politicas publicas energia renovavel

14
BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 16, n. 1, p. 23-36, jun. 2006 23 Políticas públicas e energias renováveis: propostas de ações de indução à diversificação da matriz energética na Bahia Roberto Fortuna Carneiro, * Pauletti Karllien Rocha ** * Diretor de Fortalecimento Tecnológico Empresarial da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação - SECTI e Coordenador do Probiodiesel Bahia. Profes- sor dos cursos de Administração do Centro Universitário da Bahia - FIB e da Faculdade Baiana de Ciências - FABAC. [email protected]. Abstract Presently development is based, as it was throughout the ages, on energy derived from non-renewable fossil fuels, being oil the main source, followed by coal and natural gas. These sources are greatly responsible for the environmental imbalance we face in the present days. The possibility of a worldwide exhaustion of the oil reserves makes it necessary to diversify the energy matrix aiming economic, social and environmental sustainability. Therefore, the new energy paradigm aiming sustainability must have renewable energy sources as pillars. Many efforts have been made worldwide to use this type of energy and, for that, public policies must be consolidate to structure the offer and attend this new demand efficiently. Therefore, this paper will deal with the importance of public policies for the energy sector development and will highlight the actions being carried out by the Federal and State Government of Bahia towards the diversification of the local energy matrix. To finalize, intervention actions will be suggested aiming to contribute with this debate in Bahia. Key words: renewable energies, public policies, bioenergy, energy matrix diversification. Resumo Ao longo dos tempos, o modelo de desenvolvimento vigente baseia-se na energia originária dos combustíveis fósseis e não renováveis, sendo o petróleo a principal fonte, seguida do car- vão mineral e do gás natural, todas responsáveis por uma gran- de parcela dos desequilíbrios ambientais enfrentados na atuali- dade. Com o possível esgotamento das reservas mundiais de petróleo, faz-se necessário uma diversificação da matriz ener- gética visando a sustentabilidade econômica, social e ambiental. Dessa forma, o novo paradigma energético para a sustentabili- dade deverá ter como pilares as fontes de energia renováveis. Muitos esforços têm sido feito em todo o mundo no sentido da utilização dessas energias. Para isso, faz-se necessário a con- solidação de políticas públicas que estruturem a oferta para atender eficazmente essa nova demanda. Nesse sentido, o pre- sente artigo tratará da importância das políticas públicas para o desenvolvimento do setor energético e destacará as ações em execução pelos governos federal e estadual no sentido de di- versificação da matriz energética local. Ao final, serão propos- tas algumas ações de intervenção no sentido de contribuir para esse debate na Bahia. Palavras-chave: energias renováveis, políticas públicas, bioe- nergia, diversificação da matriz energética. ** Engª Agrônoma e Coordenadora Técnica da Rede Baiana de Biocombus- tíveis. Professora do curso de Administração com Habilitação em Agrone- gócios da Fundação Visconde de Cairu. [email protected].

Upload: rafaeldesmonteiro

Post on 12-Jun-2015

1.389 views

Category:

Documents


6 download

TRANSCRIPT

Page 1: Politicas Publicas Energia Renovavel

BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 16, n. 1, p. 23-36, jun. 2006 23

Políticas públicas e energias renováveis:propostas de ações de indução

à diversificação da matrizenergética na Bahia

Roberto Fortuna Carneiro,* Pauletti Karllien Rocha**

* Diretor de Fortalecimento Tecnológico Empresarial da Secretaria de Ciência,Tecnologia e Inovação - SECTI e Coordenador do Probiodiesel Bahia. Profes-sor dos cursos de Administração do Centro Universitário da Bahia - FIB e daFaculdade Baiana de Ciências - FABAC. [email protected].

Abstract

Presently development is based, as it was throughout theages, on energy derived from non-renewable fossil fuels,being oil the main source, followed by coal and natural gas.These sources are greatly responsible for theenvironmental imbalance we face in the present days. Thepossibility of a worldwide exhaustion of the oil reservesmakes it necessary to diversify the energy matrix aimingeconomic, social and environmental sustainability.Therefore, the new energy paradigm aiming sustainabilitymust have renewable energy sources as pillars. Manyefforts have been made worldwide to use this type of energyand, for that, public policies must be consolidate tostructure the offer and attend this new demand efficiently.Therefore, this paper will deal with the importance of publicpolicies for the energy sector development and will highlightthe actions being carried out by the Federal and StateGovernment of Bahia towards the diversification of the localenergy matrix. To finalize, intervention actions will besuggested aiming to contribute with this debate in Bahia.

Key words: renewable energies, public policies, bioenergy,energy matrix diversification.

Resumo

Ao longo dos tempos, o modelo de desenvolvimento vigentebaseia-se na energia originária dos combustíveis fósseis e nãorenováveis, sendo o petróleo a principal fonte, seguida do car-vão mineral e do gás natural, todas responsáveis por uma gran-de parcela dos desequilíbrios ambientais enfrentados na atuali-dade. Com o possível esgotamento das reservas mundiais depetróleo, faz-se necessário uma diversificação da matriz ener-gética visando a sustentabilidade econômica, social e ambiental.Dessa forma, o novo paradigma energético para a sustentabili-dade deverá ter como pilares as fontes de energia renováveis.Muitos esforços têm sido feito em todo o mundo no sentido dautilização dessas energias. Para isso, faz-se necessário a con-solidação de políticas públicas que estruturem a oferta paraatender eficazmente essa nova demanda. Nesse sentido, o pre-sente artigo tratará da importância das políticas públicas para odesenvolvimento do setor energético e destacará as ações emexecução pelos governos federal e estadual no sentido de di-versificação da matriz energética local. Ao final, serão propos-tas algumas ações de intervenção no sentido de contribuir paraesse debate na Bahia.

Palavras-chave: energias renováveis, políticas públicas, bioe-nergia, diversificação da matriz energética.

** Engª Agrônoma e Coordenadora Técnica da Rede Baiana de Biocombus-tíveis. Professora do curso de Administração com Habilitação em Agrone-gócios da Fundação Visconde de Cairu. [email protected].

Page 2: Politicas Publicas Energia Renovavel

24 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 16, n. 1, p. 23-36, jun. 2006

POLÕTICAS P�BLICAS E ENERGIAS RENOV¡VEIS: PROPOSTAS DE A«’ES DE INDU«√O...

INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é analisar o papel das políti-cas públicas como elemento de indução e estrutura-ção de um setor estratégico para a atividade socioeco-nômica: o de energia. Para tanto, será realizada umarápida abordagem acerca da importância das políticaspúblicas como elemento de promoção do desenvolvi-mento de atividades sócio-produtivas e uma breve aná-lise do conceito de energias renováveis. Após essaetapa de contextualização, verificaremos como o Es-tado vem atuando para fomentar, estruturar e regularessa atividade em nível mundial, nacional e estadual.Ao final, serão propostas algumas ações no sentidode contribuir para esse debate na Bahia.

CONTEXTUALIZAÇÃO

Esta contextualização está dividida em três par-tes: a primeira vai analisar a importância do planeja-mento governamental para promover o desenvolvi-mento de um país ou de uma indústria; a segundaabordará a importância da energia como condiçãosine qua non para esse desenvolvimento, principal-mente as energias renováveis, pelo seu caráter estra-tégico em um mundo dependente de uma fonte finitade energia; e, por último, uma síntese das partes an-teriores no sentido de tentar demonstrar que, em fun-ção das características do setor de energia, princi-palmente das renováveis, uma ação governamentalplanejada é de vital importância para garantir o perfei-to desenvolvimento do setor de maneira sustentável.

O Estado e as políticas públicas de caráterestruturante

Durante muito tempo, duas correntes teóricas tra-varam um embate acerca do papel do Estado comoagente promotor do desenvolvimento de novos setoresda atividade econômica: a Neoclássica, da teoria eco-nômica tradicional, e a Estruturalista, basicamenteschumpeteriana e neo-schumpeteriana. Para a primei-ra não há necessidade de intervenção do governo so-bre a liberdade decisorial dos agentes econômicos, jáque a competição perfeita do mercado fornece os estí-

mulos necessários à melhor alocação dos recursosdisponíveis. Essa análise é, fundamentalmente, mi-croeconômica e baseada no comportamento de atoresindividuais e nas condições de um equilíbrio estático.Não considera a existência de crises econômicas,porém, afirma que em determinadas situações o mer-cado não propicia a minimização dos custos de opor-tunidade dos recursos ocorrendo as “falhas de merca-do”. As principais falhas de mercado podem ser des-critas como: externalidades, informação assimétricaou imperfeita, bens públicos e poder de monopólio. Naanálise microeconômica da Teoria Neoclássica, o Es-tado atua como obstáculo à otimização de recursos,coisa que as forças de mercado produziriam na ausên-cia da interferência governamental.

A segunda corrente, a Estruturalista, principal-mente a de base neo-schumpeteriana, aceita que osfatores produtivos de uma nação podem ser criados,a exemplo da força de trabalho qualificada, da conso-lidação de uma base científico-tecnológico (POR-TER, 1990) e, principalmente, das transformaçõescausadas pelo progresso técnico na base produtiva(SCHUMPETER, 1982).

Para essa corrente, o Estado, na realidade, exer-ce de forma significativa, principalmente nos paísesem desenvolvimento ou de desenvolvimento recente,forte intervenção na economia. Além dos exemploscitados acima podem também ser criadas políticasgovernamentais para financiamento de exportaçõesde bens e serviços e importações de bens de capital,apoio a indústrias selecionadas, concessão de sub-sídios, entre outros. Essa intervenção se dá atravésde um aparato político-institucional (DAHAB; TEIXEI-RA, 1990) que é uma tentativa do Estado de superaras falhas existentes no mercado, sobretudo em tec-nologia e finanças, que impedem ora a combinaçãoadequada dos fatores de produção existentes, ora ocrescimento da dotação nacional de fatores. Seu ob-jetivo é criar, portanto, vantagens comparativas dinâ-micas para as indústrias e empresas locais.

Outros autores, entre eles Hasenclever (1991), Ha-guenauer (1989) e Perez (1989), analisaram o processode intervenção estatal através de políticas tais como:política de competição, para influenciar o mercado; polí-ticas regionais, para localização de atividades econômi-cas; políticas de inovação, para influenciar a tecnologiautilizada pelas empresas; e políticas comerciais. Uma

Page 3: Politicas Publicas Energia Renovavel

BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 16, n. 1, p. 23-36, jun. 2006 25

ROBERTO FORTUNA CARNEIRO, PAULETTI KARLLIEN ROCHA

das principais é a de apoio à inovação, através da cria-ção de sistemas nacionais e locais de inovação.

A ação de intervenção governamental através daspolíticas públicas é, portanto, um elemento de supor-te às atividades socioeconômicas que não pode serminimizado na sua importânciapara o desenvolvimento de seto-res produtivos, regiões e países.

Energia: recurso estratégicopara o desenvolvimento deuma nação

A energia sempre teve um pa-pel fundamental no desenvolvi-mento e crescimento de um país.Cada vez mais se faz necessárioo uso das fontes energéticas, re-nováveis ou não, para a produçãode alimentos, bens de consumoe de serviços, lazer e, principalmente, para promovero desenvolvimento econômico, social e cultural.

A energia pode ser classificada em dois tipos: não-renovável ou fóssil e renovável. Como energia fóssildestacam-se as originadas do petróleo, como gasoli-na, diesel, querosene e gás natural. As renováveis po-dem ser classificadas em energia solar (painel solar,célula fotovoltaica), energia eólica (turbina eólica, cata-vento), energia hídrica (roda d’água, turbina aquática,PCHs – pequenas centrais hidrelétricas), biomassa(matéria de origem vegetal, a exemplo da produção deetanol e biodiesel, pellets, sistemas de gaseificação),energia obtida dos oceanos e a geotérmica.

Apesar do largo domínio das energias provenien-tes de fontes fósseis na matriz energética mundial,1

existe um grande esforço internacional em desenvol-ver tecnologias para produção e uso de energias lim-pas. Esse esforço decorre de uma conjunção de fato-res que favorecem a mudança para uma nova matrizenergética de base renovável, em que haja a substi-tuição gradual do petróleo como matéria-prima para aprodução de combustíveis ou insumo para a indústriaquímica. Os fatores são:

Esgotamento das reservas de petróleo. Dados daRevisão Estatística de Energia Mundial de 2004, daBritish Petroleum, e constantes do Plano Nacional deAgroenergia 2005, estimam que existiam reservas de2,3 trilhões de barris de petróleo antes de sua explora-

ção. As atuais reservas comprova-das do mundo, segundo a mesmafonte, somam 1,137 trilhões debarris. Essas reservas permitemsuprir a demanda mundial por umperíodo de 40 a 50 anos, mantidoo atual nível de consumo.

O fator geopolítico. O OrienteMédio e os países exportadores(OPEP) dominam 78% das re-servas mundiais de petróleo. Avitória do Hammas nas eleiçõespalestinas e a crise internacionalprovocada pela polêmica produ-ção de energia nuclear pelo Irãsó agravam o já complicado pal-

co de disputas políticas e bélicas do Oriente Médio.Todos esses fatores provocaram, nos últimos anos,fortes impactos sobre os preços, os fluxos de abas-tecimento e o cumprimento de contratos de forneci-mento. Essa pressão fez com que nos últimos 30anos a valorização real do petróleo fosse de 505%,sendo de 85% entre o final de 2004 e meados de2005 (BRASIL, 2005).

Demanda crescente de energia. Estudos do BancoMundial (WORLD BANK, 2004) e da InternationalEnergy Agency (2004) demonstram que além do cres-cimento econômico natural que os países apresen-tam, a globalização cultural e de mercados e a assimi-lação de costumes de países ricos pelos emergentestambém provoca uma forte pressão de consumo ener-gético. Enquanto os países ricos aumentaram seuconsumo em menos de 100%, nos últimos 20 anos,no mesmo período, a Coréia do Sul aumentou sua de-manda em 306%, a Índia em 240%, a China em 192%e o Brasil em 88%. Segundo Mussa (2003), a deman-da projetada de energia no mundo aumentará 1,7% aoano, de 2000 a 2030, quando alcançará 15,3 bilhõesde toneladas equivalentes de petróleo (TEP) por ano.

As mudanças climáticas globais registradas nosúltimos anos induzem a uma crescente pressão dasociedade civil organizada para que os países ela-

1 Atualmente, 80% da matriz é de fontes de carbono fóssil, com 36% depetróleo, 23% de carvão e 21% de gás natural (IEA, 2004).

A energia sempre teve umpapel fundamental nodesenvolvimento e

crescimento de um país.Cada vez mais se faz

necessário o uso das fontesenergéticas, renováveis ou

não, para a produção dealimentos, bens de consumo

e de serviços, lazer e,principalmente, para

promover odesenvolvimento

econômico, social e cultural

Page 4: Politicas Publicas Energia Renovavel

26 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 16, n. 1, p. 23-36, jun. 2006

POLÕTICAS P�BLICAS E ENERGIAS RENOV¡VEIS: PROPOSTAS DE A«’ES DE INDU«√O...

borem políticas globais de redução da poluição. Ataxa de acumulação de gás carbônico (CO

2) na at-

mosfera da Terra, principal responsável pelo aqueci-mento anormal do globo, aumentou mais de 2 ppmao longo dos biênios 2001/2002 e 2002/2003. Nosanos anteriores, essa taxa de crescimento haviasido de 1,5 ppm.

Em função desses fatores, a corrida internacionalpara o desenvolvimento de programas de pesquisa,produção e uso de energias renováveis ganhou di-mensões estratégicas, quer seja pela busca da auto-suficiência quer pela liderança tecnológica e comer-cial do setor.

Na área de produção e uso de bio-combustíveis, por exemplo, os EUA que-rem superar a produção brasileira de ál-cool já em 2007, com 17 bilhões de litrospor ano, utilizando o milho como matéria-prima. O país já possui grandes usinasde produção de biodiesel à base de sojae o percentual de mistura ao diesel é de20%. A energia eólica também é forte-mente explorada, além das pesquisascom células de hidrogênio.

Na Europa, a Diretiva 2003/30/CE doParlamento Europeu, de 08 de maio de2003, adotou uma estratégia em favor dodesenvolvimento sustentável que consiste numa sériede medidas, entre as quais o desenvolvimento dos bio-combustíveis. Nesse objetivo, se preparam para asubstituição de 20% dos combustíveis convencionaispor combustíveis alternativos no setor dos transportesrodoviários até 2020. A Segunda Cúpula Mundial deFontes de Energia Renováveis, realizada na Alema-nha, aprovou a criação de uma agência internacionalpara estimular o desenvolvimento das energias limpasno planeta, batizada de IRENA – International Renewa-ble Energy Agency (INTERNATIONAL ENERGYAGENCY, 2004).

A grande preocupação desses países com o de-senvolvimento de energias renováveis se explicaem função tanto dos quatro pontos abordados aci-ma quanto pelo fato das grandes limitações edafo-climáticas que possuem. Além disso, à exceçãodos EUA, não podem, devido a limitações geográfi-cas, ampliar a área de agricultura energética semcompetir com outros usos da terra, principalmente

para a produção de alimentos. O Brasil, por suavez, é um país estratégico para a produção deenergias renováveis em função de suas imensasextensões territoriais, excelentes condições eda-foclimáticas, forte incidência de radiação solar edo potencial eólico das regiões costeiras. Isso per-mitiu que o país detivesse uma das mais limpasmatrizes energéticas do mundo. Estimativas daIEA mostram que 35,9% da energia fornecida noBrasil são de origem renovável. No mundo, essevalor é de 13,5%, enquanto nos Estados Unidos éde apenas 4,3% (Tabela 1).

O PAPEL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS COMOINDUTORAS DA ENERGIA RENOVÁVEL NAMATRIZ ENERGÉTICA

Como afirmado anteriormente, o Brasil apresentacondições ideais para ser, num futuro relativamentecurto, o maior produtor mundial de energias renová-veis. As condições locais são favoráveis tanto para aenergia solar e eólica quanto para a potência hídricae para os recursos de biomassa (com destaque paratrês grandes vertentes: o etanol, o biodiesel e os de-rivados de madeira). Essas condições creditam opaís a ser um dos principais receptores de recursosfinanceiros provenientes do mercado de carbono nosegmento de produção e uso de bioenergia.

Porém, a baixa difusão tecnológica, que nos dei-xa à margem das normas de qualidade internacio-nalmente definidas, os relativamente elevados in-vestimentos iniciais, a limitada capacidade de pes-quisa de muitas de nossas universidades e o desco-

Tabela 1Suprimento mundial de energia

Fonte: IEA - Renewables Information 2004, Table 1, p.8.

* Tonelada Equivalente de Petróleo

Page 5: Politicas Publicas Energia Renovavel

BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 16, n. 1, p. 23-36, jun. 2006 27

ROBERTO FORTUNA CARNEIRO, PAULETTI KARLLIEN ROCHA

nhecimento do setor privado das vantagens de umamaior utilização da biomassa como fonte de ener-gia, constituem, na prática, obstáculos para umamaior valorização da bioenergia.

Ou seja, ainda existem fortes condicionantes aopleno aproveitamento da energia renovável, sejamtecnológicos, políticos, culturais, econômicos, soci-ais, comerciais ou ambientais. A eliminação dessespontos críticos requer a construção de instalaçõesem escala eficiente, uma pesquisa vigorosa de redu-ções de custo pela experiência, um controle rígido decustos e das despesas em gerais e a minimizaçãodo custo em áreas como P&D, assistência técnica,distribuição, etc. A solução de muitas dessas ques-tões são inerentes e internas à firma, porém, é possí-vel uma intervenção governamental através da elabo-ração de um conjunto de políticas públicas de regula-ção, de investimento direto, subsídios, regulação dequantidades, etc.

Que ações vêm sendo realizadas, portanto, no âm-bito do Governo Federal, para modificar esse cenário?Quais os principais programas implantados e que pos-suam como objetivo principal tornar mais competitivo ocusto da energia obtida de fontes renováveis? Respon-der essas perguntas é o objetivo do item a seguir.

Principais ações estruturantes na esfera federal

Os programas listados a seguir constituem omarco referencial nacional para o setor energético.A relação não é exaustiva, porém, inclui os mais sig-nificativos.

Programa Nacional do Álcool – PROÁLCOOL

Instituído pelo Decreto 76.593, de 14 de novembrode 1975, o programa visa o atendimento das necessi-dades do mercado interno e externo e da política decombustíveis automotivos. O Decreto criou tambémo Instituto do Açúcar e do Álcool para controlar a in-dústria sucroalcooleira, ação julgada necessária de-vido ao papel estratégico do açúcar na pauta de ex-portações e do álcool na matriz energética. O merca-do de álcool combustível, apesar do ambiente de livremercado vigente, possui algumas características queimpõem ao Governo a necessidade de dispor de me-

canismos de regulação, principalmente devido à suaprodução ser sazonal, o que leva à formação de esto-ques – demandando capital de giro a baixo custo –como forma de minimizar os riscos de flutuação depreços e de desabastecimento do mercado no finalda entressafra.

Mais recentemente, o Governo Federal promulgoua Lei 10.336, de 19 de dezembro de 2001, que insti-tuiu a Contribuição de Intervenção no Domínio Econô-mico – CIDE, incidente sobre a importação e a co-mercialização de petróleo e derivados, gás natural ederivados e álcool etílico combustível, e a Lei 10.453,de 13 de maio de 2002, que definiu o conjunto de ins-trumentos de política econômica por meio dos quaiso Governo poderá intervir na produção e comercializa-ção do álcool combustível.

Outras ações de destaque foram a fixação dosníveis de mistura do álcool anidro à gasolina e a fixa-ção de alíquotas menores do Imposto sobre ProdutosIndustrializados – IPI para os veículos movidos a ál-cool, exceto para aqueles de até 1.000 cilindradas.

Programa Nacional de Produção de Óleos Vegetaispara Fins Energéticos – PROÓLEO

Instituído em 1975 pela Resolução nº 7 do Conse-lho Nacional de Energia. O objetivo do programa foi ode gerar um excedente de óleo vegetal capaz de tornarseus custos de produção competitivos com os do pe-tróleo. Previa-se uma substituição de 30% de óleo ve-getal no óleo diesel, com perspectiva para a sua subs-tituição integral a longo prazo. A chamada “crise dopetróleo” (1972) foi a mola propulsora das pesquisasrealizadas na época. Porém, a viabilidade econômicaera questionável em valores: para 1980, a relação depreços internacionais óleos vegetais/petróleo, em bar-ris equivalentes, era de 3,30 para o dendê; 3,54 para ogirassol; 3,85 para a soja; e 4,54 para o amendoim.Com a queda dos preços do petróleo a partir de 1985,a viabilidade econômica ficou ainda mais prejudicada eo programa foi progressivamente esvaziado, emboraoficialmente não tenha sido desativado.

Programa de Desenvolvimento Energético deEstados e Municípios – PRODEEM

Criado em 1994, este programa é coordenadopelo Departamento de Desenvolvimento Energético

Page 6: Politicas Publicas Energia Renovavel

28 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 16, n. 1, p. 23-36, jun. 2006

POLÕTICAS P�BLICAS E ENERGIAS RENOV¡VEIS: PROPOSTAS DE A«’ES DE INDU«√O...

(DNDE) do Ministério de Minas e Energia e tem oobjetivo de viabilizar o fornecimento de energia pormeio de fontes renováveis e sustentáveis às popula-ções não atendidas pela rede elétrica convencional.O programa considera o vetor energia importante,mas não exclusivo, para o desenvolvimento socialdas comunidades. Dessa forma, a seleção das loca-lidades é articulada com outras iniciativas de desen-volvimento nas áreas da saúde, educação e agricultu-ra e com o Programa Comunidade Solidária.

Na sua execução o programa avalia aspectos fun-damentais relativos à sustentabilidade técnica, econô-mica e comercial de geração de energia em áreas iso-ladas, utilizando fontes alternativas (solar, eólica, bio-massa e micro centrais hidrelétricas). Dentre essesaspectos, destacam-se: constituição de agentes ins-taladores dos equipamentos, treinamento de técnicose usuários, formas de recuperação de custos de ope-ração e manutenção, criação de rede local de distribui-dores de equipamentos e o acompanhamento do de-sempenho dos equipamentos e de suas conseqüênci-as sobre as comunidades. Nos aspectos de treina-mento e acompanhamento, ressalta o papel dos cen-tros tecnológicos estaduais (universidades e escolastécnicas) que, em conjunto com o Centro de Pesquisade Energia Elétrica – Cepel, serão os responsáveispela consolidação de capacitação e de informação ne-cessárias à difusão intensiva do PRODEEM.

Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL

A Agência é uma autarquia em regime especial vin-culada ao Ministério de Minas e Energia – MME. Foicriada pela Lei 9.427, de 26 de dezembro de 1996 etem como atribuições: regular e fiscalizar a geração, atransmissão, a distribuição e a comercialização daenergia elétrica; mediar os conflitos de interesses en-tre os agentes do setor elétrico e deles com os consu-midores; conceder, permitir e autorizar instalações eserviços de energia; garantir tarifas justas; zelar pelaqualidade do serviço; exigir investimentos; estimular acompetição entre os operadores; e assegurar a univer-salização dos serviços.

A missão da Agência é proporcionar condiçõesfavoráveis para que o mercado de energia elétrica sedesenvolva com equilíbrio entre os agentes e em be-nefício da sociedade.

Programa Nacional de Incentivo às FontesAlternativas – PROINFRA

Criado em 26 de abril de 2002, pela Lei 10.438, erevalidado pela Lei 10.762, de 11 de novembro de2003. O programa tem por objetivo a diversificação damatriz energética a partir do aumento da participaçãodas fontes renováveis de energia. É conferido enfoquena co-geração a partir de resíduos de biomassa, naspequenas centrais hidrelétricas e na energia eólica(BRASIL, 2006).

Programa Nacional de Produção e Uso deBiodiesel – PNPB

É apresentado pelo governo como um instrumen-to de inclusão social e de desenvolvimento regional apartir da produção e uso do biodiesel de forma sus-tentável. O principal instrumento é a Lei 11.097, dejaneiro de 2005, que estabelece como meta o per-centual mínimo obrigatório de 5% de adição de biodi-esel ao óleo diesel comercializado até o consumidorfinal, a ser alcançado no prazo de oito anos, sendode três anos o prazo para atingir o percentual mínimoobrigatório intermediário de 2%.

Plano Nacional de Agroenergia (2005)

Integra a concepção e ações estratégicas do Mi-nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento emrelação ao aproveitamento de produtos agrícolas paraa produção de energia renovável. Orienta-se pelas di-retrizes gerais de Governo, particularmente no docu-mento de Diretrizes de Política de Agroenergia. OPlano contempla as principais cadeias produtivas(etanol, biodiesel, biomassa florestal, biogás e resí-duos agropecuários e da agroindústria) e sistemasconexos, de forma integrada com os princípios doMecanismo de Desenvolvimento Limpo.

O objetivo geral do Plano é desenvolver e transferirconhecimento e tecnologias que contribuam para aprodução sustentável da agricultura de energia e ouso racional da energia renovável, visando a competi-tividade do agronegócio brasileiro e o suporte às polí-ticas públicas. Os objetivos específicos pretendem:conceder apoio à mudança da matriz energética,com vistas à sua sustentabilidade; aumentar a parti-cipação de fontes de agroenergia na composição damatriz energética; e gerar condições para permitir a

Page 7: Politicas Publicas Energia Renovavel

BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 16, n. 1, p. 23-36, jun. 2006 29

ROBERTO FORTUNA CARNEIRO, PAULETTI KARLLIEN ROCHA

interiorização e regionalização do desenvolvimento.O fator ambiental também está presente, pois o pla-no objetiva contribuir para a redução das emissõesde gases do efeito estufa.

Diretrizes de Política de Agroenergia (2006-2011)

O documento tem como pano de fundo a análiseda realidade e das perspectivas da matriz energéticamundial. Estabelece um direcionamento nas políti-cas e ações públicas de Ministérios diretamente en-volvidos no aproveitamento de oportunidades e dopotencial da agroenergia brasileira, sob parâmetrosde competitividade, sustentabilidade e equidade so-cial e regional.

Além desses programas, o Ministério de Minas eEnergia elaborou um Termo de Referência, de agostode 2005, para nortear o trabalho de consultoria técni-ca especializada contratada para elaboração do Pla-no Nacional de Energia 2030 (PNE 2030). Esseserá um instrumento fundamental para o planejamen-to de longo prazo do setor energético do país, orien-tando tendências e balizando as alternativas de ex-pansão do sistema nas próximas décadas através daorientação estratégica da expansão.

Outra importante ação está em discussão noCongresso Nacional: a proposta de criação da Agên-cia Nacional de Energias Renováveis – ANER. Aidéia foi apresentada em audiência pública, ocorridaem 16 de junho de 2004, na Comissão da Amazônia,Integração Nacional e de Desenvolvimento Regionalda Câmara dos Deputados. Basicamente, o objetivoda proposta é a criação de uma agência de desenvol-vimento destinada a fomentar a produção e o uso ra-cional de energias renováveis para abastecimentodos mercados nacionais e internacionais.

Do que foi exposto, observa-se que as ações doGoverno Federal nos últimos anos tiveram um caráterestruturalista e de base neo-schumpeteriana. O obje-tivo explícito dessas políticas foi o de criar mecanis-mos para a indução do investimento em P&D&I, di-versificação da matriz energética, incentivo à amplia-ção do consumo e surgimento de novos negócios.

Uma avaliação dos resultados desse conjunto depolíticas públicas aponta, por um lado, para resultadosmuito positivos, a exemplo do peso que a energia re-novável possui na matriz energética nacional – 35,9%,

contra 13,5% no mundo e apenas 4,3% nos EstadosUnidos (IEA, 2004) – e da liderança mundial na tecno-logia e na produção de etanol de cana-de-açúcar. Poroutro lado, existem também alguns pontos que aindamerecem atenção, como a elevada concentração daprodução nacional de cana-de-açúcar, com São Paulosendo responsável por mais de 60% da produção.

Principais ações estruturantes para as energiasrenováveis na Bahia

Segundo o Balanço Energético (BRASIL, 2004), aOferta Interna de Energia (OIE) no país alcançou14.542.000 TEP em 2003, refletindo a participaçãopreponderante da energia não-renovável, sendo seusprincipais itens o petróleo e seus derivados, regis-trando 54,5%, e o gás natural, com 16,0%. Em rela-ção à energia renovável, cabe destacar a participaçãoda lenha e do carvão vegetal, com 13,5%, seguidapela energia hidráulica e elétrica, com 10,7%.

As principais modificações na estrutura da matrizenergética estadual para os anos de 1980, 1994 e2003 são apresentadas no Gráfico 1. A OIE eviden-ciou um aumento na participação da energia não-re-novável de 54,6% para 73,8%, enquanto a parcelarelativa à energia renovável teve redução de 45,4%para 26,2%, entre 1980 e 2003.

O crescimento das fontes não-renováveis deve-sedo grande aumento da evolução do gás natural, regis-trando um incremento de 183,2%, tendo sua partici-

Gráfico 1Estrutura da matriz energética da Bahia paraos anos de 1980, 1994 e 2003.

Fonte: Bahia: Balanço Energético, 2004

Page 8: Politicas Publicas Energia Renovavel

30 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 16, n. 1, p. 23-36, jun. 2006

POLÕTICAS P�BLICAS E ENERGIAS RENOV¡VEIS: PROPOSTAS DE A«’ES DE INDU«√O...

pação elevada de 8,0%, em 1980, para 16,0%, em2003, principalmente pelo aumento do consumo in-dustrial (petroquímico), que substituiu o óleo com-bustível por essa fonte energética. Outra contribuiçãopara esse crescimento foi do setor de petróleo e seusderivados, que, em 2003, teve um incremento 67,7%superior ao de 1980.

Quanto à energia não-renovável, as principais mo-dificações ocorridas estão associadas ao declínio naparticipação da lenha e carvão vegetal de 38,7%, em1980, para 13,5%, em 2003, o que representou redu-ção de 50,6% na quantidade ofertada (Gráfico 2) –por conta dos programas de eletrificação rural a partirda energia convencional e do esgotamento das fon-tes de matéria-prima.

A participação da energia hidráulica e elétrica as-sinalou crescimento de 5,7%, em 1980, para 10,7%,em 2003, ampliando sua oferta em 166,5%.

Gráfico 2Matriz Energética da Bahia (2003)

Fonte: Bahia: Balanço Energético, 2004

As políticas públicas desenvolvidas no Estado daBahia para o setor de energia são elaboradas combase no conjunto de Leis, Decretos e Programas queformam o marco regulatório federal para o setor. Elasestão contidas no Plano Plurianual de Investimentos– PPA, que é o instrumento norteador da política es-tadual de investimentos nas áreas consideradas prio-ritárias para um período de quatro anos. Essas priori-dades são, por sua vez, ordenadas em Estratégias,Linhas de Intervenção, Programas, Projetos e Ações.

No PPA 2004-2007, o setor energético é contem-plado em duas estratégias, apresentadas a seguir.

Riquezas da Boa Terra – Possui três linhas deintervenção, sendo que a que possui aderência aotema energia é a de Uso Sustentável dos RecursosNaturais e Culturais, cujo programa De Olho na Na-tureza: gestão dos recursos ambientais, fomento atecnologias limpas, normatização e procedimentostem como objetivos o desenvolvimento de ações vol-tadas para a gestão ambiental e a geração e adoçãode tecnologias compatíveis com o manejo sustentá-vel do meio ambiente, permitindo que os processosprodutivos se tornem cada vez mais eficientes e am-bientalmente corretos. As ações desse programasão: Implantação e Recuperação de Sistema deEnergia Renovável e a Realização de Pesquisaspara o Levantamento do Potencial Agroflorestal e aImplantação de Florestas Energéticas. As secretari-as envolvidas são: SEAGRI, SEC, SICM, SEPLAN,SESAB, SSP, SEINFRA, SEDUR E SEMARH.

Essa é a linha de intervenção mais re-presentativa, com um orçamento previs-to de R$ 478,5 milhões, o que corres-ponde a 89,5% do total orçado para aestratégia.

Caminhos da Bahia – Esta estratégiapossui duas linhas de intervenção, sendoa de reestruturação da matriz energética aque interessa a este artigo. Para essa es-tratégia o Governo reservou recursos novalor global de R$ 3,3 bilhões, dos quaisR$ 1,5 bilhão do seu orçamento; o restan-te será resultado das parcerias firmadascom o Governo Federal. Caminhos daBahia está fundamentada no Programa Di-versificação e Articulação da Matriz Ener-gética, que tem como objetivo promover

estudos visando o aproveitamento dos recursos ener-géticos do Estado, propiciando a diversificação dasfontes alternativas de energia e garantindo a oferta ne-cessária ao desenvolvimento estadual. Para esse pro-grama foram destinados recursos no valor de R$ 908,5milhões, dos quais 58,2%, ou R$ 528,5 milhões, origi-nários de recursos do orçamento estadual e 41,8%, ouR$ 380 milhões, provenientes de fontes extra-orça-mentárias.

Como se pode observar, as energias renováveisestão plenamente contempladas no PPA nas suas di-versas estratégias. Porém, ao se analisar os relatórios

Page 9: Politicas Publicas Energia Renovavel

BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 16, n. 1, p. 23-36, jun. 2006 31

ROBERTO FORTUNA CARNEIRO, PAULETTI KARLLIEN ROCHA

anuais de governo verifica-se que o foco principal daação governamental em renováveis é a energia elétricade fontes hidráulicas (11% da matriz). Como a Bahia éum estado de grandes dimensões territoriais, possui amaior população rural do país e 50% do seu territóriono semi-árido, esse foco torna-secompreensível, pois o objetivo mai-or da ação governamental passa aser o de aumentar os investimentosem sistemas de distribuição, parafacilitar o acesso da população àenergia. Isso pode ser observado apartir dos dados do Balanço Ener-gético 2004, que demonstram quehouve uma redução da participaçãode lenha e carvão vegetal de 38,7.%para 13,5% no período de 1980 a2003. Os instrumentos principaisdessa ação são as parcerias dogoverno estadual com os progra-mas Luz no Campo e Luz para To-dos, de âmbito federal.

A segunda fonte de energia re-novável contemplada nas ações doGoverno do Estado, embora não apareça no Gráfico2, é a energia solar. Através de parceria com o PRO-DEEM e Luz Para Todos, o governo estadual realizouinvestimentos próprios da ordem de R$ 3,8 milhões,em 2005, para promover o acesso da população ruralà essa energia. Porém, a energia solar apresentoumuitos problemas, a exemplo de roubos dos painéisem muitas propriedades do interior, dificuldades demanutenção em função das grandes distâncias en-volvidas, quebras constantes dos kits, etc.

Somadas a essas ações constantes do PPA 2004-2007, formuladas no início do governo, em 2003, novasações foram sendo construídas ao longo desse perío-do que justificam a construção de uma política maisagressiva do ponto de vista da estruturação e consoli-dação das energias renováveis, nas suas diversas for-mas, no Estado da Bahia. Com a criação da Secreta-ria de Ciência, Tecnologia e Inovação – SECTI, em2003, que incorporou a Fundação de Amparo à Pes-quisa do Estado da Bahia – FAPESB, a política deCT&I do governo passou a se dar fortemente por ade-rência a temas estratégicos ao desenvolvimento eco-nômico e social do Estado da Bahia.

A ação SECTI/FAPESB, juntamente com seusparceiros (secretarias, universidades, empresas,etc.), propiciou, na área de energia e ambiente, aconstrução da seguinte infra-estrutura sistêmica: 1)Competência local do ponto de vista da pesquisa em

energia; 2) Construção de redes in-terinstitucionais; e 3) Novos pro-gramas.

Competência local em CT&I

O Quadro a seguir reúne osprincipais grupos, laboratórios e li-nhas de pesquisa existentes noestado que recebem forte apoio daFAPESB.

Esses grupos de pesquisapossuem, na sua maioria, parceri-as com diversas empresas, ele-mento vital do processo de gera-ção e difusão de inovações no te-cido produtivo. As principais são:ELETROGOES S/A – empresageradora, transmissora e transfor-madora de energia elétrica do es-

tado de Rondônia; BAHIAGÁS – Companhia de Gásda Bahia; COELBA – Companhia de Eletricidade daBahia; e CHESF – Companhia Hidrelétrica do SãoFrancisco; PETROBRAS; FORD; IGUATEMI ENER-GIA; e BRASKEM.

CONSTRUÇÃO DE REDESINTERINSTITUCIONAIS

Instituto de Energia e Ambiente – ENAM

O ENAM é, na verdade, uma rede de instituiçõese de pesquisadores baseados no Estado da Bahiaque atuam na área de Energia e Ambiente. É umaorganização essencialmente virtual que vai desempe-nhar um papel de integrador e ampliador das compe-tências interinstitucionais, promovendo a intermedia-ção entre os clientes e os executores de projetos(rede de organizações e pesquisadores).

A Missão do ENAM, definida no seu planejamentoestratégico, é “Integrar e ampliar as competências depesquisa em Energia e Ambiente (E&A), contribuindo

As políticas públicasdesenvolvidas no Estadoda Bahia para o setor deenergia são elaboradas

com base no conjunto deLeis, Decretos e Programas

que formam o marcoregulatório federal para osetor. Elas estão contidasno Plano Plurianual de

Investimentos – PPA, queé o instrumento norteador

da política estadual deinvestimentos nas áreasconsideradas prioritárias

para um período dequatro anos

Page 10: Politicas Publicas Energia Renovavel

32 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 16, n. 1, p. 23-36, jun. 2006

POLÕTICAS P�BLICAS E ENERGIAS RENOV¡VEIS: PROPOSTAS DE A«’ES DE INDU«√O...

Tab

ela

2C

apac

idad

e in

stal

ada

de

pes

qu

isa

em e

ner

gia

s re

no

váve

is n

a B

ahia

Fon

te:S

EC

TI/E

NA

M

* P

or m

otiv

o de

esp

aço,

nem

tod

as a

s pe

squi

sas

e pr

ojet

os e

stão

con

tem

plad

os n

essa

tab

ela.

A S

EC

TI

poss

ui u

m le

vant

amen

to c

ompl

eto

dess

as li

nhas

de

pesq

uisa

e d

a ca

rtei

ra d

e pr

ojet

os d

essa

sin

stitu

içõe

s.

Page 11: Politicas Publicas Energia Renovavel

BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 16, n. 1, p. 23-36, jun. 2006 33

ROBERTO FORTUNA CARNEIRO, PAULETTI KARLLIEN ROCHA

para uma matriz energética mais limpa”. Para cum-prir sua missão, a organização pretende ofertar pro-dutos e serviços tecnológicos e formar recursos hu-manos na área de Energia e Ambiente (E&A).

Uma das principais ações do ENAM vem sendo aelaboração de um Plano Energético para o Estado daBahia, intitulado Matriz Energética do Estado daBahia para o período 2006-2020.

Fórum de desenvolvimento de energia

Reúne os principais agentes do setor energético etem por finalidade identificar e propor soluções paraos gargalos existentes nas áreas de campos madu-ros de petróleo, gás natural, lubrificantes, refino e bi-odiesel através de projetos cooperativos envolvendogoverno-empresa-universidade. O Fórum é presididopelo Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação epossui importante participação da PETROBRAS, Fe-deração das Indústrias, empresas de energia, univer-sidades, etc.

Comitê de petróleo e gás e rede PETRO

O objetivo básico deste Comitê é “Mobilizar e inte-grar a indústria baiana ao processo de expansão naci-onal do setor de petróleo e gás, contribuindo para ma-ximizar a participação da indústria local nos projetosde P&G na Bahia e no Brasil. Sua principal estratégiade atuação é “Formular e propor ações que otimizem oacesso às oportunidades do mercado de P&G juntoao governo estadual, PETROBRAS e operadoras inde-pendentes, fornecedores de bens e serviços, agênciasreguladoras, agentes financeiros, PROMINP, etc.

A Rede PETRO Bahia é a rede de apoio à compe-titividade das empresas fornecedoras de bens e servi-ços na cadeia produtiva de petróleo e gás natural doestado. Trata-se de uma iniciativa conjunta do Governoda Bahia, através da SECTI, da Federação das Indús-trias da Bahia (FIEB) e do SEBRAE-BA. A missão daRede PETRO Bahia é criar e viabilizar soluções para ainserção e manutenção das empresas da Rede nomercado de petróleo e gás e integrar os seguintesatores: micro, pequenas e médias empresas fornece-doras de bens e serviços especializados à cadeia pro-

dutiva de petróleo e gás natural; empresas “âncora”demandantes de bens e serviços com qualidade e tec-nologia aprimorada; centros de pesquisa universitáriosespecializados em petróleo e gás; e entidades financi-adoras, entre outras.

Rede Baiana de Biocombustíveis – RBB

A Rede é formada por diversas instituições quepossuem aderência com o tema biodiesel eque interagem entre si a fim de apoiar as ações doPrograma de Biodiesel da Bahia – PROBIODIESELBAHIA. A Missão da RBB é liderar o processo dedefinição e implementação de ações para que aBahia se torne o estado mais competitivo no seg-mento de produção e comercialização de combustí-veis alternativos.

Além de promover a interação entre os diversosatores, os principais objetivos da Rede são o fomentoàs pesquisas para o desenvolvimento de novas tec-nologias, capacitação, elaborar e submeter projetoscooperativos – envolvendo governo/empresa/ universi-dade – aos editais temáticos e fundos setoriais e di-vulgar informações relacionadas ao biodiesel.

A RBB possui quatro grupos de trabalho que es-tão vinculados a um objetivo ou necessidade especí-fica do setor. Cada grupo possui um líder com a fun-ção de coordenar as ações propostas e se articularcom a coordenação executiva. São eles: 1) Apoio a P& D e Rede Tecnológica e Laboratorial; 2) Sistemasde Produção de Oleaginosas; 3) Fomento Empresari-al e Competitividade Econômica; e 4) Integração doBiodiesel à Pequena Produção Familiar.

Rede de Inovação e Prospecção Tecnológicapara o Agronegócio – RIPA

A Missão da RIPA é articular os atores envolvidoscom o agronegócio no Estado da Bahia, agrupando-os em grandes plataformas tecnológicas pré-defini-das pela RIPA Nacional, de acordo com as afinida-des das instituições com os temas propostos, parase criar um ambiente de fluidez informacional sobrenovas tecnologias e tendências. Foram criadas 19grandes plataformas temáticas, sendo a GP 01 -

Page 12: Politicas Publicas Energia Renovavel

34 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 16, n. 1, p. 23-36, jun. 2006

POLÕTICAS P�BLICAS E ENERGIAS RENOV¡VEIS: PROPOSTAS DE A«’ES DE INDU«√O...

Fontes Renováveis de Energia vinculada ao temaagro-energia e energias alternativas. Essa GP é for-mada pelas seguintes instituições: SECTI, SEIN-FRA, SICM, SEAGRI, SEMARH, SECOMP, UESC,UEFS, FVC, CAR, EMBRAPA, UFBA, UFRB, UNI-FACS e BATTRA.

O foco da GP de Renováveis são as Associaçõesde Pequenos Produtores Rurais. A justificativa deve-se ao fato delas serem mais carentes de incorpora-ção de inovações tecnológicas e, justamente porisso, possuem baixa competitividade e geram ummaior passivo ambiental. As Áreas Temáticas seleci-onadas para a GP 10 são: Solar (principalmente parahotéis e pousadas); Eólica, para bombeamento deágua de poços (sistemas híbridos); e Combustão deresíduos de biomassa.

ESBOÇO DE UMA ESTRATÉGIA PARA ASENERGIAS RENOVÁVEIS NA BAHIA

Tendo em vista esse conjunto de ações e em fun-ção da maturidade alcançada pelo estado com rela-ção ao tema energia, propõe-se um conjunto deações a seguir que obedecem à mesma seqüêncialógica verificada na ação federal. São elas: políticasde fomento, de apoio à PD&I, de investimento e deregulação. E a mesma sistemática de planejamentoadotada pelo governo estadual: Estratégia-Progra-mas-Projetos. O objetivo é tornar a Bahia um dosestados líderes na pesquisa, produção e uso de fon-tes de energias renováveis

A estratégia fundamental que baliza a presenteproposição possui dois componentes:• Elaboração de uma política energética para o es-

tado da Bahia 2007-2030, cujo foco central são asenergias renováveis, principalmente os biocom-bustíveis; e

• Criação de um aparato político-institucional (umComitê Gestor da Política) formado pelas Secre-tarias de Infra-estrutura, de Ciência, Tecnologia eInovação, de Agricultura, de Meio Ambiente e Re-cursos Hídricos, além do apoio da FAPESB, atu-ando através de ações transversais que envolvemo apoio às atividades de CT&I, o fomento a inves-timentos em biomassa para agroenergia e açõesde regulação.

A estratégia proposta seria sustentada pela ela-boração de um conjunto de estudos que envolvemdesenvolvimento de cenários, estudos prospectivos,formação e manutenção de bancos de dados, balan-ços energéticos dos ciclos de vida das cadeias pro-dutivas do agronegócio, nichos de mercado e oportu-nidades para atração de investimentos, inversões emlogística e avaliações ex-ante e ex-post.

A meta principal dessa política seria aumentar aparticipação das energias renováveis na matriz ener-gética estadual dos 26% de 2003 para 35% até 2030e diversificar as fontes utilizadas para além da hidráu-lica e da solar.

Para operacionalização dessa política, propõe-sea implantação de dois “programas âncora”, denomi-nados Programa de Energias Renováveis do Estadoda Bahia e Programa Baiano de Biocombustíveis.Estes programas, por sua vez, seriam formados pe-los seguintes projetos:

Programa de Energias Renováveis doEstado da Bahia

• projeto de apoio tecnológico à co-geraçãode energia. Voltado para os setores produtivosestratégicos da economia baiana, a exemplo daindústria sucro-alcooleira (que é carente no de-senvolvimento de alternativas de aproveitamentointegral da energia da cana-de-açúcar) e o setorde hotelaria com a energia solar.

• projeto de formação de bosques energéticos.Para desenvolver tecnologias para aproveitamentointegral da biomassa florestal para fins energéti-cos e de tecnologias de alcance social para inser-ção de comunidades de baixa renda na cadeia deflorestas energéticas.

• projeto biogás, com o objetivo de desenvolver es-tudos e desenvolver modelos de biodigestores;Efetuar a modelagem em sistemas de produção debiogás; Desenvolver equipamentos para geraçãode energia elétrica, movidos a biogás; Desenvolversistemas de compressão e armazenamento e pro-cessos de purificação de biogás, entre outros.

• projeto para aproveitamento de resíduos nomeio rural: Desenvolver tecnologias para o apro-veitamento energético de resíduos da produçãoagrícola, pecuária e florestal e da agroindústria e

Page 13: Politicas Publicas Energia Renovavel

BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 16, n. 1, p. 23-36, jun. 2006 35

ROBERTO FORTUNA CARNEIRO, PAULETTI KARLLIEN ROCHA

desenvolver tecnologias para a utilização de com-postos orgânicos resultantes da produção agro-pecuária na produção de agroenergia.

• projeto energia solar: Apoiar novos estudos eprojetos através de investimentos nos centros depesquisa, estimular a demanda do uso destetipo de energia e a nacionalização dos equipa-mentos, atração de empresas, financiamento deprojetos híbridos.

• projeto de energia eólica: Promover o desen-volvimento da energia eólica através da implanta-ção de estudos e projetos, mapeamento do po-tencial eólico da Bahia, financiamento de pesqui-sas, atração de empresas, desenvolvimento localde equipamentos.

Programa Baiano de Biocombustíveis

pro-etanol

• Fomentar a atração e consolidação da indústriasucroalcooleira no estado da Bahia, principalmen-te para a produção de etanol, aproveitando asgrandes vantagens edafoclimáticas disponíveis noBaixio de Irecê, Juazeiro e Sul do Estado; Criaçãode programa de incentivo à formação de lavourasde cana-de-açúcar.

probiodiesel Bahia

• Formalização no PPA do Probiodiesel Bahiacomo programa estratégico de Governo com re-cursos próprios alocados no orçamento da SECTIe no orçamento de cada secretaria parceira doprograma (SEAGRI/SEINFRA/SECOMP/SECTI/SEMARH/SICM);

• Criação do Comitê Gestor do Probiodiesel Bahia(Secretarias supracitadas e coordenação do Go-vernador) através de Decreto Simples/Portariapelo Governador com obrigação de elaboração deum plano de trabalho com definição de papéis,recursos, metas;

• Implantação de uma política de fomento à atraçãode empresas com base no ICMS incidente sobreo biodiesel que sai da usina para a refinaria ou dis-tribuidora de combustíveis (pode ser a partir deuma revisão do DESENVOLVE);

• Criação do Programa de Arranjos Produtivos Lo-cais de Oleaginosas, no âmbito do Probiodiesel

Bahia e perpassando várias Secretarias (exemplodo Cabra Forte), pois a área plantada está muitoabaixo do potencial agrícola do estado com apti-dão para esta cultura.

• Criação de um Edital Temático no âmbito daFAPESB específico para o Probiodiesel Bahiacontemplando diversas áreas do conhecimento;

• Estruturação do território estadual em cinco (05)macro regiões. O principal critério utilizado na de-finição das mesmas é o estágio atual do grau deintegração dos diferentes elos da cadeia produtivade biodiesel. A partir daí foram classificadas nasseguintes categorias: Semi-estruturada; Deses-truturada; Potencial e Especializada.

Macro Região I - Oeste Baiano (Semi-estruturadacom forte vocação empresarial)

Macro Região II - Litoral Sul (Semi-estruturadacom presença empresarial articulada com a agricul-tura familiar)

Macro Região III - Região de Irecê, Piemonteda Diamantina e parte do Médio São (Semi-estru-turada)

Macro Região IV - Região Nordeste, Paraguaçu,Chapada Diamantina e Serra Geral (Potencial)

Macro Região V - Região Metropolitana de Salva-dor (Especializada)

CONCLUSÃO

Com base na análise realizada no presente texto,pôde-se observar a importância que o setor energéti-co tem para o desenvolvimento socioeconômico deum país, estado ou região. As energias renováveisassumem um caráter estratégico, tendo em vista nãosó o esgotamento futuro das energias de base fóssil,mas, também, todas as implicações ambientais de-correntes do seu uso em escala industrial. Viu-se,também, todas as ações implementadas no país ena Bahia na área energética.

Apesar dessas ações, verificou-se que aindaexistem, tanto no âmbito federal quanto estadual,diversos pontos críticos para o pleno desenvolvi-mento das energias renováveis. No caso da Bahiadestacam-se:• Existência de um aparato institucional e de P&D

não amparado por uma política de fomento e regu-

Page 14: Politicas Publicas Energia Renovavel

36 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 16, n. 1, p. 23-36, jun. 2006

POLÕTICAS P�BLICAS E ENERGIAS RENOV¡VEIS: PROPOSTAS DE A«’ES DE INDU«√O...

lação para as energias renováveis, especifica-mente biocombustíveis.

• Ausência de um modelo de Governança consis-tente para gerir as políticas de energia.

• Carência de Programas aderentes ao tema ener-gias renováveis.

• Ausência de uma política de desenvolvimento re-gional estruturada para setores específicos.A Bahia tem todos os requisitos necessários – ca-

pacidade agrícola, infra-estrutura e capacitação técni-ca – para tornar-se uma grande força nacional na pro-dução e uso de energias renováveis, principalmente obiodiesel. Além disso, o estado construiu um aparatosistêmico que a coloca como um dos principais atoresda produção e inovação em bioenergia. Fundamenta-do por uma política mais agressiva nesse setor, aBahia consolidará sua vocação natural.

REFERÊNCIAS

ANDREAE, M. O. Biomass burning: its history, use, and distribu-tion and its impacts on the environmental quality and global chan-ge, In: LEVINE, J.S. (Ed.). Global biomass burning: atmosphe-ric, climatic, and biosphere implications. Cambridge, MA: MITPress, 1991. p. 3-21.

BAHIA. SECRETARIA DE INFRA-ESTRUTURA. Plano plurianualde investimentos 2004-2007. Disponível em: <http://www.seinfra.ba.gov.br>. Acesso em: 25 jun. 2006.

______. Bahia: balanço energético 2004. Salvador: CODEN,2005. Disponível em: <http://www.seinfra.ba.gov.br>. Acessoem: 25 jun. 2006.

BAJAY, Sérgio Valdir; BADANHAN, Luís Fernando. Energia noBrasil: os próximos dez anos. Ministério das Minas e Energia –MME SEN / MME 17. pgs.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. PlanoNacional de Agroenergia, 2006-2011. Brasília, 2005. 120 p. Dispo-nível em: http://www.mme.gov.br>. Acesso em: 10 jun. 2006.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Balanço EnergéticoNacional. Disponível em: <www.mme.gov.br>. Acesso em: 21out. 2004.

______. Diretrizes de Política de Agroenergia. Disponível em:<http://www.mme.gov.br>. Acesso em: 12 jun. 2006.

DAHAB, Sônia S. TEIXEIRA, Francisco Lima C. Ciência, tecnolo-gia e competitividade industrial: subsídios teóricos para análiseda nova política industrial. 11p. mimeo.

DOSI, G. Technological paradigms and technological trajecto-ries: a suggested interpretation of the determinants and directi-ons of technical change. Research Policy, London, 1982.

HAGUENAUER, Lia. Competitividade: conceitos e medidas: umaresenha bibliográfica. Rio de Janeiro: UFRJ/IEI, 1989. 38 p. (Tex-to para discussão).

______. Estrutura industrial e mudança tecnológica: proble-mas teóricos. Rio de Janeiro: UFRJ/FEA, 1991. 39p. (Texto didá-tico, n. 49).

HOOGWIJK, M, et al. A Review of Assessments on the Future ofGlobal Contribution of Biomass Energy. In: WORLDCONFERENCE ON BIOMASS ENERGY AND INDUSTRY, 1, 2001,Sevilla. James & James, London (in press).

INTERNATIONAL ENERGY AGENCY. World Energy Outlook. Pu-blished by IEA, Paris, 2004, 500 p.

MUSSA, M. A Global Growth Rebound: how strong for howlong? (Institute for International Economics, September 9, 2003).Disponível em: <www.iie.com/publications/papers/mussa0903.pdf.>. Acesso em: 13 jun. 2005.

PEREZ, Carlota. The present wave of technical change: implica-tions for competitive restructuring and for institutional reform indeveloping countries. 1989. 40 f. Paper prepared for the Strate-gic Planning Department of the World Bank.

PORTER, Michael E. The competitive advantage of nations. HarvardBusiness Review. Boston, v. 68, n. 2, p. 73-93. Mar./Apr. 1990.

PORTER, A. Is the world’s oil running out fast? BBC News, 7June, 2004. GMT. Disponível em: <www.news.bbc.co.uk/1/hi/business/3777413.stm>. Acesso em: 15 jun. 2006.

SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico.São Paulo: Abril Cultural, 1982, 168 p. (Os Economistas).

______. Capitalismo, socialismo e democracia. São Paulo:Atlas, 1950.

WOODS, J, HALL, D. O. Bioenergy for Development: technicaland environmental dimensions, FAO Environment and EnergyPaper 13. , Rome: FAO, 1994.

WORLD BANK. Global Economic Prospects 2004: Realizing theDevelopment Promise of the Doha Agenda (Washington, DC,September 2003), Appendix 1, “Regional Economic Prospects,”p. 239. Disponível em: <www.worldbank.org/prospects/gep2004/full.pdf.>. Acesso em: 28 jun. 2006.