCIA DE GAZA -Amilcar Simões Julião ............ CiIUALACUALA casa Lis .... ... ý 1 XAI A Manuel Francisco de Oliveira, Lda. CHIBIITO Sociedade literária de Camòes. . CiIÓCiJt PROVINCIA DE INHAMBANE éfricano Benere ................ ........ QUISSICO-ZAVALA João Gonçalves Mutimba.. .............. NHAMAVIA Joaquim Ribeiro Júnior ......... INHAMBANE PROVINCIA DE MANICA Tóbacaria Desportiva .......... .. CHIMOIO PROViNCIA DE SOPALA Augusto Frechaut. MARDROMEI

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61%í kTý 1

MontepioDeposite as suas iieconomias nos bancos para serem aplicadas em actividades produtivascontribuindo assim para a Reconstrução Nacional" 1i " 1

Smith compre«ndeu a estratégia imperialista, mas a luta contínua para o PovoZimbabwe.Director Interino: Muradali Mamadhusen; Redacção: Albino Magaia, Calaone daSilva, Mendes de Oliveira, Luís David, Alves Ç,omes, José Bapfisfa, CarlosCardoso, Narciso Castanheira: Secreftria da Redacção: Ofélia Tenb4; Fotografia:Ricardo Ranel, Kok Nemr Naifa Ussene, Armíando Afonso C<&laborador>;Maquetiíação: Eugénio Aldasse^ Pao a Galli (colaboradora); Correspondentes:Wilfred lBurchef, Pietro Pefrucci, José' Mena Abrantes (Luanda, R. P. A.);Maurilio Ferreira Lima (Argélia); Propriedade: Tempográfica; Oficinas, Redacção> e Serviços Comerciais: Av. Ahmed Sekou Touré 1017-A'e B (Prédio Invicta);Telef9nes - 26191, 26192, 26193; Caixa Posfal: 2917' - Mapufo - RepúblicaPopula de MoçarmbicfieLISIA DOSDISTRIBUIDORESPROVINCIA DO MAITOCentro Comercial daManhia . MANNIÇA Issufo Adam ...............MIOAMBALuis Comes Bred " ................ INCOLUANEEzequiel Pinto Macamo XINAVANEMagude Comercial, Lda. MAGIJIEPROVINCIA DE GAZA-Amilcar Simões Julião ............ CiIUALACUALAcasa Lis . . . . ... ý 1 XAI AManuel Francisco de Oliveira, Lda. CHIBIITO Sociedade literária de Camòes. .CiIÓCiJt PROVINCIA DE INHAMBANE éfricano Benere ................ ........QUISSICO-ZAVALAJoão Gonçalves Mutimba.. .............. NHAMAVIAJoaquim Ribeiro Júnior .........INHAMBANE PROVINCIA DE MANICATóbacaria Desportiva .......... .. CHIMOIOPROViNCIA DE SOPALAAugusto Frechaut. MARDROMEI

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Auito Viação do Sul do Save . . EIRA PROVÍNCIA DE ?IÁgênqa de Viagens Cabora Bassa ON60 Discotete .......... ............ .D ETEPROVINCIA DA ZAMBÉZIA Alfredo José Suusa .. .......... . GIURFrancisco Xavier Weog . LUGELAJacinto Frederico Silva .............. EM LO.EMahomed lqbal Ayob .MACIJSE> Maria 1ncia Oiório , .. QIEIMANEParelaria Cevral ....................... MOCIO APROVINCIA DE NAMPIOIACãsdidQ Calixe Munguana NACALACasa Spanos ........... ............. NAMP.LAloo Rodrigues Machado Rosáio iLHA DE MOÇAMBIQUE Papélria Abrantina.. ANGOCHIEPROVÍNCIA DE CABO DELGADO Domingos da Silva Leal .MOCIMBOA DA PRAIASoti . PEMBAPROVÍNCIA DE IASSACasmiro José Alves . .. LICHINGAANGOLALivraria Lelo ........ LuandaSECÇõESSemana a Semana . . 8Nota da Redacção . . . 64APONTAMENTOSTradições Orais...... Biografias para nova toponímia ............Acidentes de trânsito . Sobre a Escola do Noroeste Cuba e Pode( Popular Chile(2.6 parte)Rádio «Africa Livre» .. . 52CotaAfrica Austrnua .. . . 5 71.: Seminario Nacional de Cooperativas .. ...... 16REPORTAGENSVisita do Presidente Samoraa Fábricas .. ...... 14Criação de Gado25 de Setembro dia das F.P.L.M. ........2DESEJO SER ASSINANTE DA REVISTA <TEMPO» A PARTIRDA PRXIMA SEMANALOCALIDADEENOO POS _ _ VALOR CORRESPoNOENTE A UMAASSNATURA SEMESTRA. H QUEANUALP~OVIN-LS DE OUTRAS PROVINCIAS INHAMBANE POR VIA A R-ANOOMn2 UMEO OSE 0 CO4 Ia CnEE MESES 6 NOMEROS 38000 420500

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3 MESES O1 NMEnOS 0500 2>00O PEDIDO DE INSCRIÇÃO DEVEsER .O .ANHanO aIMaoRTCr ARESPECTIVA.... . . ......... "" g2 ."~~~ "O" N' "¿ ' [ '»:¿ 'o

CAA -ACCAO REACCIONARII,TEM PO» N.- 313 - pág. 2

Fez no passado dia 25 de Setembro, doze anos que o Povo moçambicanoorganizado na sua vanguarda revolucionária a FRELIMO deu o seu primeiro tirocontra o Poder colonial em Moçambique, desencadeou a Luta Armada deLibertação NacionaLEm 25 de Setembro de 1976, doze anos depois do desencadeamento da LutaArmada e mais um ano depois da proclamação da Independênícia Nacional, oPresidente Samora Machel vai assistir no centro de preparação político-militar deBoane ao encerramento do primeiro curso (de treino político-militar) «25 deSetembro». No encerramento deste curso e ao falar com os combatentes oPresidente Samora Machel afirmou: «cada acção reaccionária é uma lição paranós». Publicamos a seguir esta intervenção do Presidente Samora bem como amensagem dirigida pelas Forças Populares de Libertação de Moçambique no dia25 de Setembro de 1976, ao Presidente da FRELIMO.ENGAJADOS NUMA LUTA«Estamos engajados numa luta, luta que tem objectivos bem definidos, alvos bemdefinidos; uma-luta orientada que é popular contra um punhado. - Começou pordizer o Presidente da FRELIMO, no improviso proferido aos novos quadros dasFPLM em Boane. «Alguns, destroem-nos pontes, outros desmontam máquinas,outros destroem estradas, roubam e destroem fábricas, destroem a produção,imPedem o progresso da produção a elevação do nível de consciência dasmassas».Isto significa que estão a acender a fogueira, estão a'tornar a fogueira maior, estãoa fazer da nossa fogueira cada vez maior. Quando aparecem muitos sabotadores,muitos indisciplinados, muitos desorganizadores, boateiros, caluniadoresreforçam a nossa unidade, reforçam a nossa vigilância, reforçam a nossadeterminação, por isso dizemos: «Hita hlula» ¿<vence-desprezam o «pé descalço». professores negativos paranós, e com eles aprendemos. Cada acção reaccionária é uma lição para nós porisso dizemos: «Hita hlula»!Através das suas acções, nós estudamos, enriquecemos a nossa experiên cia.INTERNACIONALISMODissemos, noutro dia, que o comba, tente revolucionário está em toda a parteOnde se faz sentir a presença do inimigo; onde a liberdade e independência sãoameaçadas.Continuaremos a colaborar, em vários domínios, com a República Popular daChina e vamos organizar com eles a nossa Força Aérea, a nossa Marinha, e outros

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domínios científico-militares. Por isso é que eu não vou dizer, ao encerraro cursoaqui obrigado! Não, não *devo dizê-lo. Vamos continuar a trabalhar.Hoje nós celebramos o 25 de Setem. bro. Anualmente celebramos o 25-deSetembro, dia glorioso do povo moçambicano.Hoje celebramos dois acontecimentos Primeiro, o 25 de Setembro. Em segundolugar, o encerramento do primeiro curso «25 de Setembro», a primeiraorganização da nossa força principal, a base que vai permitir a produção dequadros.Mas também há um acontecimento importante que vem juntar-se a esta nossaalegria. É a queda de lan Smith. Esta história-é muito complicada. O caminho dalibertação é um caminho sinuoso complicado. Mas é verdade que a história nãoperdoa.isso significa o 25 de Setembro para nós, o desencadeamento da luta deLibertação Nacional, em Moçaníbique, para nós, e a data em que nós matámos amorte antes de ser morta; liquidámos a morte. Antes de se transformar em morte,nós matámos. Este é o grande signicedo, do dia 25 de Setembro 'e, no Zimbabwe,rendição do inimigo. O inimigo rendeu-se.Foi em Julho que vocês fizeram «mano-a-mano».. O que é «mano-a-mapo?Mano-a-mano são manifestações não é? E dissemos: três de Julho é o último diade fazer mano-a-mano não foi? Não queremos mais manifestações contra o. lanSmith. A nossa manifestação deve ser uma manifestação violenta, Era de aceitar oconvite que tinha feito o lan Smith. mas ele rendeu-se agora. Quando o inimigo serende é mau para nós.Vocês dirão, é mau porque?É porque a luta do Zimbabwe era-para n«s «a grande universidade». Uns iriam láfazer o «ensino primário», outros haviam de lá ir fazer o «ensino secundário»,finalmente fariam «Universidade»-graduação, licenciatura e doutoramento,láMas, a g ora, fecharam a universidade. Agora de vem o s perguntar: soubemosaproveitar esta universidade ou não? Não, porque não durou.Há mais universidades, mas aquela é especial. Qupando estamos naquelauniversidade não há quem saiba, somos todos alunos. Por isso todas as nossas<TEMPO N. 313 - p6g. 3E UMA CAM PARA NOS"

Grupo de combatentes das F.P.L.M. retratando uma cena do quotidiano doescravo comerciado pelos colonialistasGrupo. de combatentes das F.P.L.M. em Boane, tentando reconstr mente oMassacre de Muedaideias valem na guerra, todas as ideias valem. Sintetizemos todas as nossasexperiências lá. Mas, vieram os imperialistas e fecharam esta Universidade - «estauniversidade é má»[É má aquela universidade? Acelera a formação. Nós queremos uma formaçãolenta, uma formação em que os alunos são selecionados para irem á universidade,mas aquela é que selecciona bons alunos, aquela universidade popular, é por isso,que -vieram fechar a universidade. Agora onde vamos aprender?

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O nossà estudo era um estudo objectivo, tinha um conteúdo vivo, mas agoravamos dizer sim, sim. «TEMPO» N.' 313 - pg. 4SMITHNO JARDIM ZOOLÕGICO"O sangue daqueles que foram massa. crados em Nyazónia foi o maior chuveiro eo lago de sangue engoliu lan Smith; o sangue derramado por aqueles refugiadosem Nyazónia.Vamos estudar, nós, mas Smith morreu. Durante algum tempo era um ca. dáverque se movia. Mas agora está no caixão.Eu proporia que Smith não fosse enterrado e fosse colocado no jardim zoológico-o maluco; um maluco; o leão dasdentado; o ýleão sem garras.Dissemos que não ia durar. A vitórig do povo do Zimbabwe é a vitória do povo deMoçambique, é a vitória dos povos da África, é a vitória dos povos oprimidos detodo o mundo. Por isso dizemos! Abaixo lan Smith! Mas seja colocado no jardimzoológico!Ele começa a la n ç a r confusões na suas declarações. Está a lançar confü . sões,diz que, para ele permitir o governe da maioria, é preciso abrir as fronteiras» Masé ele quem fala agora?Eu vim aqui dizer, em Dezembro, que vocês devem ir lá tirar experiências. Agoraestou a assinar o óbito. Vamos cantar agora: «Lutaremos até vencer !»EssbN é a primeira parte, a de lan Smith. Segunda parte, quais são as tarefas deum combatente da FRELIMO?Nós primeiro caracterizaríamos a situação actual do nosso País, em que assistimosá destruição sistemática da produção e dos bens do Estado; assistimos aoesbanjamento; assistimos a ataques ideológicos, ataques sociais, ataques fisicosfeitos pelos nossos inimigos porque, neste momento, não dispomos de quadrossuficientes, porque não dispomos de quadros para assumir, preencher asestruturas, porque o nosso Estadoo aparelho do Estado - mantém-se quase intacto.Nó queremos desmantelar, sem resistência, porque não dispomos de qua. dros.São os quadros que devem destruir a rotina das estruturas colonialistas, aburocracia da estrutura colonialista. Só podemos consolidar a nossaindependência destruindo as estruturas que representam a burguesia colonial;'estruturas que permitem a manutenção daqueles que não querem servir o povo;estruturas daqtueles que recusam sistematicamente a assumir os interesses dopovo ao nível dO Partido e ao nível do Estado. Por isso é que pensamos que atarefa importante para as nossas Forças Populares, que é da sua tradição, é de, seidentificarem completamente com os interesses do povo; servir o povo.E, para, isso, devemos assumir a importância 4o que são as estruturas. 1 por

Combatentes do Curso «25 de Setembro».3residente Samora Machel na manhã do dia 25 de Setembro, ao prestarhome,nagem aos Heróis da Luta Armada de Libertação Nacionalisso que eu fiz aqui a apresentação das estruturas governamentais. Um combatenteda FRELIMO é um elemento político, é um elemento organizax' dor, é umelemento dinamizador da nossa sociedade, é um elemento que defende os nossosprincípios, é um elemento que difunde a nossa linha política. Luta, defende,

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sacrifica-se pela política -da FRELIMO, pelos princípios da FRELIMO, pelosWZ4t wPrincípios da Constituição da República Popular de Moçambique.Defende, de maneira intransigente, a produção, faz uma .-' luta permanente deestudo para adquirir novos conhecimentos, melhora diariamenPresidente SamoraMachel: Um Com- te as suas qualidades de revolucionário. batente da FRELIMOé um elemento Só assim é que nós demarcaremos dospolítico, é um elemento organizador, é 'um elemento dinamizador da nossa nossosinimigos.sociedade A nossa tarefa principal é a purificaçãoperiódica das nossas fileiras o que permite a unidade entre nós, com o nosso povo,e sabermos fazer das nossas FPLM instrumento defensor do Estado. Defender oEstado, defender o Governo, defender a integridade territorial. u t a ,pelaconsolidação da n o s sa independência, consolidação do nosso Estado Estado deoperários, Estado de camponeses.Saber combinar a nossa força com a nossa inteligência. Fazer da ciência militarinstrumento ao serviço do povo, da justiça, organizador dos transportes;organizador dos serviços sankários. Quero dizer, cada um de nós ser agentedefensor dos bons hábitos. Cada umide nós trabalhador, e, assim, edificaremos anossa indústria, defenderemos o nosso comércio, defenderemos a nossa produção.Mas, produzindo novos quadros.EXEMPLO PARA AS FPLMO exemplo que aqui deram de construir uma avenida, a Avenida Primeiro Curso25 de Setembro, deve estender-se a todos os quartéis. A contribuição que fizerampara a construção da avenida deve ser uma tradição das FPLM. A contribuiçãoque nos deram aqui, mais a de três mil,contos para serem utilizados conforme asnecessidades de v e constituir uma tradição das FPLM.É necessário diminuir encargos ao Estado, organizar a economia, lutar contra oesbanjamento e, assim, diminuiremos encargos ao nível do nosso povo.O dinheiro que nós temos vem do povo é o povo que produz, é o povo quedesenvolve o nosso País. Por isso é necessário que nós utilizemos correctamente osuor do nosso povo de que somos parte, também; e as tarefas concretas, conformea aceitação de cada um. Mas nós queríamos que cada um de nós fosse um palitode fósforo, que cada um de nós fosse semente- seleccionada para ir melhorar aespécie, no comportamento, é isso que conta mais e o que devemos ser!»«TEMPO» N.o 313 pág. 5

API 0.P.Altura em que Alberto Chtpande Ministro da Defesa Nacional depois de ter lido aMenagem das F.P.L.M., entregava ao Presidente Samora Machel um cheque novalor de 3.320.710$00 resultado da cotização doutre elemantos das F.P. L.M. detodo o pais.É o seguinte o teor da mensagem das Forças Populares de Libertação deMoçambique,. dirigida ao Presidente da FRELIMO e da República Popular deMoçambique, Samora Moisés Machel, e que foi lida por Alberto Chipande,membro dos comités Central e Executivo e ministro da Defesa Nacional: «Sua

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Excelência Senhor Presidente da República Popular de Moçambique,Comandante em Chefe das Forças Populares de Libertação -de Moçambique:«Atendendo a esta fase de Reconstrução Nacional, em que a nossa jovemrepública enfrenta várias dificuldades de ordem financeira, as Forças Populares deLibertação de Moçambique, pondo em prática a palavra de ordem «contar com aspr6prias forças» e de aliviar ao Estado, o encargo para com as mesmas, decidiramorganizar urna contribuição por ocasião do 12. aniversário da Luta Armada dasForças Populares de Libertaçãode Moçambique.Julgamos que, desta forma, as Forças Populares de Libertação de Moçambique,podem resolver alguns dos seus.problemas mais urgentes nesta fase dereconstrução do nosso exército. E, sob a sábia e correcta direcção da FRELIMO, odo seu Coman«TEMPO> N.a 313 - p6g. 6dente em Chefe, dirigente máximo da revolução moçambicana as ForçasPopulares de Libertação de Moçambique, devem par tilhar com o povo as alegriase as amarguras que se processan na revolução moçambicana, a fim de usarcondignamente o ti tulo de exército popular, assim como actuámos, durante de;anos na luta de libertação-nacional.Sua excelência Senhor Presidente da República Popular dE Moçambique,Presidente da FRELIMO e Comandante em ChefE das Forças Populares deLibertação de Moçambique:Neste sentido queremos apresentar ao Camarada Presi. denýe, um cheque, número790.742, no valor de Esc, 3.323.710$OC provenientes de contribuição das ForçasPopulares de Liberta, çáo de Moçambique.Aqui queremos discriminar a contribuição desta quantia em províncias: provínciade Cabo Delgado 735.043$00, provínci de Niassa 238.434 ebcudos, província deTete 498.894$00, pro, vincia de Manica 451.137$00, província de Sofala243,771$00 província da Zambézia 69.850 escudos, província de Nampula89.999$00, província de Gaza 189.398$00, província do Maputo: Centro deBoane 239.779$00, Estado Maior General 136.882$000p40,

Flagrante de uma man2iestação cultural durante o festival da juventude realizadono estádio da Machava na tarde do cia 25.Flagrante de exibição de uma equipe de gminstica aplicada das F.P.L.M. na tardede 25 no ,estddio da Machava.Grupo de Macuaela, dança populãr.as forças junto à Presidência 61.538500, Infantaria Batalhão da Cidade de Maputo106.590$00, Batalhão da Artilharia 114.412$00, Comando do Maputo137.991$00, Centro de Preparação Política da Moamba, DestacamentoFeminino 13.810$00. Total:3.323.710$00Sua Excelência Presidente da República Popular de Moçambique:Pedimos que aceite esta pequena contribuição das F.P.L.M., afim de utilizá-l deacordo com as necessidades que o Senhor Comandante em Chefe achar urgentes.

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Esta é a nossa forma da celebração para este 12.° Aniversário de luta armada, edia das F.P.L.M.Camarada Presidente de FRELIMO e da República Popular de Moçambique:O segundo aspecto que nós celebramos hoje é o encerramento do curso 25 deSetembro, iniciado no dia 1 de Dezem-bro do ano passado. E esse curso terminou a sua primeira fase, no dia 9 de Maio, ehoje data 25, nós terminamos definitivamente esse curso 25 de Setembro. Aquinós celebramos o ponto principal que hoje nos leva. É de que o Ministério daDefesa, o Estado Maior Nacional aplicou as orientações do Comité Central daFRELIMO, as decisões do Conselho de Ministros no campo da preparação dequadros factor decisivo da continuidade da nossa luta por isso, Sua ExcelênciaPresidente da Re. pública Popular de Moçambique e Comandante em Chefe daýForças Populares de Libertação de Moçambique: *Estão aqui na sua frente quadros prontos para executõ várias tarefas dereconstrução do nosso exército, da reconstrução da nossa independência e daconsolidação da nossa revolução. Estes são os dois aspectos que riÔs viemoscelebrar. Primeiro, a comemoração do próprio dia e a segunda parte, que é oencerramento do curso «25 de Setembro».OTEMPO» N.* 313 - p69. 7

_ SEMANA A SEMANAEm Outubro SEMINARIO NA CIONAL, COM. ORGANIZAÇOES DEMASSAS PARA PREPARAR 3, CONGRESSO~uda em Outubro deste ano, realizar-se-á um Seminário Nacional que contandocom a participação de todas as estruturas da FRELIMO onde se incluem asorganizações de massas- como a Organização d Trabalhadores- , estudará todos osaspectos organizativos do MH Gongresso da ÉFRELIMO, de forma a permitir aampla participação das massas populares. Estã decisão foi tomada numa reuniãoque realizada a 22 de Setembro passado entre membros ilos Comités Central eExecutivo da FRELIMO, para além de governadores provinciais e elementos daSede Nacional da FRELIMO, estudou pela primeira vez aspectos da planificaçoorganizativa do I1 Gongresso da FRELIMO, Nesta reunião foi ainda decidida acri"ição de várias comissões que elaborarão os documntos-proposta e que serãosubmetidos pelo Comité Central à discussão e estudo no IIl Congresso.Ao intervir nesta reunião, o Presidente Samora Machel reafirmou a dado passo anecessidade de popularizar a linha política da FRELIMO na fase actual daedificação do Poder Popular Democrático.Transcrevemos a seguir, um comunicado emitido pela Sede Nacional daFRELIMO sobre a referida reunião:COMUNICADORealizou-se no dia 22 de Setembro,de 1976. na Sede Nacional da FRELIMO.uma importante reunião que foi dirigida pelo Camarada Samora Moisés Machel,Presidente da FRELIMO e Presidente da República Popular de Moçambique, naqual participaram membros do Comité Central e do Comité Executivo,Governadores Provinciais e elementos da Sede Nacional da FRELIMO.

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Esta reunião teve como objectivo planificar e preparar a organização do IIIGongresso da FRELIMO, em cumpri,TEMPO» N.0 313 - p6g, 8.mento das-decisões tomadas na 8.' Sessão do Comité Central. Das medidasimediatas decididas na reunião salienta-se a criação de várias comissões que, entreoutras tarefas, elaborarão os documentos que o Comité Central submeterá áaprovação do III Gongresso.Foi também decidido realizar no próximo mês de Outubro um SeminárioNacional com a participação de todas as estruturas da FRELIMO, incluindo asorganizações democráticas de massas, no qual se estudarão todos osaspectos queenvolve a organização do 111 Gon-gresso e a forma de assegurar a ampla participação das massas populares. Usandoda palavra no inicio da reunião, o Camarada Presidente salientou, que a realizaçãode um Gongresso é um acontecimento histórico em todos os aspectos da vida donosso povo. Mais adianfe, recordou que o II Gongresso da FRELIMO se realizouem 1968. tendo nele sido reafirmada a linha poIítica da FRELIMO, defensora dosinteresses das largas massas. O Camarada Presidente sublinhou que a realizaçãodo III Gongresso no momento actual, após a conquista da IndependênciaNacional, é uma exigência da Revolução.Concretizando e s te princípio, frisou que se torna necessário actualizar asestruturas e definir com clareza as tarefas da FRELIMO e de todo o nosso povo.A necessidade de popularizar a linha política da FRELIMO na fase actual daedificação do Poder Popular Democrático, foi outro dos pontos referidos peloCamarada Presidente, e que o III Gongresso estudará.,A LUTA CONTINUAMaputo, .23 de Setembro de 1976.A Sede Nacional da FREUMO~e

Entrevista com: Bonifácio Gruveta O HOMEM. FAZ A SUA, PRÔPRIAHISTõRIA1. DIP - Gostarímos que nos fizesse uma retrospectiva da reabertura da Frente daZambézia, em 1/9/1974.Camarada Governador - A luta armada na Província da Zambézia, estendeu-se nasáreas de Tacuane e e Morrumbala, distritos desta provínc.iaTalvez recuássemos um pouco antes de falarmos em 1/9/74 e, falássemos doinicio da LUTA ARMADA em 25/9/64, na província do Niassa e depois o que seestendeu para esta província e fracassou por razões já bem conhlcidas - oscolonialistas sabiam que nós tinhamos a razão política. E no processo da luta nóscontrolávamos as zonas onde tinhamos acesso e onde éramos bem guardadospelas populações e fazíamos trabalho clandestino. A maior parte das populaçõeseram p r e s a s e fuziladas no posto de Mabanana em Lugela - distrito destaprovíncia.2. DIP-No entanto insistimos, quanto a uma retrospectiva dos acontecimentosentre o dia 1 de Julho de 1976 ao dia 17 de Setembro.Camarada Governador- No dia 25 de Abril nós ainda e eu pessoalmente?encontrávamo-nos em Nachinguya. Aigurmas horas depois desta data Comente

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tinha sido nomeado para co. mandar um grupo p'ara a frente da Zambézia. Esteplano da Zambézia já existia embora com dificuldades de ordem material. O PaisLimítrofe Malawi dada a sua localização a que nós( destacamos foi muito difícilpara amarcha mas isso acelerou-nos a tomada do poder - chegamos à Zambézia no d ia1/9/74. Iniciamos em Chantengo-Morrum bala e não foi por casualidade que nósreiniciamos a luta nesta província, pois já tinhamos o plano a nível máximo,porque algumas pessoas me no s esclarecidas não compreendiam devidamenteA reabertura da Zambézia, foi uma vitória que consolidou muito para a clareza ao,mundo da força da Frelimo e a certeza da resolução dos seus problemas. Porexemplo: o cerco de Morrumbala foi uma vez mais uma 'vitória que podemossalientar. E p cessar fogo. para nós, não significava o fim da guerra- afirmou maisadiante aquele responsável.3. DIP-Qual foi a sensação que sentiram' os combatentes das F.P.L.M. aoentrarem na zona Urbana, visto que a propaganda colonial, mentalizava aspopulações deý que as F.P.L.M., não passavam de um bando de Terroristas?Camarada Governador - Nós temos consciência de que quando se deu o 7/9/74,nós vimos que as populações reagiram: 1.' poque 10 anos de guerra fizeram lhesver que já existia em Moçambique um movimento de Libertação que é aFRELIMO. E a população reconhecia que há F.P.L.M. Exemplo: Osacontecimentos de Maputo e9 7/9/74 e Outubro. As populações demonstraram oseu grau de consciência. Até porque algumas horas depois dos acordos de Lusaka,já existiamEntrevista do DIP Provincial com o Governador da Zambézia, BONIFACIOGRUVETA por ocasião do 2.0 Aniverrio da reabrura da Frente da Zambézia e aentrada das F. P. L. M na cidade de Queimanle no dia 17 de Setembro de 1974.elementos da população que falavam em nome da Frelimo.Nós quando entramos na cidade de Quelimane. sentíamos que era uma cidade. Noentanto conheciamos o divi. sionismo e o racismo que existiam, e já vinhamospreparados para enfrentermos essa situação. Quando entramos na cidade deQuelimane, sentimos que alguns queriam medir a nosse capacidade combativa,confundindo a luta de Libertação com a Guerra racial de preto contra o branco;uma luta dos instruídos contra os não instruídos e cuidadosamente estudamos deforma critica e foi por essa razão que continuamos a ter apoioem todo o, mundo.4. DIP - Sobre esse aspecto, surge a fase da luta ideológica na zona urbana.O que nos pode dizer sobre o problema da luta de classes dentro da cidade deQuelimane, visto que é precisamente depois da en.trada das F.P.L.M. que amesma se agudiza?Camarada Governador- A Fase da Luta Ideológica em poucas palavras, a luta declasses neste momento, se manifesta através de modo de produção e suadistribuição, porque doutro modo diríamos que a diferença é que naquele tempoda luta armada morria gente e agora é a luta entre a velha sociedade e a nova. Acontradição fundamental é a de agitar a nova maneira de ver, de compreender,mas nós estamos certos que dentro das orientações da FRELIMO nós venceremose as. populações compreenderáo.Pelo DIP Provincial

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«TEMPO» N.. 313.- í0g. 9

--xM]omento em que o Presidente Samora Machel apresetztava condole.nacaspela morte de Choi Yong-Kung Vice-Presidente coreano, na mbaixada daRepública Popular Democrätica da Coreia em Moçambique.-NIGÉRIA: 16 ANOS DE INDEICelebrase no dia 1 de Outubro o 16.- Aniversário da Indepen- do p dência daRepública Federal da Nigéria. Foi a 1 de Outubro de 1960 MT ria a Iglatrraetfis nos aiscomaque a Nigéria se tornou independente da Inglaterra e três anos mais hame tarde(em 1963) formou-se a República Federal da Nigéria. EstäcNo entanto, o aniversário da Nigéria celebrase pela segunda vez berta com o paisliderado por um governo progressista, anti-colonialista, geria anti-neocolonialistae anti-imperialista, impeEfectivamente, a Nigéria conheceu asua Independência política há dezasseis anos, mas a verdadeira luta pelaindependência total do povo nigeriano só foi objectivamente iniciada com. ogolpe de Estado que derrubou o governo neo.-colonial de Gowon e colocou na di.recção do pais um Governo dirigido pelo falecido General Murtala Muhamed em29 de Junho de 1975.A Nigéria, o mais populoso país africano (mais de 60 milhões de habitantes) e umdos mais poderosos em ri.quezas naturais, tem uma longa tradição cultural conforme o indicam as esculturasesculpidas em metal ali encontradas e que datam de há mais de dois anos antes deCristo. Com a Independência proclamada em 1960 a Nigéria çonheceria umperíodo de grandes «TEMPO» N,o - p6g. 10convulsões internas provocadas p e I o capitalismo colonial- e internacional o qualdepois de submeter através das suas manobras o país debaixo. de uma guerra civilfaria subir ao poder um seu agente,-o senhor Yakubu Gowon.Com a administração de Gowon o imperialismo passou a manobrar a seu belprazer, fazendo crescer uma burguesia nacional endinheirada, instituíndo acorrupçã-no seio do governo, exér. cito e aparelho de Estado além de pilhar as r iq u e z a s naturais nigerianas submetendo, através dos seus fantochescomandados por Gowon, o povo a uma repudiada exploração e opressão neo-coloniaiS;'As co2iradições criadas pela administração de Gowon no seio dostraba. lhadores do campo e da cidade, no seioO carácter e a orientação do Governo Militar de Murtala Muhamed manifestaram-se imediatamente: uma campanha bem organizada c o n t r a a corrupção, contra oesbanjamento, contra a exploração e opressão à classe trabalhadora foi iniciadasendo saneados os reaccionários ao serviço da exploração. Dezenas de militares,governantes, professores chefes de-gabinetes e de repartições foram expulsos aomesmo tempo que a Nigéria enveredava pelo caminho progressista tanto ao nívelinterno como externo.O imperialismo reagira. Este ano, os reaccionários nacionais nigerianoscomandados p e lo seu espírito de submissão ao estrangeiro opressor assassinaram

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a 13 de Fevereiro o General Murtala Muhamed pensando que liquidando o chefeda revolução liquidavam a revolução. O golpe fracassou e serviu&ÃANA A SEM,

ao mesmo tempo para a radicalização dos objectivqs do Governo Militar: oGeneral Olesegun Obasanjo foi eleito para a chefia Oo Governo. Não esperando anova ofensiva imperialista Obasanjo deu imediatamente prosseguimento à políticade M. Muhamed'.A fim de que os órgãos de Estado para apoio aos trabalhadores do campoestivessem mais perto das massas o Governo Militar transformou os 12 EstadoSem que se dividia administrativa mente a Nigéria em 19 estados--na Nigéria oEstado corresponde à nossa Província. Para resolver uma das mais desesperantessequelas deixadas pelo colonialismo e pelo neo-colonialismo que era o problemada habitação o Governo Federal Militar está neste momento a construir 200 milcasas para beneficiar as famílias dos trabalhadores mais ex. plorados. Ao mesmotempo 'que é levada à prática esta primeira parte do plano da habitação, foramcriados .tribunais que controlam os preços das rendas, assim como o seupagamento.Ao nível da educação também se estabeleceu uma batalha não menos-dura. Em 15anos de independência quase nada havia sido feito. Justifica esta afirmação ofacto de ainda hoje existirem neste país cerca de 70 por cento de analfabetismo. A, educação a frequência às escplas é hoje obrigatória. «ir à escola é um direito, nãoé um privilégio», como comentou um dos membros do actual governo nigeriano.Este Olano que se iniciou no passado mês de Setembro construirá até 1980 maisde 2 milhões de escolas primárias, enquanto 63 mil professores estão a recebarpreparação para combaterem o analfabetismo.Na agricultura e contando que mais de 80 por cento da população vive no campo,uma intensa mobilização está a ser feita com o'objective de a Nigéria se tornarindependente em alimentação, para que o Governo está a fornecer pesticidas,sementes, a l é m do apoio técnico aos camponeses. Este ano os estudantes foramenviados para o campo a fim de ali aprenderem e trocar experiências com oscamponeses. Paralelamente à agricultura, a indústria mineira que pertence àsgrandes companhias do capitalismo internacional sofre grandes alterações.Recentemente o Governo Federal Militar anunciou a nacio-General Obas=jo, o actual chefe deEstado Nigerianonalização de uma g ra n de quantidade de empresas com o objectivo de aeconomia nigeriana «ser dirigida pelos próprios nigerianos». A este nível; a Ni.géria é um dos países exportadores de petróleo atingindo a sua produção Os 2milhões de barris diários. Para além do petróleo a Nigéria exploro ferro, zinco,ouro e outros minerais.«Primeiramente nós defendemos e hossa soberania, independência e inte-gridade territorial, Em segundo lugar, desenvolvemos a criação das condiçõespolíticas e económicas para a Africa e o resto do mundo com as quais apoiamos adefesa da Independência e da integridade territorial de todos os países africanos,ao mesmo tempo baseados nas nossas próprias forças e no nosso desenvolvimento

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económico». Estas pa. lavras do General Obasanio refletem objectivamente atransformação nigeria na, e o seu engajamento na luta de todos os povos que estãooprimidos e dos que lutam pela sua libertação política e económica.Efectivamente, a Nigéria é hoje um dos países que serve de base para a luta ,dospovos: comprovou-o no apoio aberto que deu à Luta do povo angolano lideradopelo MPLA. no apoio que dá às lutas de libertação da A f r i c a Austral e nas suasposições anti-imperialistas no seio da ONU. da OUA e dos Não-AlinhadosA Nigéria celebra no dia 1 de Outubro o 'seu 16. Aniversário como paisindependente, mas ao mesmo tempo celebra pela segunda vez um aniversá. rio deLuta: para romper com a exploração do homem pelo homem na conquista da suaverdadeira lndependêrcia..'eAFRICA AUSTRAL. A TOURNÉE DE KISSINGER E A EUROPACAPITALISTAITALIA (SETEMBRO)Henry Kissinger e John Vorster colocaram o Governo inglês num sério emba:aço.Depois de terem obrigado o seu aliado Ian Smith a admitir, pela primeira vez, odireito do Povo do Zimbabwe à In-dependência-e consequextemente a inaugurar um período de «transição»- V-orstere Kissinger apelaram para a Grã-Bretanha no senttido de reassumir aresponsabilidade desta sua ex-colónia «rebelde» há onze ano .Sob este alibi jurídico (os ta«TEMPC)» N., 313 -p6g. i

baqueiros renunciam à Declara ção Unilateral de Inddependên.cia e a Rodésia volta a estar sub metida à autoridade britânica) esconde-se umatentativa de des.carregar sobre Londres a difícil ta refa de g e r i r uma «transição> que se advinhatempestuosa (admitindo que Ian Smith mantenha os seus compromissos).Fontes bem informadas afir mam que Kissinger se mostrou bastante irritado a 24de Setembro passado quando, ao regressar a Londres após os seus «milagresafricanos», tomou conhecimento de que a Grã-Bretanha não tem qualquerintenção de hospedar a «conferência constitucionali sobre a Rodésia, e menosainda enviar, a Salisbúria militares ou funcionários administrativos para garantir amarcha do país para aIndependência.Tanto os trabalhistas como, osconservadores britânicos têm de masiada experiência do colonialismo e dadescolonização para não saberem que o «milagre rodesiano» de Kissinger é comoum pássaro sem asas, incapaz de voar. Como o ensina a seg3mda guer ra delibertação angolana, para uma colónia atingir aý Independência não bastareconhecer abstractamente o direito à liberdade nem tão pouco fixar uma datapara a mudança das bandeiras. Nc caso da Rodésia, como no de Angola, falta daparte de quem «descoloniza» (neste caso um consórcio euro-americano-sul-africano) õ reconhecimento do movimento de libertação nacional- portanto doshomens e organizações que realmente combateram aopressão, como único interlocutor possível.

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E porque nem Vor$ter, nemKissinger nem Smith trataram alguma vez com as forças combatentes donacionalismo zimbabwe, e pelo contrário as ignoraram voluntariamente, qualquerpessoa com bom senso e experiência compreende que esta miragem deindependência «à Kissinger» esta destinada a dar ao povo zimbabwe mais doresdo que aleTEýMPO, N.Oý 313- pg. 12grias. Isto também foi compreendido por Londres que, procurando há onze anosdar uma solução neocolonial à «crise rodesiana», não tem qualquer intenção dequeimar os dedos num fogo aceso por outros.Esta posição que os ingleses foram obrigados pelas circunstâncias a assumiroficialmente, é essencialmente a posição de toda a Europa capitalista. Antes edepois da queda do colonialismo português todos os governos europeus, comraras e limitadas excepções, esforçaram-se por abordar a ques tão da ÁfricaAustral de modo a: 1). Não se compremeterem, moralmente, mantendo ummínimo de distância política e diplomática em relação aos colonialistas e aosracistas; 2) Manter o máximo de relações económicas com a região, de maneira acontar o desenvolvimento das forças revolucionárias e, ao mesmo tempo,prepararem-se para estar numa posição privilegiada no momento das «falsasindependências».No decurso dos últimos meses, os órgãos comuns dos nove países da CEE(França, RFA, Itália, Grã-Bretanha, Irlanda, Bélgica, Holanda e Luxemburgo)tomaram mais que uma posição sobre o problema da Africa Austral-, Pediram aindependência imediata da Namíbia, decidiram n ã o reconhecer a«independência» do Transkei, condenaram, o racismo, reconheceram o direito dopovo zimbabwe à independência (mas declarando-se dispostos a contribuir para«indemnizar» os colonos rodesianos). São posições de princípio correctas, masinteiramente vazias de conteúdo na ausência de iniciativas concretas de apoio aosmovimentos de libertação nacional, para não falar nas violações clamorosas dassanções como o recente fornecimento .das centrais nucleares francesas às Áfricado Sul. Quem tiver boa memória recordar-se-á de que o dirigente da social-democracia alemã (que pretende liderar o «eurosocialismo») WillyBrandt, inaugurou em 1965, na qualidade de bUrgomestre de Berlim Ocidental,uma exposição pública dedicada aos «sucessos económicos e sociais da Africa, doSul».Se ultrapassamos os limites da CEE, a situação não é melhor. No dia 23 deSetembro passado, em Estrasburgo, o «Conselho da Europa» (órgão consultivoque reúne representamentes de dezanove países capitalistas europeus) pediu comoo mesmo vigor o fim do apartheid e a retirada dos voluntários cubanos de Angola,a independência da Namíbia e a .1vanguarda dos «direitos dos brancos»Neste quadro, têm demasiado pouco peso as tomadas de posição dos poucospartidos operários e populares autênticos da Europa, que denunciam osverdadeiros objectivos do «mágico» Kissinger: substituir o colonialismo e oracismo pelo neo-colonialismo, bloquear os movimentos de libertação nacional,ajudar as classes exploradoras (europr,:as e africanas) na defesa dos seus própriosinteresses e impedir o confronto entre o capitalismo e o socialismo na ÁfricaAustral.

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Como o demonstra o actual Governo inglês, Kissinger não poderá contar comuma plena cumplicidade europeia, mas é aindamais certo que não será a «velhaEuropa» a pÔr travão às roda s da diplomacia imperialista. Tanto mais que umforte vento conservador começou a soprar de Estocolmo (onde os social-democratas perderam o poder após 44 anos) , de Bona (onde os democratascristãos estão certos da sua desforra), de Lisboa (onde se restitui a terra aospatrõS), de Madrid (onde os fascistas se estão a reorganizar) e de P.a ri s (ondeGiscard renunciou &finitivamente à demagogia gaullista e governa como um puroconservador).{por Pietro Petrucci). èL-í~-ANwffl=k1V-ýANA A ý SEM,

PRESIDENTE SAMORA MACHEL FEZ QUARENTA E TRÊS ANOSO Presidente Samora Machel fez no passado dia 29 de Setembro 43 anos deidade. O combatente Samora Machel, militante da FRELIMO desde 1963 definiu-se logo de início como defensor la linha revolucionária, combatente pelalibertação das classes operária e camponesas moçambicanas.Depois de ter participado activamente na luta no seio da FRELIMO pelaredefinição da sua linha política revolucionária em 1968. Samora Machel é eleitoPresidente da FRELIMO em 1970.A partir de 25 de Junho de 1975 com a proclamação da República Popular deMoçambique é nomeado Presidente da República pelo Comité Central daFRELIMO, assume a responsabilidade máxima no combate pela, destruição doEstado colonial e pela implantação do Estado Popular Revolucionário, o Estadode operários e camponeses.«TEMPE>N., 313- n,â9 13

D:rante as deslocaçóes que o Presidente Samora Machel efectuou, mantevelongos didlogos com os trabalhadores dos diversos sectores das fdbricas. Na loto,secção de corte da fábrica Soberana.Coni vista a conhecer de perto o funcionamentodos vãriossectores de produção, o Presidente Samora Machel visitou na semanapassada,' algumas indústrias fabris na cidade de Maputo e Matola, onde mantevelongos diálogos com os trabalhadores.Para este trabalho, o Presidente Samora fez-se acompanhar pelos Ministros, MárioMachungo, da Indústria e Comércio, Mariano Matsinhe, do Trabalho, JorgeRebelo, da Informação e ainda, com excepção das primeiras visitas, osgovernadores provinciais,. Raimundo Pachinuapa, de Cabo Delgado; AurélioManave, de Niassa; Américo Fumo, de Nampula; Bonifácio Gruveta, deZambézia; Tomé Eduardo, de Sofala; João Pelembe. de Inhambane e FernandoMatavel, de Gaza, além de outros elementos do Partido e Governo.A VISITAAs deslocações terminaram com as visitas às fábricas Soberana, Bonsuino e«TEMPO» N.« 313- pg. 14

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Fosforeira de Moçambique, tendo dois dias antes visitado as fábricas Manufatos,Morfeu, Siesta e o estabelecimento comercial John Orr's.Em quase todos estes sectores fabris, foi preocupação do Camarada Presidente,inteirar-se junto dos trabalhadores e gerências, da situação do nível de produçao.ASPECTOS POLITICOSA Fosforeira de Moçambique. último estabelecimento visitado por Samora Ma-»,chel, é uma unidade industrial totalmente" mecanizada, com cerca de 90trabalhadores, tendo actualmente uma produção média diária calculada em 7800fósforos,sendo a matéria-prima inteiramente importada.Após uma visita demorada àquele sector fabril, o Presidente Samora teve umareunião com os trabalhadores, na qual estes afirmaram que aN produção normaldaquela fábrica mantinha-se, não havendo baixa nem aumento de produtividadeembora para isso Itivessem de enfrentar as anteriores dificuldades que tiveramcom o abandono e sabotagem económica da' antiga gerência.Sobre o aspecto de a produção se manter estática, Samora Machel chamouatenção à necessidade de se aumentar a produção, pois «produzir duma maneirarotineira não é produzir, não é essa a nossa meta».Mais tarde, ao analisar as actividades daquela fábrica, o Camarada Presidenteafirmou:«Quando nós ýanalisamos a actividade desta fábrica detectamos um ponto queparece ser o aspecto decisivo, porque os aspectos políticos têm reflexo nosproblemas de carácter técnico. Trata-se de uma insuficiência fia luta que vocêsconduziram, e que vos 1 e v o u à baixa de produtividade. Vocês muitas vezesfizeram uma luta isolada, que não estava integrada tia luta geral de todos ostrabalhadores de Moçambique e do m u.n d o inteiro. Essa luta foi uma luta racial,em que vocês quiseram aparecer como especiais. Desta maneira vocês privaram-se de conhecimentos. A ciência não pertence a nenhuma raça. Não há ciência parao branco, não há ciência para o amarelo, nem para o preto. A ciência é de todo ohomem e todos os povos precisam de trocar experiências entre si, paraaumentarem os seus conhecimentos e para fazerem avançar cada vez mais aciência e o progresso universa».Após haver perguntado a todos se tinha sido aquela a deficiência deles obtendo,como resposta, a aprovação de to d o s. os trabalhadores, o Presidente prosseguiu,dizendo:«A luta racial não tem sucesso em toda a parte do mundo. É por isso que Smithestá a cair, já não tem salvação possível. É por isso, também, que o Vorster vaicair».Na fábrica Soberana, que apresenta já

um funcionamento regular, embora com alguns aspecto4, negativos, o dirigentemáximo do nosso país, reuniu com os 400 operários que ali trabalham, com oobjectivo de conhecer a razão.pela qual o mesm o número de trabalhadores, omesmo número de máguinas e a mesma matéria-prima, produz menos queanteri¶rmente. Do ,diálogo do Presidente Samora com os operários desta fábrica,extraímos o seguinte:

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«Quais são os vossos problemas aqui na fábrica? Temos matérias-primas, temosmáquinas e o número de trabalhadores é o mesmo daquela altura em que vocêsproduziam bem. Agora que vocês são independentes, agora que somos livres etodos iguais porque é que baixaram a produção?»(...) «Nós devemos aumentar a produção para abastecer esta nossa província deMaputo para abastecer todo o País. E para isso, devemos trabalhar comoformigas, As formigas são muito unidas e organizadas. Entre elas aquela que nãotrabalha não come, e são capazes de rodear a formiga que é preguiçosa e atéapanhá-la e expulsá-la do seio da comunidade. É precisamente isso que devemosfazer aqui ao nível da nossa fábrica. Desmascarar e neutralizar todos aqueles quesão «xiconhocas», os indisciplinados que chegam tarde ao serviço, os bêbados etodos os sabotadores».(...) «Sabiemos que há aqui problemas sociais, problemas de salários e outros.Mas não é parando a produção que se combate, da mesma maneira que não étirando a culatra ou as munições que se vai liquidar o inimigo. Sabemos que têmesses problemas, mas temos de aumentar a produção para podermos resolvê-los.Não se pode construir o mundo num só dia. Quando dizemos que é precisomelhorar a produção para resolvermos os problemas não queremos dizer quebásta melhorar uma só secção, aumentar a produção só da vossa fábrica quepodemos resolvê-los. É preciso vermos a situação no conjunto, é preciso termos avisão de todo o conjunto de fábricas e outras indústrias produtivas de Maputo, esó quando a produção aumentar em todo o conjunto de Maputo e do Pais,estaremos em condições de resolver os nossos problemas».(..«) «Gostaríamos que, de ora em diante, a vossa fábrica fosse um modelo emMaputo. Para isso vamos programar a nossa produção, cada secção -a decamisaria, a das calças e de colchas e, para além da organização política a níveldo Partido, deve-se organizar, e estudar porque é que há baixa de produção e deprodutividade e definir como é que vamos fazer para elevar a produção e aAspecto da reunião que o Presidente Samora Machel teve com os trabalhadores dafábrica de alimentos Bonsuíno. A falta de higiene e disciplina, foram criticadospelo Camarada Presidente, especialmente nesta fábrica onde a maior parte dosoperários apresentavam-se sujos e até com aspecto de embriagados.produtividade. Se antigamente produziam 700 calças devem passar a produzir900, se produziam 800 camisas devem passar a produzir 1000. Nós vamos passara acompanhar os vossos mapas, os vossos gráficos de produção, a partir do dia 1de Outubro».INDISCIPLINA E FALTA DE HIGIENEFoi também um dos aspectos focados por Samora Machel,. a indisciplina e faltade higiene, existente em alguns sectores fabris.Por exemplo, na fábrica de alimentos Bonsuíno, a falta de higiene e indisciplinaforam encarados com desagrado, numa reunião que o Camarada Presidente tevecom 208 trabalhadores, que diariamente lidam directamente com a fabricação decarne, embora neste momento deparem com a falta de matéria-prima.A maior parte dos trabalhadores encontravam-se sujos, despenteados e até comaspecto de embriagados, pelo que a este respeito, Samora Mache disse logo no.início da reunião:

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«Há aqui muitos bêbados. Não me deram nenhuma informação mas vejo aquibêbados. A bebida vem à cara. Como curar os bêbados? Mas é doença?»«Há pouco visitei uma fábrica e as pessoas tinham bom aspecto. Vocês estãoporcos, cabelo despenteado, cobertores na ý cabeça ».Após ter perguntado qual seria a melhor forma de se çombaterem estes aspectosnegativos na formação duma sociedade nova, e ter determinado a reali-zação de campanhas diárias para limpeza e arrumação das instalações, bem comoa necessidade de os trabalhadores se apresentarem limpos e com fardamentospróprios, pois doutra m a n e ira aquela «não seria uma fábrica de carne, mas simfábrica de doenças», o Presidente Samora acrescentou ainda:«A nossa característica principal é a v i o 1 é n ç i a revolucionária contra todosaqueles que são contrários à nossa linha, exercemos a ditadura popular contra ossabotadores. Por isso dizemos: a partir de 1 de Outubro deve-se desencadear'nesta fábrica uma forte campanha de repressão contra os bêbados, contra osindisciplinados e os ladrões. Essa é a tarefa essencial nesta fase. Não queremos nonosso seio bêbados, não queremos indisciplinados ou ladrões, por isso vamosdesencadear uma campanha de repressão revolucionária contra eles. Serãoexpulsos daqui e presos. E, como não têm que fazer, por estes dias devemorganizar operações d i á r i a s, a partir de amanhã, de limpeza e arrumação dasinstalações. Sobre a questão das matérias-primas nós vamos decidir».Ainda sobre a higiene, na fábrica Morfeu, o dirigente máximo do povomoçambicano, deu orientações para que se efectuassem campanhas de limpeza,pois é notável a quantidade de lixo existente no interior do estabelecimento fabril,o que além de provocar possíveis doenças, torna fácil a propagação dum incêndio.eilEMPO» N,' 313- pig. i5

O primeiro Semiário Nacional de Cooperativas terá início no próxio dia 4 emQuelmane, capital da província da Zambézia.Forma activa da orgaia~ da produção colectiva no combate àexploração do homem pelo homem, a formação de cooperativas, a suaimplementação tanto ao nível do campo como da cidade garantirá amaterialização da «ofensiva política e organizacional generalizada na frenteda produção», segundo o princípio de contar com as próprias forças.O Seminário Nacional de Cooperativas que agora se realiza sob oapoio e direcção dos Ministérios da Agricultura, Indústria e Comércio,Planificação Económica e Interior e contando com a experiência coopera*Iva deprodução das zonas libertadas constitui uma base segura para o desenvolvimento,organização e consolidação da estratégia de desenvolvimento de Moçambique - aAldeia Comunal. <TEMPO» N.- 313- pág. 16A necessidade de se aumentar a prodúção de uma maneira pia. nificada, eportanto criar-se ao nível de todo o país uma economia baseada numa produçãocolectiva é o fundamento e objectivo da" organização do primeiro SeminárioNacional de Cooperativas.Sob a orientação dos Ministros da Agricultura e Indústria e Comércio foi levada acabo uma reunião preparatória do Seminá-

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rio onde estiveram presentes os responsáveis Políticos e de Produ ção dasprovíncias de Niassa, Cabo Delgado, Nampula, Zambézia, Sofala, Gaza,Inhambane e Maputo. Os pon t o s mais discutidos durante a .reunião e queserviram de base para a organização do seminário foram a experiência sobrecooperação das zonas libertadas, os sectores de actividades prioritários para aformação de cooperativas em Mo-çambique, o problema dos transportes, abastecimento e comercialização, amobilização dos camponeses, tendo em atenção que grande número depopulações ainda produz segundo o sistema tradicional (produção individual oufamiliar), a organização das cooperativas de artesões de forma a evitar que elas setransformem em sociedades capitalistas, a formação de quadros que acelerem omovimento cooperativo,a estrutura que deve ter uma cooperativa de produção ou consumo e o apoio que oEstado deve fornecer às cooperativas.EXPERIÊNCIA DAS ZONAS LIBERTADASDurante a Luta Armada de Libertação Nacional uma das necessidadesfundamentais era a produção. Produzir para alimentar os combatentes, produzirpa«TEMPO» N.. 313- oýq, ý7

ra alimentar as crianças dos cen-tros pilotos, produzir para alimentar, aspopulações, produzir para exportar.A organização existente naquelas zonas antes da Luta Armada era muitosemelhante à que encontramos hoje em muitas zonaslar, através de uma forte participação popular nas estruturas políticas e mesmoadministrativas que garantiam a comunicação entre as zonas de guerra e aconsequente troca de experiências.Para a produção existia comonecessidade de se fazerem transportes de medicamentos e material de guerra, anecessidade de se criar um sistema de defesa das populações às. suas áreas deprodução obrigava a uma colectivização da vida. Assim por exemplo, asmachambas dos elemen-As Lojas do Povo eram os centros de comercialização troca e exportaçãobertadas.-do país dantes ocupadas pelo inimigo. Em 1966 lançada a palavra de ordemPRODUZIR. Com o desenvolvimento da Luta Armada e com a sua transformaçãoem Revolução surgiu a necessidade de existir naquelas zonas uma for ma concretae objectiva de governação completamente independente tanto política comoideologicamente da administração colonial. Esse sistema político-administrativocompletamente novo surge do combate ao colonialista, e do combate à exploraçãodo homem pelo homem através de uma forte mobilização popu«TEMPO» N.-313- p6g. 18ainda existe na FRELIMO, o Departamento de Produção e Comércio que era oorgão que organizava as actividades económicas das zonas libertadas. Existiamentão duas formas de produção: a produção familiar ou individual (tradicional) e aprodução colectiva. Enquanto a produção apenas garantia a alimentaçãO das

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populações, a produção colectiva criava a possibilidade de haverem execedentes,e portan to, essas zonas poderem exportar para outras frentes de Luta é mesmopara o exterior do país. Mas, a situação que se vivia, a;tos mobilizados para uma tarefa militar era cuidada pelos seus vizinhos e portantoaparece e desenvolve-se cada vez mais o espírito colectivo do trabalho produtivoe que rãpidamente criou condições para que as províncias de Niassa e CaboDelgado pudes sem exportar produtos para as restantes províncias em L u t a emesmo para a Tanzania.A produção colectiva nas zonas libertadas apresentava duas formas deorganização. Podia ser uma cooperativa organizada pelas estruturas locais daFRELIMO com o objectivo de abastecei

em alimentação um infantário, uma escola, os combatentes ou ainda, como formade contribuir materialmente para o Partido. Ha via uma outra forma decooperativa que agrupava grupos de camponeses ou de pescadores.Neste segundo tipo de produção cooperativa os camponeses, pescadores ouartesãos trabalhavam em conjunto (colectivamente) e uma vez tendo os seusprodutos prontos trocavam-nos ou exportavam-nos através das lojas do Povo. Aestes grupos de camponeses, artesões ou pescadores chamavam, -se cooperativas.A comercialização dos produtos destas cooperativas era da competência doDepartamento de Produção e Comércio quer através dos próprios produtores queratravés das lojas do Povo. As lojas do Povo tinham produtos cormiprados pelaFRELIMO nas armazéns da Tanzania e produtos que eram oferecidos pelospaíses amigos. Estas lojas eram geridas por elementos do Departamento deProdução da FRELIMO, e era ali que geralmente eram efectuadas as trocas,compras e vendas dos produtos. Daremos o exemplo de uma cooperativa deartesãos: Uma vez produzidas uma série de estatuetas pela cooperatíva estas eramlevadas à Loja do Povo e ali trocadas por tecidos, produtos alimentares, etc, Nocaso das estatuetas elas eram em seguida enviadas para a Tanzania onde aFRELIMO as vendia e com o produto da venda comprava produtos alimentares,tecidos e outras coisas que as zonas libertadas ainda não produziam.A questão dos preços era regulada pela FRELIMO. 0 lucro e os preços eramfixados de acordo com a necessidade do produto em questão e os resultadosobtidos com a venda ou troca dos produtos das cooperativas eram divididos entreos membros das respectivas cooperativas. A moeda- estava' praticamente fora decirculação limitando-se a actividade comercial à troca.Hoje, embora mantendo-se estas cooperativas e toda a organização de produçãodas zonas libertadas elas foram afectadas pela transformação de uma economia deguerra numa economia que se estende a todo o país pe-lo que por exemplo os produtos de exportação agora já não transitam pelaTanzania, mas sim pelos nossos portos e estradas, etc.O QUE PARA O SEMINARIOTendo a definição da nossa economia assente no princípios de que a agricultura éa base e a in-dústria o seu factor dinamizador as prioridades serão definidas no seminárioprimeiramente para o campo. A agricultura e as pescas surgirão deste modo em

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primeiro plano tendo em conta todo o processo de .armazenamento ecomercialização que se torna necessário criar para que as produções possam serconvenientemente aproveitadas, além de seA produção colectiva nas zonas libertadas apresentava duas formas de org'ani.zação. Podia ser uma cooperativa organizada pelas estruturas locais da FRELIMO(com o objectivo de abastecer um infantdrio ou mesmo combatentes), ou entãouma cooperativa que agrupava camponeses ou pescadores que se junltavam paraproduzirem colectivamente.«TEMPO» N.- 313- p69. 19

irem definir q u a i s as culturas prioritárias: sabe-se por exemplo que um pomarexige logo à partida grandes apoios técnicos.A par do problema da organização das cooperativas de produção agrícola nasce oprobema da colocação dos produtos e p o r t a n t o o aparecimento decQoperativas de consumo, o problema dos transportes para o escoamento dessesprodutos, para o acesso das sementes e fertilizantes ao campo.A estes probelmas que o Seminário irá estudar baseando-se nas exeperiências jáexistentes nalgumas províncias, junta!m-se o problema da formação de quadros qu e apoiam as cooperativas, o p r o b 1 e m a da mobilização dos camponeses paraa compreensãodos objectivos duma cooperativa na formação das aldeias comunais, uma vez queum grande número de famílias camponesas ainda produz segundo os esquemastradicionais e portanto não têm grande experiência colectiva de trabalho.Também será matéria de estudo o problema da substituição do trabalhç humanopelas máquinas u m a v e z que existem algumas experiências negativas no quediz respeito à utilização de máq uinas de uma forma mecânica. Poderemos dar oexemplo passado na aldeia de Chiongo no Chimoio onde algumas dezenas decamponeses se desmobilizaram ao verificarem que o tractor fazia num dia o seutrabalho de semanas. Este facto resultou daintrodução do tractor sem a mobilização dos camponeses para os trabalhos deapoio à máquina e também porque os camponeses não podiam controlar aqueleinstrumento de produção demasiado evoluido e que justifica- outras formas deorganização do trabalho agrícola.Segundo a reunião de preparação do I Seminário de Cooperativas os seusobjectivos serão os seguintes:O 1. Seminário Nacional de Cooperativas deve e s t u.d a r os meios deimplementar a formação de cooperativas em Moçambique, fornecer ao Governoas informações necessárias para este poder tomar medidas. As cooperativas sãoum instrumento de luta contra a especulação e exploração,A organização de cooperativas artesanaiS de lorma a evitar que etas setransformassem em sociedades capitalistas será uma das preocupações doSemináirio«EMPO» N,- 313- pg. 20

na consolidação do Poder Popular e no sentido do aumento de produção e daresolução dos problemas de abastecimento e comercialização em geral.

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O trabalho de preparação deve abrir o caminho para uma acção continuada depoisdo Seminário. Assim, a Província preparará o trabalho de mobilização nosDistritos, de modo a cumprir este objectivo e recolher todos os dados possíveispara que o Seminário tenha o máximo de elementos de trabalho.OBJECTIVOS DASCOOPERATIVAS.Tomado o poder político pelos trabalhadores, uma nova batalha se impe emMoçambique: a tomada do Poder económico.Ao nível da economia, na maior parte das empresas agrícolas, comerciais eindustriais o sistema económico que as dirige ainda continua a ser capitalista. Ostrabalhadores ainda não controlam a produção, a forma como hão-de produzir, emquanto tempo prodúzem. A forma mais rápida para que isto possa vir a acontecer,para que a produção possa aumentar e p o s s a incluisivamente aumentar de umaforma organizada consiste na organização dos trabalhadores.No campo produz-se batata, milho, arroz, cebola, tomate. Todos esses produtosresultam do trabalho dos camponeses: trabalho colectivo ou individual. Uma vezprontos esses produtos ou são consumidos logo no campo ou então vêm para ascidades para serem vendidos ou então serem preparados e m conservas etc.Durante o regime colonial os meios de produção (as fábricas os t e r r e n o s daspropriedades agrícolas, as máquinas etc) pertenciam a uma meia dúzia desenhores. Hoje ao nível do campo e cidades a terra pertence a quem a trabalha(nacionalização da terra), muitas máquinas e empresas estão «livres» dos patrõescolonialistas.Assim aparecem já as primeiras associações de camponeses no campo para aprodução de produtos agrícolas. Nos centros urbanos essa' cooperação surge entreA organização de cooperativas ao n1vel da agricultura e das pescas será uma dasmatérias de estudo deste 1 Seminário Nacional de Cooperativas.O Seminário Nacidnal de Cooperativas contando com a experiência de trabalha.dores de todo o mundo e com a experiência da produção colectiva nas zonaslibertadas traçará as directivas que guiarão o rápido desenvolvimento eorganização da nossa estratégia do nosso desenvolvimento - a Aldeia Comunal.operários, e para escangalhar com a especulação de preços surgem os primeirosembriões de cooperativas de consumo, nos quais são postos à venda os produtosobtidos nas machambas dos Grupos ),namizadores.É evidente que a organização de cooperativas depende em muito da mobilizaçãopolítica dos .traba lhadores, enquanto ao E s t a d o competirá não só o apoiotécnico como o apoio financeiro e económico. Uma cooperativa é a organizaçãodos trabalhadores na produção agrícola, na pesca, na venda desses produtos, naconfecção de sapatos, na construção civil, etc.As cooperativas são o resultado da. experiência dos trabalhadores, baseados nasua própria capacidade de produção, nas suaspróprias forças. Uma experiência da colectivização do trabalho do princípio de ostrabalhadores juntaram a sua força e os seus instrumentos de produção p a r aproduzirem organizadamente. É essencialmente contando com as nossas própriasforças que surge o Seminário Nacional de Cooperativas é com o objectivo detransfomar a produção, de transfomar a sociedade, de atingir a Aldeia Comunal, o

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Bairro Comunal, de combater a exploração do homem pelo homem e colocar oEstado como instrumento que serve, apoia e executa as necessidades da classeoperária-camponesa segundo as orientações da FRELIMO que se realiza este seminário.o«TEMFO» N.o 313-p&g. 21

Situada próximo da Praça dos Heróis, em Maputo, a Escola Preparatória da ZonaNoroeste foi aberta no ano lectivo de 1972/1973. Tinha caracý terísticas que adistinguiam de todas as escolas secundárias então existentes. Assim, era a únicaimplantada em plenos subúrbios. Antes da sua edif. cação foi necessário evacuarýcentenas de famílias que tinham as habitações erguidas na área que ela ocupa.Era, sobretudo, uma escola segregada. Quan do foi construída o seu objectivo nãofoi o de dotar Moçambique de mais um estabelecimento de ensino que viriadescongestionar as outras escolas em regra superlotadas. Não foi o de facilitar àscrianças suburbanas o aces. so ao ensino situando uma «preparatóri> numa daszonas mais povoadas. O objectivo foi o de colocar ali os alUnos que, por umarazão ou outra, não obtinham rendimento no então chamado 1.° Ciclo. Colocar alios alunos do mesmo Ciclo mas com idade já avançada ou seja os «atrasados» e os«matulões», para empregar uma linguagem característica da.época. Com aquelaescola segregada as autoridades coloniais queriam, acima de tudo, evitar o«contágio» das crianças que tendo feito a 1. Classe com seis anos atingem o 1.0Ciclo com 9, 10 e 11 anos. Estas crianças ficavam assim, protegidas da «mácompanhia» dos adoloscentes que marcavam passo de tartaruga na 5., e 6.' classese dos que só se matriculavam para essas mesmas classes com 12, 13, 14 e 15 anoscoisa. que, como é sabido, acontecia e acontece em grande perc ýntagem com ascrianças e adolescentes na sua grande maioria dos subúrbios.UMA MEDIDA QUE NAO ESTAVAISOLADAMas esta medida não apareceu isolada do contexto do ensino colonial. Estava emcurso uma campanha de «purificação»- das escolas. Durante o ano lectivo de1971/1972 (portanto antes de a Escola Noroeste começar a funcionar) entrou emvigor tima lei que impedia os alunos de mais de 15 anos de se matricularem comodiurnos no 1.° ano (5. Classe). Simultaneamen. te uma outra lei impedia amatrícula «TEMPO* N.- 313- pág. 22ade que faria supor uma coeréniea Ina políti-fascista, a Escola Preparatória daZona NoOs estudantes brancos eram filhos de pais hu-te) gente susceptível de ser«misturada» com crianças suburbanas...de alunos de menos de 18 anos no ensino nocturno secundário. Mesmo com 18 oumais anos se o estudante em causa estivesse desempregado ião poderiamatricular-se. Oficialmente nenhuma justificação foi dada para estas medidas.Um artigo da nossa revista a condenar esta situação foi cortado pela Censura.Assim, e recapitulando:a) Jovem com mais de 15 anos não podia matricular-se de diana 5. Classe;b) Restava-lhe, como alternativa, ir para as aulas nocturnas mas...

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é).. se não tivesse 18 anos nãopoderia matricular-se à noite.d) Se tivesse os 18 anos mas fosse desempregado do mesmo modo não poderiamatricular-se.Milhares de alunos viram as suas matrículas recusadas naquele ano lectivo. Porcondicionalismos bem conhecidos, as maiores vítimas foram as crianças negrasque atingem os 15 anos na quarta classe e outras que tendo reprovado o 1.° ou 2.'anos (5.1 e 6.' Classes) com os mesmos 15 anos de idade não puderam de novomatricu lar-se.E viu-se então uma coisa insólita que era um jovem aguardar que che. gassem os18 anos e o emprego para poder continuar a estudar já que os colégios eramapenas para privilegiados, inacessíveis aos então chamados de «economicamentedébeis». Tinham sido atirados à rua.Foi quando estas medidas já estavam em execução que a Escola Pre. paratória daZona Noroeste abriu as

portas... O seu objectivo era receber aqueles que não, poderiam ser impedidos dese matricularem por não serem abrangidos pela lei de segregação mas que, dequalquer modo eram «indesejáveis». Era escola para «matulões e matulonas»,para «cábulas» e para os «atrasados». Não teve «honra» de usar o nome. de umliterato ou governante fascista. Era apenas Escola _Preparatória da ZonaNoroeste.UM CASO ESPECIAL PARA ESTUDANTES ESPECIAISNem na concepção arquitectónica obedeceu aqueles requisitos mínimos exigíveisnum estabelecimento de ensino. No primeiro ano do seu funcionamento, entreFevereiro e Março, sofreu cheias de chuvas com água atéao interior de algumas salas de aulas e em todo o pátio.Entretanto, a concentração numa única escola de alunos vindos dos bair. rospobres onde a desagregação familiar era um facto e onde insidia com umespectacularidade atroz toda a propaganda alienatória para consumo da juventude(a versão moçambicana do fenómeno «Pop»), a concentração numa única escolados alunos mais preguiçosos ou menos inteligentes, a concentração de gruposetários diferentes nas mesmas salas, a dificuldade que centenas de alunos tinhamde dirigir-se às aulas (a «Noroeste» é muito mal servida por transportes e cen.tenas, dos seus alunos vinham da Matola e Machava), tudo isto, começou a dar osseus resultados negativos. A escola criou mau nome entre os professores e até noseio da população. No ano lectivo de 1973/1974 certos pais da «cunha» à-falsificação de documentos de tudo fizeram para que os filhos fossem aceites nosliceus que então usavam o nome de Salazar, D. Ana da Costa Portugal, AntónioEnes, etc. Este último não diferia muito do «Noroeste» mas ainda gozava de umacerta respeitabilidade muito embora após exames médios ali efectuados às alunas(referimo-nos ao António Enes) um professor aparvalhado pelos resultados disseqpe «não sei se sou professor de um liceu ou se de um lupanar»Há uma regra nos estabelecimentos de ensino. É que qualquer um desenvolveuma tradição que se vai trans. mitindo de ano lectivo para ano lectivo, de geraçãopara geração. A indisciplina, a confusão mental e sexual criaram raízes na Escola

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Preparatória da Zona Noroeste que, ainda no Governo de Transição, foi uma dasvítimas mais marcadas pela reacção no seio da juventude Essa juventude é a nossamaior riqueza. Essa juventude foi desorientada cientificamente pelo governocolonial-fascista que, se era liberalista para os filhos dos privile. giados doregime, a este liberalismo juntava os pl a n o s maquiavélicos de eliminar de umaconvivência sã os estudantes de origem humilde e portadores de problemas&sociais e familiares tanto mais graves quanto mais de origem humilde eram. Umadas tarefasdos nossos estudantes cLevia ser a procura do passado ainda recente das escolasonde andam.'Numa vista rápida no- M a p u t o encontramos que, por exemplo oentão chamado de Liceu Sa. lazar era um estabelecimento oficial para filho de«gente importante». Em época nenhuma chegou a ter tantos estudantes negros,mestiços e indianos como o António Enes que, era chamado de «liceu dacapulana». Um exemplo de discriminação e racismo: Cada estabelecimento deensino não existia com o objectivo único de leccionar. Servia também interessesespecíficos de classe. Assim a «Noroeste». Os estudantes daquela escolanecessitam saber qual a origem histórica do seu estabelecimento de ensino, comque objectivo ele foi criado. Precisam saber que se havia descriminação em todasas escolas coloniais, a sua, mais do que isso, era uma escola pura e simplesmentesegregada. Precisam saber que ainda convivem com os vícios herdados porque nasua escola há uma tradição que se. foi transmitindo pelo velho processo emqualquer escola: os mais velhos influenciam os mais novos, os mais adiantadosinfluenciam os das classes atrasadas. Precisam de conhecer tudo isto para quesejam eles própriosa combaterem a herança que lhes foi deixada e transformar a«Noroeste» de uma escola segregada e para «matulões e matulonas» numa escolapara libertarem as suas faculdades me n t a is, as suas ,faculdades de análise eassimilação crítica. Os problemas graves que a i n d a há pouco viveram longe deserem acontecimentos casuais são, acima de tudo, uma carga impura/é tão realcomo as cheias que os afectarão na ,próxima época chuvosa se as águas foremfortes.Tão real como ser a verdade que a «Noroeste» foi construída à p r e s s a, numlocal mal escolhido, alagadiço, servido por carreiras de transporte que partem doMuseu e da Baixa, dificultando o acesso às aulas. Daqui resulta que, ontem,quando foi criada, como hoje, 4 anos depois, muitos dos alunos põem-se na Av.de Angola e na Av. dos Acordos de Lusaka a pedirem boleia. Situação difícil, masque certamente está a ser encarada com seriedade. o«TEMPO» N.O 313- p4g. 23

Na cabeça dos velhos estd a única fonte de recolha da Histõia de Moçambique. Eos velhos estão morrendo cada ano...TEMPO» No 313 - p6g. 24

Um dos mitos usados Dara tentar provar a pretensa superioridade das civilizaçõesocidentais em relação às civilizações africanas e justificar a colonização é o mitode que as civilizações ocidentais eram superiores porque tinham um processo detransmissão de informação escrita. Ora, se a partir de determinado

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desenvolvimento das forças produtivas e da tecnologia (que no ocidente se deucom a revolução industrial) a escrita é de facto instrumento importante, até essaaltura (muito posterior ao início da colonização) o facto de ter um sistema detransmissão de informação escrita não- era de modo algum argumento desuperioridade nem de inferioridade,Como subsequência desse mito os ocidentais assumiram outros - os africanos nãotêm escrita, são primitivos, não têm história. As suas sociedades são sociedadesestáticas, não têm mudanças, são sociedades sem dinâmica.E, para justificar ainda mais, fizeram dos mitos t"orias oseudo-científicas. Como o«racismo pseudo-eientífico»: existe uma ligação fundamental entre a cultura e araça; uma sociedade que pode desenvolver uma tecnologia comnIexa é maisdesenvolvida, mais «civilizada», que uma sociedade que não tem unia tecnologiacomUlexa e, por isso - concluiam-os africanos têm uma tecnologia menos complexa, são inferiores, menos«civilizados». E, a seguir, «o darwinismo social»: estabelecia uma hierarquia dasraças-no topo, claro, os arianos, depois os europeus da europa latina, e, no fim dapista os africanos e os aborígenes da Austrália. Biológicamente,genéticamente - diziam- os africanos eram inferiores... Há uma imageminteressante do Presidente Sekou Touré a este propósito. Diz o Presidente daRepública da Guiné: «Os europeus vêm com esquadros e compassos, medem-nosos crâneos oara tentar provar aue temos um crâneo e cérebro diferentes, menosdesenvolvidos.... Se nor acaso tivessemos no corno mais pelos do que eles - o que,não acontece- le certeza que iriam usar isso para «piovar» que estavamos maisperto do macaco, e eles, com menos, eram uma espécie mais evoluída....»Nem quando no decurso da colonização foram obrigados a deparar, comrealizações glgantescas das sociedades africanas - como o Grande Zimbabwe noZimbabwe, ou o Grande Império Monomotapa, em Moçambique- sedesmascararam. A solução que encontraram foi, ainda, elaro, criar novo mitoainda mais ridículo- tudo o que os africanos tinham de bom e gigantesco nãoforam eles que fizeram. Eles não seriam capazes. Em relação por exemplo aoGrau.de Zimbabwe, inventaram o mito dos fenícios - o Grande Zimbabwe não forafeito pelos africanos, mas sim pelos fenícios, ou por um outro grupo histórico X,qualquer que nunca existiu. Em relação ao Grande Império de Monomotapa,houve um historiador rodesiano que «descobriu» que só foi possível edificar esseestado tãoimportante tão grande ,como qualquer estado europeu em 1500) porquena corte de Mono- motapa havia mais de dez !mil árabes»....Como consequência desta mentalidade racista, durante todo o longo período decolonização, nunca os colonizadores se preocuparam em tentar averiguar erecolher a história das civilizações africanas.As únicas referências à história dos povos africanos eram relativas ao período decontacto com os colonizadores, da resistência à «pacificação», ou de factos dealgum modo com eles ligados. Mesmo assim, sob a sua nersúectiva elitista -nunca nas poucas referências falam na história e vida dos povos, mas3imt)lesmente nos reis. O resto, a verdadeira história, quando iam sendoobrigados a conhecê-la chamavam-ihes «lendas e narrativas».

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Mas esta história existe, é riquíssima em pormenores, nas tradições orais. Assimcomo as sociedades ocidentais preservaramn a sua história através da transmissãode informação escrita, as sociedades africanas na sua grande maioria, preservaramdo mesmo modo a sua história a t r a v é s da transmissão por tradição oral. O quesão tradições orais, como se processa este modo de transmissão de informaçãopela tradição oral, qual a importância da recolha da tradição oral do Povomoçambicano para a reconstituição da sua rica história, foram pontos abordadoscom clareza num ciclo de Conferências organizado pelo Centro de EstudosAfricanos. Foi com base nos elementos apresentados' nesse ciclo quqapresentamos este apontamento, onde sé pretende essencialmente abordar aquestão e sensibilizar o Povo moçambicano para a importância e método derecolha da sua verdadeira História.E compreenderemos de maneira cada vez mais clara - e isso devemos ter semprepresente - que tedos esses mitos criados pelos colonialistas mais não foram do quepretextos para a colonização, exploração e opressão do nosso Povo. Quando sepretendia fazer crer que não tínhamos uma história, pretendia-se era justificaçãopara a mposição por parte dos colonialistas da sua cultura e da sua história,costumes e tradições, como forma de perpetuarem a dependência e, assim, aexploração e opressão.«TEMPO» N.« 313- pág. 25

Que são tradições orais? Sob o ponto de vista estrutural elas são testemunhosorais transmitidos de uma geração para outra. São normalmente recõlhidos dosvelhos.O primeiro princípio a ser obser*vado na sua recolha é que de uma tradição oraldescrita por um velho não constam factos observados na sua própria vida. Sóincluem factos ocorridos nas gerações anteriores, que vieram sendo transmitidosde uma geração para outra.A função das tradições orais étransmitir a história da sociedade. Nessa perspectiva podem-se ainda distinguirduas funções - primei. ra, uma função didática. Além disso servem para legitimarrelações sociais, políticas e económicas na sociedade em questão.Em relação ao aspecto didático,as tradições orais vão responder às questões fundamentais acerca da sociedadecomo uma entidade colectiva, -vão explicar os aspectos mais importantes da vidasocial,qual a origem dos diversos membros da sociedade, quais as relações entre umasecção da sociedade e as outras, qual a razão das regras sociais dessa sociedade,das regras de herança, das regras políticas.A segunda função didática é pôrordem no universo hostil. Um homem sózinho e isolado é m ui to fraco. Astradições orais explicam como os homens puderam em conjunto controlar oselementos da natureza. Por exemplo nos sociedades agrícolas feudais as tradiçõesorais transmitem de geração para geração como os camponeses deviam fazer para«tr a z e r chuva», etc ....

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Porque um indivíduo de uma sociedade e u r o p e i a não consegue lembrar-se doq u e aconteceu na sua sociedade há vinte anos atrás, na época do pai ou do avó, eos velhos das sociedades que transmitem a- ua história por tradições orais sabem,conseguem ter presente e manter o que aconteceu na altura do seu avô, do seubisavô,à duzentos anos?A r a z ã o porque os indivíduosdas sociedades europeias não conseguem lembrar-se é essencialmente p o r q uenão têm necessidade.Nas suas sociedades existe desde há m u i t o tempo um sistema de transmissãopor'escrito e, tudo o que se passa na vida de cada pes.sQa, desde a nascença até à morte,4TEMPO» N.- 313- pág. 26é escrito. Se precisarem evocar qualquer acontecimento histórico, qualquerelemento histórico da sua sociedade, vão a uma biblioteca, a um livro, a umarquivo. Como não tinham necessidade, não desenvolveram essa faculdade e essaprática.Na maioria das sociedades africanas não se passa porém isso. A ,excepção dassociedàdes islâmicas, das sociedades da Etiópia, a grande maioria das sociedadesafricanas, não tinham um sistema de registo e transmissão por escrito. O processode transmissão foi sempre oral. Por isso, e em virtude da necessidade de preservara história para legitimar e explicar as relações sociais em cada geração, e, comodissemos a fim de pôr ordem ao universo, tiveram que criar mecanismos paratransmitir essa informação de uma geração para outra.E, para garantir e proteger a autenticidade da história, para que a informação nãose perdesse ou não fosse adulterada, criaram em cada-sociedade três ou quatrodesses sistemas de transmissão, que funcionam simultâneamente.Vejamos quais são esses sistemas.Primeiro, em qualquer sociedade africana há a *história oficial». Era a históriaque justificava normalmente a posição do rei, do mambo, dos líderes políticos.Em algumas sociedades moçam-. bicanas, e em muitas outras sociedadesafricanas em geral,-havia historiadores da corte. Eram indivíduos da corte, quepertenciam a uma família particular, importante dentroda estratificação social dasociedade, e por quem as pessoas tinham muito respeito.Este historiador oficial antes de morrer passava as tradições orais ao seu filho,palavra por palavra, que por sua vez passaria depois também ao seu filho, e assimsucessivamente. Como as transmissões eram feitas palavra por palavra erammuito fiéis. Há exemplos de recolha de tradições orais feita agora, iguaizinhaspalavra-por-palavra, e outras feitas e registadas isoladamente em 1900 e em 1950.Na s sociedades moçambicanasem que não havia historiador oficial, era o próprio rei, o próprio chefe, o própriomambo, quem conhecia bem e transmitia a história. Ele sabia onde nasceu o seupai, o' seu avô, o seu bisavô, a ori-gem do povo, quantos reis tinha tido a sociedade, a razão porque determinadapessoa, determinada família. era a família real. Porque todas as pessoas tinham

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que pagar impostos ao rei, e muitas outras coisas que serviam de justificação elegitimação do passado para a sua posição. Esta era a história oficial.Ainda neste sistema de transmissão, todos os anos o chefe discutia com todos osmembros da sociedade, a história. A intenção era também rejustificar e legitimar asua posição mas, com essa discussão t o d o s os membros da sociedadelembravam regularmente a história.A segunda maneira de transmissão era através dos chefes religiosos. As tradiçõesorais estavam ligadas também de maneira fundamental ao sistema de religião. Porisso os chefes religiosos eram fontes importantes de recolha da história dequalquer povo e de qualquer sociedade.Por exemplo: entre os chonas, os monomotapa, os barué, etc ....- havia uma pers6nagém chamada «mvuro» (ou às vezes msvikiro), que era um«espírito medium». Segundo as pessoas acreditavam o mvuro, era uma pessoa que«tinha espírito do primeirei dentro do corpo». Entrava em transe e tomava umavoz diferente «como espírito». A s u a posição dentro da sociedade era uma posi-

ção muito importante p o r q u e o mvuro era «quem podia trazer a chuva».-' Porisso era natural que qualquer pessoa se quizesse fazer passar por mvuro. Comoprovava então uma pessoa que era mvuro?O mvuro de uma sociedade não podia ser nascido nessa sociedade. Dizia tambéma tradição que ele devia ser de fora da sociedade e que haveria de aparecer um dia,e que para provar que era mvuro essa p e s s o a deveria conhecer e contar ahistória inteira da sociedade. Se a soubesse as p e s s o as aceitavam-no comomvuro. Todos os anos mvuro antes de fazer as cerimónias para «propiciar osantepassados a trazerem c h u v a», contava perante todos os membros dasociedade toda a história. Deste modo uma vez mais todas as pessoas lembravame aprendiam mais pormenores sobre a história da sociedade.A terceira maneira era -dentro de cada sociedade há uma história de cada clã Ochefe de um clã (a pessoa mais velha do clã) sabia transmitir também a história doclã e transmitia-a ao seu filho, este ao seu, de filho em filho. Além destas trêsmaneiras especiais de transmissão das tradições orais, havia outra muito geral, naintegração das crianças na, sociedade. Em qualquer sociedade moçambicana háuma ligação fundamental entre o avô e o neto. Porque os pais passavam quasetodo o tempo na machamba, a caçar, etc., quem tinha a responsabilidade deintegrar as crianças na sociedade eram os avôs. Eram os avós quem lhesensinavam as regras sociais, comoa criança poderia tornar-sé membro dasociedade etc. Normalmente o avô u s a v a exemplos do passado para explicarestas regras.Suponhamos o caso de um avô que tem agora 70 anos e o neto 3 ou 4 anos. Istosignifica que o avô nasceu em 1900, mais ou menos. E este avô ouviu as históriasdo avô dele, duas gerações atrás, de por volta de 1830. Em geral temos umaligaçýão de quatro gerações (às vezes cinco). Assim as crianças que tinhamoportunidade de passar o tempo com os avós aprendiam muitas coisas sobre opassado.Além disso, em muitas sociedades-como os barué- todas as noites, ou duas ou trêsnoites por

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semana, todos os velhos da sociedade se juntavam perto de uma fogueira, ondetambém os jovens estavam, e contavam histórias, que os jovens aprendiam sobreo passado.Também em muitas sociedades moçambicanas havia ainda escolas pré-puberdade,por onde os jovens tinham que passar antes de serem considerados adultos.Normalmente as meninas com 10, 11 anos, e os rapazes um pouco mais velhos.Eles passavam de seis meses a dois anos fora da família nessas escolas, ondeaprendiam todos os elementos e regras sobre a sociedade. Incluiam o q u enormalmente se chama de ritos de iniciação que, para além dos aspectos negativosou positivos, tinham um elemento muito importante -um dosaspectosfundamentais de aprendizagem era aý história da sociedade. Era condiçãoimportante para um jovem ser considerado adulto conhecer a história do passado.Por exemplo entre os senas havia uma prova- o «cuero» - em que o jovem tinhaque demonstrar que conhecia bem a história. Porque, diziam <tornar-se adultosignifica conhecer o passado, porque o pas,sado explica o presente e o futuro».São as tradições orais absolutamente fidedignas? São-no t a n t o como quaisqueroutro sistema de transmissão de informação. Tem as mesmas fraquezas emqualquer outro sistema de transmissão.Por exemplo, nalgumas tradições orais há uma parte simbólica. Mas isso existetambém nas transmissões escritas ocidentais, como a Ilíada ou a Odisseia. Paraalém dos elementos simbólicos há sempre elementos históricos. Há por exemplouma tradição que conta que «Monomotapa quiz atravessar o rio com os membrosda sociedade, o rio era muito grande, ele disse palavras mágicas, o rio abriu-se eeles passaram». Não é importante se isso aconteceu ou não. O que é importante éque esses elementos dão-nos informações sobre a cosmologia e cosmonogomiadessa sociedade.Os elementos simbólicos dizem'nos coisas sobre as ideias ds valores dassociedades. E temos que compreender -essas ideias, esses valores, paracompeendermos as acções de qualquer homem de qualquer sociedade.Além disso, por vezes aparecem contradições dentro das tradições orais, e entreuma tradição oral e outra tradição oràl. Também encontramos isso com m u i t afrequência em documentos 1escritos nos arquivos, nos livros. T e m o s queanalisar tanto uns como ou tros de maneira crítica.Um outro problema é que aparecem tradições orais que 'foram usadas etransmitidas para justificar a posição de elites, de mambos, dos reis. Mas,sabemos bem, esse problema também existe com muita frequência nosdocumentos escritos. Os administradores escreviam o que queriam e lhes apeteciapara justificar perante o governo de Lisboa as suas atitudes (sabiam que ninguémviria verificar...). É fácil, muito fácil provar que a grande maioria dos seusrelatórios não correspondiam em quase, nada à realidade. Também aqui só umaanálise crítica nos poderá fazer distrinçar o verdadeiro do falseado ou do falso.Por outro lado uma diferença fundamental entre os dois sistemas - de transmissãooral e de transmissão escrita -é que quando falamos com um velho para recolhertransmissão oral podemos falar com ele horas e horas, o que quisermos. E, éfrequente ele não se lembrar, ao princípio de uma coisa e vir a fazê-lo depois. Porexemplo: falamos-lhe de um acontecimento, e e 1 e responde «sim, lembro-me

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isso aconteceu no tempo do meu bisa-bisavô». E descreve o acontecimento comtodos os pormenores. O problema é depois saber quando foi o tempo do bisa-bisavô dele.Ai a pessoa que recolhe tem que usar de criatividade. O problema estrutural dastradições é que não tem uma cronologia e x a e t a, só tem uma cronologiarelativa. Mas há maneiras de reconstituir. Bisa-bisavô -pode ser em 1850, maspode ser em 1820 ...Para descobrir uma data exacta podemos usar por exemplo a arqueologia. Paracompreender por exemplo as migrações dos monomotapa, que aconteceram cercade 1400, 1500, podémos usar a arqueologia. Por vários dados arqueológicospudémos ter uma ideia com uma margem de 100 anosde quando monomotapaentrou no Vale do Zambeze.«TEMPO» N.O 313'- pág. 27

Proclamação da Independência Nacional. Um velho chora comovido. Por um segundo passam.lhe pela memória 500 anos de resistência à humilhação eexploração colonialista.Além disso há alguns elementos no arquivo. Podemos jogar e o m eles também.Perguntamos ao velho por exemplo «quando começou o comércio de escravos a qui?». Ele pensa e diz «começou no tempo do meu bisa-bisavô». E, perpuntamos aseguir: «que outra coisa aconteceu no tempo do seu bisa-bisavô?». E eleresponde: «Foi a altura em que os angones entraram na nossa terra». Com este-dado podemos ir ao arquivo para ver a data certa.Ou, se o velho não responder dessa maneira. , preciso fazer outra pergunta:«naquela altura da escravatura, na altura do seu bisa-bisavô quem era o rei destaterra?». Ele vai pensar e dizer «era Changane», e podemos ir ao arquivo e talvezencontrar uma informação como « Changane foi o rei entre x e x» e, com essainformação obter a data certa.Se ainda assim nãb tivermos a data que querems poderemos continuar fazendoperguntas até descobrirmos algum facto relacionado com uma data queconhecemos. E os recursos são mais do que podem parecer à primeira impressão.Um outro exemplo -Houve um c h e f e angone muito importante que fez umaviagem pela Africa do Sul, pela Rodésia, foi à Zâmbia e ao Malawi. As tradiçõesorais dc povo do Zumbo d i z e m que issc aconteceu no tempo dos seús bisa.-bisavôs, e descrevem com muitoE pormenores as relações d o s via jantes com aspopulações. Quand f a z e m a descrição falam de urr eclipse total do sol (paraeles urr eclipse é uma coisa muito impor tante porque só acontece de 40 oi de 50em 50 anos). Depois de ter mos esta informação podemos con sultar um livrosobre astronomii «TEMPO,> N.- 313- p4g. 28e... ficaremos a s a b e r que isso aconteceu em 1835, dia tal às tantas horas.Como sabemos que isso aconteceu no tempo dos bisa-bisavôs, podemos depoisdizer que houve Pntre 1835 e agora, cinco gcrýçôes, e que cada geração tem mais.ou menos 20 anos. E com esse elemento poderémos a partir daí dar datas mais oumenos aproximadas para toda a informação que recolhemos daquela tradição.As vezes há situações em quese

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não consegue obter mesmo uma data e x a e t a para determinado acontecimento.Não se consegue precisar se aconteceu em 1668 ou 1670. Mas isso não é muitoimportante. Importante é termos sempre uma cronologia relativa, paracompreender e mostrar mudanças de uma sociedade, processos, a sua dialéctica -que são os objectivosprimeiros da história.Enumeramos dificuldades, fraquezas, mas, apesar dessas dificuldades e fraquezas- que como vimos são semelhantes às encontradas nos outros' s i s t e m a s detransmissão - a realidade é que a única maneira de reconstruir com verdade ahistória de Moçambique, é através da recolha siste* mática e organizada dastradiçõesorais. Particularmente a história o antes de 1500, terá que ser recolhida,-unicamente das tradições orais.- Da conjugação dos elementos recolhidos das tradições orais e sua- ligação com elementos recolhidospela arqueologia, linguística, etc., i poderemos então encontrar a hisn tória donosso país.Para além disso, e mais impor.i tante, n a recolha d a s tradiçõesorais iremos, como dissemos,- aprender a analisar a história de ak acordo com as perspectivas e va-lores das próprias sociedades que deram origem ao Povo moçambicano, únicamaneira de a compreendermos correcta e completamente. Só compreendendo apercepção de cada sociedade do universo, seus valores, poderemos encontrarcoerência em cada uma das suas atitudes, das suas acções.Só as tradições orais nos poderão ajudar a reconstruir a história social. Nelaspoderemos encontrar a estrutura da família, o elemento básico da estruturafamiliar, o sistema de parentesco, o nível de estratificação social dentro de umasociedade. Através das tradições orais poderemos analisar e compreender osistema económico de cada sociedade: o modo de produção, as relações entrecada uma das secções da sociedade, porque razão uma família, ou um grupo tinhamais riquezas que outro, o mo do de distribuir a riqueza dentro de uma sociedade,etc.Para podermos ficar com uma ideia mais clara do que nos podem ajudar areconstituir a nossa história as tralições orais, e da não compreensão ou dafalsificação premiditada que os historiadores colonialistas dela faziam, publica.remos na próxima edição um apontamento baseado numa outra daquelasconferências que tratou a resistência do povo moçambicano ',do Vale doZambeze.Um último aspecto muito importante foi salientado neste ciclo de conferências doCentro de Estudos Africanos em relação às tradições orais. Multas destas fontesde reconstituição da História de Moçambique - a memória dos velhos-desaparecem e a d a ano com a morte dos velhos, A recolha das tradições oraistem sido palavra-de-ordem de vários seminários e reuniões de Educação eCultura. r pois importante, um dever histórico, como o foi definido nessasreuniões, e em particular no Seminário Nacional de Alfabetização do Ribaué,

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proceder à recolha das tradições orais. Particularmente, para os professores eestudantes. Quer nas áreas rurais -onde se preserva o grande reservatório dastradições o r a i s - quer para o s .professores e estudantes das zonas urbanasquando em trabalho nas zonas rurais, junto aos camponeses.

SUSIUE OIMIA COONA 'Ã1 1 [iií lÃi '{ il] [i l 1lRespondendo ao compromisso assumido na penúltima edição de publicarmospequenas biografias dos homens cujos nomes passaram a fazer parte da, novatoponimia das cidades mo. çambicanas, iniciamos hoje esse trabalho com apublicação das biografias -dos grandes revolucionários e teóricos do sowcialismocientífico Karl Marx, Friedrich Engels e Vladimir flitch Lenine. Teria ainda lugarnesta primeira série a biografia de Mao Tsetung. Como porém, ao assinalarmosmuito recentemen,-te a sua morte publicamos uma biografia relativamente completa, não aincluiremos agora.FRIEDRICH ENGELSGrandes Dolíticos, filósofos e economistas socialistas alemães, Karl Marx eFriedrich EngeIs foram os grandes criadores da teoria revolucionária dosocialismo científico. Arma fundamental das cl as se s trabalhadoras de todo omundo na sua libertação dojugo da burguesia opressora e exploradora. Osocialismo científico institui um processo que conduz aoaniquilamento dasociedade dividida em classes, pondo fim a todas as formas de exploração dohomem pelo homem, e atribuindo, em etapas sucessivas, o produto da produção acada um segundo o seu trabalho, a cada um segundo as suas capacidades e a cadaum segundo as suas necessidades.Porque durante a sua vida e a sua luta Karl Marx 'e Friedrich Engels, combateramj un tos, e para que se possa perceber de maneira clara a intrligação do seucombate e da sua obra, publicamos suas biografias em conjunto.«TEMPO» No 313- p6g, 29

Marx nasceu em Trier, na Renânia, a 5 de Maio de 1q18. Engels nasce emBermen em 1820.Embora em períodos diferentes, ý ambos frequentam a Universidade de Berlim erelacionam-se com os «Jovens heglianos».1841 -Marx apresenta na Universidade de Jena a sua tese de doutoramento:«Diferenças entre a Filosofia da Natureza de Demócrito e a Filosofia da Naturezade Epicuro», e recebe o respectivo diploma.1842- Marx escreve o artigo «Notas acerca das últimas instruções da censuraprussiana», inicia a colaboração na «Gazeta Renana» (Rheinische Zeitung), vaipara a Colónia onde se torna redactor-chefe dessa publicação.- Encontra-se comEngels pela primeira vez nessa cidade.1842/43- Marx escreve e publica «Crítica à Filosofia do Direito, de Hegel».1843-O governo da Prússia decreta a suspenção da «Gazeta renana». Marx casa-se e vai para Kreuznachr.

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1844- Fixa-se em Parjs para, com Arnold Ruge, dirigir os «Anais franco-alemães», para os quais escreve «Introdução à critica da Filosofia do direito deHegel» e «Da questão judaica». Colabora com um artigo no «Vorwarts»> eescreve os «Manuscritos: economia política e filosofia». Também para os««Anais» Engels escreve «Esboço de uma critica da Economia Política» e «Aposição de Inglaterra: o passado e o presente de Thomas Carlyle». Num artigopara os «Anais» saúda a sublevação dos tecelões da Silésia como uma afirmaçãode vanguardismo político da classe trabalhadora. Engels vem-se-lhe juntar a Parise começam a escrever em conjunto «A sagrada família». Engels começa atrabalhar no seu livro « A condição da classe trabalhadora em Inglaterra em1844».1845 - Marx é expulso de Paris pelo governo francês, sob pressão da Prússia.Fixa-se em Bruxelas e publica «A sagrada família». Escreve as «Teses sobreFueerbach». Engels junta-se-lhe de novo em Bruxelas. Publica-se em Leipzig «Acondição da classe trabalhadora em Inglaterra», de Engels. Vão depois ambospara a Inglaterra a fim de estudar a literatura, a vida política e económica inglesa.Estabelecem contacto com dirigentes cartistas ingleses e elementos da «Liga dosjustos» e dos grupos comunistas alemães. Marx renuncia à cidadania prussianapara evitar a deportação.1845/46 - Marx e Engels escrevem «A ideologia alemã». São criados os comitéscomunistas de correspondência em Bruxelas, Lndres, Paris e Alemanha, paraorganização dos movimentos progressistas e da classe 'trabalhadora. O Comité deBruxelas difunde comunicados escritos por Marx e Engels, a desmascarar os«verdadeiros Socialistas» alemães. Marx contacta Weitling em Bruxelas e EngeIsfunda o Comité de Paris. 1846,-Marx escreve uma carta a Annekov em que criticaPròudhon e expõe de forma sumária a concepção materialista 'a História.1847- Marx escreve «A miséria da filosofia» ,resposta à«Filosofia da miséria», deProudhon). J. Moll do Comité de Londres da Liga dos justos visita Marx e Engeisem Bruxelas a fim de solicitar a sua filiação e apoio. Engels participa noCongresso da Liga dos justos em Loudres, no qual se decide passar esse e adoptara designação de Liga Comunista. Marx e Engeis ass istem ao segundo Congressoda Liga Comunista em-Londres. Marx é incumbido de elaborar um programa.Marx e Enges participam na fundação da Associação Democrática de Bruxe.Ias. Marx profere uma conferência sobre «Salário, Trabalho e Capital» naSociedade dos Trabalhadores alemães em Bruxelas «TEMPO» N.- 313- pág. 301847/48- Marx colabora com artigos no «Deutsch=-Brusseler Zeitung».1848- Publica-se em Londres o «Manifesto do Partido Comunista» de Marx eEngels, em alemão. Marx é expulso da Bélgica e, convidado pelo GovernoProvisório, chega a Paris, onde já eclodira a Revolução de Fevereiro. Marx éeleito Presidente da Liga Comunista; Schapper, secretário; Engels, Moli e Bauer,membros do Comité Executivo. Marx e Engels cola.boram no movimento revolucionário em eclosão nesta país.Marx e Engels abandonam Paris e, seguem para a Alemanha a fim de colaboraremcom a Revolução. -Marx é responsável 'pela publicação do «Neue RheinischeZeitung» em Colónia, e escreve numerosos artigos . Marx visita Berlim'e Viena,

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onde profere várias conferências, e participa em Colónia no Congresso dasAssociações Democráticas da Renânia.1849- Marx é julgado em Colónia por «incitamento à revolta», faz a sua própriadefesa no tribunal e é absolvido. -É expatriado de Prússia. O «Neue RheinischeZeitung» deixa de se publicar. Agora em Paris, Marx é também expulso dessacidade. Vai,.para Londres.1850- Enges emprega-se nos escritórios de uma empresada sua família em Manchester. Primeira tradução inglesa do «ManifestoComunista». Marx e Engels escrevem a « Comunicação do Comité Central à LigaComunista»., Saiem seis números do «Neue R. Zeitung - Politische -OKonimische. Revue», editados por Marx e Engels, e onde são publicados «Aslutas de classes em França (1848-1850),/ de Marx e «A guerra dos camponeses naAlemanha», de Engels, bem como muitos outros artigos e, críticas. Marx obtéituma maioria no Comité Central da Liga Comunista opondo-se às «revoltasselvagens»na Alemanha.1851/62 - Marx e Engels colaboram com vários artigos no«New Daily Tribune», onde se publica «Revolução e contra-revolução naAlemanha» e artigos sobre «A questão oriental».«Palmerston» e «História dos segredos diplomáticos do sé-culo dezoito».1852-- Marx escreve o « Dezoito brumário de Luís Bonaparte e o panfleto«Revelações acerca do julgamento comunista de Colónia». Por proposta de Marxa Liga Comunistadeclara a sua própria dissolução.1855- Marx esvreve artigos para o «Neue Oder-Zeitung»de Breslau.1857-Marx publica os «Fundamentos da crítica de economia política».1859- Marx publica «Uma contribuição à crítica de economia política», com aintrodução já divulgada em 1857.1860- Marx escreve «Herr Vogt» (panfleto sobre os agentesbonapartistas da emigração alemã).1.861/62 - Marx e Engels escrevem artigos sobre a guerracivil americana para o «Die Presse» de Viena. Marx critica o«Programa dos trabalhadores» de Lassale.1864-É fundada em Londres a Associação Internacionaldos Trabalhadores (I Internacional). Marx redige a «Comunicação Inaugural» e os«Estatutos provisórios da Associação Internacional dos trabalhadores».1865-,Por iniciativa do Conselho-Geral de Internacional esugestão de Marx, é criada a Liga da Reforma Nacional (lutando pelo direito detodos os homens ao sufrágio). Marx escreve «Valor, preço e lucro», umacomunicação ao Conselho;-Geral da Internacional, a qual só será publicada em1898, sob- o título «Salário, Preço e Lucro?». Primeira conferência da Internacional emLondres. Marx termina o esboço de «O capital».* 1866-Marx escreve algumas ínstruções para os delegados

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ao Congresso da Internacional em Genebra, nomeadamente uma acerca dasassociações patronais. Realiza-se o Primeiro Congresso da Internacional, emGenebra (luta contra os proudhonianos).1867- Marx entrega o primeiro volume de '«0 capital» ao editor, em Hamburgo.Segundo Congresso da Internacional, em Lausana. Publicação de «O capital».Vol. 1: uma análise critica da produção capitalista. Discussão do Conselho-Geralsobre a Irlanda.1868-Terceiro Congresso da Internacional, em Bruxelas.1869-Marx inicia um estudo exaustivo da economia da Rússia e aceita representara secção russa da Primeira Internacional junto do Conselho-Geral. Congresso doPartido Operário Sociaí-Democrático alemão, em Eisenach. Quarto Congresso daInternacional (derrota dos proudhnianos) em Basileia.1870-A propósito da guerra entre a França e a Prússia, Marx redige a «PrimeiraComunicação ao C0nselho-Geral», denunciando a guerra de conquista de LuísBonaparte. Depois da derrota do Exército francês em Sedan e da implantação darepública em França. Marx escreve a «Segunda comunicação ao Conselho-Geral»acerca da guerra entre a França e a Prússia. Engels deixa "Manchester e fixa-seem Londres. É eleito para o Conselho-Geral da Internacional.1871 - Nova comunicação de Marx mostrando que após a capitulação de Sedan, éagora a Alemanha que conduz uma guerra de conquista, Marx,lança aos operáriosalemães a palavra-de-ordem «uma paz honrosa para a França e o reconhecimentoda República Francesa». Proclamação da Comuna de Paris. Marx e Engelspromovem manifestações de trabalhadores em vários países em sua defesa. Osseus discursos no Conselho-Geral e as «Cartas a Kugelmann» de Marx exaltam aimportância da Comuna. Marx exorta todas as secções da Internacional asolidarizarem-se com os insurrectos parisienses. Comunicação aos membros daInternacional sob o título «A guerra civil na França» (balanço teórico da Comunade Paris, que acabava de sucumbir). Segunda conferência da Internacional emLondres. Conflito com Bakunine. Marx propõe a adopçãode uma resolução em que se afirme a necessidade de os trabalhadores formarem oseu próprio partido político e conquistar o poder político.1872- Publicação da tradução russa de «O capital» Vol. 1. Quinto Congresso daInternacional em Haia (luta contra Bakunine e contra o oportunismo dasassociações patronais) Exclusão de Bakunine e transferência da sede daInternacional para Nova Iorque. Marx discursa em Amesterdão.1875- Fusão de duas secções dos sociais-democratas alemães (os Eisenacherianose os Lassalianos) no Congresso de Gotha. Marx escreve a «Crítica do Programade Gotha» (sobre a transição para o socialismo e. a ditadura do proletariado).1878- Publicação em edição separada do «Anti-Duhring» no «Volwarts». -Proclamação da Lei Anti-Socialista na Alemanha.1879 Carta de Marx a Bebe], Liebknécht e Bracke acerca do oportunismo dossistemas políticos.1880 - Engeís publica «Socialismo Utópico e Científico» (três capítulos do «Anti-Dhuring» e uma (Introdução) Márx e Engels ajudam Jules Guesde e PaulLafargue a redigir o preâmbulo do programa do Partido Operário Francês.1881 - Carta de Marx a Vera Zassoulitch (Crítica do' movimento populista russo).

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1882ý Marx e Engels escrevem o prefácio para a edição russa rdo «ManifestoComunista», no qual apresentam a Rússia como a guarda avançada do movimentorevolucionário da Europa. Marx adoece, em tratamento viaja pela Argélia, França-e Suiça.1883- Morre Carl Marx (14 de Março). EngeIs profere o elogio fúnebre.1887- Engels prepara e publica o Vol. II de «O Capital». Publicação e traduçãoinglesa do Vol. 1 de «O Capital.1888 É publicada a tradução inglesa autorizada do <Manifesto Comunista»'.Engels publica «Ludwing Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã>1894-Engels publica o Vol. III de «O Capital».1895- Engels escreve. a Introdução á nova edição de «Luta de classe em França(1848/1850)»de Marx. Morre Friedrich Engels (5 de Agosto).Dirigente revolucionário do Povo Soviético, grande teórico e guia doproletariado'mundial, Lenine foi o criador do marxismo da época do imperialismoe das revoluções proletárias. Foi fundador do Partido Comunista da UniãoSoviética e do primeiro estado socialista do mundo, a U~ das RepúbicasSocialistas Soviéticas.Lenine nasceu em nove de Abril de 1870, em Simbirsk (hoje primeiro círculomarxista, estudando a divisão de tarefas neUlianovsk).cessárias a um partido revolucionário do proletariado, e a1887-Termina os estudos liceais e inscreve-se na Facul. forma de associar a teoriado socialismo científico à prática. dade de Direito da Universidade de Kazan.Pouco depois foi 1894-Vai para S., Petersburgo onde inicia a sua obra de detidocomo activo participante do movimento revolucionário propaganda. Escreve asua primeira obra «Quem são os amigos doý e9tudantes, expulso da Universidadee deportado para do povo» e como lutam contra os social-democratas (críticaKukushkino (aldeia na província de Kazan). onde viveu até a3s populistas).Trava na Imprensa uma acesa luta teórica con1888.tra os falsificadores de Marx. Funda a, «União de luta para a1888 - Autorizado a voltar a Kazan, ali passou 1888/89, de- emancipação dotrabalho», ilegal, que se torna depressa impordicando-se ao estudo dos teóricos,do socialismo científico. tante organização nos meios operários. Estudaprofundamente «O capital» de Marx, e ingressa num 1895- Lenine e os seuscolaboradores mais próximos são crculo de estudos marxistas. * 'presos.1889 - Fixa residência em Samara, onde prossegue o estudo 1896- Passa o ano naprisão.das obras de Marx e Engels, e se prepara para os exames de 1897- É deportadopor um período de três anos para Chudireito.chénskoié, no Sibéria Oriental Durante o exílio acaba vários1891 - Faz com êxito os exames como aluno externo na trabalho3, entre os quaiso folheto '«As tarefas dos socialFaculdade de Direito de Petrogrado. Em Samaraorganiza o -democratas russos» e a sua obra «O desenvolvimento doca«TEMPO» N. 313- p6g.,31

VLADIMIR ILITCH 1-oitalismo na Rússia». Casa-se com Nadeida Krupskaia, sua

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camarada na «União» que se viera juntar a ele no degredo.1900- Regressado do exílio, mas sempre perseguido, e perante q decisão dapoliícia em suprimi-lo fisicamente, vê-se obrigado a sair da Rússia por umperíodo de cinco anos e parte para a Suiça. Na Süiça encontra.se com Plekanov.Funda um jornal revolucionário-o «lskra»> (a Centelha-cuja redacção é emMunique, que se difunde clandestinamente portoda a Rússia.1902- Publica o seu 'livro <Que fazer?» (crítica ao economismo», e exposição dabase ideológica de um partido marxista). <«TEMPO»,N.o í13- pág. 321903- Segundo Congresso do Partido S o c i aI-Democrata Russo, em Bruxelas. Oprograma de luta de Lenine e Plekanov foi aceite, embora o congresso terminecom a cisão entre bolcheviques e menchevique. Lenine torna-se chefe do grupo-hevique.1904- Publica «Um passo em frente, dois passos atrás» (desmascara ooportunismo menchivique e formula a doutrina sobre o partido como organizaçãodirigente do proletariado).1905- A derrote do exército e da marinha na guerra russo-japonesa cria umasituação revolucionária. A execução dos trabalhadores a 9 de Janeiro, a revolta docouraçado de, Po-

temkine, em Junho, as greves gerais de Outubro e a criação espontânea de«soviets» (concelhos) operários convencem Lenine ter chegado o momento deagir. Em Novembro ele regressa a S. Petersburgo a fim de preparar umlevantamento armado das massas e instaurar um governo democrático dostrabalhadores e camponeses para libertar o país do czarismo. Mas a revoluçãofalha e é seguida de uma repressão feroz.1907 - Lenine vê-se novamente obrigado a emigrar para países estrangeiros.Durante os anos da reacção Lenine ocupa-se a reunir e reforçar as fileirasbolcheviques: luta contra «os liquidadores» (que queriam suprir o partidoclandestino) contra os «otzovistas» (que se opunham à utilização dos meioslegais) e contra os «conciliadores» trotskistas (que queriam uma unidade semprincípios), e consagra-se à formação de uím partido de tipo novo, marxista capazde transformar em actuação política a experiência adquirida em 1905.1908-Publica a sua obra filosófica mais importante, o «Materialismo eempiriocriticismo» (onde defende o materialismo dialéctico e o materialismohistórico contra o idealismo de Bog. danov e as concepções metafísicas deAvenarius e Mach).1912 -Conferência de Praga, onde são excluídos os «mencheviques-liquidadores»do POSDR, e os BoIcheviques se constítuem em Partido independente. Poriniciativa de base do operariado de Petrogrado é criado o diário legal bolchevique«Pravda»;> (Verdade). Lenine vai para Cracóvia, mais próximo da Rússia, para aímelhor poder dirigir o trabalho revolucionSrio. Sobsuspeita de ser um espiãorusso é detido pela polícia austríaca ao !deflagar a guerra imperialista e, depois deposto em liberdade, vai para a Suíça.

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1914 -Começa nova fase na sua hta. Em Novembro de nunria o carácterimperialista da Grande guerra e acuse os chefes socialistas europeus denacionalismo burguês.Promulga um programa para a criação duma nova Internacional.1915-Realiza a Conferência de Zimmerwald, que terminac votação de uma resolução prescrevendo à classe operária a tarefa detransformar em todos os países a guerra imperialista e guerra civil.1916- Escreve a notável obra «O Imperialismo, estágio supremo do capitalismo»(análise política do parasitismo dos «r ts» e do capitalismo financeiro, daexportação de capitais, rla diavsão do mundo em esferas de influência, da lutaentre os gp monopolistas pela posse de mercados e fontes de matérias-primas, queconduz às guerras imperialistas. Mostra que o ;iriismío .é o capitalismagoOnizante, antecâmara da revolução socialista,. revolução paras qual oproletariado se tem de preparar porque a burguesia não lhe vai entregar o podersem lutá. Chega em escritos dessa época («A propósito dos Estados Unidsiropa» e «0 programa militar da Revolução proletária») à -conlusão que a vitóriado socialismo é possível primeiro num só pais ou num pequeno ,ntúcleo de países,que a vitória simultânea em todos os países capitalistas é impossível, r- ýie ninterna cíonalismo consiste em quebrar o elo mais fraco ria cadeia imoerialista,servir de exemplo e prestar solidariedade-activa a outros povos.1917- Os acontecimentos precipitam-se na Rússia. Em 27 'e Feereiro osoperáriíos, aos quais se juntam os regimentos d guarnição de Petrígrado (ex-S.Petreburgo), revoltam-se cQn,ra o poder czarista, que cai com a abdicação der¿icola í II em 3 de Março. Sucede-lhe um governo provisório de maioriamen<"«eique. Na companhia de 30 outros emigrados, Lenine abandoa a Suiçanum vagão seado que passa pela Alemanha e entra na Rússia. Chega a Petrogradoa 3 de Abril. Numa Série de .discursos Lenine formula as famosas «Teses deAbril», nas quais acentua que o derrubamerito do czarismo não representa maisdo que 'a primeira etapa da revolução, sendo tarefa do prole:tariado a conquista dopoder e a reconstrução da sociedade sobre uma base socialista. A célebre palavra-de-ordem das Teses era «Todo o poder para os sovietes». Após a repressão damanifestação pacífica de Julho, o governo provisório emite uma ordem de prisãocontra Lenine, que assim se vê obrigado a passar á clandestinidade. É quandoescreve a mais importante das suas obras «O Estado e a Revolução» (quedesenvolve a teoria de Marx e Engels sobre a ditadura do proletariado e preconizaa necessidade de escangalhar o aparelho de estado burguês e sua substituição pelarepública dos sovietes, até à extinção do próprio aparelho de Estado, na sociedadecomunista). Em Setembro de 1917, os bolcheviques obtiveram a maioria nossovietes de Petrogrado'e Moscovo. O Partido lança de novo a pala vra-de-ordem«Todo o poder para os sovietes», Numa série d, cartas dirigidas ao CC e aosComités de Petrogrado e Moscovo Lenine apela á luta violenta revolucionáriapara tomada do poder, fornecendo plano concreto de insurreição. A 7 de OutubroLenine chega clandestinamente a Petrogrado e a 10 o CC aceío ta a sua propostade insurreição. Na noite de 23 Lenine chega a Smolny para dirigir a luta políticaarmada. A 25 tomam o poder. Lenine assume a presidência do Conselho dos

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Comissários do Povo, primeiro governo de representantes da classe operária ecamponesa.1918 -Na obra «As tarefas imediatas do Poder Soviético» Lenine traça o caminhoa ser seguido na construção do socialisino a 8 de Março Lenine propõe adesignação de Partido Comunista para o Partido. Em 30 de Novembro Lenine égravemente ferido num atentado.A luta de classes estende-se a todos os níveis. É criado o Exército Vermelho, quee'smaga todas as hordas inimigas da Revolução. Lenine publica «A revolução doproletariado e o renegado Kautsky» (critica a correntes pseudo-marxistas dooportunismo internacional dessa época).1919- Criação da III Internacional, a Internacional comi,ista. rlo trabalho«Economia e política na época da ditadura ( proletariado» e no artigo «Umagrande iniciativa» (que se refere à iniciativa dos operários de Moscovo emtrabalharem aos sábados sem receberem) salientava e elucidava os problemas nasprimeiras transformações práticas da sociedade. Terminada a guerra civil Leninedirige o trabalho de reconstrução Nacional (segundo a sua NEP- nova políticaeconómico).1921 - Escreve «0 esquerdismo, a doença infantil do comunismo» (análise daestratégia e táctica do leninismo na mobilização de massas e do papel doscomunistas para seu enquadramento na perspectiva do partido e da ditadura doproletriado)1922-Escreve «Da importância do materialismo militante» (no qual aplica oespírito do partido à teoria e à filosofia). Já gravemente doente Lenine pronunciana assembleia plenária do Soviete de Moscovo um discurso sobre política externa1923 -Numa série de artigos («Páginas de diário,» «Sobre a cooperação», «Anossa revolução», «Como reorganizar a inspiração operária e camponesa», «Maisvale pouco e bem») faz o balanço das conquistas da Revolução e traça o caminhopara seu ulterior desenvolvimento, enaltece o valor do internaciona'ismi proletárioe elabora um programa para a construção socialista no campo (a revoluçãocultural), os progressos da ditadura do proletariado até à exclusão total da baseeconómica das classes, a luta intransigente contra todas as formas de ideologiaburguesa1924- (Dia 21 de Janeiro) - Lenine. morre em Gorky, perto de Moscovo.«TEMPO» N.- 313- P69, 33

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1. D PISEntre mortos e feridos, os acidentes de trânsito continuam a fazer vítimas.Centenas de condutores fazem ouvidos de mercador par os conselhos divulgadospela campanha preventiva contra acidentes. Manobras perigosas são o tristeespectáculo de todos os dias. Peões que desafiam o civismo e os nervos doscondutores atravessando as ruas nos momentos mais impróprios e em locaisindevidos são uma presença constante numa cidade como Maputo onde nuncahouve edu~ o pública para o comportamento certo nas estradas.. Os panfletos e asrecomendações nesse sentido difundidas pela rádio são uma novidade no nossopais. A preocupaç o que se regista ultimanente de sinalizar, com os símbolospróprios, as restrições da prioridade ou a liberdade de passagem, também s ãouma novidade. Vê-se perfeitamente que além das multas há preocupação, porparte das autoridades, de garantir a segurança àqueles que frequentemente são osque menos se importam com ela.Nesta República Popular onde não podemos permitir que a euforia de um corredordos fins de semana elimine braços para o trabalho e onde do mesmo modo nãopodemos permitir que os peões periguem distraída ou inconscientemente, a suaprópria vida, temos que, dar um novo conteúdo político ao acidente de viação..TEMPO» N.- 313-. p6ágj 35

Assiste-se, presentemente, no Maputo, a uma campanha de sinalizaçãoconv4ntente das ruas e avenidas que beneficiará os condutores facilitando-lhes. acirculação e garantindo-lhes maior segurança com a imiau4cão de possibilidadesde engano- no que diz respeito a prioridade ou restrição dela, aos sentidosproibidos, ete. Um trabalho que estava rudimentar.-1pni, fpitn ns a.q autnridades fascistas.Durante os fins de semana morre-se mais na estrada do que em qualquer dia útil.Os excessos de velocidade reduzem as margens de segurança.«TEMPO» N.- 31J' pg. 36

Um acidente de viação tem sempre os seguintes aspectos a considerar:1) Aspecto social;2) Aspecto económico;3) Aspecto político;Vejamos cada um deles.O aspecto social de um acidente de viação começa no próprio local onde severifica o acontecimento e resulta do choque que o sangue, vidros parti. dos,chaparia'amolgada, gritaria e insultos provocam nos assistentes. Há muitaspessoas que nunca conseguiram vencer o medo de andar de auto. móvel porqueuma vez foram testemunhas de um acidente brutal de trânsi. to. Ficaramtraumatizadas.A atrapalhação no meio da estrada, muito frequente entre a população maishumilde e idosa dos subúrbios, provém do facto de ela ser de uma época em queos automóveis mesmo atropelando mortalmente uma -crian. ça negra ou umadulto chamado de «mamana» ou «rapaz» nada acontecia ao respectivo condutor.Nem urna multa; nem uma reprimenda. Muito menos tribunal. Quem conduz nas

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estradaS suburbanas tem visto pessoas que, depois de estírem no meio do asfalto,em vez de darem mais dois passos para ficarem fora do alcance das rodas do carro.que se aproxima, atrapalham-se, vão para a frente e para trás coisa que piora se ocondutor em vez de travar toca a busina. Isto é simplesmente o medo da morte. Jámorreu sem punição muita gente debaixo das rodas de um veículo.Outro aspecto social é a tragédia familiar. Quando devido ao acidentealguém perde a vida esse alguém pode ser uma mãe, um pai, um filho, um avó.Esse alguém tem sempre família e essa familia fica enlutada. Esse alguém pode,até, ser a única garantia de subsistência daqueles que o choram. . neste aspecto emque não se pensa quando se assiste a um carro transformando em sucata e seexclama: «O condutor morreu, de certeza!». Pois morreU e deixou luto. E muitasvezes durante o trabalho e corno instrumento de trabalho se é um condutorprofissional.IIO lado económico de um acidente de viação é muito largo. Em primeiro lugarinutilizam-se braços para o trabalho produtivo ou ficam durante longos mesesImprodutivos. O atropelado pode ser um operário, um trabalhador de escritório,uma mulher que toma conta de casa e que, por Isso, produz, E quando oacidentado é o próprio condutor os males são os mesmos apesar de, pordeformação colectiva, toda gente olhar o Indivíduo que vai atrás de volanteapenas como um «condu. tor», um «motorista» e não ver o seu lado humano esocial. Em segundo lugar inutiliza-se ou danifica-se o automóvel que vai para asucata ou requere reparação. Quer seja propriedade, de uma empresa privada ouestatal, quer seja um carro pessoal, é sempre um dispêndio de, material e dedinheiro. No caso particular de o automóvel'estar ao serviço de um sector deprodução (distribui ção, transporte de mercadoria, etc.)esse sector pode ficarparalizado ou não dar o rendimento devido. Pode também acarretar outrasdespesas co. mo o aluguer de outro veículo.Finalmente, Moçambique não fabrica automóveis nem peças para os mesmos.Todo e qualquer veículo em circulação é produto de Importação. Sai dinheiromoçambicano, trocando em moeda estrangbira, para que carros e peças existamnas nossas estradas. Esse dinheiro 'ê um bem colectivo. O veículo de matrtbulaMLE, posto em cir-culaçáo em 1961 e agora nas mãos de alguém que o comprourecentemente em 3.1 mão, foi adquirido no estrangeiro com o dinheiro produzidopelos trabalhadores moçambicanos. Continua em circulação porque beneficia depeças e outro equipamento Importado. Do mesmo modo que ninguém aceitariaque um gerador eléctrico fosse alvo de danificação porque custa dinhei ro ao pais,também os automóveis re-gistados em nome individual, não obstante serem uma propriedade pessoal custamdinheiro ao pais. Mais ainda, criam uma certa dependêrícia em relação aosfornecedores de peças. Por isso, não preservar estes bens que in. directamentepertencem ao povo é um crime contra esse mesmo povo.IIIO aspecto político dos acidentes de trânsito, que parece aqui em último lugar masque, de facto é o mais importante de todos, resulta da fusão e junção dos aspectossociais e económicos, Atropelar alguém com consequência graves, morrer ou ficar

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eleijado em virtude d -ter provocado um acidente, é enlutai uma família,iýýdesperdiçar mão de obra para o trabalho, é danificar material -caro para o país.Sobretudo é transfomar-se num criminoso, um género de criminoso que se tornoumais os menos simpático («foi um azar, diz-se) mesmo quando o individuo emcausa assassinou, sua própria famlliamulher e filhos por conduzir embriagado,.AS CAUSAS DOS ACIDENTESMultas são as causas dos acidentes. Desde a má sinalização das estradas até aovandalismo puro como aquele* que uma equipe de reportagem da nossa revista assistiu a pouco tempo em plenaestrada Nacional n.ol: dois camiões, um a tentar ultrapassar o outro. Dá.-se passagem ao de irás mas este encosta-se tanto ao parceiro (ou foi o parceiroque se lhe encostou) que há acidente, A porta do cabine do que ia à frente éarrancada. O condutor que la ultrapassar (e que foi quem arrancou a porta dooutro) em vez de parar continua a correr. Segue-se uma perseguição louca ao bomestilo dos filmes americanos.Podem-se registar em ordem arbitrária como as causas mais frequentes dosacidentes:1) Má sinalização das estradas ecruzamentos;2) Ultrapassagens em momentos elocais impróprios;3) Excesso de velocidade que reduzas margens de segurança;4) Mau comportamento dos peões;5) Embriaguez;6) Exibicionismo;7) Descarga de frustrações no automóvel;8) Espírito de competição frequentenos condutores;«TEMPO» N.o 313- p6g. 37

9) Mau estado de conservação e de-funcionamento de partes funda.mentais do automóvel corno travões, barra da direcç4o, pneus «carecas» ourecauchutados a quente, limpa brisas, «pisca-píscas», etc.10) Mudanças de direcção não si.<nalizadas, estacionamento em locais que não permitem visibilidade a quem vem arodar e avarias não sinalizadas como triãngulo;11) Incapacidade dos condutorespara enfrentarem uma situaçãode emergência;Qualquer destas deficiências humanas ou Mecânicas de noite tomam-seduplamente mais perigosas como; por exemplo ver-se de longe uma luz a fazersupor que se vai' cruzar com uma motorizada quando, de facto, é umo. au-

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tomóvel que roda com um. farol apenas. Desrespeitos às mais elementares regrasde trânsito são frequentes e não causam poucos acidentes.UM MAL JÁ VELHOOs acidentes de trânsito 'não são uma coisa de hoje. São males antigos.Manifestavam-se pelas mesmas causas o que significa que os nossos condutoreslimitam a copiar dos colonos os defeitos e abusos que estes tinham. Todas as fotosde acidentes com que ilustramos este texto foram tiradas durante os temposfascistas. Pelo contrário, foi eliminado, a nível do Maputo, o criminoso cujo actoera classificado de «atropela e foge». Um condutor, dentro do seu carro, senhor edono da estrada, atropelava um peão e fugia. Dai o nome. Já não existemReprodução de uma circular que o Centro de Formação Automóvel iria mandar-pelo correio a todos os automobilistas. Este Centro parou porque dependia, dainiciativa privada que não levou a ideia avante depois do 25 de Abril por razõesevidentes.«TEMPO» N.- 3:3 - p6g. 38destas pessoas em Maputo e isso é uma grande vitória.A propósito dos acidentes de trânsito, fomos buscar do arquivo um artigo quedevia ter sido publicado no mês de Abril de 1974 se não tivesse acontecido ogolpe de estado em Portugal. Trata-se de um projecto de criação de um Centro dePrevenção Rodo. viária junto ao Autódromo da Costa do Sol. Era mentor dessaideia Fernando Natividade, gerente industrial, ex-corredor profissional deautomóvel. O tal Centro seria, portanto fruto de iniciativa privada. ratando-se deuma pessoa conhecedora dos problemas dos automóveis ainda hoje vale a penaescutar as palavras desse técnico nem que seja para ficarmos mais conscientes dasnossas limitações no combate aos acidentes de trânsito. Entrevistado, por nós emAbril de 1974, eis o que nos disse Fernando Natividade que, como dissemos,participou como profissional em corridas de automóveis da ,<dórmula 1»:CENTRO DE PREVENÇÃO AUTOMÓVELO Centro de Formação Automóvel vai ser essencialmente, um local onde vamostreilzar os automobilistas a rea. girem às situações de emergência, O objectivoimediato (a curto prazo) será a educação rodoviária dos automobilistas. A'médio ea longo prazo--e é esse o nosso objectivo-base- vai ser e educação rodoviária decrianças em idade de escolar primária. Isso para nós é o mais importante apesar deser uma coisa de que não se vão colh er Ljnefícios imediatos».Os benefícios que vão beneficiar disto directamente pertencem àquela minoriaque tem automóvel. Ora se nós começarmos a lazer prevenção rodoviária a sériojunto das crianças em^ idade escolar dentro de dez ou quinze anos viremos aatingir uma maior quantidade de indivíduos porque estou convencido que dantrode dez ou quinze anos a percentagem de condutores de carros será maior. E comoa quantidade de alunos em escola, primária é e será cada vez maior de só criançasnão brancas defendo que isto basta para que a longo prazo seja mais importanteconseguir dar lições de prevenção a essas crianças.Tempo» - Qual acha ser a causa da enorme quantidade de desastres registadosanualmente entre nós?F.N. - Estou convencido que oitenta por cento dos acidentes que se verificam cáem Moçambique são por fat-

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Um autocarro colectivo de transportes periga centenas de vida quando se envolvenum acidente.ta de disciplina dos condutores e, es. sencialmente, por falta de conheci. mentos.O nosso automobilista não est4 de maneira nenhuma preparado para enfrentaruma situação de emergência quando esta lhe aparece. O automobilista aprendeuns rudimentos de condução, digamos assim. Mas não haja dúvida que frente auma emergência a pessoa além de não estar tec. nicamente preparada para saberreagir a ela, psicologicamente não teve treino.Repare-se no que se passa na aeronáu. tica: um piloto de avião recebe treino deemergência obrigatoriamente. E,diga-se de passagem, um piloto estd menossujeito a emergências que um au. tomobilista na medida em que mecanicamente oavião está sempre em melhores condições, porque fazem-lhe revisões, vistorias,etc., com constãncia obrigatória. Além disso, o piloto está psicologicamentepreparado para enfrentar qualquer emergência porque tem toda uma fase dementalização que um automobilista não tem. Este aprende rudimentos decondução, depois com a experiência vai ganhando confiança ao conduzir e chegaa um ponto --aliãs inevitável, acontece com a maioria das pessoas- em quedescarrega as suas frustrações no auto. móvel, descarrega os seus estadoseufóricos, enfim, todo um conjunto de coisas perigosas. Nessa altura começadeliberadamente a criar situações que poderd não saber <nfrentar se lhe apareceruma emergência. Estou convencido que a maior parte dos acidentes deve-se àvelocidade e, por detrds dis. so, à falta de preparação do automobUlista. É essa falha que nós vamostentar suprimir.«Tempo» - Devemos então conside rar a aprendizagem numa escola de condução,nos moldes tradicionais, insuficiente?F.N. - Eu diria rudimentar. Mas c erro não está nas escolas de condu ção. O erroestá no sistema. Há muitos países chamados civilizados onde a instrução decondução começa a ser imbuída nas crianças desde pequenas. O automobilista aíestá psicologícamente mais preparado do que nós apesar de ter que obedecer anormas muito mais rígidas e rigorosas que as nossas. Vem preparado desdepequeno para isso. Aliás, a noção de civismo normalminte está muitomais.desenvovida nesses países. No nosso Centro de Condução Automóvel nãovamos entrar em competição com as escolas de condução mas. vamos realizar umtrablho paralelo. Esta ,niciat4va tem coisas do género em muitos países da Europamas nenhuma delas funciona gratuitamente. Nós não queremos transformar oCentro ,numa sociedade com fins lucrativos. Este é o aspecto invulgar, digamosassim, que a nossa iniciativa" tem.QUE SAO SITUAÇOES DE EMERGÊNCIA?Tempo»,-Temos estado a falar de situações de emergência. Que é que se deveentender concretamente por situação de emergáncia na circulação automóvel?F.N.- Repare: hoje a técnica de construção de automóveis cria um falsa sensaçãode segurança no automobilista. E eu digo falsa porque qualquer indivíduo bem oumal preparado sente-se absolutamente seguro a andar a velocidades de cento equarenta ou cento e cinquenta quilómetros por hora. As estradas, por outro lado,

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vão sendo cada vez melhores. Mas um indivíduo que vai com a sua família eaparece-lhe uma das tais emergências que pode ser, exemplificando, um au-.tomóvel que circula fora da mão ou que obriga o individuo a sair fora da estrada.Ele faz uma pequena derrapagem e isto pode levá-lo a perder o controlo doautomóvel porque a ten. dência rnatural de um condutor neste caso específico(quando o carro começa a derrapar) é puxá-lo para dentro da estrada. E este gestoé a ultima coisa que ele deve fazer porque vai provocar a continuação daderrapagem. Em circunstâncias destas deve-se «compensar» a derrapagem. Maspou-cas pessops estão preparadas para is. 50.Nós queremos cõndiciqná.las através da (nossa pista de derrapagens para queautomaticamente reajam de maneira certa, quando aparecem emergên. cias destetipo. Isto pode acontecer, dando mais um exemplo, quando um pneu rebentou e ocarro entra numa situação anormal. Queremos que o in. dividuo, porque jáexperimentou uma situação anormal, queremos que o individuo, porque jáexperimentou uma situação análoga, saiba corrigir isso. A maior parte dosdesastres começa com uma coisa deste género. Normal. mente o condutor nãosabe reagir e pode ter sorte ou pode ter azar O carro, se vai numa atitude dedesequilíbrio, ao encontrar um obstáculo a coisa mais natural é ele virar-se. E,deste modo, um indivíduo pode-se transformar no assassino da sua pró. priafamília.UMA TAREFA DIFICILPor estas palavras de uma pessoa habituada e conhecedora dos proble, mas dosautomóveis podemos compre. ender bem que a tarefa de diminuir os acidentes, detrânsito é bastante difícil. É necessária uma reeducação de peões e automobilistas,cursos de reciclagem obrigatória para todos os condutores com carta há cincoanos, por exemplo, noções de sinalização para as crianças das cidadesprincipalmente, medidas severas para os transgressores etc. etc.Como dissemos no princípio, assiste-se, presentemente, a uma campanha desinalização das ruas e avenidas do Maputo. Neste aspecto pode-nos servir deexemplo uma cidade como Lusaka em que cada esquina, cada cruzamento, cadadesvio, cada perigo na estrada está devidamente sinalizado-até com palavras escritas em vez de simbolos. Para além das setas a indicarem adirecção correcta ao condutor devíamos também pôr placas com inscrições como:«Não Desvie à Direita». Para além dos sinais de «escola» devíamos pôr tambémem placas «Esco. la a Duzentos Metros». As vidas que se têm perdido nasestradas merecem uma meditação séria. A anarquia a que por vezes se assistetambém. Colocar mais passadeiras para peões e educálos no sentido de sóatravessarem por essas mesmas passadeira é outra tarefa necessária quecompletaria as recomendações que estão sendo dadas-ela Rádio.«TEMPO» N.- 3Q- pág. 39

O boato, a falta de esclarecimento e a não discus- clarecidos sobre as normas deconservação dos anisão nolítica no seio das populações, tem sido um mais. factoroue origina a queda de produtividade animal, como acontece em certas zonas 'do

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ais onde existe Torna-se ainda um entrave no processo de luta con.tíra a tome, efacto df, existir--m contradições entre criação de gado, e em que é irracionalmenteabatido.A sub-nutrição e as doenças, são asnetos_ oue ain- criadores de gado eagricultores, ambos camnone-esda hoje se verificam na cria~ão, e que não serão que produzem para o mesmo fimembora em sectores resolvidos enquanto os criadores não forem bem es-diferentes. ,,TEMPO» N.- 313- pág. 40

Em certaa aonas, gado como este é vitima de abatimento irractonado, devido aos~boatos. ,A pouca reproduçt.o dos animais, significa um entrave ino com5ate contra a lomeção e conservação do gado.Para melhores esclarecimentos sobre o assunto, dirigimo-nos às vizinhanças deBela Vista na Provncia do Maputo, onde como em o u t r a s zonas em queexistem criadores de gado, correu o boato de que o governo iria nacionalizar ogado.Contrariamente à palavra de ordem sobre a necessidade de maior criação deanimais domésticos, tem-se verificado um abate descontrolado de gado, em certaszonas do país.Esta situação deve-se ao mau esclarecimento político das massas, que, vítimas deboatos deixam de se preocupar com a cria-Por exemplo, na zona de Mabi]ibili, em éonversa com as populações tivemosconhecimento de c e r to s problemas relacionadõs como o gado, problemas essesque surgiram após uma reunião que as populações tiveram com ecmentos daSede*do Partido.FALTA DE ESCLARECIMENTOA Sede do Partido no Maputo. dirigiu-se tempos atrás aos cria-dores de Bela Vista, com o objcctivo de esclarecer às populações daquelas zonas anecessidade da formação de aldeias comunaís e cooperativas de gado,Acontece que naquelas° zonas. nao existe ainda uma mobilização políticaeficiente, o que origina que as populações não se encorntrem activamenteengajadas'. Com isto, após a referida reunião, a maior parte das pessoas fizerammá interpretação sobre o tema discutido.Na altura não houve comentãrios,. mas logo a seguir começaram a surgir boatosem como o governo iria apossar-se do gado dos criadores e, que a ditanecessidade de formar cooperativas de«TEMPO» W.- 3 3--p6<, 4;

gado não passava de uma manobra.Sobre es t e assunto, Eduardo Tobias Fumo residente na zona de Mabilibili esecretário-adjunto do Grupo Dinamizador local, informou-nos do seguinte:«Houve aqui uma reunião na qual participaram elementos vindos da Sede doPartido, on4e se falou na formação de aldezi comunais e cooperativas de gado.Como a maior parte das pessoas estão mal esclarecidas, dizia-se que o governoiria levar o gado para alimentar os soldados. Então muitos começaram a d i z e r

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que se fosse assim~ seria melhor não construir aldeias comunais nem formarcooperativas. Seria melhor continuar a v i v e r cada qual a sua vida. Não vouindicar quem, mas há muitos que matam o gado clandestinamente, alegando estara aproveitar antes que o governo carregue com o gado».Tempo - Qual a actuação do Grupo Dinamizador local, face a estes problemas?Eduardo Fumo - Acontece que hei falta de compreensão por parte de algunsmembros do nosso G. D. É sempre necessário fazer entender às massas osproblemas que se discutem, mas mesmo os membros não percebem nada. Hámembros do grupo que não aparecem nas reuniões e até o próprio secretário doGrupo, já não participa há três meses. Está na Bela Vista e não põe cá os pés.Com isto, é difícil mobilizar as massas, ficam mal esclarecidas e pronto.Quando se formou o G. D., o secretdrio Obede Gubande nãotrabalhava em Bela Vista, como a maior parte dos habitantes desta zona. A g o r aele trabalha na administração. A Sede do Partido em Bela Vista sabe do assuntomas nunca mais se tocou nisso não sei porquê».As declarações de Eduardo Fumo, levarý a crer que não existe quase nenhumamobilização política naquelas zonas, o que torna mais fácil a infiltração inimiga,neste caso o boato.A vigilância é feita a medo, tarto que, elementos da população embora sabendo daexistência de indivíduos que dada a confusão abatem o g a do, recusam-se namaior parte a apontá-los, o que lhes torna mais difícil a eles proprios esclarecer oassunto.No entanto, um continuador de nome Mário Tembe, que é pastor de gado eaomesmo tempo aluno da Escola Primária de Mabilibili, informou-nos ser verdade apropagação do referido b o a t o (na casa onde é pastor também tinham abatidogado), com o intuito de aproveitar antes da «poss i v e 1» nacionalização. Deu-nose s s a informação enquanto nos conduzia juto à sua avó, que é criadora de gado.Ali, Mita Tembe conhecida por Milipuquese no seio da população, após termosdado uma explicação sobre o objectivo da nossa visita, prestou-se a dizer oseguinte: «.É verdade que isso aconteceu, mas-não sei se ainda acontece. Correuboato de que o governo iria matar o n o s s o gado para dar de comer aos soldadose muitas pessoas começaram a matar o gado para aproveitar. Eunao matei gado por isso, matei foi para pagar aos machambeiros onde o meu g ado estragou as plantações».Mais tarde, contactamos a Sede do Partido em Bela Vista, que ihdagada sobre asua posição face aos problemas existentes naque las zonas, afirmou-nos que todoseles já eram do seu conhecimento, mas que não tendo ainda provas concretas, i r ia desencadear uma operação de inquérito.CONSERVAÇÃO DO GADOAlém do abatimento do'gado, é essencial para a sua conservação o banho semanaros tanques da veterinária.Acontece porém, que ainda naquelas zonas, há quem não leva o gado ao banho,segundo informações prestadas por elementos da população. Por essa mesmarazão, existe muito gado doente. As doenças propagam-se porque, embora hajaquem leve o gado ao b a n h o, as pastagens são as mesmas e portanto levando ou

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não dã-se o mesmo. O gado doente convive com o gado não afectado pelo quefica contaminado.Este problema surgiu também devido a um b o a t o que correu exactamente namesma altura que o outro acima referido. Dizia-se que os criadores sem excepção,teriam de pagar seis escudos por cabeça sempre que o gado fosse ao banho,quando não é bem assim.Desde há muito que existe uma lei na q u ai todos os criadores que possuam maisde cem cabeças de gado de corte (talho) ou«O secretário do Grupo Dinamizador não comparece às reuniões já lá vão MárioTembe, pastor e aluno da Escotrês ý meses» - Eduardo Fumo, la Primdriade Mabibili.«TEMPO» N.- 313- pag. 42Milipuquese, velha com cerca de oitenta anos de idade, proprietária de algumascabeças de gado.

Muiítos pastores juntos, siglnifica por pezes que o gado pertence a proprietáriosdiferentes. Sendo assim, mesmo que algu7zs levem o gado aos banhos paradesinfecção, os que não o fazem têm o gado por vezes doenzte e sujeito acontaminzr os outros, pois é costume as manadas andarem juntas.mais de trinta cabeças de gado de leite, devem pagar seis escudos por cadacabeça, por trimestre.Nio regime colonial português, essa. lei s6 abrangia os não indígenas. Hoje, assimcomo multas outras leis, esse processo foi uniforrrxizado.Daí as populações mal esclarecidas, pensam que mesmo tendo cjuatro cabeças degado, são obrigadas a pagar seis escudos por cada, sempre que tenham de ir aotanque.'IM ÇiE-nos c dn ~»e assunto, Feniasse e nbe residentes na zomanga, informaram. inte: «Nós temosga. am por ai a dizer que içar seis escudos por pre que levarmos oao oanho. A 'mior parte dos ue ,aqui têm pouco gado, n ão ,m 'dinheiro para pagaro banho, 'or 4sso não levamos o gado ao anhý. enquanto não nos disseem ýbem oque se passa».U5ý funcionário d o s Serviços , Weterinária em Bela Vista, 1>n1 mnou-nos queo pagamento Os Nanhos para o gado nos tanues, é conforme a lei a queanýriO4mente nos referimos. Mas, o as populações ainda nãoo r m bem esclarecidas, existe lã i terpretaçã.CONTRADIÇOESENTRE CRIADORESE AGRICULTORESA formação de aldeias comunais e cooperativas de gado, acabaria com ascontradições já desde há muito existentes entre criadores e agricultores, i s t o é, adisputa pelo terreno. O criador necessita de terreno para pasto do seu gado~e porsua vez o agricultor precisa de campo para cul. tivar.Por exemplo, o facto de Mita Tembe ter de abater gado para pagar os prejuízosque o seu gado cria ao estragar as plantações nas machambas, é um problema que

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aflige a muitos criadores como ela, bem como aos agriculto res que ficamprejudicados.Ainda em muitas zonas do pais, os agricultores adoptam o sistema das queimadas,para limpar o mato. Quando esse processo é utilizado sem a t e n d e r àsprecauções devidas, muitos áni. mais e mesmo pessoas podem ficar prejudicados.Por exemplo, na altura das secas, as queim afalta de capim suficiente para a alimentação do gado. Os agricultores por v e z e snão tomam ocuidado de limitar as queimadas, atingindo grande porção de terreno que nem.sempre chega a ser necessário para a agricultura, ou melhor, não chega a serutilizado de imediato parà a abertura das mãchambas. Portanto, queimamdesnecessariamente o capim de que o gado necessita para se alimentar, o quedificulta ou atrasa a reprodução destes e outros animais herbívoros.C o m a formação das aldeias comunais, este problema deixaria de existir, porqueali o camponês vive organizado. Nas aldeias comunais, o agricultor tem o lugar jáescolhido e determinado para os trabalhos agrícolas, bem como D criador para opasto do gado.Mas, para que todos estes,:problemas deixem de existir, é necessário que ha j amobilização política nas populações. Não se aceita de modo nenhum que, comopor exemplo em Mabilibili, o responsável máximo pelas actividades políticas dolocal, não compareça às reuniões há cerca de três meses. As populações daquelazona necessitam de orientações sobre as actividades do processo de ReconstruçãoNacional, mas as orientações não lhes são devidamente fornecidas.«TEMPO» N.o 313- pág. 43

CIlILE reaccA siuaã 1cnmc do' Paí no moeno em do imeralsm no~ amrian par derbaqeSlao ledcoqiso o I Poer a * orge Goen deI Unidad Poplr foa a~ do se.a fomaã do elmnos qu co.sttuam o qua SIto focdo na prmer pat do h sordr de ofcii sueirs cuj meta.dd er- a fo o Chile pulcd nansaci ntro oco. o Pertoo asi com o. incod cuo Só por si s ~oísprapooaeTEM PO», N.- 313 - pág. 44

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Fotógrafos registam os primeiros tiros no Paldclo de La Moneda e a rendição defunciondrios civis. O fascismo voltava ao Chile imposto pelos reacciondriosinternos, fiéis servidores do imperialismo norte-americano que havia preparadominuciosamente o golpe de EstadoAntes, de nos referirmos à necessidade que Q imperialismo sentiu em mudar a suaestratégia para derrubar o Governo de Unidade Popular, uma vez que o seu planopara o conseguir por uma via legalista tinha falhado, convém referir que a vitória

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da contra-revolução representou para a Unidade Popular uma derrota politica maisdo que militar.Alguns erros foram cometidos e, emúltima análise, a Unidade Popular não conseguiu evitar o isolamento da classeoperária. Os traidores internos' viriam a conseguir arrastar para o golpe aesmagadora maioria das Forças Armadas e Carabineiros e impedir praticamentetoda a adesão à defesa do regime democrático.Esta situação viria a ser bem clara poucas horas antes do golpe. Em muitoslugares, o povo conseguiu organizar a sua resistência nas primeiras horas. Muitospratiotas cairam combatendo heroicamente com tudo o que tinham à mão, sendouma das críticas hoje tantas vezes feita ao .Governo de Salvador Allende a de nãoter armado as massas populares. Porém, o presidente do Governo de UnidadePopular acreditou sempre na possibilidade de êxito da via não armada baseada nacapacidde das massas populares em amarrrar as mãos aos que quisessemdesencadear a violênciareaccionária com armas.O IMPERIALISMOMUDA DE ESTRATÉGIAO Governo dos Estados Unidos, assim como a direita chilena, acreditavam, até4'de Março de 1973, que as eleições legíslativas permitiriam «derrubar» legal.mente Salvador Allende. Mas os resulta.dos viriam a demonstrar que a consciência popular no Chile era superior àcapa«TEMPO» N.o 313- p6g. 46cidade de manobra dos Estados Unidos e dos reaccionários internos e que não seatemorizava com as represálias económi. cas do imperialismo.Desta forma, o imperialismovia maiograr-se o objectivo da sua política emrelação ao Chile. Os meios empregues en. tre Novembro de 1970 e Março de1973 para fazer cair o Governo da Unidade Popular não tinham sido suficientes.Era preciso mudar de estratégia e utilizar métodos de intervenção mais duros,passar à conspiração directa destinada a provocar o golpe de Estado militar noChile, por1ngrteamericanas ao longo dos trinta meses seguintes tinham tido por objectivopreparar lentamente esta eventualidade: Pode referir-se por exemplo, aconservação e desenvolvimento das relações especiais com as forças armadaschilenas, o apoio financeiro e as directivas políticas dadas aos grupos da extremadireita, como Pátria e Liberdade, e'o reforço do seu carácter paramilitar.' Aospreparativos norte-americanos é preciso juntar a evolução das capacidadesterroristas dos reaccioná. rios chilenos, a cobertura do país por uma rede deinformações, o acréscimo do vo-A necessidade de pôr a totalidade dos nossos recursos económicos ao serviço dasgr1ates carências do povo, significava para o Chile a reconquista da swàdignidade. Tínhamos de acabar com a situação de nós, chilenos, debatendo-noscom o problema da fome e da exaustão, estarmos a exportar grandes somas decapitais em benefício da mais poderosa economia de mercado do mundo. Anacionalização dos recursos básicos constituía uma reivindicação histórica. A

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nossa economia não podia tolerar por mais tempo a subordinação que o facto deter mais de 80 por cento das exportações na mão de um reduzido grupo decompanhias estrangeiras, que sempre antepuseram os seus interesses às necessida,des dos países com os quais lucram, implicava. Tão pouco podíamos aceitar aignomínia do latifúndio, os monopíólios industriais e comerciais, o crédito embenefício de alguns, as brutais desigualdades na distribuição das receitas.SALVADOR ALLENDE(Na Assembleia Geral das Nações Unidas. Nova :lorque, 4 de Fevereiro de 1972)intermédio do Pentágono e de acordo lume e a escolha dos tipos dearrmamencom certos militares chilenos. to fornecidas aos diferentes ramos dasSaliente-se, no entanto, que a hipótese forças armadas, e até as medidas interdeactuação através de um golpe militar vencionistas na economia e no estrangu. nãoera nova. Ela tinha sido considerada lamento diplomático, que se revelaram noplano elaborado em Novembro de ineficazes para atingir a «solução final»,1970, e um grande número de acções' mas que podiam para isso contribuir seL

se recorresse simultaneamente à força ar, mada. A atmosfera de crise era, assim,minuciosamente preparada e ia servir de quadro e de pretexto para a entrada emcena de assassinos a soldo e à eclosão do golpe de Estado.A agência responsável pela intervenção norteamericana no Chile foi a DefenseIntelligence Agency (DIA, serviço de informações ligado ao Pentágono),principal. mente por intermédio da Naval Intelligence Agency (serviços especiaisda marinha). Foi ela que coordenou a execução do plano de acção contra o Chile,recebendo as informações fornecidas por 'outros serviços e ministérios doGoverno norte-americanos, compreendendo a CIA, que assumiu,, na pessoa doseu director, a direcção de todas as operações desta natureza. Tudo foi colocadosob a direcção política suprema do National Securi ty Council, à cabeça do qualse encontrava o Presidente dos Estados Unidos e cujo executivo é o conselheiropresidencial para a Segurança.A CONSPIRAÇÃODOS GENERAISEm Junho, Julho e Agosto de 1973, as forças armadas chilenas, pondo de parteuma velha tradição de 40 anos de não-ingerência na vida política, caminhavampara o golpe de Estado. As contradições entre Salvador Allende e os generaisfascistas já não podiam ser ignoradas.Em 29 de Julho, o Presidente da Uni. dade Popular convocou para o palá¿iopresidencial de La Moneda três almirantes que assumiam o comando da frotaCorpo de um patriota chileno abatido pelos militares da Junta fascista, ma ocasiãodo golpe de Estado, que per. maneceu 24 horas numa rua de Santiago. a «titulo deezemplo». Cenas co. mo esta repetiram.se com frequência a seguir ao 11 deSetembrochilena. Os serviços de informação do Presidente tinham-no prevenido de que asforças armadas estavam em efervescên cia, que certos chefes, depois de teremeliminado os seus confrades fiéis ao Governo, conspiravam contra ele. O PresiII

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A guerra civil «silenciosa» estava de. clarada ainda que o Governo de Allendefizesse tudo para a evitar. Previa-se facilmente um golpe de Estado e o, próprioPresidente não tinha dúvidas sobre os efeitos de uma tal evolução: «Não existef UMPRIMOS a etapa decisiva: lutar pela independência ecoSnómica do Chile- ocarvão é nosso, o aço é nosso, o salitre é nosso, o cobre é nosso! Da mesmamaneira que avançamos no cumprimento do programa, abre-se o caminho para osocialismo intensificando a reforma agrária, nacionalizando os monopólios queestrangulavam o desenvolvimento da nossa economia e produziam para umapequena percentagem da nossa população, controlando o comércio, de imnort oeexportação; quer dizer, abrindo o caminho- repito-para o socialismoA revolução, o destino, o futuro do Chile, está nas vossas mãos, compaanheirostrabalhadores. Se fracassamos no camno económico, fracassaremos no campopolítico, e será a decepção e a amargura para milhões de chilenos e para milhõesde irmãos nossos de todos os continentes, que nos observam e que nos apoiam.Temos que dar-nos conta de que, para lá das nossas fronteiras, na Africa e naAsia, e afui, no coração da América Iatina, homens e mulheres observam comapaixonado e fraterno interesse aquilo que estamos construindo. Pensem,companheiros, que, noutros lugares, outros povos tentaram fazer a revolução e«ue a contra-revolução os esrmgou.SALVADOR ALLENDE(Conferência de Imprensa. Santiago, 5 de Maiô de 1971)dente tinha mesmo sido advertido da data provável do golpe, Não ignoro o quetramam contra mim - afirmou Allende aos almirantes, tendo depois evocado asconsequências catastróficas que as suas ma. nobras podiam ter para o pais. E aterminar: Sei que estou em estado de guerra com a Marinha.Os oficiais levantaram-se e pediram se. camente a demissão. Doze dias mais tardeocorria o golpe, inicialmente fixado para 10 de Setembro, mas retardado um diadevido a certas hesitações no comando dos carabineiros.Entretanto, nesta ocasião, já havia mais de um mês que o Chile sofria os efeitosdesastrosos da «greve» dos proprietários de caminhões. A sabotagem e o terroris.mo dos comandos subversivos ultras atingia o ponto mais alto. O caos económicoe o mercado negro, organizado pela burguesia, votavam centenas de milhares defamílias a privações. No parlamento, a maioria oposicionista tinha votado um«Acordo de Câmara», proclamando sem nenhum motivo jurídico válido, o poderpresidencial «ilegal» e incitando abertamente as forças armadas a desobedeceremao chefe de Estado.nenhuma alternativa para o nosso Governo. Se ele for derrubado, a mais sinistraditadura instalar-se-á no país.... Do Palácio presidencial que os reaccionários atacaram com foguetões eartilharia de carros de combate, ficou apenas uma carcaça. Tornou-se demasiadoevidente que destruindo . desavergonhadamente o palácio presidencial; osgolpis,tas pretendiam não somente apagar da memória dos três anos de governodo primeiro presidente popular que esse pais teve, mas também acabar com umatra. dição muito mais antiga que tornava possível a ascensão a La Moneda de umrepresentante do Povo.

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0 golpe militar fascista que a 11 de Setembro de 1973 derrubou o GovernoPopular chefiado pelo Presidente Salvador Allende causou profunda apreensão atoda a humanidade progressista. A Junta Militar, fascista, chefiada pelo generalPi. nochet, que tomou o poder iria fazer sentir toda a força a repressão sobre asmassas trabalhadoras. Dezenas de milhares de patriotas foram abatidos ou feitosprisioneiros enquanto os latifundiários e os grandes capitalistas recuperavam aster «TEMPO» N 313- p6g, 47

ras e o controlo dos meiosde produção, que haviam perdido durante o Governo deAlíende. Hoje, de novo, duas forças se enfrentam: a reacção de extrema-direita,posta no poder graças à Força das baionetas do exército e o Povo.A REPRESSÃO FASCISTADesde o dia em que foi executado o golpe de Estado e assassinado o PresidenteAllende, que começou a ser cum. prido o programa trraçado pelos inspiradores defora do pais de conluio com os grupos mais reaccionários do país. Ao assassíniodo próprio Presidente juntou-se o assassínio de milhares de patrio. tas de diversaorigem social, profissão, religião ou tendência política. Dezenas de milhares depessoas, chilenas e estrangei-ras, foram detidas nos cárceres, quartéis militares e policiais e nos numerososcampos de concentração montados em todo o país, segundo revela um relatórioapre. sentado pela Comissão Executiva Permanente do Coordenador no Exteriorda Esquerda Chilena à Conferência Pan-Euro.de trabalhadores tanto do sector público como do privado, foram expulsos dosseus empregos.Muitas foram as medidas repressivas tomadas pelos militares fascistas nosprimeiros meses do seu governo. Entre elas, foi decretado o «estado de Guerrao S povos que lutam pela emancipação têm, logicamente, queadequar à sua realidade própria as tácticas e a estratégia que hão-de conduzir àstransformações estruturais. O Chile, pelas suas características, pela sua história, éum pais onde a institucionalidade burguesa tem funcionado plenamente e onde,dentro da legalidade burguesa, o povo, à custa de sacrifícios, compreendeu quenão é dentro dos regimes capitalistas nem a Dartir do reformismo que o Chilepoderá alcançar a dimensão de pais, dono da sua independência económica, capazde chegar a níveis superiores de vida e existência.SALVADOR ALLENDE(Diálogo com Fidel Castro, gravado por Augusto Olivares,. porta.voz daPresidência da República. Santiago, Novembro de 1971)peia de Solidariedade com o Chile, em 6 e 7 de Junho de 1974.Todas essas pessoas foram vítimas, em diferentes graus, de torturas, violênciasfísicas e tratamentos vexatórios. Muitas mulheres detidas foram violadas ousubmetidas a procedimentos humilhantes. Crianças foram detidas para que,sobcoacção, denunciassem onde se encontravam os patriotas. Centenas de milharesEnqucs.nto milhares de pessoas eram detidas e o recolher obrigatório era alargadono Chile, em vários palses 'tinham lugar manifestações contra o regime fasciffiimplantado no Chile A imagem refere.se auma manifestação que teve lugar em

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Roma, capital da Itdlia, dde milhares de pessoas se manifestaram contra asbrutalidades da Junta militar.«TEMPOý N.- 313- pàg. 48interna», com o propósito de encobrir as ilegalidades da Junta Militar. Foitambém decretada a dissolução da Central única de Trabalhadores (CUT) e a demilhares de sindicatos em todo o País. Os direitos dos trabalhadores, conquistadosno decurso de prolongadas e duras lutas políticas, foram assim suprimÍidos. Poroutro lado" oý desemprego foi levado a limites extremos, superiores a 15 porcento da forçaO Paldcio de La Moneda, onde Salvador Aliende foi assassinado, antes de serdestruido pelos.bombardeam4ntos dos reacciondrios chilnbs.

Uma das muitas cenas dramáticas no cemitério de Santiago, nos dias que seseguiram ao golpe que derrubou Salvador Allende. Viradqs contra o Povochileno, as armas de Pinochet apeinas conseguem manter vivo o ódio dessemesmo povo que continua a lutar para derrubar o sou regime fascistade trabalho, tendo esta percentagem aumentado com a diminuição dosfuncionários públicos em 20 por cento, sem que tivessem sido criadas para eles no v a s fontes de trabalho.Os números sobre a quantidade de pessoas mortas pelo fascismo são muitodiversos, devido a variadas razões entre as quais a ânsia da Junta Militar emocultar o número de vitimas, o carácter maciço da repressão, o facto de no campoos massacres terem permanecido mais ocultos e a ausência de dados sobre os mi.litares mortos nos primeiíros dias, dentro das próprias unidades. Missões quevisitaram o Chile apresentaram números muito difereptes: 40000 uma delegaçãode juristas, N2000 uma delegação religiosa. Segundo o relatório a que já nosreferimos, somando dados parciais (da morgue de Santiago. de Antofagasta. deCautin e Nuble, por exemplo) chega-se a 15000 mortos. Isto significa que asvitimas do fascismo não são menos ,de 30000.As causas de morte foram também muitas. Nos primeiros dias, tratou-seprincipalmente de metralhamento de grupos de pessoas, fuzilamento nas ruas,bombar. deamento de povoações. Depois, a-maioria dos mortos foram-no porfuzilamentoou durante as torturas. Na costa, em especial Valparaíso, há além disso numerosos casos de' morte por imersão.Nos massacres das massas trabalhadoras participaram não somente militares epolícias, mas também grupos fascistas ci-vis que, em algumas povoações, são responsáveis por metade do número de mor.tos e de prisioneiros.Ainda nos dias que se seguiram ao golpe militar fascista, verificaram-se em todo oPaís detenções maciças em fábricas, povoações e repartições administrativas. Essaacção fói dirigida contra todo o indivíduo acusado de ser da esquerda,1de detidos. Os lugares de reclusão co,hecidos eram em número de 75, sem contar-com cárceres ou penitenciárias ,m todos estes lugares existiam, um ano depois dasubida de Pinochet ao poder, nada- menos de 20000 presos pqlíticos. Milhares de

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chilenos conseguiram, entre. tanto, abandonar o seu País depois de se teremrefugiado em várias embaixadas. A Junta Militar teve de ceder e pelo menos 9000chilenos conseguiram libertar-se do fascismo.Toda esta brutalidade da JuntaMilitar tem por objectivo conseguir 1 e va r por diante a sua política económica,que reflecte os interesses de uma tripla aliança: imperialismo norte-americano,burguesia monopolista e grande burguesia agrária.Nos primeiros dez meses após o gol. pe, a política económica da Junta significQuuma inflação descontrolada, grave deterioração dos salários reais, severadiminuição das despesas públicas e gerou uma drástica descida no nível derendimento real, actividade económica e emprego. As massas populares tiveramque suporta r todo o peso da crise e, juntamente com o terror policial, e militar, opovo chileno passou a sofrer fome, doenças, despedimentos.Apesar das perseguições políticas, dos despedimentos, da baixa de salários e dasubida constante do custo de vida, o povo chileno nunca se deixou amendrontar.Pelo contrário, estes factores só têm conseguido fazer aumentar a sua resistênciae o seu ódio à Junta Militar fascista.M ART, o pai da luta de independência de Cuba, dizia: «A revolução deveescrever-se com uma pena na escola e com o arado no campo». Que queria dizerMarti? Que a revolução se garantia elevando o nível político, criando aconsciência na escola, no estudo, na leitura; e com o arado queria significar otrabalho, a produção e o esforço. Ali está Marti, um latino-americano; lá estáLenine, o pai da revolução, e aqui estamos nós trilhando o caminho do Chile, deacordo com a sua história, para fazer a nossa revolução sem mentores nemtutores, revolução pluralista, democrática e em lberdade, camaradas.SALVADOR ALLENDE(Do discurso no Estádio Nacional, por motivo do primeiro ano de Governode'Unidade PopularSantiago, 4 de Novembro de 1971)qualquer que fosse a sua importância. Nos dez primeiros meses de repressãofascista, calcula-se que não menos de 100000 pessoas foram privadas de liberdadee permaneceram longo tempo em lugares de detenção improvisados.Lugares de reclusão e campos de concentração foram preparados pela JuntaMilitar para albergar tão elevado númeroTanto no interior como no exterior do País, os patriotas chilenos continuam a lutarpela conquista da liberdade, pela instaúYaçãò de um novo Governo Popular.«TEMPO» N. 313- p6g. 49

Cuba está a levar a~tl um corajoso e original empreendimento no sentido deestabelecer uma «Assembleia Nacional de Poder Popular» eleita como órgãosupre. mo do Poder, Estatal até ao dia 2 de Dezembro - nesse dia comemora-se o20.° aniversário do desembarque do «Gran. ma». O processo compreende umavasta descentralização do poder administrativo e económico a ser completado atéao princípio do ano que vem. Esse processo representa um alto grau de confiançana maturidade política do Povo Cubano por parte da direcção de Fidel .Castro. A1.' fase da parte eleitoral do processo desenvolveu-se durante o mês de Agostoatravés de «primárias» em toda o país. Estas «primárias» incluíram uma pré-

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selecção de candidatos às eleições municipais a serem realizadas a 10 de Outubro.Aqueles que f o r e m eleitos escolherão candidatos para os órgãos provinciais do«Poder Popular» e estes, por sua vez, escolherão os deputados para a AssembleiaNacional.Um pormenor importante de todo o processo é a natureza profundamentedemocrática da selecção e eleição dos can«TEMPO* N.' 313- pág. 50didatos e o grau extremamente elevado de participação popular na fase depré.selecção. Houve reuniões a todos os níveis, nos bairros e vilas, nas quaisqualquer cidadão com mais de 16 anos de idade podia nomear um candidato. Asúnicas co n d i ç õ s estabelecidas eram: a) os candidatos deviam ter pelo menos18 anos de idade; e, b) aqueles que os propusessem deviam fazê-lo em seu pró.prio nome a não em nome do Partido Comunista ou qualquer outra organização.Em todas as cidades e no campo os cartazes apelavam para oseleitores.escolherem aqueles que melhor servissem os seus interesses. Havia ummínimo de dois candidatos propostos com duas ou três urnas onde fossenecessário. De uma maneira geral houve três ou quatro can. didatos propostos. Obairro ou vila representava um- terço ou um quarto do distrito eleitoral o quesignifica que haverã três ou quatro candidatos para cada assento nas eleiçõesmunicipais de Outubro que serãa efectuadas por votação secreta. Nos casos emque não houver uma maioria absoluta para um candidato haverá novas eleiçõesentre os dois que tiverem o maior número de votos.Nos bairros e vilas os eleitores sabiammuito bem as qualidades daqueles que seleccionaram e escolheram aqueles quemelhor pudessem representar os seus interesses. Um mês antes das eleições de 10de Outubro já fotos e biografias dos candidatos tinham sido preparadas porcomissões eleitorais locais. Essas fotografias e biografias foram depois colocadasnos lugares públicos para informar os eleitores sobre o passado político doscandidatos. Não houve campanhas pessoais dos candidatos -nada de bandasmusicais, cerveja à borla, nada de pra. messes, eleitorais demagógicas Foramfeitos todos os esforços para que os aleitores escolhessem aqueles que são maiscompetentes na tomada de decisões que afectam a vida do povo. E os 95 por centodos eleitores que estiveram presentes às reuniões de pré-selecção demonstra bemque eles compreenderam isso. Os poderes importantes ligados a assuntos locais,incluindo serviços públicos e indústria, vão agora passar a ser da.responsabilidade dos comités municipais do «Poder Populan»As eleições fazem parte de um processo fundamental de reestruturação económicae administrativa que inclui a abolição das estruturas criadas depois da vi-

R utória sobre a di tad u ra de Fulgêncio Baptista. Nessa altura (antes de 61) Cubaestava dividida em seis províncias e 126 municipalidades, divisão essa quaseidêntica à quela imposta pelo colonialismo espanhol quando Cuba tinha seisprovín. cias e 1,32 municipalidades, Ao longo do tempo iso foi mudado e em1973 já ha. via 407 municipalidades, mantendo-se ainda as seis província.s, com58 «regiões» territoriais entre as províncias o municipalidades. O pessoaladministrativo, a todos os níveis, foi nomeado pelo governo central com os

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principais poderes económicos e administrativos concen. trados ao nível regional.Entre o centro e a base havia três, ligações intermediárias; a provincial, a regionale a municipai. 38 por cento dos 200 mil funcionários do estado e serviçosauxiliares trabalhavam ao nível regional e 16 por cento ao nível municipal. Nonovo 'sistema a ser concretizado pelo corrente processo eleitoral o escalãoregional será eliminado, passará a haver 14 províncias e o número demunicipalidades será reduzido a 169. Os conités municipais do «Poder Popular»eleitos passarão- a controlar a administração oe milhares de unidades econômicase dos serviços an.teriormente administrados pelo estado.Estas mudanças aparecem na nova Constituição Socialista adoptada por 97 porcento dos eleitores num referendo realizado em Fevereiro deste ano. Aexperiência em «Poder Popular» tentada em Matanzas-uma das seis provínciasoriginais-a partir de Junho de 75 teve bastante sucesso. No entanto Fidel Castroconsiderou que o número de-delegadas tin h a sido demasiado reduzidopoucomais de 3 por cento - e um esforço muito grande foi feito na imprensa e rádio paraque houvesse mais delegadas nas eleições municipais.. Assim foi dada muitapublicidade aos liistritos elei. torais que tivessem escolhido uma alta proporção demulheres cuja média nacional no processo préselecção chegou aos quinze porcento.Para que estas mudanças fossem efectuadas em menos de um ano foi necessáriauma grande mobilização dos quadros ao Partido Comunista e das Organizaçõesdó Massa, especialmente os CDR (Comités de Defesa da Revolução) nas áreasurbanas e a ANAP (Associação Nacional dos Pequenos Fazendeiros.) nas Zonasrurais. Definiram-se novas fronteiras provinciais e municipais; foram preparadaslistas de votantes e um novo recenseamento enquanto foi lançada uma campanhaque garantisse a maior participação possível das massas em cada fase. Foiconstituída uma comissão nacional para estudar o caso, tipo, nível e organi. zação,às quais estariam ligadas «as unidades das futuras municipalidades». Seria isso adeterminar a transferência das unidades para um controle desta ou daquelamunicipalidade. A questão sobre a colocação de cerca de 76 mil quadros quetrabalhavam nas administrações regionais tem de ser resolvida. Vai ser feito uminventário de todos os empreendimentos, pessoal e . undos e haverá entãorecomendações de como redistribuir esses quadros.Na realidade há três processos a desenvolver-se ao mesmo tempo que afectam oquotidiano e Xrabalho de praticamente todos os cidadãos cubanos:a) nova divisão política e administrativa do pais;b) eleições para os órgãos governamentais, aos níveis municipal,, provincial onacioRal; ec) introdução de um novo sistema dedirecção económica e planeamento ajustada à nova situação de poderes ecompetências descentralizadãs ao nível local.Tudo isto tem em vista uma redução da burocracia na administração e processoprodutivo. Um corpo coordenador, «subordinado ao escalão mais alto do Partido eEstado», está a ser estabelecido para definir as fronteiras entre as competências do

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estado, província e municipalidade, e para estabelecer as ligações entre asvariadíssimas actividades a serem desenvolvidas.O próprio estabelecimento de novas listas eleitorais é em si Aima tarefaimportantíssima que envolve o registo de todos os votantes que tenham nascidoantes do dia 11 de Outubro de 1960, ou nesse dia, (desde o fim de 1958 apopulação de Cuba cresceu de 6,76 milhões a 9,29 milhões).Entre os serviços a serem transferidos para os comités executivos municipais eprovinciais encontram-se os serviços públicos -sanitários e educacionais, hotéis,restaurantes, cantinas e centros de recreação, o circuito de distribuição comercial,os serviços de transporte municipais e provinciais, reparação de casas, compra edistribuição de carne, fruta e vegetais, assim como as indústrias locais que servemas necessidades provinciais e municipais.Baseada na experiência da provnci3 de Matanzas está a ser criada legislação queregulará as competências e responsabilidades dos órgãos centrais do estado comos órgãos municipais e, provinciais que lhes correspondem.É um procesco corajoso e compreensivo este que está a ser posto em movimento ereflecte as experiências-positivas e negatívas-de 17 anos de poder estatal e um anode experiência adquiridas sobre o Poder Popular na província de Matanzas.A elevada participação do público nas partes do, processo jádesenvolvidasaprovação de uma nova Constituição e pró-selecção de candidatospara os ór. gãos de base do Poder Popular -é em si um sucesso. Nas minhas visitaspelo país; nas fazendas, fábricas e escolas encontrei muito entusiasmo por estafase excepcionalmente importante da Revoluçã Cubana.PorWilfred Burchet«TEMPO» N.- 313- pág. 51

o mpalí e ssu aaeiôA, vo DA 1IC LIR 1 AooÓJ~MO» N,- 313- pág. 52

Quando há alguns meses começou a ser ouvida no nosso, País a chamada «Voz daAfrica Livre» muita gente começou a interrogar-se *sobre os seus objectivos, aperguntar que interesses se escondem por detrás desta nova emissora reaccionáriae a quem servem as suas mentiras. Mas também houve logo quem a identificassecom a voz do inimigo por saber que está instalada na terra do Smith.Na realidade, a chamada «Voz da Africa Livre» representa a voz do inimigo. Masque inimigo? A primeira resposta que nos surge é que este inimigo se chamaimperialismo. Mas dizer só que é o imprrialAismo é muito vago. Todos sabemosque o imperialismo é um sistema, que é o estádio superior do capitalismo, e quetem os seus agentes, que precisa de agentes que o sustentem. E, neste caso dachamada «Voz da Africa Livre» os principais agentes do imperialismo são oengenheiro Jorge Jardim e dr. Domingos * Arouca.

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Certamente não é por acaso que o engenheiro Jorge Jardim e Domingo Aroucaaparecem ligados à chamada «Voz da África Livre». Eles são mesmo osprincipais responsávpis pelo funcionamento daquela çmissora montada peloimperialismo em Gwelo, próximo de Salisbúria, capital da colónia britânica daRodésia do Sul. E porquê? Porque os interesses de. Jardim e Arouca defendem,são os interessesý do imperialismo.O engenheiro Jorge Jardim é bem conhecido do Povo moçambicano d e s d e otempo colonial em que se !.definiu c o m o salazarista convicto e tentou travar aLuta de Libertaýção Nacional formando o seu exército pessoal, os tristementefamosós «GE's» e «GEP's». O Arouca1 é um ambiciosQ latifundiário da região deInhambane onde possuía grande extensão de terras que foiý obrigado a abandonarpor imposição das populações, após a vitória dla FRELIMO sobre o colo-nialismo português, o que o levou a abandonar o País.Mas, para compreendermos melhor as posições destes agentes do i n i m i g o,para compreendermos quais os objectivos que pretendem atingir c o m as suasmentiras, é preciso conhecermos um pouco do seu passado, é preciso sabermosporque é que aqueles dois homens que ainda não há muito tempo diziam estar dolado do Povo moçambicano atacam, agora todas as conquistas da nossaRevolução.JARDIM:-UM HOMEM DA ESCOLA DE SALAZARO engenheiro Jardim é um homem com uma formação fascista, que adquiriu nosbancos da escola e foi cultivando ao longo dos primeiros anos da sua carreirapolítica até chegar a sub-secretário de Estado, c a r g o que desempenhou duranteo regime de Salazar. Mes-«TEMPO» N.- 313- p&g. 53I [ k'Í/III!IFAIA-VO A RAPiO AFRICA E TAN5M.T ID PAA MQÇAMBgi'I/F :1 II~I.11111N!

mo depois de ter abandonado aquele posto governamental e quando já seencontrava em Moçambique as suas' relações com o velho ditador, que oprimiu oPovo português durante meio século, foram sempre amistosas. O próprio JorgeJardim ainda hoje faz questão em recordar esta amizade, talvez por saber melhordo que ninguém que Salazar sempre foi homem que teve p o u coscolaboradores em quem confiasse abertamente.Uma vez em Moçambique, onde aparece ligado a grandes interesses económicoscomo mais adiante veremos, Jorge Jardim revelou-se dos-mais acérrimosdefensores da guerra colonial. As suas-ligaçõescom os generais do exército" colonial são bem conhecidas, especialmente comKaúlza de Arriaga, outro faAcista da escola de Salazar. Porém,, a evolução daLúta Armada de Libertação Nacional condu-. zida pela FRELIMO levou-o a

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compreender que Portugal não tinha qualquer hipótese de sair vitorioso' de umaguerra que nunca quis evitar. £ então que começam a surgir divergências comMarcelo Caetano outro homem que tinha sido ministro no tempo de Salazar, cujapolítica s e g u i u cegamente até ser derrubado em 25 de Abril de 1974.P o d e r á parecer estranho que tenham surgido contradições entre Jardim eCaetano, quando se sabe que ambos defendiam os interesses do capitalismo e da bu r g u e s i a mundial, isto é, do imperialismo. Mas, a explicação é simples:Caetano que nunca tinha éonseguido libertar-se da política traçada pelo «mestre»Salazar estava completamente ultrapassado pelos acontecimentos e já não serviaos interes,ses do imperialismo norte-americano e europeu, em virtude de nãoconseguir uma s o 1 u ç á o para o «problema colonial»; Jardim apresenta-se nessaocasião como um «progressista», como o homem capaz de pôr em prática uma«solu-ção» negociada (leia-se neocolonial), como interessava ao imperialismo, tentandovender o s e u plano que viria a ficar conhecido como o «Programa de Lusaka».Caetano não aceitou esta hipótese, o que muito desgostou Jardim, como sedepreende na leitura do livro que recentêmente editou em Lisboa com o título«Moçambique Terra Qeimada» onde a determinado passo manifesta a sua mágoapor se ter desprezado a «Comunidade Lusíada». Recorde-se a propósito, que jáSpinola ao escrever o seu «Portugal e o Futu-ro»,,na mesma época, preconizava também a formação da «Comunidade Lusíada»ao. defender uma solução neocolonial para-as ex-colónias portuguesas.Com isto fica bem claro que os interesses defendidos por Jardim são os mesmosque os defendidos por Spínola. Um estava em Moçambique e o outro na Guiné-Bisscau mas ambos desempenhavam (como ainda desempenham) o papel deagentes do imperialismo, de que a chamada «Voz da África Livre» é apenas aporta-voz.AS LIGAÇÕES CAPITALISTASDE JARDIMAo aparecer por detrás da chamada «Voz da Ãfrica Livre», Jorge Jardim procuracriar a confusão e dividir o Povo moçambicano para tentar de novo regressar aMoçambique. Mas, ele não quer voltar só por gostar muito desta terra, como diz.Não. O que ele quer é recuperar ,os seus privilégios nas dezenas de empresas aque se encontrava ligado, quer por nelas ter investido dinheiro, quer porrepresentar os capitalistas que estavam em Portugal para onde eram enviados oslucros obtidos à custa da exploração dos trabalhadores moçambicanos.De facto, o engenheiro Jardim encontrava-se ligado> a dezenas de empresas.Após ter deixado de servir os interesses do grupo Bulhosa > ele aparece ligado aogrupo Champalimaud, ao grupo Abecassis e ao grupo Sã Alves.Entre outras empresds, ao primeiro daqueles grupos pertenciam o Banco Pinto eSotto Mayor, Com panhia de Cimentos de Moçambique, Cifel, Companhia deSeguros Mundial e Confiança, Consul, Mobeira, Organização Técnica deInvestimentos Moçambicanos, Parceria Marítima do Xai-Xai, Química, Geral,Sociedade de Estudos e Investimentos, Somoque, etc.Ao grupo Abecassis pertenciam a Ermoque e a Lusalite de Moçambique e aogrupo Sã Alves a Auto-Viação do Sul do Save, Centro Turístico de Moçambique,

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Silva e Mon teiro, Lda. Tempográfica, União Comercial de Moçambique,Empreendimentos Comerciais e Industriais de Moçambique, Sobrauto, etc. Mas, oengenheiro Jardim estava ainda ligado à Açucareira de Moçambique, Notícias daBeira e Com-«.... ....... ..«:.;.x««..N~«4~. ""' ' ~ ~.......~ ~ ... ."-~ *.',.e.S*.~\ .w.:.... ~....... -.,<TEMPO, N~ 313- pág. 54A PRATICA DA MENTIRANo passado dia 26 foram divulgadas as resoluções dos presidentes dos países dalinha da frente sobre as propostas conjuntas do imperialismo norte-americano, doscolonialistas ingleses e do, regime ilegal de Smith para a capitulação deste eentrega do poder 4 maioria africana da Rodésia.As resoluções foram bem claras e inequívocas, a linguagem em que foramdivulgadas clara e inequivoca. Dada a sua importância no contexto internacionalnertenceram-lhe o destaque de primeira notícia em todos os noticiáriosinternacionais.Pois, até essa noticia as vozes quizumba tiveram a desfaçatez de deturpar. Porexemplo a notícia dada pelos reaccionários da chamada «Voz da América» (noseu noticiário «para os países de expressão portuguesa» das 00.30 horas locais dodia 27) - que apesar disso também abria o noticiário .-foi que «o congressoamericano se congratulava com a decisão dos países negros do sul de Africaterem aceite as propostas de Kissinger e Smith». Mais adiante eram tambémdeturpadas declarações do Presidente Nyerere.Para manter a prática de mentir, caluniam as decisões dos cinco presidentes,caluniam e põem a ridículo o próprio Congresso americanO..,

Engenheiro Jorge escola de Salazar, trabalham pides é bique em 7 de Se planocom o apo neocolonial mtnorpanhia Editora de Moçambique cujo conselho editorial fazia pl juntamente comMiguel Mur desertor da FRELIMO e hoje t bém ligado à chamada «Voz Ãfrica.Livre».São também conhecidas as lações do Jardim com o dr. ]äýz Presidente do Malawi,com ofie reaccionários portugueses c Alpoim Galvão, Casanova Fez ra, Spínola, emais recenteme com os principais «dirigentes» partidos fantoches formadosMoçambique depois da vitória FRELIMO, especialmente o GU de Joana Simeão.W perigoso agente do imperialismo saldo do igado à chamada «Voz da Á/ricaLire» onde assaltaram o então Rádio Clube de Moçam. (foto de cima), acção quefazia partede um ara' instaurar em Moçambique um governo o que Smith aindamantém na colónia britaRodésia dod Sul.de vam, para o que montou todo um arte «esquema» publicitário à volta inipa,cluindo a organização dos concuram- sos de «misses» para obter mais da prestígiointernacional, Jardim continua a ter boa «aceitação» na imre- prensa reaccionária,principalmenida, te a portuguesa e sul-africana, que !ais preenchem largos

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espaços com as )mo suas declarações fantasiosas. Não Tei- contente com tudoisto, ele surge 'nteagora também ligado ao eX-latifun. em diarios de Inhambane, dr. Dominda gosArouca, outra controversa fiMO gura política.que depois de se definirnnrn 1.~A,4-, f-..,.,A DUPLA JARDIM-AROUCAk posteriormente, defensor da FRELIMOsurge .agora como inimigoHabituado como estava a mobi-, declarado do Povo moçambicano lizar asatenções dos que o rodea- por ter compreendido que já não«TEMPO» N.o 313" pg, 55

, tinha qualquer possibilidade de continuar a exploração a que se tinha habituadono tempo colonial.Após o 25 de Abril em Portugal, Arouca não esconde a sua simpatia pelaFRELIMO. Numa alocução proferida através do então Rádio Clube deMoçambique, ele afirma, em 18 de Agosto de 1974: «Sóa seiva revolucionária daFRELIMO poderá conduzir o nosso povo à reconstrução da terra e, por essemotivo, urge proceder honestamente e sem subterfúgios à imediata trans--se a Portugal, nunca mais regressando a Moçambique.Desde aquela data, Domingos Arouca passa a ser objecto da curiosidade daimprensa reaccionária portuguesa que passa publicar as sýuás declarações, as suaspalavras de hostilidade à vanguarda do Povo Moçanbicano-a FRELIMO. Ele nãotinha conseguido com as suas palavras de apoio à FRELIMO continuar a ser«senhor» de terras, não tinha conseguido pôr em prática o seu plano pessoal pa-missão de poderes para aqueles ra continuar a expioraça< que verdadeiramenteservem os çambique. Por isso passo, ihteresses do pdúo moçambicano», o ladodo inimigo, passoi É senpre dentro desta linha de o lado dos exploradores,pensamento que Arouca fala vári- a Jorge Jardim e a outra as vezes na rádio e emreuniões nários na chamada «Voz públicas, pois «a nação já se es- ca Livre».Colheu a si própria-e escolheu a FRELIMO». Porém, as coisas co OS OUTROSAGENTES meçam a correr mal, Arouca não DO IMPERIALISMOconsegue «intensificar a plantação de coqueiros na minha proprieda- Jardim eArouca são de'», como tinha projectada fazer, agentes do imperialismo e emNovembro Oe 1974 desRloe- por detrás da chamadaÁfrica Livre». Mas com eles, solídârios nas suas campanhas de mentiras, deboatos e de calúnias, estão outras figuras bem conhecidas como Gwengere eMurupa, que depois de desertarem da FRELIMO se aliaram ao colonialismoportuguês. Pires de Carvalho, ex-Urector da Mina de Mavúsi,.-em Tete, tambémfiel servidor do colonial,fascismo, além de ex-pides e comandos directamenteimplicados na tomada do então Rádio Clube de Moçambique, em 7 de Setembrode 1974. Um dos locutores do programa é João Maria Tudela, que saiu deMoçambique em 1965, e se revelou um dos homens de confiança de Jorge Jardim,cujos ipteresses defendeu em Lisboa, antes de ser igpulso de Portugal pelo COPCON que o acusou de ligações com a ex-PIDE/DGS.Mas, estes são apenas os agentes visíveis do imperialismo, os representantesdirectos do imperialismo norte-americano. Por detrás deles está a CIA,

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financiando a chamada «Voz da Ãfrica Livre» e executando os planos dasemissões que os referidos agentes põem em prática.Mas, o que pretende esta emissora reaccionária ao atacar o Presidente daFRELIMO e da República Popular de Moçambique, os membros do ComitéCentral e do Governo, as Aldeias Comunais, as nacippalizações. a Informaçãomoçambicana, os Grupos Dinamizadores e todas as conquistas do Povomnoçambicano, assim como os presidentes e personalidades de países amigos que:empre nos ajudaram durante a LPta de Libertação Nacional e nos apoiam agorana fase de Reconstrução Nacional?Como está bem provado, pretende apenas criar a confusão junto do Povo, criar odescrédito dos governantes, provocar a sua separação ds Massas, abrir brechas nonosso seio para. poder infiltrar os seus agentes-estes mesmos agentes que jáidentificamos e que estão «tristes» por terem perdido os seus privilégios, as suasempresas, os seus prédios, as suas terras. ] eles estão a tentar dividir-nos, enfraquecer-nos, para poderem regresskr e continuarem a sua exploraçao.'dois dos que estão «Voz da..........-...--......... .. -.......«« ~ ~ ~ a.., - «~»'~- ~ .........................a.a..-......~.TeMPO» N. 313- p~g. S6

o o RD*q oD

John Vorster e Henry. Kissinger que têm 'tWntado aparecer como os libertadoresdo povo zimbabweano através de pressões sobre Ian SmithSmith não escondeu que assim foi quando afirmou o seguinte no discurso do dia24-: «Nessas reu. nióes e posição da Rodésia em relação ao resto da AfricaAustral e em relação aos paises ocidentais foi discutida detalhadamente. Aquestão foi-me posta em termos muito claros... Enquanto prevalecerem aspresentes circunstâncias na Rodésia não poden•os esperar ajuda nenhuma enenhum apoio do mundo livre. Muito pelo contrário, continuarão a aumentar aspressões do mundo livre sobre nós. O Dr. Kissinger tem estado a trabalhar emestreita colaboração com o governo britânico e ele tem o apoio total das principaispotências ocidentais». E mais adiante: «Os governos inglês e americano,conjuntamente com as outras potências ocidentais, chegaram a acordo sobre o tipode soluções para a Rodésia e estão decididos a materializá-las., A alternativa auma aceitação das propostas foi-nos explicada em termos tão claros quü não dãoazo a incompreensões».A PROPOSTA DE KISSINGERZ a seguinte a proposta apresentada por Kíssinger a Ian Smith em Pretória:1) O governo Rodesiano aceitao estabelecimento de um go«TEMPO» N.o 313~. pág. 58verno de maioria dentro dedois anos.2) Haverá imediatamente uma

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reunião entre representantes do governo Rodesiano e «dirigentes africanos» paraestabelecerem um governo provisório que operará até à tomada do poder pelogoverno de maioria.3) O governo provisório consistirá de um Conselho de Estado e de: um ConselhodeMinistros.a) O Conselho de Estado é oórgão supremo e será composto por duas partes iguais; metade de brancos e aoutra metade de negros. As deci-sões serão tomadas por consenso ou por maioria de dois terços quando houvernecessidade de votação. A tarefa principal do Conselho de Estado é a elaboraçãode uma Constituição para o futuro Zimbabwe e estudo e aplicação dosmecanismos q u e governarão o processo eleitoral. A sua primeira tarefa énomear o Conselho de Ministros.O Conselho de Estado terá um presidente branco sem voto especial. O Conselhode Estado terá poderes legislativos.b) O Conselho de Ministros te-rá uma maioria de negros e um primeiro-ministronegro. Terá poderes executivos e legislativos que lhe são delegados pelo Conselhode Estado. A votação deverá, ser feita por maioria absoluta (dois terços). Osministérios da Defesa e da Lei e Ordem serão controlados por dois ministrosbrancos.4) Após o estabelecimento dosConselhos de Estado e d e Ministros -- que estão previstos para daqui a quatrosemanas - s e r á o levantadas as sanções e acabarão todos os actos de guerrilha.5) Finda esta parte do processo os Estados Unidos da América, Inglaterra e outraspotências ocidentais começarão um plano de grandes investimentos, particular.mente n o s campos indus-EXTRACTOS DO DISCURSO D SMITIH«Enquanto prevalecerem as presentes circunstâncias na Rodésia não podemosesperar ajuda nenhuma e nenhum apoio do mundo livre. Muito pelo contrário,continuarão a aumentar as pressões do mundo livre sobre nós»..«0 governo inglês e americano, conjuntamente com as outras potências ocidentais,chegaram a acordo sobre o tipo de soluções para a Rodésia e estão decididos amaterializá-las»...«Infelizmente não conseguimos que as nossas opiniões prevalecessem apesar determos conseguido fazer algumas modificações na proposta»...«Mandei uma mensagem ao Dr. Kissinger dizend04he que aceitamos as propostasdesde que as outras partes também as aceitem e se forem levantadas todas assanções e acabarem todos os actos de terrorismo»...«Infelizmente bá muito que não pode ser dito»...

trial e mineral. Será criado no estrangeiro um Fundo que tem por missão garantiresse financiamento e a preparação de novos técnicos.É'este, em poucas palavras, o plano apresentado por Kissinger.AS PROPOSTAS DE PRETõRIANAO REPRESENTAM...

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«Seria desonesto da minha parte se não dissesse, em termos claros, que aspropostas que nos foram feitas em Pretória não representam aquilo que na nossaopinião seria a melhor soluçãopara os nossos problemas... Infelizmente não conseguimos que as nossas opiniõesprevalecessem apesar de termos conseguido Iazer algumas modificações naproposta». Quais são essas modificações que prejudicam de certo modo asinteções imediatas do imperialismo?Duas delas saltam à vista imediatamente ao olharmos para o plano. Em primeirolugar o facto de ser o governo Rodesiano a reunir-se com «dirigentes» africanos.Em segundo lugar o facto de os ministérios da Defesa e daNoventa ainos de coloniaflsmo e sofri o fim das baionetas e das balas racistas (Nagravura jovem zimbabweano com dados iivýLei e O r d e m continuarem nas mãos de brancos nomeados pelo regime.A essência de todo o esquema é esta: Smith pôs-se na posição de ser ele acomandar todo o processo dentro da Rodésia. Se Kissinger foi claro em Pretóriatambém Smith o foi e no dia 24 afirmou essa posição de vergar um pouco paranão perder tudo. Disse Smith: «Mandei uma mensagem ao Dr. Kissinger dizendo-lhe que aceitamos as propostas desde que as outras partes também as aceitem e seforem levantadas todas as sanções e acabarem todos os actos de terroris1 mo».Smith pôs-se portanto na posição de abandonar o poder quando não'houveroposição armada. Mas esta existe precisamente porque ele, não quer abando nar opoder.«O Dr. Kissinger garantiu-meque temos u m objectivo comum.., que é manter a Rodésia no mundo livre». Agarantia de Kissinger não ficou pela manutenção do futuro Zimbabwe nadependência das multi-nacionais. Essa garantia foi mais longe segundo Smith. Agarantia envolve o levantamento das sanções e o fim da guerra. Disse Smith: «Agarantia é dada não só sob a autoridade do governo dos Estados Unidos mastambém sob a do governo britânico». 'Por outras palavras, o imperialismogarantiu a Smith o fim da guerra, garantia essa que só pode basear-se no envio detropas para a Rodésia, quer elas v e n h a m da Africa do Sul quer de qualqueroutro país capitalista ocidental. Essa hipótese e muitas outras estão contidas numasó frase pro- « nunciada por S m i t h : «Infelizmente há muito que não pode serdito».O chefe do regime racista rodesiano disse também que «as forças de segurança etodos aqueles que vivem nas áreas afecta«TEMPO» N.o 313- pág. 59

das» deverão continuar a actuarAO K ISSINGER como dantes porque «é possível que hajaum aumento imeSosuto1 potsprnias d po de [issi'ge.: diato etemporário» da activida1) [ ,í over R a e r, [sableimnt íe aiori'a,] de deguerrilha. Disse tambémdenro de dois an,. que todas as pessoas ligadas aocomércio deveriam g u a r d a r o2 u e representantes do govrno[oel es» * - o' o o o, maior segredo,particularmente

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para estabelcit de m grno iório. sobre as sanções; essas pessoas«deverão tomar o maior cuidado3 i) ge piório s copot p u C dEsd ii um* para que nadaSeja reveladosoCoslhiist 0 plrmeiro comgualnm dbc1re as breaviolaçãodassanções».um preiet b ¿íranco sem vope os und 'o com u .Iiír, Estas medidas todasrevelam negra e com ulri negro. até que ponto é que Smithse4) Lvanameno d toaasnõsesaão de todos osactos gu..r ,] [ conseguiu pôr noposto de comando de todo o processo de transformação. Muito simplesmente,'o.) , Gr fn e pr p da potêncis o quis ser ele a escolher os, taiso governo sul-africano tenta acabar com o problema Rode siano ant que a lutaarmada alastre ãaÁf rica do ui e eleve a presente revolta do povotexplorado a umnível mais alto: a revolta ýarmada nos «townsháps», dreas rurais e fábricas.«TEMPO» N,- 313- p69. é,0

países capal<stas como futuro dirigente Ia de se sentar à mesa das negociações aacordo sobre quem negociará com os ,ência de poderes.- sobre a própria intransigênciado regime racista de Salisbúria.O ZPADIZ NÃO- No dia 25, pelos microfones da- Rádio Moçambique, o ZIPA fezanunciar a sua posição face às- manobras de Smith e do imperialismo. Num comunicado/análise da situação oZIPA afirmou:« O Exército Popular do Zimbaí bwe - ZIPA -- não luta para terum primeiro-ministro negro instalado em Salisbúria enquanto ficar intacta amáquina da opressão e exploração. A posição do ZIPA foi tornada muito clara háalguns dias pelo nosso Comissário-Político adjunto quando eleafirmou: «Nós não somos racistas.Não estamos a lutar contra o regif-ne de Smith simplesmente por que ele éconstituido por brancos. Nós estamos a lutar contra o sistema que eles defendem etentam perpetuar».O que Ian Smith disse ontem à noite demonstra que é sua intenção perpetuar e d ef e n d e r o sistema contra o qual lutamos». Referindo-se depois ao significadodas manobras de Smith o comunicado diz: «Esta é mais uma derrota dos racistas emais uma vitória para a luta armada. Mas NÃO É A VITõRIA FINAL.Repetimos, NÃO É A VITõRIA FI, NAL». E mais adiante: «A guerra não acabouno Zimbabwe... Agora entramos num novo estado da guerra.... todos os soldadosdo regime.., devem render-se ao ZIPA». E o comunicado termina: «Qual é atarefa do povo do Zimbabwe e do ZIPA? A tarefa é intensificar a luta armada.Quando se parte a coluna vertebral da cobra não se para. Ataca-se a cabeça. É issoo que vamos fazer agora».PAÍSES DA LINHA DA FRENTE:UMA REUNIÃO HISTÓRICA

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Nos dias 25 e 26 os presidentes de Angola, Botswana, Zâmbia, Tanzania eMoçambique reuniram-se em Lusaka para apreciar o ,plano divulgado no discursode Smith e para analisar a situação da «luta de Libertação Nacional do Povo doZimbabwe contra o colonialismo britânico e contra o regime ilegal, minoritário eracista», como se pode lernum comunicado apresentado à imprensa internacionaldepois do histórico encontro.Os presidentes Agostinho Neto, Seretse Khama, Julius Nyerere, Kennèth Kaundae Samora Mache, fizeram lembrar à Inglaterra que a luta do povo do Zimbabwetem sido também «contra o colonialismo». É e s t e o primeiro ponto a ter emmente precisamente porque a Inglaterra é a potência colonizadora contra a qual seergueram nacionalistas antes mesmo de Smith declarar o seu poderunilateralmente. E porque a Inglaterra tem andado esquecida disso. Dai que oscinco presidentes não tenham aceite uma conferência constitucional«TEMPO» N.o 313- plg. 61

comandada por Smith. Por isso exigiram à autoridade colonial, o governobritânico, que organizasse uma conferência constitucional «fora do Zimbabwecom os autênticos e legítimos representantes do Povo».Essa conferência terá como missão:«A) Discutir a estrutura e funções do governo de transição.B) Estabelecer o governo detransição.C) Discutir 'as «modalidades»que levarão ao estabelecimento de uma constituição p a r a a Independência doREUIO HISTÓRICA EM LUSAKA Agostinho Nento, Seretse Khama, JutiusHyerere, Kenneth Kaunda e Samora Machel reuniram-se em Lusaka nos dias 25 e26 do mês passado e rejeitaram a proposta de Kissinger. A proposta dos cincopresidentes tem dois pottos principais:1) A Inglaterra deve organizar uma conferência constitucional com os legitimosrepresentantes do povo dó Zimbabwe para:a) discutir a estrutura e funções do governo de transição; 2) Estabelecer o governode transição: 3) Discutir as modalidpdes que levarão ao estabelecimento de umaconstituição para a independência do Zimbabwe.Os cinco presidentes reafirmaram o seu apoio à luta armada.Reunião dos cinco presidenés em Lusak nos dias ,25 e 26 do mês passado. Daesquerda para a direita: Agostinho Neto, Sir Seretse Khama, Julius Nyerere,Samora Machel e Kenneth Kaunda. Apoio à luta armada do povo zimbabwe2nocontra o regime ilegal de Ian Smith contra o colonialis mo britânico.<TEMPO» N.o 313- pâg. 6'Zimbabwe.O comunicado acrescenta: :«Para atingir estes objectivos são necessárias duasfases. A primeira estabelecerá um governo de transição. A segunda tratará dospormenores da Constituição para a independência do Zimbabwe».O comunicado diz ainda: «Os presidentes analisaram as propostas tal qual foramapresentadas pelo regime ilegal e racista, que, se fossem aceites, seria o mesmoque legalizar a estrutura colonialista e racista do poder».

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E o fim do comunicado não deixa margens para dúvidas: «Os cinco presidentesreafirmaram ol seu apoio à causa da libertação do Zimbabwe e à luta armada. «ALuta Continua».Essa reunião foi histórica porque demonstra uma nova fase de unidade emÁfrica; a unidadei em volta de uma rejeição de es: truturas racistas, colonialistas..

quer dizer, a rejeição das estruturas de dependência em relação ao imperialismo.Ela é histórica porque num momento de alta responsabilidade para todos os povosda Africa Austral os cinco presidentes não hesitaram em apoiar a luta armadacomo via para a independência do povo zimbabweano. Mais, não foi comesquemas apresentados efni Pretória, e -aceites pelo capitalismo internacional,que o imperialismo conseguiu dividir os países da linha da frente. Esta unidadevai ser essencial agora que os acontecimentos se precipitam a uma' velocidadeimprevista ainda há bem pouco tempo.PARA ONDE AGORA?Para onde caminha o processo agora?O primeiro ponto a analisar é o facto de a Inglaterra ter aceite imediatamente aproposta dos cinco presi4entes. E com o consentimento dos norte-americanosconcerteza. Em primeiro lugar, a Inglaterra aceitou porque foi posta enitre aespada e a parede, isto é, não pode fugir mais à sua responsabilidadeadministrativa sobre a sua colónia, a Rodésia do Sul. Em segundo lugar, porquevê ainda nessa conferência constitucional que vai organizar, uma maneira de neo-colonizar o Zimbabwe. Basta-lhe ganhar o debate económico que sem dúvidasurgirá na conferência. O que a Inglaterra e todas as outras potências ocidentaisquerem é que a guerra não se prolongue por mais tempo para que o ZIPA nãopossa chegar à sua fase de maturação política. Por isso os ingleses vão apressar aconferência e já perguntaram aos cinco presidentes africanos quem iriarepresentar o povo do Zimbabwe.O segundo ponto é o facto de as propostas apresentadas em Pretória i r e mcompletamente por água abaixo. Já não têm razão de ser porque a Inglaterra asrejeitou ao assumir a responsabilidade de organizar a conferência, isto é, ao retirara Smith o comando ias negociações.Pergunta-se, que irá Smith fazer agora? Para já, logo que soube da decisão dosingleses marcou uma reunião do seu partido-a Frente, Rodesiana - para quarta-feira passada. Em primeira análise é difícil crerque o seu regime vai aceitar a posição britânica. Foi com muito custo que oimperialismo levou Smith a aceitar as propostas de Pretória que lhe davam umaposição de comando do processo de transformação. Portanto põe-se a hipótese-deo regime voltar ao ponto de partida: continuar a considerar-se como poder do paíse prosseguir a guerra. É isso que o imperialismo não quer porque é isso que vaipermitir aos com-batentes uma maior estatura política. Logo o passo a dar pelo imperialismo seráum afastamento de Smith, e desta vez sem compromissos que estão a custar aocapitalismo - internacional o factor essencial de todo o processo: O tempo. Oimperialismo nao pode perder mais tempo com pode. res caducos e por isso vir a

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estrangular Smith se este persistir. C o m o ? Fechando as fronteiras com a, Áfricado Sul e esperar que o regime agonize.A resposta está nas mãos de Smith, de um lado.Do outro lado está na composição zimbabweana que se sentar à mesa dasconversações com o governo britânico.Perguntamos: Quem levouSmith a aceitar algo que há seis meses parecia uma impossibilidade? Oscombatentes.Quem galvanizou o povo do Zimbabwe para uma nova fase da luta contra ocolonialismo, fora dos limites da luta legalista? Os combatentes.Quem conhece o dia a dia do povo e por ele luta? Os combatentesQuem quer oPoder Popular no Zimbabwe? Os combatentes; O ZIPA.O<TEMPOí» N.o 313- pt.6Chegada dos cinco presidentes a Lusaka.A POSIÇIO BRITÂNICAA Inglaterra aceitou a proposta dos cincos presidentes logo após ter sidocomunicada a sua posição face à aceitação de Smith. Um enviado inglês, TedRowlands, partiu imediatamente para o Botswana onde esta semana se encontroucom alguns dos cinco presidentes para discutir os pormenores essenciais daconferência constitucional que deverá ser organizada em breve.

O INIMIGO ESTA DE PÉEDE ARMAS NA _ÃO1Quando o inimigo está mori- povo continua a ser pendurado bundo, quase aperder os senti- em forcas, e as crianças servem dos, deve-se intensificar os ata debola de futebol aos soldados ques sobre ele. Ao inimigo de racistas apenasporque a sua alarmas na mão, só resta a possibi- deia «foi visitada pelosguerrilidade de o destruir. Ao inimigo lheirós do Zipa»; enquanto comsem armasdeve-se vigiar estrito tinuam a existir :campos de conmente. É errado parar-sedescan- centração e as cadeias' racistas sar-se, só porque o inimigo está aindahoje continuam superlotamoribundo. Smith está moribun- das? do, mas ainda temas armas na Proposta reaccionária e racista mão. esta dosimperialistas. PrimeiroOs imperialistas vieram a cor- Smith não aceita outro governo rer para a AfricaAustral e tra, que não seja o dele pois após ter ziam consigo oxigénio. Oxigénioaceite a proposta de Kissinger que se não tem vindo a g o r a, afirmou que «nãoestavamos em Smith acabava por morrer asfi- condições de fazer prevalecer osxiado pelos gases da fogueira da nossos pontos de vista». Em seguerra popular doZimbabwe. Os gundo lugar, a proposta imperiaimperialistas sabiam isso, têm alista manfesta racismo: «goverexperiência que lhes ofereceram no da maiorianegra». Na Rodéas guerras de libertação das ex- sia a maioria não é negra. É ex-colónas portuguesas, Laos, Cam- piorado e oprimido a maioria do bodja,Vietname, a luta de resis- povo Zimbabwano. tência do povo palestino. Ospovos em luta através das

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Kissinger v ei o e deixou uma suas vanguardas Políticas sempre proposta:«governo de maioria foram claros. O Imperialismo, o negra para a Rodésia»,apoio fi- reaccionário não tem pátria, tribo nanceiro e económico dos países corou sexo. Também os exploracapitalistas à Rodésia, Smith dos e oprimidos nãotêmcor, triaceita aformação de um governo bo ou religião. Por isso noZimtransitório, Independência dentro babwe não se quer «governo de de doisanos, Conferência cons- maioria negra», mas sim um gotitucional para criar o«governo verno' que represente a maioria de maioria negra». do povo. Eali, a maioria é expioKissinger voltou para a pátria rada e não tem cor.dos grandes monopólios capita- A proposta racista e paternalistas, para o paísque comanda lista dos imperialistas, que foi o imperialismo. Logo, os órgãoscategoricamente rejeitada pelos da imprensa burguesa e reaceio- países da Linhada Frente, mapária lançam uma campanha pa- nifesta também a ligação racista racamuflar a manobra: «Smith Africa Austral-IsraeL ,A não reanuncia acapitulação», «Smith feixência aos guerrilheiros do ZIaceita o governo demaioria ne- PA na proposta Kissinger, e a gra», «Rodésia s e r á finalmente suapretensa exigência de uma Independente», paragem da Luta Armadareve«Smith capitulou» .... Mas ai- lam a tentativa de virem aplicarguém já viu o inimigo capitular na Affica Austral a manobra feide pé e com umaarma na mão? ta no Médio Oriente para a desAlguém já viu um regime retró-truição da resistência palestina g r a d o e reaccionário capitular e a criação de umconflito entre enquanto o país está submetido os países árabes, enquanto Israel auma guerra de libertação e o e os seus natrões imperialistas«assistiam calmamente» 4 destruiçã o fisica dó seu inimigo.A não referência à luta armada leva a pressupor que o impe: riaismo-que sabiaque a posição da Linha da Frente éapoio incondicional à Luta Arma, da -pretendiatirar um governo de brancos para no lugar destes colocar um de pretos, apoiadospela tal ajuda económic e flnanceira do capitalismo internacional, e no caso doprosseguimento da Luta Armada de Libertação do Zimbabwe apoiarem esse«governo de maioria negra» militarmente, a fim de provocarem uim conflito queenvolvesse os próprios países da linha da frente destruindo as bases anti-imperialistas que são. O objectivo era. como dissemos, aplicar a manobra que tãobons resultados lhés deu no Médio Oriente onde o Líbano está neste momentodividido, a resistência Palestina enfraquecida fisicamente, e os países árabesdesunidos.Na' Africa Austral a manobra não resultou. Os Chefes de Esta do dos países daLinha da Frente rejeitaram a proposta imperialista apresentando uma contra-proposta que destaca abertamente que quem criou condiçes para a Independênciano Zimbabwe foi a Luta Armada e por isso apelaram à «autoridade colonial, oGoverno Britânico, no sentido de realizar imediatamente uma Conferência fora doZimbabwe com os autênticos e legítimos representantes do Povo zimbabwano».Os Imperialistas não lograram impôr a sua manobra. De qualquer modo devemosestar atentos ao espírito da vitória, ao oportunismo de direita que é um dosinstrumentos da reacção para nos dividir.O inimigo ainda não caiu, e está de armas na mão.

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