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ý 1/ ý 1/ 1111 %, « 1 61% UU911,11 11111,111 1111911,1111111111 eu sou exigente Para os meus bolos e cozinhados uso sempre Margarina Especial fabricada com õleos refinados purissimos. Só a Margarina Especial me garante sucesso absoluto junto dos meus convidados! A Margarina Especial contêm as vitaminas Ae D use Margarina Especial e veja a diferença Um produto da INDUSTRIA MOÇAMBICANA,LDA FBRICA DE MARGARINAS ~, Z N.>211-13 DE OUTUBRO DE 1974 SECÇÕES Nota da redacção ........... Semana a Semana ........... Enviados.do M.A.I. a João Belo - Consolidar a paz - Agricultures -e--aFrente de Libertação de Moçambique - Gideon Ndobe em discussão com professores primários - Ligações aéreas com África - Jornalista Sul-Africana refugia-se em Moçambique- Descolopização: Cabo Verde, Angola - Luanda: censurados docentes da Universidade - Portuaal nos bastidores 1 2 da intentona fascista Tempo Desportivo . .............. 41 Um não aos êxitos fachada - Do manifesto sobre o desporto da Unesco - O futebol desalão (local) inscrito na confederação internacional - A República Popular da China admitida na F. 1. H. A música e a canção ao serviço do povo ....................... 50 Palavras cruzadas .......... 53 REPOR AGENS Cont =o com o povo- a segund'ý ofensiva do Governo de Transição ........................ BNU em Moçambique: grande mas não tanto ..............

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Page 1: ý 1/ - JSTORpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem19741013.pdf.bala da sua metralhadora. A imagem que publicãmos é simbólica. Realmente é preciso desencaixotar

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eu sou exigentePara os meus bolos e cozinhados uso sempre Margarina Especialfabricada com õleos refinados purissimos.Só a Margarina Especial me garantesucesso absoluto junto dos meus convidados! A Margarina Especial contêm asvitaminas Ae Duse Margarina Especial e veja a diferençaUm produto da INDUSTRIA MOÇAMBICANA,LDA FBRICA DEMARGARINAS

~, ZN.>211-13 DE OUTUBRO DE 1974 SECÇÕESNota da redacção ...........Semana a Semana ...........Enviados.do M.A.I. a João Belo - Consolidar a paz- Agricultures -e--aFrente de Libertação de Moçambique - Gideon Ndobe emdiscussão com professores primários - Ligações aéreas com África - JornalistaSul-Africana refugia-se em Moçambique- Descolopização: Cabo Verde, Angola -Luanda: censurados docentes da Universidade - Portuaal nos bastidores12da intentona fascistaTempo Desportivo . .............. 41Um não aos êxitos fachada - Do manifesto sobre o desporto da Unesco - O futeboldesalão (local) inscrito na confederação internacional - A RepúblicaPopular da China admitidana F. 1. H.A música e a canção ao serviço do povo ....................... 50Palavras cruzadas .......... 53 REPOR AGENSCont =o com o povo- a segund'ý ofensiva do Governode Transição ........................BNU em Moçambique: grandemas não tanto ..............

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Prostituição: tráfico sexualmata 0 fome ..........Moçapbique: base revolucionála contra o racismo e o imperialismo .....................GPZ: instrumento do colonialismo ao serviço do povo.Porque falta o ferro em Moçambique? ......................O que é a OUA? ..................PUBLICIDADE REDIGIDANutresco: luta contra a fomeO Dia Mundial da Criança passou despercebido em lgoçambique. Criado pelaOrganização das Nações Unidas o dia 7 de Outubro é uma homenagem esimultaneamente um apelo à consciência dos adultos de todo o Mundo para asflores da vida que são as crianças Flores da vida e também indubitáveiscontinuadores dessa mesma vida, esperança de uma paz duradoira entre as nações.Flores da vida e também inocentes vitimas de erros imputáveis aos detentores darodado mundo alguns dos quais são-os responsáveis pelo subdesenvolvimento,pela fome, pela miséria,pela ignorância, pela alienação em que mais de metadedos habitantes da terra vivem incluídas, naturalmente, as crianças.Falar da fome, da miséria, da ignorância e da alienação é falar do TerceiroMundo. que o Dia da Criança se dirige. São elas as principais vítimas de um impe.rialismo cada vez mais assanhado, de um colonialismo cada vez maiscamaleónico, de uma exploração cada vez mais frenética.São crianças transformada em reserva de mão de obra barata, futuros mineiros,pedreiros.... e, felizmente, também futuros dirigentes políticos paladinos daabolição da moderna escravatura, guerrilheiros qae cantarão a liberdade em cada.bala da sua metralhadora.A imagem que publicãmos é simbólica. Realmente é preciso desencaixotar acriança. Tirá-la dos caixotes do capitalismo, do imperialismo, do colonialismo, dosubdesenvolvimento material e mental, desencaixotá-la para que, finalmente livre,possa viver num Mundo mais perfeito sem a sombra de um Vietnam, oressurgimento de um Hitler, o espectro de uma C.4-A. de uma P. I. D. E. oumesmo a firacabra possibilidade do reaparecimento de um fascismo saazaristacom s eu s Wiriamos e Mocumburas...São as crianças as mais belas flores da vida. Façamos -da terra um planeta maishabitável para que essas flores não murchem ao desabrochar.JN.ocota - A NOSSA CAPAA ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE AFRICANA e os países que a constituem éo tema genérico do ,dosueier- que TEMPO inicia neste número. Com a suapublicação pretendemos contribuir para a iniciação do leitor no conhecimento dosverdadeiros problemas africanos.- A Nossa Capa, esta semana, refere-se exactamente, a este assunto.SUMARIO

\ E' JOAÃõ BELOEncontram-se em João Belo enviados especiais do Ministério da AdministraçãoInterna propositadamente para ali se inteirarem da situação resultante de actos de

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vandalismo per, petrados contra cantinas e outras propriedades 'privadas porgrupos de.indivíduos ainda não bem esclarecidos sobre o ideírio. da Frente de Libertação deMoçambique.Conjuntamente com outros elemen.tos da Frente naquela zona,os elementos dq, MA.I. promoveram diversas sessõesde esclarecimento no sentido de assegurar a todos calma e tranquilidade,CONSOLIDAR A PAZ«Pertenço à Comissão Militar Mistae a minha missão em Quelimane e no Norte é ver «in loco» como se processa oprograma do cessar-fogo estabelecido em Lusaca entre o Governo Português e aFrente de Libertação de Moçambique», - estas foram as palavrasde AlbertoChipande, Comandante aulmto das Forças Populares de Libertação e meibro daComissão Miltar Mista, à sua chegada à Beira, vindo dO norte de Moçambique-em missão de serviço. Anteriormente, visitara NampUla, Porto Amélia, VilaCabral e Quelimane.Respondendo a uma outra perguntaem breve entrevista concedida ao «Notícias» afirmou ainda, entre outras coi ss:,«Por todas as partes por onde seassi verifiquei que éxite a preocupação maaior,tanto do lado do Exército Português como dos quadros da FRELIMO de queos'objectivos sejam cumpridos. O interesse .é comum e tudo isso porque o PovoPortuguês e o Povo Moçambicano estão unidos pelos mesmos ideais porquedurante longos anos sofreram a opressão e a dominação. Todos os que estãoengajados nesta tarefa são o próprio povo, e é, portanto, o próprio povo que estáa resolver os seus problemas». ,No que diz respeito ao problema dapaz e dificuldades do caminho a trilhar para a sua consecução, o camaradaChipande opinou: «Não poderei dizer que a paz total reina em Moçambiqueporque há que esclarecer certos problemas criados pela população moçambicana,tanto negra como branca, Digo isto porque há longos anos os colonialistas e ofascismo inculcaram nos espíritos o antagonismo entre os dois povos. Não énum dia que vamos resolver o problema e fazer com que haja amizade entre osdois povos. O nosso objectivo actual é fazer com que se chegue à compreenzsão,mas muitos não entendem essa11~U JIfIW4u nuLcwiVtuL rt-u mam emipregos com salários' justos,justam4en~te para enaltecer o pape ias classes; trabalhadoras na reestruturação daeconomia nacion.l».*PROSPERIDADEEis outros excertos dessa'entrevlsta: Sobre a necessidade de criar uma nova eduradoura prosperidade em Moçambique:«Precisamos de fazer uma reserva de dinheiro para abrirmos novas minas eaproveitarmos as rique2as, do nosso subsolo; para comprarmos tractores quevão aumentar a produção da nossa agricultura; para construirmos novas fábricas emelhorarmos as velhas o que permitirá produzir em maior quantidade e comqualidade superior. Isto é, não podemos gastar imediatamente todo o dinheiro

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com salários. Ê assim que criaremos uma prosperidade duradoura e nãopassageira».* VENCIMENTOSDOS MINISTROSSobre a questão 'dos vencimentos .dos ministros nos termos da mensagerl docamarada Presidente e após retorquir que ficava muito satisfeito por ver apreocupação do povo em decifrar todos os problemas, grandes e pequenos: «Os.militantes da Frente nunca tiveram sazldrio. Conforme- as suas possibilidades, opartido sempre resolve as necessidades essenciais dos militantes e suas famílias.Quem governa deve ter como preocupação essençial servir o interesse nacional ejamais aproveitar as suas funções de grande responsabilidade para se enriquecer.É por isso que nós renunciamos aos vencimentos».^ A SAIDA DOS TÉCNICOSSobre a salda de técnicos que se tem verificado ultimamente: «Não vemos razãopara tal, taito mais que se trata de pessoas que tinham dado no passado e podemcontinuar a dar no futuro uma contribuição concreta e utilissima ao progresso deMoçambique e ao estreitamento de laços entre os nossos dois povos. Isso é dointeresse do Governo de Moçambique e do Governo de Portugal: justamenteA pedido da Cooperativa dos Agricultores do Algodão dos distritos de Nampula eIlha, elementos da Frente de Libertação de Moçambique reuniram-se comagricultores a fim de esclarecer certas questões e dissipar dúvias.,,irig u os traballos da reunião,. cama Joaquim Munihep1, elemento doComité político da Frente de Libertação de Moçambique, que depois de se referirà política da Frente. no que diz respeito à segurança das pessoas e bein dequantos querem contribuir com o seu trabalho na construção de um Moçambiquenovo afirm qu: «Tudo será feito paa tranquílõzar os espíritos e garantir aomáximo ,a segurança das pessoas e dos bens». Continuando, o camarada lunhepeinvocou as palãVras de ordem do Presidente Samora- Machel e 'do Primeiro-Ministro Joaquim Chissano, condensadas na trilogia UNIDAD,. VIILÂCIA eTRABALHO.Em representação das Forças Armadas 'Portuguesas estiveram presentes nareunião o major Braga Barbosa e o alferes Sacramento e pela FRELIMO, além'daquele ,mnembro,. Salvadôr .Muterque.Os. agricultores, que têm vividomomentos de incerteza em virtude do momentopolítico, avroveitarnm o ensejo para apresentar os randes pr0blemas do sectorinclusivamente os concernentes ao custo de insecticidas e das pulverizações, dastaxas de 5 por cento cobradas pelo Instituto do Algodão de Moçambique e dos 20por cento que incidem sobre a semente, do custo exagerado das máquinas e alfaiasagrícolas e, sobretudo dos sobressalentes. A politização das massaçom vista auma maior produtividade e solidariediede entre o capital e o trabalho foi descritopor várioS intervenientes como sendo «do maior Interesse». Foram igualmenteaborda dos problemas da preparação e destroncas das terras que, segundoconvencionaram, deviam ser entregues a um organismo do Estado.

GIDEON NDOBE EM DISCUSSÃO .COM PROFESSORES PRIMARIOS

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O Ministro- da Educação e Cultura do Governo de Transição de Moçambique,camarada Gideon Ndobe, que se fazia acompanhar da camarada Graça Simbine,do Departamento de Educação e Cultura da Frente de Libertação de Moçambique,teve uma reunião com professores primários. Estiveram igualmente presenteelementos da Inspecção Escolar.O Ministro proferiu uma alocução, na qual, a certa altura, disse: «O objectivodesta reunião é uma troca de experiência, é um estudo em conjunto. Os nossosconhecimentos em conjunto são suficientes para resolver os nossos problemas.., oprofessor é um agente activo, importante e decisivo na transformação dasociedade».* PROBLEMAS LEVANTADOSEm seguida falaram os professores que propuseram vários problemasrelacionados com os programas, livros e métodos de ensino. De referir aintervenção de una professora que disse a dada altura: «Os livros são fascistas. Seos continuarmos a usar, estamos a servir o fascismo e não é isso que queremos,nós queremos combatê-lo». A propôsito, um outro professor. acrescentou:«Primeiro foi posto o problema dos programas, agora estão a falar doscompêndios, mas como podemos fazer compêndios sem os programas? Para mimquere-me parecer que o fundamental é definir o programa, O programa deve estarassente na realidade objectiva moçambicana».Face ao impasse que se gerou sobre o programa a seguir no corrente ano lectivo,,o Ministro Gide0n Ndobe disse: «A causa do impasse é a falta de objectividade»,acrescentando: «os nossos professores precisam estudar e discutir em grupo osproblemas do nosso ensino. Cada um vive como entidade isolada, as discussõessão reflexo de que somos. Há uma necessidade urgente de criar semindrios deestudo, para estudrmos os nossos problemas. O professor, para além de ter o deverde conhecer os problemas do ensinò, deve engajar-se na resolução dos mesmos.Os programas da FRELIMO foram sempre resultado da discussão entre osprofessores. É preciso generalizar-se essa experiência. Queremos reafirmar quenão limitamos a iniciativa criadora dos nossos professores. Os textos e os manuaisdevem ser um resultado do trabalho dos próprios professores. É também precisoque os professores estudem política em conjunto. É necessário elevar o níveltécnico dos nossos professores. ,Um professor não pode ser um bom professorquando não estuda, quando não aprende. O professor deve estar devidamentepreparado para educar o homem novo».Palavras inequivocamente adequadas a grande parte do professorado deMoçambique, agora chamado ao desempenho de .novas e decisivas tarefas naconstrução de um pais novo. Quem as compreendeeu e, principalmente, quem asvai concretizar na prática quotidiana de cada escola e cada aula?LIGAÇÕES AÉREASCOM AFRICAPor acordo de princípio entre a companhia aérea moçambicana DETA e as linhasaéreas da Africa Oriental, de que são co-proprietários a Tanzânia, o Quénia e oUgandá, foi fixado para o próximo mês o início das carreiras regulares entre osquatro países. Um porta-voz da East Africân Airways anunciou em Dar-es-Salaam que não foram ainda definitivamente estabelecidos os horários, mas que

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as duas companhias garantiriam um serviço semanal estabelecendo a ligação dacomunidade da Africa Oriental com a Beira e Lourenço Marques.A East African Airways efectuará carreiras entre Dar-es-Salaam e LoureiçoMarques, ao passo que a DETA assegurará voos para pontos da Africa Oriental,com origem na Beira e na capital moçambicana.O porta-voz explicou que a frequência das carreiras poderá ser aumentada se aprocura o justificar, devendo os pormenores ser ultimados na reunião que serealizará em Lourenço Marques antes do fim do mês.O acordo culmina as diligências empreendidas pelas duas companhias no sentidode estabelecerem comunicações rápidas entre Moçambique e os seus vizinhos daAfrica Oriental, em consequência do empossamento, no mês passado, de umGoverno transitório dominado pela FRELIMO em Lourenço Marques.Delegações da DETA e da East African Airways reuniram em Dar-es-Salaam,ao longo da última semana para negociarem o convénio.JORNALISTASUL-AFRICANAREFUGIA-SEEM MOÇAMBIQUEEstá a ser feito um inquérito policial a dois jornais da Cidade do Cabo acusadosde terem infringido a lei das reuniões insurreccionais publicando informaçõesacerca da manifestação a favor da Frelimo (que fora proýbida), realizada emDurban a scm:.na passada.Trata-se do «Argus» (vespertino) e do matutino nacionalista (tendência liberal)«Die Burger». O director e o

director-adjunto dunr outro vespertino, o e~ News», de Durban, foejprocessados pelas mesmas raIsõePor outro lado, uma jovem Jornaliata do «Daiy WNews» deixou a Africa do Sulcom destino a Lourenço Mar* ques acompanhada pelo seú. noivo.Numa nota deixada ao seu director, a Jornalista declarou querer assim evitar aentrega h Polícia dos nomes de alguns negros que se manifestaramem Durban.Embora proibida, a manifestaçãochegara a Iniciar-se em Durban, provocando a intervenção das autoridae alua prisõs.ESCO[ONIAÃOCABO VERBEA situa io actual em Cabo Verde é extremamente grave», afirma-se numcomunicado de esclarecimento do Grupo de Acção Democrática de Cabo Verde eGuiné (GADCG), com sede em Lisboa.«Na base de tal situação», prossegue o comunicado, «continua a estar a f lta dereconhecimento do único e legítimo representante do povo cabo-verdiano - oPAIGC - e as mano-bras tendentes a manter em Cabo Verde formas deexploraçiocolonis ou neocolonials. Estas manóbras traduzem-se (além do, nãoreconhecimento expresso do PAIGC),quer na manutençfi dos quadrosadministrativos coIônialã, visceralmente .. comprometidos com o regime fascista

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deposto em 25 de Abili "quez na cobertúra às' suas ac reaccionrias, obviamentelesl.vas dos interesses do povo de Cabo Verde».Noutro passo do comunicado:«Mó a independência total de Cabo Verde pode abrir caminho a que,Juntamente com o povo irmão da Guiné e dando realização ao sentir da maioria, opovo de Cabo Verde entre no camiínho .da realização do progresso que o libertaráda fome, da m ria, da Ignorância e abandono forçado da sua terra.Mais afirma estar convencido de que a grande maioria da massa trabalhadora e asforças progressistas portuguesas esto solidárias com a luta do povo cabo-verdianopara sua liberdade total, sob a bandeira do único partido que representa a maioriados cabo-verdianos».ANGOLA0 dr. Agostinho Neto, presidente do MPLA e Samora Machel, da Frelimo,encontraram-se em Lusaca, para conversações com o presidente Kenneth Icaunda,sobre o futuro de Angola.Embora nio tenham sido revelados quáis os tplos das conver ,pensa-se que estas incidiram sobre as divergências no seio do MPLA, a deseJadaunidade entre os três maiores Fovimentos de Ubè~rto de Angola o as projeetadasnegociações com Portugal para a Independência daquelaObservadores políticos afirmam que o facto de Agostinho Neto não estaracompanhado pelos dirigentes dos ou. tros dois grupos poderá significar queexiste agora um certo grau de contiança e que os diferendos estão em vias de serresolvidos. Entretanto, num comunicado do MILA, assinado por AgostinhoNoto e há dias distribuído, afirma-se que o Movimento Popular para a Libertaçãode Angola (MPLA) não deporá 's armas se for excluido das negociações comPortugal com vista à independência. O comunicado acentua ainda que a exclusãodo ,MLA «constitui a falta de respe ra com aqueles quederramaram o seu e o seu suordurante os treze anos de combate».«o MPLA não depós as ar até aopresente e não as deporá enquanto não se iniciarem negociações com a vanguardado povo revolucionário agolano», prossegue o comunicado.O dr. Neto condena, por outro lado, «as personalidades silenciosas e inactivas» deAngola que foram convidadas a Lisboa «para pretensas disussões sobre adescolonização. Quem é que essas pessoas representam e quem lhes deuprocuração?»«O processo de descolonização de Angola não está a ser visto à luz dos princípiosque conduziram ao aparecimento de novos Estados em Africa, na medida em queo problema angolano foi recentemente submetido a numrosas manobrasenganadoras as quais não estio desligadas das potencialidades de Angola bemcomo da sua posição geográfica e estratégica», acentua.Sem mencionar quaisquer países, o dr. Agostinho Neto acusou alguns Govemosestrangeiros de emitir «declarações contraditõrias, expor Intenções, e de firmaracordos obscuros a altos níveis sem mandato do povo angolano ou dos seuslegitimos represetantes».

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A POSIÇÃO-DA, CHINA«A queda do antigo regime fascista de Portugal, que se obstinava a fazer a guerracolonial, é um acontecimento ,importante, mas Isso 'não significa de formaalguma que Portugal possa apresentar, como dada de bandeja, a Independência àscolónias», afirmou, por outro lado, Klao Kuan-Hua, repreáentante da RepúblicaPopular da China, na Assembleia Geral das Nações Unidas.Acrescentou: «Recentemente, sob a pressão do povo, o novo Governo portuguêsteve de reconhecer o direito 4 independência Foi a sequência natural dos acontcimentos que. o obrigaram a Isso. Agora, resta-nos ver se os actos estão ou não deacordo com as palavras. Mesmo que tenha concluído um acordo com uma colóniaresta-nos ver se este será realmente aplicado».Recordançio o apoia constante da ChIna «às lutas libertadoras das nações e dospovos oprimidos», Kao declarou: «Achamos que os povos coloniais nio têmpossibilidade de se tomarem realmente independentes se não contaremprincipalmente com os seus próprios esforços e não lutarem contra ocolonialismo, ripostando ta. coa taco».E Kao concluiu: «A proclamação da República da GufiéBissau e a assinatura doacordo prevendo a independência de Moçambique so, no fundo, conquistas dalonga luta armada res liZada pelos povos da GuinéBisau e de Moçambique e, deformà alguma uma prenda oferecida pelo colonIalIsmo.

ANA A SEEx-ides», implicados em violências nos territórios africanos sob administraçêportuguesa devem ser julgados e punidos «em defesa da justiça» e também comoexemplo «aos outros torcionárlos da África Auotral» - recama a ComissLo dosDireitos do Homem da Conferência Interíacional día 0 ganizações Níío-Governamentaío Contra o «Apartheid» e o Colonialismo em frica,' recentementeefectuada em Giýnebra. ' "Nos trabalhos estiveram presentes, 'como delegados do Conselho Português 'paraa Paz e Cooperação (C.P.P.C.), um sacerdote, o padre Teles Sampao, e 'ainda odr. Manuel Pádua e o eng.° Bruno Soares. O texto agora divulgado por esteorganismo refere que a conferência de Genebra assentou também num pontofundamental: «o problema fulcral da África Austral é neste momento a existênciado regime racista da Africa do Sul, com todas as suas extensões e influências (....)e a provável Interferência no processo de descolonização de Angola eMoçambique».A conferência debruçou-se igualmente sobre o problema dos investimentosmaciços levados a efeito naquela área por companhias transnacionais é consôrciosbancários dos E.U.A., Gr i-Bretanha, Alemanha Federal, França, Suiça, Japão,etc., e observou que esses investimentos «constituem um suporte fundamental dosregimes racistas, permitindo a sua manuteiço e prolongamento numa comunidadeinternacional que vivamente os repudia e condena».PORTUGAL:00CLuands munic 1-C

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docent4 tariamique ri nas s< tudo mais hierar5 DOCENTES DA NVRID EUniversitário de u o seginte cordo que alguns xerceram volunia profissão nes.equando esta s do regimem neste momenentes obtiveram ade regalias, tais ira estagiar no iponibilidade deaterlal para por as suas teses Ldas vezes apeeresses pessoais, processos para ntesubirem na ersitária. Inicia a reestruiversidade para vir a servir os, Povoangolano,quando a necessidade de técnicos é imperiosa, estes docentes fogem àresponsabilidade de servirem a Universidade e a sociedade angolana.O Conselho Universitário reunido em 3 de Setembro de 1974 decidiu:1-Aprovar um voto de cenaura a estes docentes, pela atitude assumida.2- Alertar as -Universidades portuguesas para a Incompatibilidade desta posiçãocom o processo de democratização que em Portugal se leva a cabo nestemomento.3S-Proceder através das comissões directivas às averiguaçóes necessárias, (queesta moção seja amplanente divulgada nos órgãos da Imprensa e rádio de modo acobrir todo o território angolano e português).NUS 1ASIDOMES DA INTEN TONA FASCISTAHora a h^ minuto a minuto, o povo . o M.F. vo demntando asi r conspiro que o~smo mo~a para tirar a lib r a mergu.Ihar novamente o pbvo Português no regime de esrvatur em que viveu durante48 a^ Apesar -de multas co se teremJá apuradN, 6 aora se começa a fazer umaIdeia mais dera dos propsits exactos dessa minoria teneo que no dia 28 deStmbro prtdia lançar o ps num banho de s 0a Oilmigo a abater era a jovemdemocracia portuguesa e o M.PA.,mas a vitinias - imolar nesse festim teneoso que Prepararam para a Praça doImpério, seria a gente implas das a d~ arrbanhada, por meio de uma monstruosaburla polítkca, para vir até Usboa mapolar o genra Splnola e exigir o cpmeo doPrograma do Movimento das Forças Armadas ,diziam elos.O «PROGRESSO»EM «MOLOTOV»Conforme já foi divulgado caiu na semana passada maia um reduto fascista. Era asede do chamado Partido do Progresso, invadida por uma força do COPCONnuma operação surpresa mas que, no entanto, não conseguiu evitar que muitadocumentaçáo fosse ainda desviada ou queimada.'O «Pio-gresso» que este Partido pretendia estimular passava realmente por formasinéditas.Máscaras de gás, capacetes, bornais de campanha, megafones, dezenas dematracas e barras de ferro, correntes com correias para as prender aos pulaos,centenas de «cocktafla molotov. já preparados e alguns em vias disso e uma listade armamento que vai desde a metralhadora ligeira a cinco granadas de mão, eis o espólio bélico encontrado nos três andares da sede do Partidodo Progresso, no n.- 68 da Avenida Infante Santo.

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Quanto ao material de escritória e Informação nada ali faltava: um telex, umamáquina de «offset», um fotocopiador, uma modernissima máquina de endereçar,dezenas de máquinas de escrever, ficheiros, copiadores, cerca de 150 mil folhasde papel não impresso e o dobro de papel timbrado do Partido do Progresso.Dinheiro, como se vê, não faltava.Unia impressionante central que se julga constituir parte de uwn sisten a de escutade telefones ocupava = das dependências. Trata-se de material fabricado pelaI.T.T. Entre os numerosos documentos encontrados I& via recibos passados afavor de diveraos indivíduos bem como recibos de imuortantes donativos depessoas ligadas à-alta finança. O Partido do Progresso pretendia, com todas estasarmas, «a reconciliação e a unidade de todos os portu-

José de Almeida Araújo, «cabeça» do Partido Liberal, actualmente em parteincerta. O M.F.A. passoucontra ele um mandato de capturagueses», como reza o primeiro período da sua chamada «síntese pragmática».Doutrinariamente a sua linha está definida por alguns livros encontrados na sede,nomeadamente numa sala do 6. andar luxuosamente mobilada: «Anti-Marx», dePequito Rebelo, edições SP.N., i4sboa; «Discursos e Notas Políticas», vol. IV, deOliveira Salazar; «José António Primo de Rive-. ra» por João Miguel AlarcãoJúdice, etc.Foram encontrados, também, alguns comunicados de outros partidos politicos,como o PSDI e o CDS, com os quais tudo leva a crer existisse evidenteconvergência política e de linhas de acção.'Do espólio fazia parte ainda oconhecido folheto de José V. Claro.COMANDO OPERACIONALCom o título «cábula para «slogans» a orquestrar, prevendo-se a seguinte ordem endicando-se a cadência» uma folha continha: aSpino-la, Spi-no-la, fir-me-za, fir-me-za; cumprmento-programa; e-lei-Oes, e-lei-s, li-ber-da-de, lt-ber-da-de,Portugal-alerta, Portugal-alerta, Imprensa-livre, Imprensa-livre».No fim de cada folha podia ler-se: «A iniciativa e cadência; dos «slogans» estãocentrados no sector 7, devendo ser imediatamente alertados todos os outrossectores».Tudo leva a crer que tal Iniciativa estivesse a cargo do «comando operacional»(C.O.P.) cujas Instruções escritas num documento encontrado numa sala com umaviso na porta proibindo a pessoas estranhas, diziam: «Sempre que seja nedessrlaa actuação da C.O.P. esta deve ser pedida com um mínimo de 24 horas deantecedência, excepto em casos de força maior».* LIGAÇOESCom vasta cópia de recortes de jornais, uma das secções da sede do P.P. chamou aatenção da nossa reportagem, já que os recortes à vista estavam colados em folhasde papel usado. Essas folhas haviam sido usadas em primeira mão por um tal«Clube de Juventude de Lisboa» e continham Impressa a «norma n. 3» da qual acerta altura se lê: art. 1.°: podem ser sócios dos Clubes de Juventude quais"querjovens filiados ou não na Acção Nacional Popular.

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Uma observação da documentação encontrada leva à conclusão de que sãovastissimas as ligaçõees nacionais e internacionais deste Partido do Progresso,nele se encontrando nomes bem conhecidos da alta reacção.* COMO ERA FINANCIADO OP.p.Graças ao crédito bancário de algmas altas Individualidades, o «Partido doProgresso», agora desmantelado por forças do COPCON e da Comissão deExtinção da PIDE/DG e L. P. conseguia financiamentos através de aceites ereformas de letras, segundo revelou à «Capital», um porta-voz dfr quelaComissão.Enquanto prosseguem as investiga ções no sentido de detectar todas asimplicações e ramificações do «P. P.», através da análise dos documentos en-contrados na respectiva sede, é já possível dar a conhecer novos dadosreveladores das actividades desta organização neofascista armada, que sepreparava para desferir um golpe na recém - implantada democracia portuguesa.Uma das preocupações dominantes do «Partido do Progresso», cujo secretário-geral era o prof. Pacheco de Amorim, de Coimbra, consistia na organização deuma campanha de publicidade ao nível nacional e em difusão conjunta comfrentes políticas reaccionárias africanas e portuguesas, nomeademente a FrenteNacionalista Angolana, Movimento Federalista e Partido Trabalhista DemocráticoPortuguês.Para tanto, tinham previsto um orçamento de 1210 contos para os seis primeirosmeses de actividade,, dos quais 60 por cento seriam angariados em ,Angola. Acontribuição angariada na Metrópole seria de 484 000$00. Numa outra listaencontrada nos arquivos do «P. P.», foram detectados elementos que permitemafirmar existir uma organização impecável de distri buição de propaganda. Comefeito, constava de uma lista o número de cartazes a distribuir não apenas em cadalocalidade como também quantos caberiam a cada rua.Afora a publicidade gráfica, os responsáveis pelo «P. P.» preocupavam-seigualmente com os contactos a nível pessoal com entidades de «confiança». Deum dos documentos encontrados constava a deslocação do «comandooperacional», ou COP (célula de acção do partido para a qual existiam verbasespeciais) a Viseu, onde deveriam ser estabelecidos «contactos com a P. S. P. ecom .António Albuquerque Castro Oliveira que pediu a deslocação urgente ãquelacidade de José Miguel Júdice a fim de convencer um tal 'Herminio a aderir aoPP.». «O referido individuo - especifica o texto - tem grande prestigio e o C. I .S. já anda de volta dele».* «OPERAÇAO» NI7MERO UMA operação número um do COP consistia em boicotar a eleição de reprsentantesdo Movimento Democrático Português para a freguesia dos Prazeres. Para tanto,apoiava os anteriores elementos directivos da Junta, provavelmente por considerá-lOs pessoas da sua confiança.

Pela análise 'de uni «croluis» da zona êncdtnado pde supr-e' üe os.~ i<d&xi~ndo o ýeral» ai InterIi' d ou depo o ateleitoral.ro

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As actividlades do par~tido eram comandadas por .José Vale de Figueiredo, Iíttduo que se Intitulava «nacionalista revolucionário», e sobejamente conhecidopelas suas posições de ulta-direita na «oposição», inclusivaerite,. ao rdório regimede Marcello C~aetano.- Eles t~~~i os melhores técnicos do fascismo, inc isivamente este Vale deFigueiredo; que fai chefe da redacção das revistas «Observador» e «Resistência»,conhecidas pela ua cor política de direita - sublinhou o Porta-voz da Comissão deExtinção da PIDE/DCGS.Por outra lado, tomaram-se couneèiclas as ligações do Partido do Pr-, gresso coma U.D.G. (União Democrática da Guiné), agrupamento fantoche, adversário doPAI, que há meses promoveu nlo maniestação noTerreiro do Paço terminada comgeneralizados conflitos de rua. Sabe-se ainda que numerosos indivíduos negros sedeslocavam frequentemente à sede do partido 1onde ir1am receber' dinheiro parasubvencionar a sua actividade na U.D).G.Numa carta dirigida ao prof. Pacheco de Amorim, era- comVunicado que sedeslocara dos Estados Unidos utm consultor de «mariceting» da empresa PublicMfairs Analysts, associada de Consultores Rio Atlântico, com sede na Avenida daRepública. Nessa missiva era solicitado o pagamento de 1l 7as00 pela primeiradas visitas feitas~ ar Lisboa por aquele especialista'.S1gp~do informações recolhidas, Pedro Oliveira, que seria simulitaneamente ochefe da secção de ligação dos estabelecimentos de ensino e orgadilzações dajuventude Integrada na Comissão de Organizaç~ Sectorial do dP. P.», que anda amonte, pois existe contra ele um mandato de captura.*0OTR DAS PONTAS DE LANÇADA REACÇAO: O P. LIBERALPar outro lado, documentação arrolada nas instalaçõ da Sinase, h RuaBramcamap («Prédio Franjinhas»), revelam que o Partido Liberal previa comoorçamiento, para os seus primeiros dose mese de actividade, qualquer coisa como15965M contos. A verba mensal era assim discriminada nas principais alineas:Secretariado - aluguer da sede, 150 contos; despesas gerais, 5; dtransportes,125; expedierite e impressos, 100; auxilio e delegações regionais, 2000;Movimento Feminino e Movimento da Juventude, 200; Campanha - cartazes,montras, galhardetes, e folhetos, 2500; equipas de afixação, 250; Relaç6esPúblicas 5000. Com mais uns «extras» e multiplicando o resultado por doze, lávinha em perfeita aritmética a espantosa, soma de quase 160 mil contos. Um dosprincipais dirigentes do Pertido Liberal era o sr. José.-Harry Almeida Araújo,projectista, domiciliado no Parque da Gandarinha, em Cascais, numa casa comnmais de, 30 divisões e duas piscinas, <umainterior, aquecida). Parte da sua«frota» auto-a tos.Na casa do sr. Almeira Araújo sete empregados esperam o patrão ausetite emparte incerta: o mordomo e a mulher, o jardinheiro e a mulher, a cozinheira, omotorista e a preceptora dos filhos.Almeida Aradjo anda a molte. Exi te contra ele um mandato de captura, pormotivos que se depreende suficientemente desta noticia.* LISTAS DE EXECUÇOES

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SUMl4RIASAs forças democráticas desde há muito que vinham alertando o povo para aviolência reaccionária caso os fascistas lograssem regressar ao poleiro de ondeforam arredados pelo Movimento das Forças Armadas em 25 de Abril. Em partecom esse fim, organizaram uma semana, de apoio ao povo chileno. Aí se lembroucomo o fascismo mata quando regressa.As provas que agora começam a surgir vêm dar razão aos que se preocupavamli.Partidos ditos políticos revelaram-se como verdadeiros embriões de milíciasarmadas ao melhor estilo dos tenebrosos camisas castanhas do inicio da ascensãode Hitler.Fonte que sabemos ser completamente fidedigna revelou-nos que os «pides» quese encontram presos em Caxias, logo que a intentona da extréma-direita secomeçou a materializar, 'iniciaram a elaboração de listas de militares epersonalidades civis a executar sumariamente.Mais grave ainda: as buscas efectuadas até agora revelaram a existência de listassemelhantes de membros dos partidos políticos e de p'rofissionais da Informaçãoque deveriam ser imediatamente conduzidos para praças de touros e campos defutebol. Era o exemplo de Pinochet a frutificar.A determinação popular, das organizações verdadeiramente democráticas e doMovimento das Forças Armadas, que é simultaneamente povo e garante dedemocracia, impediram que os sangrentos desejos da reacção se realizassem. Oalerta não deve fazer es quecer A necessidade de permanenteCOM REACÇAO EM ANGOLA>Ainda sobre a abortada intentona fascista, a ANI informa que alguma das pessoasTecentemente detidas em Luanda estão ligadas à intentona reaccionária deLisboa. Isto foi revelado em conferência de Impreusa, pelo secretário daInformação de Angola, comandante Correia Jesuino.Entretanto, soube-se que entre os detidos se encontra Antônio Navarro,funcionário do Laboratório de Engenharia, que fazia parte do Prtido Cristão-Democrático de Angola. Por outro lado, o dr. António Joaquim Ferronha,secretário-geral do referido partido e que a semana passada -seguiu para Lisboapara conversações com o, general Spinola a propósito da descolonização doterritório angolano, é objecto de um mandato de captura.O dr. António Ferronha, que regressara apressadamente a Luanda na passadasegunda-feira, está a ser procurado pelas autoridades militares. Entretanto, oPartido Cristão-Dembcrático, de Angola anunciou que o seu militante AntónioNavarro havia sido expulso do partido há já quinze dias, em virtude das suastendências reaccionárias, e que o dr. António Ferronha fora imediatamentesuspenso das suas funções até completo conhecimento dos resultados do inquéritoem curso para apuramento das suas responsabilidades. nos últimosacontecimentbs de Lisboa.Outras noticias divulgadas indicam que três individuos não identificados teriamassaltado a sede do partido, localizada em plena Baixa luandense, donde retiraramtoda a documentação e cerca de onze mil escudos, quantia referente à quotizaçãodos sócios. . Por outro lado, o dirigente do partido Dongala Garcia, considerado,pelos meios progressistas, traidor do povo, angolano, quando transitava num

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automóvel que ostentava pintada a sigla PCDA, foi atacado por um grupo depopulares que, armados de uedras e paus, estilhaçaram os vidros -, e amolgaram achapa da viatura, provocando-lhe ligeiros ferimentos, assim como no condutor doautomóvel.

A. SEGUNDACom ç& determinação que caracterizava a abertura de novas frentes de combatena,. fase da luta armada de libertaição nacional, os representantes da Frelimo noGoverno de Transição desencadearam em fins da semana passada a sua segundaofensiva no actual momento político: a ofensiva de um novo e decisivo conta-ÃWdirecto cof" o Povo de Moçambique. Objectivos? Aqueles aue já foramalcançadIos ao longo dos, últimos dez anos nas zonas libertadas e que agora énecessário tornar extensivos a todo o pais: um conhecimento conéreto dasrealidades, a identificação perfeita entre responsáveis e massas populares, a trocade debate de experiências, a ausculta, ção dos verdadeiros anseios colectíòs, aorática do princípio de que a tarefa ddirigir Moçambioue diz respeito e é daresponsabilidade ,?'tÓdos os moçambicanos. Em resumo, a cr~aãd condiçesquevão permitir a extensão do Poder Popular Democrático às zonas até agork sôbdomi~ç coloniaLAs operações com esta finalidade foram iniciadas pelo p r 6 p r i o Primeiro-Ministro Joaquim Chissano que, em vários encontros ao ar livre com populaçõesdos subúrbios de Lourenço Marques, acentuou muito em especial a necessidade eos meios para essa total participação popular noactual Governo. Conforme disse, só a a s i m será possível alastrar por toda aNação as bases que vão permitir ultrapassar a grave situação sooial, económica,financeira e cultural em que o colonialismo mergulhou o país. Desbravar o terrenode forma a tornar possível a implantaçãodessas bases essenciais é uma das tarefas em que todo o Povo se deve engajar, sobdirecção da Frelimo - ao longo deste período transitório e em direcção àindependência total e completa' de Mo-. çambique.Embora todas as tarefas sejam igualmente importantes, o reinício deste contactodirecto com o Povo deve ter surgido para os ministros da Frelimo como acintilação da luz do Sol surge a quem acaba de atravessar um longo e escuro t ú ne 1 subterrâneo. Desde a sua tomada de posse em 20 de Setembro e, portanto,durante os últimos quinze dias, eles estiveram totalmente absorvidos em intensotrabalho de gabinete tentando discernir nas toneladas de papéis e dossiers daburocracia herdada do colonialismo novos rumos para o pais. Essa foi a suaprimeira ofensiva nas responsabilidades da governação --uma ofensivaextremamente dura e cansativa que diariamente se iniciava de'manhã muito cedopara só terminar altas horas da noite.Um Governo 4a Frelimo, po-VADOrém, não trabalha apenas assim. Como se apressou a definir na sua mensagem ocamarada Presidente Samora Moisés Machael, o Governo não poderá resolver

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nenhum problema se permanecer fechado num edifício e governando através demétodos burocráticos e administrativos.Antes de ser administrativa, a solução dos problemas a enfrentar é política.Assim, e tão logo concluída essa relacionação com a burocracia, os mi n i s t r o sde Moçambique apressaram-se em sair para a luz do dia e para o seio do Povo, aíprocurando a total dimensão das soluções para as muitas questões que preocupamas massas e avassa1am todo o país. A primeira jornada, b e m significativa destenovo estilo de governar Moçambique, constituiu pois um acontecimento quedoravante será uma cobstante navida política da Nação.Serviu também para confirmar diversa s certezas.Acompanhado pelos ministros de Administração Interna e de CoordenaçãoEconómica, camaradas Armando Guebuza

GOVERNO DE TIRANSICO'e Mário Graça Machungo,respectivamente, o Primeiro-Ministro Joaquim Chissano deixou por várias horas oseu gabinete na Ponta Vermelha, onde ainda se encontra instalado, para com umsorriso de alegria e satisfação reencontrar a plena predisposição das massaspopulares da capital em participarem activamente na c9nstrução de umMoçambique novo, próspero, livre e desenvolvido. Usando por duas vezes depalavra ante muitas centenas de pessoas, o camarada Joaquim Chissano saudouesse, estado de espírito colectivo e pode, assim, traçar algumas directivas sobre aforma como ele deverá ser potenciado e canalizado em direccão aos obiectivosque se pretendem atingir. Eis, em síntese, algumas das ideias principais quedesenvolveu:-A necessidade de sermantida e protegida por todos os meios a ordem que reina novamente em todoMoçambique;- A urgência e prioridade da organizaçãopolítica das m a s s a s nos comités de partido da Frelimo como meio efectivo departicipação colectiva na resolução d o s problemas de todos, na vigilância contraa reacção, na unidade e no trabalho;- A definição da democracia popular q u e está a ser criada em todo o país comotarefa cuja comercialização diz respeitoa todo o Povo;- A importância da aplicação das palavras de ordem da Frelimo e do Governo deTransição, libertando a iniciativa e pondo em movimento a capacidade criadoradas massas; e- A luta contra a miséria, o atraso e o subdesenvolvimento económico como tarefaque diz respeito a toda a gente organizada na Frelimo e não, apenas, ao GovernodeTransição.Referindo - se às , teMriveiscondições de vida que ainda prevalecem nos subúrbios de Lourenço Marques, oPrimeiro-Ministro Joaquim Chissano recordou que fora " actamente contra essa

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miséria generalizada a todo o país pelo colonialismo e pela exploração, que osmoçambicanos tinham pegado em armas e desencadeado a sua luta de libertaçãonacional. Essa luta armada era agora vitoriosa, disse: o colonialismo foraderrotado. No entanto, nada foi ainda modificado: «Constatamos» - prosseguiu -«o que já conhecíamos: a desgraça em que continua a viver o povo deMoçambique. Obser-vamos crianças, homens, mamanas vivendo vior do que nósvivíamos nas bases de guerra ao longo dos últimos dez anos de libertação. O quenós sabíamos era correcto: mas tínhamos que entrar em contacto directo com e s ta s realidades e por isso estamosaqui hoje para decidirmos em conjunto os novos passos a darm.Mais do que uma simples evidência, porém, a realidade que durante toda ajornadaaos subúrbios da capital rodeou os três ministros do Governo de Transição fazparte das suas próprias vidas. Tanto o camarada Joaquim Chissano como oacamaradas Alberto Guebuza e Mári? Machungo, nasceram, cresceram e viveram -até ao seu engajamento na Frelimo - em guetos situados naquelas zonassuburbanas de Lourenço Marques.SUBúRBIOS:UM ESPIRITO* DE RECUPERAÇÃOVERDADEIRAMENTEREVOLUCIONÁRIOSob o céu muito azul da manhã de sábado passado, osNas fotos destas pdginas: b camarada Joaquim Chissano rodeado pelo povo daszonas do Xipamanine e Diamantino:- um contacto íntimo entre o povo e osseus líderes

ýENSIVArRANSIÇOsubúrbios de Lourenço »Marques respiravam a ordem e a E tranquilidade que láfirmemente se implantaram após os graves acontecimentos daprimeira semana de Setembro. , Provocados pela intentona fascista cque umpequeno grupo de reaccionários -e irresponsáveis quis leyar àvante em nome dosseus interesses inconfessáveis, esses acontecimentos parecem porém não terdeixado outros traumatismos além daqueles que ainda são visíveis. Comocicatrizes num imensocorpo adormecido ao sol, algumas cantinas destruídas equeimadas e edifícios ou armazéns saqueados fazem recordar, um pouco por.toda a parte, essa situação de instabilidade e desespero então vivida por milharesde pessoas. Mas, enquanto em muitos locais o comércio e a indústria retomamgradualmente as s u a s actividades normais, a população suburbana reencontroujá o sorriso e o aceno amigo para o f orasteiro, A tensão desapareceu. Deu lugar àvigilância, à unidade e ao trabalho - que são as palavras de ordem da Frente deLibertação de Moçambique para todo o povo do pais. No seu primeiro contactodirecto como membro do Governo de Transição com as massas popularessuburbanas da capital, o Primeiro-Ministro Joa q u i m Chissano não deixou desalientar este grande espírito de recuperação verdadeiramente revolucionário e de

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frisar que o desenvolvimento de Moçambique só poderá ser feito na ordem e natranquilidade. «Na verdade» - disse - «a guerra agora acabou».Nessa manhã de sábado, ocamarada Joaquim Chissano- que é também membro dos comités central e executivo da Frelimo - tomou lugarnum dos quatro automóveis q u e demoradamente percorreram parte dossubúrbios até meados da tarde. No mesmo veículo viajaram os ministros ArmandoGuebuza e Mário Machungo, enquanto que nos outros seguiam a sua comitiva edois elementos da imprensa. A jornada processou-se sem grandes dispositivos desegurança: entre o povo de Moçambique, os ministros da Frelimo no Governomovem-se como peixes na água. Garantia histórica, ag o ra mais uma vezconfirmada. Por outro lado, em todos os locais em que os ministros e comitiva seapearam para um contacto directo com muitas centenas de pessoas que seaglomeravam para os escutar e falar, grupos de militantes estabeleceramespontâneamente cordões de segurança e vigilância.O itinerário desta primeira jornada de reencontro com as realidades foi simples:iniciado na zona da Vulcano, prosseguiu através do Xipamanine, Aeroporto,Craveiro Lopes, Avenida do Brasil, bairro do Graça, Avenida de Angola,Chamanculo, Missão, zona da Silex e Diamantino. Percorreram-se assim não sóas zonas e bairros mais afectados pelos distúrbios como também os maispopulosos. Em muitos locais, dezenas de pessoas reconheceram os visitantes esaudaram-nos alegremente, enquanto crianças corriam ladeando os e a r r o s.Construidos expressamente e utilizados para uma mais fácil penetração daspatrulhaspoliciais e militares da opressão colonialista, os caminhos alcatroados dossubúrbios serviam agora para um contacto físico entre o povo e alguns dos seuslíderes e representantes no Poder. Na verdade, alguma coisa se modificou, erapidamente, neste m u n d o que nos rodeia. «Certeza» como afirmava aoRepórter um dos militantes da. Frelimo do bairro de Chamanculo «que muitomais vai mudar, que muito mais tem que mudazr».Respondendo à solicitação de grandes aglomerados de pessoas que literalmenteparalizaram o andamento dos automóveis em que viajavam os ministros ecomitiva, o camarada Jo a q u i m Chissano usou de palavra por duas vezes: nosterrenos anexos ao mercado de Xipamanine e em pleno mercado do Diamantino,próximo desse símbolo chocante do colonialismo que é a zona das Lagoas, naavenida Craveiro Lopes. Sobre um caixote, na primeira vez, no «capot» de umdos automóveis, na segunda, a linha de pensamento que expôs e os assuntos quefocou foram muito semelhantes em ambos os casos: respondiam a algumas dasprincipais 'questões que os seus ouvintes debatiam e cujo. esclarecimento éurgente' n e s t e momento. Por comodidade de exposição, reproduziremos aseguir alguns dos pontos principais debatidos num e noutro local, como se setratasse de uma única dissertação.AS RAZÕES DA VISITAEm ambos os casos, a alocuco do Primeiro-Ministroiniciava-se por uma explicação sobre as razões da visita que nesse dia rsolverarealizar. Eis, em síntese, o que afirmou a propósqito:

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«Estamos hoje aqui para retomar um contacto mais directo com as realidades queprevalecem nestas, áreas de Lourenço Marques, as áreas dos subúrbios.Chegamos aqui ao sul, como sabem, para tomar posse no Governo de Transiçãono dia 20 de Setembro. Desde então estivemos a proceder da melhor maneira nosentido de conhecermos os problemas que enfermam o nosso Povo,. alémdaqueles problemas que já conhecíamos e que nos levaram a pegar em armas.Mas, como ,disse o camarada Presidente Samora Moisés Machel é impossívelconhecer os problemas sentados num escritórip, longe do Povo e das massaspopulares. Por isso, mesmo antes deste dia e já como Primeiro - Ministro eu fizuma longa viagem por estes bairros de caniço.«Recebemos muitos avisos, por carta, pessoalmente ou pelo telefone, dizendo-nosque nós devíamos evitar este contacto convosco, este contacto com as m a s s a spopulares, porque ainda seria perigoso. Não pudémos aceder porque,precisamente, a Frelimo é as massas populares.«Neste primeiro contácto convosco, nós vemos nos vossos olhos a alegria e adeterminação. A alegria e a determinação que vocês nos demonstram é portantosuperior ao sofrimento em que ainda Vivem. Isso demonstra-nos que estãoconfiantes e têmesperança, que cada um de vocês sabe que tem que cons-1 -

tem como t:refa prior: tiria a transferência do poder político do GovernoPortuguês para o Povo de Moçambique. Para isto necessitamos de estruturas -para que o poý der político esteja com o Povo em 25 de Junho, nós temos quedestruir as estruturas colonialistas e estabelecer novas estruturas. Estas estruturassão as estruturas da Frelimho: o nosso partido é o braço do Povo. Deste modo, eem toda a parte, nos locais de trabalho e nos loais de residência, no campo e nacidade, nas propriedades agrícolas, nos serviços, nas fábricas, nós temos que criarComités do Partido.«Nós queremos que seja a Frelimo, a governar Moçambique: não há governo sema Frelimo porque a Frelimo é o povo. Os Comités de Partido serão a forma decanalização da participação colectiva do povo no governo, de todas asmoçambicanas e de todos og' moçambicanos. Na elaboração das nossas leis, porexemplo: são leis de Moçambique e não leis da Ponta Vermelha, são leis do Povo.Mas elas não podem ser feitas pela multidão desordenada mas sim pelo povoorganizado. Democracia é isto: ter o povo a governar com entusiasmo edeterminação em toda a parte, devidamente organizado. Por outro lado, é estetambém o caminho a seguir para pôr em prática as palavras de ordem devigilância, trabalho e unidade. «A Frelimo esteve sempre cá, não veio para cá em20 de Setembro. Eqtr've semnre na cabeça, na mente e nos nervos de todos osmoçambicanos. Precisa de continuar aviver, cada vez mais enraízada, no corapão de todo o Povo».NA VIGILÂNÇIA_-&NO TRABALHOCONSOLIDAR A PAZ

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. também através dessa organização política, adequada e estruturada segundo osprincípios da Frelimo, que o Povo de Moçambique poderá efectivamenteaumentar a produtividade do seu trabalho segundo os verdadeir6s interesses dopaís, incentivar a unidade do Maputo ao Rovuma, realizar a vigilâncianecêssárias, disse depois o Primeiro-Ministro. O tema da vigilância, garantia dacontinuaç-oda ordem e tranquilidade que já se vive, foi um dos temas que ficoubem sublinhado nas alocuções do cam ar a d a Joaquim Chissano. Eis, ainda emsíntese, algumas das suas afirmaçóes a propósito:Nas fotografias acima reproduzidas: o Primeiro-Ministro Joaquim Chissano emcontacto com as massas populares dos subúrbios da capital: «em cada cabeça, namente e na.vontade de todos, que nos rodeiam há ideias com valor que énecessário aproveitar». - Assim se define, em termos bem claros, a participaçãocolectiva do Povo organizado na Frelimo, no Governode Moçambique

A SEGUNDA OFENSIVADO GOVERNO DE TRANSIÇÃO«Os reaccionários jamais be:conseguirão quebrar o pro- ta cesso de libertação iniciado Pocom a fundação da Frelimo. aÉ certo que agora a guerra rei acabou: assinamos um acordo ed de paz comPortugal e os do reaccionários,- no que respei- cu] ta à guerra, já ibram venci-ex dos. No entanto, necessita- re mos de estar vigilantes con- ditra outrasmanobras do ini- est migo, contra manobras de ou- cal tro tipo. Eles tentarão,por ou exemplo, comprar alguns de ve vocês ou dizendo mal do Go- sol vernode Transição e da Fre- nolimio, afirmar que o Governode Transição e a Frelimo de- M(veriam resolver num dia os problemas que o colonialismo fez surgir ao longo dequinhentos anos e que eles ja- 4mais foram capazes de resol- re ver. Mas estaremos vigilan- edi tes conitra tudoisto: não acei- do taremos reaccionários no nos- nó: so seio. go:«Muitos vão-se encobrir na çarpele preta para, fazer valeí tu ,É as suas ideias reaccionárias, mepara propagar as ideias que rã lhes são inculcadas pelos, seus vo donos que lhesfarão promes- sol sas. Dentro em b r e v e vão tiv começar a falar dos talentospoi dos ministros, visando fazer nec esquecer ós problemas essen- «di ciais,visando fazer descurar qu os trabalhos de organização cor política. Devemosestar pre- pr parados para, lhes fazer fren- eco te, para vigiar o inimigo a precada passo. É essa uma das sa?maiores batalhas em que hoje pre nos encontramos engajados. em«Desta maneira vamos con- vidsolidar a paz, desenvolver a « 'economia de Moçambique para já, Selevaçãodonosso nível de vi- con dá, realizar na prática de to- mo do o país as vitóriasalcan- ço çadas pela nossa luta de li- to

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rtação, defender e cimen-4ý r a nossa independência. ,r enquanto, estamos aindalimpar, a desbravar, o terno o n d e construiremos o ifício da nossa liberdade enosso progresso. Os obstálos que a isto se opõem são, actamente, as manobras daacção mas nós vamos impeý las. Compete às populações ar vigilantes mas nãolhes e ajustar contas com um outro reaccionário: o Gorno Provisório está a reveresses problemas vistos seu conjunto».OBILIZAÇXO COLECTIVAGARANTIA DO FUTURO«Estamos a limpar o terio o n d e construiremos o ificio da nossa liberdade enosso desenvolvimento econico, mas ainda não cheu a altura, sequer, de lanosnovos alicerces do fu-o» - disse ainda o Priiro-Ministro. Para isso senecessáfrioque todo o Pose conscieneialize que a uçõo dos problemas é colea e política.Afirmou des, nomeadamente, que é essdrio criarmos divisas nheiro com valor emqualer parte do mundo para se, aprar matérias - primas e dutos necessários à nossa)nomia.» Para isso é im:scindível batalhar inten«ente em Moçambique, é ,cisoredobrar o trabalho todos os sectores de acti'ade. Mas não só:rTemos também, e desde de contribuir para acabar r a miséria que aqui mes, nossubúrbios de LourenMaroues, e em todo o resde Moçambique, por todaa parte, submergeo nosso povo. Como' fazer isso?«Antes de mais compreendendo que na Frelimó somos todos iguais.. Depois,através da conquista däánossa dignidade: a terra e as riquezas de Moçämbique sãonossas e devemos estar pparados para as saber utizar. Mas não é através dequeixas aos Ministérios, não é através de greves, que vamos resolver os gravesproblemas que o colonialismo nos legou.«Na Frelimo nós não temos as gr;duações características da exploração. Dizemosque em cada cabeça, na mente e na vontade de todoi que nos rodeiam há ideiascom valor que é necessário aproveitar., E precisamos de saber aproveitar essesvalores: para nós não há evoluidos e não evoluidos mas sim um Povo que estádeterminado em resolver, com no suas próprias forças, os problemas que oafectam. Por isso, camaradas, os mios de contribuir para acabar com esta misériaque nos rodeia estão aqui ao nosso alcance: somos todos nós, residem nas mãos enas cabeças de cada um de nós. V a m o s pois, portanto, usar a cabeça e as mãospara destruir a miséria.«É para isso que queremos o poder político: para trabalhar por nós próprios.Contra aqueles que vão ctiegar áqui e dizer que os moçambicanos e asmoçambicanas não são capazes de governar o seu pais, contra os que vão tentardifundir as ideias erróneas do inimigo, c o n t r a aqueles que não eonfiam nassuas mãos e nas suas cabeças- nós vamos opor a nossa organizáção e, em -eohjunto,caminhar numa direcção única. Assim, decididamente, reý construiremos o nossopais q estabeleceremos o nosso Po, der Popular é democrátie, para servir asmassas».Estabelecer o poder popu lar para servir as massas era este, com efeito, um domuitos «slogans» revolucíion rios que as populações do subúrbios de LourençoMar q u e s inscreveram repetida mente nas paredes e cercas de caniço dos seusbairros Mais do que uma simples teo

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rização, estas palavras gri tando ao sol de Setembro en todos os, caminhospereorrido pelos ministros do Goveru de Transição, mais uma ve em contactodirecto com o povo, surgiam como uma certez indestrutível. U m a cert,g, que a mobilizaçaorevolc19 r das massas populdrýda cpital - como de tod o Moçambique -- responsáé veis com as cores de centena de bandeiras da Freli transformam também nuia garantia de futuro.Em cima, nas fotos: outros aspectos da visita que o Primeíro-Ministro * JoaquimChissano, acompanhado pelos Ministros Armando Guebuza e Mário, Graça Ma-.chungo, realizou para um novo contacto, como membro do Governo, com opovo da capital deMoçambíque

PAGINA 13O estado de Moçambique, que se tornará -independente e soberano em 25 deJunho próximo - aniversário da :fundação da FRELIMO -, deverá ter, nos termosdo acordo de Lusaka, um banco central e emissor, criado a partir' do departamentoem Moçambique do Banco Nacional Ultramarino. Esta medida, que visa arealização, pe,lo novo pais, dê uma política financeira independente, temsucitado certa controvérsia nos meios financeiros, que se interromgam sobre asmodalidades de que se revestirá tão radical mudança nas finanças moçambicanas;especula - se, fazem-se sugestões, apontam-se perigos. Não menos controvérsia,aliás, tem sgscitado, em Portugal, 'a própria nacionalização do B.N.U. e dosoutros bancos emissores- assunto de uma crónica da nossa delegação em Lisboa noúltimo número da «Tempo».Vejamos, o que diz, concretamente, o ponto 16 do acordo de Lusaka, sobre esteassunto:«A fim de assegurar ao Governo de Transiço meios de realizar uma políticafinanceira independente serd criado em Moçambique um Banco Central que terdtambém funções de banco emissor. Para a realização desse objectivo o EstadoPortuguês compro-mete-a a transferir p ar a aquele Banco as atribuiões, o activo e o passivo dodepartamento de Moçambique- do Banco Nacional Ultramar no. Uma comissãomista entrard imediatamente em funoes, a fim de estudar as condições dessatransferência.»Para tratar deste assunto, seguiu para Lisboa, há alguns dias, o director provincialdo B.N.U. em Moçambique, dr. Valente de Almeida, chamado

pela Administração do Banco. Sabe-se, por outro lado, que o problema está a seralvo de cuidadoso estudo a nível governamental, com vista a encontrar soluçõespara os delicados problemas que a transferêúcia levanta.Parece prematuro, portanto, neste momento, aventar hipóteses sobre tais soluções,as quais estão relacionadas com domínios altamente especializados daproblemática financeira e econõmica do pais. E não será exagero dizer-se que, atéao presente, ninguém, em Moçambique, sabe exactamente como as coisas se irão

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passar, até porque esses domínios são daqueles em que, a bem dizer, não existemespecialistas locais. Será, portanto,. mais prudente aguardar as conclusões dacomissão m i st a preconizada no Acordo de Lusaka.Entretanto, vamos dar ao leitor uma ideia geral do queUm dos mitos mais firmemente implantados, a respeito do B.N.U., comdivulgação até na Imprensa de cá e de lá, é a de que a parte ultramarina - e,particularmente, a moçambicana - do Banco constitui a maior parte da totalidadeda instituição. Na prática verifica-se que não é assim. Como se pode avaliar pelaapreciação dos documentos relativos à gerência do Banco, o seu departamentomoçambicano constitui afinal uma secção minoritária do total do Banco, no querespeita a meios, movimento, títulos, etc. Quanto às activi-

ê~3dades do B.N.U. na Guiné-Bissau, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Macãu eTimor-territórios em que desemjpenha igualmente as funções de banco emissor -,podem considerar-se quase. insignificantes, pelo seu volume, no cômputo geraldas actividades do Banco.Reportando-nos ao balanço geral do B.N.U. 'relativo a 31 de Dezembro de 1973,verificamos que o Activo e o Passívo atingem um montante superior a 125milhões de contou. O' valor correspondente, p a r a Moçambique, era, na mesmadata, de pouco ,mais de 54 milhões de contos. Em matéria de participaçõesfinanceiras, por exemplo, vê-se que a parte moçambicana não chega igualmente aatingir metade do total das participações do Banco - 149 mil contos contra umtotal de 365 mil.Este último facto atira-noscontra uma outra ideia reita e que não corresponde exactamente à verdade: a deque o B.N.U. controla uma grande parte da economia moçambicana, através dasua participação financeira em empresas. Pelo volume das referidas p a r t i c ipaçes, acima trancrito, se vê que isto anda afinal longe da verdade. Concretizando,verifica-se que o B.N.U. possui acções nas seguintes empresas moçambicanas:Açucareira de Moçambique (65 mil contos); Companhia do Búzi (85 mil contos);Companhia de Refrigerantes Mac-Mahon, (211 mil contos); Companhia deSeguros Lusitana (168 mil contos); Companhia de Seguros Nauticus (13 milcontos); Companhia Vinícola de Moçambique (2 mil contos); Fábrica de Cervejade Nampula (2500 contos); Sociedade Hidro - Eléctrica do Revué (1900 contos);Sonarep (500 contos); e So-ciedade Vinícola de Moçambique (1000 contos). Todos estes valores sãoaproximados. O B.N.U., possui ainda obrigaçoes, no valor de p o u c o mais demil contos, na Companhia Carbonifera de Moçambique; de 35 contos naSociedade Algodoeira de Fomento Colonial; e de 1700 contos na SociedadeHidro-Eléctrica do Revué.Sucede, porém, que boa parté das empresas que o B.N.U. controla efectivamente,peIã sua participação no capital, são empresas falidas, ou à beira disso, que foramparar às mãos do Banco por hipoteca, ou por outra via semelhante.DIMENSÃO REAL

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Após este primeiro olhar, o B.N.U. (ou melhor, o seu departamentomoçambicano) não surge já tão poderoso e omnipotente como parecia àprimeira vista, em relação à economia moçambicana. Em contrapartida, não sedeve também cair no erro oposto e subestimar a sua importância, pois o B.N.U.,como banqueiro dos outros bancos comerciais- e ele próprio como bancocomercial mais importante, em condições de concorrência muito vantajosascontrolava de facto uma boa parte da banca moçambiaana.Chega assim o momento de perguntar: Qual é a dimensão real do B.N.U.?No que respeita à banca metropolitana, o Banco Nacional Ultramarino surge emterceiro lugar entre os bancos comerciais, logo a seguir ao Português do Atlânticoe ao Pinto & Sotto Mayor sendo, no entanto, o que possui a melhor cobertura dopais, com um total de 128 dependências espalhadas por todo o território. Nascolónias, o B.N.U. possui 54 de-

pendéncias e postos de trocos, 42 das quais localizadas em Moçambique.O B.N.U. possui ainda um escritório de representação em Londres e participaçãonos seguintes bancos estrangeiros: The Bank of Lisbon and South Africa, Ltd.(sede em Joanesburgo); Banque Franco - Portugaise d'Outre-Mer (Paris); eLissabon Bank A. G. (Dusseldorf).Quanto à banca metropolitana, o B.N.U. possui acções no valor de quase ummilhão de contos no Banco de Fomento Nacional e de 135 mil contos no Bancode Portugal.A sua participação, através de obrigações, em empréstimos a diversas colóniasatinge as centenas de' milhares de contos.Aflorando outro aspecto da grandeza do B.N.U., verif4ca-se que o Banco possuiimóveis para serviço próprio de valor superior a 762 mil contos -313 mil dosquais em Moçambique, No total, possui 6194 empregados, trabalhando 1795 nosdepartamentos moçambicanos.NtMEROS, curioso obsçrvar a curva de crescimento do B.N.U. nos últimos cinco anos.através dos quadros relativos aos diversos sectores da sua activi" dade.No respeitante a depósitos, verifica-se que passaram de 9818 milhares de contos,em 1969, para 12 360 milhares de contos em 1970, 16 683 em 1971, e 21 640 em1972. No último ano, foram ultrapassados os 26 milhões e meio de contos.Quanto ao crédito concedido (saldos), os números são, em milhares de contos:1969 - 16 540; 1970 19 698; 1971 - 22670; 1972- 25 664; 1973 - 31730. Receitas totais, sempre em milhares 4e contos: 19691104; 1970- 1359; 191 1650; 1972 - 1958; 1973 2491. Finalmente, os encargos deexploração: 1969 1104; 1970 - 1359; 1971 1218; 1972 - 1471; 1973 1724.O capital e reservas, vê-se que, de 887 mil contos, em 1969, se passou para maisde um milhão e meio de contos em 1973. Por sua vez, o lucro líquido, que em1969 foi de 111 mil contos, subiu, após pequenos aumentos nos anos seguintespara 144 mil contos no ano passado.RELATORIO

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Ainda extraído do Relatório e Contas do Banco Nacional Ultramarino, referente a31 de Dezembro de 1973, transcrevemos o ponto respeitante à actividadeultramarina do Banco:«Nos restantes territórios nacionais em que o Banco opera, persistiram ascondições económicas gerais que se verificaram no ano anterior, não se tendonotado ainda, em 1973, os efeitos favoráveis que a alta de cota-. ção de certosprodutos de exportação permite esperar para 1974.«A economia de Moçambique, em particular, continua a ser afectada pela quebrade réceitas de tráfego em resultado ,da situação política nos territórios vizinhos,agora agravada com o conflito entre a Zâmbia e a Rodésia, em prejuízo adicionalpara o porto da Beira.«Por outro lado, as vultosas importações de equipamentos associadas ao intensoesforço de construção e deseinvolvimento de infra-estruturas, bem como aoincremento de produções locais substitutivas de importações, estão-serepercutindo em elevados pagamentos ao exterior, apesar da negociaçãogeneralizada de financiamentos ligados a que o Banco tem dado o seu apoio, eprestado o respectivo aval, por montantes já hoje muito consideráveis e cujaevolução tem de ser cuidadosamente acompanhada.«Os meios de pagamento em poder do público têm subido na generalidade dasProvíncias Ultramarinas onde o Banco opera, denunciandomais acentuado acréscimo na Guiné e em Macau.«No que se refere a Mo-' çambique, e considerando os dados referentes aNovembro, últimos de que, à data, e dispõe, verifica-se uma eeta estacionaridadeao nívei do montante atingido em Dezmbro de 1972, ano em que se assistiu a ummuito pronunciado empolamento de tais meios, essencialmente derivado damoeda escritural, nomeadamente dos depósitos à ordem nas instituições bancá*rias.»POL!TICAPor último, queremos referir o papel que o Banco Nacional Ultramarinodesempenhou na estrutura de dominação colonial.Por um lado, controlando a banca, o B.N.U. garantia as vantagens usufruidaspelo capital metropolitano nas suas relações com o reduzido capital local.Sucedia assim que, a par da contradição entre esse capital, português einternacional, que explorava as massas trabalhadoras moçambicanas, umacontradição menor se ia desenvolvendo, e n t re esse mesmo capital e a burguesiacolonial que começava a dispor de capital próprio e se via, quanto à possibilidadede aplicá-lo lucrativamente, limitada pelo monopolismo dos capitalistasportugueses e estrangeiros. Nesse jogo, como principal controlador da banca e dosmeios de cr&iito, o Banco Nacional Ultramarino desempenhava um papel dedestaque.A par disso, o S.N.U. actuava mais directamente no campo político, através,principalmente, do controlo do principal órgão de Informação escrita deMoçambique, o diário «Noticias» de Lourenço Marques. Esse controlo, maisferoz e repressivo que o exercido pela própria censura oficial do regime, logroutransformar o «Notícias», nos últimos anos, num panfleto ao serviço dos meios edas ideologias m a i s reaccionárias, dando muitas vezes a impressão de estar à

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direita do próprio regime. O Banco exerceu ainda, há alguns anos, uma influânciaimportante no jornal «Noticias da Beira», que acabou, no entanto, por cair nasmãos de grupos financeiros provados e ser controlado pelo enw.° Jorge Jardim. Aesta situação foi posto cobro pouco após o 25 de Abril em Portugal, que devolveua Imprensa moçambicana à sua vocação de contribuir construtivamente (ecriticamente) para a edificação de um Moçambique independente e livre.

é o pãodo homemgarantao como apoido crédito AGRO-PECUÁRIOO!eA terra é uma fonte infinda de riqueza - para si e para a comunidade!Cultive a terra. Dé.1he mais vida, enchendo-a de gado.Tire dela o máximorendimento. Lembre-se: a riqueza da terra é necessária a todos! Para si.agricultòre criador de gado, nós temos o apoio e a segurança de um crédito agro-pecuário,ao mais baixo juro. Conte com ele!CUTIVAR A TERRA É UM MODO DE AMAR MOÇAMBIQUEINSTITUTO DE CREDITO,MOÇAMBIQUETRABALHO DE HOJE, MOÇAMBIQUE DE AMANH 1

-wIIII ~ 1IRAFECOSEXuAlMAlTextode ALBINO MAGAtAFotosde RICARDO RANGEi

PAGINA 19-Aquela rapariga negra que de noite usa uma mini-s ultra curta cuja cor condiz cemas botas altas; peruca d um milhar de escudos, toda loira, toda bem tratada; carapintadacom exagero e unhas prateadas; sacola de couro cem a alça pendurada aoombro, essa rapariga nío sabe ler nem escrever mas diz no seu inglês limitado tileve 'ou» e dança com os gregos ao som de música grega.Dorme sempre depois das quatro da madrugada e levantase pouco depois do meiodia. Passa a tarde a fazer qual. quer Irabalho doméstico ou recebe em casa um dos<amres» já com contrato e pagamento certo. As oito da noite^come, ça a preparar-se e, para variar, usa calças, blusa, e por cima da peruca põe um boné. Sai. para otrabalho. O rendimento desse trabalho é garantido. No porto nunca faltam barcoscom marinheiros e demais tripulantes saturados do mar: italianos, ingleses,franceses, gregos, japoneses, sul-africanos. Quando os barcos de guer- americanosse lembram de trazer os seus fuzileiros para o cais esse dia é de festa gara arapariga negra de peruca loira que não sabe ler nem escrever mas sabe dizer «1

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leve you» e dança com os gregos como se tivesse nascido no Mediterrineo. Osamericanos pagam bem.Fugiu da enxada no çaape e a única coisa que fez desde criança até lhe nasceremos peitos foi cavar a teria ingrata que se recusou a produzir milho e batata doce. Aterra olhava para as nuvens e as nuvens riam-se da terra e da rapariga recusando-se a deixar cair chuva. Elas riam-se mais ainda da Província de Gaza e daProvíncia de Inhambane ironizando com a pergunta: «0 colono tirou-vos a terra ,edeixou-vos essas nesgas. Vocês não param de se reprodüZir e daqui vemos muitoshomens e mulheres. Todos olham para nós como se fôssemos Deus. Mas nãosomos. A chuva não vai cair porque não resolveria nada. Vocês não entendem quenós não resolveremos os vossos problemas da fome?»Os homens foram para a África do Sul matar a fome de que se riam as nuvens. Asmulheres foram para as cidades e para as vilas matar -a mesma fome. Os homensque não auizeram ir para a África do Sul arrumaram as malas pobres e foram' àcidade. E na cidade viram as mulheres da terra a venlerem o corpo. Algumasprosperavam e faziam a inveja dos homens. Outras envelbeciam a fazer o coito avinte escudos.A rapariga de mini-sala e botas altas, analfabeta mas de coito caro, prosperou.Esqueceu-se da enxada e do campo e qanhou a cerveja, a peruca loira e a camaque é a sua oficina. Sobretudo, MATOU A FOME.AiFOLH4

PÁGINA 20(1) PROSTITUIÇÃO - COMO E PORQUSEis que nos debruçamosdiante de um problema que a Africa, pré-colonial não conhecia. Não existiaprostituiçáo em Africa antes da vinda dos europeus. A Europa exportou omeretrício bem como a maior parte das doenças venéreas que acompanham otráfico sistemático do sexo.A Igreja de mios dadascom o imperialismo ajudou o colonialismo a destruir o conceito de família e aeconomia tradicionais. Porém, quando as colónias começaram a apresentar umíndice de prostituição assustador a mesma Igreja condenu. e condena asmeretrizes. «Peí gdoras». Modo muito simpe de resolver um proble'ma que nadatem a ver com Deus mas com os homens e seus maquiavélicos processos deexplorarem outros homens. A prostituiçião é filha legítima do capitalismo euma das doenças crónicas do coloniaismo.Não há país capitalista sem prostitutas. Não há colópia o u neocolónia semprostiutas. Por detrás da rapariga de dezasseis anos vinda de Gaza para a casa daprima e cujo himem é vendido a um sádico por quinhentos escudos existe umproblemú de fome que teve o seu inicio numa curta história chamada partilha daAfrica a qual atingiu o seu ponto máximo em Berlim quando as potênciascapitalistas da Europa do século passado dividiram entre si o continete africano edele começaram a tirar para benefiaio da mesma Europa todo o algodão, todo aaçúcar, toda acopra, todo o arroz, todo , milho. Essa pequena história tem o nome

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de colonialismo. Colonialismo francês, colonialism belga, colonialismo inglês,colonialimo português...IIEm Moçambique a Guerra veio apenas generalizar a quase todo o nosso pais umcancro que se limitava ks cidades e vilas mais desenvolvidas. Os aldeamentosnada mais fizeram para a mulher moçambicana a não ser concentrá-la numa árealimitada para o benef1.XYcio do soldadinho cansado do mato depois de um mês' sem ver corpo de mulher.E, como é sabido, uma cerveja familiar ou média era suficiente para se ganharsexo nos aldeamentos. E como os anti-conceptivos são' para quem os podecomprar, filhos que nunca conhecerão os pais pululam por todo oEm Lourenço Marques, a capital da prostituição em Moçambique (logo seguidapela Beira) dois quartos das mulheres dó caniço vivem da semi-prostituição ouseja além do vencimento magro têm proventos resultantes da venda do corpo eum quarto vive da prostituição como único meio, de arlgariar meiosgdesubsisXência.Fazendo umas contas redondas chega-se a conclusões chocantes. Parta-se doprincipio de que no Caniço vivem seiscentas mil pessoas entre homens emulheres. Admita-se também por hipótese que metade desse número, portantotrezentas mil, sãp mulheres. Destas trezentas mil mulheres cento e cinquenta mil(150000) vivem da semi-prostituiçáo e setenta e cinco mil (75 000) são prostitutasdeclaradas.'

PÁGINA 21MAIS DE SETENTA CINCO MILMULHERESVEM',MO R DIPO EM LOURENCO MARWlA esquerda: mulheres do campo encontram, frequentemente, e s t e ambiente nacidade. Longas fileiras de casas humildes todas elas funcionando como oficina detrabalho. Crianças nascem e crescem emtodos oa lupanaresA direita: Pormenor de um cabaré. Sofisticaçãodo meretrícioClaro que nestes números somos muito optimistas porque não é verdade quehaja seiscentas mil pessoas nos subúrbios visto que o número de habitantes ali émais elevado. Também é verdade que Lourenço Marques tem mais mulheres doque homens.Em percentagem, arredondando para mais os números das contas feitas com basenaqueles pressupostosi, podemos afirmar que vintepor cento (20%) das mulhe res.negras de Lourenço Mar. ques vivem do meretrícioe trinta por cento (30%) vivem- da semi-prostituição. Donde se chega à conclusãode que cinquenta por cen; to (50%) das mulheres de Lourenço Marques vivemdebaixo de uma das mais descaradas formas de exploração. A outra metade éconstituída em grande parte por mulheres que são exploradas indirectamente (porexemplo a dona de casa e a estudante) e pela mulher pequeno - burguesa

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trabalhadora que, frequentemente, para adquirir emprego ou para o conservar temde se entregar à luxúria de um chefe.IVEstará muito enganado quem se convencer de que as meretrizes estãoconcentradas apenas na Av. de Angola, nas Lagoas e na Rua Araújo.E- as--Wnã são apenas as mais conhecidas. Não hábairro no caniço que não tenha um lupanar. É assim no Xipaanine, na Mafalala,no Chamanculo, no Chi. nhambanlne, no Vuilcano, na Malhangalene e em todosos arredores de Lourenço Marques. Pela cidade fora existem lupanares nosprédios mais ou menos discre-tos, mais ou menos declarados.Tamnbém estará enganado quem for à Rüa Araújo e ficar a pensar que ali é oúltimo baluarte. A Rua Araújo de especial só tem o facto de a prostituiçãoreceber um carinho oficial muito especial porque está integrado e faz parte deuma decrépita indústria turística. Aquela rua deve ser a mais conhecida noestrangeiro . 'a «capital do multirracialsmo» como diziam os fascistas.Multiraciallsmo baseado na compra e vehda de sexo. Convivência baseada noálcool, no meretrício organizado.Mas dziamos que estará enganado quem pensar que ali é onde se encontra a se-de da prostituição. Em todos os bares e cantinas dos subúrbios e ainda na maiorparte dos restaurantes do Alto Maé o tráfico do sexq marca presença - bem regadocom cerveja.vOs oportunistas nunca deixaram de explorar em seu beneficio a venda do corpodas mulheres. Fazem parte deste oportunismo as casas especializadas no contratode raparigas que são requisitadas quando necessárias. Fazse tudo à base defotografias que são apreciadas pelo cliente. Depois da escolha marca-se uma horae a escolhida lá estará num quarto iluminado ou não. Fazem parte desteoportunismo as casas -onde há raparigas a toda a, hora. Sim plesmente quemrecebe dinheiro não são elas mas a dona da casa. Elas funcionam cxmoempregadas e têm vencimento certo ou percentagens nos lucro-. Fazem partedeste opor-

PÁGINA 22RUA AIAiOj A

PAGINA 2SDFISUCCAO10e TRAFICO SEXUAL,Ao lado esta imagem cheia de beleza e carinho muitas v¢ses esconde o drama dohomossexu al smo em que caim as prostitutasNa, página à esquerda: crianças dos 15 dos 18 anos prostituem-se na Rua Arajo,Esta fotofoi obtida ém pleno diatu"ismo as casas que alugam quartos por hora que n o contribuindo embora paraa prostituição porSquanto são frequentados por toda -a espécie de gente (mesnpopor aquela gente chamada honesta) integram-se no mesmo ciclo dc ex'loraçãosexual.

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Fazem-parte deste oportunismo todos os cabaréS Visto entender-se entre nós queum cabaré é um grande lupanar luxuoso e sotisficado onde a prostituição estáorganizada até ao requinte. Com a excepção dos artistas medíocres quepassam'pelos cabarés de Lourenço Marques, as mulheres e mesmo os homens queali .trabalham são todos descaradamente explorados pelos proprietárlos.Conhec'mos uma rapariga* que passou pela Rua Araújo e fazia «Strip-Tease» acem- escudos por sess4 ,1 Fazem parte desse oportunismo todos os bares que t"m raparigas contratadaspara todos os dias frequentarem o estabelecimento como isca para os homens que,por sua vez, vão consumir bebidas.(2) COM QUE IDADE,SE COMEÇAA PROSTITUIÇÃO?Não há ~limte de idade na prostituição. O que conta é a carne da mulher quer sejaadolescente quer seja cinquentona, bem ou razoavelmente conservada.Crianças' de' quinze anos são frequentadoras assíduas dos bares e- bailaricos defim-de-semana nos subúrbios. São crianças que andaram quanto muito,, nos trêsprimeiros anos da escola primária. São filhas de proletários e a sua mentalidade \juvenil é muito sensível a todas as subculturazinhas exportadas pela Europa e pelaAmérica e que chegam a Moçambique com vários anos de atraso em relação àorigem. É o que, acontece com o falso hipismo, com as modas femininassofisticadas, com os simbolos dívulgados pela juventude burguesa ocidental nasua presente crise de valores. Enfim, essas adolescentes consomem, à mistura comsubculturazinhas locais, toda a bílis amarga do mais reaccionário estilo de -vidafabricado nas grandes capitais.(3) A PROSTITUTAE A POLITICANas meretrizes negras da alta roda é frequente ouvir expressões como «Jdchegamos à Madeira?»,, «Julga que estd na palhota?» «preto ordindrio», etc.etc. Quer dizer: elas são o reflexo das mentalidades dos homens com quem andame são laSacterizadas pelo seu violento racismo em relação aos negros apesar desereil negras.Nas meretrizes que não vivem exclusivamente da prostituição o racismo já éoripntado em sentido contrários às primeiras. É um racismo~, anti-branco. Duasatitudes curiosas e bizarras cuja explicação até é bas-

M LHERES DO RESERVA DOStante fácil. Só que em ç.ialquer dos casos é uma atitude reaccionária. A alienaçãoé a característica mental das prostitutas. O exemplo concreto mais recente é ofacto de terem sido encontrados em muitos lupanares dõs subúrbios autênticosarsenais de granadas e espingardas a quando da revolta das bandeirinhas.(4) A PROSTITUTAE A REVOLUÇÃOEm qualquer situação revolucionária a prostituição é uma dor de cabeça. É que amulher que vive do tráfico. sexual adquire hábitos daquilo a que a burguesiachama «vida fácil». Vencida a última resistência psicológica à entrega do corpo a

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tToco de dinheiro a prostituta acaba por se deixar levar por esse mòdo de vida queé mais licrativo do-que aquilo que se "imagina. A imagem da mc-etrin velia eabandonada, sem possibilidades de angariar meios de subsistência é muitochocante, muito chorosa mas não corresponde à regra. A prostituíção comoprofissão «proletária» é das mais bem pagas com a vantagem de não se exigirimpostos às meretrizes.Regra geral a mentalida-de 'de' uma prostituta é ultra-burguesa de um modo quase doentio. Arreigada amuitos vícios ela é uma barreira terrível para o avanço da revolução. . das classesque integrada no processo de produção tem muito a perder e o que tem a ganhardificilmente compreende ou se compreende não deixa de lhe provocar apatia. Étipicamente burguesa.(5) A PROSTITUIÇÃO E A MORALIDADEClaro que apesar de tudo o que dissemos está longe de nós condenar as meretrizesno estilo em que o pode fazer um bom moralista cristão-burguês ou no estilo emque -o fazem os indivíduos tradicionalistas negros.A prostituição é condenada também pelo facto de inverter a poligamia.Generalizou-se que a poligamia e um privilégio dos homens. Dai que tanto osindividuos do sexo masculino como os indivíduos do sexo feminino arreigados detradição se, sintam chocados com uma mulher que tem *vários comparsas.O capitalismo por sua vez, que ganha justificação na moral burguesa, assumeA esquerda: depois da cerveja o amor comprado,algures na MafalalaA direita: pormenor de um.lupanar da Av. de Angola.Imundície, desleixo e coito a vinte escudosmMPD:MUPANARESduas atitudes perante a dução não continuem a praprostituição. Tolera-a semticar uma semi-prostituição.deixar de a condenar. De um A moral. revolucionária não lado compreende que éum se acata de unm dia para o cancro mas do outro ladd outro. Só que é para obem tem a consciência da sua não só das prostitutas masimpotência para acabarcom ela. Não é com ser- também dos seus filhos que mães na igreja nem comor meretrício tem de sermoralidade caseira que se eliminado tal como todas as acaba com o meretrício.Ele consequências da explorasó acaba com a integração con iasa eda mulher no processo de çáo colonialista.produção. Dai que a prostituição antes de ser um pro- NOTA FINALblema social é um problemaeconómico e político. Daí Este trabalho foi essenque o papel da1igreja, porcialmente orientado para o exemplo, não será o de eli- problema da prostituiçãoda minar a prostituição em si mulher negra. Este unilamas o de trazer pazespiritual (se trouxer) às mexe- teralismo não obsta a que trizes.quase tudo o que dissemos

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Por tudo o que dissemos também se aplique à mue porque este tema nuncalher branca. Só que nesta amais. teria fim, a prostituição terá de ser eliminada da agudeza de que se revestevida moçambicana para a o problema não é tão gravedignificação da mulher e do tanto mais porque o númepróprio homem. O amorro de prostitutas brancas étem de voltar a assentar nóseu devido lugar que é o de muito reduzido. Estas me-dádiva e não compra. So.-retrizes são também analfabretudo, Moçambique é um betas ou semi-analfabetas e.país subdesenvolvido e a também vieram do camposua elevação precisa doconcurso de todQs, homens para fugir da fome. Vieram e mulheres semexcepção, de Portugal, da Madeira, dosClaro que será bastante Açores ou mesmo do vizidifícil conseguir com quenho Limpopo.as prostitutas uma vez integradas no processo de pro-

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-~ < ~i~f~znevesDE COOTOSDEDEOIONum esforço comumcom mais de cem mil desitanteso Montepio de MoçambSiquetove o desenvolvimentoe obem estar social do povo.Capital moçambicanopara todos os moçambicanosDEPOSITE NACAIXA, ECONOMI& DO MONTEPIO

O Primeiro-Ministro do Governo Transitório, Joaquim Chissano, concedeu hádias ao semanário EXPRESSO de Lisboa uma significativa entrevista sobro opresente e o futuro de Moçambique indopendente. Falando com o enviadoespecial daquele semanário a Lourenço Marques, o camarada Joaquim Chissanoreferiu os mais; diversos problemas, equacionando-os de acordo com a sua visãoque é a da Frelimo. Como se escrevo na introdução desse importante texto, «apartir de declarações tão abalisadas pode o leitor extrair com segurança as suasconclusões sobre o caminho político que Moçambique começa a construir semguerra. Que caminho vai ser esse, que tipo de ordem se começaa levantar por esse país além, qual o seu conteúdo doutrinário, como se enquadraa vida dos indivíduos no todo nacional, quais as relações de Moçambique comPortugal e o resto do mundo, pequenos-grandes problemas de sogurança, depermanência e, antes de tudo, pormenores sobre os acordos de Lusaca - é o que

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vamos conhecer pela boca de Joaquim Chissano que recebeu o enviado especialdo «Expresso» na antiga residência do governo, na Ponta Vermelha, pelas oitohoras e meia da manhã». A entrevista que seguidamente transcrevemos na íntegra,foi conduzida pelo jornalista Augusto de Carvalho.

DESTRUIR O APARELHO COLONIAL: TAREFA PRIORITARIA DoGOVERNOA hWt4ri .doEXPRESSO - Está porfazer a história do Acordo de Lusaka entre o Go-.'verno Português' e a FRI1.LIMO. acodo que 'deu. origem em termos formais aoactual projecto de Moçambique rumo à criação, neste sul da Africa,. de umasociedade anti-racial. Um dos homens que, pelo . ladp da FRELIMO.participoj_ activamente no encaminhàamtento .do- P-locê foi o primeiro-ministro do governo transitório Joaquim chissano. É precisamente ao primeiro-ministro a quem. a abrir a primeira entrevista que concede para fora deMoçambque. gostariamos de pedir que nos revelasse algo datramitação do acordo.JOAQUIM CHISSANQ -Oprocesso que levou ao Acordo de Lúsaka não está separado do processo'de utapela libertaçãonacional em geral. A nossa lutade libertação nacional criou e aprofundou, uma consciência e compreensão aoponto de nos fazer surgir claramente ~a posição de amigos e inimigos.Mesmo em Portugal e no restodo mundo.Quando encetámos asnegociações, era necessário estabelecer certos princípios, o que nós fizemosguiados pela definição dos nossos amigos e dos nossos inimigos. Vimos logo ospassos que era necessário dai para se atingir a independência e. finalmente,realizámos oprimeiro encontro de Lusaka.Este encontro foi precedido.em primeiro lugar, pelos apelos, via rádio, da parte do Governb Português. paraum cessar-fogo, apelos a,. que nós não acedemos por julgarmos não sericorrecto que o cessar-fogo fossefeito em virtude de um simplesapelo pela rádio.Por outro lado e em segundolugar, não havia princípios estabelecidos que nos'dessem a garantia- que o cessar-fogo correspondia ao alcance dos nossos desejos ou objectivos.Dos desejos do povo afinal pelosquais nos batíamos.Finalmente o governo português compreendeu . isto mesmo e, assim, apóscontactos [ directos e indirectos resultou a S primeira reunião de Lusaka.Mas1 esta primeira reunião de

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Lusaka, não se teria realizado se. em Portugal. não existissem as forças - que eramnossas amigas e nossas aliadas. Foi, por isso, que também %e realizaramcontactos com tais forças para troca de impressões.s nossas posições queafirinámos no primeiro encontrode' Lusaka, foram sendoesclarecidas de tal forma que foi possível realizar reuniões intermédias secretasdas quais resultou osegundo encontro de Lusaka, o último onderealmente podemos dizer que as coisas se formalizaram. Entre estas duas reoniõeshouve todo um trabalhointenso.E, no entanto, necessário frisar que foram as forças que estavam decididas adescolonizar -que levaram avante o processo e que per-' mitirdm estacompreensãQ-mútua.O papelde MeIo AntuniesEXP. -' Há. em Portugl. quem tenha a convicção que o ministro Meio Antunes,foi, da parte portuguesa, sem esquecer os outros negociadores, pedra basilar ouchave para a compreensão, em Lisboa, de todo este processo de descolonização.agora já em fase de actuação prática e que o almirante Victorrep'apar ece 44 , ke o início como garantia. 13astapte da descolonização.J. C. - Devo dizer que oministro Meio Antunes mostrou sempre unia grande*compreensão e uma. grandeiniciativa quanto aos nossos probemas.., Eu sei dós contactos que nós tivemoscom Melo Antunes.mas desconheço a sua influência em Portugal. Não quero entrar neste ponto. Masdos contactos que teve connosco.posso dizer que uostrou sempre una grande iniciativa, uma.grande compreensão, sobretudo uma determinação dedescolonizar.Quanto ao almirante VictorCrespo. a sua presença e actuação significativas aqui. no sentido de.' umaacelerada descolonização, sem tentações neocolonialistas. como ele diz.já responde à sua pergunta.Muitos potugueses Ignoram a FielInoEXP. - De todos esses contactos existçtes, * entre mãoçaibicanos e portuguesesao nível das autoridades, realizados durante'a procura do-processo concreto da descoionização. reforçaram-se ou criaram-se laços deamizade prenunciantes de relações fraternas entre os nossos dois países?J. C. ~Sim. Especialmente foi durante esses contactos que mnuits das forçasportuguesas * neles intervenientes começaram a compireender o que era aFRELIMO.EXP. - Na realidade.grande parte dos portugueses e isto mesmo entre asautoridades. ignorava e actual-mente ignora o que é verdadeiraniente aFRELIMO. Ainda aqui há unim mês o governador de um distrito de Moçambiqueconfessou, em ntrevsta a um jornal, que só então descobrira a Frente de

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L1bertaý_o de Moçambique por lhe haver chlrad ás mãos um prospecto contendoas linhas básicas de orientação política ido mvmento.*"i.. C. - E esse afirmou que conhecia a FRELIMO por haver lido um prospecto.mas Se tivesse realmente contactado ,com a FRELIMO tê-la-ia conhcido muitomelhor.Dscobriria até que ainda não, conhecia, a FRELIMO. Foi o que sucedeu commuitos dos nossos, amigos. mesmo em Portugal. Eram nossos amigos, mas nýonos conheciam exactamente . Pensavam numa FRELIMO ideal. ''em sonhos.etc.. mas desconheciamrealmente o seu valor,EXP. - Segundo'pensanosunia das tarefas prioritárias deste governo é operar a descolonização. Queri'aperguntar-lhe. por conseguinte.ènt que é' que vai consistir.primeiro que tudo, essa tarefa, ao nível da transferência das estruturas coloniaisparaestruturas moçambicanas.J.'C. - O que'nós queremosnão é a transferência das estruturas coloniais. Queremos.sim. destruir as estruturas coloniais que não podem servir ;-de forma alguma sinteresses do nosso povo.EX13. - Ei quaýis aprioridades neste primeiro ano de governo transitório?J. C. - Vamos fazer um estudo de conjunto neste primeir ano a fim de que todasas est'utuB& sofram uma transfoimação que as torne aptas a servir o povo. Parajá, pelo menos, as estruturas que dizem! respeito ao poder político. Sobretudoestas, embora as referentes à economia, educação e justiça. etc. façam partedas nossas preocúpaçe essenciais, mas creio-que o nosso dever fundame4taldurante 'este ano é o de nos preocuparmos com as estrutffras políticas. Gostaria defrisar bem que para nós estruturas não quer dizer indivíduosý, pessoas- Não nosinteressa tirar esta ou .aquela pes deste ou' daquele cargo,,mas organizar ás estruturas de tal maneira que venham a servir os interesses dopovo, Eu repito porque desejo que isto fique muito claro: não se trata de expulsarindividuos.Banco' Nacional de MoçambiqueEXP. -. No sectoreconómico-financeiro faz parte já dos planos do governo transitório a criaçãode um Banco Nacional de Moçambique?J. C. - Seria impossível começarmos o governo sem termos esse banco e oprocesso já foi iniciado. Já temos do nosso lado a funcionar uma comissão paraesse efeitoe creio que, em Portugal. da parte do.governo português. já começaram a pensar nesteaspecto.EXP. - O que se podeantever que. logo a seguir a independência, haverá emissãode moeda própria?

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J. C. - E cedo para lhe fazeruma previsão dessas: os nossos economistas estão a estudar o problema para ver oque é possível fazer. Estamos a trabalhar no sentido de ter um banco central quedesempenhe as funções de um banco nacional incluindo a emissão de umamoeda nacional como acontece em qualquer país domundo.

EXP. - Nestes dias que, como enviado do meu jornal. passei por aqui, tenhocontactado muito com a população e talvez mais com a branca. Noto, nesta, unreceio enorme. quase um pavor do futuro cujas causas profundas não vale a penaestar a indagar aqui. Funciona sobretudo'o jornal do «diz-se ou disseram», doboato, que empurra esta gente para fora de Moçambique originando reacções emcadeia. Gostaria de precisar que estou a referir-me, antes de mais. á população quevive do seu trabalho, não detentora, por conseguinte, da propriedade das fontes deprodução.Que nos poderá dizer, na sua qualidade de primeiro-ministro. quanto ao futurodesta população?J. C. - Eu creio que nós já dissemos muita coisa a esse respeito. E não o dizemosapenas agora, já o dizíamos muito antes do 25 de Abril. Posso mesmo afirmar quejá o profe"sávamos desde o início da FRELIMO: que nós nãolutamos contra nenhuma raça e muito menos contra indivíduos de uma raça. Nãohá. por5olUUmCntè% iti4 pafw' a Po0uIa4ýn b anríc sè" alarmar. O no entanto,qktjdeclarações deste- tipo não s suficientes. Dou-me conta que não é com dectara .-es que vamos tirar o receio e o medo. Estamos decididos a começar a trabalhar ecremos que a população branca nos vai descobrir nas relações" de trabalho evai descobrir o seu lugar na sociedade moçambicana. E nós estamos decididos arealizar a partir de agora. Em geral, as pessoas não conseguem abarcar o sentidodaquilo que se diz ou daquilo que está escrito r.ò papel. Trata-se de gente que estáalienada, por séculos de mentira e de divisão. Alguns estdo mesmo receososdevido a pequenas ofensas que teriam praticado contra este ou contra aquele. Poroutro'lado. entre os pretos há também indivíduos que, ainda não compreendemprofundamente aquilo que* se diz. Pensam lá com eles que os dirigentes falam,mas a coisa não é bem assim. Não compreendem ainda porque é que as relaçõesentre as duas raças eram quase antagónicas. Nós, que já descobrimos esseporquê. que * «isolámos» esse porquê, vamos moitrar. agora. coffo seharmonizam as relações entre as raças. Falamos muito em detm' o '� .leiio desupe-, rior4e 'o wpxo de infe:.riordàde, Mas como se consegue talý Só no trabalho diário. no contacto de todosos dias isso se conAsgue.( reio mesmo que muitos daqueles que çleixaram ou vão deixar Moçambique epartem para Portugal ou para a Africa do Sul. hão-de regressar, porque hão-dever, porque hão-de sentir que as coisas não eram nada daquilo que elesimaginaram. Mas nisto o

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exemplo da vida é muito mais significativo, muito mais explicativo que aspalavras.A originalidade da nova sociedade moçambicanaEXP. - Os discursos do Presidente Samora Machel e algumas declaráções jáemitidas pelo Primeiro-Ministro referem-se constantemente a una sociedadeoriginal em Moçambique. Poderá dizer-nos em que é que consiste essaoriginalidade no contexto dos sistemas político-sociais do inundo em geral e daAfrica em particular?J. C. - Vou descrever aquilo que pensQ que constitui essa originalidade: eu.pessoalmente, sinto-me muitoperturbado quaândo ténho de responder a perguntas formuladas em termos debrancos e pretos. já que não estou habituado a pensar segundoesses- esquemas. Eentão que sou forçado a pensar 'que na nossa organização há muitos pretos ebrancos. E curioso que estive há pouco a.conversar com um camarada branco queêstá a sofrer do mesmo problema. Assusta-se porque afinal tem de justificar, porvezes, como é que se sente a trabalhar com pretos. Nós não estanios habituados, adistinguir.Por outras palavras: a ,originalidade está em que a independêlicia de Moçambiqueé diferente da maior parte dos países de Africa, posso mesmo dizer que é,particular em relacão a todos os países ça chamada Ãfrica Negra. já que é oresultado de unm processo revolucionárioý Não houve apenas unia luta armada,mas a essa luta foi dado um sentido revolucionário e criára-se princípios capazeZde orientar a nossa ,ociedade. É daí que vem a originalidade da sociedademoçambicana. Não é uma coi que apareçaJpOr acas ~

- cimento do conceito racial.Seguida'mente o conceito de iguald4de que não é apenas slogan. Falar da maioria,em Moçailbique. não é a mesma coisa que falar da maioria noutros países. porquenestes.quando se empregava a expressão maioria, era para se referirem às raças.Chamam-nos africanos e europeus, nem sequer dizem pretos e hrancos.Para eles o que era africano era preto e o que era branco era europeu. Nós nãotemos esses coficeitos, sem termos receio, é claro. de falar em pretos e brancossempre que se trata de designar as raças. As.' raças existem. Para sabermos o quequer a maioria recorrenios às nossas linhas de orientação política. Nósconsiderantos 'a maioria dentro de uma ' perspectiva de um alinhamento políticocorrecto, maioria neste caso que tanto pode ser pretacomo branca.A originalidade çstá nocoiceito global (la socic'ade que quercinos criar e não iosa.spectos !Solados.EXP. -- Quer nos discursosde Samora Machel (em especial o da tomada de posse do governo transitório)quer em várias declarações do primeiro-ministro ou do Comissário Político, vemconstantemente à baila o tema da instauração de uma democracia emMoçambique. Por outro lado.

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parte não indiferente dos leitores do chamado mundo ocidental e concretamentede Portugal, habituados a pensar democracia política em termos de partidos, faz-lhes impressão ouvir o seu nome fora do quadro pluripartidárío. Pode explicar osentido que dá á palavra democracia, quando fala na sua imnplantação emMoçambique.isto a nível da participação do povo na elaboração das decisõespolíticas?J. C. - Para mim é muitoclaro e a ideia está também exposta com toda a clareza no discurso doCamaýrada Presidente: em cada fábrica, em'. cada família, em cada. bairro. V etc., deve constituir-se umcomité dlo partido. Em toda a parte. E possível ._que haja in-dividuos que não vão querer participar no partido. A' estruturação do partido vaipermitir, porém, a auscultação mesmo -dos membros- que lhe nfto pertencerf.Vamos diséutff os problemas dos diferentes sectores do- trabalho, dosdiferentes'sectores da habitação no seu conjúnto e nestes, como nos outrosproblemas, havemos de enontrar - fórmulas para ouvir aqelas pessoas que nãoquerem fazer parte do partido.Com este processo estamos convencidos que vamos ter toda a gente, íralmente, aparticipar *n Partido. iJá trabalhávamos com comités populares nas zonas queiatê há poucos dias chamávamos' libertadas, comités esses que resolvem todosos aspectos da vida.Para além dessa estrutura de Partido realizamos reuniões de massas, reuniõespúblicas, a que toda a gente vem e onde toda a gente fala. Todas as actividades davida vão ser discutidas pelo povo e vão ser orientadas pelos comiités do Partido. ,Haverá, por con.seguinte. uma autêntica participação. Claro que compete-nosestudar agora como se vai processar essa estruturação. E já começámos. Segunda-feira. houve ali, no liceu, uma reunião da FRELIMO. Inicialmente a reuniãoapenas se destinava a um número restrito de militantes da FRELIMO mas aosaber da reunião apareceram muito mais pessoas. Contávamos com cerca detrezentas e vieram entre quinhentas a seiscentas. Nem por isso deixámos deabordar certas questões organizativaí com a presença de toda aquela população.Repeitopelas religilesEXP. - Como se integram as, religiões dentro da linha de orientação global dopartido? Hã" Íuaisquer orienta*çfis restritivas,. permissivas ou proteccionistas aeste respeito?J. C. - Nós respeitamos qualquer religião, embora não da sma maneira comoacontecia na época colonial. em que as religiões tinham a ver com o Estado,tinham a ver com as escolas. O religioso què participar nas nossas actividadespolíticas fá-lo-á em perfeita igualdade com as outra pessoas e da' mesma'maneira. Enquanto Estado ou enquanto -Partido : não vamos interferir nos cultosreligiosos. E os religiosos podem.- se o quiserem, como qhalquerOutro cidadão,em perfeita igualdade de circunstâncias, desempenhar funções no Partido ou noEstado.O problema da nacional[~ das fontes

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de produção"EXP. - Há pessoas em Moçambique'que. habituadas a viver no regime dapropriedade privada das fontes de produção. receiam por aquilo que possa vir aacontecer ás suas empresas. Refiro-me concretamente ao problema dasnacionalizações e das nacionalizações não apenas ao nível das grandes empresas,mas também a uma escala mais modeta, a da pequena indústria, ou da pequenamachamba erpresa agrícola) cujos proprietários fatigaram, durante anos, paraentrar na sua posse -ou. por vezes, lhes foi concedida pçlo antigo sistema dentrodo jogo das cunhas tão característico do poder colonial.Gostaríamos, por isso, se não visse inconveniente.. que. enquanto Primeiro-Ministro e menbro do Comité Central -da FRELIMO. abordasse esteproblemýa. 'J. C. - Não- vejo inconveniente nenhum. Senacionalizarmos e aquilo que nacionalizarmos, tudo será feito dentro da mesmaforma e do mesmo espírito democrático de que já- falámos até aqui. Quando forcaso disso, tentaremos inclusivamente fazer compreender ao proprietário que talnacionalização não é para o prejudicar, nem o vai .prejudicar, mas que é feita paraservir os interesses da mnaiôriaou seja. do povo a que ele pertence. Vamos procurar que tal seja feito com a suacompreensão. Se houver alguém que não queira compreender, entao é porque jánão quer trabalhar dentro, dos interesses da coinunidade moçambicana. Nãoquerenmos nacionalizar nem o vamos fazer como dogma. Só o faremos, repito,quando corresponder aos interesses do povo. Não vejo, por exemplo. em quevenha à servir os interesses do povo tirar dois, três, ou cinco hectaresa umagricultor.Mesmo quanto ás grandes nacionalizações. é 'preciso] fazermos um estudo atentopara. saber quais os- benefícios que isso traz para o-povo.Nacionalizar para ter o prestígio de que somos socialistas ou qualquer outracoisa no género. não tios- interessa nada.Como estancar a sangria dos quadrose, a cooperação de PortugalEXP. - Mesmo já antes do 25 de Abril se notava, aqui em Moçambique, umahemorragia nos quadros.' sobretudo técnicos. Essa hemorragia agrava-se e. poraquilo que nos consta. parece não acenar a diminuir. Como pensam resolver deimediato este problema? Recorrer ao estrangeiro. procurando médicos.professores, ' engenheiros, quadros médios, etc.? Pensam recorrer a Portugal?Qual .o solução que lhes parece mais conveniente?i. C. - Ainda ontem tive uma reunião com os professores da universidade.Afirmei-lhes que é nossa preocupação' manter o espírito que nos animou a nóse a Portugal durante as negociações, o qual,é o de criarmos (conservar não é bemo termo) relações boas entre Moçambique e Portugal. Nós não de, íamos correrpara, soluções que não englobassem. em primeiro lugar, Portugal- e Moçambique.Estamos a fazer pesquisa de fórmulas para rsolyroprema dstc

A BRIGINA[lo A.O[ - . .DA NOVA, socilDAB[ MoCAMBICANA

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o PROBLEMA, DA NACINALIZAAO DAS FONTES DE PDODUCAOnicos, dos professores. do médicos, dentro do quadro do Portugal e deMoçambique. : evidente que nós n, o viemo! aqui para fazer uma subs tituição dosportugueses. Se porém, esgotarmos a:possibilidades .de cooperação entre Portugal e Moçambique teremos que procurá-la noutro, lados, Mas quero acentuar qiu isso será depois de esgotarmo! todas "aspsibilida0es. Nesto momento ainda creio que o bon' so acabará por triunfar.'),Creio que também, entre o: técnicos há indivíduos qw querem servir Portugal euon das formas de o servir é est. mesmo que, neste momento. s, me. afigurademasiado in portante. Creio firmemente qu muitos técnicos, muito médicos,muitos professore hão-de regressar.Conhecemos já países e ir divíduos de outras nacic nalidades que estão na eipectativa de se lançarem ,par Moça'mbique. Nós nãqu.err i?% ainda enveredar pC ese caminho. Não gostaríamoiMoçambique: base revolucionária contra o racismo-e o imperialismoEXP. - Dos contáctos qL temos tido nestes últimos di. comn sul-africanos.rodesianos. até americanos, aqui ei Moçambique. notámos qu muitos delesficaram pe, turbados com as palavras d Presideríte da FRELIMC SamoraMachel. quando a dirigir-se, há . dias. ac 'diplomatas escandinavos e dbloco socialista acreditados em- l)ar-es-Salam, afirmou: «Moçambique tornar-se-á umaS base revolucionária contra o- imperialismo e o colonialismoem Africa»... Essas pessoas a que me estou a -eferir interpretaram, nageneralidade.* as palavras de Samora Machel,como prenúncio de intervenção- nos assuntos internos da Africado Sul do Apartheid e na e Rodésia de lan Smith. fazendon -lhe guerra a partirdo interiormoçambicano. para adestruição dos sistemas e racistas.Como comentaria uma L afirmação destas? e J. C. - Evidentemente que. não seriam de esperar outras e interpretações provindas dè. %, gentes que nãosabem o que éuma revolução. A,'npssa luta não foi uma revolução pelo facto de ser armada,Estavam em armas os colonialistas portugueses, mas não se ena contravamengajados numa o revolução.ir Para nós. base revolucionárianão.significa arsenal de armas.,Nem sequer significa interferência nos assuntos internos deoutros países.Na realidade. Moçambiquevai ser um. base revolucionária contra' o i perialismo, porque vamos construiraqui uma le sociedade anti-imperialista, 1s uma sociedade em que ~o e

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homem viva livrè da dominação n estrangeira e de todas as suas ie sequelas.Vamos. aqui, em r- Moçambique, destruir as bases io do racismo e doimperialismo >. criando a 'nossa própria Lo ideologia, uma ideologia, como isnão podia deixar de ser, anti[o -imperialista e anti-racista. Eneste sentido que nos vamos transformar numa base revolucionária.Claro que é impossível ignorar que uma vez estruturado um país .nestesmoldes, ele vai servir de exemplo'e apoio para a luta de outros países que nãonecessariamepte da Africa do Sul ou da Rodésia, como nãonecessariamente da França. da Espanha, da América, etc.Daqui tão longe, nas margens do indico onde nos situanos, há países queconstituíram para nós bases revolucionárias, bases de inspiração para areconstrução do homem. portanto não no sentido em que as interpretam essesindivíduos. Para se fazer uma interpretação correcta é necessário compreender oque é uma revolução.O antircimo da FrefimoEXP. - A fidelidade à reportagem compele-me a dizer que dos contactosultimamente havidos com elementos da FRELIMO que possoclassificar, sem exagero, de intensos, verifiquei ausência de racismo, inclusivé aonível da linguagem. Não consegui. posso dizê-lo, detectar um acto falhado quetraduzisse através-da fala, uma interioridade anti,rácica nãô amadurecida. Acontece, porém, quetenho lidado, coio'é evidente, com muita gènteo'que se declara anti-racista, masque se exprime ao nível 'da linguagem com uma terminologia de acentos rácicos.Por outro lado, não me posso esquecer que a maioria dos elementosda FRELIMOsaíram de uma sociedade impregnada de conteúdos rácicos. A ser isto verdade,como é. gostaria de perguntar se a doutrina anti-rácica da FRELIMO é um dadoda primeira hora da existência da organização ou é antes o fruto de um trabalhointerior no seio do movimento até chegar à fase actual?i. C. - Posso-lhe dizer que nós definimos numa primeira fase o inimigo comosendo colonialismo e o impofialismo. Mas não posso dizer que essa definiçãofosse então inteiramente compreendida mesmo no seio da' nossa organização.Houve contradições que. a pouco e pouco. nos permitiram esclarecer' e chegarao significado real dessa definição.As contradições foram grandes. Levaram-nos atragédias dentro daorganização. Perdemos militantes valiosos até ao ponto em que nós desobrimosque as contradições estavam baseadas, na existência de duas linhas de orientaçãopolítica. Foi nessa altura, que nos demos conta da profundidade da definição doinimigo. Por isso eu posso responder concretamente à sua' pergunta que não foifácil conquistar este estádio, de evolução.Porque é que jiós usamos esta terminologia hoje? E que toda a gente já sabe quemé o-ínimigo que ele não tem cor ou raça e que é esse precisamente e -não outroque se deve combater. E também já-sabemos quem*'são os nossos aliados. Nãopodemos por isso usar outra linguagem.

ACÇÃO RENOVADA

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AO SERVIÇODE MOÇAMBIQUEtrazemos para Moçambiquea nossa experiência pelo mundo fora.Oferecemos uma actividade em constante renovação.Participamos, de facto, no progresso de Moçambique,atraves de uma rede de serviçoscada vez mais actuantedinamismo na acçáo

maplai-ap c do ca

OIS!poisdefenda- se comBayg0nSó BAYGON expulsa as baratas dos seus esconderijos. Só BAYGON tem umefeito quedura por muito e muito tempo. BAYGON mata a bicharada e todas asbaratas. Infalivelmente! Proteja a saude e bem-estar de toda a família - ataquecom BAYGON 1"BaygonOnde a sua protecção comeCa!UM PRODUTO B ADISTRIBUIDORES Iiponj §hroedeir & L2idenbPrg1 ILda. LOURENÇ,OMARQUES

,4711Deocolon eooíaneeat-esiRepre eLoru rIenneder M Lourenço Marques

PROJECTO DE UM GRUPO DE T:CNICOSENTREVISTA DE JOSÉ CATORZE FOTOSDE KOK NAMJá por duas vezes, nos últimos tempos, levantámos nesta revista o problema doGabinete do Plano do Zambeze - poderosa máquina téc ic e financeira edificadãem terras de Tete para, servir a expansão do colo-. nialismo nessa zona. Voltamoshoje a falar do G. P. Z. para dar conta do projecto, elaborado por um grupo dejovens técnicos daquele organismo, no sentido de colocar essa máquina (ou o quedela se aproveitar) ao serviço da revolução moçambicana. Não julgamos exces-siva a atenção que dedicamos a este caso, porque ele nos parece exemplar. Eleconstitui, como referimos há alguns números, uma verdadeira tentativa de, aâmbito regional, virar o colonialismo do avesso. E parece-nos. exemplar porqueos autores do projecto não esperaram, comodamente, que directivas superioreslhes viessem indicar o destino do G. P, Z.: eles tomaram a iniciativa de elaborar

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um completo plano de reconversão do organismo de forma a colocá-loefectivamente ao

PAGINA 34A direita: acampamento do GPZ em Temangau (Mazóe)Em baixo: guerrilheiros da FRELIMO confraternizando com a população num«aldeamento» na zona de Mazóeserviço do povo. Assim agiram, julgamos, de perfeito acordo com o espírito dalinha política da FRELIMO, que visa encorajar e desenvolver a iniciativa criadoradas massas trabalhadoras, dos. técnicos, dos intelectuais, de todos osmoçambicanos e moçambicanas.Este caso deve, pois, servir de exemplo: não deve-mos ficar parados à espera de que o Governo, ou a FRELIMO, façam tudo; nãodevemos alijar para o Estado, ou para o Partido, a responsabilidade que a cada umde nós cabe na recpnstrução de Moçambique esse foi o espírito que o colonial-fascismo desenvolveu em nós e que precisamos combater. Devemos, sim,par&cipar activamente, e criadoramente, nesse- processo. No campo particularem que se desenrola a nossa actividade, o nosso trabalho, devemos dar sugestões,elaborar estudos,, não apenas produzir mas também criar. Essaq sugestões, essesestu,dos, deverão, em cada local, ser objecto da análise colectiva de todos osdirec-tamente interessados; e depois ser enviados ao Governo, ou ao Partido, para que,no quadro geral da estratégia do povo moçambicano, no quadro das prioridades jádefinidas, no âmbito da sua linha política, seja apreciada a sua conveniência e asua viabilidade. Assim o que se fizer será o resultado do esforço e da

PÁGINA 35Ã esquerda: exemplo de como era a vida nos campos de concentração do GPZCULTURA INUSTRIALpotemal fonte de riqueza da provincia de Tem.capacidade criadora de todos os moçambicanos, o Moçambique de amanhã seráde facto o fruto do trabalho e da inteligência dos seus ,filhos. Pela primeira vez,como salientou o presidente Samora Machel, é o povo que está no poder emMoçambique. O povo somos nós, moçambicanos e moçambicanas. Aceitemosessa responsabilidade e assumamos esse poder, sob a direcção da FRELIMO.Num dos últimos números, referimos o projecto, elaborado pelo mesmo grupo detécnicos, de aproveitar alguns dos meios materiais do G. P. Z. para edificar, deacordo com a vontade das populações, uma comuna agrícola que pudesse servirde modelo de organização rural no futuro de Moçambique. Esse projecto, járecebeu .«luz verde» do Governo de-Transição, encontra-se em marcha, emborasujeito ainda às necessárias correcções. Sobre o seu andamento se falará maisadiante. Mas o principal objecto deste trabalho é o projecto, dos mesmos técnicos,para reconvetter totalment o G. P. Z. e transBo Xklo numa empre-sa agrícola de Estado, apta a explorar as granues riquezas potenciais da região, nocampo da agricultura. .Sobre esse e outros projeetos entrevistámos um dosreferidos técnicos, 'que nos falou em pormenor dos estudos e trabalhos em curso.

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«A ideia de transformar o G. P. Z. numa grande empresa agrícola de Estadosurgiu do problema que levantavam as muitas centenas de trabalhadoresassalariados pelo organismo, bem como de um grande excedente de maquinariaque não teria aproveitamento eficaz nas comunas agrícolas a organizar naregião»- começou por dizer-nos o nosso entrevistado, prosseguindo:«Esses trabalhadores, cujo número ultrapassa o milhar, dificilmente poderiamser integrados nas novas estruturas ' de produção. Neste momento, encontram-sea bem dizer parados, como aliás quase toda a máquina do G. P. Z. cujamanutenção custa, no entanto, cerca de vinte mil contos por mês. Foi anecessidade de pôr cobro, urgentemente, a esta situação, e ao mesmo tempo,aproveitar as grandes riquezas naturais da zona, que levou a pensar numa grandeempresa agrícola de Estado, que absorvesse os referidos trabalhadores e toda amaquinaria não necessá: ria às comunas.«O G. P. Z. existia, como todos sabem, sob o pretexto de reordenar as populaçõesresidentes na área a inundar pela albufeira de Cabora-Bassa e prestar - lhes apoioagrícola, sanitário, etc. Destinava-se ainda a inventariar as riquezas existentes novale do Zambeze, com vista a atrair, para a sua exploração, o grande capitalinternacional (e assim consolidar a posição do colonialismo em Moçambique). Naprática, o principal papel do G. P. Z. era concentrar as populações em torno deCabora-Bassa nos chamados «aldeamentos» de forma a subtrai-las ao contactocom a FRELIMO e assim isolar a guerrilha. Para isso, trabalhava em estreitacolaboracão com o Governo. o Exercito, a PIDE/DGS é todas as outras forcas ouecontr' ia a manutencão do 'olonialismo no território. Uma vez agrupadas noscampos deconcentração, as populações, pode dizer-se, eram abandonadas à sua sorte, esubmetidas a todos os abusos e violências por parte das forças para-militaresencarregadas de «guardá-las». No plano prático, aliás, os objectivos desta políticafalharam por completo, pois a guerrilha soube infiltrar-se nos próprios campos deconcentração e até, por vezes, utilizava-os como base para as suas acçõesmilitares.«Para além destes objectivos políticos, o G. P. Z. pouco ou nada fazia. Noconjunto, era uma grande máquina incapaz, campo de corrupção e esbanjamentos,que logrou -consumir ao Estado português, sem proveito para ninguém, cerca dedois milhões de contos desde 197% a esta data. Aliás, é errado dizer que foi semproveito para ninguém: da situação se aproveitaram muitos elementos corruptose se aproveitaram igualmente grandes empresas especializadas, portuguesas esobretudo estrangeiras, .algumas das quais, a bem dizer,lhes eram çn-mendados peló G. P. Z.; neste capitulo incluem-se também as empre

sas contratadas para determinados estudos técnicos, ghralmente caríssimos emultasvezes sem grande utilidade prática. O G. P. Z., em resumo, era um luxo a que oanterior regime português se dava em virtude da grande importância política queatribuía à zona do vale do Zambeze e em particular àCabora-Bassa».

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PRODUÇÃO DE ALGODÃO EM LARGAESCALAO nosso entrevistado prossegue:«Como acabar com este estado de coisas, que não interessa nem a Portugal nem aMoçambique, e tirar o melhor proveito dos meios existentes? Este foi o problemaque se nos pôs. A solução pareceu-nos ser a criação de uma grande empresaagrícola de Estado, como já referi. Essa empresa poderia dedicar-se, por exemplo,à produção de algodão em grande escala, aproveitando as excelentes condiçõesnaturais da região, a par deuma policultura para autoconsumo dos trabãlhadores e suas famílias. Pensámos,primeiro no algodão por se tratar de uma cultura rica e que é de sequeiro, nãoexigindo portanto trabalhos de rega. No entanto, pode pensar-se também nacultura industrial de tomate ou pomares de citrinos (culturas de regadio) namedida em que, a partir de Março próximo, se poderá contar com energiaeléctrica em abundância, fornecida pela barragem de Cabora-Bassa. Pelomesmo motivo, pode também pensar-se em horticultura em grande escala.«Pensamos que é da maior importância arrancar com as empresas agrícolas deEstado, que se poderão multiplicar por toda a bacia do Zambeze, particularmentena zona da foz, que é das mais privilegiadas ýdo Mundo para a cultura da cana deaçúcar. Estas culturas são muito ricas e obtêm fácil colocação no mercadointernacional, a ponto de justificarem, em nossa opinião, a utilização de meiostecnológicos avançadoprq 9palmente ao nível de maquinaria, planificação, etc.».O nosso interlocutor fala das condições existentes para a arrancada:«O G. P. Z. encontra-se em condições particularmente favoráveis ao arranquedesta exeperiência ainda no actual período de transição, pois dispõe dos meiosmateriais necessários, que .se encontram parados e improdutivos. A únicajustificação para a sua exstência, tal como é, seria a assistência às populações,que ele não dá. A ,ideia é é precisamente libertar as populações da tutelapaternalista do G. P. Z., de forma a organizarem a sua própria produção segundo alinha do Partido. As formas de organização, no particular, deverão portanto,pensamos, ser decididas pelas, populações organizadas e mobilizadas peloPartido.«No Mazóe, temos em marcha um projecto, aliás já referido pela Tempo, nosentido de essa organização adquirir a forma de comunas particulares. Submetido-,eriet-a ,plçedo «aldeamento» de Temangau, onde vivem mais de duas mil pessoas, e onde sepênsa iniciar a experiência, aquelas aderiram em massa à ideia, compreendendoimediatamente as vantagens da produção colectiva sobre a produção individualpor famílias. Submetido entretanto o mesmo projecto ao Governo de Transição,este aprovou-o em princípio e encorajou-o a prosseguir activamente o trabalho jáiiiciado».COLABORAÇÃOCOM A UNIVERSIDADE E O L.I.A.M.«Entretanto, todos estes projectos, para irem para a frente, precisam de algumascoisas, cuja necessidade tem ressaltado do próprio evoluir dos trabalhos e'dos'

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estudos. Em primeiro lugar, é preciso todo um aparelho de planificaçãoeconómica que programe a empresa agrícola de Estado, que dê assistência àscomunas ao nível de administração, de projectos de exploração agrcola, de

PÁGINA 37 1A esquerda: subúrbio de Tete. Ao fundo, e- perfeito contraste, o edilfo-sede doGPZMCII Dg Z d-rBEZE **um dos eixos do progrnssoeno deHcabquelos, etc. Para suprir a falta de um organismo central de planificação, estamos a.tentar mover a Universidade e o Instituto de Investigação Agronómic deMoçambique no sentido de entrarem numa cooperação articulada com os quadrosda FRELIMO ao nível da Província de. Tete e virem a. fornecer o apoio técniconecessário para o arranque do desenvolvimento económico nesta zona. Algunscontactos foram já estabelecidos com os referidos organismos, os quais foram bastnte encorajadores, de forma que esperamos que, no próximo mês, essacolaboração entre na efectividade, com a ida,. inclusivamente, de estudantes dediversos ramos para o Mazóe a fim de participarem no projectocom o seu trabalho e os seus conhecimentos técnicos.«Pensamos, porém, que deve pôr-se ýdesde já a hipótese de organizar um centrode planificação regional, rural e urbana sob a dependência directa do Partido. Vaitentar-se trazer para cá técnicos poitugueses interessados na experiência' mas, éclaro, devemos con- tar principalmente com as nossas próprias forças, isto é, comos estudantes universítários,..quadros do Partido e outros técnicos deMoçambique».GRANDES PERSPECTIVAS PARA A INPÚSTRIAOutra questão é depois le vantada pelo nosso entrevistado:\«De momento há no en.tanto, uma série de pro'blemas urgentes a resolver nazona da Província de Tete. Um desses problemas, é a destronca dos corredores deacesso aos futuros cais de pesca da albufeira de Cabora-Bassa. Como já foidivulgado, há um projecto para instalar uma indústria de pesca na referidaalbufeira, projecto esse que nos parece ser de levar para a frente, pois essaindústria poderá suprir, em grande parte, as carências de proteínas animais dadieta alimentar das populações da zona e, possivelmente, ainda criar excedentespara exportação. Ora a albufeira começa aser inundada, impreterivelmente, emmeados de Novembro próximo, e é preciso destroncar os refe-ridos corredores antes dessa data, porque, de outra forma, não será possível oacesso aos futuros cais pelos barcos de pesca. Como foi então noticiado, esteproblema já levou o nosso colega Portela, em Junho último, a ir a corta-matofalar. com os dirigentes da FRELIMO, pedindo-lhes autorização para Ainiciar ostrabalhos de destronca, que incidem numa. zona então controlada.pela guerrilha econsiderada de grande importância estratégica. Devido a essa mesm .portâncianão foi p ivel na altura, iniciar.esses trabalhos. Agora, poém, com a -guerraacabada, pusemos de novo o problema à FRELIMO e esperamos iniciarbrevemente a destron.a.

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PÁGINA 38«Quero frisar ainda que, esta indústria de pesca, não será afinal mais do que umapequena parte das grandes riquezas que se poderão obter em toda a bacia doZambeze após a conclusão da barragem de Cabora-Bassa. Além das grandespezspectivas que se abrem à agricultura, e que atrás referimos, a fartura deenergia eléctrica colocará Moçambique em condições de criar muitas indústriasnessa zona. Estamos a pensar, por exemplo, nas bauxites do Malawi, quepoderiam ser utilizadas, em Moçambique, para a produção de alumínio».NECESSIDADEDE UMA TECNOLOGIAAVANÇADA0 técnico do GPZ teceu, a seguir, algumas considerações pessoais sobre o futurode Moçambique e sobre os diversos caminhos que se abrem ao desenvolvimentoeconómico do território:«Penso que se tem que distinguir, na hctual formação social moçambicana, doismodos de produção diferentes. Um, é um modo de. produção capitalista,caracterizada pela total dependência de grandes massas de trabalhadoresassalariados em relação ao capital que os explora. É o que se observa nasindústrias e, em geral, nos centros urbanos. A par desse, subsiste um (ou mais queum) modo de produção pré-capitalista, isto é, onde essa dependência dostrabalhadores em relação ao capital não é ainda completa, onde eles aindapossuem alguns 'meios de produção (terra, instrumentos de trabalho, etc.)próprios e possuem portanto alguma autonomia económica, embora se encontrem,quase sempre, reduzidos pelo colonialismo a uma situação de miséria oupróxima dela.«Julgo, portanto, que a revolução moçambicana se desenvolverá inevitavelmentea esses dois níveis distintos, e com diferentes velocidades. No primeiro caso, umaevolução demasiado rápida pode provocar graves crises e désequilIbrios, surgirão.inevitavelmente grandes obstáculos, o avanço será forçosamente mais lento.«No caso das formas de produção não totalmente capitalistas, que abrange amaioria das áreas rurais, julgo que a revolução avançará muito mais rapidamente.Porque, aí, as popu-lações, pelo facto de viverem de certo modo marginalizadas do modo de produçãocapitalista, ficam também, em parte, à margem das crises que essa produção sofre,refugiadas na sua restrita economia própria. Não há, portanto, que temer grandescrises de transição nesse sector e por isso o processo revolucionário poderáseguir muito mais depressa. Poderão fazer-se aí, rapidamente, grandes avanços egrandes conquistas, poderá construir-se em pouco tempo uma economia sólidaque venha a ajudar o processo revolucionário nos meios urbanos».O nosso interlocutor prossegue:«Pretendo, a partir desta tentativa de análise, muito geral, da situação económicadas populações moçambicanas, defender que o principal obstáculo que seencontra ao desenvolvimento nos meios rurais é o atraso das forças produtivasnesses meios. Quer dizer: ak oposições de classe aí existentes são pequenas, aspopulações aderem facilmente à revolução social mas o atraso das forçasprodutivas impede o avanço rápido dessa evolução. Esse, atraso verifica-se a

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vários níveis: por um lado, a força de trabalho (mão-de-obia) é extremamentedesqúalificada, estando num estado de conhecimento- técnico muito atrasado. Poroutro lado, os próprios meios de produção são dos mais rudimentares, opondo-sea uma boa produtividade do trabalho. A pouca produtividade é ainda agravadapela desmotivação das massas trabalhadoras, reduzidas pelo colonialismo a umasituação em que nunca recolhiam o fruto justo do seu trabalho e acabavam, porisso, por se desinteressar dele. Por último, verifica-se que a força de trabalho nãose encontra organizada de forma a obter uma alta produtividade mas, pelocontrário, manietada por formas de organização ultrapassadas.«Parece, portanto, que, para uma efectiva arrancada económica de Moçambiquenas áreas rurais, se torna necessária, em primeiro lugar, uma intensiva acçãopolítica do Partido no sentido de organizar as massas segundo os modelos maisavançados de organização da produção. Em segundo lugar, será preciso qualificarrapidamente a força de tiabalho, de forma a aumentar a produtividade individualdos trabalhadores.Em terceiro lugar, impõe-se melhorar muito os meios de produção,nomeadamenteé' com o recurso da tecnologia avançada para a mecanização daagricultura. A motivação das massas trabalhadoras, nascerá naturalmente da justadistribuição do produto colectivo.«É, no entanto, particularmente controverso o recurso à tecnologia avançada, namedida em que ele colocaria inevitavelmente Moçambique, nos próximos anos,numa certa dependência tecnológica, económica e portanto política dos paísesindustrializados que lhe podem fornecer essa tecnologia. Parece não existir,contudo, outra solução para o rápido arranque económico de Moçambiqué, pelosseguintes motivos: e m b o r a haja actualmente muito desemprego e subempregono pais, pode-se desde já garantir que a força de trabalho existente é muitoescassa em relação às potencialidades do território. É im caso totalmente diferentedo da China, por exemplo,. onde a existência de uma enorme força de trabalho, ea necessidade de a ocupar, não deu lugar, logo após a revolução, à necessidade deutilizar uma tecnologia avançada na agricultura. Em Moçambique, onde apopulação é escassa e as condições ambientais do trabalho muitas vezesextremamente duras, julgo que só o recurso a uma tecnologia avançada, comtodos os riscos políticos que acarreta, poderá possibilitar a arrancada económicdo país».A entrevista com o jovem técnico do G. P. Z. termina aqui. Queremos, porém,referir ainda alguns problemas que sabemos que levanta a reconversão doorganismo numa empresa agrícola de Estado:O G. P. Z. era um organismo do Ministério do Ultramar português, depoisMinistério da Coordenação Interterritorial. Havia uma Direcção-Ger(al, emLisboa, da qual emanavam as directrizes para a actividade do Gabinete. Em Tete,existia Uma Direcção que zelava pela execução dessas directrizes. Sucede queessa Direcção. após o 25 de Abril, se retirou para Lisboa, ficando em Tete apenasum subdirector que não sabe exactamente que orientação seguir noraue foi. a bemdizer, «abandonado» pela Direceão-Geral de Lisboa. Isso exilica. em «randeparte, o facto de o G. P. Z. se encon-

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trar neste momento quase paralisado - e .só não o está por completo devido àiniciativa de jovens técnicos que temos referido, os quais ,se empenharam emcolocar os meios que o Gabinete possui ao serviço do povo moçambicano.Existe portanto, neste momento, um corte efectivo entre o G. P. Z. propriamentedito (instalações, meios técnicos e pessoal existente em Moçambique) e aDirecção-,eral em Lisboa, que pafece ter-se desinteressado do seu destino, o quelança na preocupação as muitas centenas de trabalhadores do organismo,inseguros quanto ao seu futuro. Até ao fim do corrente ano, a subsistência destestrabalhadores parece estar coberta pelo orçamento já aprovado no ano passado; e,de facto, o dinheiro para os pagamentos tem vindo de Lisboa todos os meses. Masos trabalhadores interrogam - se: E depois do fim do ano? Que vai suceder ao G.P. Z.? Continuará o dinheiro a vir de Lisboa? Ou o G. P. Z. vai acabar?A resposta a todas estas perguntas parece ser o imediato controlo,, pelo Estado deMoçambique, do Gabinete do Plano do Zanibeze e a sua rápida transformaçãonuma empresa de Estado' que torne produtivos a força de trabalho e os meiosmateriais existentes. Julgamos que esta mudança' será perfeitamente viável, semgrandes complicações, no âmbito do período de transição que se atravessa, e quenão, fará' emergir qualquer oposição entre os interesses portugueses e osmoçambicanos.O problema que se põe a seguir é: indo para a frente este projecto, quem forneceráos meios de pagamento ao G. P. Z. (ou àquilo em que ele se tornar) no próximoano, quando a empresa de Estado não tiver ainda começado a vender os seusprodutos no mercado? Ora, a solução mais justa para este problema parece ser oEstado português assegurar ainda, no próximo ano, esses meios de paga*mento.Assim estará Portugal fazendo jus às responsabilidades que assumiu para com opovo moçambicano; e assim estará concluindo consequentenente o processo dedescolonização dos territórios africanos sob a sua tutela. Esta uma sugestão queaqui deixamos.

Ao alto: recanto do «aldeamento» de Nachinanga,- libertado vela FRELIMOpouco depois do 25 de AbrilAo lado e em- cima: outro aspecto da «temba» de Tete, colocada à planície.Ao fundo, a serraAo lado e em baixo: fachada das instalaç6es do GPZ em Tete. É o maior edifícioda cidade, e tem um helicóptero noterraço....

Fábrica de Condutores Eléctricos de Moçambique MANGA 0 BEIRARepresntantes da CELCAT - Fábrica Nacional de Condutores Eléctricos, 8. A. R.L.1~___._ ...._

1DSPRTVUM, NADiAOS [XII0E FACHADA

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Não s e r á subitamente que teremos um autêntico d e s p o r t o moçambicano,por várias (e más) razões, muito embora, a curto prazo, se possam alcançar algunsêxitos, num ou noutro campo, partindo das estruturas existentes e algum esforçosuplementar. Mas perguntamos: tais e admissíveis sucessos (de modo algumtraduziriam a v e r d a d e desportiva moçambicana - seriam apenas casosisolados) poderão servir o ideal da nossa revolução? Temos as nossas dúvidas.Mas a questão, quanto a nós, põe-se.Não é que já se diz podermos estar nas próximas Olimpíadas ou mesmo noMundial de futebol; chegarmos ao galarim do basquetebol, termos hegemonia nohóquei em patins, mandármos na nata ção. x Tudo por já termos isto mais aquilo.Perguntamos se não será irmos depressa de mais. Perguntamos ainda sehipotéticos êxit-os servem a revolução mo-' çambicana na qual todos nos devemosempenhar. Estamos a pensar que se quer ir, de imediato, longe de mais, o quecolocaria a actividade desportiva umpouco mais longe da revolução. Ora é a esta que te, remos de atender primeiro.Reflitamos um pouco.À luta armada que o povo moçambicano iniciou e concluiu com êxito e aplausodo povo português, seguiu-se, e estd em curso, a luta revolucionária para aconstrução de um n o v o Moçambique. C h e g a d o s aqui, estamos a pensar quese possa perguntar: que tem este processo com o fenómeno desportivo? Mas tem,como talvez fique provado na sequência destas linhas.Não vimos que as actuais estruturas - mhateriais e humanas - possam servir umprocesso revolucionário desportivo que s i r v a por seu turno os fins da r e v olução moçambicana. Ambas terão de se modificar. Logo, pois, qualquer sucesso(ou presença internacional) que se alcance não terá verdadeiramente d 1 m e n sãomoçambicana em andlise interna. Seria assim, em nosso entender, um êxito muitoenganador e de consequências talvez mais nefastas que positivas. Se não tanto,pelo menos, repetimos, enganosas.Também dissemos q u e qualquer êxito neste casoteria ainda de cDntar com um esforço suplementar, queríamos -dizer que teria dehaver umas certas facilidades, uns certos apoios. Vamos ld: subsilos. E quem ospoderia dar? Entidades privadas? Poderia ser, mas é de momento duvidoso não sópor não ser tradição mas por razões de outra ordem: económica, alegada quasesempre em defesa da função dos lucros que terão de existir. Estaria (ou estard) oEstado nessa disposição. Também nos parece duvidoso pois numa hora demobilização de recursos para servir o povo naquilo que está mais carecido (quetambém é de educação física e desportos) e se, sabiamente, se recomendaausteridade (nos gastos); numa hora destas, diziamos, não nos parecia coerentesemelhante auxilio. Coerente com a letra da Revolução.Virármo-nos agora para metas olímpicas e outros objectivos de aparato (que nemsempre de sucesso garantido - e que o fosse) talvez fosse trair uma das palavras deordem que devemos seguir com entusiasmo - TRABALHO. Mas que,TRABALHO no campo da educaçãç física e do desporto? ýIatural-mente aquele que leve a educaçao física e desporto ao povo ajudando-o na suapromoção. A seu tempo teremos genuínos campeões, êxitos autênticos, sucessosque não são de fachada. Poderemos ter um atleta que salte mais de doas metros

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em 'altura, mas mesmo que não nos apareça um praticante assim tão dotado,teremos contudo milhares de moçambicanos que saltam mais de metro e meio,teremos outros milhares que saltam mbis de um metro. Poderemos ter um grandeás na natação, mas se o não tivermos consolar-nos-d a certeza que milhões demoçambicanos sabem nadar. Poderemos ter um fenómeno na gindstica, mas se elenão aparecer teremos todo um povo saudável e com a indispensável destrezafísica.Trabalhe-se e trabalhemos nesse sentido.Que fazer então? Quais são as colectividades que para já podem responder a estefascinante desafio?Será o que veremos em próxima oportunidade. Entretanto, porque a grande meta éMoçambique organizemo-nos e vamos trabalhar.AGOSTINHO DE CAMPOS

PAGINA 42IInA PANTERA NEGRA"' Mã legada cinemnatogréficaQuase estávamos tentados a dizer que o filme «Eusébio, A Pantera Negra-apareceu fora-da-estação aqui em Lourenço Marques. Realização medíocre (paramenos) poderia ontem ser um êxito comercial, já que à maioria das pessoas ofutebol era das únicas liberdades que restava; hoje porém são, outroe a aspreocupações (das pessoas) - e não são nada pequenas - pelo que o futebol passoua ser artigo _de consumo muito menos prioritário. C 1 ar o, que exibido agora ouontem o mérito da película (que não tem) seria o mesmo.Não será necessária cogitar muito para atribuir à feitura da fita o propósitocomercial, desiderato, ali ás, que nem impedia que tivesse qualidade. De resto atéaborrece, pois, apesar disto ou daquilo que pudesse e possa ser dito em desfavorda alienação futebolística, o tema proposto até dava para uma realização dealguns, se não mesmo muito interesse, bastando para tanto que fosse feita umaséria abordagem ao problema humano nos vários aspectos que a situação oferecia.E não eram poucos nem despidos de interesse os elementos ao dispor: o meio emque o personagem viveu, o porquê do fascinio do futebol, a adaptação da figurafocada a um novo meio (e alguns aspectos destes). E ainda o homem comofutebolista ao serviço de entidade patronal que tený gozado em Portugal deprivilégios muito especiais - como são os clubes de, futebol profissional; osaspectos duros daprofissão mais os de 'entusiasmo transbordante,- e a duvidosa segurança do fúturopara os que não chegam a ases ou destes, aqueles que por infortúnio ou menoscabeça (e não é isto também um infortúnio?) não o consolidaram. E de menosinteresse não seria a luta de bastidores para se obterem transferências. Finalmenteo filme ainda podia ter sido um bom documentário sobre o espectáculo do futebole-do futebol em si. Esta fraquinha fita nada alcançou Insossa do principio ao fimpouca ou nada a credencia; numa palavra - uma pastelada. Pobre cinema quetantos pontapés levou neste filme, ou não fosse ele fita da bola. Mas esta tambémnão foi melhor tratada.

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E já vão, linhas a mais. Mas lá que havia de haver uma lei que proibissepecegadas deste tipo, isso é verdade. E' também é verdade que devia haver maisrealismo nalgumas das frases que «publicitam» os filmes. Deste dizia-se ser «ofilme que é a glorificaçao dummoçambicao» o que não é verdade. Nem m u i t o nem pouco. Uma outra frasepublicitária: «A vida Inteira do «Rei»: De menino da bola de fra:os a senhor dabota de ouro" (que deve ser um dinheiráo a avaliar peTó custo actual de um par desapatos). Também se alertava na publicidade do filme aue o mesmo era ~paramaiores de 0 anos». Coitadas das crianças. Porque castigá-las assim?Não se poderá dizer que o «esclarecimento» o seja assim tanto como isso. Oprotesto foi feito antes ou depois da homologação? E esta foi deliberada em quetermos para não poder ser revogada? Aparentemente'a solução é cómoda, maspode não ser justa. Poder-se-á pensar ainda que se esconde qualquer outra Ideiaque possa aparecer para a frente, no tem-N u n c a «estivemos» quem não esteve- muito comprometidos com a disciplinadas coisas desportivas. Nem sempre «nos» entusiasmámos com a ordem dascoisas desportiVas.O último comunicado da AY..L.M. aplica dezoito muitas a clubes por falta deapresentação dos cartes-licenças. Três jogadores foram punidos com um total dedezoito jogos. Enfim, casos correntes. Hábitos (maus).Mas nem as constantes multas aos clubes nem os

PAGINA 43Do «Mànifesto sobre o Desporto», da UNESCO, respigamos:--0 desporto, comoíntegránte da educontribui para o volvimento físicomonioso da criança para-a fisiologica para o esforço; aj a manter o seu brio físicoe psi participa na forda sua vontade ecwTãcter; e facilitaadantaco social.tqmul% nação lo seu a suaeducação moderna igualmente, prepaScriança para os lado jovem e do o., Paraque o hopratique o desporto,vulgares castigos a futebolistas conseguem ser remédio para o desleixo ou cura pa r a a indisciplina. Ora sendo importante o método e a disciplina estes só poderãoser defendidos para já - agravando as penalidades. Do que se está à espera?O que, pensávamos ontem, relativamente à fraseologia u s a d a nos sectores daimprensa, empenhados na vida desportiva, encontra-se muito mais radicadõ nonosso espírito face a todo um novo comportamento que temos de encarar (e ter)hoje.Entendemos haver, necessidade de refurdir muitos hábitos e frases feitas quesendo ontem Já ridículos, hoje não o são menos com a agravante de se apresen-tarem como formas desesperadas de manutenção de um processo velho e

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condenado. Pois não temos que reformar todo o processo desportivo, m e s m oquando voltado para o espectcuo?DO MANIFESTO SOBRE O DESPORTO" DA UNESCOdurante a sua vida inteira, deve adquirir o hábito e o gosto respectivos, desde asua infância-A formação intelectual,física e estética do individuo, qualquer que venha a ser, maia tarde, a suaresponsabilidade, exige, um equilíbrio entre as diversas disciplinas, o qual tem dereflectir-se na distribuição dos programas e dos horários. Para evitar que estevoto se torne inconsequente, inpõe-se a fixação de um limite, para o número dehoras reservadas às disciplinasintelectuais.- A primeira preocupaçãoSejamos francos, que interesse há na maioria das opiniões (ou declarações)recolhidas nas cabinas, antes dos jogos de futebol, depois destes, nos treinos, nocafé, no emprego, na rua? São repetições constantes, frases 'Idênticas e ideias desempre, argumentos iguais e opiniões dispares sobre uma mesma verdade. Porquêassim? Proçuram-se desculpas para os insucessos, mninmizam - se méritos ouexaltam-se valores ireas. Busca-se sensacionalismo. Mas não só estas recolhas deopiniões. Nos títulos, nas legendas, também abunda o mesmo estilo.Ainda até há bem pouco tempo as presenças de equipas desportivas locais emPortugal a fim de participarem em campeonatos nacionais tinha boa legiO deadeptos. Ou a tentação de títulos ou o agrado pelo passeio, na maioria dos casostalvez o -rande objectivo fosse t ýctamente o passeio. Disc rdar, então,dos que ensinam tem de ser a de proporcionar actividades bem adaptadas esusceptiveis de interessar directamente os alunos, devendo, no entanto, uminteresse particular as que puderem ser praticadas toda aTodos deism profess res - t cular, criança que se tamnta própria criantrar o desejo de . o seu esforço, ngir um nível o mais elevado.ueles que a roos seus pais, es e treinadoi, neste partiEso quando a bem dotada, nofere a um inciexagerado dade tão grande desperdício de dinheiro levantava iras. Chegámos até a participarem provas europelas sob rovoadas de aplausos oficiais e de alguma imprensa.Muitos dirigentes bateram-se por tal situação.Hoje os' tempos são outros. São tempos de verdade e de realismo.O que é curioso é, nesta altura ser muito maior o n ú m e r o de discordantes dospas'sados (recentes) contactos. Que «afinal nada adiantámos». Curioso como aideia agora se generaliza. O curioso ainda destas coisas, o malý grave, é o que jávimos sêr adiantado por créscimo. Vamos dizer a seguir.Os-vícios e os equívocos que envolviam o desporto local, ai n da o envolvem.Praticamente tudo subsiste. Muita coisa quer resistir adoptando uma estratégiajulgada apropriada ao momento e, ao mesmo tempo, garante e suporte de umacerta continuidade.Um dos casos é o de se pensar subsistir o inope-prática desportiva: isto é, para além da sua própria vontade, e com prejuízo do seufuturo.

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- desporto tem um papel importante e org a desenvolver, na expaeisão dapersonalidade do individuo, fora da suavida profissional.-O prolongamento educativo do desporto, no que tem de cultural e social, iínpõeaos dirigentes dos clubes e aos educadOres que os secundai, a obrigação de fazerrespeitar, rigorosamente, o espírito que empresta, às actividades desportivas, a suanobreza e o seu valormoral.rante intercâmbio com Por' tugal pelo da África do Sul. Que ali é que o desporto éq é bom e só temos a ganhar com tal intercâmbio que é baratinho e nos dará maisproveito desportivo. Dizem.Daqui lançamos o alerta para este equivoco. E não é pequeno.Em nosso entender poder e mo s alcançar algumas metas no desporto local semseguir tal caminho. Queremos estar no mundo ou isolarmo-nos do mundo?Provavelmente o desporto moçambicano terá todos o« contactos possíveis. Masestes inserir-se-o, por certo, num plano a carácter com as nossas reais-necessidades e não para simples satisfações de processos falidos.Em Lisboa o Benfica revalidou o título c" c'-peão de Portugal em hóquei empatins, mantendo assim os seus créditos e a sua fama.A. de C.

(Empresa Insulana de NavegaçOo)A MAIS ANTIGA COMPANHIA PORTUGUESA DE NAVEGAÇAO UMAFROTA MODERNA E VEIOZ AO SERVIÇO NAS LINHAS NORTE DAEUROPA E COSTA ORIENTAL DA ÁFRICA CARREIRAS REGULARES DELISBOAPara: ooAçoresAmérica do Norte Norte da Europa Costa Ocidental da África e Costa Oriental daAfricaSEDE EM LISBOA: AV. 24 DE JULHO, 132S Agentes Gerais para MoçambiqueCompanlia lIdusirial da Malola, S. A. R. L.-.RVIÇOS DE NAVEGAÇAO E TRANSITO RUA CONSIGLIERI PEDROSO,396 TELEFONES 28041/6 ENDEREÇO TELEG.: «SENATRA» - 'PLEX:6220-CIM.MO LOURENÇO MARQUELA REPOIUCA POPULAR DA CHINA ADMITIDA NA [F1. H.Em vésperas da realiza çlo do XXVIII campeonato do mundo de halterofilismo,marcado para Manila, a Formosa foi expulsa tendo sido admitida na FederaçãoInternacional de Halterofllisn, > a Repbllca Popular da Chna.E assim este graude pas' que é a China vai vendo abertas todas as portas dodesporto Internacional.IIMAS É VERDADE?o FUTEBO[ DE SAIAO (LOCA[)

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INSCRITONA CONIED[IACAD INTERNACIONA[Do Rio de Janeiro -que é menos nessa modalidade) uma capital do Brasil, pais da tipo de estruturação que esAmérica do Sul -veio tele-boce, pelo menos, algumagrama da ANI que foi dado coisa do ideário da nossa Reà estampa emcomposição a volução. Se assim é - não onegro e caixa a .uma coluna. afirmamos - sempre julgaTeor do dito:mos que isto de filiações emfederações internacionais (o«A «Confederação Inter- que nÃo se contraria) devianacional de Futebol de Sa- enquadrar-se numa definição lão» recebeu hoje opedido de princípios orientadores dos de filiação de Moçambique. caminhos aseguir pelo nossoA Fed eração de Futebol desporto. Já os vislumbramosde Salão, tem a sede no com entusiasmo, é certo, masBrasil. E o seu presidente ainda não foram proclamados.é João Havelange, que tam- A que atribuir então tamabén é presidente da Fede-nha pressa e' qual o porquí ração Internacional de Fuý da modalidade em vi-usa? tebol e da Confederação Não se poderá negar umBrasileira de Desportos.» cérto dinamismo aos mentores daquele pedilo - se,efecQuem, fez esta Inscrição tivameíte, ele -oi feito. Emem nome de Mabique? bora seja tam-.. natural a 1tráxos. asim, no mun- surpresa do aestíinto não terdo -4 no internacionalismo - tido prévio debate, já que dudó desporto?vidamos a iniciativa inserirSem o propósito de apou- -se numa tal linha mestracar a modalidade referida ou para o desporto moçambiduvidar sequer da purezadas cano. intenções que conduziram Não cremos que de ora emàqZuea notici, vinda do Rio, diante estas coisas devam de jRnéiro neste mêãs deOu- processar-se deste modo. Instubr, parece-nos - e não crições porinscrições poucotanto à priori como isso - valem se não tiverem um suhaver aqui assunto paraal- porte. Não duvidaremos guns reparos.,Senido que estes vamos lá a um poucode boa terão de ser entendidos com vontade - que a resolução igual grau depureza que atri- s6 foi tomada (se é verda' bulmos aos autores (?) da- deiro oanunciado) depois dquela dita incrição. devida ponderação acerca dasSerão peqíerios reparos, possibilidades do futebol de acreScenth-se.salão. O caso não é'este. OPorque a inscrição (nossa) caso é da surpresa e da ideia em íederaçõesdesportivas in- que a mesma dá - destas coiternacionais implica respon- sasandarem (ainda) assim sabilidades, "devendo, inclusi- à sorte.i

FABRICADOS EM MOÇAMBIQUE PARA MOÇAMBIQUEEm cima: pormenor da Idbrica de produtos desidratados e cozinhados

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A saúde do povo é a base do progresso do País. Um corpo débil não pode, deforma alguma, render em pleno quanto dele se espera. Há, porta'to, que manter opovo saudável. Assim sendo, devemos debruçar-nos sobre a base da saúde: aalimentação. De um estudo recentemente publicado sobre o problema ali mentardesta~amos: ,«Quando se adoec e é sinal que não estamos vivendo segundo a linhas e regras daNatureza. Uma das coisas que mais impedem o retorno à saúde é a atitudepsicológica da pessoa. Devido baixa de vitadade, é fácil de~ncorajar-se. Leva oseu tempo a reconstrução do corpo, a libertação dos venenos que nele seacumularam, a reconstituição dos elementos indispensáveis, e exige tam m forçade espírito para lutar contra o desânimo.«Muitas pessoas, nessa altura, chegam mesmo a recorrer a Sucessivos proeso decura na esperança de milagre de um dia para o ou to. Existe, no entanto, apenasuni' milagre: o poder curativo da Natureza, vivendo de modo a que ela tenhaoportunidade de operar este milagre. ,«A saúde só pode ser recuperada se. fornecer ao organismo os alimentos de queesteve privado».II ~ ~ UT CO TR A FOME..." ....... I

A BASE DA SA DE ASSENTA NA AIEis, pois, porque a alimentação é campo prioritário em todas as sociedades. Estesector é motivo de preocupação constante, o que originou a criação de equipas deestudo. Partindo do princípio que o regime alimentar normal se apresentadeficiente, foi criada; uma nova forma de alimentação onde os aditivos proteínas,vitaminas e outros têm posição de destaque.A este respeito um técnico afirmou:<ÉA dieta média tradicional édesequilibrada porque faz grande uso de gorduras, farinhas e açúcares, elementosque levam à formação de ácidos e deficientes nas vitaminas e minerais essenciais-, os verdadeiros defensores da saúde».Dentro desta ideia foram criadas empresas -especializadas com a finalidade deproduzir alimentos tipo, ou aditivos, especialmente concebidos no sentido demelhorar as dietas principalmente daqueles cuja condição económica é precária.

Aspecto do laboratório daunidade fabrilNa presente situação de carência de produtos alican tarese Importante papel estácometido à Nutresco no suprimento às massas consumidoras, com a vasta gamade especialidades alimentares Iãnçadas no mercado pelas suas uindadosindustriais a laborar em Moçambique.Com efeito, a inegável importância dos produtos alimentares da Nutresco - quevao desde concentrados de carne até bebidas alimentares de rico teor nutritivo -têm suprido com assinalável eficiência os áesequilíbrios dietéticos da nossaaUmentação.A riqueza e variedade dos produtos da Nutresco, garsatfram-lhe um mercadoseguro e estável que cobre todo o País, com um consumo que não só se verifica

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entre a população de relativo poder de compra, mas também entre os habitantesmais modestos.Aproveitando matéria-prim local, que é valorizada e enriquecida em basesverdadeiramente científicas e nas melhores condições de higiene, a Nutresco jáconseguiu substUtuir perfeitamente .os produtos similares importados.Moçambique necessita de uma alimentação rica para o seu povo. Hoje, mais doque nunca, o moçambicano precisa de vigor que lhe permita responder a quantodele se espera. O Pais tem. fome de gente bem alimentada, é inegável.Atende-se, porém, que já produzimos alguns produtos alimentares de riquezaassinalável e outros s~rão muito em breve.Sopas, caldug e bebidas nutritivas são já produzidas e distribuídas pela Nutrescoatravés das suas fábricas em Lourenço Marques, Vila Pery e Beira.Dos produtos que mais se evidenciaram e cuja aceitação tem sido inegável,destacam-se oL Super Maeu, as sopas Nutrovite de caril e carne, os caldosBrandão' fabricados sob patente, e o Nutrocerve, uma bebida alimentar com baseem cereais com um teor alcoólico na ordem dos 2,5 por cento.Estes produtos são já procurados em muitas das províncias, concluindo-se que aprodução presente se torna insuficiente para abastecer o território.De notar que estes produtos são elaborados' quase na totalidade com base emmatérias-primas essencialmente moçambicanas, o que permite uma economia dedivisas apreciável. Com o Toddy, fabricado sob patente, há que importar o cacaujá que não o produzimos.Segundo os produtores, em

PRODUTOS ALIMENTARESRFABRICADOS EM VILA PERY4condições normais as unidades industriais estão aptas a fornecer o mercadomoçambicano, acrescentando também que as matérias-primás locais têm estadosujeitas a especulação devido à flutuação de produção e preços. Apesar destasituação, afirmam também manterem armazenamento suficiente de matérias-primas que permite a continuidade de produção e a uniformidade de preços emtodos os produtos elaborados.Em cima, à esquerda: pesagem do «super-maeu»Em cima, à direita: Fase de embalagem e classificação dos caldos «Brandão»Porém, acontece que devido à grande aceitação verificada, determinados produtos- nomeadamente os caldos - esgotam-se com enorme rapidez.

L. MARQUES E BEIRANOVOS ALIMENTOSA Nutresco está a envidar esforços para em breve colocar à disposição dosmoçambicanós outros produtos alimentares.Entre os novos alimentos destacam-se as sopas Brandão e uma farinha superfina,tipo instantâneo, a qual terá por finalidade juntar-se às sopas Nutrovite.A Nutresco tomou a decisão de fabricar novos produtos consciente da suaimportância na alimentação moçambicana. É evidente que a administração desta,empresa pensa na exportação mas também é verdade que s6

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se. manifestou entrar em tal campo quando o mercado moçambicano lhepermitir excedentes.Apesar daquela situação, afirma-se:«Em relação a produtos similares fabricados em países vizinhos os nossosapresentam-se mais ricos no. campo alimentar, e competitivos, pelo que-é deprever que, quando exportados, tenham boa aceitação no campo da concotrência».TRABALHOA unidade industrial de Lourenço Marques tem a seu cargo a produção de Tòddy,Nutro-cerve e futuramente caldos e sopas. Em Vila Pery mantém-se a produçãõ normal,a transformação dos produtos acabados e na Beira, unicamente, a fabricação deNutrocerve.Nestas fábricas trabalham cerca de duzentos e cinquenta empregados, o queimplica cerca de 900 contos de vencimentos por mês.É curioso assinalar que aquando das reivindicaçes salariais em todo o País e daonda de greves que se verificou, as fábricas da Nutresco estiveram sempre emactividade o que demonstra um entendimento saudável empresa-operário.

H I1m11IIA tragédia desencadeada por alguns irresponsáveis em 7 de Setembro, reflectiu-se, especialmente, nos subúrbios da capital deste jovem pais. Não foi, de certomodo, «um caso para esquecer», porque temos de recordar constantem.ente aspalavras de ordem: unidade, vigilância e trabalho, para podermos evitar queoutras monstruosidades semelhantes voltem a enlutar esta nova nação quepretende desenvolver-se em ordem, paz e fraternidade.A operação de solidariedade gerada em beneficio dos familiares das vitimasencontrou eco em todo o Moçambique, e até além-fronteiras, tendo a Imprensanoticiadojá variadissimas ofertas, em géneros e dinheiro, que dizem bem dos sentimentosfraternais do povo moçambicano para com aqueles que foram traiçoeiramenteabatidos pela reacção.Hoje, apraz-nos registar a iniciativa do conjunto «Guttae Pluviae» que, nãoolhando a esforços e dificuldades, se propôs organizar e realizar um grandiosofestival «ao vivo» de música progressista a folclore moçambicano, cuja receitareverterá integralmente a favor das vitimas (os seus familiares) da semana maislonga que enlutou a jovem nação moçambicana.Ik 1,1,151-k

111 YÃ 1 HIflOs componentes deste jovem agrupamento são moços com idades compreendidasentre os dezoito e os vinte anos. Lê-se-lhes nos rostos e reconhece - se - lhes naspalavras - especialmente nos seus poemas uma vontade autêntica de fazeremcoisas novas no panorama musical do novo Moçambique, ou seja, irem ao

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encontro do povo através dos poemas e da música que interpretam.E, neste particular, honra lhes seja feita: como uma das s u a s principaispreocupações é a busca do seu próprio caminho e da sua própria originalidade, ei-los a escreverem as suas composições, as músicas, assinadas, duma maneira ge-ral, por Antônio dos Santos Capela, Aníbal, Francisco Nhantumbo, Leopoldo eNormando.Influencia d o s sobretudo pelos conjuntos «Uriah Heep», « B 1 a c k Sabath»,«Grand Funk» e «Deep Purple», é de acordo com a linha melódica destesagrupamentos que foram construindo as bases das suascomposições e a forma como as interpretam. Todavia, essas influên c i a sserviram-lhes apenas de ponto de partida. Agora, como nos afirmaram, o queconta «essencialmente é a p r o cura duma originalidade autêntica, conjugando,tanto quanto possível, os sons revolucionários da m ú s i c a africana de Moçamb iq u e

PAGINA 52com as correntes mais progressistas da música «pop» interusconab.Os elementos que compõem este agrupamento, que conta já com diversasactuações que constituiram êxite, sao: Aníbal da Silva Coelho, vocalista; JorgeBastop, baterista; Spínola Esteves, viola-baixo; e Xico Nhantumbo, viola-solo.Proximamente, contam *integrar no seu conjunto um organista, Jorge Santiman,ex - «Melting Pot».A MOSICA POP AO SERVIÇO DO POVOApós os trágicos acontecimentos nos primeiros dias de Setembro em LourençoMariues, felizmente já completamente dominados, gerou-se um esplêndidomovimento de solidariedade para socorrer aqueles que foram mais directamenteafectados pela cobardia e pelo oportunismo de uns poucos.«Guttae Pluviae» - surgido em 1973 - aderiu também a tal operação defraternidade e, assim, dirigiu ao CIT um requerimento "pedindo autorização p a ra realizar um festival «ao vi'vo»; no qual -actuarão ng-merosos conjuntos locais. A receita reverterá para a população dos subúrbios.A iniciativa foi bem recebida e, assim, além do CIT, este festival contará com acolaboração da IMA, que terá a seu cargo a montagem do respectivo palco, doClube Ferroviário de Moçambique, que p a r a o efeito cederá o seu campo. dejogos, da Delta Publicidade, que se ofereceu imediatamente para coordenar asadesões e efectuar a publicidade, radiofónica, Beja Filmes, que filmará oacontecimento e colaborará no que for preciso, e Man Matos, responsável pela luze pelo som, havendo ainda outras prováveis adesões de apoio a esta louváveliniciativa.Quanto aos conjuntos, aderiram já: «Stor ,», «Monstros», «Impetuosos», «StrolingBones», <Maron e Sucena Palma», Quinta Telha», Raul Baza, «lf.-ica Ritmos»,Luís, «Seara 111», Pedro, Rangel e A b e 1 Chemane, «Grupo da Paz», Lalarita e«Exóticos». Outros agrupamentos que queiram cola. borar neste festival desolidariedade, deverão entrar em contacto urgente com os serviços de «DeltaPublici-45;'

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.~ZÇ*'-.4v ./4 \1 1* "4*iz ~-~-~"'*1~ ~aeas», no prédio Sã Pessoa, quarto andar, durante as ho r a s normais >deexpediente.Colaboram ainda na organização deste espectáculo, que será não apenas umespectáculo de beneficência m as simultaneamente de convivio cultural e musical,João Conde, orientador técnico, Luís Alberto Moreira, Jorge Costa, FaustoMar'tins, Artur Gonçalves, Américo Luís de Freitas e Luis. Pires.«BAYETL MOÇAMBIQUE»Os jovens elementos do conjunto Guttae Pluviae» pediram-nos que dirigíssemos aMoçambique e aos moçambicanos, às grandes m a ssas populares, o seu«Bayete», e a sua promessa de tudo fazerem parR que, depois do referido festivalde beneficência, a música «pop» de Moçambique possa ser efectivamente uminstrumento- válido ao serviço do povo, valorizando-a e fazendo-a chegar a cadaum, pois entendem, e bem, que também através da música e da canção livres erevolucionárias se oode (e deve) trabalhar na constru-ção do jovem pals que so, mos finalmente.Assim sendo, os moços d4 «Gutta Pluvi~ e» - oui «Piý gos de Chuva» - estão sin;ceramenteý empenhados em dar o melhor de si mesmo no sentido de contribuirenipara a reestriuturaçao d, panorama musical moçambicano, tendo em mente rea,lizar futuros concertos «ao vivo» de forma a poderen «conviver cultural e mustýalmente com as massas po. pulares».Pois que é essa, de resto, a primordial finalidade da Música e da Canção, desdeque estejam, naturalmente, ao serviço do Povo.Para já, importa que o festival de beneficência tenha o maior êxito possível; dadaa sua altruísta finalidade. Depois, com a divulgação de novos nomes da nossamúsica e da nossa canção, será tempo de, unidos, comungando dos mesmosideais, os elementos dos diversos conjuntos trabalharem afincadamente no sentidode colocarem o «music-hall» moçambicano no lugar merecido e que o anteriorregime sempre lhe recusou.E. R. WOODSTOCK(IAE:"RIIIALIDADEI mIW MUISICAL"GUTTAE PLU\EM BUSCA DAE'DA1 -COMNIIC

1Á 2 3 4 5'6 7 D 10 1117HORIZONTAIS: 1-Carpidor 'nas ce rimónIasfúnebres dos Israelitas; chefe duma famíl ia sacerdotal que regressou docativeiro com Zorobabel (Blbl.). 2 - Asa de brinco ou de arrecada, o, m. q.

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arça (Açor.); admoestação. 3 - Grande estrela da, Constelação do Cão Maior,vulgarmente chamada Canícula, população antiga da regiãode Quito, Equador. 4 -O espaço celeste; vaso que se usa na Missa.para consagração do vinho. 5 -1 Destruir, dissipar; ilha do Mar da Irlanda. 6 -Ermida (ant.). 7 Moeda antiga de dez réis (pop.); amnaral. 8 '- Penúria, míngua;flutuador das cordas, nos aparelhos de pesca de arrastar-para terra. 9 - Osso queconstui a saliência da face; -produto químico destinado a evitar a azedia do vinho.10 - Meto em mala; engaço das uvas que fermenta com o mosto na doma. 11 ---Espécie de feijão de Moçambique;grande ave pernalta..VERTICAIS: 1 - Nome do pequeno planeta 864,de grandeza 14,2; janela dividida verticalmente ao meio por um colunelo. 2 -Cascalho; certo benefício de que gozam as comunidades indianas. 3 - Herdeiro(ant.); põem solas em calçado. 4 - Rato dos campos; espécie de embarcaçãoasiática. 5 - Rei lendário de Tróia; corte aberto no muro das salinas, 6 - Veadodo Cabo. 7 - Nome com que algunsautores designam um género de moluscos gasterópodos, mais conhecido pelonome de umbela; cada uma das seis divisões de cada tribo lacedemónia, 8 -Caução de pagamento de uma letra, de crédito; troca-tintas (prov.). 9 - Pequeno(adj. bras.); adeleiro. 10 - Grande porto de mar e centro comercial japonês(Geog.); tempestuosa, irascível. 11 Complemento do seno (Mat.) *; prender comelos.Gra.fia registad na 'Gr. Enc. Port. e Bras.SOLUÇÃO DO PROBLEMA ANTERIOR'HORIZONTAIS E VERTICAIS: 1 - Ac, bofetão,Am. 2 - Marabu, éssedo. 3 - Açacal, rascar. 4 - , Daco. g , aoto. 5 - Opa, coroa,ir. 6 - Ro, morisco., R. L. só. 7 Bur, ela. 8 - Ca, avatara, Bi. 9 - Obs.,aceto, rt. 10 - Mua, uro, iate. 11 = Adoram, Castoe. 11l Tirete, halaca. 13 - Or,santola, or.

DEPEINDÊNCIA DA RODÉSI?e Uma dmDesde o p'incipio do corrente ano e com e.pecial intensidade a partir de 25 deAbril tem vindo a faltqr ferro em Moçambique.Varío redondo, barras quadradas o rectangulares. cantoneiras o todo o restantematerial de aço e ferro começaram a desaparecer do mercado moçambicano comprejuízo não s6 para a construção civil mas também para todos os outros socteresa ele ligados.Mas por que falta ferro em Moççrmbique?Uma s6 empresa de fundição e laminagem com problemas internos, falta demat6ria-prima. inactividad, na atcploração do suboolo em Tete e noutrasprovncias ricas em minérios. serão em.principio e. em linhas gerais. us causasdirectas'da carmncia de ferro no nosso pais.Buscando e«wracknete essa causas ae contradiçõs existontos vamos tentarnarrar em pormenor o que se passa e dar ma, achega para a solução do problema.UIA Só EMPRESA PRODUTORA DE AÇO E FERRO

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Existe uma única empresa de fabrico de laminados em Moçambique a CIFEL(Companhia Industrial de Fundição e Laxainagem).Esta situação, que em principio se pode considerar de monopolista, só por si nãocausaria problemas de maior quanto à produção se não fossem os ,pro-blemas internos com que aquela empresa luta para a sua sobrevivência.No plano do pessoal a Cifel viu surgir no seu seio uma justa greve dereivindicação salarial que, segundo informações apenas veio beneficiar algunstrabalhadores e não a maioria, que continuou com um ordenado abaixo do que asua capacidade produtiva justifica.Os acontecimentos pol.ticos em Moçambique, por outro lado, fizeram com que

NALTA A MATERIA PRIMA iusas do problemamuitos dos chamados técnicos especializados abandonassem a empresa e lossempara a Africa do Sul.Sobre este aspecto muito especifico fomos informados, por um técnico que elepróprio poderia preparar (especializar) o pessoal até agora atirado ingloriamentepara a categoria de serventuário desde que a empresa futuramente reconhecesse'monetariamente essa especialização aos recémformados.Ouçamo-lò:-Em~ora tenham saldo da empresa 3/4 do pessoal especializado, eistem ope. a*iosdenominados de serventes que devidamente preparados num período nãosuperior a 4 meses podem substituir plenamente o refedo pessoal especializadoque saiu. É claro que a empresa terá de lhes pagar exactamente o que estava apagar aos outros.»A FALTA*DE MAT~~IA-PRHE O JOGODA RODSIDo ponto de vista económico a Companhia Industrial de Fundição e Laminãgemcorre um sério risco de paralisação se continuar a haver uma quase igualdadeentre o preço de compra da matéria-prima importada e o preço do pro-duto Já acabado' para colocação no mercado.Exemplificando, podemos afirmar que enquanto uma tonelada de varão de açomacio continua a ser vendida em Moçambique pela Cifel ao preço- médio de5200$00, a mesma quantidade de matéria-prima é comprada nos mercadosInternacionais a 9, 10 e 11 mil escudos.O principal fornecedor de matéria - prima a Moçambique tem sido a Rodésia.

Ao lado: Varão redondo 'e quadrado está a ser vendido a um preço inferior àmesma quantidade em tonelada da matéria-primaATOS [NHOS EM TETE E O JOGO DOS ALVARÃSO contrato estabelecido com d RISCO (Rodhesia Iron and Steel Corporation),cujos preços são revistos anualmente, não é de maneira alguma muito seguro,como podemos a seguir verificar. O Governo minoritário de lan Smith, apesar docontrato, sempre que tem possibilidades de canalizar a sua matéria-prima paraoutros países estrangeiros (furando o bloqueio) a preços superiores não o fornecea Moçambique. Deste modo, e no caso de Moçambique cumprir com o bloqueio à

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Rodésia, sem ter desde já outro fornecedor interno ou externo, as empresas (ouempresa) transformadora do nosso pais serão obrigadas a encerrar as suas portas.-Se a Cifel coantinu aj]

d .oEm baixo: rolos de varão de 1/4 que escasseia cada vez mais. A matéria-primavinda da Rodésia, da qual dependemos, está bastante cara no mercadointernacional, pelo que o preço do produto fabricado terá que aumentar a não serque comecemos a explorar intensamente e com urgência o nosso subsolo, riconaquele minériovender o ferro a metade do preço do da Europa como est aq fazer actulmentede certeza que encerra as suas portas - afirmou um funcionário daquela empresa.Mas o problema não estará propriamente aí. Moçambique poderá a breve prazoser auto-abastecido em minério se, para o efeito, se começar a exploraçãosistemática do nosso subsolo.ALTOS FORNOS E ALVARAPARA CERTOS GRUPOSDiz-se que a exploração do subsolo moçambicano, principalmente nas provínciasde Tete e Zambézia, está dependente da conclusão da barragem de Cabora-Bassa. Se ashim for, isto auer dizer que esse tra-balho só poderá começar para os fins do ano que vem.Em todo o caso e no que respeita a Tete, nomeadamente, sabe-se que a região érica em minério de ferro, e que já há dois anos entrou um pedido no ex-Ministériodo Ultramar para a construção e laboração de altas -fornos, perto da capitaldaquela província.O alvcrá foi concedido ao grupo Entreposto (Dias da Cunha) mas até agora nadaainda foi concretiz..do, muito embora tivessem sido feitos estudos intensivos nolocal.A Cifel (grupo Champalimaud) também fez na ocasião pedido idêntica, massem resultado, talvez porque na altura o ex-ministro colonial-fascista SilvaI-DIZCunha, não estivesse muito interessado neste último grupo.Para além deste facto julga-se que o atraso na construção dos altos fornos emTete está relacionado com a questão do próprio minéri o.O ferro, naquela província, é um minério rico em titanio e vanádio - cujo processode redução (transformação) em aço não é ainda economicamente rentável.Todavia, na Africa do Sul, existem já fornos especificas para aquele tipo deredução e que agora, com o aumento substancial db preço da tonelada do minério,já poderá ser rentável, desde que o pais continue, ao mesmo tempo, a exportarmatéria-prima excedente.É, portanto, natural que com o fim da guerra na região de Tete, e com a altainternacional nos preços da matéria-prima, surjam de facto os fornos e aexploração da subsolo em' força de molde a resolver-se o prblema da falta de umproduto que não tem razão para faltar em Moç a m b ique. Entretanto, é talvezurgente diversificar os mercados fornecedores de matérias-primãs. Em linhas

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gerais demos portanto uma panorâmica das causas que estão a provocar a falta deferro no nosso pais, o que com a boa vontade da Cifel e do Governomoçambicano, poderá' rapidamente ser resolvido.e

ýA ORGANIZAÇÃO DA-UNIDADE AFRICANA E OS PAÍSES QUE ACONSTITUEM é o tema genérico dó dossier que TEMPO inicia neste número.Com a sua publicação pretendemos contribuir para a iniciação do Leitor noconhecimento dos .verdadeiros problemás africanos - contribuir, em suma, para aredescoberta da vocação africana de Moçambique, para utilizar a expressão hádias proferida por um dos membros do Governo de Transição.Deste modo, e através das páginas seguintes e daquelas que publicaremos nospróximos números, procuraremos focar aspectos relacionados com a história deAfrica (muito em especial sobre. j história da descolonização);, apresentar oslíderes da libertação e dos diversos países através de biografias e, sempre quepossível, entrevistas ou textos característicos; incluir breves monografias sóbre aactualidade desses países, traçar, um panorama tão preciso quanto possível sobrea actualidade, etc..Não .é um trabalho fácil: monolítica e sempre atenta, a censura fascista que até 25de Abril se exerceu em Moçambique sobre todas as publicações, livros, estudosou ensaios sobre a realidade africana foi total., Por outro lado, é necessárioperspectivar a realidade africana segundo os parâmetros que estão a servir de baseà construção deste pais, o que significa que teremos praticamente de partir do grauzero da informação. Seja como for, e contando com a própria participação criticado Leitor, esperamos que o trabalho que hoje iniciamos tenha um máximo deutilidade.Nestc número, e através de uma longa entrevista com o actual Secretário-Geral daOrganização da Unidade Africana, apresentamos como que uma introdução a todaa questão. Simultaneamente iniciamos a publicação de monografias sobre osdiversos países africanos membros da OUA, por ordem alfabética e tãoactualizada quanto é possível. Uma terceira peça desta primeira parte doDOSSIER ÁFRICA apresenta os dez primÍeiros presidentes dá OUA.SECRETAO Secretário-Geral da OUA, Eteki Mboumoua: «um certo humanismo»

GEFRALI DA QUA FALAA. USEiBDADE < AFRICA0 novo Secretrio-G.ral da Organização da Uni. dade Africana, Aurellen EteliMbounmua, é um homem tranquilo que gosta de vestir e viver bem. São este, comefeito, os traços que mais saltam à vista num primeiro encontro. Depois, ouvindo-o falar no seu fran-. cês perfeito o de pronúncia cuidada que por vezes fazrecordar a do falecido actor francês G~rkrd Philipe, nós começamos acompreender que á também um homem profundamente engajado com osinteresses de Africa, senhor das suas certezas e de algumas verdades. E, mesmoquando parcialmente discordamos de algumas das suas opiniões- como quando

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fala da UNITA e lhe atribui uma pretensa representatividado em Angola -naopodemos deixar do apreciar a lógica perfeita, cartesana, dos seus raciocinios. Sóque, como acontece tantas vezes, % distância entro a lógica, de um raciocíniopolítico e a realidade pode ser muito grande, intransponível mesmo.Com 41 anos de idade e natural dos Camarões, Eteki Mboumoua éfrequentemente descrito p e l a s pessoas que o conhecem bem como umtecnocrata. Quer dizer: um tecnocrata da políticaou na política - o que em termoscorrentes nem sequer é um elogio. Mas talvez esta afirmação não seja muito justase itada fora de contexto: Eteki Mboumoua surge - me antes, ao longo da longaentrevista que concedeu a TEMPO, como um dirigente bem típico de grande parteda África dos nossos dias - uma África que todos os homens de boa vontadeapoiam na sua luta contra o neo-colonialisImo, na sua luta contra um domínioeconómico e político estrangeiro que ainda é extremamente opressivo. Comfrequência, e a propóSito de muitas das afirmações que lhe escuto, o terIno «umcerto humanismo»aliás titulo de um livrode que é autor - surge-me como uma descrição muito mais adequada para estehomem que, sem ser um revolucionário, participa activamente, pelas suasfunções, para a decisiva e completa libertação de todo o continente. Recebe oRepórter com toda a simpatia, diapõe-se a responder a todas as perguntas, as suasdeclarações põem o dedo na ferida de muitos dos verdadeiros problemas africanosdos n'ossos dias. Não é alheia a esta predisposição, sem dúvida, a circunstãncia deter sido o jornalista Aqui-' no de Bragança, da Afique-Asie, que momentos antesnos apresentara. A entrevista que agora publicamos é uma síntese da longaconversa que mantivemos. V i s a, fundamentalmente, iniciar o Leitor menosfamiliarizado com a realidade de Ãfri<* em algumas das prine 'ais linhas de r umo da Or, anização daUnidade Africana que Etekld Mboumoua representou na tomada de posse doGoverno de Transição de Moçambique. Por isto -mesmo foram deixadas de ladoper guntas e afirmações que focalizam questões mais específicas sobre aactividade daquele organismo ao longo dos últimos dez anos. Questões como asque surgiram aquando da oferta de dilogo feita aos países africanos pelo regimeda República da África do Sul ou como aquela que recentemente levou àdemissão do ex - Secretário - G e r a 1 Nzo E angaki, o chamado «escândaloLonrho». Foi o assento que esta última questão tornou extremamente incómodo equente que o nosso entrevistado veio a o c u p a r este ano - o que talvez ajude acompreender que o cargo que Eteki Mboumoua agora desempenha é um cargo tãodificil quanto é delicada a tarefa que se propõe levar' a bom termo.Em traços muito gerais, poderá talvez acrescentar-se que esse «escândaloLonrho» surgiu quando se comprovou que. o ex - Secretário - Geral NzoEkangaki tinha assinado um acordo de cooperação com aquela empresa británica,em nome da OUA. A Lonrho, que mantém estreitas relações e ligações com osregimes racistas da África dO Sul e Rodésia, é, nomeadamente, & proprietária dopipeine Beira-Untáli entrè aquele pais e Moçambiqué Aliás, a própria designaçãoLonrho é composta pelas abreviaturas das palavras Londón e Rhodesia. Ante aindignaião de toda a África, o acorfdo foi anu-

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lado e Ekangaki levado a pedir a sua demissão. Não obstante, esta questão abaloue fez oscilar até aos alicerces toda, a OUA.Eteki Mboumoua assumiu assim funções de um cargo que fora altamentedesprestigiado e em plena crise. Sua primeira função: pôr a casa em ordem - umafunção em que se empenha decididamente e para a qual a sua formação detecnocrata o parece talhar. Muito em breve, os primeiros resultados positivos dasua actividade como novo SecretárioGeral da OUA se tomam visíveis. Numatrajectória de plena ascenção, a sua carreira de homem político prossegue.Esta trajectória fora, sem dúvida, desde há muito cuidadosamente t r a ç a d a poreste advogado que, ainda durante os tempos do colonialismo francês no seu pais,se inicia na política ocupando diversos cargos administrativos. Entre estes, a suabiografia indica o que desempenhou como Prefeito-Adjunto da divisão de SanagaMaritime, uma região então muito afectada pela luta de libertação que omovimento revolucionário U. P. C. (Union du Peuple Camarounaís/Untão doPovo dos Camarões) desenc a d e a r a c o n t r a o neo-colonialismo francês econtra o regime que Mboumoua servia. Em 1961, derrotada a U.P.C. e num paisem que ascende à presidência El-Hadj Alia-madou Ahidjo, ele é chamado paraMinistro da Eduação Nacional, Desporto e Juventude. Deixando este lugar algunsanos depois, virá a ser Presidente da Unesco, em Paris, e novamente mer-

oro ao governo aos Gamarões, em 1971, como Conselheiro Técnico Especial daPresidência.A su candidatura a Secretáio-Geral da Organizaçao da Unidade Africana foiprimeiramente apresentada em 1972, em Rabate, como sucessão ao termo demandato .le Diallo Telli. Preterido então em nome de Nzo ' enleti, viria noentanto a conquistar esse cargo ao ser . nmeado em Mogadoxo, este ano.Eteki Mboumoua é autor de dois livros: «Un certain humanisme», publicado em1971 e «Democratiser Ia culture», editado há alguns meNa entrevista que sesegue, o Secretário-Geral da Organização da Unidade Africana começa por sereferir à fundação e objectivos principais daquele organismo para depoisresponder a perguntas mais específicas sobre as linhas de rumo actuais e futurasda O.U.A.OUA: A UNIDADENA AUTO-DEFESA DOS INTERESSESDE ÁFRICAETEKI MBOUMOUA - A Organização da U n i d a d e Africana é umainstituição criada em 1963 à escala de todo o continente. Nesse ano, um certonúmero de chefes de Estado africanos reuniu-se em Adis Abeba, na Etiópia, paratentar organizar-se e fazer face aos problemas políticos, calturais e económicoscom que Africa se defrontava. Deste modo, esses chefes de Estado chegaram àconclusão que no mundo em que os seus países se Inseriam somente a coesão detodos os países africanos poderia constituir uma força de pressao capaz deInfluenciar um pouco as decisões importantes a nível Internacional.«Mas havia uma outra razão fundamental: é que a Afri-ca estava electivamente mmto dividida. Sobre o plano político, h a v i a os estadosque se diziam progressistas, os que se situavam ou eram colocados em posições

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de centro e os chamados estados reaccionários. No plano linguístico, a Africaestava dividida entre países francófonos, países anglófonos e países arabófonos.Mas estava ainda dividida e n t r e estados que eram independentes e estados quenão o eram. Então, os chefes de Estado reunidos em A di s concluíram que estasdivisões tinham importância e razão de ser mas que poderiam ser com facilidadetranscendidas com a criação de uma base comum. Assim, eles decidiram votar.uma Carta, a Carta da Unidade Africana, que desencadeou um certo número deobjectivos a alca n ç a r em conjunto por todo o continente.«Entre esses objectivos, há alguns que podem ser considerados como principais alibertação total do contin e n te; o desenvolvimento económico, social e culturalde Africa; a consolidação da unidade de todo o continente; a regulamenta.ç ã odos conflitos entre estados africanos através do diálogo e da conciliação; a nãoingerência nos assuntos internos dos outros Estados; o respeito pelas fronteirasque foram, digamos assim, cristalizadas p e lo colonialismo; etc.«Em poucos anos, e tendoesta Carta como base, toda uma Orgafíização foi criada. Nomeadamente, oSecretariado-Geral da Organização da Unidade Africana que está por agorainstalado em Adis Abeba.«Eis, esquematicamente, o, que em resumo pode ser dito sobre a fundação eobjectivos da Ú U* A.«Acrescentarei que os resultados obtidos no quadro da libertação total da Africase tornam cada vez mais evi-dentes e palpáveis: o número de países libertados tem vindo a aumentarinegavelmente. O Comité de Libertação da OUA, com sede em Dar-es-Salaam, éo organismo' encarregado de receber e distribuir os meios e contribuiçãonecessários p ar a auxiliar os movimentos efectivamente empenhados noprosseguimento desta libertaçý.o. Este é o aspecto político do nosso trabalho masos factos que poderiam ser apontados nos campos económico e social sãoigualmente muito importantes.A O. U. A.E A LIBERTAÇÃOMOTA LOPES - Hdno entanto diversos comentadores políticos sobre assuntos africanos que afirmamque o auxilio que a Organização da Unidade Africana presta aos movimentos delibertação fica muito aquém daquilo que poderia ser. Trata-se, como sabe, de umaafirmação muito repetida e que, é explicada através da forte influência neo-colonialista sobre muitos governos da Áfricados nossos dias. Qual é a sua opiniãosobre isto? Concorda comesta acusação?E. M. - A minha opinião é que não podemos, objectivamente, minimizar o au'xílioque a OUA fornece aos movimentps de libertação se tivermos em conta ospróprios meios e o estado de desenvolvimento em que se encontra cada um dospaíses representados na Organização. Como sabe, esses países têm orçamentosrelativamente fracos e, além de participarem n a s despesas da própriaOrganização, contribuem um pouco mais, e segundo diversos estágios deengajamento, para o sucesso das lutas de libertação africanas. Is s o,

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forçosamente, constitui um total. que parece reduzido m a s que é grande noqVadro dos países membros da OUA.«Por outro lado, os movimentos de libertação não dispõem apenas destes meios:poss'uem outrosmeios mais directos que são fornecidos por países amigos não africanos. Destemodo, eu penso que esses comentadores políticos ao poremo problema do auxilioem termos de suficiência ou não suficiência o põem mal: o facto é que os paísesafricanos contribuem tão larga-mente quanto lhes é possível para a lata dos movimentos de libertação.«Por outro lado, não éa n o s s a organização quem combate: o importaitedecisivo são 5os próprios movimentos de libertação. A nossa função é de dar aesses movimentos a possilidade de combaterem e os meios políticos«para sefazerem conhecer e aceitar dentro e fora da Africa. <Tudo o mais lhes dizrespeito, incluindo a própria maneira como se organizam. É por isto que ndspodemds constatar muitas e profundas di ferenças entre as diversas organizaçõesem luta: en. quanto em Moçambique Frelimo se organizou de modo admirável~.o que a 16 vou a impor-se e a pode enquadrar o povo do pai- em Angola, por exemplo os movimentos de lberta ção, que são da mesma fonma auxiliados e aceites pá la OUA, não conseguiran ainda criar uma frente ccmum capaz de os conduzii a uma vitória decisiva. Ci tei a Frelimo: poderia te.referido também o PAIGC que no quadro da Guin.-Bissau foi um moviment que soube organizar-se e ir por-se correctamenté.«Pórtanto, e em resumo a função principal e decis va de libertação pertenc aospróprios movimentos q s- depois, diz respeito. OUA. Nós temos que lhe forneceros meios e, diga mos assim, a intendênci das condições necessárias Mprosseguimento da sua ai ção.CONTRA (O NEO-COLONILISMO:.A TOMADADE CONSCIÊNCIAM. L. - Ainda n e s tcontexto da libertaçã da África, mas num o tro plano, poderá agor falar-nos sobrea posiçã e acção da Organizaçã da Unidade Afr i c a n contra o neo-colonialàmo?. Julgo ser este m dos mais graves proble mas que o continent hoje enfrenta,não é vedade?E. M.- , com efeito, ui problema muito importante A tendência dos países colonialistas que libertaram o seus territórios em Africí foi a de sair pela porta d2frente para entrar pla por ta de trás. Isto foi facilita do por um certo número dafactores: os países que fo ramn ascendendo à indepen dência eram relativament4fracos a vários níveis. Em quadros suficientemente for mados, por exemplo, por.que a, colow2ýção não facli litoíu em geral a formaçã

de quadros competentes em número adequado -ou sequer suficiente. Por outrolado, e no plano de diversos sectores, financeiros e comerciais, principalmente, osnovo países não passaram imediatamente a dominá-los. Acrescente-se a isto o

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facto de muitos dos problemas económicos com que se, debatiam - e debatem -ultrapassarem o quadro nacional ,para se inserirem no contexto de um certonúmero de arraijos internacionais que não permitem a um jovem país digir os seuspróprios mecsaíos e possuir os, quadros necessários para o fazer.«Os problemas monetários, outro exemplo, escapam totalmente ao controlo dospaíses que são actualmente independentes - quer porque se situam em zonasdominadas pelas grandes potências; quer multo simplesmente porque osprincipais mecanismos estão fora dos respectivos ámbitos de influência' directa.ý«Tudo isto cria uma situação tal que permite ao neo-colonialismo cont i n u a r acontrolar esses mecanismos que nos ultrapassam e que são verdadeiramenteíriportantes, relegando os políticos para segundo plano. «Como evitar tudo isto?Quais as soluções? Estão depndentes de vários factores, na minha opinião: oprimeiro factor diz respeito à preparação para a independência: é necessário queos'países que ascendem à independência saibam realmente o que querem e queestejam determinadõs para organizar em todos os domínios programas que nãolevem forçosamente em conta as velhas heranças colo, niais - sem todavia asrejeitar inteiramente: que retenham dessa herança o que possa efectivamentebenefi* ciár o seu próprio desenvolvimento. Em seguida: organizarem-se eprepararem-se para poderem no futuro dirigir e possuir os mecanismos da suaprópria economia segundo métodos modernos, eficientes e adequados. Por último,é necessário que os novos países se empenhem na utilização dos seus própriosrecursos, em saber utilizar esses recursos para urna políticca consciente eefectivamente nacionalista. Nem todos os países reuniam e s t a s condiçõesquando se tornaram independentes e é por isto que o neocolonialismo é capaz dedurar tanto tempo. «Nos nossos dias, felizmente, muitos países africanos estãoconscientes desta situação e organizam-se paraa combater. Justamente, um dos objectivos da O.U.A. é o de facilitar e contribuirpara esta tomada de consciência, reunindo os estudos dos diversos problemas queum único pais por si só nao poderia efectuar, incentivando a integraçãoeconómica ao nível africano que permita ultrapassar a. pouco e pouco os poloseuropeus, americanos ou outros que cristalizam os fenómenos do neo-colonialismo, etc. N ã o posso dizer que a Organização já tenha obtido êxitosneste domínio mas os esforços prosseguem. A verdade, também, é que ascorrentes antigas são muito fortes e um pais nãq pode, do, dia para a noite,bloquear todo o seu sistema económico para instalar um outro. Assim- por vezes um pouco preguiçosamente,- continua a utilizar-se sistemas antigos eprejudiciais: mas penso que um dia, a pouco e pouco, através de diversasorganlzações em diversos domínios chegaremos a criar ao nível da África umcorto número de fenómenos que diminuirão os e f e i t o s do neo-colonialismo aon í v e 1 económico e ao nível cultural. Ao nível politico, creio eu, já estáultrapassado...M. L. -E nesse contexto de ultrapassagem do neo-colonialismo ao nível" de toda aÁfrica, qual poderá ser, na sua opinião, o contributo'dos movimentos de libertaçãodas colónias portu guesas? Trata-se de uma questão que eu ponhonão só ao nível da

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periência histórica da luta armada revolcinária, mas também a nível da ideologiapolitica por eles definida e do facto de, pelo menos nos casos de Moçambi que eGuiné-Bissau, já terem conquistado a respectiva independên c i a nacio,.nal.Acredita, como nós acreditamos, que a entrada destes países na OUA vaidecididamente contribuir para a destruição do neocolonialismo em África?E. M.- A luta de libertção da Argélia, como sabe, já por si trouxe muitas col sasnotáveis a este contexto. A Argélia foi um pais que ao longo de toda a sua luta delibertação reflectiu sobre o. que poderia fazer tão logo conquistasse aindependência nacional e é notável a maneira progressista como a seu temposoube passar a controlar os seus recursos e o conjunto da sua economia.eunião da' Organização da Unidade Africana: luta contra o neo-colonialismocomo combateque tem que. engajar toda a Áfricaindependente

AIC- -Asobre a questão? E quda 'posição da OUA?E. M. -A minha opinião sobre essa Africa, é que se trata de uma Africa a libertar.Contrariamente ao que em geral se pensa, eu não situo o problema da AfricaAustral, .-incipalmente no que se refe . à República da África do 1. 1 e à Rodésia,em termos hrumanitários: é, antes,. -um problema de libertação nacional: p re cisamos de fornecer os meios-* para que essa libertação seja possível. Penso, a i nd a, que o facto de termos sido bem sucedidos no que se refere às antigas colóniaspor-tuguesas de Moçambique e Guiné-Bissau nos livra de um certo peso ao mesmotempo que permite tiue os meios e experiências acumuladas venham a ser maislargamente canalizadoa e utilizados no sentido çe libertar os últimos bastiões doracismo e do colonialisComo se processará isso? ão o sei, ainda. Quanto te o vaidemorar? Também n o. Mas trata-se de uma pr cupação que está na persp tivaconstante dos nossos o jectivos em libertar tota ente a Africa.M. L. - Uma questão, embora relacionada com afirmações anteriores : falamos jádo neo-colonialismo em África e, conforme disse, a dis posição actual é de oliquidar definitivamente. Nesta luta em que gran de parte da África se tem queengajar com decisão e determinação, quais são os grandes perigos a enfrentar?Por outras palavras: quais as maiores ameaças para a África independente dosnossos dias?E. M.- Os maiores perigos? O maior perigo é, sem dúvida, o perigo económico.Num mundo que actualmente está, no seu conjunto, gangrenado pela inflação emergulhado numa crise de energia, a África encontra-se numa posiçãoextremamente vulnerável, porque já tinha sido anteriormente enfraquecida pelaexploração. Acrescentemos a isto que a economia africana - com algumasexcepções, claro - se baseia em geral sobre a agricultura e que os produtosdesenvolvidos pelo colonialismo são produtos de exportação e portanto sujeitosaos caprichos e à flutuação das correntes mundiais que nós vendemos,vendeSurge aqui o grave problema do$ termos de troca, uma questão permanente:

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o que nós vendemos vendemos muito barato; o que nós compramos, compramosmuito caro, Então, na realidade, esta distorção das relaçõés económicas, esta crisedo dinheiro, a inflação generalizada, tudo isto que são aspectos que a Africa nãocontrola, tudo isto no seu conjunto me parece constituir um grande perigo, operigo mais preocupante no imediato.«Além disto, as calamidades naturais são inúmeras: a seca parece afectar ape-OS ESTADOS MEMBROS DA ORGARGÉLIASegundo Estado africano em superfície, a Argélia é uma justaposição de doismundos complementares e unidos pelo Islão. O extremo-norte é pequeno,montanhoso, fértil em chuvas durante a maior parte do ano; todo o resto édesértico, mas rico em petróleo e gás natural.De um passado agitado, sobreviveram as minorias: Kharédjites do Mzab,Bérberes -dos quais o Tell de Constantina fornece 58% dos 550 000 nacionais quetrabalham em França, etc., mas a população europeia foi alterada- le um milhão no tempo da colonização, para 80000- dos quais 63 000 franceses -na actualidade; a população judia está praticamente desaparecida com a grandeemigração para Israel. O exôdo rural, calculado em 800 000 indivíduos de 1962 a1968, fez com que a população de Argel ultrapassasse o milhão e a deConstantina chegasse quase ao meio milhão; a pequena burguesia nacional estáavaliada em 410 000 pessoas, contra 210 000 antes da independência.A :partida dè 22000 colonos que empregavam 100*000 trabalhadores agri-Eztracção de petróleo no saara: progresso e desenvolvimento naArgéliacolas levou à execução de uma experi^ cia do auto-gestão, por 150000 nac nais;porém, a reforma agrária ge não é ainda uma realidade e, em 630 0 proprietários,cerca de 8000 ocupa rr de 100 hectares cada um.Como em todo o Maghreb, as colhei são tão irregulares que o trigo, basealimentação, é muitas vezes importa Para além disso, a Argélia sofre de problemacriado pela existência 350 000 hectares de vinha, da qual muçulmanos nãobebem o vinho. E, ap sar da produção ter diminuído em 50 em 1969, ainda foipossível obter um saída de 8 milhões de hectolitros.No que se refere ao petróleo (42 ra lhões de toneladas, em 1968), gás nat ral, ferroe fosfato, a Argélia esforça.por criar uma verdadeira indústr: cujo centro selocaliza em Annai ex-Bône, onde foi inaugurada, em 196 uma fundição comuma capacida4 anual de 400 000 toneladas e que devei ser seguida de umaaciaria, fábricas adubos e, em Constantina, de uma brica de construçõqesmecânicas.Ao contrário dos países africanos, qt procuram empregar a maior parte 1 mão-de-obra na manufactura de bens consumo, e apesar de um dos últim recenseamentoster acusado um regis de 860 000 homens adultos em buscanas a África com tudo que ela comporta, de ria e de privações. «,É portanto nodomini, económico, na, minha opý nião, que nós teremos qW enfrentar as maioresamea ças e é neste domínio, inf lizmente, que nós t e m o vindo a organizar, maisdeã cientemente e com maiore dificuldades, uma estratég de conjunto. Isto éevident porque embora nós possa mos dispor de iniciativa pc lítica em Africa, no

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camP económico nós nem sempl podemos definir as nossa iniciativas devido aofact de a conjuntura internacic nal ser tão imbricada e terconexa. Deste modoestados africanos nem serr pre podem traduzir na reE lidade os seus objectivos dunidade que p o de const tuir uma força. uma pequ( na força, um elemento, fivorável à Africa neste can po.«Digo que é este o maic perigo porque nós não v, mos muito bem como vi mossair desta situação: li uma infinidade de eleme

r#pUEE EXEPLRL.- Umna úti ca: m v ite e o futuro rnbique? O senh iis à tomada de um Goverzi preparar a tnM.,-Os c:aieitais da re Moçamb que foramtecedentes de libertaç vitoriosa, c perto com dirigentes 'çambica n conhecimei daÁfrica d zs. Qual a s õrtanto, soa to hit ó ri imbi que h2clementos fi minha opini ique são aq referidosiôs mensagem1 do 1 residenteSaeis mora Móisés Machel lida ýtb durte atompada de possedo Governo de Transiçã~odMoça.rbique. Creio, na realidade, que se está aqui em vias de criar umaexperiência única. Um 0movimento largamente representativo e que provouüessa. representatividade ao longo de dez m anos de luta armada de liobertação está prestes a tode mar o poder e inclui entre iar os seus princípiosessenciais .... a não discriminação, seja no ela qual for. Mais se proQ põeýtrabalhar e reconsde- truir Moçambique em cola-, m- boração com todas asforhe- ças deste pais sem distinção de origem, raça, religião de õi etnia o naúnica condião ço de que toda a gente se on- integre na linha política que os .aprópria experiência e asrealidades concretas definiP0 ram. Pos bem: eu creio que o s, não é possívelassumir uma nto posição mais clara nem deios xar, por Outro lado de concordarcom os objectivos ua deste governo que é repre5re sentativo dos verdadeiros co anseios do povo deste país. ole - pois necessário que todoo povo de Moçambíque trabalhe agora no sentido de concretizar o programa 9tueUn- ele traçou. Creio que não a ião grande coisa mais aúè- centar: à Frelimo com na dirigir este trabalho, ação paa aconsoblidaçã Q êdfeçoda Nação, deMoique isto é põsýIv lmsqeserá necessáio) que determinadas cam a das da pouação esqueçam m puo osseus hábitos do saco e que, no caso dos n moçambicanos q ue cá stão de boai fé -quer d..... sem preconceitos semo ideias de ficar hipocritamen te, continuando adirigir os seus negócios de modo a criar um enriquecimento Ilegal - creio quetodos aqueles que ficarem em Moçambique se deverão decididamente engajar noseu desenvolvimento. Isto será um grande exemplo para outros países africanosonde exist , aproximadamente, as mesmas características e que se interrogam,tenho a certeza, sobre o futuro. Gostaria mesmo de lénçar um apelo aosportugueses que querem continuar desta forma em Moçambique no sentido de sedecidirem definitivaménte no sentido 'de viverem num Moçambique novo, que

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esqueçam que houve uma situação colonial que lhes deu um certo número deprivilégios e prerrogati-PÁGINA 63p a;r rasco as4ç: õesetas que lhes possibilil, indiscutivelmente,es de trabalho normais. T xão portanto que respeita as leis estabelecidas, corno)todos os cidadãos, e de não esprar privilégios particular Õ pelo facto de tere. aranca. Direi aýs asiáticos ma coisa: o essenci - rem-se como parteintegrande de um novo estdo que tem o dever deotruir ;a sVia própria estuuap deorgaizar asua própria, legislação, de criar os seus próprios hábitos, de instalar umanova mentalidade de modo a que todo o seíp~~~çvo - negros brâncos, mestiçosou de origefm asiática , se possam sentir bém. Este é üm dever inalienável quetem que contar com a pártcipação de todos, daqueles que temem e daqueles que'têm a certeza das, coisas e do futuro. Quanto àqueles que partiram, que não sesentiram seguros, pois bem, isso significa que eles não seriam capazes nemestavam preparados para participar na criação desta nova sociedade e, dessaforma, a sua saida talvez tenha sido um bem para o futuro».SIIzAÇÂ DA Uemprego, a pa- de um milhão e meio por ano,0de trabalhadores, a Argélia procura infelizm>çfundamentar a sua economia na indús- ao abrigo 'i ria pesada. Esta política tem,obvia- O Gòvetente, necessidade de fortes capitais e não semde mercados para além da urgência da em orgar formação de quadros; suscitou,portan- os quadro to, a continuação de estreitas relações bizando e com aFrança. A Imprtítulos árrNos princípios de 1970, a Argélia dis- batente), punha de reservas avaliadas em400 mi- Djemhout lhões de dólaiýes, elevando-se os seus dé- do alguns bitos acerca de 3 milhões de dinars, Meteoro)- do «El Mmontane líquido, ou 4 milhões de dinars, o G. P. montannte bruto, considerandoa taxa de República 5 dinar por um dólar e atendendo a que Cairo, em não sãolevaas cr conta as últimas dos- lugar, por valorizações francesas. em1961Khedda e,Com a SONATRACH constitui-se um com a Frauténtico império industrial, esperando- Fares. Ali-se que a produção de petróleo se eleve sidente e a 65 milhões de toneladas,quantidade Marnia, p considerada indispensável à execução do guerra, in Planode desenvolvimento. A França e foi milit presta a sua colaboração através da1948. Emcooperação-e por compromissos de aqui- tercepta o sição de letróleo 'e de vinho,aos quais rocos par se opõem os interesses privados (subida, neiro e le em 1970,das taxas dos fretes, manifes- 1962. Em tações dos vitivinicultores) bem como

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pelo coron Por meio de autorizações de trabalho (a Argélia recebe 1,2 milhões dedinars,ADE AFRICANAdosj seunemgrantes), o que, nte, nã põe os trabalhadoresrno efpena-s fortemente se e r a i ticas azedas iizar o se exército e formar s emfórmulas modernas, araomplearé enle o ensino.-ensa é fraicófona, apesar dos albes: «El Miudjahid» (0 Com«El Na r» (ADefesa), «El ia» (A República), exceptuancomo o diário «El Chaab» (O e umsemanário, suplemento [oudjahid».R. A. (Governo Provisório da Argelina) foi constituído no 195p, e preidido, emprimeiro r Ferat bbas; n .gdamente,-62, por Ben Youssef Ben 'depois dos acordos concluídos ança em Evian, em1962, por med Ben Belía foi eleito Pret 1963. S '«1o em 1919, em erto de -rão,tomou parte na córporadl no exército francês, ante da Revolução a partir de '1956,a aviação francesa inavião que o conduzia de Mara a Tunisia; é feito prisio'adopara França onde fica até 1965, o exército substitui-o e Boumedienne.

PAGINA 64PRESIDENTESAo longo das diversas sessões anuais, os vdrios Chefes de Estado de Africa temvindo a ocupar a presidência da Organização da Unidade Africanasucessivamente. Este ano, em Mogadoxo, foi eleito o Presidente da Somdlia, SiadBarre, de quem incluiremos num dos nossos próximos números uma longaentrevista. Entretanto, e acompanhada por breves frases ou indicaçõescaractersticas, eis os dez presidentes que o antecederam.1964 - GAMAL ABDEL NAS. SER (Egipto)«A Affica não pode estar dividida em África Negra e em África Árabe...»1965 - KWANE NKRUM»I (Gana)«A marcha triunfal em direcção ao reino da personalidde africana»1966 - HAILE SELASSIE (Etiópia)«Resolver paci/icamente os conflitos, interafricanos»4

exigência...na decusao da escolha.No simples gesto de o acender. No prazer de o fumar Na alegria de o oferecer!EXIGÊNCIA, marcando o ritmo no trabalho, na acção e no prazer![ Um cigarro completo. Equilibrado. IM Um cigarro totalmente conseguido.1.J