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11 ii 11 ii III TATR AO SEVÇ D A CICA 61% 1. . . . . . . ... a pureza de uma mistura, rica e forte num cigarro sem filtro FÁBRICA VELOSA desde sempre orgulhosamente mcçambicana SIBLIOTECA DO 1 mT9IGSIU DE MOC. A NOSSA CAPA: 8.<Requnião do Comité Central. FPLM e Teatro (Javali-Javalismo ao serviço da erítíca popular. Director Interino: Muradali Memadhusen; Redacçáo: Albino Magaia, Calane dá Silva, Mendes de Oliveira, Luís Davíd, Alves Gomes, Jos" Baptista. Carlos Cardoso, Narciso Castanheira; Secretária da Redpcção: Ofélia Tembe; Fotografia: Ricardo Rangei, Kok Nem, Naife Ussene, Armindo Afonso (colaborador); Maquefização: Eugénio Aldasse; Propriedade: Tempogrhfica: Oficinas. Redacção, Administração e Serviços Comerciais: Av. Afonso de Albuquerque,I 1017-A e 8, Prédio Invicta; Telefones - 26191.26192. 26193: Caixa Postal: 2917 MAPUTO, Moçambique. LISIA DOS DISIRIBUIDOR[S PROVíNCIA DO MAPUTO Centro Comercial da Manhiça MANHIÇA Issufo Adam . ........ MOAMBA Lis Gomes Breda ......... INCOLUANE Ezequiel Pinto Macamo ........... XINAVANE Magude Comercial, Lda. ....... MAGUDE PROViNCIA DE GAZA Amílcar Simões Julião ................ MALVERNIA (Chicual Casa Lis . ............. ........... . XAI.XAI Manuel Francisco de Oliveira, Ida ...... CHIBUTO Sociedade Literária de Camões CHóCUÈ -PROVÍNCIA DE INHAMBANE Africano Benete ................ QUISSICO. ZAVALA loão Goncalves Mutimba... NHAMAVILA

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11 iiIIITATRAO SEVÇ D A CICA61%

1. . . . . . . ...a pureza de uma mistura, rica e fortenum cigarro sem filtroFÁBRICA VELOSAdesde sempre orgulhosamente mcçambicana

SIBLIOTECA DO 1mT9IGSIU DE MOC.A NOSSA CAPA:8.<Requnião do Comité Central. FPLM e Teatro (Javali-Javalismo aoserviço da erítíca popular.Director Interino: Muradali Memadhusen; Redacçáo: Albino Magaia, Calane dáSilva, Mendes de Oliveira, Luís Davíd, Alves Gomes, Jos" Baptista. CarlosCardoso, Narciso Castanheira; Secretária da Redpcção: Ofélia Tembe;Fotografia: Ricardo Rangei, Kok Nem, Naife Ussene, Armindo Afonso(colaborador); Maquefização: Eugénio Aldasse; Propriedade: Tempogrhfica:Oficinas. Redacção, Administração e Serviços Comerciais: Av. Afonso deAlbuquerque,I 1017-A e 8, Prédio Invicta; Telefones - 26191.26192. 26193:Caixa Postal: 2917 MAPUTO, Moçambique.LISIADOSDISIRIBUIDOR[SPROVíNCIA DO MAPUTOCentro Comercial da Manhiça MANHIÇAIssufo Adam . ........ MOAMBALis Gomes Breda ......... INCOLUANEEzequiel Pinto Macamo ........... XINAVANEMagude Comercial, Lda. ....... MAGUDE PROViNCIA DE GAZAAmílcar Simões Julião ................ MALVERNIA (ChicualCasa Lis . ............. ........... . XAI.XAIManuel Francisco de Oliveira, Ida ...... CHIBUTO Sociedade Literária de CamõesCHóCUÈ-PROVÍNCIA DE INHAMBANE Africano Benete ................ QUISSICO.ZAVALAloão Goncalves Mutimba... NHAMAVILA

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Joaquim Ribeiro Júnior . INIIAMBANE PROVINCIA DE MANICA>Tabacaria Desportina ............. CiIMOIOPROVÍNCIA DE SOFALAAugusto Frechaul .............. MARROMEIAuto Viação do Sul do Sae BEIRAPROVINCIA DE IVAgencia de Viagens Cabora Bssa SONGO Discotete .................ETEPROVÍNCIA DA ZAMNDZIA Alfredo José Sous GURUIFrancisco Xavier Weng ....... LUGELA Jacinto Frederico Silva . ERRMGO-1LEMahomed lqbal Ayotb ............ . MACUSEMaria InAcia Osório . OUEI.IMANEPapelaria Central . MOCUBAPROVINCIA DE NAMPULA CAndido Calixe Munguana NACALACasa Spanos , . .. NAMPL.AJoão Rodrigues Machado Rosari ILHA DE MOÇAMBIO Papelaria Abrantina. NGOCE lex-AntnlPROVINCIA DE CABO DELGADO Domingos da Silva Leal ..........MOClMBOA DA PRA SOtil ...PEMBA lex-Porto A PROVÍNCIA DE NIASSACasimiro José Alves , I'HINA 1 { a.lacunala)lêE[o Enes1IAmélia)S- ~n~o~rso.r~s~stz1 S~RIO* SECÇoES Cartas dos Leitores ...... 2 Semana a Semana Nacional .... .... ... ... ...6Semana a Semana Internacional .... ... ... ... ... 11Jornais/Revistas ... ... ... 16 O que E. ............ ...60Nota da Redacçao ... ... ... ... ... 64* APONTAMENTOSJavall-JavaIismo ...18Cidade do Caniço ...... ... ... ... 24Descolonização Tripartida ... ... ... . ... 38DOCUMENTOS Reflexão sobre as Decisões do3 de Fevereiro ... ... ... .35 Reunião do ComitéCentral ... ... ... ... 40REPORTAGENSAbertura de MachambaColectiva .... ... ... 50Cheias no Sul do Save INQUERTO Herança Habitacional.DESEJO SER ASSINANTE DA REVISTA <TEMPO» A PARTIR .DA PROXIMA SEMANA

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M O R A D A .. . . . . . . .. . . . . .. . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . .LOCALIDADEANVc. 00. ....... rC . Í ... RArNVO 00R O VALOR CORRESPONDENTE A UMAASSINATURA 5EMCETRALCHIQUE ANUALPROVINCIAS DE OUTRAS PROVINCIAS ASSINATURAS MAPUTOGAZANHAMBANE PO. VIA AÉREAANO 52 NUMEROS 7E0II0O 840500MESES 26 NúMEROS -1~50 420$003 MESES 13 NUMEROS $05o 2105000 PEDIDO DE INSCRICÃO DEVE SER ACOMPANHADO DAIMPORTANCIA RESPECTIVAl. "5< . 't A ; ,. . .: . <5355*'*S'0 : *::. :. j... .. '<.0:.».« , : .. ,.......:,-..52 ... 30.: .. :.:: ,:.:» :

rO discurso do Presidente Samora na a Reunião do Comité Central da FRELIMO éte documento que merece estudo atento de çambicanos pelas análisesgcríticas eprop vêm> contidas. Na página 40 desta edição trará esse discurso.í Tè poO problema habitacional e a nacionalização das casas de rendimento e prédios emtodo o território nacional foi objecto de inquérito (pág. 30), objecto de um estudo(pág. 38) objecto de uma refle'xão do Comissariado político (pág. 35) da cidadedo Maputo e no respeitanfte ao caso específico dos subúrbios inserimos umapontamento no qua! tentamos analisar questões relativas à chamada cidade Mlecaniço, (pág. 24).Neste número iniciamos também uma 'nova secção de di ulga'ção deconhecimentos políticos. Começamos pelo mal imposto pelo imperialismo aoTerceiro Mundo: O que é o Neocolonialismo (pág. 60).A agravar o problema nacional provocado jelas cheias do Sul do Save registaram-se inundações provocadas pelas'chuvas a norte desse mesmo rio, principalmentena cidade da 'Beira. Mas é sobre o primeiro caso, cheias 'no Sul do Save, queversa uma reportagem ilustrada' a partir da página 52.A peça Javali-Javalismo, do grupo cénico das FPLM, foi motivo de um estudocrítico inserido a partir da página 18. Cumprindo com a sua tradiçíorevolucionária revolucionariza a cultura moçambicana. Aquele grupo cé-nicoconcebeu Javali-4avalismo, como instrumento de critica do momento políticomoçambicano.Chamamos a atenção dos leitores para a nota publicada na secção «Cartas dosLeitores» a qual torna obrigatória a inclusão do nome, número do Bilhete deIdentidade e morada como- condição para a publicação das cartas que os leitoresnos enviam. Esta medida deve-se ao facto de estarmos a receber dezenas de cartas

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em que não consta mais nenhum elemento de identificação para além do nome(verdadeiro ou pseudónimo) tendo nós que recorrer ao carimbo dos correios parasabermos da provincia ou localidade de proveniência, E mesmo-isto nem sempreé possível uma vez que os carimbos por vezes são ilegíveis.A propósito da colaboração dos leitores publicamos neste número (pág. 62 e 63)dois contos populares que nos foram enviados por Samuel Alfred Catine residentena cidade do Maputo e por Início Ferro, residente na Beira, aos quaisagradecemos a colaboração prestada e louvamos a sua iniciativa,2«TEMPO» n. 1 281 - pdg. 2Lbertura da 8.o um importantodos os moostas que nele o leitor encon-4ienaceLo Cuetu-aeAdmitimos exploradores no nosso seio que são: EXPRESSO 1001,MOÇAMBIQUE 76 (chitimela 1001), temos os BOLINHAS, TAMBÉM TEMOSO PASSATEMPO DELTA. Todos estes desprezam a cultura moçambicana.Trazem os individualistas que não querem ensinar a verdadeira marrabenta aosnossos novos cantores, que estão como um bebé que não sabe andar, que são elesPEDRO BENE, DJECKO, e outros. Mas os individualistas competem entre si.Nós dissemos ao conjunto STORM (tempestade) ao Djecko e outros que asmúsicas tocadas por eles não têm lugar na R. P. de Moçambique: Moçambiquenão é a América.Também digo a esses que fazem espectáculos e dizem que é para o povo esqueceros problemas sociais, pessoais e também para passar a tar. de, que o povo temcultura (marrabenta, chingobela, chigubo, etc.) e que o povo diz não à corrupção,e diz basta à exploração.Também chamo a atenção daqueles que dão o seu dinheiro para ir ver corrupção,que já chegou a hora de nós dizermos bem alto: ABAIXO A EXPLORAÇAO DOHOMEM PELO HOMEM, ABAIXO A HUMILHAÇÃO. Mas também pormosisso em prática.Tenho a acrescentar queVIVA A CULTURA MOÇAMBICANA!JOAQUIM HONWANACidade do MaputoQue22a PsicoeógicaAlguns leitores criticam a vossa revista de alienar as massas. No n.° 279, umanónimo dizia isso. Não concordo. Cada qual tem direito de expor as suasopiniões. Certo. Mas as pessoas deviam ser mais concretas. Dizer claramente: nodia tal a «TEM. PO publicou isto que está mal. Vamos ser claros. Estas linhasforam escritas num café: Poucas palavras. Objectivo: Louvar u Revista«TEMPO» pela publicação do trabalho «Guerra Psicológica». Este artigopublicado na vossa edição de 8.2.76 é para mim bastante elucidativo. Oportuno.Permito-me transcrever as seguintes palavras: «Vemos cada vez mais gente asintonizar estações radiofónicas dedicadas à luta anti-popular como a RSA .. »«No bairro da

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"uII4-e4, uMIbu Uluaue, Ç;uu-lue >xvolta interior ouvir que muitos dos seushabitantes não podem passar uma noite sem captar a RSA. Quem é que capta essaemissora? Geralmente são cidadãos estrangeiros que nunca participaram nasreuniões dos G. Dinamizadores. Não querem a uni dade real com o povomoçambicano. Será que essas pessoas que só ouvem emissoras capitalistas estarãopreparadas para se defenderem das notícias tendenciosas?ANTÓNIO JOSÉ ALVES PEREIRABeiraÇazagem Oeiveiza-/laxixe, é o ninhoda expeoZacão«Encontro-me ao serviço da empresa «Garagem Oliveira ~ Maxixe» há já 8 anos,auferindo um mísero vencimento (1850$00), 45 anos de idade, estofador de arte,casado com 6 filhos, será um vencimento que chega para sobreviver? Acho quenão. O dono desta garagem, é contra o que a lei manda, pois não dá a seusempregados nenhum direito a férias pelo menos 15 dias que acho serem da Lei noprimeiro ano de serviço ininterrupto, alegando que só têm direito a férias osempregados sindicalizados e aos não sindicalizados não têm direito... sençtodesconhecedor de certas leis, será que este Senhor estará a agir bem? Acho quenão, pois tenho perguntado a outros camaradas doutras empresas que seencontram nas mesmas condições às minhas (não sindicalizados), gozam férias.Será que esta empresa não é igual às outras?Nesta empresa havia um grupo dinamizador a nível dos empregados. Aconteceque esse grupo foi sabotado sem se saber o porquê e... deve ser iniciativa dosenhor já atrás referido (Patrão), patrão!... pois este nem quer ouvir soar nos seusouvidos, a palavra «CAMARADA», dizendo que. por ele ser estrangeiro não;quer ouvir nem ser chamado camarada, recusando até a ponto de prometermandar embora um empregado da firma se lhe chamar camarada.Ora há mais uma atenuante, que é o caso do desastre em serviço, este senhor só seresponsabiliza pelo Hospital, também.., ã força; mas os dias em que durar oscurativos ou a baixa sem poder trabalhar, no fim do mês, adeus ao ordenado. Seráessaa LCi -_(e O empregauu queI 6Zujt diz que é a lei.Deduzindo isto tudo acho eu e entendo que é sem tirar nem pôr, um indivíduo queestá ultrapacsado pela nova sociedade ou então é dos que podemos englobá-lo nalista dos tais que o Camarada Presidente diz.. existem infiltrados ou oportunistasque querem avançar mais que a própria revolução, quando são os- primeirosreaccionários, deturpadores e continuadores de exploração do homem pelohomem, pois este Senhor por ser capitalista, acha que exlorar é a lei.. (Abaixo,está ultrapassado).Apelo ás autoridades competentes que vejam a situação dos operários etrabalhadores da empresa «GARÁGEM OLIVEIRA -- MAXIXE», acho que estafirma é o ninho da exploração, nesta ordem de ideias deve ser o Instituto doTrabalho ou o Sindicato Apelo ainda aos responsáveis do Grupo DinamizadorDistrital para analisarem este ponto do Grupo Dinamizador a nível da empresaque deixou de existir sem razões justificadas, pois vimo-nos explorados

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precisamente por não termos um Grupo Dinamizador nesta Empresa, a fim de nosorganizarmos.Viva a República Popular de Moçambique!Viva o nosso Presidente da República Samora Moisés Machel!Viva o Povo Unido do Rovuma aoMaputo!Viva a Unidade dos Trabalhadorese Camponeses!Abaixo o oportunismo.Abaixo os deturpadores.Abaixo os continuadores da exploração do homem pelo homem.A Luta continua!Maxixe, 27 de Novembro de 1975.ZAQUEU JOAO MAHATEPassageí'iosda companhiade C-az anspoL:tesde MocambiqueÉ a primeira carta que escrevo aos passageiros da C. T. M., mediante as criticasque fazem aos motoristas, cobradores e mecãnicos da nossa empresa desde o dia25 de Abril de 1974.Us pa-s,tgeiros dizem que nós, zrabalhadores da CT1M, não fazemos parte dopovo, o povo são eles, porque tem dinheiro para andar de machimbombos todosos dias. Alguns têm o costume de mandar parar o machimbombo onde não háparagem e dizem: «Quem manda é o povo». Outros chegam e pegam a porta paraque o machimbombo não saia antes da família chegar, porque está a tomar café.Quando o machimbombo arrancar os passageiros gritam: Fascista! pára.., falta aminha mulher e os meus filhos». Outros vêm bêbados, vomitam no autocarro,sujam-no e além disso sujam os passageiros.E a esses bêbados quando são cobrados não falam, limitam-se a levantar os braçossinal de que o cobrador é que deve tirar o dinheiro do seu bolso. Mais adiante,quando o autocarro avaria, os passageiros pedem ao motorista que continueandando, e quando tem falta de luzes insultam o motorista e solicitam que façaum jeito. Ora o motorista sem meio para fazer tal jeito, diz: não posso. Eles dizemnós seremos os responsáveis de desastres e se não quiser sai, que também somosprofissionais de volantes., até porque a tua carta é do Xai-Xaí, a maioria é quemanda. Quando o carro que es tá de serviço não oferece boas condiçõesaos'passageiros eles, dizem: «Ho je entramos, mas amanhã caso aparecer omesmo carro acendémo-lo».No tempo de arrumar o machiIm bombo, os passageiros obrigam-nos a fazerviagens a quaisquer lugares que quiserem, baseados na teoria de que o'povo é quemanda. Nós sempre temos dito que nós cumprimos um certo horário e fora dessehorario ficamos mal com o patrão.E lógico, se mandas a tua filha( o) para a Manhiça e ela ultrapassar até ao Xai-Xaie voltar a casa um dia depois ficas zangado.

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Pois bem, trata-se de falta de respeito aos trabalhadores da Companhia deTransportes de Moçambique, esta falta de respeito é baseada na má compreensãodesta teoria de que o povo é que manda. Os passageiros não respeitam e nãocompreendem os problemas básicos dos nossos autocarros. O cobrador e omotorista não são os culpados. A Revolução exige, acima de tudo, respeito ecompreensão.PEDRO FACELA NOVELECobrdor da C.T.M.Maéhava«1 LMPO,, ai >'-t,<

íPeeas esttadasde 9nhambaneAtravés desta carta vinha lançar um apelo à população de Inhambane e emparticular aos responsáveis dos Grupos Dinamizadores no sentido deintensificarem a vigilância revolucionária devido a certos danos que se verificamem várias estradas da nossa província de que faço parte como um dosresponsáveis pela conservação das mesmas, para que sejam tomadas medidasafim de eliminar os seguintes males causados nas egtradas.-Utilização de valetas para urinar;-Palavras obscenas escritas nopavimento asfáltico e nas chapasde indicação de localidades;- Mercados à beira da.estrada sem que se respeite a devida' distãncia e machambasperto dos aterros;-Marcos arrancados e sinais de trânsito entortados.Para isso seria viável que os Grupos Dinamizadores nas suas sessões deesclarecimento aproveitassem para chamar a atenção destes males que nãoafectam somente a Junta Autónoma de Estradas de Moçambique.ANTÓNIO GUERREIRO DE MELOO Jmo taeHoje 20 de Janeiro de 1973 Os colonialistas mataram Este grande camarada nossoHerói do Povo da Guiné e Cabo Verde Herói desta ndssa grande Africa Que a P.Lumumba, N'Krumah, Hen[da e MondaneSe vai juntar como vítima Desses carrascos colonialistas Vampiros da nossaÁfrica Negra Este grande Camarada nosso Soube dizer não a esses carrascosSoube dizer sim à luta Soube dizer não à exploração Soube dizer sim à Unidade Eele germinou uma luta heróica Que abalou os colonialistas e impe[ rialistasFez tremer os burgueses e privilegia[dosEle soube unir dois povos Guiné e Cabo Verde sob a bandeira [do PAIGC'*1I~21iU» 5 5. - .~ 4Partido por ele fundado Por isso ele foi vítima dos colonia[listasFoi barbaramente assassinado Esse dia não mais esqueceremos Este Camaradanosso nunca o esque[ceremos

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Amílcar Cabral!Virgílio Eduardo Évoragngeês, nona e&ssee empregoNão sei se estarei errado no que abaixo se segue. É que tem-se visto várias vezesna nossa imprensa que: «Precisa-se um empregado que tenha 9.: classe ouequivalente e que saiba falar e escrever fielmente inglês ou francês, sendopreferido quem seja moçambicano».1- que na minha maneira dever são poucos os moçambicanos com esses requisitos.2 Mesmo que tenham a 9. classe acho que muito menos devem'saber as línguasacima referidas.3 Faz com-que aqueles que tenham as habilitações referidas mudem sempre deum emprego para outro muito mais quando é paraserem bem pagos.4- As empresas onde estavam atrabalhar ficam prejudicadas pela saída do mesmopessoal.Como anda a muito moçambicano desempregado e que tem certa ca,pacidadeou Inteligência p a r a se adaptar a esses requisitos por que é que não podem seraproveitados? Já não digo os que tenham a 6. classe.Acho eu que com essa ordem de ideias ainda estamos para facilitár emprego aoestrangeiro e prejudicar o nacional. Não era bom que essas empresas admitissemalguns nacionais sem esses requisitos e os obrigassem dentro de tempo aprepararem-se para estarem aptos para trabalhar?Sei eu que quando a empresa põe um anúncio no jornal é que está afli. ta, masdevemos saber que para ter um bom funcionário é preciso que a chefia também dêuma chance ao mesmo.Porque, como acima referi, sempre as empresas ou repartições terão as mesmasdificuldades. Peço à redacção q ao povo em geral que quando estiver errado mecorrija.Dois preçosp a o mesmomedicamentdHá uma semana atrás, quando entrei numa das farmácias da cidade do Maputo,pedi alguns medicamentos, para fazer lavagem ao estômago. O senhor empregadoda farmácia logo foi buscar uma caixinha de comprimidos com o nome «PluriBiase» "logo são 18$50. Dois comprimidos ao deitar, disse o empregado. Graçasà minha sorte quando fui à senhora da caixa para pagar tirei uma nota de 100$00para pagar os 18$50 e não tinha trobo, disse que só podia dar troco em moedas de$50. Eu não concordei. Saí pela porta fora, fui à outra farmácia. Pedi o mesmomedicamento, disse logo o outro empregado farmacêutico: são 14$50! Fiquei logocheio de confusão com os preços das farmácias. Pois com o mesmo nome oscomprimidos eram mais baratos.Abaixo a especulação!ROQUE MUKHESWANE

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N. da Redacção: Para além da mera especulação pode ter acontecido que o mesmomedicamento tenha sido importado com diferença de alguns meses. Sucede porvezes que um produto comprado na origem a 10$00 seis meses depois custavmaiscaro. Tratando-se de medicamentos este facto reflecte-se no preço de venda aopWblico na farmácia que comercializa o medicamento.Informamos os nossos leitores que passar a ser obrigatório a inclusão dosseguintes elementos na identificação que acompanha as cartas que nos escrevem:1) Nome2) Morada3) Número de bilhete de identidade.

penie no futuro dele;Numa ocasião especial ou como presentede aniversãrio, ofereça um presente realmente útil. Uma conta depósito na CaixaEconõmicado Montepio.Mesmo com uma quantia pequena-...só para'estimular o espirito de poupança.Dinheiro poupado é dinheiro multiplicado.Montepioonde o seu dinheiro rende juros até 9,5%.

Dos militantes da FRELIMO na Tanzania recebemos através do Ministério daInformação o seguinte comunicado a acompanhar estas fotografias, tiradas juntodo túmulo do rir. Eduardo Monidlane:Em comemoração ao dia 3 de Fevereiro, dia em que o 1. Presidente da FRELIMODr. Eduardo Chivambo Mondlane foi cruelmente assassinado pelo imperialismointernacional, militantes da FRELIMO afectados em Dar-es-Salaam Tanzania,junto de populações moçambicanas foram ao túmulo onde jazem os restos mortaisdo camarada MondIane pare co «IENIPO» w' 281 t pglocar ramos de flores ao redor da campa.O dia 3 de Fevereiro é dia histórico para2 o povo moçambicano pois que é b diaem que na frente debatalha caiu o grande combatente, camarada Mondane.Esse dia é honrado, em todo Moçambique e foi declarado dia nacional, dia dosheróis e combatentes da liberdade.Para o povo moçambicano lembrar-se do dia 3 de Fevereiro, e lembrar-.-se da vida do camarada Mondiane cujaý tarefa da unidade foi capaz de guiar'todo o povo do Norte ao sul do Rovuma ao Maputo até à vitória final.Foi o MondIane que deu a prova viva da unidade do povo moçambicano. Davitória que contamos hoje merece todo o respeito a este companheiro combatentefirme da liberdade.Os militantes da FRELIMO na Tanzania assim como todo o povo moçambicanopresta homenagem ao herói e combatente Eduardo Mondiane.Viva a FRELIMO! Viva o Primeiro Presidente Eduardo Chivambo Mondiane!Viva os combatentes sacrificados pela Liberdade!A Luta Continua.ANA A SEM

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Foram criadas no Ministério de Educação e Cultura as seguintes DirecçõesNacionais:1) DIRECÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO cuja estrutura se subdivide emServiço Nacional do Ensino pré-Primário. Serviço Nacional do Ensino Primário.Serviço Nacional do Ensino Secundário e Médio. Serviço Nacional da AcçãoSocial Escolar, Comissão de Elaboração de Textos, Comissão de Formação deQuadros, Comissão de Material Escolar, Comissão de Avaliação deConhecimentos e Comissão de Integração das Escolas Não Oficiais.2) DIRECÇÃO NACIONAL DE ALFA. BETIZAÇÃO E EDUCAÇÃO DEADULTOS que tem a seu cargo a orientação e controlo da alfabetização deadultos e compreende o Serviço Nacional de Alfabetização de Adultos, o ServiçoNacional de Educação de Adultos, a Comissão de Elaboração de Programas eTextos e a Comissão de Formação de Quadros.3) DIRECÇÃO NACIONAL DE CULTURA à qual compete inventariar a acçãojá realizada pela FRELIMO no domínio da cultura; promover a recolha dopatrimónio artístico nacional, nomeadamente a literatura tradicional, narrações defactos históricos, 'música detradição popular e material de teatro popular; promover a troca de experiênciasentre oescritores e poetas, artistas plásticos, música e actores de todos os pontosdo País; procurar talentos no seio do povo e valorizar e divulgar as suas obras:fomentar e orientar o trabalho 'de grupos culturais pilotos que contribuam para odesenvolvimento de uma cultura nacional: publicar obras sobre os vários ramosde produção artística, em colaboração com o Ministério da Informação e controlara importpção e exportação de obras de escultura, pintura e desenho, emcolaboração com o Ministério da Indústria e Comércio.Ligados à Direcção Nacional de Cultura actuarão o Instituto Nacional deBibliotecas, o Serviço Nacional de Museus eo Serviço Nacional de RádioEducativo.4) DIRECÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO FISICA E DESPORTOSdestinada a organizar, fomentar, orientar toda a prática desportiva e educacionalbem como disciplinar a actividade desportiva já estruturada em moldesfederativos.Dependerão da Direcção Nacional de Educação Física e Desportos, a Direcçãodos Serviços de Educação: a Inspecção dos Serviços de Educação e o ServiçoEatra-Eolar.Para se poder comecar rapidamente te~ia para si e familiares dependentes,a fazer os pagamentos de renda vita- deverão apresentar os seu pedidos no liia,nos termos do art.° 8.* do decreto Ministério das Obras Públicas e Habilei n.°5/176, os proprietários que tives- tacão, na Avenida Manuel de Arriaqa e semcomo necessário meio de subsis. Montepio de Mocambique Sede, na Avetênciao rendimento de casas e que nida Fernão de Maqalhães, documentospor virtude de idade ou condição física com os sequintes elementos: não possamter outro meio de subsi 1 -Prova de Idade ou Incapacidade.2 -Prova de que era dono de casas. que reverteram para o Estado, e decla. raçãototal das rendas que cobrava.

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3 -Prova de que os inquilinos, pa garam a renda do mês de Fevereiro aoMontepio.Para estes efeitos servirá o oriqinal ou o próprio recibo passado pelo Montepio deMoçamMque ao inquilino.4-Solicita-se aos inquilinos, que colaborem no sentido de se permitir aos antigosdonos das casas ou dos prédios, a obtenção fácil dos elemetos referidos em 2 e 3.S-Para os donos de casas de ma. deira e zinco, caniço, ou outros matedais,deverão estes preencher um documento a ser distribuído no Ministério das ObrasPúblicas e Habitarão e Montepio de Mocambique, a partir de quarta4eira dia 18-2-76. durante o eriodo das 8 horas às 11 horas, e nas Sedes dos GruposDinamizadores dos Bairros. nos horários em que habitualmente funcionam.A luta continuaMaputo, 16 de Fevereiro de 1976.A UrLao MoÇamDIcana UC 1.ULUEUL Musical e Teatral vai comemorar o seuprimeiro aniversário no dia 22 deste mês que será precedido por um FestivalCultural nos diás 18, 19, 20, 21 e 22. Participarão nesse Festival além dosGrupos Culturais da UMCMT, Grupos Culturais da Escola Comercial, Liceu 5de Outubro e Antônio Enes. Durante este primeirm ano de actividade deram-se osprimeiros passos no engajamento dos músicos, escritores-compositores e artistasde teatro na tarefa política de transformar a arte e a cultura pondo-se ao serviço deuma elevação da consciência de classe e reconquista da personalidadeMoçambicana. Está também previsto para breve o lançamento de dois«LPs»edois«Seven Singles», fruto do trabalho colectivo de agrupamentos diferentes,como medida de combate contra a especulação do disco.Sumariamente as perspectivas deste Grupo são as seguintes: continuar a unir,organizar e consciencializar os artistas moçambicanos: criar escolas de dança e deiniciação de música e solfejo; promoção de intercámbios culturais; e, com o apoioda Direcção Nacional de Cultura, estender o Organismo a nível Nacional.«I'IMPU»1 - . g - 7

SEMANA A SEMANAACORDO DE COOPERAÇÃO ECONMICA ENTRE MOÇAMBIQUE E URSS- COMÉRCIO, INDÚSTRIA, PESCA. TRANSPORTESMARITIMOS EAÉREOS NOS PONTOS DO ACORDONo prosseguimento da viagem dos camaradas Mário da Graça Machungo,Ministro do Comércio e Industria e José Luis Cabaço, Ministro dos Transportes eComunicações, realizaram-se recentemente conversações entre esta comitivaministerial e dirigentes da União Soviética qi.e culminaram com a assinatura deum acordo de cooperação económica segundo publica a edição do «Notícias» de15 de Fevereiro.Falando à Rádio Moscovo a propósito deste acordo, que se especifica nosdomínios da pesca, do comércio, navegação marítima e aviação civil, o camaradaMário Machugo realçou a importânciaDo Instituto dos Cereais de Moçambique, através do Ministério de Informação,recebemos o seguinte anúncio sobre a cultura do arroz:

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1 - Recorda-se a todos os agricultores que na campanha agricola de 1975/ /1976praticaram a cultura do arroz em áreas superiores a 10 Ha, que nos ter, mos dasdisposições legais em vigor são obrigados a preencher e a entregar, até ao dia 29do corrente, na sede do Instituto dos Cereais de Moçambique ou nas suasdependências situadas nasDo Instituto de Cereais de Moçambique recebemos o seguinte AVISO.1. - Avisam-se os interessados que a recepção de propostas para a arrematação daempreitada de construção de Centros de Armazenagem foi transferida para o dia 9de Março de 1976 às 10 hora na sede da Direcção Nacional dedeste primeiro acordo de cooperação assinado entre a República Popular deMoçambique e a União Soviética, saudando o Povo soviético pel solidariedademilitante manifestada no apoio prestado à FRELIMO e ao Povo moçambicanodurante 'a Luta de Libertação Nacional.Já no aeroporto de Mavalane, no regresso, da sua viagem (15 do corrente) afirmouo camarada Mário da Graça Machungo: «No campo técnico e económico foramfirmados importantes acordos de cooperação entre os Governos da União dasRepúblicas Socialistas Soviéticas.e de Moçambique, que muito certamentebeneficiará os dois Povos».áreas dos interess.'dos, os manifestos de sementeira, modelo A/lI, anexo aoDiploma Legislativo n.° 2119, de 2 de Setembro de 1961.2.- A falta de cumprimento do determinado na lei dará lugar à aplicação daspenalidades legais.Instituto dos Cereais de Moçambique, em Maputo, aos 11 de Fevereiro de 1976.O Presidente da Comissão de Gestão,Armando Rêgo Ribeiro dos Santos(Eng.° Agrónomo)Economia e Comercialização Agrárias, na Praça dos Heróis de Moçambique.2. -Por conveniência de implantação no terreno disponível as dimensões doarmazém de Pemba foram alteradas.2. 1.- Assim no mapa de obras anexo do Caderno de Encargos e na parterespeitante a Pemba as dimensões e quantidade a considerar são:Mas à frente focando aspecto particulares do acordo assinado, aquele res-'ponsáveI disse:«Estes acordos que agora foram firmados entre os Governos daUnião Soviética e do nosso pais, atingem particularmente os sectores docomércio, Industria, pesca e transportes marítimos e aéreos. Claro que estesacordos visam criar uma base material que vai permitir um melhor espírito dedesenvolvimento e solidariedade, não só entre os Povos destes dois países amigos,como também para muitos outros Povos de países progressistas»."Armazém: 71,50x24.90 m (10 módulos) Portões ..................... 6Pontos de luz: Vigilância-8' iluminação-12Tomadas: monofásicas-2 Trifásicas-6Vedação: comprimento-340 m.Cidade do Maputo, aos 10 de Fevereiro de 1976.Pelo o Director,Armando Rego Ribeiro dos Santos(Eng., Agrónomo)

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No ano em curso a Contribuição Industrial Provisória, incluindo os respectivosadicionais, devida por contribuintes que se encontrem em difícil situaçãoeconómico-financeira, poderá ser paga até ao máximo de seis prestações mensaisiguais, desde que os interessados o requeiram até 15 de Março próximo.Esta determinação, que parte do Ministério das Finanças, acrescenta ainda que obeneficio será requerido junto, daquele Ministério em petição devidamentefundamentada a entregar nas respectivas repartições de Finanças.Deferido o pedido, a primeira prestação vencer-se-á no mês indicado no aviso ounotificação de pagamento da contribuição, devendo' as restantes ser pagas,sucessivamente, nos meses seguintes.Não sendo paga uma prestação no mês do vencimento, considerar-se-á vencidatoda a dívida.«TEMIPO» i. 281 -Pdg. 8

Encerrou no passado domingo (15 de Fevereiro) na Namaacha o curso a nívelnacional de reciclagem de monitores de Instrução Primária, que ali decorria desdeo dia 5 de Janeiro.Presidiu à cerimónia de encerramento Miguel Mkaima responsável do Centro deFormação de Reciclagem de Professores Primários do Maputo. Presentes ainda àcerimónia, para além de cerca de uma centena de monitores reciclados e daqueleresponsável. Bento Morais Sardinha, Filipe Carlos Cumbane, AugustoMahumane, respectivamente membros da Comisão Provincial de Educação eCultura do Maputo e chefe desta comissão, Amós Estevão Mahanjane, elementoda sede do Partido, Pamela Rebelo, membro da UNICEF destacados no nossoPaís e uma delegação de professores da República Democrática Alemã (que vemtrabalhar em Moçambique), recentemente chegada à capital e chefiada porLudwig Burow, que foi professor da Escola Secundária da FRELIMO emBagamoyo, durante a Luta Armada de Libertação Nacional.A nossa tarefa não pode, apenas, ser desenvolvida em relação ao aluno da escola,ao continuador. Tem de se expandir para ,além da escola e do aluno, até junto dasmassas populares. A educação revolucionária deve alargar-se a todo o Povo paraque se possa formar, efectivardente; uma nova sociedade, liberta das velhasmentalidades. ;'Esse é o objectivo da nossa Revolução e esse é um trabalho quecompete ao novo professor, ao professor revolucionário - Começou por dizerMiguel Mkãima, o primeiro a falar na Cerimónia, de encerramento.Depois de se ter referido ao sistema educacional durante a era colonial e àsfinalidades das estruturas do mes(no, Miguel Mkaime debruçou-se sobre otrabalho desenvolvido no Centro durante o 2.°'Curso de Reciclagem. A estepropósito salientou:Neste Centro, antigo bastião da opressão capitalista e que transformamos emverdadeiro Centrd da FRELIMÒ, tivémos oportunidade de nos debruçar sobre odesenvolvimento da nossa cultura, pois tomámos consciência do seu valor econteúdo revolucionário.Por outro lado discutimos a necessidade dos trabalhosmanual e de produção, como parte integrante das nossas tarefas. Temos de nosafirmar como filho$ activos da classe trabalhadora, não porque os nossos pais

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sejam ou tenham sido trabalhadores; não falando, mas trabalhando e levando aspopulações a engajar-se -nessas tarefas.Também durante o nosso curso pudémos criar um novo tipo de vida, baseada nasrelações humanas entre pessoas de ambos os sexos, entre professores e alunos.Desenvolvemos uma vida colectiva na base da camaradagem.E este ob'jectivo,-que é o do professor verdadeiramente revolucionário, só seráatingido se assumirem as tarefas de que feram.incumbidos pelo Povo; seforem capazès de transmitir o que são e ò que aprenderam às massas- que que osvossos conhecimentos não são apenas vossos, são de todos, devem ser postos aoserviço dos trabalhadores-; se forem capazes de difundir correctamente a linha política e ideológica daFRELIMO.CURSO DERECICLAGEMDE MONITORESPRIMÁRIOS NA BEIRAEntretanto em Inhamizua encerrou no dia 16 o 1I Curso de Reciclagem deMonitores da Província de Sofala que decorreu no Centro de Formação deProfessores Primários. Este Curso que teve início igualmente no dia 5 de Janeiro,teve a participação de 147 monitores.Estiveram presentes à cerimónia de encerramento o responsável pela ComissãoProvincial de Educação e Cultura, membro do Governo e do Partido adstritos àprovincia de Sofala. Usando da palavra o responsável político do Centro deFormação disse que «nós pretendemos formar um professor novo, com novosmétodos de ensino. Pretendemos, acima de tudo, criar um Homem Novo, comuma mentalidade nova liberta dos vestígios coloniais e alargar a educaçãorevolucionária a todo o povo para melhor podermos atingir plenamente osobjectivas da re,plução.»Por outro lado na cidade da Beira, junto ao edifício do ex-Colégio Luis deCamões, encerrou o l.> Curso Distrital de Alfabetização no dia 16 do correntemês em que usou da palavra o responsável pela secção da Educação e Cultura doGrupo Dinamizador do Distrito da Beira o qual afirmou a dado passo:«Na fase actual da nossa luta contra o analfabetismo, o obscurantismo e vícios desociedades decadentes, vocês encontrarão muitas dificuldades que só através deum trabalho de mobilização poderão superá-los.»ODa Universiade do Maputo, recebemos para. publicação o seguinte comunicado:«Moçambique precisa ý de formar rapidamente técnicos que réspondamàs necessidades de reconstrução nacional, e cuja formação compete àUniversidade do Maputo.A Reforma do Ensino, o preenchimento do corpo docente por professoresespecializados, a existéncià deinstalações apropriadas ao ensino e à investigação científica, permitem àUniversidade preparar técnicos com nível universitário e capazes de satisfazer asnecessidades do Pais, e da Revolução.

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O Governo e o Partido, determinaram quais os cursos técnicos com caiácterprioritário, verificando-se porém que o número de inscrições nos referidos cursosficou muito aquém das reais necessidades do País.Por este motivo, decidiram excepcionalmente abrir, no ano lectivo de 1976, umcurso de formação pré-universitária, com a duração de um ano,1JERO» '1. 281 - p

para todos os indivíduos com a habilitação rinima da 9.1 classe dos Liceus eEscolas Técnicas, que tenham completado, à data da sua inscrição neste CursoPropedêutico, a idade de 18 anos. A este limite mínimo de idade abre-se umaexcepção para os os alunos que tenham a 11., classe incompleta, ou reprovado norespectivo exame no ano lectivo que findou, os quais serão, pois,excepcionalmente admitidos.Estes Cursos destinam-se a dois tipos de alunos:a) Aos funcionários de organismos públicos e privados para os quais serão criadasturmas ocupancl.u apenas parte do dia, o que permitirá serem mais facilmentedispensados pelos respectivos serviços durante o período de aulas.b) Aos alunos de tempo inteiro,que poderão candidatar-se às bolsas de estudo atribuídas pela Universidade.O Curso Propedêutico será constituído pelas seguintes disciplinas:- Ciências Naturais.- Ciências Físico-Químicas.Matemática.- Inglês,sendo a escolaridade total de 25 horas semanais.Estas disciplinas são as que correspondem a uma preparação básica para osCursos considerados priorítários pelo Governo e pelo Partido. Todos oscandidatos serão submetidos a um teste de admissão, cujo objectivo é o defacilitar a sua distribuição pelas diferentes turmas, atendendo a que os candidatosterão certamente antecedentes culturais, escolares e profissionais muito diversos.Os alunos que concluírem com aproveitamento o curso propedéutico terão acessoimediato à Universidade, sendo encaminhados para os cursos prioritários, deacordo com a aptidão revelada durante este perodo pré-unversitário.Normas de inscrição:-As inscrições são feitas na Secção de expediente, na Universidade do Maputo,Praça 7 de Março, rés-do-chão, de 16 de Fevereiro a 3 de Março. Os alunos queresidirem fora da cidade do Maputo deverão fazer a sua inscrição pelo correio,endereçada à referida Secção de Expediente.-Os alunos deverão apresentar osseguintes documentos:1-Certidão de nascimento.2- Certidão de habilitações:3- Bilhete de Identidade. «TEMPO» 1t.1 28I - pdg. 104 -Certificado de vacina antivarlâlica o antitetãnica.5 - 4 fotografias.

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Dada a urgência de iniciar o curso propedêutico, e a prováveis demoras naobtenção dos documentos acima referidos, a Universidade aceitará:E Que os funcionários públicosapresentem, na altura da inscrição, uma declaração dos respectivos Serviços,relativa aos documentos mencionados em 1, 2 e 4, a qual substituiráprovisoriamente a. apresentação dos mesmos.9 Que os restantes candidatos sei n s c r e v a m condicionalmente, com o compromisso de apresentar no prazo de30 dias os documentos que faltarem.A inscrição e frequência do curso serão gratuitas.PERIODO ESCOLARAs aulas terão lugar ¡de 15 de Março a 30 de Junho e de 8 de Agosto a 30 deNovembro de 1976.O teste de admissão efectuar-se-á no dia 5 de Março p. f., em local a designaroportunanente, e que será anunciado pela Rádio e nos jornais. Excepcionalmente,para os a 1 u no s que não puderem comparecer, haverá uma segunda chamada nodia 10 de Março p. f, à mesma hora.Condições para obtenção da bolsa de estudos:A Universidade concederá para este fim 200 bolsas de estudo -durante o anolectivo de 1976. "As bolsas serão constituídas por:- Alojamento.- Alimentação.- Verba para compra de livros,10 000$00 por ano, vestuário, 10 000$00 por ano, e despesas pessoais, 1000$00por mês.Podem concorrer às bolsas:1- Alunos em tempo integrale em regime exclusivo.Os alunos que beneficiarem de bolsas de estudo ficarão sujeitos às seguintesolrígações:1- Servir o Pais durante umnúmero de anos igual ao que usufruírem a bolsa, em local que for consideradoconveniente aos interesses do Estado deMoçambique.2 - Ficarão abrangidos p e 1 a smesmas disposições da alínea anterior os estudantes que desistirem da bolsa eaqueles a quemfor retirada.,Os critérios de preferência para atribuição de bolsas de estudo, serão osseguintes:1 - Menores proventos do agregado familiar.2 - Nacionalidade Moçambicana.Observar-se-ão, em seguida, como prioritárias, as seguintes condições:- Local habitual de residência.- Orfandade ou invalidez de cabeça de casal.- Maior número de irmãos a estudar.

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-Ser militante da FRELIMO.Os impressos, para requerer a concessão de bolsas de estudo poderão ser obtidospelos candidatos na Procuradoria da Universidade do Maputo, Praça 7 de Março,rés-do-chão.O nosso Pais precisa de técnicos bem qualificados.Todos os Moçambicanos de v e m participar-na rebonstrução nacional.Estudar para produzir os técnicos de que o País necessita é uma forma departicipar nessa reconstrução.-Inscreve-te no curso pré-universitá. rio».Numa altura em que somos chamados a depender mais e mais do nosso próprioesforço, devido ao Jacto de que muitos países não vêem com bons olhos o aspectoconstante da nossa Revolução, esta abertura da Universidade do Maputo merece odestaque da sua importância a curto e a longo prazo. Em primeiro lugar hd asalientar a reestruturação a nível de ingresso na Universidade que esta aberturaimplica; é a estrutura oue se transforma -consoante as necessidades e não e2tasque têm de adaptar-se à estrutura. A nova linha de orientação está bem patente nocontexto de aproveitamento da capacidade de muitas pessoas que por razõesvárias não puderam completar o curso liceal, não podendo desse modo entrar paraa Universidade. Essas pessoas têm agora a oportunidade de se valorizaremprofissionalmente e de ajudarem o País. Em segundo lugar, importa realçar ocarácter participativo a um nível superior do ensino de elementos de camadassociais tradicionalmente afastadas desse nível que esta abertura permite. Emúltimo lugar interessa ter em mente os benefícios trazidos por uma primeiraexperiência bem sucedida no respeitantea futuras experiências do mesmo género,antes de se chegar a uma institucionalização de um novo método de ingresso nauniversidade.J ãtK" kANA A SEM 7ý-

Esteve na passada semana em Moçambique, o Ministro dos NegóciosEstrangeiros da República da Guiné (Conacry) Filly Cissoko, portador de umamensagem do Presidente Sekou Touré para o Presidente Samora Machel' a qual seenquadra nas estreitas relações existentes entre o P.D.G. e a FRELIMO. bemcomo entre a República da Guiné e a República Popular de Moçambique.No passado domingo dia 15 de Fevereiro, Filly Cissoko que se fazia acompanharpelos Embaixadores da Guiné em Moçambique e Angola foi recebido no palácioda presidência pelo Presidente Samora Machel estando presente JoaquimChissano'Ministro dos Negócios Estrangeiros da R.P.M., que com ele trabalhoudurante a sua estadia na nossa capitalFilly Cissoko que havia chegado a Maputo em 13 do corrente, deixou o nosso paisna segunda feira dia 16.IDesprezanco os apelos do Governo e Povo das Comores, da Organização deUnidade Africana e das Nações Unidas, o imperialismo francês realizou nopassado dia 8 a anunciada farsa de um referendum» - em que se perguntava aoPovo da ilha Mayotte - onde a França mantém a sua mais importante base militar

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no índico - se queria pertencer a Comores independente ou se queria continuar aser uma colónia de França...' Nos resultados provisórios do referendo os colonialistas franceses afirmaramterem obtido uma percentagem de 99,4 por cento de votos a favor doprosseguimento da dominação colonial.Na preparação do referendo, os colonialistas franceses. expulsaramda ilha milhares de nacionalistas comorianos e têm reprimido brutalmente todasas manifestações anticolonialistas.Lembra.,ros que a França vetou um pedido das Nações Unidas para queabandonasse o referendo. A resolução foi apresentada por nações não-alinhadasque reconhecem o Estado das Comores sob a presidência de Ali Soilih, declaradoindependente em Junho do ano passado.Entretanto em Tananarive, capital de Madagáscar, o embaixador itinerante dasComores Abdou Boina, declarou que o seu país defenderá a integridade territorial«por todos os meios, inclusive a guerrilha».Recebido durante este fim-de-semana pelo Presidente malgaxe, Di-dier Ratsiraka, o embaixador referindo-se ao referendo na ilha Mayotte afirmouque este representava uma «a g r e s s à o» dos colonialistas franceses contra asComores.Este referendo é considerado pelo Governo Malgaxe como uma «intervençãodirecta de uma potência estrangeira nos assuntos internos de um Estado soberanoe independente».O Presidente Ratsiraka confirrriou que o seu pais era «totalmente» favorável àintegridade territorial do Arquipélago das Comores.O Chefe de Estado malgaxe precisou que o seu governo havia assegurado aoãresponsáveis comorianos a ajuda de Madagáscar para a defesa da integridadeterritorial do arquipélago.« E M O » ! ' - i. 11ANA A SEM J

Tropas reaccionários assassinaram no dia 13 de Fevereiro último o presidente daRepública Federal da Nigéria, General Murtala Muhammed. na sequência de umarebelião armada que não teve apoio da maioria do exército nigeriano fiel à políticaprogressista seguida pelo defunto general. Murtala Muhammed foi alvejado a tirono seu carro quando se dirigia ao quartel de Dodan a fim de participar numareunião com os principais dirigentes do país. Durante algum tempo as tropasrebeldes tomaram a rádio de Lagos através da qual o lider das forçasreaccionárias, general Dimka. anunciou ter efectuado um golpe de estado. Namesma altura em Lorin. cidade nortenha, o governador militar do Estado deKawara era executado por militares da facção Dimka. Este parece ser o único casode adesão ao golpe.Em poucas horas esta rebelião foi esmagada deixando como resultado lutonacional decretado oficialmente pelo novo Presidente daquela República federalOlusegun Obasanjo que até agora exercia as funções de Chefe do Estadc Maiordas Forças Armadas.SEIS MESES DE

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POLITICAPROGRESSISTAO general Muhammed Murtala foi o arquiteto de um golpe não sangrento quederrubou Yakubu Gowon em Julho de 1975. De imediato iniciou uma politicaprogressista quer a nível interno quer a nível externo, nomeadamente o combatecontra a corrupção dos quadros responsáveis e o reconhecimento -do MPLAcomo legítimo dirigente do povo angolano. Os assassinos deste jovem estadistaforam presos e serão' julgados sumariamente num tribunal militar.O actual chefe de estado nigeriano, general Obasanjo, comprometeu-sè já a trilhara mesma via progressista seguin«FEMPO» z. -81 -v jd8. 12do a política anti.imperialista que faz da Nigéria um dos países mais odiados peloimperialismo.MOÇAMBIQUESOLIDARIZA-SE COMA DOR DO POVONIGERIANODirigido ao General Obusegun Obasanjo, o Presidente Samoraenviou o seguintetelegrama de condolências:Sua ExcelênciaGeneral Obusegun Obasanjo Chefe de Estado do Governo da República Federalda NigériaFoi com profundo sentimento de tristeza, horror e indignação que o govemo e opovo moçambicano tomaram conhecimento do assassinato do nosso amigo eirmão, general Murtala Muhammed chefe de Estado da República Federal daNigéria' pelas suas corajosas progressistas e anti-imperialistas tomadas de posiçãoa favor de Africa; pela sua luta contra a corrupção e sempre ao lado do povo,tinha ele ganho, 5 èstima, a confiança e a admiração de Africa e do mundo inteiro.Tombou com honra e com dignidade vítima do ódio imperialista contra Africa,vitima das sórdidas ambições dos lacaios de interesses estrangeiros e anti-populares.Em nome do Conselho de Ministrps da República Popular de Moçambique e dopovo moçambicano apresento as nossas mais sinceras condolências a V. Exca, aogoverno e ao povo irmão da Nigéria. bem como à família do nosso saudoso irmão.Informo-vos que, como sinal de tristeza e de solidariedade para com o povonigeriano, será dia de luto nacional para a República Popular de Moçambique nodia do funeral do general Murtala Muhammed.Saudações fraternaisAlta consideraçãoA luta continuaSamoa Moisés Machei Presidente da República Popular de Moçambique.Maputo. 15-2-75Por sua vez o Ministério dos Negócios Estrangeiros enviou o seguinte telegrama:S4a ExcelênciaCoronel J. N. GarbaML~stro dos Negócios Estrangeiros da Repblica Federal da NigériaLAGOS

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Com profundo pesar tomei conhecimento do cruel e bárbaro assassinato de SuaExcelência o GeneralANA ASEN

MURTALA MUHAMED que foi Presidente da República Federal da Nigéria. Asposições corajosas e firmes; progressistas e anti-imperialista, por ele tomadas,constituíram uma contribuição importante para o reforço da luta popular ecaracterizam-no como um combatente da frente mundial que luta pela libertaçãototal e dignificação da Africa e do Mundo. Pela mão assassina dos seus agentes oimperialismo fez tombar um grande Homem na frente da batalha, mas a suacoragem e determinação servirão de estímulo e de exemplo para os restantescombatentes de libertação e pelo progresso, que continuarão o combate até oaniquilamento total do inimigo. Nestes termos, em nome do Governo daRepública Popular de Moçambique e em meu nome pessoal, apresento sincerascondolências a Vossa Excelência e. à família do nosso estimado irmão.Saudações fraternais.A luta continua,Joaquim Alberto ChissanoMinistro dos Negócios Estrangeiros, da República Popular de Moçambique -Maputo, 16 de Fevereiro de 1976Por outro lado, através do Ministério de Informação a Embaixada da RepúblicaFederal da Nigéria enviou o seguinte comunicado:A embaixada da República Federal da Nigéria com profundo pesar comunica amorte por assassinato, de Sua Excelência o general Murtala Muhmmed, Chefe doGoverno Militar Federal da Nigéria, Comandante-em-Chefe das Forças Armadas,ocorrida a 13 de Fevereiro de 1976. O falecido Chefe do Governo Militar Federalfoi enterrado em Kano, Nigéria, no passado sábado, dia 14 de Fevereiro de 1976.A embaixada deseja o público em geral que se encontra aberto um livro decondolências em- honra de falecido Chefe do Governo Militar Federal, nasinstalações da Avenida António Enes, 1586, das 10 horas às 17 horas, na próximaquinta-feira, dia 19 de Fevereiro de 1976.Maputp, 16 de Fevereiro de 1976.Na manhã do dia 17 do corrente o Presidente da Frelimo e da República Popularde Moçambique, Samora Machel, deslocou-se a Embaixada: Nigeriana,acompanhado pelo Ministro dos Negócios Etrangeiros, Joaquim Chissano, paraapresentar condolências.O Corpo Diplomático acreditada na RPM também esteve presente com o mesmoobjectivo.ALGUNS DADOSECONÓMICOS SOBREA NIGÉRIAA República Federal da Nigéria fica situada na África Ocidental e é banhada peloOceano Atlântico. É um dos países africanos membros da Comunidade Britância(Commonwealt). Também o mais populoso estado do continente com mais de 50000 000 de habitantes. A sua actual capital é Lagos (390 000 habitantes) mas acidade mais populosa é lbadã com 600 000 habitantes. É cortado pelos rios Nigér

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e Benué. Possui abundantes recursos naturais nomeadamente o petróleo de que éo sétimo produtor mundial tendo subido a produção de 20 milhões de toneladasem 1966 para 114 milhões em 1974, sendo sempre crescen-A ofensiva generalizada declarada pelo MPLA em Luanda logo após aindependência no dia onze de Novembro atingiu já a primeira fase do seuobjectivo principal: a destruição da UNITA e FNLA. O segundo passo vai agoraser dado no sul contra os efectivos militares sul-africanos estacionados atésessenta kilómetros da fronteira con a Namíbia. Huambo, Benguela, Lobito, Sá daBandeira, Moçâmedes, Silva Porto, Luso e Serpa Pintoforam sucessivamentelibertados durante as últimas duas semanas. Na maior parte dos casos as FAPLAencontraram muito pouca resistência já após a tomada do, Haumbo se começou aassistir a uma debandada geral por parte dos soldados da UNITA e da FNLA.Paralelamente as populações tomavam o controlo de sectores chave da vidadessas cidades e elas próprias ajudavam a capturar elementos dos doismovimentos.A Africa do Sul tem seis mil soldados no sul de Angola enquanto vinte milsoldados das FAPLA avançam nessa direcção apoiados por carros blindados T45e pela Força Aérea Popular de Angola, Vorster quiz impor duas condições parauma retirada das suás tropas de território angolano; de um lado a garantia de que ocomplexo hidro-eléctrico do Cunene continuará a fornecer energia à Namibia, dooutro o MPLA acordaria em não ajudar a SWAPO na sua luta de libertação.Quanto à primeira condição não há dificuldade já que o MPLA não tem intençõesde violar acordos económicos internacionais. A segunda é quete a quantidade bruta de exploração. Possui uma refinaria em Port Hacourt cOmcapacidade de 2,5 milhões de toneladas anuais ou seja, 95% das necessidadesnacionais. Para além do petróleo produz gáz ,natural em cuja empresa exploradorao Governo possui 60/. das acções. Possui ainda minas de coIombite, carvão, ferro,ouro, prata e estanho. Detêm as maiores reservas mundiais de colombite.Em relação à agricultura a Nigéria ocupa o 2.0 lugar na produção mundial decacau e tem vastas plantações de bananeiras, palmas, algodão, amendoim, etc.Devido a toda esta riqueza aquele país é muito cobiçado pelo imperialismõamericano que, uma vez mais apôs a tentativa de seceção do Biafra tentouinstaurar, com o recente rebelião um regime que possa servir os seus interesses.com certeza irá constituir a base politica do confronto porque o MPLA e aSWAPO já têm uma tradição de luta conjunta que agora se irá prolongar.ÁFRICA RECONHECEM.P.L.A.As possibilidades de sucesso para os sul-africanos vão-se tornando cada vez maismagras. Trinta e seis países africanos já reconheceram a RPA; da Zambia chegamnoticias sobre um possível reconhecimento da RPA para breve por parte dogoverno Zambiano; a'França já deu a entender que dará o primeiro passo nessereconhecimento se os seus parceiros da Comunidade Europeia o não fizerem; emPortugal ganha amplitude a ideia de que reconhecer a RPA só depois de umcontrole total do território pelo MPLA seria demasiado vergonhoso; por último,os próprios Estados Unidos vão ser muito brevemente obrigados a reconhecer o

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governo do MPLA como indicou o Dr. Kissinger ao afirmar que «em bom -tempo reconheceremos a RPA».É ainda a tentativa de Bantustanização da Nambia ,que comanda as posições sul-africanas, Bantustanização essa que não é mais do que um passo uma melhordefesa do Apartheid dentro da Africa do Sul. O papel de uma Angola livre festecampo vai ser de extrema importância e é por isso que os sul-africanos tentamesta última arma após um«TEMPO» n.' 281 - pág. 13

lI..,i., j . ' "falhanço total no respeitante à sua invasão até mais de mil kilómetros para lá :dafronteira da Namíbia.SAUDAÇÃODAS FPLMO Ministro da defesa, camarada Alberto Chipande enviou o seguinte telegrama aHenrique Carreira, Ministro da Defesa da RPA, num gesto de saudação pelasrecentes vitórias alcançadas pelas FAPLA:Camarada Henrique Carreira, Ministro da Defesa da República Popular de Angola- LuandaCom grande alegria e profundo orgulho os combatentes das Forças Popularesý deMoçambique, F.P.L.M., saúdam os seus aliados e camaradas de armas das ForçasArmadas Populares de Angola, F.A.P.L.A. pelas grandes vitórias ai-cançadas contra os invasores sul-africanos e estrangeiros, contra os mercenários eos agentes nacionais da traição. Temperadas na guerra de libertação contra ocolonialismo, educadas pela linha justa do 'MPLA, dirigidas pelo respeitadocamarada Presidente Agostinho Neto, as FAPLA revelam-se como o verdadeirobraço do povo trabalhador angolano, a expressão mais autêntica da.determinaçãopopular em preservar e consolidar a soberania da República Popular de Angola,expulsar e punir todos os agressores e traidores que atentem. à indepèn*dência,integridade e inviolabilidade da Pátria angolana.Reafirmo nesta ocasião o nosso apoio e solidariedade totais com as FAPLAdirígidas pelo MPLA e encabeçadas pelo respeitado Presidente Agostinho Neto.Saudações fraternais e revolucionárias. Alta consideração.A Luta Continua!ALBERTO JOAQUIM CHIPANDE,Ministro da Defesa NacionalMaputo, 12 de Fevereiro de 1976.Durqnte esta semana deu-se no mundo uma mudança radical na atitude dos paísesocdentais em relação ao problema angolano. Assim, regista-se o reconhecimentodo MPLA pela França que até hê pouco auxiliava a FNLA. Também a Filândia,Suécia e Dinamarca, três países nórdicos, reconheceram a vanguarda angolana.Entretanto em Âfrica o Malawi e o Lesotho tiveram a mesma atitude enquantoque, surpreendentemente 22 mercénários ingleses efranceses eram expulsos do Zaire ros meados desta semana.Quando a nossa revista sair, à velocidade a que se sucedem estes novosacontecimentos,

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mais países e governos terão reconhecido a liderança do MPLA em Angola. A paznão estálonge de se implantar do Cabinda ao Cunene.'«I'EMPO>n" 281 - pdg. 14Por uma maioria de 97,7% o povo cubano disse «sim» à nova constituição.Assim, das 14 províncias do país apenas 45166 eleitores votaram contra enquanto5 472 867 aprovaram o conteúdo da constituição. O número de boletins embranco foi de 44 256 (0,8%). Estas informações foram prestadas enquanto aindafaltava a contagem de um número reduzido de votos.A nova Constituição Cubana prevé uma descentralização do Poder, reconhece oPartido Comunista como vanguarda do povo, prevê a criação de assembleiaspopulares eleitas nas 14 províncias, a eleição de uma Assembleia NacionAl edefine Cuba como um país socialista.Fonte afectas à FRETILIN declararam ao jornal «Notícias» da cidade do Maputo(edição de 18 do corrente) que as FALIN.TIL, braço armado do povo daRepública Democrática de Timor-Leste, desbarataram um ataE que de trezentosparaquedistas indonésios em Suai na costa sul.Após a derrota destas tropas foram desembarcados na - mes-lANA A SEJP

ma costa, sul batalhões de fusileiros, bandos de assassinos que encontraram forteresistência por parte das FALANTIL. Paralelamente, o exército popular de TimorLeste derrota forças paraquedistas em Los Palos, na Zona Leste, na sequência deuma ataque lançado barbaramente contra'uma antiga missão católica de Fuilorepelas tropas agressoras.Estas batalhas sucedem-s eCentenas de milhar de pessoas desalojadas, mais de trezentas aldeias soterradas,quarenta mil feridos e cerca de vinte mil mortos, tal é o trágico balanço dossucessivos tremores de terra que afectaram a Guatmala (mais (4 200 000habitantes) nos princípios da semana passada. A fome, a doença e o lutoespalharam-se por t o d o aquele país da América Central. Entretanto a ajudaintèrnacio-desde 7 de Dezembro do ano passado altura em que a Indonésia intensificou ainvasão à República Democrática de Tirfior-Leste colocando-se abertamente nolado do movimento anticomunista tendo, desde então, massacradoindicrimidamente mulheres e crianças saldando-se em cerca de sessenta mil o,número de mortos segundo estatistica do mesmo Movimento Anticomunista comsede em Ja-nal ao povo guatemalteco, vítima de uma das mais terríveis calamidades naturais,tem-se intensificado quer a nível de estados quer a nível de organismosapropriados.As centenas de milhar ¿e esfomeados que vivem na Guatemala mesmo em tempode vida normal, reivindicam agora melhor tÊatamento por parte do Governo.Foram feitos circular panfletos clandestinos em que secarta capital da Indonésia dirígido por Lopes da Cruz. O povo maubere (povo deTimor Leste) continua a resistir heroicamente pela defesa e liberdade da sua terra

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apesar de todas as dificuldades incluindo as comunicações com o exterior. Naszonas ,do país sob o seu controle iniciou-se o combate pela reconstrução e apopulação organiza-se em torno da sua vanguarda, a FRETILIN.apela à população para que as. salte as casas ricas porque «os honrados ficaramem boa situa. são depois do terromoto» enquanto que os pobres não têm quecomer.O exército abateu algumas pessoas encontradas em actos de pilhagem e um altoresponsável militar afirmou que, «se os ladrões quizerem guerra o exército estádisposto a acabar definitivamente com eles».«TEMPO» n. - 281 - Pdg. 15

ANA A SEMiMAPUTOSIMBOLODE UMA NOVA FACEMauto é o novo nome da capital de Moçambique. «A cidade -afirmou opresidente Samora Machel - deve ter uma face moçambicana». Não tinha. Foidurante séculos uma cidade estrangeira encastoada numa baía moçambicana.Agora mudaram-lhe o nome e a face muda dia a dia.Não há afronta a Portugal no gesto. Santarém foi Scalabis, Beja chamava-se PaxJúlia. Entre as urbes romanas e os burgos medievais da jovem monarquiaportuguesa havia abismos que as palavras só por si não podiam suprimir. Mas foio Povo de Portugal quem modelou à sua maneira o nome das antigas cidadesestrangeiras onde nasceu já português. Exerceu um direito.Maputo não é una ofensa. É a escolha de uma nação jovem e revolucionária.Não pensa assim «0 Dia». O prof. Vitorino Nemésio, homem de pensamento,registou a efeméride no seu jornal com um titulo de intensão injuriosa para opresidente da República Popular de Moçambique.A flecha não pode atingir o alvo. Quem se degrada é o archeiro.As cidades destinam-se aos homens. Para que nelas vivam com uma dignidadeprópria da condição humana. i isso que está a acontecer em Moçambique. OMaputo nasce de lourenço Marques como símbolo de uma nova facemoçambicana.(in «O DIARIO»- Portugal)MACHAMBASEm todos os pontos do País grupos dinamizadores e estruturas do Governoiniciaram um vasto esforço de mobilização popular e de esclarecimento acercados objectivos da vida colectiva e de como se iria pór em prática, organizando otrabalho agrícola em conjunto com os camponeses. Em algumas das machambascolectivas - as mais vastas - planeou-se o apoio a prestar. tento ao nível demáquinas e de fomecimento de sementes, como a prestação de assistência técnicapor parte de «TEMPO» n.- 2"81 - pdg. 16funcionários do Instituto do Algodão ou dos Cereais.Os camponeses acorreram em massa a increver-se nas machambas colectivas. Emprincípio, o trabalho é feito com entusiasmo. Após à limpeza do terreno começama nascer as dificuldades inerentes a todo um trabalho teórico levado à prática.

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Após os primeiros passos positivos no que respeita à mobilização era necessáriotransformá-la numa motivação consciente, o que equivale a dizer numapolitização contínua que não esmorecesse após a primeira vaga de entusiasmo.Tal como o número de machambas é bastante grande, também as suasexperiéncias são diferentes. Há-a considerar, no entanto, três grupos: asmachambas individuais, as colectivas onde os camponeses empregariam todo oseu tempo, e as abertas por iniciativa dos grupos dinamizadores.No que se refere às machambas individuais, antes da tomada do poder pelaFRELIMO, a população agrícola, na província de Nampula, estava já habituada aser constantemente expropriada das suas terras a fim de dar lugar ao alargamentodos grandes. latifúndios. vendo-se deste modo obrigada a mudar de lugar. Estepormenor cria, portanto, naquele camponês, um tipo de mentalidade diferente dados camponeses de outros locais, uma vez que este não é,. como outros, tãoapegado à terra que lhe pertenceu.Por outro lado, e apesar de tudo, a machamba individual foi sempre o factor maissignificativo da agricultura. Ainda o é nos tempos que correm, embora comalgumas alterações.Segundo observamos, todos os camponeses têm o seu bocado de terra,normalmente perto de casa. Actualmente, no entanto, as machambas individuaissão mais extensas, mais bem cultivadas e com maior diversidade de culturasalimentares, o que se traduzirá numa dieta alimentar mais rica. Estas alteraçõesdevem-se, de igual modo ao trabalho de motivação para a agricultura.As machambas individuais serão efectivamente aquelas que realizarão a maiorquantidade de produtos agricolas, prevendo-se já que na província de Nampulanão haverá fome este ano. Haverá, pelo contrário, um excedente queserá necesáio escoar para locais onde se verifique a ma falta. No que conceme ásmachambas colectivas, elas possuem maior extensão e beneficiam de um certoplaneamento. Logo à partida trabalhariam com um número igual dehectares e camponeses. Por outro lado, metade do terreno serviria para cultura derendimento e *outra para cultura alimentar. Tal como referimos, em muitos casos,essas machambas foram cultivadas' com apoio de máquinas. e de sementesfomecidas pelo Instituto do Algodão ou dos Cereais. Beneficiavam ainda do apoiode um técnico que, semanalmerite, se inteirava do decorrer dos trabalhos. Estetinha por missão orientar os camponeses no sentido de trabalharem de um modomais científico e produtivo os terrenos de que dia-. põem.Quanto às machambas abertas pelos grupos din'mizadores, verificamos que emalguns casos não houve um plano traçado ou um tipo de organização queassegurasse a continuidade do trabalho. Por outro lado, ao nível do apoio técnico,estas últimas estão em desvantegem em relação às primeiras.(in «NOTICIAS», Moçambique)OS IANQUESNÃO PASSARÃONa sua marcha de opressão e expioração, os alanques» encontraram fortesbarreiras, que lhes têm propo<cionado vergonhosas derrotes. Foi assim. em~Cuba, no Laos, no Vietname, no Camboje. em Moçambique, na Guinê-Bissau,em Cabo Verde, em São Tomé e agora em Angola. A bote «ianque» preparava-se

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para espezinhar o povo angolano, mas o povo resiste heroicamente. Aquilo queparecia fácil, dado o cortejo de lacaios internos de que os imperialistasdispu'nham, tomou-se difícil. O inimigo teve de recuar e hoje sente-se perdido.Uti> liza o exército regular dla Africa do Sul, o lixo mercenário, mas o povoresiste e *vai acumulando vitórias, O que parecia fácil aos danque.». tomou-se derepente dificil. O que parecia uma vitória segura, está a tornr-se em mais umapesada derrota. Como noutros pontos do Mundo, o imperialismo americano está areciar e a aofrer derrotas contentes.

Para esta situação contribuem, sem dúvida os auxílios morais e materiais depalses amigos do povo angolano, alguns deles responsáveis por pesadas derrotascontra os «ianques» como o heróico povo de Cuba. Em Angola, não se lutqsomente pela libertação total e completa do País. Luta-se fundamentalmente pelalibertação de todos os povos, ainda sob dominação neocolonial. Em Angola, oimperialismo encontrará a mais dura barreira e será nesta parte do Mundo que eleperderá as esperanças de continuar a dominar e a explorar os povos de Africa e doTerceiro Mundo.A bota dos «ianques» não conseguirá esmagar a liberdade do Povo Angolano.(in «Diário de Luanda», Angola)A EVIDÊNCIA...A diferença que existe entre as relações Portugal-Moçambique hoje e as queexistiram no período de transição e que levaram a falar de «descolonizaçãoexemplan> está na razão directa da diferença entre o Governo português de entãoe o actual.Não temos dúvidas de que Moçambique está interessado em manter com Portugalrelações de amizade e cooperação, mas não pensa, para isso, abdicar de qualquerparcela da sua soberania como estado independente.Pressões como a suspensão do envio de cooperantes só podem piorar o clima jádeteriorado. De forma nenhuma parece que farão alterar o nosao rumo.O elogio que Almeida Santos fazdos retomados das ex-colónias é sintomático das forças que hoje contam emPortugal. A exaltação das virtudes sem par desses «fazedores de pátrias que levamnos olhMos a visão dos grandes espaços», encobre as pequenas e grandes misériasde muitos responsáveis pela criação de uma sociedade colonialista onde aexploração do homem pelo homem foi levada às suas últimas consequências eencobre o, que foi levado através de transferências ilegais e outros processos nãopoucas vezes descaradamente ilcitos.Essa sangria económica do nossoPaís, essa deserção por parte dos técnicos de que necessitamos, no é criticadapelas autoridades portuguesas. Antes se pensa que os portugueses têm hoje odireito de rever a suadecisão de ficar em Moçambique.O Governo português está de factopreocupado com os, interesses e o ,nivei de vida dos proprietários de pré.dios. de rendimento. Não lhe passou pel ideia que as medidas agora tomedasbeneficiam também 'cidadãos portugueses com problemas de alojamento. Não

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reparou que está a defender interesses de p e soa s que estão bem instaladas emPortugal ou em Moçambique, contra um direito fundamental de milhares depessoas que ainda recentemente viram as suas precárias residências mais uma vezinvadidas pelas águas. Não se ~ brou que está a defender os que vivem dosrendimentos contra os quevivem do trabalho.Em termos de classe, que é o únicocritério possível na análise do protas.ma, quem é represenltado pelo actuIlGoverno português?(in «NOTICIAS». Moçambique)AMERICANOSRESIDENTES EM CUBA APOIAM O MPLACidadãos norte-americanos, residentes em Cuba, enviaram ao Povo Angolano, aoMPLA e ao Presidente da República Popular de Angola, Agostinho Neto, aseguinte mensagem:Nós, os norte-americanos residentes em Cuba, formamos uma pequena parte destagrande ala de solidariedadepara com a justa causa de Angola. Sa. bemos que o Movimento Popular deUbertação de Angola MPLA. foi o único Movimento de independência desde quese fundou em mil novecentos e cinquenta e seis, que só este Movimento lutoucom armes na m~o durante catorze longos anos desde mil novecentos e sessenta eum até mil novecentos e setenta e cinco contra o exército fascista português,contra os grupos ceasionistas criados e apoiados pelo imperialismo epresentemente ontra as forças unidas desse mesmo imperialismo mundialagressivamente de ~idido a =mar a todo o custo a sue hegemonia sobre a parte sulda Africa e os seus interesses económicos em Angola o petróleo de Cabindacontrolado principalmente pela Gulf Oil Norte Americana, os diamantes d Lunda,pala companhia Sul Africana de Bere, o ferro de Cassinga, pela Krupp daAlemanha Federal, o cobra, a bauxite e uma larga lista de minérios, produtosagrícolas e sectores de manufactura e bancários com eles relacionados, todosconcedidos pelos coloniailsWs portugueses aos consórcios internacionais comsede nos EUA, Africa do Sul 4 Europa Ocidental.Sem dúvida que o imperialismo jã Iitá condenado à derrote. Angola e as suasriquezas pertencem ao seu povo para serem exploradas em seu próprio proveito,que significa para destrur os sinais, da pobreza e ignorância deixados peloinimigo, para concretizar os anseios do futuro já vislumbrados nas escolas.hospitais no trabalho colectivo e nas instituições democráticas estabelecidas sob adirecção criadora do MPLA.As tropas Sul Africanas e todas as tropas imperialistas devem retirar-se ou seremexpulsas de Angola.Nós comprometemo-nos a der o noso apoio incondicional a esta grande batalhapelo futuro de Angola, pelo futuro de África.Vitória para a República Popular de Angola, para a sua vanguarda, o MPLA, asForças Armadas e o seu Povo militante. Venceremos.UNIAO DOS NORTE AMERICANOS RESIDENTES EM CUBA.

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PRESIDENTEJANE MACMANUS».SERVIÇO DE INFORMAÇÃO NACIONAL, em Luanda, aos Sete de Fevereirode. mil novecentos e setenta e seis.(in «Jornal de Angola», Angola)«TEMPO» n. 281 -- pdg. 17

1,V«TEMPo» ti.- -8] - pig. Ia

Teatroao serviço da críticaCONSIDERAÇÕES PREVIAS1. Sob o ponto de vista do materialismo histórico, a história deve ser toda elainterpretada em função da luta de classes. Em cada fase histórica de umasociedade há uma. luta e a todos os níveis ehtre duas classes. Em cada fase umafriunfa, outra é derrotada.Essa luta realiza-se essencialmente em três planos: no plano político, no planosócio-económico e no plano cultural. Não há atitudes ou fenómenos políticos,sócio-económicos ou culturais alheios, fora do contexto da luta de classes. Não háatitudes políticas, sócio-económicas ou culturais não comprometidas, não aoserviço - objectiva ou subjectivamente - de uma das classes em luta.Debrucemo-nos particular m e n t e sobre o aspecto cultural.Toda a cultura pertence a uma classe. Está subordinada a uma linha política eideológica de classe. Contrariamente ao que a burguesia quere normalmente fazercrer, não há «arte pela arte,'. Não há arte como nenhum outro componente cultural- independente da politica. da luta de classes. O critério político sobrepõe sempreo critério artístico.2. Como instrumento de classe a arte deve ser parte integrante da Revolução.Deve responder e participar no avanço da Revolução. Deve ser instrumento deunir e educar o Povo, atacar'e destruir o inimigo.Numa Revolução Democrática Popular a oposição e luta de ideias de naturezadiferente são constantes. São o reflexo das contradições, da luta de classes.O processo de fazer avançar a Revolução, de salto qualitativo em salto qualitativoa fazer passar a estágios cada vez mais elevados, é exactamente a luta ideológicaacti. va. A forma de a materializar na prática: a crítica e a auto-crítica.Pela crítica e auto-crítica supera-remos as ideias supremas as ideias e concepçoes burguesas inimigas ,ntiltradasnas nossas cabeças. O 11beralismo, o subjectivismo, o dogmatismo, o sectarismo,o burocratismo, a paz sem princípios..PeIa crítica e auto-critica encontraremos plataformas mais elevadas de unidade eengajamento.Enquanto meio de unir e educar o Povo, atacar e destruir o inimigo, a arte daDemocracia Popular deve ser instrumento de critica e auto-crítica. Para isso acrítica e auto-crítica devem ser a essência do conteúdo das manifestaçõesartísticas.

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3. Na sua concepção há ainda a considerar o método artístico, o método criador.Dentro do âmbito em que se deve inserir, enquanto ÉL.strumento de combate e deeducação das largas massas, a arte deve adoptar como método criador o realismosocialista - a representaçao verdadeira da realidade. Reflectir sobre a realidade,com veracidade. Reflectir a realidade, com veracidade.Parte integrante da luta de casses, a arte na Revolução Demoçratica Popular devenão só reflectir as contradições em determinada fase, mas também indicarcaminhos para a divulgação da linha correcta, da linha Nova, e rejeição e combatedo que é errado, do que é velho.4. As FPLM são o braço-armado do Fartido, da classe trabalhadora, do Povo. Sãoa força-vanguarda da Revolução, garantia da defesa intransiqente da Unhacorrecta, da Linha comprometida com os interesses das largas massas operário-camponesas.Enquanto órgão de vanguarda do Partido e da classe trabalhadora, cabem-lhe -entrie outras tarefas, como a participação activa na Pro. dfução e demais frentesde Reconstrução Nacional - a dinamizacão do processo de aprofundamentoideolóqico, e de descoberta dos caminhos de transformação das culturastradicionais e assimilada na Cul- / <«¢'1'E M PO») n. 281 - p»dí 19

tura Nova. de operários e camponeses engajàdo~ na-edificação do Poder Popular,5. É nesse sentido que surge um Grupo Coral, um Grupo Cénico nas FPLM.É nesse sentido que surge a peça de teatro ,Javali-javalismo», do Grupo Cénicodas FPLM.«Jiavaijvalismo- é essencialmente uma reflexão crítica e auto-crítica das ,FPLMenquanto braço-armado da classe trabalhadora no processo em curso de extensãoda Democracia Popular a todo o país.«Javali-javalismo» trata as realidades actuais sob a perspectiva da verdade toda,da análise científica, sob a perspectiva dialética de enquadramento dessasrealidades actuais no todo histórico, que começa pela transformação da LutaArmada de Libertação Nacional numa Revolução Democrática Popular, eprosseguirá'até à instauração do socialismo na sociedade moçambicana.«Javali-javalismo» é uma peça de operários e camponeses, que na linguagem deoperários e camponeses, alerta operários e camponeses para os perigos de-traiçãoda sua classe, comprometimento da Revolução. E, reafirma perante operários ecamponeses a capacidade crítica e auto-crítica das FPLM, garanta segura do seuempenho em prosseguir, como força-vanguarda, a defesa intransigente dos seusinteresses de classe. Que reafirma a determinação das FPLM em manterem asarmas viradas contra o capitalismo, o imperialismo, e contra s reaccionáriosnacionais, seus aliados.«Javali-javalismo- mostra os mecanismos e indícios de formação, no aparelho deEstado, mesmo no seio da classe operária, de uma burguesia nacional crescente. Aadopção desses traidores (os «javalis») do comportamento e vícios corruptos daburguesia, e a sua incapacidade de manter o comportamento revolucionário.Como essa nova burguesia se associa naturalmente e de imediato à burguesia

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colonial. Como a-burguesia mundial - capitalista-imperialista - se aproveita dessabur. guesia nacional para tentar destruir a Revolução.«Javali-javalismo. denuncia a sabotagem e cínico comportameno da burguesiacolonial crpitalista-ainda em parte detentora do Po d e r Económico'EM.PO») i."281 -pag. 20face à tomada do Poder Político pelo Povo trabalhador. Denuncia o modo como oimperialismo se aproveita do obscurantismo inerente à cultura tradicional eignorância herdada do colonialismo português, baseados em mêdo de forçassobrenaturais e na incapacidade do hotem combatê-las, para através deinstituições religiosas confundir e subjugar o Povo, sabotar e destruir aRevolução..Javali-javalismo- grita a força de um Povo libertado. Livre. Grita o querer doPovo. Que o Povo quer a Revolução, está engajado em levá-la até à vitória final,esmagando todas as manobras imperialistas que tentem sabotá-la ou destruí-la.«Javali-javalismo" é Cultura Nova, da Democracia Popular. Teatro ao serviço dacrítica, teatro ao serviço da Revolução, ao serviço do Povo.A PEÇA6. FUDJOGrande parte da peça é dedicada ao -Fudjo- ocorrido na cidade do Maputo, emmeados de Dezembro último. A peça aborda e analisa causas próximas, causasremotas, descreve de fkrma analítica, crítica, o evoluir do processo até à suaconsumação.Pela sucessão das diversas ce-nas, fica claro na mente de quem assistiu à peça como surgem nas ruas do Maputoa provocação armada de Dezembro. Como reivindicações, em princípio justas,como resposta às necessidades novas criadas pela transformação dos soldados doPovo do campo para a cidade, são transformadas em pressões oportunistas, gravesactos de liberalismo e indisciplina, por elementos corruptos, que não foramcapazes de interiorizar a Linha, camuflados no seio das FPLM pelaimpossibilidade de debaixo de condições de guerra dar largas às suas tendênciasburguesas, e por elementos corrompidos na fase de adaptação à cidade. Como seradicalizam essas atitudes, após o anunciar pelo Camarada Presidénte, depois dareunião do Estado Maior General e combatentes das FPLM realizada em Boanede 11 a 13 de Dezembro, de medidas com vista a reflectir o comportamento dasFPLM. Como essa radicalização é de imediato aproveitada pelo Imperialismo.Como o imperialismo planeia, organiza, financia e dirige o «Fudjo». Como édesencadeada a rebelião. Como as FPLM e o Povo a combatem e aniquilam.7. ELEMENTOS CORRUPTOSNAS FPLMEm todo este processo é tratada

na peça com especial profundidade a corrupção, à qual certos elementos dasFPLM consentem entregar.-se, para a qual consentem ser arrastados.a) Primeiro, através dos «meios fácpis» aprendidos no contacto com a tropacolonial, no período de tran. sição-o alcoolismo, a prostituição, a droga.

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«Dez anos a lutar no «mato». Passar fome, apanhar chuva.... Aqui sim. Aqui hávida - cerveja, vinho, mulheres.... Aqui h& vida....b) 'Depois, a corrupçãomaterial: o dinheiro, a má interpretação da sua colocação no aparelho de Estado.Onde o desempenho de uma tarefa é substituído pela adopção do conceito de<promoção social,'. Colocado um quadro do Partido numa estrutura do aparelhode Estado para estudar a forma de a revolucionalizar, de a reconverter de modo apô-la ao serviço da classe trabalhadora, esse quadro é absorvido pela estrutura,nepa integrado e imediatamente limitado a substituir o colonialista que ocupavaaquele lugar, mantendo-se a estrutura intac. ta. E substitui-o a todos os níveis.Na peça. A nomaçí de um quadro como director de finanças».Na nomeação: «não há grandes nem pequenas tarefas....»Em casa, com a mulher: «É altura de mandarmos pôr alcatifas em toda a casa.Mas, alcatifas nesta casa?.... Não, temos que arranjar uma casa «compatível».Num bairro «compatível». Para receber visitas «compatíveis»....No quotidiano: o gabinete do "director» - local distante e inatingivel - aarrogância, a prepotência, a cunha....Outra cena.Um «comandante» recebe o seu primeiro ordenado.<-Nunca vi tanto dinheiro. Agora sim....»Alcatifas, Whisky, mulheres, fatos.... cinco de uma vez - cores aberrantes»,calças largas ,boca-de-sino» em baixo - sapatos tacão alto.... de a 1.0 andar» - osencontros no kaia-kaína....c) Terceiro: corrupção ideológi. ca. O esquecimento da classe de origm.Desrespeito pelo Povo, abuso do Poder, a repressão, má definiçao de marginais.8. BUROCRACIAPara a crítica à burocracia é proveitada a cena do «director de finanças».Ao lado do seu gabinete funcio na a repartição pública, onde trabalham osfuncionários. Entram diversas pessoas par; tratar dos seus assuntos. A falta deconsideração pelas pessoas que lá vão, a institucionalização do «volte daqui auma semana, daqui a um mês....", a desorganização, a indisciplina, a burocraciamental, a preguiça, a in. triga, o bufismo, o boato., a calúnia-males enraizados em muitas cabeças que ainda pululam pos esses lugares - sãosatirizados, denunciados.9. ALDEIAS COMUNAISLugar-comum em todas ýas conversas passadas nessa repartiçãopública o use és isto, se fazes isso ou aquilo.... vais para a machamba, para umaaldeia comuna-.O abastardamento tendencioso da pequena burguesia urbana do significado eintenção das «aldeias comunais» - forma mais alta de organização da vidacolectiva, ponto basilar da estratégia de desenvolvimento do nosso país e detomada do Poder Económico pela classe trabalhadora - e a sua «confusão» com -<campos de concentração.. A intencional interpretação do trabalho manual - quese pretende a todos os níveis dignificar - como «trabalho forçado», como castigo.Cada vez que nessa cena surge uma dessas «tiradas., evidencia-se uma voz forte emarcante que restitui às coisas o seu devido lugar e verdadeiro significado.«TEMPO» n. 281 - pdg 21

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10. AS RELIGIÕES COMO INS- de representação teatral. A formaTRUMENTO DO IMPERIALISMO (encenação) - extremamente bela--é na cena o instrumento fundaa) A religião confunde e divide oPovo. mental ao serviço da transmissão deEste ensinamento do camarada conteúdo, da mensagem. Mesmo quePresidente Samora encontra ra pe- a cena fosse muda, não tivesse paça -Javali-javalismo» a forma ideal lavras, ou fosse dita numa língua1 111 o2.que não entendessemos, a forma, só por si, transmitir-nos-ia toda a extensão doconteúdo, toda a ideia que se pretendia expressar e transmitir. Assim conjugadas,a forma e o conteúdo, assumem uma força esmagadora.

Vejamos como se desenrola.1.o quadro - De um lado do pal. co, o Povo sentado, respira e canta tranquilo.2.o quadro - Entra na cena um shé maometano. Blá, blá.... o Povo ouve, ficaassustado, atemorizado:... Responde: blá, blá.... Saem juntos a cantar e rezar.3.* quadro - O Povo está outra vez sentado, calmamente. Entra des. ta vez umpadre católico. Blá, blá.... neste mundo haverá sempre pobres e ricos.... blá,blá. OPovo ouve, fica assustado, atemorizado.... Responde: blá, blá.... Saem juntos.4.o quadro - Entra agora um pastor anglicano. Blá, blá.... o Povo ouve, ficaassustado, atemoriza. do. Responde: blá, blá.... Saem juntos.5.o quadro - O Povo está de novo calmo. Entram de rompante no palco os trêspersonagens (o shé, o padre e o pastor). Cada um com o seu blá,blá, interrupto, eprocurando ser o que grita mais alto. Cada um dos três dirige-se para um doscantos da sala. O Povo, que se levantara, mais assustado, atemorizado que nunca,corre desenfreado, desordenado, cada um para seu lado, de um para outro,procurando ouvir o que cada um dos três diz.De repente param todos. Ã volta de cada um dos padres há um grupo de pessoas.A partir daí até ao fim da cena, cada .um prega ao seu grupo.O Povo foi confundido e dividido.b) NFILTRAÇÃO IMPERIALISTA ATRAVÉS DE SEITASNa sequência da cena anterior, surge depois a «testemunha de Jeová». Agente doimperialismo.«Aleluia! Aleluia!... Ninguém pode servir a dois senhores. Quem apoia a deus nãopode 'apoiar a FRELIMO.... Aleluia! .....As suas intenções subversivas são inequívocas e ficam bem claras.11. A BURGUESIA COLONIALDe dia: sabotagem económica.À noite: ouvir a reaccionária rádio RSA. E comentar para «desabafo»,., aFRELIMO isto, o Governo aquilo....São surpreendidos por uma patru. lha das FPLM. Desligam rapidamente o rádio.Afivelam as suas máscaras hipócritas: «boa noite «camaradas,. Os «camaradas,não que-rem tomar nada?... Querem revistar podem revistar, não temos nada paraesconder. Nós também somos "frelimistas,'. Sou gerente duma fábrica, nunca tive

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problemas com os trabalhadores, só agora.... tenho lá um grupo dinamizador, maselei não seguem a Linha da FRELIMO .....Um dos camaradas das Forças Populares descobre fardamento.«Isso foi o mainato que trouxe para aí. Não sabemos de nada .... » Os camaradasprocuram melhor e descobrem armas escondidas.'<Nós não temos nada com isso, somos visitas....,,. Caem as máscaras...12. Amigo, companheiro, cama. rada:- Esta é a fase de ReconstruçãoNacional.- É preciso fecundar a terra.com sangue derramadopelo povo e pelos seus heróisÉ preciso plantar, é preciso plantar mamãÉ preciso produzir, é preciso pro.duzir, mamãÉ precisn criticar, é preciso criticar mamã- A machamba, a produção, a críticaÉ necessidade fundamental daRevoluçãoGarantia da sua continuidade,condição do seu triunfoEis porque contigo dizemos:Abaixo o javali! Abaixo o lava.lismo!Hoje....Hoje vamos criticai, hoje vamosdenunciar e purificarHoje vamos falar de alguns aspectos da nossa vidaDo que nós somos e do que nósqueremos serPois a nossa vida é um combatecomanteAmigo, Companheiro, Camarada:Abaixo o Javali! Abaixo o Javalismo!(Fala de trovador e coro no início da peça)«Javali-Javalismo». é essenciamente uma reflexão crítica e auto-critica dasFPLM, enquanto braço-armado da classe trabalhadora, no processo em curso deextensão da Democracia Popular a todo o pais.«Javali-javalismo, grita a força de. um Povo libertado. Livre. Grita o engajamentoda classe trabalhadora em levar a Revolução até à vitória final, esmagando todasas manobras imperialistas que tentem sabotá-la ou destruí-la.«Javali-javalismo-- é Cultura Nova, da Democracia Popular. Teatro ao serviço dacrítica, teatro ao serviço da Revolução. ao serviço do Povo.«IE'EIPO» 1 281 - 1pg. 23

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'A expressão «cidade de caniço» para designar os subúrbios da cidade do Maputofoi popularizada pelo jornal «A Tribuna», ó r g ã o progressista aquando do seuaparecimento como diário nos princípios dos anos sessenta.Muito se tem escrito sobre esta cidade de caniço. Importante é dizer que não setrata de simples metáfora a designação. É, de facto, uma cidade o subúrbio dacapital moçambicana. Cidade que já foi dos«TEMPC.) n.,- 281 - pd&, 26"mabandido e dos crimes em cada fim de semana; cidade que já foi campo deacção preferido pelas forças de repressão colonialista, nomeadamênte a Polícia deChoque, a O .VDC. a Polícia Montada, a Polícia Militar, a Polícia de SegurançaPública e, naturalmente, a PIDE-DGS. Cidade que foi dos grandes lupanares, dosgraides centros de alcoolismo, da degradação humana, da humilhação, da mi-séria organizada até ao requinte.Mas não só. Cidade de grandes tensões sociais também. Tensões agudizadas pelotribalismo, pelas diferenças religiosas - as várias seitas protestantes e ocatolicismo encontram ali' o seu grande campo - pelas diferenças de cor, pelas

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diferenças de assimilação à cultura colonial (de um lado a aceitação, do outro aresistência), pelas diferenças de possibilidades m a te -Em cima: as cheias provocadas pelas chuvas arrancam.os alicerces das pobreshabitações suburbanas. Os canais para o escoamento da água são uma permanenteratoeira para ocaminhanteCasas de madeira e zinco: Um «luxo» que não é paratodosriais manifestadas gritantemente na palhota e na casa de madeira e zinco, e nacasa de alvenaria.., Cidade da exploração desumana. Regra geral a maior parte dos seus habitantesera(é) vítima da exploração capitalista, da exploração na habitação p e 1 o sproprietários das casas de aluguer, da exploração na ocupação de terras pelosdonos dos terrenos e latifúndios.

Com o avanço da cidade de pedra, os subúrbios es1 a v a m permanentementeameaçados. Na foto um aspecto de um lupanar que hoje já não tem omesmo aspectoComo é sabido, muitas coi£*as ali já não estão assim. :%as as cicatrizes que estesctos deixaram manifestam-se Qinda quer a nível psicológico, =4uer no esboço doque pode :u0ir a ser uma luta de classes, uma vez que a tomada de aonsciênciapolítica está a jpouco e pouco, de um modo cirreversivel, ganhando forma,ýpnanifestando-se em linguagem-que não deixa sombra de dú=1'vidas em que o factor racial (maioria negra)deixou de ser =o elemento aglutinador e apacziguador. Quem são os donos-dos terrenos? Quem são os cdonos das casas? Quem são os «assimilados» quenão que~ rem abdicar dos seus privilégios?Estas as grandes perguntas do momento.Ondeos exploradoresdeixaram nomeNA cidade urbanizada da capital moçambicana, a maior parte das ruas e avenidastêm um nome colonial. Pinheiro Chagas, Afonso de Albuquerque, etc. Os bairrosdos arredores urbanizados como os da Matola e Machava, também tinham umnome colonial. É natural. Foram baptizados através de leis publicadas depois deouvidas as câmaras municipais. Nos subúrbios é diferente.Os nomes dos baiýros por vezes levam o nome de um grande explorador. Não.por força de decreto, mas pela força de hábito. Assim MariT Caldeira designa aárea e bair-ro cujo terreno er plorador com o m O bairro Kock (qu rou o nome trad lene),levava o n dos maiores latifi Moçambique: um bem podia equival culo. Ventura, dárea do Chamanc nome de cantinei no, idem. Cinemarou de nome de u bitacional vizinha de espectáculos ticava e se pratica culturalsistemati rivalizava com Bai hoje Bairro da M um comerciante c rivalizava comCh Henrique, o prim ciante indiano, o português que u cunha e explorava de

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dança, o terce tineiro que const na cidade. Com prefixo «ka» indii calidade,muitos d radores nunca ma quecidos: Ka Gu tura, ka Tinge...Este tipo de de bairros é exclu búrbios da cidade Em Quelimane, p encontramos oba e nas outras cidad repete-se.do cCOMBOIO populmo o conjunto tiva e seus vagõ que se os vagõe rem a locomotiva de -um exesmo nome. ue já recupeicional Houome de um undiários de terrenoque ler a um círesigna uma ulo, mas é ro. DimantiImpério vima zona hade umasala onde se praa alienação zada. Tinge, rro Indígena, unhuana. Era chinês. Gurú,ipada e com neiro comer-chamada cabeça) pode não ter o mesmo fim. Mas se é ela que sai fora dos carris,toda a composição até ao último vagão saltam, torcem-se, provocam catástrofe.A cabeça do colonialismo, o seu governo, descarrilou de nascença. Não podiaandar direito porque não estava para isso..Era da sua natureza provocarcatástrofes. Curiosa locomotiva feita não para conduzir os vagões mas para fazê-los saltar da linha, com raiva, com ódio, com sadismo Entenda-se: um governocorrupto (o colonialista),gera corrupção á sua volta. Um governo explorador, geraexploração a todos os níveis.segundo um Nos subúrbios da cidade dosava tal aí- Maputo onde as fábricas, as a um recinto empresas comerciais, oslatitiro um can- fundiários, enfim, onde todo o ruiu prédios sistema deexploração montaum simples do a nível de cidade enterracador de lo- va as suasunhas sangrentas, estes expio- até alguns explorados apreniis serão es- deram aexplorar outros exploru, ka Ven- rados. Era a lei da subsistência. Grandes epequenos exidentificação ploradores rivalizavam no sasivo dos ,u- que.Pequenos exploradores do Maputo. acabaram virando grandes exor exemplo,ploradores. Grandes explorairro Brandão, dores acabaram virando colosles ahistória sos capitalistas, que tendo começa'do a barreira explorando uma cantinaterminaram, muitos, por possuir prédios, ricas A lição casas comerciais ouabalaramde novo para Portugal com a :omboio mala cheia de dinheiro. Quemsofria com isto? Sofria aquele que recebendo miséria pelo arizou-se co- trabalho,nunca c o n s.e g u i a da locomo- quantia suficiente para comes. É sabido prarcaniço, ripas, pregos e s descarrila- dois sacos de cimento para va (tambémconstruir uma habitação(?).Sofria aquele que tendo di. nheiro para fazer isto queriam melhores condiçõesmas não tinham dinheiro para fazer uma casa de madeira e zinco Alugava-a.Sofria aquele que vindo do campo tinha de. se sujeitar a alugar um terreno comrenda paga mensalmente ou anualmente para poder construir uma palhota.Sofriam as «carruagens de trás», empurradas pela força bruta exploradora dalocomotiva colonial.Um resumodos problemasnacionais

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OS problemas de Moçambique encontram o seu eloquente resumo nos subúrbiosda cidade do Maputo. Fome, prostituição, alcoolismo, vadiagem, crime, cheias,alienação, analfabetismo, obscurantismo, miséria nas casas, miséria no vestuário,exploração capitalista. Enquanto Emílio Mertens, último Presidente d Câmara noregime colonial dizia que os subúrbios «não existiam», o primeiro director doGabinete de Urbanização da Região de Lourenço Marques, repartição criada como objectivo de estudar os meios de acabar gradualmente com a cidade do caniço,aquele director, Canha e Sá, expulso de Moçambique no ano passado pordesrespeito e calúnia ao Governo Moçambicano, um dia descarrilou paraconfessar que «nem em dez anos, nem em vinte podemos àcabar com ossubúrbios». Talvez por isso o Gabinete foi trans«tEMPO» 1 . -i 27

formado em centro de estudos de defesa estratégica contra a luta de libertaçãonacional... Mas adiante. Esta verdade confessada por um dos tecnocratas docolonialismo português reflecte bem a pesada herança que a República Popular deMoçambique her; dou. O desinteresse a que foi ,votada a cidade do caniço fezavolumar os problemas. Fez .nascer uma subcultura capitalista fortementeenraizada nas vendedeiras dos bazares legais e ilegais, fez crescer todos os malesque nos fizeram dizer na introdução deste capítulo que os subúrbios da cidade doMaputo são o resumo eloquente de todos os problemas nacionais.Vem toda esta longa intrOdução a propósito da recente nacionalização de casas dearrendamento. Conhecendo um pouco do passado melhor podemos conhecer opresente e niço há milhares que reforçavam o magro vencimento comcompreender quais os problemas que enfrentam os Grupos Dinamizadores dacapital mo-Um «compound». No interior destas casas sufoca-seem dias de calorçambicana na sua luta para controlar a situação em cumprimento das decisões dodia3 de Fevereiro.Os factosDE entre os milhares de habitantes da cidade do caniço há milhares quereforçavam o magro vencimento com

Os arruamentos dos subúrbios foram promovidos pelo G UARHRLM com o fimde permitir melhor circulação para os carros da polícia. Aquele gabinete nãocumpriu durante o coloniailsmõ os fins para que fora concebidoa renda de uma habitação. De entre esses milhares de habitantes, umas tantasdezenas de indivíduos viviam exclusivamente das rendas, obtidas de casas decaniço, casas de madeira e zinco, casas maticadas e, por vezes, pequenas casas deblocos. Estes constituíam a élite capitalista suburbana. São aqueles quecolaboraram i n d ir ectamente na criação de lupanares; aqueles que mantinhamuma estreita colaboração com os donos dos terrenos uma vez clientes seguros;aqueles que viviam à custa das carências do povo, porque o povo é que suportavatudo. Até o aluguer de terreno estava incluído no dinheiro da renda paga peloinquilino.

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O primeiro sinal do desmoronamento deste sistema foi a nacionalização da terra.Mas não foi muito sentido. O estremecimento começou agora com anacionalização das casas de arrendamento. Porquê? Porque os terrenos eram propriedade de uns tantos. Mas casas arrendadas, para além dos capitalistassuburbanos com dezenas delas espalhadas pelos bairros, eram o modo frequentede reforçar os magros vencimentos de milhares. Daqui se compreende que não éfácil o trabalho de consciencialização que os Grupos Dinamizadores estão aefectuar. Milhares de pessoas exploradas não tinham pejo em praticar aexploração também cobrando rendas elevadas por miseráveis habitações. Era acegueira da lei da subsistência. Uma pessoa economizava durante longos anos (osbancos não emprestavam dinheiro) e construía uma habitação maticada. Alugava-a e continuava a viver na velha casa de caniço Era fonte de rendimento mensalgarantidopara as despesas do dia a dia. Exemplos como estes multiplicavam-se comvariantes até ao infinito.Em números redondos podemos dizer que metade da população suburbana viveem casa arrendada pela outra metade. Muitos chefes de família sustentaram assimos seus. Muitas viúvas vivem assim. Muitas mulheres abandonadas ou divorciadastambém.Ironicamente muitos milhares.de inquilinos, aqueles que desde que nasceram,desde que chegaram à cidade, pagam renda por pobres habitações, aqueles quesentem na carne a dificuldade de tirar mensalmente uma certa quantia por umquarto e uma sala maticadas, esses, constituem a vanguarda no apoio às decisõesdo 3 de Fevereiro. Por isso desmorona-se o factor de unidade racial nos subúrbioscom a análise de uma velha situação e com a descoberta de que nos bairros hádois tipos de gente: os inquilinos e os senhorios.Dos últimos, muitos apressam-se agora a oferecer as casas a parentes ou aosfilhos. Os grupos dinamizadores não o permitem como o não permite a legislaçãopublicada. Alguns quiseram destruir as casas. As massas não o permitiram.Por outro lado, anormalidades que se praticavam contra o disposto pelasautoridades coloniais com a cumplicidade de todos os habitantes agora começama dar dor de cabeça. Um exemplo: os SMAE não autorizam que o mesmocontador sirva duas habitações. Isso é lugar comt m nos subúrbios, onde ocbntrato com os Serviços Municipaliza-, dos de Água e Electricidade serve, porvezes, mais de duas habitações. Assim, o senhoriocom águp na sua. casa, estendia os tubos de canalização a outra habitação sua,mas alugada. Como as rendas acabaram, agora muitos desses senhoriosperguntam: «Hei-de estar a pagar água para outra pessoa?» E pensam em desligaro contador, pensam em arrancar os tubos que vão dar à casa arrendada, etc.Delicada situação para os senhorios.Mas a solução correcta será encontrada. Como diz o Comissário PolíticoNacional, na Reflexão que publicamos nas páginas a seguir ao inquérito. Osgrupos dinamizadores discutindo colectivamente os problemas, resolverão todasas questões.A LEGISLAÇAO PUBLICADA

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É o seguinte o texto da 'legislação publicada para a regularização danacionalização das casas de rendimento, especialmente dirigida para os subúrbiose com data de 14 de Fevereiro:«Na sequência da estatização dos prédios de rendimento determinada peloDecreto-Lei n.' 5/76, esclarece-se o seguinte:1.° -De acordo com o previsto neste diploma, têm direito a indemnização osproprietários de casas de caniço, de madeira e zinco ou outros materiais, que astenham construído com o seu próprio dinheiro e que ainda não tenham conseguidopagar essas casas com o rendimento obtido através das rendas cobradas.Os montantes das indemnizações serão calculados nos termos da lei.2.o-Têm direito a uma renda vitalícia, os proprietários de casas de caniço,madeira e zinco ou outros mate-riais que, necessitando das rendas cobradas para si e familiares a seu cargo, nãotenham outro meio de subsistência por motivos de incapacidade física ou idadeavançada (ou outros motivos devidamente justificados e aceites).3.°- Os proprietários de casas de caniço, madeira e zinco ou outros materiais,deýerão apresentar os seu casos e os dados necessários, nas secções deinformação montadas para o efeito no Ministério das Obras Públicas e Habitação(na Avenida Manuel de Arriaga, n.o 608) e no Montepio de Moçambique naAvenida Fernão de Magalhães, n.° 36, no sentido de serem considerados ospedidos.A LUTA CONTINUA!Maputo, 14 de Fevereiro de 1976».O FIM DE UMA lÊRAPor isto tudo grandes transformações operaram-se nos subúrbios da capitalmoçambicana, tranformações de carácter político principallpente. A era doabandono, do esquecimento do desprezo pelos verdadeiros construtores doMaputo acabou.As primeiras decisõespara desmantelar com a cidade do caniço já foram tomadastambém. Assim, -para além da mudança de residência que será feita por aquelesque podem pagar uma renda numa flat há a registar a demarcação de terrenos paraa autoconstrução com apoio das estruturas governamentais e camarárias, assuntode que nos ocuparemos num dos próximos números.O reino da miséria tem os dias contados.«TEMPO» n.- 281 - pág. 29

. ¿ .. . . . .. .....................HERANÇA HABITACIONAL OUEINQUERITONo intuito de registar para os nossos leitores dados concretos sobre a real situaçãoda habitação nos subúrbios efectuamos um inquérito que a seguir se apresenta.Pelos depoimentos prestados bem se pode ver que as medidas de nacionalizaçãode casas de arrendamento foram bem recebidas por todos aqueles que viviam emcasas alugadas e demonstra também que a herança colonial em matéria dehabitação, é um problema grave que necessita do recurso de todos.* NHAGóIA

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e.'ra todas estas casas que o camarada vê aqui (quintal extensocom várias casas à volta).Quanto à nacionalização dosprédios, acho que foram medidas bem tomadas pelo Governo nointeresse de todos.Depoimentos prestados por Saugineta Mufanequisso.Prosseguindo com o inquérito naquele bairro, David Jonas e LaurianoGuebuza, pronunciaram-se perante as nossas perguntas:T.-Qual foi até à data a renda mensal desta casa?- Tem sido de trezentos escudos.T. -Só por esta dispensa?- Não. Cobram-nos pela dispensa150$00 e o resto pelo local onde depositamos os sacos de carvão, que vendemospara aguentar a vida (vendedores de carvão, no recinto do bazar daquele bairro)T.- Com quantas pessoas os camaradas vivem aqui?- Somos ao todo três pessoas.T. -Qual a vossa opinião acerca das decisões tomadas pelo Governo, no sentido denacionalizar os prédios?- Achamos justas pois, desta maneira encaminhamo-nos bem paraas melhores condições de vida.Saugineta Mulanequisse, residente no bairro de Nhagóia- Vivo nesta dispensa de caniço.maticada, sem divisões nehumas com meu marido e dois filhos.Até à data, paguei 120S00 mensais pela renda. As condições de vida nestaresidência, são bastante precárias, cozinho cá fora e a casa de banho é só uma pa.Lauriano Guebuza. residente no Nhagóia. mostra-nos o bocado de terra peloqual lhes cobravam 150S00 mensais

O COLONIALISMO NOS DEIXOUAinda neste bairro, Josina Rafael, relativamente ao nosso inquérito expôs-nos oseguinte:-Esta casa de madeira e zinco,onde vivo com meu marido e uma moça, dispõe de uma sala e um quarto. Tenhopago por ela, uma renda mensal de trezentos escudos.No que diz respeito à nacionalização dos prédios, por mim, tudo muito justo, eacho que não tenho mais nada a acrescentar.* ZONA T-3 (Infulene)Nesta zona, após contactos com as populações, soubemos da poucaexistência de casas em aluguer, pois a maior parte das residências são habitadaspelos próprios proprietários.Mesmo assim, tivemos a oportunidade de conversar com Manuel Ernesto,residente numa casa de madeira e zinco.T.- Quantas divisões tem e por quantas pessoas é habitada?-Esta çasa dispõe de um quarto,

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uma sala, uma despensa e uma varanda. É pequena para as quatro pessoas quenela vivem mas, cá nos vamos arranjando até queapareçam melhores condições.T. -Quanto tem vindo a pagarManuel Ernesto, Zona T3«TEMPO» n. 1 281l - pág. 3i

INQUEITOpela rendó mensal desta casa e a sua opinião perante as decisões tomadas peloGoverno no sentido da nacionalização dos prédios?-Tenho vindo a pagar duzentose setenta e cinco escudos mensais pela renda. Quanto à nacionalização dosprédios, já não era sem tempo, portanto, acho tudomuito correcto* BAIRRO HOULENEdiscurso proferido pelo Camarada Presidente Samora Machel?--Ouvi sim. Em especial, a sua referência no que diz respeito à nacionalização dosprédios, coisaque me agradou bastante.Elizane Sitoe, pronunciou-se:T. -Quantas divisões tem e s t a casa, quantas pessoas vivem e quanto têm vindo apagar pela renda mensal?- Esta casa de caniço como o camarada vê, é composta por um quarto e uma sala,onde vivemos eu, meu marido e nosso filho. ALuíza Mutlanga - Houlenema José Mutlanga. Com ele, vivemos nesta casa mais dois filhos. A casa só temuma sala e um quarto e pagámos por ela trezentos e cinquenta escudos mensais.Não sei lá muito disso mas,vendo bem, de quem são realmente esses prédios? São do povo moçambicano, porisso, as decisões tomadas pelo Governo para a nacionalização dos prédios sãouma medida justa.* MAFALALA- Por esta casa maticada, composta por dois quartos e uma sala, paguei até à data aquantia de 200$00 mensais pela renda. Juntamente com meu marido, vivoAmélia Simbine do bairro HouleneNeste bairro, ouvimos em primeiro lugar o depoimento de Amélia ZefaniasSimbine (casa de caniço). T.- Quantas divisões tem esta casa?- Somente um quarto e uma sala.T. - Com quem vive?- Com meu marido e doisfilhos.T.- E quanto pagava pela renda mensal desta casa?-,Pagava cento e oitenta escudos.T.- Teve oportunidade de ouvir no passado dia três de Fevereiro, oElizane Sitoi Houlenerenda mensal que temos vindo a pagar até à data, é de duzentose cinquenta escudos.

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T. -Qual a sua opinião perante as decisões do Governo ao nacionalizar os prédios?- Sinceramente vejo nisso uma operação bem justa e correcta.Por fim, neste bairro, mais uma camarada se pronunciou. Vive numa casamaticada.- Sou Luísa José Mutlanga, querodizer, meu marido é que se cha.Isabel, da Matalalacom João, Lelita, Papaito e Zacarias, que são os nossos filhos. As decisõestomadas pelo Governo são bem claras e justas,«TEMPO» n. 281 - pdg. 32wF1" ý11ýýý

para aquele que tem no sangue, espírito revolucionário, e comoo sou, nada tenho a dizer.Estes foram os depoimentos prestados pela camarada Isabel à nossa reportagem.Ainda no mesmo local, Lourenço,guarda do mesmo, não se fez rogago e prestou-nos a seguinte informacão:- Estas casas pertenciam a Manuel Rodrigues. Agora, eu ainda continuo aqui adesempenhar as minhas tarefas de guarda, até nova ordem. Posso confirmar asdeclarações prestadas pela camarada Isabel, no que diz respeito àCelestina, residente na Majalala, fala à nossa reportagemvivemos. Mesmo que não satis- Por fim a camarada Celestinafaça às necessidades, ao menos acabou por afirmar bem justas as temos ondepassar as noites, medidas tomadas pelo GovernoCuaiLourenço, guarda do «compound»sua situação residencial. Quanto às nacionalizações dos prédios, acho até muitooportuno nesta fase em que nos encontramos.Numa casa de madeira e zincovelha, composta a p e n a s por um quarto e uma sala, encontrámos uma mulher denome Celestina, com seu bebé ao colo. Após uma troca de impressões, viemos asaber que a mesma, reside naquela casa na companhia de seu marido e seus cincofilhos, tendo vindo a pagar até à data, a quantia mensal de 180$00.São de salientar, as seguintes palavras por ela pronunciadas a dadaaltura:-O camarada pode achar ridículo,mas é nesta casa que nós todos .Malalala em dias de chuva«TEMPO» n.', 281 - pág. 33

INQU RITO| 4~eEm baixo: Ismael Chissano, residente na Malalala* «Compound» de Manuel Rodrigues - MAFALALA

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Neste «Compound», Maria Teixeira ocupa uma residência composta apenas porum quarto, pelo qual tem vindo a pagar a quantia de cento e oitenta escudos. (Desalientar que este local foi zona de prostituição na era colonial).- Vivo aqui desde 1966, portantohá quase dez anos. Sou só, sem majrido nem ninguém, e não sei qual será a minhaposição, pois também possuo prédios de rendimento e com as decisões doGoverno...Esclarecemos certos pontos de legislação, inerentes à nacionalização dos prédios,depois do que Maria Teixeira disse:«J/'EM'PO»>11 281 - püg, 34- Como tenho direito a uma residência nesses prédios, devo passer brevementepara lá.Maria Texeira - «compound» de ManuelRodrigues na MatalalaAinda neste bairro, a nossa curio; sidade voltou-se para uma casa de madeira ezinco, já muito velha e com «lagoas» de água pelo quintal.~Paguei até aqui 160$00 mensaispela renda desta casa, com um quarto e uma sala onde vivo com minha mulher edois filhos. Acho muito cara a renda, com água por aqui... e dentro de casatambém.Mesmo agora camarada, aindahá água dentro do quarto.'Quanto às nacionalizações dosprédios,; acho até uma medida muito correcta, afinal a exploração do homempelo homem temde acabar.Estas foram as palavras pronunciadas por Ismael Lázaro Chissano, 9 dada alutra,durante a nossa troca de impressões.e

REFLEXAO SOBRE AS DECISÕES DO 3 DE FEVEREIROSIGNIFICADO DO BANCO DE SOLIDARIEDADESIGNIFICADO DA NACIONALIZAÇAO DOS PRÉDIOSSIGNIFICADO DOS BAIRROS COMUNAISDINAMIZAR AS ESTRUTURAS E TRANSFORMAR AS DECISÕES EMPALAVRAS DE ORDEMO Oomiss(ro Político Nacional e Ministro do Interior, Armando Guebuza, natarde do dia 6 de Fevereiro deslocou-se â Sede do Partido, acompanhado peloMinistro da Defesa Alberto Chipande, onde dirigiu uma reunião de trabalho comos militantes trabalhadores daquela sede.Essa sesso de trabalho tnha como objectivo o estudo colectivo da melhor forma dese aplicarem as declsões do 3 de Fevereiro. Da introdução que fez de improvisopara o inicio das discussões, resultou uma reflexio sobre o .significado de todas asmedidas tomadas e ammaciadas pelo Presidente Samora Molsés MacheL.O objectivo desta reunião é estudarmos em cojunto como é que nós (então porquetrabalhamos na sede do partido) poderemos aplicar, implementar, as condições

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que foram transmitidas pelo camarada Presidente no dia 3 de Fevereiro. Dia dosHeróis Moçambicanos.Como nós sabemos é dever, obrigação, de cada militante e. em particular, é devere obrigação de cada trabalhador nas estruturas do partido imediatamente apóstransmissão de uma decisão pelos órgãos dirigentes ou pela Direcção estudarcuidadosamente como aplicar de forma criadora essas mesmas decisões. Estapreocupação nossa existe ao nível das estruturasdo partido não somente nas sedes mas também a nível de todas as estruturas desdeas províncias até ao circulo e até à célula. Em todo o nosso pais é preciso quetodos os militantes da Frelimo, todos os responsáveis da Frelimo estudem comoaplicar as orientações que o camarada Presidente nos transmitiu no dia 3 deFevereiro.Isto aplica-se também às organizações de massas, o caso da OMM assim comotodos os outros sectores que de uma forma ou doutra estejam ligados às estruturasdo partido. Como também, nas próprias Forças Populares de Libertação deMoçambique neste momento encontram-se todos os camaradas «TEMPO» n.', 28- pdg. 35

Camarada Armando Guebuza.atarefados a ajudar como aplicar as decisões que foram transmitidas no dia 3 deFevereiro. Estudar aplicando, não é somente estar sentado, analizar osdocumentos. É uma questão de estudar os documentos, estudar o espírito dasdecisões e aplicar. Ao mesmo tempo de novo recolher estudar e aplicarconstantemente. É uma forma de estudar dinâmica. O mesmo estudo deve serempreendido ao nível das estruturas governamentais para poder permitir que emtodo o nosso pais todos os elementos que estão ligados ao Governo, que estão atrabalhar no Governo, possam ver como aplicar, possam compreender o espíritodas decisões e possam ver como aplicá-las.Porque como devem ter notado as decisões que foram tomadas exigem umaparticipação de várias estruturas governamentais além das estruturas da partido. Eessas estruturas ýdevem ver qual é o seu papel para darem a sua participaçãoactiva na aplicação das decisões que são tomadas pelas estruturas superiores. Édentro, deste princípio, dentro desta atmosfera, que nós podemos dizer queestamos aqui também para avançar, digamos assim, no estudo destas decisões esobretudo da sua aplicação.Nós temos conhecimento que os camaradas na sede do Maputo Çjá nãochamamos Lourenço Marques porque morreu no dia 3 de Fevereiro de 1976) nóssabemos que os camaradas do Maputo e mesmo na cidade do Maputo logo depoisda decisão que foi tomada começaram a fazer uma série de reuniões através dosvários centros de modo a permitir 'que todos os grupos dinamizadores possamcompreender melhor, a maneira de aplicar essas decisões. Pois bem, nós estamosaqui hoje e vamos ver quais são os problemas que aparecem, como é que nóspodemos resolver esses problemas e como podemos passar para uma segunda faseda nossa ofensiva no plano da organização da aplicação dessas mesmas decisões.Nós gostamos de repetir muito isto porque às vezes perde-se, quer dizer, toma-seuma decisão e alguns camaradas podem dar menos importância a um aspecto

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outros camaradas darem importância maior a outro aspecto. Mas aqui nós temosque combinar para vermos o que é que nós devemos fazer para realmente levar acabo esta nossa missão. Isto é tanto mais necessário se nós consideramos queprimeiro: as várias decisões que foram tomadas, a mudança do nome paraMaputo, a tomada (chamamos-lhe assim) dos prédios de rendimento a decisão decriar bairros comunais ao nível de todas as cidades e a decisão de se lançar, criarum fundo, o Banco de Solidariedade, entre outras decisões que foram tomadas,dada a importância que essas decisões têm torna-se necessário, portanto, que nospossamos levar toda a gente a compreender porque este é o único meip que nóstemos para sairmos da nossa miséria. Estamos a viver na miséria, como é quepodemos sair daí? Somente realizando nesta fase essas decisões. Portanto énecessário nós fazermos, estudar-mos a maneira de aplicarmos porque desta maneira, o partido neste caso, está acontribuir de forma concreta e decisiva para a liquidação da miséria do nossopróprio povo. Não podemos imaginar que, por exemplo, vamos acabar com osproblemas que nós temos mesmo hoje aqui como a falta de produtos.... se nósencontrarmos uma forma popular de organização da distribuição desses produtos,da qistribuição dos artigos, das mercadorias. Somente desta forma porque os,capitalistas têm o hábito de criarem confusões. Querem criar confusões, querem.criar conflito entre nós até as vezes tentam vender não como pessoas que estão àprocura de ganhar lucros mas como pessoas que estão a fazer um favor àpopulação. E nós só podemos realmente liquidar essa maneira se nós criarmosuma forma tal que permita uma participação popular. Completamente popular.Para podermos resolver o problema da habitação, que é muito sério e grave hoje,só o podemos fazer realizando juntamente aquilo que o camarada Presidente dissede que nós não podemos deixar o povo a viver no quintal da sua própria casa.Temos a cidade e o povo vive no quintal da casa. Quem vive então na casa?Temos que encontrar uma resposta para isto. E a decisão permite, exactamente,levar o povo a sair do quintal para viver na casa. E permite que o povo possamelhorar as suas condições de habitação onde quer que esteja.O BANCO DE SOLIDARIEDADEPodemos citar ainda o problema de Banco de Solidariedade. Porque o Banco deSolidariedade além de ser um apoio -e muitos camaradas conhecem e sentimosessa situação compreensiva - deve ser um apoio aos povos que lutam. É tambémum apoio a nós mesmos porque apoiando os outros ajudamo--nos a libertar cadavez mais. E não só isso: este fundo vai permitir que nós possamos encontrar asolução para os problemas materia;s que aparecem por causa de calamidadesnaturais. Podemos dar o primeiro exemplo: nós quando ajudamos o Zimbabwe alibertar-se, quando nós damos o apoio material necessário, estamos a permitir queo Zimbabwe se liberte e, portanto, Moçambique fica mais livre. Quando nósdamos a nossa contribuição para Angola estamos a apoiar a libertação de Angola,a liquidação, portanto, das forças de agressão, as forças fantoches, para nostornarmos cada vez mais livres. Quer dizer: tudo aquilo que. nós estamos a fazerneste campo, mesmo no plano exterior, é um acto de libertação própria que nósestamos a realizar. Este aspecto nós nunca devemos perder de vista.Evidentemente os reaccionários, artistas em fazer boato, que mostra o seu

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despreso ou mesmo o seu medo pelo povo (têm medo do povo os reaccionários,têm medo desta força nova que está a aparecer pela primeira vez no mundo capaze segura de si própria) procuram ridicularizar: «Vocês não têm pão agora.... éporque o vosso Governo não esta bem organizado....» os camaradas sabemperfeitamente essas coisas todas. É para não darmos a nossa contribuição. Querdizer: para nos virarmos contra Angola em vez de darmos a nossa contribuição aAngola, a nossa contribuição ao povo angolano. Esta é uma táctica do inimigoque se preocupa profundamento da compreensão nossa porque é que nós estamosa dar a nossa contribuição ao povo angolano. Essa contribuição não se coloca emtermos de pão, não se coloca em termos de dinheiro..., coloca-se em termos deliberdade. Uma pessoa tem que ser livre como nós hoje somos livres. Nãopodemos compreender de forma nenhuma que haja povos hoje ainda colonizadosou oprimidos que não possam ser livres de realizar-se com' dignidade. É esseproblema que se coloca. E quando aparecem individuos desse género nós temosque ser claros e fazermos compreender qual é o espiríto das decisões que sãotomadas e compreender que essas decisões têm um carácter popular. Prova de quesão necessárias. A própria forma como o povo avançou e deu a sua contribuiçãodo pouco que tem, mostra claramente que é um movimento popular.

Encontramos machambas destruIdas e gado arrastado pelas dguasAS CHEIASHoje se nós formos ao rio Limpopo encontramos que a zona da bacia do Limpopoestá cheia. Naquela zona do Chécue, na zona de Chilendene, na zona mais baixaperto do Xai-Xai, em toda a parte está cheio. Casas foram destruidàs, gado estátambém destruído. Tudo isso aparece hoje. E há falta de géneros. Como é quevamos resolver estes problemas. Se nós tivermos um fundo nosso, nacional - éverdade que nós queremos que haja ajuda, aceitamos ajuda dos. paísesestrangeiros mas se nós tivermos -um fundo nosso esse fundo ajuda a resolver oproblema imediatamente. E ajuda mesmo a solucionar problemas de fundo dopoder administrativo. A mesma situação acontece, por exemplo, aqui na zona doIncomati onde nós encontrámos povoações inteiras engolidas pela água.Encontrámos machambas destruidas. Encontrámos gado arrastado pelas àguas.Desde aquela zona de Moamba e, sobretudo, quando chegamos àquela zona deChinhanguanine, Magude, Xinavane, Palmeira, Manhiça até Marracueneencontrámos destruição. Como é que vamos nós apoiar a população daquelaszonas em alimentação? Agora saíram, já não estão na sua povoação. Não têmpilão, não têm roupa, não têm nada. Temos que arranjar. Como é que vamosresolver esse problema? Nós temos que ter um fundo nosso. Porque a situação decheias aqui em Moçambique é normal. Hoje é uma situação de cheias amanhãserá uma situação de secas. Como é que vamos resolver o problema? Como é quevamos adquirir os meios de aquisição daquilo que nós necessitamos parapodermos viver?TRANSFORMAR AS DECISÓESEM PALAVRAS DE ORDEMMas isto é somente para situar o problema. As decisões que foram tomadas foramtransmitidas'com apoio das populações de todas as populações de todo o nosso

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povo em 3 de Fevereiro. Representam uma forma de solução dos problemas quenós temos uma forma de nós sairmos da situação. de miséria em, que nosencontramos. Isso no fundo é uma forma denós próprios tomamos nas nossas mãos a direcção do nosso próprio país cada vezmais seguramente. É por isso que achamos que nesta reunião nós devemosanalizar esses problemas e ver o que é que podemos fazer para acelerar aaplicação dessas decisões. Quer dizer: transformemos estas decisões como apalavra de ordem do momento presente. A palavra de ordem no momentopresente é ver que o povo.sai do quintal, ver que asý condições de alolamento donosso povo melhoram, ver que o bando de solidariedade realmente se reforça e écompreendido, ver que a criação de bairros comunais se acelera e ver que ascampanhas e manobras do inimigo - de ridicularizar, de tirar o valor das decisõesque nós tivermos - não encontram campo entre o nosso povo. Encontram somentecampo naqueles indivíduos que já eram reaccionários e continuam reaccionários.Porque o inimigo neste momepto utiliza muito a subversão e a subversão às vezesmanifesta-se com coisas tão simples como esta: boato. Podem dizer quê agora quea Frelimo nacionalizou as casas vai tomar conta de bicicletas. Podem dizer isso. Éuma lorma reaccionária de pensar. Vamos lá deixar eles Densarem dessa maneiramas nós não estejamos puchados por essa maneira reaccionária porque é umreaccionário quem pensa dessa maneira. Quem tem essas dúvidas que venha àsestruturas do partido e diga eu não compreendo este e aquele problema. Mas quenão ande aí a falar nos cafés. Andor a falar nos cafés é tentar pôr em causa opoder popular em Moçambique. Nós não podemos admitir isso. Se há dúvidassobýe as decisões que foram tomadas.que façam aquilo que as pessoas fazem: vãoao grupo dinamizador pedir esclarecimento. O grupo, dinamizador vai pedir aoutro grupo dinamizador até'se chegar à solução e ao esclarecimento. Nósrepetimos muito isso de boato porque tem sido a campanha utilizada sobretudopelo inimigo sempre que há uma acção deste género. Uma cam)Panha sistemáticae organizada é lançada contra nós. Aquilo que nós devemos fazer é frustar essacampanha. Não encontrar em nenhum de nós eco. Nós devemos observar que esseindivíduo que faz essa campanha faz porque é papagaio (está a papaguear, está arepetir aquilo que outros dizem não pensa por si próprio.) Então ajudemo-lo apensar. Ou então se ele faz isso é porque é reaccionário.Estes são pontos que nos devem preocupar nesta reunião.

1 -Não é a pluralidade de culturas que é prejudicial à revolução mas sim asobreposição estrutural de uma sobre as outras. As cidades Moçambicanas atéagora fora do alcance da classe operária constituíam a fortaleza da culturaburguesa e colonial porque fortaleza do avanço capitalista. O racismo e ocomplexo de superioridade de classe enquanto pedras fun. damentais da Ideologiacolo. nial-capitalista não permitiam que fosse considerada digna qualquer'manifestação cultu. ral que (a) não tivesse si. do importada dos países ocidentais,ou (b) que não fosse uma irecuperação burguesa da cultura popular (Marrabenta,kwela, etc.).2 - A ausência de uma des. colonização, económica e social após atingida aindepen. dência não permite senão uma tomada do poder económico, político e

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ideológico das camadas mais privilegiadas, historicamente ligadas às estruturascoloniais. Nessas condiçõesas cidades são ocupadas por essas camadas quecontinuam a importação de valores culturais, morais e étnicos do estrangeiroporque é do estrangeiro que dependem enquanto classes minoritárias crescentes.Na superestrutu. ra da sociedade (Justiça, Educação, Organização e Rela. ções deProdução) crescem ideias e práticas resultantes da importação de estruturascapitalistas, estruturas de dependência material e espi«TEMPO» n. 281 - pcIS. 38ritual em relação ao estrangeiro. Essa dependência gera a prepotência, a renúnciaà Democracia Popular, o abuso do Poder, o afastamento dos dirigentes das massastrabalhadoras, e, portanto, da culk tura popular.Na República Popular de Moçambique deu-se agora um passo gigantesco para ades. colonização cultural, para a descolonização p o li tica e ideológica. As portasdas cl. dades vão ser progressivamente abertas à classe operária que transplantarápara o seu seio a cultura popular, os valores democrático-populares da suaideologia. Dentro do novo contexto o intercâmbio cultural poderá efectuai'se semsobreposições minoritárias.As muitas manifestações culturais provenientes de multas partes d o g 1 ob oEuropa e da Ásia, ao longo dos séculos poderão então enriquecer a culturagenuinamente africana que é a da grande maioria do povo Moçambicano; na novasuper-estrutura (a ideologia da c I a sse operário-camponesa) fundir-se-ão essasmanifesta. ções que enriquecerão o todo cultural do povo..3-As aspirações de classe manIfestan,-se sempre na cultura. A burguesia fazimperar o complexo de superioridade de côr. A classe operária é estruturalmenteantagónica à dominação minoritária da burguesiat esse antagonismo vai por issorevelar-setambém a nível cultural (na super-estrutura), A afirma. ção de uma é a negaçãodos aspectos fundamentais da outra. Neste caso é a negação desses doiscomplexos, o de classe e o racial. A falta de contacto entre as raças permite ageneralização do racismo fundado sobre as difereitças económicas. O contacto notrabalho e nos locais de residência vai criar as bases para a destruição das ideiaserradas, do racismo antinegro, do racismo anti-branco.4 -- A longo prazo os efeitos da recente nacionalização dos bens imobiliários vãoreflectir-se a todos os níveis. Ã medida que a presença dos operários na cidade decimen-

to aumenta assistir-se-á a um cionário sai das quatro parecerto número demudanças na des, do seu escritório e vai estrutura social do país. Pa- juntar-senas horas de lazer ra uma r e vo l u ç ão d o à mentalidade revolucionária aparelhode Estado é neces- dos operários; essa mentalisário que a fonte da revolu- dado,força dinamizadora da ção (os explorados) esteja hierarquia ele a tranplanta,perto, bem perto para que o rá para dentro dessas quacontacto entre os responsá-tro paredes. A ausência do veis e os trabalhadores seja burocratismo a nívelideológiconsta nte. (A) O fun- co só por si garante a continuidade de uni aparelho, de Estado dinâmico.(B) Os professores de agumas escolas primárias e secundárias até aqui mais emcontacto com alunos oriundos da pequena burguesia nacional e da burguesia

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colonial passarão a lidar mais com filhos e filhas de trabalhadores. A quantidadede alunos provenientes da classe operária-vai pois determinar a qualidade doensino; deixará portanto de haver a concentração dos primeiros numas escolas edos segundos noutras. 4,B) Após o 25 de Abril muitos operários reivindicarammelhores salários, salários mais justos e compatíveis com a subida do custo devida. Esta vitória necessita agora de uma medida que a consolide, no nível devida. Progressivamente os trabalhadores poderão organizar-se em cooperativas deconsumo, reverterdo desse modo a seu favor o seu próprio poder de compra, queainda beneficia os intermediários, sejam eles pequenos comerciantes ousupermercados.5-Existem hoje grandes diferenças entre Grupos Dinamizadores de cidade e desubúrbio, diferenças a nível de composição,de origem de classe, diferençasideológicas por. tanto. Nas cidades o traba lhadores terão um papel fundamentalna dinamização desses Grupos Dinamizadores emprestandd-lhes muito maisrepresentatividade do que aquela que hoje existe.6- A Imprensa falada e escrita será naturalmente em, purrada para um maiorcontacto com as. massas traba lhadoras e os jornalistas poderão assumir a tarefade dar expressão jornalistica e litérária à linguagem popular. Na Rádio, nosjornais aparecerão vozes novas, palavras novas, aparecerá uma linguagem maissimples e acessivél à grande maioria.Surgirão novas, explicações antropológicas, sociológicas e filosóficas queenriquecerão a cultura em geral e que ajudarão na feitura mais completa epormenorizada da nossa História.7 - Há uma descolonização tripartida que está progresý sivamente aser feita paraum dia podermos dizer que somos completamente indepen dentes: adescolonização política, económica e cultural. A interligação entre estas trêspartes do longo caminho para uma independência real exige a criação decondições propicis para que se efectuem simultaneamente. As implicaçõespolíticas, económicas e culturais desta nacionalização tes. temunham essa,interligação. A República Popular de Moçambique e dos primeiros países, senão oprimeiro em África a tomar uma medida de tão grandes benefícios para arevolução apenas sete meses depois da independência. Os que pretendem malter-se activamente ao lado os explorados têm de saber acompanhar o processohistórico.Na Beira uma criança dizia não há muito tempo que,«a revolução é umacambalhota na éabeça das pessoas»; essa criança não estava longe da verdade.«TEMPO» n." 281 - pag :39

---------Presidida pelo Camarada Presidente S a m o r a Moisés Machel, teve início natarde do passado dia 11 de Fevereiro a 8.a Reunião do Comité Central após o I1Congresso.Trata-se de uma reunião alargada, isto é, para além dos componentes do ComitéCentral, estão também presentes os membros do Comité Executivo, osrepresentantes das Forças Armadas Populares de Moçambique e elementos dasestruturas do Partido.

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A 8.« reunião do Comité Central realiza-se pela primeira vez na capital do País,após a proclamação da independência e efectua-se num momento importante parao avanço da Revolução Moçambicana e africana, num momento em que é precisoabalar a superestrutura inimiga existente na mente e no comportamento de muitosquadros, militantes e cidadãos, num momento em que é necessário detectar eneutralizar a infiltração do imperialismo a todos os níveis, num momento em queestá em perigo a linha política da FRELIMO tal como, em 1969, conformesalientou no' seu discurso de abertura da reunião, o Camarada Presidente SamoraMachel.Por outro lado e ainda em resultado desta situação, o Comité Central irá decidirsobre a reãlização do próximo IH Congresso da FRELIMO.A 8.' Reunião do Comité Central, efectuada em resultado da actual situaçãopolítica existente no interior e exterior da República Popular de Moçambique ecujos principais pontos forãm abprdados pelo Camarada Presidente SamoraMachel no seu discurso de abertura, que publicaremos mais adiante na íntegra, vaicertamente trazer resoluções capazes' de fazer superar muitas das contradiçõesagora existentes. Dentro do espírito de Unidade-Crítica-Unidade, esta reuniãoabrirá caminho para o aprofundamento e interiorização da linha ideológica a todosos níveis, de modo a efectuar um combate contra os desvios de linha, contra oindividualismo e ambição e a infiltração imperialista.Se durante a Luta Armada de Libertação Nacional era a própria luta directa com oinimigo que transformava os honiens e o País, é imperioso agora saber-se, depoisda vitória militar e da conquista da independência, o que servirá de motor para acontinuação da transformação do homem e da sociedade moçambicana.«TEMPO» n.' 281 - pdg. 40Esta 8.- reunião do Comité Central decorre na capital do Maputo, antiga cidade deLourenço Marques, capital do colonialismo português em Moçambique, capital dadecadência e da corrupção, mas que agora está em fase de se transformar naverdadeira capital da República Popular de Moçambique, onde

N.. l [#o capitalismo e a sua superestrutura que ficou na mente e no comportamento demuitos militantes e cidadãos, seja combatido sem tréguas.A sessão de abertura assim como os trabalhos da actual 8.a Reunião, têm lugar noantigo edifício da Sociedade de Estudos. A reunião iniciou-se preci-1samente às 16 horas do dia 11 de Fevereiro, com a presénça dos elementos doComité Central e Executivo, das Forças Populares de Libertação de Moçambiquee das estruturas do Partido e ainda jornalistas nacionais e estrangeiros acreditadosno Pais.Encontravam-se sentados na mesa da presidên«TEMPO» n. 281 - pd8. 411]Ã1l1i*I

Aspecto de' uma parte da mesa da reunio vendo-se vdrios camaradas. do ComitéCentral e Executivo da FRELIMO

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ela o Camarada Presidente Samora Machel e o Camarada Vice-PresidenteMarcelino dos Santos, tendo à sua chegada todos os presentes entoado umacanção revolucionária.Em seguida, usou da palavra o Camarada Presidente Samora Machel, cujo teorpublicamos a seguir na íntegra.Viva a FRELIMOIViva o Comité Central da FRELIMO!Viva a Luta de Libertação Nacional!Viva a Unidade do Povo unido do Rovuma ao Maputo!Viva a Unidade do Povo unido d9b Rovuma ao Maputo Viva o Governo daRepública Popular de Moçambique!Viva o Governo da República Popular de Moçambique!Obrigado.Camaradas membros do Comité Central da FRELIMO,Camaradas membros do Comité Executivo da FRELIMO, Camaradas membrosdo Conselho de Ministros da República Popular de Moçambique,Camaradas membros dQ Estado Maior-General das ForçasArmadas,Camaradas membros das Forças Populares de Libertaçãode Moçambique,Camaradas militantes em diversos sectores de actividades: Primeiro saudamos oscamaradas membros do Comité Central e do Comité Executivo, os membros dasForças Populares de Libertação de Moçambique e o Estado-Maior General, osmilitantes em tarefas governativas., oas-vindas aos camaradas que vêm de váriasfrentes, de vâré$' províncias,'de várias tarefas e sectores que se encon tamengajados nas tarefas gigantescas da reconstrução nacional, após o engajamentona luta vitoriosa.O sangue novo inspira o Comité Central da FRELIMO; o sangue novo dos queconstruiram a nossa vitória. Saudamos a Imprensa e Rádio, camaradas de umafrente importante, combatentes que levam as nossas balas ideológicas a toda aparte e fazem-nas penetrar mesmo nõ seio do inimigo. Através dos camaradasvindos das zonas libertadas saudàmos o povo das zonas libertadas, o povo Queassumiu os sacrifícios,.É esta uma sessão histórica. Por várias razões. Histórica porque é pela primeiravez, que se reúne o Comité Central após «TEMPO» n.« 281 -pdg. 42a Proclamação da independência do nosso País; porque é pela primeira vez que sereúne o Comité C~ental na capital do nosso Pài, libertado pelo sacrifício do povoe pelo sangue dos seus melhores filhos; porque é a primeira vez que s reúne oComité Central na sede da FRELIMO.Em que contexto se insere esta reunião? Sabemos que cada desenvolvimento traztransformações e mudanças profundas. Essas transformações, essas mudançasprofundas. devem ser acompanhadas por todos os militantes, da djrecção, doescalão médio até à base.Em 1962 pareciam visionários, pareciam profetas aqueles que, ao elaborar osEstatutos da FRELIMO, inscreveram no lugar da sede da FRELIMO - LourençoMarques. Esta reunião concretiza essa confiança histórica dos fundadores da

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FRELIMO; confiança de que o processo, de libertação era um processoirreversível. Reunimo-nos hoje, na sede do Maputo, ou na cidade do Maputo. Paraalém da mudança do nome as medidas tomadas quanto ao problema habitacional,racial e social, no Dia dos Heróis Moçambicanos garantem-nos, que, assim comoo nome Lourenço Marques designara uma cidade 'colonial, o nome Maputopassará a designar uma cidade verdadeiramente moçambicana, dentro de umasociedade livre do racismo, do regionalismo e dos preconceitos.É esta uma sessão histórica pelo momento em que tem lugar, pelo seu conteúdoconcreto, pelas suas tarefas. Sessão histórica, porque se realiza num período degrandes conquistas revolucionárias do nosso povo. Sessão histórica pelaimportância dos problemas que vai abordar e da resolução dos quais dependerá ofuturo político, económico e social do nosso Pais.Acabámos de celebrar o Dia dos Heróis Moçambicanos. Esta reunião que serealiza na capital libertada da nossa Pátria independente é o resultado dossacrifícios e do sangue, sangue dos seus melhores filhos. Muitos poderiam estaraqui presentes connosco. Não estão aqui porque fizeram, ao longo do caminhoglorioso e heróico, construindo com os seus corpos, combate após combate,sacrifício após sacrifício, vida após vida, camarada após camarada, a ponte,através da qual o povo transportou a liberdade e a revolução até às maraens doMaputb.Mas, a sua recordação, o seu exemplo, estão aqui entre nós. Continuam na fileirada frente a inspirar-nos, a orientar-nos na nova fase do nosso combate. Dizemosque os heróis não são só,aqueles que morreram. Os ,heróis são aqueles que vivema transformação. São aqueles que participam. São aqueles que não hesitam emrealizar, sobretudo quando estão a realizar as tarefas populares. Por todos aquelesque caíram e por isso não estão aqui presentes, pelo seu exemplo de servir o povo,observemos um minuto de silêncio.,Hoje, a nossa vitória permitiu criar novas condições eimpõe-se fazer o balanço da nossa vida, das nossas actividades 'e, em particular, oestudo da situação actual nonosso Pais e no seio da nossa Organização.Em que contexto se insere esta reunião? Sabemos que cada desenvolvimento traztransformações e mudanças profundas. Essas transformações, essas mudançasprofundas, devem ser acompanhadas por todos os militantes, da direcção, doescalão médio até à base. Os Estatutos prevêem uma reunião do Comité Centraltodos os seis meses. Durante a guerra popular de libertação o engajambnto decada um de nós nas tarefas concretas , as longas distâncias, as dificuldades e alentidão das comunicações impediam materialmente que respeitássemos, naprática, esta disposição.E muitos, muitos, durante a luta de libertação nacional, mesmo que as condiçõesnão permitissem, exigiam que o'e

Comité Central se reunisse constantemente. Mesmo quando a nossa linha nãoestava ameaçada, exigiam que a reunião do Comité se realizasse. Mesmo que nãoexistissem problemas a discutir, por uma questão de rotina, por una. questão de

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tradição e por. falta de visão global e por falta de flexibilidade e, muitas dasvezes, por falta do conhecimenMto profundo da ovolução da luta de libertaçãonacional, levava muitos membros aexigir que o Comité se reunisse periodicamente.Hoje, a nossa vitória permitiu criar novas condições e impõe-se fazer o balanço danossa vida, das nossas actividades e, em particular, o estudo da situação actual nonosso País eno seio da nossa Organização.~rO que representam as reuniões na nossa vida?. Para nós,as reuniões representam, em primeiro,'uma ocasião para sintatizar, para resumir asnossas experiências. Segundo, uma ocasião para reflectir sobre o conjunto doprocesso revolucionário, para ter uma visão global, e não somente .departamental,não ' somente provincial ou sectorial. Terceiro, um momento decisivoda. nossa unidade, através do processo Unidade, Critica, Unidade Quarto,-adefinição clara. das tarefas exigidas pela ,situa_ ção vivida e dos mecanismos paraa sua imPlementação. Quinto,foi'ísta a tarefa da-- sessões anteriores do Comité Central, apóso II Congresso.Vejamos aquelas que estão mais ligadas à situação actual L do nosso País.Primeiro, a quinta sessão em Dezembro de 1972foi uma longa reunião de 26 dias de análise da situação no nosso País, da nossaOrganização e da conjuntura africana e interL nacional. Segundo, constituiu umverdadeiro seminário para osCamarada Presidente Samora Machel lendo o seu discurso na sessão de aberturada 8. reunião do Comité Central. A seu lado o Camarada Vice-PresidenteMarcelino dos Santosseus participantes. Terceiro, por essa razão, a palavra de ordem '«Ofensivageneralizada em todas as frentes» pode, efectivamente, ser assumida e levada acabo no plano político e organizacional, no, plano militar, no plano diplomático,no domínio de reconstrução nacional. O resultado destas decisões importantes, foitermos assistido ao desmoronamento final do colonialismo português, assistimos áderrota sem precedentes do exército colonial português, assistimos a ataques eassaltos às bases e fortalezas do inimigo, assistimos à captura de grandesquantidades de material. Finalmente, assistimos à rendição incondicional doinimigo às Forças Populares de Libertação de Moçambique.Segundo, a sexta sessão que foi em Agosto de 1974. que tinha como objectivotraçar as linhas a seguir no processo das negociações e no período de transição.Esta reunião afirmou os princípios básicos que permitiriam o restabelecimentoda paz que resultou da parte do Governo português o reconhecimento do direitodo povo moçambicano à independência. Reconhecimento da parte do Governoportuguês, da FfiELIMO como o representante legitimo do povo moçambicano,do Rovuma ao Maputo. A aceitação da transferência dos poderes que aindadetinha, para a FRELIMO. Definiu as tarefas essenciais do período de transiçãoPrimeiro, o desmantelamepto das etruturs político-militares do colonialismo.Segundo, implantaçOo das bases do Poder PopuIar Democrático em todo o Pais.Terceiro. a consoli4ação e extensão das Forças da FRELIMO.

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Essa tarefa que coube ao Governo de Transição depois da sexta reunião, que tevelugar para analisar o processo das negociações com o Governo português. E osresultados obtidos são os que todos nós vimos, os que todos nós assistimos, osque todos nós vivemos. Terceiro, a sétima sessão, em Junho de 1975, já naprovíncia de Inhambane, zona do Tofo. Esta reunião tinha por objectivo adefinição das orientações básicas do Estado e assim define a natureza e fins dopoder do Estado, do poder da aliança operário-camponesa, para edificar a novasociedade. Define a fase revolucionária, fase da edificação da democraciapopular. Define a força dirigente do Estado e da sociedade que é a FRELIMO.Define as estruturas do poder ,de Estado, estruturas democráticas do poder de -classe. Define o cidadão da República, os seus direitos e deveres. Define osaliados e os inimigos de classe no plano nacional e internacional. Em resumo, asétima sessão aprova a Constituição da República Popular de Moçambique, a leida nacionalidade, e traça as orientações básicas do Estado. Neste momento,encontramo-nos numa situação nova e com tarefas novas. Quais os reflexos destanova situação sobre a nossa Organização, tanto no que resppita às nossasestruturas, como no que respeita á nossa vida.As, estruturas actuais não correspondem à fase actual da construção da novasociedade, com as tarefas políticas prioritárias e, isso implica que necessitamos deestruturas e canais de comdnicação que reflictam e transmitam a cada momento,as aspirações reais das massas organizadas em todo o País. Necessitamos deestruturas que nos permitam ter a cada momento a visão de conjunto dosproblemas de todo o País e não apenas da região que está afectada.Ao nível das estruturas: tiveram aue se estender a todo o País e exercer tarefasmuito vastas e, em certos casos, tarefas para as quais não estávamos preparados.As estruturas existentes da FRELIMO cqrrespondiam a uma fase em que astarefas administrativas eram bxercidas pela FRELIMO e não têm em conta asituação actual em que as tarefas executivas de tipo administrativo são exercidaspelo Governo. As estruturas actuais não correspondem á fase actual da conãtruçãoda nova sociedade com as tarefas politícas prioritárias e isso implica necessitamosde estruturas e canais de comunicaçãO que reflictam e transmitam a cadamomento, as aspirações reais das massas organizadas em todo o País.Necessitamos de estruturas que nos permitam ter a cada momento a visão deconjunto dos problemas de todo o Pais e não apenas da região afectada. Ao nívelda nossa vida, constatamos o abalo introduzido pela nova situação na forma deviver revolucionária forjada durante a guerra popular de libertaçáão. Háelementos, há dirigentes, há quadros e combatentes que ficaram rapidamenteultrapassados pelo processo de reconstrução nacional. Que ficaram ultrapassados,e tornaróm-se incapazes de compreender a prioridade a dar a estas tarefas actuais.O contacto com a cidada reavivou as concepções burguesas dos elementos quenão tinham interiorizado a nossa linha,Só viviam a nossa vida, porque no campo e na luta não tinham condições pararealizar as suas aspirações de tipo caTpItalista e a vida moralmente corupta quedesejavam. Trata-se de <TEMPO» n.o 291 - pdg. 43

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elementos que sistematicamente recusaram o combate interno, procuraram a todoo custo conservar a superestrutura, não abalaram o esquema mental, apesar de-todos nós estarmos empenhados na luta de libertação nacional. Isso significa querecusaram o combate interno, quando preservaram, quando guardaram bemescondido a superestrutura, as leis e os deveres dos colonialistas Ao recusar ocombate interno, significa para nós, que existe na mentalidade de alguns de nós, osubjectivismo, o espírito de importância, existe o liberalismo, existe a ambição,existe o individualismo.E esses são os elementos que impedem o avanço. São estes elementos queimpedem a interiorização da nossa linha. São estes que preservam a superestruturanas mentalidades de alguns de nós. Outros, porque têm um passado de traição.Forneceram à PIDE informações sobre os nossos planos de guerra e a nossaestratégia. Alguns dirigentes foram perdendo as qualidades de militantes e, muitomais, as de membros do Comité Central.O contacto com a cidade reavivou as concepções burguesas dos elementos quenão tinham interiorizado a nossa linha. Só viviam a nossa vida, porque no campoe na luta não tinham condições para realizar as suas aspirações de tipo capitalistae a vida moralmente corrupta que desejavam. Trata-se ole elementos quesistematicamente recusaram o combate interno, procuraram a todo o custoconservar a superestrutura, não abalaram o esquema mental.Por isso alguns se surpreendem. quando nós fazemos purificações periódicas,quando nós fazemos depurações nas fiossas fileiras, quando rejeitamoscategoricamente elementos, diremos com deformações profundas. E não sódeformações como formação. É necessário, a partir daí, tirar as consequências etomar as decisões apropriadas. Significa o. estudo constante, definição constantedo amigo e do inimigo, do aliado e daquele que está aliado com o inimigo. Temhavido tendência entre alguns camaradas, para considerar a forma de vida qúe eraa nossa, a vida colectiva, uma necessidade de circunstância imposta pelascondições de luta, que hoje já não se justifica. Mas o que é para nós a vidacolectiva? A vida colectiva para nós é uma das maiores conquistas, da nossa luta,uma das maiores conquistas da nossa Revolução, uma das maiores conquistas donosso povo, unido do Rovuma ao Maputo.Porque, através da vida colectiva compeendemos e aprendemos a conhecermo-nosprofundamente, a identificar os revolucionários, a detectar os reaccionáriosencobertos no nosso seio. Aprendemos a ter relações profundas de camaradagem,baseadas no amor e na amizade, amizade real, porque estamos engajados nomesmo combate, porque combatemos o mesmo inimigo e queremos atingir omesmo objectivo. Aprendemos a dar o verdadeiro sentido à critica e à autocrtica,instrumentos revolucionários para o melhoramento de cada um e da nossasociedade no seu conjunto.Gostaríamos de sublinhar a importância do que é a vida colectiva. Éprincipalmente através da vida colectiva que nós consolidamos a nossa unidade eforjamos o pensamento comum dirigente. Todos estes aspectos são partesintegrantes da nossa unidade, que nós devemos preservar. É uma conquista danossa luta, é uma conquista da nossa Revolução, é uma conquista da nossasociedade, é uma conquista do nosso povo. «TEMPO» 11.1 281 - pcág 44

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Ao nível da nossa vida, constatamos o abalo introduzido pela nova situação naforma de viver revolucionária, forjada durante a guerra popular de libertação. Háelementos, há dirigentes, há quadros e comoatentes que ticaram rapidamenteultrapassados pelo processo de reconstrução nacional. Ficaram ultrapassados etornaram-se incapazes de compreender a prioridade a dar a estas tarefas actuais.É, desde já, a partir do momento em que nós conquistamos o patrimóniorevolucionário, é um património que deve ser transmitido de geração em geração,para que o nosso País preserve as tradições revolucionárias.No passado, era a luta armada revolucionária o agente acelerador dastransformações sociais, e da nossa própria transformação da conquista damentalidade nova. Qual é esse agente! acelerador hoje'?Existe na mentalidade de alguns de nós, o subjectivismo, o espírito deimportância, existe o liberalismo, existe a ambição, existe o individualismo. Eesses são os elementos que impedem o avanço. São esses elementos que impedema interiorização da nossa linha.'A luta que terminou foi o aquecedor, que foi o agente que abalou as mentalidadesde muitos, que foi o agente que formou rapidamente quadros, que foi o agente quenos obrigou a descobrirmos que nós formávamos um povo, que nós tínhamos amesma identidade, identidade moçambicana, que nós tínhamos a nossa cultura,que nós tínhamos a nossa persona-, lidade, que nós tínhamos o nosso lugar nasnações, que nós tínhamos o nosso lugar no continente africano e no Mundo.E hoje, se perguntarmos, já que o agente acelerador terminou - que foi a lutaarmada - qual será o agente transfornad0r da sociedade moçambicana hoje? Qualserá o agente que vai permitir preservarmos as nossas conquistas revolucionárias,qual será o agente que vai permitir educarmos de uma maneira correcta, darmosorientações correctas, darmos a personalidade real, moçambicana às geraçõesfuturas?Nós pensamos que hoje, o que se agudiza no nosso País é a luta de classes. Paraparticiparmos nesta luta de classes, só através da participação concreta nas tarefase na vida do povo. E essa participação deve ser uma participação consciente, umaparticipação com noção profunda de responsabilidade. É isso' que vai permitiridentificarmo-nos com o povo, com os interesses do povo, é isso que vai permitir-nos constantemente detectarmos o inimigo infiltrado ou camuflado no nosso seio.É combatendo permanentemente as ideias feitas, e os hábitos sociais, assim comoos métodos de trabalho herdados da sociedade colonial e do aparelho de Estadoburguês. É combatendo o espírito de rotina e de imitação inconsciente do quefazia o colonialismo.Isto, certamente, vai suscitar as contradições. Haverá contradições a certa alturaantagónicas, haverá contradições agudas. E importa sempre estarmos conscientes,e devemos definir o tipo de contradições. Quando se trata de contradições entrenós e o inimigo, essas são contradições antagónicas, são contradições Insolúveis,são contradições irredutíveis que só com um combate permanente, que só com umengajamento profundo de todos nós seremos capazes de ultrapassar qualquer, tipode contradição.Recorrendo sempre ao nosso instrumento, à crítica e autocrítica para atingirmos aunidade, unidade real e não unidade aparente. E essa prática que ganhámos ao

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longo da luta de libertação nacional deve ser transmitida, deve ser assumida e nãovista como uma humilhação. Nós, quando fazemos a crítica, é para reganharmosum camarada, para melhorarmos as suas qualidades e eliminar aquelas que sãoprejudiciais à sociedade.,Por isso não nos surpreenderá o aparecimento das contradições, porque elasexistiam. Existiam contradições antagónicas entre nós e o inimigo e nósperguntamos: Com a derrocada do colonialismo português, com a vitória do povomoçambicano, desapareceram essas contradições? Responderemos que não.Algumas estavam no estado latente, estavam adormecidas

«(0 nosso objectivo é liquidar o inimigo. Só podemos liqui dar o inimigo,desencadeando ofensivas que consolidem e ampliem as nossas conquistas eimpeçam o pequeno inimigo de tornar-se grande e forcem o grande inimigo atornar-se pequeno - afirmou Samora Machelessas contradições. E que hoje já encontram o seu ambiente apropriado, portanto,de repente surgirão. E nós -temos consciência que de novo engajar-nos-emos nocombate real para superar essas contradições.Através da vida colectiva compreendemos e aprendemos a conhecermo-nosprofundamente, a identificar os revolucionários, a detectar os reaccionáriosencobertos no nosso seio. Aprendemos a ter relações profundas de camaradagem,baseadas no amor e na amizade, amizade real, porque estamos engajados nomesmo combate, porque combatemos o mesmo inimigo e queremps atingir omesmo objectivo.Agora perguntamos: de que modo se manifestam essas contradições entre nós?Será talvez matéria para o Comité Central, nos seus debates profundos, porque épreciso abalar as mentalidades, é preciso abalar o inimigo permanente, oindividualismo, a ambição, a indisciplina, o liberalismo. Por isso dizemos que oComité Central, durante os seus trabalhos, debruçar-se-á sobre este problema.-Em resumo, poderíamos dizer que devemos, antes de maissaber valorizar as nossas experiências. Conhecer conscientemente, o sentido e oalcance das nossas conquistas para as podermos defender e ampliar. Darprioridade às zonas libertadas que constituem a materialização das nossasconquistas políticas, económicas e.sociais. Nós consideramos as zonas libertqdas,o reservatório, a fonte de inspiraçãõ para todos nós, a reserva da 'nossa revolução,a fonte permanente da nossa inspiração na defesa dos interesses do povoexplorado.Do que dissemos anteriormente, partir da nossa experiência, valorizá-la, defendê-la e ampliá-la, decorre que devemos dar prioridade às zonas libertadas na nossaacçãoo.Qual a situação actual das zonas libertadas?O deslocanento das estruturas de muitos camáradas que tiveram de ser afectadosem outras zonas enfraauece as nossas estruturas nas zonas libertadas, Assistimos àpenetração das ideias erradas, à penetração de ideias e maneiras de viver doinimigo, até então restrita aos aldeamentos e centros urbanos.

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Aprendemos a dar o verdadeiro sentido à crítica e à autocrítica, instrumentosrevolucionários para o melhoramento de cada um e da nossa sociedade no seuconjunto.Assistimos ao afluxo de refugiados que haviam permanecido no exterior, longe daguerra e longe do processo de transformação determinado pela guerra popular ecriando, no entanto, maus hábitos. A chegada dos elementos que viveram muitolonge do processo da guerra popular que não sofreram as transformações, trazempara as zonas libertadas o regionalismo, trazem o tribalismo, trazem o racismo,trazem o alcoolismo, trazem a vida degradante do colonialismo e do capitalismo,o alcoolismo e a prostituição, o gosto pelo dinheiro.Trazem para as nossas zonas a preguiça, o desprezo pelo trabalho manual e,sobretudo, pelo trabalho organizado que significa o trabalho colectivo. Portanto,desprezam o trabalho da Reconstrução Nícional, desconhecem que é o homemque cria a riqueza. É o trabalho que permite a transformação da sociedade.Gostaríamos. que o Comité Central se debruçasse, consciente e profundamente,sobre as questões das zonas libertadas.Como fazer da palavra de ordem «(prioridade és zonas libertadas» uma realidadee não só um «slogan».no papel? Dedicando, nesta reunião, a nossa atenção àanálise desta situação. Pensamos que só resolveremos a situação das zonaslibertadas, enviando para essas regiões quadros qualificados política etecnicamente, sobretudo ao nível dos Serviços de Saúde, dos Serviços deEducação e Cultura, sobretudo ao nível do trabalho da Produção e Comércio.Porque existem especuladores que deturpam as nossas orientações, nas zonaslibertadas. E esses quadros afectados aos Serviços de Saúde, afectados aosServiços dê Educação, afectados aos Serviços de Comércio, devem transformar-seem verdadeiros comissários políticos com a visão do processo histórico passado,presente e futuro.Há algumas formas agudas de infiltração, além daquelas que já conhecemos,daqueles métodos que nós neutralizámos, daqueles métodos em que o povo já estápreparado, existem novos métodos de infiltração. Primeiro, ao nível dos gruposdinamizadores encontramos antigos agentes da PIDE, encontramos antigosmembros do exército colonial e encontramos antigos membros das organizaçõesOPV, Flechas, GE. GEP e outros, que foram membros da ANP, partido doMarcelo Caetano e que, portanto, foram difusores, foram activos na políticacolonial.E hoje encontramos esses elementos, às vezes como secre«TEMPO» n., 281 -Pdg. 45

tartos dos grupos dinamizadores, para dinamizar para o lado do inimigo.Queremos apelar que só eliminaremos, que só impermeabilizaremos as nossasfileiras, se os grupos dinamizadores assumirem, conscientemente, o que são osnossos interesses e o que são os interesses do inimigo, a quem defendemos e aquem eles serviram.Esses devem passar por um ,processo de transformação, de educação política parapoderem conhecer o que é o povo e para poderem fazer um exame profundo doseu passado, porque uma grande parte, sinceramente estamos convencidos, tem as

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mãos sujas com tinta de sangue. São eles que degolavam os nossos militantes; sãoeles que impediam a difusão da política da FRELIMO. Por isso, esses não são,automaticamente, membros dos grupos dinamizadores, mas devem passar por umprocesso. Mas, para isso, muitos deles utilizam certas afinidades, utilizam certasamizades antigas, utilizam a familiaridade que foi sempre um instrumento doinimigo, para neutralizar alguns militantes da FRELIMO de não denunciaram osagentes do nosso povo a amigos fiéis do nosso inimigo.E assistimos, tambémn, é bom confessarmos, porque é uma realidade de quetodos nós temos consciêncla, que essa penetração não é somente ao nível dosgrupos dinamizadores. É até ao nível do- aparelho de Estado. Algunk foram-ideólogos da política de Marcelo Caetano e hoje assumem altas responsabilidadesao nível do Estado, do aparelho do Governo.E só com a vigilância e com a participação.activa da população, de todos nós quesentirmos essa responsabilidade e sabemos que isso representa um perigoimediato e a longo termo, a presença de elementos que serviram fielmente apolítica fascista, a política colonialista, aqueles que impediram um processorevolucionário no nosso Pais, E assistimos, agora, à chegada maciça de elementosque tinham vívido no exterior durante toda a Luta de Libertação Nacional. Nestecaso não é segredo, porque, o II Congresso da FRELIMO revelou esta realidade.Trata-se, em primeiro lugar, dos antigos estudantes da FRELIMO enviados para oexterior. Em muitos 'tõíses, países amigos que nos davam bolsas para que esseselementos regressassem para acelerar o colapso do colonialismo e transformaram-se emr nossos inimigos. Por isso dizemos que se trata de estudantes que durante aluta, primeiro se recusaram a participar na luta, que a luta de libertação nacional, aluta armada, era para os não evoluídos, que a luta de libertação armada nacional, aluta armada era para os não instruídos. E que os instruídos tratavam-se sim, defutura semente que iria germinar, depois da queda, que cairia, por si só, ocolonialismo. Não era preciso combater, era uma questão de tempo. O temporesolveria. ,Recusaram a disciplina do Partido, lutaram contra a FRELIMO, denegriram oscombatentes da FRELIMO como maltrapilhos, como terroristas, publicarampanfletos atacando a FRELIMO, atacando a direcção da FRELIMO, direcçãoneste momento falo do Comitê Central da FRELIMO, que é o seu órgão máximo.Distribuíram declarações em todo o mundo dizendo que em Moçambique nãoexistia luta, tudo o que nós publicávamos eram invenções e regressam em massahoje.Trata-se de infiltração refinqda do imperialismo. Esperavam estes senhores a novafase. Fase da independência, *para poderem agir, política dó imperialismo.De todo o mpdo - cito -a FRELIMO vai ter necessidade .deles para reconstruirMoçambique, porque não tem técnicos. Fim da citação.A nossa política, formada na nossa experiência, é: recusamos a infiltração, damosprioridade à política. A força do povo saberá vencer as dificuldades materiais eassumir o domínio da natureza e da: técnica.A estratégia do inimigo hoje é d criar élites no nosso

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seio, no seio da nossa sociedade, a fim de utilizar moçambicanos para destruir osmoçambicanos, É uma tentativa, de restaurar a burguesia, porque a burguesiacolonial está caduca,O imperialismo sempre odiou as massas e desprezou a capacidade criadora dasmassas. Estas e outras tácticas são normais para o imperialismo., Importa que osrevolucionários, os militantes, as forças progressistas, as forças amantes da paz,estejam sempre em condições de impedir a infiltração do imperial.smo ou dosagentes do imperialismo.Cada regime, como sabem, suscita a sua oposição. Se quer estar ao lado doscapitalistas encontrará a oposição popular, se quer estar ao lado do povoencontrará a oposição dos capitalistas.Dependem do sistema que, quiserem, nós preferimos estar ao lado do povo,porque os capitalistas formam um punhado e são preguiçosos, não produzem, não'criam riqueza. O povo é que cria a riqueza.Tarefas desta sessão: analisar o processo da vitória da guerra popular delibertaçãaL analisar as relações de força na fase presente da luta de classes;analisar a base ideológica e política que oriente a edificação da nova sociedade;analisar a fase de estruturação do poder popular democrático; analisar aOutro aspecto da 8., reunião do Comité Central no momento em que os camaradaspresentes tomavam nota dos vários assuntos a debater neste históricoacontecimentomaneira como a FRELIMO realiza o seu papel de força dirigente do Estado e dasociedade; anplisar a situação do nosso- continente e do mundo,'e as perspectivasde desenvolvimento'do combate popular no plano internacional; analisar a faseatingida pela nossa unidade e determinar como a'elevar de acordo com asexigências do combate presente; a situação presente e suas exigências.O poder revolucionário consolida e estende as conquistap populares; oestabelecimento do estado de aliança operáriocamponesa; a estratégia de aldeiacomunal como a revalorização da conquista de vida e produção colectiva: a via dotriunfo do poder operário-camponês nas zonas rurais; a via de desenvolvimentosócio-económico do campo; a luta para impor o poder de, Estado de classe àsempresas capitalistas que sabotam a economia nacional; a recuperação das terras;a nacionalização da Educação. Saúde e empresas funerárias; a subida dos saláriosdas classes mais desfavorecidas; a nacionalização do imobiliário; os primeirosprojectos de industrialização e desenvolvimento rural; o reforço do combate paraimpor valores revolucionários e moçambicanos; a participação de milhões depessoas no quadro dos grupos dinamizadores, no estudo e«TEMPO» n.- 281 - pdg. 46

O poder revolucionário consolida e estende as conquistas populares; oestabelecimento do estado de aliança operário-camponesa; a estratégia da aldeiacomunal como a revalorização da estratégia de vida e produção colectiva; a linhado triunfo do poder operário-camponês nas zonas rurais; a via dedesenvolvimento sócio-económico do campo; â luta para impor o poder deEstado de classe às empresas capitalistas que sabotam a economia nacional; arecuperação das terras; a nacionalização da Educação, Saúde e empresas

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funerárias; a subida dos salários das classes mais desfavorecidas; a nacionalizaçãodo imobiliário; os primeiros projectos de industrialização e desenvolvimentorural; o reforço do combate para impor valores revolucionários e moçambicanos;a participação de milhões de pessoas no quadro dos grupos dinamizadorres, noestudo e resolução dos problemas; a valorização do trabalho manual e do trabalhocolectivo; a elevação da consciência internacionalista do povo moçambicano.resolução dos problemas; a valorização do trabalho manual e do trabalhocolectivo- a elevação de consciência internacionalista do povo moçambicano.O poder revolucionário cria a sua oposição; o imperialismo e todos osreaccionários; o poder capitalista cria igualmente os seus inimigos; as massaspopulares, as massas exploradas.E queremos dizer que depois destasvitórias todas, depois destas conquistas todas,o inimigo reagiu à nosso vitória.Como é que reagiu no plano interno? Assistimos constantemente à sabotagemeconómica para desacreditar o poder revolucionário, para fazer crer que ostrabalhadores são incapazes de administrar as riquezas que criam. Assistimos àsubversão para levar moçambicanos a expiar moçambicanos. Levar os filãos dospobres a restaurar o poder çJos ricos, levar os nacionais a servir interessesestrangeiros. o imperialismo.Para criar o estado de intranquilidade, assistimos a boatos. rumores, calúnias,intrigas. Lançamento de bombas, como aconteceu na cidade do Maputo, em formade canetas. Provocações contra a legalidade. Abuso do poder revolucionário eprovocações armadas. Em resumo, os nossos inimigos querem demonstrar que sóo colonialismo e o imperialismo podem manter a ordem e fazer respeitar osDireitos de Homem,Querem desacreditar as forças patrióticas. Assistimos ao encorajamento dodivisionismo com o objectivo essencial de minar a unidade nacional, de minar'aunidade de classe. De minar a unidade entre a base e a direcção, para impor a leida dominação imperialista e da exploração capitalistaAssistimos e somos pressionados, constantemente, de com chantagem tecnológicae fuga de quadros, para demonstrar a incapacidade dos moçambicanos de marcharcom as suas prõ prias pernas. Querem-nos obrigar, nesta fase decisiva, quemarchemos com pernas emprestadas. Quando formos velhos virão arrancá-las.Quando já não tivermos possibilidades.No plano exterior, o imperialismo organiza campanhas de calúnias e descrédito naRepública Popular de Moçambique. Assistimos, ouvimos rádio todos os dias,jornais-não se faz nada de bom em Moçambique. Tudo o que se faz emMoçambique é mau. Não se faz nada para melhorarý as condições do povo emMoçambique. Tudo que se faz em Moçambique não sabemos para quem é.A rádio, incluindo a de alguns países que nós pensamos são nossos amigos,incluindo alguns países com quem nós pen sávamos que restabeleceramosrelgções exemplares, são os primeiros a atacar a República Popular deMoçambique. São os primeiros a proclamar que o colonillismo mantinha a ordeme zelava pelos interesses do povo moçambicano.

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Publicam sem vergonha que o povo moçambicano, no tempo colonial, vivia bem,bem acomodado. Que era bem tratado, tinha assistência gratuítIL significa quenos querem dizer econvencer que a nossa luta não foi justa, que o nosso combate não era libertador.Querem-nos dizer, querem-nos convencer a dizer obrigado ao colonialismo,ignorando, esquecendo que todo este estado de caos foi legado pelo colonialismo.Foi criado pela exploração brutal e cruel, foi criado pelo colonialismo queexplorou o nosso povo sem piedade. Foi o colonialismo que dividiu o nosso povoem cores de pele, raças, origens e nacionalidades.Quando queremos unir o povo, dizem que combatemos o povo. Por issoassistimos a provocações armadas no fronteira. Sobretudo na fronteira dovagabundo e irresponsável lan Smith. Mas nós estamos certos dessas provocaçõesde lan Smith porque o nosso povo está determinado a apoiar a luta, cujoincremento o próprio lan Smith já anunciou.A nossa tarefa não nos vai impedir de realizar o nosso dever internacionalista, deajudar incondicionalmente a luta do Zimbabwe, de mobilizarmos o povo inteiro,do Rovuma ao Maputo, para apoiar e participar na libertação do povo doZimbabwe. Não quer resolver as contradições internas e quer transferir o combatepara o nossopaís. Nós recusamos e recusaremos violentamente. Responderemos aataque com ataque. Ataque reaccionário com ataque popular. Nós responderemosà agressão feita por um punhado. A agressão colonialista, à agressão racista,responderemos com um ataque popular e o ataque popular é um vento ciclónico.Significa que não pararemos em Saiisbúria, pararemos onde termina a fronteira doZimbabwe.lan Smith durante o tempo colonial, participou em várias incursões no nosso País.Smith organizou conjuntamente com os colcnialistas portugueses massacres deMucumbura e outros massacres nas fronteiras. Aqui temos também ocasião.Estamos a dizê-lo publicamente. Avançaremos desta maneira: dente por dente,olho por olho.Temos ocasião de afirmar que nós não somos um punhado, somos um povointeiro, somos dez milhões, contra duzentos e setenta e três mil racistas doZimbabwe. Se é consciente devia, o mais depressa possível, ýentrar mnegociações com os líderes do Zimbabwe, porque os duzentos e setenta e tal milracistas que estão lá, não são todos do lado de Smith. Os que estão ao lado deSmith são um pequenito punhado que e<plora os duzentos e setenta e tal milbrancos que estão lá. Se quer ouvir o nosso conselho, para sair de uma maneiraairosa, de uma maneira elegante, negociaria porque será derrotado pelo vento, daHistória. O povo do Zimbabwe vencerá o mais depressa possível.Por isso assistimos a ofensivas ideológicas e morais contra a juventude e emespecial através da droga, através de pomografia e outras formas. Estratégia deconsolidar a vitória: pensamos que só através de revalorizar e sintetizar a nossarica experiência de, primeiro unir, mobilizar e organizar as massas no combatepela conquista e defesa dos seus interesses. Segundo, rechaçar as infiltrações,provocações e agressões inimigas. Terceiro, saber aceitar sacrifícios para superaras dificuldades. Quarto, libertar a energia criadora das massas organizadas para,con tandò com as próprias forças progredir na via revolucionária e,

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progressivamente, resolver os nossos problemas económicos e sociais. Quinto,reforço da nossa aliança de classe e política.Primeiro, é para consolidar a nossa vitória e, em segundo lugar, para reforçar anossa aliança de classe e política. Reforçarmos as -nossas relações com os paísessocialistas, aliados naturais dos movimento de libertação, aliados naturais nocombate contra o imperialismo, aliados naturais *na lula contra a exploração doHomem pelo Homem, aliados naturais na consolidação do poder. operário-camponês, aliados naturais no restabelecimento da paz mundial, aliados naturaisno progresso e desenvolvimento.Este é o primeiro ponto. O segundo, com todos os países anti-imOeriaoistas,especialmente de Africa, e particularmente,«TEMPO» 11.11 281 - p449. 47

com os países vizinhos - países vizinhos, bem entendido, trata-se da, Tanzania eZambia.Não estamos a faler da Africa do Sul, não estamos a falar do Zimbabwe - Oreforço da aliança e cooperação com oS movimentos de libertação nacional, Onosso objectivo é liquidar o inimigo, Só poderemos liquidar o inimigo,desencadeando ofensivas que consolidem e ampliem as nossas conquistas eâmpeçam o pequeno inimigo de tornar-se grande e forcem o grande inimigo atornar-se pequeno.Neste processo de luta de classe, de participação activa na resolução dascontradições, -de interiorização das tarefas, formar-nos-emos como quadrosrevolucionários. Aprendemos na grande escola da guerra popular, temperámo-nosna escola da luta de classes. São' esses factores que determinam o conteúdo daoitava sessão do Comité Central, depois do II Congresso da FRELiMO. É umasessão alargada ao Comité Executivo e a quadros superiores do Partido e do seubraço armado, as Forças Populares de Libertação de Moçambique. Assim ofizémos.Neste processo de luta de classe, de participação activa na resolução dascontradições, de interiorização das tarefas, formar-nos-emos como quadrosrevolucionários. Aprendemos na grande escola da guerra popular; temperánmo-nos na escola da luta de classes. São esses factores que determinam o conteúdo daoitava sessão do Comité Central, depois do II Congresso da FRELIM!O.Perguntariam qual a razão de convocar tantos quadros. Nós o fizemos em 1969,quando a nossa linha estava ameaçada, quando um punhado de reaccionáriostentou tomar o poder pela violência. Nessa altura nós alargámos a reunião doComité Central, fizemos participar na reunião do Comité Central. de 1969, apartir do topo até à ba$e e, assim, encontrámos as fórmulas correctas de resolveras contradições e 'reservar a unidade nacional, como arma fundamental paraqualquer tipo de contradições, para quoIquer tipo de inimigo.Fizemos também, em 1972, quando desencadeámos a ofensiva generalizadacontra as manobras do inimigo, quando tentava transformar a cor dos cadáveres,quando tentava organizar moçambicanos contra moçambicanos, quandocorrompia os nossos quadros, quando brutalizava a população nos aldeamentos,quando aumentava o seu exército, quando aumentava os assassinatos, quando os

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massacres já eram sistemáticos, nós convocávamos a reunião alargada do ComitéCentral, para estudarmos e detectarmos a ;ntenção verdadeira do inimigo, assimcomo os seus objectivos para que os pudéssemos neutralizar a tempo.Agora temos de o fazer de novo porque, nessa altura, nós controlávamos algumasprovíncias, consolidávamos de uma maneira efectiva, as zónas libertadas, Asnossas estruturas estavam ao nível de algumas províncias. Mas hoje convocamosesta reunião alargada do Comité Central porque controlamos o País-inteiro. A luta também se agudiza do Rovuma ao Maputo e, para isso, precisamosde encontrar soluções concretas e adequadas que correspondam a esta fase actualdo desenvolvimento da nossa luta e, sobretudo, porque já controlamos o aparelhode Estado.Por isso esta sessão deverá, ainda, estudar a oportunidade da convocação do IIICongresso Ordinário da FRELIMO. Pensamos que é uma necessidade imperativa,agora, a sua realização. Pensamos que esta reunião vai estudar a oportunidade deconvocação do III Congresso, para que o povo inteiro participe, discuta, assumg econheça o que é a FRELIMO, quais são os objectivos da nossa República e quaissão os objectivos da nossa linha política. E, também, para eliminarmos certastendências, para abalarmos e destruirmos as mentalidades deixadas pelocolonialismo. Isto significa os vestígios coloniais que ainda tentam resistir.«TEMPO» n. 281 - p g 48Não queremos que os-vestígios coloniais ganhem a nossa juventude. A juventudeé a seiva da Nação; a juventude é a esperança do progresso da nossa revolução, éa continuação da nossa luta; é a consolidação da aliança operário-camponesa, a detodos os trabalhadores. Pensamos que esta reunião do Comité Central estudaráestas modalidades.Começámos juntos a luta de libertação nacional, marchámos juntos, estudámoscada problema que surgiu no seio da FRELIMO juntos, organizámos redesclandestinas, juntos, encontrámos soluções adequadas; juntos criámos amigos noplano nacional e no plano internacional. Juntos. De novo a Revolução nos exige,de novo, o nosso Povo exige que juntos marchemos, que nos organizemos parajuntos avançarmos mais longe.Organizados e conscientes das nossas responsabilidades saberemos o que é maisimportante; saberemos rejeitar as cargas impuras que a revolução transporta.Pensamos que sairemos desta reunião revigorados. Receberemos, nesta reunião doComité Central, nesta reunião' do Comité Central, o oxigénio que vai estimular onosso sangue para vencermos a batalha de classes. Saberemos definir ascontradições secundárias das principais e saberemos sair desta reunião unidos,mais do que nunca, porque os nossos objectivos são bem claros.Mas só se formos sinceros nas nossas discussões; se formos mais profundos nonosso estudo; se formos capazes de assumir, de uma maneira larga e de umamaneira profunda, a complexidade e a globalidade dos-nossos problemas, aproblemática do nosso País, as realidades do nosso País, as potencialidades donosso povo, as potencialidades do nosso Pais; se soubermos fazer incidir a nossabatalha contra o individualismo-porque o individualismo é a forma do capitalismo, reflecte o capitalismo-,se nóssoubermos combater a ambição; se tivermos a preocupação de, em cada

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momento, procurarmos saber se realizámos correctamente os interesses das largasmassas, venceremos o inimigo. Venceremos o inimigo; venceremos oimperialismo. Faremos do nosso país uma muralha indestrutível; faremos de cadamoçambicano inimigo do nosso inimigo; faremos do nosso Povo uma forçaenvencível e teremos que 'provar que o processo da revolução é um processoirreversível.Teremos de provar que a revolução se realiza em todos os países. Não hácontinentes especialmente escolhidos para a Revolução. Isso significaria que hácontinentes escolhidos, especialmente, para combater o capitalismo; paracombater a exploração. Mas, só liquidando o individualismo e assumindo osinteresses das largas massas liquidando, no nosso seio, intrigas para nos podermosengajar, de uma maneira profunda, em grande envergadura, as largas massas. Aiestaremos em condições de unir a direcção com a base; estaremos em condiçõesde resolver as contradições que existem no seio do povo; estaremos em condiçõesde resolver as contradições que existem no seio do povo; estaremos em condiçõesde resolver mesmo os problemas específicos, porque encontraremos soluçõesespecíficas em cada problema, em cada etapa, em cada fase da nossa luta, emcada fase da nossa reconstrução.Por isso exigimos- é uma exigência do povo-para que. em Moçambique, oindividualismo não tenha lugar. Devemos extirpar as raízes do capitalismo, avocação capitalista, o desejo de explorar. E, assim, daremos a nossa contribuiçãoàs lutas dos outros povos; daremos a nossa contribuição à luta de classes dospovos oprimidos. É o que nós pensamos. E, por isso, dizemos: saibamos serservidores do povo. É pela nossa atitude em relação às massas e aos seusinteresses, que nos definimos. Este é o critério do revolucionário, a sua razão deser.A LUTÁ CONTINUAI INDEPENDÊNCIA OU MORTE, VENCEREMOS!

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POPULACRO Do BAIBDO DO OuUnidos produzos maisSeguindo as palavras de ordem do Partido a população do bairro do Houleneengaja-se nas tarefas de produção.Pelas sete horas do passado dia 15 de Fevereiro, sob orientação do GrupoDinamizador do Circulo, a populaço de Houlene aglomerou-se junto à sede domesmo, para em seguida dirigir-se ao local onde teria lugar a abertura damachamba.Foi transportada em 'pquenos grupos, em camiões dispensados para tal, devido àdistiância que separa o bairro do Houlene da região de Matlacuane, localescolhido para a abertura da machamba acerca de 15 quilómetros da cidade doMaputo. de considerar a grande parte de mato desvastado logo nas primeirashoras da manhã.«TEMPO» n.,' 281 - pdí. 50Esta machamba, a primeira a uivei de Círculo,: deu-se o nome de «Machamba dezde Setembro» relativo aos acontecmentos que se registaram na cidade do Maputoapós os Acordos de Lusaca. Engajado no trabalho, eacontrava-se entre apopulação, o encarregado da localidade de Benfica que nos disse:Fico muito satisfeito por saber que a popula-ý ção do Houlene participa commuito afinco nos trabalhos de produção. Estou muito ansioso que o povo. nospróximos domingos' se engaje do mesmo modo como o fez hoje, e espero quehaja muitos sucessos como tem vindo a haver nos outros bairros pertencentes àLocalidade de Benfica. Posso ainda salientar

E ABRE MACHAMBA COLECTIVAqueno próximo domingo terá lugar o idêntico trabao no C tírculo do Bonfim.De Alfredo Guilaze Gujanio, um dos participantes transcrevenos as seguintespalavras:- Dantes, com as mnachambas individuais, surgiam vários conflitos. Por exemplose a minha machamba produzisse mais do que as dos outros, diziam «ele utilizoufeiticismo». Portanto deste modo, com, as machambas comunais, vejo mais umpasso deavanço para acabar com o «obscurantismo».0 secretário da célula «A» daquele Circulo, João Mateus Muchanga prestou-se-nos a afirmar o seguinte:-0O Povo está muito satisfeito com a abertura desta michamba, pois demonstraque estamos verdadeiramente livres. Deste modo não se vê a possibilidade demorrermos de fome, porque o povo estará sempre pronto a trabalhar.Quero por último apelar. ao povo Maçambicano, que entenda o significado deABAIXO A PREGUIÇA. Enquanto abaixamos a preguiça, trabalhamos paraproduzir.Viva amemória inesquecível do Camarada Edua rdo MondIane.N(Viva o Presidente Samora 0 continuador que se ve ao colo damãe, crescera d~bi

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Viva as F.P,.L xo de unma educação revolucionária que farádele umA luta continua, homem novoEstaremos sempre prontos a trabalhar?«IEMIO»,2

<,TEMPO» 1,, 281 - púg. 52

O Sul do Pais sofre os efeitos de inundações que são consideradas as maiores dosúltimos trinta anos. Aliás, a situação repeteLse quase todas as épocas de chuvascom maior ou menor gravidade. E muita gente pergunta porquê-por. quê quetodos os anos os rios deitam por fora e se perdem vidas, casas, animais e culturas?Porquê tantos sacrifícios?A resposta dada durante o período de dominação colonial foi sempre mais oumenos a mesma: «São calamidades naturais e nada se pode fazer para as evitar».Procurava.se, assim, desculpar a «incapacidade» para modificar a situação, aincapacidade para se criarem as necessárias condições que per. mitissem reduzir,atenuar ou mesmo eliminar os seus efeitos.Mas hoje, o Povo moçambicano sabe como pode eliminar estas sequelas herdadasdo coloniaflismo. Sabe que pode apoiar-se nos conhecimentos científicos e quealiado estes ao tra., balho colectivo pode dominar a natureza, utilizar as forças danatureza em seu benefício. A, batalha para eliminar os efeitos das cheias assentapois no esforço colectivo na produção e no planeamento, na construção de aldeiascomunais, que em último lugar, irão permitir acabar com a fome e a miséria nonosso Pais.«TEMPO» n.', 281 - pág. 53

As inundações que ainda se fazem sentir no Sul do País, neste caso concreto noDistrito de Manhiça, vêm mais uma vez demons, trar a falta de estruturas parafazer face a este género desituação e a necessidade de as populações viveremorganizadas em aldeiascomunais, como única forma de podermos transformar as grandes chuvas emfonte de riqueza e aumento de produção..Embora a situação tenda a normalizar-se com a ds' cida progressiva das águasmilhares de hectares de terra nas margens do Incomati e do Limpopo continuamainda submersas. As cultu. ras aí existentes são consideradas perdidas, enquanto ocorte de algumas vias de acesso tem impedido o transporte de géneros doscentros produtores para os centros consumidores. Por outro lado, para além daspopulações. que tiveram de ser deslocadas das zonas mais afectadas para locaisseguros, outras encontram-se ainda isoladas, embora sem correram perigo, tendoo Partido e o Governo conjugado esforços para lhes prestar a necessáriaassistência, principalmente«TEMPO» n.- 281 -pdg,. 54no que se refere ao abastecimento de géneros de primeira necessidade.O s:ntro destas operações foi instalado na Palmeira. Ali, o administrador doDistrito da Macia, elementos da Sede do Partido, do Maputo, e do Grupo

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Dinamizador Distrital coordenaram as operações de salvamento e deabastecimento as populações isoladas. Na última sexta-feira dia em que a nossareportagem se deslocou ao local um helicóptero procedia ao transporte de massa,óleo, sal, açúcar, feijão, arroz, bolachas, peixe seco, sabão, fruta em calda,conservas, etc., para locais onde o acesso por terra ainda não era possivel.Entretanto, algumas das embar-cações que inicialmente foram utilizadas nos mesmos trabalhos tinham sidodeslocadas para a área do Chibuto.De acordo com informações colhidas no local, cheias como a deste ano não seregistavam há cerca de trinta anos.Houve locais que ficaram completamente submersos e que há longos anos nãoeram atingidos pelas cheias, o que originou corta relutância por parte daspopulações em abandonarem as suas casas e as suasterras. Entre as populaçõesmais afectadas encontram-se as dos círcules de Ncbote, Ilha -Mariana, Mované,Sambo, Xibanza e Chihenhissana.O alagamento de exten-sas áreas, que motivou a formação de pântanos e charcos, constitui, por outrolado, um perigo para a saúde uma vez que representa fontes de criação de-mosquitos que podem funcionar como transmissores de paludismo. Estamos àespera do técnico para analisar o terreno para se recomeçar a reconstruir as casas.Há muito cheiro do capim e deve haver muita doença e por isso não começaram areconstruir - esclareceu o administrador do Distrito da Manhiça, camarada JoséVelemo Beve, depois de afirmar que a melhoria da situação já permitia que elaalguns locais tivessem sido retomados os trabalhos no campo, embora não seestivesse a encorajar as

populações a regressarem às áreas afectadas e aívoltarem a construir as suashabitações. Pelo contrário, as populações começam a compreender a necessidadede viverem organizadas e de trabalharem colectiva.mente, sendo a ideia da organização em aldeias cômunais bem aceite. Aindasegundo o mesmo informa.dor, na Serra de Magul são aguardadas instruções para que o tio de construçõesa fazer seja diferente do .existente, estando a população igualmente mobilizadapara modificar os seus hábitos de trabalho, passando da produção individual paraa produção colectiva.REBENTAMENTO DE : DIQUES NA MARAGRAde na área da Manhiça ede Marracuene que são cultivados grande parte dos legums e das frutas, prin.cipalme nte banana, consu- O curto espaço de tempo que separou o conhecimentode uma ponté mido na cidade* do Mapu- efeitos começaram a ser sentidos emterritório moçambicano não peri motores e máquinas agrícolas fossem retiradospara local seguro. A á4 to. Os estragos causados nanais (na imagem), estragandogrande quantidades do produtos pr(pela inundação são tam- mercado consnmídor.bém consideráveis, indo na maior parte dos casos até à perda total das culturas.

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Locais houve em que os motores de rega, tractores e alfaias agrícolas 'ficaramcobertos pelas águas, assim como grandes quantidades de produtos já apanhads eprontos para serem lançados no mercado.Segundo um agricultor da Manhiça, que nes referiu ser a sua situação idêntica àde dezenas de outros agricultores, a sua machamba ficou totalmente destruídasendo reduzidas as possibilidades que tem de voltar à agricultura por falta demeios. Estou hámuitos anos nesta área da oMenhiça e Marracuene, já - $ lutei durante muitos anos e N4tenho vontade de voltar ao trabalho, mas agora só tenhQ dívidas. Só com qualquerajuda, com qualquer financiamento poderei continúar - afirmou.Um outro agriçultor damesma área, cuja macham- o rebentamento de dois diques na Maragra provocoua destruição de va, ba ficou igualmente destrui- bra na produção de açúcardeve situar-se entre as oito a dez m

Em cima e ao lado: As populações, que a subida das águas pôs em perigo, tiveramde ser transferidas para local seguro. O.centro c as operações de socorros,orientadas pelo Partido e pelo Governo, foi instalado na Palmeira onde muitasfamílias aguardam que a situação normalize.da, salientou que só lá para Maio é que as águas te. rão regressado ao nível normalpermitindo que seja retomado o trabalho. Dantes, uma cheia depois de serassinalada em Ressano Garcia, demorava uma a duas semanas a chegar cá. Destavez em dois/três dias ficou tudo inundado-recordou o mesmo agricultor depois deter referido que nem sequer tinha tido tempo para retirar motores e máquinas damachamba, nem tão pouco arrancar alguns pés de bananeira para fazer novaplantação.Também na Maragra, grande parte das plantações de cana se encontramperdidas: Segundo informação de um responsável da empresa, Câmara e Sousa, acedência de um dique natorre norte originou a perda total de 340 hectares de cana. A seguir cedeu o diquedo sector «A», o que não implicará a perda de grande parte dos 1.640 hectares deterra.Ainda segundo o mesmoinformador, o resultado em produção de açúcar, representa uma quebra na ordemdas oito a dez mil toneladas, sensivelmente o montante da produção do últimoano. Porém, devido às inundações, que causaram prejuízos não só nas plantaçõesda Maragra como nas de canavieiros particulares que vendiam a cana àquelaunidade, a pro-«FLM ýý I' 110,i, -tiIt pd . 56

dução não deve ultrapassar as trinta mil toneladas.CHEIAS MOTIVADAS PELA CONJUGAÇÃO DEVÁRIOS FACTORESAs inundações na bacia do Incomati que este ano atingiram proporções como hámuito não acontecia são atribuídas à conjugação de vários factores. Essa conju.

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gação provou assim uma situação anormal que veio mais uma vez trazer àevidência a falta de estruturas que, quando criadas irão permitir a defesa daspopulações e das culturas contra a invasão das águas .e diminuir os estragos queestas habitualmente cau. sam.Entre os factores que os residentes nas áreas afectadas apontam como causadoresda situação, são citados o de a chuva cada em Dezembro ter preenchido as lagoasque se encontravam secas pelo que as últimas chuvadas encontraram já o terrenocompletamente alagado. As águas ficaram então depositadas nas terras maisbaixas sem possibilidade de escoamento para o rio por o nível ser muito elevado.Recorde-se que a precipitação na bac;a do Incomati ultrapassou os 400 milímetrosem apenas três dias. Mas, além da chuva caida em território moçambicano asubida do nível dos rios já vinha sendo originada pela chuvaregistada na África do Sul, havendo ainda quem admi. ta que na mesma ocasiãotenham sido abertas as comportas naquele pais.No que respeita ao reben. tamento dos diques da Ma. ragra, o responsável daquelaunidade informou que a chuva que caiu fez subir o nível do rio e provocou oenfraquecimento dos diques tendo a ponta de cheia provocado o rebentamento dosmesmos, nos pontos onde se encontravam mais 'fracos.Qualquer das opiniões registadas permitei chegár a uma conclusão: a falta deestruturas para se poder controlar o curso do rio e evitar as destruições que seregistam ano após anoMas, como é que será possível criar essas condições, qual o processo que permitareduzir, atenuar, os efeitos das inundações?DOMINAR A NATUREZAPELA PRÁTICA DO ESTUDO DO TRABALHO EDA VIDA COLECTIVAA conquista do poder politíco pelas massas populares unidas e organizadas pelaFRELIMO permite que no'decorrer da dura batalha da reconstrução nacional emque todo o Pais se encontra engajado, se crie m as condições para que taisfenómenos sejam conírolados pelo Homem.A organização em aldeias comunais das popula-O nível atinaido Pelo Incomáti em Maqude. é elucidativo dós estraaos u, severificam em toda as ia; b3cia.1<3>1

ções destas zonas, permitirá uma defesa destas em relação a situações destegénero,, além de criar as condiçõbs para a transformaçãodas grandes chuvas emfonte de riqueza e de aumento da produção agrícola.Estas afirmações contidas no comunicado do Ministério do Interior emitido nopassado dia 7 (ver Tempo n.o 280) apontam muito claramente o caminho a seguirpara que o Povo moçambicano possa dominí a Natureza e deixar de ser dominadopor ela. Isto é, só através duma vida organizada em aldeias comu-nais, através do trabalho colectivo, da vida colectiva, será possível enfrentarsituações semelhantes.Hoje, as pessoas vivem dispersas distantes umas das outras e o esforço de cadapessoa, de cada família, para impedir que a água atinja a terra por si cultivada ousua habitação é um esforço sem grandes resultados. Pode permitir que uma

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pequena machamba ou uma casa não seja atingida, mas não pode evitar quedezenas, centenas ou ,milhares de famílias sejam atingidas. Até porque aindaexiste um hábito muito enraizado mas que a prá-tica tem demonstrado estar errado, que é o de, em muitos casos, as habitaçõesserem construídas mesmo junto às machambas. Então, quando vêm as chuvas,quando o riodeita por fora, cada um defende a sua terra e a sua casa ou, esperaquê o hilicóptero o venha buscar para local -seguro. Estará este procedimento estamaneira de viver correcta? Certamente que não.É por isso que se diz que a organização em aldeias comunais permite que aspopulações se defendam de situações deste género, além de criar condições pa-ra a transformação das grandes chuvas em fontes de riqueza e de aumento deprodução. Isto porque na aldeia comunal as populações vivem em comum, ashabitações são construídas umas perto das outras, enquanto as machambas ficemnoutro local mais afastado mas representam também o esforço colectivo, são oresultado do trabalho colectivo de todos os habitantes da aldeia. Por isso, aspessoas vivendo perto umas das outras e de maneira organizada encontram muitomais facilidade em se juntarem e em colectivamente estudarem a me-Na estrada Nacional n.° 1, depois da Palmeira a destruição de uma ponte pelaságuas, motivou o corte. daquela importante via passando o trânsito entre o sul e onorte a processar-se pelo aterro velho. Como a imagem documenta os trabalhos dereconstrução já tiveram inicio.'<TEMPO» 11,',251 -- Ipdg, 48II,-

Ihor forma de , executarm os trabalhos necessários para protegerem as habitaçõese as culturas. A construção de diques, de pequenas barrageis de terra,, quepermitam criar reservas de água para que a terra possa produzir durante todo oano, é uma forma de dominar a natureza, de aproveitar os recursos da- naturezaem benefício do homem, de melhorar as condições de vida do Povomoçambicano. Mas é um trabalho que só estudado, planeado, executado emconjunto e de maneira organizada dará os resultados que se pretendem.Embora sem correrem perigo, muitas populações ficaram isoladas pelas águas esem possibilidades de comunicação por terra. Transportando entre 300 a 400quilos de géneros de primeiranecessidade em cada viagem, um helicóptero procede ao seu abastecimento.Como sucede com as pessoas afectadas pelas inundações, em muitos outroslocais do nosso País as populações compreenderam a necessidade de seorganizarem em aldeias comunais, segundo as orientações cio Partido e do Go.verno, como forma dó com bater a fome, a nudez, a doença, a miséria. Portanto, oprimeiro trabalho é a estruturação do Povo, a organização do Povo em sociedadescomunais, se nós quizermos triunfar, como afirmou o Camarada Presi. dente nasessão de abertura do Primeiro SeminárioNacional de Agricultura, realizado em Marrupa, onde a dada altura afirmou:Pensemos, desde já, como utilizar os rios de Mo:ambique, as represas, oseservatórios. Portanto nós utilizamos mal a terra, aqui, em África, em geral.

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Temos cinco meses de chuvas torrenciais, o que a Europa não tem. Todas 'aschuvas que caiem e vão para o mar. Correm para o mar.Os rios, noite e dia, transportam as suas águas para o mar e a terra está seca. Aterra está seca. Temos cinco meses de chu-vas torrenciais para sete meses sem chuva, e não produzimos durante sete meses,á espera da obra misericordiosa, Ora nós temos a nossa inteligência, temos anossa capacidade e temos os rios. Seria útil que nós estudássemos de uma manéiraprofunda, a partir do Rovuma até ao MWputo. São riquezas do País. A maiorriqueza do Pais são os rios. E nós temos os rios e há fome em Moçambique.Portanto podemos dizer que a fome é organizada.«TEMPO» n., 281 - pág 59

Face ao decisivo combate travado pelos movimentos revolucionários socialistas ede libertação nacional, face a tomada de consciência e sublevamento dos Povosoprimidos, e para reparar os insuficiências e fiascos do colonialismo clássico, osimperialistas, com os Estados Unidos à cabeça, são obrigados a recorrer a umnovo colonialismo comuflado, ao neo-colonialismo.O neo-colonialísmo não nasce como uma posição de força, mas como umaposição de fraqueza do imperialismo que recua táticamente à ofensiva das forçasrevolucionárias, para manter as suas posições no mundo.No momento actual, a Ásia, Africa e a América latina constituem a zona datempestade revolucionária onde se acumulam todas as contradições do mundo amalha mais fraca do sistema imperialista. O Povo trabalhador, do qual oscamponeses constituem a maioria, é sumeti do as formas de exploração e opressãomais crueis exercidas pelo imperialismo em conluio com os proprietárioslatifundiários e os burgueses comérciantes desses m e s m o s países. Oimperativo da produção como aspirações profundas do Povo exigem a luta delibertação nacional, a libertação das forças produtivas. A formação, e odesenvolvimento dos países socialistas, entre os quais se encontram ex-colónias, es t i m ulam fortemente os Povos oprimidos, e particularmente o s operários ecamponeses. Eles estão unidos em torno dum princípio revolucionário s e mprecendentes exigindo não apenas a libertação nacional e reformas democráticasmas tamUI'V > n - 'O,. ÷Ibém a libertação do trabalho e a marcha em direcção ao socialismo. Esta situaçãoimpede o imperialismo de continuar a sua antiga política colonialista. Para não searrícar a tudo perder ele apressa-se a juntar-se à burguesia - essencialmente àburguesia compradora e os propriétários de imóveis feudais - a fim de praticaruma política neo-colonialista com vista a poder manter os seus privilégiospolíticos, as suas posições económicas e militares. «Soltar para melhor segurar»tal é o significado da manobra.«0 neocolonialismo constitui, assim, uma política imperialista com vista a salvar ocolonialismo da derrocada, impedir os povos que acabam de recuperar a suasoberania de ascenderem a uma independência real, entravar o movimento delibertação nacional, as tendências socialistas entre operários e camponeses dessespaíses.»COMPETIÇÃO ENTRE

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OS ESTADOS CAPITALISTASNo decurso dos últimos decénios, o problema dos merca-dos e das matérias primas tomou um aspecto particularmente importante para ocapitalismo imperialista visto que as vitórias da luta de libertação nacional,limitaram, por um lado, o mercado e a esfera de influência do imperialismo; poroutro lado, a nova revolução técnica permitiu às economias dos paísesimperialistas, incluindo os vencidos da guerra: Alemanha, Japão e Itália), de serenovarem e desenvolverem bastante rápidamente, e daí portanto, umanecessidade constante de matéria primas e de mercados.O imperialismo americano em particular, após a segunda guérra mundialultrapassou nitidamente todos os outros e tornou-se o imperialismo mais rico, emais forte, o chefe de fila do mundo capitalista. Daí resulta um exarcebamento daluta inter-imperialista para a conquista dos mercados e das matérias primas.Entretanto as forças revolucionárias e da paz são neste momento suficientementefortes para impedir aos imperialistas belicistas de desencadearem uma novaguerra mundial com vista a uma nova partilha dos mercados. O imperialismo teráde procurar novas formas de actuação para conquistar os mercados e as suas.esferas de influência. O neo-colonialismo r e v e 1 a-se assini ser um dos meiosmelhor adaptados levado a cabo pelos imperialistas, em particular os imperialistasamericanos, na disputa dos mercados. Apoiando-se na sua supremacia económicae militar no mundo capitalista, aproveitando-se do enfraquecimento e dasdificuldades dos outros imperiálistas durante os anos que se seguiram à guerra,

A Jome nos po?íses pobres é provocada pela exploração d o povo e das riquezasnaturais pelo imperialismoo imperialismo a m e r 1 c a n o, sob os slogans de «defesa do mundo livre»,«lutacontra o perigo comunista», usando da «assistência económica e militar», cri oualiançascom numerosos países, conjuntamente com -as potencias imperialistas,afim de os controlar. Graças a estas manobras, os americanos puderam pouco apouco extorquir aos outros imperialistas as suas antigas colónias e dependências.Para não perderem as suas colónias em favor dos americanos, os outrosimperialistas abandonam o antigo colonialismo, e recorrem a uma política neo-colonial, procurando por todos os meios escapar ao control americano, e contraatacar a ingerência americana nas suas zonas de mercado e esferas de influência.É preciso dizer que os métodos neo-coloniais na luta pelos mercados entre ospaíses imperialistas não exclui, mas comporta necessariamente meios militares,sob a forma de golpes de estado reac-cionários ou de conflitos armados, entre as forças em jogo ao serviço dos.imperialistas divergentes nas suas colónias de novo tipo.«0 neo-colonialismo" constitui portanto uma política imperialista que visa àconquista dos mercados e matérias primas à custa dos outros imperialismos,enquanto que o resultado das forças pendem nitidamente para o lado das forçasrevolucionarias: é uma política fundamental do imperialismo americano afim derepresentar o seu papel de polícia internacional e conquistar a hegemoniamundial. »

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Em resumo, o neo-colonialismo é um produto necessário da evolução histórica,nascida das condições políticas e económicas ,gerais do mundo, da acção.das contradições fundamentais da nossa época, da resultante das forças entre arevolução e a contra revolução. Ele dirige a sua ponta de lança contra osmovimentos de libertãção nacionais, contra as forças do socialismo e da paz nomundo. Pode-se prever que ele constitui a forma última de colonialismo durante operíodo das convulsões agonizantes do capitalismo. Na etapa actual, o conteúdoessencial da luta anti-imperialista é combater o neo-colonialismo. Lutar contra oneo-colonialismo não é uma tarefa que diga respeit9 apenas às forças deindependência e libertação nacional, mas uma tarefa comum a todas as forçasrevolucionárias do mundo.«« TEMPO») n" 28?1- pdg 61

DOIS "CONTOSPOULARIESOs contos populares que a seguir publicamos foram-nos enviados por doisleitores. Para além do seu conteúdo eles significam a participação activa que oPovo moçambicano aprende a prestar- em todos os sectores da vida nacionalnomeadamente no domínio da Informação e no enriquecimento cultural.O primeiro versa sobre a alienação de un' jovem, filho de camponeses, e a suarecuperação para a cultura e convivência popular. O segundo foi inspirado noscontos tradicionais.O FILHO DO CAMPONrSCerto velho camponês que tinha um filho decidiu instruir o filho com aseconomias que recolhia através da colheita da sua pequena machamba. Começou,mandando o filho para uma escola local. Depois de concluir o ensinò primário, 4.,classe, o pai então perguntouao filho se gostava de continuar o que o filho agradeceu.Como o velho ia juntando as economias das suas colheitas da machamba entãomandou o filho para uma escola sita na capital provincial, ex-distrito, parafrequentar o ensino secundário. Frequentouo ensino secundário vivendo em casa dum parente que vivia nessa cidade onde seencontrava a trabalhar. O velho mandava de vez em quando um pouco dealimentação para, o parente que vivia com o filho a fim de ajudar na alimentação.O filho quando fez exame do 2.' ano tirou as melhores proNvas desse ano naquelaprovíncia o que chamou atenção do governo colonial. Dois dias depois dosexames os responsáveis do governo daquela cidade convidaram o filho do pobrevelho e inteiraram-se da situação como ele tinha produzido o suficiente p a r aaguentar com as despesas escolares do filho. Então ofereceram uma bolsa deestudo ao jovem e o jovem aceitou mas com a condição de pedir autorização aoseu pai. Quando contou ao velho da sua sorte este depois de pensar aceitou...Quando voltou para a cidade o filho deu a conhecer aos dirigentes coloniais aresposta do pai. Então já com bolsa foi viver num lar dos estudantes controladopor co-

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lonialistas onde se dava uma educação correspondente ao regime. A partir daquelemomento o jovem mudou de pensar.Desconsiderava os pobres, não via os pobres velhos com aquela atenção quetrazia da casa dos pais. Quando ertrava de férias não ia para casa dos pais porqueera mato e não havia conforto. O pobre filho já estava envenenado.Muitos anos depois de se licenciar voltou para casa dos pais. Quando chegou aprimeira coisa foi perguntar ao pai qual seria a casa para ele dormir. O paiindicou-lhe uma casa redonda, maticada de matope, onde se encontrava umaesteira e dois cobertores 'para o filho se cobrir. Ao jantar comeu uma colher decomida feita pela mãe e deixou. Naquela tarde fartou-se de murmurar exigindoum muleque para tratar dele e da sua, roupa. Embora fizesse tudo istoindirectamente o pai soube.Depois do jantar o filho agi adeceu aos pais por terem decidido que ele estudassee que já tinha concluído o curso de advogado.O pai disse que tinha que aprender mais. O filho disse que não havia mais nadapara aprender.Q pai disse ao filho «Faltam-te conselhos». O filho disse que era precisamente oque tinha aprendido no curso. O pai então disse: «Faltam-te conselhos populares».O filho disse que conhecia alguma coisa. Depois chegaram a acordo e o velhotomou decisões.Tirou 1500$00 e disse: -vai aí pelo mato fora. Quando encontrares velhos ouhomens a trabalharem na machamaba ou noutro trabalho popular peça conselhosque vão te dar». Com o dinheir9 saiu de manhã e só às 15 horas é que encontrouum velho a cortar estacas. Depois de historiar o seu passado incluindorecomendações do velho pai o dinheiro que trazia, o velho das estacas disse:-O teu pai tem razão, meu filho. Eu dou-te um conselho para a tua vida comohomem. Recolheu as estacas e junto com o jovem doutor foram para cosa dovelho, jantaram e disse: Um conselho custa 500$00. Depois de pagar o velhodisse: «Quando anoite-«TEMPO» n., 281 - pdg. 62

cer ficas em casa onde esti. veres ou seja dormes. Não podes passar noites avadiar ou noutras brincadeiras insignificantes. O jovem não ficou convencido e ovelho reforçou dizendo que era muito importante.No dia seguinte continuou. a sua caminhada e encontrou outro velho a cultivar.Conversando com ele historiandO todo o seu passado. O velho também levou ojovem para casa e depois de almoçarem pediu-lhe quinhentos escudos e disse: <4teu pai tem muita razão assim c:omo o orimefro vAlho ním talevou quinhentos escudos». Você precisa de conselhos para ser doutor completo.Disse que o conselho que lhe daria era que quando fosse chamado por qualquerpessoa atendesse em respeito e nunca se calasse para ninguém. O jovem foivendo que eram palavras simples mas eram importantes.No* dia seguinte depois de seguir à frente encontrou òutro a carregar um cântarode água e contou-lhe tudo como vinha sendo e o velho disse: Precisava dissomesmo. Depois de o levar para casa e

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ter os conselhos que os velhos lhe derem pode ter cortea de que com mentiras eoutros meios de lhe invejar jamais será condenado» e pediu-lhe quinhentosescudos. Só com estas palavras e o jovem pagou.Quando chegou a casa contou ao pai então o pai disse reforçando: precisavasdessa experiência. É importante tudo o que lhe disseram.Com este conto queria que compreendessemos que com muitos conhecimentossem política ou sem experiência do povo, com despreso para commos vencer o inimigo seja ele o mais fraco.Vamos camaradas viver as experiências do povo, vamos aprender muito queconseguiremos vencer qualquer tentativa inimiga. Não é só conhecermos semcumprir.Já sabíamos desde que a FREI4MO chegou que o iniéígo não tem cor, nãoacreditavamos vimos nos passados dias 17'e 18 de Dezembro o cumprimento daspalavras de ordem tem muita importância.Abaixo a indisciplina.Viva a experiência do povo.«Se v-u raspei- os poores jamais conseguire- Samuel Alfredo CatineO COELHO OUE OUIS TROCAR PEIXES SEfOi PELO AMENDOIM,MILHO [MANDIOCAAOS CARANGUOfD NA ÉPOCA DE OME.,Um coelho pescador vivia numa região onde havia falta de amendoim, do milho eda mandioca, Um dia, o coelho vinha da pesca, carregado de um saco de peixesfrescos à cabeça, passou pela povoação dos caranguejos, em direcção a sua,região. Os caranguejos atraidos pelo cheiro de peixes frescos, mandam parar ocoelho e perguntam, amigo coelho que você traz nesse saco? O coelho responde,trago comigo peixes. frescos, para ir secá-los em minha casa e depois trocá-lospelo amendoim, milho e a mandioca, para mais tarde vender és pessoas da minhapovoação. Os caranguejos, em uma s6 voz disseram ao coelho, nós aceitamostrocar pelo nosso milho, amendoim e a mandioca, assim escusas duplicar o teutrabalho. O. coelho concordou com o conselho dos seus clientes, colocou o sacoao centro da povoação dos caranguejos, pediu a medida correspondente a cadaquantidade de peixes aceitável para troca. O coelho, fez o seu negócio, os peixesque trouxe acabaram todos. Voltou ao rio, apanhou mais peixes e foi à mesmapovoação trocar pelos cereais. Tudo fez por empréstimo a curto prazo, dois dias, oprazo acordado para o transporte dos viveres. No 2.° dia, apareceu 0 coelho comum carro grande para tran:ortar 20 sacosde milho, 25 sacos de amendoim e 50 sacos de mandioca. O que se verificou? Ocoelho não encontrou ninguém no sítio combinado. Esperou bastante tempo,apitou por várias vezes e ninguém apareceu. O coelho desceu do carro, foi chamá-los pelos nomes, passou de porta a porta, mesmo assim não conseguiu encontrarnenhum caranguejo. O coelho dirigiu-se à Polícia comunicou facto, a Policiapromove uma equipa para recrutar os devedores afim de submetê-los a uma sériainvestigação. O coelho e a Equipa Recrutadora andaram pela volta de toda apovoação e dentro, não apanharam nem, sequer um único caranguejo. O coelhoregressa à Policia, entrega a Equipa Recrutadora e agradece o trabalho ao,,Comandaáte. Que fez o coelho? Toma o caminho e regressa à sua região todo

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preocupado e triste. O coelho não se descansou, logo trátou de transformar o, seunegócio de peixes em batuque atraente. Arranjou 5 miúdos, treinou-os batuque eespecializou mais outros 5 em batuqueiros. Um dia, o coelhõ recebeu um convitedo chefe da povoação dos seus devedores, para: passar 2 dias de batuque. Ocoelho foi satisfazer aquele pedido ao membro popular da zona. O Coelhoaproveitando da ocasião, já que se encontrava na zona dos seus devedores, pe-diu autorização ao membro, responsável pela zona que, o deixasse ali perto passarum dia a batucar-se, sendo a zona da preferência do coelho. Q membroresponsável, dignou-se autorizar o coelho para fazer o seu batuque em qualquerlado da zona. O coelho, qfast0u-se do sítio onde tinha sido convidado eàproximou-se aos buracos dos caranguejos, preparou o seu batuque. Avisou asmassas assistentes de que não se assustassem quando o vissem dançar fora docentro batucal, era o seu uso, quando estivesse animado. Começou o batuque,tanto dançaram uns como dançaram outros. Dada altura, entrou para dançar oespecialista coelho. Puxou pelas capulanas, atou-as bem atadinhas, atou o colar deamêjoas em cada uma das suas perninhas, o outro ao quadril. Vérificou-se -coisacertamente atraente que, não deixou fi-car nos buracos nenhum carranguejo, O coelho, saltou a gestos de batuque,dançou, muito tempo até que, todos os carangueios se embriagaram por assistí-loO-fornecedor coelho, enquanto dançava aproveitou a ocasião de retapar todos osburacos de anflbios caranguejos, começando pelos buracos mais afastados docentro batucal até aos mais perto, incluindo com os das formigas. Esperto comoera, o coelho faz intervalo, como que estivesse cansado para ver se sobravam unsburacos. Felizmente não sobrou nenhum por retapar. Deu sinal de parar obatuque. Que resultou aos caranguejos? O coelho, recolheu-os todos, enfiou-osnum saco grande.UnidadeVigilânciaTrabalhoInácio João Ferro - Beira «TEMPO» n., M1 pd& 63

IR[ PNIS ota da r...«a e~D[ ANÃ[IS[ À POLITICA DA FR[LIMO1 -Assistiu-se ao longo da década de sessenta por esta África dentro a sucessivasindependências algumas lideradas por movimentos progressistas. Salvo algumasexcepções como na Guiné-Conakry, na Argélia, na Tanzania, no Congo e emoutros países, a pequena burguesia (parte da qual aspirante à burguesia nacional eque se iria juntar ao efectivo já existente legado pelo colonizador), foi-seconsolidando apoiada directamente pelo imperialismo, tomou conta dos efectivosmilitares e policiais os quais passaram a defender os seus interesses a todos osníveis. O erro de muitos dirigentes, cujo progressismo ficou apenas no domínio dateoria, foi manterem acesa a chama do nacionalismo no plano das ideias sem .,ueao mesmo tempo criassem as bases para uma revolucionarização da sociedade,sem que tomassem medidas radicais nos sectores económico, social, habitacional,etc..

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Os golpes de estado reaccionários sucederam-se uns atrás dos outros. Poucos anosdepois estavam criadas as bases, para urha sólida implantação do sistemaneocolonial. Caía no vácuo da terminologia o progressismo d a s Constituiçõesiniciais.Na República Popular de Moçambique a situação é um pouco diferente devido àcriação de uma unidade nacional operário-camponesa. conseguida ao longo dedez anos de luta armada. A situação é diferente mas não o suficiente que permitaviver-se das vitórias do passado. As vitórias passadas consolidam-se com novasvitorias. As medidas revolucionárias do passado ganham continuidade através denovas medidas revolucionarias. E é isso que esta a ser feito no República Ponul-'de Mocambioue. Não se dorme drnhaixo da sombra frondosq das nlóriasanteriores.2- Alguns moçambicanos, em relação as decisões tomadas no dia 3 de Fevereiro,pretendiam que só fossem nacionalizados os bens imobiliários dos estrangeiros.Esse passo porém, só viria beneficiar a pequena burguesia nacional cuja somasalarial já lhe permitiu um avanço de classe crescente precisamente nesse sectorde rendimento. Daí que a Direcção não tenha caído nesse engano.O Partido e o Governo da República Popular de Moçambique, decididos a cortarpela raiz os tradicionais males de um país recem-independente após séculos decolonização optou pelo caminho de. como diria o Presidente Samora na aberturada 8.1 reunião do Comité Central ,liquidar o inimigo desencadeando ofensivasque consolidem e ampliem as nossas conquistas e impeçam o pequeno inimigo detornar-se grande e forcem o grande inimigo a tornar-se pequeno». Unir osoperários, os campon'eses e as camadas progressistas criando as condiçõesobjecti. vas que unem; não permitir que as classes mais privilegiadas possam vir acontrolar importantes sectores da vida da Nação. As primeiras nacionalizações(escolas, colégios, terrenos, clínicas, cartórios) marginalizaram a grandeburguesia colonial; as decisões de Dezembro últi-mo intensificaram o carácterpopular e revolucionário das Forças Populares de Libertação de Moçambique,garantia máxima da Revolução; a nacionalização dos prédios e casas dearrendamento vem redefinir e marcar mais claramente a intransigência da essênciaanti-burguesa e anti-capitalista da FREkIMO. 3- Só as medidas revolucionáriasnos empurram para uma actividade revolucionária. Algumas pessoas não tinhamainda compreendido a Linha Política da FREIMO Era ai qo inserido num punhofechado a dizer viva, a dizer abaixo. Muitos denos não compreendíamos. Todavia a linha é clara e é coerente com a seguinteafirmação do Presidente Samora na sua primeira Mensagem a Nação, logo após adeclaraçãD de Independência:«Dizer República significa dar substância às aspirações dos milhares demoçambicanos dominados e explorados para quem, a Independência é condiçãopara o fim 'd. exploração e o estabelecimento de um regime popular.Dizer República Popular é dizer independência, dizer República Po. pular é dizerRevolução.(. ..) O Estado não é uma máquina burocrática de funcionários nem um serabstracto nem um simples aparelho técnico. O Estado é em cada momento a

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forma organizada através da qual uma classe assume o poder a fim de realizar osseus interesses».Será necessário repetir que a classe que está no poder em Moçambique é a classeoperário-camponesa? Será necessário lembrar que no Hino Nacional diz-se que «anossa Pátria será o túmulo para o Capitalismo e a exploração?»Será necessário voltar a dizer que a FRELIMO é intransigente no que diz respeitoà consolidação do Poder Popular que se materializa progressivamente através doEstado (tão duramente conquistado) realizando as aspirações de classe dosexplorados moçambicanos e que estes, como classe que lutou e luta pelo podertotal, não diferem dos operários e camponeses de toda e qualquer parte do mundoonde lutam contra o capitalismo, contra o imperiailsmo, contra as velhasconcepções burquesas das relações entre indivíduos, contra a usurpaçãq dadionidade humana através da força das botas e baionetas, contra a neqaçãoteimosa da dialéctica da História?«]"EMPO» 1. 9J81 -- 1,rg 64

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