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N.° 523 - 19 DE OUTUBRO DE 1980 - 1,00 T N.° 523 - 19 DE OUTUBRO DE 1980 - 1,00 T MAPUTO - REPCBLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUE Teatro: crescimento inadiável MUan b 41ENTb ne ciae, s.a.k.e. Associada da Companhia Industrial das Mahotas, .,da. - Fábrica de redes de pesca. ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS MK CENTRO: O maior centro comercial do País com várias secções de venda: Salào de Chã «Lua de Agosto», Sapataria, Mobiliário e Brindes, Electrodomésticos e Ferragens, Perfumaria, Tabacaria, Livraria, Discoteca, Bar, Pastelaria, Supermercado com Talho e Peixaria, Retrosaria, Tecidos e Confecções para homens, senhoras e crianças. 1.' Andar e R/chão SUPERMERCADOS: MK da Avenida Eduardo Mondiane MK da Avenida Josina Machel TECIDOS E CONFECÇÕES: MK da Avenida Filipe Samuel Magaia VISITE-NOS SEDE: AVENIDA 24 DE JULHO N.o 1550, 3.o ANDAR CAIXA POSTAL, 807 - TELEFS. 20118, 21031/2/3 TELEX: 6-406 HMKAY - END. TELE: MANKAY MAPUTO Tempo Arq. list, de M< DIRECTOR cota Mia Couto. CHEFE DA REDACÇÃO Albino Magaia. REDACÇAO Sol de Carvalho, Calane da Silva, Alvas Gomes, Areosa Pena, Orlando Mendes, Arllndo Lopes, Luís David, Ofélia Tembe, Bartolomeu Tomé, António Marmelo, Fátima Albuquerque, Filipe Mata. FOTOGRAFIA Kok Nam, Danilo Guimarães, Naíta Ussene, Alberto Muianga, Domingos Elias. MAOUETIZAÇÃO Eugénio Aldasse. SECRETARIA DA REDACÇÃO

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N.° 523 - 19 DE OUTUBRO DE 1980 - 1,00 T

N.° 523 - 19 DE OUTUBRO DE 1980 - 1,00 TMAPUTO - REPCBLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUETeatro:crescimentoinadiável

MUan b41ENTbne ciae,s.a.k.e.Associada da Companhia Industrial das Mahotas, .,da. - Fábrica de redes depesca.ESTABELECIMENTOS COMERCIAISMK CENTRO:O maior centro comercial do País com várias secções de venda:Salào de Chã «Lua de Agosto», Sapataria, Mobiliário e Brindes,Electrodomésticos e Ferragens, Perfumaria, Tabacaria, Livraria, Discoteca, Bar,Pastelaria, Supermercado com Talho e Peixaria, Retrosaria, Tecidos e Confecçõespara homens, senhoras e crianças.1.' Andar e R/chão SUPERMERCADOS:MK da Avenida Eduardo MondianeMK da Avenida Josina MachelTECIDOS E CONFECÇÕES: MK da Avenida Filipe Samuel MagaiaVISITE-NOSSEDE: AVENIDA 24 DE JULHO N.o 1550, 3.o ANDAR CAIXA POSTAL, 807- TELEFS. 20118, 21031/2/3 TELEX: 6-406 HMKAY - END. TELE: MANKAYMAPUTO

Tempo Arq. list, de M<DIRECTOR cotaMia Couto.CHEFE DA REDACÇÃOAlbino Magaia.REDACÇAOSol de Carvalho, Calane da Silva, Alvas Gomes, Areosa Pena, Orlando Mendes,Arllndo Lopes, Luís David, Ofélia Tembe, Bartolomeu Tomé, AntónioMarmelo, Fátima Albuquerque, Filipe Mata. FOTOGRAFIAKok Nam, Danilo Guimarães, Naíta Ussene, AlbertoMuianga, Domingos Elias. MAOUETIZAÇÃOEugénio Aldasse.SECRETARIA DA REDACÇÃO

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Velemina Malendzele, Aiate Adamo, José Maposse.COLABORADORESJoão Craveirinha (Desenho) Frederico Lopes (Desenho), Miguel Magalhães<Desenho), Jorge Mano (Desenho), Domingos Lydia (Desenho), ArmindoAfonso (Fotografia), Yussuf Adam (Internacional),Felisberto Tinge (Internacional).REVISAOGuilherme Morbey, Getúllo Tombe.ARQUIVOManuela Braga, Narcésia Massango, Belmira Langa.CORRESPONDENTES INTERNACIONAIS:Augusta Conchiglia (Angola), Jane Bergeroi (Namí.bia e Africa do Sul), Harry Boyte (Estados Unidos),Tony Avirgan (Tanzania), Beatriz Bíssio (Brasil).COLABORAÇAO EDITORIAL Torcer Mundo, Guardian (N.Y.).AGENCIAS:Agência de Informação de Moçambique (AIM), Prensa Latina, ANOP, Novosti.ADMINISTRADORMário Sevene.CHEFE DAS OFICINAS 1Jorge Manhique.Endereço Postal: Av. Ahmed Sekou Touré, 1078C. P. 2917 - Telefones: 26191/2/3Telex n.o 6.486 TEMPO MOREPÚBLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUEPreço: MoçambIque 15,00MT - Angola 40 Kwanzas Portugal 50$00ASSINATURAS:Província do Maputo, Gaza e Inhambane: 1 Ano (52 nú meros) 940,00MT; 6meses (26 números) 470,0OMT: 3 meses (13 números) 235,OOMT. Outrasprovíncias, por via aérea: 1 Ano (52 números) 1 170,00MT; 6 meses (26números) 585,OOMT; 3 meses (13 números) 295,OMT.O pedido de assinatura deve ser acompanhado da impor. ,táncia respectiva.198019 DE OUTUBROA NOSSA CAPA:Cena da peça teatral «Javali Javalismo», do grupo cénico das FPLM Foto RicardoRangel.Tempo nacional5.° aniversário do SNASP: impermeabilidade contra o inimigo ........ 5«Quando somos fracos o inimigo violenta-nos» - Presidente Samora Machel aostrabalhadores da Segurança . 7Planeamento físico para o desenvolvimento do. pais ................ 10O que é afinal o crime? ............ 11Onde não actuamos o inimigo actua 15 O administrador é dirigente do povo 17Bolívia dinamite (conclusão) ...... 22 A China moderniza-se ............ 25Brasil: Graves efeitos da guerra IrãoIraque ... ... .... ... ......... 28

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Reportagem fotográfica sobre o Libano ... ... ... ... .... ... ... ... 30culturalTeatro: Palestra de Sérgio Vieira ... 36Recreação: o que poderia ser e o quenão é ... ... ... ... ... ... ... ... 44Ao encontro da cultura popular ... Forja ... ... .. .... .. .Basquetebol: Mais clubes na bola ao cesto ... ... ... .... ... ... ... ..

Tempo ,. nacionalA SEMANAo DISTRITO: UNIDADE DE BASE DA NAÇÃO?N SEMINÁRIO DAS ESCOLASPRIMÂRIASE SECUNDÂRIASO distrito é a base onde se encontram condensados todos os problemas da nação.É ali onde: se localiza a cooperativa, a aldeia comunal, a machamba estatal. É alignde se encontra a população vitima -da seca, a população aféctada pela nudez, apopulação analfabeta.Sendo assim, o -dirigente de um distrito tem de ser uma pessoa altamenteresponsável. Tem de ser uma pessoa capaz de criar relações sãs com aspopulações. Tem de conhecer de perto os problemas do seu distrito. EI é ocoordenador de toda a vi, política, economica e social do território entregue àssuas responsabilidades. Canaliza para a província os problemas, as dificuldades eas necessidades do seu distrito mas, também, dinamiza a solução dessas carênciasestimulando a iniciativa criad,3ra dos camponeses e dos operários.O administrador é uma autoridade política e administrativa. Ele, segundo palavrasdo Presidente Samora Machel, èí-ve saber «usar o martelon. Mas não pode abusardes a autoridade. A'autoridade que tem é -para, implantar correctamente asestruturas do Partitk e do Estado. , para- contribuir na solução dos problemas dodistrito coordenando o trabalho dos directores que operam a esse nível.Estas são as orientações, traçad,-is pela direcção máxima -do Partido e Estado.Devi4o às dificuldades de comunicações, muitos distritos vivem isolados. Orelaxamento, a criação de conflitos com a população, o abuso ¿'3 poder e outrosdesvios são uma realidade em alguns administradores. Mas o distrito é umaunidaè,e política e administrativa fundamental. 2 a base da nação. ] a síntese dosgran&,cs problemas nacionais. É o espelho do que somos e do que queremos ser.No distrito principia a construção da [nova sceaeFazer o levantamento da actual situação político-social e pedagógica das escolasprimárias e secundárias e proceder a urma profunda análise dos principaisproblemas que surgem a esses níveis de ensino, foram os aspectos dominaites dostrabalhos de um Seminário Nacional que durante seis dias decorreu em Maputocom a presença de dírectores de escolas primárias e secundárias a nível de todasas provínciasO referido encontro foi orientado pelo Ministro da Educação e Cultura, GraçaMachel. Diversos temas contidos no extensa documento que faz ,o levantamentoda situação escolar no País foram debatidos em 'sessões plenárias orientadas por

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responsáveis do Partido e Estado, como é o caso dos temas referentes aorelacionamento das estruturas de direcção nas escolas com o Partido e a OJM, e aacção do inimigo nas unidades de ensino.PORTO DE INHAMBANE REENTROU EM FUNCIONAMENTOU m navio transportando produtos alimentares e carga diversa atracou nopassado dia 14 do corrente mês no Porto de Inhambane, marcando o reinício daactividade marítima daquele porto que esteve paralisado desde os anos cinquenta.Este acontecimento enquadra-se numa vasta acção que está a ser empreendidapela Direcção Nacional dos Transportes Marítimos e Fluviais, visando arevitalização dos portos costeiros de todo o País, cuja actividadese encontraparalisada há muitos anos.Informação MOÇAMBIQUE NA CONFERÊNCIA DA UNESCOA questão da nova ordem interracional da Informação que pós em confronto duasconcepções sobre a matéria,foi, segundo declarou o Ministro da Informação José 'Luis Cabaço, o grandeponto da 21.' Conferência Geral deTEMPO - 19-10-80

UNESCO. recentemente realizada em Belgrado, capital da Jugoslávia,O Ministro José Luís Cabaço fez estas declarações no passado dia 12, momentosapós desembarcar no aeroporto de Mavalane. De referir que na sua intervençãodurante a Con. fe ncia dada aos órgãos de Informação, José LuísCabaço sublinhou que o subdesenvolvimento é o problema fundamental da nossaera, fazendo notar que apesar de inú meros simpósios, conferências e outrasformas de diálogo internacional, a carência de progresso na mudança da presentesituação de desigualdade é ainda notória.ESCRITORES MOÇAMBICANOS EM PAÍSES ESTRANGEIROSO escritor moçambicano, Luís Bernardo Honwana partiuuniversidades e associações culturais norte-americanas.tura moderna de Africa com os editores da RFA, editores africanos e peritos deoutras nações. As discussões foram gravadas mais tarde serão publicadas emforma de livro.Para além dos títulos exibidos na exposição nacional, também houve livrosmoçambicanos de 3eis editores numa exibição chamada «Impresso e Publicadoem África», provavelmente a maior colecção de livros e jornais produzida nocontinente jamais compilada.Houve outra notável exibição chamada «A Africana» com mais de 3500 livrosacerca de África, submetidos por 540 editores de 26 países. Um terço de mais de90 países emexibição na Feira do Livro em Frankfurt foi este ano constituído por paísesafricanos. Muitos tomaraín parte pela primeira vez. Entre os particli pantescontou.se com a presença de Angola que enviou dois dos seus mais conhecidosescritores, Luandino Vieira e Arlindo Barbeitos.A Feira do Livro em Frankfurt, a maior do mundo, atrai todos os anos cerca de 50000 pessoas ligadas a editores de todo o mundo.

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Após o regresso ao país dos representantes moçambicanos na feira a nossa revistaespera poder dar mais infor mações sobre aquele importante encontro.O escritor Luis Bernardo Honwana e o poeta Rui Nogar, respectivamente emcima e à direitarecentemente para os Estados Unidos da América onde irá participar em diversosseminários e reuniões sobre literatura. Esta deslocação resulta de convites féitospor váriasESCOLA SECUND.RIA PARA PROFESSORES DAS ZONAS LIBERTADASPor outro lado, o poeta Rui Nogar partiu na passada quarta-feira para Belgrado,capital da República Federativa da Jugoslávia em representação da RPM na 17.'Reunião Internacional de Outubro de Escritores.MOÇAMBIQUE NA FEIRA DO LIVRO EM FRANKFURTMoçambique esteve representada na exposição de lite. ratura na mais alargadareunião internacional do Livro Popular que é a Feira do Livro de Frankfurt, de 8 a13 de Outubro.Cerca de 120 livros de renome e 10 jornais foram reuni-. dos pelo InstitutoNacional do Livro e do Disco, numa exposição chamada «Livros deMoçambique».TEMPO - 19-10-80A representação moçambica. na .esteve a cargo do escritor Orlando Mendes, e dodirector editorial do Instituto, Machado da Graça, que chefiou a delegação de trêspessoas que também inclui o poeta José Craveirinha que faz parte do júri quepresidiu ao encontro de quase 30 escritores de 12 países que debateram a funçãocomunicativa, histórica, política e pedagógica da litera-Os que ensinavam nas zonas libertadas vão aumentar os seus conhecimentosnuma escola secundária do Niassa.(foto do arquivo)No próximo ano vai entrar em funcionamento no Niassa uma escola secundáriapara antigos professores da FRELIMO que durante a Luta Armada de LibertaçãoNacional leccionavam nas zonas libertadas.A referida escola, única do género no País, irá funcionarno actual Centro-Piloto da FRELIMO, em Macaloge, no distrito de Sanga, enela ingressarão professores com a 4. classe, provenientes de todas as regiões doPaís, com prioridade para as províncias do Niassa,. Cabo Delgado e Tete, as quaispossuem um número maior daqueles docentes.

de procurar uma plataforma comum para transformar o actual sistema derecrutamento, condições de vida e compensação do14trabalhadores, que até aosnossos dias é completamente dominado pela Africa do Sul, que, segundo diriaTeodato Hunguana, é quem «dita as regras do jogo».GABINETE DE COORDENAÇÃO DAS DELEGAÇOES CONJUNTASnoticia * Notícias da Beira * TempoDado o não cumprimento, por parte de numerosos assinantes dos jornais Noticiase N. Beira e da revista Tempo, dos prazos estipulados para a liquidação das suasassinaturas, avisamos todas as entidades privadas, organismos estatais e

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assinantes em geral, de que a partir desta data vamos proceder ao cancelamento detodas as assinaturas que não se encontrem regularizadas.Como é do conhecimento dos nossos excelentíssimos assinantes, o contrato defornecimento e distribuição dos jornais Not'rcias, N. Beira e da revista Tempo,deverá ser de prévio pagamento para, o(os) período (s) acordado (s)- entre os órgãos da Informação e os assinantes, quera nível dos nossos escritórios de Maputo e Beira, quer a nível das outrasprovíncias do país.Os três órgãos da Informação escrita agradecem antecipadamente o melhoracolhimento e colaboração e a todos os seus excelentíssimos assinantes envia asmais cordiais saudações.O Gabinete de Coordenaçãodas dPle:racões Conjuntasdo NOTICIAS TEMPO - N. BEIRADivulgar e apoiar tecnicamente a actividade pesqueira é oobjectivo do projecto FTESUTRABALHO MIGRATÓRIO NA ÁFRICA AUSTRALA recente reunião na Suazi. lndia sobre o Trabalho Migratório na África Austral,em que estiveram presentes todos os Ministros do Trabalfio dos países da região,designadamente, de Moçambique, Zâmbia, Ma1awi, Tanzania, Botswa. na,Lesotho e Zimbabwe, foi tema de uma conferência de imprensa dada peloMinistro ,da Justiça, Teodato Hunguana.Trata-se de encontros periódicos que os nove países desta região de Africa vêmpromovendo para encontrar uma formulação e abordagem comum daproblemática do Trabalho Migratório, pois são estes os países fornecedores demão-de-obra à Africa do Sul. T r a t a-se, fundamentalmente,Um projecto que prevê a criação de Unidades de Divulgação e Apoio Técnico àPesca, .também denominadas FTESU, concebido peã Direcção Nacional deDesenvolvimento Pesqueiro, vai proximamente ser posto em execução em todo oPaís, na sequência dos esforços tendentes à or-O Ministro Teodato Hunguana falando à Informação sobre a recente reunião dospaíses da Africa Austral em que se abordou a problem& tica do trabalhomigratórioganização e melhoria da prática desta actividade.As referidas Unidades .de Divulgação e Apoio serão instaladas nas principaisregiões piscatórias de todas as províncias, em função da densidade populacional,produção e consumo regionais previstos.TEMPO - 19-10-80UNIDADES DE DIVULGAÇÃO E APOIO TÉCNICO A PESCACais da MatolaCOMEÇA ESTE ANOCONSTRUÇÃO DE TERMINALDE CARVÃOAs obras de construção de uma terminal portuária de carvão no cais da Matola,em Maputo, deverão arrancar ainda este ano, segundo relata o último número darevista trismestral da Direcção Nacional dos Portos e Caminhos de Ferro.

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Com a conclusão desta obra, cuja construção se prevê que dure três anos,Moçambique poderá mov7imentar anualmente cerca de dois milhões de toneladasde carvão, actividade que se traduzirá num importante reforço da economia.'X 1%

TempoACTUALIDADE5.0 Aniversário do SNASPImpermeabilidadecontraoComo foi largamente noticiado no passado dia 11. de Out Dia da VigilânciaPopular celebrou-se o 5.> aniversário da criaç Serviço Nacional de Segurança eDefesa PoPular. Reportam aqui a alguns dos acontecimentos que marearam adata.Ser impermeável e incorrupto às ideias ido inimigo foi a orientação traçada peloPresidente Samora Machel quando se dirigiu aos crabalhadores do Ministério d,-S2gurança, que no passado dia 11 de Outubro, 5.0 Aniversário do SNASP, lheforam apresentar cumprimentos.Já no dia anterior o Comité Poli. tico Permanente 411 Partido FRELIMO na suaexortação comemorativa da efeméride apelava a todos os cidadãosmoçambicanos, todos os patriotas, para se engajarem na vigilância popular.Considerand por outro lado a importância e significaido da criação do SNASP, oCPP decidiu que o 11 de Outubro fosse consagrado Dia da Vigilância Popular.As comemorações deste quinto aniversário do Serviço Nacional de SegurançaPopular envolveram milhares e milhares è,2 cidadãos em todo o país. Na capitalhouve de. posição ,de uma coroa de flores no Monumento aos heróis, peloMinistro da Segurança, Major-General Jacinto Veloso, seguino-se a inauguraçãodas novas instalações da Direcção Nacional de Migração. Também, como foi ditono início deste texto, os trabalhadores da, Segurança foram recebiLos peloPresidente Samora Machel (cujo-discurso de resposta à mensagemTEMPO- 19-10-80dos trabalhadores da Se pela sua importância pUbli à parte deste trabalho). tevelugar uma recepção n Militar na qual participar balhadores do SNASP e d pos deVigilância. Por todo o pais os fest cluiram actividades d,3spoi culturais,inauguração de s Grupos d,- Vigilância e de do Partido do G.V. Provincpectivámente em Nampula reuniões populares e outr mónias alusivas.inimigoubro, 300 MIL VIGILANTESão do E A EXPERIÊNCIAo-nos DO PASSADOgurança Numa importante entrevista dacaremos da, pelo Ministro da Segurançaà noite aos órgãos da Informação Nacioto Clube nais por ocasião do 5.0aniversário am tra- do SNASP e largamente difundid, Los Gru- pelos jornaisdiários, e pela Rádio,

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foi revelad,3 que existem neste moejos in- mento em todo o país 300 milcidartivas e dãos que participam de forma edes de organizada nos Grupos deVigiCélulas lânciaial, res- Nesta entrevista, onde foi feita e Tete, uma análise do papeldesempenhaas ceri- en pelo SNASP e pelo seu instrumento de base os. G.V., «umpapelMinistro da Segurança, Major-General Jacinto Veloso quando lia perante oPresidente do Partido FRELIMO e Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa eSegurança Marechal Samora Machel a mensagem dos trabalhadores da Segurança. Presentes também membros do CPP do Partido FRELIMOnaioa

O Ministro da Segurança quando visitava as novas instalações da DirecçãoNacional de Migração inauguradas no âmbito das comemorações do 5.aniversário do SNASPHonra aos heróis nacionais e uma coroa de flores em sua memória assinalaram oinicio das comemora. ções do aniversário do órgão de Segurança, SNASPessencialmente político», conforme foi dto pelo titular da pasta da Segurança, foiinvocado o facto de que «a concepção de segurança enraiza-!e na experiênciaprofundamente popular do combate à acço i n i m i g a nas zonas libertadasdurante a guerra de libertação,,. ,- Nas zonas libertadas durante a guerra cadaelemento da população tinha consciência de pertencer à Segurança. Ele sabia queera preelso alertar os guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambiquequando se aproximava uma coluna inimiga e também quando no próprio seio dapopulação, aparecia alguém cujo comportamento se identificava com o doinimigo. Por outras palavras era o povo que assumia a Segurança, a Vigilância adefesa dos seus interesses» afirmou o Ministro da Segurança, Jacinto Veloso.Ora é esta experiência que serve hoje também de base ao órgão de Segurança. Anatureza populardo Partido FRELIMO - a cuja direcção se subordina o SNASP marca e determinaprofundamente os métodos de trabalho deste órgão de Segurança.ACÇAO E TAREFAS DOS GRUPOS DE VIGILANCIAO titular da pasta da Segurança depois de ter caracterizado o órgão c,- Segurança,que é constituído por um sistema ¿ força, meios e medidas, inter.relacionadas e ¿pendentes umas das outras e dirigidas a garantir a segurança ¿povo e do EstadoPopular, - um sistema com um carácter essencial-mente político, preventivo,profiláctico e repressivo -- recordou as tarefas -dos Grupos de Vigilânciasobretudo nesta fase:- As tarefas essenciais nesta fase podem ser definidas em dois planos: ao nível doslocais de trabalho e ao nível dos locais de residência. No que respeita aos locaisde trabalho, a tarefa fundamentalé garantir que o cumprimento dos planos de produção não sejam afectados porqualquer actividade inimiga. Cor outras palavras trata-se de garantir a segurançados trabalhadores, das instalações, das máquinas e outros meios de produção, facea qualquer tentativa do inimigo para os atacar de forma a que a produção não sejaafectada.

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- Ao nível dos locais de residência a tarefa principal é velar peia tranquilidade dosmoradores e prevenir, detectar e combater a criminalidade que é um dos facOresimportantes da instabilidade social, em estreita colaboração com as Forças deDefesa e í8egurança.Relativamente às tarefas de Segurança na batalha contra o subdesenvolvimento oMajor-General Jacinto Veloso f i n ali z o u afirmando:<O SNÁSP subordina-se àsprioridades definidas pelo nosso keartido FIELIMO. Nesta fase em que o Partidodpfiniu ? batalha económica como a frente principal, também é nesse sector que aSegurança concentra grande parte das suas atenções. Neste momento em que oPartido definiu a década de 80 como a Década da Vitória contra oSubdesenvolvimento o inimigo naturalmente concentra os seus esforços em tentarimpedir que o nosso povo alcance esse objectivo. Por isso a Segurança realiza umtrabalho para prevenir essas acções do inimigo no sentido de impedir que elas seconcretizem.Depois de alertar para as várias acções que o inimigo continuará a tentardesenvolver como, por exem. plo, tentativas de assassinato de dirigentes, acçõesd4 espionagem e sabotagem económica e outras acções tendentes a impedir onosso povo de vencer a batalha do subdesenvolvimento, o Ministro da Segurançaconcluiu:- A acção da Segurança do Povo e do Estado integra-se na Ofensiva Políticý o'Organizacional desencadeada pessoalmente por Sua Excelência o Presidente daRepública que é a garantia de que levaremos a cabo vitoriosamente esta guerraprolongada que trava.mos contra o subdesenvolvimento, garantia de oueconstruiremos o Socialismo na nossa Pátria.[]TEMPO - 19-10-80

Quando somos fracoso inimigo violenta-noso Presidente Samora Machel aos trabalhadores da SegurançaO Presidente da República, Marechal Samora Machel, recebeu, por ocasião doDia da Vigilância Popular, uma importante representação de quadros do SNASP.Entre eles, o Ministro da Segurança, Maior-General Jacinto Veloso.No encontro, o Presidente Sarnora, Machel usou da palavra para traçarimportantes orientações q uele organismo de defesa das conquistas da revoluçâo.Disse o Chefe de Estado moçambicano:Obrigado, porque souberam fazer do Serviço Nacional- de Segurança Popularparte integrante da vida do nosso povo, maneira de ser do nosso povo.Cabe a estes serviços uma grand, responsabilidade. Não se faz a Revolução semos homens da segurança engajados, sem os homens da segurança conscientes, semos homens da segurança se identificarem com os interesses da Revolução, com osinteresses do povo, com os interesses do Socialismo, em síntese, sem seidentificarem com o sistema.Souberam neutralizar o veneno que vinha da ex-Rodlésia do Sul. Souberamimpedir a penetração desse veneno no nosso organismo, quer dizer, nas cabeças

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do nosso povo. Traziam de lá promessas vãs. Traziam d:2 lá a corrupção. Traziamde lá o atraso, o subdesenvolvimento, a subserviência, o servilismo.Vocês fizeram do nosso povo, povo orgulhoso.E a guerra terminou, mas a luta continua. Continua, tomando a for-ma subtil. A tendência geral é de relaxamento!A nossa tarefa, serâ a de sermos elementos dg. segurança. Mas é necessário que-haja alguma coisa para defendermos. Não se faz a segurança em abstracto. Todostemos que estar conscientes de que defendemos uma coisa viva, que é o nossosistema o sistema socialista.O nosso sistema socialista é para a felicidade, bem-estar do nosso povo.Mas, primeiro, todos aqueles que são dos Serviços de Segurança Popular têm, deser incorruptíveis. impermeáveis às ideias do inimigo. Repito: incorruptíves,impermeáveis. Significa: puros nas id,&ias, puros no comportamento, puros nocontacto com o povo, claros nos objectivos, não confusos. (palmas) significa:sentido agudo de responsabilidade; cada um sentir a responsabilidade.Nós temos um povo generoso, um povo que od, ia o inimigo. E essa é a nossaforça potencial, esse é o nosso capital. Aí não háTEMPO - 19-10-80bomba, não há bomba nuclear... Porque o nosso povo odeia a exploração., odeia osistema capitalista. O nosso povo não quer ser explorado, não quer ser humilhado.Portanto, é um povo generoso, um povo determinado. E temos um povo com umacaracterística rara: a combatividade - o nosso é um povo combativo.Começando pelo tribalismo- o nosso povo sabe que é um valor negativo, que éinstrumento do inimigo. O nosso povo sabe que há valores mais altos, puros, sãos.O nosso povo não ama a prostituição. Não tem conivência com o inimigo. Onosso povo não tem!Vocês sabem. Deu provas na estruturação do Partido, na eleição dos órgãosLocais, na defesa contra as agressões de Ian Smith.Vocês sabem. O nosso povo purificou. Nas Assembleias do Povo o povodenunciou os agentes comprometidos, os infiltrados. Para membros do Partido, opovo, de novo, filtrou.Há uma outra característica a considerar e a cultivar, que é a co7

ragem do nosso povo. O nosso povo não é cobard,. Combate o inimigo de armasna mão mas, também combate politicamente. Quer dizer: ao nível da luta militar onosso povo é um povo heróico. Perante o inimigo armado, nosso povo enfrenta-omilitarmente. Politicamente, o nosso povo combate. Combate ideologicamente.Combate a corrupção. Todas as manifestações, todas as formas que possamrevestir a corrupção, o nosso povo combate e 2,,nuncia.E temos um povo que sabe obedecer. Um povo disciplinado necessita deorganização permanente. Isso ainda não fizemos. É por isso que há bandidos nonosso país! Não fomos ainda capazes dc organizar o nosso povo e definirclaramente o novo inimigo. Já acabaram as agressões da Rodésia. Mas hábandidos no nosso país que andam a destruir os bens e,5 povo.

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Não é com o tanque* que se destrói o bandido - o tanque não luta contra obandido. O tanque é contra o exército; a espingarC,é contra o exército. Contra obandido é o povo, é a política. Quem neutraliza é o povo.O que é que eu quero dizer?Tem de haver uma higiene ao nível mental, dos Serviços Nacionais de SegurançaPopular. Não sei se me compreendem... Profilaxia, limpeza e higiene, ao nívelmental. (palmas) Para que esta higiene, esta limpeza, este asseio passe para oorganismo. Higiene indivii,ual, pessoal, limpeza, para evitarmos doenças, não éverdade? A sujidade traz Coenças ao nosso organismo, não é verdad,3? Temosque tomar banho, pelo menos, duas vezes por dia. Transpiramos tanto! Não éverdade ? 2 ou não é?Quando estivermos, limpos nas nossas ideias, no comportamento, no contacto, nalinguagem, sobretueo, ao nível das nossas ideias quem é o nosso inimigo e comocombater o nosso inimigo - então, vamos ao povo.Hoje queremos que as nossas cidades sejam centros da paz em primeiro lugar ascidades - de tranquilidade, de sossego, onde se fala de paz, de garantia, em que háordem, há lei, há disciplina. Quer dizer: passemos de novo à ofensiva activacontra os marginais,contra os bandados, contra os ladrões. Agora! Agora! Temos que desalojá-los!Mas essa trabalho tem que ser feito pelo põvo.E se há tranquilidade, se há paz, queremos disciplina ao nível dos transportes:transportes colectivos e transportes individuais. Queremos d#isciplina nosrestaurantes, nas per4sões, nos hotéis, nos cafés, nos cinemas: queremos ordem,queremos d is c i p li n a, queremos organização.Queremos liquidar, ao nível das cidades, os acidentes que destroem a nossaeconomia. É uma forma de combate do inimigo. Os atropelamentos e os acidentesde viação são instrumentos do inimigoQuando nós falamos de tranquilidade e paz, sossego, harmonia: em primeiro lugaras cid,'3des, as grandes cidades. Temos de fazer deste trabalho movimento dopovo, movimento popular, uma acção de massas, para conseguirmos a vitória omais depressa possível. E são estes os actuais inimigos.Para conseguirmos a vitória o mais d.-pressa possível, contemos com o Partido, oenvolvimento das estruturas do Partido, porque é uma ácção política. (palmas)Quando há ordem no público a ordem pública -, quando há ordem, há disciplina,há respeitoe obediência e trabalho nos hotéis, nos cinemas, nos transportes; quando háifsciplina, quando há ordem, nós diremos então: temos uma conquista. Queconquista é? É uma conquista cultural porque passa a ser a maneira de viver donosso povo: povo organizado, povo Cýsciplinado, não violentado. P assim quenós combateremos a subversão, que combateremos o boato, que combateremos acalúnia.Queremos valores culturais valores novos. Temos que garantir que nas nossasescolas há disciplina. Que a Ciência está garantida, está sendo transmitiLi para anova geração, para o Homem Novo, para fabricar o Homem Novo. Não fazer daescola centro de corrupção e de difusão de ideias confusas, supersticiosas, de

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divisão, de regionalismo, ,de racismo, de tribalismo. As nossas escolas não sãoassim.Contemos com a segurança. Aqui o Partido. Aqui, os pais. Envolvamos os pais.Cada criança que ma. nifestar indisciplina é o espelho da vida c4is pais. Nãotomou chá de pequeno. Quer dizer, o mais indisciplinado é o pai, é a família. Umacriança que aparece suja à escola, despenteada, uma criança que não temvergonha de estar sentada, com as pernas esticadas,«Queremos liquidar ao nível das cidades os acidentes que destroem a nossaeconomia. É uma forma de combate do inimigo - afirmou o Presidente SamoraMachelTEMPO - 19-10-80

no chão, em frente de uma estrada, é consequência da educação que recebe emcasa.Temos que garantir essa tranquilidade nos hospitais. Estudar os centrosnevrálgicos d,á sociedade, os pontos sensíveis da sociedade, onde tocadiariamente o cidadão, toca a vida de cada moçambicano: nas escolas, nostransportes, nos hospitais, nos hotéis, nos cafés e nos restaurantes - disciplina.Depois, passamos imediatamente: mobilização geral para a limpeza das nossascidades. As cida,des têm dé ser modelo. Não para a Africa, mas para o Mundo,porque escolhemos o Socialismo.Quando estamos a falar de higiene - ao nível mental, ao nível individual -queremos dizer também higiene do próprio corpo. A limpeza do corpo, tem de sereflectir também nas nossas residências, tem de se reflectir também ao nível darua, da avenida, do estabelecimento comercial.E os instrumentos do Partido quais são?Há instrumentos violentos que atacam o inimigo directamente: o Ministério daDefesa, o Ministério da Segurança, o Ministério do Interior, o Ministério daJustiça, os Serviços Nacionais de Segurança Popular. Estes têm de ser dinâmicos,não podem ficar para trás. Não se transformem em carroça a puxar os bois. Nãopo2, m ficar no reboque. Estes serviços não podem ser atrelados.Temos as nossas organizações: da Mulher, da Juventude, do Jornalista, aAssociação de Amizade e outros patriotas. Este país tem bons patriotas. O sentidode patriotismo é agudo em Moçambique. E esse é um valor: deve ser cultivado,independentemente da sua ideologia. Se é religioso, seja de que religião for, cadamoçambicano tem de ser patriota. Todo o moçambicano, deve ser organizado paraser patriota, contribuir para o nosso desenvolvimento.E assim diremos: temos o nosso Serviço Nacional de Segurança Popular. Porquetodos seremos da segurança. Seremos todos da segurança como hoje somos todosmoçambicanos: não há tribo, não há raça.«Hoje queremos que as nossas cidades sejam centros de Paz, de tranquilidade, desossegao: Quer dizer, passemos à ofensiva activa contra os marginais contra osbandidos, contra os ladrões» - disse o Chefe de Estado aos trabalhadores daSegurança. Na imagem uma vista aérea da cidade da Beira, onde tal comonoutros centros urbanos tem-se registaáo a actuação de marginais.

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assim que queremos o nosso Serviço: não tem a cor branca, não tem a cor preta,não tem a cor amarela. Só tem uma cor: a cor vermelha, que reflecte as nossasideias. (palmas)Obrigado pelo dinheiro que me deram. : para as secas, não é? É para a capacidadedefensiva ?... É como nós quisermos...O dinheiro que me deram, para outros serviços, seria para corromper cidadãos,para recrutar agentes. Nós não recrutamos! Os agentes são o nosso povo. Omelhor agente é o nosso povo. Por isso, eu vou fazer o quê com isto?Vou dar uma parte para a capacidade defensiva. Espingardas. ainda sãonecessárias, infelizmente, neste nosso planeta. Sem espingarda o Governo não seconsoliWc e, particularmente, o socialismo não se consolida. Onosso poder foiconquistado pelas armas, conquistado através dos canos d,ns armas e tem de serassegurado de novo com as armas. Vocês são combatentes armados. Por isso voucomprar armas... (palmas)TEMPO - 19-10-80Porque o nosso inmigo, às vezes, quando somos frãcos, violenta-nos. Quandosomos fracos enche uma lata... Uma lata cheia de lixo, e. depois., fura e manda-tecarregar na cabeça. Incomoda, não é verdade?... (palmas)E para que o inimigo não faça isso, temos de comprar armas Quando se é fraco,faz isso o inimigo: manda carregar uma lata furada cheia de lixo, para teincomodar, entrar dentro dc, gravata, vestido, cabelo, e a sujidade vai até aos pés.Uma lata furada cheia de lixo .... Oiçam bem isto: quando se é fraco o inimigo fazisto. t o imperialismo. Por isso vamos comprar espingard2,s, com parte idodinheiro, vamos estruturar a nossa capacidade defensiva. A outra parte vamosentregar para as vítimas das s.e c a s. Obrigado amigos. (palmas)[]9

Planeamento físicopara.o desenvolvimento do paísA terra é a base do nosso desenvolvimento económico, é no soloque se encontram e desenvolvem as nossas riquezas agrícolas, é no subsolo queextraímos, as matérias-primas necessárias às nossas Indústrias, aodesenvolvimento da nossa economia - afirmou Mário Machungo, Ministro doPlano e da Agricultura no acto de encerramento do Primeiro Seminário dePlaneamento Físico que teve lugar na capital do País de seis a onze do mês emcurso.Neste encontro foi definido que-o planeamento físico, sendo uma actividade de investigação das condiçõesnaturais, sociais, económicas e técnicas, tem como objectivo o 4, senvolvimentodo Pais, e procura a organização especial dos recursos humanos e materiais porforma a garantir o seu aproveita-mento e o equilíbrio entre eles, no sentido de elevar constantemente as condiçõesde vída do Povo e favorecer também o Csenvolvimento das forças produtivas.

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Este seminário enquadra-se e constitui um suporte para o cumprimento nasmelhores condiçõep do plano prospectivo indicativo daO Semindrio de Planeamento FPsico constatou o uso descoordenado do nossosolo e subsolo, exemplificando que hd terras utilizadas para uma certa sementefraque não oferecem as minimas condições para o seu desenvolvimentoA riqueza do nosso subsolo se for devidamente aproveitada vai realizar a nossaprosperidade e pode contribuirpara a nossa economia naoionaldUcada 80 e neste sentido, o Ministro Mário Machungo disse a dado passo da suaintervenção que: apodemos afirmar que a realização do Planeamento Físico àescala nacional como processo científico de coordenação do aproveitamento dosrecursos naturais e humanos constitui um elemento importante na vitória sobre osubdesenvolvimento.»O Seminário de Planeamento Físico constatou algumas situações incorrectas aonível de estudos e projectos de e,3senvolvimento. Esta constatação refere-se porexemplo à sobreposição de projectos de desenvolvimento causado pelo usodescoordenad, do nosso solo e subsolo.Este facto devese fundamentalmente à ausência de um organismo nacional capazde exercer efectivamente acções de inventariação sistemática, de elaborarestratégias de desenvolvimento do território que respondam às dfrectivas políticasnacionais.Para solucionar a questão dosprojectos em curso e encontrar coordenação no uso da terra, o Semi. nário decidiucriar um núcleo coordenadgr que com outras estruturas desenvolverá esforçospara a criação de um organismo coordenador central do Planeamento Físico nomais curto espaço de tempo possível.Este seminário d,3 planeamento físico envolveu o Ministério da Agricultura e aDirecção Nacional de Geografia e Cadastro para além de também ter participado aDirecção Nacional de Habitação.TEMPO - 19-10-80

TemponacionalANALISEO que é o crime?* A posição do nosso, pais perante esta questãoA República Popular de Moçambique participou tro, importa situar a posição donosso país sobre esta recentemente no 8.0 Congresso das Nações Unidasmomentosa questão e por outro lado analisar global. sobre Prevenção Criminal eTratamento do Delinquen- mente o que é o crime, qual a sua origem no conte, quedecorreu em Caracas, capital da Venezuela. texto político social e económico. àescala planetária.A propósito da nossa Intervenção neste encon-O crime é um mal social que importa combater. Se perguntar. mos a qualquerpessoa, desde um dirigente político ou social ao comum dos cidadãos, todos são

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unânimes em afirmar que se deve punir combater e prevenir o crime. Toda ahumanidade em princípio é contra o crime.Todavia, sobre o seu conceito, as causas profundas que o geram, o modo de oprevenir e deste modo combater é que as opiniões di. ferem.E esta diferença na interpretação insere-se substancialmente no conceitoideológico do homem e das sociedades. É sobretudo uma diferença política. Foiexactamente esta diferença que se patenteou novamente durante o 6.0 Congressoda ONU sobre Prevenção Criminal e Tratamente do Delinquente. A RepúblicaPopular de Moçambique participou neste Congresso com uma delegação chefiadapelo Ministro da Justiça, Teodato Hunguana e a nossa inter. venção nesteencontro fez ressaltar precisamente o conceito político e ideológico do crime e daia sua prevenção e combate emtermos globais e universais e não apenas em termos específicos e restritos.REDUÇÃO DA CRIMINALIDADE EM MOÇAMBIQUEE SUA CAUSANão há dúvidas que a situação de Moçambique no que respeita à criminalidadeherdada do período colonial mudou radicalmente, muito embora-isto nãosignifique que se tenha acabado com o cri. me.A drástica redução de criminalidade e por outro lado o surgi, mento de novostipos de crimes encontram-se ligados directamente às profundas transformaçõespolíticas, sociais e económicas impostas pela revolução.No tempo colonial por exemplo havia grande insegurança nas nossas cidades e aspessoas prudentemente evitavam circular sós à noite. Hoje sem o aparato policialque dantes havia, os cidadãos circulam até altas horas da noite sem que corramqualquer risco. A este propósito o Ministro Teodato Hunguana afirmou aoCongresso que «como razões princi-TEMPO - 19-10-80pais destas transformações temos a natureza do poder e a organização do povopara exercer o Poder. No sentido em que alguns delegados já referiram é acomunidade organizada desde os locais de trabalho aos de residência que cria ascondições para a prevenção da criminalidade. Com efeito a criminalidade deixouentre nós de ser uma simples questão de polícia para ser àssumida pela populaçãoorganizada.Não obstante subsistam diversas formas de criminalidade e outras surgiram com oavanço do processo da transformação global da sociedade «hoje estamos já emcondições de falar na planificação da prevenção criminal numa perspectivaimediata pois está'criada a condição básica: o envolvimento directo do Povo nasolução dos seus problemas» - afirmou também o titular da pasta da justiça.LIQUIDAR O SISTEMA DM OPRESSÃOPARA LIQUIDAR O CRIMEEste problema da transformação da sociedade liquidando o antigo aparelhoopressor e deste11

Massacre de Nyazônia: crime do imperialismo. A luta contra a criminalidade,começa com o combate contra estes crimes. De outro modo não Iaremoý,maís do

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que correr atrás do pequeno ladrão e do homicida deixando de lado o grandeladrão e o genocidamodo reduzir a criminalidade originada pelo próprio sistema tem em Moçambiquemais um exemplo a reflectir e que foi exposto a;os delegados do 6.o Congressodas Nações Unidas sobre Prevenção Criminal e Tratamento do Delinquente.Efectivamente, se se limitasse a Independência do nosso país simplesmente àsubstituição dos colonos estrangeiros por moçambicanos, continuando-se destemo. do, a gerir o aparelho e o sistema de exploração e de opressão, então -continuaríamos a ter os mesmos tipos de crime pelo menos no mesmo volume.«Teríamos moçambicanizado a criminalidade», conforme foi salientado durante aintervenção da delegação do nosso país, em Caracas.Contra essa simples substituição, o pais aboliu o sistema de exploração, aboliu oaparelho deestado colonial, afirmou a personalidade do Povo moçambicano assente em novosvalores e na sua própria cultura. Resumindo, poder-se-á dizer que emMoçambique a principal estratégia de prevenção e de combate à criminalidade foia própria revolução.I m po r t a outrossim salientar que em última instãncia com o desenvolvimentoeconómico, político, social e cultural feito pelo Povo moçambicano (com efeito jáse definiu a liquidação da fome, miséria, do desemprego, da nudez, das doençasendémicas como objectivos a ser alcançados na presente década) eliminar-se-ãoas condições que levam à prática da maior parte do tipo de crimes». <Aliquidação da criminalidade será também um aspecto da vitória sobre osubdesenvolvimento» - afirmou o Mini.stroTeodato Hunguana aos delegados do 6.° Congresso.CRIMES QUE ATINGEMCOMUNIDADES INTEIRASDurante os debates no já citado 6.0 Congresso sobre Prevenção da Criminalidadepoucas foram as delegações que abordaram as formas não endógenas decriminalidade, ou sejam, aquelas que não têm origem no meio social em causa.Ora, este foi um aspecto que a delegação moçambicana, abordou e analisou nosseus diversos aspectos mais evidentes e penosos para toda a humanidade.Trata-se dos crimes que atingem comunidades inteiras, povos e países. Seguem-seexemplos bem elucidativos citados pela nossa delegação e que importa recordarpois são esses os maiores crimes praticados ao nível do nosso planeta.Quando num dado pais os recursos económicos são desviados do melhoramentodas condições de vida do povo e são explorados por uma minoria ou porinteresses estrangeiros, isto constitui um crime contra o povo desse pais. É umcrime que é fonte dos demais crimes praticados nessa sociedade.Quando num dado pais o poder não passa de uma ditadura oligárquica, despóticae desumana, é este sistema que constitui um crime contra o povo desse pais.Citamos textualmente o u t r o s crimes do mesmo tipo:«Constitui crime o colonialismo com todas as sequelas que lhe são inerentes;constituem crimes contra o Povo sul-africano o apartheid e a cumplicidadedaqueles que o aprovisionam em armas e investimentos; constitui crime a invasãoe ocupação de territórios árabes pelo sionismo; constitui crime a extorsão dos

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recursos dos países em vias de desenvolvimento pelo imperialismo; constituicrime a deterioração dos termos de troca; constitui crime e sabotagem dosesforços para edificar e tornar efectiva uma N.O.E.I. (Nova Ordem EconómicaInternacional). Constitui crime o esbanjamento do petróleo quando amaioTEMPO - 19-10-80

ria dos países subdesenvolvidos destina mais de metade do valor das suasexportações ao pagamento do petróleo de que necessitam as suas economias;constitui crime a destinação de somas incalculáveis à fabricação de alimentaçãopara animais domésticos como cães e gatos, quando milhões de homens e criançasmorrem e~ fome na América Latina, na frica e na Ásia».Est as e outras práticas constituem crimes contra a humanidade. Trata-severdadeiramente da dimensão mais grave e trágica da criminalidadecontemporânea salientou a nossa delegação em Caracas, tendo o Ministro TeodatoHunguana concluído que: «Esta é uma criminalidade altamente organizada, quetem ao serviço os aparelhos dos estados e das multinacionais. Quando nósfalamos aqui de criminalidade, ignorar esta dimensão, é ignorar a parte maisimportante da realidade, aquela que encerra as causas da criminalidade comum. Aluta contra a criminalidade começa com o combate contra estes crimes. De outromodo não faremos mais do que correr atrás do pequeno ladrão e do homicidaApartheid: crime do sistema contra todo o povo sul-africano. Qu:em aprovisiona emantém este regime tambémé criminosodeixando de lado o grande ladrão e o genocida».A QUESTÃO DO ABUSO DO PODER NAS SUAS ORIGENSMAIS LATASA questão dos delitos cometidos com abuso de poder também foi largamentedebatido pelos delegados do 6.o Congresso sobre Prevenção Criminal eTratamento dos Delinquentes.A delegação moçambicana na sua intervenção na comissão II sobre o tema«Delitos Comuns com Abuso de Poder» mais uma vez cavou fundo nesteproblema, buscando as causas político-sociais e económicas a eles inerentes.Aliás, já no início deste texto se referiu a este aspecto do sistema de opressãoquelegaliza esse abuso e a nossa determinação em conquistar a independência nãopara perpetuar o sistema colonial de opressão, mas para liquidá-lo.A própria expressão «abuso de poder» é logo de inicio restritiva da realidade maislarga que aqui se analisa. Essa expressão refere-se apenas aos casos em que umindivíduo ou uma instituição exercem a autoridade, que lhe foi legalmenteconferida, em violação dos fins para que essa mesma autoridade foi conferida.Ora, acontece que a realidade do abuso do poder em muitos países ultrapassa delonge estes casos isolados e assume um carácter de sistema e de essência dopróprio poder.Deste modo aquando da proclamação da nossa Independência encontrámos umsistema de exploração com aparelho de Estado altamente organizado ao seuserviço. A característica desse aparelho ao serviço da exploração ia desde adiscriminação racial, social e económica, da rapina desenfreada dos bens do povo,

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e o trabalho forçado, passando pela corrupção, favoritismo e nepotismo até àrepressão permanente e arbitrária.-O abuso não só estava generalizado como estava institucionalizado. Com efeito oabuso pertence a essência própria do poder colonial. Ele é a forma normal doTEMPO - 19-10-80exercício do poder colonial afirmou a nossa delegação sobre esta questão.A CLASSE QUE ESTA NO PODER E A LUTACONTRA A CORRUPÇÃOA destruição do aparelho de opressão e a criação de um aparelho que sirva aslargas massas é um processo difícil mas só ele cria condições para a liquidação docrime instituído, do crime organizado. Porém, neste processo há a assinalar algunsfenómenos.Quando no nosso país mudaram-se as estruturas mas continuou-se a trabalhar comfuncionários do antigo aparelho colonial verificaram-se anomalias eirregularidades de diversa gravidade que se podem identificar como abusos depoder. Por outro lado quando o pessoal é novo, se não houver um critério políticorigoroso de selecção e de formação, os abusos próprios do antigo sistema tendema desaparecer.Conhecem-se alguns exemplos desta última situação como' é o caso defuncionários da AP1it que não pagavam rendas e alugavam casas a parentes,amigos e amantes, de responsáveis de algumas empresas estatais que tambémcolocavam parentes e amigos, desviavam dinheiro das empresas e não distribuíambens de abaste: cimento ao povo. Estes crimes foram cometidos por pessoas investidas da autoridade do Estado. Abusaram do poder para alcançar os seus fins.Estas situações e outras levaram o Presidente da República em pessoa adesencadear uma larga Ofensiva Política e Organizacional que tem comoobjectivo, precisamente, desalojar do Aparelho de Estadó e das empresas os,infiltrados que cometem tais abusos, destruir o burocratismo, a negligência acorrupção, a incompetência e assim criar condições para se vencer osubdesenvolvimento na presente década. Mas aqui situa-se a questão central daluta contra o abuso do poder e da corrupção. Vejamos:Esta 'Ofensiva só é possível porque a classe que está no poder13

é contrária aos interesses mesquinhos dessa minoria que abusa do poder. Só épossível porque quem detém o poder é o legitimo representante do povo, aqueleque encama as suas aspirações mais profundas e as traduz num programa concretode desenvolvimento. Esta Ofensiva só é possível porque na República Popular deMoçambique o poder não tem compromissos com interesses mesquinhos oupessoais, porque o poder não se corrompeu.- «A essência do poder, numa sociedade em que ele é exercido por uma classeminoritária, é à corrupção - uma corrupção altamente organizada e sistemática» -afirmou a nossa delegação no debate sobre a questão dos delitos cometidos com oabuso do poder.A NOSSA POSIÇÃO A-PROPÓSITO DA PENADE MORTE

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Uma outra questão também debatida foi a-propóSito de um projecto de aboliçãoda pena de morte subscrito pela Áustria e pela Suécia. Durante as consultas in.formais sobre o aludido projecto a delegação moçambicana fez uma intervençãopartindo de uma ideia fundamental do próprio documento que era a de que o«objectivo principal a prosseguir é o de reduzir progressivamente o número dasinfracções que levam à aplicação da pena de morte, na ideia de que seria desejávelabolir esta pena em todos os países».Afirmando que «tudo o que vá além deste princípio era inteiramente inaceitávelpara a nossa delegação. São questões de princípio e condicionalísmos de ordemlegal que nos levam a tomar esta posição», a delegação moçambicana expôs eanalisou esta importante questão. Pelo seu interesse e finalizando esta abordagemsobre o crime e sua prevenção vamos transcrever os pontos importantes daintervenção do Ministro da Justiça, Teodato Hunguana, durante as- consultasinformais sobre o referido projecto &e abolição da pena de morte no 6.0 Con-gresso das Nações Unidas sobre a Prevenção Criminal e Tratamento dos Delinquntes.«Em primeiro ligar, antes de falar de dignidade humana e dos direitos do homem,é preciso termos em conta a dignidade e Os direitos dos Povos. Em segundo lugaré absolutamente necessário relacionar a pena de morte com o carácter e gravidadedos crimes aos quais ela é aplicável. Assim a minha delegação considera ina.ceitável invocar a dignidade humana e os direitos do homem precisamenteemdefesa daqueles que rolam esses princípios através doS crimes maishediondos. Deste ponto de vista privar da vida àqueles que não respeitam essesprincípios é uma condição para a afirmação efectiva desses principios. O direito àvida só se pode conceber em térinos da mais completa igualdade e reciprocidadeentre os homens, em termos de respeito de todos pelo direito de todos à vida.-'No meu pais instituímos a pena de morte em 1979. Ela aplica-se a certos crimescontra a Segurança do Povo e do Estado Popular, em particular quando delesresulta a perda de vidas humanas. Esta pena foi instituída quando assistimos auma escalada crescente de actos bárbaros de agressão aoPoder Popular e que emúltima análise significavam atentado contra a Independência e Soberania do país.Nós vivemos como sabem, numa zona de confrontação directa com as forças maisretrógradas da humanidade. A violência contra-revolucionária organizada porestas forças, contra o nosso Poder reagimos com a violência revolucionária.- Portanto, trata-se de uma legislação que surgiu por força de um determinadocondicionalismo histórico - de um condicionalismo que determina a defesaintransigente da Revolução, Revolução que se identifica com os interesses daslargas massas do nosso país. Ela é a violência organizada da maioria contra aviolência organizada da minoria que quer destruir o Poder Popular por todos osmeios ao seu alcance. Deste modo nós manteremos esta legis-lação enquanto ela for necessária, como um dos meios de reprimir a contra-revolução».A PENA DE MORTE E A SOBERANIADE CADA PAISContinuando a sua intervenção o Ministro da Justiça, Teodato Hungugna,afirmou:

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-Nós estamos de acordo em que sejam reduzidas até à completa eliminação asinfracções às quais é' aplicável a pena capital. Mas entendemos isto não nosentido de uma simples reforma dos Códigos mas a supressão das causas quelevam à prática desses crimes. Por último queremos dizer àqueles que patrocinameste projecto e a muitos dos nossos amigos, amigos que se preocupamsinceramente com esta questão, que:-0 direito à vida é um direito fundamental, mas antes dele situa-se o direito doPovo à vida, à liberdade, à justiça social, pois o homem não tem existência nemsentido fora do Povo em que vive. A pena de morte é justa quando é aplicadaàqueles que cometem crimes hediondos contra os povos, é justa quando aplicadaàqueles que cometeram massacres em Moçambique, Zâmbia, Botswana,Zimbabwe e continuam a cometê-los em Angola, Namibia e Africa do Sul.- A pena de morte é injusta quando aplicada pelo regime desumano da Africa doSul e pelos regimes minoritários ditatoriais e despóticos de outras partes domundo, àqueles que lutam para derrubar tais regimes.-Abolir ou não abolir a pena de morte é uma questão que releva da soberania decada pais e o projecto tal como se apresenta constituiria uma limitação a estasoberania e abriria a porta às interferências nos assuntos internos dos Estados. Porestas razões a minha delegação não pode apoiar este projecto e ver-se-ia obrigadaa votar contra ele».LIITEMPO - 19-10-80

No trabalho político Não deixarespaço vazioNo encerramento de uma Reunião Nacional do Departamento do TrabalhoIdeológicoem Sofala foram traçadas orientações que indicam a forma maiscorrecta de moblizar a população.Na sua intervenção o Secretário d3 Comité Central para o Trabalho Ideológicoabordou questões de fundo respeitantes à mobilização. Referindo-seespecificamente à Província de Sofala, Jorge Rebelo diria a certo passo:«Um problema que é preciso considerar nesta Provncia é o tacto de ela, desde hámuito tempo, ser um alvo preferido do inimigo. Durante o colonialismo sabiamosque Sofala era a base principal da reacção. Depois da indepenuència. essa basenýso foi ainda completamente desmantelada. Essa é uma das razoes principaisporque há sempre tantos problemas e tão complexos nesta província. Sofala temsido um alvo constante de agressão inimiga - agressão ideológica e tambémagressão física. Isto cria, inevitavelmente, situações que exigem uma respostarápida, profunda e eficaz. Ora por regra, não temos conseguido dar essa resposta.»Aind,- em torno deste problema aquele dirigente referiu-se à atitude de algunsresponsáveis distritais que, temendo o trabalho em zonas de acção armadainimiga, não vão aos locais afectados fazer trabalho político. «Isto éprofundamente errado., disse. «é preciso recordarmos aqui a experiência da LutaArmada de Libertação Nacional. Se tivéssemos adoptado essa atitude durante aluta armada, nunca teríamos avançado, ainda hoje não seríamos independentes».

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Sintetizando a análise desta questão Jorge Rebelo referiu que as lacunas notrabalho político, as brechas deixadas em aberto são imediatamente preenchidaspelo ini. migo:TEMPO - 19-10-80Nas zonas arectaaas peta acçao msnmga o zraoaino potmwo "2uno aa poputaçaodeve ser reforçado A luta armada ensinou que quanto mais eficiente for essetrabalho mais facilmente é derrotado o inimigo- (...) Onde nós não mobilizamos o inimigo mobiliza. Onde não actuamos oinimigo actua. O espaço que não ocupamos o inimigo ocupa. Onde não instalamossolidamente as nossas estruturas políticas e administrativas o inimigo instala-se,principalmente o inimigo ideológico.O PARTIDONÃO É REPRESSIVOAbordando a questão das desistências de candidaturas a membros do Partido, oSecretário dO Comité Central para o TrabalhoIdeológico analisaria as causas dessa situação:- Uma das causas é a ideia de que ser membro do Partido significa ter de sesujeitar a uma disciplina muito rigorosa, e que a quebra dessa disciplina implicasanções - que podem mesmo significar prisão.Apontando, em seguida, os erros que originaram esta atitude disse que «ao níveldo Partido fazemos por vezes, um trabalho de reptesýão. Por isso as pessoaspensam que estar no Partido é realmente um perigo,.. Apontando que, de facto,uma disciplina forte é neces-

sária a nível do Partido, sublinhou, todavia, «que o método que temos de seguirnas relações partidárias tem que ser muito correcto. Não podemos transformar onosso Partido numa estrutura de repressão-.Referindo questões de mobilização Jorge Rebelo apontou que «a mobilização pelamobilização não produz efeito. Para a mobilização ter sucesso é necessário umtrabalho prévio: a resolução dos problemas fundamentais da população. Sem issoa Mobilização e Propaganda não têm qualquer efeito,,. O Bairro do Hulene foicitado como exemplo de um bairro da cidade ,3 Maputo onde a resolução 2,3sproblemas que afligiam a população surtiu efeitos políticos valiosos. Para aresolução desses problemas práticos a população foi chamada a participar. Hoje éelevado o grau de mobilizàção do referido bairro:- Esta é uma condição sem a qual a mobilização não tem qualquer efeito, pormuitos slogans «vi. va o Marxismo! Viva o Socialismo!» que lá coloquemos, diriaa concluir aquele dirigente.OS PONTOS SENSIVEISAbordando, em seguida, alguns pontos sensíveis referiria os casos dos chamados«colaboradores» dc algumas sedes do Partido. Esses«colaboradores» são, na realidade, trabalhadores em tempo inteiro dessas sedesmas, pelo >eu trabalho, não recebem rêÈnuneração. Instruiu os participantes àreunião para que em todas as províncias estes casos fossem contemplados noorçamento de forma a que as pessoas nessas condições passem a receber umvencimento pelo seu trabalho.

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Após abordlar a questão da falta d,3 meios materiais e humanos nos distritosapontou a necessidade de se compreender que a sua solução não pode serimediata. Todavia chamou a atenção para a necessiWade de se preencher asestruturas a nível dos distritos que foram afectados pela acção inimiga e cujaremuneração é uma questá.o que está sendo estudada a nível central do Partido.Após frisar a necessidade d, planificação e métodos correctos de trabalho nosdistritos apontou a necessidade de se reduzir o número de reuniões uma vez que oseu uso abusivo desmobiliza os trabalhadores. «É necessário, afirmou reduzir onúmero e a duração das reuniões, para darmos tempo às pessoas para descansareme terem uma vida social e familiar que lhes garanta o equilíbrio físico eemocional. Se nós perdermos esta sensibilidade vamos destruir o nosso Partido,não havprá participaçãoEL - - ýM - " , -.---'Uma alta mobílizaçãO da população é fruto de trabalho político que não esquecenenhum pormenornas tarefas do nosso Partido. Tenmos que corrigir esta nossa maneira de trabalhar,de modo a que este erro não continue a existir».De entre um conjunto d, orientações que traçou por esta altura da sua intervenção,o Secretário do Comité Central para o Trabalho Ideológico do Partido sublinhou anecessidade ?,3 «fazer o levantamento dos membros do Partido que foramassassinados ou mutila. dos pelo exército rodesiano ou seus agentes.Com base nesse levantamento, prosseguiu, devem ser enviadas propostas àsestruturas centrais no sentido de serem dadas pensões ou outras formas de apoio aessas pessoas - ou suas famílias, no caso das que morreram.Mais adiante, e dentro ainda das orientações que traçou, apontou:,- Em casos de falecimentos, por exemplo, a famSia atingida vive um ambientemuito particular. Precisa de apoio moral e de apoio material: de alguém que vá àcasa cozinhar, que faça limpeza da casa, que vá organizar o próprio funeral, etc.Em ocasiões de casamento, de nascimento, devem organizar-se festas nacomunidade.A terminar, Jorge Rebelo, que traçou na reunião muito mais orientações decarácter interno para as estruturas do Partido afirmou que «estamos muitoconscientes de que como regra, aquilo que os camaradas fazem é o que é possívelneste momento, nas nossas condições. O trabalho que realizam, de uma formageral, é muito positivo, dá-nos a garantia de que a linha do Partido está realmentea ser iniplementada. (....) É no Distrito, na Localidade, na Célula que o socialismoprincipalmente se constrói e os agentes principais deste processo são vocês,responsáveis do Partido a esses níveis. É necessário, portanto, que saibam assumirintegralmente a palavra de ordem do nosso Partido: Liquidar oSubdesenvolvimento, Avançar na Construção da Sociedade Socialista.", LITEMPO - 19-10-80

onacionalDOCUMENTOAd ministrador

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e dirigente dopovoPresidente Samora Machelno encontro com todos os administradores do PaisDirigindo-se aos administradore distritais de todo o País, o Presidente daRepública, Samora Moisés Machel, definiu, recentemente, as tarefas, poderes ecompetneias dos Administradores Distritais. No seu discurso o mais alto dirigentedo Estado Moçambicano sublinhou o facto de ser o distrito a mais importanteunidade administrativa da nação e ser ali onde mais se sentem os problemas dapopulação.Transcrevemos alguns passos da referida intervenção:(...) Somos de várias origens. Este é o problema mais difícil que temos, por issoassistimos quando em quando a cenas desagradáãveis praticadas pelos senhoresadministraýores. Cada um de vós traz os seus hábitos, transporta os seus defeitos.Cada um considera os defeitos como sendo seus costumes. Acha natural nãoi4ýversificar a dieta alimentar. Acha normal acreditar na superstição. Faz dasuperstição ciência. E aceita isto como facto normal.Trata-se de uma questão cultural. O modo como cumprimentamos.O trato e o modo como nos relacionamos. Temos hábitos de asseio, limpeza ehigiene pessoal.A linguagem que usamos e a grosseria ou a delicadeza e carinho com quetratamos as nossas esposas e filhos, é uma questão cultural. Imaginem umadministrador que , bofetadas na esposa na presença dos filhos. A educaçãocomeça em casa. A cultura estâ em casa.A forma como nos relacionamos com os subordinados. Imaginem o administradorque se mete com as esposas dos seus subordinads. Imaginemo administrador que se mete com as mulheres casadas da população.O atendimento do público e a sensibilidade para a resolução dos problemas idoPovo, são questões eminentemente culturais.São questões que exigem uma luta permanente pela afirmação dos novos valores.É preciso viWmos os novos valores culturais.Temos de assúmir uma ética próprialdo dirigente, do profissional consciente.(...) A não existência do proletariadâ no nosso País, a falta da indústria e emparticular da grand, indústria agravou -esta situação em Moçambique.Seria o proletariado a força capaz de levar todo o Povo para uma confrontação declasse com o explorador.Com o proletariado ter-se-ia forjado durante a luta armada, luta armadarevolucionária de libertação nacional a consciência de classe. A classe operáriateria assumido o papel de dirigente da luta de classes que travámos. OproletariadQ teria lançado as bases da aliança com o campesinato de 17TEMPO - 19-10-80Tempo

forma a que este se libertasse ida visão limitada, restrita, individualista.

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O camponês que trabalha o seu pequeno pedaço de terra, que cultiva somente parasubsistir não pod,3 ter uma consciência colectiva. Ele não compreende como foifabricada a própria enxada que usa como seu instrumento de trabalho.O camponês não sabe de onde vem a enxada.Temos que reforçar a aliança entre a classe operária e o campesinato no distrito.Esta aliança reforça-se através do desenvolvimento dos laços economicos entre ocampo e a cidade.Reforça-se através da organização do campesinato em cooperativas. Reforça-seatravés da melhor organização e do desenvolvimento, do sector estatal agrária.A aliança operário-camponesa consolid,-se através da adopção de medidasconcretas no próprio distrito que elevem as condições materiais, sociais e culturaisda vida no campo.A socialização do campo é, pois, uma tarefa d,cisiva na, presente década.(...) As altas responsabilidades que assume o Administrador de distrito exigemque abor',mos uma questão central da direcção. Isto é, que falemos -,docomportamento do Aministrador:Sabemos que há Administradores que abusamdo poder, praticam a arbitraried,«ide. Fomentam a prática de actos contrários ànossa legalidade.Esses não são os nossos Administradores.O nosso Administrador é deicàdo, cortês, eafável.O nosso Administrador tem relações correctascom o Povo.Ele dá o exemplo de cumprimento das nossasleis.O nosso Administrador assume e faz assumir os princípios o, Partido FRELIMO.Respeita os cidadãos e orienta-os no caminho correcto. /-Há Administradoresvaidosos, exibicionistase arrogantes. Esses não são os nossos Administradores.O nosso Administrador é simples. É modesto.Ele orgulha-se em servir o Povo. Orgulha-se de ser moçambicano. É patriota edefensor ,do socialismo. O nosso Administrador tem umalto sentido de responsabilidade.O nosso Administrad,2r tem uma ideologia firme. Não é confuso nemconfusionista. £ claro nas suas ideias. ig modelo no seu com.portamento. Assume a ideologia do Partido FRELIMO. Ele exerce o poder comdeterminação. Sabe punir quando é necessário e sabe ser tolerante. Ele é simples.Não é arrogante.Combate sempre a vaidad,, e a arrogância erejeita-as.Há Administradores que se deixaram vencer pela indisciplina, pelo liberalismo e abebedeira.Esses deixaram de ser nossos Administradores.O nosso Administra, jr é o exemplo da disciplina, da organização, do aprumo; dahigiene;

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do asseio e da limpeza.- Outros Administradores caíram no roubo e no desvio de fun!os.Roubaram ao Povo, roubaram ao Estado. Sãoladrões e como ladrões são criminosos.Não podem ser Administradores. São marginais.O nosso Administrador é um homem integro, honesto. Ele combate com firmeza acorrupcão material.- Há Ac, ninistradores que se deixaram prenderUm aspecto do encontro entre o Presidente Samora Machel com osadministradores distritaisTEMPO - 19-10-80

pelo conforto, pela preguiça. Entraram em compromissos que violam o prestígioda função de que foram investidos.Esses deixaram de ser Administradores donosso País.0 Administrador que o nosso Povo quer é aquele que trabalha arc-,uamente naresolução dos problemas 'da nossa vida. É -aquele que aceita ser o primeiro nosacrifício e o último nos benefícios.-Há Administraddres que praticam a imoralidade e a libertinagem. Atacamfrontalmente a nossa linha promovendo a corrupção moral e sexual. Isto é,promovem a desagregação da sociecude e a decomposição da família. Para eles aimoralidade passou a ser um valor.Não respeitam a mulher, por conseguinte, não respeitam a família. Não respeitamsequer a si próprios. Em termos claros diríamos: javalis, porcos. E acham issonatural. 0 porcotambém é assim.Esses deixaram de ser Administradores.0 nosso Administrador inspira respeito e confiança. Ele assume os valores de umamoral revolucionária, que é uma moral sã. E esse Aeminist1,ador valoriza afamília.O nosso Administrador é um representante activo da luta pela libertação damulher moçambicana.As violações aos nossos princípios políticos e normas de conduta serãoimplacavelmente punidas e corrigidas.Alguns de entre vós serão pun¢'os pelas violações cometidas. Serão demitidospelos compromissos que arrastam. Não são dignos de permanecer no Aparelho deEstado.É nosso princípio sermos tanto mais severos quanto mais alta é aresponsabilidade.Jamais permitiremos que alguém use o próprioTEMPO - 19-10-80podí-r, o martelo que lhe foi confiado para destruir o nosso Aparelho de Estado.Também, repetimos, há os que foram exemplo de dedicação e coragem nascondições difíceis. Esses são o nosso orgulho, são o exemplo em que nosinspiramos.

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O Administra>dor no nosso País é um dirigente èý,i Povo. Ele assume e fazassumir os valores da Ofensiva Política e Organizacional.(...) O distrito é a unidade territorial que reúne as melhores condições para a2,'recção da base, para a resolução dos problemas do quotidiano do nosso Povo.Vamos fazer é,9 distrito a unidade territorial capaz de dirigir e planificar a vida nabase. Vamos reforçar os órgãos estatais no distrito para que dirija efectivamente alocalidade, a vila, a cooperativa, a machamba, a escola; o posto sanitário; ohospital, a aldeia comunal, o bairro comunal.A nossa experiência ensina-nos que a organização e o correcto enquadramento dapopulação é a garantia é&,» exercício do poder pelo Povo.Deste modo é necessário definir prioridad-es entre os distritos.Devem ser considerados prioritários:-Os distritos de mais significado económicona presente ficada.-Os dstritos das zonas libertadas.- Os distritos atingidos pelas agressões do exército rodesiano.-Os distritos fronteiriços.Tendo em consideração estas prioriddes devemos:-Iniciar a curto prazo a tarefa de reorganização territorial dos distritos.Nesta tarefa deve tomar-se cnmo base a experiência da Província de Sofala, talcomo determina a Resolução da 6.1 Sessão c ,à Assembleia Popular sobre aOfensiva Política e Organizacional.Devemos ttr em conta fazer do, distrito uma unidade territorial de mais fácildirecção e planificaçãó.O distrito assume, pois uma importância decisiva na direcção cà base económica esocial necessária ao desenvolvimento local. Assume uma importânciafundamental na transformação das relações de produção e na criação a partir dabase das condições políticas e ideológicas ý,i construção do socialismo iniciadano nosso País.O reforço dos órgãos do Estado no distrito é, pois, uma tarefa que dêvemosrealizar como uma das prioridades na presente c1,-,cada.Sem órgãos estatais fortes no distrito o nosso Estado será débil. Será como umaárvore de grande porte com raízes raquíticas. Terá raízes incapazes de perfurar aterra até encontrar a água que contém os sais de que necessita para se t,'senvolvere resistir aos ventos e tempestades mais fortes..D

Tempo nacionalFACTOS E FOTOSA fonte luminosa da Avenida 25 de Setembro, em Maputo, é um factor deembelezamento da nossa capital, emprestando à avenida uma frescura digna derealce. Contudo, a fonte funciona apenas quando a FACIM está aberta ao público.Não seria possível prolongar ou tornar permanente o seu funcionamento?Manter, reparar e melhorar as condições de habitação e de vida da cidade é tarefados Conselhos Executivos. Tarefa que se executa silenciosa e eficazmente. Masque não resultará totalmente (como o caso do cantineiro de flores exemplifica) se

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não houver um outro trabalho paralelo. Trabalho de educação dos cidadãos paraque se respeitem e conservem a cidade que é- afinal, de, todos.TEMPO - 19-10.80

Dois jovens comendo uma qualquer fruta, um pedaço de pão?Não. Estes jovens tocam um instrumento tradicional de música, designado«XIGOVIO,».Este instrumento é produzido atravós do fruto da «massala», depois de se extrair apolpa e as sementes. O xigovio tem três pequenos orificios: no maior dos quais sesopra; os restantes dois servem para produzir tonalidades diferentes ou tapando-seou libertando-se a sua abertura. Foto obtida no Festival Nacional de MúsicaTradicional.Fazendo contas da jornada de trabalho. Dois lavadores de carros utilizam opasseio para calcularem o pre;o do trabalho que realizaram.Minam Makeba esteve durante duas semanas em Moçambique numa visitaparticular. Na tarde do dia 13 de Outubro concedeu uma conferência de imprensanas instalações da RM, aos órgãos da informação nacional.Nesse encontro, aquela conhecida cantora sul-africana que se viu forçada aabandonar a sua pátria devido ao regime desumano de «apartheid- raii;ou que acanção, como uma necessidade de ordem cultural, tem um papel importante noapoio moral e político a todos os que por v4rias razões são obrigados a deixar oseu país e a viver no exílio.Na foto, Makeba, que dentro de pouco tempo terá dois «L.P.» lançados emMoçambique em edição local.

APONTAMENTOBovia 23dinamitePublicamos a última parte do texto de Licínio Azevedo que temos vindo adivulgar nos dois últimos números. Nesta parte o autor fornece alguns dados dasituação boliviana e da sua inserção política na América Latina e no mundo.Em Santa Cruz há uma agência do Banco do Brasil e uma grande influênciabrasileira que já se estend,2 por grande parte do país. Na Bolívia o cruzeiro temtanta salda quanto o dólar e numa das galerias de Século XX o mineiro Alfredotirou o, capacete na nossa frent P rvelnu-Entre muitos pases. a Lfbia Ioi um dos que recusou armas aos resistentes. Na foto,Muammar Gadhafi. Presidentelibiano- Eu sou o Zeca Diabo, do «Bem-Amado».A novela de Dias Gomes é o maior sucesso na televisão boliviana. Os mineirosassistem em aparelhos de televisão distribuídos na época de Banzer. E Alfredo sedi, verte com sua cara de gémeo d, Zeca Diabo.A Falange Socialista Boliviana, representante da extrema-direita que apoiou atentativa de golpe em Santa Cruz e que só teve um por cento dos votos naseleições, ia a comícios com metralhadoras. Durante as eleições o Conade colocougente vigiando as mesas de La Paz e de alguns lugares do interior. O objectivo era

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defender as urnas de qualquer tentativa ter"rorista de direita, já que o exército senegara a colaborar. Eram grupos de 20 ou 30 pessoas e as poucas armas quetinham não passavam de pistolas e dinamite. Isto preocupava o secretário dedefesa do Conade em La Paz, António Moreno. Em Novembro, no golpe deNatusch, os bolivianos apela-ram para meio mundo. Todis negaram armas, inclusive o presidente da Líbia,Gadafi. Seu ministro de relações exteriores teria respondido:- Vocês não entenderam Natusch. Ele é bem intencionado.António Moreno, um professor de direito de óculos e cavanhaque que trocou aprofissão pela- militância política, explicava que apesar de tudo o Conade iacumprindo seus objectivos:-Mas somos contrários a que um partido se .converta em vanguarda armada dopovo. A luta é do povo e ele é quem deve se armar. Não acreditamos nofoquismo, nem em terrorismo individual ou na possibilidade de um partido salvaros bolivianos."Em Novembro, no golpe d e Natusch, os bolivianos apelaram para meio mundo.Todos negaram armas, inclusive o presidente da Libia, Gadhafl."TEMPO - 19-10-80

Apesar de seus problemas com a secretaria de defesa do Conade, Moreno nãoestava pessimista. Para ele a direita ia tentar um golpe no Parlamento para imporPaz Estenssoro no lugar de Siles.- O Conade está organizando grandes manifestações populares para que o votopopular seja respeitado. Vamos sair nas ruas dia 13. deste mês - era Julho. - Ad&reita vai retroceder e é possível ,que dê o governo a Siles. Mas a UDP assumeno dia 6 de Agosto e dia 7 começa a especulação, a sabotagem económica. Adireita sabe que num período democrático as massas tendem a se reorganizar.Nossa ideia é criar comités de è,fesa da economia popular nos bairros para vigiaros preços. Também queremos formar assembleias populares em cada zona. Elasdeverão discutir a política de provocação da direita e se preparar para resistir aogolpe. No próximo golpe acho que podemos derrotar o exército.Para estas afirmaçes Moreno também se baseava nas condições internacionais.Falava 0,-i Nicarágua, do Irão. Admitia até a possibilidade de uma interferência<,irecta do Brasil ou da Argentina no seu país. Mas argumentava que isso seriaparte da luta da América Latina, e que se houvesse um impulso revolucionário naBolivia ninguém pod-ria freiá-lo por medo do Brasil, Argentina ou Chile.- Se outros países entram aqui vamos iniciar uma guerra de guer-Se Re~a ganhar as eleições nos EUA recrudescerão os golpes na AméricaLatina. afirma o padre Duretterilhas contra eles., Isto mobilizar4 todo o povo numa luta longa. Mesmo sendoapenas 5 milhões temos capacidade para isso. O Vietname é um exemplo.Enquanto Moreno falava os candidatos da Falange Socialista insistiam na fraudeeleitoral e a Corte de La Paz negava o pedido de revisão da contagem de votosafirmando que fora correcta. Nos mesmos dias Lechin pediu. licença da CentralOperária, por motivos de saúde e o comandante da ForçaAs miserdiveis casas dos mineiros. Uma reolta permanente.

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Aérea, general Waldo Bernal Pereira I- integrante da junta militar que substituiuLidia Gueileragrediu os partid,os com retórica militar:- Núcleos reduzidos de pessoas que se pretendem arrogar em representantes daBolívia - disse o general - fizeram muito pouco em longos períodos de governopara elevar o nível económico e cultural das maiorias que pretendem representar,ante a desconfiança idesse povo que, por três vezes consecutivas, não outorgou aninguém a representatividade adequada que significaria aquele ansiado 50 porcento mais um.-Vinte e quatro horas depois o comandante do exército, Garcia Meza visitou asprincipais unidades do exército no pais. Declarou aos jornais que era uma visitade rotina.O padre Roberto Durette tem uma boa experiência com golpes em seus 18 anos deBolívia. A rãdio católica Pio XII que ele dirige em Século XX já foi invadida seisvezes e destruída uma vez pelos militares.- Desde Novembro falam em golpe --- desabafa ele. - A gente dorme e quandoacorda abre a ja-.as

Bolívia: um paismarcado por umasucessãointermindvelde golpes militaresde direita. A suaposição estratégica no continentesul-americanoexplica essa sanhanela para ver o sol e se certificar se ainda não deram.Há balas de fuzil cravadas nas paredes internas do prédio onde funciona a rádio,uma igreja, e es. tá a casa do padre uma verdadeira fortaleza. Foram dsparadas nogolpe de Pereda, o brigadeiro que derrubou o general Banzer e foi derrubado pelogeneral Padilha. Nas épocas conturbadas a Pio XII entra em cadeia nacional comas rádios mineiras. Ela é um resumo da transformação da igreja na AméricaLatina. Foi criada em 1959 para combater a influência uvermelha» nos sindicatosmineiros e acabou no lado do povo. Agora há um cartaz no estúd!o de gravaçãoque diz: aZ proibido falar pelo povo, é o povo que deve dizer sua própriapalavra.»Em 1978, no golpe de Pereda, os soldados chegaram na rádio e mandaram ooperador tirá-la do ar. Ele deixou os microfones ligados e tudo que conversoucom os soldados foi transmitido. Os mineiros-estavam em assembleia na boca da mina e subiram como formigas. Os soldtidosnão sabiam o que fazer e só não foram desarmados porque os líderes sindicaispediram"Em 1978, no golpe de Pereda, os soldados chegaram na rádio e mandaram o ope.rador tirá-la do ar. Ele dei. xou os microfones ligat'os e tudo que conversou comos soldados foi transmit[do Os mineiros estavam em

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assembleia na boca da mi. na e subiram como formigas."calma. Tiveram que ir embora e a a rádio continuou no ar.O padre Durette estranhou quando chegou em Século XX e viu as paredespixadas com: «Os ianquis causam a miséria dos povos.» Ele vinha de umapequena cidade ao norte de Boston e pensava: «As pessoas não nos entendem, osnorte-americanos são generosos.» Viveu quatro ou cinco anos em estado dechoque até começar a ver as coisas por outro ângulo.Durette e os outros padres oblatos do distrito passaram a discutir os problemasdos mineiros e dos camponeses. Ele pagou um preço. Foi chamado de «padre demerda» por ministros militares. Numa madrugada de 1977 foi atacado porsoldados que invadiram a igreja e o espancaram com as coronhas das armas. Osmilitares roubaram até o amplificador da sacristia e deixaram padre Durettedesmaiado na frente da igreja.Na segunda semana de Julho ele estava pessimista. Não acreditava que a Bolíviapudesse determinar um governo sozinha, sem levar em conta os países vizinios.- O exército brasileiro estava aqui d,9ntro no golpe de Banzer disse ele. - Torres -durou só um ano no governo. Gostaria de saber quanto dinheiro do Brasil veiopara cá e quantos generais e coro, neis foram comprados para apoiar Banzer. ABolívia está no centro da América Latina, toca muitos países. Se um governopopular assume dura poucas semanas, o financiamento do golpe virá do Brasil ouda Argentina. A Bolívia é um país muito débil, tem uma dívida externa de 3bilhões de dólares. Ela é muito débil - repete o padre, aumentando a voz.Padre Durette prediz que seReagan ganha as eleições nos Estados Unidos vai ser um tempo de Nixon, golpespor toda a América Latina. Nos despedimos dele no fim desta conversa, à meia-noite.- Vocês querem ir embora ama. nhã de manhã - ele disse. - Mas talvez acordm e oexército esteja aí fora. Então não viajam.Dissemos que voltaríamos para ver o golpe, quando Reagan assumisse.- Por quê? - perguntou o padre, com uma risada forte. - Vocês não têm golpes láno Brasil?O golpe na Bolívia aconteceu uma semana depois desta entrevista com o padre. Avontade de viver uma democracia era tão forte qua na manhã do golpe, quando9os militares já se tinham insurgido no interior, a direcção do Conade se reuniu noprédio d,% Central Operária, um dos locais mais visados de La Paz. Ali forampresos uns vinte líderes políticos"A Bolívia está no centro d a América Latina, t o c a muitos países. Se um gover.no popular assume, d u r a poucas semanas. O financiamento do golpe virá doBra.sil ou da Argentina."e sind,.cais. Quiroga Santa Cruz e dois sindicalistas foram mortos em seguida.Lechin foi para a prisão, talvez ferido. Siles Zuazo conseguiu entrar naclandestinidade apoiado pelo esquema de segurança da UDP. Paz Estenssoropegou uma prisão domiciliária. No dia do golpe Domitilla estava numa reunião c,ímulheres na Dinamarca. Montesinos pode estar entre jornalistas presos no paláciodo governo. E Lídia Gueiler acrescentou outro exílio à sua biografia.

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Não há notícias sobre Huilisaco, Emil Balcazar e o padre Rurette. Balcazar eHuilisaco talvez participassem da reunião do Conade. Se aconteceu isso podemestar entre os quinze líderes sindicais que teriam sido fuzilados nos primeirosmomentos do golpe.Licínio Azevedo/CoojornalTEMPO - 19-10-80

a Chinamoderniza-se,A China prepara-se para enfrentar os problemas daspróximas décadas. Território imenso, cheio de riquezas e comuma mio-de-obra fabulosa, ela estâ-se modernizando.A China de Confúcio (541-479 a.n.e.), filósofo que moldou o pensamento chinêsnos últimos 2400 anos;A China da Grande Muralha que o imperador Che Huang (246-209 a.n.e.)mandou construir para defender o seu império dez invasões dos nómadas donorte--Hunos-e que tem 2500 quilómetros de comprimento e 10 metros de altura;A China onde primeiro se inventou a pólvora, o fogo de artificio e a seda.A China de Sun Yat Sen que fundou a república em 1911, uma república quecoexistiu com o feudalismo que ali perdurou por trinta séculos..A China do Kuomintang e do der' rotado Tchang Kai Chek que se refugiou há 31anos na Ilha Formosa;A China da grande revolução socialista, que fermentava desde os ai,ores desteséculo, e cujo exército de libertação venceu as forças reaccionárias de Tchang KaiChek, apoiadas pelo imperialismo norte-americano; A China, nação já pertencenteao grupo dos países que dominam a tecnologia atómica e com cerca de milmilhões de habitantes; A China dos grandes guias revolucionários, Mao Tse Tunge Chou en Lai, ambos falecidos no espaço de pouco tempo, e já nos últimos anosda década passada;A China da Revolução Cultural que abalou as estruturas chinesas entre os anos de1966 e 1976. perante a per, plexidade do mundo; A China de 1980. fruto de todases-tas fases porque passou, prepara-se, para dentro de vinte anos, atravessar a portapara o Terceiro Milénio como potência da vanguarda tecnológica.A China iniciou a marcha acelerada para a modernização.AS QUATROMODERNIZAÇõESNesta marcha acelerada para a modernização, os chineses falam delaconsubstanciando-a no que chamam as «Quatro Modernizações».(É antigo o costume chinês de numerar o que é importante).Assim, estas «Quatro Modernizações» significam que o povo e os dirigentes sevão engajar em dotar com melhor tecnologia e fazer avançar quatro sectoreschaves da vida do país. Deste modo, planifica-se a modernização da Indústria, amodernização da Agricultura, a modernização da Técnica e da Ciência, e amodernização da Defesa Nacional.

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No fim do ano passado. no Grande Palácio do Povo, em Pequim, realizou-se umgrandioso e festivo sarau perante os chefes do partido e do estado, que premiaramos trabalhadores-modelo que de uma forma ou de outra contribuiram para amodernização.No discurso que na altura fez o Vice-Primeiro-Ministro Lixinian, sobressaía aafirmação:~<Desenvolver a produção constitui a tarefa principal que deve guiarTEMPO - 19-10-80Evolução de quatro caracteres ideogrdficos clneses: 1) - tigre; 2) cavalo; 3) -expedição punitiva; 4)dedo do péos trabalhadores. Ao avaliar o trabalho de cada entidade (colectiva de trabalho) oude cada indivíduo deve-se tomar como critério fundamental a sua contribuiçãopara as quatro modernizações».Ao longo de todo o sarau esteve sempre presente o espírito de se fazer avançar asquatro modernizações.FACTOS CONCRETOSAs novas autoridades chinesas, que se empenham na modernização e queprocedem de acordo com novos princípios políticos enunciados pelo PartidoComunista Chinês, dizem que a orientação anterior «ultra-esquerdista», segundoafirmam porque não corresponde ainda ao presente estádio sócio-económico, .decada um conforme as suas capacidades e a cada um conforme as suasnecessidades», foi substituída pelo princípio de ua cada um conforme o seutrabalhou.Este estímulo correspondeu. no ano passado, a um aumento do poder de comprade 13% em relação a 1978. Por outro lado e para responder a este poder aquisitivoque aumentou a procura de produtos, estão a fabricar-se, desde o ano passado,cinco mil novas variedades de produtos que incluem máquinas de lavar a roupa,frigoríficos e relógios.No capítulo do turismo, têm-se dado passos largos a fim de fomentar não só oturismo interno mas, também a25

visita de emigrantes chineses que queiram visitar a terra dos seus avós e quedeixam assim um volumoso montanté de divisas.Para receber estes visitantes têm-se construído vários hotéis, o maior dos quais seconstruíu em Xangai. Tem 25 andares com 90 metros de aitura, 11 restaurantes e600 quartos.A China, por outro lado, abriu as portas aos investimentos estrangeiros, estandoneste momento a construir com o Japão entre outros um cais de águas profundaspara barcos de 100 mil toneladas' no porto de Shijiusuo, na província deShandong. o que permitirá exportar anualmente dez mi-lhões de toneladas decarvão; a linha de caminho de ferro de 300 kms ligando aquele porto a Yanzhou,numa bacia carbonívera e a ampliação de mais vias férreas e a construção de umcomplexo hidroeléctrico emWuquiangxi, no rio Yuanshui.

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A siderurgia de Baoshan, em Xangai, progride em ritmo acelerado dando-se assimcumprimento ao maior projecto industrial desde 1949, ano da fundação daRepública Popular da China. Por enquanto só se encontra acabada a partereferente às fundações para a qual já se construíram 37 mil pilares de aço e debetão armado. Mas ainda antes'desta siderur gia ficar pronta regista-se umaumento de produção de 55 milhões de toneladas de ferro e seus derivados de1978 para 1979, em outras siderurgias que já estão construídas há anos.OS NOVOS QUADROSUma economia nova exige quadros novos para a desenvolver e a dirigir.Em 1978, terminaram cursos de administração dos departamentos económicos deempresas, 460 000 operários industriais; destes, um terço concluiu o curso dedirigentes económicos de empresas.Foram efectuados cursos semelhantes a estes para peritos de'extracção depetróleo, de 14 campos petrolíferos diferentes, para 300 responsáveisAltos tornos surgem na China como sinal evidente de uma industrialízagaoaceleradade departamentos florestais e para 20 mil quadros dirigentes de minas, fundiçãode ferro, laminaria de aço e tecnologia de computadorização.Também na agricultura tiveram lugar cursos para quadros dirigentes de empresasagrícolas e ganadarias, para estudo de maquinaria agrícola, economia agrícola ecriação de gado.O P.C.C. acompanhou de perto este aperfeiçoamento dos quadros, enviandosecretários de comités de partido e outros -militantes estudar ciência e técnica.Estas medidas-ide aperfeiçoamento das possibilidades técnicas de operários,militantes do P-.C. e dirigentes visam estimular a competência.A emulação de competência destina-se não só a levar os trabalhadores a produzirmais e melhor, mas principalmente a levar as empresas a rivalizar entre si, paraalcançar as melhores metas de qualidade e quantidade.Como exemplo, cita-se o facto de esta emulação resúltar na duplicação daprodução, de mercadorias de melhor qualidade, em Pequim, de 1978 para 1979.Para além do melhoramento na pro-dução industrial, há a assinalar ó_ aumento das colheitas verificado nas comunasagrícolas e nas granjas.A comuna é autónoma, pertencendo os seus produtos aos camponeses-que acultivam e a administram. Nas comunas habitam e trabalham muitos milhares depessoas. As granjas são empresas estatais de agricultura que o estado dirige. Claroque para além deste tipo de produção colectiva agrícola, há centenas de milhar decamponeses que têm as suas pequenas macharhbas individuais, que trabalhampara prover o seu sustento e vender os excedentes aos armazéns do governo.Acerca destes ,agricultores individuais há a registar o facto que, por resolução doComité Central do Par, tido Comunista da China, se procedeu à suareclassificação, procurando incluí-los nas classes trabalhadoras que traçam odestino da R.P. da China.Deve-se dizer que, em fins de 1978, ainda havia no país, quatro milhões depessoas classificadas como «latifundiários» e «lavradores ricos».Em 1979, trigésimo aniversário da fundação do estado revolucionário, as

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TEMPO - 19-10-80

massas do campesinato foram chamadas a julgar o comportamento dos seusvizinhos «latifundiários» e «lavradores ricos,,, nestes trinta anos.O testemunho desses camponeses em favor dos seus vizinhos, declarando que elesaderiram à revolução, levou a que lhes fosse retirado o ferrete ignominioso, naChina, de «latifundiários» e «lavradores ricos».Mantiveram a mesma classificação apenas 50 000, cerca de. 13% do totalanterior, número que se dilui nos mil milhões de habitantes da China.INTEGRAÇÃO ECONÓMICAEsta modernização pretende não levar só a uma melhoria qualitativa e quantitativada produção, mas também a um maior enriquecimento e aproveitamento dosrecursos e do trabalho, com a integração económica.Estão a mnultiplicar-se o número de empresas que vivem em torno de umaindústria axial.Há companhias que investigam, fabricam e lançam no mercado novos produtosquímicos, a partir das refinarias de petróleo a que estão anexadas, fazendo oaproveitamento dos produtos derivados do petróleo em rama.Há indústrias conserveiras que compram e estimulam a pesca, junto dos portospesqueiros. Foram montadas nestes complexos pesqueiros, paralelamente àsfábricas de conservas, fábricas de extracção de óleo de peixe e fábricas de raçõespara animais.Nas grandes plantações açucareiras é óbvio o benefício da montagem de fábricasaçucareiras e estas existem em quase todas as grandes regiões de plantio de cana.Mas acopuladas a estas há também agora empresas indus trias que destilamaguardentes e álcool. E ao mesmo tempo estão a surgir grandes fábricas de papel,que aproveitam a polpa da cana, depois de ter passado pelos moinhos deextracção, para fazer papel para tipografia.TEMPO - 19-10-80A MODERNIZAÇÃO NA ESCRITAPara os estrangeiros que nunca foram à China, o facto exterior mais marcantedesta modernização da vida chinesa é a fonetização da escrita, modernização quetransparece na utilização. de sinais fonéticos latinos, diferentes dos queanteriormente eram usados para dar a ideia tónica de muitas palavras chinesas.É assim que os leitores de jornais escritos com carácteres latinos viram, de súbito,«Pequimr, passar a aparecer escrito como «Beijing», «<Xantung» como«Chandong», «Mao Tse Tung» como «Mao Zedong», Chou en Lai como «ZhouEnlai».A escrita chinesa tem cerca de 4000 anos desde a sua origem. Como todas asescritas começou por ser pictográfica: isto é, representava as coisas pelo seudesenho miniatural um homem era um pau ao alto (tronco) com uma bolinha emcima -.(cabeça) e dois paus (pernas) a partir do troço inferior para a base; umacasa era um quadrado com um triângulo no topo, etc.Depois passou a ser ideográfica como ainda hoje se mantém. A escrita ideográficaexprime ideias (e não fonemas ou sílabas como a latina ou a japonesa): porexemplo, os caracteres de um homem com o do sol por trás-quererá dizer «calor»,

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substantivo abstracto que não pode ser representado de forma pictográfica; oscaracteres de uma mulher e do filho morto significarão tristeza. (Note-se que istosão exemplos ideogýráficos para explicação simples e não caracteres do chinês).O resultado disto é que sendo cada caracter ideográfico um verbo, um substantivo,um adjectivo ou um advérbio é preciso um grande número de caracteres para setransmitir uma mensagem.Os chineses dizem que, na longa história do seu património cultural, seinventaram cerca de 60 mil caracteres ideográficos, muitos dos quais caíram emdesuso.Para se escrever o chinês mais simpies e mais divulgado e, portanto, o oficial -definido como «putonghua" o chinês de Beijing «sem gíria nem calão» - ascrianças tem de memorizar mecanicamente, nas seis classes da primária, três milcaracteres, que apepas lhes permitem escrever comunicações pouco complicadas.Segundo os gramáticos chineses, para utilizar uma escrita vernácula mais rica, énecessária decorar seis mil caracteres.Contudo, o povo queixa-se,' desde há séculos, que o chinês é difícil de escreverporque é difícil de aprender. Por outro lado, os trabalhadores de vários ramoscomo ciência, técnica, engenharia, medicina, queixam-se que o chinês ideográficoé inadequado à moderna terminologia e incapaz de traduzir os inúmeros emodernos neologismos que são importados.O chinês ideográfico torna ainda dificílimo o emprego de máquinas de escrever,das «linotypes», do telégrafo.Havendo já três séculos de tentativas ensaiadas por chineses e estrangeiros de-reproduzir o chinês em caracteres fonéticos - os que dão o valor de um som comoos latinos a partir de 1949, deu-se grande incremento ao estudo da representaçãodo chinês em caracteres fonéticos.Depois de diversos projectos terem sido apresentados e discutidos por milhares detrabalhadores da cultura, optou-se pela representação em escrita fonética latina.Utilizam-se, também apóstrofes para separar ditongos ou vogais semelhantes ecuja pronunciação pode fazer confusão: Por exemplo, «qui'e» (pinguim) e «quie»(cortar).O chinês «putonghua», que será representado por 26 letras latinas, mais quatroconsoantes duplas e quatro sinais fonéticos semelhantes ao til para dar atonalidade, servirá para unificar o povo que se exprime em diferentes dialectos,difíceis de compreender por quem não cresceu a falá-los e ainda mais difícil deescrevê-los.AREOSA PENA

Brasil:graves efeitosBOLIVIAda guerraIrão-iraqueNas últimas duas semanas a guerra entre o Iraque e o Irão está a ocupar asmanchetes dos principais jornais do mundo. No Brasil, país grande consumidor depetróleo, esta guerra encontra-se no centro das preocupações nacionais.

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A nossa correspondente naquele país, Beatriz. Bssio, enviou-nos um apontamentoonde analisa os reflexos daquela guerra no Brasil.O Iraque fornece diariamente 400 mil barris de petróleo ao Brasil, representando40 por cento das necessidades do país. A Arábia Saudita - que deu o seu apóioexplícito ao Iraque e por isso foi ameaçada pelo Irão de poder ser declaradatambém país em guerra, entrega 180 mil barris diários, e o Kuwait, que emboranão participe da guerra usa a rota do estreito de Ormuz, fornece 80 mil barris cadadia. Ou seja, 660 mil barris de petróleo por dia já não chegam ou correm o riscode não poderem chegar ao consumidor brasileiro.De um dia para o outro os meios de comunicação no Brasil começaram a buscarnos arquivos todos os dados possíveis sobre o mapa do petróleo no mundo. AnÍvel do governo, os fornecedores alternativos potenciais - particularmenteEquador, Venezuela e México foram contactados discreta ou abertamente;enquanto se sucedem as reuniões de emergência da equipa económica.«A Petrobras já consome reservas»; «Bloqueio pode tirar 50 por cento do petróleode Ocidente»; «Ministro n e g a racionamento»;«Se prevê economia de guerra», «Alta no spot-market», «Líbia e Indonésiaoferecem p e t ró 1 e o». Eis aqui algumas da manchetes-dos jornais brasileiros dos últimos dias. O Brasil descobre o que já previa: o seudestino e o dos países árabes correm paralelos. Um dirigente da oposição já antesda guerra tinha definido a situação da seguinte maneira: quando o Iraque pega umresfriado, o Brasil vai para cama.A QUESTÃO DE FUNDOA discussão ganhou as ruas. Desde a oposição até ao governo, da universidadeaos sindicatos, a pergunta está no ar: pode o Brasil ficar paralisado em curto prazose a guerra continuar?Não é só o Brasil quê agora se afunda na discussão. No Uruguai- que também depende do petróleo iraquiano - o governo chama a população aoautoracionamento no consumo «para não ter que impô-lo pela força». E outrospaíses da região, embora não tão atingidos pelo problema do fornecimento dopetróleo externo, estão acompanhando passo a passo o desenrolar da sitüaçãomilitar no Golfo.-Só que no Brasil, pelo volume do petróleo consumido e pelo facto de ter queimportar mais de oitenta por cento das necessida des, a questão tem umaconotação especial.Além do mais, o momento político que o país atravessa é propício para que estasquestões sejam levantadas. O povo brasileiro está motivado para a discussão. E aguerra no Médio Oriente e as suas consequências imediatas na economiabrasileira o levam a se perguntar muitas coisas.Para sermos francos, muitos brasileiros não entendem ainda por que as suas vidasquotidianas têm que ser atingidas por decisões que estão nas mãos de dirigentesque lhes são tâo alheios e até desconhecidos. E é particularmente sobre essessectores da poputlação que actua a campanha desencadeada, por uma certaimprensa e determinados meios de comunicação para os quais os árabes sãoculpados de toda a crise da economia brasileira. Essa guerra psicológica é'

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efectiva a curto prazo. Não há d ú v i d a s. Uma parcela da opinião públicabrasileira está analisando a situa, ção segundo essa óptica.Defender hoje os países árabes perante eles exige romper esquemas que por muitorepetidos se foram consolidando.Porém, a um sector importante da população brasileira que nãoTEMPO - 19-10-80

aceita essa análise e vai ao fundo da questão. E põe ênfase no facto da c isebrasileira decorrer do do modelo de desenvolvimento adoptado no país,particularmente nesses últimos quinze anos.Dirigentes sindicais e políticos têm denunciado o gigantesco crescimento daindústria automobilístioa, principalmente da Volkswagen. Eles acrescentam queenquanto isso acontecia, os tradicionais meios de transporte até a década decinquenta, isto é, as estradas de ferro e aqueles que aproveitavam as vias fluviais(aliás muito abundantes no Brasil) foram relegados e praticamente desactivados,desestimulando assim aos usuários. Actualmente, 83 por cento dos transportes decarga do país se fazem pelas rodovias.IraqueA. SauditaKuwait VenezuelaOutrosFonte: PerobrãsEssa política não foi somente implementada no Brasil. O mesmo aconteceu emoutros países sul-americanos. Mas novamente o caso do Brasil assumecaracterísticas especiais: com. mais de oito milhões de quilómetros quadrados aconexão das diferentes partes do país exige um consumo de, combustívelexorbitante, mais de um milhão de barris por dia. Há alguns anos ninguémcogitava que no começo da década de oitenta esse modelo de desenvolvimentoviria a ser questionado por acontecimentos políticos que se desenro]avam a tantosmilhares de quilómetros de distância.AS ALTERNATIVASA crise, que não é de hoje, vinha sendo discutida a nível de governo. De certaforma reconhecia-se assim que o modelo não é tão perfeito quanto se proclamava.Duas linhas alternativas de produção estão concentrando os esforços oficiais; ocarvão e o álcool. Importantes investimentos feitos nesses sectores poderão,talvez, ajudar a atingir a meta governamental: tirar deles as duas terceiras partesda energia consumida no país, no menor pra-zo possível. Também foi anuncia-Emirados ....... 40Nlgéria ...... 30China ........... 20Gabão ........... 20México .......... 20Lbia ......... 10Zona neutra ... 10 Congo ........... 10Argélia ......... 8Angola .......... 7

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da a decisão de lograr uma redução no consumo de gasolina, que deveria ser de 20por cento, estimulando o uso do transporte colectivo.Paralelamente se ampliará a pro specçáo de petróleo no país, para o qual ogoverno anunciou admitir a hipótese da União Soviética colaborar nas pesquisas.Também a URSS teria oferecido vender 26 000 barris diários ao preço de 34dólares.Sectores da oposição não aceitam essas soluções de conjuntura. Defendem a tesede uma reorientação global da economia como a única saída para a crise. Só umapolítica nacionalista, que ponha as riquezas naturais ao serviço do Povo brasileiro,dizem eles, poderá satisfazer as necessidades básicas dos milhões de cidadãosque hoje estão marginalizados. Só uma mudança profunda nos valores dasociedade, que acabe com o consumismo e a produção suntuária, que termine comos incentivos ao uso do automóvel individual e reoriente a produção dessaindústria junto com uma reavalização d as potencialidades energéticas do país,poderá abrir o caminho a um desenvolvimento independente. E estãoaproveitando as condições criadas pela guerra entre o Iraque e o Irão para discutirjunto do Povo brasileiro as políticas a serem levadas adiante. Na medida que asdiferentes correntes de opinião consigam debater o problema e confrontar os seuspontos de vista a luta no Médio Oriente terá tido uma consequência concreta,ajudar aos brasileiros a reinterpretar as realidades de seu país e a reanalisar o seumodelo de desenvolvimento.Beatriz BíssioTEMPO - 19-10-80

--------- - --- -RWOWAGEM FOTOGRARCAcenas de Bei-rutelinagensdoLi'banb 4',Nas primeiras tres Defesa de um eantpo de refugladøs palestinossemanas de Setembro deste cýo o 'omalistamogambi 'anoda Acfåriciadelriformagmde Mogambique,Carlos Cardoso, visitouo L1'bano -a convite da Organizagåo de Libertaqdo da Palestina. Depois das. suascr6nicaspublicadas nos jornals «Not'lcicis» e «Noll-ciasda Beira», a revista «TEMPO» a-presenta estasemana algumasfoltoqrafias que,embora muito,rudimentarmente"retratam os conflitosque actualmente

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daractedzam o Lfficno.Nas ruas da cidade, durante a guerracivil de 75/76

o jornalista Carlos Cardoso quando recebla cumprimentos de despedida docomandante Asmi, um dos combatentes regionais do sul. Ao centro, HaniShawwa, representante da OLP em Moçam.bique . , I,quero ser feEste jovem, de 14 anos de Idade, prendeuDesde muito novos os palestinos aprendem eausar uma arma. em 197s umsoldado israelita que foi posterormente trocado por 76 presos políticosNas suas conversas está sempre a palavra «fefaln» (guerrilheiro).palestinosHassan, 12 anos de Idade. CombatenteTEMPO - 19-10-80Escola .3 1

cidade de tyrucpuDI ae uma DomDa ae mii aflu.inEntrada de um prédio.u que a uoma ues£rol o cimenuo reconsroinm cima: uampo ae reiuglaoos ae itasnaayle Ao lado: Uma mulher e seus filhos.Cada filho que nasce é maisum passo para o outro lado da fronteira

SoIuIade rnale.1ic dnfendende uni ponte de passagern nfa rota nientanhosa Sul-CentroTEMPO - 19-10-6033

eARCANSAS (EUA) - Imagem do míssil atómico «Tintan lII dentro do silo ondese registou recentemente uma explosão. A explosão verificada neste projéctilintercontinental provocou uma forte radiação na região levando à evacuação dapopulação circundante. Estudos posteriores vieram a detectar elevadaconcentração de radiação na água dos poços.INGLATERRA - Um carro com dois motores a jacto pilotado por RichardNoble e com o qual procurou bater o recorde mundial de velocidade emsuperfície. No ano passado o mesmo automobilista pilotou um veículo que rodoua 050 quilómetros horários.TEMPO - 19-10-80

ARÁBIA SAUDITA - Uma imagem curiosa a deste camelo transportado numveículo ligeiro. A foto foi obtida pela National Geografic Society, dos EUA, nodeserto da Arábia Saudita. Trata-se, na verdade, de uma original propaganda aos

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carros «Toyota» que ai Arábia Saudita importa em números astronómicos de20000 por mês.TEERÀO E MANILA - Em cimaestudantes iranianos alistam-se como voluntários na embaixada do Irão emManila para a participação na guerra contra o Iraque. Nos cartazes pode-se ler:«Estamos prontos para lutar contra o Iraque e osEstados Unidos».Ao lado: prisioneiros iranianos dedelito comum detidos na prisão de Evin, em Teerão, manifestam-se, igualmente,pedindo o seu alistamento na guerra contra o Iraque.TEMPO - 19-10-80

TempoculturalQ'"i PALESTRAT eatro:crescimentoNas instalações da Organização Nacional de Jornalistas em Maputo, realizou-seno dia 4 de Outubro uma prlestra subordinada ao tema «RefleXão sobre Teatroem Moçambique, a qual foi apresentada por Sérgio Vieira, membro do ComitéCentral do Partido FRELIMO e Ministro-Governador do Banco de Moçambique.A palestra aconteceu a-propósito do lançamento em livro da peça «A SagradaFamília" do grupo cénico das F.P.L.M.Para além de numeroso público que esgotou totalmente o salão recreativo da ONJ,estiveram também, na mesa que orientou o encontro, Graça Machel, Ministro daEducação e Cultura, e Teodato Hunguana, Ministro da Justiça.Pelo seu interesse cultural, pelo seu valor didáctico, transcrevemos as palavias deSérgio Vieira na sua reflexão.O teatro não é pintura, não e escultura, não é música, mas o teatro é tudo issoinadiávelQueridos amigos do Teatro:n difícil abordar um diálogo e uma discussão de uma matéria tão rica como oTeatro, porque o Teatro é a Vida e a Vida ou se a vive,, ou se não vive.<E o Teatro, porque síntese da vida, porque crispação da vida num certomomento, porque momento dramático, ou nós o sentimos ou não o sentimos.O Teatro é uma criação, é um acto cultural, mas é uma criação e um acto decultura com caracteristicas especificas. 1O Teatro não é a pintura, não é a escultura; o Teatro não é a música, mas oTeatro.é tudo.Ele pode ser música sob a forma de ópera; ele poý,3 ser pintura, porque trazendoa vida na sua angústia, na sua emoção.Ele é, primeiro, expressão de uma transformação.Nós não pomos em causa aquilo que não é transformação, seja qual for a peça deTeatro, porque traz em si, necessariamente, um conflito:- um conflito de gentes;TEMPO - 19-10-80

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- um conflito de costumes.;-um conflito de pensamentos;~um conflito de emoções.O Teatro traz sempre um conflito, e procura uma solução para esse conflito, atransformação.Ele tem uma natureza profundamente dialéctica na sua construção; apresenta osopostos e o choque dos opostos, de onde surge a solução certa ou errada. Massolução sempre resultante do choque entre dois opostos porque a transformação éexpressão de um conflito e esse conflito pode ser de diversas ordens.Por vezes, nós temos a tendência de querer classificar, de querer sistematizar, dequerer reduzir horizontes visuais. Então será Teatro revolucionário aquele quemostrará o conflito entre o reaccionário e o revolucionário de uma formaempírica. E nessa medida, perdemos uma dimensão, que é uma dimensãofund,ímental, que tudo o que é humano é profundamente revolucionário. E érevolucionário um beijo; é revolucionário o amor de um homem ou de umamulher como é revolucionária a luta- de classes.Não é porque a peça de Teatro apresenta a luta de classes que, necessariamente,ela será revolucionária, porque se o umco critério da revolução fosse esse, então«0 MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA9 seria a mais bela obra daLiteratura mumdial. E o «Manifesto» não é, nece§sariamente, a mais bela obra daliteratura mundial embora tenha provocado uma tremenda transformação em todaa Humanidade. A peça será revolucionária quando for-expressão ,de um conflito,conflito de emoções, conflito de costumes, mas sempre um conflito, de gerações,conflito de classes.E, na verdade, todos os conflitos cobrem sempre <,;recta ou indirectamente overdadeiro conflito, oconflito entre o que avança e o que quer permanecercrispado, congelado no passado.Por isso, o Teatro está muito ligado à emoção.A emoção humana, a emoção-sentimento, a emoção intelectual, a emoção perantea realidade da vida, a sua grandeza e a sua miséria.Um Teatro sem emoção não é TEATRO porquenão seria humana a existência de um conflito que não provocasse uma emoção.O HOMEM reage perante o belo como reage perante o que é feio; reage perante amiséria, como reage perante a grandeza; e o Teatro, talvez parafraseando oCamarada Presidente Samora Machel, é um pouco de gota d,2 orvalho e como nagota de orvalho, nós vemos tanto o brilho do sol como a escuridáo do esgoto.Ele é um espelho. * uma pequena gota, mas é um espelho.O TEATRO, FORMA DE COMUNICAÇÃOO Teatro - esta seria a segunda parte da minha reflexão - é uma comunicação.Tod,ã a Arte é uma comunicação, mas o Teatro tem características especiais nacomunicação.Temos muitos pequenos dramas que surgem da preocupação de burocratizar efuncionalizar a cuiturd.n uma comunicação a três níveis:Autor/Público;

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Actor/Público; ePúbliéo/criador.É uma comunicação autorpúblico, na medida em que o autor e actor é tanto oescritor da peça. individual ou colectivo, o realizador da peça que traz para osnossos olhos, para os nossos ouvidos, para as nossas emoções, um momento datransformação da vida.Que ele faça passar ou não faça passar essa comunicação, é aí que se situa ogénio, é ai que se situa a capacidade criativa de transmitir.Da mesma maneira que eu posso fazer uma peça musical, eu posso fazer umquadro, uma escultura e dar-lhe um título muito belo e nada comunicar. Foi umfracasso. E sem título ela comunica. Esta e uma comunicação de palavras, degestos.O Ministro-Governadordo Banco,Sérgio Vieira,ladeado pelosMinistros daEducaçãoe Cultura e da_À Justiça, quando pronunciavaa palestra naOrganizaçãoNacional deJornalistasTEMPO - 19-10-80

-JEssas palavras e esses gestos trazem-nos uma reflexão suscitam-nos uma emoção,conduzem-nos a uma conclusão.Criador também, a um outro nível de comunicação, é o actor.<A peça escrita e vivida no palco são dois momentos diferentes. Há tantanecessidade de génio em re. presentar como em criar; e representando cria-se.Todos nós temos a experiência d, ouvirmos um poema declamado por A, por B epor C, e de vermos uma peça ou um filme representado por diversas pessoas esentimos de maneiras diferentes, porque naqueles que nos trouxeram o poema,naqueles que nos trouxeram a peça, houve uma transformação. A vida delestransformou-se em peça e penetrou em nós, ou a vid,, deles não se transformou enão penetrou. 2 como uma peça musical, uma sinfonia ou uma canção quecomunica quando criada por aquele que está a comunicá-la.Há um terceiro momento do Teatro como comunicação.iao relacionamento'entre o público e o criador.O escultor deixa a sua escultura e, individualmente, nós a vemos, ou, em grupo,nós a vemos. O Teatro não. No Teatro há um momento colectivo de sentimento.Não fazemos uma peça de Teatro para ser ouvida e vista por uma só pessoa. Umasala dl, Teatro é um local de sensação e de vida colectiva. São centenas oumilhares de pessoas que, naquele momento, recebem uma comunicação,

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assumem-na, assimilam-na e transformam-na em emoção, em conclusão. E todostêm o mesmo sentimento; digamos que ressoam ao mesmo-diapasão. E nesteressoar ao mesmo diapasão há a influência do público sobre o actor que sente opúblico e vive-o. E neste ressoarAlguns julgam-se os grandes censores de cultura e da anticultura quando nemsequer o Partido faz censura, nem nunca a fará. O Partido dá orientações, mostra-nos o que é correcto e oque é justo. Mas não faz censura.ao mesmo dc.apasão há a influência do público sobre o criador. E mais do queisso. Em certo momento, somos público, em certo momento somos Povo.A inspiração, a peça, aquela crispação da vida, aquela síntese da vida é encontradano quotidiano, e encontrada naquilo que, num sentido global e lato, é a luta dóhomem, é a luta da Humanidjde e que seja ela pela vitória do proletariado comoencontramos nas peças de Brecht, ou que seja ela do sentimento humano, doconito humano, encontramos este conflito humano, este conflito de classe.Lembrva-me agora por exemplo, de qualquer coisa que hoje, e talvez, muitosignorem, mas que é uma das mais belas peças ,da Literatura em línguaportuguesa, a «Trilogia d0as Barcas» de Gil Vicente, em que sentimos - aí - umacritica social profunda, a análise da burguesia ascendente, a análise dafeudalidade. E no fundo, no «Auto ,da Barca da Glória» só entraNão é apenas porque apresenta a luta de classes que o tea.tro é revolucionárioParte cia assstenca a palestra: um eoate vivo que aeveprosseguiro parvo porque é Inocência e toL4os os outros são condenados ao Inferno. Porcortesia, permitiu-se que o Papa e o Rei passassem pelo Purgatório, para irempara o Céu. Mas toda a crítica é contra o Papa e o Rej. Mas por cortesia e talvezpor temor, porque na época havia bastante severidade e a censura não era sócensura, mas era também o tribunal da Santa Inquisição, era necessário levar osgrandes para o Céu. Mas meteuse toda a fidalguia no Inferno.t esta a luta do Povo, é este o sofrimento e esta a criação do Povo que o Teatro nostraz em, qualquer momento.A ORIGEM DO NOSSO TEATROUm aspecto particularmente importante e que, não é necesàriamente a dimensãoprincipal do Teatro, mas que na nossa História assumiu uma dimensão principaldo teatro, é o aspecto dialéctico. Está ligado àquilo que eu chamaria a origem doTeatro moçambicano.Nós temos que situar a origem do Teatro moçambicano contemporâneo na Guerrade LIBERTAÇÃO.Não é por acaso que esta primeira peça surge como criação <,o Grupo Cénico dasF.P.L.M.O Teatro surge em nós, através e por causa da Guerra de Libertação e com apreocupação imediata que a Luta de Libertação nos trazia. E trýs teTEMPO -19-10-80

mas principais surgem na criação do Teatro durante toda a fase de Guerra:

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-O Tema da Unidad3 Nacional;-O Tema da confiança e da certeza da LutaArmada como meio de conquista da Libertação do nosso Povo; e- Tema da Luta contra a Reacção.Por vezes, as nossas peças eram intermináveis E vejo aqui muitos companheirosque bem se lembram d4,las. Levavam 4 ou 5.00 horas; tinham 150 actos; nãotinham técnica Teatral.Começávamos na criaç&o da UDENAMO, na cria-O crescimento do teatro depende da combinação harmoniosa entre o teatroamador e o teatro profissionalção da FRELIMO e íamos contando de uma maneira narrativa e cronológica. Eprocurava-se imitar tanto o gesto do Lázaro Khavandame, como o do CamaradaKankhomba, como o do Camarada Presi2,-nte. Cada um como podia. Era umTeatro de uma forma elementar da técnica! Um Teatro fotografia. mas erasobretudo um Teatro que trazia ao Povo, que trazia ao soldai'.j, que trazia àcriança, que trazia ao enfermeiro, que trazia ao camponês o que era o valor daUni. daè',ý Nacional; trazia uma explicação imediatamente compreendida, fácil dever com os olhos e de entender com os ouvidos. de que dividWos estávamoscondenados, e que unidos construiríamos o futuro.Trazia a certeza de que os sacrifícios eram semente em terra fértil, a certeza dávitória. E aí, o nosso Teatro podcarer linear porque a caracterizaNo decorrer dodebate o Ministro-Governa.dor Sérgio Vieira teve intervenções pontuais sotbre questões fundamentais como ainfluência do populismo no trabalho cultural, a relação entreo. Teatro .amador e o Teatro profissional.Publicamos, em caixas separadas, estas intervenções.UM TEATRODE COMEMORAÇõES?,A Cultura, nomeadamente o Teatro não pode serde, datas comemorativas. Senão, vamos chegar a uma situação de «quanto tempovai demorar a cultura para começarmos a reuhião>?ýHá certas experiências, é nós não vamos pretender inventar uma Pólvora que jáestá inventada sobre o desenvolvimento doý Teatro e a maneira de evitar oisolamento dos diferentes grupos de Teatro.É a constituição de Clubes de Teatro, de Clubesde Amigos de Teatro, que são um veículo importante e fundamental para odesenvolvimento do Teatro Amador, porque nós até este momento, estamos nafase do Teatro Amador. Esta é uma forma de popularizar o Teatro.Mas não estamos ainda num Teatro' Amador estruturado.Estamos num Teatro Amado r que existe na baseda iniciativa de A ou B, que são os mais activos, que se interessam mais..Etambém é um Teatro Amadorsob pressão da Data'Comemorativa.O avanço qualitativo que se pode fazer a este nível, está sobretudo na criação deCLUBES, de ASSOCIAÇõES :de Amigos de Teatro, baseadas na cidade.

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na aldeia comunal que canalizam e conseguem criar um público, que conseguem'criar a ligação entre osdiferentes grupos.Estés grupos são.uma base para o próprio desenvolvimento do TeatroProfissional.,O Actor tem que aprender. Mas o Teatro não é Só o Actor e o palco. 0 palco éuma coisa extremamente complexa, que vai'dõ cenário à lz e ao som, que vai dacombinação de todos os efeitos cénicos e isso requer um bom, domínio técnico. .Um escultor que não sabe trabalhar com o martelo, com o formão, com o bronze,com o mármore e com a madeira como poderá criar? Um pintor que não :sabemisturar cores, como poderá criar? " Digamos que há toda uma técnica a aprenderpara se poder fazer Teatro. Não só para os profissionais. Os próprios amadorestêm que começar a dominar a própria técnica para sair e para ganhar uma certadimensão, porque senão caímos na mediocri dade. *TEMPO - 19-10.80

APÓS A INDEPENDÊNCIAN<{ momento da Indepen&ncia Nacional, surge uma 2.- fase que, não direi maisrica, mas também rica, na medida em que o Teatro começa a ganhar novasdimensões, o Teatro começa a situar-se no palco. Procurou-se uma maiorelaboração da técnica, conheceu-se o que era a iluminação, o que era o traje, o que«A Sagrada Família», fala da tentativa da burguesia recuperar as conquistaspopulares, dos seus apetites e ambiçõesção dos personagens o era, pois o bom era bom e o mau era mau, e eram-nointrinsecamente bom e intrinsecamente mau, mas fazia-nos compreender adistinção entre o que era correcto e o que era errado.Mostrava-nos, sob uma forma linear, sob umaforma caricátural, (mas mostrava-nos) a realidade: como era mesquinha a reacção,como eram vis os seus apetites, como eram desprezíveis as suas emoções.Ensinava-nos a desprezar o inimigo.Ensinava-nos a valorizar aquilo que construíamos.Educava-nos no orgulho da nossa personalidademoçambicana, no, orgulho da nossa dignidade de combatentes de libertação, noorgulho -da nossa O1,mensão 4e Povo Heróico, de Povo que lutava por si, maspela4humanidade.I 40Dizem alguns que a 9.a Sinfonia de Beethoven, porque não fala da luta da classeoperária,não é Revolucionária. Porque não?era o jogo cénico. Houve uma procura nesse sentido. A primeira vez que tentámosisso foi em 1972, pelo 10.0 Aniversário da FRELIMO, quando criámos o nossoprimeiro Teatro, que foi o Teatro «NOVA VIDA». Construímo-lo, do madeira.Fizemos um palco, um tecto e colocámos cortinas. Fizemos cadeiras, que nãoeram cadeiras mas sim bancos. Mas fizemos o Teatro «NOVA VIDA» e o teatro.«NOVA VIDA» foi o primeiro momento em que começámos a representar em

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palco, em _que começámos a ter a noção da dimensão do espaço em que divíamossintetizar a vida. E a partir daí, também, começámos a aprender a sintetizar osentimento e a sintetizar o sentimento e a sintetizar o tempo.Começámos a aprend<,r, de uma maneira empírica é certo, mas começámos aaprender que não era tudo o que se dizia no palco, mas que o palco devia trazer oconflito.A formação do conflito, no seu aspecto principal e o eclodir do conflito no seuaspecto principal e a solução do conflito.Quando chegámos à Independência Nacional e por ocasião da IndependênciaNacional, houve uma primeira peça que foi ao palco no que é hoje o CinemaÁFRICA, nessa época «Manuel Rodrigues», (e muitos companheiros que estãoaqui participaram nessa peça). E surgiu como característica principal, nessa peçaque levámos à cena, o buscar de uma raiz histórica do patriotismo moçambicano,o buscar uma explicação da traição à causa patriótica através dos conflitos quenós vivíamos no Império do MONOMOTAPA.Houve esse recuar na História que tínhamos feito no Teatro diirante a guerra, masque fizemos naquele momento e que foi talvez e também, uma maneira diferentede comunicar ao nosso Povo, que a causa da Independência, a causa da liberdadenão começam em 1962, não começam em 1950, mas sim, começam quandocomeça o nosso Povo.Um segundo Tema importante, para além d,"sta busca dentro da personalidadehistórica, como raiz do Povo moçambicano, é o aparecimento dos conflitos auesurgem depois da Independ,ncia.O «Javalismo» aparece no Teatro.A cultura não se faz na base de códigos, deestatuto. Não procuremos criar dentro de nósa consciência tutelar e a padronização.TEMPO - 19-10-80

A ARTE POPULARE O POPULISMOA Arte é popular e o Teatro será popular.Não é apenas isso que caracteriza a dimensãopopular, a sua função de utilidade imediata.Vamos dizer que a «Internacional» é extremamente mobilizadora mas que, talvez,a 9.1 Sinfonia de Beethoven, do ponto de vista musical, é muitomais enriquecedôra para o homem.Não podemos reduzir a Arte, e neste caso concreto, o Teatro, apenas a umafunção de útil numsentido restrito.O Belo é útil.O Homem necessita de beleza, de emoção, decriação.É importante, dentro de tudo o que é Teatro eo que é Arte. Por exemplo, apublicidade é fundamental. O cartaz que nos mobiliza é muito importante.O relacionamento entre o profissionalismo e o

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amadorismo é outra questão que eu quero colocarnesta intervenção.Um dos Intervenientes no debate disse que umacoisa muito boa que o Departamento do Trabalho Ideológico do Partido fez, foiorganizar peças em que participaram elementos da população, e não elementos doD.T.I.P. Esta afirmação preocupa-me.Bom. Para mim um elemento do D.T.I.P. é também população e não estou a ver«D.T.I.P.» e população como categorias distintas. Quer dizer, parece que estamosa dizer que População e Povo é uma certa categoria. E então são condições para seser População e Povo.1.0 - Ser camponês.2.0 - Ser analfabeto.3f - Ser individualista.4.o - Ser ignorante.E assim sucessivamente. E eu aí digo não.Vamo-nos entender e não vamos confundir popular com populismo, não vamosconfundir revolução e demagogia e não vamos dizer, (porque eu tenho um certoreceio desta expressão) Cultura Revolucionária. Porque quando queremos pôr oadjectivo, estamos a dizer que há cultura não revolucionária. E eu direi que toda aCultura que não é revolucionária é Anticultura, porque vai conduzir o homem aum retrocesso. Cultura é aquilo que conduz o Homem para a frente. Eu não voudizer que a 9.1 Sinfonia de Beethoven, porque não fala da LUTA da ClasseOperária, não é necessariamente revolucionária. Porque não?Depois dizemos (refere-se ao mesmo interveniente) que no campo nunca deveráhaver um palco.Porque é que no campo nunca poderá haver umpalco?Então vamos dizer que no campo não poderáhaver escolas, não poderá haver cinema, não devaráhaver um estádio, não deverá haver um tractor.E eu digo que quando nós falamos do Atletismo,dizemos que a melhor maneira de desenvolvermos o Atletismo na nossa Pátria ápormos as pessoas a correr em qualquer campo e nunca num estádio e numa pistade tartan* e nunca aprendermos a técnica do salto em altura; e nunca aprendermosa técnica correcta da natação. («Lancemo-nos no Rio e aí bateremos o recòrdmundial de natação»). Não. Não vamos bater nenhum record mundial de natação.Estejam seguros -que não é por esse caminho que nós lá vamosQuer dizer, nãocônfudamos Povo com Primitivismo. Não confunldamos Popular com FormasPrimiTEaMs.TEMPO - 19-10-80A luta contra o «Javalismo, é a luta contraa reacção, contra a burguesia.A «SAGRADA FAMILIA,«A SAGRADA FAMI.JA», a peça que agoraé publicada pelo INSTITUTO NACIONAL DO LIVRO E DO DISCO (INLD), éesse momento agudo do conflito de classes na nossa Pátria, em que, por um lado,

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a burguesia colonial tenta recuperar a causa da libertação nacional e há uma buscadesenfrea0,< dessa recuperação. (Muitos se lembram, sobretudo os camaradas dasForças Armadas, de quantas e quantas vezes, naquele período, se ouvia dizerpelos Senhores - bem, pelas senhoras - bem, pelas meninas - bem que a linha daFRELIMO era magnífica, era extraordinária, mas que o perigo era o Pé-Descalço,querendo separar a linha d,- FRELIMO do Pé-Descalço, como se a linha daFRELIMO tivesse si&! criada por outros que não fossem os Pés-Descalços)O Pé-Descalço-não ficou no conflito da espera da vitória e criou a linhamagnífica, mas a BurgueSe a Cultura é um' acto supremo de liberdade,não tenhamos medo dos artistas. Pobre da sociedade que tem medo dos artistas.Isso é pró.prio de uma sociedade fascista.sia tentava recuperá-la, tentava conquistar ao camponês pobre moçambicano, aotrabalhador moçambicano a sua vitória que não foi só vitória militar, mas umavitória de transformação do pensamento revolucionário que ia transformar a Pátriae que permitiu sermos hoje uma Pátria Socialista.«A SAGRADA FAMILIA» mostra-nos isso, mostranos essa Burguesia Colonialrefinada, pronta a erguer a banc, ira da FRELIMO para melhor destruir o Povo; emostra-nos que nas . nossas fileiras, no seio da população, tínhamos também anossa dose de XICONHOCAS e de PITANHOCAS. Então há a fusão destes.elementos:- A burguesia colonial que é o Imperialismo, a reacção que quer levantar a cabeçae vem com o apetite e a fome de posições, de galões. E é preciso dizer isso.(Não foi por acaso que a IV Conferência do Departamento de Defesa 4,sse «não»aos galões, e não foi por acaso que o 17 de Dezembro também surge nesteconflito da avidez, da cupidez, da .mesquinhice daquele que foi oprimido e, derepente, se quer transformar também em opressor. O apetite , se tranýformar emopressor é grande nesta reacção interna, neste pequenos herdeiros de umFeudalismo decadente e moribundo que existia na nossa Pátria; é o apetite de umaburguesia incipiente e c,spersonalizada que, quane.i chegava do outro lado domar, se esquecia que na nossa terra se dizia AMENDOIM e perguntava «como éque na vossa terra se chamam as ALCAGOITAS»Tudo isso estava lá, na «A SAGRADA FAMILIA». -

RELAÇÃO ENTRE TEATRO AMADOR, E TEATRO PROFISSIONALQual o relacionamento entre q Teatro Amador e Aldéla Comunal? Ou seráque a perspectiva da AldeiaooTeatro Profissional? al é não ter electricidade?EU vou dizer. Sim. O adro da catedral da Idade Médiae sim oO Teatro Profissional é uma forma extremamente terreiro da povoação. Maso adro da catedral da Ida,organizada do Teatro, na sua concepçã0.: rna sua apre- de Média e o Terreiro apovoação estão em contradisentação, na sua. forma de comunicação-ção com o palco?

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Estamos na povoação e- estáãse a dançar. Há una Hoje em dia, na Europa,sobretudo na Europa,coisa muito interessante. surge essa preocupação, umatentativa de um novoQuando eu estou a dançar, consigo fãzê-lo duran- tipo de Teatro. Na EuropaOcidental, em particular.te 2 horas; mas quando eu, estou a assistir à mesma E porque surge estatentativa de novo tipo de Teatro?dança durante 2 horas, eu fico aborrecido.: Quando Porque se trata de umconflito no interior de socieestou na posiçãoý de espectador jãt não me comunicadades burguesas, porque se trata de um conflito enestar a ver a mesma dança-dumante 2 horas. Mas tre criadores e actoresprogressistas e essa sociedadequando estou a. dançar, danço -as 2 horas, burguesa. E porque o Teatrolhes está vedado, elesNão é o campo, não,é,a fábrica que é o palco para são obrigados a recorrer anovas formas, que incluo Teatro. Eu preciso do «NOTICIAS» e do «JORNALsivamente trazem uma criação nova e um enriqueciDO POVO». O «JORNAL DOPOVO» que eu faço na mento para toda a nossa cultura de Teatro.fábrica tem, o seu papel e tem a sua importância Mas nos países socialistasa quem está fechadoE euvoudizer que a única, forma correcta: éo«Jr- o Teatro? O Teatro não estáfechado ao progressisnal do Povo» e que não quero o «Notícias», nem a -ta,não está fechado ao actor comunista, não estárevista «TEMPO»? fechado à nova criação.vislaroque querO»?" . Então, temos que ter estasensibilidade, porquePois claro quelquer.i, de outro modo, vamos fazer transposiçõese as transQual é então o relacionamento entre o Teatro psçe ã assProfssioal eo TatroAmadr?,posições são falsasProfissional e o Teatro Amador?-- Qual é a dialéctica então, neste relacionamentoO .TEATRO Profissional traz os ensinamentos ao entre o amador e oprofissional?TEATRO Amador. Traz uma inspiração para uma O Amador tem aaprender todo um domínio damelhoria de qualidade, - técnica.Eu assisti - e não .se trata-.concretamênte de O objectivo final não é oTeatro Amador, mas oTeatro - a alguns espectáculos, (que até se chama- Teatro Amador nuncadeixará de existir. Antes pelovam de Gala), que eram realmente -um Elogio à Me- contrário, cada vezmais deverá desenvolver-se, pordiocridade E nós temos capacidadede fazermelhor. que isso enriquece o Teatro Profissional.>O Teatro Amador não.quer. dizer Teatro Medio- Onde é que vamosbuscar actores, os realizadores

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cre, o Teatro que vou -fazer com velínhas. e os escritores? Onde é quevamos buscar o cientisporque é que eu não hei-de ter electricidade na ta?Vamos buscar ao Povo. Onde é que vamos buscar__ ... 1 ... . . ,,, em« a Q ç n ii 11 nníslem.Surge de uma maneira mais elaborada o momento presente ,da luta de classes emque surge a cons-v ciência do camponês colectivista, do novo -tipo dointelêctual, o momento de ruptura. E porque não surge esta ruptura, porque aruptura :estava feita fisicamente, não se punha a questão dè-, nos identificarmosou não com o Colono. E o punhado de mineráveis que o quiseram fazer, só o,p9diam desertandodas fileiras, juntando-se com as forças do Kaulza:eram os SIMANGOS, os LÁZAROS.Porém, nesse momento, estávamos todos confundiêos.Do Rovuma ao Maputo tbdos tínhamos a bandeira, tods nos tornámosindependentes,' incluindo aquè.les que tinham lutado nàs fileiras da PIDE, porque esta é a característica da luta dsclasses oprimidas.É que liberta todos, mesmos os exploradoéres., Até libertámos os PIDES. E eles,coitados, 'já não podiam ser PIDES, não estavam contentes de adouirirumadimensão humana e refugiavamse no Javalismo.É esta a luta de classes que surge com umamaior acuidade, com uma maior força, com uma maior presença no Teatro que.,se cria 'depois da Guerra.Neste momento, com a publicação da peça«A SAGRADA FAMILIA»>, de facto, passamos a uma nova etapa qualitativa doteatro moçambicano. (Eu não gosto muito de dizer «pela primeira vez». Tenho umcerto horror em dizer isso « momento histórico», pois eu penso que assim tiramoso valor às coisas. E quando quisermos utilizar ver,ideiramenteEscrever uma peça de Teatro é tão difícil como o escrever um conto.Quanto mais pequeno é o texto mais difícil se torna.Não quero com isso dizer que as formas espontâneas de criação devamdesaparecer. Pelo contrário. O Teatro vive e viverá com muita mais força quantomais a forma espontânea e a forma elaborada do texto surgirem em toda o nossoPaís, porque o gosto pelo Teatro surge fazendo o Teatro. E o Povo é quem cria oTeatro. 0 Operário, na fábrica, que cria a peça, o camponês, na aldeia comunal,que a cria, estão prontos a ver a peça de Brecht ou de Racine.UNIVERSALIDADE DO TEATROE nós, ao fazermos e ao publicarmos agora «A SAGRADA FAMILIA», que é umprimeiro passo, estamos também a afirmar o valor universal do Teatro, porque «ASAGRADA FAMILIA» é uma peça de situação, peça de circunstância. Todo oTeatro é de situação e de circunstância porque ele é sempre um agarrar d , vidanum momento determinado da vida. E a luta de classes é tão presente emMoçambique , como no Canadá, na União Soviética ou no Brasil,,Javalismo» está lá.

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A luta entrê o velho e o novo, a tentativa das classes derrubadas em tentarrecuperar sempre o processo; os moribundos que se agarram sempre edesesTEMPO - 19-10-80

o cantor? Vamos buscar ao Povo. Não temos outro sítio para os ir buscar. E oPovo somos nós Todos. Nós somos Povo.Não vou buscar o actor de Teatro naquele que não tem talento para o Teatro.Evitemos os falsos debates. Será actor de TEATRO aquele que sente o apelo doTeatro. Mais do que os outros. Porque será cantor, aquele que sentir o apelo damúsica e mais do que os outros- E será pintor aquele que sentir a forma da cor etem a cor no seu cérebro, na sua emoção, a sensibilidade da cor. E outro será umgrande matemático porque tem a sensibilidade da matemática. Mas não vamosdizer que um camponês tem de ser um grande matemático e que cada matemáticotem de ser um grande camponês, porque o matemático que não é grandecamponês não é Povo e o camponês que não é grande matemático não é Povo.É isso? Penso que não.Companheiros. O Povo somos nós.O Povo somos nós. Mas não procuremos criar dentro de nós a consciência tutelare a padronizaçãoAlguns julgam-se os grandes censores da cultura. e da anticulturaquando nem sequer o PARTIDO faz censura nem nunca a fará. O PARTIDO dáorientações. Mostra-nos o que é correcto e faz-nos compreender o que é justo.Isto, porque a Cultura não se 'faz na base de códigos, a Cultura não se faz na basede Estatutos. (E então tenho o artigo 1.0 que define como pintar. E tenho o artigo2.° que me dirá como recitar).É por isso mesmo que estamos a ver certos dramas- Estamos a ver gente no palcoque fazem genuflexão (parece que têm dores de barriga), porque houve alguémque inventou essa maneira de cumprimentar o público, porque no tempo daMissão fazia-se assim.E temos muitos pequenos dramas que surgem da preocupação de burocratizar efuncionalizar a Cultura-E se a Cultura é um acto supremo da Liberdade, não tenhmnos medo dos artistas.Pobre da sociedade que tem medo dos artistas. Isso é próprio de uma sociedadefascista.Tivemos que viver a Cultura da ClandestinidadeVivemos muito duramentedurante o tempo colonial, durante o fascismo. Hoje, temos a Liberdade. Nãosejamos como o louco que. depois de livre, vai procurar uma série de grades parase pôr à volta e poder-se situar no espaço e no tempo. Só sabe situar-se dentro dasgrades.Nós lutámos para não termos grades. O artista é adulto. O actor, o autor, o criadorsão adultos, porque um Povo Livre é um Povo Adulto, um Povo de adultos. Umapátria socialista é composta por homens adultos, por homens responsáveis. Foipor isso que lutámos e continuaremos a lutar. E a@ luta da Cultura é tornarmo-nos cada vez mais responsáveis, cada vez mais abertos. Nada do que é humanonos é estranho. Como dizia o Camarada Presidente, uma das mais belasconquistas da nossa Revolução foi a dimensão do amor. Porque no feudalismo, no

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capitalismo ou com a burguesia, nunca nos .ensinaram o amor. E o amor entre umhomem e uma mulher foi uma conquista da Revolução em Moçambique.Porque antes disso, era o lobolo, era a prostituição, era o casamento por interesse.Isto foi o resultado da Luta, a Revolução Socialista.Foi a Luta Armada pela Revolução Socialista que nos afirmou que um homem euma mulher têm o direito de se amarem, o direito de se escolherem. E isso éprofundamente revolucionário.E não devemos ter complexos disso, daquilo que é uma das mais belas conquistas.Não tenhamos medo daquilo que é humano, e que é do Socialismo, aquilo que édo Comunismo.peradamente à vida; isso é sempre presente, é d,á todas as épocas, é de todos ospaíses, e nós publicamós unia peça afirmando também a dimensão univer'sal. doTeatro que nós queríamos. E estamos a permitir que os outros Povos, que asculturas dos outros Povos se enriqueçam com a nossa criação. Quan&o a peça setransformou em escrita, permanece, está pronta a sobreviver ao tempo e não ficaapenas presa à memória de um e outro homem. E é excelente e é correcto que onosso Instituto Nacional do Livro e do Disco tenha sabido combinar a publicaçãoda criação moçambicâna e c,- não moçambicana, porque, como disse, o Teatro éum fenómeno Universal.«OS MALEFICIOS DO TABACO». de Tchekov, pois, são váliélos emMOÇAMBIQUE, em'todos os países -do Mundo e em todas as épocas. Algunsdirão que'talvez não seja uma peça revolucionária. ]9. É um conflito de umhomem com a sua mulher. É um con, flito tão antigo como a existência do homeme damulher e que tem sempre uma solução justa a encontrar.Por isso, saber integrar a criação do Teatro de outros países com o nosso é umpasso em frente que enriquece a nossa cultura, como nós enriquecemos a culturauniversal, trazendig, também, agora com a forma escrita, o nosso Teatro.PELA PROFISSIONALIZAÇAO DO TEATROUm último ponto para a nossa discussão, para a nossa reflexão.Chegámos a uma etapa em que temos que pensar em Teatro em termos deprofissionalização. Eu penso que chegamos a uma etapa em que há criadores, háactores, há realizadores que podem dedicar-se inteiramente ao Teatro. E hápúblico para isso.Será difícil arrancar. Vão-se discutir problemas financeiros, vão-se dýscutirproblemas técnicos, mas temos que passar a essa etapa, porque a cultura é feitapelos homens, a criação é feita pelos homens, mas fazer Teatro não é menosdigno, não é menos útil, não é menos real do que se produzir em aço.Fazer pintura, escultura, música é tão importante e tão ocupante, como fazer-se oPlano.E é um pouco neste tom de esperança, neste tom de P.P.I.. que faço o apelo,porque o teatro profissional vai exigir que o metamos no P.P.I.E aq.im. quero terminar esta oequena introdução a um debate que, espero, sejarico, sobre o nosso Teatro.Obrigado.

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Tempo culturalENRVSARecreação.o que poderia ser e como ainda não éPromover a recrea~io e o divertimento nos tempos livres é uma necessidadeimperiosa urgente. Da ocupação dos tempos de lazer também depende a criaçãode uma vida nova.Divertimento em feiras populares deve ser dinamizado para ocupação de temposlivresA promoção da recreação popular é uma das atribuições da DNC, através doInstituto Nacional de Cultura. Com a preocupação de dar, conta da presentesituação, neste campo, con, tactou-nos um porta-voz do INAC. OINAC criou um departamento que tem a responsabilidade de promover arecreação baseada na programação de espectáculos, contando com meiospróprios. Estes meios são porém na realidade dependentes, porquanto oINAC não dispõe, por exemplo de material para emprestar qualidade aosespectáculos de música ligeira, particularmente sonorização e instrumentos.Quando se trata de agrupamentos estrangeiros. vêm munidos dos instrumentosnecessários à sua actuação e a aparelhagem de amplificação é cedida pela RádioMoçambique. No que respeita a agrupamentos nacionais, há que recorrer aos quepossuem instrumentos. O problema da aparelhagem é comum para as deslocaçõesno interior do país. A sensibilização dos artistas moçambicanos de música ligeiratem sido ultimamente possível com a correspondente participação entusiástica emespectáculos públicos.Surge aí a nossa primeira observação.TEMPO - Parece então que não existem dificuldades insuperáveis.,.INAC - Existem dificuldades importantes. Quando pretendemos realizarespectáculos, precisamos de salas. Recorremos portanto aos cinemas que asalugam, mas cobrando quantias que se referem a lotações esgotadas para assessões de cinema que assim deixam de se efectuar. A montagem de umespectáculo ao vivo, implica aTEMPO ~ 19,10-80

utilização antecipada do palco para a montagem e isso representa o pagamento deaiguer que compense a perda de receitas da matiné e da sessão nocturna desse dia.Por exemplo, a utilização da sala do Dicca fica, ao domingo, por 36000,00 MT.T - Mas noutros dias da semana, o preço de aluguer será, decerto mais baixo...INAC - É realmente. Se realizarmos o espectáculo numa sexta-feira, o aluguer damesma sala, correspondente às sessões da tarde e da noite,importará em 30 000,00 MT e numa segundafeira importará em .18 000,00 MT.Se programarmos o espectáculo para estes dias, beneficiaremos de preços dealuguer mais baixos, mas a verdade é que em tais dias, pelos mesmos motivos quediminuem a afluência de público às sessões de cinema, também se tornará maisreduzido o afluxo aos nossos espectáculos. E assim sobretudo falha o objectivo dese conseguir uma participação popular massiva. E as dificuldades aumentam paraespectáculos que pre-

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Actividades culturais ao ar livre chamam presença de multidões em interessadaparticipaçãopode ser incentivada com a adesão de conjuntos dos para o contacto directo comas massasTEMPO - 19-10.80cisam de ensaios, como são os deteatro...AINDA O ALUGUER DAS SALASPARA ESPECTÁCULOST - A maioria dos ensaios duma peça teatral não exige o palco duma sala deespectáculos...INAC - Claro. Mas os ensaios gerais têm que se fazer no próprio local onde seefectuará o espectáclo público. E então somos obrigados a pagar a taxa fixada sema contrapartida de qualquer receita.T - E porque não escolher para esses ensaios um horário que não coincida com odas sessões de cinema?INAC - Isso só seria possível nas manhãs de domingo; porque nos dias desemana, às horas em que as salas estão disponíveis, os artistas estão ocupados nassuas tarefas profissionais. Mesmo assim, efectuando ensaios fora das horas deespectáculos teríamos que pagar 2 500,00 MT por aluguer da sala. Agora, oGrupo Experimental de Teatro que durante o 2.' Festival Cultural 25 de Junho,levou à cena a peça Tempo de Mudança, está em preparativos finais paraapresentação de uma nova peça na primeira quinzena de Outubro...T - Trata-se de A TROCA?INAC - Exactamente. Os ensaios preliminares têm-se realizado na Escla^Secundária Josina Machel; mas para os ensaios gerais o Grupo precisará deutilizar o palco da sala de cinema, neste caso do Avenida. Para a apresentação dapeça em seis espectáculos, pela tabela actual da Administração dos Cinemas, acargo do Insituto Nacional de Cinema, só o aluguer da sala importará em 92000,00 MT. Outras despesas indispensáveis somaão 87 000,00 MT. O aluguer dasala epresenta portanto 60% da totalidae das despesas. Contando com casas heias,teríamos uma receita bruta de 01 000,00 MT nos seis espectáculos, imitando-se areceita líquida a cerca e 20 000,00 MT. Mas como alguns os espectáculos serealizarão em dias o meio da semana, a frequência de úblico baixará e não haverálucro, ntes prejuízo.T - E quais os preços das entraas?INAC - Os cálculos estão feitos

- . sas condições estaríamos em deficitpermanente.T - Qual a vossa sugestão para '.. , . *' diminuir as despesas eportanto osriscos de prejuízos com a realização de espectáculos em salas? e ao mesmo tempobaixar os preços das en~tradas?INAC - Bastava que nos dessem O benefício de pagarmos apenas as despesas quepoderiam chamar-se de funcionamento: pagamento de serviços de porteiros,

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arrumadores, polícia, bombeiros, de consumo de electricidade e água. A despesapor espectáculo seria muito menor, nunca iria além de 10 000,00 MT e permitiriabaixar os preços dos bilhetes, tornando-os mais populares.PORQUE NÃO SE UTILIZAMPAVlLHÕE8 E ESTÁDIOS?Grandes recintos abertos são de aproveitar utilizando-se todos os recursospossíveisT - Mas porque não recorrer, em em vez de a salas de cinema, a paviIbões ondedecerto as despesas seriam inferiores?INAC - Já temos promovido espectáculos em pavilhões, onde a lotação é maior.Aí há possibilidade de diminuir bastante os preços dos bilhetes, mantendo-se aequivalência das receitas às de uma sala de espectáculos. Por exemplo, uma salapode levar 1000 espectadores, o que, ao preço médio de 90,00 MT por entradadara uma receita igual a de.um paviValor artísticomoderno e poderde comunicaçãoabrem caminho àrevitalização dacultura. É o casode Billp Cucapara bilhetes de plateia a 110,00 MT por estas iniciativas, deveríamos prao debalcão a 60,00 MT. ticar preços bastante mais baixos,T e Exagerados... aproximados aos das sessões de ci1 nema,isto é, no máximo 60,00 MT.INAC - Com certeza que são. Pa- para os lugares de plateia e 40,00 MT raestimular o interesse da população para os lugares de balcão. Mas nesTEMPO -19-10.80

Ihão que leve 3000 espectadores com entradas ao preço único de 30,00 MT.Mas se o espectáculo programado não for grandemente atractivo, a lotação nãoficará esgotada no pavilhão. Apresentando-se um agrupamento interna.cional, mais sofisticado e menos conhecido, haverá necessidade de associar aapresentação de artistas nacio. nais que sempre atraem o público. Claro que certostipos de espectáculos internacionais garantem a afluência massiva, como foi ocaso do conjunto zimbabweano e será o de circos, variedades, etc.T - As populações, mesmo as das cidades, apreciam espectáculos em recintosabertos. Porque insistir na utilização sistemática de recintos fechados como salas epavilhões?INAC - A Praça de Touros é umrecinto de que dispomos. Serve para determinados espectáculos como os de-'agrupamentos musicais e de danças populares. Mas para conjuntos de músicaligeira, os resultados não são satisfatórios porque a qualidade do som se tornamuito má. As peças de teatro também não podem ser ali apresentadas porimpossibilidade de montagem das cenas, cenários, etc.AS DIGRESSÕES PROVINCIAIS E OS PROBLEMAS QUE SURGEMT I Tem-se referido a espectáculos de recreação em Maputo, mas o

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resto do país não pode ser esquecido...INAC - As digressões pelas províncias são indispensáveis mas ficam muitodispendiosas, particularmente quando envolvem delegações artísticas do exterior,como sucedeu ultimamente com a dos artistas portugueses e a do agrupamentocubano. Há a considerar o transporte aéreo internacional, o transporte aéreodentro do país, o transporte terrestre nacional, o alojamento, a publicidade,dinheiro de bolso para os artistas, ofertas, o aluguer de salas, o imposto de selo deque não estamos dispensados para qualquer espectáculo público.T - O aluguer de salas de espectáculos nas cidades das outras províncias, não émais baixo?INAC - Por vezes conseguimos condições mais favoráveis. Mas em algumasprovíncias, as condições de apresentação não são as mais própriaspara determinados espectáculos, porque a publicidade é deficiente, a lotação dassalas é_ muito pequena, como por exemplo no Songo aonde fomos porque aconcentração de trabalhadores justifica inteiramente que se lhes leve a arteinteríacionalista. De resto, a arte que nos trazem os outros povos, deve ser porprincípio levada aos meios mais distantes. Mas as receitas são muito baixase asdespesas, em especial com alojamento,; são muito elevadas, como é o caso deInternacionalismo no campo da arte, iniciativa a desenvolver e levar a todo o Pais,vencendo-se dificuldades e deficiências de articulação entre estruturasPemba onde só existe um hotel muito dispendioso.OS PROGRAMASE A PERIODICIDADET - Pondo de parte, os condiciona.mentos e as limitações para a utilização de salas de espectáculos, teria o INACpossibilidades de elaborar programas cultura:s com periodicidade regular nessassalas?INAC - Sim, teríamos. O Festival Cultural 25 de Junho - 1980 já foi um exemploconcrekto das nossas capacidades actuais. O Ciclo de Teatro envolveu váriasiniciativas e há outras possibilidades de se formarem novos grupos teatrais.T - Mas excepto o Grupo Experimental de Teatro, parece que os outros gruposteatraisque ectuaram no Festival estão parados...INAC - A razão é que não têm incentivos, porque não podemos programar devidoà falta de meios, como a da utilização corrente de salas de espectáculos.T - Tem-se falado até aqui de programas musicais e teatrais. Não haverá, dein',edíato, possibilidade de realizar outras modalitlades de espectáculos derecreação?INAC - Temos ideias, como as de saraus de poesia, espectáculos infantis (teatro,pantominas, números com palhaços, etc.), apresentação de representações deFestivais internacionais e de grupos de teatro experimental estrangeiros como oportuguês Comuna que nos visitará brevemente, exibição de fil.mes de caráctercultural e político. Mas surge sempre a dificuldade com o aluguer de salas deespectáculos.T - Não pensam em espectáculos do arte popular como de danças e cançõesapresentadas por agrupamentos seleccionados em festivais nacionais?

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INAC - Sim, por exemplo com a próxima fase final do Festival Nacional deCanção e Música Tradicionais.T - Projectos a curto e médio prazos?INAC - Para este ano, temos o reaparecimento do "Grupo de Teatro Experimentalde Teatro que, como já eferimos, levará à cena a peça A Troa.Para aproveitamento correcto da desão de conjuntos nacionais dè múica ligeira,projecta.se o lançamentoTEMPO - 19-10-80

Acrobacia, modalidade artística exigindo destrezatreino constante e coragem, meio de recreação atornar acessívelRecreação é um dos modos de ocupação do tempo que sobra ao trabalhadordepois do cumprimento das suas tarefas. E que utilizará em companhia da familiapara convívio com outros agregados da comunidade.Em qualquer tipo de sociedade se proporciona a recreação em maiorou menor escala. Todavia com objectivos diversos, dependendo da classedominante no sistema político-social. Nos países capitalistas, tende a Interessarsectores delimitados em camadas populacionais, com formas específicas departicipação. Tal discriminação planeada, pretende dividir as massas no uso debens não materiais que deveriam ser comuns. E para que elas aceitem adiscriminação, importa que os bens a usufruir tenham características que asdesprendam de preocupações realistas. Isto é. que as pessoas aceitem a alienaçãocomo meio legítimo de fugir à análise frontal dos antagonismos sociais econsequentemente ignorem a luta quecompete aos explorados.No nosso país, a recreação deve divertir utilmente, educando apersonalidade para uma mentalidade nova indispensável à construção dasociedade socialista. Exige portanto a participação consciente das largas massasprogressivamente Interessadas a todos os níveis, com entradasfrancamente abertas.de um programa permanente de espectáculos de variedades que tem comoobjectivo fundamental a ocupação dos tempos livres da população, com aapresentação daqueles conjuntos e de solistas e integrando progressivamenteoutros tipos de actividades culturais e recreativas, variedades e divertimentos paraos quais há recursos que apenas precisam de incentivo para aparecerem.T - Já foram feitos contactos nesse sentido?INAC - Já e na sua maioria, os artistas estão bastante sensibilizados para estainiciativa, porque muitos deles que actuam exclusivamente para assistênciasrestritas, em unidades ho-, teleiras e beites, sentem a necessidade de contactaremtambém com o grande público. Mostram ainda profundo interesse em levar a suaarte a outros locais do país, já que quase todos não conhecem senáç0 Maputo.Pretende-se que este programa permanente posía ser móvel, apresentan-do-se não só em salas de espectáculos mas também em pavilhões, empresas,escolas, praças públicas e outros locais com um mínimo de condições paraassistência de público.

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AS NOSSAS CONSIDERAÇõESAs preocupações do INAC para a dinamização de programas de recreação popularcentram-se em dificuldades de ordem financeira. Estas derivam principalmentedas quantias elevadas a pagar pelo aluguer de salas de espectáculos e que causaprejuízos, impede a fixação de preços de entrada acessíveis e capazes de aliciar ointeresse das largas massas.Dentro do conceito ainda restrito estabelecido para recreação, este con,dicionamento é realmente importante e trava o andamento normal de algumasiniciativas. Cremos que se justificaria a atribuição permanente de uma das salasde cinema de Maputo aoINAC para a exclusiva realização de espectáculos de recreação ou pelo menos asua cedência em dias certos de cada semana, sem outros encargos além dos defuncionamento.Mas igualmenté cremos que é preciso reformular o próprio conceito de recreaçãoe consequentemente procurar a definição de uma estratégia global que parta deiniciativas ao nível da base e em que a base possa pronunciar-se com propostasconcretas.Sem dúvida que devemos despender grandes esforços, todos os possíveis, nosentido de progressivamente se inserirem novas formas de arte nodesenvolvimento da nossa cultura. Mas há que, paralelamente, mobilizar eorganizar as manifestações de arte popular para que atinjam qualidade cada vezmais aprimorada e autêntica representatividade.O Festival Nacional de Dança Popular, em certa medida o Festival Cultural 25 deJunho - 1980, o Festival Nacional de Canção e Música Tradicionais em curso, oGrupo Nacional de Canto e Dança em digressão p,'r países socialistas da Europa,o Festival Cultural Militar integrado nas comemorações nacionais do Dia dasFPLM e da Revolução - são exemplos de conquistas válidas no campG da culturaao serviço da recreação popular. E nem tudo depende da fácil disponibilidade desalas habitualmente destínadas a sessões de cinema.A Feira Popular de Maputo, encerrada para remodelações, pode constituir umcentro importante de aproveitamento das nossas capacidades com a mesmafinalidade.Não esquecendo nunca que o país é vasto e ultrapassa as fronteiras do GrandeMaputo, parece urgente considerar-se que a função programadora e executiva doINAC não se lhe circunscreve mas deve articular-se correcta e permanentementecom todas as estruturas envolvíveis na vitalização do processo cultural.ORLANDO MENDESTEMPO - 19-10-80

TempoculturalINVESTIGAÇÃOAo encontroda cultura popularParte dum grupo de Tufo, com os seus tambores

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Durante vinte dias, uma brigada da Direcção Nacional de Cultura desl"cou-sepelas províncias de Nampula e Cabo Delgado.Esta viagem de trabalho teve como objectivo imediato o estudo da música ecanções tradicionais moçambicanas, actividade que se insere num plano propostojá em 1978, extensível a todas as províncias do país. Para levar a cabo esteuropósito foram feitos ainda em 1978 e durante 1979 levantamentos deinstrumentos de música tradicional em provín.cias como Inhambane e Maputo.Foram fotografados e recolhidos instrumentos e gravadas em fita magnéticamúsicas instrumentais e vocais.Lamentavelmente, dificuldades de vária ordem não têm tonardo possível odesenvolvimento sistemático do plano inicialmente pro,posto. No entanto e noque diz respeito à província de Inhambane esTEMPO - 19-10-80se levantamento cultural forneceu matéria para um posterior estudco da músicadaquela regiã9 do pais.Neste momento trabalha-se a partir doselementos recolhidos nasprovíncias de Nampula e Cabo Delgado.A escolha destas províncias deve-se ao facto de nelas a música instrumental esobretud, vocal ser de importância notável.Sabe-se que em todo o litoral a cultura árabe se expandiu, a música vocal temcaracterísticas próprias que justificam por si só aturada pesquisa e estud,. Essamúsica de origem árabe ou influencia da pela cultura árabe radicou-se nas zonascosteiras antes da chegada dos primeiros europeus estendendo-se depoisprogressivamente ao interior, onde hoje a podemos encontrar com característi4,;

cas idênticas ou mais ou menos mescladas da música local.Saliente-se que paralelamente ao registo da música se proce-,u à recofha dasdanças uma vez que é praticamente impossível dissociar a música da dança.Quando se considera ou pretende estudar cae,a uma das partes isoladamente,estaremos a distorcer a realidade e consequentemente a tirar conclusõesdeturpadas alheias do rigor científico.A título de exemplo, diremos que nos casos observaO,-3s nas províncias deNampula e.Cabo Delgado, seria absurdo çstudar o coro da dança Tufo, isolado damaneira de ,dançar. Como incorrecto seria estud, r ambos, coro e dança fora docontexto histórico, entendido este em todos os seus aspectos. Esta premissa, quese impõe quando se estuda o Tufo do litoral, permanece válida ao avançarmospara o interior, onde o Tufo certamente sofreu, de algum modo, a influência eas«Culturas,» locais.O método que consideramos único para obter dados correctos, aplica-se a toda ainvestigação no campo da música e da dança.Considerando ain&,, como exemplo, a dança Tufo que recolhemos na Ilha deMoçambique (Nampula) e em Mueda (Cabo Delgado), necessário se torna saberdas oriGrupo de Nyanja.expressão musicalde extraordináríariqueza, tãodesconhecida ainda.

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s0gens, época da chegada do Tufo ao litoral di, Moçambique e penetração nointerior (quando e como).Repetir que o Tufo é dança de origem árabe seria insist4 num lugar comum.Interessa sim, ir tanto quanto possível às origens, procurando textos que citemesta dança, documentação geral ou especializada, interpretar textos religiosos(como o Corão) onde provavelmente já se fala de uma dança semelhante; ouvir aopinião popular, especialmente a èos mais velhos, recolher o que a tradição oralnos traz até hoje; enquadrar o Tufo no seu ambiente cultural próprio.Como se compreende, todo este trabalho é moroso, e exige várias fases depesquisa e investigação. Além das fontes directas, dos documentos vivos que seencontrem, há que recorrer a outra documentação. E esta é menos elucidiativa doque se supõe (1) .Os relatos de viajantes de várias épocas, as monografias de funcionáriosadministrativos ou estudos encomendados por Companhias, re. gra geral nãodescrevem a dança e a música dc!<s regiões escolhidas. E quando o fazem éapenas de passagem. Expressões como «certas danças», «músicas» ou «cantares»praticamente nada nos dizem. Isto explica-se por terem estado os seus autores,mesmo quando possuidores de conhecimentos do etnografia, interessadossobretudo em conhecer e registar a «organização social dos indígenas» como sedizia pejorativamente no tempo (2).Podemos também supor que o desconhecimento ou a não referência das «danças emúsicas» se é,ve ao facto de tais acontecimentos se terem processado emambiente reservado e escondido aos olhos do observador europeu. Se as dançasfaziam quase sempre parte d, ri-Tambores utilizados no TufoTEMPO - 19-10-60

tuas, fácil é de compreender que dificilmente poderiam ser vistas por intrusos. Ese o eram, decerto apareciam ,diversas da realidade que permanecia oculta,secreta. Por questões rituais ou por resis tência cultural ao colonizador.Do que fica exposto, reconheceu-se a Yficuldade, ainda hoje, de ir ao fundo dasquestões.Se os documentos à nossa disposição são incompletos ou omissos há que refazertodo um itinerário em nada linear. Por outro lado, neste momento em que aRevolução Moçambicana constrói uma nova sociedade, saltam ao caminho doinvestigadè,r obstáculos nem sempre fáceis de vencer ou contornar. A defesatradicional da cultura por parte das populações, a não imediata compreensão da«curiosidade» ý,j investigador e também o aspecto exterior, actual de certasmanifestações culturais, fazem amiúde cair em erros ou conclusões apressadas,quando não em desconhecimento que só com posteriores observações poderão vira ser corrigidos.Ao investigador cabe, pois, oa, pel e,3licado e difícil que só uma actuaçãoinsistente e subtil poderá tornar frutífero.Mas todas estas dificuldades chamam a atenção, e cada vezCoro do Tufo

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mais, para a importância de um levantamento cultural sistemático e exaustivo.A Cultura é- algo de vivo. Evolui com a sociedade que a d,-termina. Asmodificações que uma Revolução exige impõem novos caminhos. A Revoluçãocria uma cul. tura que em muitos casos se sobrepõe ou substitui a estruturacultural existente. Muita coisa obviamente se põe de lado, se faz esquecer. Tudoisso no entanto faz parte do património do povo. Há que pesquisar, recolher eregistar em arquivo para um posterior estudo. Até porque, da análise ds-Anhembe, instrumento de corda muito utilizado em vdrias regiões deMoçambique, embora com nomes diferentesTEMPO - 19-10-80ses documentos (no sentido científico da palavra) se tiram esclarecimentospreciosos, diremos fundamentais, para a definição e prosseguimento de umaRevolução Cultural.Foi precisamente orientada por estes princípios que a e,3legação da DirecçãoNacional de Cultura partiu para as províncias de Nampula e Cabo Delgado.Os elementos recolhidos estão a ser objecto de estu,i etnomusicológico. Asconclusões a divulgar oportunamente - provisórias embora, porque outras poderãovir a ser apresentadas - serão mais achegas para um maior conhecimento dacultura moçambicana.(Texto elaborado porCarlos Martins Pereira com a participação deMartinho Lutero)(1) - Há.todavia excepçõesde grande mérito. É o caso da obra de Jorge Dias e Margot Dias «Os macondes deMoçambique»,Lisboa 1964.(2) - Citamos entre outrostextos as «Respostas ao Questionário Etnogrdfico» de autoria de Gustavo deBivar Pinto Lopes (empregado da Companhia de Moçambique) apresentada pelaSecretaria dos Negócios Indígenas, em Lourenço Marques, 1928.(pdg. 100).

Peso d,- carga tem várias maneiras de ser medida. Uma delas utiliza balanças,desde a decimal de laboratório e joalharia, com graus intermédios de capacidade eprecisão. Mas a maneira que vem desdie o princípio da história da luta pelaconservação da vida, chama-se corpo humano. E possui a sua própria história quese perde na memó ria, dos tempos, gerada na necessidade de sobrevivência doindividuo e do seu pequeno agregado comunitário e desenvolvida a imposição dopoder do mais forte, de acorda com as formas (e fórmulas) que a exploração dohomem pelo homem conseguiu ao longo dos séculos. Assim, cada pessoa carrega,voluntária ou involuntariamente, aquilo que é seu e, na maioria dos casos, o que édos outros, com prazer ou com amargura dor e ódio. No nosso pais, ocolonialismo exerceu grande parte da sua do. nlinação, para garantia da pilha.gem de riquezas naturais e ob-' tenção da força de trabalho compulsivo, de quedependia a prospertiLde do sistema, através do uso da opressão mental e daIdentidade física: musculatura em acção - veiculo de carga. Não vamos recontar

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como tudo se fazia e aguentava e desesperava, sendi povo com consciência só desofrimento. Potência de carga igual impotência de recusa, igualdade que foidestruída.Hoje, no país libertado, todos carregamos. Então também ainda agora? Sim,também. E com alegria, felizmente. Carregamos o que produzimos e o que nãosomos capazes de produzir por noora, para satisfazer as necessi-dades de cada um de nós, carregamos na lavra e sementeira 2, terras e notransporte das colheitas, carregamos no lança mento de matérias-primas ao bojodas tábricas, carregamos das fábricas escoando produtos acabados para mercadosinternos e externos. Carregamos quando faltam os transportes motorizados ou asimples tracção animal ou quando as vias d!2 acesso não permitem a suacirculação. Carregamos nos braços às costas, à cabeça. E das bocas podem saircanções que já não são de lamento ou revolta, mas de construção árdua e difícil,de um mundo novo em que a força participa na libertação comum do peso maiorque é o subd,3senvolvimento.Igualmente carregamos pesos na planificação, organização e execução de tarefas,incluindo as que exigem esforço físico e as que exigem esforço intelectual.Sabemos que a construção se não faz sem a aliança espontânea e permanenteentre os dois tipos de esforços. Em cada trabalhador; por mais particularizada ougeneralizada que esteja a sua função na teoria e na prática do c, senvolvimento.Porque nenhuma tarefa é estática, mas dinâmica, à partida e na continuidade. Aplantação de cajueiros como a elaboração de um poema, o fabrico da enxadacomo a dactilografia, o despejo de pedra e cimento na betoneira como aobservação de micróbios ao microscópio, a condução de um machimbombo comoo pagamento de cheques nas caixas do banco, a moagem d,' cereal como apreparação da farinha cozinha-da, a recolha de dadospara um programa qomo a sua interpretação.A conjugação de esforços conduz ao senso da responsabilidade individual ecolectiva, não somente atribuível por lei ou disciplina, mas principalmente pordecisão própria consciente e assumida no respeito aos outros.E aquele velho e aquela mulher grávida e aquele jovem d,, muletas moram numpréd,&o de 12 andares. Claro que o prédio tem elevador, dois por sinal: um parapassageiros, um denominado monta-cargas. O segundo imobilizad há quatroanos porque dele se retirou uma pequena peça para substituir a avariada noprimeiro. Este, com paragens intermitentes ao longo do mesmo período, dedurações variadas nas suas sucessivas tentativas de descanso definitivo do qual seaproximava e, suspirando, acabou por alcançar 8 meses atrás. Os elevadores doreferido prédio não estão isolados. Em numerosos outros prédios, têmcompanheiros ê1-3 idêntica situação, com algumas variantes nas férias defuncionamento. Pedem-se explicações mais ou menos concretas. Dão-se, baseadasna falta de peças, nas dificuldades para a sua obtenção. Entre muitos moradoresnaturalmente preocupados, compreenderam e aceitaram as explicações, tambémaquele velho, aquela mulher grávih:u, aquele jovem de mule. tas. Contudo, aapelos mais aflitos, aparece o habitual par de conserta-avarias (não confundir comprevine-avarias). Instalam-se (seguindo o mecanismo de actos anteriores) nointerior do elevador (para passageiros e há quatro anos também para carga,

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mexem, remexem (ao que parece), ascendem (a pé) ao terraço, mexem e remexemna máquina respectiva, o elevador talvez fique a soluçar na hesitação ¿i sobee-desce, durante uns dias ou mais horas. Uma voz ousada ou confiante, talvezpergunte: «está fixe?», recebendo uma resposta que fecha -diálogo: «fizemos tudopara desenrascar».A história (contada) não continua, nem agora nem no próximo número, porquenão vale a pena substituir palavras p o r seus sinónimos para a repetir comagravantes e o papel não abunda. E a prodtividade não é divertimento.Porém, na vida real, de todos os dias, nenhuma história tem ,direito aexclusividade d,3 ocorrência. Antes a acompanham outras, aparentadas ou não,por vezes despercebidas à maioria, mas, quase sempre interessaný:3 a totalidadedas pessoas. E, com esta, assim aconteceu.Pois no préè,do que é seu palco, a bomba eléctrica que faz subir água para odepósito no terraço e destinada a abastecer os vários andares, sofreu um acidente etornou-se inoperacional. Levaram-na para conserto, que não demoraria, mas afinaldemorava. Entretanto, um curto-circuito no quadro, pôs às escuras o átrio deentrada e os compridos (parecendo sempre mais e mais compridos) lanços deescada até ao último andar.Os moradores vinham, de começo a respirar paciente e ritmadamente, por eles oupelos seus empregados domésticos (os quetinham), carregando água da torneira existente no pátio traseiro do prédio, escadasdescem-escadas sobem: água para lavar as mãos e a cara e a roupa maisindispensável e encardida, beber, cozinhar, enganar os mínimos cuidad!gs dehigiene. No transporte de água utilizando vasilhas de diversas capacidades, arespiração tornava-se progressivamente impaciente e arritmica. As pessoaspassaram a lavar roupa no diminuto tanque abastecido pela água da tal únicatorneira no pátio, bichanda. com as demais candidatas à mesma serventia e aocarregamento de água e à subida aos degraus molhados e escorrega'dios.A bomba eléctrica da água apareceu consertada. Mas sem fornecimento deenergia continuava inoperacional. Levaram-na dê volta. Cinco semanas de-pois daavaria da bomba e cerca de quinze ecas depois do curto-circuito, surgiu alguém daElectricidade de Moçambique. O guarda de serviço estava (ao que parece) nastraseiras do prédio procedendo à recolha do lixo. A l g u é m da EM, porventuratambém impaciente, retirou-se. O quadro prosseguiu (estático), afectado d:2+curto-circuito. A bomba manteve-se impedida de cumprir a função para que foraconstruída.... e consertac'3.Também estas duas histórias adicionais a complicarem o enredo da primeira,pelos motivos aponta2,gs fica suspensa de continuação.Por essa altura, o mais velho do prédio foi passar uns ,dias na sua terra natal.Noite adiante da chegada, à fogueira do con-vívio familiar com livre acesso de amigos, contou as peripécias suce2t.das nopré,dio que o alberga desde que, pela conquista do povo, deixou a sua insalubremoradia de muitos anos na cidade-caniço.

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Contou longamente, à maneira das inesquecíveis histórias trad.cionais. Uma pausamaior deu a entender que acabara decontar aquele para si curto capítulô de vida composta de tantos capítulosessenciais. Então um dos cunha.dos, também um mais velho e que nunca tinhaviajado a Maputo, 2, spertou para uma curiosidade de picardia inaudita e propôslenta e serenamente:Queres trocar? Eu vou na cidade e no prédio e tu ficas aqui, no meu lugar. Levõ ocanCeiro e carrego água para a mana e os miúdos... Ontem, cortei três árvores namata e ajudei a carregar para a aldeia comunal. Está a crescer a nossa aldeiacomunal, está a crescer...Esfregou as mãos na doçura do lume e insistiu:- Queres trocar?... Só para experimentar...' nós os 'dois, hem ?...O mais velho em ausência temporária da capital, correu o risco de indelcad<,za,guardando palavras ou gestos de resposta. Aparentemente sentiu-se cansado eentrou a sonecar.Filosofia deconversa vulgar do quotidiano, não consta de doutos e voliiyxosoBtratadis nem sequer pequenos manuais de iniciação. Mas tem o seu valor, nãotem?Orlando MendesTEMPO - 19-10-80

Tempo 'esportivoBASQUETEBOLMais clubes na bola ao cestoNa modalidade da bola ao cesto que este ano mente ao ano passado, poisestiveram em competição iniciou a sua actividade com cerca de 2 meses de atra-9 equipas de Juvenis, 11 de Femininos, 4 de Juniores, so, por motivo datransferência de poderes da com'is- e 4 de Seniores. Este atraso verificado noinício da são antiga para a presente, aumentou sem dúvida ai- competição veio aprejudicar seriamente os calendáguma o número das equipas participantes,relativa- rios de jogos como mais à frente veremos.O Torneio de Abertura, primei- por uma delas, mas também para ra etapa damodalidade, serviu uma preparação com vista aos para uma rodagem ,das equipas,Campeonatos Provincial e Nacioumão só para se conhecer melhor nal. Duranteeste Torneio, houve as tácticas e técnicas utilizadas equipas que demonstraramme-lhor técnica, embora faltando sempre em todas elas o balanço defensivo, aspectoeste para o qual os técnicos deveriam debruçar-se mais. Este certame embora comalgumas anomalias sem influência, não perdeu o interesse pelos amantes damodalidade, podendo-se observar sempre bom número de público presente,jornada após jornada. Os clubes que conquistaram com todo o mérito esteTorneio, foram a Aviação Civil (Femininos), e o Clube de Desportos daMaxaquene nas categorias de Juvenis, Juniores e Seniores.Relativamente ao Campeonato Provincial, cujo programa estipulado pelaDirecção Nacional não foi cumprido, devido ao tempo com que a modalidadeiniciou a sua época, a participação das equipas elevou-se pois o Clube Ferroviário

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fez-se representar em Masculinos por 2 equipas sendo uma de Juniorez. e outra deSeniores. No período relativo à disputa do referido campeonato, houve umaparagem durante o mês de Junho, devido à preparação das Selecções Nacionais deSeniores e Juniores. Estas selecções acabaram por não realizar quaisquer jogos.Estava em vista a desTEMPO - 19-10-80

locaçáo da Selecção de Juniores a Angola, mas devido ao programa a ser, seguidono desporto angolano, não era oportuno a nossa ida. A Selecção de Senioresdeveria efectuar um Torneio Internacional com a Selecção Nacional doZimbabwe, mas por dificuldades financeiras do visitante, o referido torneioacabou por não ser realizado prejudicando desta forma os nossos calendários,tendo o provincial recomeçado em meados de Julho, com as equipas aapresentarem um nível bastante fraco, derivado à falta de treinos, isto porqueestavam integrados nas Selecções 1 a 2 jogadores de cada clube, dificultandodesta forma o treinamento em conjunto nos respectivos clubes.Um mês decorrido de jornadas formou-se então a Selecção Nacional de Juniorescom vista à participação no 3.° Campeonato Africano de IZasquetebol que serealizaria em Angola de 7 a 13 de Setembro. Para não prejudicar novamente oscalendários de jogos a FMB decidiu preparar a selecção em simultâneo com a rea.lização dos jogos, até porque não havia a confirmação se Moçambi-Moçambique, tem grandespotencialidades nesta modalidadeBasquetebol, um apoio necessdriopara o crescinnento- da modalidadeque participaria no referido Campeonato. Depois de surgir a confirmação da nossarepresentação, intrrompeu-se o Provincial de Juniores, tendo prosseguido nasrestantes categorias, que até ao presente momento a única categoria a chegar aoseu término foi a de, Seniores, depois duma fase final entre as formações doMaxaquene e do Desportivo, na qual o Maxaquene saiu vitorioso.No ,final do encontro os alvi-negros apresentaram um protesto baseando-se emerros técnicos de arbitragem, que depois de lido o relatório apresentado pela duplade arbitragem, a APBM deu como improcedente cabendo assim o título Provincialao Clube de Desportos da Maxaquene.Aguarda-se apenas as fases finais nas categorias de Juvenis, Femininos e Junioresque têm estado a ser seguidas pelo público com grande entusiasmo. Sem qualquercontra t em p o encontram-se terminados os, campeona-. tos provinciais deJuvenis e Feni-

QUEM DA VIDA AO BASQUETEBOL?Falarmos de basquetebol, é dedicarmos uma especial atenção a uma modalidade aque se têm abraçado muitos jovens e lutado para que ela possa trilhar os caminhosdesejados.Modalidade que a seguir ao futebol, arrasta mais público e a par disso movimentagrande número de praticantes, o basquetebol vive nestes últimos tempos umadinâmica fora do comum pois, alguns jovens entusiastas da modalidade, que após

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as suas actividades escolares, dedicam algum tempo do seu descanso e dedistração ao trabalho que a modalidade exige.Estes jovens surgem a abraçar a modalidade porque as circunstâncias assim oexigiram pois, os chamados «veteranos» e pessoas adultas votaram a modalidadeao abandono. Outros há (sócios) que a nível de clubes e Associações, não aceitemdedicar os seus tempos livres ao baquetebol. Todavia se virarmos a face da moedae lhes dermos cargos em qualquer coisa que se chame futebol, lá osencontraremos.A modalidade está sendo dirigida por jovens, em todos os seus sectoýres, taiscomo, a Direcção, Arbitragem e Treinos. Muitos dos elementos que se encontrama dirigir os destinos da modalidade vieram dos Jogos Escola-res, pois foram eles que no decorrer daquele acontecimento se evidenciaram querno apoio de organização, dinamização e contrôle, quer na arbitragem.Um facto saliente é que a maioria dos jovens que se encontram a dirigir obasquetebol, exercem mais que duas funções, pois, acontece serem treinadores,árbitros e atletas do clube.O exemplo evidente da dedicação, daremos a do Victor Canaveira, jovem queaparenta ter 21 anos, que é presidente da Associação, treinador de basquetebol(femininos A e B) do Maxaquene e possue a carteira de árbitro. Como elepoderíamos apontar muitos outros.Na arbitragem, não nos restam margem de dúvidas, que o'basquetebol é da,modalidades onde possui maior número de jovens árbitros. Aqui, o árbitro maisnovo possui 16 anos de idade. A grande maioria oscila entre os 16 e 22 anos.Estes árbitros que se encontram' organizados em torno da Comissão Provincial deJuizes de Basquetebol de Maputo, todas as segundas-feiras, sob orientação doselementos que dirigem a Comissão ou um ou dois árbitros mais experientes,debruçam-se sobre a escala dos árbitros para osjogos da semana e, por outro lado, há correcção e debates de alguns assuntossobre a arbitragem. Ao mesmo tempo que trabalham para o desporto federado,estes árbitros apoiam também os Jogos Escolares que decorrem em -Maputo.Deste modo, por vezes, num sê fim-de-semana realizam-se mais de 10 encontrosoficiais e se movimentam mais de 100 atletas para uma média de 27 árbitros, dosqUais, a maioria é também atleta. O problema surge também na marcação deárbitros para os encontros pois não existem árbitros suficientes para ós jogostodos e lá se fazem as <ginásticas» necessárias para fazer-se uma escala correcta.É normal cada árbitro arbitrar dois ou três encontros num só dia e por vezessózinho, recebendo com isso um «obrigado» ou uma ninharia de meticais.No entanto, todos eles têm consciência de que o mais importante é movimentar amodalidade e os atletas, pois sem eles (árbitros), estariam dezenas de atletas semactividade.,Se olharmos para !os nossos treinádores. ficaremos com uma imagem idêntica aque acabamos de nos referir, embora que nas categorias de juniores e seniorescom poucas equipas, o panorama seja um pouco diferente.Aos sábados é que se pode tirar uma conclusão mais acertada daqui-O basquetebol, depois do futebol é a modaldade que mais público arrasta aosrecintos de jogo

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lo que afirmamos e verificaremos que o treinador (X) é jogador no Clube(Y), e a sua idade ronda entre os 18 a 24 anos. São estes os treinadores,orientadores dos jovens em toda' a sua dimensão. Para além de serem técnicos,eles são educadores e formadores cuja imagem 'serve deespelho para os seus «pupilos».Alguns destes jovens, deveriam ser louvados pelas estruturas desportivas, pelotrabalho que se encontram a desenvolver. Com pouca experiência de direcção,arbitragem e treinamento, estes jovens lançam-se para a implementação damodalidade no seio dos jovens, cumprindo com os objectivos traçados pelasestruturas desportivas nacionais.Nestes poucos meses que a Associação mais jovem de Moçambique tomou posse,muitas das anomalias existentes já foram eliminadas outras há que eliminar. Como tempo pensamos que muitas questões serão postas no seu devido lugar. Éevidente que exigirá sacrifícios por parte daqueles que assumem estaresponsabilidade mas só assim é que poderemos avançar. A recenteuniformização do equipamento dos árbitros e a entrada conjunta para o recinto deOs jovens são os jogos (equipas e árbitros) são facgrandes animadores dobasquetebol tores que deixam patentes a acçãodestes jovens.Ahniro Condeninos e o de Juniores no próximo dia 17-10-80.CONSIDERAÇõESSOBRE A ORGANIZAÇÃOUma questão bastante importante é o caso da arbitragem, que sobre este aspectoparece haver falta de uma reciclagem, pois têm-se notado por vezes e r r o stécnicos, alguns deles por falta de conhecimento, podendo portanto a virinfluenciar o resultado final de algum jogo. Tem-se notado também árbitros dumdeterminado clube a apitarem jogos desse mesmo clube o que logicamente estáerrado.A este propósito conversámos com Victor Canaveira Presidente da APBM quenos explicou a ra zão. Como é do conhecimento geTEMPO - 19-10-80ral a maioria dos árbitros são atletas dos clubes intervenientes na competição, quelogicamente defendem as cores do seu clube. Esta situação surgiu inúmeras vezes,não por íntencionalidade, mas por vezes havia um árbitro que faltava e para que ojogo fosse realizado, tinha-se que convocar um outro árbitro que não raro calhavaser desse clube que iria disputar a partida. Sob r e esta questão a Comissão- deArbitragem deveria ter criado um regulamento de punição para as faltas decomparência dos árbitros.Outra questão bastante notória nos jogos de Basquetebol, é a do fardamento dosárbitros e dos elementos da mesa do júri. Apenas se tem notado os árbitros comcamisas iguais sendo as calças decor diferente, mas segundo a APBM o problema residia na falta de pano cinzentopara o confeccionamento das mesmas, que dada a situação de escassez de tecidosno nosso pais se poderia adoptar uma cor única de tecido fabricado localmente

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uma vez que estas competições são a nível Nacional, ficando a cargo da FMB aaquisição de fardamento exigido pela FIBA para os jogos internacionais.Uma iniciativa digna de mérito é a da Associação Provincial de Basquetebol daBeira que apesar das mesmas dificuldades souberam superá-las através de fatos detreino iguais para todos os juizes das partidas.Armando de Sousa Júnior

NÃO COMPRAFARINHA OU ARROZSE NÃO COMPRAR'TOMATEFoi com grande entusiasmo ao visitarmos o estabelecimento comercial situadoem Jantigué-Chibuto vermos de perto como eram atendií.,s as bichas, em comovisitantes daquela localidade no Centro Internato de Malaiça.Chegada a hora marcada para se abrir a$ lojas, numa delas saiu o senhor chefe dobalcão chamado José Chongo anuncian. os produtosa serem vendidos nesse dianaquele estabelecime nto comercial..«Aqu só te-VINHA COMPRAR NJJAR, HAS TÊVý< Df CARREqRAR EÍ' COHTOMHA-TE,, G40rNO ILEPENSÃO NAO ATENDEPESSOAL DO ESTADOFoi no dia 15 de Julho do ano em curso, pelas 7.00 horas, em que, chegamos -aodistrito acima referi,-, onde permanecemos durante todo o dia devido à carênciade" transportes que nos pudesse levar ao nosso destino.Neste contexto, por falia decondições para a obtenção de refeições, vimo-nos obrigados, a contactar com oConselho Executivo do mesmo distrito. Então para minimizar a situação,passarm-nos uma requisição d, sti-nada àquela Pensão a fim de termos refeições. Esta foi rejeitada pelo responsávelalegando não atender as requisições do Estado. Muito insistimos para fazer^compreender a nossa situação n a q ue le momento, mas a resposta manteve-seconstante (negativa), exigindo o pronto pagamento. Perante esta situação temos asseguintes perguntas:Será que este senhor proprietário desta Pensão trabalha isolaido, não'èstá ligado anenhuma estrutura?- Será que neste distrito as pessoas não estão mobilizadas para a realização doRecensea-mento da População, e que apoio devem prestar para a realização ,c, mesmo?- Ou mesmo, mediante aquela requisição será que ele não poderia dispensar-nosalgo para nos satisfazer?Pedimos a máxima colaboração das estruturas 2,* distrito para entrar em contactocom esse senhor proprietário que desconhece as orientações do Partido e doEstada. E a todos senhores leitores, desejamos a vossa colaboração na verificaçãodesta situação e assim dêem o vosso parecer.Saúl José Fernando

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Jie/NamarróiTEMPO - 19-10-0m

Cartas dos, Leitoresmos o açúcar, a farinha e o arroz; mas estes produtos s6 saem acompanhados p e 1o tomate» (dois quilos). Em cada quantidade, e quem não comprasse o tomate nãopodia, comprar aqueles géneros alimentícios mais precisados.Sene, assim o quilo de açúcar a 17,50 MT; farinha 12,50 MT; arroz 15,00 MT;tomate 25,00 meticals; obrigatoriamente compravam, era para ter 1 quilo daquelesgéneros alimentícios mais precisados para o consumo familiar. Sendo assim,sabemos que grande parte da nossa população encontra-se desempregada e que omínimo de meticais que conseguem ter é para comprar alimentos c,2 primeiranecessidaq :NA PASTELARIA SUíÇAPAGAR E NÃO TOMARFoi no dia 17 de Setembro deste ano, que por ter o costume de comer antes deentrar no serviço, decidi-me a entrar na Pastelaria «Suíça», aqui ým Maputo epedi um copo com leite e um bolo e paguei 9,50 meticais.Logo que o servente me trouxe o que pedi, fiquei espantado ao provar o leite,porque estava totalmente queimad,, e o próprio servente estava envergonhado.Depois de alguns mi-Perguntamos: 1 - Será que aquele estabelecimento comercial está para servir osinteres. ses da- sociedade operária e camponesa; ou então para servir os bens docapitalismo (burguesia) Vejamos por exemplo: tendo os cem meticais não somoscapazes de comprarmos 3 quilos de arroz porque somos exigidos 6 quilos detomate. Agrad,3ce. mos aos nossos leitores que nos enviem sugestões, de comosuperar ou liquidar esta situação que é imposta pelo chefe do ba!cão daqueleestabelecimento.Pelos estudantes e residentes do internato do Centro Eucacional de Malaiça emChibuto.Carlos José Mate ,Eugénio Afonso TameleMalaiça-Chibuto Gazanutos, chamei o referido servente a fim de lhe perguntar o que se passava com oleite, o mesmo não conseguiu esclarecer nada sobre o assunto. Será que estaPastelaria serve bem o povo? Será que o cliente que apanha isto hoje, voltaamanhã outra vez ?Acho que isto é, desrespeitar as conquistas do nosso povo, e só se limitam acaptar os meti. cais. Tantos pedidos dos que querem utilizar bem estas Pastelarias,estão acumulaegs sem serem despachados por falta destas vagas desaproveitadas.Guüstavo ManjateMaputoTEMPO - 19.10.80Manica -himoio 65E SUMO

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DE LARANJA OUAGUA AÇUCARADA.Foi exactamente no dia 7/9/ /80 que me'desloquei com os meus companheirospara um pequeno passeio ao interior Ja cidade e abancámos num !-.sRestaurantes sitos na mesma cidade de nome «Elo 4». Como atemperatura era um pouquiänho quente, pedimos ao senhor servente para que nostrouxesse sumo de laranja, a fim . eliminarmos asede que nos devorava nesse dia.Pouco depois trouxe-nos esses copos com sumo, mas aquilo não parecia sumo,mais parecia água potável,, nem sei como posso descrever este tipo de liquidoaçucarado.Perguntámos ao senhor servente qual foi a preparação daquele líquido açucaradocom uma muito ligeira cor de laranja que por fim tomou o nome de sumo è,-laranja e que não era realmente.Ele respondeu que n ão sabia nada!? Mas sendo um trabahador doestabelecimento turistico, referido, desconhecer a preparação de qualquer género?Pergunto à opinião pública sp este estabelecimento turístico está ao serviço dobem-estar ou para efectuar lucros?Nesta via que, estamos a ctualmente a seguir, o caminho <-- luta sobre osubdesenvolvi, mento ?Serafim AlfredoEleento das F L

«POUSADA DO ILENÃO PODE SER 4* LÃ': E M.NÃ iMI IIJTO QJ ~Jox 5Aqý qUe uNA DA5 GRANJDES POCILGA»EM1_j ESPE A ' UDt5 DOA' EOMI _'- Venho dar mais ou menos em perspectivas aos estimados leitores o que é aPousada do fne.A Pousada do ne é um restaurante com as seguintes caracteristicas! Ela insere-senos seguintes pontos:a) A sujidade do edificio '-msi.b) Má condáta dos trabalhadores em relação aos cl"entes, esquecendo-se contudo de que o cliente é um elemento fundamental diumacasa daquelas.c) A falta de cadeiras e me-sas no Bar, existindo, por- NQ<«FOTOSQUE NUNCA RECEBO»O que quero focar nesta carta é o seguinte: Foi no dia 2/ 4/80, que me desloqueideste-distrito onde trabalho com destino ao distrito do Guruè à procura duma fotoque pudesse tirar-me fotografias -para efeitos de casamento. Com a faltad,transportes só foi possivel chegar àquele distrito no dia 4 do mês e ano acimareferido; através duns amigos indicaram-me um senhor que trabalha e que éfotógrafo da Foto Regular. Assim fui contactar com ele, e o mesmo disse quepoderíamos ir juntos para a resid,ncia do patrão o qual não conheço o nome, masele é um padre da Igreja de Crsto em Moambique.

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Quando chegámos à casa dosse padre mostrou dificuldades e por fim tirou umrolo e entregou-o ao fotógrafo e este foi tirar na sua foto com a promessa de virlevantar depois de' três dias contando a partir dl data que as tirei, portanto 7/4/80.Como tive pressa deixei ou encarreguei o meu amigo e colega de serviço atrabalhar naquele distrito do Guruè Feliciano Ngovene.Quand3, chegou o dia combinado a resposta que o meu amigo recebeu quandosolicita as fotografias foi a seguinte: «As fo-, tografias já se queimaram, se quisermanda um telefonema ao dono para vir tirar de novo.Ele solicitou o dinheiro porminha autorização pois eu paguei 200 MT (então duzent escudos> para duaspessoas; e a res-posta foi negativa, repetindo que poderia-me ý,slocar lá de novo para tirar pelasegunda vez.Caros leitores, é assim que não recebo fotografias nem o dinheiro por mim gasto eeles exigem que vá para lá tirar de novo. Quem pagará as despesas dessaviagem?! Serei eu outra vez? Deste distrito para láí éraro encontrar transporte,serão eles a virem-me buscar ?Eu acho que deveriam dar o dinheiro a esse amigo meu, pois eu arranjaria umaoutra maneira e,-3 tirar fotografias. Peço desculpa se alguém se sentir ferido, eunão queria e não quero ferir a ninguém, simplesmente quis abordar essa dor quesinto.Filipe Henrique GeloGi. - ZambéziTEMPO - 19-10-80

tanto 2 mesas e 8 cadeiras na dita sala de jantar, onde o cliente vai esperar pelosenhor servente da sala durante mais de 20 minutos para ser atendido. Pa.ra ser dad,3 arroz branco c/carne de porco «podre» porque na Pensão não temgalinhas, enquanto no tempo passado haviam mais de 4 geleiras. Onde é queforam essas geleiras?d) A repetição do mesmo tipo de refeições p o r um tanto tempo até lhes ,-r nacabeça de ir a Mocubae arranjar peixe.O que mais doixa um cliente alarmado é o modo de preparar a refeição, na minhaopinião que os cozinheiros são realmen. te cozinheiros senão ou são aqueles queaprendem a cozinhar no próprio serviço? EuPEDIDOSDE CORRESPONDÊNCIAEm primeiro lugar, as minhas saudações.MAE AFLITA: - a fim de satisfazer o pedido de uma mãe aflita que se encontraem São Tomé, agradeço mandar publicar na revista «TEMPO», quem souberdo para-acho que para lugar como aque-\ le deviam haver cozinheiros pro fissionais e nãoaprendizes.e) Falar de quarto é falar de

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um lugar onde dorme um porco: são lençóis que ficam 15 d*as sem seremmudados, e o quarto . em ser varrido, vidros sujos, enfim... um conjunto deporcaria (desculpem a expressão, para aquela Pensão é que não existe outronome).- Será incompetência, desleixo do próprio' responsável? O que existe realmente éisso! Será que o C.I.T. não pode tomar medidas para tal questão? Desculpemsenhores leitores, mas temos de construir ýMoçambique, totalmente livre parafazer frente à década 80/90.Pedro Hum DP.C.L Quelimane/Zambéziadeiro de Manuel Afonso Almeid Gomes, filho de Germano Gomes e de CelinaRosa Almeida, comunicar com a dita Sra.Cetina Rosa AlmeidaRoça Rio - LeçaDstrito Lembd São ToméRepública DemocrdticaSem outro assunto de momento, desde já os meus agradecimentos e termino comum fraternal abraço e votos de progressos.AtenciosamenteTerêncio de J. SalomãoHostvadergatan 612.41733 - Gõteborg - SiwedenEscreva para: Revista «TEMPO» Cartas dos Leitores Av. Ahmed Sekou Touré,1078-A e B C.-P. 2917 MAPUTOTEMPO - 19-10-80PORT0 DE MAPUTO CADA VEZMAIS LIMPOBem sei que há muitas pessoas que conhecem como estava o nosso Porto desdedo regime colonial português, este estava muito sujo, pois haviam ferros inúteis,paus, troncos, tambores podres em suma viam-se quase em tó,dos os seus cantosmontõès de sujidad,s em particular atrás e à frente dos armazéns de açúcar, Zonado minério até à zona 1-3. Tudo era uma vergonha para nós que fazíamos trabalhonos referidos lugares. Agora venho enaltecer os trabalhos que estão sendorealizados no nosso Porto, um trabalho bastante valioso e muito orgulhoso o delimpar todos os cantos sujos do nosso Porto. Assim, qualquer dos nossosvisitantes seja ele nacional ou cooperante quando entrar, a sua vista cansa-se deser maravilhada pela beleza do nosso Porto, pois dixa no coração de qualquer dosseus visitantes um marco histórico.Armindo Blé M. Z. Gundane Maputo

I5 5IEIMliIJuCu2iosidadesO tabaco é uma planta das regiões quentes ou temperadas, de grandes folhasovais. O tabaco verde não se pode fumar, é necessário prepará-lo e para issoempilham-se as folhas até que fermentem. É esta fermentação que lhes dá o odore o sabor caracteristicos. De Jean Nicot, embaixador da França em Portugal eintrodutor do tabaco naquele país europeu, no século XVI, derivou a palavra

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«nicotina» que designa a substância nociva contida nesta planta. Tão nociva é anicotina que é empregue para matar os insectos que danificam as culturas.Envia os teus desenhos, caricaturas, «car toons» ou bandas desenhadas para aDNPP, Av. Amilcar Cabral, 212, MAPUTO, até ao dia 30 de Novembro. Osmelhores trabalhos estarão presentes no Festival de Humor e sátira promo. vidopela União dos Jornalistas Búlgaros, na Bulgária.CABEÇA A FER. . . . - 00.. .que se provou que os alimentos proteicos - carne, queijo, lei- *te, ovos, peixe ,- são digeridos no estômago, e os amiáceos pão, b a t a ta s, a r r oz, massas- são digeridos no intestino dei- AGILIDADE MENTALgado.'Foi em 6 de Julho de 1822, pelo médico canadiano dr. William Se ummachimbombo sai da paBeaumont. Degeobriu este impor- ragem com 40passageiros e dutante aspecto da fisiologia do ho- rante o seu trajecto em cadaparamem, ao tratar de um &igente, de gem saem 2 passageiros e entra 1, nomeAlexis Saint Martin, que se ao fim de quantas paragens ficará havia feridoacidentalmente no es- o condutor sozinho no machimbomtômago, em FortMackenzie, cida- bo? dj zinha da região nórdica e fria dos lagos canadianos. Odr. William Beaumont por observação di- ksue§ed 6V p W' °v :Oyjýfi'OS rectaatravés do orifício da ferida, descobriu a função do sucq gástrco e publicou, em1833, um fivro baseado nas suas observações.. Adivinhas...que se utilizou a picotagemcs selos foi em Inglaterra, no ano Na água nasci, de 1848, por Charles Fowler.Tam- Na água me criei, bém, neste ano um seu compatrio- S. na água medeitarem, Nela morrerei.ta, de nome Archer, inventou o Quem sou? processo de separar os selos maisfácilmente dos blocos em que eram vendidos, utilizando as perfurações nasbordas. Dantes, os selos se- Qual é o animal que anda na paravam-se,recortando-os com te- cabeça do homem sujo. soura. IIINa língua portuguesa só há " uma única palavra que faz o plural no meio.Qual é ela? ...que foi atravessado, a nado, o Canal d,- Mancha, entre a França e aInglaterra, de Calais para Dover, numa extensão de quaseSoLuçõzsquarenta quilómetros, foi em 24 de wnb~ - IIIAgosto 42 1875, pelo desportista oaoO-. II,americano Andres Webb. .M 01TEMPO - 19-10-80I.......... i

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4 U 14 M * 3 pequenas invenções

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PALAVRAS RUZADASPROBlEMA N.o 61MINITANQUE DE AGUA muito útil para certas ocasiões em que andamos pelarua e nos acontece pedir água* nalguns cafés porque temos sede e sempre nosdizem que - NÃO HÁ!COLA TUDO - para alguns sapatos que adquirimos nas lojas mas que não estãotão bem colados como pensávamos.CALÇADEIRA GIGANTE - para que os fiscais dos machimbombos nãoprecisem de empurrar os passageiros. Assim basta um pequeno ponto de apoio etodos os passageiros vão entrar e podemos seguir viagem.6 T7 *aL91213HORIZONTAIS:-l Exércitos; exercem vigí.lância sobre. 2 -Tratamento que só deve ser utilizado entre os membros do PartidoFRELIMO (plural). 3 - Curso natural de água doce; acto de pescar; primeirasílaba de ferver. 4 - Coom tracção de preposição e artigo; sigla de Linhas Aéreasde Moçambique; acto de ir (Invertido); abreviatura de'senhor. 5 - Tratar por tu; es.quiva.se a. 6 - Preposição indicativa. de carên. cia; vagas; como é conveniente. 7 -Existir; claridade que o sol envia à terra (invertido); estás a olhar. 8 - Testemunharrespeito. 9 Dou tratos de polé/ a; Individuo que faz parte duma colónia. 10 - Siglade sociedade anónima de responsabilidade limitada; o mesmo que arco.-íris. 11 - Símbolo químico de magnésio tio. vertido); tenebroso; solitário. 12 -Seduzia (fig.); os que temos em muita estima. 13 Muno de armas; guarnecer deasas.VERTICAIS - 1 - Meigas; causar zanga a. 2 - Embarcações de recreio; símbolodo me. tical. 3 - Vão; os ossos longos que constituem os endoesqueletos dosbraços; batráquio anuro. 4 - Utensílio de ferro para estender e alisar a argamassa;entre aquela gente; referir. 5 Acto de amparar; farelo de madeira. 6,- Femi. ninode melões (invertido); moeda francesa de ouro equivalente a vinte francos. 7 -Consoantes de raso; deixe para outro dia. 8 -Carne de gado vacum; soma. 9 -Épocas, da vida. troncos. 10 - Símbolo químico de gáIlo; quatro romanos;preciosa. 11 - Anagrama de fia; o mesmo que ibérios; símbolo químico de estróo.cio. 12 - Pronome demonstrativo no plural; único. 13 - Tornam secos; lodacento.SOLUÇÁkODO PROBLEA N.0 60HORIZONTAIS: 1 - Logaritmo; ac. 2 - Lazer; olavo. 3 - Pá; RPM. 4 - Ibadan;olp. 5 Vila; uos. 6 - Laurear; sair. 7 - Uítra: ra.8 - Voto; aios. 9 - Urbe; o'.i. 10 - An* cruas. 11 - Lá; tróia; sã. 12 Á rias; alunos.VERTICAIS: 1 - Psvlov; ala. 2 - Olá; ia; ousar. 3 - Ga; Ilustra. 4 - Az; bar; obsta.5 - Reba; eu: rs. 6 - Ir; dual; co. 7 Aorta; ria. 8 - Morna; ritual. 9 -'0LP; são. 10 -Amola; sós. 11 - Av; Ir; só. 12 - Cooperativas.TEMPO - 19-10-80

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WREMODELcU 0 SEnU rRITMI DE VENSJDA P'E ESPAIÇO. AG-ORAANUpJCIAPL NA 1rEMPO ~Ä Ao ALCAJcE hirDE TODO. .I0JOS$c PAISE>TNDE COMO uMý r Nv F-s-t mN T 0 PA RA OBTER rxRANDEs.Luc 4 LQLALAAJ TiA MA PI STRIZsU CÂO P05PODUTOS PELD fOL!* A"§I~.N~WSflAç~O

ELECTROMOC, E.E.o. cNA DÉCADA DA LUTA CONTRA O SUBDESENVOLVIMENTO OSTRABALHADORES DA ELECTROMOC PARTICIPAM ACTIVAMENTENAS TAREFAS DA RECONSTRUÇÃO DA NOSSA PÁTRIA.DEPARTAMENTOS" FÁBRICA DE APARELHOS ELECTRONICOS * FABRICA DE QUADROSELÉCTRICOS " ELECTRO BOBINADORA * ASSISTÊNCIA TÉCNICA "SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA INDUSTRIAL E POSTOS DETRANSFORMAÇÃO SEDE NA AVENIDA SAMORA MACHEL, 162TELEFONES: 29114/29115 - TELEX NEGON