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UTILIZAÇÃO DO MÉTODO PDCA
COMO INSTRUMENTO DE
ELIMINAÇÃO DE FALHAS E DE
PADRONIZAÇÃO DE PROCESSOS DE
UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO EM
PERNAMBUCO
Marlon Muniz de Melo (UFRPE)
Ana Regina Bezerra Ribeiro (UFRPE)
O presente trabalho apresentou a utilização do método de
gerenciamento PDCA como um instrumento de eliminação de falhas e
de padronização de processos no setor de emissão de notas fiscais -
ENF de um Centro de Distribuição em Pernambuco. Com relação aos
procedimentos metodológicos, a pesquisa caracteriza-se como um
estudo de natureza quantitativa, porém não excluiu reflexões
qualitativas, especialmente, na interpretação dos resultados,
classificando-se quanto aos fins como exploratória, descritiva e
aplicada; e, quanto aos meios, trata-se de uma pesquisa de campo,
bibliográfica e estudo de caso. No estudo constatou-se que, a aplicação
da metodologia de gestão PDCA foi eficiente na identificação de
problemas operacionais e na elaboração de um plano de ação para
minimizar erros no processo de envio de mercadorias às lojas e nos
procedimentos de carregamento e liberação de veículos. Em linhas
gerais, foi observado que, de acordo com a perspectiva e projeção, a
empresa conseguiu alcançar seus objetivos, com melhoria no nível de
serviço e desempenho operacional de 86,72%.
Palavras-chave: Centro de distribuição; Melhoria de Processo;
Metodologia PDCA
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1. Introdução
Um centro de distribuição (CD) é um instrumento comumente usado dentro da rede de
abastecimento, funciona como um facilitador na resposta à demanda, cada dia mais
diversificada por produtos. Tem como propósito possibilitar maior flexibilidade e dinamismo
nas entregas, no corte de custos de transporte e na armazenagem dos produtos. Os principais
objetivos de um CD são: receber, consolidar, separar e expedir os produtos aos pontos finais.
O centro de distribuição estudado expede mercadorias para uma rede de lojas
varejistas localizadas no Norte e Nordeste do Brasil. Como o trabalho deste CD necessita de
alta precisão na distribuição das mercadorias, é de suma importância que o tratamento da
informação seja realizado com qualidade, imprimindo velocidade às atividades e com baixo
nível de erro. Possíveis falhas nas transações dessas informações geram problemas de atraso
na liberação dos caminhões e perda produtividade. As principais razões identificadas para a
ocorrência de erros são: treinamento inadequado, falta de atenção ou ruído na comunicação.
O objetivo geral deste trabalho é apresentar a sistemática da utilização do método de
gestão PDCA como um importante instrumento na eliminação de falhas e padronização de
processos de um centro de distribuição em Pernambuco.
Para esta análise foram traçados os seguintes objetivos específicos: integrar
conhecimentos e experiências referentes a centro de distribuição, gerenciamento de processos
e método PDCA; verificar as causas para os problemas operacionais de um CD através da
análise de processo; e usar a metodologia PDCA para sugerir um plano de melhorias de
processos.
O artigo propõe, através de um estudo de caso de um CD em Pernambuco, uma
aplicação da ferramenta PDCA para analisar e realizar medidas de melhorias na comunicação
entre os setores, na capacitação dos funcionários, na conscientização sobre a importância do
trabalho que cada parte tem para contribuir no atingimento dos resultados departamentais e,
consequentemente, da companhia.
Quanto a sua finalidade, o estudo realizado caracteriza-se como pesquisa aplicada.
Quanto aos objetivos, a investigação classifica-se como exploratória e descritiva; os métodos
empregados para coleta de dados do estudo de caso foram pesquisas bibliográfica e de campo.
Este trabalho está organizado em seis seções: a primeira contextualiza o tema e
apresenta os objetivos do trabalho; a segunda traz as contribuições teóricas de diferentes
autores sobre gerenciamento de processos, método PDCA, cadeia de suprimentos e centro de
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distribuição; a terceira relata a metodologia de pesquisa utilizada; a quarta parte mostra os
resultados do estudo; a quinta seção sistematiza as conclusões do trabalho; e, por fim, a sexta
seção traz as referências bibliográficas que fundamentaram o estudo.
2. Fundamentação teórica
2.1 Gestão de processo e método PDCA
O processo é o meio pelo qual uma empresa transforma inputs em outputs
transformando materiais, informação ou até mesmo pessoas, no chamado processo de
agregação de valor. No meio acadêmico, encontram-se algumas definições como a de
procedimento estruturado com um objetivo específico de produção de um bem ou um serviço
com valor agregado (HAMMER, CHAMPY, 1994). Slack (2009) corrobora com o conceito
citado, afirmando que processo é a produção onde efetivamente ocorre a transição dos inputs
em outputs.
Na literatura encontram-se algumas classificações de processos, a exemplo de fluxo de
material e de trabalho. De acordo com Gonçalves (2000), os processos são de suma
importância e irão destacar-se as empresas que focarem seus esforços na sua otimização.
Toda atividade é passível de erro, principalmente se houver interferência humana
envolvida diretamente em sua execução. Com os processos produtivos não é diferente. Pode
haver, dentre outras possíveis falhas, ruídos na comunicação e má distribuição dos recursos
transformadores.
Como afirma Slack (2009), as tecnologias de processos podem ser definidas como
máquinas, equipamentos e dispositivos capazes de ajudar a produção a transformar materiais,
informações e consumidores, agregando-lhes valores e atingindo os objetivos estratégicos da
produção. Essas tecnologias podem auxiliar na minimização ou eliminação das falhas.
Falconi (2004) diz que os processos devem ser mapeados e inseridos em um
fluxograma que descreva a sequência das atividades a serem desempenhadas e o grau de sua
importância. Para o autor, na gestão de um processo é essencial que cada colaborador tenha
consciência do que seu trabalho representa para a conclusão da atividade com êxito.
“O ciclo PDCA é um método gerencial de tomada de decisões para garantir o alcance
das metas necessárias à sobrevivência de uma organização” (WERKEMA, 1995, p. 17). O
método PDCA ajuda na análise de processos empresariais, podendo identificar falhas, corrigi-
las, testar os novos procedimentos e, caso sejam efetivos na solução, torná-los o procedimento
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padrão da atividade que apresentava falhas. De acordo com Campos (2004), o método PDCA
é composto de 4 etapas: O P (plan), D (do), C (check) e A (action), traduzindo do inglês para
português significa: plan - planejar; do - fazer; check - verificar; action - agir.
Figura 1 – Ciclo PDCA
Fonte: Werkema (1995, p. 18)
Segundo Falconi (2004) na primeira etapa é feito o estudo prévio de onde há
problemas internos na empresa que estão gerando resultados diferentes dos esperados. Uma
vez estabelecidos os pontos a serem melhorados, são elaboradas as metas para correção e o
que espera que aquela atividade ou processo desempenhe e alcance. Vale salientar que, para a
fase de identificação dos problemas, podem ser utilizadas algumas outras ferramentas que
complementem e justifiquem o PDCA, como o método espinha de peixe e o diagrama de
Pareto.
No trabalho de Maia (2009) encontra-se referência ao diagrama de Pareto, um
instrumento gráfico que facilita a identificação das causas que mais geram problemas, visto
que, de modo geral, 20% das causas geram 80% dos problemas. Assim, é possível identificar
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prioridades. Já o método espinha de peixe faz um detalhamento do problema e suas
respectivas causas (MAIA, 2009, p. 36).
A segunda etapa é o “DO”, termo originário do inglês que significa: fazer. Nesta etapa
será dada ênfase à execução do trabalho onde é importante cumprir os padrões e métodos
estabelecidos.
O terceiro passo é verificar se as metas foram atendidas e se as falhas foram
eliminadas. A partir desse ponto, a técnica é subdividida em dois caminhos: se os objetivos
foram alcançados e atendeu às expectativas, é dada sequência até à quarta fase; mas se o
método adotado não logrou êxito, é refeito o estudo contemplando o início da etapa de
elaboração do plano de ação e os novos procedimentos.
A etapa final é onde ocorrerá, se necessária, a atuação corretiva ou a padronização se o
novo método atender às expectativas. Percebe-se que o PDCA é “um método utilizado pelas
organizações para gerenciar os seus processos internos de forma a garantir o alcance de metas
estabelecidas, tomando as informações como fator de direcionamento das decisões”
(MARIANI, 2005, p. 5).
2.2 Cadeia de Suprimentos
Na literatura atual podem-se encontrar dois termos que têm seus significados
semelhantes e são confundidos por alguns, são eles: Cadeia de suprimentos (SC – Supply
Chain) e rede de suprimentos.
Pires (2009) define como Supply Chain Council, uma cadeia de suprimentos que
abrange todos os esforços envolvidos na produção e liberação de um produto final, desde o
fornecedor do fornecedor (primeiro) até o cliente do cliente (último). Quatro processos
básicos definem esses esforços: planejar, abastecer, fazer e entregar. Segundo Pires (2004
apud SALOMONI, et al, 2005), a expressão Supply Chain é muito simplista, linear e
unidirecional, enquanto o termo Suplly Network descreve as ligações laterais, os loops
reversos, as trocas em duas direções e posiciona a empresa como ponto de referência.
Para Fleury (2014), em síntese, cadeia de suprimentos (SCM) é uma abordagem
sistêmica de complexidade média, que dispõe de uma alta interação entre os participantes,
exigindo a consideração simultânea de diversos trade-offs.
Os termos Supply Chain e Suplly Network, oriundos da língua inglesa, significam
respectivamente: cadeia de suprimentos e rede de suprimentos. A partir das definições
apresentadas, entende-se que cadeia de suprimentos como um conjunto de empresas que
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ligam seus esforços para adquirir matéria-prima, transformá-la e distribuí-la ao cliente final. A
cada elo dessa cadeia é acrescido valor ao produto, valor pelo qual o cliente está disposto a
pagar (PIRES, 2009). Para este autor, uma das principais diferenças entre os termos “cadeia
de suprimentos” e “rede suprimentos” é a relação que ambos expressam entre fornecedores e
cliente final. Enquanto a cadeia de suprimentos enfatiza uma relação linear entre fornecedores
e cliente desde a disposição da matéria prima até o cliente final, a rede suprimentos possui
uma estrutura mais complexa e onde raramente há relações unilaterais de um para um (um
fornecedor para um cliente).
Dentre os benefícios do estudo da cadeia de suprimentos de forma integrada destaca-se
melhor gestão do fluxo da demanda, a qual pode melhor sinalizar a necessidade de compra e
venda de produtos, diminuindo os desperdícios e prejuízos.
2.3 Centro de Distribuição
Segundo Hill (2003 apud SANTOS, 2006) os centros de distribuição - CDs são
projetados para colocar produtos em movimento e não apenas para armazená-los. São
depósitos grandes e automatizados, projetados para receber produtos de várias fábricas e
fornecedores, receber os pedidos, atendê-los com eficiência e expedir os produtos para os
consumidores de uma determinada região o mais rápido possível.
De acordo com Nunes e Sousa (2013), o CD funciona como um ponto intermediário
entre os fornecedores e o cliente final, onde se recebem cargas consolidadas de fornecedores,
fracionam-se e consolidam-nas novamente. Entende-se que as cargas chegam consolidadas
dos fornecedores, diminuindo, dessa forma, os custos logísticos. Por exemplo, após receber as
cargas, o CD fraciona de acordo com o pedido e a necessidade de cada cliente, por fim
consolida a carga somando mercadorias de diferentes fornecedores que serão enviadas a um
determinado cliente. Segundo Lima (2002 apud NUNES, SOUSA, 2013), as empresas
sentiram necessidade de utilizar o CD para que a crescente demanda de pedidos pudesse ser
melhor gerenciada.
O intuito que justifica o uso de CD, conforme Moura (2002 apud SANTOS, 2006),
consiste em oferecer melhores níveis de serviço ao cliente através da redução do lead time
(tempo de suprimento) pela disponibilidade dos produtos o mais próximo do ponto de venda,
junto ao principal mercado consumidor, oferecendo condições para agilizar o atendimento dos
pedidos. Ao reduzir custos logísticos e aumentar a eficiência na movimentação de
mercadorias, o CD acaba contribuindo para a melhora nos níveis de serviço, colocando a
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empresa tomadora de serviço em um novo patamar de competitividade. Através desse nível de
serviço, a empresa pode aumentar sua participação no mercado (aumento de market share).
3. Metodologia
Esta pesquisa teve natureza quantitativa, porém não excluiu reflexões qualitativas,
especialmente, na interpretação dos resultados. Quanto aos meios, trata-se de uma pesquisa de
campo, bibliográfica e estudo de caso; quanto aos fins, a investigação classifica-se como
exploratória, descritiva e aplicada (VERGARA, 2013). Segundo Gil (2010, p. 27), a pesquisa
aplicada é voltada para “aquisição de conhecimentos com vistas à aplicação numa situação
específica”.
Visando preservar a identidade da instituição estudada, optou-se pela seguinte
denominação: Centro de Distribuição de Pernambuco. O processo estudado nesse trabalho foi
o de expedição de veículos/mercadorias que é realizado por diferentes setores, cada um com a
sua respectiva competência e responsabilidade. Todavia, optou-se por focar na ligação
existente entre a parte final desse processo: Emissão de Notas Fiscais (ENF). Todavia, a
pesquisa não se restringiu apenas a esse setor de forma isolada. Procurou-se englobar a
ligação do ENF com a expedição no processo de liberação de veículos/mercadorias onde o
fluxo de informação parte do Setor de Expedição para o de Emissão de Notas Ficais e deste
para a guarita (responsável final por liberar os veículos no sistema).
Esses setores pertencem a departamentos diferentes. A expedição fica na operação e o
ENF fica no administrativo. Desta forma, o ENF foi o setor selecionado como foco principal,
uma vez que este fica no administrativo, departamento onde foi feita a observação direta pelo
pesquisador. O setor administrativo funciona como uma central de apoio às principais
operações do CD, que são: receber, armazenar, separar e expedir as mercadorias para as lojas.
O setor administrativo do Centro de Distribuição estudado é composto pelos seguintes
setores: apoio (responsável por receber as notas fiscais das mercadorias e liberação dos
canhotos das mercadorias recebidas); frete (setor que recebe os dados de transporte rodoviário
das transportadoras das entregas realizadas e realiza procedimentos de pagamento pelo
transporte); ENF (setor de emissão de notas fiscais dos veículos que foram carregados com
mercadorias no CD e estão seguindo para entrega nas lojas); contábil (encarregado de cuidar
dos trâmites legais de impostos e leis relacionadas); tesouraria (responsável por realizar
pagamentos dos impostos das mercadorias que estão sendo levadas aos estados onde haja
necessidade); agendamento (principal ligação do CD com o meio externo, recebe ligações,
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repassa aos setores responsáveis e realiza o agendamento das mercadorias que serão recebidas
pelo CD); logística reversa (encarregada dos trâmites das mercadorias que estão voltando ao
CD).
Os dados foram coletados mediante a realização de análise de documentos e
observação direta no setor, atuando nos setores de apoio, frete e emissão de notas fiscais.
Após a coleta de dados, as informações foram analisadas de forma quantitativa e qualitativa, à
luz da bibliografia utilizada para fundamentar o estudo. Os resultados obtidos encontram-se
sistematizados na seção subseqüente.
4. Resultados
Esta parte do artigo tem como objetivo apresentar a aplicação do método PDCA no
setor de Emissão de Notas Fiscais - ENF, considerado como crítico para a empresa e elaborar
um projeto de soluções de melhorias para os problemas identificados.
O desenvolvimento do projeto e aplicação do PDCA foi orientado pela ordem de:
identificação do problema, observação do problema, análise do problema, plano de ação,
ação, verificação, padronização e conclusão. O PDCA foi a ferramenta principal de suporte
para que o projeto fosse executado. Entretanto, outras ferramentas gerenciais foram utilizadas
como auxiliares, sendo elas: 5W2H, diagrama causa e efeito (espinha de peixe), diagrama de
Pareto, dentre outras.
O Quadro 1 traz um cronograma de quando ocorreu cada etapa no processo de
solução, desde a fase de identificação do problema até à sua conclusão.
Quadro 1 – Cronograma previsto para a execução do projeto
FASE JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO
Identificação do problema
Observação do problema
Análise do problema
Plano de ação
Ação
Prospecção
Padronização
Conclusão
ANO 2014
Fonte: Dados da Pesquisa (2014)
Através de observações dos procedimentos operacionais in loco pode-se constatar que
alguns erros estavam causando gargalos no processo de liberação dos veículos. Foi possível
identificar a necessidade de realizar alguns pontos de melhoria na comunicação entre as áreas
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envolvidas no processo e entre os turnos de um mesmo setor, que ocasionavam diversos
problemas, como: demorada na expedição de alguns veículos por erros no documento de
controle de ocorrência da expedição.
Um desses erros foi na emissão do comunicado de ocorrência da expedição - COE’s,
principal documento com informações dos produtos carregados e que seguirá ao ENF para
emissão das NF’s. Os COE’s com erros são emitidos pela expedição, a qual completa os
campos do comunicado de ocorrência com informações erradas de carregamentos,
posicionados em locais errados ou até mesmo faltando informações.
No período do mês de janeiro de 2014, pode-se identificar que este problema causava
atraso significativo na liberação dos veículos carregados no Centro de Distribuição de
Pernambuco.
No período de janeiro a março de 2014, iniciou à mensuração da quantidade de carros
que eram carregados mensalmente e a média de carregamento diário; a quantidade de atrasos
mensal e a média de atraso diário; o percentual que representava a quantidade de veículos que
atrasavam mensalmente em comparação com o número de veículos que eram carregados por
mês; e, por fim, o tempo médio que cada veículo que atrasava esperava para que seu
documento fosse corrigido e o mesmo pudesse seguir para entrega.
O Quadro 2 contém os dados de carregamento mensal, média diária, atraso mensal,
além de alguns percentuais estatísticos:
Quadro 2 – Relatório de carregamento e percentuais estatísticos
Meses
Carregamento
Mensal
(veículos)
Média diária
de
carregameno
Atraso
MensalMédia diaria Atraso %
Média do percentual
de atraso dos 3 meses
Tempo em Média
de Atraso
Janeiro 650 25 156 6 24% 2h
Fevereiro 676 26 182 7 26,92% 1h 30min
Março 780 30 234 9 30% 1h 35min
TOTAL 2106 81 572 22
26,97%
-
Relatório de Carregamento
Fonte: Dados da Pesquisa (2014)
A análise do problema foi efetuada através de duas ferramentas: o diagrama de Pareto
e o diagrama de causa e efeito (espinha de peixe). Com a aplicação dessas ferramentas busca-
se a estratificação do problema e a identificação de suas principais causas em busca de
solução. No diagrama espinha de peixe o intuito é o desmembramento do problema com a
finalidade de entender as suas causas; em Pareto, busca-se identificar a causa geradora do
maior número de problemas. A Figura 2 ilustra essas análises:
Figura 2 – Diagrama de causa e efeito (espinha de peixe)
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Fonte: Dados da Pesquisa (2014)
O Quadro 3 apresenta, quantitativamente, as principais causas dos atrasos nos meses
de janeiro, fevereiro e março:
Quadro 3 - Números das causas dos atrasos
Fonte: Dados da Pesquisa (2014)
A Figura 3 mostra o Diagrama de Pareto destacando as principais causas e, dentre
essas, qual deve ser aquela priorizada na busca de soluções:
Figura 3 – Diagrama de Pareto
Fonte: Dados da Pesquisa (2014)
No diagrama acima, observa-se que a principal causa dos erros operacionais é a falta
de capacitação, devendo ser esta a prioridade a ser solucionada, visto que 20% das causas
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geram 80% dos problemas. Esta é uma pequena regra para demonstrar que uma minoria das
causas gera a maior parte dos problemas. Se o setor de soluções priorizar a capacitação da
equipe estará atuando na principal causa de erros e, consequentemente, estará baixando de
forma significativa a incidência de atrasos dos veículos carregados.
A partir das causas apresentadas previamente e a partir do estudo de quais dessas
possuem maior responsabilidade sobre os problemas foi aplicada a ferramenta 5W2H,
evidenciando o que deve ser feito, por quem deve ser feito, como será feito e todas as demais
diretrizes (Quadro 4). A meta é baixar 50% do número atual de atrasos na liberação dos
caminhões.
Quadro 4 – Ferramenta de Plano de Ação (5W2H)
What Why How When Where Who How much
Capacitação dos
colaboradores
Deixá-los aptos a
desempenhar suas
atividades
Através de um
programa de
treinamento
Na admissão e a cada 6
mesesSala de reunião
Líder da
operaçãoR$ 1.500,00
Contratar novos
colaboradores
Evitar sobrecarga de
atividades por
colaborador
Acompanhando a
demanda por
funcionário
Quando identificar a
necessidadeSala de reunião Psicóloga R$ 2.000,00
Inserir mais
requisitos no
momento da seleção
de novos
colaboradores
Melhor
entrosamento com a
empresa
Selecionando de
acordo com
requisitos pré-
estabelecidos
Na seleção de novos
contribuintes Sala de reunião
Profissional
de RHR$ 3.000,00
Informar o
funcionário sobre os
procedimentos
Mantê-los
Informados
Através de boletins
com atualizações
No surgimento de
mudanças e atualizações
Quadro de
avisos
Supervisor
operacionalR$ 500,00
Fonte: Dados da Pesquisa (2014)
A ferramenta 5W2H constitui deixa explícitas as atividades, os parâmetros e todas as
demais diretrizes de execução do trabalho conforme o planejamento elaborado.
De acordo com as diretrizes que foram traçadas pelo plano de ação, realizou-se uma
estimativa com base nos dados que foram apurados por observação, pelas planilhas, gráficos e
ferramentas de sondagem da evolução na solução do problema após a aplicação do PDCA. Os
números da evolução do indicador seguem representados no Quadro 5, no relatório de
carregamento dos meses de junho e julho de 2014.
Quadro 5 – Novo Relatório de Carregamento
Fonte: Dados da Pesquisa (2014)
Novo relatório de carregamento dos meses de junho a julho 2014 com os
carregamentos e atrasos mensais.
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Seguindo o plano de ação, percebeu-se uma evolução de 86,72% na média do índice
de atraso dos meses verificados, número que atende a meta estabelecida previamente que era
de 50%. Dessa forma, esse modelo de trabalho será mantido.
Atendendo ao que foi solicitado pela equipe de planejamento do projeto de melhoria
de expedição dos veículos carregados, será desenvolvido um PPO (Procedimento Padrão
Operacional). Assim, serão padronizados os novos procedimentos operacionais que obtiveram
melhores números. A padronização tende a manter os bons resultados atingidos.
Desta forma, constatou-se que o processo obteve os resultados planejados, bem como
o número e a média de atraso na liberação dos veículos carregados diminuíram
significativamente.
5. Considerações finais
Durante o presente trabalho foram identificadas falhas no processo de carregamento e
liberação de veículos, que realizavam as entregas nas lojas localizadas no Norte e Nordeste de
uma rede varejista do Brasil. O principal erro operacional ocorria durante o preenchimento do
documento de carregamento (COE), no qual eram mencionados números de documentos de
transportes (DT).
A título de esclarecimento, o Documento de Transporte - DT é um código numérico
pelo qual é identificado um conjunto de notas fiscais correspondentes a mercadorias
carregadas no veículo e que seguirão viagem ao destino final juntas.
Desta forma, foi constatado que quando existia alguma incoerência entre a informação
das notas fiscais (DT informados no COE) e os produtos que realmente carregados, o erro
impactava diretamente no fluxo de emissão das notas fiscais pelo setor de emissão de notas
fiscais - ENF, principal setor na identificação do desacerto de dados.
Esse tipo de erro era muito prejudicial, pois quando o caminhão era impedido de
seguir viagem no tempo previsto pelo embargo na emissão das notas fiscais, acontecia atrasos
na liberação do caminhão e dos veículos subsequentes, havendo, consequentemente, escassez
de produtos nas lojas por não abastecimento no tempo previsto, além de afetar negativamente
as vendas e o faturamento das lojas.
O presente artigo mostrou a utilização sistemática do método de gestão PDCA para
eliminar falhas e padronizar o processo de expedição de veículos/mercadorias em um centro
de distribuição em Pernambuco. Foram verificadas as causas dos problemas operacionais do
Centro de Distribuição de Pernambuco e identificados problemas de comunicação.
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Com a aplicação do método PDCA, foi possível sugerir um plano de ação, o qual tinha
como foco minimizar os erros ou zerá-los. De acordo com a perspectiva e projeção, a empresa
conseguiu alcançar seus objetivos, com melhoria no nível de serviço e desempenho
operacional de 86,72%. De uma forma geral, percebe-se que a metodologia utilizada foi
eficaz, demonstrando ser uma medida viável, uma solução interessante e que pode atingir
resultados essenciais para empresa.
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