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Plano de Trabalho Docente: contribuições para a melhoria da prática pedagógica.

Autora: Ivani de Jesus Duarte Azevedo Roque1

Orientadora: Drª. Rosângela Célia Faustino2

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados de um estudo realizado no PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional, cuja temática foi a importância do planejamento de ensino para a atuação docente considerando as políticas educacionais atuais e as produções acadêmicas da área. Procurou-se enfatizar a importância do Plano de Trabalho Docente e do planejamento para o avanço da prática pedagógica realizada por professores da educação básica. A Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9.394 de 1996) apresentou novas orientações para a educação brasileira, expressando o compromisso dos estabelecimentos de ensino em elaborar e se comprometer com o cumprimento do Plano de Trabalho Docente de acordo com o Projeto Político Pedagógico e a Proposta Pedagógica Curricular, o que provocou uma ampla discussão na escola sobre o planejamento. O estudo contou com a realização de cursos de formação de professores realizados na Universidade Estadual de Maringá, levantamentos bibliográficos e documentais, estudos teóricos e desenvolvimento de um projeto de intervenção pedagógica, sobre o tema, destinado aos professores, pedagogos e funcionários do Colégio Estadual Maria Carmella Neves de Souza que atuam na Educação Básica, Ensino Fundamental Séries Finais e no Ensino Médio por Bloco de Disciplinas Semestrais, por intermédio de um curso de extensão. Durante a implementação do curso foram promovidas leituras de documentos oficiais e de autores que abordam conceitos de Planejamento Escolar e da ação docente. As atividades propostas, exposições dialogadas, discussões e atividades realizadas pelos educadores participantes foram norteadas pela pesquisa publicada no material didático pedagógico do PDE, procurando sempre a vinculação dos conteúdos trabalhados com a prática docente na escola.

Palavras-chave: Professor; Planejamento Escolar; Atuação Docente.

1 Pós graduada em Psicopedagogia, graduada em Pedagogia, Professora Pedagoga do Colégio Estadual Maria

Carmella Neves de Souza .

2 Doutora do Departamento de Teoria e Prática – Universidade Estadual de Maringá.

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1 Introdução

O objetivo da pesquisa nos estudos do PDE (Programa de Desenvolvimento

Educacional) sobre o Plano de Trabalho Docente se deu a partir da necessidade de

orientações para elaboração do mesmo junto aos professores da rede pública,

refletindo sobre sua importância na ação docente, como também o

acompanhamento de sua efetivação no dia a dia da sala de aula.

Na atuação como professora pedagoga na rede pública da Educação Básica

do Estado do Paraná, observamos que uma das funções da equipe pedagógica é a

de acompanhar, junto aos professores, o desenvolvimento das diversas disciplinas

através do Plano de Trabalho Docente desde a sua elaboração, sua implementação

em sala de aula, até o momento de avaliação e discussão das práticas pedagógicas.

Sobre a atuação dos pedagogos nas escolas do Paraná, mencionamos o

Edital 10/2007 para o concurso público que define as atribuições dos mesmos na

articulação do Plano de Trabalho Docente. Pelo Edital, cabe ao Pedagogo:

Apresentar propostas, alternativas, sugestões que promovam o desenvolvimento e o aprimoramento do trabalho pedagógico escolar, conforme, o Projeto Político Pedagógico, Projeto Pedagógico Curricular, plano de ação e políticas educacionais da SEED; Orientar o processo de elaboração do Plano de Trabalho Docente junto ao coletivo de professores da escola; Organizar a hora atividade do coletivo de professores da escola, de maneira a garantir que esse espaço/tempo seja usado em função do processo pedagógico desenvolvido em sala de aula (PARANÁ, 2007, p. 18).

Há, no Edital, um dispositivo que regulamenta a atuação do pedagogo frente

às questões relativas ao Plano de Trabalho Docente.

Além da observação diária e orientações emanadas pela SEED (Secretaria

de Estado da Educação) sobre a atuação dos professores e pedagogos em

questões relacionadas ao planejamento, indicamos também o texto da LDB, Lei de

Diretrizes e Bases da Educação, nº 9394/96 que, no seu artigo 12, expressa a

necessidade dos estabelecimentos de ensino em velar pelo cumprimento do plano

de trabalho docente e que, no Artigo 13, define a incumbência dos docentes de:

I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

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II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino (BRASIL, 1996, p. 15).

Entendemos, a partir do estudo destes documentos, que o trabalho diário

dos profissionais da educação necessita de organização, intencionalidade e

aprofundamentos de estudos teóricos e práticos para auxiliar o professor a

desenvolver um trabalho mais consistente, que resulte em um ensino de qualidade

que garanta a melhor aprendizagem dos escolares.

As observações empíricas desenvolvidas na atuação como professora

pedagoga e os estudos realizados tornam perceptíveis que tanto pedagogos como

professores não têm ampla clareza sobre todas as questões relacionadas ao Plano

de Trabalho Docente, o que acaba gerando dificuldades em se definir,

conjuntamente, uma metodologia adequada, bem como uma proposta de avaliação

articulada ao Projeto Político Pedagógico e à Proposta Pedagógica Curricular da

escola.

Dentre os estudiosos desta temática, Vasconcelos (1995) afirma que o

planejamento, na maior parte das vezes, é considerado pelo professor como um

documento meramente burocrático, o qual se realiza, muitas vezes,

mecanicamente, para cumprir prazos e obrigações formais exigidos pela escola. Em

consonância com estes estudos, as observações e constatações da prática do

pedagogo justificam a importância do estudo sobre o Plano de Trabalho Docente

que contribuirá com o melhor entendimento, por parte dos profissionais da

educação, de um trabalho pedagógico planejado.

O desenvolvimento do PDE se dá em três momentos. No primeiro, há uma

formação teórica do Professor PDE, que se dá por meio de cursos e estudos

realizados na Universidade Estadual de Maringá, com aulas presenciais,

levantamentos bibliográficos, leituras e sistematizações com vistas à elaboração de

Material Didático, publicado como unidade didática. No segundo momento, ocorreu

o desenvolvimento do projeto de Intervenção Pedagógica no Colégio Estadual Maria

Carmella Neves de Souza, destinado a pedagogos, professores e funcionários.

Neste projeto de intervenção, foi promovido um curso de extensão, mediado pelo

material didático elaborado e registros de atividades realizadas no GTR ( Grupo de

Trabalho em Rede). O GTR foi uma capacitação promovida pela SEED, para

pedagogos do Paraná, monitorado pela professora PDE. Após estas etapas, em um

terceiro momento, ocorre a elaboração do artigo científico com base nos estudos

realizados e nos resultados do projeto de Intervenção.

2. A intervenção Pedagógica

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A intervenção pedagógica para a implementação do tema sobre o PLANO

DE TRABALHO DOCENTE (contribuições para a melhoria da prática

pedagógica) ocorreu no Colégio Estadual Maria Carmella Neves de Souza, no

município de Presidente Castelo Branco -PR, jurisdicionada pelo Núcleo Regional de

Educação de Maringá-PR e contou com a participação de 19 (dezenove) cursistas,

profissionais da educação, sendo: professores, pedagogos e técnicos

administrativos, que atuam neste estabelecimento, no Ensino Fundamental Séries

Finais, e Ensino Médio por Blocos de Disciplinas Semestrais.

O curso de extensão teve a uma carga horária de 32 (trinta e duas) horas,

distribuídas em seis encontros presenciais no período noturno, das 19:00

(dezenove) às 23:00 (vinte e três) horas e atividades domiciliares. Foi oferecido pela

Universidade Estadual de Maringá, na modalidade Curso de Extensão sob a

coordenação da Professora Doutora Rosângela Célia Faustino e ministrado pela

Pedagoga PDE, Ivani de Jesus Duarte Azevedo Roque.

Na primeira atividade do primeiro encontro, os professores participaram de

uma avaliação diagnóstica, relatando dados sobre sua prática diária nas diversas

disciplinas que fazem parte da matriz curricular. As questões que nortearam a

avaliação inicial tiveram por objetivo promover uma ampla reflexão sobre o Plano de

Trabalho Docente elaborado na escola de atuação do professor; os conhecimentos

prévios sobre o texto das diretrizes curriculares do Paraná; a hora atividade como

espaço de planejamento, avaliação e replanejamento; as leituras de produções

acadêmicas na área de currículo e planejamento; as dificuldades na efetivação do

PTD na sala de aula e a importância do comprometimento da equipe pedagógica.

Os temas indicados nas discussões dos encontros apoiaram-se no material

didático pedagógico produzido no primeiro semestre do ano de 2011 com base nos

estudos dos autores: Fusari (1994), Menegolla (2010), Vasconcellos (1995,2010),

Gasparin (2009), Tardif 2005, Libaneo (2009) entre outros. Este material didático

pedagógico, entregue como Unidade Didática, é resultado de pesquisas realizadas

no período destinado aos estudos do PDE e versou sobre: a importância do Plano

de Trabalho Docente como instrumento que permeia a prática pedagógica do

professor em atividades escolares relacionadas aos conhecimentos expressos nos

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conteúdos de ensino; o conceito de planejamento; as diretrizes Curriculares do

Paraná e o Plano de Trabalho Docente numa perspectiva Histórico- Crítica. As

considerações feitas no GTR (Grupo de Trabalho em Rede), atividade anterior ao

curso de extensão, contribuíram para o planejamento das ações do Curso de

Extensão.

3 O Plano de Trabalho Docente e a prática pedagógica: algumas considerações.

Ao tratar de planejamento e prática pedagógica, Vasconcellos (1995) afirma

que o planejamento é considerado pelo professor como um documento burocrático,

na maior parte das vezes, realizado mecanicamente, para cumprir prazos e

obrigações formais. O autor elenca algumas questões que são observadas na

escola:

Planos são entregues e engavetados; a prática do professor em sala de aula, de modo geral, não leva em conta o que foi colocado no plano; Planos são copiados de livro didáticos; Planos são copiados dos colegas; (da mesma escola ou de outras), Coordenadores/orientadores/supervisores ficam cobrando exaustivamente para que professores entreguem os planos; Escolas com textos belíssimos na sua filosofia, na agenda escolar, porém regimento, e práticas bastante contraditórias; escolas fazem seus projetos e estes ficam esquecidos; Escola faz projeto político-pedagógico; muda a direção (ou o governo); projeto é arquivado, etc. (VASCONCELLOS, 1995, p.11)

Vasconcelos (1995) afirma ainda a possibilidade de percebermos que um

grande número de professores não acredita na eficácia dos planos de aula e não

questiona a necessidade de realizá-los ou não.

Neste sentido, entende-se que o Plano de Trabalho Docente quando

realizado como uma forma de atender às formalidades burocráticas da escola

dissociados do trabalho em sala de aula, não oportuniza a compreensão plena de

sua relevância e não produz os resultados esperados, ou seja, a organização e

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melhoria da prática pedagógica do professor. Aprofundando estudos sobre a

questão da atuação docente, (TARDIF, 2005, p.222) entende que o trabalho do

professor em relação ao currículo e, consequentemente, ao planejamento de ensino

são bastante imprecisos, comportando a rigidez das diretrizes, entre outros

documentos, e flexibilidade, dependendo do contexto interativo e das variações no

contexto de sala de aula que sugerem as transformações implantadas nos

programas específicos e instrumentos curriculares.

Sacristán e Pérez Gómez (2000) entendem que o Plano de Trabalho

Docente é uma função básica dos professores em que evidenciam idéias,

habilidades profissionais, experiências prévias e opções éticas dentro de um

contexto.

Fusari (1994) destaca que a escola, precisa mudar a maneira de conceber e

trabalhar o planejamento, sendo muito importante “desencadear um processo de

repensar todo o ensino e buscar um significado transformador para os elementos

curriculares básicos (p.46).

O autor salienta que os profissionais da Educação deveriam ter mais

capacitação, em relação ao Plano de Trabalho Docente, voltada para as

necessidades da prática docente de sala de aula. Para Fusari:

Elaborar, executar e avaliar planos de ensino exige que o professor tenha clareza (critica): da função da educação escolar na sociedade brasileira; da função político-pedagógica dos educadores escolares (diretores, professores, funcionários, conselho de escola); dos objetivos gerais da educação escolar (em termos de país, estado, município, escola, área de estudo e disciplinas), efetivamente comprometida com a formação da cidadania do homem brasileiro; do valor dos conteúdos como meios para a formação do cidadão consciente, competente e crítico; das articulações entre conteúdos, métodos, técnicas e meios de comunicação; e da avaliação no ensino-aprendizagem (1994 p 51).

Pensando ainda sobre a organização do trabalho pedagógico, entende-se

que é de fundamental importância situar a atuação do pedagogo como o mediador

da prática docente. Sobre isso, Libâneo (2009) afirma que o pedagogo é uma

exigência dos sistemas de ensino e da realidade escolar na busca da melhoria na

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qualidade de ensino. O mesmo deve agir em situações que vão além do âmbito

específico das disciplinas, atuando entre o processo educativo-docente e a teoria

pedagógica expressa nos conteúdos, nos métodos específicos de cada área

disciplinar, na coordenação do plano pedagógico, planos de ensino, entre outras

atividades.

Especificamente em relação à atuação do pedagogo na organização da

proposta curricular na escola, o texto O papel do pedagogo na gestão: possibilidade

de mediação do currículo, elaborado pela Secretaria de Estado da Educação do

Paraná e indicado para grupos de estudos de pedagogos no ano de 2009, deixa

clara a necessidade de posicionar a equipe pedagógica na mediação do currículo

através do Plano de Trabalho Docente. O plano é a representação escrita do

trabalho do professor e o pedagogo é o mediador da prática docente (DUARTE et

al., 2009)

Diante das afirmações dos autores e da discussão com os professores no

Curso de Extensão, conclui-se que mudanças devem ser implementadas na escola

a partir da formação continuada, de capacitações promovidas pelo Estado e pelo

PDE. No caso específico dos profissionais do Colégio Maria Carmella, observaram-

se, no Curso e nas atividades posteriores ao mesmo, mudanças significativas de

posturas diante das questões que envolvem a elaboração do Plano de Trabalho

Docente.

Estas mudanças resultaram em: a) Maior domínio na identificação dos

conteúdos estruturantes e seleção dos conteúdos específicos; b) Dedicação do

tempo da hora atividade para elaboração do PDT; c) Busca de diálogo efetivo com a

equipe pedagógica na elaboração do PDT; d) Diversificação das atividades e

materiais pedagógicos em sala de aula e a busca de metodologias diferenciadas

inclusive na prática da avaliação dos conteúdos trabalhados; e) Leituras sobre o

projeto de avaliação elaborado para a escola descrito no Regimento Escolar e no

Projeto Político Pedagógico.

4 O projeto político-pedagógico e a proposta pedagógica curricular:

entendendo os desafios

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Uma parte das discussões sobre PPP – Projeto Político Pedagógico, PPC –

Projeto Pedagógico Curricular e o PTD – Plano de Trabalho Docente nos mostra que

nos deparamos com entraves relacionados à efetivação das propostas educacionais.

Neste núcleo de discussão, procuramos trabalhar com alguns conceitos com a

finalidade de aprofundar estudos sobre a organização da escola através da

construção do PPP, do PPC e do PTD.

Definindo o Projeto Político-Pedagógico, Veiga (2000) afirma ser este

documento uma reflexão do cotidiano escolar que precisa dar rumo, direção ao

trabalho pedagógico, tornando-se necessário alicerçar a proposta em uma teoria

crítica que considere a prática social histórica vivenciada pelos envolvidos.

Vasconcelos (2010) vê o Projeto Político-Pedagógico como plano global da

escola que pode ser entendido como sistematização de um processo de

planejamento participativo.

Para o autor, a construção do PPP acontece no âmbito escolar onde

também o mesmo deverá ser colocado em prática. Elaborado democraticamente,

poderá ser o espaço da articulação da prática pedagógica. É composto basicamente

de três grandes partes: um marco referencial que define os objetivos que se

pretendem alcançar; o diagnóstico que busca as necessidades a partir da análise da

realidade; e a programação que orienta, especificamente, as ações de uma

determinada escola (VASCONCELOS, 2010, p.170).

Sobre a proposta curricular, que é parte do Projeto Político-Pedagógico,

Sacristán e Pérez Gómez (1998) indicam que no estudo de currículo é importante

considerar que o mesmo apresenta-se como instrumento para a organização do

conhecimento e deve ser uma parte expressiva das experiências de aprendizagem.

Na perspectiva desse autor, currículo é um conceito que se refere a uma realidade,

tendo, por um lado o problema das relações teoria e prática e, por outro, as relações

educação e sociedade. É preciso vê-lo como espaço onde interagem as idéias,

torná-lo um documento flexível para que os educadores venham intervir quando

necessário.

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Na organização curricular, Veiga (2000, p. 28) esclarece que no currículo,

deve-se considerar que o mesmo expressa uma cultura, o que sugere uma análise

interpretativa e crítica da cultura dominante e da cultura popular, pois ele não pode

ser separado do contexto social. O conhecimento expresso por conteúdos deve

integrar-se visando reduzir o isolamento entre as diversas disciplinas escolares. E,

por fim, a autora refere-se à questão do controle social que, numa visão crítica, “[...]

é uma contribuição e uma ajuda para a contestação e a resistência à ideologia

veiculada por intermédio dos currículos escolares” (VEIGA, 2000, p. 29).

É possível dizer que existe uma grande dificuldade em definir currículo como

um conceito aceito universalmente. Os estudiosos o conceituam dentro de um

esquema de conhecimento com marcos muito variáveis para a concretização do seu

significado.

No Paraná, o Estado, por meio da SEED – Secretaria de Estado da

Educação passou a elaborar uma proposta curricular em 2003, numa postura

contrária à centralização do currículo através dos Parâmetros Curriculares Nacionais

adotados pelo governo federal, de cunho neoliberal, no período.

No ano de 2003, de acordo com a versão preliminar das diretrizes

curriculares do Paraná, retomou-se a discussão coletiva do currículo, buscando-se

manter o vínculo com as teorias críticas, com a concepção de que o mesmo é uma

produção social construída por profissionais da educação e pessoas que vivem em

determinado contexto histórico.

Sobre as teorias críticas que norteiam a proposta do Paraná, Saviani (1991,

p. 96) explica por meio da Pedagogia Histórico Crítica, que as mesmas envolvem a

necessidade de compreender a educação no seu desenvolvimento histórico objetivo,

cujo compromisso seja a transformação da sociedade:

[...] Seus pressupostos, portanto, são os da concepção dialética da história. Isso envolve a possibilidade de se compreender a Educação escolar tal como ela se manifesta no presente, mas entendida essa manifestação presente como o resultado de um longo processo de transformação histórica. (SAVIANI, 1991, p. 96)

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Nesta perspectiva, o programa de reformulação curricular, elaborado pela

equipe da Superintendência da Educação da Secretaria de Estado da Educação

(SEED), adotou como referência para o processo de discussão das propostas

curriculares: o compromisso com a redução das desigualdades sociais; a articulação

das propostas educacionais com o desenvolvimento econômico, social, político e

cultural da sociedade; a defesa da escola pública gratuita de qualidade; a articulação

de todos os níveis e modalidades de ensino; e a compreensão dos profissionais da

educação como sujeitos epistêmicos (PARANÁ, 2004).

No Plano Estadual de Educação de 2004, a Proposta Curricular do Paraná

para a Educação Básica teve como base para a sua definição a ênfase nos

conteúdos científicos e nos saberes escolares das disciplinas que compõem a grade

curricular e não em competências e habilidades e na centralidade do currículo,

expressos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PARANÁ, 2004).

Em 2008, as Diretrizes Curriculares, o documento final foi encaminhado às

escolas e aos professores da rede pública. O currículo adotado, resultado da ampla

discussão entre os sujeitos da educação, está fundamentado em teorias críticas e

com uma organização disciplinar (PARANÁ, 2008).

As novas diretrizes enfatizam a importância de todas as disciplinas,

considerando as dimensões científica, filosófica e artística na sua construção. Pelo

texto das Diretrizes, o currículo disciplinar propicia à escola ser um espaço de

socialização e sistematização do conhecimento (PARANÁ, 2008).

Retomamos Saviani (1998, p. 81), ao afirmar que “a produção do saber

social se dá no interior das relações sociais, a elaboração do mesmo implica em

saber expressar, de forma elaborada, o saber que surge da prática social”.

Sendo assim, na seleção dos conteúdos que expressam os conhecimentos

na matriz curricular, foram considerados os fatores externos, determinados pelo

regime sócio-político e fatores específicos do sistema além dos saberes acadêmicos.

Esses conteúdos devem ser tratados de modo contextualizado, estabelecendo-se

uma relação interdisciplinar (PARANÁ, 2008).

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5 O Plano de Trabalho Docente: por que planejar?

Ao longo da história, o ser humano sempre teve a preocupação de planejar

as suas ações, a longo e curto prazos. Segundo Menegolla e Sant’Anna (2010), “O

homem primitivo, imaginou como poderia agir para vencer os obstáculos que se

interpunham na sua vida diária”. Pensava as estratégias de como poderia caçar,

pescar, coletar frutas, mel, raízes comestíveis, castanhas, ovos de pássaros etc e de

como deveria se defender ou atacar os seus inimigos. Desta forma, buscava

organizar o seu dia-a-dia, antecipava e comunicava, ao grupo, suas ações,

pensando em como realizá-las para atender suas necessidades básicas.

A história do homem é um reflexo do seu pensar sobre o presente, passado e futuro. O homem pensa sobre o que fez; o que deixou de fazer; sobre o que está fazendo e o que pretende fazer. O homem, no uso da sua razão, sempre pensa e imagina o seu “que fazer”, isto é, as suas ações, e até mesmo, as suas ações cotidianas e mais rudimentares. O ato de pensar não deixa de ser um verdadeiro ato de planejar. (MENEGOLLA; ,SANT’ANNA, 2010,p,13)

Assim, o homem, ao pensar suas ações e tomar decisões o faz por meio de

um planejamento ativo, que vai se reorganizando conforme se ampliam suas

vivências e experiências. Para Vasconcelos, o ser humano planeja mais do que

imaginamos, pois, ”[...] coisas mínimas do dia a dia, como tomar banho ou dar um

telefonema, estão presentes atos de planejamento. Evidentemente, existem

diferentes níveis de complexidade de ações e, portanto, de planejamento.” (1995,

p.11)

Segundo Sacristán (2000), planejar significa prever uma ação. Para este

pesquisador, Plano indica a confecção de um apontamento, rascunho, croqui,

esboço ou esquema que representa uma ideia, um objeto, uma ação ou sucessão

de ações, uma aspiração ou projeto que serve como guia para ordenar a atividade

de produzi-la efetivamente. O autor indica que,

[...] o que era uma intenção passa a tomar corpo como uma realidade prévia, servindo de guia para uma prática”. O plano resulta da atividade de esboçar antecipa ou representa, em alguma medida, a prática que resultará.[...] Em todo tipo de práticas dirigidas explicitamente para fins desejados são feitos planos prévios para racionalizar a ação, guiá-la adequadamente e economizar recursos,

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tempo, e alcançar resultados de acordo com as finalidades estabelecidas. Processos de produção e ações sociais dirigidas são planejados para que as práticas sigam ordem: planeja-se a guerra, a economia, a política internacional, o processo de produção industrial de um produto, as intervenções cirúrgicas, as campanhas eleitorais, o desenvolvimento de uma sessão de trabalho de um grupo humano com uma ordem do dia, uma campanha publicitária ; também se pode falar em educação de planejar um curso, uma aula, uma jornada escolar, uma unidade didática, uma matéria ou todo um currículo e o sistema educativo.( SACRISTAN, 2000, p.198)

Se as ações do cotidiano dos seres humanos e todo tipo de prática precisam

ser pensadas e planejadas, muito mais a prática pedagógica e o processo de ensino

e aprendizagem que, além de serem planejados, devem vir acompanhados de uma

intencionalidade e objetivos fundamentais para o trabalho educativo e seu bom

resultado. Este não pode ser improvisado ou executado de qualquer maneira sem

uma organização formal, pois a escola é, em si, o espaço privilegiado para o ensino

e a aprendizagem dos conhecimentos universais produzidos pela humanidade e

transmitidos, de forma sistematizada, para novas gerações. Para Vasconcelos:

[...] quando falamos em processo de ensino e aprendizagem, estamos falando de algo muito sério, que precisa ser planejado, com qualidade e intencionalidade. Planejar é antecipar ações para atingir certos objetivos, que vêm de necessidades criadas por uma determinada realidade, e, sobretudo, agir de acordo com essas idéias. (VASCONCELOS, JAN/2010).

Deste modo, planejar a prática educativa e o processo de ensino e

aprendizagem possibilita organizá-los, criando subsídios para um trabalho

comprometido com um resultado esperado que se fundamente em objetivos prévios

elaborados pelo professor com o apoio da equipe pedagógica.

6 O que é planejar?

Embora possa parecer uma questão simples, principalmente para

educadores que se deparam com o “planejar” diariamente, é bastante complexo e

requer que seja refletido e compreendido com profundidade. Sobre este

questionamento, Vasconcelos (1995) esclarece que planejar é fazer a antecipação

mental de uma ação. Desta forma, o planejamento envolve uma ação a ser

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realizada, não uma ação qualquer, mas uma ação que visa a um fim, e, por sua vez,

tanto o fim quanto a ação estão referidos a uma realidade a ser transformada

( 1995, p. 42). Para o autor:

Planejar é também se comprometer com a concretização daquilo que foi elaborado enquanto plano. O planejamento é uma mediação teórico-metodológica para a ação consciente e intencional. Tem por finalidade procurar fazer algo vir à tona, fazer acontecer, concretizar, e para isto é necessário “amarrar”, “condicionar”, estabelecer as condições-objetivas e subjetivas- prevendo o desenvolvimento da ação no tempo (o que vem primeiro, o que vem em seguida), no espaço (onde vai ser feita), as condições materiais (que recursos, materiais, equipamentos serão necessários), bem como a disposição interior, para que aconteça; caso contrário, vai-se improvisando, agindo sob pressão, administrando por crise.(VASCONCELOS, 1995, p.42)

Para o CINFOP (Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de

Professores), a ação de planejar se dá em pelo menos três movimentos. Segundo o

documento elaborado, (CINFOP, 2005 p.13), no Planejamento é necessário:

Ter clareza de onde se quer chegar;

Conseguir dimensionar a que distância se está desse ponto de chegada;

Definir o que se deve fazer para diminuir essa distância.

Neste sentido, a ação de planejar visa a alguma alteração no objeto de

planejamento. É na articulação entre pensamento e prática, na unidade entre teoria

e prática que se dá a práxis, que, em seu sentido amplo, representa a atividade

humana em sociedade. Assim:

É pela busca de coerência entre as grandes finalidades da ação educativa e as ações que cotidianamente se traduzem em alvo dessa ação que podemos produzir a desejada convergência. Isso quer dizer que entre os discursos e as práticas pedagógicas há um vácuo que, ao ser preenchido de modo intencional e planejado, oportuniza a realização do fazer educativo em sua plenitude. (CINFOP, 2005, p.20)

Tendo como referência as orientações e conceitos acima, sistematizados

pelo CINFOP no documento apresentado, entendemos que o ato de planejar se dá

através da práxis que favorece a transformação, o avanço da humanidade para a

melhoria da vida em sociedade.

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Ainda sobre o planejamento, (Fusari,1994, p.46) destaca questões

importantes sobre aspectos estruturais de organização do mesmo, relacionadas:

aos objetivos da educação escolar (para que ensinar e aprender?); ao conteúdo (o

que ensinar e aprender?); ao método (como e com que ensinar e aprender?); ao

tempo e espaço da educação escolar (quando e onde ensinar e aprender?); e à

avaliação (como e o que foi efetivamente ensinado e aprendido?).

Quando orientamos a elaboração do PTD, delineamos um ponto de partida,

que facilita o pensar e planejar do professor ampliando as possibilidades de

encaminhamento das ações. Para Fusari (1994), neste processo, a escolha de

formulário não é o fator preponderante.

O fundamental não é decidir se o plano será redigido no formulário x ou y, mas assumir que a ação pedagógica necessita de um mínimo de preparo, mesmo tendo o livro didático como um dos instrumentos comunicacionais no trabalho escolar em sala de aula. (FUSARI, 1994, p. 46)

Menegolla e Sant’Anna (2010) se referem ao PTD como Plano de Disciplina.

Para estes autores, o Plano de Disciplina é que vai dar condições para o professor

atingir seus objetivos em sala de aula. Aprofundando o conceito de Plano de

Disciplina, os autores apresentam o mesmo como:

A previsão dos conhecimentos e conteúdos que serão desenvolvidos na sala de aula, a definição dos objetivos mais importantes, assim como a seleção dos melhores procedimentos e técnicas de ensino, como também, dos recursos humanos e materiais que serão usados para um melhor ensino e aprendizagem. Além disso, o plano de disciplina propõe a determinação das mais eficazes técnicas e instrumentos de avaliação para verificar o alcance dos objetivos em relação à aprendizagem (p,62).

Os autores (MENEGOLLA, Sant’Anna, 2010, p. 63), ainda indicam que o

professor, ao planejar a Educação, precisa pensar antes de agir e ter seriedade no

organizar sua ação. O Planejamento é importante para os professores porque:

Possibilita ao professor selecionar e organizar os conteúdos mais significativos para os alunos;

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Facilita a organização dos conteúdos de forma lógica, obedecendo a estrutura da disciplina;

Ajuda o professor a selecionar os melhores procedimentos e os recursos para desencadear um ensino mais eficiente, orientando o professor como e com que deve agir;

Auxilia o professor a evitar a improvisação, a repetição e a rotina;

Facilita a integração e a continuidade do ensino;

Ajuda a ter uma visão global de toda a ação docente e discente;

Ajuda o professor e os alunos a tomarem decisões de forma cooperativa e participativa.

Nas Diretrizes Curriculares do Paraná, o Plano de Trabalho Docente

possibilita o desenvolvimento de uma prática pedagógica organizada e eficaz de

modo a contribuir para melhores resultados no processo ensino aprendizagem.

Em relação aos conteúdos que compõem a Proposta Curricular do Estado

do Paraná, os professores, ao organizarem seu plano de trabalho docente, devem

partir dos conteúdos estruturantes, definidos como conhecimentos de grande

amplitude, conceitos, teorias ou práticas que foram selecionados considerando uma

análise histórica da ciência de referência e da disciplina escolar. Dos conteúdos

estruturantes, organizam-se os conteúdos básicos, por disciplina, a serem

trabalhados por série e que devem servir de referência ou ponto de partida. Os

conteúdos básicos podem ter abordagens diversas a depender dos fundamentos

que recebem de cada conteúdo estruturante. No Plano do professor, ainda se

explicitarão os conteúdos específicos, nos bimestres, trimestres ou semestres, assim

como as especificações metodológicas e a avaliação (PARANÁ, 2008).

Para Vasconcelos (1995), várias são as contribuições do planejamento, pois

ele ajuda na organização mais adequada do currículo, racionalização das

experiências de aprendizagem, que visam à ação pedagógica mais eficaz e

eficiente. O planejamento também proporciona uma integração curricular, através da

comunicação entre os professores, evitando repetições desnecessárias, o que

possibilita melhor aproveitamento do tempo e de oportunidades de aprendizagem.

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Entendemos ainda, de acordo com o autor, que o planejamento ajuda na auto

formação do professor, evitando a improvisação e estabelecendo um vínculo mais

efetivo, diminuindo a distância entre a teoria e a prática, estabelecendo a

comunicação e a participação dos alunos nas aulas, tornando-as mais interessantes.

Vasconcelos entende que:

Vivemos hoje um mundo de fragmentação, de correria, em que o sujeito educando tem uma série de outras coisas para fazer, uma série de outros estímulos. Se queremos efetivamente atingi-lo, temos que aproveitar da melhor forma o espaço-tempo de sala de aula. Um bom planejamento certamente tem repercussão na disciplina, uma vez que as necessidades dos alunos estão sendo levadas em conta e o professor tem maior convicção daquilo que está propondo. (VASCONCELOS, 1995, p.35)

Quando se planeja a aula para uma determinada disciplina se faz necessário

obedecer a uma ordem ou etapas para organizá-la coerentemente. Nesta ordem ou

etapa, deve-se levar em consideração: o conhecimento e a realidade do aluno, do

professor, da escola e da comunidade; a definição dos objetivos em relação à

disciplina; a delimitação dos conteúdos; a escolha dos procedimentos e técnicas de

ensino; a seleção dos recursos humanos e materiais; os melhores procedimentos

de avaliação (MENEGOLLA; SANT’ANNA,2010, p. 63).

Numa perspectiva Histórico Crítica, Gasparin (2009), apresenta uma

proposta de PTD, em que o mesmo parte da Prática Social Inicial do conteúdo,

articulada à contextualização, que é uma primeira leitura da realidade, um contato

inicial com o tema. Essa Prática Social Inicial é entendida como Problematização,

que tem como finalidade selecionar e questionar os problemas que têm sua origem

na prática social e precisam ser resolvidos no cotidiano das pessoas ou da

sociedade. Neste momento, faz-se uma ligação entre a prática social e o conteúdo a

ser trabalhado, levantando as questões postas da prática social relacionadas ao

conteúdo e direcionando o trabalho do professor e alunos de acordo com os

objetivos de ensino. Para que ocorra a construção do conhecimento, a

Instrumentalização das ações de professores e alunos são fundamentais. Ambos

trabalham na elaboração da aprendizagem, em que o professor apresenta o

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conteúdo que expressa o conhecimento organizado sistematicamente e que os

alunos buscam apropriar-se.

O autor explica que “a instrumentalização é o caminho pelo qual o conteúdo

sistematizado é posto à disposição dos alunos para que o assimilem e o recriem e,

ao incorporá-lo, transformem-no em instrumento de construção pessoal e

profissional” (GASPARIN (2009, p.51).

Segundo Gasparin (2008), quando o aluno é capaz de fazer a síntese mental

dos conteúdos se dá a Catarse, quando ele mostra que o conteúdo foi aprendido e

contribui na mudança de seus conceitos anteriores. “Significa, igualmente, a

conclusão, o resumo que ele faz do conteúdo aprendido recentemente, é o novo

ponto teórico de chegada; a manifestação do novo conceito adquirido”(p.124).

O autor coloca ainda que na Prática Social Final do Conteúdo “O ponto de

chegada do processo pedagógico na perspectiva é o retorno à Prática Social”. É

quando o aluno demonstra que aprendeu o conteúdo e faz uso do conteúdo

científico (p.139).

Estas questões são bastante relevantes para o professor pensar sobre como

se dão as etapas de aprendizagem dos estudantes e sobre a importância de se ter

um planejamento adequado para que esta se realize.

8 Conclusão

Considerando as informações obtidas na avaliação final do Curso de

Extensão promovido, verificou-se que os objetivos estabelecidos no Projeto de

Intervenção Pedagógica foram alcançados. Todos os encontros planejados

contaram com a participação efetiva dos cursistas, o que possibilitou um ótimo nível

de aprendizagem e interação entre as diversas áreas do conhecimento, dos

professores, pedagogos e a área administrativa.

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Os participantes relataram que o tema sobre o Plano de Trabalho Docente

foi importante e a proposta de capacitação veio ao encontro das reais necessidades

do professor.

Os temas sugeridos para estudos trouxeram grandes contribuições.

Partindo da proposta inicial até a finalização do curso, foi de consenso geral a

necessidade da abertura de espaço na escola para a discussão e leituras, assim

como a utilização da hora-atividade para planejar coletivamente. Diariamente o

professor se depara com situações de aprendizagem que sugerem novas posturas

diante do conhecimento e, muitas vezes, o improvisa metodologias de ensino em

sala de aula na busca de alternativas que venham sanar dificuldades através da

realização de tarefas que não estão planejadas.

Este procedimento pode atrapalhar o processo de aprendizagem dos

escolares e gerar situações de insegurança, indisciplina, desinteresse pelas

atividades.

A revisão do planejamento bimestral, semestral ou anual e o replanejamento

de acordo com as situações novas são de extrema importância assim como a

retomada das avaliações que são praticadas em sala de aula.

Sobre a ação docente, a discussão revelou a necessidade do

acompanhamento dos pedagogos, orientando, auxiliando no planejamento na hora

atividade, pois os mesmos, muitas vezes envolvidos com questões de indisciplina

em sala de aula e no cumprimento de tarefas burocráticas não cumprem

efetivamente sua função de auxiliar e contribuir com o aprimoramento da ação

pedagógica do professor que envolve, conforme salientado, o planejamento

resultando em implicações relativas ao processo de ensino e aprendizagem dos

conteúdos escolares.

Outra questão levantada pelo grupo diz respeito à formação docente. Os

profissionais que atuam na educação básica encontram poucas alternativas de

capacitação e o tempo desse profissional fica muito restrito com o número elevado

de aulas e na maioria das vezes, em escolas diferentes, implicando em um período

de deslocamento. Esta questão, embora não discutida no trabalho por não ser seu

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foco, tem relação com os baixos salários dos professores, o que os forçam a um

aumento exaustivo das horas de trabalho e, consequentemente, diminuição das

horas de pesquisa, estudo e planejamento.

O Calendário Escolar prevê alguns momentos de formação continuada que

foram considerados pelos cursistas insuficientes. O PDE (Programa de

Desenvolvimento Educacional) foi avaliado como uma proposta inovadora e

adequada para a formação continuada dos professores, pois fornece condições de

estudos, pesquisa e aplicação (intervenções pedagógicas), podendo incluir o

professor da rede pública em uma proposta realmente comprometida com os

interesses da educação do Estado do Paraná.

Quanto ao Projeto Político-Pedagógico, alguns conceitos de autores foram

trabalhados e os docentes indicaram que o consideram um documento que

necessita ser mais divulgado na escola e a Proposta Pedagógica Curricular

retomada com vistas à flexibilização curricular necessária para inclusão de todos.

Muitas vezes a tarefa de planejar envolve, na escola, critérios mais específicos tendo

em vista o nível de dificuldades dos alunos, como no caso das Salas de Apoio, Sala

de Recursos Multifuncional e Projetos em Contra Turno que já são uma realidade no

Colégio Maria Carmella Neves de Souza. Para acompanhar esses planejamentos,

os pedagogos da escola optaram pela divisão e cada um coordena um projeto

específico.

Indubitavelmente, a questão central que norteou esta capacitação do PDE

esteve focada nas necessidades: de despertar os educadores para a importância de

planejar sempre suas ações; de discutir o valor de uma atividade planejada e os

resultados obtidos; de ter claros os objetivos para saber aonde se quer chegar com o

conhecimento; de avaliar com responsabilidade; de utilizar os instrumentos de

avaliação visando à aprendizagem; de utilizar metodologias adequadas

considerando as reais condições dos escolares e do meio ao qual os mesmos

pertencem; e da responsabilidade que os educadores devem ter com o processo de

ensino e aprendizagem no espaço escolar.

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9 REFERÊNCIAS

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