jornal maranduba news #58

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Maranduba, Fevereiro de 2014 - Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br - Ano 4 - Edição 58 Cachoeira da Joaninha Caminho das antigas roças

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Notícias da Região Sul de Ubatuba

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Page 1: Jornal Maranduba News #58

Maranduba, Fevereiro de 2014 - Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br - Ano 4 - Edição 58

Cachoeira da JoaninhaCaminho das antigas roças

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Página 2 Jornal MARANDUBA News Fevereiro 2014

Editado por:Litoral Virtual Produção e Publicidade Ltda.

Fones: (12) 3832.6688 (12) 99714.5678 e-mail: [email protected]

Tiragem: 3.000 exemplares - Periodicidade: mensal

Responsabilidade Editorial:Emilio Campi

Colaboradores:

Adelina Campi e Ezequiel dos Santos

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da direção deste informativo

Trenzinho da Tapioca na Maranduba

Quem passou neste verao na praia da Maranduba se surpreendeu com a iniciati-va do empreendedor Hugo Churros que decorou seu car-rinho de tapioca em formato de trenzinho. A iniciativa do ambulante e empreendedor vem inovando a gastronomia

e o atendimento no comercio de praia. O trenzinho da ta-pioca carinhosamente chama-do pelos seus clientes turista caiu no gosto do público. Com muita criatividade comercia-liza seus produtos feitos com igredientes selecionados, pas-teis, milho cozido, krep´s suis-

so, churros bem recheados e a tapioca de varios sabores que e a sensação do verao da praia da Maranduba, e eleita a melhor tapioca do brasil se-gundo seu clientes turistas.

Aberto diariamente na praia da Maranduba aguardam a sua visita.

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Fevereiro 2014 Jornal MARANDUBA News Página 3

Defeso do Camarão tem início no dia 1º de março

FUNDAÇÃO FLORESTAL

A Fundação Florestal, por meio de suas Áreas de Pro-teção Ambiental Marinhas (APAM), informa aos pesca-dores, comerciantes e con-sumidores que no próximo dia 1º de março tem início o Defeso do Camarão nas re-giões Sul e Sudeste do país (Instrução Normativa IBAMA nº189/2008). Por isso, até o dia 31 de maio, fica proibida a pesca de arrasto motorizado dos camarões branco, rosa, santana, sete barbas, entre outros.

O objetivo do defeso é pro-teger o período de reprodução e crescimento das espécies, garantindo assim, a integrida-de dos estoques pesqueiros e evitando a sua extinção.

Quem for flagrado desres-peitando o período de defeso poderá ser processado por cri-me ambiental e estará sujei-to a multa cujo valor varia de acordo com a quantidade de camarão, além da apreensão dos equipamentos de pesca.

Segundo a Instrução Nor-mativa IBAMA nº189/2008, o desembarque das espécies mencionadas será tolerado somente até o segundo dia corrido após o início do defe-so. A cadeia produtiva, que inclui pessoas físicas ou jurídi-cas responsáveis pela captura, conservação, beneficiamento, industrialização, comercializa-ção e transporte de camarões deverá declarar à Superinten-dência Estadual do IBAMA, uma relação detalhada do estoque das espécies captu-radas, indicando os locais de armazenamento.

Os consumidores podem colaborar, comprando somente camarão capturado antes do período de defeso ou preferindo outras espécies de frutos do mar durante esse período

As APAs MarinhasA categoria Área de Proteção Ambiental Marinha

APAM é um tipo de Unidade de Conservação de Uso Sustentável, que tem por objetivos: compatibilizar a conservação da natureza com a utilização dos re-cursos naturais; valorizar as funções sociais, eco-nômicas, culturais e ambientais das comunidades tradicionais da zona costeira, por meio de estímu-los a alternativas de uso sustentável; assegurar a preservação da diversidade da vida marinha e dos habitats críticos; garantir a manutenção do estoque pesqueiro em águas paulistas; e o uso ecologica-mente correto e responsável do espaço marinho.

A conexão entre as áreas protegidas da Mata Atlântica e as do ambiente marinho formam um mosaico de proteção aos ecossistemas que cobrem quase metade da costa paulista. As APAs Marinhas complementam a proteção ao entorno de unida-des de conservação de proteção integral estadu-ais, como os parques estaduais Serra do Mar, Ilha Anchieta, Ilhabela, Marinho Laje de Santos, Ilha do Cardoso, e federais, como as estações ecológi-cas Tupinambás e Tupiniquins. Além da proteção marinha, algumas das mais importantes áreas de manguezais ao longo da linha de costa também são protegidas pelas APAs Marinhas.

Serviço:

APA Marinha Litoral Norte:Rua Esteves da Silva, 510 – Centro, Ubatuba.Tel. (12) 3832-1397 / (12) [email protected]

APA Marinha Litoral CentroAvenida Bartolomeu de Gus-mão, 194 – Ponta da Praia- SantosTel.(13) 3261-8323.apamarinhalc@ff loresta l .sp.gov.br

APA Marinha Litoral Sul Rua Vladimir Besnard, s/n, Morro São João, Cananéia.Tel. (13) 3851-1108 / (13) [email protected]

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Página 4 Jornal MARANDUBA News Fevereiro 2014

Turista e moradores com muita preguiça nesse verãoFotos: Silas Filetto/Promata

EZEQUIEL DOS SANTOSÉ comum atribuirmos ao in-

dividuo que tem aversão pelo trabalho, que é avesso a ati-vidades de que demandam esforços físicos ou mentais de preguiçoso. Também muito se diz no direito de ter um pou-co de preguiça já que estão de férias e merecem o devido descanso, ainda mais neste verão atípico que faz calor além da conta.

Por outro lado, neste verão, do lado da natureza não foi difícil encontrar o bicho pre-guiça em pele e osso, diga-mos em pelo e unhas. Embora com o número crescente de turistas e também do consu-mo exagerado e inconsciente da água, foi possível registrar avistamentos de preguiças, como da preguiça-comum (Bradypus variegatus) em nossa mata, nas trilhas, em caminhos, a beira da estrada até em quintais. Um bom indi-cador do respeito demandado com os bichos de nossa fauna. Já o outro tipo de preguiça, houve uma correria por praia, sombra e água fresca que

muitos sequer queriam saber de outra coisa. Por isso pode se considerar uma temporada de muita preguiça para os dois lados.

A preguiça (o bicho) foi fo-tografada perto de um acesso local e ao invés de assustar os desavisados deu o ar da graça com sua coreografia lenta e constante. A preguiça desta vez trata-se de um mamífero que vive aproximadamente 40 anos, tem a pelagem acinzen-tada, e no caso dos machos, apresentam uma mancha pre-ta circundada de amarelo na região dorsal. Têm mais ou menos 50 cm, mas podem chegar a 1m. Alimenta-se das folhas da embaúba, figueira e ingazeira, dessa última tam-bém come os frutos.

Felizmente ela não se en-contra na lista de espécie em extinção, mas continua demandando respeito e cui-dados de todos. Em seu am-biente natural chega a dormir 8h. Não são tão lentas como se imagina, sendo boas nada-doras. Conseguem passar até 20min sem respirar, sendo isto

útil no caso de caírem dentro d’água. As preguiças-comuns fazem suas necessidades fi-siológicas aproximadamente de 7 em 7 dias. Seu predador natural principal é o homem, mas pode ser caça de onças e cobras.

Outro detalhe importante é que a preguiça, por mais

lenta que seja, consegue não sujar o ambiente onde passa ou vive, diferente o homem que joga lixo constantemente nas trilhas, nos caminhos, nos rios, nas ruas, pelas janelas dos carros, das casas, pelo bordo dos barcos e lanchas, numa inversão de papéis ago-ra se referindo aos porcos.

Agora preste atenção de quem é quem neste papel. Preguiçoso e porco no que se refere ao lixo jogado no lugar que não é dele, que não é de-vido. Para saber o que você é basta policiar seus hábitos, quer dizer os maus hábitos, daqueles que os bichos não possuem.

Evento reúne nata mundial da modalidade (antigo sonri-sal) pela segunda vez na his-tória em umas das mais belas praias da cidade.

Com apoio da Prefeitura de Ubatuba, o UST World Cup skim Sununga Brasil acontece entre os dias 24 e 30 de mar-ço na praia da Sununga.

Válido como primeira etapa do Circuito Mundial de Skim-board, o evento reúne a nata mundial da modalidade (anti-go sonrisal) pela segunda vez na história em umas das mais belas praias da cidade.

A intocada Sununga ganhou o status de “Paraíso do Skim”

Etapa Circuito Mundial de Skimboard acontece na Sunungadesde meados da década de 1980 por suas ondas grandes, fortes e laterais. Combinação perfeita para a prática do es-porte.

O circuito conta com cam-peonatos itinerantes, licença para descobrir ondas novas e já passou por países como Es-tados Unidos, México, França e Portugal.

Estimativas indicam que 80 atletas participam da pro-va. Leandro Azevedo, Renato Lima, Jacks Rodrigues, mora-dores da Sununga e expoen-tes do skim nacional, confir-maram presença na prova.

Outros atletas brasileiros

como os cariocas Guilherme Vaz, Lucas Fink e Lucas Go-mes, os capixabas Marcos Casteluber, Pablo Marreco, Romário de Souza e Vitor Melilo e os irmãos pernam-bucanos Bruno e Matheus Sá também carimbaram seus passaportes para a etapa bra-sileira.

“O principal objetivo do UST World Cup skim Sununga Bra-sil é apresentar para o mundo o “paraíso nacional do skim” e acelerar o processo de profissionalização e evolução da modalidade na América do sul. A organização de cam-peonatos aqui no Brasil está

bem desenvolvida e estamos entre os países que dão maior apoio e suporte ao esporte”,

conta Robertinho Peres, um dos responsáveis pela organi-zação do evento.

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Fevereiro 2014 Jornal MARANDUBA News Página 5

Observação de aves – O nascimento da atividade em Ubatuba – Parte 3EZEQUIEL DOS SANTOS

PROMATAA observação de aves em

Ubatuba teve seu início na dé-cada de 1970 com os trabalhos de Edwin Willis realizando os pri-meiros levantamentos das nos-sas aves. Desde lá Ubatuba cha-ma a atenção dos pesquisadores pela sua diversidade. A primeira consolidação das listas das aves observadas pelos pesquisadores do Brasil e do exterior foi reali-zada por Carlos Rizzo em 1995 de lá pra cá ele vem mantendo a lista da cidade atualizada em formato digital, que pode ser en-contrada no site www.projetoa-ves.com.br por meio da parceria com o Itamambuca Eco Resort.

Atualmente a lista de Ubatuba consta com 565 espécies de aves. Isso representa mais de 60% das espécies do Estado de São Paulo, 30% das espé-cies brasileiras e 5% das aves do planeta! Vale lembrar que nosso território não atinge 5% do planeta, mas Ubatuba é um diferencial por possuir em sua mata uma grande oferta de ali-mentos para as aves e isso é o que permite o abrigo desta rica diversidade.

Não adianta falar de observa-ção de aves em Ubatuba sem citar o nome de Carlos Rizzo. Por acreditar neste grande po-tencial, desde 1995 se envolve com a atividade, a partir daí Ri-zzo divulga aos empresários lo-cais que é uma ótima opção para as baixas temporadas. O período que mais se recebe este tipo de turismo é entre maio e novem-bro por coincidir com as férias de verão no hemisfério norte e o período reprodutivo das aves. Nesta época, entressafra do pe-ríodo de verão, as aves estão no esplendor da sua plumagem, estão mais bonitas e mais exi-bicionistas. Outro fator impor-tante para a atração do turista

estrangeiro nesta época é que a cidade encontra-se com menos visitantes e os preços estão mais convidativos.

Outras ações aconteceram em Ubatuba, também de grande im-portância, em 2004 houve a elei-ção da ave símbolo de Ubatuba, hoje uma Lei Municipal. Em 28 abril de 2012 comemora-se o dia municipal do observador de aves, neste mesmo ano ficou declarada a atividade de obser-vação de aves como de relevan-te interesse econômico, social, ambiental, educacional e turís-tico. Também através de outra lei municipal em 2012 de Pico Alto Grande mudou de nome para o Pico da Saudade (tijuca atra). Essas ações mantiveram Ubatuba no foco das atenções, já que outros municípios acom-panharam estes trabalhos, ou-tros até solicitaram cópias das leis e aplicaram em seu municí-pio de origem.

De 2005 a 2012 a observação foi incluída na administração municipal como opção de turis-mo de qualidade nas baixas de temporada, mas o trabalho foi ampliado como ferramenta de transformação: seja para aplicar Educação Ambiental nas esco-las, no diálogo com as comu-

nidades que vivem no entorno das Unidades de Conservação e finalmente, como gerador de notícias positivas em várias mí-dias nacionais e internacionais. Por conta disso Ubatuba foi des-taque no congresso em Maceió da ANAMA (Associação Nacional dos Amigos do Meio Ambiente) em 2009. Já em 2010 foi estudo de caso no I Congresso Interna-cional de Turismo em Barcelos, Portugal (http://www.ipca.pt/cit/docs/sessoes/s5/S5_3_12.pdf).

Em 2009 por meio da parceria com o Sindicato dos Hotéis, Ba-res e Restaurantes SINHORES--LN, o trabalho foi regionalizado e começou a desenvolver no Li-toral Norte/SP e Paraty/RJ. Por conta desta parceria o trabalho de Ubatuba e região foi apre-sentado na Bristish Bird Fair na Inglaterra, maior feira interna-cional voltado para a observação de aves no planeta.

Foi neste mesmo ano que sur-giu o observador de aves brasi-leiro e passamos a receber turis-ta de observação durante o ano inteiro. O Surgimento do turista brasileiro de observação coincide com o lançamento do site wikia-ves e provocou uma verdadeira “febre” entre os brasileiros. “O

sucesso de Ubatuba na observa-ção de aves pode facilmente ser medido pelo site wikiaves que organiza registros fotográficos e sonoros das aves brasileiras, fora da Amazônia somos a cida-de com mais registros de aves no Brasil. A simples comparação das áreas das duas regiões já re-vela a importância de Ubatuba”, comenta Carlos Rizzo.

Em 2011 temos o início do trabalho junto à comunidade do Sertão da Quina, foram qua-se 200 horas de capacitação de mais de 50 pessoas da co-munidade dos quais 24 foram credenciados pelo PESM Núcleo Picinguaba como guias de ob-servação. Este credenciamento tem sido reconhecido por outras unidades do PESM como impor-tante ferramenta de inclusão ambiental, pois a partir daí o grupo PROMATA foi construindo a sua importância na observação de aves em Ubatuba. Para se ter uma idéia, diz Rizzo, a impor-tância do trabalho da PROMATA na busca por novas espécies, em 2013 dos 14 novos regis-tros fotográficos no wikiaves, oito foram conseguidos pelo PROMATA.

Em 2012 o Centro de Estudos do Desenvolvimento Sustentá-

vel, CEDS, elegeu a observação de aves como projeto prioritário para o Litoral Norte e de lá sur-giu o projeto 700AVES que hoje congrega mais de 25 municípios envolvendo São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Além dos municípios da nossa região e do estado, vários mu-nicípios do país quando preten-dem implantar a observação de aves em suas cidades vem bus-car capacitação em Ubatuba. Foi o caso de Afonso Claudio (ES) cuja implantação foi orientada por Ubatuba e a cidade se tor-nou pólo do turismo de observa-ção na região serrana do Espírito Santo.

Em 2013 o projeto de observa-ção de aves foi incorporado pelo Parque Estadual da Serra do Mar por meio do Núcleo Picinguaba, tudo isto para implantar definiti-vamente o Centro Cambucá de Observação de Aves criado em 2010. O Centro Cambucá é o pri-meiro núcleo do Parque Estadual a dedicar-se com exclusividade aos observadores de aves.

No ano 2000 Carlos Rizzo fez uma pesquisa junto aos visitan-tes estrangeiros para traçar o perfil deste tipo de turista. Ali se perguntou tudo sobre a relação do turista e Ubatuba. Naquela época ficou claro que os turis-tas estrangeiros eventualmente dormiam uma noite em nossa cidade. Ubatuba era passa-gem obrigatória, mas pelo não envolvimento da comunidade, não era um destino agradável para os estrangeiros. “Em 2010 para avaliar o nosso trabalho, aquela pesquisa foi replicada e descobrimos que o turista estrangeiro estava ficando de três a quatro dias em nossa ci-dade, tudo porque a cidade se tornou amiga das aves notada-mente com o envolvimento das crianças e dos adultos” finalizou Carlos Rizzo.

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Página 6 Jornal MARANDUBA News Fevereiro 2014

Moradores e lideranças se reúnem para discutir o futuro do abastecimento de água comunitário da região

EZEQUIEL DOS SANTOSNo ultimo dia 4, nas de-

pendências da Administração Regional Sul, na Maranduba, cerca de 40 pessoas (lide-ranças, membros de asso-ciações, administradores da captação de água da rede co-munitária e outros interessa-dos) se reuniram com o Ad-ministrador Regional Damião José da Silva para discutir sobre o futuro do abasteci-mento de água comunitário da Região Sul.

Em pauta as dúvidas sobre o recebimento da notificação do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo) ao res-ponsável pela captação de água da Rua Benedito Anto-nio Elói, no Sertão da Quina, Sr. Cid Vitor.

No documento ficou claro que trata-se de uma ação do Ministério Público Estadual cuja promotora é integrante do GAEMA - LN (Grupo de Atuação Especial de Defe-sa do Meio Ambiente-Litoral Norte) em cima do DAEE.

Segundo seu Cid, “o proble-ma é bem mais complicado do que parece. A comunidade, segundo a autoridade, está fazendo uma coisa ilegal”, co-menta o autuado depois que participou da audiência reali-zada no órgão em Taubaté.

Ficou entendido que, neste momento, para restabelecer a regularidade do serviço ha-veria a necessidade de insta-lar um projeto com equipa-mentos de tratamento, filtro, cloragem, acompanhamento técnico, analises semanais, vasta documentação, além dos licenciamentos e outor-gas que teriam de ser anali-sados pelas autoridades res-

ponsáveis para solicitar o uso da água.

Após as várias discussões e dúvidas sobre o tema, pensou-se nas possíveis solu-ções, nos vários apontamen-tos e idéias, porém o grupo acordou que buscaria uma audiência entre a promoto-ra do MP-GAEMA, o DAEE, a SABESP, CETESB e outras secretarias da prefeitura para entender o caso com mais clareza, propor uma transi-ção para o uso da água até que se regularize a situação e principalmente saber quem foi o causador de todo este constrangimento.

A rede comunitária mais antiga, conforme contou um dos moradores está instala-da desde a década de 1960, depois vieram as outras e ninguém havia perturbado os moradores até então.

Damião informou que os responsáveis pela adminis-tração da água comunitá-ria do bairro do Rio Escuro também foram notificados e quem porventura ainda não recebeu a notificação poderá recebê-lo ainda em breve.

O administrador disse que tentou varias vezes marcar uma reunião com outros ór-gãos e que por motivo de agenda ainda não foi pos-sível. Ficou ele responsável pelo envio da solicitação as demais autoridades para a tão esperada audiência, que inicialmente ficou marcada para o próximo dia 20 de fe-vereiro.

A idéia também é estender o convite as outras comuni-dades que receberam e as que poderão receber a noti-ficação por conta do mesmo problema.

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Fevereiro 2014 Jornal MARANDUBA News Página 7

Prefeito, Ministro e vereadores oficializam inicio das obras da Unidade de Pronto Atendimento da Região Sul

EZEQUIEL DOS SANTOSEm solenidade oficial no pri-

meiro dia de fevereiro, o pre-feito Mauricio Moromizato (PT), o Ministro da Saúde Alexandre Padilha, o Presidente da Câma-ra Eraldo Todão “Xibiu” (PSDC), demais vereadores, secretários municipais, o Administrador Regional Sul Damião José, lide-ranças e convidados deram o pontapé inicial para o inicio das obras da construção da Unidade de Pronto Atendimento 24 ho-ras da região Sul de Ubatuba. No local eles descerraram uma placa alusiva ao inicio das obras da UPA.

A solenidade aconteceu na antiga quadra de esportes na entrada do bairro Sertão do Ingá (próximo ao Morro do Foge) e começou com duas ho-ras de atraso. Padilha teceu elo-gios ao prefeito pela insistência na busca do projeto da UPA pra região, que segundo ele estava abandonada. Mauricio conta das idas e vindas que realizou para trazer o projeto para Ubatuba e que viu com muita atenção a região sul, que segundo ele, é a entrada da cidade. “Muita gente queria o projeto próximo da cidade, mas optamos pela

região sul, quando apresenta-mos o projeto pra ser realizado na Unidade Mista de Saúde da Maranduba o ministro apontou que o projeto não poderia ser executado lá por problemas téc-nicos, já neste lugar é possível”, falou o prefeito aos convidados.

Segundo a prefeitura o proje-to custará R$ 1.656.911,67 com prazo de entrega de 12 meses. A oportunidade serviu também para apresentação dos médicos cubanos em Ubatuba a Padilha, que enalteceu o programa “Mais Médicos” do governo federal.

O ministro aproveitou para falar um pouco da importância de um UPA na região e dos pro-gramas federais de prevenção á saúde. Também agradeceu os companheiros que o ajudaram como ministro, já que está dei-xa o cargo para possivelmente disputar uma vaga ao governo de São Paulo pelo PT. P

adilha será substituído por Ar-thur Chioro, ao qual o prefeito agradeceu muito pela colabora-ção na busca de projetos para Ubatuba. A transmissão de pos-se acorreu no último dia 3, em Brasília, dois dias após o evento de início das obras da UPA no Sertão da Quina.

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Página 8 Jornal MARANDUBA News Fevereiro 2014

EZEQUIEL DOS SANTOSPROMATA

Como se fosse tirado de um filme de ficção, de onde a na-tureza tivesse tomado outras formas naturais, daquelas que parecem sonho... Foi assim o que aconteceu com a expedi-ção Promata a um novo canto do paraíso da região Sul de Ubatuba.

No local foi possível observar e vivenciar o que a natureza sempre nos reserva e também experimentar algumas novida-des daquelas que só ouvíamos falar pelos antigos caiçaras.

A trilha, que foi um cami-nho antigo de grandes roças,

Cachoeira da Joaninha: No caminho das antigas roçasparte importante da economia do município no passado, hoje serve a alguns aventureiros e aos proprietários das áreas que lá se encontram.

O caminho é interessante porque manteve alguns as-pectos culturais do povo tra-dicional na maioria do trajeto e encontra-se em um ponto geográfico privilegiado e es-tratégico.

Debaixo das árvores uma temperatura agradável, ar mais fresco, limpo, aroma de floresta. Fora dele um calor insuportável. Grande parte do trajeto é serpenteada pelo o rio, que ainda é limpo, trans-

parente e vivo. Sua pureza nos permitiu observar varias particularidades, uma delas, para o espanto e surpresa da equipe, o avistamento de quatro robalos flecha (Centro-pomus undecimalis) nadando livremente pelo rio a quilôme-tros do mar.

Havia ruínas de casas anti-gas, alguns pés de mandioca, limão, laranja, jambo, goia-bas, áreas ainda abertas em meios as grandes árvores e

muito capim gordura. Mais a frente os “praiados” (peque-nos bancos de areia a beira do rio) possibilitavam uma visão mais apurada do local.

Belo e interessante foi ob-servar árvores totalmente entrelaçadas de cipós, bromé-lias, orquídeas, flores e frutos que raramente vemos e sen-timos. Pequenos animais que passam a todo instante pelos humanos e o canto dos vários pássaros durante todo o tra-

jeto, principalmente pela Ara-ponga (Procnias nudicollis).

Ao final foi possível avistar também uma toca de bicho, daquelas que sustentam o imaginário infantil e serve de refugio à animais e do homem que busca abrigo. E

ra tanta beleza por metro quadrado que só estando lá para ver, ouvir e sentir. É uma daquelas maravilhosas sensa-ções em que o dinheiro não compra e você só encontra lá.

Fotos: Ezequiel dos Santos

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Fevereiro 2014 Jornal MARANDUBA News Página 9

Pedras diferentes, águas transparentes e natureza interativa reforçam a singularidade deste pedaço do paraíso

Um local propício ao ecoturismo, a observação de aves, fauna e flora e a con-templação pura e envolvente da mãe natureza é o que se pode esperar do lugar. Seu aspecto tem sabor de infân-cia, de inocência, de liberdade e vida simples. Após 1 hora e meia de caminhada a sen-sação de estarmos em outro mundo é evidente.

O local possui um conjunto de cachoeiras poços, escorre-deiras e um tombador. É tão belo que não dá para saber por onde começar.

A primeira imagem é de um poço estreito e fundo, a qual está colada a um a pedra lisa que serve como escorregador, no meio (da queda dágua) uma banheira de madame. É possível avistar várias espé-cies de pequenos peixes, al-gumas raras, outras de difícil observação.

A natureza preparou um espaço na pedra a qual cabe quatro pessoas, bem na des-cida de suas águas. Sim! Banheira daquelas que você pode ficar deitada com os bra-ços na borda, enquanto rece-be uma massagem relaxante de água pura nas costas sobre a sombra das grandes árvo-

res, lugar que lhe dá o direito de olhar a paisagem em 360 graus como se fosse um papel de parede em um SPA de luxo. Não dá vontade de sair de lá! Nas laterais o trabalho da na-tureza que entrelaça pedras, árvores, terra, parecendo o trabalho de um artista plásti-co.

Mais acima pequenos poços, um deles com um tamanho e profundidade razoável ideal para um merecido banho e descanso. Suas águas beiram ao granito verde Ubatuba, numa cor em degradêe espe-tacular, o cheiro e sabor de água limpa renovam corpos, almas e pensamentos. Tem até uma pedra que se asse-melha a um pequeno cavalo, onde é possível montá-lo.

A frente mais dois poços e um estreito impressionante, o som das águas que caem nas laterais nos dá pista do perigo do paredão, que esconde uma caverna que cabem cerca de 10 pessoas.

Parece que existe um po-tente ar condicionado enquan-to se avança ao tombador. A força de suas águas pode até irritar a pele tamanha força exercida. Em todo momento é possível ver a água sendo as-

pergida lentamente por conta da velocidade das águas, isto causa um belo efeito, é pos-

sível avistar pequenos arco-íris pelo trecho. A sensação de se explorar para o bem é muito

gratificante, vale a pena esta interação. Dá uma vontade da-nada de voltar lá todos os dias.

Fotos: Ezequiel dos Santos

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Página 10 Jornal MARANDUBA News Fevereiro 2014

EZEQUIEL DOS SANTOSO Brasil que conhecemos é

muito rico e a cada etapa da história existe uma forma de explorar e destruir a cultura como remédio de todos os males. A bola da vez é des-truir várias riquezas por conta do apelo ecológico. Coisa de colonizador que nos dias atu-ais tem outros nomes, que de novo, influenciado pela matriz européia e americana, por motivos de preservar o ver-de ($$$$$$) se enchem de patriotismo quando destroem uma cultura (?????). Vale lembrar que uma das

características próprias de nosso povo é a preservação, a utilização sustentável, a ma-nutenção do meio ao seu re-dor, a respeitabilidade de tudo o que for utilizar, para utilizar pra sempre. As condições am-bientais que foram encontra-das aqui é o modelo ideal de uso e preservação, vistas por especialistas e cegadas pelos limitados colonizadores am-bientais. Para isto bastava se-parar o joio do trigo, mas será

O “Meio ambiente” ainda como ritual nazista à cultura formadora da nação

que eles sabem pelo menos o que significa esta metáfora? Ao menos o que são estas es-pécies? Parece até que o coloniza-

dor ambiental quer formar um novo povo, um homogêneo capaz de dizer apenas “sim senhor!”. Povos estes que historicamente são conheci-dos como brasileiros distin-guidos pelo modo de vida, pela sua rusticidade, pelo seu patrimônio, dizeres, fa-zeres, pelo manejo ecológico e econômico, etc. Povos que em suas diferenças se fazem iguais nas suas funções eco-lógico-regionais por isso ele é pluriétnico, pluricultural e riquíssimo em tudo que fazem e sabem, são nada mais que brasileiros que já, ecologica-mente falando, exercerem seus DEVERES cuidando da fauna e da flora para que hoje outros tirem o chapéu em seu nome, falta agora reconhecer seus DIREITOS, ou eles (co-lonizadores ambientais) é que estão certos e errado conti-nua a ser a Bíblia?

Vê-se uma estreita cama-da social privilegiadíssima, que do “Meio Ambiente” ga-nha muito dinheiro, status, manda e desmanda criando situações que aumentam as distâncias sociais intranspo-níveis, nos fazendo acreditar que o grosso destas popula-ções é que sempre está er-rado. Claro que está! A cada nova saída pacifica e susten-tável uma Resolução para transformar quem detinha o direito e a sabedoria em crimi-noso. Dá IBOPE, sai na mídia, agrada outros colonizadores, dando de presente às comu-nidades tradicionais tensões jurídicas e administrativas, a iminência de ter o nome no rol dos culpados, desunifor-midade étnico-cultural, crian-do um caráter traumático aos homens e mulheres de bem: os sertanejos, os caipiras, os caboclos, os ribeirinhos, gaúchos, pantaneiros, indí-genas, quilombolas, caiçaras, entre tantos outros brasilei-ros milionários miseráveis, que por conta do colonizador

ambiental encontram-se sem terra, sem canoa, sem his-tória, sem cultura, sem vida, mas rico em sabedoria natu-ral. Este “nazi-facismo-ambien-

tal” trata, maltrata, destra-ta, destrói, ignora, explora, deplora, abaixa, rebaixa, trata desigual seus iguais, é uma atitude racista e discri-minadora deste povo como se fosse uma conduta natu-ral, o pior sob os olhares das autoridades, principalmente do MP (Ministério Público ou Privado?) e dos legisladores, salvos alguns “espécimes ra-ros”. Decisões que alojam, desalojam, realojam, realo-cam, deslocam famílias intei-ras, como se fossem ratos de esgotos. Desta forma negam toda a façanha da formação e fusão cultural de nossos povos. Será que se os coloni-zadores aprendessem e res-peitassem estes patrimônios, antes que acabe por comple-to, o meio ambiente não seria mais rico? Pobre deles, não pensar assim, não iam ter

mais status e nem sair na TV. Estão atrás de dinheiro, voto e status.Aprendi que a diversidade

biológica está dentro do dito Meio Ambiente e é tudo que está em nosso redor e não está associada somente as folhas, pelos e escamas. Por isso não entendem, não co-nhecem os que protegem, defendem e resguardam es-tes patrimônios. Salvos as autoridades que vivem no mundo real.O judiciário e o MP ma-

terializam as leis, mas em Ubatuba parece que eles petrificam e congelam estas regras de convivência. O que dizer a estas pessoas do qual o cérebro só nasce raiz e ne-nhum fruto, seria a mesma coisa que ensinar um porco a cantar, além de não can-tar ainda vai morder a nos-sa canela. Melhor parar por aqui senão quem vai assinar a carteirinha de bandido no fórum e precisar de um advo-gado serei eu. Que ambiente queremos? Pense.

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Fevereiro 2014 Jornal MARANDUBA News Página 11

Jornal MARANDUBA News TODO MUNDO LÊ. ANUNCIE: (12) 9714.5678

Colégio Áurea Moreira inicia suas atividades escolares com

Gincana da Leitura

O colégio Áurea Moreira Rachou no Sertão da Quina iniciou suas atividades peda-gógicas em 2014 oferecendo o programa Sala de Leitura a seus alunos. O programa, cria-do em 2009, contempla alu-nos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos com ambientes ricos em livros e periódicos, além de muita agitação. O objetivo do projeto é in-

centivar a prática da leitura, buscando contribuições para a manutenção desse hábito na família e na sociedade, bem como contemplar o ato de ler em sua diversidade, visando à formação ética e crítica do estudante. Para isto a idéia é trabalhar

diversos gêneros textuais. Se-rão realizadas dramatizações, desfiles de personagens, trava línguas, páginas de jornal ilus-trando histórias que compõem as páginas do livro, declama-ção de poesias, confecção de cartazes, anúncios publicitá-rios, ilustração e pintura, mú-sica, reconto e muito mais. E isto é só a primeira fase desta

gincana no inicio deste ano letivo. As atividades foram planejadas para serem exe-cutadas nos dias 28 e 29 de fevereiro, já as provas para 30 e 31. Os alunos foram divididos

por equipes coloridas e a que vencer ganhará um passeio ecológico. Seus organizadores destacam que o propósito da escola Áurea nesta primeira semana de aula é acreditar que a leitura possa abrir por-tas, construir a liberdade e não gaiolas. Ao que parece o projeto

transformará o colégio num grande anfiteatro de eventos literários e outras atividades pedagógicas estimulantes. A proposta conta com a orga-nização da professora Rose-li Lorente, responsável pela sala de leitura, com apoio da gestão e da coordenação do Áurea na execução das ações, conta também com a parceria dos professores na orientação dos alunos. Quem quiser sa-ber mais sobre o projeto bas-ca acessa: http://www.educa-cao.sp.gov.br/portal/projetos/sala-de-leitura e boa leitura.

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Página 12 Jornal MARANDUBA News Fevereiro 2014

Dicionário de vocábulos e expressões caiçaras - Parte 28

Fonte: PEQUENO DICIONÁ-RIO DE VOCÁBULOS E EX-PRESSÕES CAIÇARAS DE CANANÉIA. Obra registrada sob nº 377.947-Liv.701. Fls. 107 na Fundação Biblioteca Nacional do Ministério da Cul-tura para Edgar Jaci Teixeira – CANANÉIA –SP .

VENTRECHA - ( s.f.) - parte do peixe, logo abaixo da cabeça.VENZIMENTO - ( s.m. ) - ben-zimento.VERADA - ( s.f. ) - beira; bei-rada; margem.VERDOLENGO - (adj.) - que não está bem maduro.VERGãO- ( s.m. ) - marca ou vinco na pele, produzida por pancada ou açoite .VERGONHOSO - ( adj. ) - en-vergonhado; timido. “ ele sabe inté cantá direitinho, o que sim que é munto vergo-nhoso demás “VESTIMENTA - ( s.f.) - a fan-tasia para o carnaval.VIAMENTO, AVIAMENTO - ( s.m. ) - conjunto dos elemen-tos necessários para o fabricoda farinha de mandioca, con-sistindo na casa de farinha, no fuso ou na arataca, no for-no, e nos demais apetrechos; casa de farinha.VIERAM- (loc.v) - fulano vie-ram ? ; expressão que significa dizer: fulano e família vieram? ; fulano e ( mais alguém ou outras pessoas ) vieram ?VINGá - ( v. int. ) - prosperar; crescer; ter bom êxito.VIONEIRA - ( s.f.) - cabo de oito braças, que prende o ar-pão ou catueiro à canoa.VIR NO PIO - ( loc.v. ) - ação de algumas aves e pássaros e mesmo de alguns animais, que atendem ao pio, isto é, atendem à imitação de seus sons peculiares ou imitativos,emitidos por pessoas que usam o pio ou apenas a boca, com a intenção de atraí-los.“ A gente atira o macuco quando ele vem no pio. “VIR PRá TERRA - ( loc.v. ) - dirigir-se à praia vindo do mar aberto; encalhar nas areias da

praia ou nas pedras da cos-teira; ser lançado à praia ou à costeira pelo movimento das marés.VIRAÇãO - ( s.f.) - cerração que ocorre freqüentemente no verão , entre 2 e 4 da tarde;vento fresco e brando, que à tarde, costuma soprar do mar par a terra.VIRADA - ( s.f. ) - curva do ca-minho; volta; contorno; nome antigo do atual Bairro da Ro-tatória em Cananéia - SP.VIRGEM - ( s.f. ) - peça da arataca, que consiste num mourão de madeira forte, ten-do em sua parte superior uma fenda retangular, onde se en-caixa o varão, e é fincada ver-ticalmente no chão.VIROTE - ( s.m. ) - espécie de peixe.VISAGEM -(s.f.) - mesmo que avisage; assombração.VISGO , VISCO - ( s.m. ) - suco vegetal colante e pega-joso , que se põe em varinhaspara apanhar pássaros.VISITá O CERCO - ( loc.v. ) - ir até o cerco de pesca, verificar a quantidade de peixes já pre-sos.VIÚVO- ( s.m. ) - mesmo que terçol ; espécie de inflamação dos olhos.VIVENTE - ( s.m. ) - qualquer ser vivo. “ minino, largai de ju-diá desse passarinho; não ve que anssim machuca o viven-tinho “VIVUIA - (adj.) - diz-se da co-mida mal cozida, pastosa ou de má qualidade.VOMITIVO - ( s.m. ) - vomitó-rio ; que faz vomitar ; medica-mento para provocar vômito.VOSMECE - ( pron. ) - você; vassuncê, cont. de vossa mer-cê.VUADEIRA - ( s.f.) - barco com motor de popa , muito veloz.XXERERé - ( s.m. ) - um tipo de pássaro da família do bonito--lindo.XERETA - ( s.f.) - (adj.) bisbi-lhoteiro; intrometido.XIPóCA - ( s.f.) – arma infantil formada por canudo de taqua-ra e vareta um pouco maior e que deve correr com facili-dade no interior do cano, de modo a comprimir as buchas

de papel molhado ou de casca de laranja, que são colocadas em seu interior e projetadas sob pressão;XIMANGO - ( s.m. ) – restos de carne seca; carne de sol de má qualidade, assim denomi-nada em alusão ao ximango , espécie de gavião gaucho.XIPUTE - ( s.m.) - café com banana moída na caneca.XUMBREGá - importunar ; perturbar.ZZANZá - vaguear; vagar; an-dar sem rumo certo.“ Fica zanzando aí pela costê-ra, batendo perna a toa. “Zé PEREIRA - ( s.m. ) - certo grupo carnavalesco, que tem como característica a utiliza-ção de lanternas feitas de pa-pel de seda, iluminadas com velas, além de ritmo e música também característicosZIMBRá - (v.t.d. ) - cair; des-pencar.

ZINHO- ( pron. ) - expressão freqüente no falar caiçara. Fle-xiona em gênero e númeroe, quase sempre, substitui uma palavra mencionada an-teriormente. Pode ainda fun-cionar como substantivo.“ Quantas filhas o senhor tem? ” Tenho duas zinha”.” Quantos moeirão farta ?” “Um zinho”.“ Faz muito tempo que foi construída essa casa? “Essa zinha fez doze ano”.“ Na praia hai muitas canoa, aquela zinha é do meu pai”.“ Passei pá tomá uma zinha”.“ O que é aquela zinha lá ?”.“ Que cepo duro! Aloita o zi-nho”.“ Aquela zinha pequena é mi-nha”.“ Quem num tá munto bão também que tá se quêxando um poquinho, é um zinhoanssim, mais graúdo um boca-dinho do que ela”.

“ Eu tenho um zinho só... te-nho um grande anssim que já tá c’uns, acho que quajiuns quinze ano, e tem um zinho piqueno anssim, um zi-nho piquinininho, chama-seLeoncio, o que sim que só atende por Mingute ”.“ O otro zinho que é maió do que esti um, se chama-se Juão Binidito , que fica arribadessa aqui ”. “ Tenho doze filho ”. Todos vivos? “ Tenho um zinho mor-to só, o derradero; dos quesobejaram tem argum zinho anssim doentio. ”

FIM

Dicionário de vocábulos e expressões caiçaras foi um oferecimento

Jornal Maranduba News

Resgatando, divulgando e valorizando a cultura caiçara!

Ilustração: Antonio Coutinho

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Fevereiro 2014 Jornal MARANDUBA News Página 13

“Aquele dia seria o fim dos dois, um cartucho seria para ele e outro para seu pai”Décadas depois, ex-morador da Ilha Anchieta relembra emocionante história vivida com o pai

EZEQUIEL DOS SANTOSEra 1954 e o cenário deste

episódio foi a Ilha Anchieta. Dentre os atores vários mora-dores, uns militares e outros civis. Célio era um deles. Ti-nha nove anos e com seu pai Sr. Erodi, então Cabo da For-ça Pública do Estado de São Paulo (antiga Polícia Militar), foi colher feijão numa planta-ção lá no Saco Grande, a leste daquela ilha. O menino ves-tia uma calça brim e suspen-sórios, com os pés descalços acompanhou aquele homen-zarrão sisudo e muito sério ao seu destino.

Eram 6 horas da manhã quando tomaram café com leite (de cabra) e farinha de milho. As 7 partiram. Cabo Erodi carregava nos ombros uma espingarda calibre 32, de marca Crupi Alemã e dois cartuchos somente. Os dois seguiram pra roça, lá havia um pouco de feijão, milho e abóbora. Da casa do policial até o local passaram-se 45 mi-nutos. Ao passarem pela olaria (lugar onde faziam os tijolos) não avistaram nenhum con-denado. Célio imaginou que naquele dia nenhum preso iria trabalhar no local.

Na volta o inocente menino carregava a espingarda que o pai lhe havia confiado. Como veio na frente perdera de vis-ta seu pai que ficou para traz com a carga de feijão aos om-bros. No retorno não vendo ninguém, encostou a espin-garda em uma das paredes da olaria e foi até uma bica d’água matar sua sede. Quan-do se virou, o susto! Seu co-ração bateu mais forte, a res-piração tornou-se ofegante e ele ficou paralisado. Atrás dele estavam os presos “Baiano” e “Tabóca”, um deles portava a

espingarda do pai com o cano virado pra baixo. Célio ficou imóvel imaginando que aque-le dia seria o fim dos dois, um cartucho seria para ele e outro para seu pai.

Mesmo assustado ele não se apavorou porque era tes-temunha viva do episódio da rebelião dois anos antes (20/06/1952), naquele fatídi-co dia viu que alguns presos haviam protegido e poupado a vida de mulheres e crianças, mas e agora? E seu pai? Será que poupariam? Pensou numa forma de avisar o pai, mas foi em vão. Seu pai foi avistado vindo de uma curva com o fei-xe de feijão nas costas e deu de cara com aquela situação. “Papai parou, pensou, se apro-ximou de mim, com a mão es-querda colocou-me para trás de seu corpo protegendo-me, jogou o feixe de feijão no chão, enfiou a mão no bolso da camisa, tirou um cigarro – calmamente colocou-o atrás da orelha, pegou outro e o le-vou a boca”.

Um dos presos pergunta: “O senhor tem mais cigarro?”. “Tenho! Tenho também lá em casa”, respondeu Cabo Ero-di. “Fica com esse maço para vocês fumarem”. Sem dar satisfação e sem perguntar nada, o preso entrega a espin-garda. Cabo Erodi então pega a espingarda, pendura-a no ombro e diz ao filho: “Vá você na frente, mas não vá muito na frente.” Célio sabia que seu pai era muito enérgico, pelo caminho ia imaginando que tipo de castigo receberia.

Depois de meia hora de ca-minhada chegaram em casa. Cabo Erodi passou pelo me-nino e disse que era para fi-car onde estava, rumou pela lateral da casa chegando aos

fundos do quintal. Jogou o far-do no chão, tirou os dois car-tuchos da espingarda e enfiou no bolso, em seguida pendu-rou a cartucheira no prego na parede da sala.

Célio neste momento já não sentia medo e sim pavor. O pai chama o filho para ir ao fundo da casa, com dois banquinhos na mão convida o menino para sentar em um deles. “Alguma coisa estava errado, papai não era de convidar, era de man-dar”, comenta Célio. Diz ain-da que, com medo, abaixou a cabeça e quando levantou os olhos em direção ao pai vê aqueles olhos azuis chorarem pela primeira vez. Comen-ta que foi aí que sentiu mais medo ainda. De repente, diz o autor, parece que o céu se abriu, emocionado meu pai me pediu desculpas: “Você errou e eu errei muito mais! A esta hora poderíamos estar mortos e o culpado seria eu por ter entregado uma arma de fogo nas mãos de uma criança. Me perdoe!”.

Célio diz que foi a única vez que viu seu pai chorar e sen-tir medo. Mas não acabou por aí, seu pai pediu que no dia seguinte fosse à olaria para conversar com os dois presos, que com certeza teriam algo pra dizer ao menino.

Seguindo a ordem do pai Cé-lio vai ao local, lá havia uma arvore caída que atravessava uma parte da olaria. Sentou entre os presos e começaram a conversar sobre o dia ante-rior. Um dos presos fala que foi bom ele ter retornado aquele lugar, que tinham certeza que foi o Cabo Erodi que o havia mandado e que tinha um con-selho ao menino: “Você é uma criança e um dia vai se lembrar do que estamos conversando.

Seja honesto, cumpridor das suas obrigações, resumindo seja como seu pai. Se fosse-mos dar um mau conselho pra você, comunicaríamos antes a seu pai para que ele não lhe mandasse aqui”. Os presos disseram ainda que estavam naquele lugar (ilha) porque haviam feito algo de errado e que o Cabo Erodi estava lá para dar uma vida melhor para seu filho.

Ao final o recado: “Diga a seu pai que estamos mandan-do um abraço a ele, menino pegue a trilha, volte e vá direto pra sua casa”, estas foram as últimas palavras que o menino ouviu daquele episódio. Célio Sales de Almeida, 69, é cari-nhosamente chamado de Seu Célio, um homem querido, da-queles que alegram facilmen-te o ambiente, de bem com a vida, muito conhecido, quer seja por sua história, quer seja pela simpatia e pela facilida-de de fazer amigos. Ao contar esta passagem real seus olhos

se encheram de lágrimas emo-cionando os que ouviam aten-tamente seu relato. Lágrimas sinceras não tanto pelo sofri-mento que passou, pelo sus-to, mas por saber que de fato seu pai o amava tanto, a ponto de ficar a frente da espingar-da para, literalmente, morrer pelo filho querido. Talvez seja esta a maior demonstração de amor de um pai para um filho naqueles tempos difíceis, a certeza de que aquele homem não era somente um genitor, mas um homem vestido de “PAI” e com todas as letras em maiúsculo.

Seu Célio também é mem-bro da Associação Filhos da Ilha que realiza, junto a outros heróis, um importante traba-lho de resgate da história da maior rebelião do planeta: O levante da Ilha Anchieta e esta história que você ouviu é parte dela.

O importante é saber que vem mais por aí.

Aguardem!

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Página 14 Jornal MARANDUBA News Fevereiro 2014

Recordação da abertura de um loteamentoEZEQUIEL DOS SANTOSUma boa prosa às vezes traz

a tona muitas recordações, desta vez a conversa foi com dois importantes personagens de nossa história. O pano de fundo foi a abertura do loteamento da Praia do Pulso, uma recordação da época em que tudo era novidade, até mesmo a bacia de privada. Um dos personagens é uma mulher, guerreira por sinal, Maria Gabriel do Prado, 71 anos, morou mais de quatro décadas dentro deste “condo-mínio”, ela de fato viu nascer e descaracterizar a fauna e a flora local pra atender o bem estar dos turistas.

O loteamento foi respon-sabilidade de Olga Sisla e acompanhava um projeto do então governo militar – Presi-dente-general Castelo Branco chamado Turis, que queria transformar nossas riquezas litorâneas em rivieras, iguais as francesas.

Dona Maria conta que para ir a venda (mercado) havia trilhas que cortavam as roças. Outra opção era por mar, a mais utilizada. Tinha no lo-cal a casa dela, a do sogro, José Cezário do Prado e da Dona Vera. Conta que esta última enviava uma carta ao marido, Bernardino Cezário, avisando o dia e a hora que viria, então ele ia de canoa até as dependências do sau-doso Hotel Picaré para buscá--la. Depois abriram a estrada da Caçandoca, isto facilitou a vida dos empreendedores do loteamento que abriu um acesso até a praia.

O local tinha algumas ro-ças do povo do Pulso, que se misturavam a do povo da Caçandoca. Segundo Maria, antigamente o povo não li-

gava pra terra, qualquer um fazia uma casa e uma roça aonde queriam. A derrubada dos morrotes e das grandes arvores causou espanto nos moradores da região, com o tempo isto virou rotina e se acostumaram com a idéia.

A nossa personagem se lem-bra das primeiras enxurradas da chuva após as máquinas abrirem as estradas, desciam toneladas de lama morro abai-xo, comenta Maria.

Olhando pra cima dando sentido as suas recordações ela conta que as primeiras casas depois das três existen-tes foram as de Dona Beatriz, Maria Cecília, José Guilherme, Milton Thomáz, um tal alemão chamado Iso e Valdemar.

A praia ainda fornecia mui-to peixe, lembra que numa ocasião o seu marido e João Zacarias pegavam tanto parati que mesmo separando o que precisavam distribuíram uma “porçoeira” (bastante) de pei-xe em “quinhão” (porções) aos conhecidos. Era ainda uma época de fartura. “Lembro que um dia o Bernardino levou

entre outros foram os primei-ros contratados a desbravar o local. Tião Pedro lembra que havia muito pernilongo e que a salvação era o “pito” (ca-chimbo) de Bito Gaspar. “No começo dormíamos num qua-drado coberto com lona e ía-mos trabalhar de bicicleta do Sertão até o Pulso”, diz Tião.

Conta ainda que trabalha-vam do nascer ao por do sol, vindo pra casa só a noite, co-menta também que quem não trabalhasse o sábado até o

almoço não recebia o dia de domingo.

O estrago na natureza teve inicio com quatro tratores, dois de esteiras e dois de ro-das, depois o pessoal foi me-lhorando o acesso e o lugar, agora é isso que conhecemos.

O bom papo poderia se es-tender ainda mais, porém va-mos deixar um pouco para as próximas edições e ter mais uma desculpa pra uma boa prosa, quem sabe um bom café no bule.

a canoa até a beira da água e quando ia subir nela viu que tinha esquecido o remo, vol-tou para buscar, foi quando um vento levantou a canoa e a jogou de lado, se meu marido estivesse dentro tinha morri-do”, diz a quilombola. O vento a que se refere foi aquele que matou muita gente, principal-mente os pescadores guerrei-ros da Praia grande do Bonete.

Outro personagem é Se-bastião Pedro de Oliveira, 89, lembra que com os compadres “Bito” (Benedito) Gaspar, Gui-do Correa, Antonio Pedro Rosa

Fotos: Arquivo Nelson de Oliveira

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Fevereiro 2014 Jornal MARANDUBA News Página 15

Coluna da

Adelina Campi

Para o Carnaval

LEVAR SEUS FILHOS A UMA RELIGIÃO É O PRIMEIRO PASSO PARA TIRAR SEUS FILHOS DAS DROGRAS...

A Igreja ensina que os primei-ros catequistas são os pais. É no colo deles que toda criança deve aprender a conhecer a Deus, aprender a rezar e dar os primei-ros passos na fé; conhecer os Mandamentos e os Sacramentos.

Os pais são educadores natu-rais, e os filhos assimilam seus ensinamentos sem restrições. Será difícil levar alguém para Deus se isso não for feito, em pri-meiro lugar, pelos pais. É com o pai e a mãe que a criança tem de ouvir em primeiro lugar o nome de Jesus Cristo, Sua vida, Seus milagres, Seu amor por nós, Sua divindade, Sua doutrina… Eles são os responsáveis a dar-lhes o batismo, a primeira comunhão, a crisma e a catequese.Quando fala aos pais sobre a educação dos filhos, São Paulo recomenda: “Pais, não exaspereis os vossos filhos. Pelo contrário, criai-os na educação e na doutrina do Se-nhor” (Ef 6, 4). Aqui está uma orientação muito segura para os pais. Sem a “doutrina do Senhor”, não será possível educar. Dom Bosco, grande “pai e mestre da juventude”, ensinava que não é possível educar sem a religião. Seu método seguro de educar estava na trilogia: amor – estudo – religião.

Nunca esqueci o terço que aprendi a rezar aos cinco anos de idade, no colo de minha mãe. Po-bre filho que não tiver uma mãe que o ensine a rezar! Passei a vida toda estudando, cheguei ao doutorado e pós-doutorado em Física e nunca consegui esquecer a fé que herdei de meus pais; é a melhor herança que deles recebi. Não é verdade que a ciência e a fé são antagônicas; essa luta só

Os pais não devem apenas mandar os filhos para a igreja, mas levá-los

existe no coração do cientista que não foi educado na fé, desde o berço.

Os pais não devem apenas mandar os seus filhos à igreja, mas, devem levá-los. É vendo o pai e a mãe se ajoelharem que um filho se torna religioso, mais do que ouvindo muitos sermões. A melhor maneira de educar, tam-bém na fé, é pelo exemplo. Se os pais rezam, os filhos aprender a rezar; se os pais vivem conforme a lei de Deus, os filhos também vão viver assim, e isso se desdo-bra em outros exemplos. Os geni-tores precisam rezar com os filhos desde pequenos, cultivar em casa um lar católico, com imagens de santos em um oratório, o crucifi-xo nas paredes, etc.; tudo isso vai educando os filhos na fé. Alguém disse, um dia, que “quando Deus tem seu altar no coração da mãe, a casa toda se transforma em um templo.”Um aspecto importante da educação religiosa de nossos filhos está ligado à escola. Infe-lizmente, hoje, se ensina muita coisa errada em termos de moral nas escolas; então, os pais pre-cisam saber e fiscalizar o que os filhos aprendem ali. Infelizmente, hoje, o Governo está colocando até máquinas para distribuir “ca-misinhas” nesses locais. Os filhos precisam em casa receber uma orientação muito séria sobre a péssima “educação sexual” que hoje é dada em muitas escolas, a fim de que não aprendam uma moral anticristã.

Outro cuidado que os pais pre-cisam ter é com a televisão; saber selecionar os programas que os filhos podem ver, sem violência, sem sexo, sem massificação de consumo, entre outros. Hoje te-mos boas emissoras religiosas. A televisão tem o seu lado bom e o seu lado mau. Cabe a nós saber usá-la. Uma criança pode ficar

até cerca de 700 horas por ano na frente de um televisor ligado. Mais uma vez aqui, é a família que será a única guardiã da liber-dade e da boa formação dessa criança. Os pais precisam saber criar programas alternativos para tirá-las da frente do televisor, oferecendo-lhes brinquedos, jo-gos, contando-lhes histórias, etc.. Da mesma forma, ocorre com a internet: os pais não podem des-cuidar dela.

Mas, para levar os filhos para Deus é preciso também saber conquistá-los. O que quer dizer isso? Dar a eles tudo o que que-rem, a roupa da moda, a cami-sa de marca, o tênis caro? Não! Você os conquista com aquilo que você é para o seu filho, não com aquilo que você dá a ele. Você o conquista dando-se a ele; dando o seu tempo, o seu carinho, a sua atenção, ajudando-o sempre que ele precisa de você. Saint-Exu-péry disse no livro “O Pequeno Príncipe”: “Foi o tempo que você gastou com sua rosa que a fez ser tão importante para você”.

Diante de um mundo tão ad-verso, que quer arrancar os filhos de nossas mãos, temos de con-quistá-los por aquilo que “somos” para eles. É preciso que o filho tenha orgulho dos pais. Assim será fácil você levá-lo para Deus. Muitos filhos não seguem os pais até a igreja porque não foram conquistados por estes.

Conquistar o filho é respeitá--lo; é não o ofender com palavras pesadas e humilhantes quando você o corrige; é ser amigo dos seus amigos; é saber acolhê-los em sua casa; é fazer programas com ele, é ser amigo dele. Enfim, antes de dizer a seu filho “Jesus te ama”, diga-lhe: “eu te amo”JORNALISTA : ILDEFONSO.´.MAGALHÃES... MTB 64894

Todo ano é a mesma coisa: você chega, fica aqui três dias e aí vai embora. Volta um ano de-pois, todo animadinho, querendo me levar para a gandaia. Olha, honestamente, cansei.

Seus amigos, bando de mas-carados, defendem você. Dizem que sempre foi assim, festeiro, brincalhão, mas que no fundo é supertradicional, de raízes cris-tãs, e só quer tornar as pessoas mais felizes.

Para mim? Carnaval, desen-gano... Você recorre à sua ori-gem popular e incentiva essas fantasias nas pessoas, de que você é o máximo, é pura alegria, mas não passa de entrudo mal--intencionado, um folguedo, que nunca viu um dia de trabalho na vida.

Acha-se a coisa mais linda do mundo e é cafonice pura. Vive desfilando pelas ruas, junto com os bêbados, relembrando o pas-sado. Chega a ser triste.

Carnaval, você tem um chefe gordo e bobalhão que se acha um rei, mas não manda em nada. Nunca teve um relacionamento duradouro. Basta chegar perto de você e temos que aguentar aquelas fotos de mulheres nuas, que são o seu grande orgulho. Você não tem vergonha, não?

Sei que as pessoas adoram você, Carnaval, mas eu estou cansada dos seus excessos e dessa sua existência improduti-va. Seja menos repetitivo, propo-nha algo novo. Desde que o co-nheço, você gosta das mesmas músicas. Gosta de baile. Descul-pa, mas estou pulando fora.

Será que essa sua alegria toda não é para esconder alguma pro-funda tristeza? Será que você canta para não chorar? Ten-tei, várias vezes, abordar essas questões, e você sempre mudou de assunto. Ora, chega dessa loucura. Reconheça que você se esconde atrás de uma dupla per-sonalidade.

Cada vez mais e mais pesso-as ficam incomodadas com essa sua falsa euforia, fique sabendo. Conheço várias que fogem, que-rendo distância das suas brinca-deiras. Você oprime todo mundo com esse seu deslumbramento excessivo diante das coisas, sa-bia?

Por exemplo, essa sua mania de camarote. Onde os vips po-dem suar sem que isso pareça nojento. Onde se pode falar tor-to sem que seja errado. Todos vestidos de uniforme, senão não entram. Todos doidos para pas-sar a mão na bunda um do ou-tro. Essa é a sua ideia de curtir a vida?

Menos purpurina, Carnaval. Menos bundas, menos dentes para fora. A vida é linda, mas a “lindeza do lindo mais lindo que há no lindíssimo” é um saco. Um pouco de calma e autocrítica nunca fez mal a ninguém. Tudo muda no mundo – por que você insiste em continuar o mesmo?

A harmonia vem da evolução, não das alegorias. Chegou a hora de rodar a baiana para não atravessar na avenida.

Como será amanhã? Responda quem puder. Beijos,

Fernanda Young/Revista Cláudia