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encia......na decisão da escolha.No simples gest de o acender. No p, razer de o fumar Na alegria e o oferecer!EXIGÊNCIA, marcando o ritmo no trabalho, na acção e no prazer!M Um cigarro completo. Equilibrado. ,., L ...... IMUm cigarro totalmente conseguido.

....A NOSSA CAPA: Kwarne N'Krumáh. Filho da África queressuscitará todas asmadrugadas no coração dos combatentes para presidir aojulgamento da História. S DirectOr-Vota .Lapes; Chefe de Redecçáa.-AlbinoMagia; Chefe de lepoetagemCalane da Silva; Rdacç8 0 Repoetagem -Mendesde Oliveira. Luis David. Alvas Gomei, Jos6 S6; Noflclárlo, Actualidades o secçis-Maria Pinto Sé, Agostinho de Campos, Dipac Jaiantilal, Rosário Fernaíndes;Fotografia- Ricardo Rangei (chefe) 'Kok Nem, Armindo Afonso: Maquetlçlo-Lourenço de Carvalho (chefe) e Eugénio AI.'Ias ;t l c a s N a 4lclo sas ~N ov a C hin a. N vost , A D N . r m e Press aInfar N etio nes ; Propriedade - Tempogréfica $ARL; Redaaç&e, Adminlstração,Serviço& Cameraa a Oficnas-'Av. Afonso de Albuquerque, 1017.A e m, PrédioInvicta (Cave, R6i do Chio* e &.o andar), Telefones -26191, 26192 e 26193 Caixa Posfal2917-1ourenço Marques.Moçambique.ANTOLOGIAE DOCUMENTbS A qA tradição oral . . . . 30 N.oPortugal e Moçambique de.finM situação de adidos 38 Cota..........Antologia Kwame N'Krumah 32APELO9 ENTREVISTAPaludismo: Um combate difícil . . . . . . .REPORTAGENSCartas de condução: Porquêa longa espera dos candidatos? ........ ..24Moçambique precisa de sangue ... ...... 601 APONTAMENTOTanzânia e MoçambiquerI,'nic foíi00 ;m,

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Presidente Samora visita aTanzânia .. ..... 5 Inhambane: Uma potênciaagrícola em organização 181 AReuniram-se em N aehíngwea os presidentes de três dos mais progressistaspartidos da África: Samora Machel, Kaunda e Nyerere, Os partidos são aFRELIMO, a UNIP e a TANU.Esse encontro, que despertaria as :atenções do mundo aconteceu numa altura emque todos os governos progressistas estão de, punho levantado contra a Rodésiade Smith, contra a África do Sul de Vorster, contra os fantoches da FNLA, contraa ilegalidade da ocupação da Namibia.Esse encontro ¿ o marco histórico queficará a assinalar a primeira vez que inueles três dirigentes estiveram reunidos emterritório moçambicano porque, de farto, Nachingwea, se bem que em terr;tóriotanzaniano, é Mocambique. E é-o pelo facto de ser ali onde está uma das maisimportantes forças motrizeg da revolução: é-o pelo facto de ser ali ¿ onde está aprimeira grande fonte docaldeamento cultural moçambicano, a primeira grande fonte do redescobrimentoda nossa tradição e vocação africanas.Esse encontro, para além de todas as outras significações, mostra a determinaçãodos responsáveis e dirigentes da luta na África Austral em manter a unidade,unidade que é o terror do imperialismo que não vê a brecha por onde se possainfiltrar, daí que recorra ao assassinato de líderes como ainda há ponco tempo ofez com Chitepo.Esse encontro vem, mais uma vez, assinalar a determinação de Moçambique deretribuir exactamente da mesma maneira ao povo tanzaniano e ao povo zambiano:fazer de Moçambique uma hbse revolucionária para os povos do Zimbabwe e daÁfrica do Sul. cuja vitória h-de trazer benéficos efeitos para a 79.mhia, para aTanzânia e para toda a 5frica..Seminário Nacional de Alfabetização ..... 46* SECÇõEàÀ Redacção . . . . 2Vimos, Ouvimos e Lemos . 16Tempo Desportivo . . . 54ú ÚLTIMA PAGINAAcautelemo-nos do surtoEvangelista .. . . 64M~ ~ ii .:" ~M "-I*E1.1Depois de ter visitado demoradamente a Tanzânia, numa missão de amizade e deagradecimento, Samora Machel recebeu o convite de Kaunda para visitar aZâmbia, A missão é a mesma, os objectivos os mesmos. Samora, em nome doPovo moçambicano, em nome do Governo moçambicano, vai agradecer, destavez, ao Povo zambiano o apoio moral que deu à nossa luta, aos nossoscombatentes; o apoio material que deu à nossa causa; o dinheiro, o sangue, ocarinho.

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E Pis norque a África vencerá. A África deixou de ter medo e fala em voz alta. Oencontro dos três dirigentes eouivale a um grito de desafio ao imperialismoimplantado na África Austral. Equivale a uma grande e colorida bandeira. Abandeira da Unidade, a bandeira da Determinação Revolucionária.

POR QUE NÃOSE FAZ OUVIRA VOZ DA MULHER?Esta cçao não tem recebidoo apoio e colaboração da mulher moçambicana. Publicam-se aqui cartas quefalam da libertação da mulher, cartas que falam da abolição do lobolo; cartas queatacam a prostituição; enfim, cartas sobre o momento presente, focandoproblemas que não poderão ser resolvidos sem se tomar em conta a opinião damulher moçambicana.Ela não pode deixar que sejao homem a debater os vários problemas que afectam a dignidade da mulher comopesa.Claro que o seu silêncio faz com que o homem, numa atitude paternalista, venhapor ai armado em emancipador ou, bem pior, torça o nariz para toda a política deemancipação da mulher moçambicana.Esta não é uma secção dehomens. Esta não é uma secção de cartas que sejam modelos de obra-primaliterária. Escrevo-nos leitora e dialoga desse modo com os milhares de leitores da«TEMPO». Temos espaço parati....O teu silêncio acusa-te. Fazpeinsar que ainda não compreendeste que o grande inimigo damulher foi o colonlaliamo.CARTAAOS DIRIGENTESDOS AUTOCARROSDO MAPUTOExmos. camaradas dirigentes dos autocarros de transportes da Província doMaputo, nomeadamente dos S.M V. e da CT. M.Camaradas:Dentro do espírito de critica e auto-crítica que caracterizam a fase da vidaque atiavessamos no nosso País, tenho a liberdade de escrever aos camaradassobre o seguiinte:Numa das suas alocuções, o camarada Ministro da Educação e Cultura, disse emuito bem, que quem era estudante é porque o era inevitavelmente durante as 24horas por dia e por consequência, durante sete dias por semana, o que todos nósreconhecemos ser uma puríssima verdade..Portanto, um estudante não o é apenas nos dias úteis da semana e muito menosaté às 19 horas ou 20 horas desses mesmos dias; quem é estudante é porque seconsidera tal desde que nasce o dia até onde julgar poder desempenhar as suas

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funções, portanto, durante essas 24 horas que o dia contém e durante esses setedias que da mesma maneira contém a semana.E como é que se justifica que os camaradas ainda não tenham dado ordens parapermitir que um estudante circule livremente nos autocarros, independentementeda hora do dia da semana?Pois nós sabemos que durante o colonialismo, não era permitido que as pessoas sereunissem para debater os seus problemas, o que levava o estudante a recolher acasa assim que acabassem as aulas.Agora é diferente; como julgo que os camaradas já devem saber, o estudante eitáengajado em várias frentes de combate, nomeadamente nas que dizem respeito àalfabetização e à escolarização e aue normalmente vão até às 21 horas.Ora com esses controlos iá de si inJustificáveis e condenáveis dos horários e diasde validade do c a r t ã o escolar, acham os camaradas que o estudante poderádesempenhar as suas funcões sem subterfúigios?Tnfelizmente não, camaradas, e pior ainda, pois que a luta continua e só há bempouco tempo é que a começamos!Pelo que em nome de todos os meus colegas, peco aos camaradas que reveiamessas estrilturas coloniais que dificultam uma das mais importantes tarefas para areconstrução Nacional.JEREMIAS TUZINE J('NIORA BANDEIRACALDAFiquei satisfeito pelo «Tempo» n.° 239- 27 de Abril de 1975, e gostei das palavras do camarada António Cossa.A bandeira da FRELIMO, nunca deveria ser comercializada.Essas pessoas que as vendem é, ou porque não pensam ou porque talvez estejamcontra, a independência de Moçambique.,Por que é que antes não se vendia a bandeira portuguesa?Se eu fosse sapateiro, faria sandálias ou sapatos, com a bandeira Portuguesa,porque já chegou o ano em que a bandeira Portuguesa caiu no chão.Poderia pôr o preço mínimo nos objectos feitos com a bandeira portuguesa elevantar a nossa bandeira da FRELIMO.AVELINO ERNESTON. R.- Leia a carta que se segue ecorrija-se, camarada.BANDEIRAS INIMIGASTORNAM-SE IRMÃSNo dia 25 de Junho assistiremos em cerimónia "de profundo significado, ao arrearda Bandeira Portuguesa e ao hastear da Bandeira da FRELIMO.Não podemos esquecer que a bandeira do Portugal europeu descerá cheia dedignidade, para dar lugar à bandeira do Moçambique Novo.É que a bandeira das quinas não é a bandeira de Salazar ou Caetano, mas pertenceàqueles que fizeram o 25 de Abril, aniquilaram a colonial fascismo, aceleraram oprocesso de descolonização em África e agora abraçam o socialismo numasimbiose de sentimentos que os torna irmãos dos moçpmbicanos 1-res.

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Tal como a mãe que vê a filha ganhar a emancipação e a independência pelocasamento, para uma vida nova, assim a bandeira portuguesa dará lugar àmoçambicana, numa separação geográfica, mas em união íntima, num pulsar decoração que, sem afastar, une e fortalece.Nação velha e nação nova, dois baluartes em separados continentes, mas ligadosno mesmo ideal pela conquista dos sagrados direitos do homem, na luta contra oimperialista colonial fascismo.EDGAR MAIAS DA SILVABANDEIRANOS SAPATOSE CAMISOLASNa revista «TEMPO» n.° 239, de 27 de Abril de 1975, vieram publicadas umascartas de vários leitores, esclarecendo as suas opiniões sobre a venda dascamisolas com o emblema da Ban-

PAGINA adeira da Frelimo (do Povo de Moçambino).Na minha opinião, não vejo necessidade nenhuma de os comerciantes andarem avender aquelas camisolas, sapatos e sandálias para senhoras, com aqueleemblemada Bandeira do Povo. Se isso não fossi uma coisa respeitada, por que é, que desdemuito tempo nunca andaram a vender umas camisolas com o emblema daBandeira Portuguesa? Se os comerciantes 'gostariam de razer isso como elespensam, por que é que não faziam essas camisolas ou sapatos com aquelesemblemas, no tempo do Governo de Mfarcelo Caetano? Nessa altura então, elespodiam fazer o melhor negócio e muito apoiado por muitos Moçambicanos.Porque vejamos de que eles pensam de que toda a população do Rovuma aoMaputo, os está a apoiar em serem camaradas de nível aprumado!Aquelas camisolas, sapatos, etc. que vendem com o emblema da Bandeira daFRELIMO, mereciam ser oferecidas ao Exército Popular de Libertação deMoçambique, para ginástica dos mancebos recrutados ou a recrutar no nosso Pais.Eu;lémbro-me muito bem que no tempo do Governo do fascismo saiu uma moda:umas camisolas com o emblema dos COMANDOS e depois por baixo do mesmoemblema vinha a palavra «COMANDOS»! Essas camisolas levantaram um pé devento, nem passaram dois meses sem ter publicado no jornal «Notícias» de queaquelas camisolas não podiam ser vestidas por pessoas que não estivessem natropa, porque elas estavam a cumprir uma missão e não estavam na brincadiÍ'-'Dito e feito, mesmo a coisa estava certa liPergunto eu, então por que motivo os fabricantes das roupas em Moçambique,preferiram confeccionar umas camisolas com o emblema da Bandeira do PovoMoçambicano?Por que motivo andaram a fazer a figura do Camarada Samora Moisés Machel?Uma coisa muito triste, ao ver de todos os moçambicanos, porque os fabricantesnão têm nada que fazer a figura de um Presidente do Povo, nos vestuá"rios.Houúe aqui em Moçambique muitos Governadores-Gerais; por que nem sequerpelo menos uma só vez vimos uma figura de um desses Governadores, nas

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camisolas? Nem pelo menos a figura do Governador Gabriei Teixeira, de quetantos os portugueses gostavam!....As figuras desses, somente vinha nos livros escolares, que era para os alunos ealunas que andam nas escolas, começarem daí a respeitar os membros doGoverno. Eu conto os meus 35 anos de idade, nunca vi uma camisola com oemblema dos Presidentes: Carmona, Craveiro Lopes, Américo Tomás, ou a doSalazar e Marcelo Caetano! Pergunto eu novamente: As fábricas de roupascomeçaram a trabalhar depois da assinatura do Acordo de Lusaka? Portanto, nãoadmitamos o que foi declarado pelo camarada Robalo na revista atrás dita. Essesfabricantes se quiserem, podem fazer umas camisolas de quaisquer cores, com osdizeres «O. M. M.», para as senhoras moçambicanas usarem no dia 7 de Abril decada ano, por ser o dia marcado para elas em todo o Pais.O Presidente Samora está a dirigir uma Organização Política e essa Organizaçãoestá a trabalhar juntamente com o Governo do Povo. Portanto, ele não éPresidente de uma competição Desportiva!....A FRELIMO não é uma Organização Desportiva, que precisa de ter umaspropagandas idênticas a estas, que está a passar por meio de camis.olas e sapatos.É uma Organização Política e Orientadora do Povo Moçambicano.Eu, da minha parte, achomuito mal rfeito essa mania dos fabricantes, que andam afazer pouco do Povo Moçambicano.Qual é o moda que os mesmos fabricantes quererão fazer para a próxima Selecçãode futebol do Povo Moçambicano? Portanto, acho eu que enquanto não existiremcamisolas para esse fim, essas mesmas que eles dizem que a População é quequer, serviam para a Selecção.Adoradamente e com toda a minhahonra e respeito, dou por finda esta minha carta, pedindo desculpas 'a todos osi~os Moçambicanos, do Rovuma ao Maputo, por qualquer erro que tenhacometido, finalizando por dizer:UNIDOS.INDEPENDÉNCIA OU MORTE.VENCEREMOS.JOÃO LINO(Trigo de Morais)AINDA O PROBLEMADO LOBOLOEntre, v á r i o s problemas que preocupam os jovens moçambicanos, nos dias dehoje, destaca-se o «lobolo». Este, segundo a nossa tradição, é o dote que se dá aospais da noiva como prova ou penhor 'da união das duasfamílias: a da noiva e a donoivo. No entanto, ao longo dos anos o LOBOLO foi perdendo este seu valorprimitivo, ou melhor: foi deturpado.Não nos é fácil discernir claramenteos factores que contribuíram para a deturpação do LOBOLO. Será pela ganânciaque certos pais chegaram até estapraxe? Ou o mero facto de terem filhas os levou ao auge de angariarem fundospara certos empreendimentos?! O caso é para certa reflexão..

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Tomando sob o ponto de vista geral a emancipação da Mulher Moçambicana,inquirimos a uma jovem monitora escolar:« O que achas'do LOBOLO? - continua ou não?- Eis a resposta da nossainterpelada, «Eu sou apática, indiferente, neste caso. Se <>preço do meu-dote épouco ou bastante elevado, isso é com os meus pais, minha família é o meu futuronoivo». Perante uma afirmação destas, ficámos deveras com uma triste impressão.Disto concluímos que não é só esta camarada monitora que assim pensa, masinfelizmente há muitas outras por Moçambique fora agarradas a este sistema.Caros compatriotas, nós criticamos:a) Todas as jovens que, por apatiatotal ou por timidez inata, se deixam passar por artigos expostos na montra àespera de compra, ou como se, de simples vacas na praça, à disposição do mesmo,se tratasse.b) Todos os jovens que, levados pela facilidade de arcar com a responsabilidadedo seu dote, viram as costas a este importante dilema.c) Certos pais que se aproveitam datradição e da apatiadas suas filhas, para consciencializá-las fazendo especulaçãosob forma de LOBOLO na pessoa do futuro genro.De qualquer forma a resolução deste problema cabe à Organização da MulherMôçambicana, a promotora da dita emancipação. Esta é a nossa dedução.Dado que este nosso grito não é destruidor, convidamos todos os que vivem asrealidades do Povo Moçambicano, do Rovuma ao Maputo, a ponderar sobre esteproblema.Gratos pela vossa atenção e compreensão, vossos camaradas do Alvor,VITOR CHIVITE DIAS SITOEeJAIME ZAQUEU MAÚSSE

* A especulaçãocontinua nas zonassuburbanasCamaradas amigos: não gostava de falar na especulação, mas sinto-me chocadoquando vejo que a especulação continua nas zonas suburbanas. Os cantineiros dossubúrbios em vez deservirem o povo, continuam a explorá-lo através dos preços que marcam, em cadadia da semapa. Não digo que é mau ter uma cantina ou um negócio qualquer, masé preciso saber ganhar o dinheiro, não ganhar 100 por cento como ganha aquelecantineiro da casa Molula, que vende pilhas a 15$00. Como é que podemoschamar a um homem desses?«Especulador!»Chamo a atenção aos outros cantineirosque fazem o mesmo que ainda não foram descobertos, ou denunciados, quepárem com a especulação.Devemos ganhar o nosso pão atravésdo nosso suor e não do suor dosoutros.

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Denunciar tudo o que é mau, é defendertudo o que é bom.SAMUEL JOSÊ MAHANJANESenhor Director:A propósito da carta que vem na úl tima página do númem 240, assinada pelocamarada Amílcar Paulo Dava, sob o título «Quem é o Chipenda deMoçambique», queria rectificá-la, pelo facto de ter dito que o Chipenda é umcamarada.Ora vejamos aquilo que o Chipenda é: 0 Daniel Chipenda é um lacaio doimperialismo e capitalismo. Após ter sido expulso do M. P. L. A. - vanguarda doPovo Angolano, onde tinha dividido neste movimento e liderado uma facção quese dizia que era «Facção Chipenda», e pretendido liquidar fisicamente o camaradaAgostinho Neto, entrou no território angolano armado, tendo na altura sidoconvidado pelo Presidente da F. N. L. A. a integrar-se neste movimento. O DanielChipenda, já dentro de Angola, tenta a todo o custo, concretizar o objectivo quenão conseguiu junto do M. P. L. A.; provocando e atacando populações indefesase quartéis do M. P. L. A., facto que tem feito derramar sangue de niuitosangolanos nossos irmãos na luta pela libertação das garras do colonialismo. Esta éa verdadeira face do Daníel Chipenda como inimigo do Povo angolano, não comacamarada.Lacaios como este tínhamos no seio da FRELIMO, mas quem ia ser o verdadeiroChipenda de Moçambique era o Urias Simango. Urias Simango, depois de terexercido um cargo na FRELIMO id~ntico ao de Chipenda no M. P. L. A., foiexpulso e refugiou-se na Coremo, onde se tornou presidente, quando houve aprovocação sofrida pelo Povo de Moçarbique do Movimento de MoçambiqueLivre, juntou-se com outros lacaios, os Jorges Jardins, Joanas Simeões,Mesquitelas e Companhia, só para mostrarem'a verdadeira face deles. O Povomoçamibicano consciente da linha correcta do nosso Guia - FRELIMO - lutou evenceu sem armas, mas sim com a vontade e o desejo de ser livre. Agora osChipendas de Moçambique estão em Nhachingueya, a poucos quilómetros donosso camarada Presidente Samora e o Chipenda de Angola anda à solta sóporque tem padrinho -~a F. N. L. A. - e mantém-se em acção.Com isto não quero dizer que o Povo de Moçambique não tem inimigos! Por issotemos a palavra de Ordem VIGILÂNCIA, para detectar os novos ChipendasMoçambícanos.Viva o MPLA!Viva a FRELIMO!Abaixo o imperialismo e o capitalismo.A luta continua.ALBINO FADUCOFuncionário da ULMIISTRIBUIDORES DA DEVISTA "TEMPO"PROVINCIA DO MAPUTOCentro Comerc, da Manhiç a. Manhiça Fernando Teixeira Fonseca ..... MaciaEstalagem Pinto ......... ...... NamaachaIssufo Alam ................... Moemba

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PROVINCIA DE GAZAAmilcar 'Simes Juli ...... Malvérnia Casa Liz .................... lío Be1OLivraria Católia ...... Trigo de Morais Luís Gomes Breda ............ IncoluanePROVÍNCIA DE INHAMBANEAfricano Benete ....... .......... QuissicoAugusto Frechaut ............ MarromeuHeisn. Lima .................. InhambanePROVÍNCIA DE MANICA E SOFALA Helson Siva ........................ leiraPROVINCIA DA ZAMBUIAPROVINCIA DE NA4PUJLACindido C. Munguana ......... Nacala Casa Spanos .................... HampuláPapelaria Abrantina..... Antônio EesPROVÍNCIA DE TLEiinácio de Passos ..................... TeteMaria Inicia Osório ......... Quelimane Papelaria Central ............... MocubaPROVÍNCIA DE CABO DELGADOPRIVIlrIA fli MIA.AMagude Comercial, ida. ...... Magude Manuel F. Oliveira & Filhos ... ChibutoCasimiro José Alves ...... Vila CabralDomingos da S. Leal ... Moc. da Praia Sotil ......... Porto Amélia!, Todas as cartas com pedido de assinatura deverão ser dirigidas 1à «REVISTA, TEMPO - DISTRIBUIÇÃO (6.0 andar)» - Av. Afonso de AIIbuquerque n.° 1017 ou à Caixa Postal 2917- Lourenço Marques.

IRE SIDE NTFEao"povoSAM o RA,.tanzaniano. .. «Foi, uma, grande lição a que o Povo da Tanzânia deu ao Povo deMoçambique e ao mundo inteiro. Os nossos feridosde guerra, bombardeados e queimados pelas «NAPALM», foram salvos nosvossos hospitais, pelo sangue que o Povo da Taniânia ofereceu ao Povode'Moçamblaue. , Diremos, que existe hoje uma fusão de sangue: sangue detanzanianos em Moçambique, sangue de. moçambicanos naãTanzânia. Esta ajudaque vocês deram, significa a participação directa na LUTA DE LIBERTAÇÃONACIONAL em Moçambique. Não podemos dizer que deram uma ajuda,dizemos que participaram na nossa guerra - vocês eram a nossa base»PresidenteSamora no dia 1 de Maio, em Tanga.missão de amizadee agradecimento

Existe hoje uma fusão de sangue: sangue tanzanianq em Moçambique, sangue demoçambicanos na Tanzânia.Durante cerca de dez dias uma delegação moçambicana chefiada pelo PresidenteSamora fez uma visita de despedida e agradecimento ao povo tanzaniano pelo

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apoio e colaboração que este e a sua vanguarda política, a TANU, prestaram àLuta de Libertação Nacional de Moçambique.As províncias e localidades a que a comitiva moçambicabicana se deslocou,foram as que maior contribuição deram à luta armada. Assim, Tanga, Mosbi,Arusha. Dadoma, Iringa. Mbeya, Mutuara, Tunduru. Lindi, e Nachingweaprestara calorosa recepção ao Presidente da FRELIMO compro-vando a admiração que lhes merece o povo moçambicano bem como o idealrevolucionario que comungam com os seus irmãos de Moçambique: a luta contra4 exploração, contra o colonialismo e contra o imperialismo.Esta viagem serviu também como despedida à Tanzânia, como um meio deconsolidar a amizade natural que liga os povos de Moçambique e da Tanzânia eainda para o reforço e troca de experiências na luta contra as forças reac-cionárias pela construçao de dois países progressistas.* TANGA.0 INOCIO DA DESPEDIDATanga foi a primeira cidade tanzaniana que recebeu a delegação moçambicana.Ali viram-se milhares de pessoas no aeroporto, ao longo das ruas por ondepassaria a comitiva presidencial e em frente à sede da TANU. Ainda no aeroporto,um grupo politico-militar de «Jovens Pioneiros» apresentaria ao PresidenteSamora várias àaudações.O início da viagem coincidiu com o dia 1 de Maio, «Dia dos Trabalhadores e dosCamponeses». como diria o Presidente Samara num brilhante improviso proferidonessa tarde no estádio dessa cidade. No mesmo improviso e a respeito da visitaque se iniciara, disse ainda o Presidente Samora: «Somos enviados para agradecerao povo da Tanzânia e dizer que a guerra que vocês apoiaram, a ajuda que vocêsderam, já¿ triunfou em Moçambique. O colonialismo português acaboudefinitivamente em Moçambique .... De Tanga.a delegação seguiria no diaseguinte para

Moshi, onde uma multidão calculada em cerca de cem mil pessoas ovacionou c a1 orosamente e'Presidente da FRELIMO no percurso .'entre o aeroporto e opalácio do Governo. Na mesma manhã decorreu um comício no estádio deJamhuri com elevada multidão, povo que através de danças tradiçionais adaptadasà linha progressista da TANU saudou a FRELIMO pelas vitórias alcançadas. Denotar que em toda a viagem a maioria das danças, cantares e desfiles, eramexecutados por crianças, os «Jovens Pioneiros», pertencentes às diferentes escolasda região visitada.No mesmo dia, a delegação deslocou-se em cortejo automóvel para A r u s h a,cidade que, como Moshi, pertence à província de Kilimanjaro. Nova e majestosamanifestação popular esperava a delegação de amizade moçambicana. ' Toda arestante viagem, de~ correu dentro do mesmo espirito: o espírita fraterno esolidário que o povo tanzaniano em cada comício, em cada recepção feztransparecer em relação à luta que o povo moçambicano sustentou.Três vilas, nomeadamente Kongwa, Tunduru e Nachimgwea, foram os locaisonde o povo.tanzaniano e o Presiden-

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te Samora mais se sentiram ligados, onde a despedida se tornou mais calorosa atéaos últimos momentos Trta-se de três vilas com - quais a FRELIMO se encontraligada de acordo com diterentes fases da luta. Assim, muito perto da vila deKongwa encontra-se a primeira base de treino político-militar da FRELIMO naTanzania. Foi nessa base que se formaram e se prepararam os primeiros duzentose cinquenta combatentes da FRELIMO. Foi a população de Kongwa que prestouos primeiros auxílios materiais à FRELIMO e os primeiros apoios à luta armada,que ao fim de dez anos deluta levaria o povo de Moçambique à sua independência. A população daquelavila diria o Presidente Samora: «Foram vocês quem viu nascer o exér'citorevolucionário que libertaria Moçambique».No fim do seu improviso o Presidente recebeu de un, výlho, visivelmenteemocionado, e a quem a FRELIMO comprava produtos alimentares, um chequede ajuda para a reconstrução do Novo Moçambique.Nas visitas às vilas de Tunduru e Nachingwea, o camarada Samora Machel eraacompanhado pelo Vice-Presidente da FRELIMO, camarada

Em cima e à direita: Nas ruas, nos estádios, milhares de íessoas manifestam oseu regosijo.Chegada a Dodoma.damMarcelino dos Santos e pelo Ministro da Informação, camayada Oscar Monteiro.Nestas visitas de despedida a regiões que entraram na história da revoliuçomoçambicana, o povo tanzaniano recebeu a delegação moçambicana como serecebesse uma delegação da TANU. Um jornalista tanzaniano que cobria oacontecimento referiu-se a essas mqnifestações dizendo que -o povo de Tunduru,Nachingwea ou Kungwa recebe e escuta o Presidente Samora como se k)ecebessee escutasse o Presidente Nyerere.,* TANZANIANOSE MOÇAMBICANOS:DOIS POVOS UNIDOS«Podemos fortalecer as relações entre a Tcmznia e Moçambique. as relações entrea FRELIMO e a TANU, visto termos os mesmos principios, a mesma política, asm e a m a s preocupações. P o d e r e m o s transformar a face ,dos nossos países.fazer dos nossos países atrasados países progressistas- essa a nossa preocupaçãol Para isso teremos de combater o tribalismo e todas asforças reaccionárias» - a f i r m o u o Presidente Samora em Moshi. Mais tarde,em Dodoma, o Vice-Primeiro Ministro d aquele pais irmão, apresentando oPresidente da FRELIMO ao povo da capital política da Tanzânia, afirmaria:«Temos orgulho que tenha sido o oxigénio desta província que vos deu sangue eVos alimentou o conhecimento para iniciarem a luta de libertação».Em muitos dos improvisos proferidos pelo Presidente Sa-mora, foi frequente o tratamento do povo da Tanzânia, como «povo irmão dopovo moçambicano».Na realidade, o povo tanzaniano, oferecia o seu sangue para os feridos da lutaarmada, formando longas bichas nos hospitais. Muitos tanzaniinos que viviam nas

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regiões do Rov u m a, morreram queimados pelas «napalm» e pelos frequentesataques do exército colonial português. A Tanzânia, apesar de ser um pais queainda vive em estado de pobreza, nunca recusou qualquer auxilio material àFRELIMO. A

Uma imagem vinda da Tanzânia que podia muito bem ter sido tirada emMoçambique.squerda: Continuadoras da Tanzânia, sauPresidente Samora.Em cima: A alegria é bem clara em todos os rostos dos dirigentes tanzanianos eno do Presidente Samora.O povo tanzaniano recebe e escuta o Presidente Samora como se recebesse eescutasse o Presidente Nyerere.sua vanguarda política, a TANU, os seus membros, transmitiam as suasexperiências à Frente de Libertaçao de Moçambique para um constanterenovamento de' tácticas ofensivas e armadas para rechas-sar o inimigo explorador do povo moçambicano. O povo da cidade de Mutwara,cidade costeira tanzaniana a norte de Porto Amélia, viu-se privada de luz eléctricadurante vários meses a par-tir das dezanove horas, porque era constante o sobrevoamento da cidade poraviões portugueses que lançavam panfletos, e algumas vezes, bombardearam àsportas da cidade.Agora que a FRELIMO se despede do povo tanzaniano, antes do seu totalregresso a Moçambique, em cada comício realizado voltam a ser oferecidasdádivas em dinheiro. Milhares de xelins foram afere-

:or

Somos enviados para agradecer. ao povo da Tanzânia e dizer que a guerra quevocês apoiaram, a ajuda que vocês deram já triunfou em Moçambique..i~4 . ... .Em cima: Um elemento da Organização da Mu- À direita: PresidenteSacmora na chegada alher Tanzaniana, numa imagem cheia de ternura Moshi.nbtida emn Moshícidos ao Presidente Samora pelo povo de varias regiões visitadas.* A TANZÂNIATAMBÉM NASCEUDE UMA COLÓNIAAo chegarmos à Tanzânia, e durante os primeiros contactos com os nossoscolegas da lmprensa daquele país, fizeran-nos notar por diversas ve zes queestávamos de visita a xim pais pobre. No entanto, a Tanzânia nao é de maneiraalWina pobre, ela apenas vive ainda a pobreza e a miséria que os colonialistasingleses lhe' legaram. Como em Moçambique, apenas as regiões ricas e de fácilexploração para os colonialistas eram incrementadas. Regiões ricas como as doRovuma, Dodoma, etc. ficaram abandonadas durante a era colonial porque ali era

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necessárió trabalho, ali o investimento era menos rentáyel para os objectivos docolonialcapitalismo.«0 conhecimento entro nós 'é o de todos nós possuirmosas cicatrizes do colonialismo. Cada um de nós - prosseguiu o Presidente Samoraem Moshi- tem um passado triste, ou seu avô, ou seu pai. foram en-. carcerados ou as s assinados brutalmente pelo colonialismo, para poder dominar a nossa teura, parapoder explorar à vontade as nossas riquezas. Por isso, o nosso conhecimentoresulta sobretudo da humIhaçao, da destruiçao da nossa personalidade africana».A Tanzânia não é poranto um país pobre e a comprová-lo estão as aldeias«Ujamaa», (aldeias onde o p o v o vive orientado por ideias socialistas), está oimenso esforço produtivo levado a cabo pelo povo tanzaniano.Os camponeses organizados em a 1 d eias-cooperativas (aldeias «Ujamaas»), têmvindo a aumentar a produção agrícola de tal modo que algumas indústrias estão a.ser montadas para o aproveitamento dos seus produtos.A região de Iringa, principal produtora de milho e a região de Mbeya produzemcerca de 100 000 toneladas deste cereal. Uma outra província, a de Mutwaraproduz cerca de1quatro quintos da produção anual de castanha de caiu da Tanzânia e, note-se, queeste pai é a seguir a Moçambique o segundo produtor mundial daquela castanha.A província de Kilimanjaro tem alguns milhões de cabeças de gado, e o distrito deArusha tem cerca de dois milhões de cabeças. Na mesma província se produzbastante café, trigo e milho, estando montadas indústrias para o seuaproveitamento. Em Mbeya será iniciada brevemente a exploração do ouro,estando nesta altura em estudo as suas reservas.Quando a Tanzânia se tornou independente era um pais pilhado. Mas, graças aoesforço do seu povo, conseguiu sobrepor-se às dificuldades com os sacrifícios quefaz na sua reconstrução nacional. No passado dia 1 foi anunciado oestabelecimento do ordenado mínimo correspondente a mil e trezentos escudospara todos os trabalhadores.E JUVENTUDEFAZ RENASCERA CULTURA NACIONALDurante toda a visita do Presidente Samora à Tanzânia era notória a presença, nosestádios e nas ruas, de manifestações culturais de crianças. Os «JovensPioneiros», assim é o nome dos continuadores na Tanzânia, são a garantiaabsoluta da continuidade revolucionária da linha política da TANU.Todos os programas das sessões culturais a que assistimos, eram preenchidosquase na totalidade por jovens de menos de dezoito anos. As paradas nosaeroportos e nqs comícios, na sua maioria também foram executadas por jovens.Deve-se isto ao imenso esforço que a TANU faz em dar prosseguimento à sualinha política através da juventude. Todos os jovens estudantes têm nas suas'aulas períodos dedicados à cultura tanzaniana. Deste modo, torna-se notória areconquista da personalidade cultural tanzania-obtida em Moshi

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A vitória da Áfric"epende da Juventude. A preocupação da FRELIMOé a de criarum homem novo, uma nova mentalidade ivre e, sobretudo, libertar a iniciativacriadora.,Presidente Samora em Kongwa, primeiro campo de treino político-militar daFRELIMO. Aqui nas.eu, por assim dizer, a Frente de Libertação de Moçambique.na através das danças, poesias, cantares e teatro. Por outro lado, está dependenteda iniciativa dos jovens a criação dos versos das canções revolucionárias quedevem cantar, A juventude tanzaniana conhece bem a luta de libertação deMoçambique, assim como a linha política daFRELIMO.«A vitória da Africa depende da Juventude africana. A pzxeocupação daFRELIMO é a de criar um novo homem, uma nova mentalidade livre e,sobretudo, libertar a iniciativa criadora. Só assim nós construiremos a unidadeverdadeira que aqui foi ,cantada pela Juventude: só assim diremos: a FRELIMOtriunfou, a TANU triunfou» - Presidente Samora quando em Moshi se referia àbreve sessão cultural apresentada por jovens continuadores.E TANU E FRELIMO:IDEOLOGIA IDENTICA«Vocês não se vieram despedir de nós, porque ficarão sempre connosco. A TANUe a FRELIMO são os mesmosi» Jackson Kaanga, Governador de Arusha, falandopara a delegação moçambicana.«A FRELIMO foi criada na Tanz&nia em 1962. Nessa altura a Tanzânia aindanão tinha consolidado o seu poder político e o seu poder económico, não tinhaquadros. A partir da altura em que se tornou independente, o Presidente Nyererefez uma declaração histórica: «A Tanzânia não se consider a r á independente,enquantohouver partes de África sob o domínio colonial».«Todos os membros da TANU e do Governo seguiram esta orientação. Não sesentiram país livre e independente, enquanto os países que consigo faziamfronteira (Zâmbia, Malá,vi Moçambique e outros) não estivessem independentes»- Presidente Samora, em Dodoma.«A vitória que nós vos trazemos aqui não é a vitória do povo moçambicano. Éuma vitória do povo tanzaniano. é uma vitória da FRELIMO, éuma vitória da TANU - Presidente Samora emLindi.«0 povo da Tanzânia está à disposição da FRELIMO. porque o vosso partido e aTANU para nós são iguais» - Jackson Kaanga, em Arusha.Em Iringa, jovens pioneiros, os continuadores da revolução tanzaniana, saudarama delegaçáo dc FRELIMO, entoando uma canção com os seguintes versos:«E s t a v a m amarrados pelo colonialismo mas já rebentaram as cordas/O povoda Tanzânia ajudou e quer ajudar ainda mais a revolução de, Moçambique».

... porque assim ganho ir e ajudo a construir o menais dinheiroui Pais!

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verdade! Depositando as minhas economias no Instituto de Crédito deMoçambique tudo corre bem.! Ganho mais' dinheiro e vejo o meu Pais andar paraa frente!Tendo muito ou pouco dinheiro vou sempre depositando no Instituto de Créditoporque me dá mais rendimentdiE é muito fácil. O pessoal que s os atende-é muito simpático e ajuda-nos aescolher o prazo que interessa para obter" mais juros:9 0,o para 2 anos ou mais.Sdei anoa2anos7": de 180Odias a 1 anohavendo ainda outros prazos maIs curtos.Com a facilidade de poder ganbar ainda mais 0,5 % se depositar menos de 30contos por mais de 90 dias. E voo se pagam impostos sobre o juros rque seganham com os depsitos! Por issto udoé que eu deposito noINSTITUTO DE CREDITO DE MOÇAMBIQUE o banco do povo

O povo moçambicano delirou de aleria ao receber a TANU como se recebesse umbraço da FRELIMO.O povo delirou no Aeroporto quando no dia 6 deste mês recebeu em LourençoMarques ,a Delegação da TANU (Tanganyka African National Union), partidogovernamental da Tanzânia que detem o poder coligado com o Partido Afro-Shirazi de Zanzibar. Recordemos que a Tanzânia antes de se unir com Zanzibarera denominada Tanganyka. Após a coligação passou a designar-se" RepúblicaUnida da Tanzânia.'A TANU é a organização política à qual ficaremos a dever o apoio solidáriooferecido durante dez anos de luta. Por isso o povo mo-çambicano não recebeu a delegação que nos veio visitar como se recebesseestrangeiros. Recebeu-a como quem recebe um outro braço da FRELIMO. Foi aTANU que permitiu que a Tanzânia se transformasse na mais importante baseestratégica da nossa luta, o que acarretou muitos inimigos àquele país irmão.«VIMOS NASCERA FRELIMO ...»O objectivo primordial da nossa vinda é visitar esta terra amiga e irmã e transmitirao povo moçambicano os sentimentos fortesque nos unem e o abraço fraterno do povo da Tanzânia que sempre acompanhoude perto a luta contra o regime colonialista português para a libertação total deMoçambique. Vimos nascer a FRELIMO, a sua tenaz determinação de acabarcom uma situação de opressão do povo deste país e por isso seremos sempresolidários e estaremos sempre unidos a vós.Estas palavras foram proferidas por J. A. Mhaville, secretário executivo daTANU.Numa alocução proferidana sede da FRELIMO, o mesmo elemento diria que ajudámos a FRELIMO ,elhe agradecemos nunca ter quebrado e ter prosseguido até à vitória total. Osnossos objectivos eram e são comuns.

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A Tanzânia e a TANU não poderiam sentir-se completamente livres e indepen-"dentes, enquanto soubessem que os seus vizinhos estavam sujeitos a um jugoopressor que não reconhecia os direitos dos africanos.A delegação é constituída por M. A. Malcallo, membro do Comité Central daTANU; ,M. N. Kissoky, secretá-

Umopecto da da Delegação da TANU aurenço 0arques. Ó segundo à esquerda é o Comissário 'títico Nacional, camarada,Armando Guebuza e o sendo à direita é o can ilrada Joaquim de Carva&o. Os trasão todos da Delegação da TANU (em primeira e puido plano con a excepção,naturalmente, dos dois errllieiro,,s que aparecem na imagem).Uma imagem que dispensa legenda e que nos fala da amizade, solidariedade ecompreensão entre a TANU e a FRELIMO.Militantes da sede do Partido e muita gente curiosa superlotou o Aeroporto deLourenço Marques por ocasião da chegada da Delegação da TANU.Quando a Delegação da TANU fo à (àamara Muntcipal de' Lourenço Marques, oeterior do edifício apresentava o, aspecto que se vê na imagem.rio-geral na província de Iringa; P. A. Nyale, secretário-geral do Partido emTunduro; C. C. Lundi, secretário da Organização da Juventude Tanzaniana, e pelosecretário executivo do Partido J. A. Mhaville, a que já nos referimos. Ainda daDelegação faz parte um membro da Organização da Mulher Tanzaniana, DoraFanuel; o secretario do Movimento Cooperativo, A. L. Moinanga; o vice-secretário da Organização dos Trabalhadores, C. Tungaraza, e o vice-presidenteda Organização dos Pais, M. Mussa. Esta Delegação de amiza-de e solidariedade tanzaniana, permanecerá em Moçambique durante algumtempo e na altura em que este texto é redigido, já efectuou várias visitas emLourenço Marques, uma visita a Vila Pery e a Nampula.FRELIMONA TANZANIA TANUEM MOÇAMBIQUEÉ significatiyo o facto de esta visita da TANU ter tido início na mesma altura emque o Presidente Samora, em representação daFRELIMO e do povo moçambicano, efectuava uma digressão pela Tanzânia. Aunidade dos povos moçambicano e tanzaniano é uma realidade forjada nocombate pela libertação da Africa, na solidariedade militante de um pais lideradopor, um dos mais progressistas partidos africanos, a TANU.A maior parte do povo moçambicano, que semore tomou contacto com aTanzânia através da música daquele país irmão, muito divulgada emMoçambique, e mesmo através da «Rádio Tanzânia», tem agora oportunidade dedialogar face aface com os representantes do povo mais admirado do Rovuma ao Maputo.Recordemos que quando a FRELIMO foi criada, a Tanzânia, na alturaTanganyka, apenas tinha um ano de independência. Todavia, a longa experiênciade combate daquele Partido, fundado em 1954, haveria de determinar umaprofunda compreensão pelos problemas de Moçambique. A TANU há muito vem

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lutando pela real libertação da frica. A vitória do povo moçambicano é vitória daTANU, 0 vitória da África.

DO DESMANTELAMENTO DE ESTÁTUAS COLONIAIS AS DANÇASPOPULARES NA MONUMENTAL UM SÓ OBJECTIVO: REDESCOBRIR AVOCAÇÃO AFRICANADO POVO -MOÇAMBICANONa semana passada procedeu-se ao desmantelamento de estátuas coloniais queirão, a partir de agora, ficar guardadas a fim de serem montadas em museus. Poroutro lado, no último fim-de-semana prosseguiu a selecção de grupos de-dançaspopulares que participarão nos festejos da independência. Num caso e no outro, epara além do significado imediato de cada um dos acontecimentos, sobressai ofacto de Moçambique estar decisivamente empenhado em redescobrir a suavocação africana, a sua personalidade.Do jornal «Notícias», de Lourenço Marques, transcrevemos o artigo que se-segue o qual, pela sua oportunidade, serve-nos bem pa-ra alicerçarmos as afirmações que acima fazemos:O contacto da civilização europeia com as realidades tradicionais africanas,aparece-nos, em todas as sociedades colonizadas, como força demolidora dosvalores encontrados. Arrasadas as tribos, subvertido o direito tradicional, aviltadassuas crenças e -costumes, destruída a instituição familiar, foi o homem africanoarrancado à sua forma habitual de vida e trabalho, sem que lhe permitissemqualquer integração alternativa.A civilização ocidental, organizando o mundo em proveito próprio, fez tábua razade valores culturais diferentes, sem conseguir elevar-se a uma visão objectivadesses mesmos valores. Destruindo, não se interessou em.construir. Aliás, isso éum fenómeno absolutamente característico de todas as colonizações.: a ideia deuma África- òü de uma América - selvagem e primitiva sempre foi o mito maiscaro à velha Europa. E para o manter, ocultou cuidadosamente to dos ostraços das civilizações nativas, evitando mesmo sua memória. Assim puderamafirmar durante muito tempo (e tanto que ainda hoje conseguem ser acreditados):«Fomos nós-ingleses, franceses, portugueses e espanhóis - que descobrimos efizemos esta gente. Fomos nós que fizemos esta terra».Mas o homem africanonão caiu do céu, não é um homem sem passado. Toda a África está coberta devestígios reveladores de civilizações do mais alto nível. Olhando mais atrs, várioshistoriadores afirmam que o berço da humanidade foi no continente africano. Eque certas regiões em determinadas épocas, apresentavam um grau de civilizaçãosuperior ao da Europa do seu tempo.Assim acontecia na costa oriental de África, à chegada das caravelas portuguesas.Mas não foi apenas em África que este fenómeno de conflito de valoresaconteceu. Convencidos de que eram donos da verdade, que a sua cultura era aúnicaboa, a única possível, os povos colonizadores - do presente e do passado-sistematicamente destruíram todas as civilizações- gue se lhe opunham. Assim

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fIzeram os romanos, os drabes, os espanhóis na América Latina, assim se fazainda hoje com os índios do Brasil e dos Estados Unidos.Em Moçambique e Angola, em Macau e em Timor, como afinal em muitas outrascolónias do mundo, em todos os tempos e latitudes, tudo se passou da mesmamaneira: o colonizador chega e a terra ocupada acorda de sua letargia. Mas acordac o mo prolongamento servil da chamada «metrópole». A sua história passa' a sero reflexo servil da história alheia. -Os acontecimentos anteriores do seu passado,as suas tradições, as lutas, os heróis, as, lendas, os deuses e os mitos sãoescondidos, condenados. Passam a servir apenas na medida em que sirvam ãglorificação do pais colonizador.A paisagem humana e cultural da terra ocupada limita-se a servir de pano de

VIMOSOUVIMOS E LEMOS2 **~*~ -~ ~'. ~ '~ »~fundo a um mundo vindo dos longes da Europa. Um mundo frio, hostil, estranhoao povo africano, de linguagem, de crenças, de valores, de símbolos ignorados.Um mundo feito de pedra e cimento de estdtuas desconhecidas em praça pública,de normas e conceitos que lhes não dizem respeito. Mouzinho, Antônio Enes,Jan Smuts, Churchill, Foch, em Moçambique, na África do Sul, na Rodésia, naArgélia, são homens que têm.ou que tiveram- seu no1e em placas de rua, sua estáua em pedestais. Para o povoafricano, são homens que ocuparam a sua terra.Porque esses homens, essas estátuas e painéis, são simbolos do colonialismo,tiveram o seu lugar numa sociedade que já desapareceu ou que estádesaparecendo. Um tempo em que as cidades eram cidades estrangeiras, em queas machambas de algodão e açúcar pertenciam às grandes c0,mpanhiasestrangeiras, em que os destinos de cada colónia eram traçados de fora, por genteque a nãoconhecia e não a amava, nem entendia as dores e anseios do seu povo. Assimaconteceu entre nós. A história de Moçambique passou a ser a epopeia de suaconquista. Cada inauguração, cada discurso, cada estátua era um marco de posse.Moçambique, como outros países colonizados, veio a descobrir a realidade do seupassado somente agora, através de sua luta de libertação. Veio a descobrir que omundo que lhe impuseram, -feito de símbolos e de mitos n2da tinha a ver com oseuAgora, caqui para a frente, o p'ivo moçambicano tem pelaZ frente um trabalhomuito grande e muito importante: o de lavar o espírito de todas as marcas que ocolonialismo lhe deixou. Porque apear as estátuas de seus pedestais, trocar o nomede ruas, ffizer discursos. é necessário, é fácil. Mas debruçar-se para o passado,reconstruir a nossa história perdida, essa vai ser uma tarefa mais difícil. Umatarefa urgente, que cabe a cada um de nós.FILMES«A Navalha -na Carne»«Sexo Louco»«Ferido na Honra» «Fim de Semana»

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« Eclipse»«Acusação de H. a um Est.»«Honrar o Pai»«Z- A Orgia do Poder» «O Passageiro da Chuva» «A Viúva Inconsolável»«Bobby»«A Rainha do Karate»«O Raivoso»REALIZADORES'Braz Chediak Dino Risi Line Wertmulle J. L. Godard Antonioni Mauro BalaamCosta-GravasRaj Kapoor3-63 325 626 6-32- - ---------0 - - - - -CÇTAÇOES: 0 - Oba.prima: 7- Excepcicnal; 6- Nao p-ca; 5- CO u ,uinc 4 -Crn ,i gr ,r : 3 -P 2- Smrn n1- Não v 0 - Um insulto à inteligénca do esPecfedG R - Viu c filme masrecusa se a cimssificá -k) ph r não se tratr da ~ s~ o ntera.SALASAvenidaDicca DiccaEstúdio Estúdio M. RodriguesScala Cine-Clube Gil Vicente Gil VicenteNacional Infante.S. Gabriel

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A província de Inhambane representa uma área de 6 milhões e 800 mil hectares,dos quais, apenas 600 mil se encontram aproveitados p e 1 a agricultura. A suapopulação ronda os 800 mil habitantes o que representa uma densidadepopulacional de cerca de 11 moçambicanos em cada quilómetro quadrado. Sendouma das províncias mais devotadas ao esquecimento pelos responsáveis daAgricultura colonial - um regente agrícola e seis prático-agrícolas para a coberturatécnica da província - tem no entanto, no pouco que ali tem sido feito, dado

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provas de que é uma grande potencialidade agrícola com que o Novo país podecontar.Prova concreta do que acabamos de referir é o que nos foi exposto por dois dosresponsáveis da Repartição de Agricultura e Florestas de Inhambane, Vasco Lebree César Rodrigues, o primeiro dos quais Regente Agrícola, o segundo PráticoAgtícola.,W 'A grande barreiraEm todo o país, a maior dificuldade, que surge para o desenvolvimento agrícola éa«falta» de técnicos no campo. Com uma Escola de Regentes Agrícolas afuncionar desde há vários anos em Vila Pery, onde já se formaram muitostécnicos, com uma Escola de Práticos Agrícolas no Guijá e algumas outras deMonitores, as áreas agrícolas de Moçambique não têm técnicos.Nas cidades e vilas mais habitadas de Moçambique encontram-se técnicos com onível superior ou médio. «Técnicos de gabinte» completamente afastados d a srealidades e dos problemas que precisam da sua ajuda. E, as dificuldades e osgrandes prõblemas da nossa agricultura estão no campo.«Era necessária uma vida agrícola nova, O técnico prossegue Vasco Lebre atéaqui tem andado afastado do campo. O técnico tem de viver o dia-a-dia doagriculto-r, só asim se pode fazer com que o agricultor e camponês progridamtec;'icamente e vejam os resultados desse progresso na sua produção».Muitos dos Regentes Agrícolas formados em Vida Pery, muitos Práticos-Agrícolas formados no Guijá depois de completarem os seus cursos

vão procurar empregos nos bacos, etc.«0 Subsecretário da Agricultura,. camarada Jo r g e Tembe está a estudar omelh"or combate à falta de itenýbicos agrícolas. Através de dir"etrizes emanadasdo seu departamento temos dado andamento a cursos de aperfeiçoamentodestinados a agriculto'es e capatazes auxiliares. Esses cursos normalmente- sáodados porPráticos-Agrícolas' e comportam três fases de acordo com as épocas indicadaspara as culturas.»«U m segundo problema que existe, e que é secundário, refere-se à falta demáquinas. Temos muitos poucas alfaias e tractores, e grande parte do nossoporque Je máquings está tfo velho que o seu toabailo já nao é rentável.»"" Produçío agrkolaA produção agrícola dos apenas 200 hectares de culturas intensivas da provínciade Inhambane representa milhares de toneladas de produtos agrícolas. Se atender-.mos que a produção agrícola desta-província ainda não se encontra organizada emcooperativas e que existem muito poucos técnicos a apoiarem os camponeses eagricultores, os números que representam a produção agrícola d Inhambane sãoexcepcionais.Ainda Vasco Lebre é cluem nos fala sobre o ano agrícola: «Est amos na presença,de um ano agrícola norma. As áreas de cultivo !ãiguais às do ano anterior,embora se preveja um aumento na produç4o do milho, arroz, feijão, nhemba eamendoím.»

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ANANASEIROS: Uma das grandes riquezas frutícolas de Inhambane. Osserviços de Agricultura possuem, em viveiros, 170 mil rebentos para seremdistrlýuídos pelos agricultoresna próxima campanha agrícolaCULTURA ProduçãoMilho ...... ....................... .........32 000 tMandioca .......... ... ...... . . . ..000 tAmendoim ................................................... ... 23 00 tAlgodão................................................. 1 300teixoeira .................................................... ... 450 tIapira ......... .. ......... .......... ....... 580Calu ............... .............. . ... .. ................ . 30 O tdafurra . ... . ..... ........................... 8o0tCajueiros .................O. rdenados e plantados ........... .. 44000................ . ............. bxertados .................. . 2000..........P...o............ ...... podados ............ ... ...... ... 216 000......................... ... Tratados contra a doca ............ 32 000............. .............. Abatidos ................. .11000Paimeiras ...................... Abtidas ...................... 2000.............................. Foraecidas ...... ............. 15M... ... ........................ Viveiro ... ............ ... 24

Da çsquerda à direita: VASCO LE E: «0 técnico até aqui tem ~iídado afastado docampo. O técnico tem de viver o dia-a-dia do agricultor. Só assim se pode fazercom que o agricultor e camponês progridam técnicamente e vejam os resultadosdesse progresso na suaproduçãoÀ direita: CÉSAR RODRI- 2GUES: «0 q u a n t i tativo monetário da exploração do Necrisse, em divisasanuais para esta província, ronda oscem mil contos»I~i E E PESIASCMPLEMEITIA EMITIUALaranjeiras ... ............Tangerineiras ... ......... ... ... ... ... . .. ... ... ... ....Ananaseiros Kuin........ ...* -- ... ... ... ... ... ... ... ... ...Ananaseiros Karpan ................ ... ... ... ... ... ... .. ... ..... '... ... ... ... ... ... ... ... ...Mandioca...............Mandioca ......... .....No ,mapa exposto não constam algumas culturas eujas estimativas deprodução ainda não puderam ser avaliadas. De notar que o ano agrícola em cursofoi bastante mau em relação à

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Enxertadas e distribuldas ......... Em viveiros .... .............Limoeiros em viveiros para enxertosou corte em laranjeira ......... Distribuídas .... ...............Em viveiro .: ... ........Rebéntos distribuídos ............Para distribuir ... ...........Rebentos distribuídos ...........Para distribui ... ..........Estacas de Cangassol para as Pro.vincias de Gaza e Maputo. Estacas de amazito para as Provi.cias de Gata e Maputo ......... Estacas de cangassol exportadas pa.ra as Províncias de Gaza e Ha puto ... . . .. . ... ...20000 181242000504000 78000 145 0003100 21 000505000410505000castanha de caju e mafurra, -W Aumentar a produçãoculturas estas que em anosanterires atingiram produçõesmuio mis eevaasý,em Sobre este apecto diz-nos çs muito mais elevadas em a Regente gícola Vasco relação às previstas para aLebre: «O camarada Goverano corrente. 1 nador Pelembe tem dado todoo apoio a iniciativas paira formação de cooperativas. Em acção cowjunta. comresponsáveis da FRELIMO, a nossa Repartiffio tem feito reuniões com osGrupos Dinamizadores para se criar as populações camponesas o espírito daprodução colectiva. É um trabalho extremamente importante, pois será daforma«Zo de novas cooperativas que dependerá o grande aumento de produçffo eo melhor aproveitamento d as potencialidades naturais da província.»No interior da provincia de Inhambane existem planícies extensíssimas. Asplanícies do Inhassume, as de Panda e Vale do rio Save, estio praticamenteincultivadaq. Culturas como a soja, muito rica em proteínas, o girassol e o trigopoderão ser introduzidas com a garantia de êxito. As planicies do- Inhassumeonde foram feitas algumas experiências com o trigo comprovaram como esteprecioso produto pode ter nessa zona grandes produç6ões. O pessegueiro deInhambane também poderáser melhor aproveitado. A A sua qualidade está apenas dependente de uma melhorassistência técnica.'W Madeira:um rIquezanatural«0 quantitativo Monetário da e«plora$¿o do ne.ctuSSe- diz-nos César Rodrigues

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TIIMSI:,Defesa de terrenos, com grande inclina~o, das águas de aluviião. Este sistema dedefesa do terreno é muito usado naRepública Popular da China- em divisas anuais para esta província, ronda os cem mil contos. Isto, sem contarcom o que é consumido em Moçambique.»A exploração de madeiras em Inhambane tem-se limitado ao abate das matasnaturais ali existentes. Três variedades de madeira, a Xanfuta. a Umbila e oSimbil ou Necrusse são as mais procuradas pelas em»resas madeireiras(particulares) estabelecidas na área.Embora a Xanfuta já tenha ocupado o primeiro lugar na sua exploracáo, estáhoie em segundo plano, de acordo com o valor comercial atingido pelo Necrussenos mercados internacionais. A partir de 1960 o Necrusse comeca a ser bastanteprocurado para o fabrico de «parqués» e travessas para caminhos de ferro.O tipo de madeira que referimos serve hoie todas as carências dos Caminhos deFerra de Moçambiaue e Africa do Sul no relativo a travessas para assentamentodos carris.Desde o início da exploracão deste tipo de madeira em Inhambane, 14, dali saíramcOrca de 163 mil metros cúbicos de Necrusse para o fabrico de dois milhões e597 mil travessas de- caminho de ferro. Por outro lado e parao fabrico de «parqués» saíram 90 mil metros cúbicos da mesma madeira."qIk E preciso conservara riqueza madeireiraQueimadas, desconhecimento do valor natural das madeiras e muitas vezes nãoter por onde escollher para se fazei a agricultura tem contribuído para a extinçãode parte das matas de Necrusse, Umbila e muitas outras árvores cujo valor ésignificativo para a economia do país.Falando da urgência que existe de um repovoamento silvicula e da necessidadeimediata de uma consciencialização sobre o valor das madeiras às populações diz-nos César Rodrigues: «Dada a importância do necrusse devia ser feito algo peloseu repovoamento. Temos tentado fazer esse algo, mas a carência de técnicos emeios, tem-nos dificultado a nossa acção. Era necessário criar-se uma zonasilvícola onde incidem as matas do Necrusse o que ocuparia uma área aproximadade 30 mil hectares. Este tipo de árvore repovoa - se naturalmente. t uma espéciegregár1/z que existe em locais limitados, pelo que , defendendo-se essas dreaspoder-se-ia atingiruma densidade de árvores por hectare bastante boa. Diria de 1200 a 1800 drvorespor hectare.»Perguntado se os próprios madeireiros não estariam a ter influência no abateindiscriminado de Arvores aquele Prático Agrícola respondeu-nos: «0 madeireirosó pode cortar árvores cuja diâmetro tenha um mínimo de 30 centímetros. Noentanto e normalmente, eles só as cortam com diâmetro de 40 a 60 centímetros. Oproblema da defesa dessas matas deixará de existir assim que acabar o perigo dasqueimadas e se criem as zonas silvícolas. Teremos de atender também a umnecessário ordenamento d e' populações camponesas que nesta altura fazem assuas machambas dentro das matas.»

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ý" Pescas:os maravilhososlagos de Quissko»A província de Inhambane tem a Norte o rio Save, depois uma série de lagoas nazona de Vilanculos, as da área de Panda e as Grandes lagoas de Zavala. O rioSave e as lagoas de Inhambane são ricas em peixe, desde peixe de água doce atoda aespécie de peixe de água sal-' gada incluindo o tubaráo de areia.As Grandes lagoas de Zavala, Muchambula, Nhamgutôlo, Quissico, Canda, atéXidenguele, fazem ligação umas com as outras através de pe-ý quenos canais,apresentando salinidades diferentes conforme mais ou menos afastados do mar.«A pesca é ainda muito fraca quantitativamente. As licenças que temos dado somuito poucas. Na zona de Zavala apenas existem cerca de 40 pescadores. Apesarde poucos, temos de exercer uma grande vigilância sobre os pescadores por causada malha das redes que utilizam. Por vezes têmo-los apanhado com redes muitofinas nos canais de ligação dos lagos.»Sobre os manalciais de peixe existentes tanto nos lagos como no rio diz-nos aindaCésar Rodrigues: «Algumas das lagoas têm ligação durante part~e do ano com omar e uma tem um cana! aberto durante todo o ano. Por esta razélo a salinidadedifere de lagoa para lagoa, bem como as qualidades de peixe. Uns desovam emzonas menos salinas ao passo que outros preferem ou têm necessidade de lagoas -mais salgadas. Ainda de acordo com o que disse e, isso ainda não estásuficientemente es-gu

*À esquerda, Meosdioca, uma das cu.Iturea com matr produiçLo na província deInamane.'NIê o a$o agríola q"a decorre, InhIambae foneceu às pf*oMtoiagdeGaza eMaputo 990 mil estacas de Can~tol e Ámoit>,ým.baixo: Em 1974 foram plattadas 80 mil casuarina partk a dei e"4~.e áre«aealtivadadas areias das duna. for-madasIWa partir do mar. «Com o decorrer dos anos as areiaspodeiam vir a ameaçar' áreas cultivadas» - CÊSR RODRIGUEStudado, era necessário criarem-se épocas de defeso diferentes para as referidaslagoas. As espécies mais vulgares de peixe são a tilapia e todos os outros peíxesmarinh~os sem qisalquer ecccepSoubemos .ainda que os Serviços deAgricultÚra de Inabante pre t e ndem acurto prazo criar cooperativas, para o incentivo da pesca 'colètiVa nas lagoas deZavala como forma de'racionalizar e controlar a actividade' piscatória. A concretia" deste objectivo dependerá,. como quase todos, os outroS de trabalho decoiociencialização política a ser feitô pelos Grupos, Dinamizador ..'~Abelas:outra riqueanatural

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Embora muito pouco incentivada, a apicultura (criação de abelhas paraaproveitamento do mel) poderá vir a constituir muito brevemente uma dasgrandes fontes de r uza paã, à província de Inhambane.No distrito de Mambone, zona de Mabote, há muito poucos anos chegou-se atiIrar 60 toneladas de cera de abelha. Vàsco Lebre e CésarRodrigues dizem a este respeito:«-8(stà província é muito rica em fauna apicula. Estivemos há bem'pouco tempoem Mabote e sinceramente o espectáculo que ali se presenc-ia é fan-tástico.»ýýCésar Rodrigues acrescenta: «RI doze anos que estou nesta provínciu, nuca 'tinhavisto a zona do Mabête tão florida como agora É certo que houve alguns anos decrise na flora o que levou à imigraço para as margens do Save de milhares deenxames. Mas toda a zona abrangida pelos palmares é favoravel à criação deabelhas: Mo-rumbene, Iharri,me, Homoine,,Massinga, sdo rOas favoráveis àapicultu,ra.».A criação de' abelhas ainda que desfavorecida pelo siste-. ma tradicional está amerecer das populações bastante interesse. O grande inconveniente do sistematradicional na criacão das abelhas é o cortic (habitat das abelhas) sêr feito emcasca de árvore e colocado nas extremidades dos ramos. QUando chega, a altu rada extracção da cera, pela dificuldade que existe em se chegar ao cortiçow é Pelaconstante possibilidade de se estragar o cortiço dada a sua fragilidade, destrói-seinúmeras vezes o exam.«De há três anos para cácomeçámos a introduzir cortiços de madeira, temoa cercade 0 á montados. Agora estamos a fazer cursos de aperf eioamento técnico sobre aapicultura. Este trabalho é extrèmamente moroso e necessita de grande apoio, poiso camponês precisa de ver os resultados para acreditar no novo método. O esse otrabalho que temos feito em relqção à picultura»"- Inhambàne:aproveitaros« recursos.. .naturaisComo referimos no, início deste trabalho, apenas 600 mil hectares "da área totalda província de Inhambane se encontram aproveitados para a agricultura. Noentanto, des ,sa. área cultiva só 200 mil *hectares são dedicados a eulturasintensivas <milho, arroz, feijão, amendoim, etc.), estando a restante áreaaprovoltada através de espécies naturais (palmares, cajueiros.ý etc.).Segundo os números que reproduzimos no mapa das produções agrícolasprevistas para o ano corrente poderemos facilmente verificar que. aumentando aprodução colectiva, aumentando-se onível técnico dos canponeses, adaptaido as culturas aos terrenos mais favoráveis àsua melhor produção e aproveitando recursos naturais até aqui esquecidos,Inhambane, a curtoprazo poderá abastecer-se a t própiria e abastecer outrasprovíncias onde a agricultura siia menos :favorecidá.Ao contrírio do que era propagandeado pelo regime colónial-capitalista, est,nrovíncia não tem no turismo a sua grande arma, coôémica. As bonitas emaravilhosas praias de Inhambane rend'it 300 escudos em divisas por turista ao

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ano. Os 30 ,ou 40 mil turistas que visitavàm a província, rendiam a n u a 1 mentecerca de 10 mil contos em divisas para a nossa ecohomia. Valerá ou .nãLo a penaabandonar os esforços despendidos com o torismo emi prol da formacão de:cooperativas pesqueiras que ,aproveitem os grandes reenrsos que as ,lagoas e omaroferecem naquela província?Tome-se em conta que o pescado é um alimento e que divisas, mas em boaquantidade, se podem conseguir com o devido aproveitamento do Necrusse eoutras madeiras.e1

A DE CIOs exames de condução «emperraram» uma vez mais:Desta vez porém -i coisa foi séria. Há centenas de candidatos que há seis, setemeses, um ano, entregaram os documentos e aguardam ainda fazer o exame.A principal origem da «crise», agora pelo menos temporáiíamente já debelada, foia falta de examinadores..Mas essa longa espera dos candidatos admitiu excepções baseadas em critériosque não nos parecem, nem aos trabalhadores que nos chamaram à atenção para ofacto, muito correctos. Nem justos nem razoáveis.Além desse, há ainda outros aspectos relacionados com os exames de conduçãoque chegou a hora de rever...Às séis e trinta da manhã da passada quinta-feira, dia oito, encontravam-se cercade uma centena de pessoas no passeio defronte do Ministério do Trabalho.Estamos aqui, como trabalhadores, para expormos um problema que nos oprime eque já não podemos suportar mais. Somos alunos de diversas escolas decondução. A maioria de. nós já entregou «nas Obras Públicas» os documentospara fazermos exame de condução há seis, sete meses. Desde aí temos vindodiariamente à espera que nos chamem para fazermos o exame de condução mas...,nada. Nunca chega a nossa vez.Passam os dias, as sem4na, os meses, e continuamos à espera. Estamos cansados.Vimos aqui ao nosso Ministéria pedir que nos aconselhem, que nos ajudem. Nãopodemos continuar sempre à espera, porque já -estamos a. perder as esperanças dever 0 nosso problema resolvido....»Divulgado com um c e r t o ânimo - resultante da tomada colectiva de consciênciada injustiça de que eram vítimas- o problema comum, o problema de todos, passaram naturalmente a contar-nos j£num tom mais grave, os aspectos particulares com que a situação os atingia i n d iv idualmente.«Muitos de nós estamos de-

CANDIDATOS EXCEPCOES'sempregados à espera da carta para podermos começar a trabalhar.... A renda decasa por pagar, a família para sustentar.... Se viemos gastar tanto dinheiro, tantotempo, para tirando e carta podermos arranjar um emprego melhor, melhorar umpouco a nossa vida, assim.... Eu sou do Impaputo, venho a Lourenço Marquestodos os dias ver se já chegou a minha vez. Ida e volta de machimbombo são 42

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escudos. Para quê.... Já tinha um emprego prometido, o patrão esperou dois mesese depois teve que meter outra pessoa, perdi o lugar....»Cada situação a mais desesperada, cada problema o mais delicado.«Sabe quanto pagamos no contrato que fazemos com as escolas de condução?Cinco contos e quinhentos, seis contos e quinhentos. O contrato é de 44 lições. Sódurante o tempo que temos essas 44 lições é que a escola nos leva a exame.Depois, se demora a sermos chamados, a escola já não se responsabiliza, já nãonos quer levar a exame. Como é? Vamos pagar outra vez, fazer outro contrato?Como podemos? Mesmo para os que estamos empregados, pagar os seis contos equinhentos é um. grande sacrifício. Como podemos pagar mais? E os que estãodesempregados, como vão conseguir arranjar mais dinheiro. Perder a car-ta, perder aquele dinheiro todo.... Não podemos. Não está bem .... »Um outro as'.ecto levantado foi a vaidade dos documentos.«Há documentos, c o m o o caso do .«Registo Criminal»,que tem uma validade de três meses, ao fim dos quais caducam. Já tivemos quasetodos que os renovar. Isso só representa mais encargos, mais despesas».O UM ESTRANHOCRITÉRiODE PRIORIDADES...Perguntámos-lhes q u a i s pensavam ser os motivos de tal demora.«0 motivo principal é não ter chegado ainda àquele serviço a descolonização. Sóhá dois examinadores. Por que não arranjam mais? Aqueles examinadores s ã oengenheiros. Estamos sempre a ouvir dizer e sabemos que há falta de técnicos....Então há faltade técnicos e estão ali engenheiros a fazer exeames de condução?Não podem ser outras pessoas a fazer os exames? É preciso ser engenheiro paraavaliar se uma pessoa está apta a conduzir uma viatura? Estão à espera quevenham mais engenheiros para fazer os exames? Não pode ser. Têm que ar ra njaruma solução. Nem que sejam os próprios instrutores a fa-

INAO E LIEm cima:.Pasaem para Portugal é motivo de prioridade. Porquê'?Ao alto:maioriaestamos desempregados há seis, sete meses à espera da carta de conduçlopara começar a trabalhar. Até q do mnos esperar?Ã direita, em cima:Porquê a entrada dos ãoctuaentos não é critério único de prior~dodee nos examesde eondução?zer os exames, mesmo trocando de escolas. Como é na Escola e no Liceu? Nãosão os professores que fazem os exa, mes aos alunos? hOu vêm engenheiros oudoutores?....»Mas a falta de examinadores não era motivo único para justificar a maioria dosatrasos.«Azém disso, o que também atrasa muito sermos chamados são as pessoas quevão metendo à nossa frente nas listas. Primeiro eram os soldados portugueses. A ceit, dmos. Depois além dos soldados, já eram os sobrinhos, osý amigos deste ou

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daquele instrutor.... Agora são todos os portugueses que estão para ir paraPortugal, Mar quorquê perguntamos. Nós, os moçambicanos s o m o s inferiores?Porquê e s t a discriminação? Há listas, as pessoas faziam exame. na sua vez.Assim é que era justo. Mas no, este vai-se embora depois de amanhã, tem quefazer é x a m e amanhã....»Recebidos no M i n i st ério, sendo naturalmente cónsiderado justo o seudescontentamento, os trabalhadores foram informados que a via correcta deexporem aquele problema era dirigirem-se ao Ministério das Obras Públicas eHabitação, de quem dependia directamente daqueles serviços.Deixámo-los decididos a fazerem uma exposição colectiva para enviar àqueleMinistério.O PASSAGEMPARA PORTUGALÉ MOTIVODE PRIORIDADEE, dirigimo-nos aos Serviços em questão, onde f a 1 á m o s com o servidorresponsável pelos exames de condução.Sobre o 'motivo das demoras, disse-nos:«4Foi efectivamente por falta de examinadore. Mas o problema e S t dpraticamnte resolvido. Além dos dois examinadores p a s s mos a ter desde estasemana mais seis «oficais» e, para nos a8judrem ag or a a sair destaacumulaffio, arran;_mos algun8 «vogai, São pessoas que vêm c& fazer ta, m bémexames, conforme os tempos livres de qu ~e Z'pem. Noprõximo sábado vêm 1 desses «vogais examinar 28o pesPerguntámos-lhe emseguida qual o critério de prioridades para os a 1 u n o s irem

AI PARA PORTUGAL SER MOTIVO DE PRIORIDADE NEM RAZOAVELsendo chamados a exame. «São chamados por listas elaboradas por ordem dasinscrições».Contámos-lhe o que nos tinham dito os trabalhadores s o b r e a introdução, depessoas à frente das listas, passando por cima de outras que haviam entregue ainscrição há mais tempo. E perguntámos quais eram as excepções, quando faziamisso.«Metemos à frente pessoas que nos apresentem bilhetes de embarque para ametrópole, médicos e enfermeiros e desempregados, com documentocomprovativo dessa situação, passado pelo sindicato».M é d i c o s e enfermeiros achamos compreensível.Desempregados... Lembrámo-nos que os trabalhadores nos hìviam referidotambém esse aspecto. Tinham-nos dito:«Para aitarem que estamo desempregados exigem-nos um documento dosindicato. Mas o documento custa duzentos e tal escudos, selos, fotografias.Muitos de nós não, temos mesmo sequer esseMIdinheiro. Se estamos desempregados....»Isso era também outra coisa Injusta. Exigir a um desempregado dinheiro parapagar o atestado de desemprego....

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A terceira excepção era as pessoas com passagem para Portugal. Pedimos q u enos elucidasse do motivo porque faziam isso, que confessamos achar estranho.«São ordens do Director».O UMA MEDIDA INJUSTAE POUCO RAZOÁVEL O Director não estava. Tinha-o dito esse servidormomentos atrás à pessoa que atendera antes de nós. Mas, cremos que não íamospoder aceitar fosse que justificação fosse para tal medida. Para as pessoas que sevão embora não perderem o dinheiro que deram pelas lições? E as outras? Estávisto que o perdem também. Podem ser prejudicadas em benefício dessas que sevão embora? Não nos parece justo nem razoável. Num momento de crise deexaminadores e de acumula-ção de exames, deixar as pessoas que se vão embora fazer na sua vez, pensamos,já era mais do que razoável. Para além do razoável.Vão-se e mb ora sem que houvesse chegado a sua vez, pois paciência, oproblema é de cada um. Agora prejudicar outros em seu benefício.... Outros quesão moçambicanos ou querem continuar a trabalhar cá. Repetimos, não é justo,nem sequer razoável.O EXAMESDE CONDUÇÃO:TÊM QUE BAIXARDE PREÇOA propósito dos exames e escolas de condução.Foi há tempos revista a obrigatoriedade da habilitação mínima da 4. classe dainstrução primária para tirar a carta de condução. Por despacho recente foitambém revista a obrigatoriedade da «carta profissional» como necessária aoexercício de actividade remunerada. F o r a m sem dúvida medidas pertinentes.Mas há outros aspectos a rever.Além das despesas com osdocumentos, seis contos e quinhentos para obter uma carta de condução, a f igura-se-nos um exagero. Nem que se tenha que estudar um processo de concessãode uma tarifa especial para a aquisição de gasolina pelas escolas, cremosimportante e n c o nt r a r um meio de baixar esse custo, inacessível à grandemaioria dos trabalhadores moçambicanos. O desenvolvimento técnico da nossaagricultura, o desenvolvimento da nossa indústria, dos nossos transportes, odesenvolvimento do país, vai exigir a habilitação de muitos trabalhadores com acarta de condução. Quem a pode conseguir a esse preço?Numaý altura em que reorganizamos a d m i nistrativamente o pais, pensamos seraté de pôr em questão a atribuição da tarefa de fazer exames de condução, aoMinistério das Obras Públicas e Habitação. Parece-nos que seria vantajoso, àsemelhança do que se faz em muitos outros países, enquadrar essa tarefa nasatribuições da Policia de Trânsito.

PARECER DO CONSELHO PARECER DO CONSELHOFISCAL DE. ADMINISTRAÇÃOSenhores Accionistas:

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O fiscal único, durante o exercício de 1973. acompanhou como lhe cumpria, agestão da sociedade.O balanço, a conta de resultados e o Ielatório da administração estão elaborodosde harmonia com os preceitos legais e com as disposições estatutárias.Nos exames a que procedeu, no exercicio das suas funções, anotou, com agrado, acorrecção em que sempre encontrou tudo.Os critérios valorimrtricos adoptados são correctos relativamente ao tipo deactividade da empresa.Agradece-se ao Conselho de Administração a sua prestimosa colaboração, dandoprontamente as informações e es. clarecimentos que lhe foram solicitados.Assim, tenho a honra de propor que aproveis o Relatório, Balanço e Contas doexercício de 1973.Lisboa, 30 de Abril de 1974.O Fiscal únicoa) JOS- PARREIRA DE SOUSA CARRUSCASenhores Accionistas:Não se afastando do seu único objectivo-o de assistir as viaturas tácticas Berliet-Tramagal produzidas pela Metalúrgica Duarte Ferreifra, S.A. R.L. , a Sociedadevoltou a ter de suportar sacriIlcios decorrentes de alteração de crité. rios dasentidades a quem presta serviços.Assim, de novo se saldou o exercício com prejuízo avultado, continuando,p<?rém, a lutar-se para que um claro entendimento do condicionalismo daactividade que desenvolvemos permita. ao menos, alcançar equilíbrio estável paraa vida da Sociedade.Nampula, 12 de Março de 1974.O Conselho de Administração:Metalúrgica Duarte Ferreira. S. A. R. L.,representada porA. MARTINS SIMõESMARIO MARTINS DUARTE FERREIRA CARLOS DE MAGALHAESDUARTEFERREIRACONTA DE RESULTADOS (1)____ ___ ____ ___ ____ ___ ___Exercício de- 1973DÉBITOResultados de Exercicios Anterores 282724Resutado deExerício Aneri res .... .... .... .... .... .... .... 2 862 702 40Existências no Inicio do Exercício .... .... .... .... .... .... .... .... 658 370$51Encargos com s5rgõos Sociais .... .... .... .... .... .... .... .... ... 101 311$60Remunerações e Outros Encargo.; com o Pessoal ................ 1 863 292$90Encargos com Publicidade .... .... .... .... .... .... .... .... .... .... 39040$00Encargos Fscais e Parafiscis................................. 93 194$30Amortizações ... .... .... .... .... . ...... . .. .... 136 163$83Outros Gastos.....................................- 728 649$406 482 724$94CRÉDITO

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Existências no Fim do Exercíco 574 179$56Vendas de Materiais e Serviços .... ....... 1 .. .... .... .... .... .... 1715208$75O tros.......... .. ............ .... 578$70RESULTADOS: 2 289 967$01De Exercícios Anteriores ..................2 862 702$40Do Exercício .. .... ............. 1 330 055$53 4 192 757$936 482 724$94Nampula, 31 de Dezembro de 1973O Técnico de Contas,(CARLOS MOREIRA FIALHO)(1)- De conformidade com o disposto no artigo 32.o do Decreto-Lei n.o 49381, de15/11/69.O CONSELHO DE ADMINISTRAÇ,O:Metalórgica Duarte Ferreira (Moçambique), S. A. R . L.O President, do Conselho de Administração,Metalúrgica Duarte Ferreira, S. A. R. L.Representada por, (A. Martins Simões)

BALANÇO EM 31 DE DEZEMBRO DE 1973ACTIVODISPON|VELC aixa .... .. ............ .Bancos ....... ................REALIZÃVELC lientes 1 .... .... .... .... ....Devedores Gerais .... .... ...ExistEnclas:ArmazémMateriais ConsignadosMercadorias Trânsito IMOBILIZADO Imobilizações de Exploração:Equipamentos:CustoAmortizaçees .... .... ....Instalações:C usto ... .... .... .... ...Amortizações.VIaturas:Custo ................Amortizações .... .... ....Móveis e utensílios:Custo .... .... ....Amortizações .... .... ....Despesas de Constituição:C usto .... .... .... ........Amortizações .... .... ....

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173 808$501 198 158$20 1 371 966$7011 372708$103 429 523$44574 179$56 33 343 750$162 572 920$6018787$10 l0 823$85516 084$60 140 063$35115 000$0o1 5 00$00512 550$20 106 203$1948714$80 39 207$00Tatal Activo .....3640950$32 51 292181$867 963$25376021$25406 347$019 507$80 7 9839$31... .... .... 53 46ý 987$87SITUAÇÃO UQUIDAGanhos o Perdas:Resultados de Exercícios Anteriores ... 2862 702540Resultados do Exercício ................ 1 330 055$53 492757$93Total do Activo e Situação Líquida 57 656 745$80CONTAS DE ORDEMTítulos em Cauço 400 000$00Títulos Depositados 600800058 656 745$80PASSIVOEXIGfVEL A CURTO PRAZOFornecedores ....C redores ýerais .... .... .... ... .... .... ....Efeitos a Paqar ......................SITUAÇÃO LIQUIDA843 179$10 54 244 638$10 t 568 928$60INICIAL C apital .... .... ....56 656 745$80.... .. . ......1 000 000$00votal do Passivo e Situação Líquida .. 57 656 745$80 CONTAS DE ORDEMCredores por Titulos m Cauç o .... .... .... .... .... .... ... .. 400000$00Credores por Títulos Depositados ........ ................ .608 0$58 656 745$80Nampula, 31 de Dezembro de 1973.O Técnico de Contas(CARLOS MOREIRA FIALHO)O CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO:

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Metalúrgica Duarte Ferreira (Moçambique), S. A. R.. L.O Presidente do Conselho de Administração,Metalúrgica Duarte Ferreira, S. A. R. L.Representada por,(A. Martins Simões)

1,t e iA tradição oral-conjunto de narrações. contos e lendas passados de geração parageração ao longo dos tempos- constitui uma das principais fontes para o estudo e compreensão do passado deAfrica. Nela se baseia, portanto, grande parte do conhecimento histórico docontinente e seus povos, da sua cultura, dos reinos e sistemas politicos que oscaracterizavam. É por isto também que em Moçambique se tem vindo a apelarpara a recolha, estudo e análise da tradição oral do nosso pais. Com outrosestudos. 6 através dos elementos que nos so fornecidos por essa recolha quepoderemos reconstituir cada vez mais correctamente os antecedentes históricosque« Químinam nos nossos dias com a grande vitória do povo sobre ocolonialismo e a exploração estrangeiras.Num dos últimos números do j.omal «NÕ PINTCHA», orgáo de informação daRepública de Guiné-Bissau, a importância revolucionária da tradição oral ésublinhada e acompaonhada por um magnífico exemplo de recolha. Comsaudaç4es de camaradagem a esse nosso colega da costa ocidental de Africa,transcrevemos esse texto para os nossos leitores.O homem, para perpetuar o seu pensamento, para o torfiar historicamente eterno,recorreu às inscrições, aos manuscritos, aos livros e mesmo à tradição oral.Tal como os gregos do tempo de Homero, os africanos escolheram primeiro amemória, cultivando-a ao longo dos serões e recitais à volta da fogueira.As", civilizações africanas são pois as civilizações do verbo-palavra, do ritmo edo símbolo.O ritmo tem como principalfinalidade a de melhor transmitir e conservar as mensagens dos antepassados econstitui ainda um meio que o homem utiliza para resta-belecer uma ordem natural e harmónica entre a Vida e a Existência humana e aordem imposta pelo homem ao homem na sua marcha infatigável como ser sociale histórico.A Africa cultivou, desde tempos imemoriais, a eloquência. Um provérbiocongolês d1z.nos que: «Aquele que sabe falar, .ifo conhece a pobreza».Convém, contudo, notar, que esta literatura é anónima. O autor de um poema,lenda, conto, fábula, adivinha, provérbio ou enigma, apenas goza de uma glóriaefémera. As gerações que lhe sucedem esquecerão o seu nome. A obra é imortalen'quanto colectiva. O artista, trovador ou aedo exprime-se pela palavra, pelamúsica, pelo silêncio e mesmo através de gestos. Homem, corpo e palavra,formam uma única e esplendorosa unidade. A margem de improvisação éilimitada. O artista pode introduzir na narrativa, opiniões e desabafos pessoais,mantendo, contudo, as regras impostas à literatura oral.

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Vamos hoje oferecer aos nossos leitores um pequeno trecho da epopeia Sundiata,A Tfobra prima da literatura e monumento da literatura oral do Mali. Trata esta obrade uma epopeia tradicional baseada num facto histórico o reinado de SundiataKeita, o fundador do Império Mandinga no século XII, que se estenderia do sul dorio Niger até ao Gao e à Africa Ocidental, do Senegal ao rio Geba.Mari-Diata ou Sundiata Keita aparece pois neste conto popular. Como emtodas as obras deste género, para explicar o destino extraordinário deste herói,intervém presságios, milagres, numa palavra, o maravilhoso. Esta obra foirecolhida por Djibril Tamsir Niane, que a adaptou para o francês. O trovador éMamadou Kouyaté. Esperamos, pois, que além de um in, centiv6 para todos osque se queiram dedicar à recolha destas obras primas da tradição oral, aqui nIáGuiné-Bissau, saibam apreciar, através desta narrativa, a estratificação social efeudal da sociedade da época, a discreta descrição da cidade de Niani, e sobretudoa frescura com que são retratados ou esboçados os sentimentos humanos. O autorda recolha é além de contador à boa maneira da sua terra, a Guiné, historiador, egenealogista.PALAVRAS DO TROVAIJORMAMADOU KOUYATÉEu sou trovador. Eu o trovador Mamadou Kouyaté, filho de Bihtou Kouyaté e dotrovador Kedian Kouyaté, mestre na arte de dizer. Desde tempos imemoriais osKouyaté estão ao serviço dos principes Kelta do Mandinga: somos os sacos depalavra, somos os sacos que encerram os segredos várias vezes seculares. A artede falar não tem segredos para nós; sem nós os nomes dos reis cairiam noesquecimento, nós a memória dos homens; pela palavra nós tornamos vivos osfactos e os actos dos reis. Ensinei aos reis a História dos seus antepassados afimde que a vida dos mais velhos sirva de exemplo, porque o mundo é velho, mas ofuturo sai do passado.A minha palavra 4 pura e desprovida de mentira; é a palavra do meu pai; é apalavra do pai do meu pai. Dir-vos-e a palavra do pai tal como a recebi; ostrovadores do rei ignoram a mentira. Quando uma desavença estala.entre tribos,somos nós quem resolvemos o diferendo porque somos os depositários dossegredos dos nossos Antepassados.Escutai a minha palavra, vós que quereis saber; pela minha boca aprendereis aHistória do Mandinga.Pela minha palavra sabereis a História do Antepassado do grande Mandinga, aHistória daquele que, pelos seus feitos, ultrapassa DJoul Kara Naini; aque-

le que, desde o uriente, brilhou sobr<-todos Os países do Ocidente.Escutál a história do filho do Búfalo, do filho do Leão. Vou falar-vos de MaghanSundiata, de Mari Diata, de Sogolon Diata deý ,Y.né faghao Diata; o homem deéúltlplos nomes contra quem os sortilêgios nada poderem.AINFANCIADeus 1 tem os seus desígnios que ninguém pode desvendar. Tu serás rei, tu nadapodes, tu serâsã Infeliz, tu nada podes. Cada honenni enconkra o seu caminho já tra0do, nada' nele pode~ ser mudado.,

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O filho de Sologon teve uma Infância lenta e difícil: com três anos aindagatinhava, enquanto que os meninoêda sua idade já laibnhavar. Não herdara abeleza d^ seu pai Naré Maghan:Tinha uma tão grande caiça que parecia lncapazde a suportar, os olhos grandes arregalava-os mal alguém entrava em casa de suamãe. Pouco falador, o filho do rei passava todo o dia sentado no meio da casa.Quando a mãe saá, arrastava-se a quatro 'patas para vasculhar as cabaças áprocura de comida. Era muito guloso.As má.s lnguas começavam a tagarelar: que criança de três anos não 'sabe ,jáandar? que criança de três-anos não faz perder a cabea a seus pais com os seuscaprichos e assuas birras'? que c iança de três anos n ão faz a alegria dos seus coma sua fala de trapos? Sobolon Dieta, assim chamavam à criança fazendo precedero seu nome do da mãe. Sobolon Diata era pois muito diferente dos da sua <idade:,4alava "pouco, o seu- rosto severo nunca se ,distendla com um sorriso. Dir-se-laque já pensava; o que divertiaascrianças da sua idade, aDorreciä,-o a ele; multasvezes Sobolon fázIã-as vir para junto dee para lhe fazerem* companhla, essasý,já andavam; a mãe esperava:que Diata, vendo os síeus compaheiros andarem seriatentado a fazer o mesmo. Mas tal não aconteceu. Para mais, Sobolon Dieta, que já.tinha braços vigorosos desancava os pobres Miúdos e estes já pão queram:aproximar-se dele.A primeira mulher dq rei foi a primeiýa a ficar contente com a enferfdade deSobulon Dieta; o filho dela, D)àkran Tomané tinha então onze anos. Era umbonito rapaz, vivo, passava o dia 4correr pela aldeia com' as crianças' da suaidade; tinha mesmo felto a sua inlcliaão na' floresta. O rei tinha-lhe i d40 fazer umarco e ele ia para fora da ci ade treinar-se ao tiro com oS seus companhiros.,SasiÓnma sentia-se uito feliz: fazia troça de Sotqlon por o seu filho gatinQand9 esta s ásava A suapart eia diza:;- Vpm~m po, anda, salta, pvla, ,os génios ed te prometeram de extraordinário;mas gosto mais de um filho que anda com as duas pernas do que de um leão que,sg arrasta pelo chão.Entretanto, toda a cidade falava do filho paralítico de ,Soboion; j, tinha -entãosete',anos e ainda se arrastava pelo chão para se deslocar; apesar da afeição do rei.5obo6on estava desespe-rede. Nré Maghan estava ve o Consola-te mãe, consola-te. lho, sentia que o seutepo ' - Ia, ' Não, é demais, não posso. acabar; Dakaran Toumaê, o fi- P S obem, hoje vou andar, lho de Sassouma era agola um - lsae, Mar Dieat. Vaidizer aos ferbelo adolescente. - rp"rros de meu pai para me fazereTmuma bengala de ferro, o mais0 DESPERTAR DQ LEAO pesaapossível. Mãe, queres só asAlgum tempo depois, o rei fodlhas ou a calabaceqre Inteira? morreu. O filhode Seibolon não, f - filho! pra melavar destatinha senão sete anos; o conse. afronta, quero a calabaceira e as lho dosancIáossreunIuse, no pa suas raes a meus pés, á porta da lãcic' do rei e Doua ef9orçou-se 4 a casa. por defender e testamento doý 'ana Fasseké, que ali seenconrei. que reservava o tronlia' Marl tr ava, correu para casa do mestre Dieta, ofilho de Sobolon; o con- ferreiro Fará Kourou para erco;olho não respeitou a

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vontade de mendar umabengala de ferro.. %Teé ãqhan. Soboloncetava 'sentada Oante-dom 'o a li u o. d rigs de a d sua casa; chorava docemente tom O a O l n. igasdSassouma Bereté, Dakaran Tou-- com a cabeça apoiada entre asmané foi declarado rei e for- mãos; Mari Dieta voltou a debrumedo- UMconselho de regência Ça-se tranquilamente sobre e saem que a rainha mãe tinha todo' Caaça de arroz e pôs-se a comer o poder. Poucotempo depois como se nada se tivesse passado; Dpotaie morráe.em quando, erguiaum olharCOMO os hmen m a m amem dscreto para a mãe que murmuria curta, toda agente falava do raa baixinho: «Quero a árvore infilm de obolo- om, ironia etelra diante da minha casa, a árdsprezo; tinham-se, visto reis viíre inteira>.zarolhos, reis manetas, reis co- De repente desataram a rirxos, ma& de ros paraliticos das atrás da casa; era liassouma, malpernas nunca,ninguém. tinha ou- dosa, que contava a cena da humivido'falar. Por grande, quefosse lhação a uma das crianças e ria o destino prito a, ri Dieta, multo. altopare que Sobolon a ounão se' pode dar, o trono a um vise. Soboion fugiu paredentroImpotenté das pernas; se os gé- de-casa e escondeu a cabeça denios o amam,que começem por baixõ dos cobertores para não verlhe dar o uso das pernas. Tais esse filho impotente, mais preoeram as opiniôesque liobolon cupado com comer do que comouvia todos os dias, A rainha quýIquer. outra coisa. Com a cemãe Sassoumaera a origem de beoa escondida tios cobertores,,lit6das estas uplnles.bolon soluçava, o seu corpo agicomo tinha todo o podei, Sia- taya-senervosamente; a filha, Sosouma' perseguiu 'Sobolon qe o bolon Diamarou,tinha vindo senamor rdente da Nart Magtan tar-s Junto dela e dizia:tinha e colhido; exilou Sobolon - Mãe, mãe, não chores, porquee o filho para um pátio do pajá- ch? cIo; a mãe de Mari Dieta habi-MariDieta tinha acabado de cotava agora uma velha casa que mer; arrastando-se sobre as perservira de arrumação a Sas- nas foi sentar-se junto da paredesouma., da casa, porque o sol estava muitoSobolon um dia, como tinha quente; ém que pensava? só ele ofalta de condimentos, foi a casa sabia. da rainha mãe pedir algumas fo- Asforjas reais situavam-se foralhas de cálabaira. . das uralhas da cidade e mais de-, Olha, disse a maldosa Sas- uma'ctena da ferreiros trabalhasouma, tenho acabaça cheia de- vem lá; era dai que salam os arIas; serve-te, pobre mulher. oeos, as flsohá e os escudos dosmeu filho aos sete 'anos sabia guerreiros de Niani. Quando Bailaandar e era ele que me ia apa- r~ veio encomendar umanhar as folhas de calabaceira. bengala de ferro, Farakourou disToma cuidado,pobre , mãe, pis se-lhe:o teu filho não vale tanto como - Então o grande dia.chegou?o mexi. Sim, hoje é um dia semelhanDepois ela eãcérneceude So te aos outros, mas o'dia de hoje

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bolon. 'Com esse escárnio feroz verá o que nenhum outro dia vu: que nospenetra na carne e os O mestre ferreiro, Farakouru,atravessa até aos ossos., erawfilho,,do velho Nounfiri; comoSobolou esta va aniquilada. seu pai, ara adivinho, Havia nasNunca tinha pênado que o ódio suas oficinas uma enorme barrapudesse ser tão .forte num serh- de ferro fabrIcada por seu pai cudeom agarganta aperada, Notidfai*i etoda a gente se intersaiuode coad Srantua. terrogava acerca do uso a que se dassaiu de case de S taseoum nDi e tinava estabarra. Farakourou da sua casa, Meri Dieta, sntadosobre as pernas lmpotentes, comia cha o ses dos seus aprendizes etranquilamente de uma cabaça. disse-lhes para levarem a barra aNão podendo mais conter-se, 8obo- casa da SobolQn. lon desatou a soluçar,agarrou üa ? do os ferreiros depuseramnum, pau e ba teu no filho. ý a enorme barra de ferro diante da- O filho da minha Infelicidade, casa, o í,uldo foi tão aterrador que tu nuncaconseguirás andar! Por Sobolon, que estavà deitada, as letua caus acabo desofrera e aior vantou em sobressalto. Então, Belafronta da minha, vida! Que-f Meu, la Wássekã, filho de Gnankouman meu Deus, para ser assim ,casti- Doua,falou: gada? - hegou o grande dia, MariMari Dieta agarrou no pau e Dieta. Falo contigo filho de Sobodisse olhandopara a rãe: * lon As Aáguas do Diouiba podem- Mãe,quee passa? apagar a sujidade do corpo; mas- Cala-te, ade poderá lavar- no podem lavar de urna afronta.--me aei-tontaa -oder > avar- Levanta-te, Jovem leão, ruge,. e - Mas qeafronta?que a floresta saiba que tem agora- assuea acraa? um senh-or.,lapssuma acaba a me hWfli- Os Aprendizes de ferreiro aindalhar por lása de uma históra ide estavam ali, Sobolon tinha saido folhasde'calabacerav Na t vda toda a gente olhava para Mari Diade o filho dela andavae levava á ta que se arrastou a quatro patas mãe_ olhas de calabaceira. e eaproximou da barra de ferro.EM~Apoiando-se ,nos. Joelhos e íínma mão, levantou com a outra, sem esforço, abarra de ferro e etguã u-a verticalmente. Já nao estava apoiado senã.o no joelho e Úgar-. rava a barracom as, duas mãos. Um silêncio de morte tinha tumado a assistência. SobolonDieta fechou os olhos, retesou:se, os músculos dos braços contraíram-se e, comum golpe seco firmou-se e os seus Joelhos despegaram-se da terra; SobolonKediou era toda olhos, olhava as pernas do filho que tremiam como uma descargaeléctrica. Diata transpirava e o suor escorria-lhe da fronte. Com um grandeesforço esticou-se e de repente estava de pé, mas a grande barra de ferro tinha-sedobrado e tomado a forma de um arco.Então Balla Fassek6 gritou o hino ao arco, que entoou com a sua voz poderosa:Pega no teu arco Simbon, pega no teu arco e vamos .pega no teu arco Sobolon Dista.

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Quando Solobon viu o filho de pé ficou muda uminstante, e, de repente, cantouestas palavras de agradecimen o a Deus, que tinha dado a seu filho o uso dos pés:O dia, 6 belo dia.O dia, dia de alegria .Anã todo poderosonunca fizeste nada tão belo.O meu filho vai poder andar.De pé , na atitude de um soldado em repouso, Mari Dieta, apoiado na sua enormebengala transpirava grossas bagas. A cançãO de Baila Fasseké havia alertado todoo palácio; as pessoma acorriam, de todo o lado pará verem o que Se tinha passadoe cada uma ficava interdita perante o filho de Sobolon; a rainha mãe tinha tambémacorrido e quando viu Mar Diata de pé todo o seu corpo tremeu. Depois de terrespirado fundo, o filho de Sobolon deixou cair a bengala e a multidão afastou-se.Os seus primeiros passos foram passos de gigante. Baia Fasseké Impediu-lhe apassagem e, apontando Dieta com o dedo, gritou:Caminho, caminho, abram ca[minho,o leão andou.Antilopes. escondei-vos.Afastal-vos do seu caminho.Ats da cidade de Niani havia uma caabaceira; era lã que as crianças da cidade Iamapanhar folhas para levarem às mães. Com um movimento do braço, o filho deSobolon arrancou a árvore, pó-Ia às costas e voltou para junto da mãe. Lançou aárvore para diante da easa e disse:- Mãe, eis as folhas de'calabaceira para ti. Agora será em frente da tua casa que asmulheres de Nlani virão buscá-laos.

Kwame N'Krumah foi um dos mais esclarecidos lideres africanos, c o En batenteincansável pela u n i d a d e africana e directamente ligado à formação da O.U.A.A stia lucidez, o seu profwií;Io ódio ao impeiaii-mo, os ieu lIí,; - . que- revela, oaparecimento de nova mentalidade em África, acarretaramlhe o ódio dos inimigosda liberdade que, cobardemente, durante u m a ausência de N'Krumah em 1966 -estava de visita à China Popular - levaram a cabo o golpe de estado que odestituíu. Esses fiéis servidores do imperialismo e do n e o colonialismo inglêsacusavam K w a m e -N'Krumah de ser ditador e de 'forçar o povo a adorá-locomo se fosse um deus. Todavia a prova de que o. líder do Gana era um homemcujo trabalho lhe tinha conquistado simpatias e admiração foi ,a solidariedadeafricana que o rodeou. Sekou Touré, Presidente da República da G u i n é -Conacry, ofereceu-lhe o lugar de co-presidente.Viria a morrer na capital daquele país, a 27 de Abril de 1972, seis anos após ogolpe de estado, vitimado por um cancro na, garganta. O imperialismo e seusagentes nunca deixaram de elamar a falsa loucura de Sekou Touré, uma vez quepropagandeavam e continuam a afirmar qu só um estadista louco ofereceria olugar de co-presidente a um líder estrangeiro. Ignoravam* ignoram que entre os me]horas filhos da Africa não há estrangeiros. DisseAmilcar Cabral aquando da morte de N'Krumah que «não nos v e n h am 'afirmar

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que N'Krumah morreu por causa de um cancro na garganta ou de qualquer outradoença.... N'Krumah foi morto

3pelo, cancro da traição de que devemos extirpar as raízes em Africa, severdadeiram6nte queremos liquidar definitivamente o d o mínio imper,:iistà d e s te continente». ,A antologia que organizáíi;u. e zonsituída por textos de , - seus livros,nomeadamente «A Á f r-i c a Deve Unir-se», «Neocolonialismc----ÚItima Etapado Imperialismo» e «A Lula Continua». São os únicos de que dispomos, masKwame Kkrumah escreveu mais. A tradução ýdos originais ingleses é daresposalbilidade da «Tempo. Deste modo esperamos -ajudar os nossos leitores aconhecerem o pensamento de um grande combatente, o homem que traçou estasamargas e revoltadas linhas:«F o r os treinados para ser cópias inferiores dos ingleses, caricaturas risíveis comasnossas pretensões à delicadeza ýda burguesia britânica, com os nossos errosgramaticais e padrões distorcidos que nos traem a cada momento. Não éramospeixe nem carne. Era-nos negado o conhecimento do nosso passado africano einformados de que não tinhamos presente. Que, futuro poderíamos ter?Ensinaram-nos a considerar a nossa ,cultura e tradição como bárbaras eprimitivas. Os nossos livros de leitura eram ingleses e falavam-nos da históriainglesa, da geografia inglesa, do modo de viver ,inglês, dos costumes ingleses, dasideias inglesas, do clima inglês». in iA -Africa Deve Unir-se-.Amilcar Cabral, no- mesmo dscurso que proferiu aquando da morte de KwameN'Krumah, d is se que «nós Africanos (....) acreditamos firmemente que os mortoscontinuam vivos anosso lado. Nós somos sociedade de vivos e de mortos. N'Krumah ressuscitarátodas as madrugadas no cor a ç ã o e na determinação dos combatentes daliberdade, na acção de todos os verdadeiros patriotas afri-Para aqueles que não tenham lido o nosso último número repetimos aqui os dadosbiográfic os de Kwame N'Krumah:Antigo aluno dos missionários, e mais tarde professor, Francis Kwame N'Krumah,desejoso de prosseguir a sua formação, partiu p a r a os Estados Unidos- em 1935.Aí estudou, ao mesmo tempo que se empregava em restaurantes para assegurar oseu sustento. Licenciado em Sociologia e Economia Política, veio a ser presidentedos estudantes africanos dos Estados Unidos e do Ca. nadá.A partir de 1948, a U.G.C.C. organiza a boicotagem dos produtos europeus, a fimde fazer b ai x ar os preços. São organizadas marchas pacíficas sobre o palácio doGovernador britânico. Um dia a Polícia abre fogo e estalam tumultos em Accra enas cidades costeiras. Balanço: 29 africanos e centenas de pessoas presas, entre asq u a i s o presidente do Partido, J. B. Danquah, e o próprio N'Krumah, entãosecretário-geral dacanos. O espírito imortal de N'Krumah preside e presidirá ao julgamento daHistória em relação a esta fase decisiva. da vida dos nossos. povos, na luta contraa dominação imperialista pelo progresso v e r d adeiro'do

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U.G.C.C. A comissão de inquérito Watson verifi cou a realidade e a gravidade doressentimento da população. Mas nessa altura o movimento nacionalista estava jácindido: os diri: gentes da U.G.C.C., criticavam em N'Krumah o seu activismo e oseu desej0 de mobilizar imediatamente as massas.De secretário- g e r aí, passou a tesoureiro, mas fundou na U.G.C.C. um comité dejovens que foi o animador. Mais tarde cortou com a U.G.C.C., levando onSigo aala mais dinãmica do Partido, os jovens, as mulheres do 1povo, os citadinosimpacientes por entrarem em acção.Criou um, Partido de massas, o C.P.P. N'Krumah explica então que, num país emque a grande maioria do povo não sabe ler, a única escola válida é a da acção.O C.P.P. depressa conhece uma grande popularidade e o apoio dos s'ndicatos. Em1951, onosso continente.Nós, movimentos de libertação, não perdoaremos aos que traíram N'Krumah. Opovo do Gana não lhes perdoará. A África não perdoará. A Humanidadeprogressista não perdoará».Partido apresenta-se às eleições, não porque concordasse com e 1 as, massimplesmente para mostrar aos ingleses a grande amplitude do seu apoio demassas e obter a libertação dos seus dirigentes presos, entre os .,quais N'Krumah.Ganha â4 lugares em 38 nas eleições gerais. Em Accra, a p e s a r de preso,N'Krumah o b t é m 98,5 por cento dos votos. Os ingleses libertaram-no ereconheceram-no e o m o «1 e a d e r» parlamentar. Em Março de 1952,N'Krumah é Primeiro-Ministro.Em 1956 obtém nova vitórias nas eleições gerais, que consagram as posições c onq u i stadas pelo C.P.P. A nova Assembleia reuniu-se e elaborou uma reformaconstitucional que previa a independência do país e foi formalmente entregue aoGovernador britânico. Em 6 de Março de 1957 era proclamada a independênciado Gana.Como Chefe do Estado do Gana, N'Krumah praticou uma ambiciosa política deunidade, conduzindo «uma ofensiva

geral nos planos intelectual, ýcultural e institucional contra o colonialismo e oneocolonialismo». Iýto conduziu à rápida africànização d o s q4ad:os, à,promoção da indústriaPelas empresas do Estado e à diversífica o da produção.No preâmbulo do, seu planqde sete anos (196-1970) o Gana «escolheu de umavez para sempre a jormä sociglista da sociedade como objectivo final do seudesenvolviment eco nómico e sociãl». No plano político, o G a n a pronunciava-seresolutamente pelo neut lism o jpQitivo, contra o imperialismo, o colonialismo e oneocolonia-lismo e por um panafricanismo C o n ti nental e orgânico. P r o cu r andoequilibrar-se entre duas soluções extremas, N'krumh tor h ou-se presa fácil dos.reaccionários d e s c o ntentes e, também, d a q ueles que pretendiam 1 m p r imiruma maior aceleração ao processo revolucionário: Emý 1966. quando seencontrava de visita à China, foi destituído por. um golpe de Estado militar.

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K w a m e N'Krumah morre em 27 de Abril de 1972,_ na República d a, Guiné,onde se acolheu apos o golpe de Estado.QUE SIGNIFICAACÇÃ DIRECTA»?~«... Na nossa actual e viI oros a lut pela emancipação, nrada cazýsa tantóterror aosImperialistas e seus lacaios, como o termo «Acção Positiva» 9u «Acção Directa».Isto acontece especialmente p e 1 o receio que têm de que as massas respondamao apelo que lhes é feito para que utilizem a sua última forma de resistência nocaso de o Governo inglês não nos garantir a nossa liberdade, resultante dapublicação do Relatório do Comité Coussey.A designação «Acção Directa» tem sido errónea e maliciosamentepropagandeada, sem dúvida nenhuma pelos imperialistas e seus dissimuladosagentes provocadores e lacaios. Estes renegados politicos, inimigos da Convençãodo Partido do Povo no que diz respeito à liberdade do Gana espqlharam, de formaassaz diabólica, o boato de que o Programa de acção directa do C. P. P. erasinónimo de revolta, saque, distúrbios. Numa, palalavra: violência! E assim,alguns cidadãos de Accra, incluindo eu próprio, foram convidados para umareunião da «Ga Natíve Au, thority», com o «Ga State Counci1», na terça-feira, 20de Outubro, à uma hora (ja tarde, PARA DISCUTIR,. «A DESASTROSA I LE GALIDADE E QUALQUER SOLÜCÃO POSSIVEL», c o m o explicava aconvocação.Esta encenação deu origem a tendenciosas notícias por parte do, correspondenteda «Reuter» que até PREVIU a minha EXPULSÃO de Acora,... E foi esta a formaerradamente v e rgonhosa de apresentar a nossa luta ao Pfundo. P o r é m, averdade surgiu, real e transparente».ACÇÃO DIRECTA«.... Por Acção Directa queremos significar a adopção de todos os meios legítimose c o n s t itucionais através dos quais, nós possamos enfraquecer ou inutilizar asforças do Imperialismo neste País.As «armas» da Acção Directa são:- agitação política legal;- a m p anhas através da Imprensi, e-como último recurso, a utilização constitucionalde greves, boicotese não cooperação, baseada sempreno priricípio da não-violência.,«.... O que todos. nós desejamos é a nossa autonomia e, portanto, governar-nos anós próprios, no País que é nosso. Ternos.o natural, legítimo e inalienável direitode:, decidir por nós a espécie de Governo que desejamQn e não podemos serforçadQs contra esta vontade, nem ,nceitamos, a continuação de qualquerdominação que prejudique, os reais interesses do Povo deste País e dos seusautênticos «leaders».UM APELQAOS TRABALHADORESDO GANA'(Texto escrito após o Golpe de Estado)«Trabalhadores do Gana; agricultores e a a m poneses; trabalhadores dosescritórios, das fábricas e das lojas; trabalhadores dos~ nossos "Windý'catos;

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trabalhadores das minas e dos caminhos de ferro; trabalhadores .da construçãocivil; trabalhadores dos serviços públicos; professores e estudantes das nossasEscolas, Colégios e Universidades:Desde 24 de Fevereirode" 1966, há pouco mais de dois anos, vimos assistindo, eperante os nossos próprios olhos, à, degradação e à ver-gonha que se instalaramno Gana. Nunca a nossa História teve uma dliquede traidores que, atraiçoando oPovo, o vendesse a interesses estrangeiros. O chamado NLC e os seus mentoresneocolonialistas e bando de reaccioüdrios apoderaram-se .do ý poderý políticopela força e, utilizando decretos sem significado, corrompem a administraçãao edestroem o Gana.Vós, trabalhadores do Gana, tereis o dever,, o: sagrado deve- de vos organizardespara esmaqar pelaforça a polícia militar fantoche;que se intitula a si própriaConselho,.Nacional de Libertação. Chegámos a um ponto em que não seapresenta outra alternativa, a vossa única opcão é salvar o Gana!»«Trabalhadores do G a n a, acordai! É tempo de, demons-. trar a,vossa.invencibilidade, uma vez. mais. Não poderemos esquecer o importantepapel que a TUC representou na conquista da independên-

cia do Gana. Nem poderemos esquecer os dias em que a AATUF, com os seus«leaders» no Gana era a esperança e a inspiração de outros povos de África, quelutavam pela sua libertação.Onde está o nosso Programa de não-alinhamento e a afirnação da PersonalidadeAfricana demonstrados n o s Sindicatos? Por quanto tempo mais vamos ficarapáticos e desinteressados, vendo o nome do Gana arrastado na lama, sem honranem ,dignidade e os seus trabalhadores esmagados e oprimidos?»«.... A única linguagem que as pessoas compreendem é a força e a acção.Trabalhadores do Gana, ponderai: faça-mos um balanço dos acontecimentos ecombatamos a presente e vergonhosa situação do nosso País com firmezarevolucionária e zelo.»MENSAGEMAO POVO NEGRODA INGLATERRA«.... A História raramente segue una linha recta; tem altos e baixos. Hoje, comoresultado das contradições dentro do capitalismo, neocolonialismo e racismo, ochamado Poder' Negro começa a movimentar-se no palcd dla História. Osoprimidos da Terra procuram ia nova forma de resolver estas contradições eatingir a sua completa emancipação.O que é o Poder Negro?O Poder Negro será aquele que é constituído por quatro quintos da populaçãomundial, que tem sido sistematicamente condeiada a um est a d o desubdesenvolvimento pelo colonialismo, neocolonialismo e fascismo. Por outraspalavras, o Poder Negro é a soma total do poder económico, cultural e políticoque o Homem Negro deve possuir de modo a poder manter a sua sobrevivêncianuma sociedade alta e tecnicamente desenvolvida e num mundo dev a s t ado peloImperialismo, colonialismo, neocolonialismo e fascismo.

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Em resumo, o Poder Negro é um novo estádio resultante da fusão da verdadeiraconsciência r e v o lucionária e os anseios e aspirações do Homem Negro. Umavez aue o Homem Negro tem sido o mais oprimido entre todas as raçashumanns, o Poder Negro é, portanto, a luta pelaposse do poder económico, social,cultural e político, que ele, de mãos dadas com todosPÁGIN4A 35... ............ . . ...... ...... ... .. .... ................. ...............os oprimidos e explorados da' Terra, deve obter de modo a esmagar e destruir oopressor. Se não nos preparamos' para esta luta, então devemos~ preparar-nospara s e r m o s sempre escravizados.A v o s s a organização faz parte, portanto, desta luta revolucionária no Mundoactual.Vós vivçis na Inglaterra porque a Inglaterra vos colonizou e reduziu as váriasregiões do vosso Pais ao padrão do «status» colonial. Estais na Inglaterra porque oneocolinalismo inglês vos sufoca na terra-mãe. Para onde podereis então ir, parasobreviver, senão para a Metrópole que vos escravizou?....Mas, não esqueçam: as vossas casas, a vossa terra, estão neste momento sob ojugo do coloniáli$rmo ou do neocolonialismo. E todos sabem que, embora asvossas organizações sejam anti-racistas, há racismo na Inglaterra. Há tanto tempoe de tal modo estais confusos que vos tornastes v í ti m a s ddý racismo branco.Não há áolução para o prbema racial até que todas, s formas de discriminaçãoracial e segregação sejam consideradas injúrias criminosas. 545 criando as raízesde um verdadeiro socialismo o racismo sucumbirá.»KWAME N'KRUMAH(in «A luta continua» - 1973).RECONSTRUÇÃOE DESENVOLVIMENTO« .... Uma das piores coisas que pode acontecer aos países subdesenvolvidos ou re c é m-,-saídos da dominação colonial é receberem auxílio estrangeiro com as suas fataisconsequências, q u e r económicas, quer políticas. Estes auxílios são muitas vezesdissimulados em termos de fiança e dificilmente perceptíveis.Investimentos estrangeiros feitos num País em desenvolvimento _ poi certasCompanhias- e para que tais Companhias possam auferir lucros - não podem ser,de forma alguma, considerados auxílios. Isto não quer, porém, dizer que nãopossa ha-ver, ocasionalmente, v a n t agem em fazer contratos com algumas Companhiasestrangeiras, por exemplo, digamos, para a instalação de uma fábrica ou de umaindústria. Mas, o verdadeiro auxílio é qualquer coisa de bem diferente: consisteem dádivas directas ou empréstimos, concedidos em condições favoráveis e semtrazerem atrás de si qualquer tipo de dependência.

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Por outras palavras, o problema é conseguir investimento-capital e mantê-lo sobcontrolo suficiente de m o d o a evitar a exploração desmedida e a preservar aintegridade e soberania do novo Estado, sem enfraquecedores laços políticos oueconómicos que o liguem, obrigatoriamente, a qualquer Pais, bloco ou sistema».A CAMINHO IDA INDEPENDÊNCIA 1ECONÓMICA«.... Quando a Independência é precedida de luta, persiste um resíduo deentusiasmo à partida para uma nova vida nacional, o qual, se forconvenientemente aproveitado e dirigido, representa forte suporte na reconstruçãodo País. Contudo, existe, paralelamente, um relaxamento de tensões, umasensação de despreocupação, uma pausa para respirar, finda a batalha. Fica-nos asensação de que, tendo feito o o supremo esforço-para subtrair o Pais ao domínio colonial, ,iodemos agora gozar de -.m bem-merecido repouso.,O Governo deve então esclarecer que um novo e maior esforço irá ser solicitado afim de se consolidar a vitória nacionaL O Povo tem de se sentir completamentereanimado para, d e s s e modo, prosseguir com ânimo ecorgem para uma maisimpb-tante batalha, na. q u a 1 vai enfrentar obstáculos e saorifícios diferentes».<.... Sob o jugo colonial, asligações económicas com outros Países são restritas. As reservas naturais sãoexploradas apenas no sentido de servirem os interesses do Pais dominador.Porém, alcançada que seja a independência po-lítica, todas as potencialidades do Pais podem - e muito! - ser exploradas. Aeconomia doméstica deve ser planeada de modo a despertar o interesse do Povo; edeverão criar-se novos e mais rasgados laços económicos com outros Paísesamigos. Por outra lado, a r e e é m-independente Nação pode vir a ser vltimq daspoderosas e perigosas forças económicas do Imperialismo e acabar por verificarque, afinat, apenas substituiu uma espécie de colõnialismo por outro».PARA UM SOCIALISMO, NO GANA ...... Para se estabelecer o Socialismo, precisamos de socialistas. Deste modopensamos que estamos a avançar no caminho certo, de modo a assegurar que oPartido e a Nação tenham Homens e Mulheres capazes de firmarem acontinuidade do nosso Programa socialista.Os elementos que estão à frente do Programa dq Educação fizeram cursos dereeclagem em Ciêncis Políticas da Educação. A juventude está organizada no«Movim ento dos Jovens Pioneiros», criado para lhes dar instrução sobre osdireitos e deveres do cidadão dentro de uma Sociedade que será baseada nacooperação e não na competição ambiciosa.,Para atin'gir tais fins, a «rca ne.cess4ta de umi novo tipo de Homem - um Home-idedicado à causa nacional, modesto, honesto e conscien4 te; um Homem que seeleve acimq de vulgares interesses e esteja ao servico da Nado e da Humanidade;um Homem que abomine- a ganâneia e detestq a ostentacão. Um novo tipo dehomem. cuia forca esteia na sua b i-ldade e cuja grandeza resida na suaintegrids,4-».UNIDADE

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AFRICANA«... Há pessoas que m.ntm a opinião de que a África não

pode unir-se porque não possui os três «ingredientes» necessaros à sua Unidade:Raça, Cultura- eLíngua comuns. I1 vei-dade que estivemos divididos duranteséculos. As delimitações territoriais que nos aivdem .oram fixadas há muitotempo - e muitas vezes com certa arbitrariedade - pelos colonialistas. Alguns denós so muçulmanos, outros são cristãos; outros ainda crêem nos deuses tribais,tradicionais. Alguns falam Francês, outros Inglês e ainda outros, Português; isto,para não mendionar milhões que apenas falam uma das centenas das diferentesLíng u a s africanas. Certamente que temos consideráveis diferenças que afectama nossa visão do Mundo e condicionam o nosso desenvolvimento político.Tudo isto é inevitável e devido ao nosso passado histórico. Mesmo assim, e adespeito de todas estas diferenças, estou convencido que o que nos une é muitomais forte do que o que nos separa.Quando encontro africanos de diversas partes dO Continente, fico muitas vezesimpressionado por tudo quanto tenos em comum. Não é apenas o nosso passadocolonial ou o facto de termos objectivos comuns: é qualquer coisa de maisprofundo. Talvez traduza melhor a minha ideia, dizendo que é como que umsentido especial de Unidade, sob o qual nos sentimos AfriCano. O .Em linguagem comum, .esta Unidade, tão profundamente consolidada, estáclaramente demonstrada no desenvolvimento do Pan-africanismo e, maisrecentemente, na projecção daquilo que foi designado por Personalidadeafricana».A VANGUARDAINTELECTUAL«A história das realizações humanas mostra que, se uma inteligência despertaemerge de um determinado Povo, ela torna-se a vanguarda na luta contra aopressão estrangeira. Há, pois, uma relação directa entre este'facto e a negligênciados colonialistas, no que respeita ao desenvolvimento intelectual dos povos dassuas colónias. Cedo verifiquei esta ligação e foi poressa constatação que me tornei professor durante algum tempo.O tremendo entusiasmo pe4a Educação, em África, nunca impressionougrandemente os colonialistas. Uma vez, um rapazinho escreveu: «Pens11 que oacontecimento mais feliz da minha vida foi a minha entrada na Escola». Um outroafirma: «A maijr infelicidade que eu poeria ter tido seria não tci uma boaeducação ou tirarem-me agora da Escola; se isso acontecesse, a minha vida seriadestroçada».0 desejo veemente de Educação, tanto entre as crian-' ças, como entre os adutos,nunca teve grande estímulo por parte das autoridades coloniais e uma das pioresher a n ç a s do colonialismo foi precisamente a ausência de um corpo de técnicose administradores africanos devidamente treinados».A LIBERDADEACIMA DE TUDO«Tenho uma convicção profunda de que todos os Povos desejam ser livres e que odesejo da Liberdade tem raízes na alma de cada um de nós.

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Contudo, não é com facilidade que um Povo, que foi durante longo tempo sujeitoà dominação estrangeira, encontra a forma mais correcta e eficaz de transformaresse íntimo anseio em Acção. Sob uma dominação arbitrária, o Povo torna-se,quase natural-, mente, letárgico: embotam-se-lhe os sentidos; o terror é a forçadoriiinante da sua vida: medo de transgredir a Lei, medo da repressão que poderesultar de qualquer pequena tentativa de se libertar das suas grilhetas. Aqueles qu e iniciam a luta pela Liberdade devem libertar-se desta apatia e deste medo.Devem dar expressão activa ao a n s e i o universal de se ser livre. Devem fazerda Fé do Povo a sua própria força e encorajar os outros a tomarem parte na lutapela liberdade. E, acima«h ÁFRICA DEVE UNIR-SE»de tudo, devem mostrar, aberta e inequivocamente, os objectivos a que sepropõem, organizandq o Povo com o único propósito de atingir a sua autonomia».A CONQUISTADO PODER«Tornou-se axiomático que a dominação colonial não retira de boa vontade o seucontrolo político sobre uma determinada possessão. Antes de partir, oscolonialistas fazem esforços sobre-humanos para criar divisionismo e rivalidadesque, mais tarde, esperam poder explorar. A India, com a sua divisão em doisEstados separados, e a triste herança de um sistema<A LUTA CONTINUAfeudal-religioso, é o exemplo mais evidente desta afirmação. Mas, além desteexemplo, a situação criada no Burma, Ceilão, nos Camarões e no Vietname, e adivisão das duas Federações francesás da África Ocidental e Equatorial emEstados separados da Comunidade fráncesa, m o s tram claramente e sãotestemunho eloquente desta já evidenciada política de «dividir para reinar». Omesmo se passou com a divisão federal da Nigéria em, três regiões,onde aadministração britânica tinha previamente montado, com todo o cuidado, umaforma unitária de Governo, desligado do vasto conglomerado de povos diferentes.À primeira v i s t a, os escusos caminhos da dominação colonial são difíceis delobrigar. Ela não sai de, Africa «de mãos a abanar», ainda

que tenha um conhecimento perfeito que agoniza quando tenta estrangular acompleta e total liquidação do sistema colonial. Os colonialistas actuam de formatal que parece estar perfeitamente correcto imiscuirem-se nos a ss un tos internosdos Países que nascem e tên a presunção de ditar o que está-correcto e o que estáerrado na actuação dos dirigentes dos novos Estados.Nuni relance mais demorado, estas manõbras, f a Z e m parte de taWestratégia de«dividir para reiiíar», de longa data utilizada por eles».UNID EWrqm Pais que acaba de sair da dominação colonial,hd muitas «mraleitas» a curar, muitos problemas a resolver, problemas esses queencontrarão a sua solução com o tempo, possibilidades económicas econhecimentos técnicos. O fim da administração colonial deixou o Gana, paraalém do, mais, com um fraquíssimo índice de Educação entre a grande massa donosso Povo e sem um sistema adequado de Educação universal, resultado de uma

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fácil depredação f e i t a por homens públicos sem escrúpulos. Por este estado decoisas poderão responsabilizar-se os recursos demagógicos e a eloquênciaexploratória que, exaltando as emoções fáceis, obscurecem a Razão.Nestas condições, não foi difícil à Oposição descobrir razões de insatisfação que,cuidadosamente foram «cultivadas» para cri~ ressenti-ffimentos e mágoas. Em Acera, por exemplo, aproveitaram os sentimentos tribais doPovo Ga, no que diz respeito às carências de habitação; encorajaram a formaçãodo «Ga Hifimo Kpee», uma organização de e a r d e ter abeolutamente tribal, quedepressa se tornou cosmopolita; f o m eniram o separatismo em Ashanti e p r om o veram dissençóes no Norte. Tentaram, enfim, demonstrar ao Mundo que eles- a Oposição - tinham ra. zão em insistir que nós não estávamos preparados paraa Independência».KWAME N'KRUMAH(in «A África deve unir-se»-1963).«HEO COLONIALISMO. 0 OLTII 4 ESTÁGIO DO IMPERIALISMO»

Foi tomado público na semana passada o documento que regulamenta a situaçãodos funcionários públicos que permanecerão em Moçambique conservando ouoptando pela naionalidade portuguesa.ýAsinad* pelo Primeiro-Ministro do Governo de Transição, çamarada JoaquimChissano. e pelo Alto-Comissário da República Portuguesa em Moçambique,contra-almirante Vítor Crespo. o documento em causa reveste-se de grandeimportância uma vez que estabelece os compromissos, deveres e garantias dessesfuncionários, além de definir os poderes e obrigações dos Estados deMoçambique e de Portugal em relação àqueles servidores.Damos a seguir o texto completo do acordo o qual devet'á uer de todos conhecido.Para facilitar a sua leitura e a sua compreensão, dividimo-lo por capítulos cujostítulos são da nossa responsabilidade. O mesmo objectivo tentamo-lo alcançarmas caixas que acompanham o texto.Disposições geraisARTIGO 1.o1. Depois da independência os servidores do Estado, dos Serviços autónomos oudos corpos administrativos, de nacionalidade portuguesa colocados emMoçambique poderão continuar a prestar serviço para o Estado de Moçambiquenos termos do presente acordo.2. As pessoas singulares referidas no número anterior passarão a ser desÁgnadas,nopresente acordo, pelo termo. «servidores».3. Disposições especiais a acordar entre as partes interessadas regurarão a.situaçãodos servidores que, em face. do processo de descolonização, em curso, venham aadquirir outra nacionalidade que não, a moçambicana e percam a. nacionalidadeportuguesa.ARTIGO 2.oOs funcionários que adquir ire m a nacionalidade moçambicana ficarão automati-

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DE~~INEI*SITDACo DE ADIDOScamente integrados no funcionalismo de M Qç a m bique, deixando de lhes seremaplicáveis as disposições do presente acordo.Dos contratos ARTIGO 3.01. A prestação de serviço a que se refere o n." 1 do artigo L.o será objecto decontratos com início à data da independência e a duração de dois anos, renováveispor períodos de um ano, e outorgados entre o Estado de Moçambique e osservidores nos termos de modelo a fixar.2. Os servidores contratados nos termos deste acordo permanecerão a prestarserviço sem interrupção e sem necessidade de quaisquer formalidades de visto ouposse, devendo, porém, prestar o com-promisso de honra a que se refere o artigo 6. .ARTIGO 4.,Os contratos de prestação de serviço referidos ao artigo anterior, poderão serrenovados pelo Estado de Moçambíque por períodos sucessivos de um ano, desdeque o servidor interessado o requeira até 120 dias antes do termo da prestação deserviço. Neste caso, o Estado de Moçambique deverá decidir o pedido do servidorno prazo de 60 dias, fitidos os quais, se não houver decisão, se considerará que foidada anuência à renovação.Da rescisão do contrato ARTIGO 5.1. A prestação de serviço poderá ter, mediante um p,é--aviso de seis meses, um termo antecipado, por decisão unilateral, quer do,Goverio de Moçambique, quer do servidor.2. O servidor que não recorrer ao pré-aviso para 'a denúncia do contrato ou dequalquer, das suas renovações, perderá os direitos e garan-tias previstas no p r e se n t e acordo para o fim" da prestação de sorviço.3. A prestação de serviço poderá terminar, porém, anteè de findo í o razo1espectivo, por acordo entre o Governo de Moçambique e o servidor.Depois da i~dependência os servidores do Estado, dos Serviços autkmwos su doscorpos administrativos de na-cildade portuluesa colocados em Moçambiquepoderão continuar a prestar serviços para o Estado de Moçambique nos termos dopresente acordo. Essa prestacão de serviço será dkjecte de contratos com inicio àdata da independência e a duracío de dois anos. renováveis por oeriodo de um anoe out~ads entre o Estado de Moçambique e os servidores nos termos de modelo afixar.

Devores, obrigaçõeso compromissos dos servidoresARTIGO 6.01. Os servidores deverão prestar um compromisso de honra, obrigando-se a,durante o período em que se mantiverem ao serviço de Moe a m b i que,desempenhar as suas funções com inteligência, zelo e aptidão e a respeitar o;princípios orientadores do Estado de Moçambique e as leis moçambicanas.2. Aos servidores fica ve-

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dado dedicarem-se a actividades políticas sem autorização do Governo deMoçambique, ou praticarem actos que prejudiquem os interesses materiais oumorais do Estado de Moçambique ou que afectem as b o a s relações existentesentre o Estado Português e o Estado de Moçambique.3. Os servidores não poderão exercer qualquer actividade profissionalremunerada, salvo com permissão do Governo de Moçambique.4. Os servidores ficam sujeitos à regulamentação geral definida para ofuncionalismo de Moçambique, com ressalvadas disposições do presente acordo.Poderes e "gar*ntiasdo Estado d MoçambiqueARTIGO 7.oO Governo de Moçambique pode utilizar os servidores em quaisquer funções esegundo as competências, ao serviço do Estado de Moçambique.ARTIGO 8.o1. O Estado de Moçambique garantirá aos servidores abrangidos pelo p r e s e n te acordo um tratamento não menos favorável que no momento da independênciarelativamente aos vencimentos e remunerações a c e s sórias de e a r á c t e rpermanente, bem como ao subsídio para renda de casa ou direito a habitar casa doEstado.2. Aos servidores serão concedidos pelo Estado de Moçambique -abonos defamília, bem como assistência médica e medicamentosa nos mesmos termos emque tais direitos forem reconhecidos aos funcionários moçambicanos.Férias dos servidoresARTIGO 9.o1. Os servidores terão direito a trinta dias de férias por cada ano de servicor-prestado.2. Os servidores p o d e r ã o descontar em cada ano um terço das férias anuais,acumulando-as até um máximo de três anos, para o efeito de serem gozadasjuntamente com as férias anuais.3. Se por conveniência de serviço ou rescisão do contrato o servidor não forautorizado a gozar a licen"a de férias a que tiver direito no decurso do contrato oudasOs servidores que adqulrrem a nacionalidade meoçambicana ficarãoautomaticamente integrados no funcionaism.de Moçambique deixando de lhesserem aplicáveis as disposições do presente acordo.

ção de serviço, promover os servidores ou aumentar a remuneração definida nocontrato, sem com isto vincular o Estado Português que não ficará obrigado areconhecer a promoção aquanio do regresso dos servidores.Regime disciplinar dos servidores Promoções, transferênciasde dinheiro, bens ARTIGO 10.o e outras garantiasPÁGINA 413. Os servidores que viajem por conta do Estado de Moçambique ou do E s t a d oPortuguês nos termos referidos no presente acordo, terão direito ao transporte dassuas bagagens por conta do respectivo Estado ou Estados com

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Os servidores contratados nos termos deste acordo permanecerão a prestar serviçosem interrupção e sem necessid#de de quaisquer formalidades de visto ou possedevendo prestar o compromisso de honra obrigando-se, durante o período em quese mantiverem ao serviço deM14oçambique a desempenhar as suas funções cominteligência, zelo e aptidão e a respeitar os principios orientadores doEstado de Moçambique e as leis moçambicanas.Aos servidores fica vedado dedicarem-se a actividadespolíticas sem autorização do Governo de Moçambique ou praticarem actos queprejudiquem os interesses materiais ou morais do Estado de Moçambique ou queafectem as boas relações existentes entre o Estado Português e o Estado deMoçambique.Os servidores não poderão exercer qualquer actividadeprofissional remunerada salvo permissão do Governo deMoc mbire.Os servidores ficam sujeitos à regulanmentdção geral definida para ofuncionalismo de Moçambique com ressalvadas disposições do presente acordo.ARTIGO 12.o os limites de cubicagem estabelecidos pelas leis vigentes1. No decurso da prestação à data da independência de de serviço a que se refereo Moçambique. presente acordo, os servidores terão o direito de trans-ARTIGO 13.0ferir para o seu país uma ;mportância em dinheiro corres- 1. (ns servidores que,após pondente a vint,' e cinco por a independência de Moçambicento dosvencimentos e re- que. não permaneçam neste munerações acessórias de ca-Estado, contratados nos terrácter permanente, líquido de rios do presente acordo,terão impostos, auferidos pelo exer- direito às passagens de recicio das funçõesdo seu car- gresso a Portugal ou territógo. Essa importância poderá rio deorigem, por conta doO Estado de Moçambique poderá, no decurso da prest açao de servi'o promoveros servidores ou aumentar a remuneração definida no contrato sem com istovincular o Estado Portunuês que não ficará obrigado a reconhecer apromoção equando do regresso dos servidores':,',1. Os servidores f icarã o sujeitos ao regime disciplinar dos funcionários doEstado de Moçambique.ARTIGO 11.oO Estado de Mocambique poderá, no decurso da presta-ser transferia mensalmente ou aquando do regresso definitivo dos servidores.2. Na altura do regresso definitivo dos servidores, correspondente ao termo docontrato ou suas renovaçóes, os seus b ens mobiliários que constituam a normalbagagem e recheio da casa, e uma viatura automóvel utilitária que pelos mesmosservidores tenha sido adquirda há mais de um ano, ficarão isentos de tr;,b'tação ouda aplicação de quaisquer direitos de exportação.Estado Português, para si e familiares que, "antes dá independência deMoçambique, a elas tivessem direito. :2. Os servidores que, após a independência, ,i n ic i e m o contrato a que se refereo presente acordo e o exer'am sem solução de continuidade, t-ráo direito, finda a

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prestação normal do contrato, a passagem de regresso a Portugal ou territória deorigem, ns termos do número anterior. O encargo destas passagens será daresponsabilidade conjunta dos Estados Por-O Estado de Moçambique garantirá aos servidores abrangidos pelo presenteacordo um tratamento-não menos favorável que no momento da independênciarelativamente aos vencimentos e remunerações acessórias de carácter permanentebom como ao subsidio para a renda de casa ou direito a habitar casa do Estado.

1PÃGINÀ 42tuguês e de- Moçambique, em partes i g u a i s. As viagens eèfectuár-se-4*.o,emlinhas de "ayegação aérea ou marítima das duas partes que intervêm- no present.eacordo, mediante uma distribuição:equi3. Os seryi4ores cuja prestAção de serviçotenha sido renovada, terãq direito, findo o periíPdo da oup4as renovações, a-passagens, de regresso a Portugal ou territórios de Qri gem psra si. bem comopaza. o,, cônjuge. .Terão,, também direito a passagens de regr.es. .o para os, pais efilhos menores de 25 anos deles dependentes. Q encargo destas passagens será darespoasabilidada, do Estado de. Moçambique.Reformnas, pensõese indemnizaçõesARTIGO, 14.'O Estado Português e o E!stado de Moçambique assegutrar o o pagamento dere,oarmas, p(lnsões, e indemnizações a queos 'servidores do Estado e.dos corposadministrativos tenham direito, pela forma acordada entre as ParOs servidoresficarão sujeitfuncionários doístado de MoçaDos processos disciplinaresniç o dos servidores serão re Portúgus aquando do regressses servidores.tes Contratantes, independentemente de opções de nacionalidade que venham atomar.ARTIGO 18.o. O Estado de Moçambique assume a responsabilidade de versar à Caixa Geral deApo-sentações d. Portugal as importâncias a descontar para efeitos dQ reformas,pensões e indemnizações nas remunerações dos servidores que continuem aprestar serviço em Moçambique, contratados ao abrigo do presente acordo.ARTIGO 16,oO -Estado Português assume a responsabilidade pelo ,pagamento das r e f o<r ma.s e pensões já concedidas, à data da independência de Moçambique, ao$militares e ex-militares, ou.familiares que a elas tenham direito, que prestaram ouprestam serviço nas FQrças Armadas Portuguesas, i n d e p. endentemente danacionalidade ou do local da residência dos respectivos beneficiários, e devidas aocumprimento daquele serviço.Disposições filaisARTIGO 17.o

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1. Os contratos referidos no presente acordo deverão ser assinados até trinta diasda data da independência de Moçambique, mas só entrarãoos ao rq edlsdplinar dos ImFille.que tenha, dado lugar à pumetda c¥is * 'Governo o defiitiva a Portual dosemvigor à data da nencionada independência.2. O compromisso de honra a que: se refere o n., 1-do artigo 6.* deverá serprestado nos dez dias seguintes à data ,da independência.

PAGINA 43DE JOAQUIM, CHISISANODURANTE A ASSINATURA DO ACORDOENTRE O ESTADO DE MOÇAMBIQUE E O ESTADO PORTUGUÊS, OPRIMEIRO-MINISTRO DO GOVERNO DE TRANSIÇÃO CAMARADAJOAQUIM CHISSANO, PRONUNCIOU BREVES E IMPORTANTESPALAVRAS QUE PASSAMOS A TRANSCREVER NA INTEGRA:Senhor Alto Comissário da República P o r t uguesa emMoçambiqueM em b r o s da DelegaçãoPortuguesaCamaradas e Amigos:O acordo que acabámos de assinar com o Governo Português é testemunho danossa vontade de estabelecer laços de cooperação e amizade com o povoportuguês, por forma a que os nossos povos -consolidem a aliança histórica quenos uniu. na luta contra o fascimo e a opressão.Podíamos ter s i m pI e s. mente indicado as condições que o Estado de Mo.çambique iria oferecer aos funcionários portugueses e deixar que estes asaceitassem ou não. Mas preferi. mos discutir com Portugal e, em conjunto,procurar e acordar soluções a fim de podermos encontrar as melhores condiçõesposs'veis, para que os funcionários portugueses não f o s s e m prejudicados efossem simultaneamente salvaguarda. dos os interesses do povo moçambicano.Estamos satisfeitos com os resultados e seguros de que o documento queacabámos de assinar constitui mais um importante marco histórico deste períodode transição.O espírito que e s t e v e s e m p r e presente na discussão deste acordocaracterizou-se pela compreensão com que ambas as partes souberam entender asrecí. procas dificuldades e pelo espírito construtivo com que se enfrentou asolução das questões mais difíceis.A lg u n s queixam-se de que a solução levou tempo; que o acordo deveria ter sidoassinado e publicado há mais tempo.A esses, queremos lembrar que a demora significou cuidado e preocupação noestudo de uma matéria que sabamos ter reflexos psicológicos e até materiais navida de muitas pessoas e no futuro de muitas famílias. Ceder à pressão dosoportunistas que p e d i a m uma resposta urgente antes que terminasse a graciosaou a licença da Junta de Saúde, significaria não ponderar devidamente os justosanseios dos que continuaram, nos serviços públicos, a trabalhar com consciência

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e, moitas vezes, acumulando funções de quem se furtara ao cumprimento dodever.Foi para estes funcionár i o s conscienciosos e honestos que trabalhámos; foi paraeles que as duas partes deram o melhor de si na procura de uma justa solução.E é a esses funcionários que quero dirigir uma breve mensagem:EJgfn

A FREILIMO e* oGove de Transição sabem que fncionários que ficarem'"oambique. o f a r à o bom grado, firmemente postos' a servir o povo0ambicano:e a reconstru nacional. NInguém d e v e ficar contra a sua prólvontade. Os fu n c i onái portugueses que decidii trabalhar para o nosso I deverãoser conscientes que têm a cumprir uma 1 são que, transcendendo própriasobrigações p a çom o povo moçambicE constitui um dever para < a sua própriapátria: Po gal. Sabemos que cor ponderão ao que a Histi espera deles e que, corSeu trabalho honesto e dicado, contribuirão par íoforço das relações enti povoportuguês e o p o moçambicano.Quem não tiver a cap dade de assim entende processo que temos dia de nós, estáirreversiveln te ultrapassado pelos a< tecimentos.Gostaria por ú l t i m o proveitar a ocasião p anuncar'ã todos os moç bicanos qu,embora se conheça ainda a Lei de cionalidàde, o seu contei será tornádo públicomibrevemente, de modo ai íitir que todos sejam in #ados em tempo do ace que lhes édado à nacik idade- m o ç a mbicana. rém, o c.onhecimento de ei não condiciona ad são d assinar ou na< contrto' que agora ac; de ser definido por e s acordo.Pará terminar, não po deixar de assinalar a ac de V. E -̂, Senhor 1 Comissáio da Re p i b Portuguesa em Moçar que, e a forma franca e como soube conduzir aticipação da delegação tuguesa na d is c u ssão presente acordo.Foi por um diálogo asfranco, digno, leal, ,eado na igualdade e respeito m ú t u o - qu FRELIMO lutoudurante anos.PALAVRAS D0 ALTO-COM ISSARIO'TAMBÉM O ALTO COMISSÁRIO DA REPúBLICA PORTUGUESA EMMOÇAMBIQUE, CONTRA-ALMIRANTE VíTOR CRESPO, PRONUNCIOUUM DISCURSO DE CUJO CONTEU-, DO DAMOS AOS NOSSOS LEITORESAS PASSAGENS QUE ACHAMOS MAIS SIGNIFICATIVAS:ac. Respondendo às preor o cupações q u e decorriam inte da necessidade dese definen- nir xi Estatuto dos Funcionários Públicos em serviço nos territóriosem vias* de de independência, publicou ara o Governo Português o deam- creto quecria um «quadro nao geral de adidos» no MinisNa. tério da Coordenação Inúdoterterritorial. uito Esta legislação ficaria, per- ' ahifor- porém alheia de conteúdo, for- se não houvesse, por parte ;sso da Frente deLibertação deMocambirue, uma resposta Po- as mesmas preocupações. esta

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esta Essa resposta constitui-a eci- o documento agora assinao do.concretização da geneaba ralidade d o s princípios s t e eninn;ado3 no protocolodoAcordo Geral de Cooperasso ção e Amzade entre Porçao tulal e Mocarnbique,no klto que diz respeito à permalica nCncia dos servidores do nbi- Estado e doscorpos admileal n!strativos de nacionalidade par- portuguesa na nova Nação por-Mo-ambicana. do Sa.ivanuardar direitos deservidores, adquiridos atrasim vés de uma legislação em ba- tantos casos dematiz colono nial. e responder às solicie a tações de uma nação que dez nascepara o convívio internacional. não foi tarefa isenta de dificulidades. Procurou-seporém não defraudaras legítimas expectativas dos funcionários de nacionalidade portuguesa, as quaissão acauteladas nó presente acordo.O acto simples que acabamos de celebrar, culmina uma tarefa que se desenvolveuao longo de várias sessões de trabalho não isentas de algum esforço, mas, a quepresidiu sempre um clima de entedimento e de consideração pelos interessessuperiores de ambos os povos, que muito me apraz aqui registar. Tratava-se dematéria, de extrema delicadeza pois, se por um lado hoveria que considerar ossuperiores interesses do processo de descolonização, que desde o início augureide exemplar, oor outro se estava em Dresença de interesses individuais aue aosnegociadores mereceram o maior respeito. Penso que foi possível conciliar uns eoutros. A execução deste acordo. o clima de fraterna amizade aue vimosconstruindo entre os dois povos independentes, provará as rectas intenções quenos nortearam.Tenho afirmado algumas vezes que as con-quistas da jovem demo cracia portuguesa pas, sam por um processo dedescolonização cor recto, que se não pode desligar da consciência dasresponsalfdadeý históricas para eo f os povos que sofreram a opressão 'colonial.As t refas em que se vã¿ achar envolvidos, são daquelas que apetece fazer.Colaborar, com o vosso esforço, n4 r cons, trução do M ç mbique independente, étarefa que transcende os inte resses e, pequenos egoí mos individuais. Colabci raractivamente no pro. gresso da jovem naçãÓý e missão que ultrapassa os simplesvalores. das p trias portuguesa e moçãmbicana, ?âgora finalmente libertas, para r,teressar a todos os povos ainda oprimidos. CQda êxito das Forças prcê gressistas,ond quer que se concretize, é um, triunfo que interessa ' toda a humanidad.Aqui em , ambiquq acontece história. O povo Português,'que soube também lutare vencer fascismo opressor, não deixará perder esta bata lha da libertação contra aopressão ,'Em Moçarbn be, com o vosso trabalhIo honrado, empeilhados ao ser viço dareconstrução d novo Estado, também e lugar dessa mesma luta.

Milhares de kms de fios produzidos pela Celmoque para: Transmissão de luZ eenergia Sinalização, comando e campainhas Telégrafo, T. S. F. e telefonesAutomóveis e térmicos Reclamos luminosos ...estendem a sua teia porMoçambique, ligando os horóens ao caminho do-progresso.MANGA - BEIRA

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da CLCAT -- Fábrica Nacional de Condutores Elctricos, S. A R. LCELMOO00UOGRESSO ,t

PARA OU[ SERv[m OUS S[ NAU CH[GAR[ Ao DIA~ A - IA 'Di0 EXTRACTOS DAS EXPOSIÇÕES APRESENTADAS PELOS CAMAITAÇAO NO SEMINARIO NACIONAL DE ALFABETIZAçAO, CONACIONAIS DE ALFABETIZAÇAOPara que nos servem os conhecimentos de um grônomo se àí chegarem ao-dia.-diada vida dos camponeses? Para que ser. vem quaisquer conhecimentos técnicos senão chegarem ao dia-adia da vida das grandes massas trabalhdoras? Para muitopouco, ou nada.Populariiar os conhecimentos técnicos, cietflcs, fazi-los chegar às massastrabalhadores, foi palavra.de-ordem saklà do1.0 Seminário Nacional de Alfabetizaç o. Crrespondendo ao compromisso por nósassumido no primeiro texto referente a este Seminário, para deste modoassumirmos

semiflõrio 0 eionaalíati Çã.. - ["S. T C IRfiDIMASIAS IR íAI °kAS 1LEGADOS DO MINISTÉRIO DAS OBRASU1O DI CONHECIMENTOS, A FORNECERessapalade4dem e cumprrmos a nossa obrigação na divul- que deveria serintroduzigaçio dos conhecimentos adquiridos no Ribaué, publicamosho betiz . .alguns extractos das exposilçes arentadas 'plos Camaradas Os tema !eraisdessascimento de Agua e Saneaidelegados do Ministério das Obras Públicas e Nabitaç-, como referem-se pois acada* exemplode conhechuentos técnicos elementares mas essénclais simples, masque nós nãPOBLICASi IkHAB# NAS CAMPANHASidesvnas campanhas nacionais de Alfaexposiçíes foram: IlalttoL Abas¥mento. Osextractos que apresentÀnos um desses tms. São ensn~eos herdamos...,:

PÁfINA 48(P RAA casa é sempre um processo do homem lutar contra o clima e dele se defender.Consoante o clima, varia o material usado na construção da casa, as suasdimensões e a forma e disposição dada à habitação.A casa rural é a que reflecte melhor o meio onde está colocada. Além de«abrigo e lugar de repouso da família» é também sempre um «utensilio adoptado

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ao trabalho agrícola», concebido e melhorado pela experiência das sucessivasgerações de camponeses.As condições do alojamento reflectem-se na saúde da família e no Trabalho, naProdução dos moradores.Sabemos que o Governo colonial nunca se preocupou com a habitação daspopulações. As zonas mais abandonadas foram as zonas rurais.O actual Governo de Moçambique está multo interessado em que cada agregadofamiliar tenha a sua habitacão com o mínimo de condiçcões de habitabilidade.Não sendo responsabilidade apenas do Estado atingir este objectivo, acima detudo é responsabilidade do oróprio Povo, que deve par. ticipar com a suacolaboração.A construcão de casas tem de ser feita com a Plena participação dos utentes, dosque as vão usar e usurruir de maneira a oue a sua arquitectura responda àsnecessidades daqueles que as usam.As populações têm que intervir com aR suas ouiniões e com o seu trabalho nodesenvolvimento e na planificacão, local ou regional.Os espe.ialistas de habitacão do Mini-tp- < de Obras Públi,,a, e H.F ação sabemque e erro copiar as construções de outros países, pois normalmente só satisfazemas novas classes burguesas.r. necessário e imperioso elevar o padrão de vida geral das massas populares a pa-ir daquilo que é bom na sua maneira tradicional de viver e construir.Conhecer para corrigir a construçÚo tradicionalPara isso é necessário conhecermos todas as maneiras que as várias popula-BITACAOções de Moçambique conhecem de construir. Porque as habitações de Gaza nãosão iguais às da Ilha de Moçambique, nem as do Niassa iguais às do Maputo.Temos que conhecer os materiais e as técnicas que cada população usa naedificação da sua casa para as podermos melhorar, aproveitar aquilo que têm debom e extirpar, arrancar, aquilo que não serve ao conforto e às condiçõesmínimas de higiene. Esse trabalho não pode ser feito por uma, duas ou dezpessoas. Tem de ser feito por todos nós que vamos sair deste Seminário Nacionalde Alfabetização, por todas as pessoas empenhadas na alfabetização.Será essa a primeira tarefa, no que respeita a este capítulo, para que lançamosapelo aos participantes neste Seminário. Que cada um estude com os outrosmonitores e alfabetizandos em cada uma das suas províncias, em cada distrito, emcada círculo, os modos de construir' as habitações, os materiais usados, aorganização e funcionamento da casa.Temos que fazer a análise da habitação tradicional moçambicana descobrindo assuas qualidades, as suas vantagens e inventariar e corrigir os seus defeitos e osseus erros.Concentrar e organizaras populaçõesUma outra necessidade imediata é a de mentalizarmos as populações,especialmente das zonas rurais, das vantagens de deixarem de viver dispersas epulverizadas por todo o território do nosso país e de se organizarem em grandesaldeias de mil a duas mil pessoas. Organizarem-se em cooperativas. Cooperativas

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que possam construir as suas casas, as suas escolas, as suas estradas, os seusfontanários, os seus blocossanitários, etc.Não deve considerar-se aHabitação como apenas o espaço destinado a abrigar a família. As necessidadesdo Povo não são apenas habitar. São também as necessidades sanitárias,educativas, culturais e recreativas, os transportes, as necessidades comerciais.A este conjunto que envolve o «habitar» sob esta perspectiva chamamos«habitação integrada». Toda uma série de equipamentos e serviços colectivos quepossibilitem a vida em comunidade, um 'melhor rendimento no trabalho, na saúdee na educação, formam a habitação integrada.Será pois esse o nosso objectivo no sector Habitação. Não fornecer só casas, mascasas integradas.Com o Povo aglomerado e organizado em cooperativas é muito mais fácil aoGoverno apoiar e, auxiliar as populações a construir as suas casas, as suas aldeias,assisti-lo com ajuda técnica para melhor aproveitamento da te r r a, dosutensílios, das máquinas e também para uma melhor cobertura médica ehospitalar.Se as populações estiverem dispersas todo o apoio se torna mais difícil e espe-cialmente mais dispendioso. Se as populações estiverem concentradas. eorganizadas em ý aldeias será fmais ,ácil e mais económico proporcionar-lheshabitação integrada: todos os equipamentos de produção, de saúde, escolares, deabastecimento de água, luz eléctrica,-melhores transportes, etc.Conhecimentos elementares indispensáveis àedifi .Há no entanto conhecimentos técnicos básicos elementares relativos à habitaçãoque podem e devem começar desde já a ser divulgados.Na edificaçao duma habitaçao devem ter-se em conta os seguintes - cuidadosA -IMPLANTAÇÃO:-Fscolher, um local que elereça condições de pr~ç ao

contra as enxurradas, deslocamentos de terra, ventos fortes.Devem escolher-se zonas em plataformas de determinada altitude e nunca nofundo de ravinas, leitos secos de ribeiros ou proximidades.Deve primeiro preparar-se o terreno limpando-o, alisando-o. mas mantendo todasas árvores que ofereçam segurança, isto é. que não seiam velhas e podres nemmuito altas.Se a zona é de trovoadas frequentes não deve colocar-se debaixo de árvores altas,"mas afastadas uns 30 ou 40 metros.As árvores podem ser aproveitadas para proteger a casa dos ventos e das chuvasfortes.B - VENTILAÇAO:A ventilação ou seja a circulação do ar dentro da ha-bitação, deve ser feita de modo a que o ar entre por um lado e saia por outro.Assim refrescam-se as paredes interiores e diminui-se o calor que aquece asparedes pelo lado de fora e que depois passa para dentro.

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Se a ventilação for má, a temperatura interior é maior que a exterior, isto é, estámais calor dentro de casa do que fora de casa.Em relação à exposição solar, as paredes de fora mais compridas devem estar nosentido este-oeste, ou seja no sentido nascente-poente. Deve eDvitar-se que o solcaia directamente nas janelas e portas.A vegetação, as árvoes. podem prestar grandes auxílios na protecção contra o soldirecto. contra os ventos fortes, contra o pó, etc.As árvores escolhidas para a protecção da casa podem tomar-se elementosprodutivos, como é o caso doscajueiros, mafurreira. árvores de fruta, etc.C - ORIENTAÇAO:A habitação deve ser orientada de modo a ser bem exposta ao sol, com a zona dequartos para nascente ou poente, assim como a sala. principal. A zona da cozinhae casa de banho deve estar no lado contrário aos ventos predominantes de modo aque os cheiros não invadam toda a casa.De preferência deverão estar voltadas para o quadrante norte, pois os ventospredominantes' em Moçambique são do quadrante sul. Assim também nosprotegemos dos mosquitos.As paredes devem teraberturas em frente umas das outras, opostas, portanto, de modo a permitir acirculação de ar para refrescar o interior das habitações.Nas zonas muito quentesEm cima e à esquerda:É tarefa imediata da ,alfabetização estudar os diversos tipos de construçãopraticados em Moçambique para poder estudar as correçÕes necessárias a cadatipo.Ao lado:Concentrar as populações é necessidade imediata.deve proteger-se a habitarante o dia para tomar a casa mais fresca.D - ANIMAIS:Os animais domésticos de produção devem ter uma zona resguardada do sol, dovento e das chuvas, protegida por gradeamentos de madeira para que não seintrometam nos serviços caseiros e mantenham a zona à roda da casa sempreprotegida contra a doença que muitas vezes é transmitida às pessoas pelas fesesdos animais.Deve também colocar-se o cercado dos animais no quadrante norte, de modo aque .os cheiros não invadam a casa. Deve fazer-se um escoamento do estrume' eáguas sujas provenientes dos animais e da casa uns 80 metros afastados da casa'.Com bambus, ramos, cascas de árvores, pode fazer-se a protecção das valas de es-

S * - - j' , - :. .coameinto dessas águas sujas, de modo a que nao infestem o ar e criemmosquitos.Coopermivasde auto-construçãoPara a construção da habitação e da aldeia aconselhamos a preparação de

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terrenos que melhores condições ofereçam no que respeita a possibilidadesagrícolas, pontos de água, circulação e transportes fáceis, 'boa situação geográficaem relação ao sol e aos ventos. De início usaremos os materiais tradicionais,melhorando as condições de conforto e habitabilidade, higiene, etc.Mais tarde essas construções serão substituidas por materiais duráveis - pedra,tijolo, cimento, blocos, etc.Nessa fase £aremos o que se chama «construção evolutiva». Construçãoevolutiva, é construir por fases. Faremos primeiro uma habitação com, oindispensável: uma sala e o «bloco-águas» (cozinha e casa de banho). A medidadas possibilida-. des, disponibilidades e ne-' cessidades de cada famíliaessa casa irá sendo aumentada pela construção de novas divisões.Em qualquer das fases a construção deverá ser feita em cooperativas de auto-construção. Cooperativas constituídas por grupos de famílias que se organizampara construir as suas próprias habitações. Essas cooperativas serão naturalmenteapoiadas pelos serviços públicos ligados aos diversos sectores: habitação;hidráulica, saúde, etc.As soluções particulares de cada aldeia serão no entanto sempre tomadas emconjunto - população, técnicos e Governo. As populações deverão ser sempreouvidas naquilo que querem construir. Devem ajudar a definir e a executar todosos planos. 'Por isso devem ser informadas e esclarecidas. E devem construir com asua experiência e os novos, conhecimentos adquiri,dos. Só as suas necessidades evivências poderão servir de guia ao Governo a encontrar os verdadeiros objecti-"vos da planificação e desenvolvimento que interessam e sirvam o Povomoçambicano.(Dj) ABASTECIMENTODE AGUAdifícil conceber algum ambiente limpo e em boas condições sanitárias sem água.Todo o progresso das condições sanitárias está intimamente associado com apossibilidade de ter água. A implantação ou melhoria dos serviços deabastecimento de água traz como resultado a acentuada melhoria na saúde públicae nas condições de vida de uma aldeia, principalmente no controlo e prevenção dedoenças, na promoção de hábitos higiénicos, na melhoria da limpeza pública. Oabastecimento de água tem dois objectivos fundamentais: fornecer água emquantidade e de boa qualidade.Em quantidade, que chegue para beber, cozinhar, lavagem e higiene pessoal,lavagens de higiene colectiva e limpeza da aldeia. Em qualidade, que seja umaágua saudável. Uma água saudável é uma água não contaminada, incapaz de daràs populações doenças nascidas na água, livre de substâncias venenosas e livre deexcessiva quantidade de substâncias que apodrecem.Tem-se visto que a Implantação de sistemas adequados de abastecimento de água,a par da diminuição de doenças transmissíveis pela água, indirectamente ocorre adiminuição de outras doenças não relaciona-

À esquerda:O abastecimento de água é condição primária para melhorar as condiçõesHigiénicas e Sanitárias.

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Em cima:Pequena represa para armazenamento e distribuição das águasdos rios pelas machambas.das directamente com o abastecimento de água. Verifica-se com bons sistemasde abastecimento de água diminu rà mortalidade por febre, tf ide, cólera,desínteria, etc.Um outro objectivo importante do abastecimento de água é torná-la prontamentedisponível às populações, levando-as ao hábito de aumentar o seu uso na higienepessoal e nas lavagens de higiene colectiva da aldeia. Em muitos casos aspopulações gastam muito tempo carregando uns poucos de litros de água emlatas, o que leva ao uso da quantidade mínima necessária para a suasobrevivência. O abastecimento de água acaba com este problema.Pela redução da mortalidade e da doença e seus reflexos no trabalho, na produção,o abastecimento de água tem ainda importância económica.Tratmnento das águasAs fontes onde se vai buscar água podem ser um rio, um lago, uma nascente ouáguas que estão no interiordo solo, por vezes a grande profundidade.As fontes de água que estão à superfície devem ser protegidas dos animais(porque são muitas vezes portadores de doenças) dos dejectos das retretes, daságuas das lavagens, portanto das águas sujas de substâncias venenosas e deestrurhe.As bactérias que saem dos dejectos das latrinas vão percorrer um caminho noterreno podendo atingir a zona onde está a água.-Essas bactérias só desaparecemdepois de percorrerem cerca de 30 metros no interior da (erra. Por isso as latrinase fossas devem situar-se afastadas mais de 30 metros dos lugares onde se tiraágua, em ,poços, furos ou nascentes.As águas dos rios, lagos e lagoas, usualmente requerem tratamento. A água podeser clara mas conter organismos vivos prejudiciais não visíveis à nossa vista.Um dos tratamentos mais rudimentares a usar quando não haja outros, é ferver aágua e depois filtrá-la. Fervendo-a, muitos dos or-ganismos prejudiciais morrem.Quando possível, os processos de tratamento são:1. Sedimentação -A água é colocada em reservatórios onde deitamos substânciasquímicas, como por exemplo «cal-. Esses reservat6rios puxarão todas assubstãncias que se encontram em suspensão na água para o fundo do tanque,deixando-a assim clara.2. Filtração - Consiste em fazer passar a ágia por tanques -contendo diversascamadas de oõ-ia com diferentes dim'nsões. Em baixo põe-se areia fina (a camadamais espessa), depois areia mais grossa e, por cima. pedra finc.Os filtros devem ser limpos regularmente. Este processo além de reduzir aturvação e clarificar a águaÇÕ reduz as bactérias* entre 85 a 99 por cento.3. Clorinação -É também um processo de tratamento por produtos químicos.Poços e furosMas as,águas que abastecem o nosso Povo são, ge-

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ralmente, «águas de profundidade». São águas que caem das chuvas, entram naterra e ficam em depósito no seu interior. São normalmente saudáveis e podem,ser usadas sem tratamento, . prático e económico obtê-las.Poderão ser tiradas por poços ou furos feitos à mão ou por meios mecânicos.A forma mais vantajosa dos furos e poços é a circular e o diâmetro maisaconselhável para os poços é de 1,70 m. Podemos ter poços com as paredesrevestidas - quando o terreno é fraco - ou sem revestimento.As paredes dos poços devem ir acima do solo para evitar a entrada da águ.a sujano seu interior. Deve manter-se o local limpo e evitar a presença de animais. Paraisso constroèm-se protecções à volta dos poços. As águas que caem junto devemser limpas, levadas para longe.As paredes dos' poços devem ser revestidas de alvenaria, tijolos, pedrasjustapostas ou betão armado. O poco é aberto desde a kuperfície até onde há água

A acumulação de água dá origem a foços infecciosos perigosos para a Saúde.As latrinas e os poços não devem ficar juntos.pela maneira alternada deaprofundamento e revestimento.Quando se atinge o terreno onde se encontra a água é conveniente colocar umfiltro constituído por" camadas, primeiro de areia fina, depois areia grossa, depoispedra fina, pedra média e finalmente pedra grossa. As camadas devem ter cadauma cerca de 15 em.Quando a água está a grande profundidade, às vezes é necessário fazer furos. Esteprocesso já exige equipamento.Para fazer buracos de diâmetro inferior a um poço (de 30 a 50 cm), à mão, podemusar-se trados.Nos locais onde as águas nãQ são boas usa-se a água directamente recolhida daschuvas, que é guardada emcisternas. Podem também ser feitas em pedra, alvenaria, tijolos ou betão armado.Devem ser construídas nos pontos altos da aldeia, a mais de 3 metros dos locaisde depósito de lixos, para evitar contaminação. As suas águas devem ser fervidas.Pequenas barragense represasAs vezes podem-se construir lagos artificiais ou reservatórios construindo umaparede que atravessa o leito do rio, evitando até uma certa altura, que a água corrapara o oceano. Normalnente esta obra faz-se para abastecimento de água àspopulações, dar de beber ao gado e também para irri-gação dos terrenos das machambas.Nos rios que secam em determinada época do ano, consegue-se assim manterágua.Podem ser feitas de terra, de terra e pedra ou em betão armado. As maiseconómicas são as de terra, como é evidente. A construção deve ser cuidadosa elocalizada num sitio estreito, de modo a evitar que a água atravesse a barragem,esvaziando assim o lago criado. Para a construção, na zona central, deve colocar-se argila compactada em camadas de 15 a 25 cm, a maço ou mecanicamente.As zonas laterais podem levar outras terras menos argilosas bem como tam-

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bém, se possílvel, pedra. Também estas terras devem ser compactadas para nãoterem buracos por onde passe a água e a barragem não possa ser destruida numacheia.As zonas. laterais devem ser inclinadas na proporção de 1 de altura e 3 decomprimento,Quanto maior for a altura maior será a quantidade de água armazenada.Nas margens fazem-se aberturas laterais para segurança no caso das cheias.Estes lagos podem rervir a agricultura, para o que se devem construir depoiscanais para levar a água às machambas. Esses canais devem ter inclinação. Podemservir também para criar peixes.

SANEAMENTOEsta altura depende da altura das águas subterrâneas que se pode saber através daspoças. Não se deve ter o fundo da latrina a menos de 3 metros da altura das águassubterrâneas. A' largura das latrinas é variável mas convém que tenha cerca de80cm de diâmetro. Além disso para proteger os restos fecais das moscas e parapoder usar a latrina é necessário tapar esse buraco com estrado, deixando apenasuma peq" abertur,..Também para que as pessoas seý sintam à vontade é necessário proteger o localcom uma pequena construção. O chão da latrina deve ficar 20 cm mais alto que oterreno, para que as águas das chuvas não entrem para a latrina. Além disso, àvolta da latrifna, num espaço de 2 metros para cada lada, deve manter-se Qterren%> sempre limpo. O material a usar na construção pode ser a madeira,bambus, caniço e palmeira. Deve ficar uma abertura na parte superior para arejar.Drenagem das águas dOmésticas e das chuvas.Fscolha fdo local paradespejo dos esgotos.As águas domésticas sãb as águas dos banhos, e das cozinhas. As águasdomésticas devem ser levadas sempre para longe do sitio em aue se vive para seevitar doencas e devem ser espalhadas pelos terrenos quê não se usam paracultivar. Da mesma maneira as águas das chuvas não devem ficar em pocas poiselas tornam-se infectadas ao fim dç alguns dias e os mosauitos podem viver àvontade ai.A maneira de lévar estas águas para longe da povoação é construir valas onde aságuas se juntem e depois levadas para lugares onde se possam espalhar peloterreno ou não possam constituir perigo para a saúde.Os locais onde se podem despejar as águas domésticas e das chuvas devem ficarafastados da povoação, de preferência num terreno em que se possam espalharsem formar as lagoas. Além disso devem-ser despejadas afastadas dos locais emque há água que serve para beber e cozinhar.Construção de valasAs valas servem para juntar a água e conduzi-la. Necessitam ser inclinadas para aágua poder correr. A altura das valas depende da quantidade de água que énecessário despejar. Devem ter normalmente uma altu-ra de meio metro e uma largura de 40 cm. As valas devem ficar do lado dasestradas ou das ruas e nunca devem ter água parada.

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As valas podem ser construídas facilmente e devem, estar sempre liipas. Devemser fei s de tal maneira que as águas sejam despejadas longe da povoação.Deve, haver valas à volta dos sanitários, à volta dos poços e nos quintais. Estasvalas evitam que a água fique em poços e venhaa ser perigosa para a saúde. Estasvalas devem ir despejar a outras valas existentes nas ruas, que levam depois todasas águas para longe.Educaço saitriadas popu~õesA base tla educação sanitária é prevenir para evitar doenças. Consegue-seprevpnir pondo uma barreira entre as fontes das doenças (restos fecais, poças deágua, lixo) evitando assim que as doenças se transmitam. Essa barreira é ahigiene. Obtém-se através da limpeza e da construção de latrinas e de valas. Aparte mais importante do. saneamento é conseguir que as populaçõescompreendam a necessidade de seguir as regras higiénicas e contribuam elaspróprias na construção de latrinas e das valas, melhorando assim as suascondições de vida e evitando as doencas. O principal interesse do saneamento é asaúde. Por isso é preciso transmitir a todos os conhecimentos necessários paraevitar uma das principais causas da falta de saúde e além disso fazer ass;mir aresponsabilidade de resolver os seus problemas higiénicos, em cada família e emada comunidade.d~Jvo-- pra ob~m estaraoPOVO

IJTem sido assim, Nos momento8 de enfor,, pelas (grandes) vitórias desportivaso entusiasmo é transbordante. Geralmente esquecia-8e-e esquecese- que a vitória só foipossível porque, no acontecimento, tambémpwrticipava outro clube, outra equipa. Havia um outro oompanheiro q u e erasempre esquecido. Estávamos errados.PARA QUANDiNAS e0STRUQuem tenha vindo, há anos, a defen der um tipo de desporto diferente d então (eainda) existente, não tinh muitos leitores ou ouvintes, conforme si manifestasse naimprensa ou na rádioEntretanto as coisas modificaram-s e o tal desporto diferente terá de acon terce. Jáse poderia ter arrancado mas a verdade é que a pessoas, de al gum modo ligadasao desporto, ainda não conseguiram libertar-se da pesada cargc do passado que éo conceito que havia (< ainda há) da prática desportiva e d competição nodesporto.Mas enfim, o processo terá de seguii o seu curso, não obstante as dificuldadesDificuldades, aliás, que sucedem em to*dos os casos e situações que se preten.adem reformar ou transformar. Mas fa. lávamos de desporto, pelo que vamos daium exemplo. Para já um exemplo vindc de Portugal, onde o povo também teu a

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sua revolução, e, portanto, também c desporto português (com as suas virtudes(?)e muitos mais vícios) terá de se modificar. No entanto....-.-.«Teimosamente, de há muitos anos já, que eu defendo um modelo, suposto ori-Ã HMODIFICACOES (COINCRETAS) AS DOS -CLUBES?ginal, para o desporto português (....).«Um modelo que, por v ezes, resumonuma simples frase: «É preferível termos uma criança mais, seja ela quem for, apraticar uma qualquer forma simplificada de educação desportiva do que umsuper-atleta a vencer, gloriosamente, com grande e exaltada satisfaçãonacionalista, uma qualquer medalha de oiro nos Jogos Olímpicos». «A medalha,aliás,1 que nunca se ganhou (....).Isto escreveu José Esteves, sociólogodo desporto. Figura de vanguarda do r desporto.Mas continuando com a leitura do trabalho de José Esteves (publicado notrissemanário lisboeta «A Bola»») verificámos que, em Portugal, o desporto nãotem avançado no caminho preconizado > por uma revolução do povo e para opoL vo. Assim se depreende (e é verdade), de mais esta transcrição:* «Amargamente, penso e repenso, acerca deste primeiro ano, desportivamentejá vivido. O que me leva, em conclusão,a arriscar algumas perguntas».E seguem-se as perguntas que, paraagora não importa. Importa sim, sabermos que, em Portugal, ao fim de um-ano de «revolução» o desporto está namesma (ou quase).-oE voltamos ao nosso caso. À situação do desporto moçambicanoUm dia destes, ao ser entrevistado, na rádio, um treinador de futebol de um clubelocal, a uma pergunta relativa à massificação desportiva em' Moçambique, disse,em resumo, que-sim-está-bem, ete. e tal mas, por enquanto, não se devia pensarque os clubes pudessem colaborar em tal propósito, dado que eles, os clubes, etc.e tal outra vez.Resuminido, não vai haver modificações de vulto nas estruturas dos nossosclubes. Ou pelo menos no clube em cau-" sa. Que, por sinal, é o mesmo que,segundo o seu presidente, em entrevista dada à TEMPO disse, claramente,(e nãovem ao caso o nome do clube): «0 (....) pretende ser um clube novo». E refere-se aconversações com entidade governamental no decorrer da qual o clube disse queestaria, vamos lá, de portas abertas para praticantes. Afinal qual é a verdade?A :4

Como se vê, neste clube pelo menos, há duas opiniões opostas.NãQ nos admira, pois não vimos para além de esboçadas iniciativas em dois outrês clubes, qualquer movimento no sentido de transformar, de alto a baixo as jáditas estruturas. Pelo menos em Lourenço Marques.

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Mas Moçambique vai do Rovuma ao Maputo. Que se passará nob outros centrosdesportivos do país quanto a clubes? De momento não dispomos de grandesdados.Sabemos todavia que, na Beira, o problema está levantado. Vamo-nos socorrer doNotícias da Beira, que se ocupou do assunto com um artigo de título significativo:Face ao Moçambique Novo, Clubes devem estar virados para o interesse das -massas.O texto começa por dizer que: Alguns clubes da Beira, que durante muitos anosestiveram apenas ao serviço de determinado sector privilegiado da população,começaram jd a mostrar os primeiros indícios de transformação com o objectivoprincipal de se virarem totalmente para as largas massas, enquadrando-se,portanto, no sistema político actual. (Coriecto, acrescentaríamos nós). Depois dese referir aos propósitos programados em diversos clubes, acaba por citar doiscasos concretos:«Os dois únicos casos concretos em que se preconiza uma transformação, dizemrespeito ao Lions Clube da Beira,organização com carácter de beneficência, e o Clube Náutico da Beira, onde sepratiça a vela, o ténis e a natação. Quanto ao primeiro, sabemos que já foramfeitos contactos com o Lions Internacional para permitir a alteração dos seusestatutos, a fim de se concretizar uma ampliação total na admissão de sócios. Atéaqui, os seus associados deveriam reunir uma série indispensável de requisitos,quer sociais quer profissionais.«Quanto ao Clube Náutico, que tal como os outros praticou discriminação social eracial através de jóias e quotas elevadaS, sabemos que a actual direcção vaiapresentar este mês uma proposta aos seus associados, no decorrer de umaassembléia-geral. Essa proposta visa baixar em 50 por cento o valor da jóia (demil para 500$00) e da quota, ao mesmo tempo que se pretende pôr à disposiçãodo grupo dinamizador do Bairro do Macúti as suas escolas de náutica, natação eténis».Concluindo: é. realmente, imperioso, que os clubes (se quiserem sobreviver eserem úteis ao pais) modifiquem as suas e.st,~liras, humanizando-as num certosentido.É necessário combater o mercantilismo (ainda existente), o conceito absurdo dacompeticão, o sectarismo, o elitismo. Ou,ýpensamos nós, modificam-se ou saibanique o seu trabalho e as suas canseiras não terão futuro. Pese aos saudosos dacampeonite e aos defensores do sectarismo, do elitismo.PRIORIDADES?Não nos parece fácil estabelecer uma ordem de prioridades para as questõesdesportivas a apresentar aqui. E por várias razões como vamos tentar dar umaideia.O caracter. semanal da revista, como os leitores talvez avaliem, tem exigências deprazos a respeitar para entrega dos originais na oficina. E compreende-se, pois umjornal ou revista é um trabalho de equipa e há que ter em conta as necessidades decada um dos sectores. Mas daqui pode resultar a perda da oportunidade de algunscasos. Pot outro lado o nosso desporto procura menos rumos (e nisto todos

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estamos de acordo). Mas há muitas contradições a vencer no desporto federado eeste, por sua vez, tem as suas contradições com o desporto juvenil e no trabalho.Não seria fácil ordenar uma classificação do que interessa. Até pelo motivo dadeversidade de interesses que ainda existem no desporto.Desejávamos salientar este aspecto desta secção. Por outro 1 a do julgamos sernosso dever lembrar que as regras orientadoras e mobilizadores do desportomoçambicano são, claramente, outras. Claramente. E também felizmente.e

Muito embora noutro lado, isto é, fora desta secção, tenhamos vindo a dizeralguma coisa sobre o recente seminário de desporto, também cabe aqui um ououtro apontamento a c e r c a do sucedido nos plenários. E é o que vamos fazernãs três notas seguintes.OO plenário para o desporto juvenil não teve tantas presenças quantas se-seria deadmitir - e de prever - pelo menos em face de algumas intervenções aquando dasessão preparatória. Houve, então, muita parra, e pouca uva quando começaramos trabalhos. Isto é, intervenientes activos na reunião preparatória acabaram pornão aparecer. Decerto que foi pena, pois poder-se-ão ter perdido boas achegas.ORelativamente ao plenário do desporto federado o alheamento dos clubes(fe.derados) foi chocante. Que interpretação poderemos dar?Dir-se-á que os clubes quiseram dizer que fazem a sua vida como entenderem eninguém tem que se pronunciar sobre as «regras do «seu» jogo». Se assim é, nãocustará admitir que os clubes serãoultrapassados e poderão vir a ter as suas surpresas.eFalámos acima dos clubes federados em geral. Manda a verdade dizer que igualausência se verificou por parte dos clubes populares, não federados (cremos queexistem). Alguns poderão ser «grandes» clubes em potência. Clubes com «C»maiúsculo.Teriam oferecido a experiência colhida das suas muitas dificuldades. Foi umaachega que se perdeu, a evocação da sua luta para se aprender. Para subsistir.oQuanto ao plenário sobre desporto no trabalho, o panorama foi muito maisaflitivo. Poucas pessoas. E destas poucas, algumas, certamente, com interesses nodesporto federado.Por outro, lado o relatório final foi fraquinho.E no entanto o desporto no trabalho é uma das tarefas de base para o futurodesporto de Moçambique.ONa imprensa desportiva laurentina escreveu-se:«Assim vimos a natação ser inclwda nos subúrbios já nOutro tempocom o que não conco7rtáios».'Ainda sobre o mesmo caso da nataçã escreveu-se mais:

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«Há tempos escrevemos que havi<certas caraeterísticas rácicas qui não permitiam determinados des portos em4terminadas nações»Pondo de parte a simbiose - carac terísticas rácicas e nações - que na< se percebe,percebe-se contudo muit bem onde se pretende chegar.Entendemos porém que tudo aqoil( está errado. Pelo menos nós não 1h1 vemos,aqui e agora, qualquer lógica.Note-se bem que não estamos a pôr peste em quanto se escreveu, isto é, nã vimossegundas intenções. O que julga mos ver, isso sim, é defesa cerrada d< umdesporto que não interessa, nestE momento, a Moçambique. Qualquer actividãdedesportiva elitista ou preocupad2 em conquista de recordes, boas marcaý e tempoe campeonatos, não interessa, Claro, isto em nosso entender. Fazer da nataçãouma actividade de escol erro.oAinda sobre a nota acima.Nós entendemos que há validade na natação nos subúrbios, pois é uma ten-~

UMA NOVA SENSAÇÃODE FRESCURAO VERDADEIRO SABOR DE MENTAm gosto refrescaateque todos apreciamllALTEROFILISMO,.o.,...O alterofilismo é um desporto que ganhou muitos adeptos em Lourenço Marques.Nos subúrbios contam-se às dezenas os praticantes daquela modalidadedesportiva que, não sendo daquelas que arrastando multidões, foramtransformadas em factor alienante pelo fascismo tem muitos simpatizantes. Pormera curiosidade publicamos aqui a imagem de um atleta da modalidade:Bernardo Mateus.Aproveitamos a oportunidade para chamar a atenção aos praticantes destamodalidade desportiva e é este o principal objectivo desta nota para o facto de oalterofilismo ser um desporto que pode causar sérias perturbações cardíacas semal orientado. Por outro lado, mais do que qualquer outra modalidade desportiva,exige uma alimentação rica e variada. .u.en...e:a vitória é da Juventude. agradávelfrescodelicioso.como os continuadores querem.tativa que poderá sensibilizar grandes massas de jovens, levando-os a aprender anadar. Que é, nesta fase, muito importante. Importa pôr o maior númeroum mundo mais felizpossível de pessoas a saber nadar, e, e jovemneste caso, a natação desportiva oferecerá o aliciante da competição. Da talcompetição que não procura criar estrelas nem envinagrar as pessoas.REBUÇADOS M A

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Divulgado o gosto da natação em ge- Mral, a natação desportiva, a seu tempo, MATOLINIAbeneficiará, independentemente de toda e qualquer teoria rácica. Ou de nação.Em Portugal, os «vermelhos» voltaram a evidenciar uma supremacia que é frutode uma capacidade que não poderá ser contestada. Efectivamente a vitória doSport Lisboa e Benfica no campeonato nacional de futebol só foi possível por setratar efectivamente da melhor equipa (onde há moçambicanos).Uma prova com a duração de sete meses e meio, e que é terminada com algunspontos de v'antagem em relação ao clube classificado em segundo lugar, não podeser ganha por sorte.cOMPANHIA INDUSTRIAL §A MATlA, S. A. .L.EM", ** ____________.___._______...:

UM COMBATE EO Director ýdo Instituto Na- a t o d o o pais. Actualmente esses comprimidos n ão são n6s temos que p e n s a r que uma vacina. Trata-se, sim, de cional de Salde,dr. Alia sendo Lourenço Marques um um medicamento que evitaFranco. concedeu ao Rãdio Ciu. polo de atracção para outros que os agentes dopaludismo; distritos, nós estamos cons- uma vez que se encontrem be uma eeistasobre os tantemente a receber indiví- dentro do indivíduo, .possamproblemas do paludisáo e do duos que vêm empaludados e sobreviver otempo suficienteque sendo observados em Lou- para causarem doença. Chaseu combate. Pela suaopor- renço Marques são considera- ma-se a isto químico-profilatunidade eporque este ano o dos casos de Lourenço Mar- xia, ou melhor, evitar adoenques. Eles não o são na rea- ça por agentes químicos.pudismo adaí,por assim di- lidade. Sobre este aspecto devodizer, 11 solta, transcrevemos Este ano, por motivos que zer que toda apopulação estodos conhecem, as quantida- colar de Lourenço Marquesparcialmente a tal entrevista: des de água colectadas natu- escolas oficiais doensino priralmente é muito grande. A mário e secundário - se enR.C.M. -Inicialmente que- época chuvosa foi prolongada, contram c o m p letamenteconao só em tempo omo em bertas e isto implica uma proríamos saber comoé que têm volume. Criaram-se portanto tecção de 37 294 alunos do sidoestruturados os planos condições que não permitem ensino primário e 25 180dopara erradicação do paludis- uma maneira fácil de destruir ensino secundário.Fora de nio em Lourenço Marques e os pontos da cadeia de trans- LourençoM a r q u e s, temosna Província do Maputo e missão do paludismo. É nes- aproximadamente 10000 quemesmo quais os planos a ní- ses depósitos de água que o se 'estendem desde acapital vel Nacional.... mosquito se cria e se difunde. até ao Limpopo esó nessaA. F. - Em primeiro lugar Neste sentido a Delegacia de - região também uns 12000 intenho que fazer uma pequena Saúde tem posto todos os es- divíduos.

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Quer dizer, em núrectificação naquilo que me forços p a r a diminuir estesmeros aproximados, mais cerpaluso.A......icã.......criadouros de mosquitos aca de 25 000 indivíduos.paludismo já foi hoje r ec o- que tecnicamente c h a mamos Por outro lado,brigadasnhecida que só em determina- vetores. mi tas t eo sn dasdas condiçóes muito especiais é que poderá ser atingida em Por outro ladotomaram-se vários pontos da cidade, paraAfrica, no Sudoeste Asiático providências no sentido de a verificar a e x i s t ên c i a de e na América L a t i n a. Por possibilidade de se transmiti- doentes.Assim, e só a título exemplo, ela foi possível só rem doenças em Lo u r e n ç ode exemplo, podemos dizer nos países bastante desenvol- Marques, os riscosfossem di- que já foram prospectadas as vidos, dispondo de grandes re- minuídosao mínimo, seguintes áreas: Bairro Fercursos financeiros e grandesroviário, Mahotas, zona doapoios humanos. Aqui, o que PROFLA A Romão, zona Albasini eainnós pretendemos é reduzir a da uma série de escolas doum n ú m e r o absolutamente ensino não-oficial. Tudo istomínimo, compatível c o m o Assim, em colaboração com cobriu umapopulação de 5600controlo eficaz, a existência os Serviços de- Saúde Esco- indivíduos, sem nessenúmero de c a s o s de paludismo em lar, criou-se imediatamente a se incluir asprosneccões feiLourenço Marques, nos seus administração de medieamen- tas'ao nível do Benfica. dQarredores, n a Província do tos cuja a c ç A o prolongada Choupal ou do BairroJardim. Maputo em geral e até (futu- evita que o paludismo se ma- Noentanto, as nossas briramente), estender estes ser- nifeste clinicamente. Parece-Xgadas continuam a actuar. viços de uma maneira eficaz -me oportuno explicarq u e Estamos a actuar neste mo-mento na área do Vulcan vamos actuar-na zona da M f a 1 a 1 a, trabalhou-se já eduas ou três áreas de nhambanine da Costa do S enfim, está-se a procurar d tectarfocos que sejam ik portantes e que nos levem tomar medidas mais drást cas.Podemos dizer, até ag ra, que a situação em Lo renço Marques não é para sconsiderada, de maneira nhuma alarmante.R. C. M. - Gostaríamos saber como é que essas br gadas têm agido.A. F. - As brigadas -t í agido em côntacto directo c os Grupos Dinamizadores cais.Essa ligação íntima e tre os G. D. e os Serviços Saúde, tem servido para elareceras populações ace da doenca, o modo de a e' tar, e devo dizer que na mai parte doscasos temos ti um êxito bastante g r a n nesta nova maneira de a] tuar. Há doisaspectos trabalho das brigadas, sen um deles o caso das oueil das doencas,apresentado los próprios indivíduds que acham suspeitos. A esses tiradas lâminasde sangue ra s3erem evaminadas ao croscópio. De qualquer neira é administradoo c] mado tratamento de prevo cão. Toda a populacão rq tante da área, queapresen sintomas clínicos, se admni tra o tratamento químico-pr filático.

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IUDE, LAD"E!No decurso de uma conferência de imprensa realizada na semana passada noHospital Central de Lourenço Marques, o Secretário de Estado da Saúde,camarada Samuei Dlhakama, dirigiu um apelo ao povo moçambicano.Este apelo, que passamos a reproduzir, insere-se no plano de resolução da gravecarência de sangue que aflige os hospitais moçambicanos.- «Nos n o s i o s hospitais sente-se a falta de sangue para atender os doentes e oscirurgiões têm tido doentes que adiam as operações porque muitos deles não estãoem condições, estão anémicos devido a vários factores e por isso achamos que aideia se devia generalizar, porque nãoé um caso singular do Hospital Central de Lourenço Marques, mas em qualquerhospital de Moçambique verifica-se este caso de falta de sangue. Até agora, osangue era recolhido nos bancos de sangue próprios cujos dadores eram presos,soldados ou um grupo que voluntariamente dava, oude uma m a n e i r a comercial. Nós achamos que nesta fase, a nossa população, opovo de Moçambique, já assumiu este grau de responsabilidade, já é capaz demodificar, os métodos de contribuir com o seu próprio sangue para os doentesnecessitados.Enfim, era preciso encontrar uma forma de fazer compreender a cada um de nósaue o desenvolvimento da Nação, cuia responsabilidade é nossa já, dependetambém do físico dos próprios elementos aue a compõem. Quando a Nação temos seus cidadãos cheios de saúde o trabalho é rendável. Doentios, de uma maneirageral, rendem menos. Até dada altura nós podemosdizer que o doente não passa de um parasita. É um parasita porque come à custados outros. Ele não pode contribuir para a Nação.

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Por isso, temos de fazer com que cada moçambicano Sossa contribuir de umamaeira palpável, de uma maneira construtiva, para a Nação que estamos hoje areconstruir.Moçambique está dando um passo gigantesco para a sua independência total ecompleta. A conquista de uma independência confia-nos uma responsabilidadesobre os ombros. Por- isso há que preocupar-se em criar condições que possampermitir que cada um sinta à sua frente um

dever a cumprir. Desta maneira, daríamos um exemplo.SANGUE DE OUTROSPOVOS PARA O POVOMOÇAMBICANODurante a guerra armadaque a FRELIMO travou durante dez anos, verificava-se um auxílio por parte decer-.tos países que forneciam sangue ao nosso hospital, que se encontrava emMtwara, no país irmão da Tanzânia. O povo da Inglaterra, através de um certonúmero de méE- rra o h~ taro p~dicos amigos, recolhia o sangue, que era depois transportado para a AlemanhaOriental, onde sofria uma reoxidação, para depois ser transportado p a r a Mtwara,até nós. Mais tarde verificou-se que também havia possibilidades de recolher osangue mesmo na Tanzânia, onde nós estávamos. E #assim tivemos de convencerou falar com os irmãos tanzanianos e este pedido, esta ideia, foi muito bem aceite.Nunca puseram dúvidas em se sacrificar para que a luta de Moçambique tivesseum êxito positivo o mais cedo possível.O banco de sangue do hospital de Nuhimbiri, que é o hospital central do país,começou por recolher sangue dos membros do Partido, a TANU, a seguir osmédicos, enfermeiros e não se limitou por ai como se espalhou por todo o país.Assim estabeleceu a norma de transportar o sangue do hospital de Muhimbiri paraMtwara, onde se encontrava, onde se encontra ainda o'nosso hospital. ú sanguevinha em quantidade já regulada que era suficiente para durante uma semana eassim, semanalmente, recebíamos o sangue. E nós achamos queaqueles irmãos muito fizeram por nós.SANGUEMOÇAMBICANOPARA DOENTESMOÇAMBICANOSTambém serviria de exemplo transportar esse processo para aqui, dentro do nossopaís. O nosso povo está consciente e há provas concretas disso. Diariamente, vemuma contribuição, quer em dádivas para que a Nação tenha uma situação positivade progresso. Da mesma maneira estamos confiantes de que eles podem dar osangue aos necessitados. Para isso pensa-se estabelecer dias certos para a recolhado sangue aqui no Hospital Central de Lourenço Marques e tal v e z, mais tarde, po d e n d o criar mais centios de recolha de sangue dentro da cidade. E quanto àsprovíncias, o n d e houver hospitais regionais ou provinciais estarão também em

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condições de recolher sangue para atender às suas necessidades e os programasserão organizados nesses mesmos hospitais. E diríamos que tem vantagens paraaqueles que querem dar sangue, o que é uma g r a n d e contribuição, porque elesterão uma ocasião rara de fazer um exame e de ser observada a sua própria saúde,se estão em condições. O sangue não se re-colhe e aplica imediatamente sem que se faça uma amostra que se submete aexame, .para ver se sofre de alguma doença oculta. Uma vez descobertas, asdoenças são tratadas. Portanto, valé por dois, porque eles vão contribuír p a r a osnecessitados como também s e r ã o curados das doenças detectadas. E n ó stambém achamos que os dadores devem ser voluntários, sem nenhuma imposição.Os Grupos Dínamizadores, que têm trabalhado dia e noite no cumprimento devários programas que a Nação decreta ou cria, limitam-se a receber a listadaqueles que querem dar sangue. Essas listas permitirão que o banco ou o centrode recolha do sangue possa fazer o seu programa, assim chamando -em cadaGrupo um determinado número que p o s s a ser atendido imediatamente. Issopermitirá que não haja bichas grandes e a perda de muito tempo. Talvez possamosaté distribuir senhas em que serão registados os dadores e cada Grupo que vemtraz as senhas já preenchidas e trazidas por um dos responsáveis do GrupoDinamizador ou um cutri corpo qu"lquer ificumbido dessa tarefa, o que permitiráuma boa e rápida colaboração».$

o trabale riqueèzapara o povoPbrticipe no progresso do país.Junte-se aos nossos 100 000 depositantes. O seu dinheiro depositado no Montepioserá agoraaplicado na construção de casas populares.Assim, alêm de ver crescer as suas economias,contribuirá para a construção doMoçambique novoMontepuo,t.. deuro at 9% isentos de impostos

Ultimamente aparece toda a sorte de evangelistas só para nos atrapalhar a cabeçae nos dividir.Vejamos o número de igrejas existentes em Moçambique:1) Igreja cristã Católica.2) Igreja Angiicana.3) Igreja cristã da Missão Suíça.4) Igreja cristã Adventista do Sétimo dia.5) Igreja cristã do Espírito Santo.6) Igreja cristã de João Baptista.7) Igreja cristã dos A p ó s t o los(John Malanga).

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8) Igreja cristã da Assembleia de1 Deus.9) Igreja cristã Evangélica Portuguesa.10) Igrela cristã Masione. 11) Igreja cristã das Te stemunhas de Jeová.12) Igreja dos Espiritistas.Além destas há mais ainda e muitas que não conheço os nomes.Todas elas têm sede num país capitalista.Todas, duma maneira geral, falam do Cristo para defenderem os seus interesses -o capitalismo.Todas com a mesma finalidade: Combater o COMUNISMO E OSOCIALISMO.Todas nos aconselham pobreza e sofrer com paciência, para conseguirmos o reinode Deus.Uma delas - a das Testemunhas de Jeová - vai ainda mais longe. Esta proibe osseus crentes a participar na vida política da Nação e aconselha a não se preocuparcom o progresso individual e da Nação, alegando que o Mundo está prestes aacabar e que o Cristo já tomou o poder do governo do mundo a partir, do Ano de1914, razão porque houve a ,1. guerra mundial e a continuação dos conflitos ent-ehomens até à presente data.Parece-me que já 8 tempo de despertarmos um bocado.Pois já estamos fartos de mentiras.Já estamos fartos de contar com OS MORTOS DE MAIS DE MIL ANOS..Irmãos moçambicanos, vamos traba!har com as nossas mãos e cabeça, paraacabarmos com a miséria que nos pesa já há muitos séculos. Temos à nossa frenteum Deus guia. Um Deus justo; um Deus que quer o bem estar de todo o povo domundo. Não aquele Deus que tem à sua volta uma multidão de anjos duma só côr.Não aquele Deus que só escolheu uma determinada raça como um povo de suaestima. Não aquele Deus que escolheu um povo como seu mansa-geiro. Não aquele Deus dos Comandos. Não aquele Deus dos caçadores especiais.Não aquele Deus dos Flechas. Não aquele Deus que permitiu ques a mão do seufilho fosse oferecer-se para madrinha dum governo colonialista, fascista que hámais de 500 anos espezinhou e explorou um povo humilde e pacífico. Não aqueleDeus que não se importou em ser compadre de Salazar, um d4s maiores ditadoresdo mundo, um dos maiores fascistas, colonialista 100 % .do século 20 e carrascoda própria raça. Não aquele Deus com espírito separatista, com espíritoconfidencialista e com espírito paternalista. Não aquele Deus conservador.Mas sim, um Deus novo, um, Deus progressista, um Deus do povo e para o povodo mundo inteiro. Um Deus amigo do trabalho. Um Deus inimigo das esmolas,porque a esmola é humilhação do homem. É esse Deus que devemos ter na nossamente.UMA DAS MENTIRAS -uAben çoa, ó Mãe, esta Tua nobre Nação Lusitana,;queescolheste para novo santuário das Tuas maravilhas e que chamaste a gozar, antesdas outras, os benefícios da tua protecção.FRANCISCO JOSÉ COIMBRA

istosomos nôs

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