jornal maranduba news #24

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Maranduba, 18 de Abril de 2011 - Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br - Ano 2 - Edição 24 Observação de Pássaros Região Sul promove palestra sobre observação de aves com Carlos Rizzo Foto: Adelina Campi

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Noticias da Regiao Sul de Ubatuba

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Maranduba, 18 de Abril de 2011 - Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br - Ano 2 - Edição 24

Observação de PássarosRegião Sul promove palestra sobre observação de aves com Carlos Rizzo

Foto: Adelina Campi

Página 2 Jornal MARANDUBA News 18 Abril 2011

Editado por:Litoral Virtual Produção e Publicidade Ltda.

Caixa Postal 1524 - CEP 11675-970Fones: (12) 3843.1262 (12) 9714.5678 / (12) 7813.7563

Nextel ID: 55*96*28016e-mail: [email protected]

Tiragem: 3.000 exemplares - Periodicidade: mensal

Responsabilidade Editorial:Emilio Campi

Colaboradores:

Adelina Campi, Ezequiel dos Santos e Fernando A. Trocole

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da direção deste informativo

Se um rio pudesse pedir socorro...Cartas à RedaçãoSe um rio pudesse

pedir socorro, comopoderia se expressar?

De que forma ele poderia nos dizer que não poderíamos mais beber de sua água, pescar seus peixes, banhar-se em suas águas, desfrutar de

sua beleza?Pois ele está nos

dizendo, mesmo sem fa-lar, ele está dizendo que

precisamos agir de forma diferente!

Meu nome é Alcides, tenho casa na Maranduba há mais ou menos 32 anos.Tenho lembranças inesque-

cíveis, pois meus filhos pra-ticamente foram criados na Maranduba.Hoje são empresários bem-

-sucedidos e também apaixo-nados pela bela Maranduba, hoje abandonada pelos “políticos”e pelos gestores dos órgãos públicos.Falo isso ao querido Editor

pois sei que [é um grande lutador pelo bem estar e da conservação da antiga e bela Maranduba.Lembro-me perfeitamente do

Rio Maranduba, quando todos os moradores faziam pescarias sem precisar sair para o “mar”.

Hoje, infelizmente, esse RIO maravilhoso está poluído pelo esgoto de certas pousadas, chalés e pequenos hotéis, e até casas construídas do mo-rimbundo Rio Maranduba.Diversos vereadores, prefei-

tos e autoridades estão fartas de saber da destruição desse querido Rio.Fácil é verificar. Andando pe-

las margens do Rio Maranduba se vê os canos que despejam água poluída. É um verdadeiro esgoto a céu aberto.Todos: visitantes, morado-

res e turistas ficam chocados com o desprezo das autorida-des pelo bem estar das pesso-as que vivem na região.Acontece sempre o pior, pois

quando algum político ou au-toridade for querer ajudar será tarde demais. Talvez queiram

canalizar o Rio que virou esgo-to, acando que estão fazendo uma grande obra.Poluindo o Rio estão poluindo

o mar, pois a água será leva-da para o mar. Dessa maneira estará estragando, sujando e poluindo as areias desta praia cheia de belezas naturais.Será que já não fizemos mal

o bastante para a natureza. Será que teremos que ainda ver até onde longe vai a nos-sa capacidade destrutiva. Será que vamos ter que assistir a morte de um Rio que agoniza?Ainda há tempo! Mas há

que agir. Arregaçar as man-gas e trabalhar. Unir esforços pois não há pessoa que pos-sa, em sã consciência, dizer não ao apelo que faz o Rio Maranduba.

Alcides Baptista

O Jornal Maranduba News, do denodado Emilio Campi, já caiu no gosto popular. Faz mais pela preservação da memória caiçara do que cer-tas instituições. Chamam a atenção os textos da Cristina Oliveira. Ela consegue, com talento, fazer um retrato po-ético concentrado do que foi o caiçara na sua simplicidade: “Mamãe havia feito um espa-nador com penas da cauda de um galo que, no dia anterior, servira de mistura para os pa-rentes que vieram nos visitar. Recordo-me dela passando o espanador no fogão, tiran-do toda a cinza, os restos de carvão” [...] “Aos domingos, as missas e, depois, o cam-po de futebol era o ponto de encontro do pessoal, ali você sabia de tudo, era um ponto de referência para tudo, prin-cipalmente para os mutirões.” [...] “Víamos ainda homens carregando pela estrada as mulheres em bicicletas, elas sentadas de lado com a perna cruzada e sombrinha”. Quem conheceu o caiçara sabe iden-tificar nesses textos toda uma época, toda uma cultura resu-mida nesses pequenos flashes,

que eu diria verdadeiras epifa-nias poéticas. Nessa descrição do espanador, lembrei-me de minha avó Maria, sentadinha num banco de madeira ao lado do fogão à lenha, depois dos afazeres domésticos. Sou leitor assíduo, sou fã da Cristi-na Oliveira.

Eduardo A. de Souza Nettoé caiçara, 58, prosador (nas horas vácuas) de Ubatuba, para Ubatuba e urbi et orbi

Orientação e Prevenção da Dengue

No próximo dia 20 às 13 ho-ras haverá reunião na micro-area 1 com a agente comu-nitária de saúde Mara sobre orientação e prevenção da dengue. A reunião será na Rua Benedito Antonio Elói, 130. Compareça.

18 Abril 2011 Jornal MARANDUBA News Página 3

Deputado estadual visita quilombolas na CaçandocaEZEQUIEL DOS SANTOSNo primeiro dia de abril úl-

timo, o deputado Simão Pe-dro-PT esteve em visita aos quilombolas da Caçandoca. A visita ocorreu na sede da Associação do Quilombo Caçandoca e teve um tom de camaradagem, já que o de-putado é velho conhecido de todos. Esteve na visita o den-tista Mauricio Moromizato, Gerson Florindo-Presidente do PT em Ubatuba, o comercian-te Fernando Pedreira, Cecília do Marbella, a caiçara Maria Cruz, Mario Gabriel do Prado da Associação Caçandoquinha e mais trinta pessoas da asso-ciação da Caçandoca. Na fala de abertura Antonio dos San-tos ressaltou a importância dos quilombos em Ubatuba já que

o município começa e termina com um quilombo (Cambury e Caçandoca). “De ponto a ponto temos quilombolas”, diz Antonio se referindo à falta de melhorias a vida de cada comunidade quilombola e de abandono da prefeitura a re-gião. Unânime foi usado como exemplo o abandono e a situa-ção precária em que se encon-tra a estrada da Caçandoca. A visita se deve a uma agen-

da elaborada por Moromiza-to em agradecimento a sua votação no município, Simão Pedro foi o deputado estadual do seu partido mais votado em Ubatuba. O deputado aprovei-tou para prestar contas de seu mandato, que o colocou de-dicado a questão quilombola. Agradeceu e cumprimentou a

nova diretoria daquela asso-ciação, além de se colocar a disposição do partido para as próximas eleições municipais, em 2012. Dentro das discussões, em

referência aos oito anos de abandono pelo Poder Público Municipal, Moromizato lembrou que é hora de recordar das coi-sas que aconteceram para to-mar uma atitude. Simão Pedro revelou que esteve com o novo Secretario de Educação Estadu-al onde entregou reivindicação de uma nova escola de 2º grau a região. Na sua fala reclamou junto ao Ministério do Meio Ambiente sobre o desenvolvi-mento das comunidades qui-lombolas que precisam avan-çar. Falou do Programa Federal Rede Cegonha que dependerá

muito dos municípios. Esperan-çoso com o governo de Dilma Roussef, o deputado comenta: “O país tem de ser melhor para todos, resolver os conflitos, avançar, mas com diálogo”.

Ele se despede lembrando que se faz necessário trazer todos os deputados para esta causa, pra não dizer que é só coisa de oposição, mas de composição, termina Simão Pedro.

EZEQUIEL DOS SANTOSNo último dia 12, na matriz

Cristo Rei na Maranduba, o prefeito Eduardo César, o bispo Diocesano Dom Altieri, Padre Carlos, o vice Rui Teixeira Lei-te e equipe técnica da prefei-tura se reuniu com moradores, comerciantes, empresários, representantes de associa-ções e lideranças locais para apresentação do projeto de melhorias de pavimentação da Avenida Expedicionários e a execução da ponte sobre o Rio Maranduba. Cerca de 50 pesso-as compareceram a reunião. A equipe da regional sul não par-ticipou do evento. Após as formalidades foi apre-

sentado no telão o projeto de melhorias. O custo da obra está orçado em R$ 815.057,25 e tem inicio previsto para o dia 25 de março e término para dezem-bro. Dentre as melhorias fo-ram discutidas questões como bolsões de estacionamentos,

Prefeitura anuncia obras sobre o Rio Marandubacalçadas, pinturas, canal de drenagem, lombadas e outros estudos sobre o transito. Carlos José, morador da

Lagoinha, questionou sobre o acabamento da obra, que segundo ele ficará um trecho ainda no barro como o espa-ço entre a rodovia SP-55 até a Avenida da Maranduba e após a ponte até a matriz. Segundo o Secretario de Obras, José Roberto Júnior, é por conta da licitação, já que o projeto já havia sido feito. Em relação ao acabamento Júnior afirma que os ajustes poderão ser incluí-dos numa segunda etapa, para ano que vem. O prefeito per-guntou à equipe sobre a possi-bilidade de bloquetear o trecho entre a rodovia e o Sinhá, que está fora do projeto. Outros questionamentos foram levan-tados pelos participantes como o trecho sem asfalto da linha do ônibus em frente à escola da Maranduba.

Luciano da Amasq questionou o trecho deficitário que liga a estrada do Sertão da Quina a creche Nativa Fernandes. O prefeito explica que são ques-tões fora da obra e que serão vistas pela equipe da Secreta-ria de Obras. A ponte será de estrutura de perfis metálico e concreto. Quando o prefeito comentou com a equipe técnica em levar a antiga ponte (depois de colocada a nova) para outro lugar, moradores solicitaram que ela seja colocada na própria região. O prefeito disse ainda que os problemas são maiores do que a condição de resolvê--los e que muitas ações no mu-nicípio tem a ajuda extrema do governo estadual. “Este ano, 2011, foi aplicado no município cerca de 22 milhões de reais. Tem recordes de recursos trazi-dos de fora para a região”, diz o prefeito. No termino da reunião foi apresentado trabalhos em andamento neste ano.

Página 4 Jornal MARANDUBA News 18 Abril 2011

Aluno do Colégio Áurea se destaca em evento regional de matemática

EZEQUIEL DOS SANTOSO aluno da escola Áurea Mo-

reira Rachou Eduardo Henrique Prado, 12 anos, do 7º ano re-cebeu certificado assinado pela Dirigente Regional de Ensino, Edina Paula Roma Teixeira, pelo desempenho e participa-ção na 4ª edição da Tabuada Vanguarda 2011 realizada no último dia 16 no colégio Tan-credo, centro da cidade. Eduardo, que é neto de João

Rosa (filho de um dos funda-dores da região), foi selecio-nado depois da realização de uma pequena seletiva no co-légio onde estuda. Na etapa municipal ele se classificou entre os cinco primeiros aon-de participou até a última ro-dada ficando há alguns passos do vencedor. O aluno foi incentivado pela

professora Ana Paula Câmara Saquetti que vê com orgulho o resultado conquistado à famí-

lia e a escola. Eduardo comen-ta que ficou nervoso no come-ço e no decorrer das provas mais tranqüilo. “Vou participar da próxima sim”, revelando a intenção de participar do pró-ximo concurso. O evento foi promovido pela TV Vanguarda nas cidades de abrangência de sua rede: Vale do Paraíba, Vale Histórico, Litoral Norte, Serra da Mantiqueira e Região Bragantina. O projeto teve como obje-

tivo estimular a participação das escolas e alunos em um evento cultural, educacional, competitivo e social. O con-curso é para alunos entre 9 e 13 anos que estejam cursando o ensino fundamental da rede pública estadual ou municipal. Estas cidades foram divididas em quatro grupos e Ubatuba estava no Grupo 2 - Sede Ja-careí. 46 cidades participaram deste concurso.

Eduardo com o vice-diretor do Áurea, Vicente Amaral

O Diretório Municipal do PSDB de Ubatuba reuniu-se, no último dia 15, sob a presidência do Ve-reador Rogério Frediani, no sa-lão do plenário da Câmara Mu-nicipal, para oficializar a criação da Ala Feminina do partido no município, que conta atualmen-te com 313 mulheres. O PSDB Mulher de Ubatuba será presidi-do pela comerciante Giovana de Oliveira Costa, do restaurante Petit Poa.Cerca de 70 pessoas participa-

ram da reunião. Dentre os pre-sentes estavam o Deputado Es-tadual Hélio Nishimoto, Manoel Marcos, ex-prefeito de Ilhabela; Maria Inês, Secretaria de Agri-cultura, Pesca e Meio Ambiente de Caraguatatuba; Felipe Au-gusto, presidente do diretório do PSDB de São Sebastião, Michele Veneziani Presidente do PSDB mulher de São Sebastião, Rei-naldo Moreira do PSDB Jovem de São Sebastião, Zangado de São Sebastião, Tato, presidente do diretório municipal do PTB, Sérgio Henrique Moreira e Alda Regina de Ilha Bela, Ronaldo Dias Júnior (Nuno), Jurandiau Lovizaro (Rei do Peixe), Marcos Veloso da Associação Comer-cial de Ubatuba, Mario Gabriel

Diretórios do PSDB reunem-se em Ubatuba

da Federação Quilombola do Estado de São Paulo, Antonio Antunes da União dos Morros da Caçandoquinha, lideranças co-munitárias, empresários, comer-ciantes, profissionais liberais, convidados, Marcilio Lopes Vice--presidente e Rogério Frediani presidente do PSDB.O deputado Nishimoto ficou

impressionado com o número de mulheres filiadas na ala fe-minina do partido. Parabenizou a atuação do partido no Litoral Norte e colocou seu gabinete, tanto da capital quanto do Vale do Paraíba à disposição da po-pulação. Comentou ainda sobre a certeza da duplicação da Ta-moios. Maria Inês, que também é coordenadora regional do PSDB Mulher destacou a importância da mulher na política, principal-mente na tomada de decisão de políticas públicas as mulheres. O ex-prefeito de Ilhabela, Manoel Marcos, fez um relato de sua trajetória política e das conquis-tas do partido nos municípios: “O PSDB tem de se tornar unido e forte no litoral”, concluiu Ma-noel. Já Felipe Augusto, de São Sebastião, falou da estrutura do partido para o futuro, das dificul-dades da expansão econômica

do litoral, referindo-se à existên-cia de vários gargalos, como as questões ambientais. Zangado, ex-presidente da Câmara de São Sebastião, falou das estruturas que estão aparecendo na regiao, falou da luta da população para conquistar espaços, postos de trabalho e renda. “Se não tomar-mos partido seremos um povo em extinção”, conclui Zangado.O presidente do partido em

Ubatuba, Vereador Rogério Frediani, aproveitou a oportuni-dade para entregar ao deputado um estudo de mudança no tra-çado da Oswaldo Cruz, no trecho de serra. Frediani disse que foi um munícipe quem lhe entregou o estudo para que fosse anali-sado. Disse também que nesse trabalho é previsto a construção de um túnel ou ponte, como a da Imigrantes, no trecho de serra, facilitando em muito o fluxo de veículos na região. O microfone esteve todo o tempo à disposição de todos. Após as considerações finais dos partici-pantes Frediani deu por encer-rada a reunião relembrando que o partido e seu gabinete estão à disposição da população, lem-brou também que o partido está aberto a novas filiações.

18 Abril 2011 Jornal MARANDUBA News Página 5

Produtores de Ubatuba visitam Sítio de frutas nativas em ParaibunaEZEQUIEL DOS SANTOSNo último dia 23, com apoio

do Programa de Microbacias II, Quilombolas, Indígenas e Caiçaras tiveram a oportunida-de de conhecer novas alterna-tivas de cultivo. Representan-tes das aldeias do Prumirim e Corcovado, do Quilombo da Fazenda da Caixa e dos bairros do Sertão da Quina e Araribá estiveram em visita ao Sitio do Bello em Paraibuna. A vi-sita teve o acompanhamen-to do engenheiro agrônomo, Dr. Antonio Marchiori da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), engenheiro agrônomo, Dr. Eduardo Drolhe da Apta (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) e os engenheiros agrônomos José Luiz Hungria e Othoniel Francisco, o engenheiro elétri-co Godoy Mollica da Fundação do Instituto de Terras de São Paulo - Itesp e um represen-tante da Secretaria de Agricul-tura de Paraibuna. Esteve tam-bém o agente do Programa Luz Para Todos - Shinji Yoshino e representantes da Eletrobrás - Furnas Centrais Elétricas.Na oportunidade foram mos-

tradas as instalações e equipa-mentos de uma micro indústria familiar onde são processadas as polpas de frutas para sucos e também armazenadas frutas para a produção de geléias e doces. O responsável pelo si-tio é Sebastião Donizete, que mostrou ao grupo detalhes da produção. O sitio produz frutas nativas específicas da mata atlântica. O sitio do Bello começou o plantio das frutas em 1999, que depois de recuperar a cobertura vegetal, recebeu um destino econômi-co e de valorização comercial as frutas. A idéia é trazer ao mercado, na forma de frutas in natura, sucos, polpas con-

geladas ou doces, frutas típi-cas do país tais como: uvaia, grumixama, feijoa, araçá, baru, jenipapo, biribá, cam-buci, cambucá, gabiroba, ce-reja do rio grande, jaracatiá, pitanga entre outras. A busca de parceiros e de profissionais capacitados foi fundamental para o sucesso do sitio e pro-porcionou um grande leque de opções a partir de frutas nativas. Segundo Donizete, o mercado aceita muito bem es-tes produtos por serem ações voltadas para a recuperação de solo de áreas degradadas e para a oferta diversificada de frutas. As espécies cultivadas no Sítio do Bello normalmen-te são difíceis de encontrar no mercado. O local possui dez hectares, sendo quatro hecta-res cobertos com mata nativa e seis hectares com cerca de seis mil pés de árvores frutífe-ras em produção. As polpas de frutas do sitio do

Bello para serem produzidas não dependem da aplicação

de agrotóxicos e também não possuem conservantes, coran-tes ou aditivos. A Prefeitura de

Paraibuna e a Cati, por meio de sua assistência técnica e extensão rural, incentivam o modelo de produção praticado no sitio do Bello, orientando e acompanhando a implantação de pomares diversificados. Para o engenheiro agrôno-mo Antônio Marchiori, exten-sionista da Cati e doutor em Ciências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, “pomares diversificados como os da experiência de Paraibu-na são muito importantes em função da sua integração com os ecossistemas locais e tam-bém como forma de geração de renda e permanência na terra da agricultura familiar”. Em Ubatuba, as parcerias en-tre Cati, Funai, Apta e Itesp estão sendo fortalecidas para ampliar e melhorar os cultivos em sistemas agroflorestais já existentes. A Prefeitura de Ubatuba, a Eletrobrás – Fur-

nas Centrais Elétricas, a Uni-versidade São Judas Tadeu, o Instituto de Tecnologia de Alimentos – Ital e a Embrapa também poderão ser parceiros importantes.As lideranças quilombolas,

indígenas e caiçaras ficaram bem impressionadas com o que viram e também muito sa-tisfeitas com a forma com que foram recebidas pelo pessoal do sítio do Bello e pela equi-pe da Casa da Agricultura de Paraibuna.Para Laura Braga, da Asso-

ciação da Comunidade de Re-manescentes de Quilombos da Fazenda Picinguaba, a implan-tação de um pomar diversifi-cado e de uma cozinha indus-trial no Quilombo é um sonho. Ela acredita que com o forta-lecimento das parcerias e com o apoio do Programa Estadual de Microbacias II o sonho po-derá ser realidade.

Página 6 Jornal MARANDUBA News 18 Abril 2011

O caiçara Flávio Ferreira é um daqueles personagens que passa muitas vezes desperce-bido pelo grande público. Só mesmo quando expõe seus trabalhos na porta de sua casa é que chama a atenção. É algo diferente, pois todos olham, uns admiram outros acham di-ferentes, outros não mostram reação nenhuma. Com 23 anos, tímido, ele nos

conta que já foi da “pá vira-da” e que hoje mudou mui-to. Flávio tomou gosto pelas artes quando resolveu estu-dar em Caraguatatuba aos 13 anos. Não completou os estu-dos porque não tinha dinheiro para concluir o curso, que era particular. Insistente resolveu estudar a noite, em casa, com os livros que conseguia. Flavio teve a oportunidade de visitar a casa de um grande artista, que mostrou suas obras ao jo-vem. Encantado deu continui-dade em seu trabalho. Na falta de material para trabalhar ele criou uma técnica que envolve barro, água e tinta (restos de tinta que consegue com ami-gos). De estilo inovador, ele usa a

ponta dos dedos para dar for-ma aos trabalhos que fica com um relevo interessante. “O que

Flavinho: artista da terra

tiver de tinta eu uso, não dá para escolher”, diz o jovem. Só escolheu trabalhar com terra porque é uma matéria prima encontrada em abundância na região. A arte é realizada sobre restos de pisos e lajotas que não tem mais valor comercial. Para mostra ele possui dois cadernos cheios de desenhos, são os modelos a serem trans-feridos ao piso. “Posso fazer um esboço ou pintar direto, como a pessoa preferir”, con-clui o artista. No papel as obras em preto e branco chamam atenção. Os mais bonitos de-senhos que fez, segundo ele, foram duas gravuras: uma de São Jorge e o dragão e outra uma casinha de fogão a lenha. A região tem uma veia artis-

ta muito própria e que muitos deles encontram-se como o jovem Flavio sem perspectivas de viver de sua arte, ou pior, a falta de uma política voltada à valorização da arte e da cultu-ra é desestimulante a qualquer artista. Muitos destes jovens vão embora ou partem para outra atividade e quem perde é o município e a regiao. Flavio insiste na arte porque gosta do que faz e não liga para as criti-cas negativas que recebe, ape-nas tenta aprender com elas.

EZEQUIEL DOS SANTOSNo último dia 16, sábado,

como parte do Programa Esco-la da Família cerca de 50 mora-dores da região sul de Ubatuba participaram da palestra de Carlos Rizzo sobre observação de aves. Dentre eles adeptos e profissionais da área de turis-mo, músicos, agricultura, ma-teiros, trilheiros, pescadores, guias, outros profissionais e curiosos. Também moradores tradicionais com relação dire-ta com a formação histórica e cultural do litoral estiveram presentes. A palestra era esperada des-

de 2010 e aconteceu na escola Áurea Moreira Rachou no Ser-tão da Quina. Muitos mora-dores não puderam participar por conta do trabalho ou com-promissos assumidos anterior-mente. O evento começou as duas da tarde e contou com

Observação de aves atraem moradores

muita descontração e profis-sionalismo do palestrante. Os interessados interagiram com Rizzo fazendo várias pergun-tas. Muitas das aves mostradas são do conhecimento daquela população, algumas possuem nomes diferenciados. A aten-ção se deu em maior parte as aves raras ou ameaçadas de extinção. Não faltaram risos a alguns nomes populares e as condições de sobrevivências das aves. O trabalho mostrou ainda a importância da atua-ção da atividade na inclusão de portadores de necessidades especiais a sociedade, do tra-balho com as escolas e com tu-ristas nacionais e estrangeiros. Após o feriado da Semana

Santa será elaborado um ca-lendário para o curso de ob-servação na região. O curso é parte da meta de qualifica-ção da comunidade a nova

tendência de turismo justo e consciente: O Turismo Rural e o de Base Comunitária, que utiliza o etnoconhecimento, o bem estar social local e regio-nal, o desenvolvimento sus-tentável e a difusão igualitária sobre os temas para geração de emprego e renda. Rizzo é ornitólogo amador e fundador do Ubatuba Birds, possui livros publicados, realiza pesquisas e mantém atualizada a lista das aves de Ubatuba, trabalha na Secretaria Municipal de Meio Ambiente com observação de aves, na Educação Ambiental e na capacitação do receptivo da cidade para o turismo de observação na baixa tempo-rada, realiza cursos e palestra graciosamente nos tempos va-gos. Ele reforçou a importância da atividade para os eventos e oportunidades que virão como a Copa de 2014 e as olimpía-das de 2016 e das parcerias a serem realizadas, por exem-plo, com o Parque Estadual da Serra do Mar. Comentou ainda da importância de publicações de fotos na internet, citou a Wiki Aves (www.wikiaves.com.br), a enciclopédia de aves do Brasil, onde mantém um perfil pessoal, fotos e sons de aves de Ubatuba. A palestra teve o apoio do

colégio Áurea Moreira, Blofor, Restaurante Petit Poa, Auto Posto Frediani & Frediani, Se-cretaria Municipal de Meio Ambiente, Sindicato dos Tra-balhadores e Trabalhadoras de Ubatuba, Sitio Lama Mole, Sitio Promata, Sitio Recanto da Paz, Centro de Integração Rural, Catifó, Associação de Morado-res da Maranduba, Associação de Moradores e Amigos do Ser-tão da Quina e Associação do Quilombo Caçandoquinha. Os interessados aguardam ansio-sos os inicio dos trabalhos na região.

18 Abril 2011 Jornal MARANDUBA News Página 7

O jovem pesquisador Camilo de Lellis Santos teve seu perfil publicado no Jornal Imprensa Livre do final de semana 26 e 27 de março. A matéria in-titulada Menino Prodígio, foi publicada na página A4 da edi-ção número 5038, ano XXIV no caderno Perfil com meia pági-na de destaque. No texto é contada a trajetória deste que foi considerado exceção pelo jornalista Saulo Gil em meio a uma triste regra educacional brasileira e regional. Camilo que é morador do Sertão da Quina sempre estudou em es-colas públicas (Áurea Moreira Rachou e Capitão Deolindo), desde cedo optou pelo estudo como ferramenta de transfor-mação de vida. Sempre foi considerado bom

aluno, seu potencial desper-tava o reconhecimento dos professores, dentre os quais destaque para Lílian (química) e Ludmila Sadokoff (biologia) que foram fundamentais para que hoje ele seja o caiçara mais jovem a ter concluído um curso de doutorado no Brasil. Com intuito de ser aprovado em uma universidade pública conseguiu passar nos vestibu-lares da Unifesp, Ufscar, Unesp e em segundo lugar na Unitau. Camilo optou pelo curso de

Ciências Biológicas da Unesp. Lá terminou o curso como o melhor aluno da turma. Na Unesp conseguiu dar um sal-to especial. Iniciado uma car-reira cientifica no laboratório de fisiologia do Pâncreas En-dócrino da Unesp, ele teve a oportunidade de desenvolver um trabalho bastante ela-borado, sendo prontamente convidado para prestar um prova de doutorado direto na USP. “Era, portanto, a princi-

Perfil de jovem pesquisador é publicado em mídia regional

pal universidade do país reco-nhecendo que o Litoral Norte tinha dado ao Brasil um cien-tista com potencial para fazer a diferença”, escreve Saulo Gil em seu texto. Camilo não teve de passar pelo mestrado, foi direto ao doutorado. Passou no teste e aos 22 anos já ti-nha iniciado o projeto de dou-tor. Camilo criou aulas práticas que dispensam o sacrifício de animais, utilizando animais de pelúcia para ensinar fisiologia. Mas foi no Pós Doutorado que Camilo conseguiu mais desta-que, trabalhando em uma pes-quisa que poderá mudar a vida de cada ser humano na terra. O jovem encabeça uma avalia-ção de frutos nativos através de um convênio entre a Uni-versité Laval (Quebéc-Canadá) e a USP no Brasil. O estudo das frutas pode

contribuir na prevenção de doenças como diabetes, obe-sidade, síndrome metabólica e inflamações. O estudo é reali-zado com frutos brasileiros e

duas delas encontram-se em Ubatuba: o Araçá e o Cam-buci. A matéria mostra toda a trajetória do processo em estudo e em fase de experi-mentação. Testes em cobaias estão sendo realizados para confirmar os efeitos benéficos do ABA (hormônio vegetal aci-do abscisico) e da descoberta de Camilo. O cientista revela o desejo

de voltar ao Litoral Norte para contribuir com seu conheci-mento adquirido pelo mundo. Para isto espera ser contrata-do como professor de alguma universidade. Espera ainda que forças políticas possam trazer para o litoral uma universida-de publica. Ele termina a en-trevista dizendo que conhece várias cabeças brilhantes por aqui, mas lamenta a falta de oportunidades que ofusca este brilho. Termina falando da saudade que tem da região e dos mergulhos na Praia do Sul da Ilha Anchieta, onde seu pai foi guarda-parque.

O CIR (Centro de Integra-ção Rural) convida a todos a participarem de um bazar be-neficente que acontecerá nos dias 30/04 a 01/05 das 9 às 17 horas no Sitio Recanto da Paz (Sítio da Dona Annie), no bairro do Araribá. O bazar terá a arrecada-

ção doada a Santa Casa de

Bazar beneficente no AraribáUbatuba e ao S. O.S. Japão. São materiais novos como bol-sas, mochilas, brinquedos, jo-gos, estojos entre outros. Esta ação só é possível graças

a doação da Loja Flórida da ca-pital, através dos proprietários Ama Chen, Ana Chen Kamiya-ma e Paulo Kamiyama. Compa-reçam e tragam sua família.

Alguém pra me amar

Num lindo dia acordei,e logo me levantei.Saí andando nas ruas justo contigo eu cruzei.

Olhei dentro de teus olhos, uma linda mulher me deparei.Ela me olhava assustadaque quase me hipnotizava,por esta mulher me apaixonei.

Vou membóra, triste sozinho,pensando naqueles olhos, no caminhoque jamais de novo verei,mas uma coisa tenho certezaos olhos daquela princesajamais me esquecerei.

Sorrindo te vejo em meu sonhoMas logo acordo tristonhoDesejando sempre te encontrar.Sinto um aperto em meu peito, Faz tempo que não durmo direitoProcurando alguém pra me amar.

Wellington Gomes de Oliveira

Cantinho da Poesia

Página 8 Jornal MARANDUBA News 18 Abril 2011

Poço do Crânio: beleza de perder a cabeçaEZEQUIEL DOS SANTOSCom apenas meia hora de

caminhada é possível chegar a um outro recanto belo e místi-co da região. A mata guardou vestígios das antigas roças, caminhos ainda possíveis do período colonizador e indíge-na. A mãe natureza premiou a comunidade com mais um pedaço de paraíso colocado a dedo de Deus, escondida dentro da mata fechada. A comunidade por sua vez guar-dou nos últimos 150 anos esta beleza que pode e deve ser desfrutado de forma racional, organizada, sustentável. O poço do Crânio não é algo

espetaculoso, digno das filma-gens de Indiana Jones, é algo assim mais tranqüilo, recanto mais para observação, con-templação, relax, trocando em miúdos colocar a “preguiça” pra fora. Suas águas verde-esmeralda nos dão a exata certeza de que a natureza faz pela gente. A beleza do conjunto de sua obra natural inspira muitos artistas. Mesmo para quem está acostumado com belezas naturais, se es-panta com este pequeno pe-daço, mas belo por natureza.É bom sempre lembrar de

que um guia é mais do que necessário, principalmente quando se trata de pular pe-dras. Ë que para melhor apro-veitar o dia, tem de sair cedo e como o lugar está embaixo da floresta o sol só é possível bem mais tarde, a partir das dez da manhã. Enquanto isto não acontece, as pedras se tornam perfeitas armadilhas, estão tão lisas que mesmo um guia experiente pode escor-regar. É comum em lugares como estes pessoas baterem a cabeça, os joelhos, os bra-ços, se machucarem.

Pela manhã o local ainda está frio, as pedras úmidas, mas nada em que um bom aventureiro não tente trans-por. Basta seguir as recomen-dações e bom passeio. A saída é pelo Sertão da Qui-

na, entrando ali pelo Bar Cam-ping da Cachoeira (do Eraldo), ao lado da cachoeira da Re-nata, subindo em direção do Poço Verde. Por um pedaço de trilha segue até uma bifur-cação, por um lado o caminho até o Chafariz, Água Branca. Por outro, ao rio que dá aces-so ao Poço do Crânio. É possí-vel subir as pedras a partir do Poço Verde, não é recomen-dável, é que aumenta os risco de tombos e escorregões.Devagar e sempre um bom

observador começa a sentir a diferença já na temperatu-ra do clima que chega a cair rapidamente, mais a sensação térmica, em pelo menos cinco graus. Depois são os sons da natureza, em principio o visi-tante tem a sensação de que só houve o som das corredei-ras, depois de dez minutos embaixo das gigantescas árvo-res ele percebe até o som do vento, das aves, dos pequenos animais, até uma folha caindo. Nas pedras, o olhar as revela

todas iguais, mais uma espiada detalhada percebe-se que não é bem assim, existem pedras avermelhadas, outras com formas humanas caricatas, outras com marcas estranhas, como se fossem marcadas por alguma coisa ou alguém, sem-pre numa coloração diferente como se fosse de propósito para ser observada. Tem uma próxima ao poço que parece uma “quilha” de barco virado de cabeça para baixo. Todas as pedras fixas no solo mar-cadas fazem alusão aos pon-

tos cardeais: norte, sul leste e oeste. Mistério ou coincidên-cia? Ar de mistério são as lu-zes que transpassam as copas das arvores e riscam o ar até a água com seus raios brancos em feixes de luz que parecem coisas de filme de terror. Ao chegar ao local uma para-

da para observar melhor, fazer o reconhecimento do lugar. Os mais apressadinhos sobem na pedra e saltam no meio no poço criando ondas que inva-dem as pequeninas praias de areais brancas. O meio do poço tem cerca de dois metros e meio de profundidade e a pedra do salto pouco mais três de altura. Claro que é bom dar uma olhadinha e sentir se seu grau de coragem e capacidade de salto é recomendável para o local. Se não der para saltar tudo bem, um bom mergulho vale a pena.

Vista do alto da pedra do “crânio”. Abaixo, pedra seme-lhante a uma canoa emborcada (detralhe da quilha).

18 Abril 2011 Jornal MARANDUBA News Página 9

Um ambiente para desestressar a almaNa cachoeira do Crânio exis-

te uma pedra em que a água escorre por cima fazendo uma pequena cachoeira, dá para deitar sobre ela e sentir as águas fortes nas costas ou na cabeça, um bom lugar para “esfriar a cabeça”. No seu lado esquerdo existe um local onde parece um ralo de pia, a água roda em seu entorno realizando massagens em seu corpo sem água no rosto, dan-do uma sensação muito dife-rente. Tem ainda uma pedra em que é possível passar por baixo mergulhando saindo do outro lado. São experiên-cias em que é necessário ou-tro adulto observando. Estas brincadeiras têm um risco um pouco maior de preocupação, por isso muita atenção. Neste lugar a água parece

ser mais doce do o usual. No entorno as flores das gran-des árvores parecem perfu-mar a água. É possível avistar “Cambucaeiros” (arvores de Cambucá-Marlierea edulis) e “bacuparieiros” (árvores de Bacupari-Rheedia gardneria-na) enormes ajudando na be-

leza da paisagem. Brejaúvas, orquídeas e bromélias se fa-zem de tapetes ou de adornos aos troncos de arvores. Na pedra do salto existem plantas que suas flores, além de co-mestíveis são belíssimas. Por vezes é possível ver marcas de animais nas prainhas do poço. As pedras que não recebem

água tem uma cobertura ve-getal única, um tapete natural de rara beleza. Esta cobertura já foi utilizada no passado para cobrir os presépios de natal. A preocupação com o lugar

é constante, moradores que costumam ir lá costumam observar mudanças, princi-palmente as ruins. O Técnico em Turismo Rural, César Mar-colino Giraud, 28 anos, teme que o uso desordenado aliado a falta de informação dos vi-sitantes cause o desgaste na-tural do local. Para ele, o local já devia ser monitorado por guias locais, que com as infor-mações corretas manteriam a beleza e a pureza do lugar, podendo sempre ser utilizada às futuras gerações. “Nossos pais, nossos avós tiveram o

cuidado de cuidar deste lugar, mesmo quando roça, agora é a nossa vez de manter o que eles fizeram.”, comenta César. O som da cachoeira e das

corredeiras faz com que qual-quer estresse desapareça, pois além de relaxar o corpo o Crânio oferece uma visão

que nenhum papel de pare-de poderá proporcionar. Boas fotos poderão valer uma boa recordação e a vontade de vir novamente. Crânio é em referência a

uma pedra que tem sua si-lhueta e que agora está co-berta de vegetação, mas se

olhar com atenção poderá ob-servar a semelhança. Segundo César Marcolino, foi ele com o amigo Davi que começaram a dizer o nome Crânio por conta da semelhança da pedra e daí o nome pegou. Parece que an-tes se chamava cachoeira do sapo.

Pedra que se assemelha a um crânio deu origem ao nome da cachoeira nas vertentes do Sertão da Quina

Página 10 Jornal MARANDUBA News 18 Abril 2011

Moradores participam de debates sobre oportunidades e uso do Parque Estadual

EZEQUIEL DOS SANTOSNo ultimo dia 7, na sede do

Centro de Visitantes, Praia da Fazenda na Picinguaba, moradores da regiao sul de Ubatuba participaram de reu-nião ordinária que tratou da manutenção do fórum de gestão participativa do Par-que Estadual. Vários outros atores e parceiros interessa-dos, tanto do meio ambien-te, quanto das populações deram sua contribuição. Por e-mail, Adriano Mello Gestor do PESM, coloca que “existem muitos desafios a superar e também muitas oportunidades a aproveitar, e é em sinergis-mo, de forma representativa, participativa, pró-ativa e com diálogo que conseguiremos construir a prosperidade dessa importante área protegida de Ubatuba”. Algumas metas fo-ram traçadas para 2011, o ano internacional das florestas, como a promoção do proces-so de renovação do conselho consultivo, usando para isso um edital de chamada públi-ca, considerado essencial para acelerar a implementação do parque. Representantes do PESM esperam que as Câma-ras Técnicas criadas em 2010 – Uso e Ocupação Tradicio-nal, Zona de Amortecimento, Pesquisa e Turismo, Cultura e Educação Ambiental sejam as ferramentas estratégicas para as ações propostas a serem construídas de forma integra-da e participativa. Na ocasião houve palestras

antes das discussões pontuais. As comunidades destacaram

a abordagem do Presidente do Instituto Ecobrasil, Rober-to Mourão, que apresentou os conceitos, as oportunidades e os desafios do tema Turismo de Base Comunitária, usando a sua experiência Brasil afora. Mourão destaca o tema como de extrema relevância para a realidade do Parque diante do potencial transformador que traz o Projeto. Apresen-tou ainda o Manual Caiçara de Ecoturismo de Base Comunitá-ria realizado em parceria entre o Instituto Ecobrasil e o Bioa-tlantica. A proposta do Parque é trabalhar fortemente em 2011 no âmbito da implemen-tação do Plano de Manejo (Pro-gramas de Manejo: Patrimônio Cultural, Uso Público e Intera-ção Sócio-Ambiental). Foi pro-posta uma reunião na região para maior participação das comunidades locais em data ainda a ser definida. Diferente dos anteriores o evento teve aprovação da grande maioria

dos participantes. Várias câ-maras técnicas foram criadas e ou renovadas para as discus-sões mais pontuais. São palavras difíceis que tra-

duzem a vontade dos atores envolvidos em se apruma-rem para situações em que todos possam ganhar, aliado a preservação tanto da cultu-ra quanto da biodiversidade, buscando alianças e alterna-tivas de geração de emprego e renda aos atingidos direta e indiretamente pelos limites e interior do Parque. Importante parceiro será a implantação do Programa Estadual de Micro Bacias II da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - Cati atuando diretamente nas comunidades, o programa tem total apoio e conhecimento dos moradores a serem bene-ficiados. Após as discussões houve sorteios de brindes, do manual e em seguida um lan-che em estilo comunitário des-contraiu os participantes.

Roberto Mourão, da Eco Brasil, apresenta projeto comunitário

No último dia 06, a partir das nove da manhã, com um belo café da manhã, a Uni-dade de Saúde do Sertão da Quina realizou uma bateria de atividades ligadas à preven-ção da saúde. Foi caminhada com a professora de educação física Carla, orientação nutri-cional com Camila, assistência social com Marcelo e fisiotera-pia com Carlos Eduardo. Teve ainda verificação de pressão.

Agita Sertão da Quina

18 Abril 2011 Jornal MARANDUBA News Página 11

Frases e conversasdo Povo Caiçara III

AMILTON SOUZA Não tem jeito, basta lembra

de uma palavra ou uma situ-ação que logo lembraremos um momento, até na tragé-dia lembramos algo sendo ela principalmente engraçada. Lembro-me de algumas que participei ou ouvi. São elas:

1-“Pelo braço deve ser o Dirceu...” – Nilo Mariano na tentativa de descobrir quem estava chamando sua aten-ção no portão de sua casa em 2010...2-“Se vocês não pararem a

briga agora, vou chamar o Tenente!...” – Dimão Correia expressando toda sua indig-nação com uma briga que ocorria em uma festa no bair-ro em 1989... 3-“Maldita pedra!!! Porque

haverás de estardes aqui?” - Translation (tradução): “Pe-dra infeliz !!! Qual o motivo de se fazer presente tão pró-ximo aos meus pés tendo por conseqüência, me levado ao seu encontro?” Little Simon utilizou esse linguajar pecu-liar em 1990 as 02 horas e 52 minutos da manhã, esbra-vejando depois de tomar um tombaço naquela pedra que tinha no meio do Bar do Zé...4-“Se fosse um sorteio entre

o mundo inteiro pra quem vai ser enforcado, a gente ga-nhava em primeiro...” – Ha-roldo da Naílda do Bituantune reclamando em 2001 da má sorte que tem em bingos e rifas... 5-“Benedito é o fruto do

Ubatubense Jesus...” Amilton Souza enquanto rezava pra dormir em 1983...6-“Lá vou eu de caniço e sa-

burá ...” – Mané Baró cantava

desde 1985 nos momentos em que estava levando van-tagem no jogo de damas...7-“Dá uma antártica quente

e vai tomano cuidado...” – Man is Hillary (Mané Hilário) disse em 1987 no Bar do Bru-xa ao Galo... 8-“Mas é só você ajudar a

pagar o pedal...” – Nailda do Haroldo do Mané Preá disse a sua irmã Naluce do Jorge do Kito em 2010, explicando que para ir à São Paulo de carro é só ajudar a pagar o pedá-gio...9- “O Freddy Mercury era

Rabino...” - Bagos K-Borge disse a turma em 2010 reve-lando as preferências do vo-calista do Queen....As frases 10 e 11 contam a

mesma história:10-“Ô meu anjo... mas você

só vai gastar um litro de óleo (diesel)...”Um distinto senhor de ori-

gem lusitana que queria fazer a sua mudança da Maranduba até a Tabatinga sem pagar muito dinheiro no caminhão do Mané Gaspá em 1982...11 – “Ah é? Então o senhor

pega um litro de óleo (diesel), taca fogo, põe a mudança em cima que ela vai sozinha...”- Respondeu com todo o cari-nho que lhe é peculiar nestas horas, meu querido avo Mané Gaspá...12-“Não tem segunda voz

melhor que a do Lulu...”Everaldo Cara-de-onça ex-

pressando suas preferências musicais regionais em 2009...

Amilton Souza é músico pro-fissional e já tocou no bar do Moisés com Ulisses na guitar-ra e Bacurau na [email protected]

Maranduba, terra acolhedora

DIOGILEI TADRAQuando vejo esta terra,

praias, o mar, esta natureza que Deus criou, fico imaginan-do como nossos antepassados viviam aqui em contato direto com a natureza, vivendo da pesca e da mata. Num passado não tão distan-

te, lembro-me das “redadas” de tainha em que turistas es-tavam por perto ajudando a puxar as redes de 900 braças, muitos em que já naquela épo-ca filmavam a pescaria para mostrar como um troféu para suas famílias e amigos da cida-de grande. Se fazia o cerco dos grandes

cardumes que o “espia” esta-va já há muito tempo “son-dando” e quando aqueles 50 homens,25 de cada lado, mui-tos ainda estavam só com um gole de café “margoso” no bu-cho, viam que se aproximava a rede da praia. A emoção era muito grande

pois aquelas enormes tainhas pulando desesperadamente

para tentarem, sem resultado, saírem fora do cerco, pare-cendo até que sua inteligên-cia superava a dos pescado-res, exaustos pelo cansaço de puxarem aquelas “tralhas”, a “cortiça” e o “chumbo”, este na qual tinha que um peque-no menino ficar o tempo todo agachado para que as inteli-gentes tainhas não passassem por debaixo... mas este menino também tinha o seu “quinhão”.Quando a rede chegava na

praia vinha aquela enorme quantidade de tainhas e ou-tros menores peixinhos, para alegria de todos e como uma recompensa pelo esforço de ter acordado as 4 da manhã, todos levavam para casa, alegremen-te e satisfeitos a sua “mistura”.Raça, fé e inteligência se

misturavam na vida desses heróis pescadores, onde mui-tos eram apenas temporários, mas quem embarcava a rede, colocava-a na carreta e depois à tarde ainda ia colocá-la no sol para “soalha-la” eram cha-

mados de “camaradas” que dedicaram parte de sua vida para cuidarem daquilo que tanto gostavam, cuidando também de sua terra, (eles já praticavam o que hoje chama-mos de ecologicamente corre-to) linda e abençoada e que muitos vem de fora para se estabelecerem aqui.Mas como disse no início, te-

nho saudades das “redadas” de tainha e dos mais antigos da região em que parando só um minutinho para “prosear”. Nos sentíamos tão bem com aquela simplicidade que lhes eram peculiares, com aqueles dizeres que somente os mais chegados conseguiam “deci-frar”, vivendo de coisas sim-ples, mas tendo uma alma gi-gante que só grandes homens são capazes de possuí-las. Não vou citar nomes aqui,

para não ser injusto com nin-guém, mas ficam registrado estes grandes heróis que fize-ram da nossa região um lugar melhor para se viver.

Página 12 Jornal MARANDUBA News 18 Abril 2011

Gente da nossa história: Catharina de Oliveira Santos fé e paciência numa só alma

EZEQUIEL DOS SANTOS Catharina de Oliveira Santos

nasceu no mês de Maria, no mês das noivas, no mês das mães, no mês das flores de maio, num berço humilde do bairro do Ser-tão da Quina em 28 de maio de 1913. Sua humilde residência era de José Pedro de Oliveira com Balbina da Conceição Felix dos Santos, que antes era de Luiz da Rosa. Feita em pau-a--pique, tinha ao seu redor todo o material necessário para sua sobrevivência. Catharina dividia a simplicidade da vida com os irmãos Pedro Rosa de Olivei-ra, Rosa Pedro de Oliveira-Tia Óta, Conceição (Cabral) Pedro de Oliveira, Sebastiana Felix de Oliveira – Tia Tiana, Maria das Almas de Oliveira, Maria do Am-paro de Oliveira, Benedita Janu-ário de Oliveira, Nativa Rosa de Oliveira e Sebastião Pedro de Oliveira. As mulheres tinham quíntupla ou sêxtupla jorna-da de trabalho naquela época. Davam conta da casa, da roça, da pesca, do artesanato, do es-poso. Mas, o mais importante é que davam conta da fé, que era pura, original, incomum, diferente, prazerosa, sábia, ca-rinhosa, verdadeira e feita para o bem. Catarina trabalhava no perío-

do em que a safra saía nas cos-tas dos homens as Vilas, Muitos produtos eram trocados por ga-linha, ovos, carne de porcos e grãos para plantio. Sem luxo e sem frescura, ela e

seus irmãos aprenderam o sufi-ciente para sobreviver. Da roça tiravam quase tudo que neces-sitavam e naquele ambiente saudável foram crescendo meio que selvagem. Existia uma pre-ocupação natural com os fami-liares e esta educação Cathari-na passou a seus conhecidos. Ela dizia que o homem tinha sempre que aprender as coisas através do amor e da fé e não através da dor. As dificuldades da vida eram superadas pela dedicação e atenção ao amor que lhe era peculiar. Em sua casa preparavam rou-

pas para as crianças. as pesso-as se reuniam e realizavamNão se trocavam mais es-

pelhos por pedras preciosas, mas trocavam-se pouso e hos-pitalidade por uma boa prosa. Catharina recebia a todos com muita atenção e carinho a luz

de lamparina. Aos quatro anos de idade,

ela sente uma movimentação estranha acontecer no morro do Emaús. Naquele local acon-teceu um fenômeno religioso que mudou os rumos da vida de seus reais moradores. Cathari-na, aos 16 anos casou-se com Salustiano Félix dos Santos, fi-lho de Luiz Félix dos Santos e Maria Pedreira. Deste casamen-to tiveram os filhos Manoel (fa-lecido), Joaquim, Pedro, José, Luzia, Sebastião, Maria, Isabel (falecida), Luiz, Balbina, Benedito e João. Este úl-timo sua mãe biológica havia falecido em função de complicações do par-to. Era o filho da comadre Geralda que seria cuidado com o mesmo carinho dos outros filhos. Na ocasião do casamen-

to, todos foram até a Igre-ja Matriz para o casório. Casaram de dia para dar tempo de chegar em casa para a noite de núpcias. A caminhada levou cerca de quatro horas. No ca-samento Catharina usou grinalda feita de flor de laranjeiras, seu buquê era de flor de Marecá e Ciosa e pela primeira vez, pri-meira vez mesmo coloca-ra em seus miúdos pés um par de sandálias. Sua primeira morada era

pequena, porém aconche-gante, nos fundos, logo abaixo um rio que servia água para cozinhar e ba-nhar. Uma casa de farinha,

com “prensa de arataca”, forno de pedra, tachão de cobre e moenda manual era parte da paisagem.O marido viajava a Santos para

trabalharem nos bananais e nas Docas do Porto, neste intervalo ela distribuía as tarefas, era mãe e pai. Muitas vezes ela caminha-va sozinha ao armazém com um saco de linho buscar mantimen-tos para casa. A marca desta se-nhora morena de estatura mé-dia era a paciência, dedicação e sua fé. Não é exagero dizer que tudo que tinha dividia nos mínimos pedaços, mas ninguém poderia ficar sem nada.As filhas tinham sempre que

recolher gravetos, para man-ter as chama do fogão acesa.

Quando via alguém que não havia se alimentado, corria até a roça, pegava um “tipiti” de batatas doces, cozinhava com sal, amassava-os num prato com caldo de feijão e oferecia a quem precisasse. Para ela: “Se não existir preguiça e má vonta-de, inventava-se a comida, mas a fome, com a graça de Deus teria que ser saciada”.Mesmo doente nunca “se mar-

dizia” (reclamava). Pegava seu terço de “capiá” e em seu can-to começava a rezar. Vencia as

adversidades, as dores, a fome, o cansaço sempre na insistên-cia e na paciência, mas sempre, sempre com muita fé, daquela inabalável.Sua primeira ida a Aparecida

foi na ocasião do casamento de sua filha Luzia com Manoel Gas-par. Outra vez foi com a nora Rosália numa Kombi consegui-do com o Padre Francisco. Lá Catharina se emocionou com uma missa da Benção das Alian-ças, na ocasião ela já estava viúva. Seus pequenos olhos en-cheram-se de lágrimas. O cho-ro silencioso revelou um sonho antigo, é que quando casada, lamentava não possuir aliança, eram muito pobres para adqui-

rir um par destes anéis. Ela va-lorava a importância da família unida e do casamento. Na reali-dade sentia pena que no futuro estes valores seriam esqueci-dos. Seu esposo faltou em 06 de

Setembro de 1962. Com seu fa-lecimento a vida se tornou mais dura. Ela não fraquejou, os fi-lhos Manoel, Joaquim e Pedro foram trabalhar em Santos. Por lá trabalharam por muito tempo, na vinda era uma festa, a mãe com saudades não sabia o que

fazer para agradar aos filhos. Manoel e Joaquim se mudaram em definitivo para aquela cidade, Pedro ficou para acompanhar e cuidar dos outros irmãos com sua mãe. Catharina gostava quan-

do uma grande quan-tidade de mesas eram montadas para realizar um almoço digno de mãe entre seus filhos, netos e bisnetos.Ela tinha um jeitinho de

chamar a atenção, colo-cava a mão na cintura e dizia: “Ora veja meu filho, isso é coisa que se faça, você acha que Deus vai gostar disto, Ah home! Tenha modos, Lhéi Só!” Ou então “Escutai lhéi só, já rezaste hoje, já agra-deceste a Deus por este dia?” E nós já agradece-mos? Bondosa e inocente tra-

zia desconhecidos da rua para comer, tomar banho e dormir em local confor-tável. Era fã do café ado-çado com caldo de cana,

peixe cozido com pimenta de cheiro, biscoito feito em casa, farinha de mandioca, biju e cus-cuz, tanto que uma das últimas comidas pedida por ela foi uma Perajica cozida com banana ver-de e um pouco de arroz. Muitos ainda se lembram da “garapa” feita com açúcar e água quente para agradar os netos. No verão de 1966, Catarina

recebe uma moça branca que pouco falava nossa língua. Era tarde, ela preparou uma esteira de palha, uma vela, uma faro-fa de ovos caipira com farinha de mandioca. Meio na “luzerna” (meia luz) ela tentava se enten-der com a moça e esta com a Dona “Catarrina” (isso mesmo

com dois érres). Na manhã se-guinte, na porta da casa que estava a moça muitos curiosos para ver quem era, quem que o Padre Pio havia levado para lá? Era a missionária francesa Clau-die Perreau, que alguns meses atrás haviam saído de sua terra sem saber ao certo onde iria pa-rar. Claudie ainda viva, fala com muito carinho e emoção desta que foi seu primeiro contato na comunidade. “Tenho guardado em casa (França) ainda uma co-lher de pau que ganhei de pre-sente de Dona Catarrina”, diz a missionária. No verão de 2000, aos 87

anos. Catharina foi chamada por Deus. Ela deixava este mundo em 10 de Janeiro daquele, mui-ta gente se reuniu para despe-dir-se da comadre, da mãe, da vó, da tia, da madrinha, da mu-lher, da devota e deste exemplo de mulher e esposa. Ela se foi bem no dia do aniversário do fi-lho José Félix dos Santos, “nes-te dia, mamãe me deu a vida e nesta data infelizmente ela me deixa”, comenta emocionado o filho. Lágrimas ainda da amiga Maria Balio Fava que agradecia as bananas maduras, as faro-fas de ovos caipiras entregues a professora que muitas vezes não tinha almoço. Catharina certamente encontrara-se com seus compadres e comadres, como a irmã Conceição de Oli-veira Cabral, com quem rezou seus últimos terços. Para muitos perdeu-se uma

pessoa de coração maior do que ela podia carregar, um exemplo de paciência, dedicação e fé. Lágrimas sinceras são daque-les que lembram destas heroí-nas, como Catharina. Lágrimas sinceras são as minhas que em cada linha que escrevo aperta demais meu coração de sauda-des de minha avó paterna, da qual muito aprendi. Lágrimas outras de leitores

que sabem do que escrevo, de quem escrevo. Lembro-me de sua voz perfeitamente, por isso, peço a senhora a sua benção, mas a verdadeira, daquela que tenho saudades, da mais pura, da mais sincera, da mais linda benção materna. Ao longe pa-rece que ouço: “Deus te aben-çoe, te guarde e te dê boa sorte meus filhos”. Vó, muito obriga-do de ser filho, do filho de seu ventre. Obrigado.

18 Abril 2011 Jornal MARANDUBA News Página 13

Aparecida do Norte aí vai nóis!CRISTINA DE OLIVEIRAQuem não se lembra da pri-

meira ou da última viagem a Aparecida do Norte, não uma viagem comum como se faz hoje em dia, mas aquela que demanda todo um ritual, preparação, expectativas e até nervoso. Minha primeira viagem a Aparecida foi numa Kombi antiga, daquela que tinha dois vidros na frente separado por um friso que descia pela lataria e passava por um emblema redondo que tinha um “V” e um “W” dentro. Rodas com calotas cromadas, dava para pentear o cabelo. No dia da viagem dormimos

poucas horas. Mamãe “no ce-rão da noite” (de madrugada) já estava na cozinha, ela pre-parava um “cardeirãozinho” de virado, macarrão e galinha caipira frita. Com o velho rádio tocando “O Ipê e o Prisioneiro” da dupla Lio e Léo fomos até a chaleira de café, no saudoso fogão de lenha. Todos de bar-riga cheia, “aprumados” (arru-mados), saímos ao local aonde íamos encontrar a tal Kombi. Mamãe nos encheu de reco-

mendações, tudo porque tinha medo de nos perdemos do res-to de nossa família. Não demo-rou muito e chega o veiculo, dentro dele já tinha algumas pessoas. Procuramos o nosso espaço, ajeita daqui, aperta dali, pronto! Fica resolvido de que o “rango”, a “rebarba”, fi-caria no colo de mamãe, que era para não “entornar” (virar) na viagem. Fui no colo de pa-pai e meus irmãos se espre-meram entre um senhorzinho e a porta já fazendo bico, que-rendo chorar!No começo da serra, uma

senhora muito devota e dedi-cada à oração puxa a reza do terço e todos, eu digo todos mesmo, rezam junto. Acabava o terço começavam o “Senhor põe seus anjos aqui, Senhor põe seus anjos aqui”, mas o cantado. Pense no desespe-ro das crianças, é que meus irmãos temiam de realmente os anjos aparecerem. Pensem numa criançada apavorada! Parada da serra, lá aliviamos

o “joelho”, fizemos o 11-11 em algarismo romano (XI-XI), o

mais chique foi tomar um pin-gado com pão com manteiga, era tão chique para nós que o mundo já poderia acabar ali, que “nóis” tava feliz. Todos refeitos seguimos via-

gem, no caminho ouvíamos “olha a polícia, abaixa”, então as crianças se “pinchavam” (jogavam) no chão da Kombi para que a polícia não parasse o veículo. Enfim a nossa frente à tão

sonhada Aparecida do Norte, agora era só descer e “forrar o estambo”, fazer um picnic de-baixo das árvores. Que coisa chique, desenrolar o pano de prato para abrir a panela do virado, abrir a lata de banha que era quadrada, colocar os pratos de “argate” e outros de alumínio no gramado, o tilin-tar das colheres, pegar com as mãos os pedaços de fran-go frito caipira, lavar as mãos com água na cumbuca. Todos sentados de lado aproveitan-do a brisa fria, coisa de louco! E depois vinha a sobremesa, era o ápice da viagem, papai comprava aquela maçã sabo-rosa que vinha enrolada em um papel roxo, a fruta a gente comia, o papel só Deus sabe. Só faltou um rádio ligado. Fomos primeiro a missa. Visi-

tamos a santinha e depois fo-mos passear. De tarde, todos um pouco cansados e cheios de lembrancinhas, óleos, ter-ços e outras recordações vol-tamos para a velha Kombi, nos ajeitamos em nossos lugares espremidos. Já saudosos pen-sando na próxima viagem, isto é, próxima aventura. Existem várias histórias de

viagens a Aparecida que tam-bém ficaram em nossa memó-ria, vou contar o milagre mais não o santo. A imaginação e a inocência não tinham limites. Certa vez uma viagem de pau-

-de-arara, um japonês levou um grupo de agricultores de nossa região, dentre eles meus familiares. Como era muita gente, o garçom sugeriu carne moída refogada com cebola e alho. Um deles quando viu a travessa de carne moída “des-conjurou” (desaprovou) aquilo dizendo: “Compadre! Não me diga que você vai comer estas cagadinhas de pinto aí?”. Outro foi com o macarrão de

vara, aquele que vinha numa embalagem de papelão azul escuro, que quando chegou na mesa se levantou muito bravo porque ele não tinha saído do fim do mundo para comer lombriga na tigela, que

se fosse para comer isso teria feito na roça. Outro andando pela calçada

foi abordado por um comer-ciante o convidando a almoçar em seu estabelecimento, ele com fome chamou a família, entrou e se deliciou. Ao sair o comerciante o questionou so-bre o pagamento da comida, este colocou a mão sobre o om-bro do comerciante e disse: Pa-gar? Mas foi o senhor que nos convidou pra almoçar! Que coi-sa feia! Na minha terra a gente convida, a gente paga moço. Outra senhora levou café

num garrafão de vinho tapa-do (como rolha) com espiga seca de milho, que “entornou” (virou) na comida. Gente que compravam relógios a prova d`água que entravam farofa. Gente que se admirava com o tamanho do rolo de papel hi-giênico que tinha no banheiro da Basílica e queria comprar por aqui no litoral. Tem mui-to mais para contar, mas não cabe nestas linhas. E você, tem história para

contar ou passou a vida vendo as histórias dos outros? Faça a diferença, até nas coisas mais simples existe algo para se aproveitar, principalmente pra vida.

Página 14 Jornal MARANDUBA News 18 Abril 2011

HumorO Diabo e o EngenheiroUm Engenheiro morreu e

chegou às portas do Céu. É sabido que os Engenheiros, pela honestidade deles, sem-pre vão para o céu. São Pedro procurou em seu arquivo, mas ultimamente ele andava tão desorganizado, que não o achou no montão de docu-mentos, e lhe falou:- Lamento, mas seu nome

não consta de minha lista...Assim o Engenheiro foi bater

às portas do inferno, onde lhe deram imediatamente mora-dia e alojamento. Pouco tem-po se passou e o Engenheiro, cansando de sofrer as misérias do inferno, e se pôs a projetar e construir melhorias. Com o passar do tempo, o

INFERNO, já tinha ISO 9000, sistema de monitoramento de cinzas, ar condicionado, banheiros com drenagem, escadas elétricas, aparelhos eletrônicos, redes de teleco-municações, programas de manutenção predial, sistemas de controle visual, sistemas de detecção de incêndios, termostatos digitais etc. e o Engenheiro passou a ter uma reputação muito boa. Até que um dia Deus chamou

o Diabo pelo telefone e, em tom de suspeita, perguntou: - Como você está aí no infer-

no?O outro respondeu: - Nós estamos muito bem!

Temos ISO 9000, sistema de monitoramento de cinzas, ar condicionado, banheiros com drenagem, escadas elétricas, aparelhos eletrônicos, Internet etc. Se quiser, pode me man-dar um e-mail, meu endereço é: [email protected] E eu não sei qual será a pró-

xima surpresa do Engenheiro! - O QUÊ?! O QUÊ?! Vocês

TÊM um Engenheiro aí??? Isso

é um erro, nunca deveria ter chegado aí um Engenheiro! Os engenheiros sempre vão para o céu. Isso é o que está escrito, e já está resolvido. Você o envia imediatamente para mim! - De jeito nenhum! Eu gos-

tei de ter um Engenheiro na organização... E ficarei eterna-mente com ele. - Mande-o para mim ou......

EU TE PROCESSO! E o Diabo, dando uma tre-

menda gargalhada, respon-deu pra Deus: - Ah, é??? E só por curiosida-

de... DE ONDE você vai tirar um advogado?

O Comprador de MacacosUma vez, num vilarejo, apa-

receu um homem anunciando aos aldeões que compraria macacos por $10 cada.Os aldeões, sabendo que ha-

via muitos macacos na região, foram à floresta e iniciaram a caça aos macacos.O homem comprou centenas

de macacos a $10 e então os aldeões diminuíram seu esfor-ço na caça.Aí, o homem anunciou que

agora pagaria $20 por cada macaco e os aldeões ren-ovaram seus esforços e foram novamente à caça.Logo, os macacos foram es-

casseando cada vez mais e os aldeões foram desistindo da busca.A oferta aumentou para $25

e a quantidade de macacos fi-cou tão pequena que já não havia mais interesse na caça.O homem então anunciou

que agora compraria cada ma-caco por $50!Entretanto, teria que ir à

cidade grande para resolver negócios urgentes e deixaria seu assistente cuidando do assunto.

Assim que retornasse, napróxima semana pagaria os $50 por cada macaco que eles conseguissem.Na ausência do homem, seu

assistente disse aos aldeões: - “Olhem todos estes maca-

cos na jaula, que o homem comprou, eu posso vender por $30 a vocês e quando o homem retornar da cidade, vocês podem vender-lhe por $50 cada.”Os aldeões, “espertos”, peg-

aram todas as suas economias e compraram todos os maca-cos do assistente.Eles nunca mais viram o

homem ou seu assistente; so-mente macacos por todos os lados do vilarejo.Entendeu agora como fun-

ciona o mercado de ações na Bolsa de Valores?

E aí , Jâo, mi insina...Gislaine era uma caipirinha

deliciosa de 17 anos, ainda virgem. João Gafanhoto era o cara

mais tarado da região, que vivia convidando a moça pra ir pra cama, pro sofá, pro mato, pra qualquer lugar, desde que fosse pra transar. Certo dia ela finalmente con-

cordou e os dois foram pra uma moita, atrás da casa da moça. Mas, como não sabia nada sobre o assunto, ela pe-diu instruções: - Ai, Jão... Cumé qui é esse

negócio de sexo? - Simpres, Gislaine! E é bão

dimais, sô! - Mas como que eu faço? Me

explica, homi!- Primero você levanta a saia!- Assim? - disse a gostosona,

mostrando a calcinha. - Hummm! Isso memo, Gis-

laine! Assim memo, sô! - I agora? - Agora você baixa a calcinha!

- disse ele, excitadíssimo. - E agora, Jão? - Hummmm... ?... Agora

agacha e mija que seu pai tá oiando prá nóis com uma esp-ingarda na mão.

Argentinos Dois argentinos chegam a

São Paulo, sem grana, e ai um diz pro outro: Vamos nos separar para pedir dinheiro e ao final do dia nos reunimos para ver quanto cada um de nós arrumou. O outro topa e então cada

um vai para o seu lado. Já bem de noitinha se encon-

tram de novo e um pergunta para o outro: Quanto você conseguiu? - 10 reais. - E como fez? Fui ao parque e pintei um

cartaz: ‘NO TENGO TRABAJO, TENGO 3 HIJOS QUE AT-ENDER, POR FAVOR, LES SU-PLICO! NECESITO AYUDA!’. E você, quanto ganhou?

Perguntou o que ganhou R$ 10,00 - Ganhei 8.694,00 reais. - Madre mia! Como você fez

para conseguir tanto? Escrevi um cartaz assim:

‘FALTA 1 REAL PARA EU VOLTAR PARA A ARGENTINA’. O que é o ego? O pequeno argentino que

vive dentro de cada um de nós.. O argentininho fala com o

seu pai: - Papa, quando yo crescer yo

quiero ser como usted. - Y por que, mi hijo?! - per-

gunta o orgulhoso argentino. - Para tener un hijo como yo.

Por que há tantos partos pre-maturos na Argentina? - Nem as mães agüentam

um argentino por 9 meses!

Túnel do Tempo 18 Abril 2011 Jornal MARANDUBA News Página 15

Coluna da

Adelina Campi

Dona Joana socando os grãos para fazer um café de “sustância”

1966

Destralhe-se-”Bom dia, como tá a alegria”? Diz dona Francisca, minha fa-

xineira rezadeira, que acaba de chegar.-”Antes de dar uma benzida

na casa, deixa eu te dar um abraço que preste!” e ela me apertou.Na matemática de dona Fran-

cisca, “quatro abraços por dia dão para sobreviver; oito aju-dam a nos manter vivos; 12 fa-zem a vida prosperar”.Falando nisso, “vida nenhuma

prospera se estiver pesada e intoxicada”.Já ouviu falar em toxinas da

casa?Pois são:- objetos que você não usa,

roupas que você não gosta ou não usa há um ano, coisas feias, coisas quebradas, lasca-das ou rachadas, velhas cartas, bilhetes, plantas mortas ou do-entes, recibos/jornais/revistas antigos, remédios vencidos, meias velhas, furadas, sapatos estragados...Ufa , que peso!“O que está fora está dentro

e isso afeta a saúde”, aprendi com dona Francisca.- “Saúde é o que interessa. O

resto não tem pressa”!, ela diz, enquanto me ajuda a ‘destra-lhar’, ou liberar as tralhas da casa...O ‘destralhamento’ é a forma

mais rápidas de transformar a vida e ajuda as outras eventu-ais terapias.Com o destralhamento:- A saúde melhora;- A criatividade cresce;- Os relacionamentos se apri-

moram...ensina o feng shui, com a

delicadeza própria das artes orientais.Para o feng shui, é comum

se sentir: cansado, deprimido, desanimado, em um ambiente cheio de entulho, pois “existem fios invisíveis que nos ligam à tudo aquilo que possuímos”.Outros possíveis efeitos do

“acúmulo e da bagunça: sentir--se desorganizado, fracassado, limitado, aumento de peso, apegado ao passado...No porão e no sótão, as tra-

lhas viram sobrecarga;Na entrada, restringem o flu-

xo da vida;Empilhadas no chão, nos pu-

xam para baixo;Acima de nós, são dores de

cabeça;Sob a cama, poluem o sono.Então... se dona Francisca fa-

lou e o feng shui concordou... nada de moleza!“Oito horas, para trabalhar;

Oito horas, para descansar; Oito horas, para se cuidar.”Perguntinhas úteis na hora de

destralhar-se:- Por que estou guardando

isso?- Será que tem a ver comigo

hoje ?- O que vou sentir ao liberar

isto?...e vá fazendo pilhas separa-

das...- Para doar!- Para vender!- Para jogar fora!Para destralhar mais: livre-se

de barulhos, das luzes fortes, das cores berrantes, dos odo-res químicos, dos revestimen-tos sintéticos....e também... libere mágoas,

pare de fumar, diminua o uso da carne, termine projetos ina-cabados.“Acumular nos dá a sensação

de permanência, apesar de a vida ser impermanente”; diz a sabedoria oriental.O Ocidente resiste a essa idéia

e, assim, perde contato com o sagrado instante presente.Dona Francisca me conta que:

“as frutas nascem azedas e no pé, vão ficando docinhas com o tempo”.a gente deveria de ser assim,

ela diz.“Destralhar ajuda a adocicar.”Se os sábios concordam,

quem sou eu para discordar...

1969Madre da ALA, Balbina, Missioná-ria Claudie e anciã do S. da Quina

1967Dona Idalina, mãe do Tião Pedro, andando sobre as águas...

1968Além de “seresteiros” o Sertão da Quina já teve muitas cesteiras

Pagadores de promessas procuran-do minhocas no Morro da Quina

2005

2005

Está vivinho, bebendo todas...

2005Elizangela e Claudie na entrega de moção a missionária.

Sereias da Cachoeira...

1995

1975Prefeito Básílio na Câmara presidida por Eduardo de Souza. Tudo gravado...

Maria e Tião Pedro, protagonistas de boa parte da história da região