página sindical do diário de são paulo - 17 de outubro de 2014 - força sindical

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Não podemos permitir que o Bra- sil siga sendo o País das injustiças cometidas contra os trabalhado- res e contra a sociedade. Um bom exemplo para esta intro- dução foi a criação, em 1999, do Fator Previdenciário, um meca- nismo perverso que impede que o trabalhador se aposente mais cedo – a não ser que se disponha a aposentar-se com um bene- fício menor –, sua manutenção até os dias atuais e a dificuldade enfrentada pelo movimento sin- dical, e pelo conjunto dos traba- lhadores, junto ao governo, para sua revogação . Esta é uma bandeira que vem sendo defendida, já há alguns anos, no Congresso, pela Força Sindical e demais Centrais. Mas, como uma das nossas vir- tudes é justamente jamais de- sistir até que as injustiças sejam corrigidas, vamos intensificar, a cada dia, nossa mobilização, e pressionar para que tudo o que se relacione à Pauta Trabalhista, um conjunto de reivindicações dos trabalhadores – entre elas o fim do Fator Previdenciário – que mudariam, para melhor, o nosso País. Esperamos que, seja quem for a ocupar o Palácio do Planalto pe- los próximos quatro anos, a nova Presidência tenha o bom senso de olhar com mais atenção e ge- nerosidade para as demandas do mundo do trabalho. Trabalho A jornada anual de trabalho no Brasil é de 2.640 horas, superior à da Alema- nha (1.388), Espanha (1.665), Japão (1.735), EUA (1.788), Turquia (1.832), Rússia (1.980) e Coreia (2.163), entre outros. “A pesquisa, feita na Espanha e publicada no jornal ‘El País’, mostra que a fala dos patrões brasilei- ros, contrária ao desejo dos trabalhadores, não se sustenta. Esses países adotaram a redução sem prejuízos às empresas”, diz Miguel Torres, presidente da Força Sindical. A redução semanal da jornada para 40 horas, constante da Pauta Trabalhista, é uma reivindicação histórica do movimento sindical. A PEC 231/95, que trata do tema, está para ser votada na Câmara Federal. “Fizemos passeatas, manifestações, fo- mos a Brasília pela aprovação da medida, mas a PEC continua enfrentando resistên- cia do setor produtivo”, lembra Torres. Esta bandeira é prioridade dos trabalha- dores de todas as categorias laborais. Ela representa mais qualidade de vida, menos cansaço, doenças e acidentes de trabalho, além de mais empregos e maior consumo. A redução da jornada para 40 horas é uma luta histórica do movimento sindical Foto: Jaélcio Santana www.fsindical.org.br facebook.com/CentralSindical twitter.com/centralsindical Miguel Torres Presidente da Força Sindical O Fator Previdenciário e o Brasil das injustiças Publieditorial OPINIÃO PAUTA TRABALHISTA No Brasil o ganho da produtividade não é incorporado ao salário, ficando quase todo com o patrão. De 15 anos para cá a produ- ção dobrou, mas o salário não cresceu no mesmo nível e a jornada não foi reduzida. A alegação do empresariado de que apro- var a redução prejudicaria o setor produti- vo, pois reduziria a competitividade preju- dicando as micro e pequenas empresas, cai por terra porque, com a jornada de 40 horas, o patrão terá apenas 1,99% de cus- to, o que seria pago em seis meses com a produção maior. “Em 1988, a jornada foi reduzida de 48 para 44 horas e as empre- sas não tiveram prejuízo”, observa Torres. O adicional de periculosidade, que corres- ponde a 30% do salário do empregado, foi bem recebido pelos representantes de Sin- dicatos filiados à Força Sindical. “Serão be- neficiados os celetistas”, explica Raimundo Nonato, presidente da Federação dos Mo- totaxistas e Motofrete do Pará e coordena- dor da categoria na Força Sindical. Segundo o sindicalista, “existem aproximadamente 800 mil motofretistas com carteira assina- da no País”. Para Alexandro Martins Costa, presidente do Sindicato dos Motociclistas Profissionais e presidente da Força Estadual-ES, “têm di- reito ao adicional quem usa motocicleta ou motoneta como instrumento de trabalho, O Sindicato dos Servidores de Osasco e Re- gião (Sintrasp) discutiu com os agentes de saúde a valorização da carreira e a alteração da referência salarial da categoria. Jessé Moraes, presidente do Sintrasp, disse que os agentes querem a equiparação de seus salários com os dos agentes comuni- tários de Saúde. “Hoje temos 51 agentes de saúde que têm, praticamente, as mesmas funções dos agentes comunitários, mas re- cebem salário menor”, disse Moraes. “Entendemos que, pela igualdade das atri- buições e similaridade do trabalho, eles de- vem receber o mesmo salário. Ainda, pela quantidade de agentes, o impacto financeiro será mínimo para a Prefeitura”, completou o presidente. Barbosa: “Agora é negociar o benefício também para os motociclistas autônomos, os motoboys” Mandu, segundo à esquerda: “ A pressão vai continuar até que a empresa pague seus trabalhadores Foto: Sindimoto Foto: Tiago Santana Motociclista profissional terá adicional de 30% sobre o salário Agentes de saúde querem valorização da carreira PERICULOSIDADE como por exemplo guardas municipais, en- tregadores de gás, carteiros etc. O adicional é retroativo a junho, quando foi criada a Lei 12.997. “Na Baixada Santista, grande parte dos res- taurantes, que são grandes empregadores da categoria, utilizando-se destes trabalha- dores para entregas, começaram a pagar o adicional já no mês de junho, com a publi- cação da lei”, informa Paulo Cezar Barbosa, presidente do Sindimoto. “O próximo passo da categoria”, destaca Barbosa, “é tentar negociar com o governo a extensão do be- nefício para os autônomos, que são a maio- ria dos motobys”. A Portaria que aprova o Anexo 5 da Norma Regulamentadora 16 (NR-16), que trata das situações de trabalho com utilização de mo- tocicleta, foi publicada no dia 14 de outubro no Diário Oficial da União pelo MTE. Criada pela Lei 12.997, a norma foi acrescida à Con- solidação das Leis do Trabalho (CLT). Não recebem a periculosidade os autôno- mos, quem usa a moto apenas para ir ao trabalho e voltar para casa, quem traba- lha com a moto em local privado – como shoppings, condomínios e empresas – ou quem faz uso eventual da motocicleta. O Sindicato dos Aero- viários no Est. SP reali- zou ato em frente à Gol para lembrar “um ano de enrolação da em- presa quanto ao paga- mento dos adicionais de insalubridade e pe- riculosidade aos seus empregados”, explica Reginaldo A. de Souza, Mandu, presidente da entidade. O Sindicato levou ao ato um bolo laranja para lembrar que a Gol, “vem, há um ano, buscando negar a realidade, preferindo protelar algo tão Trabalhadores realizam ato em frente à Gol SERVIÇO PÚBLICO sério e discriminando os funcionários que atuam em Congonhas”, declara o dirigente. Segundo ele, “a pressão vai continuar até a Gol pagar seu pessoal”. Jornada no Brasil é superior à de muitos países AEROVIÁRIOS

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Destaques - Pauta Trabalhista: 'Jornada no Brasil é superior à de muitos países'; Miguel Torres: 'O Fator Previdenciário e o Brasil das injustiças'; Aeroviários: 'Trabalhadores realizam ato em frente à Gol'; Serviço Público: 'Agentes de saúde querem valorização da carreira'; Periculosidade: 'Motociclista profissional terá adicional de 30% sobre o salário'

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Não podemos permitir que o Bra-sil siga sendo o País das injustiças cometidas contra os trabalhado-res e contra a sociedade.Um bom exemplo para esta intro-dução foi a criação, em 1999, do Fator Previdenciário, um meca-nismo perverso que impede que o trabalhador se aposente mais cedo – a não ser que se disponha a aposentar-se com um bene-fício menor –, sua manutenção até os dias atuais e a dificuldade enfrentada pelo movimento sin-dical, e pelo conjunto dos traba-lhadores, junto ao governo, para sua revogação .Esta é uma bandeira que vem sendo defendida, já há alguns anos, no Congresso, pela Força Sindical e demais Centrais.Mas, como uma das nossas vir-tudes é justamente jamais de-sistir até que as injustiças sejam corrigidas, vamos intensificar, a cada dia, nossa mobilização, e pressionar para que tudo o que se relacione à Pauta Trabalhista, um conjunto de reivindicações dos trabalhadores – entre elas o fim do Fator Previdenciário – que mudariam, para melhor, o nosso País. Esperamos que, seja quem for a ocupar o Palácio do Planalto pe-los próximos quatro anos, a nova Presidência tenha o bom senso de olhar com mais atenção e ge-nerosidade para as demandas do mundo do trabalho.

Trabalho

A jornada anual de trabalho no Brasil é de 2.640 horas, superior à da Alema-

nha (1.388), Espanha (1.665), Japão (1.735), EUA (1.788), Turquia (1.832), Rússia (1.980) e Coreia (2.163), entre outros. “A pesquisa, feita na Espanha e publicada no jornal ‘El País’, mostra que a fala dos patrões brasilei-ros, contrária ao desejo dos trabalhadores, não se sustenta. Esses países adotaram a redução sem prejuízos às empresas”, diz

Miguel Torres, presidente da Força Sindical.A redução semanal da jornada para 40 horas, constante da Pauta Trabalhista, é uma reivindicação histórica do movimento sindical. A PEC 231/95, que trata do tema, está para ser votada na Câmara Federal. “Fizemos passeatas, manifestações, fo-mos a Brasília pela aprovação da medida, mas a PEC continua enfrentando resistên-cia do setor produtivo”, lembra Torres. Esta bandeira é prioridade dos trabalha-dores de todas as categorias laborais. Ela representa mais qualidade de vida, menos cansaço, doenças e acidentes de trabalho, além de mais empregos e maior consumo.

A redução da jornada para 40 horas é uma luta histórica do movimento sindical

Foto

: Jaé

lcio

Sant

ana

www.fsindical.org.br

facebook.com/CentralSindical

twitter.com/centralsindical

Miguel TorresPresidente

da Força Sindical

O Fator Previdenciário e o Brasil das injustiças

Publieditorial

OPINIÃO

PAUTA TRABALHISTA

No Brasil o ganho da produtividade não é incorporado ao salário, fi cando quase todo com o patrão. De 15 anos para cá a produ-ção dobrou, mas o salário não cresceu no mesmo nível e a jornada não foi reduzida.A alegação do empresariado de que apro-var a redução prejudicaria o setor produti-vo, pois reduziria a competitividade preju-dicando as micro e pequenas empresas, cai por terra porque, com a jornada de 40 horas, o patrão terá apenas 1,99% de cus-to, o que seria pago em seis meses com a produção maior. “Em 1988, a jornada foi reduzida de 48 para 44 horas e as empre-sas não tiveram prejuízo”, observa Torres.

O adicional de periculosidade, que corres-ponde a 30% do salário do empregado, foi bem recebido pelos representantes de Sin-dicatos filiados à Força Sindical. “Serão be-neficiados os celetistas”, explica Raimundo Nonato, presidente da Federação dos Mo-totaxistas e Motofrete do Pará e coordena-dor da categoria na Força Sindical. Segundo o sindicalista, “existem aproximadamente 800 mil motofretistas com carteira assina-da no País”. Para Alexandro Martins Costa, presidente do Sindicato dos Motociclistas Profissionais e presidente da Força Estadual-ES, “têm di-reito ao adicional quem usa motocicleta ou motoneta como instrumento de trabalho,

O Sindicato dos Servidores de Osasco e Re-gião (Sintrasp) discutiu com os agentes de saúde a valorização da carreira e a alteração da referência salarial da categoria.Jessé Moraes, presidente do Sintrasp, disse que os agentes querem a equiparação de seus salários com os dos agentes comuni-tários de Saúde. “Hoje temos 51 agentes de saúde que têm, praticamente, as mesmas funções dos agentes comunitários, mas re-cebem salário menor”, disse Moraes. “Entendemos que, pela igualdade das atri-buições e similaridade do trabalho, eles de-vem receber o mesmo salário. Ainda, pela quantidade de agentes, o impacto financeiro será mínimo para a Prefeitura”, completou o presidente.

Barbosa: “Agora é negociar o benefício tambémpara os motociclistas autônomos, os motoboys”

Mandu, segundo à esquerda: “ A pressão vai continuar até que a empresa pague seus trabalhadores

Foto: Sindimoto

Foto: Tiago Santana

Motociclista profissional terá adicional de 30% sobre o salário

Agentes de saúde querem valorização da carreira

PERICULOSIDADE

como por exemplo guardas municipais, en-tregadores de gás, carteiros etc. O adicional é retroativo a junho, quando foi criada a Lei 12.997.“Na Baixada Santista, grande parte dos res-taurantes, que são grandes empregadores da categoria, utilizando-se destes trabalha-

dores para entregas, começaram a pagar o adicional já no mês de junho, com a publi-cação da lei”, informa Paulo Cezar Barbosa, presidente do Sindimoto. “O próximo passo da categoria”, destaca Barbosa, “é tentar negociar com o governo a extensão do be-nefício para os autônomos, que são a maio-ria dos motobys”.A Portaria que aprova o Anexo 5 da Norma Regulamentadora 16 (NR-16), que trata das situações de trabalho com utilização de mo-tocicleta, foi publicada no dia 14 de outubro no Diário Oficial da União pelo MTE. Criada pela Lei 12.997, a norma foi acrescida à Con-solidação das Leis do Trabalho (CLT).Não recebem a periculosidade os autôno-mos, quem usa a moto apenas para ir ao trabalho e voltar para casa, quem traba-lha com a moto em local privado – como shoppings, condomínios e empresas – ou quem faz uso eventual da motocicleta.

O Sindicato dos Aero-viários no Est. SP reali-zou ato em frente à Gol para lembrar “um ano de enrolação da em-presa quanto ao paga-mento dos adicionais de insalubridade e pe-riculosidade aos seus empregados”, explica Reginaldo A. de Souza, Mandu, presidente da entidade.O Sindicato levou ao ato um bolo laranja para lembrar que a Gol, “vem, há um ano, buscando negar a realidade, preferindo protelar algo tão

Trabalhadores realizam ato em frente à GolSERVIÇO PÚBLICO

sério e discriminando os funcionários que atuam em Congonhas”, declara o dirigente. Segundo ele, “a pressão vai continuar até a Gol pagar seu pessoal”.

Jornada no Brasil é superior à de muitos países

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