resumo direito civil brasileiro

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DIREITO CIVIL BRASILEIRO – CARLOS ROBERTO GONÇALVES O homem é um animal social, e para isso precisa de regras pra viver em sociedade, essa é a finalidade do direito. A ordem jurídica tem a premissa de estabelecer limites aos indivíduos. Direito: conjunto de normas gerais e positivas, que regulam a vida social. Direito é oriundo da palavra directum, aquilo que é reto, que está de acordo com a lei. Segundo Aristóteles, justiça é a perpétua vontade de dar a cada um o que é seu, segundo uma igualdade. “é o princípio de adequação do homem à vida social. Está na lei, como exteriorização do comando do Estado; integra-se na consciência do indivíduo que pauta sua conduta pelo espiritualismo do seu elevado grau de moralidade; está no anseio da justiça, como ideal eterno do homem; está imanente na necessidade de contenção para a coexistência”. Direito como ciência do dever ser, liberdade na escolha da conduta. As pessoas devem pautar sua conduta na ética, compreende as normas jurídicas e as normas morais. Essas dois tipos de normas se assemelham pelo fato de constituírem regras de comportamento, porém se distinguem pela sanção (que no direito é imposta pelo Estado e na moral somente pela consciência do homem) e o campo de ação, que na moral é mais amplo. Geralmente, a ação jurídica condenável o é também pela moral. Porém, nem tudo que é moral é jurídico. Direito positivo é o ordenamento jurídico em vigor em algum país e numa determinada época. Direito natural é a ideia abstrata do direito, o ordenamento ideal, correspondente a uma justiça superior e suprema. Na época moderna foi denominado de jusnaturalismo, “expressão de princípios superiores ligados à natureza racional e social do homem”. Direito objetivo (normas agendi): conjunto de normas impostas pelo Estado, cogentes, caráter geral. Direito subjetivo: faculdade individual de agir de acordo com o direito objetivo, de invocar sua proteção, invocar a norma

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Resumo de Direito Civil I

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DIREITO CIVIL BRASILEIRO CARLOS ROBERTO GONALVESO homem um animal social, e para isso precisa de regras pra viver em sociedade, essa a finalidade do direito. A ordem jurdica tem a premissa de estabelecer limites aos indivduos. Direito: conjunto de normas gerais e positivas, que regulam a vida social. Direito oriundo da palavra directum, aquilo que reto, que est de acordo com a lei. Segundo Aristteles, justia a perptua vontade de dar a cada um o que seu, segundo uma igualdade. o princpio de adequao do homem vida social. Est na lei, como exteriorizao do comando do Estado; integra-se na conscincia do indivduo que pauta sua conduta pelo espiritualismo do seu elevado grau de moralidade; est no anseio da justia, como ideal eterno do homem; est imanente na necessidade de conteno para a coexistncia. Direito como cincia do dever ser, liberdade na escolha da conduta.As pessoas devem pautar sua conduta na tica, compreende as normas jurdicas e as normas morais. Essas dois tipos de normas se assemelham pelo fato de constiturem regras de comportamento, porm se distinguem pela sano (que no direito imposta pelo Estado e na moral somente pela conscincia do homem) e o campo de ao, que na moral mais amplo. Geralmente, a ao jurdica condenvel o tambm pela moral. Porm, nem tudo que moral jurdico.Direito positivo o ordenamento jurdico em vigor em algum pas e numa determinada poca. Direito natural a ideia abstrata do direito, o ordenamento ideal, correspondente a uma justia superior e suprema. Na poca moderna foi denominado de jusnaturalismo, expresso de princpios superiores ligados natureza racional e social do homem.Direito objetivo (normas agendi): conjunto de normas impostas pelo Estado, cogentes, carter geral. Direito subjetivo: faculdade individual de agir de acordo com o direito objetivo, de invocar sua proteo, invocar a norma a seu favor. Doutrinas sobre o direito subjetivo: a) teoria da vontade: o direito subjetivo constitui um poder da vontade reconhecido pela ordem jurdica; b) teoria do interesse: direito subjetivo o interesse juridicamente protegido; c) teoria mista (ecltica): conjuga elemento vontade com elemento interesse, direito subjetivo o interesse protegido que a vontade tem o poder de realizarDireito pblico: regula as relaes do Estado ou as do Estado com os cidados, normas que predominam o interesse geral, normas cogentes, no sendo possvel a sua derrogao pela vontade das partes (direito constitucional, administrativo, tributrio, penal, processual, internacional e privado). Direito privado: disciplina as relaes dos indivduos, normas que visam atender os interesses privados, vigoram enquanto a vontade dos interessados no convencionar de forma diversa (direito civil, agrrio, martimo, comercial, aeronutico, do trabalho, do consumidor). O direito civil de ordem privada, porm existem normas imperativas.Tendncia unificao do direito privado. O novo cdigo civil promoveu uma unificao parcial do direito privado

DIREITO CIVILDireito civil o direito comum, o que rege as relaes entre particulares, estudam as relaes puramente pessoais, bem como as patrimoniais.Histria do direito civil: comea em Roma com a distino entre jus civile (direito aplicado aos sditos romanos) e jus gentium (aplicado aos estrangeiros, e s relaes entre estrangeiros e romanos). Na poca de Justiniano, ocorreu a tripartio, jus civile, jus gentium e jus naturale (uma espcie de ideal jurdico). Idade mdia: Corpus Juris Civilis invocao dos princpios gerais do direito romano. Idade moderna: racionalizao do pensamento e da cultura, levando a construo da cincia jurdicaDireito romano individualista, direito germnico era social e o direito cannico era responsvel pelo processo de espiritualizao do direito, com preocupaes ticas e idealistas.Antes da independncia, vigorava no Brasil as Ordenaes Filipinas, e continuou sendo governada por estas at um pouco depois da independncia. Consolidao das leis civis (1855) se d por Teixeira de Freitas. Apenas, aps a proclamao da repblica, com a indicao de Clvis Bevilquia, para apresentar o projeto de cdigo civil. Na Cmara dos Deputados, o projeto Bevilquia sofreu algumas alteraes e foi aprovado em janeiro de 1916, entrando em vigor em 1917, apresentava acentuado rigor cientfico. Ocorria a chamada constitucionalizao do Direito Civil, importantes institutos do direito privado estarem na Constituio Federal. Codificao tem o objetivo de organizar e sistematizar cientificamente o direito.CDIGO CIVIL DE 1916: influenciado pelo cdigos francs de 1804 e alemo de 1896. Tratava das pessoas, como sujeitos de direito; dos bens, como objeto do direito; e dos fatos jurdicos, disciplinando a forma de criar, modificar e extinguir direitos. Dividida em quatro livros: Direito de Famlia, Direito das Coisas, Direito das Obrigaes e Direito das Sucesses. Apresentava uma Parte Geral e a Parte Especial, clareza e preciso dos conceitos, refletia as concepes em fins do sculo XIX e no incio do sculo XX. O progresso cultura e o desenvolvimento cientfico da sociedade brasileira trouxe uma srie de transformaes que exigiram do direito uma contnua adaptao.CDIGO CIVIL DE 2002: preserva, como possvel, a estrutura do cdigo civil de 1916, mantem o cdigo civil como lei bsica, exclui matria de ordem processual, inclui no Cdigo a matria das leis especiais posteriores a 1916, implementa o sistema de clusulas gerais, de carter genrico e abstrato, cujos valores devem ser preenchidos pelo juiz. Manteve a estrutura do Cdigo Civil de 1916, mantendo a Parte Geral e a Parte Especial. Cinco livros: Direito das Obrigaes, Direito de Empresa, Direito das Coisas, Direito de Famlia e Direito das SucessesO objeto do cdigo civil a tutela da personalidade humana;Princpios norteadores do Cdigo Civil de 2002:a) Sociabilidade: prevalncia dos valores coletivos sobre os individuais, sem perda do valor fundamental da pessoa humana; reviso dos direitos e deveres dos cinco personagens do direito privado internacional: proprietrio, contratante, empresrio, pai de famlia e o testador;b) Eticidade: funda-se no valor da pessoa humana como fonte de todos os demais valores, prioriza a equidade, a boa-f, a justa causac) Operabilidade: o direito existe para ser efetivado, executado, sem complicaes, concesso de maiores poderes ao magistrado, poderes hermenuticos;d) Concretude: a obrigao que tem o legislador de no legislar em abstrato, mas tanto quanto possvel, legislar para o indivduo situado;Direito civil-constitucional: tanto o direito pblico como o privado devem obedincia aos princpios fundamentais constitucionais; nova disciplina ou ramo metodolgico que estuda o direito privado luz das regras constitucionais. Esse ramo est dentro da viso unitria do sistema, ambos os ramos so interpretados dentro de um todo. A Constituio a fonte primria do direito civilEficcia horizontal dos direitos fundamentais: as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tm aplicao imediata. Caso ocorra uma coliso entre dois direitos fundamentais, o magistrado tem que se apoiar nas clusulas gerais (eficcia horizontal mediata), ponderando interesses luz da razoabilidade e da concordncia prtica ou harmonizao.Lei de Introduo ao Cdigo Civil: anexada ao Cdigo Civil, porm autnoma, aplica-se a todos os ramos do direito; conjunto de normas sobre normas, disciplinando as prprias normas jurdicas; pode ser considerada um Cdigo de NormasFontes de direito: poder de criar normas jurdicas ou a forma de expresso dessas normas, meio tcnico de realizao do direito objetivo; fonte histricas: investigao da origem histrica de um instituto jurdico ou sistema; costumes (observncia reiterada de certas regras, consolidadas pelo tempo e revestidas de autoridade); fontes formais: a lei, a analogia, costume, princpios gerais do direito; fontes no formais: a doutrina e jurisprudncia; fontes diretas (imediatas) geram por si s a regra jurdica, a lei e o costume; fonte indiretas (mediatas) contribuem para que norma seja elaborada, a jurisprudncia e a doutrina;A lei: fonte primacial do direito; legislao: processo de criao das normas jurdicas escritas, e a lei o resultado da atividade legislativa; conceito: norma jurdica elaborada pelo Poder Legislativo de comportamento social, por meio de processo adequado, conjunto ordenado de regras que se apresenta como um texto escrito. Caractersticas:a) Generalidade: dirige-se a todos os cidados, indistintamente. O seu comando abstrato, no podendo ser endereada a determinada pessoa.b) Imperatividade: impe um dever, uma conduta aos indivduos;c) Autorizamento: autoriza que o lesado pela violao exija o cumprimento dela ou a reparao pelo dano causado; essa caracterstica que distingue a norma jurdica das demais normas ticasd) Permanncia: a lei deve perdurar at ser revogada por outra leie) Emanao de autoridade competente: ela oriunda de acordo com as competncias legislativas previstas na Constituio Federal, a lei ato do Estado, pelo seu Poder Legislativo;Classificao das leis:1- Quanto imperatividade:a) Cogentes: denominadas tambm de ordem pblica ou de imperatividade absoluta, so mandamentais ou proibitivas, no podem ser derrogadas pela vontade dos interessados;b) No cogentes: tambm denominadas de dispositivas ou imperatividade relativa. No probem nem determinam de modo absoluto, mas permitem uma ao ou absteno, ou suprem declarao de vontade no manifestada. Distinguem-se em permissivas (permitem que os interessados disponham como lhes convier) ou supletivas (quando se aplicam na falta de manifestao de vontade das partes);2- Quanto intensidade da sano ou autorizamento:a) Mais que perfeitas: estabelecem ou autorizam a aplicao de duas sanes;b) Perfeitas: impem a nulidade do ato, simplesmente, sem cogitar de aplicao de pena ao violador;c) Menos que perfeitas: no impe a nulidade do ato, mas impe uma sano;d) Imperfeitas: as leis cuja a violao no acarreta nenhuma consequncia;3- Quanto a sua natureza:a) Substantivas (materiais): definem direitos e deveres e estabelecem os seus requisitos e forma de exerccio;b) Adjetivas (processuais ou formais): traam os meios de realizao dos direitos4- Quanto sua hierarquia:a) Normas constitucionais: so as que constam da Constituio, so as mais importantes por assegurar os direitos fundamentais do homem, disciplinarem a estrutura da nao e a organizao do Estado;b) Leis complementares: so as leis que se situam entre a CF e a lei ordinria, no sendo leis ordinrias porque tratam de matrias especiais; regulamentam os textos constitucionais;c) Leis ordinrias: so as que emanam dos rgos investidos de funo legislativa pela CFd) Leis delegadas: mesma posio hierrquica das ordinrias, porm elaboradas pelo Executivo;e) Medidas provisrias: so editadas pelo Poder Executivo, e esto no mesmo plano das ordinrias e as delegadas; substituram os decretos-leis5- Quanto a competncia ou extenso territorial:a) Leis federais: so as da competncia da Unio Federal, votadas pelo Congresso Nacional, e aplicada em todo territrio nacional ou em parte dele;b) Leis estaduais: so as aprovadas nas Assembleias Legislativas, com aplicao restrita circunscrio territorial do Estado-membro;c) Leis municipais: so editadas pelas Cmaras Municipais, e tem circunscrio aos limites territoriais dos municpios; 6- Quanto ao alcance:a) Gerais: quando se aplicam a todo um sistema de relaes jurdicas;b) Especiais: quando se destinam a situaes jurdicas especficas ou a determinadas relaes.

Vigncia: o ciclo vital da lei, tem incio, continuidade e fim; o incio da vigncia ocorre com a publicao no Dirio Oficial (o processo de criao da lei passa por trs fases elaborao, promulgao e publicao). E se estende at a sua revogao, ou at o prazo estabelecido para sua validade. A vigncia uma qualidade temporal da norma, a existncia especfica da norma em determinada poca; TEMPO DE DURAO;Vigor: a obrigatoriedade da lei aplica-se 45 dias aps sua publicao, salvo se no estiver escrito no texto; FORA VINCULANTE;Exemplo cdigo civil de 1916, no tem mais vigncia, porm ainda possua vigor;Vacatio legis: intervalo entre a data da publicao e a sua entrada em vigor;Eficcia: qualidade da norma que se refere sua adequao em vista da produo concreta dos seus efeitos;Se a lei j entrou em vigor, e as correes forem efetuadas, considerar-se- lei nova. Mas os direitos adquiridos durante sua vigncia sero resguardadosA contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleam perodo de vacncia far-se- coma incluso da data da publicao e do ltimo dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente sua consumao integral. Publicada 10 de janeiro de 2002, entrou em vigor 11 de janeiro de 2003;Aos decretos e regulamentos, a obrigatoriedade se aplica pela publicao no Dirio OficialRevogao: o trmino da vigncia da lei. Princpio da continuidade: a lei mantm-se em vigor at ser revogada por outra lei; a lei ter vigncia temporria e cessar, ento por causas intrnsecas, como:a) Advento do termo fixado para sua durao algumas leis so destinadas a viger apenas durante certo perodob) Implemento de condio resolutiva a lei perde sua vigncia em virtude de condio quando se trata de lei especial vinculada a uma situao determinada. Ex.: perodo de guerra (leis circunstanciais)c) Consecuo de seus fins cessa a vigncia quando a lei atinge o seu fim. Devido este fato, ocorre a caducidade da lei: torna-se sem efeito pela supervenincia de uma causa prevista em seu prprio texto, sem necessidade de norma revogadora;Revogao a supresso da fora obrigatria da lei, retirando-lhe a eficcia, e s pode ser feito por uma lei da mesma hierarquia ou de hierarquia superior.1- Revogao quanto a sua extenso:a) Total (ab-rogao): supresso integral da norma anterior;b) Parcial (derrogao): atinge s uma parte da norma, e o restante permanece em vigor ;2- Revogao quanto forma de sua execuo: a) Expressa: quando a lei nova declara de modo taxativo e inequvoco, que a lei anterior ou parte dela fica revogada;b) Tcita: no tem declarao, mas a nova norma se torna incompatvel ou regula inteiramente a matria de que tratava a lei anterior;Resoluo de conflitos e antinomias:A) Na impossibilidade de coexistirem normas contraditrias, aplica-se o critrio da prevalncia da mais recente (critrio cronolgico);B) A lei especial revoga a lei geral quando disciplinar, de forma diversa, o mesmo assunto (critrio da especialidade), porm nem sempre ocorre isso;c) Ocorre a revogao tcita de uma lei quando ela se torna incompatvel com a mudana havida na Constituio (critrio hierrquico);Antinomia: presena de duas normas conflitantes. Antinomia de primeiro grau: quando envolve apenas um dos critrios; de segundo grau quando envolver dois deles. Quando ocorrer uma antinomia entre norma especial-anterior e norma geral-posterior, prevalece o critrio da especialidade. Do mesmo modo se for superior-anterior e inferior-posterior, prevalecer o critrio hierrquico. Antinomia aparente: pode ser resolvida com base nos critrios mencionados. Antinomia real: no pode ser resolvido com base nos critrios.Repristinao: restaurao da lei revogada pelo fato da lei revogadora ter perdido sua vigncia, no aceito no Brasil; art. 2 3Obrigatoriedade das leis: a lei uma vez em vigor, torna-se obrigatria para todos. O juiz no obrigado a saber sobre o direito aliengena, ou regras especiais a determinado municpio ou Estado.Teorias sobre o conhecimento da lei:a) Presuno legal: presume que a lei, uma vez publicada, torna-se do conhecimento de todos;b) Fico legal: defende que a presuno acima trata-se de hiptese de ficoc) Necessidade social: a lei obrigatria e deve ser cumprida porque um interesse pblico, para que seja possvel o interesse pblico;Erro de Direito: conhecimento falso da lei, que pode anular negcios jurdicos;Integrao de normas: ocorre em situaes no previstas pelo legislador e reclamam soluo pelo juiz. Mecanismos para suprir as lacunas: analogia, costumes, princpios gerais do direito. Duas teorias sobre a existncia de lacunas: a que admite a existncia de lacunas nas leis pela impossibilidade de prever todas as situaes e a que defende a inexistncia de lacunas, em face da plenitude da ordem jurdica.a) Analogia: aplica-se hiptese no prevista em lei um dispositivo legal relativo a caso semelhante; para aplicar a analogia, so necessrios trs critrios: inexistncia de dispositivo legal prevendo e disciplinando a hiptese do caso concreto, semelhana entre a relao no contemplada e outra regulada na lei, identidade de fundamentos lgicos e jurdicos no ponto comum s duas situaes; os negcios jurdicos benficos e a renncia no admitem o emprego da analogia;b) Costume: fonte subsidiria ou supletiva, origem incerta e imprevista, direito consuetudinrio, composto por dois elementos: o uso ou prtica reiterada de um comportamento (elemento externo ou material) e convico de sua obrigatoriedade (elemento interno ou psicolgico). Espcies de costume: a) Secundum legem: quando se acha expressamente referido na lei; b) Praeter legem: quando se destina suprir a lei, nos casos omissos; c) Contra legem: se ope a lei, autores rejeitam esse tipo de costume por ser incompatvel com a tarefa do Estado e com o princpio de que as leis s se revogam por outras;c) Princpios gerais do direito: so encontradas na conscincia dos povos e so universalmente aceitas, mesmo sem ser escritas, a maioria esto implcitos no sistema jurdico civil. Divididos entre princpios constitucionais superiores (referidos na Constituio) e princpios institucionais (que fundamentam e sistematizam determinados institutos ou instituies jurdicas);d) Equidade: mero auxiliar na integrao de normas, empregada quando a prpria lei cria espaos ou lacunas para o juiz formular uma lei mais adequada ao caso;Aplicao e interpretao das normas jurdicas:Silogismo: composio de conflitos baseado na lei, em virtude do qual se aplica a norma geral e prvia a um caso concreto. A premissa maior a norma jurdica que regula uma situao abstrata. A premissa menor o caso concreto. A concluso a sentena judicial que aplica a norma abstrata ao caso concreto;Subsuno: quando o caso tpico e se enquadra perfeitamente no conceito abstrato da norma;Interpretar: descobrir o sentido e o alcance da norma jurdica; interpretao subjetiva: o que se pesquisa a vontade do legislador expressa na lei; interpretao objetiva: no visa saber a vontade do legislador, mas sim a vontade da lei, ou melhor, o sentido da norma; interpretao de livre pesquisa do direito: o juiz tem funo criadora na aplicao da norma, que deve ser interpretada em funo das concepes jurdicas morais e sociais de cada poca.Hermenutica: a cincia da interpretao das leis. Classificam-se em:1- Quanto s fontes ou origem:a) Interpretao autntica ou legislativa: feita pelo prprio legislador, por outro ato. Este reconhecendo a ambiguidade de determinada lei, vota uma nova lei destinada a esclarecer sua inteno;b) Interpretao jurisprudencial ou judicial: a fixada pelos tribunais, tem influncia no julgamento das instncias inferiores;c) Interpretao doutrinria: feita pelos estudiosos e comentaristas do direito jurisconsultos;2- Quanto aos meios:a) Interpretao gramatical (literal): consiste no exame do texto normativo sob o ponto de vista lingustico;b) Interpretao lgica ou racional: atende ao esprito da lei, procura apurar o sentido e a finalidade da norma, a inteno do legislador por meio de raciocnios lgicos, com o abandono dos elementos puramente verbais;c) Interpretao sistemtica: a lei deve ser interpretada em conjunto com outras pertencentes mesma provncia de direito;d) Interpretao histrica: baseia-se na investigao dos antecedentes da norma, o processo legislativo, a fim de descobrir o seu exato significado; as circunstncias de ordem poltica, econmica e social o pensamento dominante da poca que nortearam a elaborao da norma;e) Interpretao sociolgica e teleolgica: adaptar o sentido ou finalidade da norma s novas exigncias sociais;3- Quanto aos resultados:a) Declarativa: quando proclama que o texto legal corresponde ao pensamento do legislador;b) Extensiva (ampliativa): o alcance ou esprito da lei mais amplo do que indica seu texto;c) Restritiva: limitao do campo de aplicao da lei;

Conflito das leis no tempo: quando uma lei modificada, pode ter ocorrido de se formar relaes jurdicas na vigncia da lei anterior; dvida em relao a aplicao ou no da lei nova em relao s situaes anteriores; solues:1- Disposies transitrias: so elaboradas pelo prprio legislador a fim de evitar e solucionar conflitos que possam vir do confronto entre lei nova e antiga;2- Irretroatividade: a lei que no se aplica s situaes constitudas anteriormente; mas admite-se a retroatividade em determinados casos, quando no ofender o ato jurdico perfeito, direito adquirido e coisa julgada, e quando estiver expresso na lei que deve se aplicar a casos pretritos; aplicabilidade imediata da lei nova a relaes que, nascidas sob a vigncia da lei antiga, ainda no se aperfeioaram, no se consumaram;Ato jurdico perfeito: ato que j foi consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou; direito adquirido: direito que j se incorporou definitivamente ao patrimnio e personalidade de seu titular;Eficcia da lei no espao:Princpio da territorialidade: a norma tem aplicao dentro do territrio delimitado pelas fronteiras do Estado;Sistema da extraterritorialidade: permisso da lei estrangeira em determinadas hipteses, sem comprometer a soberania nacional;O Brasil segue a territorialidade moderada, e a lei do domiclio (se o estrangeiro for domiciliado no Brasil, no necessita a aplicao do direito aliengena);As sentenas proferidas no estrangeiro, para serem executadas no Brasil devem obedecer os requisitos do art. 15LIVRO I DAS PESSOASTTULO I DAS PESSOAS NATURAISCAPTULO I DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADEO cdigo civil trata sobre as relaes jurdicas entre pessoas e pessoas, fsica ou jurdica.Personalidade jurdica: est ligado ao conceito de pessoa (estende a todos os homens, consagrando-a na legislao civil, e nos direitos constitucionais de vida, liberdade e igualdade) = qualidade jurdica que se revela como condio preliminar de todos os direitos e deveres.Pessoa jurdica: entidades morais, formadas por pessoas fsicas ou naturais, que se agrupam e se associam a fim de atingir um objetivo econmico ou social (associaes ou sociedades), ou constitudas de um patrimnio destinado a um fim determinado (fundao).Afirmar que o homem tem personalidade afirmar que ele tem capacidade para ser titular de direitos e deveres.Capacidade: o grau de medida da personalidade, que pode ser plena ou limitada. Capacidade de direito ou gozo (capacidade de aquisio de direitos): todos tm, e adquirem ao nascer com vida. Capacidade de fato (de exerccio ou de ao): nem todas as pessoas tm, aptido para exercer por si s os atos da vida civil. Capacidade plena: possui os dois tipos de capacidade. Capacidade limitada: possui apenas a capacidade de direito, e so denominados incapazes.Legitimao: aptido para a prtica de determinados atos jurdicos, espcie de capacidade especial.Relao jurdica: toda relao da vida social regulada pelo direito.Pessoa natural ou fsica: prprio ser humano; pode ser tanto o sujeito ativo como o sujeito passivo de uma relao jurdica. o sujeito de direitos e deveres, para ser pessoa natural basta nascer com vida.Pessoa jurdica (pessoa moral ou coletiva): agrupamento de pessoas naturais visando alcanas fins comuns;Incio da personalidade vem com o nascimento com vida porm respeitam-se os direitos do nascituro, desde a concepo. Nascimento: quando a criana separada do ventre materno, desfazimento da unidade biolgica, formando dois corpos. Nascimento com vida: respirao. Mesmo que tenha anomalias, deformaes, e seja invivel, o direito brasileiro reconhece como pessoa. Existem vrios exames clnicos para constatar se o feto respirou adquirindo, assim, a personalidade jurdica, tais como: docimasia pulmonar, docimasia ptica de Icard, docimasia qumica de Icard e docimasia radiogrfica de Bordas.Teorias sobre a situao jurdica do nascituro:1- Natalista: personalidade civil se inicia somente com o nascimento com vida;2- Personalidade condicional: considera o nascituro como pessoa condicional, pois a aquisio da personalidade acha-se sob a dependncia de condio suspensiva, o nascimento com vida;3- Concepcionista: o nascituro adquire personalidade antes do nascimento, ou seja, desde a concepo;Nascituro: ser j concebido mas que ainda se encontra no ventre materno; a lei no lhe concede personalidade, porm resguarda os seus direitos para quando nascer com vida.O STF no tem uma posio definida acerca da teoria, sendo natalista ou concepcionista; o STJ acolhe a teoria concepcionista. Maria Helena Diniz afirma que a aquisio da personalidade desde a concepo existe apenas para a titularidade de direitos da personalidade, sem contedo patrimonial.Alguns autores defendem a propositura de ao de alimentos pelo nascituro. A jurisprudncia tem reconhecido legitimidade processual do nascituro, para propor ao de investigao de paternidade com pedido de alimentos = lei 11.804 que regulou os alimentos gravdicos, conferindo legitimidade ativa prpria gestante para a propositura da ao de alimentos.Incapazes: pessoas que possuem capacidade de direito, mas no possui capacidade da fato; a lei no permite-lhes o exerccio pessoal de direitos, necessitando de um representante. No Brasil, possui apenas incapacidade de fato. a restrio legal ao exerccio dos atos da vida civil.Incapacidade absoluta: proibio total do exerccio, por si s, do direito. O ato s poder ser praticado pelo representante legal do absolutamente incapaz = menores de 16 anos, enfermos ou deficientes mentais (falta do discernimento para os atos da vida civil), aqueles que no podem exprimir sua vontade. Analisando as condies psquico-sociais, o indivduo incapaz receber a sentena declaratria e constitutiva (constituir uma nova situao jurdica quanto capacidade da pessoa) da sua incapacidade (interdio). Invalidao de ato negocial praticado por alienado mental, caso seja comprovada sua insanidade, assim sendo a lei retroagir. nulo o ato praticado pelo enfermo ou deficiente mental aps registrado no livro a interdio e ser publicada em imprensa local e oficial. Estando a insanidade mental provada, sempre nulo o ato praticado mesmo antes da interdio. Aqueles que no podem exprimir sua vontade por causa transitria ou em virtude de alguma patologia, porm no causa de interdio. Os surdos-mudos deixaram de ter incapacidade absoluta, para ter incapacidade relativa.Incapacidade relativa: permite que o incapaz pratique atos da vida civil porm que seja assistido por seu representante legal, sob pena de anulabilidade, podem praticar apenas alguns atos sem a assistncia de seus representantes. Promovendo a sua interdio, o juiz assinar os limites da sua curatela. Esse tipo de incapacidade, representado:1- Pelos maiores de 16 anos e menores de 18 anos; = nos casos em que houver conflito de interesses entre o menor e o seu representante, ser escolhido curador especial; o novo cdigo permite a emancipao dos filhos maiores de 16 anos;2- Os brios habituais, os viciados em txicos e os deficientes mentais de discernimento reduzido = os viciados em txicos podem ser considerados absolutamente incapazes3- Os excepcionais sem desenvolvimento mental completo = Sndrome de Down, surdos-mudos (somente aqueles que no receberam educao, e se mantiveram isolados), excepcionais (deficincia mental), deficincia fsica, deficincia sensorial;4- Prdigo: indivduo que dissipa seu patrimnio desvairadamente. Ligado normalmente, a prtica de jogo e a dipsomania (alcoolismo). Se chegar no nvel de uma enfermidade ou deficincia mental, causando dificuldade de discernimento, pode se tornar absolutamente incapaz. A curadoria do prdigo tradicional no direito luso-brasileiro. A justificativa da interdio a possibilidade do prdigo reduzir-se a misria, transformando num encargo do Estado. Ministrio Pblico: defensor dos interesses dos incapazes

DOS DIREITOS DA PERSONALIDADESo prerrogativas individuais, inerentes pessoa humana, direitos inalienveis, que precisam de proteo legal, a existncia proclamada pelo direito natural. O reconhecimento dos direitos da personalidade recente, decorre da Declarao dos Direitos do Homem, 1789 e 1948, das Naes Unidas, bem como a Conveno Europeia de 1950. No Brasil, essa proteo tem sido efetuada por leis especiais e principalmente pela jurisprudncia, o grande passo foi com a Constituio de 1988. Afirma-se que herana da Revoluo Francesa e por isso teria trs geraes e duas sob anlises:1- Primeira gerao: liberdade;2- Segunda gerao: igualdade direitos sociais;3- Terceira gerao: fraternidade ou solidariedade direitos ligados a pacificao social;4- Quarta gerao: decorrentes das inovaes tecnolgicas patrimnio gentico do indivduo;5- Quinta gerao: realidade virtual;Artigos 11 a 21;Divididos em duas categorias:1- Inatos: como direito vida e integridade fsica e moral;2- Adquiridos: decorrem do status individual e existem na extenso da disciplina que lhes foi conferida pelo direito positivo;Caractersticas dos direitos da personalidade:1- Intransmissibilidade e irrenunciabilidade: indisponibilidade desses direitos, os indivduos no podem dispor deles, transmitindo-os a terceiros, renunciando ao seu uso ou abandonando-o, pois nascem e se extinguem com eles, sendo inseparveis; porm essa indisponibilidade no absoluta, mas relativa;2- Absolutismo: oponibilidade erga omnes, impe a todos um dever de absteno, de respeito, carter geral;3- No limitao: ilimitado o nmero de direitos da personalidade, no se limita apenas aos que esto no Cdigo Civil;4- Imprescritibilidade: esses direitos no se extinguem pelo uso e discurso do tempo, nem pela inrcia na pretenso de defende-los; porm, a reparao do dano moral de natureza patrimonial podendo ser transmitidos aos sucessores da vtima, no sendo, assim, imprescritvel;5- Impenhorabilidade: no podem ser penhorados (constrio judicial de bens para o pagamento de dvidas), por serem inalienveis;6- No sujeio a desapropriao: no so suscetveis de desapropriao, por serem indestacvel da pessoa, no podem ser retirados contra sua vontade e nem sofrer limitao voluntria;7- Vitaliciedade: acompanham a pessoa at a sua morte, e mesmo aps a morte esses direitos so resguardados; dedicado todo um captulo visando a salvaguarda dos direitos da personalidade. Porm estabeleceu reduzido desenvolvimento do assunto, colocando poucas normas, porm com rigor e clareza.Da proteo dos direitos da personalidade: o respeito dignidade humana encontra-se em primeiro plano no ordenamento jurdico brasileiro na defesa dos direitos da personalidade. Violao dos direitos previsto no artigo 1 da CF pode exigir indenizao por dano moral ou material. Os direitos da personalidade tm como objetivo resguardar a dignidade humana. A responsabilidade pela violao do direito da personalidade no exclusivamente de carter civil. A reparao do dano pode ser exigida pela famlia da vtima;Os atos da disposio do prprio corpo: O direito vida deve ser entendido como o direito ao respeito vida do prprio titular e de todos. A proteo jurdica da vida humana e da integridade fsica tem como objetivo a proteo de bens jurdicos ( art. 1 e 5 da CF, e art. 12 a 15 do CC). Essa proteo comea desde a concepo at a morte da pessoa.O direito ao prprio corpo abrange tanto a sua integralidade como as partes dele destacveis e sobre as quais exerce o direito de disposio. O corpo humano inalienvel, insuscetvel de apropriao, mas passvel de disposio na forma da lei.Lei de transplantes (lei n. 9434): a pessoa pode dispor gratuitamente de tecidos, rgos, partes do prprio corpo vivo, para fins teraputicos e transplantes, sem promover ameaas a sua integridade fsica e mental, no causando mutilao ou deformao. Assim sendo, s podem ser doados rgos duplos, partes regenerveis de rgo ou tecido. Sobre o post mortem, a retirada das partes para transplantes ou tratamento dever ser precedida de diagnstico de morte enceflica, constatada e registrada. E vigora o princpio do consenso afirmativo: a pessoa deve manifestar sua vontade de doar rgos e tecidos para depois da sua morte com fim teraputico ou cientfico. E essa retirada depender da autorizao de qualquer parente maior, da linha reta ou colateral at o 2 grau, ou do cnjuge sobrevivente. Se a pessoa for juridicamente incapaz, depender da vontade dos pais ou representante. Se for uma pessoa no identificada, est proibida a remoo. A manifestao expressa do doador de rgos em vida prevalece a vontade dos familiares. O cdigo civil permite as cirurgias de transgenitalizao. Individualizao da Pessoa NaturalNecessidade de que os indivduos sejam individualizados, identificados e titulares de direitos e deveres.Modos de individualizao: nome (designao que a distingue das demais e a identifica no seio da sociedade), estado (indica sua posio na famlia e na sociedade poltica) e domiclio (sede jurdica).1- Nome:Elemento individualizador, indica o nome completo. a designao ou sinal exterior pelo qual a pessoa identifica-se no seio da famlia e da sociedade.Aspecto pblico do nome: o Estado se interessa que as pessoas sejam perfeita e corretamente identificadas;Aspecto individual: consiste no direito ao nome, no poder reconhecido ao seu possuidor de por ele designar-se e de reprimir abusos cometidos por terceiros.Finalidades das aes relativas ao uso do nome:1- Retificao: para que seja preservado o verdadeiro;2- Contestao: para que terceiro no use o nome ou no exponha ao desprezo publico.O nome comercial integra-se como propriedade incorprea e cessvel juntamente com este.Pseudnimo: nome fictcio adotado; a proteo jurdica do nome se estende ao pseudnimo. Heternimo: nome imaginrio que um criador identifica como autor das suas obras, e que diferente do pseudnimo, designa algum com qualidades e tendncias diferentes das desse criador.Natureza jurdica do nome:a) Propriedade: entendem o nome como uma forma de propriedade, tendo como titular a famlia ou o seu portador, porm a propriedade alienvel, prescritvel e de carter patrimonial, diferente do nome;b) Propriedade sui generis: titularidade diferenciada pois o nome extrapatrimonial, no podendo se dispor; sui generis: submetido a regras especiais, compreendido no sistema de proteo de personalidade.c) Teoria negativista: o nome no apresenta os caracteres de um direito, portanto no deve ter proteo jurdica;d) Sinal distintivo revelador da personalidade: distinguir os indivduos;e) Direito da personalidade: teoria mais aceita, que afirma ser um direito inerente pessoa humana e constitui um direito a personalidade;Elementos do nome:Prenome + sobrenome ou apelido familiar = nome.Agnome: sinal que distingue as pessoas da mesma famlia e com o mesmo nome (jr, neto).Axinimo: designao que se d forma corts de tratamento ou expresso de reverncia (Vossa santidade).Prenome: o nome prprio de cada pessoa e serve para distinguir membros da mesma famlia (irmos no podem ter o mesmo prenome). O prenome no pode expor a pessoa ao ridculo, aplicando-se tambm aos apelidos populares.Sobrenome: o sinal que identifica a procedncia da pessoa, indicando sua filiao ou estirpe. Devem-se ser lanados o sobrenome do pai e da me, e impedida a alterao desse nome.Alcunha: apelido depreciativo; Cognome: a palavra que qualifica pessoa ou coisa (usado como sinnimo de alcunha);Epteto: aposto ao nome (Pedro, o justiceiro);Hipocorstico: diminutivo do nome;H obrigao dos oficiais de remeter ao juiz os dados sobre o suposto pai, que ser convocado para reconhecimento voluntrio do filho, caso no faa, os dados sero encaminhados ao Ministrio Pblico para promover a investigao de paternidade. O prenome s ser modificado em casos de erros ortogrficos e exposio da pessoa ao ridculo, porm admitem-se algumas excees ao caso.A jurisprudncia admite a substituio do prenome oficial pelo prenome de uso. A alterao do prenome e do sobrenome pode-se dar em caso de adoo. autorizado tambm a traduo de nomes estrangeiros. Admite-se a adio de alcunha ou apelidos notrios e o acrscimo de mais um prenome ou sobrenome no caso de homonmia.O sobrenome s pode ser alterado em casos excepcionais: em casos de abandono pelo pai, adio do apelido de famlia do padrastoOutras hipteses: o nome completo pode sofrer alterao no casamento, divorcio e separao judicial, na adoo, no reconhecimento de filho, na unio estvel e transexualismo. O marido e a esposa podem adotar o sobrenome dos parceiros, assim como podem conservar o sobrenome em casos de separao. Porm ao adotar o sobrenome do parceiro, no pode anular os seus (princpio da estabilidade do nome). Em casos de casamentos declarados nulos perde-se o direito de conservar o sobrenome do outro. O adotado no pode conservar o sobrenome de seus pais de sangue.- o novo Cdigo Civil no disciplina o suo do nome do companheiro, em casos de unio estvel ou companheirismo, porm pode-se requerer ao juiz segundo a lei de Registros Pblicos.- em casos de transexualismo, o art 13 do CC autoriza as cirurgias de transgenitalizao, e a consequente alterao do prenome e do sexo no Registro Civil.2- Estado:Oriundo de status, que designa os vrios predicados integrantes da personalidade = soma de qualificaes da pessoa na sociedade, hbeis a produzir efeitos jurdicos.Existem trs ordens de Estado:1- Estado individual (fsico): modo de ser da pessoa quanto idade, sexo, cor, altura, sade;2- Estado familiar: indica sua situao na famlia, em relao ao matrimnio e ao parentesco, por consaguinidade ou afinidade; (a unio estvel constitui uma entidade familiar);3- Estado poltico: a qualidade que advm da posio do individuo na sociedade poltica, podendo ser nacional e estrangeiro.Art. 95 da Lei n. 6815, afirma que o estrangeiro residente no Brasil goza de todos os direitos reconhecidos aos brasileiros.Cidado = possuir e exercer direitos polticos, sinnimo de eleitor.Caracteres: o Estado forma a imagem jurdica.1- Indivisibilidade: no possvel possuir mais de um Estado (solteiro e casado ao mesmo tempo);2- Indisponibilidade: inalienvel e irrenuncivel;3- Imprescritibilidade: sem prazo de durao.Domiclio: o lugar de onde irradiam a atividade jurdica (domus, casa ou morada); essa ideia de domiclio utilizada em vrios ramos do Direito.Domicilio da pessoa natural: o lugar, onde ela, de modo definitivo, estabelece sua residncia e o centro principal da sua atividade, onde ela responde por suas obrigaes. Em ltima anlise, a sede jurdica da pessoa, onde pratica seus atos e negcios jurdicos.O domicilio civil formado por dois elementos: o objetivo que a residncia, e o subjetivo, de carter psicolgico, consistente no nimo definitivo, na inteno de a fixar-se de modo permanente.Residncia simples estado de fato, sendo o domicilio uma situao jurdica.Morada ou habitao: local que a pessoa ocupa esporadicamente, como a casa de praia ou de campo.O cdigo brasileiro admite a pluralidade domiciliar.Domicilio aparente: aquele que cria as aparncias de um domiclio em um lugar pode ser considerado pelo terceiro como tendo a seu verdadeiro domiclio.Aqueles que no tm residncia habitual, o domiclio ser o local onde forem encontrados (domiclio ocasional).Para que a mudana se caracterize deve-se demonstrar a inteno manifesta de mudar.Perde-se o domiclio por determinao da lei, vontade ou eleio das partes.Domiclio de origem: que se prende ao nascimento, e corresponde ao de seus pais, poca.Espcies de domiclio:1- Voluntrio: podendo ser geral (escolhido livremente, depende da vontade exclusiva do interessado) ou especial (fixado com base no contrato, denominado conforme o caso de foro contratual ou eleio);Nos contratos de adeso, no se admite a admisso do foro de eleio, salvo demonstrando a inexistncia de prejuzo para o aderente, nesses contratos existe a falta de igualdade entre as partes.2- Legal ou necessrio: o determinado pela lei, em razo da condio ou situao de certas pessoas; no existe liberdade de escolha.Domiclio da pessoa jurdica:A pessoa jurdica de direito privado no tem residncia, um domiclio especial que pode ser livremente escolhido no seu estatuto ou atos constitutivos, no o sendo, ser o local onde funcionarem as respectivas diretorias e administraes. Admite a pluralidade domiciliar.Registro civil: a perpetuao, mediante anotao por agente autorizado, dos dados pessoais dos membros da coletividade e dos fatos jurdicos de maior relevncia em suas vidas, para fins de autenticidade, segurana e eficcia (tem por base a publicidade) = histria civil da pessoa, biografia jurdica. de interesse de todos: do prprio registrado, dos terceiros que tenham relao com ele e do Estado.Averbao: qualquer anotao feita a margem do registro, para indicar as alteraes ocorridas no estado jurdico do registrado.EXTINO DA PERSONALIDADE NATURALModos de extino:1- Morte real:Responsvel pelo trmino da existncia da pessoa natural, e a sua prova se faz pelo atestado de bito ou por ao declaratria de morte presumida ou ainda, a justificao de bito.Ocorre com o diagnstico de paralisao da atividade enceflica, e o morto deixa de ser sujeito de direitos e obrigaes2- Morte simultnea ou comorincia: Quando dois ou mais indivduos faleceram na mesma ocasio e no se pode averiguar qual morreu primeiro, presumir-se-o simultaneamente mortos.No h transferncia de bens e direitos entre os comorientes.3- Morte civil:O herdeiro, afastado da herana, como se ele morto fosse antes da abertura da sucesso, porm conserva-se a personalidade, apenas para mant-lo longe da herana.Ex.: suzane que matou os pais.4- Morte presumida:Com (imaginam que a pessoa esteja apenas desaparecida) ou sem (acreditam que a pessoa de fato morreu) declarao de ausncia. Presume-se a morte, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucesso definitiva.A declarao de ausncia permite a abertura da sucesso provisria e depois, a sucesso definitiva.Se a pessoa casou-se novamente e presumiu a morte do seu ex parceiro, e este aparecer, prevalecer o novo matrimnio.DA AUSNCIAAusente a pessoa que desaparece de seu domiclio sem dar notcia de seu paradeiro e sem deixar um representante ou procurador para administrar-lhe os bens. Inicialmente, o CC protege os seus bens, porm com o prolongamento do desaparecimento, crescem as possibilidades de que tenha falecido, a proteo passa para os herdeiros. Os ausentes continuam sendo capazes.Quando a pessoa desaparece, o requerimento pode ser pedido por qualquer interessado ou pelo Ministrio Pblico, o juiz declarar a ausncia e ir nomear curador.O cnjuge do ausente que no esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declarao da ausncia, ser o legtimo curador. Em falta de cnjuge, cair aos pais e depois nos descendentes, dentre estes, os mais prximos precedem os mais remotos. Em falta de cnjuge, pode-se considerar a companheira.3 fases:1- Curadoria do ausente;2- Sucesso provisria;3- Sucesso definitiva.A curadoria do ausente fica restrita aos bens, no produzindo efeitos de ordem pessoal (a esposa pode ser curadora porm no viva).Aps trs anos ser nomeado o curador dos bens, os interessados podem requerer a abertura da sucesso provisria.A curadoria pode ser cessada: pelo comparecimento do ausente, do seu procurador ou de quem o represente; pela certeza da morte presumida; pela sucesso provisria.Da sucesso provisria:Art. 26 tratam das pessoas legtimas para requerer a sucesso provisria.Os bens sero entregues aos herdeiros, porm, em carter provisrio e condicional, ou seja, desde que prestem garantias da restituio deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhes respectivos, em razo da incerteza da morte do ausente. Os ascendentes, descendentes e cnjuge no necessitam dessa garantia.Cessar a sucesso provisria: quando houver certeza da morte do ausente; dez anos depois de passada em julgado a sentena de abertura da sucesso provisria; quando o ausente contar oitenta anos de idade e houverem decorridos cinco anos das ltimas notcias suas.Da sucesso definitiva:Os interessados requerem a sucesso definitiva faz-se o levantamento das caues prestadas.Abandono da preocupao com o interesse do ausente, para atentar para o interesse de seus sucessores;Do retorno do ausente:Caso o ausente retorne nos prximos dez anos a abertura da sucesso definitiva, este pode retomar os bens porm no estado em que se encontrem, os sub-rogados em seu lugar ou o dinheiro.Sub-rogar: os bens adquiridos tomam o lugar, no patrimnio do ausente, dos bens que foram alienados para com seu produto adquirir aqueles.Se o ausente retornar na sucesso provisria comprovar que a ausncia foi voluntria, o ausente perder sua parte nos frutos e rendimentos. Caso no seja voluntrio, cessaro imediatamente as vantagens dos sucessores imitidos na posse provisria., e tero que restitu-la ao que se encontrava desaparecido.Caso o ausente retorne no perodo da curadoria dos bens, cessar automaticamente, e ele retomar seus bens.Ausncia como causa da dissoluo conjugal:O cnjuge do ausente pode requerer o divrcio direto com base na separao de fato por mais de dois anos (art. 1580, 2) ou esperar a abertura da sucesso definitiva.TTULO II DAS PESSOAS JURDICASPara atender os interesses e necessidades dos indivduos preciso a participao e cooperao de outras pessoas, em razo das limitaes individuais. O direito comeou a analisar esses grupos para que possam participar da vida jurdica como sujeitos de direitos, dotando-as de personalidade prpria.A finalidade da pessoa jurdica a necessidade ou convenincia dos indivduos unirem esforos e utilizarem recursos coletivos para a obteno dos seus objetivos.Conceito: conjunto de pessoas ou de bens, dotado de personalidade jurdica prpria e constitudo na forma da lei, para a consecuo de fins comuns. Atuam na vida jurdica com personalidade diferente da dos indivduos que a compem. Natureza jurdica:Existem as teorias negativistas, que negam a existncia da pessoa jurdica, afirmando que no pode ter personalidade prpria, e as teorias afirmativas, procuram explicar esse fenmeno pelo qual um grupo de pessoas passa a constituir uma unidade orgnica, com individualidade prpria reconhecida pelo Estado e distinta das pessoas que a compem. Dessa ltima teoria surgem outras duas: teorias da fico e teorias da realidade.Teorias da fico:Podem ser divididas em duas categorias: teoria da fico legal e teoria da fico doutrinria. A primeira desenvolvida por Savigny, a pessoa jurdica constitui uma criao artificial da lei, um ente fictcio, s assim pode a pessoa jurdica adquirir capacidade jurdica. A teoria da fico doutrinria uma variao da anterior, dentre seus adeptos est Vareilles-Sommieres, afirmando que a pessoa jurdica no tem existncia real, mas apenas intelectual, ou seja, na inteligncia dos juristas, sendo assim uma mera fico criada pela doutrina.As teorias da fico no so aceitas, pelo fato de no explicarem a existncia do Estado como pessoa jurdica, se o Estado for uma fico legal ou doutrinria, o direito tambm o .Teorias da realidade:As pessoas jurdicas so realidades vivas, e no mera abstrao, tendo existncia prpria como os indivduos.a) Teoria da realidade objetiva ou orgnica: sustenta que a pessoa jurdica uma realidade sociolgica, ser com vida prpria, que nasce por imposio das foras sociais. A crtica que se lhe faz que ela no explica como os grupos sociais, que no tm vida prpria e personalidade, podem adquiri-la e se tornarem sujeitos de direitos e obrigaes. Reduz o papel do Estado a mero conhecedor de realidades j existentes, desprovido de maior poder criador.b) Teoria da realidade jurdica ou institucionalista: considera as pessoas jurdicas como organizaes sociais destinadas a um servio ou ofcio, e por isso personificadas. Parte da analise das relaes sociais, no da vontade humana. Recebe a mesma crtica da teoria anterior.c) Teoria da realidade tcnica: a personificao dos grupos sociais expediente de ordem tcnica, a forma encontrada pelo direito para reconhecer a existncia de grupos de indivduos, que se unem na busca de fins determinados. A personificao atribuda a grupos em que a lei reconhece vontade e objetivos prprios. A personalidade jurdica um atributo que o Estado defere a certas entidades havidas como merecedoras dessa benesse. Mesmo sendo positivista, a que melhor explica o fenmeno pelo qual grupo de pessoas pode ter personalidade.Requisitos para a constituio da pessoa jurdica:A formao da pessoa jurdica exige uma pluralidade de pessoas ou de bens e uma finalidade especfica (elementos de ordem material), bem como um ato constitutivo e respectivo registro no rgo competente (elemento formal). Requisitos:a) Vontade humana criadora (inteno de criar uma entidade distinta da de seus membros): necessrio duas ou mais pessoas com vontades convergentes, ligadas por uma inteno comum, materializa-se no ato da constituio (escrito);b) Elaborao do ato constitutivo (estatuto ou contrato social): requisito formal exigido pela lei e se denomina estatuto, em se tratando de associaes, que no tem fins lucrativos; contrato social, no caso de sociedades; e escritura pblica ou testamento, em se tratando de fundaes;c) Registro do ato constitutivo no rgo competente: o ato constitutivo deve ser levado a registro para que comece a existncia legal da pessoa jurdica de direito privado, no o fazendo no passar de mera sociedade de fato ou sociedade no personificada;d) Liceidade do seu objetivo: o seu objetivo deve ser lcito, determinado e possvel.A existncia de pessoas jurdicas de direito pblico decorre da lei e do ato administrativo, bem como de fatos histricos, de previso constitucional e de tratados internacionais, e so cuidados pelo direito publico. Contrato social a conveno por meio da qual duas ou mais pessoas se obrigam reciprocamente a conjugar esforos, contribuindo, com bens ou servios, para a consecuo de fim comum mediante o exerccio de atividade econmica, e a partilhar entre si, os resultados.A atribuio de personalidade s pessoas jurdicas pode obedecer a trs critrios: o da livre formao (no necessrio o reconhecimento do Estado), o do reconhecimento (reconhecimento do Estado), e o das disposies normativas (outorga poder criador vontade, independentemente de chancela estatal, desde que observadas as condies legais predeterminadas). No caso do Brasil, vigora essa ultima, sendo em alguns casos necessrio a chancela do Estado.A proteo dos direitos da personalidade aplica-se s pessoas jurdicas. Os direitos e deveres das pessoas jurdicas decorrem dos atos de seus diretores no mbito dos poderes que lhe so concedidos no ato constitutivo.Sociedades irregulares ou de fato:Sem o registro do ato constitutivo a pessoa jurdica ser considerada irregular, mera associao ou sociedade de fato. A regularizao da sociedade de fato no possui efeitos retroativos, no se aplica a fatos pretritos, enquanto era apenas uma sociedade de fato. A sociedade de fato ou irregular denominada sociedade no personificada.Essas sociedades possuem legitimidade para cobrar em juzo os seus crditos. Por no serem sujeitos de direitos no podem em seu nome figurar como parte no contrato de compra e venda de imvel, nem praticar atos extrajudiciais que impliquem alienao de imveis.Grupos despersonalizados:No possuem personalidade por no apresentarem requisitos imprescindveis para a personificao. Grupos despersonalizados so entidades que se formam independentemente da vontade de seus membros ou em virtude de um ato jurdico que os vincule a determinados bens, podem gozar de capacidade processual e ter legitimidade ativa e passiva para acionar e serem acionados em juzo.a) Famlia: caracterizado pelo conjunto de pessoas e pela massa de bens, no constitui pessoa jurdica pelo reduzido numero de pessoas, e porque sua atividade jurdica pode ser exercida sem a personificao;b) Massa falida: assim passa a ser denominado o acervo de bens pertencentes ao falido (massa falida objetiva), aps a sentena declaratria de falncia decretando a perda do direito administrao e disposio do referido patrimnio, bem como ente despersonalizado voltado defesa dos interesses gerais dos credores (massa falida subjetiva); representada pelo sndico.c) Herana jacente e vacante: conjunto de bens deixados pelo de cujus, enquanto no entregue a sucessor devidamente habilitado. Quando o de cujus no deixa testamento e no h conhecimento da existncia de algum herdeiro. Os bens da herana jacente sero denominadas vacantes se for promovida a arrecadao e praticadas todas as exigncias legais, e no aparecer herdeiro ou eles renunciarem. Representada pelo curador.d) Esplio: o complexo de direitos e obrigaes do falecido, abrangendo bens de toda natureza. Surge com a abertura da sucesso at a nomeao do inventariante.e) Sociedades sem personalidade jurdica (de fato ou irregular): no possuem existncia legal por falta de registro no rgo competente ou por falta de autorizao legal;f) Condomnio: pode ser geral (tradicional ou comum) e edilcio (horizontal). O primeiro no possui personalidade jurdica, o segundo h discusses sobre a personalidade dele, em que Maria Helena Diniz chega a afirmar que o condomnio tem aptido titularidade de direitos, deveres e pretenses. O artigo 63, 3 da Lei n. 4591/64 permite a adjudicao de bens ao condomnio horizontal, porm no confere a este a condio de personalidade jurdica. Representado pelo sndico.Classificao da pessoa jurdica:a) Nacionalidade: pode ser nacional (quando a sociedade organizada em conformidade com a lei brasileira e que tenha no Pas a sede de sua administrao) ou estrangeira (que necessita da autorizao do Poder Executivo para funcionar no Pas);b) Estrutura interna: pode ser corporao (conjunto de pessoas reunidas para melhor consecuo de seus objetivos) ou fundao (compe-se de um patrimnio personalizado, destinado a um determinado fim). As corporaes visam realizao de fins internos, estabelecidos pelos seus scios, os seus objetivos so voltados para o interesse e o bem-estar de seus membros, existe patrimnio porm elemento secundrio. J as fundaes tm objetivos externos, estabelecidos pelo instituidor, o patrimnio elemento essencial. As corporaes so divididas entre associaes (no possui fins lucrativos) e as sociedades (possuem fins lucrativos), que pode ser simples (constitudas em geral por profissionais da mesma rea ou por prestadores de servios tcnicos) ou empresria (tem por objeto o exerccio da atividade prpria de empresrio sujeito ao registro). As fundaes possuem dois elementos: patrimnio e o fim;c) Funo ou rbita de atuao: de direito pblico ou de direito privado. As de direito pblico pode ser externo (Estados estrangeiros e as pessoas que forem regidas pelo Direito Internacional pblico) e interno que podem classificar da administrao direta (Unio, Estados, DF, Territrios, Municpios) e da administrao indireta (autarquias, fundaes pblicas e demais entidades de carter pblico). O direito privado so as corporaes (associaes e sociedades) e fundaes;Pessoas jurdicas de direito privado:1- As associaes:Constitudas por pessoas que renem seus esforos para fins no econmicos. Ressalta o aspecto eminentemente pessoal. No h entre os membros da associao, direitos e obrigaes recprocos, nem inteno de dividir resultados, apenas objetivos altrusticos, cientficos, beneficentes, religiosos e etc. A CF garante liberdade de associao para fins lcitos.A circunstncia de uma associao eventualmente realizar negcios para manter ou aumentar o seu patrimnio, sem, todavia, proporcionar ganhos aos associados no a desnatura. PODE PARTICIPAR DE ATIVIDADES ECONMICAS, porm no pode ter finalidade lucrativa.O associado s pode ser excludo por justa causa ou se houver por motivos graves. O associado pode se retirar a qualquer momento sem se justificar, porm pode-se exigir o cumprimento de obrigaes sociais eventualmente assumidas.O artigo 59 trata sobre as funes da assembleia geral. A qualidade de associado intransmissvel, se o estatuto no dispuser o contrrio. Poder este, portanto, autorizar a transmisso por ato inter vivos ou causa mortis, dos direitos dos associados a terceiro. A transmisso patrimonial no importar, em regra, na atribuio da qualidade de associado, sujeita ao preenchimento de determinados requisitos exigidos pelo estatuto.No caso de dissoluo da associao, os bens remanescentes sero destinados entidade de fins no econmicos designada no estatuto, ou a instituio municipal, estadual ou federal, de fins idnticos ou semelhantes. Os associados podem receber em restituio.2- As sociedades:Contrato de sociedade: celebrado pelas pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou servios, para o exerccio de atividade econmica e a partilha, entre si, dos resultados (art. 981 CC).1- Sociedades simples: constitudas em geral por profissionais da mesma rea ou por prestadores de servios tcnicos. Com fim econmico ou lucrativo;2- Sociedades empresariais: visam lucro, porm o objeto o exerccio de atividade prpria de empresrio (quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou circulao de bens e servios) sujeito ao registro previsto no art. 967 do CC. Diferente das sociedades, nas associaes no h entre os associados, direitos e obrigaes recprocos. As sociedades empresariais assumem as formas de: sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade em comandita por aes, sociedade limitada, sociedade annima ou por aes (arts. 1039 a 1092).3- As fundaes: (art. 62 a 69)Constituem um acervo de bens, que recebe personalidade jurdica para a realizao de fins determinados, de interesse pblico, de modo permanente e estvel. Decorrem da vontade de uma pessoa, o instituidor, e seus fins, de natureza religiosa, moral, cultural ou assistencial, so imutveis. As fundaes podem ser pblicas ou particulares, as pblicas so institudas pelo Estado, pertencendo os seus bens ao patrimnio pblico, regendo-se por normas prprias de direito administrativo, enquanto que as particulares so regidas pelo CC (arts. 62 a 69). A fundao compe-se de dois elementos: o patrimnio e o fim, e esta finalidade estabelecida pelo instituidor e no tem carter lucrativo. A necessidade de que os bens sejam livres intuitiva, pois a incidncia de qualquer nus ou encargo colocaria em risco a prpria existncia da instituio.A constituio da fundao se desdobra em 4 fases:a) Ato de dotao ou de instituio: compreende a reserva ou destinao de bens livres, com indicao dos fins a que destinam e a maneira de administr-los. O ato pode ser feito inter vivos ou causa mortis. Como a fundao proveniente de uma liberalidade, os credores podem eventualmente anul-la por fraude, se lesiva aos interesses, assim como os herdeiros necessrios, se configurada a inoficiosidade. Se a fundao idealizada pelo fundador no puder ser concretizada, os seus bens sero destinados a outra fundao com a mesma finalidade. O patrimnio da fundao pode ser constituda por diversos tipos de bens, e ao fazer a dotao por escritura pblica, transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sob pena de serem registrados em nome dela por mandado judicial.b) Elaborao do estatuto: que pode ser direta ou prpria (pelo prprio instituidor) ou fiduciria (por uma pessoa de confiana, designada pelo constituidor). Se o instituidor no faz o estatuto e nem indica algum para faz-lo, o MP poder tomar iniciativa, do mesmo modo que a pessoa destinada a fazer o estatuto, no cumprir o referido encargo no prazo estabelecido ou dentro de 180 dias.c) Aprovao do estatuto: o estatuto encaminhado ao MP estadual, e ir verificar se o objeto lcito, se foram observadas as bases fixadas pelo instituidor e se os bens so suficientes. O MP ter um prazo de 15 dias para aprovar o estatuto, indicar modificaes ou lhe denegar aprovao. O interessado pode requerer ao juiz o suprimento da aprovao, e cabe recurso a deciso do juiz. Qualquer alterao do estatuto deve ser submetida a aprovao do MP, devendo-se analisar os requisitos do art. 67. Os fins da fundao so inalterveis, e no pode ser modificado mesmo pela vontade unanime dos seus dirigentes, e os bens so inalienveis, porque so os bens que permitem a concretizao dos fins visados pelo instituidor. A alienao s pode ser autorizada pelo juiz, em casos especiais, e com audincia no MP, sob pena de nulidade. Porm, em alguns Estados da federao, a autorizao da alienao tem sido efetuada pela via administrativa. Se a alterao estuaria for aprovada por unanimidade, os administradores requerero que o MP d cincia minoria vencida para impugn-la no prazo de 15 dias. O MP, por ser encarregado de velar pelas fundaes, poder propor medidas judiciais para remover o improbo administrador da fundao, ou lhe pedir contas que est obrigado a prestar, e at mesmo extingui-la, se desvirtuar as suas finalidades e tornar-se nociva, todavia, no poder intervir na administrao da entidade.d) Registro: efetuado no Registro Civil das Pessoas Jurdicas, inicio da existncia legal. Existem algumas restries para o registro das pessoas jurdicas (art. 115 da Lei de Registros Pblicos), e se caso a instituio passe a exercer atividade ilcita ou nociva, a dissoluo pode ser exigida pelo MP. As fundaes se extinguem de duas maneiras: se a sua finalidade se tornar ilcita, impossvel ou intil ou se vencer o prazo de sua existncia. No caso de extino da fundao, os bens sero destinados a outra fundao ou o destino previsto pelo instituidor no ato constitutivo. Quando no existir nenhuma fundao com fins semelhantes, o patrimnio ser destinado ao Municpio ou ao DF, constituindo o patrimnio da Unio.

4- As organizaes religiosas:As organizaes religiosas esto separadas uma vez que no associao por no ter fins lucrativos stricto sensu, no sociedade, e no fundao pois no seguem o Cdigo Civil e nem as leis especficas que tratam da organizao das fundaes. Seu funcionamento distinto, seus interesses diversos, suas atividades diferentes. So pessoas jurdicas de direito privado, e seguem as normas referentes s associaes, naquilo que compatvel. A liberdade de funcionamento das organizaes religiosas no afasta o controle da legalidade e legitimidade constitucional de seu registro.5- Partidos polticos:Possuem natureza prpria, seus fins so polticos, no se caracterizando pelo fim econmico ou no (por isso, no podem ser associaes nem sociedade), e no possui fim cultural, assistencial, moral ou religioso portanto, no sendo considerado fundaes. Regulado pelo CC e pela Lei n. 9096/95.Desconsiderao da personalidade jurdica:O principio da autonomia patrimonial possibilita que as sociedades empresrias sejam utilizadas como instrumento para a prtica de fraudes e abusos de direito contra credores, acarretando-lhes prejuzos. A reao a esses abusos deu origem teoria da desconsiderao da personalidade jurdica, que recebeu o nome de disregard doctrine ou disregard of legal entity, no direito anglo-saxo. Permite tal teoria que o juiz, em casos de fraude e de m-f, desconsidere o principio de que as pessoas jurdicas tm existncia distinta da dos seus membros e os efeitos dessa autonomia, para atingir e vincular os bens particulares dos scios satisfao das dvidas das sociedades. A deciso judicial da desconsiderao da personalidade jurdica da sociedade no desfaz o seu ato constitutivo, no o invalida nem importa sua dissoluo, trata-se apenas de suspenso episdica da eficcia desse ato. Despersonalizao (diferente de desconsiderao da personalidade jurdica): acarreta a dissoluo da pessoa jurdica ou a cassao de autorizao para seu funcionamento. Art. 50. Existem duas teorias da desconsiderao:a) Teoria maior: em que a comprovao da fraude e do abuso por parte dos scios constitui requisito para que o juiz possa ignorar a autonomia patrimonial das pessoas jurdicas;b) Teoria menor: considera o simples prejuzo do credor motivo suficiente para a desconsiderao.Ocorre a desconsiderao da personalidade jurdica da empresa quando esta praticar atos ilcitos. Ocorre confuso patrimonial quando a sociedade paga dvidas do scio ou este recebe crditos dela. Desconsidera-se a personalidade jurdica da sociedade quando demonstrado a promiscuidade patrimonial. Desconsiderao inversa: afasta-se o princpio da autonomia patrimonial da pessoa jurdica para responsabilizar a sociedade por obrigao do scio (o pai que esconde o patrimnio pessoal na sociedade para esquivar-se do pagamento da penso alimentcia).Responsabilidade das pessoas jurdicas:A responsabilidade jurdica por danos em geral pode ser civil ou penal (proteo ao meio ambiente aos atos nocivos realizados tanto por pessoas fsicas como pessoas jurdicas).Responsabilidade das pessoas jurdicas de direito privado:A responsabilidade pode ser contratual ou extracontratual, responsabilizando de forma objetiva as pessoas jurdicas pelo fato e por vcio do produto e do servio. Reprimem a prtica de atos ilcitos e a reparao do dano causado. Toda pessoa jurdica responde pelos danos causados a terceiros, independente de culpa de empregados ou administradores.Responsabilidade das pessoas jurdicas de direito pblico:Evoluo histrica:1- Irresponsabilidade do Estado;2- Civilista: o CC responsabilizava civilmente as pessoas jurdicas de direito pblico pelos atos de seus representantes;3- Publicista: o assunto comeou a ser tratado pelo direito pblico (CF).Constituio Federal de 1988:Art. 37 par. 6 da CF. no necessrio indagar culpa ou dolo, pois sua responsabilidade est ancorada na culpa objetiva e surge do fato lesivo. O Estado responde subsidiariamente pelos danos causados pelas pessoas privadas que prestam servios pblicos, porm existem autores que defendem a responsabilidade solidria e direta do Estado por ter falhado na fiscalizao. Em casos, por exemplo predatrios, o Poder Pblico s poder ser responsabilizado nesses casos se restar provado que a sua omisso concorreu diretamente para o dano (culpa annima).Responsabilidade por atos omissivos:Cabe ao contra o Estado mesmo que no se identifique o funcionrio, especialmente nas hipteses de omisso da administrao = culpa annima. Ex.: indenizao da me do preso assassinado por outro detento.Danos decorrentes de atos judiciais:Atos judiciais em geral:O lesado pode fazer jus a uma indenizao sempre que sofrer um prejuzo causado pelo funcionamento do servio pblico, porm a responsabilidade civil do magistrado s se configura quando se apura se ele tenha agido por dolo ou fraude e no pelo simples fato de ter errado. A admissibilidade da responsabilidade estatal no obstculo a imutabilidade da coisa julgada, uma vez que a deciso continua valendo. H uma tendncia universal para responsabilizar o Estado pelo mau funcionamento dos servios judiciais.Erro judicirio:Reconhecido no art. 5, LXXV, CF em que o Estado indenizar por erro judicirio, assim como o preso que permaneceu preso alm do tempo necessrio. Reconhecida a responsabilidade civil do Estado, a indenizao ter que ser a mais completa, abrangendo danos materiais e morais, porm no se dar indenizao por falta imputvel ao prprio impetrante, como a confisso ou a ocultao de prova em seu poder.Danos decorrentes de atos legislativos:Alguns autores afirmam a irresponsabilidade do Estado por atos legislativos causadores de dano injusto. Enquanto outros, defende que o Estado responde sempre por atos danosos, causados por lei inconstitucional ou constitucional.Danos causados por lei inconstitucional:Em princpio, a lei no pode causar dano a ningum. O Estado responde civilmente por danos causados aos particulares pelo desempenho inconstitucional da funo de legislar.Danos causados por lei constitucionalmente perfeita:Ex.: o particular que desfruta de certas vantagens econmicas asseguradas por ato legislativo, que a modificao ou revogao, causa danos a ele. Nesses casos, reconhece a responsabilidade ressarcitria do Estado. As cmaras municipais no possuem personalidade jurdica, a ao deve ser movida contra a Fazenda Municipal.Imunidade parlamentar:No possvel o membro do Poder Legislativo ser processado criminalmente, sem prvia licena de sua Casa, no se estendendo a responsabilidade civil. Atualmente, limita-se a imunidade parlamentar, civil e penalmente, aos atos legislativos, por opinies, palavras e votos.Extino da pessoa jurdica:As pessoas jurdicas nascem, desenvolvem, modificam e extinguem-se. O ato da dissoluo pode ser:1- Convencional: por deliberao de seus membros, conforme qurum previsto nos estatutos (art. 1033 CC). Quando a sociedade for de prazo indeterminado, ocorrer dissoluo por deliberao dos scios, por maioria absoluta. Porm quando for de prazo determinado, consenso unnime. Quando vence o prazo; ou falta de pluralidade de scios caso a sociedade simples no seja reconstituda no prazo de 180 dias; se os scios remanescentes optarem pela dissoluo; ou por outras causas de dissoluo.2- Legal: em razo de motivo determinado na lei, por exemplo, decretao de falncia, a morte dos scios ou desaparecimento do capital nas sociedades com fins lucrativos.3- Administrativa: quando a pessoa jurdica necessita de autorizao do Poder Pblico, e esta cassada, seja por infrao a disposio de ordem pblica ou atos contrrios aos fins declarados no seu estatuto, seja por se tornar ilcita, impossvel ou intil sua finalidade.4- Judicial: quando se configura alguns dos casos de dissoluo previstos em lei ou no estatuto, especialmente quando a entidade se desvia dos fins para o qual se constituiu.A extino se d por dissoluo e liquidao (refere-se ao patrimnio e concerne ao pagamento das dvidas e partilha entre os scios). O cancelamento da inscrio da pessoa jurdica se d aps a liquidao.LIVRO IIDOS BENSObjeto da relao jurdica:As pessoas so sujeitos de direito, os bens so objetos de direito, e os fatos jurdicos disciplina a forma de criar, modificar e extinguir direitos. Objeto da relao jurdica: os bens e as aes humanas denominadas prestaes e tambm certos atributos da personalidade (direito imagem). Bem, em sentido filosfico, tudo o que satisfaz a necessidade humana. Coisa gnero do qual bens espcie = bens so coisas que, por serem teis e raras, so suscetveis de apropriao e contm valor econmico = bens so coisas materiais, concretas, teis ao homens e de expresso econmica, suscetveis de apropriao, bem como as de existncia imaterial economicamente apreciveis. Coisas comuns: insuscetveis de apropriao pelo homem (ar).Bens corpreos e incorpreos:Bens corpreos: possui existncia fsica, material e podem ser tangidos pelo homem. Bens incorpreos: tem existncia abstrata ou ideal, porm possui um valor econmico (direito autoral). Propriedade mais amplo que domnio, pois acopla bens incorpreos.Patrimnio:Patrimnio o conjunto de bens, de qualquer ordem, seja corpreo ou incorpreo. Seguindo a doutrina, patrimnio o complexo das relaes jurdicas de uma pessoa, que tiveram valor econmico, podendo ser os elementos passivos ou ativos, direitos econmicos apreciveis como as dvidas. O patrimnio restringe-se aos bens avaliveis em dinheiro. Tem-se duas teorias:1- Teoria clssica ou subjetiva: o patrimnio uma universalidade de direito, unitrio e indivisvel, que se apresenta como projeo e continuao da personalidade.2- Teoria realista (moderna ou afetao): o patrimnio seria constitudo apenas pelo ativo e tambm no seria unitrio e indivisvel, formado de vrios ncleos separados, conjuntos de bens destinados a fins especficos.O patrimnio do devedor responde por suas dvidas, ou seja, ele responde por suas obrigaes. A tutela jurdica do patrimnio deve ter como escopo precpuo a dignidade da pessoa humana.Classificao dos bens:A classificao dos bens seguem critrios de importncia cientifica, visto que no se pode aplicar a mesma regra aos mesmos bens. Considera as qualidades fsicas ou jurdicas; as relaes que guardam entre si; a pessoa do titular do domnio.Bens considerados em si mesmo (imveis, moveis, fungveis e consumveis, divisveis, singulares e coletivos) X Bens reciprocamente considerados (principais e acessrios) X Bens pblicos.Bens considerados em si mesmos:Bens imveis e bens mveis:Fundamentada na natureza efetiva dos bens. Os bens imveis, ou bens de raiz, sempre desfrutaram maior prestgio, porm os bens mveis esto ganhando importncia atualmente. Principais efeitos:a) Bens mveis so adquiridos por simples tradio, enquanto que os bens imveis necessrio escritura pbica e registro no Cartrio de Registro de Imveis.b) Os bens imveis para serem hipotecados, alienados ou gravados o nus real, exige a anuncia do cnjuge, exceto no regime de separao absoluta, o mesmo no acontece com os bens mveis;c) Hipoteca direito real de garantia reservado aos imveis, enquanto o penhor reservado aos moveis.d) Direito penal, apenas os mveis podem ser objeto de furto ou roubo.Bens imveis:Bens que no se podem transportar sem destruio de um lugar ao outro (Clvis). Bens imveis so o solo e tudo quando se lhe incorporar natural ou artificialmente. Podem ser:a) Imveis por natureza: considerado o solo, com sua superfcie, subsolo e espao areo. As jazidas, as minas e os recursos minerais no so imveis por natureza.b) Imveis por acesso natural: incluem-se nessa categoria as arvores e os frutos pendentes, bem como todos os acessrios e adjacncias naturais (pedras, fontes e cursos de gua). A coisa acessria segue a principal.c) Imveis por acesso artificial ou industrial: originados pela incorporao a partir do homem de bens mveis, como materiais de construo e sementes, ao solo, dando origem aos bens imveis por acesso artificial ou industrial = tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo.d) Imveis por determinao legal: art. 80 do CC = direitos reais sobre imveis e as aes que os asseguram e o direito sucesso aberta. Bens incorpreos, imateriais, que no so em si imvel ou mvel, mas para dar segurana a relao jurdica, so considerados imveis. O direito a sucesso aberta considerado imvel em relao ao direito a esta, no aos elementos da sucesso. Bens mveis:Os bens suscetveis de movimento prprio, ou de remoo por fora alheia, sem alterao da substancia ou da destinao econmico-social.a) Mveis por natureza: bens que podem ser transportados de um lugar para outro por fora prpria ou estranha, sem deteriorao da substancia.1- Semoventes: so suscetveis de movimento prprio, como os animais.2- Mveis propriamente ditos: so os que admitem remoo por fora alheia, sem dano, como os objetos inanimados, no imobilizados por sua destinao econmico-social.Ex.: gs, energia eltricab) Mveis por determinao legal: art. 83 CC = so bens imateriais, que adquirem essa qualidade jurdica por disposio legal. (direitos do autor). Direitos reais: de gozo, fruio sobre objetos mveis, como os de garantia.c) Mveis por antecipao: bens incorporados ao solo, mas com a inteno de separ-los oportunamente e convert-los em mveis (arvores para corte e os frutos no colhidos).Bens fungveis e infungveis:Bens fungveis: mveis que podem substituir-se por outros da mesma espcie, qualidade e quantidade (dinheiro e gneros alimentcios). Bens infungveis: no possuem esse atributo (obra de um pintor famoso). A fungibilidade caracterstica dos bens mveis. Os bens fungveis so substituveis porque so idnticos, econmico, social e juridicamente, ou seja, devido a natureza da coisa ou pela vontade das partes. A moeda um bem fungvel, porm para um colecionador pode ser um bem infungvel. O direito das obrigaes tambm se classificam as obrigaes em fungveis e infungveis. Bens consumveis e inconsumveis:Consumveis: bens mveis cujo uso importa destruio da substancia. Podem ser consumveis de fato (natural ou materialmente consumveis) e de direito (juridicamente consumveis). Inconsumveis: so os bens que podem ser usados continuamente que no acarreta destruio da substancia (roupa). Consumvel aquele bem que se desgasta com o primeiro uso.A consuntibilidade decorre da natureza do bem como da destinao econmico-jurdica (vontade das partes)Bens divisveis e indivisveis:Bens divisveis: podem fracionar sem alterao na sua substancia, diminuio considervel de valor, ou prejuzo do uso a que se destina. Bens divisveis podem se tornar indivisveis por determinao da lei ou por vontade das partes. Os indivisveis podem ser:a) Por natureza: no podem fracionar sem alterao na sua substancia, diminuio considervel de valor, ou prejuzo do uso a que se destina (animal, relgio).b) Por determinao legal: quando a lei impede o seu fracionamento (servides prediais, hipoteca).c) Por vontade das partes (convencional): o acordo tornar a coisa comum indivisa por prazo no maior que cinco anos.As obrigaes so divisveis e indivisveis. Bens singulares e coletivos:Bens singulares: os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independente dos demais (cavalo, caneta). Estes podem ser divididos em simples (quando suas partes, da mesma espcie, esto ligadas pela prpria natureza) e compostos (quando suas partes se acham ligadas pela indstria humana edifcio). Bens coletivos (universais ou universalidades): composto de varias coisas singulares, se consideram em conjunto, formando um todo, uma unidade, que passa ter individualidade prpria, distinta dos seus objetos componentes (rebanho).Universalidade de fato: art. 90 CC (biblioteca, rebanho, galeria de quadros) conjunto ligado pelo entendimento particular. Universalidade de direito: art. 91 CC (herana, patrimnio, massa falida) decorre da lei.Bens reciprocamente considerados:Leva-se em conta a relao dos bens uns com os outros. Assim sendo, os classifica em principais e acessrios.Bens principais e acessrios:Principal o bem que tem existncia prpria, autnoma, que existe por si. Acessrio aquele cuja existncia depende do principal. O solo bem principal e a rvore acessrio. Algumas consequncias decorrem disso:a) A natureza do acessrio a mesma do principal (princpio da gravitao jurdica um bem atrai o outro para a sua rbita).b) O acessrio acompanha o principal em seu destino extinta a obrigao principal, extingue-se a acessria.c) O proprietrio da principal tambm o do acessrio.As diversas classes de bens acessrios:Como bens acessrios temos os frutos e produtos.Os produtos:So utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, porque no se reproduzem periodicamente (pedras preciosas); diferem dos frutos pois a colheita dos frutos no diminui o valor nem a substancia da fonte, e dos produtos sim.Os frutos:So as utilidades que uma coisa periodicamente produz (as frutas brotadas da rvore). Elementos dos frutos: periodicidade, inalterabilidade da substancia, separabilidade desta. Dividem-se os frutos quando a origem:a) Naturais: so os que se desenvolvem e renovam periodicamente, em virtude da fora da natureza (frutos da arvore).b) Industriais: surgem em razo da atuao ou indstria do homem.c) Civis: so os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude de sua utilizao por outrem que no seja o proprietrio (juros e alugueis).Quanto ao estado:a) Pendentes: enquanto unidos a coisa que o produziu;b) Percebidos ou colhidos: separados da coisa que o produziu;c) Estantes: separados e armazenados ou acondicionados para a venda;d) Percipiendos: os que no foram colhidos ou percebidos, mas deveriam ser;e) Consumidos: no existem mais porque foram utilizados.As pertenas:Bens mveis que, no constituindo partes integrantes, esto afetados por forma duradoura ao servio ou ornamentao de outro (tratores destinados a uma melhor explorao agrcola). A regra o acessrio segue o principal no aplica-se as pertenas, aplica-se somente as partes integrantes.As benfeitorias:As benfeitorias so consideradas bens acessrios, independentemente do seu valor (benfeitorias necessrias tem por fim conservar o bem ou impedir que ele deteriore, benfeitorias teis aumentam ou facilitam o uso do bem, e benfeitorias de luxo volupturias, mero deleite ou recreio, que no aumentam o uso habitual). O possuidor de boa ou m-f tem direito indenizao das benfeitorias necessrias. Qualifica-se como necessria uma benfeitoria: a) quando se destina a conservao da coisa; b) quando visa permitir sua normal explorao. Benfeitorias teis visam aumentar o valor do bem.Benfeitorias so obras ou despesas feitas em bem j existente. No so consideradas benfeitorias os acrscimos ou melhoramentos sobrevindos ao bem sem a interveno do proprietrio, como por exemplo, o aluvio, avulso, formao de ilhas.Bens quanto ao titular do domnio: pblicos e particularesBens pblicos: bens de domnio nacional pertencentes s pessoas jurdicas de direito pblico interno. Bens particulares: todos os demais, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Classificao:a) Bens de uso comum do povo: so os que podem ser utilizados por qualquer um do povo (rio); o povo possui apenas o direito de usar, mas no possui o seu domnio.b) Bens de uso especial: so os que se destinam especialmente execuo dos servios pblicos (edifcios onde esto instalados os servios pblicos).c) Bens dominicais ou do patrimnio disponvel: so os que constituem o patrimnio das pessoas jurdicas de direito pblico, objeto de direito pessoal ou real (terras devolutas, estradas de ferro). Podem ser alienados por meio de instituies de direito privado e de direito pblico (compra e venda, legitimao de posse). Os bens de domnio privado do Estado submetem-se ao regime do direito privado, j os bens pblicos de uso comum ou uso especial so inalienveis.Os bens suscetveis de valorao patrimonial podem perder a inalienabilidade que lhes peculiar pela desafetao (noo inerente ao direito administrativo, em que tenta-se colocar os bens de uso comum e os de uso especial dentro dos bens dominicais a fim de dar a eles a possibilidade de alienao). Os bens dominicais podem se tornar inalienveis pela afetao, em que eles deixam de estar no domnio privado Estado e passam a compor o rol do domnio pblico. Os bens pblicos no esto sujeitos ao usucapio.Bens quanto possibilidade de serem ou no comercializados: bens fora do comrcio e bem de famliaCoisas no comrcio: as que se podem comprar, dar, doar, trocar, alugar, emprestar (estabelecer relaes jurdicas). Fora do comrcio so aquelas que no podem ser objeto das relaes jurdicas negociais: naturalmente inapropriveis (insuscetveis de apropriao pelo homem ar atmosfrico); legalmente inalienveis (bens pblicos de uso comum e de uso especial); indisponveis pela vontade humana (deixados em testamento ou doados). O bem de famlia foi deslocado para o Direito de Famlia.DOS FATOS JURDICOSLIVRO IIIFato jurdico em sentido amplo:Conceito:O direito nasce, desenvolve e extingue-se. Os fatos que so decorridos dessas fases e momentos so denominados fatos jurdicos, por produzirem efeitos jurdicos e terem relevncia para o Direito. Todo fato jurdico deve passar por um juzo de valorao. Fato jurdico em sentido amplo todo acontecimento da vida que o ordenamento jurdico considera relevante no campo do direito. A correspondncia entre fato e norma recebe vrias denominaes, como: suporte ftico, tipificao legal, hiptese de incidncia.Os fatos jurdicos em sentido amplo podem ser classificados em:a) Fatos naturais ou fatos jurdicos stricto sensu: decorrem de simples manifestao da natureza;1- Ordinrios: como o nascimento e a morte;2- Extraordinrios: se enquadram na categoria do fortuito e da fora maior (terremoto)b) Fatos humanos ou atos jurdicos latu sensu: decorrem da atividade humana.1- Lcitos: atos humanos a que a lei defere os efeitos almejados pelo agente, produzem efeitos jurdicos voluntrios.1.1 Ato jurdico em sentido estrito ou meramente lcito: o efeito da manifestao da vontade est predeterminado na lei;1.2 Negcio jurdico: a ao humana visa diretamente a alcanar um fim prtico permitido na lei;1.3 Ato-fato jurdico: ressalta-se a consequncia do ato, o fato resultante, sem se levar em considerao a vontade de pratic-lo.2- Ilcitos: so praticados em desacordo com o prescrito no ordenamento jurdico, produzem efeitos jurdicos involuntrios.Negcio jurdico:Conceito:Segundo Miguel Reale: negcio jurdico aquela espcie de ato jurdico que, alm de se orientar de um ato de vontade, implica a declarao expressa da vontade, instauradora de uma relao entre dois ou mais sujeitos tendo em vista um objetivo protegido pelo ordenamento jurdico.Finalidade negocial:A manifestao da vontade tem finalidade negocial, que abrange a aquisio, conservao, modificao ou extino de direitos.Aquisio de direitos:Ocorre com a incorporao ao patrimnio e personalidade do titular. Pode ser: originria (quando se d sem qualquer interferncia do anterior titular ocupao de coisa sem dono) ou derivada (decorre de transferncia feita por outra pessoa). E pode ser ainda: gratuita (quando s o adquirente aufere vantagem sucesso hereditria) ou onerosa (quando se exige do adquirente uma contraprestao, possibilitando a ambos os contratantes benefcios compra e venda). Quanto a sua extenso, pode ser: a ttulo singular (ocorre no tocante a bens determinados, em relao ao comprador, na sucesso inter vivos, e em relao ao legatrio, na sucesso causa mortis) ou a ttulo universal (quando o adquirente sucede o seu antecessor na totalidade de seus direitos, como se d com o herdeiro).Direito atual o direito subjetivo j formado e incorporado ao patrimnio do titular, podendo ser por ele exercido. Direito futuro o que ainda no se constituiu, podendo ser deferido quando depende somente do arbtrio do sujeito, e no deferido quando a sua consolidao se subordina a fatos ou condies falveis. Expectativa de direito: quando tem a esperana ou possibilidade de que venha a ser adquirido, os filhos que esperam a herana. Direito eventual: quando ultrapassa a fase preliminar e se acha cumprida ou realizada a situao ftica exigida pela norma (aceitao da proposta de compra e venda). Direito condicional: completamente constitudo, intrinsicamente perfeito, s precisa se tornar eficaz.Conservao de direitos:Medidas de carter preventivo visam garantir e acautelar o direito contra futura violao, e pode se e de natureza extrajudicial para assegurar o cumprimento de obrigao creditcia ou de natureza judicial, correspondentes s medidas cautelares previstas no CPC (sequestro, arresto, cauo). Medidas de carter repressivo visam restaurar o direito violado, a pretenso deduzida em juzo por meio da ao (autotutela).Modificao de direitos:Os direitos subjetivos podem sofrer mutaes quanto ao seu objeto, quanto pessoa do sujeito, e s vezes, quanto a ambos os aspectos. A modificao pode ser:1- Objetiva: quando diz respeito a seu objeto1.1 qualitativa: o contedo do direito se converte em outra espcie;1.2 quantitativa: o objeto aumenta ou diminui no volume ou extenso.2- Subjetiva: quando concerna pessoa do titular, permanecendo inalterada a relao jurdica primitiva. Pode se dar inter vivos (cesso de crdito, desapropriao e alienao) ou causa mortis (desaparece o titular do direito).Extino de direitos:Podem-se extinguir direitos pelos seguintes motivos: perecimento do objeto sobre o qual recaem, alienao, renuncia, abandono e etc. Podem ser subjetivas (quando o direito personalssimo e morre o seu titular), outras objetivas (perecimento do objeto sobre o qual recaem) ou por vinculo jurdico (perecimento da pretenso ou do prprio direito material, como na prescrio e na decadncia). Perda do direito: quando destaca do titular e passa a subsistir com outro sujeito.Teoria do negcio jurdico:A teoria do negcio jurdico surgiu no sculo XVIII, com os pandectistas alemes, que afirmavam que negcio jurdico era uma espcie de fatos jurdicos que no so apenas aes livres, mas em que a vontade dos sujeitos se dirige imediatamente constituio ou extino de uma relao jurdica. O CC brasileiro de 1916 afirma que negcio jurdico o mesmo que ato jurdico. Diferente da posio dualista, que afirma que existem duas categorias de fatos jurdicos lato sensu, a dos negcios jurdicos e a dos atos jurdicos stricto sensu. O CC de 2002 adota a posio dualista.No negcio jurdico h uma composio de interesses, um regramento bilateral de condutas (celebrao de contratos). Existe negcio jurdico unilateral, com a nica manifestao de vontade (testamento).Classificao dos negcios jurdicos:Unilaterais, bilaterais e plurilaterais (nmero de declarantes):Existe negcio jurdico unilateral, com a nica manifestao de vontade (testamento). Pode ser receptcios (a declarao de vontade tem de se tornar conhecida do destinatrio para ter efeitos revogao do mandato) ou no receptcios (o conhecimento por parte de outras pessoas irrelevante - testamento). Bilateral: duas manifestaes de vontade, coincidentes sobre o objeto. Pode ser simples (somente uma das partes aufere vantagens - doao) ou sinalagmticos (reciprocidade de direitos e obrigaes compra e venda). Plurilaterais: quando os contratos envolvem mais de duas partes (contrato de sociedade com mais de dois scios).Gratuitos e onerosos, neutros e bifrontes (vantagens patrimoniais):Gratuitos so os contratos em que s uma das partes aufere vantagens ou benefcios (doao pura). Onerosos quando ambos os contratantes adquirem vantagens (nus com vantagens a ambas as partes), podendo ser comutativos (prestaes certas e determinadas) ou aleatrios (caracterizam pela incerteza para as duas partes sobre as vantagens e sacrifcios que deles pode advir) = todo negcio oneroso bilateral. Negcio neutro: falta atribuio patrimonial. Bifrontes so os contratos que podem ser onerosos ou gratuitos, segundo a vontade das partes (mandato).Inter vivos e mortis causa (momento da produo dos efeitos):Inter vivos so os negcios que visam produzir os efeitos com as pessoas estando vivas (casamento). Mortis causa so os negcios destinados a produzir os efeitos aps a morte do agente (testamento).Principais e acessrios. Negcios derivados (modos de existncia):Principais: possuem existncia prpria e no dependem da existncia de qualquer outro (compra e venda). Acessrios: existncia subordinada ao contrato principal (clausula penal). Negcios derivados (subcontratos): tem por objeto direitos estabelecidos em outro contrato, denominado bsico ou principal (sublocao).Solenes (formais) e no solenes (informais) em relao s formalidade a observar:Solenes: negcios que devem obedecer a forma prescrita em lei para se aperfeioarem (renuncia de herana). No solenes: negcios de forma livre, s precisam do consentimento (contratos de locao).Simples, complexos e coligados (nmero de atos necessrios).Simples: constituem com um nico ato. Complexos: resultam da fuso de vrios atos sem eficcia independente. Complexos podem ser: 1. Objetiva (vrias declaraes de vontade do mesmo sujeito). 2. Subjetivo (vrias declaraes de vontade de sujeitos diversos). Negcios coli