n., 468 - 30 de setembro - 1979 - 15$00 -...

57
N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 MAPUTO - REPÚRLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUE PROMOVER A SAODE LIBERTAR O HOMEM IFPLM REFOICAR [ "COM AS MASSAS NTIMA ,%mbro 7 15."ANIVERSÅIO 0 IMC10 DA UTA ARMAI>A E LIBERI-A(ýAO N "lACIONAL Semana nacional ..... O PAIS 29.a Sessão do Comité Regional da OMS * Cuidados de saúde primários assentam na experiência.da luta armada. (a partir da pág ............ ...... 6) 25 de Setembro: " A festa' da Revolução " Festival cultural e desportivo " O desfile na Avenida 25 de Setembro (a partir da pág ........... 14) «Como tomou conhecimento da luta armada?» ................... 26 Serviço Militar Obrigatório ........29 Você não sabe nada... burro! .... .... ... ....... .... .... .... .... 31 Como é atribuido o trabalho na sociedade socialista .. ......... 34 INTERNACIONAL Conferência de Londres: A questão dos lugares no futuro parlamento .... 42 República Centro-Africana: O fim de um palhaço ....... 48 Montoneros caem em combate ............... ........... 48 José Eduardo dos Santos novo Presidente angolano ............. 49 Internaconal/Imagens .... ....... . .... .... ... 50 Dos leitores ................................. ... .... 52 Lágrimas sentidas, Iêgrimas do povo ....5....6.... .... õ6 Apontamentos sobre a História de Moçambique ........ 58 Eis as armas ........................................... 62 Poema .............. .... ............................ 63 Palavras cruzadas ................. ............... ...... 4 B- -10ot e ea d o 2 N Cota m

Upload: vutram

Post on 10-Nov-2018

242 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00

N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00MAPUTO - REPÚRLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUEPROMOVER A SAODE LIBERTAR O HOMEMIFPLMREFOICAR [ "COMAS MASSASNTIMA

,%mbro 715."ANIVERSÅIO0 IMC10 DA UTA ARMAI>A E LIBERI-A(ýAO N "lACIONAL

Semana nacional .....O PAIS29.a Sessão do Comité Regional da OMS* Cuidados de saúde primários assentam na experiência.da lutaarmada.(a partir da pág ............ ...... 6)25 de Setembro: " A festa' da Revolução " Festival cultural e desportivo " Odesfile na Avenida 25 de Setembro(a partir da pág ........... 14)«Como tomou conhecimento da luta armada?» ................... 26Serviço Militar Obrigatório ........29Você não sabe nada... burro! .... .... ... ....... .... .... .... .... 31Como é atribuido o trabalho na sociedade socialista .. ......... 34INTERNACIONALConferência de Londres: A questão dos lugares no futuro parlamento .... 42República Centro-Africana: O fim de um palhaço ....... 48Montoneros caem em combate ............... ........... 48José Eduardo dos Santos novo Presidente angolano ............. 49Internaconal/Imagens .... ....... . .... .... ... 50Dos leitores ................................. ... .... 52Lágrimas sentidas, Iêgrimas do povo ....5....6.... .... õ6Apontamentos sobre a História de Moçambique ........ 58Eis as armas ........................................... 62Poema .............. .... ............................ 63Palavras cruzadas ................. ............... ...... 4B- -10ot e ea d o 2NCotam

Page 2: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

ORGANIZAÇõES DE MASSAS SAODAM CHEFE DE ESTADOAs Organizações Democraticas de Massas - OMM, OJM, ONJ e Conselhos deProdução - reafirmaram a determinação do povo no cumprimento dasorientações do Partido FRELIMO, quando na manhã do dia 22 saudaram odirigente máximo da Revolução moçambicana pela maneira como representou edefendeu a nossa linha política na recente Cimeira dos Nãò-Alinhados realizadaem Havana.A representar es Organizações de Massas estiveram presentes os respectivosSecretários-Gerais ou seus representantes, assim como alguns membros destas. OPresidente Samora Machel, que estava acompanhado do Inspector de Estado,Raimundo Pachinuapa, e Bernardo Honwana director do Gabinete daPresidência, depois de referir, que o imperialismo continua com as suas agressõesao nosso pais, saudou através das Organizações de Massas, os operários,camponeses, trabalhadores da f'nçãqo pública, artesãos e intelectuaisrevolucionários pela sua coragem e espírito de solidariedade militante que temsido a constante de cada Moçambicano apesar destas ameaças do inimigo.No final do encontro, o Chefe de Estado resumiu como decorrera a Cimeira deHavana denunciando as tentativas do imperialismo em infiltrar porta-vozes doinimigo no Movimento dos Não-Alinhados. Estas manobras fracassaram fazendocom que os membros do Movimento consolidassem ainda mais a sua unidade.CONSELHO CRISTÃO CONDENA AGRESSÕES RODESIANASO Conselho Cristão de Moçambique, que congrega doze igrejas protestantesmoçambicanas, enviou ao Presidente da República Popular de Moçambique,Samora Moisés Machel uma mensagem condenando as recentes agressõesperpetradas pelo regime Ilegal de Salisbúria contra o nosso pais.«Como cidadãos que amam a sua Pátria, como cristãos que sofrem com os quesofrem dizia a mensagem, não podemos ficar indiferentes perante tão lamentáveisaconte. cimentos. Muito respeitosamente desejamos afirmar a Vossa Excelência anossa solidariedade com todo o esforço feito para o bem-estar donosso Povo e para o restabe- de Manlca e Sofala) Igreja de lecimento da paz nonosso Cristo do Norte, Igreja MetoPais.» dista Unida deMoçambique,O Conselho Cristão de Mo- Metodista Wesleyana em Moçambique é um órgãoreligio- çambique, Igreja Reformada so constituído -e seguintes emMoçambique, Igreja Evanigrejas: Igreja União Baptísta géilca do Bom Pastor,Igreja em Moçambique, Igreja Meto- Anglicana em Moçambique dieta Uvre deMoçambique, (Diocese dos Ubombos) e SoIgreja do Nazareno em Mo-dledade Bíblica de Moçambiçambique, Igreja Presbiteriana quede Moçambique,Igreja de Cristo em Moçambique (ramoREPELIDO ATAQUE RODESIANO A PROVÍNCIA DE SOFALAO Ministério da Defesa Nacional do nosso País divulgou no pasado dia 21 umcomunicado em que dá a conhecer mais um ataque inimigo prontamente repelidopelas FPLM na Província de Sofala. As tropas rodesianas retiraram-çn com baixase sem alcançar o objectivo pretendido.Publicamos o t,xto do reftrido comunicado:

Page 3: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

As Forças Poptelares de Uberíçao de Moçamojque, firmes na sua tareia de defesada Pátria, recnaçaram na bemana passada dois ataques do exercizo racista daHoaesia do Sul que tinham como objectivo a destruição da estação troposférica doMonte Xiluvo na província de Sofala.O primeiro ataque verificou-se cerca da uma hora da madrugada de 13 deSetembro quando um grupo de cDmandos rodesianos helitransp orta dos, tomol,posição nas imediações, assaltando em seguida a sala de rádio e a residência dostécnicos daquela estação.A pronta resposta das FPLM estacionadas no local obrigaram o inimigo a retirarem debandada abandonando muito material de sabotagem que não tevepossibilidade de utifizer.Do assalto á sala de rádio, efectuada com granadas de mão resultaram prejuízosavaliados em cerca de 60 mil contos.Algumas horas depois, um segundo grupo de comandos rodesianoshelítransportados voltou a atacar no mesmo local. O fogo intenso e adeterminação das Forças Populares de Ubertação de Moçambique repeliram oagressor fazendo-o retirar com baixas.No lado moçambicano não houve perdas de vida humanas a registar, embora hajaferidos graves.O centro de rádio-comunicações de Monte Xiluvo, que o inimigo pretendeudestruir totalmente, proporcionará pela primeira vez à República Popular deMoçambique comunicações telefónicas e telegráficas automáticas de qtalidadeentre todas as capitais provinciais. Ele constitui um importante factor do nossodesenvolvimento económico e social.Os ataques de que foi alvo inserem-se no conjunto de acções que o exércitorodesiano tem vindo a desencadear em grande escala desde princípios deste mês.Estes ata-

ques visam afectar a nossa -lhe pesadas derrotas obriganeconomia e neutralizar oses- do-o a retirar. forços. do nosso povo para a Com a colaboração estreitacrescente melhoria do seu e activa do nosso Povo, as bem-estar. Eles visamainda Forças Populares de Ubertafazer diminuir o nosso apoio ção deMoçambique mantêmintemacionalista ao Povo do -se fimos e déterminadas noZimbabwe em luta pela sua seu posto de combate para libertação total e completa.a defesa intransigente dasFazendo frustrar os objecÜ- conquistas da Revolção e da vos do inimigo, asForças Po. soberania do nosso Pais. pulares de Ubertação de Moçambique têmvindo a infligir-cação. Assim para além do estado da metodologia das matriculas para 190,houve aulas teóricas e práticas sobre a metodologia de planficação, do Distrito atéà Escola.Constava do programa uma .xpedlí prátc de planificação para 1980 no distritoda NamaacIu ...O Presidente do Partido FRELIMO e Presidente da República Popular deMoçanbique, Samora Moisés Maehel, recebeu no passado dia 20 o Direc tor-

Page 4: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

Geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) Dr. Halfdan Mahler. A esseencontro esteve tam. bém presente o Ministro da Saúde, Hélder Martins.Halfdan Mahler esteve em Moçambique a convite oficial do Governomoçambicano. Durante a suá estada teve ocasião de assistir às primeiras sessõesda 29.a Sessão do Comité Regional para AfricaPLANIFICAÇÃO DAEDUCAÇÃOEM MAPUTODecorreu de 17 a 21 do corrente mês em Maputo, no Centro de Lhanguene, a 1.afReunião Provincial de Planificação da Educação, organizada pela DirecçãoProvincial de Educação e Cultura de Maputo. Nela participaram responsáveis deEducação de todosos distritos da provincia e também responsáveis Provinciais ligados a este sector..Neste encontro foram estudadas as formas da materialização das orientações da VSessão do CC do Partido FRELIMO e da IV Sessão da Assembleia Popular sobrea Edu-Uma delegação de cooperantes chilenos. fez entrega ao Presidente Samora de 50mil escudos destinados ao aumento da nossa capacidade defensiva. Nesse encon.tro, verificado no dia 21, o Chefe de Estado moçambi. cano falou do avanço darevolução no mundo e do derrube das ditaduras mais. sanguindrias na AméricaLatina e em Africa. Por isso o regime de Pinochet tam. bém será derrubado.0 Presidente Samora Machel agradeceu o esforço feito pelos cooperantes chilenosem vários sectores ,e actividade da nossa vida económica tendo dito que «rojerecebemos esta modcsta quantia do vosso traba. lho que. coincide com o derrubede um regime ditatorial, o do imperador Bokas.qa»«Temos respeito e admiração pelo povo americano» disse o Chefe de Estadomoçambicano a dado Passo da sua intervenção quando no dia 21 recebeu uma de-Legação de cooperantes americanos. Essa delegação,.fez entrega~de 53 contos emais uma quantia no valor de 550 dólares com contribuição para o aumento danossa capacidade defensiva«0 povo americano -,diria o Presidente Samora Machel - compreende anecessidade de liquidarmos defini tivam.ente as causas essenciais dos males quea.ssom-. bram a, humanidade neste caso especifico da Á4frica»i -TEMPO W. 49 - pág. 3

LEI DE TERRASENTROU EM VIGORA partir do dia 25 de Setembr, a Lei de Terrasentrou em vigor. Este imuortante documento foi aprovado na 4." Sessão Ordináriada Assembleia Popular - Orgão Supremo legislativo do Estado--, reunida de 18 a 22 de Junho.Aquele poderoso instrumento para , construção do socialismo constitui mais uma vitória Ra organiza,ço do Estado deoperários e campneses, ra<ionai-,ando e disciplinando a utilifiý~o correcta daterra conquistada pelo povo.A entrada em vigor desta lei vem concretizar

Page 5: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

aquilo que está expresso na Constituição da República no artigo 8.0 em que sediz: <a terra e os recursos naturais situados no solo e no subsolo, nas águasterritoriais e na plataforma continental de Moçambique são propriedade doEstado. O Estado determina as condições do seu aproveitamento e do seu uso..Tal princípio não permite de forma alguma o regresso ao sistema de latifúndios oudeoutras formas de exploração da terra.Com esta lei, o Estado definirá as áreas , nue sedestinam para fins agrários, as que se destinam à edificação de casas de habitação,outras para a montagem de comulexos industriais e nara a criação de Tonasverdes.DIRECTORES DE ESCOLAS TÉCNICASREUNIRAM-SE EM SOFALAApseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado dia 15 de Setembro, emSofala, o 1 Encontro Nacionial dos Directores das Escolas Técnicas.Este encontro de A mbito nacional, dirigido pelo Governador de Sofala. FernandoMatavele, tinha como objectivos centrais, analisar as perspectivas futuras deevolução do ensino Técnico, á luz das orientações. do Partido 'FRELIMO eEstado, em particula 1r no que diz respeito à década de 19801 /90. Tambémvisava a recolha de dados sobre o situação do cumprimento dos planos em curso,programas sobre as previsões de aproveitamento para 1979, bem como informar eanalisar o pia.no relativo à frequência das escolas em 1980 - número de alnos, professores eespecialidades existentes entro outros.,O encontro proporcionou contacto directo entie os Directores das EscolasTécnicas e a Direcção da Comissão do Ensino Técnico, durante o qual seabordaram questões relacionadas com a planificação das Escolas Técnicas para oano de 1980, Emulação Socialista na 'Escola, plano de trabalho como princípio daorganização científica do trabalho na Escola, orçamento das Escolas, equipamentoe instalações e a formação de professores.Na sessão do encerramento, para além do Governador deSofala, Fernando Matavele, es tura o Elementos do Partido tiveram presentes doisrespon- FRELIMO e Estado, ao nivel sáveis da Comissão Nacional de Sofala.do Ensino Técnico, o Director Provincial de Educação-eCulCOMERCIALIZAÇAODA CASTANHA DE CAJUO Ministério do Comércio hntemo está a estudar a criação de formas de melnorara emulaçao no processo da comercialização da castanha de caju, como forma deaprofundar e generalizar as experiências das campanhas anteriores.Foram definidos o$ níveis de aplicação dessas formas que deverão seraperfeiçoadas de maneira que concretizem os estimulos materiais para premiar osdiversos intervenlentes, desde a melhor província, o melhor distrito, a melhorempresa ou fábrica, até á melhor loja, melhor comerciante, melhor transportador emelhor epanhador.

Page 6: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

De todas as experiéncias levadas a cabo no nosso país, destacam-se a da Provínciade Nampula que organizou jornadas de trabalho voluntário aos fins-de-semanapara o escoamento da castanha as quais eram denominadas «domingo socialista».A outra província que se salientou nesta experiência, foi a de Sofala que tambémmobilizou todos os meios materiais para o escoamento da castanha.Na retnião do Ministério do Comércio Interno, recentemente realizada, foi feito olevantamento das principais áreas produtoras de castanha e das áreascomercialmente descobertas definindo-se a forma de melhorar a coberturaomerciai nessas áreas.Para a presente campanha vão ser criados postos semifixos e mercados nas áreascomercialmente descobertas que vão elevar o número de postos existentes. Poroutro lado, existia o problema da armazenagem, mas para solucionar esteÍroblema a Campanha de Comercialização da Castanha do Caju vai criararmazéns nos distritos.ESFEROGRAFICAS: AUMENTO DE MAIS DE CEM POR CENTOAté ao fim do corrente ano Moçambique vai exportar para a República Unida daTanza-nia, oito milhões de componentes de esferográficas. No decurso do próximo anoumaTEMPO N.o 468 - pég. 4,

outra encomenda de quinze milhões deverá ser exportada para aquele Pais.Também há ýoas perspectivas para exporação deste produto para Angola, Zâmbiae Malawi.Segundo revela o jornal «<Notícias», o responsável por aquela empresalocalizada na Matola, em Maputo referiu que presentemente estão em instalaçãomais máquinas na fábrica. Elas permitirão que a produção de canetasesferográficas para o mercado Interno seja de quinze a dezassete milhões deunidades por ano. para além da produção de conjuntos para exportação.INTERVENCIONADASegpdo o mesmo jorna «Moçambique Produtora Lc manufacturou durante o de1973 apenas quatro milh de unidades. Esse, número ano passado viria a subir pnove milhões, registando sim um a subida de 105 cento.A preocupação dos tra Ihadores da fábrica é sati zer o mercado interno e c seguiruma orodução corr pondente ou s4perior ao Moçambique despende na portaçãode matérias-pri necessárias para a produ de esferográficasCOMPANHIA DE ALGODÕESDE MO;AMBIQUE A Companhia dos Algodões de Moçambique localizada emNamialo, no distrito de Meconta, na Província de Nempula foi intervencionadapelo Estado. Esta intervenção deriva de acções de sabotagem económica que, secontinuassem levariam à destruição da companhia e ao desemprego de centenasde trabalhadores moçambicanos.Segundo revela o jornal «Notícias» o diploma do Ministério da Agricultura lidono acto do Intervenção da Companhia de Algodões de Moçambique salienta ofacto da administração efectiva estar no estraogeiro. conferindo aos mandatários,residentes no nosso Pais poderes limitados que não Oermitiam o desenvolvimento

Page 7: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

normal da empresa no quadro sócio-económico da República Popular deMoçambique. A administração da empresa, especialmente a sua delegação noestrangeiro, tem efectuado desvios de fundos através de débitos irregulares,respeitantes á prática ilegal detraneferéncia de divisas através do pagamento de remunerações no exterior nãoautorizadas pela Lei. É perante estes factos que o Governo da República Popularde Moçambique determinou 0 nomeação. no passado dia 20 de Setembro de 1979.de um delegado do Estado de Moçambique, Inácio Chimene.A delegação do Partido FREUMO e Estado que se deslocou ao Namialo erachefiada pelo Primeiro-Secretário Provincial do Partido FRELIMO e Governadorde Nampula, Daniel MBanze.As grandes empresas monopolistas coloniais e o seu papel de pilhagemeconómica e de progressivo empobrecimento do nosso Pais, foi temadesenvolvido pelo Governador da Província de Nampula.A Empresa Estatal dos AIgodões de Moçambique está já integrada na Campanhade Emulação Socialista que decorre na província de Namialo.iila ia.»anoõesno araATROCIDADES EM SEULas- O Embaixador da República por Popular Democrática da Coreia, Kang SuMyung, conceiba- deu á informação moçambicasfa- na na passada sexta-feirauma ýon- conferência de imprensa na res- qual denunciou as manobras quelevadas aâ cabo pelo regime im- sul-coreano de Bac Jong, Hi mas contra areunificação pacifica çã0 da Coreia.Segundo informou o embaixador, no dia 11 de Agosto.às 2 horas da madrugada, o regime sul-coreano assaltou, com 2 mil policias, aSede do Partido Sinmin (partido da Oposição legal), atacou 200 operárias,' quereivindicavam empregos e prendeu 170 pes-soas, tendo matado uma. No mesmo dia os policias de Bac Hi ferirampersonalidades do Partido de Oposição e atacaram 14 jornalistas que estavam acobrir aquelas atrocidadas do regime destruindo osseus instrumentos de trabalho.Contra estas atrocidades, conforme informou o embaixador da República PopularDemocrática da Coreia, o Comité Central do Partido Democrático da Coreia, nodia 13 de Setembro, publicou urpa declaração na qual condenava a repressão sul-coreana contra o Partido de Oposição e referia que aquela acção é contra aunidade nacional.Finalmente, o embaixador afirmou que o Povo coreano dirigido pelo seu líder,Presi-dente: Kimn 1I Sung. destruirá firmemente as tentativas de fabricação de «duasCoreias» levadas a cabo pelo imperialismo, e reunificará a Sua Pátria.TEMPO N.o 468 - Pág. 5

29.8 SESSÃO DO COMI

Page 8: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

,Progressos no decorrer dos trabalhosConforme ínoticiámos Maputo, de 19 a 26 de Se, tembro, foi palco da realizaçãode uma importante reunião internacional sobre a saúde, 29.1 Sessão do ComitéRegional para a Africa.O discurso proferido pelo Presidente Samora Machel na abertura da sessão foitomado como documento base na matéria do desenvolvimento social e sanitárioem África e o seu estudo recomendado aos países membros do Comité Regional.Este acontecimento honroso para o nosso país foi secundado pela nomeação paraPresidente da 29.' Sessão o Ministro da Saúde da RPM, Hélder Martins. Estecargo estende-se por um período de um ano.De âmbito mais vasto e ultrapassando as nossas fronteiras foia utilização do português como uma das línguas oficiais da reun ão facto queocorre pela primeira vez em encontros deste género. E sabido aliás, que a línguaportuguesa tem vindo a ganhar crescente importância após a ascensão ãindependência :de Moçambique, Angola, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.No decorrer dos trabalhos da reunião do Comité Regional foi reeleito Presidentedo Comité o dr. Comlan Quenum que vinha exercendo estas funções há 15 anos.Esta reeleição é a quarta 'para um mandato de mais cinco anos.«A Saúde ara Todos no Ano2000» é uma das palavras de ordem da OMS Para mostrar o que têm feito paracumprir com esta orientação os países presentes à rcunião realizada em Maputoapresentaram relatórios e adiantaram propostas de acção, tais como, aintensificação da cooperação no combate às epidemias, como a cólera.Sobre a questão da política farmacêutica a praticar pelos países membros daregião africana abrangida pelo Comité Regional destaca-se a resolução segundo aqual cada um desses países deve promover uma lista de medicamentosconsiderados essenciais. Paralelampnte n fýýt p.p. rvev 8nO Dr. Comlan Quenum reeleito pela quarta vez para o cargo de DirectorRegional para África da OMSImagem obtida durante ura Sessão de trabalhos na reunião do Comité Regio. nal.Nela participaram renresentações de cerca de quarenta estados africanos, algumasorgani,,ações internacionais, governamentais, não governamentais, eainda representações de Movimentos de LibertaçãoTEMPO N. 468 - pág. 6

TÉIRO Presidente Samora Machel usando -da palavra na sessãzo ae aoertura aa ¿9."Seisão do Comité Regional para África. O discurso que proleriu na altura veio aser recomendado para os vaíses membros da região africana como dcuinen.to de consulta na realização dos programas sanitdríosParte da delegação moçambirana à reunião regional, vendose ao centro o Mi.nistro da Saúde, Hélder Martins. que veio a ser eleito Presidente deste eneontrointernacionaldesenvolver, esforços no sentido de implantar uma Indústria Farmacêuticanacional de medicamentos fundamentais, tendo a preocupação de controlar aqualidade dos medicamentos produzidos.

Page 9: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

A Saúde e a Luta de Libertação em Africa foi outro dos pontos discutidos nesta29." Sessão do Comité Regional. Desta forma osdelegados expressaram-se a favor da Criação de comissões de apoio aosprogramas sanitários dos Movimentos de Libertação.Como parte do programa da reunião regional, na tarde do passado sábado osdelegados participaram num comício popular num dos bairros de Maputo,orientado pelo Ministro da Saúde da RPM, Hélder Martins.Esta importante reunião veio a terminar, -como se disse, no passado dia 29. Numaalocução proferida na ocasião o Ministro da Saúde do Zaire e Vice-Presidente da29., Sessão, Professor Lubambu, disse terem sido tomadas oito aecisõesimportantes e dezassete resoluções, dentre as quais figura a adopção do discursodo Presidente bamora Machel.Fazendo um balanço da reunifio o Professor Lubambu disse a dado passo que«permitiu-nos harmonizar as nossas posições e tomar disposições claras e práticasem benefício da melhoria da saúde dos tius os povos».Na mesma ocasião o Ministro da Saude da RPM, Hélder Martins, concedeu umaentrevista à Informação Nacionalna qual afirmou: «t-enso que neste momento aquestão fundamental é de saber como traduzir todas estas resoluções na prática.»«Nõs pudemos ter algumas dúvidas de que alguns países que participaram nãotenham aquela firme determinação de implementar todas estas resoluções. Mesmoassim, pensamos que a sessão foi extremamente positiva porque os delegadostiveram a oportunidade de ver a experiencia prática da República Popular deMoçambique e aceitaram por unanimidade um certo número de princípios. Isto éo primeiro passo para se poder garantir a aplicação prática dessas resoluções.»No mesmo dia o Ministro da Saúde da RPM ofereceu uma recepção a todos osdelegados à 29.: Sessão do Comité Regional ppra a África.oEGIONAL DA OMS

CU IDADOSDE SADE PRIMADIOSASSENTAMNA EXPERIENCIADA LUTA ARMADAFoi nas zonas libertadas pela luta armada contra o colonialismoportuguês que, pela primeira vez em Moçambique, se começou a desenvolver aSaúde ao Serviço do Povo.A Frente de Libertação de Moçambique, à medida que ia destruindo as estruturascoloniais, estabelecia uma nova vida em que materializava a aspiração do nossoPovo de viver livre e melhor.Assim, no campo da saúde, desencadeámos desde o início uma acção de massashara ganhar o Povo para as ideias e práticas correctas.Partindo do princípio de que em todas as batalhas o factor decisivoé o Homem, definimos a prioridade da política sobre a técnica, a prio-'ridade da consciencialização sobre as condições materiais.

Page 10: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

Apesar da difícil situação de guerra e dos escassos recursos técnicos de quedispúnhamos criámos unidades sanitârias funcionais e escalonadas onde aspopulações eram tratadas. Estas unidades tinham uma ligação íntima com aspopulações, através da particinação destas nas actividades do hospital, naprodução na maéhamba que alimentava osdoentes internados, no transoorte de medicamentos e de material sani- «Não sóo edifício físico mastário para as frentes de combate, na evacuação e apoio aos feridos de também osproprios princípios do guerra. nossosistema actual de prestaPresidente Samora Machel, na sessão solene de abertura-da 29.1 ção de cuidados de saude de Sessão do Comité Regional da OMSpara a África entre os quais citaremos a ne,cessidade da ampla participação popular, a hierarquização dos níveis de atençãode saúde, - que já durante a Luta Armada de Libertação Nacio nal eram um factoconsumado -, utilização de todo o militante, de todo o cidadão como um agentesanitário, é baseado em alguns destes aspectos mais importantes que sedesenvolveram durante a Luta Armada e nos quais nós fomos buscar os princípiosfundamentais para alicerçarmos o sis-

tema de saúde que actualmente estamos a desenvolver» - declarou Jorge Cabral,director Nacional de Medicina Preventiva, no decorrer de um encontro com aInformação.Neste encontro, em que foram abordados vários aspectos relacionados com amaterialização dos Cuidados de Saúde Primários em Moçambique, participaramtambém o dr. João Schwalbach, -Director de Saúde da cidade de Maputo, a dra.Ana Maria Nóvoa, Directora-adjunta da Faculdade de Medicina e o dr. IgrejasCampos, Director do Hospital Geral de Mavalane.Ao abordar o assunto, o dr. Jorge Cabral começou por definir o que são osCuidados de Saúde Primários (CSP), afirmando:<,Em linhas gerais, diremos que os CSP são a primeira linha em que a populaçãose encontra com o sistema de prestação de cuidados de saúde. Os CSP englobamuma série de acções sobre os diversos factores que condicionam o estado de saúdeda população. Portanto, é um conjunto de cuidados sobre esses diversos factorese, por conseguinte, uma das suasprimeiras caracteristicas é que são cuidados integrais.«Por outro lado, os CSP sendo a primeira linha de um serviço de saude a diversosníveis, que têm a característica de estar estreitamente !igados aos níveis superioresde atenção de saúde e, portanto, estão integrados no total do Serviço de Saú de enos diversos níveis de prestação de saúde.«Uma última característica muito importante dos CSP é a necessidade de umaampla, organizada e consciente participação popular nas acções de elevação doseu próprio estado de saúde.»Depois de referir que este conceito está ultimamente muito em moda. que toda agente fala nele, o responsável nacional pela Medicina Preventiva recordou a suaorigem:

Page 11: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

«Diremos que este conceito 'em diversas origens. Em primeiro lugar, a nível dospaíses socialistas e particularmente dos países socialistas que recentementeemergiram da colonização ou da dominação, como é o caso particular de Cuba, doVietname e da República Popular da China, para citar apenas. alguns queemergiram recentemente de condições particularmente graves desubdesenvolvimento. Esses países, à partida dos seus programas dedesenvolvimento, encontraram-se em condições de saúde extremamente graves,com uma extrema debilidade de recursos humanos e materiais, e tiveram queprocurar soluções originais, simples, adaptar os seus recursos para poderemresolver os problemas de saúde das suas populações e por outro lado integrar aresolução desses problemas dentro de uma óptica marxista.«E uma das origens dos CSP á precisamente a experiência dos pai. ses socialistas,dos países socialistas mais recentemente emergidos na cena política mundial.«Por outro lado, nos próprios países capitalistas mais desenvolvidos tambémcomeçam a pensar em CSP, mas por um outro motivo, dado que os sistemas desaúde nos países capitalistas estão actualmente em profuOda crise. Isto quer dizer,que os sistemas de saúde existentes nesses países, com as suas característicasfundamen tais de medicina profundamente cura-TEMPO N, 40 pág. 9

rara que se possa modificar o estado de saúd< 'é a modi1icação, a transformaçãodo meio au abastecimcnto de. água, através de uma educa, quada, através de umprograma alargado de vtiva, de medicina lucrativa, baseada na exploração de uma tecnologia altamentesofisticada, cara, altamente dis pendiosa, mostram-se absolutamente ineficazes enão atraentes para resolver os problemas de saúde que afec tam actualmente associedades desenvolvidas. Por isso, eles procuram novas formas de resolver osseus problemas de saúde, se bem que dados os condicionalismos do seu sistemapolítico e ideológico, pensamos que será necessário primeiro aconteceremmodificações sociais profundas, acon-tecerem mesmo modificações no tipo de relações económicas ao nível des sespaíses para que possam implementar novos tipos de prestação de Serviços deSaúde, como os CSP de que eles tanto falam.»No que se refere ao nosso País, como todos sabemos, temos condicionalismosconcretos que derivam da nossa História recente, particularmente oscondicionalismos resultantes do sistema de saúde que existia no tempo colonial,também caracterizado pela mesma importância dada à medi-cina curativa e que era agravado pela discriminação do regime colonaf-fascista,como referiu o dr. Jorge Cabral, que acrescentou não existirem «praticamentenenhuns serviços de Saúde Pública e isso, para nós, era uma coisa que era precisonegar em absoluto, era uma coisa que era preciso destruir e montar precisamenteum sistema opósto».«Ora, o sistema oposto as raízes do sistema oposto, nós fomos buscá-las àsexperiências da Luta Armada de Libertação Nacional e nessas experíências vamosencontrar diversos pilares sobre os quais alicerçamos o edifício actual deprestação de cuidados de saúde à população. Não só o edifício físico como

Page 12: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

também os próprios princípios do nosso sistema ac. tual de prestação de cuidadosde saúde.Ao abordar o papel desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde nestecampo, o Director Nacional de Medicina Preventiva esclareceu que a OMS -«tenta coordenar osentido de que à escala mundial es" ses CSP se transformem numa estratégiaconcreta levada a cabo pelos diversos países do mundo, de acordo com as suasdiferentes condições sócio-económicas e realiza todo um esforço deesclarecimento de personalida-7 des da saúde, de personalidades administrativas,políticas, desses países, ,bem como realiza todo um esforço organizativo paraimplementar os CSP à escala mundial. E, este esforço te-Colocando a prioridade na Medicina Preventiva vaci. námos centenas de milharde pessoas, difundimos hábitos de higiene e melhorámos os hábitos alimentares,ao mesmo tempo que procurávamos formar cada combatente, cada elemento dapopulação como agente sanitário.Assim, des mistificámos certas teorias. E é isto que é preciso fazer, em particularem Africa.Colocar a saúde ao serviço do Povo. E enquanto não conseguirmosisso, o combate, a luta continua.Os trabalhadores de saúde recebiam uma formação que os habilitava a curar e aomesmo tempo a serem quadros mobilizadores e orientadores do Povo e da práticada higiene e na prevenção da doença.Na República Popular de Moçambique, o médico antes de tudo é um político. E seo médico não se libertar, se o médico depender essencialmente dos instrumentos enão da consciência, então temos a contradição. 8. o médico não se libertar, se nãofor antes detuio um agente transformador da sociedade aqui em África, podemos fazer muitasreuniões da Organização Mundial de Saúde, que não resolveremos os problemas.O médico não deve ver no doente uma mina para explorar.O doente não é mina de ouro, não é mina de carvão, não é mina de diamantes, nãoé depósito de petróleo é um ser humano . Por isso dizemos, os nossostrabalhadores da Saúde na República Popular de Moçambique são osmobilizadores, organizadores, orientadores do Povo, na prática da higiene e daprevenção da doença.É na experiência das zonas libertadas, experiência nascida da prática, nascida dosinteresses reais e objectivos das largas massas populares, que se enraíza a políticade saúde da República Popular de Moçambique.. Presidente Samora MachelTEMPO N., 468 - pág 10)

ve a sua primeira grande etapa à escala mundial com a realização, em Setembrodo ano passado, na URSS, de uma primeira conferência mundial sobre CSP.MATERIALIZAÇAO DOS CSPNO NOSSO PAIS

Page 13: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

Abordando aspectos relacionados com a materialização dos CSP no nosso País, oque é que eles são na prática, o Director de Saúde da Cidade de Maputo começoupor recordar que foi necessário estabelecer-sea nível da base pelo Centro de Saúde. Assim, e para que se possa modificar oestado de saúde da população uma das opções é a modificação, a transformaçãodo meio ambiente atravês de um correcto abastecimento de água em condiçõeshigiénicas, através de uma educação sanitária e nutricional que possibilite atransferência tecnológica para as populações, um programa alargado devacinações que vai actuar sobre as principais doenças transmissíveis e, portanto,en démicas no nosso País, um programa de protecção materno-infantil e nutri--.u ueçl«yju«.a2 cumpannane» e uma aas jormas e partcIpaçao .poular t dasnossas unidades de cuidados sanitários, que garante uma melhor > à criançadurante o internamento e contribui para uma maior ligação Comunidade.Hospitaluma estratégia, para a qual se dividiu o País em determinadas zonas geográficasbem delimitadas, acrescentando:«Têm o nome de áreas de saúde e sobre elas actua uma unidade sanitária, umaunidade sanitária básica dr, Serviço Nacional de Saúde, que é o Centro de Saúde.«O Centro de Saúde, deve, assim actuar sobre todos os factores que influenciamno estado de saúde de uma determinada população, interferindo directamente paraque a possa modificar.«Depois de estudada a realidade sanitária do País e estabelecido o seu perfilepidemiológico, foi possível estabelecer um programa de acção, programa esseque é analisado e programado a vários níveis e executadocional possibilitando cobrir um grupo de maior risco que é a mulher grávida e acriança, inclusivamente fazer e prestar cuidados de curativos de doenças maiscomuns, através de estratégias de luta e de prestação de cuidados médicos paraprimeiros socorros.«É fundamental dizer que, para que o Centro de Saúde possa actuar efectivamentedentro do seu limite que é a sua área de saúde, ele deve portanto, contar com aparticipação organizada da população, sem a qual não pode de facto cumprir a suatarefa. E, mais, uma das tarefas do Centro de Saúde é reconhecer a sua área desaúde e possibilitar assim um conhecimento real, básico e fundamental sobre oque se passa na suaárea de saúde. Para isso, deve recoIlher todos os dados deniográficos e estatísticosque possibilitem esse cónhecimento e, portanto passar à acção.»A concluir, e referindo-se às áreasi rurais, o, dr. João Schwalbach afirmou:«Nas áreas rurais onde as zonas geográficas são bastante extensas. era necessáriocriar e assegurar a criação dos CSP, pelo que se estabeleceu uma estratégia que éa colocação de agentes polivalentes elementares, que não sendo quadros da saúde,são os que a nível das áreas rurais nomeadamente nas Aldeias Comunais, vãoassegurar a prestação dos CSP ás populações»PARTICIPAÇÃO DAS POPULAÇõESSobre a participação das populações a nível dos CSP, em que se torna necessáriorealizar uma multiplícidade de tarefas, quer actuando sobre a população, quersobre o meio 4mbienté, o que implica um contacto e uma ligação muitopermanentes com a população, a dra. Ana Maria Nóvoa disse:

Page 14: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

<'Isso vai permitir que cada pessoa dessa comunidade tenha um conhecimentoque será científico o mais possível de como defender a sua própria saúde. Elaacabará, portanto, por ser capaz de promover a sua própria saúde através de umasérie de medidas que deverão ser-lhe transmitida pelo Serviço Nacional de Saúda.Porque, é evidente, a Saúde como estruturas sanitárias fixas e móveis, poucoactivas, nada poderá fazer 'se efectivamente não conseguir concretizar a ligação,não conseguir, mobilizar a população a fazer, a participar em acções simples quevão modificar o seu estado de saúde.«Portanto, a ligação das estrutu ras da Saúde com a população, quer enouadradanas Organizações Derno cráticas de Massas, quer nos centros de populaçãocontrolados como as escolas, as fábricas, as Aldeias Comu nais, as machambasestatais, tem de ser uma ligação permanente do Centro de Saúde com aspopulações da sua área.»,Depois de referir que há exemplos concretos de ligações periódicas do Hospitalcom o Povo, através de reu-TEMPO N., 468 -ej11

niões de crítica e de autocrítica, atrz. vés de campanhas de limpeza às unidadessanitárias, na participação no processo de trabalho nas machambaL dos hospitais,quer através de outras acções, a directora-adjunta da Faculdade de Medicina,acrescentou:«IÉ evidente que não é só' mobilizar as populações para virem fazer coisas quenão percebem, mas é preciso dar-lhes muitas coisas em troca além de bonscuidados também curativos que interessa dar à população, é preciso dar-lhe outrotipo de conhecimentos. É uma tarefa fundamental, esta de fazer com que sejapossível as estruturas da saúde fazerem uma transferência de conhecimentostecnológicos para a população. Portanto, através da educação sanitária, da educação nutriciorial, de todas estas medidas de aproximação com a população aondesão ensinados os cuidados básicos de defesa. Isso fará, de facto com que apopulação, a comunidade, portanto, participe e promova a súa própria saúde.Daqui cresce a noção de promoção da saúde da comunidade pela própriacomunidade.«Com esta ligação, com esta transferência de conhecimentos tecnológicos dasaúde para a população, dão-se armas à população para que ela consiga e para queela possa promover a sua própria saúde através de uma série de medidas.»A dra. Ana Maria Nóvoa abordou em seguida a questão 'dos agentes po livalentesque são camponeses da Aldeia Comunal ou da machamba estatal, escolhidos pelasua comunidade pa ra frequentar um curso e que depois voltam enriquecidos comum conjunto de CSP. A terminar, afirmou: «Nós já falámos muito de CSP,portanto, com todo este conjunto de medidas, curativas, preventivas, que são oprimeiro contacto da população com o Serviço Nacional de Saíde, mas de factotodos os problemas da saúde não podem ficar só por aqui porque há problemasmais complexos, quer organizativos, quer curativos que têm, por consequinte, quese articular com este sistema de base, com outros sistemas mais diferenciados eque portanto vão constituir outros níveis de atenção de saúde. Os CSP são,

Page 15: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

portanto, o primeiro nível, o mais básico, o mais periférico, que vai resolver agrande maioria dos problemasde saúde da população, mas é preciso que este se articule com outrgs níveis deatenção de modo a que seja de facto coordenado e complementado».OS NiVEI$ DE ATENÇÃOSobre os níveisde atenção, falou por último, o dr. Igrejas Campos, que após terrecordado que para se esta-pação do Ministério da Saúde a adop ção das infra-estruturas existentes ao longodo País, grande parte das quais inadequadas para o tipo de acções necessárias acada umý desses níveis, tem sido preocupação ainda equipá-las e formar o pessoalnecessário para o seu funcionamento.»O Director do Hospital Geral de Mavalane, depois de se referir ao, sis-Durante a Luta Armada de Libertação Nacional os trabalhadores da saúderecebiam uma formação que os habilitava a curar e ao mesmo tempo a seremquadros mobilizadores e orientadores do Povo e da prdtica da higiene na pre.venção da doença. Na imagem, enfermeiros do Hos.ital «Américo Boavida», emMutuara,belecer no nosso País um sistema que sirva efectivamente o Povo houvenecessidade de definir prioridades e estabelecer diversos níveis de atenção desaúde, acrescentou:«Sobre os CSP, é o escalão base e o mais periférico, aquele a que as populaçõesrecorrem, onde se resolvem a maioria dos problemas de saúde da comunidade.«Em Moçambique, definiram-se quatro níveis de atenção de saúde: primário,secundário, terciário e quadrenário. Estão igualmente definidas quais as infra-estruturas, o seu tipo para cada um desses níveis, e aind as equipas de saúde queasseguram o seu funcionamento.«Na fase actual tem sido preocu-na Tanzaníatema montado por forma a haver um apoio 'e uma supervisão dos níveissuperiores aos inferiores e dar possibilidades aos níveis inferiores de transmitir osresultados das suas experiências, acrescentou:«Este sistema assegura a todo o cidadão da República Popular de Moçambique apossibilidade de dispor de cuidados de saúde que a sua situação exige, quer dizerqualquer indivíduo, qualquer elemento da população tem possibilidade, conformea situação patológica existente ao nivel da situação de saúde que a sua situaçãoexige. Dizemos assim, que asseguramos à população cuidados de saúde integrais.TEMPO N.o 468 pág. 12

Aparticipação do Povo organizado na resolução dos problemas de saúde constituia base do nosso conceito de promoção da saúde da comunidade pela própriacomunidade, pedra basilar e garantia dos nossos sucessos no campo da saúde.Alguns dirão que somos empíricos: «O Povo é analfabeto como é que vaiparticipar nos problemas da saúde?» «O Povo é ignorante, que contribuição podedar?» «,Não sabe ler nem escrever, como é que vai compreender os fenómenoslaboratoriais?» Parece que o problema não é esse, O problema é aue o laboratóriomais sofisticado não necessita desta reunião. Para isso estaríamos no laboratório.

Page 16: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

Esta participação comunitária não se verifica só nos aspectos preventivos desaneamento do meio, de educação sanitária e nutricional, mas também noscuidados curativos.Na República Popular de Moçambique estamos a criar uma ligaçâo intima doPovo com a vida das unida-dos sanitárias. As casas de informações e reclamações do Povo, as reuniõesperiódicas do pessoal de saúde com os bairros são alguns dos aspectos daquelaligação.A criação dos conselhos de base, solução original da Revolução Moçambicana,permite através da discussão colectiva dos problemas de gestão, uma maiorparticipação dos trabalhadores ,doentes e seus familiares na vida dos nossoshospitais.Este processo de democratização das nossas unidacies sanitárias conduziu a umaumento da sua eficência, a uma maior rentabilização do seu trabalho.O sistema de «Mãe Acompanhante, é outra forma de participação popular na vidadas nossas unidades sanitárias. Ele garante uma melhor atenção à criança duranteo internamento e contribui para uma maior ligação Comunidade-Hospital.Presidente Samora Machel,,Todo este sistema tem ainda a van tagem de rentabilizar ao máximo o pessoal eo equipamento das diversas unidades, sanitárias. Não faz sentido, por exemplo,que ao nível quadrenário, no Hospital Central de Maputo por exemplo, o pessoalexistente e o equipamento sofisticado que nele existe esteja a dispensar cuidadosde saúde primários, esteja, por exemplo, a tratar gripes, a tratar constipações, Seisso acontecesse, pois havia uma impossibilidade de tratar as situações maissofisticadas, mais complicadas, que nos aparecem no campo da saú-de. Portanto, há uma necessidade de rentabilizar as nossas unidades sanitárias;conforme o tipo de patologia, conforme a situação de cada um dos doentes.Por fim, o dr. Igrejas Campos especificou cada um dos níveis de saúde existentesno nosso País:«Os Cuidados de Saúde Primários que nas áreas rurais estão representados peloCentro de Saúde e a um nível mais periférico pelo Posto de Saúde daAldeia'Comunal, já referido e onde executa as suas funções o agente polivalenteelementar;Um programa alaroado de vacinações que actue sobre as principais doençastransmissíveis, é um dos importantes aspectos com vista a melhorar o estadodesaúde de toda a população«Ao nível urbano existe o Centro de Saúde Urbano que tem como braço o Postode -Saúde do local de trabalho que vai permitir aos trabalhadores sem dispêndiode muito tempo resolver pequenos problemas que surgem, sobretudo no que dizrespeito a traumatismos o acidentes de trabalho;«No nível secundário nós temos na área rural o Hospital Rural e ao nível dascidades o Hospital Geral. A nível provincial temos um hospital pro vincial.Conforme vamos subindo h;e.. rarquicamente, o tipo de cuidados qua poderão serdispensados à população são mais sofisticados e permitem que situações maiscomplicadas possam ser tratadas;

Page 17: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

«A nível quadrenário temos o Hospital Central e os Hospitais Especializados.Também no que diz respeito aos cuidados preventivos eles são so resolvidos anível primário. Uma grande parte desses cuidados têm de ser tratados a outrosníveis, têm de ser estudados pelo menos a outros níveis. Eu dou como exemplodisto problemas de saneamento do meio, algumas inspecções sanitárias,problemas referentes à poluição, toda a, parte laboratorial complicada que,inclusivamente, terá de ser feita a nível quadrenário.«Em resumo, temos a forma como a República Popular de Moçambiqueescalonou os cuidados de saúde, permitindo assim prestar à população cuidadosde saúde integrais.»TEMPO N.o 468 - pág. 13

A,IFESTAActividades politicas, culturais e desportivas em todo o Pais, e um grandiosode;file militar na capital, assinalaram a passagem do 25 de Setembro de 1979, diadas FPLM e da Revolução Moçambicana.,,Como cresceram as Forças Populares de Libertação de Moçambique, desde quehá quinze anos se iniciou a luta armada.» À saída do Estádio da Machava, umcombatente veterano das FPLM comentava, emocionado, sobre as actividadesculturais e desportivas comemorativas do 15." Aniversário do início da LutaArmada de Libertação Nacional, inauguradas no passado dia 22, através de umgrandioso festival.Q acto, preparado ao longo dos ltimos dois meses, sob a direcção das estruturasdo Partido e do Ministério da Defesa Nacional, enquadrava-se nas demonstraçõesdas vitórias alcançadas pelas FPLM, 'braço armado do Ppvo moçambicano graçasà luta armada de libertação nacional sob a direcção da Frelimo.Este espírito havia de caracterizar todos os actos comemorativos do 15.Aniversário. As actividades- culturais e desportivas, de carácter competitivo entrevárias unidades militares, pro!ongar-se-íam até ao dia 29, decorrendo em bairros,escolas, salas de espectáculos.e outros locais previamente determinados, naFrovíncia do Maputo. A sua realização, bem como o enquadramento dapopulação, destacava um aspecto importante que caracteriza as FPLM: a suaunidade com o Povo.Na véspera do dia 25, uma sessão de gala, com a participação deO Presidente Samora MacheI, aeompan2ado por membros da direcção ánúximaao Partido, do Governo e aas FPLM, prestando homenagem aos Hcrõ?.sloçamocanos, nu manna do dia 2avários grupos culturais, seleccionados foi uma nota alta nas iniciativas devalorização do património cultural moçambicano. O acontecimento de maiorrelevo neste dia foi contudo a mensagem do Presidente Samora Machel porocasião do 15.0 Aniversário do desencadeamento da Luta Armadade Libertação Nacional, divulgada ao principio da noite através da RM.,,Vivendo o espírito glorioso do 25 de Setembro, construiremos o nosso-Paíslivre, independente, próspero e forte, construiremos a pátria socialista emMoçambique» - lê-se na mensagem.

Page 18: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

A feira militar constituiu outra ini-TEMPO N.1 468 - pâ.. 14

No âmbito das comemorações do 25 de Setembro, foi inaugurado em Maputo oprimeiro Hotel Militar, cujo edifício a íoto reproduzUm «Panhar» do exército colonial português, destruido pelas FPLM durante a lutaarmada de libertação nacional, está patente na Feira Militar inauguradano âmbito das cor-:morações do ;5 de Setembro do corrente anociativa no âmbito das comemorações. O que são hoje as FPLM, o que fazem eproduzem, algumas viaturas recuperadas, parte do material de guerra capturado aoinimigo durante a luta armada e no período posterior à independência, são algunsdos aspectos da feira, realizada no recinto da FACIM.Trata-se de um exposição de carácter essencialmente político, não comercial, cuja finalidade é demonstrar a força política do exército popularmoçambicano. A feira militar consta de uma parte histórica que ilustra, através defotografias e outros documentos a luta desenvolvida pelo Povo moçambicanocontra o colonialismo português, desde a resistência se cular, ao desencadeamentoda luta armada de libertação nacional até à proclamação da independência.A defesa contra as agressões do regime ilegal -rodesiano à RPM, é uma parte dahistória mais recente.Objectos de arte diversos (bordados, esculturas, cerâmica e outras ar. tes plásticas)e artesanato são outro aspecto da feira. Na parte técnica, salientam-se omobiliário, viaturas recuperadas, candeeiros, objectos de couro, material metálico,carrinhos de mão e armas em madeira entre outros artigos produzidos pelasFPLM. Estavam ainda patentes actividades agro-pecuárias desenvolvidas pelasFPLM: cereais, frutas e animais de pequenas espécies, entre outras.No campo desportivo, unidades das FPLM de todo o país disputaram torneios defutebol, atletismo, futebol de salão, basquetebc!, natação, voleibol e outras. Ainauguração do Hotel Militar, no dia 19, pelo Comissário Político Nacional dasFPLM, Armando Guebuza, foi um acontecimento significativo. Este.estabelecimento é uma solucão para apoiar os oficiais das FPLM e outroshóspedes militare: no que respeita ao seu alojamento, quando se desloquem emmissão de serviço ou como convidados à capital do Pais, como foi dito na altura.As actividades no dia 25 iniciaram-se com a deposição de flores no Monumentoaos Heróis Moçambicanos. A esta cerimónia presidiu o Presidente do PartidoFRELIMO e da RPM Samora Moisés Machel, que foi acom panhado pormembros do Comité Político Permanente do Comité Central do PartidoFRELIMO, do Conselho de MinistroR e do Estado-Maior General das FPLM.Estiveram igualmente presentes delegações estrangeiras especialmenteconvidadas para as comemorações do 15.0 Aniversário, membros do CorpoDiplomático acreditado na RPM e delegados à 29'. Sessão do Comité Regional daOMS para a África que decorria em Maputo.O ponto mais alto das comemorações foi o desfile militar, o maior e mais bemorganizado jamais realizado n RPM. Nele participaram cerca de duas mil pessoas,entre membro3 das Forças de Defesa e Segurança, milícias populares,

Page 19: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

trabalhadores e estudantes. A elevação do nível político e combativo das FP[M.as!im como o material técnico exibido, cons tituem uma resposta concreta às ori-TEMPO 'N.<, 468 - pág. 15

entações do Partido e do Governo para o reforço da capacidade defensiva daRPM, com vista a consolidar a independência nacional, garantir a inviolabilidadedas fronteiras do país e o triunfo do Socialismo.À noite o Presidente Samora Machel, Compandante-em-Chefe das FP LMofereceu uma recepção ao Estado-Maior General das FPLM, em que estiverampresentes membros da direcção do Partido e do Estado assim como delegaçõesdos países amigos e irmãos especialmente convidadas.COMEMORAÇÕES EM TODOO PAíSAlém do programa nacional das comemorações do 15,0 Aniversário do início daluta armada de libertação nacional, cujos actos centrais se realizaram na capital dopais, actividades festivas decorreram em todas as outras províncias. Nas capitaisprovinciais, houve comícios e actividades culturais e desportivas, com aNa noite do dia 25, o Preszaente Samora Machel ofereceu uma recepção porocasião do 15." Anive;-sario do início da luta armada de libertação nacional, naqual cstiveram presentes membros da direcção do Partido e doEstado, do Es.tado.Maior General das FPLM e das delegações de países amigos, especialmen.te convidadas para as comemoracõesImagem da ses. são de gala reali. zaáa na noite do dia,24, numa dias salas deespectá. culos da cidade de Maputo, integra. da nas conemo.rações do 15. Aniversário do inicio da luta armada de libertação nacionalparticipação de unidades militares, e populaçõ5es, dirigentes do Partido, cIoGoverno e das FPL-M.Destacam-se, entre os programas realizados nas capitais provinciais, ainauguração da Casa Provincial de Cultura e dasede l 'ocal da OirganizaçãoNlacional dos Jornalistas, nia Beira. No comício em Chimoio, o PrimeiroSecretário do Pai-tido FRELIMO o Governador da Província- de Manica, ManuelAntônio, recebeu mais de 170 contos, fruto das contribuiçõesdas populações para o reforço da nossa capacidade defensiva.O Governador da Província de Inhambane anunciou também, durante umareunião popular, que desde as últimas agressões dos racistas rodesianos contra aRPM, cerca de 150 contos haviam sido recebidos no Governo da Província, com amesma finalidade.Em Xai-Xai, o Governador da Província de- Gaza inaugurou um curso deformação de quadros do Partido.MENSAGENS DE FELICiTAÇÕESPor ocasião do 25 dê Setembro dia das FPLM e da revolução çambicana -diversos chefes de Estado e dirigentes das Forças Armadas de diversos paísesenviaram men sagens de felicitações, endereçadas à presidência da RPM e aoMinistério da Defesa Nacional.Em próxima edição mencionaremos estas mensagens em pormenor.TEMPO N., 468 - pág. 16

Page 20: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

FES1

As 15 horas, cadetes da Escola Militar de Nampula empunhando bandeirasvermelhas e brancas entraram em fila, dlrigindo-se ao relvado. Foi assimquebrada a grande expectativa de milhares de homens, mu lheres e crianças, quedesde as 14 horas enchiam as bancadas do Estádio, aguardando o inicio doFestival.Atrás dos 'cadetes, centenas de continuadores trajando calções vermelhos,camisetes brancas e lenços vermelhos ao pescoço marchavam vigorosamente, aosom da música revoluclonária da banda dás FPLM em direcçã ao lugar para elesreservado.Os milhares de pessoas que assist ao festival, não deixavam. -de manifestar asua alegria, batendo palmos h medida que passava o desfile. <Eb, este ano,havemos de ver coisas que nunca vimos.'- comentavam.Centenas de atletas das FPLM vestidos comiatos desportivos, de cor laranja, amarela, castanha e verde transportandobandeiras de diversas cores, marcham em direcção ao relvado.Depois desta grande parada de atletas e continuadores começaram a desfilardançarinos de todas as provinças do pais.A provncla de Tete dançava «Mapico», que é uma dança de Cabo Delgado. Adelega0A de Manica, apresentou «Nhau» que é uma dança do Niassa. CaboDelgado inclu1a um número de acrobacia em bicicletas.Durante o festival as Forças Populares de Libert o de Moçambique fizeram umjuramento de fidelidade ao Partido FRELIMO e ao Comandante-e m-C h e f e dasForças Populares. Reafirmaram o seu engajamento na defesa da pátria e dasconquistas do nosso Povo.

A medida que o juramento era lido, os cadetes e os atletas das FPLM que faziamparte do Festival respondiam numa só voz «Juramos».Após o juramento o Comissário Político Nacional das Forças Populares, ArmandoEmílio Guebuza, fez um discurso em que diria: que sobre as FPLM recai a honrosa tarefa de defender a pátria e que o P')vo moçambicano depositou inteiraconfiança nelas. No mesmo discurso, Armando Guebuza, recordou as recentesagressões ao nosso pais tendo dito que muito sangue generoso do nosso Povo foiderramado devido aos ataques ao nosso pais pelo regime ilegal da Rodésia do Sul.«Como sempre, as nossas forças de segurança, milíciás liopula-res e grupos de vigilância souberam rechaçar o inimigo e pó-lo em debandadadonosso território», acrescentou Ar-' mando Guebuza no final do seu discurso.Após a alocução do Comissário Político Nacional, Armando Guebuza, de repente,toda a gente no Estádio, levantou-se das bancadas com a vista concentrada para océu. Era uma companhia de pára-quedistas da Força Aérea Moçambicana.O festival atingiu o auge quando um elemento das FPLM, da entrada do Estádio,veio a

Page 21: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

o r r e r transportando um facho. Depois de dar a volta ao relvado foi acender apira. Por outro lado, centenas de ginastas das Forças Populares exibiram umasérie de números de ginástica com perícia e ritmo.Ao lado deles um grupo d e continuadores, deitados no relvado formavam uma«Estrela Vermelha». No fim de vários números apresentados numa fracção desegundos, no verde relvado do campo, vimos «escrito» «15 anos F.P.A finalizar o espectáculo quatro carros< de assalto entraram no relvado, dirigindo-se cada um para o seu lugar, e simulando um ataque.TEMPO N.o 468 - pág. 19

o "DESFILE NA AVENIDA "25 DE S[TEMBRM"O dia amanheceU cinzento e fresco. Cedo pela manhã, habitantes da ,capitaldesceram as rias em direcção à Avenida 25 de Setembro, em plena baixa deMaputo. Pouco tempo depois, a meio da manhã, a ci-tares, crianças das escolas e trabalhadores de diversos ramos de actividande..u u,, vIUfi1r& v u o m uv , iireiat ec a. pe'a A Avenida 25 de SeBanda Militarque aeompanhava o desfile Dara asi- trv1 1 ý. tembro encontrava-se linalar o 15.° Aniversario do inícioda Luta Armada teralmente preenchida de le Libprtação Nacional.multidão, quando se iniciaram as cerimónias.O acto central das co- da Revolução Mocambica Desde a tribuna,vistosamemorações do 25 de Se- na - foi, neste ano, pre- mente ornamentadacom I tembro - dia das For- eachido com um desf:ile as coresla BandeiraNaças Populares de Liber- militar integrando r- cional e Ja Revolução tação deMocambiue e as militares e paramil:- aos diversos tipos de far-!d

TEMPO N.W 468 - pig. 21

damento e trajes dos mi. litares atletas e outros participantes tudo' se preparavapara fazýér do acto nåo scmente uma festa como,exPressivatambéIn uma, demonstra cao inequivoca da deter minaqåo do Povo e do sei ibraco armado, de «viven Q1do o espirito do 25 de Se. .tembro, construir um M,Pals livre, independente Prospero, e fcrte, a På. tria Socialista em Moýambique>ý.Uma salva de aplaus s acolheu 0 Presidente kSamora, Machel, quando che ou ao local, pelas u horas- Nasua exertaqåo aos,combatentes, 'Ida ligPouco antes do deýfile, o Comandanteýem-Chefe das FPLM, referiria que ,oc,ýreito que estamos a (-onstruir ý un-i exército socialista, o que cluer dl zer umexýrcito ývajjýa. de, -ciplinapederoso, diýdo, profundamente enrai zade no

Page 22: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

povototalmente dedic-Ao å defesa (la Påtria e das classes trabaIhadoras».'11XA frente das forqas E m parada, 0 Chefe do Es.. tAdo-Maior General das FPLM,Sebastiåo Mar. coýs Mabete, conv-daria 01 Cefflandante-em-Chef c a passar revista ås qas emparada, ant<ýs d,,, se iniciar o acto. Pbuco antes. a banda entoara c HinoNacional, acompor fima salv,,, de tiros,-le canhåo.AléIn do Presidente Samora Machel, assistiram ac acto, na tribun,a presidencial,membros da direcQåo do Partido, do Estado e delegaeåes du palses la Linha daFren. te e de palses socialistas especialmente cenvidados para as comemora,ýåesdo 15.o Aniversårio do micio da Luta Armada «Q$ grUPo3 de gu.erriiltatransformaram.se r rogress:Udas e discipi vamente e.de Libertaýýko Nacional. inadas, equipadu. com armas mais eficazes» MWn,-lades de combate Só.S11mArn, M~pl I - Mensagem do Pr,,identeTEMPO N-o 468 -

«Com a introdução no nosso Pais do Serviço Militar Obtigatório, mzares de-joves têm vindo a aumentar com entusiasmo as n ossa8 fileiras, cumprind o assimo seu dever patriótico» - Presidente Samora Machel«A independéncia nacional, o socialismo que estamos a construir, tudo aquilo quecon. quistdmos, tudo aquilo que somos hoje, nasceu desse primeiro passodecisivo, nasceu do 25 de Setembro» - Presidente Samora Machel na exortação àsFPLMParticiparam igualmente os delegados à 29., Sessão do Comité Regional da OMSpara, a Ãfrica, que se realizava há alguns dias na capital da RPM, assim comomembros do Corpo Diplomático acreditado na RPM.Começa o desfile. Pri meiro, um grupo de crianças, vestindo camisolas com oemblema do 1?." Aniversário do início da Luta Arme: la de Libertação Nacional,traz a imagem da garantia de que a revolução vai continuar.Um grupo de antigos combatentes das FPLM, recordava em seguida, através dasua marcha de guerrilheiros e fardamento castanho escuro, os anos iniciais da lutaarmada.Perante a tribuna, saldando o Conmandante-em-Chefe o perante os milhare2 d presentes, desfilarsti, também, em blocossucessivos, militar,-s de todos os ramos das forças terrestres, a Policia Popular deMoçambique,Milícias Populares e membros dc3 Grupos de Vigilância Popular,trabalhlores, estudantes e mulheres enquadradaspela OMM, sendo largamente ovacionados pélos presentes.Um dos momentos mais altos foi o a demonstração do equipamento bélicoagora à dieposição das forças armadas moçambicanas para reforço da capacidadedefensiva ;1a RPM. O quarteirão em que esta cerimónia decorria, vibrou àpassagem dos tanques, blindý!los e de pcderosas armas de defesa antiaérea e ileartilharia autotransportada

Page 23: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

«Vivendo o espírito glorioso do 25 de Setem bro, .construiremos o nosso paíslivre inde. pendente, próspero e forte, construiremos a Pátria socialista emMocambicue»Grupo de mulheres, enquadradas pela OMM, desfilando durante o actomemoraçôes do 25 de Setembro em Maputocentrai das co.que desfilavam, pela primeira vez, perante a população. O entusiasmo dospresentes era visivel Aqui e ali, por entre a multidão, escutavam-se exclamaçõescomo esta:*Finalmente, Smith não pcderá mais agredir impunemente a nossa Pátria ! ».Centenas de atletas das FPLM, de ambos os sexos, vestindo fatos desportivosamarelos, brancos, azuis, vermelhos e de outras bonitas cores apresentaramtambém al guns números de ginástica massiva coroando a sua actuação com odesenho de figuras e pala-vras alusivas à ocasião. Finalmente, a Banda Militar, c u j a s actuações têmmerecido sempre os aplausos do público, desfilou ao longo da Avenida 25 deSetembro.Nem a chuva que caiu nos momentos finais impediu que milhares de pessoas,vindas dle todos

«A consolidação das vitórias obtidas, das realizações já concretizadas ou emcurso, com vista a melhorar as con. dições de vida do povo, exige a criação deforças arma.das poderosas» - Mensagem às FPLM«Saudamos os heróis do trabalho que, nas fabricas, nas cooperativas, nas aldeiascomunais, nas machambas esta. tais nos portos, nos caminhos de -ferro, noshospitais nas escolas, nas repartições e serviços' públicos, em todos os sectores,estão na vanguarda da batalha pelo desenvolvi. mento socialista no nosso País» -Presidente Samora Machelos cantos da cidade e arredores, vissem o maior desfile militar das FPLM e,permanecessem no mesmo local muito tempo depois do PresAente SamoraMachel e outros altos dirigentes o terem abandonado.De muitos dos presentes ouvimos comentar que este constituiu o acto maisimponente desde a proclamação da irilependência nacional, uma demonstração doavançb impetuoso da revolução moçambicana. Membros das FPLM retiveram emparticular aquela frase da exortação do seu Comardante-em-Chefe:«Saibamos manter bem alto a chama gloriosa dott25 de Setembro,) nesta nova fase em que as nossas responsabilidades são aindamaiores e as nosisas tarefas são ainda mais complexas.» Com este desfile, asnossas forças armadas demonstraram como têm assumido as orientações 11oPartido no sentido de ele varem continuamente a sua capacidade política, técnicae combativa, para defenderem eficazmente a Pátria, o Socialismno, e a.indeperiflência nacional, reforçarem continuamente -a sua uinida de cem oPOVO.TEMPO N.- 468 - p69. 26

Page 24: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

COMO TOmOU CONHECIMENTODA LUTA ARMADA?A partir de 1964, e apesar da censura fascista, propagou-se como uma queimada anotícia de que a Luta Armada começara. Uns ouviam dizer por amigos, outrasescutavam a «Voz da Frelimo,, enquanto que outros recorriam mesmo aexplicações obscurantistas para explicar o acontecimento que estava a transformarde modo irreversível a vida de todos os moçambican3s.A primeira pessoa a querincontactátnos 1o o operario umao E«uario Bila, daSoveste que nos disse: «A luta armada, quando começou, eu era estudante.Conítudo, não deixava de ouvir a estação da Tanzaria, <A Voz da FRELIMO»,porque o meu tio tinha conhecimento dessa emissora e ligava-a. Também, algunsmeus familiares eram guerrilheiros e outros da tropa colonial. Estes últimos,quando vinham lá de cima (norte) contavam-nos que la via uma guerra movidapelos combatentes da liberdade. Os velhos diziam-nos haver Irmãos nossos quelutavam pela liberdade. O falecido Presidente Mondíane tinha muita fama, juntodos velhos. Sabiam que ele estava na Tanzania a dirigir a luta. Foi em 1966 quetomei esse conhecimento da luta no norte do pais».OUVI AS PESSOASMariana Enoque, também, operária, - daquela mesma empresa, estava empenhadano seu trabalho. Não obstante obarulho das máquinas, escutava atentamente a convíersa que estavámos a ter como colega. Mal tínhamos acabado a con versa quando '1a interveio, dizendo: <Eusoube de que se tinha iniciado a luta armada em 1973. Ouvi as pessoas a falar.Mas, realmente, só tive certeza quando o meu cunhado foi preso, porqueparticipava às escondidas na reunião dos militantes da Frelimo, no Saiala, aqui emMaputo. Mavia medo, mas as pessoas não deixavam de comentar sobreessa luta. Eu morava na altura no bairro «T3». Naquela empresa falamos tambémcom Celeste Timane, operária que sobre o assunto disse-nos que foi um anodepois, do Inicio da luta, que tomou conhecimento dela através de seu pai quetrabalhava n o quartel, como serralheiro. Este ouvia conversas e lamentações dastropas do exército colonial, que ainda na altura man tinham grande segredo sobreo assunto. A partir, dessa altura, o pai dela, depois do trabalho,«Em 1973, eu soube que se tinha iniciado a luta armada. Ouvi as pessoas a falar,mas só tive a certcz quando o meu cunhado foi preso, porque participava em reuesde mi.litantes da Frelimo» - Na foto, Mariana Enoque«o meu pai exwavame que quem lutava eram mOçambicanos que queriamlibertar Moçambique. Ele sem. pre dizia que não podia falar ld fora por causa daPIDE». - Celeste T'maneTEMPO No 468 - pég. 26

2«... Todos os dias, prin.cipalmente, a partir de 1965, era nossa conver.sa do dia-a.dia.» - Ale.xandre Jamisse

Page 25: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

«Além de ouvir através das pessoas que falavam sempre em m,"rmziros. tambémfoi através da rádio» - Alfrc.do Feniaschegava a casa e sintonizava «A Voz da Frelimo».Celeste Timane acrescenta que, «o meu pai explicava-me que quem lutava erammoçambicanos que queriam libertar Moçambique. Ele sempre dizia que não podiafalar lá fora por causa da PIDE porque podia ser preso».CONVERSA DO DIA-A-DIAProssegutmos, os nossos contactos. Chegámos à Sobrauto onde falámos comAlexandre Jamisse, operário que nos afirmou calmamente e encostado à suamáquina de trabalho: «Es-se tema de que está a falar era nossa conversa do dia-a-dia. Todos os dias,principalmente, a partir de 1965, quando íamos ao serviço,, às primeiras horas damanhã. As pessoas que tinham ouvido <A Voz da Frelimo» no dia anterior,contavam-nos pelo caminho e assim, encurtãvamos a longa marcha que fazíamosdas nossas casas ao emprego. Mas, essas conversas eram tratadas de uma maneiradiferente das conversas normais. Por exemplo, para designarmos os combatentesdizíamos «vafana» e assim, mes-mo que houvesse uma pessoa da PIDE não sabia de que estávamos a falar».HAVIA ESPIõES A ESCUTARNo mercado «José Ma camo» falámos com a vendedeira Laurinda JacobMuthemba que afirmou: «eu soube através da rádio iA Voz da Frelimo» metia-meno quarto, envolvia-me nas capulanas porque estava cheia de medo e ouvia arádio. Mesmo assim, havia espiões lá fora a escutar».Sobre o mesmo assunto pronunciou-se o vendedor A 1 f r e d o Fenias quesublinhou: além de ouvir através das pes-TEMPO N. 468 -pág. 27

,1Havia7 s)Iidarie(4(de entre os), vizinhos quanýdo fossemý de confiança. É oque aconý. tecia comigo, Sempre que, o mneu vizinho abria «A Voz da FPrelimo»'convidava-me., »- Luís Lucassoas que falavam nios mercados, mas sempre em' murmúrios, também foi atravésda rádio quando o comprei em 1969.Luis Lucas, é vendedo r, também ýdo mercado <José Macamo» do bairro doChamanculo. Ainda a propósito do tema focado pelos. s e u s coleg as salientouque «havia -solidariedade entre os. vizinhos quando tossem de confiança. É o queacontecia comigo. Sempre que, o meu vizinho abria 9A Voz da Frelimo»convidava-me para ouvirmos juni-tos. Claro, que tínhamos que encostar os ouvidos ao rádio para não abrirmosmuito alto o volume a ponto de se ouvir lá fora. E esse meu vizinho tinha maisesclarecimento sobre o assunto em relação a mim. Então explicava-me que era umgrupo de moçambicanos que tinham ido à Tanzania lutar para nos libertar».NÃO E R A M «ESPÍRITOS»Gilberto Venâncio Matule do mesmo mercado disse que : «Quando a

Page 26: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

«... Mas quando começámos a ouvir «A Voz da Frelimo, a ouvir Rosdria Tembe eo Rafael Maguni. foi quando muita gente acreditou que não eram "essoas cor espi.ritos»..»-Gilberto Vçnân.cio Matule«EU soube atravé3 da Rádio «A Voz da Frçlino»... - Laurindai Jacob Mutem.baluta armada começou no norte do pais, a princípio, diziam que eram pessoas quetinham uma força dada por um «espírito». Muita gente acre ditava nisso. Até eu,acreditava porque algumas tropas do exército colonial quando chegavam cá abaixo, diziam «eh! esses homens com quem lutamos não os vemos, desaparecemdepois de um ataque. Podes estar ao pé dele mas depois desaparece». Mas quandocomeçámos a ouvir <A Voz ,da Frelimo», a ouvir Rosária Tembe e o RafaelMaguni, foi quando muita gen, te acreditou que não era nada de pessoas com«espíritos» mas sim pessoas como nós que ti.nham estudado aquela maneira delutar. Ouvíamos a explicação do objectivo da luta e os comunicados de.guerra. Etambém falavam 1 que entendiamos».Texto de:Ofélia TembeFotos de:Naíta UsseneTEMPO N.O 408 -pág. 28

SER VICO MILITAR OMIIATORIINQUÉRITOO Serviço Militar Obrigatório é uma forma de eha. mar a juventude a defender aPátria. Como sentem os próprios jovens este apelo? Com a passagem do 15.0Aniversário das FPLM qui. semos ouvir a opinião de alguns. Eis algumas dasrespostas mais significativas: ..Anuário Gustavo, trabalhador da Fábrica de Vestuário Africa: Vamos com a nossapresença física rcforçar a nossa capacidade defensiva<Partindo do principio de que qualquer pais deve ter o seu exército, orecenseamento p a r a o Serviço Militar Obrigatcrio é a primeira resposta a estanecessidade. Basta falar-se de um exército moçambicanopara saber que são os próprios moçambicanos que irão formã-lo» começou pordizer Silvano E. Nhaul com quem cóntactãmos na Fábrica de Vestuário Africa.«A juventude c o m o seiva da Nação deve as-segurar a defesa da mesma. Esta é a razão deste ingresso no Serviço MilitarObrigatórd. As agressões efectuadas no nosso pais pelo inimigo mostram anecessidade da existência duma defesa preparada para res-ponder a estas provocações com toda a decisão.» .Anuário Gustavo, um jovem também trabador desta empresa, deu-nos k suaopinião.<0 nosso povo lutou ,durante dez anos para seTEMPO N., 468 - p5g. 29

Silvano E. Nhaul, basta falar.se de um exércíto moçambicano para saber que

Page 27: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

são os próprios moçambicanos que irão formá-lolibertar do jugo colodiai. "iina o suu oraço armacuo, a ±Teimo.Hoje estamos libertos o que não significa que pusemos as armas de lado. Temosque continuar a combater pois são muitos os imgos da paz. Um caso concreto sãoas agressões roaesianas de que o nosso pais é vitima. Que seria de nós se nãotivéssemos um exército? Baseando-se nesta pergunta nós os jovens devemosreflectir muito neste ponto. Não iremos aceitar que o inimigo continue a destruiras nossas riquezas, como acaba de fazer. Vamos, com a nossa presença física,reforçar a nossa capacidade defensiva.Para reforçar a capacidade defensiva o serviço militar dá-nos essa vantagem; a depodermos responder com precisão, e a qualquer. hora e momento, às provocaçõesde que somos vitimas, pois aí estaremos preparados para tal.»Arlindo Langa Cstudante da EscolaSecundária da Polanasem- cipo nas reuniões do fazer meu bairro isso foi por rejei, pouco tempoporque lá não uctep ruelamos explicaram em pormeno e co- res o porquê do Serviço orma MilitarObrigatório.»Virginia Hom Chutoa-d- -Chum uma estudante ecen- também abrangida pelotinha S.M.O dá o seu parecer: prin. «0 recenseamento é esmo uma formaeficaz de pôr parti- todo o cidadão moçambicano pronto a defender a nação. Paramelhor planear a nossa defesa, todo aquele que for abrangido deve recensear-se.através da incorporação no exército que podemos defender melhr o pais. Por issoé recenseando-nos que da- mos o nosso sim a estalei» - afirma, finalmente, Arlindo Langa estudante da Escola SecunGhu dária daPolana.TEMPO We 468 - pág, 30

"VOCF NAO SABE NADA * ..BORRO!T"-Empreguel.me pela primeira vez, em 1950, na companhia de «Ma nuel SaraivaJunqueirou (Guruè). Nã'o conhecia ainda nenhum traba. lho de brica de chá e, porisso, tinha de aprender com amigos e colegas. Mas quando perguntava ao chefe,que era um técnico, ele berrava sempre: uVoc8 nío pode saber nada, porque éburro»!Antero dos Santos, natural de Nauela (Alto Molócuè) é um dos trabalhadoresmais Idosos da Empresa MoÇambicana de Chá - EMOCHA. Testemunho vivo deum passado de xibalo, de desprezo pela dignidade humana e de exploraç~o,praticados até à Independência Nacional pelas companhias de cUá, na Zambézia.TEMPO N.o 468 - pâg. 31

Atrarés das iniciativas em curso, os trabalhadores da EMOCHA trabalham não sóno sentido de transformar as rela. ções de produção como de criar uma empresade tipo novo para felicidade dos seus filhos. Quarilo esta entrevista se realizou Antero dos'Santos e outros 3 companheiros detclas as unidades de produção frequentavam o primeiro curso para preparadoresde chá organizado pela empresa estatal.

Page 28: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

«Aquilo não era vida, não» - rc. corda, com mágoa, o nosso entrevis tado -«Trabalhávamos como ani mais, de manhã à noite. Ao fim do dia eu ia para casamuito triste. Quando voltava, no dia seguinte, já tinha medo daquele chefe que vi.nha sempre nervoso para eu ter medo de lhe fazer perguntas».Antero dos Santos falou-nos longamente desse passado que, como ele afirma «énecessário recordar sempre, para compreender o presente e lutar por um futuromais feliz para os nossos filhos».«Agora que estou neste curso, e começo a compreender pouco a pouco as técnicasde preparação do chá, fico admirado como é que eles faziam deste trabalho umsegredo, coisa muito complicada. Uma pes. soa aqui vivia cinco, dez, vinte anossem aprender muita coisa. Na secção de selecção das folhas, só se fazia aselecção; na enrolagem, só enrolagem. No murehc.:lor, só se aprendia o trabalhode murchador. Não sabíamos para que era o trabalho que se fazia em cada umadas secções.»«NO FIM DO MÉS....UM PUNHADO DE SAL»O que. diz Antero dos Santos, não é uma experiência única. Em váriascompanhias de chá os trabalhadores eram submetidos ao mesmo trabalho, àhumilhação e à discriminação. Andisson Mavila depõe:«Eu fui responsável de uma fábrica, durante cinco anos, e ganha va 350 escudosmensais. Um colono, admitido depois de mim, e a quem eu ensinava o serviçoentrou logo a ganhar muito mais que eu. Passado pouco tempo, comprava umlindo carro.»Pedro Elías diiz-nos acerca do recrutamento dos trabalhadores para ascompanhias:«l ramos recrutados à força pelos régulos, sob as ordens dos administradorescoloniais. Por cada cabeça, eles recebiam uma gratificação e por isso cada«muenhe» procurava recrutar o maior número possível de trabalhadores. ,«Gostaria de acrescentar que não era só o processo de recrutamento que erahumilhante para, nós. Nas companhias onde trabalhávamos das seis horas damanhã às cinco da tarde comíamos mal, éramos espancados e mal remunerados.Por vezes, no fim do mês o dono da companhia resolvia pagar-nos com umpunhado de sal. O u t r o s apresentavam-nos uma moeda de um escudo e diziam:«Is to tem muito valor para vocês: Serve para comprar toda a roupa para a suamulher! «Qualquer recusa disto ou insubordinação peran te os chefes, levava otrabalhador à prisão. Por seis ou cinco meses. Enquanto isso, as nossas mulhereseram arrancadas das palhota para virem trabalhar ias cdmiinistra ções coloniais,sem qualquer tipo de remuneração. »TEMPO N.o 468 - pág. 32

COMO LIBERTARA INICIATIVA?Se é importante conhecer o passado («para compreender o presen te e lutar porum futuro melhor para os nossos filhos - como nos dizia aquele trabalhadorn) éigualmente interessante notar os esforços feitos desde a Independência Nacional.

Page 29: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

Quardo visitámos as unidades de produção da EMOCHÁ, no Guruê, este foi onosso objectivo principal. Referimo-nos já recentemente (Tempo no 460) àsdificuldades, êxitos e insuficiências no campo económico e alguns aspec. tosorganizacionais, nesta empresa estatal.Um problema fundamental que. desde o início, se colocou às estruturas daempresa foi como proceder para alterar o mais rapidamente possível as relaçõesde produ. ção até então existentes nas companhias de chá e elevar a consciênciade classe dos trabalhadores.Estamos já a falar de um aspecto essencial da estruturação da empresa. «A criaçãode uma assembleia geral de trabalhedores foi um passo importante que tomámosdesde o inicio. Estamos a criar colectivos de trabalho a todos os níveis» -'informou-nos um membro da direcção la empresa.A Unidade de Produção n.o 4 é onde este processo está mais zdian tado, porquefoi tomada como a unidalie-piloto.Depois da criação da assembleia geral de trabalhadores da EMOCHA, iniciou-seo ,processo de criação de colectivos de trabalho nas unidades de produçãoatravés dos quais se torna possível resolver correctamente os problemasUma das medidas que contribuiram para acelerar a criação de novo tipo derelações, foi a admissão de mulheres em diversas secções da unidade de produção.Eva Ferraz, trabalhadora afectada no armazém, falou-nos sobre o processo:«Começámos a trabalhar na Unidado de Produção n.o 4 no dia 9 dle Abril desteano. O meu marido é bate-chapas nas oficinas da EMOCHA. Eu e as minhas onzecolegas vimos que aprenderíamos novas tarefas e ajudaríamos melhor os nossosmaridos e parentes se nos conseguíssemos empregar. O Partido apoiou a nossaideia e fomos, assim, admitas: três es. tão no armazém, duas nas oficinas, uma noescritório e cinco na carpintaria. Trabalhamos em conjunto com os homens e hárespeito mútuo.»Uma trabalhadora do sector fabril dliz-nos, a completar as declarações da suacolega, que ilesde a sua admissão na EMOCHÃ a sua vida e a dos seus quatrofilhos tem vindo a melhorar. «Antigamen te, eles viviam muito mal, desde que meseparei do meu marido, (que também trabalha nesta empresa) e fiquei sozinha.,- Como é que funcionam os colectivos de trabalho? A resposta é dada pelosecretário dos Conselhos de Produção da UP4, Sebastião Caixone:«Em relação aos problemas dos trabalhadores qualquer caso deve primeiramenteser visto na base. Ai há representações das várias estruturas - Célula do Partido,CPUP, OMM, OJM. Se o problema ultrapassa a competência iIa base, deve serremetido com uma proposta, para o nível imediatamente superior. Finalmente, nanossa reu nião semanal do Conselho de Direcção, estudámos os diversos problemas apresenttados, discutímo-los e tomámos uma decisão para ser de novoeniviada à base.»A experiência dos trabalhadores da EMOCHA na criação de relações socialistasde produção está em marcha. Mais uma bandeira vermelha se ergue sobre ocadáver do colonialismo.TEMPO N.o 468 - páge .33

Page 30: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

- pag.

Na sociedade socialista, o Estado tem de dispor de meios para substituir .s meiosde produção consumidos e ampliar a produção, bem como garantir um fundo dereserva para fazer face às calamidades naturais, acidentes, etc. Precisa, ainda, defazer despesas de administração de responder às necessidades colectivascrescentes olhando pelo desenvolvimento de estruturas sociais co-to e que, por outro lado, se valorizem unformemente os trabalhos, dentro doprincípio justo de igual pagamento para igual trabalho.Interessa, portanto, conhecer toda a complexidade decada profissão de forma aque, comparadas, todas indiquem o esforço necessário para serem postas emprática. Desta forma, um camponês poderá ganharý tanto comoÉ preciso conhecer a complexidade de cada profissão de forma a que compara.das, todas indiquem o esforço necessdrío para serem postas eni prdtica. Destdforma, um camponês poderd ganhar tanto como certo operdrio porque otrabalho de ambos pode ter gtual complexidademo as ligadas à Saúde, Educação e Segurança .Social.,É ainda ao Estado, que compete distribuir o restante da riqueza Produzida pelosseus produtores, segundo o trabalho, de cada um, suu a iorma de salários.Em resumo, pode dizer-se que de todo o produto social criado pelostrabalhadores, uma--parte destina-se a adquirir, novas materias-primas eequipamentos.,outra para reserva, uma terceira é encaminhada para. odesenvolvimento do -bem-estar social e, f inalmente, a última parte é destinada aopagamento idos salários.Assim, à medida que cresce a produção. e a produtividade, a sociedade conta commals bens com'os quais pode responder às necessidades dos trabalhadores. <Destaforma, na sociedade, so,cialista o salário temque, forçosamente, ser fixadocentralizadamente pelo Estado, de maneira a garantir, por um lado que o seu nívelcorresponda às possibilidades económicas de cada momen-certo operário porque o trabalho de ambos pode ter igual complexidade.E por isso que, para que se cumpra o principio socialista de atribuição do salariose torna necessário uma 'acção centralizada do Estado, fixando a escala, as tarifas,os-qualificadores e as normas de trabalho. Ao mesmo tempo, é necessário umaobservação profunda e sistemática de cada centro laboral, avaliandocorrectamente os trabalhadores e determinando, com base nas suas característicastécnico-orgamzativas, o nível de produtiyidade, as normas e a força de trabalhonecessárias.Os objectivos básicos do sistema salarial da sociedade socialista são, desta forma,alcançados. E, esses objectivos básicos são a distribuição adequada do fundo deconsumo, elevando assim o nivel de vida dos trabalhadores, o estímulo aoaumento da qualificação, a estabilização da força de trabalho e o aumento daprodutividade.Saláriosb,ásico se tarifas

Page 31: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

suplemett4sO trabalhador tem direito a receber o salário justo para o trabaio que faz, pelo queo salário tem que ser ,dreetamente proporcional à quantidade de valoresproduzidos.Se é certo que o aprendiz nãolode receber o mesmo que o mestre, é também justo que ambos tenham tarefas eresponsabilidades bem definidas, de forma a que o salário seja atribuído «de caaaum segundo as suas capacidades, a caaa um segundo o seu trabalho».Como já referimos, este é o prin cípio socialista de divisão da riqueza pelo seuprodutor. No entanto, sabemos que tal princípio não é ainda correctamenteaplicado no nosso País e é por isso que com o objectivo de o concretizar oMinistério do Trabalho está actualmente a, proceder a um amplo levantamento dasituação salarial de todos os trabalhadores do Pais, tendo em vista permitir aoPartido FRELIMO e aos órgãos máximos do Estado definirem normas salariaiscorrectas para todos os sectores da vida nacional.Se recuarmos alguns anos, verificamos que no período colonial-capitalista osvencimentos variavam de província para província, de empresa para empresa, deposto para posto de trabalho. A antiguidade e a amizade com o patrão marcavam edecidiam o preço. Para a atribuição do salário importava mais a habilitaçãoliterária que a capacidade de pro-TEMPO W, 468 - pág. 36

duzir valores e era assim que uni escriturário com o quinto ano recebia mais doque o operário com a quarta classe, mesmo que este último entregasse à sociedademais valores do que o primeiro.As habilitaçes literárias, a amizade, o parantesco, eram ainda quem definiam oslugares a ocupar e cada lugar, por si só, decidia o que fazer. Entretanto, durante ogoverno proviSório os técnicos foram disputados entre empresas, aliciados pelapromessa de salários irrealistas e catastróficos para a economia nacional* De tudo isto resultou que herdássemos do colonialismo unasituação salarial caótica, agravada mais ainda pelo elevado índice deanalfabetismo. É, pois, esta situação que se tem procurada combater e que, para asociedade socialista que estamos, a edficar, tem que ser completamente eliminadadado que a atribuição de salários tem que obedecer a valores conhecidos.Neste, sentido, está a ser dado o primeiro passo com o levantamento da actualsituação salarial do Pais, que, permitirá não só saber quanto ganha cada um de nóscomo ainda conhecer o que cada um de nós sabe fazer. O trabalho, na RepúblicaPoPular de Moçambique, é um di-reito e um dever de cada cidadão. Como direito, tem que ser retribuído por umsalário justo, de 'acordo com as possibilidades económicas de cada momento;como dever, exige responsabilidade, atribuição correcta de tarefas.A Organização Científica do Trabalho (O.C.T.), prevê todas estas condições,realizando o sistema salarial do País através de quatro elementos, um dos quais ea escala.A. escala tem por função garantir o princípio de distribuição socialista, através dafixação dos dierentes graus de complexidade dos trabalhos que se realizam a nível

Page 32: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

de toda a economia nacional, assim como as condições em que estes sedesenvolvem.Estabelecem-se, desta forma, pagamentos de salários básicos pela complexidadede trabalho, e tarifas suplementares quando o traoaino se realiza em condiçõesanormais, o que é considerado extra-qualificação.Assim como o metro é o padrão de comparação para determinar as dimensões deum objecto, a escala é o padrão de comparação para relacionar as complexidadesde trabalho,Para melhor compreendermos como funciona a escala vejamos o seguite exemplo:Dois pintores da construçãt civil ambos responsabilizados pela pintura de casas,terão forçosamente a mesma escala, porque a complexidade do seu trabarlho éidêntica. No entanto, a escala não está isolada dos outros elementos da (O.C.T.) etem que os tomar em consideraçãq. Neste caso, por exemplo, um dos pintotes sópinta os interiores da casa e o outro os exteriores: quer isto dizer que o segundotem que andar em andaimes, por vezes a grandes alturas e, que portanto, ascondições de trabalho entre um pintor e outro variam. Neste caso a escala terá quetomar em consideração as condições de trabalho, para atribuiçJo da complexidadede trabalho.ýTEMPO N., 468 --- Pág. 3J

Uma vez definida a escala, portanto após se ter encontrado umaa medida paratodas as complexidades de trabalho, é necessário a criação de qualificadores,como veremos a seguir.Qualificadorematerializama polit#cade lsalriosHá certas profissões que são desprezadas pelo capitalismo, especialmente quandoimplicam esforçý) físico ou prestaçao directa de serviços. ýÉ por isso que nospaises capitalistas, onde conta mais o dinheiro que alguém pode gastar que o seucomportamento moral, a profissão de empregado de mesa, por exemplo, é umtrabalho desprezível que se entende apenas com o máximo de servilismo por partedo trabalhador e em que este aparece sempre como alguém que não sabe fazeroutra coisa e exerce aquelas funções por serem demasiado simples.Na verdade não é assim. Vejamos por alto, quais são as tarefas de um tabalhadordeste tipo: ele serve alimentos às mesas, alinha mesas e- cadeiras, tem que colocartoalhas nas mesas, transportar e colocar loiça limpa e preparar utensílios. Tambémtoma notas, escreve os pedidos e tira as facturas, serve segundo as normas, retira aloiça utilizada, cobra ou dá a cobrar a conta ao caixa, cuida e mantém em bomestado os recursos materiais a seu cargo, aplica no seu trabalho os princípios dahigiene e manipulação dos alimentos, mantém aparência pessoal, atende correc-tamente os clientes e mantém limpa a sua area de traoalno.A descrição aos procedimentos elementares exigíveis a um empregado de mesa,demonstra claramente que ele tem que ser acima de tudo, um profissional. E, estetrabalhado.: será tanto melhor profissionai quanto mais em penho e dedicação

Page 33: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

aplicar duraný.e o exercício Cas suas funções. Assim, ele exerce o seu deversocial, executando tarefas necessárias a sociedade.»Na soc' ecacc socialista, este e todos os trabalhadores são apredados pelotrabalho que desempenham e cada trabalho tem as suas formas de ser feito, isto é,exige uma certa capacidade, de forma a que seja aplicado o princípio de atribuiçãode salário «de cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo o seutrabalho».Para que este princípio possa ser aplicado, é necessario encontrar primeiro osgraus de com. plexidade de cada trabalho, o que se consegue através da escala desalários, como atrás referimos.Depois, é preciso criar o qualificador de cada profissão, materializar os graus decomplexidade de cada tipo de trabalho e descrevê-lo nos qualificadorescorrespondentes a cada caso.Vimos algumas das tarefas que é necessário serem cumpridas por um empregadode mesa. Como elemento indispensável a uma atribuição justa de salário, éindispensável encontrar toda a com plexidade de cada trabalho. Só assim, depoisde termos a descrição dos procedimentos de trabalho podemos ver quais são osrequisitos de conhecimento necessários para o desempenho dessas fun ções.Por exemplo, no caso que apontámos, seria ideal que o empregado de mesapossuísse um curso específico sobre o seu trabalho e que, depois dele, passasseum certo tempo como auxiliar de cozinha, na medida em que é indispensável queele tenha alguns conhecimentos de serviço gastronõnmico, saiba a forma de fazercafé, chá, batidos, etc. Ele forçosamente, terá também que ter co-A descrição do procedimento de trabalho e requisitos de conhecimentosnecessários, chama-se qualificador, que é o elemento indispensdvel na definiçãode cada profissão. No caso de um empregado de mesa, ele desempenha váriastarefas como sejam servir alimentos às mesas, alinhar mesas e cadeiras, colocartoalhas nas mesas, colocar loiça limpa e preparar utensíliosTEMPO N, 468,- p-ig. 38

nhecimentos fundamentais de números inteiros e decimais.Verificamos, então, que para esta profissão, há uma descrição do procedimento detrabalho e requisitos de conhecimentos ne.cessários: o conjunto destes doiselementos é um qualificador, elemento indispensável na definição de cadaprofissão. yÉ mediante o qualificador que se realiza a situação dos postos de trabalhosegundo a escala, pois deles derivam os conteúdos e requisitos de trabalho,através dos quais é possível determinar a complexidade do trabalho de cada um.Podemos concluir, desta forma, que na, sociedade socialista que estamos aedificar é necessária a criação de qualíficadores para todos os ramos deactividade, pois, neste caso, os qualificadores são os documentos oficiais quematerializam a política de salários. E, o primeiro passo para a sua criação está aser dado neste momento ao proceder-se ao levantamento da actual situaçãosalarial do Pais.A tarifae o termômetro J Y

Page 34: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

.A tarifa é encontrada pelo grau de complezidade de trabalho realizado e "elainfluência de outros factores que motivam que sejam despendidas maiores energias físicas e mentais. Entre muitos outros exemplos, podemos citar o caso de doiselectricistas, em que um trabalha na construção civil, montando sistemas deverece ir ~ dentro de casa, e outro faz instalações de alta tensão. Osconhecimentos exigi.dos são idênticos, mas o que trabalha com alta tensão tem que aplicar maisenergia física e menfalHoje, quando vamios ao hospital receber tratamento, quando as criançasfrequentam a escola, quando o pagamento da renda de casa não depende daganância do dono do prédio, cada trabalhador está a receber indirectamente umacompensação pelo seu esforço de trabalho. Por outro lado, sabe-mos que os preços dos géneros de primeira necessidade não são aumentadosdesde há alguns anos porque o nosso Estado suporta qualquer aumento de custorelacionado com a sua importação, enquanto nas Cooperativas de Consumo e nasLojas do Povo compramos mais barato porqueo Estado não visa, igualmente, o lucro ganancioso do comerciante capitalista.Na verdade, o dinheiro para prever estas despesas que o Estado está a fazer vemtambém do esforço dos trabalhadores. Só que o nosso Governo serve as massastrabalhadoras e, portan-TEMPO N., 468 - píg. 39

to, faz a distribuição da riqueza por elas, destinando uma parte a satisfazer asnecessidades individuais e outra parte à satisfação das necessidades sociais doPovo.Directamente, o Estado dirige a política salarial criando condições para que cadaum ganhe segundo o seu trabalho e que cada um empregue todas as suascapacidades.Já vimos que é necessário criar uma escala para avaliar, a complexidade de cadatrabalho e qualificar as tarefas de cada trabalhador. lý também necessário criartarifas que, conforme a disponibilidade de cada momento cumpram a missão deretribuição para as necessidades individuais dos trabalhadores.Tentemos, então, explicar o que e a tarifa.A tarifa é o elemento do siste.ma salarial que determina a quantidade de dinheiroque o trabalhador deve receber numa unidade de tempo, por executar um trabalhodeterminado. Porém, não é correcto que o bom e o mau trabalhador recebam deigual forma, como também não será correcto que dois trabalhadores que fazem o -mesmo serviço e nas mesmas condições, um receba mais do que outro porque asua empresa tem melhores condições económicas. Em Moçambique, a atribuiçãodas tarifas terá que ser centralizada pelo Estado de forma a que para igual trabalhohaja igual pagamento, consoante as possibilidades económicas de cada momento.A tarifa é encontrada pelo grau de complexidade de trabalho realizado e pelainfluência de outros factores no processo produtivo que, embora não requerendooutra complexidade, fazem que, para o desempenho da actividade, se dispendammaiores energias físicas e mentais.

Page 35: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

Vejamos como exemplo o caso de dois electricistas. Um trabalha na construçãocivil, montando sistemas de electricidade dentro de casa, e outro faz instalaçõesde alta tensão. Os conhecimentos exigidos a cada um são idênticosporque ambos trabalham com electricidade e fazem dela o melhoraproveitamento. Mas, embora os dois tenham a mesma complexidade de trabalho,o que trabalha com alta tensão tem que aplicar mais energias físicas e men tais.Desta forma, estes dois electricistas podem ter a mesma tarífa básica, mas o quetrabalha em condições anormais deverá ser beneficiado por uma tarifasuplementar, como compensação ao gasto suplementar efectuado.A aplicação destes princípios permitirá então e definitivamente que cada um,segundo as suas capacidades, receba segundo o seu trabalho.As fomasdepagamentoA diminuição dos custos de produção é um dos últimos mas também dos maisimportantes objectivos da Organização Científica do Trabalho. A .O.C.T., emcada um dos seus elementos, ao mesmo tempo que se preocupa com o produtor dariqueza - o trabalhador - visa o aumento da produção e da produtividade e,necessariamente, a diminuição do custo de fabrico.É evidente que não é rentável nem prático produzir arroz em grandes quantidadespara o vender a dez escudos o quilo se ele custou onze. Se isto acontecesse, odinheiro necessário para cobrir o prejuízo em cada quilo, seria um escudo que nãopoderíamos utilizar na construção de uma es-trada, um hospital uma escola ou na importação de uma máquina necessária aodesenvolvmento de outras indústrias. Já referimos atrás como cada um doselementos da O.C.T. pretende o aumento da produção eTEMPO N." 468 - pág. 40

A dfminuição dos custos de produção é um dos mais importantes objectivos daOCT, em que cada um dos elementos que a com. põem ao mesmo tempo que sepreocupa com o produtor da 'ri. queza - o trab.a. lhador - visa o aumento da pro.dução e da produtividadeda produtividade. Agora, ao falarmos das formas de pagamento iremos ver comoo incremento constante da produção e da produtividade influencia também adiminuição dos custos.As formas de pagamento são o elemento do sistema salarialmediante o qual se fixa a recompensa que o trabalhador deve receber pelaexecução de um dado trabalho, medindo-se este pelo tempo gasto ou resultadoobtido. O trabalho deve servir de medida mas, para isso, tem que ser determinadopela duração ou in-tensidade. Doutro modo, deixa de ser medida. Existem, por conseguinte, duasformas de pagamento: a tempo e por rendimento ou empreitada.Ambas as formas permitem a aplicação do princípio socialista de distribuiçãosegundo a qualidade e quantidade do trabalho. Logicamente, no pagamento porrendimento ou empreitada ao estabelecer-se, mediante normas, uma determinada

Page 36: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

quantidade na jornada, consegue-se uma melhor correspondência entre o que otrabalhador dá à sociedade e o que recebe desta sob a forma de salário.A forma de pagamento a tempo emprega-se para o pagamento de trabalhadoresque exercem activi dades onde não é possível determinar normas de produção outempo ou, não obstante poderem estabelecer-se, o seu cumprimento dependefundamentalmente dos equipamentos.Também se emprega nas actividades intelectuais onde, na grande maioria doscasos, se determina se o tempo gasto num trabalho é o socialmente necessário.A forma de pagamento por rendimento ou empreitada é aque la em que aremuneração se efectua em dependência directa dos resultados obtidos naactividade laboral. Estes resultados são expressos pelo cumprimento das normasdeprodução ou de tempo.Esta forma de pagamento emprega-se quando a natureza do trabalho e ascondições técnico-organizativas o permítem e os seus resultados dependemprincipalmente do trabalhador.A utilização desta forma de pagamento é preferentemente recomendável paraaumentar a produção e a produtividade e permite ainda estabelecer um controlorigoroso da quantidade e qualidade dos produtos.e

Entrevista com Joshua NkomoDos nossos enviados Alves Gomes Iain Christie Fotos: ANOPJoshua Nkomo, co-Presidente da Frente Patriótica, concedeu em Londres umaentrevista aos enviados da informação moçambicana. Nes sa entrevista Nkomoexplica as razões que l',varam a Frent' Patriófica a concordar com o princípio darenresentativida:le branca no par. lamento rodesiano, as nasições assumidas Tip!adelegação britânica e pela delegação de Salisbúria.TEMPO - A Frente Patriótica aceitou lugares reservados para-brancos num futuro parlamento do Zhnbabwe independente. :,Pode dizer-nosporque é que isto foi aceite e que tipo _de p sss foram feitas nara que a Frente oaceifasse?JOSHUA NKOMO - Não fo-ram pressões. Foi o desespero da situação. Os britânicos trouxeram a proposta equando nós argumentámos eles disseram-nos: «Não temos nenhum argumento afavor disto. O que vocês dizem é verdade mas nós acreditamos que há umproblema psicológico criado pelos antecedentes históricos no paise no regime. Essas pessoas acreditam que por causa desse problema psicológicoeles não podem ser adequzilamente representados se não forem por pessoas da suacor, especialmente nos anos mais próximos».Nós explicámos aos britânicos que os nossos princípios são de que

são seres huma[oS libertar-nos do ar os brancos do cidadãos comuns lãos dequalquerbran ve a te osé umaemos que isso não era e

Page 37: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

ai: v ra eIremos 'jmba. etaria ie não tanto, agora não o<"nósos aos britã que o vosso é racista se noria no Z am em eurcç isso mostra Porcíuffno'Miraa p(se tebemos» - disseram- «mas as outras ) acrcflitar que isso Então, finalmente, ue aquilo era umaque aquilo em mos concentrar era s- fosse qual i - ioderiamna, emborada Frente Patridtica: RobiTEMPO N., 468 - pág. 43Mugbe e

J. NKOMOl-Há um certo número de outros temas que são vitais e que não forandiscutidos. Nós airda.'não discutimos o sistema ju dicial, o exército, aadministração civil e essas são áreas vitais.T -Quais espera que sejam os maiores obstáculos no caminho pa rã o acordo sobreo peneído de transiçã.o?J. NKOMO - Na parte que me toca não deveria haver nenhum. 'As'nossaspropostas são directas e simples. Não excluimos o regime de Salisbúria, Nósdissemos, tal como o fizeram eles pró. prios, que eles são uma extensão dosbritânicos. Demos-lhes, a eles juntos com os britânicos, quatro lugares mioconselho do governo de transição e demos quatro lugares à Frente Patriótica. Nósfomos mUito benevolentes,' porque, na realidade, para que demos lugares a essagente? Eles cooperaram com o. inimigo. Mas nós queremos ver-nos livres destasituação e chegar a ura -posição em que o povo tome uma decisão por si próprio.0 tempo do governo le transição dever, ser tão pequeno quanto possível.1 T - Muitas pessoas na Grã-Bretanhá ficaram surpreendidas m aunidade deacção da Frente Patrótiea nesta conferência. Tem alguim comentário a fazer aäeste respeito?,J. NKOMO - Sim. Como sabe as, pessoas têm tendência para fazerum quadro e dizem que isto é um retrato seu quar, lo na realidade uma distorção.Mas eles acabam por acreditar nesse quadro embora você diga que isso é umnadistorção, A imprensa ocintal pintou um determinado quadro da Frente Pa. trióticae acreditam nele. Então, quando realmente vêem um quadro real, quando toda agente o vê, eles perguntam: ,Isso são realmente vocês?» Nós dizemos que sim,que este é o nosso verdadeiro retrato. Isto é o que está a acontecer. A ZAPU e aZANU fizeram um longo caminho para se junta. rem e trabalharem como umaumidade.T - O regime de Salisbúria tornou claro que não se quer sentar numa mesa denegociações com a Frente Patriótica. Pensa que esta atitude'vai pôr em perigo oconjunto da Conferência?

Page 38: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

J. NKOMO - Não, vão prejudicar-se a eles próprios. Se eles o tentarem, estar-se-ão assassinamdo a si próprios. Na realidade, o bispo Muzorewa quis ir embora, nopassado fim-de-semana, mas eu penso que os seus conselheiros acabaram por lhedizer que se ele partisse então estaria liquidado, porque o ponto que estárealmente em causa é a guerra e esta guerra está custando vidas. Milhares depessoas têm sido leliberadamente mortas pelo regime. Eles 'estão a matar aspessoas negras em nome de Muzorewa e das outras pessoas. E isto é uma coisamuitoséria para eles. Se eles frustram um movimento que poderá resultar no fim daguerra, então terão de carregar um fardo mais pesado: explicá-lo ao Povo doZimbabwe. Eles carregam já um ,fardo. Milhares de jovens foram mortos, simplesjovens refugiados em Moçambique ou Zâmbia, em nome de Muzorewa e dosrestantes. Outros estão sem pernas, outros têm muitas partes , queimadas comNapaím. Esses homens são responsáyeis por isso e isso é um argumento que, porsi só, é contra eles: Aquilo que eles fizeram aos seus próprios filhos.Nós dizemos-lhes- Derrotámos o inimigo. O inimigo só pode sobreviver com afachada de Muzorewa. J não existe a Frente Rodesiana Já lá não está. Não que aFrente Rodesiana se tenha apenas retirado. A Frente Rodesiana verificou serimpossível governar devido às forças armadas da Frente Patriótica e dai que setenham escondido por detrás de uma cara negra.Eles tornaram-se muito maiscriminosos do que eram quardo Smith era o seu líder. Agora a denúmcia já nãorecai sobre o hamem branco. Acusa-se agora o homcm negro de matar o seupróprio povo e. no entanto, essas pessoas não têm ai tanto podersobre a acção daquilo a que chamam 'as forças de segurança». Eles estão levandoa cabo campanhas de assassinatos contra ho-es. britânicos na Conlerência: "ahMichael HaversTEMPO N.11 468 - pâg. 4,4

mens e mulheres comuns e, por isso, compete a Muzorewa ver que o que nósestamos a fazer é diminuir o seu fardo, os seus crimes contra o seu próprio povo.Por isso. ele não ousa dizer ao Povo do Zimbabwe que não pode conferenciarconnosco porque esse- falso cargo de Primeiro-Ministro com o qual- ele sepasseia por ai é o resultado do sangue destes jovens.Ele deveria sabê-lo e com certeza não pensa que pcie enganar o povo.Portanto, será uma vantagem para ele assegurar que esta conferência tenha êxito ese ela falhar por ele proteger os assassinos (os «selous scouts», os «grey scouts» emercenários de todas as espécies), nessa altura, ele terá de enfrentàr um futuromuito grave.T - A Freite Patriótica incluiu'a necessidade de realizar novas eleições nas suaspropostas, enquanto a delegação de Salisbúria se tem, ãnarentemente, recusado afalar sobre eleições. Porquê?J. NKOMO - É óbvio que eles sabem que não 'se realizaram eleições em Abril. Aspessoas foram compelidas pela força militar. Eles sabem que se se realizarem

Page 39: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

verdadeiras eleições terão multa sorte se obtiverem votos das suas própriasmulheres.T - Se a conferência tiver como resultado a realização de eleições reais, será que aFrente Patriótica seuarará os candidatos da ZANU e zAPU?J. NKOMO - Não, só candidatos da Frente Patriótica.T - Calculam que a Frente Patriótica ganham os 61 lugares necessários à obtençãode unia maioria absoluta do parlamento composto de 120 lugares; que foiproposto por vós?J. NkOMO Os únicos lugares que os outros ganharão são aqueles que estãoreservados para brancos. Não estou a brincar. Es sas pessoas pecaram contra oPovo do Zimbabwe e sabem-no. É por isso que- eles se têm mantidointransigentes contra as eleições.T - Qual a sua opinião sobre a nossibilidade de uma Interven. ção militar daAfrica do Sul noZimbabwe, no caso de uma vitória da Frente Patriótica?J. NKOMO - Eles já lá estão. Estão no Zimbabwe neste momento. Se a África doSul lá não estivesse não haveria Smith. Por isso, tal não criaria um facto novo.Eles não têm homens de ferro. São seres humanos comuns. Se interferirem nosnossos assuntos receberão aquilo que merecem. . T - 0 Zimbabwe independenteherdará uma economia extremamente dependente da da África do Sul Que espéciede relações encaram relativamente à Africa do Sul enquanto estado?J. NKOMO - Isso é um problema da África Austral. Teremos le o enfrentar demodo que, dentro do mais curto prazo de tempo possível, nos possamos libertardessa dependência.Na realidade, temos sorte por existir um elo com Moçambique. Moçambique e oZimbabwe, juntos, podem libertarse das garras 4los racistas sul-africanos. Seconsiderarmos a Zâmbia, Botswana e Mo çambique, estou certo que todos juntosnos libertaremos completamente dessas garras..Mas isso tem de ser feito colectivamente. O Zimbabwe nunca o poderá fazersozinho tal como Moçambique e muito -menos o Botswana.T - Corre que a Frente Patriótica está a tomar posicões «moderadas. devido apressões dos Es-Os represen.tantes do regime ilegal deSalisbúria.Abel Muzore.wa, S. Mimda.warana eIan Smithtados da Linha da Frente. Qual'a verdade disto?J. NKOMO - Isso é uma distorção delibercla. A imprensa local (Londres) quercriar um mito segundo o qual os Estados da Linha da Frente estão, na realidade, adirigir a Frente Patriótica. Eles pretertJem criar uma contradição entre a FP e osEstados da Linha da Frente. Nós têmo-lo dito e repetido vezes sem conta, quetrabalhamos com os Estados da Linha da Frente. Eles estão connosco na luta pelalibeilade de Ãfrica mas não nos dão directivas sobre o que devemos fazer

Page 40: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

-nem exercem sobre nós pressão para que façamos coisas fora dos nossos própriosplanos. Trata-se sim de apoiar um movimento de libertação para fazer aquilo queele próprio planeou.T - Por último: De um modo geral quais são as suas esperanças nesta conferência?J. NKOMO - Eu não alimento esperanças p o r q u e se se têm esperanças e seessas esperanças não forem realizadas, então entra.-se em colapso. Por isso tanto as esperanças como a falta delas são postas de lado.O que posso dizer de positivo é que estou' a trabalhar para uma resposta para omeu pais. Recuso-me a ter esperança.Entrevista conduida por: Alves Gomese lain ChristieTEMPO N.o 46 .-pg, 48

República Centro -Africana:OFIMDE UM. PALHAÇOBokassa 1, o sinistro ditador imperial centro-africano tristemente celebrizado pelasua participação directa em massacres de' crianças, foi derrubado por um gelpe deestado dirigido por David Dacko, antigo Presidente da Repüblica, que assumiu achefia do país.O golpe teve lugar cerca da meia-noite do dia 20, quando o ex-imperador sepreparava para abandonar o pais em viagem oficial. Na manhã seguinte ao golpe,que decorreu sem: derramamento de sangue, David Dacko afirmou que depuseraBokassa e reinstaurara a República upara restabelecer o poder soberano do povo egarantir a segurança». A República Centro-Africana, ridicularize!da pelassinistras palhaçadas de Bokassa foi, no passado, cenário de grandes revoltasanticoloniais que precederam o ,processo de descolonização iníciado em 1958.Em Dezembro desse ano, Barthelemy Boganda proclamou o seu país membro daComunidade Francesa, criada por De Gaulle, com o nome de RepúblicaCentroAfricana. Boganda morreu três meses depois e foi substituído por Dav'ýDacko, um professor de 30 anos de idade, que ccupava um importante lugar noseu partido, o Movimento para a Evolução Social da África Negra (MESAN).Quando o país ascendeu à independência plena, Dacko tornou-se o seu primeiroPresidente da República, função que exerceu até a sua deposição pelo primo, JeanBedel Bokassa, a 1 de Janeiro de 1966.Dedicado fantoche da França, Bokassa vai firmar com a antiga potênciacolonizadora uma série de acordos desiguais que colocama República sob total dependência francesa.Admirador ardente de Napoleão, Bokassa autoproclama-se sucessivamenteMarechal, Presidente Vitalício e Imperador, crismando o país de Império Centro-Africano* As cerimónias da sua coroação custaram ao país fortunas fabulosas,enquanto a maioria esmairadora da Dopulacão vive na maisabsoluta miséria. Em 1974, Bokassa decidiu «nacionalizar» as companhiaspetrolíferas transnaci onais, como forma de melhor poder encaminhar os lucros

Page 41: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

para as suas contas bancárias, que se confundiam singularmente com o orçamentogeral do Estado. ,Na realidade, Bokassa era o Império Centro-Africano. O tirano ocunava umadezena de cargosBokassa I e a-Imperatriz Catherine:uma sinistrapalhaçadaTEMPO N., 468 - pág. 46

Dav.d Dacko. o novo Presidente daRepública CentroAfricanaministeriais, reservando as sobras do pcder para alguns amigos subservientes, quenão hesitava em destituir e executar ao mínimo sinal de desacordo.As palhaçadas de Bokassa cobriram de ridículo o seu pais, um dos mais pobres deÁfrica, que se dedica à cultura do algodão, café e amendoim. As suas sinistras farsas e a sua descarada pilhagem das riquezas do país há muito tinham ultrapassadotodos os limites, e o ImperF1or não teria podido manter-se no poder se nãocontasse com o apoio decidido das potências imperialistas, em particu, lar daFrança, e seus aliados africanos. Em retribuição dessa ajuda, tropas centro-africanas têm sio enviadas para o Zaire, em apoio ao regime antipopular deMobutu Sese Seko.Meses atrás, o movimento humanitário Amnesty International denunciou aparticipação de Bokassa no assassinato de centenas de crianças e adolescentesacusa. das de desobediência a uma decisão impondo o uso de uniforme com oretrato do'tirano, fabricado por uma empresa pertencente a... Bokassa.A opinião pública internacional reagiu com justificada indignação a mais estecrime de Bokassa e o próprio governo francês, seu amigb e protector, viu-séobrigado a rever o seu apoio ao regime centro-africano. O golpe de estado do dia20 poderia ser visto, segundoGoverno;David Dacko, presidente : Capital:Bangui (350 000 habitantes) SuperflIcle:023000 km2 População:2100000 habitantes (87% tu-Ed Sa Pgral)Moeda: " ' PriFranco CFALingua oficial:.Francês éProduto Nacional Bruto (por un Aficapita): se.alguns observadores, como o ren der da guarda dos interesses franceses no país.Demasiado desacreditado pelas suas fantochadas e pelos crimes, Bokassaprecisava de ser substituído.

Page 42: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

Na realidade, numerosos grupos de refugi]os centro-africanos em paísesestrangeiros vinham de senvolvendo ultimamente intensa actividade políticatendente a derrubar Bokassa.Receoso de que este movimento pudesse revelar-se demasiado radical ccntra oneocoloniàlismo, o governo de Giscard ý TEstaing pode ria ter, afinal apoiado ogolpe contra Bokassa, na opinião desses ob. servadores. Pelo menos, apressou-sea reconhecer o regime dJe Dacko. Horas depois do golpe, já havia tropasfrancesas em Bangui, em apoio do novo governo. Grupos170 dólares anuais ucagão:200000 estudantes de todos os níveisúde:Um médico-por cada 35000 habitantesincipais recursos minerais: Diamantes e urânio ncipais exportações: Amendoim,algodão, café e nadeirasA República Centro-Africana membro pleno das Naçes idas, Organização daUnidade rIcana e Movimento dos Pais Não:Alinhados.eLa*1M.3de exilados centro-africanos denunciaram a presença dos franceses como uma,,invasão.»Dacko acabou de tomar o poder e nada se sabe ainda da orientação que pretendedar ao seu governo. Para já, sabe-se apenas que- conta com o apoio militar da Fran- ça, o que o situa imediatamentena companhia dos mais sinistros regimes africanos. Para além disso, ele manteveo gabinete ministerial antigo o que provocou jáuma ondí de protestos.Diz-me com quem arilas, dir-te-ei quem és - como diz o provérbio. Bokassa nãodeixará saudades, mas parece não ter chegado ainda o dia em que o povo centro-africano escorraçará de vez os abutres do neocolonialismo.J.-

ARGENTINAMONTONERUS CAEM EM COMBATEEm comunicado divulgado na capital espanhola, na passada semana, arepresentação local do Movimento de Libertação Nacional PeronistaMontonero(MLNPR) denunciou o assassinato de dois importantes militantes destaorganização revolucionária sul-americana. Segundo o documento, HorácioMendizabal e Armando Croatto haviam sido mortos na sequência de umconfronto com as forças repressivas do general Videla. As primeiras noticiasveiculadas em Buenos Aires pelos meios oficiais omitiam o nome de Mendizabal.Posteriormente, no entanto, diante das pressões exercidas dentro e fora

Page 43: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

do país, a sua, identidade foi revelada.Horácio Mendizabal integrou inicialmente a corrente peronista que opta pela lutaarmada. Como membro da direcção nacional do Partido Montonero chefiou atéFevereiro último o seu'sector mi-O comandante Montonero HoracioMendizabal com Yasser Arafatlitar. Posteriormente assumiu a direcção da Secretaria de Doutrinação, Imprensa ePropaganda, organismo encarregado de divulgar a proposta política daorganização. Croatto, por sua vez, participou activamente da luta política naArgentina, chegando a ser eleito deputado federal nas eleições realizadas em1973. No ano seguinte, com o deterioramento da situação no pais que se verificana sequência da morte do general Juan Domingo Perón, entao Presidente daRepública, juntamente com seis outros parlamen tares renuncia ao seu mandato Apartir de então o ex-deputadc desempenhará uma importante actividade no ramosindical do movimento, do qual participa como secretário-geral. Este cargoobriga-a a realizar vi.ýgens ao exterior, onde participa das Conrencias daOrganização Internacional do Trabalho (OIT). A sua actuação porém concentra-seno interior da própria Argentina. Em Março do corrente ano, Armando Croattoassumiu o comando das operações de propaganda do movimento revolucionário.Entre as acções mais espectaculares levadas- a cabo encontram-se asinterferências nos canais 13 e 7 de televisão, para a transmissão de mensagensdenunciando o carácter reaccionário do regime.Na mesma semana em que o governo militar reconhecia publicamente estasmortes, a imprensa argentina noticiava o sequestro de Adolfo Gonzales e da suafamília. O facto teve lugar na manhã do dia 13 e foi presenciado por numero4aspessoas. Familia res das vitimas encaminharam denúncia aos poderes públicos,meios de informação nacional e internacional e à comissão enviada pelaOrganização cos Estados Americanos (OEA) para estudar a situação dos direitoshumanos na Argentina. Juntamente com Gonzalez - até ao ano -passadorepresentante dos Montoneros para a África e Médio Oriente desapareceramMaria Consuelo Castano, sua esposa, e as filhas Delia Teresa, Eva Judith eMariana, de cinco, quatro e três anos respectivamente. No dia 22 de Setembro osmovimentos de libertação ZANU e ZAPU, integrantes da Frente Patriótica doZim-Armando Croarto o lider montoncroMaríana, Jeua .'eresa e t;va juautn, filhas de Adolfo Gonzalez que junta. mentecom seu pai foram raptadas pelo regime e se encontram desapare.cidasbabwe, a African National Congres (ANC) da África do Sul, South West AfricanPeople's Organization (SWAPO) da Namíbia, e ainda a Organização para aLibertação da Palestina (OLP) enviaram um telegrama ao general Videla exigindogarantias de vida e imediata libertação dos detidos. A mensagem concluiafirmando que «denunciaremos esta flagrante violação dos direitos humanos emtodos os foros internacionais caso não se tenha imediatas notícias» da famíliadesaparecida.E. Hipólito

Page 44: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

111S EDUIARDO DOS SANTOSVO PRESIDENE ANGOLANOidade de 20 anos, integrou-se no Exército Popular de Libertação de Angola.Em Novewbro de 1963 partiu para a URSS, integrado num gru. po de jovensmilitantes do MPLA que iam prosseguir estudos naquele país. Em Junho de 1969concluiu uma licenciatura' em Engenharia de Petróleos, tendo frequen tado emseguida um curso militar de Telecomunicações, até 1970. De regresso a Angola,exerceu, até 1973, as funções de radista e responsável-adjunto dos serviços detelecomunicações da Segunda Região Político-Militar. Em 1974, com 32 anos deidade tornou-se m-mbrn da Comissã Provisória da Reajustamento da FrenteNorte. Em Setembro do mesmo Pno foi eleito membro do Comité Central e doBureau Politico do MPLA, durante a Conferência Inter-Regional que teve lugarna Frente Leste.Seguidamente, José Eduardo dos Santos foi nomeado coordenador doDepartamento d- Rela, ções Exteriores do MPLA exer. ceu as funções de Ministrodas Re lações Exteriores da República Po pular de Angola no "imeiro governo dojovem país, tendo assumido nosteriormente o cargo de Primeiro Vice-Primeiro-Ministro. Uma reunião extraordinária do José Eduardo dos Santos nas- No 1Congresso do MPLA-ParComité Central do MPLA - Par- ceu em Luanda, a 28 deAgosto tido 0.o Trabalho, reali -,do emtido do Trabalho elegeu unanime- de 1942. Militou no MPLA desde 1977. foieleito membro do Comimente por aclamação José Eduar- os 19 anos de idade,mobilizando té Central e do Bureau Político dodo dos Santos para o cargo de Pre e enquadrando a juventude estudan Partido.sidente do Partido. De acordo com til da capital angolana. Exerceu Por ocasiãoda sua eleição para os nreceitos constitucionai, José a vice-presidência da JMPIAem o mais alto cargo da RPA, José Eduardo dos Santos assumiu 1961 e1962, na Segunda Região Eduardo drs Santos exercia as igualmente as funçõesde Presi- Político-Militar. Desempenhou fun funções de Secretário do Comitédente da República Popular de ções na organização do MPLA enm Centralpara o DesenvolvimentoAngola e de Comandante -.Chefe Leopoldeville e Bra"-aville, onde Económicoa Planifw-ção e era das Forças Armads Populares foi o primeiro reiuresentantedo Ministro do Plano desde DezembroA .....^'. IIiiimento Ainda m 1962. com a de 1978.TEMPO N.' 468 - Pg. 49ue g a ,'zttt

IohrncaIMÃO governo dos Estdos Unidos libertou há dias qUatro nacionali3tas porto-riquenhos que se encontravam presos há vinte o cinco anos, o que os tornava osmais antigos prisioniros políticos do mundo. Rafael Canal Miranda, LolitaLebrón, Andrés Figueroa Cordero e Irvin Flores Rodrigues (foto ao lado), fo.tografados após a sua detenção, na sequência de um ataqu, ao Congresso nor.te.ameri3ano como protesto contra a colonização de Porto Rico pelos Estaabs

Page 45: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

Unidos. Na foto abaixo, 25 anos depois, Lolita Lebron e os seus companheirosparticipam num comício momentos após a sua libertaçãoYasser Arafat, o dirigente da Organiza. ção de Libertação da Palestina, visitouoficialmente a Espanha, tendo manti. do-conversações com o Rei Juan Carlos, oPrimeiro-Ministro Adolfo Suarez e várias personalidad-s políticas da es. querdaespanhola. Durante a sua vi3ita de três dias àquele país europeu, Yas. ser Arafatinaugurou um centro omu. nitário p4lestino em Madrid. A nossa imagem refere-seao mom.ntc em que Arafat içava a bandeira d? OLP nas instalações do referidocentro, na capital espanholaTEMPO N." 468 - pág. 50

-A presente imagem, uma das últimas fotografias do Presidente Neto ainda emvida, reporta-se ao momento da sua chagada ao aeroporto de Moscovo, no dia 6de Setembro. O Presidente da RPA, apresentan. do sinais da grave doença que ovitimaria dias depois, deslocava-se à URSS para tratamento, sendo acolhido noaeroporto por uma alta personalidade soviética ,O Embaixador tanzaniano nas Nações Unidas, Salim A. Salim, recentementeeleito Presidente da Assembleia Geral da ONU, usando da palavra na 34.' sesoãodaqu:le organismo internacional, no passado dia 9. Salim preveniu a comunidadeinternacional contra «possíveis causas de guerra», que atribuiu à monumentalpobreza de dois ter. ços da população mundial, a vasta privação de direitoshumanos e políticos, a eocalada da corrida aos armamentos o3 a recusa emrespeitar a soberania dos outros, incluindo a soberania sobre osseuj recursos naturais»O Miniotro da Defesa do Egipto tado norte-amricano Cyrus Vane geiros de IsraelMoshe Dayan coi dia 18, data que assinalou o primi David. EntTetanto, Israelcontin=u autorizado aos seus cidadãos a c( margem ocidental do rio Jordãofl p~tJt(U ue L W.ll( 1 II .tIIuebd ,4U jJUpUw. vuI r 1 San Salvador, em apoioao Bloco Popular Revolucionário, opo3to à ditadura do general Car. los Rom:ro.Nos últimos tempos, a escalada de violência naquele pai.3 latino-ameri-ano jáprovocou numerosas mortes em recontros entre a polícia e manifestantes.Entretanto, 14 orga. nizações políticas e sindicais estabeLceram uma plataformacomum, numa tentativa de encontrar «uma solução democrática e popu. lar» parao país, dominado por uma ditadura sob controlo do imperialismo norte-americanoTEMPO N. 468 - pág 51

dos leitoresATRASONA CORRESPONDÉNCIA DE CUBAEscrevo esta carta para procurar saber quem é que se responsabiliza peladistribuição de cartas que são expedidas da República Socialista de Cuba,especialmente as cartas que são enviadas pelos estudantes moçambicanos que seencontram naquele pais.Desde o 1.0 ao em que os nossos estudantes foram instalados naquele pais irmãoeu sempre recebia correspondência ce certos colegas desta província. As cartas sódemoravam trinta dias para chegar.

Page 46: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

Acabou de cair nas minnas mãos uma carta que foi expedida por um colega que seencontra no país acima citado. Ela foi remetida no ano passado, no mês deDezembro, e chegou cá no mês de Julho na localidade onde estou (Fonte Boa).Será que este atraso é devido ao transporte ou à distribuição?Se as mesmas fossem remetidas e canalizadas através dos serviços dos CTM nãose iriam onstatar casos deste género. Caso concreto cá na nossa escola temos umprofessor técnico de agricultura de Cuba que recebe as cartas dos seus familiaresou amigos no espaço de 25 dias não de 7 meses como sucede comigo e com osdemais colegas.A minha sugestão é que o sector que tem esta responsabilidade devia enviar ascartas dentro de um envelope oficial aos CTM obedecendo ao seguin te esquema:Nação - Província - Distrito - Localidade - Circulo.Jorge Escola BásicaMaifeni AgráriaTetePAO INTEGRAL MAL FABRICADOJunto envio um pão que me foi vendido pela padaria Triunfo, da Matola. Comopodem ver trata-se de um pão mal fabricado (pão integral). Não foi sempre assim.Nas primeiras semanas era delicioso, comia-se com gosto mesmo sem doce, nemmanteiga, nem queijo. A pouco e pouco foi piorando e há perto de dois meses éintragãvel.Uma coisa é não saber fazer pão outra coisa é saber e fazê-lo mal feito porsistema. Quando este pão começou a ser fabricado disseram que ha-LOTAÇAO ESGOTADAEra eu e o meu amigo. Estamos em Manica em missão de serviço. Um diaplaneámos um passeio e no fim do passeio fomos ao cinema. Acontece quequando chegámos à bilheteira formámos bicha como de costume. Depois de 15minutos o bilheteiro colocou uma chapa que dizia assim: «Lotação Esgotada».Com certeza compreendemos. Salmos e ficámos lá fora a conversar.Quando lancei a vista vi três indivíduos com bilhetes nas mãos a entrarem. Logome dirigi ao bilheteiro e perguntei: <afinal ainda há lugares lávia brigadas de fiscalização para garantir a sua qualidade. Já que há dois meses opão da padaria Triunfo vem saindo sistematicamente mau a quem. vamos pedirpara intervir nesta situação?Maria Luísa Natividade Maput,3N.R.: Esta leitora fez-nos chegaruma amostra do pão que se fabrica naquela padaria e que reproduzimos naimagem. Escuro e queimado, com massa compacta, pesa 265 gramas ou seja maisdé umquarto de quilo.dentro?» Ele, por sua vez, respondeu-me assim: «Se o senhor tem problemascomigo é bom dirigir-se até à minha casa. Vamos resolver lá.» Eu não falei maisnada por sentir a dor do coração. Mas ainda tive força para dizer: <Companheironão se esqueça que a independência é para nõs todos.»Daí sa~mos e fomo-nos embora, eu e o meu amigo.Agora pergunto: Será que esta pessoa trabalha para o povo?

Page 47: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

José Fernando C(umbaneCipriano S. MuchaveManicaTEMPO W,' 468 - pá'. 52

AS AWIASCOMUNAISQuero dizer aquilo que sinto. 12 sobre as aldeias comunais.Durante o colonialismo não podíamos aprender a viver em comunidade,organizados. 0 s colonos sabiam que o desenvolvimento da nossa consciênciadepende também do desenvolvimento social ou melhor, o ser social determi*a aconsciencia social.Já estãõ criadas as condições para esse desenvolvimento social. Oque falta é onosso esforço. Temos o poder polItigco que nos dá o direito de vivermos nascidades por nós construídas.Qual é a melhor coisa do que viverý bem? Nada mais belo existe do que Isso.Viver organizado é viver porque aprende--se o melhor sentido da-vida e não é apenas viver, por viver, É por iSso que nosocialismo construímos aldeias comunais que sãó as cida4es do caýipo, as cidadesdo povo que forar construídas pelo povo para o povo.Devemo-nos enquadrar nas aldeias comnais para nunca mais ouvirmos umacriança a chorar de fome porque haverá outra mãe pronta a socorréê-a. Quandonão tiveres sal darás dois passos e obterás o que desejas. 2 por Isso que nosdevemos, engjar nas. aldeias comunais que são fruto da nossa sociedade, são anossa forma de desenvolvimento.Hermenegildo - HilrioIlha da, Juventude Escola amora ol Mal~ hei CubaNO SCALA:TRABALHADOR NÃO SERVE O POBLICOAconteceu-me na pastelaria Pouco tempo depois apare,Scaa'sita na Av. 25 deSetem- ceu outra senhora que se senbro, em Maputo. tou num doscantos daqueleNuma segundafeira dirigi- estabelecimento. tal- sehhor-me até àquele estabelecimen- dirigiu-se até àquela senhoa, to a fim de ir tomar ope- Serviu o cüe a senhora tinhqueno almoço. Quando cheguei pedido, Eu ainda continuava sentei-me numadas cadeiras. sentado à espera passados, 30 Ao meu lado estava um senhorminutos aparc ,eu-mê um . ouque trabalha naquele estabele- tro trabalhadorquem eu percimento. No momento em que, gutei, afinal como é que aquemesentei o referido senhor en- le sr. serve o público? Este trabalhador respondeu-meo seguinte. <As reclamações que o sr. está a fazer, são iguais às de muita genteque. reclama sobre a situação dele. Até mes-5 mo nós como trabalhadores daqu ácriticámos váisvezes a sua forma de atender o públiço. To das, asreclamaçóes feitas neste estabelecimento São sempre contra ele. ]É o únicohomem que sempre arV , ' ranja problemas.

Page 48: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

Depois desta informação ele disse que, «ainda por cima de tudo ele é umresponsável nste sector». Eu dandoa resposta sobre a sua informação respondique, ainda é pior ele"serldo responsável- neste estabele> cimento. Devia ser o,primeiro a dar o exemplo.Ele como responsá el duma estrutura naquele estabelecimento não quer fazer oserviço que os outros trabalhadores fazem. Até a cara que apresenta perante apessoa a quem vai servir logo mostra'que não está disposto a atender o público.Ele esquece onde nasce « o seu vencimento mensal. Nãosabe porque é que é responsável no sector de trabalho, emcontrava-se a conversarcom o bora seja criticado pelos Ouseu colega. Estiveum quarto trostrabalhadores. de hora sentado e o senhor Cabe às próprias estruturasnem sequer se aproximou da do estabelecimento tomar a demesa. Depois deum quarto de cisão sobre aquele trabalhador hora apareceu uma senhora, queestá numestabelerimentofoi-se sentar numa das mesas, público, mas não serve o púQuando o referidosenhor viu blico......... -a senhora logo foi lá a fim de ir servi-la passando onde eu estava.João Albino Nélapo. Mapuo*TEMPO .,'468-pág.

VENCIMENTOS DE PROFESSORESEM ATRASOFalar de vencimentos, não raro, considera-se uma atitude bastante censurável seesta questão não for abordada muito seriamente.Será talvez ousadia, atravésda «TEMPO», vir submeter à apreciação de muitos uma situação deveras aflitivaque vivem alguns elementos ligados à Educação, mais propriamente osprofessores primários. Queiram também compreender que se me dirijo através da«TEMPO» não é porque esteja dentro dos meus plarós. Mas circunstâncias alheiasà minha própria vontaIe contribuiram para que vie§se por alume uma questãocomo esta, a dos vencimentos, já porque, nos diversos sectores de actevidadeligados à Educação (escolas, em geral), em nada tem resultado.A maioria constituinte do corpo docente tem encargos grandes, nomeadamente opróprio lar, o pagamento das rendas mensais, da água e luz dentro dos prazosestabelecidos pelas estruturas competentes, para além doutras responsabilidadesque constituem uma grande preocupação, senão mesmo uma aflição para muitos,como eu, que têm uma família numerosa.Para falar sem rodeios vou focar o problema da irregularidade constante nopagamento dos vencimentos mensais que tem como causa principal o atraso quese tem vindoa verificar desde o inicio deste ano, pondo em causa o cumprimentorigoroso de certas obrigações nesta fase em que cada um de nós, pelo seu zelo ededicação nas tarefas que lhe são incumbidas no seu sector de actividade, tem quedar o seu contributo no desenvolvimento do Pais.Um caso concreto é o de muitas escolas receberem muito tardiamentevencimentos relativos a dois ou mesmo três meses. E bem verdade. Esta

Page 49: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

anomalia sempre foi constante e ainda continua a registar-se neste momento.Estamos conscientes da falta de preparação no processamento uas loinas devencimentos de certos elementos responsáveis. Mas não haverá formas de seeliminar esta anomalia que tantos transtornos vem causando a muitos lares?O que muito nos preocupa é o facto de, uma vez com vencimentos atrasados,estarmos sujeitos a soirer desilgaçoes da água e luz, consequentemente dopagamento das rendas em atraso acompanhaao duma toa de 50% te muita. Desaíientar que poucas ou nenhxumas escoias tem aescontado as rendas nasrespectivas folhas de vencimentos. Se isto acontecesse não haveria lamentaçõespara muitos, cujos vencimentos, uma vez reduzidos desnecessariamente, g r a n de falta fazem.Mais ainda, enquanto esta situação tiver que subsistir por razoes de vária ordem,os Serviços de Educação, através das direcções das escolas, deviam passardeclarações que confirmassem tais anomalias na A.P.I.E. e na Electricidade deMoçambique.Sem mais assunto a expor, antecipadamente agradeço a colaboração dos leitorescaso a minha exposição seja considerada contraproducente e des de já muitoobrigado.Pedro Paulo NhamaceProfessor Primârio MaputoTEMPO N.- 468 - pág. 54DEIXARDE ESTUDAR PARA SE CASARSou um jovem estudante de 14 anos. Queria falar das meninas que são casadascom 8 a 11 anos e casam com um homem de 19 a 30 anos. E há alguns jovens queestão a acompanhar o movimento. Abandonam a escola com a 1.' classe para secasarem com 8 a 15 anos de idade.Ouvi um homem de Nyaphonza, distrito de Changara, que foi convidado por Umhomem para ir casar com a filha dele, menor de 10 anos. O senhor tem 21 anos.A filha recusava e o pai disse: «Você minha filha está a recusar o marido, o 'quevai vestir?»A filha disse, chorando, que ainda não tinha idade de casar, ainda queria estudar.O pai disse: «eu não tenho dinheiro para comprar vestuário paraQUE RAÇA?Quando cheguei a um estabelecimento na Beira, encontrei uma caixeira de queignoro a sua nacionalidade. Pouco depois apareceu um senhor. Após secumprimentarem iniciaram ,o seguinte diálogo:-Então o que contas?-Não conto nada, respondeu a caixeira.-nde é que deixaste a criança?- Costumo deixar em casa.--Nós tambèrn tivemos umbebé.-Afinal! exclamou a caixeira. Que tal essa criança,é clara ou é escura?

si, nem para'material escolar».

Page 50: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

Ultimamente, obrigada pelo pai, aceitou!Além desse há mais outros de 15 anos qua casaram com meninas de 7 a iZ anosnaquele círculo. Até vi dois alunos de 14 n 15 anos chamados Ndegue e FabiãoNdapassaia que' casaram com duas alunas de l a 13 anos chamadas LúciaNKumba e Lepina. Até já desistiram dosestudos. O mesmo se passou com asalnasIsabel e Joisse. Desistiram. e casaram-se.Cabe aos senhores leitores ajudarem-me na análise destes casos. Para finalizarpedia que os alunos revolucionários que andam no ensino secundário como noscentros pilotose nos internatos quando forem de férias mobilizem os nossos pais eirmãos nas escolas primárias e nos círculos.Daniel SemoCentro Secundário Filie Samue! Magala TTeteAntes de responder o cliente fez a mesma pergunta à caiíxeira sobre a filha dela.Decididamente respondeu a dona caixeira:-Meu pai casou com minha mãe e nasci. Sou clara e não posso ter um filho escuroou pouco claro. Tenho de casar com um homem muito claro para produzir filhosbem claros e desenvolver a raça.Analisando profundamente aquela senhora caixeira acho que ela ideologicamenteestá desviada. Tem ideologia de John Vorster. Que quer dizer com «desenvolvera, ráça?» E depois de desenvolver essa raça o que pretende fazer?José Saona Buane BeiraTendo parentes a residir em Moçambique e não recebendo notícias desejamcontactos por cartas:João Mendes Pires, residente na República Federal Alemã que pede notícias de:Paulo Max, Albertino Costa; Costa Deitado, José Malheiros, Mário Raposo. A suadirecção é:Link Co. CHBH Kaiser Trabe 51 KARLSRUHE República Federal AlemãDE CORRESPONDÊNCIADa mesma forma Maria daGraça, residente em S. Tomé e Prncipe diz na sua carta que deseja saber noticiasde seus parentes que «há vinte anos deixaram o pais». São eles Marta da Graça(mais conhecidw por Albertina) Maria Eugénia (mais conhecida por -Salva) eJacinto Graça.A sua direcção é S. Tomé, C.P. 139.Maria da GraçaS. Tomé e PrincipeSTEMPO N.o 468 .pã, sa

Si01@TEMPO N., 468- påg. 56Ii

Page 51: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

UNTAI NTOS SOBRE 1IPor AUan e Barbara Isae Mann Fotos obtidas do Museu da RevoluçãoOs custos sociais do colonialismoCom este texto que aborda principalmente os custos sociais do colonialismo, aresistênvia popular, o imperialismo cultural e respostas intelectuais que estesuscitou, concluímos na presente edição os apontamentos sobre a História deMoçambique.As práticas coloniais doxibalo (trabalho forçadJo), exportação de mão-de-obra, eprodução agrícola forçada criou uma deslocação social generalizada atra. vés detGdo o Moçambique. Devido a estas políticas, Moçambique perdeu centenas demilhar dos mem. bros mais prodútivos da sociedaJe rural o que provocou umdesequilíbrio demográfico extremo, alterou profundamente a estrutura da família,obrigou as mulheres a entrar na economia monetária e teve como resulta do umforte declínio dos níveis de vida no Moçambique rural.Embora seja impossível determinar quantas pessoas deixaram efectivamenteMoçambique tanto legal como clandestinamente a emigração era a resposta maiscomum à exploração económica durante o período colonial. No norte, entre 1920e 1930, como reacção à política repressiva-da Companhia do Niassa. mais de 300000 moçambicanos fugiram em grupos familiares para a vizinha Tanganhica(agora Tanzania) e Niassalândia (agora Malawi). A intro. dução da produçãoforçada de algodão em 1938 provocou uma nova onda de migração clandestinaque continuou até à independência. No vale do Zambeze tanto a migraçãoclandestina de famílias inteiras como a exportação forçada de mão-de-obra baratapara a Rodésia, criaram uma extensa comunidade permanente exilada. Na partesul do país, o foco da mi. gração era quase exelusivamente a África do Sul. De1920 em diante a média da migração legal era cerca de 100 000 por ano. Umnúmero elevado mas indeterminado emigrava clandestinamente para evitar oxibalo que era particularmente opressivo no sul deMoçambique. A migração do sul consistia quase inteiranente em indivídluos dosexo masculino entre as idades de 20 e 40 anos, a maior parte dos quais, pordiferentes perícieos de tempo, passava larga percentagem dos seus anos maisprodutivos fora do país.O efeito mais imediato desta migração permanente e em larga escala foi a perdados recursos humanos mais produtivos de Moçambique. Nas províncias do sul deMoçambique entre 50 e 700% da população masculina estava frequentementeausente das áreas rurais. Embora a situação não fosse tão extrema na província JeTete não era raro os administradores coloniais apresentarem recenseamentos emcujos números figuravam duas vezes mais mulheres do que homens. Quer amigração se fizesse individualmente, quer em grupos familiares, os emigrantestinham a tendência paraser mais novos e mais fortes, precisamente aquelesmembros -da socieda.dIe rural que eram responsáveis por muita da produçãoagrícola rural. Para trás ficavam as crianças, os velhos e a maioria das mulheres.Apesar desta questão ainda não ter síIlo devidamente estudada, é possível sugerirdiversos efeitos deste amplo desequilíbrio Idemográfico. Ele reforçou astendências para a poligamia e muito provavelmente diminuiu substancialmente ataxa de natalidade. Além disso, no sul de Moçambique, o acesso relativamente

Page 52: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

fácil a grandes quantidades de divisas veio a fortalecer grandemerite o sistemaexplorador do lobolo, e os pais aumentaram substancialmente as quan tias a serempagas pelas suas filhas. Isto por sua vez, teve como consequencia seremnecessários mais

1«As práticas coloniais do xbalo (trabalho uma deslocação social generalizadaatravé-.isos períodos de n eguissem juntar r: mas esposas. Atra ra da família foi 1ausência dos pais. a maior r3arte dasas suas novas responsaomuaaes econon tunidades crescentes no sector das cultuitação, dava às mulheres um grau de ir económica até aqui desconhecido.A ausência dos homens, que'historican desempenhado um papel fundamental ndos campos e na recolha das colheitas, leclínio na produção agrícola em muitas 0processo de empobrecimento rural fo: pela produção forçada de algodão que e dosos camponeses cultivassem uma ár( apenas com algodio. C.n.o o algodão atenção,tornou-se impossível para as n tivarem alimentos suficientes para as ss Em multas áreas as mulheres eram obrigadas a mu*a darem de produção deculturas ricas em proteínas !- para a mandioca que, embora exija pouca atenção éa muito menos nutritiva. Ao longo das décadas de 40 n e 50 as fomes foramfrequentes e no norte a taxa de e mortalidade infantil foi calculada em 70%.Além disso. o o preço excessivamente baixo pago pelo governo pelo- algodão tornava impossível às famílias a compra de s alimentos suficientesque pudessem servir Ie suple0 mento às suas escassas colheitas. * Apesar deafectar números muito mais pequenos, oshabitantes das cidades também sofreram duramente. O nível elevado dedesemprego, os salários extrea mamente baixos e condições de habitaçãodeficientescriaram problemas sociais característicos da maior n parte dos bairros da lata quese desenvolviam na pei riferia das cidades coloniais. Delinquência juvenil, pros ntituição generalizada e alcoolismo bem como relações 3. familiares instáveis eramtodos produto da opressão .o coloniàlista.a RESISTLNCIA POPULARI- Embora o governo português pretendesse que a s. sua população africana erafeliz e dócil, existiu cmTEMPO N.O 468 - pág. 59

IPMTNTISSOBE 1 TOI- DE Mlii: se escondian na região montanhosa de Gaerezi entre 1 oçambiquí e a Rcidésia doSul. Na realidade, tanto em- Cabo Delgado como em Tete, a populaçãopermaneceu. efecivamente fora do controlo colonial ao longo 'de todo'o períodopréí.indepedência.A fuga aos impostos era a forma mais comum de resistência quotidiana. Mesmoantes da chegada dos funcionários coloniais, muitos camponeses fugiam para ointerior, deixando apenas os muito velhos, os doente e os adolescentes queestavam todos isentos do imposto., utros falsificavam as suas idades e chega vam

Page 53: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

mesmo a quQimar as suas palhotas para evitar o imposto. Estas tácticas só erameficazes em áreas do interior onde õ controlo -colonial era limitado ou nos locaism, que os régulos, que eram funcionários coloniais assalariados apoiavam as suaspopulações. Os camponeses também desenvolveram outras técnicas para escaparou minimizar os desconfortos do trabalho forçado e do cultivo obrigatório. Nassituações mais extremas eles recusavam-se simplesmente a prestar o serviçoexigido ou atacavam os recruta-dores de mão-de-obra, correndo com isso o risco de serem presos pelasautoridades coloniais. Uma estratégia mais comum para evitar o trabalho forçadoera fingirem-se doentes ou fugirem do local do xibalo na primeira oportunidade.Outros decretavam greves de zelo ou destruíam equipamento nas plantaçõeseuropeias para as quais eram enviados como trabalhadoreS de .ibalo pelosadministradores locais. Nas áreas d:e produção de algodão, as mulheres de regiõesinteiras queimavam frequentemente as sementes antes de as colocarem na terranum esforço para conve-,ncerem os admnistra,]ores locais de que a sua terra nãoera apropriada para a prod ção de algodão e que por isso deveriamí ser isentos.Outros produtores de algcdão e arroz não entregavam as suas colheitas paraprotestarem contra os baixos preços estabeleci'os pelo monopólio compradorgovernamental.Em casos extremos 'os camponeses revoltaram-se abertamente contra os abusosdo colonialismo. Em 1935, por exemplo, camponeses das terras interiores daBeira revoltaram-se contra as práticas db trabalho forçado da administraçãocolonial e, em 1939 teve lugar una revolta semelhante na área costeira iloMossuril, no norte. Em 1953, camponeses da região de Mambone, na zona centraldo pais atacaram os administradores governamentais para protestarem pela a faltáde comida.Em 1960 milhares de camponeses na Provincia de Cabo Delgado apresentaram-seao administrador em Mueda com uma listar de protestos que queriam verresolvidos. As autoridades coloniais responderam bru talmente, massacrando maisde 500 homens, mulheres e crianças indefesos. Posteriormente Mueda tornou-se osímbolo da opressão colonial através de tqdo 'o Moçambique.Nas áreas urbanas, principalmente na capital de Lourenço Marques, a classetrabalhadora africana e m embrião, sem qualquer apoio do.movimento sin-dicaleuropeu do qual estavam excluidos, organizava periodicamente greves de zelo egreves totais. Em 1920 e de novo em 1923 os trabalhadores da companhiamunicipal de transportes entraram em greve para exigir melhores sal rios. Talcomo em muitas outras partes de Africa, os mais militantes eram os: estivadoresque, entre 1919 e 1963, decretaram nada menos que 7 greves ilegais apesar dasrepetidas ameaças de prisão. Na greve mais importante, em 1956, conseguiramfechar o portoJe Lourenço Marques durante três dias e, embora tivessem acabadopor serem forçados a regressar ao trabalho, obrigaram efectivamente osfuncionários governamentais recalcitran, tes a fazerem algumas concessões.TEMPO W.o 4688-Pá p .0

. .... ............ ............... ....

..... .........................

Page 54: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

....... ... . . . ...... .......... ....................... .. .. ............

. .... ....................... .

..................... ....... .... ....Os protestos tanto dos campone balhadores idavanu ênfase à cresceumoçambicanos relativamente ao rE veram importantes implicações p mento daluta de libertação. E is muitos dos camponeses e traball tantes aderiram à Frelimoou e dá-la clandestinamente, como porq nial cada vez mais repressiva a e que teveo seu auge no massacre d poneses em Mueda ---convenceu Frelimo da futilidadede tácticas necessidade de desencadearem a liIMPERIALISMO CULTURAL E R INTELECTUAISses como dos traite hostilidade dos sgime colonial e ti ara o desenvolvito não sóporque iadores mais mili omeçaram a aju ue a reacção colo. stes protestos- mais de 500 cam os fundadores da não-violentas e da ita armada.Apesar de Portugal alegar que «modern: vilizara, Moçambique, o seu impactocultur, cional foi mínimo. Conforme o próprio gove tiu, quase 98% da populaçãoafricana era; em 1958. O número relativamente pequeno ças africanas quefrequentavam a escola f, se inteiramente parte de programas especia caçãoindígena» dirigida por missionários e quer despesa para o Estado.Estas escolas da igreja tinham como fub no espiritual e à obediência ao governoDado que tinham falta de professores qual de material didáctico, poucas criançasiam «classes de adaptação» primárias que ensir«Portugal alegava «modernizar» e «civilizar» Moçamabi. que - uma tentativa dedespersonalizar um povo obrigan. do-o por exemplo a interpretar danças estranhas- esse impacto cultural e educacional foi, no entanto, mínimoportuguês rudimentar. Além disso, os alunos passavam mais tempo a trabalharnos campos da missão- e a assistir a aulas de ensino religioso do que entre- gues a actividalesacadémicas. Para além do númerolimitado de escolas, especialmente nas zonas rurais onde vivia a vasta maioria dosafricanos, existiam- igualmente outros poderosos factores impeditivos daeducação. Os limites máximos de idad:e para entrar nas diferentes classessignificavam que os africanos que frequentemente passavam vários anos somentea aprender o português suficiente para absorver os assuntos ensinados, erammuitas vezes impedidos pelaý idade de avançar para além da quarta classe. Astaxas de inscrição em escolas que ofereciam um ensino mais avançado, e que selocalizavam exclusivamente nos centros urbanos onde quase todos cs europeusresidiam eram excessivas dado que equivaliam a vários meses de salários porcriança, e a percentagem- de insucesso era quase de 70%.Apesar de não ter educado a maioria dos africanoso sistema escolar servia como *idisseminador da ideologia colonial». Como ocurriculum educacional era controlado pelo regime colonial, as criançasaprendiam os feitos heróicos dos aventureiros portugueses tais como D. Henriqueo Navegador, a riqueza da cultura portuguesa e até a geografia portuguesa.

Page 55: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

Simultaneamente, as suas tradições e histórias africanas eram menosprezadascomo «primitivas» ou aténão-existentes.A arrogância cultural e o racismo dos portuguesesdeu origem a fortes protestos por parte dum pequeno mas articulado grupo. deintelectuais moçambica.nos. Já em 1920 associações como o Grémio Africano e a Associação Africana eo jornal africano «Brado Africano», protestavam vigorosamente contra os abusosdo colonialismo e a recusa por parte de Portugal da sua herança cultural. Noentanto, depois que Salazar subiu ao poder, uma repressão policial mais activa eum maior controlo governamental da imprensa neutralizou eficazmente estaforma de protesto. Em fins da década de 40 e d3urante a de 50 surgiu umasegunda vaga de oposição intelectual. Um pequeno grupo constitufdo pormoçambicanos negros e brancos protestou através de iomances, poemas e tratadospolíticos. Acabaram por ser presos ou obrigados a exilarem-se; a partir dai váriosvieram a unir-se com o intelectual auto-exilado Eduardo Mondlane e comtrabalhadores e camponeses militantes para constituirem a Frelimo. Destes o maisproeminente foi Marcelino dos Santos que veio a ser Vice-Presidente da Frelimo eactualmente mpnmhro do Comité Político Permanente do Partido FRELIMO eMinistro do Plano.TEMPO N.o 468 - p'. 61

Ei'n as armasAs armas que «eles» ýusam.Por entre o fascínio e o temor, os respeitáveis criminosos sorriam.Eram o senhor industrial, o conhecido banqueiro, altas individualidades, passandorevista aos troféus de guerra que, assim alinhados, aparentavam impotência,resignaçao.Na exposição de, armas capturadas aos guerrilheiros, os colonos circulam. soltamexclamações e risadas, congratulam os generais e coronéis presentes.Como se tivesse extirpado o coração d a revolta popular, como se aos seus pós sedebatesse um cão moribundo, a burguesia ria triunfante.,E contudo, arrancadas aGs maos do povo, aquelas armas continuavam apontadaspara o seu peito descoberto. Num calado desafio eram a presença de uma revoltaque transbordava. Movidas por estranho poder eram fantasmas que se erguiam omultiplicavam por milhões de braços.Era preciso que os colonos continuassem a acreditar que o regime era forte, quenada alteraria a ordem social cone tituída. Porque os colonos murmuravam aojantar, desconfiavam da fidelidade dos seus criados, trancavam portas e janelas,compravam cães de guarda, vedavam os quintais e armadilhavam as entradas.Vociferavam contra a apatia do exército, clamavam por generais enérgicos queera a maneira aceitável e cristã de exigirem mais crimes, mais massacres. E osgenerais eram promovidos o de novo despromovidos o nada fazia parar o avançoda guerra.Mias era preciso que os colonos não duvidassem., não vacilassem.O regime exoGe o material de guerra apreendido aos guerrilheiros.

Page 56: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

Enquanto riem os dignissimos patrões ajeitam as pan. ças do sapo no dilmetro doscintos e, limpando o suei abundante. comentam:«Como faz calor em Africal»TEMPO N.- 468 - pág. 62

poemaChore que eu choroTeu ckhorar de fomeMeu filho/meu irmãochoreichore que ouço teu chorar de dor chore que choro teu chorar de fome chore que euouço teu chorar de reclamação da tua barrigq grande de mingua da cura do seuestõmago dilatado de vermes da cura do seu ventre inchado de morte lenta...Meu filho/minha irmã Olheiolhe que eu veio teu olhar de querer e não ter olhe que eu veio teu olhar distantenão perdido olhe que eu veio teu olhar humilde e traumatizado...Minha filha/meu irmão Caminhe!Caminhe que teus pés doridos pisam a tua terra caminhe que teus pés nuncacalçados esmagam o mundo deles caminhe que'o teu caminhar lento de desesperoacelera o meu caminhar ao combate das razõesdo teu chorar de dor .do teu chorar de fome do teu olhar de querer e não ter do teuolhar humilde e traumatizado do teu olhar distante para que caminhe firme deolhar fixo e confiante...FiliDe Matha

, cr z a a pz.PROBLEMA N. 6HORIZONTAIS: - 1 - ,Designação científica da mandioca; membranapigmentadla.do globo ocular onde se encontra a abertura denominada pupila; 2 -Dos. lize; unidade monetária japonesa; 3 - Massacre histórico levado a cabo pelocolonialismo português em S. Tomé; o mesmo que ,,maior,»; 4 - Reza; AnoInternacional da Criança (sigla); leito; 5 - Descrever; 6 Prefixo que significarepetição; consoante e vogal; batráquios; 7 - Cidade onde se realizaram asOlimpíadas em 1912; nota musical invertida; 8 - Pronome da primeira pessoa dosingular; verbal; deus dos maometa nos; 9 - Mulheres de estatura extremamentebaixa, país africano; 10 - Duas consoantes diferentes; que vagueia sem destino(plural); 11 - Caminhavas; andava; 12-- Nome da artéria que sai do ventrículoesquerdo; Instrumento ,que projecta a flecha.VERTICAIS - 1 - Bebida fermentada de mandioca; peça musical em que amelodia sobressai; 2 Lavrar; acto de dispensar o pagamento de propinas, 3 -Observar; pertence a ti; abreviatura de «senhor»; 4 - Um dos distritos da Provínciada Zambézia; prefixo que significa «eu» em latim; vocábulo de duas letras quegeralmente antecede a palavra catedral; 5 relativo ao fígado; enseada comprida eestreita na costa marítima. 6 - Duas vogais e uma consoante; implorara em actomístico; 7 - Pronome pessoal forma de complemento; nome de mulher; 8 -Pronome reflexo (invertido); vanguarda do povo de S. Tomé e

Page 57: N., 468 - 30 DE SETEMBRO - 1979 - 15$00 - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · Apseis dias de sessões de trabalho, encerrou no pasSado

2 3 4 5 6 7 8 9101112102Prnie 9 r efx dengçoo ue*dc oi7 "Príncipe; 9- Prefixo de negação ou que indica movimento para dentro; estimado(forma usada na correspondência); grito de dor; 10 - Usara remes; anagrama de«corda»; 11 - Pedrá de moer (invertido); sala grande; 12 - Festival 13 - Sessãocultural realizada á noite; país asiático.SOU MEU PRÓPRIO AVO E IRMÃO DE MINHA MULHERFazendo parte de uma Junta Médica, certo perito, no decorrer de uma visita a umManicómio, voltou as suas atenções para um homem aparentemente lúcido.Pediu-lhe, para explicar porque motLvo se encontrava no Hospital.«Veja - respondeu o homem -casei-me com uma viúva que tinha uma filhacrescida. Um dia meu pai resolveu casar-se com a minha enteada e minha esposatornou-se assim a sogra do seu sogro. Depois, minha nora, que era esposa de meupai, teve um filho, que ficou sendo meu irmão, pois era filho de meu pai. Mas eraneto de minha esposa e, portanto, também meu neto. E tornei-me as-sim avô de meu irmão colateral. Pouco depois, também minha esposa teve umfilho. E foi ,assim que minha cunhada e irmã colateral de meu filho, se tomou, aomesmo tempo, sua avó.Eu sou, pois, irmão de meu filho, que é ao mesmo tempo irmão de sua avó. Tenhoimpressão de que sou cunhado 'de minha mãe, que minha esposa é tia de seu filho,aliás que é neto de seu pai. Sou, portanto, meu próprio avô e irmão de minhamulher. Eis porque estou aqui».Enviado porJoaquim Vicente Munatica MAPUTOI1

14