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4 a pureza de mitura rica e forte a urzadeuma m num cigarro sem filtro desde FBRICA VELOSA sem orguhs~me nte ombôcan aua r mada de Liberação ti rm->as de Libertação de Moçambique. , *.. ki.ado Rngel AIbno Mgaiae ídad* - Tempogific°a, Oficilnas. Iedacç&o. Adm!lnistraç o -h ~ d l Av. Afonlso deí AIbw querque. 1017-A e B, Prédio Invctä; Telefones 26191. 26192 e 26193; Caixa I P.s5al29 17 -- Lourenço Marques. Moambique, LISIA DOS DISIRIBUIDOI[S PROWVNCIA DO MAPUTO Estalagem Pinto ....................... Naaacha Issufo Adam . MOAMBA Centro Comercial da Manhiça .......... MANHIçA PROVINCIA DE GAZA Luís Gomes Breda .. ........ INCOLUANE Fernando Teixeira da Fonseca. MACIA Magude Comercial, Lida ................... MAGUDE Livraria Católica ............... VILA TRIGO DE MORAIS Amílcar Simões Julão .................... MALVÉRNIA (Cbkulcualal) Casa Lis ................ XAI.XAI Manuel Francisco de Oliveira, Lda ...... tÍIBUTO PROVNCIA DE INHAMBANE Joaquim Ribeiro Júnior ............... INHAMBANE Africano Benete ........................... QUISSCO. ZAVALA PROVINCIA DE mANICA Tabacaria Desportiva Chlmolo (Vila Pery) PROVÍNCIA DE SOFALA Auto Viação do Sul do Save BEIRA Augusto Frechaut .......................... MARROMEU PROVINCIA DE TE Discotete ............................. TETE Bar do Aeroporto do Songo ......... SONGO PROVINCIA DA ZAMBZIA Papelaria Central ........................... MOCU BA Maria Inácia Osório ....................... QUELIMANE José Elias Aedina ........................... LUGELk PROVINCIA DE NAMPULA Cosa panos ............................ NAMPULA

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4a pureza de mitura rica e fortea urzadeuma mnum cigarro sem filtrodesde FBRICA VELOSAsem orguhs~me nte ombôcan

aua rmada de Liberação ti rm->as de Libertaçãode Moçambique. , *..ki.ado Rngel AIbno Mgaiae ídad* - Tempogific°a,Oficilnas. Iedacç&o. Adm!lnistraç o -h ~ d l Av. Afonlso deí AIbw querque.1017-A e B, Prédio Invctä; Telefones 26191. 26192 e 26193; Caixa IP.s5al29 17 -- Lourenço Marques. Moambique,LISIADOSDISIRIBUIDOI[SPROWVNCIA DO MAPUTO Estalagem Pinto ....................... NaaachaIssufo Adam . MOAMBACentro Comercial da Manhiça .......... MANHIçA PROVINCIA DE GAZALuís Gomes Breda .. ........ INCOLUANEFernando Teixeira da Fonseca. MACIAMagude Comercial, Lida ................... MAGUDELivraria Católica ............... VILA TRIGO DE MORAISAmílcar Simões Julão .................... MALVÉRNIA (Cbkulcualal)Casa Lis ................ XAI.XAIManuel Francisco de Oliveira, Lda...... tÍIBUTO PROVNCIA DE INHAMBANEJoaquim Ribeiro Júnior ............... INHAMBANEAfricano Benete ........................... QUISSCO. ZAVALAPROVINCIA DE mANICATabacaria Desportiva Chlmolo (Vila Pery) PROVÍNCIA DE SOFALAAuto Viação do Sul do Save BEIRAAugusto Frechaut .......................... MARROMEUPROVINCIA DE TEDiscotete ............................. TETEBar do Aeroporto do Songo ......... SONGO PROVINCIA DA ZAMBZIAPapelaria Central ........................... MOCU BAMaria Inácia Osório ....................... QUELIMANEJosé Elias Aedina ........................... LUGELkPROVINCIA DE NAMPULA Cosa panos ............................ NAMPULA

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Papelaria Abrantina .......... ANOCHE (ex-António Enes)PROVINCIA DE CABO DELGADO Sotil .. ................ PEMBA (ex-PortaAmélla)Domingos da Silva Leal .................. MOCIMBOA DA PRAIAPROVINCIA DE NIASSACesimiro José Alves ....................... LICIINGA (ex-Vila Cabral]SUMARI25 de Setembro de 1964 2ANTECEDENTES HISTORICOS 1 4Três documentos coloniaisResistência e luta pela libertação Do massacre de Mueda à formaçãoda FRELIMODOIS ANOS DE PREPARAÇÃOPARA A LUTA II . . . . 17 l. Congresso da FRELIMO: consolidar aorganização, definir objectivosMensagem ao Povo portuguêsLonga e necessária preparaçao para o desencadeamento da LutaArmadaUltimo Ano Novo antes do 25 deSetembroAnálise da situação ,moçambicanano periodo de preparação para a guerraDESENCADEAMENTO DA LUTA ARMADA III . ... . . . 32A Luta ArmadaAbertura da Frente de Cabo Delgado25 de Setembro - «O dia da Revolução»Tete - Luta contra o imperialismo e o colonialismo A 4.1 frenteDesenvolvimento da Luta Armada - depoimento de quadros e conbatentes dasForças PopularesNOTA DA REDACÇÃO . . . 64� ~ .«5555, »t..$y«*5':«~44.'4...»X*~X<+»MC<Z±?yX<C<'4.*5$5, ~..:.. ..~ ~ ~ :..,~ssossvsr~si&.,...~~ ~NOTA:Fmnvirtude da última remessa de papel que nos foi enviada ser de larguraligeiramente inferior ao habitual, o presente número teve de sefrer uma pequenaredução, facto de que pedimos desculpa aos nossos leitores embora não noscaibam quaisquer culpas.

25 0~1 ST<«TEMPO» n ." 260 - Pág.

MOÇAMBICANOS E MOÇAMBICANAS:Operários e camponeses, trabalhadores das plantações, das serrações e das minas,dos caminhos de ferro, dos portos e das fabricas, intelectuais, estudantes, soldadosmoçambicanos no exército português, homens, mulheres e jovens, patriotas:

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Em vosso nome, a FRELIMO proclama hoje, a insurreição geral armada do PovoMoçambicano contra o colonialismo português, para conquista da independênciatotal e completa de Moçambique.O nosso combate não cessará senão com a liquidação total e completa docolonialismo português.Moçambicanos, Moçambicanas:A Revolução Moçambicana, obra do Povo Moçambicano, insere-se no quadrogeral da luta dos povos da Africa e do Mundo, pela vitória dos ideais da liberdadee da justiça.Sejamos firmes, decididos e implacáveis frente aos lacaios do colonialismoportuguês, frente a todos os agentes da PIDE e a todos os traidores do nosso Povoe da nossa Pátria.Unidos venceremos!Foi assim com este apelo, cano resistia à dominação esIndependência ou morte!com esta declaração, que se trangeira.iniciou a luta armada de li. Por isso, e para melhor bertação nacional desencadea-compreensão do 25 de SeMoçambique vencerá! da pelo PovoMoçambicano, tembro, temos que pensar econtra o colonial-capitalismo responder à pergunta: Viva a FRELIMO!português.Viva Moçambique! o 25 de Setembro de 1964 - Quem somosnõs, Monão é uma data isolada da çambi ano, de on denossa História. Ele represen- pertm 8ias 1o( fizViva Africata apenas uma nova forma, zes hitria., qu tpseorganizada, unida, nacionalis-sados para ra#tirem ta e i n t e r nacionalista, decombater o usurpador colo- força das armas portunialista. guesas?Na Mit~'j 4sAntes desse dia, muitos sé- Povo es6 a ~ fna. cuios atrás, o Povo Moçambi.Descubrroos a nos a.<TEMPOY; n 260 - píg.

'1Está historicamente provado que Moçambique não foi «descoberto» pelosportugueses. Acredita-se que o primeiro português a atingir a costa moçambicanafoi Pêro da Covilhã, no século XV, em 1489, numa longa viagem por terra, viaEtiópia.Mas muito antes desse ano, no século X da Era Cristã, a c ost a moçambicana eraabordada por navios comerciantes árabes e persas, estabelecendo-se assin umaligação de negócios entre a 'população local com a Indik e grande parte da costaasiá. tica.Alguns historiadores, que fizeram estudos de documentos árabes e hebreus, defen.dem que bastante tempo antes do inicio da Era Cristã, regista-se actividade denavegação, comércio e exploração de, minas no nosso território. Segundo, esseshistoriadores, 4estariam situadas na região-central de Moçambique as

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minas de Ophir (as minas do rei Salomão) de que nos fala a Bíblia, cu j o AntigoTestamento tem, como é sabido, grande parte de fundamento histórico. As minasde Ophir e r a m servidas pelo porto de Sofala.Quando em 1498 Vasco da Gama e sua frota atraca em alguns portos da costaOriental Africana, não encontrou apenas negros semi-nus, mais ou menosatarantados com a grandiosidade das caravelas portuguesas, com as vestesdeseoíhecidas dos marinheiros e com a pele pálida dos navegadores. Tambémencontrou reinos organizados, que de um modo ou de outro mantinham relaçõescom o Vasto império de Monomotapa, civilização florescente, delimitadqa Nortepelo rio Zambe. ze, dominando 960 milhas de costa, limitada a Sul pelo rioEspírito Santo e a Leste ainda pelo Zambeze.Aquilo a que os portugue-ses chamaram Inhambane eses: chamaram Inhambane e«Terra da Boa Gente», não era senão. uma parte do reino Tongue, ligado aoImpério de Monomotapa. Este império atingiu o seu mais ele. vado grau decivilização e desenvolvimento entre os séculos XIV e XV, ou sej a, exactamentena época em que as caravelas do rei português D. Manuel começaram a sul. car aságuas do Oceano Indico.Deste modo, e com base em fontes históricas, desfaz-se o mito colonial doadormecimento das civilizações africanas, entre elas a moçambicana, antes dachegada dos europeus.A História não é nada que esteja parado e cujas transformações registadas e aregistar-se devam a uma acção individual ou a uma acção deste e daquele grupo,neste caso, uma frota de marinheiros aventureiros. A História de Moçambiqueestá ligada àHistória da humanidade int e i r a. Os portugueses não vieram a Moçambiquecarregar num botão que pôs as tribos e os reinos em movimento. Como toda equalquer sociedade, as populações moçambicanas mantinham s u a própria vida ea honra (se é caso para tanto) de ter contactado primeiro com os reinos e impériosdo século XIV e XV na costa Oriental Africana, cabe aos árabes e a outrosnavegadores orientais e não aos portugueses.Admitir que somos um Povo sem passado e que a nossa existência como sereshumanos e pensantes começa na altura em que fomos dominados pelosconquistadores dos mares é admitir que surgimos ao mundo já a fundir o ferro, jáa construir casas, já a trabalhar o ouro e a prata. Isto seria a negação da História,negação da origem da terra, negação da passagem do Homem das florestas para as«TEMPO» n.. 260-~. 4

cavernas e grutas, das gru- Do século XV aos princítas para as habitações porpios do século XIX, Portugalele construídas. Seria a ne- nunca teve um domínio adgação da evolução dautiliza- ministrativo, político e econóção da pedra para a utiliza- mico territorialde Moçambição dos metais, etc. E negar que. Aliás, a resistência do isto serianegar o desenvolvi- nosso Povo à subjugação esmento de todo o Homem emtrangeira nunca esmoreceu

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todos os Continentes. em época alguma da n o s s aMoçambiquee a dominaçãoportuguesaA evolução da dominação portuguesa em Moçambique, pode ser dividida em duaspartes:1) O Período Pré-Colonial(1500-1900).2) O Período Colonial(1900 em diante).O Período Colonial pode ser dividido em outras duas partes:1) Antes do início da lutaarmada (1900-1964).2) Depois do início da lutaarmada (1964 até àIndependência)..História. Só que as rivalidades das tribos e dos reinos, a luta pelo poder imperial,as intrigas levantadas pelos lusitanos (sublevando a popula. ção contra os chefesou para a luta fratricida) a acção de espionagem levada a cabo pela Igreja a favordo Governo colonial, n u n c a permitiram uma resistência comum e uni. da contrao invasor.Essa falta de unidade transformou radicalmente a evolução e a rota da nossacivilização - como a de todos os povos africanos que nada podiam fazer contra asuperioridade militar das potências .europeias experimen. tadas na guerra deagressão e apostadas em dominar o Mundo em nome do comércio, da«civilização» e do cristianismo.No período Pré-Colonial. os portugueses tudo fizeram para mui subtilmenteapossarem-se das nossas terras, das nossas riquezas. Desde a cria-tção de feitorias à institucio. nalização dos «prazos», está toda uma manobrapolítica de dominação. Mas a resistência da população prolongou-se de armas namão até 'depois da primeira Guerra Mundial e a nossa História está cheia e rica deepisódios de heroismo popular na luta contra o invasor.M e s m o após a bandeira portuguesa flutuar em todas as capitais das provinciasmoçambicanas (chamados pelos colonialistas de distritos), regiões houve queforam pisadas pela primeira vez pela tropa portuguesa quando andava à procurados guerrilheiros da FRELIMO.Por isso. a funda-ão da Frente de Libertação de Moçambique em 25 de Junho de,1962, o início da luta arma da em 25 de Setembro de 1964, não estão desligadosda tradicional resistência do nosso Povo à escravatura, dominação ehumilhação estrangeira.Só que com a FRELIMO essa resistência assume características novasdesconhecidas até então:1) É uma resistência detodas as tribos com objectivos comuns entre eles a liquidação da própria tribo. E,portanto, uma resis tência nacional. O País é definido como estando

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comDreendido entre o rio Rovuma e o rio Ma#uto, ou seja, do extremo Norte aoextremo Sul, fronteiras herdadas do co-A opressão colonialista transformada em arte fascista.«TEMPO» n.- 260-pág. 5lonialismo após a conferência de Berlim.2) É uma resist&ncia orientada por uma organização comum, a FRELIMO,orientadapor uma ideologia que~define o inimigo como o sistema colonial-ca.pitalista português e o imperialismo. Na declaração da insurreição geral armadano dia 25 dc Setembro de 1964, lê-se: «A revolução moçambicena, obra do povomoçambicano, insere-.qe no quadro geral da luta dos povos opimidos de África edo mundo, p e l a vitória dos ideais da liberdade e da justiça>.É desse combate político e militar organizado e englobando todas as tribos - ecom o andar dos tempos to. das as raças de Moçambique- que surgirá em 25 de Junho de 1975 uma nação independente, a RepúblicaPopular de Moçambique.A História é mesmo isto: Um fluxo e refluxo de ideias, de acontecimentospolíticos, de realizações económicas, um eterno andar para a frente, assumindo, acada facto, novas formas, novos valores. É a ciência da transformação e evoluçãodas civilizações. O passado e o presente de Moçambique não podia fugir, a ela.

ó governo coonial-fascista português, praticou em Moçambique e noutras colóniassqb o seu domínio, umiapolítica de agressão, exploração, humilhação, defohnaçãocultural, uma política fascista que culminou nos massacres organizados esistemáticos, nas prisões do Povo criminosas e em masa.Portugal não enfrentou sozinho os movimentos de guerrilha nas colónias, após oinicio destas. Em época alguma esteve sozinho, aliás, desde a realização daconferência de Berlim e logo após a eliminação das contradições geradas pelaambição expansionista das potências europeias, principalmente a Inglaterra, querivalizou com Portugal e outras potências, a posse de alguns territórios, entre elesMoçambique.Nesta parte da Africa, o colonialismo português recebeu apoio politico,diplomático e económico, principalmente do Reino Unido, da União Sul-Africana(hoje República da Ãfrica do Sul) e da França.. Portugal, vizinho que era dos seus parceiros da Inglaterra, na então chamadaFederação das Rodésias e Niassalândia (Zimbabwe, Zambia e Malawi), noTanganyka e Zanzibar (Tanzania), vizinho ainda da França, que dominavaMadagáscar, Portugal, dizíamos, tinha que manter relações de amizadecolonialista com aquela potências, bem como com a França.É assim que em 1945, aquando da visita de Marcelo Caetano a Moçambique(desempenhando então as funções de Ministro das Colónias), houve um vendavalde delicadezas e mútuos elogios dos colonialistas, representada a França peloGovernador-Geral de Madagáscar, a Inglaterra pelo Primeiro-M stro da Rodésiado Sul e a União Sul-Afriana pelo Chefe de Governo, Marechal Smuts.

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A visita de Marcelo teve como pretexto o aniversário da ligação LourençoMarques-Pretória, que fazia cinquenta anos de existência.Num banquete oferecido no Palácio da Ponta Vermelha, o Ministro das Colóniasportuguês proferiu três discursos, que bem nos podem servir para avaliarmos oque foi a política coloniaista portuguesa.Nesses discursos Marcelo Caetano fala da retribuiçã,e das saudações aos «colonose funcionários», bem como da retribuição das sauda~ dos «nativos da Colónia»,a quem deseja «de todo o coração que à sombra da bandeira nossa e sua sejamelevados e dignificados».«TEMPO), n,° 260 - pdg 6Curioso verificar que em 1945 Portugal tratava Moçambique por Colónia e nãopor província nem por estado como viria a suceder. Também nessa altura ,ipalavra colonialista era vocabulário requintado, usado para os elogios como dizMarcelo ao Governador de Madagáscar: «Os últimos séculos tiveram paraMoçambique, como para Madagáscar uma ilustre pleíade de grandes militares queforam também grandes colonialistas».Ao publicarmos estes três documentos esperamos, mais uma vez, desmascararmuitas mentiras ditas pelos exploradores portugueses, esperamos tambémcontribuir para o enriquecimento da colecção de documentos coloniais queporventura algum leitor nosso esteja a realizar.Mas, sobretudo, procuramos, com exemplos simples, demonstrar que a LutaArmada de Libertação, de . ima forma ou outra, acabaria por se iniciar. Lendo osdiscursos, o leitor ficará a saber porque...Eles foram directamente fotografados da revista «Moçambique», n.o 43, deSetembro de 1945, órgão governamental impresso na Imprensa Nacional deMoçambique.Marcelo Caetano, Ministro das col saudo com um aluno da Missão Caquondo visitou Moça"'

Discurso do Ministro das Colónias a cidadede Lourenço Marques,na sessão solene de recepção na Câmara MunicipalSR. GOVERNADOR GERAL DE MIOÇAMBIQUE,SR. PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE LOURE ÇO MARQUEs:Duas palavras apenas para agradecer os cumprimentos de bqas-vindas por, VossasExcelências apresentados em nome da Colónia de Moçambique e da cidade deLourenço Marquas.Chego a esta Colónia animado do mais vivo interêsse pelos Seus problemas e domais ardente desejo de lhe ser útil. Não apenas por ser èsse o meu dever c.momembro de um Govêrno que não tem outro programa senão o de bem servir oPaís, nem outro lema senão o de tudo fazer e sacrificar a bem da Nação. Mastambém porque desde os primeiros passos dos meus estudos coloniais aprendicom António Enes, com Mousinho, com Aires >de Ornelas, com Freire deAndrade a bem querer esta terra e a ver nela um lugar sagrado pelo sangueportuguês, a par de magnífica promessa do nosso gênio colonizador.

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Não é, pois, por simples cortesia que retribuo aos colonos e aos funcionários assaidaçSes que Vossas Excelências em nome dêles me acabam de dirigir, bemcomo as que por outros meios me foram enviadas: mas, como testemunho deverdadeiro e carinhoso interêsse pela sua obra o pelo seu triunfo e de sincerafraternidade no amor da Pátria comum, dêsse Portugal que trazemos na alma e nosangue, nas crenças e nos costumes, nas virtudes e nos defeitos e que há-de sersempre a grande fõrça dinamizadora da nossa vontade e estimulante da nossasensibilidade.O que nos une na mesma comunidade nacional não é a riqueza, o confrto ou odesporto: mas a identidade de tradiçães de fé religiosa, de língua e de maneiras; acomunhão dos mesmos avós, da mesma história, da mesma literatura, das mesmasleis, das mesmas instituições; a veneração dos mesmos nomes, dos mesmos feitose dos mesmos princípios morais; até o acatamento das mesmas formas estéticasou dos mesmos preconceitos consuetudinários.É êste complexo social que cria uma socsedade portuguesa em qualquer latitudeou longitude e que imprime carácter a núcleos dispersos por ]ongínquas terra. emdIispares climas. É êsse o ambiente que aqui nos faz sentir em terra nossa e emnossa casa.COmo aqi me recordo de Portugal e como aqui me sinto em Portugal! No nossobom, agradável e hospitaleiro Portugal, cujo povo é sempre rico de virtudesmesmo quando pobre em haveres!Agradeço e retribuo também as saüdaçães dos nativos da Colónia, a quem docoração desejo que à sombra da bandeira nossa e sua sejam elevados edignificados;e a todos aqueles que, tendo nacionalidade ou crenças diferentes da nossa,contribuem com o seu esfôrço para a obra da colonização portuguesa.Desculpem-me se nada mais acrescento. Vim à Colónia sobretudo para ver eouvir. Prefiro falar depois. Oxalá que à despedida as minhas palavras só possamerprimir louvor do que haja encontrado e optimismo sôbre o que haja a fazer. Eporque [ne? O facto de haver sombras não nos faz descrer da beleza e da grandezada Luz!«TEMPO» n" 260-pág. 7

Discurso do Ministro das Colónias no banquete7oferecido a S. Ex.a o Marechal Smutsno Palácio do Govêrno de Lourenço Marques,emi 23 de Julho de 1945SR. PRIMEIRO MINISTRO:As amistosas relaçaes entre a União da África do Sul e Portugal, de há tantotempo cultivadas de parte a parte, recebem hoje novo incentivo com a presença deVoasa Excelência nesta cidade de Lourenço Marques, na qualidade de hóspede doGovêrno Português.Verdadeiramente não se trata do desenvolvimento de uma política de boavizinuança: mas da expressão natural de um sentimento espontâneo dos doispovos, que os governos se têm limitado a acatar com docilidade e com prazer.

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F como n'ão havia de ser assim, se a terra da África do Sul está tão impregnada drecordações portuguesas; se a história da sua cplonização demonstra tantas e tãograndes virtudes de povos admiráveis pela sua fé, pelo seu espírito empreénddor,pela sua tenacidade no esforço, pelo seu talento de organização ; e se são tãoantigas e íntimas as nossas ligaçoes de amizade e de aliança com a gloriòsa Naçãobrit ânica?Como não havenios de nos aproximar e de colaborar, se tantos problemas comunspos preocupam no grande drama de adaptação dos europeus ao solo africano e dadefesa e valorização da natureza e da gente dêste portentoso continente, onde cadaflor esconde um espinho, e onde para desencantar um tesouro é sempre necessáriovencer as iras de um dragão?A presença de Vossa Excelência aqui, Sr. Primeiro Ministro, na seqüência davisita feita à União pelo Presidente da República Portuguesa e pelo Ministro dasColónias, sýgifica a manutenção dêsse já tradicional espírito de compreensão e decolaboração do:s nossos dois países, sem o qual não é possível a vida nasociedade internacional.Sou daqueles que não julgam obsoleto o conceito de independência das Nações ede soberania dos Estados, como representação jurilica dos inegáveisparticularisnmos da. diversas comunidades nacionais e da especialidade dogovêrno, legislação e administração que o génio próprio de cada povo reclama.Mas se as relaçOes entre dois Estados independentes exigem respeito mútuo deinterêsses moraií e materiais, elas implicam também a recíproca transigência naspretensões egoístas de cada um, até encontrar a fórmula de equilíbrio em que aconsciência dos homens sãos divise a serenidade austera da Justiíça.Não 'tem sido outro o critério inspir-dor da persistente e esclarecida actuação deVossa Excelência no delicado problema da <organização da comunidade dosEstados. Nessa actuação é fácil reconhecer o homem de ]éis que não hesita emtomar armas para defender o espírito da lei, o guerreiro que sabe brandir o gládiode fogo quando os clamores da injustiça pedem a graça da purificação.A dignidade do homem, qualquer que seja a sua raça ou a sua côr, o respeito dasautonourias, a necessidale do entendimento e da cooperação internacionais, sãotambém dogmas para o Govêrno Português, inscritos na Constituição Política daNação e firmemente arreigados na consciência dos governantes.Por isso estou convencido, Sr. Primeiro Ministro, de que a visita de VossaExcelência à terra portuguesa de Moçambique é penhor da continuação no futurodo excelente entendimento até hoje mantido entre os nossos dois países e de que,animados por idênticos sentimentos, os governos que aqui representamosencontrarão sempre fórmulas pacíficas e justas de conciliação dos interêssespúblicos a seu cargo, contribuindo com o seu exemplo para a ordem e para oprogresso do Mundo.Em nome do Govêrno Português e em neu nome pessoal bebo pelas prosperidadespessoais de Vossa Excelência.Bebo pelas proýperidades da União da África do Sul. «TEMPO» n." 260 - pxlg. 8

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Discurso do Ministro das Colónias, no banqueteoferecido a S. Ex.a o Governador Geralde MadagáscarSR. GOVERADOR GFRATÁ.Já à-ai distante o dia em que os portugueses foram os primeiros a desembaroar emMadagáscar: nem por iss.o esquecemos os encantos da ilha que Diogo Diasdescobriu a 10 de Agosto de 1500, quando se afastou um pouco da frota quecosteava Moçambique, razão por que em Portugal sempre se acompanhou a obrade ocupação e civilização que a França ai vem realizando.Além disso, pode verificar-se um certo sincronismo entre o desenvolvimentodessa obra e a marcha de ocupação e colonização moderna de Moçambique.Os últimos anos do século xix tiveram para Moçambique, como para Madagáscar,uma ilustre pléiade de grandes militares que foram também grandes colonialistas.Vosso Gallieni é o contemporâneo, tanto no sentido temporal como no espiritual,

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do nosso Mousinho. A escola que em Madagáscar formou Lyautey deu-nos, emsemelhança, entre nós, alguns. chefes e adm inistradores de grande capacidade.Espírito igual inspirou a nossa obra de civilização das populações indígenas. Unse outros nos convencemos que a dignidade humana é de respeitar toda e qualquerraça, seja qual fôr a sua côr. Herdeiros da tradição latina, a nossa concepção deimpério é comum e exclue a dominação como regra, a sujeíção como sistema eprocura elevar até nós as raças atrasadas e assimilá-las pelos costumes. O nossoencontro, Sr. Governador Geral, é, pois, um encontro fraterno - onde se dáo asmãos sem reserva alguma e àluz de uma amizade de sempre os repreentantes de duas naçSes que comungam nomesmo ideal de humanidade. Desde séculos que trabalhamos para o mundo. Oesfôrço do meu pais é visível em toda a Ãfrica- V. Ex.a vê-o até nos nomes doscapitãis que percorreram todos os mares desconhecidos e visitaram todas as terrasselvagens onde a sua memória ficou ligada, aos cabos, às baías, às vilas - aLourenço Marques como a Diogo Soares.Mas a contribuição da França encontra-se também nos nossos territórios; é acontribuição que o pensamento da Humanidade ,recebe dos vossos filósofos, dosvossos artistas, dos vossos sábios e dos vossos técnicos; é a irradiação do espíritofrancês.E êste espírito que V. Ex., representa tão bem, Sr. Governador Geral, quer porvirtude da função, q"er pela sua carreira. Este espírito, bebido nas virtudesclássicas que fazem o equilíbrio do homem, e no desejo generoso da libertação,que é o prémio do progresso moral. Este espírito, para cujo triunfo haveiscombatido e tudo, arriscado sob o firme comando do actual Presidente doGovêrno Provisório da França, General De Gaulle.Bebo h saúde de V. Ex.aLourenço Marques, 29 de Agosto de 1945.«TEMPO» n.,, 260 - pá. 11

Nas primeiras décadas do século XX Portugal consolidou a sua doina emMoçambique. Decolónia que de facto era foi, progressivamente, ehamada de Provincia («parteintegrante de Portugal») e de Estado («parte integrante de Portugal, mas com umacerta autonomia administrativa»).Qualquer destas designaões não serviu para camuflar a realidade dura e desumanade Moçambique ser uma colónia das mais exploradas- O bestial aparelho derepressão e usurpação de terras, a venda de trabalhadores, a política de «asm~a »(transformar os negros em europeus de pele preta), os salários de fome, osmassacres e, mais recentemente, os campos de concentração, desmentiam toda afraseologia bonita dos governadores coloniaistas e todos os discursos deCarmona, Craveiro Lopes, Américo Tomás, Salazar e Cactano.Instituiç~es houve que marcaram o nosso Povo, tais como a PIDE-DGS, asAdministrações, os Negócios Indígenas, as Esquadras da Policiak, a Wenela, etc.Por outro lado, os nomes de algumas individualidades tornaram-se inesquecíveispela sma brutalidade e pela sua fidelidade à política colonialista. Deles podem-secitar alguns: Ferraz de Freitas, Mouzinho de Albuquerque, António Enes, Neutel

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de Abreu, Daniel Roxo, Francisco Langa, Kaílza de Arriaga. A lista completa éimpossível de realizar, uma vez que qualquer administrador de posto, qualquerrégulo zeloso, comportava-se como rei - senhor da vida e da morte do Povo.Os colonialistas portugueses tudo fizeram para apagar os vestígios da história donosso passado. Todavia, apesar desta limi~ , eles nunca teriam plena e totaltranquilidade de dominação. As greves sucedem-se e terminam sempre de, ummodo sangrento como a de Xinavane e a da Estiva em Lourenço Marques. Asdeportações são uma, constante. Para além de cada administ ter uma cadeia,tornaram-se célebres pela barbaridade as cadeias da Machava, de Mabalane, dePonta lMahone, do Ibo e a Penitenciária de Lourenço Marqe«TEMPO» n." 260-p~s. 12A pouco e pouco surgem formas organizadas de resistência e consciencializaodas massas, as quais, pelas limitações impostas contradições internas eregionalismo, nunca chegarão a constituir uma força mobilizadora nacional.1) Em 1920 funda-se em Lisboa a Liga Africana, or. ganização de estudantes dascolónias, com o objectivo de denunciar a colonização por. tuguesa. Estaorganização vi. ria a desaparecer em virtude do número limitado dos membros eda sua actividade desenvolvida longe da terra de origem dos seus fundadores.2) Nos primeiros anos da década de vinte, funda-se o Grémio Africano que,posteriormente daria origem à Associação Africana de Lourenço Marques. Estaassociação, proprietária de um jor. nal político e militante, «O Brado Africano»,desempenhou uma grande tarefa de consciencialização até à des. virtuação dosseus objectivos, transformada que foi pelos colonialistas em associação demulatos.3) Ainda em 1920 funda-se em Lourenço Marques a Associação dos Naturais deMoçambique, que originariamente era colectividade dos chamados «brancos de2.'» a dada altura, por volta de 1950, começou a levar a cabo uma acesa lutacontra o racismo. O seu jornal «A Voz de Moçambique», opôs-se sempre aofascismo e ao colonialismo. As limitações impostas pelo regime saiazaristatransformaram aos poucos a Associa. ção dos Naturais numa organização deintelectuais mais ou menos de esquerda.4) Em 1949, ainda em Lourenço Marques, é fundado o Núcleo dos EstudantesSecundários Africanos, ligado ao (Centro Associativo dos Negros da pzovíncia deMoçambique. Desenvolveu uma grande tarefa de mobilização econsciencialização política até à altura da sua extinção, juntamente com o Centro,pela PIDE-DGS em 1965.5) Alguns artistas moçambicanos, principalmente poe. tas, erguem as suas vozes,flESISTÊ H c 1 Ac o n t r a o colonial-fascismo português em obras de de. núncia que nos últimosanos de dominação circulavam numa semi-clandestinidade.Desses poetas podem-se ci. tar os nomes de Noémia de S o u s a, FernandoGanhão, Rui Nogar, José Craveírinha, Marcelino dos Santos (Kalungano), etc.Noutros campos artísticos surgem os nomes de Luís Ber. nardo (contos)Malangatana (pintura) Chissano (escultura) etc. etc.Na arte tradicional as esculturas maconde são, na sua melhor expressão, um gritocontra o colonialismo.

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6) Entretanto, fora de Moçambique surgem movimento nacionalistas que procuraIutar pela independência nacional. É da fusão desses movimentos aparecidos emSal buria e em Dar-Es-Salaam que se formará a Frente d Libertação deMoçambique.A ORIGEM DA FRELIMODo boletim de informaç n.° 1 de Janeiro de 1964 ed tado pelo delegação permrnnente da Frelimo na Argéli transcrevemos parcialment um artigo que relata a fundação e actividades desenvo vidoS inicialmente pela Fren te de Libertação deMoçamb que.A Frente de Libertação d Moçambique (F R E L I M O) originou-se duma coligdas três principais organiz ções nacionalistas moçambica nas, que mais tarde sefun diram em Frente Unida Congresso Nacional constitu tivo realizado em Dar-Es-S< laam, em Setembro de 19621) A «Mozambique Africaí National Union» (MANU) fundade em 1960, emTanga nyika, pelos emigrantes e r fugiados políticos moçambic nos naquele país,filiados anteriormente numa associacãá regionalista denominada «Mo zambiqueMakonde Union»2) A UniÃo Democrãtica Nacional de Mçamhique, UDENAMO, fundada naRhodésia do Sul em 1960, pelos emigrantes e refugi;xci políticos moçambicanosnaS[U 1A

odésia; tendo sido forçados is tarde a transferirem a [e das suas actividades paDar-Es-Salaam depois da lependência de Tanganyika, Vido à perseguição conjundapolícia política portuisa e Rhodesiana contra os ýionalistas; e ) A -União NacionalAfriia pela Independência de oçambique, fundada na 'assalandia em 1960. klémdestes organizações iticas existiam ainda ou. s agrupamentos regionais eactuavam nos diferentes tores e regiões do Pais, as na clandestinidade e tras nasemi-legalidade coial, que aderiram depois à ýELIMO quando do Con. esso deDar-Es-Salaam. Anteriormente, antes da ependência de Tanganyika organizaçõesnacionalistas zambicanas, acima meneioIas, não tinham ligações re si por váriosmotivos. principio porque não se heciam, e depois, talvez que as suas concepçõesíticas não coincidissem nos blemas fundamentais de i; divergências de ordem icae liguisticas, dificul[es de transportes entre os ses vizinhos bnde os moibicanos seconcentravam i perseguição policial por. uesa; estes e outros moti. tornavamdificil uma accomum concertada. 'oi da necessidade imDe;a de unificar todas for.patrioticas moçambicanascontra o inimigo comum, que os nacionalistas de ambas organizações tomaram aconsciência de facto, desenvolveram esforços convergentes com vista àconcretizarem a unidade na luta, numa Unica Frente de Combate, que a Fr'ente deLibertação de Moçambique se fundou em 25 de Junho de 1962.A Unidade nacional realizada pela FRELIMO, na escala nacional, foi acolhidacom -entusiasmo pela popula. ção moçambicana. Mas sendo ela o resultado dumemaranhado de várias correntes e tendências politicas diferentes, assentes numamesma plataforma de entendimento: liquidação do colonialismo português -oagente do im. perialismo - e a conquista da Independência nacional completa, a

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unidade nacional foi posta, desde o inicio, em, prova. A unidade nacional exigiamais do que os acordos do Congresso e as concessões mútuas de 1962. Houve,mais tarde, a necessidade de se solucionar o problema de unidade no seio daFRELIMO por um processo dialéctico em acções cqncretas às suces. sivasconftontações de ideias e problemas surgidos.A nova fase de unidade atingida então no seio da FRELIMO, permitiu aexistência de condições favoráveis para o empreendimento de grande tarefa deluta, e levar avante o programa ela.borado e aprovado pelo Congresso de Dar-Es-Salaam.Apôs a s ua formação a Frelimo levou acabo as seguintes tarefas:1) «Mobilizar e unir todosos Moçambicanos, de de todas as camadas sociais residentes em Moçambique,nos paí.ses vizinhos e no estrangeiro para luta em comum contra o colonialismoportuguês em todas as suas formase manifestações.»2) OrgafniZw«ão e enquadramentò das forçaspatrióticas principalmente as massas trabalhadoras e camponesas.3) Preparação aceleradade quadros.4) Elevação do nível deconsciência nacional.5 Preparação de condi.ções para o desenvolvimento da RevoluçãoNacional.6) Preparação de condi.ções para a aplicação integral do Programado I Congresso.«<TEMPO» n." 260P- pdg. 13

4'e .: uma"4 " 6' 4../4.. ..... 4 :.4' !: . :: ::::v::: .m . . im. .1. E m... E M .4.~. /4 .4/.. .Em 16 de Junho de 1960, na província de Cabo Delgado, registou-se o maiormassacre de sempre,antes do início da luta armada.Esse triste acontecimento está directamente ligado à formação do clima políticonecessário para a organizaçao das massas camponesas e inicio da luta armada. É,por isso, uma das causas próxima da fundação da FRELIMO.Foi o massacre de Mueda.Antes e depois da fundação da FRELIMO, os massacres são acontecimentos quese registaram no nosso País com frequência, que ainda não foi apontada noslivros.

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Desde a sua chegada, a partir dos primeiros confrontos militares, os portuguesescolonialistas foram peritos na dizimação da população. O facto .de falar demassacres em Moçambique lembrar imediatamente Wyriamu, isso não significaque esse tenha sido o primeiro e o único, como não significa que antes e depoisnão tenha havido assassínio colectivo de centenas de pessoas.Alberto Joaquim Chipande, actual Ministro da Defesa da FRELIMO e membrodos Comités Central e Executivo, tinha vinte e dois anos quan. do se deu omassacre de Mue. da. Foi um dos que organizaram as massas para asreivindicações que teriam como resposta o assassínio colectivo.Ele conta:«Alguns dirigentes trabalhavam connosco. Alguns foram aprisionados p e 1 o sportugueses - Tiago Muller, Faustino Vanomba, Kibiriti Diwane - no massacre deMueda, em 16 de Junho de 1960. Como sucedeu?Bem, alguns des.ses homens tinham entrado cm contac.to com as autoridades e pe.dido maior liberdade e me.lhor saldrio.... Tempo depois, quando o Povo começava a apoiar'estes chefes, osportugueses mandaram a polícia às aldeias, convidando as pessoas para umareunião em Muéda. Váriosmilhares de pessoas vieram ouvir o que os portugueses iriam dizer. Enquanto istodecorri%, o administrador pedia ao governador da província de Cabo Delgadoque viesse a Porto Amélia e trouxesse uma- companhia de soldados. Mas estesescondemam-se quando chegaram a Mueda. De Princípio nao os vimos. Então ogo.ves-nad"or convidou os nos.sos chefes a entrar no gabi.nete do administrador. Eu esperei de fora. Estiveramlá durante quatro horas.Quando surgiram navaranda, o governador per-guntou à multidão se al guém queria falar. Muita quiseram fazê-lo e ogovernador mandou que t o d o passassem para o mes lado.Então, sem mais pal vras, orlenou à polícia q amarrasse as mãos de dós os quetinham sido s paýrados e a polícia começo a espancd.los. Eu e s t a perto. Vi tudo.Quand' povo viu o que estava acontecer ma n i f e sto n contra os portugueses eportugueses ordenaram ra e simplesmente aos cr ros da polícia que avanç sem ereunissem os pres, Isso desencadeou mais nif estações. Nesta oca as tropasestavam ainda e condidas e o povo corr, para, a polícia para imped que os presosfossem levodos. Então o governad chamou as tropas e quapi apareceram mandoua b ri fogo. Foram mortas cerc de seiscentas pessoas.Depois deste massacre, a revolta da população alastrou e, em massa, oscamponesec começaram a atravessar o rie Rovuma para a Tanzania em oxodo quemuitas vezes comi portava toda a família e res. pectivos haveres. A indignação, avontade li. bertar a terra dos opressores. assaltou a população de Cabo Delgado.Os mortos dc massacre de Mueda foram enterrados em vala comum, poi umtractor de esteira.Dois anos depois e no mesmo mês de Juhlo, apareceris a FRELIMO.

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liiipDepois da formação da FRELIMO em 25 de Junho de 1962 até ao desenca.deamento da Luta Armada de Libertação Nacional pas. saram-e mais de doisanos. Foram dois anos intensos de organização do Partido, mobilização epolitização das massas, de formação de quadros, de preparação político militar, ede acções diplomáticas a favor da causa do povo Moçambica. no contra apropaganda coIonial-fascista portuguesa.Foram de facto dois anos longos mas necessários ao povo moçambicano para oseu engajamento total do Rovuma ao Maputo com vista à libertação total do país.Foi também durante estes dois anos que unidade forjada pelo CamaradaPresidente Eduardo, Mondíane se começou a cimentar.Do 1.° Congresso da FRELIMO à proclamação solene da Insurreição GeralArmadia vários aconteci. mentos se passaram e é sobre esses factos e dadoshistóricos que os textos a seguir se r4erem.«TEMPO» n.- 26ó-pdg 17

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S, 1. '&Camrarada Presidente Eduardo Mondlane falando para as massas.Ele foi de factoo grande forjador da unidade nacionalApós a for~ da FRELIMO, em 25 de Junhode 1962, com a unificação de todos os outros movimnatos nacIonalstas moçabiasenío existenteN, a organfraclo promoveu três meses depois o seu primeiroC;ongresso, que se reanizou-na, e~ de Dar-Es-Saaan, na Tams~, de 23 a 28 deSetembro.Este 1 Congresso decorreu, portanto, durante eineo dias, sob a presidência deEduardo Chivambo Mondlane, já nomeado presidente da FRELIMO, e nele foramt~ as linhas de orientaçio e objectivos que O próprio *Camarda presidenteMondiane no seu livro «Strugle for Moambique> (Luta por Moçambique),sintetizu nos seguintes pontos: mo-<T~MOs n.9 260 - pdg. 18

bização, preparação para a guerra, educaçáo e diplomadia..Por outro lado, o 1 Congresso elaborou os primeiros Estatutos e Programa daFRELIMO definindo os órgãos fundamentais da orgnização, preconizando todosos meios, Incluindo portanto a luta armada, para a conquista da Independêncianacional, definindo o inimigo como sendo o colonialismo português e oimperialismo e caracterizando já o tipo de Independência: uma independênciatotal em que o poder pertença ao povo, com liquidação de todas as relaçieseconómicas, culturais, etc. de tipo colonialista e imperialista,Sobre este primeiro Congresso da FRELIMO, importantíssimo para a libertaçãodo Povo moçambicano transcreve-se a seguir os aos objectivos da FRELIMO,do livro da Presidente Eduardo Mondiane. «O Congresso da FRELL MO, tendoexaminado as necessidades da luta contra o colonialismo português emMoçambique, declara a sua firme determinação em promover a organizaçãoeficiente da luta do povo moçambiceno para a libertação nacional, e adopta asresoluções seguintes para serem postas em execução imediata pelo ComitéCentral da FRELIMO:1- Desenvolver e consolidar a estrutura organizacÍonal da FRELIMO; 2-Promover a unidade dos moçambicanos;3 - Procurar alcançar o máximo das energias e capacidades de cada ume e detodos os membros da FRELIMO;4- Promover e acelerar o treino de quadros;5- Empregar directamente todos os esforços para alcançar o rápido acesso deMoçambique à' independêñcia.6- Promover por todos os métodos o desenvolvimento social e cultural da mulhermoçambicana;7 - P r o m o v er imediata mente alfabetização do po vo moçambicano, criandoescolas onde for possível; 8- Tomar as medidas necessárias com o fim de suprir asnecessidades dos diferentes órgãos e planos da FRELIMO;

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9- Encorajar e -dar apoio para a formação e consolidação de sindicatos, eorganizações de estudantes, jovens e mulheres; 10- Cooperar com nacionalistas deoutras colónias portuguesas;11 - Cooperar com organi. zações nacionalistas africanas;12- Cooperar com movimentos nacionalistas de to dos os países;13- Obter fundos de organizações que simpatizamcom a causa do povo moçambicano, fazendo apelos los públicos;14- Obter tudo o necessário para a própria defesa e resistência do povo mo-,çambicano;15-- Organizar Uma propaganda permanente por to,dos os meios e métodos nosentido de mobilizar a opinião pública mundial a -favor da causa da povomoçambicano;16- Enviar delegações para todos os países no sentido de fazer campanhas edemonstrações públicas de protesto contra atrocidades cometidas pelaadministração colonial portuguesa e também fazerý pressão para a libertaçãoimediata de todos nacionalistas detidos nas p r i s õ e s colonialistas portuguesas.17- Obter apoio material moral e diplomático para a causa do povo moçambicanodos países africanos e de todos aqueles que amam a paz e a liberdade.BOICOTE A PORTUGALPELAS NAÇÕES UNIASDIFICI SOLUÇÃO PACIFICAEmbora determinado a fazer todos os possíveis para uma solução pacífica dodiferendo entre o povo moçambicano e o Governo colonialista português, essasolução tornava-se cada vez mais difícil devido ao fascista e intransigentementecolonialista do regime de Salazar.Todavia todos ,os eesforços foram feitos para que Moçambique alcançasse aindependência pela paz. NoI Congresso taram-se medidas para uma interferência da ONU para pressionarPortugal a dar a independência às suas colónias eaplicar sanções.Desse texto histórico do ICongresso transcrevemos oseguinte passo:«Considerando que apesardas relações tomadas pela Organização das N a ç õ e s Unidas relativamente àscolónias portuguesas, Portugal recusa executá-las;Atendendo a que nenhumas medidas concretas foram tomadas contra Portugal pornão cumprir as resoluções da ONU;Convencido de que esteprocedimento, que compromete o prestígio da ONU, é o fruto do apoio de certosestados ao colonialismo português;Pede à Organização dasNações Unidas para que tome medidas concretas e imeditas a fim de impedir aguerra de genocídio que Portugal está a preparar em Moçambique, e para obrigá-lo a aplicar a declaração da ONU de 14 de Dezembro de 1960, que permite aopovo de Moçambique de dispor de si próprio.

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Propõe que sejam aplicadas a Portugal as seguintessanções:-Boicote económico portodos os países membros daONU.- Expulsão de Portugalda ONU.Exprime a mais viva indignação do povo de Moçambique contra todos os paísesque fornecem ajuda a Portugal para manter o regime».a cidade de Dar-es-Salaam se realizou o 1.1 Congresso RELIMO em Setembro deO Congresso seguinte já se 'ou no interior libertado deMoçambique4TEMPO» n.- 260 - pág. 19

Conforme se disse anteriormente, a FRELIMO logo após a sua formação e o seu 1Congresso definiu cláramente os seus objectivos e o seu inimigo. O Inimigo dopovo moçambicano era o regime colonial-fascista e não o povo português. Nestecontexto transcreve-se a seguir uma mensagem histórica enviada precisamentepela FRELIMO ao Povo português, pouco tempo depois da sua formação e emresultado da intransigência colonialista de Salazar. zar.Portugueses:Nestas horas gr ave s da história de, Moçambique, a FRELIMO dirige.se a vós.O povo moçambicano, inspirado pelos sentimentos pro.«TEMPO. n.,, 260-pdg. 20fundos humanos dp liberdade, dignidade e justiça, está firmemente decidido alutar, se necessário com o holocausto da sua própria vi d a, pela conquista da suaIndependência Nacional.O Governo Português, estendendo os seus tentáculos, mantém numa ferozopressão o povo do nosso País O nosso povo continua a viver submetido aotrabalho forçado. O governo colonial-fascista de Portugal prossegue a poli. tica daexpropriação das nossas terras, de exploração do trabalho do nosso povo. Ora obenefício desta exploração reverte apenas em favor dos círculos colonialistasportu gueses.Para tentar destruir o nosso amor à liberdade, o vosso governo não hesita em mas.sacrar o povo de Moçambique: 'Mueda, em .4unho de 1960; Xinavane, emFevereiro de 1961, são exemplos da bárbara reacção do governo colonial-fascistaperante asA FRELIMO definiu claramente e por várias vezes que não ia lutar contra o povoportuguês, também oprimido e explorado. A luta do povo moçambicano eracontra o regime e o sistema colonial-Iascistalegítimas aspirações, do nosso povo.Mais ainda não é $ó Moçambique, mas também An. gola, Guiné, Cabo Verde eS. Tomé e Príncipe, desejam ser livres e. indepç,dentes,Foi para tentar quebrar a vontade do povo angolano de ser independente, que ogoverno dirigido pelo sr. -Sala. zar desencadeou a guerra em Angola.

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Mas o povo angolano não sucumbirá, como também não sucumbirá o povoguineense. Pelo contrário, a repressão colonialista conduz .somente a uma reacçãomais forte, a uma reacção cada vez mais forte do conjunto dos povos deMoçambique, Angola, Guiné «portuguesa», Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe.Por outro lado, a situação do governo português no plano internacional é de quasetotal isolamento, sendo apenas apoiado integralment pelos governos fascistas daÁfrica e da Espanha.Com efeito, a conssciência mundial horrorizada revolta-se contra a acção bárbaraperpetuada pelo exército português em Angola. e, agora também na Guiné«portugueSa».A FRELIMO declara, hoje, rejeitar toda a reslonsabilidade da perda de vida oupropriedade por p a r te de portugueses, como consequência do possível conflitoque o governo português está criando em Moçambique.O povo moçambicano espe. ra, pois, que o povo português saberá tomar, nesteconflito que opõe o povo moçambicano à administração colonial-fascistaportuguesa, uma posição digna das nobres tra. d i ç õ e s democráticas, paracontribuir e evita" que a guerra também se deflagre em Moçambique.

De 25 de Setembro de 1962, data em que decorreu o 1 Congresso da FRELIMOaté 25 de Setembro de 1964, dia em que se desencadeou a Insurreição GeralArmada, passaram-se dois longos e necessários anos de preparação para a luta.Muitos moçambicanos perguntaram e outrosainda perguntam:- Porquê tanto tempo o desencadeamento da Luta Armada de LibertaçãoNacional?Para uma resposta cabal a esta pergunta vamos recorrer novamente ao CamaradaPresidente Eduardo Mondiane que nos descreverá a seguir a «preparaço para aluta», um capítulo extraido do seu pró,prio livro.CRIAR CONDIÇOES DE LUTAPREPARANDO O POVOPOLITICAMENTE«Para criar condições favoráveis ao su cesso da Luta Armada nós tínhamos que,por um lado, preparar a população dentro de Moçambique, e por outro, recrutar etreinar pessoas paras as responsabilidades que uma luta armada imporia.Já existiam dentro de Moçambique certas estruturas através das quais o trabalhode preparação poderia prosseguir. Vejamos: Quase todos aqueles que se juntaramem Dar-es-Salaam para formar a FRELIMO fazia parte de forças clandestinasdentro de Moçambique; os três partidos que se uniram tinham membros em váriasregiões do pais, e estes, juntamente com as estruturas e o trabalho desenvolvidopela NESAM (Núcleo dos Estudantes Secundários de Moçambique) e ainda comas pessoas que tinham tomado parte no abortivo movimento cooperativo noNordeste de, Mçambique, tudo isto formava as bases de uma organização queteria apenas de ser consolidada e expandida.Através destas estruturas e de outras que seriam criadas os desejos e objectivos doPartido tinham de ser explicados detalhadamente A população. O povo teria queser organizado em células, tinha de ser posto em execução o plano geral de

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consciericialização e coordenada a actividade das células. Tudo isto era feitopelos trabalhadores e militantes clandestinos usando panfletos e mensagensatravés do mato.A maneira como esta cam-panha de mobilização funciona é talvez melhor ilustrada por um dos muitosmilitantes que se juntaram ao Partido. Oiçamos como Joaquim Maquival narra ofacto:«Em 1964 juntei-me à FRELIMO por que o nosso povo era explorado. Euainda não sabia profundamente o que jazer acerca disso. O povo não sabia o quefazer. Nós ouvimos que os nossos vizinhos no Malawi tinham-se libertado e queprovavelmente viriam liber tar-nos, mas depressa compreendemos que teríamosque nos libertar por nós próprios. O Partido disse-nos que nós e mais ninguéméramos responsdveis por nós próprios.«Alguns camaradas vieram-nos explicar coisas, e antes, precisamente nocomeço, o rádio disse-nos que a FRELIMO, dirigida pelo camarada Mondlane,estava a lutar para a libertação de todos nós».Gabriel Mauricio tem uma história semelhante:«Anteriormente eu era um oprimido, mas eu não sabia isso. Eu pensava que era omundo era exactamente assim. Eu não sabia que Moçambique era o nosso paí.ý.Os livros diziam que nós éramos portugueses. Então por, volta do ano de 1961 eucomecei a ouvir coisas. Os homens mais velhos nas suas cooperativas também secomeçaram a agitar. Em 1962 até as crianças viam a verdade. A FRELIMOcomeçou a operar na nossa zona. Alguns camaradas explicaram-me e falaram-meàcerca da FRELIMO e eu quiz juntar-me à organização. Para os fins desse mesmoano de 1962 mesmo o governo colonial sentia que o Parti-do estava a crescer, eeles«TEMPO» n., 260-~. 21PRA 0U DESNCADEAMNDA LUT ARMADAi

Era necessário que as crianças e os jovens pudessem continuar os seus estudos,dar-lhes uma nova e dinâmica consciência política. Eles seriam e são osverdadeiros continuad ores da luta e da revolução. A FRELIMO desde a suaformação teve sempre aquela preocupaçãocomeçaram uma g r a n d e campanha de repressão, prendendo e torturando todosqueles de que suspeitavam. Muitos preferiam morrer do que trair os seuscamaradas. O Partido ganhou força. Os dirigentes explicaram a verdade para nós,e nós vimos claramente como Moçambique era a nossa Pátria e pertencia-nos enão a Portugal que nos dominava e oprimia».AS CONDIÇÕES FAVORÁVEISE O TREINO POUTICO-MILITAR As condições favoráveis para a luta existiamjá: o sofrimento causado pelo sistema colonial; o desejo de começar a acção, acoragem e determinação que a guerra requer. Tudo o que a FRELIMO tinha deprovidenciar era entender a prática e a organização.Trabalho semelhante podia ser feito mais abertamente entre o largo número depessoas que fugiam de Moçambique naquela altura. Muitos destes refugiados

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estavam desejosos de regressar e levar a cabo acções contra o sistema que os fezfugir da sua própria pátria. Eles apenas queriam saber como lutar e de quemaneira.O problema do treino não envolvia apenas o aspecto militar.As dificuldades do sistema educacional português significava por conseguinte queo nosso movimento se encontrava desesperadamente com muitos poucos quadrostreinados em todos os campos. Podíamos desde já verificar que o sucesso dafutura acção armada criaria para o povo uma série de necessidades tanto nocampo técnico como educacional. A cima de tudo o estado de ignorância em quequase toda a população ti-«TEMPO» n.A 260 - pdg. 22

A preparação polflico militar fazia do exército da FRELIMO uma forçaorganizada, ciente dos objectivos a atingir.nha sido deixada, impedia o desenvolvimento da consciência política e impediriamais tarde o desenvolvimento do país após a independência.Nós tínhamos e temos a tarefa de fazer desenvolver aquilo que durante anos eanos foi negligênciado pelos portugueses. Por isso apenas um' programa militar eum programa educacional eram concebíveis lado a lado como os aspectosessenciais do nosso combate.Como um primeiro degrau no programa educacional foi estabelecido em 1963uma escola secundária - o Instituto Moçambicano - em Dar-es-Salaam, parapromover a educação das crianças moçambicanas, en q u a n t o por outro ladoarranjavam-se bolsas de estudo para institutos e Universidades estrangeiras paraos refugiados que possuiam já habilitações literárias respectivas. A perseguição esupressão da NESAM (Núcleo dos Es-tudantesSecundários de Moçambique) fez conduzir para fora do.paisaqueles.poucos moçambicanos que tinham tido possibilidades de obter certosestudos para além da escola primária. Muitos destes estudantes estavam bastantedesejos de se juntar, à luta imediatamente, usando as habilitações literárias que jápossuiam, mas outros foram enviados para continuarem os seus estudos e obterqualificações que seriam neces-sárias e úteis no futuro. O Instituto de Moçambique expandiu-se rapidamente.Construído' para 50 alunos foi obrigado a comportar mais de 120 estudantes em1968. Acrescente-se ainda que, o departamento de Educação da FRELIMO foiobrigado a utilizar a organização do próprio Instituto para ajudar. a preparar umsistema educacional para usar dentro de Moçambique logo que no plano militar, orespectivo programa«TEMPO» n." 260 -pdg. 23

de libertação se tivesse desenvolvido o suficiente para prover à necessáriaseguraniça.D l ado militar a primeiru tarefa era treinar o nosso futuro exército. Nóscontactamos a Argélia, que tinha acabado de obter a independência da Françaapós uma guerra de libertação de 7 anos e estava já a treinar grupos denacionalistas de outras colónias portuguesas. Os dirigentes argelinos concordaram

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em incluir moçambicanos no referido programa de treino, e o primeiro grupo decerca de 50 jovens moçambicanos partiram pata a Argélia em Janeiro de 1963,logo seguidos por outros dois grupos compostos cada um por cerca de 70 jovensmoçambicanos. Para continuar este treino, coordenar os grupos e prepará-los paralutar dentro de-Moçambique, era necessário encontrar e ter um pais junto da áreapróxima onde se desenvolveria o combate. Qualquer pais disposto a tersemelhantes hóspedes-uma força militarterá de enfrentar certos problemas.Primeiramente é o problema posto pela própria * presença de uma força armadaque não está directamente sob o controle desse- mesmo pais. Depois existem as dificuldades de seguran«TaýMPO» n., 260- pág.24ça e problemos diplomáticos surgidos quando o governo do país que vai seratacado descobre a existência de um campo de treino no -país vizinho.Por isso quando a. Tanganhica concordou e decidiu ajudar-nos, deu realmente umpassó muito corajoso.UMA IRONIA HISTÓRICAE O EXERCITO DA FIRELIMO«Há uma ironia histórica no facto de termos estabelecido o nosso primeiro cam.po perto da vila de Bagamoyo. Veja-se: o nome «Bagamoyo» significa «coraçãotriste, ferido» e surgiu do tempo do comércio de escravos quando esta vila era umdos pontos e portos principais por onde esses escravos partiam. Mais tarde estamesma localidade tornou-se a capital da aventura imperialista alemã na costaOriental da África. O nome desta vila agora toma para nós um outro significadocompletamente diferente, pois Bagamoyo foi o local onde nós demos os primeirospassos práticos para acabar com a opressão dentro do nosso país. Logo que osprimeiros grupos acabaram os seus treinos em Bagamoyo eles regressaramclandestinamen-te a Moçambique preparados para a acção e para treinar outros jovens do pais. Porvolta de Maio de 1964 foram sendo introduzidas armas em Moçambique earmazenadas grandes quantidades de munições. O exército tem também a maiorparte da responsabilidade nas campanhas dê mobilização e educação. Osmilitantes aprendem mais do que ciência militar. Tanto quanto é possível elesfalam e aprendem português e ministràm eles o ensino básico e aqueles que têmmais habilitações ensinam outros que não sabem nem ler nem escrever.A educação política é uma parte importante do seu treino e durante este oselementos do exército aprendem e adquirem alguma experiência a falar empúblico e de trabalho nos comités, enquanto 'também vão aprendendo todo ohistorial político e geográfico qúe antecedeu a luta. Picam com argumentaçãopolítica sólida: sabem porque estão a combater, porque razãd combatem contra ocolonialismo e imperialismo. Com isto o exército torna-se um importante agentepara a mobilização e educação política da população.Outro importante aspecto do trabalho da FRELIMONas dreas que estavam sob controle da FRELIMO os elementos das ForçasPopulares de "Libertação desenvolviam 'um trabalho intenso de, alfabetizaçãodurante este período prévio era um programa de diplomacia e informação. Oobjectivo disto era, por um lado, quebrar o silêncio que envolvia Moçambique

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para destruir os mitos lançados pelo poderoso serviço de propaganda português, epor outro lado, mobilizar a opinião política mundial a favor da luta emMoçambique, para ganhar apoio material e para isolar'Portugal.Isto envolvia uma participação activa nas organizações internacionais, o envio dedelegados para conferências internacionais e representantes para vários países.Para facilitar este trabalho, foram abertos escritórios permanentes da nossaorganização fora da Tanzania, particularmente no Cairo, Argélia e Lusaca. Parapropagar informação eram preparados jornais e outros documentos impressos paraconferências e reuniões, eram escritos artigos e, do nosso escritório em Dar-Es-Salaam, começou-se a Imprimir uma publicação regular em inglês «MozambiqueRevolution» (Revolução Moçambicana) enquanto um boletim em fracês apareciaperiódicamente do nosso escritório na Argélia.»e

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4,.--......~0..~~~~~'E~~ ~"ri.,...........~9' ri ~:i ~ $ ~J-~' ~'~,. '44ri-.p~riem do Camarada Presidente Eduardo Mondlane

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Está-se na passagem do ano de 1963 para 1964. A FRELIMO organiza-se cadavez mais e melhor política e militarmente. A opressão dentro da então colónia deMoçambique torna-se mais feroz através dos esbirros da polícia política deSalazar.Nesse ano de transição entre a paz podre e a guerra de libertação o CamaradaPresidente dirigiu uma mensagem de Ano Novo à Nação. O seu conteúdo, que seinsere seguidamente na integra, é mais um dado histórico da longa mas necessáriaespera para o pronunciamento da Insurreição Geral Armada do PovoMoçambicano.Ao sairmos do ano velho e entrarmos no ano novo, a Frente de Libertação deMoçambique deseja saudar o Povo de Moçambique e expressar os seus maissinceros votos de um futuro cheio de esperanças de bem-estar e de liberdade. Oano que vai expirar daqui a poucos dias foi para a FRELIMO, e para o PovoMoçambicano, um ano de muito trabalho. Foi durante o ano de 1963 que sepseram- em acção os três póntos mais importantes de primeiro Congresso daFRELIMO, a saber: 1) - A organização e Educação Política do nosso povo, com ofim de chamar a atenção das massas moçambicanas para a necessidade urgente delutar' contra aopressão politica, económica e social do nosso Povo por Portugal, ao serviço dosseus interesses ecoúómicos e dos estrangeiros. 2)- A preparação militar dos jovensMoçambicanos para a defesa do nosso povo contra os ataques cobardesdas forças armadas colonialistas portuguesas e para a libertação total do nossoPaís.3) - A intensificaçâo da nossa actividade diplomática no mundo inteiro paracontrair as mentiras dos representantes de Saazar no estrangeiro sobre a situaçãoem Moçambique e noutras colónias portuguesas da frica.Durante o ano de 1964 esperamos continuar este programa, intensificando certasfases dela e dando efeito a outras.Apelamos aos jovens Moçambicanos para que durante o ano de, 1964, saibamresponder çom prontidão à chamada para o serviço nacional, tal como milharesdos seus irmãos o fizeram durante o ano anterior. . A FRELIMO está convencidade que Portugal só cederá a Independência , de Moçambique quando o PovoMoçambicano, unido, levantar-se e lutar pela sua Liberdade.Neste Ano Novo saudamos os nossos irmãos de Angola e Guiné que nestemomento lutam pela' sua Liberdade. A este respeito desejo chamar a atenção dosnossos irmãos Moçambicanos para a luta que se tra-va nas colónias irmãs de Angola e Guiné. O dia do fim do Império colonialportuguês está próximo. Oxalá que seja dentro desse Ano Novo. Moçambicanos,joguemos a nossa parte para que a Liberdade do Povo Africano se complete nesteAno. A BEM DE MOÇAMBIQUE! A BEM DA ÁFRICA! Dar-es-Salaam, 28 deDezembro de 1963.O PRESIDENTE, E. MONDLANEo«TEMPO» n.« 260-pg. 27

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NoPROu EPEAACOPARA AGUERREnrvit hitrc com M.cl dsSno«TEMPO» ti.' 260- pc*. 28

Do primeiro número do orgão de informação clandestino chamado precisamente«Jornal Anti-Colonial» que tinha como sigla «Pela Paz e Auto-determinação dosPovos Coloniais» transcreve-se a seguir uma histórica entrevista com a camaradaVice-Presidente da FRELIMO Marcelino dos Santos, pouco tempo antesdo desencadeamento da Luta Armada de Libertação.A entrevista que se- segue é umaanálise da situação politica moçambicana pouco antes do 25 de Setembro de1964.MARCELINO DOS SAN- de libertação dos países sobTOS é um dos principais dominação portuguesa. Foi dirigentes dosmovimentos de na qualidade de militante libertação das Colónias Por-moçambicano da Frelimo, tuguesas. Acumula as fun- entrevistado por doiscolaboções de secretário dos Negó- radores de «REVOLUTION ýciosEstrangeiros, de respon- AFRICAINE». Marcelino dos sável pela organização daSantos começou a militar,Frente da Libertação de Mo. por alturas de 1950 nos çambique (FRELIMO) e se-meios universitários de Porcretário-geral da Conferên- tugal ao mesmo tempoque cia das Organizações Nacio- Mário de Andrade, Amilícar mais das ColóniasPortugue- Cabral, etc, etc. Escapou por sas (CONCP), que agrupa a por poucoà PIDE, a políciamaior parte dos movimentos política portuguesa e refuA preparação político-militardos guerrilheiros da FRELI.MO nunca esteve seperada d.~.produção, da criação de covdições que perwbitissem ali.mentar e abastecer as zonasem guerra.giou-se em França, onde desenvolveu estudos de sociolo. gia com o africanistaGeor. ges Balander e uma activida. de militante cada vez maior; foi especialmenteo promotor da autonomia das organizações nacionalistas relativamente aomovimento anti-salazarista português, que tinha na altura posições aindaambíguas sobre o problema colonial, e foi também o principal artífice dacoordenação da acção dos diferentes movimentos. Em 1960 nasceu assim aCONCP da qual M. dos Santos foi imediatamente eleito secretário-geral; nessaqualidade desenvolveu inten. sa actividade política e desempenhou um papelimportante na unificação dos três movimentos nacionalistas moçambícanos.M. dos Santos é também poeta; caba de aparecer uma colectânia das suas obrassimultâneamente na C h i n a Popular e na União Soviética. A edição russa,aparecida em Moscovo, foi prefaciada por Nazim Hikmet. Os seus poemasapareceram igualmente em diversas revistas e antologias francesas e italianas.

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1 - A Frelimo é um dos mais jovens movimentos africanos de libertação poisconta exactamente um ano. Poderá fazer uma rápida história do nacionalismomoçambicano?<- A Frelimo nasceu em Junho de 1962, da fusão de 3 o r g a n izaçõesnacionalistas moçambicanas. A União Na. cional Africana de Moçambique(MANU), nascida em1960 da fusão de vários grupos nacionalistas; A União Democrática Nacional deMoçambique (UDENAMO); e, finalmente, a União Nacional Africana para aIndependência de Moçambique (UNAMI) Em Junho de 1962, os dirigentes dos 3movimentos publicaram uma declaração comum sobre a necessidade da unidadena luta; três meses depois, no mês de Setembro, um congresso constitutivotornou essa unidade cfectbza. Desde o seu nascimento, Frelimo aderiu àConferênca Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP), que agrupa osmovimentos de emancipação de todas as colónias portuguesas. 2- A unificacãolevantou problemas políticos difíceis?-Não. A divisão das forças moçambicanas não era resultado de posições políticasinconciliáveis, nem de dívergências de ordem tribal, como aconteceu frequementenoutros sítios; a repressão colonial, as dificuldades de transporte. a insegurançanos países vizinhos, onde se refugiaram os nossos militantes perseguidos (pois ospaíses vizinhos estavam também sob«TEMPO>i-" 260- póg. 29

A LUTA ARMADA, a guerra de liberta$o contra a opressão colonialistaporýtuguea e era o un moqabicano poderia obter a Independência Nacionaldominação colonial), tornavam impossível uma acção organizada. A MANUnascera na Tanganica a UNAMI na fronteira de Moçambique e da Niassalândia, aUDENAMO na Rodésia do Sul. A situação mudou logo no fim de 1961, quando oTanganica tornou independente; foi lá que naturalmente se agruparam os nossosmilitantes anti-colonialistas. Assim se tornou possível a unidade,5 Falemos então do problema da organização.-Muito bem. A nossa ta. refa mais actual é a de or. ganizar as massas e deorganizá-las com vista ao futu. ro. Nós, os colonizados por Portugal, estamosentre os últimos colonizados; nós temos sob os olhos múltiplas experiências dedescoloniza,ão; nós conhecemos a força do imperialismo e a diversidáde dos seusmétodos; nós sabemos que o imperialismo pode comprar nacionalistas, que épreciso lutar também desde o presente, contra os favores do neo-colonialismo esabe.se lá como as forças an-ti-colonialistas estão já em jogo em Moçambique.O ultra-colonialismo de Sa. lazar está ainda aliado aos interesses imperialistas; éprovável que isso não dure muito tempo e que esses interesses julgarão em breve,sobretudo depois de Addis-Abé. ba, quý o fascismo português não é o melhoraliado desejá vel. É então que nos será necessário tomar atenção.Eu dizia agora mesmo que era necessário organizar as massas com os olhospostos no futuro, quero dizer que é necessário dirigir a luta de uma maneira talque toda a deserção de dirigentes, toda a tentação de sucumbir às se. duções

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neocolonialistas se torne impossível. Muitos dirigentes africanos subestimaram oimperialismo. 10- Preparam a luta armada?- Sim, a luta armada é hoje de longe a eventualidade mais provável.11- E como se apresenta para vós a situação em Moçambique?- Bastante delicada. O Go-verno de Salazar nas últimas, encarniça.se na repressão preventiv'a para evitar,custe o que custar, a abertura de uma terceira frente, depois de Angola e da Guiné.A PIDE, a policia política está em toda a parte. Ela criou falsas célulasnacionalistas em Moçambique e nos países vizínhos,multiplica as provocações; naRodésia e na Áfri. ca do Sul, trabalha em estri. ta colaboração com as policias deVerwoerd e Welensky para desorientar aí os refugiados e vigiar os trabalhadoresmoçambicanos que para ali vão trabalhar. Os colonos brancos são armados eformam milícias para reforçar e exército português. 12 -Essa população branca...-Eu ia lá chegar. São cer. ca de 150.000 em Moçambique, sobretudo nas cidades.Mas o Governo de Salazar prossegue uma política sistemática de povoamenttobranco; somas e ajudas im. portantes são prometidos aos portugueses que se vêmlá instalar; como a miséria cresce em Portugal, não faltam os emigrantes; as terraswo caminho pelo qual o Povomais ricas são compradas por eles. O vale do Limpopo por exemplo, tornou.se olocal de concentração destes novos colonos brancos. A população branca, no seuconjunto, é-nos evidentemente hostil; só alguns partici pam na nossa luta delibertação. Mas muitos pensam, pre. sentemente que a independên-. cia virá maistarde ou mais cedo; eles estariam prontos para a conciliação se tivessem garantias.Vamos dar-lhes garantias.Ao mesmo tempo, prosseguimos a nossa acção de informação e de organizaçãodas massas moçambicanas; devemos encarar para breve a acção armada. 13-Esperam então para breve acontecimentos decisivos?- Sim, seja o início da acção armada que dispersará um pouco mais as forças derepressão portuguesas, seja, se possível, uma acção de ou. tra natureza,diplomática por exemplo; se a guerra é evitável, tanto melhor. Nós saberemosassegurar e assumir a independência, quaisquer que sejam as circunstâncias.«TEMPO» n.- 260 - pdg. 30

HVETURSociedade de Agências de Turismo e Transportes de Moçambique, Lda.LOURENÇO MARQUESBEIRAMATOLAINTER

rEsta é a histórica Declaração da Insurreição Geral Armada proclamada no dia 25de Setembro, pela Frente de Libertação de Moçambique, em nome do PovoMoçambicano, na voz do seu primeiro Presidente, Camarada Eduardo Mondlane.Esta Declaração seria a ordem de ataque, a mobilização geral, a palavra de ordempara o Povo pegar em armas e combater até ao fim o colonialismo português, o

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sistema que oprimia todos os moçambicanos desde há cinco séculos, organizadopela vanguarda política, guiado e dirigido pela FRELIMO.MOÇAMBICANOSE MOÇAMBICANASEm Setembro de 1962, o Congresso da FRELIMO afirmou unanimemente avontade e determinação do povo moçambicano de lutar por todos os meios para aconquista da Independência Nacional:A FRELIMO quis, por meio deesforços pacíficos, forçar o governo português a satisfazer as exigências políticasfundamentais do povo moçambicano, a FRELIMO expôs constantemente juntodas instâncias Panafricanas, A f r o -asiáticas e mundiais, a situação em queencontrava o povo moçambicano, e denunciou os crimes docolonialismo em Moçambique.E foi assim que, depois do povomoçambicano, a 0. U. A., as Nações Unidas a opinião pública em geral,condenaram, também a política criminosa do governo português.Apesar de tudo isto, o colonialismo português continua a exercer a sua dominaçãosobre a nossa Pátria.As riquezas do nosso País e otratamento do nosso povo continuam a ser explorados pelos colonialistasportugueses e seus aliados imperialistas.Todos os dias são assassinadoscamaradas por causa da sua participação activa na luta pela liber-tação do nosso país, as prisões estão cheias de patriotas, e aqueles que estão aindaem liberdade vivem na incerteza do amanhã.A PIDE aumenta o número dos seus agentes e desenvolve os seus meios detortura; o exército português é reforçado e aumenta continuamente os seusefectivos em homens e material de guerra; a psico-social prossegue a suacampanha com vista a enganar o povo moçambicano.Moçambicanos e Moçambicanas:A FRELIMO conduz s e m p r e uma acção de maneira a assumir plenamente assuas responsabilidades de guia da revolução moçambicana. Por isso,paralelamente aos esforços pacíficos, a FRELIMO entregou-se tambémvivamente à criação de condições para fazer face à eventualidade da luta armada.Hoje, face à constante recusa do governo português em reconhecer o nosso direitoà independência, a FRELIMO reafirma que a luta armada é a única via quepermitirá ao povo moçambicano realizar as suas aspirações à liberdade, justiça ebem estar social.Moçambicanos e Moçambicanas:Operários e camponeses, trabalhadores das plantações, das serrações e dasconcessões, trabalha-dores das minas, dos caminhos de ferro, dos portos e das fábricas, intelectuais,funcionários, estudant e s, soldados moçambicanos no exército português,homens, mulheres e jovens patriotas,EM VOSSO NOME,

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A FRELIMO PROCLAMA HOJE, SOLENEMENTE, A INSURREIÇÃOGERAL ARMADA DO P O V O MOÇAMBICANO, CONTRA OCOLONIALISMO PORTUGUÊS, PARA A CONQUISTA DAINDEPENDÊNCIA T O T A L E COMPLETA DE MOÇAMBIQUE.O NOSS0 COMBATE NÃO CESSARÁ SENÃO COM A LIQUIDAÇÃOTOTAL E COMPLETA DO COLONIALISMO PORTUGUÊS.Moçambicanos e Moçambicanas:A revolução moçambicana, obra do povo moçambicano, insere-se no quadro geralda luta dos povos de África e do mundo pela vitória dos ideais da liberdade e dajustiça.A luta armada que nós hoje anunciamos, tendo por objectivo a destruição docolonialismo português e do imperialismo, permitir-nos-á instaurar no nosso Paisuma nova ordem social popular. Assim, o povo moçambicano dará grandecontribuição histórica para a libertação total do nosso continente, para o progressoda África e do mundo.,o«(TEMP()» n .", 263 - p)d. :>2D[SINCADEAMENTO DA [UT,

~w 1 j 1 ÃMoçambicanos e Moçambicanas: Neste momento grave e decisivo da história donosso País, em que unanimemente nos comprometemos a enfrentar ocolonialismo português, a FRELIMO cumprirá o seu dever.Reforcemos continuamente a nossa unidade, a união de todos os moçambicanosdo R ov u m a ao Maputo, sem qualquer discriminação.Consolidemos cada vez mais a nossa organização, ajamos sempre de maneiraorganizada.Por toda a parte, em cada lugar, a FRELIMO e s t a r á presente e pronta aconduzir a luta.Sejamos firmes, decididos e implacáveis frente ao colonialismo português.Sejamos firmes, decididos e implacáveis, frente aos lacaios do colonialismoportuguês, frente a to-dos os agentes da PIDE e a todos os traidores do nosso Povo e da nossa Pátria..UNIDOS VENCEREMOS!INDEPENDÊNCIA OU MORTE!MOÇAMBIQUE VENCERÁ!VIVA A FRELIMO!VIVA MOÇAMBIQUE!VIVA ÁFRICA!25 de Setembro de 1964.No d'ýt 1 de Agosto de 196, os )rimeiros guerrilheiros dIa FPELIMOatravessaram o Rovuma com a determinação e objectivo de iniciar a Luta Armadade Libertação Naciovnrl, de derrubar < colonialismo português, de Libertar oPovo Moçambicano da opressão estrangeira«7'EMPO» n.,- 260- pdg. 3

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O primeiro ataque dirigido pela FRELIMO foi programado e desenvolvido por 12guerrilheiros, ao posto administrativo do Chai. Esta pequena vila moçambicanafica situada em Cabo Delgado e era um dos baluartes da repressão colonialistanaquela província.Quem comandou este ataque foi o camarada Comandante Alberto Chipande, umdos poucos moçambicanos que se salvou do massacre de Mueda. Foi ele próprioquem deu o primeiro tiro da guerra de Libertação, às 9 horas da noite do dia 25 deSetembro de 1964.Depois do ataque ao Chai, o desencadeamento da Luta Armada de LibertaçãoNacional desenvolveu-se rapidamente. O Povo moçambicano estava ansioso pelasua Libertação, os seus sacrifícios desdobraram-se, cada Combatente daLiberdade que morria pelas balas do inimigo era chorado pelo fogo das armas daLiberdade, que conquistavam mais um pedaço de terra.Em 1965, um ano depois de iniciada a Luta Armada já muitos milhares demoçambicanos não tinham de pagar imposto aos colonialistas, nem recebiamchicotadas para trabalharem nas plantações das províncias do Niassa e CaboDelgado. Em 1968 a quantidade de terreno livre e libertado pela FRELIMO eratão grande e as populações que nele viviam tão numerosas, que se realizou naprovíncia do Niassa o II Congresso da FRELIMO, precisamente numa área. quedantes era dominada pelos colonialistas.Nesse ano de 1968, a 8 de Março, também foi reaberta a Frente da província deTete, onde os portugueses ajudados -pelo imperialismo, pretendiam construir abarragem de Caliora Bassa, para instalarem um milhão de colonos brancos nessaprovíncia. Essa manobra tinha por objectivo perpetuar a dominação estrangeiraem Moçambique, elevar o grau de racismo, a fim de se construir uma nova Áfricado Sul em Tete e no resto do País e travar o ímpeto de terras conquistadas elibertadas pela FRELIMO aos colonialistas. Rapidamente a Luta Armada sedesenvolveu em Tete e Cahora Bassa foi cercada de zonas libertadas pelaFRELIMO.A Luta na província de Tete foi -tão vitoriosa que permitiu que a 25 de Julho de1972 se abrisse a 4.a Frente. A Frente de Manica e Sofala acabaria com todas asesperanças que os colonialistas e imperialistas tinham em permanecer emMoçambique.«<tTEMPO» 11.,1 260- dPg..;Se em Tete a Luta se tinha desenvolvido rapidamente em Manica e Sofala, astropas portuguesas depressa se renderam à evidência da sua derrotano princípio de74 uma força portuguesa de cavalaria abandoiava os seus cavalos no mato e fugiaa pé para o seu quartel em Vila Pery.Mas, a Luta Armada de Libertação Nacional não foi apenas uma forma de somarvitórias. Essas vitórias custaram muito sangue. A PIDE de ano para anoaumentava o número de prisões, o número de agentes e o seu número de vítimas.Os massacres de Mueda repetiram-se, as bombas de Napalm e de TNT tambémaumentaram a sua destruição, as armas oferecidas aos portugueses pela América,Alemanha Federal, França, Inglaterra e Bélgica também aumentaram a repressãoe semeando mais mortes no seio do Povo Moçambicano, que teve sempre do seulado o apoio e ajuda dos povos progressistas e libertados.

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Cerca de 20 mil pessoas foram mortas pela PIDE, pelos GES, pelos Comandos deKaúlza entre Fevereiro de 73 e Abrilde 74 na província de Manica e Sofala,milhares de quilómetros foram queimados pelas bombas no Niassa, Cabo Delgadoe Tete em nome do colonialismo e do imperialismo.Apresentamos a seguir um depoimento sobre o ataque ao Chai e um depoimentodo Camarada Raimundo Pachinuapa, Comandante Provincial de Cabo Delgado,sobre o início da Luta naquela província.De Tete insere-se uma entrevista do Camarada Presidente Samora Machel em1972 a um jornal da Tanzania onde, o Camarada Presidente descreve o que sãozonas libertadas, o que significava Cahora Bassa para o imperialismo e dá umavisão do que foi a Luta de Libertação Nacional. O camarada Fernando Mataveledescreve o que foi a 4." Frente, a Frente de Manica e Sofala, quais as dificuldades,os sacrifícios e objectivos atingidos pela FRELIMO naquela província. Sobre aFrente da Zambézia, transcrevemos a mensagem do camarada GovernadorBonifácio Gruveta, feita no aniversário da entrada das Forças Populares emQuelimane.Transcrevemos igualmente algumas das mensagens feitas pela FRELIMO aoPovo Moçambicano na comemoração dos aniversários do início da Luta Armada.

P4~no de ataque ao posto <lo Cho<«Em 20 de Setembro de 1964 fomos informados que o Comité Central tinhadecidido que a Luta Armada deveria começar no dia 25. Eu era um dos chefes deoperação em Cabo Delgado e foi-me incumbida a tarefa de dirigir o ataque aoposto do Chai.A minha unidade tinha 16 armas: 6 metralhadoras, 6 espingardas e quatro pistolasautomáticas. Seleccionamos um grupo de 12 camaradas e fizemos o esquema parao nosso ataque. Na manhã de 25, chegámos à vila do Chal. Fomos descalços, commedo que fôssemos descobertos por cansa das nossas botas.Eu disse a um camarada que estava fardado para vestir roupas civis e irinspeccionar a Vila. Pus-lhe uma ligadura num pé para que parecesse doente. Elevoltou com a informação necessárialocalização do posto administrativo e casa doChefe do Posto.Fiz um plano de ataque. Uma metralhadorapoderia neutralizar as tropas africanas na secretaria. Decidi concentrar o ataquecontra a casa onde o Chefe do Posto e os oficiais estavam. Dei a cada camarada asua posição de ataque. Deveriam permanecer debaixo das mangueirascamuflados. As quatro horas da tarde saímos para o terreno aberto, às seis horasestávamos no posto administrativo, em posição. As sete horas avançámos até umponto onde a casa do chefe do posto já estava ao alcance do fogo das nossasarmas.Um pouco depois, um polícia português apareceu e ficou sentado numa cadeiramesmo em frente duma casa. Eu aproximei-me do polícia. O meu tiro seria o sinalde ataque para os restantes camaradas. As nove horas da noite fiz fogo contra opolicia e matei-o. Quando o Chefe do Posto ouviu os tiros, abriu a porta e veiopara fora de casa - ele também foi morto. Além dele, seis outros portuguesesforam mortos neste primeiro ataque».

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«TEMPO» 0260 - pjp. '35P1,-no de ataqm eaO ljomtO do Chai

Comarada Raimundo Paehliíuapa, Comondote Provincial e (oe nodo, de ('boDelg4do, autor do depoimento qie se segue«Foi o Camarada Eduardo Mondlane, Presidente da FRELIMO, que transmitiu aordem do Comité Central, àqueles que avançavam para Moçambique, a fim decomeçarem a Luta. Estas foram as suas palavras aos combatentes.«Vocês vão para Moçambique para começarem a Luta Armada, única via para aconquista do Poder e a expulsão do colonialismo de Moçambique. Recomendo emnome do Comité Central, que o vosso alvo«T[-..VM'O)» n." 260- PÓ! :,principal é o colonialismo português, isto é, todos aqueles que têm armas na mãoe que defendem os interesses colonialistas contra o Povo Moçambicano. P, contraesses que nós devemos combater. Eles são o nosso alvo. Não estamos a lutarcontra o Povo português, mas sim contra o sistema colonial em Moçambique».Sobre esta última frase, o Camarada Eduardo. . . . . . . . . .ABIRT . . . . . . . . . . . . DA [R~NTE. . . . . . . . . .12MM

Mondiane repetiu várias vezes, chamando a atenção para que os combatentes nãoesquecessem.E, realmente, as Forças Populares de Libertação de Moçambique cumpriramsempre estas palavras do Comandante-em-Chefe. Durante os dez anos de LutaArmada, o nosso alvo foi apenas o colonialismo português e as suas forças vivas.Os soldados portugueses capturados eram sempre tratados como filhos do Povoportuguês, como nossos irmãos de Luta. Estas palavras foram sempre cumpridasaté ao último tiro.Foi precisamente a um de Agosto de 1964 que atravessámos a fronteira durante anoite. Tínhamos ordens para não começarmos a Luta sem ordem do Comando-GeraL O 1. de Agosto é de extrema importância histórica, pois além, de ter sido odia da entrada dos primeiros combatentes da FRELIMO, foi a data do assalto aoposto de Nametil junto à fronteira em 1974, precisamente dez anos denois doinício da Luta.Naquele momento o nosso trabalho era mobilizar o Povo para o começo da Luta,e fazer um reconhecimento geral da zona. Houve imensas dificuldades porque sópodíamos andar à noite, pois a tropa portuguesa encontrava-se espalhada em todoo norte da província. Não sei como escapámos. Por vezes andávamos quase juntoa eles.Alguns dias antes de 25 de Setembro recebemos ordens Dara começar a Lutanesse dia. O grupo que tinha entrado em Moçambique não era grande, pelo que

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tínhamos feito uma distribuição de elementos segundo as tarefas. Unspreparavam-se para o ataue aos nostos, outros oara sabotarem em todasgrandes pedras ou enormes troncos de árvores que eram transportados para o meioda estrada, a fim de impedir a passagem dos portugueses.Esta operação foi fantástica As oedras e os troncos eram pesadíssimos, masconseguimos carregá-los de forma a bloquear as estradas. Efectivamente, no diaseguinte os portugueses não podiam circular, pois além das pedras e troncos,abrimos grandes covas e camufladas ao longo das estradas,Os que deram os primeiros tiros não conheciam bem a zona, pelo que enviaram aoposto do Chai um camarada, de nome Bento Chipeda, com uma ligadura no braço,que disse aos portugueses vir de uma serração e que estava ferido. Este camaradatinha como missão reconhecer o posto. Quando saíu de lá deu o resultado doreconhecimento ao Chefe da Secção, camarada Chipande. Então, conhecedores dasituação, prepararam-se para o combate.Em 25 de Setembro deu-se o primeiro combate!A partir daí os portugueses iniciaram uma campanha de violência contra apopulação. Aldeias foram queimadas, bens da população destruidos, numa'tentativa de aterrorizar a população de forma que esta não apoiasse a LutaArmada de Libertação Nacional. Mas os portugueses não sabiam oue osmassacres que eles cometiam aumentavam a consciência política e revolucionáriada população, tornando-a mais corajosa.Então os primeiros combatentes tiveram que organizar as massas, formando umExército Popular cím armas rudimentares, conseguindo assim triunfar e cumpriras Dalavras de ordem do nosso Comandante-em-Chefe, Camarada EduardoMondlane »RAIMUNDO PACHINUAPAS«Foi precisam ente ot 1 de Agosto de191; que at navessamos n fronteiro do.rante o aoite. Tínhaínos nrde, paro nào começarmos a Luta sem ordem do Co.mado.Gerol. O 1.' de Agosto, é de e x t r e no ' importã,cia Iistórica, »ois além deter sido o lia <a entroda dos primeiros comtbaten tcs da FRELIMO, foi a data doassalto ao posto de Nametil junto à fronteira em 197, preci somente dez anosdepois do in'cio do Lu ta»«TEMPO» n." 260- pa,ó 37

A Luta política a nível internacional levada a cabo pela FRMLIMO, angariou i,solidariedade dQs vovos progressistas. Na IV Coa ferência da Solidariedade dosPovos Afro-Asiátcos, o dia2,ç. de Setembro foi rcé cido como" o Dia Mundial daSolidqriedade com o Povo de Mocambique. Na foto, o Camarada Edu(rdoMondlane denuncia, em 1967, as atrocidades do regime colonialista portuguêsNa história da luta para ;i libertação nacional do povo i-ý1çambicano, como nahistó1:a geral de Moçambique, o 25 de Setembro de 1964 constitui um momentode primordial importância: foi a 25 de Setembro de 1964 que o povomoçambicano, sob a direcção da FRELIMO, se levantou e pegou em armas contrao colonialismo português. Desde então, para os moçambicanos, 25 de Setembrotornou-se «O DIA DA REVOLUÇÃO».

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De facto, a data da proclamação da insurreição geral armada do povomoçamhic;mo contra o colonialismo português representa o desen. volvimento daluta de libertação do povo moçambicano.Nesse dia, o povo moçam«7IEMPO» n.,, 260-p pi. 38bicano, fez saber ao mundo claramente, a sua indominável decisão de lutar contraa agressão colonial, e engajouse decisivamente pelo cami. nho da Revolução.Foi reconhecendo isto que a IV Conferência da Solidariedade dos Povos Afro-Asiáticos, que se reuniu em Winnebra - Ghana, em Maio último, proclamou o 25de Setembro o Dia Mundial da Solidariedade com o Povo Moçambicano.Em ordem a realçar o significado histórico desta data, o Comité Central daFRELI. MO, decidiu comemorar o primeiro aniversário da insurreição geralarmada do p o v o moçambicano contra a opressão colonial, para a conquis-ta da independência total de Moçambique.Celebrando o 25 de Setembro, o Comité Central da FRELIMO:1.° Insistir no significadoda luta de libertação armada do povo moçambicano, exaltar os seus sentimentosnacional e patriótico;2.0 Reafirmar a inspiraçãodo Povo Moçambicano para os ideais da independência nacionale liberdade;3.1 Reafirmar a justiça da posição política da FRELIMO, ao resolver problemasfundamentais que são postos ao povo moçambi-cano no plano nacional, bem como no contexto Africano e Internacional;4.' Reafirmar a devoção doPovo Moçambicano ao ideal de Unidade Africana e da solidariedade entre todosospovos do Mundo;5.' Reafirmar o enga j amento do povo mo.çambicano na luta armada geral de todos os povos contra o co.lonialismo e imperialismo, pelo progresso da humanidade e para a Paz.25 de*Setembro de 1965

A Luta Armada e a Libertação do País são analisadas nestas duas mensagens -aprimeira do Presidente Eduardo Mondiane, a segunda da revista «Revolução deMoçambique» em 1966. Nelas se pode ver como *a FRELIMO em apenas doisamos cresceu e aumentou a sua acção de combate e produção.Há já dois anos que o Povo moçambicano está envolvido numa luta armada contrao colonialismo português. Durante este ano o inimigo foi forçado a ceder às forçaslibertadoras cerca de um quinto do território nacional, enquanto a luta continua namaior parte em emboscadas e ataques país; no resto do país a Frente de Libertaçãode Moçambique continua a manter a sua presença política, organizando aspopulações nos campos, nas povoações nas vilas e nas cidades, preparando-asassim para o dia do desencadeamentoW da luta armada nessas regiões.Durante os últimos dois anos, milhares de militantes da'FRELIMO têm estadoactivos no campo de batalha em emboscadas e ataques contra os soldados portugu es e s. Não conseguindo abafar o espírito nacionálista das massas populares

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moçambicanas, o governo português recorreu ao assassirato de membros doComit Central, como foi o camorte do camarada Jaime Rivaz Sigauke, há poucosmeses.A luta de libertação nacional tem sido dura durante os últimos dois anos, e aatitude do governo português não parece dar qualquer impressão de vir a mudarem favor de uma solução pacífica num futuro próximo. Por consequêncià, énecessário que o Povo moçambicano se prepare para a luta e para o sacrifício e seorganize contra os colonialistas portugueses, participando tanto nos programaspolíticos como na acção militar. Não nos devemos esquecer nunca que, apesar detodo o apoio moral e material que recebemos dos países que estão de acordo coma nossa causa, nós moçambicanos temos a responsabilidade principalde lutar até à vitória final. A responsabilidade é nossa. Devemos aprender doheróico povo vietnamês que, com poucos recursos materiais, foi capaz de ganhara guerra contra uma das cinco maiores potências do mundo - os Estado Unidos daAmérica do Norte.Para podermos obter a vitória final é necessário que nos unamos sob a bandeiramulticolor da FRELIMO. É preciso que todos os moçambicanos se esqueçam detodas e quaisquer diferenças que possam existir entre eles. O Zambeziano devecerrar fileiras com o gazense, o beirense com o maconde, o ajau com oinhambanense, etc., para que do rio Rovuma ao rio Maputo haja só um povo - OPOVO MOÇAMBICANO. Derivemos das contribuições espirituais das nossasvárias tradições religiosas moametana, cristã, -animista, etc. a coragem moralnecessária. para suportar os sofrimentos para que somos destinados nos próximosanos de luta de libertação nacional. Ponhamos de lado todos os tribalismos,racismos, regionalismos e tudo aquilo que nos possa dividir.A nossa luta é justa. Não é só para a libertação de um pedaço de terra chamadoMoçambique, mas é também parte da luta universal para a liquidação completa daexploração do homem pelo homem.Porque o povo Moçambicano está certo da Justiça da sua causa e porque o povoMoçambicano está UNIDO, ganhará.Viva a FRELIMO! Viva o Povo moçambicano! Viva a Africa! EduardoMondlane(Presidente da FRELIMO) 25-Setembro-66oA luta armada do povo moçambicano contra o colonialismo português e oimperialismo vai entrar no terceiro ano; Desde 25 de Setembro de 1964 o povo deMoçambique está a construir a sua liberdade, en-frentando com armas na mão os bandidos portugueses que invadiram a nossa terrae nos oprimiram e roubam e massacram. Hoje, depois de dois anos de luta, temosde analisar os resultados obtidos. Te-mos de fazer a análise critica da nossa Revolução, pensar a Revolução, veraquilo que está mal e corrigir, ver aquilo que está certo e continuar e ampliár,reafirmar a nossa determinação de lutar até à vitória final. É esta hoje a palavra deordem da FRELIMO para todos os seus militantes. Em dois anos de luta jáganhamos muito. Ganhamos LIBERDADE.

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Hoje há em Moçambique muitas áreas onde o nosso povo é livre, onde oPortuguês não pode entrar. Ai o povo governa-se a si próprio, tem as suas escolas,as suas machambas, os seus dispensários, não tem que pagar impostos aosportugueses está livre de cipaios, dos chefes de posto, de administradores, deexploradores.Ganhamos DIGNIDADE.O nosso povo, mesmo nas regiões ainda controladas pelos portugueses, já nãoolha para os portugueses com submissão, como «patrões», «senhores»,. A niossadecisão histórica de lutar, com armas w mão fez com que a nossa dignidade fosserestabelecida, no plano nacional e internacionai. Já não somos escravos, a quemos colonialistas podem matar, bater, acorrentar impunemente. O povoinoçambicano está em luta, e sabe que esses portugueses que hoje nos oprimemserão em breve liquidados ou mandados de volta para a terra deles.Ganhamos INSTRUÇÃO.Desde a criação da FRELIMO até hoje, muitas dezenas de estudantesmoçambicanos que se juntaram à Revolução acabaram cursos secundários euniversitários. Milhares de jovens estudam em Moçambique, nas áreascontroladas pela FRELIMO. Em quatro anos os resultados produzidos pelaFRELIMO no campo da cultura são já muitissimo superiores aos dos colonialistasportugueses durante quatro séculos.Ganhamos PROGRESSOECONÔMICO.Nas áreas sob o nosso controle, aumenta o número de campos cultivados pelopovo. Há muitos mais campos cultivados do que os que existiam no tempo dosportugueses. O povo sabe que está a produzir para ele próprio, e não para o«patrão» colonialista português.Ganhamos UNIDADE. A nossa luta de libertaçãocontra o inimigo comt o colonialismo portugi fez com que o povo risse umaconsciênci cional e se unisse.Hoje lutam lado a como verdadeiros irj filhos da mesma Pátri: çambicanos, M a co n Nianjas, Macuas, J a Xanganas, Chopes, Iac mues, etc.Contudo. estes resulue uaoo ueigaao e Nilassa, e certas zonas de Tete e Zambézia.Mas nós queremos que todo o POVO tenha LIBERDADE, que todo o povo deMoçambique tenha acesso à instrução e ao Progresso Económico.Para isto ser possível é preciso que a luta se estenda a todas as Províncias deMoçambique, que todo o povo participe activamente na luta, de modo a queconstantemente novas e novas áreas de Moçambique fiquem fora da acção dosportugueses, e sob o controle do povo, dirigido pela FRELIMO.O dia 25 de Setembro está próximo. Ele é o DIA DE SOLIDARIED A D E M UNDIAL PARA COM O POVO DE MOÇAMBIQUE. Neste dia, em muitos paísesda Africa, Asia e América Latina e nospaíses socialistas, os povos vão organizarreuniões para exprimirem a sua solidariedade para com o povo moçambicano.Nós, moçambicanos, milktantes da FRELIMO, vamos agir de maneira acontinuarmos a. merecer a solidariedde do mundo e a confiança do nosso povo. Amaneira de merecermos essa confiança é continuarmos a luta para o triunfo da

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nossa Revolução, criando as bases de um Moçambique onde o Povo Inteiro seráfeliz.Tal como no ano passado o dia 25 de Setembro deve ser celebrado por todo opovo em Moçambique. E todos os militantes da FRELIMO devem repetir ojuramento que fizeram a si mesmos quando se juntaram à Revolução: Neste dia,eu, filho de Moçambique, nacionalista e patriota, ýuro pelo que há de maissagrado para mim - o meu Povo, a minha Pát - Pôr todas as minhakyjorças aoserviço da revolução. Não vacilarei ntnca. Enquanto o meu Povo não for livre, aminha vida pertence à Revolução»..« TEMPO» n. ', 260 - pdg. 39DOIS ANOS DE LUTA ARMADAEM MOÇAMBIQUE

, . w. Na w>~sEm Teta a:,Lua Armada dese'nvolveu-e directamentecontra o imperialismo a colonialismo. Reiniciada a Luta Armada em 1968 a «Lutana província de Teto nunca esteve separada do desenvolvimento da Luta dasoutras províncias». A produção, o combate e o estudo fizeram crescer as zonaslibertadas, aumentaram as derrotas dos portugueses o cercaram por completo oempreendimento imperialista de Cabora Bassa ý última esperança dosimperialistas em perpetuarem a sua exploração em Moçam* bique.Trascrevemos uma entrevista concedida polo Camarada Presidente SamoraMachel a um jornal da Tanzanmem 1972, sobre a Luta em Tete.s. n. - Desde que as operações militares começaram perto de Cabora Bassa, oprogresso no Sul de Tete tem recebido uma grande divulgação. As vitoriosusoperações da FRELIMO são frequente. temente divulgadas, mesmo pe losportugueses parecendo deste modo que a Luta está mais desenvolvida aqui doque em qi4lque- outro ponto de Moçambique. Isto é verdade? E como é que o Sulde Tete e Cabora Bassa se enquadram na estratégia global da FRELIMO?S. M. - A Luta na província de Tete não está separada do desenvolvimento daLuta das outras províncias. Contudo, para melho- compreender a situação em Tetetem de conhecer a situação politico-militar em todo o Moçambique.Tete é uma parte integrante da nossa terra. O braço não se pode separar do corpo eTete é qualquer coisa parecida com o braço no contexto do nosso país. Só quandoas outras partes do nosso corpo trabalham bem é que o braço pode funcionar. Épor isso a Luta político.militar está-se a desenvolver noutras provín. cias onde,como em Tete, temos tido sucessos.Era necessário desenvolver a guerra noutras províncias para criar condições paraprincipiar a guerra em Tete em 1968. Com o tempo, em Niassa e Cabo-Delgado jáestávamos afectuando impor«TEMPO» n." 260- pág. 40tantes combates em larga escala, fazendo prisioneiros e equipamentos de guerra.Nós estávamos a desenvolver o processo de Reconstrução Nacional - tinhamoshospitais e escolas. Porque a Luta tinha já determinado mu. danças importantesnesta so. ciedade. Estas condições facilitaram-nos o recomeço da Luta em Tete

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em 1968 e a Luta agora é bem sucedida. A guerra está-se a desenvolver porque oPovo está a aderir cada vez mais.Mas contudo, pode parecer que a guerra em Tete está mais desenvolvida que nasoutras duas províncias, isto não é o caso. O que está a contecer é que Tete está acomeçar a ser mais falada pelos interesses económicos que envolve. Háinteresses dos capitalistas e do imperialismo internacional; Tete é como acorcunda do camelo-é aí a força e a reservas deles estão concentradas. E, a nossa Luta afecta ' essesinteresses. Vocês deve saber o que é Cabora Bassa. As grandes pontências estãonela envolvidas. Então, há camiões que transportam géneros alimentícios pelaestrada de Te. te do Malawi para a Rodésia. Nós atacamos essa estradas,comboios e camiões, principa mente porque é atravez delas que o inimigo circula-e distribui as suas forças.Cabora Bassa não é o nosso principal alvo. O nosso plano, como estavadefini4oaquando começamos a guerra era estender a Luta em todo o país, e desde queCabora Bassa está inserido no país e numa província onde há Luta,necessáriamente faz parte do nosso plano. Nós não concentramos a nossa força deTéte em Cabora Bassa, mas certamente há circunstâncias que fazem deles o nos.so alvo preferido, nomeadamente a extenção do envolvimento imperialista e asimplicações para a nossa Luta se a cena é para continuar.n. s. - Eu sei que vocês têm escolas, e hospitais no Norte de Tete. E ,ao Sul doZambeze também fazem essas coisas?S. M. -A Luta tem-se de~ senvolvidc rápidamente aqui, porque nesta ãrea aopressãoportuguesa faz-se sentir mais forte do que em outras lugares. E, há pessoas quevivem perto da fronteira com a Rodésia--elas sofrem uma opres. são dupla. Eramrecrutadas para trabalhar nas plantções de banana e açúcar em Moçambique equando acabavam eram vendidos para a Rodé. sia para trabalharem nasplantações de tabaco. Quando acabassem, voltavam e de novo eram recrutadospelos portugueses.Por isso as pessoas sentiam uma maior opressão do que-em qualquer outro lugar. Homens que não podiam viver junto das famílias.Assemelhava-se à escravatura.O resultado é que as pessoas sabiam que a Luta Armada era a única solução pa-Bomba de TNT apanhada por soldados da FRELIMO em Tete. Estas bombas têmum grande poder de destruição eeram lançadas muitas delas diariamente em todas as províncias em guerra""a t.

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O Camanda Presidente Samora, na província de Tete, ouve um campones sobre osproblemqs da população de uma área libertada pelo fogo das armas da FRELIMOra os seus problemas. E por causa disto há muitos jovens, rapazes e raparigas de15 e 16 anos, que se juntam a nós. Uma das razões é que eles viam os seusparentes serem oprimidos, explorados e mesmo mortos pelos colonialistasportugueses. Mas apesar descidades nós não nos vingamos pelas suas maneirasbrutais.s. n: - O que é que pode dizer sobre os soldados por. tugueses capturados? Qual avossa atitude em relação a eles e aos brancos civis que vivem em Moçambique?S. M. - Quando capturamos soldados portugueses não os matamos oumaltratamos. O Povo sabe que eles participam na guerra porque são força. dos afazê.lo. Eles não defendem os seus próprios inteiesses ou os interesses do Povoportuguês, mas os interesses dos capitalistas portugueses e do imperialismointernacional. Então, há soldados por-tugueses que desertam. Estes, nós consideramo-los como nossos aliados. A suadeserção é um acto de suporte para a nossa Luta.Há brancos nascidos em Moçambique que se querem juntar às nossas fileiras. Nósestrangeiros que nos apoiam, não consideramos estes como tal homem é um denós e este é o seu dever, assim como é meu dever libertar Moçambique.A politica em relação aos civis é clara. Nós não combatemos os portugueses queestão na nossa terra porque são portugueses. Nós combatemos as forças coloniaisde ocupação. Esta política não é nova. Desde o começo temos dito que a nossaLuta não é contra o Povo português, mas sim contra *o colonialímo português.

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Então em Tete come. ça a sentirem-se mais forte. Aqui há muitos casos concretosporque a população por.tuguesa é mais numerosa que nas . outras duas provincias onde estamos acombater. Eles têm lojas e plantações. Há comerciantes. Nós os atacamos. Nósatacamos a máquina da repressão colonial....Certo, se essas pessoas colaboram com as autoridades coloniais contra nós, nósnos levantamos contra esses indi-" viduos, Nós fazemos o mesmo com osmoçambicanos. Por vezes civis morrem quando ata. camos uma ebcolta.Atacamos essas escoltas porque nelas há tropas e armas e estas-não eramcarregadas únicamrente em carros militares.Carros civis também eram utilizados para tal, por isso é impossível diferenciar,saber que este carro é militar ou que não é. É por isso que por vezes civis erammortos. Mas não é nossa política matar civis. O nosso alvo são militares ou comaplicação militar.s. n. - Os portugueses têm asfaltado as estradas com es. pessas «amadas dealcatrão a fim de evitar a colocação de minas. Eles chegaram a trazer umGovernador Geral perito em construção de es. tradas. Têm sido bem sucedidos, ese sim, pensm solu. cionar este problema?S. M.- O Governador Geanterior também era engenheiro. Foi trazidoespecialmente para Cabora Bassa porque foi um dos planificadores.E, uma das suas primeiras declarações após a sua chegada foi que o Nortenecessitava mais atenção na altura porque o Norte não estava, não tinhacomunicações nem estradas.O plano de abertura de estradas vinha já de 69. Já entre Lourenço Marques e oRovuma, entre a Beira e a froncom a Zâmbia a fim de lhes permitir distribuirforças pa«TÉMPO» n., 260 - pdg. 43

ra atacar as nossas zonas.Não controlamos o ar nem isso nos preocupa. Nós controlamos o terreno econcentramos os nossos esforços na continuação desse controle. Os portuguesescriaram o mito de que a construção de estradas é a chave da sua segurança. Oúltimo Governa. fa e desistiu. O novo Governador Geral não conseguirá,porquanto presentemente, es. tamos em melhor posição de fazer natifragaDn oplano.Hoje em dia não são só os nossos soldados que destroem«<TEMPO» n." 260-pág. 44as estradas -as próprias populações locais se encarregam de arrancar o alcatrãologo que ele é colocado.s. n. - Vdrias vezes se tem dito que a Luta moçambicana é únicamente política eque isto deve ser analisado de maneira que se compreende o desenvolvimento dasoperações militares da FRELIMO Quer isto dizer que atribu. em os sucessosmilitares da FRELIMO ao facto de ter urna linha política correcta? políticacoírreta?S. M. ý Sim. Para a FRE.LIMO é fundamental ter uma consciêncialização Nacional de uma formarevolucionária que permita compreender-se os objectivos da nossa Luta as razões

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da nossa Revolução, e um conhecimento de quem se está a combater e quem sãoos os inimigos., Este é o princípio para cada militante e para todhs as pessoas emgeral.A nossa situação militar é ,agora melhor que nunca. E sabemos que a razãoporque a nossa Luta é bem sucedida é porque a nossa linha políticaé correcta,,as pessoas tornam-se cada vez mais consciência. lizadas, mobilizadas eorganizadas. Isto é o que o que faz a Luta política.Actualmente grandes mudanças têm lugar na nossa sociedade. O Poder políticotem sido tomado pelo Povo: A chefia nas zonas libertadas têm sido tomadas peloPovo dessas áreas.Os portugueses nunca conseguirão destruir esta nova consciência. Nalgumasdessas àreas o Povo há sete anos que não conhece a opressão

ge rrilheiro da província de Tete eunianrindo a palarra de orde tt: «Ataqke ( ra!iado. E.11 TODAS AS FRENTES DE COMBATE». Estudar, tutar contraa au ,,lfubetis<o, sempre fez parte d Luta de LIbertacãode discutir se a nossa Luta continuará, se os portugueses terão ou não sucesso. ALuta é uma parte integrante da, vida do Povo e o que agora discutimos com oPovo é coMo fazer da nossa Luta uma Revolução verdadeira.S. N. -Pode definir o que entende por uma. área libertada? Os portugueses levamàs vezes personalidades a àreas por vocês dominadas libertads, dizendo-lhesdepois: «Olhem, não há terro. ristas aqui».S. M. -Podia ter visitado o Tanganhica prê-indèpenden. te e viajado durantemilhas no campo, onde vivia o povo, sem ver qualquer início das autoridadesadministrativas britânicas. Isto não quer dizer que o Tanganica não era dominadopelos colonialistas: a estrutura que determinava as vidas das pessoas e à qual elasestavam sujeitas era uma estrutura colonialista.A forma de administração e a forma de produção eram colonialistas -forçar opovo ao trabalho, por exemplo. A forma de ensino nas escolas, quando e ondehavia uma escola algures no campo, era uma forma colonialista. O curriculum erabritânicoacerca da história da- Bretanha, o heroismo do povo britânico.Assim, embora o britânico não estivesse fisicamente presente em toda a parte, aestrutura de opressão fazia.se sentir através de todo o País.Agora, em Moçambique, estas manifestações do colonialismo, os métodos detrabalho colonialistas, têm sido removidas de grandes áreas do País. A estaschamamos zo. nas libertadas. O modo de produção é um processo popular, não oprocesso colonialista, que é caracterizado pela exploração. A atitude que guia avida de cada individuo é agora colectiva, não individualista. Os problemas sãoresolvidos colectivamente e isto é algo de novo.-Estas zonas libertadas, de. vido ao nosso tipo de -Poder, nova espécie deadministração, novo modo de vida, são os alvos do inimigo. Não ne. gamos queestas zonas estão sujeitas a ataques, mas isto acontece mesmo no Vietnam eninguém pode negar que há zonas libertadas no Vietnam.E para esclarecer este pon-to mais extensamente, «zonas libertadas» não significa a completa expulsão dapresença física das colonialistas. Ainda há portugueses, mas estão isolados em

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algumas pequerias guarnições. A questão basica é: a quem segue o Povo? Dequem vem a palavra de ordem seguida por ele? O trabalho empreendido por ele éclandestino ou Aberto? Nas nossas zonas o trabalho é aberto. A palavra de ordemvem da Organização Isso significa isenção de explora. ção, de trabalho forçado.Isso é uma área libertada.Os portugueses têm levado jornalistaA a Moçambique. Nós também levamos osnossos amigos. Cada um vê por si. Nós levamos pessoas de muitos países e noúltimo ano jornalistas e estudantes visitaram-nos de tão longe como da Suécia eQuénia. Os nossos vistantes têm estado em Cabo Delgado, Niassa e Tete e têmescrito àcerca do que viram. Eles examinaram o quadro. Foi-lhes claro que aFRELIMO controla e s t a s áreas.S. N: -Desde o início da Revolução em Angolts os porgueses têm introduzido«reformas» em todas as colónias num esforço para persuadir o Povo a não se aliara Lutá Armada. Is~ tem-vos causado quaisquer problemas sérios?S, M. -Eles fazem isto e continuam a fazê-lo porque é a unica arma que têm -dividir o Povo de modo a dominá-lo. O que têm introduzido são novos métodosde corrupção, não métodos de alteração da estrutura da sociedade. Não é paramelhorar a vida do Povo, é a introdução do corrupção.Eles não podem modificar a sua linha política porque eles não podem deixar deser colonialistas. Eles não podem deixar de obrigar o Povo ao trabalho forçadoporque dependem do trabalho forçado.O que eles fazem é dividir o Povo. Dão alguns privilégios económicos a algunsmoçambicanos, àqueles que tiveram alguma educação e que são consideradospotencial. mente líderes políticos activos, para induzi-los a defender o sistemacolonial de modo a reter estes privilégios.Eles anunciam «importan. tes alterações» como o novo«Estado» de Moçaimbique, para tentar criar a ilusãoprincipalmente entre povosdoutros países - de que os portugueses estão a dar passos no sentido daindependência do nosso País.Tentam também desacreditar o Movimento de Libertação - procurando fazer o Po.vo acreditar que somos terroristas. Por exemplo eles massacravam, o povo numcerto local, depois trazem pessoas de uma outra zona e dizem; «Olhem, isto é oque a FRELIMO faz».Mas para responder à sua pergunta, estas tácticas não nos causam quaisquerproblemas. O Povo está políticamente ciente e consciente; ele tem vivido sob ocolonialismo português desde que nasceu; tem experimentado a opressão,exploração e humilhação na sua própria carne; ele não poderá ser enganado.S.N:-Recentemente o Governo da Alenm~nha Ocidental tem estado a, dar passosque sugerem. que o Chanceler Willy Brandit pretende impedir que as armasalemãs vão para Portuial, para as lutas em Áf rica. Pensa que o &r. Brandt está afazer um esforço honesto?S. M: -Não podemos ver que isso poss ser encar4do senão como uma manobra. OGoverno da Alemanha Ocidental está tão estreitamente ligado aos portuguesesque não pode suspender o seu apoio. 'Os alemães ocidentais têm conselheiros,oficiais e fabricam armas m«h Portugal. E mais fácil fazer lá as ar. mas do quetransportá.las da Alemanha Ocidental.

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Algumas semanas atrás, o Embaixador da Alemanha Ocidental no Malawiviajou até Moçambique para «visitar» Cabora Bassa.Pensa que isto se incluinum esforço honesto?S. N.- Que espécie de estrutura política está a ser construída no Moçambiqú<elibertado? Que espécie de <sociedade podemos esperar ver quando toda -o Paísestiver livre e se^gastaria de compará-lo a qualquer outro sistema de outrow país?S. M. - Nós estamos a lutar contra uma estrutura espacífica existente emMoçambique. É uma estrutura não popular, onde há uma classe«TEMPO» n., 260- pág. 45

Um 'ião ab o pelas Forças Ponulares em Tete. Centenas de aviões ehelicópteros foram. abatidos nas várias Frentes de Combate, dur te os dez anosde guerra. Todo o material de guerra apreendido e destrudo pe v FRELIMO aosportugueses era da NATO (organização de que fazem parte a América, França,Inglaterra....)privilegiada, há ama classe intermédia embrionária e há aqueles quae sãorealmente miseráveis; urna estrutura que garante que os ricos do nosso Pais nãosýrem o Povo.O Povo que está a combater, fazendo sarifícioÊ, morrendo na guerra, destruindo oinimigo, procede assim para ganhar uma liberdade real. O Povo criará umaestrutura que benefieiUlo-à, não uma que satisfaça 'os objectivos egoístas de umaminoria exploradora, 1 .Não há razão para fazer comparações com outros pai. ses. .Q NT.- Quanto tempo pas1foçamique, quantopaassa fora, nas suas 'ir' actividades diplomdti; O-- c tume é passar a rnE:91í,»ríV'ti do temrpo dpntý (o d >1í do brque a nos-sa política externa é deter. minada pela situação interna. A liderança deve ficardentro, acompanhado o desenvolvimento da situação de modo a ser capaz deformular as palavras de ordem correspon.dentes à situação em qualquer dadomomento. O exterior desempenha papel importante na nossa Luta e esta é a razãoporque temos de sair de vez enquando, para informar, os nossos amigos emÁfrica, nos países socialistas, as forças progressistas no Ocidente, àcerca dodesenvolvimento da Luta. Mas não é um papel decisivo e vamos ao estran. geirosó quando necessário.É fundamental para a nossa Luta que o Comando e o Povo participem juntos notrabalho dentro do País e através disto sabemos onde pôr mais enfâse, onde con.centrar maia esforço em qual-quer altura específica, Isto é uma norma da Organização mas não é por ser umanorma que a nossa liderança prosse. gue os seus deveres dentro do País.Ele entende que é necessário saber a temperatura dentro do País e que o Povo é otermómetro.São capazes de operar politicamente no sul do vosso Pais, onde a Luta Armadanão começou?Sim. Temos quadros. politicos que cobrem todo o País. É razão porque há umacrescente tomada de consci. ência.enere o Povo, quel o habill a a entender as

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manobras do inimigo. Por exemplo, durante a viagem de Banda, houve ummovimento de descontentamente que se expressou nos nossos protestos. Oscolonialistas fizeram prisões em massa em toda a regiãodo sul. O mesmo aconteceu em Junho de 1970. Isto é devido à nossa presença emtoda a parte.No Comité Central há membros de todas as Províncias. Em todos os diferentessectores de actividade há gente de todas as provincias também e se ainda nãooperamos militarmente em a 1 g u m a s províncias é principalmente devido aproblemas geográficos. Mas, cobriremos todo o País. Disto estamos certos.«TEMPO» n." 260- pdg. 46I

INTER'

a liberdade aproxima os povos 1Ocinema é uma forma de arte e um instrumento de cultura. A imagemcinematográficaé além do maisum4documento com vidade-uma acção rea ou de um momento histórico.Ocinema como meiode comunicação, estimulaa solidariedadee incentiva a aproximaçao dos povos.Cinema Dicca Estúdio222Cinema XenonL.Marques. Cine.Eolnada Kudeka- Teta Cinema Estúdio de QuelimaneCine-Esplanada de Nacala. Omoçambique filmes, Ida.

Camarada Fernando Matavele, Comandante Proípnczal deA Frente de Luta Armada de Manica e Sofala foi aberta às zero horas do dia 25 deJulho de 1972. Esta frente conforme diria o Camarada Presidente Samora numamensagem ao pais resultou da determinação, da coragem, do patriotismo e daconsciência da população, dos combatentes, dos quadros e responsáveis daprovincia. Mas o desenvolvimento da Luta também resulta do esforço, docombate de todos os Moçambicanos, em particularde Libertaçãi nessa provínc conseguido i Rodesia e di mentalizado repressão col *Neste deima co e SofcGoverna um p os colnialistas tinh o racismodo Sul, tinh de colonosÈento do camarada ele, é descrita a forou a Luta em Manica culdades surgidas,os ;uidos e a estratégia uranteos 2 anos de i Manica e Sofia..«TEMPO» n.260 - pág. 49

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Mapa das zonas em Luta Armada na provincia de Manica e Sofala em 1974.A produção das zonas libertadas era uma das bases de suporte para a LutaArmada. Em Manica e Sofala, alguns meses depois de iniciada a Luta muitoscamponeses produziam para si, para os combatentes da Liberdade e para outraszonas onde os seus produtosescasseavam.«Antes do inicio da Luta em Manica e Sofala estive na Província de Tete no 4.'Sector. Todas as zonas em guerra em todas as províncias dividiam-se em sectorese na Província de Tete o 4." Sector compreende a Norte o Zimbabwe e a SulManica e Sofala dividido pelo rio Ruenha. Eu era Comandante desse Sector ecriamos condições para a Luta Armada na Província de Manica e Sofala.Com as condições criadas o Camarada Presidente, como o meu posto era deSecretário do Departamento de Defesa, nomeou-me Comandante Provincial ecomo meu Adjunto o camarada Joaquim Mutamanja sendo o camarada EduardoSilva, Comissário Político. Nós os três fomos nomeados para iniciarmos a LutaArmada em Manica e Sofala.COMO SE ABRIU A4.: FRENTEVeio uma Companhia e no mês de Julho de 72 nós partimos de Tete paraManiS1,'II I'O0» n " - P1j' . í,ca e Sofala. Onde levavamos o material?Nas costas! Cada soldado além da própria arma, levava mais 5 armas e outrascaixas de munições. Levávamos connosco munições e armas de reserva.Avançamos para Manica e Sofala.Quando chegamos à fronteira de Tete com Manica e Sofala encontramosobstáculos. O inimigo fazia patrulhamento, disparava à toa sem qualquer alvopara meter medo às populações. Mas nada conseguiu porque o Pais era nosso e énosso. Não era possível vedar todos os lugares de entrada.Atravessamos o rio Ruenha no dia 16 de Julho. Enquanto o inimigo disparava,nós estávamos na sua retaguarda. Nós fizemos um estudo estratégico e táctico.Dividimos as nossas Unidades em 5 secções. Cada Secção tinha o seucomandante (Sector de Guerrilha). Nós chamamos a essas secções «Focos».Iniciamos a Luta em Manica e Sofala em 5 Focos:1' Foco: Mungari Ocidental.2." Foco: Vila Gouveia.3.' Foco: Mandié.4.* Foco: Mungari Oriental5. Foco: Macossa.Nós avançamos, os camaradas avançaram com tarefas bem definidas, com a datamarcada. O Comando Nacional já tinha determinado que no dia 25 de Julho tinhaque se iniciar a Luta Armada na província de Manica e Sofala.Foi o que se fez. Todos os comandantes em todos os focos cumpriram a palavrade ordem do início da Luta Armada.O 1.* ATAQUE EMMANICA E SOFALA

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No dia em que começamos a Luta Armada eu estava a chefiar uma força deInfantaria e Artilharia. Levavamos morteiros, pe. ças de artilharia e armas ligeiras.Foi na noite de 24 para 25 de Julho de 1972. Meia noite certa do dia 24 portanto,zero horas do dia 25. Éramos poucos, incluindoeu, éramos 12. Uma outra força era camandada pelo Comandante José SantosMacié. Nós atacamos 2 acampamentos no mesmo dia: Katuguilene e Kadalonga.A tropa colonialista travava a nossa entrada em Manica e Sofala por issoprecisavamos de abrir essa zona.AS DIFICULDADESNós quando avançamos para Manica e Sofala levavamos alguns sacos defarinha oferecidos pela população da província de Tete. Mas era pouca comida.Quando iniciamos o avanço em Manica e Sofala não tínhamos contactos com apopulação. Andavamos pelo mato e não podíamos usar os caminhos. O Grupo deReconhecimento tinha ordens para se desviar de qualquer pessoa. Almoçamos nodia 16, mas não jantamos. No dia 17 não comemos - nem almoço nem jantar -no dia 18 a mesma coisa. Só conseguimos comer à 1 hora da manhã do dia 19.Dia 18 de Julho de 1972

o camarada Presidente (4. da direil n do Mltavele (7.' da direita).riçarmos para a parte de -se com i Pery. Em 1973 já tínha- ocupaçí ; ocupadoGorongosa, sunden1 i Paiva de Andrade e zona di,gué. Uma nossa Unidade nossas Dezembro de 73 avan- Nordespara Inhaminga. Nos das eni.de 73 para 74 as nossas vam pa dades atravessaram o .meçara Pungué paraoperarem em SenVanduzi, Vila Manica, romeu vonde e uma outra for- atingir ocupou a zona deGon- de MarNós tínhamos a tactica de dividir as Unidades. O nosso objectivo era cercar VilaPery. Já estávamos no Sussundenga e Mavila, para cercar Vila Pery.OS TRÊS AVANÇOSNós tínhamos três avanços: Avanço Sul, Avanço Leste, A v a n ç o Nordeste.Avanço Nordeste, era a Beira, Marromeu, Tambara e Chemba.O Avanço Leste conseguimos nos fins de 73 de toda 74 com a ocupação de toda aGorongosa, avanço para o Bué-Maria, Chitengo, Inha»iga. O Avanço de Sul deu-nhecíamos a no,«(.TEMIP») n , 260 - p,ýte Se-Mas, rilheii ciêncivam issoarma, e as gens. sua a É.oas di: três ( poder a ra2 não l:is a c dizer lev,

A Luta de Libertação Nacional, a Insurreição Geral Armada teve a duração de dezanos no nosso pais. Oprincipal inimigo da guerra de Libertação era o colonialismopor. tuguês, não como um sistema apenas de opressão, mas como instrumento da

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agressão internacional imperialista ao Povo Moçambicano que, organizado pelaFRELIMO, soube transformar a sua Luta Armada numa verdadeira Revolução.Atravez de uma reunião com quadros e combatentes da FRELIMO, recolhemos osdepoimentos que a seguir transcrevemos. Eles são não uma análise pormenorizadado que foram os dez anos de Luta Armada, mas a descrição baseada em factos doque foi a intervenção do imperialismo em Moçambique, das razões desesperadasque levaram o sistema colonialista português a recorrer ao massacre, à destruiçãoem nome da civilização Ocidental, e das razões que fizeram os melhores filhos doPovo português a revoltarem.se e a quebrarem as amarras que os traziam à mortenas colónias portuguesas. Também o aspecto da Reconstrução de uma NovaSociedade em Moçambique é focada, bem como é dado a conhecer as razõesporque o Povo das áreas em guerra, das zonas libertadas, Organizado segundo alinha política da FRELIMO rejeitou, desmascarou e denunciou todos os seusfilhos que pretendiam perpectuar a exploração em Moçambique.Chamamos a atenção para todos estes depoimentos pela importância e realidadeprática que contêm, pois eles são um verdadeiro documento sobre o que foram osdez anos de Luta Armada, sobre o que foram os dez anos de agressão imperialistaao nosso país.

«TEMPO» n.,- 260 - pág. 53

Eu entrei na FRELIMO em 1964.Portanto, antes do início da Luta. Partindo daqui de Lourenço Marques tive queusar uma via muito longa e só consegui chegar com o grupo que ia comigo àTanzaniá nos princípios de 65. O nosso itinerário foi, a partir da Suazilândia paraa África do Sul, da África do Sul para o Botswana e do Botswana para a Zâmbia eda Zâmbia então para a Tanzania. Isso levou-nos esse período de tempo. Masantes de partirmos, a nossa demora não foi só porque o caminho era longo, foiporque havíamos recebido ordem de não avançar logo para a Tanzania porque aLuta Armada ia ter lugar, portanto necessitariam de nós nesta frente cá do Sul.Como sabem a ideia fundamental da nossa Organização era de começar a luta nomaior número possível, incluindo mesmo Lourenço Marques.Em 64, lá por volta de Dezembro, senão 8 de Dezembro, mais ou menos, nãotenho a data preéisa já estavam os dirigentes político-militares nesta província doMaputo. Já, em Dezembro de 64. Portanto traba,lhamos com eles mesmo partindo da Suazilândia e espalhavamos, naclandestinidade nessa altura, até que houve aquelas prisões que todos nósacompanhamos através da Imprensa. E então, quando em 65 avançamos já não foiassim tão difícil porque conhecíamos já muito bem o caminho. Portânto, em Maiode 65 chegamos à Tanzania. Logo, juntamente com o meu grupo fui submetido aotreino num dos primeiros campos da FRELIMO, que é Bagamoyo. Feito o treino,embora não fosse muito aperfeiçoado, porque não se podia utilizar armas - nóstreinavamos ,com paus utilizando esses paus como se fossem armas- passado o tempo que foram cerca de três meses fomos destacados para outrocampo, Kongwa, mas não fiquei lá porque apareceu uma outra necessidade. Comotarefa principal que eu vinha realizando antes do meu engajamento na FRELIMO

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eu era enfermeiro. de profissão. Portanto havia uma deficiênçia da Organizaçãona parte da Saúde, e portanto a minha participação directa nesses serviços foi logonecessária. Portanto, quando cheguei1' AUR[[IO MANAVIa Kongwa não fiz nada senão a preparação de quadros sanitários para seremdistribuídos pelos diversos pontos onde a nossa luta tinha lugar. E assim fuiorganizar o curso juntamente com o camarada Helder ,Martins, que é hojeMinistro da Saúde, incluindo a esposa dele, camarada Helena. Estivemos portantotrês a organizar o curso de saúde que começou a funcionar nesse mesmo ano. EmSetembro, o primeiro curso teve lugar. Foi um curso de um ano. O segundo cursoveio aparecer de 66 para 67 e o terceiro de 67 para 68, então no InstitutoMoçambicano. Esse curso foi interrompido devido às confusões de 68.Em 1968 o encerramento foi lá para 4 de Março, 5 de Março. Foi a 5 de Março oassalto d0 Instituto Moçambicano e diziam eles que b camarada responsável docampo de Nachimgwea, era portanto o Camarada actualmente Presidente daRepública, que juntamente ýcom outros quadros, o Camarada Moiane e outrosque já não me recordo bem os nomes, incluindo o camarada Chissano, por causada confusão que havia no Instituto provocada pelos alunos da Escola Secundáriaentão viram-se obrigados esses responsáveis a entrar no Instituto à noite. Houveumareunião com o Camarada Mondlane em qup lhe tinham faltado ao respeito, essacoisa, e houve necessidade da presença dessa força à noite. A partir desse diadisseram que se tinham disparado armas, mas não houve nenhum disparo, eramboatos. O curso, o terceíro curso de Pessoal de saúde, a partir daquele momentoficou interrompido, como toda a Escola Secundária a partir daquele dia ficouencerrada. Durante essa época tinhamos ligação com o interior através do campode Nachingwea. A Nachingwea chegavam os camaradas responsáveis políticose comandantes e quando fossem a Dar-es-Salaam, onde estava a Sede nessemomento, então fa. ziam palestras a respeito do desenvolvimento da iuta para osalunos e todo o pessoal que se encontrava nos escritórios no Instituto, assimcomo na Sede da FRELIMO em Dar-es-Salaam. E assim íamosacompanhando, assim como pelas próprias aulas políticas que eram dadas a todosos alunos como parte básica dos programas que recebiam. Depois disso, com es teencerramento do curso fui imediatamente transferido para Nachingwea, onde fuide novo fazer o treino.Esse treino, já em 68 teresta foto pode-se ver em imeiro plano o camaraManávidurante uma inrsão na província de Cabo Delgado

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ACABARAM OS PASSOS EM FALSO COM SCC TODOS OS PASSOS SÃOBEM DADOS.SCC É ELEGÂNCIA, DISTINÇÃO,CONFORTO.EXIJA SCCSCC É CALÇADO FABRICADO EM MOÇAMBIQUE.socalçadoAV. DO TRABALHO 1378, TELEFONE 732012 (LOURENÇO MARQUES

minou em Junho e então avancei nesse nesmo mês para o interior do Niassa. Acompanhia onde me encontrava tinha sido destacada para ir juntar-se a outroscamaradas que se encontra. vam no Niassa para preparativos do 2 Congresso, jánas zonas libertadas. Foi portanto nessa altura que me. desloquei para Niassa.Fizemos todos os preparativos necessários, dentro do próprio campo de saúdetambém era responsável da ,saude durante o Congresso. Iamos montando otrabalho necessário para p e r n i tir que a assistência fosse eficaz para todas asligações. Fiquei portanto a segunda quinzena de Junho, do mês de Junho e naprimeira quinzena de Agosto regressei de novo para o Centro de PreparaçãpPolítica em Nachingwea. Tinha sido chamado porque o chefe máximo dosserviços de saúde tinha sido expulso por pessoa não grata juntamente com os d,outros brancos que estavam lá, moçambicanos de origem portuguesa - ocamarada Hélder Martins e a esposa, o actual Reitor da Universidade, assim comoo camarada Veloso, foram expulsos por causa da reacção que se tinha infiltradona nossa Organização. O racismo que se desenvolveu dentros dos própriosresponsáveis, ao nível da direcção mesmo da FRELIMO, que, aliados com Outrosdescontentes do governo do pais onde nós estavamos, foi então possível a suaexpulsão. Quando se deu isso fui chamado para o Centro, e no Centro ia tendolugar uma reunião do Comité Executi.4 va e depois do Comité Cen. traí, logodepois do 2.- Congresso. Antes disso, no Congresso fui como delegado daprovíncia do Maputo ao Conpresso.Mas, voltando a Nachingwea, quando cheguei lá a reunião do Comité Executivoestava para ter lugar e o Presidente, falecido Presi. dente Mondlane, tinha-meavisado que devia preparar-me porque ia ter uma reunião com o ComitéExecutivo e achavam necessário reorganizar os serviços de saúde, que não tinhadirigente. Acharam que eu devia participar e participei então na reunião doComité Executivo - foi em 1968, já em Agosto e foi onde apresentado oproblema de nomear um responsável pelos serviços de saúüe. Assim fui nomeadoresponsável máximo dos serviços de saúde. Tive que procurar saber comoestavam organi-zados os serviços porque nesse momento não estava a acompanhar totalmente ocamarada Hélder Martins porque ele fazia esses serviço e eu ensinava. Além deleser professor também era o responsável directo e portanto nessa altura eu nãosabia exacta. mente o que se passava. Comecei a ver o que podia fazer e foi entãoque comecei as minhas viagens de estudo, de reconhecimento para ver como éque os serviços estavam organizados, primeiro no campo, na parte exterior - quer

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dizer, em todos os nossos centros educacIonais ou político-militares que seencontravam no exterior Era necessário ver como é que os serviços estavamorganizados. Incluindo o próprio centro de pre. paração político-militar, o campode Tunduru, que já funcionava, e outros lugares onde tínhamos população nossa,como por exemplo em Mtwara. Era preciso ver, assim como em Songla e outroslugares vimos que não era preciso desenvolver os serviços de saúde da FRELIMOporque os nossos militantes recebiam tratamento nos hospitais locais e portantonão havia necessidade de fazer isso.Então, depois disso então houve outra viagem, já não foi em 68, já tinha ideiasmais ou menos, além de outros planos que já tinham sido começados pelocamarada Hélder Martins - por exempIo a construção do nosso hospital emMtwara. Os nossos camaradas já estavam a construir esse hospital emboraestivessem na primeiro fase. Fui ver os planos, essa coisa toda, e estudei como ohospital fosse concluído. Já não tive oportunidade de concluí-lo esse ano, emboraestivesse em contacto com os responsáveis de saúde que se encontravam naszonas onde operávamos. Logo nos princípios de Janeiro tivemos uma reunião paraprocurar unificar os serviços de saúde existiam serviços' de saúde para civis e paramilitares. Como houvesse confusão nessa altura o Secretário do Departamentode Defesa, o actual Presidente da República, Camarada Samora, convocou essareunião, que ainda nessa altura foi na sede em Nachingwea, tive. mos uma reuniãoque ele pró,prio presidiu sobre a' unificação dos serviços de de saúde. Discutimospara encontrar como estabelecer serviços únicos - quem era «civil» afinal deconta? -as populações que se encontravam nas zonas libertadas em que os serviços desaúde existiam também estavam sujeitas aos bombardeamentos, a -todos osataques do inimigo, portanto não se compreendia que houvesse uma divisão em secriar ideia de serviços de saúde para os civis e portanto serviços de saúde paramilitares. Chegamos então à solução de só haver um serviço de saúde. Essaresolução foi passada e todos nós concordamos. A partir dessa altura -os serviçosde saúde sempre funcionam e não houve mais estes so da saúde, estes são civis.Porque todos os enfernieiros treinaram.A partir de 69, portanto em Fevereiro, houve uma reunião para estudar a forma deencontrar certas ajudas - tinha chegado uma delegação que falou com o PresidenteMonclane. Infelizmente só tivemos reunião com essa delegação no primeiro dia,no dia 2, pois no dia 3 é quando se dá o assassínio do camarada Presidente. Foipreciso os que estavamos em Dar-es-Salaam nessa altura, (os Departamentosencontravam-se em Dar-es-Salaam onde era a Sede) quando houve isso osDepartamentos, mesmo o da saúde também sentiram-se. Houve um choque.Como começar de novo? Quem é que vai ser dirigente? Quer dizer, havia muitasperguntas em cada militante e portanto houve uma pequena intervenção realmenteaté que houve então a primeira reunião do Comité Executivo nesse mesmo anoque tentou estudar, para ver como é que devíamos então levar a luta até à vitória.É quando se cria então a direcção de três elementos. Isso foi em 69. Foi quando oConselho 'da Presidência foi formado pelo Camarada Presidente actual, oCamarada Marcelino dos Santos e o renegado Urias Simango. Penso que sabeporque se formou isso, não é? Não v a m o s desenvolver esse ponto. Isso foi

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andando, também participei nessa reunião do Comité Executiyo e vi todas asmanobras que o Urias Simango tomava sempre. Não queria a reunião. Finalmente,mesmo nessa reunião foi preciso ele chamar - achava que era preciso serprotegido pelos soldados, polícia, segurança do governo amigo- os outros dirigentes acharam que ele podia trazer toda a força que quisesse parao proteger porque ninguém pensava em fazer-lhemal. O trabalho dele não foi satisfatório, já começava a i n t i t ular-se Presidenteque ninguém lhe chamava Presidente. Os que o seguiam portanto foram-seespalhando. Uns iam para o exterior, o caso do Murupa por exemplo, quando elesaiu, e a reunião de Abril, Abril a Maio, foi essa reunião histórica clarificou aexistência de duas linhas opostas. Foi uma reunião muito importante. Portantoesse Murupa assistiu aos dois dias da reunião, às primeiras sessões e saiu daliconvencido de que iria-Se nomear o Simango como Presidente. Portanto quandoandava lá fora como trabalhava nas relações exteriores já informava que o ComitéCentral estava reunido e que ele ia ser nomeado como Presidente, que não haviadúvidas. Ele mostrou a sua cara ao exigir que ele fqsse chamado Presidente logonos primeiros dias depois do assassínio do Camarada Mondiane. Todos nósficamos alertas e ele foi a Presidente porque todos nós já o conhecíamos bem.Entretanto a reunião terminou, houve boas resoluções que todos nós conhecemose começou a haver mais ânimo para o trabalho porque já havia uma orientaçãomuito clara qua. se em todos os sectores.É certo que a Luta sentiu-se, sobretudo os camaradas responsáveis, as populaçõessó esperava quem havia de ser o Presidente, como é que se havia de desenvolver aLuta. Quando se ouviu esta decisão da Direcção, dos três elementos, pois nessaaltura em que se nomeou o colégio, todos ganhamos ânimo, cada qual trabalha deuma maneira eficaz e esperando quem deverá ser o Presidente da FRELIMO. Ostrês foram trabalhando e todos nós fomos vendo quem é que estava maisengajado nos interesses do Povo.Nos fins de 1969, houve uma reunião do Comité Executivo e o Simango nessareunião demonstrou vontade em publicar o seu documento «A triste situação noseio da FRELIMO» (The Gloom Situation in FRELIMO). Depois disso todos nósvimos a cara verdadeira do reaccionário. Quando foi o funeral do CamaradaPresidente Mondiane ele pegou o caixão, fez discurso... louvava honrava ofalecido Presidente. Mas no seu documento falava mal do Presidente, vimos nessaaltura que ele era um indivíduo que tinha

Os serviços de saúde da FRELIMO desenvolveram-se e feridos de guerra, maspara servirem as populaçõesse sempre não para servir avenasluas caras e portanto não aerecia ser o Presidente, lesmascarou-se e nessa reuiãofoi denunciado assim omo todos os que o apoia'am, que tinham contriuido parao assassinio do 1amarada Mondane. Todas ssas reuniões tiveram lugar rnNachingwea, no refeitóio de Nachingwea. Foi também em 69 que se ecidiu quetodos os Deparamentos fossem transferios e tivessem a sua sede os lugares ondehavia efiiência para o seu traba'o, portanto o Departameno de Defesa já estava nasimas libertadas se bem que trabalho maior estivesse rn Nachingwea. O

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Departalento de Educação foi ransferido para Tunduru, Orque era lá onde havia'ais actividades relacionaas com a vida do DepartaLento os Serviços de Saú-de foram transferidos para Mtwara que era lá onde o nosso hospital estava, era láque estaria em melhor ligação com o interior.Pela natureza.dos seus trabalhos alguns Departamentos não podiam sair de Dar-es-Salaam, é o caso do Departamento de Informação e Propaganda, é o caso doInstituto Moçambicano. O Departamento das Relações Exteriores foi transferidopara Nachingwea, o Departamento de Segurança ficou em Dar-es-Salaam e o daProdução foi para Mtwara porque era onde as populações iam fazer as trocas damercadoria, Tesouraria e Finanças também ficou em Dar-es-Salaam, porque eranecessário que os fundos fossem distribuidos a partir de lá. Foi desta maneira queficamos realmente ligados ao interior.,m 1970 houve a reunião que se decidiu que todos Departamentos ficassemalmente- engajados nos balhos do interior e, o e é que acontece? 'ra altura de sernomeao Presidente da FRELIý, um já se tinha desmasado, portanto a linha cortaestava clara para tonós, pelo que não ouve ridas perante aqueles mintes quedefendiam a ha. A tarefa deles acabou* ser a de vigiar o próo Simango quando form neados os três. Uma vez mascaradoo Simango necessário nomear o sidente. Isso acontece em em Maio, houve areuo do Comité Central que idiu que o Camarada nora Moisés Machel fi;e nossoPresidente, o so Dirigente máximo, tanto, o camarada Mar-celino dos Santos o seu Vice-Presidente e assim todos nós continuamos adesenvolver o nosso trabalho. Os Serviços de Saúde estando a partir dessa alturaem maior ligação com o interior passaram a formar mais quadros sanitários noseio das populações. Os Serviços de Saúde obedeceram sempre à estrutura militarestavam divididos em Serviços de Saúde ap nível provincial. Tínhamos o Chefede Saúde provincial, os seus adjuntos, havendo os Centros de Saúde ao nível deDistrito, os Postos médicos ao nivel da Localidàde e mesmo ao nível do Circuito.Havia ainda os ser <iços de saúde que acompanhavas as colunas, os semi-móveisque se encontravam em certos Destacamentos e também segundo sectoresconforme o número de sec-combatentes

tores das províncias, havendo também um Chefe máximo ao nível da província.~b a, era a estrutura sanitária que obedecia à estrutura militar estabelecida. Acolocação dos postos obedecia ainda à densidade populaciónal. Quando haviagrande dispersão da população ela podia ir ã base receber apojo médico ousanitário. Em 1970 recebemos os primeiros médicos vindos de um pais-nossoamigo e forum colocados em Mtwara. Soýso hospital já estava lobilado. Foiprecisamente em 1970 que conseguimos organizar de novo um curso deenfermagem, mais de preparação do pessoal sanitário em colaboração com essecasal de médicos. Foi assim que conseguimos fazer reviver o curso. Esse curso foiinaugurado pelo U cííarada Presidente, quando ele fez aquele discurso sobre aSaúde. Estamos já em Novembro de 1971. A partir daquele momentoconseguimos manter sempre o curso e neste momento. preparamos lá Assistentes

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-Médicos, num curso de três anos. Está lá a funcionar. Já depois tambémconseguimos organizar a primeira Conferência dos Servicos de Saúde que tevelugar em Tunduru em Março de 1973, Essa reunião teve as suas conclusões queforam revistas e aceites pelo Comité n_.ýecutivo e finalmente foram adoptadascomo deci. soões que deviam ser aplicadasýEm todos os sectores onde tínhamos as nossas forças, já tínhamos instalado osServiços de Saúde, que realmente beneficiavam as nossas populações. Não sepagava nada, as populações participavam no transporte dos medicamentos dafronteira para os lugares onde nós estávamos. O trabalho d_ Mobilização estavamuito forte em todos os sectores. Isso facilitou o trabalho senitário emcolaboração com os trabalhos de Educação e outros.Não era somente nas bases militares. Em todas asnossas escolas tínhamos um posto sanitário a funcionar. Escolas, internatos, emtodas.Em Setembro de 73, estava desligado dos serviços de saúde. Já tinha sido avisadoque ia ser transferido para outros trabalhos, mas antes de largar participei naúltima campanha que se desencadeou contra a cólera, quando houve umasepidemias em 1973, o maior números dos enfermeiros que estavam no exterior eeu próprio fui indicado para a província de Tete onde fui organizar isso.Organizamos e fizemos a campanha de va cinação, a educação sanitária àspopulações para poderem compreender o perigo daquela doença. Tinha. mosmontado a estrutura sanitária para toda aquela província. Mandamos outros paraManica e Sofala reforçando com vacinas que tinhamos recebido. Só emDezembro é que saí quando a situação estava normal e voltei de novo ao Centrode Preparação polí. tico-Militar de Nachingwea. A partir desse momento fuiindicado para participar no curso de preparação política que teve lugar emNachingwea. Depois disso, esperei nova ordem e fui nomeado para trabalhar nadirecção do campo com os camaradas que eram membros do campo. Fui-meintegrando nos serviços até que fui nomeado responsável pelo campo Politíco-Militar. Isto foi em Setembro quando o camarada responsável que estava lá -camarada Joaquim Munhepe foi transferido na altura do Governo de Transição.A partir de Setembro de 1974 eu não voltei ao interior até ao momento em que fuichamado, já nas vésperas da Independência. Ficamos com a tarefa de prepararintensivamente segundo os programas da nossa Direcção as nossas forças, atévirmos para a cidade capital reforçar as forças que cá estavam.AhJOS SAMPAIOEu fui para a Frelimo em marmos sobre a vida política,1967, quando cheguei inte- o nível político-social do Po. grei-me nos treinospolíticos- vo naquela província. Na promilitares que conclui depois víncia deNíassa eu estava na de um curso de 6 meses. Mas região Oriental. Vivia na Ba.tarde passei para Niassa, em se juntamente com os meus 1968 onde pelaprimeira vez companheiros tínhamos por realizei combates e contactos semana2 saídas. Quer dizer directos com o Povo para me escolhiam.se camaradas queinformar e para nos infor- tinham por missão algumas«TEMPO» n 260 - pág 58

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reuniões de esclarecimento, digamos, com o Povo. Para nos informarmos sobreas dificuldades do Povo e dos pro.b 1 e m a s que tivessemos de ajudar a resolver de acordo com as orientações quetinhamos da nossa linha política.Claro, havia problemas porque estavamos ainda no prin. cipio da Luta, falta deroupa, o que era normal porque, como sabem, quando começamos a Luta, mesmodurante a Luta, não tinhamos fábrica de roupa. Tínhamos que nos apoiar nasnossas próprias forças e fazer com que tivessemos meios necessários para fazercom que o Povo adquirisse roupa e alguns outros artigos de primeira necessidade.Assim atravez do nosso próprio esforço junta. mente com as populaçõesabrimos machambas e com os produtos que conseguimos das machambaslevamos esses produtos e trocamos no exterior. Fazíamos trocas entre osprodutos que tínhamos com aquilo que necessitavamos, por exemplo sal, roupa,pratos, bacias, panelas, etc.Portanto, atravez d i s s o conseguimos resolver alguns problemas da primeiranecessidade. Não quero dizer, que quando abrimos as macham. bas e produzimoscereais e outros géneros, não nos límitavamos a fazer trocas, não. Uma parte erapara o auto-consumo, consumo próprio, a outra parte é que era para troca. Não erasó o Povo a abrir machambas, nós também abríamos para nos apoi. armos, porquevivíamos da produção pois não podíamos esperar que do exterior, dos paísesamigos, nos enviassem alimentação e~tudo aquilo que nós tivessemos neces.sidade. Abríamos machambas, conseguíamos algumas coisas, conseguíamosalimentação que nos permitisse a sobrevivên. cia. Assim a Luta foi-se de.senvolvendo. Depois de algum tempo - fiquei lá uns seis meses, fui chamado peloDepartamento de Defesa, vol. teia Nachingwea e mais tarde fui para CaboDelgado.A crise de 1968 foi influenciada por agente do inimigo. Pelos inimigos da Revo.lução. Como o camarada Chefe Manávi acaba de dizer, em 1968, quandoestávamos quase, a realizar o segundo congresso da FRELIMO, alguns elementosamigos do Simango, e inimigos da Revolução, tinham contactos direc. tos comalguma parte do Povo e tinham contactos directos com aqueles que nóschamavamos Chemenes, quer di. zer - alguns Secretários de localidade em CaboDelgado.Com que objectivo eles tinham esses contactos?Eles o que queriam era smente denegrir o processo d Revolução, o que queriam ei enforcar o ritmorevolucio nário, fazer com que a Revolução Moçambicana não tenh vida, o que, de olhos aberto notamos que eramanobra d inimigo. Porque eles querian que o II Congresso não se rea lizassesegundo a ideologií da Revolução. O Simango am) bicioso como era e é até hojlandou a influênciar alguni Chemenes no sentido de nã< participarem noCongresso Alguns desses Chemenes qu participaram iam com a idei de que- oSimango ia ser Presidente da FRELIMO por que ele andou até a subor nar algunselementos do Po vo, no sentido de o elegeren para Presidente da FREL MO.

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O certo é que essa influêri cia não tocou a todo o Pov, o Povo sabia aquilo que nóchamamos Povo - se nós dizemos Povo, é aquele que abraça a Revolução, aqueleque aceita sacrifícios e dá vida à Revolução. Aqueles que deram a vida ÀRevoluçã disfarçadamente para não se rem descobertos são elemen tos doinimigo, não lhes cha mamos Povo. Portanto, aque le que nós chamamos Povídesde o princípio da Luta sempre andou contra as atitudes do Simango. Aquele,Clemenes que andaram a enganar o Povo foram mesmo presos pelo próprio Povoque os levava aos responsáveis mascarados.Em Maio de 1970 na província de Cabo Delgado passou.se uma fase dura, digalmos. Essa fase que nos fe ver exactamente o nosso nível moral e militar. Kaulzade Arriaga fez os seus planos tácticos e estratégicos para lançar uma ofensiva emMoçambique, Antes de começar com a luta primeiro lançou uma data depropaganda no sentido de obrigar a rendição dos soldados e dos membros daFRELIMO. Segundo ele dizia podia queimar todas as zonas em luta durante ummês. Fez essa propaganda, lançou panfletos, aviões com propaganda, mas via quea coisa não pegava lançou a própria ofensiva.Na primeira fase, como guerra psicológica abriu estradas no meio das popula.çóes. Quer dizer, destruía tudo para a estrada passar no meio da povoação.Praticou uma séria de crimes. Para o Kaulza de Airiaga eraqueimar tudo e matar tudo o que encontrava. Fra uma guerra psicológica paracriar terror no seio do Povo, fazer com que o Povo tivesse medo.

A nossa estratégia foi pró. priamente nossa. Porque ela nasceu do nossosofrimento, da nossa luta. Realizavamos emboscadas, realizamos ataques aospostos e fazíamos combates de vários caracté. res. Depois de um mês Kaulza deArriaga fez mais outra propaganda no sentido de levar o Povo render-se.Como viu que aquilo não dava nada começou a lançar bombas através de aviões ajacto, bombas a metralha, bombas incendiárias e mesmo bombas de napalm.Isto era lançado em qualquer parte. Vinham aviões - lembro-me de uma evzterem chegado vinte e cinco aviões só una pequena zona -era quando ele queriaqueimar tudo, exterminar tudo, correr comi todos nós para a Tanzania.Mas como a nossa guerra era política fazíamos reuniões de esclarecimento,fazíamos reuniões como o Povo infor.mavamos o próprio Povo como enfrentar o inimigo. Por. tanto depois de algumtempo, depois do Kaulza 'r que não conseguia os seus objectivos, então mandaalguns elementos agentes do inimigo para entrar em contacto com o Povo e tentarenganar o Povo, tentar iludir o Povo. Fazer com que o Povo não aceitasse osobjectivos da Frelimo. Mas mesmo assim a coisa não pegou porque o Povo jáestava maduro, o Povo sabia porque é que a FRELIMO lutava, o Povo sabia o quenós quería. mos com esta luta e o Povo via alguns países vizinhos do nossoterritório, via o seu nível de vida como .povos inde. pendentes. Como um Povomoçambicano é um povo que sempre lutou para adquirir a sua Independência,com estas passagens todas do inimigo não conseguiu ser iludido.ePEDRO VASCO ANTONIOEstou na FRELIMO desde como a que eu estava, o nos

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71. Estive nos treinos mili- so Povo podia compreender tares no Centro dePrepara- muito bem porque é que viç ão Político-Militar. Em via debaixo dasbombas, Agosto de 73 entrei na pro- debaixo dos tiroteios e devíncia de Tete,província já baixo da perseguição inimidesenvolvida na Luta, com ga. Por issoestava sempre destino à província de Mani- pronto a enfrentar connosca e Sofala,mas fui obriga- co o inimigo. Se o inimigo do a parar em Tete. Havia estivessena nossa zona, o uma certa zona de Tete que nosso Povo conseguia ir à estava nadefensiva. O ini- fronteira buscar material e migo estava a lançar uma vinhaenfrentar o inimigo.ofensiva, era o primeiro sec- Conseguia produzir e alitor de Tete, O nossoinimigo mentar-se a si próprio e dar português e os seus aliados aos combatentestambém. inimigos rodesianos e sul Isso demonstra que havia africanos quetinham atra- uma total colaboração envessado o rio Zambeze para tre nós e aspopulações. a outra margem com o Qualquer informação queobjectivo de bloquear a tra- o Povo captasse informavavessia dos nossos camara--nos, e nós, qualquer infordas rodesianos, assim como mação que captassemosina travessia do seu material. formavamos as populações. Essa situação obrigouque Ainda da província de Tete uma parte do nosso grupo devo salientar oDestacafosse desmambrado e ficas- mento Feminino, a sua conse na provínciade Tete. Eu tribuição nas tarefas de fui um dos elementos que lá combaterjuntamente confiquei. nosco, produção, f a z i a mF transporte de material e Falando da" situação da constantemente iam àfronprovíncia de Tete, participei teira buscar material. Fiquei na província emactividades em Tete desde Agosto de quer militares quer políti- 73 até Setembrode 74 e decas. Lutávamos sempre lado 73 aim ro cá.a lado com o nosso Povo pois vim para ca. que muito mais, numa zonaBERNARDINO DA COSIA GUILASS[ção da província era a de servir de ponte para a travessia da Revolução paraoutros pontos, entrega-la aos nossos irmãos que se encontravam na província deManica e Sofala e Zambézia. Também a construção da barragem de Cabora Bassafez com que a província de Tete fosse vítima da agressão colonial durante oprocesso da guerra.A verdade é uma. Não éra só na zona de Cabora Bassa as populações foramvítimas. Nos postos estratégicos, isto é, no P." sector, onde passava a linha férreaque abastecia directamente Cabora Bassa, as populações dessa região tambémforam vítimas. Piorou a situação quando a Revolução já tinha conseguidoatravessar para a província irmã de Manica e Sofala por. que o caminho depassagem de material era a zona de Cahora Bassa. Realmente o inimigo paraimpedir o avanço da guerrilha em Maníca e Sofala porque contra os soldados daFRELIMO já não conseguia -tinha de recorrer aos massacres às populações a fimde desmoralizar em primeiro lugar os guerrilheiros, em segundo para que osguerrilheiros sofressem com os meios de transportes de material, porque oinimigo sabia que quem transportava o material era exectamerite as popiulações.Também a agressão estrangeira pesou sobre a população de Tete, quando osnossos irmãos do Zimbabwe começar.am a guerrilha no seu país. As populações

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da zona de Cabora Bassa, assim como de Moatize foram grandes vitimas, eassassinadas em massa. A estratégia inimiga- lembro-me do dia 13 de Dezembro de 1972 em que o inimigo a desencadeou,Arriagadesencadeou uma ofensiva a que ele chamou «ofensiva r-è. lampago». Nós p a s sa m o s maus bocados durante uns sete dias. Não tinhamos tempo de cozinhar acomida, mal acampavamos eramos logo atacados. Quando descobrimos asmanobras tomamos uma medida com que conseguimos acalmar a situação erestab-elecemos a ligação entre o prí. meiro sector e o terceu-o. Também apopulação se tinha dispersado, tivemos de lI Es esclarecer a situação, junta-las.Também elas não puderam durante essa operação preparar as suas refeições, masrestabecelemos o contacto da retaguarda e da frente. O inimigo intensificou amatança, no assassinio das po pulações. Em Tete o inimigo passava uma situaçãoem que já não procurava atacar as bases dos guerrilheiros, podia saber onde é queelas estavam, mas não iam lá, só iam atacar as bases onde estavwý1 aspopulações.Tudo isto era com o objectivo de impedir o avanço da Revolução na provincia deManica e Sofala e ao mesmo tempo dar garantia da construção de Cabora Bassa edesmentir a existência da guerrilha na província de Tete. Eles desmentiam aexistência de forças de guerrilha na província de Tete, elaboraram um plano deconstrução de uma estrada com o Malawi em 420 dias. Nós diesmentimos isso,não com a boca, mas com as nossas acções. A estrada não foi feita, quem acaboupor fazer a estrada foi o Governo de Transiç(ão.Nós fizemos uma operação sobre o inimigo em que conseguimos mesmo alastrara Luta para a província da Zambézia por intermédio ',)Estou na Frelímo desde 1969, fiz os meus treinos no Centro de Preparação Po.lítico-Militar em Nachingwea e entrei em Tete em 1971. Entramos em Tete e asitua-«TEMPO» n.,, 260- pág. 59

ISAIAS ESIÂGETambém existente na fronteira e vieestive em Tete que além de ram atacar apopulação que ser a zona de travessia pa- vivia no 4. Sector. Massara Manica eSofala, queria craram o nosso Povo, para salientar ainda, que foi em nosdesmoralizar, para desMarço de 74 que o inimigo moralizar o próprio Povocolaborando directamente a fim de não apoiar os guercom as forças rodesianase rilheiros que passavam pasul-africanas, atacou o nossa ra a nova Frente deManica população na fronteira de e Sofala. O inimigo em TeChangara, no 4.<Sector. Viu- ie estava muito ligado ao-se que aquelas forças vie- imperialismo, isto é tropa ram $la Rodésia, juntamen-sul-africana e rodesiana. te com a tropa portuguesaJOSE SAMPAIOGostava de falar nos «boinas vermelhas».Era uma mistura de gente. Havia soldados espanhóis, havia soldados franceses.Certas vezes quando nos encontravamos nas emboscadas ou. viamos eles a falar

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em francês. Uma coluna a falar em francês? Isso dava a entender que eramestrangeiros, porque portugueses entre portugueses não iam falar outra lingua.Também os aviões que nós abatemos durante a guerra. Encontravamosdocumentos de nacionalidade francesa e espanhola. tltimamente tinhamos abatidoum avião que es. tava no conbate de Mtt(, dia 18 de Setembro de 73, esse aviãoestava repleto .de documentos em francês e o homoem que foi morto no combateou era francês ou um hominem formado em França. porque vimos a identificaçãodóele.Também em 1965 em Nias. sa houve uma grande incur. são de forças rodesianas.Em Tete havia uma coordenação. Havia planos feitos na Rodésia para atacar asnossas zonas sem que eles consultassem o governo português. Era um acordofeito entre o governo português e o governo od(siano. Não eram ataquescoordenados, eles faziam pla. nos na Rodésia e vinham atacar directamente oPovo moçambicano. Dum ponto atacavam os portugueses, doutro atacavam osrodesianos.A guerra que estávamos a fazer não era só guerra contra o governo português, erauma guerra internacional. Porque vinham os sul-africa. nos e atacavam, e osportu. gueses também faziam planos para nos atacar. Por isso a nossaorganização disse«1TEMPO» ,i. 260- púg 60que a nossa guerra era uma guerra internacional. Os portugueses eram ajudadosmoral e materialmente em pessoas ou em armas, eram apoialos peloscapitalistas e imperialistas, o que dirigia o Governo português era um fascista. Apartir de Salazar até Spinola eram fascistas e não podiam estar separados defascistas iguais, apoio da Bélgica, temos muitas armas de fabrico belgaapreendidas, abatemos muitos aviões de matricula americana e afundamos algunsbarcos no lago Niassa com tripulação estrangeira. Se eles diziam que a guerra eraentre os fascistas e colonialistas portugueses e o Povo Moçambicano porque é quevinha guerra de outra parte? Era uma pergunta, e dessa pergunta muita genteentendia que como o governo colonialista não conseguiu derrubar o PovoMoçambicano por si próprio tinha de pedir auxílio aos seus amigos imperialistas.O Kaulza de Arriaga fez parte da guerra do Vietnam. Fez planos de ataque para aguerra do Vietnam. Ele estava convicto, convencido de que perito como era, umavez chegado a Moçambique e encontrando um Povo inexperiente como dizia,havia de acabar com a guerra num mes.U7 aadão e ta dos _portugueses era a AlemanhaFederal. Nesta foto vê-se um perito ae guerra alem~o (o de cabelo branco)aconselhando Arriaga durante o Nó GórdioMATIUS CASTRO CHIPANDA- Queria mostrar a diferença da maneira como os soldados portugueses atacavamem 65, 67, até 70. Quando começou o Arriaga vimos certas diferenças.Primeiramente os soldados portugueses em 65, quando atacavam, quando iampara um combate, sempre faziam barulho na estrada com os carros, etc. Quandoacampavam num lugar, nós sabíamos lo. go onde eles estavam, faziam muitobarulho e era fácil descobri-los e atacá-los. Em 70, quando o Arriaga começou aofensiva de Nó

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Górdio era grande a diferença. Primeiro, vinha o bombardeamento parareconhecer e logo depois de cinco ou dez minutos vinha o helicóptero.Vimos esta diferença, também quando acampavam num lugar de combateficavam silenciosos sem falar, nem tossir. Também andavam um a um, nãoandavam formados como inicio. Esta a diferença que vimos durante a ofensiva doNó Górdio.e

DA COSTA GUIIAs[i j

nobras. O sete de Setembrofoi uma manobra para tentar desviar aquilo que o Povo queria, para confundirtodo o Povo. Mas o Povo estava preparado, quando as nossas forças chegaram aLourenço Marques o Povo já tinha re. solvido o problema e isso significa que anossa mobilização, o sentimento revolucionário já estava em todos os campostanto nas zonas libertadas, como nas zonas onde o inimigo ocupava.A guerra que travamos era uma continuação de outras guerras, era a continuaçãodas Lutas que vinham sendo travadas desde há muito tempo. E, a revolução quehoje se eátá a fazer é a continuação das Revoluções que se estão a-fazer desde hámuito tempo.Em Mueda perdemos mais de 600 homens porque o Povo cm o sentimento de selibertar tentou falar pacifica-mente, tentou falar com governo português para ver se p o d i a proporcionar aIndependência, o governo português como viu que o Povo estava a tentar abrir osolhos, o administrador disse que o Povo se devia juntar e aparecer lá.Quando se reuniram em Mueda em vez de se falar em Independência começarama falar em remodelar o preço das coisas, que iam dar roupa, isto, aquilo. Depoisque o Povo disse que vinha ali para discutir a Independência o administradorsentiu-se ofendido e deu ordem aos seus sol. dados para disparar sobre o Povo. Aguerra que estava. mos a travar era guerra Popular, uma guerra para aIndependência de Moçambique. Era uma Luta Popular para a Libertação de todoo Moçambique.em 1969 apoiaram a produção nas zonas em Luta. Até esse ano não se fazia nadanesse campo e isso mobilizou muito as populações ao verem que além doscombates a tarefa principal dos nossos combatentes era produzir. Combater paralibertar a terra e depois cultivä-la, produzir como forma mais alta de mobilizar aspopulações, isso mostrava a nossa Unidade, relações fortes entre o soldado e oPovo.A tarefa da produção era para o destacamento feminino, era para as própriaspopulações. A partir do momento em que todos assumimos o papel da produçãoas nossas machambas torna. ram-se alvos, não somente do bombardeamento, masmandavam tropa para cortaras nossas machambas. Trazer bombas para destruir uma machamaba de milho, deamendoim de gergelim Traziam aviões com insecti cidas para queimar os produtos das machambas, a nossa produção. Tentavam cortar com as mãos, mascortamos as estradas e então, passaram a trazer aviões com produtos quimicos.

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Assumimos totalmente esta palavra de ordem, principalmente depois de oCamarada Presidente ter elaborado um documento sobre a1 produção. Quandohouve a palavra de ordem em todos os lados se mostrou novas culturas, istocome-se, deve.-se, cultivar. A ajuda só vinha do exterior porque trabalhavamos, vinham armasporque combatíamos.AURÉI(O MANAVITambém a produção foi muito importante para a nossa Luta.-Em Julho de 1969, quanda se desencadeou a ofensiva para se desenvolver aprodução essa foi a fase mais alta em que as nossas forçás ganharam a consciên-Há um ponto que não queria deixar passar e que tam.bém afectou a nossa Luta.cia de que a produção ser- Depois do 25 de Abril, quan. via para o auto-abasteci- do o inimigo já estava desesmento. O trabalho é formado perado oSpinola usou a estrapelo homem e é esse traba. tégia de em colaboração com lhoque transforma o ho- os Flechas, montarem embos.mem. Portanto, mostramos cadas como as Forças Popunossa consciência edemos lares, mas eles emboscavamo exemplo às populações, os civis.Esta é uma transforTodas as Forças quesairam mação que nós não podemos do campo de Nachingwea esquecer eque se deu na pro.vincia de Manica e Sofala eles atacavam para desacre-, ditar a FRELIMO perantea população, atacavam viaturas.....como a clareza da nossa linha não davadúvidas fez com que a população de. nunciasse e compreende s se essasmanobras.Em 1969 no campo de Preparação Político Militar de Nachingwea e sobre aprópria, direcção do Camarada Presidente Samora iniciou-se a grande ofensiva doprodução. A partir dessa data todos os combatentes e quadros eram obrigados aproduzir quer durante o treino quer durante a sua vida de combatente naelevação do nível de conhecimentos agrícolas e produtivos das populações daszonas libertadas«TEMPO» ti., 260 - 1>dg. 621FRANCISCO CACHAÇO

comn14e ..pi/exomuni -golfeAO SERVIÇO DO POVOE DO TURISMOCOMPLEXO MINI-GOLFE Situado a alguns metros da capital, ComplexoMini-Golfe defrontre à baía é dos locais mais aprc.ziveis de Moçambique. Umrecinto de Mini-Golfe, emoldurado por uma natureza verdejante, porporcionandoa prática de Sum desporto saudável.

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Como fizemos aquando das comemorações do 3 de Fevereiro, dia em que oPresidente MondIane foi assassinado; como fizemos também em relação ao 25 deJunho, dia da Independência Nacional; como fizemos aquando dc 7 de Abril,aniversário da morte da Camarada Josina Machel e Dia da Mulher Moçambicana,.a exemplo ainda de muitas outras datas e momentos importantes do nosso País,dedicamos este número na sua totalidade ao 25 de Setembro, aniversário do inicioda Luta Armada de Libertação. (1964-1975) e Dia das Forças Populares.Para elaboração desta edição da TEMPO, tivemos de "is socorrer de várioselementos do Departamento de Informação e Propaganda já postos em circulaçãoe contámos também com a colaboração valiosíssima de vários elementos dasForças Populares de Libertação a nível de responsáveis e quadros, colaboraçãoessa que agradecemos em nome dos nossos leitores, uma vez que permite que setracem as primeiras linhas nesse sentido, sobre o que foi a Luta de LibertaçãoNacional nas suas várias frentes, nomeadamente a Frente de Cabo Delgado eNiassa,nica é Sofala e a Frente da Zambézia.Segundo um comunicado recentemente difundilo, o 25 de Setembro passa a serferiado Nacional. Ao longo da luta este dia foi sempre solenemente celebrado.Lembramo-nos da canção que diz «Comemoremos, tanto que podemos, 25/9 decada ano/ dia mais histórico é aquele dia / na história moçambicana».Foi neste dia que soou o primeiro tiro de uma arma empunhada por umguerrilheiro. Já lá vão onze anos. Foi neste dia que na prática o PovoMoçambicano optou pela via da violência revolucionária para se opôr a umadominação secular. Foi neste dia que Moçambique mostrou: bem claro que com aforça, já que pela via das negociações não havia possibilidades, queria a sua terra.E foi assim também que Portugal se viu a braços com três focos de revoltanacionalista. Já existia luta em Angola e na Guiné. Moçambique foi o último dosterritórios dominados por Portugal a pegar em armas. Neste número explica-secomo foi realizado este acto heróico, assim como se dá um pequeno resumo dahistória dea Frente de Tete, a Frente de Ma-' Moçambique (Antecedentes Histó-ricos) um resumo da preparação da Luta Armada (Dois Anos de Preparação) e oresumo da luta em todas as frentes.Assim esperamos, mais uma vez, servir os leitores, informando dentro dasnossas possibilidades, limitações humanas e materiais.O dia 25 de Setembro, como dissemos atrás, passa a ser o Dia das ForçasPopulares de Libertação de Moçambique, vanguarda armada do nosso Povo,garantia fundamental do avanço da revolução, obreiros da liberdade que se viveno nosso Pais.Como é da sua tradição e princípio, as Forças Populares festejarão o Dia 25,produzindo em machambas colectivas a nível de todas as províncias,simbolizando com isso que a batalha pela produção continua. Pegando na enxada,o exército da FRELIMO identifica-se com as massas trabalhadoras, com oscamponeses, fonte da sua inspiração e razão primeira da dura luta que durou dezanos.VIVA 0 25 DE SETEMBRO!

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V I V A A REVOLUÇÃO MOÇAMBICANA!A LUTA CONTINUA!1, 1

omundomais pertoA Deta liga Moçambique com o mundo. Carreiras regulares para a Europa.Serviçq impecãvel. A Déta e uma das dez primeiras companhias de avíaçãoafiliadas na lATA.LINHAS AÉREAS DE MOÇAMBIQUE

DomIGAýLoýk