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- 191 - is$OOý - 191 - is$OOý )E MOC;PQUEF DEM DIRUNIRD ANTI- IMPEMIALISTA WUNNAL N.' 46-MAPUTO r 4S E COr LI A. -. SUCURSAIS: BEIRA, QUELIMANE, NACALA E PEMBA FORMULAMOS OS MELHORES VOTOS PELA RECONSTRUÇÃO DE MOÇAMBIQUE E PROSPERIDADE DO SEU POVO, NESTA GLORIOSA DATA DAS F.P.L.M. PERITAGENS E CONFERÊNCIAS MARiTIMAS. CAIXA POSTAL 1426 END. TELEG, «PERMAR» TELEX. 6575-PERCO MO SEDE, RUA DE BAGAMOYO N.- 414/422 -ý vlveÁ -""N O PAIS 29.0 Sessão do Comité Regional da Organização Mundial de Saúde .....14 25 de Setembro: 15 anos de luta pelo socialismo 1 1894 - revolta de Lourenço Marques Destruindo a luta armada Frente de Cabo Delgado O ataque ao Chai Tete: a corcunda do camelo Manica e Sofala: a quarta frente Faremos do desfile um êxito Em Moçambique o inimigo está condenado à derrota (a partir da Página ........20) INTERNACIONAL IB, Conferência de Londres ............ Havana: Balanço de uma Cimeira anti-imperialista .... 41 .... ....44 Cartas dos leitores ...................................... 52 Apontamentos sobre a História de Moçambique .......... .... 56 Poemas para Agostinho Neto .... .... ... .... ... .... ... 60 Cinema: Actas de Marúsia 63 Autobiogràfia de.um mercenário ................ .... 64

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- 191 - is$OOý )E MOC;PQUEFDEM DIRUNIRD ANTI- IMPEMIALISTA WUNNALN.' 46-MAPUTO

r4S E COrLI A. -.SUCURSAIS: BEIRA, QUELIMANE, NACALA E PEMBAFORMULAMOS OS MELHORES VOTOS PELA RECONSTRUÇÃO DEMOÇAMBIQUE E PROSPERIDADE DO SEU POVO, NESTA GLORIOSADATADAS F.P.L.M.PERITAGENS E CONFERÊNCIAS MARiTIMAS.CAIXA POSTAL 1426 END. TELEG, «PERMAR» TELEX. 6575-PERCO MOSEDE, RUA DE BAGAMOYO N.- 414/422-ý vlveÁ-""N

O PAIS29.0 Sessão do Comité Regional da Organização Mundial de Saúde .....14 25 deSetembro: 15 anos de luta pelo socialismo1 1894 - revolta de LourençoMarquesDestruindo a luta armada Frente de Cabo DelgadoO ataque ao ChaiTete: a corcunda do cameloManica e Sofala: a quarta frenteFaremos do desfile um êxitoEm Moçambique o inimigo estácondenado à derrota(a partir da Página ........20)INTERNACIONAL IB,Conferência de Londres ............Havana: Balanço de uma Cimeira anti-imperialista ....41.... ....44Cartas dos leitores ...................................... 52Apontamentos sobre a História de Moçambique .......... .... 56Poemas para Agostinho Neto .... .... ... .... ... .... ... 60Cinema: Actas de Marúsia 63Autobiogràfia de.um mercenário ................ .... 64

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CAPA: SIido dn Kok Nem

semana nacionalMANIFESTAÇÕES DE REPODIO AS AGRESSÕES RODESIANASEm quase todas as Províncias do nosso pais tiveram lugar grandiosasmanifestações de repúdio às agressõesý perpetradas pelas tropas rodesianas contraas províncias de Gaza, Inhambane e Maputo. As populações reafirmaram a suadeterminação em defender a soberania da Pátria e prossegrir com o apoio à lutajusta do Povo do Zimbabwe, liderado pela 'Frente Patriótica. Na Província deGaza, em Xai-Xai, o Governador João Pe lembe orient0ou uma reunião em queparticiparam centenas de trabalhadores do Aparelho de Estado, empresas estataise privadas.Na província de Manica, milhares de pessoas participaram numa reuniãoorientada pelo Governador daquela província, Manuel António, na EscolaSecundária Joaquim Mara. Na quinta-feira passada, na província de Nampula,operários, camponeses, trabalhado res do Aparelho de Estado, alunos, professorese ainda as Organizações Democráticas de Massas expressaram o seu re-púdio pelas agressões do regi-me ilegal da Rodésia do Sul. Também no Niassa serealizaram comícios populares com o mesmo objectivo.Entretanto, o Secretário-Geral do Partido Comunista Cipriota (AKEL), EzekiasPapaioanou, c o n d e n o u estas agressões do regime rodesiano, expressando asolidariedade do povo cipriota para com o Povo moçambicano e para com oMovimento de Libertação em Africa.O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Hans Blix, afirmou que «estesataques têm de ser violentamen. te denunciados. Desta maneira não 'se cria umclima propício para a paz e a reconcilíação».Também a OUSA, Organização Sindical Africana cujo Secretário-G e r a 1recentemente, esteve no nosso país, enviou ima-mensagem na qual condenavigorosamente as agressões racistas à República Popular de Moçambique.MAIS 200 CONTOS PARA REFORÇO DA NOSSA DEFESATeve lugar em Nampula a sexta sessão da Assembleia Provincial, cujos trabalhosde-correram sob a presidência do Governador Daniel MBanze. F o r a mapresentadas duas mensagens de repúdio às agressões perpetradas contra o nossoPaís pelas tropas rodesianas, uma dos trabalhadores da Saúde em Nampula e outrada Comissão Provincial de Implementação dos Conselhos de Produção, em nomedas massas trabalhadoras daprovíncia. Na mesma altura procederam à entrega ao presidente da AssembleiaProvíncia das importâncias de 5 250 escudos e 200 mil escudos respectivamente,destinadas ao reforço da capacidade defensiva do nosso País.Também foi apresentado um documento orientador do Comité Provincial doPartido sobre a Campanha de Emulação Socialista-, que abrangerá todos ossectores de actividade da província e cuja primeirafase decorrerá de 25 de Setembro a 3 de Fevereiro do próximo ano.A assembleia aprovou por unanimidade um anteprojecto elaborado pela DirecçãoProtáncial das Obras Públicas e Habitação para reconversão do ediflicio do ex-clube do Niessa, (onde normalmente funcionam as Assembleias do

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Povo) de forma a dotá-lo de uma sala de reuniões de maior lotação e de melhorescondições acústicas.Igualmente foi apresentada uma proposta dos membros para a constituição daComissão Provincial de EmulaçãoSocialista que mereceu a aprovação unãnime daAssembleia.oeEQUIPAMENTO HIDRAULICOOFERECIDO A MOÇAMBIQUERepresentantes da empresa italiana uERCOLEMAIREL», ofereceram na semana passada ao nos.so Governo diverso equipamento eletro-hidráulico, que esteve patente naFACIM/79. 'O equipamento oferecido pode ser aplicado embarcos de pesca, trabalhos de agricultura, elevação de água, etc. e constitui umapequena amostra dos diferentes tipos de equipamentos »rodu-idos por aquelaempresa italiana. Daí que tenha sido entregue aos responsáveis de diversasestruturas do Aparelho de Estado, iomeadamente , Secretaria de Estado dasPescas, Direcções Nacionais de Planificação, Aguas, Agricultura e Habitação.Os representantes da empresa fabricante man-.festaram o seu interesse em vender no futuro maior gama'do seu equipamentohidráulico ao nosso Pais.No acto da entrega daquele material esteve presente o Embaixador da RepúblicaItaliana em Moçambique.SEMANA DE AMIZADE MOÇAMBIQUERDActividades em todo o PaisDurante a Semana de Amizade e Solidariedade entre os povos da RepúblicaPopular de Moçambique e da República Democrática Alemã organizaram-seexposições que estiveram patentes em sete capitais provinciais para além devários espectáculos de diversão. No âmbito dessas comemorações, houve umajornada de trabalho voluntário levado a cabo na unidade de produção «29 deNoVembro» - na zona do Benfica em Maputo - em que participaram elementos daOJM e da Federação da Ju-ventude Democrática Alem' que se encontravam no nosso pais.Nas m e s m a s cerimónias o membro do CC do PSUA, Horst Brasch Vice-Presidente e Secretário-Geral da Liga dev Amizade da RDA para com os povos,entregou ao INC na cap tal, um camião dotado de uma estação de propaganda eproajecção de cinema móvel. 1No acto da entrega da viatura para além do Vice-Presi-1 dente, estava oPrqsidente Regional da Liga para Moçambique, Ulrich Makosch que na,

ocasião sublinhou os laços de amizade e de solidariedade existentes entre os doispovos, Partidos e Governos. Pela parte moçambicana esteve presente o membrodo Comité Central do Partido FRELIMO, Augusto Macamo o o Directór do INC,Samuel Matola.

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Entre muitas exposições des taca-se a denominada «A Mulher no Socialismo» queeste. ve patente no bairro do Chamanculo. Durante a inaugl;vr.ção dessaexposição, em nome do colectivo das mulheresAinda, na mesma província para além de uma exposição fotográfica fo ra mrealizadas reuniões de esclarecimento ao nível doa locais de trabalho e deresidência.Devido ao luto nacional observado pela morte de Agostinho Noto, Presidente doMpLA- Partido do Trabalho e Presidente da RPA, alguns dos programas foramsuspensos. A delegação da RDA partiu do nosso país, no dia 15 com destino àEti6lia. de onde se deslocará depois para o l"-Campanha Nacional de Alfabetização PROVAS FINAIS DE AVALIAÇAO EMOUTUBRO PRÓXIMODA residentes em Moque, Horst Brasch. entreluas máquinas de coser ecretariadoProvincial daprovíncia de Manica, um de trabalhadores internalistas da RDA ofereceu ;omaterial de apoio a um e Infantil.ne Democrático e Síria, onde também irá participar em «semanas de amizade»entre os povos da RDA e daqueles países. A promoção destas festividadesenquadram-se nas comemorações do 30.* Aniversário da Independncia daRepública Democrática Alemã que ocorre este ano.CTORES DE ESCOLAS TÉCNICASIEM-SE EM TETEores das Escolas Técnicas e representantes inas Direcções Provinciais, tiveram emTete seira Reunião Nacional dos Directores das s Técnicas.lisar as perspectivas futuras da evolução do Técnico, são orientações do Partido eEsue serviram de temas de discussão neste en- 0 estudo incidiu sobre a recolha dedados antes à situaço dos planos dos cursos, e da frequência nas escolas.Terá inicio no País a segunda Prova de Avaliação da i.* Campanha Nacional deAlfabetização, em 5 de Outubro próximo, para a qual estão sendo oreuarados ossupervisores, seleccionados centros, em mini-cursos distritais.Esta prova tem em vista apurar os resultados finais dos alfabetizandos de todos oscentros, inclusive dos cursos intensivos desde que te'>nham 3 meses defrequência de aulas até à altura da realização daquela prova. É através destaavaliação final que se irá efectuar o balanço do qual irá apurar-se o número depessoas alfabetizadas nesta campanha. Os apurados irão receber um certififdo depassagem para melhor se perspectivarem em próxima campanhas.A alfabetização nas empresas e fábricas, aldeias comunais, machambas estatais,cooperativas,FPLM, ODM (em particular dos deputados e mem\bros do Parido), estáenquadrada nos centros considerados prioritários.Além do trabalho de preparação a nivel distrital uara coordenar as provas,começaram a partir para algumas províncias brigadas de apoio. Nas avaliaçõesfinais, - informou um responsável da Direcção Nacional de Alfabetização eEducação de Adultos - o trabalho não será muito fácil pois são cem milalfabetizandõs que irão ser avaliados.

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TEMPO N., 467 - plg. 37otado de uma estação de propaganda e de maprojecção de cinema móveloferecida ao INC ýquando das comemorações da semana de ami. zade entreMoçambique e aquele país

REALIZOU-SE EM MAPUTO REUNIÃO DE ABASTECIMENTOA foto re-portdi.se CWo orfmTIn /Uo em que u,, dS pOrt2Capaf tes znteví nha nadscusSão de problemas referentes aos abastecimentosmente nas tarefas do desenvolvimento da cidade»ýAinda em Tete encerrou napassado semana o 1.o curso de reciclagem dos trabalhadores dos Serviços deRegistos, Notariado e Identificação que se iniciou no passado dia 25 de Julho doano em curso.Participaram neste curso trabalhadores assalariados das Bri gadas de Registo deIdentificação, escriturários, dactilógrafos e responsáveis distritais das Delegaçõesdo Registo Civil ao nível da província de Tete.Foram ministradas disciplinas do Código do Registo Civil, do Notariado, Códigodo Registo Predial, Registo de Automóveis e, Registo Comercial. Igualmenteforam dadas lições sobre o Regulamento do Património do Estado e dadaspalestras sobre o Lei da Nacionalidade e Identilicação.Este curso tinha como finalidade aprofundar os conhecimentos dos trabalhadoresdeste sector judicial. O encerramento deste curso foi presidido pelo directorprovincial de Justiça e Juiz do Tribunal Popular de Tete, Joaquim Madeira.Promovida pela Comissão de Abastecimento da Assembleia da Cidade deMaputo. realizou-se no passado dia 17 uma reunião entre comerciantes destacidade e responsáveis do Comércio Interno, no Centro dos Estivadores doXipamanine. Esta reunião debruçou-se sobre questões especficas doabastecimento, em es pecial no fornecimento de géneros à população. Propôs-se acorrecção de métodos utilizados pela COGROPA na dis-tribuição de géneros alimentícios. Aos comerciantes foi lançada umarecomendação no que respeita ao levantamento das suas quotas nos armazéns esobre os horários de abertura e encerramento dos estabelecimentos comerciais.Por outro lado, foram também criticados aqueles que se apro-. veitam da falta detrocos para obrigarem a população a adquirir produtos de que não necessitam.ASSINADO ACORDO COMERCIAL ENTRE A RPM E OS EUATete:VI SESSÃO DA ASSEMBLEIA DE CIDADENo decurso da VI Sessão da Assembleia da Cidade, que recentemente terminouna cidade de Tete, foi criada uma comissão de abastecimento, uma comissãoresponsável pela limpeza da cidade e uma comissão de controlo. Sob a orientaçãodo Conselho Executivo daquela cidade, foi analisada a situação política,económica e social de Tete, tendo sido feito o balanço das actividadesdesenvolvidas desde a sessão anterior.Também foram estudadas a Resolução da Comissão Permanente da AssembleiaPopular sobre as Normas de Trabalho e Funcionamento das Assembleias do Povo,as Leis do Arrendamento, de Terras e do Comércio Privado. No encerramento da

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Sessão usou da palavra Augusto Si. ga(ique que disse a dada altura da suaintervenção que «cada deputado deve viver de perto as dificuldades daspopulações e participar activa-f o em oue Willard Pre#-, emna RPM ,, Jan-t Mondlane. CooIeraçãoInternacional, asnercial.ordo de ajuda assinado entre los Unidos da América e (Li e MoçambinueTEMPO N., 467 - pág. 4

A PARTIR DO PRÓXIMO ANO FABRICA DE BRINQUEDOS DE MADEIRAA partir de Janeiro do próximo ano vai entrar em funcionamento em Maputo, aprimeira fábrica de brinquedos e outras pequenas peças de madeira numimportante projecto executado pelo Gabinete de Oesenhos e Projectos doMinistério da Indústria e Energia. A referida fábrica, cuja maquinaria ýestá nestemomento em montagem, irá dedicar-se á produção de diverso material didáctico,nomeadamente sólidos geométricos, jogos, etc. Entretanto encontra-se já emfabrico o primeiro dos quatro modelos de brinquedos da U-nha de Produção AIC, numa iniciativa que pretende assinalar o Ano Internacionalda Criança.Os referidos brinquedos serão vendidos em peças soltas. o que levará a criança amontá_los desenvolvendo, assim, as suas capacidades intelectuais. Em caso deperda ou quebra de algumas peças, poderá adquirir o «material sobressalente»necessário mediante um catálogo.Houve o cuidado de projec. tar diferentes modelos de brinquedos, tomando emlinha de conta as diferentes idades, atéAlguns aos t)rinqueaos que sero produzidos em série pe. la fábrica que entrará emlaboração em Janeiro do próximo anoaos sete anos. Projectou-se também o fabrico de um outro tipo de brinquedos comre-levo destinados às crianças deficientes mentais e visuais.oFabrica de Centeccões inita, Lda.Fabricante de:ealças camisasblusasbi Íquims, ete.Saída todo o povo moçambicano por ocasiao do dia 25 de Setembro dia dasFPLM diada RevoluçaoConfeccões Ninita aAv. das F.P.L.M. N.' 1228 - Caixa Postal 695 Telefone 30648 - M A PUTOTEMPO N. 467 - pág. 5

FUNERAL DE AGOSTINHO NETOFAZERDADOR

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NOVAFORÇALuanda é uma cidade mergulhada no luto. Nas praças, nas ruas, nos edifícios,bandeiras e tarjas negras anunciam o acontecimnento mais trágico da vida dajovm República Popular de Au. gola. Uma fila interminável do nessoas contornaos quarteirões ,íunto ao Comissariado-Municinal de Luanda onde decorre aceriimónia de vela daquele que durante vinte anos dirigiu a luta heróica dostrabalhadores angolanos.

Na tarde do dia 15 o Presidente do Partido FRELIMO e da República Popu lar deMoçambique, Samora Machel e sua esposa Graça Machel, chegavam a Luanda.Acompanhava o Chefe de Estado moçambicano uma delegação de alto nívelconstituída por: Marcelino dos Santos, membro do Comité Político Permanentedo CC do Partido FRELIMO e Ministro do Plano, Joaquim Alherto Chissano,membro do CPP do CC do Partido e Ministro dos Negócios Estrangeiros, Márioda Graça Machungo, membro do CPP do CC do Partido e Ministro daAgricultura, José Óscar Monteiro, membro do CC do Partido FRELIMO eMinistro de Estado na Presidência, Sérgio Vieira, membro do CC do Partido eGovernador do Banco de Moçambique, Pedro Juma, membro do Estado Maiordas FPLM, Helena Martins, esposa do Ministro da Saúde, Fernando Ganhão.reitor da UEM, Aquino de Bragança, director do Centro de Estudos Africanos daUEM, Francisco Naene, director do Protocolo do Ministério dos NegóciosEstrangeiros, Melita João Guam be, da OMM e do Secretariado dos Conselhos deProdução e Beleza Fernandes do Secretariado Nacional da oJi.Nessa mesma tarde o Presidente Samora Machel e a restante delegaçãomoçambicana prestou sentida homenagem ao falecido dirigente angolano.No livro de condolências do Salão Nobre do Comissariado Municipal oPresidente Samora Machel deixou inscrita a seguinte mensagem: «O exem. plo doCamarada Agostinho Neto servirá de estímulo e encorajamento para todas asgerações. Camarada de armas, Agostinho :Neto continuará para sempre connoscona construção da felicidade dos nossos povos.»NEUTRALIZAR AS POSSIVEISMANOBRAS DA REACÇAONo dia seguinte milhares de pessoas continuam a concentrar-se, defronte doedifício do Comissariado Municipal de Luanda. O velório, está organizado deacordo com um horário que define que desde as primeiras horas até ao fim datarde a cerimónia está aberta ao povo em geral e as restantos horas da noite emadrugada do dia seguinte estão reservadas às Or-Alguns dos Chefes de Estado presentes no cortejo funebre. ,Da esquerda para adireita: Pinto da Costa de S. Tomé, Luis'Cabral da Guiné Bissau, PresidenteSamora Machel e sua esposa Graça Machel, K. Kaunda da Zâmbia W. Tol. bertda Libéria. M. KereLcou do Benin, Seretse Kama do Botswana e Ramalho Ranesde PortuaalChegada do corpo de Agostinho Neto a Luanda. Transportando à urna distin.guem.se à frente, o comandante Iko Carreira, Comandante Ludi (do lado direito), Comandante Xietu, Comandante Pedalé (ao lado esquerdo)

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ganizações de Massas. Nesse dia, a te do Presidente da República Popurádio e aimprensa difundem larga- lar de Angola: «Constatou-se uma mente umcomunicado do Secretaria- grave insuficiência hepática e houve do do ComitéCentral do MPLA-Par- forte suspeita de obstrução da via bitido do Trabalho,explicando as cau- liar principal. Nestas condições imsas do falecimento doPresidente Neto. põs-s. a intervenção cirúrgica como O comunicado cita umrelatório me- única alternativa para salvar a vida dico assinado por eminentescientis- do Camarada Presidente.. O comunitas soviéticos e pelo médico assisten-cado prossegue: *No acto operatOrio

que teve lugar no dia 8 de Setembro de 1979, verificou-se que além das graveslesões do figado., havia também um tumor do pâncreas. O período depois daoperação decorreu de forma grave, não tendo sido possível com bater ainsuficiéncia do fígado e outras complicações, tais como pertur. bações renais ealterações graves do sistema nervoso central, coração e vaOs órgãos dainformação alertam para o perigo dos inimigos da Revolução angolana seaproveitarem do clima emocional e do momento difícil. ««Não podemos terilusões - diz o editorial do Jornal de Angola - o nosso presente é de luta e o futuroserá um futuro de luta». Os inimigos da Pátria Angolana, prossegue o editorialist',esforçar-se-ão por instalar a divisão e para quebrar a coesão em torno do ComitéCentral do MPLA-Partido do Trabalho.,O futuro do Povo Angolano, contudo, tem já uma forma e um conteúdo quenenhuma pressão da reac-ção interna ou externa poderá alterar», - conclui o editorial.Dísticos e cartazes espalhados na capital reproduzem esta mesma certeza afirmadapelo Presidente A. Neto: «Alguns de nós poderão desaparecer, alguns poderão serliquidados na primeira esquina mas a revolução continuará, a revoluçãotriunfara.»DERRADEIRA HOMENAGEMPelas 10.00 horas do dia 17 teve início a derradeira homenagem fúnebre ao Guiada Revolução Angolana. Milhares de pessoas concentravam-se na praça daMutamba, frente ao Comissariado Municipal, de onde partia o cortejo fúnebre.Bruscamente o silêncio pesado cede lugar ao choro, aos gritos de dor da multidão:a urna com o corpo do dirigente angolano surge transportada por oficiais dasForças Armadas Popularés de Libertação de Angola. Por detrás da viaturablindada, que transporta a urna até ao Palácio do Povo, vêem-se os familiaresmais próximos de AgostJy nho Neto, membros da direcção doLuanda, Chegada do corpo do PresideM6e Moscovo,

Túmulo provisório no Salão Nobre do Palácio do PovoMPLA-Partido do Trabalho, do Estado Angolano e das FAPLA. De uma maneiradisciplinada e ordenada os milhares de pessoas que contornam & estradaintegram-se no cortejo fúnebre. Junto ao Ministério da Defesa, os Chefes deEstado presentes à cerimónia fúnebre integram-se no cor-Maria Eugénia Neto, csposa do Presidente Neto, as suas duas filhas e o seu filho

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tejo. Para além do Presidente Samora Machel encontram-se em Luanda: AristidesPereira, de Cabo Verde, Luis Cabral, da Guiné Bissau, Seretse Kama, doBotswana, Kenneth Kaunda, da Zâmbia, Denis Sassou Nguesso, da RepúblicaPopular do Congo, Mathieu Kerekou, do Benim, William Tolbert, da Libéria epresidente em exercício da OUA, Ramalho Eanes de Portugal. Delegados deoutros Chefes de Estado, dirigentes de partidos estão igualmente presentes.No pátio fronteiriço do Palácio do Povo encontram-se milhares de pessoas.Altifalantes colocados no edifício do Palácio transmitem para o exterior acerimónia solene que decorre no Salão' Nobre. Um pioneiro lê uma mensagem depromessa da nova geração angolana, educada no amor à Pátria, na dedicação efidelidade à Revolução Socialista «Somos as sementes lançadas de tabinda aoCunene que regadas pelos teus ensinamentos de liberdade, brotarão as flores dosocialismo.,, William Tolbert, presidente da OUA em nome -dos países africanos,prestou homenagem ao dirigente falecido. «<Nestâ conjuntura social da histõria,disse Tolbert, quando os países irmãos do Zimbabwe e da Ndamibia estão emvésperas de liberdade, a sua pra enru física vai fazer muita falta na luta da Linhada Frente, e a u0 experiênciaTEMPO N. 467 - pág. 9

vitoriosa será tristemente sentida no contexto internacional,.Manuel Pacavira, membro do Comité Central do MPLA-Partido do Trabalho eMinistro da Agricultura fez, depois, a leitura do juramento de compromisso doComité Central.«-Juramos, camarada Presidente que faremos do MPLA-Partido do Trabalho umsólido partido marxista-loninista cuja unidade ideológica e de acçãopreservaremos com a nossa propria vida. O nosso completo engajamento nocumprimento deste juramento ser a única maneira de, na realidade, nosconsiderarmos teus camaradas.»Momento de mais intensa emoção foi a leitura do elogio fúnebre pelo Secretáriode Organização do MPLA, Lúcio Lara. Num outro local deste artigo publicamos,em destacado, extractQs do elogio fúnebre. Quando no final da mensagem,chorando Lara disse uadeus camarada Presidente» pbr:toda a praça onde amultidão acompanhava a cerimónia ecoaram gri tos e lamentos de dor. Homens,mulheres e crianças despediam-se, com amargura infinita, do seu amadodirigente. No dia em que deveria com-Willam ToIbert, Prciidente em Exercício da OUA, lê, em nome rdos pazsesaíricí3nos, uma n-"nsgerm homenageando a imortal figura do Dr. Agostinho Netopletar 57 anos de vida, Agostinho Netc- recebia do povo angolano umahomenagem de impressionante tristeza e solenidade. A indiscritível angústia faziatransparecer não só dor e sau-dade mas a certeza de que a obra e os ensinamentos daquele grande dirigenteafricano serão irreversivelmente assumidos pelos operários e camponeses deAngola:AGOSTINHO NETO ERGUE-Si A DIMENSÃO Do POVOComunicado do Comité Central da FO

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Aquando do falecimento do Presidente do MPLA-Part' io do Trabalho, e daRepública Popular de Angola Agostinho Neto, o Comité Central da FRELIMOtornou público o seguinte comunicado:O Comité Politico Pernanente do Comité Central do Partido FRELIMO e oConselho de Ministros da República Popular de Moçambique enviaram ao BureauPolítico do MPLA - Partido do Trabalho e ao Governo da República Popular deAngola a seguinte mensagem:«Foi com profunda dor, pesar e emoção que o Povo moçambicano soube dofalecimento do Camarada António Agostnho Npto, Presidente do MPLA - -Partido do Trabalho - PrPQidpntP da República Popular de Angola.O Camarada Agostinho Neto era e continuará" sendo para nós símbolo da Áfricacombatente, dal Africa determinada a romner as cadeias da dominaçãocolonialista e imperialista, da Africa que constrói a felicidade dos seus povos.Dirigente esclarecido e clarividente,, o Presidente Agostinho Neto seube ser oguia do Povo angolano no caminho da independência, da reconstrução naciona eda edificação do socialismo. Com a humildade e simplicidade dos grandescombatentes, com a firmeza e determinaçào dosTEMPO N." 467 - pág. 10

verdadeiros dirigentes, ele conduziu o seu Povo em todas as grandes batalhas, nocampo militar como no campo político e diplomático.Sob a sua direcção, o MPLA cresceu e aprofundou continuamente a sua linhapolítica, transformando-se num partido marxistaleninista, no Partido deVanguarda do Povo angolano.O Camarada Agostinho Neto foi um destacado poeta que soube interpretar a dordo seu Povo, a luta, os anseios, as aspirações mais legítimas, a alegria da vitória eda reconstrução nacional. As palavras serenas e sentidas do nosso companheiro delongas marchas, a sensibilidade da sua poesia que assumiu profundamente os maislegítimos interesses do Povo, continuarão a ser arma importante noprosseguimento do combate a que ele dedicou toda a sua vida.Agostinho Neto ergue-se à dimensão do Povo que tanto amou e serviu, àdimensão do nosso Continente, à dimensão da revolução mundial. Ele é símboloda vontade inonebrantável de todos os povos que lutam pela sua libertação.Os destinos do Povo moçambicano e do Povo angolano estão ligados por umpassado comum de colonização, pela luta comum contrw os mesmos inimigos,pelas mesmas opções políticas. Os nossos dois naíses, desde a independência, têmreforçado e aprofundado os laços indestrutíveis forjados na luta armada delibertação nacional.No desenvolvimento das relações fraternais entre os dois Povos, Partidos eEstados, o Camara, da Agostinho Neto desempenhou um papel funda. mental,imprimindo a todos os nossos contactos o grande calor da sua personalidade.Por todas estas raõoes, o Povo moçambicano sente hoje a perda do CamaradaAgostinho Neto, cidadão honorário da República Popular de Moçambique, comoa de um dos seus próprios filhos mais ilustres, como a de um dos seus dirigentes.O desaparecimento físico do Presidente Agostinho Neto representa uma perdairreparável pa, ra o Povo angolano, para o MPLA - Partido do Trabalho e para a

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nação angolana. Constitui igualmente uma perda incomensurável nara todos ospovos oprimidos, para toda a Humanidade progressista e, em especial, para onosso Continente. em especial, para o nosso Continente.No entanto, a sua obra, o exemplo da sua vida de revolucionário consequente, asua memória, perdurarão para sempre no espírito e na acção de todos oscombatentes da liberdade. Transformfaremos a dor profunda que sentimos emnova força para prosseguir o combate que iniciámos.Agostinho Neto continuará a inspiar as novas gerações de revolucionários emtodo o mundo.O Comité Político Permanente do Comité Central do Partido FRELIMO e oConselho de Minis-tros da República Popular de Moçambique, exprimindo o sentimento de todo oPovo moçambicano, inclinam-se com respeito e veneração perante a memória doCamarada Agostinho Neto, Presidente do MPLA - Partido do Trabalho ePresidente da República Popular de Angola.A família do Presidente Antônio Agostinho Neto, particularmente à sua esposa.,camarada Maria Eugénia Neto, filhos, irmãos, e a- sua mãe Maria da Silva Neto, oComité Político Permanente do Comité Central do Partido FRELIMO e'oConselho de Ministros da República Popular de Moçambique, apresentam as maissentidas condolências.A Luta Continua!A Revolução Vencerá!O Socialismo Triunfará!Samora Móisés MachelPresidente do Comité Central do Partido FRELIMO e Presidente da RepúblicaPopularde Moçambique.aTEMPO N.- 4W - Pág 11

EXTRACTOS Do ELOGIO FUNEBRECamarada Presidente,Querido Amigo,Que ingenuidade a nossa quando, no incessantederrubar de obstáculos que tem sido a nossa luta,acreditámos aue eras invulnerável.Habituámo-nos, Comandante-em.Chefe, ob oTeu comando, a não acreditar na derrota e a forjar vitórias para o nosso Povo.A certeza da vitória eras Tu, que sabias sorrirdiante do perigo, que sabias criar com os olhos secos, que não conhecias nem omedo nem a dúvida diante dos objectivos que desde cedo foram traçado..Das prisões portuguesas em Angola, em CaboVerde e em Portugal, soubeste retirar a experiência necessária para as transformarem escolas de luta para o nosso Povo. Das bofetadas da PIDE soubeste aprenderaue o ódio não é dos homens, mas dos monstros, que o racismo sofrido na carnepode transformar-se em anti-racismo revolucionário, em amor pela Humanidade.Da ciência médica que adouiriste e Praticaste

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com desvelo, soubeste fazer a arma de luta contra a exploração do Homem peloHomem, de luta pela dignidade. Quantos jovenq nassado% no TeuTFMPO M., A'74 I--m& *')consultório do Bairro Operário se tornaram dedicados patriotas, destacadosdirigentes da luta. do Povo angolano oprimido.Soubeste ser o Filho que aprendeu a esperar da sua Mãe a hora de entoar os hinosda liberdade.Soubeste ser o chefe de família oue à companheira e aos filhos dedicou imensocarinho, como única compensação de ausências sem fim que agora se tornapermanente.Soubeste ser o irmão amigo, o familiar afável, em quem sempre foi possívelencontrar uma palavra de calor.Chefe incontestado de um Povo heróico, tornaste-te o Pai de todos os filhosangolanos, o Filho de todas as Mães de Angola.No féretro em que repousas para sempre, não terás ouvido o clamor dos gritos dedor que a Tua passagem desencadeou pelas ruas .da cidade. Todos quiseram, depé, prestar-te homenagem e gritar a revolta que a Tua partida provocou noscorações.Perdoa-nos. Comandante, esta desorientação momentânea, estas lágrimasteimosas que queríamos saber conter.É grande a dor e é comunicativa. A dor dos pio-TEP M, 4P«,

Na. é possível descrever a dor imensa que atingiu o povo irmão da Repú. blicaPopular de Angola. Lágrimas, gritos de dor, manifestações de uma an. gústia etristeza profundas acompanharam as cerinónias fúnebres do Guia Imortal daRevolução Angolana. As imagens que aqui publicamos foram registadas duranteo cortejo fúnebre de Agostinho Neto, no passado dia 17.neiros transmitese às Mães, a dos operários transmite-se aos soldados e aoscamponeses. Mas nós vamos também vencer a dor, como vencemos os sul-africanos, e vamos continuar a trans. formar esta querida Pátria no País que Tuprojectas te no futuro.O nosso Povo, o Teu Povo, descobre neste mo. niento que Tu eras um gigante,maior ainda que a imagem aue de Ti em todos existia. E é com determinação quememoriza todas as Tuas orientações, e que desde já presta juramento solene deque as vai aplicar com entusiasmo na organização do Partido e do Estado, noprogresso económico e social da Nação.Vamos sim lutar sem tréguas pela libertação total do nosso Povo, pela lioluidaçãodo toda% as se. quelas herdadas do colonialismo. Vamos sim, o Povo inteiro,varrer do solo pátrio os inimigos que teimam em não acreditar na nossainvencibilidade.Vamos sim respeitar e continuar a aplicar os princípios sagrados da nossa opãosocialista que são já um legado da Tua direcção, que são já um traço visível nanova sociedade que aqui forjamos.Vamos sim, Camarada Presidente, injectar cada vez mais sangue operário ecamponês no Aparelho do Partido e do Governo.

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Vamos sim instituir o Poder Popular , c.iar a Assembleia do Povo, Tua derradeirapreocupação.Vamos sim nraticar a modéstia, P austeridade, a audácia, para que cumpramos aTua lapidar di-rectiva de Que o mais importante é resolver os problemas do Povo.Vamos sim fortalecer as Forças de Defesa e Se,gurança e a ODP, para que asnossas fronteiras se tornem invioláveis, para que o nosso Povo sinta segurança etranquilidade.Vamos sim, Camarada Presidente, reforçar o Partido, reforçar a sua unidade,reforçar a unidade do Povo, dignificar a mulher angolana,'eduear e cuidar dofuturo dos nossos Pioneiros, dos Teus pioneiros.Vamos sim, Presidente Amigo, intensiticar a construção do nosso Partido, que soba bandeira do marxismo-leninismo condu'irá Angola nara o Socialismo, sob adirecção da classe operária.Continuaremos fiéis à Tua memória e aos Teus ensinamentos, CamaradaPresidente, e procuraremos em Ti a inspiração para vencermos os obstáculos maisdifíceis.A tua fidelidadp aos nrincínios marxista-leninis. ta será um exemplo vivo para ajuventude e para todos os membros do Partido.As Tuas preocupações com os problemas do nosso Povo estaräo nas nrioridadesda nossa acção.A luz do teu exemplo iluminará para semr>re a Pátria Angolana.Adeus, Neto Amigo.Adeus, Camarada Presidente.A LUTA CONTINUA!A VITÓRIA ]É CERTA!TEMPO N 467 - pág. 13

SAtJDEUM* Presidente Samora Machel na abertura da 29. Sessão do Comité Regioci* Ministro Holder Martins eleito presidente da SessãoNa tarde do dia 19, nas instaae do lut litar em Maputo, abriu oficialmente a 29.aSess Comité Regional da OMS para a Africa. Esta m que teve a presença dedelega~ões dos cerca i países membros, foi presidida pelo Chefe de Emoçambicano que se fazia acompanhar por mer do Comité Político Permanenteda FRELIMO e bros do Conselho de Ministros da R.P.M.O Presidente cessante da 28., Sess~o, dr. L 1 fili, tendo usado primeiro da palavraconvida dirigente mximo da revolução moçambicana a oficialmente a Sessão.Neste momento e nesta Zona, «falar de Saúde é denunczar e combater ascondiçocs de terror em que vivem os Povos do Zimbabwe. da Narmília e daAfrica do Sul» - Presiden. È(> Sam ora Machel na sessão solene dé abertura da29.« Ses. sao do Comíté Regio'zaw da Organização Mundial de Saúdepara a AfricaNa sua alocução, vibrantemente aplaudida pelos participantes o PresidenteSamora Machel fez uma análise das

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-questões relativas à saúie afirmando que elas não se encontram separadas de todaa infra-estrutura social. Diria a dado passo:«Os interesses em função dos quais estão organizadas a vida política e económicaduma sociedade afectam necessariamente o sector da saúde. Antes de ser umconjunto de conhecimentos técnicos e rheios, a promoção da saúde 6 uma atitudepolítica que determina como e em beneficio de quem vão serFNesta 29. Sessão do Comité Regional pera a Africa da Organização Mandai1 deSaúda, parti:ipam delegçe de cerca de 40 países além de rslr.senta-'oes demovimentos de libertação, de organismos especializados da OlU, a organismosintergovernameatais entre outrs.Entre as representações de movimentos de libertação, com o estatudo deobservadores, podem-se citar a da Frente Patriótica do Zimbabwe. Presentes,igualmente, o representante das Nações Unidas emI Maputo, assim comorepresentan tes do PNUD, FAO, UNICEF, ONUDI, OIT, CEA a Alto-Comissariado para oesRefogiados.TEMPO N., 467 Pág. 14utilizados esses co: cimentos técnicos meios.»Noutro passo do discurso o Presidente mora Machel chamai atençáo para o factcem Africa muitos pa estarem mais abert experiências rio cai da saúde dos paísessenvolvidos mas não rem a devida consid ção às experiências países cujo nível desenvolvimento se e para aos seus neste c à experiência dos ] prios países africaDepois chamaria a a ção para a necessid de haver cooper tre esses mesmos pai«Só assim, diria o 1 sidente Sarnora Mac poderemos pôr term chantagem ecnómictecnológica, à sab( gem e à dependência perialstas.»«Pensamos que as ganizações especial das das Nações Uni devem acompanhartrasformações politi e sociais que se veriftc hoje no mundo. P isso elas terão, emxxA

TITUDEd Organização Mundial de Saúde para cPOLITICAsos, que modificar gs estruturas e os [os de trabalho, ignifica em primei,a queterão que ificar, desburocrati seu funcionamento >do aí tornar a sua mais eficaz eas struturas mais ope5.»-rindo-se específiite à África AusPresidente Samochel diria que fa, saúde nestazona iunciar e combater or em que vivem o do Zimbabwe, o da Namibia, o PoaAfrica, do Sul». iou em seguida, os Lcres perpetrados regimes racistas e resses àRepública ar de Moçambique utros países engada mesma zona da Austral. Estasão, diria o PresiSamora Machel, é em nome da «per,ão» aos combadoZimbabwe.gados desejando-lhes bons sucessos nos trabalhos e que aquela reunião servissepara um avanço no cunprimento da palavra de ordem da Organização Mundial daSaúde que é «A Saúde para Todos no ano 2000».Nesta sessão foi eleito Presidente da 29.0 Ses

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leste contexto, saúsignifica luta contra lonialismo, luta cono racismo, luta coroapartheid.» )ós ter focado a exância de luta contra olOnialismo desenída peloPovo mobicano o Presidente, ,ora Machel afirmou a realização daque,união nacapital da [era um grande eS- «Estamos aqui reunidos para fazer chegar a todos osPoL10 na luta até à vitó- vos do Mundo um melhor estado de saúde dentro devinte linal. anos» - dr. 1. Musa]ili, Presidente da 29' Sessão do Comi.finalizar a sua in- té Begional da Organização Mundial de Saúde para a Ariençãosaudou os dele- ca, ao usar da palavra na abertura da mesmasão do Comité Regional da OMS para África, Hélder Martins, Ministro da Saúdedo nosso pais. Como atrás dissemos sessou essas tarefas o dr. I. Musafili que foipresidente da 28.- Sessão, funçáo que se estende por um período de um ano.Presentes à sessão de abertura o dr. Comlan Quenum, Director do Co mitéRegional para Africa, o dr. Halfdan Mahler, Director Geral da OrganizaçãoMundial da Saúde.No nosso próximo número dedicaremos mais espaço a esta importante reuniãointernacional de que a RPM teve a honra de ser pais hospedeiro.Nas páginas seguintes publicamos um artigo sobre o que é o Comité Regional daOMS para África.eTEMPO N., 467 -Pág. 15

No desenvolvimento desta sua actividade, mais, novos e complexos problemasvão surgindo.A constituição da organização define a criação de organismos regionais, para,dentro das actividades sanitárias, adaptarem-se melhor às realidades enecessidades da população de determinada região. Assim, desde 1948, seisdepartamentos regionais foram criados. Dentre estes conta-se o Comité Regionalpara a Africa, que compreende toda a região africanaa sul do Sahara. Ela tem asua sede em Brazzaville, capital da República Popular do Congo e tem pessoalcomposto por cerca de 1563 pessoas.MIoçambique, porque inserido na região africana abrangida pelo Comité Regionalparã a África, é parte dos 40 estados que a constituem.Estes 40 estados representam uma população de mais de 296 milhões de pessoas.Os comités regionais reúnem-se, geralmente em Setembro de cada ano, quer nasede quer em qualquer país da região. A última Sessão do Comité Regional paraÁfrica realizou-se no ano passado em Kigali, capital do Ruanda.Desta feita é à República Popular de Moçambique a quem coube o papeldeanfitrião para a realização da 29.a Sessão do Comité Regional para Africa.OBJECTIVOS E ACTIVIDADES DO COMITÉ REGIONAL PARA AFRICASão os comités regionais que formulam as políticas sanitárias para a sua região,determinam as prioridades e supervisam as actividades do Bureau Regional.Colaboram igualmente com outras organizações e organismos internacionais.Vista parcial do edificio sede do Comité Reg!ona da Organização Mundial deSaúde para Africa, cm Brazzaville. capital da República Popular do CongoOs representantes dos estados que formam o comité de determinada regiãofrequentemente chamados para o seio dos diversos subcomités e grupos de

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trabalho para encontrarem soluções adaptáveis ao contexto sócio cultural darespectiva região. Realizam-se periodicamente reuniões de peritos regionais quecontribuem igual-< mente para encontrar soluções adequadas dos problemas desaúde que Se põem para a região.O Dr. Comlan Quenum resume o papel do Comité Regional para Africa nosseguintes termos: «A nossa principal preocupação hoje em d!a é ajudar os Estadosmembros a tornarem-se auto-suficientes tão depressa quanto possível, dentro daestrutura da cooperação internacional de saúde. O Departamento Regional,agudamente consciente do abismo que o separa do seu principal objectivo, o deconseguir saúde para todos por alturas do ano 2000, lançou-se em 3streitacolaboração com os Estados membros para mobilizar o máximo de energia ecriatividade para que se quebrem as vias tradicionais e se ado-, ptarem vias novase revolucionárias que tenham por fim fortalecer os se viços de saúde parabenefício, miTEMPO N., 467 - pág. 16

to particularmente, das populaçõesmais desfavorecidas,»O Departamento Regional paraAfrica também contribui para o de.senvolvimento duma força de trabalho ligada à saúde. Há ainda grande falta depessoal médico e auxiliar. Todos os projectos em que a OMS part ticipaactualmente treinam pessoal nacional como parte integrante da sua actividade. Apedido dos Estados Membros, e como função do programa regional dedesenvolvimento, o Departamento Regional envia consultores para vários países.Também orga niza sessões de trabalho, reuniões, colóquios, conferências, gruposde trabalho, cursos de treino e seminários.,Através do seu programa de bolsas de estudo, o Departamento Regional concedeuem 1978, um total decerca de 600 bolsas nas várias disci-,plinas,~Com o financiamento do Programa de Desenvolvimento das NaçõesUnidas (UNDP), a OMS funcio na como agência executiva para pro gramasrelacionados com o desenvolvímento de serviços básicos de saúde, treino depessoal, promoção da saúde, ambiente e prevenção e controlo de doenças.. Além disso, o Departamento Regio nal para Africa, de acordo com aConstituição da OMS, funciona como catalisador e coordenador das actividadesde saúde. Os serviços de saúde por si sós não asseguram o bem-estar dasociedade: as actividades de saúde devem por isso ser bem coordenadas com apolítica social, educacional, económica e cultural dos países Para este fim, aOrganização colabora muito estreitamente com outras agências ou organismosdentro do sistema das Nações Unidas e em particular coma (UNDP), o FundoInfantil cIa$ Nações Unidas (UNICEF), o Fundo das Nações Unidas para asActividades da População (UNFPA), o ,Programa das Nações Unidas para o MeioAmbiente (UNEP), a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), aOrganização Intemacional do Trabalho (ILO), a Organização das Nações Unidaspara a Educação.

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Ciência e Cultura (UNESCO) e o Banco Internacional para a Reconstrução eDesenvolvimento (IBRD).O Departamento Regional colaboratambém com vários organismos inter-A Luta de Libertação em África, consequência da persistência de regimescoloniais e racistas nesta zona, faz surgir sérios problemas de saúde entre aspopulaçes. Este tema ser4 também objecto de debate na sessão que se realiza emMaputo, e serão proc uradas formas mais adequadas de apoio sanitdrio aos povosque lutam pela sua libertação

O Director ,Regional, para Africa, Comlan Quenum, quando prestava declara çesd Informação Nacional, momentosapós desembarcar no Aero.orto de MavalaneiO passado dia 13governamentais incluindo a Organização da Unidade Africana (OUA), aComissão Económica para Africa (ECA), o Banco Africano deDesenvolvimento (ADB), o Banco Árabe de Desenvolvimento, o Secretariado deSaúde para a Commonwealth da Africa Ocidental, a Associação Médica daAfrica Oriental e numerosos outros organismos governamentais ou não-governamentais que providenciam uma assistência bilateral.O QUE SERA DISCUTIDO NA REUNIÃO DE MAPUTOA actividade dos Departamentos Regionais é exercida sob a autoridade de umDirector-Geral, eleito pelo Comité Executivo para um período de cinco anos. Oactual Director-Geral da Região africana como se disse atrás é o Dr. ComlanQuenum, que exerce estas funções desde 1956.Ò'Or. Quenum, que se encontra em Maputo desde o passado dia 13 do correntemês para participar ria 29. Sessão do Comité Regional para Africa, momentosapós desemkcar no- Aeroporto de Mavalane concedeu uma conferência deimprensa aos órgãos da informação nacional, na qual deu a conhecer alguns dospontos da agenda de trabalhos deste importante encontro:«A 29.' Sessão a realizar-se em Maputo é para nós uma sessão extremamenteimportante. Basta verificar os pontos inscritos na agenda de trabalhos: Estudo dasEstruturas da OMS, Papel da OMS na Formação em Saúde Pública, e na GestãodosDEPARTAMENOS 1Departamento Regional paraca Popular do CongoDepartamento Regional paraE.U.A.Departamento Reeuional paraxandria, EgiptoDepartamento Regional paranamarcaDepartamento Regional paraDeli índiaDepartamento Regional parala, Filipinas.

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Programas Sanitários, Utilização dos Programas Sanitários por cada País,Participação da Saúde na Nova Ordem Económica Internacional e Saúde e Lutade Libertação em Africa..«Em seguida temos o problema da Cooperação Técnica nos Países em vias deDesenvolvimento e a Instalação de Serviços de Saúde; Temos tanbém a EstratégiaRegional para alcançar o oboctivo -Sade para Todos no ano 2000.. Vai ser esta anossagrande preocupação nos decénios que se seguem, quer dizer, nos próximos20 anos.»«Sobre este último ponto, Maputo,capital da República Popular de Moçambique, é um local excelente, pois eu sei oque o vosso país, em quatro anos de Independência, realizou no que diz respeitoaos Cuidados de Saúde Primários, que é a via recomendada pela OrganizaçãoMundial de Saúde o pela Conferência Internacional de Alma Ata, para atingir esteobjectivo social de Saúde para Todos no ano 2000.»«Para mais, Maputo terá o privilégio de ser o lugar onde será ncmeado o DirectorRegional para os próximos cinco anos. Como podem ver pela citação de algunsdos temas que vão ser objecto de debate, esta sessão é de facto muitíssimoimportante.» Recorde-se que o Dr. Comlan esteve de visita a Moçambique, de 28de Março a 4 de Abril deste ano, a convite do Ministro da Saúde, Hélder Martins.Nessa ocasião visitou alguns centros de saúde, o Instituto de Ci. ências de Saúde ea Faculdade de (Medicina. Tais deslocações permitiram-lhe observar na prática osavanços obtidos pelo nosso país desde a Socialização da 'Medicina. Numaconferência de imprensa dada nessa oca'UEGIONAIS DA OMSAfrica, Brazzavillo, Repúbli.as Américas, Washington,o Mediterrâneo Oriental, Alea Europa, Copenhaga, Dia Asia do Sudeste, lNovao Pacífico Ocidental, Manisião aos órgãos da informação o Dr. Quenum afirmaraque: «Esses esfor-: ços estão absolutamente de acordo. com as nossas orientações.De salientar que a.experiência de Moçambique é para nós muito instrutiva».(...) Há toda uma série de actividades iniciadas pela República Popular deMoçambique nos quais participará a OMS se Moçambique o desejar».

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TEMPO N.' 467 påg. 20

Em 25 de Setembro próximo vai-se comemorar o 15.° aniversário dodesencadeamento da Luta Armada de Libertação Nacional. No corrente ano essesfestejos na capital do país revestir-se-ão de uma grandiosidade conducente com onível de crescimento das Forças Populares de Libertação de Moçambique que setransformaram de um exército de guerrilha num exército regular pronto adefender a soberania nacional. Nunca é demais relembrar como nasceu e como sedesenvolveu esse exército até derrotar o inimigo e ser aquilo que hojeé.Documentos já conhecidos sobre a luta armadi são incluídos nas páginasseguintes como forma de rememorar esse passado que, afinal, não é assim tãolongínquo e é uma parte importante da nossa história. Sobre o que são as FPLMhoje incluímos uma entrevista com o Chefe do Estado Maior-General SebastiãoMabote e uma entrevista com o governador da Província de Gaza, João FacitelaPelembe. Sobre os festejos que vão decorrer em Maputo incluímos entrevistascom militares que neles participarão. A fechar esta série de trabalhos um pequenoapontamento fotográfico sobre quem é,na verdade, o inimigo que hoje enfrentamos.TEMPO N. 467 - pág. 21

1894A REVOLTA E LODURENCO MARDUESunma página de resistência anti - colonialA revolta de Lourenço Marques de 1894 e a campanha militar que se seguiu,incluindo o combate de Marracuene, fazem parte integrante da gloriosa tradiçãode resistência anticolonial retomada em mão- pela Froent, de Libertaçàn doMoçambique em 1964.Elas ensinam-nos que o povo nê'ý deixou nunca de resistir ao invasor português e,ao mesmo tempo, explicam-nos as causas que permitiram o estabelecimonto daocupação colonial.O aumento constante do chamado «imposto, de palhota» esteve na origem directade um desses episódios da resistência ao invasor, que marcou o ano de 1894 naregião de Lourenço Marques. O referido imposto fora, até 1881, satisfeito emgéneros, data em que passou a ser pago a 340 réis por habitação. Treze anosdepois, essa importância já se elevava a 900 réis e a adminístração colonial dera jaordens para que fosse aumfentada para 1350.Para além do constante aumento dos impostos, os colonialistas portuguesesfaziam. pesar cada vezmais a sua tirania sobre as populações, semean desunião e alargandoprogressivamente o seu do nio militar. Por essa época, a região de Loure:Marques não fora ainda inteiramente submetid coroa portuguesa, encontrando-se

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extensas ár que resistiam vigorosamente às tentativas de c pação. Frequentemente,a região fora teatro revoltas anticoloniais, que trouxeram os comba até às defesasda cidade e muitas vezes causar pesadas baixas ao invasor.O mês de Outubro de 1894 foi marcado 1TEMPO N.o 466 - pia. 22

constantes ataques aos arredores da cidade, que apressadamente levantarafortificações e apelara para que t'ortugal enviasse retorços. O grosso das tropascoloniais era formado por tropas africanas, nomeadamente provementes aeAngola, que o colonizador utilizava através da conhecida táctica de dividir parareinar. A incapacidade histórica de realizar a unidade política contra os invasoresviria a ser a causa primeira do estabelecimento da dominação colonial sobre todoo território de Moçambique.Os portugueses preocupavam-se então seriamente com a slcuaçao miitar, tenaoconnecimento que as iorças aa zixaxa, ailaaas as de lviagaia, lormavam umexercito de cerca ee 15 000 homens, determinaaos em expulsar os colonizadoresda região.ýo intuito ae aprisionar o cnete de Magala, Maazui, a aamnisr açao portuguesaconviara-o, sob pretexto de negociaçoes, a Angoane, a 15 quilometros deLourenço Marques, onde tinham estabelecico um posto militar. Desconrianao dacilada que os portugueses lhe preparavam, Maazuli compareceu ao encontroacompanhado de 2 000 guerreiros armados, frustrando totalmente os intentos dosinvasores, que não ousaram atentar à sua liberdade.As forças de Maazuli e os seus aliados da Zixaxa, liderados por Matibejana,realizavam então frequentes ataques aos arredores de L o u r e n ç o Marques e aoposto de Angoane, provocando o pânico entre os portugueses que apressadamenterefórçavam guarnições e linhas defensivas.Na manhã de 14 de Outubro, as forças da resistência lançaram um ataque àcidade, semeando o terror entre os portugueses e seus aliados. Segundo aspalavras de um historiador colonial português, «os habitantes corriamdesordenadamente, sem saberem para onde, dirigindo-se grande parte delesinstintivamente para a praia, como a procurar refúgio a bordo dos navios surtos noporto e enchendo os barcos que encontravam à mão». Graças ao emprego daartilharia, os portugueses lograram rechaçar a ofensiva, mas a situaçãopermanecia alarmante para os invasores.Com o intuito de esmagar a resistência e afirmar o seu domínio sobre a região,que os ingleses também cobiçavam, o governo de Lisboa enviou paraMoçambique um Comissário Régio, na pessoa de António Enes, ex-ministro damarinha e das colónias de Portugal.Entretanto, as forças da resistência continuavama flagelar os arredores de Lourenço Marques, atacando e retirando antes que asforças portuguesas pudessem acorrer ao local dos recontros.António Enes planeou então o ataque a Marracuene, como forma dedescongestionar militarmente a região. Aquela localidaçle constituía ponto depassagem obrigatório na travessia do Incomáti, garantindo o acesso a Lourenço

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Marques a partir das regiões de Gaza controladas por Ngungunhana, o maistemido dos chefes no sul de MoçambiqueêCom esse fim, os invasores portugueses organizaram uma expedição de cerca de800 homens. entre forças de cavalaria, artilharia e infantaria tanto europeus comoafricanos ao serviço dos-colonizadores.Partida de Lourenço Marques no dia 28 de Janeiro de 1895, a coluna passou porAngoane e avançou em direcção a Marracuene, arrasando as povoações damargem direita do Incomáti. Os portugueses esperavam o apoio de forças daMatola e da Moamba, que no entanto não se veio a concretizar. Ao mesmo tempo,a ligação com Lourenço Marques seria mantida por uma esquadrilha, que subiriao Incomáti, procurando evitar as emboscadas dos resistentes ao longo do rio.Estes ataquesivgungunnana, o\ poceroso chefe de Gaza que ofereceu vilo. rosa resstência aoestabelecimento da dominação colonialno sul de--Moçambique

Pois chegou, por rio, a esquadrilha de apoio, que ancorou em face.Apesar aa superioridade em armamento (peças de arurnaria e metralnacorascontra os escudos e zagaias) Os invasores acamparam adoptando uma tácicadefensiva, formados em quadrado no alto da falésia de Marracuene, com aartilharia protegendo os ângulos, e a cavalaria e abastecimentos no interior daformação.Um historiator colonialista descreve a batalha como se segue: «Na noite de 1 para2 de Fevereiro, como nas anteriores, rondaram-se activamente as sentinelas, queem toda a parte foram encontradas atentas, e nada de anormal se percebeu, o quefor1 Jmou a crença de que o inimigo fugia da luta. As 4.00 horas, ancta noitefecnaaa, tocou-se a alvorada; os solaados ergueram-se e a expedição ficouvigilante. Momentos depois, sem que ninguem desse por isso, alguns negros que afavor das trevas se aproximaram das fileiras que formavam a face da direita,guarnecida pelos angolanos de Caçadores 3, arremessaram-se com incrível eintemerata presteza sobre o quadrado, conseguiram penetrar no seu interior eacometeram (as forças coloniais) à zagaiada com indizível arrojo. Parte dosassaltantes tmfnam-se disfarçado com os capotes e barretes dos soldados de ' umpiquete que saíra em exploração e não voltara, e falavam português. (..,) Noexterior, banios cte negros, que se tinham ocultado e seguiam de perto osassaltantes, atiraram-se por sua vez sobre as faces do quadrado, investindo aCompanhia de Caçadores 3, que recuou, tomada de pavor. Foi um momentoangustioso; a Iormaçao estava rota, uma das suas faces cedera, alguns Ln gostinham penetrado no seu interior.» Graças à capacidade de fogo, as forçasinvasoras lograram rechaçar as forças da Zixaxa e Magaia, mas viram-seobrigadas a abandonar as suas posieram particularmente perigosos perto deMarra- ções em Marracuene dois dias depois, sob risco de cuene, onde as forçasde um comerciante africano aniquilamento, regressando a Lourenço Marques noconhecido por Finish causavam verdadeiras razias dia 6. nas embarcaçõesportuguesas. Como atrás referimos, a incapacidade dos diA colunaportuguesa partiu de Lourenço Mar- ferentes componentes moçambicanos em

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efectivar ques na manhã do dia 28 de Janeiro e passou uma sólida unidadecontra os invasores condenou por Angoane, em direcção a Marracuene, arrasandoirremediavelmente as forças resistentes e permitiu as povoações que encontravana margem direita do a ocupação efectiva de todo o território pelos por- jIncomáti. «Mais adiante, destruíram-se umas palho- tugueses. Os historiadoresreaccionários pretendetas e assim se alcançou Marracuene, pelas 4.00 ho- ramdepois apresentar a batalha de Marracuene coras da tarde, sempre debaixo dechuva copiosa», se- mo uma brilhante vitória das suas forças, quando gundo aspalavras de um autor português. O cam- ela foi, muito mais do que isso, umheróico episópo português instalou-se na margem direita, nesse dio da corajosaresistência que as populações moponto bastante alta e sobranceira ao rio. Poucode- çambicanas ofereceram ao invasor colonial.

CONSTRUINDO A LUTA ARMADADe 25 de Setembrp de 1962 - 1 Congresso da Frelimo - até 25 de Setembro de1964 - início da Insurreição Geral Armada. - n, Fren,' de I. bertação deMoçambioue construiu, cuidadosamente as bases indispensáveis ao sucessomilitar.O Primeiro Presidente da Frente de Libertação de Moçambique, EduardoMondIane, descreve essg tarefa fundamental num capítulo do seu livro .Lutar porMoçambique», que passamos a repro. duzir:Do lado militar a primei. ra tarefa era treinar o nosso futuro exército. Nóscontactámos a Argélia, que tinha acabado de obter a independência da Françaapós uma guerra de libertação de 7 anos e estava já a treinar grupos denacionalistas de outras colónias portuguesas. Os dirigentes argelinos concordaramem incluir moçambicanos no referido programa de treino, e o primeiro grupo decerca de 50 jovens moçambicanos partiram para a Argélia em Ja-n.iro de 1963. logo seguidos por outros dois grupos compostos cada um por cercade 70 jovens moçambicanos.Para continuar este treino, coordenar os grupos e prepará-los para lutar dentro deMoçambique, era necessário encontrar e ter um país junto da área próxima ondese desenvolveria o combate. Qualquer país disposto a ter semelhantes hsspodes-uma força militarterá de enfrentar certos problemas. Primeiramente é o problemaposto pela própriapresença de uma força armada que não está directamente sob o controlo dessemesmo país. Depois existem as dificuldades de segurança e problemasdiplomáticos surgidos quando o governo do país que vai ser atacado descobre aexistên c»a de um campo de* treino no pais vizinho.Por isso quando a Tanga nhica concordou e decidiu ajudar-nos, deu realmente umpasso muito corajoso.íHá uma ironia histórica no facto de termos estabelecido o nosso primeiro campeporto da vila de Bagamoyo. Veja-se: o nome aBagamoyon significa <coraçãotriste, ferido,» e surgiu do tempo do comércio de escravos quando esta vila era umdos pontos e por. tos principais por onde esses escravos partiam. Mais tarde estamesma localida-de tornou-se a capital da aventura Imperialista alemã na costa Oriental da África.

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O nome desta vila agora toma para nós um outro significado completamente diferente, pois Bagamoyo foi o local onde nós demos os primeiros passos práticospara acabar com a opressão dentro do nosso país.Logo que os primeiros grupos acabaram os seus treinos em Baqamovo elesregressaram clandestinamen te a Moçambíque preparados para a acção e paratreinar outros jovens do país. Por volta de Maio de 1964 foram sendointroduzidas armas em Moçambique e armazenadas grandes quantidades demunições.O exército tem também a maior parte da responsabilidade nas campanhas demobilização e educação. Os militantes aprendem mais do que ciência militar.Tanto quanto é possível eles falam o aprendem português e ministram eles oensino básico e aqueles que têm mais habilitações ensinam outrols que não sabemnem ler nem escrever.A educação política é uma parte importante do seu treino e durante este os elementos do exército aprendem ^e adquirem alguma experiência a falar em públicoe de trabalho nos comités, enquanto também vão aprendendo todo o historialpolítico e geográfico que antecedeu a luta. Ficam com argumentação políticasólida: sabem peroue e-tão a combater, porque razão com batem contra ocolonialismo e imner!alismo. Com isto o exército torna-se um importante agentepara a mobilização e educação política da população.TEMPO N., 467 - pág. 25

FRENTE DE CABO DELGADOUm depoimento de Rimundo Padhnupao inicio dos ombates na provncia de C- vo português, mas sim do Povoportuguês, como dlo, primeira frente da luta armada de l. contra o sistemacolonial irmãos de luta. Estas panacional, publicamos o seguinte depoimen emMoçambique». lavras foram sempre cumimundo Pachinuana. um dn« Ãmha,.+., Sobre esta última fra pridas até aoúltimo tiro.«Foi *o Camarada Eduardo Mondiane, Primeiro Presidente da Fren te deLibertação de Moçambique, que transmitiu a ordem do Comité Central, àquelesque avançavam, para Moçambique a fim de começarem a luta. Estas *foram assuas palavras aos combatentes:«Vocês vão para Moambique para começarem a Luta Armada, única via para aconquistado Poder e a expulsão do colonialismo de Moçambi. que. Recomendo em nomedo Comité Central que o vosso alvo principal é o colonialismo português, isto é,todos aqueles que têm armas na mão e que defendem os interesses colonialistascontra o Po vo moçambicano. É con. tra esses que nós devemos combater. Flessão o nosso alvo. Não estamos a lutar contra o Po-se, o Camarada Eduardo Mondiane repetiu-a várias vezes, chamando a atençãopara que os combatentes não a esquecessem.E, realmente, as Forças Populares de Libertação de Moçambique cumpriramsempre estas palavras do seu Comandante

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-em-Chefe. Durante os dez anos de Luta Armada, o nosso alvo foi apenas ocolonialismo português e as suas forças vivas.Os soldados portugueses capturados eram sem pre trataios como filhosFoi precisamente a 1 de Agosto de 1964 que atravessámos a fronteira durantê anoite. Tínhamos ordens para não começarmos a Luta sem or idem doComandante-Geral. O I.° de Agosto é de extrema importância histórica, pois alémde ter sido o dia da entrada dos primeiros combatentes da Frelimo, foi a data doassalto ao posto de Nametil, junto à fronteira, em 1974, precisamente dez anosdepois do início da Luta.UM DOS PRIMEIROSO ataque ao ChaiTEMPO i.o 460 - pag. 26Sobre bo Delga be a to de Reveteranos.

Naquele momento o. nosso trabalho era mobilizar o povo para o começo da Luta,e fazer um reconhecimento geral da zona. Houve imensas dificuldades porque sópodíamos andar à noite,pois a tropa portuguesa encontrava-se espalada em todo o Norte da província. Nosei como escapámos. Por vezes andávamos quase junto a eles.Alguns dias antes do 25 de Setembro recebe-mos ordens para começar a Luta nesse dia. O grupo que tinha entrado emMoçambique não era grande, pelo que tínhamos feito uma distribuição deelementos segundo as suas tarefas. Uns preparavam-se para o ataque aos postos,outros para sabotagem em todas as estradas.Na noite de 24 para 25 tcdas as estradas do Pla nalto de Mueda foram cortadasatravés de gran des pedras ou enormes troncos de árvores que eram transporl;cilospa ra o meio da estrada, a fim de impedir a passagem dos portugueses.Esta operação foi fantástica. As pedras e os troncos eram pesadíssimos, masconseguimos carregá-los de forma a bloquear as estradasEfectivamente no diaseguinte os portugueses não podiam circular, pois além de pedras e troncosabrimos grandes covas camufladas .ao longo das estradas.Os que deram os primeiros tiros não conhec!,am bem a zona, pelo que enviaramao posto de Chai um camarada, de nome Bento Chipcla, com uma ligadura nobraço, que disse aos portugueses vir de uma serração e que estava ferido. Estecamarada tinha como missão reconhecer o posto. Quando saiu de lá -leu oresultado do reconhecimento ao Chefe da Secção, camarada Chipande. Então,conhecedores da situação, prepararam-se para o combate.Em 25 de Setembro deu-se o primeiro combate!Gaspar Achonali fez parte de um dos primeis grupos que iniciaram a LutaArmada de IArtação Nacional. Conta que eram doze combantes, recém.formadosquando nartiram de Konva, na Tanzanla, para Cabo Delgado, em 1964, rigidospelo actual Ministro da Defesa Nacional, lberta Chipande....Os guerrilheiros permaneceram algum tempo em Muidumbe (distrito de Mueda),no' seio da população. Quando receberam ordens da direcção d Érente de

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Ubertação de Moçambique avançaram, então, até Chal, onde dispararam osprimeiros tiros que marcaram o inicio da luta. Gaspar Achonali recorda,pormenori. zadamente:No distrito de Mueda, a nossa organização já era conhecida pela população,havendo elementos com o cartão de membro da Frente de Ubertação deMoçambique. O mesmo não sucedia em Chai, onde a mobilização ainda não tinhasido realizada. Tivemos de lá entrar secretamente, por recearmos uma denúncia àsautoridades coloniais e fixámos uma base(lHavia diversos alvos esco- pov suma, reg o -.i.lhidos na província de Cabenhosa chamada Kunalino. Oelgadó para o desencadea- Para fazer oreconhecimentomento.da Luta Armada de U- ao posto, foi preciso usar umbertação Nacional. Ao meu estratagema. O nosso chefe grupo coubeprecisamente o mandou um dos nossos camaPosto Adminrvde-Ch -~a-ad@s chamdo Bento Chipedafazê-lo. Ele levava uma ligadura para fingir que estava ferido. Quandocaminhava na estrada, cruzou-se com soldados portugueses, mas estes nadase§peitaram. No hospital, encontrou uma criança com quem conversou. Foi elaquem 'deu uma das principais ínformações de que precisávamos. isto é, o-efectivo do inimigo. O nosso camarada contou que quando se aproximou da casaonde vivia o auxiliar do chefe do posto, alguém perguntou o que é que queria ou oque é que andava a fazer, uma vez que não era conhecido. Ele respondeu muitonaturalmente que morava ali ao pé da Ponte (uma ponte situada na estradaMacomia-Mocimboe da Praia, mais tarde dostru~da pelos combatentes da Frentede Ubertação de Moçambique) e que tinha ido receber tratamento ao hospital...Mais tarde trouxe as inlormações que nos permitiram planear a operação. Na noitemarcada, partimos da nossa base, em pequenos grupos para nos aproximarmos doalvo. Trazíamos díversQs, armamentos: 7,7 Mauser, Thompson, Madsen, etc.Uma vez na área do posto, rastejámos até junto das caas do posto. Os que nelas seencontravam de nada suspeitavam. Estavam a jantar, mas havia uma sentinel cáfora. O camarada chefe Chipande aproximou-se até tão perto do muro que quaseapanhava o sentinela à mão. Como este o descobrisse a tempo, o nossocomandante, foi obrigado a disparar o primeiro tiro da liberdade.Nós seguimos o seu exemplo. Cumprida a missão, regressámos à nossa base, queficava além de um rio. AI descansámos, antes de regressarmos a Mueda.»TEMPO N.o 4- - pág. 27Raimundo Pachinuapa, Ins)ector de Estado erano da Luta Armada de LibertaçãoNacional

A partir dai, os portugueses iniciaram u m a campanha de violência contra apopulação, Aldeias foram queimadas, bens da população destruídos, numatentativa de aterrorizar a popula-ção de forma a que esta não apoiasse a Luta Armada de Libertação Nacional. Masos portugúeses não sabiam que os massacrès que eles come tiam aumentavam acons ciência política e revolucionária da população, tornando-a mais c o r ajosa.

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Então os primeiros combatentes tiveram que organizar as massas, formando umExército Popular com armas rudi-mentares, conseguindo as sim triunfar e cumprir as palavras de ordem do n o s s oComandante-em-Chefe, Camarada Eduardo Morjilane. »TETE:a corcunda do cameloEm Tete, a Luta Armada desenvolveu-se directamente contra o Imperialismo,cujas forças se concentravam em torno do projecto dá (abora Bassa. Em 1972, oPresidente Samora Mahel analisou a situação na Frente de Tete, em entrevista aum jornal tanzaniano da qual pubifcamos os seguintes extractos:A Luta na província de Tete não está separada do desenvolvimento da Luta dasoutras províncias. Contudo, para melhor compreendermos a situação em Tetetemos de conhecer a situação político-militar em todo o Moçambique.Tete é uma parte integrante da nossa terra, O braço não se pode separar do corpo eTete é qualquer coisa parecida com o braço no contexto do nossopaís. Só quando as outras partes do corpo trabalham bem é que o braço podefuncionar.Era necessário desenvolver a guerra noutras províncias para criar condições paraprincipiar a guerra em Tete em 1968. Com o tempo, em Niassa e Cabo Delgado jáestávamos efectuan do importantes combates em larga escala fazendo prisioneirose equipamentos de guerra.Nós estávamos a desenvolver o processo de Recons trução Nacional tínhamoshospitais e escolas. Porque a Luta tinha já determinado importantes mudançasnesta sociedade. Estas condições facilitaram-nos o recomeço da Luta em Tete, em1968, e a Luta agora é bem sucédida. A guerra está a desenvolver-se, porque oPovo está a aderir cada vez mais.CoTMPoo descarrilado por combatent21s da FRELIMO na via férreaBeira.Moatize, dur«nte 11a Guerra Populu- de LibertaçãoMas contudo pode parecer que a guerra em Tete está mais desenvolvida que nasoutras duas províncias; isto não é o caso. O que está a acontecer é que Tete está aser mais falada pelos interesses económicos que envolve. Há interesses doscapitalistas e do imperialismo internacional; Tete é como a corcunda do camelo; éaí que estão concentradas a força e as reservas. E a nossa luta afecta essesinteresses. Você de ve saber o que é Cahora Bassa. As grandes potências estãoenvolvidas no pro jecto. Então, há camiões que transportam géneros ali mentíciospela estrada de Te te, do Malawi para a Rodésia. Nós atacámos essas estradas,comboios e camiões, principalmente porque é através deles que o inimigo circulae distribui as suas forças.U;ahora Bassa não é o nosso alvo principal. O nosso plano, como estava definidoquando começámos a guerra, era estender a luta a todo opaís, e necessáriamenteCahora Bassa esti incluída. Nós não concen trámos a nossa força de Tete emCahora Bassa, mas certamente há circtinstâncias que fazem dele o nosso alvopreferido, nomea damente a extensão do envolvimento imperialista e asimplicações da nossa Luta, se a cena é para continuar. ( .... )TEMPO W0, 46- pg. 28

MANICA E SOFALA

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a quarta frenteAs zero horas do dia 25 de Julho de 1972, a Frente de Libertaçâo de Moçambiqueabriu a Frente de Luta Armada de Manica e Sofala. O depoimento que.se segue,de autoria de Fernando Matavele, descreve a abertura desqa Frente, asdificuldades surgidas e os sucessos alcançados durante os dois anos de LutaArmada: naquelas provincias.Antes do início da Luta em Manica e Sofala estive na Província de Tete no 4."Sector. Todas as zonas em guerra em todas as provincias dividiam-se em sectorese na Província de Tete o 4. Sector compreende a Norte o Zimbabwe e a SulManica e Sofala dividido pelo rio Ruenha. Eu era comandante desse Sector ecriámos condições para a Luta Armada na Província de Manica e Sofala.Com as condições criadas, o Camarada Presidente, como o meu ~posto era deSecretário do Departamento de Defesa, nomeou-me Comandante Provincial ecomo meu Adjunto o camarada Jõaquim Mutamanja sendo o camarada EduardoSilva Comissário Político. Nós os três fomos nomeados para iniciarmos a LutaArmada em Manica e Sofala.Veio uma Companhia e no mês de Julho de 1972 partimos de Tete para Manica eSofala. Onde levávamos o material? Nas constas! Cada soldado, além da própriaarma, levava mais cinco. armas e outras caixas de munições e armas de reserva.Quando chegámos à fronteira de Tete com Manica e Sofala encontrámosobstáculos. O-inimigo fazia patrulhamento, disparava à toavamos morteiros, peças de artilharia e armas ligeiras. Foi na noite de 24 para 25de Julho de 1972. Meia-noite certas. Incluindo eu, éramos 12. Uma outra força eracomandada pelo camarada José Santos Macié.Fernando Matavele, Governador de Sofala e primeiro Comandante Provincialdaquele Frente durantea Luta Armada de Libertaçãosem qualquer alvo, para meter medo às populações. Mas nada conseguiu porqueo País era nosso e é nosso. Não era possível vedar todos os lugares de entrada.Atravessámos o rio Ruenha no dia 16 de Julho. Enquanto o inimigo disparava,nós estávamos na sua retaguarda. Nós fizemos um estudo estratégico e tác tico.Dividimos as nossas unidades em 5 secções. Cada secção tinha o seu comandante(Sector de Guerrilha). Nós chamámos a essas secções «rocos»..No dia em que começámos a Luta Armada, eu es tava a chefiar uma força deInfantaria e Artilharia. Levá-Nós atacámos dois acampamentos no mesmo dia: Katuguilene e Kadalonga.A guerra de guerrilha começa de pequenas unidades e vai crescendo. Quandoapareciam novos camaradas eles' eram preparados e equi pados com as armas quetínhamos trazido a mais. No mês de Outubro aumentámos a nossa zona deactuação. Já tínhamos mais unidades.Em Janeiro de 1973 ocupámos a Zona de Tambara, ocupámos a Zona deChiraDba, ocupámos Chemba, avançámos para a Gorongosa, e o Foco de VilaGouveia avançou até ao rio Púnguè. Em Dezembro de 1973 uma nossa Unidadeavan-çou para Inhaminga. Nos fins de 73 para 74 as nossas unidades atravessaram o rioPúnguè para operarem no Vanduzi, Vila Manica, Mavonde e uma outra força

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ocupou a Zona de Gondola. Já estávamos em Sussundenga e Mavila, para cercar oChimoio.Nós tínhamos três avanços: Avanço Sul, Avanço Leste, Avanço Nordeste,Avanço Nordeste era a Beira, Marromeu, Tambara e Chemba.O Avanço Leste conseguimos em fins de 73 e durante 74 com a ocupação de todaa Gorongosa, avanço para o Bué-Maria, Chitengo, Inhaminga. O Avanço Sul deu-se com o cerco ao Chimoio, ocupação de Gondola e Sussundenga; em 74 jáestávamos na Zona de Marera. As nossas forças do Avanço Nordeste estavamestacionadas em Chemba e avançavam para ocupar. 1 Sena. Começaram a suaactividade em Sena, Vila Fontes e Marromeu, coni a finalidade de atingir afábrica do açúcar.Em Janeiro de 1974 nós demos dores de cabeça ao inimigo pela'forma como asnossas acções eram realizadas. Conhecíamos a nossa política, tínhamos grandeapoio das populações. Mesmo que não fosse o 25 de Abril, o inimigo estava nasnossas mãos.TEMPO N.o 466 -pag, 29

"FAREMOS Do DESFILE UM [fiTO"-safientami c@mbates das TPM«Através do desfile militar a realizar no dia 25, pretendemas demonstrar o nossoactual nível d, organização» - dizia-nos o quadro das FPLM ZacariasCliamussoro, um dos membros da Comissão Nacional Preparatória dos Festejosdo 15.0 Aniversário do início da Luta Armada de Libertação Nacional,comentando aquilo que será o ponto máximo das comemorações.«Quando iniciámos a luta armada, estávamos muito limitados quer em meioshumanos e técni: cos quer na própria organização militar. Por isso, no aesile,vamos enquadrar além dos efectivos humanos, a parte técnica, de modo a que apopulação veja qual é o grau da capacidade de defesa que as FPLM e o Povoem',geral já possuem.»Os preparativos para o acto estão avançauos e nwi-s paruipam traainauores, alemaas iorças cie Defesa e begurança. AS EPLM, em particular, caoera uma tarefaesý pecífica nesta ýcemonstraçao, como protagonistas prmcipais que são aoacontecimento e estao a.eterminaaas a fazer cio destile um êxito. Foi este osentimento geral que encontrámos no local dos ensaios para o desfile.Entrevistámos antigos combatentes dos anos da Luta Armada de LibertaçãoNacional e jovens recentemente incorporados no Serviço Militar Obrigatório.--Qual é o seu nome por favor e há quanto tempo, está nas FP .LM?- «Joaquim José Camboco. Engajei-me na Frente de Libertação de Moçambiqueem 1963.»-Que pensa sobre o 15.<, aniversáriQ, em cujos preparativos participa?- «Vejo que vai ser a maior festa da nossa Revolução, a maiorJoaquim José Camboco: «Stnto.me rnui. to orgulhoso por ver o crescimentodas nossas forças»demonstração do quanto crescemos desde 25 de Setembro de 1964. Vejo nestaorganização muita coisa que jamais vira.»- Qual vai ser a sua tarefa específica?

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- «Participarei na marcha dos antigos combatentes; isto é, pretendemos mostrarcomo era a nossa marcha quando iniciámos a luta armada, marcha essa que édiferente da que as FPLM têm agora.»- Como se festejava o 25 de Setembro durante a luta armada?- «Na província do Niassa, onde estive a combater, costumávamos fazer umareunião em que participava o povo e os soldados, para em comum reflectirmossoore o dia 25. Os responsáveis explicavam qual era o desenvolvimento da nossaluta de libertação nacional e davam orientações sobre o seu avanço. No campomilitar, organizávamos ataques mais fortes contra o inimigo.»- Qual o seu sentimento perante o actual crescimento das FPLM e perante oreforço da capacidade defensiva do nos s o Pais?- «Sinto-me muito orgulhoso. Vejo armamento com que nunca sonhava. Vejo osnossos camaradas manejando armas tão sofisticadas que os colonialistas nuncaimaginavam que nós pudéssemos saber m a n e j a r. Sinto-me feliz porque sei quesomos capazes de rechaçar qualquer agressão inimiga.»João Luís Vitorino: «Vamos mostrar mo estamos engajados na defesa nossasoberania e da indepenúênnacionb?

João Luís Vitorino está afectado ao Ministério da Defesa Nacional há somentetrês meses. O seu aepoimento e direcuo e ciaro:- «O 25 de Setembro é uma data sempre importante para nos. Este ano assumeparticuiarmente uma caracteristica marcante, por ser o 15.o aniversário do inicioda Luta Armada de Libertaçao Nacional, e por ter siao escolhido como a cata emque vamos demonstrar o nosso crescimento, quatro anos após a prociamaçao ctaindependência.Vamos mostrar como estamos engajados na defesa da nossa soberania e daindependência nacional. Utilizando a técnica - blindados, tanques e outroàrmamento pesado que nunca tínhamos visto na República Popular deMoçambique - estamos a g o r a mais em condições de defender a independêncianacional e de assegurar a continuidade da revolução. Temos muitos inimigos ànossa volta. É preciso que estejamos preparados para rechaçar qualquer tipo deagressão externa.»- «Pelas conversas que aqui tenho tido com vários camaradas, vejo que oscombatentes veteranos sentem-se também muito orgulhosos por ver o crescimentodo nosso exército. É realmente espantoso como de soldados pobres, armadosapenas de PM's e metralhadoras ligeiras nos transformámos num exército regularcada vez mais forte e mais disciplinado; numa palavra, apto para defender a RPM.Isso só é possível porque temos um Partido- Como é a reacção dos seus ~ ~ icamaradas mais antigos perante Camilo Samuel: «O povo vai ticar 0so reforçoda capacidade defensi- tisfeito por ver o fruto das suas :on. va do nosso país?tribuições»pausa dos ensaios para o desJile do dia 25 deSetembro

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Aibachal Vitorino: «Estou seguro de que nos vamos sair bem, apear'dUe ser aprimeira vez que sc organiza umdesf le»forte, uma Direcção esclarecida e um povo decidido a construir a felicidade dosseus filhos. Os veteranos também têm uma grande esperança nos jovens queingressam agora nas FPLM, em cumprimento do Serviço Militar Obrigatório.»Outro jovem combatente, incorporado em 1977, acrescenta que as FPLM vãoassumir de novo perante o povo o compromisso de defender intransigentèmente asoberania nacional, ao desfilarem no dia 25 com um novo tipo de armamento.--«0 povo vai ficar satisfeito c orgulhoso, ao ver o fruto das suas contribuições,mas ao mesmo tempo, temos de nos aperfeiçoar continuamente para podermosutilizar cada vez melhor os nossos recursos técnicos e punir o inimigo, venha deonde vier.»Aibachal Vitorino, v e t e r a n o. mostra-se confiante no êxito final do desfile:"«Desempenharei a minha tarefa da melhor forma possível, para poderdemonstrar ao povo a técnica de combate que possuímos presentemente. .Estou'seguro de que nos vamos sair bem, apesar de ser a primeira vez que se organizano nosso país um desfile deste género.»TEMPO N.1 46C' - pág. 31

EM MOCAMBIOUE O INIMIGOESTA CONDENADO A DERROTASebastião Mabote, Chefe do Estado-Maior General das FPLMe Vice-Ministro da Defesa NacionalA poucos dias da data do 25 do, SeStembro, o Chefe do Estado Maior-Gene.raldas FPLMe Vice-Ministro da Defesa Nacional, Sebastião Marcos Mabote, concedeu uma entrevista aos órgãos da informação nacionais na qual abordaria. entreoutras questões, a evolução da ca pacidade defensiva das forças armadas da RPMe da situação politico-militar no país, além do significado do 15., Aniversário doinicio da Luta Armada d Lã. bertação NacionalSebastão Marcos Mabow, Che/ do Estado Maior.GeneraZ áas FPLM, Vi.ce.Mbnstro da Defesa Nacional. «0 inimigo está condenado à derrota aqui emMoçambique»- «Será o primeiro ano em que as FPLM vão desfilar perante a sua Direcção e oPovo, como um juramento para o cumprimento de novas tarefas, diz-nos o Chefedo Estado Maior-General das FPLM, Sebastião Mabote. «Jí o dia em quepensamos rever a nossa organização, os nossos métodos de trabalho na base dasorientações políticas do Partido FRELIMO e da Direcção do ComandanteSupremo de todas as forças de Defesa e Segurança, Presidente Samnora Machel.«A estas forças cabe um papel decisivo na defesa da soberania da RPM e daindependência nacional. Face à evolução da capacidade política e combativa dasFPLM, o inimigo altera constantemente a sua táctica de agressão. A situaçãopolítico-militar do País e, em particular as últimas agressões do regime ilegalrodeslano à província de Gaza, merecem uma análise do Vice-Ministro da DefesaNacional:TEMPO N., 467 - pág, 32

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«As últimas agressões que se têm verificado, particularmente nas províncias deGaza e Manica, que visam destruir vias de comunicação e outros objectivoseconómicos, tais como, machambas e viaturas, revelam que o fim do colonialismoestá próximo no Zimbabwe. É o desenvolvimento da luta armada no Zimbabweque cria tais condições. E quando o inimigo entra em agonia, precipita-se.»,Evocando as causas destas agressões, Sebastião Mabote diz que o inimigopretende dissuadir o Povo moçambicano e o Estado de continuar a dar o seu apoiointernacionalista ao Povo zimbabweano. Mas, principalmente, porque a reacção eo imperialismo se opõem à felicidade dos povos e ao socialismo que o Povomoçambicano constrói.E acrescenta: «Ataca-nos como inimigo que é- tal é a sua tarefa. A nossa tarefa é de combaté-

1,-lo, até destruí-lo completamente. A tarefa das FPLM, neste momento, é elevarcontinuamente a sua capacidade combativa, por forma a contrapor-se a qualquertentativa de agressão contra o noss0 Pais. »ía',aO INIMIGO ESTA CONDENADO A DERROTAO Chefe do Estado Maior-General das FPLM afirma: «o inimigo está condenadoà derrota, aqui em Moçambique. Não está em condições nenhumas de ocupar onosso país, do ponto de vista táctico, porque as FPLM, braço armado do Povo,estão 24 horas e 365 dias vigilantes, comi a tarefa de punir o inimigo».«Do ponto de vista militar, as agressões à RPM estão condenadas ao fracassoporque politicamente o inimigo está condenado há muito. Na sua última agressão,utilizou um tipo de operação a que pode«De 1964 a 1966 operãvamos comoguerrilheiros, empreqando pequenos efectivos, divididos em pelotões e secções»m0s l4amar de xapina, com emprego de um grande número de aparelhos deaviação para realizar operações em pouco 'tempo e depois fugir. A maior partedos helicóptei-os traziam o estado-maior roa desiano preparado em academiassuperiores, para dirigir as operaçoes na província de Gaza. Mas sofreram baixas ehão-de sofrê-las ainda maiores.» «O factor da vitória - disse ainda SebastiãoMabote - é o homem consciente; é o povo mobiílizado e organizado, como é onosso Povo. Por isso o inimigo pode vir com qualquer tipo de equipamento - serárechaçado.» no«Os meios que a$ FPLM têm neste momento não são iguais aosdoinimigo. Ele tende a empregar armas cada vez mais sofisticadas. Mas nóspensamos que os nossos meios são suficientes para aniquilar o inimigo, porqueprecisamente as FPLM são guiadas por uma política clara e estão conscientes dassuas próprias tarefas.» Adverte, contudo: «Mas nós temos de esperar novasagressões. É normal. Onde há revolução, há reacção. O inimigo ataca-nos porqueIsso faz parte da própria natureza do imperialísmo.»A POLÍTICA E A TÉCNICAA aplicação do princípio de «colocar a política. no posto de comando» é um dostemas analisados « ltimas agressões na província de Gaza revelam que o peloChefe do Estado-Maior. «Na presente fase, emfim do coloniali pso cstá próximo no Zimbabwe»

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«Preparamos as nossas lorças para a aeicsa aas nossas conquistas, da nossa terra,da revolução, do soc aUsiro emMoçambique»que a evolução da capacidade defensiva é um factor importante do crescimentodas FPLM, não haverá tenaência, por parte de algumas pessoas, desobrevalorizarem a técnica, em prejuízo da política?» perguntámos.«A política guia o Estado. As forças armadas defendem o Estado. Em todas asnossas unidades e subunidades funcionam, em primeiro lugar, Comités doPartido. A política foi, durante a Luta Armada de Libertação Nacional econtinuará sempre guia das FPLM. É importante dominar a técnica, para servirmelhor a política. A técnica está para servir a política, está para servir, em últimaanálise, o Povo. Por isso é que colocamos a política no posto de comando.»Sebastião Mabote sublinharia que é natural que venham a sürgir indivíduos quequeiram subestimar a técnica. Os reaccionários de Uma maneira geral, assimcomo os exércitos ao serviço dos regimes imperialistas, vêem somente odesenvolvimento da técnica. «Como é que esta se desenvolve,para que linha segue? Isso não lhes interessa. Tais exércitos não dão valor aohomem.»A EVOLUÇÃO DAS FPLMPedimos ao Chefe do Estado Maior-General que nos comentasse a evolução dasFPLM desde a sua formação até ao estádio actual do seu crescimento:«De 1964 a 1966, operávamos como guerrilheiros, empregando pequenosefectivos, divididos em secções e pelotões. Neste último ano, o CamaradaPresidente lançou uma palavra de ordem segundo a qual cada combatente deveriapreparar cem elementos da população, a serem enquadrados nas FPLM.«Mas foi essencialmente a linha política da Frente de Libertação de Moçambiqueque criou condições favoráveis ao desenvolvimento da nossa luta. As forçasarmadas, desenvolveram-se no próprio teatro das operações, na base da suaorganização política. Igualmente o apoio moral, político e materíal de váriospaíses à nossa causa tornava as condições caca vez mais favoráveis. Assimaumentámos a nossa força, reforçámos o nosso equipamento até à conquista daindependência nacional.»Acrescentou que um trabalho importante foi realizado após a independência parase cumprir a orientação dada pelo III Congresso da FRELIM0 de se criar umaforça armada poderosa para consolidar as conquistas revolucionárias do Povomoçambicano e defender a Revolução,«Assim, preparámos técnica e politicamente as nossas forças no s e n ti d o detransformá-las em forças capazes de fazer face às guerras modernas. As nossassão forças de defesa bem preparadas e munidas da ideologia política do nossoPartido de Vanguarda.«Podemos dizer que as nossas forças estão em condições de fazer face a qualquertipo de agressão, apesar de terem saído de uma guerra de guerrilha e terem apenasquatro anos de independência.»E, a terminar:

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<A evolução das forças armadas de uma maneira geral não depende somente doaumento do número de homens. Isso é, sem dúvida, um factor fundamental edecisivo. Mas há elementos auxiliares: a técnica combativa, a ciência militar, aarte operacional. Por isso preparamos as nossas forças nesse sentido, para defesadas nossas conquistas, da nossa terra, da revolução, do socialismo emMoçambique.»TEMPO N.,, 467 - pág. 34

O INIMIGO NU CONSEGUIU,ALCANCAR oS SEUS MiECTIVO'SGovenador Ji Pelmbe em entrovisía i "TEM "O 1.0 Secretário Provincial do Partido e Governador da provínela de Gaza, JoãoPelembe, concedeu na semana passada uma entrevista à «TEMPO», na qual serefere às recentes agressões rodesianas àquela província e os objectivos dessaacção.O Governador João Pelembe classifica a natureza destas últimas agressões, emtermos militares, como a maior de sempre.Saúda a pronta resposta e a coragem demonstrada pelas Forças Ponulares deLibertação de Moçambique, estacionadas naquela província, razão porque, comoafirma, o inimigo não conseguiualcançar os seus objectivos.Antes de responder concretamente às nossas perguntas, o 1.0 Secretário doPartido e Governador da Província de Gaza, João Pelembe, começou por dar aconhecer, de um modo geral, como as fcrças inimigas se movimentaram ao longodas agressões que fizeram ao nosso pais, contra alvos económicos e população ci-João Pelembe, Governador da província de Gaza, falandod «TEMPO»vil desarmada. O Governador João Pelembe disse que após ter tomadoconhecimento dos ataques no próprio dia 5 de Setembro, ,passámos acompreender que se tratava de uma acção generalizal-a e de grande envergadura.De facto, no Guijâ foi onde a situa ção se agudizou mais, porque alidesembararam mitas tropas que ocuparam quase todas as repartições do Estado,destruindo bAns materiaik oue ali s- encntravam e assassinando a sangue-frioelementos da população quando tentavam escapar.x'Referindo-se ao ataque das forças inimigas à Aldeia da Barragem, ondeconcentrou grande parte da força aérea que bombardeou um quartel das FPLM e abarragem, o Governador João Pelembe disse que «há que destacar ali a coragemdos nossos camaradas das Forças Populares que resistiram ao fogo do inimigopodendo abater um helicóptero. Em Mabalane também as nossas forçasresponderam activamente ao fogo do inimigo, atingindo alguns so!dados ecapturando ou+ros.»Sobre a situação em Chicualacuala, Mapai e Massenguene, o Governador daprovíncia de Gaza afirinou que ali também o inimigo concentrou um grandeefectivo de forças que tinha «sobretudo com o objectivo de atacar o comando 4asFPLM ali estacionadas, o que custou aos invasores a destruição de um helicópteroe um avião, devido à pronta resposta das nossas tropas.

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Fazendo uma análise sobre a natureza do ataque das forças inimigas rodesianas àprovíncia de Gaza, o Governador João Pelembe disse que «no meio disso tudo,nós podemos concluir que o objectivo fundamental do inimigo era o de destruirpontos estraté-TEMPO N.0 466 - pág, 35

gicos da nossa economia para enfraquecer o nos'3 pejer e enfraquecer o nossoapoio à luta justa do Povo do Zimbabwe. Pretendia também criar o terro' e o medono seio das , opulações e atiçar contradições entre elas, o Partido e o Governo.Mas o inimigo não c>nseguiu os seus objectivos.TEMPO - Senhor Governador: Ècerto que apesar de tudo o inimigo não conseguiu alcançar os seus objectivos. E étambém de salientar a coragem demonstrada pelas nossas forças em conjunto ccmas T-miticias populares e a população. Todavia, um inimi-«Ha quc destacar a coragem dos nossos camaradas aasForças Populares (...)»go forte ficou entre nós, ou seja, o boato. Como acha que deve ser combatido?GOV. JOÃO PELEMBE - «Não faltam boatos,isso é uni facto. Por exemplo, dos distritos atingidos apareceram boatos depessoas não esclarecidas, sobretudo aquelas pessoas que quando há situaçõescomo esta fogem para pontos longínquos como Maputo e outros. São essas outransportam o boat3 para outras zonas. E, portauta, as estruturas do Partido e doGoverno, já tmaram medidas em relação a essa tendência do boato que já sepretende alastrar por talas as zonas. Por outro lado, já está sendo feito umntrabalho de mobilização e consciencialize.?ão das populações, através debrigadas, no sentido de esclaiecer a natureza do ataque inimigo e os objectivosque 1)retende alcançar.",T - Nos últimos meses, vários agentes do inimigo foram capturados nestaprovincia. Daí que sepossa deduzir que os últimos ataques já eram de esperar.Que nos diz sobre isto, senhor Governador?Gov. J. P. - «Devido aos vários documentos capturados ao inimigo e de algunsagentes também capturados pelas nossas forças, já prevíamos este ataque, como jáprevíamos os antefiores. Portanto, éuma situação que já esperávamos. A verdade é que nunca se sabe onde e quando oinimigo vai lançar os seus ataques. Mas por já esperarmos o ataque, deveu-se emgrande parte à resposfa das nossas forças e da população. Estávamos sempreprevenidos de qualque ataque».T - Como disse anteriormente o senhor Governador, o objectivo do inimigo, ouseja, um dos objec tivos do inimigo é destruir pontos estratégicos da nossaeconomia, como no Vale do Limpopo, celeiro do País. Será aue ali o inimigocausou grandes prejuízos?Gov. J.P. - «Podemos dizer que em termos mate-. riais o inimigo não conseguiuos seus objectivos: Po demos sim, destacar «ue foram mortas 45 pessoas, 2,4feridas, 5 viaturas ligeiras destruídas, 6 pontes, 3 camiões queimados, uma escolae danificações na barragem, entre outros prejuízos.»TRABALHO DE MERCENARIOS

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Voltando a referirse e citando pequenos pormenores sobre as agressões inimigas,o Governador João Pelembe disse:«Houve mais prejuízos, no Guijá e na Aldeia da Barragem. No Guijá, aí é que oinimigo saqueou, roubou bens da população, dinheiro, violou vales postais noscorreios, assaltou a messe do Partido roubando bebidas. Na Barragem, o ataquefoi contra a própria barragem e a posição das nossas forças.»T - Senhor Governador, como classifica, em ter mos militares, estas últimasagressões do inimigo?Gov. J.P. - «Em termos militares, podemos concluir que o inimigo desta veztrouxe um maior efectivo das suas forças. Primeira porque em poucas horas assuas forças estavam alastraias por várias zonas. Nós entendemos que a força queatacou Chibuto e Limnopo, era força de atracção. A força princi. pai era destinadaà Barragem, Mabalane, Mapai e às zonas de Massengena e Clicualacuala. Vendoos efectivos que ele trazia - só num helicóntero trazia 30 soldados - leva a crer queo inimigo estava refor-Foram mortas 45 pessoas, 24 feridas, 5 viaturas ligeiras e3 camiões queimados(...)»TEMPO N.o 466 0 pág. 36

~1População de urna Célu. la do distrito de Cltibu. to, reunida com uma brigada. «Jáestá sendo feito um trabalho de mobilização e conscien. cialização das popula.ções. através de briga. das. no sentido de e3. clarecer a natureza do ataque doinimigo e os, objectivos que preten.de alcançar»çado tanto em homens como em aviões. E mesmo o tipo de aviões que trouxedesta vez, podemos dizer que é o primeiro ataque do género, de todos quantosjã sofremos.Em segundo lugar, as populações afirmam que viram de perto mercenários que oinimigo trazia com eles. Eram muitos, sobretudo nortugueses ou, até serviam deintérpretes para os «boers». De acordo com a população, alguns dessesmercenários portugueses viveram naquelas zonas durante muito tempo, como porexemplo no Guijá. Entre esses mercenários, suspeitamos de ex-comerciantes.Portanto, assim ficámos a saber que se tratava de uma força conjunta,formada nor soldadas rodesianos e mercenários.-T - Senhor Governador, asagressões começaramna altura em que, em Cuba, decorriam ainda cs trabalhos da VI Cimeira dosPaíses Não-Alinhados, bem como na altura em que se iniciavam as conversaçõessobre a independência do Zimbab we, em Londres. Que , tipo de relações achaque isso poderá ter?Gov. J.P. - «Não há dúvida nenhuma! Tanto maisque, quando acompanhámos o discurso de S. Excia o Presidente da RepúblicaPopular de Moçambique, na reunião dos Não-Alinhados. em Cuba, concluímosque o imperialismo tinha tendência de sabotar a reunião.E o discurso do Camarada Presidente teve o maior peso, porque foi capaz deatacar directamente as acçõesinimigas. Foi um discurso correc+o e coraj3so.

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De modo que não há dúvida que este ataque tem relação com a VI Cimeira deCuba porque o inimigo já tinha feito os seus planos de sabotar ou então impedir atomada de posição por parte de vários Chefes de Estado naouela Cimeira. E poroutro lado pensamos que este ataque está relacionado com as conversações deLondres, nara tentar colocar o fantoche Muzorewa numa posição de força eprocurar obrigar a Renública Ponular de Moçambioue a capitular>».Sobre o tipo de trabalho que neste momento está sendo feito para que a calmavolte a reinar entre apopulação das zonas atingidas pelas agressões inimigas e outras, o GovernadorJoão Pelembe disse que há sobretudo um amplo trabalho de mobilização eorganização, ao nível de todos os distritos da província de Gaza, e que o mesmoserá alvo da próxima Sessão da Assembleia Provincial que dentro de dias tcmarálugar, «porque - como diria João Pelembe- há aspectos que nós achamos importantes discutir, porque em cada acção doinimigo nós tiramos uma lição. Não é possível espalhar as forças l:opulares emtodos os lugares. O que se pretende é encontrar uma forma de intensificar avigilância popular e a defe3a da retaguarda apoiada mesmo pela força da própriapopulação e dos milicianos. Portanto, nós temos propostas concretas no que dizrespeito à organização e armamento das milícias populares para poder guarneceras zonas da retaguarda,,.T - Quanto aos prejuízos causados pelas agressões do inimigo, acha que poderãodificultar o prosseguimento dos trabalhos ao nível dos distritos da província, jáque o inimigo destruiu pontes cortando assim parte das vias de comunicação porestrada?Gov. J.P. - «Nós pensamos que os prejuízos que o inimigo nos causou não são taisque poderão impedir o andamento dos nossos trabalhos. Tanto mais que, nestemomento, nas pontes que foram destrufdlas já encontrámos maneira de passar.Naquelas que é possível reconstruir, já estão a decorrer os trabalhos dereconstrução. Outra coisa que nos preocupava era o abastecimento das populaçõesdos distritos afectados, em géneros alimentícios. Mas nós já demos prioridade noabastecimento'e já estão a avançar para lá os géneros de que a populaçãonecessita.Portanto, ,iodemos dizer que a produção não vai ser prejudicada, tanto mais queas populações já retomaram o ritmo normal dos seus trabalhos».Entrevista conduzida por: Narciso CastanheiraTEMPO N.o 466 - pág. 37

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: IMPORTAÇÃO, ARMAZENAGEM E DISTRIBUIÇÃO DE:i MEDICAMENTOS1 APÓSITOSí VACINAS1 ARTIGOS, DE PENSO,, 1 PLANTAS MEDICINAIS I CHAPASRADIOGRÁFICAS1 PRODUTOS QUíMICOS PARA USO DE FARMCIA E1 LABORATÓRIO, MATERIAL MÉDICO, LABORATORIAL, CIRUR1GICO, BEM COMO EQUIPAMENTO HOSPITALAR.ga .EXPORTAÇÃO DE:PLANTAS MEDICINAIS E EQUIPAMENTO HOSPITALARARMAZÉNS DE VENDAS.MAPUTO- Av. Mártires de Inháminga, 336 S/L- Telefones 26825 e 23167BEIRA- Av. Moutinho de Albuquerque, 1916/1926 - Telefones 24992iARMAZÉNS E ESCRITÓRIOS CENTRAIS:Av. Jullus Nyerere, 498/500/504 r/c e I.o Telefones 742342 e 743491REPÚBLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUEENDEREÇO POSTALCaixa Postal 600- MAPUTOCaixa Postal 1463 - BEI R A Endereço Telegráfico MEDIMOC"à ......................... .. . ...................... .. ...... ....... . ... ... . ..-'-'-.,.,..- ........-....... . ..............

As constantes reservas do regime ilegal de Salisbúria em afirmar as suas posiçõese uma certa hostilidade face ao papel <iue e<stá a deýempenhar o governo inglêsnesta conferência, tem sem dúvida sido os elementos mais negativos verificadoqem Laneaster House. Esta imagem tem transpar"cido com certa facilidade nasnróprias conferências de imprensa da delegação de Salísbúria.O nervosismo com que falam, a arrogância que utilizam contra os jornalistas dãoa ideia de uma delegaço que Abel Muzorewa de forma alguma controla.De Londres escrevemAlves Gomes e ain ChristieG'7 1- ~ 1/;-~ ~y~qElementos britânicos ligados ao «Foreign Office» com quem temos contactadodurante a conferência mostram-se cada vez mais reservados em relação ao papeldesempenhado pelos salisburianos. Foi-nos mesmo afirmado que <Smith é aindaum obstáculo que está a querer impor-se usando a sua popularidade entre osbritânicos porque foi piloto da Força Aérea da Rainha». Pors outro lado, osbritânicos têm também constatado que o Bispo Muzorewa se mostra«estranhamente inseguro e incapaz de dominar a situação dentro da suadelegação».Foi em parte para pôr cobro a esta «ameaça» contra a conferência que no iniciodesta semana Lord Carrington propôs que os trabalhos em Lancaster House

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prosseguissem com discussões bilaterais entre a delegação britânica e a rodesianae entre a britânica e a da Frente Patriótica.Até aqui, Muzorewa e os que oacompanham têm argumentado que foram enganados pelos ingleses, que lheshaviam prometido que, com certas mudanças na constituição, o seu governo seriareconhecido e as sanções levantadas. Embora estas afirmações tenham sidodesmentidas pelos britânicos, a verdade é que Muzorewa e Smith continuam ainsistir que só vieram a Londres para fazer arranjos na constituição e não paradecidir novas eleições, e se acordar sobre as questões relacionadas com umperíodo de transição para a independência.Para ultrapassar estes problemas só a delegação britânica pode tomar algumasiniciativas, uma vez que as discussões bilaterais parecem, no que se relaciona comos salisburianos, não terem tido grande progresso.Alguns observadores têm comentado que a ida de Abel Muzorewa a Salisbúriapoderia trazer alguns progressoS. Na verdade,Peter Walls, o verdadeiro chefe do exército rodesiano, poderá dar poderes aMuzorewa para decidir ou aceitar aquilo que ele até aqui se tem mostrado incapazde fazer.Segundo fontes britânicas do Foreign Office, Walls não coloca obstáculos àquiloque Smith tem rejeitado categoricamente: aceitar a perda dos poderes políticos daminoria branca num parlamento do Zimbabwe independenTambém o principalconselheiro do Bispo Muzorewa, o embaixador sul-africano em Salisbúria, PietVan Muuren, que tem estado todo o tempo reunido com a delegação rodesiana,parece colocar obstáculos e estar a mostrar grande insatisfação pela «forma comoa conferência está a decorrer, favoravelmente à Frente Patriótica.»Existe porém outro ponto difícil de ultrapassar e que é igualmente colocado pelosrepresen-

tantes do acordo interno. Este ponto diz respeito ao facto de eles se recusarem adiscutir os as pectos relacionados com uma fase de transição para aindependência. A delegação de Salisbúria continua a persistir em alcançarsomente um acordo sobre a constituição. Isto como temos afirma do, traz o perigode então a delegação rodesiana poder abandonar a conferência e aplicar essaconstituição, reclamando reconhecimento internacional para o regime.Contra todas estas incertezas e desmobilização da delegação de $alisbúria, osbritânicos têm sido firmes em afirmar que esta conferência não é somente para seacordar numa constituição, mas sim para se acordar em todos os mecanismos que«possam conduzir a Rodésia a uma inde-agenda» de trabalhos da conferência sobre a Rodésia, deve pois partir este fim-de-semana para Salisbúria. Ele tinha aliás afirmado, respondendo na passada semanaà pergunta se partiria Dara Salisbúria que era «muito lógico que sim, porqueviemos para discutir a constituição».A sua ida a Salisbúria pode ser entendida somente de duas maneiras: ou osrodesianos váo boicotar esta conferência, ou Muzorewa vai acordar com PeterWalls sobre o que fazer na sua volta com as divergências que encontra em IanSmith.

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A primeira das hipóteses é bastante provável que tome definitivamente lugarcomo consequência do comportamento da delegação rodesiana nesta conferência.A segunda das hipóteses é im-Peter Walls. o chefe executivo do exército racista, com o bis.)o Abel Muzorewa.O regime ilegal tenr-se mostrado intransigente na conferéncia muito embora Walstenha afirmado, recentemente, a impossibilidade de uma solução militar favorávelà colóniap e n d ên c i a internacionalmente aceitável».Neste ponto existe absoluta concordância entre britânicos c delegados da FrentePatriótica.Muzorewa, que já tinha afirmado estar <descontente com aportante, mas pode não ser solução.É certo que Walls joga um papel fundamental sobre a Rodésia-. como acaba de ser divulgado, ele só deu A conhecer ao Bispo Muzorewa oataque a Moçambi-que «quase 24 horas depois dele ter começado».Contudo, este papel de Walls é também limitado pelos interesses sul-africanos epelo facto de que a Frente Patriótica tem neste momento a iniciativa no campomilitar e agora, nesta conferência no campo diplomático.É por esta razão que existem divisoes na delegação do Bispo.A principal contradição existente é aquela que Smith criou ao afirmar que naoadmitia que uma nova constituição retirasse aos brancos os direitos políticos que oacordo interno lhes confere. Desde que esta declaração foi feita publicamente porSmith, os porta-vozes de Muzorewa têm-se esforçado por querer afirmar que só oBispo fala em nome da delegação.Os acontecimentos porém têm-nos desmentido.Primeiro foi o reverendo Sithole que afirmou que concordava com novas eleiçõese retirada dos privilégios aos brancos. Depois Muzorewa, que tinha concordadocom a agenda de trabalhos proposta por Lord Carrington, veio publicamenteafirmar que só estava em Londres para discutir as mudanças a fazer à suaconstituição. E, finalmente, Smith, comentando a afirmação feita por Muzorewano sábado, onde afirmava que concordava com a perda dos direitos políticos daminoria, disse que não acreditava «que alguém p-'ssa ter dito tal coisa».Desde então a imprensa inglesa não tem poupado a delegação de Salisbúria,afirmando que está a travar esta conferência com as suas divisões, e isto estendeu-se aos próprios jornais conserva dores.Esta semana, a delegação da Rodésia, que segundo nos informaram, nãoconseguiu até aqui realizar uma reunião de trabalho com todos os seus membros,com plicou ainda mais a situação. A atitude tomada pelos rodesianos em não sepronunciarem em Lancaster House sempre que está presente a delegação daFrente Patriótica, tomou ares daquilo

que um comentarista aqui classitlcou de «irreverencia intantil».A IMPRENSA BRITANICAConfrontada com todos os problemas internos a delegação do Bispo Muzorewa,parece ter ficado surpreendida com a flexibilidae e granue anarnlsmo que a Frente

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Patriótica tem demonstrado. Como o afirmámos na passada semana, exlsua emíbuiiures a ideia de que a Frente Patriótica viria aqui para sabotar a conferênciacom irreverências, radicalismo e intransigências. Mas é precisamente o contrárioque tem estado a acontecer.Por um lado os rodesianos prepararam-se para esta conferência atacando aRepública Popular de Moçambique, tentando projectar a imagem que a guerra nãoestava perdida e que vinham a Londres numa posição de força militar ediplomática. A verdade, porém, é que embora tivessem recebido toda apropaganda nos jornais aqui com os seus comunicados militares, a pouco e poucoo «feitiço está-se a virar contra o feiticeiro».Sabe-se agora, pelas reportagens aqui divulgadas de correspondentes emSalísbúria, que aagressão militar a Moçambique foi um fracasso militar. Peter Walls foi visto achorar no funeral dos oficiais rodesi nos mor tos em MoçambiqUe e ele afirmariaalguns dias depois no funeral de um deputado ao Bispo Muzorewa que «não hásolução militar para o problema: só os políticos a podem alcançar».Esta afirmação, que admite a derrota militar contrasta com ,certas esperanças queexistiam aqui de que, ou a Frente Patriótica aceitava algumas mudanças naconstituição rodesiana (acordo interno), ou então seria posta .de (ado.A Frente Patriótica, porém, trouxe a imagem oposta àquela que tinham a seurespeito - falta de unidade, política e militar, falta de iniciativa diplomática,impreparação para dirigir um país independente.Tem sido apreciável a mudança no tratamento dado à delegação chefiada porRobert Mugabe e Joshua Nkomo pela imprensa britânica, devido aocomportamento dos líderes dos combatentes zimbabweanos.Por um lado, a Frente Patriótica mostrou-se com grande iniciativa diplomática aoapresentar sistematicamente alternativas bas«Temos a certeza o apoio do povo, temu.,; o exército rodesiano der rotado ecansado, temos a certeza de canlar eleições» - afirmou um membro da FrentePatriíôtcatante positivas às propostas britânicas e mesmo adiantando propostas sobre a fasede transiçãopara a independência consiWeradas pelos comentadores como «bastanteaceitável». Por outro lado, e para além da unidaae que faz transpirar da suadelegaçao e que contrasta abertamente com o que se passa na delegação 'ao BispoMuzorewa, a Frente Patriotica tem tido o cuidado de diaria mente explicardetalhadamente aos jornalistas quais os objectivos das suas propostas, quais assuas opiniões e essencial mente qual o significado que tem para a FrentePatriótica alcançar-se um acordo nesta conferência.É de salientar aqui a resposta dada pelo porta-voz da Frente Patriótica quando uinjornalista lhe afirmava que achava estranho estarem agora os guerrilheiros aapresentar propostas que eram muito mais moderadas do que as que tinhamdefendido em Genebra ou Dar-Es-Salaam. O porta-voz, respondeu de uma formclara: «Sabe, no ano passado nós tínhamos de exigir mais porque a situação eraoutra. Hoje nós temos a certeza de que temos o apoio de todo o povo, temos o

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exército rodesiano cansado e derrotado, temos a certeza de que va mos ganhar aseleições».TEMPO N.,ý 467 Pg. 43

SEXTA CIMEIRA DOS NA BALANÇO DE UMA REUI....... ,..Quando os Mirages rodesianos e as tropas helitrans- lado, a repressão, o massacre,o assassinato, do outro portadas bombardeavam a zona de Gaza, realizava- a lutapela indeuendência e a liberdade. Temas que-se em Havana a Sexta Cimeira dos Não-Alinhados. constituiram a principalpreocupação do encontro de Dois factos que reflectiam, de um modo directo, amaior envergadura até hoje registado na história da problemática essencial hojevivida no mundo. De um diplomacia mundial. 94 países, dos quais 52 represen.TEMPO N.o 467 - pág. 44

-ALINHADOS:[ÃO ANTI- IMPERIALISTAtados oor Chefes de Estado discutiram os principais d.. Cimeira de Havana noslimites de um simples arproblemas mundiais. Numa nerspectiva de luta anti- tigo.-imperialista como o declaram os Drincípios do Pró- Assim, far-se4 anui anenasuma referência geral. prio movimento. Outros artigoscompletarão o quadro do que foi a Cimeira, a participaçao de Moçambique e aviagem pre Não é, por isso, possível fa7er o balanço completo sidencial.TEMPO N., 467 - pãg 46

De acordo com a tradição dc MovimeiAo aos Näo-AsInsaaos que completouagora iU anos de exístencia uma reumao de embaixadores seguida cie umencontre a nvei aos ministros dos negócios estr~angeros preceaeram a Cimeiraque se realizou na capital cuDana de 3 a 9 de Setembro. Os encontros tinham porobjectivo essencial a preparação das agendas e a discussão dos principais temas aserem abordados bem ainda como a admissão de novos membros.Essas tarefas foram realizadas apeiiub parciaimenze pois, como se saoe, os ctoisencoxiiros prenmiares a Cimeira discutiram, no que respeita aos temas políticOsapenas uma questao: k cio i,.ampuchea.Desde logo se manifestaram duas posições principais respeitan tes àrepresentatívaade, ou melhor, sobre quem devia tomar o lugar do Kampuchea. Aslinhas principais do debate que se realizou já foram amplamente noticia das peloque, aqui, se recoraa apenas um dos aspectos da problemática existente! Apareceestranho que o Kampuchea Democrático, ou seja, o regime de Pol-ort/ engSamrim tenha sido condenado pelos países mais reaccionários que defendiam, emseguida, que de qualquer dos modos, era esse regime quem deveria estarrepresentado no encontro. Na realidade, a argumentação não tinha como objectivoessencial (embora o tivesse como secundário) discutir seriamente a questão doKampuchea mas apenas servir-se dela para atacar o país que, por inerência às suasposições progressistas e pelo facto de ser o pais hospedeiro, poderia constituir umperigo para os interesses imperialistas: Cuba. E, atacar também o Vietname cujo

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regime revolucionário constitui, pelo seu exemplo, um perigo para os regimesreaccionários da zona.Essa foi, quanto a nós, a razão essencial pela qual a questão do Kampuchea sediscutiu durante tanto tempo e constituiu o tema central da ofensiva reaccionáriano movimento.A reunião dos embaixadores e a dos ministros dos negócios estrangeiros deba.teram essencialmente a questão do Kampuchea. Na Cimeira ficou decidido que olugar (ndicado com a seta) ficará vago até nova decisão. O bureau decoordenação, erigido em comité ad hoc deverá apresentar um estudo à próximareu.nião ministerialOs outros dois temas largamente debatidos nos últimos dias dos encontrospreliminares foram a questão do Egipto, cuja decisão final só foi tomada no dia doenicerramento, e o Sahara em que a argumentação de Marrocos e dos seus(poucos) amigos foi largamente rebatida e a questão levada à discussão (umaresolução condenando a ocupação marroquina viria a ser depois tomada).Um outro aspecto importante da reunião de ministros foi a aprovação de que,devido ao aumento de número de membros, o Bureau de Coordenação se deve riaelevar para 35 em lugar dos anteriores vinte e cinco.A CIMEIRAO encontro cimeiro começou no dia 3 com o magistral discurso de Fidel Castroque foi adoptado como documento base, por unanimidade.De seguida, Keneth Kaunda por Africa, Ziau Rahman (Bangla Desh. pela Asia,Aristides Ròyo (Panamá) pela América Latina, Spiros Kyprianou (Chipre) pelaEuropa e Oliver Tambo pelos Movimentos de Libertação, intervieram em seguidapara saudar o dis curso do presidente cubano.Foi ainda durante esta sessão que o chefe da delegação egípcia pediu para intervirnuma sessão pública para refutar a condenação, feita por Fidel Castro, à traiçãoegípcia em relação ao Médio Oriente, mas o presidente do Sri Lanka indicou-lheque tal deveria ser feita após a sessão inaugural.Seguiu-se o apoio à candidatura de Cuba para presidente do Movimento até àpróxima cimeira, manifesto numa intervenção do Presidente Samora Machel emnome dos países da Linha da Frente.A pasta da presidência foi de seguida passada a Fidel Castro tendo ai terminado asessão inaugural.Logo no inicio da sessão da tarde, o novo presidente deu a palavra ao Egipto cujadefesa foi amplamente desmascarada por Cuba, Madagáscar, Iraque, OLP, Irão,Etiópia, Angola, Vietname e Congo.TEMPO N.11 467 - pág. 40

Durante esta sessão foram também eleitas as 20 vice-presicencias da mesa daCimeira: Libéria, Líbia, Congo, Mali, Swapo, Uganda e Zâmoia por Africa,Bangla Desh, Coreia Democrática, Índia, Malásia, OLP, Singapura e Síria pelaAsla; Guiana, Uranada, Nicarágua e Panamá pela América Latina e Jugoslávia eChipre pela Europa bem como Moçambique e Iraque como chefes respectivos dacomissão económica e política que, entretanto, iniciaram os seus trabalhos.

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Seguiu-se uma saudação aos novos membros (Bolívia, Frente Patriótica, Granada,Irão, Nicará-gáscar, este último pela exaustiva análise da situação económica in-ernacional.O discurso de Fidel Castro marcou a conferência não apenas por ser o discursoinaugural mas pela análise profunda e detalhada que o líder cubano fez dosprincipais problemas políticos e económicos mundiais.A intervenção moçambicana foi das poucas que teve inúmeros aplausos(inclusivéý com os delegados de pé) tanto mais que o presidente Samora Machelfez pro fundas referências aos problemas considerados «quentes» do encontro.O Co.Presidente da Frente Patriótica quando era recebido por Fidel Castro na suachegada a Havana. A Cimeira dos Não-Alinhados definiu tarefas concretasimediatas de apoio à luta de libertação noZimbabwegua, Paquistão e Suriname) e elegeram-se novos observadores (Costa Rica,Santa Lúcia, Dominica e Filipinas).A4nda neste primeiro dia de tra balhos, o presidente cessante Julius Jayewardene(Sri Lanka) fez o relatório da actividade do Movimento dos Não-Alinhados desdea Cimeira de Colombo.No 'dia seguinte os trabalhos iniciaram-se com a intervenção do secretário-geraldas Nações Unidas, após o que se seguiram as intervenções dos chefes de estado eoutros chefes de delegações até ao último dia.Foi opinião generalizada que três discursos constituíram os marcos maisimportantes: O discurso inaugural de Fidel Castro, o de Moçambique e o deMada-OS PRINCIPAIS PROBLEMASComo já se disse anteriormente, o problema aa traiçao J:gipcia e do Kampucheaforam os dois principais pontos de discussão na Comissão Politica que os acaboupor levar ao plenário que, por sua vez, os discutiu desde as 9.00 horas da noite dodia 7 até às 4.00 horas da manhã, numa sessão final que acabaria por terminar cerca das 11.00 horas da manhã.Quando, cerca das 4.00 horas da manhã o porta-voz da Conferência anunciava àscentenas de jornalistas presentes que o Egipto tinha sido condenado, umaconvicção ficou na sala: Que tão profunda discussão faria todos estarem bemconscientes não só da importância da decisão como na mobilização para a suaaplicação. Não que desde o princípio não houvesse maioria clara a absoluta nacondenação ao Egipto mas mais pela intransigência de dois ou três regimesreaccionários (nomeadamente o Senegal que inclusive se viu forçado a pedirdesculpas públicas posteriormente) e pelo facto de Cuba não querer impedir que adiscussão fosse até às últimas consequências.A delegação moçambicana na uimeira

Os termos da resolução são cla ros e sem ambiguidaces e inclusive, o facto de oBureau de Coordenaçao ir estudar à questão da suspensão do Egipto ultrapassouas estimativas dos observadores que esperavam apenas a condenação dos acordosde Camp David e do Egipto por ter assinado esses acordos. A resoluçãorespeitante à questão do Kampuchea,, apresentada pela mçsa da Conferência

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constatava a existência de três posições: A dos que defendiam o critério de que arepresentação deveria ser do Kampuchea Popular por razões já amplamenteexplicadas,O chefe da deleyga ção egípcia deIen deu a ida de Sadat a Israel corno uma«acção revolucionária» o que foi amplamen?.te denunciado por inúmeras delega.çõesrNAO-ALINN ADDs CDãNAM ATADUES RACISTAS A, MDCAMBI0UDíA Sexta Cimeira do Movimento dos Não-Alinhados aprovouna sua última sessãode trabalhos, uma resolucio condenando os ataaues do regime deSmit.h/,Muzoreiwa ao no-;o país. E~m traduç-lo não-oficial, é o seguinte o textointegral da declaração:A SEXTA CONFERÊNCIA DE CHEFES DE ESTADO OU DE GOVERNODOS PAíSES NAO-ALINHADOS, runida em Havana a partir de 3 de Setembrode 1979,GRAVEMENTE PREOCUPADA perante os ataques do regime deSmith/Muzorewa contra a República Popular de Moçambique, efectuados nosdias cinco, seis e sete de Setembro de 1979 na região do vale do Rio Limpopo,com a participação de aviõe§ caça-bombardeiros «Mirage» e tropas heli-transportadas,PktOFUNDAMENTE INDIGNADA pelo assassi-' nato de homens, mulheres ecrianças moçambicanas e refugiados zinbabweanos em território moçambicano,CONVENCIDA de que estas acções constituem um aberto desafio a esta SextaConferência de Cheies de Estado ou de Governo dos Países Não-Alinhados,CONSCIENTE de que estes ataques surgem no momento em que a OUA e.Movimento de Países Não-Alinhados, reafirmam o seu apoio incondicional àFrente Patriótica como único e legítimo representante do Povo do Zimbabwe,DEMONSTRANDO que estas agressões são consequência directa dasposiçõeinternacionais da República Popular de Moçambique e do seij firme apoioaos patriotas do Zimbabwe, em concordância com os princípios deste Movimentodos Não-AlinhadOS,1. DECLARA que o apoio solidário à Repiblica Popuiar de lVoçamoique e à lutado Povo ao Zimoaowe pela sua liberdae e inaepenacencia conuinuara sendo umaques tao prioritaria para o Movimento dos Países ,Não-Alnhaaos.2. REAFIF¿M que qualquer agressão do regime ilegal da Roaésia aos EstadosAfricanos Independentes constitui um acto de agressão contro todos os paísesnão-alinhados e contra a comunidade internacional no seu conjunto./3. DEN JNCIA a política agressiva do regimede Smith/iMuzorewa e faz um apelo a todos os Estados e organizações para-queintensifiquem a sua repulsa ao regime rodesiano e aos países que o apoiem,armemou o reconheçam.4. CONDENA o regime da Rodésia pela suasagressões criminosas contra a República Popular de Moçambique e aos camposde refugiados zimbabweanos estabelecidos no seu território e noutros países daLinha daFrente.

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5. CONDENA ENERGICAMENTE a constante colaboração política, económica, militar e de outro tipo prestada ao regimeracista rodesiano por várias potências ocidentais, assim como por outros países,particularmente a Africa do Sul e Israel.

nomeadamente no discurso do presicuente bamora Macnel, os que defendiam quea representaçao deveria ser ao regime de Pol ru/ x eng >amrim, entre os quais seencontravam a maioria dos pai ses reaccionários da zona, e os que propunham queo assento nao tosse- ocupado por nenhuma das partes.A conferéncia decidiu, então, a criação de um comité ad hoc encarregado deestudar o problema e apresentá-lo à próxima reunião ministerial e foi, depois, proposto e aceite que esse comité tosse o próprio Bureau de Coorde nação.OUTRAS DECISÕESEmbora a questão do Kampuchea e a traição egípcia tivessem sido os doisprincipais pontos dediscussão, tal não obstou a que a ulmelra aaopiasse posiçoes que, em comparaçaocom as anteriores cimeiras, se podem caracterizar por um aproiunaamento ao seuconteúdo anti-imperialista e pela preocupação de garantir os mecanismosadequados para levar à prática essas mesmas decisões. Com efeito, a declaraçãofinal, apenas relativas aos problemas políticos, comporta mais de ceia paginas. Elafaz referência a praticamente, a todas as:questões políticas mundiais e seriaimpossível descrevê-la em pormenor. Destaca-se, no entantó, as decisoes emrelação ao Zimbabwe.As resoluções em relação à colónia britânica estão incluídas no capítulo sobreÁfrica, na parte respeitante à Africa Austral onde existem resoluções igualmentedetalhadas sobre a África do Sul,a Narnibia e em apoio aos países da Linna da Frente.A resolução soore o Zimbabwe condena o acordo «interno», cons tata os avançosda luta armada e preocupa-se com as manobras realizadas pelo governo britanicoe certos elementos do governo dos Estados Unidos com vista ao reconhecimentodo actual regime ilegal. Existem dez alíneas denunciando as manobras do regimee quatro pontos dedicados ao apoio militar e financeiro à Frente Patriótica: Ofornecimento de equipamento, ajuda financeira e treino para o desenvolvimentoda luta armada, apoio aos programas de treino da Frente Patriótica, apoio aosprogramas de reconstru çáo das áreas sob controlo da Frente Patriótica e apoio aosrefugiados.S.C.UM EXEMPLO DE ORGANIZAÇÃOO sentimento generalizado ao nível das delegações, cujo número rondava acentena, presentes na Sexta Cí*meira dos Não-Alinhados em Havana bem cornodos cer.ca de 1200 jornalistas estrangeiros que se deslocaram à capital cubana, eraque a pátria de José Marti não se tinha poupado a esforços para organizar o maiordos encontros internacionais de que há memória na diplomacia mundial.Dos países membros, ago ra 94, estiveram presentes 56 chefes de estado egove.mo o que atesta, por si só, a importância do encontro ao mesmo tempo que,neutraliza a longa história de tentativas imperialistas para, numa primeira fase,

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impedir que a reunião tivesse tanta importância e, segunda, desviá-la dos seusobjectivos essenciais.A organização do encontro, para Cuba, não era questão de segunda impor-tância: Em Havana ia-se desenrolar uma batalha que tinha como questãoessencial o bloqueio que o imperialismo norte-americano impôs à ilharevolucionária. Estar presente em Havana nas melhores condições possíveisý era,nesse simples acto, uma acção anti-imperialista.A batalha desenrolou-se e aqui, como noutros planos, Cuba venceu.Experimentada na organização do Festival Mundial dos Estudantes que provocouuma enorme concentração mundial de jovens, Havana preparou-se para oacontecimento. Sigamos, por exemp'o, a- trajectória dos. jornalistas desde a suachegada ao aeroporxo.UM EXEMPLO DE ORGANIZAÇÃOMal pisavam o aeroporto José Marti, onde altos responsáveis cubanos recebiamos chefes de estado, os jornalistas eram encaminhados para um local próprio parao seu trabalho que dispunha d9 um estrado que estava quase uma centena demetros para dentro da placa do aeroporto e ao longo da guarda-de-honra.Os carros esperavam-nos e dali seguiam para o hotel que estava reservado aosjornalistas estrangeiros (o segundo melhor hotel de Cuba) e especialmentepreparado para receber as centenas de colegas que para ali se deslocaram. O hotelpossuía uma sala de imprensa onde, não só era poss,vel ver, através da televisão,resumos do que se passava na Conferência, bem como efectuar ligações portelex, e enviar telefotos para todo o mundo.A Rádio e Televisão possuiam edifícios especiais para o desempenho das suastarefas.No hotel, o Hotel Nacional, existia ainda um bureau de informação que dispunhade boletins informativos sobre a cimeira, cuja publicação atingiu os cerca de 40,durante o encontro. Havia ainda máquinas de telexes que faziam chegar deimediato aos jornalistas o material elaborado pela agência Prensa Latina emespanhol, francês e inglês.Os jornalistas dispunham de dois restaurantes, um café e um bar paa as suasrefeições. Um balcão de turismo facilitava, a quem quisesse gozar o riquíssimoprograma cultural de Havana, as informações, reservas e déslocações dosvisitantes.Um parque de automóveis facilitava as deslocar.ões mas estas eram tambémgarantidas por autocarros que, de três em três minutos, efectuavam .o percursoque ia desde o Hotel Nacio-TEMPO N., 467 - pág. 49

nal, passandgqpor outros h téis onde -se encontravan jornalistas que não tinha tidoýlugar no Hotel Naci nal até à Casa de Imprer sa e finalmente, ao Palácidas Convenções.O percurso acima referdo, bem como toda a capi tal cubana, estavam excep cionalmente engalanados para a Sexta Cimeira. Quas todos os edifícios continhan palavras de ordem relacionadas com a Cimeira algunh dos quais em reclames lu minosos. Prédios altos dis

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punham de centenas de lâmpadas que, ao se acende. rem, formavam enormesdesenhos simbólicos.O percurso obrigava a uma passagem pela Aveni. da Marginal de Havana,(chamada Malecon) também conhecida pela avenida dos namorados, quepercorria quase toda a baía da cidade.Na Casa de Imprensa, os jornalistas efectuavam as formalidades necessárias aosacessos ao Palácio onde o encontro se realizava, palácio esse que, pela sua be.leza merece que nos detenhamos um pouco sobre ele.O PALÁCIODAS CONVENÇÕESConstruido especialmente para a Cimeira dos Não-Alinhados, o Palácio dasConvenções é algo de exn cepcional beleza, beleza esta sa que assenta nasimplici- dade de materiais combina.- dos com uma ornamentação o assente em flores e plantase no facto de ser quase toi- do envidraçado. i- Simples e normais pedraseram colocadas de modo a fornecerem a ornamentação. e O Palácio é enorme:para além da sala de sessões- cuja capacidade ultrapassa s as 800 pessoas dispõe- ainda de três balcões (cer.ca de 200 lugares) para jornalistas, observadores e convidados, ele integra aindaas salas para as Comissões (Económica e Política) para as várias subcomis.sões. Dispõe de dois enormes restaurantes (num dos quais se encontrava o fa.moso cantor Carlos Puebla cantando ao longo das mesas) que funcionavam du.rante todo o dia e que dis. punham da mais completa e rigorosa limpeza e higiene,O Palácio contava ainda com uma enorme sala especialmente preparada paraconferências de imprensa, mais de duas dezenas de salas para as agências in- rternacionais que as aluga- d vam, uma sala para pèrmitir as comunicações dos jor-ti nalistas com o mundo e qua d tro salas onde, através de 1 um circuito interno detele- n visão se podia seguir o que c se passava nas sessões pú- trAspecto da salU das sessões plend rias a mais impo.nente do Paldciodas Convenções4 com capacidadetotal para mais de mil pessoas. Ao fundo pode-se vero balcão paraconvidados e em primeiro plano odos jornalistasblicas com as respectiva traduções em inglês, frai cês. árabe e espanhol, a quatrolínguas adoptada pelo movimento.Fica ainda muito por des crever desta enorme obr em que os cubanos traba lharamdia e noite para i conseguirem edificar en oito meses.Para completar o exem pio da organização, apenas no que respeita aos jorna.listas, importa ainda indicar que cada sector da in. formação de cada continente(televisão, rádio, cinema e imprensa) dispunha de um elemento do sectorrespectivo em Cuba. encarrega. do de facilitar o seu trabalho. Por sua vez, cada

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um dos sectores de cada país, dispunha de um guia que, tanto como conseguimosapurar, foi em grande parte recrutado através de oferta voluntária.Se existia uma organiza. ção deste género para os jornalistas torna-se mais fácilcalcular que maior esmero foi dado à organização destinada às delegaçõespresidenciais para quem foam reservadas 138 casas le protocolo.Se. em virtude dos facos acima referidos, se poe lembrar que todas ás deegaçõesforam unânimes, assuas intervenções ao en. ontro, em salientar este abalho deorganização,TEMPO N., 467 - pág. 50pode-se adiantar que não se tratava de simples afirmação diplomática mas acorrespondência a algo que,de facto, existiu.Houve dificuldades qu6implicaram uma maior intensidade de mobilização de recursos causados por doisciclones fortíssimos que iam atingindo a ilha mas, felizmente, o mais perigoso(cu. jo vento atingiu rajadas de 260 quilómetros hora, embora apenas a sua caudatenha atingido a ilha) registou-se após o fim da Cimeira e não prejudicou, porconsequência o desenrolar dos trabalhos.Se Cuba era apresentada como país «cinzento», com «barbudos comunistaspapões» e toda a amálgama de intoxicação propagandís. tica que o imperialismolevou a cabo durante tantos anos contra o socialismo cubano, essa foi uma ideia jádesfeita no festival e agora completada na Cimeira dos Não-Alinhados. Porqueem Cuba se respira a liberdade, porque todos os estrangeiros presentes viram umpovo alegre nas ruas («o povo, aqui, conquistou a rua» como nos comentava umnosso colega) um povo trabalhador, organizado, mais do que tudo, essa vivênciadas realidades cubanas terá ajudado alguns heitantes a tomarem uma poiçãofavorável a Cuba e ontra o bloqueio. Na Sexta ,imeira, a este nível como outros,Cuba preparou a itória e alcançou.a.Texto de Sol de CarvalhoFotos de Luis souto e Oanlel Maquinasse

uma 7-1solucao det nsporte para distóncias pequenasF B"DE-BICICLETAS DE IME SAR9LCAIXA POSTAV 23óQ -U^lESt 7226~ M

dos leitoresDevido às comemora~e do 25 de Setembro, dia dasFPLM reservamõs a publicaçio de earta de leitores deste número iLpenas aquelasaue nos vieram de quadas Fo,«s Popuares de Í'bertç de MombIque. Têm sido as FLM permanentes na sua colabora.çio nestas páginas, focando os assuntos mais diversosdaý vda naciona.CONTRA OS CONFUSOS

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Sabemos claramente que o nosso pais foi colonizado durante 500 anos Peloscolonos portugueses. Existiam todos os tipos de sofrimento como eu, porexemplo, que cresci sem conhecer o meu próprio distrito.Gradualmente houve alguns moçambicanos que desencadearam a luta paraexpulsar os colonialistas e assim hoje já estamos independentes. Nesses temposnão havia invasores que vinham invadir Moçambique mas depois daindependência verificamos que sempre nos vêm atacar. Porquê? Porque estão ca-Atra a nossa independência. Além disso há alguns moçambicanos que sedeslocamso pais elw procuram meios de destruí-lo e morrem sem atingirem o seuobjectivo. Isto é prova de incapacidade. Outros murmuram e dizem «porque hábicha para se comprar açúcar, pão, etc.?» Mas quem há-de trabalhar para que tudoisto não falte? Somos nós mesmos, moçambicanos. Portanto devemos intensificaro nosso trabalho para termos o suficieínte. Mas os mais fracos dizem que «Comoem Moçambique há bicha o melhor é procurar outro lugar onde não há bichas».Não sabem que nesse lugar para não haver bicha as pessoas trabalham. OsIndividuos que falam assim são preguiçosos.Gostaria que todos nós, jo-CALONIASCONTRA O DFAtravés desta carta vimospor este meio apoiar as palavras Ca compantieira Gória tosa )Lorent;ma, queenviou u sua carta a fim de fazer compreenUer às pessoas a tareta ue um elemento(as FIKLM, c,mo oraço armado do povo.Nós elementos das Pk>LAM,sentimos bastante este tipo te expressão que muita geme anua a Doatar entro aouosso ter ritórlo de Moçambique. Se esse tipo de comportamento foi feito por umelemento não era necessário sujar a nós todos, era só criticar esse elemento oupegar até nas estruturas competentes.Estamos a pedir ao Povo moçambicano para compreender que nós, elementos daslM, não caímos do céu. Somos próprios filhos do povo, saimos ao povo etrabalhamos ao laao do povo. Não desvalorizaremos o nosso exército.FALTA DE TRANSPORTES NA ZAMBIZlAA razão que me leva a fazer-vos perder o vosso rico tempo noutras actividades caros leito. res, é a falta dosmeios de transporte colectivos na Província da Zambézia, em particular na capitalda província «QUELIMANE». 0 único meio é a AU-.TO-TRANSPORTES DA ZAMBZIA que leva passageiros depara o estrangeiro. Chegam Á ,,Xu~mique, fosse- aza ira e <iaBeirae são comprados e acompa- mas bem unidos, combatesse- Este transportetambém se ennla o inimigo para vir ata- mos estas ideias e formásse- contra com umaspecto escar o seu próprio pais. Por- mos um exército popular for. tranho nasua circulação. Os

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quê? Será que esses indivíduos te que continuasse a neutrali- passageiros ficamcompletamente sujos, énsardinhados e o maisnão gostam do socialismo? E zar qualquer situação no nosso lamentável é dasmães que tratou confuso por causa desses Pais. zem BEBS aocolo: pagamagentes. Em vez de se unirem Godeni Tonderai Bepete metros. O taltransporte sempreagenes. m ve de e unremPassagens e f!cam de pé quilóa nós para construirmosonos- Maputo tem apresentado avarias peloTEMPO N.o 467- pá. 521

Nós, os moçambicanos, temos que transformar o nosso exército num poderosoexército regular, dotado da mais avançada tecnologia contemporânea...Irmãos engajar nas nossas fileiras é um dever de um filho moçambicano, parajuntos aplicarmos criadoramente, como nos incumbiu o Comandan-caminho fazendo 4 a 8 dias sem o3 passageiros chegarem ao seu destinolimitando a estar no meio do mato e multas percas dos bens do Povo.Verifica-se que nas províncias do Maputo, Gaza, Inhambane têm ROMOS;Sofala, Manica, Tete circula a ROMOC; - Nam pula, Niassa e Cabo Delgado há aROMON em circulação. Faltan do s6 a Província da Zambézia.te em Chefe das FPLM a palavra de ordem:«Vencer a batalha de classe.Marcelo Armando Rocha Paula José Bachardasse Dadinha José BachardasseMarla Odeth J. B. Karter TetePor último pergunto ainda mais, será aue à província da Zambézia não foramdistribuídos esses meios de transporte? Ou receberam e guardaram para novaordem? O povo dia e noite está em sofrimento nos transportes.A bem da Revolução Carlos do Rosário Menezes SofalaDESTRUINDO A FAMILIADE UM COMBATENTEEncontrava-me na Beira a trabalhar: Lá vivia com a nunha esposa. Então chegou aminha vez de ser incorporado para o Serviço Militar Obrigatório em Maio do anoem curso. Fui obrigado a transferir a minha esposW para casa dos meus pais, sitana cidade de Angocne, a fim de aí residir até ao cumprimento da minha missao,ou à, próxima possibilidade de tornar a viver com ela.Dois meses depois houve um sr. empregado <ia Companhia de Cultura deAngoche da mesma cidade, que utilizou a sua força transformando as Ideias damulher.Agora pergunto: será que este sr. fulano procedeu de tal forma por ter condiçõesfavoráveis? Por desprezar a vida que levo? Por gozo? Por hábito deste distrito?Por não acompanhar os programas da Nação? Ou por falta de medidas autoritáriasnaquele distrito? Digo isso porque não é a primeira vez qte pratica casossemelhantes.Contudo quero eu explicar este sr. que a Nação necessita de todos os elementos dequalquer tipo para a defesa do Pais de modo que acho que é preciso manter

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resppito por todas as mulheres dos elementos que estão engajados na vida MilitarObrigatória para que não cheguem ao ponto de se desviar da linha alegando queestão a ser destruídas as as suas famílias, como no meu caso.Armando EssumailaSofalaTEMPO N.o 467 - p. 53

LADRÕESEM NIAMPULA' pela primeira vez que esrev para a revista «T:.ivwO» pelo que aceito críticas emcas zoe desvio na mnna exposição, 1o:' erquê mais ladroagem e menos viilãncia? Ouve-se em quase todos os can0scidacie de Nampula iímor de ladroagem, em especial na ex-Rua das Fores e toda aua vizinhança, na zona B,F:,lou nesta cidade de Nampu V, precisamente há um mês e algns dias. Contudo,mais de seis vezes assisti a arromba. mentýs de casas, saqueamento de diversosartigos importantes e necessários à vida dos moradores deste bairro.0 mesmo aconteceu comigo, pelas 23 horas do dia 11 deAgosto do ano em curso. Eu estva a dormir no meu leito, apos o trabaino ao dia.N a, sei explicar como a quadríína entrou para dentro da casa. Por algum sustoocorrido, assuste-Ãne e aespertei ao sono. vt:jj pO ta k, quarto meio a-,rta, uzacesa, a janela auelta por completo, a mala estragaud e va:&iu, a lnesinfla aecaoeceira sem o rádio receptor soore ela. ao levantar a cabeça ca aimoadaa,lentamente, Vom batimentos acelerados cio coração, vejo um, dois, três rapazessem camisas nem calça dos velozmente atirando-se pela janela fora como alguémque se atirasse numa piscina. s apressadamente de dentro casa, gritando até aomáxi~b da n a voz. Ladrões, ladres. Pedindo socorro aos viziOs. Mas, -caroleitor a respos foi o silêncio.Ao manhecer meti ,onversa com um dos vizirm0os e el-__ IIE los. IIrÀ,g~ ~ -'t -SMITH/MUZOREWAM&ess atrás Smith queria lev'ar Josa Nkomo para ir aumentaro núfoimero dosseus fantoche ý('Muzorewa, Síthole e Chi rau mas o Presidente Nkomo não sedeixou enganar. Smith colocou um fantoche c01o primeiro-ministro como forde se aproximar da Frente P'atriótica e destrui-,la juntanete com os guerrilheiros.Muzorewa não sabe que está a trabalhar como cão que vai à caça preocupado emencontrar carne e quando chega a casa o dono come toda a carne e o cão leva osossos. Muzorewa não tem nada. É apenas um guarda-costas de SmitnPor isso os dirigentes da Frente Patriótica não podem ti-cidei-o sobre o que se passara. «sim amigO». Responceu-me ele. heaunente aquie,,, ampua existem ladroes, sooretuao neste ano de ll7v. Motivos porque a )'oíacIa

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nao vigia. Us grupos de vigilancia *aem. Caro leitor, o facto úe eu ser um dosassaitaaos, nau '-' o importante que me preocupa e interessa.A tarefa de defender as con quistas da revolução Moçambicana é de todos nós. Atarefa da vigilância não e exclusiva para as Forças de Delesa e Segurança nem dosGrudos de Vigilância em especial nos locais de residência. Poraque após a vitóriasobre o dominador estrangeiro surge a luta pela conquista da independênciaeconómica e combate ýcontra os vestígios coloniais impotos durante cinco sécu]os. .unidade. Então Smith e Muzorewa vão tremer porque eles pensavam que iriamdestruir a Frente o que agora é impossível. Isto significa que o povo do Zimbabweestá a crescer cada vez mais. Também o Povo moçambicano está pronto para daro apoio necessário para a libertação do Zimbabwe... ... , e c od au armado do Maique Fuma lalambapovo, estão prontas para de- NampulaTEMPO . 467cpág 54o soi r\ fender e responder a qualquer acção de Smlth e seu guarda-costas Muzorewa.Smith manda reaccionários para dentro de Moçambique para destruírem os bensdo povo. Não Sabe que assim está a alimentar mais a vontade do Povomoçamnbican0 em apoiar a luta do Zimbabwe até à vitória final.|

Um dos vestígios é o individualismo dizend[o: Cada um por si e Deus para todos.Eis aqui a minhia dúvida.1 - Será o individualismo que se perpetua naquele bairro? L- se nao e qual é arazao de nao *iaver ajuna mutua' naquele bairro face a neutralizaçao dessesgrupos de lacaroes?Porque e que nao aenunclalii esses indivícuos perversos?2 -No mesmo bairro exis, tem Milicias Populares, com tarefas claramentedcelínicías. Velar pelas conquistas revolucionárias co nosso Povo, mantersegurança e reprimir todos os marginais, em colaboração com os residentesdaquele bairro.Em contrapartida esta tarefa não está a ser cumprida naquele bairro porquê?Júlio Vieira DiwahNampula«DIZEMQUE É DO SNASP»É frequente ouvir a expressão «,aizem que é do siNaztSP» .dita por certaspessoas, jovens e sennores de idade. «Aquele gajo» ou «aquele mau» e doSNASP. Devem tomar atenção quando falam com ele senão um dia mete-te naPIC e da PIC vais logo para o TMR e la é o fim da vida de um gajo».Acompanhei o caso de um rapaz que gostava bastante de uma miúda mas nuncatinha falado com ela sequer. Um dia tencionava informá-la s o b r e os seussentimentos. Indagando um amigo dele este disse-lhe logo que <não vale a penaUMA ALUNA XICONHOCANb fim do mês passacio desloquei-me para a Ci.ae ue Pemba em rmssão deserviço. ia cumpri a minha rmssao. Depois Ue dar uns passeios, contactei com

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uma criança que sala da sua escola para a ,ua casa. 1ogo que eu vi aquela meninapossuí aquele espírito de tamííiariaade concençract nela como mnna irmã que euaeíxei em casa, a fim uie vil cumprir o serviço do Povo e os interesses do covo.Logo ao ver aquela menina cumprimentei «uuatarae, como escas?» tk sua respostafoi de dizer «vai à merda e aprende la a falar-».E eu, através daquela resposta, fiquei muito envergonhado e tão pensativo. Pensei,pensei e não cheguei à conclusão do motivo que a levou a dizer-me aquilo.porque aquela gaja é ao ;SNftbi? peío que eia pode-te meter em problemas».Segundo disse esses problemas podiam fazê-lo chegar ao TMR e, como militar,não demoraria a receber medidas punitivas.Muitas das vezes que oiço falar do SNASP fico a pensar se essas pessoas ignoramqual é a tareia concreta dum elemento do SNASP. Muitos jovens. do sexomasculino têm receado falar com certas miúdas de idade avançada temendo quetalvez sejam ao SNAbiP. Sera que os que fazem parte do SNASP não vivem juntodas populações? Até guerrilheiros da FRELIMO que vivi, am com o povo como éque falam mal das pessoas pertencentes ao SNASP?Eu pergunto aos senhores leitores, será que essa aluna, e uma aluna ümutante?Cumpre a sua tarefa que lhe foi confiada pelas massas?Acho que não é uma aluna militante, porque o Camarada Presidente SamoraMoisés Machel disse: <o aluno militante tem presente que o estudo se destina ahabilitá-lo a melhor servir as massas e nunca para, como o colonialista, se instalarcomoãparasita no dorso do povo. Um aluno militante ao estudar cumpre umatarefa que lhe foi confiada pelas massas para as servir. Nele não pode existir aobsessão do diploma, a esperança dos altos privilégios, a noção de que faz parteduma elite de futuros governantes.»Amade Antonio MecuazuaMonfepue~Talvez seja falta de esclarecimento pelos G.D e pelas Células do Partido a niveldos bairros ou locais de trabalho.Apelo, portanto, aos que temem um elemento do SNASP para se aproximarem cieum responsável do G.D. e perguntar qual é a tarefa concreta do SNASP. Deviamsaber que ele não tem binóculos secretos capazes de o fazer actuar e ver casoscamuflados pelo que trabalha mutuámente com o povo. Senão não vamos ajudar adetectar um infiltrado pensando que o SNASP actua sozinho sem ligação com opovo.Lourenço SambulaGamaa

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..........................*...'*.,. 4,.....-.....APONTAMENTOS SOME A MIST........y,..'*........~,4' ......~Por Allan e Barbara Isac Mann Fotos obtidas do Museu da* Revoução

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Para que Portugal conseguisse obter lucros elevados tanto da expor~ de trabalhomi. gratório como da utLzaíi das suas instalações portuárias e caminhos de ferroera necessrio que fornecesse constantemente largos números de mão-de-obrabarata.Este fornecimento de m e-obra foi garantido por uma lei de 1899 que estabeleciaa base do sistema de trabalho forçado do xibalo. Segundo esta lei, todos osafricanos que deixassem de cumprir o seu dever legal de trabalhar, podiam serrecrutados à força para trabalhar pa ra o estado por um período de seis mesesauferindo salários extremamente baixos. O amplo poder de decisão dado aosadministradores locais para determinar quais os africanos «ociosos, e por issodisponíveis para o trabalho de xibalo, permitia todas as espécies de abusos.Quando era necessária mãode obra para a construção de estradas, a expansão dosportos de Lourenço Marques e Beira, construção de caminhos de ferro, construçãode clubes sociais e desportivos para europeus ou quaisquer outros finsnominalmente do governo, os administra. dores locais não hesitavam em fazer usodo seu controlo sobre as forças policiais para satisfazer as necessidades da mão-de-obra. Além disso, funcionários coloniais recrutavam frequentemente oe-obraxibalo para as propriedades europeias e para as plantações embora isto fosseexplicitamente proibido.Os trabalhadores do xibalo não só trabalhavam sob terríveis condições, muitasvezes sujeitos a abusos físicos por parte dos sipaios africanos e dos farmelroseuropeus, como quase não recebiam remu. neração pelo seu trabalho. Ainda nadécada de 50 o salário fixo durante os seis meses de trabalho do xibalo era de100$00 por mês. e os trabalhadores eram responsáveis pela angariação da suaprópria alimentação, vestuário e habitação durante este pericdo. Existemnumerosas descrições de abusos sexuais praticados pelos capatazes europeus eafricanos contra as mulheres e filhas dos trabalhadores que vinham trazer-lhes assuas rações diárias.Dada a natureza caprichosa e arbitrária do siste ma de xibalo, praticamente todosos adultos do sexo masculino podiam ser recrutados à força em qual. quer alturado dia ou da noite para determinado pro jecto. Embora os africanos com certascategorias de empregos estivessem teoricamente isentos, na realidade essasisenções afectavam poucos moçambica. nos, e as únicas maneiras de evitar oxibalo eram ter um emprego regular dado pelo Estado como sipaio, estar ausentescomo trabalhadores migratórios ou fugir antes da chegada dos encarregados dorecruta. mento.Devido à ampla disponibilidade de trabalhadores de xibalo os patrões europeusnão se sentiam obrigados a providenciar nem sequer as mais ínfimas condiçõespara os seus trabalhadores. Quando não conseguiam arranjar um númerosuficiente de trabalhadores voluntários, os donos de fábricas, comerciantes efarmeiros apenas tinham que contactar os administradores locais que davamordens aos seus régulos subordinados para que reunissem o número necessário.Era também comum os patrões utilizarem trabalha:dores de xibalo como fura-greves. Na mais importante greve de estivadores do porto de Lourenço Marquesem 1963, por exemplo, a mão.fle-obra de xibalo empregada pelos Caminhos deFerro de Lourenço Marques foi trazida para o porto para acabar com a greve. Do

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mesmo modo, quando os trabalhadores decretavam greves de zelo ou exigiamaumentos de salários, eram frequentemente informados de que seriam despedidosou recrutados eles próprios como trabalhadores de xibalo. Assim, tanto directacomo indirectamente, o sistema de trabalho de xibalo enfraquecia a posição denegociação da pequena classe trabalhadora africana extremamente mal paga eassegurava a continuação das miseráveis condições de trabalho e a obtenção dummáximo de lu-TEMPO N.' 467 - pág. 56

I1)cros por parte da classe colonial dominante tanto nas áreas urbanas como rurais.Embora a vasta maioria da população de Moçambique tivesse permanecido ruraldurante todo o periodo colonial, desenvolveram-se duas zonas urbanasimportantes em Lourenço Marques e na Beira. Ambas serviam primordialmentecomo centros de serviços para a Africa do Sul e a Rodésia do Sulrespectivamente, e os seus padrões de desenvolvimento foram condicionados poreste papel.Desde o inicio do periodo colonial ambas as cidades eram enclaves estrangeirosem que o capital inglês desempenhava um papel dominante. Por causa da pobrezade Portugal, a maior parte dos serviços urbanos eram originalmente financiados,construídos e controlados por companhias estrangeiras. As exigências do capitalestrangeiro determinaram também os tipos de oportuniclades de emprego para ostrabalhadores africanos. A maioria dos africanos que emigraram para estas áreasurbanas estavam empregados ou nos portos ou nos caminhos de ferro. Umpequeno número muitas vezes recrutado como mão-de-obra de xibalo, trabalhavapara as Câmaras Municipais propriamente ditas.Embora ambas as cidades tivessem crescido subatancialmente durante o séculoXX, os maiores focos de migração continuavam a ser a Africa do Sul e a Rodésia.Em 1912, por exemplo, toda a cidade de Lourenço Marques empregava apenas 5000 africanos, enquanto mais de 91000 se encontravam na África do Sul comcontratos da WENELA. Trinta anos mais tarde, somente 47 000 africanos viviamna cidade de Lourenço Marques e só por altura de 1957 é que a populaçãoafricana igualou o número de moçambicanos que trabalhavam na Africa do Sulcom contratos da WENELA.Em 1964 Moçambique continuava a ser ainda esmagadoramente rural;apenas.2,5% da população total, que consistia sobretudo em europeus, asiáticos,mulatos e alguns africanos, residia nestas cidades e nas outras sete capitaisprovinciais: 3,5% quase inteiramente africanos, vivia nos arredores das cidades; e90% vivia nas áreas rurais.Havia uma rigorosa segregação segundo critérios de raça e classe em todas asáreas urbanas. Os europeus viviam na «cidade de cimento» em ediifíciosmodernos de apartamentos e luxuosas moradias privalas. Os asiáticos, mistos ealguns africanos asOs trabalhadores doxibalo não só trabalhavam sob terríveiscondições, muitas vezes sujeitos a abu.sos físicos por parte

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dos sipaios e dos a armeiros como quasenão recebiam remn.neraçâo pelo seu trabalho

_APONTAMENTOS SOE A HISTORIA DE MOAMmimilados ocupavam os berros naIs anUgos da cclaue, enquanto a vasta maioriada população vivia nos bairros de caniço improvisados que se estendiam nosarredores das cidades. Como o governo colonial definia as cidades como enclavespara os «civilizados» e designava os africanos de «residentes temporários», nãofazia quaisquer esforços para providenciar a or.ganização de quaisquer serviços sociais para os trabalhadores «migratórios». Atéfins dos anos 50 umacombinação de leis rigorosamente aplicadas e de convençÕes sociais, proibia aafricanos a entrada em restaurantes, teatros e casas de banho «brancas», e nemsequer lhes era permitido estar na cidade depois do escurecer. Africanosassimilados, abordados pela policia, à noite, eram detidos e insultados se não apre.sentassem os seus cartões do identid ade que referiamo seu estatuto de privilegiados.Embora o sistema do xibalo e a dependência ecoA maior parte dos africanos queemigravam para as dreas nómica de Moçambique relativamente aos países viziurbanas estavam empregados ou nos portos ou nos cami. nhos, tivesse continuadoaté ao fim do periodo colonhos de ferroEmbora as cidades tivessem crescidosubstancialmentedurante o século XX, os maiores !o.cos de migraçdo continuavam a ser a Africa do Sul e a Rodésia. Em 1912., porexemplo, toda a cidade de Louren Co Marques empregava 5000 africanosenquanto mais de 91000 encontravam *se na África do Sul com contratosda WENELA

10111 (11.a., o governo fascista do Antônio Salazar mcdificou em certa medida a forma deexploração económica de Moçambique por parte de Portugal. O prin.cipal objectivo do regime de Salazar era explorar mais eficaz e directamente osrecursos humanos e naturais de Moçambique em proveito ida classe capitalistaportugusa em lugar de a fazer a favor do capital est frangeiro.A abolição das companhias concessionárias doainadas pelo estrangeiro nas zonascentrais e norte de Moçambique em 1928 foi apenas a primeira manifestaçãodesta alteração de política. Um outro componente foi o grande aumento donúmero de imigrantes portugueses a quem Lisboa oferecia dos melhores pedaçosde terra, dinheiro, juros extremamente baixos e uma assistência técnicasubstancial. Estes farmeiros portugueses foram primeiramente alojados no ricovalç dio Limpopo em Gaza e nas áreas elevadas de Manica, nas regiões maisférteis que o regime colonial expropriava aos camponeses africanos.

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Por alturas de 1967, por exemplo, cerca de 3000propriedades e plantações europeias controlavam mais terra do que 1,5 milhão defamílias camponesas. O tamanho médio das propriedades europeias era de 562hectares contra 1,4 hectares por cada família africana. Estas empresas capitalistasproduziam, explorando a mão-de-obra africana cujos proventos médios anuais namelhor dJas hipóteses eram inferiores a 3000$00 em 1960, colheitas altamente rentãveis para exportação para os enclaves urbanos europeus e para a Europa.A alteração económica introduzida pelo regimede Salazar, que mais consequências teve, foi a imposição aos camponesesafricanos dum sistema de produção obrigatória de algodão, em 1938, que tinhapor fim beneficiar a indústria têxtil portuguesa que se encontrava em crise. Em1962 as fábricas portuguesas utilizavam 17000 toneladas de algodão a maior parteido qual tinha de ser importado de países estrangeiros, criando sérios problemasna balança de pagamentos. Ein 1950 os camponeses moçambicanos estavam aproduzir o suficiente para satisfazer asnecessidades da metrópole.Ao contrário de outras actividades agrícolas, o estado colonial organizava econtrolava todos os aspectos da produção de algodão. Atribuiu concessões a 12companhias portuguesas, cada uma das quais tinha q monopólio da compra dentroduma área especifica do país. Em cada região o estado estabelecia o miímo deárea que calda família tinha de cultivar bem como um calendário para a plantação,o sistema de monda que tinha de ser seguido, mecanismos de controlo dequalidade e os regulamentos dos centros interiores de comercialização. A Junta deExportação do algodão, controlada pelo Estado, também fixava o preço a pagarpelo algodão bruto a níveis artificialmente baixos para aumentar ao máximo asprobabilidades de lucro das companhias concessionárias e a indústria têxtilportuguesa. Em 1939 o pre-ço médio por quilograma de algodão bruto de prineira qualidade, pago aoscultivadores africanos era de $70. Depois a companhia processava-o e venidia-oàs firmas têxteis portuguesas por dez vezes essa quantia. Por volta de 1957 oproduto médio anual obtido por uma família pelo cultivo ido algodão no norte deMoçambique era 350$00, o que mal chegava para cobrir os seus impostos anuais.Como resultado disto, os camponeses moçambicanos tinham relutâncía emcultivar o algodão e o Estado tinha de utilizar uma variedade de tácticas coercivaspara assegurar a sua submissão. Numa escala inferior, o governo introdu-A alteração económica introduzida pelo regime de Salazar que maisconsequências teve, foi a imposição aos campo. neses dum sistema de produçãoobrigatória de algodãoem 1938ziu um sistema semelhante de produção forçada de arroz.Muitos dos produtos de algodão manufacturados em Portugal com o algodãomoçambicano eram depois exportados para Moçambique onde eram vendidoscom lucros elevados. Em 1967, por exemplo, o8 prc dutos de algodãorepresentaram a terceira maior importação de Moçambique, a seguir aosautomóveis e ao petróleo.

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A importação de produtos manufacturados de a) godão fazia parte duma políticamais vasta iniciada pelo regime de Salazar para assegurar mercados para o sectorindustrial português que era relativamente ineficiente e atrasado, impedindo odesenvolvimento da indústria local. Ainda em 1968, mais de 1/3 dos produtosmanufacturados importados por Moçambique era proveniente de Portugal eMoçambique exportava a mesma percentagem de matérias-primas para Portugal.O limitado idesenvolvimento industriai que era permitido estava quaseinteiramente concentrado em Lourenço Marques e Beira. Tal como no sectorrural, imigrantes portugueses preenchiam os lugares mais bem pagos e osafricanos eram utilizados apenas como mão-de-obra barata. Em 1960 o saláriodiário de um trabalhador africano não especializado no sector industrial era de5$00, comparado com o salário mínimo para europeus de 100$00.TEMPO, N. 467 - pág 59k,

"A NOSSA COMBADITOCUA"Para Antònio Agostinbo Neto, Poeta e ComandanteUrna capMi opaca preenche o tmp A mistifcie~ da morteentre a noticia e a reldade. e aquiSA mistlfic~4 da morte invo1unt4rla mas viva'que possmti ficamos mais fracosparece Dio ter idadeporque o soldado tombado;nio consegue ocupar o espa~ senhil40l vivoque se estendepor stanoie dlorsamntedena eInfnda sentimo-lo efervescente no campo debatalhade punho indicando o objectivo. NUn Comandante, um pensador, tin dirigente,tiniPoea, OMEM CauoDa, ~ ~ <>* .E o exército popular j(á respondeu:-AVANTE!Gulajaz alure..Tomboti o ComandanteEn. as deixou as ordons correctas, ~jànIo sente a 0edaas armas correctas nas mSos correctas. Inem o esqulfe quelite~ TobouemcniuateTomboti o Comandante Vmas antes*cònscio de, que a vida e a Iuta deveni durar sempre mais tin dia, ui nstan*edfnt nmg is-o-Vigilantea!.... 0 Ininigo, 6 esse memo ques dia certio dos perigos da auséncia detin guenilbeiro fara na frenteedente de que este mundo imenso Tombon o Comandanteteni sempre tin lugar para uni soldado ms antes ensinou-nos:insto. -Nunca fraquejar'~Explrou fendo de morte Cada hesita~ nossa 6 urna abertamas DIo fatigado., na muralha da nossa liberdadeEM 1979por onde o inimigo poderá passar. 9caiu na RevolucAo de OutubroTombou o poah

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'iols e ongo., mas deixou livresTEMPO N.o 467 - pàg. WO

que ø ensinou a esperar CNTO E NSETEBRO«a longa fila de carregadores- 0 INDICO . .i som cargas pesadas nos dOiOs» Ao Poeta Agostinho NetoE o -Massunda amigontambém Ihe deve a liberdade.Poet&Comandante: Falo para o homem ser morteneste pais a corpo de saras ,«Nesta hora de pranto e algum sanguetrazdoalém da fronteiravespertina e ensanguentada iNa majs ardente iris do KalaåriManuel** onde cantaste de olhos secosvive livre cm S. Tomé para onde fol d rtado Congo asat e Sanlaodesde o grifo das catanas Libertaste-o em FevereiroPoet onanda.nte: Falo da bandeira vermelha dos teus versose tum povo em pé sobre ø tempo Havemos de coneluir com as nossas måosPaul Robeson agora em quitandas gravese um åpice de moncåo dentro dos olhos «a bonita casa de adoba vermelha»por tita oeta deitado na presidéncia do amoronde caberemos todosCertamente que Maiakovski te visitou mas mesmo todos.(ele inexoråvel futurista e livre como tu)nessa terra de Outubro em Petrogrado de Luanda E também nåo esqueceremos deuma coisa. onde dizem que morresteacredita que te vi comandante Plantaremos o teu «jardim com rosas ebuganvaiWas» na ågua irmå de dois oceanos, e olhavas as naus jå de algasTombaste Poeta-Comandante e aa o antigosempre vitorioso. na guerrilha comum que fizeste naufragarMas erL. Aqui brincam as crian as com savanas rubras e tardes sem erepåseulo erque aprendemos e vamos e aquele teu poema a Emmet Tilltrazåmo-lo n6s-øciar criarnas veias em firia da mem6ria amor e liberdade com os olhos secoe "Como pensarna fua morteDo titulo: se é intiro o rosto da vida,e morna a fissura håmida de monte Cømbaditoua: ceriménaa de..nosso canto com seios e Setembrolimpeza da casa mortukia nonijitmo da dofah~cimeto d-tim.. Instirrec+a %iguagem do mundo åltio dia dofa~eiment4> de um ente querido, em AngolaL.CG.P..S'Antana Afonso Maputo, 16 de Setembro ,le 1979

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eage.....TEMPO N.Q 467 - pág. UzTU NÃ O MORRESTE...Neto:Tu não morresteembora o teu coração deixe de baterTu nunca serás esquecidopelo Povo moçambicanoEnsinaste o caminho certoo caminho da revoluçãoNeto:Os teus Irmãos falam de tie sempre falarãoEsses irmãos que lutam pela liberdadeda Humanidade.A. Carlos Afonso Aluno da Escola Secundária 1.0 de MaioNO MRDIM, DA HISTORIAO MELHOR CANTEIROFoste a última pedrade uma geração de construtores de pátrias.Plantaste no mesmo terreno fértilde Amilcar e de MondIane.Arvore africana com raizes em todos 3s continentesvoz franca combatento e virilfoste amado pelas multidões em luta.Mais feliz,viste o que Amílcar e Mondlane não viram.Mais fellcombatfisf-e até se cumpriro ciclo natura! da vida.Nas armas que foram tuas palavrasnos actos que balizaram tua coragemcolhemos os frutos da árvore que plantaste.Não te dimos adeus.Os heróis nunca partem.No jardim da HistórIao melhor cant!iro é para tiporque plantaste no coração de um povo.A.M.. "'*4 ' ¿ . °" ¿ : ': . -«- ... ....0:.

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CinemaACTASDE MARÚSIARealizador: Miguel Littin Intérpretes: Gian Maria Volonté, Diana Bracho ClaudioOwegonMúsica: Mikis Theodorakis México, 1976,-Actas de Marúsia» é uma crónica sobre a repressão que uma companhia inglesaexerceu sobre uma pequena povoação chilena. Nesta aldeia o povo estavadecidido alutar pelos seus direitos, os direitos humanos minimos.O ponto de partida desta repressão é a descoberta dum cadáver, de um capatazda empresamineira «Marusia Mining Company». O capataz fora assassinado por umtrabalhador exaltado.A intimidação dos patrões provoca a unidade dos mineiros; as suas es. posasorganizam-se; cons titui-se um comité de luta, eleito por uma assembleia popular.Os mineiros aprendem na prática as vantagens duma lutaorganizada, que po d e transformar o seu destino. Conseguem também que o seutrabalho seja reconhecido e avaliado com justiça.Perante a força crescente do movimento ope. rário, a empresa pediu a intervençãodo exército do Chile. A sua própria força repressiva não conseguiu deter a greve.A chegada das tropas a Marúsia desencadeia uma onda de violência, brutal e sempiedade.Marúsia constituirá para todos os trabalhadores o exemplo prático que comprovaque a uni dade e a organização de acordo com uma linha politica clara, é a grandearma dos oprimidos.Com este filme, o prestigiado realizador Miguel Littin enriqueceu o cmemahistórico da América Latina. Pelo seu nível artístico e técnico, «Actas deMarúsiatcuja estreia se aguardava há muito em Moçambique, é um filme que vaientusiasmar os espectadores.1'

AiUTDDIDOGDAIADE uM MERCENARIOCom a delegação da Frente Patriótica seriamente envolvida em projectar aconferêne!& que decorre em Londres na direcção de um acordo, desenha-se commaior clareza o isolamento da delegação do regime ilegal de Salisbúria.As contradições que existem entre os diversos membros da delegação Rodesianaque está presente em Lancaster HOUSE, podem contudo vir a pôr em causa osprogressos já alcançados.É na sequência destes factos que se pode compreender uma saída inesperada dobispo Muzorewa para Salisbúria.Estávamos reunidos com alguns delegados da Frente Patriótica no Royal GardenHotel aqui em Londres, quando subitamente a conversa foi interrompida por umasérie de insultos que soa vam perto de nós. Na mesa ao lado um homem dos seus

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35 anos, alto, loiro, ombros atléticos peito grande e uma cara seca, insultava: «Jámatei muitos terroristas e ainda vou matar mais.»O homem em causa é um mercenário sueco que agora vive em Londres, mas quedeixou a Rodésia em Dezembro do ano passado.Roland escolheu o Hotel onde se encontra hospedada parte da delegação da FrentePatriótica para fazer as suas provocações.Com certa dificuldade, ele foi persuadido a abandonar o hotel- derrotado, envergonhado e vexado porque ninguém dos quetinha insultado lhe ligou importância.. .Só os jornalistas.Mercenário de prõfissão desde há vários aros ele esteve primeiro no Congo Belgaé: depois com os soldados «Briiâncos lutando contra os comunistas na Malaya».Mas a história deste mercenário tem outros precedentes. Esteve no Vietname e emseguida em Angola ao lado da UNITA participando nos combates contra oMPLA.Roland escolheu esta «profissão» em troca da de marinheiro «para lutar contraesses pretos comunistas».Este assassino passeia nas ruas de Londres. Atrás dele ficaram uns quantosmilhares na Rodésia (60% do exército racista) que a Delegação do bispoMuzorewa aqui em Londres parece achar teremo direito de escolherem acidadania zimbabweana.Ele esteve dois anos na Rodésia dc:le saiu por «ter descoberto que a minha pretaestava feita com os terroristas». E acrescenta, enquanto os seus dedos estremecemcomo se estivesse a apertar um pescoço - «se a apanhasse a ela e ao meu filhomatava-os».Roland serviu no Rodhesian Light Infatary num vaso de guerra estacionado nolago da barragem Kariba.Das suas actividades fazia parte apoiar a infiltração de agentes rodesianos naZâmbia, tendo estado envolvido pessoalmente numa operação dentro deMoçambique.Orgulhosamente disse-nos que tinha exercido «em tempos» actividades civis.Essas actividades, descobrimos facilmente, relacionavam-se com o tráfico dediamantes no projecto Angolano do Cunene. Diz-nos, coçando o cabelo, que essaactividade deu-lhe bom dinheiro, particularmente quando esteve com a UNITA:«foi formidável porque levámos todos os diamantes que estavam nos Bancos deLobito.»A história deste Roland - assassino - mercenário é a imagem da agonia do regimeque o utilizou. Os insultos que saíram da sua boca, são os mesmos que adelegação Rodesiana tem feito publicamente para esconder as suas fraquezas, assuas divisões, o seu medo de enfrentar a legalidade.Alves Gomes

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Visite-a nos postos de exposição:N 1 na Av. Kari Marx, 670/8 - telef. 23595 - "N" 2 na Rua dos Irmãos Roby, 1484 C e DN.O 3 na Av. Eduardo MondIane. 2958 - telef. 732897 N., 4 na Esquina dasAvenidas 25 de Setembro e Karl Marx - telef 22735 em Maputo

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