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NAEX-"r Ax L C NJc3 CCOM DUPLO FILTRO(fV DUPLO FILTRO£?4,

1IiUMARI:1rS acontecimentos ocorridos nos últimosdias nos distritos da Ilha e de Nampula (que conjuntamente formaram o antigodistrito de Moçambique)vieram perturbar, de forma, assásviolenta, o clima de paz que a todo o custo sepretende italar neste país. Populações em pânico foram obrigadas a fugir, peranteo avanço de hordas de bandoleiros, que à sua passagem saquearam, incendiaram e-destruiram tudo o que lhes foi possível, forçando essas mesmas populações arefugiarem-se em localidades, onde a sua integridade física fosse garantida.Nampula foi um dos pontos para onde os fugitivos convergiram, ali 'severificando p&steriormente manifestações pedindo às autoridades a adopção demedidas tendentes a garantirem a paz e a defesa de pessoas e bens. Umcomunicado do Comando-Chefe distribuído aos órgãos da informação dá-nosconta dessas manifestações, que decorreram ordeiramente, e das medidas queentretantoforam tomadas face à situação criada:Desconhecemos os motivos que determinaram esta onda de violências, muitoembora nos seja possível encontrar-lhes uma explicação, Mas se isso é importante- determinar as motivações que dispararam o mecanismo da acção - maisimportante é aindaevitar que o banditismo se propague e se avolume, estendendo-se a outros pontosde Moçambique, pois quê isso só viria contribuir para agravar o clima deinquietação em que as populações presentemente vivem. É necessário instaurar aconfiança, levar as pessoas, independentemente dá etnia a que pertençam, a olharconfiadamente ó dia de amanhã, na certeza de que em Moçambique há lugar para

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todos e de que todos são precisos para o construirem. Mas para isso éindispensável.que as forças da ordem actuem rigirosamente contra todos os desmandos, venhameles deonde vierem. - F. S.Drector: dr. Rui Baltazar. Secretário-Geral: Mota Lopes. Chefe da Redacção:Ferreira Simões. Subchefe da Redacção: José Catorze, Redacção: Maria Pinto Sá,Luís David, Calane da Silva, Aurélic Bucuane, Albino Magaia e RobertoCordeiro. Fotografia: Ricardc Rangel (chefe), Kok Nem, Fernando Galamba eArmindo Afonso, Deeporto: Agostinho de Campos. Maquetização: Lourenço deCar. valho. Delegação em Lisboa: Rui Cartaxana (chefe), Luis Filipe Batísta e.Carlos Ferrão. -Publicidade: Nunes da Silva. Propriedade: rempoýíáfica, SARL..Redacção, Administração e Oficinas: Av Afonso- de Albuquerque, 1017-A e B(Prédio Invicta). Telefones:26191/213, C. Postal 2917- Lourenço Marques.A NOSSA CAPA:Milhares de simpatizantes da Frelimo reuniram-se na Monumental de LourençoMarques, num Comício de Esclarecimento promovido pelos D. M. --«Slide» deRicardo Rangei.Nota da Semana ..................A Frelimo e a História de Moçam bique ............................Greve da Cifel ................Gerald Ford Novo Presidentedos Estados Unidos ............A Imprensa durante o regimeda censura .................... .Revelações sobre Lin Piâ . Bairro do Fomento e os seusproblem as ............................Autocarros - A quem aproveitou a tarifa única? ...............Moçambique - Nos domíniosda informática ....................«Tempo» Desportivo ................Escrevem os leitores ................Palavras Cruzadas ................TEMPO visita uma base daFrelim o ....................................Distúrbios no Norte: não poderiam ter-se evitado? ............i/s

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Entrevista com o camarada Gabriel Simbinído Departamento de [ducaçãoe Cultural da Frelimo,sobre o "Compêndio de Históriade Moçambique"O ensino e estudo da História de Moçambique é uma importante arma na lu delibertação nacional. 11 isto que nos dirá seguidamente o Camarada GabriSimbine, membro do departamento de Educação e Cultura da Frente de Libertaçíde Moçambique durante uma longa entrevista concedida a TEMPO no centroeduc cional da Frelimo em Tunduru, na Tanzãnia. Gabriel Simbinek que élicenciado pe Universidade americana de Michigan, participou activamente naelaboração e feit ra do compêndio de História de Moçambique adoptado poraquele movimento revol cionário a todos os níveis de ensino e no seio das massas.Referir-se4ã, igualment aos objectivos a que essa edição procurou responder e àsdificuldades encontrad, na sua elaboração. Numa altura em que, através da suapublicação ou ediç' também no sul de Moçambique, esse pequeno mas beminformado compêndio está ter uma divulgação cada vez maior entre nós, as suaspalavras adquirem umoutra dimensão, constituem um importante contributo h introdução do seu estud

1PÁGINA 4A História de Moçambique tal como é estudada na Frelimo é a história do povomoçambicano. Inicia-se com as migrações africanas que, através dos GrandesLagos, se dirigem às regiões que hoje constituem Moçambique, detém-selongamente no estudo do Império e civilização do Monomotapa, até à suadecadéncia com o colonialisý mo, e sobre os prazos - primeio passo para aefectiva ocupação portuguesa do in terior do pais - para traçar depois um breveresumo sobre o Império Zulu, desde as invasões Ngoni até A criação do Impériode Gaza. Os dois últimos capítulos referem-se As guerras de resisténcia e, até1964, à instalação das companhias monopolistas em Moçambique. Numanovaedição aumentada cuja elaboração prossegue e que em breve ser* publicada, seráainda referida a história recente de Moçambique, desde o desencadeamento daluta armada aos nossos dias. Come referirá seguidamente o Ca. marada, GabrielSimbine, e método seguido para o estz. do e ensino da História de Moçambiquena Frelimo é um método revolucionário, adaptado às condições da luta do povode Moçambique pela sua liberdade e indepenm cência.ESTUDO DE HISTÓRIA E LIBERTAÇÃO NACIONALMOTA LOPES - Camarada Gabriel Simbine, a primeira pergunta que eu gostariaque me respondesse é: conto,é ml, nistrado e quais as finalidades imediatas doensino da His. tória . de Moçambique nas escolas da.Frelimo - tanto aqui. comonas zonas libertaw das?

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GABRIEL SIMBINE - Iniciamos o ensino da História de Moçambique naquarta classe, no último ang da Instrução primária. Isto deve-se principalmente adificuldades da língua: o ensino é ministrado em português e, em geral, só quandoatingem a quarta classe é que os alunos estão aptos a compreender adequadamenteesse ensino da história. O livro de História de Moçambique que nós publicámosfoi feito com esta finalidade: para começar a ser utilizado pelos alunos da quartaclasse. No entanto, trata-se de um livro ainda muito deficiente porque, quandofoi feito, faltavam-nos multas informações confirma das, multas fontes deinforzmação que considerássemos correctas. Foi no entanto o primeiro livro quepublicámos na imprensa da Frelimo porque pensámos que o co.nhecimento da História é uma arma da luta: os nossos çon. tinuadores, alunos emilitantes, todo o povo, deve conhecer alguma coisa da sua História, da Históriade Moçambique. Portanto: ensina. mos a história não só na escola primária, mastambém a todos os níveis de ensino e aos nossos militantes que, onde quer queestejam, de vem estudar a História de Moçambique: isso faz parte da sua luta delibertação nacional.M. L. - Pode-me concretizar melhor o que acaba de dizer, que o estudo daHistória é parte Importante da luta de libertacão naeíosa?G. S. - Nós consideramos isso muito importante porque aqueles que estãoengajados na luta de libertação e construção de' um Moçambique 1

PÁGINA 5novo, devem conhece- quem são, Por isso, uma das pri. m iras perguntaspropostas nesse compêndio de história é «quem somos nós?»; há um capítulointeiro que procura responder a esta questão, que procura levar a conhecermo-nos a riós mesmos, sitaïido 'Moçambique na História, em África e no mundo.Temos que conhecer quem somos nós, donde viemos, conhecer o nosso passadopara nos po. dermios encontrar e situar em relação ío Moçambique de l eo e dofuturo. Considera. mos Isto muito importante por ue mesmo aqueles de nós queandaram na escola em Moýmbique colonial ou mes: mo aqueles quefrequentaram euýtdos superiores ai ou no estrangeiro não aprendem a Hist-ória deMoçambique ou aprendem muito pouco.COMO FOI ELABORADO0 COMPÊNDIO DE «HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE»....M. L. - Quais as fontes e documentação utilizadas na feitura desse compêndio deHistória de Moçambique, em que elementos se baseia?G. S. - As fontes princi. pais provém de documentos dos árabes, que ' foram osprimeiros estrangeiros a pi. sar a costa de Moçambique, e tímbém dos própriosportugueses, daqueles que escre. veram, que viram. Usamos ainda documentos deoutra origem, evidentemente, testemunhos doutros estrangeiros que conheceramMoçambique, sobretudo a partir dos séculos XVIII e XIX, documentos de suíços,holandeses, ingle-ses, até mesmo te sul-africanos, etc. Portanto, estas algumas das fontes históricasque stilizamos. Mas usamos igualmente a chamada história oral, recolhendotestemunhos da tradição oral, sobretudo sobre o litoral que foi visitado, nosúltimos séculos, pelos mais variados povos.

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M. L. - Por conseguinte, houve um trabalho de investigação que levou à feituradesse livro: como foi realizado esse trabalho?G. S. - $Sim, houve um trabalho de investigação tão aturado quanto possível.Além da consulta dos documentos que referi, e a que tínhamos acesso, e darecolha da tradição oral, alguns camaradas que já tinham efectuado estudossobre Mo. çambique forneceram-nos a informação que possuiam. Mas tambémconsultámos os mais variados estudos que directa ou indirectamente se referiam ànossa história, livros publicados em muitos países do mundo. Nomeada. mente,livros e estudos sobre a história da África do Sul e recolhas da tradição oral nessepais, nas mais diversas línguas. Estudámos ainda di. versa historiografia sobre aRodésia e, assim, encontrámos multa coisa relacionada com a História de.Moçambique: principalmente no que diz respeito ao Império de Monomotapa -que abrangeu áreas hoje confinadas pela República da África do Sul e pelaRodésia. Alguns com. panheiros que o conseguiram estiveram mesmo nas ruínasda sede do Império de Monomotapa, perto do Forte Vitória.M- L. - Questão ben,controversa, essa que diz respeito ao Império deMonomotapa Algumas conclusõesdefinitivas através desses estudos?G. S. - É verdade que é muito controversa. Mas nós sabemos algumas coisas emdefinitivo Por exemplo, que utilizava Sofala como porto de importação eexportação. Portanto, sabemos muito bem que uma parte de Moçambique faziaparte do Império de Monomotapa, que a compra e venda de produtos do/e para oexterior era feita através desse porto de mar. Há outras questões sobre as quaistemos muitas dúvidas mas, pelo menos sobre isto, estamos certos.M. L. - Voltando à pergunta anterior sobre o método de investigaão utilizado: foium trabalho de equipa? Como se desenvolveu esse trabalho?G. S.- Não foi propriamente um trabalho de uma equipa: foram camaradasnossos que ao longo de anos fizeram, investigações sobre a História do nosso paise o trabalho inicial para feiturá do compêndio consistiu na sistematização dessasinvestigações. Quando 'eu cheguei à Fr&limo, em 1968, havia es. sasInformações, que foram sistematizadas e comparadas com outros estudospublicados. Então fizemos um primeiro caderno que distribui. mos nas nossasescolas, Só um ano mais tarde decidimos que podíamos publicar o livro. Agora,penso que sèrá ainda necessário levar avantenovos estudos e novas investigações para enriquecer esse livro, para o melhorarem diversos aspectos ainda deficientes....E ALGUMAS DEFICIÊNCIASM. L. - Tem-se relg¥ por diversas vezes a clências», no livro que a é usado: podeconcretizar esta afirmação? Pode fazer uma crítica a esse compêndio. que, aliás, éextremamente útil e completo se comparado com o ensino de História nosestabelecimentos de ensino colonialistas?G. S. - Por exemplo: há um capitulo muito importante na história de Moçambiqueque é a história dos praezs: Os prazos foram como que um primeiro passo para ocolonialismo português se instalar no interior de Moçambique. Ora o que nósincluimos. no livro sobre os prazos é mulito pouco, neces sitamos de mais

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informações sobre os prazos de maneira a podermos ser mais explícitos na suaanálise. Este- é um dos aspectos que consideramos muito deficienteM.L. U- Sim, reaente também me parece que o que está publicado sobre a históriados prazos em Moçambique nesse compêndio tem alguns aspectos que nAo sãomuito correctos. Haverá outros?G. S. - Não vamos dizer que são aspectos menos correctos, mas que são aspectosinsuficientes: tínhamos poU-

ca informação confirmada, encarámos com muito cuida. do a informação que hásobre essa questão e, por isto, limitámo-la, devíamos incluir uma análise maisexaustiva. Tal como nalgumas outras questões, tais como a que diz respeito àchegada dos diversos povos a Moçambique, às regiões a que nós chamamos hojeMoçambique. Este é'um aspecto que nos interessou bstante mas sobre o qual nãotemos informações. Julgámos que foi éerca dos anos 1200 ou 1300 masnão temos ainda a confirmação sobre estas datas, sobre a chegada dasmigrações e ocupação dos ,povos do norte no Moçambique de hoje.INVESTIGAÇÃOM. L. - Há portanto trabalhos em curso no sentido de aclarar muitos dessesaspectos, não é verdade? Como se prOCessMn: esses ,trabalhos e como estão elesa .ser relaeionados com o estudo e investigação da História de Moçambique?.G . S. - Sim, há trabalhos em curso, principalmentè relacionados com o estudoda história de cada uma das regiões do nosso pais. Através dêsses trabalhosprocuraremos constituir diversas mo. nografias que, uma vez relacionadas, nospoderão dar uma visão de conjunto. Isso não nos foi possível até á altura em quenós publicámos o nosso livro, mas este trabalho deve continuar. Gostaríamos, porexemplo, de ter certas informações sobre algumas regiões, , principalmente sobrea região norte de Moçambique. Sobre o sul a informação é melhor emais completa, é possível chegar a algumas conclusões inclusivamentecomparando o que sabemos com estudosestrangeiros. Mas sobre o norte de Moçambique, sobre a organização política esocial no norte de Moçambique, onde não havia um governo centralizado como jáexistia nos im. périõs de Monomotapa, de Gaza, etc., sobre o norte sabemos muitopouco. Quem lê a História de Moçambique que nós publicámos certa. mente seaperceberá desta carência: nós quase que não falámos sobre Cabo Delgado,Niassa, etc..M L. - Indo um poucomais longe na minha pergunta: nas escalas da Frelimo faz-se algum esforço nosentido de recolher esses elementos, de os reunir em monografias....G.S. - Sim, claro: sugerimos aos nossos alunos para se interessarem e coligiremessa informação - escrita ou oral. Uma vez entregue essa informação ela éestudada por nós e, mesmo, editada. Por outro lado, já dissemos aos nossosmilitantes para nos fornecerem qbalquer infor. mação que possuam sobre aorigem, história, factos da sua região. E não só sobre a história: até mesmorecoilia de contos da região donde provêm ou estão, uma recolha desses contos nalíngua local ou traduzidos. A campanha já foi lançada mas, até aqui, os resultadosnão foram ainda m'iitos, é difícil este trabalho, para ser bem feito ..

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M. L. - Toda a informação que desse modo é recolhida é portanto sistematiza-da, publicada quando possível ...G. S..- É também um tra. balho que tem que ser. feito- a sistematização de todas essas recolhas. Nós pensamos que tudo isso deveser arquivado é classi. ficado, o nosso departamento de Informação e Propaganda,por um lado, .na Educação e Cultura por outro. Estes dois departamentos é queestão mais relacionados, directamente, com este tipo de recolha e sistematizaçãoda tradição oral, história, etc.M. L - Dessas recolhas, por exemplo da recolha de contos, já foi editado algo pelaFrelimo?G. S, - Sim, nós temos um caderno que utilizamos nas nossas escolas de recolhade contos tradicionais moçambi. canos. Demos-lhe o título de «o gato e o rato»mas não é um titulo adequado; trata-se de uma antologia de contos, editada emportuguês, que reune alguns contos do norte, de centro e do sul, aqueles queconhecemos e sobre os quais não temos .dúvidas de se tratar de contosverdadeiramente tradicionais.UM CONSELHO AOS ESTUDANTES NO SULM. L. - Uma outra questão, aliás relacionada com o que temos vindo .a falar: queconselho daria aos historiadores e estudantes de história do sul de Moçambique,no sentido de contribuirem para a clarificação dos diversos pontos ainda nãoelucidados da história'de Moçambique?G. S. - Os estudantes do sul têm um importante traba-lho a fazer, desde já, nessa região do nosso pais: recolher testemunhos orais develhos que lá vivem e que conhecem muito sobre a história -recente deMoçambique, Nós recolhemos diversos testemunhos desse tipo junto de velhosque estão na Frelimo, mas são muitos poucos. Temos assim alguns registos sobrea batalha de Coolela Magul, etc. No sul há muitos testemunhos deste gênero arecolher e isso tem que ser feito com a máxima urgência porque, cada dia quepassa, é tarde. Em África, quando, um velho morre é como uma biblioteca quearde, todo o

seu, conhecimento, se não es. b tiver registado se perde para sempre-... Isto éimportante para estudos em curso sobre o século XIX, sobre as cam. panhas deocupação, sobre a história recente. Portanto, a recolha desses depoimentos é muitoútil e urgente. Outro trabalho que os .estudantes de História que vivem no sul deMoçambique podem e de. ,vem levar a cabo é o de recolherem e sistematizaremdocumentação histórica existdnte nos arquivos de Lou. renço Marques, emInhambane, na Beira, etc., por exempIo, de coligirem relatórios que dantes erampublicadosem «Boletim Oficial», ou que eram feitos para uso dos go-" vernos, nasadministrações, etc.. Uma outra tarefa é a de leitura e discussão, de livros dehistória publicados no sentido de deles se recolher o que realmente diz respeito aMoçambique. Isto possibilita. rá a junção de tudo isso no futuro, no sentido de seme. lhorar o conhecimento- que temos sobre a História de Moçambique. Mas arecolha de depoimentos de velhos é prioritária, porque os velhos vão

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desaparecendo; quando morrem, morre também toda a informação que possuemde que nos faz faltaA «HISTORIA DA FRELIMO»M. L. - Falámos já sobre a história de Moçambique como é ministrada nasescolas primárias da Frelimo, na quarta classe. Poderia agora o camarada Simbinereferir como é ministrado esse ensino nas escolas secundárias?G. S. - No ensino secundário utilizamos o mesmo livro como ponto de partida.Mas os assuntos são ai mais aprofundados, alvo de um ensino maispormenorizado. Por outro lado, há capítulos que excluimos no ensino pri. mário,principalmê.nte Os ca.pitulos iniciais sobre a ori. gem do homem. Na quarta classe iniciamos o ensinopelas migrações africanas: donde viemos, quem somos, etc.M. L - E como é que os alunos da quarta classe recebem esse ensino, comorecebem a noção de que estão a estudar a história de um pais, de sima nação emconstrução?G. S. - Têm dificuldades em compreender aspectos relacionados com asmigrações africanas, com a instalação dos povos do norte nas regiões que hoje sãoMoçam-

PÁGINAbique. Mas, quando esse ensino se debruça sobre as lu. tas de resistência, sobre ocolonialismo em Moçambique e sua relacionação com a resistência, que semprehouve no nosso pais, então ai os alunos podem ver a ligação da luta em queestamos empenhados com antecedentes e com um circunstancialismo históricoque a Frelimo está prestes a destruir. Isto está directamente relacionado com avida actual e os alunos compreendem bem toda esta problemática. No entanto,embora o ensino seja realizado desta maneira, o livro só vai até 1964, até ao anoem que é desencadeada a luta armada em Moçambique: não fala ainda sobre aluta da Frelimo, própriamente dita. Nós fizemos isto porque na altura em que nóso escrevemos foi um ano de grandes dificuldades no seio da Frelimo - em 1968,tudo ainda estava em processo. A próxima edição, aliás já pensada, deverá incluirtodos esses aspectos mais directa. mente relacionados com a luta de libe.rtaçãon~acional e .revolução popular, desde 1964 até cá.M. L. - Portanto: a histWria da Frelimo está a ser escrita pela Frelimo, não éverdade?G. S, - Sim, está: já recebemos essa ordem da própria organização no sentido deescrevermos a História da Fre. limo. Gostariamos que fosse publicada este ano,10.o ano da luta armada, mas isso não será possível, porque nós, no departamentode Educação, tenos muitas outras tarefas a desempenhar, somos poucosO EDUCADOR NA REVOLUÇÃOM. L. - Camarada Simbine, eu gostaria agora que falasse de si, que dissesse àspessoas que vão ler ou ouvir esta entrevista quem é....G.S. O meu nome éGabriel Simbine, nasci há 42 anos no sul de Inhambane. Tive multas dificuldadesem estudar, porque vivia nas zonas rurais onde não havia escolas e foi-me pcr,issomuito difícil completar a escola

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primária: tive que ir para Lourenço Marques para fazer a 4., classe. Em 1950,matriculei-me para fazer o ensino secundário num colégio particular, também emL. Mar. ques. Fiz assim o liceu até ao 5.0 ano. Quando acabava o 2.0 ciclo dosliceus tive contacto com alguns americanos que viviam na minha região, emInhambane, e que me ofere.ceram uma bolsa de estudos para os Estados Unidosou Portugal. Quando, em 1961, eu estava para partir de Moçambique com essabolsa, deu-se o desencadeamento da luta armada em Angola e, por isso recusei irpara Portugal porque as coisas seriam muito difíceis. Fui pois para os EstadosUnidos e, após algumas dificuldades iniciais, matriculei.me na Central MichiganUniversity, no norte, fiz o bacharelato em Ciências Sociais, com incidência naHistória e Educação, em quatro anos e licenciei-me em Assuntos Africanos, em1968. Dai resolvi seguir para a Tanzânia e juntar-me à Frelimo porque entretantoeu entrara em contacto com alguns camaradas, incluindo o Camarada PresidenteEduar. do Mondlane. Compreendera já que a vida não seria pos. sível emMoçambique ocupado e por isso resolvi aderir à luta do meu povo pela libertaçãonacional. Aqui também algumas dificuldades pessoais de inicio: a Frelimo é ummovimento revolucionário, eu vinha de um pais e de uma universidadecapitalista, tinha tirado um curso num sis. tema de ensino capitalista, não podiafazer as coisas como tinha aprendido. Outra dificuldade residia na língua: euquase tinha esquecido o português, quase que tive que reaprender o portuguêsquando cá cheguei. Presentemente trabalho na Instrução Primária, sou professorde Português, na quarta -classe, ensino música, sou encarregado de actividadeculturais neste campo, etc. Com grupos culturais aqui do centro visitei Zanzibarem 1973, esý tivemos em Tunis e na Ale. manha Oriental também em 1973 - umaparte das minhas tarefas é também a de preparar esses grupos culturais. Sou aindao responsável por um jornal diário que é publicado aqui no campo, sou membroda direcção do campo, eté..M. L. - Durante a sua estadia na Universidade de Michigan, como perspectivouo seu trabalho de estudante em relação à realidade concreta de Moçambique?G. S. - Os primeiros estudos aprofundados que fiz sobre a História deMoçambique fi-los já aqui, na Frelimo. Na Universidade damos História deÁfrica, da Ásia, etc. mas de uma forma não especificada, não directamenterelacionada com a História de Moçambique. Aliás sobre isto a informação que aiexistia era quase nula, a História de Moçambique é ai. quase desconhecida Estu.dei sempre, no entanto, como moçambicano, sempre com, a ideia de regressar acasa, de voltar ao meu pais, tendo sempre em conta a utilização e transformaçãodos conhecimentos adquiridos em relação com a realidade de Moçambique. Massomente quando cá cheguei é que eu pude levar isto avante. de uma maneiraefectiva: depois de compreender a situação, o que me rodeava, só então é que eucomecei a compreender de que modo poderia utilizar aquilo ,que aprendi numcircunstancialismo completamente diferente, Só então pude distinguir entre aquiloque era útil à situação de Moçambique e o que não era, e que portanto devia serdeixado de lado. Eu penso que um estudante que, como eu, frequentou umauniversidade estrangeira, deve ter isto em mente: procurar saber e distinguir o quepode ou não ser útil ao nosso povo na sua luta de libertação nacional,sabertransformar o que aprendeu, descobrir quais as necessárias adaptações e

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modificaçóes dos conhecimentos, e a sua adequação à nossa realidade Esta foi aminha experiência quando cheguei aqui: eu tive que compreender onde estava e oque era realmente o meu povo. Há, na verdade, muitas coisas que se aprendemmas que só dentro de muitos anos poderão ser aplicadas, após a independência:neste momento nem tudo o que se aprende pode ser útil ou pode ser adaptado aMoçambique.M. L. - E como se preessou a sua integração nesta realidade totalmente diferente,a realidade do povo de Moçambique hoje? Melhor: como falavamos há pouco: oCamarada Sinibine numa sociedade capitalista seria um Intelectual, um .intelectual totalmente desligado de uma série d'e tipos de trabalho, por exemplo,numca estaria a ensinar nu centro de instrução primária, seria talvez,professor numa unnversídadê ou pelo menos num liceu. A sua prática e vivênciaaqui na Frelimo leva-o também ao. interior de Moçambique e é através dessaprática que se efectua essa adequação de conhecimentos - ou permanece semprena rectaguarda, apenas como um intelectual, a acompanhar a parte oultural,digamos assim, da revo lução?G. S. - Eu já vivi um ano em Cabo Delgado, nas zonas libertadas. Portanto,quando falamos em Moçambique, em educação nas zonas liberta. das, nosproblemas que temos que enfrentar, etc. eu conheço tudo isso porque vivi emintimo contacto com as populações das zonas liber. tadas. Portanto, isso deu-meoportunidade de conhecer as coisas de perto e sei-o agora, nada pode substituiressa experiência: nem as leituras, nem o estudo, nem a universidade podesubstituir a experiência de ter vivido e trabalhado no seio do povo.M. L. - Portanto, essa deve ser a função do educador na revoluçãoG. S. - Sim, o educador' tem que fazer parte do povo, de trabalhar no seio dasmas. sas e isso significa mesmo trabalhar com as massas, é participar activamentena produção como todo o povo, em unidade com ele não apenas dirigir ousimplesmente ordenar. Esta é uma importante prática em todos os sectores,miesmo aqui- no centro educacional onde nós estamos neste momento.M. L. - Portanto, o camarada Simbine aqui, neste centro, também participa naprodução,...G. S. - Em tudo: nós dizemos: um professor da Frelimo tem que ser capaz departicipar e de fazer tudo, tem q'a participar na própria luta do povo. Eupessoalmente participo aqui na produção agrícola, na produção animal etc. Porexemplo, no fim do ano passado em total igualdade com os alunos iniciámosaqui um pomar. É assim que nós fazemos: os professores trabalham eparticipam activamente na produção com os seus alunos, ensi-ý nam e aprendemdiariamente,ý participando com eles na agricultura, na produção animal, naconstrução, em tudo. Só assim podemos realmente falar em unidade, em lutacolectiva, em revolução nacional em Moçambique e na construção de um paisnovo.

INTIls um caseguranç,a inabalável...: ..na base duma vida serena. x

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Çempanhia de Seguros MUNDIAL E CONFIANÇA DE MOÇAMBIQUE

TODOS OS DIASum aia, o seu am mvanue .&, mostrou-lhe as lâminas ZIR...Agora, Ricardo é um homem de sorte. Limpo, fresco, bem barbeado. Ele usa ZIP.USANDO ZiP voCÊ É UM HOMEM DE SORTE

PAGINA 11C.IFEL:Milhares de trabalhadores moçambicanos correm o risco de serem atirados para a«vala» do desemprego. Motivo: a CIFEL, única fábrica de fundição e laminagemde ferro encerrou as suas portas. O «lock-out» sucedeu-se, assim, à greveprogressiva encetada pelos trabalhadores da empresa. E enquanto o di-ferendo permanece num ponto morto várias actividades, como ferrageiros,construção civil, indústria metalo-mecânica e Caminhos de Ferro, além de outras,começaram a sentir os efeitos da falta de material.Será este novo golpe desfechado sobre a débil economia de Moçambique?Texto de: LUIS DAVID e Fofos de: RICARDO RUlGEL

Os trabalhadores concentram-se diariamente junto das instalações da CIFELaguardando que as portas se abram.ENCERRAMENTO DA FABRICA AFECTA INDOSTRIAS VARIASA decisão de encerrar aCIFEL, após os trabalhadores da empresa terem iniciado uma greve progressivapor não terem visto satisfeitas as relvihdicações anteriormente apresentadas, ésusceptivel de p'ovocar mais um duro golpe; na economia de Moçambique.Não só por colocar no desemprego cerca de 600 trabalha dores como pelosreflexos imediatos em muitos outros ramos de actividade, em que o ferro constituia matéria-prima principal. Assim, dos ferrageiros á construção na, vai, passandopela construção civil, importantes sectores parecem condenados a diminuirem oritmo de trabalho e/ou, consequentemente, a dispensarem pessoal. Esta, a traçosmuito largos, uma panorâmica da situação originada pelo encerramento daCIFEL.De acordo com o que nos foi possível apurar os trabalhadores de CIFEL têmplena consciência da gravidade da situação e garntem a recuperao do prejuízocausado pela paralisação, ainda dentro do corrente mês. Nós estemos dlspostos, sehouver ung base legal, a arrombar a portaou £ saltar o muro é Ir trabalhar -afirmou um trabalhador. Nesta altura o 'diferendo encontrava-se numa situação deimpasse, dada a posição assumida pelo senhor Ignázio Buccellato em se furtar aodiálogo com a Comissão dos Trabalhadores e por \não ter respeitado umcompromisso tomado perante o Secretário de Estado de Trabalho, como maisadiante se verá.Resta acrescentar que. a CIFEL é a única fábrica de fundiçãoe laminagem de fer-ro existente em Moçambique. A situação de monopólio é, prova-se mais uma vez,nefasta e poderá estar ia base da medida agora \tomada que atinge 'um vasto

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sector 'da economia. Porém, se o monopólio oferece naturais benefícios a quemdele desfruta não pode deixar detrazer res.

NEGOCIAÇõES E IMPASSENa altura da presente edição de «Tempo» começar a ser impressa a situação dodiferendo entro os trabalhadores e a administração da CIFEL pouco haviaevoluido. Embora tivessem já sido iniciadas conversações entre representantes deamba as partes, sob os auspícios da competente entidade governamental. naotinha sido ainda encontrada uma plataforma para a reabertura da Empresa,encerrada há dez dias.Segundo as últimas informações que conseguimos obter, os trabalhadoresrecusaram uma proposta para retomarem o trabalho com a mesma- administração,na qual seria integrado um elemento das Forças Armadas. Desta forma, asconversações prosseguiram na tarde de quarta-feira com vista à resolução dodiferendo.A direita:Ignázio Buecellatoponsabilidades que importa sejam entendidas. Não há, neste momento, razão paraque se continue a agir de forma diferente, sob pena de se trair um idealrecentemente instaurado.CRONOLOGIADOS ACONTECIMENTOSProcurando fazer uma breve cronologia dos acontecimentos, contactámos com oselementos da comissão representativa dos trabalhadores da CIFEL que nosinformaram das diligências efectuadas para a resolução do diferendo, após ter sidoenviada uma carta reivindicativa a --António Champalimaud, principalaccionista da empresa.Na referida carta era concedido um prazo de doze dias para serem atendidas asdiversas reivindicações, entre as quais o afastamento dos membros daadministração. Três dias antes de expirar o èitado prazo, o secretário, de AntônioChampalimaud comunicou aos trabalhadores que deviam entrar em contactocom a Administração para resolver o assunto; proposta que não foi aceitepelos trabalhadores que no mesmo dia expediram nova carta a solicitar que fossenomeado um representante do referido industrial para tra. tar do problema.Conto o prazo terminava nodia 28, domingo, demos mais umn dia. No entanto,nflo tlvémos qualquer respogta e no dia 30 démos inicio à greve progressiva dewa hora afirmou um dos trabalhadores, que acrescentou' ter, nesse mesmo dia, oSecretário de Estado do Trabalho oferecido os séus préstimos. Esta colaboraçãofoi aceite i pelos trabalhadores que reuniram 'com o dr. Antero Sobral, tendo,.então,, sido encontrada uma plataforma de negociação. A ComiSsão resolveuaceitar falar com o senhor Ignêi Bueflato acrescentou o mesmo traba-lhador - desde que fossem previamente aceites dois pontos, a saber:1) Reconhecimento por directiva da CIFEL da Comissão doe trabalhadores; e2) Reeonhedmento de representantes dos trabalhadores junto da administração,com direito avoto.

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(Os referidos membros não podiam fazer parte da Comissão dos trabalhadores,embora fossem escolhidos por esta e aceites por todo o pessoal).Ainda segundo fomos informados, em princípio o sr. flucellato respondeu quénão aceitava negoctar com condições prévias e que tinham que parar a greve parahaver conversações, Após esta resposta, dada no dia 2 do corrente,- a Comissãodos trabalhadores viria a aceitar ir para as negociações sem condições prévias masnão paralisando a greve. Esta decisão foi transmitida ao Secretário de Estado doTrabalho,' que a fez chegar ao conhecimentos do sr. Buccellato. O presidente doConselho de Administração da CIFEL quis, então, saber qual o local dasconversações, ten. do os trabalhadores indicado um Sindicato, o que foi recusadopelo senhor BuceHlato que alegouser um loca que não lhe era favorável, mas queia para essa pensar e na segunda-feira transmitia ao Secretário de T'rabalho olocal das conversações,SECRETARIODE TRABALHORESPONSABILIZANa segunda-feira (dia 5) às 6 horas quando ím para o trabalho -a fábrica estavaencerrada - escáreceu um dos membros da Comissão dos trabalhadores, queacrescentou: o chefe do pessoal comunicou que a fábrica tinha sido encerrada porordem do senhor Biucceliato. segundo o comunicado em seu poder.0 referido comunicado dizia textualmente o seguinte:Devido às greves progressivas, à falta de produtividade e à indisciplina prepotenteverificada na Cifel na semana passad, deliberou a administração da C0fel encerraras instalaçõesA decisão tomada pela Administração é do inteiro conhecimento das EntidadesGovernativas - Forças Armadas - Polícia e Políticas.Segundo o referido ihformador, na mesma altura o chefe do pessoal, AmaralCosta, tinha em seu poder uma lista com a formação de uma nova Comissão detrabalhadores, pedindo que a mesma fosse assinada para ser retomada o trabalhoA citada lista não obteve qualquer assinatura, não obstante as diligências feitasnesse sen. tido junto dos trabalhadores pelo chefe de pessoal.A Comissão de trabalhadores, que não permitiu a afixação do comunicado acimatranscrito, contactou novamente com o dr. Antero Sobral que - .segundo ostrabalhadores -, continuou a desenvolver todos os esforços para que o assuntofosse resolvido e endereçou à Administração da CIFEL a seguin. te carta:«Pela comissão que nos procurou esta manhã, tivémos conhecimento de que osenhor Ignázio Buccellato havia dado ordens para o encerramento da fábrica.Coo aquele mesmo senhor nos havia dito que Iria contactar aquela Comissãoatravés do seu advogado ou recorrer à Comissão Arbitral, estranhamos tal atitude.Das consequências que advierem deste procedimento só poderá, amanhã, vir aser responsável quem deu ordens para o encerramento.Egta Secretaria continua a oferitcer-se para, com os Interessados, diligenciar nosentido de uma aproximação dos ipteresses em jogo no sentido de não seavolumarem os prejuízos decorrentes e que só aravank a situação deMoçambique.

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No - prosseguimento das suas diligências e procutando saber qual a situação dopessoal perante o encerramento das instalações, a Comissão dos Trabalhadoresdeslocou-se ao Tribunal de Trabalho onde foi informada da existência de umacarta da Administração da CIFEL a pedir a nomeação de uma Comissão Arbitralpara decidir sobre o diferendo. Porém, segundo nos informaram os trabalhadoresda citada empresa, o juiz da referida Comissão encontra-se de férias e -ainda nãohavia sido nomeado o seu substituto.Perante o impasse, os trabalhadores continuaram a comparecer regularmente junto das instalações encerradas, à hora de iniciarem o trabalho, sem que até sexta-feira a questão tenha evoluído Naquele mesmo dia, o Secre tário, de Estado doTrabalho dr. Antero Sobra], divulgou uma nota em que, como atrás fizémosreferência, atribula responsabilidades das consequências que pudessem advir do"encerramento da instalações a quem deu ordens hm. tal sentido.Neste entretanto, impunha-se colher a opinião da outra parte envolvida noproblema. Tentámos, por isso, durante toda a semana, através de inúmerostelefonemas, localizar o senhor Ignázio Buccellato, administrador da CIFEL, queditou a ordem de encerramento da empresa. As nossas tentativas resultaraminfrutíferas, razão por que o presente trabalho apresenta apenas os pontos devista de uma das partes em litígio. Lamentamos o facto, pela simples razão denão nos ter sido possível oferecer ao leitor "ma informação mais objectiva-

PÁGIN~A 14Por: JAMES S. ALDRICHSGERALDFORD:Gerald Ford - o 40.Vice2Presidente dos Estados Unidos que acaba de assumi a presidência do seupaís, devido à demissão de Nixon descreveu-se a si mesmo co.mo «moderado nos assuntos internos, conservador em questões fiscais eardoroso defensor do internacionalismo na política externa».Ninguém que conheça Jerry Ford contesta essa auto-avaliação, cuja verdade sçevidencia nos seus 25 anos de debates e votações no plenário da Câmara dosDeputados dos Estados Unidos, e, integrada à sua personalidade, regista-se eimprime-se, diariamente, nas páginas do«Congressional Record».Ser moderado, conservadore internacionalista pode sugerir - no contexto da política norte-americana - certainconsistência. E aos que o desafiassem, Ford provavelmente responderia, como ofez o ensaista norte-america.no Ralph Waldo Emerson: «Uma consistência tola é o duerde das mentes bitola.das».Jerry Fol é moderadoquando sente que a moderaçã9 é necessária, conservador quando vê nesta atitudea mais sensata e internacionalista quando a cooperação internacional - pelomenos cqmo ele a vê - é a única verdadeira resposta aos pro.blemas mundiais.

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É «um moderado nos as.suntos internos» por considerar que o seu pais incorpora todo um espectro depensamento político e social e somente um moderado pode efiCazmenterepresentá-lo, porque os seus nove anos de liderança republicana no plenário daCâmara moderaram os seus pontos de vista e por ser a moderação mesma aessência da América médiade onde procede.É «um conservador emquestões fiscais» porque considera que despesas governaa mentais liberaisenfraquecema iniciativa individual e a produtividade, contribuem para o desmantelamento daeconomia, obstruem a livre empresa e centralizam os programas sociais eeconómicos numa burocracia federalalheada do povo.É um internacionalistacome o foi sempre, desde que se elegeu pela primeira vezmoderado, conservadore também' internacionalist

PAGINA 15para o Congresso, em 1948- porque vislumbra na cooperação internacional\ o único caminho sensato aýser palmilhado pelas nações \do mundo: sem cooperação, ýhá conflito, e onde háconflito internacional, há perigo para a paz mundial. O seu internacionalism0,bem assim o seu conservadorismo, baseia-se na preocupação pelo indivíduo.«Todo o norte-americano e todos os cldadãos de cada uma das nações do mundotêm direito a uma vida plena e produtiva, livre da tragédia da guerra» diz ele.* Na sua qualidade de líder republicano na Câmara, apoiou, entusiasticamente- osesforços do Presidente Nixon para pOr fim à guerra na Indochina, iniciar relaçõescom a China, estabelecer a cooperação com a União Soviética e alcançar umacordo para o conflito no Oriente Médio igualmente justo para todos os povosenvolvidos.«Os novos e dramáticos acontecimentos internacionais» - declarou - «parecemindicar que o homem tem, finalmente, uma boa oportunidade de realizar o maisantigo e ilusório sonho da espécie humana - uma paz duradoura. Esta é a mais,releante realização a que qualquer governo poderia ja. mais aspirar».Em sua opinião, o sr. Kissinglr é «um excelente Secretário de Estado».O senso de internacionalismo de Ford não é novo. Foi a Segunda Guerra Mundiale sua participação no conflito como oficial da Marinha, no Pacífico, quetransformaram o isolaclonista da década de 30 em Internacionalista. E foi aquestão do internacionalismo que, por sua vez, o levou ao Congresso.Em 1946, após dar baixa da Marinha, Gerald Ford retornou ì sua cidade de GrandRapids, no Michigan, para dedicar-se à advocacia. Dois anos depois,entretantanto, outro isolacionista que se fizera internacionalista, o SenadorRepublicano Arthur H * Vandenburg, que auxiliou o Presidente Democrata Harry

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S. Truman a obter a aprovação de um Congresso Republicano para o PlanoMarshall, de ajuda à Europa do após guer;ra, exortou Forda disputar uma cadeira na Câmara Federal.Em 1948, com um mínimo de experiência política e 35 anos de idade, Ford'disputou a nomeação republicana no 5.0 Distrito Congressional de Michigan como Deputado Bartel J. Jonkman, que tentava a reeleição. Jonkman era conhecidopelos seus pontos de vista isolacionistas e por sua oposição ao Plano Marshali.Ford atacouo isolacionismo de Jonkman e pediu uma participação maior dosEstados Unidos nos assuntos mundiais. O Distrito habitado por grande número depessoas de descendência holandesa, italiana, russa, lituana, alemã, polana etcheca, deu-lhe uma vitória de dois para um nas primárias republica. nas.Dois meses mais tarde, derrotou o candidato democrata, contando mais de 60 porcento dos votos. Com grandes percentagens de votos, reele. geu-se em todas as 12subse. quents eleições bienaisNo Congresso, apoiou os programas norte-americanos de assistência ao exterior,as iniciativas do Presidente Kennedy na organização dos Voluntários da Paz, ofinanciamento norte-americano de projectos das Nações Unidas, as legislaçõesdestinadas a expandir o comércio internacional, a liberalização da política deImigração, uma participação norte-americana maior na OTAN, a ajuda à defesade Israel e outras nações asiáticas e a reconstru ção da Indochina.A sua bem sucedida luta no plenário da Câmara, em 1960, para restaurar osfundos cancelados do Programa de Desenvolvimento da Bacia do Rio Indus, naIndia, é ainda lembrada pelos membros desse organismo.Tem sido também lim firme advogado dos contactos entre os legisladores dasnações de todo o mundo, participando das reuniões da União Interparlamentarrealizadas em Varsóvia, Belgrado e Bruxelas, e, em outras ocasiões, emnOttawa, Nova Iorque e Washington, com parlamentares do Canadá, Coreia doSul e México.As suas viagens como parlamentar levaram-no a Moscovo e Pequim. Em 1972,elee o falecido congressista Hale Boggs, então líder democrata na Câmara,mantiveram intensas conversações com os lideres chineses, inclusive oPrimeiro-Ministro Chou En-Lai, e, visitaram várias cidades da China, comocontinuação da visita do Presidente Nixon, realizada em princípios daqueleano.O sr, Ford apoia a ajuda para a defesa de Israel, mas opõe-se às propostas paraacordar um tratado de segurança entre Os Estados Unidos e aquela fiação.Manifestou-se a favor de relações mais amplas entre os Estados Unidos' e ,oEgipto e Ríria se a situação no Médio Oriente se aproximar de uam acordo, O sr.Ford espera uma participação maior dos Estados Unidos, na OTAN, masé;contrário a uma redução unilateral das forças norte-americanas na EuropaSegundo Ford, as mudan. ças verificadas no Sudeste Asiático, inclusive asrelações entre os Estados Unidos e a China, exigem uma revisão, uio. Tratado daOTASE. A questão da China Continental e Formosa será resolvida a longo prazo.Em sua opinião, uma revisão, nas relações entre Os Estados Unidos e Cuba, tal

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como ocorreu com a China, poderia conduzir a uma melhoria das relações entreambos os países.Os Estados Unidos, disse ele, deveriam continuar insistindo junto à UniãoSoviética para que permita a emigração dos judeus, porém devem reconhecer queexiste um limite sobre o que podem fazer a respeito. As decisões sobre ocomércio soviético-norte-americano, inclusive a condição de nação maisfavorecida para a URSS deveriam ficar a critério do Presidente.Como internacionalista convicto, sempre emprestou o seu apoio às medidasdestinadas a fomentar a cooperação internacional; demonstrou sempre umagrande ca. pacidade de negociar apenas diferenças e não princípios, umacaracterística que o transformou num líder de grande prestgio na Câmara.David S. Broder, jornalista e comentarista de Washin. gton, que acompanhou, npdecorrer dos anos, a c1r ra política de Ford, clasAifia 1 o seu estilo rlítico ,comoaberto, franco e directo; um estilo que se concentra na consulta e negociação, enão no confronto.Ao recordar as palavras do especialista em assuntos parlamentares, Charles L.Clapp, de que «a orientação do Congresso depende mais da persuassão e dosesforços pessoais para dar andamento a programas do que da disciplina, sançQese pressões», Broder acrescenta que «esta seria a orientação que Ford imprimiriaá Presidência, caso surgisse a oportunidade, que agora surgiu».O próprio Ford dificillnente estaria em desacordo. Durante as audiências da,Comissão Jurídica da Câmara, dos Representantes sobre sua indicação para aVice.-Presidência, declarou: «Acredito no compromisso amisto. so ... A verdade é oadesivo qu mantém unido o Governo. A transigência é o lubrificante que facilita ofuncionamento do mesmo».Ford pode negociar e chegar a um acordo, mas também é capaz de adoptar umaposição firmeèem determinadas questões, principalmente no que se refere àseguran. ça e, defesa nacionais.Nos primeiros tempos de sua carreira no Congresso, como membro daSubcomissão da Cãmara sobre Designações de Verbas para Defesa, Fordadquiriu uma grande experiência legislativa num assunto que já se estavatornando, naquela época, matéria altamente técnica e cada vez mais complexa,que exigia o maior cuidado e conhecimento sobre planificação e aplicação deverbas.Ford sempre apoiou a designação de verbas para a formação do uma força militarnorte-americana poderosa; ,votou contra todos os esforços destinados a terminarpor meio de uma medida legislativa, ao invés de negociações, a participaçãonorteamericana no' Vietname, e ops-se à aprovação de um projecto de lei sobrepoderes de guerra, que exigia a aprovação do Congresso para manter as tropas,norte-americanas em combate por um prazo superior a 90 dias. , Embora tenhaapoiado as decisões dD Presidente NiLon de enviar forças norte-ame-

PAM1tA 16ricanas ao Camboja, em 1970, para . eliminar os refúgios norte-vietnamitas, ebombardear o Vietname do Norte e minar seus portos, em 1972, facto que

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precedeu a negociação do acordo de paz, em meados de 1973, votou pelo fim dosbombardeios norte-americanos de apoio às forças de defesa cambojanas.Durante as audiências do Congresso sobre a sua nomeação, foi-lhe perguntado seajpoiava o Presidente nas diverseas questões internacionais e internas. Respondeuele:«Claro que apoio o Presidente. É meu amigo há mais de um quarto de século, Asua filosofia política é muito parecida com a minha. É o chefe do meu partido e oChefe Executivo constitucional do pais., Foi escolhido, por grande maioria, pelopovo, há um ano, o que não está acontecendo comigo, caso a minha indicaçãopara a Vice-Presidência seja confirmoUda.«iNão apenas emprestei o meu apoio, na Cãmára, -ao Presidente Nixon, mastambém aos presidentes Truman, Eisenhower, Kennedy e Johnson, sempre queestavam em jogo os Interesses nacionais. Como membro do Congresso manifesteipublicamente o meu apoio aos presidentes sempre que julgava eStarem certos, eexpressei as minhas criticas, quando os conside. rava errados.«Creio que, como ,Vice.-Presidente, as críticas que possa vir a fazer ao Presidente, tenham um caráctermais reservado. Porém, todos que me conhecem sabem que sou dono de mimmesmo e que o único compromisso assumido ao aceitar~ a confiança doPresidente, é aquele ao qual todos estamos vinculados perante Deus e aConstituição, de melhor servir Os Estados Unidos».Embora internacionalista, é também tão norte-americano como as planícies doNcbraska, onde nasceu a 14 de Julho de 1913, filho de Lc-lie e Dorothy King. Eraainda muito criança quando seus pais se divorciaram. Sua mãe mudou-se paraGrand Rapids, onde viviam os avôs de Gerald, ali contraindo noý. vns núpciascom Gerald R. Ford, dirigente cívico e pro.prietário da empresa «Ford Os Ford, que são episcopais,Paint & Varnish, Co.». Este e vivem em Alexandria, naadoptou o menino e lhe deu Virgínia, na margem do Poto.seu nome. mac oposta a Washington,«Foi o único pai que conhe- têm quatro filhos. Mike, deci», diz Ford. «Éramos muito 23 anos, seminarista em Haamigos; fui criadocom três milton, Massachusetts; Jack,irmãos maisý moços, e tive de 21, estudante de recursosuma infância muito feliz», florestais, na UniversidadeNa escola secundária, ser. Estadual de Utah; Stephen, devia as mesas por um salário 17, que ainda frequenta a es.semanal de dois dólares, com cola secundária, e Susan, dedireito a almoço, e durante 13, que frequenta uma acade.as férias de verão trabalhava mia especializada em assuncom o pai. No futebol,con. tos sociais.quistou todos os prémios mu- Jerry dedicou-se inteiranicipais e estaduais, desporto mente à sua carreira política que continuoupraticando com desde que chegou ao Congrande êxito na Universidadegresso, onde é reconhecidode Michigan, onde estudou como um dos congressistas

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economia e ciências políticas, mais trabalhadores. A sua Os «Green BayPackers» e jornada de trabalho começaos «Detroit Lions», duas equi- pouco depois das oito horas' pas de profissionaisdeste e prolonga-se até à noite.desporto, querjam que Fordjogasse nos seus respectivos Em 1960, os seus colegas daclubes quando concluísse os Câmara dos Representantesestudos, mas Os seus objecti- estavam preparados, para vos eram bemdiversos. Ford participar numa campanha,decidiu estudar Direito na em Michigan, destinada aUniversidade de Yale, onde apresentar' a candidatura de trabalhou comoassistente do Ford à indicação presidencialtreinador de futebol e instru- pelo Partido Republicano. tor de box para custearseus Neste ano, a convenção doestudos, partido indicou o nome deO fuebol deu-lhe uma no- Richard Nixon para a Presi-'ç n a en- dência, e o de Henry Cabot ão de independncia e tr. Lodge para aVice-ridnbalho de equipa. Ainda hoje, -Presidénquando procura definir umacia.situação política, emprega Os Republicanos perderamtermos desse desporto, a eleição, por uma pequenaApós concluir os seus estu- margem para os candidatos dos de Direito, emYae, do Partido Democrata, JohnFord regressou a Grand F. Kennedy e Lyndon B.Rapids, exercendo a sua pro- Johnson. Ford continuou trafissão durante umano, antes balhando pelo seu partido node ingressar na MarinhR, ser- Congresso, chegando à presi. vindo a bordo doporta- dência da Conferência Repu-aviões «Monterrey», com a blicana, em1963, e à lideran.Terceira e a Quinta Frota, ça da minoria partidária, emn Pacifico. 1965.Em 1946, retornou a Grand Foi neste ano que os Repu.Rapida como sócio de um blicanos tiveram que abandoescritório deadvocacia; o nar as suas aspirações à Casamundo havia mudado, e com Branca e perderam um granele, Jerry Ford. Viu-se envol- de número de cadeir$s na vido numa campanha desti. Câmara dosRepresen,4ntesnada a melhorar o governo - conservaram apenas 140,local e voltou a acalentar o ou seja, um terço do totalvelho sonho da infância de em decorrência do que ficoutornar-se congressista. conhecido como a «avassalaFoi nessa época que oSe- dora vitória de Johnson». Osnador Vandenburg começou Republicanos estavam desora persuad-lo de que deveria ganizados; çhegara o momenprocurar um cargoelectivo. to de uma reestruturação. Um mês antes de conquistar Um

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movimento que se ceno apoio esmagador que o I- tralizou no nome de trêsparvaria ao Congresso e muda- lamentares - Melvin R.ria o curso de sua vida, ca. Laird, posteriormente Secresou-se com ElízabethBloomer, tário da Defesa; Robert P. uma coordenadorá de modas, Gri fin,vice-líder republicanopara quem o jovèm Ford era no Senado, e Charles L.um homem «terrivelmente .Goodell, cuja posição antiocupado».vietnamita lhe fez perder asua cadeira no Senado - resoultou na eleição de Ford como líder republicano naCâara.Ford exerceu as suas novasfuhções com a mesma decisão com que representou o seu Distrito Parlamentar.Trabalhou mais tempo e mais arduamente dentro do Çon. gresso, unindo , mai$fortemente Os membros do partido. Viajou sem descanso pelo pais, pronunciandodiscursos a favor dos parlamentares republicanos, num firme em, penho dereestruturar o partido,Certa vez, o Sr. Nixon declarou que «Ford é o futuro do Partido Republicano».Se,' por acaso, teve o sr. Ford ambições pessoais além da liderença republicana naCâmara,r não foram tais ambições uma busca da, vice-presidência. Os seus olhosestavam na presidência da Câmara, uma posição que, invariavelmente, estácom o partido majoritário na casa.'Durante os últimos 40 anos, apenas quatro esteve a Câmara sob o controlerepublicano. O propósito de Ford era por demais difícil. Chega a ser um tantoirónico o facto de ter o sr. Ford, como vice-presidente, que presidir ao Senado,conhecido na Câmara- como «o outro organismo».Graçejando, recentemente, com o Presidente da Comissão de Assuntos Jurídicosdo Senado, Howard. W. Cannon, disse-lhe o sr. Ford: «0 -Senhor Presidente sabeque a vida, ás vezes, nos prega pequenas peças, pequenas e divertidas. Aqui,tentei, durante 25 anos, com todas as minhas forças, chegar á presidência dýaCâmara. Repentinamente, vejo-me candidato à presidência do Senado, onde nãopoderia votar (a não ser para dar o voto de Minerva) e jamais teria a oportunidadede falar».Todavia, há algo acerca de Jerry Ford. Como vice-presidente, não se contentouem apenas presidir ao Senado: tin ha demasiadas energias para isso. E sempre se -manteve «moderado nos assuntos nacionais, conservador nas questões fiscais efirme internacionalista na política exterior».e

INCO AmAfinfifin NA RfirmA DA UFRRfifil

A lei que criou a censura.em Moçambique data de 27 de Janeiro de 1937.Disposição velha de que não vamos dar o conteúdotanto mais que nunca foi alvo de regulamentação a sua aplicação prática. Trinta esete anos de censura à imprensa é tempo demasiadament longo. Trinta, e seteanos de censura deformam a mentalidade de um povo ou, pelo menos, da

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maioria.A censura nem sempre- foi rígida e há quem afirmeter havido um Governador-Geral que durante o seu mandato aboliu-a. Estepormenor não cabe no âmbito deste trabalho que visa apenas 'dar ao leitor umaimagemf o mais aproximada posve, de como funcionava a Censura queamordaçou os jornalistas, que institucionalizou a mentira, a meia verdade, aambiguidade ou mesmo o silêncio.,É importante que o leitor,que o público, que o povo saiba, única maneira Ole se consciçncializar de que asleis que regulam a imprensa são de tal importância nue ão poderão preocuparapenas os profissionais da informação.,, Elas dizem respeito a todo aquele :quegosta de se informar. O povo tem de- andar informado.Tem de se habituar a andar informado e a participar para que nunca mais volte aacusar os Jornalistas de incpjnpetência, de mentirosos, de enfeudados ao Governo,mas saiba dar a verdadeira dimensão ao problema da imprensa. Um pais pode sermedido pela qualidade e liberdade da sua informaçao. corporizada nos jornais erevistas. Nesse aspecto, Moçambique era uma tristeza, um caos, um exemplo deinformação s>bdesenvolvida, recalcada, amordaç da silenciada.OS -CENSORES É QUE FAZIAM OS JORNAISOs censores podiam-se pavonear de só se publicar ,na imprensa aquilo que elespermitiam e como o queriam. Eles é que permitiam que se usassem certasexpres,sões e certas palavras. Eles é que permitiam que certos assuntos fossemabordados. Eles é que permitiam que o povo soubesse este ou aquele problema, eque não tivesse conhecimento de aqueloutro. Em suma, e caricaturizarndo, eles éque faziam os jornais porque tudo podiam cortar desde títulos a

REGIME HIPOCRITA MENTIU PARA SOBREVIVERlegendas de fotos, desde o texto (por inteiro ou parci12lmente) a simplesreticências. Entenda-se reticências por três pontinhos. Aqueles pontinhos que nalíngua portuguesa são tão insinuantes, tão subtis e escorregadios como peixe naágua. -,Não tendo sido regra a raiva às reticências há, porém, a registar umepisódio que ficará para a história da Censura em -¥oçambique.Mário Lindolfo, nosso colega na altura, escreveu um texto de cariz político queterminava assim: «As autoridades pediram a intrvenção, da pollcia,,.. Os trêspontinhos eram intenciondis e toda a frase ultrapassava o âmbito de simplesinformação. Pois, um censor de muita sensibilidade, e possivelmente bem batidoem letras, cortou os dois pontinhos finais e deixou o primeiro. Toda a subtileza dafrase desapareceu...DEFENDER O SISTEMASilenciar a imprensa era o Contributo do censor para a defesa do sistema colonial-fascista. Ele «cortava» as criticas mais severas ao Governo. Cortava qualquernoticia que pudesse levantar a opinião pública contra certas individualidadescivis, militares ou religiosas. Se os jornais fossem publicar os trabalhos impedidospela Censura (pelo menos no que diz respeito à revista «Tempo») a redacçãopodia ter férias durante meses seguidos.

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Sobretudo, e mais revoltante do que liquidar textos, períodos ou parágrafosinteiros, certos censores tinham ódio especial a determinadas palavras. Porexemplo a palavra «negro» em frases como «um homem negro», «a sociedadenegra», etc. Lembro-me de Sobral de Oliveira que para fazer uma noticia em queum negro fora atropelado e tendo o automobilista fugido, ficou à beira da estradasem receber socorro dos vários condutores que por lá passaram. Algunsafrouxavam o andamento dos respectivos carros mas nada mais para além disso.Pois para contornar a dificuldade da noticia, que se viesse a dizer que «foiatropelado um negro..., etc.- seria de certeza cortada, Sobral de Oliveira fez anoticia nestes termos: «Um homem, morador nos subúrbios, foi atropelado...»E era assim que os jornalistas andavam a jogar ao gato e rato com os censores. Ojogo de palavras, as verdades nas entrelinhas que quase sempre escapavam àatenção do leitor, marcaram presença nas colunas da nossa imprensa e em certoscasos extremos, devido a uma deformação natural dos jornalistas-redactores, só opróprio autor é que entendia o que queria dizer com certas crónicas...Quando foi dos reencontros tribais na Beira, há cerca de dois anos, Mota Lopesfez um trabalho em que punha o problema na sua verdadeira dimensão. Foitotalmente cortado pois, contrariamente ao que os jornais de então fizeram, onosso colega deu o verdadeiro . mecanismo dos problemas tribais. E de nadaserviram os telefonemas ao censor. Nem se tentou recurso ao Governo-Geralporquanto de prever a decisão de Pimentel dos Santos.Há que dizer que um trabalho proibido pela Censura podia ser alvo de recurso emrequerimento dirigido ao Governador-Geral. Era esta a última instância e dadecisão do governante não podia haver novo recurso. Re-gra geral os trabalhos enviados ao Governo-Geral voltavam autorizados ou comalguns cortes. Mas até que viesse a decisão -passava longo tempo, por vezes doisa três meses. Um texto da minha autoria (Mães Solteiras) levou noventa dias a serdespachado do recurso interposto à proibição do censor.Marcos Cuembelo foi alvo da ira da pequena burguesia negra quando foi dapublicação de um texto e inquérito sobre perucas. Para além de não ser cómodapara essa pequena burguesia a acusação de alienaçao que lá constava o trabalhotinha sido literalmerite mutilado pela censura e por um lapso do chefe de redacçãofoi publicado com grande destaque. A pequena burguesia negra saltou doconteúdo do texto para a incoerên cia da redacção mutilada por um censor fielservidor do Sistema. Foi um gozo para os intelectuais dos subúrbios...

PAGINA 20QUEM ERAM OS CENSORES?Professores primários, professores- dos liceus, doutores a trabalhar nofuncionalismo, militares. Estes foram, regra geral, os grandes servidore daCensura quase sempre para aproveitar o «tacho» porquanto a função não era alvode vencimento mas de gratificação. Poucos foram conhecidos mas alguns são-noaté demais. S6 que neste trabalho importa mais a instituição do que os homensque a serviram. E seria de uma injustiça. gritante revelar os nomes dos censoresque foram

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*apanhados» pelo 25 de Abril sem revelar o nome das centenas de censores quecontrolaram a imprensa desde a década de trinta. Nota importante será apenasdizer que, caso único na história da Censura em Moçambique, em certa altura doGoverno de Pimentel dos Santos, estava reunida uma elite de censores quasetodos (ou tQdos?) formados: economistas, e por ai em diante'. Uma delícia decensura. Nada lhe escapava. Uma vez ou outra aparecia um texto autorizado semque se chegasse bem a entender se o censor seria ignorante ou também estava afazer a sua guerrazinha ao Sistema. Nós, em casos desses, dizíamos que «o tipodevia estar com copos...»OS ESCLARECIMENTOS QFICIAISO leitor de jornais via, com muita frequência «Esclarecimentos Oficiais»imanados do gabinete do Governador-Geral e assinados pelo chefe dessegabinete. Que eram estes esclarecimentos oficiais?Como o próprio nome o diz, eram ilucidações a certos trabalhos. Ou porque oautor, se confundira na redacção e nos dados ou por-

CENSURA: INSTITUCIONALIZACAD DA MEIA-VERDADEque os elementos constantes não eram de todo verdadeiros, o esclarecimentovinha pôr o problema na sua verdadeira dimensão. Todavia, nem sempre foiassim. Algumas notas'imanadas do Goverrio-Geral no lugar da verdadeenveredavam pela demagogia e mesmo pela falsidade procurando dar outraimagem aos factos descritos pelo jornalista. Esta a razo porque não era permitidojuntar uma nota de redacção ou do autor aos esclarecimentos. Quer dizer: mesmoque o redactor percebesse a distorção dos problemas que constatara não lhe eraconcedida a oportunidade de rispostr. Na nossa revista, contrariando essadisposição, juntámos algumas notas de redacção aos esclarecimentos até à alturaem que a Censura foi alertada para esse pormenor e passou a cortar os,esclarecimentos aos esclarecimento£ oficiais».CORTE A FOTOGRAFIASA sanha da Censura nunca poupou as próprias fotos com que se procurava ilustraros trabalhos. Numa revista como a nossa, a proi-bição de certas imagens foi tão agressiva que há casos em que foram alvo derecurso ao Governo coma a quando do desastre ferr9viário na Manhiça em queestava envolvido (há cerca de ano e meio) uma locomotiva que transportavagasolina para a Rodésia em carruagens da «Rhodesia Railwais». Do Gabinete doGoverno veio a autorização ISara a publicaçaa das fotos mas sob condiçao de seapagarem as inscrições «Rhodesia Railwais», bem clarqs nas imagens batidaspor Ricardo Rangel. Cumprimos. Se -o leitor tem a revista em que foi publicada areportagem do desastre ferroviário pode constatar o facto.Esta exigência do Governo visava que a Imprensa não desse provas de quePortugal andava a «furar» o boicote económico à Rodésia. Apesar de todo omundo saber que de facto era assim não convinha a publicação de imagens decarruagensrodesianas tiradas dentro de Moçambique...As fotos que ilustram este trabalho são algumas das que foram proibidas pelaCensura.

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A AUTOCENSURAA juntar à censura oficialhá a acrescentar a censura chamad '«Interna», isto é, acensura aplicada pela hie- f rarquia das empresas que exploram o negócio dosjornais. Não é menos incómoda nem menos prejudicial que aquela.Ambas reunidas geram a autocensura do redactor. Aescrever, o autor vê-seobrigado a medir palavra por palavra, frase por frase todo o texto. Consciente. ouinconscientemente, vai-se limitando nas ideias, no ângulo de análise. Agravidade deste facto -é tão agudo que a longo prazo o jornalista pode acabar por«pegar» apenas em assuntos que sabe de antemão que «passarão» na Censura(em ambas) e vai a pouco e pouco se alienando cultural e politicamente. Por outrolado nenhuma empresa pode pa-PAGINA 21

CORTES DA CENSURA:[OCAPRICHO4A FIDELIDADEAO REGIMEAugusto de Carvalho, Chefe de redacção do semamirio lisboeta «Expresso».'No intuito de alicerçar as afinnações que fasemas no texto, entrevistá.. mos onosso camarada do-Expresso" Augusto, de CCralo, Chefe de Redacçao do mesmo smanário oprofissional de longa ~xeriência, que há pouco esteve em,,Lourenço Marques.A. M.- Quesignificou para si, como jornalista, acensura à,ipenaA. C. -A censura à Imprensa: significou para mim uma policia do pensamentoque defendeu. com mão de i", os interesses da 'classe dorainante. Estouconvencidoý que se nao fora a censura aosmeios de comunicação social, o regimede Salazar não passaria. muito para além dos primeiros vagidos.4 A. M. - A censura ink terna porvezes impediaa publicação de trabalhos autorizados pela censura oficial. Como pra-NEM~

gar a um jornalista para escrever textos durante um mês, todos impedidos depublicar. Dai que o redactor autocensura-se. Por vezes com mais severidade doque o faria o próprio censor. Foi assim que muitos jornalistas que há cerca de dezanos eram de uma combatividade digna de nota entraram no choradinho do louvorao governo ou, deformação profissional, no jornalismo de escândalo.LIBERDADE DE IMPRENSAPara terminar este lexto repetiremos a frase com que abrimos a introdução: Umpais -sem imprensa livre é um pais aleijado. É claro que será utópico pensar queem alguma parte do mundo há jornais, nos moldes em que os conhecemos,absolutamente livres. Não há nempode haver. Não haverá imprensa livre enquanto ela depender dos podereseconómicos e enquanto os políticos tiverem, em certas circunstâncias, medo daverdade. Mas há limite para tudo e amordaçar literalmente a imprensa como

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estava amordaçada a nossa, também não é solução, nem humano, nemresponsável.É que quem é jornalista deve desde logo ser comedido. Pesar o que diz. Sendoassim para julgá-lo nunca devia ser necessária uma censura. Para casos deirresponsabilidade flagrante há tribunais. Para os casos de deontologia .há oSindicato.NOTA: Publicaremos no próximo número trabalhos impedidos pela Censura.eifissional sentiu. a gravidade desta forma de amordaçar a verdade?A. C. - Como profissional trabalhei no «Notítias da Tarde»., em LourençoMarques (hoje substituído pela -Tribuna») no «Séculok». de Lisboa. na «VidaMundial». das publicações de «0 Sculo'», e finalmente, no «.Expresso» em cujafundação colaborei activamente e de que sou chefe de redacção.Em Lourenço Marques a censura interna do jornal -~'Noticias da Tarde.-conseguia sobrepor-se. io raro, à censura oficial já- de si extremamente rígida. Eramais papista que o papa o que 6 facilmente compreensivel. já que a censuraoficial era até criado fiel do principal accionista pelo jogo de forças queengendram as superestruturas e as condicionam.Justo 6, no entanto, sa-lientar a pessoa do dr. A n t 6 n i o Mascarenhas Gaiv& que sempre pugnou, deacordo com a sua tendência liberal, pela liberdade de informaço, a quem esteveassociado também o dr. José Luis Teixeira na qualidade de administrador. Umacunha destas, no santuário do dr. Castro Fernandes e suas mãos longas emLourenço Marques, por extremamente perigosa. havia de levar & extirpação oque vai conduzir o jornal no caminho do mais refinado dos fascismos emidentificação cabal com a força econ6mico-financeira que o fazia nascer todos osdias e cujas visões publica e exalta.Abandonei, com pena, esse jornal, por força da censura interna,Depois, em Lisboa, com a exist6ncia de uma correlação de forças.subatancilmente a mesma, mas divergindo acidentalmnte em virtude dó alar-gado campo da concorrência, respira-se um pouco mais de liberdade dentro dojornal. Mais na «Vida Mundial de entio que no «Século».. Esta publcação serviade porta-voz das conveniências da respectiva empresa e circulo de associados eamigos. Não servia o povo através de uma informaçao isenta e global. Finalmenteno «Expresso'. nunca houve censura internaz. esquema do jornal inscrevia nosseus prop6sitos de actuação a aboição da censura interna # a participação activade toda a rsdacç&o na feitura do jOrnaL Não apenas de um ponto de vistamaterial mas na elaboração e confecção das noticias. Nesse sentido' se realiza ássegun. das-feiras uma reunião com todos os elementos da redacção para discutiros assuntos e planear o jornal seguinte. Com inteira liberdade de critica, desugestõse o discussão. 1r.&- ,A'.,u ^ ~C -havermos tido necessidade do 25 de Abril. Creio mesmo que o êxito do jornal seficou a dever, em grande parte, a este sistema de democracia interna, que na suacnstituição inscrevia apenas que o «EXPRESSO» tinha de ser um jornalpoliticamente não alinhado e independente dos grupos de pressão fossem eleseconómicas ou outros.

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H¿á muitas maneiras de prýticar censura interna, Ela só será abolida quando todaa redacção participar activamente na elaboração do jornal nao apenas comoobjecto que escreve, mas como sujeito que produz, gera, planeicr. critica.

PAGINA 24IN PIROfRevelações sobre Lin Piao, antigo aministro da Defesa da ChinaPor SERGE ROMENSKIQuem era verdadeiramente Lin Piao, conhecido como o inspirador dos GuardasVermelhos e «companheiro de armas» de Mao Tsé.tung? Em que acrcditava e oque queria o antigo Ministro da Defesa, que foi visto, durante a RevoluçãoCultural, envergando um uniforme demasia. do grande para seu corpo pequeno,brandir perantcentenas de milhar de manifestantes o «Pequ2no Livro Vermelho»que havia prefaciado?Um curioso retrato do antigo sucessor designado do Presidente Mas, morto emSetembro de 1971 depois de haver tentado assassinar o «Grande Timoneiro», setraça hoje em'- Pcquim. Citações inéditas de L'i Piso; traços desconhecidor doseú" carãçter, pormenores ignorados da conspiração, são desvendados àpopulação chinesa no quadro da «guerra popular» desencadeada contra o fan:tasma do marechal traidor e contra o seu mestre de pensamento, o antigofilósofo Conffício.Esparsos como as peças deum «puzzle» incompleto, estas revelações, provavelmente retiradas de umdocumento confidencial, dão retrospecti. vamente uma aparência de vida a estefantasma.Elas pintam, assim o retrato típico de um arquitraidor.Sob os nossos olhos, Lin Piao, apresentado como um bêbedo inculto que nemsequer lia Os jornais, copiando cuidadosamente uma frase de Confúcio, e porcima do seu leito uma inscrição: «De todas as coisas, a mais impor. tanto édominar-se e regres. sar aos verdadeiros princi. pios».SMas, o que são «os verda. deiros princípios» aOs olhos de Lin Piao?São, segundo o ideal confuciano o «meio ju'sto» de pôr fim àquilo que eleconsidera como Os excessos do regime e da revolução cultural, de liberalizar osistema político, de tornar a economia mais flexivel. Então, pensa Lin Piao, osrealistas chineses procediam de. acordo com as palavras.Na prática, isso significava para Lin Piao que ele devia tomar nas suas mãos osdestinos da China. Ele conside. rava-se o -eleito do céu, o «cavalo divino» que iae vinha como queria sobre uma plebe seriamente preocupada em comer. Queriainstaurar em Pequim a sua «dinastia».Designado em Abril de 1969 como o sucessor de Mao Tsé-tung na chefia doPartido, exige, em Maio de 1970, que seja eleito Chefe de Estado. Diz: «Se umEstado não tem um chefe, os nomes não são correctos e a linguagem nãocorresponde à verdade das coisas. Assim, não se pode conduzir os negócios comêxito». Havia dois anos, então, que a- China não tinha Presidente da República,depois que caiu em desgraça o «Khrushchev chinês», Liu Shao.chi.

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Perante a oposição do Presidente Mao às suas ambições quase que abcrtamenteimperiais, Lin Piso lança-se a funda9 na conspiração. contra-revolucionária.Constitui uma sociedade secreta a que chama a sua «frota». Aos seusfiliados faz prestar um juramento de fidelidade pessoal, e exorta.os a vencer oumor. rer. Considera-se, tal como o herói de um antigo romance chinês, encerradono «covil de um tigre» constrangido à paciência e à dissimulação enquantoaguarda a sua horã. «Como irei arruinar o meu grande intento por pequenascoisas?», repete Lin Piao, contendo-se.Enquanto espera, continua a tecer a trama da sua cosjura. Aos seus partidáriossecretos, dá a conhecer o seu programa, um conjunto de projectos que constituium verdadeiro «sistema Lin Piao».Essencialmente conservador e reaccionário sob a sua máscara hipócrita de«gauchiste», qualifica de «ditatorial» a ditadura do proletariado. Assustado com aviolência dos guardas vermelhos, declara: «Os , que dirigem pela virtude serãobem suce. didos, os que dirigem pela forças serão destruidos». Imbuído da ideiaconfuciana de «benevolência», pensa, quando tiver subido ao poder, decretar uma«reabilitação uniersal» dos inimigos do regime, afirmando que todos devem ser«politicamente libertados».Achando que - a. economia chinesa está «estagnante», quer «proceder a umaverdadeira libertação económica».Condenando a reforma proletária do ensino, e particularmente o envio para oscampos de milhões de jovens citadinos, que considera como «uma form4dissimula. da de trabalhos fiorçados», pretende reconstituir a antiga casta dos«intelecuais aristocratas burgueses».Com prosápias de conhe. cimentos artísticos, Lin Piao fala da «inspiraçãonecessária ao artista, propaga a inépcia que consiste em afirmar que a arte e aliteratura requerem talentos artísticos especiais».Finalmente - e isto não é o seu menor crime - conta com Moscovo para o apoiar.Em troca, presta-se a «servir como um rei vassalo» da U.R.S.S., protegido sob oilusório guarda-chuva nuclear dos revisionistas soviéticos».Todos estes sonhos ficaram destruidos no dia 13 de Setembro de 1971, nos destro.ços fumegantes de um «Tri. dent», depois que o avião em que Lin Piao tentavaescapar-se para a U.R.S.S. se despenhou nas estepes da Mongólia Exterior.Esta, a versão oficial das ambições e da morte do «Cavalo Divino». (CopyrightAFP).e

Os bairros residenciais que representam já uma importante «cintura» social (eeconómica) para Lourenço Marques e também para o sul moçambicano -aexemplo do que acontece com as cidades-satélites de Lisboa- continuam aenfrentar problemas e lacunas de certo modo graves.Correspondendo a um pedido formulado (através de ca:íta-reportagem) por umdos moradores no bairro «Sarmento Rodrigues»- Bairro do Fomento- «T MPO». deslocou-se ali, para, «in loco», poder confirmaras reclamações que lhe foram apresentadas naquela curiosa missiva. Foi assimque começou a reportagem seguinte e parà a qual chamamos a atenço (urgente.

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como sempre...) das autoridades competentes e dle algum modo relacionadas como desenvolvimento e o bem-estar dos referidos bairros. e das suas populações. naordem das muitas centenas...ROBERTO CORDEIRO escreveu . * FERNANDO GALAMBA ilustro,

O incrível estado da paragem dos autocarros...A REPORTAGEM«ACONTECEU» DE FORA....Impaciente pela falta de atenção ou «de consideração» para com o bairro ondevive- onde vivem centenas de famílias - um leitor, residente naquele mesmo bairro,deu-se ao trabalho de se pôr na «pele» do repórter, percorrendo o bairro, e, debloco e caneta em punho, anotar as diversas anomaliasque, tal co. mo o capim,proliferam livremente por todo o Bairro do Fomento.É, de 'facto, ao Bairro do Fomento que o nosso leitor se reporta, naturalmenteindignado. E, para comprovar o que nos escreveu, ou seja, as várias lamentaçõesque preenchem o seu texto, o nosso leitor, empenhado em contribuir para a rápidasolução dos vários problemas que d e s a s s o m bradamente aponta, enviou-nos,conjuntamente com a sua reportagem, várias fotos, que atestam, de resto, as suasafirmações. Porque achámos interessan-te a sua constatação - além, é claro, de oportuna - não resistimos a transcrever otrabalho de um leitor que, por algumas horas, com louvável finalidade, se fezpassar por repórter....«FALANDO DO BAIRRO DO FOMENTO...»«Chamo-me Ludovico e sou morador no «Bairro Sarmento R o d r i g u es».Sinceramente, custa-me - custa-nos a todos os que aqui residimos ver quãoabandonado e desleixado anda tudo por estes lados, como se este bairro nãofizesse parte do traçado geográfico desta parte do vasto e riquíssimo Estado deMoçambique. Dá a impressão de que ninguém quer saber de nada.Começando pelos autocarros: val-se para a «paragem» is 20.30. E espera-se,espera-se, espera-se. O das 21.15 não veio porque «avariou»; o das 22.15 veio,mas, comoestava repleto, não parou (facto vulgaríssimo e mais regular do que ascarreiras...). Entretanto, as «pa. ragens» enchem-se de gente, desejosa -deregressar aos la. res. As 23.15 não há machimbombo, e o último, que devia passarà meia-noite e quinze, só aparece ao quarto para a uma, ou,então, passa ANTESda hora e muitos de nós perdemos o nosso único meio de transporte....Há, por outro lado, o caso, ou casos, cada vez mais lamentáveis, das relaçõespassageiros-funcionários dos machimbombos. Só visto e ouvido se acredita!Mas se fosse só isto .. O parque, ou jardim infantil, é o que se vê: parece umaselva, e não anda muito longe disso, pois até cobras por.lá andam, procriando emdoce lazer! Esperamos que alguém lhe acuda antes que seja possível fazer-se ali acriação de leões ý.O capim prolifera por todo o lado, incluindo os passeios, e, em certas zonas, Jádeve

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POiCIA E FMACIA:NECESSIDADES MAIS URGENTESultrapassar os dois metros. É ,uma autêntica «libera" içéo capinzal».... Quanto àsruas, avenidas, ou estradas - ai!, o melhor é não falar delas. Entretanto, como Játoda a gente pagou o manifesto automóvel, é natural - ou é justo - que se lembremfinalmente delas e haja quem se dê ao cuidado de ordenar um completo irabalhode «tapa-buracos».... e até de asfaltagem Não tenho tempo para muito mais e o«papel> de repórter é realmente ingrato. Creio, todavia, ter atingido o objectívoque me propus: chamar a vossa atenção para as diversas anomalias que envolvemeste bairro, cujos moradores se julgam com direito a um pouco mais de interesse einiciativa por parte das entidades competentes. Ao alto: nãoparece mas é... um campo de basquetebol!Creio que não é pedir muito. Mais ainda: seria conve- Em cima: oscaminhos do inferno também estão noniente e oportuno que a Re- Bairro do Fomento...portagem da revista «TEMPO» nos fizesse uma «visita». Sé para ver e ouvir edepois contar como é,...»

«TEMPO»ACEITOU O CONVITE....Na verdade, nestes convites, o melhor que há a fazer é apercebermo-nos dascoisas «in loco». Como São Tomé, «ver para crer»...Nós vimos e não quisemos crer! Mas lã estavam Os moradores do «BairroSarmento Rodrigues» para comprova. tem o que estávamos vendo. Há, de facto,por todo o bairro, um aspecto de incúria e desleixo que não pode deixar demerecer a atenção das entidades competentes. São várias as queixas apresentadas,e vários são os problemas e as lacunas( algumas graves) que apoquentam asresidentes daquele populoso bairro.Enquanto por lá andámos, verificando pessoalmente a veracidade dasreclamações apresentadas, ficou-nos a sensação de que a construção de bairrospopulares não se limita apenas a erguer casas mais ou menos bonitas, mais oumenos vistosas (pelo menos aparentemente, leia-se, nas fachadas...), pôr lá uma,duas, seis centenas de pessoas e ficar-se por aiAs necessidades mais elemèntares têm de ser encaradas e satisfeitas. O aspecto dasaúde pública não pode ser descurado, sobretudo quando anda assanhado ofamigerado vlbrião colérico. Hã que não esquecer a seguran. ça dos residentes,vivam onde viverem, e que não podem ser Constantemente m o 1 e s tados porindividuos que, conhecendo de antemão a inexistência de um policiamento eficaz,vão fazendo quanto querem.Em suma, construam.se os bairros, muitos baltrros, quantos mais melhor, mas nãose ignorem, seja sob que pretexto for, todas aquelas coisas d i r e e t amenterelacionadas com essa mesma construção e, por isso, com o imprescin. divel bem-estar dos cidadãos.«NINGURMCUIDA DE NÓS...»

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<«TMPO» começou por contactar a sr.- D. Micela Lo. forte Bruhein que pode serconsiderada uma «velha Lcólona» do bairro. À vista da nossa Reportagem, D.Micaela desabafou logo: Alnda bem que cá vêm! I verdade, ninguém cuida de I6!Isto está tudo sujo, capim por todo o lodo, e quanto a mosquitos nem se falai Olixo, bem, nem sempre o recolhem, ou recolhem-no mal, e Incompletamente.... orvezes somos mãs que temos de Squeimar....O carro do lixo? Passa e mão vé.... Geralment sã atenta no das latas, e nem sem-pre .... Fala-se de limpeza, asseio, há o problema da cólera, mas é como ossenhoresvêem, parece tudo votado ao abandono puro e simples....Quanto a transportes é uma dor de cabeça, e de que ta manho! Quando preciso depagar qualquer coisa na Câmara ou na Fazend porexemplo, tenho de ir a pé até à ponte, apanhar (quando apanho!) o autocarro paraLourenço Marques e na eldade apanhar outro para Salazar! Imagine s6 otranstorno que isto não faz.... Um outro problema com que lutamos é a, falta depoliciamento no bairro! O senhor não faz ideia do que isto é1 Roubos, pe-' quenose grandes, tentativas de assalto, etc. Rã dias roubaram-me duas cadeiras dedescanso que estavam na varanda ... Felizmente, os portaes das residêneiasgeraimente ehiam muito. 2 üma espécie de alarme, que serve para pôr desobreaviso os nossos servIçais.... Já envene. naram um cão, em outras casas outroseles sofreram mor. te misteriosa, enfim ... Não, não estou satisfglta Com isto tudoquem é que podia estar satisfeito?l....<d« SEIS ANOSQUE ESPIERAMOSPELO JARDIMINFANTIL...»Contactámos seguidamente a srA D. Maria Adelina No. bre deý Melo, moradoranaquele bairro há seis anos, tempo mais do que suficien. te para ter a consciênciaexacta do que o bairro não tem e devia ,ter... Eis o seu depoimento:- Sim, é verdade, vivo aqui hã seis anos Pois há s anos que espero, que todosespermos a constr"ão do Jardim infantiL Em vez dele, e o m o pode ver, temosum terreno baldio, onde apenas o mato cresce completamente, a um autênticoninho de co. brast anda há pouen apareceu uma na casa de uma viinha ... Quandopara aqui vim, diseram-me, «compre o terreno, fica bem servida». Afina , é o queestá a ver.... Se os senhores cá viessem quando chove!.... Já coloquei quatro oucinco carradas de terra em frente à minha ca. sa, ao menos para podermospassar.... Sabe? EnfimOs o barrete, como se costuma dizer!O lixo? Se der uma volta pelo bairro logo vê como é.... O lixo das latas ainda ovão levando, mas o resto, troncos, capim, dejectos espalhados pelo chão, nadaI Éverdade; os cães aparecem mortes, quase sempre por envenenamento... Tinhatrês cães, um foi envenenado, oo outros dois desapareceram e apareceram mortos!Mas h& mais:

IIA esquerdla, ALBERTO ALAI: «Vi, sim senhor, um rapaz que queria entrarpara fazer mal..»

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A direita, D.- MARIA ADELINA NOBRE DE MELO: «Enfiámos o barrete!»Sr. e Sr." YAT: «A polícia e afarm ia fazem muita falta...»O BAIRRO -NAO E UMA LIXEIRA..

O lixo atira-se para qualquer lado. 'Qual higiene,qual quê!a luz falta com uma frequêncda Inadmissível. E depois, os filhos vêm da escola,pior ainda se frequentam cursos nocturnos, as pessoas vêm dos serviços e nãovêem nada. Ê escuro como breu! Da paragem até casa não se vê praticaente nada,mesmo com luz, que é fraquisshma. Ora a luz é sempre uma defesa, não éverdade?....PROMESSAS....E NADA MAISDO QUE PROMESSAS....Quase exaltada, D. Maria Adelina Nobre de Meio prossegue:- Prometeram-nos uma faruicia e um posto policial para o bairro Pois a verdade éque continuamos sem uma e outra coisa! Se não fosse a O. P. V. não sei comoseria. Mas a O. P. V., por mais vontade que tenha de ajudar, não, pode fazer tudo.Por exemplo, precisamos de um medicamento urgente. Como adquiri-lo? Lãtemos nós que Ir a Lourenço Marques. E se não temos transporte, como vamosfazer? Como sabe, muitas vezes, um medicamento pode significar a vida de umapessoa. O bairro precisa de uma farmácia e de um posto de policia, e comurgêncfia Já aqui vive muita gente a Justificar perfeltamente que tais lacunassejam rapidamente preenchidas ... Sentmos a falta de um sunermercado emcondições. O celeiro que por cá existe não chegapara as encomendas, além de ter falta de muitos géneros ... Quanto a>s autocarrose is estradas.., nem vale a pena falar. O bairro não está servido por transportes quepossam beneficiar constantemente as centenas de pessoas que aqu vivem. No querespeita ao policiamento, que não existe, ao menos que escalem um ou doisguardas-nocturnos: vão ter muito que fazer .. Enfim, aqui, continuamos todos àespera do progresso ... Não está certo. Viemos para aqui para continuarmos tudoIsto, gostamos da tera, mas com estas faltas, com estes problemas, sentinto-nosdefraudados. E, naturalmente, m u 1 t o preo-" cpados....«A POICIAFAZ MUITA FALTAI»O sr. e a sr., Yat também nos deram a sua opinião:- As estradas são péssimas, às vezes intransitáveis. O capim cresce nos passeiossem q u e ninguém se incomode com isso .. A luz falta com frequência, mas ocortes gerais..., Sem dúvida que a policia faz aqui muita falta. Sim, temos a O. P.V., mas que pode ela fazer sózinha? Na',a, ou muito pouco ... Sim, a armicia fazmuita falta... Se não fossem estes problemas estávamos muito satisfeitos. Isto émuito sossegado e o sossego sabe sempre bem, não é?....É, de facto. Mas acontece que nem só o sossego pode responder às necessidadesdos moradores no bairro «Sarmento Rodrigues», um dos mais populosos doBairro do Fomento.

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. E, que saibamos, não é só o bairro «Sarmento Rodrigues» que se encontra a bra.ços com todos estes problemas. Outros bairros, tão (ou mais) populosos, lutamcom n u m e r o s as dificuldades e imensas lacunas, algumas das quais estão atomar proporções graves.° Parece-nos ser tempo de as entidades competentes aten: tarem cuidadosamenteno que por ali se passa. As razões dessa emergente atenção são indiscutíveis: avida e o bem-estar de muitas centenas de pessoas que não podem continuareternamente à espera das soluções que não aparecem.De momento, e de acordo com a opinião geral dos moradores do bairro«Sarmento Rodrigues» - se mais pessoas tivéssemos ouvido, mais queixas ereclamações nos seriam apresentadas.... -, no Bairro do Fomento fomenta.sçapenas o desinteresse, a incúria e a sujidade.O aviso aqui fica. Em nome dos residentes naquele(s) bairro(s). Que, apesar detudo, confiam em que serão rãpida e eficazmente atendidos. Esperemos que sim ...

DEPÓSITOINVESTIMENTOPROGRESSOPARTICIPE no e de onq deositdo noINSTITUTO DE CRiDITOIcom o seu depo~t serv c todas as actvi secon omicase acudarda construfr as infa-estruturas imspensa.e..ao dese~linm da sua terra, enquto seu depos.oa prazo de I ano e I dia, rende o juro mao.JURO HABITUAL DE / + ISENÇÃO TOTALMOSTOS,E GARANTIA DO ESTADO PARA CAPITALE JUROS.QINSTITUTO DE CREDITODEMOÇAMBIQUETRABALHO DE HOJE, M~r«lAMBQUE DE AMANHÃ!

TiMAýCHIMBDII

De10SoBE"DEP'REÇOP'ASSA'AFRENTETexto de LUIS DAVIDFalar de aumentos de preços, nesta terra, é umassunto quase banal Amargamentebanal

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Do peixe aos ovos, da carne ~ hortaliça, do arroz ao leite, tudo, salvo qualquerrarrissima excepção não nos ocorra apontar, sobe de preço. Mas sobe mesmoassim, de um dia para o outro, sem que a gente dê por isso. Ou antes, com toda agente a dar mesmo pelas subidas, a clamar, a protestar, sem que alguém. acuda. eo processo inflacionário, a inflação importada - dizem os entendidos - como se aágua que vem do Umbelúzi atravessasse qualquer fronteira. Pois, é bem de verque não, mas,por força de um processo ancilosado, se o mal não é da água, dasbatatas ou do peixe, é da tubagem, dos adubos ou dos barcos. Quando não é denenhum, destes factores, é do aumento de salários - diz-sedos impostos, da falta de boletins ou de. Exactamente, de.E numa altura em que tudo sobe de preço, mais ou menos apressadamente, osmachimbombos nío quiseram ficar para trás. Até porque nesta história demachimbombos, se têm rodas é para andar. E,' a dai, fizeram a ultrapassagem eforam colocar-se na dianteira. Que é como quem diz, deram o seu importantecontributo para sobrecarregar o débil orçamento familiar de milhares de famílias.Precisamente as de menores recursos.Bem, mas neste caso dos dachimbombos, para que não se dissésse que era umaumento cvulgar» isto é, sem qualquer beneficio, há a apontar a inovação da tarifaONICA. E como alguém, ironica,mente, já disse, «machimbombo, agora, só parapassear». Claro, por 3$50 não é caso para menos!A

Ao falar nos últimos recentes aumentos de tarifas que vieram cair sobre os uentesdos machimbombos importa ter presente que os Serviços Municipalizados deViação vivem, exclusivamente das receitas de cobrança. De forma alguma, estaafirmação serve para sancionar o aumento posto em prática, c. ce se sucede aoefectuado Háí cerca de um ano. Pretende-se, isso sim, lembrar que é o públicoutente quem paga directamente e na totalidade o serviço de que beneficia. Logo,terá de suster toda a organização criada para o servir e que, como serviço públicoque 6, deverá encontrar-se estruturada de forma a cumprir a missão que lhe foidestinada. Não, podem,, porém, os Serviços Municipalizados de Viação, comoquaisquer outros, quedar-se imóveis ao longo dos anos, permanecer estáticosnuma sociedade em permanente evolução. Não podem permanecer enfeudadosa uma legislação mais que antiquada que, .ém certos casos, poderá impedir umagestão em moldes modernos, mais eficientes, práticos e, logicamente, menosdispendiosos. Não podem, hoje, com uma frota que ultrapassa a centena deviaturas continuar a ser orientados no mesmo sentido de há cinco., dez ou vinte*anos atrás. E se tal acontecer, como parece que -acontece, não haverá aumentosde. tarifas que cheguem para suportar toda a organização em constantealargamento. Fácil é, neste momento, perceber-se que o problema dos ServiçosMunicipalizados de Viação não é um. . problema de aumentos. Pelo

PÁGINA 35SUEM BENEFICIA DA TARIFA MICAmenos, não é só um problema de aumentos mas, muito mais, de estruturaç&o.Uma estruturação que se pretende ampla e com vista a tirar o máximo rendimento

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dos valores em jogo, antes de se lançarem novos aumentos de tarifas que, comosempre,, afectam as classes de menores recursos económicos. Precisamenteaquela que não dispondo de transporte próprio se vê na contingência de dependerdos transportes públicos.QUEM PAGA O AUMENTO?Como já apontámos, o aumento de tarifas dos machiimbombos afecta a maioriada população de Lourenço Marques, mais prècisomente- a maioria das 200 milpessoas que diariamente se utilizam do referido meio de transporte. A tarifa únicade 3$50 re-presenta um substancial aumento para quantos, qté 1 de Agosto, gastavam apenas2$00 ou 2$50 para cobrirem o percurso, entre o local de habitação e o de trabalho.Poucos, comparados com o total, gastavam anteriormente 3$50 ou quantiasuperior. Basta citar que da Baixa ao Aeroporto ou ao Xipamanine, para só referirdois casos, a tarifa era de 2$50 sendo actualmente de 3$50. Falta consistência, porconseguinte, à afirmação algumas vezes feita de que a população dos subúrbiosseria a menos afectada com a nova tarifa. O argumento cai pela base, pois bastariamencionar que são os moradores dos subúrbios quem mais utiliza osmachimbombos.Passando aos- bilhetes de estudante, o aumento foi de cem por cento. Passaram decinquenta centavos para um escudo, o que se em valor monetário se podeconsiderar módico em percentagem

4r4ii , ,,, i i1i 7'ii ! ! * 4*, i i i i 1

PÁGINA 376 precisanente o mais ele~ado. Portanto, o maior au:ento incide precisamentesobre quem menos pode pagar, ou seja a camada estudantil. Este um dos pontosque não foi atendido, como seria para desejar, embora não se descortinem osmotivos que levaram ao agravamento dos bilhetes de estudante. Eles são, de facto,um grande «peso» no totàl dos passageiros transportados diariamente pelosS.M.V.Mas será que não merecem r todo o apoio e ajuda? Oujá se terá pensado que muitos deles, estamos certos, terao de passar a percorrerlongas distâncias a pé, porforça do novo aumento?Outra questão, é a de saber-se se a tarifa única, em vez do sistema de zonasanteriormente em vigor, é, de facto, a que melhor serve a população. A maoria 'dapopulação, entenda-se.UM, CASO ESTWRHO0 aumento de tarifas tecentemente' posto em prática começou a ser estudado háalguns meses atrás. Depois de elaborado pelos Serviços Municipalizados de

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Viação e de ýer merecido a aprovação da \ respectiva Comissão Administrativa,foi presente em sessão da Câmara Municipal, ainda antes do 25de Abril, onde fo igualmente aprovado. Da Cãmara Municipal transitou oprocesso. para a Entidade Tutelar que, em última instância, aprovou os aumentospropostos. Acreditamos que os fundamentos apresentados tenham sido b a s t a me n t e convincentes mas, não deixa de se estranhar que a referida aprovação tenhasido feita pela mesma Entidade que, ao tempo, havia mandado suspender e abririnquérito às actividades do director e dos chefes de serviço dos S.M.V. Isto é, àsmesmas pessoas que haviam desempenhado papel activo na elaboraçáq dosaumentos em questão.De notar que os referidos aumentos de tarifas foTam elaborados muito antes .dese ter verificado o último aumento de salários ao pessoal dos machimbombos,pelo que é muito possível que a sua cobertura financeira não tivesse sidoencarada. Isto não quer significar, evidentemente, que se preveja um próximoaumento. Nem tal parece justificar-se sem que, antes, sejam esgotados todos osrecursos para obter o máximo rendimento da organização - esta é, quanto a nós, aquestão de fundo. E não deve, nem pode, ser iludida.

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Os computadores desempenham um papel primordial no lançamento desatélites, naves espaciais e suas rotas através do espaço. Na imagem o centro decontrolo de Houston, EUA, cére-.bro do Programa Apoilo.* Do actual panorama em Mocambique aos inconvenientes da centralizacaoO momento político que passa,. para além das várias implicações de naturezasócio-económica, suscita uma objectiva consciência dos enquadramentostecnol6gicos, que tornem possível o maior e melhor aproveitamento dos recursoshumanos disponíveis.Neste último aspecto citado, a controversa utilização duma Central Mecanogrticade Moçambique para so-lucionar as necessidades dos Serviços de Estado neste domínio, pelo dispêndiomaterial que envolve, ao nível dos muitos milhares de contos, e pelas, reaisnecessidades humanas que acarreta em indivíduos altamente especializados, paralhe servir de suporte técnico, provocou esta troca, de impressoes com o Dr. CostaMartins.Este especialista em assun-tos de informática, com cursos efectuados em Portugal, Inglaterra e França,desenvolveu' a sua acçao como consultor de empresa no domínio doscomputadores, em vários 'países da Europa além de Angola e Moçambique.Possuidor dum extenso curriculum profissional, do qual constam váriaspublicações, estudos e artigos para jornais da especialida-de, o dr. Costa Marfins facilmente se prontificou a uma troca de impressões,tendente ao esclarecimento sobre qual a solução técnica mais adequada, ao«Problema Informático de Moçambique».

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P. - Diga-nos Dr. Costa Martins, qual > panorama de Moçambiquo no domínio daInformática?

R. - O termo informática é normalmente utilizado para definir o domínio restritoda utilização de computadores, embora na realidade, informática tenha um sentidomuito mais amplo.Ora no sector dos computadores, temos a considerar dois aspectos:a) A utilização do computador pela empresa privada.Aqui verifica-se que já existem algumas empresas, poucas, que recorrem àutilização do computador como instrumento de auxilio à sua gestão.. Dentrodestas, algumas possuem ou estão em vias de possuir computadores nas suaspróprias instalações, utilizando outras o computador doutra empresa a quem seassociam para o efeito, ou seja utilizam um regime do tipo «service bureau».b) No caso dos Serviços de Estado, também já alguns utilizam computadores,.atrávés de instalação própria, mas na generalidade utilizam os «servicesbureaux», das, firmas da- especialidade instalada em Moçambique.Em números podemos traduzir o parque Moçambicano de computadores, noseguinte:Com instalação própria, 5; em vias de possuir instalação própria, 2; utilizando«service bureau», 9; em vias de utilizar «service bureau», 4.Empresas do Estado:Com instalação pr6pria, 2; en i vias de possuir instalação própria, 3; utilizdndo«service bureau», 7; em vias de utilizar «service bureau., 1.P. - Qual a ra=ão das empresas recorrerem à utilizaçáo de computadores fora dassuas próprias instalações?B. - No caso das empresas privadas, é essencialmente um problema de dimensãoda empresa. Nem todas as empresas têm dimensão que justifique a instalação dumcomputador para uso privado, o que, a efectuar-se, nos levaria à possibilidadeduma utilização do computador ou muito abaixo das suas possibilidades ou comuma carga de trabalho muito limitada; num e noutro caso teríamos uma utilizaçãopouco rentável.No caso das empresas públicas, para além do mesmo problema, relativo àdimensão da empresa que subsiste em algumas delas, existe ainda um despachodo ex-Governador Pimentel dos Santos que, estruturado nos estudos elaborados,ou mandados elaborar, pela Comissão de Planeamento e E s t u d o sMecanográficos (CPEM) e no disposto no Decreto n.° 463/70, forma emMoçambique 2 centros de computador, um ligado ao IICM e outro ligado à ULM.Estas decisões e pareceres enfermam no entanto de vincado amadorismo,começando pelas próprias designações dós centros de computador. Senãovejamos.a) O centro ligado ao IICM chama-se centro de Cálculo Científico eMecanográfico, e segundo está especificado no despacho do ex-Governador,«destina-se a resolver os problemas de gestão administrativa» dos organismosdo Estado de Moçambique.

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Então porquê o rótulo de Centro de Cálculo Científico. b) O centro ligado à ULM,chama-se Centro de Informática da ULM, mas este, tal como está definido nodespacho, é que se destina ao suporte científico e tecnológico de Moçambique.Isto já lhe dá uma ideia, do tal amadorismo a -que fiz referência.P. - Mas acha que está certo concentrar a resolução das necessidadesmecanográficas de todos os Serviços do Estado, num centro único?R. - Está profundamente errado.A ideia da utilização dum grande centro de computador para solucionar asnecestidades mecanográficas dos Serviços do Estado, é unia -cópia da orientaçãoverificada nos países bastante avançados.Ora quem definiu tal orientação, não verificou pela certa, que o contexto emMoçambique difere completamente do desses países avançados.Uma empresa de qualquer tipo, onde se 'instala um computador ou -que muitosimplesmente opte pela utilização dum «service bureau», tem necessariamente deefectuar modificações internas, que vão desde simples alteração aos impressosutilizados, à variação dos circuitos de informação e em alguns casos àmodificação da própria estrutura da empresa. Há, portanto, uma planificação queenglobe todas as mutações metodológicas dentro da empresa.Tal facto obriga a que seja necessário um período de adaptação, que inclui asensibilização, formação e reciclagem do suporte disponível, durante o qual ocomputador deve estar constantemente acessível.Ora já imaginou o que. será efectuar aplicações simultâneas nos vários Serviços,sem que se efectue pre-. viamente uma preparação para tal? É claro quepoderíamos dizer que nos tais outros países tem dado re-sultado. Então porque aqui não resulta?'Somos menos capazes? Como é evidente não é esse caso. Somos tão capazesconto quaisquer outros, só que para ter sucesso nas nesmas actividades, devemosdispor dos mesmos meios.Nos países onde várias empresas utilizam o mesmo computador, verifica-se queessas empresas já estavam mecanizadas há vários anos, portanto toda a suametodologia e estrutura haviam sido alteradas conforme as necessidades, e atéinclusive haviam sido efectuadas a sensibilização e formação do pessoal. Queristo dizer que havia um processo ia executado, quê permitia a junção das váriasempresas para a utilização dum computador único, o que não é o caso deMoçambique, onde esse processo somente agora se encontra em vias de se iniciar.P. - Mas então qual é a solução?R. - A solução é única. Permitir que os vários Serviços do Estado utilizemcomputador, sob qualqúer forma desde a instalação própria, ao «service bureau»«block time», etc., de modo a, progressivamente, irem adaptando' o seu pessoal,metodologia e estrutura, à utilização dum computador.E a prazo, nunca inferior a cinco anos, poder-se-á então pensar num centro decomputador único, do qual se -utilizem os vários serviços do Estado. Nesta faseteríamos solucionados senão todos, pelo menos a maior parte dos problemas deadaptação relativbes a cada uma das empresas, subsistindo somente os problemasligados à coordenação dum cen-

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PAGINA 41tro, para uso dum computador, a efectuar por vários utilizadores.Repare que estas considerações não tem nada de original. É uma simples visãotécnica, aliás, e como curiosidade, coincidente com a opinião do Eng. ýVascoLima, especialista de elevadíssima craveira, que há algum tempo, orientou umseminário na Associação Industrial de Moçambique subordinado ao tema«Managemente e Informática».P. - Mas havendo uma Comissão de Planeamento e Estudos Mécanográficos.como se compreende a orientação que está a ser dada?R. - Essa Comissão é uma verdadeira anomalia. Repare que é constituída,essencialmente, por Directores de' Serviços, que como é óbvio não são técnicosnestes assuntos. Sã membros da CPEM:" Director do tICM- Professor de Informáticada ULM- Director dos Serviços de'Finanças- Director dos Serviços deEstatísticas-Director dos Serviços dePlaneamento e IntegraçãõEstatística-Director do Gabinete deEstudos dos C.F.M.- Chefe dos Serviços Comerciais dos SMAEFaz-se assim depender, de pareceres .«técnicos» destaI categoria de pessoas, odestino da Informática em Moçambique.Ora tal - situação é da maior gravidade, porque se dum lado o computador podeser a mais extraordinária das máquinas, quando devidamente utilizada, podetambém dar o pior dos resultados, quando as decisões sobre os assuntosespecificamente técnicos, são tomadas por amadores ou curiosos. Por outro lado,o custo com a utilização dum com-putador, varia, dependendo da configuração do sistema, das máquinas periféricase adicionais, entre 2000$00 e 4500$00 por hora; logo já pode imaginar em quantoo erário público pode ser defraudado, com uma acção irresponsável. Aliás estefacto é tanto mais saliente quanto elementos da célebre CPEM, têm usado aComissão para manejar, da forma mais arbitrária que se possa imaginar, oprocesso das aplicações de computador em Moçambique, acção que, até meparece, devia ser alvo de rigoroso inquérito por, parte do Governo.P. - Sendo o dr. Costa, Martins um técnico em computadores porque não faz parteda CPEM ou do Centro de Cálculo Científico e Mecanográfico?R. -- ] uma boa pergunta à qual poderia responder simplesmente, porque nãocolaboro em causas falhadas.Mas vou estender-me um pouco mais na resposta. Sobre a primeira parte,pertencer à" CPEM, foi-me proposto quando cheguei a Moçambique, fazer partedessa Comissão. Acontece porém que quando dei o meu primeiro parecer sobrea utilização dum computador cometi o «deslize» de não o fazer dentro da

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«orientação adequada». Isto é, dei um parecer que não correspondia ao desejado.A partir dai, ninguém mais me falou em fazer. parte da CPEM...Quanto ao segundo ponto, pertencer ao Centro de Cáiculo Científico eMecanográfico, estive de facto interessado em dirigir esse Centro, antes de entrarpara o meu actual Serviço e mesmo durante os primeiros tempos de permanênciana função que tenho.Mas conforme o tempo foi passando e fui verificando que a CPEM não pretendiarealizar um "trabalho sério, e ainda porque na minha nova função estava a levar acabo uma acção que me satisfazia, deixei de me interessar pelo lugar no Centro deCálculo Científico e Mecanográfico (CCCM).Deste facto dei até conhecimento ao então Secretário Provincial da Saúde eAssistência de quem depende o IICM, órgão onde está incorporado o CCCM. Oconhecimento da minha desistência dada ao Secretário Provincial, foiconsequência dele me ter anteriormente recoméndado para o lugar.P. - Com a sua craveira lrofissional por que se mantêm em Moçambique?R. - Antes do 25 de Abril considerei fortemente a hipótese de deixarMoçambique. De facto o horizonte profissional que nesta especialidade se meapresentava era verdadeiramente desolador. Não acredito que nessa altura alguémcom ambições em realizar, qualquer trabalho válido pudesse estar satisfeito comas condições que então se lhe deparavam em Moçambique. Presentemente creiopoder afirmar que tais condições estão em vias de se alterar. Te'nho esperança emque isso aconteça e por tal razão estou disposto a aceitar o desafio de colaborar naconstrução de um Moçambique novo, onde 'os acessos e oportunidades estejamapenas dependentes do conhecimento e da capacidade de trabalho de cada umNeste caso, será Indubitavelmente mais agradável trabalhar em Moçambique quepor exemplo nessa tão velha e estafada Europa.P. - Para terminar, diga-nos dr. Costa Martins, quala utilidade dos computadores num pais subdeeenvolvide como o nosso? Isto énum pais em vias de sair duma dominação colonialista?. - A utilização dos computadores começou na década dos 40 com aplicações denatureza essencial. mente militar (balística), mas a partir dai a sua utilizaçãodesenvolveu-se de tal maneira, que hoje em dia, é impossível definir um campoondê os computadores não possam interferir.De facto, desde 4 controlo de foguetões que vão à Lua, Marte, Saturno, do cálculoimediato da rota dos satélites artificiais, até à escrita de composições literárias emusicais, tudo hoje o computador pode fazer.., excepto substituir o homem na suaforma e amplitude de raciocinio.No caso de Moçambique, sou de opinião que a utilização do computador, naacção formativa das populações e na compensação do enorme déficite que severifica, em quadros a todos os níveis, terá aqui a sua principal actividade!Estou certo de que terminou a era do monopólio em que a empresa, qualquer quefosse a sua gestão, tinha lucros fabulosos. No Moçambique que desejamosedificar, não cabem os desvarios que durante tantos anos um regime asfixiantenos impôs, e como tal, ou a empresa se organiza para uma gestão eficiente, comobjectivos bem definidos, ou caminhará fatalmente, a maior ou menor prazo, paraa sua e-tinção.

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Nessa organização e nessa nova gestão o computador tem a dizer uma palavradecisiva.

Que desporto para, o .pais Moçambique?No louvável empenhamento em que tantos de nós kstamos - na realidadederiamos estar todos - em xlcançar a paz geral e as . berdades e responsabilidalespara cada um participar na construção de um Moçambique novo, há, contudo,,certo alhea mento para casos e situações do quotidiano ou são escutadasperguntas que, não podendo ýer tidas por maldosas teremos de admitir comoingénuas.Um dia destes, algures, alguém perguntava indignado se, então, no desporto,nada se aproveitava. Se só tínhamos feito asneiras. E rematava com umainterrogativa a carácter com o precipitado juízo.Necessariamente que não somos senhores do ideário desportivo que o'Vai seraplicado a Moçambique, todavia estamos absohltamente convictos que esseideário será aquele, efectivamente, que nos interessa. Vai ser um que é, realmente,aplicável a Moçambique - ao todo moçambicano; disso não temos dúvida alguma.Aliás nem fazia sentido a implantação (defesa ou manutenção) de esquemas quenão tivessem em conta uma população de 8 milhões (para mais) de almasrepartidos por 784032km2 o que dá cerca de 10 habitantes por km2. Umdesporto, enfim, que tenha em conta o aspecto humano de Moçambi-que; a conjuntura económica-(do presente e a futura); os tão diversificados centros populacionais, a própriageografia física de Moçambique - a sua costa, o relevo, a hidrografia, o clima, avegetação. Um .,desporto, decerto, que tenha' êm conta a necessidade de'chegar àspessoas como um bem de consumo acessível; um desporto que participe naeducação integral do individuo, que atento e defenda a sua saúde. Em suma, umdesporto que, em princípio, seja posto ao serviço das pessoas - do povomoçambicano.. Depois, depois seguir-se-ão as fases que o fenómeno desportivocomporta (ou pode comportar). Pare-ce-nos, pois ser de admitir que este será, em síntese, o futuro ideário desportivodeste novo pais. Sendo assim, e à priori, bem nos parece que o desporto actualestá condenado. Provavelmente estará mesmo. Mas que condenação?Ora procuremos fazer uma análise das situações, isto é, do desporto que se criou edaquele que, para já, Moçambique, em nosso entender, necessita. Um entender,vem a talhe de foice lembrar, é muito anterior ao 25 de Abril (convém esta notarcá por coisas). Façamos agora uma pausa até para a semana.Agostinho de CamposO

Retomamos o caso da errada politica de subsídios que tem vindo a vigorar nodesporto moçambicano. Errada, em nosso entender, por nm insempre beneficiar odesporto de e para as massas mas ainda - quem sabe se principalmente por nemsempre se respeitarem as normas estabelecidas. Queremos dizer, e julgamos certaa afirmação, que nem sempre os subsidiod foram concedidos pela vontade do

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CPEFD mas sim por imposição das hierarquias superiores. Aliás já anteriormentehavíamos deixado esta nota de uma prática errada.Vimos já uma relação dos subsídios distribuídos em L. M. (65% do total) pormontantes superiores a 100 contos. Pois vamos apresentar a seguir, também dodistrito de L.M,, os subsídios distribuídos durante o mesmo período (1957/1973) einferiores a 100 (cem) contos. Não deixa de ser uma relação do mesmo mododeveras curiosa e que reforça quanto temos vindo a dizer em substância - o erroda aplicação da política de subsídios oficiais. Mas /vamos aos citados (subsídios)inferiores a cem contos (por ordem crescente);SUBSiDIOS Ao -DESPORTO IVAssociação Portuguesada classe «Optimist» Colégio D. Bosco . , , Escola Chinesa Paróquia N. S.Vitórias Instituto da Namaacha Associação T é c n i c o sAtletismo .......G. D. Nova Aliança G. D. João Albasini Governo-Geral .... S. C. MunhuanenseAzar........Cadeia Cent. Machava C. A. Negros ....G. D. Náuticos .... Centro Social Plano Beneliciação Áreas Subúrbios L. M. G. D.União . G. Gazense ........A. Badmigton . G. D. Incomáti . D. G. S. (Direcção Geral Segurança) .C. Ferroviário .... C. Inhambanense ~ . Central ..........G. D. Alto-Maé. Sociedade Columbófila . G. D. Vasco da, Gama C. G. S. José .Delegação F,. P. Tiro 100 à H ora .* . . C. D. lgeql Sociedade NúcleoProvincial Minibasquete . .Associação Voleibol . "ntos)2 3 5 56-,6 7 1010 10 10Comissão P. Arbitros deFutebol ...... 31A. P. Classe '«Snipes» 34 C. O. Critérios Atletismo 34 S. N. E. C.I. .. 35A. Académica .... 39A. Velhos Colonos 48Escola Joaquim. JoséMachado ...... ..50Comissão Árbitros Basquete . ...... ..50Delegação F. P. Esgrima 52 D. D. Mahafil-Islamo 58 K. T. C. M. (AutomóvelTouring) ...... . 71 Belenenses ...... ..72C. D. Árbitros HóqueiPatins . ...... . 73Associação Ténis deMesa ......... ..74A. Antigos EstudantesCoimbra ...... . 75 Clube Namaacha . . . 85 A. D. Ciclismo . . . . 99

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Vistas que foram as distribuições feitas podemos avaliar bem que desporto foiauxiliado; que desporto e que clubes. Por certo não exageramos dizendo que aexperiência passada constitui lição para não repetirmos os mesmos erros (quetantos estão, também, na lista acima).A finalizar estas linlas não queremos passar sem insistir que, praticamente, . nãofizemos uma análise muito profunda; limitámo-nos a nú-meros. No entanto se passássemos a fixar a nossa atenção no porquê dos subsídiosconcedidos encontraríamos novos elementos para pôr questões. Não vamos tãolonge mas poderemos dizer que o leque da razão das distribuições é amploýForam concedidos subsídios para: compra de material, regularização desituações e n t r e colectividades e CPEFD, realização de provas (e suaorganização), encargos de manutenção, participações em campeonatos nacionais,fomento de modalidades, aquisição de prémios, pagamento de arbitragens epoliciamento, despesas em estágios, aluguer de instalações, pagamento depassagens, estadias e deslocações, até para a aquisição de seis cavalos (400contos).Mas não se pense que o calcanhar de Aquiles reside apenas aqui: na verdade aresposta está no esquema em que se tem inserido a disciplina dos subsídios.Modificado o sistema outras terão de ser as,,regras de todo o jogo.-Isto "diria osenhor De La Palisse.e

PAGINA 44Aguarda-se o 25 de Abril paraos Jogos OlímpicosO Olimpismo afadiga-se a descobrir fórmulas susceptiveis de o salvar da falênciaa que está dondenado pela gritante agressividade dos processos usados que otornaram em infernal máquina de alienação e também ao serviço do chauvinismo.Desta feita surgiu mais um remendo. Mais um. Nada resolverá por certo enquantosubsistir o idedrio do 'barão Pierre de Coubertin; nada será alcançado (deverdade) enquanto continuar a ser defendida a herança almia e o mito de Pierre deoubertin.O actual esquema olímpico está condenado. Em absoluto. É apenas questáo detempo, de tempo e de esclarecimento das pessoas. Das -pessoas cujo pensamentonão se enquadra em parâmetros da aristocracia ou aceite ó desporto ao serviçoexclusivo da burguesia.Pois desta feita a Comissão Olímpica Internacional deu a conhecer a (sua) novaregra n.' 26 sobre a ele-gibilidade para os Jogos Olímpicos. Assim o «Código de Elegibilidade» diz:Só pode ser escolhidopara participar nos Jogos Olímpicos, um competidorque:1 - Nunca tenha recebido quaisquer recompensas monetárias ou materiaisdevido à sua participação nos desportos e conforme com as leis respectivas destaregra e das regras do C. O. . números 1 e 3 (principais fundamentais), 7

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(cidadania), 22 (filiação). sem número («doping»), 27 (condições espociais) e 48(informações),2 - Observe e cumpra-se regras da sua Federação Internacional, como aprovadaspelo C.O.L, mesmo que as regras da Federação sejam mais estritas do que as doC.O.11. Um competidor nãopode:a) - Ser ou ter sidoprofissional em qualquer desporto (nem ter competido em CampeonatosMundiais abertos a profissionais e amadores).b) -- Ter, permitido quea sua pessoa, nome, fotografias ou exibições desportivas tivessem sido usadaspara fins publicitários a não ser quando a sua Federação Internacional, ComissãoOlímpica Nacional, ou Federação Nacional tivessem feito um contrato parapatrocinio ou equipamento. Todos os pagamentos devem ter sido feitos àFederação Internacional, Comissão Olím pica Nacional, lou Federação Nacionalrespectivas, e não ao indivíduo.Entretanto continuamos a aguardar o «25 de Abril» para os Jogos Olímpicos.CAMPEONATO EUROPEU iDE FUTEBO DE 1915t16Já' há datas com vista à qualificação para o campeonato europeu de futebol de.1g75/76. Portugal, Inglaterra, Chipre e Chescolováquia, todos no mesmo grupo,acordaram já em datas estabelecendo .o seguinte calendário:1974 - 30 de Outubro Inglaterra-Checoslováquia.20 de Novembro, Inglaterra-Portugal.1975 - 5 de Fevereiro, Chipre-Inglaterra.16 de Abril, Inglaterra-Chipre.20 de Abril, Checoslováquia-Chipre. 30 de Abril, Checoslováquia-Portugal.8 de Junho, Chipre-Portugal.29 de Outubro, Checoslováquia-Inglaterra.12 de Novembro, Portugal-Checoslováquia,19 de Novembro, Portugal-Inglaterra.23 de Novembro, Chipre-Checoslováquia.3 de Dezembro, Portugal-Chipre.Os desafios realizam-se nos países indicados emTanto quanto nos pode permitir um conhecimento de factos distantes, temos que ofutebol, no Brasil, é uma gigantesca máquina alienatória. Também ali. Umaengrenagem para manter uma certa paz entre o povo. Também lá. Pensamos queserá um pouco uma paz podre; de qualquer modo, por certo, um futebol posto aoserviço do amolecimento do povo.No imenso Brasil, disseram os jornais, 79 mil espectadores, durante um jogo delutebol (antes da realização do campeonato do mundo), gritavam: «QueremosPelé». Pelé, sem embargo do seu valor como jogador, simboliza a montagem damáquina , alienatória. Um ídolo. Entretanto nesse mesmo Brasil, nessa mesmaaltura em

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O 11.0 TRIUNFO DE PORTUGAL NO XXI «MUNDIAL» DE HÓQUEI EMPATINSPÁGINA 45ICAMP[ÕESDISTRIIAIS DE FOBOLDepois do XXI campeonato do mundo de hóquei em patins, recentementeterminado em Lisboa, e que terminou com o triunfo da selecção portuguesa, odécimo primeiro título, o quadro dos campeões ficou ordenado como segue,fazendo-se menção do lugar de realização da prova.1936 - Stuttgart- Inglaterra 1939 - Montreux, - Inglaterra 1947 - Lisboa-PORTUGAL 1948 - Montreux- PORTUGAL 1949 - Lisboa- PORTUGAL 1950 - Milão- PORTUGAL1951 - Barcelona 1970 - S. Juan (Argent.)- Espanha - Espanha1952 - Porto 1972 - Corunha- PORTUGAL - Espanha1953 - Genebra 1974 - Lisboa- Itália - PORTUGAL1954 - Barcelona- Espanha 1955 - Milãor-. Espanha, 1956 - Porto- PORTUGAL 1958- Porto- PORTUGAL 1960 - Madrid- PORTUGAL 1962 - Santiago do Chile- PORTUGAL 1964 - BarcelonaEspanha1966 - S. Paulo (Brasil)-Espanha1968 - Porto- PORTUGALComo os nossos leitores devem estar lembrados o campeonato deste ano estavamarcado para a capital de Angola - Luanda - o que não foi possível efectivar pelasrazões lamentáveis e que são conhecidas, pelo que a prova foi transferida à última-da hora para Lisboa:Em vésperas do absurdo campeonato de ,futebol de Moçambique (quem oorganizou, isto é, que sistema desportivo ,o montou?) recapitulemos quais oscampeões regionais (distritais) do corrente ano de 1974, apurados até agora:L. Marques - Sporting Gaza - G. D. Incomáti Inhambane - G. D. MaxixeZambézia - A. R. Mocuba Tete - União Cabora Bassa Porto Amélia - G.,D.Pemba11'*

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que nilhares de gargantas queriam Pelé, outros milhares de almas gritavam de dore pavor pelas catastróficas cheias que assolavam algumas regiões do pais. E quemgritava mais além dos aflitos?eMas não será apenas no Brasil que a máquina do futebol é posta contra as massas.É inimiga do povo. Na Espanha franquista, enquanto o Real Madridassegurava os, serviços de um consagrado treinador de futebol (Milianic), talvezpara vencer a hegemonia de um Barcelona - enfim, assuntos que interessavam amilhares de almas. Enquanto isto, a Espanha fazia justiça. A sua justiça franca.E fazia justiça matando um homem (Salvador Puig) de uma formq, aiárbara,primitiva, selvagmn - pelo garrote. Uma selvajaria.Há muitos exemplos do futebol ser posto contra o povo. Estejamos pois atentospara que no Moçambique novo o futebol não venha a ser moldado em formas quesirvam interesses que não os das massas. Que o campeonato' de Moçambique deagora - burguês, ricaço- seja uma lição e uma advertência.. Restituamos o futebol ao povo mas nao parao adormecer.Por ignorância ou rèàccionarismo há quem perguntese não temos nada que se aproveite em matéria des.portiva. De certo que temos emuito mais poderíamos ter se se tivesse combatido o emburguesamento dodesporto moçambicano. Mas esta é questão para tratar mais a espaço.E se começássemos a pensar a sério numa grande organização internacional para apróxima «Légua do Natal»? O atletismo (e o pedestrianismo) são modalidadesque poderão projectar Moçambique no mundo do desporto. As provas de légua,pelas suas características, são riqueza para aproveitar. Tantas vezes que se temdito isto. E não soubemos apro-veitar. Mas não será tarde daqui para *o futuro.Um dia destes o nosso camarada Botelho de Meio lamentava, no vespertino«Tribuna» (antes do aumento de preço), o fraco papel da rádio local ao serviço dodesporto de Moçambique. Tinha razão. De resto não ha serviço algum ao desportomas sim publicidade que se serve do desporto. O que é muito diferente. Um diahavemos de falar da nossa experiência na rádio onde soubemos bem do processoentão decorrente. Digamos: do que- a casa gastava. E gasta. Basta ouvir.A. de C.

PARA ALÉM DAS MARIMBAS.. ZAVALA PELO SEU POVONós abaixo assinados, regedores da área do Concelho de Zavala, viemos solicitara V. Excia. se digne autorizar a publicação na revista «TEMPO» destas brevespalavras como comentário ao artigo publicado nessa revista com o n.° 201, em 28de Julho.As afirmações feitas nesse artigo são de tal forma destituídas de fundamento, nãosó por pretenderem passar como «representação, da população Zavalista» masainda por se encontrarem eivadas de maledicência e falsidade que aos menosconhecedores dos «interiores dos matagais» . podem trazer a incompreensão e amá vontade para quem procurahonestamente cumprir o seu dever.

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No momento presente, hora crucial para a vida de um Moçambique novo, nãodesejamos traidores derrotistas, mas sim que se trabalhe na informação paraconstruir na compreensão e colaboração uma nova Nação, digna dos seusantepassados.Senão Vejamos:1 - Em Zavala não há escravidão, antes pelo contrário há liberdade, nem deoutra forma o povo «chope» o admitiria, pois de contrário que as autoridades nãodeixariam de agir. Só a mentalidade carnavalesca de ium doente mental se podepronunciar nesse sentido, pois se acobarda no anonimato do seu escrito.2 - A comparação da «árvore da escravatura ser o Senhor Administrador e asraízes serem os régulos» só pode resultar de um mentecapto, verdadeira aberraçãotribal.Certaente que este Zavalista deve ter um desgosb profundo, de raiva incontida poro Senh Adminisrador, que apenas se encontra en Zavala há três meses, não lhe teraparado o jogo de perseguição e extermínio a qualquer regedor....3 - Segundo os usos e costumes Tradicionais cada cabeça duma povoação entregaanualmente a quantia de 20$00 à sua autoridade tradicional, quantia esta que éintegralmente destinada a suportar as despesas dos «enganacanas» (chefes.depovoação) chefes de grupo, «indunas» (policias do regedor e chefes) e dosregedores. As despesas dàs regedorias são suportadas pelo povo, por vontade dopovo e precisamente ^porque o Governo não dá qualquer subsidio para o efeito.Da mesma forma com o pagamento do «magalça» cuja importância se destinatambém a custear as despesas do regulado, no próprio interesse do povo, ,mas dequalquer forma, estes dinheros nunca entram nos cofres da Administração.É destituída de fundamento a afirmação de que aos que não pagam «Nbassane»ou «Magaiça» sejam castigados com cavalo marinho ou obrigados a trabalharpara os régulos em serviços forçados e pesados, afirmação que repudiamosintegralmente.Chamamos ainda a atenção dos mesmos incautos no conhecimento dos «inte-riores dos matagais» que o pagamento do Mbassane e do Magaiça; segundo osusos e costumes tradicionais, não é praticado somehte no Concelho de Zavala,mas por, todas as autoridades tradicionais das divisões administrativas ao sul doSave.4 - Diz o articulista que reina em «Zavala grande agitação» por causa dacontribuição da quantia de 20$00 para a compra da ambulância. Não demos contaaté agora de qualquer agitação, a não ser pela grande alegria verificada em todasas regedorias quando o Senhor Administrador ali foi mostrar a nossa ambulância.Ninguém foi «esforçado» a entregar os 20$00, só pagou quem o desejou fazer,mas em compensação a ambulância tem transportado todos os doentesnecessitados, independentemente de terem pago ou não aquela quantia.E quem paga os combustíveis e lubrifiçantes da ambulância? Desconhece o tal«Zavalista» que é a Administração, sempre atenta a defender os interesses dopovo? E quem conduz a ambulância que não tem motorista privativo? Esse«Zavalista» boateiro desconhece que tem sido o Senhor Administrador e op3ssoal da Administração que sem qualquer remuneração e sempre a qualquer

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hora do dia e. da noite salvaram já mais de 30 pessoas, transportando-as para oshospitais de Zavala, de Inhambane e de L Marques?Não queiramos ofender quem tanto tem preguado, pelos interesses e bem-estar dopovo de Zavala, apesar de que se encontrar há tão pouco tempo, pois que naverdade se temos uma ambulância (não um machibombo!!!) o devemos somente àiniciativa do Senhor Administrador e à vontade do povo deste Concelho, entre osquais temos que salientar todos Os comerdiantes e alguma empresas que sesubscreveram, também voluntariamente, com mais de cem contos.5 - Os regedores de Zavala não governam tiranicamente, nem se consideramdeuses vivos, bem como se podem considerar capitalistas. Apenas têmprocuradocumprir com dignidade as suas difíceis e por vezes -incompreendidas,funções de regedor e estão dispostos a contin'uar a trabalhar na defesa dosinteresses dos seus povos, para bem de Zavala e de Moçambique.Os regedores repudiam também as afirmações malévolas e insultuosas do tal«Zavalista» e solicitam-lhe que se desmascare, que apareça para que o povo possaconhecer tão grande homem, com tão elevado espirlto de critica fácil, pois podedar-se o caso de ser pessoa conhecida e até amiga que a não provar o que escre vesob anonimato (faz lembrar os tempos da PIDE) talvez vá parar à cadeia...6 - Quantos aos comentãrios finais do articulista Albino Magala estamos-lhemuito reconhecido pelas suas conclusões tão apressadas, até porque somoscapazes de ser excepção.Caso o Exmo. Senhor Director do TEMPO o permita, gostaríamos de o convidara dar um passeio por Zavala só para em conversas com o povo verificar, que podeficar mais descansado em suaconsciência, pois que por estas bandas não há monarcas prepotentes, nemreizinhos intocáveis e que a haver «limpeza» ela não terá que começar nos«principe do mato» mas antes em maus servidores -da informação.Os nossos melhores agradecimentos, subscrevemo-nosFilipe Mluduman, Felisberto Machatne, Manuel Zenga, ilègível, Filipe (ilegível),Filipe Tael -(ilegível), David, Massengane, Agapito da Silva Sumburae, IlegívelN. A.- Caros Régulos: tão apressado soueu a fazer comentários como V.Exas. a urdir juízos de valor. Tão grande é a Vossa justiça que a um. individuoque faça acusações tidas como falsas não o ameaçais de o julgar mas de metê-lona cadeia. Tão informados sois que não fazeis referência ao texto. da «Tribuna»nem respondeis a uma carta que saiu no mesmo número em que foi publicado o«Para Além das marimbas...». Tão falsas são as acusações ali constantes querecebi cartas de leitores de Zavala a darem o seu apoio e a darem-me maiselementos. Etc..Que o povo das vossas regedorias depois do 25 de Abril passou a ser mais livre eunão o duvido. Como posso duvidar de que V. Exas. são agora democratas? Aprova está nesta vossa carta que é assinada tapbém por Felisberto Machatine, oIlustre Membro do Conselho Legislativo, enviado de Portugal á ONU, delegadona Organização Internacional do Trabalho, compilador ¶le um álbum de«Fotografias Históricas» e que estará tão zeloso agora a -mudar de face que nãoadmirará se isso fizer com que, enfim, deixe, nos dias que correm, o povo

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respirar. Ele e vós outros se não foram daqueles Régulos que consideroexcepções.Falando da limpeza, por essas bandas e por outras, dos monarcas prepotentes oureizinhos intocáveis, continuo a ser de opinião que é urgente esse saneamentotanto mais que até está previsto num certo programa que será do vossoconhecimento. Quanto à vossa permanência nos regulados (se não fordesexcepções, repito) bem sabeis que podeis ser substituidos pelos vossos filhos ouparentes mais próximos.Folgo imenso ao verificar que V. Exas. empregam português mui vernáculo queaté chega a parecer que a carta não é da autoria de V. Exas. Só é pena que sejamtão conhecedores do português os Régulos de Zavala quanto o Povo que dizemservir o desconhece o que não deixa de entristecer este servidor da imprensa que éapelidado de «mau».Qual de V. Exas. é o régulo Nhagutou? Chamo a atenção deste Ilustre Senhor paraa carta que se segue e que é mais uma prova de como é urgente que alguns deentre as autoridades tradicionais entrem em reformaContrariamente á vernaculidade da carta dos Régulos, esta é muito simples, cheiade impropriedades compreensíveis porque foi escrita por quem í assina ...

ZAVALAAINDAf SOB A ESCRAVATURAPara quando o saneamento dos régulos fascistas aoserviço do fascismo?É claro que rão vamos até além deste assunto, hý muito vêm manifestando váriasmissivas ' falando deste Concelho de Zavala onde reina o absulotismo, ondeexiste grandes fantoches e imperialistas.Aqui hoje vamos falar do régulo Nhagutou, um régulo perigoso pela suamaneira de tratar os seu1 habitantes, é um, dos grandes fascistas que se encontrano Concelho de Zavala. O régulo Nhagutou é um ségulo perigoso. De sitransformourse um grande imperador sob a população que por ele é governada.Numa manhã de Janeiro de 1966, cuja a data já me esqueci, enviou de sua casa osseus indunas, que antes de sair receberam ordens para virem prender-me, nessaaltura eu contava os meus 18 anos de idade, antes de romper o sol, eis um grupoenviado pelo régulo Nhagutou rompe-me a porta da'minha palhotinha e dizemestás preso pela ordem do régulo eu disse, está bem, vamos lã. Chegando àresidência do régulo, os enviados foram contactar com o tal régulo, acusando-mede ser teimoso. Enquanto na altura em que fui preso nada falei de contrário,O régulo Nhagutou não tardou dar mais ordens aos seus indunas de nomes NoéMajuta e o Wiliamo Mutouo para amarrarem-me antes que venha averiguar aacusação acima transcrita.Pouco depois os indunas fizeram conforme o régulo os ordenara ataram-me osbraços atrás, as pernas, e levaram-me dentro duma casa onde estive com um ,utrohomem cujo o nome desconheço, briram em seguida pacotes de pó DDT eespalharam por toda a casa, vol,ando em seguida cadelar a casa por por um fortecadeado, desde das 11 loras 3té às 17.30 horas. Este pó serve para matar pulgas,no que traduzindo em língua Chope dã-se o nome de Banzala e serve também

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para matar insectos nas machambas, depois soltaram-me e mandaram-me emborasem que me julgasse a tal acusação. Será que este regedor fez a justiça? Não!Antes pregou a injustiça e a ditadura.PARA QUANDO O SANEAMENTO DOS RÉGUIJOS FASCISTAS AOSERVIÇODO FASCISMO?- Em Agosto de 1971, este régulo voltou a prender a minha velha mãe a quemcontava naquela altura 65 anos de Idade, acusando-a de que os filhos deviam oimposto Domiciliário. Foi obrigada trabalhar serviços pesados durante alguns diassem serem remunerados, esta serviu de um Caterpillar na machamba do tal réguioNhagutou, era obrigada tirar troncos numa machamba que acabava de o fazer,situada na área de Nhamuava do mesmo regulado.RÉGULO NHAGUTOU UM R2GULO PERIGOSONesse momento os filhos acusados de deverem o imposto já o tinham pago emFevereiro daquele mesmo ano. Esta velha viúva sofreu tantos tormento com ,esterégulo dia a dia era chamada à presença do ré ülo para *uns certos interrogatórios.Como é do conheeimento público, que o governo derrubado pelo M.F.A. em 25de Abril colaborava fortemente com- os régulos, tentamos escrever para aAdministração para que o Senhor Administrador tomasse as medidas necessárias,para que chamasse a atenção aos factos acima mencionados; mas tudo foi nulo.Nessa época nenhum habitante de qualquer regulado queixasse do seu régulo e oAdministrador tom'sse conta da ocorrência sempre essa pessoa não tinha razão,mas sim o régulo tinha sempre razão.PARA QUANDO O SANEAMENTO DOS RÉGULOS FASCISTAS AOSERVIÇODO FACISMO?Estes fantoches têm tanta sorte, tanta sorte que até dá vontade de repetir dizertanta sorte tím os régulos fascistas. Estes governaram no* tempo da ditaduraSalazarista depois para Marcelista que nem sequer desviou na linha traçada peloSalazar; seguindo-a por completo. Estes foram alimentados desde principio peloGoverno tirano, que a voz do povo não era permitido falar o não. 'Será que estescapitalistas voltem a adaptar-se no regime conquistado pelo M. F. 1A. em 25 deAbril? Achamos que não! antes procurarão continuar a enganar ó povo e oprimi-lo. Será difícil estes fantoches entrar na Democracia, pois a Democracia não lhesdará chance para oprimir o povo c explorá-lo. Agora é a vez do povo para falar.PARA QUANDO O SANEAMENTO DOSRÉGULOS FASCISTAS- AO SERVIÇODO FASCISMO?Viva o movimpto das Forças Armadas Viva o 25 de Abril que nos deu tempo paraabrir bocas.S. NhagutouACOIMADOS "DE TERRORISTASRECONHECIDOSCOMO PACIFISTASQuem sintonizou a rádio RSA no sábado 27 de Julho às 21.00 horas em linha como RCM, certamenteL ouviu a noticia de que o democrata doutor óscar Monteiro,

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médico em Milange, teve contacto com elementos de um grupos da Frelimo naárea de Milange.Depois deste, já vários houve.Tendo em conta as circunstâncias que permitiram e concorreram para que tal etais encontros: se realizassem, era o momento oportuno para levantar o labéu,que até estes dias tem sido lançado aos missionários e- coberto a Missão,acoimados aqueles de terroristas e apelidada esta de cóio de turras.E, é o momento oportuno porquê?Porque se houve estes contactos que se podem chamar amigáveis, - já deharmonia entre as forças militares e para-militares e calma por estas paragens.isso se deve em grande parte aos missionários, sem contudo diminuir a parte demérito que pertence ao senhor demo. crata doutor Óscar Monteiro.Assim tiveram inicio e foi planeado o primeiro contacto:-Depois da comunicação qude o comandante militar em Milange fez à população(homens) reunida no salão do clube de Milange a quando dos tristes e lamentáveisacontecimentos no. Liciro, o sr. demo. dr. O. M: abeirou-se do pároco de Milange,conversando sobre o caso, dizendo que estava disposto a encontrar-se com o chefedos grupos da Frelimo acampados na. área, «mas sozinho não vou, porque tenhodois filhos para criar e receio que aconteça alguma coisa; se o padre quiser ircomigo....»- Para bem do povo e harmonia de todos, estou disposto a tudo, respondeu opadre.Ideia de um lado, sugestão do outro, resolveu-se a escrever uma carta para a fazerchegar às mãos do chefe dp grupo. Mas de que maneira? - A prineira ten_tativafalhou-lhe!-Os padres da Missão, têm a facilidade do contacto directo com as populações aquando das suas visitas às catequeses e escolas espalhadas pelo mato.E assim, no sábado dia 20 de Julho, já h tardinha, estando o pároco de Milange aconversar com algumas-pe!ssoas na avenida principal em, frenta ao clube,apareceu o sr. demo. dr. O. M. acompa, nhado de sua filha e afilhadita. Encetandoconversa e dando sinal ao padre de ir buscar a carta, partiram seguindo o queestava determinado, em direcção ao Têngua.Breve troca de palavras e os missioná. rios foram postos ao corrente do facto e oque se pretendia, prometendo eles envidar todas as diligências e fazer todos ospossíveis com o que tivessem à mão para se vir a concretizar o facto.- O sr. demo. dr. O. M. e o pároco, deixam a Missão e retomam o caminho paraMilange «a toda a mecha», chegando já com os candeeiros acesos e estrelasbrilhantes num céu limpo de nuvens.Na verdade, assumido o compromisso, o padre foi - de moto - ándou, ,ndou,chegando até ao Liciro onde viu o camião minado e donde trouxera, paraconfirmação dos seus esforços, uma lembrança-dos danificados despojos e destroços dwa.: carga do 1 camião.As diligências deram efeito.Quarta-feira 24, manhã cedo ainda, o padre da Missão vem a Milange. Chegou aresposta para o sr. demo. dr. O. M., que parte imediatamente ao encontro do grupo

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com quem terá o primeiro contacto na área do Mõngué, fazendo já á poite umacomunicação no clube.E depois deste contacto outros e outrosa 1

se deram, sendo também já outras pessoas convidadas, vindo a circular uma listano sábado 27 para angarir ofertas (em dinheiro) para o referido grupo, e aindahouve quem oferecesse quinhentos escudos.Quando este apontamento começou a ser alinhavado, elementos do grupomunidos de suas armas, deram entrada solene na vila de Milange, vindo o chefe,camarada Bonifácio no jeep da Missão pilotado pelo padre, percorrendo as ruasaté à fronteira ovacionados por gente que pululava das artérias para a. avenida,vindo depois acampar na serra sobranceira a Milange na residência do sr. demo.O. M., onde passaram parte do dia e se fizeram novos contactos - havendo umacadeira para cada convidado - culminando o encontro, como não podia deixar deser, com uma almoçarada enquanto cá fora grande massa de povo em frenéticadança, dava largas ao -seu recalcado entusiasmo com o característico «ululu» dasmulheres semp'e ritmado e a cadência grave dos homens que iam repetindo«KWACHA» - (raiar da aurora, liberdade) -, cuja vozearia vinha descendo pelaquebrada da serra sumindo-se na veleidade da folhagem viçosa dos eucaliptos.À tarde, os Camaradas descem a serra e, atrás das viaturas, a mole afiónima dopovo, com o frenesim de sempre, engrossa cada vez mais, fazendo uma caudaespessa desde a Câmara até à rotunda, juntando-se mais gente desta vez do quequando vinha o governador à Vila e se punham camiões à disposição para otransporte.E as pessoas, serenas, apreciavam ouvin-dò e vendo.Ao ultimar estas linhas - já pela noite fora (23.30 h.) sem exagero - ouvem-seainda vozes de euforia «KWACHA KWA ...CHA».Isto açfnteceu em Milange.A.O POVO UNIDOJAMAIS SERÁ VENCIDOSou moçambicana convicta e com a geração de meus filhos é a 4.1 que por estaterra bendita passa.E por esta razão sinto que não devo deixar passar o tempo e factos sem emitir aminha opinião pessoal, fruto de tudo aquilo que tenho observado ao longo des. tesanos.Já não falo nó período anterior ao 25 de Abril, porque esse já lá vai e pertence aopassado, mas o pós 25 o. Abril, esse em que nós todos vivemos e que sentimostodo o peso do seu efeito. Nos discursos que o General Spinola, ~aso actualPresidente- tem proferido, tralsmite a todos sem excepção que a causa porque o*M. F. A. se bate é para a construção de um Portugal novo. Ora essa intenção éimportante, é a primordial.E todos nós temos o dever de colaborar vivamente nesse programa, empenhan. dotoda a nossa capacidade na construção'de um Portugal novo e num futuro

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Moçambique novo.Mas, para tal, teremos que esquecer ressentimentos, apertando a mão uns aosoutros e unindo-nos nessa mesma ideia sã, que será a riqueza do Moçambiquecomo Nação Independente.Pelo 25 de Abril, surgiu-nos um slogan que está perfeitamente integrado na nossaideia da construção de um Portugal novo: «0 POVO UNIDO JAMAIS SERÁVENCIDO».Mas como unir esse povo?Escrevendo os jornais e revistas artigos baseados em factos que devemosesquecer?Que importa já saber da orgânica da ex-PIDE/DGS?Com que intenção apareceram nos jornais esboços das torturas praticadas por essaorganização?Para que fim se escrevem artigos desconsiderando A B, ou C, que na altura .doGoverno depostõ desempenhava mal ou medíocre o cargo que lhe havia sidodesignado desempenhar?Todos nós sabemos que a engrenagem estava mal estruturada e como tal, caiupela 'base.Afinal, se formos com olhos atentos observar o que se passa noutros países maisricos e evoluidos, encontraremos também tantos ou mais defeitos que no nosso.Para quê então publicar mais artigos sobre factos que já nada de bom vêm trazer,senão acirrar mais o povo contra o povo?Porque, brancos, -negros ou asiáticos, são filhos desta mesma terra, com os mes.mos direitos e como tal,, todos nós temós o dever de contribuir para uma benéficaaproximação e não dividi-los como até-aqui tenho observado.A critica por vezes, em vez de ser construtiva é destrutiva e ninguém gosta maisde Moçambique que os Moçambicanos!No meu modesto entender de moçambicana, penso que é tempo de reconciliação,devemos pôr uma pedra no passado porque todos nós sabemos que ninguém vivedo passado.Vivemos o presente e viveremos o futuro e esse futuro deve ser preparado já, semdemoras, e tendo bem presente o 'slogan que nos afirma: O POVO UNIDOJAMAIS SERA VENCIDO.Maria José InocentesLICEU E ENSINO PRIMARIOPARA TODOSSenhor DirectorChegou a horada verdade; da verdade não fabricada como vinha acontecendo atéàquela manhã do próximo passado 25 de Abril. Não estamos finalmente no campode subjectividades; estamos, sim, virados para as mesmas realidades: paz eprogresso de Moçambique.A concretizar-se a hipótese de o sr. dr. Henrique Soares de Melo, vir a 'serGovernadorGeral deste portentoso Estado, pela primeira vez as massas não terãoque se deslocarem ao Aeroporto Gago Coutinho

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para receber o seu magistrado; será pela primeira vez que um homem deMoçambique vai servir Moçambique; pela primeira vez ... muito há que se podeescrever usando esta expressão, mas fazê.lo significaria faltar ao respeito paracom Tomás, Marcello & Camarilha, não obstante eles nunca terem tido qualquerdeferência para com o Povo.Bem haja o Movimento 'das Forças Armadas que, em boa hora, souberam livrar-nos do já longo suplício de que éramos vitimas. Bem haja o Exmo. SenhorGeneral António de Spinola que, sem dúvida, se lhe deve o momento eufórico queestamos vivendo, pois não é-de estranhar que tenha, sido o seu livro «Portugal e oFuturo» que galvanizou aqueles para levarem a cabo o que é do conhimiento-de todos nós. Livro que certamente gostaramos (e porque não?) de ter lido. Oanterior regime, servindo-se de uma das suas poderosas armas, a Censura, no-loproibiu.Todo o cuidado é pouco, porquanto não nos devemos esquecer da ainda existêqciade fascistas entre nós, bem o prova um incidente ocorrido numa das grandesfirmas desta Lourenço Marques em que, "como as aníeaças não bastassem opatrão puxou pela arma para alvejar um seu emprega4o. Só não se deu atragédia ou por ineficiéncia daquele. ou por sorte deste, por isso todos não somosdemais para combater adeptos do regime derrrubado. Acabou a exploração dehomem para homem; o trabalhador deixou de ser, sem merecer o mínimo dedireito humano, um veículo para, através do qual, se chegar ao mundo dosmilhões; o trabalhador merece tudo quanto lhe era negado anteriormente. Não éum favor, mas sim mérito. Em Inhambane, onde certamente o fascismo tinha assuas raízes bem fixas, espero que a .ý sução se tenha normalizada. Dificilmente'alise podia encontrar um ,trabalhador negro que auferisse um vencimento (se .é queassim se pode chamar) igual ou,6uperior a mil escudos ....O regime fascistadesinterossouse pela cultura das massas. t,. sem dúvida, a educação um dosproblemas de rápida senão de imediata resolução. Quer a nível das cidades, quer anível das zonas do mato, a educação deixa muito a desejar. É 'de lamentar que Umterritório to vasto como é Moçambique não haja nas suas cidades, com excepçãode quatro, liceusdo Estado. Cidades *como Inhambane, Maxixe, João Belo, -Tete(isto para não falar de todo Moçambique, pendo de parte, é claro, LourençoMarques, Beira, Nampula e, Quelimane) são para o turlstaver? Não justificam aatribuição de um, liceu? Gostaria que fosse o senhor Mar, cello a dàr resposta aestas perguntas. No caso de Inhambane ,o ensino liceal pro cessa-se num colégio,o que traz seu. inconvenientes, atendendo a que nen, todos Os pais negros podempagar propij nas ali em vigor por motivo que aponteÈ em determinado passo destacarta.No que diz respeito à instrução primáà ria o distrito de Inhambane conhec umasituação bastante caótica. Nas povoações como Mucueune,Salelai.,Siquiriva,Nhampossa, Nhaguina, Conguiana, Nhaj

mua e outras, qualque.delas.com cente. nas de almas, não têm uma única escolaprilmária do Estado. Para além de cidade de Inhambane o, monopólio do ensinoper. tence à Igreja, como se emplena Idade Média nos encontrássemos. Não querode modo nenhum menosprezar a obra, aliás válida, que ela tem levado a cabo e só

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Deus sabe cohk que sacrificios! Mas não é menos verdade que não conseguesatisfazer por inteiro ás necessidades -ntelectuais dos dias de hoje. Por um ladoluta com a falta de professores, por outro não dispõe de meios financeiros paraproceder ao bem-estar do aluno, escolas há em que não existem carteiras, se as háestão em avançado estado de ruína. Não lhe atribuo culpas, tem-nas o anteriorregime que fazia tudo por tudo para acelerar a analfabetização do povo negro, atéporque assim via facilitada a sta tarefa destruidora. Dizia que Moçambique estáem franco progresso, referindo-se, a meu ver, aos empreendimentos cõnõbarragens de Cabora Bassa e Masslir. Agora pergunto eu: isto só basta, quandonão há promoção intelectual das massas? O.. homem do mato também cumpre osseus deveres tal como o faz o da cidade, logo, merece todo o apoio por parte dasnossas autoridades.. Oxalá se reduzam, futuramente, as injustiças de que semprefoi alvo. Ê ridículo que a maioria africana continue ignorante, por culpa dehomens que não se cansavam de dizer pertencerem a um pais civilizado ecivilizador, contudo não fazendo algo justificativo.«0 Povo de Moçambique carece de verdades» disse-o e bem aquele que não hámuito dirigia os destinos desta Estado com «carinho » e «ponderação» Agoraé vez-de se dizer: o Povo de Moçambique carece de Liceus é Escolas Primáriasque sejam para todos.TOMÁS AFONSO GUIR=ENGANEOS RÉGULOSPIORES QUE COLONIALISTAS,E PIDESAcho que posso tratar V. Excia. de «camarada», porque conforme tenho visto,esse «órgão Informativo» parece que não, tem partido, por isso vêse sémpreescritas, a s criticas e são denunciados os males que estragam este Moçambique.Nós os pretos de Moçambique, afinal de todo o Moçambique, somos vassalos dosRégulos, O colonialismo fascista, no meio dos pretos ou negros, (para mimcidadão legitimos moçambicanos) está intacto, enquanto os régulos não foremfeitos o que se fez à PIDE/DGS e deve ser feito aos chefes de Posto, Adjuntos eAdministradores, porque:1.o - Peço desculpa aos outros que es. creveram falando dos régulos de Zavala o-"j de Inhambane, ou de um de Tete, pcrque -são todos ou quase todos os régulosque exploram o povo «NEGRO» (porque ao branco não têm eles os régulosqualquer jurisdição, legal ou ilegal). Exploram é aos pretos ou negros e asautoridades administrativas protegem-nos sempre.2,0 - Deste modo, acusar só um régulo ou dois, é faltar a verdade, pois que sevamos procurar ver quem é o régulo mais pobre do que um cidadão qualquer dassuas terras, não há. E ,ai daquele cidadão que, tendo estudado um pouco, temjuízo e faz melhor vida que a do régulo'.... 'Está lixado. Ninguém pode ter umacasa melhor que a dum régulo; ninguém pode ter filhos .com boa educação e boaaceitação social que os de um régulo, Quando é assim, o régulo ataca e espezinhae, quando os desgraçados se queixam ao Senhor Administrador, consulta osoutros régulos do Concelho ou da Circunscrição, para dizerm quem tem razão. Etodos. dizem: ESTE HOMEM TEM MANIA DE ESTUDIOSO E ESTÁ AENSINAR O POVO A FALTAR AO RESPEITO e, a autoridade

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administrativa, põe aquele homem na vergonha de perder razão, mesmo quetenha sido roubado descaradamente.Quero que fique bem esclarecido que não são só os régulos de Zovala que sãomais GANANCIOSOS e viveram e vivem luxuosamente à custa do povo. Sãotodos deste Moçambique.Vamos agora para provar estas afirmações,- indicar Os seguintes régulos, como.exemplo deste Concelho do Chibuto, que estão cheios de dinheiro á c;usta detodos os nativos (moçambicanos negros, ia dizer) das regedorias que governam:são régulos há uns 10 anos! E o Estado paga-lhes somente setecentos escudos pormês.1.0 - Régulo Canhavano, Carlos Chigonguanhane Macuacua;2.0 - Régulo Caidanjua, Fernanda Mugogo Ubisse;3.0 Régulo Muxuquete, André Give.O primeiro, a cuja regedoria pertenço, nem um cirurgião (dos bons) nem umengenheiro pode conseguir ter o que ele tem, Nem, mesmo um cantineiro que temsangue «azul», pode conseguir o nível de vida daquele régulo. (Agora, paradisfarçar, vende peixe que não pesca!!!).Chega-se em casa dele, tem mais whisky do que o Hotel Polana, que ofereceaos (grandes, ex-PIDES) e Administradores.Tem casa de luxo, com uma central de luz privativa, com homens fardados para asua defesa, com três carros - 2 mazdas e um Land-Rover -, 300 cabeças de gadobovino, umas tantas mulheres que não vivem com menos de 10000$00 mensais,etc., etc., mas, não custa ver onde arranja tanto ,dinheiro, pois que só na minhaárea, fomos extorquidos por aquele Senhor régulo, os seguintes bons: todos réguloCanhavano e depois de 25 de Abril de 1974.a), ao Vasco Nhavane Zumba, dae terras/Bauane, 3 000$00 de lobolo e um curralde gado bovino. A queixa está na Comarca de Gaza.- b) ao Francisco Uazukulane Mabecuane- 2 cabritos, é pouco, mas ajuda a encher o régulo.c) Júlio Manguizane Malamule - 6 bois.d) Sebastião Matope Mavanga - todo o dinheiro do lobolo da sua filha. e)Nlhakanlhaka Duvane - 2 bois.f) Vasco Macuacua, o mesmo régulo Canhavano - 1 boi.g) Jaime Cuna (é do chefe Canhanda do i.iesmo régulo, o régulo apanhou-lhe3500$00, da restituição do lobolo da sua filha).h) Salvador Machane (chefado Mudada) mesma reg ria Canhavano, 1 800$00.i) Chiungula Chiau, do mesmo chefado e regedoria, foi arrancado pelo régulo, quefica ao Uamuchia Nuvunga, o régulo arrancou-lhe oito cabeças de gado bovino;j) Todos os curandeiros da regedoria dele, pagam-lhe 200$00 anuais, para -oexercício do cargo. Os fabricantes de bebidas cafreais 150$00 por mês. Oscurandeiros e fabricantes de bebidas cafreais são em números de muitascentenas.Juntese isto, que é só na minha área onde vivo e conheço estes desmandos, quesão só alguns. Veja-se, pois, o resto da área da regedoria que é cerca de 173 doConcelho do Chibuto, com população daquela regedoria que é de mais de 50 milpessoas.

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Além daquilo, que é quando calha, há o seguinte:1.o - Todo o magalza, paga 200$00 no seu regresso da África do Sul, a esterégulo ganancioso;2.0 = Adquiriu uma balança d,ecimal, para no fim do ano, todo o natural eresidente na sua regedoria, logo aos primeiros cajus, tem que dar duas latas decastanha de 20 kgs cada uma àquele régulo, senão .. Só, no ano passado, vendeu 6camiões de 150 sacos cada um;3.0- Todo o nativo da sua regedoria que não quer pagar o Imposto Geral Mínimo,paga 250$00 particularmente ao régulo;4.o - O caniço e o carvão que o povo pobre arranja para conseguir viver éarrancado a troco de duas bofetadas.Q.em for encontrado com estupefaciente, ou Bangui ou Suruma, paga 5 bois paranão ser levado ao tribunal, etc., etc.. Este o régulo Canhavano que é rico,Quanto ao régulo Caidunjua, não sofre muito para enriquecer, pois que, bas'touarrancar as boas machambas em cada um dos seus 20 chefados, e fazer arroz,trigo, feijão, algodão e milho. O povo (cOmo ele tem tractores), cultiva, sacha efaz a colheita e entrega ao régulo. E ele não pode apresentar uma só pessoa queele pagou. Como pode ele e suas 7 mulheres fazer serviço que lhe rende quase900000$00 anuais, sem despesas? Para não falar de gado, etc..O régulo Muxuquete, também rico, come castanha e, assim como os outros,qualquer milando só pode ser falado por aquele régulo, quando as pessoas quetêm, milando, pagam 125$00 cada um. O tribunal só serve para quem matou,porque o resto é resolvido a dinheiro, pelos régulos.FILIPE CUNAP: S.- A minha identificação completa perguntem se f3r preciso, á Administraçãdo Cancelho do Chib',io ende tenhornIrl ui Uxar-me do9 r&gui.o C'rnhavano que me fez trabalhar, com o meutractor 19 000$00, e recusa pagar-me e a Administração adia, há 10 anos, aapreciação do milando.

Frangos de quatro quilos do AviárioBrigantinaModernas incubadoras a funcionarnos aviários de GondolaLUTA.CONTRA AFOMEORGANIZAÇÃO AVICOLA PRODUZ MAIS DE OITO' MIL CONTOSMENSAISEM L@' MARQUECentenas de milhar do frangos sãio produzidos mensalmente em Moçambique,em número sempre crescente, facto que permite encarar o fornecimento deproteínas animal a população com certo optimismo. Este acontecimento no campoalimentar só foi possível verificar-se apos a dedicação dos avicultores a produçãoa nível industrial. Levadas :à prática as mais recentes técnicas introduzidas no

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campo avcola, Moçambique está a caminhar rapidamente para a autosuficiência,aspec-SE" VILA ý PEIYtode elevada importância no sector' económico-alimentar. Efectivamente, devidoaos modernos sistemas de produção, conseguiu-se transformar a carne de frangona mais barata proteína animal. Na luta contra a fome os aviários respondemfavoravelmente, oferecendo um contributo altamente valioso e deixando-nos aagradável certeza de que no seu sector se trabalha de forma a corresponder àsexigências de uma população sempre crescente. ..

A tendência normal dos produtores avícolas tem sido exercerem a sua actividadejunto dos grandes centros urbanos, considerando que se torna mais fácil acorrer àsnecessidades dos grandes aglomerados populacionais. Este acontecimento ocorretambém em Lourenço Marques apesar dos inconvenientes que se verificaram.Na realidade, concluiu-se que o clima da capital moçambicana é de longe o idealpara se atingir a necessária rentabilidade de produção, não se podendo, noentanto, esquecer a facilidade de abastecimento que a produção local permite.Porém, este facto não impediu que Vila Pery se transformasse, num ano, numimportante centro de produção que não só abastece a região, os centros da Beira eNampula, como apoia de forma relevante Lourenço Marques.Este acontecimento avícola emVila Pery deve-se à Arbor Acres (Moç.) Lda. que começou a sua actividade emMocambique com a .criação da Mahotas Avícola instalada na periferia deLourenço Marques.INICIOA Mahotas Avicola iniciou a sua actividade em 1966 aDenas com incubadoras ecom a finalidade única na produção e venda de pintos de um dia. Po-rém,devido às características fluídas do nosso mercado, a sua actividade teve dealargar-se para a produção de frangos para abate. Numa segunda fase, nerantedeterminadas dificuldades com especial relevância para as doenças quevitimavam as aves, teve de recorrer-se a protecção especial de forma a garantir oabate de aves nas melhores condições. Assim nasceu a necessidade de ummatadouro industrial na Matola, tendo esta empresa entrado, no mercado defrangos preparados.Presentemente, a Mahotas Avicola tem ao seu serviço quatro máquinasincubadoras a ma-Vacinação de pintos de um dia

-NÃO Á IMPORTAÇÃOCOM PRODUÇÃOA NIVEL INDUSTRIALnusear mais de 100 mil ovos por semana e cerca de 80 mil pintosno mesmo espaço de tempo.Por outro lado, o matadourode aves instalado na Matola está preparado para abater 2 mil avespor hora.

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Procurou-se, desta forma,atender às' enormes necessidades de Lourenço Marques oferecendo elevadaquantidade de ovos e frangos já preparados dentro das mais exigentes normas dehigiene.VILA PERYAlém do problema climatérico, o factor da alimentação das aves determinou ainstalação de enormes aviários na zona deVila Pery.O ano de 1973 foi o ano dearranque no Planalto do Chimoio. A alimentacão mais barata e o excelente climacolocaram os aviários desta zona numa situação de produção altamente elevada.Quatro aviários e um Matadouro industrial foram, o resultado do programa levadoacabo.Para .e fazer uma ideia dacapacidade de produceio. atente-se oue no nassado mê- de Julho estes aviá riosoriginaram mais de 1 milhão e cem mil ovos, acima de 130 mil pintos e omatadouro abateu mais de 173 milfrangos.A eloquência destes númerosafirma as potencialidades extraordinárias que se encontramno Chimoio no sector ,avícola.O aviário Brigantina foi concebido apenas para a produção de ovos paraincubação, tendo produzido no mês de Julho mais de 737 mil. Na área desteaviário foram aproveitadòs terrenos para a produção de sementes híbridas paraalimentação, apoiode extraordinário valor para o desenvolvimento avícola.O aviário Rico, em Gondola, foi idealizado para produção de :carne e incubaçãode ovos. 'Mais de 130 mil pintos foram ali-produzidos em Julho, estando-se aproceder à montagem de nova incubadora com a capacidade de mais de 100 milovos.O sector das poedeiras deste complexo avicola situa-se no aviário Popular,também em Gondola, onde se produz apenas ovos de consumo 'comercial, tendoem. Julho atingido uma produção superior a 371 mil.Finalmente, foi instalado ainda em Gondola um matadouro para preparação defrangos, tendo abatido mais de 73 mil no mesmo mês de Julho. A grande partedesta produção destina-se ao abastecimento dos centros urbanos da Beira eNampula, tendo-se considerado também, logicamente, os outros centros do Norte.Atente-se, no entanto, que só a cidade da Beira consome cerca de 90 por cento daprodução de carne. Dos ovos destinados à incubação, 25 por cento são destinadosaos aviários locais enquanto que os restantes 75 por cento são absorvidos peloaviário das Mahotas.RAZOES DE PREÇOSQuando em 1966 se iniciou a actividade avícola nas Mahotas, 80 por cento dospintos de um dia eram importados da Rodésia, pelo que inicialmente a actividadese resumia à comercializacão daquelas aves importadas. As enormes dificuldades

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que vieram a deparar-se posteriormente obrigaram à remodelação do sistema,levando a considerar a producão local.Entretanto, verificam-se au-

No matadouro de GondoIa os frangos são preparados para abastecer osmercados do nortementos consideráveis nos preços da alimentação, principalmente no milho efarinha de peixe, além dos transportes. A falta de proteínas elevaram a farinha de"peixe, no mercado internacional, em mais de 100 por cento, elemento este queMoçambique não produz e que tem vindo a importar de Angola.Devido a estes factores alimentares, o preço da carne de frango sofreu umacentuado aumento, o que não lhe permite entrar em concorrência nos mercadosvizinhos.Ainda no campo da alimentação das aves verificou-se durante o último ano umaumento no preço dos bagaços, o que veio agravar a situação, se atendermos quepara um quilo de carne o frango necessita de 2,5 quilos de alimentação, dondeorigina que 60 por cento do custo de um frango reside na sua alimentação.Apesar de tais aumentos verifica-se que a carne de frango se apresenta hoje maisacessível do que o peixe ou a carne de outros animais, enquanto que em 1966 severificava exactamente o contrário. Devido a esta situação, que se verificatambém nos territórios vizinhos, cerca de 25 por. cento da produção de carne defrango na África do Sul e na Rodésia é absorvida pelas populações menosfavorecidas economicamente, tendo-se adoptado o sistema de venda de frangoscortados.A EVOLUÇÃO NÃO PARAApesar das diversas contrariedades com que os avicultores deparam, a produçãocaminha entusiasticamente em sentido ascendente.O entusiasmo não foi quebrado pela praga da doença «newcastle» que nos últimostrês anos vitimou em Lourenço Marques mais de um milhão de pintos. Inovaçõesforam introduzidas, concluindo-se que, com um programa de vacinação bemfeito, qualquer aviário pode aguent4r um ataque daquela doença.A vacinação, só por si, tornava-se insuficiente se não fosse completada por outrossistemas preventivos. Os galinheiros de hoje estão absolutamente defendidos porlargas zonas de protecção. Nenhuma pessoa se pode aproximar das aves sem quepreviamente se tenha sujeitado a um banho em balneários especialmente -construídos no local. As viaturas que transitem na zona de influência dos aviáriossão devidamente desinfectadas. Só com esta protecção sanitária sé pode r"duzir aomínimo qualquer presença de vírus da «newcastle».Não foi também o referido aumento da alimentação das aves nem a importaçãoobrigatória de farinha de peixe que esmoreceu o entusiasmo no campo avícola.Neste sector, a evolução em Moçambique não pára. Só a organização da ArborAcres atingevendas mensais que atingem os 8 mil contos enquanto que as suas importaçõesnão atingem os mil contos.

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E porque os mercados se tornam mais exigentes, está prevista. a montagem nazona de Nampula de uma instalação incubadora, centro urbano no qual adificuldade de fornecimento se tem atribuído -à deficiência nos transportes.MIL E CEM EMPREGOSOs aviários da Arbor Acres, nas Mahotas e Vila Pery, empregam hoje mais de mile cem pessoas, número este que se espera venha a crescer devido à criação denovos empreendimentos.Devido à nova posição criada após o movimento de 25 de Abril, verificou-se emMaio um aumento salarial na ordem dos 100 por cento, o que originou,naturalmente, melhores condicões de vida aos trabalhadores. Por outro lado, está-se a providenciar o aloiamento dos trabalhadores e famílias nas zonas dosaviários.Atendendo ao elevado número de trabalhadores, esta organização está apreocupar-se com aspectos sociais, iniciando já a instrução primária gratuita paratrabalhadores e familiares e competiçõeQ desportivas entre os elementos dosdiversos aviários. O estímulo na produção levou a organização a criar tambémaliciantes para os seus colaboradores.DESEMPREGODevido à onda de desemprego oue se tem vindo a verificar nos diversos centrosde Moçambiaue, a Arbor Acres sentiu-se na obrigação de elaborar um plano deprotecção às mulheres que trabalham no matadouro de Gondola. Muitos homensdesta região reclamaram contra o facto de as mulheres terem acesso avencimentos que eles não podiam auferir devido ao desemprego.Para acalmar os ânimos, foram 'criados -serviços de preparação de terrenos cujotrabalho foi entregue a homens desempregados, anesar de não ser fundamental talserviço para a organização. Desta forma conseguiu-se uma estabilização útil atodos.o

mximorendimenton o s ' ,, e r o . . ..", a um anoos juros abonados pelc Caixa Económica doMontepio estõoisentos de imposto1,

1 2 3 4 5 6 7 8 0 10 11 12 132 _3 I __10liHORIZONTAIS: 1 - Pequena quantidade de umliquido; carne musculosa sem osso nem gordura. 2 Nome antigo dado peloirmão mais novo aos mais velho; voz de poderes misteriosos, consagrada nobramanismo; nota de música. 3 - Nome de letra; desterro, exílio; fauno. 4 - Parabarlavento (náut,); irrascivel; finalidade.

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5 - Porção, pedaço (gir.); unidade monetária do Japão.6 - Ave pernalta; diminuitivo de ara. 7 - Correia que serve para fazer mover ocarro do prelo; amigo (ant.),.8_- Chácara, roça (bras.); conforme-se com. 9 - Designação da OrganizaçãoEuropeia de Cooperação Económica; a flauta rústica (poét.). 10 - Categoria dejudoca; ribeira de Pórtugal (Viseu); o Meio-dia.ý 11 - Prefixo de recipiente; oriacom artesões; estrépido de desmoronamento.12 - Arraial; letra grega; nome1'de letra 13 <- Nomecéltico >da Bretanha, e que significa beira-mar; agomia.VERTICAIS: 1 - Parte do Inidosião, situada ao S.dos montes Vindias; estátua de deusa. 2 - Artigo antigo; petróleo de iliminação; omais. 3 - Cede; mamífero carniceiro da África, também chamado cão-orelhudo;antes dio Meio-dia. 4 - Palavra árabe que significa servo e entra na composição demuitos nomes próprios; louco; ocasião, jeito. 5 - rerreiro; alçar. 6 - Fruta verde;Ocidente. 7 - Seiva da palmeira; rede média d.3 arrastar para terra, 8 - Termomédio; arrebatada, excitada ã -, Sofrer, padecer; ocorrência. 10 - Espádua; cadaum dos 1 deulses do paganismo; pergaminho dg pele de vitela (ant.). 11 - Moedada China; família de carnívoros, digitigrados, qu e têm por tipo o gato;preposição. 12 - Letra grega; dignidade -militar turca; cidade da Caldeia, pátria deAbraão (Bíbl.). 13 - Uma das cinco cidades incendiadascom Sodoma e Gomorra (Bibl.); pequena ala ou ara.SOLUÇÃO DO PIýOBLEMA ANTERIORHORIZONTAIS:, 1 = Oceânia. 2 - Palor, ontem. 3Alam, teto. 4 - Caiba, venal. 5 - Autuara. 6 - Suado.7 - Atávica. 8 - Agnis, alb um. 9 - Kiev, irmã. 10Algés, osias. 11 - Alambel.VERTICAIS: 1 - Opaco, Dakar, 2 - Ala, Gil. 3Olaia, anega. 4 - Combustível. 5 - Er, atuas, sã. 6UAV (vau). 7 - Nó, vadia, ob. 8 - Enteróclise. 9Atena, abril. 10 - Eta, uma. 12 - Imola, omaso.COMPANHIA INDUSTRIAL DA MATOLA, S. A. R. L.Chiii!!... o Matobola da semana N.° 16 foi dificil a valer. De centenas deconcorrentes foram apenas três, repito três, os únicos que conseguiram obter zerogolos. São os seguinte os seus nomes: Eduardo Helder, Paula Cristina Ferreira eOrlando Bragança, todos desta cidade.Foi vencedor o menino Eduardo Helder, morador na Avenida Anchieta, N.° 962,2.0 andar, em Lourenço Marques.E a surpresa do YAZALDI? Ninguém a esperava!Vamos todos jogar no Matobola N.' 17. É para ganhar!..

"TEMPO"ISITA BASE DA FREUIIMO NA [RENTE DE TETEDos nossos enviados JOSÉ CATORZE (texto) o KOK NAM (fotos)PÁGINA 57ELA primeira vez, no

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passado dia 6 do corI rente, uma equipa de reportagem, Imp ensamoçambicana visitou, uma base da FRELIMO, emí plena frente de combate.Tratou-se da base central do 7.' Destacamento, a cerca de 30 quilómetros, matoadentro, da pooaçäoó de Mazóe, na província de Tete. É uma zona onde, desde hácerca de duas semanas, os tiros já nüo se ouvem. A iniciativa da paz 1 pertenceu,ai, a, um regente agrícola encarregado do acampamento d G.abinete, do Plano doZambeze em .emangau, área de Mazóe. 0 referido técnico, de nom e Lopes Dias,chego.u ao Teangriu há apenas três semanas, em sUbstituição de, um colega quefoi para Portugal. No própria dia da chegada, escreveu uma carta aos chees daguerrilha na zona, a quagl lhes fez' chear às .inos aravés de elementos dapopulação, simpatizantes da FRELIMQ. Dois "dias depois, era convocada paraum encontro co Damião dos Santos, comandante da base que visitariamos maistütde, e outros responsáveis da FRELIMO na regio. Nesse encontra se definiramas primeiras bases de uma colaboraçao entre a FRELIMO, as popýlações e oG.P.Z. naquela área. Alguns dias mais tqr de, o mesmo regente agrícolacombinaria um encontra :entre os graduados da unidade do Exército aliestacionada e os chefes' do guerrilha. Para o efeito, deslocar-se-ia ao local ocomandante daquele sector operacional :da FRELIMO, Júlio Banda, O encontroen¶.e os militares e os guerrilheiros teve lugar em Temangau, nele ficandoassente que ali nao se trocariam mais tiros; as minas "seriam ret,í radas dasestradas; e todos dormiriam finalmente em paz. Assim se--fez. Maz6e foi umaregião duramente castigada pela querra. A poucos quilómetros de Changara, apooação recebeu o nome dç, rio que lhe passa ao lado. Aí se encontram trAsaldeamentos, com cerca de mil pessoas cada, construídos !pelo G.PZ. no &mbitodai estr(téaia d]lttco-ptlítar d controlo das nonulações rirods adotada nelocolonialismo portucuA- nas zonas onde a querrilha comecapa a imnlantar-se. EmTemaqau fica o. ac[cpamento do

o alto;: deois de retiradas as minas, a equipa do«Tepo» segue a- caminho das zonas libertadas.-Em cima: saías Estage escreve ao comandante da base n.' 7, pedindo autorizaçãopara a visita dosrepórteres da nossa revista.-,4 dir.ita; a caminho da base n." 7 da Frelimo.VISITA A ARG .P.Z,, chefiaido por um re,gente agrícola e dois capataze eurpeus. Mesmo aolado, aboleta-se um pelotão d 49Ex rcito, encarregado da segurança doacampamento. H1avia também~um certo número de milcias, ou guardas rurais,mas foram-se embora à aproximação da FELIMO.Hoje, Mazóe éuma zn libertada, A FRELIMO é a únicai autoridçde reconhecidapela população, que só a, ela obedece. Os militares ,portugueses ali estacionados,ap6s o encontro com :s. responsáveis. da FRELI-.MO, deixa'ram-de pegar emc.mas e limictano-se a aguardar o seu, regresso à ,Eu-ropa, com impaciência mas já sem ansiedade. Vimo-los passear peloacampamento do G.P.Z., tranquilamente, de mãos nos bolsos, pararem .de quandoem vez para pedirem lume ou trocarem duas palavras com guerrilheiros da

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FRELIMO com quem se cruzavam. Há ainda uma certa desconfiança de parte aparte, mas já não há receio; e a confiança vai-se construindo de momento amomento, no dia-a-dia pacifico.Entretanto, noutros pontos da província de Tete, tivemos noticias de que a guerracontinuava acesa. Sem cessar-fogo oficialmente assinado, a paz dependiaainda de iniciativas individuais, a nível puramente local. No pr6prio dia em quevisitámos a base central do 7. Destacamento, soubemos de combates em Chipera(zona de Cabora Bassa) e Casula (para o lado de Vila Coutinho). Em Maz6e enoutros pontos, porém, as energias, vigilantes embora, viravam-se já para oesforço da produção, da melhoria de vida das ýopulações. A um passo da vitória,começavai a construir-se o Moçambique de amanhã.«A luta 'continua» - dir-nos-ia na base da FRELI-MO, à mesa do almoço, o comandante Damião dos Santos. E prosseguiria:«Terminada a guerra e conquistada a independência, não se poderá dizer que arevolução acabou. Pelo contrário, a fase talvez mais difícil começa agora, com agrande tarefa de constiução nacional. Há um grande trabalho de politização, dementalização das populações a fazer, e os camaradas, que são da Informação, têmum papel muito importante a desempenhar. É preciso mentalizar as pessoas parao facto de que independência não significa menos trabalho e mais dinheiro. Aocontrário, pode

sações com responsáveis do movimento sobre a viabili: dade de obter garantias desegurança para um trabalho a fazer na margem do Zambeze - conforme relatou,em entrevista, no último número da «TemIpo». Foi ele que nos sugeriu a visita aoMaz6e, a fim de contactarmos com a guerrilha na zona..No acampamento de Temangau esperavam-nos o regente agrícola Lopes Dias eo capataz Pereira da Silva. Ambos haviam anteriormente desempenhado funçõesidênticas noutros acampamentos do G.P.Z., o primeiro em Sena, ondepermaneceu cerca de um ano, e o se-gundo em Mucangádzi, dtrrante quase três anos; ambos estavam no Mazóe háapenas três semanas. Já . conquistaram, no entanto, a confiança -dos guerrilheirosda FRELIMO na zona, que os ,consideram companheiros de luta e com elescolaboram na tarefa imediata de proporcionar uma melhoria de vida àspopulaç3es aldeadas.o PRIMEIROCONTACTOApós* o almoço, seguimos, em dois jipes, para o aldeamento de, Nachinanga, avinte e poucos quilómetros de distância, e que seria onosso trampolim paraa, base da. FRELIMO.H 14u ou três semanas, a pcd queutilizámos estavaai minada; mesmo a , cada passo depciroc indícios da guerrarece buracos de minas lag das, árvores der uibadas catana caindo 'sobre a osýtrada e forçando-nos a ds vios pelo mato. Todas as minas haviam sido, noentanto, levantadas há poucos dias pelos guerrilheiros, na presença " doencarregado Loes Dias. a .m fiad, tranquilizar -completamente' quanto àsegurança da picada.

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Assim percorremos o trajecto em cerca de meia hora. Na Nachinanga, esperbva-nos um grupo de seis guerrilheiros munidos de armas automáticas e semi-automátjcas. No rosto de cada, um sorriso franco e uma mão hospitaleiraestendida para nós. Sentámo-nos todos à sombra, no chamado centro social doaldeamento (construçáo rudimentar, de caniço), a conversar, enquantoaguardávamos o regresso de um mensageiro que havia sido enviado à base, horasantes, para anunciar a nossa visita. Atraídos pela curiosidade, numerososelementos da população, principalmente crianças - pois os homens estavam nasmachambas a trabalhar -, aproximaram-se para nos ver e falar connosco.A Nachinanga é (ou era) um típico aldeamento- colonial. Ali vivem cerca de milpessoas, homens e mulheres que foram arrancados às suas habitaçoes, ao seumodo de vida tradicional para serem metidos em campos de concentração cujaprincipal finalidade era evitar os seus contactos e o seu apoio à guerrilha.Impedindo-os de abandonar o aldeamento, e revistando-os à entrada e à saida, huma força de milícias, enquadrada por um ou dois militares, a qual maltratavasistematicamente a população, à mínima suspecit de contacto com a FRELIMO. aexplorava e abusava das suas mulheres. Hoje, tudo mudou. O arame farpadodesapareceu da orla do aldeamento, os milícias foram-se embora e no seu lugarestão os guerrilheiros da FRELIMO. As relações entre estes e a população sãototalmente diferentes: dispondo de uma ~grande autoridade moral sobre ela, quelhes vem do facto de serem os combatentes da liberdad.. os resistentes à opressão,os guerrilheiros empenham-se sobretudo em poli-

Boas vindas aos visitantes, na base n -7 da F'elmo; vendo-se o comandanteDamião dos- Santos e Isaías Estage..PAZ CONSTROISE AOS POUCOS NA PMVINCiAlr DE TETUlzar e consciencializar as populações, ajudam-nas nos seus trabalhos; relacionam-se com elas, em todos os aspectos, numa base de amizade e fraternidade. Para oguerrilheiro que chega do mato, cansado da longa marcha, sedento e tantas vezesesfomeado, há semwre, da parte da população, #m sorriso aberto, uma lata deágua, uma parcela da Sua parca dieta. Porque a população vê no guerrilheiro o seuirmão, o seu pai, " seu filho em armas para " libertar da opressão e da miséria aque o colonialismo a submeteu. E isto é cibsolutamente verdadeiro e nada tem deexagerado ou propagandstico: observámo-lo em cada momento quepermanecemos com os guerrilheiros, de cada vez que encontrávamos populares ecom eles falávamos.No aldeamento, a vida continua a ser difícil A água vem de longe, o solo não érico; d clima é duro mas, a isso, já estão habituados. Não existem,, a bem dizer,infra-estruturas sanitárias, o que torna o aglomerado um potencial foco dedoenças. No regime antigo, a higiene também não imperava: são ainda visíveis,nos arruamentos da aldeia, os vestígios do desleixo característico da «ordem»colonial. Porém, isso está agora a mudar. Uma das primeiras preocupações dosguerrilheiros, quando chegaram à região, foi mentalizarem as populações quantoà necessidade de praticarem as normas de higiene e limpeza possíveis, a fim de

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assim suprirem parcialmente a falta de infra-estruturas sanitárias adequadas. E,^hoje, é uma tarefa diária no al-deamento, feita com todo o zelo, a limpeza das habitações e dos arruamentos.Também os vestígios físicos da guerra recente estão em vias de ser eliminados:para o arame farpado arrancado das vedações, a imaginação dos popularesencontrou, em muitos casos, aplicações inesperadas mas úteis nos seus trabalhosquotidianos. Sobre as cinzas de um passado para esquecer, nasce o pais novo deamanhã. Sem ódio. Com alegria e com entusiasmo.SEGURANÇA RIGOROSASó no dia seguinte, 6 do corrente, conseguiríamos ir à base. Na PRELIMO, asituação de paz que, nalguns locais, se gerou espontanemente após o 25 de Abril-e, particularmente após odiscurso de Spinola em 27 de Julho - não conduziu a um abrandamento dasnormas de segurança. Pelo contrário, dissLram-nos repetidas vezes, o momentoé de redobrada vigilância na medida em que é propicio a oportunismos de toda aespécie. Por isso, a par da mão fraternalmente estendida, encontrámos sempre orespeito intransigente pelas normas de segurança desde há muito estabelecidasgarantia da forte disciplina interna do movimento, a todos os níveis.A nossa visita a base foi portanto, até pelo seu carácter de ineditismo, "rodeadapor um rígido dispositivo de segurança que visava proteger não só aquilo que aFRILIMO considera ainda segredos militares como também - e tavezprincipalmente- as nossas próprias

Em baixo: isita às á s e a s libertadas naChanga-ra.Ao lado-. entrada. principal da base.vidas. «Os camaradas, ao virem aqui visitar-nos, correram alguns riscos. Não donosso lado, é claro, mas porque estamos perto da fronteira com a Rodésia e nuncasabemos quando os avíões dos «boeros, virão bombardear-nos. Ora, como sãonossos hóspedes, temos de tomar todas as precauções para que nada lhes suceda epossam regressar a Tete, em segurança» dir-nos-ia mais tarde, à chegada, ocomandante Damião dos Santos.«A LUTAAINDA NAO ACABOU»Foi já perto do fim da tarde do dia 5 que nos chegou, ao aldeamento deNachinanga, a resposta ao contacto que havíamos estabelecido previamente: davegetação pouco espessa,surgiu um segundo grupo de guerrilheiros, em número de cinco ou seis,comandados por Isaias, Estage, secretário de Damião dos Santos. Acabado depercorrer a pé, a corta-mato, os trinta quilómetros que separam a base doaldeamento, Isaías Estage apresentar - nos - ia desculpas do comandante por nãopoder vir pessoalmente, devido a tarefas urgentes que o retinham na base. Deu-os,as boas vindas da sueiarte e, logo ali, se combinou a nossa visita à base no diaseguinte, dependente ainda de confirmação definitiva do comando. Para o eleito,um mensageiro partiu de novo, imediatamente, de regresso à base, ficando detrazer a resposta na manha seguinte.

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Regressámos- então a Temanau, nos jipes, levando connosco Isaias Estage emais alguns guerrilheiros. A noite, jantando na casa do capataz Silva, teríamosocasião de trocar impremsões sobre a actual situação em Moçambique. «A lutaainda não acabou» - frisaria também Estage, sublinhando: «Mesmo que a guerraacabe de facto em breve, temos um grande trabalho de politização a fazer juntodas populações, no sentido de divulgar a linha política e ideológica da FRELIMOe explicar ao povo o que significa a independência com a FRELIMO. Explicarque essa independência não significa boa vida para toda a gente, mas trabalho,muito trabalho e disciplina.ý. Diria mais adiante:«Nós, que fazemos a guerrilha, estamos habituados à vida dura, à disciplina e aossacrifícios. O nosso povo, que tanto sofreu sob a4,opressão colonial, deve compreender que nós não fazemos a guerra para todosterem logo boa vida, pois isso não é possvel. Fazemos a guerra para libertar opovo. da opressão. A independência é o primeiro passo, um passo muitoimportante, mas depois há um grande trabalho a fazer. É preciso que todos,pretos e, brancos, trabalhem juntos nessas tarefas, para construírem o pais novoque todos queremos.»..VOCRS SAO TRAIDORES»,Na manhã seguinte, Estage faria ainda uma pequena banja com os trabalhadoresdo acampamento, na sequência de outras já leitas anteriormente, durante a qualexplicaria mais uma vez aquilo que a FRELIMO espera das populações nestemomento. Mais uma vez se nos evidenciaria a grande autoridade moral que osguerrilheiros têm junto do povo, as relações fraternas que entre eles existem, oprofundo respeito mútuo. Porque o povo, a base humana da FRELIMO exerce,ao mesmo tempo, uma atenta vigilância sobre os guerrilheiros, reprovando-lhes osactos com que não concorda, e sobre a política do movimento em geral, numexcelente espírito de democracia que faz com que as decisões tomadas no topo sóo sejam depois de amplas consultas às bases, e que só com o apoio destas sejamexequíveis. Isalas Estaje citou-nos um exemplo concreto disso:«Quando, depois dos primeiros contactos com o Exército, voltámps à base, * onosso povo acusou-nos: «Vocês são traidores, porque foram falar com a tropa».Então nós explicámos que o momento era outro, que a luta aqui já não se fazia.aos tiros mas de outra maneira, e eles compreenderam e concordaram. Agora,estamos a dar conhecimento aos órgãos superiores, em Dar-es-Salaam, dosresultados dos contactos aqui feitos e da opiri&o do povp, e o Comité Central, apartt, das informações que lle chegam de todas as prov{naias de Moçambique,tomarã as- suas decisões, que, ao serem comunicadas ás diversas frentes e áreaslibertadas. serão discutidas e rm~nt.das nor todos os militantes e pelo povo emgeral, sendo o resultado dossas discussões comunicado outra vez ao ComitéCentral. É assim que 'nós trabalhamoi.'

À esquerda: almoço na base com o comandanteDamião, dos Sa#tos.À direita: na base v.' 7 da Frelimno - da esquerda para a direita: professor IsaiasDamião, José Catorze.

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(do «Teiýpo») e eng. Portela.Sucede assim, acrescentamos nós, que o funcionanento democrático daorganização é garantido a todos os níveis e que os órgãos superiores daFRELIMO, em vez de se distanciarem do povo e lhe serem alheios, como sucedeafinal nas chamadas democracias» pariaimentares, estão em permanente ligaçãocom esse povo e vão buscar a ele' toda a sua autoridade. Estas as raízes doverdadeiro poder popular, da verdadeira democracia, quotidianamente praticadana FRELIMO e em todas as áreas libertadas de Moçambique.BOAS VINDAS COM CÂNTICOSREVOLUCIONÁRIOSCânticos revolucionários entoados, com .notável perfeição, por homens,mulheres e crianças foi a forma escolhida pelo comandame Damiáo dos Santospara nos receber na base que chefia. Chegámos cerca das 11 horas do dia 6,escoltados por Isaas Estage e outros guerrilheiros, após termos feito a maior partedo percurso de helicóptero e o troço final a corta-mato - cerca de meia hora demarcha a pé. '0 primeiro contacto que tivemos com a base foi através de' milíciaspopulares que guardavam o caminho. Já prevenidos .da nosza chegada, sóapareceram à vista, no entanto, quando o guerrilheiro que encab"çava a marchaproduziuum sinal sonoro previamente combinado: Surgiram-nós então quatro elementos dapopulação armados, que nos deram, sorridentes, as boas vindas. Um guerrilheiro,dos que nos acompanhavam, partiu a correr para a base, já muito próxima, aavisar que estávamos a chegar. Recebido qualquer sinal de que não nosapercebemos, pusemo-nos de novo em marcha.A base central do Destacamento n.' 7 da FRELIMO, na frente de Tete, fica nomeio de um espesso arvoredo que a protege dos reconhecimentos aéreos e, atécerto ponto, do calor. Consta de uma dúzia de arruamentos extremamente bemtratados, que dâo acesso às diversas construções improvisadas çom os materiaisque a floresta oferece, inseridas quase naturalmente no arvoredo circundante.Logo à chegada nos impressionaram favoravelmente as extremas limpeza earrumaçâo patentes em todas as coisas.A entrada da base, esperava-nos o comandante Damiâo dos Santos, acompanhadodos camaradas mais graduados - o que incluia uma robusta moça ,que era acomandante do destacamento feminino local. Dadas as boas-vindas com a maiorcordialidade, conduziram-nos oor um dos arruamentos até uma pequena clareiraonde nos acuardavam. formados, o grosso dos guerrilheiros da base. Àmedida que nos aproximávamos, ia-nos chegando, mais forte, o som ao mesmotempo melodioso e enérgico de um cântico revolucionário, interpretado por todosos guerrilheiros da base. A medida que nos aproximávamos, ia-nos chegando,mais forte, o som ao mesmo tempo melodioso e enérgico de um cânticorevolucionário, interpretado por todos os guerrilheiros, guerrilheiras e crianças dabase.Quando desembocámos na clareira, que tinha um pequeno mastro de bandeira aocentro, o cântico estava quase a terminar. lez-se. a seguir a ele, um silênciocarregado de curiosidade mútua. Após uma breve cerimónia de apresentar armas,o comandante Damião fez um curto mas animado discurso, na língua, local, que

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foi sendo traduzido por Isaías Estage para português. Tratou-se de um discurso aomesmo tempo de boas vindas 'e de explicação, aos guerrilheiros, das razões danossa visita. Disse, nomeadamente, que devia ser um motivo de orgulho paratodos o facto de podermos estar ali de visita à base, pois Isso representava maisum grande sucesso para o povo moçambicano, na medida em que era um indiciode que a vitória final estava próxima.Depois, um elemento do grupo visitante proferiu algumas palavras deagradecimento pela forma comovente como estávamos a serrecebidos e disse da vontade da grande maioria do povo moçambicano, sem dis-:tinções, em colaborar com a FRELIMO na construçâo de um Moçambiquenovo. A singela cerimónia termi-! nou com vibrantes vivas à FRELIMO e aopovo de Moçambique unido, a par de «abaixos» e «foras» ao co-ý lonialismo.Enquanto nos afastávamos, rumo a uma pequena construção que nos serviu derefeitório, fomos acompanhados pelo som de um novo cântico revolucionário,entoado com grande vibração, a diversas vozes, por iodos os militantes.«O VOSSO PAPEL É TALVEZ MAIS IMPORTANTE QUE O NOSSO»«Recebemos-vos como irmâos e camaradas que nos vêm visitar. Esperamos quevão contar bem aquilo que viram, para que os nossos irmáos que vivem nas áreasainda ocupadas fiquem a conhecer melhor a FRELIMO, quem somos e o quepretendemos. Atribuímos uma grande importância à Informação, neste momentoem que a luta está talvez prestes a passar da fase político-militar para a faseexclusivamente política. Neste momento, o vosso papel é talvez mais importanteque o nosso" - dir-nos-ia, durante o almoço, Dcamião dos Santos, em resposta aalguns elementos do nosso

44grupo que lhe haviam manifestado a sua satisfaçãopela forma extremamentehospitaleird, como estávamos as ser recebidos.Antes de começarmos a comer, o camarada Isolas Estage passaria por todos umabacia com água quente para lavarmos as mãos pequeno luxo inesperado numafrente de combate onde a luta se faz..em condiç5es extremamente difíceis.Presentes à mesa, além de Damiáo e Isalas, os elementos mais graduados da base.O almoço constou de farinha de mandioca, feijão cozido e um pouco de carneguisada, acompanhada por bolachas, chá forte da Zâmbia e leite - dieta, ao quesupomos, um pouco melhorada relativamente ao habitual, em proveito dosvisitantes.Durante o almoço, fomos informados dos diversos sectores que, além do militar,abrange o trabalho na base. Assim, em relação ao trabalho de educação,informou-nos o professor-chefe da base, de nome David, que a escola éobrigatória para todos, crianças e adultos. Referiu as grandes dificuldades queexperimenta, devido à falta de material escolar e taibém ao inevitável carácter deýirregularidade de que o ensino se reveste em condições de guerrilha. Parte dessasdificuldades advêm do facto de se tratar de uma base recente, com apenas doismeses de existência, e localizada muito longe das normais fontes deabastecimento de material. «Muitas vezes, temos de transportar armas em vez de

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livros, por serem prioritárias,» - disse-nos. Garantiu-nos que, apesar de tudo isso,a continuidade do ensino é sedipre assegurada, mesmo em caso de ataque à base.As matérias ensinadas são a matemática, a' leitura, a política, as ciências naturais,a história e a geografia. Frisou:«Ensinamos 'a melhor conhecer o nosso pais, como ele está dividido e a revoluçãoque está em marcha para o libertàr. São as crianças de hoje que vão construir onosso Moçambique. São os continuadores, é preciso que estudem. Mas também épreciso que os adultos se instruam, e por isso também eles vão à escola. A nossapolítica revolucionária é ensinada às crianças loqo desde pequenas, para aueformm ideias correctas sobre todas as coisas. É preciso que elas sai-bom logo porque tivemos de pegar em armas, quais são os objectivos da nossaluta, o que é a exploração do homem pelo homem, quem são os nossos amigos equem são os nossos inimigos. A politização das populações é também uma tarefaeducativa, que não está apenas a cargo dos professores, mas de todos osmilitantes.»Interrogado sobre a origem das numerosas crianças que víramos na base, oprofessor David informaria que são filhos de guerrilheiros, filhos das populaçõeslibertadas e também órfãos de guerra recolhidos pela FRELIMO., Esclareceuainda que o português, língua nacional de Moçambique independente, é/.aquelaque se aprende e em que é ministrado todo o ensino. Outro dos sectores a queé dedicada a maior atenção é o sanitário, pois a saúde é muito importante para omoral dos combatsntes e para a eficácia da luta.Assim, são amplamente divulgadas e rigorosamente cumpridas as normas delimpeza do povo. Na total impossibilidade de possuir meios terapêutico3sofisticados, é dada a maior importância à profilaxia, sendo a higiene pessoal ecolectiva -um principio intransigentemente seguido, dentro dos limites dopossível, condicionado às vezes pela escassez de água e de ou,'ros :elementos ,imprescindiveis.Apesar de se tratar, comodissemos, de uma base recente, possui já machambas próprias, que visam a torná-la auto-suficiente. Esse objectivo, no entanto, conforme nos revelou ocomandante Damião, ainda não foi atingido, trabalhando-se ajincadamente nessesentido. O que as machambas próprias não produzem, é suprido pelaspopulações libertadas, que reservam uma parte da sua produção para apoio àguerrilha. É importante frisar, mais uma vez, que todos os auxílios prestados aosguerrilheiros pelas populações são feitos não só de boa vontade como até comentusiasmo, pois a população tem orgulho nos seus filhos em armas e estádisposta a todos os sacrifícios. per lhes tornar a vida um pouco menos dura. Essessacrifícios, em tantos casos que conhecemos pessoalmente, incluíram a própriavida, oferecida, com um heroismo impossível de descrever em palavras, à grandecausa-colectiva do povo moçambicano em luta pela sua libertaç'ão.O ÓCIO É UM INIMIGOPouco antes de regressarmos a Mazóe, e enquanto os nossos companheiros doG.P.Z. acertavam com os responsáveis da base os pormenores da colaboração aser desenvolvida no campo agrícola, demos um passeio pela base, visitando todos

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os seus recantos. Embora nos tivesse sido dada liberdade de movimentos,solicitámos a companhia de um elemento que nos desse informações sobre o queíamos vendo. Fomos assim acompanhados pelo chefe de operações da base - aoque supomos o segundo ou terceiro homem na respectiva hierarquia de comando.Tornou - se - nos particularmente patente, nesse passeio, o tipo de relações, muitoespecial, que se pratica na FRELIMO entre comandantes e comandados. A par deuma incontestável disciplina, verifica-se, enre uns e outros, um clima de amizadee calor humano que não estamos habituados a encontrar, nas mesmascircunstâncias, na sociedade em que vivemos. A inveja, a má vontade, pareceterem sido em grande parte banidas da FRELIMO; os chefes têm uma autoridadeincontestada, que lhes vem de terem sido eleitos de facto em função das suasqualidades reais, reconhecidas por todos. Por isso não há brusquidão nas ordens- pois só é brusca a autoridade que se sente insegura de si própria. E por isso secria entre todos um ambiente fraternal que faz que a inevitável hierarquização nãose estratifique em privilégios permanentes de nenhuma ordem. E por isso, ainda,os comandantes continuam a ser homens do povo, melhor instruídos embora, semnunca dele se distanciarem; sem nunca deixarem de compreender os seus anseiose necessidades. Outra coisa que salta à vista quando se percorre a base é apermanente ocupação de todos os guerrilheiros. O ócio é considerado umimportante inimigo, que tem de ser combatido a todo o momento, pois contribuipara baixar o nível do moral e da disciplina dos comb'rtantes. Por isso osguerrilheiros estão semrr-' rcm1-'"o- tr-b,-lhando nisto ou naquilo, cnsaiandonovos cânticos, combatendo, estudando ou politizando as populações. Para sefazer uma ideia da austeridade da vida na b<'se, transcrevemos o respectivohorário,afixado numa das entradas: 4 horas, 1. apito - acordar; 6 horas, 2. apito - patrulha;7 horas, 3' apito trabalho manual; 14 horas,, 4.' apito - continuação do trabalhoanterior; 19.30 horas, 5, apito - silêncio completo.o MOÇAMBIQUE DE AMANHAA nossa partida seria saudada com novos cânticos pelos guerrilheiros emformatura geral. Uma vez mais impressionar-nos-iam. d perfeição e o sentimentocom que os mesmos eram interpretados. Mas, mais do que isso, impressionou-nos, em toda a visita, a: extrema cordialidade' com que éramos recebidos pelosguerrilheiros com quem conversávamos aqui e ali - homens que teriam,certamente, boas razões para se habituarem a ver no homem branco a imagem doopressor e.que, no entanto, não nos conhecendo sequer, davam espontaneamentemostras do espírito hospitaleiro que é, afinal, apanágio de. todos os povos aindanão corrompidos por certos vícios sociais ou que deles conseguiram já libertar-sepela prática revolucionária.Passaríamos essa noite no acampamento de Temangau. Na manhã seguinte, deregresso a Tete, sobrevoando de helicóptero a cidade de asfalto e betão, todostínhamos ainda, estou certo, bem fresca na memória a imagem da pequeníssimacidade construída com os materiais tirados à floresta; e alguns pensariam, comtoda a certeza, que apesar da aparente vantagem material da primeira, era noentanto na outra, na pequeníssima cidade de troncos e folhagem, que se estava a

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construir, firmemente, irreversivelmente, o qrande Moçambique de amdnhã.Porque era nessa-que a força, a inteliqência, a capacidade criadora dos homens, de todo o povo, seconcentravam e se disciDlinavam para as qràndes tarefas futuras que esperam opovo moçambicano. O trabalho humano é a fonte de todas as riquzãs; onde ele émelhor aplicado, ai serão maiores as riquezas. E srnro também melhores, r,-ui rvrterão em benefý in de todos e não apenas de uns pouco-.

oíinisNO N*TE:Ã PDSTUREBIOSAM TIT NAO PODERIAM TER- SE. EVITAD?Em Morna, António Enes, ilha de Moçambique, Pebane, Chire, Morrumbala -aqui e ali, por toda a faixa costeira los chamados distritos de ' ampula, Ilha eZambézia, êm ocorrido, nas duas últinas semanas, distúrbios de liversa ordem,que já moti-. varam o abandono de algumas dessas povoações pela maioria dosseus habitantes europeus, uma manifestação em Nampula, junto das For-çasArmadas, e um climageral de insegurança na população branca desses três distritos. Cantinassaqueadas, celeiros assaltados, depreda. ção de bens diversos - foi, até agora, obalanço material dos incidentes. Mais grave do que isso, porém, foram asliversas mortes já' provoca. las pela vaga de distúrbios. Vlortes, assinale-se, queaté ao momento em que escrevenos estas linhas vitimaram apenas elementos dapopulação rural africana dos referidos distritos - onZe camponeses massacradospor um comerciante desvairado, em Morru la, um trabalhador . abatidpelasautoridades policiais, em António Enes. Quer dizer: contra o que as noticiasdispersas, à primeira vista, parece evidenciarem, continuam a ser, nesta crise atécerto ponto previsível e evitável (como adiante defenderemos), as populaçõesmais humildes e desprotegidas quem paga o maior preço o, seu sangue, a suavida. Nada de novo, neste aspecto, em relação ao que, desde os primeiros. temposda colonização, se vem passando em Moçambique. A novidade, relativa, virade, desta vez, alg'un, colonos estarem também, a pagar o preço dessa crise - mas,até agora, apenas nas suas fazendas, não na sua integridade física. Ondequeremos chegar é que, vendo objectivamente as coi. sas, teriam bem melhoresrazões para entrar em pãnico, com a presente situação, as referidas populaçõesafricanas, que já lhe sentiram as consequências na carne e no sangue, do que Oscolonos das mesmas regiões, que apenas. as sentiram na fazen-da e, é certo, na tranquilidade do espírito. Sem querer-. mos, de forma alguma,minimizar o dramatismo da situa, ção em que se viram alguns desses colonos,receando por si e pelas suas famílias, não podemos deixar de perguntar: como sesentiriam se, de uma só vez, tivessem sido massacrados, por exemplo, onzecomerciantes europeus do mato? Em resumo, o que queremos dizer é que,compreensível embora, o pânico desses colonos é um pouco desproporcionado emrelação à real gravidade dos acontecimentos de que foram vitimas: uma cantinapode sempre reconstruir-se de novo; um homem, nunca ressuscita.Apanhada, a bem dizer, pelos acontecimentos a meio de uma visita de trabalhoa alguns distritos do norte, uma equipa de reportagem da «Tempo» não póde,Pelas limitações que resultam do facto de trabalhar para um semanário, manter os

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leitores informados, dia a dia, sobre a evolução dos acontecimentos acimareferidos. Procurou, portanto, fazer o que estava dentro das suas possibilidades:coligir dados sobre a situação e tentar oferecer dela 'ama visão de conjunto, comuma necessária abordagem às causas e motivações da presente crise, Este textoconstitui uma prineira tentativa, ainda superficial, nesse sentido. Em númnerosseguintes, tentaremos aprofundar a questão.Quando, acima, afirmámos que a actual crise era até certo ponto previsível e atéevitável, pensávamos sobretudo em dois factos: no conhecimento que se teve dapresença,-nas áreas afectadas, de elementos agitadores, poacos dias antes dosacontecimentos se verificarem; e na própria agudeza das condições de exploraçãodo homem pelo homem nas áreas em questão, que as tornava campo propício àactividade dos mesmos agitadores, Efectivamente, segundo -informações que nostêm chegado todos os dias-,--por detrás de cada incidente encontra-se quasesempre a acção da umou mais .gitadores, individuos que, pelÓ' menos no caso da Zambézia, se sabeterem vindo do Malawi e de Tete. Os quais, em cada caso, se vem a apurar teremandado a falar com as populações dias antes dos distúrbios, inci. tando-as acometê-los. Em António Enes, por sua vez, tem-se noticia de um determinado jipeque lá andou na antevéspera do inicio dos incidentes. Sabendo-se, como se sabe,que se. trata de áreas onde as populações eram submetidas pelo colonialismo acondições de exploração par. ticularmente duras, sendo forçadas, nalguns casos,à agricultura monocultural, ou quase, pelas ,grandes compa. nhias latifundiárias,não era difícil ,prever uma evolução da situação como aquela que veio a verificar-se.Um terceiro e um quarto factores devem, aqui, entrar na análise do problema. Emprimeiro lugar, toda a gente sabe que se vive actualmente em Moçambique - ou sevivia então - uma situação de quebra de autoridade. A aparente estabilidadeassegurada pela máquina opressiva-repressiva do colonial-fascismo ainda nãoencontrou contra. partida, após a queda deste, na i stalação de um forte Governopopular, só possível após a independência. O Governo instalado em LourençoMarques após o 25 de Abril não logrou - nem teria talvez força para tanto - de.sempenhar o papel estabilizador que lhe caberia como Governo de transição numterritório prestes a conquis. tar a independência política. As flutuações eambiguidades de Lisboa vieram assim reflectir-se, de forma particularmenteaguda, nos territórios ultramarinos em vias de descolonização - veja-se o exem.plo trágico de Luanda. São as Forças Armadas a entidade capaz de desempenharesse papel estabilizador, no presente contexto, não obstante a tibieza do processode saneamento em curso no seu seio. De maneira que "não .5erá exagero dizer-seque Moçambique, com uma administraçãçy colonial desautori.zada e ainda sem nada que a, substituisse com eficácia, sei tornou transitoriamenteuma terra sem Governo, presa fácil, momentaneamente, de todos osoportunismos - que não deixaram, é claro, de jogar a sua cartada. 'Em segundo lugar, um sim. pies olhar ao mapa de Moçambique nos mostra que osincidentes em questão se ve. rificaram, na quase totalidade, n'«ma faixa costeiraonde a penetração física da FRL LIMO ainda, não é efectiva. Assim, nos locaisonde o exército popular controla $ a situação, tais Incidentes, quando se

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verificaram, foram imediatamente controlados e saneados, com entrega àsautoridades portuguesas, nalguns casos, dos respectivos respqnsãveis. Só ondeesse contlolo não se verifica ,ainda a agitação subversiva encontrou campo fértil ásua instalação e logrou atingir, momentaneamente, as suas finalidades.Ao mesmo tempo que fazemos um apelo à calma, que dirigimossimultaneamente aos colonos e às populações rurais, jsílgamos interpretr osanseiós de uns e de outras e emprestarmos-lhes a nossa voz pedindo àsautoridades portuguesas que: primeiro, assegurem por todos os meios ao seualcance a tranquilidade e a integridade das pessoas e dos bens, até queMoçambique possua um Governo próprio e legitimo, Segundo, que façam todasas diligências para que esse Governo, única garantia de uma estabilidadeverdadeira e duradoira, possa instalar-se o mais depressa possível. Só assim, aliás,essas autoridades desempenharão cabalmente a missão descolonizadora quelhes é atribuida pelo Governo de Lisboa. Uma questão fica, entretanto, no ar.Quem tem interes-, se nestes distúrbios, nesta instabilidade? Quem os temprovocado? A ela procuraremos responder em próximos trabalhos.JOSÉ CATORZE¿

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